reformador novembro/2006 (revista espírita)

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 Fundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador:  Augus to Elia s d a S ilva Revista de Espiritismo Cristão Ano 124 / Novembro, 2006 / N o 2.132 ISSN 1413-1749 Propriedade e orientação da FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI Diretor-substitu to e Editor: ALTIVO FERREIRA Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO CESAR PER RI DE CARVALHO, EVANDRO NOLETO BEZE RRA E LA UR O DE OLIVEIRA SÃO THIAGO Secretária: SÔNIA R EGINA FERREIRA ZAGHETTO Gerente: AMAURY AL VES DA SILVA Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE Equipe de Diagramação: SARAÍ A YRES TORRES, AGADYR TORRESE CLAUDIO CARVALHO Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANT OS E WAGNA CARVALHO REFORMADOR: Registro de publicação n o 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí- cia Federal do Ministério da Just iça), CNPJ 33.644.8 57/0002 -84 • I. E. 81.600.503 Direção e Redação: A v. L-2 Norte • Q. 603 • Conj . F (SGAN ) 70830-030 • Brasília (DF) T el.: (61) 2101-6150 FAX : (61) 3322-0523 Departamento Editorial e Gráfico: Rua Souza V alente, 17 • 20941-040 Rio de Janeiro (RJ) • Brasil T el.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298 E-mail: redacao.reformador@febra sil.org.br Home page: http://www .febnet.org.br E-mail: [email protected] rg.br e [email protected] Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA Capa: AGADYR TORRES Editorial O Centro Espírita Entrevista: Pedro Barbosa Neto Rondônia e os preparativos para o Sesquicentenário do Espiritismo Presença de Chico Xavier Chico Xavier: O Maior Brasileiro Esflorando o Evangelho Perante Jesus – Emmanuel  A FEB e o Esperanto Espíritas se reúnem no 91 o Congresso Universal de Esperanto – Affo nso Soa res Conselho Espírita Internacional Reunião da Coordenadoria da Europa Seara Espírita Fé e razão  Ju van ir Bo rges de Souza  Via Láctea de amor  Amélia Rodrigues  Ante os que partiram Emmanuel Templo sagrado Richard Simonetti Renascença da alma Epiphanio Leite Convivência no Centro Espírita (Capa) Cezar Braga Said Trabalho na Seara Espírita Umberto Ferreira  A fé aponta rumo  Adésio A lves Machado União e trabalho  Aylton P aiva Respeite tudo  André Luiz Em dia com o Espiritismo – As memórias humanas  Marta Antunes Mour a  Jesus – As inconsistentes teses Kleber Halfeld O Centro Espírita Emmanuel Depoimentos sobre a vida espiritual Orson Peter Carrara Zaqueu e Leão Tolstoi no mundo espiritual Severino Barbosa  A FEB na Feira de Livros de Frankfurt 5 8 13 16 17 18 20 22 24 25 26 29 31 34 36 40 4 11 14 21 32 39 42 Sumário Expediente PARA O BRASIL Assinatura anual R$ 39,00 Número avulso R$ 5,00 PARA O EXTERIOR Assinatura anual US$ 35,00 Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187- 8264 • 2187-8274 E-mail: assinaturas.ref [email protected]  reformador novembro 2006 - A.qxp 24/10/2006 15:06 Page 3

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Convivência na casa espírita

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Expediente

Sumrio4 EditorialO Centro Esprita

11 Entrevista: Pedro Barbosa NetoFundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva

Rondnia e os preparativos para o Sesquicentenrio do Espiritismo

14 Presena de Chico XavierRevista de Espiritismo Cristo Ano 124 / Novembro, 2006 / N o 2.132 ISSN 1413-1749 Propriedade e orientao da FEDERAO ESPRITA BRASILEIRA Diretor: NESTOR JOO MASOTTI Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SO THIAGO Secretria: SNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA Gerente de Produo: GILBERTO ANDRADE Equipe de Diagramao: SARA AYRES TORRES, AGADYR TORRES E CLAUDIO CARVALHO Equipe de Reviso: MNICA DOS SANTOS E WAGNA CARVALHO REFORMADOR: Registro de publicao o n 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polcia Federal do Ministrio da Justia), CNPJ 33.644.857/0002-84 I. E. 81.600.503 Direo e Redao: Av. L-2 Norte Q. 603 Conj. F (SGAN) 70830-030 Braslia (DF) Tel.: (61) 2101-6150 FAX: (61) 3322-0523 Departamento Editorial e Grfico: Rua Souza Valente, 17 20941-040 Rio de Janeiro (RJ) Brasil Tel.: (21) 2187-8282 FAX: (21) 2187-8298 E-mail: [email protected] Home page: http://www.febnet.org.br E-mail: [email protected] e [email protected] PARA O BRASIL Assinatura anual R$ 39,00 Nmero avulso R$ 5,00 PARA O EXTERIOR Assinatura anual US$ 35,00 Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 2187-8274 E-mail: [email protected] Projeto grfico da revista: JULIO MOREIRA Capa: AGADYR TORRES

Chico Xavier: O Maior Brasileiro

21 Esflorando o EvangelhoPerante Jesus Emmanuel

32 A FEB e o EsperantoEspritas se renem no 91o Congresso Universal de Esperanto Affonso Soares

39 Conselho Esprita InternacionalReunio da Coordenadoria da Europa

42 Seara Esprita 5 8 13 16 17 18 20 22 24 25 26 29 31 34 36 40 F e razo Juvanir Borges de Souza Via Lctea de amor Amlia Rodrigues Ante os que partiram Emmanuel Templo sagrado Richard Simonetti Renascena da alma Epiphanio Leite Convivncia no Centro Esprita (Capa) Cezar Braga Said Trabalho na Seara Esprita Umberto Ferreira A f aponta rumo Adsio Alves Machado Unio e trabalho Aylton Paiva Respeite tudo Andr Luiz Em dia com o Espiritismo As memrias humanas Marta Antunes Moura Jesus As inconsistentes teses Kleber Halfeld O Centro Esprita Emmanuel Depoimentos sobre a vida espiritual Orson Peter Carrara Zaqueu e Leo Tolstoi no mundo espiritual Severino Barbosa A FEB na Feira de Livros de Frankfurt

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Editorial

O Centro EspritaEntre os anos de 1975 e 1980, o Conselho Federativo Nacional da Federao Esprita Brasileira, reunindo as Entidades Federativas de todos os Estados do Brasil a fim de estudar a adequao do Centro Esprita para o melhor atendimento de suas finalidades, elaborou os textos que vm orientando as atividades dessa unidade fundamental do Movimento Esprita.* Dentre estes, destacamos os que se seguem, os quais nos ajudam a compreender a amplitude e a diretriz dos trabalhos que competem ao Centro Esprita realizar, assim como os seus objetivos:

O que so os Centros Espritas: so ncleos de estudo, de fraternidade, de orao e de trabalho praticados dentro dos princpios espritas; so escolas de formao espiritual e moral, que trabalham luz da Doutrina Esprita; so postos de atendimento fraternal para todos os que os procuram com o propsito de obter orientao, esclarecimento, ajuda ou consolao; so oficinas de trabalho que proporcionam aos seus freqentadores oportunidades de exercitarem o prprio aprimoramento ntimo pela prtica do Evangelho em suas atividades; so casas onde as crianas, os jovens, os adultos e os idosos tm oportunidade de conviver, estudar e trabalhar, unindo a famlia sob a orientao do Espiritismo; so recantos de paz construtiva, que oferecem aos seus freqentadores oportunidades para o refazimento espiritual e a unio fraternal pela prtica do amai-vos uns aos outros; so ncleos que se caracterizam pela simplicidade prpria das primeiras casas do Cristianismo nascente, pela prtica da caridade e pela total ausncia de imagens, smbolos, rituais ou outras quaisquer manifestaes exteriores; so as unidades fundamentais do Movimento Esprita.

Objetivo dos Centros Espritas:Os Centros Espritas tm por objetivo promover o estudo, a difuso e a prtica da Doutrina Esprita, atendendo s pessoas que: buscam esclarecimento, orientao e amparo para seus problemas espirituais, morais e materiais; querem conhecer e estudar a Doutrina Esprita; querem trabalhar, colaborar e servir em qualquer rea de ao que a prtica esprita oferece. Com estas orientaes, todos ns temos condies de colaborar eficazmente na difuso da Doutrina Esprita e na construo de um mundo de paz e progresso que o conhecimento do Evangelho nos proporciona.*Opsculo Orientao ao Centro Esprita. Edio FEB.

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F e razoJ U VA N I R B O R G E SDE

SOUZAO progresso originrio das guerras de conquistas, das imposies dos mais fortes sobre os mais fracos, ou da violncia nas lutas inglrias, tem como conseqncia o predomnio da razo e da inteligncia humanas sem o controle dos sentimentos fraternais, representados pela f esclarecida. Atravs da Histria, encontramos os transviamentos produzidos pelas diversas seitas religiosas, movidas por interesses de domnio e por interpretaes inexatas de suas fontes escritursticas, da resultando conflitos, imposies e conquistas materiais, com prejuzos para o progresso real e para a f verdadeira. Com a Doutrina Esprita aclarou-se a natureza da f, os verdadeiros prodgios que produz e aquilo que essa fora no consegue operar. A f precisa atender s leis naturais ou divinas, para que os Espritos, a servio do Bem, possam assistir e auxiliar quele que cr, nas suas justas aspiraes. Para isso a f necessita de clarividncia, impulsionada por vontade firme no sentido das leis naturais, excluindo os absurdos do misticismo criados pela imaginao. O esprita, especialmente, consciente e conhecedor dos princNovembro 2006 Reformador

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f apresenta-se no homem como um sentimento inato, capaz de desenvolver-se impulsionada por sua vontade. O Cristo, em diversas passagens evanglicas, demonstrou possu-la em abundncia, utilizando-a como poderoso meio de produzir os denominados milagres. Seus apstolos, cultivando o poder da f e da vontade, tambm realizaram diversos milagres, mas falharam em algumas ocasies, demonstrando que o poder da f varivel, de conformidade com sua fonte geradora. Encontramos no Evangelho de Marcos (9:19), a narrativa da cura de um menino possesso, que bem ilustra a f vacilante dos apstolos, que no conseguiram libert-lo, e o poder do Mestre que, alm de cur-lo, ministra a todos os presentes, inclusive a seus discpulos, uma lio indelvel, ao dizer-lhes: gerao incrdula! At quando estarei convosco? At quando vos sofrerei ainda? [...] No episdio, ficou evidenciado que a geratriz da f determina-lhe o alcance e as conseqncias. A fora da f origina-se no corao, representando os sentimentos do ser que a gerou e no simplesmente das circunstncias, das aparncias e das palavras.

Quanto mais puros os sentimentos, quanto mais carregados de amor e da certeza da existncia e atuao de um Ser superior, aliados humildade nos pensamentos e nas aes do agente, tanto mais favorecida e atuante a f, que necessita ser esclarecida com fundamento na verdade e na realidade. Por isso Jesus, Esprito puro e perfeito, no precisava recorrer prece, como fazem os homens, porque sua misso j era um ato de amor e de f, em permanente comunicao com o Pai. No mundo atrasado em que vivemos, a f e a esperana, que dela deriva, constituem-se em alavancas para a renovao de inmeros obstculos na vida de seus habitantes. Conjugada razo, a f assemelha-se a uma luz a iluminar os caminhos do ser humano, para a soluo dos grandes e pequenos problemas existenciais. Mas, sem a divina luz da f calcada na realidade da vida, a razo e a inteligncia podem transviar-se, empolgadas pelo poder e pelas conquistas ilusrias do mundo, utilizando as guerras, a violncia e as injustias de toda ordem, como tem ocorrido atravs dos sculos, at os dias atuais.

