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Page 1: Realização: Apoio: Patrocínio - BIODIVERSITAS...Assim, os trabalhos desenvolvidos pela Biodiversitas no CESC visam o estabelecimento de um novo paradigma, que é a possibilidade

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Page 2: Realização: Apoio: Patrocínio - BIODIVERSITAS...Assim, os trabalhos desenvolvidos pela Biodiversitas no CESC visam o estabelecimento de um novo paradigma, que é a possibilidade

p r o j e t o

O que é COrredOr eCOlógiCO?Um corredor ecológico é uma área de grande importância biológica, composta por áreas naturais presentes em uma região com variados graus de ocupação humana e diferentes formas de uso da terra, onde o manejo integrado permite a sobrevivência de espécies, a manutenção de sistemas ecológicos e evolutivos, a preservação de serviços ambientais e o desenvolvimento de uma economia regional forte, caracterizada pelo desenvolvimento sustentável.

Os corredores ecológicos devem permitir a manutenção dos processos ecossistêmicos (polinização, dispersão de sementes, ciclo das águas, ciclo de nutrientes, entre outros). Isto assegura, em longo prazo, a manutenção da biodiversidade e o intercâmbio genético entre as espécies de fauna e flora presentes em uma dada região. Critérios técnicos como espécies-chave, tamanho, número e distância de áreas protegidas, tipos de uso do solo, representatividade das comunidades bióticas, ecossistemas e habitats, presença de espécies ameaçadas e endêmicas, são utilizados para a delimitação dos corredores ecológicos.

A criação de corredores ecológicos é uma estratégia bastante interessante para maximizar o tamanho dos fragmentos de vegetação natural. Mais do que atuar como corredores de vida silvestre, os corredores ecológicos representam um esforço para proteção de paisagens, processos ecológicos e diversidade biológica, de modo duradouro.

Esse novo conceito tem sido defendido por diversos pesquisadores, que identificam um corredor ecológico como uma rede de unidades de conservação de proteção integral, como os parques e reservas, e outras de uso mais intensivo, gerenciadas de maneira integrada, de forma a garantir a sobrevivência do maior número possível de espécies de uma região. O objetivo desses corredores é unir fragmentos de vegetação nativa com outros de intensidade de uso moderada, criando áreas grandes o bastante para a sobrevivência e perpetuação de espécies.

COrredOr eCOlógiCO SOSSegO-Caratinga

O Corredor ecológico Sossego-Caratinga (CESC) é um sonho antigo da Fundação Biodiversitas, que visa a conexão entre as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) Mata do Sossego, de propriedade da Fundação Biodiversitas, localizada no município de Simonésia, e Feliciano Miguel Abdala, localizada no município de Caratinga, cuja gestão é feita pela Preserve Muriqui.

Os trabalhos da Biodiversitas nessa região são orientados pela urgência de proteção de uma das populações mais vulneráveis de muriqui-do-norte, uma das 100 espécies mais ameaçadas do planeta. O Corredor se estende por uma distância de aproximadamente 50 km, cobrindo uma área de aproximadamente 66.000 ha entre as duas RPPNs, e seu objetivo de criação está ancorado na tentativa de reverter a trajetória de degradação e fragmentação do bioma Mata Atlântica no leste do Estado de Minas Gerais. A expansão do habitat do muriqui-do-norte, por meio do aumento da cobertura vegetal dessa região, pode determinar a sobrevivência da espécie.

Além de ajudar na conservação do muriqui-do-norte, espécie bandeira, a implementação do CESC favorece outros aspectos fundamentais para a qualidade de vida na região: manutenção climática, regularidade hídrica – tanto para uso doméstico como também para irrigação de culturas, pecuária e outras atividades – fertilização do solo, disponibilidade de recursos para os polinizadores (abelhas, borboletas, besouros, pássaros, etc), entre outros. Esses são os chamados Serviços Ambientais, que a natureza nos presta sem cobrar nada além da sua preservação.

