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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

janeiro de 2015

orientaçãoHelena Aparecida Ayoub Silva

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CESAR MACHADO DE MATOS

PROPOSTA DE USO MISTO COM

REQUALIFICAÇÃO DE EDIFÍCIO ABANDONADO

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“Sem um coração central forte e abrangente, a cidade tende a tornar-se um amontoado de interesses isolados. Ela fracassa na geração de algo social,

cultural e economicamente maior do que a soma de suas partes constitutivas.”

Jane Jacobs

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Agradeço

à professora Helena Ayoub, pela paciente orientação, incentivo e ensinamentos nesse trabalho;

aos professores Vicente Gil e Antônio Carlos Barossi pelo aprendizado no curso e gentil participação na banca;

à FAUUSP, pelas oportunidades, pelo ensino dentro e fora da sala de aula, por esses anos incríveis que deixarão saudades e pelos presentes que ela me deu nesse tempo, especialmente: Aline, Fernanda, Nuno, Rafaella, Renan, Bruno, Cá ‘Mongs’, Dudu, Flávia, Lê Cipro, ‘Parabéns’, Renato, Sérgio, ‘Sunga’ e Zaitsu, entre outros, a quem agradeço a amizade, o companheirismo, a cumplicidade, o suporte, os ensinamentos e a tudo o que passamos;

aos amigos da T61, da BATeria, da Atlética e da FAU em geral; também ao Eduardo e outros amigos de fora;

aos colegas de trabalho Eunice, Luiz, Erika, Paula e Rodrigo;

aos meus pais e à minha família, por tudo;

muito obrigado.

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CoNSiDERAçõES iNiCiAiS

PARTE I | SUBSTRATO

HABiTAçÃo E REABiLiTAçÃo DE ÁREAS CENTRAiS

o EDiFÍCio

REABiLiTAçÃo DE EDiFÍCioS

BiBLioGRAFiA

iCoNoGRAFiA

PoSSiBiLiDADES

PRoGRAMA

CoNSiDERAçõES FiNAiS

PARTE III | APROXIMAÇÕES

CENTRo

DADoS

EDiFÍCio REQUALiFiCADo | HiS

BASE

SUSTENTABiLiDADE

VoLUMETRiA

EDiFÍCio ANEXo | HMP

ENToRNo

PARTE II | TERRITÓRIO

PARTE IV | PROPOSTA

ESCoLHA DA ÁREA

CoNCEiToS

NÍVEiS

HoSTEL

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Reabilitar, renovar, reformar, requalificar, restaurar, reciclar, reutilizar…

Dada a heterodoxia de abordagens optei pela ex-pressão Reabilitar, como sendo o presente título desse trabalho. Essa palavra se fez presente em boa parte da pesquisa teórica e será repetida di-versas vezes nas próximas páginas. Nela também pode ser lida a palavra Reabitar, termo esse que engloba todas as intervenções, da preservação à sobreposição, cujo propósito seja reativar espaços esgotados e esquecidos, restituindo-lhes função e vida. Reabitar é apropriar e viver.

reabilitar re.a.bi.li.tar (re+habilitar) vtd 1 Restabelecer no estado anterior; restituir (a alguém) os direitos e prerrogativas que tinha perdido. vtd 2 Declarar inocente (o sentenciado). vtd 3 Restituir à estima pública, à estima de alguém. vtd 4Regenerar moralmente. vpr 5 obter a sua reabilitação.

1. Dicionário Michaelis

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Percorrendo a área central da cidade de São Paulo sur-

preende a existência de numerosos espaços e edifícios

totalmente vazios e deteriorados. A região sofreu um

processo constante de esvaziamento e degradação ao

longo das últimas décadas, resultando em uma drástica

redução no número de moradores e na degradação de

seu patrimônio.

Nessa situação onde inúmeros imóveis encontram-se

desocupados ou abandonados, ocorre uma subutili-

zação pela população da boa e já consolidada infra-

estrutura urbana e de transporte público do centro.

Construções das mais variadas, boa parte com mais de

cinco andares e geralmente empreendidos na primeira

metade do século XX, com a vanguarda tecnológica da

época, acabaram fechados por diversas razões por seus

proprietários.

Em uma cidade como São Paulo, onde não sobram mais

tantas áreas para expansão urbana, onde a infraestru-

tura é escassa nas áreas periféricas e onde os domicílios

vagos superam o déficit habitacional, é absurdo manter

todo esse patrimônio construído à espera da viabiliza-

ção do mercado, deixando de investir na sua utilização

para fins habitacionais, principalmente quando isso

poderia ancorar um processo intenso de reabilitação

dessa área da cidade.

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Diante desse quadro, o objetivo final desse trabalho é

desenvolver uma proposta de requalificação, reocupação

e reintegração de um edifício que encontra-se abando-

nado e em crescente estado de degradação no centro de

São Paulo, com projeto para novo uso e atividades, a fim

de resgatar a dinâmica urbana, e aproveitar a abundante

infraestrutura disponível ao redor. Pretende-se dessa

forma, exemplificar a reabilitação de edifícios como ins-

trumento de retomada do uso habitacional no centro,

mas não deixando de lado os usos comercial, cultural

e de lazer, reforçando a dinâmica urbana da cidade e

buscando a revitalização da região, inclusão social e

melhora da qualidade de vida da população.

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PARTE I | SUBSTRATO

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HABITAÇÃO E REABILITAÇÃO DE ÁREAS CENTRAIS

A política de reabilitação das áreas centrais surge como

diretriz nas principais aglomerações urbanas mundiais

e é formulada através de diferentes equacionamentos.

Alguns autores destacam questões de economia urbana

associadas ao bom funcionamento da cidade e enten-

dem que a recuperação dessas áreas é parte da equação

da denominada produtividade urbana. outros enfatizam

o papel das áreas centrais como locais adequados de

moradia para um novo segmento social chamado de

classe criativa e muito associado às novas demandas

do setor terciário globalizado. Também há uma ênfase

na leitura sociológica que associa estas políticas com

processos de segregação social e elitização do espaço

urbano, permitindo às classes mais favorecidas consu-

mir espaços tradicionais da cidade. Além disso, merece

destaque a visão ambientalista, que exige uma refor-

mulação das nossas cidades através da compactação da

mancha urbana. A intensificação do uso do solo aparece

como variável determinante na equação da sustentabi-

lidade.

Esta questão ganha força em São Paulo, onde se verifica

um claro processo de desadensa-mento populacional

pautado por uma construção ideológica que se remonta

ao início do século XX, e que formula uma ideia corrente

na sociedade sobre os males do adensamento popula-

cional. Esta ideologia culmina com a promulgação da

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Lei Anhaia que estimula densidades máximas vai se

re-editando nas legislações posteriores . A consequên-

cia deste processo é a perda constante de população

naqueles distritos onde se verificam os maiores índices

de verticalização.

A falsa ideia de que a verticalização em São Paulo

provoca adensamento populacional funciona como

mais um instrumento de segregação social, impedindo

uma compactação da cidade que só seria possível com

a intensificação do uso do solo e a mistura de classes

sociais. Desmistificar esta questão é importante, prin-

cipalmente quando se verifica que os distritos centrais

concentram parte importante das atividades e empregos

da metrópole e lá sustentam durante o dia densidades

populacionais superiores aos 1.000 usuários/ha.

Este processo de desadensamento populacional faz com

que um dos distritos centrais, como o da República,

com ocupação vertical antiga e predomínio de edifícios

comerciais seja o terceiro distrito mais denso, com 207

hab/ha, conjuntamente com Bela Vista e Santa Cecília,

deixando de lado aqueles com grande concentração de

área construída vertical como itaim, Moema e Jardins.

Por outro lado os distritos da Sé e República, com as

maiores densidades verticais construídas, apresentam

valores nas taxas de vacância dos imóveis residenciais

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que beiram os 20%.

As tentativas de dimensionar o acréscimo necessário ao

atual estoque de domicílios em vista a superar o déficit

de habitações têm resultado em números diversos. Esta

discussão, quando inserida no perímetro do municí-

pio, ganha ainda maiores proporções pela escassez de

terrenos aptos para novos desenvolvimentos habitacio-

nais. Nesse sentido, uma política centrada na variável do

adensamento demográfico nas áreas consolidadas pode

definir uma diretriz clara, podendo estar pautada no re-

aproveitamento de edifícios existentes e na reconversão

de edifícios obsoletos para diferentes usos.

Sem dúvida, os edifícios da área central constituem

importantes recursos materiais que devem ser utiliza-

dos e o uso residencial parece ser bastante adequado,

porque ao mesmo tempo permite um aproveitamento

eficiente da infraestrutura instalada bem como recria a

localização com as pessoas utilizando as ruas em todos

os horários do dia.

Desde os anos 90 tem havido mudança nos padrões re-

sidenciais, e é cada vez maior a procura por residências

próximas ao local de trabalho com arranjos espaciais

que atendam as demandas das novas famílias, com

menos integrantes e com mais tempo despendido fora

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do lar. Somando a isso o aumento no preço dos imó-

veis, surge uma necessidade por espaços menores, mais

flexíveis e menos fragmentados, que suportem o maior

número de atividades.

Se a certeza do uso habitacional parece clara, resta

definir o padrão de produção dessas habitações. Os

processos de gentrificação parecem não ameaçar no

caso dos distritos da Sé e República, onde a diversidade

de usos parece garantir a permanência das populações

menos favorecidas, mas ainda há de se ter cuidado. Res-

ta desenhar um programa urbano que possa equacionar

todas as variáveis presentes no problema de reocupação

da área central, considerando as particularidades do

estoque construído no centro.

“As ocupações de edificios em áreas centrais são um indicador

importante da disposição de setores sociais em lutar pela moradia

no centro. Elas constituem um alerta a toda sociedade sobre o drama

da habitação. Elas revelam o descontentamento com o destino apa-

rentemente te inexorável do exílio na periferia desurbanizada e das

favelas. A proximidade da oferta de empregos, serviços de saúde e

educação, menores gastos e menor tempo dispendido nos transpor-

tes, são algumas das vantagens de morar no centro.” 2 2. Maricato / Santos, 2002

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REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS

o processo de reabilitação de edifícios na Sé e República

se justifica pela situação deteriorada da região. A área

faz parte de um pedaço historicamente importante da

cidade e muito bem servido de infraestrutura urbana.

Nessa região encontram-se os maiores entroncamentos

de transporte público (metrô e ônibus) da cidade, o que

favorece o deslocamento para qualquer localidade. o

interesse em reabilitar edifícios antigos no centro de

grandes cidades tem tudo para suprir a necessidade de

restabelecer áreas centrais aproveitando o máximo dos

recursos já existentes.

Apesar da perda populacional, da incidência de vazios

e do deslocamento de funções no contexto urbano, o

centro ainda concentra a maior densidade construída, o

maior número de estabelecimentos, a maior concentra-

ção de empregos, fluxo de pessoas e equipamentos cul-

turais da cidade. Para minimizar as perdas e modificar

esse quadro, já na década de 1970 algumas iniciativas

governamentais elaboraram planos de reestruturação da

área central. No entanto, esses planos abordavam prio-

ritariamente a proteção e restauração de bens culturais,

além da revitalização de algumas áreas pontuais.