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egosmo, caractersticos genricos dos habitantes do nosso mundo de expiaes e provas. A f, nesse caso, funciona como lei natural na evoluo das criaturas.

pios que regem a f vinculada razo esclarecida, no deve confundir a natureza desse poder sentimento para pedir a assistncia dos bons amigos espirituais na prtica de aes pueris, fteis e banais. A f verdadeira direciona-se para Deus e para isso se deve revestir do que preceituam suas leis de amor, de justia, de caridade, de compreenso, de solidariedade. A f que transporta montanhas uma figura que procura mostrar o poder da f diante de quaisquer obstculos e do que parece impossvel. Aqueles que desenvolveram em si mesmos a verdadeira f, sabendo que Deus o Criador Supremo do Universo e de todas as coisas, tendem a depositar nele sua total confiana e a certeza absoluta no seu poder. A criatura que alcana esse estgio de f j dominou o orgulho, a presuno e o

Todas as religies baseiam-se em seus artigos de f e em dogmas especiais que constituem seus fundamentos. Desse modo, a f religiosa, imposta por uma crena, toma as caractersticas das realidades ou das iluses que lhe servem de fundamento. Quando baseada em erros concepcionais, em interpretaes equivocadas de textos escritursticos, ou em puras fices, a f afigura-se cega, no produzindo os efeitos positivos que dela se esperam. Como a vida do Esprito eterna, cedo ou tarde na sucessividade das reencarnaes, ou no mundo espiritual, reencontra ele a realidade e a verdade, retificando seus enganos e concepes. comum no nosso mundo a pretenso dos seguidores de determinadas religies de serem eles os nicos conhecedores da verdade. Sendo diversas as religies, ca-

da qual com seus dogmas e tradies, evidente que existem contradies entre elas. Assim, a f que propagam nem sempre se firma em realidades comprovadas. O Espiritismo, o Consolador, veio, no tempo certo, facilitar a aquisio da f autntica, fundamentada nas realidades da vida atual, passada e futura de cada criatura que est procura no de hipteses, ou de simples crena, mas daquilo que se constitui na realidade da vida. Na base da f verdadeira est a compreenso; a inteligncia que examina e conclui logicamente sobre o que prope a crena. A f cega leva abstrao do raciocnio e do livre-arbtrio, prerrogativas que o homem jamais pode dispensar em sua marcha evolutiva. A f raciocinada deriva diretamente dos fatos, examinados pela lgica que conduz certeza. Por isso Allan Kardec deixou assinalado com toda clareza: F inabalvel s o a que pode encarar de frente a razo, em todas as pocas da Humanidade. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 7, Ed. Especial, FEB.) A Doutrina Consoladora, o Espiritismo, a restaurao do Cristianismo autntico, com os ensinos do Cristo entendidos no seu verdadeiro sentido, acrescidos dos fatos novos resultantes da revelao da vida nos mundos espirituais, que espera por todos ns e da qual procedemos nos renascimentos sucessivos. A Terceira Revelao , assim, a

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grande esperana para essa Humanidade em que as religies tradicionais se contradizem e se combatem, procurando sustentar uma f cega, da qual resultam a incredulidade, o materialismo multifrio, as guerras, a violncia individual e coletiva. Da verdadeira f, pela compreenso de que existe um Ser Supremo, Criador de todas as coisas, surgem os sentimentos puros do amor a Deus, a si mesmo, aos semelhantes e a toda a criao, tal como ensinou o Cristo. A caridade e a esperana so suas conseqncias diretas. Podemos concluir, assim, que a f, fundamentada na razo esclarecida, conduz o homem ao conhecimento das realidades transcendentes, verdades que lhe proporcionam, ao mesmo tempo, a possibilidade de desenvolver seus sentimentos nobres, na medida de seus prprios esforos. A f tem sido entendida como resultante de princpios religiosos. Jesus a realou como necessria consecuo das causas e prtica de atos considerados milagrosos. Cumpre ressaltar, entretanto, que a f no se limita aos procedimentos religiosos to-somente, j que ela fundamental na busca dos mais diversificados ideais, tanto no campo material quanto no espiritual e moral, constituindo-se na certeza das conquistas resultantes de sua aliana com a vontade. Quando a f se junta vontade para a conquista de vantagens ou necessidades materiais, diz-se que humana.

Se as aspiraes so de natureza espiritual, na busca do aperfeioamento moral, nesta ou na vida futura, considera-se divina a natureza da f. Todos os Espritos, encarnados ou desencarnados, possuem as foras da vontade e da f, que podem ser desenvolvidas ou permanecer inativas, de acordo com as necessidades, os desejos e a liberdade de cada criatura. Se o Criador dotou os seres humanos com essas foras poderosas, outorgando-lhes a liberdade para sua utilizao, o bom senso e a inteligncia de cada um esto indicando que devem ser utilizados sempre para o bem prprio e de outros e nunca para o mal. A f autntica no se exalta diante das dificuldades e circunstncias contrrias aos seus objetivos, com os quais se depara. Sabe aguardar, com pacincia e compreenso, a ocasio mais propcia para alcanar o que pretende. A ponderao e a calma so sinais da fora e da confiana da verdadeira f, ao passo que a inconformao, a violncia e o aodamento denotam a dvida e a fraqueza da f vacilante. Se h verdadeira f, pressupe-se que seu possuidor no tenha a presuno de considerar-se imbatvel, invencvel em suas pretenses. Pelo contrrio, o possuidor da f real deposita sua total confiana no em si mesmo, mas no Ser Supremo e nos seus prepostos, considerando-se apenas um instrumento de Deus.

Orgulho, presuno, egosmo, vaidade no se coadunam com a f, que, antes, se conjuga humildade. O conhecimento esprita no deixa dvida sobre as conseqncias de nossos pensamentos e aes. No uso de nossa liberdade para agir somos responsveis pelo mau emprego de nossas faculdades. Ao nos referirmos ao conhecimento do Espiritismo, ocorre-nos sempre a necessidade do estudo contnuo da Doutrina, vastssima em seus desdobramentos. No pelo fato de j ter lido as obras bsicas e outros livros da literatura esprita que o adepto fica dispensado do seu estudo constante. Por mais atentos que sejamos, sempre h a possibilidade de acrescentarmos novos conhecimentos, novas observaes que antes nos escaparam. Em determinadas pessoas a f se apresenta com toda naturalidade, denotando que j houve essa conquista em fase anterior de sua vida. Em outras pessoas a f e as verdades espirituais encontram dificuldades imensas para serem assimiladas, o que demonstra estgio espiritual retardatrio, reclamando muito esforo para o incio de uma educao moral e espiritual que as liberte da ignorncia. A f firme e verdadeira, conduzindo o homem ao progresso e regenerao, est na base do grandioso edifcio que compete a cada um construir, para sua prpria felicidade.Novembro 2006 Reformador

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Via LcteadeAGalilia gentil descia dos montes esparramando-se em uma larga faixa de terra verde e frtil, na qual, a vida se apresentava estuante. Crianas grrulas e pssaros cantantes, homens laboriosos trabalhando o solo e negociando pelas ruas amplas das inmeras cidades que se multiplicavam, modestas umas, esplendorosas outras, formavam a Tetrarquia que no era considerada pelos judeus jactanciosos e soberbos de Jerusalm. Seguindo um velho brocardo depreciativo, sempre perguntavam, solertes: Que pode vir de bom, da Galilia? E veio o melhor, uma verdadeira via lctea de amor dali se espraiou por toda a Terra, alterando a paisagem social e moral do planeta sofrido. O esplendoroso mar ou lago de Genesar favorecia a regio quente com ameno clima, e o milagre das suas guas piscosas que os ventos eriavam de quando em quando, em forma de tormentas passageiras, apresentavam-se, normalmente, tranqilas e espelhadas.*Mateus, 9:32-38. Nota da autora espiritual.

amor

*

Em Cafarnaum, que se ufanava de possuir uma sinagoga, a Natureza fora prdiga em gentilezas, tornando-a aprazvel, generosa, sem as complicaes das grandes urbes, mas tambm, sem a ingenuidade excessiva dos pequenos burgos. Nos declives dos outeiros e pela terra ampla, flores midas misturavam-se, na primavera, com as rosas trepadeiras que ornamentavam as residncias, e igualmente com as que espocavam nas rvores altaneiras e frutferas em festa de enriquecimento alimentar. Movimentos nas praias, na faina de cuidar das redes de pescar, e rebanhos nos arredores eram tangidos docentemente por pastores requeimados do Sol, completando o cenrio dos homens e das mulheres simples e confiantes que habitavam o seu casario de pedras vulcnicas. A formosa bacia de guas refletindo o cu infinitamente azul, quase sempre sem nuvens, constitua uma bno incomum, sempre renovadas pelo Jordo tranqilo, no seu priplo sinuoso na direo do Mar Morto em pleno deserto, era invejada pelas cidades que no a podiam desfrutar... Naquela regio, nas suas praias, nas barcas dos seus amigos, nas

praas pblicas, num monte prximo, Jesus enunciou as mais belas palavras do vocabulrio do amor e entoou o incomparvel hino das bem-aventuranas, que nunca mais voltaria a repetir-se, assinalando a Humanidade com as lies que alteraram os conceitos em torno dos cidados e das naes. Naquela Cafarnaum simptica Ele estabeleceu a base do Seu trabalho, das suas praias de pedras midas e barcas encravadas nas areias, retirou alguns dos discpulos que O deveriam seguir alacremente, assim como da sua coletoria convocou outrem, a fim de que, um dia, no futuro, narrasse, para a posteridade, os feitos e os ditos que presenciara e ouvira entre deslumbrado e feliz. Como um Sol de suave calor, ali Ele aqueceu os coraes enregelados com o verbo eloqente da Sua sabedoria, transformando as emoes sofridas em sentimentos de inefvel alegria. Naqueles dias, o chamado para a Era Nova ecoava no dito dos seres, qual msica sublime dantes jamais ouvida, e no futuro nunca mais repetida, conforme se fizera naquela ocasio. As melodias de esperana permaneciam nos pentagramas das

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vidas atradas ao Seu rebanho, alterando as tormentosas aflies a que todos se acostumaram, enquanto favoreciam com a integral confiana em Deus diante de quaisquer circunstncias. O sofrimento, que sempre esteve presente na economia das vidas humanas, mensagem aflitiva, especialmente proposto a quem lhe desconhece a finalidade santificante. Nem todos, porm, o entendem, conseguem retirar o lado bom da ocorrncia dolorosa, descambando, pela rebeldia ou pela alucinao, no poucas vezes, para situaes vexatrias, angustiantes, que mais lhes complicam a existncia.

