rafael amaral rota - sistemas.eel.usp.br · segurança. baseado nesses estudos, desenvolveu-se uma...

72
RAFAEL AMARAL ROTA Estudo e apresentação de forma simplificada dos critérios de dimensionamento de orifício de válvulas de segurança e/ou alívio para uso em indústrias químicas

Upload: trannhan

Post on 10-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

RAFAEL AMARAL ROTA

Estudo e apresentação de forma simplificada dos critérios de

dimensionamento de orifício de válvulas de segurança e/ou alívio para uso

em indústrias químicas

RAFAEL AMARAL ROTA

Estudo e apresentação de forma simplificada dos critérios de

dimensionamento de orifício de válvulas de segurança e/ou alívio para uso

em indústrias químicas

Monografia apresentada à Escola de Engenharia

de Lorena – Universidade de São Paulo, para

atender parte dos requisitos para obtenção do

diploma de Engenheiro Químico.

Prof. Orientador: Dr. Lucrécio Fábio dos

Santos

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Rota, Rafael Estudo e apresentação de forma simplificada doscritérios de dimensionamento de orifício de válvulasde segurança e/ou alívio para uso em indústriasquímicas / Rafael Rota; orientador Lucrécio Fábio dos Santos. - Lorena, 2016. 70 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2016Orientador: Lucrécio Fábio dos Santos

1. Válvula. 2. Segurança. 3. Alívio. 4. Pressão. I.Título. II. Santos, Lucrécio Fábio dos , orient.

À minha família por todo o amor, carinho, ensinamentos

e por conceder-me todo o apoio necessário para minha

graduação e para meu crescimento pessoal e

profissional

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e meu irmão, por estarem ao meu lado em todas as minhas decisões tomadas até o momento, por formarem meu caráter, que me permitiu alcançar o título de engenheiro, e por todo o auxílio concedido durante minha jornada universitária. Ao orientador, Professor Lucrécio Fábio dos Santos, pela atenção, auxilio e pelas horas dedicadas ao meu trabalho. À Escola de Engenharia de Lorena, que me proporcionou todo o conhecimento de Engenheiro Químico, os quais serão base para meu progresso profissional. À minha namorada Ranielly, por todo o apoio emocional e técnico durante a produção desse trabalho, por compartilhar momentos importantes de minha vida e de minha graduação, além do importante incentivo na busca de meus objetivos profissionais. Aos moradores e ex-moradores da República D’Angola, que por seis anos foram uma nova família e contribuíram para meu crescimento pessoal e profissional.

Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado

Roberto Shinyashiki

RESUMO

ROTA, R. A. Estudo e apresentação de forma simplificada dos critérios de dimensionamento do orifício de válvulas de segurança e/ou alívio para uso na indústria química. 2015. 70 p. Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Química – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo.

A modernização na indústria trouxe preocupações com relação à segurança, sustentabilidade e manutenção da qualidade de vida para os funcionários. Para que um processo produtivo seja realizado com segurança e qualidade, exige-se que a equipe seja bem treinada, que os equipamentos estejam em boas condições, bem como adequados ao uso. Com relação à segurança na utilização de vasos pressurizados, faz-se necessária a instalação de pelo menos uma válvula de segurança ou alívio, especificada para o processo. A falta desse instrumento ou sua utilização em desacordo com as normas pode acarretar acidentes como vazamentos de produtos perigosos e até mesmo explosões, o que pode causar fatalidades. Portanto, é obrigatório o correto dimensionamento dessas válvulas para os mais diversos cenários de funcionamento. Com isso, este trabalho estudou os métodos de dimensionamento de orifício de válvulas de segurança e/ou alívio para vasos pressurizados, utilizados em plantas químicas, e chegou-se à conclusão que é imprescindível ao engenheiro o conhecimento das várias etapas que regem o dimensionamento, instalação e operação desses dispositivos de segurança. Baseado nesses estudos, desenvolveu-se uma planilha no Excel 2013, de fácil manejo para o profissional desta área dimensionar com mais agilidade tais dispositivos de segurança.

Palavras-chave: Válvula. Segurança. Alívio. Pressão.

ABSTRACT

ROTA, R. A. Study and simplified presentation of safety valves, relief valves and safety relief valves sizing criteria in the chemical industry. 2015. 70 p. Final Paper for Chemical Engineering –Engineering School of Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

The industry modernization brought concerns about safety, sustainability and life quality maintenance for employees. A safe production process requires a well-trained staff and equipment in good conditions and suitable for use. It is necessary to install at least one safety relief valve specified for the process to work with pressurized vessels. The lack of this instrument or its use contrary to the standards may result in accidents such as spills of hazardous products and even explosions, which can cause fatalities. Therefore, it is mandatory to size these devices appropriately for the o perating scenarios that the vessel is exposed to. Therefore, this work aims to study the methods of sizing the relief area of valves acting in pressurized vessels used in chemical plants and it was concluded that the knowledge of the steps for sizing, installing and operating these devices is essential to an engineer. Based on these studies, an easy to handle spreadsheet was developed in Excel 2013, for professionals of the area to size more quickly such devices.

Keywords: Valve. Safety. Relief. Pressure.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura de uma válvula de segurança .............................................. 17

Figura 2 – Influência dos anéis de ajuste no funcionamento da válvula .............. 24

Figura 3 – Esquema de válvulas balanceadas por pistão (esquerda) ou por fole

(direita) ...............................................................................................

26

Figura 4 – Funcionamento de uma válvula de segurança .................................... 28

Figura 5 – Curva de avaliação do coeficiente C da equação de fluxo a partir da

razão específica de calor, assumindo comportamento de gás ideal ....

42

Figura 6 – Valor do fator F2, para fluxos subcríticos ........................................... 45

Figura 7 – Kb, fator de correção de contrapressão 46

Figura 8 – Fator de correção de contrapressão, Kb, para válvula de alívio de

pressão balanceadas por fole (vapores e gases) ..................................

49

Figura 9 – Fator de correção de capacidade, Kw, devido à contrapressão em

válvula de alívio balanceada com fole, em serviços com fluido

líquido .................................................................................................

52

Figura 10 – Fator de correção de capacidade para sobrepressão para válvulas de

alívio de pressão para líquidos não certificada ...................................

56

Figura 11 – Seleção de estado físico do fluido de operação .................................. 57

Figura 12 – Seleção de dados para o dimensionamento ........................................ 58

Figura 13 – Seleção do Fator F2 ............................................................................. 59

Figura 14 – Situação de associação a disco de ruptura .......................................... 60

Figura 15 – Simulação de dimensionamento seguindo exemplo da API ............... 62

Figura 16 – Inserção de variáveis presentes nas fórmulas ..................................... 67

Figura 17 – Campo de resultados com correção para líquidos viscosos ................ 69

Figura 18 – Formatação condicional para seleção de variáveis necessárias .......... 69

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Razões de pressões críticas específicas ......................................................38

Tabela 2 – Valores para o coeficiente C.......................................................................41

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Perda de carga em acessórios de tubulações..............................................34

LISTA DE ABREVIATURAS

ISO Organização Internacional para Normalização (International Organization

for Standardization)

API Instituto Americano de Petróleo (American Petroleum Institute)

NR Norma Regulamentadora

ASME Sociedade Americana dos Engenheiros Mecânicos ( American Society of

Mechanical Engineers)

EPI Equipamento de proteção individual

SI Sistema internacional de unidades

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 14

2.1. Objetivo Geral ........................................................................................................... 14

2.2. Objetivos Específicos ................................................................................................ 14

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 15

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 16

4.1 Histórico ..................................................................................................................... 16

4.2 Estrutura de uma Válvula de Segurança e/ou Alívio .................................................. 16

4.3 Modelos de Válvulas de controle de sobrepressão para Vasos Pressurizados ........... 22

4.4 Princípio de Funcionamento de um Dispositivo de Alívio de Pressão....................... 26

4.5 Fenômenos Operacionais de uma válvula de segurança ............................................ 28

4.6 Manutenção ................................................................................................................ 30

4.7 Cenários de dimensionamento de Orifício de Válvulas de Segurança e/ou Alívio .... 32

4.8 Dimensionamento de orifício de alívio ...................................................................... 36

5. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 57

5.1 Elaboração de Planilha ............................................................................................... 57

5.2 Validação de Planilha ................................................................................................. 60

6. RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................. 62

7. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 65

12

1. INTRODUÇÃO

As Válvulas são instrumentos indispensáveis para processos produtivos, os

quais estão em constante desenvolvimento tecnológico desde os primeiros projetos da

engenharia. O uso de tubulações em indústrias sempre demandou a utilização desse

dispositivo para estabilizar, regular ou estancar o fluxo de fluidos para atribuição de

qualidade ao produto. Na atualidade, as indústrias vivem um momento em que

deixam de ter somente a lucratividade como meta e focam, também, na implantação

de um trabalho seguro que reduza a zero os acidentes laborais. Assim, as válvulas de

segurança e/ou alívio ganham grande importância no contexto da indústria química.

As válvulas de segurança e/ou alívio são dispositivos que limitam a pressão

interna de equipamentos pressurizados. Abrem automaticamente quando a pressão

do sistema ultrapassa seu setpoint (pressão de abertura, também denominada de set-

pressure) e fecham quando a pressão do sistema é restabelecida. Para a definição

dessa pressão de abertura, há uma porca de regulagem que define a força elástica da

mola sobre o orifício de alívio de pressão, pelo controle de tensão na mesma (TELLES,

1986).

Para a operação segura, em relação à pressão interna de vasos pressurizados,

deve-se fazer o correto dimensionamento dessas válvulas. Esse dimensionamento é

feito de acordo com a Pressão Máxima de Trabalho Admissível.

Segundo a Norma Regulamentadora Nº 13 (NR 13):

Pressão Máxima de Trabalho Admissível – PMTA é o maior valor

de pressão compatível com o código de projeto, a resistência dos

materiais utilizados, as dimensões do equipamento e seus

parâmetros operacionais.

As condições que definem essa pressão máxima devem incluir casos críticos

como: aquecimento externo, fogo externo ao vaso, supersaturação por alto fluxo, falha

na serpentina de água ou vapor, falha no regulador e válvula. Esses cálculos estão

incluídos nas normas da ISO 4126-10 (2010) e API-520 (2005) e definirão a área

13

do orifício de alívio da válvula, de acordo com a mínima passagem de fluido de

alívio necessária, e a tensão na mola interna que definirá o set-pressure.