A implantação de um Corredor Ecológico implica, necessariamente, no manejo dos usos e práticas produtivas adotadas pelas populações locais, bem como no disciplinamento da forma com que se relacionam com o meio ambiente. Assim, podemos afirmar que o pilar de iniciativas como essa reside na estruturação de parcerias com as comunidades locais, onde elas sejam as protagonistas e principais beneficiárias dos resultados gerados pelas mudanças do meio. O histórico de exploração econômica da região, que teve e tem no café o seu principal ativo, deixou como herança um enorme passivo ambiental, caracterizado especialmente pela destruição da, quase totalidade da Mata outrora ali existente. Assim, os trabalhos desenvolvidos pela Biodiversitas no CESC visam o estabelecimento de um novo paradigma, que é a possibilidade de manter e/ou aumentar a produtividade econômica, das propriedades sem a necessidade de derrubar a floresta nativa para aumentar a área dos cultivos e com uma expressiva redução de insumos agrícolas contaminantes.

Muriqui-dO-nOrte: Brachyteles hypoxanthusO muriqui, ou mono-carvoeiro, é um primata que ocorre na Mata Atlântica e cujas populações se encontram ameaçadas de extinção pela destruição e fragmentação do habitat, bem como pela caça ocorrida no passado. É o maior primata do continente americano e também o maior mamífero endêmico no território brasileiro, sendo que os machos podem atingir até 15 kg e medir em torno de 1,5 m.

O gênero Brachyteles era, até pouco tempo, reconhecido como monoespecífico, isto é, compunha-se de apenas uma espécie. Estudos recentes de genética e morfologia revelaram a existência de duas espécies distintas de muriqui. A espécie que ocorre nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, norte do Rio de Janeiro e sul da Bahia é identificada como Brachyteles hypoxanthus, enquanto Brachyteles arachnoides tem sua ocorrência no Estado de São Paulo, sul do Rio de Janeiro e parte do Paraná.

O reconhecimento da existência de duas espécies distintas, que estão associadas a áreas de floresta preservadas, trouxe como consequência o agravamento do status de conservação do muriqui, estando ambas as espécies correndo sérios riscos de desaparecerem da natureza. Dessa maneira, é prioritário o desenvolvimento de estratégias de conservação específicas para cada uma dessas espécies.

Dentre as áreas onde ainda é possível registrar a presença do muriqui-do-norte estão as RPPNs - Reservas Particulares do Patrimônio Natural Mata do Sossego, de propriedade da Fundação Biodiversitas, e Feliciano Miguel Abdala, cuja gestão é feita pela organização nãogovernamental Preserve Muriqui, ambas localizadas em remanescentes de Mata Atlântica da Zona da Mata Mineira e criadas pela necessidade de proteger o mono-carvoeiro e os ambientes aos quais ele está associado.

uSO dO SOlO – Área dO COrredOr eCOlógiCO SOSSegO-Caratinga

Com base no estudo mais recente da área do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga, no qual o mapeamento do uso do solo foi baseado na interpretação de imagens de satélite de 2011, observou-se que os remanescentes florestais, classe denominada mata, encontram-se extremamente fragmentados, representando cerca de 31% da área. Os remanescentes florestais mais significantes correspondem aos extremos do Corredor, onde se localizam as RPPNs Mata do Sossego e Feliciano Miguel Abdala. A classe pastagem corresponde a mais de 51% de uso da região e a sua expansão, ao lado da classe de cultivo, representa a principal ameaça aos remanescentes florestais ainda existentes. Os cultivos, permanentes (eucalipto e café, principalmente) e temporários, ocupam cerca de 10,5% da região do Corredor, áreas geralmente localizadas próximas aos rios ou associadas às pastagens. As áreas sem vegetação, associadas a estradas, manchas urbanas e solo exposto, representam cerca de 3% da área do Corredor.

O estabelecimento de um sistema de monito-ramento da recuperação da paisagem na região do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga é um importante instrumento a ser construído e constantemente atualizado para o controle da conectividade entre os fragmentos de Mata Atlântica prioritários para conservação. Aliado a isto, é um fator primordial para o planejamento racional de uso do solo e dos recursos naturais da região. Abaixo, no mapa de uso do solo, é possível visualizar esta interpretação.

• O muriqui é o maior primata das Américas – pode atingir até 15 kg;

• Seu nome, de origem tupi-guarani, significa “povo manso da floresta”;

• O muriqui convive em harmonia e não luta por território, nem por parceiros;

• Estima-se que, hoje, existam na natureza entre 700 e 1000 muriquis-do-norte;

• O muriqui só existe no Brasil, na Mata Atlântica;• A espécie está classificada como Criticamente

em Perigo na Lista Vermelha das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Brasil;

• O muriqui também é conhecido como mono-carvoeiro.

