recursos hÍdricos europa [aea - 2000]

Upload: rui-m-c-pimenta

Post on 03-Apr-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    1/36

    1

    Recursos hdricos na europa:uma utilizao sustentvel?

    Situao, perspectivas e questes

    Autores:S. C. Nixon, T. J. Lack e D. T. E. Hunt,

    Water Research CentreC. Lallana, CEDEX

    A. F. Boschet, Agences de lEau

    Chefe do CTE-AI: T. J. LackGestor de projecto AEA: N. Thyssen

    Relatorio de avaliao ambiental 7

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    2/36

    2 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Layout: Pia SchmidtFotografia da capa: Peter Warna-Moors, GEUS, Dinamarca

    Aviso legal

    O contedo deste relatrio no reflecte necessariamente as opiniesoficiais da Comisso Europeia ou de outras instituies da ComunidadeEuropeia. Nem a Agncia Europeia do Ambiente, nem qualquer outrapessoa ou empresa que opere em seu nome, responsvel pelautilizao que possa ser dada informao contida neste relatrio.

    Este relatrio est disponvel via Internet: http://eea.eu.int

    Informao suplementar sobre a Unio Europeia encontra-sedisponvel na rede Internet, via servidor Europa (http://europa.eu.int).

    AEA, Copenhaga, 2000

    Reproduo autorizada desde que a fonte seja citada.

    Printed in Belgium

    Impresso em papel reciclado e isento de branqueadores base decloro.

    Agncia Europeia do AmbienteKongens Nytorv 6DK-1050 Copenhagen KTel: +45 33 36 71 00Fax: +45 33 36 71 99E-mail: [email protected]

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    3/36

    3

    ndice

    Objectivo e estrutura do presente relatrio .................................................................... 4

    Para que necessitamos de gua? ....................................................................................5

    Que quantidade de gua existe e que quantidade de gua se encontra disponvel? ........6

    Qual o volume de gua utilizado? ................................................................................. 10

    A nossa gua boa? ....................................................................................................14

    O que afecta os nossos recursos hdricos? ...................................................................25

    Como se processa a gesto dos nossos recursos hdricos? ...........................................26

    Que perspectivas para os nossos recursos hdricos? .....................................................32

    O que est a ser feito? .................................................................................................33

    Bibliografia adicional ....................................................................................................36

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    4/36

    4 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Objectivo e estrutura do presenterelatrio

    O objectivo do presente relatrio proporcionar aos ministros, aos funcionriospblicos de alto nvel, aos demais decisores polticos e interessados na proteco dosrecursos hdricos, uma panormica abrangente das principais questes relacionadascom a gua ao nvel europeu. O relatrio apresenta um sumriodas actividadesempreendidas pela Agncia Europeia do Ambiente (AEA) e respectivo CentroTemtico Europeu guas Interiores (CTE/AI).

    O relatrio apresenta, para cada questo, um resumo do actual conhecimentocientfico e tcnico, uma anlise das respectivas causas, uma indicao das acesempreendidas e dos respectivos efeitos, bem como uma avaliao das acesnecessrias. O relatrio foi elaborado tendo tambm em vista o pblico em geral epretende auxiliar os leitores a obterem o mximo de informao relevante da forma

    mais eficiente possvel, pelo que grande parte do contedo apresentado em caixasidentificadas a cores. Existem trs tipos de caixas:

    Os leitores quedispem de menostempo podemcentrar a suaateno nas caixasamarelas eencarnadas.

    O presente relatrio composto por texto e grficos, que proporcionam informaoestatstica e complementar. Alguns destes grficos podem estar relacionados com ascaixas identificadas a cores.

    As caixas amarelasapresentam mensagens einformao chave.

    As caixas verdesapresentam informaoestatstica ecomplementar.

    As caixas encarnadasapresentam chamadasde ateno, advertnciase resumos do que nosdeve preocupar.

    Os leitores quedispem de maistempo podemencontrar informaoadicional nas caixasverdes.

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    5/36

    5

    Para que necessitamos de gua?

    Uma questo simples com muitas respostas!

    Para as necessidades bsicas (beber, lavar e cozinhar) cada um de nsnecessita de aproximadamente 5 l por dia.Para uma qualidade de vida razovel e um bom nvel sanitrio da comunidade cada um de ns necessita aproximadamente de 80 l por dia, destinados lavagem e eliminao de resduos.Para gerar e manter o bem-estar necessitamos de gua para a pescacomercial, a aquacultura, a agricultura, a produo de energia, a indstria, ostransportes e o turismo.Para as actividades recreativas pesca desportiva, natao e navegao.

    Tais respostas provam a importncia da gua para o indivduo e a comunidade, masno consideram o lugar ocupado pelo ser humano no ecossistema global. Adisponibilidade ou a qualidade inadequadas dos recursos hdricos degradar oscomponentes aqutico, terrestre e zonas hmidas do sistema. Existe, portanto, um

    potencial conflito entre a procura de guapelo homem e exigncias ecolgicas maisamplas. Como a humanidade depende dopermanente funcionamento doecossistema global, o conflito poder serconsiderado ilusrio, mas as comunidadescom recursos hdricos limitados estoindubitavelmente mais preocupadas comas suas necessidades imediatas deabastecimento de gua do que com asnecessidades mais vastas dos ecossistemas.

    A gesto dos recursos hdricos

    Promover a utilizao sustentvel dosrecursos hdricos, por forma asatisfazer as necessidades actuais sem

    comprometer a capacidade dasgeraes vindouras de satisfazer assuas prprias necessidades.

    Foras motrizes

    (sociais, econmicas)

    Presso

    Maior procura de gua

    EstadoAumento da presso sobre osrecursos hdricos

    ImpactesDanos no desenvolvimento doecossistema e/ou humano

    RespostaGesto sustentvel dos

    recursos hdricos

    Utilizao sustentvel dosrecursos hdricos

    Abastecimento:Por ex., novas fontes,

    reduo das perdas

    Satisfaz asnecessidades actuais

    Por ex., aumento demogrfico,desenvolvimento industrial

    Por ex., para beber, irrigao,

    energia hidroelctrica

    Por ex., reduo do nvelfretico e do caudal fluvial

    Por ex., perda das comunidadesdas zonas hmidas, conflitosinternacionais

    Procura:Por ex., custo, medio,

    educao, informao

    No impede que as geraesvindouras satisfaam as suasnecessidades

    Gesto sustentvel dos recursos hdricos Figura 1

    Para que necessitamos de gua?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    6/36

    6 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Que quantidade de gua existe e quequantidade de gua se encontradisponvel?

    O volume de gua disponvel em qualquer pas depende daprecipitao no prprio pas, bem como dos escoamentosprovenientes e na direco dos pases vizinhos (por exemplo, riose aquferos). A disponibilidade apresenta variaes: sazonais, anuais e atravs de longos perodos de tempo, em

    funo das alteraes climticas; entre os pases, ou entre as regies do mesmo pas, dispondo

    alguns de vastos recursos, enquanto outros sofrem asconsequncias da escassez dos recursos hdricos e dos perodosde seca.

    No decurso de um ano normal, cada cidado europeu tem suadisposio um volume mximo de 3 200 m3 de gua, dos quais

    apenas 660 m3 so captados. O escoamento mdio anualproveniente da precipitao apresenta variaes, podendo atingirvalores superiores a 3 000 mm na regio ocidental da Noruega,valores inferiores a 25 mm no Centro e Sul de Espanha, e valoresque rondam os 100 mm em grandes extenses da Europa Oriental.

    Fonte: Rees et al. (1997)utilizando os dados doFRIEND EuropeanWater Archive (Gustard,1993) sobre caudaisfluviais, bem como os

    dados climatolgicosfornecidos pela ClimateResearch Unit,University of EastAnglia (Hulme et al.,1995). In AEA (1998).

    Norwegian

    A rctic Oce a nB a r

    ent s

    Sea

    A

    t

    l

    a

    n

    t

    i

    c

    O

    ce

    an

    TyrrhenianSea

    Ion ia n

    Se a

    Ba

    lt

    ic

    Se

    a

    M e d it e

    rr

    an

    ea

    nS e a

    Ad

    riatic

    Sea

    20100

    30

    40

    50

    60

    60

    50

    Escoamentomdio anual

    1:30000000

    Inferior a 5050100

    100150150250

    250500

    Superior a 2 000

    5002000

    Escoamento em mm

    Sea

    NorthSea

    Mapa 1 Escoamento mdio anual a longo prazo (expresso em mm) na Europa

    Onde reside o problema, j que captamos to pouca da gua disponvel?

    Embora seja utilizado apenas cerca de um quinto dos recursos hdricos disponveisproblemas subsistem porque a gua no se encontra equitativamente distribuda(Mapa 1). Alm disso, h que ter em conta a gua necessria manuteno da vidaaqutica, que reduz o volume realmente disposio da humanidade.

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    7/36

    7

    A Figura 2 compara, pormenorizadamente, a disponibilidade dos recursos hdricos naEuropa, apresentando os volumes disponveis per capita provenientes (i) daprecipitao de cada pas e (ii) do escoamento fluvial proveniente dos pases vizinhos.Grande dependncia da gua de um pas vizinho pode resultar em disputas polticassobre a partilha dos recursos.

    Disponibilidade de gua doce na Europa Figura 2

    100 1 000 10 000 100 000 1 000 000

    Hungria

    Pases Baixos

    Blgica

    AlemanhaPolnia

    Rep. Checa

    Rep. Eslovaca

    Grcia

    Luxemburgo

    Dinamarca

    RU

    Itlia

    Espanha

    Frana

    Portugal

    Turquia

    Suaustria

    Irlanda

    Sucia

    Finlndia

    Noruega

    Islndia

    Escoamento fluvial provenientede outros pases

    Recursos hdricos (m3 per capita por ano)

    gua gerada no pas

    Advertncia

    A escala horizontal logartmica pelo que cadasubdivisorepresenta umadecuplicao dosrecursos hdricos!

    Optou-se pormostrar o volumede gua disponvelnos pases em

    cada extremidadeda escala; casocontrrio, a barracorrespondente Rpublica Checa,por exemplo, seriademasiadopequena para serlida, a menos quea da Islndiaficasse para almda margem direita

    da pgina!

