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1 REDUÇÃO DA POLUIÇÃO CAUSADA PELA FUMAÇA DOS INCÊNDIOS TROPICAIS 04 Policybriefs A POLUIÇÃO CAUSADA PELA FUMAÇA é um problema sério de saúde pública e prejudica o bem-estar de grande número de pessoas em amplas áreas dos trópicos úmidos. Cuidado com as generalizações errôneas que podem atrapalhar o debate sobre a fumaça. A maioria dos incêndios nas regiões tropicais úmidas não são espontâneos e não ocorrem na floresta primária. Do mesmo modo os pequenos produtores rurais não são o único ou mesmo o mais importante grupo responsável pelo fogo. Na busca por soluções os formuladores de políticas precisam atacar estes preconceitos para entender as causas mais profundas do problema da fumaça. A fumaça é tanto um problema quanto um sintoma DEST A Q UES A fumaça é tanto um problema quanto um sintoma. Fatos e ficções atrás das chamas. Nem todos incêndios são iguais. Ação enfocando as causas fundamentais. Algumas dicas para financiadores. Uma agricultora cultiva o solo enquanto restos culturais queimam ao fundo. ICRAF

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REDUÇÃO DA POLUIÇÃO CAUSADA PELA FUMAÇA DOS INCÊNDIOS TROPICAIS

04Policybriefs

Em 1997, uma densa camada de fumaça cobriugrande parte do Sudeste Asiático. Este desastrealcançou as manchetes mundiais, não somente pelasua dimensão - estima-se que 70 milhões de pessoasem seis países foram afetadas - mas também por causadas imagens apocalípticas que o acompanharam:quase escuridão ao meio-dia, tráfico rodoviário lento,aeroportos fechados, colisão de petroleiros no mar,serviços de emergência em colapso e hospitais lotadoscom vítimas deste desastre ecológico. Ainda, esta nãofoi a primeira ocorrência de poluição causada pelafumaça na região. Episódios similares ocorrerammuitas vezes antes - mais recentemente em 1994.Este problema não é confinado ao Sudeste Asiático: Afumaça tem sido, há muito tempo, um assunto local,e algumas vezes internacional, na Amazônia, e amaioria das áreas de campo do trópico úmido daÁfrica seriam florestas se não houvesse freqüentesincêndios. Muitas florestas na Ásia e na AméricaLatina se transformarão em campos ou pastagens seos padrões atuais de incêndios continuarem.

A fumaça é mais que um incômodo efeito colateralcausado pelo uso do solo nos trópicos úmidos. Elacausa sérios prejuízos à saúde da população, causandoproblemas que vão desde dor de garganta, olhoslacrimejantes e dificuldades respiratórias, no curtoprazo, até asma crônica, enfizema, câncer de pulmãoe doença nos olhos e na pele, a longo prazo.Também se incluem altos custos econômicos que sãopercebidos imediatamente, na forma de absenteísmo,

fechamento de estabelecimentos, redução de turismo,atrasos nos aeroportos e acidentes, sem mencionar asmedidas de emergência, caras e muitas vezes inúteis,tomadas para eliminar os incêndios.

Mas o prejuízo também é sentido a longo prazo, jáque turistas evitam estas regiões que são encaradascomo arruinadas e os problemas de saúde impõempeso considerável nos serviços públicos de saúde quejá contam com poucos recursos. Os economistasestimaram que o prejuízo para a Indonésiaproveniente dos incêndios e da fumaça de 1997/98alcançou bilhões de dólares; este valor seria aindamais elevado se a perda de biodiversidade e da vidasilvestre e os efeitos no aquecimento global, atravésda emissão de carbono, fossem contabilizados. Foradesta contabilidade está, ainda, o prejuízo causado àsrelações internacionais: tanto a Indonésia quanto oBrasil têm sido rotulados como " maus vizinhos"pelos outros países nas suas respectivas regiões.

A fumaça é, então, um sério perigo ambiental comaltos custos tanto regional quanto globalmente. Masabordar a fumaça e seus efeitos no momento de crisenão resolverá o problema - e, de fato, pode desviar aatenção de suas verdadeiras causas. Apagar o fogoque há atrás da fumaça demandará uma melhorcompreensão dos fatores biofísicos, sociais e políticosque fazem as pessoas iniciarem os incêndios - fatoresque muitas vezes são mal retratados pelos governos emeios de comunicação social.

