PALESTRA :

REFLEXÕES SOBRE O ADVOGADO E A ADVOCACIA

➢ PROF.DR. CESAR LUIZ PASOLD

➢ Doutor em Direito do Estado pela Faculdade de

Direito do Largo São Francisco da USP; Pós

Doutor em Direito das Relações Sociais pela

Universidade Federal do Paraná- UFPR; Mestre em

Instituições Políticas e Jurídicas pela UFSC;

Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde

da USP. Professor de “Teoria do Estado e da

Constituição” e de “Fundamentos da Percepção

Jurídica”, nos Cursos de Doutorado e Mestrado do

Programa de Pós Graduação em Ciência Jurídica

da UNIVALI.

➢ E-mail: clp@cesarluizpasold.com.br

➢ Site/blog:

www.conversandocomoprofessor.com.br

➢ Autor de diversas obras e artigos científicos. Destaque

para duas: (1) O Advogado e a Advocacia.

3.ed.rev.atual.amp.Florianópolis: OAB/SC Editora, 2001;

(2) Metodologia da Pesquisa Jurídica : Teoria e Prática.

14 ed.rev.atual.amp. Florianópolis: Emais, 2018.1

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O ACADÊMICO DE DIREITO TEM QUE TER

UMA CARACTERÍSTICA CULTURAL TRÍPLICE, MUITO ESPECÍFICA E PECULIAR :

DEVE CONSTITUIR-SE NUM SER PESQUISADOR CONCOMITANTEMENTE COM A

CONDIÇÃO DE SER REFLEXIVO E COM A CARACTERÍSTICA DE UM SER POLÍTICO

SER BACHAREL EM DIREITO NÃO

IMPLICA NECESSARIAMENTE EM SER ADVOGADO.

ALGUNS EXEMPLOS DE POSSIBILIDADES

PROFISSIONAIS PARA O BACHAREL EM DIREITO :

ADVOGADO LIBERAL (INSCRIÇÃO NA

OAB DECORRENTE DE APROVAÇÃO NO EXAME DE ORDEM)

MAGISTRADO (APROVAÇÃO EM CONCURSO PUBLICO RESPECTIVO)

DEFENSOR PUBLICO (APROVAÇÃO EM CONCURSO PUBLICO RESPECTIVO)

CONSULTOR JURÍDICOS DE ENTIDADE PÚBLICA (APROVAÇÃO EM CONCURSO PUBLICO RESPECTIVO)

PROCURADOR DA REPÚBLICA, ADVOGADO GERAL DA UNIÃO, PROCURADOR DO ESTADO, PROCURADOR AUTÁRTICO, DELEGADO DE POLÍCIA. (APROVAÇÃO EM CONCURSO PUBLICO RESPECTIVO)

PROFESSOR UNIVERSITÁRIO EM CURSOS JURÍDICOS( TER CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO E/OU MESTRADO E/OU DOUTORADO EM DIREITO OU CIÊNCIA JURIDICA)

QUALQUER QUE SEJA A ATIVIDADE

PROFISSIONAL QUE O BACHAREL EM DIREITO VENHA A EXERCER, ELE SEMPRE DETÉM UMA FUNÇÃO SOCIAL ESPECÍFICA:

>>> SER O ESTIMULADOR, O DIFUSOR E

O GARANTIDOR DA NOÇÃO TEÓRICA E PRINCIPALMENTE DA PRÁTICA DA CONSCIÊNCIA JURÍDICA

CONSCIÊNCIA JURÍDICA É A NOÇÃO CLARA, PRECISA, EXATA , DOS DIREITOS E DOS DEVERES QUE A PESSOA DEVE TER, ASSUMINDO-OS E PRATICANDO-OS CONSIGO MESMO, COM SEUS SEMELHANTES E COM A SOCIEDADE.2

2 Conforme PASOLD, Cesar Luiz. O Advogado e a Advocacia. cit.p. 54.

➢ O ADVOGADO E SUA

CARACTERIZAÇÃO BÁSICA

O STATUS CONSTITUCIONAL DIFERENCIADO

“Da Advocacia (Denominação da Seção com redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)

Art. 133. O advogado é indispensável à

administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.” (ARTIGO 133 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL- CRFB/883)

➢ Honor et Onus

3 http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao1988.html - acesso em 06/08/18

➢ LEI Nº 8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994.4

Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

➢ TÍTULO I ➢ Da Advocacia ➢ CAPÍTULO I

➢ Da Atividade de Advocacia

Art. 1º São atividades privativas de advocacia:

➢ I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais; (Vide ADIN 1.127-8)

➢ II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.

