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· -~----------------~ PROCURADORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERAL Procuradoria Especial da Atividade Consultiva - PRCON PARECER n'/l&l /2017-PRCON/PGDF PROCESSO n" 0052-001038/2017 INTERESSADOS: CLARA WANDENKOLCK E OUTROS ASSUNTO: CONCURSO PÚBLICO - PERITO CRIMINAL DA PCDF (CONVOCAÇÃO DE CANDIDATOS EXCEDENTES PARA CURSO DE FORMAÇÃO) CONCURSO PÚBLICO. PERITO CRIMINAL DA PCDF. PRETENSÃO DE CONVOCAÇÃO DE CANDIDATOS ELIMINADOS PARA FREQUENTAR CURSO DE FORMAÇÃO. INVIABILIDADE. PRECEDENTES DESTA CASA. I-O pacífico entendimento da PGDF é no sentido da inviabilidade de alteração das regras do certame em casos como o dos autos (v. g., Pareceres 770/2011, 1.431/2011, 3.246/2012, 322/2013, 336/2013, 104/2014,152/2014, todos da PROPES; e 530/2016/PRCON). 11 - É que esse proceder ofenderia a objetividade da seleção, a eficácia vinculante do edital, os postulados constitucionais da impessoalidade e igualdade. III - Impõe-se concluir pela inviabilidade de convocação de candidatos que ultrapassem o quantitativo estipulado no edital (e, portanto, eliminados) para participar do curso de formação. "' Senhora Procuradora-Chefe, Fo!ha nO: j~ 3 't Process' 6\JOOJ03r wJ Rubri . Mal. Q/tf11-:::; RELATÓRIO OI. Teve início o presente processo com requerimento, formulado pelos interessados (aprovados no concurso de Perito Criminal da PCDF - Edital n? 1/2016), mas subscrito apenas por Tiago Euphrasio de Mello, perante o Senhor Diretor da PCDF, objetivando a convocação de todos os candidatos excedentes para o curso de: formação profissional desse concurso, considerando (fls. 02/03):

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PROCURADORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERALProcuradoria Especial da Atividade Consultiva - PRCON

PARECER n'/l&l /2017-PRCON/PGDFPROCESSO n" 0052-001038/2017INTERESSADOS: CLARA WANDENKOLCK E OUTROSASSUNTO: CONCURSO PÚBLICO - PERITO CRIMINAL

DA PCDF (CONVOCAÇÃO DE CANDIDATOSEXCEDENTES PARA CURSO DE FORMAÇÃO)

CONCURSO PÚBLICO. PERITO CRIMINAL DA PCDF.PRETENSÃO DE CONVOCAÇÃO DE CANDIDATOSELIMINADOS PARA FREQUENTAR CURSO DE FORMAÇÃO.INVIABILIDADE. PRECEDENTES DESTA CASA.

I-O pacífico entendimento da PGDF é no sentido da inviabilidade dealteração das regras do certame em casos como o dos autos (v. g.,Pareceres 770/2011, 1.431/2011, 3.246/2012, 322/2013, 336/2013,104/2014,152/2014, todos da PROPES; e 530/2016/PRCON).

11 - É que esse proceder ofenderia a objetividade da seleção, a eficáciavinculante do edital, os postulados constitucionais da impessoalidadee igualdade.

III - Impõe-se concluir pela inviabilidade de convocação decandidatos que ultrapassem o quantitativo estipulado no edital (e,portanto, eliminados) para participar do curso de formação.

"'Senhora Procuradora-Chefe, Fo!ha nO: j ~3 'tProcess' 6\JOOJ03rwJRubri . Mal. Q/tf11-:::;RELATÓRIO

OI.Teve início o presente processo com requerimento,

formulado pelos interessados (aprovados no concurso de Perito Criminal da

PCDF - Edital n? 1/2016), mas subscrito apenas por Tiago Euphrasio de Mello,

perante o Senhor Diretor da PCDF, objetivando a convocação de todos os

candidatos excedentes para o curso de: formação profissional desse concurso,considerando (fls. 02/03):

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(a) o baixo efetivo de peritos criminais, o que estariaprejudicando a sociedade do Distrito Federal;

(b) a existência de 224 cargos vagos de perito criminal dos 400existentes no quadro;

(c) a previsão de 40 aposentadorias nos próximos 6 anos para ocargo de perito criminal;

(d) a existência de 197 candidatos aptos no concurso, regido peloEdital n° 1/2016, para o provimento de vagas e formação decadastro de reserva do cargo;

(e) que haveria precedentes no sentido da possibilidade deconvocação de excedentes em número superior ao do edital, emconcursos anteriores;

(f) a não conclusão de quatro etapas para a finalização doconcurso (avaliação de vida pregressa, exames psicotécnicos,prova de títulos e curso de formação profissional);

(g) a Lei distrital n° 5.450/2015, que previu aumento de númerode vagas para concursos em andamento, autorizando nomeaçõesdos candidatos aprovados excedentes, sendo observada anecessidade do serviço público e disponibilidade orçamentária,respeitada a ordem de classificação; e

(h) "os princípios da razoabilidade, interesse público e economicidade,respeitada a melhor técnica jurídica, para que não haja prejuízo àconvocação de todos os candidatos aprovados no certame".

