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                         CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS  CEEBJA GUARAPUAVA Rua Saldanha Marinho, 2131 – Bairro Batel - CEP 85.010.290  Telefone/Fax: (42) 3623-7423 - Guarapuava – Paraná PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR – 2013 CONCEPÇÃO, CONTEÚDOS E SEUS RESPECTIVOS ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DISCIPLINA: ENSINO RELIGIOSO ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II CONCEPÇÃO DO ENSINO DE ENSINO RELIGIOSO “Ao repensar nos dados concretos da realidade, sendo vivida, o pensamento profético, que é também utópico, implica a denúncia de como estamos vivendo e o anúncio de como poderíamos viver.” “É essencial que os enfoques da educação de adultos estejam baseados no patrimônio, na cultura, nos valores e nas experiências anteriores das pessoas, e que as distintas maneiras de por em prática estes enfoques facilitem e estimulem a ativa participação e expressão do educando.” (FREIRE, Paulo. Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos. Item 5, 1997.). Considerando-se as indicações das Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos, que propõem o compromisso com a formação humana e com o acesso a cultura geral, bem como o respeito à diversidade cultural, a disciplina de Ensino Religioso está pautada no entendimento do conhecimento constituído sobre as diversas tradições e organizações religiosas, o qual deve dimensionar o respeito na inter-relação entre as diferentes manifestações e crenças religiosas. Esta concepção, que deve reger o Ensino Religioso, pautou-se na necessidade de superação de uma situação historicamente constituída, que se perfazia no ensino do catolicismo, o qual expressava a proximidade desde o Império com a Igreja Católica. Depois, com o advento da República, a nova constituição separou o Estado da Igreja e o ensino passou a ser laico. Mesmo assim, a presença das aulas de religião foi mantida nos currículos escolares, devido ao poder da Igreja Católica junto ao Estado brasileiro. Tal influencia pode ser constatada em todas as Constituições do Brasil, nas quais o Ensino Religioso foi citado, com a representatividade hegemonicamente cristã 

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Page 1: PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR – 2013 … · tradições e organizações religiosas, o qual deve dimensionar o respeito na interrelação entre as diferentes manifestações e

                         CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS  CEEBJA GUARAPUAVA

Rua Saldanha Marinho, 2131 – Bairro Batel ­ CEP 85.010.290 

 Telefone/Fax: (42) 3623­7423 ­ Guarapuava – Paraná

PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR – 2013

CONCEPÇÃO, CONTEÚDOS E SEUS RESPECTIVOS ENCAMINHAMENTOS 

METODOLÓGICOS

DISCIPLINA: ENSINO RELIGIOSO

ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II

CONCEPÇÃO DO ENSINO DE ENSINO RELIGIOSO

“Ao repensar nos dados concretos da realidade, sendo vivida, o pensamento profético,   que   é   também   utópico,   implica   a   denúncia   de   como   estamos vivendo e o anúncio de como poderíamos viver.” “É  essencial que os enfoques da educação de adultos estejam baseados no patrimônio, na cultura, nos valores e nas experiências anteriores das pessoas, e  que   as  distintas  maneiras  de  por   em prática   estes   enfoques   facilitem e estimulem a ativa participação e expressão do educando.” (FREIRE, Paulo. Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos. Item 5, 1997.).

Considerando­se as indicações das Diretrizes Curriculares da Educação de 

Jovens e Adultos, que propõem o compromisso com a formação humana e com o acesso 

a  cultura  geral,  bem como o  respeito  à  diversidade cultural,  a  disciplina  de  Ensino 

Religioso está pautada no entendimento do conhecimento constituído sobre as diversas 

tradições e organizações religiosas, o qual deve dimensionar o respeito na inter­relação 

entre as diferentes manifestações e crenças religiosas.

Esta concepção, que deve reger o Ensino Religioso, pautou­se na necessidade 

de superação de uma situação historicamente constituída, que se perfazia no ensino do 

catolicismo, o qual expressava a proximidade desde o Império com a Igreja Católica. 

Depois, com o advento da República, a nova constituição separou o Estado da Igreja e o 

ensino passou a ser laico. Mesmo assim, a presença das aulas de religião foi mantida nos 

currículos escolares, devido ao poder da Igreja Católica junto ao Estado brasileiro.

Tal influencia pode ser constatada em todas as Constituições do Brasil, nas 

quais o Ensino Religioso foi citado, com a representatividade hegemonicamente cristã 

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no processo  de  definição dos  preceitos   legais.  Em conseqüência,  desde  a  época do 

Império, a doutrina cristã tem sido a preferência na organização do currículo de Ensino 

Religioso.

Entretanto, a vinculação do currículo de Ensino Religioso ao cristianismo e 

às práticas catequéticas já  não corresponde ao sentido dessa disciplina na escola. Os 

debates em torno da sua permanência como disciplina escolar têm sido intensos e a 

busca   de   explicações   que   justificam   as   novas   configurações   da   disciplina   não   se 

restringe ao contexto brasileiro.

