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RAFAEL DA SILVA SCARI ASSOCIAÇÃO ENTRE AS ALTERAÇÕES POSTURAIS DA CINTURA ESCAPULAR, COLUNA CERVICAL E CABEÇA EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR Juiz de Fora 2008

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RAFAEL DA SILVA SCARI

ASSOCIAÇÃO ENTRE AS ALTERAÇÕES POSTURAIS DA CINTURA

ESCAPULAR, COLUNA CERVICAL E CABEÇA EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

Juiz de Fora 2008

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RAFAEL DA SILVA SCARI

ASSOCIAÇÃO ENTRE AS ALTERAÇÕES POSTURAIS DA CINTURA ESCAPULAR, COLUNA CERVICAL E CABEÇA EM INDIVÍDUOS PORTADORES

DE DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Fisioterapia.

Profª Ms. Vanusa Caiafa Caetano Orientadora

Prof Luciano de Mello Fonseca

Co-Orientador

Juiz de Fora 2008

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, em especial ao meu pai que, nesse

momento tão feliz e importante da minha vida, Deus quis que estivesse nos planos

superiores vibrando por nós. Sem seus ensinamentos, exemplos e ajuda, sei que

não seria capaz de concretizar esse sonho. Sinto que está sempre presente, por

isso a satisfação do êxito é compartilhada!

Page 5: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Vera e Walter, por terem me apoiado nos

momentos de escolha, por terem me dado forças nos momentos difíceis da

caminhada e por serem meu exemplo de vida.

Agradeço ao meu irmão, pelo exemplo de dedicação e de

responsabilidade, além de todo carinho e amor que partilhamos.

Agradeço à minha namorada, Cris, pela paciência, carinho, presença e por tanto ter

me ajudado durante a graduação. Aos meus sogros, Lúcia e Pedro, por todo carinho

e por me fazerem sentir parte da família;

Agradeço a todos os voluntários participantes desse estudo e a todos os

professores que pela minha vida estudantil estiveram presentes.

Agradeço a todos os pacientes que me ajudaram na formação do meu

conhecimento científico e, principalmente, pelo exemplo de paciência, felicidade e

humildade que sempre demonstraram.

Agradeço a meus orientadores, Vanusa, e Luciano, por terem acreditado

no meu trabalho, por terem me ajudado a superar as dificuldades e por terem

possibilitado essa conquista que é nossa.

Agradeço ao professor Alfredo Chaoubah, pela ajuda na análise

estatística e aos bibliotecários Davi e Larissa pela disponibilidade e pela ajuda

dedicadas.

Agradeço aos Fisiofriends, por serem amigos tão presentes e tão

importantes na minha história.

Agradeço a Deus, pelo dom da vida, principalmente entre pessoas tão

especiais, por toda proteção e amparo sempre concedidos, por todas as

oportunidades de aprendizado e, pela possibilidade da realização de um sonho: ser

Fisioterapeuta!

Page 6: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

RESUMO Introdução: As disfunções temporomandibulares (DTM) são um conjunto de

condições dolorosas ou de disfunções musculoesqueléticas que afetam a articulação

temporomandibular (ATM) e/ou os músculos da mastigação, bem como os demais

componentes do sistema estomatognático. Apresentam etiologia multifatorial, sendo

as alterações posturais fatores amplamente discutidos na literatura, uma vez que o

equilíbrio biomecânico da mandíbula é influenciado diretamente pelos músculos

inseridos na mandíbula e indiretamente pelos músculos infra-hióideos que, devido às

suas inserções musculares, estabelecem uma estreita relação entre a cintura

escapular, ossos esterno e hióide. Objetivo: Comparar a posição da cabeça, da

coluna cervical e da cintura escapular de indivíduos com DTM (grupo DTM) com

saudáveis (Grupo Controle), utilizando o RDC/TDM como critério de diagnóstico e a

fotogrametria como método quantitativo de avaliação postural. Métodos: 30

mulheres foram avaliadas, e divididas em 2 grupos com 15 indivíduos, DTM e

Controle. Foram realizadas fotografias em vista anterior e perfil lateral direito, com

marcação nos tragus, nas articulações acromioclaviculares, na protuberância

occipital externa, processos espinhosos de C4 e C7, maléolo lateral direito e espaço

entre as cabeças do 2º e 3º metatarsos direitos. A fotogrametria foi realizada no

Software de Avaliação Postural (SAPO). Toda a avaliação foi realizada por um único

examinador. Para a comparação dos resultados foi utilizado o Teste t de Student e o

Teste de Correlação de Pearson. Resultados: Houve diferença estatística (p < 0,05)

para a análise do ângulo da protrusão de cabeça (AHC) e da lordose cervical (LC).

Para as demais variáveis e para o teste de correlação entre a distância tóraco-

cervical e ângulo LC, não foram encontrados valores significativos. Conclusão: indivíduos portadores de DTM, comparados com indivíduos saudáveis, apresentam

maior protusão de cabeça e menor lordose cervical. Portanto, para um manejo

adequado das DTM faz-se necessário uma avaliação postural global, além da

avaliação do sistema estomatognático, observando as possíveis alterações posturais

capazes de gerar um desequilíbrio biomecânico da ATM, possibilitando ao

fisioterapeuta uma atuação terapêutica mais eficaz.

Palavras-chave: Postura, Disfunção Temporomandibular, Fotogrametria.

Page 7: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

ABSTRACT

Introduction: The temporomandibular dysfunctions (TMD) are a group of painfull

conditions or muscle-esqueletal disorders that affect the temporomandibular joint

(TMJ) and/or the masticatory muscles, as well as the other components of the

stomatognatic system. The TMD have multifactorial etiology, and the postural

imbalances are widely debated in the literature, once jaw’s biomechanical balance is

directly affected by the muscles inserted in the jaw, and indirectly affected by the

infrahyoid muscles, which, due to its muscular insertions, establish a close

relationship with the scapular girdle, sternum and hyoid bones. Objectives: To

compare head, scapular girdle, and spine cervical positions of subjects with TMD

(TDM group) with healthy subjects (Control group), using the RDC/TDM as the

diagnostic criteria, and the photogrammetry as the posture evaluation quantitative

method. Methods: 30 women were evaluated and divided in two groups, with 15

subjects each, called TMD and Control. Photos were taken in the anterior and right

profile positions, with markings in the tragus, acromioclavicular joints, occipital

protuberance; C4 and C7 processus spinosus right lateral ankle malleolus, and in the

space between the second and third right metatarsus. The photogrammetry was

performed in the Software de Avaliação Postural. All the evaluations were performed

by a single examiner. The results were compared using the t Student´s test and the

Pearson´s correlation test. Results: There was statistical difference (p < 0,05) in the

analysis of the forward head angle (AHC) and in the analysis of the cervical lordosis

(LC). There were no significant values for other parameters and for the correlation

tests with the distance of the cervical lordosis and the thoracic kyphosis compared

with the angle LC. Conclusion: Subjects with TMD compared to healthy subjects

have more forward heads and smaller cervical lordosis. Therefore, to an adequate

management of the DTM, a global posture evaluation is needed, besides the

stomatognatic system evaluation, concerning the possible postural alterations

capable to generate ATM biomechanical imbalance, enabling the physiotherapist to a

more effective therapeutic approach.

Key-words: Posture, Temporomandibular Dysfunction, Photogrammetry.

Page 8: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Página

Figura 1 – Esquematização do sistema tônico postural 13

Figura 2 – Equilíbrio da cabeça sobre a coluna cervical 14

Figura 3 – Influência muscular no equilíbrio biomecânico da ATM 15

Figura 4 – Aparelho manducatório e sua relação com as cadeias musculares

anterior e posterior. 17

Figura 5 – Planos em simetria horizontal no plano frontal anterior. 19

Figura 6 – Postura normal em perfil. 20

Figura 7 - Marcador de haste de isopor 26

Figura 8 - Demarcador de isopor cilíndrico 26

Figura 9 – Faixa elástica de cabelo, 26

Figura 10 – Registro da base de apoio no tapete, através do contorno dos pés

com giz.

28

Figura 11 – Registro fotográfico do plano frontal anterior. 29

Figura 12 – Registro fotográfico do plano lateral direito. 30

Figura 13 – Representação dos ângulos Cabeça e Ombros. 31

Figura 14 – Representação do ângulo AHC. 32

Figura 15 – Representação do ângulo AVC. 32

Figura 16 – Representação do ângulo AVCo. 33

Figura 17 – Representação gráfica das variáveis LC e DTC. 34

Figura 18 – Raio-x da coluna cervical 35

Figura 19 – Representação da inclinação da cabeça e de ombros no grupo

DTM. 41

Figura 20 – Representação da inclinação da cabeça e de ombros no grupo

Controle. 41

Figura 21 – Gráfico da correlação entre as variáveis DTC e LC através do teste

de correlação de Pearson. 43

Page 9: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1 – Distribuição da classificação dos diagnósticos encontrados no Grupo

DTM 37

Tabela 2 – Distribuição da estrutura afetada em relação ao dimídio no Grupo

DTM.

