jornal eletrÔnico do gckfrm rj n° 15

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A TODOS OS MAÇONS, EM ESPECIAL AOS AMADOS IRMÃOS DO RITO MODERNO DO RJ O PODER E A CONCENTRAÇÃO DE RENDA Prof. Marcos Coimbra Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano. Artigo publicado em 13.09.2012. Desde tempos remotos, quem é detentor do poder político, situação esta originária do controle também das expressões econômica, psicossocial, militar e científico-tecnológica, emprega-o como instrumento de obtenção de rendas cada vez maiores e, consequentemente, do acúmulo de riquezas. O processo, na antiguidade, era mais ostensivo. Simplesmente dominavam outros povos, conquistando-os militarmente, para saquear suas propriedades, roubar suas riquezas, violentar suas mulheres, escravizar seus povos e, até mesmo, cobrar-lhes resgate, pedágio e tributo. Com o avanço do processo civilizatório, o método tornou-se menos bárbaro. As nações mais poderosas constituíam colônias, impondo-lhes sob a força das armas, um comando proveniente do exterior, que obrigava os povos dominados, escravizados, a fornecer seus recursos naturais de graça e mão-de-obra ao custo JORNAL ELETRÔNICO DO GRANDE CONSELHO KADOSH FILOSÓFICO DO RITO MODERNO PARA O RIO DE JANEIRO ANO 3 – N.º 15 – Ago.Set DE 2012 PRESIDENTE DA COMISSÃO DE EDITORAÇÃO: MARCOS COIMBRA TEXTO E DIAGRAMAÇÃO: FERNANDO MAGALHÃES www.kadosh-rm-rj.net.br “NEC PLUS ULTRA”

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JORNAL ELETRÔNICO DO GRANDE CONSELHO KADOSH FILOSÓFICO DO RITO MODERNO NO RJ. N° 15.

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Page 1: JORNAL ELETRÔNICO DO GCKFRM RJ N° 15

A TODOS OS MAÇONS, EM ESPECIAL AOS AMADOS IRMÃOS DO RITO MODERNO DO RJ

O PODER E A CONCENTRAÇÃO DE RENDA

Prof. Marcos Coimbra Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano. Artigo publicado em 13.09.2012.

Desde tempos remotos, quem é detentor do poder político, situação esta originária do controle também das expressões econômica, psicossocial, militar e científico-tecnológica, emprega-o como instrumento de obtenção de rendas cada vez maiores e, consequentemente, do acúmulo de riquezas. O processo, na antiguidade, era mais ostensivo. Simplesmente dominavam outros povos, conquistando-os militarmente, para saquear suas propriedades, roubar suas riquezas, violentar suas mulheres, escravizar seus povos e, até mesmo, cobrar-lhes resgate, pedágio e tributo. Com o avanço do processo civilizatório, o método tornou-se menos bárbaro. As nações mais poderosas constituíam colônias, impondo-lhes sob a força das armas, um comando proveniente do exterior, que obrigava os povos dominados, escravizados, a fornecer seus recursos naturais de graça e mão-de-obra ao custo

JORNAL ELETRÔNICO

DO GRANDE CONSELHO KADOSH FILOSÓFICO DO RITO MODERNO PARA O RIO DE JANEIRO

ANO 3 – N.º 15 – Ago.Set DE 2012 PRESIDENTE DA COMISSÃO DE EDITORAÇÃO: MARCOS COIMBRA

TEXTO E DIAGRAMAÇÃO: FERNANDO MAGALHÃES www.kadosh-rm-rj.net.br

“NEC PLUS ULTRA”

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de subsistência. Assim foram formados grandes impérios, como o da Inglaterra. Com o correr dos tempos, as colônias foram obtendo suas respectivas independências, pela força ou pela diplomacia. Os conquistadores foram preparando substitutos locais, membros dos povos dominados, para assumirem o poder. Alguns, na maioria, o fizeram na qualidade de prepostos, para continuar o processo de espoliação. Outros foram ludibriados. Eram substituídos por outros, mais subservientes e próximos dos verdadeiros donos do poder, no exterior. Agora os "donos do mundo" manipulam os países centrais, utilizando processos mais sutis. Continuam a explorar as nações periféricas, através das leis do livre cambismo, em nome da globalização e do neoliberalismo, empregando os laços de dependência econômica, tecnológica, política, psicossocial e militar. Os índices de relação de troca mostram, ao longo dos anos, a deterioração dos termos de intercâmbio comercial, prejudicando as nações periféricas, em benefício dos países centrais. Existem no mundo três tipos de países. O primeiro, constituído das nações mais poderosas, exportadoras de tecnologia e importadoras de matérias primas e manufaturados. Possuem autonomia econômica e tecnológica, sendo autossuficientes em alimentos, energia e medicamentos. O segundo, composto por nações médias, fornecedoras de manufaturados e matérias primas, mas sem autonomia nas áreas estratégicas. O terceiro, formado por nações mais modestas, meras fornecedoras de matérias primas, sem independência em qualquer uma das áreas estratégicas. Desta forma, a renda concentra-se cada vez mais, sendo subtraída dos países menos desenvolvidos e adicionada aos países mais ricos. Os instrumentos mais utilizados são, além dos termos de intercâmbio, os juros das dívidas interna e externa, a remessa de juros, lucros, dividendos, "royalties", fretes e outros. Os órgãos internacionais, como o FMI, Banco Mundial, BID, OMC são agentes deste processo perverso que objetiva garantir a abundância dos países mais ricos e a pobreza dos demais. Os fluxos de renda são favoráveis aos países centrais e desfavoráveis às nações periféricas, acelerando a acumulação de capital dos "donos do mundo". O objetivo deles é manter esta situação, impedindo qualquer outra nação a ascender tal patamar, inclusive por intermédio de ações psicológicas, via meios de comunicação, chegando até ao emprego da força militar. Daí a importância do desarmamento da população das potências emergentes e ascendentes, bem como o processo contínuo e inexorável de sucateamento das Forças Armadas e da proibição do domínio da tecnologia nuclear. O mesmo processo utilizado internacionalmente é reproduzido em cada nação, agravando o mecanismo perverso de concentração de renda. As classes mais ricas elegem seus representantes políticos, que legislam e administram em proveito deles. O Judiciário é imobilizado. O processo eletrônico de apuração das eleições, recusado por mais de 40 países, não possibilita a recontagem de votos, impedindo assim a conferência dos resultados anunciados pelas autoridades. Assim, os privilegiados usam os recursos públicos em seu favor, não pagam impostos, exploram trabalhadores, fixando metas desumanas, ficando cada vez mais ricos, enquanto os pobres tornam-se cada vez mais miseráveis. Poucos possuem muito e muitos possuem muito pouco. No Brasil esta triste reprodução é agravada pela corrupção endêmica que atinge a praticamente todas as categorias e classes sociais. Os “donos do mundo” chegam ao cúmulo de manipular até as convenções de diversos partidos políticos, de modo a que os candidatos vitoriosos rezem todos pela mesma cartilha. Caso algum candidato, não comprometido, consiga ser candidato às eleições majoritárias, será cooptado ou destruído pela mídia amestrada. Já é conhecido por todos os futuros candidatos à Presidência em 2014. Não há qualquer um deles que represente, de fato, uma opção comprometida com o interesse nacional. E o resultado das eleições municipais próximas será importante no processo de 2014.

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Não é justo, nem lógico, nem inteligente a manutenção desta situação. O povo brasileiro merece respeito e dignidade. É chegada a hora de todas as pessoas de bem unirem-se para que, algum dia, nossa Pátria volte a ser o que já foi em tempos passados. Um Brasil soberano, em ritmo de desenvolvimento, funcionando quase a pleno emprego, com uma classe média pujante e com a contrapartida de serviços coletivos dignos.

