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Qualidade da Água

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Qualidade da Água

A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

Material Teórico

Responsável pelo Conteúdo:Prof. Ms. Carlos Eduardo Martins.

Revisão Textual:Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni.

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Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

Esta unidade tem por objetivo apresentar um estudo histórico das relações entre o homem e suas demandas pela água nas diversas regiões do mundo bem como analisar os primórdios da degradação da qualidade das águas pelas atividades humanas.

A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

· A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

· Os primórdios da relação sociedade-água na Ásia

· A importância da água na mitologia andina

· Hidromitos na antiguidade clássica europeia

· Enfim o entendimento do ciclo da água

· A água “naturalmente pura” como vetor de doenças

· Degradação pelo desequilíbrio no ciclo da água

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Unidade: A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

Contextualização

Aquedutos romanos resistem ao tempo: conheça os 5 mais vitais que permanecem de pé

Com cimento vulcânico, tijolos e pedras, os romanos mostraram ao mundo como distribuir, ao longo de um imenso território, um dos bens mais preciosos que existem: a água. Os aquedutos que construíram por seu vasto império ajudaram a forjar o poder de sua civilização e mudaram a história da engenharia e da arquitetura ocidentais. Além de fornecer água potável para a população de suas distantes colônias, essas estruturas representavam – e ainda representam – o incrível domínio da tecnologia da construção atribuído aos engenheiros da Roma Antiga. É o que provam cinco dos aquedutos mais importantes do império que continuam de pé. Conheça-os abaixo!

Aqueduto de Segóvia, EspanhaConstruído entre os séculos 1º e 2º d.C., tem 15 km de

comprimento e transporta as águas do rio Fuente Fría para o centro da cidade espanhola. A estrutura de blocos de granito é tão sólida que, até o início do século 20, o aqueduto era a principal fonte de abastecimento local. Em seu ponto mais alto, tem 28,5 m de altura, com fundações que avançam mais de 6 m no subsolo. Tanta grandiosidade rendeu-lhe o título de principal herança romana na península Ibérica e faz dele o símbolo e a atração turística máxima de Segóvia.

Pont du Gard, Remoulins, FrançaA Pont du Gard cruza o rio Gardon, no sul da França, e é

parte do aqueduto de Nîmes, uma estrutura de mais de 50 km de comprimento erguida no século 1º d.C. O trecho sobre a água tem um caimento de apenas 2,5 cm, o que indica a precisão dos engenheiros da Roma Antiga. A estrutura, que, em seu ponto mais alto, tem 48,8 m, forneceu água para a cidade até o século 6º e se mantém de pé – quase intacta – por também ser uma ponte e, portanto, ter merecido cuidado desde sempre. No ano 2000, porém, o transporte foi proibido no local, e o aqueduto passou a funcionar apenas como um ponto turístico.

Aqueduto de Valens, Istambul, TurquiaO aqueduto de Valens é um dos vários patrimônios históricos

de Istambul. Construído no final do século 4º, passou por diversas modificações desde então, sobretudo durante o período do Império Otomano (1299-1922). É parte de um sistema de canais e pontes que totalizam um comprimento superior a 250 km. Seu trecho corresponde a uma linha de quase 1 km de extensão, com altura média de 29 m, e quase totalmente reta, exceto pelo trecho que circunda a mesquita de Fatih, outro dos símbolos da cidade turca.

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Pont de les Ferreres, Tarragona, EspanhaTambém conhecida, em catalão, como Pont del Diable, a

estrutura tem 249 m de comprimento e é parte do aqueduto romano de Tárraco, que fornecia água do rio Francolí para a cidade de Tarragona, em um percurso de cerca de 15 km. A data de sua construção é incerta, mas cogita-se que tenha sido erguido no século 1º d.C. Funcionou até o fim da Idade Média e, desde o século 18, passou por uma série de obras de restauro.

Acueducto de los Milagros, Mérida, EspanhaParte do sistema que fornecia água do Lago de Proserpina

para a colônia de Emerita Augusta, atual Mérida, na região espanhola de Estremadura, o Acueducto de los Milagros foi quase todo destruído, restando apenas um trecho de 830 m de comprimento, com altura média de 25 m. Sua idade também é incerta, mas cogita-se que ele tenha sido erguido entre os séculos 1º e 4º d.C. O nome refere-se às qualidades milagrosas atribuídas a sua água pela população local.

