purificação e determinação estrutural de substâncias bioativas...

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Química Coordenação de Pós-graduação em Química Orgânica Purificação e Determinação Estrutural de Substâncias Bioativas em Três Espécies de Osteocephalus (Amphibia:Anura:Hylidae) TÚLIO DE ORLEANS GADELHA COSTA Orientadores: Prof° Dr. Angelo da Cunha Pinto (UFRJ/IQ) Prof° Dr. Carlos Bloch Júnior (Embrapa/Cenargen-BSB) Rio de Janeiro 2005

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Química

Coordenação de Pós-graduação em Química Orgânica

Purificação e Determinação Estrutural de Substâncias Bioativas em Três Espécies de Osteocephalus

(Amphibia:Anura:Hylidae)

TÚLIO DE ORLEANS GADELHA COSTA

Orientadores: Prof° Dr. Angelo da Cunha Pinto (UFRJ/IQ)

Prof° Dr. Carlos Bloch Júnior (Embrapa/Cenargen-BSB)

Rio de Janeiro 2005

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Purificação e Determinação Estrutural de Substâncias Bioativas em Três Espécies de Osteocephalus

(Amphibia:Anura:Hylidae)

TÚLIO DE ORLEANS GADELHA COSTA

Orientadores: Prof° Dr. Angelo da Cunha Pinto (UFRJ/IQ)

Prof° Dr. Carlos Bloch Júnior (Embrapa/Cenargen-BSB)

Rio de Janeiro 2005

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Purificação e Determinação Estrutural de Substâncias Bioativas em Três

Espécies de Osteocephalus (Amphibia:Anura:Hylidae)

TÚLIO DE ORLEANS GADELHA COSTA

Tese submetida ao corpo docente do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor. Aprovada por:

Prof. Dr. Angelo da Cunha Pinto - Orientador

Prof. Dr. Carlos Bloch Júnior - Orientador

Prof. Dr. Carlos Roland Kaiser - Membro

Profa. Dra Claudia M. Rezende - Membro

Prof. Dr. Elias Walter Alves - Membro

Prof. Dr. Gilberto B. Dumont - Membro

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Costa, Túlio de Orleans Gadelha.

Purificação e Determinação Estrutural de Substâncias Bioativas em Três Espécies de Osteocephalus (Amphibia:Anura:Hylidae)/Túlio de Orleans Gadelha Costa.

Rio de Janeiro: UFRJ, 2005. xxxi, 201p.

Tese de Doutorado em Ciencias – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005. Orientadores: Angelo da Cunha Pinto e Carlos Bloch Júnior.

1. Anfíbio 2. Osteocephalus 3. Peptídeo I. Título

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Aos meus pais, Altemir e Erycéa, a minha avó, Nathércia (In memoriam), a minha adorável esposa, Andréia e ao meu amado filho, Victor.

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“Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer

pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir

qualquer realidade.”

Fernando Pessoa

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Agradecimentos

Ao Prof° Dr. Angelo da Cunha Pinto, por fazer parte da sua “escola” desde 1993, da qual me orgulho. Ao Prof° Dr. Carlos Bloch Júnior, pelo incentivo e oportunidade na iniciação de trabalhar com anfíbios. Ao Professor MSc. Marcelo Gordo pelo primeiro contato com anfíbios, agora uma paixão. À Universidade Federal do Amazonas-Propesp/Diretória de Pós-Graduação, pelo Programa de Capacitação de docentes. Aos Professores Dr. Luis Juliano e Dra. Maria Aparecida Juliano e sua equipe do Departamento de Biofísica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, EPM/UNIFESP, pela síntese do peptídeo Ota 09. Ao amigo Luciano Ptzer que fez a ponte para a colaboração com a EPM/UNIFESP. Ao amigo, Janderson Brito ex-bolsista de iniciação científica Embrapa-Cenargen/UNB, pela contribuição na parte experimental desta tese. Aos professores do Departamento de Química da Universidade Federal do Amazonas, em especial aos Professores Ayssor Paulo Mourão, Jefferson Rocha, Kelson Mota e Maria Lúcia Belém Pinheiro. Aos professores do Instituto de Química/UFRJ: Claudia Moraes de Rezende, Simon J. Garden, Marcio Contrucci Saraiva, Joel Jones Jr, Warner Bruce Kover, Edson Luiz da Silva, pelos conhecimentos transmitidos, de grande importância para minha formação acadêmica. À Nádia e ao Pedro da Secretaria do Curso de Pós-Graduação em Química Orgânica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelo prestimoso atendimento às inúmeras solicitações.

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Aos amigos, Anderson e Fred, pelo convívio, principalmente, nos primeiros meses de Rio de Janeiro, onde a saudade de Manaus era grande. Ao amigo Ricardo Coelho, pelo seu grande espírito de companheirismo. É sem dúvida um grande agregador. Aos colegas do laboratório LEM-Embrapa/Cenargen-Brasília, Natacha, Jorge, Janderson, Rodrigo, Maura, Lindomar, Ribamar Júnior, Beatriz, Clarisse, Fernanda, Mariama, Mariana, Guilherme, Zé e Bilu, pela paciência na iniciação das técnicas de purificação, identificação e sequenciamento de peptídeos e pela convivência. Aos colegas do laboratório 621 do Instituto de Química/Universidade Federal do Rio de Janeiro, Júnior (Valdir), Adriana, Marilza, Rita, Tereza, Núbia e André pela convivência. Ao jovem casal, Vanja e Marco, que me recebeu em seu apartamento na minha primeira ida a Brasília. Ao amigo, Luis Lozano, que tantas vezes me recebeu em seu “apertamento” e que tinha que dormir ouvindo meus sonoros roncos. A amiga, Edileuza, pela hospedagem e agradáveis conversas nas caminhadas pelas arborizadas alamedas de Brasília. A Túlia, Rubens, Victória e Nathália que depois que foram morar em Brasília meus dias foram mais tranqüilos. A todos que direta ou indiretamente ajudaram na realização deste trabalho.

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Abreviações e Símbolos

δ Deslocamento químico α-ciano Ácido α-ciano-4-hidroxicinâmico µL Microlitro AMPS Peptídeos Antimicrobianos BTX Batracotoxina CL Cromatografia Líquida CLAE Cromatografia Liquida de Alta Eficiência ESI/MS Electrospray Mass Spectrometry COSY Correlation Spectroscopy d Dubleto dd Duplo-dubleto Da Dalton DHB Ácido diidrobenzóico DHQ Decaidroquinolina EM Espectrometria de Massa eV EletronVolt FR Fase Reversa g Grama HMBC Heteronuclear Multiple Bond Correlation HPLC High Performance Liquid Chromatography IV Infravermelho kv Quilovolt M Molar m/z Massa/carga M + H+ Massa + próton MALDI-TOF Matrix Assited Laser Desorption Ionization- Time of Flight PSD Post Sourse Decay PTX Pumiliotoxina RMN 1H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio RMN 13C Ressonância Magnética Nuclear de Carbono 13C RP Reverse Phase (Fase Reversa) t Tripleto TFA Ácido trifluoroacético TRH Hormonio Liberador de Tireotropina TR Tempo de retenção TTX Tetrodotoxina UV Ultravioleta

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Aminoácidos

Nome 1 / 3 letras Massa Estrutura Alanina A / Ala 71,08

Arginina R / Arg 156,20

Asparagina N / Asn 114,10

Ácido Aspártico D / Asp 115,10

Ác. Glutâmico E / Glu 129,05

Cisteína C / Cys 103,10

Fenilalanina F /Phe 147,20

Glicina G / Gly 57,05

Glutamina Q / Gln 128,10

Histidina H / His 137,05

Isoleucina I / Ile 113,20

x

O

NH2

CH3OH

NH

O

NH

NH2

NH2

OH

O

O

NH2

NH2

OH

O

NH2

OH

O

NH2OH

O

O

NH2

NH2

OH

O

NH2

NH

N

OH

O

NH2

CH3

CH3OH

OHOH

NH2O

O

O O

OHOH

NH2

O

NH2

SH OH

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Leucina L / Leu 113,20

Lisina K / Lys 128,09

Metionina M / Met 131,20

Prolina P / Pro 97,12

Serina S / Ser 87,08

Tirosina Y / Tyr 163,20

Treonina T / Thr 101,10

Triptofano W / Trp 186,20

Valina V / Val 99,07

NH2

CH3

CH3

OH

NH2

NH2OH

O

NH2

SCH3 OH

O

NH

OH

O

NH2

OH OH

O

NH2OH

OH

O

NH2

OH

CH3

OH

O

NH2NH

OH

O

NH2

CH3

CH3 OH

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Índice de Figuras Figura 1- Densidade de Espécies de Anfíbio por País .......................................... 22 Figura 2- Distribuição Global de Anfíbios. ............................................................. 24 Figura 3 - Biossíntese das Indolalquilaminas de pele de anfíbios. ........................ 31 Figura 4- Estruturas de indolalquilaminas bioativas. ............................................. 33 Figura 5- Biossíntese das imidazolalquilaminas de pele de anfíbios.................... 34 Figura 6- Biossíntese e estruturas das hidroxifenilalquiaminas de anfíbios .......... 37 Figura 7- Exemplos de alcalóides de acordo com o precursor.............................. 41 Figura 8- Estruturas básicas (I e II) e exemplos das batracotoxinas de anfíbios... 45 Figura 9- Exemplos das indolizidinas isoladas de anfíbios. .................................. 47 Figura 10- Estruturas de Pumiliotoxina isoladas de anfíbios ................................. 50 Figura 11- Estruturas de cis-decaidroquinolinas. .................................................. 51 Figura 12- Estrutura da epibatidina e análogos sintéticos. .................................... 53 Figura 13- Tetrodotoxina e derivados isolados de fonte naturais .......................... 57 Figura 14- Estruturas de algumas histrionitoxinas................................................. 58 Figura 15- Estruturas da Gephyrotoxina e diidroGephyrotoxina ........................... 59 Figura 16- Estruturas básicas dos esteróides ....................................................... 61 Figura 17- Estruturas básicas dos cardenolídeos e bufadienolídeos. ................... 63 Figura 18- Estruturas das bufogeninas e seus derivados. .................................... 64 Figura 19- Esteróides não cardiotônicos isolados de anfíbios............................... 65 Figura 20- Proteínas e Peptídeos Bioativas. ......................................................... 68 Figura 21- Formação das Angiotensinas............................................................... 87 Figura 22- Distribuição Geográfica das Espécies do Gênero Osteocephalus. ...... 93 Figura 23- Osteocephalus taurinus ....................................................................... 94

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Figura 24- Osteocephalus oophagus .................................................................... 95 Figura 25- Osteocephalus langsdorffii ................................................................... 96 Figura 26- Obtenção das secreções por estimulação elétrica............................... 99 Figura 27- Fragmento de íons observados em espectro de EM/EM. .................. 104 Figura 28- Fluxograma dos processos realizados nos extratos EXTTA, EXTOO e EXTLA................................................................................................................. 110 Figura 29- Espectro de massas do extrato total de O. taurinus........................... 112 Figura 30- Espectro de massas do extrato total de O. oophagus........................ 113 Figura 31- Espectro de massas do extrato total de O. langsdorffii. ..................... 114 Figura 32– Cromatograma do extrato total da secreção da pele de O. taurinus . 116 Figura 33 – Cromatograma do extrato total da secreção de O. oophagus .......... 117 Figura 34– Cromatograma do extrato total da secreção de O. langsdorffii ......... 117 Figura 35- Cromatogramas dos extratos EXTTA (Ota 06), EXTOO (Oop 06) e EXTLA (Ola 06). .................................................................................................. 118 Figura 36- Cromatorama (CLAE) da fração ota 06.............................................. 119 Figura 37- Espectro de IV da fração ota 06......................................................... 121 Figura 38- Espectro de UV da fração ota 06 ....................................................... 121 Figura 39- Espectro de RMN de 1H de ota 06 ..................................................... 122 Figura 40- Expansão do espectro de RMN de 1H de ota 06................................ 123 Figura 41- Expansão do espectro de RMN de 1H de ota 06 ............................... 123 Figura 42- Espectro bidimensional de correlação homonuclear 1H, 1H -COSY de ota 06 . ................................................................................................................ 124 Figura 43- Expansão do espectro bidimensional de correlação homonuclear 1H, 1H –COSY. ............................................................................................................... 124 Figura 44- Espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H, 13C- HSQC de Ota 06.................................................................................................................. 125

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Figura 45- Expansão do espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H, 13C- HSQC de Ota 06 ......................................................................................... 126 Figura 46- Espectros de ESI-MS e ESI-EM/EM da amostra ota 06. .................. 128 Figura 47- Fragmentação da cadeia lateral da bufotenina. ................................. 129 Figura 48- Espectro de ESI-EM/EM da fração oop 06. ....................................... 130 Figura 49- Espectro de ESI-EM/EM da fração ola 06......................................... 131 Figura 50- Cromatograma (CLAE) de ota 08....................................................... 134 Figura 51- Espectro de massas MALDI-TOF da fração ota 08............................ 135 Figura 52- Espectro de massa MALDI-TOF da fração ota 08 alquilada. ............. 136 Figura 53- Espectro de fragmento tríptico de ota 08 . ......................................... 137 Figura 54- Sensograma de interação de ota 08 com tripsina . ............................ 138 Figura 55- Cromatograma (CLAE) de ota 09....................................................... 141 Figura 56- Espectro de massas MALDI-TOF/MS da fração ota 09 . ................... 142 Figura 57- Espectro de fragmentação EM/EM do íon 1706,48 (m/z) . ................ 143 Figura 58 – Espectro EM/EM do peptídeo sintético ota 09.................................. 145 Figura 59- Espetros de massas de ota 09 (M), M+Li, M+Na e M+K.................... 147 Figura 60- Peptídeo ota 09 + Metal ..................................................................... 160 Figura 61- Espectros de massas de ota 09, Ota 09 + Ca, Ota 09 + Fe e Ota 09 + Co........................................................................................................................ 161 Figura 62- Espectros de massas de ota 09, Ota 09 + Cd, Ota 09 + Cu e Ota 09 + Ni......................................................................................................................... 162 Figura 63- Cromatorama (CLAE) da fração ota 18.............................................. 168 Figura 64- Espectro de massas MALDI-TOF da fração ota 18 ........................... 169

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Índice de Tabelas

Tabela 01- Exemplos de compostos com atividades farmacológicas de anfíbios . 28 Tabela 02– Avaliação da ação farmacológica da bufotenina ................................ 32 Tabela 03- Diferentes classes de alcalóides de acordo com o precursor ............. 40 Tabela 04– Distribuição de batracotoxinas em espécies de Phyllobates .............. 44 Tabela 05– Toxicidade da Batracotoxina e vários análogos naturais e sintéticos. 44 Tabela 06- Exemplos de TTX e derivados identificados em anuros...................... 56 Tabela 07- Taquicininas de diferentes origens...................................................... 73 Tabela 08- Taquicininas aromáticas isoladas de anfíbios .................................... 73 Tabela 09- Taquicininas alifáticas isoladas de anfíbios......................................... 73 Tabela 10- Exemplos de Bradicininas isoladas de anfíbios .................................. 74 Tabela 11- Exemplos de Ceruleínas isoladas de anfíbios..................................... 75 Tabela 12- Exemplos de Bombesinas, da sub-família Bombesina com C-terminal tetrapeptídeo Gly-His-Leu-Met-NH2 isoladas de anfíbios ...................................... 78 Tabela 13- Exemplos de Bombesinas, da sub-família Litorina-Ranatensina com C-terminal tetrapeptídeo Gly-His-Phe-Met-NH2 isoladas de anfíbios........................ 78 Tabela 14- Exemplos de Bombesinas, da sub-família Filolitorina com C-terminal tetrapeptídeo Gly-Ser-Phe(Leu)-Met-NH2 isoladas de anfíbios............................. 78 Tabela 15- Exemplos de Sauvaginas.................................................................... 80 Tabela 16- Exemplos de Dermorfinas (µ-seletiva) isoladas de anfíbios................ 82 Tabela 17- Exemplos de Deltorfinas (δ-seletivas) isoladas de anfíbios................. 82 Tabela 18- Exemplos de alguns membros da família Xenopsina/Neurotensina.... 84 Tabela 19- Exemplos de Triptofilinas isoladas de anfíbios.................................... 86 Tabela 20- Estrutura da adenoregulina e da dermaseptina................................... 88

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Tabela 21- Exemplos de alguns Peptídeos Antimicrobianos de anfíbios .............. 91 Tabela 22- Principais características dos recentes Peptídeos Antimicrobianos ... 91 Tabela 23- N° de individuos e local de coleta das espécies de Osteocephalus .... 98 Tabela 24- Extratos obtidos por estimulação elétrica de O. taurinus- EXTTA..... 100 Tabela 25- Frações da Cromatografia (CLAE) do Extrato EXTTA ...................... 115 Tabela 26- Deslocamento químico de RMN de 1H e 13C da fração 0ta 06.......... 126 Tabela 27- Fragmentos confirmados da Fração ota 08....................................... 136 Tabela 28 - Íons a, b, y e z do Espectro de Fragmentação EM/EM de ota 09 .... 143 Tabela 29- Estrutura primária do peptídeo ota 09. .............................................. 144 Tabela 30- Predição de estrutura secundária do peptídeo ota 09....................... 144 Tabela 31- Análise dos íons do espectro de massas MALDI-TOF/MS de ota 09 146 Tabela 32- Atividade antimicrobiana do peptídeo ota 09 .................................... 163 Tabela 33- Atividade antifúngica do peptídeo ota 09 .......................................... 164 Tabela 34- Estrutura primária do peptídeo ota 18 ............................................... 170 Tabela 35- Predição de estrutura secundária do peptídeo ota 18 ...................... 170

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Resumo

Secreções de pele de anfíbios são fontes ricas de substâncias

biologicamente ativas com diversas funções fisiológicas e de defesa, a maioria de

baixa massa molecular como as aminas biogênicas, alcalóides, esteróides e

pequenos peptídeos, além de polipeptídeos, proteínas e glicoproteínas de massa

molecular mais elevada.

Neste trabalho foi realizado um estudo sistemático das secreções de três

espécies Hylidae do gênero Osteocephalus: O. taurinus, O. oophagus (Floresta

Amazônica) e O. langsdorffii (Mata Atlântica). As secreções, obtidas por contração

muscular induzida por choque elétrico, passaram por procedimentos

cromatográficos, CLAE-FR preparativa e analítica. Os cromatogramas das três

espécies apresentaram semelhanças, possuindo cerca de 20 componentes cada.

Nas três espécies, foi identificada uma amina biogênica, a bufotenina (OTA

06, OOP 06 e OLA 06) usando técnicas espectrométricas (IV, UV, EM e RMN de

1H e 13C). Da espécie O. taurinus foram isolados dois peptídeos, OTA 09 (1706

Da) e OTA 18 (3226 Da), e um inibidor de tripsina, OTA 08 (6670 Da) que tiveram

suas estruturas identificadas por uma combinação de degradação automática de

Edman e espectrometria de massa.

O peptídeo OTA 09, após síntese química, apresentou ação antibacteriana

(Escherichia coli e Staphylococcus aureus) e antifúngica (Candida albicans e

Candida tropicalis). Experimentos de espectrometria de massa mostraram que

OTA 09 possui fortes sítios de ligações com metal, confirmando uma característica

dos peptídeos acídicos.

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Abstract

Amphibian skin secretion is a rich source of biologically active compounds

that have a great number of physiological and defense functions, the majority of

low molecular mass as the biogenic amines, alkaloids, steroids and small peptides,

beyond polypeptides, proteins and glycoprotein’s of raised molecular mass.

In this present work, we report a systematic study of secretions of three

Hylidae species of the Osteocephalus genus: O. Taurinus, O. oophagus

(Amazonian Forest) and O. langsdorffii (Atlantic Forest). The secretions, obtained

by applying mild electric shocks in adult’s specimens, underwent chromatographic

procedures, RP-HPLC preparative and analytical C18 column. The chromatograms

of the three species presented similarities, possessing about 20 components each.

In the three species the bufotenine, a biogenic amine, was identified (OTA

06, OOP 06 and OLA 06) using a combination of different spectroscopic

techniques (IV, UV, MS and NMR of 1H and 13C). Of the species O. taurinus two

peptides, OTA 09 (1704 Da) and OTA 18 (3226 Da), and an inhibitor, OTA 08

(6670 Da) were isolated. The peptides and inhibitor were purified using analytical

RP-HPLC and sequenced by a combination of automatic degradation of Edman

and spectrometry of mass.

The peptide OTA 09, after chemical synthesis, presented antimicrobial

activities (Escherichia coli and Staphylococcus aureus) and antifungal (Candida

albicans e Candida tropicalis). Mass spectrometry experiments have demonstrated

that OTA9 binds very tightly metal ions, confirming a characteristic of acidic

peptides.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 21 1.1. AMINAS BIOGÊNICAS ........................................................................... 29

1.1.1. INDOLALQUILAMINAS ................................................................... 29 1.1.1.1. BUFOTENINA .............................................................................. 30

1.1.2. IMIDAZOLALQUILAMINAS.............................................................. 34 1.1.3. HIDROXIFENILALQUILAMINAS ..................................................... 35

1.2. ALCALÓIDES.......................................................................................... 38 1.2.1. BATRACOTOXINAS (BTXS) ........................................................... 43 1.2.2. INDOLIZIDINAS............................................................................... 45 1.2.3. PUMILIOTOXINA (PTXs)................................................................. 47 1.2.4. DECAIDROQUINOLINA (DHQ) ....................................................... 50 1.2.5. EPIBATIDINAS ................................................................................ 52 1.2.6. TETRODOTOXINAS (TTX).............................................................. 53 1.2.7. HISTRIONICOTOXINAS (HTX) ....................................................... 58 1.2.8. GEPHYROTOXINAS ....................................................................... 59

1.3. ESTERÓIDES......................................................................................... 60 1.4. PROTEÍNAS E PEPTÍDEOS DE ANFÍBIOS............................................ 66

1.4.1. PEPTÍDEOS DE ANFÍBIOS............................................................. 69 1.4.2. PEPTÍDEOS FARMACOLOGICAMENTE ATIVOS ......................... 70

1.4.2.1. TAQUICININAS............................................................................ 71 1.4.2.2. BRADICININAS............................................................................ 74 1.4.2.3. CERULEÍNAS .............................................................................. 75 1.4.2.4. BOMBESINAS.............................................................................. 76 1.4.2.5. SAUVAGEÍNAS............................................................................ 79 1.4.2.6. PEPTÍDEOS OPIÓIDES............................................................... 80 1.4.2.7. HORMÔNIO LIBERADOR DE TIREOTROPINA (TRH) ............... 83 1.4.2.8. XENOPSINA ................................................................................ 83 1.4.2.9. TRIPTOFILINAS........................................................................... 85 1.4.2.10. ANGIOTENSINAS........................................................................ 86 1.4.2.11. ADENOREGULINA ...................................................................... 88 1.4.2.12. PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS (AMPS)................................. 89

1.5. ANUROS HYLIDAE................................................................................. 92 1.5.1. GÊNERO OSTEOCEPHALUS......................................................... 92

1.5.1.1. OSTEOCEPHALUS TAURINUS .................................................. 94 1.5.1.2. OSTEOCEPHALUS OOPHAGUS ................................................ 95 1.5.1.3. OSTEOCEPHALUS LANGSDORFFII .......................................... 96

2. OBJETIVOS................................................................................................... 97 2.1. GERAL.................................................................................................... 97 2.2. ESPECÍFICOS........................................................................................ 97

3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 98

xix

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20

3.1. COLETA DO MATERIAL......................................................................... 98 3.2. OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS............................................................... 99

3.2.1. ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA............................................................. 99 3.3. ISOLAMENTO E PURIFICAÇÃO DOS CONSTITUINTES .................... 100 3.4. ESPECTROMETRIA DE MASSA.......................................................... 101

3.4.1. ESPECTROMETRIA DE MASSA SISTEMA MALDI-TOF ............. 101 3.4.2. ESPECTROMETRIA DE MASSA SISTEMA “ELECTROSPRAY IONIZATION” (ESI) ...................................................................................... 102 3.4.3. ESPECTROMETRIA DE MASSA SISTEMA “QUADRUPOLE TIME-OF-FLIGHT” (Q-TOF)................................................................................... 103 3.4.4. SEQUENCIAMENTO DE PROTEÍNAS POR PSD ........................ 103

3.5. ESPECTROMETRIA DE IV, UV E RMN DE 1H E 13C .......................... 104 3.6. SEQUENCIAMENTO DOS PEPTÍDEOS .............................................. 105 3.7. ALQUILAÇÃO DAS CISTEÍNAS ........................................................... 106 3.8. DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA POR SPR................... 106 3.9. SÍNTESE QUÍMICA............................................................................... 107 3.10. INTERAÇÕES COM METAIS................................................................ 108 3.11. TESTES ANTIMICROBIANOS.............................................................. 108

3.11.1. ATIVIDADE ANTIBACTERIANA.................................................... 108 3.11.2. ATIVIDADE ANTIFÚNGICA........................................................... 109

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 111 4.1. ISOLAMENTO, PURIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DA FRAÇÃO OTA 06, OOP 06 E OLA 06 ............................................................................................ 119 4.2. ISOLAMENTO, PURIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DA FRAÇÃO OTA 08 134

4.2.1. ESTUDOS DE INTERAÇÃO BIOMOLECULAR ............................ 138 4.3. ISOLAMENTO, PURIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE OTA 09. ......... 141

4.3.1. SÍNTESE QUÍMICA DE OTA 09 .................................................... 144 4.3.2. PEPTÍDEO OTA 09 C0M METAL .................................................. 146 4.3.3. TESTES ANTIMICROBIANOS ...................................................... 163

4.4. ISOLAMENTO, PURIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE OTA 18 .......... 168 5. CONCLUSÃO .............................................................................................. 172 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 175

xx

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21

1. INTRODUÇÃO

A compreensão da natureza pelo homem se faz cada vez mais necessária

e urgente para a sua sobrevivência no planeta. O ritmo com que algumas

vegetações estão sendo eliminadas é assustador. As florestas tropicais no mundo

foram reduzidas em quase 50% de seu tamanho em apenas um século, o que é

mais grave, elas continuam sendo destruídas à razão de 130.000 km2 por ano

(CÂMARA, 2001), o que leva milhares de espécies de todos os reinos a

desaparecerem, algumas que nem chegaram a ser catalogadas, causando

prejuízos incalculáveis.

