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página 6
Ano XII - nº 77 | julho/agosto | 2011
Publicação da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil
Saúde em risco: exame desnecessário pode ser prejudicial
2 Jornal CASSI Associados
AN
S -
nº 3
4665
-9 Conselho DeliberativoRoosevelt Rui dos Santos (Presidente)Fernanda Duclos Carísio (Vice-presidente)Amauri Sebastião Niehues (Titular)Ana Lúcia Landin (Titular)Loreni Senger Correa (Titular)Marco Antonio Ascoli Mastroeni (Titular)Renato Donatello Ribeiro (Titular)Sergio Iunes Brito (Titular)Vagner Lacerda Ribeiro (Suplente)Claudio Alberto Barbirato Tavares (Suplente)Fernando Sabbi Melgarejo (Suplente)Gilberto Lourenço da Aparecida (Suplente)Íris Carvalho Silva (Suplente)José Roberto Mendes do Amaral (Suplente)Milton dos Santos Rezende (Suplente)Ubaldo Evangelista Neto (Suplente)
Conselho FiscalGilberto Antonio Vieira (Presidente)Eduardo Cesar Pasa (Titular)
Francisco Henrique Pinheiro Ellery (Titular)Frederico Guilherme F. de Queiroz Filho (Titular)Paulo Roberto Evangelista de Lima (Titular)Rodrigo Nunes Gurgel (Titular)Benilton Couto da Cunha (Suplente)Marcos José Ortolani Louzada (Suplente)Cesar Augusto Jacinto Teixeira (Suplente)Luiz Roberto Alarcão (Suplente)José Caetano de Andrade Minchillo (Suplente)Viviane Cristina Assôfra (Suplente)
Diretoria ExecutivaHayton Jurema da Rocha(Presidente)Denise Lopes Vianna(Diretora de Planos de Saúde e Relac. com Clientes)Maria das Graças C. Machado Costa(Diretora de Saúde e Rede de Atendimento)Geraldo A. B. Correia Júnior(Diretor de Administração e Finanças)
ExpedienteEdição e RedaçãoEditor: Sergio Freire (MTb-DF 7.630)
Jornalistas: Liziane Bitencourt Rodrigues (MTb-RS 8.058), Marcelo Delalibera (MTb-SP 43.896), Pollyana Gadêlha (MTb-DF 4.089) e Tatiane Cortiano (MTb-PR 6.834)
Edição de arteProjeto gráfico: Luís Carlos Pereira Aragão e Carlos Eduardo Peliceli
Diagramação: Luís Carlos Pereira Aragão e Caroline Morais
Produção
Impressão: Fórmula Gráfica
Tiragem: 149.558 exemplares
Edição: julho/agosto 2011
Imagens: Divisão de Marketing, Stockxchng e Dreamstime
Valor unitário impresso: R$ 0,34
Publicação da CASSI (Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil). “É permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte”.
A tarefa primeira de publicações com-
prometidas com seus leitores é levar-
lhes informação suficiente e capaz
de estimular o debate. O risco de ser
contestado está sempre presente,
mas vale a pena corrê-lo se aumen-
tar o nível de conscientização das
pessoas sobre determinado assunto.
É o que buscamos fazer a cada edição deste jornal.
A manchete de capa que você acabou de ler demonstra que não evitamos
tratar dos temas mais delicados (ver matéria da página 6). Ao entrevistar-
mos o médico Gustavo Gusso, profissional de saúde sério e capacitado,
levamos aos nossos associados um ponto de vista pouco abordado pela
grande imprensa, mas que merece toda a nossa reflexão.
Abordar temas de maior consenso poderia ser mais “ligth”. No entan-
to, o setor de saúde passa por transformações, com o envelhecimento
da população e a utilização de novas tecnologias, que fazem as proje-
ções de custos se transformarem em setas extremamente ascendentes.
É preciso não descartar discursos, mesmo os mais surpreendentes,
caso desejemos encontrar soluções para a sustentabilidade da CASSI.
Se existe algo complexo de abordar, nada mais pertinente que saúde, em
que se misturam aspectos técnicos, subjetivos, morais, sociais e econô-
micos. Gustavo Gusso aborda a assistência médica contemplando esse
caráter holístico.
A entrevista permite entender por que a CASSI tanto estimula que seus asso-
ciados escolham uma CliniCASSI como primeira opção em consulta médica.
Nesses locais, colocamos à disposição das pessoas médicos de família que
procuram compreender a individualidade de cada paciente.
Outro tema abordado nesta edição se refere à adoção do modelo de
verticalização. Uma decisão dessa importância merece ser amplamente
debatida entre todas as instâncias que compõem a governança da CASSI.
Foi o que fizemos ao organizar o workshop sobre o assunto (ver maté-
ria da página 10). Caso venhamos a optar por ter cotas de capital em
hospitais, precisamos definir o modelo participativo, considerando que
o setor é usuário intensivo de tecnologia e recursos. Também precisa-
mos pensar de que forma a estruturação do modelo de participação se
adapta às necessidades de nossos participantes, já que o pressuposto
é garantir, primeiramente, atendimento de qualidade.
Por último, lembro que esta publicação possui a seção fixa “Fala Asso-
ciado”, que tem se tornado um espaço de debate franco com nossos
participantes. As críticas mais acirradas têm sido publicadas e a CASSI
não se exime de respondê-las, a partir de critérios técnicos amparados
em nossas políticas assistenciais. O “Fala Associado” permite ainda que
você encaminhe sugestões de pauta para os próximos jornais.
Boa leitura.
Hayton Jurema da Rocha (presidente)
Debater é sempre saudável
EDITORIAL
Jornal CASSI Associados
EMAILS
ssociadossociadofalafalaEnvie seu comentário sobre as matérias para [email protected].
Reclamações e solicitações sobre outros assuntos devem ser encami-
nhadas pelo Contato Eletrônico, disponível em www.cassi.com.br, link
Fale com a CASSI.
Prevenção ao câncer
Apreciei muito a matéria sobre o câncer publicada na revista nº 75, pela
maneira simples, objetiva e didática como foi exposta ao alcance do
grande público. Walter Barreto de Alencar – Salvador (BA)
CASSI responde: Walter, é bom saber que a reportagem sobre o câncer
atingiu um dos objetivos do jornal CASSI – levar aos participantes informa-
ções importantes sobre saúde de forma acessível e interessante. Quere-
mos que o jornal se consolide como um veículo de conscientização dos
beneficiários sobre os melhores hábitos de saúde e práticas de prevenção.