Fonte: http://casavogue.globo.com/Arquitetura/noticia/2012/09/aquedutos-romanos.html. 20/01/2015

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Unidade: A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

A água é um elemento essencial à manutenção da vida e a todas as necessidades correlatas do cotidiano do homem desde, praticamente, a sua origem. Podemos dizer que necessitamos de água para tudo. É evidente que as necessidades humanas pela água variam historicamente de pessoa para pessoa, de sociedade para sociedade. Nesta unidade analisaremos a epopeia humana em busca das fontes de água segura para o uso e consumo, desde a fase mais primitiva até as fases mais recentes.

A relação entre o homem e a água na história

Entendemos como nossos antepassados se relacionavam com a água interpretando os registros que deixaram gravados especialmente na arte rupestre e na litogravura cuneiforme descobertas por historiadores e arqueólogos.

Consideremos, de início, que as relações entre as necessidades humanas e a disponibilidade de água têm sido dilatadas historicamente desde as experiências mais primitivas, fato decorrente das demandas vitais da sociedade convertidas em representações abstratas como um componente cultural, dependendo do caso, mitológico ou sobrenatural ou, ainda, como um recurso socioeconômico, político e até militar, uma vez que, já nos primórdios da humanidade, o controle das fontes ou dos mananciais de água já era considerado um tema de ordem estratégica ou, no mínimo, de “política de estado”.

Isso porque, a partir da percepção de que a água é um bem vital, todas as sociedades passaram a buscar o controle dos mananciais, isto é, das fontes subterrâneas ou das elevações topográficas. Esses locais eram tidos como provedores de água limpa, portanto boa para o consumo da sociedade.

Os primórdios da relação sociedade-água na Ásia

Na Antiguidade a fonte ou a ressurgência do rio Tigre, na província da Anatólia, atual Turquia, esteve sob o domínio do rei assírio Tiglath-Pileser I, rei da Assíria durante o período assírio médio de 1.114 a 1.076 a.C. e do rei Salmanesser III, imperador de 859 a.C. a 824 a.C. A ressurgência do Tigre, na verdade, consiste em um ponto de descarga de um sistema cárstico que dá origem ao Rio Dibni (Figura 1), que é um dos principais afluentes do rio Tigre.

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Figura 1. Sistema cárstico do rio Dibni, afluente do Tigre, conhecido como a nascente do Tigre.

Fonte: ucl.ac.uk

Entre as formas mais primitivas de existência humana e a Antiguidade Clássica, que, convencionalmente, dá início à racionalidade do pensamento humano, tudo o que entendemos, hoje, por “natureza” era venerado como sagrado. Essa sacralidade era resultante da simbiose entre as emoções humanas e as “forças naturais” onipotentes para o bem ou para o mal e que “viviam” nos objetos, que tinham o poder de prover o homem de suas necessidades vitais. O sacro ligava o homem ao mundo físico, de forma contraditória, pela simpatia e repulsão, através da idolatria e da temeridade combinadas (CASINI, 1987).

Não se sabe muito sobre a sacralidade assíria, mas é certo que a ressurgência do Tigre tinha importância sagrada, visto que Salmanasser III e suas tropas sempre a visitavam a fim de realizar sacrifícios aos deuses em agradecimento às conquistas, depois de retornar das diligências empreendidas à Anatólia Central.

A Figura 2 retrata um painel de bronze, descoberto por arqueólogos da Universidade de Munique, em 2004, e guardado no acervo do Museu Britânico, no qual é possível observar as tropas de Salmanasser III aproximando-se da entrada da caverna adjacente à fonte do rio Dibni. Logo atrás, os soldados vêm transportando o animal sacrificado. No detalhe, nota-se o gotejamento que forma os depósitos de calcita, chamados estalagmites, no piso, típicos das cavernas calcárias.

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Unidade: A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

As fontes do rio Tigre e também do rio Eufrates encontram-se, atualmente, no território sob o domínio turco. O restante da bacia, historicamente conhecida como Mesopotâmia, corre sobre o atual território do Iraque (em conflito permanente, nas últimas décadas, contra Irã e Kuwait, por exemplo) e é conhecida pelas extensas áreas agricultáveis mais produtivas da Antiguidade, desaguando no estuário de Chat el Arab, no Golfo Pérsico.

Figura 2. Tabuleta cuneiforme representando Salmanasser III na fonte do rio Dibni.