Vamos lutar para alterar este caótico estado, onde predomina a apatia generalizada e a corrupção desenfreada, enquanto é tempo! Correio eletrônico : [email protected] Página: www.brasilsoberano.com.br

Prezados Irmãos dos Capítulos do Rito Moderno do Rio de Janeiro; Neste espaço informamos o que acontece no seio dos Sublimes Capítulos do Rito Moderno de nosso Estado. Os Secretários de cada Capítulo, mensalmente, nos encaminham um resumo de suas atividades mais relevantes, relatadas em Ata, tornando assim, amplamente democratizada a atuação do Rito Moderno no Rio de Janeiro. Por oportuno, as Lojas interessadas também o poderão fazer. Esperamos, desta forma, incrementar a troca de idéias já existente, objetivando dinamizar ao máximo, a atuação dos Obreiros do Rito Moderno, bem como ampliar essa atuação para os demais Orientes de todo o Brasil, estreitando desta forma, os laços que nos unem como Irmãos. Relatamos, portanto, abaixo, a contribuição dos quatro Capítulos do Rito Moderno do Rio de Janeiro. Gratos desde já pela contribuição de todos em prol do Bem Maior, informamos o endereço eletrônico para onde as informações devem ser encaminhadas: Ir.’.Fernando Magalhães - [email protected]

NEC PLUS ULTRA !

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GRANDE CONSELHO KADOSH FILOSÓFICO DO RITO MODERNO NO RIO DE JANEIRO

Responsável: IrGrSecretário Anderson dos Santos Silva Ata de 13 de Junho de 2012

Devido a problemas de comunicação, não foi possível ao GCKFRM RJ postar seus informes nesta edição. No próximo número, traremos um resumo das atividades

desenvolvidas por este Poderoso Capítulo relativo ao período.

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SUBLIME CAPÍTULO UNIÃO E TRANQUILIDADE Responsável: IrGrSecretário Fernando Magalhães

ATA Nº 007, DE 30 DE AGOSTO DE 2012

Ordem do Dia: Constou da palestra dos IIr.’. Jones e Laricchia intitulada “D. Pedro II; um projeto maçônico”. Suspensos os trabalhos para a apresentação em família, os palestrantes discorreram por cerca de uma hora sobre o interessante tema, apresentando grande compilação de dados, fruto de suas vastas pesquisas e competente conhecimento, transmitindo à seleta platéia, que assistiu a toda a explanação com elevo e atenção,

profundos ensinamentos e novos e importantes conhecimentos relativos à História da Maçonaria Brasileira. Ao término da preleção, não podendo ser de outra forma, os ilustres apresentadores foram efusivamente aplaudidos. Em seguida, o Muito Sábio, com um golpe de Malhete, retomou com força e vigor os trabalhos no Grau 4. VI. Tronco de Solidariedade: O Ir.’. Hospitaleiro fez o seu trajeto ritualisticamente, colhendo os metais, entregues ao Ir Gr Or, para conferência. VII. Palavra a Bem da Ordem: Usaram-na os seguintes Irmãos: Na Coldo Norte, não houve. Na Col.’.do Sul, o Ir.’. Ronaldo Aniceto dá notícias da ausência do Ir.’. Euclides Azevedo, em razão de viagem familiar, elogia a qualidade da apresentação dos IIr.’. palestrantes, terminando por citar pensamento de Buda: “Os seres que se apegam aos valores materiais são obrigados a reencarnar incessantemente, até compreender que ser é melhor do que ter.” No Or.’. o Ir.’. Magalhães elogia a alta qualidade da pesquisa dos palestrantes, só lamentando que os importantes comentários feitos pelos palestrantes durante a fala não estavam expressos integralmente no arquivo eletrônico. Por fim, o Muito Sábio agradece à presença dos dignos palestrantes, bem como a dos demais IIr.’. presentes e passa ao Ir.’. Or.’. a palavra. VIII. Considerações Finais: O GrOr, IrMarcos Coimbra, registra e agradece as presenças dos Obreiros e dos nobres Irmãos visitantes, lembra figuras como Lauro Sodré, e, é claro, Pedro II, analisando que, lamentavelmente, a maçonaria não proporcionou ao término da vida, as loas que tão grande homem merecia, finalizando que é graças ao Ir.’. Laricchia que se dará proximamente o Seminário sobre Defesa da Amazônia, englobando 4 instituições, dentre elas o GKFRM, a ser realizado na Academia Brasileira de Filosofia, Casa de Osório, em 30.10 próximo.

SUBLIME CAPÍTULO PARANAPUAN Responsável: IrGrSecretário Renato Michelli

Devido a problemas de comunicação, não foi possível ao

Capítulo Paranapuan postar seus informes nesta edição. No próximo número, traremos um resumo das atividades

desenvolvidas por este Poderoso Capítulo relativo ao período.

SUBLIME CAPÍTULO LUSITANA Responsável: IrGrSecretário Ailton Teixeira da Silveira

Devido a problemas de comunicação, não foi possível ao Capítulo Lusitana postar seus informes nesta edição. No

próximo número, traremos um resumo das atividades desenvolvidas por este Poderoso Capítulo relativo ao

período.

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SUBLIME CAPÍTULO AMIZADE FRATERNAL Responsável: IrGrSecretário Álvaro Garcia Sanchez Jr.

Temporariamente adormecido, informa-nos o Sap Ir José Baptista dos Anjos, o Sublime Capítulo Amizade Fraternal brevemente retomará suas atividades, para gáudio de todos os OObr do Rito Moderno. Até lá, nossos amados IIrincorporam suas atividades ao Sublime Capítulo União e Tranquilidade. A propósito, solicitamos o apoio efetivo dos Irmãos de outros Capítulos ao Capítulo Amizade Fraternal, com o objetivo de colaborar com seu soerguimento, no mais breve espaço de tempo possível.

Prezados IIr.’.; Considerando que nosso Rito Moderno é profundamente influenciado, para não dizer amplamente baseado, na filosofia do Iluminismo, achamos por bem publicar nesta seção de nosso Jornal extratos de obras filosóficas iluministas muito conhecidas e comentadas, mas, para a grande maioria, não só dos Irmãos como de todas as pessoas, efetivamente pouquíssimo lidas. Assim sendo, publicamos nesta edição, interessante artigo do filósofo e sociólogo Nildo Viana, que analisa a obra “CÂNDIDO”, de Voltaire, interpretando-a como a “auto-imagem do Iluminismo”. Interessante colocação que nos remete às origens e formas de atuação desta corrente filosófica que tanto influenciou e continua a exercer sua influência nas correntes atuais de pensamento, e, sem dúvida, ainda na atualidade de nosso Rito Moderno. Desta forma, deleitem-se com estas profundas lições que o insigne Voltaire nos transmitiu no ocaso do século XVIII e enriqueçam seus conhecimentos sobre as bases de pensamento do Rito Moderno, conforme a interpretação de Nildo Viana.

Cândido, de Voltaire: A Auto-Imagem

do Iluminismo

Nildo Viana* “Assim como não se julga um indivíduo pela idéia que ele faz de si próprio, não se poderá julgar uma tal época de transformação pela mesma consciência de si; é preciso, pelo contrário, explicar esta consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produtivas sociais e as relações de produção”.

Karl Marx

Resumo: Cândido ou o Otimismo, obra literária de Voltaire, para ser compreendida deve ser analisada no contexto social e histórico no qual ela surgiu. A percepção deste contexto demonstra que tal obra reflete a auto-imagem do iluminismo, sendo que este busca se contrapor ao mundo feudal e

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isto explica a contraposição entre luzes e trevas, entre a ideologia da classe burguesa ascendente e a ideologia da classe senhorial feudal decadente.

Palavras-chave: iluminismo, auto-imagem, ideologia Cândido ou O Otimismo é uma obra literária do filósofo Voltaire. Não é, portanto, uma obra

filosófica, ou seja, não possui os procedimentos próprios a um escrito filosófico. Nesta obra de Voltaire, a argumentação racional é substituída pela narrativa. Isto significa que para se compreender esta obra é necessário entender, inicialmente, a linguagem literária. Portanto, torna-se necessário apresentar alguns apontamentos que facilitem a compreensão da linguagem literária, sem, obviamente, pretender apresentar, neste curto espaço, uma teoria da literatura.

Partiremos dos pressupostos da teoria marxista da literatura. Tal teoria tem como pressuposto básico a indissolubilidade da relação entre literatura e sociedade. A inteligibilidade da obra literária é impossível de ser conquistada sem a conquista anterior da inteligibilidade da sociedade onde ela é produzida. Neste sentido, o estudo de uma obra literária deve ser precedida pelo estudo da sociedade que a produz. A sociedade, entretanto, não é um todo homogêneo e orgânico, tal como coloca a ideologia funcionalista. Ela é uma totalidade concreta que se caracteriza pelo movimento contraditório de suas partes. A contradição social se revela, fundamentalmente, como contradição de classes. Pode-se dizer, a partir destas colocações, que uma obra literária é expressão de valores, interesses e cultura de uma ou outra classe social específica.

