rastros de luz 02

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Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida Jovem, ao encontro de Jesus! a desconhecida nfância de L uz um olhar na história rastros 2017 nº 2 janeiro I Despretensioso convite para o retorno às coisas simples, belas e profundas do Evangelho.

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Eu sou o Caminho, a Verdade e a VidaJovem, ao encontro de Jesus!

a desconhecida

nfância

deLuzum olhar na história

rastros 2017nº 2

janeiro

I

Despretensioso convite para o retorno às coisas simples, belas e profundas do Evangelho.

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Os

magosdo

Tendo, pois, nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram do oriente a Jerusalém uns magos... (S. Mateus 2:1)

oriente

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4 5RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA

aApós o nascimento de Jesus, eis que vieram do

oriente à Jerusalém uns magos procurando por ele, perguntando: onde está o rei dos judeus, recém-nascido?

Conforme narrativa de S. Mateus(2:1-7), o rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se e chamou os magos para deles obter maiores informações, principalmente quando ele havia nascido.

Recomendou que fossem em busca do menino e quando o encontrassem que o avisassem, pois desejava ir também ter com ele.

Partiram os magos e logo lhes reapareceu a estrela conduzindo-os até o lugar estava o menino.

Encontraram-no com sua mãe, Maria, e alegraram-se imensamente, presenteando-o com ouro, incenso e mirra.

Passagem bem conhecida de todos nós.

Mas a história prossegue.

Ainda com S. Mateus(2:12) lemos: Avisados em sonho que não voltassem a Herodes, regressaram por outro caminho para a sua região.

E assim os magos retornaram, sem darem satisfações a Herodes.

E novamente vem a providência orientativa através de um anjo, que apareceu a José em sonho, dizendo(S. Mateus 2:13 e 14): Levanta-te, toma o menino e a mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar.

De imediato, ainda durante aquela noite, José partiu para o Egito, com Maria e Jesus.

Aconteceu conforme predito pelo anjo.

O rei Herodes, receando que aquele que veio para ostentar uma coroa celeste, lhe roubasse a sua coroa de ouropel, ou seja, de ouro falso, liga de cobre e zinco que imita o ouro.

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6 7RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA

Vendo que fora iludido pelos magos, conforme S. Mateus(2:16), descontrolado pela ira e medo, mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo que havia em Belém, e em todos os seus arredores, segundo idade que ele considerava ter Jesus.

O tempo passa, estima-se que de 2 a 6 anos (não se tem esse tempo com precisão) depois dessa triste e fatídica página da História, e Herodes, vitimado de hidropisia, febre e úlcera, veio a falecer. Isso era o ano 4 d.C.

Com a desencarnação de Herodes, a Casa de Israel, por testamento, foi dividida entre os seus três filhos: Herodes-Filipe II, Herodes-Ântipas e Arquelau.

Conforme prometera o anjo, tendo morrido Herodes, ele aparece em sonho a José, no Egito, dizendo-lhe(S. Mateus 2:19 a 23): Levanta-te, toma o menino e a mãe e vai para a terra de Israel, pois os que buscavam tirar a vida ao menino já morreram.

José agiu segundo orientado.

Durante a viagem, José ouviu dizer que Arquelau reinava na Judeia em lugar de seu pai Herodes, e temeu ir para lá.

Novamente em sonho, lhe foi indicado fosse então para as regiões da Galileia, retornando a Nazaré.

Herodes, com seus temores e conflitos, teve como certo que Jesus seria um Rei político, e não aquele que regeria os corações, como portador de um reino diferente, baseado no amor.

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sobre

anjose

ANJO: A palavra deriva do Grego ANGELOS,

“mensageiro”, possivelmente relacionada a ANGAROS,

“correio a cavalo”, de uma fonte oriental desconhecida.

SONHOS

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10 11RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA

eEncontramos em O livro dos médiuns,

de Allan Kardec, Cap. I, item 2, os seguintes conceitos:

Os Espíritos não são senão as almas dos homens, despojadas do invólucro corpóreo (corpo físico).

