reformador março / 2008 (revista espírita)

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R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 126 • Nº 2.148 • Março 2008 D EUS , C RISTO E C ARIDADE é a , causa primeira de as .” Deus inteligência suprema todas coisas

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Justiça e Sabedoria de Deus.

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R$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 126 • Nº 2.148 • Março 2008D EUS , CR I S TO E CAR I D AD E

“ é a , causaprimeira de as .”

Deus inteligência suprematodas coisas

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 126 / Março, 2008 / N o 2.148

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

A Bondade Divina

Presença de Chico Xavier

Morte – Emmanuel

Entrevista: Milton José Ramos

Confiança e otimismo

Esflorando o Evangelho

Ganhar – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

“A Tragédia de Santa Maria” – Cinqüentenário de

publicação – Affonso Soares

Seara Espírita

Mensagens do Além – Juvanir Borges de Souza

O ESDE na visão do Plano Espiritual – Angel Aguarod

O Homem de Bem – Mário Frigéri

III Encontro Nacional de Coordenadores do ESDE –Sônia Arruda

Aborto – Visão científica e espiritual –

Weimar Muniz de Oliveira

Conseqüências do AbortoDeus, sua sabedoria e justiça no pensamento do

homem (Capa) – Ney da Silva Pinheiro

Registros inéditos dos que fizeram parte da históriado Espiritismo – Anna Blackwell –

Washington Luiz Fernandes

Em dia com o Espiritismo – O Projeto Blue Brain –

Marta Antunes Moura

Deus... – Licurgo Soares de Lacerda Filho

Ação de Deus no mundo e na História – Léon Denis

Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –Jesus – Governador Espiritual do Orbe –

Haroldo Dutra Dias

Amor – Alimento Divino – Hugo Alvarenga Novaes

Sentenças da vida – André Luiz

Suicídio e Lei de Causa e Efeito – F. Altamir da Cunha

Sintonia e vibração – Aylton Paiva

Desencarna Hélio Burmeister

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:41 Page 3

EditorialA Bondade

Divina

1KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 1. Ed. FEB.2Idem, ibidem. Questão 13.3Mateus, 19:17.

4 Reformador • Março 20088822

primeira questão que Allan Kardec trata com os Espíritos Superiores,

em O Livro dos Espíritos, é sobre Deus: “Que é Deus?” Eles respondem:

“Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”. 1

Aprofundando a análise sobre os atributos de Deus, os Espíritos confir-

mam: “Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberana-

mente justo e bom”. 2

Analisados sob o ponto de vista materialista ou mesmo espiritualista que aceite

apenas uma única existência, e submetidos ao crivo da razão, esses atributos não

seriam considerados verdadeiros, uma vez que a vida humana se apresenta cheia de

violência e de agressividade, dando a impressão de que o homem já nasce condena-

do a sofrimentos injustos.

Observados, todavia, sob a ótica dos princípios espíritas, que apresentam o ser

humano como Espírito imortal, criado simples e ignorante, mas tendo já conquista-

do conhecimentos e virtudes através de inúmeras reencarnações, e que, por força da

Lei do Progresso, também emanada de Deus, tem, ainda, muitos conhecimentos e vir-

tudes a adquirir por intermédio das encarnações futuras, conquista esta que o levará,

cada vez mais, à felicidade interior decorrente de uma vida em harmonia com a Lei

Divina, passamos a compreender que Deus é realmente “soberanamente justo e bom”.

Quando contemplamos a Natureza, com os mundos se movimentando em equi-

líbrio, com a Terra, nossa casa, proporcionando-nos dias seguidos seguramente

marcados pela presença da luz solar, a qual nos alimenta com sua energia, que pre-

serva o clima adequado à sobrevivência humana e gera os alimentos necessários ao

seu corpo – “máquina” de divina concepção –, constatamos que Deus, na sua infi-

nita bondade, não só criou o homem Ser imortal, como também criou as condições

adequadas ao atendimento das suas necessidades de sobrevivência e evolução.

Por isto, conhecedor desta verdade, Jesus, o Espírito mais perfeito que habitou

entre nós, quando chamado de “bom”, questionou, com sabedoria: “Por que me

chamas bom? Não há bom, senão um só que é Deus”. 3

A

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ão somente os espíritas con-fessos, mas inúmeras outraspessoas, em todo o mundo

e em todos os tempos, têm recebi-do comunicações das esferas espi-rituais, sob as formas mais diversas.

Com as verdades trazidas peloCristo e especialmente por inter-médio da Terceira Revelação, re-presentada pela Doutrina dos Es-píritos, tornou-se claro, para todosos que conheceram e entenderamas realidades da vida, que o fato deo Espírito ligar-se à matéria, atravésde um organismo especial, como é ocorpo humano, passando a defron-tar-se com fatos de predominânciamaterial, não anula a ligação entreos mundos material e espiritual.

O Espiritismo, como o Consola-dor prometido por Jesus, demons-trou essa verdade que, sendo de-corrência natural das leis divinas,como tantas outras, não havia sidopercebida, em toda a sua extensão,mas apenas registrada, no decor-rer da história da vida humana, naTerra, como um fato estranho, aoqual eram atribuídas as mais di-versas procedências e explicações,como a de que se originavam daintervenção demoníaca.

Entretanto, apesar da ignorân-cia dos homens, os fenômenos das

comunicações entre os dois mun-dos jamais deixaram de existir.

Com o progresso alcançadopor considerável parcela da Hu-manidade, o Governo Espiritualda Terra julgou oportuno auxiliarseus habitantes com mais com-preensão das leis naturais.

O mediunismo ocorrido nos Es-tados Unidos da América, a partirda segunda década do século XIX,culminando com os fenômenos deHydesville, em 1848, continuadoscom as denominadas mesas giran-tes, que se espalharam pela Europa,foram as formas adotadas inicial-mente pela Espiritualidade supe-rior, a fim de chamar a atenção doshomens para uma Nova Revelação,destinada a aclarar as consciências,preparando-as para novos conhe-cimentos, com a retificação de er-ros tradicionais e o entendimentocorreto da verdade, distorcida porinterpretações infelizes e inexatasdas Escrituras de diversas religiões,entre elas, as igrejas cristãs.

Surgiu então a Terceira Revela-ção, fundamentada na realidadedos fatos, no conhecimento das leisnaturais, ou divinas, ignoradas in-clusive pelas ciências dos homens,e destinada a se opor às doutrinasmaterialistas, niilistas, positivistas

e utilitaristas, que também tive-ram origem no século XIX e se ex-pandiram pelo mundo.

Foi o auxílio Superior a uma Hu-manidade que progredira muito notocante à existência material, masque desconhecia a vida espiritualda essência humana, em perma-nente contato com os encarnados.

Essa Assistência superior é o ou-tro Consolador prometido peloCristo, que viria ficar para semprecom os homens. Ele deu nova in-terpretação e nova dimensão à ver-dade e à vida, as quais têm signifi-cações que vão muito além das ob-servações e das teorias religiosas ecientíficas dominantes neste orbe.

No nosso mundo, a evoluçãodas idéias e a prevalência da ver-dade, numa palavra, o progresso,não ocorre de repente, num salto,determinando a mudança totaldos paradigmas assentes.

Mesmo comprovadas, as reali-dades só se firmam aos poucos,numa população que se apega àstradições, aos enganos evidentespara uma minoria, mas que se as-senhoreiam da grande maioria.

É o que ocorre neste nosso pla-neta atrasado, com uma imensapopulação que se destina, ao mes-mo tempo, a evoluir, com novos

Mensagensdo Além

NJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

5Março 2008 • Reformador 8833

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:41 Page 5

conhecimentos e com o aperfei-çoamento dos sentimentos, e a en-frentar as expiações e provas im-postas pela Justiça Divina.

Torna-se importante, para osseguidores sinceros da DoutrinaConsoladora, a compreensão dascausas da evolução morosa de ummundo como o nosso.

O Governador espiritual desteplaneta, o Cristo de Deus, oferece--nos os exemplos de serenidade,paciência, pertinácia e perseveran-ça, ao aguardar a oportunidadepara auxiliar os que se encontramna retaguarda, respeitando as fa-ses evolutivas da população paraenviar-lhe novos conhecimentose novos esclarecimentos sobre as-pectos da verdade.

Ele mesmo nos deixou a claraadvertência:

Conhecereis a verdade e

a verdade vos libertará.

Se observarmosatentamente os traba-lhos da Espiritualidade,desde a fenomenologia do sé-culo XIX, seguida dos extraordiná-rios ensinos dos Espíritos, conju-gados aos trabalhos metódicos doCodificador, dos médiuns com osquais trabalhou e de todos os quecontribuíram para que a TerceiraRevelação chegasse ao nosso mun-do, verificamos que, apesar da im-portância dos conhecimentos no-vos para toda a Humanidade, nemo Cristo e todos aqueles que estãoa seu serviço, nem as leis divinas eseus executores impõem as novas

verdades, respeitando o livre-arbí-trio e a capacidade de entendimen-to de cada um e dos grupos hu-manos de todos os quadrantes.

Diante desse fato, não é de se es-tranhar que, após o sucesso inicialda novel Doutrina, rapidamentedivulgada ao tempo de Allan Kar-dec e nos anos que seguiram à suadesencarnação, com o apareci-mento de muitos adeptos, não sóna França, mas em vários outrospaíses da Europa, o MovimentoEspírita tenha diminuído, quase

desaparecendo sob o impacto deduas grandes guerras mundiais ede outros fatores, próprios de ummundo pouco desenvolvido.

Entretanto, ao mesmo tempoque arrefecia o interesse pelo Es-piritismo na Europa e na Américado Norte, no Brasil e em algunspaíses da América do Sul ele cres-cia, ao ponto de se tornar a nossa

pátria o maior centro dos estudos,da prática e da irradiação do Espi-ritismo no mundo.

É interessante considerar que aDoutrina Espírita aqui chegouainda nos tempos do Codificador,quando surgiram grupos espíritasna capital do Império e na Bahia.

Com a fundação de algumas ins-tituições, entre as quais a FederaçãoEspírita Brasileira, em 1884, que sedispuseram a estudar, praticar e di-vulgar a Doutrina dos Espíritos, fi-cou garantida sua presença entre oshomens, apesar das incompreen-sões e das perseguições, geradas pe-la ignorância de muitos opositores.

De forma geral, os espíritasconvictos conhecem o Movimen-to Espírita brasileiro, estruturadoa partir do grande acontecimentoque ficou conhecido como “PactoÁureo”, assinado em 1949.

Por esse acordo, unificou-se oMovimento em todo o Brasil,

com grande proveito para aDoutrina e seus seguidores.

Nessa época, a Federação jáhavia criado seu DepartamentoEditorial e Gráfico, tornando-se

a maior editora de livros espíritasdo mundo, condição que conti-nua nos dias atuais.

Mas, antes da existência do re-ferido Departamento, a FEB já sepreocupava com a divulgaçãodoutrinária, editando livros e suarevista Reformador.

É desse período, que compreen-de as décadas de 1920 e 1930, quevamos destacar algumas publica-ções da Federação, simples em sua

Francisco Cândido Xavierpsicografou diversas mensagens

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reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:41 Page 6

feição gráfica, mas que tiveramgrande repercussão nos meios lite-rários da época, pelas personalida-des dos escritores envolvidos e pe-las circunstâncias nelas narradas.

Dessas publicações, de distribui-ção gratuita, algumas chegaram aoconhecimento de amigos e fami-liares, na minha fase de adolescen-te e estudante, de sorte que, só anosmais tarde, percebi sua importânciae beleza, razões pelas quais julgueiinteressante relembrá-las, para quenão caiam em total esquecimento.

Eis algumas dessas pequenas pu-blicações, com as respectivas datas:

I – A Vida além da MorteImpressa nas oficinas do jornal

A Noite (já desaparecido), em 1924.Trata-se da conferência do gran-

de escritor Coelho Neto, no Abri-go Thereza de Jesus, no dia 14 desetembro de 1924, na qual o oradornarra fatos interessantes ocorridosem sua família e que o levaram aconverter-se ao Espiritismo.

Naquela época, talvez tenha si-do a primeira vez que um Espírito(a neta falecida do escritor) tenhase comunicado com seus familia-res através do telefone, o que im-pressionou a todos que tomaramconhecimento do fato e foi a cau-sa determinante da conversão nar-rada pelo escritor e conferencista.

II – Transposição de UmbraisConferência feita na sede da Fe-

deração Espírita Brasileira peloDr. Leal de Souza, em 21 de se-tembro de 1924, e publicada pe-la livraria da FEB.

O assunto focalizado é a morte:

as crises por ela causadas, o temordo desconhecido e tudo o que ocor-re em todo o seu desenvolvimento.

O autor baseia-se na obra deErnesto Bozzano, apreciando e co-mentando o testemunho dos quepassaram pelo fenômeno da morte.

III – Agripino Grieco e as Men-sagens do Além

Almerindo Martins de Castro,co-nhecido escritor espírita, narra nes-sa pequena obra, editada pela livra-ria da FEB em 1939, o que ocorreucom Agripino Grieco, o maior doscríticos literários de sua época, nãosó pelo fulgor de seu estilo, mas tam-bém pela erudição de suas críticas.

Encontrava-se Agripino de férias,em Belo Horizonte, quando foi con-vidado a comparecer a uma reuniãoespírita, onde se encontraria com omédium Francisco Cândido Xavier.

Aceitou o convite, por polidez,já que era avesso a assuntos quenão fossem ligados aos seus pro-pósitos literários.

Na reunião, percebeu logo asimplicidade do ambiente, diferen-te das pompas do culto católico.

Com cuidado e vigilância, ob-servava o médium, que escreviacom incrível rapidez, enchendo asfolhas rubricadas.

A primeira mensagem recebidaera um belo soneto, assinado porAugusto dos Anjos, com a mesmaletra, estilo e forma que o distingui-ram quando vivera entre os homens.

Depois foi Humberto de Cam-pos, um de nossos maiores escri-tores, grande amigo de Agripino,que lhe enviou longa mensagem,reiterando a amizade que lhe de-dicava e relembrando episódiosda convivência de ambos, no Riode Janeiro.

Atualmente, com o crescimen-to e modernização do Parque Grá-fico da FEB, a divulgação tomoudimensões tais que livros, mensa-gens, apostilas, enfim todo e qual-quer tipo de material audiovisualé produzido em larga escala para,em tempo mínimo, beneficiar to-do o Movimento Espírita no Brasile no Exterior sustentando múlti-plas iniciativas doutrinárias.

Modernização do Parque Gráfico da FEB:produção de livros, mensagens, apostilas em larga escala

7Março 2008 • Reformador 8855

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:41 Page 7

1. Podemos dizer que o trabalhoque vem sendo desenvolvido naárea do Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita está de acordocom a programação do Plano Espi-ritual?

Consideremos o Espiritismona sua condição de doutrinaeducativa, conforme o pensa-mento do preclaro Codificador,na questão 685-a de O Livro dosEspíritos, quando esclarece:

[...] Esse elemento é a educação,

não a educação intelectual, mas

a educação moral. Não nos

referimos, porém, à educação

moral pelos livros e sim à que

consiste na arte de formar os

caracteres, à que incute hábitos,

porquanto a educação é o con-

junto dos hábitos adquiridos.

....................................................