Mesmo hoje, ainda prossegue dilacerador, enquanto que, naqueles dias, era mais tormentoso, em razo das circunstncias que o tornaram comum, diminuindo na sociedade existente a compaixo e a solidariedade, tal o nmero dos afligidos, que terminavam por passar quase invisveis diante dos olhos da multido indiferente... A solidariedade constitui um hbito que se consolida atravs do amor, surgindo interiormente em forma de compaixo e desenvolvendo-se como atividade fraternal enriquecedora, na qual o doador apresenta-se sempre mais feliz do que o beneficiado. Os seres humanos necessitam, em carter de urgncia, de conviver com o belo e o luminoso, a fim de acostumar-se com a harmonia e a claridade, deixando-se atrair pela sade, ao invs de abraar as dores que os dominam, transitoriamente necessrias, porque a Vida um ato de amor de Deus e no uma punio da Paternidade Divina. Muitos dos que sofrem, porm, preferem apegar-se aos padecimentos, em deplorvel situao autopunitiva, quan-

do deveriam empenhar-se por superar a ocorrncia necessria. Foi essa a extraordinria mensagem psicoteraputica de que Ele se fizera portador, mas quase nunca entendido. Nada obstante, sempre quando se apresentava em qualquer lugar, os ventos da esperana sopravam vigorosos anunciando-O e atraindo as multides esfaimadas de compreenso e de misericrdia, que se acotovelam em toda parte para ouvi-lo e receberem a farta messe da Sua generosidade, distribuda fartamente a quantos a quisessem recolher. Ele conhecia, sem dvida, as angstias humanas, e sabia dilu-las, apiedando-se dos seus padecentes. Ningum como Ele para lidar com os conflitos dos indivduos em aturdimento. Isto porm, porque penetrava, com a sua percepo profunda, o mago das necessidades, identificando-lhes as causas anteriores e os meios adequados para modificar-lhes a injuno penosa. Enquanto o verbo flua canoro dos Seus lbios em melodias reconfortantes e lenificadoras, Suas mos alcanavam as exulceraesNovembro 2006 Reformador

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tormentosas, abenoando-as, medida que as mesmas cediam ao leve toque, produzindo a recuperao dos pacientes comovidos. Pedia-lhes que no voltassem a comprometer-se, evitando-se situaes mais graves, por saber que os sofrimentos procedem do Esprito rebelde e recalcitrante, no entanto, logo passavam aqueles instantes formosos e os pacientes mergulhavam nos velhos hbitos que os infelicitaram anteriormente. Numa dessas ocasies, aps discursar ternamente, trouxeram-lhe um homem mudo, que se debatia nas amarras psquicas constritoras de cruel verdugo espiritual. No falava, porque era vtima de uma dominao obsessiva impertinente e vergonhosa. O desditoso tinha aumentada a dificuldade interior de comunicao em face da vingana desencadeada pelo severo perseguidor, que tambm o afligia mentalmente. Era um quadro desolador, que inspirava piedade. Compreendendo a pugna que se travava alm da forma fsica e vendo o insano inimigo do paciente em aturdimento, Ele repreendeu o perverso, exortando-o libertao da sua vtima, o que aconteceu de imediato, permitindo que o mudo se pussesse a tagarelar entre lgrimas de justificada alegria. O deslumbramento tomou conta do povo aglomerado que acompanhara a cena inusitada, desdobrando-se em jbilo repentino, seguido de um respeito que chegava quase ao temor. A maioria, daqueles que ali se

encontravam, conhecia o enfermo que agora falava, e no podia entender a ocorrncia feliz. Foram inevitveis a exploso de sorrisos e os gritos de louvor. Mas Ele no viera para pr remendos de tecido novo em trajes gastos, nem para colocar vinho bom em odres sujos, e, logo que passou a euforia da massa, falou aos discpulos, compadecido da multido que estava cansada e abatida como ovelhas sem pastor: A messe grande, mas os trabalhadores so poucos. Rogai, ao Senhor da messe, que envie trabalhadores para a mesma.

miscuidade, e, no poucas vezes, so tachados de loucos, ultrapassados, ortodoxos, porque procuram servir ao Mestre conforme Ele o determinou. O festival da iluso fascina as mentes infantis, que ainda no se podem comprometer com o Divino Pastor. Tambm Ele, a seu tempo, aps haver curado o mudo, foi censurado e acusado pelos fariseus, que, no podendo fazer o mesmo, por lhes faltarem os valores morais necessrios, afirmaram, ftuos: pelo prncipe dos demnios que Ele expulsa o demnio...

At hoje, vinte sculos transcorridos, o vasto campo dos coraes continua aguardando o arado amoroso para a sementeira feliz. Muitos chamados, aps os momentos iniciais de entusiasmo, deixam a seara entregue s pragas e s circunstncias speras do tempo... Outros mais, distrados na frivolidade, arrebanham companheiros para o campeonato da leviandade, piorando-se e a eles a situao moral em que estagiam... Somente alguns comprometidos com a Verdade permanecem no labor, insistindo e desincumbindo-se das responsabilidades assumidas com festa na alma. A sua dedicao ao trabalho vale, no entanto, por inmeros, por incontveis outros que desertam. Mas no so suficientes... Ainda assim permanecem tambm incompreendidos, porque no fazem coro insensatez nem pro-

Aquela Galilia de ontem encontra-se esparramada por toda a Terra, aguardando o Compassivo Libertador, e quando, hoje, algum a Ele se refere e apresenta-O nos atos, experimenta a chocarrice e a perseguio insana que grassam dominadoras nos sentimentos ultrajados de todos quantos preferem a fantasia e a ignorncia. A via lctea de amor, no entanto, alcana lentamente os coraes dos seres sofridos e angustiados, nesta grande noite moral que se abate sobre a Terra, atravs de O Consolador, que Ele enviou para dar prosseguimento instalao do Reino dos Cus na terra dos coraes.

Amlia Rodrigues(Pgina psicografada pelo mdium Divaldo Pereira Franco, na reunio medinica da noite de 15 de julho de 2006, no Centro Esprita Fraternidade, em Paramirim, Bahia.)

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Entrevista P E D R O B A R B O S A N E TO

Rondnia e os preparativospara o Sesquicentenrio do EspiritismoPedro Barbosa Neto, presidente da Federao Esprita de Rondnia, comenta em entrevista a origem recente do Movimento Esprita daquele Estado e destaca os preparativos para as comemoraes do Sesquicentenrio do EspiritismoReformador: Qual a dimenso do Movimento Esprita de Rondnia? Pedro: O Movimento Esprita de Rondnia se iniciou em 1962, com a fundao do Centro Esprita Bezerra de Menezes, na cidade de Porto Velho, por iniciativa de um grupo de militares em servio no ento Territrio Federal de Rondnia. A Federao Esprita foi fundada em 11 de janeiro de 1977, sendo seguida pelo aparecimento de vrias casas espritas, localizadas em cidades de fcil acesso rodovirio, que lhe do uma caracterstica de Movimento recente. Atualmente o Movimento Esprita de Rondnia conta com 41 centros espritas, distribudos em 16 municpios. Todos esto integrados ao ideal federativo, no havendo movimento paralelo ou cismas. Reformador: Que aes federativas se realizam em nveis regional e estadual? Pedro: Com vistas a facilitar a dinamizao do trabalho federativo, o Movimento Estadual encontra-se dividido em quatro Unies Regionais Espritas (UREs). A Federao Esprita de Rondnia, atravs de seus seis Departamentos Operacionais Infncia e Juventude, Estudo Sistematizado, Assistncia e Promoo Social, Atividade Medinica, Atendimento Espiritual e Comunicao Social desenvolve sua ao em todas as regies do Estado. Alm destas atividades regionais, tambm so desenvolvidas atividades em mbito estadual, tais como: Encontro Anual de Mocidades Espritas, Encontro Anual de Trabalhadores Espritas e Encontro Anual de Dirigentes Espritas, estando previsto, para iniciar em 2007, o Encontro Anual de Grupos de Estudos Sistematizados. A fim de promoverNovembro 2006 Reformador

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um maior intercmbio com o pensamento do Movimento Esprita nacional, so realizados freqentes seminrios, com a participao de confrades de outros Estados. Reformador: A Federao mantm programas ou campo experimental em sua sede? Pedro: A Federao Esprita de Rondnia desenvolve em sua sede social atividades de palestra pblica, grupo de estudo sistematizado, atendimento espiritual, reunio de educao da mediunidade, e est em curso o projeto de reestruturao das atividades de infncia e juventude. Reformador: H Campanhas ou projetos em andamento? Pedro: As Campanhas de Evangelizao Infanto-Juvenil e de Estudo Sistematizado encontram-se amplamente difundidas tanto na Capital como em todas as localidades

do interior do Estado. As Campanhas Famlia, Vida e Paz tm sido trabalhadas sistematicamente, atravs da programao de palestras e seminrios. Reformador: Como a Federao interage com as Comisses Regionais e Reunies do CFN? Pedro: A FERO esteve presente em todas as reunies da Comisso Regional Norte, desde a instalao das Comisses Regionais, em 1986, e, a partir de 1996, tem levado representantes de todas as reas. Em virtude da importncia destas Comisses para a integrao e dinamizao do Movimento em nvel Regional, a FERO sediou a reunio da Comisso Regional todas as vezes em que foi solicitada, promovendo o evento em 1988, 1994, 2000 e 2005. Quanto ao Conselho Federativo Nacional, a FERO, desde sua fundao em 1977, sempre se fez preSede da Federao Esprita de Rondnia

sente s suas reunies, participando ativamente das discusses e deliberaes ocorridas no curso das reunies e atuando no fortalecimento do Conselho e do ideal federativo nacional. Reformador: Quais os preparativos para o Ano do Sesquicentenrio do Espiritismo? Pedro: Em atendimento s comemoraes pela passagem dos 150 anos de publicao de O Livro dos Espritos, a Federao Esprita de Rondnia promover uma srie de atividades com os seguintes objetivos: divulgao ao grande pblico sobre o Sesquicentenrio do Espiritismo; valorizao da obra bsica O Livro dos Espritos atravs de estudos voltados ao pblico em geral, para debate da obra; dinamizao da Comisso Regional Norte com reflexo para trabalhadores quanto correlao de O Livro dos Espritos com as tarefas desenvolvidas na Casa Esprita. Haver um encontro anual de cada rea da Comisso Regional Norte visando discutir a fundamentao terica em O Livro dos Espritos, diante das atividades desenvolvidas. Ocorrero quatro seminrios trimestrais, um em cada uma das quatro UREs que compem o Movimento Esprita Estadual, para debater uma parte diferente de O Livro dos Espritos, os quais sero conduzidos por expositores de outros Estados. Todo o ms de abril ser trabalhado com mais intensidade na mdia. As Feiras do Livro Esprita sero deslocadas para os meses de abril e maio.