02. Pede o requerente, ainda, em documento apartado, que

seja (a) aumentado o número de vagas para participação até a última fase do

concurso (Curso de Formação), sem haver eliminação dos candidatos que

estejam fora do cadastro de reserva; e bem como que (b) ampliado o prazo de

Folha nO: --"--'-_Processo:~~~~~Rubrica -t---:'_ 1

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vigência do concurso de um para dois anos, podendo ser prorrogado por igualperíodo (fls. 04/14).

03. Na oportunidade, promoveu-se a juntada dosdocumentos de fls. 04/1 07.

04.Em seguida, a comissão dos excedentes desse

concurso público requereu a juntada de novos documentos (fls. 108/233).

05. Nesse contexto, sobreveio a Nota Técnica n" 01/2017da Academia de Polícia Civil, datada de 20/03/2017, na qual se afirma, emsíntese, que (fls. 234/245):

(a) não haveria razão para a preocupação extemada norequerimento, já que (a.l) todos os aprovados dentro no númerode vagas e cadastro de reserva serão convocados, nos termos doedital; e (b) o concurso ainda estaria em execução, estandopendentes pelo menos duas fases eliminatórias e umac1assificatória;

(b) os candidatos não classificados dentro do número de vagas ecadastro de reserva serão eliminados do concurso e, portanto,não deverão ser convocados para o curso de formação, consoanteregra editalícia;

(c) o concurso (inclusive o seu curso de formação) está sendorealizado pelo IADES, sendo custeado exclusivamente pela taxade inscrição. E essa instituição se manifestou pelaimpossibilidade de alteração das regras do edital, notadamenteem relação à quantidade de vagas previstas e os critérios deaprovação, acrescentando, ainda, a impossibilidade derepactuação contratual sem que houvesse contrapartidafinanceira por parte da PCDF;

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(d) o edital do certame prevê três cláusulas de barreiravinculadas a determinadas posições na ordem de classificação eo atendimento do pleito dos interessados significariadesobediência aos princípios da vinculação ao edital, daisonomia e da impossibilidade, além de prejudicar os candidatosnão classificados nas etapas anteriores (de acordo com osmesmos critérios);

(e) inúmeros precedentes do STF, do STJ e da PGDF jáassentaram a inviabilidade de alteração do edital depois deiniciado o concurso;

(f) qualquer incremento no número de vagas deveria obter o avaldo Conselho de Política de Recursos Humanos da Secretaria deEstado de Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo doDistrito Federal;

(g) o concurso foi organizado de acordo com o planejamentoestratégico da PCDF, de acordo com as suas necessidades;

(h) a convocação de candidatos além do número previsto noedital normativo acarretaria despesas não previstas; e

(i) diariamente chegam à Divisão de Gestão de Concurso daAPCIPCDF ações judiciais promovidas por candidatos de todosos concursos públicos.

06.Nesse contexto, a douta Academia opma pelo

indeferimento do pleito, sugerindo, ainda, a restituição do documento original àcomissão dos candidatos.

07.Sobreveio, então, a Manifestação n° 002/2017-

Ass/APC, acatada pelo Diretor da APC, em que se concordou integramente com

os argumentos expostos na nota técnica supra, entendendo que as mudanças

pretendidas seriam temerárias e de legalidade questionável (fls. 250/255). Ou

Folhan': 34 h t fProcesso: Q 00 J 038 ~ 1-1 .Rubrica • Mal. _ •

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seja, manifestou-se contrariamente à alteração do edital pretendida. Por fim,sugeriu-se a remessa do expediente à Direção Geral da PCDF para que, caso

entendesse conveniente e oportuno, encaminhasse o feito para manifestação do

Departamento de Administração Geral da PCDF quanto aos gastos com o curso

de formação na eventual convocação dos candidatos eliminados, bem como

consulta junto à PGDF e ao Conselho de Política de Recursos Humanos daSEPLANIDF.

08. Após, veio aos autos o Oficio n" 31/2017, daAssociação Brasiliense de Peritos em Criminalística, em que se reitera os

pedidos formulados inicialmente, relativos ao aumento no número de vagas para

participação em curso de formação (sem eliminação dos candidatos fora do

cadastro de reserva) e ampliação do prazo de vigência do concurso (fls.256/265).