A Amazônia é reconhecida como a maior floresta tropical existente.

Equivale a 1/3 das florestas tropicais úmidas e é detentora do maior banco

genético do planeta (CAPOBIANCO, 2001).

A Floresta Amazônica tem uma extensão total de 5.500.000 Km2. Destes,

cerca de 60% em território brasileiro é conhecido como Amazônia Legal, que

juntamente com a Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado, Caatinga, Campos e

Florestas Meridionais contribui para que o Brasil seja detentor de uma

megadiversidade, possuindo entre 10 e 20% das 1,5 milhões de espécies já

catalogadas. São 55 mil espécies de plantas com sementes, 502 de mamíferos,

1.677 de aves, 2.657 de peixes e, isso representa respectivamente 22%, 10,8%,

17,2% e 10,7% das espécies existentes no mundo (CAPOBIANCO, 2001). Em

relação aos anfíbios, os números também são extraordinários. São cerca de 600

espécies, equivalente a 10,5% das 5.479 espécies estimadas no mundo (Figura

1), que estão agrupadas em três ordens: Anura (sapos, rãs e pererecas), Caudata

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22

ou Urodela (salamandras) e Gymnophiona (cecílias ou cobras-cegas)

correspondendo 88%, 9% e 3%, respectivamente (AMPHIBIAWEB, 2003).

Número total de espécies / área em km2

Figura 1- Densidade de Espécies de Anfíbio por País- Mapa elaborado por Tiwari, Gross, Vredenbur e Van der Meijden (AMPHIBIANWEB, 2003).

Historicamente os anfíbios estão associados às magias, aos mitos, às

crenças e às lendas. Esses animais eram venerados pelas civilizações antigas; os

egípcios atribuíram à criação do homem e de certos deuses a Heket, deusa que

era representada por uma mulher com cabeça de rã. As mulheres, como gratidão,

usavam um amuleto de metal na forma de rã pelos favores prestados; os chineses

e indianos acreditavam que o mundo apoiava-se nas costas de um sapo gigante e

que os terremotos eram provocados pela movimentação desse sapo. Os maias

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associavam as rãs ao deus Chac, responsável pela chuva. As civilizações

contemporâneas os vêem com certo asco, nojo e desprezo. Essa rejeição

começou na Idade Média com os europeus que relacionavam esses animais com

“coisas” do mal: bruxaria, pecado, hipocrisia, infertilidade e feiúra. Hoje, em

processo de desmistificação, sabemos que são animais extremamente

interessantes por sua grande diversidade de formas corporais, estratégias de vida

e colorido, aspectos não observados em nenhum outro grupo de vertebrado

(LAMAR, 1997; DUELLMAN & TRUEB, 1986).

A classe dos Anfíbios (Amphibia) é uma das mais ameaçadas do planeta,

fato que já vem preocupando as comunidades científica e conservacionista.

Espécies de anfíbios vêm sofrendo com a perda ou modificação de seu hábitat

natural causadas pelo desmatamento, erosão e assoreamentos (HECNAR &

M’CLOSKEY, 1996); com sérios problemas de poluição conseqüente do uso

indiscriminado de inseticida, herbicida, resíduo industrial e emissão de gases

tóxicos (GILLILLAND et al., 2001; HAYES et al, 2002); com aumento da radiação

ultravioleta (BROOMHALL et al, 2000); com chuva ácida (BEATTIE et al, 1992), e

com as doenças infecciosas, em conseqüência da baixa de sua imunidade

(ALFORD & RICHARDS, 1997; 1999). Por essa série de razões, suas populações

estão declinando em diversos pontos do planeta (Figura 2), o que pode levar a um

grave desequilíbrio da natureza com conseqüências desastrosas para o homem.

Segundo a Lista Vermelha que divulga as espécies ameaçadas no planeta,

elaborada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), 21%

do total das espécies ameaçadas pertence à classe dos anfíbios (UICN, 2002).

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24

Devido à sensibilidade dos anfíbios frente a esses fatores responsáveis

pelo seu declínio, eles são conhecidos como excelentes bio-indicadores da

qualidade dos ambientes tendo grande importância em avaliações ecológicas,

chegando a ser mais sensível que os sistemas comuns de monitoramento

(BRANDÃO, 2002).

Figura 2- Distribuição Global de Anfíbios Fonte: UICN 2003, Amphibia Web, Hero J.M. & L. Shoo, 2003. Capítulo 7 – Amphibian Conservation, Smithsonian Press.

Outro aspecto, tão importante quanto o ecológico, é o químico-biológico.

Espécies pertencentes, principalmente a ordem Anura, produzem, armazenam e

secretam substâncias que podem trazer benefícios diretos ao homem. Isso os

coloca na lista da pesquisa sistemática para obtenção de novas substâncias, com

finalidade terapêutica de origem natural, juntamente com as plantas,

microorganismos, répteis, aracnídeos, entre outros.

Uma análise na lista dos 20 produtos farmacêuticos mais vendidos nos tigs

anos revela que vários têm origem natural: Captopril e derivados - um

Figura 2- Densidade de Espécies de Anfíbio por País- Mapa elaborado por Tiwari, Gross, Vredenbur e Van der Meijden (AMPHIBIANWEB, 2003).

Outro aspecto, tão importante quanto o ecológico, é o químico-biológico.

Espécies pertencentes, principalmente a ordem Anura, produzem, armazenam e

secretam substâncias que podem trazer benefícios diretos ao homem. Isso os

coloca na lista da pesquisa sistemática para obtenção de novas substâncias, com

finalidade terapêutica de origem natural, juntamente com as plantas,

microorganismos, répteis, aracnídeos, entre outros.

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25

Uma análise na lista dos 20 produtos farmacêuticos mais vendidos nos

últimos anos revela que vários têm origem natural: Captopril e derivados - um

inibidor da enzima conversora de angiotensina, utilizado no tratamento de

hipertensão arterial, teve como protótipo, um polipeptídeo isolado do veneno de

serpente brasileira Bothrops jararaca, comercializado por multinacionais

farmacêuticas, rendendo de 3-5 bilhões de dólares anuais; CECLOR®,

cefalosporina produzida pela Ely Lilly, com vendas anuais da ordem de US$ 837

milhões; MEVACOR® , inibidor da HMG CoA, produto da Merck, com vendas

anuais da ordem de US$ 760 milhões; AUGMENTIN®, antibiótico produzido pela

Smith Kline Beecham, com vendas anuais da ordem de US$ 710 milhões;

ROCEFIN®, cefalosporina, produto da Roche, com vendas anuais da ordem de

US$ 665 milhões (PALMA et al, 2001).

É difícil estimar o número total de produtos terapêuticos que utilizam

formulações originárias de produtos naturais das mais diversas origens.

Entretanto, acredita-se que 40% dos medicamentos disponíveis na terapêutica

moderna tenham sido desenvolvidos a partir deles, sendo 25% de plantas, 13% de

microorganismos e somente 3% de origem animal (CALIXTO, 2000).

Acredita-se no potencial dos animais como uma importante fonte de

substâncias biologicamente ativas. Eles sintetizam, assim como as plantas,

substâncias de uma diversidade estrutural impressionante, conseqüentemente

com propriedades farmacológicas diversas. Além disso, no reino animal o número

de espécies é impressionante. Foram identificadas 1.131.000 espécies das

8.800.000 estimadas do reino animal, contra 270.000 identificadas das 350.000

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estimadas do vegetal (MENDONÇA-HAGLER, 2001). As oportunidades para

identificação de produtos com possível utilização econômica aumentam com a

diversidade de espécies. Os animais que produzem toxinas (zootoxina) como os

anfíbios, répteis, aracnídeos, insetos, entre outros são os mais visados nessa

busca por novos fármacos. É nas regiões temperadas e equatoriais que se verifica

uma maior incidência de animais produtores de zootoxinas.

Nos anfíbios essas toxinas são produzidas e armazenadas pelas glândulas

granulares localizadas na derme, também chamadas glândulas serosas ou de

veneno, podendo ser encontradas ao longo de todo corpo ou concentrado em

algumas áreas. Nas espécies de anfíbios anuros é comum um outro tipo de

glândulas, as parotóidas que têm a propriedade de estocar grande quantidade de

secreção (PRATES, 2000).

Nas últimas décadas, estudos mostraram que algumas substâncias

presentes nas secreções dessas espécies possuem extraordinários efeitos

farmacológicos, como: irritantes locais, cardiotoxina, miotoxina e neurotoxinas,

agentes colinomiméticos, simpatomiméticos, alucinogênicos, agentes citotóxicos e

inibidores do crescimento de microrganismos (SEBBEN et al, 1993). Alguns

exemplos clássicos são: a epibatidina, isolada da pele de um anuro da América do

Sul, Epipedobates tricolor. Esta substância administrada por via intraperitoneal,

em ratos, apresentou atividade analgésica 200 vezes superior àquela da morfina,

usada como padrão (DALY et al, 1978); as megaininas, isoladas de Xenopus sp

possuem um amplo espectro de ação antimicrobiana. Em doses micromolares,

interrompem o crescimento e/ou induzem a lise osmótica de diversos tipos de

bactérias gram-positiva e gram-negativa e de protozoários (ZASLOFF, 1987). As

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dermaseptinas, isoladas de espécies do gênero Phyllomedusa, apresentam amplo

espectro de atividade antimicrobiana e cicatrizante (DALY et al, 1992; PRATES,

1999). Alguns exemplos de compostos com atividades farmacológicas

comprovadas de anfíbios são mostrados na Tabela 1.

Das 5.952 espécies de anfíbios conhecidas poucas foram estudadas,

principalmente sobre os aspectos químicos e farmacológicos de suas secreções

cutâneas. Neste trabalho foi realizado um estudo sistemático das secreções de

três espécies Hylidae do gênero Osteocephalus: O. taurinus, O. oophagus e O.

langsdorffii, sendo os dois primeiros endêmicos na Floresta Amazônica e o último

na Mata Atlântica. Não há registro na literatura de estudos sobre as secreções de

espécies desse gênero.

Da pele de anfíbios já foram isoladas diversas substâncias, a maioria de

baixa massa molecular como as aminas biogênicas, alcalóides, esteróides e

pequenos peptídeos, além de polipeptídeos, proteínas e glicoproteínas de peso

molecular mais elevado (SCHWARTZ, 1993). Além da pele, essas substâncias,

têm sido detectadas no fígado, ovário, trato gastrointestinal, musculatura e em

ovos e larvas de diversas espécies (TAKEDA, 1995; LUTZ, 1971). Muitas dessas

substâncias ainda não foram avaliadas quanto a suas atividades biológicas.

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Tabela 1- Exemplos de compostos com atividades farmacológicas de anfíbios (McClean et al, 2002)

Composto Gênero Atividade DL* (mg/kg rato)

Bases Nitrogenadas Batracotoxina Samandarina

Phyllobates Salamandra Pseudophryne

Cardio/neurotóxica Ativante do SNC Convulsionante

0,002 0,3

Tetrodotoxina Composto A Composto B

Taricha Dendrobates Dendrobates

Neurotóxica Ativante de músculo e nervo

0,008 2,5 1,5

Indolalquilamina Serotonina Deidrobufotenina O-Metilbufotenina

Bufo Leptodactylus Bufo Bufo

Vasoconstritor Convulsionante Alucinógeno

300

6 75

Fenólico e catecolaminas Norepinefrina Candicina Leptodactila

Bufo Leptodactylus Leptodactylus

Agente hipertensivo Agente colinérgico Agente colinérgico

5

>10 10

Imidazolalquilamina Histamina Espinaceamina Carnosina

Leptodactylus Leptodactylus Eleutherodactylus

Irritante local

13,000

Bufogeninas e Bufotoxinas Bufotalina Bufotoxina

Bufo Bufo

Cardiotóxica Cardiotóxica

0,4

Cininas Bradicinina Fisalaemina

Rana Phyllomedusa

Irritante local Agente hipotensivo

Outras Cininas Ascaphus Phyllomedusa

Proteínas Hemolisina

Trituris

Agente hemolítico

0,002

*Para efeito de comparação a dose letal (DL) mínima do curare e estricnina é 0,5 mg/kg de rato; do cianeto de sódio é 10 mg/kg.

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29

1.1. AMINAS BIOGÊNICAS

Aminas biogênicas são moléculas com baixo peso molecular encontradas

tanto em plantas, numa ampla variedade de famílias (BALANDRIN et al., 1978;

SMITH, 1977), quanto em animais (CEI et al., 1972; ERSPAMER, 1994; SMEETS

& GONZALES, 2000). São biologicamente ativas, geralmente, atuam como

agentes psicoativos ou vasoativos (GONZALEZ-FERNANDEZ et al., 2003;

McCLEAN, 2002).

Estes compostos são normalmente formados pela descarboxilação

enzimáticas de seus precursores aminoácidos. Dependendo desses aminoácidos,

estão divididos em: indolalquilaminas, imidazolalquilaminas e

hidroxifenilalquilaminas.

1.1.1. INDOLALQUILAMINAS

As indolalquilaminas têm como características a presença de um sistema

indólico derivado do aminoácido triptofano (01), seu precursor. O processo de

biossíntese dos derivados indólicos passa por uma série de reações enzimáticas

do tipo: descarboxilação, hidroxilação, O e N-metilação, entre outras, a partir do

triptofano (Figura 3). Alguns autores as classificam como alcalóides indólicos

(McCLEAN, 2002; ZHALOLOV et al., 2000; KAMANO et al., 1999).

Muitas aminas biogênicas indólicas (Figura 4) atuam como agonistas ou

antagonistas parciais nos receptores α-adrenérgico, serotoninérgico, colinérgico e

dopaminérgico (SIMÕES et al., 2003). A bufotenina (06), dimetiltriptamina (07),

psilocibina(08) e derivados do harmano, harmina (10) e harmalina (13), possuem

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30

uma marcante atividade alucinógena. A psilocibina é o princípio ativo do

cogumelo Psilocybe mexicana, que já era usado pelos Astecas. Harmina (10) e

harmalina (13) são as substâncias ativas de Banisteriopsis como B. caapi e B.

inebrians, espécies usadas em rituais pelos índios na Amazônia. Os extratos de

Psychotrias viridis contêm a N, N-dimetiltriptamina (07) como seu principal

princípio ativo. Todos esses compostos interagem especificamente com os

receptores para serotonina (03), o neurotransmissor endógeno do cérebro

(SIMÕES et al., 2003).

Devido à variedade, abundância e distribuição das indolalquilaminas, elas

são, sem dúvida, as aminas biogênicas mais importantes de pele de anfíbio. São

encontradas na maioria dos gêneros de anfíbios (UDENFRIEND et al., 1952),

inclusive em representantes da ordem Apoda (FERRONI et al., 1992). Espécies do

gênero Bufo provêem uma representação espetacular de indolalquilaminas. Não

há nenhum tecido animal ou vegetal conhecido que apresente uma variedade e

quantidade de indolalquilaminas e de seus precursores como a pele de sapo (CEI

et al., 1972).

1.1.1.1. BUFOTENINA

A bufotenina (06) foi uma das primeiras indolalquilaminas a ser identificada

(Figura 03). Recebeu esse nome por ter sido identificada a partir da secreção da

pele de Bufo bufo (B. vulgaris) por Phisalix e Bertrand (1902). Até a sua completa

elucidação estrutural houve várias etapas. Handovsky (1920) primeiro caracterizou

como sendo derivado pirrólico, depois Jensen e Chen (1929; 1930a; 1930b)

identificaram a presença de um sistema indólico e finalmente Wieland et al. (1934)

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31

confirmou ser um derivado 5-hidroxi-indólico como a serotonina (03), mais

precisamente 5-Hidroxi-N,N-dimetiltriptamina ou N,N-dimetilserotonina.

NNH2

COOH

H

NNH2

COOH

H

HO R

NNH2

H

R

NN(CH3)2

H

NN(CH3)2

COOH

H

MeO

I

II

III

IV

Triptofano (01)

5-hidroxitriptofano (02) R= OH = 5-hidroxitriptamina (03)R= H = triptamina (04)

5- metoxibufotenina (05) R= OH = bufotenina (06)R= H = dimetil-triptamina (DMT) (07)

Figura 3 - Biossíntese das Indolalquilaminas de pele de anfíbios. I- Triptofano hidroxilase; II- aminoácido descarboxilase; III- N-metiltransferase; IV- O-metil-5-hidroxiindoltransferase (ERSPARMER, 1994).

A bufotenina (06) é amplamente encontrada no reino vegetal,

principalmente em plantas da família Leguminosae. Nas sementes de

Anadenanthera peregrina seu teor pode chegar até 7,4% e em A. colubrina até

12,4% (OTT, 2001; SMITH, 1977). Ocorre em vertebrados, principalmente

mamíferos (FORSSTRÖM et al., 2001) e em anfíbios, especialmente do gênero de

Bufo (Bufonoidae) (CEI et al., 1972).

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32

Essa substância possui propriedades psicotrópicas potentes, e

normalmente é associada a desordens mentais temporárias e doenças como

esquizofrenia e comportamentos psicóticos, provavelmente devido a suas

características fisiológicas semelhantes ao da dietilamida do ácido lisérgico LSD

(RÄISÄNEN & KÄRKKÄINEN 1979; TAKEDA et al., 1995). Uma revisão da ação

neurofarmacológica da bufotenina compara sua ação alucinógena com a de outros

alucinógenos conhecidos como LSD, psilocina e 5-metoxi-dimetiltriptamina e

mostra que eles atuam nos receptores serotoninérgicos 5-HT2A e 5-HT2C

(McBRIDE, 2000). A Tabela 2 mostra a ação da bufotenina por diferentes vias de

administração (OTT, 2001).

Tabela 2– Avaliação da ação farmacológica da bufotenina (OTT, 2001)

Via Dosagem(mg) Efeitos Referências

Intravenosa 1-16 Alucinógeno FABING & HAWKINS, 1956

Intravenosa 2.5-20 não-psicoativo THMER & MERLIS, 1959

Intravenosa 6,4-11,1 alucinógeno BONHOUR & MELGAR, 1967

Intravenosa 2-8 psicotomimetico MCLEOD & SITARAM, 1985

Intramuscular 10-12,5 alucinógeno TURNER & MERLIS, 1959

Nasal <14,3 não-psicoativo TURNER & MERLIS, 1959

Nasal 6-10 não-psicoativo TURNER & MERLIS, 1985

Nasal 40-100 psicoativo OTT, 2001

Sublingual 50 psicoativo OTT, 2001

Oral 100 psicoativo OTT, 2001

Inalado 2-8 psicoativo OTT, 2001

Intraretal 50 psicoativo OTT, 2001

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Figura 4- Estruturas de indolalquilaminas bioativas (ERSPARMER, 1994).

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34

1.1.2. IMIDAZOLALQUILAMINAS

As imidazolalquilaminas têm como precursor o aminoácido histidina (20),

que após descarboxilação enzimática dá origem à histamina (21), o protótipo de

quase todas as imidazolalquilaminas (Figura 5).

As imidazolalquilaminas e derivados, como a histamina (21), constituem o

principal arsenal químico da “rã-pimenta”, como são popularmente conhecidos os

Leptodactylus (PIRES JÚNIOR, 2002).

NHN NH2

COOH

NHCOCH3

COOH

NHN NHCH3

COOH

NHNNH2NHN

Histidina

N-Acetilhistidina N-MetilhistidinaHistamina

N

NHHN

HOOCNHN NHCH3 NHN NHCOCH3

N-AcetilhistaminaN-Metilhistamina Espinacina

N(CH3)2NHN N

NHHN

N,N-Dimetilhistamina Espinaceamina

N

NHH3CN

6-Metilespinaceamina

I

IIIII

IVIIIII

I I IV

IV

(20)

(21)(22) (23)

(24) (25) (26)

(27) (28)

(29)

Figura 5- Biossíntese das imidazolalquilaminas de pele de anfíbios. I- ácido aromático descarboxilase; II- N-metil transferase; III- N-acetil transferase; IV- Ciclização enzimática (ERSPARMER, 1994).

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35

1.1.3. HIDROXIFENILALQUILAMINAS

As hidroxifenilalquilaminas têm como precursor o aminoácido fenilalanina

(30) (Figura 6), e dependendo do grau de oxidação estão divididas em mono e

diidroxifenilaquilaminas.

A tiramina (4-hidroxifeniletilamina) (35), um intermediário da biossíntese das

monoidroxifenilaminas, é um componente encontrado normalmente, em

quantidade variável, em vários tecidos de animal e de planta, e também pode

estar presente em alguns alimentos. Foi identificado em extratos da pele de

Leptodactylus pentadactylus, e provavelmente está presente em baixas

concentrações na pele de vários outros sapos. Além da tiramina, foi identificado a

candicina (39), um sal de amônio quaternário conhecido por muitos anos como um

componente comum de alguns Cactaceae argentino (ERSPAMER, 1994).

Um outro intermediário da biossíntese das monoidroxifenilaminas, a m-

tiramina (3-hidroxifeniletilamina) (34), não foi identificado em pele de anfíbio. Mas

a leptodactilina (38), uma substância derivada desse intermediário é comum na

pele de espécies da subfamília Leptodactylinae e de vários outros Leptodactylus.

Foi o primeiro derivado m-tiramina encontrado na natureza. A leptodactylina

apresentou potente ação nicotínica e curarínica (ERSPAMER & GLASSER, 1960).

Uma outra substância pertencente a esta classe, a candicina (39), possui o

mesmo espectro de atividade da leptodactylina, sendo levemente mais potente

(ERSPAMER, 1994).

As catecolaminas como são conhecidas as diidroxifenilaminas, são

compostos que contêm um núcleo catecol (anel benzênico com dois grupos

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36

hidroxilas adjacentes) e uma cadeia lateral contendo amina. Do ponto de vista

farmacológico, as catecolaminas mais importantes são: noradrenalina (40),

adrenalina (41), dopamina (36) e isoprenalina (derivado sintético da noradrenalina)

(RANG at al, 2000). Como citado, seu aminoácido precursor é a fenilalanina (30)

que sofre hidroxilação, primeiro passo para síntese de várias catecolaminas

(Figura 06).

A presença da catecolamina, epinefrina, como um componente significante

da secreção de glândulas parótidas de Bufo marinus foi identificada por Abel e

Macht há 80 anos (DEULOFEU & RUVEDA, 1971). Este resultado foi logo

confirmado em trabalhos posteriores mostrando que na pele de Bufo marinus é

encontrado de 6-11% de epinefrina, na de B. arenarum e B. regularis 5% e B.

mauretanicus 1%. Esta amina também está presente em B. paracnemis, B.

crucifer e B. formosus, e em quantidades mínimas em B. bufo (DEULOFEU &

RUVEDA, 1971).

Marki e colaboradores (1961) isolaram além da epinefrina, a norapinefrina,

dopamina (36) e epinina (N-metildopamina)(37), constituintes comuns nas

glândulas parótidas de B. marinus.

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37

I I I

HO

HO

NHCH3

OH

A d renalina (41)

NH2

OH

HO

HO

Norad renalina

IV

(40)

N(CH3)3OCand ic ina (39)

O

L ep tod ac t i l ina

N(CH3)3

(38 )

Ep in ina (37)

NHCH3HO

HO

Dop am ina(36)

IV

V

HO

HO

NH2HONH2

p -T iram inaIV

(35)

HO

IV

NH2

m -T iram ina (34)

Dop a (33)

COOH

NH2HO

HO

p -t irosina

II

I I I(32)

COOH

NH2HO

IIIm -t irosina (31)

COOH

NH2

HO

COOH

NH2

Fen ilalan inaIb

Ia

(30)

Figura 6- Biossíntese e estruturas das hidroxifenilalquiaminas de pele de anfíbios. Ia- 4-Hidroxilase fenilalanina; Ib- 3-Hidroxilase fenilalanina; II- 3-Hidroxilase tirosina; III- ácido aromático descarboxilase; IV- N-metiltransferase; V- b-Hidroxilase fenilalana (Ersparmer, 1994).

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38

1.2. ALCALÓIDES

Os alcalóides (termo derivado da palavra árabe alquali = cinza) foram umas

das primeiras descobertas do homem que há 4000 anos já fazia uso dessas

substâncias presentes em chás, poções, cataplasmas e venenos. Eles constituem

uma classe de metabólitos com grande diversidade estrutural, farmacológica e de

vias biossintéticas incomparáveis com qualquer outro grupo de produtos naturais.

Por conta dessas características fica difícil uma definição precisa para essa classe

de substâncias. Na literatura corrente existem várias, mas a de Pelletier (1983) é a

mais citada que os define como substância orgânica, de origem natural, cíclica,

contendo um nitrogênio em estado de oxidação negativo e cuja distribuição é

limitada entre os organismos vivos. Representam cerca de 20% das substâncias

naturais descritas (SIMÕES et al., 2003).

Sua grande variedade estrutural permitiu que os alcalóides fossem divididos

em várias classes de acordo com o seu precursor biogenético. Na Tabela 3 e

Figura 7 são dados alguns exemplos.