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Ante os que partiramNenhum sofrimento, na Terra, ser talvez comparvel ao daquele corao que se debrua sobre outro corao regelado e querido que o atade transporta para o grande silncio. Ver a nvoa da morte estampar-se, inexorvel, na fisionomia dos que mais amamos, e cerrar-lhes os olhos no adeus indescritvel, como despedaar a prpria alma e prosseguir vivendo. Digam aqueles que j estreitaram de encontro ao peito um filhinho transfigurado em anjo da agonia; um esposo que se despede, procurando debalde mover os lbios mudos; uma companheira cujas mos consagradas ternura pendem extintas; um amigo que tomba desfalecente para no mais se erguer, ou um semblante materno acostumado a abenoar, e que nada mais consegue exprimir seno a dor da extrema separao, atravs da ltima lgrima. Falem aqueles que, um dia, se inclinaram, esmagados de solido, frente de um tmulo; os que se rojaram em prece nas cinzas que recobrem a derradeira recordao dos entes inesquecveis; os que caram, varados de saudade, carregando no seio o esquife dos prprios sonhos; os que tatearam, gemendo, a lousa imvel, e os que soluaram de angstia, no dito dos prprios pensamentos, perguntando, em vo, pela presena dos que partiram. Todavia, quando semelhante provao te bata porta, reprime o desespero e dilui a corrente da mgoa na fonte viva da orao, porque os chamados mortos so apenas ausentes e as gotas de teu pranto lhes fustigam a alma como chuva de fel. Tambm eles pensam e lutam, sentem e choram. Atravessam a faixa do sepulcro como quem se desvencilha da noite, mas, na madrugada do novo dia, inquietam-se pelos que ficaram... Ouvem-lhes os gritos e as splicas, na onda mental que rompe a barreira da grande sombra e tremem cada vez que os laos afetivos da retaguarda se rendem inconformao ou se voltam para o suicdio. Lamentam-se quanto aos erros praticados e trabalham, com afinco, na regenerao que lhes diz respeito. Estimulam-te prtica do bem, partilhando-te as dores e as alegrias. Rejubilam-se com as tuas vitrias no mundo interior e consolam-te nas horas amargas para que te no percas no frio do desencanto. Tranqiliza, desse modo, os companheiros que demandam o Alm, suportando corajosamente a despedida temporria, e honra-lhes a memria, abraando com nobreza os deveres que te legaram. Recorda que, em futuro mais prximo que imaginas, respirars entre eles, comungando-lhes as necessidades e os problemas, porquanto terminars tambm a prpria viagem no mar das provas redentoras. E, vencendo para sempre o terror da morte, no nos ser lcito esquecer que Jesus, o nosso Divino Mestre e Heri do Tmulo Vazio, nasceu em noite escura, viveu entre os infortnios da Terra e expirou na cruz, em tarde pardacenta, sobre o monte empedrado, mas ressuscitou aos cnticos da manh, no fulgor de um jardim.

EmmanuelFonte: XAVIER, Francisco C. Religio dos

espritos. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB,2006. p. 153-155.

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Presena de Chico Xavier

Chico Xavier:O Maior Brasileiro OEspiritismo est, definitivamente, na grande imprensa. Em sua edio 434, de 11 de setembro de 2006, a revista POCA trouxe uma ampla reportagem sobre Francisco Cndido Xavier (1910-2002). O mdium mineiro foi escolhido, em uma enquete, feita pela Internet, O Maior Brasileiro da Histria e mereceu matria de seis pginas. Uma comisso de 33 personalidades convidadas por POCA elegeu o jurista Ruy Barbosa como o mais importante brasileiro da Histria. Chico Xavier O senhor dos espritos foi o ttulo da reportagem que POCA publicou em setembro. Assinada pelo jornalista Ivan Padilla, a matria apontou Chico Xavier como o maior responsvel pela expanso do Espiritismo no Brasil ao impulsionar a divulgao esprita em aparecimentos importantes na mdia, como debates na televiso, entrevistas e at participao em novelas como O Profeta, de Ivani Ribeiro. A reportagem destacou que os diversos problemas de sade e as dificuldades materiais enfrentados pelo mdium jamais o impediram de exercer suas atividades espritas. Tambm ressaltou as qualidades morais de Chico Xavier, seu carisma e popularidade, que agradam tanto aos espritas como aos no-espritas. Apesar de algumas informaes equivocadas, a matria de POCA foi bastante completa: apontou a extraordinria produo medinica de Chico Xavier, a multiplicidade de gneros literrios que ele psicografou, sua postura de seriedade, seus gestos de amor ao prximo e sua deciso de ceder integralmente os direitos autorais de seus livros para diversas instituies espritas. Chico psicografou 412 ttulos que resultaram em 25 milhes de exemplares editados.412Reformador Novembro 2006

A pesquisa demonstrou de forma cabal a fora e a mobilizao dos espritas na Internet. Na votao para O Maior Brasileiro da Histria realizada pela Internet, foram recebidos 27.862 votos. Chico Xavier obteve 9.966 votos, ou 36% do total. Ficou em primeiro lugar. Surpreendeu, pois seu nome sequer constava na lista da revista: para que ele fosse eleito era preciso que os internautas digitassem seu nome em um campo especfico. O mdium teve quase o

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dobro de votos do segundo colocado, o piloto Ayrton Senna. Em terceiro lugar ficou Pel. A revista citou que, de acordo com o Censo de 2000, existem hoje no Brasil cerca de 2,3 milhes de espritas, sem contar os simpatizantes. Dez anos antes, esse nmero era 40% menor. Os dados demonstram a expanso do Espiritismo no Pas, em todas as camadas sociais, embora os espritas sejam o segmento de mais escolaridade e renda da populao brasileira. A revista afirmou que as aes de Chico Xavier junto aos meios de comunicao foram decisivas para a popularizao do Espiritismo. Entre essas aes esto a participao de Chico, em 1971, de duas edies do programa de entrevistas Pinga-Fogo, na extinta TV Tupi. No primeiro, durante mais de trs horas, o mdium respondeu s perguntas dos jornalistas sobre temas diversos, alguns bastante polmicos para a poca. No final do programa, psicografou, ao vivo, mensagem espiritual. Aproximadamente 75% das televises da cidade de So Paulo estavam sintonizadas na hora da entrevista, que foi reprisada trs vezes na semana seguinte e, mais tarde, exibida em diversos Estados brasileiros. Alm da reportagem, os leitores de POCA puderam ler, no site da revista, textos com a opinio de Chico Xavier sobre diversos temas. Estavam disponveis, ainda, minidocumentrios e a cano No Cu da Vibrao, gravada por Elis Regina e composta por Gilberto Gil em homenagem ao mdium. Na semana seguinte, Chico Xavier foi responsvel por 20,2% das cartas endereadas a POCA. Este percentual, somado ao de leitores que comentaram a reportagem completa sobre a escolha do Maior Brasileiro da Histria (25,5%), alcana 45,7% do total de cartas e e-mails que chegaram redao da revista. Foi a segunda vez que POCA deu destaque ao Espiritismo este ano. No ms de julho de 2006, a revista j havia divulgado uma reportagem de oito pginas sobre a Doutrina, intitulada O Novo Espiritismo, de autoria da jornalista Martha Mendona, na qual foram apontados diversos aspectos positivos da Doutrina e do Movimento Esprita.

Outra revista de circulao nacional, Isto, tambm fez reportagem de capa sobre o Espiritismo em agosto deste ano. O ttulo? Falando com o Alm. Desde 2005, a Doutrina Esprita vem ganhando cada vez mais projeo em jornais e revistas. No ano passado, a maior revista da Amrica Latina, Veja, fez matria de capa sobre o crescimento do Espiritismo no Brasil. Outras revistas, como Galileu e Superinteressante, e jornais como Folha de So Paulo produziram reportagens em que mostravam o ponto de vista esprita sobre assuntos como influncia dos Espritos e sonhos. Em agosto de 2006, uma publicao voltada para a Psicologia, Psique, tratou de experincias de quase-morte. Com o advento das novelas e filmes de temtica espiritualista, o Espiritismo tambm passou a ser tratado em revistas de forte apelo popular que se dedicam a assuntos relacionados com novelas de televiso. Segundo levantamento da Assessoria de Comunicao da FEB, desde o ano passado, mais de 80% dessas revistas j fizeram reportagens sobre temas como reencarnao, mediunidade e vida aps a morte.

O jri popularOs oito primeiros colocados na votao dos leitores de POCAMaior Brasileiro Chico Xavier Ayrton Senna Pel Garrincha Santos Dumont Juscelino Kubitschek Lula Getlio VargasTotal de votos recebidos:

Voto 9.966 5.637 4.320 924 854 830 540 519

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Templo sagradoRICHARD SIMONETTI

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oc h de ter notado, prezado leitor, que as reunies pblicas, nos centros espritas, so abertas e encerradas com uma orao, pronunciada em expresses simples, a evocar as bnos divinas sobre os participantes. O dirigente em prece situa-se como o condutor de uma orquestra, procurando estabelecer o que Allan Kardec define como uma comunho de pensamentos. Quanto mais atentos os presentes, fixados na orao, mais harmnico o ambiente, favorecendo melhor aproveitamento, tanto no aprendizado quanto nos benefcios que a reunio pode oferecer. Mentores espirituais transitam pelo recinto, auscultando os participantes, detectando seus problemas, definindo a assistncia espiritual

que lhes ser prestada, especialmente na aplicao do passe magntico. Pessoas desinteressadas, que comparecem por insistncia de familiares, totalmente alheias aos objetivos da reunio, comportam-se como msicos desafinados de uma orquestra, conturbando o ambiente e prejudicando a ao dos Mentores espirituais.

corpo e da alma, o aspecto templo deve ser destacado, sob pena de no recebermos os benefcios desejados. Isso implica, obviamente, uma postura de contrio e seriedade, que nos coloque em sintonia vibratria com os Mentores espirituais que nos auscultam e auxiliam. Inconcebvel, no recinto das reunies, ocorrncias que no raro se observam, como: Conversa. Geralmente os expositores so inspirados a abordar temas relacionados com as necessidades do pblico. ponto pacfico que o esclarecimento oferecido muito mais importante do que a aplicao do passe magntico. Este cuida de efeitos, enquanto as palestras cuidam das causas. Quem se distrai em con-

Foroso reconhecer que a evocao das bnos do Cu, na prece, significa que, em princpio, estamos num templo de sagrados valores espirituais, tanto quanto numa igreja catlica, evanglica, pentecostal ou de outra denominao religiosa. Embora o Centro Esprita seja para muitos que o procuram uma espcie de hospital para males do

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versao inconveniente, alm de nada assimilar, atrapalha quem fala e quem est interessado em ouvir. Trajes. Em alguns centros h cartazes listando trajes proibidos como bermudas, shorts, camisetas cavadas, chinelos, etc. H quem considere absurdo tais exigncias, uma interferncia indbita no livre-arbtrio das pessoas. Absurda a necessidade de estabelecer esses critrios, simplesmente porque h quem confunda o Centro Esprita com balnerio. Trajes sumrios contrastam com a seriedade do ambiente. Discrio. Em pblico, beijos e abraos, entre namorados, antes considerados atentados ao pudor, hoje, neste clima de liberou geral, no sofrem restries policiais. Imperioso, entretanto, considerar o respeito ao ambiente, em benefcio dos prprios interessados. Se a sensualidade se expande, a Espiritualidade se retrai. Telefone. Pessoas desligadas e celulares ligados eficiente instrumental de Espritos obsessores que querem perturbar a reunio. Pior quando o portador do inconveniente aparelho atende ao chamado em pleno recinto. Se for comigo, diga que no posso atender costuma dizer um confrade irreverente, quando toca um celular durante sua exposio. Crianas. Espantosa a tranqilidade de al-

gumas mes, diante de pequenos que se movimentam entre as poltronas, ou choram, impertinentes. Desconfimetro desligado, insistem em permanecer no recinto, duro teste de pacincia para os expositores e o pblico presente. Imperioso atentar solenidade do ambiente, numa reunio pblica de Espiritismo. Embora sem ritos e rezas que ca-

racterizam as religies tradicionais, estamos numa atividade de ascendentes religiosos, que exige seriedade e compostura de nossa parte. Assim agindo, estaremos aptos a enriquecer nosso conhecimento, habilitando-nos a receber em plenitude os benefcios da Espiritualidade. Se ocorrer o contrrio, seremos os lamentveis msicos desafinados a conturbar o ambiente.