Hospitais próprios
Se o objetivo de possuirmos hospitais próprios for o de evitar paralisa-
ções no atendimento, não poderíamos ter paralisações por greves dos
empregados desses “nossos” hospitais? Assim, talvez a melhor opção
seja participações consistentes no capital de mais de um hospital, por
Estado ou por polos regionais, de modo a minimizar, também, o risco de
paralisação no atendimento, causado por qualquer tipo de greve. Paulo
Roberto Costa Leal – Aracaju (SE)
CASSI responde: Paulo, a CASSI agradece sua contribuição com o de-
bate sobre o tema. A participação da Caixa de Assistência em hospitais
ainda está sendo estudada pelas instâncias deliberativas da Instituição
e os detalhes do processo ainda não estão definidos. Em julho, a CASSI
realizou, em Brasília, grande discussão sobre as vantagens e desvantagens
da verticalização. Confira a matéria da página 10 para saber os detalhes.
Rede credenciada
Cada dia mais médicos se descredenciam. Qual imagem vocês querem
preservar? Depois de ler o jornal sobre aumento nos valores, enquan-
to não houver boa vontade e, na devolução de uma guia se informar
tudo que precisa ser corrigido ao prestador, para evitar vai-e-vem de
guias, pagamentos corretos, no prazo estipulado, não adianta nada.
São essas as reclamações campeãs dos profissionais com quem tenho
contato. Também fiquei sabendo que aqui tem um otorrino que quer se
credenciar, mas não está conseguindo. Maria Cecília Faria Benassi –
Matão (SP)
CASSI responde: Maria Cecília, a CASSI esclarece que, mesmo antes
do acréscimo da remuneração dos prestadores, a Instituição já vinha
pagando valores na média de mercado. Com o aumento, o Plano está
entre os que mais bem remuneram prestadores no País. A matéria das
páginas 6 e 7 da edição maio/junho do jornal CASSI Associados mostra
Jornal CASSI Associados4
EMAILS
Participe. Envie email para [email protected]
os detalhes do assunto e a publicação está disponível para leitura em
www.cassi.com.br. A Caixa de Assistência também ressalta que os pe-
didos de credenciamento estão sendo autorizados pelos gerentes, e
são acolhidos tão logo sejam analisados os documentos obrigatórios.
As solicitações de credenciamento são realizadas pelo site da CASSI. Já
os descredenciamentos ocorrem, muitas vezes, por decisão do próprio
médico, que, depois de conquistar prestígio no mercado e clientela maior
do que a sua possibilidade de atendimento, opta por realizar somente
consultas particulares.
Coparticipação dos associados
Foi com imensa satisfação que li o artigo “CASSI se mantém superavitá-
ria em 2010”, publicado no jornal de jan/fev/2011. Não deixa de ser uma
alegria muito grande para quem foi chamado a contribuir com partici-
pação extra de 10% em exames e outros procedimentos, na hora em
que a CASSI mais necessitava da colaboração de seus associados para
cobrir o seu déficit. Com esse resultado positivo, fruto de competente
administração, chegou a hora de a Diretoria propor ao Conselho o can-
celamento da “coparticipação limitada” em reconhecimento à efetiva
colaboração financeira dos filiados naquele momento de dificuldade.
Peço publicar no próximo número o desejo deste e de todos os que
fazem a CASSI. José Henrique Carvalho – Brasília (DF)
CASSI responde: José, a maior utilidade da coparticipação se dá
como mecanismo regulador das despesas básicas da Caixa de
Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, que em 2010 to-
talizaram R$ 1,8 bilhão. Em relação a esse montante, os recursos
arrecadados como coparticipação são inexpressivos, no entanto,
criam maior comprometimento de cada participante sobre o uso de
procedimentos médicos e hospitalares a que se submete. A sus-
tentabilidade da Caixa de Assistência depende da gestão eficaz de
suas despesas e, nesse sentido, a Instituição não pode abdicar de
uma forma de controle que demonstrou sua utilidade desde que foi
criada na última reforma do estatuto, em 2007.
Entrega do jornal
Não dá para entender o motivo de tanto atraso na entrega do jornal
CASSI. Costumeiramente, chega com dois a três meses de atraso. Por
exemplo, acabo de receber o de nº 76, de maio/junho/2011, mesmo
residindo na cidade de Goiânia (GO). Francisco Ruiz – Goiânia (GO)
CASSI responde: Francisco, o jornal CASSI Associados é uma publica-
ção bimestral, enviada pelos Correios sempre no último mês de cada
edição, com prazo de distribuição em todo o País que pode chegar a
duas semanas. Assim, a edição 76, de maio e junho, teria de chegar a
sua residência até 15 de julho. Temos conseguido manter o cronogra-
ma de distribuição de quase todas as edições. Buscamos aprimorar o
processo de impressão e distribuição do jornal para que imprevistos
como o da última edição não voltem a ocorrer. Lembramos que há a
versão eletrônica da publicação, disponível para leitura um pouco antes
de o participante receber o jornal impresso. Para ler o jornal eletrônico,
acesse www.cassi.com.br, link “Todas as Publicações”.
Rede referenciada de atendimento
Então é assim: “Toda cidade com mais de mil participantes da CASSI
terá, além da atual rede credenciada, uma rede de médicos que será
referência...” [trecho retirado da edição 76 do jornal]. Enquanto isso,
os associados que vivem nas cidades com menos de mil participantes
continuam discriminados, ou seja, a CASSI utiliza a estatística contra os
associados do interior (foi o Banco, nosso patrocinador da CASSI, que
nos levou ao interior desta grande nação). Cuidar da saúde para todos
é isso? Eduardo Medeiros Gomes – Castro (PR)
CASSI responde: A criação de uma rede referenciada pressupõe a
existência de prestadores credenciados nas diversas especialidades
para escolha de uma rede singular. Em cidades onde a CASSI não pos-
sui um número significativo de participantes que desperte o interesse
de prestadores de saúde no credenciamento, a estratégia aprovada foi
a de remunerar melhor os honorários de consultas.
EMAILS
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Na hora de cantar parabéns, nosso desejo é que todos os seus sonhos continuem a se realizar.
A Cooperforte está comemorando 27 anos. Uma trajetória cheia de histórias felizes, graças à segurança, modernidade e simplicidade que a Cooperativa oferece aos associados.Obrigado por você fazer parte desta história! Neste aniversário, a satisfação e a felicidade dos cooperados são o nosso maior presente.presente.
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6 Jornal CASSI Associados
CASSI – Qual o problema de ir diretamente ao especialista?
Gustavo – Não faz sentido ir a um especialista se a gente não sabe qual
é o problema e, se são vários problemas, qual precisa ser abordado de
forma conjunta. Nos países desenvolvidos, os pacientes praticamente
vão sempre aos generalistas.
CASSI – O que levou o brasileiro à cultura de ir direto ao especialista,
partindo de um diagnóstico que o próprio paciente faz?