A partir da década de 1990 os movimentos de luta por

moradia começaram a se organizar e iniciaram a ocupa-

ção de diversos edifícios desocupados da região. Essas

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ações mudaram o rumo que vinha sendo dado à rees-

truturação do centro paulistano. o governo deu início

a programas habitacionais que consideram a reaprovei-

tamento de edifícios antigos no centro. A dinâmica do

projeto de reabilitação difere completamente daquela

praticada nos projetos de construção a partir do zero.

A grande diferença está na necessidade de alterar um

edifício já construído, o que demanda a aquisição de

informações de qualidade sobre o que realmente faz

parte da edificação, tornando o diagnóstico e a coleta

de informações atividades essenciais para viabilizar o

empreendimento.

A reabilitação no contexto do empreendimento é en-

tendida como o processo que envolve o imóvel ou bem

urbanístico a ser recuperado de maneira a contribuir

não só para os moradores e proprietários do imóvel,

mas também como um processo que interfere em toda

a área urbana. As formas de reabilitar dependem muito

dos níveis de adequação e reparo necessários ao empre-

endimento em questão. Essa relação aborda aspectos

da situação do edifício e das necessidades para seu

novo uso. A intervenção pode ir de pequenos reparos a

grandes modificações estruturais. O processo pode ser

dividido em: diagnóstico do imóvel; identificação dos

agentes envolvidos; projeto; planejamento e gestão da

produção; gestão da ocupação.

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O diagnóstico é identificado como momento decisivo

para o empreendimento de reabilitação, pois engloba

aspectos de identificação das características urbanas do

imóvel, conhecimento do domínio da propriedade e das

condições de posse e identificação de todos os agentes

envolvidos. As atividades relacionadas à fase de elabo-

ração de projeto são a inspeção do imóvel construído

buscando todas as suas características, levantamento

dos parâmetros e diretrizes envolvidas para elaboração

do projeto e aprovação junto aos órgãos públicos. A eta-

pa de planejamento e gestão da produção consiste em

planejamento, execução e acompanhamento e conclu-

são da obra e sua regulamentação.

De uma maneira geral, a reabilitação dessas estruturas

é um processo complexo, já que trata do envolvimento

de diferentes atores e da permanência de parte deles

como responsáveis pela conservação do imóvel ou es-

paço requalificado. Algumas limitações que prejudicam

a disseminação de novas ações de reabilitação são: a

falta de regulamentação adequada, como instrumentos

urbanísticos que considerem de fato o valor social e a

interferência do imóvel no contexto urbano; a pouca ca-

pacitação da mão de obra desse setor específico, tanto

em nível de projetos e análises técnicas, quanto para as

atividades da obra; a falta de indicadores para análises

das atividades de reabilitação; a ausência de bases para

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análises econômicas e de custos; entre outros.

Em se tratando de Habitação de interesse Social (HiS),

os entraves aumentam, pois a discussão demanda o

envolvimento interdisciplinar para a elaboração de um

trabalho efetivo. As questões de valorização da terra,

ou do espaço construído e os impasses jurídicos de

alguns imóveis, também tomam relevância e acabam

tornando-se limitadores que impedem a viabilização de

diversos empreendimentos.

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PARTE II | TERRITÓRIO

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Foi natural o julgamento de que o projeto elaborado

deveria estar localizado na cidade de São Paulo, uma

cidade que grandes subsídios oferece, em termos de

vivência, para o amadurecimento do olhar do arquiteto,

além de ser o local de moradia, trabalho e estudo do

autor. Um projeto nessa cidade também facilitaria even-

tuais visitas de campo e acesso às informações, como

documentos cedidos por órgãos municipais.

Em relação ao uso do espaço e à qualificação de uma

cultura construtiva, a cidade apresenta tantas con-

tradições e peculiaridades que é compreensível que

haja uma vontade de apropriação da arquitetura para

tentar atenuar essas dissonâncias. o desejo de uma

cidade em que os seus habitantes possam todos dispor

de moradia adequada, acesso à infraestrutura pública

de transportes, órgãos institucionais, lazer, cultura, e

salubridade, parece meramente utópico a um primeiro

olhar, e também aparece como desafio para o arquiteto

a necessidade de filtrar esses questionamentos e tradu-

zi-los em propostas de intervenção que sejam viáveis e

responsáveis.

A questão dos edifícios vazios e abandonados pela cida-

de sempre me chamou a atenção. Era constante a curio-

sidade, ao ver um esqueleto inacabado por exemplo, em

saber como seria ver o projeto terminado, quais motivos

30 31

ESCOLHA DA ÁREA

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levaram ao abandono ou embargo, o que poderia ser

proposto naquela mesma estrutura, com diversas possi-

bilidades de uso e estética e, finalmente, como ficaria a

região com um bom projeto executado tomando o lugar

de um monumento ao abandono, que não só sofre com

a deterioração, mas que também causa o mesmo para

seu entorno. Me foi atraente, portanto, elaborar no tra-

balho final de graduação uma proposta que envolvesse a

rebilitação de um edifício vazio ou abandonado.

o caminho seguido foi de buscar, principalmente na

área central da cidade, construções vazias ou abandona-

das que possibilitassem, preferencialmente, um projeto

voltado a mais de um uso. A busca resultou em algumas

construções desocupadas e com grande potencial de

transformação, e entre elas a que se destacou e acabou

sendo escolhida para o trabalho: no número 93 da Rua

do Carmo, no Distrito da Sé, uma torre alta com grande

deterioração e visível de vários pontos de uma das regi-

ões mais importantes da cidade.

Não só o tamanho do edifício e as possibilidades de

projeto me chamaram a atenção, mas também sua

localização, próximo ao marco zero da cidade, à estação

de metrô mais movimentada e a diversos equipamentos

públicos. A quadra do objeto escolhido também me foi

atraente: de um lado da torre duas casas do início do

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século XX, uma praça e a entrada do Poupatempo Sé,

com intensa movimentação de pessoas; do outro lado,

construções baixas e áreas não edificadas que abrigam

principalmente estacionamentos, seguidos do Sesc

Carmo, um edifício residencial e dois comerciais, todos

de pequeno ou médio porte e sem recuos frontais e

laterais.

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É chamada de Zona Central de São Paulo (ou simples-

mente Centro de São Paulo) a região administrada pela

Subprefeitura da Sé, que é formada pelos distritos da

Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade,

República, Sé e Santa Cecília.

Enquanto a cidade possui 11,3 milhões de pessoas,

segundo projeções, a região central concentra apenas

310 mil habitantes em oito distritos. A porção tradicio-

nalmente chamada de “centro” corresponde a somente

dois deles, Sé e República, onde moram cerca de apenas

55 mil habitantes, ou 0,5% da população do município.

Essa região é, hoje, mais lembrada por seus problemas

do que por suas belezas, sua história e sua infra-estru-

tura.

Área3: 27 km²

População3: 431.106 habitantes (2010)

Renda média3: R$2335,54

iDH3: 0,928

36 37

CENTRO

3. Dados da Subprefeitura da Sé

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O centro da cidade foi o principal distrito financeiro

da cidade até aproximadamente a segunda metade do

século XX. A partir da década de 1970, falhas nas gestões

dos governos municipais, aliado ao surgimento e de-

senvolvimento de novos centros financeiros em outras

regiões da cidade, causaram grande esvaziamento do

centro, e muitas empresas começaram a se mudar para

outros distritos da cidade.

Com o forte processo de degradação urbana e a queda

na qualidade de vidana região, a maioria da população

de alta e média renda, também começou a procurar

outras áreas da cidade, resultando no agravamento

da decadência da região central da cidade. o intenso

processo de esvaziamento e degradação urbana trouxe

inúmeras consequências como o aumento das taxas de

violência, economia informal, atos de vandalismo, falta

de investimento privado em novos imóveis, depreda-

ção do patrimônio histórico, e aumento do número de

usuários de drogas.

No início da década de 1990 começaram a surgir as

primeiras intenções e movimentos por parte da socie-

dade e do governo (municipal e estadual) que buscavam

a recuperação social, econômica, turística e cultural da

região central, iniciando um lento processo de revitali-

zação. Vários centros culturais foram criados ou recupe-

DEGRADAÇÃO E REVITALIZAÇÃO

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38 39

rados, como as Estações da Luz e Júlio Prestes, a Sala São

Paulo, o Mercado Municipal, o Museu da Língua Portu-

guesa, o Palácio das indústrias, a Pinacoteca do Estado

de São, o Teatro Municipal, entre outros.

Um exemplo desses novos movimentos é a “Aliança

pelo Centro Histórico de São Paulo”, criada em 2009,

que inclui esforços da prefeitura da cidade, da associa-

ção “Viva o Centro” e de empresas privadas da região. o

projeto visa proporcionar a qualidade total dos serviços

públicos como segurança, iluminação e limpeza das ruas

e praças.

A população total da subprefeitura da Sé, segundo o

censo de 2010, é de cerca de 431 mil habitantes, o que a

torna a região administrativa menos populosa da cida-

de, apesar de ser a que possui a maior oferta de equipa-

mentos públicos e empregos4. A cada ano da década de

1990 a zona central de São Paulo apresentou uma taxa

negativa de crescimento demográfico, que chegou a -5

por cento ao ano5. Esse fator contribuiu para o que se

convencionou chamar de “degradação” da região, pois,

segundo alguns especialistas em estudos urbanos6, com

o afastamento das elites paulistanas das áreas centrais,

CARACTERÍSTICAS SOCIAIS

4. Villaça, 1998

5. Dados do iBGE e da Fundação SEAD

6. Villaça, 1998; Feldman, 2004; Kara-José, 2007

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ocorreu juntamente o afastamento da zeladoria pública,

levando a uma sensação de “abandono”. Contudo, na

década de 2000, houve reversão do declínio populacio-

nal, com aumento de 15% do número de habitantes no

período.

Distrito População (2010)7 iDH (2000)7

Santa Cecília 83 717 hab. 0,930

Bela Vista 69 460 hab. 0,940

Liberdade 69 092 hab. 0,936

Consolação 57 365 hab. 0,950

República 56 981 hab. 0,901

Cambuci 36 948 hab. 0,903

Bom Retiro 33 892 hab. 0,864

Sé 23 651 hab. 0,858

7. Dados do iBGE

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40 41

o distrito da Sé, conjuntamente com o da República

forma o chamado Centro Histórico da cidade. É o distrito

onde se localiza o do distrito em que está localizado o

Pátio do Colégio (Páteo do Collégio), ponto onde a cidade

foi fundada em 1554; a Praça da Sé, onde está localizado

o “marco zero” do Município e a Catedral Metropolitana

de São Paulo; a Faculdade de Direito da Universidade de

São Paulo; a sede do Tribunal de Justiça; o Edifício Marti-

nelli; a sede da Prefeitura Municipal; a Bolsa de Valores,

Mercadorias e Futuros (Bovespa); a sede do Ministério

Público do Estado; o Edifício Altino Arantes; o Mercado

Municipal e o Mosteiro de São Bento, entre outros pon-

tos de interesse.

o distrito é atendido pelas linhas 1 (azul) e 3 (vemelha)

do Metrô e pelo Expresso Tiradentes da SPTrans. Tam-

bém dentro desse distrito está situada a parte mais

conhecida do bairro da Liberdade, embora também haja

um distrito com este nome. A parte mais movimentada

da rua Galvão Bueno, a Praça da Liberdade e a Estação

Liberdade do Metrô estão localizados, oficialmente,

dentro do distrito da Sé.

