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Tema Conservação da Biodiversidade Palestra: Carlos Alfredo Joly, DEPPT/MCT e IB/UNICAMP

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Tema Conservação da Biodiversidade

Palestra:

Carlos Alfredo Joly,

DEPPT/MCT e IB/UNICAMP

BIODIVERSIDADE &

POLÍTICA NACIONAL DE

MUDANÇAS DO CLIMA

Carlos A. Joly

IB & NEPAM/UNICAMP

Coordenador BIOTA/FAPESP

Neste exato momento o Congresso Nacional coloca em

votação a proposta de desfiguração do Código Florestal Brasileiro,

anistiando aqueles que desmataram Reserva Legal (RL) e Áreas

de Preservação Permanente (APP) ignorando a lei, reduzindo em

50% a proteção a riachos e ribeirões com menos de 5m e

descaracterizando as áreas de Reserva Legal como mecanismo de

conservação da biodiversidade nativa.

Em pleno século XXI o país faz questão de ignorar todo o

avanço no conhecimento sobre composição, dinâmica,

funcionamento e serviços ambientais da vegetação nativa, bem

como da possibilidade de utilizar este patrimônio natural de forma

sustentável, como sustentáculo de um novo modelo de

desenvolvimento do país.

No ranking dos 17 países de maior biodiversidade,

conhecidos como megadiversos o Brasil é o B1. Isso

representa um enorme diferencial de capital natural,

estratégico para o desenvolvimento socioeconômico do país,

que precisa ser conservado e utilizado de forma sustentável.

Representa também uma grande responsabilidade perante o

planeta.

ANFÍBIOS ≈ 870 spp

RÉPTEIS ≈ 720 spp

AVES ≈ 1.820 spp

MAMÍFEROS ≈ 650 spp

Plantas ≈ 55.000 spp

O Brasil abriga pelo menos 20% das espécies do planeta,

com altas taxas de endemismo para diferentes grupos

taxonômicos.

Isso traz amplas oportunidades econômicas de utilizar de

forma sustentável este patrimônio natural, no

desenvolvimento de novos fármacos – por exemplo o

Acheflan produzido a partir da Cordia verbenaceae,

conhecida popularmente como erva-baleeira -, bioterápicos

para uso humano (chás, infusões, pomadas) e veterinário,

tecnologias biomiméticas a natureza como inspiração para

criatividade e inovação. Além disso, áreas bem conservadas

são um atrativo ao turismo ecológico/ecoturismo – no

mundo receitas oriundas desta atividade chegaram a US$ 1

trilhão em 2009.

METABOLÔMICA

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APPs).

Entre os pesquisadores há consenso de que as áreas

marginais a corpos d’água - sejam elas várzeas ou

florestas ripárias - e os topos de morro ocupados por

campos de altitude ou rupestres são áreas

insubstituíveis em função da biodiversidade e seu alto

grau de especialização e endemismo.

REDUÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO

PERMANENTE (APP) RIPÁRIAS

• aumento da erosão superficial;

• aumento do assoreamento, com aumento da

probabilidade de inundações;

• aumento da turbidez, com a diminuição da entrada de luz

e redução da diversidade e quantidade de peixes e outros

organismos aquáticos;

• aumento da contaminação da água com adubos e

agrotóxicos

• aumento do custo de tratamento da água para consumo

humano (R$ 2,00/R$ 3,00 por 1.000 m3 de água tratada - adição de

cloro e flúor- para R$ 250,00/R$ 300,00 por 1.000 m3)

BANDEIRA & SALIM 2008

ANFÍBIOSToledo, 2010

Cortesia Mauro Galetti

Cortesia Mauro Galetti

Cortesia Mauro Galetti

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Cortesia Mauro Galetti

Cortesia Mauro Galetti

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Cortesia Mauro Galetti

RESERVA LEGAL

A Reserva Legal tem funções ambientais e

características biológicas, em termos da composição e

estrutura de sua biota, distintas das APPs.