38

Tabela 3 – Distribuição da dor e sua severidade nos músculos avaliados para o

Grupo DTM.

39

Tabela 4 – Distribuição da inclinação da cabeça nos grupos DTM e Controle. 39

Tabela 5 – Distribuição do alinhamento horizontal dos ombros nos grupos DTM

e Controle.

40

Tabela 6 - Distribuição das variáveis analisadas no plano sagital para ambos os

grupos.

42

Tabela 7 – Distribuição da classificação da curvatura cervical segundo Bricot

(2001).

42

Page 10: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

SUMÁRIO

Página

1 - AS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES 8

2 - O CRITÉRIO DE DIAGNÓSTICO EM PESQUISA PARA DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES (RDC/TDM)

11

3 - ATM E POSTURA 12

4 - DTM E ALTERAÇÕES POSTURAIS 16

5 - AVALIAÇÃO POSTURAL 18

6 - FOTOGRAMETRIA E SOFTWARES DE AVALIAÇÃO POSTURAL 22

7 - OBJETIVOS 23

8 - MATERIAIS E MÉTODOS 24

8.1 - Sujeitos da Pesquisa 24

8.2 - Critérios de inclusão e exclusão 24

8.3 - Materiais 25

8.4 - Procedimentos 27

8.5 - Análise estatística 35

9 - RESULTADOS 37

10 - DISCUSSÃO 44

10.1 - Considerações 47

11 - CONCLUSÃO 48

REFERÊNCIAS 49

APÊNDICE I 53

ANEXO I 56

ANEXO II 60

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8

1. AS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES

O sistema estomatognático é composto por ossos, articulações, dentes,

músculos e sistemas vascular, linfático e nervoso. Possui como funções a

mastigação e a deglutição de alimentos, além de atuar na fala e no paladar. Os três

principais ossos desse sistema são a mandíbula, a maxila e o temporal, conectados

entre si pela articulação temporomandibular (ATM). Trata-se de uma articulação

diferenciada, tanto pela sua estrutura quanto pela sua função. Devido à

complexidade desse sistema, a ATM não deve ser analisada isoladamente.

(AMANTÉA et al., 2004; HALL; BRODY, 2001; NORKIN; LEVANGIE, 2001;

OKESON, 2000; SOLBERG, 1999).

As disfunções temporomandibulares (DTM) são um conjunto de

condições dolorosas ou de disfunções musculoesqueléticas que afetam a ATM e/ou

os músculos da mastigação, bem como os demais componentes do sistema

estomatognático. Podem ser agravadas pelo uso funcional ou parafuncional da

mandíbula, independente de moléstia local envolvendo os dentes e a boca. (NIH,

1996; SOLBERG, 1999).

Segundo dados epidemiológicos, os sinais e sintomas das DTM são

encontrados em cerca de 20 a 75% da população geral. Possuem maior prevalência

entre adultos jovens (20 a 40 anos), principalmente entre as mulheres, numa

proporção de 3 a 7 vezes mais em relação aos homens. Apesar disso, seus sinais e

sintomas são encontrados em todos os grupos etários, não havendo informações

sobre etnia ou raça mais prevalente. (ASH et al., 1998; DURHAM, 2008; GODDARD,

2005; NIH, 1996; SOLBERG, 1999).

Segundo Okeson (2000), a dor muscular é a queixa mais comum das

DTM. No entanto, várias condições diferentes compõem o quadro de sinais e

sintomas das DTM, como dor na face ou na área da ATM (sensibilidade muscular ou

Page 12: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

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articular), dores de cabeça e de ouvido, tinidos, hipertrofia da musculatura

mastigatória, limitação de movimentação bucal, incoordenação dos movimentos da

ATM, travamento articular em fechamento ou em abertura, desgaste oclusal

anormal, cliques ou saltos na mandíbula. (DURHAM, 2008; GODDARD, 2005; NIH,

1996; SOLBERG, 1999).

A intensidade dessas condições pode variar desde perceptível, mas

clinicamente insignificante, até dores severamente debilitantes. Apesar de um em

cada quatro pacientes estar ciente dos sintomas, apenas 2 a 4% da população geral

procura tratamento, devido principalmente à freqüência, persistência e severidade

dos mesmos. (DURHAM, 2008; NIH, 1996; SOLBERG, 1999).

Apesar de apresentar etiologias específicas, como artrite e trauma direto

na ATM, sabe-se que as DTM são decorrentes de múltiplos fatores, tais como

fatores centrais e periféricos (hiperatividade dos músculos da mastigação),

morfofuncionais (oclusão e alterações biomecânicas) e psicológicos (ansiedade e

tensão). Dentre esses, pode-se citar as alterações posturais como fatores

amplamente discutidos na literatura, devido à relação biomecânica existente entre os

músculos da região cervical e da cabeça e a ATM. O diagnóstico das DTM é

realizado por meio de critérios apropriados, como o Critério de Diagnóstico em

Pesquisa para Disfunções Temporomandibulares (RDC/TDM) (ANEXO I), como

também por exames de imagem e testes eletrônicos, quando indicados pela história

patológica e pelo exame clínico. A radiografia e a tomografia computadorizada são

úteis para demonstrar ou excluir outra patologia da ATM, como artrite reumatóide. A

ressonância magnética é considerada como o padrão-ouro entre os exames de

imagem para a ATM e estruturas associadas. (BIENFAT, 1999; CORRÊA; BÉRZIN,

2004; DURHAM, 2008; DWORKIN; LERESCHE, 1992; EVICK; AKSOY, 2000; HALL;

BRODY, 2001; MATTA, 2002; NIH. 1996; NICOLACKIS et al., 2002; NORKIN;

LEVANGIE, 2001; OKESON, 2000; SOLBERG, 1999).

O tratamento é baseado nas modalidades terapêuticas que abordam os

problemas musculoesqueléticos, uma vez que a dor e a disfunção da ATM os

compõem. No entanto, uma vez que vários pacientes apresentam uma disfunção

auto-limitada, os procedimentos invasivos ou irreversíveis não são indicados num

primeiro momento. Ademais, aproximadamente 80% dos pacientes têm bom ou

excelente resultado com o tratamento conservador. (SOLBERG, 1999).

Page 13: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

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As terapias não invasivas utilizadas são: o suporte educacional ao

paciente, com informações sobre os fatores agravantes, alongamentos e exercícios

de reabilitação; controle farmacológico da dor, com o uso de antiinflamatórios não

esteroídais (AINES), relaxantes musculares, antidepressivos; suportes intraorais

(placa neuromiorelaxante) e terapia oclusal; acupuntura; e fisioterapia, com correção

postural, alongamentos da musculatura cervical, exercícios terapêuticos, recursos

eletrotermofototerápicos, técnicas de relaxamento, uso de biofeedback,

massoterapia, dentre outros. (GODDARD, 2005; KOMYAMA et al., 1999; FRICTON,

1995; HALL; BRODY, 2001; KATO et al., 2006; MATTA, 2002; MEDLICOTT;

HARRIS, 2006; NICOLAKIS et al., 2002; ROSTED et al., 2006; WRIGHT et al.,

2000).

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2. O CRITÉRIO DE DIAGNÓSTICO EM PESQUISA PARA DISFUNÇÕES

TEMPOROMANDIBULARES (RDC/TDM)

O RDC/TDM é um critério diagnóstico amplamente utilizado em

pesquisas, sendo considerado padrão-ouro no diagnóstico das DTM. É composto

por dois eixos: o eixo I, para avaliação dos aspectos clínicos da DTM, e o eixo II,

para avaliação dos fatores psicológicos e psicossociais. O RDC/TDM foi traduzido e

validado para a língua portuguesa por Pereira Junior et al. (2004). Entretanto, a

validação do eixo II, com adaptações para a população brasileira, foi realizada por

Lucena et al. (2006). (DWORKIN; LERESCHE, 1992; NILSSON; LIST;

DRANGSHOLT, 2006; PEREIRA JUNIOR et al., 2004).

O RDC/TDM possibilita múltiplos diagnósticos para um mesmo indivíduo,

os quais podem ser divididos em três grupos: musculares (grupo I), deslocamento de

disco (grupo II) e distúrbios articulares, considerando artralgia, osteoartrite e

osteoartrose da ATM (grupo III). No entanto, um indivíduo poderá receber no

máximo cinco diagnósticos (um muscular; um do grupo II e um do grupo III para

cada articulação). (DWORKIN; LERESCHE, 1992).