A desordem e a imprevidência

são duas chagas que só uma

educação bem entendida pode

curar. Esse o ponto de partida,

o elemento real do bem-estar, o

penhor da segurança de todos.*

Logo concluímos que o Estu-do Sistematizado da DoutrinaEspírita constitui o mais eficien-te método pedagógico para aeducação de todos aqueles que secandidatam à auto-iluminação.Isto porque, através da instruçãoe do esclarecimento dos aprendi-zes, favorece a educação moralem toda a sua profundidade, es-pecialmente pelos exemplos ofe-recidos pelos seus divulgadores.

Elaborado no Plano Espiritualpor nobres educadores desencar-nados, responsáveis pelo pro-gresso moral das criaturas huma-nas e transferido para a Terramediante inspiração aos lidado-res da divulgação do Espiritismonos seus três aspectos, constata-

mos que a aplicação dos valoresdoutrinários vem obedecendo àplanificação inicial, sem qualquerretoque.

Os obstáculos enfrentados fa-zem parte do processo de identifi-cação que deve viger entre os edu-candos e os métodos educativos,que o tempo superará em face dainteireza dos postulados espíritaspropostos, contribuindo para acura da desordem e da imprevidên-cia, as duas chagas da sociedade.

2. A Campanha do Estudo Sis-tematizado da Doutrina Espíritafoi lançada no Conselho Federa-tivo Nacional, em 1983. Sabemosque alguns Estados abraçaram-nae a desenvolveram com empenho eoutros ainda não tiveram essadeterminação. O que podemos fa-zer para auxiliá-los na implanta-ção dessa Campanha?

Toda idéia nova experimentareações naturais daqueles que se

O ESDE na visão do

Plano Espiritual

*O livro dos espíritos, 29. ed. FEB. (Nota doAutor espiritual.)

Ao aproximar-se mais um evento de âmbito nacional para vitalizar a Campanha do Estudo

Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), a vice-presidente da FEB Cecília Rocha

lembrou-se da importância de entrevistar seu inspirador – o Espírito ANGEL AGUAROD –,

através do dedicado médium Divaldo Pereira Franco, que obteve as respostas

às perguntas dirigidas ao querido Benfeitor espiritual

8 Reformador • Março 2008 8866

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:42 Page 8

encontram ancilosados na roti-na. Sentindo-se incomodadosante os desafios que os novosempreendimentos propõem,preferem ignorá-los, a fimde impedir-lhes o avanço ourecusam-se a aceitá-los, con-siderando desnecessários ousem os fundamentos de se-gurança para aplicaçãoimediata. Outrossim, nocaso, em tela, Forças espiri-tuais negativas, que conspi-ram contra o progresso daHumanidade em geral e doEspiritismo em particular, tra-balham com afinco, torpedean-do tudo quanto pode promover edignificar o ser humano.

Jesus enfrentou-as, assim co-mo todos aqueles que trabalha-ram pelo desenvolvimento ético--moral, científico, filosófico e tec-nológico do ser humano.

Nada obstante, o tempo im-placável sempre termina porvencer a obstinação dos cômo-dos, porque a lei do progresso éinexorável, e os avanços fazem-secom os homens, sem os homens ouapesar dos homens.

Perseverar, portanto, insistindona implantação e no desenvolvi-mento de aplicação do ESDE emtoda parte, é o dever que nos cabemanter, impertérritos, seguindoos passos do Mestre por excelên-cia, que nunca desanimou, bemcomo do mestre de Lyon que im-plantou intimorato os alicerces daNova Era, confiando no futuro.

3. Como pode ser avaliada a di-ficuldade dos Estados em formar e

manter equipes de trabalho querealmente abracem o ideal daCampanha do Estudo Sistema-tizado da Doutrina Espírita?

Quando se instalam nas mentese nos corações daqueles que abra-çam a Doutrina Espírita a cons-ciência e o sentimento do dever dedivulgá-la por todos os meios pos-síveis, qual fizeram os apóstolos deJesus, desprovidos aparentementedos recursos exigíveis para o mi-nistério, logo surgem os trabalha-dores de boa vontade e portadoresde conhecimentos para o ministé-rio que lhes diz respeito.

Ocorre que, em muitos bol-sões da cultura terrestre, no que

diz respeito ao Espiritismo, ain-da permanece o interesse ime-

diatista, egóico, buscando-se nofenômeno mediúnico orienta-ção e respostas para os pro-blemas que cada qual deveresolver, mediante a aplica-

ção do discernimento e darazão defluentes do estu-do sério da Doutrina.

Esse comportamento, noentanto, é transitório, e mo-

mento chegará em que no-vos servidores tomarão o ru-

mo correto da conduta espíri-ta, servindo com afã e divul-

gando-a com sabedoria.Vale, portanto, insistir, no

compromisso, estimulando e es-clarecendo os Espíritos que seestão reencarnando para auxiliara grande transição...

4. Por que uma Campanha detal envergadura, com tantas possi-bilidades no campo da transfor-mação moral dos homens, encon-tra tamanhas dificuldades para serrealizada?

A Terra é um planeta de provas eexpiações, onde predominam, porenquanto, as paixões primárias,dificultando a libertação do serhumano dos seus instintos agres-sivos em face da razão em desen-volvimento. É um planeta inferior,porque aqueles que a habitam, ain-da são Espíritos imperfeitos, con-forme acentuou o Codificador.

É compreensível que as valiosascontribuições em favor da trans-formação moral das criaturas en-frente as dificuldades decorrentes

Angel Aguarod

9Março 2008 • Reformador 8877

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:42 Page 9

do estágio em que se encontram.Não foi diferente o que aconteceucom Jesus e vem ocorrendo nosquase dois mil anos desde quandoEle desejou instalar nos coraçõeso Reino de Deus.

A Parábola do semeador é umexemplo digno para reflexões emtorno dos impedimentos encon-trados para a aplicação do ESDEna Terra.

Tenha-se em mente, porém,que os avanços são muito maisexpressivos do que os recuos e osenfrentamentos perturbadores.O número daqueles que abraçamo excelente método educativo érepresentativo, significando va-liosas conquistas que se multipli-carão no futuro.

5. A constante mudança de pes-soas responsáveis pelo trabalhotem influído negativamente naexpansão da tarefa?

Sem qualquer dúvida, quandoalguém abandona a enxada valio-sa no campo de trabalho, vêm asintempéries que se encarregam dedanificar o instrumento e de per-mitir o surgimento das ervas másno terreno... No entanto, em facedas necessidades a que muitos tra-balhadores frágeis se referem, mo-tivando-os às mudanças de atitu-de em relação aos compromissosmorais e espirituais, compreensi-velmente, justificam o seu aban-dono ao dever de iluminação deconsciências e de autolibertaçãodas paixões primitivas. Postergamo estágio evolutivo para situaçõesmais graves no porvir, direito que

têm todos aqueles que se candida-tam ao crescimento interior, em-bora os prejuízos que decorremdo seu livre-arbítrio...

Vale, todavia, considerar queesses amigos afetuosos, que assimagem, realmente não se encon-travam preparados para o come-timento, aceitando-o momenta-neamente por entusiasmo ouimaturidade.

Outros virão, no momento pró-prio, desde que se porfie no bomcombate sem desânimo, nem es-tatística de avaliação negativa deresultados...

6. As equipes que trabalhamcomo coordenadores e monitoresprecisam ser constantemente pre-paradas e orientadas para o bomdesempenho da tarefa. Que orien-tações pode nos dar para que essaformação atenda as necessidades,tendo em vista que há muitaresistência à adesão aos cursos decapacitação?

Hodiernamente, urge a neces-sidade de contínuos cursos de ca-pacitação, de treinamento, de atua-lização em todas as áreas do de-senvolvimento intelecto-moralda criatura. Observamo-lo emtodos os capítulos dos empreen-dimentos sociais, culturais, téc-nicos, educacionais... Em razãodo incessante progresso, fazem--se indispensáveis os programasde modernização, evitando-se omarasmo, a fixação de métodosultrapassados e de informaçõesque não mais correspondam àsexigências do momento.

Insistir, ponderando na suaaplicação, é o recurso de que sepode e se deve utilizar, emboraos resultados iniciais não sejammuito promissores, o que virá aocorrer quando as mentes estive-rem mais lúcidas e o discerni-mento mais esclarecido.

7. Como o Plano Espiritual vê acolaboração que o Brasil vem ofe-recendo a outros países na área doEstudo Sistematizado da Doutri-na Espírita?

Sem nenhum nacionalismomesquinho, tenha-se em menteque, no Brasil, o Espiritismo en-controu solo fértil e vem frutifi-cando de maneira feliz, emboraos problemas que surgem, vezque outra, o que é perfeitamentenormal, em um Movimento quese expande em todas as direções.

A experiência do Brasil no quediz respeito ao estudo da Dou-trina é valiosa, considerando-seos programas que têm sido ela-borados e aplicados nas diversassociedades espíritas deste paíscontinental.

Tendo-se em vista o (re)nas-cimento do Espiritismo em di-versos países onde dantes houveexpressivo número de adeptos,assim como em alguns deles,nos quais não se desenvolveu,ou sequer foram criados gru-pos, a contribuição da experiên-cia brasileira é de grande utili-dade e tem sido valiosa, espe-cialmente naqueles que vêmaplicando os valiosos contribu-tos do ESDE.

10 Reformador • Março 2008 8888

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:42 Page 10

8. Qual a melhor mensagem aser transmitida ao trabalhador doESDE, às voltas com o grandeavanço da Ciência e da Tecnolo-gia, em um contexto social e cul-tural eivado de contradições e noqual se observa acentuada inver-são de valores morais?

A melhor mensagem a ser en-caminhada ao trabalhador doESDE, neste momento, é a mes-ma enunciada por Jesus, duranteo Seu ministério: Amar ao próxi-mo como a si mesmo e não fazer aoutrem o que não deseja que lheseja feito, constituindo-lhe o maiseficiente roteiro para o equilíbriomoral e emocional, no períodoem que os valores ético-moraisenfermos parecem dar lugar aosdesequilíbrios de toda ordem.

A observância das máximas deJesus faculta harmonia interior,equilíbrio psicológico, felicidadereal, tornando-se psicoterapiapreventiva e curativa para quais-quer tipos de aflições.

9. Que recursos poderiam ser,ainda, acionados para expandir atarefa de implantação da Campa-nha do Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita?

A divulgação bem-feita de to-da idéia é responsável pela suaaceitação. Ampliar a propagaçãoda Campanha do Estudo Siste-matizado da Doutrina Espírita,explicando-se os seus conteúdose finalidades, por todos os meiosao alcance na atualidade, será ocontributo mais eficaz para a sua

aceitação por todos aqueles queanelam por um mundo melhor euma sociedade mais feliz.

Diálogos, comentários, artigos,estudos em grupo, disseminaçãodas teses do ESDE (jornais, rádio,televisão, Internet), torná-lo-ãoconhecido, facilitando a aceitaçãopor parte daqueles que ainda nãoo conhecem ou não se identifica-ram, de início, com a sua oportu-na programação.

10. Como os dirigentes espíritaspoderão colaborar na implanta-ção do Estudo Sistematizado e nacriação de condições mais favorá-veis ao trabalho nessa área tãoimportante, por suas característi-cas, no Movimento Espírita?

Os dirigentes espíritas de socie-dades doutrinárias têm o dever deconhecer a Doutrina, a fim debem a vivenciarem, divulgando osseus postulados. Como o ESDE éum dos mais valiosos meios paraalcançar-se o objetivo essencial dapropaganda do Espiritismo, im-plantá-lo nas entidades que diri-gem, após o estudo que se impõe,constitui compromisso que nãopode ser transferido de ocasião.

Aqueles que, por ociosidade ounegligência, assumindo responsa-bilidades no Movimento Espíri-ta, por livre e espontânea vontade,não se dedicam a ampliar os seushorizontes, hipertrofiam o pro-gresso doutrinário e deverão res-ponder pela leviandade de que sefazem portadores. A consciência é osublime recanto onde está escrita aLei de Deus (O Livro dos Espíritos,

questão 621), e ninguém consegueanestesiá-la indefinidamente...

11. Considerando as responsa-bilidades daqueles que estão naliderança do trabalho do EstudoSistematizado da Doutrina Espí-rita, que mensagem poderia nosdeixar ao comemorarmos os 25anos da Campanha?

Um empreendimento de talporte que comemora um quartode século é digno do maior res-peito, ainda mais considerando--se que a proposta não ficou es-tagnada nas suas bases iniciais.Antes acompanhou o progressoda cultura, da Ciência e da Tec-nologia, enriquecendo-se com osmais modernos recursos técni-cos da ciência da educação e dametodologia do ensino.

Preservar, portanto, as basesdoutrinárias, os paradigmas e li-ções do Espiritismo conformeexarados na Codificação, é o de-ver de todos aqueles que abraça-mos a Terceira Revelação como oConsolador Prometido, encarna-dos ou desencarnados, a fim deque as novas gerações palmilhemas estradas da iluminação inte-rior de forma racional e adequa-da aos novos tempos.

Salvador, 30 de janeiro de 2008

Angel Aguarod

(Psicografado por Divaldo Pereira Fran-

co, na manhã de 30 de janeiro de 2008,

no Centro Espírita Caminho da Reden-

ção, em Salvador, Bahia.)

11Março 2008 • Reformador 8899

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:42 Page 11

12 Reformador • Março 2008 9900

Presença de Chico Xavier

endo a mente o espelho da vida, entenderemos

sem dificuldade que, na morte, lhe prevalecem

na face as imagens mais profundamente inscul-

pidas por nosso desejo, à custa da reflexão reiterada, de

modo intenso. Guardando o pensamento – plasma fluí-

dico – a precisa faculdade de substancializar suas pró-

prias criações, imprimindo-lhes vitalidade e movimento

temporários, a maioria das criaturas terrestres, na tran-

sição do sepulcro, é naturalmente obcecada pelos qua-

dros da própria imaginação, aprisionada a fenômenos

alucinatórios, qual acontece no sono comum, dentro do

qual, na maioria das circunstâncias, a individualidade

reencarnada, em vez de retirar-se do aparelho físico, des-

cansa em conexão com ele mesmo, sofrendo os reflexos

das sensações primárias a que ainda se ajusta.

Todos os círculos da existência, para se adaptarem

aos processos da educação, necessitam do hábito, por-

que todas as conquistas do espírito se efetuam na base

de lições recapituladas.

As classes são vastos setores de trabalho específico, plas-

mando, por intermédio de longa repercussão, os objetivos

que lhes são peculiares naqueles que as compõem.

É assim que o jovem destinado a essa ou àquela car-

reira é submetido, nos bancos escolares, a determinadas

disciplinas, incluindo a experiência anterior dos orien-

tadores que lhe precederam os passos na senda profis-

sional escolhida.

O futuro militar aprenderá, desde cedo, a manejar os

instrumentos de guerra, cultuando as instruções dos

grandes chefes de estratégia, e o médico porvindouro

deverá repetir, por anos sucessivos, os ensinos e experi-

mentos dos especialistas, antes do juramento hipocrático.

Em todas as escolas de formação, vemos professores

ajustando a infância, a mocidade e a madureza aos princí-

pios consagrados, nesse ou naquele ramo de estudo, fixan-

do-lhes personalidade particular para determinados fins,

sobre o alicerce da reflexão mental sistemática, em forma

de lições persistentes e progressivas.

Um diploma universitário é, no fundo, o pergami-

nho confirmativo do tempo de recapitulações indis-

pensáveis ao domínio do aprendiz em certo campo de

conhecimento para efeito de serviço nas linhas da cole-

tividade.