VOCê Sabia?

reSerVa PartiCular dO PatriMôniO natural FeliCianO Miguel abdala

A Reserva Particular do Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala (RPPN-FMA) surgiu no meio científico com o clássico trabalho do zoólogo Álvaro Aguirre sobre o mono-carvoeiro ou muriqui, publicado em 1971. Contudo, somente no início da década de 1980, após a redescoberta do muriqui, zoólogos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob a liderança do pesquisador Célio Valle, iniciaram uma campanha para proteção dessa área.

Com 957 hectares, a RPPN-FMA abriga a maior população de muriquis-do-norte existente, cuja estimativa atual é de mais de 300 indivíduos. Essa população é também a mais bem conhecida da espécie, de modo que esse conhecimento tem sido fundamental ao balizamento das estratégias de manejo para recuperação e conservação desse primata. A importância da RPPN vai além do santuário que ela representa para os muriquis e para outros elementos da flora e fauna endêmicos da Mata Atlântica, na medida em que simboliza a consolidação de estudos científicos de longo prazo. Os estudos, que abrangem a flora e a fauna, vêm confirmando a presença de uma diversidade única de formas de vida, muitas das quais restritas a poucas localidades da Mata Atlântica brasileira. De anfíbios a aves, de moluscos a insetos, de musgos a grandes árvores, o inventário de espécies na RPPN-FMA continuará crescendo na medida em que forem iniciados novos esforços de pesquisa para documentar sua diversidade, principalmente com os estudos de longo prazo sobre a ecologia e comportamento dos primatas da Mata Atlântica.

HiStóriCO dOS PrOjetOS de iMPleMentaçãO dO COrredOr eCOlógiCO SOSSegO-Caratinga

Em 2010, esse sonho ganhou fôlego com a aprovação do Projeto “Corredor Ecológico Sossego-Caratinga: Recuperação de Áreas de Preservação Permanente e Conservação do Brachyteles hypoxanthus (Muriqui-do-Norte)” no Edital do Programa Petrobras Ambiental. Nos seus primeiros dois anos de execução, os investimentos realizados viabilizaram a recuperação florestal de aproximadamente 60 hectares no entorno de nascentes na região do CESC que, reunidos, conectam cerca de 3000 hectares de vegetação natural no eixo do Corredor. Aspectos fundamentais no processo de implementação do Corredor Ecológico, a Educação Ambiental e a capacitação dos agricultores locais em técnicas de agroecologia, foram também contemplados pelo Projeto.

Em meados de 2014, os exitosos resultados da Etapa I levaram à renovação do Projeto por mais dois anos, junto ao Programa Patrobrás Socioambiental, sendo batizado dessa vez com o nome “Projeto Conexão: Implementando o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga”, para reforçar o princípio básico da formação de um corredor: a conectividade. Sustentado pelos mesmos eixos temáticos, houve aumento da meta de restauração florestal e também do foco dessa ação, que passou a ser as APPs úmidas no eixo do CESC. As ações de Educação Ambiental desta etapa estão direcionadas aos professores das escolas do CESC. O fomento à agroecologia também permanece como meta no Projeto Conexão, no intuito de promover mudanças nas práticas e/ou nos sistemas agrícolas usuais na região. Vários materiais de educomunicação, como este Mapa Pedagógico, acompanham e divulgam as ações do Projeto Conexão, no intuito de promover a ambientação dos moradores e visitantes e, principalmente, proporcionar a conscientização e o sentimento de pertencimento de todos da região por esta iniciativa.

COMitê geStOr dO COrredOr eCOlógiCO SOSSegO-Caratinga

O incentivo à gestão participativa, por meio da criação de um Comitê gestor, é um mecanismo previsto no decreto Corredor. Essa estrutura reúne representantes da sociedade civil organizada e do setor público, de instituições e lideranças locais, para que os esforços em prol das ações sejam articulados e, consequentemente, tragam resultados mais rápidos e efetivos. O Comitê tem o papel de indicar políticas públicas, propor projetos, auxiliar a sociedade e o governo a estabelecer regras e condutas a serem adotadas na região do Corredor, promovendo a conservação do meio ambiente em consonância, equilíbrio e harmonia com o desenvolvimento econômico e social dos sete municípios que compõem o CESC.

O reconhecimento oficial do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga por parte do Governo de Minas contribui bastante para que as propostas e sugestões do Comitê tenham atenção política. Aliado a isso, seu caráter representativo e participativo faz com que seja reflexo das aspirações e desejos da população local e legitima a criação do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga, visando uma maior eficiência, cooperação e organização das relações e dos trabalhos no CESC.