Neste momento, pode-se denunciar o “marxismo dogmático” e defender a “autonomia das idéias”, aliás, tal como muitos fizeram (Fortes, 1985; Falcon, 1986). A refutação da análise marxista se dá, além da rotulação de “dogmatismo”, através da defesa da “autonomia das idéias” (Fortes, 1985) ou da demonstração do “absurdo” que é qualificar os pensadores do iluminismo como “advogados conscientes” da burguesia. Há, nestas colocações, um desconhecimento da teoria marxista ou então sua redução ao chamado “marxismo vulgar”.

A tese da “autonomia das idéias” só pode ser aceita como sendo uma “autonomia relativa”, pois, há muito tempo, Marx (1983) e Freud (1978), um se referindo a determinação social e o outro a determinação individual do pensamento, demoliram o castelo positivista da neutralidade e da objetividade. Quanto a afirmação de que é absurdo pensar que os filósofos do iluminismo seriam “advogados conscientes” da burguesia, ela só pode ser feita desconhecendo-se a teoria marxista da ideologia. Um pensador pode ser ideólogo de uma classe social intencionalmente ou inintencionalmente (ou para utilizar terminologia equivocada de Falcon, “conscientemente” ou “inconscientemente”).

O que define se alguém é ideólogo de uma classe social específica não é a sua intencionalidade e sim a coincidência de suas idéias com os valores e interesses desta classe. Estas críticas ao marxismo desconhecem não só a relação entre ideólogo/classe como também a relação entre indivíduo/classe. Um indivíduotende a representar os interesses e valores de sua própria classe, mas isto não ocorre necessariamente em todos os casos (aliás, é aí que se revela a autonomia relativa das idéias, expressa nos indivíduos que as produzem). É justamente por isto que o filósofo D’ Holbach (que, segundo Fortes é um nobre e segundo Falcon é um burguês...) pode ser um ideólogo da burguesia independentemente de pertencer ou não a burguesia. As razões disto só podem ser reveladas através da análise do processo histórico de vida de tal indivíduo (Marx, 1986; Viana, 1995).

Portanto, a definição de Voltaire como ideólogo da burguesia não pode ser feita a priori, pois é necessário anteriormente ver a relação de coincidência ou não entre suas idéias e os valores, interesses e cultura da burguesia. A simples constatação de coincidência, por sua vez, não possui valor explicativo. Para entender as idéias de Voltaire é necessário não só ver qual classe social ele

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representa, mas também ver quais são as tarefas políticas e sociais do pensamento de tal classe no momento histórico em que ele é produzido e assim buscar compreender o pensador e suas idéias. Logo, torna-se necessário compreender o “mundo de Voltaire” para entender suas idéias e assim poder analisar melhor sua obra literária e desta forma ter acesso ao “mundo de Cândido”.

O MUNDO DE VOLTAIRE

A sociedade francesa do século XVIII se caracteriza pela transformação social que marca a transição do feudalismo para o capitalismo. A ascensão de novas classes sociais ocorre com a simultânea decadência das “três ordens”, dos feudos, da produção de valores de uso, da ruralidade que se desestrutura e em seu lugar emerge uma sociedade cada vez mais urbana, comercial, industrial.

Segundo palavras de um historiador, “o renascimento do comércio e o desenvolvimento da produção artesanal, tinham, não obstante, criado, desde os séculos X e XI, uma nova forma de riqueza, a riqueza mobiliária e, através dela, dado nascimento a uma nova classe, a burguesia, cuja admissão aos Estados Gerais, desde o século XIV, lhe consagrara a importância. No quadro da sociedade feudal, ela dera prosseguimento ao seu impulso ao próprio ritmo do desenvolvimento do capitalismo, estimulado pelos grandes descobrimentos do século XV e XVI e pela exploração dos mundos coloniais, bem como pelas operações financeiras de uma monarquia sempre carente de dinheiro. No século XVIII, a burguesia estava à testa das finanças, do comércio, da indústria; fornecia à monarquia não só os quadros administrativos como também os recursos necessários à marcha do Estado. A aristocracia, cujo papel não tinha cessado de diminuir, permanecia ainda na primeira escala da hierarquia social: porém se esclerosava em casta, no momento mesmo em que a burguesia aumentava em número, em pode econômico, também em cultura e consciência. O progresso das luzes solapava os fundamentos ideológicos da ordem estabelecida, ao mesmo tempo que se afirmava a consciência de classe da burguesia. Sua boa consciência: classe em ascensão, acreditando no progresso, tinha a convicção de representar o interesse geral e de assumir o encargo da nação; classe progressiva, exercia uma triunfante atração sobre as massas populares como sobre os setores dissidentes da aristocracia. Contudo, a ambição burguesa, apoiada pela realidade social e econômica, se chocava com o espirito aristocrático das leis e das instituições” (Soubol, 1986, p. 9-10).

A transformação social traz consigo a mudança cultural, moral e intelectual. Instaura-se o “século das luzes” e com ele o anti-clericalismo, a crença na razão humana e no progresso. Este é o século das luzes, do iluminismo, da ilustração. Quais os motivos que geraram esta terminologia? O iluminismo utiliza a metáfora das luzes porque se contrapõe à idade das trevas. Luzes versus trevas significa capitalismo versus feudalismo. O iluminismo se define como a negação positiva do passado. O século das luzes e da ascensão da burguesia vem para substituir a idade das trevas e da nobreza. Segundo Foucault: “seria sem dúvida um dos eixos interessantes para o estudo do século XVIII em geral, e mais particularmente daaufklarung [ilustração], questionar o seguinte fato: a aufklarung chamou a ela mesma aufklarung; ela é um processo cultural sem dúvida muito singular que tomou consciência dele próprio, denominando-se, situando-se com relação ao seu passado e a seu futuro, e designando as operações que ele deve efetuar no interior de seu próprio presente” (Foucault, 1984, p. 105-106).

O que isto significa? Significa que o iluminismo busca superar o passado expresso no feudalismo e nas suas ideologias e, ao mesmo tempo, busca dar vida ao seu presente e afirmar um novo modo de produção, o capitalismo. O passado é o reino das trevas e o presente é o reino das luzes. A burguesia ao combater o passado demonstra sua face progressista, mas afirmar o seu

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projeto (esboçado no presente e que se pretende concretizar no futuro) apresenta a sua face conservadora. A burguesia não poderia superar a si mesma mas, ao afirmar seu projeto, ajudou a produzir uma classe social que poderia concretizar a sua superação: o proletariado.

Voltaire estava envolvido por este mundo e o reproduzia. Assim como combatia a intolerância, o clericalismo, a propriedade feudal, também defendia algo: a razão, a tolerância, a liberdade e a propriedade burguesa. Segundo Della Volpe: “é verdade que a filosofia política e social de Voltaire é genericamente uma filosofia da liberdade e da igualdade burguesa e especificamente uma teoria dos direitos e deveres daqueles honnête homme, que é o homme éclaire ou intelectual burguês, que substitui, na função de elite, o honnete-homme-homme-de-qualité, ou seja, o aristocrata do ancien régime: donde a maior glória de Voltaire, a sua genial defesa da liberdade de pensamento e de consciência (...)” (Della Volpe, 1982, p. 103).

O MUNDO DE CÂNDIDO

A literatura se caracteriza pela utilização de uma linguagem simbólica, ou seja, o autor nunca diz o que quer dizer de forma direta, clara, objetiva. A metáfora, os exemplos, etc., são meios de se utilizar tal linguagem. Por isto, não se pode ler uma obra literária como se fosse um tratado político ou científico e não se deve tomar tudo ao pé da letra. O autor quer sempre transmitir uma mensagem e descobrir qual é a mensagem que Voltaire busca transmitir em Cândido ou o Otimismo é o nosso objetivo.

É evidente que Voltaire usa a literatura para criticar os filósofos e artistas que ele repudia. A ridicularização da ideologia do “melhor dos mundos possíveis” de Leibniz é bastante fácil de se perceber. O filósofo Pangloss é a corporificação de Leibniz. Ele “lecionava metafísico-teólogo-cosmolonigologia” e era o preceptor dos filhos do Barão e do bastardo Cândido. Pangloss “provava admiravelmente que sem causa não há efeito, e que, neste melhor dos mundos possíveis, o castelo de monsenhor o Barão era o mais belo dos castelos, e a senhora baronesa a melhor das baronesas possíveis” (Voltaire, 1984, p. 26).