Segundo o mesmo princípio, a morte nos confere a

certidão das experiências repetidas a que nos adaptamos,

de vez que cada espírito, mais ou menos, se transforma

naquilo que imagina. É deste modo que ela, a morte,

extrai a soma de nosso conteúdo mental, compelindo-nos

a viver, transitoriamente, dentro dele. Se esse conteúdo é o

bem, teremos a nossa parcela de céu, correspondente ao

melhor da construção que efetuamos em nós, e se esse

conteúdo é o mal estaremos necessariamente detidos na

parcela de inferno que corresponda aos males de nossa

autoria, até que se extinga o inferno de purgação mereci-

da, criado por nós mesmos na intimidade da consciência.

Tudo o que foge à lei do amor e do progresso, sem a

renovação e a sublimação por bases, gera o enquista-

mento mental, que nada mais é que a produção de nos-

sos reflexos pessoais acumulados e sem valor na circu-

lação do bem comum, consubstanciando as idéias fixas

em que passamos a respirar depois do túmulo, à feição

de loucos autênticos, por nos situarmos distantes da

realidade fundamental.

É por esta razão que morrer significa penetrar mais

profundamente no mundo de nós mesmos, consumindo

longo tempo em despir a túnica de nossos reflexos menos

felizes, metamorfoseados em região alucinatória decor-

rente do nosso monoideísmo na sombra, ou transferin-

do-nos simplesmente de plano, melhorando o clima de

nossos reflexos ajustados ao bem, avançando em degraus

conseqüentes para novos horizontes de ascensão e de luz.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida. 17. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. 29, p. 131-135.

S

Pelo Espírito Emmanuel

Morte

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:42 Page 12

13Março 2008 • Reformador 9911

MI LTO N JO S É RA M O SEntrevista

Reformador: Como se desenvolveo Movimento Espírita em Alagoas?Milton: As forças vivas do nossoMovimento estão constituídas pe-las ações da Federação, da Associa-ção Médico-Espírita de Alagoas,da Jornada da Mulher Espírita,das ações específicas das casasespíritas, adesas ou não à nossaFederativa, e por um órgão quepretendemos reativar, já que tevevida efêmera, que é a Associaçãodos Divulgadores do Espiritismode Alagoas.

Especificamente, com relaçãoà Federação, entendo que viven-ciamos uma fase de transição, demudança de um modeloque já teve a sua im-portância. Estamos ca-minhando para umaação mais aberta,participativa, ten-dendo à uniãoentre as pessoase conseqüenteunificação doMovimento.

Esta fase de transição, que teveinício no ano 2000, é cheia de per-calços, visto que representa mu-dança em hábitos alicerçados aolongo do tempo; e mudança com-portamental não é um processo

fácil. Uma sinalização do atualmomento, é um sonho a ser al-cançado, o qual representa a nos-sa visão de futuro que é “tornar anossa Federativa a instituição co-laboradora na organização das ca-sas espíritas e na capacitação dosseus trabalhadores, levando-os aatuarem na sociedade conformea ética do Cristo”.

Reformador: No momento, quantoscentros estão unidos à Federação?Milton: Somos 59 instituições

adesas, sendo 35 em Maceió(Capital) e 24 espalhadas

por 18 cidades do interiordo Estado, além de 6 ins-

tituições com a adesãoem andamento. Es-

tes dados demons-tram que temos

muito trabalhopela frente,uma vez queAlagoas pos-sui 101 mu-nicípios.

Confiançae otimismo

O presidente da Federação Espírita do Estado de Alagoas, Milton José Ramos,

comenta ações do Movimento Espírita alagoano, o centenário da Federação,

e demonstra confiança, otimismo e disposição para o trabalho

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:42 Page 13

Reformador: Quais são as princi-pais comemorações pelo centenárioda Federação?Milton: O tema de nosso cente-nário é “100 anos com Jesus eKardec iluminando consciências”.São cem anos de história quecontou com a participação de ex-poentes do Espiritismo nacional,como Vianna de Carvalho, em1913, e Leopoldo Machado, em1942 e, em 1950, com a Caravanada Fraternidade. Este ano será demuita efervescência, pois que to-das as realizações de 2008 terãoeste evento como foco. Especifi-camente tivemos no dia 6 de ja-neiro (data do aniversário) umasérie de homenagens a ilustres es-píritas de Alagoas. Neste mesmodia homenageamos as nossas ca-sas espíritas, entregando-lhes um“Certificado de Adesão” que fun-cionará como a sua carteira deidentidade, tudo isto acompa-nhado de uma programação ar-tístico-cultural a realizar-se nanossa sede. No dia 11 de janeiro,tivemos conferência pública com

Divaldo Pereira Franco, versan-do sobre “A Atualidade Cientí-fica do Espiritismo”; no dia se-guinte realizou-se um seminárioa cargo do presidente da FEB,Nestor João Masotti, sobre o te-ma “A Instalação da Nova Era” e,em seguida, um seminário comDivaldo Pereira Franco intitula-do “Iluminação Interior”. Nestascomemorações, homenageamosas nossas casas espíritas mais an-tigas: Centro Espírita Alagoano

Melo Maia, com 109 anos, e o Gru-po União Espírita com 108 anosde existência.

A programação de aniversárioterá prosseguimento com a reali-zação, no período de 16 a 18 demaio, do IV Encontro de Medi-cina e Espiritualidade de Ala-goas, promovido pela AME-ALcom o tema “Deus, Espírito, Men-te e Cérebro”, e terá o seu ápicenos dias 5, 6 e 7 de setembro,quando ocorrerá o 7o Fórum deDebates Espíritas de Alagoas(FOREAL), com o tema “A Me-diunidade no Mundo em Trans-formação”, ambos no Centro deConvenções de Maceió.

Reformador: E os principais pro-jetos programados e em execuçãopara este ano?Milton: Em 2007, além de reali-zarmos alguns eventos signifi-cativos, dos quais destacamos a“I Semana Chico Xavier”, a “Ses-são Pública Especial em homena-gem aos 150 Anos de O Livro dosEspíritos” na Assembléia Legisla-tiva de Alagoas e as Sessões Públi-cas na Câmara de Vereadores de

Maceió e na Assembléia Legisla-tiva do Estado, referentes ao Mo-vimento “Defesa da Vida e nãoao Aborto”, estivemos voltadospara consolidar as estruturas danossa Federação, quais sejam: a)captação de recursos financeiros,materiais e humanos; b) resgatedas ações das Coordenadorias,do Conselho Fiscal, dos Conse-lhos Regionais e do Conselho Es-tadual Espírita. Os dois últimossendo decisivos na elaboração daspróximas metas, fundamentadasno nosso “Planejamento Estraté-gico 2008-2012”. As metas conti-das neste planejamento caracte-rizam-se pelo grande esforço queo Movimento Espírita irá em-preender para a sua moderniza-ção, organização e humanizaçãode procedimentos, visando o ama-durecimento, a solidificação denossas ações e relações, e a divul-gação da Doutrina Espírita embases mais sólidas.

Em 2008, trabalharemos fun-damentados em um “Plano deGestão” que está se consolidan-do, em consonância com as dire-trizes do “Plano de Trabalho pa-ra o Movimento Espírita Brasi-leiro (2007-2012)”. A base denosso plano são os objetivos de-finidos pelo Conselho EstadualEspírita, em duas reuniões acon-tecidas em Arapiraca, que con-templam, entre outras coisas, acriação de pólos de capacitaçãodo trabalhador espírita na sededas Regionais, o resgate e vitali-zação do Movimento Espírita jo-vem e a comunicação em todosos níveis.

14 Reformador • Março 2008 9922

Sede da Federação Espírita doEstado de Alagoas

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:42 Page 14

Reformador: Como vocês sentema atuação federativa em nível deComissões Regionais e do Conse-lho Federativo Nacional?Milton: Com muito bons olhos econfiança. Parece-nos que há umencadeamento lógico, racional,nos desdobramentos das ativi-dades das Comissões Regionais edo Conselho Federativo Nacio-nal. Há um esforço generalizadopara que as decisões do CFN che-guem até a unidade fundamen-tal do Movimento Espírita, que éa casa espírita. Além disso, há acriação de instrumentos impor-tantes que levam a qualidade dasações como o Orientação ao Cen-tro Espírita e o Manual do SAPSE,além do grande referencial que éo “Plano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita Brasileiro (2007--2012)”.

Reformador: Qual mensagem dei-xa para os leitores de Reformador?Milton: Confiança, otimismo edisposição para o trabalho. Re-cordemos um trecho da mensa-gem de Bezerra de Menezes, in-titulada “O Médio-dia da Era No-va” [publicada em Reformador,Edição Especial de julho de 2007]:

“No momento da grande tran-sição por que passa o planeta ter-restre, marchando para mundo deregeneração, a palavra de Jesus res-taurada pelos Espíritos imortaisalcança as mentes e os corações,inaugurando o período da legíti-ma fraternidade entre as criaturas.

[...] Este é o grande momen-to, filhos da alma.” Muita paz pa-ra todos.

15Março 2008 • Reformador 9933

O verdadeiro homem de bemPratica sempre a lei de amor:Não faz o mal nunca a ninguémE se acaso o fere alguém,Desculpa logo o ofensor.

Passa em revista a consciênciaE a interroga ao fim do dia:Se não agiu com negligência;Se deu motivo à impaciência;Se fez o bem que deveria.

É por querer se melhorarQue ele exercita a introspecção:Suas ações busca pesarE se no fim o bem triunfar,Repousa em paz o coração.

Ouve os amigos com prestezaE com respeito o inimigo:Este lhe aponta uma fraqueza,Talvez até com mais franquezaDo que o faria o próprio amigo.

Trabalha em prol da sociedade,Sem distinção de crença ou cor:Se Deus lhe dá autoridade,Usa o poder com humanidade,Tudo reporta ao Criador.

Iluminar-se interiormenteÉ a grande meta que o entretém:Mas o amor que tem presenteNo coração puro e na menteÉ que faz dele homem de bem.

Mário Frigéri

A Chico Xavier, onde estiver.

Fonte: KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Parte terceira, cap. XII, itensCaracteres do homem de bem, questão 918, e Conhecimento de si mesmo,questões 919 e 919-a.

O Homem de Bem

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:42 Page 15

16 Reformador • Março 2008 9944

m Obras Póstumas, no –“Projeto – 1868”, Kardec diz:“Um curso regular de Espi-

ritismo seria professado com ofim de desenvolver os princípiosda Ciência e de difundir o gostopelos estudos sérios”;1 anterior-mente já afirmara: “O que carac-teriza um estudo sério é a conti-nuidade que se lhe dá. [...]”. 2

Em 1977, o Espírito AngelAguarod enfatiza, em mensagemrecebida pela médium Cecília Ro-cha, na Federação Espírita do RioGrande do Sul: “Cabe, pois, aosespíritas, responsáveis pelo Movi-mento Espírita, uma ampla tarefade divulgação das obras básicas daDoutrina, promovendo um es-tudo sistemático das mesmas”.

Em 1983, a Federação EspíritaBrasileira, consciente do seu papelde coordenadora do MovimentoEspírita no Brasil, lança, atravésdo Conselho Federativo Nacional,a Campanha do Estudo Sistema-tizado da Doutrina Espírita.

A partir de então, sur-giram cursos, treinamen-tos, e dois EncontrosNacionais, o último em2003, para formação ecapacitação de Coorde-nadores e Monitores doESDE, que teve como ob-jetivo fundamental o es-tudo do Espiritismo deforma séria e continua-da, com base nas obrascodificadas por Kardec eno Evangelho de Jesus.

Após quase 25 anos de lança-mento da Campanha e 150 anosde Doutrina Espírita, é justoperguntarmos a nós mesmos: E oESDE, como está? A necessidadedo estudo hoje é talvez maior doque ontem, uma vez que a mídia“percebeu” que os temas espíritasdespertam o interesse do grandepúblico que acorre às casas espíri-tas ou aos adeptos da Doutrina,para tirar dúvidas, obter esclareci-mento e matar a curiosidade que o

assalta, diante das questões de or-dem extrafísica, certamente porquehá perguntas que as pessoas nãoquerem calar, tais como: De ondeviemos? Existe vida após a morte?

Isto porque o homem, por maisque tente ignorar a sua naturezaespiritual, traz a lei de Deus escrita“na consciência”, segundo respostados Espíritos a Kardec em O Livrodos Espíritos (questão 621); porém,na esteira do tempo “ele a es-quecera e desprezara. Quis então

III Encontro Nacional de

Coordenadores do ESDE

E

“Como poderei entender, se alguém não me ensinar?” Atos dos Apóstolos (8:31.)

SÔ N I A AR RU DA

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:42 Page 16

Deus lhe fosse lembra-da” (questão 621-a).

Daí a expressão, emAtos dos Apóstolos, jámencionada. Ensinar éinstruir, orientar, pre-parar a terra dos cora-ções para receber as se-mentes do conhecimen-to que, ao germinaremno tempo certo, tra-rão uma nova visão doamor, justiça e miseri-córdia de Deus.

Joanna de Ângelis,no livro Messe de Amor,3

mensagem “Em honrado ideal”, alerta-nos:

Estás convocado pa-

ra a construção de

um mundo melhor.

Desse modo, pene-

trarás no mundo a

que realmente aspiras.

....................................................

Sai a campo.

....................................................

Há muito solo a desbravar e muito

trabalho a desenvolver em favor

do futuro.

E na mensagem “O livro espí-rita” enfatiza:

Um ensinamento edificante é

bênção em qualquer lugar. Uma

lição espírita é luz no caminho.

Estamos preparados para se-mear corretamente? Conhecemoso campo sob nossa responsabili-dade? De que árvores aproveita-mos presentemente as sementes a

serem plantadas? Respeitamos otempo de “semear” e o tempo de“colher”? Temos plena consciên-cia das pragas que precisaremosenfrentar, sem perder o bom âni-mo, a esperança e o entusiasmona semeadura?

Em julho próximo, teremosuma excelente oportunidade deanalisar estas questões vitais e so-bre elas refletir, uma vez que setrata da divulgação da Doutrinaque abraçamos. O III EncontroNacional de Coordenadores doESDE vem no momento certo,porque planejado desde 2003,tendo como objetivos, entre ou-tros, “avaliar as metas estabeleci-

das no II Encontro Na-cional”, “trocar expe-riências relativas à im-plantação e funciona-mento do ESDE”,“pro-por ações para dina-mização dos Cursos” e“apresentar o conteú-do do programa de-senvolvido no EADE(Estudo Aprofundadoda Doutrina Espírita)”.

Os benefícios alcan-çados com o ESDE vãodesde um crescente nú-mero de pessoas queestudam o Espiritis-mo, até a formação denovos trabalhadorespara as casas espíritas,possibilitando a reali-zação das suas múlti-plas atividades, de for-ma coerente com os

princípios doutrinários; daí anecessidade da nossa capacitaçãopermanente nas tarefas sob nos-sa responsabilidade:

“Porque nós somos cooperado-res de Deus.” – Paulo. (I Corín-tios, 3:9.)

Referências:1KARDEC, Allan. Obras póstumas. 40. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Segunda par-

te, “Projeto – 1868”, item Ensino Espí-

rita, p. 376.2______. O livro dos espíritos. 91. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2007. “Introdução”, item

VIII, p. 39.3FRANCO, Divaldo P. Messe de amor.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3. ed.