Renascena

da alma

(Versos de carinho e gratido a um chefe e amigo de outras reencarnaes, que hoje reencontrei, sob o amparo de um manicmio.)

Lembro-te, Soberano, as incurses bizarras... Ordenas invases... Feres, vences, dominas!... Deixas a estrada em fogo, os castelos em runas, Agonia e pavor nas terras onde esbarras!... Tudo a morte levou... Os trofus e algazarras, As armas, os brases e as tropas libertinas... E encontrei-te, hoje, oh rei!... Clamas e desatinas, Reencarnado no hospcio a que, louco, te agarras... Di ver-te inerme, assim, lvido e descomposto Na laje celular por trono de recosto!... Mas louva as provaes ditoso por sofr-las!... Findo o resgate justo, um dia, tempo afora, Ters de novo um reino e os amigos de outrora, Nos imprios do amor, para alm das estrelas!...

Epiphanio LeiteFonte: XAVIER, Francisco C. Poetas redivivos. Diversos Espritos. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. Cap. 59, p. 89.

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Capa

Convivncia no Centro EspritaC E Z A R B R AG A S A I D

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o captulo XV de O Evangelho segundo o Espiritismo, intitulado Fora da caridade no h salvao, itens 8 e 9, Allan Kardec analisa a questo de no haver salvao fora da Igreja ou fora da verdade. Em momento algum o Codificador sugere ou insinua que fora do Espiritismo as criaturas humanas estariam fadadas a sofrer e a serem infelizes. Na nota questo 982 de O Livro dos Espritos, ele afirma: [...] O Espiritismo ensina o homem a suportar as provas com pacincia e resignao; afasta-o dos atos que possam retardar-lhe a felicidade, mas ningum diz que, sem ele, no possa ela ser conseguida.

Admitir o Espiritismo como caminho nico e exclusivo para a conquista da paz interior assumir uma postura nitidamente fundamentalista e contrria opinio dos Espritos Superiores. O telogo Leonardo Boff 1 afirma que o fundamentalismo representa a atitude daquele que confere carter absoluto ao seu ponto de vista. E salienta: [...] quem se sente portador de uma verdade absoluta no pode tolerar outra verdade, e seu destino a intolerncia. preciso distinguir a viso que o Espiritismo nos d e a aplicao que fazemos dos seus princpios em nossa vida prtica. Foi por isso que o educador Pedro de Camargo

(Vincius),2 afirmou: [...] A conscincia religiosa importa em um modo de ser, e no em um modo de crer. Mas h momentos em que a nossa intolerncia e incompreenso no se voltam apenas para os profitentes de outras religies. s vezes se apresentam nas nossas relaes cotidianas, na intimidade dos centros espritas que freqentamos. Se um companheiro se afasta das atividades que desenvolve num determinado Centro, julgamos, apressadamente, que possa estar sendo vtima de um problema obsessivo, ou que de alguma forma no se encontra no seu melhor juzo. Nem sempre cogitamos das suas

BOFF, Leonardo. Fundamentalismo. Rio de Janeiro: Sextante, 2002. p. 25.

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CAMARGO, Pedro de (Vincius). O mestre na educao. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 12, p. 64.

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Capanecessidades materiais na conduo da sua famlia; no ponderamos sua idade ou o imperativo de estudar, a fim de poder realizar-se profissionalmente; muitas vezes no nos perguntamos sobre a sua sade e a necessidade de tratamento mdico, terreno e especializado, como, alis, sempre fizeram mdiuns como Chico Xavier. No entendemos que o companheiro que trabalhou e reuniu recursos tem direito ao lazer, a tirar frias junto de sua famlia e que o repouso est consagrado nas leis civis e na lei divina do trabalho. Ignoramos ou esquecemos a ateno que os filhos pequenos reclamam e nem sempre cogitamos das insatisfaes que algum possa estar sentindo com a conduo das atividades da instituio; afinal, estamos to satisfeitos e concentrados no que fazemos que no percebemos que isso possa ocorrer com algum. O fato que tendemos a avaliar o outro pelas nossas medidas. Se estamos tantos dias e tantas horas envolvidos com as atividades espritas, por que o outro no se envolve com a mesma intensidade? Esquecemos que cada um se encontra em determinado estgio evolutivo, com noo diferenciada de tempo perdido ou bem aproveitado. Algum que tenha srios compromissos na rea medinica, por exemplo, na medida em que no d continuidade educao das foras que vibram em si, tanto no Centro quanto fora dele, pode, naturalmente, desequilibrar-se, mas no como castigo da Espiritualidade ou punio divina. natural que toda ferramenta no utilizada ou usada de forma indevida, sem manuteno, contraia ferrugem. E isso vale para qualquer situao na vida, inclusive para a relao que estabelecemos com nossos compromissos espirituais. Quando Allan Kardec e a Espiritualidade enfatizam a necessidade do bem, esto dilatando o nosso conceito de salvao e felicidade, esto nos dizendo que a mxima no fora do centro esprita no h salvao e sim, fora da caridade no h salvao. Portanto, se um companheiro se afasta momentnea ou definitivamente de um Centro Esprita, isto no quer dizer que esteja se afastando da prtica da caridade que poder se dar em qualquer lugar. Precisamos atentar para os reais motivos que determinaram este afastamento, interessar-nos pelo encarnado como nos interessamos pelos desencarnados, entendendo o que se passa com ele, auxiliando-o naquilo que estiver precisando. Ao mesmo tempo vlido nos questionarmos se somente os espritas freqentadores de Centro possuem Espritos protetores. E os que no so espritas? No possuem amigos espirituais auxiliando-os nas pesquisas, nas assemblias legislativas, no poder executivo, no magistrio, na empresa onde atuam, nas atividades que realizam como autnomos, nas foras armadas, etc.? Externar nossa ateno, carinho e preocupao com os amigos atitude crist. Sentir a falta e desejar a presena deles no ambiente onde atuamos testemunhar o amor que nutrimos por eles. Porm, julgar e pressagiar terrveis males em funo de seu afastamento assumir uma posio radical com os prprios companheiros de ideal. No queremos, contudo, fazer apologia da desero, nem incentivar ningum a relaxar nos seus compromissos espirituais. Mas entendemos que esta relao precisa ser saudvel, consciente, reflexiva e no baseada em temores ou caracterizada por um ativismo, onde a preocupao maior realizar quantitativamente, produzir apenas. A religiosidade que o Espiritismo nos prope no a do tipo devocional e contemplativo, mas relacional e operativa, isto , melhorando nossas relaes interpessoais, estamos crescendo de dentro para fora, dando de ns mesmos aos que nos cercam. O Centro Esprita facilita-nos esse processo, na medida em que se constitui num campo propcio para esse exerccio de convivncia fraterna. Nele estimulamos e somos estimulados, criamos laos de amizade verdadeira, temos um campo imenso de trabalho, mas ningum afirma que fora dele algum no possa se realizar, melhorar-se e contribuir para uma sociedade mais justa e feliz. Estimulemos a participao dos companheiros, auxiliemo-nos uns aos outros, todavia, evitemos julgar, no apenas os que se afastam, mas tambm os que permanecem. O julgamento adequado compete a Deus e este, at onde compreendemos, uma fonte perene de estmulos e no de censuras.Novembro 2006 Reformador

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Trabalho na Seara EspritaU M B E RTO F E R R E I R A

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Espiritismo contm um rico contedo doutrinrio, cujo estudo fundamental para elevar o nosso entendimento da vida espiritual e das leis morais. No doutrina para ser apenas compreendida em teoria, mas para ser vivida na prtica. Se no observarmos a aplicao dos ensinos em nossas vidas, podemos cair na f inoperante, a que se refere o apstolo Tiago: Assim, tambm a f, se no tiver as obras, por si s est morta. (Tiago, 2:17.) Comentando esse versculo da carta de Tiago, assevera o instrutor espiritual Emmanuel: A f inoperante problema credor da melhor ateno, em todos os tempos, a fim de que os discpulos do Evangelho compreendam, com clareza, que o ideal mais nobre, sem trabalho que o materialize, a benefcio de todos, ser sempre uma soberba paisagem improdutiva. (Fonte Viva, Ed. FEB, cap. 39.)

Mais frente, acrescenta esse autor espiritual: A crena religiosa o meio. O apostolado o fim. (Op. cit., cap. 39.) Ao tomarmos a resoluo de trabalhar na seara espiritual, sem dvida, encontraremos ocupao, porque no h muita procura pelo trabalho voluntrio. Quando esteve entre ns, Jesus disse aos seus discpulos: A seara, na verdade, grande, mas os trabalhadores so poucos. (Mateus, 9:37.) Mesmo na seara esprita, o nmero de trabalhadores pequeno, apesar da conscincia da importncia do trabalho para a evoluo espiritual que o Espiritismo desenvolve nos adeptos. Muitos deles encontram dificuldades em cooperar na instituio esprita, por diversos motivos: Aguardam o convite pessoal. No aceitam o servio que lhes oferecido.

No concordam em comear por atividades simples. Impem condies que no podem ser atendidas. Reclamam o direito de escolher o tipo de atividade. Preferem comear por cima. Resistem em estudar primeiro. Rejeitam a disciplina. No se dispem a trabalhar em equipe. Querem o direito de comear criticando o que est sendo feito. O nmero de pessoas que procuram os centros espritas expressivo e a seara de trabalho grande. Apesar disso, a quantidade de trabalhadores continua reduzida. O ideal que o candidato ao trabalho na seara se disponha a agir como o servo fiel da parbola contada por Jesus: Bem-aventurado aquele servo a quem seu Senhor, quando vier, achar servindo assim. (Mateus 24:46.) O servo fiel no discutia as determinaes. Cumpria-as, porque entendia que o seu senhor sabia o que deveria ser feito. Obedincia cega ajuda pouco no crescimento do trabalhador, mas quem se dispe a obedecer o que comea com mais acerto.

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Esf lorando o EvangelhoPelo Esprito Emmanuel

Perante JesusE tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o corao, como ao Senhor, e no aos homens. PAULO (COLOSSENSES, 3:23.)

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compreenso do servio do Cristo, entre as criaturas humanas, alcanar mais tarde a precisa amplitude, para a glorificao dAquele que nos segue de perto, desde o primeiro dia, esclarecendo-nos o caminho com a divina luz.

