r$ 34, a pizza do servidor - pitoco · administração se contorce a milímetros da linha vermelha...

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Falou & disse Editorial R$ 34, a pizza do servidor Administração se contorce a milímetros da linha vermelha da Lei de Responsabilidade Fiscal Fato é que, quando o poder público de- vora todo o orçamento na operação meio, no custeio, os recursos chegam minguados a ponta, onde está o pagador de impostos e financiador da máquina. Um exemplo que até a turminha que usa fraldas entende: Cascavel tem 3,5 mil crianças na fila por uma vaga em CMEI (creche). “Impossível zerar esta fila, o orçamento não comporta”, disse ao Pitoco, na última terça-feira, a secretária Márcia Baldini (Educação). A pasta que ela chefia já tem quase 5 mil servidores. E pactuou com o sindicato a conta gotas (1,28% ao mês), o reajuste determinado pela União para pagar o piso nacional aos professores. Márcia logo vai requisitar mais 200 servi- dores para ativar creches e escolas projeta- das para o biênio 18/19. Os CMEIs em boas instalações e ofertando cinco refeições de primeira qualidade por dia, passaram tam- bém a ser objeto de desejo da classe média em apuros na recessão econômica. Somente em uma escola municipal, em uma única semana, foram 87 transferências de alunos de escola privada para a conta do Paranhos. Já são 2 mil alunos a mais na Rede Municipal, que já passa de 30 mil boquinhas. Tamanha demanda na educação e na saúde (400 novos servidores este ano), elevou em maio último o gasto com folha para quase 50% do orçamento. O limite legal é 51,3%. Olhando assim para o “pastel de vento” orçamentário, até que a pizza de R$ 34 não parece tão indigesta... Sempre acossado pelo Sismuvel, o sindi- cato dos servidores, controlado nos anos 90 por um aguerrido PT aderbalista, o então prefeito Salazar Barreiros dizia, em ou- tras palavras, que o serviço público oferecia algumas vantagens, como a estabilidade, mas que jamais pagaria bons salários. E que aos mais ambiciosos restava batalhar a inde- pendência econômica na iniciativa privada. Faz sentido. A Prefeitura de Cascavel pode ser lida como um microcosmo do que acontece no Governo Federal. Pequenas con- cessões se transformam em muitos milhões na folha de pagamento. Aqui, faz semanas, o Sismuvel e o Paço negociam o reajuste anual dos servidores, cuja data base o ex-vereador Aderbal fez recair sobre o antológico 1º de maio. A proposta do Paço seria motivo de garga- lhadas nos inflacionários anos 90 pré-plano Real: 1,7%. O servidor que ganha R$ 2 mil, terá R$ 34 de reajuste, o equivalente a uma pizza grande, quem sabe com um guaraná de brinde na promoção. O Paço age assim por que pretende perder a motivação e os votos do funcionalismo? Vejamos: 1,7% reflete os atuais índices Segundo interlocutores do Paço, ha- via licenças-prêmio para servidores da educação represadas desde 2004. E o prefeito assumiu o compromisso de pagar todas de forma escalonada. Desde então, o benefício já devorou uma considerável fatia do orçamento da pasta. A fila tinha 900 impacien- tes beneficiários. Outra característica peculiar da educação: Mais de 90% dos servidores são do sexo feminino. Então é preciso pagar uma “reserva técnica” de RH. Neste momento, cerca de 200 professoras estão em licença materni- dade de 180 dias. Mestre fora da sala e novos candidatos à fila do CMEI. inflacionários, os mais baixos desde o Plano Real. Embora seja um índice irrisório, ele in- cide sobre uma folha de pagamento gigante. E o número anão, que compra apenas uma pizza, multiplicado por quase 10 mil servido- res, vira gigantes R$ 6,6 milhões adicionais a débito no orçamento do município. É por essa razão que o modesto auxílio moradia de R$ 4,2 mil pago a magistrados e promotores, lá no fim da linha se transfor- ma em quase R$ 1 bilhão. São estas contas macroeconômicas que o sujeito que está petiscando uma pizza com uma porção de ketchup tem dificuldade de entender. Cascavel, sexta-feira, 15 de junho de 2018 - Ano XXII - Nº 2151 - Clipping News Agência de Notícias - (45) 3037-5020 - Editor: Jairo Eduardo Lar, doce lar O presidente da Cooperativa Lar, Irineo da Costa Rodrigues, era o secretário da Agricultura dos sonhos da governadora Cida Borghetti. Ela “amassou barro” em Medianeira para convencê-lo. Embora honrado, o líder cooperativista teria que alterar o estatuto da gigante para permitir uma licença. E não era convite que o entusiasmasse o suficiente para tanto. “Qualquer um pode fazer a guerra, mas somente os mais corajosos pode- rão fazer a paz” (Donald Trump, lendo discurso que algum assessor com mais neurônios escreveu, no encontro históri- co com o pequeno homem foguete da Coreia)