No Brasil, a importância das válvulas de segurança na operação de vasos

pressurizados ou caldeiras e as condições necessárias para operação são definidas pela

NR 13. Segundo esta Norma: “constitui risco grave e iminente a falta de válvula de

segurança com pressão de abertura ajustada em valor igual ou inferior a PMTA”. Ela

também define que vasos pressurizados ou caldeiras só são considerados seguros se as

válvulas de segurança forem submetidas a inspeções periódicas.

Assim, este trabalho tem como finalidade estudar e apresentar de forma

simplificada os critérios de dimensionamento do orifício de uma válvula de segurança

e/ou alívio para uso em indústria química.

14

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Realizar um estudo sobre os métodos de cálculo, propostos pela API 520,

para dimensionamento de orifício de válvulas de segurança e/ou alívio.

Para tanto, os seguintes objetivos específicos são propostos:

2.2. Objetivos Específicos

Demonstrar os critérios de dimensionamento de válvulas de segurança/alívio;

Fazer um levantamento sobre o comportamento de fluidos em vasos pressurizados

sob cenários de perigo;

Desenvolver uma metodologia de cálculo para s implificar o

dimensionamento de or i f ício de válvulas de segurança e/ou alívio.

15

3. JUSTIFICATIVA

A preocupação com segurança está, atualmente, presente em todas as indústrias

que buscam manter uma atuação responsável. Por isso, onde há operações com vasos

de pressão, faz-se necessário o uso de dispositivos que minimizem ou eliminem o risco

de sobrepressão garantindo a integridade e proteção dos equipamentos e das pessoas

que os operam, dentre os quais estão as válvulas de segurança e/ou alívio. Porém, o

correto funcionamento desses instrumentos só ocorre se eles estiverem devidamente

especificados e calculados para o processo em que serão aplicados. O dimensionamento

de orifício de válvulas de segurança e/ou alívio é um exemplo de adequação necessária

para esses dispositivos, essencial para determinar o correto instrumento para cada

cenário de atuação. As técnicas de cálculo para esse dimensionamento se encontram

descritas em normas como ISO e API e devem ser tomadas como base para essa

especificação.

Este tema foi escolhido porque a utilização de válvulas de segurança e/ou alívio

em indústrias químicas é necessária, porém há pouca literatura técnica, que abranja esse

assunto, disponível para consulta. Assim, este trabalho contribuirá para os profissionais

da área que desejam aprofundar seu conhecimento sobre este assunto, tendo em vista o

estudo sobre os critérios de dimensionamento de válvulas de segurança/alívio para

utilização em indústria química.

16

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os assuntos abordados neste tópico são: estrutura de uma válvula de segurança

e/ou alívio, o funcionamento dessas válvulas e o e os cenários de dimensionamento de

orifício de válvulas de segurança e/ou alívio.

4.1 Histórico

A válvula de segurança foi desenvolvida em 1682, pelo físico francês Denis

Papin, na Inglaterra. O primeiro modelo lançado era do tipo contrapeso, que tem a

pressão de ajuste controlada por um contrapeso que se movimenta por uma alavanca e,

assim, aplica uma pressão específica no disco de vedação do dispositivo (MATHIAS,

2008).

A simplicidade e a falta de precisão desse tipo de válvula vieram a ocasionar

graves acidentes. Por isso, a instalação desses dispositivos em caldeiras foi proibida

segundo seção I do Código da ASME (American Society of Mechanical Engineers),

porém ainda são usados em escapes de turbinas ou equipamentos em que há ocorrência

de golpes de aríete.

Atualmente, as válvulas de segurança são, quase que na totalidade, do tipo mola

sob carga. Essas válvulas permitem um controle muito mais preciso da pressão interna

ao vaso, trazendo, portanto, maior segurança aos colaboradores, aos equipamentos e ao

meio ambiente.

4.2 Estrutura de uma Válvula de Segurança e/ou Alívio

As válvulas do tipo mola possuem uma estrutura como mostrada na Figura 1 e

seus componentes têm funções essenciais para a proteção de vasos pressurizados. Elas

são compostas principalmente por duas partes fixas, o castelo e o corpo, e por partes

móveis que operam controle da pressão (API 520, 2005).

17

Figura 1 – Estrutura de uma válvula de segurança

Fonte: Adaptado de: API 520, 2005. p.7

4.2.1 Castelo

O castelo é a parte superior da válvula que aloja a mola, a haste, o parafuso

de ajuste e a alavanca podendo ser aberto ou fechado. O Castelo aberto é utilizado

em equipamentos que operam com fluidos altamente aquecidos, pois permite grande

taxa de troca térmica, impedindo que a alta temperatura prejudique a durabilidade e

funcionalidade da mola. Porém esse tipo de castelo só pode ser utilizado para fluidos

18

não tóxicos e não corrosivos que possam ser liberados na atmosfera, caso contrário é

obrigatório a instalação de uma válvula de castelo fechado (SILVA, 2008).

4.2.2 Mola

É o principal componente, pois é responsável pelo correto funcionamento das

válvulas. A mola fica na posição vertical exercendo uma tensão sobre o suporte do disco

através da haste. A força da mola deve respeitar os limites de uma faixa de definida de

trabalho, especificada pelo fabricante, para que o disco seja mantido na posição normal

fechada e abra somente na pressão de ajuste da válvula.

A baixa tensão ou a excessiva tensão danificam o funcionamento do dispositivo

alterando o curso de abertura do disco e, consequentemente, o diferencial de alívio, o qual

representa a diferença entre a pressão de abertura e a de fechamento e é utilizado para

correta dimensionamento de todo o curso do disco (SILVA, 2008).

4.2.3 Haste

A haste é a responsável pela transmissão de forças na válvula, sendo elas a

tensão da mola, a favor do fechamento, e a pressão do produto, a favor da abertura do

disco. Sua superfície deve estar sempre lisa e bem lubrificada para que seja evitado

qualquer tipo de atrito que venha a deteriorar a válvula de segurança.

19

4.2.4 Anel de ajuste (ou Parafuso de ajuste)

Altera a força exercida pela mola, controlando o curso de abertura e definindo

diferencial de alívio adequado.

4.2.5 Alavanca

Em que pese a Figura 1 não apresentar a alavanca, este dispositivo é muito

importante, pois permite a abertura manual da válvula, o que possibilita o alívio de

pressão caso o sistema de funcionamento da válvula falhe.

4.2.6 Disco

O disco fica em contato direto com o fluido do processo e tem função de fazer

a vedação do orifício do dispositivo impedindo qualquer vazamento em pressões

menores que a de setpoint e facilitar a abertura quando esse ponto é atingido. Muitas

vezes o trabalho do disco é auxiliado por um defletor integral que aumenta a

velocidade e faz o direcionamento do fluido quando aliviado, diminuindo a pressão

de abertura da válvula e evitando desgaste do disco e do bocal por erosão (API 520,

2005).

4.2.6.1 Disco com anel “O”

O anel “O” é um disco macio aplicado em algumas válvulas com a finalidade de

aumentar a estanqueidade na área de assentamento do disco.

20

Esses discos são, compostos na maioria por elastômeros, têm a função de conter

vazamentos que possam danificar a própria válvula, conter fluidos leves que exigem

maior eficácia na vedação e evitar a abertura da válvula em pressões próximas, porém

ainda abaixo, do set pressure (SILVA, 2008).

4.2.7 Suporte do disco

O suporte de disco é uma peça manufaturada com o orifício ideal para que o disco

se encaixe de modo a realizar a vedação da válvula. Ele também recebe diferentes

formatos afim de controlar a saída de fluido pelo orifício, de maneira que o curso de

abertura do disco seja o ideal para alívio da pressão. Esse curso do fluido pode ser

melhorado com o auxílio de bocais que se encaixam internamente ao suporte.

4.2.8 Bocal

O bocal, independentemente de a válvula estar aberta ou fechada, fica em

contato direto com o fluido. Por isso, essa região está sujeita a danos causados por

líquidos corrosivos e pelo desgaste sofrido com a alta velocidade de um fluido durante

a abertura do disco.

Os bocais podem ser de dois tipos: reativo integral e semibocal. O bocal reativo

integral, também chamado de full nozzle, é uma peça fabricada em aço inox e contínua,

indo do orifício de entrada da válvula até o disco, o que evita o contato do fluido em

operação com o corpo da válvula, quando fechada. Já o semibocal é uma peça

geralmente rosqueada e em alguns casos soldada, como em sistemas de altas pressões,

que não recobre a mesma área do reativo integral, logo expõe parte do corpo ao fluido,

mesmo com a válvula fora de operação (MATHIAS, 2008).

21

4.2.9 Anéis de ajuste

Os anéis de ajuste são peças essenciais para a correta vedação do orifício e

melhor processo de abertura do disco quando se fala de uma válvula de alívio, que

trabalham especificamente com fluidos líquidos. Esses anéis utilizam as forças reativas

e expansivas do fluido para alcançar o curso máximo, permitindo a vazão máxima com

uma sobrepressão relativamente pequena. Porém é muito importante que o

posicionamento desses anéis seja feito corretamente, para que realmente auxilie a

dinâmica do escoamento do fluido e permita uma rápida queda da pressão.

No caso do posicionamento correto desses anéis em que o curso máximo é

atingido, o limitante de fluxo deixa de ser o corpo da válvula e passa a ser seu orifício.

Portanto o orifício de válvulas de segurança pode ser considerado uma das mais

importantes variáveis a serem calculadas para garantir o correto alívio de pressão para

proteção de um equipamento.

4.2.9.1 Anel inferior

O anel inferior é posicionado abaixo da face do suporte do disco e cria uma

restrição ao fluxo de fluido criando uma câmara de força que eleva o disco até o curso

máximo, o que é conhecido por “ação pop”. Isso ocorre pelo rápido aumento da

força oposta à da mola (SILVA, 2008).