O grupo I, desordens musculares, é dividido em dois diagnósticos: dor

miofascial ou dor miofascial com limitação de abertura. O grupo II, deslocamento do

disco, divide-se nos seguintes diagnósticos: deslocamento do disco com redução;

deslocamento do disco sem redução com abertura limitada e deslocamento do disco

sem redução sem abertura limitada. Já o grupo III divide-se em: artralgia; osteoartrite

e osteoartrose da ATM. (DWORKIN; LERESCHE, 1992).

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12

3. ATM E POSTURA

Postura pode ser definida como o arranjo relativo das partes do corpo.

Considera-se como postura correta aquela na qual a atividade muscular e o estresse

sobre as articulações são mínimos para mantê-la. Dessa forma, o equilíbrio

muscular e esquelético protege as estruturas de suporte do corpo contra lesões e

deformidades. (KENDALL, 1995; MAGEE, 2005).

O equilíbrio estático é garantido, segundo Bricot (2001), pelo sistema

tônico postural. Esse é composto por um “computador central” (núcleos vestibulares,

gânglios da base com os núcleos cinza centrais, corpo estriado, cerebelo, sistema

reticulado com os núcleos mesencefálicos, núcleos vermelhos e colículo)

responsável pelo ajuste do equilíbrio dos “efetores”, ou seja, os músculos posturais

(fibras vermelhas, tônicas ou tônico-fásicas, controladas pelo sistema extrapiramidal,

totalmente involuntárias), de acordo com as informações originadas pelos “captores”

(pés, olhos, ouvido interno, pele, articulações, músculos, captor dento-oclusal e

centros superiores), os quais associam a exterocepção e a propriocepção. No

entanto, se as informações originadas pelos captores forem assimétricas ou

patológicas, haverá, no nível do “computador central” uma adaptação, que induzirá a

um novo ajustamento postural patológico, considerado pelo organismo como correto

(Figura 1).

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Figura 1 – Esquematização do sistema tônico postural (Bricot, 2001)

O equilíbrio da cabeça sobre a coluna cervical é realizado através de uma

alavanca de primeira classe ou inter-fixa, na qual o fulcro ou ponto de apoio situa-se

sobre os côndilos occipitais, a força de resistência é representada pelo peso da

cabeça (centro de gravidade perto da sela túrcica) e a força de ação ou potência é

desenvolvida pelos músculos extensores (Figura 2). O bloqueio da mandíbula ocorre

em função da contração simultânea dos músculos mastigatórios (como o masseter e

o temporal). A estática da coluna cervical é garantida pela contração dos músculos

supra e infra-hióideos. (HALL; BRODY, 2001; OKUNO; FRATIN, 2006; KAPANDJI,

2000).

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Figura 2 – Equilíbrio da cabeça sobre a coluna cervical: plano aurículo-nasal

(AN), plano mastigatório (PM), Ponto de apoio (O), resistência (G), potência (F) e flecha

cervical (f). (Kapandji, 2000).

O equilíbrio biomecânico da ATM é influenciado diretamente pelos

músculos inseridos na mandíbula (masseter, temporal, pteriogóideo lateral e medial

e supra-hióideos) e indiretamente pelos músculos infra-hióideos que, devido às suas

inserções musculares, estabelecem uma estreita relação entre a cintura escapular,

ossos esterno e hióide (Figura 3). (MATTA, 2002).

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15

Figura 3 – Influência muscular no equilíbrio biomecânico da ATM: músculo

temporal (T), músculo masseter (M), músculos supra-hióideos (mh) e infra-hióideos

(esternocleido-hióide – ech, omohióide – oh). (Kapandji, 2000).

Dessa forma, observa-se a íntima relação anatomofuncional existente

entre ATM, coluna cervical, cintura escapular, ossos esterno e hióide. Para

complementar essa relação, há a fáscia superficialis e a aponeurose superficial

(compostas por tecido conjuntivo membranoso), que agem como uma entidade

funcional única, ligando e conectando todo o corpo, onde o menor tensionamento,

seja ativo ou passivo, repercute sobre o conjunto. (BIENFAT, 1999; HALL; BRODY,

2001; MATTA, 2002; NORKIN; LEVANGIE, 2001).

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16

4. DTM E ALTERAÇÕES POSTURAIS

O captor dento-oclusal, ou aparelho manducatório, apresenta duas

exterocepções, as duas arcadas dentárias, que estão uma em função da outra, além

de uma propriocepção muscular e articular. Portanto, os desequilíbrios desse

aparelho descompensam o sistema tônico postural (através do sistema muscular; do

sistema óculo-motor e diferentes formações centrais; da descompensação do núcleo

do XI par craniano e pela descompensação craniana) modulando a posição da

cabeça e do tronco, assim como os desequilíbrios desse sistema perturbam o

aparelho manducatório. Além disso, o aparelho manducatório estabelece a

comunicação entre as cadeias musculares anterior e posterior (Figura 4). (BRICOT,

2001).

Devido à relação existente entre os músculos da região cervical e da

cabeça, uma alteração postural da cabeça e do restante do corpo pode ocasionar

uma desvantagem biomecânica para a ATM, sendo, portanto, um fator etiológico

e/ou perpetuador de DTM. (AMANTÉA et al., 2004; BIENFAT, 1999; HALL; BRODY,

2001; MATTA, 2002; MUNHOZ; MARQUES; SIQUEIRA, 2004; NORKIN;

LEVANGIE, 2001; YI; GUEDES; VIEIRA, 2003).

Amantéa et al. (2004), em sua revisão de literatura, confirmaram a

relação entre DTM e alterações posturais. Segundo os autores, os portadores dessa

disfunção tendem a apresentar anteriorização da cabeça, aumento da lordose

cervical e desnivelamento de ombros. Munhoz, Marques e Siqueira (2004)

concluíram que indivíduos que apresentam distúrbios internos da ATM tendem a

apresentar hiperlordose cervical. Evick e Aksoy (2000), estudando a correlação entre

as patologias da ATM, cervicalgia e alterações posturais, concluíram que os

músculos do sistema estomatognático são afetados pelas mudanças da postura da

coluna cervical, gerando DTM. Yi, Guedes e Vieira (2003) concluíram que existe

Page 20: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

17

relação entre a hiperatividade dos músculos da mastigação e a postura corporal,

com as principais alterações localizadas no tronco superior. No entanto, Iunes 2007

e Duarte 2006 não estabeleceram relação entre as alterações posturais e as DTM,

concluindo que a postura do indivíduo com DTM não é diferente do indivíduo sem

DTM.

Figura 4 – Aparelho manducatório e sua relação com as cadeias musculares

anterior e posterior. (Bricot, 2001).

Page 21: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

18

5. AVALIAÇÃO POSTURAL

A avaliação postural consiste num método de exame no qual o

examinador investiga a presença de assimetrias e suas possíveis causas. É

considerada um importante instrumento para o planejamento, tratamento e

acompanhamento da evolução dos resultados da conduta fisioterápica. (IUNES et

al., 2005; MAGEE, 2005).

Clinicamente, a avaliação postural é frequentemente realizada seguindo o

método clássico descrito por Kendall (1995). Esse método, considerado qualitativo,

consiste na análise da postura do indivíduo sobre todas as vistas do ortostatismo,

utilizando-se de uma reta perpendicular ao solo (fio de prumo) para facilitar a

detecção dos desvios posturais através de pontos de referência previamente

traçados. (KENDALL, 1995; MAGEE, 2005).

Na vista anterior, o examinador deve observar as seguintes condições:

alinhamento horizontal da cabeça (simetria dos tragus); rotação da cabeça; posição

da mandíbula; alinhamento horizontal dos ombros; alinhamento entre as clavículas e

a as articulações acromioclaviculares; simetria dos mamilos; ângulos da cintura e

distância dos membros superiores em relação à cintura; ângulo de carregação em

cada cotovelo; alinhamento horizontal das cristas ilíacas; posicionamento das

patelas; alinhamento vertical dos joelhos (observar o varismo ou o valgismo);

alinhamento horizontal das cabeças das fíbulas; nivelamento entre os maléolos

laterais e entre os maléolos mediais; arco longitudinal medial do pé; abdução dos

pés; simetria do contorno dos tecidos ósseos e dos tecidos moles e; alterações da

pele do paciente (Figura 5). (BRICOT, 2001; KAPANDJI, 2000; KENDALL, 1995;

MAGEE, 2005; SANTOS, 2001).

Page 22: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

19

Figura 5 – Planos em simetria horizontal no plano frontal anterior. (Bricot, 2001).