Salvador: LEAL, 1973. Mensagens 2 e 58.

Cartaz do III Encontro Nacional deCoordenadores do ESDE

17Março 2008 • Reformador 9955

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:43 Page 17

18 Reformador • Março 2008 9966

1. O direito do ser humano àvida é um direito indisponível, des-de a concepção, a partir do mo-mento em que o espermatozóidepenetra no óvulo, fertilizando-o.

Esse direito é defensável cien-tificamente, tanto no campo doDireito quanto no âmbito da Me-dicina.

Essa posição da Ciência é coin-cidente com a dos Espíritos revela-dores, quando, em O Livro dos Espí-ritos, responderam à pergunta 358:

Constitui crime a provocação do

aborto, em qualquer período da

gestação?

Há crime sempre que transgre-

dis a lei de Deus. Uma mãe, ou

quem quer que seja, cometerá

crime sempre que tirar a vida a

uma criança antes do seu nas-

cimento, por isso que impede

uma alma de passar pelas provas

a que serviria de instrumento o

corpo que se estava formando.

No que respeita à ligação do Es-pírito ao corpo, em nova encarna-ção, quando se inicia, de fato, umanova existência física, na Terra, aresposta à questão 344, de O Livrodos Espíritos, é incisiva:

Em que momento a alma se une

ao corpo?

A união começa na concepção,

mas só é completa por ocasião do

nascimento. Desde o instante da

concepção, o Espírito designado

a habitar certo corpo a este se liga

por um laço fluídico, que cada vez

mais se vai apertando até ao ins-

tante em que a criança vê a luz [...].

O art. 5o, caput, do cap. I, dosDireitos e Garantias Individuais,da Constituição Federal de 1988,inscreve o cânone da “inviolabili-dade do direito à vida, à liberdade,à segurança e à propriedade [...]”,que, ipso facto, estende-se, semdúvida, ao nascituro. Isso significaque a Constituição vigente revo-

gou a legislação ordinária (Códi-go Penal) quanto à descriminaçãodo aborto provocado nos casosprevistos. Essa exegese é partilha-da por Ives Gandra da Silva Mar-tins, dos mais renomados consti-tucionalistas pátrios, que assevera:“A lei penal, que permitia o abor-to em duas hipóteses (estupro eperigo de vida para a mãe) nãofoi recepcionada pela Constitui-ção de 1988”. Comunga tambémda mesma opinião Zalmino Zim-mermann, presidente da Associa-ção Brasileira dos Magistrados Es-píritas (Abrame), em trabalho ju-rídico elaborado a pedido da Fe-deração Espírita Brasileira (FEB)e distribuído a todos os magis-trados brasileiros.1 E está com arazão ao asseverar, quanto à lega-lização do aborto no Brasil: “Sórestaria a hipótese de uma emen-da constitucional”. E acrescenta:

AbortoVisão científica

e espiritualWE I M A R MU N I Z D E OL I V E I R A

1O Direito à Vida no Ordenamento JurídicoBrasileiro – Abrame.

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:43 Page 18

“Todavia, o art. 60, § 4o, da Cons-tituição, impede totalmente a de-liberação em torno de qualquerproposta de emenda tendente aabolir ‘os direitos e garantias indi-viduais’”, citando Ives Gandra, maisuma vez, quando este proclama queo nascituro “não pode ser conde-nado à morte por lei ordinária”.

2. No que tange às razões médi-co-científicas, Marle-ne Rossi SeverinoNobre, presiden-te da Associa-ção Médico--Espírita do Bra-sil (AME-Brasil),em trabalho do gê-nero, elaboradotambém a pedidoda FEB e que fora,por sua vez, encami-nhado a todos os ma-gistrados do Brasil,demonstra o an-ticientificismo doaborto, mesmotratando-se do anen-céfalo, citando cientistasde nomeada, em nações con-sideradas muito civilizadas.2 As-sinala, em seu trabalho, uma espé-cie de síntese de seu livro O Clamorda Vida,3 que nossa caminhadaevolutiva, desde o princípio, atra-vés dos ciclos planetários, até ao ad-vento da razão, ascende à cifra ci-clópica de 3 bilhões e 800 milhõesde anos, segundo dados da Ciên-

cia (Geologia, Biologia, Paleontolo-gia, etc.). Acrescenta, depois, que nozigoto ou célula-ovo (o óvulo de-pois de fertilizado) estão os germensde sua evolução fisiológica, até queocorra o nascimento, repetindo, nagestação, por via da ontogênese, toda

a sua evolução filogenética de bilhõesde anos. Daí poder-se afirmar que “aontogênese recapitula a filogênese”.

No livro citado, à página 126,diz Marlene Nobre:

Do zigoto ao feto, o ser parte de

uma única célula, para a extraor-

dinária complexidade multicelu-

lar do surpreendente recém-nas-

cido, passando, nas primeiras se-

manas do desenvolvimento em-

brionário,por todas as etapas prin-

cipais que atravessou: ser unicelu-

lar, peixe, anfíbio, réptil, ave, e, fi-

nalmente, mamífero superior.

É preciso que fique claro que,à luz da revelação espírita, a evo-lução do ser se processa nos doisplanos, físico e extrafísico, emobediência a um PlanejamentoInteligente.

O corpo espiritual, ou perispí-rito, funciona como um depósi-to psíquico, na infinda caminha-da evolutiva do ser, arquivandoo acervo arquimilenar das expe-

riências adquiridas,refletindo, relativa-

mente, no cor-po físico, todavez que o Espí-rito retoma aexistência cor-

pórea. Assim, todaa embriogênese obe-

dece ao molde do Es-pírito – o perispírito.

De estrutura tridimen-sional, nele está registrada

a súmula das fases evolutivaspelas quais transitou a espécie, nopassado, até chegar à época atual.Na verdade, é o perispírito queguarda a forma específica de ca-da ser. É esta, noutras palavras,a lição do prof. Hernane Guima-rães Andrade, de saudosa memó-ria, que preleciona:

19Março 2008 • Reformador 9977

2A Vida contra o Aborto – AME-Brasil.

3O Clamor da Vida. Editora e Gráfica Vida& Consciência, 2000.

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:43 Page 19

Ao efetuar sua ligação com o

ovo – organismo monocelular

– o MOB [Modelo Organizador

Biológico] inicia a recapitulação

da história de sua espécie, nele

gravada em forma de estruturas

espaço-tempo sucessivas. A es-

trutura espaço-tempo total do

MOB apresenta uma organiza-

ção definida e característica pa-

ra cada espécie viva.4

No mesmo sentido, André Luiz,em Evolução em Dois Mundos,5

informa:

É assim que dos organismos mo-

nocelulares aos organismos com-

plexos, em que a inteligência dis-

ciplina as células, colocando-as

a seu serviço, o ser viaja no ru-

mo da elevada destinação que

lhe foi traçada no Plano Su-

perior, tecendo com os fios da

experiência a túnica da própria

exteriorização, segundo o mol-

de mental que traz consigo [...].

Na visão espírita, os argumentosde cunho científico e filosófico, so-mando-se ao sentimento de amore solidariedade universais (Reli-

gião no sentido cósmico), revigo-ram a convicção de que o aborto,em qualquer das alternativas, écrime, crime hediondo, contraquem não tem como se defender.

Realizado o aborto, mesmo nocaso de pretensa permissão legal, oEspírito reencarnante, revoltadopela perda da oportunidade deretornar à liça da experiência físi-ca, que lhe seria tão útil e necessária,pode voltar-se, odioso, contra a mãee todos os partícipes da interrupçãoda gravidez. Daí Emmanuel dizer:

Admitimos seja suficiente breve

meditação, em torno do aborto

delituoso, para reconhecermos

nele um dos grandes fornece-

dores das moléstias de etiologia

obscura e das obsessões catalo-

gáveis na patologia da mente,

ocupando vastos departamen-

tos de hospitais e prisões.6

20 Reformador • Março 2008 9988

4ANDRADE, Hernane G. Espírito, peris-pírito e alma. Cap. IX, p. 216-217.

5XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.Evolução em dois mundos. Pelo EspíritoAndré Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,2007. Cap. “Evolução e corpo espiritual”,item Evolução no tempo, p. 42.

nvoca-se o direito da mulher sobre o próprio corpo como um dosmais fortes argumentos para justificação do aborto, entendendo-se

que o filho é propriedade da mãe, não tendo identidade própria, e éela quem decide se ele deve viver ou morrer. Esquece-se de que Deuslhe confia o Espírito que irá reencarnar, concedendo-lhe a bênção damaternidade e desenvolvendo suas possibilidades de bem orientá-lopara a vida.

A mulher – argumenta-se – tem o direito de escolher se quer ounão ser mãe e tem toda liberdade de exercê-lo. Entretanto, após aconcepção passa a existir o direito de viver de um outro ser, o do nas-cituro: que se sobrepõe à rejeição materna.

Fonte: O Aborto na visão espírita. Suplemento de Reformador dejulho/2005.

I

6XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. PeloEspírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2007. Cap. 17, p. 76.

Conseqüências do Aborto

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:44 Page 20

21Março 2008 • Reformador 9999

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo

e perder a sua alma?”

– JESUS. (MARCOS, 8:36.)

Ganhar

s criaturas terrestres, de modo geral, ainda não aprenderam a ganhar.

Entretanto, o espírito humano permanece no Planeta em busca de alguma

coisa. É indispensável alcançar valores de aperfeiçoamento para a vida

eterna.

Recomendou Jesus aos seus tutelados procurassem, insistissem...

Significa isso que o homem se demora na Terra para ganhar na luta enobrecedora.

Toda perturbação, nesse sentido, provém da mente viciada das almas em desvio.

O homem está sempre decidido a conquistar o mundo, mas nunca disposto a

conquistar-se para uma esfera mais elevada. Nesse falso conceito, subverte a ordem,

nas oportunidades de cada dia. Se Deus lhe concede bastante saúde física, costuma

usá-la na aquisição da doença destruidora; se consegue amealhar possibilidades

financeiras, tenta açambarcar os interesses alheios.

O Mestre Divino não recomendou que a alma humana deva movimentar-se

despida de objetivos e aspirações de ganho; salientou apenas que o homem neces-

sita conhecer o que procura, que espécie de lucros almeja, a que fins se propõe em

suas atividades terrestres.

Se teus desejos repousam nas aquisições factícias, relativamente a situações

passageiras ou a patrimônios fadados ao apodrecimento, renova, enquanto é

tempo, a visão espiritual, porque de nada vale ganhar o mundo que te não pertence

e perderes a ti mesmo, indefinidamente, para a vida imortal.

A

Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 58, p. 131-132.

reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:44 Page 21

22 Reformador • Março 2008 110000

esta espiral do século quese inicia, observamos o or-ganismo coletivo intoxi-

car-se nos descaminhos de ummaterialismo irracional, imedia-tista, degenerante dos usos, doscostumes, das idéias e do pensa-mento, mecanismos estes que de-sencadeiam inquietantes e gravesperturbações sociais. Parece-nosoportuno, numa tentativa, aindaque temerária para os nossos re-cursos interiores, dizer algo a res-peito de Deus, a Verdade Abso-luta, a Fonte Inabordável da Vida,refúgio em nossas desolações e cer-teza de amparo incondicional, noseu amor e na sua justiça.

Registraremos fatos colhidos aolongo da literatura consultada:“Nãodo Deus que os homens fizeram,mas do Deus que fez os homens”,

na afirmativa do escritor francês,Jean-Baptiste Alphonse Karr, cita-do no livro Deus é o Absurdo.

Comecemos por lembrar queDeus não se define, pois defini-loseria limitá-lo. Para o pensamentoaugusto e clarividente de AllanKardec,

Deus é infinito em suas perfei-

ções, mas o infinito é uma abs-

tração. Dizer que Deus é o infini-

to é tomar o atributo de uma

coisa pela coisa mesma, é definir

uma coisa que não está conheci-

da por uma outra que não o está

mais do que a primeira. (O Livro

dos Espíritos, cap. I, questão 3, co-

mentário de Kardec, Ed. FEB.)

Nessas circunstâncias, defini-loseria limitar o ilimitado às dimen-sões do nosso conceber e enten-der. Podemos apenas conceituá-locom os recursos da nossa ignorân-cia, tateando nos limites elementa-ríssimos de nossas possibilidades.

Para compreendê-lo, instrui--nos o eminente Codificador doEspiritismo, no seu exegético eerudito livro A Gênese:

[...]nos falta o sentido próprio,

que só se adquire por meio da

completa depuração do Espírito.

[...] (Cap. II, item 8, Ed. FEB.)

Os cientistas, com certas per-plexidades e vacilações, a maioria,entretanto, condicionada ao aca-demicismo preconceituoso da co-munidade científica dominante,analisam o problema da causa dagênese do Universo, saindo-se pe-la ótica nebulosa e incoerente do“acaso”, que nada explica.

Todavia, é justo referir as honro-sas exceções, poucas, porém valoro-sas e exemplares; servindo-nos daliteratura ao nosso alcance, lembre-mos Albert Einstein, que assinalousignificativa diretriz ao pensamentocientífico, no seu tempo. E comadmirável lucidez espiritual, em sua

Deus, suasabedoria e justiçano pensamento do homem

NNEY DA SI LVA PI N H E I RO

“Não procures Deus nos templos de pedra e de mármore, [...] e sim no templo eterno da Natureza,no espetáculo dos mundos a percorrer o Infinito, nos esplendores da vida que se expande [...].

E Deus está, assim, em cada um de nós, no templo vivo da consciência. É aquele o lugar sagrado, o santuário em que se encontra a divina centelha. [...]

[...] Há coisas que, de tão profundas, só se sentem, não se descrevem. [...]”*

*DENIS, Léon. O grande enigma. Rio deJaneiro: FEB, 2008. Primeira parte, “Deuse o Universo” e itens “I – O grande enig-ma” e “IX – Objeções e contradições”, p.23, 27 e 115.

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reformador março 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:45 Page 22

cosmovisão da vida, conceitua Deus“como a lei e o legislador do Uni-verso”, acrescentando, com notávelclarividência, que “a religião do fu-turo será cósmica e transcenderáum Deus pessoal, evitando os dog-mas e a Teologia”, pregadas pela reli-giões dominantes. Afirma, alhures:“A Ciência sem a Religião é paralíti-ca, e a Religião sem a Ciência é cega”.

Colocando-se acima da orto-doxia dominante do establishmentcientífico, esclarece: “Ainda queos domínios da Religião e da Ciên-cia estejam, por si mesmos, nitida-mente demarcados, existem con-tudo, entre ambas, fortes rela-ções de dependências recíprocas”.E pondera: “A fonte principal dosconflitos atuais, entre as esferasda Religião e da Ciência, está nes-se conceito de um Deus pessoal”.Esse antropomorfismo incoeren-te, acrescentamos, de um Deuscom forma humana, que nos reve-la um entendimento primaríssimoda grandeza cósmica Divina.

No livro Einstein, o Enigma daMatemática, Huberto Rohden, ci-tando Einstein, registra:

O sentimento religioso assume a

forma de um arroubo de estu-

pefação, à vista da harmonia da

lei universal, que revela uma

Inteligência de tamanha

superioridade que em face

dela todo o raciocínio sis-

temático não passa de um

reflexo extremamente insignifi-

cante. (p. 213.)

A sensibilidade intuitivade Einstein revela-se nesta

declaração que o coloca, segundonos ensina o Espiritismo, na cate-goria de Missionário da Ciência:

Eu penso 99 vezes e não descu-

bro a Verdade, paro de pensar,

mergulho em profundo silêncio,

e eis que a Verdade se me revela.