Os anjos são almas que galgaram o último grau da escala...

Os anjos são os mensageiros de Deus, encarregados de velar pela execução de seus desígnios em todo o Universo.

Jesus também explicou sobre o Espírito, em S. Lucas(24:39): Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne,

nem ossos, como estais vendo que eu tenho.

Observa-se ao longo da Bíblia constante presença de Espíritos, quer sejam chamados anjos ou demônios, ou outro nome que se lhe designe.

Tal foi a relação direta de Jesus com Espíritos (anjos e demônios), que era designado como Senhor dos Espíritos.

Assim, sabendo-se que os anjos são almas evoluídas (Espíritos evoluídos), podemos concluir que os ditos demônios (expressão encontrada na quase maioria das traduções da Bíblia) nada mais são do que almas (Espíritos) momentânea e equivocadamente voltados ao mal. Ressalte-se que, mais tempo, menos tempo, esse Espírito maldoso, segundo as Leis Divinas do progresso e evolução, deixará paulatinamente de assim ser.

Aceite o convite e leia “O livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, das perguntas 776 a 802, para melhor entender sobre a Lei do Progresso. Você vai se comprazer com essa leitura e a lógica da evolução ali apresentada.

Etimologicamente, a palavra Anjo significa criatura, de natureza puramente espiritual. Pessoa muito virtuosa.

Sobre Anjos

Sobre SonhosOs sonhos são fenômenos naturais,

com a preponderância do fator espiritual, ao invés de mero e puro efeito psicológico.

É um meio de nos relacionarmos periodicamente com o mundo espiritual (o nosso mundo de origem e para onde retornaremos após a morte do corpo físico) e com os Espíritos, inerente a todos os seres humanos.

Leiamos alguns esclarecimentos que extraímos de “O livro dos Espíritos”, de

Allan Kardec, capítulo correspondente ao assunto ‘Sonhos’ (Da emancipação da alma – Cap. VIII, Parte 2ª). Ao tempo em que fica a sugestão de leitura de todo o livro.

401. Durante o sono, a alma repousa como o corpo?

“Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos. ”

402. Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?

“Pelos sonhos, Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire maior potencialidade e pode pôr-se em comunicação com os demais Espíritos, quer deste mundo, quer do outro.

[...]

“Graças ao sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos

Espíritos.

[...]

“O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono. Notai, porém, que nem sempre sonhais. Que quer isso dizer? Que nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que haveis visto, enquanto dormíeis. É que não tendes então a alma no pleno desenvolvimento de suas faculdades. Muitas vezes, apenas vos fica a lembrança da perturbação que o vosso Espírito experimenta à sua partida ou no

seu regresso, acrescida da que resulta do que fizestes ou do que vos preocupa quando despertos.

[...]

“Em suma, dentro em pouco vereis vulgarizar-se outra espécie de sonhos.

Conquanto tão antiga como a de que vimos falando, vós a desconheceis. Refiro-me aos sonhos de Joana, ao de Jacob, aos dos profetas judeus e aos de alguns adivinhos indianos.

São recordações guardadas por almas que se desprendem quase inteiramente do corpo, recordações dessa segunda vida a que ainda há pouco aludíamos.

Por sua vez, o profeta Joel, em O Velho Testamento, capítulo 3, versículo 1, citou: Depois disso derramarei meu espírito sobre toda a carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos anciãos terão sonhos.

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Para alguns escritores, a Galileia, por ela mesma, por sua beleza natural e pelos

belos e puros acontecimentos relativos a Jesus que guarda em sua história, chamam-na

de O Quinto Evangelho.

aregião

da Galileia

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14 15RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA

aAssim Amélia Rodrigues1 descreve a

Galileia:

A Galileia era o lugar ideal!

Região feliz e verde, suas gentes simples confiavam de coração.

