recicla - ponto verde...10 recicla menores custos de aquisição demateriais de embalagem para a...

45
1 re cicla re cicla ANO1 | N.º2 | TRIMESTRAL | NOVEMBRO 2004 SOCIEDADE PONTO VERDE OPINIÃO NOVADELTA|LEVERELIDA|REFRIGE|COMPAL|CENTRAL DE CERVEJAS 1 EMBALAGENS EMBALAGENS MELHOR PREVENIR QUE REMEDIAR OTTO PORTUGAL O Sucesso dos Ecopontos MADEIRA A 18 anos dos objectivos

Upload: others

Post on 05-Oct-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

1 recicla

reciclaANO1 | N.º2 | TRIMESTRAL | NOVEMBRO 2004

SOCIEDADE PONTO VERDE OPINIÃO NOVADELTA|LEVERELIDA|REFRIGE|COMPAL|CENTRAL DE CERVEJAS

1

EMBALAGENSEMBALAGENSMELHOR PREVENIR QUE REMEDIAR

OTTO PORTUGALO Sucesso

dos Ecopontos

MADEIRAA 18 anos

dos objectivos

Page 2: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

10 recicla

MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para aprodução e melhor imagem sãoalgumas das vantagens das acçõesde redução na origem, refereCarlos Branco, chefe doDepartamento de Ambiente daRefrige. Estas acções de prevenção alémde apresentarem, para asempresas, vantagens ao nívelfinanceiro também originam umamelhoria de imagem , segundo oresponsável da empresa líder domercado português de bebidasrefrigerantes.“A proactividade das empresas,em termos ambientais, melhorasubstancialmente a sua imagemjunto das entidadesgovernamentais e nãogovernamentais, dos clientes e deum modo geral dos quadrostécnicos ligados à área ambiental”,refere.Tendo em conta o grandeobjectivo que é “maximizar autilização dos recursos eminimizar os impactes ambientaisassociados aos resíduos”, CarlosBranco considera que, apesar deserem dois processos distintos, aprevenção e o processo dereciclagem devem cada vez maisser relacionados e interligados,não sendo adequado estabelecerprioridades entre eles.Questionado sobre o actualmomento da reciclagem emPortugal, o chefe de Departamentode Ambiente da Refrige referiu que

esta “ainda se encontra, nãoobstante os esforços dos últimosanos, num estado muito incipienteface à maioria dos parceiroseuropeus”. “A vantagem de umacorrecta separação dos resíduos,na origem, ainda não foipercebida e interiorizada pelamaioria dos portugueses”,acrescentou.Quanto à gestão dos recursosexistentes, esta apresenta “gravesineficiências”, que considera“fruto de compromissos assumidosno passado, questões políticas einvestimentos inadequados ou nãoconcretizados”.

A participação da Refrige no catálogo EmboparA Refrige participou comexemplos de redução na origemno primeiro catálogo da Embopar,publicado em 2002, e estescontemplaram várias alterações aonível de produto.As acções efectuadas permitiram aredução dos pesos da garrafa devidro e da lata, bem como aredução do peso e quantidade demateriais utilizados, na garrafa dePET. Além disto, a empresaprocedeu à substituição porplástico do cartão na embalagemsecundária de latas (pacotes de 6 e12 latas), com redução do peso daembalagem, e à redução daespessura do plástico utilizado naembalagem secundária dospacotes de 4 garrafas de PET.Ao nível da embalagem primária a

evolução registada está ligadafundamentalmente a questõeseconómicas e técnicas. “Por um lado, uma embalagemcom menos material e menos tiposde materiais é, por norma, maiseconómica e portanto maiscompetitiva, porque resulta numproduto final mais barato”.”Por outro lado, cada vez seconseguem produzir mais latas egarrafas (entre outras) com menorespessura e menor peso”, explicouCarlos Branco.No caso específico da indústriaalimentar, o responsável referiuque existem condicionantes queretardam ou muitas vezes invertemeste processo, como é o caso dasegurança alimentar e dapreservação da qualidade doproduto final, por exemplo ainfluência no prazo de validade. Os estudos efectuados pelaRefrige, com vista à redução naorigem das suas embalagens,foram principalmentedireccionados para a segurança daembalagem, do ponto de vista dapreservação do produto.No caso da embalagemsecundária e terciária teve-se emconta fundamentalmente aconsistência da mesma, querdurante a armazenagem querdurante o transporte.As maiores dificuldadesencontradas pela fabricante debebidas refrigerantes, aquando daconcretização destas alterações,relacionaram-se com o conseguir

Menores custose melhor imagem

O chefe doDepartamento

de Ambiente vê oesforço

das empresasembaladoras,

ilustrado nas acções de

prevenção por redução

na origemapresentadas nos

“Catálogos de prevenção

de resíduos deembalagens” da Embopar,

como umademonstração

do seu empenho.

entrevista

Carlos Branco, chefedo departamento

de ambiente da refrige VANTAGENS DA REDUÇÃO NA ORIGEM

Page 3: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

As acções efectuadaspermitiram a redução dos pesos da garrafa de vidro e da lata, bemcomo a redução dopeso e quantidade demateriais utilizados,na garrafa de PET.

entrevista

encontrar o equilíbrio entreos aspectos ambientais(redução do peso domaterial de embalagem) eos aspectos funcionais daembalagem (consistência,preservação do produto eresistência mecânica equímica). Muitas vezes os aspectosrelacionados com omarketing introduzem umadificuldade adicional, masos resultados finais sãonormalmente bastantepositivos, disse CarlosBranco.

O empenho ambiental dos embaladoresO chefe do Departamentode Ambiente vê o esforçodas empresas embaladoras,ilustrado nas acções deprevenção por redução naorigem apresentadas nos“Catálogos de prevenção deresíduos de embalagens” daEmbopar, como umademonstração do seuempenho.Este esforço é visível “tantopela adopção de medidasde prevenção de resíduos deembalagens, como se podeverificar pelos inúmerosexemplos descritos nas

publicações, como pelofinanciamento dos sistemasde valorização ereciclagem, ao nível daSociedade Ponto Verde”.No caso concreto da Refrige,a empresa tem participado,sempre que solicitada, emseminários, sessões de cursosde especialização ou pós-graduação, artigos emrevistas, disponibilização deestágios, entre outros.A Refrige possui ainda umsistema interno de gestão deresíduos (na maioriaresíduos de embalagens)com uma taxa desegregação/valorização deresíduos na ordem dos 93%,sendo que as embalagensde vidro, latas e PET sãorecicladas praticamente a100%, explicou CarlosBranco.Este sistema apoia-se nasegregação (mais de 120pontos de recolha, paramais de 30 tipos de resíduosdiferentes) eencaminhamento para oParque de Resíduos daRefrige. Anualmente sãoexpedidos para destinatáriosautorizados cerca de 2.000toneladas de resíduosgeradas internamente. ■

Page 4: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

12 recicla

entrevista

josé gabriel, directortécnico da leverelida

Uma questão REDUÇÃO DE EMBALAGENS NA ORIGEM

“UMA QUESTÃO de boa gestão ou de competitividade”. É assim que José Gabriel,director técnico da LeverElida,empresa de produtos para o lar ede cuidado pessoal, define aredução de embalagens naorigem. A optimização de embalagenspromove, de acordo com JoséGabriel, um custo mais baixo daembalagem com a utilização domaterial estritamente necessário.Além desta vantagem, esta acçãode prevenção “optimiza toda a

cadeia logística pelomenor volume e pelomenor peso possíveis naarmazenagem, transportee movimentação, econcorre para ummanuseamento eutilização mais fácil daembalagem peloconsumidor final,podendo assim constituirum factor de preferência”.O menor custo a pagarpara recolha e reciclageme o facto de o processo dereciclagem também ver asua logística optimizada,com o emprego de menosenergia, são outrosbenefícios apontados pelodirector técnico. José Gabriel considera que aprevenção e a reciclagem“devem ser tratadas comigual importância, como dois

A optimização de embalagens promove, de acordo com José Gabriel, um customais baixo da embalagem com a utilização do material estritamentenecessário. Além desta vantagem, esta acção de prevenção “optimiza toda acadeia logística pelo menor volume e pelo menor peso possíveis naarmazenagem, transporte e movimentação, e concorre para ummanuseamento e utilização mais fácil da embalagem pelo consumidor final,podendo assim constituir um factor de preferência”.

Page 5: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

elos de uma cadeia em que nãopode haver um mais importanteou mais forte que o outro”. No que se refere à reciclagem, oresponsável da Lever Elidadestaca os aumentos registadosnas quantidades de material

reciclado, que provam aadequação da orientação e dosprocessos. “Convém no entantoreferir que existe ainda muitocaminho pela frente e que nãopodemos ficar a olhar para aobra feita”, alerta o responsável

da empresa de produtos para olar e de cuidado pessoal.Confrontado com o facto de aUnião Europeia, através da novaDirectiva 2004/12/CE, terincitado e reforçado anecessidade de os Estados-Membros adoptarem medidasorientadas para a minimizaçãodos impactos ambientais dasembalagens, José Gabrieldefende que “existem empresascomo a LeverElida que sentem evivem a necessidade constanteda optimização dasembalagens”. “A nova Directivavem formalizar, dar umenquadramento legal, a estanecessidade já vivida pelasempresas embaladoras”,conclui.■

entrevista

O menor custo apagar pararecolha ereciclagem e ofacto de oprocesso dereciclagemtambém ver a sualogísticaoptimizada, com oemprego de menosenergia, sãooutros benefíciosapontados pelodirector técnico.

de boa gestão

EXEMPLOS DE REDUÇÃO DE EMBALAGENS NA PUBLICAÇÃO DA EMBOPAR

No segundo “catálogo daprevenção”, publicado pelaEmbopar em 2004, a LeverElidaapresentou como casos deredução de embalagens na origema tampa do amaciador de roupaComfort e os pacotes de Skip,detergente em pó para lavagemmecânica de roupa.A tampa doseadora de Comfort,igual para os formatos 1, 2 e 4litros, teve uma redução de pesode 9,1 gramas, menos 35,4 porcento do peso que apresentava.Em termos anuais, esta reduçãooriginou uma redução de resíduoem plástico PP de cerca de 23toneladas. Os pacotes de Skipforam optimizados, sendoapresentados na publicação daEmbopar os casos dos formatosde 14 e 54 doses.No Skip 14, doses efectuou-seuma redução de 17 gramas docartão, menos 9.6 por cento doseu peso, que se traduziu numaredução anual de 53 toneladas decartão. No Skip 54 doses, aredução de peso foi de 48 gramas,menos 11.9 por cento que o pesoanterior, com uma redução globalde 50 toneladas por ano.“Não existiram dificuldades”,segundo José Gabriel, para obter

estes resultados,“já que aoptimização de embalagens é hábastante tempo uma práticacorrente de gestão na LeverElida”.Para conceber uma novaembalagem, a LeverElida procedea estudos com consumidores,recorre a ferramentasinformáticas específicas eoptimiza a embalagem em funçãodo seu processo produtivo, detoda a cadeia logística deabastecimento a que está ligada,desde o transporte, armazenagem,movimentação, enchimento, etc.“Os resultados finais são bastanterecompensadores e motivam aque se continue a procurar outroscasos e outras soluções”, afirmaJosé Gabriel.Por norma, nestas acções existeuma preocupação com asalvaguarda do desempenhofuncional das embalagens ou coma sua aceitação pelo consumidorfinal.Nas práticas de redução naorigem realizadas pela LeverElidaestes cuidados “estão semprepresentes e são a razão da suaexistência”, explica José Gabriel.Os casos apresentados pelaempresa “não interferiram comestas áreas”, garante.

Page 6: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

14 recicla

entrevista

elsa carvalho,directora técnica

da compal

APRESENTAR um produtodiferenciado pela qualidade,apelativo, enquadrado numaestratégia de mercado de luxo, foicom este objectivo que a Compalprocurou uma nova embalagemde sumos para competir nomercado espanhol em 1998. Nesse ano, a Compal iniciou umprojecto em Espanha, onde amarca líder do mercado desumos e néctares, em termos dequalidade, era a Granini, querecorria a embalagens de vidro,segundo a directora técnica daempresa portuguesa, ElsaCarvalho. Assim, a Compal, que resolveuentrar no mercado espanholatravés de lojas de luxo, crioutambém uma embalagem desumo em vidro com capacidadepara um litro.

Baseado nessa embalagem, odirector da Divisão de Negóciosde Sumos em Portugal, JoséJordão, resolveu pedir a umaempresa espanhola que fizesse odesenvolvimento da nova garrafapara a capacidade de 200ml.“A nova embalagem (que surgeem 2001) é portanto umaderivação da embalagem de litrousada em Espanha”, explicouElsa Carvalho.Neste processo a Compalaproveitou a remodelação daembalagem para proceder a umaoptimização do peso, umaredução adaptada à nova linhade enchimento, entretanto criada.Isto permitiu, segundo os dadosda Compal, optimizar o peso decada embalagem em 15,32gramas, redução que teveimpacto pela primeira vez em

2003. Nesse ano, em que foramcomercializadas 78.987.000garrafas, o peso total dasembalagens reduziu 1210toneladas, uma descida de 10 porcento face ao ano anterior. ACompal prevê, para este ano,valores idênticos aos registadosem 2003.Como as novas embalagenstinham uma estabilidadediferente, passaram a ser lisas aopasso que as anterioresapresentavam uma “barriga”, aembalagem secundária, queserve para agrupar as garrafas,aumentou a sua capacidade de12 para 15 embalagens.O resultado final foi uma reduçãosignificativa do material usadonas embalagens, com clarasvantagens ambientais, concluiElsa Carvalho. ■

a Compal aproveitou a remodelação da embalagem para proceder a umaoptimização do peso, uma redução adaptada à nova linha de enchimento,entretanto criada.Isto permitiu, segundo os dados da Compal, optimizar o peso de cada embalagemem 15,32 gramas, redução que teve impacto pela primeira vez em 2003.

Melhor imagem com redução de peso

OPTIMIZAÇÃO DE EMBALAGENS

Page 7: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

15recicla

notícias

A RESPOSTA europeia ao problema dolixo tem sido até ao momentofragmentada (12 directivas desde 1970)e ineficiente. De modo a colmatar estafalha a “Estratégia Temática sobrePrevenção e Reciclagem de Resíduos”proposta pela Comissão Europeiafaculta orientações para uma exaustivarevisão da política de resíduos baseadana prevenção e reciclagem.O maior desafio é dissociar a produçãode resíduos do crescimentoeconómico, de modo a evitar, logo àpartida, que o lixo seja produzido.Antes do final deste ano é esperadauma versão final da EstratégiaTemática. Nesta estratégia a comissãoestabelecerá quais são os instrumentosmais idóneos para a promoção dareciclagem, tais como taxas sobre adeposição, responsabilidade do

produtor, internacionalização de custosambientais, certificados comerciais,sistemas poluidor-pagador, sistemas deincentivos, etc.Além do mais, existe a possibilidadede que no âmbito desta estratégia semodifique ou esclareça a definiçãogeral de resíduos e as definições devalorização e eliminação. Nestesentido, a Comissão está a considerar apossibilidade de passar dos objectivosde reciclagem baseados em produtosem fim de vida útil para objectivos dereciclagem baseados em materiais.Na gestão de resíduos a UniãoEuropeia enfrenta um problemacrescente. Cada cidadão europeuproduz em média 550 quilos de lixourbano por ano. Este valor excede emmuito o objectivo de 330 quilos,estabelecido no quinto Programa deAcção Ambiental, em 1993. ■

O maior desafio é dissociar a produção de resíduos do crescimento económico, demodo a evitar, logo à partida, que o lixo seja produzido. Antes do final deste ano éesperada uma versão final da Estratégia Temática.