Fonte: ucl.ac.uk

As sociedades das antiguidades edificaram suas cidades e materializaram suas principais realizações às margens dos grandes rios africanos, asiáticos e europeus. As mais importantes da Antiguidade eram a dos babilônios, ao longo do Tigre e do Eufrates, e a dos egípcios (uma sociedade pertencente a um império teocrático, baseada na agricultura, na arregimentação de camponeses para grandes obras) situados às margens do rio Nilo e fortemente dependentes do solo fértil, o qual, atingido periodicamente pelas cheias do rio, permitia grande produção de alimentos e crescimento populacional na África. Essas condições foram fundamentais para que a humanidade passasse da sua condição mais primitiva para a vida em sociedade.

Egípcios e persas são vistos como os povos que tinham as maiores e mais importantes realizações em prospecção, captação e distribuição de água subterrânea da história. Os “Qanats” eram sistemas de longas galerias subterrâneas construídas ao longo de diversos leques aluviais que drenavam a água de infiltração das escassas chuvas tanto para a irrigação dos campos de cultivo quanto para o abastecimento dos povoados. A Figura 3 apresenta, de forma esquemática, o funcionamento de um Qanat.

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Figura 3. Representação esquemática de um Qanat

Fonte: Wikimedia Commons

Os “Qanats” mais antigos, no atual Irã, datam de 2.500 anos, e os do Egito têm mais de 3.500 anos (MARTÍNEZ GIL, 1972). A imagem da Figura 4 apresenta a visão aérea de Qanats ainda em uso na província de Nurata, no Uzbequistão.

Figura 4. Sequência de Qanats do deserto do Uzbequistão

Fonte: Google Earth

Em regiões secas da China, há dois mil anos ou mais antes da era cristã, as nascentes contribuíram significativamente para a fixação e a formação dos primeiros núcleos de povoamento bem como para a prosperidade dos seus modos de vida.

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Unidade: A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

Os adensamentos populacionais e a complexificação das sociedades levaram ao desenvolvimento de práticas hidráulicas de captação, tratamento e abastecimento cada vez mais aperfeiçoadas e que incluíam sistemas de perfuração de poços ou construção de galerias para o melhor armazenamento e distribuição da água para a comunidade necessitada.

Os estudos chineses sobre os fenômenos hídricos apontam que a longa existência da sociedade chinesa foi acompanhada por uma vasta coleção de inventos práticos e de importantes aprofundamentos científicos em vários campos, incluindo o estudo dos fenômenos hídricos.

Os primeiros resultados remetem ao volume escrito há cerca de 221 a.C. sobre as águas subterrâneas e os rios do norte do país. Ao lado disso, destaca-se o uso dos mananciais subterrâneos como o da fonte de Jinci, na Província de Shanxi, usada para a irrigação desde 453 a.C. (RAVBAR, 2003, p. 247) e da fonte de Hongshan, na localidade de Jiexiu, também em Shanxi, utilizada desde a dinastia Song (1000 d.C.). No ano de 1040 d.C., a descarga da fonte foi dividida em três canais e usada para irrigar cerca de 100.000 acres de terras produtivas (LaMOREAUX, 1991, p. 219).

A representação de fenômenos hídricos mais antiga do mundo foi descoberta no túmulo de Mawangdui, da dinastia Han (206 a.C. - 220 a.C.), e mostra as montanhas de Jiuyi na província de Hunan. Li Daoyuan (? - 527), que viveu no tempo da dinastia Wei do Norte (386-534), descreveu, em seu livro Shui Qingchu, o rio Li Jiang, as montanhas Qixing Shan, diversas fontes importantes para o abastecimento de diversas comunidades e muitos outros fenômenos hídricos da região em questão.

A importância da água na mitologia andina

Uma visão mítica cosmogônica sobre os fluxos hídricos também aparece na cultura inca, em relação à narrativa da viagem que faz o deus Huiracocha, desde o lago Titicaca até o oceano, simbolizando o movimento da água ao longo dos rios (do Quéchua: mayu) até a sua foz enchendo o mar. A água embebeu as estrelas, ou o céu, e retornava à terra em forma de chuva (ZUIDEMA & URTON, 1978 apud MAZADIEGO; PUCHE & HERVÁS. In KÖLBL-EBERT, 2009). O conhecimento sobre os processos hídricos era considerado de suma importância na cultura inca.

“O modelo hidrológico inca foi a base da visão cosmogônico que explicou suas origens. De acordo com suas crenças, o universo Inca teria se originado no mar cósmico, embora a tradição Inca também se refira a uma das manifestações deste mar, o Lago Titicaca, como o berço do Sol, da Lua e das estrelas. Um movimento vertical levou à criação de rios e lagos, a partir do qual a água infiltraria através do subsolo para alimentar os cursos de água subterrâneos. Portanto, no mundo andino, classificação das águas foi de suma importância por causa de seu significado simbólico. Havia as águas que corriam sobre a superfície, as que corriam no subsolo e a água do mar. A água do mar tinha um significado importante na purificação e nos rituais de fertilidade, e, como as conchas do mar, desempenhou um papel importante com relação à adoração das montanhas, durante as cerimônias de chuva” (URTON, 1981 apud MAZADIEGO; PUCHE & HERVÁS. In KÖLBL-EBERT, 2009).