Gustavo – Isso começou nas décadas de 50 e 60, com a medicina
de mercado e a concorrência entre planos de saúde. Desde então, fi-
cou muito mais fácil ser especialista em termos de mercado para se
conquistar um paciente. Você fala para ele: “Só eu que posso resolver
esse problema”. O paciente acredita e embarca nesse shopping center
que acaba virando a saúde. Para resolver o problema da próstata, vai
ao urologista; para resolver o do coração, a um cardiologista; a dor de
cabeça, a um neurologista. Existe um apelo muito grande no mercado,
não só na saúde, mas na educação ou em qualquer outra área em que
as pessoas se especializaram em conquistar clientes. Em países como
Inglaterra e Holanda há um controle maior dessa medicina comercial.
CASSI – Existe estudo comparativo, mostrando que, nos países nos quais
a população vai primeiro a um generalista, a saúde da população é me-
lhor do que naqueles em que se procura diretamente especialistas?
Gustavo – Há muitos estudos que comprovam isso. A Barbara Starfield
(pediatra americana, mestre em saúde pública que virou referência in-
ternacional em atenção primária na saúde e morreu em junho de 2011,
aos 78 anos) praticamente dedicou a vida inteira para isso, e demons-
trou claramente que é mais eficiente ter generalista como porta de en-
trada em estudos publicados em revistas como a Lancet (uma das mais
importantes publicações científicas médicas mundiais, editada no Reino
Unido). No Brasil, há estudos demonstrando que quem vai ao genera-
lista tem mais chance de ter uma abordagem melhor para a saúde. Os
países que adotam generalista na porta de entrada (primeira opção de
atendimento em saúde), como Inglaterra, Holanda, Dinamarca, Canadá,
têm bem melhores resultados. Isso é bem claro. Agora, para o vendedor
do plano de saúde, é importante falar que a pessoa vai ter acesso a
Saúde em risco: realizar exame desnecessário pode ser prejudicial Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família diz que problema diminui quando um médico generalista é a primeira opção em atendimento
Crítico do que chama “medicina comercial”, o médico Gustavo Gusso
alerta que o costume brasileiro de fazer autodiagnóstico e, a partir dele,
procurar diretamente um especialista pode ser prejudicial à saúde. Gus-
so é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Co-
munidade (SBMFC), professor de Medicina de Família e Comunidade
da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Faculdade de Saúde
Pública do Reino Unido. Ele defende que a especialização em medicina
de família se torne obrigatória para os profissionais atuarem em postos
de saúde, emergências e UTI no Brasil. Segundo ele, países desenvol-
vidos como Inglaterra e Canadá adotam esse modelo e têm resultados
melhores em saúde. Na entrevista ao Jornal da CASSI, ele avalia que a
Caixa de Assistência está correta ao oferecer profissionais generalistas
como porta de entrada aos pacientes, como ocorre nas CliniCASSI.
ENTREVISTA
7Jornal CASSI Associados
Saúde em risco: realizar exame desnecessário pode ser prejudicial
todos os especialistas que quiser. É como dizer: você vai poder comprar
todos os sapatos que você desejar, vá a um shopping center e pegue
tudo o que quiser, de graça. O que não é verdade, porque alguém paga
a conta. A remuneração do médico fica muito baixa, criando um monte
de problemas que levam o plano a ficar inviável. Essa ilusão que a me-
dicina comercial vende é meio falaciosa.
CASSI – Além do impacto financeiro para o plano, a busca indiscrimina-
da por especialistas pode representar risco à saúde da pessoa?
Gustavo – A própria Barbara Starfield publicou na Lancet que essa me-
dicina comercial, que é bem comum nos Estados Unidos, é responsável
pela terceira causa de morte. Para a saúde da população, é muito mais
arriscado ir a um especialista e fazer um monte de exames. As pessoas
não se dão conta, mas fazer um monte de exames desnecessários mui-
tas vezes leva a resultados falsos positivos que levam a intervenções
muitas vezes desnecessárias, a internações e a biópsias que elevam o
risco de morte. Todo dia é comum pessoas obterem resultados positi-
vos para doenças das quais não foram acometidas. Nesse caso, o pa-
ciente precisou fazer outro exame para provar que não existia. É muito
mais fácil isso causar um dano do que um bem. Vou dar um exemplo:
o PSA (exame que revela a quantidade de proteína produzida na prós-
tata e que é elevada em pacientes com câncer) é muito comumente
indicado e hoje em dia a gente sabe que não é bem assim. Não é um
benefício fazer PSA todo ano. Aliás, há 48 vezes mais chances do exa-
me causar um dano do que um benefício [para pacientes que não têm
câncer na próstata].
CASSI – Como, então, se recomenda PSA aleatoriamente?
Gustavo – Não se recomenda. É uma questão comercial de urologistas, só.
CASSI – O dano, nesse caso do PSA, ocorre pela realização do exame?
Gustavo – Pelo falso positivo, que acaba encaminhando o paciente
para biópsia, aí não acha nada e se faz outra biópsia. Até acreditar que
o resultado era falso positivo, realizam-se três ou quatro exames, às
vezes chega-se a tirar a próstata inteira. A maior parte do dano é fazer
a biópsia desnecessária. Tirar um pedaço, fazer um ultrassom transre-
tal, colocar uma agulha no ânus e pegar um pedaço da próstata, o que
implica internação de um dia, não é uma coisa tranquila.
CASSI – Outro exame bastante indicado é a mamografia. Ela também
se enquadra na lista dos exames realizados exageradamente?
Gustavo – Depende. Os exames existem para quê? Hemograma, por
exemplo, existe para identificar se a pessoa tem anemia, problemas no
sangue. Ele não é feito para a população saudável. É feito em quem tem
algum problema clinicamente identificado. Fazer um exame para saber
se tem alguma coisa não existe. Os exames foram inventados para uma
finalidade. Se a pessoa tiver um problema de saúde, ele vai ser bom.
Se não tiver, pode ser ruim, porque não foi feito para aquilo. É o mesmo
caso para a mamografia. Se for feito numa população que tenha uma
prevalência de câncer de mama mais alta, ajuda a detectar a doença.
Se fizer numa população na qual é muito raro [ter câncer], o efeito pode
ser negativo, porque a chance de o resultado dar positivo é muito gran-
de. Todo exame vai dar, em um para mil, positivo. Todo, em geral. Se
eu fizer mamografia em meninas de 15 anos, vai dar positivo em uma
para mil. Isso é estatístico. Só que, em nenhuma menina de 15 anos,
o resultado desse exame vai ser realmente positivo. Em meninas com
essa idade não há câncer de mama. Pense na situação dessa menina
cujo resultado der positivo, e que será falso. Já numa mulher com mais
de 50 anos, se fizer, a chance desse positivo ser positivo de verdade é
maior. Então, o exame tem de ser feito na população que tenha o risco
de ter o problema. A mamografia hoje é recomendada para mulheres
com mais de 50 anos e, no máximo, de dois em dois anos.