Estratégia temática sobre Prevençãoe Reciclagem de Resíduos

BELMIRO ATACA ATRASO AMBIENTAL

O presidente da Sonae, Engº Belmiro deAzevedo, criticou o Estado por terposições “casuísticas” sobre o ambiente.“Portugal tem seguido um processo deziguezague, em que o Estado se vaiadaptando em matéria ambiental”, disseBelmiro de Azevedo na 8ª ConferênciaNacional de Ambiente, referindo-se aoatraso no cumprimento dos objectivosde Quioto sobre as emissões de CO2.As questões relativas à preservação doambiente e ao desenvolvimentosustentável constituem, segundo opresidente da Sonae, “uma preocupaçãogeneralizada no mundo de hoje ereflectem-se naturalmente nas atitudesdos governantes, dos agenteseconómicos e dos próprios mercados”.“O Grupo Sonae, dada a sua dimensão eimportância crescente como agenteeconómico e social, não podia deixar deassumir as suas responsabilidades sociaise ambientais, contribuindo para umdesenvolvimento global sustentável”.“Assim, acreditamos que o nosso sucessoa longo prazo está intimamente ligado aum modelo de gestão que considera agestão ambiental como uma das suasprioridades corporativas e comoelemento fundamental para a própriasustentabilidade dos negócios.”

Page 8: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

16 recicla

entrevista

Rui Mão de Ferro director-geral da otto portugal – soluções ambientais

A OTTO lançou recentemente, emparceria com a Sociedade PontoVerde, um novo ecopontodoméstico. Qual o balanço que fazdesta iniciativa?Este é um mercado relativamentenovo e sentimos que era umalacuna. Num primeiro aspecto, oecoponto doméstico é umproduto muito importante, não sópelo produto em si, mas pelofacto de criar condições para queo ecoponto funcione melhor.Os ecopontos estão amplamentedifundidos, já toda a gente sabe o

que são, o que era necessárioagora era criar as condições ajusante e a montante para queesses equipamentos funcionassemmelhor. Era necessário dotar as pessoas demeios para poderem fazer umamelhor separação em casa antesde irem a esses equipamentosdepositar os resíduos.Este novo produto dá resposta aisso e é algo que toda a gentereclamava, pois era um problemater de se usar sacos para realizar aseparação em casa.

Quais são as expectativas face àcomercialização deste produto?Posso dizer que a expectativa daSPV e da OTTO passava pelavenda de uma quantidade mínimade 10 mil contentores por ano.Sucede que nós num mês já quaseatingimos esses 10 mil. Assim,achamos que poderemos atingirvalores de venda que à partidanão esperávamos alcançar. Penso que este é um sinal de queé reconhecida uma eficácia aoproduto e que esta era de factouma lacuna existente. O mais importante é com istoconseguirmos melhorar os índicesde recolha selectiva do país.

Desde a sua implementação em1996, a OTTO Portugal temregistado um grande crescimento.Como explica esta evolução?

O ecoponto doméstico ajuda a criar condições para uma melhor separaçãode resíduos nos lares, diz Rui Mão de Ferro, director-geral da OTTO Portugal,acerca do novo produto fabricado pela sua empresa em parceria com aSociedade Ponto Verde. Numa conversa com a Recicla, Mão de Ferro explicaainda o crescimento que a empresa líder do mercado português decontentores para resíduos teve desde a sua implementação em 1996. “Maisque vender produtos, apresentamos soluções”.

Ecoponto doméstico permitemelhor separação nos lares

Page 9: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

17recicla

entrevista

Em primeiro lugar, é preciso referirque o mercado do ambiente eraum mercado incipiente. Esta deveser uma das áreas de negóciosque sofreu maior desenvolvimentonos últimos anos. Penso que osresultados da OTTO derivam dacredibilidade da empresa nomercado.Quando os mercados começam aaparecer é normal, nesta e emqualquer outra área de negócio,aparecerem os curiosos, mas julgoque com o tempo o mercadoselecciona os que têm a posturade continuidade, os que estão deforma consolidada no mercado.Assim, a escolha passa por quemapresenta aos seus parceirossoluções não pontuais, mas simcredíveis e de médio e longoprazo. Mais que vender produtos,nós apresentamos soluções.Por outro lado, o facto da OTTOPortugal fazer parte um grupo queé líder mundial, com uma grandeexperiência, dá-nos a capacidadede apresentar soluções aosclientes que outros produtores nãoterão. No mercado de contentoresde resíduos, a OTTO não temconcorrentes directos em Portugal,porque a OTTO é a únicaempresa que cobre um vastoleque de soluções. Por segmento,existem vários concorrentes, masa OTTO é a única que consegueestar presente em todos ossegmentos.

Neste momento a OTTO querevoluir de simples fabricante efornecedor de contentores deresíduos para a prestação deserviços de gestão, manutenção erecolha. Como está a decorrer esteprocesso? A OTTO pode fazê-lo e já opropusemos. Este é um debateque não tem sido fácil, até porqueos clientes muitas vezes não têmenquadramento financeiro parasuportar a quantidade deecopontos existentes. Nóspensamos que estes equipamentosnão são baratos e que tem de semanter a sua funcionalidade.

Julgamos por isso que era bompassar a uma nova fase, a umprojecto de manutenção. Assim, seria possível aumentar otempo de vida desses produtos, oque, por um lado traz vantagensfinanceiras aos clientes e, poroutro, permite manter osecopontos com um aspectoagradável, factor importante nafunção que se espera quedesempenhem. Infelizmente oecoponto nem sempre é um sítioagradável, achamos importantepara a própria reciclagem queestes equipamentos estejam embom estado, limpos, de modo anão ser confrangedor ir ládepositar os resíduos.

Além dos ecopontos domésticos,quais são as novas apostas daOTTO?Uma das soluções que temosvindo a apresentar há pouco maisde um mês e que tem tido grandereceptividade é um contentorsemi-enterrado. Este equipamentonão é da área da reciclagem,embora também possa ser usadopara matérias recicláveis. Trata-sede um contentor de grandecapacidade, com 3 metroscúbicos, e que tem todo o sistemade funcionamento, de abertura eelevação, semelhante aosecopontos. Isto na nossaperspectiva tem duas vantagens.Por um lado, enquadra-se emtermos estéticos com os nossosecopontos, pois tem um designsemelhante, o que permitirá fazerum conjunto. Por outro lado,como o sistema de recolha é igualao dos ecopontos, com umamesma viatura tanto se pode fazer

recolha selectiva como deindiferenciados.Outro projecto é o do contentorcom um aditivo, inserido aquandoda injecção do plástico noscontentores, que retarda adecomposição dos resíduosorgânicos, reduzindo os odores epermitindo um maior espaçotemporal entre recolha.

Além de director-geral da OTTOPortugal foi nomeado para dirigir aOTTO Espanha, como surgiu estedesafio?A proposta surgiu um pouco paratentar transferir a estratégia quetinha sido transmitida em Portugalpara Espanha. Este foi um sintomade que o grupo está satisfeito coma estratégia e resultadosconseguidos no nosso país. Asoperações, ao contrário do que éhabitual em termos empresariais,e toda a logística de Portugal eEspanha estão centralizadas emPortugal, onde se encontratambém o centro de decisão,embora obviamente emcoordenação com o grupo.

Que quadro faz da situaçãoespanhola?Em Espanha, encontro umasituação onde não se pode falarde um mercado espanhol, existemvários mercados, todos elesbastantes complicados. Lá omercado é mais fechado emcomparação com o nosso, dadoque os portugueses são maisreceptivos a novidades e novosconceitosApesar de ser um mercado difícile aliciante, espero a médio prazoobter resultados visíveis. ■

NO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2004 OTTO PORTUGAL CRESCE 12%

A OTTO Portugal registou no terceiro trimestre deste ano um crescimento de12,2 por cento face aos primeiros nove meses de 2003, com uma facturação dequatro milhões de euros.“Um dos factores para o crescimento da empresa é a entrada no mercado dosecopontos domésticos, numa parceria com a Sociedade Ponto Verde”, explicou aempresa em comunicado.A OTTO Portugal possui uma quota de mercado superior a 60% no mercado decontentores para resíduos, tendo as Associações de Municípios e as empresasmultimunicipais como principais clientes.

Quando osmercados começama aparecer énormal, nesta e emqualquer outra áreade negócio,aparecerem oscuriosos, masjulgo que com otempo o mercadoselecciona os quetêm a postura decontinuidade, osque estão de formaconsolidada nomercado.

Page 10: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

18 recicla

notíciaso estudo conclui que serão necessários cerca de 18 anos para se atingir os 70% de adesão definidos pelo SIGRE.

Adesão ao «pontoverde» sobe em 2004

actual e actualizável, tendo emvista a optimização dos circuitosde retoma e reciclagem”.Com base no estudo dos valoresregistados em anos anteriores,foram previstos, para 2003 e 2004,os totais da taxa de adesão aoSistema Integrado de Gestão deResíduos de Embalagens urbanas enão-urbanas (SIGRE), que é geridopela SPV. Assim, foi feita umaestimativa de crescimento anual naordem dos 3 pontos percentuais,no que respeita ao total deembalagens declaradas à SPV. Tendo por base esse crescimento edado que em 2004 serãodeclarados 23 por cento dasembalagens, o estudo conclui queserão necessários cerca de 18 anospara se atingir a meta de 70%definida pelo SIGRE, ou seja, épreciso esperar até 2022/2023.Este facto, afirmam os autores doestudo, “pode significar algunsavanços em termos deconcretização das metas definidas,mas é demonstrativo de que aindase está muito longe de atingir os 70por cento definidos pelo SIGRE”.De acordo com a legislação emvigor, todas as embalagens demadeira de tara perdida colocadasno mercado devem ser declaradasà Sociedade Ponto Verde (SPV),como forma de assegurar acontrapartida financeira dosistema e também as formas deretoma e reciclagem dasembalagens de madeira. Essadeclaração de colocação deembalagens de madeira de taraperdida no mercado implica opagamento do valor ponto verde.Apesar da meta de 70 por cento,prevista para a adesão ao SIGRE,estar longe de ser atingida, no ano2000 registou-se um crescimentode 0,7 por cento na reciclagem deembalagens pelo sistema, face aototal de embalagens recicladas.No ano seguinte, o SIGRE foiresponsável por 9 por cento dototal de reciclagem de embalagensde madeira, esperando-se que em2004 este valor suba para os 11por cento. ■

A DECLARAÇÃO de embalagensde madeira à Sociedade PontoVerde (SPV) vai atingir este ano 23 por cento do total deembalagens deste materialcolocadas no mercado português,de acordo com as previsões de umestudo elaborado pela AssociaçãoNacional de Recuperação eReciclagem de Resíduos deEmbalagens (EMBAR).Este valor representa uma subidade 6 pontos percentuais face a2001 e 2002, quando apenascerca de 17 por cento das

embalagens de madeira eramdeclaradas. O projecto “Caracterização deResíduos Sólidos Urbanos eIndustriais de Embalagens deMadeira e dos Respectivos Fluxos”,realizado pela EMBAR, partiu dosvalores registados em 2001 e 2002para fazer previsões para os anosseguintes, 2003 e 2004.Este estudo, segundo a EMBAR,“decorre da necessidade do sectordas embalagens de madeira emPortugal dispor de uma base deinformação facilmente acessível,

23% DAS EMBALAGENS DE MADEIRA VÃO SER DECLARADAS À SPV

O projecto“Caracterização

de ResíduosSólidos Urbanos e

Industriais deEmbalagens deMadeira e dos

RespectivosFluxos”, realizadopela EMBAR, partiu

dos valoresregistados em

2001 e 2002 parafazer previsões

para os anosseguintes, 2003 e

2004.

ANOS 2001 2002 2003 2004

Embalagens colocadas no mercado (toneladas) 119.224 120.727 125.337 132.901Embalagens declaradas à SPV (toneladas) 19.832 20.217 26.233 30. 842Taxa de adesão ao SIGRE 16,63% 16,75% 20,93% 23,21%

Fonte: Embar

Page 11: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

19recicla

A legislação impõe que os resíduos de embalagens sejam geridos através de um sistema integrado ou de consignação.notícias

«Meta de 2005 cumprida e ultrapassada»

Produção de embalagens de madeira estável

A META de reciclagem fixadapara Portugal (15 % do peso domaterial madeira) até 2005 é“cumprida e largamenteultrapassada”, referem osautores do estudo. Em 2001, ataxa de reciclagem, calculadacom base na norma prEN13440, atingiu os 37% e espera-se para 2004 uma taxade 38%. Assim, “o materialmadeira não terá qualquerproblema em cumprir a meta”definida pela directiva europeia. No entanto, verifica-se que asmaiores taxas de reciclagem demadeira continuam a ocorrerfora do sistema integrado.A legislação impõe que osresíduos de embalagens sejamgeridos através de um sistemaintegrado ou de consignação.Em Portugal não é conhecidoqualquer sistema de

QUANDO é comparada aprodução de embalagens demadeira com o total de entradasde novas embalagens nosistema, com origem naprodução nacional e naimportação, nota-se que existeuma tendência para aestabilidade.As embalagens de madeiraproduzidas em Portugalrepresentaram em 2001, cercade 23,5 por cento do total deentradas, subindo 3 pontospercentuais em 2002 emantendo-se nos anosseguintes.O estudo demonstra ainda que opeso da produção nacional deembalagens de madeira no totalde embalagens colocadas nomercado atingiu os 45,67 porcento em 2001, aumentandopara valores na ordem dos 53por cento em 2002 e nos anosseguintes.

consignação e o único sistemaintegrado que funciona é oSIGRE, que se propõe aabranger 70% das metasnacionais de reciclagem. Nestesentido o SIGRE, responsávelem 2004 por 11 por cento dototal de embalagens de madeirarecicladas, deverá, face ao total

de embalagens de madeira dopaís, assegurar uma taxa dereciclagem de 10,5 por cento(70 % da meta nacional).Em 2004 espera-se que o SIGREpossa contribuir com cerca de 2pontos percentuais para a metade 15%, valor ainda distante dopretendido.■

150.000

125.000

100.000

75.000

50.000

25.000

02001

Embalagens colocadas no mercado Embalagens declaradas à SPV

2002 2003 2004

21.00%

18.00%

27.00%

24.00%

15.00%

12.00%

9.00%

6.00%

3.00%

0.00%

2001 2002 2003 2004

Taxa de adesão ao SIGRE

16.63% 16.75%

20.93%

23.21%

«COMPRE ESTE PORQUE...»

Saber como transformara sua marca na preferidados consumidores é otema da obra “Compreeste porque…”, daautoria de HenriqueAgostinho, Director de Comunicação daSociedade Ponto Verde.O lançamento da obrarealizou-se no dia 28 deOutubro, com aapresentação a cargo da Vice-presidente eDirectora Criativa daBates Red Cell, JuditeMota.As prateleiras das lojasestão cheias de coisaspara comprar. Ou, doponto de vista dovendedor, coisas porcomprar. É tão grande a pressão da oferta, quenão passa um dia semque os gestores sequestionem: «Comovender mais?».No entanto, para azar do vendedor, osconsumidores sócompram o que querem.Então, para que ovendedor venda algumacoisa, é preciso antes queo consumidor a queiracomprar. Como tal, se oobjectivo é vender, ogestor deve questionar--se: «Como fazer oconsumidor querer?».Fazer o consumidorquerer é o tema destefácil e divertido livro, quese lê como se fosse umromance.