Voltaire ironiza Pangloss: para este, as coisas não poderiam ser de outra maneira e tudo foi feito para um determinado fim. Os narizes foram feitos para apoio dos óculos, as pernas para o uso dos calções, os porcos para serem comidos, etc. Certo dia, a Srta. Cunegundes, filha do Barão, viu “o maior filósofo da província” (Pangloss) “entregue a uma lição de física experimental com a criada-grave de sua mãe” e “como tivesse acentuada propensão para as ciências, observou, de fôlego suspenso, as experiências reiteradas de que se fizera testemunha; percebeu muito às claras a razão suficiente do doutor, os efeitos e as causas, e afastou-se agitada, toda pensativa, toda cheia de desejo de ser sábia, calculando bem poder, também ela, ser a razão suficiente do pequeno Cândido, que poderia, por seu turno, ser a sua” (Voltaire, 1984, p. 27-28).

O resultado disso é previsível: Cunegundes “encontrou-se com Cândido, ao voltar para o castelo, e enrubesceu: Cândido enrubesceu também. Deu-lhe bom-dia com voz entrecortada; Cândido respondeu-lhe sem saber o que dizia. No dia seguinte, depois do jantar, ao saírem da mesa, Cunegundes e Cândido se encontraram atrás de um biombo; Cunegundes deixou cair o lenço, Cândido apanhou; ela, inocentemente, segurou-lhe a mão, ao passo que, inocentemente, ele beijava a sua, com uma vivacidade, uma sensibilidade, uma graça toda particular; seus lábios se encontraram, seus olhos se incendiaram, os joelhos lhes tremeram, suas mãos perderam o rumo. O senhor Barão (...) passou perto do biombo, e, ao ver aquela causa e tal efeito, expulsou Cândido do castelo a violentos pontapés no traseiro; Cunegundes desmaiou; depois de retemperada, esbofeteou-a a

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senhora baronesa; e tudo foi consternação no mais belo e no mais agradável dos castelos possíveis” (Voltaire, 1984, p. 28).

Cândido foi expulso do castelo. O que significa o castelo? Ele significa o mundo feudal, a idade das trevas. O Barão “era um dos mais poderosos suseranos da Vestfália”. A relação de vassalagem está presente e a separação entre nobres e plebeus proíbe a união entre Cunegundes e Cândido. Assim, Voltaire critica, ao mesmo tempo, a injustiça que reina no castelo e a ideologia que afirma ser este o “melhor dos mundos possíveis”.

Mas a sociedade de transição que cerca o castelo também não é o melhor dos mundos possíveis. No decorrer da narrativa se desenrola uma série de catástrofes que se abate sobre os indivíduos (Cândido, Pangloss, Cunegundes, etc.) e sobre as sociedades (guerras, terremotos). Assim, torna-se questionável a filosofia de Pangloss, o otimismo.

Mas a viagem ao novo mundo significa que, através de Cândido, Voltaire muda o foco de sua crítica. O objeto da crítica passa a ser Rosseau. O “homem selvagem”, bom por natureza, é questionado. O “mito do bom selvagem” é destruído através de duas constatações: em primeiro lugar, o mundo novo já foi corrompido pelos europeus (espanhóis, portugueses, jesuítas, etc.) e não existe mais nenhum “estado de natureza” no continente americano; em segundo lugar, o homem em seu estado natural não é necessariamente bom, como demonstra os selvagens chamados “orelhões”. Eles confundem Cândido e seu companheiro Cacambo com jesuítas e querem comê-los. Cândido afirma: “vamos certamente ser assados ou cozidos. Ah! Que diria mestre Pangloss, se visse a pura natureza?” (Voltaire, 1984, p. 76). A “pura natureza” convive com o canibalismo, o principal argumento existente contra a bondade natural dos selvagens.

Porém, um filósofo das luzes não poderia sustentar que o homem no seu estado natural seja mal. O homem não é bom e nem mau por natureza. É através da razão que ele se humaniza. Por isso, emerge no interior do novo mundo um lugar onde os selvagens (os não-europeus) são bons e civilizados: o Eldorado. Neste país estranho, onde se despreza o ouro e não tem igreja e monges, vive-se na harmonia e na paz. Entretanto, Cândido e Cacambo chegam neste lugar por acaso e levados pela correnteza incontrolável de um rio. Os príncipes, no passado, ordenaram, com o consentimento da nação, que nenhum habitante pudesse sair do reino. Segundo o rei: “foi isto que nos conservou a inocência e a felicidade” (Voltaire, 1984, p. 83). Portanto, chegar em Eldorado é quase impossível e tal reino se mantém puro porque os estrangeiros não conseguem chegar até lá e os habitantes não querem sair de lá. Mesmo se quisessem, a saída é bastante difícil. Segundo o rei: “é impossível subir a correnteza que aqui vos trouxe por milagre, sob arcadas de rochedos. As montanhas que circundam meu reino têm de altura dez mil pés, e são retas como muralhas: elas ocupam, de largura, cada uma, um espaço de mais de dez léguas; não se pode descer senão por precipícios” (Voltaire, 1984, p. 86). Entretanto, o bondoso rei manda construir uma máquina engenhosa para transportar os dois estrangeiros. O Eldorado só continua existindo graças ao seu isolamento. É difícil para um estrangeiro viver em tal lugar, apesar de suas vantagens. Por isto, Cândido e Cacambo resolvem partir e isto significa que o Eldorado não é o nosso mundo e nem foi feito para nós. O “paraíso terrestre” é um lugar que nos impede de amar (Cândido) e de aventurar-se pelo mundo (Cacambo), significa, portanto, um retorno ao “paraíso celeste”, retorno impossível após se comer o fruto da árvore do conhecimento.

Depois de muitas outras catástrofes, Cândido retorna à Europa. Passam pela França, Inglaterra e chegam à Veneza. Lá encontram seis reis destronados. Cândido afirma: “eis aí, todavia, seis reis destronados com quem vimos de cear! E ainda entre eles há um a quem dei esmola. É possível existirem muitos outros príncipes ainda mais desventurados”(Voltaire, 1984, p. 124). Isto

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significa, ao mesmo tempo, a decadência da nobreza provocada pela artificialidade da forma como ela conquista suas riquezas e a mudança na relação entre um nobre e um plebeu, pois, hoje, é o último que dá esmola ao primeiro. Cândido acaba chegando a Constantinopla. Lá estão juntos Cândido, Pangloss, Cunegundes e outros companheiros de aventuras. O reencontro com Cunegundes é surpreendente, pois ela havia perdido sua beleza, mas, mesmo assim, Cândido manteria sua promessa de casamento. Entretanto, ele encontraria a oposição do filho do Barão e irmão de Cunegundes. Apesar de não ter o mínimo desejo de casar, Cândido estava determinado, devido a impertinência do Barão, a concluir sua promessa. Logo se desfizeram do Barão e assim puniram “o orgulho de um Barão alemão”. Aqui, novamente, se vê a oposição entre a nobreza (e o mundo feudal e das trevas que ela representa) e o mundo dos plebeus, do “terceiro estado”, da burguesia nascente.

O final da obra é um elogio a vida burguesa. Depois de se encontrarem com um velho que cultivava o seu jardim e produzia sua própria riqueza através do trabalho, Cândido e seus amigos resolvem fazer o mesmo. Segundo o velho: “o trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade” (Voltaire, 1984, p. 136). Cândido diz que o velho conseguiu uma vida preferível à dos seis reis destronados, ou seja, mais uma vez se opõe nobreza e burguesia. Assim, todos se colocam a trabalhar na granja de Cândido e a “fazendola rendeu muito”. O filósofo Pangloss diz: “todos os acontecimentos se encadeiam no melhor dos mundos possíveis; porque, afinal, se não tivésseis sido expulso de um belo castelo a grandes pontapés no traseiro, por amor da senhorinha Cunegundes; se não tivésseis ido parar em mãos da inquisição; se não tivésseis percorrido a América, a pé; se não tivésseis assestado uma boa espadada no Barão; se não tivésseis perdidos vossos carneiros da boa terra de Eldorado; não estaríeis agora comendo confeitos de cidra e pistachas” (Voltaire, 1984, p. 137). Cândido respondia que é preciso trabalhar.