    Perodos de seca na Europa

    Os ltimos anos tm evidenciado a vulnerabilidade dos pases europeus a baixasprecipitaes que conduzem a perodos de seca, escassez de gua em rios ealbufeiras, bem como a um empobrecimento da qualidade da gua.

    Recorda-se da seca de ?

    A maior parte da Europa foi afectada por perodos de seca durante vrios anos por ex. 1971, e de 1988 a 1992 .

    Nos pases do Sul da Europa, as secas peridicas constituem um srio problemaambiental, social e econmico.

    Fonte: Eurostat eOCDE (1997). In AEA(1999).

    Que quantidade de gua existe e que quantidade de gua se encontra disponvel?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    8/36

    8 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Desertificao

    Os perodos de seca prolongados ou recorrentes podem contribuir para adesertificao em reas caracterizadas por:

    escassez peridica de gua,sobreexplorao dos recursos hdricos disponveis,vegetao natural modificada ou deteriorada,baixa infiltrao de gua no solo, eaumento do escoamento superficial, conduzindo a um aumento da eroso do solo.

    Os pases mediterrnicos esto mais expostos desertificao, sobretudo nas reas semi-ridas com terreno montanhoso, declives acentuados e perodos de precipitaointensa, caractersticas que favorecem a eroso (AEA, 1997).

    Entre 1971 e 1995 registaram-se 154importantes cheias na Europa; s em 1996registaram-se 9. As zonas mais propensas ocorrncia de cheias so:

    as costas mediterrnicas, as reas represadas dos Pases Baixos, a costa Oriental Britnica, as plancies costeiras setentrionais da

    Alemanha, os vales do Reno, Sena, P e Loire, as zonas costeiras de Portugal, os vales alpinos.

    O flagelo das inundaes

    As flutuaes sazonais dos rios e asinundaes das zonas ribeirinhas socaractersticas naturais dos cursos degua. No obstante, longos perodos deintensa precipitao podem provocarcheias que esto na origem da perda devidas e de graves danos ao patrimnio,especialmente nas planceis inundveis

    intensamente utilizadas pelo homem.As modificaes antrpicas do regimehidrolgico das bacias hidrogrficas, doscanais fluviais e das plancies inundveispodem afectar significativamente aextenso e a durao das cheias.

    Uma grande parte do territrio europeu foi afectada por perodos de seca durante osltimos 50 anos. Embora de carcter e gravidade diferentes, a sua frequncia significaque a seca uma caracterstica normal e recorrente do clima europeu. Os recentesperodos de seca, prolongados e graves, alertaram o pblico, Governos eadministraespara a necessidade de tomada de medidas de atenuao dos respectivosriscos.

    Os perodos de seca tm causado importantes impactes econmicos em certas zonas daEuropa. Entre os principais contam-se os problemas inerentes ao abastecimento de gua, escassez, deteriorao da qualidade, s perdas de colheitas e gado, poluio dosecossistemas de gua doce e extino regional de espcies animais.

    Na maior parte dos casos, os perodos de seca so identificados demasiado tarde, quandoas medidas de emergncia a ser tomadas j perderam a sua eficcia. So necessrioscritrios claros e coerentes de identificao das secas, por forma a desenvolver um sistemade gesto dos recursos hdricos que permita responder adequadamente s situaes decrise. No obstante, a actual modelizao climtica e hidrolgica no permite preverexactamente a ocorrncia dos perodos de seca. Alm disso, presentemente, muito

    limitada a orientao tcnica sobre a gesto dos recursos hdricos em perodos de seca.

    As cheias so a catstrofe natural mais comum na Europa e, emtermos de danos econmicos, a mais dispendiosa. Para ocombate s cheias so adoptados dois tipos de medidas:

    (1) medidas estruturais de controlo de cheias (por exemplo,

    albufeiras de reteno de cheias, zonas de inundao controlada,proteco dos solos e reflorestao, canalizao de rios, diquesde proteco, bem como a proteco e a limpeza dos leitos dosrios, das condutas de drenagem de guas pluviais das estradas,

    vias frreas e pontes);

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    9/36

    9

    As previses indicam que a temperaturair subir entre 1 oC e 3,5 oC, o que, emconjunto com o aumento da precipitaono Norte da Europa e a sua diminuiono Sul, poder resultar numa reduo dadisponibilidade dos recursos hdricos noSul da Europa, incluindo as zonas semi-ridas (IPCC, 1996).

    O impacte das alteraes climticas

    A disponibilidade dos recursoshdricos na Europa ser condicionadapelas alteraes climticas. Osprincipais efeitos negativos sobre adisponibilidade de recursos hdricosfar-se-o sobretudo sentir nas regiesmais secas.

    Fontes de gua alternativas e no convencionais

    Tais fontes por exemplo, a dessalinizao da gua do mar e a reutilizao dasguas residuais - complementam os recursos hdricos em determinadas regies doSul da Europa, onde estes so escassos. No entanto, o seu contributo ao nvel daEuropa muito limitado, em geral.

    O contributo das fontes alternativas de gua elevado em Malta, onde atinge 46 % dototal utilizado. Em Espanha, a dessalinizao da gua do mar importante nas Balearese nas Canrias.

    Resumo quais as questes relacionadas com a quantidade que nos devempreocupar?

    Os problemas relacionados com os recursos surgem porque a distribuio espacial etemporal da gua no , de forma alguma,uniforme.

    Carncias hdricas: a avaliao a longo prazodos recursos hdricos toma emconsiderao a sua distribuio temporal irregular. Mesmo que uma rea disponha derecursos suficientes a longoprazo, as variaes sazonais ou anuais podem causarpresso sobre os recursos hdricos. No Sul da Europa, as secas peridicas constituemum grave problema ambiental, social e econmico. Na maior parte dos casos, osperodos de seca so identificados demasiado tarde, quando as medidas de

    emergncia a tomar j perderam a sua eficcia. As tcnicas de modelizao actuaisno permitem prever exactamente a ocorrncia dos perodos de seca. Alm disso, muito limitada a orientao tcnica sobre a gesto dos recursos hdricos em perodosde seca.

    Desertificao: os perodos de seca podem intensificar a desertificao, causada pelautilizao excessiva do solo e da gua, e danos no coberto vegetal natural. Tais danosreduzem a infiltrao no solo, aumentam o escoamento superrficial e deixam o solodesprovido de proteco, aumentando o risco de eroso. Os pases mediterrnicos,semi-ridos, so os mais susceptveis de sofrerem os efeitos da desertificao, devido,por exemplo, sua morfologia montanhosa com declives acentuados, regimes deprecipitao com grande capacidade erosiva e a sistemas sobreexplorados .

    Cheias: constituem o tipo de catstrofe natural mais comum e dispendioso na Europa.Est a aumentar a utilizao de medidas no estruturais para prevenir ou atenuar asconsequncias das cheias, j que se reconheceu que as medidas estruturais decontrolo de cheias tendem a estimular o desenvolvimento em zonas onde o seu riscode ocorrncia uma realidade.

    (2) medidas no estruturais (por exemplo, a integrao de medidas de protecocontra inundaes na construo dos edifcios; restrio ao desenvolvimento emplancies inundveis atravs de um planeamento controlado da utilizao dos solos,sistemas de aviso precoce e de previso de cheias). As medidas no estruturais so cada

    vez mais usadas, em parte por se ter chegado concluso de que as medidas estruturais

    estimulam o desenvolvimento das comunidades em reas com um certo risco deinundao.

    Que quantidade de gua existe e que quantidade de gua se encontra disponvel?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    10/36

    10 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Qual o volume de gua utilizado?

    Como mencionado anteriormente, apenas 21 % da guadisponvel na Europa utilizada. Felizmente, na maior parte dospases europeus, o volume de gua disponvel muito superiorao volume utilizado. As percentagens mais elevadas (superiores a30 %) de gua captada em relao gua disponvel ocorrem naBlgica-Luxemburgo, Alemanha, Itlia e Espanha (Figura 3).

    Intensidade de captao da gua como percentagem do total dos recursosrenovveis de gua doce na Europa

    10

    50

    30

    40

    20

    0

    %

    totalderecursosrenovveis

    Captao

    Consumo

    No

    data

    ustria

    Blgicae

    Bulgria

    Rep.Checa

    Dinamarca

    Estnia

    Finlndia

    Frana

    Alemanha

    Grcia

    Hungria

    Islndia

    Luxemburgo

    Irlanda

    Itlia

    Litunia

    PasesBaixos

    Noruega

    Polnia

    Portugal

    Rep.Eslovaca

    Eslovnia

    Espanha

    Sucia

    RU

    Captao e consumo

    A maior parte da gua captada no consumida, masrestituda ao ciclo hidrolgico para ser novamente utilizadadepois de devidamente tratada ou depurada naturalmente. Noentanto, a sua reintroduo pode ocorrer em diferentespontos da bacia hidrogrfica onde foi captada. Assim, emboraos volumes consumidos numa determinada zona possam serrelativamente baixos, os impactos podem ser significativosnessas mesmas zones devido captao (por exemplo,diminuio drstica dos caudais fluviais).

    Uma vez captada, a gua utilizada para suprir umadiversidade de objectivos, numa proporo que varia para osdiversos pases europeus. O abastecimento pblico de gua(APA) constitui a principal utilizao em numerosos pases daEuropa Ocidental e do Norte, assumindo uma quota-parteinferior nos pases mediterrnicos.

    Utilizao da gua captada na Europa (ver Figura 4)

    18 % abastecimento pblico de gua30 % agricultura (sobretudo irrigao)14 % indstria, excluindo a gua de refrigerao38 % energia (energia hidroelctrica, gua de refrigerao) e utilizaes diversas ou

    no definidas.

    Fonte: AEA (1999c)

    Figura 3

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    11/36

    11

    Em mdia, na Europa Ocidental e nos pases candidatos adeso, cerca de16 % dos recursos hdricos disponveis so captados e5 % consumidos. No obstante, aproporo consumida varia amplamente, sendo superior aproximadamente 50 % dacaptao total nos pases mediterrnicos, onde o consumo (devido sobretudo a umairrigao ineficaz) muito superior ao registado no Norte e Centro da Europa.

