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Química Orgânica IProfa. Dra. Alceni Augusta Werle
Profa. Dra. Tania Márcia do Sacramento Melo
Estudo dos alquenos e alquinosAula nº7
1- Introdução
� São hidrocarbonetos que apresentam uma ou mais ligações π. São, às vezes, denominados olefinas.
� São substâncias de grande importância industrial e também são largamente encontrados em diversos organismos animais e vegetais, ressaltando-se que muitos deles apresentam importantes atividades biológicas.
1.1- Importância industrial
� O eteno e o propeno, os dois alquenos mais simples, são de grande importância industrial, pois são matéria prima para a síntese de vários produtos industrializados,
� O eteno é utilizado para produzir o etanol, óxido de etileno, etanal e o polímero polietileno.
� O propeno é utilizado para produzir o polímero polipropileno e, além de outros usos, o propeno ématéria prima para a síntese da acetona e cumeno(Isopropibenzeno).
Exemplos de ocorrência natural
� Etileno – hormônio vegetal responsável pelo amadurecimento de frutas;
� Escaleno – precursor de hormônios esteroidais e ocorre em quantidades apreciáveis no óleo de fígado de bacalhau;
� β-caroteno – precursor da vitamina A;� α-pineno – constituinte da essência de terebentina;� Limoneno – um dos constituintes da essência do
limão.
Estruturas
H2C CH2
Etileno α-pineno Limoneno
Escaleno
β-caroteno
2- Geometrial
2.1- Tipos de ligações envolvidas e mapa de potencial eletrostático
2.2 – Rigidez estrutural
� O modelo σ−π para a dupla ligação carbono-carbono é o fator responsável pela grande barreira de energia à rotação dos grupos unidos por esta ligação, pois o máximo de sobreposição entre os orbitais p ocorre quando estes estão paralelos. Um giro de 90º quebra a ligação p.
� Através de estimativas da termoquímica, a energia envolvida na ligação p é de 264 kJ/mol, logo esta é barreira rotacional da ligação. Comparando com a barreira rotacional da ligação s que é da ordem de 13-26 kJ/mol, podemos concluir que na temperatura ambiente a dupla ligação C-C de um alqueno é
praticamente rígida.
< de 90o entre os dois orbitais p
2.3 - Isomeria cis-trans e o sistema (E)-(Z
� Como praticamente não há rotação em torno da ligação C=C, há a possibilidade da existência de estereoisômeros. Por exemplo, o but-2-eno pode existir em duas formas diferentes:
Os termos cis e trans só devem ser usados para adesignação da estereoquímica de alquenos dissubstituídos.
No caso dos alquenos tri e tetrassubstituídos, a utilização da nomenclatura cis e trans pode ser ambígua
Estabelecimento da nomenclatura E e Z éfeito por prioridade dos grupos.
� Os átomos de maior número atômico têm maior prioridade;
� Para isótopos, os de maior massa atômica têm maior prioridade;
� Em caso de empate entre os grupos pela a análise na primeira ligação, os mesmos critérios são aplicados na ligação subseqüente.
� Quando os dois grupos de maior prioridade estiverem do mesmo lado do plano que passa pelos carbonos da dupla ligação, o estereoisômeros será Z (da palavra alemã zusammen = juntos);
� Quando os dois grupos de maior prioridade estiverem em lados do plano que passa pelos carbonos da dupla ligação, o estereoisômeros será E (da palavra alemã engegen= opostos).
� Os grupos de maior prioridade ligados ao carbono 1 (Cl) e 2 (Br) se encontram no mesmo lado de um plano que passa por esses carbonos, esses isômeros recebem a denominação Z, e seu nome completo é (Z)-2-bromo-1-cloro-1-fluoreteno.
A nomenclatura E e Z não é restritiva
Quando os átomos ligados aos carbonos da ligação duplaforem iguais, os números e massas atômicas dos elementosligados a esses átomos são utilizados para realizar odesempate.
3- Propriedades físicas
� As propriedades físicas dos alquenos são similares às dos alcanos, porém ao contrário destes, alguns alquenos são fracamente polares, devido à presença de carbonos com hibridação
sp3 e sp2.
R H
H H
CH3 H
H H
µ= 0,35 D µ= 0,35−0,40 D
CH3 H
CH3 H
CH3 H
H CH3
µ= 0,35 D µ= 0 D
3.1 - Solubilidade
� Os alquenos são insolúveis em água e em outros solventes polares próticos, bastante solúveis em solventes apolares ou pouco polares.
� São bastante solúveis em solventes apolares ou pouco polares, como benzeno, éter dietílico, clorofórmio, diclorometano e hexano.