Se cada homem culto indagasse de si mesmo, quanto ao fundamento essencial

de suas atividades na Terra, encontraria sempre, no santurio interior, vastos horizontes para ilaes de valor infinito. Para quem trabalhou no sculo? A quem ofereceu o fruto dos labores de cada dia? No desejamos menoscabar a posio respeitvel das ptrias, das organizaes, da famlia e da personalidade; todavia, no podemos desconhecer-lhes a expresso de relatividade no tempo. No transcurso dos anos, as fronteiras se modificam, as leis evolucionam, o grupo domstico se renova e o homem se eleva para destinos sempre mais altos. Tudo o que representa esforo da criatura foi realizao de si mesma, no quadro de trabalhos permanentes do Cristo. O que temos efetuado nos sculos constitui benefcio ou ofensa a ns mesmos, na obra que pertence ao Senhor e no a ns outros. Legisladores e governados passam no tempo, com a bagagem que lhes prpria, e Jesus permanece a fim de ajuizar da vantagem ou desvantagem da colaborao de cada um no servio divino da evoluo e do aprimoramento. Administrao e obedincia, responsabilidades de traar e seguir so apenas subdivises da mordomia conferida pelo Senhor aos tutelados. O trabalho digno a oportunidade santa. Dentro dos crculos do servio, a atitude assumida pelo homem honrar-lhe- ou desonrar-lhe- a personalidade eterna, perante Jesus Cristo.Fonte: XAVIER, Francisco Cndido. Po nosso. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 57, p. 129-130.

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A f aponta rumoA D S I O A LV E S M AC H A D O

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om o Espiritismo fomos conduzidos a uma f religiosa que se encontra embasada na razo e na lgica, especificaes que tornam lcidos o discernimento e o raciocnio. Resultante de um atavismo que se acha presente no inconsciente, quando foi estruturada e vivenciada no passado, mostra-se a f como uma tendncia natural do ser pensante, a ponto de encontrarmos em O Evangelho segundo o Espiritismo, captulo XIX, item 7, que: Em certas pessoas, a f parece de algum modo inata; uma centelha basta para desenvolv-la. Essa facilidade de assimilar as verdades espirituais sinal evidente de anterior progresso. Em outras pessoas, ao contrrio, elas dificilmente penetram, sinal no menos evidente de naturezas retardatrias. As primeiras j creram e compreenderam; trazem, ao renascerem, a intuio do que souberam; esto com a educao feita; as segundas tudo tm que aprender: esto com a educao por fazer. [...] Ela, a f, aloja-se nos refolhos do Esprito encarcerado num corpo carnal, servindo-lhe de farol apontando o rumo dulcificante dos sentimentos. Acha-se subordinada anlise420 R e f o r m a d o r N o v e m b r o 2 0 0 6

crtica, nada aceitando sem passar por este verdadeiro funil da cincia, o que a faz robusta e racional em seus princpios e contedos. Vejamo-los. Tem a f a sua centralizao na imortalidade do Esprito; na sua comunicabilidade com o mundo material; apia-se na reencarnao, o que a torna, desse modo, capaz de enfrentar as dvidas de forma tranqila e segura, pois que apresenta os arcabouos enriquecidos de propostas de paz e de elevao moral/espiritual e, finalmente, nada impe, preferindo mostrar, com fraternidade e amor, as conseqncias das aes certas e das equivocadas. A f precisa estar muito bem identificada com a rea dos comportamentos morais, nicos que podem confirmar a sua descendncia, a sua origem, onde se argamassou. Ela h de ser corajosa e destemida diante dos grandes e aparentemente intransponveis desafios que surgem neste nosso mundo, no obstante possa apresentar, vez por outra, certo deperecimento de suas foras no nosso dia-a-dia moral, aturdidos que possamos estar diante de situaes nunca antes experienciadas. A sociedade terrena ainda se

acha contaminada pela permissividade e imediatismo dos prazeres, em detrimento dos sacrifcios que devem, em muitas ocasies, ser oferecidos diante do cumprimento do dever. Nestas horas podem at acontecer as defeces morais. A f deve constituir a fora a guiar para a conduta tica em todos os momentos da existncia humana, assevera-nos o Venervel Esprito Joanna de ngelis. Sem sombra de dvida s pode ser diferente o comportamento do que cr e o do que no cr. O primeiro demonstra muita convico, porque tem conscincia de que sem o roteiro seguro, fornecido pela f racional, o naufrgio emocional inevitvel. O outro mostra-se em dvida, est inseguro. Acreditando firmemente que os atos de hoje engendram os acontecimentos do amanh, aquele que cr racionalmente se esfora por se manter fiel aos postulados espritas que acalenta em seu ntimo espiritual, em muitas das ocasies macerado pelos sacrifcios do agora, mas que sero recompensados pelas alegrias do depois. Necessrio investirmos no porvir sem, no entanto, descurarmos de viver em intensidade o presen-

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te, que vai aos poucos se transformando em base slida na construo de nosso edifcio espiritual. Participemos das alegrias existentes no convvio entre pessoas mentalmente sadias. Saibamos sorrir para elas, irradiando a nossa sincera simpatia. No nos esqueamos de que a f, mesmo quando mergulhada por momentos num enevoado de paixes, sobranceiramente consegue apontar rumos de forma consciente, exigindo somente alguns instantes de meditao e recolhimento. A f esprita fornece exata noo de que somos herdeiros de ns mesmos, trazendo do passado acertos e erros, mais estes do que aqueles, o que nos vai exigir esforos perseverantes que nos faro chegar s harmonias, logo mais. Quem no tem como dispor da certeza da f esprita e o que ela propicia, com facilidade se entrega ao imediatismo, que o leva a perder a oportunidade santificadora de gozar as dlcidas alegrias de uma reencarnao e seus bons resultados. a falta dessa f, qual estamos aqui nos referindo, que aponta rumo, que leva as criaturas s quedas morais, fruto tambm da herana atvica dos instintos grosseiros acalentados no passado, que remanescem de nosso ntimo, retendo-nos nos labirintos da confuso e da hediondez. Todo esforo deve ser despendido no sentido de no permitirmos que as paixes se apoderem de ns, jogando-nos nos abismos

morais, seja qual for a justificao, porque de l, invariavelmente, somente sairemos aps ingentes sacrifcios, muito mais pungentes do que os agora enfrentados. As oportunidades das conquistas deixadas para depois surgem de novo em nossos caminhos, verdade, porque justamente Deus Pai de bondade e de misericrdia, mas saibamos que estaro envoltas por maiores dificuldades. Aproveitemos, assim, as de hoje, no as deixando para amanh. Sejamos inteligentes. Informam-nos os referidos captulo e item do livro citado que: A resistncia do incrdulo, devemos convir, muitas vezes provm menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A f necessita de uma base, base que a inteligncia perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, no basta ver; preciso, sobretudo, compreender. A f cega j no deste sculo [...]. Analisando este pargrafo, por parte, temos o ensejo de perceber o seguinte: a importncia de como levarmos o conhecimento aos incrdulos, devendo faz-lo de forma a que compreendam o mais e melhor possvel e, assim, possam assimil-lo, incorpor-lo ao seu viver e conviver. A base a que se refere a mensagem a do uso da inteligncia sobre tudo quanto lhe seja ofertado em matria de questo religiosa, pois s assim a criatura esta-

r livre do fanatismo religioso: ela ama a Deus, mas sabendo o porqu; e, finalmente, presenciar o fato no chega a ser suficiente para nele acreditar cegamente, h que se analisar todos os componentes que, porventura, o tenham engendrado, livrando o crente da f cega, da crena imposta muitas vezes por meio de fraudes e de mistificaes. Atendendo a todos estes ensinos que vamos construindo a nossa f, de tal forma que ela se torne inabalvel, podendo encarar face a face a razo em todas as suas conquistas suficientemente comprovadas.Novembro 2006 Reformador

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Unio e trabalhoAY LTO N P A I VA

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llan Kardec estabeleceu uma divisa para as suas aes e, por via de conseqncia, para os espritas e para o Movimento Esprita: Trabalho, solidariedade, tolerncia. Portanto, o esprita em suas aes no Movimento Esprita precisa agir atravs da fora do trabalho, estar junto com os outros companheiros de ao pelos elos da solidariedade, e, compreendendo as prprias dificuldades e limitaes, exercitar a tolerncia relativamente s naturais e possveis divergncias, geradas pela singularidade de cada personalidade, decorrente do grau evolutivo intelectual, sentimental e emocional em que se situa. A ao no Movimento Esprita no deve ser personalstica, ou seja, a pessoa agir como se se bastasse a si mesma, ou integrar-se a um grupo em que se julga superior aos demais companheiros. A necessidade da interao entre os espritas e os centros espritas j nos era demonstrada por Allan Kardec nos primrdios do Espiritismo. Ele no se isolava permanentemente em seu escritrio para escrever ou se ilhava em um grupo422 R e f o r m a d o r N o v e m b r o 2 0 0 6

de mdiuns, por no suportar as diferenas, indiferenas e incompreenses das pessoas com quem conviveu. Desde o incio do trabalho de divulgao do Espiritismo, preocupava-se com a unio dos espritas, o seu esclarecimento e a necessidade da interao e do intercmbio entre eles e os grupos que se formavam. Kardec d o exemplo, pois ao lado do grave e importante trabalho da organizao, sistematizao e codificao da Doutrina Esprita realiza vrias viagens aos ncleos espritas nascentes. Na oportunidade, presta esclarecimentos e apoio, constata a realidade e as necessidades desses primeiros agrupamentos espritas e, ainda, os estimula a se visitarem para trocar experincias. Como nos lembra Nestor Joo Masotti, atual presidente da Federao Esprita Brasileira e secretrio-geral do Conselho Esprita Internacional: O Codificador estabeleceu, desta maneira, j nas primeiras atividades do Movimento Esprita, procedimento semelhante ao dos primeiros apstolos do Cristianismo nascente que, em clima de fraternidade, trocavam expe-

rincias e informaes, por meio de visitas e cartas, fortalecendo os laos de unio no desempenho das tarefas de difuso e prtica do Evangelho. O Livro dos Mdiuns e Obras Pstumas contm observaes preciosas que dizem respeito Unificao, que inspiraram os pioneiros do Movimento Esprita brasileiro a desenvolver atividades, com o objetivo de unir a famlia esprita. (Espiritismo, no 3o Milnio Anais do 11o Con-

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gresso Estadual de Espiritismo realizado pela USE/SP, em Bauru, no perodo de 28 de abril a 1o de maio de 2000.) Recordemos, tambm, em alguns trechos, as palavras de Bezerra de Menezes, pela psicografia do mdium missionrio Francisco Cndido Xavier: O servio da unificao em nossas fileiras urgente, mas no apressado [...] porquanto no nos compete violentar conscincia alguma. ........................................................ [...] Nenhuma hostilidade recproca, nenhum desapreo a quem quer que seja. [...] ........................................................ Ensinar, mas fazer; crer, mas estudar; aconselhar, mas exemplificar; reunir, mas alimentar. (Mensagem Unificao, recebida em 20/4/1963, e publicada na obra Bezerra de Menezes Ontem e Hoje, cap. Unificao, p. 83-86.) Posteriormente ele vem alertar: [...] Avancemos unidos. O ideal de unificao vem do mundo espiritual para a Terra. Se no formos capazes de discutir as nossas dificuldades idealsticas em clima de paz, de fraternidade, de respeito mtuo, de dignificao dos indivduos e das Instituies, que mensagem podemos oferecer ao mundo e s criaturas estrdias deste momento?! [...] (Reformador, janeiro de 1997, p. 12-13.) Unificao no uniformizao, mas unio e fundamentao nas obras da Codificao de Allan Kardec.