    Utilizao sectorial dos recursos hdricos na Europa Figura 4

    De um modo geral, o volume de gua captado para refrigerao excede largamente ovolume destinado utilizao pelos restantes sectores industriais (por exemplo, naHungria, 95 % de toda a utilizao industrial de gua destina-se a refrigerao). Poroutro lado, a gua de refrigerao regressa, geralmente, ao ciclo hidrolgico sem

    sofrer grandes alteraes, salvo um aumento da sua temperatura e alguma eventualcontaminao por biocidas. No Sul da Europa, onde a irrigao constitui um elementoessencial da produo agrcola, a maior parte dos recursos hdricos so utilizados naagricultura. Em contrapartida, nos pases da Europa Central e Ocidental, a irrigao a forma habitual de melhorar a produo durante as estaes secas.

    Fonte: AEA (1999).

    Qual o volume de gua utilizado?

    Litu

    nia

    Est

    nia

    Portu

    gal

    Pases

    Baixo

    s

    Hun

    gria

    Grcia

    Finln

    dia

    Alem

    anha

    Espa

    nha

    Fran

    a

    Romnia

    Poln

    ia

    Noru

    ega

    Sucia

    Irla

    nda

    Sua

    Dinamarca

    Isln

    dia

    Bulg

    ria

    Eslov

    nia

    Liechte

    nstein

    Luxem

    burg

    o

    Itlia

    0 %

    20 %

    40 %

    60 %

    80 %

    100 %

    RU

    Rep.Che

    ca

    Rep.Es

    lova

    ca

    Uso urbano Agricultura Indstria Refrigerao, etc.

    ustri

    a

    Blgica

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    12/36

    12 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    guas superficiais ou subterrneas?

    A maioria dos pases europeus depende mais das guassuperficiais do que das guas subterrneas (figura 5).

    Em muitos pases, no entanto, as guas subterrneas soa fonte principal de abastecimento pblico de gua,devido sua disponibilidade imediata e ao custorelativamente baixo do tratamento e do abastecimento,uma vezque se trata de gua de qualidade geralmenteelevada (AEA, 1998).

    Na Finlndia e Litunia, mais de 90 % do abastecimento total degua provm de guas superficiais.

    As guas subterrneas so a fonte predominante de abastecimentode gua em pases como a Dinamarca, a Eslovnia e a Islndia,

    onde satisfazem praticamente a totalidade da procura.A sobreexplorao de aquferos depende, sobretudo, do equilbrio entre a captao eos recursos renovveis. Nos pases mediterrnicos, a sobreexplorao deriva,normalmente, da captao excessiva de gua para rega. O consequente aumento daexplorao de fontes adicionais com o objectivo de satisfazer o aumento da procura porparte da populao e do sector agrcola, fragiliza ainda mais o ambiente, baixando osnveis dos lenis freticos (AEA, 1997).

    Tambm as zonas hmidas ou os ecossistemas hmidos sofrem danos quando se verificauma diminuio do nvel fretico dos aquferos. Calcula-se (AEA, 1999) que cerca de50% das principais zonas hmidas na Europa se encontram em situao de risco,

    devido sobreexplorao das guas subterrneas.A intruso salina nos aquferos pode ser causada pela explorao de guas subterrneasnas zonas costeiras onde, habitualmente, esto localizados os centros urbanos, tursticos

    Resumo quais as questes relacionadas com a utilizao dos recursos hdricosque nos devem preocupar?

    Na maior parte da Europa, o volume de gua disponvel muito superior aovolume utilizado, sendo a maior parte da gua captada restituda ao ciclo

    hidrolgico. Todavia, h ainda que considerar as necessidades dos ecossistemasaquticos, bem como a deslocao espacial entre as zonas de captao e as derestituio.

    Normalmente, as guas retornam a uma zona diferente daquela em que foramcaptadas, pelo que podero ser significativos os impactes nas zonas decaptao (por exemplo, extino dos caudais fluviais), mesmo que o consumode gua no local seja relativamente baixo.

    A sobreexplorao dos aquferos nos pases mediterrnicos deriva,normalmente, da captao excessiva de gua para rega. Refira-se que cerca de50% das principais zonas hmidas da Europa se encontram em situao derisco devido sobreexplorao das guas subterrneas.

    A intruso salina nos aquferos, resultante da explorao de guas subterrneasnas zonas costeiras, constitui um srio problema nas costas do marMediterrneo, do mar Bltico e do mar Negro.

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    13/36

    13

    Repartio mdia das captaes superficiais e subterrneos em relao ao total captado Figura 5

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    DinamarcaIslndia

    Bgica

    ustria

    Luxemburgo

    Letnia

    Portugal

    Repblica Eslovaca

    Suia

    Bulgria

    Grcia

    Itlia

    RU

    Repblica Checa

    Sucia

    Noruega

    Estnia

    Espanha

    Hungria

    Polnia

    Pases Baixos

    Frana

    Alemanha

    RomniaIrlanda

    Finlndia

    Letnia

    Repblica Eslovaca

    guas superficiais

    guas subterrneas

    e industriais. Muitas zonas costeiras da Europa, especialmentenas costas do mar Mediterrneo, do mar Bltico e do marNegro, sofrem de problemas de intruso salina (AEA, 1995). Umaqufero contaminado pode permanecer assim durante longosperodos de tempo.

    Fonte:Eurostat (1997a) e CTE/

    AI (1998). In AEA (1999).

    Qual o volume de gua utilizado?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    14/36

    14 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    A nossa gua boa?

    A questo qualidade-quantidade

    Qualquer avaliao da disponibilidadee, portanto, da sustentabilidade dautilizao dos recursos hdricos, deveconsiderar no s o volumedisponvel, como tambm aqualidade. Uma qualidade deficientereduzir a disponibilidade aparentedos recursos hdricos.

    A qualidade dos recursos hdricoseuropeus afecta as respectivas utilizaes.Diversas utilizaes exigem umdeterminado nvel de qualidade, como o caso da gua para beber, da guadestinada s actividades recreativas e dagua para utilizao nos sectoresindustrial e agrcola (por exemplo,irrigao e gua para os animais).

    Alm disso, mas no menos importante, amanuteno do funcionamento dos

    ecossistemas aqutico e terrestre exigeum mnimo de qualidade.Rios

    Os rios so fontes significativas de gua potvel, albergando ecossistemas importantes eproporcionando ainda a prtica de actividades recreativas. Por toda a Europa os riostm sofrido grandes alteraes provocadas pelo homem com o objectivo de protecocontra cheias, navegao, captao e armazenamento de gua. Tais alteraes afectamfundamentalmente a qualidade das guas fluviais e a ecologia dos rios. Do ponto de

    vista histrico, os rios tm tambm sido intensamente poludos pelas descargasindustriais e urbanas, bem como pelo escoamento proveniente dos solos agrcolas.

    A concentrao de matria orgnica, por exemplo, baixou nos ltimos 10 a 20 anos emmuitos rios europeus, sobretudo nos rios mais poludos. A matria orgnica degrada-se,consumindo oxignio, reduzindo assim o teor deste gs na gua. Um baixo nvel deoxignio tem efeitos adversos sobre a vida aqutica.

    O fsforo e o azoto nos rios podem causar a eutrofizao, dando origem a umcrescimento excessivo de plantas, as quais, uma vez mortas ou deterioradas, podem,por seu turno, causar a diminuio dos nveis de oxignio. O crescimento excessivo deplantas pode tambm ter repercusses adversas sobre a adequao da gua captaopara consumo humano.

    Rios melhor ou pior?

    Presentemente, no existem dadossuficientes que permitam apresentaruma panormica completa daqualidade de todos os tipos derioseuropeus.

    H, todavia, provas - sobretudo nosrios de maiores dimenses e demaior importncia da EuropaOcidental e Setentrional - demelhorias significativas da qualidadenos ltimos anos. Tal foi possvel

    graas ao aperfeioamentogeneralizado do tratamento dasguas residuais, sobretudodomsticas.

    Sinais de melhoria

    Na Europa Ocidental registou-se umacentuado decrscimo no nmerodeas estaes de monitorizaofortemente atingidas por poluioorgnica de 24 % em finais dosanos 70, para 6 % nos anos 90. NaEuropa Meridional e Oriental o

    decrscimo foi menor e iniciou-senos anos 80. Por esse motivo,muitos rios de grandes dimensesencontram-se presentemente bemoxigenados.

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    15/36

    15

    Eutrofizao

    A presena de fsforo e azoto nos rios pode causar a eutrofizao, dando origema um crescimento excessivo de plantas, as quais, uma vez mortas se deterioram,causando a diminuio dos nveis de oxignio (Mapa 2). O crescimento excessivode plantas pode tambm ter repercusses adversas sobre a adequao da guapara captao dos consumidores.

    Em muitos rios europeus, as concentraes de fsforo diminuiramsignificativamente entre o final dos anos 80 e o meio da dcada seguinte,enquanto as concentraes de nitratos aumentaram rapidamente entre 1970 e1985, data a partir da qual parecem manter-se relativamente estveis.

    Eutrofizao das guas (monitorizada ou calculada em estaes de medio europeias) Mapa 2

    Fonte: EEA (1999d)

    Classe de pH e OD

    Dados sobre a clorofila

    ElevadssimaExcessivaElevadaSignificativaBaixaInexistenteNo existemdados

    ElevadssimaExcessivaElevadaSignificativaBaixa

    Inexistente

    A nossa gua boa?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    16/36

    16 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    O amonaco tambm um poluente potencialmente importante por ser txico para avida aqutica e por consumir oxignio quando oxidado. O amonaco provm dosefluentes de guas residuais e tambm do escoamento tendo como origem estrumesespalhados nos campos. Com excepo dos pases escandinavos, a informaodisponvel aponta para o amonaco como potencial problema em muitos rios europeus.