A POLUIÇÃO CAUSADA PELA FUMAÇA é um problema sério de saúde pública e prejudica o bem-estarde grande número de pessoas em amplas áreas dos trópicos úmidos.

Cuidado com as

generalizações errôneas

que podem atrapalhar o

debate sobre a fumaça.

A maioria dos incêndios

nas regiões tropicais

úmidas não são

espontâneos e não

ocorrem na floresta

primária. Do mesmo

modo os pequenos

produtores rurais não

são o único ou mesmo o

mais importante grupo

responsável pelo fogo.

Na busca por soluções

os formuladores de

políticas precisam atacar

estes preconceitos para

entender as causas mais

profundas do problema

da fumaça.

A fumaça é tanto um problema quanto um sintoma

DESTAQUESA fumaça é tanto umproblema quanto umsintoma.

Fatos e ficções atrás daschamas.

Nem todos incêndiossão iguais.

Ação enfocando ascausas fundamentais.

Algumas dicas parafinanciadores.

junho de 2002

Uma agricultora cultiva osolo enquanto restosculturais queimam aofundo.

ICR

AF

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Fatos e ficções atrás das chamasMuitos mitos cercam as causas dos incêndios.Um mito, que pode ser descartadoimediatamente, é aquele do incêndio espontâneo- que começou por acidente ou pelas própriasforças da natureza. Acidentes acontecem, mas avasta maioria dos incêndios nos trópicos úmidosé iniciada deliberadamente já que derrubar equeimar a vegetação é maneira mais efetiva, emtermos de custo, para limpar a área a serutilizada para fins agropecuários (veja quadroabaixo)

Um outro mito, e este é um dos que têm sidopromovidos pelos governos, é que os incêndiossão iniciados exclusivamente pelos pequenosproprietários. Embora as práticas de derruba-e-queima deste grupo são indubitavelmenteresponsáveis por significativa proporção dosincêndios, os grandes proprietários rurais têmdado grande contribuição ao fenômeno,particularmente para os grandes incêndios. Porexemplo, estudos sobre a poluição causada pelafumaça em 1997 em Sumatra mostrou queaproximadamente dois terços dos incêndiosestavam associados com a abertura de grandesáreas, de milhares de hectares cada, para oestabelecimento de "plantations" de óleo depalma e outros empreendimentos de larga escala.Além de serem mais extensos, os incêndioscausados pelos grandes proprietários tendem aser mais demorados que aqueles iniciados pelospequenos produtores.

Tais estudos ajudam a derrubar um outro mito:os incêndios invariavelmente destroem a florestaprimária. Isto não equivale a dizer que a florestaprimária nunca é afetada, mas que outros tipos devegetação são muitos mais prováveis de seremvítimas de incêndios. Embora o termo "incêndio

florestal" foi freqüentemente usado para descreveras crise da Indonésia em 1997/98, um estudo dailha de Sumatra mostrou que a floresta primáriarelativamente pouco sofreu. O que realmentequeimou, no entanto, foi a apenas a vegetação deáreas baixas e alagadiças e a rebrota após aextração da madeira. Na Amazônia e na ilha deBornéu, Indonésia, práticas de extraçãomadeireira não-sustentáveis têm tornado áreas deflorestas de várzea vulneráveis a incêndios,particularmente durante os anos de El Niño.

Nem todos incêndios são iguaisA quantidade de fumaça gerada por um incêndiovaria enormemente de acordo com as condiçõeslocais. Geralmente, muita fumaça provém deáreas relativamente pequenas. Na Indonésia, porexemplo, os incêndios com mais fumaça sãoaqueles em solos de turfa ou em floresta de áreasalagáveis com este tipo de solo, que tendem aqueimar lentamente por semanas ou mesmosmeses, produzindo muito mais fumaça porunidade de área que os incêndios em regiões maisaltas. Embora estas áreas somaram menos que umterço da área total queimada durante os incêndiosde 1997 na Indonésia, forneceram mais que doisterços do total dióxido de carbono e de partículasque formaram a grande nuvem de fumaça de1997/98.

O condições de tempo e a época do ano tambémimportam. Incêndios iniciados em época do anoinadequada ou sob condições meterológicasadversas - quando a inversão térmica retém afumaça próxima ao solo - criam problemas pioresque os iniciados em outras épocas. No SudesteAsiático e em grande parte da Amazônia apoluição causada pela fumaça é pior em anos deEl Niño, quando chove menos nestas regiões. Istonão significa que o fenômeno El Niño é a causada fumaça. A menor quantidade de chuva criacondições ideias para a abertura de novas áreas,concentrando um processo que, de outramaneira, teria acontecido ao longo de muitosanos.