Castela (2004) afirma que três fatores ajudam a entender a necessidade de 

um novo enfoque para o Ensino Religioso: 

­ o primeiro é atribuído à pluralidade social, num Estado não confessional, 

laico e que garante, por meio da constituição a liberdade religiosa;

­   o   segundo   fator   diz   respeito   à   própria   maneira   de   apreender   o 

conhecimento,   devido   às   profundas   transformações   ocorridas   no   campo   da 

epistemologia, da educação e da comunicação;

­   o   terceiro   fator,   traço   característico   da   cultura   ocidental   mostra   uma 

profunda reviravolta nas concepções, em especial no séc. XIX, que atinge seu ápice na 

célebre expressão do filosofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844­1900): “Deus 

está morto”, metáfora do autor para dizer que a sociedade não é capaz de crer numa 

ordenação cósmica transcendente e imanente.

Isto   conduz   a   uma   repulsa   aos   valores   absolutos   e   também   ao 

questionamento em qualquer valor ditado por uma ordem superior, visto que o homem é 

um ser pensante, logo criador. Para Nietzsche, esta posição subjetiva leva a sociedade ao 

niilismo, à decadência moral­religiosa vinculada à manutenção de um local reservado ao 

principio transcendente e imanente, o qual vem sendo destruído pela sociedade. Mesmo 

que aparentemente contraditório ao que se interpõem nos dias de hoje – uma sociedade 

racional e tecnologicamente equipada ­, há uma necessidade social de retorno a busca de 

explicações no sagrado. 

Nesse contexto,  há  um ressurgimento das religiões,   já  que a  limitação da 

racionalidade   moderna   e   do   saber   cientifica   se   tornarem   latentes,   fenômeno   já 

apontados  e  estudados  por  autores  como o  filosofo  alemão Edmund Husserl   (1859­

1938), com a obra A Crise das Ciências Européias, e o filosofo austríaco Ludwig Joham 

Wittgenstein (1889­1951) com seus escritos a respeito do entendimento da linguagem 

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que circunda o homem e o mundo. Foram críticas sobre a redutibilidade dos saberes do 

mundo à   linguagem científica  e  a   sua  pretensa  superioridade em relação às  demais 

formas de conhecimento e expressão. Assim, faz­se necessário superar modelos lineares 

e   fragmentados  de   compreensão   de   realidade   e   a   busca  de  outros   referenciais   que 

permitam uma analise  mais  complexa da sociedade.  É  essa realidade que se coloca 

como desafio para a disciplina de Ensino Religioso e para toda a escola.

Desta forma,  o processo de ensino e de aprendizagem proposto para este 

documento,  visa  à   construção  e  produção  do  conhecimento  que   se   caracteriza  pela 

promoção   do   debate,   da   hipótese   divergente,   da   duvida   –   real   ou   metódica   –   do 

confronto de idéias, de informações discordantes e, ainda, da exposição competente de 

conteúdos formalizados.  Opõe­se a  um modelo educacional  que centra o ensino tão 

somente na transmissão dos conteúdos pelo educador, o que reduz as possibilidades de 

participação do educando e não respeita a diversidade religiosa.

Tanto  as  Diretrizes  Curriculares  como a  Proposta  Curricular  da  EJA,  do 

Ensino Religioso, expressam a necessária reflexão em torno dos modelos de ensino e do 

processo de escolarização, diante das demandas sociais contemporâneas que exigem a 

compreensão ampla da diversidade cultural, postas também no âmbito religioso entre os 

países e, de forma mais restrita, no interior de diferentes comunidades. Nunca, como no 

presente, a sociedade esteve consciente da unidade do destino do homem em todo o 

planeta e das radicais diferenças culturais que marcam a humanidade.

Nesse   contexto,   está   a   escola   e   nela   o   currículo   do   Ensino   Religioso, 

historicamente marcado como espaço de  transposição do que era a  catequese e  que 

permitia a introdução sistemática e orgânica do complexo doutrinal cristão.

Dentre os desafios para o Ensino religioso na atualidade, pode­se destacar:

­ a necessária superação das tradicionais aulas de religião;

­   a   inserção   de   conteúdos   que   tratem   da   diversidade   de   manifestações 

religiosas, dos seus ritos, das suas paisagens e símbolos;

­   as   relações   culturais,   sociais,   políticas   e   econômicas   de   que   são 

impregnadas as diversas formas de religiosidade.

Além disso, é necessário que o Ensino Religioso escolar adquira  status  de 

disciplina escolar, a partir da definição mais consistente de seus conteúdos escolares, da 

produção de referênciais didático­pedagógicos e científicos, bem como da formação dos 

educadores.

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No processo de constituição do Ensino Religioso como disciplina escolar 

ainda persiste dúvidas quanto aos conteúdos a serem tratados na escola; portanto, vale 

destacar que para a sociedade as religiões são confissões de fé e de crença.