Vê-se, portanto, que a granja e o trabalho representam a propriedade burguesa. O trabalho é que justifica a propriedade. Voltaire, leitor e admirador de Locke, concordava com este na relação que ele via entre propriedade e trabalho. A granja é apenas um símbolo da propriedade burguesa e, portanto, não expressa nenhuma “utopia pequeno-burguesa”[1]. A concepção de Voltaire é parecida com a de Locke (1978): o “estado de natureza” não era tão ruim como Hobbes supunha, pois a instituição do “estado social” e da propriedade burguesa é realizada para vivermos “melhor”[2]. Aliás, no final da narrativa de Cândido ou o Otimismo, vemos uma inversão: é o mundo da granja, o mundo das luzes e da burguesia, que é o “melhor dos mundos possíveis”. Leibniz é o Pangloss do feudalismo e Voltaire é o Pangloss do capitalismo. O primeiro Pangloss é um ideólogo da nobreza e o segundo é o ideólogo da burguesia. A granja não significa retorno à pequena propriedade (pois ela é símbolo da propriedade burguesa) e nem é uma “utopia pequeno-burguesa”, sendo, na verdade, uma ideologia (inversão da realidade) burguesa. O mundo burguês torna-se o “melhor dos mundos possíveis”. No final da narrativa, Voltaire abandona a crítica da nobreza para fazer a apologia da burguesia.

Em síntese, podemos dizer que Cândido ou o Otimismo não é uma crítica ao otimismo, mas uma crítica ao otimismo da nobreza. No seu lugar instaura o otimismo das luzes. O objetivo de Voltaire é contrapor o século das luzes à idade das trevas e demonstrar a superioridade do primeiro. E nós, herdeiros do iluminismo, continuamos otimistas e vivendo no “melhor dos mundos possíveis”.

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NOTAS

* Sociólogo, Mestre em Filosofia e Professor da Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal.

[1]Esta tese é defendida por Chauí (1983). [2]Além disso, a burguesia, em seu período de ascensão, tal como demonstrou Max Weber, se fundamentava numa “ética do trabalho”, tal como professa a religião protestante que surge neste período (cf. Weber, 1987).

BIBLIOGRAFIA

CHAUÍ , Marilena. Da Realidade sem Mistérios ao Mistério do Mundo. 3aedição, São Paulo, Brasiliense, 1983.

DELLA VOLPE, Galvano. Rosseau e Marx A Liberdade Igualitária. Lisboa, Edições 70, 1982. FALCON, Francisco. O Iluminismo. São Paulo, Ática, 1986. FORTES, Luiz Roberto Salinas. O Iluminismo e os Reis Filósofos. 2a edição, São Paulo, Brasiliense, 1985. FOUCAULT, Michel. O Que é o Iluminismo? In: ESCOBAR, Carlos Henrique (Org.). Michel Foucault.

Dossier. Rio de Janeiro, Taurus, 1984. FREUD, Sigmund. O Futuro de Uma Ilusão. In: Col. Os Pensadores. 3aedição, São Paulo: Abril Cultural,

1978. HOBBES, Thomas. Leviatã. In: col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978. LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo Civil. In: Col. Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultural,

1978. MARX, Karl. Contribuição à Crítica da Economia Política. 3a edição, São Paulo: Martins Fontes, 1983. MARX, Karl. O Dezoito Brumário e Cartas a Kugelmann. 5a edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. In: Col. Os Pensadores, 4aedição, São Paulo: Nova

Cultural, 1987. SOUBOL, Albert. A Revolução Francesa. 5a edição, São Paulo, Difel, 1985. VIANA, Nildo. Marxismo e Proletariado. Goiânia, UFG, 1995 (Dissertação de Mestrado). VOLTAIRE, Cândido ou o Otimismo. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1984. WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 5a edição, São Paulo, Pioneira, 1987.

Abstract: In order to be comprehended, Voltaire’s work Candide must be analyzed in accordance with the historical and social context in which it emerged. The perception of this context shows that such work reveals the self-image of the enlightenment, which seeks to oppose it self to the feudal world. This explains the opposition between light and darkness as well as the opposition between the ideology of the bourgeoisie and the ideology of the declining seignorial feudal class. Key-words: enlightenment, self-image, ideology. ______________________ Artigo publicado originalmente em: VIANA, Nildo. Cândido, de Voltaire: A Auto-Imagem do Iluminismo. Fragmentos de Cultura (Goiânia), Goiânia, v. 9, n. 1, p. 131-139, 1999. Fonte: http://informecritica.blogspot.com.br/2011/05/candido-de-voltaire-auto-imagem-do.html

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LEVANTAR TEMPLOS À VIRTUDE, CAVAR MASMORRAS AO VÍCIO

Paulo César Gaglianone, M.:.I.:., CIM. 128.134

GOB-RJ, Loja Fraternidade Latino- Americana No. 498 – Rito Moderno

1. INTRODUÇÃO Durante a Iniciação na Maçonaria, com o candidato estando com os olhos vendados, antes da Primeira Viagem, a Infância, é efetuada no Rito Moderno ou Francês, no decorrer do Primeiro Interrogatório, a seguinte pergunta pelo Ir.:. Secretário: “Quais são as vossas qualidades?” Ou seja quais são as vossas Virtudes? E em seguida: “Quais são os vossos defeitos?” Ou seja quais são os vossos Vícios? Após a Segunda Viagem, a Juventude, a palavra é concedida ao Ir.:. Primeiro Vigilante que diz ao candidato:

“Notastes que nesta viagem houve menos dificuldades e embaraços do que na primeira. Nós quisemos tornar sensível o vosso caminho, o efeito da constância em seguir o caminho da Virtude. Quanto mais nele se avança, mais agradável ele se torna. Esses tinidos de armas que ouvistes no curso da viagem figuram os combates que o homem virtuoso deve estar, de contínuo, a sustentar para triunfar na luta contra o vício.”

No Telhamento, o Venerável poderá fazer perguntas ao visitante, quando se achar entre colunas, dentre as quais a seguinte: “Que se faz em vossa Loja?” E o visitante responde: “Edificam- se Templos à Virtude e Cavam- se Masmorras ao Vício”. Na obra “A Divina Comédia”, publicada por volta do ano de 1300, o escritor poeta e político Dante Alighieri, fez uma viagem ao mundo do além. Orientado pelo poeta Virgilio, conhece o inferno e o purgatório e depois, guiado por Beatriz (mulher por quem o autor tinha um amor platônico), visita o Paraíso. Ao longo do percurso Dante encontra vários conhecidos seus e conversa com alguns deles. O inferno é um vale nas entranhas da terra formado por vários círculos que vão se afunilando: quanto mais baixo estão, maiores os pecados daquelas almas que ali padecem grandes suplícios. Satanás, com quem se encontram, tem três faces, uma só cabeça e enormes asas de morcego. Em seguida, eles saem do inferno e sobem a montanha do purgatório. Passam pelos sete círculos que representam os sete pecados capitais. Banhando-se em águas sagradas, na saída do purgatório, são absolvidos de toda a culpa. Dante entra no Paraíso, seguido por Beatriz, e aí encontra santos, sábios, teólogos, e outros espíritos. No último céu, encontra São Pedro e faz um exame de Fé. Beatriz ocupa um lugar no terceiro ciclo dos Eleitos. No final da jornada, Dante vislumbra Deus em toda a sua glória. Nas passagens desta Obra pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, se tem a medida exata entre escolher a senda das Virtudes e a senda dos Vícios ou Pecados. Depara- se com sete Virtudes: Prudência, Justiça, Temperança, Fortaleza, Sabedoria, Poder e Compreensão e com sete Pecados ou Vícios: Preguiça, Inveja, Soberba, Ira, Cobiça, Luxúria e Gula.

