redefinindo a diplomacia num mundo em …
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REDEFININDO A DIPLOMACIA NUM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO- 5°
ENCONTRO NACIONAL ABRI
31/07/2015- Belo Horizonte
Análise de Política Externa
DIPLOMACIA PÚBLICA E MÍDIA – UM PANORAMA COMPARATIVO DOS
GOVERNOS LULA (2003-2010) E O GOVERNO DILMA (2011-2014) A PARTIR DA
ANÁLISE DE CONTEÚDO DE DISCURSOS OFICIAIS DE POLÍTICA EXTERNA
BRASILEIRA.
Pablo Victor Fontes Santos (UERJ), Alana Camoça Gonçalves de Oliveira (UFRJ)
Artigo: Diplomacia Pública e Mídia – um panorama comparativo dos Governos Lula
(2003-2010) e o Governo Dilma (2011-2014) a partir da Análise de conteúdo de
discurso da Política Externa Brasileira.
FONTES, Pablo1
OLIVEIRA, Alana2
RESUMO: O artigo visa ponderar as mudanças observadas nas agendas da Política
Externa Brasileira, mais particularmente no que diz respeito aos atores domésticos e
ao redimensionamento do papel do Ministério das Relações Exteriores. Nesse sentido,
o artigo analisa principalmente a questão da mídia como um novo ator da Política
Externa Brasileira, entender seus repertórios, discursos e interesses, buscando para
isso um arcabouço teórico com referências aos autores que estudam a relação entre a
mídia e a diplomacia pública pautada pelos presidentes da república Lula (2003-2010)
e Dilma (2011-2014). A metodologia utilizada nesse trabalho é a análise do conteúdo
do discurso com o auxílio do software Nvivo.
PALAVRAS- CHAVES: Política Externa Brasileira, Diplomacia Pública, Mídia e
Análise de Conteúdo do discurso.
INTRODUÇÃO:
O presente artigo busca pela compreensão da Política Externa Brasileira como
política pública e a perspectiva da mídia como ator. Assim sendo, o conceito de
diplomacia pública e a importância da mídia são tratados como artifícios
comunicacionais usados para a promoção de diálogo e maior inserção dentro do
panorama do sistema internacional. Como afirma Bizaria, (2012, p.3) o conceito de
diplomacia pública apresenta dois significados complementares. Num primeiro
momento busca contrapor à prática da diplomacia em segredo, comum entre os
Estados que vigorou até o início da década de 1920 do século XX. Assim sendo, a
compreensão da diplomacia pública vincula-se à tentativa da condução mais
transparente dos assuntos estratégicos internacionais entre os Estados. Outra
interpretação do conceito é entendida atualmente como uma prática majoritariamente
privada levada a cabo por meio da realização de programas que objetivam informar ou
influir a opinião pública de outros países.
1Mestrando pelo Programa de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGRI/UERJ). Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Membro do Laboratório de Análise de Política Mundial- Labmundo (IESP/UERJ). E-mail: [email protected] 2Mestranda pelo Programa de Economia Política Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PEPI/UFRJ), Membro do GRISUL da Unirio e Membro do Laboratório de Análise de Política Mundial- Labmundo (IESP/UERJ). E-mail: [email protected]
Para Almeida (2003, p.2), a diplomacia pública visa à construção de uma
imagem e divulgação dessa imagem, construção de um discurso e divulgação desse
discurso, de acordo com as regras da comunicação; da valorização dos aspectos
simbólicos e do seu impacto, da simplificação da mensagem, da penetração desta e
da sua aceitação e internacionalização, os quais são elementos obrigatórios do novo
discurso político de mobilização, normalizado, repetitivo, sugestivo e apelativo. Neste
sentido, a globalização e o poder de informação, como pontuam Almeida (2003) e
Traquina (2005), proporcionado pelas novas tecnologias, a palavra e a imagem, como
instrumentos de divulgação e de promoção, estão intrinsecamente associadas ao
discurso político, seja ele do poder ou do contra poder. Ainda de acordo com Almeida
(2003), o discurso é uma ferramenta utilizada como exercício da diplomacia pública já
que a mesma aborda "construir" e o "vender” uma imagem positiva ao alcance de um
novo "produto" que neste caso é o Estado.
Assim sendo, o Itamaraty utiliza como uma de suas ferramentas da diplomacia
pública o uso de plataformas midiáticas, principalmente redes sociais como Youtube,
página no Facebook e por meio do seu sítio eletrônico3 ponderando um diálogo junto
com a sociedade brasileira, divulgando não apenas a agenda do ministro, mas
também inserindo junto ao site da instituição os discursos proferidos nos Fóruns
Internacionais dos quais participa. Do mesmo modo, o MRE promove o diálogo à
medida que, engendra um blog como ferramenta de conversar e esclarecer dúvidas.