No ambiente escolar, as religiões interessam como objeto de conhecimento a 

ser   tratado   nas   aulas   de   Ensino   Religioso,   por   meio   do   estudo   das   manifestações 

religiosas que delas decorrem e as constituem. As diferenças culturais são abordadas 

para   ampliar   a   compreensão   da   diversidade   religiosa   como   expressão   da   cultura, 

construída historicamente e, portanto, são marcadas por aspectos econômicos, políticos 

e sociais.

Dessa forma,  reafirma­se o compromisso da escola com o conhecimento, 

sem excluir do horizonte os valores éticos que fazem parte do processo educacional.

Em outras palavras, pode­se dizer que:

Aquilo que para as igrejas é objeto de fé, para a escola é objeto de estudo. Isto supõe a distinção entre fé/ crença e religião, entre o ato subjetivo de crer e o fato   objetivo   que   a   expressa.   Essa   condição   implica   a   superação   da identificação entre religião e igreja,  salientando sua função social  e  o seu potencial de humanização das culturas. Por isso, o Ensino Religioso na escola pública não pode ser concebido, de maneira nenhuma, como uma espécie de licitação para as Igrejas (COSTELLA, 2004, pp. 97­107). 

Desse  modo,   assim como para  as  Diretrizes  Curriculares  para  o  Ensino 

Religioso, esta Proposta Curricular tem como objetivo orientar também a abordagem e a 

seleção de conteúdos. Nessa perspectiva, todas as religiões podem ser tratadas como 

conteúdos nas aulas de Ensino Religioso, uma vez que o  sagrado  compõe o universo 

cultural humano e faz parte do modelo de organização de diferentes sociedades.

Assim, o currículo dessa disciplina propõe­se a subsidiar os educandos, por 

meio dos conteúdos, à compreensão, comparação e análise das diferentes manifestações 

do sagrado, com vistas à interpretação dos seus múltiplos significados. A disciplina de 

Ensino  Religioso   subsidiará   os   educandos  na  compreensão  de  conceitos  básicos  no 

campo religioso e na forma como a sociedade sofre inferências das tradições religiosas 

ou mesmo da afirmação ou negação do sagrado.

Por   fim,   destaca­se   que   os   conhecimentos   relativos   ao   sagrado   e   suas 

manifestações são significativos para todos os educandos no processo de escolarização, 

por propiciarem subsídios para a compreensão de uma das interfaces da cultura e da 

constituição da vida em sociedade.

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OBJETO DE ESTUDO DO ENSINO RELIGIOSO

O objeto de estudo da disciplina de Ensino Religioso é o sagrado, o qual é 

interpretado dentro das Diretrizes Curriculares como foco do fenômeno religioso por 

completar algo presente em todas as manifestações religiosas. Esta concepção favorece 

uma   abordagem   ampla   de   conteúdos   específicos   da   disciplina.   Tais   conteúdos 

privilegiam o estudo das diferentes manifestações do sagrado e possibilitam sua análise 

e   compreensão como o  cerne  da  experiência   religiosa  que   se   expressa  no  universo 

cultural de diferentes grupos sociais.

As   expressões  do   sagrado  diferem de   cultura  para   cultura,   ou   seja,   sua 

apreensão pode ser realizada somente de acordo com cada realidade. As religiões se 

apresentam como modalidades do sagrado que se revelam em processos históricos e em 

espaços marcados por representações da necessidade humana de se convergir em uma 

unidade sociocultural.

Como parte da dimensão cultural, o sagrado influencia a compreensão de 

mundo e a maneira como o homem, não somente o religioso vive o seu cotidiano. Por 

isso, o sagrado perpassa todo o currículo de Ensino Religioso de modo a permitir uma 

análise mais complexa de sua presença nas diferentes manifestações religiosas, cujas 

instâncias podem ser assim estabelecidas:

­   paisagem   religiosa:   refere­se   à   materialidade   fenomênica   do   sagrado, 

apreendida   por   meio   dos   sentidos.   É   a   exterioridade   do   sagrado   e   sua   concretude 

constituindo os espaços sagrados.

­   símbolo:  é  a  apreensão conceitual  dada pela   razão para  se conceber  o 

sagrado pelos seus predicados, reconhecendo sua lógica simbólica. É entendido como 

sistema simbólico e projeção comunicativa cultural.

­   texto   sagrado:   é   a   tradição   e   a   natureza   assumida   do   sagrado   como 

fenômeno.   Pode   ser   manifestado  de   forma  material   (escrito)   ou   imaterial   (oral).   É 

reconhecido por meio das Escrituras Sagradas, das tradições orais sagradas e dos mitos.

­   sentimento   religioso:   é   o   seu   caráter   transcendente   e   imanente   não­

racional. É a experiência do sagrado em si, a qual escapa a razão conceitual em sua 

essência e é reconhecida por seus efeitos. Trata­se do que qualifica uma sintonia entre o 

sentimento religioso e o fenômeno sagrado.