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2. DISCUSSÃO Virtude, do Latim virtus significa a disposição constante de praticar o Bem e evitar o Mal. “Levantar Templos à Virtude” significa desenvolver qualidades de forma rígida, a ponto de agir sempre mediante seus princípios. Para isso é importante a prática do Bem no dia- a-dia, sempre corrigindo as faltas, refletindo sobre tudo aquilo que foi feito, refletindo sobre o que poderia fazer ou deixar de fazer, transformando as Virtudes em hábito. No dia- a- dia de cada pessoa, os atos virtuosos desdobram- se em boas obras, enquanto os atos viciados em más obras. Já dizia Platão no século V a.C. que a Virtude é o esforço de purificação das paixões, dizia ainda que, o compromisso do homem virtuoso está vinculado à razão que determina o exercício prático, o domínio do corpo O Vício pode ser interpretado como tudo quanto se opõe à Natureza Humana e que é contrário à ordem da Razão, um hábito profundamente arraigado que arrasta o Homem para o mal. Diz o Dr. Pedro Furtado Calabrez, Professor de Filosofia e de Neurociência da ESPM- SP (Pecados Capitais, Revista Superinteressante, p. 8- 9):

“Percebemos que os comportamentos e pensamentos categorizados no que chamamos de Pecados (Vícios) estão muitas vezes enraizados na nossa biologia devido aos processos evolutivos que trouxeram de maneira direta ou indireta sucesso reprodutivo para os genes de nossos ancestrais. Um exemplo é a Luxúria. Essa desanimalização é crucial para a Vida em Sociedade. Se não fôssemos capazes de conter nossos impulsos básicos, viveríamos de maneira caótica. .... Esses impulsos primitivos e emocionais se forem equilibrados podem ser fontes de bem-estar e felicidade, e de angústia e tristeza, quando não.”

Em síntese, Vício é tudo que é defeituoso e que se desvia do caminho do Bem. O Mundo, por exemplo, está submisso à Soberba, considerado como o pior dos Vícios (Pecados). Na prática e no exercício deste de forma desequilibrada, teremos os demais vícios aflorando facilmente e deflagrando em cada canto do mundo, a discórdia, a intemperança, as guerras, o fanatismo, a injustiça, a fome, as doenças, a infelicidade, enfim, que assolam a Humanidade. Diz o Psiquiatra José Outeiral (Soberba, Revista Superinteressante, p. 16): “O culto ao sucesso a qualquer custo e às celebridades torna a Soberba uma Patologia Social. Vivemos em uma Sociedade narcísica, do espetáculo.” Dentre as Virtudes serão destacadas nove delas:

Prudência: é a qualidade da pessoa que age com moderação, comedimento, de modo a evitar tudo que possa causar danos; precaução; serenidade de espírito.

Justiça: é a virtude moral pela qual se atribue a cada indivíduo o que lhe compete; conformidade com o direito; ação de poder julgar alguém punindo ou recompensando.

Força : é a energia moral, no sentido de força moral; virtude e eficácia das coisas; determinação; resistência, solidez.

Temperança: é a disciplina dos desejos e das paixões humanas; moderação, comedimento.

Perdão: é a virtude filha direta da tolerância. Esquecer mágoas, ressentimentos. Errar é humano.

Fé : é adesão total do homem a um ideal; fidelidade em honrar seus compromissos. É o impulso que anima na caminhada em busca da auto-perfeição.

Coragem: é a virtude predileta do herói. Enfrentar os inimigos do bem, combater a ignorância, a superstição, o fanatismo, a tirania; sacrificar- se com bravura.

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Perseverança : é o segredo da vitória pelas conquistas. O mais difícil e o mais importante não é acatar e propagar as virtudes; é praticá- las e perseverar na sua prática. Os não perseverantes não alcançarão a palma da vitória.

Amor : é a mais sublime das virtudes humanas, porque envolve todas as demais. Quem ama é sereno, é justo, pacificador e sábio; é tolerante , é íntegro, é eficiente, é filantropo. Pratica o Bem.

Um Virtuoso pode demonstrar sua própria capacidade para alguma área, atuando como: músico, cantor, escritor, pintor, cientista, administrador, advogado, professor, como bom profissional. Mas, para chegar a essa extraordinária capacidade num determinado ato precisará desenvolver a força, a coragem, a disciplina, a perseverança, a fé, e ter amor pelo que faz, gostar do que faz. Mas, no mundo profano de hoje, com a evolução da Sociedade, com o Progresso e com o avanço das tecnologias vem ocorrendo , aos poucos, e sem que percebamos, a substituição dos valores e conceitos morais e éticos. Ou seja, junto ao acelerado e contínuo crescimento da tecnologia e com o aumento da chegada da informação, que hoje com a Internet vem a ser imediata, veio também, como ônus destes benefícios, a troca de valores antes enraigados, e agora ultrapassados. A Ética, a Moral e os Bons Costumes já não se fazem presentes na construção do caráter de todos os homens. Hoje aquele que tenta ser correto em seus atos é visto como um tolo. Idolatra-se o errado.

A Maçonaria não pode se dar ao direito de abster-se de lutar contra essa troca de valores, ela é uma Escola de Líderes e como tal tem o dever de não prevaricar diante da batalha de criar um mundo melhor para a Humanidade.Um dos principais requisitos para que o candidato seja aceito em nossa Ordem é que ele seja LIVRE E DE BONS COSTUMES.

Na Instrução do Primeiro Grau, do Rito Moderno, aparece:

“O que é uma Maçom? R. É um homem LIVRE E DE BONS COSTUMES, que prefere a todas as coisas a justiça e a verdade e que desprendido dos preconceitos do vulgo, é igualmente amigo do rico e do pobre, se são virtuosos.

Disse Arnaldo Jabor em sua crônica “Tempos Modernos”:

“Fui criado com princípios morais comuns: Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades. Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade. Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror… Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão.

Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Pagar dívidas em dia é ser tonto. Anistia para corruptos e sonegadores. O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão

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vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser. Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?

Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança! Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa. Abaixo o “TER”, viva o “SER”. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã!

E definitivamente bela, como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases. Vamos voltar a ser “gente”. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe? Precisamos tentar. Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem. Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!”.

3. CONCLUSÕES

Assim , Levantar Templos à Virtude significa cultivar bons hábitos, forjando algemas ao Vício, através da participação das Sessões da Loja, não faltando às instruções, fazendo pesquisas, apresentando peças de arquitetura, participando das palestras, colaborando com a administração da Loja, convivendo fraternalmente com os demais Irmãos. Então, a melhor maneira de se adquirir as virtudes é adquirindo Conhecimento e a partir do Conhecimento chegar- se à Sabedoria. A Virtude, então, acompanha a Educação, na compreensão exata do vocábulo “educare”, ou seja eduzir, de dentro para fora.

A Virtude, portanto, é um apanágio, um emblema distintivo, do Maçom. A Maçonaria possui meios, através da sua Pedagogia, para que o Maçom possa libertar de dentro de si as Virtudes, para harmonizá- lo e para que ele possa usufruir a Felicidade, fazendo da Humanidade um mundo melhor e mais esclarecido. A cada uso do malho e do cinzel que o Maçom aplica na Pedra Bruta tem- se a sensação que nem tudo está perdido, pois nestes tempos tão difíceis, dentre as Escolas que reservam milenarmente essas essências se encontra a Maçonaria. Esta, cada vez mais, tem e terá papel fundamental nessa Revolução, nos dias atuais, contra os Vícios, principalmente na formação de cidadãos virtuosos. Como citou certa vez o Maçom Poeta Cônego Januário da Cunha Barbosa – um dos baluartes da emancipação brasileira:

“Filha da Ciência e Mãe da Caridade, fossem todas as Instituições como tu, Santa Maçonaria ... e os povos viveriam uma nova idade de ouro ... Mas, além disso, tenho eu aqui: A Escola que me ensina a Moral e a Virtude ... O aperfeiçoamento interior que me traz a paz e a alegria de viver ... . ”

4. BIBLIOGRAFIA ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia. São Paulo: Ed.Nova Cultural Ltda., 2002.

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BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo: Editora Pensamento, 1993.. CAMINO, Rizzardo da. Dicionário Maçônico. São Paulo: Ed. Madras, 2006. GRANDE ENCICLOPÉDIA DELTA LAROUSSE. JABOR, Arnaldo. Crônica “Tempos Modernos”, 2011. NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO DA LINGUA PORTUGUESA. REVISTA SUPERINTERESSANTE- EDIÇÃO ESPECIAL. Pecados Capitais. No. 302, São Paulo: Ed. Abril, 2012. RITUAL DO 1º. GRAU – APRENDIZ MAÇOM- DO RITO MODERNO. Brasília: Ed. GOB, 2009. SANTOS, Sebastião Dodel dos. Dicionário Ilustrado de Maçonaria. Rio de Janeiro, 1990.