Page 12: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

20 recicla

notícias

CERCA de metade da populaçãoportuguesa, 48 por cento,participa regularmente naseparação de embalagens usadas,um indicador que se tem mantidoestável no último ano, de acordocom o estudo “Usos e atitudes”,realizado pela MetrisGfk, para aSociedade Ponto Verde (SPV),sobre hábitos de reciclagem.Este estudo constata que temexistido um reforço da separaçãocompleta, ou seja, que oscidadãos tanto separam o vidrocomo o plástico e o cartão. A excepção é o metal, mas estasituação pode ser explicada pelamenor penetração deste materialnos lares. Em casa, os consumidorescontinuam a recorrer aos sacosde supermercado, que guardamdebaixo do lava-loiça, paradepositarem os materiaisrecicláveis, mas são ainda poucosos que espalmam ou escorrem asembalagens.A generalidade das pessoascontinua a cometer muitos erros,o que demonstra um

CAMPANHA «SEPARAR TOCA A TODOS»

Vidro

Papel/cartão

Plástico

Metal

Pilhas

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Materiais que costuma separar para reciclar

Base: Inquiridos que reciclam (381)

97%

84%

72%

44%

35%

Metade da população já separaregularmenteembalagens

ESTUDO METRISGFK

Em casa, osconsumidores

continuam arecorrer aos

sacos desupermercado,

que guardamdebaixo do

lava-loiça, paradepositarem os

materiaisrecicláveis, mas

são ainda poucosos que espalmamou escorrem as

embalagens.

Page 13: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

21recicla

notícias

conhecimento muito rudimentardas regras de deposição, comdestaque para a incompreensãodas regras do plástico.O estado do ecoponto é o maiorresponsável pela insatisfação dosconsumidores. Muitas daspessoas, mesmo as que separam,queixam-se da distância emanutenção. Enquanto amanutenção é igualmenteinsatisfatória para quem separa enão separa, a distância aparentaser bastante maior para quemnão separa. O recurso aoautomóvel para transportar o lixoé uma solução taxativamenterecusada pela maioria dosconsumidores.Este estudo conclui que ageneralidade dos consumidoresque afirma reciclar, separamaioritariamente vidro (97%) epapel/cartão (84%), seguindo-seo Plástico (72%) e o Metal (44%),e mostram-se confortáveis com ométodo que usam em casa paraseparar as embalagens usadas.Neste caso, 27 por cento dosinquiridos que separam asembalagens fazem-no no armáriodebaixo do lava-loiça, 23 porcento na marquise e 21 por centona despensa. No entanto, cercade 300 mil lares deverão compraro ecoponto doméstico. No documento constata-se aindaque as regras de deposição sãodesconhecidas de mais de trêsquartos da população, ainda que64 por cento das pessoasreconheça a sinalética dasembalagens.Daqui se pode extrair em resumoque, para que a populaçãoparticipe mais, será necessáriosimplificar as regras deseparação, o que dará origem aum aperfeiçoamento daqualidade da participação. Éainda imperioso melhorar alogística de recolha (o que incluilocalização e manutenção elimpeza dos ecopontos), uma vezque enquanto a recolhadesapontar os cidadãos estes nãovão participar. ■

No documentoconstata-se

ainda que asregras de

deposição sãodesconhecidasde mais de três

quartos dapopulação,

ainda que 64por cento das

pessoasreconheça a

sinalética dasembalagens.

Não sei como se faz/Não disponho de informação

Não existem Ecopontos suficientes

Não tenho espaço em casa

Não tenho tempo

Os Ecopontos situam-se muito longe da minha casa

Não? o próprio que trata do lixo

Tenho Pouco lixo

Não tem o hábito de o fazer/Nunca me lembro

Comodismo/Dá muito trabalho

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Razões pelas quais não faz a separação do material para reciclar

8%

9%

12%

30%

41%

8%

5%

4%

3%

65%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0Vidro no verde

54%

Plástico no amarelo Papelão/cartão no azul Metal no amarelo

Reconhecimento dos consumidores (material vs cor do ecoponto)

Bese: inquiridos que reciclam (381)

Bese: total de inquiridos (800)

Bese: inquiridos que não reciclam (419)

52%

23%

29%

40%

45%

50%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%Cheios

33%

Sujos

47%

Com lixo à volta

Causas de insatisfação de qem separa (os ecopontos estão...)

Page 14: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

22 recicla

O ESTUDO encomendado àMetrisGfK foi efectuado a nívelnacional, com uma amostra de800 indivíduos e teve porobjectivo principal conhecer asmotivações e barreiras,necessidades e expectativas dosconsumidores em termos dereciclagem. A partir deste trabalho conclui-seque são principalmente mulherescom idades compreendidas entreos 35 e os 44 anos, residentes noNorte Litoral, Centro Litoral eSul, bem como os agregados destatus social mais elevado, quemmais separa e coloca o lixo noecoponto semanalmente.

O contentor verde é identificadocorrectamente por 65 por centodos cidadãos como o contentoronde se coloca o vidro. Ocontentor azul é distinguido por52 por cento da população comoo local onde se coloca o papel eo cartão, o segundo materialmais mencionado. O contentoramarelo é diferenciado por 54por cento da amostra como olocal onde se coloca o plástico epor 23 por cento como o localonde se coloca o metal.Em relação aos ecopontos, oestado em que se encontram é aprincipal causa de insatisfação,com 29 por cento dos inquiridos

que separam a considerar queestão sempre cheios. Trinta e trêspor cento dos inquiridos afirmamestarem sujos e 47 por centosublinha que existe lixo à voltados mesmos, apesar de estaremperto de caixotes de lixoorgânico, segundo 81 por cento O facto de não existiremecopontos perto de casa é aprincipal barreira para 41% dosindivíduos que dizem não ter ohábito de reciclar, seguido dafalta de tempo, mencionada por30 por cento.Apesar de toda a informação jádivulgada pela SPV e demaisparceiros sobre o processo deseparação de lixo e dareciclagem, cerca de 40 porcento diz não ter acesso fácil aessa informação. O acessopreferencial de divulgação éatravés da televisão que segundoos inquiridos fornece informaçãopercepcionada de forma clara.Para 61 por cento, é na televisãoque este tipo de informaçãodeveria ser divulgada. ■

notícias

«Usos e atitudes» ao pormenor

O facto de nãoexistirem

ecopontos pertode casa é a

principalbarreira para

41% dosindivíduos que

dizem não ter ohábito de

reciclar, seguidoda falta de

tempo,mencionada por

30 por cento.

O contentor azul é distinguido por 52 por cento da população como o local onde se coloca o papel e o cartão, osegundo material mais mencionado. O contentor amarelo é diferenciado por 54 por cento da amostra como o localonde se coloca o plástico e por 23 por cento como o local onde se coloca o metal.

Page 15: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

notíciasPara a entidade gestora do SIGRE, os cidadãos preocupam-se cada vez mais com o ambiente.

Reciclagem cresce 26,1%O papel/cartão foi omaterial que registoumaior crescimento, àsemelhança do queaconteceu no 1ºsemestre do ano. Foramretomadas 84.016toneladas, o quecorresponde a umaumento de 38,2%, facea igual período de 2003.

AS RETOMAS de embalagensusadas cresceram 26,1 por centoentre Janeiro e Setembro desteano face a período homólogo de2003, de acordo com os dadosda Sociedade Ponto Verde (SPV).A entidade gestora do SistemaIntegrado de Gestão de Resíduosde Embalagens urbanas e não-urbanas (SIGRE) recolheu eencaminhou para reciclagemperto de 200 mil toneladas deresíduos de embalagens.O papel/cartão foi o materialque registou maior crescimento,à semelhança do que aconteceuno 1º semestre do ano. Foramretomadas 84.016 toneladas, oque corresponde a um aumentode 38,2%, face a igual períodode 2003.A retoma de plástico aumentou36,6 por cento para as 19.223toneladas, surgindo em segundolugar. Na madeira a subida foide 26,1 por cento e no vidro foiassinalado um crescimento de16,7%, com 3.502 e 80.247toneladas de embalagens

retomadas, respectivamente. Ometal foi o material que registouo menor crescimento, 5,3 porcento, com a retoma a atingir as11.546 toneladas.O crescimento das retomas temvindo a ser feito de formasustentada relativamente aosnúmeros de 2003, mas existeainda um longo caminho apercorrer até que se alcancem asmetas impostas pela UniãoEuropeia para 2011, segundo osdados recolhidos pela SPV. Para a entidade gestora doSIGRE, os cidadãos preocupam-secada vez mais com o ambiente,e por consequência com aseparação dos resíduos sólidosurbanos. “Os accionistas daempresa continuam muitoempenhados em alcançar dasmetas”, refere a empresa emcomunicado à imprensa. O crescimento constante podetambém ser considerado frutodas iniciativas lançadas pela SPVcom o objectivo de fomentar areciclagem em Portugal. Os dois

programas de televisão lançadoseste ano (“Ponto por Ponto” naTVI e “Ponto Verde” no canala:2), as sucessivas acções desensibilização, como porexemplo a campanha “SepararToca a Todos”, ainda a decorrer,e os spots televisivosactualmente a passar em várioscanais deram o seu contributopara os valores de retomaalcançados. Outro indicador que revela umamaior participação dosportugueses na separação deresíduos, que leva a um aumentoda reciclagem, é o recentelançamento dos ecopontosdomésticos por parte da SPV, emparceria com a OTTO Industrial.Esta iniciativa tem tido umenorme sucesso junto doscidadãos portugueses,comprovado pelas sucessivasquebras dos stocks disponíveisnos Hipermercados Continente. ■

10 00020 00030 00040 00050 00060 00070 00080 00090 000

100 000110 000120 000130 000140 000150 000160 000170 000180 000190 000200 000

0

45%

0,00%

Vidro Papel/Cartão Plástico Metal Madeira Total

NOS PRIMEIROS 9 MESES DE 2004

Materiais Retomas (toneladas) Variação (em relação a período homólogo anterior)

Vidro 80.247,0 16,7%Papel/Cartão 84.016,2 38,2 %Plástico 19.223,3 36,6%Metal 11.546,2 5,3%Madeira 3.502,5 26,1%Total 198.535,2 26,1%

80,247

84,016

19,22311,546

5.30%

26.10%

36.60%38.20%

16.70%

26.10%

3,503

198,535

Retomas Jan/Set. 2004 Variação relativa a período homólogo

Page 16: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

notícias

24 recicla

A CAMPANHA “Separar Toca aTodos”, promovida e realizadapela Sociedade Ponto Verde(SPV), continua a percorrer o paíse visitou 580 mil lares, desde oseu início, a 12 de Maio. Esta éuma iniciativa inédita, com oobjectivo de fomentar os hábitosde reciclagem dos portugueses.Em algumas casas visitadas,cerca de 13 por cento, a SPVfalou de forma directa e pessoalsobre as práticas de separaçãodos resíduos. Todos os laresvisitados ficaram na posse deinformação de separação deembalagens usadas, de forma afacilitar a execução desta tarefa.Das pessoas que abriram a porta,a grande maioria (71 por cento)separa algum tipo de material,mas os monitores da SPVconstataram que apenas 38 porcento procedem a umaseparação correcta, ou seja, sãoseparados correctamente todosos tipos de material deembalagem. Com esta iniciativa, a sociedadeque gere o Sistema Integrado deGestão de Resíduos deEmbalagem (SIGRE) pretendeapelar a uma maior participaçãoda população e sensibilizá-lapara os benefícios sócio-económicos e ambientais deseparar as embalagens paraposterior reciclagem.As equipas de monitores da“Separar Toca a Todos” visitam oslares com carácter de surpresa,de modo a apurar os hábitos dereciclagem, premiando todos osque provarem separar asembalagens com um íman-diploma de frigorífico coma frase “Cá em Casa Separa-se” euma raspadinha que os habilitaráa outro prémio. No total já foramdistribuídos perto de 28 milbrindes.Os cidadãos visitados poderãoganhar um carro SMART,bastando para isso escrever umafrase sugestiva e enviar o cupãoque vem com a raspadinha.Nas habitações onde não se

separam embalagens usadas sãodistribuídos guias de reciclagemcom as regras de deposiçãoselectiva, de forma a incentivar auma posterior separação, e aosque não estiverem em casa naaltura da visita será deixada naporta a mesma informação emformato de pendurante.

Em Dezembro, a campanha“Separar Toca a Todos” iráperfazer um total de 650 milvisitas a habitações do país. A campanha da SPV abrangetodo o território nacional, naszonas de intervenção dos diversossistemas municipais que integramo Sistema Ponto Verde. ■

580 mil lares já visitados

As equipas demonitores da

“Separar Toca aTodos” visitam

os lares comcarácter de

surpresa, demodo a apuraros hábitos de

reciclagem,premiando todosos que provarem

separar asembalagens com

um íman-diploma defrigorífico coma frase “Cá em

Casa Separa-se” euma raspadinha

que os habilitaráa outro prémio.

No total jáforam

distribuídosperto de 28 mil

brindes.

«SEPARAR TOCA A TODOS»

Das pessoas que abriram a porta, a grande maioria (71 por cento) separa algum tipo de material

Page 17: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

DESENVOLVIDO PELA OTTO INDUSTRIAL, EM PARCERIA COM A SPV

notíciasO ecoponto dispõe de uma divisão para o plástico e o metal, outra para o papel/cartão

JÁ ESTÁ à venda nas grandessuperfícies o novo ecopontodoméstico tripartido, fabricadopela OTTO Industrial, emparceria com a SociedadePonto Verde (SPV), e quepermite a separação deembalagens em casa de formafácil e cómoda.O ecoponto dispõe de umadivisão para o plástico e ometal, outra para opapel/cartão (concebidaespecialmente para acomodaro formato dos jornais erevistas) e por fim, uma divisãopara o vidro, à semelhança doque sucede com os ecopontosde rua.Estes ecopontos podem seradquiridos nos super ehipermercados,

nomeadamente no Continentee Modelo, por um preço queronda os doze euros, um valorbastante atractivo face aosoutros equipamentos dogénero disponíveis nomercado.O produto lançado pela SPVsurge como resposta ànecessidade manifestada pelapopulação de encontrar umequipamento que permitissefazer de forma correcta eeficaz a separação dosresíduos em casa, paraposterior reciclagem. Segundo um recente estudoencomendado pela SPV àMetris/Gfk, os cidadãosafirmaram que participariammais na separação se tivessemao seu alcance meios para ofazer, nomeadamenteecopontos domésticos. Amesma análise refere quecerca de 80% dos inquiridosafirmam utilizar sacos desupermercado para proceder àseparação de embalagens.Indo ao encontro dos anseiosda população inquirida, esteecoponto foi dimensionado

para caber debaixo dequalquer lava-loiça, localescolhido por 27 por cento douniverso do estudo paracolocação do material areciclar, e nele podem serutilizados os vulgares sacos desupermercado.A colocação no mercado deum produto acessível, práticoe de fácil utilização só foipossível através do esforço daDispar (accionista da SPV paraa área do comércio e Serviços)e dos seus associados. ■

QUEREMOS RECICLAR!