� São menos densos que a água (d = 0,64 –0,80 g/cm3).
3.2- Temperatura de ebulição e densidade
� As temperaturas de ebulição também aumentam com o aumento da cadeia e apresentam os mesmos resultados com relação às interações
polares.
931-Hepteno
63,51-Hexeno
36E-2-penteno
37Z-2-penteno
301-penteno
1E-2-buteno
4Z-2-buteno
- 49Propeno
- 102Eteno
P.e. ( ºC)Alqueno
4- Estabilidade relativa dos alquenos
� Os alquenos E e Z apresentam diferença de estabilidade.
� Para medir a estabilidade relativa entre alquenos isômeros podemos utilizar dois procedimentos experimentais: calor de hidrogenação e combustão.
4.1- Calor de hidrogenação
� A medida do calor de hidrogenação é feita na reação de hidrogenação catalítica de um alqueno, e a maioria dos alquenos têm calor de hidrogenação próximos a – 120 kJ/mol, entretanto, em alguns casos ocorrem variações em torno de 8 kJ/mol.
� Quanto maior a quantidade de energia liberada na reação de hidrogenação, menor é a estabilidade do alqueno.
� Salientamos que a medida de calor de hidrogenação só pode ser utilizada para avaliar a estabilidade relativa quando o produto formado é o mesmo a partir de alquenos distintos.
4.1.1- Reação de hidrogenação catalítica
C C H H C CH H
+ + calorcat.
C C
C C
H H
catalisador
H2
H H C CH H
hidrogênioadsorvidono cat.
Complexoalqueno-cat.
HC C
H
catalisadorregenerado
+
4.1.2- O papel do catalisador
4.1.3- Mecanismo da hidrogenação
4.1.4- Avaliação do calor de hidrogenação
H H C C
HH
+Pt
C C
H2 CH3CH2CH2CH3+Pt
∆Ho = −127 kJ mol
-1
Butane1-Butene (C4H8)
CH3CH2CH CH2
H2 CH3CH2CH2CH3+Pt ∆H
o = −120 kJ mol
-1
Butane
C C
H
CH3
H
H3C
cis-2-Butene (C4H8)
H2 CH3CH2CH2CH3+Pt ∆H
o = −115 kJ mol
-1
Butane
C C
CH3
H
H
H3C
trans-2-Butene (C4H8)
4.1.54.1.5-- Padrão de estabilidade relativa dos alquenos, Padrão de estabilidade relativa dos alquenos, com base no calor de hidrogenacom base no calor de hidrogenaççãoão
4.1.6- Justificativas para as diferenças de estabilidades
C=C
CH3H3C
H H
C=C
CH3H
H3C H
∆H = - 28,6 Kcal/mol ∆H = - 27,6 Kcal/mol
(mais energético) (menos energético)
Curso da reação
E.P.
cis
trans
∆H trans∆H cis
5- Calor de combustão
� Quando as medidas de calor de hidrogenação não puderem ser utilizadas para avaliar a estabilidade relativa de dois alquenos, é possível utilizar a medida de calor de combustão.
� Exemplo: na hidrogenação do 2-Metilpropeno éobtido o Isobutano, por isso a sua estabilidade não pode ser comparada diretamente com a estabilidade do 1-Buteno ou mesmo o (Z) e (E)-But-2-eno, que na hidrogenação formam o butano.
� Entretanto, na combustão completa destes quatro alquenos são obtidos os mesmos produtos, como pode ser visto na equação a seguir:
Exemplo:
Nesta medida, quanto menor o calor liberado, maior a estabilidade do composto, logo o 2-Metilpropenoé o alqueno mais estável da série
6- Ordem de estabilidade dos alquenos
R
R
R
R
R
H
R
R
H
H
R
R
H
R
R
H
R
H
R
H
H
H
R
H
H
H
H
H
Tetrasubstituted Trisubstituted Monosubstituted Unsubstituted
> > > > >>
Disubstituted
� Para entendermos que o aumento da substituição aumenta a estabilidade dos alquenos, devemos considerar a diferença de eletronegatividade existente entre os carbonos de hibridação sp3 e sp2.
� Em uma primeira análise, parece contraditório que o alqueno dissubstituído geminal seja mais estável do que os dissubstituídos vicinais, principalmente se considerarmos os fatores de interação estérica.
� Entretanto, considerando a ressonância pelo sacrifício de uma ligação covalente, chamada de hiperconjugação de sacrifício, épossível explicar a maior estabilidade dos alquenos dissubstituídos geminais em relação aos dissubstituídos (E) ou (Z).