Na vista lateral, o examinador deve observar o alinhamento entre o lóbulo

da orelha, o acrômio e o “ponto mais alto” da crista ilíaca; curvaturas da coluna

vertebral (cervical, torácica e lombar); ombros; deformidades torácicas (como o

pectus carinatum); ângulo pélvico e; joelhos (fisiológicos, flexionados ou

hiperestendidos). (BRICOT, 2001; KENDALL, 1995; MAGEE, 2005; SANTOS, 2001).

No plano sagital, a postura normal possui o eixo vertical do corpo

passando pela apófise odontóide da segunda vértebra cervical (C2) e pelo corpo

vertebral da terceira vértebra lombar (L3), tendo como projeção no solo o centro do

quadrilátero de sustentação, eqüidistante dos dois pés. Além disso, o plano glúteo e

o escapular devem estar alinhados e a distância tóraco-cervical, que é a distância

entre esse plano e o ponto mais profundo da curvatura cervical (flecha cervical, no

Page 23: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

20

ângulo póstero-inferior da quarta vértebra cervical) no adulto deve medir de 6 a 8 cm

(Figura 6). (BRICOT, 2001; KAPANDJI, 2000).

Figura 6 – Postura normal em perfil. (Bricot, 2001).

Ainda no plano sagital, a cabeça deve estar em equilíbrio com a coluna

cervical. Isso ocorre quando os olhos, o plano mastigatório (plano do contato entre

os dentes em máxima intercuspidação) e o plano aurículo-nasal (plano que passa

pela margem superior do conduto auditivo externo e pela espinha nasal) estão na

posição horizontal, como observado na Figura 2. (KAPANDJI, 2000).

Na vista posterior, o examinador deve observar o alinhamento horizontal

dos ombros; o nivelamento entre os ângulos inferiores das escápulas; a distância

das margens mediais das escápulas em relação à coluna vertebral; o alinhamento

vertical da coluna vertebral; as costelas; o nivelamento dos ângulos da cintura; a

Plano glúteo e escapular

Eixo vertical do corpo

Distância tóraco-cervical

Page 24: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

21

simetria na distância e na rotação dos membros superiores; o alinhamento horizontal

das espinhas ilíacas póstero-superiores, das pregas glúteas e das pregas poplíteas;

o tendão calcanear e o posicionamento dos calcâneos. (BRICOT, 2001; KENDALL,

1995; MAGEE, 2005; SANTOS, 2001).

Durante a prática clínica do fisioterapeuta, o método qualitativo é

frequentemente utilizado, por ser de baixo custo, não expor o paciente à

radioatividade (como as radiografias) e por não exigir muitos equipamentos.

Entretanto, Normand et al. (2002) ressaltam que a análise qualitativa da postura

corporal, utilizada em muitos estudos, dificulta a detecção de pequenas e médias

alterações. (IUNES, 2004; IUNES et al., 2005).

Para a quantificação da avaliação postural, outros métodos são utilizados,

como radiografias, fotogrametria e flexicurva (utilizando uma régua flexível)

(HEBERT; FREITAS, 2003; IUNES et al., 2005; YI; GUEDES; VIEIRA, 2003).

Page 25: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

22

6. FOTOGRAMETRIA E SOFTWARES DE AVALIAÇÃO POSTURAL

A fotogrametria é conceituada como “ a arte, a ciência e a tecnologia de

obtenção da informação confiável sobre objetos físicos e o meio ambiente, através

de processos de gravação, mediação e interpretação de imagens e padrões de

energia eletromagnéticas radiantes e outros fenômenos”. A fotogrametria utiliza a

imagem digital, obtida através de uma câmera digital ou da digitalização de uma foto

analógica, para processá-la analiticamente (computacional – software), obtendo

informações digitais sobre o processamento. (ASPRS, 2008; COELHO; BRITO,

2007).

Dessa forma, a partir de uma fotografia digital e de um software que

possibilite a mensuração de ângulos e medidas, é possível realizar a análise

postural quantitativa fotogrametria. Iunes et al. (2005), consideram-na como um

método eficaz para a avaliação de desvios e assimetrias posturais. Os softwares

utilizados para esse fim, encontrados na literatura consultada, foram o Software de

Avaliação Postural (SAPO), o Aplicativo ALCImagem – 2000 Manipulando Imagens

e o Corel Draw. (IUNES, 2004; SAPO, 2008; YI; GUEDES; VIEIRA, 2003).

O SAPO permite que fotos digitalizadas e espacialmente calibradas sejam

analisadas, fornecendo uma série de medidas relevantes para a avaliação postural.

Foi desenvolvido por Ferreira (2005), durante a elaboração de sua tese de

doutorado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, concluindo que

o SAPO possibilita a análise quantitativa do alinhamento postural de um indivíduo.

(FERREIRA, 2005; SAPO, 2008).

Page 26: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

23

7. OBJETIVOS

Comparar a posição da cabeça, da coluna cervical e da cintura escapular

de indivíduos classificados como portadores de DTM (Grupo DTM) com indivíduos

não portadores (Grupo Controle), utilizando o RDC/TDM como critério de diagnóstico

e a fotogrametria (SAPO) como método quantitativo de avaliação postural.

Page 27: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

24

8 MATERIAIS E MÉTODOS

8.1 Sujeitos da pesquisa

Para a realização desta pesquisa, foram selecionados 30 indivíduos do

sexo feminino, com idade variando de 18 a 40 anos, sem distinção de raça ou

condição sócio-econômica. O estudo foi composto por dois grupos de 15

integrantes: o grupo DTM e o Controle. Todos os voluntários foram avaliados por um

mesmo examinador, através do Eixo I do RDC/TDM, receberam informações sobre o

projeto e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (Apêndice

I), de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O protocolo

experimental desse estudo, de número 1544.235.2008 foi aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde a

pesquisa foi realizada (ANEXO II).

Os indivíduos foram recrutados voluntariamente entre os pacientes em

atendimento no Serviço de Diagnóstico e Orientações a Pacientes Portadores de

Desordem Temporomandibular (SERVIÇO ATM) da Faculdade de Odontologia da

UFJF e entre os acadêmicos do Centro de Ciências da Saúde (CCS).

8.2 Critérios de inclusão e exclusão

Ambos os grupos apresentavam os seguintes critérios de inclusão: sexo

feminino; faixa etária entre 18 e 40 anos e concordância em assinar o TCLE.

Para compor o Grupo DTM, os indivíduos foram diagnosticados como

portadores de DTM segundo o RDC/TDM. Para compor o Grupo Controle, os

indivíduos não apresentaram tal diagnóstico, seguindo a mesma avaliação.

Os critérios de exclusão considerados foram: indivíduos que possuíssem

alterações posturais provenientes de fatores estruturais, ou seja, decorrentes de

anormalidades ósseas; gestantes; portadores de doença pulmonar obstrutiva

Page 28: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

25

crônica; com histórico de traumas ortopédicos na ATM e/ou cirurgias orofaciais; que

relatassem serem portadores de doença sistêmica ou degenerativa; com problemas

neurológicos; deficiência física e os que se recusassem a assinar o TCLE.

8.3 Materiais

Foram utilizados os seguintes materiais:

Paquímetro de plástico para a mensuração da abertura bucal máxima;

Luva descartável;

Máquina digital SAMSUNG S630®;

Cartão de memória SD PQ1® (1 GB);

Tripé – Greika 3131®;

Computador AM2 ATHLON64 3000®;

Etiquetas auto-adesivas azuis de 13mm de diâmetro – Pimaco®;

Fita dupla face 3M®;

Demarcador de isopor cilíndrico (10mm de diâmetro e de altura) (Figura

8);

Tapete de papelão fino (1 m x 0,5m);

Giz;

Marcador de haste de isopor (com suporte em arame) de 10mm de

diâmetro e 6 cm de comprimento (Figura 7);

Marcador de papelão vermelho (15cm de comprimento; 4cm de altura);

Faixa elástica de cabelo (Figura 9);

Prendedor de cabelo;

Prendedor de roupa;

Fio de prumo;

Trena.

Page 29: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

26

Figura 7 - Marcador de haste de isopor (com suporte em arame) de 10mm de diâmetro e 6

cm de comprimento.

Figura 8 - Demarcador de isopor cilíndrico (10mm de diâmetro e de altura).

Figura 9 – Faixa elástica de cabelo, utilizada para auxiliar na marcação do ponto referente à

protuberância occipital externa.

Page 30: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

27

8.4 Procedimentos

A avaliação da ATM foi realizada por um único examinador. Para isso, o

voluntário encontrava-se sentado numa cadeira, como sugerido pelo RDC/TDM.

Todas as instruções de avaliação fornecidas pelo critério de diagnóstico escolhido

foram cuidadosamente seguidas. Não foram utilizados exames complementares

para a exclusão de patologias que acometem a ATM e estruturas associadas.