Assim como os incêndios podem ser "limpos" ou"sujos", do mesmo modo podem ser umaferramenta ou uma arma. Alguns dos incêndiosostensivamente iniciados para limpar áreas paracultivos em larga escala na realidade têm aintenção de expulsar pequenos produtores rurais,que muitas vezes não têm segurança da posse daterra, embora suas famílias tenham vivido na áreaem questão, utilizando-a de maneira sustentávelpor décadas. Não surpreende o fato de algunsdestes pequenos agricultores despejadosretornarem alguns anos mais tarde ateando fogo

nas grandes plantações comerciais como forma devingança. Em muitas áreas rurais nos trópicosúmidos os incêndios se tornaram muitofreqüentes, não por causa das condições detempo, mas por causa de políticas governamentais(veja quadro na página 3).

Agir agora enfocando as causasfundamentaisOs incêndios não são intrinsicamente ruins.Eles podem, se bem manejados, ser uma técnicalegítima de baixo custo para eliminar vegetaçãoindesejada. O desafio para formuladores depolíticas é minimizar os efeitos adversos do fogoe da fumaça ao invés de banir o uso do fogo.Quais são as opções disponíveis?

As técnicas de limpeza de área que nãoenvolvam fogo podem ter forte apelo perante aopinião pública. Mas, do ponto de vista doagricultor, métodos que aceleram adecomposição da vegetação, máquinas quefragmentam a biomassa e outras técnicas quedescartam o uso do fogo são menos efetivas emais caras que a queimada. A garantia da amplaadoção de tais técnicas demandaria, portanto,incentivos financeiros, regulação efetiva oucoerção. Uma vez que a floresta foi derrubada,no entanto, pode haver sistemas de uso de soloalternativos que prescindam de freqüentesqueimadas. Experiências recentes na Amazôniasugerem que forrageiras com a melhoria dafixação de nitrogênio e o pastejo rotacionadopodem ser maneiras sustentáveis, bem comolucrativas, de manejar as pastagens sem o uso dofogo.

A melhoria da capacidade local de regular o usodo fogo é mais promissora que a maioria dasopções técnicas, mas geralmente édesconsiderada. Regimes de manejo do fogoseguidos por habitantes de determinadas áreas jáexistem em algumas áreas do Sudeste Asiático ena Amazônia e podem ser altamente efetivos, jáque são legitimados pelas próprias populaçõeslocais, o que reduz em muito a possibilidade deconflitos para a sua adoção. Regras locaisestabelecem quem pode queimar e em qualépoca do ano, assegurando que os vizinhossejam notificados antes da queimada, eestabelecendo a quantia a ser paga em caso dedados em propriedade alheia. Na provínciatailandesa de Nan, por exemplo, pesquisadoresdescobriram que, apesar da legislaçãogovernamental para controlar incêndios, eradifícil, ou mesmo impossível enquadrar oscidadãos: dois terços dos povoados tinham seuspróprios regulamentos para o uso do fogo e

22ASB Policybriefs • junho 2002

O fogo como uma ferramentaA derruba-e-queima é uma técnica de abertura e limpeza de

área atrativa tantos para pequenos proprietários quanto

grandes empresas rurais pelo fato de ser fácil e barata - e

efetiva. Além de eliminar restos culturais e da floresta, a

queima retarda o problema com ervas-daninhas, reduz

problemas com pragas e doenças, facilita o plantio e

proporciona a cinza, que age como fertilizante.

Uma pesquisa em Sumatra, Indonésia, mostrou que,

enquanto os incêndios são mantidos em baixa a média

intensidade, a queimada aumenta a disponibilidade de

fósforo, que é geralmente um nutriente que limita o

crescimento vegetal nos solos tropicais. A queimada pode

até ser superior a outros métodos de abertura de área do

ponto de vista ambiental. Por exemplo, tratores pesados

podem causar a compactação do solo e o aumento do risco

de erosão.

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cobravam multas por danos causados porincêndios descontrolados. Utilizando aabordagem local visando estabelecerresponsabilidade para o controle do fogo, umprojeto piloto envolvendo 45 povoadosconseguiu reduzir a disseminação acidental dequeimadas.