Hiperconjugação por sacrifício
CH2
CH3
CH3
C CH2-
CH3
C
H
HH+
repete com os outros2 hidrogênios
H+
C CH-
H
C
H
HCH3
H
H
CH3
CH3
Carbânion menos estável
6- Cicloalquenos
� Compostos cíclicos que apresentam dupla ligação carbono-carbono são denominados de cicloalquenos. Os cicloalquenos formados por até 5 átomos de carbono existem na forma cis, pois a introdução de uma dupla ligação carbono-carbono trans causaria uma grande tensão no anel .
Existem evidências que o cicloexeno trans é formado como
intermediário, porém com um tempo de vida muito curto.
� Aumento do n0 de átomos no ciclo, as formas trans começam a apresentar maior estabilidade pois a tensão diminui.
trans cis
H
H
H
H
trans cis
Concluindo
H H H
H(CH2)n (CH2)n
Isolável para Instável para n menor que 3 qualquer valor de n Evidência de intermediário para n=4 Identificado espectrometricamente para n=5 Isolado para n >6
7- Bicicloalquenos
� Os bicicloalquenos têm, além da importância teórica, uma grande importância sintética. Éimportante salientar, que devido a ponte de ligação, estas estruturas são rígidas.
Biciclo-[2,2,2]-2,heptaeno Biciclo-[2,2,2-2-octaeno α-pineno
8- Dienos
� Os dienos podem ser divididos, por conveniência, em três tipos: alenos (duplas acumuladas) ; dienos isolados (somente para dienos com mais de 5 carbonos); e dienos conjugados (padrão 1,3-) .
8.1- Alenos
� O exemplo mais clássico deste
tipo de alqueno é o 1,2-propadieno.
C C CH
H
H
H
O resultado da geometria molecular do aleno faz com que estes podem formar par de enanciômeros, isto significa que os alenos podem ser opticamente ativos.
C C CH
Cl Cl
HCCC
H
ClCl
H
8.2- Dienos conjugados
� Esses dienos podem ser considerados como uma classe especial, pois apresentam propriedades ligeiramente diferenciadas dos monoalquenos ou dienos isolados.
� Exemplos clássicos destes são o But-1,3-adieno, isopreno e o clopreno mostrados, respectivamente, a seguir:
CH2 CH CH2CH CH2 C CH2CH
CH3
CH2 C CH2CH
Cl
Quando um dieno conjugado apresentar 5 ou mais carbonos, devemos utilizar a nomenclatura E e Z, indicando inclusive os carbonos quando a estrutura apresentar 6 ou mais carbonos.
C CH
CH3
H
C CH
HH
C CCH3
H
H
C CH
CH3H
C CCH3
H
H
C CCH3
HH
(3Z)-1,3-Pentadieno (2E,4E)-2,4-Hexadieno (2Z,4E)-2,4-Hexadieno
Calor de hidrogenação dos dienosconjugados
� Calor de hidrogenação do 1,3-butadieno(239 kJ/mol) versus calor de hidrogenação hidrogenação de 2 moles do 1-buteno (254 kJ/mol) diferença de 15 kJ/mol .
� Conclusão: conjugação confere estabilidade.
CH2 CH CH2CH CH CHCH2 CH2
ou
CH CHCH2 CH2CH2 CH CH2CH
Em resumo
CH CH CH2CH2
Ocorrência natural de alquenos conjugados
β-Caroteno
Licopeno
9-Alquinos
� Os alquinos apresentam algumas semelhanças com os alquenos. Nas duas classes de hidrocarbonetos o que caracteriza a função é a presença de ligações carbono-carbono do tipo π.
� Os dois alquinos mais importantes são o etino, também chamado de acetileno, e o propino. O etino consiste em um arranjo linear de átomos, onde o ângulo de ligação é de 180o.
� A hibridação dos carbonos que participam do grupo funcional dos alquinos é do tipo sp, isto é, possuem duas ligações πcarbono-carbono e duas ligações σ, podendo ser as duas carbono-carbono ou uma carbono-carbono e uma carbono-hidrogênio, quando tratamos de alquinos terminais.
9.1- A molécula do etino
9.2- Energia de dissociação
9.3- Acidez dos alcinos terminais
� Os átomos de hidrogênios dos alcinos são mais ácidos se comparados ao eteno e ao etino:
Etino: pka = 25Eteno: pka = 44Etano: pka = 50
� Ordem de acidez
� Ordem de basicidade
H OH H OR H C CH H NH2 H CH CH2 H CH2 CH3> > > > >
OH OR C CH NH2 CH CH2 CH2 CH3< < < < <