O artigo num primeiro momento irá traçar uma breve análise sobre a Política
Externa Brasileira dos Governos Lula (2003-2010) e Dilma (2011-2014) tendo em vista
a perspectiva da chamada diplomacia altiva e ativa. Em seguida, arrazoará sobre a
dinâmica do que Milani e Pinheiro (2012) colocam como as mudanças observadas nas
agendas da Política Externa Brasileira, mais particularmente no que diz respeito aos
atores domésticos e ao redimensionamento do papel do Ministério das Relações
Exteriores, enxergando a mídia como um ator que utiliza o diálogo e inserção junto ao
sistema internacional. Por fim, o artigo pondera a relação entre a política externa
brasileira, a mídia e a análise do conteúdo dos discursos oficiais dos presidentes da
república. Isto é, a promoção e transformação dos sentidos que os discursos
proferidos fazem da sociedade brasileira e internacional.
POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA: A MÍDIA COMO ATOR
Quando a política externa segue a lógica de ser apenas uma política de
Estado, assumindo uma interpretação mais ortodoxa do texto constitucional, ela
corrobora por fortalecer o insulamento burocrático do Ministério das Relações
3Ver em http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa
Exteriores (MRE). Todavia, quando a política externa é tratada como política pública,
permite abrir portas, realizar diálogos, promover debates. Na perspectiva de Marchetti
(2014) durante os governos Lula (2003-2010) se buscou modificar a atitude da política
externa brasileira de modo a torná-la mais altiva e ativa. O sentido da palavra altiva
retrata a não submissão aos ditames de outras potências, por mais que sejam mais
poderosas que a nação brasileira, ou seja, o Brasil apresenta plena capacidade de
defender seus objetivos e lutar pelos mesmos. Em suma, a diplomacia altiva e ativa
contrapunha qualquer visão que trouxesse um entendimento excessivamente
domesticado e auto-domesticável na política externa, ou seja, tomar decisões
independentes. E também tomar iniciativas nas agendas que estão ditadas, buscando
modificá-las quando necessário e preciso, mas também criar novas agendas.
Autores como Putnam (2011); Milani e Pinheiro (2013); compreendem uma
nova configuração na política externa brasileira a partir de parâmetros que possam
trazer novos atores para a formulação da política externa, buscando mecanismos de
maior participação e interação. Assim sendo, é necessário abrir a caixa preta, ou seja,
fazer com que a política externa deixe de ser apresentada como uma área isolada das
demais, mas perceber que fatos domésticos influenciam e refletem na forma de
conduzir uma determinada nação. Isto é, desvincular a política externa dos fins de
teoria realista ou neorealista. Esse diagnóstico complexo e paradoxal decorre da constatação de que as
relações internacionais, na atualidade, não apenas englobam leque mais amplo
de questões (meio ambiente, direitos humanos, migrações, pobreza,
internacionalização da educação, da saúde e da cultura, cooperação para o
desenvolvimento etc.) que demandam conhecimentos e expertises particulares,
como também implicam, de forma cada vez mais densa e institucionalizada,
uma diversidade de atores agora envolvidos em inúmeros assuntos
internacionais. (MILANI e PINHEIRO, 2013, p.5)
Ainda de acordo com Milani e Pinheiro (2012); (2013), há uma relação entre
Estado e governo no sentido do governo ser uma instituição do Estado que promove
políticas públicas. Nessa promoção não apenas o Itamaraty, mas também outros
órgãos como o Poder Judiciário, Ministério da Cultura implicam na participação
exercendo influência sobre o conteúdo da política a qual está sendo produzida. Esse
rompimento junto à agenda do Ministério das Relações Exteriores flexiona os fins para
os quais outros ministérios possam colaborar, perante suas unidades subnacionais.
Nesse sentido, o MRE por meio do seu sítio eletrônico e diante das redes
sociais, num mundo cada vez mais conectado e globalizado utiliza as ferramentas
como Twitter e Facebook (página) como forma de diálogo e maior participação da
sociedade civil diante do tema da política externa brasileira. Isto é, os meios de
comunicação passam a ser significativos em assuntos onde o interesse estatal esteja
presente, levando os pesquisadores a compreender os reais efeitos que a mídia pode
promover na política externa, na opinião pública e na própria realidade internacional.
Diplomacia Pública e Mídia
O Itamaraty percebendo esse mecanismo tecnológico-midiático o utiliza para o
que se convencionou chamar de diplomacia pública. Segundo Almeida (2003, p.3), o
conceito de diplomacia pública reside na pretensão de construir e divulgar,
publicamente, uma imagem do país de modo positivo, de promover um conjunto de
valores, justificando uma determinada ação de induzir a comunidade internacional
para a aceitação pacífica de uma dada intervenção, e de angariar um capital de
simpatia suscetível, de dar eficácia à política externa delineada.