Mas instituições locais efetivas, sozinhas, nãoserão suficientes - especialmente em áreas sobtensão por causa de conflitos de terra. Além deaumentar a agitação social, as invasões de terrapatrocinadas pelas grandes companhiasdesincentivam as populações locais a prevenir,avisar sobre os incêndios e lutar contra osmesmos. Nestes casos, devem-se rever a questãoda posse de terra e a estratégia dedesenvolvimento, reconhecendo os direitos dascomunidades locais e estabelecendo leistransparentes e aplicáveis sobre queimadas quecontemplem todos os usuários da terra, ricos oupobres, grandes ou pequenos.

De fato, um dos meios de se combater oproblema da fumaça é implementar políticasque reforcem e apóiem o manejo sustentável daterra pelos pequenos produtores reduzindo,deste modo, conflitos de terra que levam aincêndios premeditados. Em Sumatra eKalimantan, Indonésia, isto significa a mudançade foco de investimento em grandes plantações

comerciais para ampla estratégia dedesenvolvimento para pequenos produtores. Omanejo comunitário das florestas e os sistemasagroflorestais em pequenas propriedades sãoalternativas sustentáveis que podem melhorar ascondições de vida de milhões de pessoas pobresao que mesmo tempo em que contribuem parao crescimento econômico. O manejocomunitário não requer fogo, enquanto algunssistemas agroflorestais necessitam de apenasuma queimada inicial enquanto outros ampliamconsideravelmente o intervalo de tempo em quese faz necessário o uso de fogo. O sistemaagroflorestal de Krui, no sudoeste de Sumatra, éum bom exemplo de manejo comunitáriosustentável (veja ASB Policybrief 2). Masmesmo estas abordagens ainda precisam de sersuplementadas por uma estratégia efetiva quevise a proteção de parques e reservas naturais deinvasões.

A remoção de barreiras comerciais quedeprimem os preços de madeira proveniente desistemas agroflorestais sustentáveis é outra opçãopromissora para reduzir o problema da fumaça.Na Indonésia, os proprietários rurais, aoderrubarem árvores - por exemplo, seringueirasjá velhas - tendem a queimar a madeira ao invésde vendê-la. Isto ocorre em conseqüências depolíticas públicas que visam proteger as florestasnaturais e estimular a indústria processadora

doméstica e têm o efeito de manter o preço damadeira artificialmente baixo. Adesregulamentação do mercado para espéciesagroflorestais afetadas por estas medidas poderiareduzir a emissão de fumaça sem encorajar odesmatamento (veja ASB Policy Brief 3).

Afinal, a chave para a redução da poluiçãocausada pela fumaça será a tornar os agentessociais responsáveis pelas suas próprias ações.Isto significa promover um ambiente de opiniãopública, bem como de arcabouço legal no qualas políticas alcancem a todos. Há, no entanto,forte argumento para aplicar a lei para osgrandes proprietários primeiramente. Porque osmesmos são em menor número e tendem aqueimar maiores áreas, suas atividades não sósão mais fáceis de serem monitoradas como ocontrole dos incêndios em suas terras terá umimpacto substancial. Na Indonésia, asqueimadas efetuadas pelos grandes proprietáriosjá é formalmente regulamentada por um sistemade permissão. Em 1997, o número depermissões em algumas províncias do paíscresceu dramaticamente - um fato diretamenteassociado com o episódio da poluição.

A não liberação de permissões para o uso dofogo em anos de El Niño poderia se tornar umamedida de controle efetiva para operadores delarga escala. Restrições seletivas ainda têm sido usadas em alguns locais para proibir a queimada onde o risco

O fogo como umaarmaUma equipe de pesquisadores usou

dados de satélite para mapear grandes

áreas que foram queimadas em oito

sítios em Sumatra e Kalimantan

(Indonésia) em 1997 e 1998. O

mapeamento participativo (mostrado à

direita) revelou as causas fundamentais

destes incêndios a partir da perspectiva

local. Estes estudos encontraram

grande variação nos responsáveis pelo

uso do fogo e seus motivos. Mas

também houve similaridades:

desmatamento previamente realizado,

melhoria de acesso e, principalmente,

posse de terra precária e conflito por

recursos foram identificados como

fatores que tornavam uma área mais

provável de sofrer os efeitos do fogo.

Paradoxalmente, ações locais para

prevenir e conter incêndios tinham

maior probabilidade de ocorrerem em

áreas com estabilidade social e direitos

de posse definidos, embora informais.