4.2.9.2 Anel superior

Já o anel superior fica acima da face de vedação do bocal e sua função é alterar

a direção do fluido, exercendo uma força contrária à da mola, com a finalidade de criar

uma câmara acumuladora na saída do orifício que eleva o disco de vedação ao curso

22

máximo. O uso desse anel é indicado para caldeiras que operam com fluido em

temperaturas muito altas, baixo teor de água e, assim, baixo peso específico, que podem

causar uma trepidação no anel de vedação denominada Chattering, causada pela

expansão muito rápida do fluido ao passar pelo orifício, levando à pequena abertura do

disco ou por atingir uma pressão muito próxima da PMTA insuficiente para causar a

definitiva abertura. As consequências desses fenômenos seriam o desgaste erosivo da

válvula, podendo até leva-la à invalidação (MATHIAS, 2008).

4.2.10 Fole

O fole é um componente de área igual à inferior do disco, que envolve toda a guia

da válvula. Sua função é realizar a redução de contrapressão num sistema de alívio de

pressão, impedindo que forças influenciem no curso vertical do disco e também impedir

o contato do fluido em operação com o castelo da válvula. Esse componente é o

diferencial de uma válvula do tipo balanceada e a torna o dispositivo ideal para o trabalho

com fluidos corrosivos (API 520, 2005).

4.3 Modelos de Válvulas de controle de sobrepressão para Vasos Pressurizados

Os sistemas de controle de sobrepressão devem atender a necessidades

específicas de cada tipo de processo para que seu tempo de vida seja mais extenso, por

isso existem diferentes modelos de dispositivos de segurança, sendo diferenciados por

sua construção. As variáveis que mais influenciam na escolha do melhor tipo de válvula

a ser utilizada são: condição de escoamento do fluido, se oferece risco ou não, bem

como temperatura e pressão de operação. A seguir estão descritos brevemente cada um

dos modelos:

23

4.3.1 Válvula de segurança

As válvulas de segurança devem permitir rápida e total abertura do disco com

pequenas variações de pressão, o que também é chamado de “pop”, pois fazem alívio

somente de gases e vapores que são fluidos altamente compressíveis. Isso só se torna

possível porque, além da força exercida pelo fluido diretamente no disco, existe uma

pressão secundária nesse tipo de válvula que atua contra o suporte de disco na chamada

“câmara de aprisionamento” criada pelo anel de regulagem corretamente dimensionado,

como mostrado na Figura 2 (SILVA, 2008).

24

Figura 2 – Influência dos anéis de ajuste no funcionamento da válvula

Fonte: SILVA, 2008. p.183

4.3.2 Válvula de alívio

Quando se trata de serviços com líquido, o dispositivo a ser utilizado é a válvula

de alívio. Nesse caso a abertura do disco é proporcional ao aumento da pressão a

montante do dispositivo. Para esse tipo de válvula é muito importante que o curso de

saída seja o mais adequado possível, pois a resistência na saída de fluidos líquidos é

25

maior e pode gerar uma contrapressão que pode causar o fechamento do disco e a geração

de pressões acima do permissível nos equipamentos protegidos (MATHIAS, 2008).

4.3.3 Válvula de segurança e alívio

Existe também a possibilidade de atuar com todos os tipos de fluido, a válvula

de segurança e alívio faz o trabalho de ambas as válvulas. Com ela é possível operar

líquidos, vapor e gases simultaneamente por possuir um sistema mais complexo de

balanceamento de pressão. Esse tipo de válvula pode ser de um dos três tipos a seguir:

4.3.3.1 Válvula de segurança e alívio convencional

A válvula convencional atua com o auxílio da contrapressão para regular a

abertura do disco, tendo assim um ciclo adequado para qualquer um dos tipos de fluido

(SILVA, 2008).

4.3.3.2 Válvula de segurança e alívio balanceada

Essas válvulas são denominadas balanceadas por não sofrerem influência da

contrapressão que é isolada na área sobre o disco. Isso acontece porque esse tipo de

válvula contém fole ou opera num sistema de pistão. Como descrito no item 4.2.10

(p.22), os foles impedem a influência da contrapressão na pressão de ajuste exercida

sobre o disco, pois o interior deles é aberto para a atmosfera ou para um local de pressão

controlada. Essas válvulas ainda impedem o contato do fluido com o corpo da válvula.

Com isso, as válvulas balanceadas possuem alta precisão na pressão de abertura, sem

sofrer alterações durante a operação, e são altamente indicadas para sistemas de fluidos

corrosivos (API 520, 2005)

26

Figura 3 – Esquema de válvulas balanceadas por pistão (esquerda) ou por fole (direita)

Fonte: Silva, 2008. p. 186

No caso de o fluido ser contaminante ou corrosivo, deve-se direcionar o alívio

para um local seguro por meio de tubulações, para evitar sua liberação direta aos

operadores do sistema e ao meio ambiente na possibilidade de vazamento de fluido para

o castelo.

4.3.3.3 Válvula de segurança e alívio piloto operada

As válvulas piloto operadas atuam a partir do acionamento de uma mola de

maior precisão quando a pressão a montante da válvula atinge a de ajuste. A vantagem

desse tipo de válvula é o ajuste mais preciso em consequência de a mola ser composta

por um material mais fino, que sofre menores alterações com o meio, além de estar

alocada separadamente a montante da válvula principal evitando que a contrapressão

tenha influência significante sobre a abertura do disco.

4.4 Princípio de Funcionamento de um Dispositivo de Alívio de Pressão

As válvulas de segurança e/ou alívio não atuam se não há um distúrbio

considerável na pressão de operação do equipamento a que dão proteção. O

27

funcionamento de um desses dispositivos é determinado por um sistema de equilíbrio

entre a pressão gerada pela tensão na mola e a pressão interna ao equipamento protegido

por ele. A pressão da mola é causada pela energia nela reservada e aplicada em forma

de força no disco de vedação e pode ser controlada pelo parafuso de ajuste para que o

dispositivo possa sempre estar regulado e apto a proteger um equipamento. Portanto,

essa pressão ajustada não será superada pela pressão do processo até que ocorra uma

anormalidade do sistema que coloque o equipamento em questão em risco, superando

assim a força exercida pela mola (API 520, 2005).

O cenário muda quando a pressão de operação dos fluidos aumenta, por algum

distúrbio operacional, e se iguala à pressão da mola. Nesse caso, a pressão na área de

vedação do bocal é reduzida e o disco de vedação começa a se mover. Com uma

pressão de fluidos que supera a pressão de mola, a válvula inicia a abertura. Iniciada a

passagem de fluido de alívio na válvula, este sofre uma resistência pela crescente força

da mola enquanto ela está sendo deformada. Porém, se a válvula for corretamente

projetada, incluindo o posicionamento dos anéis de ajuste, o fluido consegue superar a

resistência da mola e levar o disco de vedação ao curso máximo.

A passagem de fluido pelo orifício descarrega o equipamento protegido

gerando uma queda de pressão interna a ele, que, por isso, volta a se aproximar do valor

da pressão da mola novamente. Nesse momento, a pressão na área do suporte do disco

também sofre diminuição e é iniciado o fechamento da válvula. Porém, a válvula só se

fecha totalmente quando essas pressões se igualam, o que ocorre abaixo da pressão de ajuste,

como demonstrado na Figura 4. Quando o disco veda totalmente o orifício, se encerra o

ciclo operacional da válvula de segurança.

28

Figura 4 – Funcionamento de uma válvula de segurança

Fonte: MATHIAS, 2008. p. 231

4.5 Fenômenos Operacionais de uma válvula de segurança

As válvulas de segurança e/ou alívio podem sofrer alguns fenômenos se mal

dimensionadas, erroneamente instaladas ou até desgastadas por aberturas anteriores.

Influências do intemperismo e de fluidos corrosivos também podem vir a causar

prejuízos a esses dispositivos. Os exemplos que ocorrem com maior frequência estão

descritos a seguir:

4.5.1 Chattering

Esse fenômeno ocorre no momento de abertura da válvula quando a pressão de

ajuste definida não é adequada ou esse dispositivo de proteção está incorretamente

dimensionado. Ele pode ser definido como uma trepidação do disco devido a um não

fechamento completo causado por um diferencial de alívio tão pequeno que impede seu

29

perfeito assentamento. Ou seja, a pressão de fechamento é tão próxima da pressão de

abertura, que o disco não consegue vedar a passagem de fluidos totalmente. Esse fluxo

contínuo causa o desgaste do disco e da sede.

Esse problema pode ser evitado reajustando a pressão de abertura ou, caso a

válvula esteja superdimensionada, fazendo o uso de múltiplas válvulas. Para o uso de

mais de uma válvula deve-se ajustar a de menor orifício na pressão de ajuste do sistema

e a outra em uma pressão um pouco superior. Nesse caso, o menor dispositivo faz a

proteção inicial do sistema e evita grandes desperdícios de produto, caso seja acionado,

e o outro fica responsável pelo restante do alívio, caso o fluxo exigido seja maior que a

máxima capacidade do primeiro (API 520, 2005).

4.5.2 Simmering

É um fenômeno que ocorre geralmente quando a pressão atinge 98% da pressão

de ajuste. Nesse caso, o disco dá uma pequena abertura, criando um fluxo de saída que

pode ser visto ou ouvido e causa desgaste nas áreas de vedação, invalidando a válvula

(SILVA, 2008).

Nesse caso, o problema pode ser solucionado reajustando-se a pressão de ajuste

ou fazendo a instalação de uma válvula menor para evitar superdimensionamento.

4.5.3 Flutting

Esse fenômeno tem a mesma causa do chattering, porém após a abertura não há

mais contato entre o disco e a sede de vedação. Segundo Silva (2008), o curso de abertura

e consequentemente a vazão da válvula ficam “flutuando”.

30

1- Experimento de rotina em uma indústria química em Guaratinguetá-SP

4.6 Manutenção

As válvulas de segurança necessitam de manutenções preventivas regulares e,

quando instaladas em vasos de pressão, são recalibradas após todo evento de abertura,

pois estes podem levá-las a um sofrer desvios da pressão de ajuste ideal. As inspeções

preventivas devem seguir as exigências definidas pela NR13.