    Europa Ocidental Pases nrdicos

    Sul da Europa Europa Oriental

    Nmero de estaes por grupo de pases

    Perodo EOc Pn SE EOr

    Percentagem de estaes de amostra-

    gem com mdia inferior a 0,03 mg P/l

    Percentagem de estaes de amostra-

    gem com mdia superior a 0,13 mg P/l

    Evoluo da concentrao mdia de fsforo solvel expressa como percentagem dasestaes segundo os respectivos nveis de concentrao (dados de 25 pases)

    As concentraes de fsforo diminuram significativamente entre os perodos 1987-91 e1992-96 em muitos rios europeus (Figura 6). Tal particularmente verdade na EuropaOcidental e em alguns pases da Europa Oriental. Nos pases nrdicos, as concentraesso geralmente muito baixas. As redues esto largamente associadas a melhoriasregistadas no tratamento das guas residuais e a uma menor utilizao de fsforo nosdetergentes. As melhorias recentemente registadas ao nvel do tratamento das guas

    residuais esto tambm na origem de algumas redues no Sul da Europa.

    As concentraes de nitratos nos rios europeus aumentaram rapidamente entre 1970 e1985. Desde ento, os nveis parecem ter-se mantido relativamente estveis em muitosrios, estando provavelmente a diminuir em alguns rios da Europa Ocidental. Aprincipal fonte de nitratos a poluio difusa proveniente do sector agrcola, comalgum contributo proveniente das instalaes de tratamento de guas residuais urbanas.

    Fonte: AEA (1999d).

    Figura 6

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    17/36

    17

    Advertncia

    Apesar da diminuio generalizadada poluio orgnica e daconsequente melhoria das condiesde oxigenao, o estado de muitos

    rios europeus permanece precrio.Por exemplo, h poucas provas deque tal tendncia esteja a observar-se nos rios de menores dimenses,aos quais as autoridades nacionaisresponsveis atribuemfrequentemente uma menorprioridade em termos demonitorizao e de aplicao demedidas tendentes melhoria do seuestado.

    Os rios de menores dimenses e os nveis degua a montante so importantes do pontode vista ecolgico, proporcionando habitatsdiversificados para a vida aqutica.Constituem, por exemplo, importanteszonas de reproduo de muitas espciespisccolas.

    Devido s suas dimenses fsicas e aoscaudais frequentemente reduzidos,permitindo apenas uma diluio limitada depoluentes, so particularmente susceptveiss presses e s actividades humanas. Aalterao de canais, as descargas de guasresiduais inadequadamente tratadas e oescoamento proveniente de terrenosagrcolas exercem importantes pressessobre os rios de menores dimenses.

    Poluentes orgnicos persistentes

    Relativamente estveis e persistentes no ambiente, os poluentes orgnicospersistentes tendem frequentemente a sedimentar-se. Como os sedimentos so osubstrato alimentar dos organismos bentnicos, os quais servem, por sua vez, dealimento a outros organismos da cadeia alimentar, os compostos orgnicospersistentes tendem a atingir concentraes mais elevadas medida que se voacumulando na cadeia alimentar. Regra geral, as concentraes dos compostosorgnicos mais persistentes so elevadas nas proximidades das grandes cidades edas zonas industrializadas. A anlise e o controlo destes poluentes difcil edispendiosa e os seus efeitos potenciais no ser humano so tambm difceis dedeterminar.

    Lagos e albufeiras

    Problemas e progressos

    Os principais problemas que afectam a qualidade ecolgica das albufeiras e dos lagoseuropeus so a acidificao devida deposio atmosfrica e ao aumento dos nveisde nutrientes que causam eutrofizao. No entanto, nas dcadas mais recentes,registou-se uma melhoria generalizada na qualidade ambiental dos lagos.

    Acidificao

    A acidificao das guas superficiais foi amplamente estudada nos lagos denumerosas regies europeias, onde as chuvas cidas podem alterar os nveis dopH e provocar grandes alteraes ecolgicas em zonas com uma geologia de basedesfavorvel. A acidificao dos lagos foi observada em muitos pasesescandinavos, sendo particularmente extensa ao Sul da Noruega e na Sucia. Oslagos pequenos e a grande altitude so geralmente mais afectados do que os deplancie.

    Embora a acidificao continue a constituir um problema em muitas reas, o

    controlo das fontes de emisses cidas permitiu melhorias substanciais daalcalinidade das guas superficiais nos pases do Norte e Centro da Europa. (VerFigura 7). Tal melhoria da qualidade qumica reflectiu-se na recuperao parcial dafauna de invertebrados em diversas zonas.

    A nossa gua boa?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    18/36

    18 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Fonte: Lkewille et al.(1997). In AEA (1998).

    Alteraes na alcalinidade das guassuperficiais, anos 80 e 90

    Distribuio das concentraes totais mdias de fsforo em albufeiras e lagos europeus

    40

    50

    60

    40 30 20 10 0 10 20 30 40 50 60

    1:30000000

    Concentrao em g/l

    500

    Letnia(10)

    RU

    (66)

    Schweiz(22)

    Sucia(2992)

    Slovenien(4)

    Romnia(33)

    Portugal(18)

    Polnia(290)

    Noruega(401)

    Pases Baixos(112)

    FYROM(3)

    Letnia(7)

    Lettland(10)

    Irlanda(18)

    Hungria(4)

    Frana(27)

    Finlndia(70)

    Espanha(96)

    Estland(156)

    Alemanha(298)

    Dinamarca(28)

    Bulgarien(4)

    ustria(26)

    30

    40

    50

    60

    20 30

    Norwegian Sea

    NorthSea

    Arctic Ocean B ar e

    n t sS e

    a

    Bay ofBiscay

    A

    t

    l

    a

    n

    t

    i

    c

    O

    ce

    an

    B l a ck S e

    a

    TyrrhenianSea

    Ion ia n

    Se a

    M e d i t e r r a n e a nS e a

    Ba

    lt

    ic

    Se

    a

    Ad

    ria

    ticSea

    Concentrao de fsforo nos lagos e albufeiras

    Nmero de lagos ebaciashidrogrficas ondefoi medidaa concentrao defsforo

    Nmero de lagos porpas: A(26), BG(4),CH(22), D(~300),

    DK(28), EE(156), E(96),FIN(70), F(27), HU(4),IRL(18), I(7),LV(10), MK(3), NL(112),NO(401), PL(290),P(18), RO(33), S(2992),SI(4), UK(66).

    A proporo dos lagos com concentraeselevadas de fsforo baixou, enquanto onmero de lagos com uma qualidadequase natural (inferior a 25 g P/l)aumentou. Os lagos pobres em nutrientessituam-se sobretudo nas regies de menor

    densidade populacional, tal como a regioSetentrional da Escandinvia ou nasregies montanhosas, tais como os Alpes,nas quais muitos lagos se situam longe daszonas habitadas ou so alimantados porcursos de gua no afectados. Nas regiesde maior densidade populacional,sobretudo no Norte e no Centro daEuropa, a maior parte dos lagos condicionada pelas actividades humanassendo, portanto, particularmente ricos emfsforo (Mapa 3).

    Fonte: AEA (1999d).

    Figura 7

    Mapa 3

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    1980s

    1990s

    Alcalinidade meq/l por ano

    Alcalinidade

    Europa Central RUPases nrdicos

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    19/36

    19

    Visto que numerosos lagos esto longe deum estado ecolgico natural ou, pelomenos, bom, conclui-se serem necessriasmais aces de melhoria da qualidade,nomeadamente aces de proteco doslagos com uma qualidade ecolgica

    elevada, contra a introduo de fsforoproveniente dos sectores agrcola,florestal, bem como das prticasdeficientes de gesto do uso do solo.

    Advertncia

    Embora a qualidade dos lagoseuropeus, em geral, parea estargradualmente a melhorar,permanece baixa a qualidade dagua de muitos lagos de vastasregies da Europa.

    guas subterrneas

    Os problemas

    Os lenis freticos da Europa estoameaados e poludos de diversasformas. Alguns dos problemas maisgraves so a poluio por nitratos epesticidas. Em algumas zonas, osmetais pesados e os hidrocarbonetosconstituem um srio problema.

    Tais poluentes so potencialmenteperigosos para a sade humana e podemtornar a gua imprpria para consumo. Asguas subterrneas alimentam os caudaisfluviais, pelo que os poluentes podemcontribuir para a eutrofizao ou atoxicidade em outras zonas do ambiente

    aqutico. Alm disso, a captao excessivapode ter efeitos negativos sobre osrecursos hdricos subterrneos. Adiminuio do nvel dos lenis freticospode causar a intruso de gua salgadanos aquferos das zonas costeiras.

    Nitratos

    O nvel natural de nitratos nas guas subterrneas geralmente inferior a 10 mgNO

    3/l. Os elevados nveis de nitratos so inteiramente causados pela actividade

    humana, sobretudo pela utilizao de adubos e fertilizantes azotados, embora apoluio local, devida a fontes municipais ou industriais, tambm possa desempenharum papel importante.

    Os nitratos constituem um problema srioem algumas zonas da Europa, tal comoprovam os dados nacionais e regionais,bem como a informao sobre os pontoscrticos (no Norte da Europa Islndia,Finlndia, Noruega e Sucia asconcentraes de nitratos so bastantebaixas.)

    Existem, no entanto, diferenassignificativas entre os dados nacionais eregionais. Regra geral, ao nvel nacional,no se identifica uma relao directa entrea emisso de azoto e os valores de nitratosmedidos nas guas subterrneas.

    Alguns pases forneceram informaosobre as tendncias verificadas ao nveldos nitratos nas guas subterrneas.

    Alguns dos dados fornecidos apontampara tendncias estatisticamentesignificativas, ora de aumentos, ora dediminuies, a partir de um determinadonmero de sondagens.

    A gravidade do problema dos nitratos(Mapa 4)

    O valor-guia de 25mgNO3/lestabelecido na Directivacomunitria guas destinadas aoconsumo humano excedido pelasguas subterrneas no tratadas

    em mais de 25 % das zonasinvestigadas em 8 dos 17 pases queforneceram informao.Na Repblica da Moldvia,aproximadamente 35 % dos pontosde amostragem excederam aconcentrao mxima admissvel de50mgNO3/l estabelecida na jmencionada Directiva comunitria.Ao nvel regional, mais de 25% dospontos de amostragem excederamos 50mgNO

    3/l em 13 % das 96

    regies ou zonas de guassubterrneas para as quais existemdados, e em aproximadamente 52% das regies mais de 25% dospontos de amostragem excederamo valor-guia de 25mgNO3/l.