CASSI – A recomendação do Inca é essa: mamografia acima de 50 anos.
Isso significa que as políticas contra o câncer no Brasil estão adequadas?
Gustavo – O que sai nos jornais, com médicos dizendo que o governo
não quer gastar dinheiro com exames, é uma falácia. O Inca está pre-
conizando com mais de 50 anos por causa disso que estou falando: se
em um para mil dá problema, o exame vai fazer mal para aquela menina
cujo exame deu falso positivo. As políticas estão absolutamente corre-
tas. O Brasil tende a exagerar, influenciado por médicos inescrupulosos,
que só visam lucro e que tendem a influenciar a mídia.
CASSI – O exagero está nos consultórios, não nas políticas de saúde?
Gustavo – Há dois meses saiu no jornal declaração de médico dizendo
que o governo queria fazer mamografia só depois dos 50 por econo-
ENTREVISTA
Gustavo Gusso é médico de família e comuni-
dade e presidente da Sociedade Brasileira de
Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).
Graduado em medicina pela Universidade de
São Paulo, com Residência em Medicina de Fa-
mília e Comunidade pelo grupo Hospitalar Conceição. Mestre
em Medicina de Família pela Universidade de Western Ontário
e doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo.
Membro da Faculdade de Saúde Pública do Reino Unido e profes-
sor de Medicina de Família da Universidade de São Paulo (USP).
Jornal CASSI Associados
mia. No mundo todo se faz depois dos 50, em geral. Se a mulher tiver
algum parente com câncer de mama, aí faz a partir dos 35. As mulheres
que têm algum parente com câncer de mama têm risco diferente das
demais e um generalista vai levar isso em conta. Se você vai ao con-
sultório de um mastologista, ele vai te falar que você tem de fazer uma
mamografia, porque é isso que ele estuda. Se você vai ao consultório
de um urologista, ele vai falar do exame de próstata, num cardiologis-
ta, do de coração. Imagine: uma mulher de 52 anos fez mamografia
com resultado normal, há dois anos, não tem parente com câncer de
mama, mora numa favela, o neto dela foi assassinado, ela bebe e é
obesa. Outra com 52 anos fez mamografia há dois anos com resultado
normal, não tem nenhum parente com câncer de mama, é professora
universitária e procura o médico para fazer um check up. Não tem ne-
nhum problema de saúde, tem um casamento estável e está tudo bem
no resto. Você acha que a mamografia tem a mesma importância para
as duas? As duas teoricamente teriam que fazer mamografia, porque
já faz dois anos que fizeram a última. Mas uma mulher cujo neto mor-
reu assassinado, é obesa, mora numa
favela e bebe tem uma necessi-
dade específica, não precisa fazer
a mamografia naquele momento.
Mas a outra [a professora] não tem
mais nada para fazer naquele momen-
to, então você pede uma mamografia.
A necessidade da que mora na favela
é outra, é ver quem a está apoiando. Não posso chegar para ela e dizer:
você tem de fazer mamografia e papanicolau, comer alface, não andar
de moto. Para cada pessoa, é necessário que o médico fale algo que
tem a ver com a história dela.
CASSI – O generalista está mais preparado para perceber essa diferen-
ça e agir de forma individualizada do que um especialista?
Gustavo – Se for num mastologista, o que ele vai fazer nessas duas
mulheres? Vai pedir mamografia.
CASSI – Além da cultura de medicina comercial, há mais alguma razão
para as pessoas não irem a um generalista?
Gustavo – Essa cultura comercial é muito importante. É a base do
problema. Mas há outro aspecto: a crença de que quem é especialista
estudou mais do que um generalista. Hoje em dia, a gente sabe que
o bom generalista tem de fazer uma residência, que no Brasil se cha-
ma Medicina de Família. Nem todo mundo faz. O importante é que um
bom generalista tem de ser especialista também, tem de estudar, fazer
residência. É tão ou mais difícil ser um generalista do que um espe-
cialista. Então, a residência é tão ou mais importante para quem quer
ser generalista. Isso no Brasil não vinga porque entra, de novo, a parte
comercial. A residência para generalista no Brasil não vinga porque o
cara que é cardiologista quer manter a área generalista como “fuga”,
sem residência, para que, quando estiver apertado [de dinheiro], ele vá
fazer um bico num posto [de saúde]. No Brasil, quase todo o especialis-
ta tem um emprego como generalista em posto de saúde, UTI ou emer-
gência. Essas três áreas são as mais confusas e as que deveriam ter os
médicos mais bem formados porque são os serviços que as pessoas
mais usam. Só que os especialistas que comandam a categoria médi-
ca – como as sociedades brasileiras e os conselhos de medicina, que
são os endocrinologistas, os cardiologistas, os que são donos de uma
partezinha do corpo – não deixam isso vingar para que eles possam ter
essas áreas [posto de saúde, emergência, UTI] como bico.
CASSI – Qual a proporção mais adequada de especialistas para gene-
ralistas, tendo em vista o melhor atendimento à população?
Gustavo – Em geral, nos países desenvolvidos, como na Inglaterra,
40% dos que se formam fazem medi-
cina de família e 60% fazem o restan-
te das especialidades todas. No Brasil
nem 5% fazem medicina de família.
CASSI – Há perspectiva de mudança?
Gustavo – A mudança depende da
sociedade. Se ela continuar dizendo que vai primeiro a um especialista,
que prefere assim, vira um círculo vicioso. Os médicos estão satisfeitos,
mas entre aspas, porque uma parte fica satisfeita já que ganha muito
dinheiro vendendo uma ilusão. Outra parte faz plantão em posto de
saúde. A maioria não quer ser generalista. Entrou na faculdade pensan-
do em ser urologista, endocrinologista, fazer cirurgia plástica e quer
continuar fazendo isso, mesmo que tenha de continuar, numa parte do
tempo, fazendo um plantãozinho num pronto-socorro ou num posto de
saúde para complementar o dinheiro. Então é uma decisão da socieda-
de. A holandesa e a sueca não querem isso. O rei da Suécia vai a um
médico de família.
CASSI – Os médicos generalistas costumam pedir menos exames do
que os demais especialistas?
Gustavo – A gente pede exames e exagera também. Até demais.
A única diferença é que avaliamos os riscos individualmente. Não
saímos fazendo um pacote de coisas para todo mundo. Esse pa-
cote de coisas é gigantesco. O cardiologista vai dizer que tem
de fazer eletro, o urologista vai dizer que tem de fazer PSA.