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Page 1: R$ 34, a pizza do servidor - Pitoco · Administração se contorce a milímetros da linha vermelha da Lei de Responsabilidade Fiscal Fato é que, quando o poder público de- ... E

Falou & disse

Editorial

R$ 34, a pizza do servidorAdministração se contorce a milímetros da linha vermelha da Lei de Responsabilidade Fiscal

Fato é que, quando o poder público de-vora todo o orçamento na operação meio, no custeio, os recursos chegam minguados a ponta, onde está o pagador de impostos e fi nanciador da máquina. Um exemplo que até a turminha que usa fraldas entende: Cascavel tem 3,5 mil crianças na fi la por uma vaga em CMEI (creche).

“Impossível zerar esta fi la, o orçamento não comporta”, disse ao Pitoco, na última terça-feira, a secretária Márcia Baldini (Educação). A pasta que ela chefi a já tem quase 5 mil servidores. E pactuou com o sindicato a conta gotas (1,28% ao mês), o reajuste determinado pela União para pagar o piso nacional aos professores.

Márcia logo vai requisitar mais 200 servi-dores para ativar creches e escolas projeta-das para o biênio 18/19. Os CMEIs em boas instalações e ofertando cinco refeições de primeira qualidade por dia, passaram tam-bém a ser objeto de desejo da classe média em apuros na recessão econômica.

Somente em uma escola municipal, em uma única semana, foram 87 transferências de alunos de escola privada para a conta do Paranhos. Já são 2 mil alunos a mais na Rede Municipal, que já passa de 30 mil boquinhas. Tamanha demanda na educação e na saúde (400 novos servidores este ano), elevou em maio último o gasto com folha para quase 50% do orçamento. O limite legal é 51,3%.

Olhando assim para o “pastel de vento” orçamentário, até que a pizza de R$ 34 não parece tão indigesta...

Sempre acossado pelo Sismuvel, o sindi-cato dos servidores, controlado nos anos 90 por um aguerrido PT aderbalista, o então prefeito Salazar Barreiros dizia, em ou-tras palavras, que o serviço público oferecia algumas vantagens, como a estabilidade, mas que jamais pagaria bons salários. E que aos mais ambiciosos restava batalhar a inde-pendência econômica na iniciativa privada.

Faz sentido. A Prefeitura de Cascavel pode ser lida como um microcosmo do que acontece no Governo Federal. Pequenas con-cessões se transformam em muitos milhões na folha de pagamento. Aqui, faz semanas, o Sismuvel e o Paço negociam o reajuste anual dos servidores, cuja data base o ex-vereador Aderbal fez recair sobre o antológico 1º de maio.

A proposta do Paço seria motivo de garga-lhadas nos infl acionários anos 90 pré-plano Real: 1,7%. O servidor que ganha R$ 2 mil, terá R$ 34 de reajuste, o equivalente a uma pizza grande, quem sabe com um guaraná de brinde na promoção. O Paço age assim por que pretende perder a motivação e os votos do funcionalismo?