As principais fontes de alcalóides no passado foram às plantas superiores

(angiospermas). Porém, nos últimos anos observa-se um crescente aumento na

identificação de alcalóides em animais, principalmente anfíbios, insetos,

organismos marinhos, microorganismos, e nas plantas inferiores. Os primeiros

alcalóides de fonte animal foram as samandarinas, identificadas em salamandras

européias (DALY et al., 2002).

O mérito na identificação, isolamento, elucidação estrutural e atividade

farmacológica desses alcalóides de anfíbios, em grande parte, pertence a Daly &

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39

Witkop e seus colaboradores. Seus trabalhos e artigos de revisão (DALY e

WITKOP, 1971; DALY, 1982; WITKOP & GOSSINGER, 1983; DALY e SPANDE,

1986; DALY et al. 1987; DALY et al., 1992; DALY, 1998; SPANDE et al., 1992a,

1992b) são a base para qualquer trabalho referente a alcalóides de anfíbios.

Esses alcalóides já foram identificados além de nas salamandras, em tritões

(gêneros Triturus e Taricha) (MOSHER et al., 1964) e em representantes de sapos

e rãs das famílias Ranidae (gênero Mantella), Myobatrachidae (gênero

Pseudophryne), Bufonidae (gêneros Melanophryniscus e Atelopus) (DALY et al.,

1984, 1987, 1990, 1992; GARRAFFO et al., 1993a; GARRAFFO et al., 1993b),

Brachycephalidae (SEBBEN et al., 1986; PIRES JURNIOR, 2002), e

principalmente na família Dendrobatidae onde ocorre o maior número de

compostos alcaloídicos (DALY et al., 1978, 1987, 1992). Inicialmente, esses

alcalóides eram conhecidos como “alcalóides dendrobatides” por terem sido,

primeiramente, isolados de espécies da família Dendrobatidae (DALY et al., 1987).

A presença destes alcalóides provavelmente está relacionada com a dieta

desses anfíbios. Esta hipótese é reforçada por estudos onde foi observado que os

animais perderam sua toxicidade com a manutenção de adultos em cativeiro.

Além disso, indivíduos gerados por reprodução em cativeiro também não se

apresentaram tóxicos (DALY et al., 1994b, 1997; DALY, 1998). Formigas,

besouros e centopéias parece ser a fonte de certos alcalóides das classes

decaidroquinolina, izidina, coccinelina, e espiropirrolizidina presentes em anfíbios.

Mas, a origem dos alcalóides pertencentes as principais classes como as

pumiliotoxina, allopumiliotoxina e homopumiliotoxina, continuava um mistério, até

que o trabalho de Dally e colaboradores (2002) mostrou que provavelmente eles

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40

também são originários da dieta desses animais e não de fatores genéticos como

se imaginava.

Tabela 3- Diferentes classes de alcalóides de acordo com o precursor biogenético (SIMÕES et al., 2003)

Precursor Classe Exemplo (Figura07) Origem

Pirrolidínicos Estaquidrina (42) Medicago sativa Tropânicos Atropina (43) Atropa belladonna Pirrolizidínicos Retronescina (44) Senecio spp.

L-ornitina

Fenantroindolizidínicos Tiloforina (45) Tylophora

Piperidínicos Lobelanina (46) Lobelia inflata Quinolizidínicos Lupinina (47) Lupinus luteus

L-lisina

Indolizidínicos Castanospermina(48) Castanospermum Ac. Nicotínico Piridínicos Nicotina (49) Nicotiana spp. Policetídeos Piperidínicos Coniina (50) Conium Lactamas policetídicas Citocalasina B (51) Helmintosporium

Monoterpênicos Valerianina (52) Valeriana Sesquiterpênicos Dendrobina (53) Dendrobium Diterpênicos Atisina (54) Aconitum spp.

Isopreno

Triterpênicos Solasodina (55) Solanum spp.

Quinolínicos Dictamina (56) Dictamnus albus Ac. Antranílico Quinazolínicos Peganina (57) Peganum harmala

Indóis simples Psilocina (58) Psilocybe β-carbolinas Harmina (59) Peganum harmala Indol-monoterpênicos Reserpinina (60) Rauvolfia spp. Quinolínicos Quinina (61) Cinchona spp. Pirroloindólicos Fisostigmina (62) Physostigma

L-triptofano

Ergolinas Ac. lisérgico (63) Claviceps L-fenilalanina Feniletilaminas (-)-efedrina (64) Ephedra spp.

Feniletilaminas Mescaline (65) L. williamsii tetraidroisoquinolínicos Lofocerina (66) Lophophora spp. Benzilisoquinolínicos Papaverina (67) Papaver Aporfínicos Boldina (68) Peumus boldus Morfinanos Morfina (69) Papaver

L-tirosina

Betalaínas Betanidina (70) Beta vulgaris L-histidina Imidazólicos Pilocarpina (71) Pilocarpus spp. Purinas Xantinas Cafeína (72) Coffea arabica Var.aminoácidos Ciclopeptídicos Treviasina (73) Trewia nudiflora

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41

N

N

OHH

N O

O

NH

H

O

HO

H

OHO

N

(53)

ON

H

HHH

(52)

N

O(51)

NOO

O

OH

HO

H

H

(50)N

H

H

(49)N

NH

(48)

N

OHOHH

OH

HO

(47)(46)N

OHH

N

O O

(45)

N

H

OO

OO

(44)

N

HO H OH

(43)

OH

OH

N

O(42)

N COOH

(57)(56)

(55)(54)

(61)N

NO

HO H

H

H

(60)

N N

O

H

OO

H

H

O

(59)

N NH3COH

(58)

N

N

OH

H

Figura 7- Exemplos das diferentes classes de alcalóides de acordo com o precursor biogenético (SIMÕES et al., 2003).

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42

O

O

N

H

N NH(62) N

NHOOC

H

H(63)

OH

NCH3

(64)

NH2

H3CO

H3CO

OCH3(65)

N

H3CO

HOCH3

(66)

N

H3CO

H3CO

H3CO

H3CO(67)

N

OHH3CO

H3CO

HO

(68)

N

HO

O

HO

H HCH3

(69)

HO

HO N

N

OH

O

OH

OO

OH H(70)

N

N O O

(71)

N

N N

N

O

O(72)

ON

O

OHOCH3

OH3CO

ClO

O

O

H3CO

O

N

N

H(73)

Figura 7- Exemplos das diferentes classes de alcalóides de acordo com o precursor biogenético (SIMÕES et al., 2003) (cont.).

A concentração desses alcalóides na secreção cutânea pode variar

qualitativamente e quantitativamente, inclusive entre diferentes populações de

uma mesma espécie (EDWARDS et al., 1988). Nos anfíbios, a presença de

alcalóides tóxicos, via de regra, é acompanhada por coloração aposemática,

embora ocorram exceções (PIRES JUNIOR et al., 2002).

A classificação estabelecida por Daly et al. (2002) dos alcalóides

detectados em pele de anfíbios inclui 22 classes estruturais diferentes com,

aproximadamente, 500 combinações. Para facilitar a nomenclatura desses

alcalóides foi sugerido (DALY et al., 1978) um sistema de código que estabeleceu

que eles fossem designados por suas respectivas massas moleculares nominais

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43

em negrito, e caso tivessem a mesma massa, uma ou mais letras seriam

acrescentadas para diferenciá-los.

Dentre as classes dos alcalóides de anfíbios destacam-se: Batracotoxinas,

Indolizidinas, Pumiliotoxinas (Pumiliotoxinas A e B, Allopumiliotoxinas,

Deoxipumiliotoxina e Homopumiliotoxinas), Decaidroquinolina, Epibatidina,

Tetradotoxina, Histrionicotoxina e Gephyrotoxina que serão descritas a seguir.

1.2.1. BATRACOTOXINAS (BTXS)

Os índios Noanamá e Emberá da região da Colômbia Ocidental usam, até

hoje, secreções de pele de espécies do gênero Phyllobates (P. bicolor,

P.aurotaenia e P. terribilis) para envenenar seus dardos de caça desde os tempos

pré-colombianos. Estudos preliminares mostraram a alta toxicidade dessas

secreções o que despertou o interesse científico. O químico J. Aronhson, no final

do século XIX, descobriu a natureza química do princípio ativo desses venenos

como sendo um alcalóide lipossolúvel. Mas, somente na década de 1960 sua

estrutura química foi elucidada por F. Märki e B. Witkop, o que se tornou um ponto

de partida nas pesquisas sobre alcalóides em peles de espécies da família

neotropical Dendrobatidae, que compreende cerca de 200 espécies distribuídas

em nove gêneros: Phyllobates, Dendrobates, Epipedobates, Allobates,

Aromabates, Colostethus, Crytophyllobates, Mannophryne e Minyobates.

Esses alcalóides esteroidais foram os primeiros isolados de anfíbios e

receberam o nome de batracotoxina, do greco batrachos. Na Figura 8 são

mostrados as estruturas básicas (I e II) e alguns exemplos das batracotoxinas.

A batracotoxina (BTX, C31H42N206) (75), encontrada somente no gênero

Phyllobates, com destaque para P. terribilis (Tabela 4), é considerada como a

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44

mais potente toxina de baixo peso molecular não-proteíca (DALY et al., 1965;

MYERS et al., 1978). Uma análise da toxicidade das batracotoxinas é mostrada na

Tabela 5. A batracotoxina (75) apresenta uma alta afinidade ao sítio 2, causando a

abertura de canais de Na+ voltagem dependentes de nervos e músculos. A

conseqüência é um grande influxo de sódio que causa uma irreversível

despolarização das membranas dos nervos e músculos, e danos ultraestruturais

na célula (ALBUQUERQUE et al., 1971).

Tabela 4– Distribuição de batracotoxinas em espécies de Phyllobates (mg/indivíduo) (MYERS et al. 1976)

Tabela 5– Toxicidade da Batracotoxina e vários análogos naturais e sintéticos (PELLETIER, 1986)

Composto DL50 µg/kg* Batracotoxina 2 Homobatracotoxina 3 Batracotoxinina A 1000 Batracotoxinina A 20-(2,5-dimetilpirrol-3-carboxilato) 2,5 Batracotoxinina A 20-(4,5-dimetilpirrol-3-carboxilato) 260 Batracotoxinina A 20-(2,4,5-trimetilpirrol-3-carboxilato) 1 Batracotoxinina A20-(2,5-dimetil-5-etilpirrol-3-carboxilato) 8 Batracotoxinina A20-(2,5-dimetil-5-acetilpirrol-3-carboxilato) 280 Batracotoxinina A 20-(N,2,4,5,-tetrametilpirrol-3-carboxilato) >1000 Batracotoxinina A 20-(N-metilantranilato) 2 Diidrobatracotoxina 15

*Toxicidade determinada por injeções subcutânea em 20g de rato.

Espécie Batracotoxina (75)

Homo-batracotoxina (77)

Batracotoxina A (74)

P. terribilis 500 300 200 P. aurotaenia 20 10 50 P. bicolor 24 12 60 P. vittatus 0,2 0,2 2 P. lugubris 0,2 0,1 0,5

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45

Figura 8–Estruturas básicas (I e II) e alguns exemplos das batracotoxinas isoladas de pele de anfíbios. 1.2.2. INDOLIZIDINAS

As indolizidinas pertencem a uma classe de alcalóides bicíclicos saturados

com nitrogênio terciário que ocorrem em diferentes espécies de anuros,

comumente elas são dissubstituídas por grupos alquil nas posições 3,5 ou 5,8. Na

Figura 9 são apresentados alguns exemplos de indolizidinas isoladas de anfíbios.

As indolizidinas 3,5-dissubstituídas não são exclusivas dos anuros, elas são

constituintes comuns do veneno de formigas dos gêneros Monomorium e

Solenopis (JONES at al, 1982; 1984). As 5,8-dissubstituídas são mais

representadas em anfíbios estando presentes em várias espécies de

Dendrobates, Epidobates e Minyobates, sendo os principais componentes de seus

HO

HO

OO

H3CN

H3CN

HO

CH3

HO

O O

O

N

O CH3

H3CH

Batracotoxina

ORH

O

N

O CH3

HH5C2

O

HO

CH3

HO

O

H3CN

Homobatracotoxina

O

N

O CH3

H3CH

O

HO

CH3

HO

O

OH

H3CN

Hidroxibatracotoxina

H3CN

HO

CH3

HO

O

OH

O

O

N

O CH3

HH5C2

4-hidroxihomobatracotoxina

OHCH3

Batracotoxina A

H3CN

HO

CH3

HO

O O

1

34

7

11

20 20

11

74

1

ORHH3C

N

HO

HO

OO

OH( I ) ( I I )

3

(74) (75) (76)

(77) (78)

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46

extratos. São também encontradas em rãs do gênero Mantella e em bufonídeos

do gênero Melanophryniscus (ERSPAMER, 1994).

A indolizidina 223A (6,8-dietil-5-propilindolizidina) (90), foi o primeiro

exemplo de uma trialquilindolizidina natural. Esse alcalóide foi isolado como

principal componente do extrato da pele do Dendrobates pumilio Shmidt

(Dendrobatidae). Outros três homólogos de 223A foram detectados como

componentes minoritários ou traços em outras populações de D. pumilio, o 237L

(5-butil-6,8-dietilindolizidina) (91), 267J (6-etil-8-(2-hidroxietil)-5-pentilindolizidina)

(92) e 251M (6,8-dietil-5-pentilindolizidina) (93). Não há registro na literatura de

indolizidinas 5,6,8-trissubstituídas terem sido detectadas de outra fonte natural

(GARRAFO, 1993b).

As indolizidinas são encontradas em dendrobatídeos dos gêneros

Dendrobates e Phyllobates, estando ausentes em Epipedobates e Minyobates,

além de serem encontradas em rãs do gênero Mantella e em bufonídeos do

gênero Melanophryniscus (DALY & SPANDE, 1986).

Dados sobre toxicidade das indolizidinas ainda são limitados. Os estudos

realizados até o momento mostraram que as indolizidinas agem como

bloqueadores não-competitivos de receptores nicotínicos na junção neuromuscular

(DALY et al., 1987).

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47

Figura 9- Exemplos das indolizidinas isoladas de anfíbios.

1.2.3. PUMILIOTOXINA (PTXs)

Estudos em Dendrobates pumilio realizados a partir da década de 60

levaram a identificação de três alcalóides: pumiliotoxinas A (94), B (95) e C (96).

As pumiliotoxinas A e B apresentaram alta toxicidade e semelhanças estruturais,

enquanto que a pumiliotoxina C mostrou ser relativamente atóxica e

N NN

N N N

N

N

N NNNN

C7H14OH(sec)

N

C9H16OH(sec)

223AB 249A 275C

203A 217B 219F

241F

243B

243D 253B 279D

12

356

78

5

8

N N N

HO

223A 237L 267J

56

8

N

251M

(79) (80) (81)

(82) (83) (84) (85)

(86) (87) (88) (89)

(90) (91) (92) (93)

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48

estruturalmente diferente das demais, levando a identificação de uma nova classe:

as decaidroquinolinas (PELLETIER, 1986).

As pumiliotoxina-A (94) e B (95), depois das batracotoxinas, foram os

primeiros alcalóides isolados de peles de dendrobatídeos. Hoje, além de espécies

dos gêneros Dendrobates, Minyobates, Epipedobates, recentemente identificada

em E. flavopictus (MORTARI et al., 2004), e Phyllobates (Dendrobatidae) já foram

identificados em espécies de Mantella (Ranidae), de Pseudophryne

(Myobatrachidae), e de Melanophryniscus (Bufonidae) (ERSPAMER, 1994).

Além das pumiliotoxina A (PTX-A) e B (PTX-B) que possuem como

característica estrutural um sistema de anel (Z)-6-alquilideno-8-hidroxi-8-

metilindolizidina com mais de 20 substâncias descritas (KIBAYASHI & AOYAGI,

2002), fazem parte da grande classe das pumiliotoxinas as sub-classes

allopumiliotoxinas (AlloPTX), deoxipumiliotoxina (DeoxiPTX) e homopumiliotoxinas

(HomoPTX).

PTX-B (95) difere da PTX-A (94) por um adicional grupo hidroxila na

posição C-16; as alloPTX difere das pumiliotoxinas por um adicional grupo

hidroxila na posição C-7 no sistema indolizidina; as DeoxiPTX são destituídas de

um grupo hidroxi na posição C-8 em relação as PTX-A; e o que difere as

homoPTX das demais é a presença de um sistema quinolizidina (Figura 10)

(ERSPAMER, 1994; ARMSTRONG et al., 2004).

Estes alcalóides mostraram ter efeitos moduladores em canais de sódio

voltagem-dependentes, mostrando, em alguns casos, potente ação cardiotônica e

atividade miotônica. As atividades cardíacas mostradas pelas pumiliotoxinas e os

efeitos das mudanças na funcionalidade da cadeia lateral indicam a importância

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49

da cadeia lateral no mecanismo de ação nos diferentes análogos das

pumiliotoxinas (GARDNER et al., 2002).

A PTX-B (95), a única pumiliotoxina submetida a um estudo farmacológico

mais completo, inicialmente potencializa e prolonga contrações do músculo

esquelético de anfíbios, de aves e de mamíferos, seu efeito é reversível e dose-

dependente. Albuquerque e colaboradores (1971; 1981) relacionaram sua

toxicidade com alterações em eventos dependentes de Ca+2 em nervos e

músculos, tais como: mobilização e/ou condutância de cálcio para sítios

intracelulares, bloqueio do retorno de cálcio para sítios extracelulares através da

ATPase dependente de cálcio e facilitação de liberação de cálcio dos retículos

sarcoplasmáticos. No entanto, Daly e colaboradores (1992), contrariando os

estudos anteriores, reinterpretaram o efeito primário da Pumiliotoxina-B, discutindo

sua ação em canais de sódio voltagem-dependentes de nervos e músculos, com

um possível efeito adicional na mobilização de cálcio, atuando também nas

sinapses com liberação dos neurotransmissores. A partir deste momento nenhum

trabalho conclusivo foi realizado para esclarecer o mecanismo de ação da

Pumiliotoxina-B (PIRES JUNIOR, 2002).

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50

Figura 10- Estruturas de Pumiliotoxina (94) = Pumiliotoxina A; (95) = Pumiliotoxina B; (96) = Allotoxina; (97) = Deoxipumiliotoxina; (98) = Homopumiliotoxina (ERSPAMER, 1994; ARMSTRONG, 2004). 1.2.4. DECAIDROQUINOLINA (DHQ)

Isolada de Dendrobates pumilio, a cis-decaidroquinolina 195A (99) que

inicialmente foi denominada pumiliotoxina C, foi o primeiro representante da classe

das 2,5-dissubstituídas decaidroquinolinas. As decaidroquinolinas (Figura 11)

representam uma das principais classes de alcalóides de anfíbios (DALY, 1994).

Elas têm sido detectadas em extratos de pele de anuros dos gêneros

Dendrobates, Epipedobates e Phyllobates (Dendrobatidae), Mantella (Ranidae) e

Melanophryniscus (Bufonidae) (DALY et al., 1984; 1992; DALY & SPANDE, 1986;

GARRAFO et al., 1993a).

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51

Freqüentemente elas ocorrem juntamente com as histrionitoxinas onde foi

observado que as decaidroquinolinas no C-2 apresentam estereoquímica 2S,

enquanto que nas histrionitoxinas é 2R (PELLETIER, 1986).

As decaidroquinolinas apresentam uma relativa baixa toxicidade. Doses de

3-4 mg/kg (s.c.) em ratos apresentaram somente dificuldades de locomoção, e a

dose letal mínima calculada foi de 12-16 mg/kg.

A atividade farmacológica e sítio de ação das decaidroquinolinas não estão

totalmente esclarecidos, no entanto parece estar relacionada com o bloqueio não

competitivo de receptores nicotínicos, de canais de sódio e potássio voltagem-

dependentes (DALY et al., 1978).

Figura 11- Estruturas de cis-decaidroquinolinas: pumiliotoxina C (99); 6-hidroxi análogo pumiliotoxina 211A (100); trans-decaidroquinolinas: 219A (101); (D) 243A (102); (E) 269AB (103) (DALY et al., 1987).

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52

1.2.5. EPIBATIDINAS

Epibatidina (104) é um alcalóide com a unidade 7-azabiciclo[2.2.1]heptano,

substituído na posição 2 por um anel 6-cloropiridínico (Figura 12) isolado do

dendrobatídeo equatoriano Epidobates tricolor e identificado em quantidade traço

em E. pictus (DALY et al., 1980). Este alcalóide é considerado um potente

analgésico (SPANDE et al., 1992b) chegando a ser 200 vezes mais potente que a

morfina (BRADLEY, 1993). Experimentos, in vitro, indicam que este poderoso

analgésico, não opióide, de estrutura similar à nicotina (105), atua como agonista

de receptores neuronais nicotinérgicos da acetilcolina. Infelizmente, seu emprego

terapêutico não foi possível devido aos importantes efeitos periféricos que

causava.

Utilizando a epibatidina (104) como protótipo natural, pesquisadores dos

laboratórios Abbott desenharam várias substâncias (ABT-85380 (106), ABT-85543

(107), (ABT-594 (108), e ABT-089 (109)) que após vários testes, algumas

apresentaram potentes propriedades analgésicas suplantando a atividade

analgésica da morfina, com expressiva seletividade funcional (BARREIRO &

FRAGA, 2001).

Além dos efeitos analgésicos, epibatidina (104) induz um decréscimo na

atividade locomotora e provavelmente atua também sobre receptores nicotínicos

(KELLAR, 1995).

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53

Figura 12- Estrutura da epibatidina e análogos sintéticos (BARREIRO & FRAGA, 2001). 1.2.6. TETRODOTOXINAS (TTX)

A Tetrodotoxina (110) é a mais potente das toxinas de baixa massa

molecular (319,3 Da.) responsável pela mais violenta forma de biointoxicação

marinha (HO et al., 1994). Foi descoberta por Tahara (1910) em peixes teleósteos

da ordem Tetrodontiformes, uma classe de peixes que possuem 4 dentes

proeminentes (tetra= 4; odontos= dentes) conhecidos popularmente como

baiacus, “puffer fish” ou “Fugu”. Mas, só foi obtida na forma cristalina 40 anos

depois de isolada (YOKOO, 1950), e sua estrutura elucidada, simultaneamente,

por um grupo americano (WOODWARD, 1964) e um japonês (TSUDA et al.,

1964). Goto e colaboradores (1965) confirmaram como sendo um alcalóide

N

Cl

HN

Epibatidina

N Cl

ON

H

N

H N

ON

CH3 N

O

N

CH3 N

O

H3C

ABT-85380 ABT-85543

ABT-594 ABT-089

N

NCH3

H

Nicotina(104) (105)

(106) (107)

(108) (109)

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54

aminoperidroquinazolínico cuja molécula consiste de um grupo guanidínico

carregado positivamente, um anel pirimidínico e de um sistema de anéis contendo

grupos hidroxila com função estabilizadora, sua massa molecular estimada é de

319,3 dáltons e sua fórmula molecular proposta é: Cll H17 N3 O8 (Figura 13).

A história da toxina TTX (110) e sua relação com a humanidade remontam

aos primeiros escritos. Hieróglifos de várias tumbas da quinta dinastia egípcia

retratam o baiacu Tetraodon stellatus, indicando um possível envolvimento com

sua propriedade tóxica. A lei Mosaica que tornou proibitivo o consumo de peixes

sem nadadeiras e escamas deve-se, em parte, a associação com os peixes

Tetraodontiformes (RITCHIE, 1980).

A TTX é ativa em concentrações nanomolares, podendo ser até 100.000

vezes mais ativa que os anestésicos locais convencionais, como a procaína ou

cocaína (KAO, 1966). Por estas razões, tornou-se uma importante ferramenta para

estudos sobre membranas excitáveis e estrutura de canais iônicos. Seu

mecanismo de ação só foi totalmente elucidado na metade do ano de 1960

quando experimentos com “voltage-clamp” evidenciaram que essa toxina abolia as

correntes geradas pela abertura dos canais de sódio voltagem-dependentes

(RITCHIE, 1980), levando, então, à paralisia de tecidos com membranas

excitáveis como músculos e nervos. Seus principais efeitos sistêmicos são

caracterizados por um bloqueio neuromuscular, hipotensão e depressão

respiratória (PIRES JUNIOR, 2002).

Desde sua caracterização química, a TTX teve sua ocorrência registrada

em diversos animais, tanto vertebrados quanto invertebrados (SHEUMACK et al.,

1978; NARITA et al., 1981; YASUMOTO et al., 1981; NOGUCHI et al., 1981; 1982;

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55

NOGUCHI & HASHIMOTO, 1983; NOGUCHI et al., 1984; YASUMOTO et al.,

1986; MYAZAWA et al., 1987; ARAKAWA et al., 1994; TSAI et al., 1995; FREITAS

et al., 1996; HWANG et al., 1994; TSAI et al., 1997; LIN et al, 1998.).

Os primeiros indícios de ocorrência de TTX entre os anfíbios foram

apontados por Twitti e Johnson (1934), que descreveram nos tecidos e ovos de

uma salamandra norte americana Taricha torosa, uma toxina com ação

paralisante denominada de tarichatoxina. Mosher e colaboradores (1964)

demonstraram que a tarichatoxina, na verdade, é a tetrodotoxina, fazendo assim a

primeira detecção deste composto em vertebrados terrestres. A ocorrência de TTX

e de outros derivados foi posteriormente registrada em órgãos e tecidos de outras

espécies de urodelos das famílias Salamandridae (Cyonops, Notophthalmus,

Paramesotriton, Taricha e Triturus) e Ambystomatidae (Ambystoma) (PIRES

JUNIOR., 2002).