Durante, o ano de 2009, o Itamaraty criou um perfil institucional no canal do
Youtube, como meio de divulgação de entrevistas do Ministro das Relações
Exteriores, embaixadores, diplomatas e declarações oficiais. No mesmo ano, o
Ministério criou um álbum no Flickr com o intuito de publicar fotos oficiais do MRE e
ainda criou um perfil no Twitter como mecanismo de divulgação de links para notas à
imprensa tanto internacional quanto nacional. Percebendo a importância das mídias
sociais, no ano de 2010, o Itamaraty investiu ainda mais nesta interface, criou uma
página institucional no Facebook, além do microblog intitulado “Diplomacia Pública”
por meio de sua página oficial, combinado com um serviço de feed RSS, ou seja, os
internautas têm acesso direto ao conteúdo de notícias oficiais do Ministério. Além
disso, cerca de 70% dos postos no exterior utilizam as mídias sociais e
aproximadamente 90% dos postos pontuam uma imagem positiva do Itamaraty via
redes sociais4.
De acordo com Gilboa (2001), a diplomacia pública é um mecanismo que traz
novas regras e uma infinidade de implicações entre os governos e o grande público.
Para tanto, a diplomacia segundo o autor é segregada em três postulados: a
diplomacia pública, a diplomacia na mídia e a diplomacia pela mídia. A diplomacia
pública é a construção da imagem feita de um país junto ao exterior por meio de
comunicação direta com governos e indivíduos locais disseminando o pensamento e a
cultura local por meio de intercâmbios culturais. Ainda segundo Gilboa (2001), existe
na atualidade um novo tipo de diplomacia que a difere da pública, a chamada
diplomacia midiática cuja sociedade de informação age de modo que as influências de
conglomerados comunicacionais atuem nas negociações internacionais.
4 Fonte dos dados: Revista JUCA- Diplomacia e Humanidades, N°7, ano de 2014. Acessado em 20/05/2015. Link:http://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/IRBr/pt-br/file/JUCA/Juca%207/juca_07_completa_web.pdf
Para Nascimento (2012, p.20), uma perspectiva construída pela diplomacia é a
influência que se porta junto às agendas dos canais de informações, a capacidade de
aumentar a visibilidade e melhorar a visão que se tem do país, como por exemplo, os
Jogos Olímpicos de 2016 e a Copa do Mundo de Futebol em junho de 2014. De
acordo com o pensamento de Nye (2012), compreende-se que a mídia como Soft
Power5 somada ao Hard Power gera o Smart Power6, ou seja, as duas vertentes
unidas e sinérgicas reverberam em um mecanismo de alto calibre de estruturação no
sistema internacional. Durante os governos Lula essa perspectiva foi muito utilizada
como mecanismo para retratar e impulsionar ganhos em solos internacionais. A
propaganda, nesse sentido, funcionou como força motriz.
Buryte (2013) assinala que durante o governo Lula foi tramitada uma forma de
integração junto aos órgãos do poder executivo a guisa de superar a fragmentação do
governo e agregando estruturas regionais, buscando, nesse sentido, as prioridades
junto à política externa. Mediante sua página na internet, o Itamaraty passou a divulgar
informações sobre a PEB,organizando e distribuiindo junto aos veículos de
comunicação os press release, do mesmo modo, promover diálogos feitos pelo MRE
como mecanismo de maior transparência. Ainda de acordo com Buryte (2013), o
governo Lula possibilitou junto a PEB e sua relação com a mídia um tratamento
diferenciado tendo em vista que, o governo passou a disponibilizar um tratamento
direto para com os correspondentes internacionais, inúmeras entrevistas concedidas
junto aos seus ministros além do próprio presidente.
Dito isto, uma forma de entendimento sobre o papel da mídia na política
externa e suas reflexões junto à diplomacia pública se dá doravante a perspectiva da
análise de conteúdo de discurso, visto que o estudo do discurso proporciona segundo
Grave (2013) um sistema de significação no qual o discurso é entendido como uma
estrutura que possibilita as pessoas não apenas identificarem e diferenciarem as
coisas, mas também um plano de fundo para as práticas discursivas.
Alguns dados elaborados por Milani; Echart; Duarte; Klein (2014) exemplificam
o quanto a diplomacia pública ganhou amplitude não apenas no cenário doméstico,
como também no cenário internacional. Na perspectiva da diplomacia pública
5Joseph Nye cunhou o termo "poder brando" no final de 1980. Agora, é usado com freqüência e muitas vezes de forma incorreta pelos líderes políticos, editorialistas e acadêmicos de todo o mundo. Soft power reside na capacidade de atrair e convencer, influenciando indiretamente o comportamento de outros Estados através dos meios culturais e ideológicos, conquistando seu objetivo através dos meios diplomáticos, culturais e ideológicos. 6Smart Power (Poder inteligente), é um termo nas Relações Internacionais definido por Joseph Nye como "a capacidade de combinar Hard e Soft power em uma estratégia vencedora".1 De acordo com Chester Crocker & Osler Hampson & Aall (2007), o smartpower "envolve o uso estratégico da diplomacia, persuasão, capacitação, projeção de poder e influência de modo que seja rentável e legitima como políticas sociais".
realizada pelo Itamaraty tendo em vista o uso de mecanismos e ferramentas
comunicacionais, os gráficos abaixo relacionam um panorama não apenas do Brasil,
mas também de outras nações que realizam a mesma conjuntura.