A partir de então, os voluntários receberam os esclarecimentos iniciais

com relação à marcação dos pontos anatômicos selecionados e ao registro

fotográfico.

Os pontos anatômicos demarcados foram:

Tragus (bilateralmente);

Articulação acromioclavicular (bilateralmente);

Maléolo lateral direito;

Ponto entre a cabeça do 2º e 3º metatarso direito;

Protuberância occipital externa;

Processo espinhoso de C4;

Processo espinhoso de C7.

A demarcação foi realizada por um único examinador, seguindo as

orientações de Hoppenfeld (1997). Os tragus, o maléolo lateral direito e o ponto

entre a cabeça do 2º e 3º metatarso direito foram demarcados com etiquetas auto-

adesivas azuis da marca Pimaco®. As articulações acromioclaviculares foram

demarcadas com isopor cilíndrico (10 mm de diâmetro e de altura) presos com fita

dupla face. A protuberância occipital externa e os processos espinhos de C4 e C7

foram demarcados com marcador de haste de isopor (com suporte em arame) de

10mm de diâmetro e 6 cm de comprimento presos com fita dupla face.

A faixa elástica de cabelo foi utilizada na marcação da protuberância

occipital externa, devido à presença de cabelo. A faixa contém velcro para a

adequada adaptação e fixação na cabeça do voluntário, possibilitando uma

marcação precisa deste ponto anatômico (Figura 9). Caso o voluntário apresentasse

cabelo longo ou que impossibilitasse a visualização do marcador, o mesmo era

preso utilizando um prendedor de cabelo.

O prendedor de roupa foi utilizado quando o voluntário não apresentava

uma vestimenta do tronco superior adequada para a visualização do ponto mais

Page 31: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

28

proeminente da coluna torácica. Então, o prendedor de roupas foi utilizado para

ajustar o tecido no tórax de modo que fosse possível a detecção e visualização

desse ponto, sem comprometer a confiabilidade da referência anatômica utilizada.

Para o registro fotográfico, os voluntários apresentavam os pontos

demarcados descobertos. Permaneciam na postura ortostática, em local

previamente demarcado, a uma distância de três metros do centro da lente da

máquina fotográfica. Esta estava posicionada a um metro distância do chão e

paralela ao solo (confirmada através da bolha de imersão do tripé). No fio de prumo

havia duas marcações posicionadas a um metro de distância, utilizadas para a

calibração do software utilizado.

Foram realizados dois registros fotográficos, um na visão frontal anterior e

outro na visão lateral direita. Para ambos, apenas um comando verbal foi utilizado:

“olhe para frente e relaxe”, para evitar a interferência verbal na postura do voluntário.

As imagens digitais eram obtidas numa resolução de 2048 x 1536 pixels e em todos

os registros, o flash estava ativado. A sala era bem iluminada, com fundo não

reflexivo e reservada, permitindo a privacidade do voluntário avaliado.

Primeiramente foi realizado o registro frontal anterior. Para isso, o

voluntário posicionava-se no tapete e permanecia numa postura confortável. Então

as bordas de seus pés eram demarcadas com giz (Figura 10), de forma que no

próximo registro o indivíduo permanecesse sob a mesma base de apoio. O comando

verbal era dado e realizava-se o registro fotográfico do voluntário (Figura 11).

Figura 10 – Registro da base de apoio no tapete, através do contorno dos pés com giz.

Page 32: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

29

Figura 11 – Registro fotográfico do plano frontal anterior.

Para o registro da visão lateral direita, o tapete era posicionado com uma

rotação de 90° com relação ao primeiro registro. O voluntário foi posicionado sob a

mesma base de apoio do registro anterior e, o marcador de papelão vermelho (15cm

comprimento e 4cm de altura) posicionado em contato com a borda posterior do

calcâneo direito (Figura 12).

Page 33: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

30

Figura 12 – Registro fotográfico do plano lateral direito.

As fotos foram salvas no cartão de memória e transferidas para o

computador AM2 ATHLON64 3000® para a análise postural no Software de

Avaliação Postural (SAPO) versão 0.68 - julho de 2007.

Page 34: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

31

Os ângulos analisados no plano frontal anterior foram:

Cabeça: relativo ao alinhamento horizontal da cabeça, tendo como

referência os tragus (Figura 13);

Ombro: relativo ao alinhamento horizontal dos ombros, tendo como

referência as articulações acromioclaviculares (Figura 13).

Figura 13 – Representação dos ângulos Cabeça e Ombros.

Os ângulos analisados no plano sagital (vista lateral direita) foram:

AHC: alinhamento horizontal da cabeça, obtido através da demarcação

do tragus direito e do processo espinhoso de C7 (Figura 14);

Page 35: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

32

Figura 14 – Representação do ângulo AHC.

AVC: alinhamento vertical da cabeça, obtido através da demarcação do

tragus direito e da articulação acromioclavicular direita (Figura 15);

Figura 15 – Representação do ângulo AVC.

Page 36: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

33

AVCo: alinhamento vertical do corpo, obtido através da demarcação da

articulação acromioclavicular direita e do maléolo lateral direito (Figura 16);

Figura 16 – Representação do ângulo AVCo.

LC: lordose cervical. Para a análise deste, foi traçada uma vertical na

extremidade posterior do demarcador de papelão vermelho e uma reta perpendicular

a essa, a partir do processo espinhoso de C4, formando um ponto (PLC) de

interseção. Duas outras retas são traçadas de encontro ao PLC: uma partindo da

protuberância occipital externa e outra do processo espinhoso de C7. O ângulo

formado entre essas duas últimas retas, com centro em PLC, é o ângulo da lordose

cervical, segundo Iunes (2004) (Figura 17).

Page 37: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

34

Figura 17 – Representação gráfica das variáveis LC e DTC.

Ainda foi calculada a distância tóraco-cervical (DTC). Para isso foi traçada

uma vertical no ponto mais proeminente da coluna torácica e uma perpendicular a

essa, partindo do processo espinhoso de C4 (Figura 17). Padronizamos esse ponto

como ponto mais profundo da coluna cervical, uma vez que para Kapandji, a flecha

da lordose cervical coincide no ângulo póstero-inferior de C4, do qual sua projeção

coincide no processo espinhoso dessa vértebra (Figuras 2 e 18).

Page 38: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

35

Figura 18 – Raio-x da coluna cervical demonstrando a projeção do ângulo póstero-inferior de

C4, através de uma reta paralela ao solo, em seu processo espinhoso. Fonte:

http://boneandspine.com/wp-content/uploads/2008/02/cervical_spine.jpg.

As fotos dos voluntários foram analisadas no SAPO e, para isso, primeiro

foram calibradas as escalas da imagem a partir do fio de prumo que, além de nos

informar uma reta vertical perfeita, ainda possuía duas marcações que distanciavam-

se em 100 cm para calibrar a medida de distâncias no software. Após, os pontos

anatômicos foram demarcados, segundo protocolo pré-estabelecido no software,

utilizando um ajuste de zoom em 200% da imagem atual. Ao terminar de traçar as

retas e marcar os pontos anatômicos, o software fornecia as medidas em suas

próprias unidades (graus ou centímetros).

8.5 Análise estatística

Foi realizada a comparação entre os ângulos e medida acima citados,

obtidos através da fotogrametria computadorizada utilizando o software SAPO, entre

o grupo DTM e o grupo Controle. Além disso, foi realizado o teste de correlação

Page 39: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

36

entre o ângulo LC e a medida DTC, utilizando os trinta voluntários, uma vez que

ambos avaliam a lordose cervical.

Para a comparação entre os ângulos e medida entre os grupos, foi

utilizado o Teste t de Student, estabelecendo p < 0,05 como nível referência de

significância. O Teste de Correlação de Pearson foi utilizado para comparar as

variáveis LC e DTC. Ambos os testes foram realizados no softwre SPSS versão

13.0.

Page 40: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

37

9. RESULTADOS

O Grupo DTM foi composto por 15 voluntários do sexo feminino, com

faixa etária entre 18 e 40 anos (28,4 ± 7,79) e apresentou 29 diagnósticos segundo a

avaliação da ATM. O número de diagnósticos total obtidos distribuídos por grupo

está apresentado na Tabela 1. O Grupo Controle foi composto por 15 voluntários do

sexo feminino, com faixa etária entre 18 e 38 anos (25,2 ± 3,71).

Tabela 1 – Distribuição da classificação dos diagnósticos encontrados no Grupo DTM.