Vivendo das gentilezas da terra e da fartura piscosa do seu mar, era rica de ternura e de ingenuidade.

O processo da cultura vã ainda não lhe chegara, não lhe pervertera os hábitos despertando os apetites, as paixões amesquinhantes.

O mar, que é um lago de água doce, medindo doze milhas e meia de comprimentos (cerca de 20 km) e sete milhas e meia de largura (cerca de 12 km), no seu espaço mais aberto, parece uma turquesa imensa encravada nas montanhas, a refletir o céu.

1 FRANCO, Divaldo. Pelos caminhos de Jesus. Amélia Ro-drigues. Cap. 2.

Suas praias eram salpicadas de povoados e lugares alegres, onde viviam os puros sentimentos, confiando nas bênçãos de Deus.

Já Ernesto Renan2, assim a descreve :

As redondezas, aliás, são encantadoras e lugar algum do mundo foi mais bem-criado para os sonhos de absoluta felicidade. Mesmo hoje em dia, é uma excelente estada, talvez o único lugar da Palestina em que a alma se sinta um pouco aliviada do fardo que a oprime no meio dessa desolação sem igual. A população é amável e sorridente; os jardins são

2 RENAN, Ernesto. Vida de Jesus. Cap. II

frescos e verdes. Antonino Mártir, no fim do século VI, fez um quadro encantador da fertilidade das redondezas, que ele compara ao paraíso. Alguns vales do lado oeste justificam plenamente sua descrição. A fonte em que outrora se concentrava a vida e a alegria da cidadezinha está destruída; seus canais rachados dão apenas água turva. Mas a beleza das mulheres que se reúnem à tarde, essa beleza já observada no século IV e na qual se via um dom da Virgem Maria, conservou-se de maneira impressionante. É o tipo sírio em toda a sua graça, cheia de languidez. Não há dúvida de que Maria tenha estado ali quase todos os dias e, com a jarra sobre o ombro, tenha tomado lugar na fila de suas compatriotas, que permaneceram obscuras. Antonino Mártir observa que as mulheres judias de outras partes desdenham os cristãos, mas as dali são cheias de afabilidade. Ainda hoje, os ódios religiosos são mais brandos em Nazaré.

O horizonte da cidade é estreito, mas, por pouco que se suba e que se atinja o planalto, fustigado por uma brisa perpétua, que se estende das casas mais altas, a perspectiva é esplêndida. A oeste, se desdobram as belas linhas do Carmelo, terminadas por uma ponta abrupta que parece mergulhar no mar. Depois se

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desenrolam o cume duplo que domina Macedo, as montanhas da terra de Siquém, com seus lugares santos do tempo patriarcal; os montes Gelboé, o pequeno conjunto pitoresco ao qual se ligam as lembranças graciosas e terríveis de Sulém e Endor; o Tabor, com sua forma arredondada, que a Antiguidade comparava a um seio. Por uma depressão entre a montanha de Solem e o Tabor se entrevê o vale do Jordão e as altas planícies de Pereia, que formam uma linha contínua do lado leste. Ao Norte, as montanhas de Safed, inclinando - se para o mar, escondem São João de Acre, mas revelam o golfo de Calfa. Tal foi o horizonte de Jesus. Esse círculo encantador, berço do reino de Deus, representou para ele o mundo durante anos. Sua infância não foi muito além dos limites familiares. Porque além, do lado

norte, quase se entrevia, sobre os flancos de Hermon, Cesaréia de Filipe, sua ponta mais avançada para o mundo dos gentios e, do lado sul, pressente - se, por trás dessas montanhas já menos risonhas da Samaria, a triste Judéia, ressecada como que por um vento abrasador de abstração e morte.