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Na mitologia inca, a fertilidade da vida só seria possível com a combinação entre a chuva, figura feminina, da qual se originava a água, e as montanhas, figura masculina, por onde as águas escoavam e eram oferecidas ao povo inca. Essa etapa é reconhecível empiricamente e, portanto, a gênese da chuva se dá no plano sobrenatural e tem a sua descrição feita com base na mitologia.

A crença de que todo Inca teria tido origem no lago Titicaca e depois teria sido levado ao seu local de moradia pelos ramos hídricos subterrâneos da pachamama (mãe-terra) funciona, inclusive, como aspecto de unidade político-territorial inca em relação às terras nativas e às terras conquistadas. Dessa forma, estabelece-se uma relação entre a simbologia criada em torno da água e sua conexão com as raízes culturais, políticas e econômicas incas. A autoridade inca, no papel de provedor público, era responsável por “levar” a água aos povos conquistados, forjando, assim, seu domínio sobre estes (MAZADIEGO; PUCHE & HERVÁS. In: KÖLBL-EBERT, 2009).

Na verdade a ação política anteriormente descrita consistia na construção de poços e dutos subterrâneos (Figura 5) que concentravam a umidade, normalmente difusa, do solo e das rochas porosas e pouco consolidadas, muito similarmente ao que já era praticado na Ásia há dois ou três milênios.

Figura 5. Linha de poços com acesso ao aquífero subterrâneo usado para irrigação agrícola. As aberturas servem para manutenção e limpeza.

Fonte: nazcaflights.com

Tal ação também se constituía nas áreas mais elevadas, entretanto a busca de água se dava junto aos mananciais de degelo, nas interfaces montanhosa e planáltica andinas. A Figura 6 é representativa da engenhosidade das culturas incas, no conjunto arqueológico de Cumbemayo, atual cidade de Cajamarca, Peru. Trata-se de um sistema de irrigação que capta água do degelo e derretimento da neve recente e que transfere a água por meio de aquedutos escavados na rocha por volta de 1.500 a.C. apenas utilizando a gravidade.

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Unidade: A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

Figura 6. Aqueduto inca, Cajamarca – Peru

Fonte: Carlos Eduardo Martins, 04 de janeiro de 2007.

Os aquedutos incas levavam água desde as porções mais elevadas do relevo até as zonas de altitudes mais modestas e de clima mais seco. Isso propiciava a produção de subsistência e os mercados dos povoados antes do processo de colonização, mas ainda servia à manutenção das poucas culturas de produtos primários consumidos pela população atual.

Como os aquedutos tinham que vencer grandes amplitudes de relevo, para diminuir a velocidade do fluxo d’água dentro do canal, os Incas construíam, a certas distâncias, um sistema de “freio” para reduzir a velocidade da água ao longo do declive. A Figura 7 mostra a simples, mas eficiente técnica de redução da força mecânica da água no sistema de aquedutos de Cajamarca.

Figura 7. Sistema de redução da velocidade do fluxo d’água nos aquedutos incas, Cajamarca, Peru

Fonte: Carlos Eduardo Martins, 04 de janeiro de 2007.

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Note, na imagem da Figura 7, que a frenagem da velocidade da água é feita apenas e tão somente por quebras em ângulo de 90° nos canais escavados na rocha.

Em outro caso de técnica de captação d’água, ao longo de toda a porção mediterrânea da Espanha, particularmente nas províncias da Catalunha e de Levante, existem importantes galerias de drenagem (chamadas de “mines”) que foram abertas para o fornecimento de água ao longo de, às vezes, várias centenas de metros e cuja técnica de construção foi, provavelmente, introduzida pelos árabes. Esses sistemas de captação são ainda mais importantes nas ilhas Canárias, onde os poços, muitas vezes, chegavam a 150m de profundidade e as galerias tinham quilômetros de comprimento.