A   partir   do   objeto   de   estudo,   busca­se   superar   as   tradicionais   aulas   de 

religião e entender esta disciplina escolar como processo pedagógico, cujo objetivo é o 

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conhecimento: o entendimento sobre os cultos (culturas) e sobre o sagrado,  de uma 

forma que a diversidade cultural e religiosa seja respeitada e que a sociedade, em seu 

sentido lato, efetive­se. 

ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS 

Propor o encaminhamento metodológico da disciplina de Ensino Religioso 

para  a  Educação de  Jovens  e  Adultos,  não se   reduz a  determinar   formas,  métodos, 

conteúdos ou materiais a serem adotados em sala da aula, mas pressupõe um constante 

repensar   das   ações   que   subsidiarão   esse   trabalho.   Logo,   as   praticas   pedagógicas 

desenvolvidas pelo educador da disciplina poderão fomentar o respeito às manifestações 

religiosas, o que amplia e valoriza o universo cultural dos educandos.

É   importante   ficar   claro,   que   em   se   tratando  da  Educação   de   jovens   e 

Adultos, cabe ao educador despertar no educando uma nova forma de relação, buscando 

junto a ele, elementos oriundos de experiências vividas, que façam parte do seu contexto 

social. Dessa maneira, o educando deixa de ser um “depósito de informações” e passa a 

ressignificar conceitos anteriormente adquiridos. 

Também,   faz­se   necessário   superar   práticas   que   tradicionalmente   tem 

marcado o currículo da disciplina de Ensino Religioso, desvinculando­as das aulas de 

religião, seja em relação aos fundamentos teóricos, ao objeto de estudos, aos conteúdos 

selecionados,  ou,  ainda,  em relação ao  encaminhamento metodológico  adotado pelo 

educador. 

Assim,   um   dos   encaminhamentos   propostos   para   este   documento   é   a 

abordagem dos  conteúdos  de  Ensino  Religioso,   cujo  objeto  de  estudo   é  o   sagrado, 

conceito discutido nos fundamentos teórico­metodológicos das Diretrizes Curriculares 

da disciplina e a base a partir da qual serão tratados todos os demais conteúdos.

Dessa   forma,   pretende­se   assegurar   a   especificidade   dos   conteúdos   da 

disciplina, sem desconsiderar sua aproximação com as demais áreas do conhecimento. 

Pode­se citar, por exemplo, que os espaços sagrados também constituem conteúdos de 

geografia e de arte; no entanto, o significado atribuído a esses espaços pelos adeptos 

desta ou daquela religião será tratado de forma mais aprofundada nas próprias aulas de 

Ensino Religioso, cujo foco é o sagrado.

A fim de que o Ensino Religioso contribua efetivamente para o processo de 

formação   dos   educandos,   foram   indicados,   a   partir   dos   conteúdos   estruturantes 

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paisagem religiosa, símbolos e textos sagrados, o conjunto de conteúdos específicos a 

serem observados pelo educador no Ensino Fundamental na modalidade de Educação de 

Jovens e Adultos.

Os   conteúdos   propostos   nestas   Diretrizes   contemplam   as   diversas 

manifestações do sagrado, entendidos como integrantes do patrimônio cultural, os quais 

poderão ser enriquecidos pelo educador, desde que contribuam para construir, analisar e 

socializar o conhecimento religioso, para favorecer a formação integral dos educandos, 

o respeito e o convívio com o diferente.

Para corresponder a esse propósito, a linguagem a ser adotada nas aulas de 

Ensino   Religioso,   referente   a   cada   expressão   do   sagrado,   é   a   pedagógica   e   não   a 

religiosa   é   a   adequada   ao   universo   escolar.   Da   mesma   forma   deve­se   levar   em 

consideração que na educação de jovens e adultos as terminologias utilizadas também 

devem ser adequadas à realidade dos educandos.

                   

       PROGRAMAS SOCIOEDUCACIONAIS

       Os Programas Socioeducacionaiss  pressupõem conhecimento concreto da 

realidade histórica sobre as questões sociais, econômicas, culturais, raciais e ambientais 

que embora não sejam genuínas da escola, apresentam­se como desafios que implicam, 

sobretudo uma compreensão para além da visão idealista sobre tais fatos. Não devendo 

serem   transversalizados,   nem   tampouco   secundarizados,   mais   sim   contextualizados, 

como por exemplo a violência, drogadição( Lei n. º 11.343 de 23/08/2006) , sexualidade 

(Lei   n.º   9.970   de   17/05/2000),   relações   com   o   meio   ambiente   (Lei   n.º   9.795   de 

27/04/1999)   e o estudo e discussão sobre a Agenda 21. Educação Tributária e Fiscal 

(Decreto  1143/99),  História  da  Cultura  Afro­brasileira   (Lei  n.º  10.639/93)  e  Cultura 

Indígena (Lei n.º 11.645/08), História do Paraná (Lei n.º13.381 de 18/12/2001), Direitos 

da Criança e do Adolescente (Lei n.º 11.525/07), Música (Lei n.º 11.769 de 18/08/2008), 

Direito dos Idosos(Lei n.º 10.741/03) e Educação para o Trânsito (Lei n.º 9.503/97) estas 

duas últimas em atendimento à Resolução n.º 07/2010 do CNE/CEB, entre outras que 

são  vivenciadas  nesta   sociedade  onde  nos  encontramos   inseridos  e   amparados  pelo 

aparato legal supracitados.

No Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos – CEEBJA – 

Guarapuava  todas essas questões são abordadas e  desenvolvidas  dentro do ambiente 

escolar   na   medida   em   que   os   conteúdos   de   cada   disciplina   permita   tais 

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contextualizações e também de acordo com o ritmo de cada turma e coerência ao Plano 

de Trabalho Docente.

ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ESTRUTURANTES  

Pela observância dos aspectos que marcam o sagrado e as relações que se 

estabelecem   em   decorrência   dele,   nas   diferentes   manifestações   religiosas   a   serem 

tratadas  pelo Ensino Religioso,   ressalta­se a  necessidade de definir  como conteúdos 

estruturantes   desta   disciplina,   referenciais   que   incluam   nos   conteúdos   escolares   a 

pluralidade das tradições religiosas.

Dessa   forma,   os  conteúdos   estruturantes  compõem   os   saberes,   os 

conhecimentos   de   grande   amplitude,   os   conceitos   ou   praticas   que   identificam   e 

organizam os campos de estudos a serem contemplados no Ensino Religioso.

Apropriados das instâncias que contribuem para compreender o sagrado, os 

conteúdos estruturantes propostos para o Ensino Religioso são:

­ a paisagem religiosa;

­ o universo simbólico religioso;

­ o texto sagrado.

Os conteúdos estruturantes de Ensino Religioso não devem ser entendidos 

isoladamente; antes, são referencias que se relacionam intensamente para a compreensão 

do objeto de estudo em questão e se apresentam como orientadores para a definição dos 

conteúdos escolares.

A relação do sagrado com os conteúdos estruturantes pode ser apresentada 

conforme o seguinte esquema:

Paisagem Religiosa

Por  paisagem  religiosa  define­se  a   combinação  de  elementos  culturais   e 

naturais  que   remetem a  experiências  do   sagrado,  que  por   força  dessas   experiências 

Paisagem Religiosa

Texto Sagrado Símbolo

SAGRADO

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anteriores remetem a uma gama de representações sobre o transcendente e o imanente.

Os  lugares considerados sagrados são simbolicamente onde o sagrado se 

manifesta. Para o homem religioso, a natureza não é exclusivamente natural; sempre está 

carregada de um valor sagrado.

A idéia de existência de lugares sagrados e de um mundo sem imperfeições 

conduz o homem a suportar suas dificuldades diárias. O homem consagra determinados 

lugares porque necessita viver e conviver no mundo sagrado.

Para as religiões, os lugares não estabelecem somente uma relação concreta, 

física, entre os povos e o sagrado; neles, há também uma relação pré­estabelecida entre 

ações   e   práticas.   Nessa   simbologia,   não   podem   ser   ignorados   o   imaginário   e   os 

estereótipos de cada civilização, impregnados de seus valores, identidade, etc.

Muitas   pessoas   necessitam   de   espaços   aos   quais   lhes   são   atribuídos   o 

sentido   de   sagrado,   para   manifestar   sua   fé.   Com   esse   lugar   definido,   entre   outras 

atividades, organizam ritos, festas, homenagens em prol desse objeto.

Nos momentos em que os grupos se reúnem para reverenciar o divino, para 

unirem­se   ao   sagrado,   os   lugares   se   transformam   num   universo   especialmente 

simbólico, resultante das crenças existentes nas tradições religiosas.

A   paisagem   religiosa   é   o   fruto   do   espaço   social   e   cultural   construído 

historicamente,   em   vivências   dos   inúmeros   grupos   humanos.   Portanto,   a   paisagem 

sagrada é uma imagem socialmente construída, de maneira que é preciso compreendê­la 

corretamente para entender tal aspecto do estudo do sagrado.

Universo simbólico religioso

A complexa realidade que configura o universo simbólico tem como chave 

de  leitura as  diferentes  manifestações do sagrado no coletivo,  cujas  significações se 

sustentam em determinados símbolos religiosos.

Os símbolos são linguagens que expressam sentidos, comunicam e exercem 

papel relevante para a vida imaginativa e para a constituição das diferentes religiões no 

mundo. Neste contexto,  o símbolo é  definido como qualquer coisa que veicule uma 

concepção; pode ser uma palavra, um som, um gesto, um ritual, um sonho, uma obra de 

arte, uma notação matemática, entre tantos outros.