Se por acaso o mundo que permanecer cristão — mas com uma melhor noção do que constitui o respeito às origens — quiser substituir por autênticos lugares

santos os santuários apócrifos e mesquinhos a que se apegava a piedade de eras rudes, é sobre essa altura de Nazaré que ele constituirá seu templo. Ali, no, lugar do surgimento do cristianismo e no centro de onde se irradia a atividade de seu fundador, deveria se erguer a grande igreja em que todos os cristãos pudessem rezar. Ali também, sobre essa terra em que repousa o carpinteiro José e milhares de nazarenos esquecidos, que não cruzaram o horizonte de seu vale, o filósofo estaria mais bem situado do que em qualquer lugar do mundo, para contemplar, o curso das coisas humanas, consolar - se das contradições que elas infligem aos nossos mais caros instintos, consolidar – se no objetivo divino que o mundo busca em meio a incontáveis fraquezas e apesar da vaidade universal.

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umainfância

radianteA grandeza deste Espírito

não teria como passar despercebida, estivesse Ele

onde e com quem estivesse e em qualquer idade que fosse.

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20 21RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA

aA história de Israel se perde na

história da própria antiguidade oriental.

Como lido no primeiro fascículo, as rivalidades e disputas existentes entre o Reino Setentrional (Israel) e os povos circunvizinhos, perduravam no tempo.

Jerusalém, por ser o centro político e religioso, foi roubada, sucessivamente, por Filisteus, Árabes e povos errantes do deserto.

Nabucodonosor II, da Babilônia, destruiu-a por volta do VI século a.C. e, nos séculos seguintes, voltou a sofrer o peso e o jugo de Alexandre Magno, dos Ptolomeus, dos Selêucidas, dos Romanos...

Agrupemos nessa paisagem dessas épocas, o constante e intenso intercâmbio comercial entre Israel e os outros povos, independente de quem fosse o dominador.

Isso configurou em Israel um País de

contrastes de usos, costumes, idiomas.

Nazaré, de modo particular, é descrita por Sholem Asch, em seu magistral livro “O Nazareno”, no Capítulo XVI, como situada estrategicamente na estrada das caravanas que pelo vale do Jezreel, ia do Mar Grande a Damasco, e por ali passava. Sita à beira da grande estrada real das caravanas abundava Nazaré em poços d’água para os animais, com ranchos para pouso ao lado. Carpinteiros especializados em carretas e rodas tinham sempre muito serviço com as caravanas que passavam, e também com os agricultores locais, sempre necessitados de charruas de madeira ancinhos, pás e outros implementos.

Jesus ali viveu, nesse meio, quer como menino, quer como adolescente, quer como adulto, quer como artesão-carpinteiro, Ele e seu pai, José.

Pelo óbvio, sua relação com caravaneiros era constante.

Num outro ângulo da reflexão, muito cedo se manifestou o seu caráter singular.

Considerando o que narra S. Lucas, capítulo 2, versículos 41 e seguintes:

As estradas principais desempenharam um papel muito importante na história da Terra Santa. As povoações da Palestina se localizam nas encruzi-lhadas do Antigo Oriente.Desde os primeiros tempos as caravanas comer-ciais viajavam pelas principais estradas, levando seus produtos, objetos preciosos e artigos de luxo. Prover as necessidades das caravanas e a sua segurança tornou-se uma fonte constante de renda. Essas estradas, porém, não eram abertas apenas pura o comércio: campanhas e conquistas militares também as palmilharam no decurso da História, deixando na sua esteira destruição e desolação. Na maioria dos períodos, a Terra Santa foi dominada por poderes estrangeiros, do norte ou do sul, que procuravam principalmente tomar posse dessas rotas.O relevo montanhoso da Palestina dita o curso das estradas. A principal rota internacional que liga o Egito com o norte da Síria e a Mesopotâ-mia, atravessa a Palestina de sul a norte, seguin-do a linha costeira ao sul até alcançar a barreira de Nahal Kanah (Nahr el-’Auja), onde era obrigada a se desviar para o leste, a fim de rodear Afeque. A seguir, circundava a extremidade leste da Planície de Sarom ao norte e passava para o vale de Jezreel, pelo vale de Aruna em direção a Megido, ou via vale de Dotã. Dali, ela prova-velmente passava por Bete-Seã, seguindo para o norte até Azor e o Beca Libanês, ou atravessava o Jordão até Damasco.A segunda grande rota era a estrada Real (Nm 21.22), que passa pelo país montanhoso da Transjordãnia, junto ao deserto. É uma rota se-cundária que vai de Damasco ao Egito, estando a sua importância no fato de as estradas para a Arábia serem ramificações suas.