Hidromitos na antiguidade clássica europeia

Na Antiguidade Clássica grega, as especulações empíricas, ou cosmogônicas, em especial por parte dos pré-socráticos, são reconhecidas, ainda hoje, como os pilares do conhecimento científico. Entre tantos temas tratados e vistos, de um ponto de vista atual, como míticos, encontram-se os geomitos e, mais especificamente, os hidromitos (MAZADIEGO; PUCHE & HERVÁS. In: KÖLBL-EBERT, 2009). Estes têm grande relevância no entendimento da cultura e pensamento grego, pois na sua sacralidade

“(...) a divindade masculina Atum emerge das águas primogênitas, gerando depois uma série de casais, entre os quais Geb e Nut (Terra e Céu). A deusa mesopotâmica Ki ou Nin-tu, que se pode reconhecer nos baixos relevos como uma mulher que amamenta uma criança, é fonte inesgotável de toda a vida, fertilidade dos campos, mãe dos deuses e da humanidade” (CASINI,1987, p. 21).

Considerando que a Península Balcânica é, basicamente, formada por rochas carbonáticas e contextualizada em uma paisagem cárstica bem desenvolvida, os pensadores gregos foram praticamente induzidos a sugerir diversos processos de interligação entre as águas subterrâneas e as superficiais. A esse respeito,

“Em 350 a.C., havia dois grupos explicando o ciclo hidrológico. Um deles, que incluía Thales, Platão e Plínio, acreditava que a água é forçada verticalmente a partir do mar para dentro das rochas e os seus sais são extraídos, até alcançar a superfície do solo, tornando-se doce. O outro grupo, incluindo Aristóteles, acreditava que as fontes tinham suas gêneses atribuídas à condensação em cavernas subterrâneas” (LaMOREAUX, 1991, p. 218).

A título de exemplo, Aristóteles, no capítulo 2 da Meteorológica (350 a.C.), em que explica a sua física do mundo, afirma que a terra é cercada pelo fogo, ar e água, em ordem decrescente (ADAMS, 1938), suspeitando que as fontes de água que brotavam bem próximas ao litoral, ou sob o nível do Mar Negro, teriam percorrido dezenas de quilômetros sob as rochas continentais da Península Abcásia, no Cáucaso (CLENDENON, 2009) e que a água que jorrava das fontes poderiam ter três origens (ADAMS, 1938):

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» a água da chuva que havia percolado na crosta da Terra;

» a água que foi formada dentro da crosta terrestre por condensação do ar, que teria feito o seu caminho para o interior da terra, aparentemente, a partir do ambiente externo, e, em parte, derivada da condensação de vapores que brotam a partir de uma fonte que não é indicada;

» toda a água presente que não foi recolhida e reunida em reservatórios subterrâneos, mas foi trasladada dentro das montanhas e das terras mais altas, uma vez que estavam em uma espécie de esponja.

Esse modelo de pensamento empírico-indutivo persistiu ao longo de vários séculos, denotando a dificuldade de entendimento dos processos que envolvem o ciclo da água.

Foi apenas durante o império romano que as primeiras tentativas de explicar a origem das fontes aproximaram-se do que sabemos atualmente. Foi Marcus Vitruvius (80-20 a.C.), a maior referência em arquitetura romana, que afirmou serem as chuvas que caem nas terras altas os mananciais das fontes existentes em terras baixas.

Os romanos produziram obras de captação de água e de drenagem de esgoto de grande complexidade técnica. O crescimento das cidades exigiu a implementação de sistemas de canalização de fontes limpas e o escoamento das excrescências por meio de sanitários e vomitórios públicos interligados aos dutos de transporte para fora das cidades. Foram, provavelmente, as primeiras experiências sistemáticas de saneamento urbano conhecidas.

As imagens da Figura 8 apresentam os remanescentes dessas engenhosas construções, que influenciam a arquitetura e a engenharia civil até os dias atuais.

Fonte: Wikimedia Commons

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Figura 8. Remanescentes de aquedutos (alto/esquerda); sanitários públicos (alto/direita), banhos públicos (baixo/esquerda) e duto de esgoto (baixo/direita), típicos da construção civil e arquitetura romana

Na busca pelo entendimento da natureza das águas subterrâneas, a humanidade obteve avanços e retrocessos a cada novo contexto histórico. Desde os tempos mais remotos da história até o período pós-renascentista, a explicação da gênese da água dos mananciais que sustentam a vida tem sido um enigmático problema, objeto de muitas especulações e controvérsias.