Tetrodotoxina e derivados têm sido identificados de diversas espécies de

bufonídeos do gênero Atelopus, endêmicos na América Central. De Atelopus

chiriquiensis foi isolado, além da TTX, a chiriquitoxina (CHTX) (121) de massa 393

Da (KIM et al. 1995; PAVELKA et al., 1977), sendo tão letal em ratos quanto a

TTX (YOTSU et al., 1990). Da pele de Atelopus zeteki obteve-se a atelopidtoxina,

um cardiotóxico (FUHRMAN et al., 1969; RANNEY et al., 1970) que mais tarde

verificou-se tratar de duas toxinas distintas, renomeadas de zetekitoxinas (ZTX)

AB e C (BROWN et al., 1977). Na Tabela 6, são dados alguns exemplos de TTX e

derivados identificados em anuros.

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56

Tabela 6- Exemplos de TTX e derivados identificados em anuros

Espécie Substância Referência

Atelopus chiriquiensis Brachycephalus ephippium Atelopus zeteki

CHTX (122) e TTX ephippiotoxina (ETX) ; ZTX

PAVELKA et al., 1977 SEBBEN et al., 1986 DALY et al., 1987

Coloestethus inguinalis Atelopus ignescens Atelopus spurrelli

TTX (110) TTX TTX

DALY et al., 1994a DALY et al.,1994a DALY et al., 1994a

Atelopus ssp TTX MEBS et al., 1995 Polypedates sp TTX e derivados TANU et al., 2001 Brachycephalus ephippium TTX PIRES JUNIOR., 2002 Brachycephalus nodoterga TTX PIRES JUNIOR., 2002 Brachycephalus pernix TTX PIRES JUNIOR., 2002

A ocorrência de TTX em diversos grupos de vertebrados e invertebrados

sugere que sua origem seja exógena (MATSUI et al., 1981) e, de alguma maneira,

relacionada com a cadeia alimentar.

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57

Figura 13- Tetrodotoxina e derivados isolados de fonte naturais, com exceção de VII (SHOJI et al. 2001). 110 = TTX; 111= 4-epiTTX; 112 = 6-epiTTX; 113= 11-deoxiTTX; 114= 11-norTTX-6(S)-ol; 115= 11-norTTX-6(R)-ol; 116= 11-norTTX-6,6-diol; 117= 4,9-anidroTTX; 118= 6-epi-4, 9-anidroTTX; 119= 5-deoxiTTX; 120= 5,6,11-trideoxiTTX.

NN

HO R4

R3

OH

OO

H2NHO R1

H

H

H

H

NN

HO R2

R1

OH

OO

H2NH O

H

H

2R

OHNN

HO R3

R2

OH2N

HO HO

R1

H

R 3

R 2R 1302

OHC H2OH

C H2OHOH

302

R 1 R 2

304HH OH

C H3

C H2OHH 272

OH

H

H

NN

HO

OH

OH

OO

H2NHO H

COOH

OH

NH2

( C HT X) 393

110 =111 =112 =113 =114 =115 =116 =

118 =119 =

120 =121 =

122 =

R1 R2 R3 R4 MH+(m/z)H OH OH CH2OH 320OH H OH CH2OH 320H OH CH20H OH 320H OH OH CH3 304H OH OH H 290H OH H OH 290H OH OH OH 306

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58

1.2.7. HISTRIONICOTOXINAS (HTX)

As histrionicotoxinas foram inicialmente isoladas de Dendrobates

histrionicus (DALY & WITKOP, 1971), e mais tarde de outras espécies de

Dendrobates, Epidobates e Phyllobates (DALY et al., 1992).

Nesta classe já foram identificados 16 alcalóides que têm como

característica comum um sistema 1-azaspiro-[5,5] undecan-8-ol (Figura 14)

(ERSPAMER, 1994).

Estes alcalóides apresentam baixa toxicidade sistêmica afetando

fracamente órgãos vitais (sistema cardiovascular, motor e SNC) em mamíferos. A

HTX (122) atua em canais de sódio e potássio voltagem-dependentes de nervos e

músculos, reduzindo a condutância e bloqueando o receptor nicotínico da junção

neuromuscular (MALEQUE et al., 1984).

R’ R’’ (122) cis–CH2CH=CHC≡CH cis–CH=CHC≡CH 283A (123) cis–CH2CH=CHCH=CH2 cis–CH=CHC≡CH 285E (124) cis–CH2CH=CHC≡CH cis–CH=CHCH=CH2 285B (125) cis–CH2CH=CHCH=CH2 cis–CH=CHCH=CH2 287B (126) -CH2CH2CH=C=CH2 cis–CH=CHC≡CH 285A (127) -CH2CH2CH=C=CH2 cis–CH=CHCH=CH2 287A (128) -CH2CH2CH2C≡CH cis–CH=CHC≡CH 285C

Figura 14- Estruturas de algumas histrionitoxinas: (122) histrionitoxina; (123) diidrohistrionitoxina; (124) neodiidrohistrionitoxina; (125) tetraidrohistrionitoxina; (126) isodiidrohistrionitoxina; (127) isotetrahidrohistrionitoxina; (128) allodiidrohistrionitoxina (DALY et al., 1987).

NH

H R'OH

R''

2

7 8

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59

1.2.8. GEPHYROTOXINAS

A gephyrotoxina (129), principal alcalóide de Dendrobates histrionicus, foi

inicialmente descrita em 1974 como uma histrionicotoxinas denominada de HTX-D

(TOKUYAMA et al., 1974), mas Daly e colaboradores (1977) após sua completa

elucidação estrutural a identificaram como sendo um alcalóide tricíclico com um

sistema peridrobenzoindolizidina (dodecaidropirrol [1,2-a] quinolina). Somente dois

alcalóides tricíclicos foram identificados em extratos de pele de Dendrobatídeos, a

gephyrotoxina (129) e a diidrogephyrotoxina (130) (Figura 15) (DALY et al., 1987).

Estes alcalóides são relativamente atóxicos. A dose de 10 mg/kg produziu

somente uma mínima redução da motilidade espontânea em ratos. A

gephyrotoxina parece ser uma antagonista muscarínico, e um bloqueador não

competitivo dos receptores nicotínicos de músculos e células feocromocitoma

(ERSPAMER, 1994).

Figura 15- Estruturas da Gephyrotoxina (129) e diidroGephyrotoxina (130) (DALY et al., 1987).

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60

1.3. ESTERÓIDES

Esteróides são compostos que contém um núcleo básico

ciclopentanoperidrofenantreno (Figura 16). É uma classe de compostos naturais

com ampla distribuição na natureza. A diversidade de suas atividades biológicas

compreende o desenvolvimento e o controle do sistema reprodutor, ecdise de

insetos e indução da produção sexual em fungos aquáticos. Além disso, possui

vasta gama de aplicações terapêuticas: funcionam como cardiotônicos,

anticoncepcionais orais, antiinflamatórios, precursores de vitamina D e agentes

anabolizantes (ROBBERS et al., 1997).

Os esteróides que apresentam atividades cardiotônicas são conhecidos

como glicosídeos cardioativos ou cardíacos. Embora os termos glicosídeos

cardioativos e glicosídeos digitálicos sejam, em geral, utilizados como sinônimos,

o termo glicosídeos cardioativos é muito mais abrangente; e o termo glicosídeos

digitálicos deve ser reservado para agentes derivados das espécies do gênero

Digitalis (SIMÕES et al., 2003).

Um grupo de esteróides que apresenta grande especificidade pelo

miocárdio é o das geninas ou agliconas esteroidais. Todas as geninas têm em

comum o esqueleto tetracíclico característicos dos esteróides. O encadeamento

dos ciclos A/B, é do tipo cis, raramente trans, B/C e C/D são trans e cis,

respectivamente, sendo esse último caráter conformacional, específico dos

cardioativos. Todas as geninas apresentam duas hidroxilas, uma secundária em

C-3β e uma terciária em C-14β; um hidrogênio ou uma hidroxila em C-5 e uma

metila em C-13. O último elemento que completa a estrutura básica das geninas

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61

cardiotônicas é a presença de um ciclo lactônico α,β insaturado na posição C-17β

acima do plano da molécula (DEWICK, 2002; SIMÕES et al. 2003).

Figura 16- Estruturas básicas dos esteróides

O tamanho do anel lactônico permite distinguir dois tipos de genina:

cardenolídeos e bufadienolídeos (Figura 17). Os cardenolídeos são abundantes

em vegetais, mas já foram identificados em espécies de Bufo japoneses

(SHIMADA et al., 1977). Os bufadienolídeos (lactona com 6 membros) são menos

abundantes entre os vegetais, mas são comumente encontrados no reino animal.

O O

O OEstrano Androstano Prenano

Colano Colestano Cardenolido

Ergostano Estigmastano Bufanolido

123

45

678

91 0

111 2

1 31 4 1 5

1 61 7

A B

C D

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62

Recebem este nome por terem sido encontrados, originalmente, em espécies do

gênero Bufo.

Os bufadienolídeos, uma família com mais de 250 substâncias obtidas de

fonte animal e vegetal, apresentam uma variedade de atividades biológicas, como:

cardiotônico, estimulante da pressão sangüínea, respiração e antineoplásico (YE,

et al. 2002). Também apresentam atividade inseticida (SUPRATMAN et al, 2001).

A bufalina, um dos principais bufadienolídeos, apresenta forte efeito

citotóxico e uma potente atividade de indução na diferenciação sobre linhagem de

células de leucemia mielóide (K562,U937, ML1, HL60). Um outro exemplo é a

cinobufagina-1, o principal constituinte ativo do veneno dos anuros, chega

representar de 4-6% do peso seco do animal e tem como característica estrutural

um anel de epóxido (14β ,15 β) (YE et al, 2002).

Cada vez mais esses bufadienolídeos estão sendo sintetizados e/ou

modificados em laboratórios. Trabalhos usando técnicas de biotransformação em

cultura de célula em suspensão estão se tornando uma eficiente ferramenta na

modificação estrutural dos bufadienolídeos sintéticos ou naturais (YE et al, 2002;

2003).

Os bufadienolídeos, também conhecidos como bufogeninas, e seus

derivados com substituintes no C-3 (suberil-argininas, suberil-histidina e suberil-

glutamina), sendo que nos anfíbios esses compostos são basicamente formados

pela conjugação de bufogeninas com suberil-argininas (Figura 18) (SLOTTA &

NEISSER, 1937), estão abundantemente presentes em combinações variadas em

glândulas dérmicas, especialmente em glândulas parotóidas, em espécies dos

gêneros Atelopus, Dendrophryniscus, Melanophryniscus e principalmente no

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63

gênero Bufo, onde foram identificados em mais de 30 espécies (ERSPAMER,

1994).

Figura 17- Estruturas básicas dos cardenolídeos e bufadienolídeos.

Bufogeninas e bufotoxinas atuam de maneira similar aos extratos de

Digitalis. Em concentrações que naturalmente ocorrem no veneno são

cardiotóxicas para muitos mamíferos, apresentando propriedades

cardioaceleradoras, aumentando a força do batimento cardíaco e diminuindo sua

freqüência. As bufogeninas são inibidoras da enzima Na+/K+-ATPase e

provavelmente estão envolvidas na homeostase de eletrólitos e água, aumentando

a pressão arterial (PIRES JUNIOR, 2002).

Essas substâncias são as principais responsáveis pelos envenenamentos

causados em animais domésticos como cães e gatos, podendo levá-los à morte

por parada cardíaca e convulsões violentas. No caso do homem, o contato do

veneno com os olhos pode causar irritação intensa e persistente (SEBBEN et al.,

1993).

OH

OO

O

O

OH

Cardenolídeos Bufadienolídeos

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64

Figura 18- Estruturas das bufogeninas e seus derivados (131) bufotalina; (132) bufalina; (133) telocinobufagina; (134) gamabufotalina; (135) arenobufagina; (136) bufotalidina; (137) resibufogenina; (138) marinobufagina; (139) cinobufagina; (140) cinobufotalina; (141) bufotalinina; (142) bufotoxina (bufotalina 3-O-suberilargenina); (143) cardenobufotoxina (sarmentogenina-3-O-suberilargenina) (ERSPAMER, 1994; DALY et al, 2004).

CO2 NH2

R2

R1

RR3

OHHO

OO

H

H

X

R1

RR3

HO

OO

H

H O

R R1 R2 R3 X (131) CH3 H H O Ac H2

(132) CH3 H H H H2

(133) CH3 O H H H H2(134) CH3 H O H H H2(135) CH3 H H H H2

(136) C HO O H H H H2

R R1 R3

(137) CH3 H H(138) CH3 O H H(139) C H 3 H H(140) CH3 O H OAc(141) CHO OH H

R2

H

OAc

OH

O

H

H

Z

(CH2)6CONHCH(CH2)3NHCNH2O

(142)Z= R2 = HO

O

O

O(143)Z = R2 = OH

(131)

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65

Esteróides não cardiotônicos como ergosterol, colesterol e o sitosterol

também são encontrados em sapos (Figura 19) (CHEN et al., 1932; ZELNIK et al.,

1964).

Figura 19- Esteróides não cardiotônicos isolados de anfíbios (CHEN et al., 1932; ZELNIK et al., 1964).

HOErgosterol

HOSitosterol

HOColesterol

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66

1.4. PROTEÍNAS E PEPTÍDEOS DE ANFÍBIOS

Existem três tipos de polímeros que são essenciais aos processos vitais

das células: os polissacarídeos, os ácidos nucléicos e as proteínas. As proteínas

são encontradas em todas as células vivas, constituindo-se em cerca de ¾ do

peso seco dos tecidos animais. Elas possuem várias funções: estrutural, catalítica,

reguladora e imunológica.

Nos seres humanos estima-se que existam cerca de 5 milhões de

diferentes proteínas. Outras espécies de animais superiores têm também um

número elevado de diferentes proteínas (ALLINGER et al, 1976).

Proteínas são amidas resultantes da reação entre os grupos amina e

carboxila dos α-aminoácidos. O grupo amida, ⎯NHCO⎯, nestes compostos,

designa-se freqüentemente por ligação peptídica. Dependendo do número de

resíduos de α-aminoácidos, esses compostos recebem a designação de

peptídeos. Rang et al. (2000) coloca a linha divisória entre peptídeo e proteína de

50 resíduos de α-aminoácidos. Os mediadores peptídeos e protéicos variam de 3

a 200 aminoácidos (Figura 20).

Os peptídeos foram, até pouco tempo, negligenciados pela farmacologia

que se baseava, essencialmente, em moléculas de sinalização de baixo peso

molecular. Ficou claro, sobretudo nos últimos 20 anos, que os peptídeos são, pelo

menos, tão importantes quanto as moléculas de sinalização, e possivelmente até

com algumas propriedades farmacológicas mais significativas. Contudo, a

manipulação farmacológica da sinalização peptídica ainda continua defasada

(RANG et al., 2000).

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67

Em 1955, Vicent du Vigneaud passou para a história e ganhou o Prêmio

Nobel de Química ao determinar a estrutura e o processo de síntese da ocitocina,

o primeiro mediador peptídico a ser caracterizado e o primeiro a ser sintetizado

comercialmente para uso médico. Existem muitos outros mediadores, como, por

exemplo, a substância P, a bradicinina e a angiotensina, que foram identificadas

como peptídeos na década de 1930, mas suas estruturas permaneceram

desconhecidas durante muitos anos. Todos são peptídeos pequenos com média

de 11 resíduos, mas as determinações de suas estruturas e sínteses exigiram

muito trabalho; a estrutura da bradicinina só se tornou conhecida depois de 1960,

ao passo que a da substância P foi publicada em 1970 (RANG et al., 2000).

Em compensação, o uso de métodos mais modernos, atualmente rotineiros,

permitiu que a endotelina, um peptídeo muito maior que os anteriormente citados,

fosse totalmente caracterizado, sintetizado, tendo seu gene clonado em cerca de

um ano, sendo a informação completa publicada num único trabalho (RANG et al.,

2000).

Muitas dessas substâncias, encontradas basicamente em mamíferos,

passaram a ser isoladas de outros animais, principalmente anfíbios.

Da secreção cutânea de uma única espécie, Bombina variegata, foram

isolados peptídeos com atividades antimicrobianas e hemolíticas, além de

proteínas de alta massa molecular, com potente atividade hemolítica, citotóxica e

antibiótica (CSORDAS & MICHL, 1969; CROCE et al., 1973; BALBONI et al.,

1992).

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68

Figura 20- Proteínas e Peptídeos Bioativas (Fonte: RANG et al., 2000).

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69

1.4.1. PEPTÍDEOS DE ANFÍBIOS

A identificação e estudo de peptídeos de pele de anfíbio contribuíram muito

ao progresso explosivo do conhecimento no campo de peptídeos ativos em

mamífero (ERSPAMER, 1994). Isso é resultado de trabalhos pioneiros como os de

Erspamer, 1981; Spindel & Krane, 1986; 1988 e Bevins & Zasloff, 1990,

mostrando que muitos desses peptídeos isolados de anfíbios apresentam

análogos peptídeos encontrados tanto no cérebro quanto no trato gastrointestinal

de mamíferos.

Como conseqüência de repetidas descobertas que confirmam a

correspondência estrutural entre peptídeos de peles de anfíbios e neuropeptídeos

ou hormônios de mamíferos, é que peptídeo de secreções de peles de anfíbios

constituiu-se em um importante modelo para descoberta de novos hormônios

presentes em mamíferos que não podiam ser estudados devido às baixíssimas

concentrações fisiológicas. A vantagem de se trabalhar com anfíbios é que a

quantidade de material disponível nas espécies até o momento estudadas, chega

a ser cem mil vezes maiores que a encontrada em tecidos de mamíferos

(BATISTA, 1999).

As glândulas granulares da pele de um grande número de espécies de

anfíbios sintetizam e secretam uma enorme variedade de peptídeos

biologicamente ativos (ERSPAMER & MELCHIORRI, 1973; 1980; BEVINS &

ZASLOFF, 1990).

Peptídeos de cerca de 500 espécies diferentes de anfíbios foram estudados

durante as últimas décadas (BEVINS & ZASLOFF, 1990). Tais estudos

demonstraram que peptídeos provenientes da secreção cutânea de anfíbios

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apresentam um elevado grau de diversidade química e de atividade biológica. A

abundância destes peptídeos varia de espécie para espécie, sendo que, em

determinados gêneros como Xenopus e Phyllomedusa já foram determinados

mais de quarenta peptídeos com as mais diversas atividades biológicas

(BATISTA, 1999).

Esses peptídeos apresentaram, através de bio-ensaios, in vitro e in vivo

amplo espectro de atividades, das quais se destacam: atividades hemolíticas,

bactericidas, anti-fúngica e hormonal. Alguns trabalhos estão destacando a

enorme atividade antimicrobiana presente nas secreções de peles de anfíbios,

especialmente contra fungos patogênicos, bactérias gram-positivas e gram-

negativas (MOR et al., 1991; BOMAN, 1991; BATISTA, 1999; PRATES, 1999), a

qual apresenta um grande potencial terapêutico e farmacológico.

1.4.2. PEPTÍDEOS FARMACOLOGICAMENTE ATIVOS

Erspamer (1994) agrupou esses peptídeos extraídos de secreção cutânea

de anfíbios levando com base em sua estrutura química, afinidades por certos

receptores e atividades biológicas. Os grupos principais: Taquicinina, Bradicinina,

Ceruleína, Bombesina, Sauvagina, Opióides (Dermorfina, Deltorfinas), Tireotropina

(TRH), Xenopsina, Triptofilina, Angiotensina, Adenoregulina e Peptídeos

Antimicrobianos (Magaininas, Bombininas, Dermaseptinas, Brevininas, Caerinas,

Esculentinas, Dicetopiperazinas). Nos anos seguintes novas classes de peptídeos

antimicrobianos foram surgindo como as temporinas (SIMMACO et al., 1996) e

mais recentemente as Phylloseptinas (LEITE et al., 2005).

De uma forma geral, observa-se que peptídeos com atividades

farmacológicas iguais ou equivalentes podem ser encontrados em muitas espécies

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diferentes de anfíbios, mas não necessariamente em todas. Suas seqüências de

aminoácidos, apesar de não apresentarem óbvia homologia, possuem

substituições altamente conservativas mesmo com relação a seus análogos

provenientes de mamíferos (BATISTA, 1999).

1.4.2.1. TAQUICININAS

Um dos primeiros peptídeos isolados pertence à família das Taquicininas

(ação rápida). Von Euler e Gaddum, em 1931, descreveram o isolamento de uma

substância no extrato alcoólico do cérebro e do intestino de eqüinos, com

propriedades de reduzir a pressão sanguínea e de estimular a região do duodeno

em coelhos. Como essa substância não tinha similaridade com nenhuma outra

com a mesma propriedade, foi nomeada como substância P (SP) (ERSPAMER,

1994). A substância P só foi identificada muito tempo depois por Chang et al.

(1971).

Um outro representante dessa família é a eledoisina, um peptídeo isolado,

em 1947, de glândulas salivares posteriores do octópode mediterrâneo Eledone

moschata. Foi observado que esse peptídeo, identificado por Erspamer e

colaboradores em 1964, reduzia a pressão sanguínea em coelhos e cães,

estimulava preparações isoladas de musculatura lisa intestinal e causava

abundante salivação em cães e ratos (ERSPAMER, 1994). Mais recentemente,

foram identificadas duas taquicininas de mamíferos que ocorrem em menor

abundância, a neurocinina A (NKA) e a neurocinina B (NKB) (HOLZER-PETSCHE

et al., 1987).

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Em vertebrados essas taquicininas SP, NKA e NKB, são reconhecidas por

agirem como neurotransmissores/neuromoduladores mediando a geração,

transmissão e modulação da informação nociceptiva dos neurônios primários

sensórias. Os receptores dessas taquicininas são referidos como NK1, NK2 e

NK3, respectivamente (YANG et al., 2003). Desvignes et al. (2003) revelaram

através de dados farmacológicos e clínicos que os receptores NK1 e NK2, estão

associados às substâncias antidepressivas.

Extratos da pele de anuro da América do Sul, Leptodactilideos,

Physalaemus biligonigerus (fuscumaculatus), apresentou um espectro de atividade

biológica bastante semelhante ao da eledoisina, desse extrato foi isolado a

substância fisalemina, um undecapeptídeo de estrutura muito similar a da

eledoisina (ERSPAMER et al., 1964). Na Tabela 7, é mostrada a similaridade dos

peptídeos isolados de mamíferos e de anfíbios.

A partir dessa data vários peptídeos com estruturas similares surgiram e a

família foi subdividida em Taquicininas aromáticas e Taquicininas alifáticas. As

Taquicininas aromáticas têm como protótipo a fisalemina e as Taquicininas

alifáticas têm como protótipo a kassinina. Na Tabela 8 e Tabela 9 estão alguns

exemplos desses peptídeos.

As Taquicininas apresentam várias ações farmacológicas potentes no

sistema nervoso central e periférico, neste último ocorrem os melhores resultados.

A fisalemina, comparada a bombesina e a ceruleína, apresentou melhor resposta

eletrofisiológica. Isso confirma que peles de anfíbios possuem substâncias

altamente polares que inibe Na+, K+-ATPase (STIFFLER, 1999).

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73

Tabela 7- Taquicininas de diferentes origens (ERSPAMER, 1994)

Peptídeo Estrutura Origem

Substância P

Neurocinina A

Neurocinina B

Arg-ProLys-Pro-Gln-Gln-Phe-Phe-Gly-Leu-Met-NH2

His-Lys-Thr-Asp-Ser-Phe-Val-Gly-Leu-Met-NH2

Asp-Met-His-Asp-Phe-Phe-Val-Gly-Leu-Met-NH2

Mamíferos

Fisalemina

Eledoisina

pGlu-Ala-Asp-Pro-Asn-Lys-Phe-Phe-Gly-Leu-Met-NH2

pGlu -Pro- Ser-Lys-Asp-Ala- Phe-Ile- Gly-Leu-Met-NH2 Anfíbios

Tabela 8- Taquicininas aromáticas isoladas de anfíbios (ERSPAMER, 1994)

Tabela 9- Taquicininas alifáticas isoladas de anfíbios (ERSPAMER, 1994)

Peptídeo Estrutura Espécies

Kassinina Asp-Val-Pro-Lys-Ser-Asp-Gln-Phe-Val-Gly-Leu-Met-NH2 Kassina senegalensis

Kassinina II Asp-Glu-Pro-Lys-Pro-Asp-Gln-Phe-Val-Gly-Leu-Met-NH2 Hylambates maculata

Phyllomedusina pGlu-Asn-Pro-Asn-Arg-Phe-Ile-Gly-Leu-Met-NH2 Phyllomedusa bicolor

PG-K I pGlu-Pro-His-Pro-Asp-Glu-Phe-Val-Gly-Leu-Met-NH2 Pseudophryne guntheri

PG-K II pGlu-Pro-Asn-Pro-Asp-Glu-Phe-Val-Gly-Leu-Met-NH2 P. guntheri

PG-K III pGlu-Pro-His-Pro-Asn-Glu-Phe-Val-Gly-Leu-Met-NH2 P. guntheri

Peptídeo Estrutura Espécies

Fisalemina pGlu-Ala-Asp-Pro-Asn-Lys-Phe-Tyr-Gly-Leu-Met-NH2 Pysalaemus biligonigerus

Uperoleina pGlu-Pro-Asp-Pro-Asn-Ala-Phe-Tyr-Gly-Leu-Met-NH2 Uperoleia rugosa

Fisalemina pGlu-Ala--Asp-Pro-Lys-Thr-Phe-Tyr-Gly-Leu-Met-NH2 Uperoleia rugosa

Hilambatina Asp-Pro-Pro-Asp-Pro-Asp-Arg-Phe-Tyr-Gly-Met-Met-NH2 Hylambates maculata

Ranamarga-rina

Asp-Asp-Ala-Ser-Asp-Arg-Ala-Lys-Lys-Phe-Tyr-Gly-Leu-Met-NH2 Rana margaratae

PG-SP I pGlu-Pro-Asn-Pro-Asp-Glu-Phe-Phe-Gly-Leu-Met-NH2 Pseudophryne guntheri

Pg-SP II pGlu-Pro-Asn-Pro-Asn-Glu-Phe-Phe-Gly-Leu-Met-NH2 P. guntheri

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1.4.2.2. BRADICININAS

A bradicinina e calidinas (metionil-lisil-bradicininas) são peptídeos de

mamíferos originários da clivagem dos precursores (cininogênios) presentes na

fração plasmática da globulina. A degradação desses peptídeos ocorre

rapidamente nos tecidos pelas cininases e no plasma pelas carboxipeptidases.