Grupo Diagnóstico Quantidade

A – Dor Miofascial 11 I - Desordens

Musculares B – Dor Miofascial Com Limitação de

Abertura 2

A – Com Redução 4

B – Sem Redução, Com Abertura

Limitada 1 II - Deslocamentos

de Disco C - Sem Redução, Sem Abertura

Limitada 0

A – Artralgia 10

B – Osteoartrite da ATM 1 III

C – Osteoartrose da ATM 0

O primeiro item do exame físico “Você tem dor no lado direito da sua face,

esquerdo ou ambos?”, revelou, no Grupo DTM que 9 (60%) voluntários possuíam

dor em ambos os lados, 4 (26,6%) no lado esquerdo, 1 (6,6%) no lado direito e 1

(6,6%) não apresentava dor.

Page 41: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

38

O segundo item do exame físico “Você poderia apontar as áreas aonde

você sente dor?”, avalia a percepção subjetiva da dor presente. A resposta do

indivíduo é classificada como muscular, articular, ambas ou nenhuma dor,

considerando os dois dimídios da face. O resultado dessa avaliação nos indivíduos

do grupo DTM está apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição da estrutura afetada em relação ao dimídio no Grupo DTM.

Dor Direito Esquerdo

Nenhuma 6 3

Articular 2 2

Muscular 2 3

Ambas 5 7

O oitavo e o décimo item avaliam a dor muscular à palpação, extra-oral e

intra-oral respectivamente, nos quais o indivíduo pontua a sua dor num score

graduado de 0 a 3, no qual 0 o indivíduo não sente dor, mas apenas a pressão da

palpação, 1 dor leve, 2 dor moderada e 3 dor severa.

A região mandibular posterior (estilo-hióide/região posterior do digástrico)

e o masseter médio foram os mais relatados como dolorosos no dimídio direito,

sendo que a região mandibular posterior e a área do pterigoide lateral foram a que

obtiveram maior grau de severidade (maior somatório do score). Para o dimídio

esquerdo, o tendão do temporal obteve maior grau de severidade, seguido pela

região mandibular posterior (estilo-hióide/região posterior do digástrico), que também

foi relatada como a mais dolorosa. Em contrapartida, o temporal posterior do dimídio

direito foi tanto o menos relatado como doloroso quanto o que obteve menor grau de

severidade. Já para o dimídio esquerdo, o temporal posterior continuou sendo

relatado como o de menor severidade, mas a região submandibular (ptrigóide

medial/ supra-hióide/ região anterior do digástrico) foi relatada como a menos

dolorosa. Ver detalhes na Tabela 3.

Page 42: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

39

Tabela 3 – Distribuição da dor e sua severidade nos músculos avaliados para o Grupo DTM.

Direito Esquerdo Músculos Palpados

∑score Relatos ∑score Relatos

Temporal posterior 4 3 7 6

Temporal médio 6 4 12 8

Temporal anterior 10 5 17 9

Masseter superior 14 7 14 8

Masseter médio 15 8 16 10

Masseter inferior 15 7 16 8

Região mandibular posterior

(estilo-hióide/região posterior do

digástrico)

16 8 18 11

Região submandibular (ptrigóide

medial/ supra-hióide/ região

anterior do digástrico)

9 4 8 5

Área do pterigóide lateral 16 7 17 9

Tendão do temporal 11 5 19 9

A distribuição do ângulo Cabeça, de ambos os grupos, avaliado no plano

frontal anterior, com o número de indivíduos segundo a inclinação da cabeça (para a

direita, para a esquerda ou alinhada), acompanhado da média e do desvio-padrão

está apresentada na Tabela 4. Este ângulo não apresentou nível de significância

estatística (p = 0,551).

Tabela 4 – Distribuição da inclinação da cabeça nos grupos DTM e Controle.

Grupo DTM Grupo Controle Inclinação da

Cabeça para Nº indivíduos Média ± DP Nº indivíduos Média ± DP

Direita 8 5,89 ± 3,54 8 2,48 ± 1,00

Esquerda 7 4,43 ± 1,92 5 3,40 ± 0,87

Alinhada 0 0 ± 0 2 0 ± 0

Total 15 2,95 ± 2,83 15 2,35 ± 1,45

Page 43: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

40

A distribuição do ângulo Ombro, de ambos os grupos, avaliado no plano

frontal anterior, com o número de indivíduos segundo a inclinação dos ombros (para

a direita, para a esquerda ou alinhados), acompanhado da média e do desvio-

padrão está apresentada na Tabela 5. Este ângulo não apresentou nível de

significância estatística (p = 0,177).

Tabela 5 – Distribuição do alinhamento horizontal dos ombros nos grupos DTM e Controle.

Grupo DTM Grupo Controle Ombro mais

elevado Nº indivíduos Média ± DP Nº indivíduos Média ± DP

Direito 5 1,12 ± 0,58 6 0,75 ± 0,57

Esquerdo 9 1,32 ± 0,94 9 2,23 ± 0,78

Alinhados 1 1 ± 1 0 0 ± 0

Total 15 1,17 ± 0,84 15 1,82 ± 0,96

No Grupo DTM 11 indivíduos apresentaram a inclinação da cabeça com a

elevação do ombro contralateral, ou seja, se a inclinação da cabeça é para a direita

o ombro esquerdo está mais elevado e vice-versa (Figura 19). Nos gráficos abaixo, o

eixo das abscissas representa os quinze indivíduos e, o eixo das ordenadas,

demonstra a inclinação da cabeça e elevação dos ombros. Valor positivo para a

cabeça significa que ela está inclinada para a direita e, para os ombros, significa que

o esquerdo está mais elevado que o direito. Valor nulo significa (ausência de barra)

alinhamento horizontal, tanto para a cabeça quanto para os ombros. No entanto, no

grupo Controle 10 indivíduos apresentaram inclinação da cabeça para um lado com

elevação do ombro homolateral à inclinação (Figura 20) . Ver gráfico abaixo.

Page 44: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

41

Inclinação Cabeça/Ombros DTM

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

CabeçaOmbros

Figura 19 – Representação da inclinação da cabeça e de ombros no grupo DTM.

Inclinação Cabeça/Ombros Controle

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

CabeçaOmbros

Figura 20 – Representação da inclinação da cabeça e de ombros no grupo

Controle.

A distribuição das variáveis analisadas no plano sagital para ambos os

grupos, acompanhadas dos seus respectivos valores de média, desvio-padrão e

resultados do Teste t de Student (p) estão apresentadas na Tabela 6.

Page 45: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

42

Tabela 6 - Distribuição das variáveis analisadas no plano sagital para ambos os

grupos.

Variáveis Grupo DTM Grupo Controle p

AHC 49,14 ± 3,66 53,58 ± 2,85 0,001*

AVC 11,30 ± 6,41 14,98 ± 8,11 0,174

AVCo 1,80 ± 0,72 1,54 ± 0,68 0,306

LC 40,7 ± 5,29 34,06 ± 5,74 0,004*

DTC 7,31 ± 1,04 7,41 ± 1,51 0,829

* Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05)

A distribuição da classificação da lordose cervical, segundo Bricot (2001),

para ambos os grupos foi idêntica, como apresentada na tabela 7.

Tabela 7 – Distribuição da classificação da curvatura cervical segundo Bricot (2001).

Classificação Grupo DTM Grupo Controle

Retificação (< 6,0 cm) 2 2

Fisiológica (6,0 ≤ DTC ≤ 8,0 cm) 8 8

Hiperlordose (> 8,0 cm) 5 5

O Teste de Correlação de Pearson aplicado para a analisar as variáveis

LC e DTC, tendo uma amostra de 30 valores, apresentou o valor de 0,330. O gráfico

demonstra essa correlação (figura 21).

Page 46: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

43

Figura 21 – Gráfico do Teste de Correlação de Pearson entre as variáveis DTC e LC.

25,00 30,00 35,00 40,00 45,00

LC

4,00

6,00

8,00

10,00

DTC

Page 47: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

44

10 DISCUSSÃO

A amostra do Grupo DTM (15 mulheres) apresentou idade média (28,4 ±

7,79 anos) semelhante ao Grupo DTM Mista (30 mulheres) do estudo de Iunes

(2007) (28,13 ± 9,42 anos). No entanto, a distribuição da porcentagem de indivíduos

distribuídos nas possibilidades de diagnóstico não foram semelhantes para o Grupo I

(desordens musculares), uma vez que encontramos cerca de 45% dos pacientes

nesse grupo e Iunes encontrou 100% e, Grupo II (deslocamentos de discos), no qual

encontramos cerca de 17% dos pacientes nesse grupo e Iunes 80%. No entanto, a

porcentagem de indivíduos no Grupo III (artralgia, osteoartrite e osteoartrose da

ATM) foi semelhante entre os estudos.