Os portugueses estão a aderir em força à campanha “Separar Toca aTodos”, da Sociedade Ponto Verde, e demonstram uma enorme vontadede ajudar à reciclagem, com a separação do lixo em casa.A venda dos novos ecopontos domésticos, produzidos pela OTTOIndustrial, em parceria com a Sociedade Ponto Verde, superou todas asexpectativas e em mês e meio foram comercializadas quatro mil unidadespor semana, o dobro do previsto."As nossas estimativas indicavam que íamos vender cerca de 25 milecopontos domésticos este ano. Mas em mês e meio já vendemos 20mil", afirmou o director-geral da OTTO Portugal, Rui Mão de Ferro.

Ecoponto doméstico à vendanas grandes superfícies

O produto lançado pelaSPV surge como respostaà necessidade manifestadapela população deencontrar um equipamentoque permitisse fazer deforma correcta e eficaz aseparação dos resíduosem casa, para posteriorreciclagem.

Page 18: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

26 recicla

QUEIMAR resíduos sólidos émuito mais caro do que optarpela reciclagem, segundo umestudo encomendado peloMinistério do Ambiente àUniversidade Nova de Lisboa.A equipa liderada por FernandoSantana conclui que aincineração implicaria um custode 26,5 euros por tonelada,enquanto que separar o lixo ereciclá-lo ficaria pelos 16 euros.Neste estudo foram analisadosvários cenários, tendo sempreem conta as metas dereciclagem do lixo urbanoprevistas nas directivascomunitárias. A opção maisbarata, 15 euros por tonelada, éa deposição em aterro,

acompanhada por estratégias jáexistentes, como a reciclagemde embalagens e dosbiodegradáveis recolhidos juntodos grandes produtores.No entanto, para os autores doestudo, “este cenário exige umesforço praticamenteincomportável de recolhasselectivas (embalagens e matériaorgânica) para se cumprirem asdirectivas comunitárias, peloque é pouco realista”.Esta solução apresenta aindaoutras desvantagens, como ofacto de a capacidade dosaterros se esgotar muito tempoantes daquele para que foramprojectados ou ainda os riscosde contaminação dos lençóis

freáticos, bem como depoluição atmosférica, por osaterros conterem muita matériaorgânica.O segundo cenário apontadoneste estudo é o da incineração,que eleva os custos detratamento dos lixos para os26,5 euros por tonelada, devidoaos custos iniciais deinvestimento.Surge ainda um terceiro cenário, com base no pré-tratamento de resíduos, que é o envio dos lixos parareciclagem e deposição ematerro apenas do que forrejeitado. Os custos desta opçãovariam entre os 15 e os 17 eurospor tonelada. ■

Queimar custa mais

que reciclarA equipa liderada por Fernando Santana conclui que a incineração implicaria um custo de 26,5 euros portonelada, enquanto que separar o lixo e reciclá-lo ficaria pelos 16 euros.Neste estudo foram analisados vários cenários, tendo sempre em conta as metas de reciclagem do lixourbano previstas nas directivas comunitárias.

notíciaspara os autores do estudo, “este cenário exige um esforço praticamente incomportável de recolhas selectivas.

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Page 19: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

notíciasO acordo pretende acelerar a efectivação dos compromissos assumidos no Congresso Mundial sobre Desenvolvimento

Comissão Europeia e Nações Unidasreforçam cooperação

Resíduos sem tratamento

AMBIENTE

COMPUTADORES E TELEMÓVEIS

A COMISSÃO Europeia e oPrograma das Nações Unidaspara o Ambiente (PNUA)reforçaram a sua parceria, comvista a acelerar a aplicação depolíticas ambientais à escalamundial.A Comissária para o Ambiente,Margot Wallström, e o directorexecutivo da PNUA, KlausTöpfer, assinaram recentementeum novo acordo de cooperação,sob a forma de Memorando deEntendimento, num encontroem Bruxelas.Esta parceria vem reforçar acolaboração a todos os níveis,através de reuniões regulares,discussões de políticasestratégicas e cooperaçãofinanceira.O acordo pretende acelerar aefectivação dos compromissosassumidos no CongressoMundial sobre DesenvolvimentoSustentado, que teve lugar em

QUANDO deixam de funcionar, os computadores e telemóveiscontinuam a ter um destino incerto em Portugal, pese embora asua toxicidade para o ambiente. A legislação para os reciclar estápronta, mas ainda não entrou em vigor. O Ministério do Ambiente afirma que a publicação acontecerá a“breve prazo”. Até que tal suceda, equipamentos e resíduoscontinuarão em aterros ou serão exportados para outros países.Só será possível criar circuitos de recolha selectiva para oarmazenamento, pré-tratamento e posterior reciclagem oureutilização dos resíduos de equipamentos eléctricos eelectrónicos com a publicação da respectiva legislação, jáaprovada em Conselho de Ministros a 16 de Setembro e quetranspõe três directivas do Parlamento e do Conselho europeus. Tal como sucede com as embalagens, pilhas e pneus, é precisoaprovar uma entidade gestora para este tipo de resíduos. “Temosconhecimento de que há movimentos de concertação entre váriosagentes e que têm sido mantidos contactos com o Instituto dosResíduos para que seja iniciado o procedimento delicenciamento”, esclareceu o porta-voz ministerial Miguel Braga. ■

Joanesburgo, em 2002.Produção e consumosustentáveis, assistência aospaíses em desenvolvimento parao atingimento de metasambientais, energia sustentável,auxílio à implementação deacordos multilaterais em matériaambiental, químicos e acessoglobal a água potável foram asáreas seleccionadas paracooperação imediata. ■

O Ministério do Ambiente afirma que a publicação acontecerá a“breve prazo”. Até que tal suceda, equipamentos e resíduoscontinuarão em aterros ou serão exportados para outros países.

A Comissária para o Ambiente,Margot Wallström, e o directorexecutivo da PNUA, Klaus Töpfer,assinaram recentemente um novoacordo de cooperação, sob a formade Memorando de Entendimento, numencontro em Bruxelas.

Page 20: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

28 recicla

pro europeA Pro Europe integra 22 países que aderiram ao sistema Ponto Verde

O REFORÇO dos mercados dereciclagem e a aceleração dacooperação internacional sãomedidas prioritárias na procurade um desenvolvimentosustentável. Esta foi a conclusãodo II Congresso Internacional da Pro Europe, que decorreu naUniversidade Humboldt, emBerlim, nos dias 23 e 24 deSetembro, integrado na SemanaEuropeia da Reciclagem 2004.Uma das ideias avançadas nocongresso foi que a reciclagem éum elemento importante noesforço para tornar o

desenvolvimento sustentáveluma realidade. Além disto, tendoem conta o aumento do preçodas matérias-primas e anecessidade de conservação derecursos naturais, a importânciada reciclagem de materiaisusados apenas poderá tornar-semaior no futuro.A Pro Europe integra 22 paísesque aderiram ao sistema PontoVerde, nos quais se incluiPortugal, e os seus parceiros da Grã-Bretanha e Canadá. O patrono do congresso desteano foi o anterior presidente da

República Checa Vaclav Havel e o tema foi “Ponto Verde 2004 – Benefícios da Reciclagem para GeraçõesFuturas.Este ano, estiveram presentescerca de 600 especialistasinternacionais em política,negócios, ciências, bem comojornalistas e organizaçõesprofissionais, oriundos de cercade 37 países. Em Berlim,discutiram como poderá ser feitoum uso sustentável dos recursosnaturais e conservá-los para asgerações futuras. ■

Reciclagem precisa de reforçarmercados e acelerar cooperação

O patrono docongresso deste ano

foi o anteriorpresidente da

República ChecaVaclav Havel e otema foi “Ponto

Verde 2004 –Benefícios da

Reciclagem paraGerações Futuras.

Este ano, estiverampresentes cerca de

600 especialistasinternacionais em

política, negócios,ciências, bem como

jornalistas eorganizações

profissionais,oriundos de cerca

de 37 países.

II CONGRESSO DA PRO EUROPE CONCLUI

DELEGAÇÃO PORTUGUESA NO II CONGRESSO DA PRO EUROPE.

Page 21: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

29recicla

pro europeUma das exigências é tornar a educação ambiental uma disciplina obrigatória na escola primária.

A EDUCAÇÃO ambiental e ainclusão das gerações mais novasnesse processo são essenciais.Esta foi uma das posiçõestomadas pelo I Eco-Parlamentoda Juventude Europeia, umainiciativa da Pro Europe.Cerca de 2.700 jovens de dezpaíses europeus retiram ideias doVI Programa de Acção Ambientalda União Europeia e emconjunto elaboraram o LivroBranco Internacional, comexigências ambientais eecológicas para os líderespolíticos europeus.Durante o congresso cerca de120 jovens membros doparlamento, entre os 13 e os 15anos, revelaram as suasresoluções ambientais e

apresentaram o Livro Branco aoPresidente da Comissão deAmbiente do ParlamentoEuropeu, Karl-Heinz Florenz.Uma das exigências é tornar aeducação ambiental umadisciplina obrigatória na escolaprimária.“Com a sua exemplarcooperação internacional, estesjovens demonstraram que aeducação ambiental é um dospilares da protecção dodesenvolvimento sustentável”,afirmou o co-director da ProEurope Bernard Hérodin. “Istoconfirma a abordagem da ProEurope e das organizações PontoVerde e reforça a nossa vontadede promover a educaçãoambiental. ■

Jovens pedem mais educação ambientalDurante o congresso cerca de 120 jovens membros do parlamento,entre os 13 e os 15 anos, revelaram as suas resoluções ambientais eapresentaram o Livro Branco ao Presidente da Comissão de Ambientedo Parlamento Europeu, Karl-Heinz Florenz.

MAIS DE 460 MIL MILHÕES DE EMBALAGENS RECICLÁVEIS

“Mais de 460 mil milhões de embalagens emtodo o mundo são recicláveis”, afirmou opresidente da Pro Europe, Hans Peter Repnik,na abertura dos trabalhos do II CongressoInternacional desta organização.Repnik anunciou a ampliação do trabalho daPro Europe a mais nações não europeias erecordou o actual acordo de cooperação como Canadá e as “estreitas ligações” com osistema japonês JCPRA.Analisando a actual cooperação existentenos diversos países em matéria dereciclagem, o presidente da Pro Europeafirmou que “novas alianças foram forjadasentre Estado, Comércio e Indústria nafundação de interesses comuns”.”Asempresas estão progressivamente a agircomo cidadãos corporativos e a ajudar oEstado nas suas responsabilidades”,acrescentou.Para o co-director da Pro Europe FritzFlanderka o congresso deste ano foi “umimportante sinal para a conservação doambiente e dos recursos naturais na Europa”.“Com os negócios e a indústria cada vezmais globalizados, não é mais possível aospaíses tomarem conta das tarefasnecessárias ao desenvolvimento sustentávelde um modo unilateral”, avisou Flanderka,acrescentando que “a comunicação intensivae a troca de conhecimento são importantespara a rede de mercados e para que seconsiga tirar vantagens das sinergias”.Flanderka considerou também que aadopção em vários países do sistema PontoVerde veio dar outra responsabilidade aosprodutores e fez da reciclagem de resíduosde embalagem uma parte integrante eessencial dos instrumentos usados paraproteger o ambiente na Europa.

Page 22: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

3recicla

Aprevenção da produção de resíduos de embalagens e aminimização do seu impacto ambiental são assuntos na ordem dodia.

Essas preocupações começam ao nível do design da embalagem edevem ser pensadas tendo em conta todo o seu ciclo de vida. A embalagem não pode ser vista como algo a descartar depois deconsumido o produto que continha. Os impactos ambientais amontante e a jusante devem ser tidos em conta.

Um design bem conseguido não deve favorecer só o transporte, asegurança, a apresentação e outras funções requeridas a umaembalagem. Deve igualmente e sempre que possível, uma veztransformada em resíduo, favorecer os processos de separação paraque a sua reciclagem seja facilitada.

Estas preocupações, já partilhadas pela indústria embaladora efabricante de embalagens, têm levado a apreciáveis melhoramentos,fruto de pesquisa e de optimização da estrutura da embalagem e daoptimização da sua logística. Neste aspecto, existem inúmeros exemplos de reduções apreciáveis depeso tanto em embalagens de venda (primárias) como em embalagensgrupadas (secundárias) e de transporte (terciárias).

Menor peso, para o mesmo material embalado, significa poupança dematérias-primas e menores custos de transporte entre outras vantagens.

No entanto, é lícito questionar se existirá um limite para a redução depeso de uma embalagem.

Efectivamente, está demonstrado que abaixo de um limite de peso,ficam prejudicadas funções de segurança e de capacidade detransporte da embalagem. Os prejuízos económicos e ambientais quedaí advêm (com a deterioração do produto) superam largamente aspoupanças em material de embalagem.

Por outro lado, mudanças demográficas, sociais e culturais, tal comoas famílias menos numerosas, mais pessoas a viverem sozinhas, maiorlongevidade, menores taxas de natalidade, têm provocado no nossopaís mais consumo de pequenas quantidades de produtos.

Nesta publicação vamos poder verificar como a indústria está aconseguir responder ao duplo desafio: satisfazer as novas necessidadesdos consumidores e por outro lado conseguir minimizar o impactoambiental em todo o ciclo de vida da embalagem.

João Mogas

Director Comercial da SPV

EDITOR

IALO desaf io da prevenção

Um design bemconseguido nãodeve favorecer

só o transporte,a segurança,

a apresentação e outras funçõesrequeridas a uma

embalagem.

PROPRIEDADESociedade Ponto Verde,S.A.Edifício Infante D.HenriqueRua João Chagas,n.º53,1.º Dtº1495-072 Algés • PortugalTelef.: (+351) 21 414 73 00Fax:(+351) 21 414 52 [email protected]

DIRECTORHenrique Agostinho

DIRECTORA ADJUNTASusana Camacho Palma

EDIÇÃO, REDACÇÃO, DESIGN E PUBLICIDADEXMP - Gestão e Meios de Comunicação, LDAAv. de Roma, 16-5.º Esq.1000-265 LisboaTelef.: (+351) 21 845 91 00Fax: (+351) 21 845 91 [email protected]

ESTUDO GRÁFICOCarlos Jorge

IMPRESSÃOHeska

TIRAGEM20.000 exemplares

DEPÓSITO LEGAL000000000000000

ICS124501

Page 23: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

30 recicla

opinião

ana pires, responsável pela área de ambiente

da novadelta

NESTES ÚLTIMOS tempos, temosassistido a um importantedesenvolvimento na área dareciclagem em Portugal, para oqual tem contribuído não apenasum esforço continuado desensibilização, como umdesempenho mais colaborativode todos os intervenientes. Assim,vêm-se registando aumentossucessivos nas retomasefectuadas junto dos diversosparceiros que garantem a recolhaselectiva e triagem dos resíduosde embalagem. Portugal terá deaumentar a quantidade deembalagens usadas que hojerecicla de acordo com oestabelecido na DirectivaComunitária sobre esta matéria,mas creio estarmos no bomcaminho. A prevenção da produção de umresíduo deve surgir sempre comoa primeira opção a considerarnum sistema coerente de gestão.