Nessas inspeções há diversos itens que devem ser verificados para que se possa

garantir que a válvula atenda às especificações necessárias e, consequentemente, proteja

o vaso de pressão. Esses itens podem ser divididos em duas etapas, as quais são descritas

nos itens 4.6.1 e 4.6.2:

4.6.1 Desinstalação e descontaminação bruta da válvula

Nessa primeira etapa1, interrompe-se a operação do sistema em que a válvula de

segurança está instalada, deve-se garantir que o equipamento esteja despressurizado para

que ela seja retirada de seu local de atuação. No momento de retirada, deve-se ter cuidado

especial com possíveis substâncias perigosas residuais que podem causar danos a quem

as manuseia. Para isso é essencial o uso de EPIs (Equipamentos de proteção individual)

adequados para cada atividade. Para cada substância há uma ficha de segurança que

define quais são esses equipamentos.

Depois de feita a retirada, é realizada uma inspeção da própria válvula e das

tubulações de entrada e saída a ela conectadas. Nessa inspeção faz-se a certificação de

que não há desgaste causado por corrosão ou presença de depósitos internos e obstruções

causados, também por corrosão ou resíduos de fluido, que possam restringir o fluxo de

saída.

Por fim, a válvula passa por uma limpeza para descontaminação para que não

siga para a etapa de teste em bancadas com resíduos perigosos ao manuseio. Nessa

próxima etapa a válvula tem suas peças desmontadas, então a exposição de quem realiza

a manutenção é muito maior.

31

4.6.2 Desmontagem e Testes em bancadas

Para que essa etapa seja iniciada, a válvula é transportada da área produtiva em

que está alocada para a oficina de testes. Esse transporte deve ser cuidadoso, pois certos

danos às válvulas de segurança podem desajustá-las ou até invalidá-las. Assim, esses

instrumentos devem ser transportados na posição vertical, sempre que possível, em

embalagens de proteção e é importante que seus flanges estejam protegidos com tampões

plásticos ou discos de compensado para evitar danos às faces de vedação. Após a chegada

na oficina, o manuseio e armazenamento da válvula também devem ser cuidadosos.

Antes do início dos testes, é verificado se a válvula possui número de

identificação, para indicar qual é seu posto de atuação, e lacre, para se ter certeza que o

ajuste não foi alterado por pessoas não autorizadas. Depois, se analisa a necessidade de

limpeza das válvulas. Caso seja necessária, essa pode ser feita através de jateamento de

areia ou limpeza com solventes apropriados. Assim que estiver limpo, o dispositivo é

desmontado para que suas peças sejam analisadas em relação à integridade e adequação

para operação. Caso alguma peça esteja danificada, em especial as da sede ou flanges de

encaixe, devem ser usinadas ou trocadas.

Caso todas as peças estejam em boas condições, faz-se a lapidação da sede de

vedação, ou seja, o disco e o suporte de assentamento. Esse processo garante uma

vedação completa, evitando vazamentos de fluido que podem vir a danificar a válvula.

Essas peças são lapidadas sobre uma base de lapidação utilizando pasta de lapidação

(geralmente pasta diamantada) e finalizadas com lixa de acabamento. Em seguida a

válvula é montada novamente e segue para a bancada de testes.

No teste de bancada, a válvula é conectada a flanges similares ao de conexão ao

vaso de pressão. Por esses flanges, é feita uma pressurização com água ou gases, podendo

esses ser ar comprimido ou nitrogênio (gás inerte), variando de acordo com o tipo de

válvula. Por meio de manômetros, a pressão interna à bancada é monitorada. Essa

pressão é elevada ao valor de set pressure para testar abertura, manter. A pressão logo

abaixo do set pressure, também é utilizada, para avaliação de estanqueidade no disco.

São feitos os ajustes, até que se coincida a pressão manométrica e a pressão de ajuste

(set pressure). Para finalizar o teste, analisa-se a presença de vazamentos, aplicando água

com detergente na saída da válvula, de forma que forme uma camada recobrindo todo o

orifício de saída. Tendo todas as exigências atendidas, a válvula pode voltar à operação.

32

4.7 Cenários de dimensionamento de Orifício de Válvulas de Segurança e/ou Alívio

Os métodos para dimensionamento de válvulas de segurança e/ou alívio seguem

a análise de pressão crítica de operação do vaso para seus diferentes cenários de

operação e a comparação desses dados com a PMTA desse equipamento. De acordo

com a vazão mínima para alívio da sobrepressão interna ao vaso, gerada pelo caso mais

crítico, pode-se definir a mínima área específica de um orifício para evitar a extrapolação

da PMTA (TELLES, 1986). O dimensionamento desses dispositivos se encontra detalhado,

com fórmulas e métodos para cálculos, na norma API-RP-520 (2005).

A seguir, serão explicadas as consequências que devem ser consideradas para

especificação das válvulas em cenários definidos como críticos em uma indústria

química, localizada na cidade de Guaratinguetá-SP.

4.7.1 Cenário de aquecimento externo

O cenário de aquecimento externo é, por exemplo, o caso de um vaso

pressurizado que contém camisa de troca de calor. Nesse caso, a alteração da

temperatura gera uma alteração na pressão do fluido interno a esse equipamento. Como

essa pressão não pode superar a PMTA, analisa-se a expansão que pode ser sofrida

pelo fluido no caso de aquecimento descontrolado na camisa e determina-se a vazão

necessária para aliviar o acúmulo de pressão.

4.7.2 Cenário de transbordo (overfill):

O cenário de overfill conta com o aumento de pressão interna ao equipamento

protegido, devido aos altos valores de fluxos de entrada que podem exceder sua

capacidade e até causar transbordo. Para o cálculo do orifício de alívio nesse caso, é

feita uma comparação entre a soma total das entradas de fluxos no vaso pressurizado e

a vazão necessária no orifício da válvula, para que a pressão não supere a PMTA.

33

No cenário de possível transbordo deve-se ter atenção especial para fluxos que

entram no vaso passando por redutores, pois a falha desses dispositivos pode causar

aumento descontrolado desses fluxos. Logo o cálculo do orifício da válvula deve atender

a vazão capaz de aliviar o fluxo de entrada sem os redutores, para manter a segurança

do vaso nesses casos acidentais.

4.7.3 Cenário de contrapressão (backpressure):

O Backpressure é o cenário em que uma sobrepressão é causada na válvula pelo

excesso de esforços na tubulação a jusante desse dispositivo. Logo, deve-se analisar se

o condutor do fluxo de alívio possui trechos inadequados, como cotovelos retos ou

excesso de curvas, e qual é a pressão causada por essa dificuldade de exteriorizar o

fluido. Cada um desses tipos de trecho tem uma resistência específica à passagem de

fluido, conforme apresentado no Quadro 1, e deve-se incluí-los no cálculo de

funcionamento da válvula. Também é importante analisar se o alívio terá como destino

um local fechado, como um tanque, pois o aumento da pressão nesse local causará a

contrapressão na válvula. A partir disso, pode-se definir o orifício da válvula necessário

para aliviar esse fluido acumulado.

34

Quadro 1 – Perda de carga em acessórios de tubulações

Fonte: ABIMAQ-SINDIMAQ, p.17

Do Quadro 1 pode-se obter os valores de comprimentos equivalentes de

acessórios, entendidos como um tamanho de trecho de linha. Com a soma final, pode-se

simular a perda de carga na tubulação de saída somente por perda de carga em linha reta.

Diâmetro Nominal do

Encanamento

Válvula Globo

(aberta)

Válvula em ângulo

(aberta)

Válvula de retenção com

portinhola

Válvula de retenção

tipo pistão

Joelho 90° Rosqueado

Diâmetro Nominal do

Encanamento

Curva Longa 90° Rosqueada

Válvula de Pé

Derivação para Ramal

Direção do Ramal

Joelho Duplo

Fechado

Ramal para Derivação

Joelho 45° Rosqueado

Válvula de Gaveta totalmente

aberta

35

Por exemplo, para uma tubulação de 1” de diâmetro com uma curva longa 90°rosqueada

(0,396m de comprimento equivalente, segundo Quadro 1), dois joelhos 45° roscados

(2x0,365m de comprimento equivalente, segundo Quadro 1) e comprimento total de

linha de cinco metros, o comprimento simulado para cálculo de perda de carga é

0,396+(2*0,365)+5 = 6,126m.

É importante lembrar que em tubulações de saída de válvulas de segurança não é

permitido instalar outras válvulas, pois elas podem bloquear a saída do fluxo de alívio.

Tendo o comprimento total simulado, é possível calcular a perda de carga

causada por atrito no sistema. Para isso adota-se a Equação de Darcy-Weisbach descrita

a seguir: ∆ = . . .

Onde: ∆ ...Perda de pressão, em mca

...Comprimento equivalente, em m

...Diâmetro interno da tubulação, em m

...Velocidade média do fluido, em m/s

...Aceleração da gravidade, 9,81 m/s²

...Fator de fricção, adimensional e específico para cada material, adimensional.

Pode ser obtido através do diagrama de Moody

Essa equação mede a redução na pressão em um sistema, como consequência da

turbulência causada pela rugosidade do tubo. Com isso, pode-se analisar a contrapressão

que deve ser considerada para cálculo do fluxo necessário para um correto alívio de

sobrepressão.

4.7.4 Cenário de fogo externo ao reator

O cenário de fogo externo ao reator envolve um caso de incêndio nos limites

do vaso pressurizado e, de acordo com o aumento excessivo de temperatura, gera alta

pressão dentro de um equipamento. Nesse caso, a válvula de segurança deve estar

ajustada na PMTA e permitir uma acumulação máxima de 21% ou deve-se adicionar

..... 1

36

outra válvula auxiliar. A válvula adicional deve ser ajustada até 5% acima da PMTA e

ter uma sobrepressão máxima de 16%, limitando a pressão interna do vaso a 21%.

Esse cenário deve ser calculado para todos os reatores a menos de 7,62 metros

de altura, pois estes estão expostos a chamas intensas. Para esses equipamentos, o

volume usado no cálculo deve ser o de área molhada, ou seja, volume que esteja

preenchido com fluido (MATHIAS, 2008).

4.8 Dimensionamento de orifício de alívio

A seleção e o dimensionamento corretos de válvulas de segurança são

necessários para aprovação desses instrumentos com a finalidade de proteger plantas

industriais, colaboradores e meio ambiente. Para tais procedimentos, existem normas

padrões, originárias de estudos especializados de longo prazo, que definem métodos

que garantem uma proteção realmente efetiva. Para a elaboração desse trabalho, foi

tomada como referência a norma descrita pela API 520, Sizing, Selection, and

Installation of Pressure-Relieving Devices in Refineries (Dimensionamento, Seleção e

Instalação de dispositivos de alívio de pressão em Refinarias).