A área desse distrito corresponde à ocupação mais

antiga da cidade (iniciada no século XVi), conhecida

como o “Centro Velho”, que formou-se numa espécie

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de colina ou platô em forma de “V”, cercada pelos rios

Anhangabaú, de um lado, e Tamanduateí, de outro. A

grosso modo, esta área era delimitada pelas vias de

ligação entre quatro pontos principais: as igrejas da

Sé, do Carmo, de São Bento e de São Francisco (corres-

pondente às atuais ruas Senador Feijó, Anita Garibaldi,

Roberto Simonsen, Boa Vista e Líbero Badaró). o Distri-

to da Sé forma, junto com o da República, o chamado

Centro Histórico de São Paulo. Porém, neste último, a

ocupação efetiva foi iniciada apenas no século XiX e só

ganharia força no início do século XX, após a construção

do Viaduto do Chá.

Área8: 2,1 km²

População8: 23.651 habitantes (2010)

Densidade8: 112,62 hab/ha

Renda média8: R$978,31

iDH8: 0,858

Subprefeitura: Sé

Região administrativa: Centro

Área geográfica: Centro histórico

Distritos limítrofes

Bom Retiro (norte)

Brás (leste)

Cambuci (sudeste)

Liberdade (sul)

República (oeste)

8. Dados da Subprefeitura da Sé

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42 43

Page 44: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

Localização na cidadeimagem do Wikipedia, editada

Densidade demogr. prelim.Dados do iBGE

Limites dos distritosDados do Ministério do Trabalho

Page 45: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

44 45

Equipamentos PúblicosMapa da Subprefeitura da Sé

Limites dos distritosDados do Ministério do Trabalho

Uso predominante do soloMapa da Secretaria Munic. de Desenv. Urbano

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Empregos Formais2004

Dados do Ministério do Trabalho

Evolução demográfica da Sé2008

Dados do iBGE

População2010

Dados da Subprefeitura da Sé

Page 47: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

46 47

Estabelecimentos2004Dados do Ministério do Trabalho

indústria2004Dados do Ministério do Trabalho

Comercio2004Dados do Ministério do Trabalho

Serviços2004Dados do Ministério do Trabalho

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A intervenção tem como área a quadra entre as ruas do

Carmo, Joaquim dos Santos Andrade e Alcides Bezerra.

Esta quadra situa-se ao lado das Praças da Sé, Clóvis

Bevilácqua e do Carmo, essa última que abriga a entrada

do Poupatempo. No terreno existem dois estacionamen-

tos, cinco sobrados que abrigam uma pequena igreja

Evangélica e comércio, o atual edifício do Sesc Carmo,

com seis andares, um edifício residencial com quatro

andares , um edifício comercial com sete andares e outro

com quatro andares, além do objeto de estudo, um edifí-

cio abandonado de 29 pavimentos.

No entorno, existe a creche da Secretaria da Fazenda, as

igrejas da ordem Terceira do Carmo e Nossa Senhora da

Boa Morte, o já citado Poupatempo Sé, serviço público

de obtenção de documentos e atestados (essa unidade

atende cerca de 11 mil pessoas, sendo a mais movimen-

tada da cidade).

Um pouco mais afastada da quadra escolhida, existe a

Casa da Solidariedade, que ocupa o edifício histórico do

antigo Ginásio do Estado e desenvolve, através do Fundo

de Solidariedade do estado, projetos sociais para crian-

ças, adolescentes e adultos. A entidade atende crianças,

adolescentes em situação de risco social e promove

atividades extracurriculares e culturais no contratur-

no da escola. Também existe em um dos espaços uma

ENTORNO

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escola de moda, que oferece cursos de criação e costura

e auxílio financeiro.

Além da Casa da Solidariedade, outra referência de

entidade de articulação social na região é o Clube Escola

Novo Glicério, resultado de uma iniciativa de moradores

do Glicério, que fundaram a escola autogestionada que

oferece atividades esportivas às crianças e jovens da

região.

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ViÁRio

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ÔNiBUS

METRÔ

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CiCLoFAiXA

CALçADA CoMPART.

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Edifício visto da Catedral da Sé

igreja N. S. da Boa Morte

Edifício visto da Avenida do Estado

Edifício visto da Ria Alvarenga

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igreja da ordem Terceira do Carmo

Vista da Praça do Carmo

Entrada do Poupatempo Sé

Edifício visto da Praça do Carmo

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Frente da quadra na Rua do Carmo

Casarões existentes na quadra

Frente da quadra na rua do Carmo

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Sede do SESC Carmo

Sede do SESC Carmo

Entrada do SESC Carmo

Creche na rua Joaquim dos Santos

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Creche na rua Joaquim dos Santos

Fundos do SESC na rua Alcides Bezerra

Fundos do lote estudado e creche

Fundos do edifício estudado

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A

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A

PARTE III | APROXIMAÇÕES

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Localizado no número 93 da Rua do Carmo, distrito da

Sé, este esqueleto de 29 pavimentos fica próximo ao

Palácio Clóvis Ribeiro, sede da Secretaria da Fazenda de

São Paulo, ao Poupatempo e à estação da Sé do Metrô, e

encontra-se abandonado e em deterioração há décadas.

Visível de vários pontos da região, a torre é praticamente

um monumento dedicado ao abandono e à deterioração

de imóveis da região central de São Paulo. A construção

possui centenas de barras de ferro expostas, algumas de

suas paredes fechadas com blocos e outras ainda aber-

tas, e possui vegetação crescendo na cobertura.

Na pesquisa realizada, foram obtidas informações de-

sencontradas sobre este imóvel. De acordo com relatos

e dados obtidos, ele foi projetado para ser um edifício

garagem, sendo que alguns dizem que as obras da linha

azul do Metrô de São Paulo o impediram de ser finaliza-

do, pelo aparecimento de rachaduras no túnel próximo

ao edifício, onde foi criada uma transferência de linhas

(azul e vermelha), e esse problema teria embargado a

obra e estaria também impossibilitando sua demolição.

Porém, relatos de moradores da região na época da cons-

trução dizem que o esqueleto é anterior às obras do Me-

trô, e começou a ser erguido entre 1966 e 1967. Depois de

cerca de dois anos a obra foi interrompida e nunca mais

retomada. Dessa forma ele está assim desde, no mínimo

O EDIFÍCIO

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1970, possivelmente até antes. Na época se comentava

que as obras do edifício garagem haviam sido paralisa-

das por disputas com o espólio do dono da obra.

Pesquisando os documentos da obra na Prefeitura foi

possível ter acesso a plantas de aprovação de duas

propostas diferentes: a primeira, com plantas de 1961,

mostra uma torre residencial com lojas no térreo; a

segunda, com projeto assinado em novembro de 1963,

mostra um edifício garagem com sistema de elevadores

hidráulicos, com estrutura idêntica ao que foi constru-

ído, e com uma torre comercial logo à frente, fechando

o recuo frontal que existe atualmente na Rua do Carmo.

Essa proposta foi a construída, apesar de terem erguido

apenas o edifício garagem. A torre comercial provavel-

mente seria erguida em seguida, caso não tenham em-

bargado ou abandonado a obra. Não é sabido o motivo

da paralisação da construção, há mais de 45 anos.

Sabe-se que funcionou há alguns anos um estaciona-

mento em seu piso térreo. Ele fechou e a torre foi ocupa-

da por volta de 2010 por famílias sem teto, que ergue-

ram cortiços em seus primeiros andares. Nessa época foi

habitado por cerca de sessenta famílias, que deixaram

o edifício no fim de 2014, sendo reaberto um estaciona-

mento em seu segundo subsolo (térreo em relação à rua

dos fundos do lote, devido a declividade do terreno).

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Sua estrutura é de concreto armado, com pilares avan-

tajados (o que é esperado para um edifício garagem da

década de 1960, que abrigaria centenas de veículos da

época). As vigas possuem grande espessura no períme-

tro da torre, mas são menores nas áreas internas. Por

ser um edifício garagem seu pé-direito padrão é baixo,

de 2,20m. As lajes têm pouca espessura, entre 12 e 15cm

e há um vazio central onde seriam instalados os ele-

vadores dos veículos. A torre tem formato escalonado,

e suportaria de 8 a 16 automóveis por pavimento. os

quinze andares inferiores acomodam 16 veículos em 287

m2 de área, os cinco andares intermediários suportam 12

veículos em 215 m2 , enquanto os oito supeiores supor-

tam oito veículos, em 143 m2 de área. A área construída

do edifício é de aproximadamente 8172 m2, e a projeção

no lote de 397 M2.

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Anúncio de venda das garagens automáticas do edifícioFolha de São Paulo, 5 de março de 1964

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imagem interna do vazio central, onde seriam instalados os elevadores

Esboço 3D da estrutura da torre

Vista de corte do projeto de aprovação do edifício na prefeitura

Plantas do projeto de aprovação do edifício na prefeitura

esboço da planta tipo, dividida em oito módulos, cada um com duas vagas

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Desde o início desse trabalho a ideia era intervir, não

só em uma construção existente, mas também projetar

novas áreas adjacentes, unindo da melhor forma possí-

vel o antigo reformado com o novo proposto. Depois de

escolhido o objeto de intervenção, no caso o edifício-ga-

ragem, foi necessário saber qual escala seria utilizada. o

entorno imediato e a região do Centro possuem tantos

problemas e são tantas as possibilidades de discussão

que a vontade de intervir em uma área mais abrangente

era grande. Porém, com o projeto do edifício exigindo

uma escala menor, optou-se por restringir os ensaios

projetuais à quadra do edifício.

Logo de cara, os lotes que fazem divisa com a torre,

pouco construídos e que abrigam principalmente es-

tacionamentos, já chamaram a atenção como um bom

local para uma nova construção. o Sesc Carmo, vizinho

a essa área também sugeria várias possibilidades, como

reforma, reconstrução com aumento de área construída

e de terreno ou construção de um anexo. Considerando-

se que sua inauguração foi em 1960, em edifício que já

era antigo na época e foi reformado, e que não possui

itens como piscina e quadras de esporte, seria interes-

sante propor melhoria e aumento nas instalações, muito

utilizadas pela população local.

POSSIBILIDADES

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Os dois edifícios comerciais e um residencial, que ficam

na extremidade da quadra, voltados para a rua Joaquim

dos Santos Andrade, poderiam continuar, pois já pos-

suem uso consolidado e não haveria tanta necessidade

de demolição para liberar novos terrenos. os casarões

do início do século XX, do outro lado da quadra próxi-

mos ao Poupatempo, não só deveriam continuar devido

ao seu patrimônio histórico, mas também poderiam ser

restaurados e incorporados ao projeto proposto, fazen-

do desse trabalho uma soma de restauro, reabilitação

com novo uso e projeto de nova edificação.