FragilidadeS e POtenCialidadeS SOCiOaMbientaiS dO COrredOr eCOlógiCO

SOSSegO-CaratingaCorredores ecológicos devem ser percebidos, e utilizados, como territórios para o alcance de modelos de desenvolvimento econômico sustentáveis, nos quais existe uma relação equilibrada entre as atividades exercidas pelo homem e os processos ecológicos e as riquezas naturais. Na região do CESC, entretanto, a migração para esse modelo tem, dentre outros, os seguintes desafios: a insuficiência de incentivos fiscais e financeiros voltados para a adoção de práticas de produção sustentável; a persistência do uso de agrotóxicos pelos cultivadores locais; o manejo do solo baseado em técnicas antigas, como o uso do fogo; a necessidade do fortalecimento das políticas públicas ambientais dos municípios e o maior engajamento da população em geral.

Entendemos, contudo, que é por meio da identificação das fragilidades socioambientais existentes em uma região, que é criada a perspectiva de investir em suas potencialidades. A região do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga apresenta possibilidades reais de implantação de arranjos produtivos sustentáveis, uma vez que essa modalidade territorial implica na busca do ordenamento racional do uso e ocupação do solo. Nesse contexto, o espírito de cooperação que também deve permear as relações nesses territórios, é outro componente favorável para o alcance da sustentabilidade ambiental. O trabalho é árduo e são inúmeras as estratégias que podem contribuir para cenários promissores, tais como: criar acordos de boas práticas entre os próprios moradores e produtores do CESC; capacitar as associações comerciais e de moradores existentes para a captação de recursos junto às agências de fomento de programas socioambientais, pesquisar novas tecnologias de produção e respectivas cadeias produtivas por meio do cooperativismo; promover campanhas de orientação técnica para os produtores rurais; fomentar a criação de programas de turismo de base comunitária, a partir da valorização dos atrativos do CESC; desenvolver mecanismos de implantação de PSA (Pagamentos por Serviços Ambientais); aumentar a produção rural fundamentada em técnicas de agroecologia, entre outros.

Além dessas estratégias, existe ainda a Educação Ambiental - um dos mais importantes instrumentos de transformação social, que deve contribuir bastante com a implementação do Corredor Ecológico. A promoção de capacitações de professores – trabalhos de campo, oficinas pedagógicas, elaboração e distribuição de cartilhas educacionais, fazem parte deste grande trabalho que tem por objetivo principal a conscientização e sensibilização de cada pessoa que vive em regiões que possuem alta riqueza biológica, como o CESC.

Em meio a estes esforços, o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga começa a dar sinais de que está tomando forma e é nesse ponto que as perspectivas para o investimento nas suas potencialidades socioambientais precisam ganhar força. Uma população conscientizada com relação à importância do seu ambiente é capaz de criar condições para que as melhorias sejam alcançadas. Uma região onde a produção rural é a principal fonte de movimentação econômica, como é o caso do CESC, apenas funcionará de acordo com as premissas do desenvolvimento sustentável no momento em que cada ator social absorver a consciência de que o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga é formado, além do espaço produtivo de cada propriedade rural, também pelo espaço individual de cada um, em suas próprias casas, em seus próprios quintais e em suas práticas diárias, seja de produtividade, de lazer ou descanso. O Corredor Ecológico precisa estar no coração de cada um.

deCretO OFiCial dO PriMeirO COrredOr eCOlógiCO de MinaS geraiS

O decreto estadual ne nº 397/2014, de 01 de agosto de 2014, cria oficialmente o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga e garante a atenção especial do Governo do Estado de Minas Gerais sobre esse território.

FeliCianO Miguel abdala Mata dO SOSSegO

DECRETO NE Nº 397, DE 1º DE AGOSTO DE 2014.Cria o Corredor Ecológico Sossego-Caratinga nos Municípios de Caratinga, Simonésia, Manhuaçu, Ipanema, Santa Bárbara do Leste, Santa Rita de Minas e Piedade de Caratinga, e dá ou-tras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso de atribuição que lhe confere o inciso VII do art. 90 da Consti-tuição do Estado e tendo em vista o disposto na Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000 e na Lei nº 20.922, de 16 de outu-bro de 2013, DECRETA:

Art. 1º Fica reconhecida como Corredor Ecológico Sossego-Caratinga, a área localizada entre as Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN – Mata do Sossego e Feliciano Miguel Abdala, que abrange os Municípios de Simonésia e Ca-ratinga e parte dos Municípios de Manhuaçu, Ipanema, Santa Bárbara do Leste, Santa Rita de Minas e Piedade de Caratinga.