Com as equações descritas pela API 520 e com todos os dados de operação

definidos, pode-se definir a dimensão do orifício de alívio da válvula e, a partir desse

dimensionamento envolver um fornecedor para realmente projetar essa válvula. Então,

esse projeto será o responsável por definir os dimensionamentos gerais, os quais

abrangem diâmetros de entrada e saída da válvula, material de construção,

configuração do flange para conexão, limites de temperatura e pressão, além da própria

área do orifício.

Na aplicação de válvulas a vasos de pressão, as características de fabricação

dos vasos devem ser as primeiras variáveis a serem consideradas na escolha do

dispositivo de segurança. A primeira é a PMTA do vaso, usada para definir a máxima

pressão suportada pelo equipamento, sem que haja risco de qualquer acidente. Porém,

é definido pela API, que a operação deve atingir, no máximo 90% do valor especificado

inicialmente, para evitar que a pressão máxima venha a acarretar algum acidente

(MATHIAS, 2008).

37

Para que o controle desses parâmetros seja garantido, é importante que as

válvulas acompanhem configurações que evitem o descumprimento de qualquer uma

dessas exigências. Essas configurações definem que quando há instalação de uma única

válvula, sua máxima pressão de abertura deve ser igual à PMTA do vaso protegido.

Além disso, é importante que seja calculado um blowdown que garanta o fechamento

total do curso quando a pressão for 92,5% dessa PMTA. Com isso, pode-se evitar que

a pressão do meio esteja próxima da de abertura e, consequentemente, aberturas não

programadas e fenômenos como o simmering que geram desgaste aos equipamentos.

4.8.1 Dimensionamento para alívio de gases e vapor

Para o dimensionamento de válvulas que operam no controle da pressão de

fluidos gasosos ou vapores, deve-se considerar o comportamento do fluido ao ser

desprendido do vaso, no momento em que o set pressure é atingido e ocorre o

movimento do “pop”. Esse comportamento tem influência direta na determinação da

área de orifício requerida, para que a mínima taxa de alívio seja atingida.

4.8.1.1 Comportamento de fluxo crítico

Quando o fluido pressurizado, gasoso ou em forma de vapor, é liberado

diretamente na atmosfera ou possui taxa de contrapressão desprezível, este assume um

comportamento chamado de fluxo crítico. Esse comportamento é assim denominado,

pois a pressão externa ao vaso protegido é consideravelmente menor à interna e, por

esse alto diferencial de pressão, o fluxo que passa pelo bocal atinge a velocidade

máxima, sendo limitada pela área de seu orifício.

Pode-se assumir que a velocidade do fluxo crítico no bocal é igual à velocidade

do som por ser uma onda de pressão extremamente pequena passando por um bocal

(ÇENGEL; CIMBALA, 2015). Segundo Guiteras (2003), as equações de Bernoulli e

a equação dos gases podem ser associadas para a obtenção da equação do estado crítico.

38

Essa associação de equações nos leva à razão de pressões no fluxo crítico, representada

por (P2/P1)c, que pode ser demonstrada da seguinte forma: �� = [ + ] −⁄

Onde:

P2 ... Pressão a jusante do bocal, em psia (psi absoluto),

P1 ... Pressão a montante do alívio, em psia,

K ... Razão de calor específico para qualquer gás ideal (Cp/Cv)

Ainda de acordo com os cálculos expostos por Guiteras (2003), pode-se

concluir que o valor (P2/P1)c é o ponto inicial da faixa de fluxo crítico, a qual é

composta por valores de pressão onde (P2/P1) ≤ (P2/P1)c. O fluxo subcrítico, por sua

vez, é definido pela relação (P2/P1) > (P2/P1)c.

Os valores de razão de pressão para fluxo crítico de algumas substâncias

gasosas estão presentes na Tabela 1.

Tabela 1 – Razões de pressões críticas específicas Gás Taxa de calor específica

k=Cp/Cv, em 60°F, 1 atm Taxa de pressão no fluxo crítico, em 60°F, 1 atm

Hidrogênio 1,41 0,52 Ar 1,40 0,53 Nitrogênio 1,40 0,53 Vapor superaquecido 1,33 0,54 Amônia 1,3 0,54 Dióxido de Carbono 1,29 0,55 Metano 1,31 0,54 Etano 1,19 0,57 Etileno 1,24 0,57 Propano 1,13 0,58 Propileno 1,15 0,58 n-Butano 1,19 0,59 n-Hexano 1,06 0,59 Benzeno 1,12 0,59 n-Decano 1,03 0,60

Fonte: Adaptado de: Towler; Sinnot, 2012. p. 491

.....2

39

4.8.1.2 Dimensionamento para fluxo crítico

Para cenários em que o fluido se encontra em fluxo crítico, descrito no item

anterior, a API RP 520 apresenta as equações para cálculo da variável A, que representa

a dimensão mínima do orifício do bocal para que atenda à mínima taxa de alívio

necessária. A partir desse cálculo ainda há a opção de fazer o uso de padrões, por

exemplo nos orifícios de “D” a “T” descritos em API Std 526, para os quais deve-se

sempre selecionar um orifício de igual ou maior área se comparado ao A calculado.

No Sistema de unidades americano:

� = √

� = √,

� = √,

Unidades do SI:

� = × √

� = × √

� = × √

..... 3

..... 4

..... 5

..... 6

..... 7

..... 8

40

Onde:

A ... Área de descarga efetiva requerida, em in² [mm2]

W ... Fluxo requerido pelo dispositivo, em lb/h [kg/h]

C ... Coeficiente baseado na razão do calor específico (k = Cp/Cv) do gás ou do

vapor nas condições de alívio no bocal. Esse dado pode ser obtido na Tabela 2 ou na

Figura 5. Onde k não pode ser determinado, sugere-se o uso do valor de C = 315. Essa

variável tem como unidade √ × � ××ℎ� .

Kd ... Coeficiente efetivo de descarga. Para válvulas de segurança e/ou alívio

adotar o valor 0,975.

P1 ... Pressão a montante do alívio, psia, psi absoluto [kPaa, Kilo Pascal

absoluto]. Essa é a soma da pressão de ajuste, com a sobrepressão e a pressão

atmosférica.

Kb ... Fator de correção de capacidade devido à contrapressão. Este pode ser

obtido de literatura do fabricante ou preliminarmente calculado através da Figura 8.

Esse fator de correção da contrapressão se aplica somente a válvulas balanceadas de

fole. Para as convencionais e as piloto operadas, aplica-se o valor 1,0 ao Kb.

Kc ... Fator de correção de combinação para instalações com disco de ruptura a

montante da válvula.

= 1,0 Quando não há disco de ruptura instalado

=0,9 Quando há disco de ruptura em associação com válvula de segurança

e/ou alívio e a combinação não tem valor determinado.

T ... Temperatura de alívio do gás ou vapor na entrada da válvula.

Z ... Fator de compressibilidade para desvios de comportamento entre o gás real

e gases ideais, uma razão que pode ser avaliada na entrada dos fluidos a serem

aliviados. Esse fator pode ser obtido em literaturas específicas

M ... Peso molecular do gás ou vapor quando antecedem comportamento de

alívio,

Lbm/Lb mole [kg/kmole]

V ... Fluxo requerido pelo dispositivo, em scfm (padrão pés cúbicos por minuto)

60°F e 14,7 e em Nm³/min a 0°C e 101325 kPaa.

G – Gravidade específica em condições padrão referente ao ar em condições

padrão. G = 1,0 para ar a 14,7 psia e 60°F (ou 101325kPaa e 0°C).

41

Tabela 2 – Valores para o coeficiente C K C K C K C K C 1.00 315 1.30 347 1.60 372 1.90 394 1.01 317 1.31 348 1.61 373 1.91 395 1.02 318 1.32 349 1.62 374 1.92 395 1.03 319 1.33 350 1.63 375 1.93 396 1.04 320 1.34 351 1.64 376 1.94 397 1.05 321 1.35 352 1.65 376 1.95 397 1.06 322 1.36 353 1.66 377 1.96 398 1.07 323 1.37 353 1.67 378 1.97 398 1.08 325 1.38 354 1.68 379 1.98 399 1.09 326 1.39 355 1.69 379 1.99 400 1.10 327 1.40 356 1.70 380 2.00 400 1.11 328 1.41 357 1.71 381 - - 1.12 329 1.42 358 1.72 382 - - 1.13 330 1.43 359 1.73 382 - - 1.14 331 1.44 360 1.74 383 - - 1.15 332 1.45 360 1.75 384 - - 1.16 333 1.46 361 1.76 384 - - 1.17 334 1.47 362 1.77 385 - - 1.18 335 1.48 363 1.78 386 - - 1.19 336 1.49 364 1.79 386 - - 1.20 337 1.50 365 1.80 387 - - 1.21 338 1.51 365 1.81 388 - - 1.22 339 1.52 366 1.82 389 - - 1.23 340 1.53 367 1.83 389 - - 1.24 341 1.54 368 1.84 390 - - 1.25 342 1.55 369 1.85 391 - - 1.26 343 1.56 369 1.86 391 - - 1.27 344 1.57 370 1.87 392 - - 1.28 345 1.58 371 1.88 393 - - 1.29 346 1.59 372 1.89 393 - - 1.30 347 1.60 373 1.90 394 - -

Fonte: Adaptado de: API 520, 2005. p.50

42

Figura 5 – Curva de avaliação do coeficiente C da equação de fluxo a partir da razão específica de calor, assumindo comportamento de gás ideal

Fonte: Adaptado de: API 520, 2005. p. 44

Para determinação do coeficiente C pela Figura 5, cruza-se uma linha vertical

passando pelo valor da Taxa de calor do produto em questão, até que a curva

representada. A partir do ponto de intersecção entre elas traça-se uma linha horizontal

até o eixo dos coeficientes C. Essa nova intersecção define o coeficiente C.

A API 520 informa ainda que a equação da curva acima apresentada é:

= √� + + / −, com [C] =

Assim, pode-se obter maior precisão nesse cálculo, não dependendo somente

de ferramentas visuais.