A bradicinina, um dos peptídeos mais importantes desse grupo, é um

nonapeptídeo e foi seqüenciado e sintetizado em 1960. Conhecida primeiramente

por suas inúmeras atividades como: hipotensiva em cães, estimuladora do sistema

digestivo em cobaias e gatos, e do útero de ratas (PRATES, 1999).

Após ter sido isolada de mamíferos, a bradicinina foi isolada e identificada

de extrato da pele de uma perereca européia Rana temporaria por Anastasi et al.

(1965). Em seguida, várias bradicininas foram isoladas de anfíbios (Tabela 10) e

avaliadas farmacologicamente, o que mostrou que essas substâncias são capazes

de ativar os receptores B-1 e B-2 da bradicinina e modular a síntese de DNA, além

de inativar fosfolipase e proteína-quinase C em culturas de células mensageiras

(ERSPAMER, 1994).

Tabela 10- Exemplos de Bradicininas isoladas de anfíbios ERSPAMER,1994

Peptídeo Estrutura Espécies Bradicinina Arg-Pro-Pro-Gly-Phe-Ser-Pro-Phe-Arg-OH Rana temporaria

Filocinina Arg-Pro-Pro-Gly-Phe-Ser-Pro-Phe-Arg-Ile-Tyr(HSO3) Phyllomedusa sauvagei

Bradicinina II Val-Pro-Pro-Gly-Phe-Thr-Pro-Phe-Arg-OH Rana nigromaculata

Ranacinina-O Arg-Pro-Pro-Gly-Phe-Ser-Pro-Phe-Arg-Gly-Lys-His-OH Bombina orientalis

Bradicinina III Arg-Pro-Hyp-Gly-Phe-Ser-Pro-Phe-Arg-OH Heleophryne purcelli

Ranacinina-R Arg-Pro-Pro-Gly-Phe-Phe-Arg-Ile-Ala-Pro-Glu-Ile-Val-OH Rana rugosa

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1.4.2.3. CERULEÍNAS

Ceruleína, o protótipo da família das Ceruleínas, é um decapeptídeo

isolado, por Anastasi et al. (1968), do extrato da pele do hilídeo australiano Hyla

caerulea. Mais tarde foi isolado da pele de um anuro africano Xenopus laevis, e de

um sul-americano Leptodactylus labyrinthicus (ANASTASI et al.,1969; 1970). Na

Tabela 11 são mostradas outras Ceruleínas isoladas de anfíbios.

A ceruleína possui atividade farmacológica e estrutural química muito

semelhante à gastrina e a colecistoquinina (CCK), peptídeos presentes em

mamíferos (ZETLER,1985). Essas duas substâncias são hormônios peptídeos

responsáveis por diversas ações no organismo, como: estimulante da secreção de

insulina, do fluxo sanguíneo, da motilidade gástrica e como agente ansiolítico no

caso da CCK (RANG et al., 2000).

Tabela 11- Exemplos de Ceruleínas isoladas de anfíbios (ERSPAMER, 1994

Peptídeo Estrutura Espécies

Ceruleína pGlu-Gln-Asp-Tyr(HSO3)-Thr-Gly-Trp-Met-Asp-Phe-NH2

Litoria caerulea

CCK 8: Asp-Tyr(HSO3)-Met-Gly-Trp-Met-Asp-Phe-NH2 Mamífero

Hexagastrina Tyr(HSO3)-Gly-Trp-Met-Asp-Phe-NH2 Mamífero

Ceruleína [Asn2,Leu5]

pGlu-Asn-Asp-Tyr(HSO3)-Leu-Gly-Trp-Met-Asp-Phe-NH2

Bombina orientalis

Ceruleína [Leu3](3-10)

Asp-Tyr(HSO3)-Leu-Gly-Trp-Met-Asp-Phe-NH2 Heleophryne purcelli

Ceruleína [Glu(Ome)2]

pGlu-Glu(Ome)-Asp-Tyr(HSO3)-Thr-Gly-Trp-Met-Asp-Phe-NH2

Rana rugosa

Filoceruleína pGlu-Glu-Tyr(HSO3)-Thr-Gly-Trp-Met-Asp-Phe-NH2

Phyllomedusa sauvagei

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1.4.2.4. BOMBESINAS

Os três primeiros peptídeos desta família foram descritos por Anastasi et al.

(1971; 1972) que isolou e seqüenciou a bombesina (BN) e a alitesina, extraídos de

pele de Bombina bombina e de Alytes obstetricans, respectivamente, e o terceiro

por Nakajima et al. (1972), a ranatensina de Rana pipiens.

A partir de então, várias bombesinas foram isoladas e seqüenciadas de

extrato da pele de alguns hilídeos, ranídeos e miobatraquídeos: litorina e litorina

[Glu(OMe)2] de Litoria aurea; litorina [Glu(OEt)2] de Uperoleia rugosa; ranatensina

R de Rana rugosa; rodei-litorina de Phyllomedusa rohdei; PG-litorina de

Pseudophryne güntheri; entre outras (ERSPAMER, 1994). O mais recente

membro, um peptídeo rico em prolina chamado PR-bombesina, foi isolado de um

anuro chinês Bombina maxima (LAI et al., 2002).

Esses peptídeos, além da pele, foram isolados de outras partes dos

anfíbios, bombesina de cérebro de Rana ridibunda e litorina do cérebro e ovos de

Xenopus laevis (ERSPAMER, 1994).

Os primeiros representantes desta família descritos de mamíferos foram a

gastrina (GRP), isolada de estômago de porco (McDONALD et al., 1979) e a

neuromedina B, isolada da medula espinhal de porco (MINAMINO et al., 1983).

Nos últimos anos, esses peptídeos também foram purificados e

caracterizados em vários vertebrados: pássaros, peixes, trutas e jacarés. Estão

amplamente distribuídos no trato gastrointestinal e sistema nervoso central dessas

espécies (TSUSHIMA et al., 2003).

Estes peptídeos funcionam como neurotransmissores/neuromoduladores

produzindo múltiplos efeitos, como: hipotermia, anorexia, liberação de hormônios,

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estimulação da musculatura lisa, antidiurético, hipertensivo e resposta mitogênica

em células cancerígenas da próstata (XIAO et al., 2003; TSUSHIMA et al., 2003).

Há evidência que as bombesinas atuam como fatores de crescimento em

progressão de cânceres de pulmão, pâncreas, próstata, ovário e seio, assim

como, as glioblastomas. Isso levou ao desenvolvimento do antagonista BN/GRP

como a bombesina (RC- 3095), um potente agente antitumor (ROESLER et al.,

2003).

Erspamer (1994), usando como base à estrutura dos tetrapeptídeos C-

terminais, os espectros de atividades farmacológicas e a seletividade de ligação

nos subtipos de receptores, dividiu essa família em três subfamílias: 1a sub-

família, Bombesina com C-terminal tertrapeptídeo Gly-His-Leu-Met-NH2, tento

como protótipo a bombesina; 2a sub-família, Litorina-Ranatensina com C-terminal

tetrapeptídeo Gly-His-Phe-Met-NH2, tendo como protótipo a litorina e a

ranatensina; e 3a sub-família, Filolitorina com C-terminal tetrapeptídeo Gly-Ser-

Phe(Leu)-Met-NH2, tendo como protótipo a filolitorina (Tabela 12, 13 e 14).

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Tabela 12- Exemplos de Bombesinas, da sub-família Bombesina com C-terminal tetrapeptídeo Gly-His-Leu-Met-NH2 isoladas de anfíbios (ERSPAMER, 1994)

Peptídeo Estrutura Espécies Bombesina pGlu-Gln-Arg-Leu-Gly-Asn-Gln-Trp-Ala-Val-Gly-His-Leu-Met-NH2

B. bombina

Alitesina pGlu-Gly-Arg-Leu-Gly-Thr-Gln-Trp-Ala-Val-Gly-His-Leu-Met-NH2

A. obstetricans

Bombesina [pGlu1] (6-14)

pGlu-Gln-Trp-Ala-Val-Gly-His-Leu-Met-NH2 Rana sp

Tabela 13- Exemplos de Bombesinas, da sub-família Litorina-Ranatensina com C-terminal tetrapeptídeo Gly-His-Phe-Met-NH2 isoladas de anfíbios (ERSPAMER, 1994)

Peptídeo Estrutura Espécies Litorina pGlu-Gln-Trp-Ala-Val-Gly-His-Phe-Met-NH2 Litoria aurea

Litorina [Glu(OMe)2]

pGlu-Glu(OMe)-Trp-Ala-Val-Gly-His-Phe-Met-NH2 Litoria aurea

Litorina [Glu(OEt)2]

pGlu-Glu(OEt)-Trp-Ala-Val-Gly-His-Phe-Met-NH2 Uperoleia rugosa

Ranatensina

pGlu-Val-Pro-Gln-Trp-Ala-Val-Gly-His-Phe-Met-NH2 Rana pipiens

Ranatensina-C

pGlu-Thr-Pro-Gln-Trp-Ala-Val-Gly-His-Phe-Met-NH2 Rana catesbeiana

PG-Litorina pGlu-Gly-Gly-Gly-Pro-Gin-Trp-Ala-Val-Gly-His-Phe-Met-NH2 P. guntheri

Tabela 14- Exemplos de Bombesinas, da sub-família Filolitorina com C-terminal tetrapeptídeo Gly-Ser-Phe(Leu)-Met-NH2 isoladas de anfíbios (ERSPAMER, 1994)

Peptídeo Estrutura Espécies Filolitorina pGlu-Leu-Trp-Ala-Val-Gly-Ser-Phe-Met-NH2 Phyllomedusa

sauvagei Fililitorina [Leu]8

pGlu-Leu-Trp-Ala-Val-Gly-Ser-Leu-Met-NH2

Fililitorina [Thr3.Leu8]

pGlu-Leu-Trp-Ala-Thr-Gly-Ser-Leu-Met-NH2

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79

1.4.2.5. SAUVAGEÍNAS

A Sauvagina foi, primeiramente, isolado da pele do hilídeo Sul Americano

Phyllomedusa sauvagei. Ele também ocorre em grande quantidade (>100 µg/g de

tecido seco) em extratos da pele de P. burmeisteri, P.palliata, P. edentula, P.

bicolor e em baixas quantidades (5-10µg/g) de P. rohdei, P. hypochondrialis e

Agalychnis helenae. As parotóides e outras glândulas da pele de P. burmeisteri e

P. bicolor possuem dez vezes mais sauvagina que as porções não glandulares da

pele. De acordo com estudos imunohistoquímicos, a sauvagina está presente na

pele de P. trinitatus, mas não em P. azurea (ERSPAMER, 1994).

A sauvagina é um polipeptídeo que possui uma cadeia com 40 resíduos de

aminoácidos (4600 D), estando particularmente bem representados os resíduos de

glutamil-, leucil-, e isoleucil. Na Tabela 15 estão mostradas as seqüências da

sauvagina e de alguns análogos.

Foram isolados alguns homólogos da sauvagina em tecidos de vertebrados,

como: a urotensina I de dois peixes teleósteos, Catostomus commersoni

(LEDERIS et al., 1982) e o Cyprinus carpio (ICHIKAWA et al., 1982); o hormônio

liberador de corticotropina (CRH), com 41 resíduos de aminoácidos, extraído do

hipotálamo de mamífero (VALE et al., 1981); a urocortina, um neuropeptídeo de

mamífero (VAUGHAN et al., 1995); a urocortina II (REYES et al., 2001) e a

urocortina III (LEWIS et al., 2001).

Esses peptídeos apresentam um amplo espectro de atividades entre elas:

taquicardia, glicemia, termoregulação, hipotensão (queda da pressão sanguínea),

liberador do hormônio adrenocorticotrófico e da β-endorfina, reguladora do

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hormônio α-melanotrófico (α-MSH) responsável pelo processo de adaptação da

coloração na pele de anuros, e acelerador da metamorfose, através do CRH que

estimula a liberação do hormônio tiroidiano de algumas espécies, como: Rana

catesbeiana, Scaphiopus hammondii e Bufo arenarum (ERSPAMER, 1994;

DENVER, 1999; POHL, et al., 2001; COMELISSE, et al., 2002; HAUGER et al.,

2003).

Tabela 15- Exemplos de Sauvaginas (ERSPAMER, 1994)

Peptídeos Estrutura Sauvagina PEGPPISIDLSLELLRKMIEIEKQELELQQAANNRLLLDTI

CRH SQEPPISLDLTFHLLRQVLEMTKADQLAQAHSNRKLLDIA

Urotensina NDDPPISIDLTFHLLRNMIEMARIENEREQAGLNRKYLDEV

1.4.2.6. PEPTÍDEOS OPIÓIDES

Os peptídeos opióides, definidos como peptídeos que exercem efeitos

farmacológicos semelhantes aos dos opiáceos, são codificados por três genes

distintos, cujos produtos são, respectivamente, a pré-pró-opiomelanocortina

(POMC), a pré-pró-encefalina e a pré-pró-dinorfina (RANG, 2000).

No cérebro, esses peptídeos encontram-se amplamente distribuídos, mas

também são encontrados em muitas células não-reuronais, incluindo glândulas

endócrinas e exócrinas e células do sistema imune, bem como em áreas cerebrais

distintas daquelas envolvidas na nocicepção (RANG, 2000).

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81

Existem três tipos de receptores de opióides, denominados µ, δ e κ, que

medeiam os principais efeitos farmacológicos dos opiáceos que são: analgesia

(supramedular, medular e periférica), depressão respiratória, constricção da

pupila, redução da motilidade, euforia, disforia, sedação e dependência física.

Os peptídeos opióides analgésicos da pele de anfíbios superam em

potência e seletividade todos os ligantes naturais conhecidos para receptores µ e

δ-opiáceos, possuindo correspondentes no sistema nervoso central e periférico de

mamíferos, onde podem atuar como neurotransmissores e neuromoduladores

(ERSPAMER, 1994).

Levando em conta a seletividade desses peptídeos para receptores µ e δ,

Esrpamer (1994) dividiu-os em duas subfamílias: as dermofinas (µ-seletiva) e as

delorfinas (δ-seletivas). Nas tabelas 16 e 17 são dados alguns exemplos de

peptídeos opióides pertencentes às duas subfamílias.

Os peptídeos opióides da pele de anfíbios são restritos aos hilídeos sul-

americanos pertencentes a uma subfamília altamente especializada denominada

Phyllomedusinae. Em todas as espécies investigadas pertencentes a esta

subfamília foram isolados esses peptídeos (ERSPAMER, 1994).

A deltorfina, um heptapeptídeo extraído de anuros sulamericanos do gênero

Phyllomedusa possui o efeito 1000X da morfina quando administrado na mesma

concentração. Enquanto estes analgésicos podem funcionar como parte da

estratégia de defesa contra potenciais predadores, induzindo efeitos soporíferos; é

possível que eles também atuem no mecanismo do alívio de dor quando um

anfíbio é atacado por um predador (PIRES JUNIOR, 2002).

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82

Os peptídeos opióides de anuros foram os primeiros peptídeos, de origem

animal, a possuir resíduos D-aminoácidos, uma descoberta que causou ceticismo

e perplexidade. Desde então, outros dois peptídeos que contêm resíduos D-

aminoácidos foram isolados de um molusco africano, Achatina fulica

(ERSPAMER, 1994).

Tabela 16- Exemplos de Dermorfinas (µ-seletiva) isoladas de anfíbios (ERSPAMER, 1994)

Peptídeo Estrutura Espécies Dermorfina Tyr-D-Ala-Phe-Gly-Tyr-Pro-Ser-NH2 P. sauvagei

Dermorfina [Hyp6] Tyr-D-Ala-Phe-Gly-Tyr-Hyp-Ser-NH2

P. rohdei

Dermorfina [Lys-OH7] Tyr-D-Ala-Phe-Gly-Tyr-Pro-Lys-OH

P. bicolor

Dermorfina [Trp1,Asn-OH7] Tyr-D-Ala-Phe-Trp-Tyr-Pro-Asn-OH

P. bicolor

Dermorfina (1-5)[Trp1,Asn5-OH] Tyr-D-Ala-Phe-Trp-Asn-OH P. bicolor

Tabela 17- Exemplos de Deltorfinas (δ-seletivas) isoladas de anfíbios (ERSPAMER, 1994)

Peptídeo Estrutura Espécies met-Deltorfina Tyr-D-Met-Phe-His-Leu-Met-Asp-NH2 P. bicolor

Ala-Deltorfina I Tyr-D-Ala-Phe-Asp-Val-Gly-NH2

P. bicolor

Ala-Deltorfina II Tyr-D-Ala-Phe-Glu-Val-Val-Glyo- NH2

P. bicolor

leu-Deltorfina Tyr-D-Leu-Phe-Ala-Asp-Val-Ala-Ser-Thr-Ile-Gly-Asp-Phe-Phe-His-Ser-Ile-NH2

P. bicolor

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1.4.2.7. HORMÔNIO LIBERADOR DE TIREOTROPINA (TRH)

O TRH do hipotálamo induz a liberação da tireotropina (hormônio

tireoestimulante-TSH) da adeno-hipófise. O TSH é considerado o principal

hormônio pituitário responsável pela liberação do hormônio tireóide (TH), que é

conhecido como um hormônio chave no processo de metamorfose dos anfíbios.

Níveis de TSH são elevados no auge da metamorfose dos anfíbios (OKADA et al.,

2003).

Um tripeptídeo hipotalâmico, pGlu-His-Pro-NH2, foi isolado dos extratos de

pele de Bombina orientalis, em quantidades acima de 40 µg/g de tecido fresco, de

Rana ridibunda e de Rana pipiens, em quantidade duas vezes mais que no

hipotálamo. Secreções de TRH de pele são estimuladas por norapinefrina

(ERSPAMER, 1994).

1.4.2.8. XENOPSINA

O primeiro membro dessa família foi a xenopsina (XT), um octapeptídeo

isolado de Xenopus laevis por Araki et al. (1973). No mesmo ano, Carraway e

Leemann isolaram a neurotensina (NT), um tridecapeptídeo isolado de cérebro de

mamíferos, com similaridade estrutural a da xenopsina, principalmente nas

posições dos seus aminoácidos C-terminais. Estudos sobre suas atividades

biológicas mostraram que ambos aumentam a permeabilidade vascular, inibem a

secreção do ácido gástrico, estimulam a secreção pancreática exócrina e

aumentam a contratilidade isolada da região fúndica do estômago de ratos e da

porção ileal do intestino de porcos (FEURLE, 1998).

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84

Seguidas investigações mostraram a presença de peptídeos relacionados a

xenopsina e neurotensina nos tecidos da pele e gastrointestinal de vários anfíbios

(CARRAWAY et al., 1982; FLUCHER et al.,1988; SHAW et al., 1992).

Um outro importante peptídeo relacionado a xenopsina é a xenina, um

peptídeo com 25 resíduos de aminoácidos isolado e identificado por Feurle et al.

(1992) em extrato da mucosa gástrica, da região duodenal e jejunal do homem. A

similaridade estrutural nestes peptídeos está na porção C-terminal, que segundo

alguns trabalhos citados por Silvestre et al. (2003) é o fragmento essencialmente

responsável pelas inúmeras atividades biológicas atribuídas a xenina. Na Tabela

18 são dados algumas estruturas de membros da família

Xenopsina/Neurotensina/Xenina.

Tabela 18- Exemplos de alguns membros da família Xenopsina/Neurotensina/Xenina (FEURLE, 1998)

Peptídeo Estrutura Xenopsina pGlu-Gly-Lys-Arg-Pro-Trp-Ile-Leu-OH

Neurotensina pGlu-Leu-Tyr-Glu-Asn-Lys-Pro-Arg-Arg-Pro-Tyr-Ile-Leu-OH

Xenina Met-Leu-Thr-Lys-Phe-Glu-Thr-Lys-Ser-Ala-Arg-Val-Lys-Gly-Leu-Ser-Phe-His- Pro-Lys-Arg-Pro-Trp-Ile-Leu-OH

Neuromedina Lys-Ile-Pro-Tyr-Ile-Leu-OH

Cinetensina Ile-Ala-Arg-Arg-His-Pro-Tyr-Phe-Leu-OH

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85

1.4.2.9. TRIPTOFILINAS

Montecucchi et al. (1984) trabalhando com extrato metanólico da pele de

Phyllomedusa rohdei, observaram que algumas frações provenientes de uma

coluna de alumina, usando etanol como eluente (50, 70 e 95%), deram positivo

para o reagente Erlich’s, indicando a presença do aminoácido triptofano. As

substâncias presentes nestas frações foram chamadas coletivamente de

Triptofilinas (TPHs).

As Triptofilinas são peptídeos heterogêneos com atividades biológicas

indefinidas. Dependendo do número de resíduos de aminoácidos, as Triptofilinas,

são classificados em: Triptofilinas tetrapeptídicas (TPH-4), Triptofilinas

pentapeptídicas (TPH-5), Triptofilinas heptapeptídicas TPH-7 e Triptofilinas

decatripeptídicas (TPH-13). Alguns exemplos desses peptídeos estão na Tabela

19 (ERSPAMER, 1994).

Uma das características comum nestas substâncias é a presença de

resíduos de prolina em todas as substâncias descritas, com exceção da <Glu-Ala-

Trp-Met. Em particular, TPH-4 e TPH-5 possuem resíduo de prolina ligado ao

triptofano (MONTECUCCHI, 1985).

Além de Phyllomedusa rohdei, esses peptídeos foram isolados de P.

sauvagei e P. bicolor. Esses peptídeos representam o primeiro exemplo de

peptídeos de anuros identificados simplesmente por reação de cor em

cromatografia de camada delgada (ERSPAMER, 1994).

A atividade farmacológica e os correspondentes em tecidos de mamíferos

desses peptídeos, ainda, não foram estabelecidos, embora bioensaios tenham

revelado um aumento da síntese protéica no fígado de ratos (PRATES, 1999).

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Tabela 19- Exemplos de Triptofilinas isoladas de anfíbios (ERSPAMER et al., 1985).

Subfamília Estrutura

TPH-4 p-Glu-Pro-Trp-Met-NH2

p-Glu-Pro-Trp-Val-NH2

Phe-Pro-Trp-Leu-NH2

p-Glu-Pro-Trp-Met-OH

p-Glu-Ala-Trp-Met-OH

Phe-Pro-Pro-Trp-OH TPH-5 Phe-Pro-Pro-Trp-Met-NH2

Phe-Pro-Pro-Trp-Val-NH2

Phe-Pro-Pro-Trp-Leu-NH2

Phe-Pro-Pro-Trp-Leu-OH

TPH-7 Val-Pro-Pro-Leu-Gly-Trp-Met-OH TPH-13 p-Glu-Glu-Lys-Pro-Trp-Pro-Pro-Pro-Ile-Tyr-Pro-Met-OH

1.4.2.10. ANGIOTENSINAS

O principal representante dessa família é a angiotensina II (ANG II), um

produto biológico do sistema renina-angiotensina (RAS) que está envolvido na

regulação da pressão sanguínea e no balanço de sal e água de muitos

vertebrados (SLIVKOFF & WARBURTON, 2003).

A angiotensina II é um vasoconstritor extremamente potente, cuja potência

é cerca de 40 vezes maior do que a da adrenalina na elevação da pressão arterial.

Seus efeitos periféricos assemelham-se aos dos agonistas dos receptores α1,

visto que afeta principalmente os fluxos sangüíneos cutâneo, esplâncnicos e

renais, com menos efeito sobre o fluxo sangüíneo para o cérebro e o músculo

esquelético (RANG, 2000).

Os componentes do sistema RAS também estão presentes em anfíbios.

Atividade renina é encontrada no plasma e rins em várias espécies de anuros,

incluindo Rana catesbeiana, Rana esculenta e Bufo bufo (SANDBERG & JI, 2001).

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O extrato da pele de Crinia georgiana forneceu a crinia-angiotensina II, um

tripeptídeo (Ala-Pro-Gly) ligado ao resíduo de ácido aspártico da angiotensina

convencional. Esse peptídeo mostrou espectro de atividade similar ao da

angiotensina de mamíferos, estimulando a musculatura lisa vascular e

extravascular e da vesícula biliar de ratos e coelhos (ERSPAMER, 1994).

Em mamíferos, a ANG II é formada durante um estresse hipotensivo e

hiperosmótico, induzido pela hemorragia e/ou desidratação (figura 21)

(SANDBERG & JI, 2001). Estudos recentes em anfíbios relacionam a ANG II a

regulação da permeabilidade da pele e a concentração de sal nos tecidos,

determinando o gradiente osmótico de pressão (VIBORG & ROSENKILDE, 2001;

REA et al., 2002).

Figura 21- Formação das Angiotensinas I – IV a partir da extremidade N-terminal da proteína precursora, o angiotensinogênio (Fonte: RANG et al., 2000).

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88

1.4.2.11. ADENOREGULINA

Este peptídeo foi isolado primeiramente da secreção da pele de

Phyllomedusa bicolor e, possivelmente, inclui D-aminoácido em sua cadeia

polipeptídica. O espectro de ação da adenoregulina baseia-se na sua capacidade

de se ligar aos receptores A1 de adenosina nas membranas do cérebro de ratos,

agindo como estimulante central. Além dos efeitos farmacológicos, a

adenoregulina mostrou ser potentemente ativa na inibição do crescimento de

bactérias, fungos e protozoários (PRATES, 1999).