Só que se for fazer tudo o que o especialista diz para todo mundo...
Inclusive existem estudos demonstrando que a taxa de radiação que
as pessoas recebem é absurda, por conta de exames.
ENTREVISTA
9Jornal CASSI Associados
CASSI – Como se conseguirá mudar esse quadro se não há médicos
de família em número suficiente no Brasil?
Gustavo – Para haver mudança, todos os médicos teriam de fazer re-
sidência. Seriam 15 mil vagas, para 15 mil médicos, sendo 6 mil para
medicina de família. Assim, quem não entrar na oftalmologia, por exem-
plo, teria de fazer medicina de família e não poderia fazer bico no posto
de saúde [sem residência em saúde da família]. É assim que funciona
no Canadá. Um recém-formado que desejar fazer oftalmologia concor-
reria por 30 vagas. Se não conseguisse, teria de fazer outra especiali-
dade, em medicina de família. E não poderia trabalhar se não fizesse.
Posto de saúde e emergência não podem ser bico. No Brasil são 54
especialidades. Na Europa, tem 30, 40, no máximo, e justamente UTI e
emergência são as áreas em que se exige especialização [como gene-
ralista] para atuar. Aqui não se exige residência para essa áreas, pelo
contrário. O generalista precisa ser bem formado. No Brasil, se você
tiver um derrame e for para a UTI, pode ser tratado por um urologista.
CASSI – A CASSI, nos seus serviços pró-
prios, encaminha primeiramente o pacien-
te para um generalista. Isso contribui para
essa mudança?
Gustavo – Sim, porque é uma das únicas
a criar mercado. Foi o que o PSF fez (Pro-
grama Saúde da Família, do Ministério da Saúde): criou mercado para
médico de família, que não existia. Se hoje esse profissional representa
5%, não era nem 0,5% há 15 anos. Hoje, pelo menos, são 80 residên-
cias, o que não é nada para o tamanho do Brasil. A CASSI fazendo isso
já muda, de alguma forma, e tenta convencer seus usuários de que isso
é bem melhor para ele do que a medicina comercial.
CASSI – Os países nos quais a porta de entrada é um médico generalis-
ta têm taxas maiores de longevidade e índice de envelhecimento com
maior qualidade de vida?
Gustavo – Em países como Inglaterra, Holanda e Dinamarca, a ex-
pectativa de vida das pessoas é muito maior. A gente costuma brin-
car que o governo canadense diz: “Você está reclamando que não te
dou a cirurgia plástica, o dermatologista ou o urologista na hora que
você quer, mas eu te garanto que você vai morrer com 85 anos e bem.
Não é isso que vocês querem? ” A medicina comercial não ajuda nis-
so: não melhora a expectativa nem a qualidade de vida, muito pelo
contrário. Nos EUA, há estudos mostrando que os estados com mais
especialistas são aqueles nos quais há menor expectativa de vida e
menor qualidade de assistência. Os poucos estados americanos que
têm ao menos um médico de família são os que apresentam os melho-
res indicadores.
CASSI – A ideia de que o especialista resolve mais rapidamente o pro-
blema, como todo mundo deseja, atrapalha uma mudança de hábito?
Gustavo – É muito difícil encontrar pessoas que pensam iguais a nós
[médicos de família] e que mantêm consultórios particulares no Brasil.
Os consultórios deles estão fechando. Você faz a melhor consulta que
pode fazer, gasta uma hora com o paciente, entende todos os seus
medos e expectativas, não digo nem fazer o diagnóstico perfeito, mas
compreende a pessoa, a família, identifica o que ele quer e quais os
seus medos, exagera nos exames, pede hemograma, mas, se não pedir
a ressonância que o paciente quer, ele não volta ao seu consultório.
Você pede 10 exames. O profissional de saúde ao qual ele foi no ano
passado pediu 30. O paciente não volta. Ele quer o comércio. É uma
deseducação completa em termos de uso do sistema de saúde.
CASSI – Exames e tecnologias não garantem melhor saúde?
Gustavo – Não. O que garante melhor
saúde são atividade física, alimentação
adequada e hábitos saudáveis, como não
fumar e não usar drogas. Ter emprego, fa-
mília, saneamento e ambiente saudável é
importante também. Com isso, a chance de
viver até os 80 anos é enorme, mesmo que
não tenha um médico na cidade.
CASSI – O excesso de preocupação com a saúde virou doença?
Gustavo – Vivemos na ilusão de que isso fará as pessoas viverem mais.
Vi entrevista com geriatra na TV e a primeira pergunta foi “já se pode
dizer que as pessoas viverão até os 150 anos?” Qual a vantagem de se
viver até os 150 anos? Não pode viver até os 80, mas bem? Essa ilusão
da vida eterna, como se o dinheiro pudesse comprar isso, está muito
presente no imaginário das pessoas. Todo mundo vai morrer. É impor-
tante os médicos dizerem isso na televisão. O que a gente pode fazer é
a pessoa viver o máximo possível feliz. É muito simples a vida. Há algum
problema de morrer aos 85 anos de câncer de mama? Aumentaram os
índices de câncer de mama. Ótimo, porque as pessoas estão vivendo
mais, não estão mais morrendo de tiro, de acidente de carro. Nos paí-
ses ricos, o número de infarto e câncer de mama é altíssimo.
CASSI – O paciente deve enfrentar o médico, questionar a quantidade
de exames que ele está pedindo?
Gustavo – O que você tem de exigir do seu plano é que ele tenha bons
generalistas, o que em geral não tem. Não adianta o plano ter um car-
diologista que atende como clínico geral. Para atender como um bom
clínico geral, tem de ser um bom generalista.
ENTREVISTA
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10 Jornal CASSI AssociadosJornal CASSI Associados10
CASSI inicia debate sobre verticalização
NOTAS DA CASSI
10
Profissionais do mercado, executivos da Caixa de Assistência e Conselho Deliberativo avaliam pontos positivos e negativos de a Instituição passar a ter participação em hospitais
Desde 20 de maio de 2011, a CASSI passou a excluir da lista de de-
pendentes do Plano de Associados o nome de todos aqueles que têm
condições de ser titular. Isto vale para pessoas cujo cônjuge ou filho
também é funcionário do Banco do Brasil.
Quem é funcionário do BB, mas utiliza a carteirinha de dependente vin-
culado à matrícula do esposo/esposa ou pai/mãe que também trabalha
no Banco, deverá passar a usar a carteirinha e número de matrícula
de titular do Plano. As matrículas e as carteirinhas de dependentes de
Funcionário do BB deve ser titular no Plano
A participação da CASSI em hospitais, como forma de garantir serviços
e controlar custos com internações, está sendo discutida pela Caixa de
Assistência. Um workshop, no final de julho, reuniu conselheiros delibe-
rativos e executivos da CASSI, que ouviram a opinião de profissionais do
mercado de saúde sobre o assunto.