Respeite tudoDo cultivo da crena raciocinada, no santurio da Inteligncia, nascem os frutos substanciosos da certeza no porvir. Da vontade de realizar o bem, surgem todos os empreendimentos duradouros no mundo. Do esforo disciplinado e incessante, nenhuma construo pode prescindir para permanecer equilibrada na sua atividade especfica. Dos sinais vivos e puros da fraternidade no prprio semblante ningum pode fugir, se deseja alcanar a alegria real. Da busca criteriosa do conhecimento promana a atualizao e a competncia do trabalhador. Da utilizao da hora presente, em movimento digno, decorrem a segurana e a tranqilidade merecida nas horas prximas. Da hierarquia de valores, sustentada pelas Leis Eternas, alma alguma conseguir esquivar-se. Da fixao do mal no leito da estrada derivam-se todas as frustraes e todas as dores que perturbam a marcha do caminheiro.

A vida constitui encadeamento lgico de manifestaes, e encontramos em toda parte a sucesso contnua de suas atividades, com a influenciao recproca entre todos os seres, salientando-se que cada coisa e cada criatura procede e depende de outras coisas e de outras criaturas. Assim, respeite tudo, ame a todos e confie sempre na vitria do bem, para que voc possa manter os padres da verdadeira felicidade no campo ntimo, dentro do Campo Ilimitado da Evoluo.

Andr LuizFonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espritos Emmanuel e Andr Luiz. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 24, p. 141-142.

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As memrias humanasM A RTA A N T U N E S M O U R A

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Dicionrio Mdico Enciclopdico Taber informa, na pgina 1.103 da 17a edio, que memria registro, reteno e recordao mental da experincia, conhecimento, idias, sensaes e pensamentos passados. Apresenta, em seguida, significados de vrios tipos de memria humana. A Neurobiologia e a Psicologia Cognitiva apresentam conceitos semelhantes, destacando que no existe uma memria, mas vrias. Mdicos, bilogos e psiclogos concordam que a memria a base do conhecimento, independentemente da forma com que se apresente. Deve, pois, ser estimulada e desenvolvida para que experincias humanas se acumulem e sejam capazes de imprimir significado vida cotidiana. As pesquisas cientficas mais significativas so recentes (segunda metade do sculo vinte), a despeito de existirem informaes que se reportam a Scrates e Aristteles. Os estudos das diferentes memrias so complexos e envolvem uma gama de conhecimentos especializados, sobretudo investigaes sobre fatores neurofisiol424 R e f o r m a d o r N o v e m b r o 2 0 0 6

gicos, bioqumicos, moleculares e emocionais. Importa considerar que a memria no se restringe a um local ou setor em nosso crebro, onde so guardados os registros do mundo e de ns prprios. Por no ser tambm uma funo nica de reteno de dados informativos, evita-se hoje falar em memria, no sentido singular, mas em vrios sistemas ou tipos de memrias, que abarcam mecanismos, tipos e formas relacionados a diferentes funes mentais. A memria humana est, atualmente, classificada em dois tipos, segundo os critrios de durao, funes cerebrais envolvidas, grau de reteno, contedos e processamentos neurolgicos: memria declarativa e memria de procedimentos. A primeira, relacionada capacidade de verbalizar fatos e eventos, depende do esforo de evocao ou de recordao. Est subdividida em: a) memria imediata, assim denominada porque tem durao de segundos, ou menos, sendo apagada em seguida. Exemplo: capacidade de repetir mentalmente um

nmero antes de uma discagem telefnica; b) memria de curto prazo ou, segundo a Psicologia Cognitiva, memria de trabalho. A durao de algumas horas, deixando

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traos na mente. Est vinculada s emoes, s sensaes e aos hbitos. O crebro registra apenas o que precisa ser lembrado e utilizado. Exemplos: lembranas sobre alimentos ingeridos no almoo ou de atividades realizadas no dia anterior; c) memria de longo prazo. Esta memria abrange perodos de tempo maiores, meses ou anos. Exemplo: aprendizado de uma nova lngua. O segundo tipo de classificao da memria a de procedimentos ou no-declarativa diz respeito capacidade mental de reter e processar informaes que

no podem ser verbalizadas. Exemplos: tocar um instrumento musical, andar de bicicleta, executar uma atividade manual (bordar ou costurar, pintar uma parede) ou procedimento tcnico (fazer inciso cirrgica). Trata-se de uma memria mais permanente, difcil de ser perdida. Existem outros tipos de memrias que podem ser inseridos nessa classificao, como as memrias implcita e explcita, comumente identificadas nas abordagens cognitivistas. As duas esto relacionadas capacidade mental de lembrar de informaes armazenadas em diferentes tipos de memrias, como a declarativa (fatos) e procedural (movimentos).1 H tambm as memrias semntica e episdica. A semntica refere-se reteno de informaes solidamente aprendidas, tais como conceitos, habilidades, fatos e raciocnios: Seria uma memria de domnio, expertise, de informaes utilizadas de forma adequada e freqentemente (por exemplo, gramtica, matemtica, vocabulrios, fatos) associadas a abstraes e linguagem.2 A memria episdica est associada lembrana de eventos pontuais que especificam quando, onde e como aconteceram em nossa vida. Depende, pois, do contexto espao-temporal.2 Doenas fsicas e psquicas, traumas psicolgicos ou provaes previstas no planejamento reencarnatrio podem afetar os diferentes tipos de memria. As patologias neurolgicas (AVC, Doen-

a de Alzheimer, amnsias, etc.), em especial, tm servido de referncia para estudos avanados. O padro comum, no que diz respeito aos dispositivos reencarnatrios em vigncia no Planeta, o de no se recordar de experincias pregressas vividas em outras existncias ou no plano espiritual. Recordaes espontneas de vidas passadas ainda representam exceo regra. O grande desafio apresentado s cincias biomdicas o de precisar onde e como so processadas as informaes que caracterizam as memrias: no crebro ou na mente? Os cientistas concordam que os processos de memrias ocorrem nos lobos cerebrais, sendo que os lobos frontais tm ao especfica porque fazem conexes com outras estruturas do crebro, como o hipocampo e a amdala neural. Essa concordncia no se estabeleceu, porm, em bases pacficas, provocando uma polmica que parece no ter fim. H cientistas que defendem a idia de que o crebro serve apenas de suporte para a manifestao da mente; outros argumentam que o crebro em atividade cria a mente.3 A Doutrina Esprita no tem dvidas a esse respeito. Como espritas, sabemos que o comando de todos os processos intelectivos e morais cabe ao Esprito. A mente de natureza extrafsica e dirige todas as funes fisiolgicas, sobretudo as neurolgicas, com auxlio do perisprito. O perisprito serve de intermedirio entre oNovembro 2006 Reformador

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Esprito e o corpo, transmitindo sensaes e percepes. [...] Relativamente s que vm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impresso; o perisprito a transmite e o Esprito, que o ser sensvel e inteligente, a recebe. Quando o ato de iniciativa do Esprito, pode dizer-se que o Esprito quer, o perisprito transmite e o corpo executa.4 O assunto, entretanto, bem mais complexo do que imaginamos. O Esprito Andr Luiz esclarece que o acesso a memrias feito por meio de aes apropriadas no crebro (fsico e/ou perispiritual), conforme demonstra a experincia vivida por dona Laura e o esposo Ricardo, personagens de Nosso Lar: [...] Depois de longo perodo de meditao [...] fomos submetidos a determinadas operaes psquicas, a fim de penetrar os domnios emocionais das recordaes. Os espritos tcnicos no assunto nos aplicaram passes no crebro, despertando certas energias adormecidas... [...].5 Os lobos frontais do crebro, objeto de importantes estudos atuais, desenvolvidos pela Cincia, so especialmente manipulados quando

se deseja acessar arquivos de memrias. No Mundo Maior, h o relato da ao de Cipriana no crebro de Ismnia, visando a liberao de memrias especficas (memria episdica): [...] nossa diretora, cingindo-lhe os lobos frontais com as mos, a envolv-la em abundantes irradiaes magnticas, insistia, meiga, provocando a emerso da memria em seus mais importantes centros perispirticos [...].6 Andr Luiz, na tentativa de esclarecer a relao que existe entre o crebro e a mente do Esprito, revela a importncia de ambos nos processos de memrias e do psiquismo humano: Erguendo-se sobre os vrios departamentos do corpo [...] o crebro, com as clulas especiais que lhe so prprias, detm verdadeiras usinas microscpicas [...]. a, nesse microcosmo prodigioso que a matria mental, ao impulso do Esprito, manipulada e expressa [...]. Nas reentrncias de semelhante cabine, de cuja intimidade a criatura expede as ordens e decises [...] temos, no crtex, os centros da viso, da audio, do tato, do olfato, do gosto, da palavra falada e escrita, da memria [destacamos]

e de mltiplos automatismos, em conexo com os mecanismos da mente, configurando os poderes da memria profunda, do discernimento, da anlise, da reflexo, do entendimento e dos multiformes valores morais de que o ser se enriquece no trabalho da prpria sublimao.7

Referncias:1

BERTOLOZZI, Mrcia Regina. Um estudo

sobre a memria e soluo de problemas: enfoque das neurocincias. Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia. So Paulo: USP, 2004. p. 26.2 3 4

Idem, ibidem. p. 27. Idem, ibidem. p. 25.KARDEC, Allan. Obras pstumas. 38. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira parte, Manifestaes dos Espritos, item 10, p. 49-50.5

XAVIER, Francisco Cndido. Nosso lar.

Pelo Esprito Andr Luiz. 56. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 21, p. 136-137.6

______. No mundo maior. Pelo Esprito

Andr Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 19, p. 296.7

XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.

Mecanismos da mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 9, p. 81-82.

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Jesusrespeito da personalidade de Jesus atravs dos sculos, muitas teses tm sido levantadas por este ou aquele pesquisador. Diante da multiplicidade de opinies, queda-se o homem, muitas vezes, na encruzilhada do pensamento, sem uma autodefinio, ao mesmo tempo em que autores diversos continuam seus esforos buscando envolver quantos possam avizinhar-se de suas teses. Tem, contudo, a Doutrina Esprita seguras informaes a este respeito! Anotemos, embora sinteticamente, trs teses levantadas em torno da personalidade de Jesus. 1a) Essnios ou esseus Na obra de Kardec O Evangelho segundo o Espiritismo,1 lanada em 1864, em

As inconsistentes tesesKLEBER HALFELDsua parte introdutria h interessantes consideraes sobre a comunidade dos essnios, as quais enumeramos: Seita judaica fundada cerca de 150 a.C. Habitando os essnios uma espcie de mosteiro, formavam entre si uma como associao moral e religiosa. Caracterizavam-se pelos costumes brandos e por austeras virtudes. Pregavam o amor a Deus e ao prximo, a imortalidade da alma e acreditavam na ressurreio. Aceitavam o celibato, condenavam a escravido e a guerra, punham em comunho os seus bens e se entregavam agricultura. Em decorrncia de semelhante estrutura de vida muitos autores so levados a acreditar na permanncia de Jesus no meio desta comunidade, onde teria aprendido muitos ensinamentos no perodo de seus 12 aos 30 anos. 2a) Judas e Jesus Em 1970 foi descoberto no deserto do Egito um manuscrito de 31 pginas em papiro, provavelmente escrito por volta de 300 d.C., em cptico (antigo idioma egpcio), uma cpia de outro manuscrito grego anterior. Autenticado pelo exame de carbono, foi analisado e traduzido por alguns estudiosos da Bblia.* Ao contrio do que podemos ler nos Evangelhos, o documento O Evangelho segundo Judas insinua que este discpulo traiu Jesus a pedido do prprio Mestre, para que este pudesse cumprir sua misso de salvar a Humanidade. O texto comea com o relato secreto da revelao do que Jesus conversara com o discpulo: Judas, voc ir superar todos eles. Voc ir sacrificar o homem que me cobre. Observao: A mdia no informa objetivamente a que se refere o termo eles: aos demais discpulos de Jesus?; s autoridades constitu*Segundo estudos da National Geographic Society trata-se de um documento autntico.