Além disso, vale lembrar que o dimensionamento proposto nesse item

considera o comportamento de gases ideais para base de cálculo. Para casos de fluidos

que divergem muito desse comportamento é indicado conferir o anexo B das normas

API 520.

Coe

fici

ente

C

Taxa de Calor específica, k = Cp/Cv

43

4.8.1.3 Dimensionamento para fluidos de comportamento subcrítico

Conforme descrito no item 4.8.1.1 (p. 37), o comportamento do fluxo é

subcrítico quando existe a relação (P2/P1) > (P2/P1)c. A razão de pressões crítica é

superada devido à existência de contrapressão, que torna a pressão na saída da válvula

considerável, a ponto de gerar resistência ao fluxo de alívio na saída da válvula. Para

o cálculo da área de orifício de válvulas de alívio convencionais ou piloto operadas, a

API apresenta as seguintes equações:

No Sistema de unidades americano:

� = × √ −

� = × √ −

� = × √ −

Unidades do SI:

� = , × √ −

� = , × √ −

� = × √ −

..... 9

... 10

... 11

... 12

... 13

... 14

44

Onde:

A ... Área de descarga efetiva requerida, em in² [mm2]

W ... Fluxo requerido pelo dispositivo, em lb/h [kg/h]

F2 ... Coeficiente de fluxo subcrítico. Esse valor pode ser encontrado na Figura

6 ou calculado pela equação: √ − / [ −� − /−� ] , sendo “k” a razão do calor

específico e “r” a razão de pressões (P2/P1).

Kd ... Coeficiente efetivo de descarga. Para válvulas de segurança e/ou alívio

adotar o valor 0,975.

Kc ... Fator de correção de combinação para instalações com disco de ruptura a

montante da válvula.

= 1,0 Quando não há disco de ruptura instalado

=0,9 Quando há disco de ruptura em associação com válvula de segurança

e/ou alívio e a combinação não tem valor determinado.

T ... Temperatura de alívio do gás ou vapor na entrada da válvula.

Z ... Fator de compressibilidade para desvios de comportamento entre o gás real

e gases ideais, uma razão que pode ser avaliada na entrada dos fluidos a serem

aliviados.

M ... Peso molecular do gás ou vapor quando antecedem comportamento de

alívio,

Lbm/Lb mole [kg/kmole]

P1 ... Pressão a montante da válvula, em psia [kPaa]. Corresponde à adição da

pressão de set pressure, da sobre pressão permissível e da pressão atmosférica.

P2 ... Contrapressão, em psia [kPaa]

V ... Fluxo requerido pelo dispositivo, em scfm (padrão pés cúbicos por minuto)

60°F e 14,7 e em Nm³/min a 0°C e 101325 kPaa.

G ... Gravidade específica em condições padrão referente ao ar em condições

padrão. G = 1,0 para ar a 14,7 psia e 60°F (ou 101325kPaa e 0°C).

45

Figura 6 – Valor do fator F2, para fluxos subcríticos

Fonte: API 520, 2005. p.48

Para definição do Fator F2 através da Figura 6 utiliza-se a linha vertical que

indica o valor da razão de pressões (P2/P1) para intersecção com a linha de razão de

calor específico que representa o fluido em questão. A partir do ponto da intersecção,

traça-se uma linha horizontal, que indicará o Fator F2 no ponto que atinge o eixe

vertical. Exemplo: Para um caso com razão de pressão de 0,55 e razão de calor

específico de 1,6, o Fator F2 assume um valor de aproximadamente 0,75.

Esses cálculos não se aplicam a válvulas do tipo balanceadas. Como sabemos,

esse tipo de válvula conta com foles ou pistões que evitam a influência da contrapressão

no funcionamento do dispositivo. Para as válvulas balanceadas, usa-se o cálculo de

fluxo crítico aplicando a variável Kb, fator de correção de contrapressão que deve ser

informado pelo fornecedor.

Linha de fluxo Crítico

46

4.8.1.4 Dimensionamento alternativo para válvulas convencionais e piloto operadas no fluxo subcrítico

A área de orifício de válvulas de alívio convencionais ou piloto operadas

também pode ser dimensionada por método de cálculo alternativo, utilizando as mais

usuais equações de fluxo crítico descritas no item 4.8.1.2 (p. 39). A compensação para

essas equações é feita por meio do coeficiente Kb, que faz a correção para a

contrapressão, e o valor obtido deve ser exatamente igual ao obtido com equações de

fluxo subcrítico. Para o cálculo, o valor de Kb pode ser obtido na Figura 7. Esse cálculo

visual é realizado pela intersecção da linha vertical referente ao percentual de

contrapressão com a linha de razão de calor específico do fluido. A intersecção delas é

refletida horizontalmente no eixo vertical nos dando o valor do Fator. Na própria Figura

7, encontra-se o exemplo em que o percentual de contrapressão é 76 e a razão de valor

específico 1,4, remetendo a um Kb de valor 0,87.

Figura 7 – Kb, fator de correção de contrapressão

Percentual de contrapressão = PB/(PS + Po) x 100 = r x 100

Fonte: Adaptado de: API 520, 2005, p. 49

47

Onde:

Kb = Fator de correção de contrapressão

PB = contrapressão, em psia

PS = Pressão de ajuste, em psia

PO = sobrepressão, em psi

4.8.2 Dimensionamento para Vapor superaquecido

Vapor superaquecido é o vapor que se encontra em faixas de temperaturas tão

altas que por maior que seja pressurização aplicada a ele, a fase líquida não é alcançada.

Quando a válvula de alívio de pressão opera com fluido nesse estado, o fluxo

deve ser considerado crítico e o dimensionamento do orifício deve seguir modelo de

equação mostrado abaixo:

No Sistema de unidades americano:

� = , × � �

No SI:

� = , × � �

Onde:

A ... Área de descarga efetiva requerida, em in² [mm2]

W ... Fluxo requerido pelo dispositivo, em lb/h [kg/h]

P1 ... Pressão a montante do alívio, psia [kPaa]. Essa é a soma da pressão de

ajuste, com a sobrepressão e a pressão atmosférica.

Kd ... Coeficiente efetivo de descarga. Para válvulas de segurança e/ou alívio

adotar o valor 0,975.

... 15

... 16

48

Kb ... Fator de correção de capacidade devido à contrapressão. Este pode ser

obtido de literatura do fabricante ou preliminarmente calculado através da Figura 8.

Esse fator de correção da contrapressão se aplica somente a válvulas balanceadas de

fole. Para as convencionais e as piloto operadas, aplica-se o valor 1,0 ao Kb.

Kc ... Fator de correção de combinação para instalações com disco de ruptura a

montante da válvula.

= 1,0 Quando não há disco de ruptura instalado

=0,9 Quando há disco de ruptura em associação com válvula de segurança

e/ou alívio e a combinação não tem valor determinado.

KN ... Fator de correção para a equação de Napier, correspondendo a:

1, quando ≤ � � �

No U.S. Customary System of units: , ×� −, ×� −

No SI: , ×� −, ×� − , quando:

> � � � ≤ � � �

KSH ... Fator de correção para vapor superaquecido. Para vapor superaquecido

a qualquer pressão, KSH = 1,0

49

Figura 8 – Fator de correção de contrapressão, Kb, para válvula de alívio de pressão balanceadas por fole (vapores e gases)

Fonte: Adaptado de: API 520, 2005, p.37

Onde:

PB - Contrapressão, em psig

PS – Pressão de ajuste, em psig

Para definição do Kb na Figura 8, intersecciona-se a linha vertical do percentual

de pressão manométrica em questão com a sobrepressão imposta na pressão de ajuste.

O ponto de intersecção é refletido horizontalmente no eixo vertical nos dando o valor

do Fator Kb. O cálculo desse fator para um percentual de pressão de 45 e sobrepressão

de 10%, por exemplo, nos traria um valor de Kb = 0,78.

Segundo a API, essa curva foi projetada para pressões de ajuste maiores que 50

psig. Para pressões de ajuste mais baixas ou fluxo subcrítico, o fabricante deve ser

consultado. Já para sobrepressão de 21%, o Kb se iguala a 1,00, acima do PB/Ps = 50%.

16% Sobrepressão

10% Sobrepressão

Percentual de pressão manométrica = (PB/PS) x 100

Fato

r de

cor

reçã

o de

con

trap

ress

ão, K

B

50

4.8.3 Dimensionamento para alívio de líquidos

Para o alívio de fluidos líquidos, as válvulas de segurança podem ser

dimensionadas de diferentes formas. Esse tipo de dimensionamento irá depender de

características do líquido e da necessidade de certificado de capacidade, conforme

descrito nos itens a seguir.

4.8.3.1 Dimensionamento para alívio de líquidos: Com certificado de capacidade

atribuído à válvula

Para a operação no alívio de pressão de fluidos líquidos, as válvulas de

segurança devem receber o certificado de capacidade, de acordo com exigências feitas

pelas normas descritas na Seção VIII, Divisão I, da norma ASME. Esse certificado

envolve testes que são realizados para garantia de total proteção ao vaso pressurizado.

Para isso, a válvula de segurança deve garantir a máxima sobrepressão de 5% da

PMTA, para válvulas piloto operadas, enquanto as válvulas convencionais devem

limitar esse valor a 10%.

Para as válvulas que atendem às exigências desse certificado, a API 520 define

o método de cálculo para dimensionamento de orifício descrito pelas equações a seguir:

No Sistema de unidades americano:

� = × √ −

No SI:

� = , × √ −

... 17

... 18

51

Onde:

A ... Área de descarga efetiva requerida, em in² [mm2]

Q ... Taxa de fluxo, em gpm [l/min]

Kd ... Coeficiente efetivo de descarga. Para válvulas de segurança e/ou alívio

adotar o valor 0,65.

Kw ... Fator de correção de capacidade devido à contrapressão. Para

contrapressões iguais à pressão atmosférica, aplica-se o valor 1,0 ao Kw. As válvulas

balanceadas de fole terão os coeficientes determinados pela Figura 9. As válvulas

convencionais ou piloto operadas não necessitam esse tipo de correção.

Kc ... Fator de correção de combinação para instalações com disco de ruptura a

montante da válvula.