09. Diante disso, foi proferido Despacho peloExcelentíssimo Senhor Diretor-Geral da PCDF, determinando a remessa dos

autos a esta Casa, a fim de que seja proferida orientação sobre a seguintequestão jurídica (fls. 266):

"Haveria possibilidade jurídica de convocação paramatrícula em curso de formação profissional de candidatosexcedentes, aprovados nas fases anteriores do concurso públicopara provimento de vagas e formação de cadastro reserva parao cargo de Perito Criminal. da Carreira de Polícia Civil doDistrito Federal, sem ofensa ao edital regulamentador doconcurso (Edital n". 1, de 8 de março de 2016, publicado noDiário Oficial do Distrito Federal - DODF n". 47. de10/03/2016). à luz das considerações trazidas aos autos às fls.2/14. 234/245 e 250/255?"

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10. Após a remessa dos autos a este Procurador, foiprotocolizada petição apresentada pelo Representante da Comissão dos

Aprovados na Primeira Etapa do Concurso de Perito Criminal da Polícia Civil

do Distrito Federal, em que se alega a existência de fatos supervenientes e se

procede à juntada dos seguintes documentos par apreciação: (a) representação

junto ao TCDF e posterior juntada; (b) admissibilidade da Assessoria Técnica

do TCDF; (c) Parecer do MPC-DF - MPjTCDF; (d) relatório e voto do

Conselheiro Relator no TCDF; (e) Decisão TCDF n° 2.528/2017, em que se

determina ao Diretor-Geral da PCDF que, cautelarmente, até ulterior decisão de

mérito, se abstenha de homologar o resultado final do concurso em discussão;

(f) decisão proferida no Processo n? 003981-77.2017.8.07.0018 (TJDFT); e (g)

decisão proferida no Processo n? 0704400-97.2017.8.07.0018 (TJDFT).

lI.É o relatório. Segue a fundamentação.

FUNDAMENTAÇÃO

12. O certame de que aqui se cogita, regulado pelo Editaln° I, de 08/03/2016, se destina a selecionar candidatos para provimento de vinte

vagas e formação de cadastro de reserva de oitenta vagas para o cargo de PeritoCriminal da Carreira de Policia Civil do DF (item 1.2).

13. Compreende, com efeito, duas etapas: a) a primeira

abrange as provas objetivas e discursivas; sindicância da vida pregressa e

investigação social; exames biométricos e avaliação médica; provas de

capacidade fisica; avaliação psicológica; e avaliação de titulos; e b) a segunda, ocurso de formação profissional.

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14. Tanto para a correção das provas discursivas (itens19.6 e 19.7) quanto para o prosseguimento nas demais fases da primeira etapa

do certame (itens 19.10 e 19.11), o edital estabeleceu limite quantitativo(cláusula de barreira), nesses termos:

"19 DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E DECLASSIFJCAÇA-O NA PRIMEIRA ETAPA

19.6 Com base na lista organizada na forma do subitem 19.5deste edital, serão avaliadas as provas discursivas dos candidatosaprovados na prova objetiva e classificados em até 8 (oito) vezes o númerode vagas definidas para a área de formação, conforme o subirem 3.1.5deste edital, observada a reserva de vagas para candidatos com deficiênciae respeitados os empates na última posição.

19.7 O candidato que não tiver a sua prova discursivacorrigida na/arma do subitem 19.6 deste edital estará, automaticamente,eliminado e não terá classificação alguma no concurso público.

()19.10 Com base na lista organizada na/arma do subitem 19.9

deste edital, serão convocados para as fases de sindicância de vidapregressa e investigação social e exames biométricos e avaliação médicaos candidatos aprovados na prova objetiva e na prova discursiva eclassificados em até 4 (quatro) vezes o número de vagas definido nosubitem 3.1.5 deste edital, observada a reserva de vagas para candidatoscom deficiência e respeitados os empates na última posição.

()19.110 candidato não convocado na forma do subitem 19.10

deste edital estará, automaticamente, eliminado e não terá classificaçãoalguma no concurso público. " - grifou-se _

15. Previu-se, ainda, nova limitação quantitativa para a

convocação de candidatos para a matrícula no Curso de Formação, como se vêdos seus itens 20.3 e 20.4:

··20 DO CURSO DE FORMAÇlo PROFISSIONAL()20.3 Serão convocados para o curso de formação profissional

os candidatos aprovados na primeira etapa e classificados dentro donúmero de vagas e cadastro de reserva, por área de formação, conformedefinido no subirem 3.1.5 deste edital, observada a reserva de vagas paracandidatos com deficiência e respeitados os empates na última posição.

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20.4 Os demais candidatos, ndõ convocadós'piii'ii esta etapa, . -serão considerados eliminados do concurso público. J, " ,.

",".,,' .