Segundo Okeson (2000), a dor muscular é a queixa mais comum das

DTM, entretanto, observamos que a queixa mais comum, segundo a interpretação

do segundo item do exame físico, foi dor muscular e articular simultaneamente, em

ambos os dimídios, acompanhados pela dor muscular e, por fim, a dor articular.

Segundo REGO FARIAS et al. (2001), a cabeça tende a ficar inclinada

para o lado da ATM afetada assim como o ombro tende a estar protruído ou elevado

do mesmo lado da ATM afetada. Assim, configura-se um quadro no qual haverá a

inclinação da cabeça para um lado e a elevação ou protrusão do ombro homolateral.

Nossos resultados foram contrários, uma vez que o Grupo DTM apresentou a

tendência da inclinação da cabeça para um lado com a elevação do ombro

contralateral (11 indivíduos).

Não foi encontrada diferença estatística significativa na comparação da

variável Cabeça entre os grupos, assim como Iunes (2007), Araújo (2005) e Duarte

(2006), concluindo que a alteração da postura da cabeça no plano frontal do

indivíduo portador de DTM não é diferente do indivíduo sem DTM, ao contrário de

Amantéa et al.(2004). No entanto, tendo como base os valores de referência do

Page 48: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

45

banco de dados do SAPO (1 ± 3), para mulheres de 18 a 40 anos, tanto o grupo

DTM (2,95 ± 2,83) quanto o Controle (2,35 ± 1,45) estão com média dos valores

angulares para a inclinação da cabeça no plano frontal superiores. Entretanto,

salienta-se que a postura ideal ou correta seria o alinhamento horizontal da cabeça.

Destaca-se, ainda, que a média dos valores de inclinação da cabeça para um lado

(quer seja o direito quer o esquerdo) foi superior no Grupo DTM em relação ao

Grupo Controle, sugerindo que, se presente a DTM, os valores angulares para uma

mesma alteração postural da cabeça no plano frontal tendem a ser maiores.

Assim como Iunes (2007), Araújo (2005) e Duarte (2006), não

encontramos diferença estatística significativa na comparação da variável Ombros

entre os grupos, ao contrário do sugerido por Amantéa et al. (2004) e encontrado por

Yi, Guedes & Vieira (2003), que correlacionam a hiperatividade dos músculos da

mastigação e o não nivelamento dos ombros. Além disso, comparando com os

valores de referência do banco de dados do SAPO (2 ± 1) para mulheres de 18 a 40

anos, tanto o Grupo DTM (1,17 ± 0,84) quanto o Grupo Controle (1,82 ± 0,96) estão

com média dos valores angulares para a inclinação dos ombros no plano frontal

semelhantes (SAPO, 2008). Concluímos, portanto, que a alteração da postura dos

ombros no plano frontal do indivíduo portador de DTM não é diferente do indivíduo

sem DTM, apesar da postura ideal ou correta não possuir inclinação dos ombros.

A variável AVC apresentou média no Grupo DTM 11,30 ± 6,41 e, no grupo

Controle 14,98 ± 8,11. Não foi encontrado nível de significância determinado para

essa variável (p = 0,174). Segundo a base de dados do SAPO, o valor de referência

para esta variável é igual a zero, no entanto, o valor de referência para uma

população do sexo feminino com idade entre 18 e 40 anos é 19 ± 9 (SAPO, 2008).

Não foi encontrado na literatura consultada outro registro de análise desse ângulo.

A análise da variável AVCo não estabeleceu nível de significância

estatística entre os grupos. Os valores médios dessa variável do Grupo DTM (1,80 ±

0,72) e do Grupo Controle (1,54 ± 0,68) são semelhantes, assim como estão de

acordo com o valor médio fornecido na base de dados do SAPO (1 ± 2), para uma

população feminina de 18 a 40 anos. (SAPO, 2008).

A média do valor de AHC do Grupo DTM (49,19 ± 3,66) foi menor que a

do Grupo Controle (53,58 ± 2,85). Nossos resultados são similares ao de Iunes

(2007) que encontrou 50,9 ± 5,21 para o Grupo DTM Mista e 51,5 ± 0,21 para o

Grupo Controle, no entanto Evick & Aksoy (2000) encontraram valores menores para

Page 49: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

46

o Grupo Pacientes (39,00 ± 5,96) e maiores para o Grupo Controle (59,00 ± 11,72).

Já o valor de referência da base de dados do SAPO para mulheres de 18 a 40 anos

atribui como valor médio 51 ± 10, que é semelhante ao valor de ambos os grupos de

nosso estudo, apesar de não especificar um valor de referência (SAPO, 2008). Ao

comparar a significância estatística entre os grupos, encontramos p = 0,0001,

corroborando com os resultados de Evick & Aksoy (2000) (p < 0,001), determinando

que os indivíduos portadores de DTM apresentam uma maior protrusão de cabeça,

como sugerido por Amantéa et al. (2004), REGO FARIAS et al. (2001) (63,3%) e

FRICTON et al. (1985) (84,7%). No entanto, para o nível de significância estatística,

Iunes (2007) encontrou uma relação falsa (p = 0,21)

A média do valor da variável LC para o Grupo DTM foi 40,7 ± 5,29 e, para

o Grupo Controle 34,06 ± 5,74. Iunes encontrou os valores 35,5 ± 7,82 e 34,3 ± 7,98

para cada grupo, respectivamente. No entanto, foi encontrado no presente estudo

nível de significância igual a p = 0,004 e, Iunes (2007) encontrou p = 0,69. Essa

diferença pode ser justificada pela diferença encontrada nos valores médios dos

grupos DTM. Araújo (2005) também não encontrou diferença na postura da lordose

cervical comparando indivíduos com DTM e sem DTM. Portanto, concluímos que

pacientes portadores de DTM tendem a possuir a lordose cervical menos acentuada,

o que não caracteriza uma retificação da lordose cervical, uma vez que não há

valores de referência para essa medida.

Quanto à variável DTC, não foi encontrado diferença na classificação da

lordose cervical entre os grupos, uma vez que foram iguais quanto à quantidade de

indivíduos em cada classificação, como observado por Iunes (2007) e Araújo (2005).

No entanto, 53% de nossa amostra apresentou lordose cervical fisiológica, 33%

apresentou hiperlordose cervical e 14% apresentou retificação da lordose cervical,

resultados diferentes de Amantéa et al. (2004), que afirmou que em indivíduos

portadores de DTM prevalece hiperlordose cervical, como observado por Munhoz,

Marques & Siqueira (2004) e Yi, Guedes & Vieira (2003). Já REGO FARIAS et al.

(2001) observaram que 90% de sua amostra apresentava retificação da lordose

cervical.

Para as variáveis que avaliam a magnitude da lordose cervical, LC e DTC,

observamos a tendência de uma relação inversamente proporcional, apesar do nível

de correlação estatística não ser ideal. No entanto, sugere-se o estudo dessa

Page 50: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

47

correlação em estudos futuros comparando amostras maiores. Não foi encontrada

na literatura consultada a correlação entre essas variáveis.

Portanto, o quadro de protrusão de cabeça associada a uma menor

lordose cervical, como encontrado no Grupo DTM do presente estudo, faz com que

os músculos supra-hióideos estejam encurtados e os infra-hióideos alongados,

reduzindo ou eliminando o espaço livre quando a mandíbula está em repouso. Com

isso, o osso hióide será reposicionado superiormente, em proporção ao grau de

redução da lordose cervical ou ao aumento da protrusão de cabeça. (HALL; BRODY,

2001).

10.1 Considerações

Pode-se citar, como um dos fatores limitantes do presente estudo, o

tamanho amostral, se comparado a outros trabalhos. Iunes (2007) e Araújo (2005),

em seus estudos, apresentaram 90 e 100 indivíduos, respectivamente. Já Munhoz,

Marques e Siqueira (2004), Yi, Guedes e Vieira (2003) e Evick e Aksoy (2000)

apresentaram em seus estudos, respectivamente, 50, 53 e 38 indivíduos. No

entanto, a amostra do presente estudo (30 indivíduos) é similar à de Duarte (2006)

que apresentou 32 indivíduos.

Embora exames complementares de imagem sejam utilizados para

demonstrar e/ou excluir outra patologia na ATM e estruturas associadas que possam

ser fatores etiológicos de DTM, esses não foram utilizados como procedimentos do

presente estudo, assim como nos estudos de Iunes (2007), Duarte (2006), Araújo

(2005), Munhoz, Marques e Siqueira (2004), Yi, Guedes e Vieira (2003), e Evick e

Aksoy (2000). (DURHAM, 2008; DWORKIN; LERESCHE, 1992).

Sugere-se, portanto, que estudos futuros envolvendo uma maior

população e utilizando exames complementares de imagem devam ser conduzidos

para comparar a postura de indivíduos portadores de DTM com indivíduos

saudáveis, além de verificar a correlação entre as variáveis LC e DTC.