    A nossa gua boa?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    20/36

    20 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Na Europa, esto registadas cerca de 800substncias activas de uso autorizado empesticidas, embora, na prtica, apenas sejautilizado um pequeno nmero. Ainformao sobre a ocorrncia depesticidas nas guas subterrneas bastante limitada. No entanto, foramdetectadas, nas guas subterrneas (notratadas), diversos tipos de substnciasusadas como pesticidas, em concentraesque excedem os nveis mximos deconcentrao permitidos de 0,1g/lestabelecidos na Directiva comunitriaguas destinadas ao consumo humano.

    Pesticidas

    Foram reportados problemasgraves causados pelos pesticidasnas guas subterrneas da ustria,Chipre, Dinamarca, Frana, Hungria,Moldvia, Noruega, Romnia eRepblica Eslovaca. Os pesticidasmais frequentemente encontrados

    nas guas subterrneas so aatrazina, a simazina e o lindano. Noentanto, a maior parte dos dadosobtidos no permite uma avaliaofivel das tendncias.

    Mapa 4 Concentrao de nitratos nas guas subterrneas

    Fonte: AEA (1998).

    Nitratos presentes em sistemas de abastecimento particulares e municipais depequena dimenso

    Na Europa, grande parte do abastecimento a partir de guas subterrneasprovm, geralmente, de poos profundos no contaminados por elevadasconcentraes de nitratos.Por outro lado, os sistemas de abastecimento particulares e municipais depequena dimenso provm, habitualmente, de fontes de guas subterrneasmenos profundas que, se contaminadas por nitratos, constituem um risco para aspopulaes.

    (765)

    (4282)

    Norwegian Sea

    NorthSea

    Arctic Ocean B ar e

    n tsS e

    a

    Bay ofBiscay

    A

    t

    l

    a

    n

    t

    i

    c

    O

    ce

    an

    B l a ck S e

    a

    TyrrhenianSea

    Ion i a n

    Se a

    M e d i t e r r a n e a nS e a

    Ba

    lt

    ic

    Se

    a

    Ad

    riatic

    Se

    a

    40

    50

    60

    40 30 20 10 0 10 20 30 40 50 60

    10

    50

    60

    40

    30

    30

    20

    RU

    Sucia(125)

    Espanha(98)

    Slovenien(84)

    Rep. Eslovaca(282)

    Polnia(575)

    Noruega(4)

    Pases Baixos(442)

    Luxemburgo(110)

    Letnia(77)

    Lettland(16)

    Estland(163)

    Irlanda(676)

    Island

    (51)

    Alemanha(4092)

    Grcia(316)

    Frana(5805)

    Finlndia(425)

    Dinamarca(1113)

    Moldvia(71600)

    Portugal(74)

    ustria(1719)

    Bulgarien(115)

    Turkiet(30)

    Cypern(757)

    Rep. Checa

    (476)

    Ungern

    Concentrao de nitratosnas guas subterrneas

    1:30000000

    Concentrao em mg NO3/l

    nmero dos locaisde amostragem

    Hungria

    > 5025 5010 25< 10

    > 50< 50

    na Moldviae Romnia

    (4282)

    no existem dadosdisponveis

    Romnia(1000)

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    21/36

    21

    O Mapa 5 apresenta um resumo dassubstncias activas detectadas nas guassubterrneas de diversos pases europeus.

    As substncias detectadas dependem dasque sosubmetidas a monitorizao, bemcomo do nvel de monitorizao das guassubterrneas de determinado pas. Os

    pesticidas mais frequentemente referidoscomo sendo importantes so a atrazina, asimazina e o lindano.

    O glifosato na Dinamarca

    A recente preocupao com a presena de glifosato (um herbicida) nas guassubterrneas da Dinamarca ilustra a complexidade da avaliao da ocorrncia e doimpacte dos pesticidas. Embora o glifosato e o seu metabolito AMPA tenham sido

    detectados em guas subterrneas pouco profundas, demonstrou-se que a supostapresena de AMPA em guas profundas uma anomalia do processo de amostragem eanlise, pois que o prprio AMPA pode resultar da degradao de detergentes.

    Fonte: AEA (1999b)

    Monitorizao de pesticidas por pas e nmero total de pesticidas monitorizados

    Pesticidas monitorizados

    Pesticidas no monitorizados

    Nmero de pesticidasanalisados

    24

    GRAPHICS & ANALYSIS: AWWBASIC MAP: EUROSTAT/GISCO

    122

    ?

    36

    49

    ?

    24

    47

    9?

    4

    4616

    16

    0 500 1000 km

    28

    Monitorizao dos pesticidasnas guas subterrneas

    No existem dados disponveis

    No foram recolhidos dados

    A nossa gua boa?

    Mapa 5

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    22/36

    22 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Outros poluentes das guas subterrneas

    Os hidrocarbonetos clorados, os hidrocarbonetos e os metais pesados soimportantes poluentes das guas subterrneas em muitos pases, ocasionandoproblemas localizados.

    Os hidrocarbonetos clorados esto largamente disseminados nas guas subterrneas daEuropa Ocidental, ao passo que os hidrocarbonetos (em particular, os leos minerais)esto a causar graves problemas na Europa Oriental, sendo importantes poluentes dasguas subterrneas de muitos destes pases. Os hidrocarbonetos clorados provm deantigos aterros, de zonas industriais contaminadas e das actividades do sectorindustrial. Os complexos petroqumicos e as instalaes militares so os principaisresponsveis pela poluio por hidrocarbonetos, causando principalmente problemaslocalizados. A poluio das guas subterrneas por metais pesados (principalmentelixiviao de aterros, actividades mineiras e descargas industriais) constitui umproblema reconhecido por 12 pases.

    A gua e a sade

    Um abastecimento correctol de gua potvel (e medidas sanitrias eficazes) essencial

    para evitar a disseminao de doenas graves causadas por guas contaminadas. Tanto aqualidade como a quantidade da gua abastecida para consumo humano soimportantes para a sade pblica, j que o risco de transferncia directa de doenas deuma pessoa para outra, ou atravs de alimentos contaminados, mais elevado quandoa escassez de gua conduz a prticas de higiene deficientes.

    Resumo quais os problemas relativos qualidade da gua que nos devempreocupar?

    Eutrofizao: problema a longo prazo, apesar das medidas tomadas no sentido dereduzir a poluio por nutrientes. Os nveis de fsforo nos rios diminuiramsignificativamente ao longo dos ltimos 15 anos, mas os nveis de nitratospermaneceram elevados excedendo, em muitos sistemas de abastecimento porguas subterrneas, os limites estipulados na Directiva comunitria guasdestinadas ao consumo humano. Nos lagos gravemente afectados, os nveis defsforo baixaram bastante, mas os nveis de nutrientes nas guas costeiras apenas

    registaram uma ligeira melhoria.Poluio orgnica: apesar de uma diminuio generalizada e, consequentemente, demelhorias dos nveeis de oxignio, muitos rios europeus continuam em mau estado.So escassas as provas que atestem melhorias nos rios de menores dimenses, aosquais frequentemente dada pouca prioridade em termos de monitorizao e demedidas visando a sua melhoria..Acidificao: enquanto a acidificao continua a ser um problema em numerosaszonas, registam-se melhorias substanciais na alcalinidade das guas superficiais daEuropa Setentrional e Oriental, bem como uma melhoria do seu estado ecolgico,como consequncia das aces levadas a cabo para controlar as fontes de emisso.Lagos: embora a sua qualidade geral parea estar a melhorar gradualmente, aqualidade de numerosos lagos de vastas zonas da Europa continua deficiente.guas subterrneas: em muitos pases europeus, a contaminao das guassubterrneas por nitratos e pesticidas continua a ser significativa, embora os dadossobre os pesticidas sejam frequentemente muito limitados. A contaminao poroutras substncias (por exemplo, hidrocarbonetos, hidrocarbonetos clorados emetais pesados) normalmente derivadas das actividades mineiras e das operaesindustriais e militares , importante em muitos pases, sendo particularmentegrave na Europa Oriental.

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    23/36

    23

    A situao na Europa

    Muitos pases europeus dispem de gua potvel de elevada qualidade.

    No entanto, o tratamento e a desinfeco so insuficientes em muitos pases,

    sobretudo naqueles em que as mudanas econmicas/polticas conduziram a umadeteriorao das infra-estruturas.

    O nmero de instalaes de tratamento modernas est a aumentar em muitospases, particularmente na Europa Ocidental.

    Contaminao microbiolgica

    Este tipo de contaminao da guapotvel, que pode afectar um grande

    nmero de pessoas, o principal sectorde preocupao com a sade pblica,na Europa.

    A desinteria bacilar (uma doenaintestinal) um bom exemplo de umainfeco, regularmente detectada emmuitos pases europeus (Figura 8).

    Contaminao qumica

    O abastecimento de gua com elevado teor de contaminantes qumicos podetambm afectar significativamente a sade de toda uma comunidade.

    Os problemas graves de contaminao qumica so frequentemente localizadose podem ser causados ou influenciados por contaminao geolgica ouantropognica.

    A qualidade qumica da gua potveldepende de muitos factores,nomeadamente da qualidade da gua notratada, da extenso e do tipo detratamento, bem como dos materiais e daintegridade do sistema de distribuio.

    Preocupaes com os seus potenciaisefeitos sobre o desenvolvimento mentaldas crianas conduziram a esforosconsiderveis no sentido de reduzir acontaminao por chumbo decorrente dosmateriais utilizados nas redes deabastecimento de gua.

    As elevadas concentraes de nitratos sopreocupantes (normalmente em sistemasde abastecimento privado, de poucaprofundidade) por se encontraremassociadas ao sndroma blue-baby (bebazul).

    A nossa gua boa?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    24/36

    24 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Custos e benefcios

    A melhoria da qualidade da gua e dos sistemas de depurao comporta benefciosem termos de reduo de custos daqueles que, de outro modo, sofreriam dedoenas associadas gua, das respectivas famlias, do sistema de sade pblica eda sociedade em geral. No obstante, e como lgico, os recursos empreguesnests melhoramentos no se encontram obviamente para outros objectivos.