16. Nesse contexto, o Senhor Diretor-Geral da PCDFbusca perquirir a viabilidade jurídica de convocação para matrícula no curso de

formação dos candidatos "excedentes", isto é, daqueles já eliminados docertame.

17. A matéria objeto desta consulta não é nova no ãmbitodesta Casa.

18. Recentemente, esta Especializada, ao se debruçar

sobre questão semelhante alusiva ao concurso da PMDF, emitiu os Pareceres n.?

336/2013 e 104/2014, concluindo pela inviabilidade de mudança das regras dojogo no decorrer do certame. Eis as respectivas ementas:

"PMDF. SOLDADO. CONCURSO PÚBLICO PARAADMISSÃO AO CURSO DE FORMAÇÃO DE PRAÇAS. 174VAGAS PARA O SEXO FEMININO. 790 VAGAS PARA OSEXO MASCULINO. EDITAL 41/2012. CANDIDATOS QUE,NAS PROVAS OBJETIVAS, NÃO ATINGIRAMCLASSIFICAÇÃO QUE OS INSERISSE NO LIMITEQUANTITATIVO MÁXIMO -- TRÊs VEZES O NÚMERODE VAGAS -- PARA QUE SUAS PROVAS SUBJETIVASFOSSEM CORRIGIDAS. ELIMINAÇÃO.IMPOSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO DESSESCANDIDATOS.

I - Concurso público para seleção de 964 concorrentes,dentro do limite quantitativo de 2892 candidatos que tiveramsuas provas subjetivas corrigidas. Os candidatos que não seinseriram nesse universo, embora aprovados nas provasobjetivas, foram eliminados da competição.

11- Nesse contexto, impossível cogitar-se da alteraçãodo edital do certame, para eventual aproveitamento de

J- •

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candidatos reprovados, ainda que 'sobejem vagas, a" serempreenchidas,"

"CONCURSO PMDF 2013. PRETENSÃO DERETIFICAÇÃO DO EDITAL. PEDIDO DE REVISÃO DOPARECER 336/2013-PROPESIPGDF. ORIENTAÇÃO EMCONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTO DESTAESPECIALIZADA. HOMOLOGAÇÃO DO RESULTADOFINAL. MANUTENÇÃO DO OPINATIVO.

I - O Parecer n.? 336/2013-PROPESIPGDF traduz opacífico modo de pensar desta Especializada, ao considerarinviável a alteração das regras do certame em casos como o dosautos (v. g., Pareceres 770/2011, 1.431/2011, 3.246/2012 e322/2013).

11 - É que esse proceder ofenderia a objetividade daseleção, a eficácia vinculante do edital, os postuladosconstitucionais da impessoalidade e igualdade, bem como oartigo 30, in fine, da Lei distrital n.' 4.949/2012

III - Não bastasse isso, o concurso público que sepretende alterar já teve o seu resultado final homologado, o quesepulta qualquer pretensão de modificação de suas cláusulaseditalícias.

IV - Opina-se pela manutenção da orientação firmadano Parecer n." 336/2013-PROPESIPGDF."

19. Nesse sentido, ainda, são as considerações lançadas no

Parecer n.? 322/20 I3-PROPESIPGDF, que, examinando caso análogo ao

vertente, concluiu pela inviabilidade de alteração das disposições editalícias nocurso do certame. Note-se:

"(..)

4. Situação similar, mutatis mutandis, à dos autos foi apreciadapor esta Procuradoria-Geral do DF no Parecer n. 770/2011-PROPES/PGDF, cópia ora juntada, quando se aduziu que os candidatosnão convocados para o curso de formação foram eliminados dosconcursos, ao fundamento de que 'tendo as vagas indicadas nos editais sido

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devidamente preenchidas, são considerados candidatos elimihados ~que/esnão convocados para o curso de formação. ' , , .

5. O Superior Tribunal de Justiça já se pronunciou sobre amatéria consultada, assim como o Supremo Tribunal Federal.

6. No tocante à consulta sobre a fixação de regras novas ecritérios de seleção no pleno curso do procedimento, por força do principiodo julgamento objetivo, a doutrina pontua que o ato normativo quedisciplina o processo seletivo deve, em regra, previamente determinar osparâmetros de avaliação e escolha de candidatos, não no meio do certame,inclusive no que tange aos ditames sobre a eliminação de concorrentes.

7. Uma mudança das regras do certame no seu crepúsculo oudepois de seu término, a malferír a objetividade da seleção e o principio daimpessoalidade e igualdade, terminaria prejudicando terceiros quedeixaram de se inscrever no procedimento recrutador quiçá por seconsiderarem desmotivados quando da divulgação original do atoconvoca/ório pela informação de que quem não conseguisse se classificaraté 400° seria eliminado e, se soubessem do contrário, teriam disputado opleito.