E, em outra oportunidade, co-mo que reiterando, declara:

Não existe nenhum caminho ló-

gico para descobrimento das leis

elementares, o único caminho ló-

gico é o da intuição. (p.222 e 223.)

É antológica, esta declaração deEinstein:

Saber que existe algo insondável,

sentir a presença de algo profun-

damente racional, radiantemen-

te belo, algo que compreende-

mos apenas em forma rudimen-

tar, é esta experiência que consti-

tui a atitude genuinamente reli-

giosa. Neste sentido, e neste senti-

do somente, que pertenço aos ho-

mens profundamente religiosos.

(p. 225.) (Grifo nosso.)

Na obra de Richard P. Brennann,Gigantes da Física (Jorge Zahar,Editor, RJ), um livro notável paraos curiosos da física teórica, o au-tor informa:

Embora não envolvido em reli-

gião Einstein possuía um senso

genuíno do espiritual. (p. 97.)

O cerne da discórdia de Einstein

era com a idéia sustentada por

Bhor (Niels Henrik Bhor, vulto

eminente do pensamento cien-

tífico dinamarquês), de um uni-

verso “probabilístico”, em que o

acaso desempenha importante

papel na ocorrência dos even-

tos. Isto ofendia profundamente

o senso de ordem de Einstein e

sua convicção num Poder Su-

premo no comando do Univer-

so, quando afirma e reafirma sua

convicção na célebre frase:“Deus

não joga dados com o Univer-

so”. (p. 162.)

O Dr. Paul Davies, expoentedo pensamento científico de pro-jeção mundial, professor de filo-sofia natural na Universidade deAdelaide, Austrália, autor do li-vro Deus e a Nova Física (que osaudoso cientista brasileiro, Dr.Hernani Guimarães Andrade, de-clara, no seu livro Uma Luz noFim do Túnel, ser uma obra monu-mental), observa, com todo o pe-nhor de sua autoridade:

A idéia do acaso é um argumento

que agride o rigor do pensamento

científico, quando a intransigente

ciência ortodoxa postula o nada

23Março 2008 • Reformador 110011

Albert Einstein

Capa

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para interpretação da gênese do

Universo. (Grifamos.)

O Dr. Paul Davies, detentor doprêmio Templeton, conferido apessoa que revelasse singular cria-tividade na promoção do entendi-mento de Deus ou da Espirituali-dade, em entrevista ao New YorkTimes, declara categórico:

As pessoas em geral pensam que,

à medida que a ciência avança, a

religião retrocede.Mas,quanto mais

descobrimos acerca do mundo,

mais percebemos que há um pro-

pósito ou um desígnio por trás

disso tudo. (Ver Gigantes da Física,

Jorge Zahar Editor, p. 263 e 269.)

O Dr. Antônio Zichichi, físiconuclear, professor da Universida-de de Bolonha, Itália, e presidenteda Federação Mundial de Cientis-tas, declara no seu livro Por queacredito naquele que fez o mundo:

Quem escolhe o Ateísmo reali-

za, portanto, um ato de fé no

NADA.

E acrescenta:

Se fosse possível demonstrar a

existência de Deus através de

um procedimento de Lógica

Matemática, Deus seria equi-

valente a um teorema matemá-

tico. (p. 223.)

Nesse mesmo livro, à p. 158, étaxativo, ao declarar:

Não existe nenhuma descober-

ta científica que possa ser usada

para questionar ou negar a exis-

tência de Deus.

No livro Sonhos de uma TeoriaFinal (Ed. Rocco Ltda., RJ), seuautor, Steven Weinberg, PrêmioNobel de Física, declara:

Se há algo na natureza que pode-

ria nos fornecer alguma com-

preensão especial sobre o traba-

lho de Deus, devem ser as leis fi-

nais da natureza. Conhecendo

tais leis, teremos em nossa posse

o livro das regras que governam

as estrelas, as pedras e todo o

resto. É, portanto, natural que

Stephen Hawking (considerado

êmulo de Einstein) se refira às

leis da natureza como a mente de

Deus. (p. 190.)

Jean-Marie Pierre Guitton, pro-fessor de História da Filosofia emembro da Academia Francesa,recentemente falecido, no seu mag-nífico livro Deus e a Ciência (Ed.

Nova Fronteira S. A., RJ),escrito em colaboração comos físicos russos Igor eGrichka Bagdanov, doutoresem física teórica, escreve:

O Universo que nos cerca não é

mais comparável a uma imensa

máquina, mas a um vasto pensa-

mento; [...] acabamos de ver

que, por trás do nascimento do

Universo, há uma força organi-

zadora, que deve ter calculado

tudo, elaborado tudo, com uma

minudência inimaginável. [...]

tudo nos leva a pensar que há,

no fundo do próprio Universo,

uma causa da harmonia das cau-

sas, uma inteligência suprema.

E conclui, a certa altura de suasconsiderações:

A probabilidade matemática de

que o Universo tenha sido criado

pelo acaso é praticamente nula.

Poderíamos, ainda, citar outrosnomes ilustres do pensamento cien-tífico e filosófico, com destaque aosgigantes do pensamento espírita.

Colocamos um ponto finalnesta laboriosa caminhada, lem-brando o pensamento do EspíritoEmmanuel, ao abrir as páginas doseu notável O Consolador (psico-grafia de Francisco C. Xavier):

[...] O concurso científico é

sempre útil, quando oriundo da

consciência esclarecida e da sin-

ceridade do coração. Importa

considerar, todavia, que a ciên-

cia do mundo, se não deseja

continuar no papel de compar-

sa da tirania e da destruição,

tem absoluta necessidade do

Espiritismo, cuja finalidade di-

vina é a iluminação dos senti-

mentos, na sagrada melhoria das

características morais do homem.

(Questão 1, Ed. FEB.)

24 Reformador • Março 2008 110022

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reformador março 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:45 Page 24

nna Blackwell (1816-1900)é pessoa muito importantena história do Espiritismo,

pois além de amiga pessoal docasal Allan Kardec, participou dereuniões na Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas (SPEE) e foiquem primeiro traduziu obrasda Codificação Espírita ao inglês.No “Prefácio” de The Spirits’Book(O Livro dos Espíritos), em 1876,ela transmitiu muitas informa-ções históricas valiosas sobre AllanKardec, desde sua infância: notasbiográficas e familiares (também deAmélie-Gabrielle Boudet); des-crição física e psicológica do Co-dificador; desenvolvimento doEspiritismo na primeira hora. Elafoi correspondente espírita deAllan Kardec em Londres, Ingla-terra, conforme constatamos naRevista Espírita, março de 1869,“O Espiritismo por toda parte”.

Apesar de ter havido referênciade tradução ao inglês de fragmentosde O Livro dos Espíritos, em 1861 (Re-vista Espírita, fevereiro de 1861),foi Anna Blackwell quem primei-ro o traduziu, logo em seguida

O Livro dos Médiuns, e há referên-cia de que em 1877 tinha começa-do a tradução de O Céu e o Inferno.

Ela foi jornalista, professora,escritora e poetisa, e tudo indicater sido uma tradutora profissio-nal, pois se contam em muitas de-zenas suas traduções, ao inglês, devários autores e em diferentesáreas. Filha de Samuel e HannaBlackwell, teve oito irmãos. Ne-nhuma das cinco irmãs se casou.Seu pai trabalhou em refinariasde açúcar. A família mudou-se daInglaterra para Nova York, em1832, depois Jersey, Cincinnati,em 1838, depois Kentucky, Caro-linas e Filadélfia.

Pesquisa: Achar algo sobre Anna Bla-

ckwell foi uma demorada “novela”,

mesmo antes do surgimento da In-

ternet. Primeiro foram contatados ami-

gos residentes na Inglaterra, sem su-

cesso. Com o advento da WEB, tenta-

mos via e-mail com a Biblioteca Na-

cional da Inglaterra e com outros ami-

gos que residiam na Inglaterra, mas

nada foi conseguido. Informação de-

cisiva foi dada pela amiga Elsa Rossi,

residente na Inglaterra, que nos trans-

mitiu uma mensagem por ela conse-

guida num site inglês, o qual comen-

tava que Anna Blackwell passou um

período nos Estados Unidos, com a

saúde delicada, e tinha sido irmã de

Elizabeth (1812-1910), pessoa histo-

ricamente importante para a área

médica naquele país, principalmen-

te para as mulheres. Então fizemos

contato por e-mail com o Instituto

Smithsonian, que informou estar to-

do o acervo da família Blackwell na

Universidade de Harvard. Passamos

e-mail e felizmente nos enviaram pela

Internet a biografia da família e fotos

de Anna Blackwell em

diferentes idades.

Fica este impor-

tante registro para a

história do advento

do Espiritismo.

WA S H I N G TO N LU I Z FE R NA N D E S

Registros inéditos dos que fizeram

parte dahistória doEspiritismoAnna Blackwell

A

25Março 2008 • Reformador 110033

reformador março 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:45 Page 25

união da Ciência à Tecno-logia representa um dosmais notáveis meios de

progresso existentes no Planeta. In-dica um impulso progressivo queatinge todas as áreas do saber hu-mano, ocorrendo em ritmo cadavez mais acelerado, sobretudo naúltima década. Algumas conquistascientíficas, entretanto, surpreen-dem pela sofisticação dos recursosutilizados e pela magnitude do em-preendimento, conseguindo extra-polar os limites da ficção científica.

Enquadra-se nessa situação oProjeto Blue Brain (Cérebro Azul),cujo objetivo é criar um cérebrohumano artificial, a partir do de-senvolvimento de modelo com-putadorizado do cérebro de ma-míferos.1 O Projeto, muito bemestruturado, não se restringe àconstrução de mais um programade inteligência artificial. A propos-ta é, de fato, audaciosa: visa cons-truir uma máquina, um super-computador, capaz de reproduziras funções do sistema nervoso hu-mano, para melhor compreendê-

-las, e, também, para prevenir amanifestação de doenças neuroló-gicas e mentais, e tratá-las.

O controle das psicopatias, se-gundo o instrutor Calderaro, cita-do pelo Espírito André Luiz em seulivro No Mundo Maior, está efetiva-mente relacionado a conhecimentosmais abrangentes sobre o cérebro:

[...] Para isto, convém estudar-

mos, mais detidamente, o cére-

bro do homem encarnado e o

do homem desencarnado em

posição desarmônica, por si-

tuarmos aí o órgão de manifes-

tação da atividade espiritual.2

O projeto de pesquisa Blue Brainfoi iniciado em 2005, mas tem pra-zo para a sua conclusão: 2015. Estásendo desenvolvido em Lausanne,na Suíça, em ação conjunta da Éco-le Polytechnique Fédérale de Lau-sanne (EPFL) e da IBM, gigante dainformática.1 O biólogo sul-africa-no Henry Markran, 45 anos, é di-retor-geral do Projeto e da equipetransdiciplinar de 35 pesquisado-

res.1 Para se ter idéia da dimensãofinanceira do empreendimento, sa-be-se que 3 bilhões de dólares sãoutilizados, anualmente, somenteem gastos com eletricidade. Coma conclusão da instalação de todosos equipamentos, o supercomputa-dor ocupará uma área que abran-ge vários campos de futebol.

Em 2007 foi possível produzirséries inteiras de neurônios (nomeda principal célula nervosa), queforam catalogados em 400 tipos,por tamanho. Em conseqüência,os cientistas conseguiram entre-laçar ou conectar dez mil célulasnervosas artificiais, número quedeverá ser ampliado para um mi-lhão, no corrente ano. A meta finalé entrelaçar 100 bilhões de neurô-nios, número equivalente ao exis-tente no cérebro humano.

No ano passado, a pesquisa de-senvolveu estudos minuciososcom neurônios de ratos, assimespecificados:3

1. Os cientistas retiram peque-

nas fatias de cérebros de ratos e

as mantém vivas em laboratório.

A

Em dia com o Espiritismo

O ProjetoBlue Brain

MA RTA AN T U N E S MO U R A

26 Reformador • Março 2008 110044

reformador março 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:45 Page 26

2. Sensores enviam informações

sobre os impulsos elétricos dos

neurônios dessas fatias para o

computador, que cria réplicas di-

gitais de cada neurônio. 3. Cada

neurônio digital é processado

por um chip de um supercom-

putador. O Projeto Blue Brain

já tem 10.000 chips com esses

neurônios. Esse é o número de

células contido numa única co-

luna neocortical, estrutura do

neocórtex, área responsá-

vel pelo aprendizado e pe-

la lingüagem. 4. O cére-

bro artificial funciona-

rá a partir da interação

entre várias colunas

neocorticais digitais.

Em linhas gerais, osupercomputadorBlue Gene da IBM –capaz de realizar 23trilhões de cálculospor segundo – deveráemitir informaçõessobre o comportamen-to de conjuntos de neu-rônios reais (físicos oubiológicos), relativas às suaspropriedades e funções. Comisso, pretende-se compreender co-mo é processado o pensamento,ao comparar as informações trans-mitidas por esse supercomputa-dor com as análises de imagens docérebro de voluntários, obtidaspor tomografia de emissão de pó-sitron, entre outros métodos. Ospesquisadores avaliam que essasinformações irão aprofundar oconhecimento sobre os princípiosbiológicos que regem o mecanismo

de funcionamento do cérebro, dosseus genes reguladores, do seu me-tabolismo e do seu complexo sis-tema neural, assim como o da ma-nifestação de doenças.

A comunidade científica, médi-cos, psicólogos, biólogos, jornalis-tas etc., aguardam com muita ex-pectativa os recentes relatos dos

resultados do Projeto Blue Brain,que serão transmitidos, entre 12 e16 de julho próximo, no 6o Fó-rum Europeu de Neurociências,em Genebra, Suíça.

Essa pesquisa abrirá um lequepara outros estudos, no mundointeiro, relacionados ao funciona-mento do cérebro, solidificando oconhecimento científico, até que a

Ciência esteja suficientemente ap-ta para compreender os ensinosexistentes do além-túmulo, divul-gados pela Doutrina Espírita. Lem-bramos, entretanto, que certas in-formações transmitidas pelo Espí-rito André Luiz, há cinqüenta anos,ou mais, somente agora estão sen-do visualizadas no meio científico.Há também esclarecimentos quesequer são cogitados pelos cientis-

tas, porque as suas investigaçõesse restringem à realidade físi-

ca. Como exemplo, citamoso conceito de pensamentoe a idéia de mensuração damatéria mental, ensinadospor aquele Espírito:

[...] Aí, nessa delicada re-

de de forças [dos cen-

tros encefálicos], atra-

vés dos núcleos inter-

calados nas vias aferen-

tes, através do sistema

talâmico de projeção di-

fusa e dos núcleos par-

cialmente abordados pela

ciência da Terra (quais os

da linha média, que não se

degeneram após a extirpação

do córtex, segundo experiências

conhecidas), verte o pensamen-

to ou fluido mental, por secre-

ção sutil não do cérebro, mas

da mente, fluido que influência

primeiro, por intermédio de

impulsos repetidos, toda a re-

gião cortical e as zonas psicos-

somatossensitivas, vitalizando e

dirigindo todo o cosmo biológi-

co, para, em seguida, atendendo

ao próprio continuísmo de seu

fluxo incessante, espalhar-se em

27Março 2008 • Reformador 110055

reformador março 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:46 Page 27

torno do corpo físico da indivi-

dualidade consciente e respon-

sável pelo tipo, qualidade e apli-

cação do fluido, organizando-

-lhe a psicosfera ou halo psíqui-

co, qual ocorre com a chama de

uma vela que, em se valendo do

combustível que a nutre, esta-

belece o campo em que se lhe

prevalece a influência.