De modo geral, a cultura se sustenta por meio de símbolos, que são criações 

humanas  cuja   função   é   comunicar   idéias.  Os   símbolos   são  parte   essencial  da  vida 

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humana,   todo   sujeito   se   constitui   e   se   constrói   por   meio   de   inúmeras   linguagens 

simbólicas.   Ao   abranger   a   linguagem   do   sagrado,   os   símbolos   são   a   base   da 

comunicação e constituem o veículo que aproxima o mundo vivido, cotidianamente, do 

mundo misterioso dos deuses, deusas, encantados, enfim, da linguagem de seres supra­

sensíveis que habitam o território do inefável. O símbolo é  um elemento importante 

porque para o estudo do sagrado também o é.

Texto Sagrado

Os   textos   sagrados   expressam   idéias   e   são   meios   de   dar   viabilidade   à 

disseminação e à preservação dos ensinamentos de diferentes tradições e manifestações 

religiosas, o que ocorre de diversas maneiras,  como: dança sagrada,  pinturas sacras, 

textos orais e escritos, entre outras. 

Ao articular  os  textos  sagrados aos ritos  – festas  religiosas,  situações de 

nascimento e morte –, as diferentes tradições e manifestações religiosas buscam criar 

mecanismos de unidade e de identidade do grupo de seguidores, de modo a assegurar 

que  os   ensinamentos   sejam consolidados  e   transmitidos   às  novas  gerações   e   novos 

adeptos. Tais ensinamentos podem ser retomados em momentos coletivos e individuais 

para responder a impasses do cotidiano e para orientar a conduta de seus seguidores.

Algumas   tradições   e   manifestações   religiosas   são   transmitidas   apenas 

oralmente ou revividas em diferentes rituais. Por sua vez, os textos sagrados registram 

fatos relevantes da tradição e manifestação religiosa, quais sejam: as orações, a doutrina, 

a  história,   que   constituem sedimento  no   substrato   social   de   seus   seguidores   e   lhes 

orientam as práticas. O que caracteriza um texto como sagrado é o reconhecimento pelo 

grupo de que ele transmite uma mensagem originada do ente sagrado ou, ainda, que 

favorece uma aproximação entre os adeptos e o sagrado. 

A   compreensão,   interpretação   e   significação   do   texto   podem   ser 

modificadas, conforme a passagem do tempo ou, ainda, para corresponder às demandas 

do   tempo   presente.   Pode   também,   sofrer   alterações   causadas   pelas   diversas 

interpretações secundárias diferentes do texto original.

Como conteúdo estruturante, o texto  sagrado  é uma referência importante 

para  o  Ensino Religioso,  pois  permite   identificar  como a   tradição e  a  manifestação 

atribui  às  práticas   religiosas  o caráter   sagrado e  em que medida  orientam ou estão 

presentes nos ritos, nas festas, na organização das religiões, nas explicações da morte e 

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da vida.

Conteúdos Específicos

Os conteúdos específicos para a disciplina de Ensino Religioso têm como 

referência os conteúdos estruturantes, já apresentados. No caso do Ensino Religioso, o 

sagrado   é   o   objeto  de   estudo  da  disciplina,   portanto,   o   tratamento   a   ser   dado   aos 

conteúdos específicos estará sempre a ele relacionado.

Ao tratar dos líderes ou fundadores das religiões, o educador enfatizará as 

implicações da relação que eles  estabelecem com o sagrado,  quanto a  sua visão do 

mundo, atitudes, produções escritas, posições político­ideológicas, etc.

A   organização   dos   conteúdos   se   referencia   em   manifestações   religiosas 

menos   conhecidas   ou   desconhecidas,   a   fim   de   ampliar   o   universo   cultural   dos 

educandos. Por sua vez, o conteúdo templos e espaços sagrados se iniciam da discussão 

dos espaços físicos identificados como sagrados. Posteriormente, o educador tratará de 

espaços sagrados pouco conhecidos entre os educandos, como por exemplo: mesquitas, 

sinagogas, rios, montanhas, entre outros.

Somente depois de trabalhar a composição e o significado atribuído a esses 

espaços sagrados, por seus adeptos, serão tratados os espaços sagrados já conhecidos 

pelos   educandos,   que   então   terão  mais   elementos  para   analisar   as   configurações   e 

significados dos espaços sagrados que lhes são familiares. Tal organização curricular se 

repete nos demais conteúdos, conforme o quadro apresentado a seguir:

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O Ensino Religioso na Escola Pública

Ao iniciar o processo pedagógico na disciplina de Ensino Religioso, faz­se 

necessário   esclarecer   os   educandos   acerca   de   algumas   questões   importantes,   quais 

sejam:

­ as orientações legais;

­ os objetivos;

­ as principais diferenças entre aulas de Religião e Ensino Religioso como 

disciplina Escolar.