8. Anunciar tardiamente que os candidatos posicionados emclassificação superior a 400°, os quais deveriam ser automaticamenteeliminados segundo os dispositivos editalícios, agora poderiam seraprovados no certame, favoreceria os inscritos em detrimento dos não-inscritos, gerando vantagem e mudança de critérios seletivos no plenocurso do certame, o que violaria o principio da impessoalidade, não sendopossível, grife-se, em conformidade com a jurisprudência do Pleno doSupremo Tribunal Federal, analogicamente aplicável, mutatis mutandis:

EMENTA: MANDADO. DE SEGURANÇA.PRo.CEDIMENTo. DE Co.NTRo.LE ADMINISTRATrvo.Co.NSELHo. NACIo.NAL DE JUSTIÇA. Co.NCURSo. PARA AMAGISTRATURA DO. ESTADO. DO NAU! CRITÉRIOS DECONVo.CAÇÃO PARA AS PRo.VAS ORAIS. ALTERAÇÃO DO.EDITAL NO CURSO DO. PROCESSO DE SELEÇÃO.IMPo.SSIBILIDADE ORDEM DENEGADA. 1. O ConselhoNacional de Justiça tem legitimidade para fiscalizar, inclusivede oficio, os atos administrativos praticados por órgãos doPoder Judiciário (MS 26.163, rei. min. Cármen Lúcia, DJe04.09.2008). 2. Após a publicação do edital e no curso docertame, só se admite a alteração das regras do concurso sehouver modificação na legislação que disciplina a respectivacarreira. Precedentes. (RE 318.106, reI. min. Ellen Gracíe, DJ18.11.2005). 3. No caso, a alteração das regras do concursoteria sido motivada por suposta ambigüidade de norma doedital acerca de critérios de classificação para a prova oral.Ficou evidenciado, contudo, que o critério de escolha doscandidatos que deveriam ser convocados para as provas orais

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do concurso para a magistratura do Estado do Piauí já estavaclaramente delimitado .quando' .da publicaçã» do Edital n"1/2007. 4. A pretensão de alteração das regras' ;dd,:<edital émedida que afronta o princípio da moralidade e daimpessoalidade, pois não se pode permitir que haja, no cursode determinado processo de seleção, ainda que de formavelada, escolha direcionada dos candidatos habilitados àsprovas orais, especialmente quando já concluída a fase dasprovas escritas subjetivas e divulgadas as notas provisórias detodos os candidatos. 5. Ordem denegada.

9. O entendimento é repetido.la. Os classificados além da posição 400"foram eliminados do

certame, segundo as disposições editalícias originárias, tanto o 4010 comoo 1.0000 ou sucessivamente. A situação jurídica desses concorrentes éidêntica - excluídos do certame.

11. Depois do final da etapa eliminatória ou no limiar do finaldo concurso público, ou mesmo depois de encerrado, rever as cláusulaseditalícias para tornar aprovados os que o edital considerava eliminadosautomaticamente consistiria em favorecimento violador do princípio daimpessoalidade, especialmente, porque já conhecidos os nomes doscandidatos eliminados, os quais agora seriam contemplados como umaparadoxal aprovação tardia depois de serem desclassificados da disputada.

12. Haveria uma dúvida sobre a lisura da alteração, sob a óticada moralidade, na medida em que, após conhecidos os candidatoseliminados, a autoridade administrativa modificaria o edital para aprová-los depois de terem sido desclassificados segundo as regras originárias.Sob a ótica da sociedade, em que pese a argumentação ventilada denecessidade administrativa, poderia ser gerado questionamento sobre aidoneidade da providência, numa mácula generalizada e suspeita sobre oato administrativo tardiamente praticado.

13. Na Administração Pública, não basta ser honesto, énecessário também transparecer honestidade, como decorrência doprincipio da moralidade administrativa. É aquela vetusta idéia de que 'àmulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta',

14. Um candidato classificado além do número de vagas queseriam complementadas no cadastro de reserva, que não seria contempladopela pretendida retificação do edital, ou mesmo quem não se inscreveu nocertame, poderia colocar em xeque a credibilidade dos motivos, ainda queobjetivamente demonstrados pelo DETRAN-DF, de mudança tardia doedital para tornar aprovados os que tinham sido eliminados do certame,depois de conhecidos os nomes dos candidatos que agora seriamfavorecidos pela convocação tardia epela classificação extemporânea.

15. A Administração Pública, por causa dessas condicionantes,deve estimar razoavelmente, de forma profissional, as necessidades depessoal a prover pelo Concurso público, a expectativa de aposentadorias

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pela sua estatística habitual ou depois de estudo especifico a respeito, aprevisão de desistência de candidatos aprovados, que podem' 'optar portomar posse em outros cargos depois de se submeterem simultaneamente aoutros certames, enfim, não deve ser surpreendida pelas circunstâncias eprocurar aprovei/ar ao máximo possível a realização da concorrência paraadmissão de novos servidores.