Gráfico 1 : Diplomacia pública na internet
Fonte: Atlas da Política Externa Brasileira, 2014; p.60
ANÁLISE DE CONTEÚDO DE DISCURSO A PARTIR DA DIPLOMACIA PÚBLICA
DOS PRESIDENTES DA REPÚBLICA: LULA (2003-2010) E DILMA (2011-2014)
O objetivo principal deste trabalho não é apenas retratar um viés histórico da
política externa brasileira, suas transformações ao longo do tempo, como também
pontuar uma inserção e também transformação do Itamaraty, principalmente diante do
uso de plataformas digitais como mecanismo de diálogo e como forma de pontuar e
asseverar através dos seus discursos o seu posicionamento diante da política externa
e da política internacional. Na visão de Bardin (2011), o entendimento da análise de
conteúdo de discurso parte de uma abordagem investigativa e descritiva do conteúdo
das mensagens, a qual não negligencia as influências socioespaciais e o contexto
econômico, social, cultural e político no qual determinado discurso se insere, mas
também não negligencia a própria capacidade de influência do olhar do pesquisador
sobre este processo.
Ainda segundo a autora, a análise de conteúdo de discurso é desempenhada
por meio de três fases diferentes: a pré-análise, que corresponde a organização do
material, como a escolha dos documentos e do objetivo; a exploração do material que
representa a fase mais longa e complexa com a classificação e codificação das fontes;
e o tratamento dos resultados, por meio da dedução e da interpretação dos dados. Isto
é, a intenção da análise é realizar deduções lógicas, transformando o conteúdo dos
discursos em dados quantitativos e/ou analisando-os de forma qualitativa. Foi com
este intuito que nasceu o projeto Análise de Conteúdo de Discurso do Laboratório de
Análise Política Mundial (LABMUNDO-antena Rio) no ano de 2012.
Na busca por um panorama tanto dos governos Lula (2003-2010) quanto do
governo Dilma (2011-2014), foi utilizado o software NVivo10 como ferramenta de
análise quantitativa do conteúdo dos discursos, como por exemplo, quantificar as
palavras e termos que mais se propagam nos discursos dos governantes. Como
abordam Vilela e Neiva (2011), os programas de codificação de texto, somados a
abordagem qualitativa e quantitativa de modo sinérgico, corroboram para testar
hipóteses, obter percepções novas que simplesmente uma análise qualitativa não
conseguiria impetrar.
Assim sendo, percebe-se que a política externa de um país é resultado da
heterogeneidade discursiva da sociedade, gerando a identidade coletiva do Estado,
que opera em uma estrutura sistêmica e doméstica, sofrendo mudanças, revelando
processos e provocando novas leituras de seus objetivos. De acordo com Foucault
(2008; p.10), por mais que o discurso seja aparentemente pouco relevante, as
interdições que o atingem revelam, logo, sua ligação com o desejo e o poder. O
discurso - como a psicanálise nos mostra- não é simplesmente aquilo que manifesta
(ou oculta) o desejo; é, também, aquilo que é o objeto do desejo; e visto que o
discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou sistemas de dominação,
mas aquilo porquê e pelo quê se luta, o poder do qual se almeja conquistar.
Em termos de mensuração, palavras-chaves foram selecionadas a guisa de
compreender a relação que o MRE busca fazer com a sociedade em termos de
diálogo. Neste sentido, as palavras-chave selecionadas foram seis: diplomacia pública,
mídia, comunicação, internet, jornalismo e opinião pública. Essas palavras foram
elencadas tendo em vista a proposta do trabalho em relatar não apenas a ideia de
transparência, mas como forma de expandir a imagem do país desde o ambiente
doméstico até o internacional. Além disso, as palavras representam um horizonte no
que tange a ênfase ao diálogo.
Assim sendo, essas palavras representam os “NÓS7” que o programa NVivo
ajuda a compor como método de mensuração, ou seja, quantas vezes essas palavras
aparecem e quando aparecem, possibilitando analisar não apenas, a intensidade, mas
também o significado das palavras. As tabelas abaixo mostram um panorama de
quantos discursos foram proferidos a cada ano, a cada mandato e o total de cada
presidente.