CIF

OR

, IC

RA

F, U

SDA

For

est

Serv

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proj

ect.

Pesquisa social e mapeamento participativo

1

2

3

4

1 Devido ao conflito entrea comunidade local e umaempresa rural que se dedicaà monocultura, aspopulações locais nãotinham incentivo paracontrolar o fogo quealastrava pela monocultura.

2 Migrantes queimavamuma área de concessão paraextração de madeira jádesmatada na esperança deadquirir a terra.

3 Pequenos produtoresqueimavam áreas com coco edendê para reclamar terraapropriada por uma grandecompanhia.

4 Cultivo comercial demadeira em larga escalaqueimada pela populaçãolocal.

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Para maiores informações:

Applegate, G, Chokkalingam, U and Suyanto(2001). The Underlying Causes and Impacts ofFires in South-east Asia: Final Report. CIFORJakarta, Indonesia.

Byron, N. Managing smoke: Bridging the gapbetween policy and research. Agriculture, Ecosystemsand Environment (forthcoming).

Glover, D and Jessup, T (eds) (1999). Indonesia’sfires and haze: The cost of catastrophe.ISAS/IDRC Report.

Hoare, P. The process for community andgovernment cooperation to reduce the forest fireand smoke problem. Agriculture, Ecosystems andEnvironment (forthcoming).

Ketterings, QM, Tri Wibowo, T, van Noordwijk, M and Penot, E (1999). Farmers’ perspectives onslash-and-burn as a land clearing method for small-scale rubber producers in Sepunggur, JambiProvince, Sumatra, Indonesia. Forest Ecology andManagement 120: 158-169.

Murdiyarso, D, Lebel, L, Gintings, AN,Tampubolon, SMH, Heil, A, and Wasson, M.Policy responses to complex environmentalproblems: insights from a science-policy activity ontransboundary haze from vegetation fires inSoutheast Asia. Agriculture, Ecosystems andEnvironment (forthcoming).

Reinhardt, T, Ottmar, R, and Castilla, C (2001).Smoke impacts from agricultural burning in a rural Brazilian town. Journal of the Air and Waste Management Association51: 443-450.

Stolle, F and Tomich, T (1999). The 1997-1998fire event in Indonesia. Nature and Resources 35(3): 22-30.

Tomich, T, Fagi, A, de Foresta, H, Michon, G,Murdiyarso, D, Stolle, F, and van Noordwijk, M(1998). Indonesia’s fires: Smoke as a problem,smoke as a symptom. Agroforestry Today10 (1): 4-7.

Artigos relacionados com o problema da fumaça naIndonésia e soluções potenciais estão disponíveisno site do CIFOR. www.cifor.cgiar.org/news/fire-problem.htm, www.cifor.cgiar.org/fire-project/index.htm e w.cifor.cgiar.org/news/fire.htme no site IUCN/WWF Project Firefight SE Asia:www.pffsea.com.

Este documento foi desenvolvido com contribuições de Achmad M. Fagi, do AARD; DanielMurdiyarso, da Universidade Agrícola de Bogor; Judson Valentim e Samuel Oliveira, daEmbrapa; Carlos Castilla, da Universidad del Pacífico, Colômbia; Rona Dennis e Luca Tacconi,do CIFOR; Erick Fernandes e Quirine Ketterings, da Universidade de Cornell; Jessa Lewis,Debra Lodoen, Suyanto, Thomas Tomich, Meine van Noordwijk e Lou Verchot, do ICRAF;Hubert de Forest e Genevieve Michon, do IRD; Steward Maginnis, Peter Moore e Jeff Sayer, doIUCN/ WWF; Fred Stolle, da Universidade Católica Louvain-la-Neuve, Bélgica; Charles Dull eAlex Moad, do Serviço Florestal do USDA.

Recursos financeiros proporcionados pelo Banco de Desenvolvimento da Ásia, Governo daHolanda e USAID.

O ASB incentiva a livre disseminação deste trabalho quando a reprodução tiver objetivos não-comerciais. Partes deste documento podem ser transcritas ou reproduzidas sem custo, desde quea fonte seja citada. © 2002 Alternatives to Slash-and-Burn.

Contate-nos:ASB Programme, ICRAFP.O. Box 30677, Nairobi, Kenya.