Nos biomas com índices maiores de antropização,

como o Cerrado, a Caatinga e algumas áreas altamente

fragmentadas como a Mata Atlântica e partes da Amazônia,

os remanescentes de vegetação nativa, mesmo que

pequenos, têm importante papel na conservação da

biodiversidade remanescente e na diminuição do isolamento

dos poucos fragmentos da paisagem. Tais remanescentes

funcionam como trampolins ecológicos no deslocamento e

na dispersão das espécies pela paisagem.

A restauração das áreas de RL, viável graças ao

avanço do conhecimento científico e tecnológico, deve

ser feita com espécies nativas, pois o uso de espécies

exóticas compromete sua função de conservação da

biodiversidade e não assegura a restauração de suas

funções ecológicas e dos serviços ecossistêmicos.

A primeira Lista das Espécies da Flora Brasileira

Ameaçadas de Extinção foi editada em 1968 (Portaria IBDF

nº 303), com a inclusão de 13 espécies. Em 1992 foi publicada

uma nova lista com 108 espécies.

2008 - A nova Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira

Ameaçadas de Extinção elaborada pela Fundação

Biodiversitas sob encomenda do Ministério do Meio

Ambiente relaciona 472 espécies. Os biomas com maior

número de espécies ameaçadas são a Mata Atlântica (276), o

Cerrado (131) e a Caatinga (46). Nenhuma espécie da lista

anterior foi excluída.

No que se refere às regiões brasileiras, o Sudeste

apresenta o maior número de espécies ameaçadas (348),

seguido do Nordeste (168), do Sul (84), do Norte (46) e do

Centro-Oeste (44).

A primeira Lista das Espécies da Fauna Brasileira

Ameaçadas de Extinção foi editada em 1968 (Portaria IBDF

nº 303), com a inclusão de 44 espécies. Em 1989 foi

publicada uma nova lista com 206 espécies (7 consideradas

extintas).

A lista atual, publicada por intermédio das Instruções

Normativas MMA nº 3/2003 e nº 5/2004, conta com 627

espécies ameaçadas de extinção, sendo 130 de

invertebrados terrestres, 16 de anfíbios, 20 de répteis, 160 de

aves, 69 de mamíferos, 78 de invertebrados aquáticos e 154

de peixes. Maiores informações sobre o tema podem ser

obtidas no Portal sobre Espécies Ameaçadas de Extinção do

MMA, no endereço www.mma.gov.br/ameacadas.

Em parte o aumento no numero de espécies

ameaçadas de extinção reflete o aumento do conhecimento

científico sobre a biota nacional.

Mas a destruição e fragmentação de habitats

aumentam significativamente a probabilidade de extinção

local de espécies, especialmente as mais exigentes em

termos de nicho.

Portanto, inegavelmente, o descumprimento do

Código Florestal vigente, no que tange às APP e RL,

contribui com o contínuo aumento no número de

espécies brasileiras vulneráveis e ameaçadas de

extinção, nas listas periodicamente atualizadas pelas

sociedades científicas, e adotadas pelos órgãos e

instituições da área ambiental

A restauração das áreas de APP ripária e de RL,

viável graças ao avanço do conhecimento científico e

tecnológico, deve ser feita com espécies nativas, pois o

uso de espécies exóticas compromete sua função de

conservação da biodiversidade e não assegura a

restauração de suas funções ecológicas e dos serviços

ecossistêmicos.

PLANO NACIONAL DE

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

PLANO NACIONAL DE

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

- Desenvolver e consolidar mecanismos de remuneração

para “manter a floresta em pé”;

- Facilitar o enquadramento de Projetos de Restauração

de APP Ripárias e RLs com espécies nativas no

MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO de forma

a viabilizar a utilização de créditos de carbono para

incentivar, promover e consolidar um Programa Nacional

de Restauração focado no mais complexo dos Serviços

Ecossistêmicos: a conservação da biodiversidade nativa.

720ppm

360ppm

Aidar et al. 2002. Efeito do aumento de CO2 no estabelecimento de

plântulas de jatobá. Biota Neotropica

Jatobá Hymenaea courbaril

Jacaré - Piptadenia gonoachanta Jacarandá - Dalbergia nigra

Guapuruvú – Schyzolobium parahyba

Dankeschön

Thank you !