Várias possibilidades foram levadas em conta, como a

demolição do Sesc e sua reconstrução ocupando toda a

área central da quadra, onde existem estacionamentos,

tendo equipamentos tanto no novo e amplo edifício

quanto no edifício-garagem a ser reformado, que tam-

bém abrigaria habitação. o Sesc teria térreo livre com

lazer e comércio e comércio, ficando com as áreas de

cultura e lazer nos andares superiores, incluindo uma

piscina na cobertura. o setor administrativo ocuparia

alguns dos primeiros andares da torre reformada e

uma biblioteca seria proposta para os últimos anda-

res, incluindo a cobertura, que teria um café mirante

integrado à ela. A ideia era de uma biblioteca suspensa

na torre, que veria e seria vista de vários ângulos da

região central. Esses últimos pavimentos seriam recons-

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truídos em estrutura metálica e receberiam instalações

especiais, incluindo proteção solar para o acervo. A parte

intermediária da torre reformada receberia habitação,

com acessos verticais independentes.

Porém, ao longo do trabalho, a ideia de demolir e

reconstruir um equipamento público que já existe e

já funciona deu lugar a incentivar ao máximo o uso

habitacional. o centro da cidade já possui grande quan-

tidade de equipamentos e serviços, porém tem poucos

moradores comparado ao restante da cidade, e com isso

menos pessoas usando a região 24 horas por dia, o que

aumenta a violência e a degradação. A possibilidade de

regeneração da região seria muito maior com incentivos

à moradia, principalmente com a mistura de classes

sociais, do que com novos e maiores equipamentos

públicos.

Considerando isso, a proposta do trabalho passou então

a ser majoritariamente de uso residencial, com grande

número de apartamentos (respeitando-se os coefi-

cientes de aproveitamento), tanto para Habitação de

interesse Social (levando em conta os movimentos de

moradia, as necessidades da região e a recente ocupa-

ção do edifício por cortiços) quanto para Habitação de

Mercado Popular, com apartamentos de um e dois dor-

mitórios voltados para jovens famílias, idosos e pessoas

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que moram sozinhas, possuindo metragens pequenas,

considerando-se o alto preço os imóveis e o aumento da

procura por imóveis menores.

o Sesc será mantido em sua forma atual, podendo ser

ampliado futuramente ocupando o edifício comercial

vizinho, na esquina. os edifícios comerciais e o residen-

cial serão mantidos, os casarões não serão anexados

ao projeto, que se restringirá aos seis lotes do miolo

da quadra, que incluem o edifício-garagem e pequenas

casas com comércio de pequeno porte e dois estaciona-

mentos.

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O Edifício-garagem

- Sua estrutura será mantida e recuperada, algumas lajes

serão suprimidas para adequação de pé-direito e outras

por questões estruturais, como as lajes de cobertura que

estão especialmente deterioradas pela ação do tem-

po, também haverá acréscimo de estrutura em alguns

locais;

- Abrigará unidades habitacionais de interesse social e

áreas comuns de lazer pelo edifício;

- Ganhará uma loja voltada para a Rua do Carmo;

- Será proposto um bicicletário no subsolo, com entrada

pela rua Alcides Bezerra;

- Não haverá estacionamento para automóveis, apenas

para motocicletas;

- Haverá uma central para triagem e armazenamento de

lixo, com áreas para compostagem e armazenamento de

adubo e material reciclável;

PROGRAMA

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Os lotes vizinhos

- As construções existentes serão demolidas;

- Será proposto um novo edifício de uso misto, dividido

em dois blocos, sendo um de apartamentos para mora-

dia popular e outro para um hostel, ambos com lazer na

cobertura e térreo público;

- o bloco do hostel terá áreas para refeições, convivên-

cia, jogos, internet, dormitórios privados e coletivos e

um bar;

- Com exceção das áreas de circulação vertical dos blo-

cos, o piso térreo (nível da Rua do Carmo) será de acesso

público e receberá lojas, restaurantes, lanchonetes e um

pub/bar;

- Haverá uma praça central no lote, com áreas coberta e

descoberta e acesso livre;

- o piso inferior (nível da Rua Alcides Bezerra) receberá

um estacionamento público e pago, com poucas vagas,

um bicicletário para moradores e outro para uso público,

ambos com vestiários;

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PARTE IV | PROPOSTA

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Alinhamento da frente do novo edifício proposto com os

edifícios vizinhos, na Rua do Carmo, suprimindo o recuo

frontal, comum nas áreas centrais, de modo a aumentar

a proximidade dos moradores em relação à rua, cobrir as

empenas cegas existentes e fechar o vazio existente no

meio da quadra, e melhorando sua volumetria;

inclusão de uma praça central de uso público, para

promover encontro e interações de todos os usuários do

conjunto e prover espaços convidativos com diversas

possibilidades de uso;

Supressão das áreas privadas de lazer dos moradores do

piso térreo, de modo a abrir espaço para o uso público, e

a mudança dessas áreas para andares ao longo dos edi-

fícios, e principalmente para a cobertura, área que deve

ser valorizada e aproveitada em seu máximo;

CONCEITOS

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Eliminação de grades e muros no piso térreo, permitindo

uso público e isolando apenas os blocos de circulação

vertical para as áreas residenciais;

Combinação de usos de habitação, comércio e hospe-

dagem para assim permitir a diversidade urbana e fazer

com que a rua não “morra”em certos períodos do dia ou

dias da semana;

Divisão das áreas de lazer da cobertura em áreas meno-

res, de modo a criar espaços mais aconchegantes e com

usos diversos, e realocação dessas áreas em diferentes

níveis, permitindo um contato mais próximo dos mora-

dores com as áreas verdes e de lazer;

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Ligação entre os terraços de níveis diferentes com esca-

das, de modo a permitir um percurso alternativo ao lon-

go do edifício, aumento das rotas de escape em caso de

emergência e comunicação das áreas comuns do edifício

reformado com as do novo edifício proposto;

Aproveitar esse formato escalonado de modo que as

diferentes alturas do novo edifício se adaptem às alturas

de seus vizinhos, possibilitando cobrir as empenas cegas

dos mesmos e não gerar novas empenas, e proporcio-

nando uma melhor relação entre os edifícios e uma

melhoria na volumetria da quadra.

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O terreno

- 6 lotes remembrados

- Frente de 53 metros para a Rua do Carmo

- Fundos de 54 metros para a Rua Alcides Bezerra

- Profundidades de 48 a 52 metros

- Área do Terreno: 2679,47 m2 (ou 0,27 ha)

- Zoneamento antes do Plano Diretor (PD): Zona de Cen-

tralidade Polar B (ZcpB)

- Zoneamento depois do PD: ZEiS 3 no edifício-garagem

e Zona Mista no restante do lote

- Área sob intervenção da operação Urbana Centro (oUC)

- Coeficiente de aproveitamento máximo: 6,0 (de acordo

com regras da oUC)

- Taxa de ocupação máxima: 0,7

- Taxa de Permeabilidade mínima: 0,15

- Altura máxima: sem limite

- Recuo de frente: 5 metros (mas liberado do recuo pelo

artigo 185 da Lei 13885)

- Dispensa vaga de estacionamento

DADOS

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O edifício atualmente

Área construída atual: 7100 m2

Projeção no lote: 397 m2

12 metros de frente

31 metros de profundidade

29 pavimentos

Altura em relação à Rua do Carmo: 65,8 metros

Capacidade para 364 automóveis

O edifício convertido

São 73 apartamentos de HiS e plantas tipo com opção de

1 ou 2 dormitórios.

No projeto foi proposto 50% de cada tipo, portanto:

35 apartamentos de 1 dormitório

35 apartamentos de 2 dormitórios

1 apartamento para P.N.E. de 1 dormitório

2 apartamentos para P.N.E. de 2 dormitórios

Altura em relação à Rua do Carmo: 64,9 metros

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Bloco HMP proposto

São 126 apartamentos de HMP em diferentes tipos de 1

ou 2 dormitórios:

30 apartamentos de 1 dormitório

92 apartamentos de 2 dormitórios

2 apartamentos para P.N.E. de 1 dormitório

2 apartamentos para P.N.E. de 2 dormitórios

Altura em relação à Rua do Carmo: 41 metros

Bloco Hostel

8 dormitórios coletivos

5 suítes para hospedagem

Lavanderia comunitária

Salão de Jogos

Sala de convivência e internet

Refeitório

Bar

Altura em relação à Rua do Carmo: 17 metros

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Total do conjunto proposto

199 apartamentos, sendo 68 de 1 dormitório e 131 de dois

dormitórios

7 apartamentos para P.N.E.

8 dormitórios coletivos e 5 suítes para hospedagem no

hostel

1231 m2 de áreas comerciais, incluindo 10 lojas, 1 pub/

bar, 1 restaurante e 5 quiosques de alimentação

Estacionamento público com vaga para 29 automóveis,

incluindo P.N.E., e 20 para motocicletas

1 bicicletário público e 2 para moradores

Área Construída (Computável para fins de aprovação)

Bloco HiS: 5331,28 M2

Bloco HMP: 8070,19 M2

Bloco HoSTEL: 1272,32 M2

Térreo (A0): 724,10 M2

Praça de alimentação (A -1): 801,65 M2

Piso do Estacionamento (A -2): 142,48 M2

Total de Área Construída Computável: 16342,02 M2

Área Máxima permitida pela legislação: 17.944,69 M2

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De acordo com a operação Urbana Centro, o terreno

onde há remembramento de lotes tem direito a um

acréscimo gratuito de área construídade 10% a cada

lote. No caso, temos 6 lotes remembrados e um acrésci-

mo de 60% em relação à área do terreno, ou seja, 1610,17

m2.

Cálculo de População

Bloco HiS: 220 pessoas

BLoCo HMP: 444 pessoas

BLoCo HoSTEL: 66 pessoas (capacidade máxima de

hóspedes)

Capacidade total: 730 pessoas, sendo 664 moradores e

66 hóspedes

Densidade populacional da proposta: 2725 hab/ha

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Levando em conta os conceitos pensados e já citados

para o projeto, temos como resultado um edifício de

formato escalonado. Esse formato cria visuais dife-

rentes para cada ponto do vista, maior contato visual

entre os terraços e o interior do edifício, e também cria

uma parte mais baixa do edifício, gerando um “buraco”

que ajuda na iluminação natural e ventilação da praça

interna e também diminui uma eventual sensação de

claustrofobia.

o formato escalonado foi inspirado na grande presença

desse tipo de edificação na região, inclusive do próprio

objeto de estudo, que é escalonado no lado nordeste.

Visualmente, ele dá transição entre a baixa altura das

edificações vizinhas e o edifício estudado, com porte

mais alto e também une a altura das construções vizi-

nhas na Rua do Carmo, cobrindo as empenas existentes

sem gerar novas.

os terraços divididos em áreas menores possibilitam

diferentes e flexíveis usos, mais intimistas e aconche-

gantes, porém conectados entre si e proporcionando

uma circulação alternativa e incentivando o passeio pelo

conjunto com diferentes possibilidades de visualização

tanto do edifício quanto da paisagem. Também apro-

VOLUMETRIA

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ximam as áreas verdes e de lazer dos apartamentos e

ligam diretamente os dois blocos residenciais

(HiS e HMP), permitindo o acesso das áreas comuns de

um bloco pelos moradores de outro bloco.

o bloco do Hostel foi posicionado de frente para a rua

do Carmo, área de maior movimento de transeuntes e

possui menor altura, semelhante aos edifícios próximos.

o bloco residencial de HMP parte do bloco do Hostel e

vai até o edifício existente, em formato de J, gerando

uma praça central. Dessa forma, existem apartamentos

voltados para as duas ruas, com predominância para a

rua Alcides Bezerra, mais calma e silenciosa. Também

há apartamentos voltados para a praça central e para a

lateral do lote, de frente para a sede do SESC, onde foi

criado um recuo que abriga um jardim.