As vantagens da redução naorigem são óbvias, pois umaoptimização dimensional daembalagem proporcionaseguramente uma redução decustos e uma rentabilização derecursos, com consequenteminimização do impacteambiental. No entanto, todos oscuidados são poucos: aimplementação deste tipo demedidas implica algumaprecaução, pois existe o perigode sub dimensionamento, comcriação de embalagens nãosuficientemente robustas, ou quenão proporcionem a devidaprotecção do produto ao longode toda a cadeia de distribuição.No caso Novadelta, as acçõesefectuadas ao nível dos produtos,presentes na publicação daEmbopar, consistiramessencialmente em alteraçõesocorridas ao nível do processo deenchimento e alterações ao níveldo material de embalagem. Já nacevada, a modificação ocorridaao nível do processo deenchimento permitiu conceberuma nova embalagem primária,diminuindo o seu peso epossibilitando outras reduções aonível da embalagem secundária.No caso do Deltacao, asubstituição ocorrida ao nível domaterial, permitiu desenvolveruma nova embalagem com umnovo formato e menor peso. Parao café platina, a melhoria dastécnicas de enchimento e aeliminação de espaços vaziospermitiram reduzir o peso dopacote, poupando material deembalagem e possibilitandooutras reduções ao nível daembalagem secundária.Dos processos implementadosdestacam-se dificuldades no casoconcreto da alteração da

embalagem da cevada. Nestecaso, a alteração foiacompanhada de um aumento decapacidade produtiva commodificação da filosofia deembalagem. Ocorreram diversosproblemas relacionados, quercom o material de embalagem,quer pelas características damáquina e do produto. Ao nívelda embalagem primária o pacotenão ficava bem formado. Emtermos de embalagem secundáriaas caixas não tinham umaconfiguração adequada à linhade empacotamento, o queprovocava ruptura das mesmas(uma vez que se tratam de caixasdo tipo expositor). Houve nestecaso necessidade de optimizar oprocesso produtivo, quer emtermos de máquina, querrelativamente ao material deembalagem. Em termos deembalagem secundária foinecessário acrescentar altura nacaixa.A Directiva 2004/12/CE, relativaa embalagens e resíduos deembalagens, incitou e reforçou anecessidade de adopção, pelosEstados-Membros, de medidasorientadas para a minimizaçãodos impactos ambientais dasembalagens, nomeadamente aimplementação de medidaspreventivas como a introduçãode programas nacionais eprojectos ou acções similares queintroduzam responsabilidade aoprodutor. Neste caso penso queestas acções se vão traduzir nummaior esforço por parte dasempresas embaladoras, com umamaior responsabilização enecessidade de criação derecursos com vista à prossecuçãode acções para minimizar oimpacto associado aoembalamento. ■

Prevenção, a primeira

escolhaNo caso Novadelta,

as acçõesefectuadas ao nível

dos produtos,presentes na

publicação daEmbopar,

consistiramessencialmente em

alteraçõesocorridas ao nível

do processo deenchimento e

alterações ao níveldo material de

embalagem.

Page 24: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

4 recicla

ReciclacontémTEMA

PREVENÇÃO POR REDUÇÃO NA ORIGEM

Minimizar o impacte ambiental dosresíduos das embalagens e optimizar as

dimensões da embalagem, de forma aevitar situações de excesso ou défice dematerial, são os objectivos da prevenção

por redução na origem.Consciente da necessidade de redução

dos resíduos sólidos e da urgência daresposta às indicações dadas pela

Directiva 94/62/CE, a indústriaembaladora tem procurado desenvolver

este tipo de acções. PÁGINAS 6 e 7▼Entrevista

A Pedro Silveira, Director deAmbiente da Central de Cervejas.

PÁGINA 8

EntrevistaCarlos Branco, Chefe

do Departamento de Ambiente da Refrige. PÁGINA 10

EntrevistaJosé Gabriel, Director Técnico

da LeverElida. PÁGINA 12

EntrevistaElsa Carvalho, Dorectora Técnica

da Compal.PÁGINA 14

ENTREVISTARUI MÃO DE FERRO DIRECTOR-

-GERAL DA OTTO PORTUGALO ecoponto doméstico ajuda a

criar condições para uma melhorseparação de resíduos nos lares, diz

Rui Mão de Ferro, acerca do novoproduto fabricado pela sua empresaem parceria com a SPV. PÁGINAS 16 e 17

II CONGRESSO DA PRO EUROPE CONCLUIReciclagem precisa de reforçar mercados e acelerar cooperaçãoo reforço dos mercados de reciclagem e a aceleração dacooperação internacional são medidas prioritárias naprocura de um desenvolvimento sustentável. Esta foi aconclusão do II Congresso Internacional da Pro Europe, quedecorreu na Universidade Humboldt, em Berlim, nos dias 23e 24 de Setembro, integrado na Semana Europeia daReciclagem 2004. PÁGINA 28

BELMIRO ATACA ATRASO AMBIENTALO presidente da Sonae, EngºBelmiro de Azevedo, criticouo Estado por ter posições“casuísticas” sobre oambiente. “Portugal temseguido um processo deziguezague, em que o Estadose vai adaptando emmatéria ambiental”. PÁGINA 15

Page 25: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

1 recicla

reciclaANO1 | N.º2 | TRIMESTRAL | NOVEMBRO 2004

SOCIEDADE PONTO VERDE OPINIÃO NOVADELTA|LEVERELIDA|REFRIGE|COMPAL|CENTRAL DE CERVEJAS

1

EMBALAGENSEMBALAGENSMELHOR PREVENIR QUE REMEDIAR

OTTO PORTUGALO Sucesso

dos Ecopontos

MADEIRAA 18 anos

dos objectivos

Page 26: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na
Page 27: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

3recicla

Aprevenção da produção de resíduos de embalagens e aminimização do seu impacto ambiental são assuntos na ordem dodia.

Essas preocupações começam ao nível do design da embalagem edevem ser pensadas tendo em conta todo o seu ciclo de vida. A embalagem não pode ser vista como algo a descartar depois deconsumido o produto que continha. Os impactos ambientais amontante e a jusante devem ser tidos em conta.

Um design bem conseguido não deve favorecer só o transporte, asegurança, a apresentação e outras funções requeridas a umaembalagem. Deve igualmente e sempre que possível, uma veztransformada em resíduo, favorecer os processos de separação paraque a sua reciclagem seja facilitada.

Estas preocupações, já partilhadas pela indústria embaladora efabricante de embalagens, têm levado a apreciáveis melhoramentos,fruto de pesquisa e de optimização da estrutura da embalagem e daoptimização da sua logística. Neste aspecto, existem inúmeros exemplos de reduções apreciáveis depeso tanto em embalagens de venda (primárias) como em embalagensgrupadas (secundárias) e de transporte (terciárias).

Menor peso, para o mesmo material embalado, significa poupança dematérias-primas e menores custos de transporte entre outras vantagens.

No entanto, é lícito questionar se existirá um limite para a redução depeso de uma embalagem.

Efectivamente, está demonstrado que abaixo de um limite de peso,ficam prejudicadas funções de segurança e de capacidade detransporte da embalagem. Os prejuízos económicos e ambientais quedaí advêm (com a deterioração do produto) superam largamente aspoupanças em material de embalagem.

Por outro lado, mudanças demográficas, sociais e culturais, tal comoas famílias menos numerosas, mais pessoas a viverem sozinhas, maiorlongevidade, menores taxas de natalidade, têm provocado no nossopaís mais consumo de pequenas quantidades de produtos.

Nesta publicação vamos poder verificar como a indústria está aconseguir responder ao duplo desafio: satisfazer as novas necessidadesdos consumidores e por outro lado conseguir minimizar o impactoambiental em todo o ciclo de vida da embalagem.

João Mogas

Director Comercial da SPV

EDITOR

IALO desaf io da prevenção

Um design bemconseguido nãodeve favorecer

só o transporte,a segurança,

a apresentação e outras funçõesrequeridas a uma

embalagem.

PROPRIEDADESociedade Ponto Verde,S.A.Edifício Infante D.HenriqueRua João Chagas,n.º53,1.º Dtº1495-072 Algés • PortugalTelef.: (+351) 21 414 73 00Fax:(+351) 21 414 52 [email protected]

DIRECTORHenrique Agostinho

DIRECTORA ADJUNTASusana Camacho Palma

EDIÇÃO, REDACÇÃO, DESIGN E PUBLICIDADEXMP - Gestão e Meios de Comunicação, LDAAv. de Roma, 16-5.º Esq.1000-265 LisboaTelef.: (+351) 21 845 91 00Fax: (+351) 21 845 91 [email protected]

ESTUDO GRÁFICOCarlos Jorge

IMPRESSÃOHeska

TIRAGEM20.000 exemplares

DEPÓSITO LEGAL000000000000000

ICS124501

Page 28: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

4 recicla

ReciclacontémTEMA

PREVENÇÃO POR REDUÇÃO NA ORIGEM

Minimizar o impacte ambiental dosresíduos das embalagens e optimizar as

dimensões da embalagem, de forma aevitar situações de excesso ou défice dematerial, são os objectivos da prevenção

por redução na origem.Consciente da necessidade de redução

dos resíduos sólidos e da urgência daresposta às indicações dadas pela

Directiva 94/62/CE, a indústriaembaladora tem procurado desenvolver

este tipo de acções. PÁGINAS 6 e 7▼Entrevista

A Pedro Silveira, Director deAmbiente da Central de Cervejas.

PÁGINA 8

EntrevistaCarlos Branco, Chefe

do Departamento de Ambiente da Refrige. PÁGINA 10

EntrevistaJosé Gabriel, Director Técnico

da LeverElida. PÁGINA 12

EntrevistaElsa Carvalho, Dorectora Técnica

da Compal.PÁGINA 14

ENTREVISTARUI MÃO DE FERRO DIRECTOR-

-GERAL DA OTTO PORTUGALO ecoponto doméstico ajuda a

criar condições para uma melhorseparação de resíduos nos lares, diz

Rui Mão de Ferro, acerca do novoproduto fabricado pela sua empresaem parceria com a SPV. PÁGINAS 16 e 17

II CONGRESSO DA PRO EUROPE CONCLUIReciclagem precisa de reforçar mercados e acelerar cooperaçãoo reforço dos mercados de reciclagem e a aceleração dacooperação internacional são medidas prioritárias naprocura de um desenvolvimento sustentável. Esta foi aconclusão do II Congresso Internacional da Pro Europe, quedecorreu na Universidade Humboldt, em Berlim, nos dias 23e 24 de Setembro, integrado na Semana Europeia daReciclagem 2004. PÁGINA 28

BELMIRO ATACA ATRASO AMBIENTALO presidente da Sonae, EngºBelmiro de Azevedo, criticouo Estado por ter posições“casuísticas” sobre oambiente. “Portugal temseguido um processo deziguezague, em que o Estadose vai adaptando emmatéria ambiental”. PÁGINA 15

Page 29: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

5recicla

ADESÃO AO «PONTO VERDE» SOBE EM 2004

A declaração de embalagens de madeira àSociedade Ponto Verde (SPV) vai atingir

este ano 23 por cento do total deembalagens deste material colocadas no

mercado português, de acordo com asprevisões de um estudo elaborado pelaAssociação Nacional de Recuperação eReciclagem de Resíduos de Embalagens

(EMBAR). PÁGINAS 18 e 19▼RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

QUEIMAR CUSTA MAIS QUE RECICLAR

Queimar resíduos sólidos é muito mais caro do que

optar pela reciclagem,segundo um estudo

encomendado pelo Ministério do Ambiente à Universidade

Nova de Lisboa. PÁGINA 26

«SEPARAR TOCA A TODOS»580 MIL LARES JÁ FORAM

VISITADOSA campanha “Separar Toca a

Todos”, promovida e realizadapela Sociedade Ponto Verde

(SPV), continua a percorrer opaís e visitou 580 mil lares,desde o seu início. PÁGINA 24

AMBIENTECOMISSÃO EUROPEIA E NAÇÕES UNIDAS REFORÇAMCOOPERAÇÃOA comissão Europeia e o Programadas Nações Unidas para oAmbiente reforçaram a suaparceria, com vista a acelerar aaplicação de políticas ambientaisà escala mundial. A Comissáriapara o Ambiente, MargotWallström, e o director executivoda PNUA, Klaus Töpfer, assinaramrecentemente um novo acordo decooperação. PÁGINA 27

Nesta publicação vamos poder verificar como a indústria está a conseguir responder ao duplo desafio: satisfazer as novas necessidadesdos consumidores e por outro lado conseguir minimizar o impacto ambiental em todo o ciclo de vida da embalagem.

ESTUDO METRISGFKMETADE DA POPULAÇÃO JÁ SEPARAEMBALAGENS USADASCerca de metade da população portuguesa, 48por cento, participa regularmente na separaçãode embalagens usadas, um indicador que se temmantido estável no último ano, de acordo com oestudo “Usos e atitudes”, realizado pelaMetrisGfk, para a Sociedade Ponto Verde (SPV),sobre hábitos de reciclagem. PÁGINAS 20 a 22

Page 30: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

6 recicla

MINIMIZAR o impacte ambientaldos resíduos das embalagens eoptimizar as dimensões daembalagem, de forma a evitarsituações de excesso ou défice dematerial, são os objectivos daprevenção por redução na origem.Consciente da necessidade deredução dos resíduos sólidos eda urgência da resposta àsindicações dadas pela Directiva94/62/CE, a indústria embaladoratem procurado desenvolver estetipo de acções. De acordo com esta directiva,

entende-se por prevenção aredução da quantidade enocividade para o ambiente dosmateriais e substâncias utilizadasnas embalagens, bem como daspróprias embalagens e os seusresíduos, ao nível do processo deprodução e nas fases dedistribuição, utilização eeliminação, por meio dodesenvolvimento de produtos etecnologias limpas.Por seu lado, a norma sobreprevenção EN 13428, do ComitéEuropeu de Normalização,

define “prevenção por reduçãona origem” como um processodirigido para a obtenção de umpeso e/ou volume mínimoadequado, relativamente a todoo tipo de embalagens (primária,secundária e terciária), mantendoao mesmo tempo o seudesempenho e a aceitação porparte do utilizador, permitindo aredução do impacte ambiental.Assim, é necessário contrariarsituações de excesso deembalagem, mas com especialatenção para o perigo de subdimensionamento. Caso a embalagem nãoapresente a devida robustez enão proporcione a necessáriaprotecção durante toda a cadeiade distribuição e consumopoderá atingir o ponto deruptura, que originará a perda einutilização do seu conteúdo,além da perda da própriaembalagem. Esta falha poderáoriginar efeitos negativosacrescidos, quer a níveleconómico, quer ambiental.É necessário encontrar umequilíbrio na relação entre osdiferentes tipos de embalagem,de modo a evitar que a reduçãoexcessiva num dos componentesimplique uma sobrecarga dematerial nos outros, o quetambém seria nefasto em termosde impacto global.Neste domínio, a SociedadePonto Verde, S.A. e a EMBOPAR- Embalagens de Portugal, SGPS,S.A., depois do lançamento doprimeiro catálogo da prevençãoem 2002, voltaram este ano arecolher e reunir numapublicação alguns exemplosnacionais de prevençãorelacionados com práticas deredução na origem, àsemelhança do que sucede emvários Estados-Membros daUnião Europeia e de forma apoder transmitir e darconhecimento de variadasiniciativas desencadeadas pelasempresas embaladorasportuguesas. ■

temaÉ necessário encontrar um equilíbrio na relação entre os diferentes tipos de embalagem.