Respeito à diversidade Religiosa

Reconhecer  os  grupos sociais  em sua diversidade cultural  é  um dado de 

realidade que deve ser  sempre  trabalhado em sala de aula,  de modo que  também é 

interessante que o educador apresente aos educandos alguns instrumentos legais que 

buscam assegurar a liberdade religiosa. Os principais são:

­  Declaração  Universal   dos  Direitos  Humanos   e  Constituição  Brasileira: 

respeito à liberdade religiosa

­ Direito a professar a fé e liberdade de opinião e expressão

­ Direito à liberdade de reunião e associação pacífica

SAGRADO

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES

PAISAGEM RELIGIOSA

TEXTO SAGRADOSÍMBOLO

CONTEÚDOS ESPECÍFICOS

Respeito à diversidade religiosa

Lugares sagradosTextos sagrados orais e 

escritosOrganizações religiosas

Universo simbólico religiosoRitos

Festas religiosasVida e morte

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­ Direitos Humanos e sua vinculação com o Sagrado.

Lugares Sagrados

No processo pedagógico, educador e educandos podem caracterizar lugares 

e templos sagrados, quais sejam: lugares de peregrinação, de reverência, de culto, de 

identidade, principais práticas de expressão do sagrado nestes locais. Destacam­se:

­ lugares na natureza: rios, lagos, montanhas, grutas, cachoeiras, etc;

­ lugares construídos: templos, cidades sagradas, etc.

Textos sagrados orais e escritos 

São   ensinamentos   sagrados   transmitidos   de   forma   oral   e   escrita   pelas 

diferentes culturas religiosas,  expressos na literatura oral e escrita,  como em cantos, 

narrativas, poemas, orações, etc.

Os   exemplos   a   serem   apontados   incluem:   vedas   (hinduísmo),   escrituras 

baba’is,   fé   Bahá’I,   tradições   orais   africanas,   afro­brasileiras   e   americanas,   Alcorão 

(islamismo), etc.

Organizações Religiosas

As   organizações   religiosas   compõem   os   sistemas   religiosos   de   modo 

institucionalizado.   Serão   tratadas   como   conteúdos,   sob   a   ênfase   das   principais 

características,  estrutura  e  dinâmica social  dos  sistemas religiosos  que expressam as 

diferentes formas de compreensão e de relações com o sagrado. Poderão ser destacados:

­ os fundadores e/ou líderes religiosos;

­ as estruturas hierárquicas.

Entre os exemplos de organizações religiosas mundiais e regionais, estão: o 

budismo   (Sidarta   Gautama),   o   cristianismo   (Cristo),   confucionismo   (Confúcio),   o 

espiritismo (Allan kardec), o taoísmo (Lao Tsé), etc.

Universo Simbólico Religioso

Os significados simbólicos dos gestos, sons, formas, cores e textos podem 

ser trabalhados conforme os seguintes aspectos:

­ dos ritos;

­ dos mitos;

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­ do cotidiano.

Entre   os   exemplos   a   serem   apontados,   estão:   a   arquitetura   religiosa,   os 

mantras, os parâmetros, os objetos, etc.

Ritos

São celebrações das tradições e manifestações religiosas, formadas por um 

conjunto   de   rituais.   Podem   ser   compreendidas   como   a   recapitulação   de   um 

acontecimento sagrado anterior; servem à  memória e à  preservação da identidade de 

diferentes tradições e manifestações religiosas, e podem remeter a possibilidades futuras 

decorrentes de transformações contemporâneas. Destacam­se:

­ os ritos de passagem;

­ os mortuários;

­ os propiciatórios, entre outros.

Entre os exemplos a serem apontados, estão: a dança (Xire), o candomblé, o 

kiki (Kaingang, ritual fúnebre), a via sacra, o festejo indígena da colheita, etc.

Festas religiosas

São os eventos organizados pelos diferentes grupos religiosos, com objetivos 

diversos: confraternização, rememoração dos símbolos, períodos ou datas importantes. 

Entre eles, destacam­se:

­ peregrinações; 

­ festas familiares;

­ festas nos templos;

­ datas comemorativas.

Entre   os   exemplos   a   serem   apontados,   estão:   festa   do   Dente   Sagrado 

(budista),   Ramada   (islâmica),   kuarup   (indígena),   Festa   de   Iemanjá   (afro­brasileira), 

Pessach (judaica), Natal (cristã).

Vida e Morte 

As respostas elaboradas para a vida além a morte nas diversas tradições e 

manifestações religiosas e  sua relação com o sagrado podem ser   trabalhadas sob as 

seguintes interpretações:

­ o sentido da vida nas tradições e manifestações religiosas;

­ a reencarnação;

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­ a ressurreição – ação de voltar a vida;

­   além   da   morte:   ancestralidade,   vida   dos   antepassados,   espírito   dos 

antepassados que se tornam presentes, e outras.

AVALIAÇÃO

A avaliação é um meio e não um fim em si mesmo. É um processo contínuo, 

diagnóstico, dialético e deve ser tratada como parte integrante das relações de ensino­

aprendizagem.   Para   Luckesi   (2000),   a   avaliação   da   aprendizagem,   é   um   recurso 

pedagógico sutil e necessário para auxiliar cada educador e cada educando na busca e 

na construção de si mesmo e do seu melhor modo de vida.