16. Deve-se refletir sobre as cláusulas editalícias eliminatórias,como as limitadoras dos selecionados a cursos de formação.

17. O estabelecimento de um quantitativo de candidatosadmitidos na primeira etapa do concurso e a automática eliminação dosexcedentes revela uma pretensão da Administração Pública de aproveitaros candidatos mais bem preparados, inclusive para convocaçõescomplementares dentro do prazo de validade do certame, lançando umapresunção de desinteresse pelos posicionados acima do limite eliminatório.

18. A mudança do critério mais que relevante, dentro dosparâmetros seletivos previstos originariamente no edital, para transformar,de forma tardia, eliminados em aprovados, esbarra numa aparência dedesconfiança objetiva da sociedade nos motivos que determinariam umtratamento privilegiado dos classificados além dos 400 classificados,depois de conhecidos seus nomes pela autoridade administrativa e pelaautarquia promotora do concurso público, o que não se afina com aimpessoalidade. a despeito de articuladas razões de interesseadministrativo para a providência extemporânea.

19. Não serve invocar a possibilidade em precedentes emconcurso interno para Socorrer a pretensão administrativa, porquanto, noconcurso público, está em jogo o principio republicano de amplo acessoaos cargos públicos (art. 37, 1, Constituição Federal de 1988), no que todosos cidadãos que atendam os requisitos de investidura previstos em leidevem ter respeitado o direito de disputar a admissão em cargo público.

19.1. O concurso público, que encima o sistema do mérito, coma adoção do que a doutrina lusa intitula de 'principio do recrutamentoaberto. selectivc e com base no mérito dos seus trabalhadores, com ocorrespondente direito a um procedimento materialmente justo derecrutamento', é a forma democrática de propiciar o amplo acesso aoscargos públicos e de conferir eficiência e profissionalização nodesempenho de atividades estatais e de prestação de serviços públicoseficientes à coletividade (na lição do emérito administrativista portuguêsPaulo Otero) ~ na medida em que a 'administração pública em sentidomaterial é, pois, uma actividade regular, permanente e continua dospoderes públicos com vista à satisfação das necessidades cotectíves", hajavista também que a própria legitimidade administrativa repousa sobre osméritos e a capacidade profissional dos funcionários, verificados mediantecertames concursais públicos de admissão nafunção pública.'

20. Por que o candidato colocado em posição 600~ admita-separa argumentar, que fot reprovado no concurso, segundo as expressasregras editalícias, poderia agora ser nomeado como agente de trânsito,

u

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pelo manejo e formação de um. novo-banco de reservp o,à ;revelia dascláusulas do edital originário, em vez de outra cidadão '}/u(VgOstariadeparticipar de um nova certame aberto á coletividade?

21. Por que uma pessoa que participou de um concurso públicae foi eliminada, segunda as regras editalicías, teria preferência nainvestidura na carga pública, objeto da concorrência administrativa, emvez de um outro cidadão que teria amplas condições pessoais, de bomconhecimenm e estudo das matérias que viessem a ser exigidas em um novoconcurse pública, de se sagrar vitorioso e aprovado até em 10 lugar numanova disputa?

22. NãO' é só a interesse da Administração Pública, portanto,que é ponderado no provimento de cargos públicos, mas existe um direitosubjetivo de qualquer cidadão qualificado de disputar a investidura noposto administrativo, sem privilégios de qualquer natureza.

23. Na verdade, pela estreita e imparcial aplicação do edital doconcurso público, os originalmente eliminados dentro do número delugares que se pretende abrir com a ampliação tardia do cadastro dereserva (os colocados em 4010 e até o número dos que seriamextemporaneameme convocados) se encontram na mesma situação dosoutros desaprovados em classificação pior e dos que agora almejariamdisputar um novo certame, todos em igualdade de condições perante oEstado para lutar pela admissão no cargo de agente de trânsito.

24. Não se justifica pela mera necessidade administrativa adispensa de realização de novo concurso público, como não se poderiadeixar de realizar certame para convocar candidatos depois de expirado oprazo de validade do último certame.

25. Não observado o princípio da vinculação ao edital eadmitida a posterior modificação do edital do concurso público paraalterar regras de eliminação de candidatos, seria possível a umaautoridade administrativa transformar em meramente classificatórias, porexemplo, as provas discursivas ou orais de um certame, beneficiandocandidatos anteriormente reprovados segundo os termos editalíciosoriginais.