As mudanças na volumetria do edifício-garagem refor-

mado se resumem às coberturas. No caso da cobertura

do topo da torre, foi proposta a demolição da última

laje devido ao péssimo estado causado pela ausência

de impermeabilização na época de construção e pela

ação do tempo nas últimas quatro décadas, e também

demolição das grandes vigas que dariam suporte ao

maquinário dos elevadores de automóveis. Essa área foi

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reconstruída de modo a suprir as novas necessidades

do edifício. Nas outras coberturas mais baixas, voltadas

para o lado Nordeste foi proposto o incremento de nova

laje, proporcionando novo espaço e um terraço com

pavimento mais alto, permitindo sua ligação com os

terraços do bloco residencial anexo.

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Volumetria atual da quadra

Edifícios a serem demolidos

Quadra “limpa

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Construção anexa proposta

Construção anexa e edifício reformado

Divisão dos usos

Bloco HIS | Bloco HMP | Hostel | Comércio

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Tendo em vista a diferença de altura entre os níveis do

edifício existente e o restante proposto, a nomenclatura

de cada pavimento, para fins de visualização, foi divida

em dois blocos: A e B.

o bloco A faz referência a toda a área adicionada ao

projeto que inclui o bloco HMP, o bloco Hostel, e os três

andares da base do edifício, com excessão da área da

torre reformada (atual edifício-garagem);

o bloco B faz referência aos pavimentos da torre re-

formada, e exclusivamente dela, incluindo o térreo e

estacionamento;

Considerando que no terreno há um desnível de mais

de 6,5 metros, o projeto possui acesso em nível tanto

para uma rua quanto para outra. Poderia ser definido

um pavimento térreo para a Rua Alcides Bezerra quanto

para a Rua do Carmo, dois andares acima. Para nomear

os pavimentos foi considerado térreo o piso do nível da

Rua do Carmo (cota 751,4 m), recebendo para referência

o número 0, e o piso do nível da Rua Alcides Bezerra o

número -2, deixando o pavimento intermediário com a

numeração -1.

NÍVEIS

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A -3 | Caixa d’água e equipamentos | nível 741,6 m

A -2 | Estacionamento e bicicletários | nível 744,75 m

A -1 | Praça central, restaurantes, quiosques e pub | nível 747,75 m

A 0 | Lojas, pub, acesso ao Hostel e aos blocos residenciais | nível 751,4 m

A 1 | Residencial HMP e piso de convivência do Hostel | nível 754,90 m

A 2 | Residencial HMP e piso de dormitórios coletivos do Hostel | nível 757,6 m

A 3 | Residencial HMP e piso de dormitórios coletivos do Hostel | nível 760,3m

A 4 | Residencial HMP e piso de suítes do Hostel | nível 763,00 m

A 5 | Residencial HMP e piso do bar do terraço do Hostel | nível 765,7 m

A 6 | Residencial HMP e caixa d’água | nível 768,4 m

A 7 | Residencial HMP | nível 771,10 m

A 8 | Residencial HMP | nível 773,8 m

A 9 | Residencial HMP | nível 776,5 m

A 10 | Residencial HMP | nível 779,2 m

A 11 | Residencial HMP | nível 781,9 m

A 12 | Residencial HMP | nível 784,6 m

A 13 | Residencial HMP | nível 787,3 m

A 14 | Caixa d’água | nível 790,0 m

B -3 | Caixa d’água | nível 741,6 m

B -2 | Estacionamento, bicicletário e central de lixo | nível 744,75 m

B -1 | Oficinas | nível 747,4 m

B 0 | Piso térreo e apartamentos P.N.E. | nível 749,07 m

B 1 | Residencial HiS | nível 752,4 m

Page 111: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

110 111

B 2 | Residencial HiS | nível 754,75 m

B 3 | Residencial HiS | nível 757,1 m

B 4 | Residencial HiS | nível 759,45 m

B 5 | Residencial HiS | nível 761,8 m

B 6 | Residencial HiS | nível 764,15 m

B 7 | Residencial HiS | nível 766,5 m

B 8 | Residencial HiS | nível 768,85 m

B 9 | Residencial HiS | nível 771,2 m

B 10 | Residencial HiS | nível 773,55 m

B 11 | Residencial HiS | nível 775,9 m

B 12 | Residencial HiS | nível 778,25 m

B 13 | Residencial HiS | nível 780,6 m

B 14 | Residencial HiS | nível 782,95 m

B 15 | Residencial HiS | nível 785,3 m

B 16 | Residencial HiS | nível 787,65 m

B 17 | Res. HiS, lavand. comunitária, salas de estudos e infantil | nível 790,0 m

B 18 | Residencial HiS, salão de Jogos e estufa | nível 792,35 m

B 19 | Residencial HiS | nível 794,7 m

B 20 | Residencial HiS | nível 797,05 m

B 21 | Residencial HiS | nível 799,4 m

B 22 | Residencial HiS | nível 801,75 m

B 23 | Residencial HiS | nível 804,10 m

B 24 | Residencial HiS | nível 806,45 m

B 25 | Residencial HiS | nível 808,8m

B 26 | Terraço cobertura | nível 811,15 m

B 27 | Barrilete | nível 813,8 m

B 28 | Laje de cobertura HiS | nível 816,3 m

Page 112: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

A base do edifício consiste em três pavimentos: o térreo

no nível da Rua do Carmo, o piso de estacionamentos no

nível da Rua Alcides Bezerra e o piso intermediário. o Bloco

HiS possui diferença de pé-direitos em relação ao restante

edificado, somente o piso de estacionamentos dividem a

mesma cota de nível. Para facilitar a visualização das plan-

tas, o bloco HiS será mostrado separadamente, devido às

suas diferenças de níveis.

Estacionamento e bicicletários | nível 744,75 m

o piso de estacionamentos (cota 744,75m) possui 1925 m2

de área coberta, com vagas públicas e pagas para 29 auto-

móveis, incluindo P.N.E., e vagas públicas para 20 motoci-

cletas. Também possui uma guarita para o estacionamento,

um bicicletário público e dois para uso dos condôminos, um

em cada bloco. Todos os bicicletários possuem vestiários.

Nesse piso também se encontra a central de lixo e depósi-

tos, bem como um acesso à caixa d’água do bloco HiS, que

fica no pavimento abaixo (cota 741,6m). Os acessos são

diretos para a Rua Alcides Bezerra, sendo uma entrada de

veículos, uma entrada de pedestres para o estacionamento,

uma entrada para carga e descarga e duas entradas no bloco

HiS, uma menor para pedestres e uma maior para bicicletas

e motos. Nesse nível também ficam as caixas d’água do

bloco HMP e do hostel.

BASE

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112 113

1. guarita 2. estacionamento3. bicicletários4. vestiários5. caixas d’água

1

2

44

4

4

5

5

3

3

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Praça central, restaurantes, quiosques e pub | nível 747,75 m

o piso intermediário abriga a praça central, com parte da

área coberta onde ficam as mesas e uma parte descoberta,

onde podem haver feiras e eventos. Embaixo da escadaria

existe um depósito, que aproveita a área que seria inutiliza-

da, além de banheiros masculino, feminino e para P.N.E.

Existem cinco quiosques, todos com balcão voltado para a

praça e infraestrutura para preparo de alimentos. Lancho-

nete, sorveteria, café e bar são alguns dos usos possíveis.

Também seria possível reformar alguns desses espaços e

transformá-los em lojas, caso os proprietários ou locatários

desejem. Do outro lado existe um restaurante/lanchonete

com 135 m2 de área, incluindo áreas de apoio, e a parte infe-

rior do pub/bar, com 165 m2. Esse pavimento possui ligação

direta com as duas ruas por meio de escadas, uma de cada

lado, além de uma escada que o liga ao estacionamento e a

escada-arquibancada que faz ligação com o piso térreo. Um

elevador público também pode ser utilizado para acessar os

três andares da base.

Lojas, pub, acesso ao Hostel e aos blocos residenciais | nível 751,4 m

o pavimento térreo, de cota 751,4m, tem acesso direto à

Rua do Carmo e conta com 657 m2 de áreas comerciais, que

inclui 10 lojas e o piso superior do pub/bar, além da área de

recepção do hostel. Todas as lojas possuem depósito e ba-

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114 115

1. praça 2. quiosques3. áreas de apoio4. andar inferior do pub5. restaurante

1

2 2

4 5

2

3 3 333

3 3

2 2

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nheiro para os funcionários. os clientes também possuem

banheiro à disposição, mas esses ficam no piso inferior.

Foram pensados eixos de circulação, como o corredor de

5 metros de largura que cruza o edifício, indo da rua do

Carmo até a escada de acesso ao pavimento intermediário

e à rua Alcides Bezerra, permitindo a permeabilidade do

lote. Esse corredor ganha bancos e mesas na área em frente

à escada-arquibancada. os acessos aos blocos residenciais

são separados por portas de vidro com acesso restrito. o

piso térreo é restrito a moradores na área sob a projeção do

bloco HiS, contendo o hall de entrada, uma sala de estar,

um depósito e um banheiros usados pela loja em frente, e

três apartamentos acessíveis de HiS, com áreas entre 35 e 57

m2 com um ou dois dormitórios.

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116 117

1. lojas2. área superior do pub3. recepção hostel4. vazio5. calçada da Rua do Carmo

1

1

1

1

1

1

1

11

6

12 3

4

5

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118 119

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120 121

De frente à praça fica uma escada arquiban-

cada, pensada não só como área de circula-

ção mas também como área de estar onde

as pessoas podem sentar e conversar. Sua

estrutura é de madeira e possui jardineiras

com plantas que separam a área de passagem

com a área de permanência, mas sem impedir

a passagem.

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122 123122 123

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124 125

EDIFÍCIO REQUALIFICADOBloco HIS

o edifício existente passou por intervenções es-truturais, como a demolição de parte da alvenaria existente, supressão de partes das lajes onde ficam os apartamentos, recuperação do concreto das vigas e pilares, abertura de shafts e construção de um bloco de circulação com escada enclausurada, shafts para instalações elétricas e hidráulicas e dois elevadores sem casa de máquinas. Também foram demolidas a laje, as vigas e pilares do último andar, bem castigados pela ação do tempo e ausência de impermeabilização. A cobertura foi reconstruída de modo a servir as novas necessidades do edifício, como instalação de caixas d’água por exemplo. Foram acrescidas novas lajes na cobertura que havia no 15o pavimento, nos fundo do edifício, de modo a criar novas áreas e ligar o novo terraço de cobertura, mais alto, ao terraços projetados para o bloco vizinho (HMP). Essas lajes e pilares acrescidos possuem materiais mais leves do que os existentes no resto da estrutura, de modo a não sobrecarre-gá-la. o fato do edifício ser antigo e projetado para abrigar até 16 carros (da década de 60) por andar fizeram a estrutura ser bem dimensionada e resis-tente à grandes cargas.