    Os modelos indicam que os custos anuais para melhorra a gua e a higiene naregio europeia oriental da OMS se situam entre 30 e 50 euros per capita, umapequena proporo do PIB. Os clculos dos custos associados s doenas apontampara cerca de 25 euros per capita para a regio europeia oriental, excluindo oscustos resultantes dos poluentes qumicos, tais como chumbo e nitratos. Um estudorecentemente realizado na Moldvia sugere benefcios resultantes da diminuio dapoluio por nitratos da ordem dos 15-25 euros per capita. (AEA, 1999e).

    Resumo e advertncia

    Os incidentes relacionados com doenas transmitidas pela gua parecem ocorrerpredominantemente em reas que sofrem de um abastecimento inadequado e depobres infra-estruturas. Tal pode estar associado s limitaes financeiras e/oudisfunes organizacionais. Assim, continuam a ser necessrios esforos no sentidode assegurar que a populao europeia seja abastecida com gua de boa qualidadepara. Tais esforos abrangem medidas de controlo da procura e de reduo dacontaminao, assim como o desenvolvimento das infra-estruturas.

    Figura 8 Prevalncia de desinteria bacilar nos pases da Europa, em 1996

    Fonte: AEA (1999).

    Incidnciadedesinteriabacilarpor100000(1996)

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    Romnia(1995)

    Estnia

    Andorra

    Malta

    Moldvia

    Hungria

    Srvia

    Crocia

    Litunia

    Eslovquia

    Letnia

    RepblicaCheca

    Inglaterrae

    P.Gales

    Sucia

    ustria

    Noruega

    Alemanha

    Eslovnia

    Finlndia

    Espanha

    Blgica(Flandres)

    Albnia

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    25/36

    25

    O que afecta os nossos recursoshdricos?

    A influncia do homem sobre o ciclohidrolgico

    As actividades humanas exercem umainfluncia significativasobre o ciclohidrolgico. Essa influncia manifesta-se essencialmente de trs maneiras:

    captao e consumo de gua,

    alterao do ambiente, e

    poluio.

    Devido s interaces existentes entre o ar, a terra, a gua e os seres vivos, cadaalterao verificada num destes elementos gera alteraes no ciclo hidrolgico global.

    Captao e consumo de gua

    Quando a captao de gua excede a disponibilidade ao longode um determinado perodo de tempo, os recursos hdricosficam sob presso normalmente em zonas com um nvel baixode precipitao, elevada densidade populacional ou actividadesindustriais e agrcolas intensas. Mesmo onde existem recursossuficientes a longo prazo, as variaes sazonais ou anuais dadisponibilidade de gua doce podem, por vezes, causar situaes

    de presso sobre os recursos hdricos.

    Alterao do ambiente

    Tais alteraes podem ter efeitos profundamente adversos sobreos recursos hdricos, a qualidade da gua e a ecologia. Existemquatro tipos de intervenes significativas e comuns:

    construo de barragens para fornecimento de energiahidroelctrica ou abastecimento, modificando os regimesfluviais,

    crescimento demogrfico, aumentando a captao de guas

    subterrneas destinadas ao abastecimento pblico e irrigao;

    impermeabilizao do solo pela urbanizao; drenagem proveniente de terrenos agrcolas e controlo de

    cheias, modificando o ciclo e o equilbrio hidrolgicos.

    Poluio

    As fontes pontuais de poluio so especficas e rapidamenteidentificveis (por exemplo, as descargas de instalaes detratamento de guas residuais domsticas ou industriais). As actividades industriais e osector domstico produzem muitos poluentes, nomeadamente matria orgnica e

    fsforo. A concentrao de substncias poluentes nas guas residuais descarregadasnasas guas superficiais depende do nmero de instalaes de tratamento de guasresiduais existentes. Tal como anteriormente afirmado, o tratamento biolgico dasguas residuais aumentou ao longo dos ltimos 15-30 anos, tendo a poluio orgnicaconsequentemente baixado em muitas zonas da Europa.

    A deteco das fontes difusas menos fcil (por exemplo, o escoamento provenientedos solos agrcolas e das zonas urbanas, bem como a poluio resultante da deposiode resduos). As actividades do sector agrcola contribuem para a descarga de uma

    variedade de poluentes nas massas de gua, com destaque para o azoto resultantes daaplicao excessiva de fertilizantes qumicos e estrume animal. A nvel local, osderrames acidentais de estrume lquido, consumidor de oxignio, e de efluentes de

    ensilagem para os ribeiros podem constituir uma sria ameaa para a fauna naturalque depende das boas condies de oxigenao da gua, anulando, assim, a melhoriadas condies resultantes do tratamento das guas residuais. Os pesticidas provenientesda agricultura e das reas urbanas, das estradas e dos caminhos de ferro so tambmimportantes fontes de poluio.

    Controlo de fontes de poluiopontuais e difusas

    As fontes difusas de poluentes sogeralmente mais difceis de controlaratravs de mecanismos regulamentaresdo que as fontes pontuais, as quais,historicamente, tm sido alvo degrande ateno.

    O que afecta os nossos recursos hdricos?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    26/36

    26 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Como se processa a gesto dos nossosrecursos hdricos?

    A sustentabilidade dos recursos hdricos pressupe a existncia de um equilbrioentre a procura e a disponibilidade

    A procura pode ser gerida (reduzida) pelas entidades abastecedoras e regulamentares,atravs de medidas como a poltica de preos, a medio do consumo, a educao euma maior consciencializao do consumidor em matria de conservao dos recursoshdricos.

    A disponibilidade pode ser aumentada atravs da construo de albufeiras e datransferncia de gua entre as reas com maior e menor disponibilidade. Tais medidasinfra-estruturais podem, todavia, ter efeitos adversos sobre a ecologia aqutica e aqualidade das guas.

    Outras medidas de aumento da disponibilidade compreendem a reutilizao das guasresiduais (por exemplo, utilizao de guas residuais depuradas para fins que noexigem gua de elevada qualidade, tais como a irrigao de campos de golfe) e autilizao de recursos alternativos (por exemplo, a dessalinizao da gua do mar) emdeterminadas reas.

    Finalmente, a diminuio das fugas nos sistemas de distribuio de gua pode,obviamente, aumentar a disponibilidade sem exigirr um aumento da captao.

    Uma abordagem diferente

    Tem-se verificado em todo o mundo

    uma alterao da abordagem relativaao investimento, operao e gestodos recursos hdricos e das guasresiduais.

    A abordagem tradicional segundo aqual a gua um servio pblicoestreitamente ligado s polticas locaisest a desaparecer em favor de umaabordagem de carcter maisempresarial.

    Tais alteraes esto a processar-se semque tenha sido determinado em que sector(pblico ou privado) os recursos hdricos

    se integram. Refira-se que, sempre que severifica uma participao do sectorprivado, o ritmo de mudana muito maisacelerado.

    Uma abordagem diferente novasexigncias

    A passagem do conceito de serviopblico para um conceito de carctermais empresarial ao nvel da gesto dosrecursos hdricos e das guas residuaiscomporta novas exigncias deregulamentao, sobretudo econmica.Esta nova abordagem, bem como ombito regulamentar com elarelacionado, cada vez mais

    considerada uma ferramenta importante paralelamente aos progressoscientficos e tecnolgicos no sentidodo progresso em direco sustentabilidade .

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    27/36

    27

    Os problemas hdricos estimulam a aco comunitria

    Devido deteriorao da qualidade e da quantidade dos recursos hdricos(sobretudo das guas subterrneas) que tem vindo a registar-se h muito tempo, oConselho Europeu exortou tomada de aco comunitria e elaborao de umprograma de aco pormenorizado e abrangente de gesto e proteco das guassubterrneas, como parte de uma poltica global de proteco dos recursos hdricos.

    A percepo dos recursos hdricos como recursos limitados explica a ateno

    recentemente prestada reduo do consumo de gua, e no ao aumento doabastecimento.

    Tal conduziu apresentao de umprojecto de proposta de aco no mbitodas guas subterrneas comunitrias, bemcomo de um programa de gesto dosrecursos hdricos (COM (96) 315 final),que levaram concretizao de umprograma de aces ao nvel nacional ecomunitrio at ao ano 2000, com oobjectivo de atingir um nvel sustentvel degesto e de proteco dos recursos degua doce.

    Proposta de directiva-quadro no domnio da gua e acordos internacionais

    Muitas das recomendaes do Programa de Aco para a Proteco e a GestoIntegradas das guas Subterrneas (COM (96) 315 final) encontram-se incorporadasna proposta de directiva-quadro no domnio da gua (COM (97) 49 final) a qual, umavez implementada, estabelecer um quadro legal de promoo da sustentabilidadedo consumo de gua baseado na proteco a longo prazo dos recursos hdricos.Alm da poltica da Comunidade Europeia, entraram em vigor diversos acordos

    internacionais, sobretudo no que diz respeito s guas transfronteiras (por exemplo,a Conveno de Helsnquia relativa proteco e utilizao dos cursos de guatransfronteiras e dos lagos internacionais, convenes sobre os rios Reno, Elba eDanbio).

    Diferenas considerveis ao nvel dagesto dos recursos hdricos

    As prticas europeias de gesto dosrecursos hdricos variam consideravel-mente, existindo toda uma srie depolticas regionais e descentralizadas. Aproposta de directiva-quadro no domnioda gua introduzir a gesto por baciashidrogrficas, com o objectivo deharmonizar as polticas europeias.

    A abordagem tradicional a da gesto doabastecimento por forma a aumentar adisponibilidade de gua atravs dautilizao de albufeiras, regimes detransferncia, reutilizao e dessalinizao.Nos ltimos anos, a gesto do consumo

    adquiriu maior proeminncia. Noobstante, as duas abordagens sonecessrias, sobretudo em reas sujeitas aperodos de seca.

    Como se processa a gesto dos nossos recursos hdricos?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    28/36

    28 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Influenciando a gesto da utilizao/consumo

    Esta pode ser considerada como parte dapoltica de conservao dos recursoshdricos, conceito mais geral, que

    descreve as iniciativas cujo objectivo aproteco do ambiente aqutico e autilizao mais racional dos recursoshdricos.

    O que a gesto da procura?

    o conjunto das iniciativas que tmpor objectivo a reduo do volume degua consumido (por exemplo, aintroduo de instrumentos

    econmicos e de medio),normalmente acompanhadas deinformao e de programaseducacionais de encorajamento a umautilizao mais racional.