“Até o final do século XVII foi dogmaticamente aceita a ideia de que a água descarregada nos mananciais e os canais de drenagem dos rios não poderiam provir da precipitação; em primeiro lugar, porque a consideravam sempre quantitativamente insuficientes e, em segundo lugar, porque também sempre se teve a noção de que a terra era demasiado impermeável para permitir uma infiltração e percolação maciça e profunda da água da chuva e demais águas atmosféricas”. (MARTINÉZ GIL, 1972, p. 03)

Há certo consenso de que tenha sido de Bernard Palissy, em 1580, a primeira tentativa de derrubar a crença de que as águas das fontes ou ressurgências provinham do mar ou de condensações subterrâneas, assegurando ser a chuva a única responsável pela existência das águas subterrâneas e que, ao cair, a água infiltra-se no solo, percola através das rochas porosas até escoar sobre as rochas ou argilas impermeáveis ressurgindo novamente à superfície (BOUILLON, 1972, p. 135; MARTINÉZ GIL, 1972, p. 07). Tanto as fases anteriores quanto a evaporação, principalmente nos oceanos, e a evapotranspiração das plantas terrestres ocorrem simultaneamente, todas podendo sofrer a influência das atividades humanas.

Enfim o entendimento do ciclo da água

Mas foi com Pierre Perrault (1674)1 que o conhecimento sobre o movimento da água na superfície sofreu grande impulso. Pensador da linhagem de Galileu Galilei, para quem o conhecimento verdadeiro é obtido a partir da experiência sensível seguida da mensuração das qualidades primárias dos objetos,

(...) “Perrault recompilou os dados pluviométricos de três anos consecutivos da bacia do alto Sena (na Borgonha) aferindo periodicamente os resultados diretamente no rio. Ao final deste período, ao calcular e comparar os valores dos aportes totais do rio com os das chuvas, percebeu que estas haviam sido seis vezes maiores que aqueles, dessa forma, estava superada a hipótese antiga de que a água da chuva era insuficiente para justificar os aportes dos rios” (MARTÍNEZ GIL, 1972, p. 09).

A essa altura os estudos sobre os fenômenos hídricos já alcançavam o status de ciência, pois já tinham status de bem vital e de valor estratégico. Da mesma forma, já se buscava o entendimento sobre as diversas epidemias que assolavam a humanidade, em especial na

1 Na obra De I’origine des Fontaines

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Unidade: A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

Europa, um continente bastante populoso, no qual a preocupação com a qualidade das águas de consumo, incluindo as das fontes, tidas como puras e seguras, já era uma realidade. A partir de certa altura, as águas de captação para o consumo humano já estavam tão contaminadas que passaram a ser um risco de vida beber água.

A água “naturalmente pura” como vetor de doenças

No século XIV, a peste negra, ou bubônica, matou cerca de 60 milhões de pessoas. Nesse período, quando a doença foi detectada na cidade de Oudenburg, na Bélgica, o consumo de água foi proibido, pois já havia fortes suspeitas que as pessoas contraíam a doença pela água. Em lugar da água, a população local bebia apenas a cerveja. De fato, os que se alimentaram de cerveja sobreviveram e as bebidas alcoólicas passaram a ser vistas como desinfetantes e esterilizadores naturais.

Mas como as doenças se proliferavam entre as pessoas e os animais domésticos?

“Desde os tempos de Hipócrates (séc. V a.C.), uma corrente da medicina acreditava que as doenças eram causadas por miasmas, emanações exaladas por águas estagnadas, cadáveres ou qualquer outra matéria em decomposição. Em contato com miasmas, pessoas suscetíveis ou enfraquecidas acabavam por cair doentes.” (SANTOS, 1994, p. 81)

A teoria do germe ou doutrina “contagionista”, defendida por Girolamo Fracastoro, foi aceita até fins do século XVIII.

“Inaugurou as medidas sanitárias do isolamento de indivíduos e animais doentes, bem como da quarentena de pessoas a bordo de navios ou em lazaretos” (SANTOS, 1994, P. 81).

Foi o médico inglês John Snow quem descobriu, em 1850, que o contágio era feito pela água devido à contaminação das fontes.

Nos últimos séculos, as águas tornaram-se mais e mais contaminadas, expondo as populações a situações de vulnerabilidade cada vez maior. Isso porque os estágios do ciclo da água foram bastante alterados e comprometidos pelas atividades humanas. Trata-se de desvios por causa de obras, despejo de excrescências, de agrotóxicos, descarte de animais mortos, etc.