Prevençãopor reduçãona origem

Prevençãopor reduçãona origem

Prevençãopor reduçãona origem

Prevençãopor reduçãona origem

PARA MINIMIZAR IMPACTE AMBIENTAL DAS EMBALAGENS

Page 31: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

7recicla

UMA POUPANÇA anual dematerial nas embalagens superiora 5300 toneladas foi o resultadodas acções de prevenção porredução na origem apresentadasnas duas edições do catálogo daprevenção da EMBOPAR.A primeira publicação, lançadaem 2002, apresentava 29exemplos de acções de prevençãopor redução na origemdesenvolvidas por empresasaccionistas da EMBOPAR e osegundo catálogo, publicado em2004, ilustra 28. Para este balanço quantitativo, oscálculos realizados para os váriostipos de embalagens tiveram porbase a Unidade de Venda aoConsumidor.No âmbito das acções preventivas,apresentadas nas publicações daEMBOPAR, foram efectuadasalterações ao nível da embalagemprimária, que registou a maiorincidência de acções, com 82,5 %do total de 57 exemplos,secundária (36,8%) e terciária(26,3%).Por embalagem primária entende--se qualquer embalagem concebidade modo a constituir uma unidadede venda para o utilizador final ouconsumidor no ponto de venda.A embalagem secundária éconcebida para constituir no localde compra uma grupagem deunidades de venda,independentemente destas assimserem vendidas ao consumidorfinal ou de esta embalagem servirapenas como meio deaprovisionamento.No caso da embalagem terciária,esta serve para facilitar o transporte

de uma série de unidades devenda ou de embalagensagrupadas.Nos exemplos apresentados pelaEMBOPAR são referidos osdiferentes níveis de actuação quederam origem ao processo deprevenção.Assim, a acção preventiva pode ter incidido sobre aconcepção do produto,acondicionamento do produto,simplificação da embalagem,optimização dimensional daembalagem ou do resíduo deembalagem, processo de fabricoda embalagem, processo de

reciclagem e sobre a matéria-prima secundária.Na maior parte dos casos, aprevenção resultou da conjugaçãode diferentes níveis de actuação,sendo que em cada nível importaatender a alguns aspectosimportantes (ver quadro). Porexemplo, no que toca àconcepção, é preciso saber seexistiu uma modificação dasdimensões do produto ou se a suaconcentração foi alterada.A optimização dimensional daembalagem (87,7% do total deexemplos das duas edições) foi onível de actuação onde se registouum maior número de acções.Nestes catálogos da EMBOPARparticiparam as empresas FábricasTriunfo, Johnson’s Wax, Empresadas Águas de Castelo de Vide,LeverElida, Nestlé, Nova Delta,Refrige, Sociedade Central deCervejas, Sogrape, UnileverBestfoods, Procter&Gamble,Empresa de Cervejas da Madeira,Sociedade Água do Luso, Sovena eUnicer. ■

temaos cálculos realizados para os vários tipos de embalagens tiveram por base a Unidade de Venda ao Consumidor

Poupança anual superiora 5 300 toneladas

A primeirapublicação,lançada em 2002,apresentava 29exemplos de acçõesde prevenção porredução na origemdesenvolvidas porempresasaccionistas daEMBOPAR e osegundo catálogo,publicado em 2004,ilustra 28.

NÍVEL DE ACTUAÇÃO ASPECTOS A CONSIDERAR

PRODUTO

Concepção As dimensões do produto foram modificadas?A concentração do produto foi alterada?Foi aplicado o conceito 2 em 1?

Acondicionamento O produto foi comprimido ou compactado?Melhoraram-se as técnicas de enchimento e ensacagem?Eliminaram-se espaços vazios?

EMBALAGEM

Simplificação Foi implementado um sistema de eco-recarga?Foram eliminados componentes da embalagem?Houve integração de funções nos componentes da embalagem?

Optimização dimensional A forma da embalagem foi alterada?Foi melhorada a relação entre o volume (ou peso) da embalagem e o do seu conteúdo?

Processo de fabrico Houve uma melhoria ao nível das técnicas de fabricação?Verificou-se uma evolução nos materiais utilizados?

RESÍDUO DE EMBALAGEM

Optimização dimensional A embalagem depois de usada é facilmente colapsável ou compactável?

Processo de reciclagem Reduziu-se o tipo de materiais que constituem a embalagem?Foram considerados aspectos de compatibilidade entre os materiais?Reduziu-se a nocividade ao nível da incorporação de aditivos,colas, vernizes, tintas e pigmentos?

Matéria-prima secundária Foi incorporado material reciclado no fabrico da embalagem?

ACÇÕES PREVENTIVAS APRESENTADAS NOS CATÁLOGOS DA EMBOPAR PERMITEM

Page 32: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

pedro silveira, director de ambiente da central de cervejas

Prevenção ilustra consciênciaambiental das empresas

entrevista

8 recicla

Como analisa, de forma geral, aactual situação da reciclagem emPortugal?Tem sido efectuado um enormeesforço, nomeadamente atravésda SPV, no sentido de sensibilizaros consumidores para anecessidade de separar osresíduos de embalagens. Contudo,haverá ainda um largo caminho apercorrer, que passaessencialmente pela formação ealteração de comportamentos,acompanhado obviamente pelacriação de condições paraescoamento dos resíduos triados,em termos estruturais, técnicos, erespeitando o regime jurídicovigente. A prorrogação do prazo

de atingimento da meta mínimade reciclagem global paraPortugal, juntamente com doisoutros estados membros da UniãoEuropeia, ilustra o esforçosuplementar que o país terá defazer para ombrear com osrestantes parceiros europeus nestamatéria.

Quais são as vantagens/desvanta-gens da redução na origem para asempresas envolvidas no projectoda Embopar e para o processo dereciclagem?Como sabemos a redução dapoluição na fonte é o primeiropasso para a implementação dasboas práticas ambientais e

constitui o primeiro “R” daconhecida política dos 3 “R´s”(Reduzir, Reutilizar, Reciclar).Assim, a prevenção por reduçãona origem começa por ser umailustração da consciênciaambiental da empresa, definida deforma explícita na sua PolíticaAmbiental: minimizar impactesambientais e concomitantementeminimizar a produção deresíduos.Sempre que se verifica a produçãode um resíduo, existe umdesperdício que temnecessariamente um custo.Minimizando esse resíduoestamos também a reduzir custoscom embalagem e posteriormente

A redução na origem é, emprimeiro lugar, uma

ilustração da consciênciaambiental da empresa,

definida de forma explícitana sua Política Ambiental. À

luz dessa consciência, aempresa procura minimizar

impactes ambientais e, emsimultâneo, minimizar a

produção de resíduos. Estaé uma das ideias lançadas

por Pedro Silveira,director de Ambiente daCentral de Cervejas, em

entrevista à Recicla.

Page 33: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

9recicla

entrevista

com resíduo de embalagem.Obviamente inerente a umaredução do peso da embalagem,está associada uma minimizaçãodo impacte ambiental decorrentedo transporte do mesmo volumede produto, mas com menos pesotransportado. A desvantageminerente à redução na origempoderá ser um sacrifício daapresentação, que se pretendeapelativa/diferenciada face aoconsumidor, ou seja, um sacrifíciode Marketing.

Considera que a prevenção naorigem deverá ser uma prioridadeface à optimização do processo dereciclagem?Sem dúvida, só não o seria se severificasse um gradientesignificativo do valoracrescentado, o que, emtratamento fim de linha raramenteacontece.A prevenção é uma prioridade nasduas vertentes indissociáveis,técnica e económica, e constituium dos pilares dodesenvolvimento sustentável.

Quais foram as alterações e acçõesefectuadas pela sua empresa aonível dos seus produtos presentesna publicação da Embopar?As alterações introduzidas naembalagem passaram pelasubstituição da cápsulaconstituída por dois tipos deplástico (PE+PP) para uma cápsulasó em PP, proporcionando umaredução de 0,2 gramas no peso dagarrafa JOI, sumo sem gás emgarrafa PET (1.5 L).A outra alteração foi a redução deespessura do corpo da lata decerveja Sagres e Imperial,passando de 0,23 mm para 0,22mm, permitindo deste modo umaredução de 1,2 gramas no pesofinal de cada embalagemprimária.

Que tipo de estudos tiveram de serefectuados pela Central deCervejas para alcançar o produtofinal?

Os estudos levados a cabo foramessencialmente de naturezatécnica, de modo a garantir aadequada protecção mecânica,química, biológica e contaram coma preciosa colaboração dos nossosfornecedores de embalagens.

Que dificuldades encontrarampara alcançar os objectivospretendidos e que balanço fazdestas acções de prevenção?As dificuldades foram de naturezatécnica e estão relacionadas como compromisso de assegurar afuncionalidade da embalagemsendo o balanço francamentepositivo.

Estas práticas de redução naOrigem tiveram em conta anecessidade de salvaguardar odesempenho funcional dasembalagens ou a sua aceitaçãopelo consumidor final. Como foidesenvolvido este processo?O desempenho funcional dasembalagens não deve ser postoem causa, mesmo que hajanecessidade de efectuar alteraçõesclaramente identificáveis pelosconsumidores. Temos efectuadoestudos junto do consumidor querevelam uma preocupaçãocrescente com os resíduos deembalagem, principalmente juntodas camadas mais jovens.

A União Europeia, através danova Directiva 2004/12/CE,relativa a embalagens e resíduosde embalagens, incitou ereforçou a necessidade deadopção, pelos Estados-Membros, de medidas orientadaspara a minimização dos impactosambientais das embalagens.Como vê o esforço das empresasembaladoras, em resposta a estanecessidade?O esforço das empresasembaladoras constitui umaevidência da inovação e pró-actividade da indústria. Oobjectivo da indústria é venderos seus produtos mas para tal énecessário acondicioná-losrespeitando regras, normas elegislação aplicável, tornando aembalagem apelativa para oconsumidor. Como inicialmente foi referidona implementação da políticados três “R´s” o primeiro “R” éincumbência significativa dasindústrias, este esforço insere-sena prevenção aludida no artigo4º da Directiva 2004/12/CE, poistratam-se de projectosdestinados a introduzir aresponsabilidade do produtor naminimização do impacteambiental das embalagens emconsonância com os operadoreseconómicos. ■

O desempenho funcional das embalagens não deve ser posto em causa, mesmo que hajanecessidade de efectuar alterações claramente identificáveis pelos consumidores. Temosefectuado estudos junto do consumidor que revelam uma preocupação crescente com osresíduos de embalagem, principalmente junto das camadas mais jovens.

Page 34: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

10 recicla

MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para aprodução e melhor imagem sãoalgumas das vantagens das acçõesde redução na origem, refereCarlos Branco, chefe doDepartamento de Ambiente daRefrige. Estas acções de prevenção alémde apresentarem, para asempresas, vantagens ao nívelfinanceiro também originam umamelhoria de imagem , segundo oresponsável da empresa líder domercado português de bebidasrefrigerantes.“A proactividade das empresas,em termos ambientais, melhorasubstancialmente a sua imagemjunto das entidadesgovernamentais e nãogovernamentais, dos clientes e deum modo geral dos quadrostécnicos ligados à área ambiental”,refere.Tendo em conta o grandeobjectivo que é “maximizar autilização dos recursos eminimizar os impactes ambientaisassociados aos resíduos”, CarlosBranco considera que, apesar deserem dois processos distintos, aprevenção e o processo dereciclagem devem cada vez maisser relacionados e interligados,não sendo adequado estabelecerprioridades entre eles.Questionado sobre o actualmomento da reciclagem emPortugal, o chefe de Departamentode Ambiente da Refrige referiu que

esta “ainda se encontra, nãoobstante os esforços dos últimosanos, num estado muito incipienteface à maioria dos parceiroseuropeus”. “A vantagem de umacorrecta separação dos resíduos,na origem, ainda não foipercebida e interiorizada pelamaioria dos portugueses”,acrescentou.Quanto à gestão dos recursosexistentes, esta apresenta “gravesineficiências”, que considera“fruto de compromissos assumidosno passado, questões políticas einvestimentos inadequados ou nãoconcretizados”.

A participação da Refrige no catálogo EmboparA Refrige participou comexemplos de redução na origemno primeiro catálogo da Embopar,publicado em 2002, e estescontemplaram várias alterações aonível de produto.As acções efectuadas permitiram aredução dos pesos da garrafa devidro e da lata, bem como aredução do peso e quantidade demateriais utilizados, na garrafa dePET. Além disto, a empresaprocedeu à substituição porplástico do cartão na embalagemsecundária de latas (pacotes de 6 e12 latas), com redução do peso daembalagem, e à redução daespessura do plástico utilizado naembalagem secundária dospacotes de 4 garrafas de PET.Ao nível da embalagem primária a

evolução registada está ligadafundamentalmente a questõeseconómicas e técnicas. “Por um lado, uma embalagemcom menos material e menos tiposde materiais é, por norma, maiseconómica e portanto maiscompetitiva, porque resulta numproduto final mais barato”.”Por outro lado, cada vez seconseguem produzir mais latas egarrafas (entre outras) com menorespessura e menor peso”, explicouCarlos Branco.No caso específico da indústriaalimentar, o responsável referiuque existem condicionantes queretardam ou muitas vezes invertemeste processo, como é o caso dasegurança alimentar e dapreservação da qualidade doproduto final, por exemplo ainfluência no prazo de validade. Os estudos efectuados pelaRefrige, com vista à redução naorigem das suas embalagens,foram principalmentedireccionados para a segurança daembalagem, do ponto de vista dapreservação do produto.No caso da embalagemsecundária e terciária teve-se emconta fundamentalmente aconsistência da mesma, querdurante a armazenagem querdurante o transporte.As maiores dificuldadesencontradas pela fabricante debebidas refrigerantes, aquando daconcretização destas alterações,relacionaram-se com o conseguir

Menores custose melhor imagem

O chefe doDepartamento

de Ambiente vê oesforço

das empresasembaladoras,

ilustrado nas acções de

prevenção por redução

na origemapresentadas nos

“Catálogos de prevenção

de resíduos deembalagens” da Embopar,

como umademonstração

do seu empenho.

entrevista

Carlos Branco, chefedo departamento

de ambiente da refrige VANTAGENS DA REDUÇÃO NA ORIGEM

Page 35: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

As acções efectuadaspermitiram a redução dos pesos da garrafa de vidro e da lata, bemcomo a redução dopeso e quantidade demateriais utilizados,na garrafa de PET.

entrevista

encontrar o equilíbrio entreos aspectos ambientais(redução do peso domaterial de embalagem) eos aspectos funcionais daembalagem (consistência,preservação do produto eresistência mecânica equímica). Muitas vezes os aspectosrelacionados com omarketing introduzem umadificuldade adicional, masos resultados finais sãonormalmente bastantepositivos, disse CarlosBranco.