A adenoregulina exibe grande semelhança estrutural com a dermaseptina

isolada da pele de Phyllomedusa sauvagii (Tabela 20). Ambos os peptídeos são

altamente básicos e hidrofóbicos, duas características observadas em vários

peptídeos antimicrobianos isolados de pele de anfíbios (AMICHE et al.,1993).

Tabela 20- Estrutura da adenoregulina e da dermaseptina

Peptídeo Origem Seqüência Adenoregulina Phyllomedusa

bicolor GLWSKIKEVGKEAAKAAAKAAGKAALGAVS30EAV

Dermaseptina Phyllomedusa sauvagii

ALWKTM•••LKKLGTMALH•AGKAALGAAADTIS30QGTQ

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89

1.4.2.12. PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS (AMPS)

As glândulas localizadas na pele dos anfíbios são ricas fontes de peptídeos

antimicrobianos, que são potencialmente ativos contra um largo espectro de

microorganismos e não apresentam toxicidade em células normais de mamíferos

(FEDER et al., 2001).

Esses peptídeos são usados por estes animais como parte de seu sistema

de defesa contra microorganismos patogênicos (BOMAN, 1991; ZASLOFF, 1992;

PIERRE, 2000). Rollins-Smith et al. (2002) mostraram, pela primeira vez com mais

evidência, que esses peptídeos operam como primeira linha de defesa contra os

microorganismos associados com o declínio global dos anfíbios.

O primeiro peptídeo de pele de anfíbio que apresentou atividades

antimicrobianas, além da hemolítica, foi a bombinina. Este peptídeo foi isolado, há

mais de 30 anos, de Bombina variegata (CSORDAS & MICHL, 1969). A partir

desta data, mais de cinqüenta peptídeos antimicrobianos de anfíbios já foram

isolados, tendo como principal característica à natureza catiônica e a capacidade

de permeabilizar membranas de microorganismo (PRATES, 1999).

Baseados em características como seqüência e estrutura tridimensional,

esses peptídeos de anfíbios foram agrupados em três grandes grupos: os

peptídeos em hélice anfipática, como as magaininas e peptideos análogos

isolados de Xenopus laevis, as bombininas de Bombina orientalis e B. variegata, e

as dermaseptinas de espécies da subfamília Phyllomedusinae (Phyllomedusa

sauvagei, P. bicolor, P. oreades, entre outras); os peptídeos que possuem dois

resíduos de cisteínas na parte C-terminal, os quais formam uma ponte dissulfeto,

como as brevininas 1 e 2, as gaegurinas, ranalexinas, esculentinas 1 e 2 isolados

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de várias espécies da família Ranidae; e os peptídeos de 10 a 13 resíduos

conhecidos como pequenos peptídeos isolados de anfíbios, como as temporinas,

isolados de Rana temporaria, R. catesbeiana, R. clamitans, R. pipiens e R.

iuteiventris (AMICHE et al., 1999; LAI et al., 2002). Na Tabela 21 são dados alguns

exemplos de Peptídeos Antimicrobianos.

Além das atividades antimicrobianas, alguns desses peptídeos apresentam

outras atividades farmacológicas, o que reforça, ainda mais, sua utilização como

potentes agentes terapêuticos. As Magaininas, que são reconhecidas como um

potente antimicrobial, apresentou significativa atividade anti-tumoral (BAKER et al.,

1993; CRUCIANE et al., 1991; OHSAKI et al., 1991). Alguns derivados sintéticos

das magaininas possuem atividades antiviral contra herpes tipo I (GENCO et al.,

2003) e magaininas A e C mostraram atividade espermicida (LAI et al., 2002). Os

peptídeos polifemusina e taquifesina têm atividade anti-HIV (MALOY & KARI,

1995). A dermaseptina DS 01, isolada de Phyllomedusa oreades, apresentou

atividade anti-trypanosoma cruzi (BRAND et al., 2002). Algumas bombininas

possuem atividade hemolítica (MIELE et al., 1998). As Phylloseptinas, conhecidas

por serem bactericidas, apresentaram atividades anti-protozoário (LEITE, 2005).

A cada ano vários novos AMPs são identificados a partir de espécies de

anuros. Alguns desses novos peptídeos apresentam pouca ou nenhuma

homologia com os já existentes, conseqüentemente novas famílias estão surgindo

como as Tigerininas, Pseudinas, Maximinas, Japonicinas, Nigrocinas, Distinctinas

(RINALDI, 2002) e Phylloseptinas (LEITE, 2005). Na Tabela 22 são mostradas as

estruturas de alguns novos peptídeos isolados de espécies de anuros.

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Tabela 21- Exemplos de alguns Peptídeos Antimicrobianos isolados de anfíbios (AMICHE et al., 1999; LEITE, 2005)

Peptídeos Estruturas Dermaseptina B Dermaseptina B1 AMWKDVLKKIGTVALH-----AGKAALGAVADTISQ NH2 Dermaseptina B3 ALWKNMLKGIGK----------LAGQAALGAVKTLVGA NH2 Dermaseptina B4 ALWKDILKNVGK---------AAGKAVLNTVTDMVNQ NH2 Brevininas-1 Brevininas-1 FLPVLAGIAAKVVPALFCKITKKC Brevininas-1E FLPLLAGLAANFLPKIFCKITKKC Brevininas-1EA FLPAIFRMAAKVVPTIICKITKKC Brevininas-2 Brevinina-2 G-LLDSLKGFAATAGKGVLQSLLSTASCKLAKTC Brevininas-2E G-IMDTLKNLAKTAGKGALQSLLNKASCKLSGQC Brevininas-2EA G-ILDTLKLNAISAAKGAAQGLVNKASCKLSGQC Esculentina-1 Esculentina-1 GIFSKLGRKKIKNLLISGLKNVGKEVGMDVVRTGIDIAGCKIKGEC Esculentina-1ª GIFSKLAGKKIKNLLISGLKNVGKEVGMDVVRTGIDIAGCKIKGEC Esculentina-1B GIFSKLAGKKLKNLLISGLKNVGKEVGMDVVRTGIDIAGCKIKGEC Esculentina-2 Esculentina-2ª GILSLVKGVAKLAGKGLAKEGGKFGLELIACKIAKQC Esculentina-2B GIFSLVKGAAKLAGKGLAKEGGKFGLELIACKIAKQC Gaegurina-4 GILDTLKQFAKGVGKDLVKGAAQGVLSTVSCKLAKTC Temporina Temporina FLPLIGRVLSGILNH2 Temporina LLPIVGNLLKSLL NH2 Phylloseptinas PS-1 FLSLIPHAINAVSAIAKHN NH2 PS-2 FLSLIPHAINAVSTLVHHF NH2 PS-3 FLSLIPHAINAVSALANHG NH2

Tabela 22- Principais características dos recentes Peptídeos Antimicrobianos descritos (RINALDI, 2002)

Peptídeo Estrutura Espécies Japonicina- 1 FFPIGVFC1KIFKTC2 (S-S, anel peptapeptídeo) Rana japonica Japonicina- 2 FGLPMLSILPKALC1ILLKRKC2 (S-S, anel octapeptídeo) Temporina- 1 ILPLVGNLLNDLL-Am (α -helice) Nigrocina1 GLLDSIKGMAISAGKGALQNLLKVASC1KLDKTC2

(S-S,anel peptapeptídeo) R. nigromaculata

Nigrocina 2 GLLSKVLGVGKKVLC1GVSGLC2 (S-S,anel peptapeptídeo) Brevinina-20a*

GLFNVFKGALKTAGKHVAGSLLNQLKC1KVSGGC2

(S-S, anel heptapeptídeo) R. ornativentris

Temporina- 10d*

FLPLLASLFSGLF-Am (α -helice) P. guntheri

Tigerinina 1* FC1TMIPIPRC2Y-Am (S-S,anel nonapeptapeptídeo) R. tigerina Pseudina- 2* GLNALKKVFQGIHEAIKLINNHVQ (α -helice) Pseudis paradoxa Maximina 1* GIGTKILGGVKTALKGALKELASTYAN-Am (α -helice) Bobina maxima XT-1* GFLGPLLKLAAKGVAKVIPHLIPSRQQ (α -helice) Xenopus tropicalis Distintina ENREVPPGFTALIKTLRKC1KII (CADEIA 1)

NLVSGLIEARKYLEQLHRKLKNC2KV(CADEIA 2) (S-S, heterodímero) Phyllomedusa

distincta *Somente o membro representativo da multi-isoforma é mostrado. ‘Am’ indica uma amida C terminal; os números subscritos indicam os aminoácidos da ponte dissulfeto.

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1.5. ANUROS HYLIDAE

Os anuros, principais representantes da classe dos anfíbios, são

cosmopolitas, não ocorrendo, entretanto, nas latitudes extremas norte, Antártica e

a maioria das ilhas oceânicas. Eles estão divididos em 29 famílias, sendo a

família Hylidae uma das mais representativas, possuindo 05 subfamílias (Hylinae,

Phyllomedusinae, Hemiphractinae, Pelodryadinae e Pseudinae) com 42 gêneros e

cerca de 550 espécies (AMNH, 2003).

Essas espécies estão distribuídas na América do Sul e do Norte, Índia

Ocidental, Eurásia Temperada, extremo norte da África e no arquipélago japonês.

É na subfamília Hylinae que se concentra grande parte desses gêneros, 26 no

total, com destaque para os gêneros Hyla, Scinax e Osteocephalus, com cerca de

335, 84 e 17 espécies, respectivamente (AMNH, 2003).

1.5.1. GÊNERO OSTEOCEPHALUS

O gênero Osteocephalus, após ser revisado e reorganizado por Trueb e

Duellman (1971), possuía somente 05 espécies. Nos anos seguintes, várias novas

espécies foram sendo descritas e/ou transferidas para este gênero (DUELLMAN,

1974; HENLE, 1981; MARTINS & CARDOSO, 1987; DUELLMAN & HOOGMOED,

1992; JUNGFER & SCHIESARI, 1995; DUELLMAN & MENDELSON, 1995;

GORZULA & SEÑARIS, 1996; RON & PRAMUK, 1999; JUNGFER et al., 2000;

SMITH & NOONAN, 2001; JUNGFER & HÖDL, 2002). Atualmente possui cerca de

17 espécies (AMNH 2003).

Entre as espécies de Osteocephalus nenhuma foi estudada do ponto vista

químico/farmacológico.

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As espécies do gênero Osteocephalus têm hábitos noturnos e arbóreos,

habitam quase exclusivamente as florestas primárias, sendo um importante

constituinte da fauna das florestas tropicais intactas, e são de tamanhos que

variam do médio ao grande porte (JUNGFER et al., 2000). Eles estão amplamente

distribuídos ao longo da Bacia Amazônica, Guianas e partes da Floresta Atlântica

da América do Sul (Figura 22).

Figura 22- Distribuição Geográfica das Espécies do Gênero Osteocephalus.

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94

1.5.1.1. OSTEOCEPHALUS TAURINUS

Classe: Amphibia Sub-família: Hylinae Ordem: Anura Gênero: Osteocephalus Família: Hylidae Espécie: Osteocephalus taurinus

O Osteocephalus taurinus (Figura 23), descrito por Steindachnerde (1862),

foi uma das espécies que deu origem ao gênero (TRUEB & DUELLMAN, 1971).

Tem cor marrom, como quase todos os Osteocephalus, e é a mais distribuída

entre as espécies; é encontrado no Equador, Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia,

Venezuela e Guianas. O dimorfismo sexual é bem evidente nessa espécie. O

tamanho do macho é de 66-85 mm enquanto o das fêmeas é de 76-103 mm. A

pele da fêmea é mais lisa (RODRÍGUEZ & DUELLMAN, 1994).

Foto de Morley Read

Figura 23- Osteocephalus taurinus

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1.5.1.2. OSTEOCEPHALUS OOPHAGUS

Classe: Amphibia Sub-família: Hylinae Ordem: Anura Gênero: Osteocephalus Família: Hylidae Espécie: Osteocephalus oophagus

O Osteocephalus oophagus (Figura 24) foi descrito por Jungfer e Schiesari

(1995), é de tamanho médio, cerca de 47 mm para os machos e 63 mm para as

fêmeas, de cor marrom com manchas escuras. É endêmico no estado do

Amazonas / Brasil, mas também é encontrado nas Guianas e Venezuela (AMNH,

2003).

Foto de Christian Marty

Figura 24- Osteocephalus oophagus

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1.5.1.3. OSTEOCEPHALUS LANGSDORFFII

Classe: Amphibia Sub-família: Hylinae Ordem: Anura Gênero: Osteocephalus Família: Hylidae Espécie: Osteocephalus langsdorffii

Primeiramente, descrito como Hyla langsdorffii por Dumeril e Bibron (1841),

foi depois classificada no gênero Osteocephalus por Duellman (1974). São

pererecas de porte muito grande, especialmente as fêmeas que podem

ultrapassar 100 mm de comprimento, do focinho ao ânus. Com colorido

esverdeado, exibem no corpo desenhos variados de cor marrom, dando-lhe um

aspecto de casca de árvore com liquens (IZECKSOHN & CARVALHO-E-SILVA,

2001). Diferente das outras espécies de Osteocephalus, o O. langsdorffii (Figura

25) habita a Floresta Atlântica sendo encontrado nos estados do Rio de Janeiro,

Espírito Santos e Bahia, e no nordeste da Argentina (AMNH, 2003).

Foto de Rodrigo Morales

Figura 25- Osteocephalus langsdorffii

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2. OBJETIVOS

2.1. GERAL

O Brasil é detentor de uma megadiversidade, mas somente uma pequena

parcela de sua riqueza animal, vegetal e de microorganismos foi, até nos dias

atuais, objeto de pesquisa. Está realidade não é diferente com os anfíbios, com

cerca de 600 espécies, apenas uma minoria destas espécies foi, até então,

estudada.

O presente trabalho tem como objetivo estudar as secreções cutâneas de

três espécies de anfíbios (Osteocephalus taurinus, Osteocephalus oophagus e

Osteocephalus langsdorffii) oriundos da Amazônia e da Mata Atlântica brasileira.

2.2. ESPECÍFICOS

• Comparar a composição molecular das secreções cutâneas das espécies

de Osteocephalus taurinus, Osteocephalus oophagus e Osteocephalus

langsdorffii;

• Isolar, purificar e identificar os constituintes da secreção cutânea de

Osteocephalus taurinus;

• Avaliar as atividades biológicas dos constituintes da secreção cutânea de

Osteocephalus taurinus.

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98

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. COLETA DO MATERIAL

Os espécimes, de ambos os sexos, de Osteocephalus taurinus e

Osteocephalus oophagus foram coletados no Campus da Universidade Federal do

Amazonas (UFAM) (coordenadas geográficas: 03º 02’ 45” S, 59º 28’ 52” W), e na

Reserva Ducke (RD), pertencente ao Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia

(INPA), localizados na periferia da cidade de Manaus/AM (Tabela 23). Os

espécimes foram identificados pelo Prof. MSc. Marcelo Gordo do Departamento

de Ecologia da UFAM.

Os espécimes, de ambos os sexos, de Osteocephalus langsdorffii foram

coletados na Reserva Santa Lúcia (RSL) (19º 59’ 23” S, 40º 36’ 42” W), na cidade

de Santa Teresa/ES (Tabela 23), e identificadas pelo Prof. Dr. José P. Pombal Jr.

do Museu Nacional do Rio de Janeiro (MN/UFRJ).

As coletas foram realizadas sob a licença do Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA) para captura e transporte de anfíbios

N° 0637/91A.C.

Tabela 23- Número de individuos e local de coleta das três espécies de Osteocephalus

N° de individuos Espécies Local de coleta Código

09 Osteocephalus taurinus RD/UFAM EXTTA

04 Osteocephalus oophagus UFAM EXTOO

02 Osteocephalus langsdorffii RSL EXTLA

Universidade Federal do Amazonas (UFAM) AM; Reserva Ducke (RD) AM; Reserva Santa Lúcia (RSL) ES.

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3.2. OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS

Os espécimes foram cuidadosamente lavados em água corrente,

numerados, medidos e identificados quanto ao sexo, tamanho e local de coleta. As

suas secreções cutâneas foram obtidas por estimulação elétrica.

3.2.1. ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA

Os espécimes, depois de lavados, foram submetidos à estimulação elétrica

com aproximadamente 8 volts, os eletrodos foram colocados em contato

diretamente sobre a superfície dorsal (Figura 26) por um tempo de 5 – 8 segundos

por 3 – 5 vezes com intervalo de 2 – 4 segundos, produzindo contração muscular

involuntária, resultando na compressão das glândulas granulares, expelindo uma

secreção levemente esbranquiçada. As secreções cutâneas obtidas de

Osteocephalus taurinus (EXTTA), O. oophagus (EXTOO) e O. langsdorffii

(EXTLA), foram filtradas, congeladas, liofilizadas (Centrivap Concentrator

LABCONCO) e armazenadas a -80 °C.

Figura 26- Obtenção das secreções EXTTA, EXTOO e EXTLA, por estimulação elétrica.

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100

No intuito de analisar as possíveis diferenças entre as secreções de

diferentes indivíduos levando em consideração ao tamanho, sexo e local de

coleta, as secreções dos espécimes de Osteocephalus taurinus foram analisadas

individualmente (Tabela 24). Após as análises químicas comparativas todas as

amostras foram agrupadas numa mesma amostra (EXTTA).

Tabela 24- Extratos obtidos por estimulação elétrica de Osteocephalus taurinus- EXTTA

3.3. ISOLAMENTO E PURIFICAÇÃO DOS CONSTITUINTES

Para isolamento e purificação dos constituintes foram seguidas as

metodologias de Prates, 1999 e Batista, 1999.

Os extratos secos EXTTA, EXTOO e EXTLA foram divididos em alíquotas

de 2,0 mg e dissolvidos em 200 µL de água Milli Q contendo TFA 0,1% (v/v).

Essas alíquotas foram submetidas à Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

(CLAE) (SHIMADZU, Classe LC10 AD-VP). A coluna utilizada foi de fase reversa,

semipreparativa 218TP C18, 5 µ (10 X 250mm) da Vydac, que foi previamente

equilibrada em solução de H2O/TFA 0,1%. Foi utilizado um fluxo de 2,5 mL/min e

as frações foram coletadas manualmente sob um gradiente linear de acetonitrila (0

N° Sexo Tamanho(cm) Local de coleta

Extrato código

01 M 6,8 RD 1-EXTTA 02 M 7,5 RD 2-EXTTA 03 M 7,6 RD 3-EXTTA 04 F 9,3 UFAM 4-EXTTA 05 M 6,5 UFAM 5-EXTTA 06 F 9,3 UFAM 6-EXTTA 07 F 9,0 UFAM 7-EXTTA 08 F 9,5 UFAM 8-EXTTA 09 M 8,9 UFAM 9-EXTTA

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a 65% em 55 min.) contendo TFA 0,1%. O experimento foi monitorado

simultaneamente a 216 e 280 nm.

As frações obtidas, após serem liofilizadas, foram dissolvidas em 100 µL de

água Milli Q/TFA 0,1% (v/v) e cromatografadas em sistema CLAE usando-se

coluna de fase reversa, analítica Vydac 218TP 54, C18, 5 (4,6 × 250mm). A coluna

foi previamente equilibrada na mesma solução de TFA 0,1% (v/v) descrita

anteriormente. Foi utilizado um fluxo de 1,0 mL/min e os constituintes isolados

foram coletados manualmente sob diferentes gradientes de acetonitrila / TFA 0,1%

(v/v). O experimento foi monitorado a 216 e 280 nm.

3.4. ESPECTROMETRIA DE MASSAS

3.4.1. ESPECTROMETRIA DE MASSAS SISTEMA MALDI-TOF

As secreções das três espécies (EXTTA, EXTOO e EXTLA), foram

submetidas à espectrometria de massas usando um sistema MALDI-TOF, Matrix

Assisted Laser Desorption Ionization – Time of Flight, modelo Voyager-DE-STR

Biospectrometer (Applied Biosystems, MA, USA). As frações oriundas da

cromatografia analítica foram, também, submetidas à mesma técnica para avaliar

o grau de pureza. Os íons moleculares foram formados usando-se pulsos de laser

(fótons) na faixa do ultravioleta (laser de nitrogênio, λ = 337 nm). Os sinais de

ionização foram monitorados usando-se osciloscópio digital (Tectrnix TDS 540).

Alíquotas de 3 µL das amostras foram misturadas com 9 µL de uma solução

saturada de ácido α-ciano-4-hidroxicinâmico (α-ciano) ou ácido diidroxibenzóico

(DHB) saturada em acetonitrila e TFA a 3% (5:1 v/v). A mistura foi agitada

vigorosamente por cerca de um minuto em agitador Vortex Genie 2 (Scientific

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Industries Inc., Bohemia, USA). 1 µL das amostras foi aplicado sobre a placa de

amostra do sistema MALDI em quadruplicada, e deixada em repouso à

temperatura e pressão ambiente para cristalização. O equipamento foi operado

nos modos refletor e linear.

Para a obtenção dos dados, as amostras foram bombardeadas com pulsos

de laser, principalmente nas áreas onde foi detectada a maior geração de sinais.

O processamento dos dados foi realizado usando-se programa GRAMS 386,

fornecido pelo fabricante.

Após análise, as frações de interesse foram submetidas a várias técnicas

de identificação, síntese química, testes biológicos e avaliação quanto às

interações com metais.

Os processos realizados para cada espécie estão explícitos na figura 28.

3.4.2. ESPECTROMETRIA DE MASSA SISTEMA “ELECTROSPRAY IONIZATION” (ESI)

Os experimentos foram realizados num espectrofotômetro Quattro II

equipado um sistema de ionização Electrospray Z-spray (ESI/MS) da Micromass.

Os parâmetros adotados para as análises de EM e EM/EM foram:

temperatura de desolvatação de 150 oC, temperatura do bloco de 90 oC, voltagem

do cone de 10 eV e 20 eV e voltagem do capilar de 4,20 kV. O Nitrogênio foi

utilizado como o gás inerte de solvatação e nebulização. Para as fragmentações a

voltagem de colisão foi ajustada para 33,0 V. O espectrômetro de massa foi

operado por um sistema operacional de MassLynx TM.

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3.4.3. ESPECTROMETRIA DE MASSA SISTEMA “QUADRUPOLE TIME-OF-FLIGHT” (Q-TOF)

Os experimentos foram realizados no equipamento Q-TOF ULTIMA API

(waters/Micromass – Manchester, UK), modo W e ESi+, com probe NanoFlow e

fluxo de 2,0 µL por minuto. A voltagem aplicada no capilar foi de 2 a 2,5 KV.

3.4.4. SEQUENCIAMENTO DE PROTEÍNAS POR PSD

Os fragmentos protéicos seqüenciados por Post Sourse Decay (PSD)

tiveram sua seqüência determinada de acordo com a notação estabelecida por

Roepstorff e Fohlman em 1984 e modificada por Johnson e colaboradores em

1987 (Figura 27).

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Figura 27- Fragmento de íons observados em espectro de EM/EM. Fonte http://matrixscience.com.

3.5. ESPECTROMETRIA DE IV, UV E RMN 1H E 13C

Os espectros no Infravermelho (IV) foram realizados em um equipamento

modelo Nicolet-Magna-IR 760 com transformada de Fourier (FT) usando pastilhas

de KCl. Os dados de Ultravioleta (UV) foram obtidos diretamente do cromatógrafo

(CLAE-FR, Waters modelo 510 pump com detector fotodiodo UV modelo 996),

usando uma coluna C18 semi-preparativa (µ-Bondapark C18, Waters).

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Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de 1H e 13C foram

obtidos em um espectrômetro Bruker Avance DRX 400 MHz. Além das técnicas

convencionais (RMN-1D), foram realizados experimentos de RMN-2D como:

COSY e HSQC.

3.6. SEQUENCIAMENTO DOS PEPTÍDEOS

A seqüência completa de aminoácidos dos peptídeos purificados foi

determinada usando o seqüenciador automatizado pelo método de degradação de

Edman em sequenciador de peptídeos PPSQ-23 (SHIMADZU Co., Kioto, Japão).

No sequenciamento pelo método de Edman (N-terminal), o peptídeo é

fragmentado em tantas etapas quantos forem os seus resíduos de aminoácidos, e

esses são identificados um a um de acordo com seus tempos de retenção em

coluna de fase reversa (anexo 01).

3.6 DETERMINAÇÃO DAS LIGAÇÕES DISSULFETO

A existência de pontes dissulfeto, em um peptídeo ou proteína, é um fator

crítico no seu seqüenciamento e clivagem enzimática. As pontes dissulfeto

existentes em uma cadeia polipeptídica podem ser quantificadas por

espectrometria de massa, através da diferença de massa após reação simples de

redução das mesmas (FINDLAY & GEISON apud SANTOS, 2003). Nas reações

de redução (anexo 02), o material protéico foi solubilizado em solução de

bicarbonato de amônio 0,1 molL-1 (pH 8,0) e a ele adicionou-se solução recém

preparada de DTT 1,0 mol.L-1, resultando em uma concentração final de 10

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mmol.L-1 em bicarbonato de amônia 0,1 mol.L-1 (pH 8,0). O material foi incubado

por 15 minutos a 37 °C, e depois sua massa foi analisada por MALDI-TOF/MS.

3.7. ALQUILAÇÃO DAS CISTEÍNAS

A alquilação das cisteínas foi realizada segundo modificação do método de

Findlay e Geison, 1989 (apud SANTOS, 2003). O material protéico foi solubilizado

em solução de cloridrato de guanidina 6,0 mol.L-1 e em bicarbonato de amônio 0,1

mol.L-1 (pH 8,0), e deixado reagir com DTT (concentração final de 10 mmol.L-1 )

por 30 min. a 37 °C. Após este período, adicionou-se solução de iodoacetamida

com concentração final igual a 50 vezes a concentração de cisteína da solução, e

deixou-se o material reagiu por 15 min. a 37 °C, na ausência de luz (anexo 03). A

dessalinização e a purificação do material foram feitas por cromatografia de fase

reversa.