TEIXEIRA, Ivan Barbosa. Levantando Templos ao Vício e Cavando Masmorras Às Virtudes. Simbologia- Edição 16, ARLS Vale do Itapemirim, 2011.

ELEIÇÃO DEVERIA SER COISA SÉRIA! Prof. Marcos Coimbra Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano. Artigo publicado em 09.08.2012 no Monitor Mercantil.

Aproxima-se a eleição municipal de outubro. Mais uma vez muitos candidatos apresentam-se ao eleitorado, prometendo mundos e fundos, em um verdadeiro festival de ilusões, que não serão cumpridos. Vende-se um candidato como se fosse um produto, com roupagem cosmética, realizada por peritos em propaganda eleitoral, os famosos “marqueteiros”, cada vez mais milionários a cada eleição. Na realidade, eles “fabricam” algo inexistente, iludindo o ingênuo eleitor, vestindo um lixo com uma roupagem de luxo. Quem já participou de uma eleição, como foi nosso caso em 2000 à prefeitura do Rio de Janeiro, infelizmente é obrigado a conhecer os bastidores de uma eleição.

Se o candidato não pertencer a um dos maiores partidos existentes, principalmente na candidatura a prefeito, será inteiramente marginalizado, em especial pela mídia amestrada. Terá um ínfimo tempo de televisão, denominado de gratuito, quando não o é, pois as emissoras de rádio e TV usufruem de compensação, a valor de mercado, do tempo usado no horário eleitoral. Para colocar o programa no ar, existe um custo alto em recursos materiais e humanos. Dificilmente terá recursos para dispor de uma estrutura capaz de propiciar-lhe alguma chance de sucesso, pois precisa fornecer material de campanha e recursos

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financeiros aos candidatos a vereador de seu partido ou coligação. Caso não o faça, será abandonado por eles, que irão aliar-se aos candidatos com maiores recursos. Será fiscalizado com muito maior rigor do que os “riquinhos”.

Necessita de uma coordenação de campanha, com profissionais capacitados, além de um verdadeiro exército de “cabos eleitorais”, com a missão de torná-lo conhecido, alimentando a campanha até a proclamação do resultado final. Neste processo, duas etapas são importantes. A chamada “boca de urna”, a qual, apesar de vedada pela Justiça Eleitoral, continua a ser praticada pelos candidatos possuidores de vastos recursos, pois é muito difícil de ser fiscalizada, e a fiscalização no dia da votação e no acompanhamento da apuração. Tudo isto custa muito dinheiro. Os mais bem colocados nas pesquisas somente participam de dois debates (Band e Globo), fugindo dos demais. Assim, o povo desconhece os demais.

E como conseguir estes recursos? O candidato, mesmo que seja rico, não costuma aplicar recursos próprios. O volume principal de recursos é proveniente de grandes empreiteiras, grupos financeiros, concessionárias de serviços públicos, em especial da área de transportes, multinacionais e outras. Por que este interesse? Simplesmente porque se trata de um investimento, que resultará em retorno garantido no futuro. Após a posse, o novo prefeito terá o poder de recompensar os “amigos”, por ocasião das licitações de grandes obras, da “terceirização” de serviços públicos, com destaque para o setor de saúde, da renovação generosa de concessões etc.

Na prática, verificamos os procedimentos adotados pelo atual prefeito do Rio de Janeiro, candidato à reeleição. Sua “idéia-força” reside na argumentação de que deve ser reeleito porque é o único capaz de assegurar o fluxo de recursos do Estado do Rio e da União para o município. No caso de ser aceita a tese, revela o absurdo de admitir a existência de um irregular conluio entre os atuais governantes dos três entes federados, que discriminariam outro candidato eleito por outra coligação, em prejuízo da população carioca.

A empáfia do candidato peemedebista chega ao ponto de, no domingo, ao ser indagado por um jornalista, quando em campanha na Zona Norte, sobre a presença ao seu lado do candidato a vereador Marcelo Sereno, ex-assessor do Sr. José Dirceu, respondeu: “Não te interessa”. Qualquer analista político isento, ao examinar os principais itens que deveriam fazer parte obrigatoriamente de qualquer programa básico de um candidato, quais sejam saúde, educação, segurança, saneamento básico, iluminação pública, qualidade de pavimentação das ruas, transporte público de qualidade, responsabilidade fiscal e outros, reprovaria o atual alcaide. De fato, sua campanha está direcionada, além da “idéia-força” citada, para a realização da Copa do Mundo de 14 e para os Jogos Olímpicos de 2016.

Quem habita no município, aqui trabalha, estuda e deambula, sente na pele a progressiva deterioração da qualidade de vida na cidade, o trânsito enlouquecedor, as multas abusivas, a sujeira nas ruas e calçadas, o abandono da obrigação do atendimento às necessidades coletivas, as idéias megalomaníacas, como a de derrubar o viaduto da Perimetral, a falta de projetos vitais para a sobrevivência com dignidade do cidadão, “agraciado” com crescente tributação criada pelo prefeito, como a inominável “taxa de iluminação pública”, cobrada abusivamente na conta da Light, em valor proporcional ao consumo privado do usuário.

O prepotente “vendedor de ilusões” deve receber nas urnas a lição de humildade necessária a toda pessoa que acredita ser mais capaz do que é, estimulado pelos “elogios” do seu patrono, Sr. Sérgio Cabral, que pretende elegê-lo governador em 2018, após a “nomeação” do seu atual vice, Sr. Pezão em 2014, confiando na formidável máquina eleitoral conjugada, nas três esferas de governo: municipal, estadual e federal. É a perpetuação no poder de uma nova dinastia, a “cabralina”.

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Afinal, eleição é coisa séria. Não pode ser tratada com irresponsabilidade. O exercício da função pública exige também arcar com o ônus dos encargos assumidos e não apenas do usufruto dos bônus.

Correio eletrônico: [email protected] Página: www.brasilsoberano.com.br

Marcos Coimbra Eminente Inspetor do GCKFRM RJ

SESSÃO MAGNA CONJUNTA DAS 3 LOJAS FUNDADORAS

COMEMORATIVA DA SEMANA DA PÁTRIA

Em mais uma concorrida Sessão Conjunta, que reuniu mais de 80 IIr de diversas Lojas, as 3 OOfFundadoras do GOB e da Maçonaria Brasileira uniram forças para, na noite de 03.09, homenagearem a nação. Na oportunidade, foi proferida palestra pelo IrFernando Magalhães sob o tema: “Maçonaria e Política no Brasil da Independência ao cenário atual. Uma análise comparativa (1822-2012)”, bastante apreciada e geradora de muitos debates relativos à atual situação de despreparo da maçonaria contemporânea para o enfrentamento das complexas questões sociais do presente. Para registro e ampla divulgação de tais reflexões, segue abaixo a citada Peça.

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MAÇONARIA E POLÍTICA NO BRASIL DA INDEPENDÊNCIA AO CENÁRIO ATUAL. UMA ANÁLISE COMPARATIVA (1822-2012).

Muito já se escreveu a respeito dos luminares maçons que atuaram no cenário político

brasileiro às vésperas da independência do Brasil, agindo, do interior dos templos maçônicos no

sentido de elaborar articulações que terminaram por levar a colônia brasileira à sua

emancipação de Portugal. Nomes como Gonçalves Ledo, José Bonifácio, Clemente Pereira e

Moniz Barreto são recorrentes neste tipo de análise, sendo, portanto, de ciência geral tais

episódios. Desta forma, passaremos ao largo desta abordagem, que cremos já ser de amplo

conhecimento.

Outros dois importantes pontos de esclarecimento prévio são relativos ao Art. 2°, item VII

da Constituição do Grande Oriente do Brasil, que estabelece: “a proibição de discussão ou

controvérsia sobre matéria políico-partidária, religiosa e racial, dentro dos templos ou fora deles,

em seu nome.” 1, e à fonte deste, as Old Charges, em especial o seu Capítulo II, Da autoridade

civil, superior e inferior, onde se estabelece que: “o maçom deve ser pessoa pacífica, submeter-

se às leis do país onde estiver e não deve tomar parte nem deixar-se arrastar nos motins ou

conspirações deflagradas contra a paz e a prosperidade do povo.”2 É pressuposto norteador

deste artigo a equivocada interpretação dada a estes dois extratos, pela maçonaria brasileira em

1 GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Título I. Da maçonaria e seus princípios. Cap. I. Dos princípios gerais da maçonaria e dos postulados universais da instituição. In: Constituição do Grande Oriente do Brasil. Brasília – DF, Ed. GOB, 2007. p. 11. 2 ANDERSON, James. O Livro das Constituições de Anderson (1723). Cf. tradução de VALADARES, Henrique. O aprendiz-maçom. RJ, Edições GOB, 1966. pp. 74-75.