....................................................

Esse fluido ou matéria mental

tem a sua ponderabilidade e as

suas propriedades quimio-ele-

tromagnéticas específicas, defi-

nindo-se em unidades perfeita-

mente mensuráveis, qual acon-

tece no sistema periódico dos

elementos químicos [...].4

Outra informação de AndréLuiz, a de que o pensamento nãoé algo tão abstrato, como se supõeusualmente, mas constituído departículas elementares, posiciona-das em dimensão diferente, forado cérebro e oriunda da mente doEspírito, representa um esclareci-mento extraordinário que, se fos-se emitido por um cientista en-

carnado, conferiria-lhe enormeprojeção, alçando-o ao topo douniverso científico. Eis como An-dré Luiz se exprime, a respeito:

A partícula de pensamento, pois,

como corpúsculo fluídico, tan-

to quanto o átomo, é uma uni-

dade na essência, a subdividir-se,

porém, em diversos tipos, con-

forme a quantidade, qualidade,

comportamento e trajetórias dos

componentes que a integram.

E assim como o átomo é uma

força viva e poderosa na pró-

pria contextura, passiva, entre-

tanto, diante da inteligência que

a mobiliza para o bem ou para o

mal, a partícula de pensamento,

embora viva e poderosa na com-

posição em que se derrama do

espírito que a produz, é igual-

mente passiva perante o senti-

mento que lhe dá forma e natu-

reza para o bem ou para o mal,

convertendo-se, por acumula-

ção, em fluido gravitante ou li-

bertador, ácido ou balsâmico,

doce ou amargo, alimentício ou

esgotante, vivificador ou mortí-

fero, segundo a força do senti-

mento que o tipifica e configu-

ra, nomeável, à falta de termi-

nologia equivalente, como “raio

da emoção” ou “raio do desejo”,

força essa que lhe opera a dife-

renciação de massa e trajeto,

impacto e estrutura.5

Referências:1BLUE BRAIN PROJECT. EPFL: École Poly-

technique Fédérale de Lausanne: Suíça.

School of Life Sciences-BBP. Disponível

em: http://bluebrain.epfl.ch/2XAVIER, Francisco Cândido. No mundo

maior. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3, p. 48.3CAMARGO, Leoli. As conexões do raciocí-

nio. VEJA: Editora Abril. Edição 1997, de

28 de fevereiro de 2007. Disponível em:

http://veja.abril.com.br/280207/popup_cien

cia01.html4XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Wal-

do. Evolução em dois mundos. Pelo Espí-

rito André Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Cap. 13, item Centros encefá-

licos, p. 124-125.5Idem, ibidem. Item Reflexão das idéias,

p. 125-126.

28 Reformador • Março 2008 110066

reformador março 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:46 Page 28

colocação do influente fi-lósofo alemão nos remeteinevitavelmente a Deus.

Para muitos, a existência doCriador é um fato que independede comprovação, pois no próprioíntimo as convicções calam qual-quer dúvida; são, em geral, indiví-duos acionados pela fé, que con-duzem as suas vidas na certeza dapresença divina.

Contudo, os que se fazem diri-gir pela razão, não raro, questio-nam Deus, pois não encontramprovas tangíveis ou mensuráveisque sustentem a sua existência.Há, na incerteza destes últimos,uma expressiva contribuição deantigos sistemas religiosos, que

tendiam a atribuir uma “perso-na” à Divindade.

Fossem eles basear-se na res-posta dada pelos Espíritos Supe-riores, que se relaciona à primei-ra pergunta de O Livro dos Espí-ritos – bem como seus desdo-bramentos –, e veriam que, paraentender a existência de Deus,seria fundamental despersonali-zá-lo, desvinculando-o de umainadequada e inoportuna simi-laridade humana.

Para defender as suas teses, oscéticos se alicerçam na afirmati-va de que as próprias organiza-ções da Natureza e do Universosão capazes de uma autogestão,isto é, funcionam independen-

temente de qualquer interven-ção externa, e a fazem de formainterrupta.

Ora, se assim é, urgiria escla-recer a origem da energia e damatéria primordial que permi-tiram àqueles sistemas tomaremo primeiro impulso para a suaorganização, ou seja, onde e co-mo os primeiros elementos fo-ram colocados em atividade? Cer-tamente, nesta origem de tudoestá a inegável ação de uma In-teligência Suprema e Criadora detodas as coisas: Deus.

Outros descrentes acham que osurgimento de organismos com-plexos na face da Terra deu-se porsimples obra do acaso, e não pela

Deus...

A

“Duas coisas me enchem sempre a mente com nova e crescente admiração e respeito...: o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim.”

Immanuel Kant (1724–1804)

LI C U RG O SOA R E S D E LAC E R DA FI L H O

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ação de um Criador. Para estes, oselementos estavam lá, combina-ram-se sem que houvesse uma in-tencionalidade, e fizeram surgiros primitivos seres que origina-ram toda a diversidade biológicaque habita o Planeta.

De acordo com esta tese, nos-sos corpos foram gerados por um“golpe de sorte”, que poderia atémesmo nem ter dado certo, e, emassim sendo, nem poderíamosestar aqui... O absurdo de tal idéiase descaracteriza por si mesmo.

Talvez esses radicais da razãonão se dado tenham à análise,pois se assim fizessem observa-riam que, além de organismoscomplexamente formados, todosnós somos, acima de tudo, inteli-gências individuais guiadas poruma moral íntima, inerente atodas as pessoas – por mais aluci-nadas que possam transitoria-mente se comportar.

Perguntamos: acaso esta inteli-gência e esta moral seriam pro-priedade das organizações celu-lares? Porventura se manifestam apartir de tecidos e fluidos corpo-rais? Quem sabe estariam nas só-lidas formações ósseas?

Então, por que os minerais nãodesenvolveram qualquer dessesatributos? Qual a razão de os me-tais não realizarem escolhas, de asrochas não manifestarem senti-mentos, expressarem opiniões?

Todas estas questões nos dire-cionam inevitavelmente à crençana ação contínua de uma Causa,que criou a matéria para que fosseum instrumento de ação do Es-pírito, a fim de que este dela faça

uso e possa alcançar o seu apri-moramento progressivo.

Agora, se perguntarem qual é aforma que Deus assume, quais sãoas suas características externas, de-vemos afirmar ser impossível des-crevê-lo em nosso atual estágio evo-lutivo, já que tal conceito extrapolanossas insignificantes concepções.

É o que afirma Allan Kardec,no comentário à questão 11 de OLivro dos Espíritos (Edição FEB):

“A inferioridade das faculdadesdo homem não lhe permite com-preender a natureza íntima deDeus.”.

Mas, se perguntarem onde ageDeus, diremos com convicção queEle se manifesta tanto no vermeminúsculo, quanto nos turbilhõesestelares; e que pode ser sentidocom admirável respeito no sensomoral que se encontra dentro decada um de nós.

eus, foco de inteligência e de amor, é tão indispensável à vida

interior, quanto o Sol à vida física!

Deus é o sol das Almas. É dele que emana essa força, às vezes

energia, pensamento, luz, que anima e vivifica todos os seres.

Quando se pretende que a idéia de Deus é inútil, indiferente, tanto

valeria dizer que o Sol é inútil, indiferente à Natureza e à vida.

Pela comunhão de pensamento, pela elevação da Alma a Deus,

produz-se uma penetração contínua, uma fecundação moral do

ser, uma expressão gradual das potências nele encerradas, porque

essas potências, pensamento e sentimento, não podem revelar-se

e crescer senão por altas aspirações, pelos transportes do nosso

coração. Fora disso, todas essas forças latentes dormitam em

nosso íntimo, conservam-se inertes, adormecidas!

............................................................................................................

O homem que desconhece Deus e não quer saber que forças,

que recursos, que socorros dele promanam, esse é comparável a

um indigente que habita ao lado de palácios cheios de tesouros, e

se arrisca a morrer de miséria diante da porta que lhe está aberta

e pela qual tudo o convida a entrar. [...]

D

Ação de Deus no mundoe na História

Léon Denis

Fonte: O grande enigma. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Primeira parte, cap. VIII,p. 95-96.

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m longo itinerário foi per-corrido para que pudés-semos resumir as fases da

pesquisa histórica sobre o Cristia-nismo, antes de compará-la com omaterial revelado pela Espirituali-dade superior.

Novamente, utilizamos comoepígrafe a citação do historiadorJohn P. Meier, professor na Uni-versidade Católica de WashingtonD. C., considerado um dos maiseminentes pesquisadores bíblicosde sua geração. Ao estabelecer oslimites da ciência e da investiga-ção humanas, ele adverte:

Por Jesus da história, refiro-me

ao Jesus que podemos “resga-

tar”e examinar utilizando os ins-

trumentos científicos da moder-

na pesquisa histórica.

A atitude de prudência e hu-mildade esboçada por esse autor,favorece o diálogo com a Doutri-na Espírita que, por sua vez, ofere-ce subsídios valiosos, inacessíveisaos “instrumentos científicos damoderna pesquisa histórica”. Nãose trata de sobrepujar a Ciência,desprezar suas conclusões, numaatitude mística incompatível coma fé raciocinada. O desafio é“complementar”, “unir”, “dialo-gar”, onde ambas as partes estãodispostas a ouvir e a falar, sem sub-missão ou subserviência.

Doravante, destacaremos a con-tribuição oferecida pela revelaçãoespiritual no equacionamento degraves problemas relativos à his-tória de Jesus, dos seus seguidoresdiretos, e do Cristianismo, de mo-

do geral, visando à apropriação,com maior segurança e legitimi-dade, da essência da Boa Nova,alicerce de todas as propostas derenovação veiculadas pela Dou-trina dos Espíritos.

Nessa linha de raciocínio, so-mos inevitavelmente levados aindagar: Quem é Jesus na visãoda Espiritualidade superior? Aresposta, em O Livro dos Espíritos,é sobejamente conhecida, mas ain-da nos convida a profundas re-flexões:

625. Qual o tipo mais perfeito

que Deus tem oferecido ao homem,

para lhe servir de guia e modelo?

“Jesus.”

Para o homem, Jesus representa

o tipo da perfeição moral a que

a Humanidade pode aspirar

na Terra. Deus no-lo oferece

como o mais perfeito modelo, e

U

História da Era ApostólicaJesus – Governador Espiritual do Orbe

HA RO L D O DU T R A DI A S

Cristianismo Redivivo

“Não podemos conhecer o Jesus ‘real’ através da pesquisa histórica, quer isto signifique sua realidade total ou apenas um quadro biográfico razoavelmente

completo. No entanto podemos conhecer o ‘Jesus histórico’. Por Jesus da história, refiro-me ao Jesus que podemos ‘resgatar’ e examinar utilizando os

instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica.”1

1MEIER, John P. Um judeu marginal:repensando o Jesus histórico. 3. ed. Rio deJaneiro: Imago, 1993. p. 35.

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a doutrina que ensinou é a mais

pura expressão de sua lei, por-

que, sendo Jesus o ser mais pu-

ro que já apareceu na Terra, o

Espírito Divino o animava.

Se alguns dos que pretenderam

instruir o homem na lei de

Deus, algumas vezes o desenca-

minharam, ensinando-lhe fal-

sos princípios, foi porque se

deixaram dominar por senti-

mentos demasiado terrenos e

porque confundiram as leis que

regulam as condições da vida da

alma, com as que regem a vida

do corpo. Muitos deles apresen-

taram como leis divinas o que

eram simples leis humanas,

criadas para servir às paixões e

para dominar os homens. (Co-

mentário de Kardec.)2

O Benfeitor Emmanuel, porsua vez, enriqueceu nossos estu-dos com surpreendentes informa-ções sobre o papel desempenhadopor Jesus na condução dos desti-nos humanos:

Rezam as tradições do mundo

espiritual que na direção de to-

dos os fenômenos, do nosso sis-

tema, existe uma Comunidade

de Espíritos Puros e Eleitos pelo

Senhor Supremo do Universo,

em cujas mãos se conservam as

rédeas diretoras da vida de to-

das as coletividades planetárias.

Essa Comunidade de seres an-

gélicos e perfeitos, da qual é Jesus

um dos membros divinos, ao

que nos foi dado saber, apenas

já se reuniu, nas proximidades

da Terra, para a solução de pro-

blemas decisivos da organiza-

ção e da direção do nosso pla-

neta, por duas vezes no curso

dos milênios conhecidos.

A primeira, verificou-se quando

o orbe terrestre se desprendia da

nebulosa solar, a fim de que se

lançassem, no Tempo e no Espa-

ço, as balizas do nosso sistema

cosmogônico e os pródromos da

vida na matéria em ignição, do

planeta, e a segunda, quando se

decidia a vinda do Senhor à fa-

ce da Terra, trazendo à família

humana a lição imortal do seu

Evangelho de amor e redenção.3

Diante do assombro dessas reve-lações de Emmanuel, resta-nos in-dagar o que são Espíritos puros. Ainformação é encontrada em O Li-vro dos Espíritos, nas respostas dadaspelos benfeitores espirituais a AllanKardec, nas seguintes questões:

112. CARACTERÍSTICAS GERAIS –

Nenhuma influência da maté-

ria. Superioridade intelectual e

moral absoluta, com relação aos

Espíritos das outras ordens.

113. Primeira classe. Classe úni-

ca. Percorreram todos os graus

da escala [ver questões 100 e se-

guintes] e se despojaram de to-

das as impurezas da matéria.

Tendo alcançado a soma de per-

feição de que é suscetível a criatu-

ra, não têm que sofrer mais pro-

vas, nem expiações. Não estan-

do mais sujeitos à reencarnação

em corpos perecíveis, realizam a

vida eterna no seio de Deus.

.....................................................

128. Os seres que chamamos an-

jos, arcanjos, serafins, formam uma

categoria especial, de natureza

diferente da dos outros Espíritos?

“Não; são os Espíritos puros:

os que se acham no mais alto

grau da escala e reúnem todas

as perfeições.”

....................................................

170. Em que se transforma o

Espírito depois da sua última

encarnação?

“Em Espírito bem-aventurado;

em Espírito puro.”4

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2 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edi-ção Comemorativa do Sesquicentenário.Rio de Janeiro: FEB, 2007.

3XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2007. Cap. I, item A Comu-nidade dos Espíritos Puros, p. 17.

4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edi-ção Comemorativa do Sesquicentenário.Rio de Janeiro: FEB, 2007.

Espíritospuros:

superioridade

intelectual

e moral

absoluta

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É forçoso concluir, com o pro-fessor John P. Meier, que os ins-trumentos científicos da modernapesquisa histórica não são capazesde nos mostrar o “Jesus real”. Tal-vez seja essa a razão pela qual oshistoriadores, como demonstradonos artigos anteriores, acabampor apresentar uma imagem dis-torcida de Jesus.

Jesus é o Governador Espiritualdo Planeta, em cujas mãos repou-sam os destinos de toda a huma-nidade terrena.

A tentativa de reduzir o Mestreaos parâmetros estritamente hu-manos decorre da visão materia-lista da maioria dos pesquisado-res. É nesse ponto que a revelaçãoespiritual pode contribuir para areconstituição do “Jesus real”, res-tabelecendo a legítima compreen-são do Cristianismo.