Tel: +254 2 524114/524000 ou + 1 650 833 6645Fax: +254 2 524001 ou + 1 650 833 6646Website: http://www.asb.cgiar.orgE-mail: [email protected]

Por favor, envie-nos o nome e endereço de pessoas quevocê acha que deveriam estar em nossa lista decorrespondência

Editor da série:Thomas Tomich. Editor associado: Jessa Lewis. Texto: Simon Chater, Green Ink Ltd. Design: Conrad Mudlbo. Tradução: Samuel J. de Magalhães Oliveira. Layout: Joyce Kasyoki

A série ASB Policybriefs é publicada pelo Programa Alternativas à Derruba-e-Queima (ASB) e busca disponibilizar material de leitura conciso e rele-vante para pessoas-chave cujas decisões farão diferença para a redução da pobreza e a proteção ambiental nos trópicos úmidos.

de problemas com fumaça é maior. Por exemplo, em Rondônia

as queimadas se restringem a um período de duas a três semanas

na estação seca, quando o risco de poluição é menor. Pesquisas

mostraram que, embora as pessoas ainda estivessem expostas a

uma poluição significativa causada pela fumaça (comparável

àquela observada em áreas urbanas moderadamente poluídas), a

qualidade geral do ar melhorou e o tempo de exposição foi

minimizado durante a estação regulamentada de uso do fogo.

Em caso de emergência: algumas dicas parafinanciadores

Não se engane com decisões de governo impensadas no sentido

de proibir queimadas durante uma emergência. Proibições

apressadamente impostas pelo governo central não são a

resposta para uma crise de poluição causada pela fumaça. Em

muitas áreas rurais dos trópicos um governo local fraco impede

a implementação de tais proibições. Além disso, o peso da

obediência à proibição aplicada nos trópicos provavelmente cai

desproporcionalmente sobre os pobres, que são mais facilmente

abordados pelos agentes de fiscalização e que não têm recursos

para encontrar alternativas ao uso do fogo.

Mas, de fato, apóie a proibição parcial de uso de fogo em solo

de turfa e em áreas alagadiças de turfa. Esta é uma opção de

impacto por causa das maiores quantidades de fumaça emitidas

nestas áreas. Já que esta proibição focaliza uma pequena área

pode ser mais facilmente operacionalizável. Mas mesmo

proibições parciais requerem sistema de vigilância e fiscalização

efetivos.

Não espere doações emergenciais de botas, pás, caminhões de

combate a incêndio, aviões-tanque e outros equipamentos de

combate ao fogo para abordar o problema geral. A luta direta

contra o fogo se esquece do essencial: a maioria dos incêndios

tropicais é intencional, mesmo em anos de El Niño intenso.

Além disso, na maioria dos casos, tal assistência provavelmente

chegará muito tarde.

Mas dê assistência emergencial direta a incêndios em solo de

turfa e em áreas alagadiças, que são, novamente, uma exceção.

Assistência técnica de emergência pode ser crucial no combate

destes incêndios extraordinariamente persistentes e podem

render grandes dividendos na prevenção da poluição causada

pela fumaça.

Acima de tudo, promova o acesso à informação. Durante uma

emergência causada por fumaça, o maior retorno provavelmente

virá dos eforços em publicar quem está provocando incêndios.

Pela sua habilidade em mostrar imagens de satélite

extraordinariamente reveladoras, a internet é uma ferramenta

para apontar e intimidar os que mais agridem a sociedade com

o uso indiscriminado do fogo. O apoio a iniciativas de

disponibilizar tal informação local, nacional e

internacionalmente podem proporcionar grandes benefícios a

baixo custo. (veja quadro acima)

O website "Observatório da Terra" da NASA mostra afumaça dos incêndios (indicados por quadrados vermel-hos) sobre parte de Sumatra no início de 2002.

Fonte:http://eob.gsfc.nasa.gov/NaturalHazards/natural_hazards_v2.php3?img...id=2127,cortesia de Jacques Descloitres, Equipe de Resposta Rápida para a Terra MODIS, NASA.

A internet como umaferramenta para responsabilizaros agentes sociais através daconscientização públicaOs incêndios ocorrem todos os anos nostrópicos, acompanhados de problemas coma fumaça de diversos graus. Mas o episódiodo fogo na Indonésia em 1997/98 recebeu,de longe, mais atenção que os eventosanteriores deste tipo, devido principalmenteà enorme influência da internet. Agênciasgovernamentais, organizações não-governamentais (ONGs), agências doadorasbilaterais e multilaterais e programas depesquisa na Indonésia e em outros locais,todos disponibilizaram informações porintermédio da internet diariamente.