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22 23RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA

Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para a festa. Terminados os dias, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. E não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, eles o encontraram no Templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; e todos os que o ouviam ficavam extasiados com sua inteligência e com suas respostas.

Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos”. Ele respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes dissera.

Após essa passagem, a narrativa de S. Lucas continua e sintetiza a existência de Jesus nos anos seguintes, assim(2:52):

E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens.

Mais outra passagem evangélica em que se destacam aspectos singulares de Jesus, que, por certo, apresentaram-se-lhe desde a tenra idade.

Trata-se de S. Marcos, capítulo 6, versículos 2 a 6, que registrou o que se passou em Nazaré:

Vindo o sábado, começou Ele a ensinar na sinagoga e numerosos ouvintes ficavam maravilhados, dizendo: “De onde lhe vem tudo isto? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais milagres por suas mãos? Não é este o carpinteiro,

o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós? ” E escandalizavam-se dEle. E Jesus lhes dizia: “Um profeta só é desprezado em sua pátria, em sua parentela e em sua casa”. E não podia realizar ali nenhum milagre, a não ser algumas curas de enfermos, impondo-lhes as mãos. E admirou-se da incredulidade deles.

Os textos fundamentam que bem cedo manifestara-se-lhe faculdades pessoais excepcionais: sabedoria ímpar que extasiava os

ouvintes, dons (um dos significados para o termo Graça... “Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça...”) para prestar socorro (curas e outros atendimentos) às almas, e consciência de sua missão: Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai? Perguntou Ele à sua mãe.

Jesus, enquanto homem, estava sujeito a todas as leis que regulam o crescimento humano, bem como as tradições e costumes de seu povo e da sua época. Atendeu aos preceitos religiosos de sua família, frequentou a sinagoga regularmente, alimentou-se e vestiu-se como de costume. Estudou, como todas as demais crianças, tendo como mestre-escola o hazzan ou leitor das sinagogas, como se dava nas pequenas cidades judaicas.

No entanto, com plena ciência das suas razões de existir, como Ele mesmo revelou aos 12 anos de idade, com a extasiante sabedoria que então já demonstrava e com os dons que manifestava, sua infância e mocidade e até os 30 anos – quando mais se apresentou ao povo em geral em várias outras cidades – conclui-se que sua infância e juventude não foi a de uma criança e de um jovem comum de sua época, no sentido restrito dos termos, quanto a maneira de pensar e agir de todos, nem foi um período existencial obscuro e inexpressivo, em face da sua natural pujança espiritual.

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24 25RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA

A grandeza deste Espírito não teria como passar despercebida, estivesse Ele onde e com quem estivesse e em qualquer idade que fosse.

Ele era e é um Ser Sublime. Filho de Deus. Nosso Grande Irmão.

Não teria como se esconder um Sol de Primeira Grandeza num singelo vilarejo no interior de Israel.

Diante disso, me permito reunir o sabido até aqui sobre Nazaré, seus costumes, suas atividades, sua época, sobre os constantes peregrinos e caravaneiros ali passando e ali acampando; sobre a cotidiana relação pessoal e sobre atuação de Jesus e seu pai, como artesãos-carpinteiros, junto à todos esses viajantes – além dos seus vizinhos e conterrâneos; e, por conseguinte, sendo Jesus esse personagem especial que já demonstrava ser, não conseguindo passar anônimo por onde caminhasse; e pelo que Ele se revelou através de seus feitos inigualáveis e de seus ensinos imorredouros no tempo que se seguiu, de tal modo significativo e único foram todos que Ele se tornou marco divisor da História; não deixando de relembrar que ficou reconhecido como o amor por excelência encarnado na Terra; e, com base nisso tudo, me permito tecer uma tese pessoal sobre esse período infância/juventude de Jesus.