§ 1º A área total do Corredor Ecológico Sossego-Caratinga é de 66.424,5607 ha e perímetro de 148.859,35 m, cujo memorial descritivo encontra-se no Anexo. § 2° A área referida no § 1º divide-se em duas zonas para fins de proteção ambiental e de-senvolvimento sustentável:

I - zona de proteção ambiental, constituída pelas RPPNs Mata do Sossego e Feliciano Miguel Abdala; eII - zona de desenvolvimento sustentável, formada pelo res-tante da região delimitada no Anexo.

Art. 2° O Corredor Ecológico Sossego-Caratinga atenderá aos seguintes objetivos:

I - promover a conservação do muriqui-do-norte, espécie en-dêmica da Mata Atlântica e criticamente ameaçada de extin-ção, que habita a zona de proteção ambiental do Corredor;

II - promover a conectividade entre duas unidades de conser-vação e remanescentes florestais de Mata Atlântica da região, aumentando a permeabilidade da paisagem, favorecendo o fluxo gênico entre populações da flora e da fauna, em especial das populações do muriqui-do-norte, reduzindo os efeitos ne-gativos da fragmentação do bioma;

III - conservar e recuperar as Áreas de Preservação Permanen-te – APP – da região;

IV - desenvolver ações junto à população local, promovendo a consciência ambiental e conservacionista.

Art. 3º O Corredor Ecológico Sossego-Caratinga será adminis-trado por um Comitê Gestor, cuja composição e estatuto serão definidos em norma específica.

Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, 1º de agosto de 2014; 226º da Inconfidência Mineira e 193º da Independência do Brasil.ALBERTO PINTO COELHOMárcio Eli Almeida LeandroMaria Coeli Simões PiresRenata Maria Paes de VilhenaAlceu José Torres Marques

Fonte: Diário do Executivo, Minas Gerais, 02 de agosto de 2014.

reSerVa PartiCular dO PatriMôniO natural Mata dO SOSSegO

A RPPN Mata do Sossego está localizada no mais extenso e preservado remanescente contínuo de Mata Atlântica dos municípios de Simonésia e Manhuaçu (Minas Gerias), a 324 km de Belo Horizonte. Criada em 1998 pela Fundação Biodiversitas com o apoio de parceiros locais e internacionais, o principal objetivo da RPPN Mata do Sossego é a conservação do maior primata das Américas, o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus).

A preservação dos locais onde o muriqui-do-norte habita, como a RPPN Mata do Sossego, é extremamente importante, uma vez que esta espécie foi considerada uma das 100 espécies mais ameaçadas de extinção de todo o planeta, na categoria criticamente em perigo, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza - IUCN. Nessa avaliação foram citadas como principais ameaças à espécie: o desflorestamento, a fragmentação e a perda da qualidade dos habitats. Além dessas, o fogo e as queimadas, a caça para consumo humano, o tráfego e a comercialização e também doenças, sejam por parasitas ou causadas por contaminantes lançados nos fluxos de água que adentram pelas florestas onde vivem os muriquis, também são fatores que ameaçam a permanência dessa espécie na natureza.

Desde os seus primórdios, a estratégia adotada pela Biodiversitas para proteger a espécie tem sido manter e ampliar seus ambientes preferenciais, dentre os quais os remanescentes de Mata Atlântica da região de inserção da Mata do Sossego. Atualmente, a RPPN serve também de base para o desenvolvimento de pesquisas científicas em parceria com universidades, abriga um viveiro de mudas para fomentar a reflorestação regional, funciona como polo difusor de conhecimento e tecnologias associadas à conservação da biodiversidade, dos recursos naturais e ao desenvolvimento econômico sob a ótica da sustentabilidade.

ClaSSe Área (Ha) Área (%)Pastagem 34.207,71 51,84Mata 20.310,62 30,78Cultivo 6.922,96 10,49Sem vegetação (estrada, mancha urbana, solo exposto, etc) 2.013,11 3,05

Área de sombra de relevo (mata e água, principalmente) 2.537,50 3,85

tOtal 65.991,90 100Fonte: Imagem RapidEye, 2011/ Fundação Biodiversitas, 2015 mapa temático

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