A possibilidade de participação em hospitais, considerada uma forma
de verticalização porque incorpora à operadora o serviço que antes
contratava de terceiros, está sendo discutida em função de um novo
momento no setor de saúde, que representa forte tendência para os
próximos anos: a fusão de operadoras de planos de saúde somada à
aquisição de hospitais. Esse movimento diminui o poder de negociação
entre os planos menores e os prestadores de saúde.
Este foi o primeiro evento aberto para discutir o tema na CASSI. A Ins-
tituição já realizou estudos sobre o assunto, levando em conta os be-
nefícios para os associados, a capacidade de investimento, o risco e
possíveis resultados. O presidente da CASSI, Hayton Jurema da Rocha,
propôs algumas questões para o debate cujas respostas serão dadas
a partir de novos encontros e ajudarão a definir a participação ou não
da Caixa de Assistência em empresas de saúde: “A quantidade de par-
ticipantes que temos hoje é suficiente para pensarmos numa verticali-
zação, uma vez que há uma estagnação das autogestões nos últimos
anos? A CASSI está preparada para participar da gestão de hospitais? A
CASSI também pode ser uma prestadora de serviço? Caso ela se torne
uma prestadora, esses serviços ficarão disponíveis apenas para os par-
ticipantes da CASSI? Uma vez que se ofereçam serviços, a CASSI, como
possível prestadora, estará preparada para atender a demanda?”.
O Conselho Deliberativo sugeriu que a participação em hospitais seja
avaliada tendo em vista a sustentabilidade da operadora. A discussão
contou ainda com a participação dos gerentes de quatro Unidades CASSI,
de diferentes regiões do País, Aldo Cabral Rossi Júnior (RS), David Sal-
viano (SP), Henio Braga Júnior (DF) e Mário Jorge da Cruz Vital (PE), que
avaliaram a verticalização como possível potencializadora da geração de
receitas. O diretor de Operações da Bradesco Saúde, Manoel Peres e o
diretor de Investimentos da Previ, Renê Sanda, também participaram do
evento. Manoel Peres apontou a verticalização de serviços como tendên-
cia para o setor e alertou para o risco da perda de competitividade das
instituições que não repensarem seu modelo.
todas as pessoas habilitadas a serem titulares deixaram de ser aceitas,
pois o duplo vínculo é vedado pelo Estatuto da Caixa de Assistência dos
Funcionários do Banco do Brasil.
Se você perdeu sua carteirinha de titular, deverá solicitar uma nova pelo
site da Caixa de Assistência (www.cassi.com.br), na página Associados.
Basta colocar seu email e senha, à esquerda, no alto da página e esco-
lher a opção “Cartão de identificação – 2ª via”, no menu “Serviços para
você” e fazer a solicitação.
11Jornal CASSI Associados 11
NOTAS DA CASSI
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11Jornal CASSI Associados
A CASSI e a Fundação Assistencial dos Servidores do Ministério da Fa-
zenda (Assefaz) assinaram convênio que possibilitará, inicialmente, a oi-
tocentos associados da Assefaz, acesso à rede credenciada da Caixa de
Assistência. A parceria dará aos participantes de 543 municípios cobertos
pela Assefaz acesso aos mais de 38 mil prestadores de serviços da Caixa
de Assistência, entre hospitais, clínicas, laboratórios, médicos e outros
profissionais de saúde.
CASSI e Assefaz firmam parceria
A Central de Atendimento da CASSI conta com sistema para receber cha-
madas telefônicas de pessoas com deficiência auditiva ou de fala. O equi-
pamento, conhecido como TDD, sigla em inglês para Telecommunication
Device for Deaf (Dispositivo de Telecomunicação para Surdos), funciona
por meio do mesmo número telefônico que atende os demais participan-
tes da Caixa de Assistência (0800 729 0080), porém este tipo de chama-
da não trafega pelas vias convencionais de atendimento.
Ao receber a chamada feita em aparelho telefônico próprio para deficien-
tes auditivos (que inclui um dispositivo com uma pequena tela, teclado
e suporte para fone), o sistema 0800 da CASSI reconhece a origem da
ligação e a encaminha automaticamente para os ramais dotados de TDD.
A partir daí, o operador da Central estabelece contato com o interlocutor
por meio de troca de mensagens de texto, semelhante a um chat.
Atualmente, existem terminais adaptados para conversação com defi-
cientes auditivos em alguns shoppings, estações de trem e metrô e, mais
raramente, em residências.
Central CASSI atende também deficientes auditivos
As mensalidades dos planos CASSI Família – destinados aos
parentes até 3º grau de funcionários e aposentados do Banco
do Brasil – sofreram reajuste técnico atuarial, que será apli-
cado entre os meses de agosto de 2011 e julho de 2012, con-
forme o mês de aniversário do contrato de cada participante.
A Caixa de Assistência optou pelo menor reajuste possível,
em nível que preserve a sustentabilidade financeira do plano
e a qualidade dos serviços oferecidos, as quais dependem da
gestão permanente da relação entre receitas e despesas.
Os reajustes foram divididos conforme a data de adesão do
participante. Os planos contratados depois da Lei 9656/98
tiveram reajuste de 7,69%, já os firmados antes dessa lei sofre-
ram aumento de 8,69%.
Mesmo com o reajuste, o plano CASSI Família continuará a ser
o mais competitivo do mercado, quando considerados planos
com a ampla cobertura e abrangência que a Caixa de Assis-
tência oferece.
Reajuste de mensalidade do Plano CASSI Família preserva qualidade de serviços
12 Jornal CASSI Associados
CASSI – Sua área é responsável pela coordenação da aplicação das
políticas e estratégias assistenciais, além da gestão e apoio às gerên-
cias de Unidades. Quais as conquistas e realizações da sua diretoria no
primeiro ano desde sua posse?