    Instrumentos econmicos

    O que so e at que ponto soeficazes?

    Incluem as taxas de captao e os

    mecanismos de formao de preos,sendo geralmente consideradosferramentas valiosas para a gestosustentvel dos recursos hdricos.

    No entanto, a sua eficcia apenas setraduz numa reduo da captaoquando o pagador do preo ou dataxa pode beneficiar baixando oconsumo.

    Os preos no esto geralmenterelacionados com o verdadeiro custo

    da gua e no so os mesmos paratodos os consumidores.

    Advertncia

    Quando se aplicam instrumentoseconmicos ao abastecimento pblico

    de gua, deve ser tomado em conta oseu impacte sobre a sade e a higiene,bem como sobre a acessibilidade emtermos de custo por parte dos consu-midores mais pobres. (Os custosatingem normalmente os consumidoresmais pobres de uma forma proporcio-nalmente mais intensa.)

    Quando aplicados gesto dos recur-sos hdricos, deve ser levado em contao seu impacte sobre a economia emgeral (por exemplo, os grandes consu-

    midores de gua podem tornar-se nocompetitivos, se os custos forem intro-duzidos apenas numa regio ou pas).

    PreosNa Europa Ocidental os preos pagos pelagua variam entre 52 euros/ano poragregado familiar em Roma e 287 euros/ano, por agregado familiar, em Bruxelas.Os preos da gua nas cidades da EuropaCentral so mais baixos, variando entre 20e 20,5 euros/ano por agregado familiar

    em Bucareste e Bratislava e 59 euros/ano,por agregado familiar, em Praga.

    Preos em relao ao PIB per capita(Figura 9)

    Em relao ao PIB per capita, ocusto anual da gua em Bucareste o mais elevado da Europa,representando 3,5 % do PIB per

    capita seguido de Vilnius (2,6 %) ede Praga (2,3 %).

    O custo mais baixo de 0,2%, emOslo.

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    29/36

    29

    Custo anual da gua em relao ao PIB per capita, em cidades europeias Figura 9

    0.0% 0.5% 1.0% 1.5% 2.0% 2.5% 3.0% 3.5% 4.0% 4.5% 5.0%

    19961995

    Bucareste

    Vilnius

    Praga

    Lisboa

    Budapeste

    Bruxelas

    Viena

    Madrid

    Luxemburgo

    Bratislava

    Haia

    Londres

    Copenhaga

    Helsnquia

    Paris

    Lubliana

    Estocolmo

    Berna

    Reiquiavique

    Roma

    Oslo

    Custo anual de gua /PIB per capita

    Fonte: IWSA Congress(1997). In AEA (1999).

    MedioA medio do consumo de gua aumentaa conscincia da populao em relao ao

    volume de gua consumido. Por exemplo,calcula-se que, no Reino Unido, oconsumo de gua pelos agregadosfamiliares em que se procede a essamedio seja 10 % inferior ao dosagregados familiares onde tal mediono se verifica.

    Onde se efectua a medio doconsumo domstico e o que permitepoupar?

    A medio prtica correnteemdiversos pases (nomeadamente,Dinamarca, Frana, Alemanha, PasesBaixos, Portugal e Espanha), masmenos comum no Reino Unido, porexemplo.

    difcil separar o seu impacte deoutros factores, sobretudo dos custosda gua. No entanto, prev-se umadiminuio imediata do consumo daordem dos 10-25 %.

    Polticas sociais

    Quanto custam os servios relacionados com a gua e o que se considerafinanceiramente acessvel?

    O Banco Mundial considera que 5 % do rendimento familiar serem destinados aopagamento dos servios relacionados com a gua financeiramente aceitvel. Nos

    Estados-Membros da UE cerca de 1% do rendimento familiar destinado a essesservios.

    No obstante, o impacte dos custos associados aos servios de abastecimento de guatende a ser muito maior sobre a populao mais pobre do que sobre a mais abastada.

    Como se processa a gesto dos nossos recursos hdricos?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    30/36

    30 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Fundos para investimentos nos servios de abastecimento de gua

    Actualmente so investidos fundos europeus no aperfeioamento das infra-estruturasde saneamento bsico nos quatro pases do fundo de coeso (Portugal, Espanha,Irlanda e Grcia).

    No entanto, mesmo os pases com sistemas desenvolvidos prestam assistncia aalguns municpios, por forma a assegurar que a populao no seja penalizada peloscustos resultantes da nova legislao.

    O sistema de impostos pode tambm ser utilizado para minimizar os custos. Emnumerosos pases, por exemplo, no cobrado IVA sobre os servios deabastecimento de gua e/ou da rede pblica de esgotos. Os custos dos servios deabastecimento de gua tambm podem ser reduzidos permitindo s companhias queos fornecem anular dbitos em contrapartida de lucros.

    Aumento da disponibilidade gesto do abastecimento

    Advertncia

    Potencialmente, todos os pases dispem de recursos suficientes para satisfazer aprocura nacional. No entanto, as estatsticas descrevem os recursos de uma formamuito geral, tendendo a mascarar os problemas que possam estar a ocorrer aosnveis regional ou local, onde poder ser necessrio um aumento do abastecimento.

    Albufeiras

    Qual o nmero de albufeiras na Europae quando foram construdas?

    Os maiores aumentos registados nacapacidade total das albufeirasocorreram entre 1955 e 1985, subindode 25 000 milhes de metros cbicosem 1955 para aproximadamente 120000 milhes de metros cbicos em 1985(AEA, 1999a). Presentemente, existemcerca de 3 500 grandes albufeiras, comuma capacidade bruta total deaproximadamente 150 000 milhes demetros cbicos (UE15, Noruega eIslndia).

    Estaro as novas barragenscondenadas?

    Novas barragens significaro custoseconmicos e ambientais muitoelevados. As atitudes polticas e sociaisem relao aos projectos das grandesinfra-estruturas hidrulicas sopresentemente muito mais crticas doque outrora.

    A perspectiva de um aumento dacapacidade das albufeiras na Europa ir

    provavelmente ser objecto deumaanlise cautelosa.

    Esquemas de transferncia

    Os sistemas de transferncia soeficazes?

    Os sistemas de transferncia entre baciashidrogrficas podem ser um meio eficaz eeconmico de corresponder procura degua nas regies com deficinciashidrulicas.

    O que absolutamente necessrioassegurar , por um lado, asustentabilidade ambiental e, por outrolado, a viabilidade econmica.

    Exemplos

    Os mais importantes exemplos desistemas de transferncia entre baciashidrogrficas na Europa so o doRdano-Languedoc e o do Canal deProvena na Frana, com umacapacidade de 75 e 40 m3/s,respectivamente.

    Existem vrios outros sistemas detransferncia, por exemplo na Blgica,Grcia, Espanha e no Reino Unido.

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    31/36

    31

    Reduo das fugas

    A importncia da reduo das fugas

    A eficcia das redes afectadirectamente a captao total de gua.

    Na maior parte dos pases, as fugasnas redes de distribuio de gua soainda importantes.

    A reduo das fugas por meio de umamanuteno preventiva e de umarenovao das redes um dosprincipais elementos de qualquerpoltica eficaz de gesto dos recursoshdricos.

    Quantas fugas de gua?

    Uma comparao realizada entre trspases europeus (Reino Unido, Frana e

    Alemanha) revela que as fugas nossistemas adutores principais e nasredes de abastecimento aos clientesvariam entre:

    8,4 m3 por km de adutor por dia(correspondendo a 243 l/propriedade/dia) em reas do RU, e

    3,7 m3 por km de adutor por dia(correspondendo a 112 l/propriedade/dia) na AlemanhaOcidental.

    Equipamento de poupana de gua

    Nos agregados familiares, o maior volumede gua gasto nos autoclismos, banhos eduches, bem como nas mquinas de lavarroupa e loua. Comparada com asrestantes utilizaes, mnima apercentagem gasta na preparao dealimentos e para beber. A maior parte doslares europeus dispe de sanitas, duches oubanheiras.

    Consumo domstico de gua possibilidades de reduo

    Embora o consumo domstico degua esteja a diminuir, a eficciahdrica dos electrodomsticos maiscomunspode ser melhorada.

    No entanto, a maioria dosdispositivos eficazes so caros,estando a sua utilizao poucodisseminada.

    Alguns factos relativos eficincia dealguns aparelhos

    As torneiras que se fechamautomaticamente permitempoupar cerca de 50 % de gua eenergia.

    As sanitas com controlo duplofuncionam com fluxos de 6 ou 3 l.

    Os dispositivos de poupana degua para equipamento antigopermitem reduzir o consumo emcerca de 40 %.

    Reutilizao de guas residuais edessalinizao da gua do mar

    Estas fonts esto em expanso no seio da

    UE.A reutilizao da gua serveprincipalmente para aliviar a escassez emcertas regies (Sul da Europa, porexemplo), mas tambm para proteger oambiente eliminando descargas paraguas receptoras sensveis (sobretudoguas costeiras). , no entanto,necessria mais investigao sobre osaspectos sanitrios.

    Presentemente, a dessalinizao da guado mar est a ser sobretudo realizada em

    reas onde no se encontram disponveisoutras fontes de abastecimento comcustos competitivos. Na Europa, muitolimitado o volume total de guadessalinizada, em comparao com outrasfontes de abastecimento.

    Fontes alternativasA irrigao de culturas, campos de golfe e terrenos desportivos o melhor exemplo de reutilizao de guas residuais. Como osorganismos patognicos provenientes das guas residuais podementrar em contacto com o pblico, torna-se necessria maiorinvestigao dos aspectos relacionados com a sade pblica,bem como o desenvolvimento de padres e directrizes, porforma a que tal reutilizao tenha aceitao social.O principal factor condicionante da utilizao da dessalinizaoda gua do mar o custo da gua, o qual dependentefortemente do custo da energia (50 a 75 % do custo de

    explorao). De um ponto de vista ambiental, necessrio umexame cuidadoso para clarificar at que ponto a utilizao deenergia primria para a produo de gua economicamente

    vivel e sensata.

    Como se processa a gesto dos nossos recursos hdricos?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    32/36

    32 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    Que perspectivas para os nossosrecursos hdricos?