Como as águas deixam de ser “naturalmente puras”Aqui vale a pena uma menção a uma figura pouco conhecida nos meios científicos, mas

que deixou enormes contribuições indiretas para esses. Trata-se de Édouard-Alfred Martel, considerado o pai da espeleologia francesa. O termo foi criado pelo pré-historiador francês

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M. Emile Rivière, em 1890, a partir dos vocábulos gregos spelaion (caverna) e logos (estudo), sendo, a partir disso, utilizado para referenciar as atividades desenvolvidas em cavernas (MARTEL,1900, p. 05 & GÈZE, 1968). No entanto, o primeiro a exercer a espeleologia da forma como havia sido proposta inicialmente por Rivière foi o próprio E. A. Martel.

A espeleologia e a figura de Martel fundem-se ao longo do século XX nas inúmeras referências feitas a ele e aos seus textos carregados de observações sistemáticas, hipóteses e experimentos, em trabalhos científicos de diversos campos do conhecimento. Ainda que Martel não tenha sido filiado a nenhuma instituição acadêmica e a própria espeleologia não tenha se constituído enquanto ciência autônoma, suas contribuições têm reconhecimento e valor histórico até os dias atuais e o próprio Martel é citado em inúmeros trabalhos de cunho acadêmico tal o grau de precisão e seriedade com que tratava a espeleologia.

Advogado de formação, Martel foi, precocemente, verdadeiramente condicionado ao amor pela natureza, estimulado pelas viagens familiares na sua infância e juventude, tendo, assim que adquiriu a sua emancipação, dedicado o seu tempo livre quase que inteiramente às expedições em busca de paisagens pitorescas. Esse interesse levou-o ao Club Alpin Français e, posteriormente, após ter reconhecidas as suas contribuições pela Société de Géographie, ingressou e coordenou diversas expedições no Touring-Club de France.

Segundo Bouillon (1972), entre as maiores contribuições de Martel está o estabelecimento da diferença entre as nascentes provenientes de diferentes tipos de lençóis freáticos e sistemas espeleológicos ou cársticos, demonstrando as intercomunicações entre as entradas de água, ou sumidouros, as forma de dutos, fendas, salões, galerias, todos atravessados pelo fluxo d’água subterrâneo, além de descrever os depósitos ou concreções de calcita e, finalmente, as saídas, ressurgências ou fontes cársticas.

Essa exposição feita por Martel dos percursos subterrâneos das águas que entram e saem dos maciços calcários após vários quilômetros foi considerada vital na adoção da perspectiva de que os sistemas subterrâneos são inerentemente vulneráveis à poluição, podendo colocar a saúde de populações inteiras em risco. Isso porque, se, de um lado, os sumidouros d’água eram costumeiramente utilizados como pontos de despejo de dejetos humanos e até de animais mortos, de outro, essas mesmas águas ressurgidas nas fontes, após percorrem grandes distâncias subterrâneas e, por esse motivo serem consideradas “naturalmente puras”, eram captadas e usadas para consumo sem maiores cuidados pelas populações expostas e completamente vulneráveis às epidemias constantes.

A iniciativa de Martel em explicar às autoridades francesas tais fatos levou à promulgação da Lei Federal de Saúde Pública, de 15 de Fevereiro de 1902. Dessa forma, o trabalho de Martel foi reconhecido como de utilidade pública.

“Lê-se no Journal Officiel de 19 de novembro de 1898: Os trabalhos levados a cabo, desde 1888, por Martel esclarecem a cerca do real valor das nascentes, que eram consideradas boas e ao redor das quais, todavia, se originaram casos de febre tifoide” (BOUILLON 1972, p. 115).

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Unidade: A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

Degradação pelo desequilíbrio no ciclo da água

Existem situações em que não é necessário despejar poluentes nas águas para degradá-las. Como veremos a seguir, o simples fato de interromper uma etapa do percurso que a água faz na superfície já pode ser indicativo de degradação que pode levar a consequências catastróficas para a sociedade e para o ecossistema afetados.

De 1917 a 1991, boa parte das nações do Leste Europeu e da Ásia Central encontravam-se sob o regime socialista implantado após uma série de revoluções populares, consideradas marcos da história da humanidade. Ao longo desse período, as economias desses países (dentre eles a URSS, um aglomerado de diversas nações sob o domínio russo) foram orientadas por planos de longo prazo, diferentemente dos modelos capitalistas que se alteram ao sabor da especulação financeira.

Na URSS, os planos visavam integrar toda a federação, incluindo aquelas mais interioranas à economia industrial. Nas regiões da Ásia Central, onde hoje estão o Cazaquistão e o Uzbequistão, por exemplo, as extensas planícies secas foram convertidas em áreas de cultivo altamente especializado. Mas, para isso, seria necessário irrigar artificialmente essas áreas, pois as taxas de chuva nessa região estão entre as mais baixas do mundo.