= 1,0 Quando não há disco de ruptura instalado

=0,9 Quando há disco de ruptura em associação com válvula de segurança

e/ou alívio e a combinação não tem valor determinado.

Kv ... Fator de correção devido à viscosidade calculado pela equação a seguir:

= , + , ,5 + ,,5 − , , com R = Número de Reynolds

=1,0 para fluidos não viscosos.

G ... Gravidade específica em condições padrão referente à água em condições

padrão.

P1 ... Pressão a montante da válvula, em psia [kPaa]. Corresponde à adição da

pressão de set pressure e da sobre pressão permissível.

P2 ... Contrapressão, em psia [kPaa]

52

A Figura 9 nos mostra a alteração do fator de correção devido à contrapressão

em serviços líquidos. Percebe-se uma queda no valor desse fator a partir do percentual

de contrapressão 15 de acordo com a curva demonstrada nessa figura. O fator Fw para

um percentual de contrapressão de 35, por exemplo é aproximadamente 0,825.

Figura 9 – Fator de correção de capacidade, Kw, devido à contrapressão em válvula de alívio balanceada com fole, em serviços com fluido líquido

Percentual de contrapressão manométrica (PB/PS) x 100

Fonte: Adaptado de: API 520, 2005, p.38

Onde:

Kw = Fator de correção de contrapressão

PB = contrapressão, em psig

PS = Pressão de ajuste (set pressure), em psig

53

4.8.3.2 Dimensionamento para alívio de líquidos viscosos

O dimensionamento de orifícios para operações com fluidos viscosos segue o

mesmo princípio de cálculo do item anterior, porém se torna necessária uma correção

para anular as influências da viscosidade no fluxo de alívio. Esse dimensionamento se

inicia com o cálculo de área descrita no início desse item, seguido da seleção do orifício

descrito por fornecedores ou padrões de tamanho logo acima do orifício calculado, da

mesma maneira que se seleciona para válvulas de fluido não viscoso. Na sequência, a

área do orifício selecionado é utilizada para cálculo do Número de Reynolds, dado

pelas equações propostas pela API 520:

No Sistema de unidades americano:

= ×�√�

= , ×√�

No SI:

= , ×�√�

= , ×√�

Onde:

R … Número de Reynolds

Q … Taxa de fluxo, em gpm [l/min]

... 19

... 20

... 21

... 22

54

G ... Gravidade específica em condições padrão referente à água em condições

padrão.

µ ... Viscosidade absoluta na temperatura de alívio, em centipoise (cP)

A ... Área de descarga efetiva selecionada (dada por padrão de fornecedor ou

de normas), em in² [mm2]

U ... Viscosidade na temperatura de alívio, em Saybolt Universal Seconds

(SSU)

O número de Reynolds nos permite avaliar o comportamento do escoamento do

fluido que passa pelo orifício, para evitar que a alteração da viscosidade venha a

interferir no fluxo alívio e, consequentemente, traga riscos à proteção do vaso de

segurança. Esse número nada mais é do que uma razão adimensional entre a força

inercial e a força viscosa, utilizado para garantir o comportamento de escoamento ideal

independentemente da viscosidade do fluido (WOLFGANG, B.; WESTFALL, G. D.;

DIAS, 2013). A partir dele, será calculado o fator de correção de viscosidade Kv, o qual

será utilizado para novo cálculo da equação do item 5.3.1 visando a adequação do

orifício à operação com fluido viscoso. Após esse procedimento o novo orifício

calculado ainda deve ser menor que o orifício padrão selecionado, utilizado no cálculo

do Reynolds. Caso contrário, o procedimento deve ser repetido, a partir do cálculo do

Reynolds, para esse novo valor.

4.8.3.3 Dimensionamento para alívio de líquidos: Sem necessidade de certificado de capacidade

O certificado de capacidade exige que a válvula atenda a certos requisitos, os

quais foram definidos pela ASME. Mas para as válvulas que eram produzidas

anteriormente a esse fato, ou mesmo para as atuais que não necessitam certificação, a

equação de determinação da área de orifício leva algumas hipóteses no cálculo do

orifício. Para isso, leva-se em conta que o coeficiente de descarga 0,62 e a sobre pressão

fica estimada em 25%.

55

Assim o cálculo de orifício será definido pelas equações a seguir:

No Sistema de unidades americano:

� = � √ , � − �

No SI:

� = , × � √ , � − �

Onde:

A ... Área de descarga efetiva requerida, em in² [mm2]

Q … Taxa de fluxo, em gpm [l/min]

Kd ... Coeficiente efetivo de descarga. Deveria ser obtido com o fornecedor,

mas nesse caso o simplificamos a 0,62.

Kw ... Fator de correção de capacidade devido à contrapressão. Para

contrapressões iguais à pressão atmosférica, aplica-se o valor 1,0 ao Kw. As válvulas

balanceadas de fole terão os coeficientes determinados pela Figura 9. As válvulas

convencionais ou piloto operadas não necessitam esse tipo de correção.

Kc ... Fator de correção de combinação para instalações com disco de ruptura a

montante da válvula.

= 1,0 Quando não há disco de ruptura instalado

Kv ... Fator de correção devido à viscosidade calculado pela equação a seguir:

= , + , ,5 + ,,5 − , , com R = Número de Reynolds (ver

5.3.2)

=1,0 para fluidos não viscosos.

... 23

... 24

56

Kp ... Fator de correção de contrapressão = 1,0 até sobrepressões de 25%. Para

valores acima disso, deve-se consultar a Figura 10.

G ... Gravidade específica em condições padrão referente à água em condições

padrão.

p ... Pressão a montante da válvula, em psig [kPag]

pb... Contrapressão, em psig [kPag]

V ... Fluxo requerido pelo dispositivo, em scfm (padrão pés cúbicos por minuto)

60°F e 14,7 e em Nm³/min a 0°C e 101325 kPaa.

G ... Gravidade específica em condições padrão referente ao ar em condições

padrão. G = 1,0 para ar a 14,7 psia e 60°F (ou 101325kPaa e 0°C).

Figura 10 – Fator de correção de capacidade para sobrepressão para válvulas de alívio de pressão para líquidos não certificada

Fonte: Adaptado de: API 520, 2005, p.55

Percentual de Sobrepressão

Fato

r de

cor

reçã

o, K

P

57

5. MATERIAIS E MÉTODOS

A partir desse estudo, foi desenvolvida uma Planilha de Dimensionamento de orifício

de válvulas de alívio de pressão, no programa Microsoft Office Excel 2013, cujo modelo foi

validado com dados apresentados pela API 520. Esses dados são apresentados no item 5.2

(p. 59).

5.1 Elaboração de Planilha

A planilha é uma ferramenta no formato Microsoft Excel Worksheet (.xlsx) e seu

funcionamento é basicamente regido pela escolha do estado físico do fluido em operação,

conforme ilustrado na Figura 11, o que já configura a fórmula correta para a definição da

área do orifício da válvula no campo “Área de orifício (A)”. O acesso à planilha está

permitido a qualquer usuário por meio do link a seguir:

https://drive.google.com/file/d/0B6svv7OFuxtgOFFVdGZsSGhVanc/view?usp=sha

ring

A ferramenta completa está representada no Apêndice A.

Figura 11 – Seleção de estado físico do fluido de operação

Fonte: Elaborada pelo autor

58

Os dados necessários para o cálculo também são selecionados automaticamente com

a seleção do tipo de fluido. Na coluna de “Características da amostra”, estão elencadas todas

as variáveis que aparecem nas fórmulas de cálculo da API, porém não se faz necessário o

preenchimento de todas. A seleção automática identifica quais são as variáveis presentes na

fórmula referente ao tipo de fluido selecionado e identifica suas células com o preenchimento

na cor branca, conforme demonstrado na Figura 12. Elas são inseridas manualmente e

algumas contam com tabelas de apoio para busca, através de hiperlinks. Como exemplo das

tabelas auxiliares, a seleção do Fator F2 está ilustrada na Figura 13.

Figura 12 – Seleção de dados para o dimensionamento

Fonte: Elaborada pelo autor

59

Figura 13 –Seleção do Fator F2

Fonte: Elaborada pelo autor

Assim, pode-se ver que os campos a serem preenchidos ficam na cor branca e

ainda possuem um descritivo para que o usuário saiba o que significa cada incógnita e

qual é a unidade do valor que deve ser inserido. Depois de preenchidos, o cálculo é

automático e o valor é exibido no campo “Área de orifício (A)”.

Nota-se também que há células na cor cinza no campo de “Características da

amostra”. Essas células possuem valores constantes ou automaticamente preenchidos.

Um exemplo é o valor do Fator de correção de combinação para instalações com disco

de ruptura a montante da válvula, Kc, que depende da seleção em lista suspensa no

campo “Há disco de ruptura associado à válvula? [Selecionar em lista]”, como mostra

a Figura 14.

60

Figura 14 – Situação de associação a disco de ruptura

Fonte: Elaborada pelo autor

Todo esse procedimento deve ser repetido para os diferentes cenários de maior

risco, para que o dimensionamento esteja adequado para a proteção frente a qualquer

problema de sobrepressão que ocorra no equipamento.

5.2 Validação de Planilha

A API 520 apresenta exemplos de aplicação das equações de dimensionamento,

dos quais um foi selecionado para validação da planilha de cálculos apresentada

anteriormente.

O exemplo aborda um alívio de vapor de hidrocarbonetos, composto por butano

e pentano, de massa molecular de 65g/mol. O alívio é causado por um transtorno

operacional que exige um fluxo, W, de 24.260 kg/h sob as condições apresentadas a

seguir:

Temperatura de alívio, 348 K

Pressão de ajuste, 517 kPa, que é a pressão de design do equipamento

Contrapressão atmosférica (101,3 kPa)

Sobrepressão permissível de 10%

Pressão de alívio, P1, 517 x 1,1 + 101,3 = 670 kPa absoluto

Fator de compressibilidade calculado, 0,84

61

Pressão de fluxo crítico, 670 x 0,59 (Taxa de pressão no fluxo crítico -

Tabela 1) = 395 kPa absoluto

K = Cp/Cv = 1,09, C = 326 (Tabela 4)

Fator de correção de combinação para disco de ruptura, Kc =1,0 (não associado a disco de ruptura).