Tabela 1: Número de discursos Lula e Dilma na seção Diplomacia Pública
Fonte: Elaboração Própria
É importante notar que no primeiro governo Lula (2003-2006) 1057 discursos
foram proferidos, enquanto no governo Dilma (2011-2014) se observou um total 598,
ou seja, uma retração quase que pela metade. Se levarmos em conta o balanço de
dois mandatos Lula (2003-2010), 2356 discursos foram proferidos, contudo não se
pode ainda, mensurar o governo Dilma (segundo mandato) tendo em vista que está 7 É uma ferramenta do programa NVivo 10 para a codificação dos dados de acordo, por exemplo, com um tema, palavra.
em curso. Assim, cabe adentrarmos no tema do trabalho a respeito de diplomacia
pública e dos discursos.
Gráfico 2: Discursos por temas selecionados
Fonte: Elaboração Própria
Gráfico 3: Percentagem dos discursos por temas e mandatos selecionados
Fonte: Elaboração Própria
8%
0,20%
0,50%
2%
1,80%
14%
1%
1,40% 5,80%
29,50%
27%
0,80%
0,30%
7,80%
1%
COMUNICAÇÃO MÍDIA JORNALISMO INTERNET OPINIÃO PÚBLICA
PERCETAGEM DOS DICURSOS NA SEÇÃO DIPLOMACIA PÚBLICA POR TEMA
Lula (2003-‐2006) Lula (2007-‐2010) Dilma (2011-‐2014)
Como podemos observar nos gráficos acima, o primeiro gráfico apresenta os
discursos de diplomacia pública pelos temas/palavras escolhidos, podemos notar que
a palavra “comunicação” é aquela que mais emerge nos discursos tanto do ex-
presidente Lula como da atual presidente Dilma. As palavras que selecionamos
surgem nos discursos com diversas conotações, assim foram contabilizadas citações
com as palavras em seus diversos sentidos, sendo destrinchados posteriormente na
análise qualitativa que será feita a seguir.
O sentido que encontramos da palavra “comunicação” diz respeito à interação,
a comunicação do governo perante a sociedade e maior transparência das questões
públicas. Além disso, observa-se que nos discursos a “comunicação”, muitas vezes,
aparece deslocada do sentido que objetivamos analisar neste artigo, aparecendo
acompanhada da palavra Ministro, fazendo menção ao cargo.
A palavra “Internet” é a segunda palavra que mais aparece nos discursos dos
presidentes, assim, contabilizamos as palavras onde os sentidos eram próximos aos
da palavra “comunicação” no que tange a transparência, conectividade, democracia
com a expansão da informação. Ainda assim, nos discursos foi comum observar a
pontuação da internet em relação ao aumento do acesso dos brasileiros durante o
século XXI.
Conquanto, podemos observar no segundo gráfico a importância das palavras
que escolhemos para a feitura do artigo e é possível compreender o pequeno papel
que as palavras detêm nos discursos tanto da presidenta Dilma como do ex-presidente
Lula. Para tanto, foram contabilizados todos os discursos dos presidentes
separadamente por mandato e posteriormente colocados em suas devidas proporções
de percentagem. Assim, a percentagem que aparece é em relação a todos os
discursos de cada presidente. Nota-se que existem discursos que podem aparecer em
mais de uma palavra, tendo em vista que alguns temas são congruentes e
assemelham-se.
A presidenta Dilma Rousseff usou, proporcionalmente, mais vezes a palavra
“comunicação” do que o ex-presidente Lula, pois apesar do ex-presidente ter mais
discursos com a palavra, proporcionalmente ela aparece menos vezes do que nos de
Dilma. Podemos avaliar que a quantidade de discursos, não apresenta
necessariamente mais vezes uma palavra comum – mais fácil de ser citada - como
fora o caso da “comunicação” e da “internet”. A locução “opinião pública” surge em
uma quantidade grande de vezes no segundo mandato do ex-presidente Lula. As
outras palavras como “mídia” e “jornalismo” tem pouca relevância quando observamos
a percentagem.
É preciso reiterar que a locução diplomacia pública consta apenas em um
documento discursivo, sendo este a mensagem ao Congresso de 2013, não sendo
contabilizado nas estatísticas de percentagem e na quantidade de discursos, pois fora
ínfima sua contagem para as tabelas.
Assim, no que concerne à análise qualitativa, percebeu-se que apesar da
maior expressão da palavra comunicação seja nos dois mandatos do governo Lula, o
significado expressa a figura do Ministro da Comunicação Social, como também na
possibilidade de criação de uma rede de televisão (Empresa Brasileira de
Comunicação- EBC) como mecanismo de integração regional da América do Sul. A
mesma conjuntura se aplica a presidente Dilma no transcorrer do seu primeiro
mandato. Em relação à internet, que apresenta grande expressividade, está
concatenada à importância do uso da tecnologia da informação e a importância das
redes sociais num mundo globalizado.