3.8. DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA POR RESSONÂNCIA PLASMÔNICA DE SUPERFÍCIE (SPR)

Os estudos de interação molecular foram feitos em equipamento BIACORE

3000 (BIACORE Co) usando-se chip sensor de dextran carboximetilado com β–

tripsina imobilizada. A tripsina imobilizada foi adquirida da Sigma Co., e purificada

por RP-HPLC. O chip (modelo CM5) depois de hidratado foi ativado pela

passagem de EDC 0,1 mol.L-1 e NHS 0,025 mol L-1 a um fluxo de 5µ L/min durante

7 minutos. A β–tripsina foi imobilizada ao chip sensor ligando-se covalentemente

aos ésteres formados durante a etapa de ativação (anexo 04). Os ésteres

restantes foram bloqueados por cloreto de etanolamina (pH 8,0). Uma célula de

referência foi preparada da mesma forma, mas sem a utilização da β–tripsina,

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para correções em virtude da mudança no índice de refração, ocasionadas pelo

tampão utilizado e ligações inespecíficas. O tampão utilizado foi Hepes 10 mmol L-1

pH 8,0; NaCl 150 mmol.L-1; EDTA 3 mmol.L-1 e surfactante P20 0,005%. A solução

de regeneração usada foi de cloridrato de glicina pH 2,0. Os dados obtidos foram

analisados pelo programa BIAevaluation, que acompanha o equipamento, e

comparados com modelos teóricos.

3.9. SÍNTESE QUÍMICA

Atualmente, são três os métodos de síntese de peptídeo: síntese química,

síntese enzimática e síntese via DNA recombinante. Neste trabalho usamos o

método de síntese química em fase sólida (SPFS), utilizando estratégia Fmoc, 9-

fluorenilmetoxilcarbonila, de fluxo contínuo em um sintetizador de peptídeo PSSM

8 Shimadzu. O produto foi desprotegido usando TFA e purificado por CLAE

(coluna Econosil C-18, 10µ, 22,5X250 mm) com um sistema de dois solventes (A)

TFA/H2O (1:1000) e (B) TFA/ACT/H2O (1:900:100), fluxo de 5 mL/min e com

gradiente de 10–60% do solvente B por 45 min.. A cromatografia analítica foi

realizada usando um CLAE binário da Shimadzu com um detector uv-vis SPD-

10AV acoplado a uma coluna C18 Ultrasphere (5µ, 4,6/150 mm) eluida com um

sistema de solvente (A) H3PO4/H2O, 1:1000 e (B) ACN/H2O/H3PO4, 900:100:1 em

um fluxo médio de 1 mL/min, e gradiente de 10-80% de B em 20 min. A

confirmação da pureza e peso molecular do peptídeo sintético foram realizadas

por sistema de espectrometria de massa MALDI-TOF (TofSpec-E, Micromass).

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3.10. INTERAÇÕES COM METAIS

A avaliação dos sítios ligantes do peptídeo/metal foi realizada em

espectrômetro de massa Q-TOF ULTIMA API (waters/Micromass – Manchester,

UK), usando cloretos de metal alcalino (Li, Na, K e Cs), de alcalino terroso (Ca) e

de transição (Cr, Fe, Co, Ni, Cu e Cd), todos numa concentração de 10 mM. As

amostras foram dissolvidas numa solução água/metanol 1:1.

3.11. TESTES ANTIMICROBIANOS

Os testes de atividades antibacteriana e antifúngica foram realizados no

laboratório SABIN de análises clínicas de Brasília.

3.11.1. ATIVIDADE ANTIBACTERIANA

As cepas bacterianas de Escherichia coli (ATCC 25922) e Staphylococcus

aureus (ATCC 25923) pertencentes à coleção da American Type Culture

Collection – ATCC (The Global Bioresource Center™) foram doadas pelo

Laboratório SABIN de Análises Clínicas Ltda.

Foram realizados testes de susceptibilidades com cepas bacterianas

causadoras de mastite em humanos e gados, comparando a atividade bactericida

e/ou bacteriostática dos peptídeos antimicrobianos de anfíbios com antibióticos

convencionais de última geração utilizados pela clínica brasileira.

As bactérias foram armazenadas a 4°C em meio de cultura Ágar sangue.

As cepas bacterianas foram repicadas semanalmente para garantir que sempre

estejam na fase log de crescimento no momento do ensaio. Para o ensaio as

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bactérias foram transferidas para um meio de cultura líquido Mueller-Hinton

(National Committee for Clinical Laboratory Standards - NCCLS) e quantificadas

utilizando transmitância na escala de Mac-Farland.

Os experimentos foram realizados em microplacas de 96 poços estéreis,

utilizando diluição seriada em triplicata, onde as placas foram mantidas em estufa

a 37°C, e monitorados após a incubação em leitor de micro-placa BIORAD 3550

reader num comprimento de onda 595 a 650 nm de acordo com as

recomendações do NCCLS, segundo Bulet et al. (1991). A partir da absorbância

relativa comparada foram calculados os MICs (concentração mínima de inibição)

para cada peptídeo testado comparando com os antibióticos comercias.

3.11.2. ATIVIDADE ANTIFÚNGICA

Os testes de sensibilidade aos peptídeos antimicrobianos de fungos

leveduriformes foram realizados no Laboratório SABIN de Análises Clínicas Ltda.

Três isolados clínicos de leveduras de importância médica e veterinária foram

utilizados para os testes (Candida albicans e Candida tropicalis). A atividade

antifúngica in vitro foi realizada em um ensaio de microplaca pelo método de

diluição seriada em meio BHI (Brain-Heart Infusion) recomendado pelo protocolo

da National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS, 1995). A

sensibilidade das leveduras aos peptídeos antimicrobianos foi comparada a vários

antifúngicos de uso convencional pela clínica médica, como o fluconazol e o

cetoconazol. Determinou-se, também, o MIC (Concentração Mínima Inibitória),

que é a concentração do peptídeo que inibe o crescimento total dos

microorganismos, e a MFC (Concentração Fungicida Mínima), definida como a

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110

concentração do peptídeo que causa morte total nas leveduras para todos os

antifúngicos convencionais utilizados.

Figura 28- Fluxograma dos processos realizados nos extratos EXTTA, EXTOO e EXTLA.

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111

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os extratos 1-9 EXTTA (Tabela 24), antes de serem reunidos, foram

analisados por CLAE, usando-se as mesmas condições, na tentativa de observar

as possíveis diferenças entre suas secreções. O resultado mostrou que, apesar

dos indivíduos serem de diferentes localidades, sexos e tamanhos, apresentaram

um perfil cromatográfico muito semelhante entre si, indicando que esses fatores

não alteram a constituição de suas secreções. Desta forma, os extratos EXTOO e

EXTLA não tiveram o mesmo tratamento inicial que o EXTTA.

EXTTA, EXTOO e EXTLA foram submetidos à espectrometria de massas

sistema MALDI-TOF (Figuras 29, 30, 31). Os espectros apresentaram

semelhança, principalmente os EXTTA e EXTOO, entre as massas de seus

constituintes. Os espectros de EXTTA e de EXTOO mostraram que seus

constituintes principais estão nas faixas de 1000 a 2000 Da, de 3000-3500 Da e

de 6000-6800 Da. Fato confirmado mais tarde com a identificação dos

constituintes com 1705, 3225 e 6670 Da de EXTTA. O espectro de EXTLA

mostrou que seus constituintes principais estão na faixa de 1500-4000 Da, e os

constituintes minoritários estão na faixa de 6600-7400 Da.

Os três extratos totais EXTTA, EXTOO e EXTLA foram cromatografados em

CLAE-FR (Figuras 32, 33, 34). Seus cromatogramas apresentaram semelhança, e

um pico chamou atenção por possuir aproximado tempo de retenção e

intensidades em todos os extratos (Figura 35). Esse pico foi codificado como OTA

06, OOP 06 e OLA 06, respectivamente.

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Figura 29- Espectro de massas do extrato total de O. taurinus (EXTTA) obtido em espectrômetro Voyager-DE STR (Applied Biosytems). Matriz: ácido trans-4-hidroxi-3-metoxi-cinâmico em propanona. Modo linear .

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113

Figura 30- Espectro de massas do extrato total de O. oophagus (EXTOO) obtido em espectrômetro Voyager-DE STR (Applied Biosytems). Matriz: ácido trans-4-hidroxi-3-metoxi-cinâmico em propanona. Modo linear.

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114

Figura 31- Espectro de massas do extrato total de O. langsdorffii (EXTLA) obtido em espectrômetro Voyager-DE STR (Applied Biosytems). Matriz: ácido trans-4-hidroxi-3-metoxi-cinâmico em propanona. Modo linear e detecção de íons positivos.

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Na cromatografia do extrato EXTTA, além de OTA 06, foram selecionadas

outras frações (Tabela 25) para serem caracterizadas.

Tabela 25- Frações da Cromatografia (CLAE-FR) do Extrato EXTTA

TR (min) Código ACN %

20,8 OTA 06 18

37,5 OTA 08 36

38,3 OTA 09 37

46,5 OTA 15 40

57,8 OTA 18 54

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116

Figura 32– Cromatograma do extrato total da secreção da pele de O. taurinus (EXTTA). CLAE-FR (Shimadzu Co). Coluna semi-preparativa C18 (218TP1010, Grace Vydac). Gradiente linear de acetonitrila/TFA (0,1%) em 60 min. Monitorado simultaneamente em 216(---) e 280 nm (----).

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117

M i n u t e s

0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0

Abs

0 , 0

0 , 5

1 , 0

1 , 5

2 , 0

2 , 5

Perc

ent

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

Figura 33 – Cromatograma do extrato total da secreção da pele de O. oophagus (EXTOO). CLAE-FR (Shimadzu Co). Coluna semi-preparativa C18 (218TP1010, Grace Vydac). Gradiente linear de acetonitrila/TFA (0,1%) em 60 min. Monitorado simultaneamente em 216(---) e 280 nm (----).

Minutes0 10 20 30 40 50 60

Abs

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Per

cent

0

20

40

60

80

100

20,9

54

Figura 34– Cromatograma do extrato total da secreção da pele de O. langsdorffii (EXTLA). CLAE-FR (Shimadzu Co). Coluna semi-preparativa C18 (218TP1010, Grace Vydac). Gradiente linear de acetonitrila/TFA (0,1%) em 60 min. Monitorado simultaneamente em 216(---) e 280 nm (----).

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118

Figura 35- Cromatogramas dos extratos EXTTA (Ota 06), EXTOO (Oop 06) e EXTLA (Ola 06).

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119

4.1. ISOLAMENTO, PURIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DA FRAÇÃO OTA 06, OOP 06 E OLA 06

A fração ota 06, um sólido marrom claro não cristalino, oriunda de várias

cromatografias semi-preparativas do extrato EXTTA, foi cromatografada em

sistema analítico, para melhorar seu grau de pureza (Figura 36), e posterior

identificação.

A fração ota 06 foi submetida à espectrometria de massas, sistema MALDI-

TOF, onde foram usadas várias matrizes, mas não foi possível obter seu espectro.

O que levou a uma leve indicação que ota 06 fosse uma molécula de peso

molecular baixo

Figura 36- Cromatorama da fração ota 06 obtido em CLAE-FR Shimadzu LC10 AD-VP). Coluna analítica e pré-coluna Vydac C18, gradiente linear ACN/TFA 0,1%. Monitorado simultaneamente em 216(---) e 280 nm (----).

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120

O espectro na região do infravermelho de ota 06 (Figura 37) apresentou

bandas de absorção em 3400, 3300 e 2980 cm-1, indicando a presença de OH, NH

indólico, e metileno, respectivamente. A forte absorção em 1622 cm-1 demonstra a

natureza aromática da substância. Seu espectro de ultravioleta (Figura 38)

apresenta absorção em 287,5 e 277,0 nm sugerindo a presença de um sistema

indólico não substituído na posição C-2 (KAWANISHI et al., 1985).

O espectro de RMN 1H (Figura 39) apresenta um simpleto (6H) em δ 2,85

indicando a presença do grupo N(CH3)2, e dois tripletos (4H) de hidrogênios

metilênicos entre δ 3,00-3,30, próprio do grupo Ar-CH2-CH2-N (Figura 40) -

característico de hidrogênios em cadeia lateral de N,N-dimetiltriptamina

(YAMASATO et al., 1972). Estão presentes sinais correspondendo a quatro

hidrogênios na região de aromático (Figura 41): o hidrogênio H-2 aparece como

um simpleto em δ 7,16; o hidrogênio H-4 surge como um simpleto em δ 6,90; o

hidrogenio H-6 como um duplo-dupleto (dd) em δ 6,76, e finalmente o hidrogênio

H-7 é observado como um dupleto (d) em δ 7.29. Os três hidrogenios H-4, H-6 e

H-7 são característicos de um sistema ABC de anel de seis membros, típico de

anel benzênico substituído (ZHALOLOV et al., 2000).

O espectro de correlação de 1H-1H confirma os acoplamentos dos

hidrogênios nas regiões alifática e aromática, discutidos nos parágrafos anteriores

(Figura 42). A figura 43 mostra o experimento COSY expandido na região

aromática para melhor visualização dos acoplamentos: H-2 (δ 7,16); H-4 (δ 6,95),

H-6 (δ 6,76) e H-7 (δ 7.29).

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121

Figura 37- Espectro de IV da fração ota 06.

Figura 38- Espectro de UV da fração ota 06

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122

Figura 39- Espectro de RMN de 1H de ota 06 obtido em espectrômetro Bruker Avane DRX 400 MHz CD3OD.

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123

Figura 40- Expansão do espectro de RMN de 1H de ota 06 obtido em um espectrômetro Bruker Avance DRX 400 MHz.

Figura 41- Expansão do espectro de RMN de 1H de ota 06 obtido em um espectrômetro Bruker Avance DRX 400 MHz.

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124

Figura 42- Espectro bidimensional de correlação homonuclear 1H, 1H -COSY de ota 06 obtido em um espectrômetro Bruker Avance DRX 400 MHz.

Figura 43- Expansão do espectro bidimensional de correlação homonuclear 1H, 1H –COSY.

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125

Interpretação do experimento HSQC da fração ota 06 (Figuras 44, 45)

possibilitou correlacionar os sinais de carbono aos seus respectivos sinais de

hidrogênio. Dados mostrados na Tabela 26.

Figura 44- Espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H, 13C- HSQC de Ota 06 obtido em um espectrômetro Bruker Avance DRX 400 MHz.

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126

Figura 45- Expansão do espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H, 13C- HSQC de Ota 06 obtido em um espectrômetro Bruker Avance DRX 400 MHz.

Tabela 26- Deslocamento químico em δ de RMN de 1H e 13C da fração 0ta 06

RMN de 1H RMN de 13C Parte alifática

8 3,02 (t, 2H) 22,50 9 3,20 (t, 2H) 40,50

N(CH3)2 2,85 (s, 6H) 44,00 Parte

2 7,10(s, 1H) 125,80 4 6,90 (d,1H) 102,97 6 6,76 (dd, 1H) 112,01 7 7,29 (d, 1H) 113,40

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127

Os espectros de ESI/MS e ESI/MS/MS da amostra ota 06 (Figura 46)

revelaram um pico predominante com íon molecular [M+H]+ 205 e os picos m/z

160, 159, 146, 145, 132, 131, 117, 91 e 58. Os dois picos em m/z 146 e 160

aparentam ser de um grupo hidroxi-indol com um e dois grupos CH2,

respectivamente, ligados na posição β do sistema indólico (Figura 47) (GHOSAL &

MUKRERJEE, 1966). O pico base m/z 58 corresponde a perda do grupo CH2-

N(CH3)2+ de [M+H]+ e o íon 131 origina-se da perda de CH2-CH2-N(CH3)2

acompanhada por migração de um hidrogênio. Os íons 117, 91 e 77 são formados

pela clivagem do sistema indólico (ZHALOLOV et al., 2000).

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128

Figura 46- Espectros de ESI-MS e ESI-MS/MS da amostra ota 06, análise do íon 205 [M+H+] com diferentes energia de colisão A, B (10 eV), C (20 eV).

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129

Figura 47- Fragmentação da cadeia lateral da bufotenina (GHOSAL & MUKRERJEE, 1966).

Assim, os dados espectrais de RMN 1H, RMN de 13C, Massas, IV e UV

comparados com os da literatura (GHOSAL & MUKHERJEE, 1966; ZHALOLOV et

al., 2000; SOMEI et al, 2000; FORSSTROM et al, 2001; McCLEAN et al, 2002;

REVIAL et al, 2002), confirmam a estrutura da bufotenina para a fração ota 06.

As frações oop 06 e ola 06 apresentaram semelhantes tempos de retenção

e intensidades quando comparadas a fração ota 06, levando a uma forte indicação

de ser tratar do mesmo composto. Essas observações foram confirmadas pelas

análises dos espectros de ESI/EM/EM das referidas frações, apresentando o

mesmo pico molecular e semelhante padrão de fragmentação (Figuras 48 e 49).

HO

NN(CH3)2

H

a

b aHO

NH

CH2

+H2C N(CH3)2

146

58b

N

CH2

H

HO +

160

HO

NH159

Bufotenina

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130

Figura 48- Espectros de ESI-MS/MS da amostra oop 06, íon 205 [M+H+] com diferentes energia de colisão A (O eV), B (10 eV) e C (20 eV).

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131

Figura 49- Espectros de ESI-MS/MS da amostra ola 06, íon 205 [M+H+] com diferentes energia de colisão A (O eV), B (10 eV) e C (20 eV).

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132

A bufotenina (5-hidroxi-N,N-dimetiltriptamina ou N,N-dimetilserotonina) foi

uma das primeiras indolalquilaminas a ser identificada. Possui propriedades

psicotrópicas potente, e normalmente é associada a desordens mentais

temporárias e doenças como esquizofrenia e comportamentos psicóticos,

provavelmente devido as suas características fisiológicas semelhantes ao da

dietilamida do ácido lisérgico LSD (RÄISÄNEN & KÄRKKÄINEN 1979; TAKEDA et

al., 1995).

Ocorre amplamente no reino vegetal, com predominância nas plantas da

família Leguminosae (SMITH, 1977), e nos vertebrados, principalmente mamíferos

(FORSSTRÖM, 2001) e anfíbios, especialmente do gênero de Bufo (Bufonoidae)

(CEI et al., 1972).

Muitos trabalhos, entre eles os de Roseghini e colaboradores (1986; 1989)

e Erspamer (1994), mostraram que a bufotenina não está restrita somente ao

gênero Bufo (recebeu esse nome por ter sido primeiramente identificada a partir

da secreção da pele de Bufo bufo). Está amplamente distribuída em espécies dos

mais variados gêneros, como: Xenopus, Rana, Leptodactylus, Litoria, Scaphiopus.

Neste trabalho identificamos a bufotenina em três espécies do gênero

osteocephalus, fato que até então, não havia sido descrito na literatura.

Das espécies estudadas duas são endêmicos na Amazônia, O. taurinus e

oophagus, e a terceira endêmica na Mata Atlântica (Figura 22), fato que chamou

bastante atenção. Existem vários trabalhos indicando que algumas classes de

metabólitos de anfíbios estão relacionadas com sua dieta e habitat, e as espécies

em questão pertencem a regiões bem diferentes o que mostra à necessidade de

estudos mais detalhados tanto por químicos, como por biologos e ecólogos.

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133

Roseghini e colaboradores (1986) realizando um screening para detectar

substâncias bioativas em mais de 150 espécies de anfíbios, entre elas o

Osteocephalus taurinus, usando cromatografia de placa com reveladores

específicos, só detectaram a serotonina e a leptodactilina. Acreditamos que

provavelmente, esse resultado, foi devido à variação natural desses metabólitos

em relação ao sexo, região, dieta, e entre populações da mesma espécie.

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134

4.2. ISOLAMENTO, PURIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DA FRAÇÃO OTA 08

O material referente à fração ota 08 foi cromatografado em CLAE-FR

analítica (Figura 50) até que sua pureza fosse constatada por MALDI-TOF/MS. A

massa molecular de ota 08 intacta foi determinada por MALDI-TOF/MS como

sendo 6668.09 Da (Figura 51).

Figura 50- Cromatograma de ota 08 obtido em CLAE-FR Shimadzu LC10 AD-VP). Coluna analítica e pré-coluna Vydac C18, gradiente linear ACN/TFA 0,1%. Monitorado simultaneamente a 216 (---) e 280 (---) nm.

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135

Figura 51- Espectro de massas MALDI-TOF da fração ota 08 obtido em espectrômetro Voyager-DE STR (Applied Biosytems). Matriz: ácido trans-4-hidroxi-3-metoxi-cinâmico em propanona. Modo linear e detecção de íons positivos.

Experimentos com MALDI-TOF/MS usando DTT revelaram a presença de

pontes de dissulfeto. Este dado pode ser estimado pelo ganho de massa da

molécula devido à entrada de hidrogênio por ocasião da redução das pontes. A

porção N-terminal de ota 08 foi seqüenciada por degradação de Edman, e assim

obteve-se 35 dos 56 possíveis aminoácidos da seqüência completa (Tabela 27).

Em seguida, o ota 08 foi reduzido com DTT e alquilado com iodoacetamida. O

material foi então dessalinizado por meio de diálise e depois purificado por CLAE-

FR. O espectro de massa de ota 08 alquilado mostra a entrada de quatro grupos

acetamida na sua seqüência (6668,09 → 6905,07) (Figura 52), confirmando a

existência de quatro resíduos de cisteína.

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136

Figura 52- Espectro de massa MALDI-TOF da fração ota 08 alquilada com iodoacetaminada.

O material alquilado foi em seguida clivado enzimaticamente com tripsina e

seus fragmentos resultantes foram separados e purificados por cromatografia de

fase reversa. Os fragmentos foram analisados por espectrometria de massa

sistema MALDI-TOF/MS (Figura 53) e suas massas comparadas às massas da

previsão de clivagem obtida no programa CUTTER de clivagem teórica, o que

levou à confirmação de alguns fragmentos da seqüência obtida por degradação de

Edman (Tabela 27 ).

Tabela 27- Fragmentos confirmados da Fração ota 08

Seqüência do Ota 08 Massa Teórica

Massa Exp.

EQDPKCLLSRNLGKGKSSLTRYYYDKSASICKPFKYQGNCFRFKRMQYMFRDCVAF 6715,29

CLLSR 648,35 648,51

CLLSRNLGK 1060,59 1060,5

SSLTR 563,32 563,63

YYYDK 751,33 751,49

SASICKPFK 1038,55 1037,5

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137

A seqüência completa não foi obtida por falta de material. Os experimentos

realizados através ressonância plasmônica de superfície (SPR) indicam que ota

08 é um inibidor de tripsina com similaridade com inibidores de tripsina-acrosina

de várias fontes animais.

Figura 53- Espectro de fragmento tríptico de ota 08 obtido em espectrômetro Voyager-DE STR (Applied Biosytems). Matriz: ácido trans-4-hidroxi-3-metoxi-cinâmico em ACN 50% + TFA 0,3% em solução aquosa. Modo linear íons positivos.

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138

4.2.1. ESTUDOS DE INTERAÇÃO BIOMOLECULAR

Estudos preliminares por ressonância plasmônica de superfície (SPR)

mostraram interação de ota 08 com β-tripsina (Figura 54).

Figura 54- Sensograma de interação de ota 08 com tripsina obtido em BIACORE 3000; chip de dextran com tripsina imobilizada. Tampão: hepes 10 mmol/L pH 8,0; NaCl 150 mmol/L; EDTA 3 mmol/L e surfactante P20 0,005%. Solução de regeneração: 10 mmol/L cloridrato de glicina, pH 2,0. fluxo de 20 µL. min-1.

A espectroscopia de SPR é uma técnica em que a molécula interagente, o

ligante, está imobilizada em uma matriz sólida e a outra molécula, o analito, está

em solução em concentração sub-nM. A interação entre elas é monitorada em

tempo real.

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139

A resposta por SPR é relativa a mudanças no índice de refração na

superfície do biosensor, causadas por alteração na concentração, como por

exemplo, quando uma das moléculas presentes em solução se liga ao ligante

imobilizado, como aconteceu com ota 08.

O sinal SPR é expresso em unidades de ressonância (RU), plotados

contra o tempo em um sensograma. 1000 RU equivalem a uma mudança na

concentração do ligante de aproximadamente 1ng.mm-2 para a maioria das

biomoléculas (STEMBERG, 1991).

O sensograma da fração ota 08 (Figura 54) mostra uma substancial

interação com o ligante tripsina (RU – 20500 a 21500) indicando ser ota 08 um

inibidor de tripsina. A falta de material suficiente para testes impediu a

determinação das constantes de associação e dissociação.

Recentemente, inibidores de protease têm sido acrescidos na

diversificada lista de classes de substâncias de pele de anfíbios. O primeiro, em

1996, foi o inibidor de tripsina de pele de Bombina (BSTI) isolado de Bombina

bombina; possui 60 residuos de aminoácido, sendo 10 cisteínas e mostrou

atividade inibidora contra tripsina e trombina. Em 2000, Colon e Kin descreveram

um inibidor de protease encontrado na pele de espécimes de Dyscophus guineti

da família Microhylidae. Em 2002, mais três foram isolados, dois a partir de

secreção cutânea de Rana areolata e um de Bombina maxima. Em 2003, quatro

novos inibidores foram isolados de Phyllomedusa tarsius e dois de Bombina

variegata. Finalmente, em 2004, mais três, PSTI, PSKP-1 e PSKP-2 foram

isolados de Phyllomedusa sauvagii (SANTOS, 2003; TIMBAO, 2003; GEBHARD,

2004).