O empenho ambiental dos embaladoresO chefe do Departamentode Ambiente vê o esforçodas empresas embaladoras,ilustrado nas acções deprevenção por redução naorigem apresentadas nos“Catálogos de prevenção deresíduos de embalagens” daEmbopar, como umademonstração do seuempenho.Este esforço é visível “tantopela adopção de medidasde prevenção de resíduos deembalagens, como se podeverificar pelos inúmerosexemplos descritos nas

publicações, como pelofinanciamento dos sistemasde valorização ereciclagem, ao nível daSociedade Ponto Verde”.No caso concreto da Refrige,a empresa tem participado,sempre que solicitada, emseminários, sessões de cursosde especialização ou pós-graduação, artigos emrevistas, disponibilização deestágios, entre outros.A Refrige possui ainda umsistema interno de gestão deresíduos (na maioriaresíduos de embalagens)com uma taxa desegregação/valorização deresíduos na ordem dos 93%,sendo que as embalagensde vidro, latas e PET sãorecicladas praticamente a100%, explicou CarlosBranco.Este sistema apoia-se nasegregação (mais de 120pontos de recolha, paramais de 30 tipos de resíduosdiferentes) eencaminhamento para oParque de Resíduos daRefrige. Anualmente sãoexpedidos para destinatáriosautorizados cerca de 2.000toneladas de resíduosgeradas internamente. ■

Page 36: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

12 recicla

entrevista

josé gabriel, directortécnico da leverelida

Uma questão REDUÇÃO DE EMBALAGENS NA ORIGEM

“UMA QUESTÃO de boa gestão ou de competitividade”. É assim que José Gabriel,director técnico da LeverElida,empresa de produtos para o lar ede cuidado pessoal, define aredução de embalagens naorigem. A optimização de embalagenspromove, de acordo com JoséGabriel, um custo mais baixo daembalagem com a utilização domaterial estritamente necessário.Além desta vantagem, esta acçãode prevenção “optimiza toda a

cadeia logística pelomenor volume e pelomenor peso possíveis naarmazenagem, transportee movimentação, econcorre para ummanuseamento eutilização mais fácil daembalagem peloconsumidor final,podendo assim constituirum factor de preferência”.O menor custo a pagarpara recolha e reciclageme o facto de o processo dereciclagem também ver asua logística optimizada,com o emprego de menosenergia, são outrosbenefícios apontados pelodirector técnico. José Gabriel considera que aprevenção e a reciclagem“devem ser tratadas comigual importância, como dois

A optimização de embalagens promove, de acordo com José Gabriel, um customais baixo da embalagem com a utilização do material estritamentenecessário. Além desta vantagem, esta acção de prevenção “optimiza toda acadeia logística pelo menor volume e pelo menor peso possíveis naarmazenagem, transporte e movimentação, e concorre para ummanuseamento e utilização mais fácil da embalagem pelo consumidor final,podendo assim constituir um factor de preferência”.

Page 37: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

elos de uma cadeia em que nãopode haver um mais importanteou mais forte que o outro”. No que se refere à reciclagem, oresponsável da Lever Elidadestaca os aumentos registadosnas quantidades de material

reciclado, que provam aadequação da orientação e dosprocessos. “Convém no entantoreferir que existe ainda muitocaminho pela frente e que nãopodemos ficar a olhar para aobra feita”, alerta o responsável

da empresa de produtos para olar e de cuidado pessoal.Confrontado com o facto de aUnião Europeia, através da novaDirectiva 2004/12/CE, terincitado e reforçado anecessidade de os Estados-Membros adoptarem medidasorientadas para a minimizaçãodos impactos ambientais dasembalagens, José Gabrieldefende que “existem empresascomo a LeverElida que sentem evivem a necessidade constanteda optimização dasembalagens”. “A nova Directivavem formalizar, dar umenquadramento legal, a estanecessidade já vivida pelasempresas embaladoras”,conclui.■

entrevista

O menor custo apagar pararecolha ereciclagem e ofacto de oprocesso dereciclagemtambém ver a sualogísticaoptimizada, com oemprego de menosenergia, sãooutros benefíciosapontados pelodirector técnico.

de boa gestão

EXEMPLOS DE REDUÇÃO DE EMBALAGENS NA PUBLICAÇÃO DA EMBOPAR

No segundo “catálogo daprevenção”, publicado pelaEmbopar em 2004, a LeverElidaapresentou como casos deredução de embalagens na origema tampa do amaciador de roupaComfort e os pacotes de Skip,detergente em pó para lavagemmecânica de roupa.A tampa doseadora de Comfort,igual para os formatos 1, 2 e 4litros, teve uma redução de pesode 9,1 gramas, menos 35,4 porcento do peso que apresentava.Em termos anuais, esta reduçãooriginou uma redução de resíduoem plástico PP de cerca de 23toneladas. Os pacotes de Skipforam optimizados, sendoapresentados na publicação daEmbopar os casos dos formatosde 14 e 54 doses.No Skip 14, doses efectuou-seuma redução de 17 gramas docartão, menos 9.6 por cento doseu peso, que se traduziu numaredução anual de 53 toneladas decartão. No Skip 54 doses, aredução de peso foi de 48 gramas,menos 11.9 por cento que o pesoanterior, com uma redução globalde 50 toneladas por ano.“Não existiram dificuldades”,segundo José Gabriel, para obter

estes resultados,“já que aoptimização de embalagens é hábastante tempo uma práticacorrente de gestão na LeverElida”.Para conceber uma novaembalagem, a LeverElida procedea estudos com consumidores,recorre a ferramentasinformáticas específicas eoptimiza a embalagem em funçãodo seu processo produtivo, detoda a cadeia logística deabastecimento a que está ligada,desde o transporte, armazenagem,movimentação, enchimento, etc.“Os resultados finais são bastanterecompensadores e motivam aque se continue a procurar outroscasos e outras soluções”, afirmaJosé Gabriel.Por norma, nestas acções existeuma preocupação com asalvaguarda do desempenhofuncional das embalagens ou coma sua aceitação pelo consumidorfinal.Nas práticas de redução naorigem realizadas pela LeverElidaestes cuidados “estão semprepresentes e são a razão da suaexistência”, explica José Gabriel.Os casos apresentados pelaempresa “não interferiram comestas áreas”, garante.

Page 38: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

14 recicla

entrevista

elsa carvalho,directora técnica

da compal

APRESENTAR um produtodiferenciado pela qualidade,apelativo, enquadrado numaestratégia de mercado de luxo, foicom este objectivo que a Compalprocurou uma nova embalagemde sumos para competir nomercado espanhol em 1998. Nesse ano, a Compal iniciou umprojecto em Espanha, onde amarca líder do mercado desumos e néctares, em termos dequalidade, era a Granini, querecorria a embalagens de vidro,segundo a directora técnica daempresa portuguesa, ElsaCarvalho. Assim, a Compal, que resolveuentrar no mercado espanholatravés de lojas de luxo, crioutambém uma embalagem desumo em vidro com capacidadepara um litro.

Baseado nessa embalagem, odirector da Divisão de Negóciosde Sumos em Portugal, JoséJordão, resolveu pedir a umaempresa espanhola que fizesse odesenvolvimento da nova garrafapara a capacidade de 200ml.“A nova embalagem (que surgeem 2001) é portanto umaderivação da embalagem de litrousada em Espanha”, explicouElsa Carvalho.Neste processo a Compalaproveitou a remodelação daembalagem para proceder a umaoptimização do peso, umaredução adaptada à nova linhade enchimento, entretanto criada.Isto permitiu, segundo os dadosda Compal, optimizar o peso decada embalagem em 15,32gramas, redução que teveimpacto pela primeira vez em

2003. Nesse ano, em que foramcomercializadas 78.987.000garrafas, o peso total dasembalagens reduziu 1210toneladas, uma descida de 10 porcento face ao ano anterior. ACompal prevê, para este ano,valores idênticos aos registadosem 2003.Como as novas embalagenstinham uma estabilidadediferente, passaram a ser lisas aopasso que as anterioresapresentavam uma “barriga”, aembalagem secundária, queserve para agrupar as garrafas,aumentou a sua capacidade de12 para 15 embalagens.O resultado final foi uma reduçãosignificativa do material usadonas embalagens, com clarasvantagens ambientais, concluiElsa Carvalho. ■

a Compal aproveitou a remodelação da embalagem para proceder a umaoptimização do peso, uma redução adaptada à nova linha de enchimento,entretanto criada.Isto permitiu, segundo os dados da Compal, optimizar o peso de cada embalagemem 15,32 gramas, redução que teve impacto pela primeira vez em 2003.

Melhor imagem com redução de peso

OPTIMIZAÇÃO DE EMBALAGENS

Page 39: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

15recicla

notícias

A RESPOSTA europeia ao problema dolixo tem sido até ao momentofragmentada (12 directivas desde 1970)e ineficiente. De modo a colmatar estafalha a “Estratégia Temática sobrePrevenção e Reciclagem de Resíduos”proposta pela Comissão Europeiafaculta orientações para uma exaustivarevisão da política de resíduos baseadana prevenção e reciclagem.O maior desafio é dissociar a produçãode resíduos do crescimentoeconómico, de modo a evitar, logo àpartida, que o lixo seja produzido.Antes do final deste ano é esperadauma versão final da EstratégiaTemática. Nesta estratégia a comissãoestabelecerá quais são os instrumentosmais idóneos para a promoção dareciclagem, tais como taxas sobre adeposição, responsabilidade do

produtor, internacionalização de custosambientais, certificados comerciais,sistemas poluidor-pagador, sistemas deincentivos, etc.Além do mais, existe a possibilidadede que no âmbito desta estratégia semodifique ou esclareça a definiçãogeral de resíduos e as definições devalorização e eliminação. Nestesentido, a Comissão está a considerar apossibilidade de passar dos objectivosde reciclagem baseados em produtosem fim de vida útil para objectivos dereciclagem baseados em materiais.Na gestão de resíduos a UniãoEuropeia enfrenta um problemacrescente. Cada cidadão europeuproduz em média 550 quilos de lixourbano por ano. Este valor excede emmuito o objectivo de 330 quilos,estabelecido no quinto Programa deAcção Ambiental, em 1993. ■

O maior desafio é dissociar a produção de resíduos do crescimento económico, demodo a evitar, logo à partida, que o lixo seja produzido. Antes do final deste ano éesperada uma versão final da Estratégia Temática.

Estratégia temática sobre Prevençãoe Reciclagem de Resíduos

BELMIRO ATACA ATRASO AMBIENTAL

O presidente da Sonae, Engº Belmiro deAzevedo, criticou o Estado por terposições “casuísticas” sobre o ambiente.“Portugal tem seguido um processo deziguezague, em que o Estado se vaiadaptando em matéria ambiental”, disseBelmiro de Azevedo na 8ª ConferênciaNacional de Ambiente, referindo-se aoatraso no cumprimento dos objectivosde Quioto sobre as emissões de CO2.As questões relativas à preservação doambiente e ao desenvolvimentosustentável constituem, segundo opresidente da Sonae, “uma preocupaçãogeneralizada no mundo de hoje ereflectem-se naturalmente nas atitudesdos governantes, dos agenteseconómicos e dos próprios mercados”.“O Grupo Sonae, dada a sua dimensão eimportância crescente como agenteeconómico e social, não podia deixar deassumir as suas responsabilidades sociaise ambientais, contribuindo para umdesenvolvimento global sustentável”.“Assim, acreditamos que o nosso sucessoa longo prazo está intimamente ligado aum modelo de gestão que considera agestão ambiental como uma das suasprioridades corporativas e comoelemento fundamental para a própriasustentabilidade dos negócios.”

Page 40: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

16 recicla

entrevista

Rui Mão de Ferro director-geral da otto portugal – soluções ambientais

A OTTO lançou recentemente, emparceria com a Sociedade PontoVerde, um novo ecopontodoméstico. Qual o balanço que fazdesta iniciativa?Este é um mercado relativamentenovo e sentimos que era umalacuna. Num primeiro aspecto, oecoponto doméstico é umproduto muito importante, não sópelo produto em si, mas pelofacto de criar condições para queo ecoponto funcione melhor.Os ecopontos estão amplamentedifundidos, já toda a gente sabe o

que são, o que era necessárioagora era criar as condições ajusante e a montante para queesses equipamentos funcionassemmelhor. Era necessário dotar as pessoas demeios para poderem fazer umamelhor separação em casa antesde irem a esses equipamentosdepositar os resíduos.Este novo produto dá resposta aisso e é algo que toda a gentereclamava, pois era um problemater de se usar sacos para realizar aseparação em casa.

Quais são as expectativas face àcomercialização deste produto?Posso dizer que a expectativa daSPV e da OTTO passava pelavenda de uma quantidade mínimade 10 mil contentores por ano.Sucede que nós num mês já quaseatingimos esses 10 mil. Assim,achamos que poderemos atingirvalores de venda que à partidanão esperávamos alcançar. Penso que este é um sinal de queé reconhecida uma eficácia aoproduto e que esta era de factouma lacuna existente. O mais importante é com istoconseguirmos melhorar os índicesde recolha selectiva do país.

Desde a sua implementação em1996, a OTTO Portugal temregistado um grande crescimento.Como explica esta evolução?

O ecoponto doméstico ajuda a criar condições para uma melhor separaçãode resíduos nos lares, diz Rui Mão de Ferro, director-geral da OTTO Portugal,acerca do novo produto fabricado pela sua empresa em parceria com aSociedade Ponto Verde. Numa conversa com a Recicla, Mão de Ferro explicaainda o crescimento que a empresa líder do mercado português decontentores para resíduos teve desde a sua implementação em 1996. “Maisque vender produtos, apresentamos soluções”.

Ecoponto doméstico permitemelhor separação nos lares

Page 41: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

17recicla

entrevista

Em primeiro lugar, é preciso referirque o mercado do ambiente eraum mercado incipiente. Esta deveser uma das áreas de negóciosque sofreu maior desenvolvimentonos últimos anos. Penso que osresultados da OTTO derivam dacredibilidade da empresa nomercado.Quando os mercados começam aaparecer é normal, nesta e emqualquer outra área de negócio,aparecerem os curiosos, mas julgoque com o tempo o mercadoselecciona os que têm a posturade continuidade, os que estão deforma consolidada no mercado.Assim, a escolha passa por quemapresenta aos seus parceirossoluções não pontuais, mas simcredíveis e de médio e longoprazo. Mais que vender produtos,nós apresentamos soluções.Por outro lado, o facto da OTTOPortugal fazer parte um grupo queé líder mundial, com uma grandeexperiência, dá-nos a capacidadede apresentar soluções aosclientes que outros produtores nãoterão. No mercado de contentoresde resíduos, a OTTO não temconcorrentes directos em Portugal,porque a OTTO é a únicaempresa que cobre um vastoleque de soluções. Por segmento,existem vários concorrentes, masa OTTO é a única que consegueestar presente em todos ossegmentos.

Neste momento a OTTO querevoluir de simples fabricante efornecedor de contentores deresíduos para a prestação deserviços de gestão, manutenção erecolha. Como está a decorrer esteprocesso? A OTTO pode fazê-lo e já opropusemos. Este é um debateque não tem sido fácil, até porqueos clientes muitas vezes não têmenquadramento financeiro parasuportar a quantidade deecopontos existentes. Nóspensamos que estes equipamentosnão são baratos e que tem de semanter a sua funcionalidade.

Julgamos por isso que era bompassar a uma nova fase, a umprojecto de manutenção. Assim, seria possível aumentar otempo de vida desses produtos, oque, por um lado traz vantagensfinanceiras aos clientes e, poroutro, permite manter osecopontos com um aspectoagradável, factor importante nafunção que se espera quedesempenhem. Infelizmente oecoponto nem sempre é um sítioagradável, achamos importantepara a própria reciclagem queestes equipamentos estejam embom estado, limpos, de modo anão ser confrangedor ir ládepositar os resíduos.