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das na poca? (Talvez na leitura completa do documento esteja a resposta.) 3a) O Cdigo Da Vinci 2 Tenho em mo a Edio Especial Ilustrada deste livro, do autor Dan Brown, o qual est movimentando o meio cultural de todo o mundo. Classificado embora como obra de fico, vem despertando no leitor divagaes, chegando mesmo a levantar teses que passam a ser defendidas com ardor. Para no nos alongarmos, restringiremos nossa ateno to-somente ao captulo 58, quando defrontamos com textos que afirmam ter Jesus desposado Maria Madalena. (Este captulo contm ilustraes referentes ltima Ceia, de autoria de Jean Fouquet, Albrecht Dret e do prprio Leonardo da Vinci, onde aparece uma mulher ao lado de Jesus.) Estamos evitando, conforme tero percebido os leitores, comentar as trs teses apresentadas, todavia, cabe-nos, a partir deste ponto, falar de forma clara e objetiva sobre o assunto, apoiados pela Doutrina Esprita. Inicialmente, podemos afirmar que nenhuma das teses tem consistncia. Elas expressam o livre-arbtrio de seus defensores, mas esbarram na lgica e na sensatez de tudo quanto temos aprendido atravs de uma doutrina que afirma: F inabalvel s o a que pode encarar frente a frente a razo, em todas as pocas da Humanidade. Enumeremos agora as trs teses, apresentando as ponderaes

extradas de respeitveis obras da estante esprita. Tese no 1 Emmanuel, em A Caminho da Luz,3 dissertando sobre a formao do planeta Terra, item O Divino Escultor, assevera: Sim, Ele [Jesus] havia vencido todos os pavores das energias desencadeadas; com as suas legies de trabalhadores divinos, lanou o escopro da sua misericrdia sobre o bloco de matria informe [...]. Operou a escultura geolgica do orbe terreno [...]. Com os seus exrcitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenmenos fsicos da Terra [...]. Fez a presso atmosfrica adequada ao homem, antecipando-se ao seu nascimento no mundo, no curso dos milnios; estabeleceu os grandes centros de fora da ionosfera e da estratosfera [...] edificou as usinas de ozone a 40 e 60 quilmetros de altitude, para que filtrassem convenientemente os raios solares [...]. Aps estas consideraes questionamos: com o respeito que merecia a ordem dos essnios, teria Jesus necessidade de aprender algo mais naquela comunidade? Ele que o Divino Escultor, o Grande Organizador do planeta Terra?! A propsito dessa hiptese, Emmanuel, na citada obra, afirma:4 O Mestre, porm, no obstante a elevada cultura das escolas essnias, no necessitou da sua contribuio. Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que o planeta lhe conheceu desde

os tempos longnquos do princpio. Tese no 2 Humberto de Campos, em Crnicas de Alm-Tmulo 5 no captulo Judas Iscariotes, relata seu encontro com esse discpulo de Jesus nas cercanias de Jerusalm, s margens do Cedron. Aps algum lhe ter apresentado Judas e de haver perguntado a este se era verdade tudo quanto reza o Novo Testamento a respeito de sua personalidade na tragdia da condenao de Jesus, responde o antigo discpulo: [...] Ora, eu era um dos apaixonados pelas idias socialistas do Mestre; porm, o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos coraes, eu via a poltica, nica arma com a qual poderia triunfar e Jesus no obteria nenhuma vitria com o desprendimento das riquezas. [...] Planejei, ento, uma revolta surda, como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundrio e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enrgica [...]. Entregando, pois, o Mestre a Caifs, no julguei que as coisas atingissem um fim to lamentvel e, ralado de remorsos, presumi que o suicdio era a nica maneira de me redimir aos seus olhos. O dilogo continua emotivo e, em nenhuma parte, declara Judas ter sido procurado por Jesus para tra-lo a fim de que fossem cumpridas as Escrituras. Anotemos que estamos diante de respeitvel obra; de respeitvel

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mdium; de respeitvel autor e editora (Federao Esprita Brasileira). Como aceitar, desta forma, a tese exposta em O Evangelho segundo Judas? Tese no 3 Destaquemos da obra O Consolador,6 de Emmanuel, a pergunta 327, formulada no Centro Esprita Luiz Gonzaga, de Pedro Leopoldo (MG): Se todos os seres possuem a sua alma gmea,** qual a alma gmea de Jesus Cristo? Eis, a seguir, a resposta dada por Emmanuel: No julgamos acertado trazer a figura do Cristo para condicion-la aos meios humanos, num paralelismo injustificvel, porquanto em Jesus temos de observar a finalidade sagrada dos gloriosos destinos do esprito. Nele cessaram os processos, sendo indispensvel reconhecer na sua luz as realizaes que nos compete atingir. Cremos suficientes tais assertivas para dissuadir quantos possam ater-se aos textos da obra O Cdigo Da Vinci, referncia feita personalidade de Jesus em relao a Maria Madalena. Concluso: Como podemos perceber, atravs dos anos muitas tm sido as teses levantadas em torno da figura angelical de Jesus, decorrentes estas do livre-arbtrio de cada um. Mas como afirma o Apstolo dos Gentios, em sua**Sobre o assunto alma gmea existe na mesma obra O consolador interessante Nota no final do livro, firmada por Emmanuel e pela Editora FEB.

Primeira Epstola aos Corntios (6:12): Todas as coisas me so lcitas, mas nem todas as coisas convm; todas as coisas me so lcitas, mas eu no me deixarei dominar por nenhuma. Podemos aduzir: at mesmo por inconsistentes teses! Referncias:1

o de Celina Cavalcante Falck-Cook. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2005.3

XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.

Pelo Esprito Emmanuel. 33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. I, item O divino escultor, p. 21-22.4

Idem, ibidem. Cap. XII, item O Cristo eXAVIER, Francisco C. Crnicas de alm-

os essnios, p. 106.5

-tmulo. Pelo Esprito Humberto de Campos, 14. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 5, p. 41-42.6

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo, 23. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Introduo, item III Notcias Histricas, p. 38. 2 BROWN, Dan. O Cdigo Da Vinci. Tradu-

______. O consolador. Pelo Esprito Em-

manuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Terceira Parte, p. 187.

O Centro Esprita

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Centro de Espiritismo Evanglico, por mais humilde, sempre um santurio de renovao mental na direo da vida superior. Nenhum de ns que serve, embora com a simples presena, a uma instituio dessa natureza, deve esquecer a dignidade do encargo recebido e a elevao do sacerdcio que nos cabe. Nesse sentido, sempre lastimvel duvidar da essncia divina da nossa tarefa. O ensejo de conhecer, iluminar, contribuir, criar e auxiliar, que uma organizao nesses moldes nos faculta, procede invariavelmente de algum ato de amor ou de alguma sementeira de simpatia que nosso esprito, ainda no burilado, deixou a distncia, no pretrito escuro que at agora no resgatamos de todo. Um centro esprita uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graas, aprimorar-nos e aperfeioar os outros, na senda eterna. Quando se abrem as portas de um templo esprita-cristo ou de um santurio domstico, dedicado ao culto do Evangelho, uma luz divina acende-se nas trevas da ignorncia humana e atravs dos raios benfazejos desse astro de fraternidade e conhecimento, que brilha para o bem da comunidade, os homens que dele se avizinham, ainda que no desejem, caminham, sem perceber, para a vida melhor.

Emmanuel(Pgina recebida pelo mdium Francisco Cndido Xavier, em sesso pblica, no Centro Esprita Lus Gonzaga, em Pedro Leopoldo, na noite de 10/4/1950.) Fonte: Reformador de janeiro de 1951, p. 9(5).

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A FEB e o Esperanto

Espritas se renem no

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de EsperantoA F F O N S O S OA R E S

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ela vigsima sexta vez consecutiva, desde 1986, da e Silva, Robson Mattos e Jos Passini, os quais, os esperantistas-espritas, sob os auspcios da usando modernos recursos tcnicos para trabalhos FEB e da Sociedade Lorenz, renem-se den- do gnero, discorreram, com riqueza de informaes, tro do programa de um Congresso Universal de sobre a temtica programada, todos, porm, enfoEsperanto. Dessa feita, o encontro se deu em Flo- cando, em comum, a necessidade do esforo no senrena, Itlia, quantido da elevao do esperantistas do moral das criatumundo inteiro ali ras como nica via concretizaram, de de acesso paz e 29 de julho a 5 de felicidade, indiviagosto de 2006, a dual e coletiva. mais alta manifesAo salo Maritao do movimengnoni, do Palazzo to da Lngua Interdei Congressi, onde nacional Neutra. ocorreria o evento O tema foi foresprita, acorreram necido pela obra cerca de 100 conKio estas Spiritisgressistas, no obsmo? (O que o Estante haver dispopiritismo, em espenibilidade apenas ranto), de Allan para 80 pessoas. Kardec, abrangenA todos, alm do Robson Mattos com congressistas na Monda Foiro do as revelaes soexcelente contedo bre a existncia do mundo espiritual, suas realidades e das palestras, tambm foram gratuitamente ofertados conseqncias na evoluo do pensamento religioso. exemplares do 2o nmero da Spiritisma Revuo (RevisKio estas Spiritismo? foi recentemente reeditado ta Esprita, em esperanto), editada pelo Conselho Espela FEB, dentro do programa de relanamento das prita Internacional, possibilitando que os participantes se inteirassem de temas da atualidade, examinados obras da Codificao, em esperanto. As exposies ficaram a cargo de Ismael de Miran- luz dos princpios espritas, tais como: pensamentos430 R e f o r m a d o r N o v e m b r o 2 0 0 6

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Esperantistas circulam na espao da Monda Foiro

do Esprito Marilyn Monroe em entrevista dada ao Esprito Humberto de Campos; mortes coletivas com enfoque para a recente catstrofe do tsunami; a mensagem especular transmitida por Lon Denis ao mdium Divaldo Pereira Franco, durante o Congresso do Bicentenrio de Kardec, em Paris; o canal de televiso em esperanto que funciona na Internet, entre outros assuntos. Fato digno de admirao e destaque foi a iniciativa dos organizadores do Congresso de montar a chamada Monda Foiro (Feira Mundial), cujo objetivo foi disponibilizar a todas as sociedades esperantistas especiali-

zadas um vasto espao em frente sede do Congresso, onde pudessem, em estandes cedidos gratuitamente, expor suas idias e distribuir material de propaganda. A Sociedade Lorenz, que representa o Espiritismo no Movimento Esperantista mundial, tambm contemplada na gentil iniciativa, usou seu estande para a divulgao doutrinria, distribuindo o material disponibilizado pela FEB e pela prpria Sociedade, alm de fichas de adeso ao Congresso Brasileiro de Esperanto, em 2007, no Rio de Janeiro, quando sero comemorados os 100 anos de existncia da Liga Brasileira de Esperanto.

Salo Marignoni: esq. e centro participantes; dir.: Robson, Ismael e Passini em