Page 51: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

48

11 CONCLUSÃO

O presente estudo evidencia através de seus resultados, que indivíduos

portadores de DTM, classificados pelo Eixo I do RDC/TDM, quando comparados

com indivíduos saudáveis, apresentam alterações posturais que podem ser fatores

etiológicos/perpetuadores dessa disfunção, como maior protusão de cabeça e menor

lordose cervical, avaliados através da fotogrametria. Assim, destacamos a

importância da prática de uma avaliação/atenção global ao paciente, não somente

ao portador de DTM, que influenciará diretamente na abordagem terapêutica

fornecida aos mesmos. Portanto, para um manejo adequado das DTM faz-se

necessário uma avaliação postural global, além da avaliação do sistema

estomatognático, observando as possíveis alterações posturais capazes de gerar

um desequilíbrio biomecânico da ATM, possibilitando ao fisioterapeuta uma atuação

terapêutica mais eficaz.

Page 52: rafael da silva scari associação entre as alterações posturais da

49

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53

APÊNDICE I Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

NOME DO SERVIÇO DO PESQUISADOR: “ASSOCIAÇÃO ENTRE AS ALTERAÇÕES POSTURAIS DA CINTURA ESCAPULAR, COLUNA CERVICAL E CABEÇA EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR” PESQUISADOR RESPONSÁVEL: VANUSA CAIAFA CAETANO ENDEREÇO: RUA JOSÉ ESTEVES DE OLIVEIRA, 75/302 – BAIRRO MANSÕES DO BOM PASTOR CEP: 36.021-710 – JUIZ DE FORA – MG FONE: (32) 3229-3843/9104-6675 E-MAIL: [email protected] Identificação do voluntário: Nome: _____________________________________________________________________ Data Nasc.: ____/____/______ . Idade: ____. Naturalidade: __________________________ Estado Civil: _______________. RG: _______________________ CPF: _________________. Rua:_____________________________________. Complemento: _____________ Bairro: _______________________. Cidade: _______________________________ CEP: ___________________. Estado:______. E-mail:________________________ Tel. Residencial: ( )_________________. Tel. Comercial: ( ) ________________

A Sra. está sendo convidada como voluntária a participar da pesquisa “ASSOCIAÇÃO ENTRE

AS ALTERAÇÕES POSTURAIS DA CINTURA ESCAPULAR, COLUNA CERVICAL E CABEÇA EM

INDIVÍDUOS PORTADORES DE DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR”. Neste

estudo pretendemos verificar a associação entre as alterações posturais da cintura escapular, da coluna

cervical e da cabeça mais freqüentes nos indivíduos portadores de disfunção da articulação

tempromandibular (DTM), bem como verificar se há relação entre essas alterações e as DTM.

O motivo que nos leva a estudar é a ampla discussão na literatura das alterações posturais serem

fatores desencadeadores e perpetuantes das DTM, devido à íntima relação anatomofuncional entre a

articulação temporomandibular, coluna cervical, cintura escapular, ossos esterno e hióide. Para

investigar as possíveis alterações posturais que possam contribuir para o aparecimento ou manutenção

da DTM, utiliza-se a avaliação postural, que consiste num método de exame no qual o examinador

investiga a presença de assimetrias e suas possíveis causas.

Portanto, para este estudo iremos utilizar fotografias digitais para a avaliação postural

computadorizada. Para isso, os voluntários responderão um questionário e passarão por um exame

clínico, seguindo o formulário de Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Desordens

Temporomandibulares (RDC/TMD), para, então, serem tiradas as fotografias em visão anterior e

lateral.direita. Pontos anatômicos necessários à avaliação computadorizada serão marcados com fita

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54

dupla face e bolas de isopor. Estes serão o trago das orelhas, protuberância occipital externa, processos

espinhos das vértebras C4 e C7, as articulações acromioclaviculares, o maléolo lateral direito e o espaço

entre as cabeças do 2º e 3º metatarsos.

A sala para a avaliação postural será bem iluminada, aquecida e assegurará a privacidade do

voluntário a ser fotografado durante a coleta de dados. Caso durante a avaliação para diagnóstico de

DTM o voluntário apresente a confirmação deste e não esteja em tratamento, esse será encaminhado

para o Serviço de Diagnóstico e Orientações a Pacientes Portadores de Desordem Temporomandibular

(SERVIÇO ATM) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Os

riscos para esta pesquisa são mínimos.

Para participar deste estudo, classificado como risco mínimo, você não terá nenhum custo, nem

receberá qualquer vantagem financeira. Qualquer dano comprovadamente causado pelos procedimentos

aos quais o voluntário será submetido, será ressarcido por quem de direito. Você será esclarecida sobre o

estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá

retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é

voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que

é atendido pelo pesquisador

O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da

pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua

participação não será liberado sem a sua permissão. O (A) Sr (a) não será identificado em nenhuma

publicação que possa resultar deste estudo. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas

vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, no Centro Ciências da Saúde da

UFJF e a outra será fornecida a você.

Eu, ____________________________________________, portador do documento de Identidade

____________________ fui informada dos objetivos do estudo “ASSOCIAÇÃO ENTRE AS

ALTERAÇÕES POSTURAIS DA CINTURA ESCAPULAR, COLUNA CERVICAL E CABEÇA EM

INDIVÍDUOS PORTADORES DE DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR”, de

maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar

novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.

Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de

consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.

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55

Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 2008.

Nome Assinatura participante Data

Nome Assinatura pesquisador Data

Nome Assinatura testemunha Data

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o

CEP- COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/UFJF

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA

CEP 36036.900

FONE:32 3229 3788

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56

ANEXO I

ASSOCIAÇÃO ENTRE AS ALTERAÇÕES POSTURAIS DA CINTURA ESCAPULAR, COLUNA CERVICAL E CABEÇA EM INDIVÍDUOS PORTADORES

DE DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR Nome: ________________________________________________________________

Idade: ____. Data Avaliação: ___/____/ 2008

QUESTIONÁRIO

RDC/TDM 1.Você já teve dor na face, nos maxilares, têmpora, na frente do ouvido ou no ouvido no mês passado? (3)

a. Não (0) b. Sim (1)

2. Nos últimos 6 meses, o quanto esta dor facial alterou a sua capacidade de trabalhar (incluindo serviços domésticos), onde 0 é “nenhuma alteração” e 10 é “alteração extrema”? (13) Nenhuma alteração 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Alteração extrema 3. Você alguma vez teve travamento articular de forma que não foi possível abrir a boca por todo o trajeto? (14a)

a. Não (0) b. Sim (1)

4. Esta limitação de abertura mandibular foi severa a ponto de interferir com a sua capacidade de mastigar? (14b)

a. Não (0) b. Sim (1)

EXAME FÍSICO

1. Você tem dor no lado direito da sua face, esquerdo ou ambos? a. Nenhum b. Direito c. Esquerdo d. Ambos

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57

2. Você poderia apontar as áreas aonde você sente dor?

3. Padrão de abertura

a. Reto b. Desvio lateral direito (não corrigido) c. Desvio lateral direito corrigido (“S”) d. Desvio lateral esquerdo (não corrigido) e. Desvio lateral esquerdo corrigido (“S”) f. Outro tipo: _________________________________

4. Extensão de movimento vertical (11 e 21) a. Abertura sem auxílio e sem dor: ________mm b. Abertura máxima sem auxílio: _______mm c. Abertura máxima com auxílio: ________mm d. Transpasse incisal vertical: _______mm

Tabela para os itens b e c Dor Muscular Dor Articular

Nenhuma (b) (c) Nenhuma (b) (c) Direito (b) (c) Direito (b) (c)

Esquerdo (b) (c) Esquerdo (b) (c) Ambos (b) (c) Ambos (b) (c)

5. Ruídos Articulares (Palpação)

a. Abertura Direito Esquerdo

Nenhum Estalido (mm)

Crepitação Grosseira Crepitação Fina

b. Fechamento

Direito EsquerdoNenhum

Estalido (mm) Crepitação Grosseira

Crepitação Fina

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c. Estalido recíproco eliminado durante a abertura protrusiva: Direito Esquerdo

Sim Não NA

6. Excursões

a. Lateral direita: _____mm b. Lateral esquerda: _____mm c. Protrusão: _____mm

Tabela para os itens a, b e c Dor Muscular Dor Articular

Nenhuma (a) (b) (c) Nenhuma (a) (b) (c) Direito (a) (b) (c) Direito (a) (b) (c)

Esquerdo (a) (b) (c) Esquerdo (a) (b) (c) Ambos (a) (b) (c) Ambos (a) (b) (c)

d. Desvio de linha média: _____mm para a _______. NA e.

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ANEXO II

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