62

6. RESULTADO E DISCUSSÃO

A partir das variáveis selecionadas, o dimensionamento de uma válvula de

segurança, utilizando a equação 6, apresentada no item 4.8.1.2 (p.39), obteve-se como

resultado um valor de 3179 mm². A planilha faz o mesmo cálculo obtendo o mesmo

resultado, conforme Figura 15.

Figura 15 – Simulação de dimensionamento seguindo exemplo da API

Fonte: Elaborada pelo autor

Para a utilização da planilha, o usuário deve possuir os valores necessários,

referentes às características da amostra. Dentre essas características podem ser

necessárias as seguintes variáveis:

1. W = Fluxo de gás/vapor [kg/h];

2. C = Fator de correção de combinação para disco de ruptura;

3. P1 = Pressão a montante da válvula [kPa absoluto];

4. Kb = Fator de correção de capacidade devido à contrapressão a gases/

vapores;

5. T = Temperatura de alívio [K];

6. Z = Fator de compressibilidade;

7. M = Massa Molecular de gás/vapor [g/mol];

63

8. F2 = Coeficiente de fluido subcrítico;

9. Q = Fluxo líquido [L/min];

10. Kw = Fator de correção devido à contrapressão a líquidos;

11. P2 = Pressão a jusante da válvula (contrapressão) [kPa absoluto];

12. G = Gravidade específica de líquidos referente à da água;

13. μ = Viscosidade [cP];

14. Kp = Fator de correção devido à sobrepressão;

15. p = Pressão a montante da válvula [kPa manométrica];

16. pb = Pressão a jusante da válvula [kPa manométrica].

Apesar do grande número de variáveis, nem todas precisam ser preenchidas. As

variáveis necessárias serão demarcadas automaticamente com a seleção do estado

físico da amostra a ser aliviada, conforme descrito nas equações do item 4.8 (p. 36) e

explicado no item 5 (p. 57) deste trabalho.

Além disso, realizou-se um comparativo de tempo para a resolução do problema

nas formas analítica e automática, através da planilha de cálculos. O teste também

comprovou a eficiência da ferramenta. Enquanto a resolução analítica levou em torno

de 8:30 min a resolução pela planilha demandou apenas 4 min para a captação e

inserção dos dados, seguidos da obtenção do resultado. Portanto, pode-se concluir que

a etapa de cálculos tem uma redução de 53% do tempo desprendido somente utilizando

a planilha de cálculos desenvolvida nesse trabalho.

Este trabalho não aborda os dimensionamentos para alívio de fluidos que

possuam dois estados físicos simultâneos, pois essa técnica de dimensionamento não

está comprovada pela API 520, e o dimensionamento para gases que tenham

comportamento divergente dos gases ideais.

64

7. CONCLUSÃO

Por meio desse estudo, pode-se concluir que o correto dimensionamento das

válvulas de alívio de pressão se faz necessário para a total proteção de um vaso de pressão

da planta produtiva e de toda equipe envolvida em sua operação. Para isso, devem ser

levados em conta todos os cenários de riscos, aos quais o vaso está sujeito, além de ter total

conhecimento das propriedades dos fluidos em questão e da estrutura do sistema

operacional. Isso garante que a vazão mínima de alívio seja estabelecida no momento em

que a pressão de abertura é atingida.

Além disso, torna-se igualmente importante a correta manutenção desse dispositivo

para que nenhuma peça venha a ser danificada e nem a válvula venha a ter sua calibração

invalidada. A falta de manutenção pode gerar um dos fenômenos operacionais,

comprometendo o funcionamento preciso desses dispositivos.

Com tudo, pode-se agregar todas as exigências para dimensionamento de orifício

dessas válvulas em um programa de cálculo para auxilio a estudos e operações industriais.

Com isso, a seleção de válvulas de segurança e/ou alívio se torna muito mais ágil e

simplificada, reduzindo a probabilidade de ocorrência de erro humano nos cálculos e o

tempo que seria desprendido por uma equipe que estaria iniciando os estudos para

adequação dessas válvulas.

Por fim, conclui-se que, com este estudo, o cálculo de adequação de uma válvula de

segurança e/ou alívio se torna mais acessível a instituições de ensino e indústrias. Apesar

de sua extrema importância, este assunto não é tão explorado. Assim, pôde-se obter maior

conhecimento do correto uso desses dispositivos e, consequentemente maior segurança nas

atividades industriais.

65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIMAQ-SINDIMAQ, Válvulas Industriais Brasileiras, 3 ed., PE – Vispe publicidade

LTDA, Rua João Adolfo, 118 – 5º andar, CEP 01050, São Paulo, SP – Brasil. Impressão

e acabamento : CIA. Lithographica Ypiranga.

AMERICAN PETROL INTITUTE (API) 520. Dimensionamento, Seleção e

Instalação de dispositivos de alívio de pressão em Refinarias (Sizing, Selection, and

Installation of Pressure-Relieving Devices in Refineries), parte 1 – dimensionamento

e seleção (8ª ed.), Sistema Americano de Petróleo (American Petroleum System), 2005.

BRASIL. Ministério do trabalho. Norma regulamentadora N 13 (NR13) Caldeiras,

Vasos de pressão e Tubulações, 1978. Alterado pela Portaria SIT n.º 57, de 19 de

junho de 2008. 17 p.

ÇENGEL, Y. A.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos Fluidos, fundamentos e aplicações,

Yunus A. Çengel, John M. Cimbala, 3.ed, São Paulo: AMGH Editora, 2015

FUNARO, V. M. B. O. ... [et al.], Diretrizes para apresentação de dissertações e teses

da USP: documento eletrônico e impresso Parte I (ABNT)fundamentos e aplicações,

Yunus A. Çengel, John M. Cimbala, Sistema Integrado de bibliotecas da USP: 2.ed, São

Paulo, 2009. 102 p.

GUITERAS, O. H. J. Metodologia de análise global para o desenvolvimento de um

campo de gás natural. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro, 2003. 285 p

ISO 4126-10. Dispositivos de Segurança para Proteção Contra Pressão Excessiva e

Dimensionamento de Válvulas de Segurança para Fluxo Bifásico gás/líquido (Safety

devices for protection against excessive pressure and sizing of Safety Valves for

gas/liquid two-phase flow). Berlim: DIN Instituto Alemão de padronização

(Deutsches Institutfür Normung), Beuth Verlag GmbH, 2010

66

MATHIAS, A. C. Válvulas: Industriais, segurança, controle: tipos, seleção,

dimensionamento/ Artur Cardozo Mathias. São Paulo: Artliber Editora, 2008.

SILVA, O. J. L.Válvulas Industriais: Petróleo Brasileiro S.A./ Osmar José Leita da Silva

– Rio de Janeiro: Qualitymark: Petrobras, 2008. 352p.

TELLES, P.C.S. Tubulações industriais – Materiais, Projeto e Desenho, Pedro Carlos

da Silva Telles, 6ª edição, 1986

TOWLER, G. ; SINNOT, R. ; Chemical engineering design – Principles, Practice and

Economics of Plant and Process Design ; 2 edição, 2012.

WOLFGANG, B.; WESTFALL, G. D.; DIAS, H. Física para universitários,

relatividade, oscilações, ondas e calor, New York: AMGH Editora Ltda, 2013.

67

APÊNDICE A

Ferramenta de dimensionamento de orifício de válvula de segurança e/ou alívio para

proteção de vasos de pressão. As etapas para a configuração foram numeradas a seguir:

1) Devem ser declaradas todas as variáveis que participarão dos cálculos, conforme

demonstrado na Figura 16:

Figura 16 – Inserção de variáveis presentes nas fórmulas

Fonte: Elaborada pelo Autor

2) Define-se as equações de A (área de orifício da válvula de alívio de

sobrepressão) para cada estado físico, utilizando as variáveis

Gases/ vapores em fluxo crítico, equação 6 (célula G6):

=((13160*O7)/(O8*O9*O10*O11*O12))*(((O13*O14)/O15)^(0,5))

Gases/ vapores em fluxo Subcrítico, equação 12 (célula G10):

=((17,9*O7)/(O16*O12*O9))*(((O14*O13)/(((O10-O22)*O10*O15)^(0,5))))

68

Vapor superaquecido, equação 16 (célula G14):

=((190,4*O7)/(O10*O9*O11*O12*O17*O18))

Líquido com certificado, equação 18 (célula G18):

=(((11,78*O19)/(O9*O20*O12*O21))*((O23/(O10-O22))^(0,5)))

Líquido sem certificado, equação 24 (célula G24):

=((11,78*O19)/(O9*O20*O12*O21*O25))*((O23/((1,25*O26)-O27))^(0,5))

3) Para evitar disparidade na seleção da fórmula, esse processo está vinculado

automaticamente à seleção do estado físico da amostra em lista suspensa,

ilustrada na Figura 11. A equação que rege essa seleção é:

=SE(I7=A28;G6;SE(I7=A29;G10;SE(I7=A30;G14;SE(I7=A31;G18;SE(I7=A3

2;G24;"")))))

Onde:

I7...Célula da lista suspensa

A28, A29, A30, A31, A32...Células de referência de conteúdo da lista suspensa

da célula I7. Cada uma representando um item da lista.

G6, G10, G14, G18, G24...Células com as fórmulas pertinentes a cada uma das

opções da lista suspensa.

4) Para a opção de “Líquidos com certificação para a válvula” também há a

necessidade de se fazer correções para líquidos viscosos. Portanto, adiciona-se

um campo adicional para essa correção com a fórmula,

=(((11,78*O19)/(O9*O20*O12*G22))*((O23/(O10-O22))^(0,5))), referente à

equação 21, disposto como segue na Figura a seguir:

69

Figura 17 – Campo de resultados com correção para líquidos viscosos

Fonte: Elaborada pelo Autor

5) Por fim, para a seleção dos dados a serem preenchidos em cada caso, faz-se a

formatação condicional das células (para que fiquem brancas quando seu

preenchimento for necessário).

Figura 18 – Formatação condicional para seleção de variáveis necessárias

Fonte: Elaborada pelo Autor

70

A partir dessa etapa, a planilha está pronta para uso e pode-se utilizá-la para

qualquer dimensionamento de orifício de válvulas de alívio abordado por esse

trabalho.