Emmanuel destaca a relevânciada atuação do Mestre, a pujança dasua influência, no que diz respeitoaos rumos do progresso terrestre.

Encerramos este artigo commais uma notável citação desseEspírito, que descortina detalhesdo Governo espiritual do Cristo:

Vê-se, então, o fio inquebrantá-

vel que sustenta os séculos das

experiências terrestres, reunin-

do-as, harmoniosamente, umas

às outras, a fim de que consti-

tuam o tesouro imortal da alma

humana em sua gloriosa ascen-

são para o Infinito.

....................................................

Na tela mágica dos nossos estu-

dos, destacam-se esses missio-

nários que o mundo muitas ve-

zes crucificou na incompreen-

são das almas vulgares, mas, em

tudo e sobre todos, irradia-se a

luz desse fio de espiritualidade

que diviniza a matéria, enca-

deando o trabalho das civiliza-

ções, e, mais acima, ofuscando o

“écran” das nossas observações

e dos nossos estudos, vemos a

fonte de extraordinária luz, de

onde parte o primeiro ponto

geométrico desse fio de vida e

de harmonia, que equilibra e sa-

tura toda a Terra numa apoteo-

se de movimento e divinas cla-

ridades.

Nossos pobres olhos não

podem divisar particula-

ridades nesse deslum-

bramento, mas sabe-

mos que o fio da luz

e da vida está nas

suas mãos. É Ele

quem sustenta

todos os elementos ativos e pas-

sivos da existência planetária. No

seu coração augusto e misericor-

dioso está o Verbo do princípio.

Um sopro de sua vontade pode

renovar todas as coisas, e um

gesto seu pode transformar a fi-

sionomia de todos os horizontes

terrestres.5

33Março 2008 • Reformador 111111

5 XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2007. “Introdução”, p. 14-15.

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sta coluna, dedicada à Língua InternacionalNeutra do Dr. L. L. Zamenhof, faz o registrode tão significativo evento, pois que na trama

de A Tragédia de Santa Maria, do Espírito Adolfo Be-zerra de Menezes, o esperanto desempenha papelbastante sugestivo.

O leitor familiarizado com as obras recebidas pe-la médium Yvonne do AmaralPereira estará certamente informa-do de que em algumas delas, preci-samente as dos Espíritos Charles eLeão Tolstoi, os autores desenvol-vem grandes princípios da Dou-trina Espírita, inspirando-se nasperipécias vividas pela própria mé-dium em passadas encarnações. Va-riam os enredos, as épocas, os cená-rios terrenos, as expressões sociaisdas personagens, mas o núcleo cen-tral inspirador permanece comuma todas: a trajetória de lutas moraisdesse Espírito que, em nosso tem-po, serviu com devotamento e ab-negação, de modo irrepreensível, na divulgação doEspiritismo e no exercício da mediunidade, interme-diando textos que sempre vão arrebatando almasfrágeis das garras do erro e das inevitáveis conse-qüências provacionais e expiatórias que ele acarreta.

Quem não a identifica nas personalidades deRuth-Carolina de Brethencourt de La-Chapelle (NasVoragens do Pecado), de Berthe de Sourmeville (O Ca-valeiro de Numiers), de Andrea de Guzman (O Dra-ma da Bretanha), de Nina (Sublimação), ou em mui-

tas outras personagens criadas pelo gênio de Tolstoiem Ressurreição e Vida e no citado Sublimação?

Nessa trajetória, outra alma, muitíssimo cara aoseu coração, lhe está sempre e intimamente associa-da, reencarnando a seu lado, em intensas ligaçõessentimentais, sob os nomes de Luís de Narbonne,Henri Numiers, Arthur de Guzman d'Evreux e, mais

recentemente, encarnado pelomeado do século XIX, Roberto deCanallejas.

Sobre Roberto de Canallejas, jábem conhecido dos leitores deYvonne A. Pereira, há informa-ções preciosas em Recordações daMediunidade e Memórias de umSuicida. Voltaria ao mundo cor-póreo, durante a última existênciade D. Yvonne, em local ignoradoda médium, longe do Brasil, masque pelas sutilezas da intuição,sob o amoroso controle dos guiasespirituais, a médium sentia ser aPolônia, o que mais tarde se con-

firmaria num dos mais belos episódios vividos porduas almas que se amavam há séculos e se reencon-tram nos cenários da Terra.

Roberto, que ao se despedir dela para reencarnar,asseverara que a buscaria e lhe daria um sinal, efeti-vamente ressurge em 1964, na pessoa de Z. P., umengenheiro esperantista de Varsóvia, iniciando comela uma correspondência, em esperanto, toda im-pregnada de grande sentimento de amor, até 1977,quando desencarna.

“A Tragédia de Santa Maria”Cinqüentenário de publicação

E

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A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

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Ora, este fato – o reencontro de ambos, Yvonne eRoberto reencarnado, graças à intermediação do es-peranto – já havia sido como que prenunciado porLeão Tolstoi, entre 1962 e 1963, no belo conto “AmorImortal” da obra Sublimação. O que está ali se realizouplenamente e foi mais tarde objeto de circunstanciadorelato por parte da médium, publicado em Reformadorde setembro a dezembro de 1979, sob o título “Um casode reencarnação – Eu e Roberto de Canallejas”, textosque foram mais tarde enfeixados em pequeno volumepublicado pela Sociedade Editora Espírita F. V. Lorenz.

Mas em 1958, na obra que é evocada em nossoartigo, também o Espírito Adolfo Bezerra de Mene-zes antecipa, de forma agradavelmente romanceada,a bela ocorrência. Ali se verá o reencontro de duasalmas que se dedicavam fiel e intenso amor desdelongínquo passado reencarnatório: Esmeralda deBarbedo, nascida na noite de Natal de 1863, na man-são da Fazenda Santa Maria, e Bento José de SouzaGonçalves, o “Bentinho”. Grandes tragédias desabamsobre as almas que compunham o círculo da “SantaMaria”, principalmente Esmeralda e Bentinho. Oreencontro de ambos, agora nas pessoas da jovemPamela, herdeira e legítima proprietária da Fazenda,e do engenheiro agrônomo suíço Max Niemeyer,também é fruto do cultivo do esperanto. Max, du-rante o sono, pede a Esmeralda que se aproxime dogrande ideal que na Suíça o consola do vazio quesente no coração (A Tragédia de Santa Maria, Pri-meira parte, “Amor de outra vida”):

[...] Peço-te, minha querida, que imites o meu gesto,

lá em tua Pátria... [...] Quem sabe, assim chegaremos

a corresponder-nos um dia, através de alguma revis-

ta ou jornal de propaganda do Esperanto?... [...] Cul-

tivando o Esperanto, porém, será mais do que prová-

vel que, com facilidade, nos ponhamos um diante do

outro, renovando, depois, para o futuro, a felicidade

que tão duramente nos foi arrebatada no passado...

Pamela, enquanto aguardava o início dos traba-lhos na Instituição Espírita que freqüentava, vê umarevista ali deixada casualmente, reconhece o idiomaque já conhecia e se surpreende com o anúncio do

jovem Max Niemeyer, desejoso de transferir-se paraa América do Sul. Emociona-se singularmente com afigura do jovem suíço e logo tem início, como co-mum entre esperantistas, intensa correspondência, eo belo e feliz desfecho o leitor já terá intuído... Tudo,tudo muito semelhante ao reencontro de Yvonnecom Roberto, reencarnado na pessoa de Z. P....

Façamos então nossa homenagem ao venerandoBezerra de Menezes, ao mesmo tempo que envolve-mos a grande médium em nosso carinho e gratidão,lendo, ou relendo, o belo A Tragédia de Santa Maria,rico em ensinamentos sobre as grandes teses doEspiritismo e do Evangelho.

Concluímos nosso despretensioso texto, transcre-vendo algumas preciosas observações do Dr. Bezerrade Menezes sobre o esperanto e seus ideais (idem,ibidem):

[...] O Esperanto está a serviço da Fraternidade como

a Beneficência está a serviço do Amor... e introduzir a

mocidade no seu estudo racional é adverti-la a se pre-

parar para um futuro radioso, que tenderá a enlaçar a

Humanidade num mesmo elo de vibrações afetivas...

[...] os adeptos da Doutrina dos Espíritos cedo com-

preendem o valioso concurso do idioma Esperanto

ao ideal de unificação humana que esposam. [...]

[...] O espírita, quiçá melhor ainda que qualquer outro

idealista, encontra no Esperanto afinidade e ensejos

para o desdobramento dos dilatados sonhos de soli-

dariedade humana que lhe transbordam do seio. [...]

E no final da obra, unidos pelo matrimônio, en-quanto elevavam graças ao bom Deus pela imensafelicidade concedida, Pamela exclama (op. cit., Quar-ta parte, “... E quando Deus permite!”):

– Sim, Max querido! Hosanas ao bom Deus!... E gló-

ria ao Idioma da Fraternidade – ao Esperanto! – sem

o auxílio precioso do qual muito dificilmente nos

teríamos compreendido para a concretização deste

grandioso ideal de Amor que desde os séculos passa-

dos arrebata nossas almas!...

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embremo-nos das sábias pa-lavras de Jesus, quando, nodeserto, depois de ter jejua-

do por quarenta dias, afirmou queo homem não viverá apenas depão. (Mateus, 4:4.)

Com isso, Ele quis nos mostrarque são mais importantes os ali-mentos espirituais que os mate-riais.

Sem dúvida alguma, o amorencabeça a lista destes últimosnutrientes.

O divino Nazareno nos mostra,em suas palavras, que o amor écondição sine qua non para queobtenhamos grandes venturas. Omandamento maior (Mateus, 22:37-40) concita-nos a fazer o bem.

Quem realmente ama a Deusacima de tudo reconhece que to-dos os dias foram feitos iguais pa-ra servir ao semelhante: ama aopróximo como a si mesmo, honrapai e mãe, não mata, não cometeadultério, não levanta falso teste-munho e não cobiça coisa algu-ma de quem quer que seja.

O meigo Mestre galileu dei-xou lição inesquecível, quan-do asseverou ao fariseuorgulhoso que amar aDeus sobre todas as

coisas e ao próximo como a simesmo é um mandamento queexprime muito bem toda a lei deMoisés e tudo o que disseram osprofetas.

Com certeza o amor é o maiorsustentáculo dos seres humanos.Semelhante aos alimentos mate-riais, que são fontes de energia im-prescindíveis para a manutençãodas funções vitais das criaturas,o amor, indiscutivelmente, é oprincipal nutriente para o Espíri-to. Quanto mais nos enriquecer-mos de valores morais, mais pró-ximo estaremos de Deus.

O Divino Rabi não nos pre-ceituou que “amássemos uns aosoutros” (João, 13:34) objetivandoapenas a caridade material. Reco-mendava-nos, de igual maneira,

que nos alimentássemos mutua-mente de simpatia e fraternidade,que são os grandes patrimôniosdo “amor profundo” e que, indu-bitavelmente, nos sustentam a al-ma. Este último sentimento é opão divino, nutriente sublime doscorações.

Se o “amor do próximo” é a ba-se da caridade, “amar os inimi-gos” (Mateus, 5:44) é a mais excel-sa “aplicação desse princípio, por-quanto a posse de tal virtude re-presenta uma das maiores vitóriasalcançadas contra o egoísmo e oorgulho”. (Allan Kardec – O Evan-gelho segundo o Espiritismo, cap.XII, item 3.)

O amor é lei da vida. Se nãohouvesse amor, nada faria sentido,pois só existimos porque Deus nos

sustenta com o seu amor.“ B u s q u e m o s ,

então, meditar so-bre o que temos eo que não temos,sobre quem so-mos e sobre quem

não somos, a res-peito do que faze-

mos e do que não fa-zemos, guardando aconvicção de que sem

Amor –Alimento Divino

LHU G O ALVA R E N G A NOVA E S

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a presença do amor naquilo que te-mos, no que fazemos e no que so-mos, estaremos imensamente po-bres, profundamente carentes, des-vitalizados. A inteligência semamor nos faz perversos. A justiçasem amor nos faz insensíveis e vin-gativos. A diplomacia sem amornos faz hipócritas. O êxito semamor nos faz arrogantes. A rique-za sem amor nos faz avaros. Apobreza sem amor nos faz orgu-lhosos. A beleza sem amor nos fazridículos. A autoridade sem amornos faz tiranos. O trabalho semamor nos faz escravos. A simplici-dade sem amor nos deprecia. Aoração sem amor nos faz calculis-tas. A lei sem amor nos escraviza.A política sem amor nos fazegoístas. A fé sem amor nos tornafanáticos. A cruz sem amor seconverte em tortura. A vida semamor... Bem, sem amor a vida nãotem sentido...” (Fonte: CD Mo-mento Espírita, volume 7, faixa 3.)

Paulo demonstra que compre-endera exatamente os ensinos eexemplos do Cristo ao afirmar quemesmo quando ele falasse a lín-gua dos anjos, conhecesse toda aciência, conseguisse transportar osmontes, repartisse seus bens ou en-tregasse o próprio corpo para serqueimado, se não tivesse amor, na-da disso lhe aproveitaria. (I Co-ríntios, 13:1-7.)

Tenhamos, assim, como via porexcelência de nossa elevação mo-ral e espiritual, a prática do amor,da caridade como Jesus a enten-dia: benevolência para com to-dos, indulgência para com os er-ros alheios, perdão das ofensas.

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Cumpra os deveres desagradáveis.Buscar apenas o nosso deleite é comodismo crônico.

Vitalize os negócios com a fraternidade pura.O comércio não foge à ação da Providência Divina.

Coloque o bem de todos acima do interesse partidário.A senda cristã nas atividades da vida será sempre “caridade”.

Esqueça as narrativas que exaltem indiretamente o erro.A moral da história mal contada é sempre a invigilância.

Liberte-se das frases de efeito.A palavra postiça sufoca o pensamento.

Evite o divertimento nocivo ou claramente desnecessário.Os pés incautos encontram a queda imprevista.

Resista à desonestidade.O critério do amor não se modifica.

Valorize os empréstimos de Deus.Dar não significa abandonar.

Prestigie a sabedoria da Lei, obedecendo-lhe.O auxílio espiritual não surge sem preço.

Sentenças da vida

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos Em-manuel e André Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 25, p. 146-147.

André Luiz

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omente Deus, que nosconcede a vida, poderátambém retirá-la no mo-

mento que achar conveniente. Aohomem é dado, apenas, o direitode usufruí-la, mudando o que fornecessário e estiver ao seu alcance,desde que para essa modificaçãoele não transgrida a lei divina. Naimpossibilidade de mudança, de-ve aceitá-la da forma que ela selhe apresente, consciente de que éa mais adequada às suas necessi-dades evolutivas.

Seja na tempestade ou na bo-nança, a vida, quando bem apro-veitada, será valioso instrumentoa conduzir-nos ao determinismonatural – a perfeição. Se em algummomento nos sentimos a sucum-bir sob o peso das provações, su-pliquemos à Misericórdia Divinaa renovação das nossas forças, pa-ra que transponhamos os obstá-culos sem aderir à infeliz idéia desuicídio.

Afirma Allan Kardec:

[...] O suicida é qual prisioneiro

que se evade da prisão, antes de

cumprida a pena; quando preso

de novo, é mais severamente

tratado. O mesmo se dá com o

suicida que julga escapar às mi-

sérias do presente e mergulha

em desgraças maiores. (O Evan-

gelho segundo o Espiritismo, cap.