    Consumo futuro de gua na UE previsto um ligeiro aumento

    Est previsto um aumento muito ligeiro da captao total na UE. Por outro lado,noutras regies do mundo, prev-se um aumento do consumo devido ao progressoeconmico e ao aumento da irrigao (Figura 10).

    Consumo total de gua tendncias e

    perspectivas

    Fonte: CTE/AI (1998) e

    Shiklomanov (1998). InAEA (1999c).

    0

    1000

    3000

    2000

    5000

    4000

    1980 1990 2000 2010

    km3/ano

    UE15 Amrica N. siaMundo

    Uma projeco efectuada para diversas

    regies da UE15 tambm revela umligeiro aumento do consumo de gua emtodas as regies (Figura 11). Tal

    justificado pelo abrandamento do ritmode crescimento dos principais factores deconsumo de gua, bem como pelasmelhorias registadas ao nvel da eficciada utilizao de gua.

    Figura 11 Evoluo regional do consumo total na UE15

    Norte: Finlndia,Sucia; Ocidente:ustria, Blgica,

    Dinamarca, Alemanha,Irlanda, Luxemburgo,

    Pases Baixos, RU;Mediterrneo: Frana,Grcia, Itlia, Portugal

    e Espanha.

    Figura 10

    Fonte: AEA, 1999c.

    EU15

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    UE15

    Regio nrdica

    Regio Ocidental

    Regio mediterrnica

    1995 2000 2005 2010

    Km

    /ano

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    33/36

    33

    O que est a ser feito?

    A base das actividades da Agncia Europeia do Ambiente

    A actividade da Agncia no mbito do fornecimento de informao baseia-se em trs pilares:

    Criao de redes Monitorizao e informao Actuar como centro de referncia

    O objectivo da Agncia assegurar que as suas actividades sirvam de apoio aco poltica.

    Para realizar a sua funo de monitorizao e informao, a Agncia utiliza o quadro de avaliaoDPSIR.

    Trata-se de um mecanismo de destaque, anlise e avaliao da informao e dos dados ambientais queutiliza e fornece a outras organizaes.

    A Agncia aplica tais princpios e abordagens ao trabalho que realiza sobre todos os compartimentosambientais, sem excepo dos recursos hdricos.

    Nos anos que se avizinham, prev-se que as actividades da Agncia no domnio dos recursos hdricossero simultaneamente muito influenciadas pela proposta de directiva-quadro no domnio da gua,bem como um factor essencial para a sua implementao com xito.

    Para uma gesto integral e sustentvel dos recursos de gua doce proposta de directiva-quadro no domnio da gua:

    A maior parte da legislao da UE em matria de recursos hdricos data dos anos 70 e de incio dosanos 80 directivas no domnio da qualidade da gua para objectivos especficos, o controlo dasdescargas e a proteco das guas contra fontes especficas de poluio. Nos anos 80, foramadoptadas directivas sobre o tratamento das guas residuais urbanas e a proteco das guas contraos nitratos provenientes da agricultura, alm de ter sido apresentada uma proposta de directiva sobrea qualidade ecolgica da gua. A Comisso props ainda um Programa de Aco em matria de guassubterrneas, alm de actualizaes das directivas relativas s guas balneares e gua potvel.

    Recentemente proposta, a directiva-quadro no domnio da gua dever uma vez adoptada racionalizar a legislao da UE no domnio dos recursos hdricos. O seu objectivo estabelecer umquadro de proteco da gua, tanto para prevenir a sua deteriorao futura, como para proteger emelhorar o estado dos ecossistemas. A directiva deveria:

    Permitir a obteno de guas subterrneas e superficiais de boa qualidade at 2015. Promover uma utilizao sustentvel dos recursos hdricos baseada na proteco a longo prazo dos

    recursos existentes. Apoiar a proteco das guas marinhas, territoriais e transfronteiras. Estimular a reduo progressiva da poluio por substncias perigosas.

    Entre os aspectos principais, assinala-se a exigncia de uma gesto das guas superficiais esubterrneas ao nvel da bacia hidrogrfica ou da regio hidrogrfica, bem como a importncia dada

    qualidade ecolgica e tambm qualidade fsica e qumica.Tal como para toda a legislao no domnio da gua, a disponibilidade de informao slida e fivel,bem como de mtodos adequados sua avaliao, assumir uma importncia vital.

    O que est a ser feito?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    34/36

    34 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    O quadro de avaliao DPSIR

    Foras motrizes (Driving forces) asnecessidades dos indivduos, dasorganizaes e das naes, cujasatisfao pode causar

    Presses, tais como descargas ealteraes na utilizao dos solos e dagua, as quais alteram ...

    o estado (State) do ambiente aqualidade dos compartimentosambientais (ar, gua, solos),alteraes essas que podem causar ...

    Impactes sobre os ecossistemas, obem-estar e o patrimnio humano, osquais, quando indesejados, requerem...

    Respostas da sociedade (dirigidas aqualquer parte da cadeiasupramencionada) com vista reduo/eliminao dos impactes.

    Aperfeioamento das tcnicas e doconhecimento cientfico necessidades

    Existe uma necessidade permanente deaperfeioar os conhecimentos e de

    melhor compreender:

    os impactes dos poluentes erespectivas questes chave actuais eemergentes;

    os impactes das novas abordagens gesto dos recursos hdricos sobre odesenvolvimento regional;

    a necessidade de melhorar erestaurar os ecossistemas aquticos;

    a necessidade de reduzir a poluiodas guas e o consumo por parte detodos os sectores.

    a necessidade de melhorar astcnicas de modelizao, por formaa que se possa prever a ocorrnciade situaes hidrolgicas graves.

    Progresso do conhecimento cientfico e das tcnicas dando respostas

    Entre as iniciativas desenvolvidas pela UE no sentido de contribuir para umamelhoria do conhecimento destas e de outras questes incluem-se:

    O Quinto Programa-Quadro (1998-2002). Programa especfico de investigao edesenvolvimento tecnolgico sobre energia, ambiente e desenvolvimentosustentvel.

    Task Force O ambiente e a gua coordenada pela Direco-Geral deInvestigao e o Centro Comum de Investigao da Comisso Europeia.

    Programas de monitorizao esto ainda aser desenvolvidos em muitos paseseuropeus.

    A informao disponvel dificultafrequentemente a avaliao e a previsodas tendncias. Por outro lado, os dadosreunidos ao nvel nacional podem noreflectir totalmente a situao real e o nvelde risco da gua.

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    35/36

    35

    Aperfeioamento dos sistemas deinformao necessidades

    Dada a importncia de obter dedados e informao de qualidade, necessrio:

    Melhorar o mbito, acomparabilidade e a qualidade daapresentao de relatrios erespectiva informao.

    Adaptar os sistemas demonitorizao nacionais, porforma a permitir uma avaliaaodos progressos face aosobjectivos das polticas.

    Harmonizar as directrizesestatsticas de clculo das

    tendncias, por forma a assegurara comparabilidade e a fiabilidadedos indicadores.

    Assegurar o acesso informaoe a respectiva transparncia.

    Aperfeioamento dos sistemas de informao actividades da AEA:

    A AEA est a desenvolver indicadores-chave que proporcionem uma ferramenta demonitorizao e avaliao das polticas no domnio da gua, com o objectivo deaperfeioar a eficcia das polticas na promoo da sustentabilidade.

    No plano internacional, a AEA desenvolveu a EUROWATERNET, processo atravsdo qual a AEA obtm informao sobre a qualidade e a quantidade dos recursoshdricos de que necessita para responder s questes colocadas pelos clientes. Osseus conceitos chave so:

    recolha aleatria das bases de dados de monitorizao e informao jexistentes escala nacional;

    comparabilidade dos dados; modelo estatisticamente diferenciado e especificamente concebido para o

    tratamento de determinados temas e questes.

    A rede foi configurada de modo a proporcionar uma avaliao representativa dostipos de guas e das variaes das presses humanas nos Estados-membros e emtodo o territrio da AEA.

    Reconhece-se cada vez mais que a EUROWATERNET poder constituir um

    progresso significativo no sentido de uma maior eficcia da apresentao dedados. A AEA e a Comisso (Direco-Geral do Ambiente) esto a colaborar nestesentido.

    O que est a ser feito?

  • 7/28/2019 RECURSOS HDRICOS EUROPA [AEA - 2000]

    36/36

    36 Recursos hdricos na europa: uma utilizao sustentvel?

    AEA, 1995. O Ambiente na Europa: a avaliao de Dobris. Agncia Europeia do Ambiente,Copenhaga.

    AEA, 1997. Water resources problems in Southern Europa An overview report. Topic Report15/1997, Inland Waters, Agncia Europeia do Ambiente. Copenhaga.

    AEA, 1998. O Ambiente na Europa: Segunda Avaliao. Agncia Europeia do Ambiente.Copenhaga.

    AEA, 1999. Sustainable Water Use in Europa Part 1: Sectoral Use of Water. Environmentalassessment report No 1. Agncia Europeia do Ambiente. Copenhaga.

    AEA, 1999a. Lakes and reservoirs in the AEA area. Topic Report 1/1999, Agncia Europeiado Ambiente. Copenhaga.

    AEA, 1999b. Groundwater quality and quantity in Europa. Environmental assessmentreport No 3. Agncia Europeia do Ambiente. Copenhaga.

    AEA, 1999c. O Ambiente na Unio Europeia no amanhecer do novo sculo. Environmentalassessment report No 2. Agncia Europeia do Ambiente. Copenhaga.

    AEA, 1999d. Nutrients in European ecosystems. Environmental assessment report No 4.Agncia Europeia do Ambiente. Copenhaga.

    AEA, 1999e. Water and health in Europa. Executive summary(relatrio principal noprelo). Agncia Europeia do Ambiente. Copenhaga.

    IPCC, 1996. Second Assessment Climate Change 1995, Report of the IntergovernmentalPanel on Climate Change. The Science of Climate Change, Contribution of WorkingGroup 1. Impacts, Adaptations and Mitigation of Climate Change, Contribution of WorkingGroup 2.Economic and Social Dimensions of Climate Change, Contribution of Workinggroup 3, WMO, UNEP. Cambridge University Press.

    Bibliografia adicional