Dentre as orientações metodológicas para a disciplina de Ensino Religioso, 

faz­se necessário destacar os procedimentos avaliativos a serem adotados, uma vez que 

este componente curricular não tem a mesma orientação que a maioria das disciplinas 

no que se refere à atribuição de notas e/ou conceitos. Ou seja, o Ensino Religioso não se 

constitui como objeto de reprovação, bem como não terá registro de notas ou conceitos 

na   documentação   escolar,   isso   se   justifica   pelo   caráter   facultativo   da   matrícula   na 

disciplina.

Mesmo com essas particularidades,  a avaliação não deixa de ser um dos 

elementos   integrantes   do   processo   educativo   na   disciplina   do   Ensino   Religioso   na 

modalidade   de   Educação   de   Jovens   e   Adultos.     Assim,   cabe   ao   educador   a 

implementação   de   práticas   avaliativas   que   permitam   acompanhar   o   processo   de 

apropriação de conhecimentos pelo educando e pela classe, tendo como parâmetro os 

conteúdos tratados e seus objetivos bem como a realidade e a experiência de vida de 

cada educando.

Para atender a esse propósito, o educador terá que elaborar instrumentos que 

o   auxiliem   a   registrar   o   quanto   o   educando   e   a   turma   se   apropriaram   ou   tem   se 

apropriado dos conteúdos tratados nas aulas de Ensino Religioso. Significa dizer que o 

que  se  busca  com o  processo  avaliativo   é   identificar   em que  medida  os  conteúdos 

passam   a   ser   referenciais   para   a   compreensão   das   manifestações   do   sagrado   pelos 

educandos. Da mesma forma deve­se procurar perceber o quanto o conteúdo ministrado 

possui significado no cotidiano dos educandos.

Nesse sentido, a apropriação do conteúdo que fora antes trabalhado pode ser 

observado pelo educador em diferentes situações de ensino e aprendizagem. Pode­se 

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avaliar, por exemplo, em que medida o educando expressa uma relação respeitosa com 

os colegas de classe que tem opções religiosas diferentes das suas; aceita as diferenças e, 

principalmente,   reconhece   que   o   fenômeno   religioso   é   um   dado   da   cultura   e   da 

identidade   de   cada   grupo   social;   emprega   conceitos   adequados   para   referir­se   às 

diferentes manifestações do sagrado.

Diante da sistematização das informações provenientes dessas avaliações, o 

educador terá elementos para planejar as necessárias intervenções no processo de ensino 

e aprendizagem, retomando as lacunas identificadas nos processos de apropriação dos 

conteúdos pelos educandos, bem como terá elementos para os níveis de aprofundamento 

a serem adotados em relação aos conteúdos que irá desenvolver posteriormente. 

Nessa perspectiva, o educador de Ensino Religioso terá também, a partir do 

processo avaliativo dos  educandos,   indicativos   importantes  para   realizar  a  sua  auto­

avaliação que orientará a continuidade do trabalho ou a imediata reorganização daquilo 

que já tenha sido trabalhado, tendo como referência este documento de diretrizes.

É   importante   lembrar   que   a   disciplina   de   Ensino   Religioso   está   num 

processo recente de implantação nas escolas e que, o ato de avaliar é um dos fatores que 

poderá contribuir para sua legitimação como um dos componentes curriculares.

Mesmo  que  não  haja   aferição  de  notas   ou   conceitos   que   impliquem na 

reprovação   ou   aprovação   dos   educandos,   estas   diretrizes   orientam   que   o   educador 

proceda ao registro formal do processo avaliativo, adotando instrumentos que permitam 

à   escola,   ao   educando,   aos   seus   pais   ou   responsáveis,   identificarem   os   progressos 

obtidos na disciplina.

Com essa prática, os educandos, especificamente, terão a oportunidade de 

retomar   os   conteúdos,   como   também   poderão   perceber   que   a   apropriação   dos 

conhecimentos   dessa   disciplina   lhes   possibilita   conhecer   e   compreender   melhor   a 

diversidade cultural da qual a religiosidade é parte integrante, bem como possibilitará a 

articulação desta disciplina com os demais componentes curriculares os quais também 

abordam aspectos relativos à cultura. 

REFERÊNCIAS

CISALPIANO, M. Religiões. São Paulo: Scipione, 1994.

COSCGROVE,   D.  A   geografia   está   em   toda   parte:   cultura   e   simbolismo   nas paisagens humanas. In: CORRÊS, R.L.; ROSENDAHI, Z. Paisagem, Tempo e Cultura. 

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Rio de Janeiro: Eduerj, 1998.

COSTELLA, D. O fundamento epistemológico do ensino religioso. In: JUNQUEIRA, S,; WAGNER, R. (Orgs). O Ensino Religioso no Brasil. Curitiba: Champagnat, 2004.

CUNHA, A. G. da.  Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

DURKHEIM, É.  As Formas  Elementares  de  Vida Religiosa.  São Paulo:  Edições Paulinas, 1989.

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