Graça Machado – As conquistas foram muitas. Implantamos o Ge-
renciamento de Condições Crônicas para os participantes com nível
de saúde de alta e média complexidades. Tínhamos uma experiência
bem sucedida em uma de nossas Unidades, com melhoria da condição
de saúde das pessoas atendidas e uso mais racional dos recursos da
CASSI. Essa experiência foi ampliada. A atenção aos participantes com
condições crônicas é baseada em protocolos clínicos cientificamente
comprovados para o atendimento das doenças mais prevalentes na
nossa população, que são o diabetes, a hipertensão, a dislipidemia e a
obesidade. Além disso, contamos com o telemonitoramento, realizado
pelos técnicos de enfermagem, como uma ferramenta de abordagem
para estimular a adoção de hábitos saudáveis, importantes no controle
das doenças crônicas. Também aprimoramos a Política de Assistência
Farmacêutica (PAF) quanto à logística de entrega em casa e às questões
relacionadas aos preços praticados pelos fornecedores. O custo da PAF
é elevado e precisamos aplicar as melhores condições de mercado
para garantir a continuidade desse benefício, cuja dimensão é única
no Brasil. Uma das principais conquistas foi a redução de 3,1% nos gas-
tos, apesar do aumento anual no preço dos medicamentos (autorizado
em abril de 2011 pelo governo) e do incremento de 7% no número de
participantes atendidos na PAF. Temos trabalhado também para am-
pliar nossas ações nas localidades onde não existe CliniCASSI, como
por exemplo a inclusão do Programa de Atenção Domiciliar (PAD) nas
localidades onde não há equipe de Saúde da Família. Fortalecemos a
Estratégia Saúde da Família com ações para a retenção e qualificação
dos profissionais de saúde, especificamente médicos, favorecendo o
vínculo com os participantes. Em parceria com a área de Marketing e
Comunicação, elaboramos quatro cartilhas sobre as doenças prevalen-
tes em nossa população. Recentemente, aprovamos junto ao Conselho
Deliberativo o Regimento Interno dos Conselhos de Usuários, porque
entendemos que o apoio institucional fortalece esses órgãos.
CASSI – Como a senhora tem acompanhado o Conselho de Usuários?
Graça Machado – Estive no V Encontro Nacional. Tenho uma agenda
para comparecer a 16 Conferências Estaduais de Saúde até o fim do
ano e, quando convidada, participo de reuniões ordinárias e extraor-
dinárias, de fóruns de debates em saúde e de outros canais de comu-
nicação com a população CASSI. Como rotina, com o apoio da minha
equipe, acompanho mensalmente as atas das reuniões, para que os
assuntos sejam encaminhados às gerências intervenientes para provi-
dências e retorno aos conselhos.
CASSI – Na sua opinião, quais ações do Conselho de Usuários tiveram
destaque no relacionamento entre a CASSI e seus associados?
Graça Machado avalia seu
Diretora de Saúde e Rede de Atendimento fala como os programas assistenciais da CASSI auxiliam participantes na manutenção de hábitos saudáveis e no controle e preven-ção de enfermidades.
Graça Machado, diretora de Saúde e Rede de Atendimento, fala sobre
seu primeiro ano de gestão e relata como os programas assistenciais
da CASSI auxiliam participantes na manutenção de hábitos saudáveis e
no controle e prevenção de enfermidades
GESTÃO
primeiro ano de gestão
13Jornal CASSI Associados
Graça Machado avalia seu Graça Machado – Entre as ações dos Conselhos de Usuários, que muito
nos auxiliam na comunicação com a rede credenciada e na divulgação
dos serviços prestados pela CASSI, estão a criação dos agentes facili-
tadores no Rio Grande do Sul, que proporcionaram várias melhorias na
rede de atendimento no interior do Estado, e a atuação do Conselho do
Rio de Janeiro junto aos participantes locais. Aliados à estratégia ado-
tada pela Unidade, eles ajudaram a superar o movimento do Conselho
Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) contra a
CASSI. Também criaram o Grupo de Visita aos beneficiários internados
para levar solidariedade e orientações sobre a utilização do Plano.
CASSI – Como funciona a Estratégia Saúde da Família?
Graça Machado – A Estratégia Saúde da Família (ESF) é a forma escolhi-
da pela CASSI para operar o Modelo de Atenção Integral à Saúde. Atual-
mente, a CASSI dispõe de 64 serviços com ESF, denominados CliniCASSI.
As equipes de Saúde da Família atuam com foco no cuidado integral,
realizado por equipes multiprofissionais (enfermeiros, técnicos de en-
fermagem, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e médicos de
família). Essas equipes têm a missão de atender de forma humaniza-
da e acolhedora e são responsáveis, hoje, por 158,7 mil participantes
cadastrados. Estamos realizando um grande trabalho para aumentar o
volume de atendimentos. Finalizamos 2010 com 743 mil e, no primeiro
semestre de 2011, já realizamos mais de 450 mil atendimentos, com
expectativa de encerrar o ano com mais de 1 milhão de atendimentos.
As equipes também operacionalizam os programas de saúde para a
população idosa (Plena Idade), pessoas com deficiência (Bem Viver),
pessoas com risco cardiovascular (Viva Coração), o Saúde Mental e o
Programa de Assistência Farmacêutica. Entre abril de 2010 e abril de
2011, o percentual de atendimentos a pessoas com diabetes mellitus
subiu de 13,96% para 15,91%, de hipertensos, de 12,82% para 20,45%, e
de dislipidêmicos, de 10,64% para 15,14%.
CASSI – E que impacto isso tem na vida dos participantes?
Graça Machado – Isso significa que a população com problemas mais
controlados está mais protegida de ter seu estado de saúde agravado.
Para cada ponto percentual de controle do diabetes (medido pela he-
moglobina glicosilada), evita-se em torno de 25% de mortes por essa
doença e a cada 5 mmHg de pressão melhor controlada, evita-se 45%
da incidência de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Também fazemos o
controle do rastreamento do câncer de intestino, de mama e de colo de
útero. Esse trabalho favorece o diagnóstico precoce, o que promove o
aumento da expectativa de vida.
CASSI – Há críticas de que as CliniCASSI são excludentes porque aten-
dem apenas uma parcela da população assistida. O que poderia ser
feito para melhorar essa percepção?
Graça Machado – Entre os critérios de implantação de uma CliniCASSI,
está a seleção de localidades com maior número de participantes, em
especial, os do Plano de Associados. 82% dos cadastrados na ESF são
associados. O foco é acompanhar o público que exige maior cuidado
em saúde, considerando seu contexto de trabalho, familiar e social. A
viabilidade dos serviços de saúde é facilitada se eles estiverem em lo-
calidades com maior concentração de pessoas. Não se trata de excluir,
mas sim de viabilizar as CliniCASSI.
CASSI – Quando acontece um impasse negocial, alguns hospitais pa-
ralisam o atendimento aos participantes da CASSI. Se direcionássemos
a população assistida a hospitais próprios, resolveríamos o problema?
Graça Machado – Sim, pois a CASSI ampliaria seu poder de negocia-
ção nessas situações sem gerar maiores prejuízos à população assisti-
da, aumentando a expressão da CASSI no mercado de autogestão. Para
viabilizar o negócio, é preciso estabelecer parcerias e estudar bem os
riscos e possíveis benefícios para a população CASSI.
CASSI – Quais as ações focadas no convênio com o BB?