26. A própria confiança da SOCiedade na seriedade daAdministração Pública pode ser posta em jogo quando as regraspreviamente delimitadas no edital seletivo de pessoal são tardiamentemodificadas, no final ou depois de encerrado o certame, gerando umaimpressão ruim de que, depois de conhecidos os eliminados, se modificou oedital para tornar alguns deles em aprovados, ainda que sob a invocaçãoobjetiva de carência de pessoal. Os critérios de eliminação não eramsérios, perguntará a coletividade? Havia algum parente, amigo, cônjuge ouconhecido de autoridades administrativas dentre os favorecidostardiamente - teria sido isso, na verdade, o motivo de transformar odesclassificado em classificado?

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,passará a pairar 'sobre a medida uma (suspeita,

com a moralidade - e -a'· ifripêsioalidade

27. Ou seja,uma desconformidadeadministrativas.

28. A prevalecer essa possibilidade, em vez de realizarem novoconcurso público, para convocação de candidatos qualificados para onovel certame, poderiam as autoridades administrativas, em casossemelhantes, ainda no prazo de validade original ou prorrogado, modificar'O edital de certame findo e anular as regras sobre eliminação decandidatos para com isso criar artificialmente novos aprovados (porexemplo, dizer que a prova objetiva eliminatória deixaria de ler essecaráter e declarar aprovados os na verdade reprovados no certame).

29. O resultado pode ser que, inclusive, pessoas que nãoatenderam a qualificação esperada para o posto administrativo objeto doconcurso sejam investidas em cargos públicos, depois de reprovadas nocertame concursal específico, subvertendo os próprios fins seletivos daconcorrência e o próprio princípio do mérito.

30. O edital de concurso público cuida da edição discricionáriapelo Estado de normas que vinculam a própria Administração Pública.Nesse caso, calha a lição do emérito administrativista português DiogoFreitas do Amaral':

(.)

31. Uma das premissas do concurso público, segundo ostratadistas do direito administrativo luso, são 'a divulgação atempada ebastante do sistema de avaliação; a predeterminação e a estabilidade deregras e critérios. '

32. As regras e critérios de seleção originariamente previstosdevem ser encímados pela autoridade administrativa, vê-se, com o que atardia e expressiva mudança do sistema de avaliação e as regras essenciaisde quem será considerado aprovado ou reprovado não prestigta asegurança jurídica, nem a impessoalidade, objetividade e moralidade naAdministração Pública, no que se afigura correto o entendimento vazadono opinativo que se pretende rever.

33. Nesse particular, repita-se, emerge clara a situação dosparticulares que deixaram de se inscrever no concurso público ao lerem oedital originário quanto á cláusula de que os posicionados além da 4000colocação seriam eliminados, quiçá pessoas que poderiam se classificardentre os 500 primeiros ou 600 primeiros e teriam se inscrito no certame sesoubessem que haveria aproveitamento desse número de candidatos, osquais ficarão prejudicados pela mudança tardia e surpreendente das regrasno final ou após o encerramento do concurso público, os quais perderiamuma oportunidade de disputar a investidura no cargo público casosoubessem da efetiva regra final que seria observada na promoção docertame.

34. Por outro ângulo, a jurisprudência do Supremo TribunalFederal até admite a incidência imediata de novas regras editalícias deconcurso público em caso de adaptação do certame às exigências de

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legislação superveniente. No mesmo diapasão "é' o entendimento doSuperior Tribunal de Justiça.

35. Na espécie, não houve superveniência de legislaçãoadministrativa nem se cuida de modificação de etapas pendentes docertame, mas a revisitação tardia de critérios de eliminação de candidatosjá excluídos da disputa, o que realmente não parece autorizado peloordenamento jurídico e pode eventualmente representar, aos olhos dosórgãos de controle externo da Administração Pública, conduta que frustraa licitude do concurso público, prevista na Lei federal n. 8.429/1992, emtese, a desaconselhar a medida.

36. Nesse sentido se aplica o disposto na Lei distrital n. 4.949,de 15 de outubro de 2012 (estabelece normas gerais para realização deconcurso público pela administração direta, autárquica e fundacional doDistrito Federal) a qual explicita que os critérios que regerão o concursopúblico serão fixados previamente, o que o diploma legal erfatízo'":

Art. 30 O concurso público destina-se a garantir aobservância do princípio constitucional da isonomia e aseleção dos candidatos mais bem preparados para o exercíciodo cargo público, segundo os critérios previamente fixados pelaadministração pública.

37. Não somente isso, mas o dispositivo em alusão preceitua oprincípio constitucional da isonomia, com o efeito decorrente de igualdadede tratamento dos candidatos conforme o parâmetro das regraspreviamente postas no edital, a demonstrar a lisura do procedimento (art.r, caput, Lei distrital n. 4.949/2012).

38. O dever de preservar a moralidade no procedimentoconcursal igualmente é encimado no diploma legal (art. 6°, lI, Lei distritaln. 4.949/2012).

39. A isonomia também guarda conexão com o já explanadorespeito ao principio de amplo acesso aos cargos públicos, acerca do qualse faz remissão ao já explanado neste parecer.