As incontáveis caravanas e seus inumeráveis membros, homens, mulheres e crianças, das mais diversas origens e para os mais variados países de destino, ao permanecerem em Nazaré por um certo tempo, mantiveram contato com aquela criança prodigiosa e depois jovem excepcional, que, prestando ou não serviços de artesão-carpinteiro, ali estava Ele sempre orientando, consolando, alegrando, falando de Deus, curando, socorrendo.

À exemplo de seu encontro no Templo em Jerusalém, podemos imaginar tardes-noites em derredor de Nazaré, as barracas armadas, os animais guardados, aqui e ali crianças brincando sorridentes, uma ou mais fogueiras acesas ao longo do acampamento, o aroma dos alimentos em cozimento, homens e mulheres sentados ao derredor, ouvindo palavras de reconforto e esperança, trazidas por aquele Jovem Amigo e Grande Irmão, cuja fala era um manancial de bênçãos e luzes, como a reproduzir um cântico celestial.

Momentos inesquecíveis.

Seus ditos e seus feitos tidos como milagres, foram então levados por esses corações gratos e divulgados nos mais variados países e nas mais distantes comunidades, ao longo dos anos que Ele permaneceu em Nazaré e redondezas.

Não causaria estranheza supor que, de um tempo em diante, várias caravanas até desviassem sua rota original para por ali passarem e poderem estar junto de Jesus, colhendo de suas bênçãos.

Aquele Homem Incomum quando afirmou certa feita, conforme se lê em S. João, capítulo 5, versículo 17: Meu Pai trabalha sempre e eu também trabalho, explicitou sua têmpera. Seu ininterrupto trabalho de amor ao próximo, rompendo tabus e costumes, inclusive de socorrer quem necessitasse num dia de sábado – o que não

era tolerado então -, testificou sua dinâmica de vida. Logo, diante da grandeza de sua lucidez sobre sua missão na Terra, de sua sabedoria, de seus prodigiosos dons, não é concebível imaginá-lo apagado, inativo, inoperante, quieto, recluso, sem nada falar e nada fazer, por 30 anos seguidos, para somente depois revelar-se e agir somente por 3 anos de messianato.

Messias era desde o seu nascimento. Messias foi durante infância e juventude. Messias se apresentou ao mundo, intencionalmente como tal, depois dos 30 anos. Morto pela intolerância e maldade, aos 33 anos.

Sim, muito cedo se manifestou o seu caráter singular. Ele viveu sua natureza espiritual excepcional com espontaneidade e humildade que Lhe demarcaram a vida. Foi diuturnamente Ele próprio: Jesus – o Cristo de Deus.

Ora, se a História de então somente Lhe dedicou poucas linhas, depois de tudo o que Ele fez e ensinou, por que haveria maiores informações sobre quando criança e jovem?

Mesmo os Evangelistas, com a exceção de Lucas, não se detiveram no período anterior ao do chamado “público” – dos 30 aos 33 anos -, por entenderem que esse período de atuação pública, inclusive em Jerusalém, foi o que efetivamente demarcou os embates entre os dois reinos – o da Terra e o do Céu -, os quais tinham bem definidas suas finalidades, perfeitamente delineados seus roteiros.

O reino da Terra estava marcado pelas traições, pelo terror, pelo ódio, pela devastação, pelo não valor a vida e ao homem.

O reino dos Céus, é o reino de paz e justiça, onde a sabedoria sublima as aspirações. É o reino além-da-terra, cujos alicerces, entretanto, se consubstanciam na argamassa da terra, no coração das pessoas.