Diferentemente, do ex- presidente Lula, no governo da presidenta Dilma esse
tema ganha palco, haja vista as manifestações de 2013, quando jovens foram às ruas
protestar diante de uma múltipla agenda reivindicações: por melhores condições
sociais, educacionais e saúde. Ainda de acordo com este tema, é importante destacar
o caso de espionagem no ano de 2013 que ganhou manchetes internacionais, tendo
em vista o caso Edward Snowden já que a presidenta da república, do mesmo modo a
chanceler alemã Angela Merkel foram alvos de espionagem pelo governo Norte
Americano do presidente Barack Obama.
Em relação ao termo “opinião pública”, em ambos os presidentes se refere de
modo geral, a uma espécie de diálogo com a sociedade civil. No que tange, a palavra
“jornalismo”, também em ambos os governos se configura numa espécie de
homenagem ao dia do jornalista, ao dia do jornalismo, a importância da imprensa, do
acesso a informação e por fim, como uma espécie de diálogo junto com este grupo
seleto da sociedade. A palavra “mídia”, as poucas vezes que apareceu, se norteou em
ambos os governos numa espécie de aparato comunicacional, ou seja, de algum
modo encaram como espécie de recurso tecnológico que possibilita a relação entre
governo e sociedade civil, ou, significado e significante.
Lula (2003-2006)
Em seu primeiro mandato, Lula expressou em seus discursos a questão da
relevância da mídia, fosse exaltando ou criticando a mesma. Assim, em um discurso
ao presidente do Peru, Lula pontua que haveria um grau de convergência entre os
dois países tendo em vista a relevância que atribuíram a opinião pública como uma
animadora da sociedade civil nos dois países, o que permitiria a preservação da
democracia (LULA, 2003). No ano de 2004, Lula começa a dialogar e questionar a
mídia em um discurso que atribui problemas no modo de falar de um presidente, pois
cada palavra alcançaria dimensões diferentes dependendo de quem escutaria, com
isso ele aponta que é preciso estreitar a “relação do Estado com os meios de
comunicação, com os profissionais da imprensa” (LULA, 2004a: p.5).
No mesmo ano, Lula menciona em um discurso sobre a sociedade da
informação que o Brasil está investindo no Programa de Governo Eletrônico,
mostrando a primazia do interesse do governante de acessibilidade e de mecanismos
que fortaleçam a democracia, tornando o governo mais participativo. Assim, Lula
aponta que é preciso “defender um novo modelo internacional de “Governança da
Internet”, que seja multilateral, transparente e democrático” (LULA, 2004b: p.3).
No ano de 2005, Lula reitera a relevância do acesso e da transparência do
Estado mediante a divulgação nos meios de comunicação, tendo em vista a
necessidade de promover uma maior participação do cidadão na esfera, com essas
menções sendo reiteradas no ano de 2006. (LULA, 2005ª; 2005b; 2006a).
No encerramento da Cúpula Latino Americana de Líderes de Jornais, Lula
discursa a respeito da importância do jornalismo, reconhecendo o papel da classe e
apontando que “O jornalismo e os jornais estão, portanto, entre as vertentes mais
visíveis e cristalinas da correnteza renovadora que pode levar aos entendimentos
necessários para a construção de um país cada vez mais justo e democrático” (LULA,
2006b).
Lula (2007-2010)
Apesar de em 2007 não ter nenhuma menção que pudessemos mensurar a
respeito da questão da diplomacia pública e da acessibilidade, em 2008 Lula teve
algumas falas a respeito da mídia, iniciando, por exemplo, uma sessão da Reunião de
Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento para
conversar com a mídia, mostrando a abertura do diálogo entre governo frente a mídia
local e até mesmo mundial (LULA; 2008a). Há também a retomada da questão da
acessibilidade promovida pelos meios de comunicação para que as pessoas tenham
mais acesso a informações do governo (LULA, 2008a; 2008b; 2008c; 2008d).
Ainda assim, é importante observar a mensagem ao Congresso de 20088, onde
o governo Lula faz menções aos meios de comunicação apresentando a Empresa
Brasil de Comunicação (EBC), ou conhecida como TV pública como uma conquista do
ano de 2007.
8 Mensagem ao Congresso, tanto dos Governos Lula (2003-2010) quanto Dilma (2011-2014), são documentos elucidativos (prestação de contas) discursivos, entretanto não são discursos proferidos.
Em 2007, a criação da EBC representa o atendimento a uma necessidade
cultural que não era apropriada pelos sistemas estatal e privado de
comunicação e que somente poderia ser executado por uma rede pública de
comunicação. A EBC será veículo relevante na consolidação democrática e
na construção da identidade brasileira. (...) Espera-se um incremento do
debate público no País, fundamental à reprodução social permanente do
processo democrático. As ações de comunicação do Governo com a
sociedade foram orientadas pela busca da eficiência, otimização e
fortalecimento de canais de comunicação dos cidadãos e das cidadãs com o
Poder Executivo Federal por meio de respostas ágeis e o amplo
esclarecimento à opinião pública. (LULA, 2008d: p.210).