A planta tipo, que anteriormente era formada por 16 vagas de garagem, foi dividida em quatro módulos, um por apartamento. A estrutura possui pé-direito

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126 127

baixo e vigas avantajadas entre esses módulos, no sentido longitudinal, e por esse motivo foi excluída a possibilidade de portas e passagens sob as mes-mas, forçando os quatro módulos que só são aces-sados pelo vazio central. As vigas transversais só existem nas extremidades externas do edifício, não havendo dificuldade de passagem, devido à altura das vigas, entre o vazio e os módulos. Não existem vigas transversais passando dentro dos módulos, apenas na parede externa.

Como o pé-direito existente é baixo (2,20m), foi proposta a supressão de parte da laje, formando apartamentos duplex, com a sala e cozinha com pé-direito alto (4,55m), diminuindo a sensação de claustrofobia provocada pelo pé-direito. os quartos e banheiros ficam na proximidade das fachadas, com iluminação e ventilação naturais. As salas / cozinhas possuem janelas voltadas para o vazio central, aproveitando a iluminação e ventilação naturais. As janelas têm vidro opaco para maior privacidade e aberturas reguláveis para ventilação.

As unidades possuem cerca de 44m2, variando con-forme a espessura dos pilares da área, que variam em toda a estrutura. No piso superior existe um dormitório e um banheiro, e no inferior uma sala integrada à cozinha e uma área, sob o quarto de

Perspectiva do interior da unidade HiS

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128 129

cima, que pode ser tanto outro dormitório quanto ampliação da sala. Para o projeto foram propostas 50% de unidades de 1 dormitório e 50% de dois dormitórios. Devido à pouca área das cozinhas, foi proposta uma lavanderia comunitária (pavimento A17), podendo ser excluída a máquina de lavar no interior dos apartamentos.

o vazio central possui aberturas dos dois lados, sem fechamento por esquadrias, apenas com brises reguláveis. Há duas clarabóias na área superior para maior iluminação interna, mas também filtrando raios solares excessivos.

No edifício existem ainda sala de jogos e dois espaços menores, que poderiam ser utilizados para leitura e recreação infantil. A intenção é propor espaços de lazer, mas que também sejam de baixo custo de implantação e manutenção, além de ter uso flexível que pode mudar com o passar do tem-po e necessidade dos usuários.

No pisos inferiores existe um bicicletário, vestiários,

uma central de lixo e oficinas para uso comum, que fo-

ram pensadas de modo a aproveitar aquela área especí-

fica, com pouca ventilação e iluminação natural.

Perspectiva do hall de entrada do edifício com caixa de circulação ao fundo 200 129

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130 131

Perspectiva do pavimento inferior de um dos apartamentos

Perspectiva do pavimento tipo

Perspectiva do pavimento superior de um dos apartamentos

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0 2 4 10

pavimento B -3

pavimento B -2 pavimento B -1

pavimento B 0

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132 1330 2 4 10

pavimento B 1

pavimento B 4

pavimento B 2

pavimento B 5

pavimento B 3

pavimentos B 6 a 16 (pares)

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0 2 4 10

pavimento B 18

pavimentos B 19 pavimentos B 20, 22 e 24 pavimento B 21, 23 e 25

pavimentos B 7 a B15 (ímpares)

pavimento B 17

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134 1350 2 4 10

pavimento B 26 pavimento B 27 pavimento B 28

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136 137

EDIFÍCIO ANEXOBloco HMP

Junto ao edifício reformado foi proposta uma cons-trução anexa, com habitações voltadas ao mercado popular e com áreas menores e integradas.

o edifício, citado nesse trabalho como bloco HMP, possui 13 pavimentos residenciais, além de barrile-te e áreas de acesso no térreo e outros dois pisos inferiores.

Seu formato é em U, ligando o bloco do hostel com o de apartamentos HiS, possuindo fachadas para as duas ruas e para o vazio com a praça central. São dois blocos de circulação vertical, cada um com dois elevadores e escadas enclausuradas e um corredor que dá liga os blocos e dá acesso a todos os apar-tamentos. Esse corredor possui dois vazios, um na extremidade e outro na metade, que possuem clara-bóias e servem para iluminação natural e ventilação em toda a área comum interna.

os apartamentos têm tipologia de um ou dois dor-mitórios, com áreas entre 33 e 62 m2. São 30 apar-tamentos com 1 dormitório, 92 com 2 dormitórios, além de 4 apartamentos para P.N.E, metade com um e metade com dois dormitórios.

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0 2 4 10pavimentos A1 a A5

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138 1390 2 4 10pavimento A6

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0 2 4 10pavimento A7

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140 1410 2 4 10pavimento A8

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0 2 4 10pavimento A10

pavimento A9

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142 1430 2 4 10pavimento A12

pavimento A11

Page 144: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

0 2 4 10pavimento A14

pavimento A13

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144 145

Perspectiva do Bloco C

Perspectiva do Bloco B

Perspectiva do Bloco A

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Perspectiva do vazio em frente a um dos blocos de circulação verticalPerspectiva da fachada para a rua Alcides Bezerra

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146 147146 147

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148 149

HOSTEL

De modo a incentivar a diversidade de usos na região e

a dinâmica urbana, foi proposto um hostel/albergue no

conjunto. A intenção é promover movimento na área,

com pessoas de diferentes lugares, culturas, estilos e

idades. A quantidade de estabelecimentos do tipo na ci-

dade e principalmente no centro é pequena, e a deman-

da existe. A localização do terreno, entre a estação Sé do

metrô e o Expresso Tiradentes, a grande quantidade de

linhas de ônibus no entorno e a proximidade com equi-

pamentos importantes da cidade atrairiam hóspedes de

dentro e fora do país.

o bloco possui seis pavimentos, incluindo o acesso no

piso térreo (A0). Nesse piso existe uma sala de espera e

um balcão de recepção e, ao lado e isolado apenas por

vidros, existe o pub/bar, que foi pensado para prover um

espaço público de lazer e convivência para o edifício, o

hostel e a região, principalmente no horário noturno,

mantendo o movimento no edifício e na rua mesmo

depois do horário de fechamento das lojas, aumentando

a sensação de segurança. o pub possui dois andares,

um com área menor no piso térreo e um com área maior

no piso da praça de alimentação, onde fica a cozinha e

áreas de apoio.

Page 150: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

o primeiro pavimento (A1) é voltado para a convivência

e uso coletivo. Possui um salão com áreas de estar com

mesas, sofás e acesso à internet. Uma área de acesso

restrito abriga o setor administrativo, vestiários para os

funcionários e uma cozinha. Na extremidade esquerda,

em frente ao bloco HiS, foi proposto um grande salão

com pé-direito duplo voltado para refeições e convivên-

cia, com usos diferentes de acordo com o horário. Atrás

do balcão há acesso a duas áreas alocadas dentro do

bloco HiS: uma cozinha e uma lavanderia, acessadas por

funcionários.

o segundo pavimento (A2) abriga quatro dormitórios

coletivos que, juntos, hospedam até 17 hóspedes em

camas do tipo beliche e dois vestiários, um masculino

e um feminino. Há também um depósito ao lado do

elevador para uso dos funcionários, presente em todos

os pavimentos, com excessão do térreo.

o terceiro pavimento repete a planta do segundo,

diferindo apenas no terraço externo, que possui árvo-

res, bancos e mesas e dá acesso à três áreas dentro do

limite do bloco HiS: um salão de jogos e uma lavanderia

coletiva para uso dos hóspedes e um depósito para uso

dos funcionários.

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150 151

1. salão de convivência2. refeitório3. áreas de apoio4. banheiros5. dormitórios6. terraços

0 2 4 10

12

3

4

4

4

4

5

5

6

5

5

5

5

5

5

pavimento A1

pavimento A2

pavimento A3

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o quarto pavimento (A4) possui cinco suítes menores

com capacidades para 2, 4 ou 6 pessoas e um terraço

externo com canteiros para horta comunitária.

o quinto e último pavimento (A5) é ocupado por um bar

integrado a um terraço com mesas e bancos.

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152 153

1. salão de convivência2. refeitório3. áreas de apoio4. banheiros5. dormitórios6. terraços7. bar

0 2 4 10

6

6 7

5 5

5 55

pavimento A4

pavimento A5

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Perspectiva da área superior do Pub 154 155

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Perspectiva do Refeitório / Salão do Hostel

Perspectiva com corte no2º pavimento

Perspectiva com corte no1º pavimento

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156 157

Perspectiva com corte no3º pavimento

Perspectiva com corte no4º pavimento

Perspectiva com corte no5º pavimento

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162 163162 163

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Corte 3D do bloco HiS

Corte 3D de parte do bloco HMPl

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Corte 3D de parte do bloco HMP

Corte 3D do bloco Hostel e HMP

164 165

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172 173

os terraços são ponto de destaque do projeto. Pensados

para aproveitar da melhor forma possível as áreas aber-

tas e com boa insolação e ventilação, eles cobrem toda

a área de cobertura dos edifícios, com excessão da área

sobre o bloco de circulação vertical da torre de HiS, que

abriga equipamentos como antenas, placas de captação

de energia solar e clarabóias e tem acesso restrito.

o terraço mais alto, no topo do bloco HiS, pode ser usa-

do como uma pequena quadra poliesportiva, recebendo

telas de proteção nas aberturas ao redor, onde estão os

brises. os demais terraços, 14 no total, podem receber

hortas comunitárias e áreas para descanso e lazer, com

bancos e mesas. Há uma área de playground em um

deles.

A proposta para os terraços é fornecer áreas de lazer

com diferentes usos e maior proximidade das áreas

externas aos apartamentos. Essas áreas foram projeta-

das de modo a oferecer maior flexibilidade possível. Nos

terraços mais baixos, próximos à Rua do Carmo, foram

propostos canteiros com árvores de pequeno porte,

cercados por bancos. Essas são as únicas partes fixas

dos terraços. os jardins e hortas dos outros terraços não

ficam diretamente sobre a laje, mas sim em canteiros

que podem ser mudados de local se houver necessidade.

Temos, portanto, lajes livres de objetos permanentes

TERRAÇOS

Page 174: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

que possibilitam o uso que melhor se adequar às ne-

cessidades do condomínio, que podem mudar ao longo

do tempo. os layouts apresentados são meramente

sugestões de organização espacial, ficando a cargo dos

próprios moradores definirem o que melhor lhes couber.

No caso de haver desejo de remoção das hortas de um

dos terraços, por exemplo, poderia ser feita a desmon-

tagem dos canteiros em pouco tempo e a área seria li-

berada para outro uso sem necessidade de reformas. No

caso contrário de uma área estar subutilizada e havendo

demanda para o aumento de plantio de novas hortas,

as mesmas poderiam ser instaladas com estrutura de

madeira executada pelo próprio condomínio, utilizando

mão de obra local e as áreas de oficina instaladas no

bloco HiS. o encanamento proveniente dos reservató-

rios de águas pluviais e de reúso estaria presente em

todos os terraços, permitindo a irrigação de hortas e

jardins e a limpeza das áreas. Assim, as hortas propostas

poderiam ser instaladas em qualquer pavimento, e os

espaços teriam flexibilidade total, de modo a não deixar

áreas subutilizadas.