No comentário de Amélia Rodrigues, Espírito, nas páginas psicografadas por Divaldo Franco e constantes no Prólogo do livro Primícias do Reino, assim fica retratado o Reino (figura de linguagem) apresentado por Jesus:

Augusto reinava; Ele, porém viera ter com os homens para oferecer as primícias do Reino que lentamente conquistaria os amargurados e desiludidos espíritos humanos, após os insucessos e frustrações no reino fantasista dos triunfos passageiros.

A saga do Celeste Amigo começou numa gruta cavada na encosta do monte, em suas paredes rochosas, na árida região do entorno de Belém da Judéia, com farta semeadura de ensinos e bânçãos nos anos seguintes, inclusive durante infância e mocidade, constando latente no germe de cada semente o mapa para o Norte da Paz Verdadeira, com a demarcação das coordenadas de luz do Caminho, da Verdade e da Vida.

A Aurora Nascente não interrompeu sua marcha até se fazer o Sempre Sol do Meio Dia para a Humanidade.

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juventude

Jesuse

Tu que estás palmilhando as rotas da juventude com que o Criador homenageia-te as horas, pensa no bem

que podes operar sob o olhar sublime de Jesus, o Mestre e o

Amor de nossas vidas.

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28 29RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA

aAmigo,

Tu que estás palmilhando as rotas da juventude com que o Criador homenageia-te as horas, pensa no bem que podes operar sob o olhar sublime de Jesus, o Mestre e o Amor de nossas vidas.

Detém-te, um pouco, ante os mais multiplicados episódios por Ele vividos, e forja teu caráter de tal modo que possas segui-Lo, sentindo-O mais próximo de ti e sentindo-te, por outro lado, mais junto do Seu coração.

É na vida do Celeste Amigo, Juventude, que identificamos a Tolerância sem conivência, a Humildade sem subserviência, a Energia sem violência, a Verdade sem presunção, a Orientação sem empáfia, o Amor total sem pieguismo…

Observa, meu jovem companheiro, o que tanto há faltado nas relações humanas, e medita nas razões de tanto sofrimento, de tantos dramas: decisão firme para o esforço do autoaprimoramento; fidelidade aos compromissos com Deus; coragem de viver a verdade conhecida; disposição de testemunhar o amor ao próximo, sem quaisquer temores.

Sendo assim, não negligencies perante teus deveres. Não te retardes. Atende, por amor.

Quando, Juventude, puderes participar da vida com os valores que o Cristo exemplificou, sobejamente, terás alcançado os mais felizes objetivos com relação aos propósitos dos teus dias moços, no mundo.

Ele, pulcro, esteve entre os jovens, concitando-os ao Reino dos Céus; caminhou

entre os adúlteros de todos os tipos, chamando-os à vida digna; falou aos doutores, convidando-os à real humildade; trabalhou, suportando o mau humor e a antipatia de tantos e deixou a Terra sob o abandono de quase todos, a todos envolvendo e conclamando à vitória sobre si mesmos, sobre o mundo moral deficiente e equivocado.

Juventude e Jesus!

Quando estas duas forças estiverem integradas à daqueles que tudo desejam realizar, com audácia nem sempre refletida, mas honesta, com a Daquele que tudo podia operar e limitou-se a cumprir a vontade do Pai, que O enviara, então, teremos conquistado, com base nos Códigos Supremos da vida da alma, o eloquente progresso, desde há tanto anelado. A Juventude, vitalizada pela mensagem de Jesus, será imbatível e incorruptível força progressista, dirigindo para a perene ventura todos quantos tiverem aproveitado os tempos juvenis para a sementeira, nos seus próprios rumos, das luzes do trabalho e do amor, como Ele ensinou.

Ivan de Albuquerque

Psicografia do médium Raul Teixeira, em 04.06.2010.

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30 RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA

deLuzum olhar na história

rastros

PRÓXIMO FASCÍCULO:

João, o que batizava

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CRÉDITOS DESTE FASCÍCULO:

Imagens: acervo próprio ou baixadas da Internet: Google Imagens e The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints

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