XXVIII, item 71, Ed. FEB.)

De acordo com os relatos quenos são transmitidos pelos Espíri-tos desencarnados, dores acerbasestão reservadas aos que violam asleis divinas, fugindo da vida pelaporta falsa do suicídio. Entretanto,o sofrimento é como o fogo purifi-cador, a alta temperatura que elimi-na os microorganismos causado-res de doença e morte; ele perma-necerá no Espírito não como cas-tigo, mas sim, como necessidade.

Depois de um tempo, que variade Espírito para Espírito, esse fo-go divino (a dor), tal qual a altatemperatura que dobra o podero-so metal capacitando-o às mais va-riadas utilidades, dobra o Espírito,por mais orgulhoso que seja, aoreconhecimento da covardia e in-gratidão cometidas.

A mente, que antes se vinculavaapenas ao sofrimento, como refle-xo da vitalidade animal que ainda

impregnava o seu perispírito, edas repetidas cenas da tragédiade que se fez vítima, vai cedendogradativamente aos lampejos dearrependimento.

A misericórdia de Deus é infi-nita e jamais abandona seus fi-lhos, sobre os quais estende, emforma de conforto e oportunida-des reparadoras, o seu infinitoamor. Da mudança extraordináriaque o arrependimento causa, ini-cia-se um novo capítulo na vidado suicida. Surge o ensejo de serresgatado por equipes de socorro,que o conduzem a hospital espe-

Suicídio e Lei de

Causa e EfeitoS

F. ALTA M I R DA CU N H A

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cializado. Encontra, assim, a aten-ção, o carinho e os ensinamentosnecessários, que o preparam paraum novo retorno ao corpo físico.

Oportuno lembrar que as con-dições do suicida após a desencar-nação, em qualquer circunstância,com atenuantes ou agravantes, sãosempre de muita dor e sofrimento.Quanto à duração desse sofrimen-to, não podemos defini-la, pois se-rá sempre variável e de acordo coma necessidade de cada um. Pode-mos, porém, afirmar que não ter-mina quando realizado o resgatepelas equipes espirituais.

Após o resgate, na verdade, ha-verá certo alívio, que funcionarácomo uma espécie de trégua, paraque se refaça do desgaste gerado noperíodo mais ou menos longo quepassou nas zonas de sofrimento.

O retorno ao palco da vida físi-ca (reencarnação) será a próximaetapa considerada de fundamen-tal importância, para que possaresgatar o débito contraído pelasua atitude precipitada e repararas desarmonias vibratórias em seuperispírito (corpo espiritual).

Para entendermos o que aqui se-rá exposto, lembremo-nos de quea Justiça Divina se encontra im-pressa na consciência de cada um.A sua execução não é um castigo,mas sim o reflexo da apreciação in-dividual a respeito da transgressãocometida. Quanto mais conscientefor o Espírito a respeito do seu co-metimento, maior será a manifesta-ção do remorso e do desejo de repa-ração. A violência cometida tem ta-manha repercussão no seu perispí-rito, que são necessárias, em alguns

casos, várias reencarnações paraas devidas correções vibratórias.

Vale salientar que este reflexodo sentimento de culpa não acon-tece apenas nos casos de suicídio,mas em qualquer transgressão dasleis que regem a vida. Porém, emtodas as situações, existirão sempreatenuantes e agravantes. Ladeando

a Justiça Divina, encontra-se tam-bém a misericórdia, permitindoque uma atitude de amor tenha opoder de remover expiações queexigiriam longos períodos de dorese sofrimentos. Foi com base nestaverdade, que o apóstolo Pedro afir-mou: “O amor cobre a multidãode pecados”. (I, 4:8.)

Deus é Pai de infinita bondade;nenhuma de suas leis foi criadapara punir o infrator, e sim paraestimulá-lo a não mais infringi-laa fim de evoluir.

Os mentores espirituais dizemque os remanescentes do suicídioacompanham o Espírito até queele retorne ao palco da vida cor-poral, para a devida reparação.

Deus, longe de abandonar otransgressor em sofrimentos eter-nos, como afirmam algumas reli-giões, dá-lhe a oportunidade deresgate e reparação das suas faltas.É bem verdade que este processoexige dores e sofrimento, que serãosempre o remédio amargo, porémeficaz na cura da sua doença. Parausufruirmos os benefícios desteremédio, é preciso aceitá-lo comresignação, sem a presença nocivada revolta. Quem não tem resigna-ção, mesmo sofrendo, não se cura,retornará ao plano espiritual ain-da com a enfermidade.

Os amigos espirituais aconse-lham a paciência e a resignação, co-mo elementos indispensáveis para oêxito nas provações da vida e os me-lhores antídotos contra a loucurae o suicídio, pois são muitos os quedesertaram da vida, às vésperas deterem os problemas solucionados.

Portanto, antes de qualquer ati-tude precipitada, não esqueça-mos: todo sofrimento tem fim etodo problema tem solução. Éoportuno não esquecermos tam-bém o que dizem aqueles que umdia impensadamente cometeramo autocídio: “Nenhum sofrimentona Terra se compara ao sofrimen-to do suicida”.

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Ciência nos demonstra,nos dias atuais, que vive-mos imersos em um ocea-

no de ondas e vibrações que atuamno campo da matéria e avançampara o campo da energia, cada vezmais sutil.

Também o Espiritismo nos dizque vivemos imersos em ondas evibrações mentais positivas ou ne-gativas, boas ou más. Essas vibra-ções mentais são emitidas pelo Es-pírito, esteja ele revestido de cor-po físico ou não.

Como estamos constantemen-te emitindo essas vibrações, é im-portante sabermos que tipo de idéiae sentimento vamos alimentando:bons ou maus.

Assim, diante de perturbaçõescom a conduta alheia, analisamosnossa reação e que espécie de vi-brações passaremos a emitir, pois,pelo fenômeno da sintonia, pas-saremos a receber, podendo agra-var ou diminuir o problema.

Diminuiremos obstáculos ouaumentaremos problemas.

Será de bom alvitre, para equi-librarmos as nossas emoções e vi-brações, que, por momento, noscoloquemos no lugar do outro,analisando tanto quanto possívelas causas possíveis do seu descon-

trole, procurando compreender assituações desagradáveis ou afliti-vas que ele esteja vivenciando.

Com esse entendimento, po-deremos aplacar as descargas deemoções e pensamentos gerado-res da irritação, da raiva, do ódioe da violência verbal ou física,tanto quanto os estados de an-gústia e mal-estar em nosso cam-po mental.

A busca da compreensão do es-tado emocional do outro resulta-rá na nossa possível tranqüilidadepara até mesmo ajudá-lo, estabe-lecendo os seus limites de formarazoável.

Esse modo de agir será a mani-festação de vibrações de amor aopróximo e a nós mesmos.

Se nos sentimos feridos por al-guém, vamos nos colocar no lugardessa pessoa, e, sentindo, mais oumenos, o que ela estaria sentin-do, poderemos até ter compaixão,sem que isso, obviamente, dê aoagressor o direito de tripudiar so-bre os nossos direitos.

Se nos consideramos injuria-dos, situemo-nos, de imediato,na posição daquele que nos alve-ja com os seus dardos mentais everbais envenenados, com o quecompreenderemos que o agressor

arremessa parte do veneno que oconsome e ensandece.

Protegidos pelo escudo da com-preensão, procuremos neutrali-zar as flechas mentais envenena-das que nos são atiradas e ajamosde maneira a tentar restabelecero equilíbrio e o bom senso no in-juriador, pelas ações do amor e pe-los atos da justiça.

Se nos sentirmos envolvidos pe-las emanações de vibrações per-turbadoras por aqueles que estãoao nosso lado, no lar, no trabalhoou em outra parte, emitamos, pe-la oração,meditação e reflexão,ener-gias de paz, otimismo, confiança ealegria.

Procuremos responder às vibra-ções de perturbação com as irra-diações da paz.

Ante as manifestações do de-sequilíbrio do mal, respondamoscom as energias do amor, signifi-cando a nossa sintonia com a har-monia da Vida.

Recordemo-nos do Mestre Jesus:“Batei e abrir-se-vos-á. Pedi e ob-tereis”.

Essa norma evangélica gover-na também o campo da vibraçãoe sintonia.

Vibremos Amor e plantaremos,progressivamente, a Felicidade.

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Sintoniavibraçãoe

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pós prolongada enfermi-dade desencarnou, na noi-te de 23 de dezembro de

2007, Hélio Burmeister, no Hos-pital Santa Rita, em Porto Alegre.Seu sepultamento foi marcado pa-ra o dia 24, às 15 horas, no Cemi-tério João XXIII.

A vida de Hélio Burmeister po-deria ser contada de várias formas,principalmente por seus familiares,que são os detentores das maiorese mais íntimas informações sobretão prezado companheiro. Entre-tanto, para o Movimento Espíritagaúcho, Hélio significa uma ban-deira: a da dedicação à causa espíri-ta, empregando toda sua disponi-bilidade ao trabalho.

Hélio fez parte do grupo pionei-ro que, com Francisco Spinelli eoutros valiosos companheiros, ini-ciou o trabalho de evangelizaçãodas novas gerações. Participou dosprimeiros momentos do planeja-mento e da execução das obras ini-ciais que fariam do Rio Grande doSul o grande balizador do movi-mento de evangelização da infânciae da juventude.

Atrelado ao trabalho de assistên-cia aos necessitados foi, durantegrande parte de sua vida, dirigentedo Instituto Espírita Amigo Ger-mano. Entretanto, sua iniciação no

Espiritismo foi através da Socie-dade Espírita Francisco de MonteAlverne.

Teve grande destaque duranteo 2o Congresso Espírita do RioGrande do Sul, como relator datese “Evangelização dos Lares”, em1951.

No âmbito estadual e nacionalHélio destacou-se pelo exercício da

presidência da Federação Espíritado Rio Grande do Sul durante osanos de 1972 a 1976 e de 1988 a1991, tendo especial participaçãono direcionamento da DoutrinaEspírita no Rio Grande do Sul.

Realizou reformas no estatutoda FERGS, com a criação dasUniões Distritais e Municipais Es-píritas, instituindo o Conselho

Deliberativo Estadual. Colaborou,também, na formatação do docu-mento “Normas para os Trabalhosdo Departamento de AssistênciaSocial da Sociedade Espírita Fede-rada”.

Foi quem transferiu a livrariada Federação para o local atual, nasede da FERGS, abrindo suas portaspara o público externo, dando novafase à divulgação do Espiritismo.

Durante suas gestões foram rea-lizadas inúmeras Confraterniza-ções de Juventudes Espíritas do RioGrande do Sul, entre elas as de No-vo Hamburgo, Cruz Alta e Livra-mento. Também presidiu o 2o e o3o Seminário Estadual de Divul-gação do Espiritismo, em maio de1988 e em abril de 1989, respectiva-mente e, em 1989, o Seminário deAção Social.

Hélio Burmeister desencarnadeixando esposa e filhos, mais umaincontável legião de amigos e pes-soas reconhecidas pela sua genero-sidade e honestidade.

Jamais se afastou dos postuladosda verdade e da direção no bem,lutando para que a paz social pu-desse atingir a todos, principalmen-te os menos favorecidos.

Fonte: Jornal Diálogo Espírita, da FERGS,

no 70, de novembro/dezembro de 2007, p. 3.

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DesencarnaHélio Burmeister

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Goiás: Congresso Estadual EspíritaOcorreu em Goiânia, de 2 a 5 de fevereiro, o 24o

Congresso Espírita Estadual, uma promoção daFederação Espírita do Estado de Goiás. Duranteo evento foi abordado o tema central “Estudando aforça do pensamento à luz da Doutrina Espírita”.Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail:[email protected]

Paraíba: Encontro EspíritaA Federação Espírita Paraibana realizou o EncontroEspírita da Paraíba, de 2 a 5 de fevereiro, com otema central “Espiritismo: construindo diretrizespara a família, a vida e a paz”. O evento se desenvol-veu na sede da FEPb, em João Pessoa, e contou coma participação de vários palestrantes. Informações:[email protected]

Espanha: Congresso EspíritaA Federação Espírita Espanhola promoveu o XVCongresso Nacional Espírita Espanhol, tendo comotema central “A Alma é imortal”. O evento acon-teceu nos dias 7, 8 e 9 de dezembro de 2007, noHotel Bayren I, em Gandia, Valência. Informações:www.espiritismo.cc

Amazonas: 104 anos da FederaçãoNo dia 1o de janeiro a Federação Espírita Amazonen-se (FEA) completou 104 anos de fundação. Para co-memorar essa data, a presidente da FEA, Sandra Mo-raes, proferiu a palestra “A paz do mundo começaem mim”. Esta comemoração também deu início àativação da Campanha Construamos a Paz Promo-vendo o Bem!, aprovada pelo Conselho FederativoNacional da Federação Espírita Brasileira.

São Paulo: Livro Sexo e Destino no RádioO livro Sexo e Destino, do Espírito André Luiz, psi-cografado por Francisco Cândido Xavier e WaldoVieira, foi transformado em radionovela, a qual te-ve início no dia 13 de novembro e vai ao ar diaria-

mente pela Super Rede Boa Vontade de Rádio, pa-ra todo o Brasil e Exterior, às 16h, com reapresenta-ção às 23h e, na manhã seguinte, às 2h e 8h. A fre-qüência da emissora pelos Estados pode ser obtidana página eletrônica: www.redeboavontade.comMais informações: (11) 3358-6800.

Uruguai: Seminário para Trabalhadores Espíritas

A convite da Federação Espírita Uruguaia, foi desen-volvido o seminário “Gestão Administrativa e Dou-trinária de Centros Espíritas”, destinado a dirigentese trabalhadores, nos dias 2 e 3 de fevereiro. O progra-ma ocorreu na sede da Federação e foi desenvolvidopelo diretor da FEB e do CEI Antonio Cesar Perri deCarvalho e por Marco Leite, integrante da equipeda Secretaria Geral do CFN da FEB.

ICEB: Programa de fériasO Instituto de Cultura Espírita do Brasil realizou oseu programa de férias, desenvolvido em janeiro e fe-vereiro. As palestras ocorreram aos sábados, das 15hàs 17h, tendo, as de janeiro, como expositores, NoáLopes Rafael, João Aparecido Ribeiro e Milton Me-nezes; em fevereiro, falaram Cristiano Zakour, Al-berto Leitão Rosa e Isaura de Oliveira Hart. O localfoi o Auditório Sylvio Walter Xavier, na cobertura doedifício-sede do Lar Fabiano de Cristo, Rua dos Invá-lidos, l4, Centro – Rio de Janeiro. (SEI, 12/1/2008.)

Rádio Rio de Janeiro: Índice de audiênciaDe acordo com os dados fornecidos pelo Institu-to Brasileiro de Opinião, Pesquisa e Estatística(IBOPE), a Rádio Rio de Janeiro atingiu índice iné-dito e histórico de audiência: o terceiro lugar geralde audiência aos sábados, dentre as 23 emissoras quecompõem o rádio AM carioca, aos sábados, nos trêsúltimos trimestres consecutivos. No trimestre setem-bro–novembro de 2007, a emissora alcançou, aossábados, no Grande Rio, a audiência média de 9.004ouvintes por minuto. (Assessoria da RRJ.)

Seara Espírita

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