➢ § 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal.

➢ § 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados.

➢ § 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.

4 Em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm acesso em 05/08/18.

➢ Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça.

➢ § 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social.

➢ § 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público.

➢ § 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta lei.

➢ Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),

➢ § 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do regime próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional.

➢ § 2º O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos previstos no art. 1º, na forma do regimento geral, em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste.

CAPÍTULO II

➢ Dos Direitos do Advogado

Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.

Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu desempenho.

DESTAQUE MUITO ESPECIAL : A ÉTICA DO ADVOGADO E NA ADVOCACIA

ANEXO ÚNICO DA RESOLUÇÃO N. 02/2015 – CFOAB – CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – OAB5 TÍTULO I DA ÉTICA DO ADVOGADO CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os princípios da moral individual, social e profissional. Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu ministério em consonância com a sua elevada função pública e com os valores que lhe são inerentes. [......]

5 Em: https://www.conjur.com.br/dl/codigo-etica-oab3.pdf - acesso em 06/08/18.

Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos.

Art. 4º O advogado, ainda que vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, ou como integrante de departamento jurídico, ou de órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e independência. Parágrafo único. É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de causa e de manifestação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a direito que também lhe seja aplicável ou contrarie orientação que tenha manifestado anteriormente.

Art. 5º O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização.

Art. 6º É defeso ao advogado expor os fatos em Juízo ou na via administrativa falseando deliberadamente a verdade e utilizando de má-fé.

Art. 7º É vedado o oferecimento de serviços

profissionais que implique, direta ou indiretamente, angariar ou captar clientela.

[ .... ] Art. 80. Fica revogado o Código de Ética e

Disciplina editado em 13 de fevereiro de 1995, bem como as demais disposições em contrário. Brasília, 19 de outubro de 2015.

OS DESAFIOS AO ADVOGADO E À ADVOCACIA NO BRASIL NOS ULTIMOS 50 ANOS- DE 1968 A 2018 6:

Nos 50 anos de Advocacia completados em 08 de maio deste 2018 “vivi intensamente a Advocacia Forense e Consultiva sob a égide de duas Constituições da República: a de 1967, aprovada pelo Congresso Nacional que se auto proclamou como constituinte mas não o era a luz do Direito Constitucional Clássico ; e a de 1988 ( completa 30 anos em outubro deste ano), cujo preambulo refere-se à Assembleia Constituinte, quando na verdade foi aprovada por Congresso Constituinte.

6 Trechos extraídos de : PASOLD, Cesar Luiz. Discurso na homenagem aos 50 anos de Advocacia. Ilha de Santa Catarina, em 08 de maio de 2018. ( Exemplar original).

Nestes 50 anos atuei sob a vigência de dois Códigos Civis: o promulgado em 1º de janeiro de 1916, e vigente a partir de 1º de janeiro de 1917, e o de 2002 com a polêmica sobre sua entrada em vigor em 2003 (11 de janeiro).

Estive sob o disciplinamento de três

Códigos de Processo Civil: Código de Processo Civil de 1939, Código de Processo Civil de 1973, e o de 2015 ( em vigor desde março de 2016).

E de apenas um Código Penal,

estabelecido pelo Decreto Lei n. 2848 de 07 de dezembro de 1940, nascido na Ditadura de Getúlio Vargas, com uma configuração que caracteriza a sua inadequação para o Brasil contemporâneo!

Sob somente um Código de Processo Penal, estabelecido em 1942 pelo Decreto Lei n.3689 de 03 de outubro de 1941, também defasado!

E sob a Lei n. 6015, de 31 de dezembro de

1973 , dispondo sobre os registros públicos, que entrou em vigor a partir de 10 de janeiro de 1976, conforme disposto em seu artigo 298.

E , enfim, exerci a Advocacia sob a CLT

estabelecida pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 01/05/1943, e, agora recentemente sob as perplexidades da Lei nº 13.467, de 13/07/2017 , e seus acréscimos e decréscimos ainda indefinidos!

GRATO PELA ATENÇÃO!