Além dos ecopontos domésticos,quais são as novas apostas daOTTO?Uma das soluções que temosvindo a apresentar há pouco maisde um mês e que tem tido grandereceptividade é um contentorsemi-enterrado. Este equipamentonão é da área da reciclagem,embora também possa ser usadopara matérias recicláveis. Trata-sede um contentor de grandecapacidade, com 3 metroscúbicos, e que tem todo o sistemade funcionamento, de abertura eelevação, semelhante aosecopontos. Isto na nossaperspectiva tem duas vantagens.Por um lado, enquadra-se emtermos estéticos com os nossosecopontos, pois tem um designsemelhante, o que permitirá fazerum conjunto. Por outro lado,como o sistema de recolha é igualao dos ecopontos, com umamesma viatura tanto se pode fazer

recolha selectiva como deindiferenciados.Outro projecto é o do contentorcom um aditivo, inserido aquandoda injecção do plástico noscontentores, que retarda adecomposição dos resíduosorgânicos, reduzindo os odores epermitindo um maior espaçotemporal entre recolha.

Além de director-geral da OTTOPortugal foi nomeado para dirigir aOTTO Espanha, como surgiu estedesafio?A proposta surgiu um pouco paratentar transferir a estratégia quetinha sido transmitida em Portugalpara Espanha. Este foi um sintomade que o grupo está satisfeito coma estratégia e resultadosconseguidos no nosso país. Asoperações, ao contrário do que éhabitual em termos empresariais,e toda a logística de Portugal eEspanha estão centralizadas emPortugal, onde se encontratambém o centro de decisão,embora obviamente emcoordenação com o grupo.

Que quadro faz da situaçãoespanhola?Em Espanha, encontro umasituação onde não se pode falarde um mercado espanhol, existemvários mercados, todos elesbastantes complicados. Lá omercado é mais fechado emcomparação com o nosso, dadoque os portugueses são maisreceptivos a novidades e novosconceitosApesar de ser um mercado difícile aliciante, espero a médio prazoobter resultados visíveis. ■

NO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2004 OTTO PORTUGAL CRESCE 12%

A OTTO Portugal registou no terceiro trimestre deste ano um crescimento de12,2 por cento face aos primeiros nove meses de 2003, com uma facturação dequatro milhões de euros.“Um dos factores para o crescimento da empresa é a entrada no mercado dosecopontos domésticos, numa parceria com a Sociedade Ponto Verde”, explicou aempresa em comunicado.A OTTO Portugal possui uma quota de mercado superior a 60% no mercado decontentores para resíduos, tendo as Associações de Municípios e as empresasmultimunicipais como principais clientes.

Quando osmercados começama aparecer énormal, nesta e emqualquer outra áreade negócio,aparecerem oscuriosos, masjulgo que com otempo o mercadoselecciona os quetêm a postura decontinuidade, osque estão de formaconsolidada nomercado.

Page 42: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

6 recicla

MINIMIZAR o impacte ambientaldos resíduos das embalagens eoptimizar as dimensões daembalagem, de forma a evitarsituações de excesso ou défice dematerial, são os objectivos daprevenção por redução na origem.Consciente da necessidade deredução dos resíduos sólidos eda urgência da resposta àsindicações dadas pela Directiva94/62/CE, a indústria embaladoratem procurado desenvolver estetipo de acções. De acordo com esta directiva,

entende-se por prevenção aredução da quantidade enocividade para o ambiente dosmateriais e substâncias utilizadasnas embalagens, bem como daspróprias embalagens e os seusresíduos, ao nível do processo deprodução e nas fases dedistribuição, utilização eeliminação, por meio dodesenvolvimento de produtos etecnologias limpas.Por seu lado, a norma sobreprevenção EN 13428, do ComitéEuropeu de Normalização,

define “prevenção por reduçãona origem” como um processodirigido para a obtenção de umpeso e/ou volume mínimoadequado, relativamente a todoo tipo de embalagens (primária,secundária e terciária), mantendoao mesmo tempo o seudesempenho e a aceitação porparte do utilizador, permitindo aredução do impacte ambiental.Assim, é necessário contrariarsituações de excesso deembalagem, mas com especialatenção para o perigo de subdimensionamento. Caso a embalagem nãoapresente a devida robustez enão proporcione a necessáriaprotecção durante toda a cadeiade distribuição e consumopoderá atingir o ponto deruptura, que originará a perda einutilização do seu conteúdo,além da perda da própriaembalagem. Esta falha poderáoriginar efeitos negativosacrescidos, quer a níveleconómico, quer ambiental.É necessário encontrar umequilíbrio na relação entre osdiferentes tipos de embalagem,de modo a evitar que a reduçãoexcessiva num dos componentesimplique uma sobrecarga dematerial nos outros, o quetambém seria nefasto em termosde impacto global.Neste domínio, a SociedadePonto Verde, S.A. e a EMBOPAR- Embalagens de Portugal, SGPS,S.A., depois do lançamento doprimeiro catálogo da prevençãoem 2002, voltaram este ano arecolher e reunir numapublicação alguns exemplosnacionais de prevençãorelacionados com práticas deredução na origem, àsemelhança do que sucede emvários Estados-Membros daUnião Europeia e de forma apoder transmitir e darconhecimento de variadasiniciativas desencadeadas pelasempresas embaladorasportuguesas. ■

temaÉ necessário encontrar um equilíbrio na relação entre os diferentes tipos de embalagem.

Prevençãopor reduçãona origem

Prevençãopor reduçãona origem

Prevençãopor reduçãona origem

Prevençãopor reduçãona origem

PARA MINIMIZAR IMPACTE AMBIENTAL DAS EMBALAGENS

Page 43: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

7recicla

UMA POUPANÇA anual dematerial nas embalagens superiora 5300 toneladas foi o resultadodas acções de prevenção porredução na origem apresentadasnas duas edições do catálogo daprevenção da EMBOPAR.A primeira publicação, lançadaem 2002, apresentava 29exemplos de acções de prevençãopor redução na origemdesenvolvidas por empresasaccionistas da EMBOPAR e osegundo catálogo, publicado em2004, ilustra 28. Para este balanço quantitativo, oscálculos realizados para os váriostipos de embalagens tiveram porbase a Unidade de Venda aoConsumidor.No âmbito das acções preventivas,apresentadas nas publicações daEMBOPAR, foram efectuadasalterações ao nível da embalagemprimária, que registou a maiorincidência de acções, com 82,5 %do total de 57 exemplos,secundária (36,8%) e terciária(26,3%).Por embalagem primária entende--se qualquer embalagem concebidade modo a constituir uma unidadede venda para o utilizador final ouconsumidor no ponto de venda.A embalagem secundária éconcebida para constituir no localde compra uma grupagem deunidades de venda,independentemente destas assimserem vendidas ao consumidorfinal ou de esta embalagem servirapenas como meio deaprovisionamento.No caso da embalagem terciária,esta serve para facilitar o transporte

de uma série de unidades devenda ou de embalagensagrupadas.Nos exemplos apresentados pelaEMBOPAR são referidos osdiferentes níveis de actuação quederam origem ao processo deprevenção.Assim, a acção preventiva pode ter incidido sobre aconcepção do produto,acondicionamento do produto,simplificação da embalagem,optimização dimensional daembalagem ou do resíduo deembalagem, processo de fabricoda embalagem, processo de

reciclagem e sobre a matéria-prima secundária.Na maior parte dos casos, aprevenção resultou da conjugaçãode diferentes níveis de actuação,sendo que em cada nível importaatender a alguns aspectosimportantes (ver quadro). Porexemplo, no que toca àconcepção, é preciso saber seexistiu uma modificação dasdimensões do produto ou se a suaconcentração foi alterada.A optimização dimensional daembalagem (87,7% do total deexemplos das duas edições) foi onível de actuação onde se registouum maior número de acções.Nestes catálogos da EMBOPARparticiparam as empresas FábricasTriunfo, Johnson’s Wax, Empresadas Águas de Castelo de Vide,LeverElida, Nestlé, Nova Delta,Refrige, Sociedade Central deCervejas, Sogrape, UnileverBestfoods, Procter&Gamble,Empresa de Cervejas da Madeira,Sociedade Água do Luso, Sovena eUnicer. ■

temaos cálculos realizados para os vários tipos de embalagens tiveram por base a Unidade de Venda ao Consumidor

Poupança anual superiora 5 300 toneladas

A primeirapublicação,lançada em 2002,apresentava 29exemplos de acçõesde prevenção porredução na origemdesenvolvidas porempresasaccionistas daEMBOPAR e osegundo catálogo,publicado em 2004,ilustra 28.

NÍVEL DE ACTUAÇÃO ASPECTOS A CONSIDERAR

PRODUTO

Concepção As dimensões do produto foram modificadas?A concentração do produto foi alterada?Foi aplicado o conceito 2 em 1?

Acondicionamento O produto foi comprimido ou compactado?Melhoraram-se as técnicas de enchimento e ensacagem?Eliminaram-se espaços vazios?

EMBALAGEM

Simplificação Foi implementado um sistema de eco-recarga?Foram eliminados componentes da embalagem?Houve integração de funções nos componentes da embalagem?

Optimização dimensional A forma da embalagem foi alterada?Foi melhorada a relação entre o volume (ou peso) da embalagem e o do seu conteúdo?

Processo de fabrico Houve uma melhoria ao nível das técnicas de fabricação?Verificou-se uma evolução nos materiais utilizados?

RESÍDUO DE EMBALAGEM

Optimização dimensional A embalagem depois de usada é facilmente colapsável ou compactável?

Processo de reciclagem Reduziu-se o tipo de materiais que constituem a embalagem?Foram considerados aspectos de compatibilidade entre os materiais?Reduziu-se a nocividade ao nível da incorporação de aditivos,colas, vernizes, tintas e pigmentos?

Matéria-prima secundária Foi incorporado material reciclado no fabrico da embalagem?

ACÇÕES PREVENTIVAS APRESENTADAS NOS CATÁLOGOS DA EMBOPAR PERMITEM

Page 44: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

pedro silveira, director de ambiente da central de cervejas

Prevenção ilustra consciênciaambiental das empresas

entrevista

8 recicla

Como analisa, de forma geral, aactual situação da reciclagem emPortugal?Tem sido efectuado um enormeesforço, nomeadamente atravésda SPV, no sentido de sensibilizaros consumidores para anecessidade de separar osresíduos de embalagens. Contudo,haverá ainda um largo caminho apercorrer, que passaessencialmente pela formação ealteração de comportamentos,acompanhado obviamente pelacriação de condições paraescoamento dos resíduos triados,em termos estruturais, técnicos, erespeitando o regime jurídicovigente. A prorrogação do prazo

de atingimento da meta mínimade reciclagem global paraPortugal, juntamente com doisoutros estados membros da UniãoEuropeia, ilustra o esforçosuplementar que o país terá defazer para ombrear com osrestantes parceiros europeus nestamatéria.

Quais são as vantagens/desvanta-gens da redução na origem para asempresas envolvidas no projectoda Embopar e para o processo dereciclagem?Como sabemos a redução dapoluição na fonte é o primeiropasso para a implementação dasboas práticas ambientais e

constitui o primeiro “R” daconhecida política dos 3 “R´s”(Reduzir, Reutilizar, Reciclar).Assim, a prevenção por reduçãona origem começa por ser umailustração da consciênciaambiental da empresa, definida deforma explícita na sua PolíticaAmbiental: minimizar impactesambientais e concomitantementeminimizar a produção deresíduos.Sempre que se verifica a produçãode um resíduo, existe umdesperdício que temnecessariamente um custo.Minimizando esse resíduoestamos também a reduzir custoscom embalagem e posteriormente

A redução na origem é, emprimeiro lugar, uma

ilustração da consciênciaambiental da empresa,

definida de forma explícitana sua Política Ambiental. À

luz dessa consciência, aempresa procura minimizar

impactes ambientais e, emsimultâneo, minimizar a

produção de resíduos. Estaé uma das ideias lançadas

por Pedro Silveira,director de Ambiente daCentral de Cervejas, em

entrevista à Recicla.

Page 45: recicla - Ponto Verde...10 recicla MENORES custos de aquisição demateriais de embalagem para a produção e melhor imagem são algumas das vantagens das acções de redução na

9recicla

entrevista

com resíduo de embalagem.Obviamente inerente a umaredução do peso da embalagem,está associada uma minimizaçãodo impacte ambiental decorrentedo transporte do mesmo volumede produto, mas com menos pesotransportado. A desvantageminerente à redução na origempoderá ser um sacrifício daapresentação, que se pretendeapelativa/diferenciada face aoconsumidor, ou seja, um sacrifíciode Marketing.

Considera que a prevenção naorigem deverá ser uma prioridadeface à optimização do processo dereciclagem?Sem dúvida, só não o seria se severificasse um gradientesignificativo do valoracrescentado, o que, emtratamento fim de linha raramenteacontece.A prevenção é uma prioridade nasduas vertentes indissociáveis,técnica e económica, e constituium dos pilares dodesenvolvimento sustentável.

Quais foram as alterações e acçõesefectuadas pela sua empresa aonível dos seus produtos presentesna publicação da Embopar?As alterações introduzidas naembalagem passaram pelasubstituição da cápsulaconstituída por dois tipos deplástico (PE+PP) para uma cápsulasó em PP, proporcionando umaredução de 0,2 gramas no peso dagarrafa JOI, sumo sem gás emgarrafa PET (1.5 L).A outra alteração foi a redução deespessura do corpo da lata decerveja Sagres e Imperial,passando de 0,23 mm para 0,22mm, permitindo deste modo umaredução de 1,2 gramas no pesofinal de cada embalagemprimária.

Que tipo de estudos tiveram de serefectuados pela Central deCervejas para alcançar o produtofinal?

Os estudos levados a cabo foramessencialmente de naturezatécnica, de modo a garantir aadequada protecção mecânica,química, biológica e contaram coma preciosa colaboração dos nossosfornecedores de embalagens.

Que dificuldades encontrarampara alcançar os objectivospretendidos e que balanço fazdestas acções de prevenção?As dificuldades foram de naturezatécnica e estão relacionadas como compromisso de assegurar afuncionalidade da embalagemsendo o balanço francamentepositivo.

Estas práticas de redução naOrigem tiveram em conta anecessidade de salvaguardar odesempenho funcional dasembalagens ou a sua aceitaçãopelo consumidor final. Como foidesenvolvido este processo?O desempenho funcional dasembalagens não deve ser postoem causa, mesmo que hajanecessidade de efectuar alteraçõesclaramente identificáveis pelosconsumidores. Temos efectuadoestudos junto do consumidor querevelam uma preocupaçãocrescente com os resíduos deembalagem, principalmente juntodas camadas mais jovens.

A União Europeia, através danova Directiva 2004/12/CE,relativa a embalagens e resíduosde embalagens, incitou ereforçou a necessidade deadopção, pelos Estados-Membros, de medidas orientadaspara a minimização dos impactosambientais das embalagens.Como vê o esforço das empresasembaladoras, em resposta a estanecessidade?O esforço das empresasembaladoras constitui umaevidência da inovação e pró-actividade da indústria. Oobjectivo da indústria é venderos seus produtos mas para tal énecessário acondicioná-losrespeitando regras, normas elegislação aplicável, tornando aembalagem apelativa para oconsumidor. Como inicialmente foi referidona implementação da políticados três “R´s” o primeiro “R” éincumbência significativa dasindústrias, este esforço insere-sena prevenção aludida no artigo4º da Directiva 2004/12/CE, poistratam-se de projectosdestinados a introduzir aresponsabilidade do produtor naminimização do impacteambiental das embalagens emconsonância com os operadoreseconómicos. ■

O desempenho funcional das embalagens não deve ser posto em causa, mesmo que hajanecessidade de efectuar alterações claramente identificáveis pelos consumidores. Temosefectuado estudos junto do consumidor que revelam uma preocupação crescente com osresíduos de embalagem, principalmente junto das camadas mais jovens.