Em 2009 também não temos menções relevantes e pertinentes ao que
buscamos estudar. Todavia, em 2010 encontramos na Mensagem ao Congresso,
quantificações a respeito de entrevistas concedidas pelo presidente. Outrossim, temos
dados que são interessantes de serem apontados: O Governo manteve e fortaleceu as ações que vinha desenvolvendo com o
objetivo de aperfeiçoar, integrar e fortalecer os canais de comunicação dos
órgãos do Poder Executivo, a fim de informar e esclarecer os cidadãos sobre
políticas públicas, programas e ações governamentais. O número de
entrevistas concedidas pelo Presidente da República aumentou pelo quinto
ano consecutivo. Foram mais de 260 entrevistas para a mídia nacional e
internacional, uma média de cinco por semana, sendo 242 coletivas e 120
exclusivas, das quais 72 presenciais e 48 por escrito. (...) As entrevistas
exclusivas para a imprensa regional, também, tiveram o aumento expressivo
de 70% no ano passado. (...) Já consolidados, os programas semanais de
rádio Café com o Presidente e Bom Dia Ministro tiveram, juntos, mais de 100
edições, em 2009. (...) A novidade de 2009 foi a criação do Brasil em Pauta,
outro programa de rádio com entrevistas mensais de outros graduados
funcionários do Governo. (...) A Secretaria de Imprensa da Presidência,
também, implementou outras duas iniciativas importantes: a criação do Blog
do Planalto e a coluna de jornal O Presidente Responde. No ar desde agosto,
o Blog tem permitido à Presidência da República relacionar-se diretamente
com o público de uma nova mídia, que cresce em importância, e com as
chamadas redes sociais. Integrando fotos, vídeos, áudios e infográficos,
adotando linguagem mais acessível, o Blog colabora para uma melhor
compreensão dos programas e políticas de governo. (LULA, 2009: p. 325-
327).
Dilma Rousseff (2011-2014)
Alguns discursos de Dilma Rousseff mencionam a questão da comunicação, no
que tange a forma de aparição e com diversos significados. Como o intuito do trabalho
é observar as questões referentes à diplomacia pública, é importante observarmos o
valor que é dado à comunicação nas palavras de Dilma Rousseff. Apesar da palavra
“diplomacia pública” ser mencionada na Mensagem ao Congresso de 2013, algumas
palavras chaves aparecem com certa relevância e podem ser correlacionadas ao tema
que visamos estudar. Dilma Rousseff apresenta a importância das tecnologias de
informação e da comunicação em seu discurso ao Congresso em janeiro de 20119. E
o valor da comunicação é também pontuado em um discurso de Dilma no ano de
2012, durante fala na cerimônia de formatura dos diplomatas brasileiros. Assim, Dilma
Rousseff reitera a influência das redes sociais, jornais e de sistemas de comunicação
modernos para que as ações do governo sejam reconhecidas, em suas palavras: O lugar que um país ocupa no mundo está muito ligado e está
prioritariamente vinculado ao papel que esse país ocupa em relação ao seu
povo. Enfim, está vinculado às mudanças internas que ele é capaz de realizar
ou que ele realizou. E o Brasil não foge a essa regra. A importância que nós
temos decorre de todas nossas ações que, de uma forma ou de outra, são
reconhecidas nesse mundo absolutamente interconectado, por redes sociais,
por jornais, enfim, por todos sistemas de comunicação modernos
(ROUSSEFF, 2012).
Em 2013, descobertos os casos de espionagem norte americano, na 68º
Assembléia da ONU, em seu discurso, Dilma Rousseff apresenta questões a respeito
da internet, questionando que os fins do ciberespaço não deveriam ser levados como
armas e sim para propiciar acessibilidade. Em suas palavras, Dilma Rousseff afirma
que a ONU tem o papel de regular o comportamento dos Estados frente “a essas
tecnologias e a importância da internet, dessa rede social, para construção da
democracia no mundo” (ROUSSEFF, 2013).
Nesse sentido, no mesmo discurso, Dilma Rousseff pontua alguns principios
que precisariam ser garantidos para que haja uma governança e uso da internet,
dentre os quais, no que tange nosso estudo, é importante reiterar o segundo princípio
no qual ela aponta que “Da Governança democrática, multilateral e aberta, exercida
com transparência, estimulando a criação coletiva e a participação da sociedade, dos
governos e do setor privado” (ROUSSEFF, 2013).