Vejamos: 1,7% refl ete os atuais índices

Segundo interlocutores do Paço, ha-via licenças-prêmio para servidores da educação represadas desde 2004. E o prefeito assumiu o compromisso de pagar todas de forma escalonada. Desde então, o benefício já devorou

uma considerável fatia do orçamento da pasta. A fi la tinha 900 impacien-

tes benefi ciários. Outra característica peculiar da educação: Mais de 90% dos servidores são do sexo feminino. Então é preciso pagar uma “reserva técnica” de RH. Neste momento, cerca de 200

professoras estão em licença materni-dade de 180 dias. Mestre fora da sala e

novos candidatos à fi la do CMEI.

infl acionários, os mais baixos desde o Plano Real. Embora seja um índice irrisório, ele in-cide sobre uma folha de pagamento gigante. E o número anão, que compra apenas uma pizza, multiplicado por quase 10 mil servido-res, vira gigantes R$ 6,6 milhões adicionais a débito no orçamento do município.

É por essa razão que o modesto auxílio moradia de R$ 4,2 mil pago a magistrados e promotores, lá no fi m da linha se transfor-ma em quase R$ 1 bilhão. São estas contas macroeconômicas que o sujeito que está petiscando uma pizza com uma porção de ketchup tem difi culdade de entender.

Cascavel, sexta-feira, 15 de junho de 2018 - Ano XXII - Nº 2151 - Clipping News Agência de Notícias - (45) 3037-5020 - Editor: Jairo Eduardo

Lar, doce larO presidente da Cooperativa Lar, Irineo

da Costa Rodrigues, era o secretário da Agricultura dos sonhos da governadora

Cida Borghetti. Ela “amassou barro” em Medianeira para convencê-lo. Embora

honrado, o líder cooperativista teria que alterar o estatuto da gigante para permitir

uma licença. E não era convite que o entusiasmasse o sufi ciente para tanto.

“Qualquer um pode fazer a guerra, mas somente os mais corajosos pode-

rão fazer a paz”(Donald Trump, lendo discurso que algum assessor com mais neurônios escreveu, no encontro históri-

co com o pequeno homem foguete da Coreia)

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Pitocas CCC (Cida caçando comunis-

tas) afastou o professor Edson Souza, fi liado ao PCdoB, da di-reção do Hospital Universitário.

A mudança desagradou seto-res da Unioeste, principal redu-to do PCdoB na cidade. A base aliada de Dona Cida tenta no-mear o renomado doutor Toma-setto para a direção do HU.

Porém, a reitoria da Unioeste, somada aos comunistas, reluta. Tomasetto é tido como admi-nistrador austero e linha dura.

Eleições 2018Setores do PPL, do xerife Pa-

checo, cogitam lançar a candi-datura ao Senado do advogado cascavelense Juliano Murba-ch.

Eugênio Rozetti, o Geninho, deverá disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa, apoiado pelo ex-prefeito de Toledo, José Carlos Schiavinatto, que por sua vez vai tentar a vaga aberta pelo federal Dilceu Sperafi co.

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Leia na revistaA edição revista do Pitoco traz

nas páginas amarelas a primei-ra de uma série de entrevistas com os principais candidatos ao Palácio Iguaçu. A estreia da sé-rie é com Osmar Dias.

Na reportagem de capa, a “Costa Rica” do Paraná, estre-lada por Santa Helena e Itaipu-lândia, locais em que os prefei-tos – em contraste com vizinhos paupérrimos como Diamante do Oeste e Ramilândia - não conseguem gastar tudo o que arrecadam.

O númeroR$ 1,09 trilhão, é o montante

de confl itos judiciais de natu-reza fi scal entre a União e con-tribuintes. Como pode um país auto-defi nido como “em desen-volvimento” administrar tama-nha confusão entre o fi sco e a atividade produtiva?

(contribuição do assinante José Alberto Dietrich)

Economia brasileira em números (2017)PIB: R$ 6,53 trilhões; tributos pagos: R$ 2,2 trilhões; défi cit: R$ 110,6 bilhões;

Dívida pública: 74,3% do PIB; Juros da rolagem da dívida em 2018: R$ 400 bi-lhões;

Défi cit previdenciário setor privado: R$ 180 bilhões - 30 milhões de benefi ciários;

Défi cit previdência (funcio-nalismo público): R$ 90 bilhões -1 milhão de be-nefi ciários.