Seria interessante que os terraços fossem abertos à visi-

tação e uso público, pelo menos em certos horários, mas

isso naturalmente dependeria da vontade e aprovação

dos moradores.

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174 175

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176 177

As paredes externas possuem concreto aparente e reves-

timento cimentício de tonalidade clara. As janelas são

de PVC branco e possuem diferntes tipologias, variando

de acordo com as dimensões e necessidades de cada

ambiente. os guarda-corpos são de alumínio com tona-

lidade cinza-escura. Por questões estéticas, as escadas

dos terraços possuem esses mesmos guarda-corpos nos

lados voltados para o edifício e um outro modelo, com

placa de alumínio pintada de amarelo, no lado volta-

do para a fachada. Essa cor dá o destaque desejado a

esses elementos e se contrapõe à sobriedade dos outros

revestimentos dos edifícios. No piso do estacionamen-

to, a fachada (voltada para a rua Alcides Bezerra) possui

gradis e portões em alumínio e cobogós para ventilar e

iluminar as áreas internas.

Visando garantir o conforto térmico desejado, a fachada

recebeu brise-soleils para bloquear o ofuscamento cau-

sado pelos raios solares.

Esteticamente, eles servem para uniformizar as fachadas

com diferentes tipos de janela e enfatizar o formato es-

calonado dos edifícios, chamando a atenção para outros

elementos, como os terraços e as escadas que ficam em

destaque.

os brises também ajudam a dar maior privacidade às

áreas internas em relação à rua ou aos outros apar-

tamentos (nos apartamentos voltados para o pátio

FACHADA

Page 178: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

central).

Por estarem voltadas predominantemente para o eixo

leste-oeste, e receberem respectivamente o Sol da

manhã e o da tarde, as fachadas receberam brises com

aletas verticais.

Com exceção do edifício existente (HiS), o projeto

também incluiu acréscimo de 60 centímetros na laje a

partir das paredes externas, formando beirais ao redor

do edifício em todos os andares, usados para a instala-

ção dos brises e garantindo sombreamento nas janelas,

dependendo da posição do Sol, funcionando como brise

horizontal.

Na fachada mais voltada para o sul, por receber menor

incidência solar, os brises verticais do bloco HMP não

foram colocados, ficando apenas os beirais. Há ape-

nas alguns brises na extremidade direita, por questões

estéticas, dando transição aos brises da fachada predo-

minantemente oeste (rua Alcides Ferreira). A disposição

dos elementos varia conforme o andar, para trazer

movimento à fachada. No caso do bloco HiS, os brises

voltados para o sul foram colocados para isolar visual-

mente o vazio e bloco de circulação da torre, mas ainda

garantindo uma certa permeabilidade visual entre o

interior e exterior, e o aproveitamento de iluminação e

ventilação naturais (esse vazio de circulação não possui

fechamento em vidro).

Page 179: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

178 179

Nas regiões em frente às jardineiras de alguns aparta-

mentos as aletas possuem maior espaçamento entre si,

proporcionando maior insolação às plantas e deixan-

do essa vegetação mais visível na fachada, formando

“colunas verdes” que quebram a monotonia visual. o

espaçamento maior entre as aletas também é presen-

te em frente ao salão/refeitório (pé-direito duplo) e

todo o primeiro andar do hostel voltado para a Rua do

Carmo, de modo a garantir maior visibilidade da rua e

maior iluminação natural no interior, e também tornar

mais visível essas áreas de estar e grande movimento

do hostel para os transeuntes na rua. No piso térreo, as

janelas dos fundos de algumas lojas, voltadas para a rua

Alcides Bezerra, também possuem brises com maior es-

paçamento entre aletas, com vistas à melhor iluminação

natural e maior exposição das lojas para os transeuntes

dessa rua.

Todas as lâminas possuem 40 centímetros de largura e

são instaladas em eixos móveis, permitindo aos usu-

ários sua abertura ou fechamento integral, de acordo

com a variação solar e a necessidade de iluminação e

privacidade dos ambientes ao longo do dia. Essa posição

de cada brise nos diferentes ângulos (0o a 90o) também

traz movimento à fachada, e consequentemente a esté-

tica desejada ao conjunto.

inicialmente foram pensados para os brises materiais

Page 180: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

naturais e com menos impacto ambiental, como bambú

e madeira de reflorestamento, porém, por se tratar de

residências para população com menor poder aquisitivo,

foi escolhido material com menor necessidade e custo

de manutenção, do tipo metálico (alumínio), com perfu-

rações para não prejudicar a ventilação.

Page 181: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

180 181

Foram propostos meios para reduzir o impacto ambien-

tal dos edifícios e melhorar a qualidade de vida de seus

usuários. São seis itens que merecem destaque: aprovei-

tamento do Sol, gestão da água, gestão do lixo, hortas

urbanas, mobiliário e áreas verdes.

Aproveitamento do Sol

A cobertura da torre mais alta recebeu placas de capta-

ção de energia solar, permitindo redução de gastos com

energia da rede pública;

os brises reguláveis, localizados no último andar, podem

ser abertos ou fechados de acordo com as necessidades

e a estação do ano e, quando abertos, possibilitam a

passagem de raios solares para a parede da caixa d’água,

elevando a temperatura ambiente da mesma, visando a

redução do consumo final de energia no uso do aqueci-

mento de água.

o projeto foi pensado de modo a aproveitar a iluminação

natural, inclusive nos corredores de acesso aos aparta-

mentos dos dois blocos e nas lojas do piso térreo. A ven-

tilação natural também foi considerada e temos, como

exemplo, o vazio central do bloco HiS, completamente

ventilado e protegido por brises, a praça de alimentação

com ventilação cruzada e os dois vazios nas áreas de cir-

SUSTENTABILIDADE

Page 182: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

culação interna do bloco HMP, com clarabóias que per-

mitem iluminação e ventilação natural dos ambientes, e

também o acesso dos andares superiores aos terraços ao

longo do edifício, que possibilitam outras correntes de

ventilação.

Gestão da água

o assunto da água está em grande evidência atualmen-

te, e situações como a seca dos reservatórios e escassez

em alguns lugares geram uma preocupação adicional

quanto à sua obtenção e armazenamento. Pensando

nisso foi proposta a captação de águas pluvias em todas

as áreas de cobertura e da praça central em todas as

áreas externas e posterior reutilização.

o sistema de reúso de água proveniente das residências

também é proposto. A água proveniente da chuva, das

pias, dos chuveiros e máquinas de lavar iria para três

reservatórios inferiores destinados apenas a esse fim,

passariam por filtragem e seriam bombeadas para os

três reservatórios superiores, também exclusivos para

esse fim, onde a água já limpa seria levada para os vasos

sanitários e torneiras externas usadas para limpeza e

irrigação de jardins e hortas.

Page 183: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

182 183

Capacidade dos reservatórios d’água

Bloco HiS:

Total: 52.500L

Reservatório inferior: 31.500L (22000L reserva comum + 9500L de

reúso e águas pluviais)

Reservatório Superior: 21.000L (15000L reserva comum + 6000L de

reúso e águas pluviais)

Bloco HMP (1):

Total: 92.000L

Reservatório inferior: 55.000L (39000L reserva comum + 16000L de

reúso e águas pluviais)

Reservatório Superior: 37.000L (26000L reserva comum + 11000L de

reúso e águas pluviais)

BLoCo HoSTEL E HMP (2):

Total: 25.000L

Reservatório inferior: 15.000L (11000L reserva comum + 4000L de

reúso e águas pluviais)

Reservatório Superior: 10.000L (7000L reserva comum + 3000L de

reúso e águas pluviais)

Page 184: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

Gestão do lixo

A questão do lixo também precisa ser pensada com

cuidado, principalmente no caso desse projeto proposto,

que pode abrigar até 730 pessoas, e um número muito

maior se incluirmos o público das áreas comerciais. o

edifício abriga um grande ambiente para gestão do lixo,

que inclui uma central de triagem, locais para arma-

zenamento de lixo comum e lixo reciclável, além de

ambientes para compostagem de resíduos orgânicos e

para o armazenamento do adubo gerado. Será proposta

a separação do lixo orgânico gerado pelas residências,

pelo hostel e pela praça de alimentação para posterior

compostagem e transformação em adubo, utilizado nos

jardins e hortas.

As áreas de oficina presentes no bloco HIS possuem uso

livre do condomínio, e podem inclusive, de acordo com

a vontade e aprovação dos moradores, terem espaço

cedido à cooperativas ou catadores de lixo que usem o

espaço para trabalhos de reciclagem, promovendo assim

ações sociais e ambientais. o Conjunto Nacional, em

São Paulo, é um exemplo nessa questão: desde 1992, a

Cooperativa de Arte Alternativa e Coleta Seletiva (Coope-

racs), recolhe o lixo do Conjunto Nacional e reutiliza os

materiais para decoração do próprio edifício, principal-

mente para sua já famosa decoração natalina.

Page 185: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

184 185

o lixo é um dos maiores problemas urbanos da atuali-

dade e qualquer atitude que reduza a quantidade a ser

coletada e transportada ajuda o meio ambiente. Rea-

proveitar resíduos orgânicos é bom tanto para quem

o transforma em adubo quanto para quem protege a

saúde do planeta e da humanidade. Pensando nisso e a

fim de obter um adubo mais barato para ser utilizado

nas hortas e jardins, o processo de compostagem foi

sugerido no projeto, com local destinado exclusivamen-

te a esse fim.

A relação custo-benefício da compostagem, tanto em

residências quanto em condomínios, é positiva não só

Lixo separado no subsolo do Conjunto Nacional

Page 186: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

levando-se em conta o futuro do meio ambiente, mas

pensando no retorno imediato para a saúde humana.

Segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado, os re-

síduos orgânicos compõem mais de 50% do lixo domés-

tico e são descartados em aterros ou lixões. Segundo

dados da UNiFESP (2010), cada pessoa produz em média

1 quilo de lixo por dia, e multiplicando isso pelos mais

de 700 usuários do edifício percebe-se que o volume

gerado diariamente seria muito grande.

A compostagem é um processo biológico que utiliza

oxigênio para decompor resíduos orgânicos produzindo

adubo rico em nutrientes. Desse processo participam

carbono, nitrogênio e microorganismos, além da umi-

dade. A decomposição de resíduos orgânicos acontece

espontaneamente na natureza, entretanto, com a com-

postagem, o resultado dessa decomposição pode ser

aproveitado de maneira a evitar desperdícios.

A compostagem é útil porque reduz o volume dos resí-

duos em até 85% e o trânsito de caminhões e custos de

coleta; possibilita o reaproveitamento de qualquer resí-

duo orgânico; facilita a reciclagem dos demais resíduos;

reduz a utilização de aterros sanitários; devolve nutrien-

tes à natureza; evita a contaminação de solos e água e

é fácil de ser implantada; reduz odores e produz adubo

barato e de excelente qualidade.