É interessante mencionar que a palavra diplomacia pública aparece em um
único documento. Em Mensagem ao Congresso de 2013, a locução aparece quando
há uma exposição sobre cooperação esportiva, valorizando o papel do Brasil nos
jogos Olímpicos e Paraolímpicos, onde, segundo o documento, o Brasil ganhou
destaque com a realização do “Programa de Observadores Governamentais para
colher informações sobre a organização dos Jogos em áreas relativas a planejamento
9Ver em Discurso da Presidenta da República, Dilma Vana Rousseff, durante a cerimônia de posse no Congresso Nacional - Brasília, 1º de janeiro de 2011. (ITAMARATY, 2015).
estratégico, segurança, meio ambiente, transportes, alfândega, comunicações,
soberania, diplomacia pública, mídia, infraestrutura, legado, cerimonial, protocolo,
vistos e estratégias de projeção de imagem e reputação do país-sede (ROUSSEFF,
2013: p. 303).
Ainda assim, no ano de 2014, apesar de Dilma Rousseff não ter discursos que
sejam de extrema relevância para reiteramos no trabalho qualitativo, há uma
continuação do pensamento dos meios de comunicação, como o tema da
acessibilidade (ROUSSEFF, 2014: Mensagem ao Congresso).
Assim, podemos observar que apesar de mensurados os discursos tanto de
Lula como de Dilma Rousseff, a questão de diplomacia pública não aparece em
termos de citação, há somente uma pequena menção que não possui tanta relevância
de análise, pois a única ideia que permeia o discurso é a noção de acessibilidade para
a transparência de informações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Foi possível compreender a partir dos governos Lula (2003-2010) e Dilma
(2011-2014) toda a conjuntura sobre os termos diplomacia pública e mídia. Não
obstante, buscou-se a partir, não apenas de um referencial teórico, mas também de
uma análise empírica, compreender por meio da análise de conteúdo de discurso da
política externa brasileira, a ênfase e a importância que estes governantes creditaram
na diplomacia pública, principalmente pelo uso da internet como ferramenta
comunicativa. Nesse sentido, o Itamaraty e o governo acreditam que diante das mídias
sociais é possível manter um contato direto com a sociedade, principalmente, por ser
um fenômeno do século XXI.
Todavia, se por um lado o Itamaraty investiu e acredita no poder brando da
informação, por meio da instrumentalização da internet via redes sociais, nos
discursos proferidos pelos presidentes não se pode dizer o mesmo. No que concerne,
ao estudo da análise de conteúdo de discursos oficiais da presidência da república é
importante aferir que apesar dos governos tanto Lula quanto Dilma proporem uma
diplomacia pública, nos discursos, à essência do termo não aparece, emergindo
apenas na perspectiva de transparência. Assim, essa busca por diálogo com a
sociedade civil, como vem propondo o MRE e o governo, não observamos a
ocorrência do diálogo propriamente dito, apenas da transparência, ou prestação de
contas.
Para tanto, pode-se constatar isso tendo em vista as palavras e locuções que
selecionamos para a análise quantitativa e qualitativa do artigo. As palavras aparecem
em poucos discursos e muitas vezes não surgem com o sentido buscado neste
trabalho. Outrossim, a locução “diplomacia pública” não aparece nos discursos dos
mandatos do ex-presidente Lula e consta somente na Mensagem ao Congresso de
2013 durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, mas não emerge com o sentido
pretendido, como pudemos observar na parte teórica deste trabalho.
Por fim, tentou-se um diálogo junto ao MRE por meio de canais como trocas de
e-mails e consultas ao site da instituição. Com relação ao site, não há até a presente
data de elaboração deste artigo qualquer apresentação, ou definição do termo
diplomacia pública que a instituição use no seu sítio eletrônico. Entretanto, não se
pode dizer o mesmo das consultas e trocas de e-mails, haja vista que a instituição
respondeu aos pesquisadores, porém não de maneira formal como se esperava, mas
apenas, dando uma nota curta e enfática sobre a perspectiva do uso do termo.
Segundo a Assessoria de Comunicação do Ministério das Relações Exteriores,
o termo diplomacia pública é tratado pela instituição a partir do artigo publicado pelo
instituto por meio, do seu corpo diplomático, na revista JUCA- Diplomacia e
Humanidade realizadas pelos autores César Yip, Luiz de Andrade e Pedro Tiê. De
acordo com a Nota do Itamaraty: O conceito brasileiro de Diplomacia Pública está ligado não somente à promoção da imagem do Brasil no exterior, mas principalmente a um objetivo de maior abertura do Itamaraty à sociedade civil, em um contexto de democratização das instituições nacionais. (YIP & TIÊ & ANDRADE FILHO, 2014, p.28)
Ao longo da análise feita no artigo podemos assinalar que se o MRE e o
governo buscam diálogo com o cidadão acreditando na importância da função da
política externa, contudo, deve-se não apenas criar canais midiáticos via redes sociais,
mas ponderar por meio de sua página na internet o que de fato o Itamaraty entende
pelo uso do termo Diplomacia Pública e a importância da Mídia para a política externa
brasileira. Para, além disso, compreender que é por meio dos discursos que são
construídos e proferidos a importância e o poder de persuasão que o uso do termo
“diplomacia pública” traz tanto para a sociedade e a democracia brasileira como para o
cenário internacional.
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