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140

Um crescente interesse de inibidores de protease tem-se estabelecido,

pelo fato de que tais substâncias são de grande importância no controle de

proteólise. Eles são encontrados em numerosos fluidos biológicos e tecidos de

animais e plantas. Nos animais, por exemplo, eles controlam eventos associados

à coagulação sanguínea, à migração celular, ao transporte hormonal, à supressão

de tumores, à conversão de pró-hormônios, à fibrinólise e a reações inflamatórias.

Os inibidores de proteases serínicas teriam a função de facilitar a internalização e

a degradação de enzimas proteolíticas indesejadas (SANTOS, 2003).

Inibidores de protease são farmacologicamente importantes no controle

do HIV/AIDS, porque previne o processamento de proteínas virais e

consequentemente a formação de partículas virais "maduras". Os inibidores de

protease não levam a cura ou eliminam o vírus, mas atrasam a progressão da

doença e diminuem as taxas de morte por AIDS (SANTOS, 2003 apud MILLER et

al., 2000).

Os inibidores de protease estão também relacionados com o controle de

metástase em câncer de mama. A mobilidade de células cancerosas, para regiões

distantes do tumor, é propiciada graças a ação de serinoproteases extracelulares.

Acredita-se que devido a presença de inibidores endógenos de proteases a

migração dessas células é controlada. Entretanto, várias células cancerosas são

capazes de suprimir esses inibidores de forma ainda não conhecida (SANTOS,

2003 apud KIDD et al., 2001).

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141

4.3. ISOLAMENTO, PURIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE OTA 09.

O material referente à fração ota 09 foi cromatografado em CLAE-FR

analítica (Figura 55) até que sua pureza fosse constatada por MALDI-TOF/MS. A

massa molecular de ota 09 intacta foi determinada por MALDI-TOF/MS como

sendo 1706 Da (Figura 56).

Figura 55- Cromatograma de ota 09 obtido em CLAE-FR Shimadzu LC10 AD-VP). Coluna analítica e pré-coluna Vydac C18, gradiente linear ACN/TFA 0,1%. Monitorado simultaneamente a 216 (---) e 280 (---) nm.

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Figura 56- Espectro de massas MALDI-TOF/MS da fração ota 09 obtido em espectrômetro Voyager-DE STR (Applied Biosytems). Matriz: ácido trans-4-hidroxi-3-metoxi-cinâmico. Modo linear e detecção de íons positivos.

Após confirmação de seu grau de pureza a fração ota 09 teve seu N-

terminal e sua seqüência completa obtida por degradação de Edman (PPSQ-23

SHIMADZU Co.) e espectrometria de massa (Micromass Q-TOF 2) (Figura 57). O

ponto isoelétrico e a massa monoisotópica teórica do peptídeo ota 09 foram

calculados, via Internet, pelo pacote de ferramentas “Expasy Tools” e resultaram

em 3,67 e 1706 Da, respectivamente (Tabela 29). A análise da seqüência nos

bancos de dados disponíveis não revelou nenhuma similaridade significante.

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143

Figura 57- Espectro de fragmentação EM/EM do íon 1706,48 (m/z) obtido espectrômetro Micromass Q-Tof 2 – íons b designados usando Micromass sequenciamento software.

Tabela 28 - Íons a, b, y e z do Espectro de Fragmentação EM/EM de ota 09

Íon Asp Ser Val Ala Ser Ser Ala Ala Gln Glu Leu Ser Gly Val Leu Ala Ser Asn

a. 88,04 175,07 274,14 345,18 432,21 519,24 590,28 661,32 789,37 918,42 1031,50 1118,53 1175,55 1274,62 1387,71 1458,74 1545,78 1659,82

b. 116,03 203,07 302,14 373,17 460,02 547,24 618,27 689,31 817,37 946,41 1059,50 1146,53 1203,55 1302,62 1415,70 1486,74 1573,77 1687,81

y. 1705,82 1590,80 1503,77 1404,70 1333,66 1246,63 1159,60 1088,56 1017,52 889,46 760,42 647,34 560,30 503,28 404,21 291,13 220,09 133,06

z. 1688,79 1573,77 1486,74 1387,67 1316,63 1229,60 1142,57 1071,53 1000,49 872,43 743,39 630,31 543,27 486,25 387,18 274,10 203,06 116,03

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Tabela 29- Estrutura primária do peptídeo ota 09 obtida por degradação de Edman em seqüenciador automático PPSQ23 (Shimadzu) e espectrometria de massa (Micromass Q-TOF 2). Ponto Isoelétrico (pI) teórico e massa molecular calculados, via Internet, pelo pacote de ferramentas “Expasy Tools”.

A previsão da estrutura secundária de peptídeo ota 09, nos programas

pertencentes ao site “Expasy Tools”, revelou tendência a formar α-hélice como

mostra a Tabela 30.

Tabela 30- Predição de estrutura secundária do peptídeo ota 09 obtidos pelo pacote de ferramentas “Expasy Tools”.

Programa Predição de Estrutura Secundária SOPMA hhhhhhhhhhhhhhhhht HNN cchhhhhhhhhhhheccc nnPredict Nnnnnhhhhhheneennn GOR IV Ccccccchhhhheeeeec

h= hélice; t= torção beta; c= curva randômica; e= porção estentida.

4.3.1. SÍNTESE QUÍMICA DE OTA 09

A fração ota 09, após seqüenciada, foi sintetizada pelo método de síntese

química em fase sólida (SPFS). A figura 58 mostra o espectro EM/EM do

peptídeo sintético.

Seqüência DSVASSAAQELSGVLASN pI 3,67 Peso Molecular 1706,48 Da

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Figura 58 – Espectro EM/EM do peptídeo sintético ota 09 (sintetizado pelo método de síntese química em fase sóloda (SPFS)

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4.3.2. PEPTÍDEO OTA 09 C0M METAL

A análise do espectro de massa de ota 09 (Figura 57; Tabela 31) está

indicando tratar-se de um peptídeo que se liga facilmente a metal, isso nos impeliu

a realizar vários experimentos para confirmar tal observação.

Tabela 31- Análise dos íons do espectro de massas MALDI-TOF/MS da fração ota 09 obtido em espectrômetro Voyager-DE STR (Applied Biosytems). Matriz: acido trans-4-hidroxi-3-metoxi-cinâmico. Modo linear e detecção de íons positivos.

Íon (m/z) Indicação 1706.4818 [M+H]+

1728.4906 [M+Na]+

1744.4500 [M+Na+K]+

1750.4968 [M+2Na]+

1766.4000 [M+2Na+K]+

1772.3850 [M+3Na]+

1788.4300 [M+3Na+K]+

1794.4761 [M+4Na]+

Os experimentos realizados com os metais alcalinos mostraram uma forte

interação com o peptídeo ota 09. Os espectros de massa com suas respectivas

fragmentações (Figuras 59 a 59.13) confirmam a forte interação do peptídeo com

esses metais. Analisando as séries B e Y (Tabela 28) podemos propor que o metal

está ligado a partir do íon B4, embora fracamente, mas confirmado pelo íon Y15,

até B17 (Figura 60).

Além dos metais alcalinos foram realizados experimentos com metal

alcalino terroso (Cálcio) e metais de transição (Ferro, Cobalto, Níquel, Cobre e

Cádmio) (Figuras 61 e 62).

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147

Figura 59- Espetros de massas de ota 09 (M), M+Li, M+Na e M+K.

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148

Figura 59.1- Espectros de massas de ota 09 (M) e M + Cs

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149

Figura 59.2- Íons B2 e Y2 dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K

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150

Figura 59.3- Íons B3, Y3, Y3+Li, Y3+Na e Y3+K dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K. A partir do íon Y3 começa a ligação com os metais.

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151

Figura 59.4- Íons B4 (B4+K?), Y4, Y4+Li, Y4+Na e Y4+K dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K.

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152

Figura 59.5- Íons B5, B5+Li, B5+Na e B5+K dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K.

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153

Figura 59.6- Íons B6, B6+Li, B6+Na e B6+K, Y5, Y5+Li, Y5+Na, Y5+K, Y6, Y6+Li, Y6+Na, Y6+K dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K.

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154

Figura 59.7- Íons B6, B6+Li, B6+Na e B6+K, Y6, Y6+Li, Y6+Na, Y6+K e B7-H2O dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K.

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155

Figura 59.8- Íons Y7, Y7+Li, Y7+Na, Y7+K dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K.

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156

Figura 59.9- Íons B7, B7+Li, B7+Na, B7+K, B7-H2O, B8, B8+Li, B8+Na, B8+K, Y7, Y7+Li, Y7+Na e Y7+K dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K.

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157

Figura 59.10- Íons B9, B9+Li, B9+Na, B9+K9, Y8, Y8+Li, Y8+Na e Y8+K dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K.

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158

Figura 59.11- Íons B10, B10+Li, B10+Na, B10+K, B11, B11+Li, B11+Na, B11+K, Y10, Y10+Li, Y10+Na, Y10+K, Y11, Y11+Li, Y11+Na e Y11+K dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K.

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159

Figura 59.12- Íons B12, B12+Li, B12+Na, B12+K, B13, B13+Li, B13+Na, B13+K, Y12, Y12+Li, Y12+Na, Y12+K, Y13, Y13+Li, Y13+Na e Y13+K dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K.

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160

Figura 59.13- Íons B14, B14+Li, B14+Na, B14+K, B15, B15+Li, B15+Na, B15+K, Y14, Y14+Li, Y14+Na, Y14+K, Y15+Li, Y15+Na e Y15+K dos Espectros de Fragmentação EM/EM de M, M+Li, M+Na e M+K.

Figura 60- Peptídeo + Metal

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Figura 61- Espectros de massas de ota 09, Ota 09 + Ca, Ota 09 + Fe e Ota 09 + Co

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Figura 62- Espectros de massas de ota 09, Ota 09 + Cd, Ota 09 + Cu e Ota 09 + Ni

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4.3.3. TESTES ANTIMICROBIANOS

O peptídeo ota 09 foi testado contra duas cepas bacterianas patogênicas da

espécie humana: Escherichia coli (gram-negativa) e Staphylococcus aureus

(gram-positivo), todas do tipo ATCC. Foi obtida a concentração mínima necessária

para a inibição do crescimento bacteriano denominado de CIM.

Os testes foram realizados por meio de um ensaio de diluição seriada,

partindo-se da concentração de 1,5 µM (2 µg/mL) a 195,2 µM (256 µg/mL) de ota

09. Como referências, foram testados também antibióticos de uso comercial como

a Amoxacilina e o Imipenem. Os resultados estão sendo mostrados na Tabela 32.

Tabela 32- Atividade antimicrobiana do peptídeo ota 09

BACTÉRIAS MIC* (µM) OTA9 Amoxacilina Imipenem S. aureus** ATCC 25923 74,8 NDA**** 102,1 E. coli*** ATCC 25922 37,4 28,0 26,5

*CIM – concentração inibitória mínima;** Staphylococcus aureus;*** Escherichia coli; **** NDA - não detectada atividade.

O peptídeo ota 09 apresentou ação antibacteriana significativa em relação

ao Staphylococcus aureus quando comparado ao Imipenem, pertencente aos

carbapenêmicos (subclasse dos betalactâmicos). Quanto a Escherichia coli o

peptídeo apresentou atividade antibacteriana em concentrações discretamente

superiores ao das drogas comparadas.

O Staphylococcus aureus devido sua virulência pode comprometer o

organismo em infecções sistêmicas, ocasionando septicemia, endocardite, choque

tóxico e outras complicações (ZAVADINACK et al., 2002). É o microorganismo mais

freqüentemente isolado de infecções comunitárias, e 54% das mães com crianças

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164

menores de um mês têm cultura positiva para o S. aureus na presença de mastite.

Acima de 92% dos pacientes com estafilocóccia apresentam resistência às

penicilinas (GIUGLIANI, 2004).

A Escherichia coli é o patógeno mais comum causador da infecção urinária

(IU), sendo responsável por, aproximadamente, 85% dos casos. Dados

epidemiológicos evidenciam, entre as mulheres sexualmente ativas, uma elevada

incidência de IU, pelo menos duas durante o menacme (LENZ, 2000).

O peptídeo ota 09 também foi testado contra o crescimento de fungos

leveduriformes patogênicos humanos, Candida albicans e Candida tropicalis,

ambos do tipo ATCC. Foram determinadas a concentração de inibição mínima

(CIM) e a concentração mínima fungicida (CMF) para o peptídeo e para os

antifúngicos Cetoconazol e Fluconazol. O Fluconazol por ser uma droga

reconhecidamente de ação fungistática não apresenta CMF.

Os testes foram realizados por meio de um ensaio de diluição seriada,

partindo-se da concentração de 1,5 µM (2 µg/mL) a 195,2 µM (256 µg/mL) de ota

09. Como referências, foram testados também antifúngicos de uso comercial como

o Cetoconazol e o Fluconazol. Os resultados estão sendo mostrados na Tabela

33.

Tabela 33- Atividade antifúngica do peptídeo ota 09

FUNGOS CIM* / CFM** (µM) OTA9 Fluconazol Cetoconazol Candida albicans 74,8 / 74,8 230,0 / *** 5,0 / 35,7 Candida tropicalis 37,4 / 37,4 8,5 / *** 9,7 / 75,0

*CIM – concentração inibitória mínima; ** CFM – concentração fungicida mínima; *** Fluconazol não apresenta ação fungistática.

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165

Os resultados mostraram que o peptídeo ota 09 apresentou ação

antifúngica significativa em relação a Candida albicans quando comparado ao

Fluconazol, e discreta ao Cetoconazol. Quanto a Candida tropicalis o peptídeo

apresentou atividade antifúngica, entretanto em concentração superior as das

drogas comparadas.

A cândida é um fungo que, sob determinadas condições, multiplicando-se

por esporulação, torna-se patogênico. A maioria das mulheres (75%) tem pelo

menos um episódio de candidíase sintomática uma vez na vida (MORSE, 1999),

dessas 40 a 50% apresentam recorrência e 5% desencadeiam um quadro de

vulvovaginite crônica recorrente. A Candida albicans causa 90% dessas

infecções, e em 15 a 20% dos casos outras espécies estão envolvidas, como a

Candida tropicalis, C. glabrata, C. rugosa, produzindo idênticas manifestações

clínicas (LIMA et al., 2003).

Em relação ao tratamento das infecções fúngicas, as décadas de 60 e 70

foram consideradas como a era da Anfotericina B; a década de 80 a era dos

diazólicos (Cetoconazol, Miconazol) e a de 90, a era dos triazólicos (Itraconazol,

Fluconazol). Drogas como o Fluconazol e o Cetoconazol possuem eficácia no

tratamento da candidíase, entretanto, apresentam toxicidade sistêmica e

resistência a múltiplas cepas (ODDS, 2004).

Atualmente, há linhagens de estafilococos e de candidas resistentes a

vários tipos de antimicrobianos. Na década de 40, doenças como as provocadas

por estafilococos tinham sido transferidas da categoria "extremamente perigosas"

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166

para a de "infecções secundárias facilmente controladas". Em 1946, apenas 5%

das bactérias estafilococos eram resistentes à penicilina; em 1948 esse número

havia subido para 18%; em 1950 era de 40% e em 1982 de 90% (LIMA et al.,

2003).

Por isso, inúmeros estudos vêem sendo desenvolvidos em busca de drogas

eficazes, de menor toxicidade, menor potencial de resistência antimicrobiana e

pequeno número de efeitos colaterais para tratamento das infecções bacterianas e

fúngicas. Isto se deve a magnitude destas infecções, pois segundo a OMS vírus,

bactérias e parasitas são, de longe, a principal causa da mortalidade humana. Na

década de 90, as doenças infecciosas responderam por um terço de todas as

mortes ocorridas no mundo.

Os peptídeos, oriundos da pele de anfíbios, têm sido alvos destes estudos

por serem potencialmente ativos contra um largo espectro de microorganismos e

não apresentarem toxicidade em célula normal de mamíferos (FEDER et al., 2001).

O primeiro peptídeo de pele de anfíbio, que apresentou atividades

antimicrobianas, além da hemolítica, foi a bombinina. Foi isolada, há mais de 30

anos, de Bombina variegata (CSORDAS & MICHL, 1969). A partir desta data mais

de cinqüenta peptídeos antimicrobianos de anfíbios já foram isolados, tendo como

principal característica à natureza catiônica e a capacidade de permeabilizar

membranas de microorganismo causando perturbações múltiplas e irreversíveis

(PRATES, 1999; 2003). Além das atividades antimicrobianas, alguns desses

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167

peptídeos apresentam outras atividades farmacológicas, o que reforça, ainda

mais, sua utilização como potentes agentes terapêuticos.

As propriedades farmacológicas do peptídeo ota 09, sem dúvida, precisa de

maiores investigações, mas o resultado mostrado já o coloca como um agente

terapêutico promissor.

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168

4.4. ISOLAMENTO, PURIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE OTA 18

O material referente à fração 18 foi cromatografado em CLAE-FR analítica

(Figura 63) até que sua pureza fosse constatada por MALDI-TOF/MS. A massa

molecular do ota 18 intacto foi determinada por MALDI-TOF/MS como sendo

3226,63 Da (Figura 64)

Após confirmação de seu grau de pureza, a fração ota 18 teve sua

seqüência completa obtida por degradação de Edman (Tabela 34).

Figura 63- Cromatorama de ota 18 obtido em CLAE-FR Shimadzu LC10 AD-VP). Coluna analítica e pré-coluna Vydac C18, gradiente linear ACN+TFA 0,1%. Monitorado simultaneamente a 216 (---) e 280 nm (---).

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169

Figura 64- Espectro de massa MALDI-TOF da fração ota 18 obtido em espectrômetro Voyager-DE STR (Applied Biosytems). Matriz: ácido trans-4-hidroxi-3-metoxi-cinâmico em propanona. Modo linear e detecção de íons positivos. Laser de Nitrogênio 337.

O ponto isoelétrico (pI) e a massa monoisotópica teórica do peptídeo ota 18

foram calculados, via Internet, pelo pacote de ferramentas “Expasy Tools” e

resultaram em 5,84 e 3226,63 Da, respectivamente (Tabela 34). A análise da

seqüência nos bancos de dados disponíveis não revelou nenhuma similaridade

significante.

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170

Tabela 34- Estrutura primária do peptídeo ota 18 obtida por degradação de Edman em seqüenciador automático PPSQ23 (Shimadzu). Ponto Isoelétrico teórico e massa molecular calculados, via Internet, pelo pacote de ferramentas “Expasy Tools”

A previsão da estrutura secundária de peptídeo ota 18, nos programas

pertencentes ao site “Expasy Tools”, revelou tendência a formar α-hélice como

mostra a Tabela 35.

Tabela 35- Predição de estrutura secundária do peptídeo ota 18 obtidos pelo pacote de ferramentas “Expasy Tools”

Programa Predição de Estrutura Secundária SOPMA eecccccchhhhhhheccctheeeeccttcc HNN cccccccchhhhhhhhccccheeehhccccc GOR IV ccccccccchhhhhhhhcceeeeeeeeeeec nnPredict nnnnnnnnnnhhhhhhnnnnnnheeennnnn

h= hélice; t= torção beta; c= curva randômica; e= porção estentida.

O peptídeo ota 18, devido sua pequena quantidade de material, não passou

por testes biológicos. Porém temos conhecimento da diversificada atividade

farmacológica dos peptídeos isolados de anfíbios, que acreditamos ser devido sua

função de proteção nesses animais, principalmente no controle de

Seqüência IALDTSIPTT MAQRTLALPQ AVTFQQVGGT P pI 5.84 Peso Molecular 3226,71 Da

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microorganismos. Vários peptídeos isolados de anfíbios já confirmaram possuir

uma excelente atividade antimicrobiana.

A maior parte dos peptídeos antibióticos parece partilhar um mecanismo de

ação comum, a permeabilização da membrana, mas a grande variedade de

mecanismos defensivos desenvolvidos pelos organismos multicelulares, na

imunidade não específica, levanta questões relativas ao papel preciso dos

peptídeos antibióticos no combate às infecções.

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5. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS

Os Estudos para busca de novos fármacos ou substâncias que sirvam de

modelos para síntese de fármacos já são uma necessidade imediata. Cada vez

mais os microrganismos estão ficando resistentes aos medicamentos em uso,

levando as comunidades médica e científica a ficarem em alerta.

A pele dos anfíbios, por possuir um arsenal de substâncias das mais

variadas estruturas e atividades biológicas, tornou-se um dos principais alvos

desses estudos. Nas últimas décadas, pesquisas mostraram que algumas

substâncias presentes nas secreções de pele de anfíbios possuem extraordinários

efeitos farmacológicos, algumas já em uso e outras em avançados testes ou

servindo de modelo para fármacos.

As substâncias isoladas e identificadas neste trabalho confirmam a

diversidade de classes de substâncias em anfíbios. Foi isolada e identificada a

bufotenina, uma amina biogênica, nas três espécies estudadas, O. taurinus e O.

oophagus da Amazônia Brasileira e O. langsdorffii da Mata Atlântica; dois

peptídeos (OTA 09 e OTA 18) e uma pequena proteína (OTA 08) isolados e

seqüenciados de O. taurinus.

A bufotenina foi identificada nas três espécies, confirmando não só a idéia

que diferentes famílias de anfíbios possuem sistema de defesa comum, mas

também um alto padrão de conservação de substâncias bioativas, em espécies

com significante dispersão geográfica (Mata Atlântica e Amazônia).

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Um outro fator importante foi a semelhança do perfil cromatográfico entre as

três espécies, mostrando que a quimiossistemática é uma forte ferramenta para

contribuição na classificação das espécies.

O peptídeo OTA 09, isolado de O. taurinus, mostrou considerável atividade

antimicrobiana, destacando sua atividade bactericida. Apresentou esta atividade

em concentrações menores ao antibiótico comercial Imipenem® (utilizado em

infecções graves e multiresistentes), um carbapenêmico da subclasse dos

betalactâmicos. Alguns trabalhos mostraram que os peptídeos quando

sintetizados em fase sólida mantiveram sua atividade, o que demonstra a

viabilidade de se utilizar os análogos sintéticos dos peptídeos descobertos.

O peptídeo OTA 09 também apresentou forte interação com metais (Lítio,

Sódio, Potássio, Césio, Cálcio, Ferro, Cobalto, Níquel, Cobre e Cádmio). Alguns

trabalhos têm demonstrado que a presença do metal é de fundamental

importância para a atividade de alguns complexos, já que o ligante sem a

presença do metal fica completamente inativo.

O OTA 08, um possível inibidor de serinoprotease, foi seqüenciado

parcialmente. Os inibidores de serinoproteases são de grande interesse na

indústria farmacêutica, devido à sua ação como moduladores, executando tarefas

estratégicas em diversos sistemas fisiológicos. A pele de anfíbios está se

mostrando um excelente fornecedor dessas substâncias.

O peptídeo OTA 18, também isolado de Osteocephalus taurinus, não foi

submetido à avaliação farmacológica.

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Como perspectivas já existe uma proposta, a curto prazo, de estudar as

outras espécies do gênero já que não existem dados na literatura, e verificar se

essas espécies conservam o mesmo perfil químico. Com isso poderemos

contribuir para a classificação dessas espécies.

Em relação ao OTA 08 existe um grande interesse para seqüência-lo

completamente.

O OTA 09 passará por novos testes antimicrobianos, mas desta vez usando

o complexo OTA 09 + Metal, onde será avaliado se o potencial de atividade

aumenta ou diminui com a presença do metal.

Os peptídeos isolados de anfíbios apresentam um amplo espectro de

atividades, das quais se destacam: atividade hemolítica, bactericida, antifúngica e

hormonal. Desta forma temos o interesse da síntese, ou até mesmo de coletar

novos indivíduos para obtenção de OTA 18 para uma avaliação farmacológica.

O estudo químico e farmacológico das espécies de Osteocephalus deverá

ser continuado, objetivando principalmente para o conhecimento da nossa

biodiversidade.

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Anexos

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Anexo 01 – Degradação de Edman

Fonte: Lehninger, A.L.; Nelson, D.L.; Cox, M.M. Principles of Biochemistry. 3° ed., New York, 1999.

N C S H2NN

NN

OH

O

O

O

OR1

R2

R3

R4

H

H

H

NN

NN

OH

O

O

O

OR1

R2

R3

R4

H

H

H

H

CN

S

H

NN

NN

OH

O

O

O

OR1

R2

R3

R4

H

H

H

CS

H

NH

NN

NN

OH

O

O

OR1

R2

R3

R4

H

H

H

H

C S O

HN

H

NN

NN

OH

O

O

OR1

R2

R3

R4

H

H

H

H

C S O

HN

N

R1

H

C SN

O H2NN

NOH

O

O

O

R2

R3

R4H

H

Fenil isotiocianato

Peptídeo com menos um aminoácido

Ppetídeo

N N

O R1

SH

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200

Anexo 02 – Reação de Alquilação das Cisteínas

Fonte: Kyte, J. Chemical reactions; Mechanisms in protein chemistry. Garland Publishing, Inc.; New York, 1995.

NO

O S

HNH2H

H I

O

Fragmento peptídeocontendo cisteína

Iodoacetamida

H NO

O S I

NH2O

HH

NO

O S

ONH2

H H

H

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201

Anexo 03 – Reação de Redução das pontes dissulfeto

Fonte: Kyte, J. Chemical reactions; Mechanisms in protein chemistry. Garland Publishing, Inc.; New York, 1995.

S S e S S

S S HS

HS

e

SH S H S

HS

H

Ponte dissulfeto ânion radical dissulfeto

tiolato radical tiol

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