Dados da JoraForm

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186 187

Funcionaria desse modo: o lixo orgânico dos restauran-

tes, pub, quiosque, hostel e residências seria coletado e

separado na área de triagem, depois iriam para a área de

compostagem, passando por um triturador para redu-

ção de volume; ao resíduo seriam adicionadas substân-

cias enzimáticas que aceleram o processo e atuam para

eliminação de odores; a seguir a massa passaria por pro-

cesso de decomposição e seria alocada na composteira

(ou UCP, unidade compacta de processamento), por fim

seria armazenado como adubo pronto para utilização.

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188 189

Hortas Urbanas

Com inspiração em projetos de agricultura urbana, que

vêm ganhando destaque atualmente, principalmente

em grandes metrópoles, foi proposta a horta como um

dos usos possíveis para os terraços de cobertura.

Em São Paulo já existem projetos nesse sentido, como

a Horta do Ciclista, em plena avenida Paulista, e um

dos maiores projetos fica sobre o shopping Eldorado:

nos 2.500 m2 destinados ao projeto, são produzidos

legumes e verduras como alface, tomate, manjericão

e cebola e plantas como gazânia, lavanda, erva doce e

hortelã. A produção, livre de agrotóxicos, é destinada

aos próprios restaurantes do shopping. Além de evitar

o despejo desse tipo de resíduo nos aterros e prover aos

restaurantes uma produção orgânica e local de alimen-

tos, a iniciativa ainda permite a economia de energia no

uso dos equipamentos de ar condicionado em dias de

calor. Por estar presente em uma extensão considerável

do telhado do shopping, a horta funciona como uma ca-

mada extra de isolamento térmico, permitindo que a es-

trutura fique naturalmente mais fresca. Isso mostra que

adotar iniciativas sustentáveis em uma metrópole como

São Paulo não só é possível como já é uma realidade.

Em São Francisco, nos Estados Unidos, a prefeitura

Horta do Shopping Eldorado em São Paulo

Page 190: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

alterou o regulamento municipal de zoneamento,

que passou a permitir plantações e cultivos em áreas

urbanas. Além disso, os resíduos orgânicos gerados no

município são destinados ao sistema de compostagem

municipal, criado pelo município, e servem de insumo

para a produção nas hortas públicas.

As hortas urbanas, sem dúvidas, se mostram de gran-

de importância e as vantagens não são poucas: elas

contribuem com a estabilidade do clima, atenuando

ilhas de calor; são fontes de alimentação ainda mais

saudáveis, por serem orgânicas; possuem o custo muito

baixo para manutenção; impermeabilizam o fraco solo

urbano contra chuvas; reduzem a emissão dos gases

do efeito estufa, já que não há transporte motorizado

do alimento envolvido; contribuem para disposição do

resíduo orgânico; são uma alternativa de lazer e terapia;

controlam, em cima de telhados, a temperatura interna

de ambientes, evitando custos com ar-condicionado;

reduzem a poluição visual e servem de local para ensina-

mento e prática da educação ambiental.

Vale a pena produzir as hortaliças no local ao invés de

comprá-las no mercado, porque o custo é muito menor

(e no caso de moradia popular isso é especialmen-

te relevante), a procedência é conhecida e é possível

controlar melhor a qualidade das mesmas. Ao mesmo

informações da Revista Friday

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190 191

tempo, as vantagens de se produzir os próprios alimen-

tos transcendem a questão do preço, visto que resgata

valores importantes, como o prazer de acompanhar todo

o processo de crescimento das plantas e de transformar

as atividades na horta em lazer ou terapia ocupacional,

entre outros pontos positivos. isso seria especialmente

interessante no caso das crianças e idosos do condomí-

nio.

A gestão da horta, tanto no plantio, quanto na coleta e

destino das hortaliças, seria feita pelo condomínio, não

cabendo ao projeto de arquitetura essa definição. Entre

as possibilidades, entretanto, seriam a de os próprios

moradores participarem do plantio e manutenção

(sendo um passatempo para idosos, um aprendizado

para as crianças e uma proximidade da natureza para

todos os interessados), o plantio também poderia ser

feito por funcionários do condomínio ou do restaurante

e quiosques.

o destino poderia ser os moradores, que economizam

na compra de hortaliças, os funcionários do local, o

restaurante (que poderia usar os alimentos orgânicos

como atrativo), ou mesmo dividido a quem estiver inte-

ressado, com acesso livre a todos. Também poderiam ser

comercializadas, sendo realizadas feirinhas orgânicas na

própria praça central do conjunto, incentivando o uso

Feira com produtos de horta urbana em Nova York

Page 192: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

dinâmico e constante da praça e aumentando o movi-

mento para as áreas comerciais. A renda dessas feiras

poderiam ser revertidas para o condomínio ou ainda

para pessoas carentes da região.

Como algumas plantas precisam de determinadas tem-

peraturas para se desenvolverem bem e o frio pode ser

prejudicial, assim como o calor excessivo, foi proposta

uma sala no bloco HiS, que funcionaria como estufa,

e teria acesso direto aos terraços com hortas. Nelas

podem ser cultivadas hortaliças, legumes, frutos ou até

flores. Caso seja inutilizado, esse espaço pode ser con-

vertido para outros usos. Restaurante Riverpark Farm em Nova York

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192 193

Mobiliário executado com madeira de palete na Holanda

Mobiliário

o mobiliário, apesar de não fazer parte do programa

desse projeto, foi pensado de modo a garantir a estética

e conforto necessários, com preços baixos e baixo im-

pacto ambiental. Para tal, são propostas mesas, bancos

e cadeiras feitas com madeira reaproveitada, como a de

paletes por exemplo. É uma madeira barata que pode ser

transformada em mobiliário confortável e de estética

agradável. Com isso, o próprio condomínio poderia fa-

bricá-los de acordo com as necessidades e usos de cada

espaço, e usar as oficinas do bloco HIS para tal, podendo

também gerar trabalho temporário a trabalhadores da

região ou condôminos e funcionários do condomínio

interessados.

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Áreas verdes

Foram incluídas no terreno 22 novas árvores de grande

e médio porte, 11 diretamente no solo (níveis do estacio-

namento e da praça de alimentação) e 11 em canteiros

sobre laje. os jardins e hortas estão presentes em boa

parte do conjunto, tanto no interior quanto no exterior e

ajudam a criar um micro clima e baixar temperaturas no

ambiente. Também há uma parede com jardim vertical

no piso térreo, de frente para a escada-arquibancada,

que também conta com canteiros. Na fachada há três

“colunas verdes”, resultado de jardineiras instaladas em

frentes às janelas de alguns apartamentos.

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194 195

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Este presente trabalho buscou se inserir na discussão so-

bre as práticas de intervenção urbana em áreas centrais,

conduzidas principalmente nas metrópoles, buscando

modos de interromper o processo de declínio e erosão

dos espaços urbanos. A deterioração constante dos

edifícios que já não são mais adequados aos seus usos

propostos originalmente, seja pela instalações antiqua-

das e obsoletas, pela falta de manutenção adequada das

mesmas ou pela baixa demanda de usuários, cria uma

vacância e ociosidade que agravam a deterioração da

região.

A falta de habitação, juntamente com a falta de uso

noturno, potencializa a marginalidade e o vandalismo,

além do subutilização da infraestrutura viária. Ape-

sar disso, o centro ainda detém números elevados de

empregos e aos poucos vem passando por iniciativas de

requalificação urbana, dentre as quais vale citar investi-

mentos nas reformas de centros culturais, promoção de

atividades gratuitas ao ar livre, instalação de ciclofaixas,

além de programas para habitação social. Sua dinâmica

urbana no período diurno ainda é bastante significativa.

A escolha da tipologia habitacional foi pautada e jus-

tificada no oferecimento de moradias para a demanda

de uma população na região, cujo interesse deve residir

principalmente em levar menos tempo no trajeto

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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casa-trabalho, e que não necessariamente possui ve-

ículos próprios. Nesse caso, haveria um melhor apro-

veitamento da infraestrutura de transportes de massa

existentes. A promoção de habitação também pode

proporcionar maior diversidade de usos na área e a per-

manência de pessoas em todos os horários do dia.

Na caso do reaproveitamento de uma edificação exis-

tente e deteriorada, percebeu-se que o desafio não é

apenas a reforma em si, mas sim o modo de viabilizá-la

no contexto urbano do centro, levando em consideração

no projeto de reforma, os condicionantes de se proje-

tar habitação no centro e seus desdobramentos. Nesse

aspecto, o uso misto em empreendimentos de HiS e

HMP pode facilitar esse processo, reduzindo áreas de

baixo aproveitamento e aproveitando o aluguel de áreas

comerciais para redução de custos condominiais e tam-

bém amortecendo o custo de aquisição dos edifícios,

além de reinserir os mesmos à dinâmica da cidade.

Foi proposto ensaiar o reaproveitamento de um edifício-

garagem, devolvendo o lote à vida urbana e dando es-

paço às pessoas no lugar dos automóveis. Estes últimos

perderam lugar inclusive para as bicicletas e motocicle-

tas no estacionamento. o uso do automóvel em um lo-

cal cercado por transporte de massa não foi incentivado,

e a pouca quantidade de vagas existente reflete isso. Os

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198 199

espaços de convívio e lazer foram destacados no proje-

to, seja de uso público nos pisos inferiores ou de uso dos

moradores em pisos superiores e coberturas, item esse

em que se pensou uso e aproveitamento maiores do que

se vê pela cidade.

As coberturas, com ótima ventilação, iluminação direta

em todos ou quase todos os horários do dia e vistas para

a cidade, deveriam ser uma das partes mais atrativas

do edifício, principalmente em áreas centrais e adensa-

das, onde o térreo e os apartamentos possuem menor

iluminação natural e ventilação. As coberturas seriam

ótimas opções para lazer ou outros usos como as horta

urbanas.

Não é sabido ao certo o custo da obra de reforma

proposta nesse trabalho, nem se valeria mais a pena a

demolição total da torre e uma construção completa-

mente nova, com outra disposição, volumetria e um

pé-direito mais adequado. Essa questão foi pensada

diversas vezes, e foi optada a reutilização da estrutura

como exemplo do que pode ser feito num ambiente já

construído, uma experimentação no campo do rea-

proveitamento de grandes estruturas, assunto que me

instiga e que imagino que terá cada vez mais destaque

no mundo atual, seja por questões ambientais como

reaproveitamento de materiais, poluição e descarte de

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entulho ou por questões financeiras, onde em certos

casos a reforma compensa mais do que a demolição

seguida de nova construção.

200 201

Page 202: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

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pág 12 | Yuri Tavares

pág 14 | Yuri Tavares

pág 18 | Manoel Marques

pág 23 | Piero Locatelli

pág 30 | Pedro Martinelli

pág 32 | Google Earth

pág 34 | Google Earth

pág 36 | Dicas Guiamais

pág 43 | Paulo Yudi Takarada

pág 48 | Mapa executado pelo autor

pág 50 | André Lessa

pág 53 | Acervo pessoal

pág 58 | Mapa executado pelo autor com base MapBox

ICONOGRAFIA

Page 206: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

pág 64 | Acervo pessoal e Google Street View

pág 72 | Marcela Ferreira

pág 75 | Google Street View

pág 77 | Google Street View

pág 78 | TV Diário e Google

pág 82 | Prédios de São Paulo

pág 188 | TeraAmbiental

pág 192 | Riverpark Farm

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206 207

Page 208: Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

Cesar Matosjaneiro de 2015

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