40. Além disso, a Lei distrital n. 4.949/2012 albergouexpressamente o principio da eficácia vinculante do edital do certame.

4/. A eliminação de candidatos pelo posicionamento além doprevisto no edital também é previsto no Estatuto distrital dos Concursospúblicos.

42. Ou seja,diretamente do textoinfraconstitucional. ,,/

a restrição àsconstitucional

medidas pretendidasmas também do

decorredireito

I Nesse sentido: Pareceres 77012011, 1.43112011 e 3.246/2012, todos da PROPES. dentre outros.

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20. Sobre o tema, também cumpre mencionar osPareceres152/2014-PROPES (concurso de agente da PCDF) e 530/2016-PRCON(concurso para papiloscopista), ambos desta Casa.

21.Como se vê, o pacifico entendimento da PGDF é no

sentido de que a mudança das regras do certame em casos como o dos autos

ofende a objetividade da seleção, a eficácia vinculante do edital, os postuladosconstitucionais da impessoalidade e igualdade.

22. É que não configurada nenhuma das hipóteses em que

o STF admite a alteração editalícia no decorrer do certame: necessidade por

imposição de lei, correção de erro material contido no texto e correção de

ambiguidade textual, "desde que o sentido adotado tenha por base deliberação tomada

prévia e publicamente pela comissão organizadora, em momento anterior ao início do

próprio certame" (AI 332.312-AgR, Ministro Joaquim Barbosa, DJe de 6-4-2011)'.

23. Ademais, cumpre afastar a incidência, ao caso, da Lein° 5.450/2015, onde se lê que:

"Art. JOGar!. lOda Lei n" 4.949, de 15 de outubro de 2012, passaa vigorar acrescido dos seguintes §§ r e 3~e seu parágrafo único érenumerado para §1":

§ r A administração pública pode realizar nomeações além donúmero de vagas inicialmente previsto no cadastro de reserva, observada acomprovada necessidade do serviço público e a disponibilidadeorçamentária e respeitada a ordem de classificação.

§ 3° O disposto no §r aplica-se aos concursos em andamento eaos certames que se encontrem dentro do prazo de validade ou de suaprorrogação. "

2 No mesmo sentido: RE 604.498, ReI. Min. Dias Toffoh, decisão monocrática, julgamento em 12-4-2012,DJE de 17-4-2012.

"

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24. É que, embora esse diploma permita fi nomeação além

do número de vagas (em caso de comprovada necessidade do serviço público e

a disponibilidade orçamentária), não há possibilidade de nele se enquadrarem os

candidatos já eliminados do certame, por força do edital.

25. Por fim, entende-se que os fatos supervenientessuscitados na petição apresentada pelo Representante da Comissão dos

Aprovados na Primeira Etapa do Concurso de Perito Criminal da Polícia Civil

do Distrito Federal em 09/06/2017 não alteram as conclusões supra.

26. Isso porque o próprio Conselheiro Márcio Michel,

Relator do caso no TCDF, embora tenha concedido a cautelar (para que o

Diretor-Geral da PCDF se abstivesse de homologar o resultado final do certame,

por outros fundamentos), afastou alegações suscitadas na representaçãosimilares às ora abordadas. Confira-se:

"Da mesma forma, verifico que direito não socorre àrepresentante no que diz respeito à convocação de todos oscandidatos aprovados na primeira etapa do concurso para ocorrente curso de formação profissional. "

27. E mais. As decisões judiciais acostadas tratam apenas

de supostos erros na contagem de pontos da fase de títulos, não tendo nenhuma

relação com o pleito sub examine.

28. Impõe-se concluir, portanto, pela inviabilidade de

convocação de candidatos que ultrapassem o quantitativo estipulado no edital

(e, portanto, eliminados) para participar do curso de formação.

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GOVERNO DO DISTRITO FEDERALPROCURADORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERALGabinete da Procuradora-GeralProcuradoria Especial da Atividade Consultiva

PROCESSO N':INTERESSADA:ASSUNTO:

MATIORIA:

052.001.038/2017Clara Wandenkolck e outrosConcurso Público

Pessoal

APROVO O PARECER N' 0481/2017 - PRCON/PGDF, exarado pelo

ilustre Subprocurador-Geral do Distrito Federal Carlos Mário da Silva Velloso Filho.

Em ~4 1 00 12017.

MARIA JÚLI

De acordo.

Restituam-se os autos à Polícia Civil do Distrito Federal, paraconhecimento e adoção das providências pertinentes.

Em j b 106 12017.

:;;Z~u«~~~PAOLA AIRES CO IMA

Procuradora-Geral do istr o FederalF_ "'._ 3.61 .MO!.3&997·'=tJ;rol OiJ~:

"Brasrtia - Património Cultural da Humanidade"