The endI - A visão do governo sobre

economia pode ser resumida em frases curtas: se a coisa se move, taxe-a; se continuar em movimento, regule-a; se ela pa-rar de se mover, subsidie-a.

II - O contribuinte é um cara que trabalha para o governo sem ter que prestar concurso.

(Ronald Reagan, ex-presidente norte-americano)

O vereador Sidnei Mazutti (foto) foi inocentado por una-nimidade da acusação de inter-ferência política na atuação da Guarda Municipal. A represen-tação contra ele na Comissão de Ética da Câmara foi arquivada.

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“Não sou idoso. Sou normal como qualquer outro homem”. A frase é do industrial cascave-lense Eliseu Zanella (foto), 74 anos. Ele acaba de percorrer os 21 km da meia maratona das Cataratas, em Foz do Iguaçu, em 2 horas e 27 minutos.

Zanella não é exceção. A lon-gevidade do brasileiro saltou de 46 anos de idade nos anos 40, para 75 agora. Mas os legislado-res brasileiros parecem viver em um mundo antigo, e continuam incluindo os jovens senhores de 60 anos na faixa etária que pre-cisa de uma muleta legal.

Não é incomum ver um ses-sentão atlético saltando de um carro esportivo adesivado como “idoso”. E usando a vaga espe-cial, destinada aos “velhos” no supermercado ou via pública. Em Cascavel, somente na área de estacionamento regulamen-tado, há quase 300 vagas para o “tiozão” da Sukita, aquele jovem senhor com moletom nas cos-tas, visto seduzindo a “novinha” na propaganda do refrigerante.

E o número de candidatos a vaga especial não para de cres-cer. Nos primeiros seis meses deste ano, a Cettrans emitiu 662 credenciais de idosos. Dois em cada três, são perfi l “tiozão” da Sukita, ou seja, com menos de 65 anos.

No transporte coletivo, esta faixa etária de jovens velhos, ou velhos jovens, como queira, também recebe tratamento di-ferenciado. Eles são isentos da tarifa, onerando o sistema e im-pactando o valor pago por todos os demais usuários.

Na Alemanha, as pessoas na faixa dos 70 anos são tratadas como “normais”, para usar uma expressão do maratonista Za-nella. Naquele país, é comum motoristas de idade já avançada chegarem mais cedo a um even-to e ocupar uma vaga mais dis-tante no estacionamento. “Al-guém pode chegar em cima da hora e precisar da vaga mais próxima”, raciocinam eles.

Seria pedir demais exigir o mesmo grau de civilidade em

TEMPOS MODERNOS

Tiozão da Sukita fi sgou sua vaga no estacionamento

Os jovens velhos

Aquele abraçoPara os assinantes Rodrigo

Tesser, Adão Valdir Cordeiro dos Santos, Helia Giordani, Marcelo Mertz, Sérgio Vulpi-ni, Leonardo Zen, Paulinho da Ótica Central, Márcio Ri-cardo Hartmann e Claude-mir Orben.

15 de junho de 2018 | 03

nossa cultura terceiro mundis-ta, mas é inegável que o enve-lhecimento da população fará rever o conceito de tratar o tio-zão de 60 como idoso.

É coração de pedra quem de-fende a revisão do benefício? É insensibilidade social? Beba uma sukita e relaxe. Não haverá vaga para todos os sessentões, mesmo que seja designada a eles metade das vagas. A esti-mativa do IBGE é que o Brasil terá 19 milhões de pessoas com 80 anos ou mais em 2060.

Sim, com alguma sorte, todos seremos “tiozões” um dia. A al-ternativa a envelhecer é pior. Mas nenhum de nós vai querer ser tratado como velho com 60 cravos colhidos no jardim da existência. Ou vai?

Vivendo maisExpectativa de vida ou longe-

vidade é o tempo médio de vida de uma população.

Observe no gráfi co abaixo do IBGE, como o Brasil avança ra-pidamente para dobrar a expec-tativa.

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04 | [email protected]