Graça Machado – O convênio com o Banco do Brasil é amplo e a minha
área é responsável pela realização do Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional (PCMSO), que inclui exames admissionais, demis-
sionais, mudança de função, retorno ao trabalho e exame periódico de
saúde (EPS). Também acompanhamos o programa contra o tabagismo
no Banco que, ano após ano, reduz o número de fumantes. Outro pro-
grama de grande importância é o de Assistência às Vítimas de Assalto e
Sequestro (PAVAS), que atende nas primeiras 48 horas após a ocorrên-
cia 100% de funcionários, familiares, clientes e terceirizados presentes.
Realizamos, no primeiro semestre de 2011, a Oficina de Saúde do Traba-
lhador, momento que contou com a presença de representantes das 27
Unidades CASSI e palestrantes de diversas entidades ligadas a Saúde
do Trabalhador. A Oficina disseminou e detalhou o convênio com o BB,
melhorando a qualidade dos serviços prestados aos associados.
CASSI – Quais são os grandes desafios a longo prazo para a CASSI?
Graça Machado – O maior desafio da CASSI e do segmento de assis-
tência à saúde é lidar com o aumento dos gastos em virtude da mu-
dança do perfil de adoecimento (de doenças agudas para crônicas),
atrelado ao envelhecimento da população. A CASSI já iniciou o geren-
ciamento de condições crônicas, que avançará no segundo semestre
de 2011, ao implantar o Gerenciamento de Casos para toda a população
CASSI. Aliadas ao programa de medicamentos, essas ações buscam es-
tabilizar o quadro de doença crônica, evitando o aparecimento de com-
plicações, melhorando as condições de vida das pessoas e otimizando
o uso de recursos da CASSI.
GESTÃO
14 Jornal CASSI Associados
15Jornal CASSI Associados
Brasil é o maior consumidor de anfetaminas do mundo
Estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) demonstrou
que, mesmo fazendo o número de consultas recomendado no pré-natal, a maioria das gestantes
não tem um controle efetivo da pressão arterial. Quando não tratada, a hipertensão na gravidez
pode evoluir para a eclâmpsia, uma das principais causas de morte materna no Brasil. A taxa de
mortes maternas no País caiu nos últimos anos – passou de 120 mortes por 100 mil nascimen-
tos em 1990 para 58 mortes por 100 mil em 2008 – mas ainda está longe de atingir a meta do
milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 35 mortes por 100 mil até 2015. O
trabalho da Fiocruz avaliou 1.974 grávidas, das quais 9,6% tinham pressão alta.
Aleitamento materno é baixo em todo o mundo
O Brasil é o maior consumidor de anfetami-
nas do planeta: são mais de quatro toneladas
por ano, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS). A substância está presente na
maioria dos inibidores de apetite. E para per-
der peso rapidamente, muitos correm risco
de morte consumindo fórmulas que contêm
anfetamina. A substância química estimula o
sistema nervoso e faz o organismo funcionar
em alta velocidade. O coração acelera, a pres-
são sanguínea sobe e o cansaço desaparece.
Diante desse quadro, a pessoa fica confiante,
agitada e sem apetite. Segundo a OMS, um mi-
lhão e meio de brasileiros já consumiu a dro-
ga, com orientação médica. Mas seu consumo
também é feito de forma irregular. A droga pode
causar dependência em apenas seis meses de
uso. Por isso, os inibidores de apetite precisam
de receita. A Agência Nacional de Vigilância Sa-
nitária (Anvisa) deve emitir parecer sobre a proi-
bição de medicamentos emagrecedores à base
de sibutramina e outros anfetamínicos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), menos de 40% das crianças abaixo
de 6 meses em todo o mundo são alimentadas exclusivamente com leite materno. De
acordo com o órgão, mais de 170 países – incluindo o Brasil – buscam melhorar esses
índices. O aleitamento materno exclusivo constitui uma estratégia eficaz na redução
da mortalidade infantil entre crianças menores de 5 anos. Para a diretora-geral assis-
tente da OMS, Flavia Bustreo, a introdução do leite materno nos primeiros dias de vida
do bebê, o regime exclusivo nos primeiros seis meses e a permanência do alimento
na dieta até pelo menos os 2 anos de idade podem reduzir em um quinto a morte de
menores de 5 anos.
Maioria das gestantes não controlapressão alta
Jornal CASSI Associados
NOTAS
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Serviço agiliza autorizações e garante tranquilidade no atendimento
Precisa agendar um exame? Solicite a senha prévia
A senha prévia é um serviço oferecido pela
CASSI para que o participante obtenha au-
torizações de procedimentos ambulatoriais
e exames dias antes de sua realização. A
opção traz mais segurança ao beneficiário e
evita que, no horário marcado, o atendimen-
to seja adiado por ausência de autorização
ou por falta de informações complementa-
res no pedido médico.
O que fazer
Quando o médico recomendar a realização
de um exame ou procedimento ambulato-
rial, escolha o prestador de serviços (clínica,
hospital, laboratório) onde você realizará o
evento e ligue para a Central CASSI (0800
729 0080) para pedir a senha de autoriza-
ção. A solicitação deve ser feita com antece-
dência mínima de 48 horas e máxima de 15
dias antes da realização do procedimento.
Para os tratamentos seriados, como fisiotera-
pia e fonoaudiologia, é necessário informar
prescrição médica com diagnóstico e número
de sessões a serem realizadas. A solicitação
da senha deve ser feita, no mínimo, 48 horas
antes da data da primeira sessão.
A Central informará o número da senha e
os códigos dos procedimentos autorizados,
que devem ser anotados no pedido médico.
Após a autorização prévia, não será neces-
sário confirmar a senha no local escolhido
para o exame ou procedimento.
As senhas para internações e exames de
urgência são solicitadas diretamente pelo
prestador à Central CASSI. Mais informa-
ções sobre senha prévia podem ser obti-
das acessando a página Associados do site
www.cassi.com.br, ou ligando para a Central
CASSI (0800 729 0080).
Dicas para solicitar a senha prévia
• Antes de entrar em contato com a Central, te-
nha em mãos o cartão de identificação da CASSI
e verifique a data de validade do pedido médi-
co, que não pode ultrapassar 30 dias.
• Confira se o pedido médico contém todas as
informações necessárias para que o procedi-
mento seja autorizado corretamente: nome do
exame ou evento, hipótese diagnóstica, motivo
da solicitação, nome completo e CRM do médi-
co assistente.
• Exemplos de exames e procedimentos am-
bulatoriais em que a senha prévia pode ser
solicitada: ressonância nuclear magnética,
tomografia computadorizada, densitometria
óssea, ultrassonografia com doppler, endosco-
pia digestiva alta, colonoscopia, quimioterapia
ambulatorial e procedimentos de dermatolo-
gia clínico-cirúrgica.
ATENDIMENTO