A solução para o problema da água foi transpor a água de dois rios (Amur Daria e Sir Daria) que são abastecidos pelo degelo do Himalaia. Feito isso, teve início a próspera atividade agrícola algodoeira que abasteceria a indústria têxtil socialista a partir da década de 1950 até o fim da hegemonia soviética.

O problema, que só foi observado bem mais próximo do fim do regime, é que a transposição da água dos dois rios para fins de irrigação afetou severamente o aporte de água do Lago ou Mar Aral, entre os dois países mencionados anteriormente. O Mar Aral é um espelho d’água fechado, isto é, não tem ligação com nenhum outro mar e encontra-se em uma área de clima seco, no qual as taxas de chuva estão muito abaixo das taxas de evaporação. Podemos dizer que, sem o abastecimento dos dois rios, o Aral passou a ser um sistema hídrico deficitário, o que chamamos de estresse hídrico.

O resultado de algumas décadas de estresse hídrico pode ser observado na Figura 9.

Figura 9. Evolução do desaparecimento do Mar Aral, Cazaquistão/Uzbequistão

Fonte: mappery.com

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A Figura 10 apresenta a localização do Mar Aral do ponto de vista regional. Atualmente a área é limítrofe entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, ambos ex-URSS.

Figura 10. Localização do Mar Aral

Fonte: Google Earth

O déficit hídrico que atingiu o Aral fez com que o espelho d’água fosse reduzido em números atuais a 10% das suas dimensões originais. As consequências, ao longo das décadas de degradação progressiva, foram:

» a eliminação quase que completa do ecossistema marinho, com a extinção da maioria dos peixes;

» a salinização dos solos no entorno do lago (pelos sais transportados pelo vento), prejudicando a própria economia agrícola regional; e

» a eliminação de um modo de vida regional baseado na pesca.

A Figura 11 representa a triste realidade do que é, hoje, o Mar Aral e o retrato de uma tomada de decisão econômico-política, em escala nacional que não levou em conta as consequências adversas locais e até regionais estendidas por décadas.

Figura 11. Antiga área de ancoragem dos barcos pesqueiros da comunidade de Aral, no Cazaquistão.

Fonte: Wikimedia Commons

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Unidade: A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

Como é possível observar na Figura 11, onde antes era o fundo de um mar, em torno de cuja vida girava a rotina pesqueira, hoje é um cemitério de embarcações estéril, ao redor do qual vive uma comunidade remanescente totalmente dependente de assistência dos governos dos países limítrofes. Mal se consegue enxergar o limite atual da linha d’água do Mar Aral.

Após inúmeras denúncias e apelos nacionais e internacionais, os governos das, agora, nações independentes remanescentes do fim da URSS religaram os rios ao lago, diminuindo, não eliminando, a velocidade da degradação ambiental que assola a região.

Foi a partir desse cenário - acrescentado dos diversos outros casos de degradação da qualidade das águas, que prejudicavam a saúde e o modo de vida das populações, principalmente dos mais pobres em diversas partes do mundo - que teve início um grande movimento de proteção dos mananciais e de tratamento de água para o consumo, além do tratamento do esgoto. Evidentemente que as tomadas de decisão e as ações efetivas têm seus ritmos, e vemos que, enquanto, em alguns países, a regulamentação para o uso das águas encontra-se bastante adiantada e já bastante enraizada nas políticas públicas, em outros, as águas e as pessoas que as usam ainda necessitam de socorro.

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Material Complementar

Sobre as técnicas antigas de captação, distribuição e descarte de água, na Antiguidade.

» http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/2013/10/especialistas-fazer-primeiro-mapeamento-dos-aquedutos-de-roma.shtml

» http://www.pliniotomaz.com.br/downloads/aguascidaderomaeqanats.pdf

» http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/1886/1/92-115.pdf

» http://repositorio.ipcb.pt/bitstream/10400.11/1877/1/Tese_Zelia_Alves.pdf

Sobre os impactos causados ao Mar de Aral.

» http://www.institutodeengenharia.org.br/site/noticias/exibe/id_sessao/4/id_noticia/3760/Trag%C3%A9dias-ambientais:-do-Mar-de-Aral-ao-vazamento-no-Golfo

» http://zonaderisco.blogspot.com.br/2014/10/imagens-de-satelite-da-nasa-mostram-mar.html

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Unidade: A água e o homem: noções básicas de hidrologia e uso da água

Referências

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Anotações