AAug RResp GGr BBen GGr BBenf LLoj SSimb

COMÉRCIO E ARTES 1 UNIÃO E TRANQÜILIDADE 2

ESPERANÇA DE NICTHEROY 3 FUNDADORAS DO GRANDE ORIENTE

DO BRASIL Criadas em 21 de junho de 1822

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geral, que redunda na atualidade, em uma postura que renega as ações dos citados maçons do

passado, revolucionários de primeira linha e hora, construtores de um novo modelo político que

fundou a pátria brasileira.

Feitas estas observações introdutórias, passamos ao objetivo precípuo deste trabalho: a

análise da conjuntura política e do sistema social vigente à época do nascimento da nação, suas

transformações ao longo dos séculos XIX e XX e a comparação com o cenário político-social

vigente na atualidade.

No tocante a este primeiro ponto, clarificamos que o ideario político da maçonaria

brasileira em 1822 era pautado nos pressupostos da filosofia do Iluminismo. Tais ideias,

entretanto, não se restringiam às discussões teóricas nos salões literários, mas, dentro das lojas

maçônicas, eram aplicadas na efetiva ação política. Conforme CARVALHO (2007) assinala: Os philosophes não estavam engajados em filosofia especulativa ou pensamento

altamente abstrato; teorizaram e lutaram para o melhoramento da sociedade e do ser

humano, pois seu foco era eminentemente pragmático. Seu interesse estava focado

na reforma dos seres individuais humanos, e, reformar, para os mais radicais, era

revolucionar as ultrapassadas instituições humanas e os sistemas de crenças

dogmáticos. 3

Outro importante ponto a esclarecer sobre a atuação e a relevância política das lojas

maçônicas de então, concerne à, naquele momento, revolucionária característica que a

maçonaria representava para a sociedade do século XIX, que é o conceito pelo qual esta ordem

é analisada pelos atuais pesquisadores acadêmicos nas universidades de todo o mundo: um

relevante e estratégico espaço de Sociabilidade. O mesmo CARVALHO (2007) esclarece que: Essa sociabilidade urbana, maçônica, também chamada de sociabilidade em

mutação, será o apanágio da maçonaria no século XVIII europeu. No Brasil, esse

conceito buscará orientar as pesquisas de nossos historiadores, agora no início do

século XIX, de como essa nova forma de sociabilidade concorreu para a

independência do país, as novas pautas políticas, o constitucionalismo no primeiro e

segundo império, a luta contra os monopólios eclesiásticos dos cemitérios, a

filantropia, a nova educação mais laica, etc. 4

Podemos a partir destas colocações, perceber que os maçons fundadores da Ordem no

Brasil, longe de seguir de forma irrefletida as Old Charges, consideravam dever precípuo

contribuir para as mudanças sociais necessárias à construção do novo país que emergia no

concerto das nações. Suas atividades pautavam-se pela firme atuação no âmbito político, com

base no ideario iluminista, no sentido de transformar o sistema.

3 CARVALHO, William Almeida de. Simbologia maçônica. Uma proposta de abordagem. In: I concurso anual de monografias maçônicas do Grande Oriente do Brasil. Brasília – DF, Ed. GOB, 2007. p. 95. 4 CARVALHO. Op.cit. p.100.

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Esta postura revolucionária de vanguarda das ideias, no entanto, ao longo do século XX

modificou-se substancialmente. É senso comum a percepção de que a maçonaria deixou de

atuar como liderança social, e, mais do que isso, adquiriu aspecto profundamente conservador,

à parte de manter-se ainda como espaço de sociabilidade, atualmente dividindo esta

característica com outras instituições semelhantes, que atuam de forma mais eficiente no debate

e propagação das novas ideias políticas e sociais que grassam pelo planeta.

A ordem dos pedreiros-livres, auto-intitulados “livres-pensadores”, definitivamente, perdeu

o bonde da história.

Quais as transformações sociais e ideológicas que a maçonaria deixou de analisar nos

últimos cem anos? Que ideias passaram ao largo das lojas maçônicas, alienando assim seus

obreiros do cenário da vanguarda dos acontecimentos político-sociais brasileiros? Tentaremos

aqui fazer um pequeno resumo, cônscios, entretanto, de que esta é uma análise particular,

sendo possíveis diversificadas outras análises, dependendo do ponto de partida do analisador.

Neste ponto, utilizamos as reflexões de um pesquisador, FARIA (2012) 5 que, em estudo

aparentemente não afeito ao âmbito desta pesquisa, de cunho mais amplo, nos esclarece,

entretanto, os mecanismos desta passagem de ideias e sistemas políticos ao longo do século

XX que raramente são discutidas ou mesmo compreendidas pelos maçons da atualidade.

A crise do sistema capitalista vigente até os anos 1970, inseriu o Brasil e outros países

periféricos, a partir da década de 80 em um novo modelo, tanto econômico quanto social, o

neoliberalismo. Este representa nova leitura do liberalismo clássico, que elimina o conceito de

Welfare State (bem-estar social), que vigorava ao longo do século XX. Sob este novo aspecto

político-econômico, a sociedade experimentou intensa redução que, segundo HARVEY (1994) 6

rompeu tais aspectos, modificando o equilíbrio de poder e alterando a vida social e cultural em

todas as classes. Tal se deu através da implantação de novas formas organizacionais e novas

tecnologias no campo da produção, bem como no âmbito das comunicações, da racionalização

das técnicas de circulação e distribuição de mercadorias, de serviços e até no mercado

financeiro, revolucionado pelo surgimento da internet, do dinheiro de plástico e da larga oferta

de crédito pessoal.

Para a massa de trabalhadores, tais fatores refletiram-se numa intensificação da

exploração e requalificação das formas de trabalho. Outra fundamental transformação social se

deu na passagem do consumo de bens para o consumo de serviços, sejam individuais,

comerciais, educacionais, de lazer ou de saúde. O mesmo autor nos diz que: “No domínio da produção de mercadorias, o efeito primário foi a ênfase nos valores e

virtudes da instantaneidade e da descartabilidade (...). A dinâmica da sociedade do

5 FARIA, Roberto. Educação municipal, a intervenção das políticas federais: reflexos na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. RJ, Quartet/Cesgranrio, 2012. 6 HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo, Loyola, 1994.

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descarte significa mais que jogar fora bens produzidos; significa também ser capaz

de atirar fora valores, estilos de vida, relacionamentos estáveis, apego a coisas,

edifícios, lugares, pessoas e modos de ser e agir” (HARVEY, 1994, p. 258).

Assim, a atual social-democracia, braço da política vigente, acopla-se ao sistema

econômico neoliberal para abandonar a ideia de justiça social que até então pregava a

igualdade econômica e social. Abandona a ideia de trabalho, substituindo-a pela de emprego;

abandona a ideia de pleno emprego, substituindo-a pela ideia de eficiência e produtividade;

todas estas, alcançáveis por meio da Educação que, sob estes novos moldes, enfatiza as novas

tecnologias, eliminando o livre-pensar humanista de seus currículos escolares.

Outra decorrência destes ajustes reflete-se nas políticas econômicas internas dos países,

forçados a sucessivos ajustes econômicos expressos na queda dos salários, na terceirização

dos serviços e no decorrente aumento do desemprego estrutural. Sob este prisma, COUTINHO

(2006)7 defende a tese de que nosso país atravessa uma crise de Estado desde 1930,

momento de sua entrada definitiva no modelo capitalista, assim como do enfraquecimento

sucessivo, pelas vias acima assinaladas, dos conceitos de democracia e justiça social.

Ainda no campo das políticas educacionais, com base em orientações emanadas do FMI

e do Banco Mundial ao longo da década de 1990, o governo federal adotou políticas públicas

que efetivaram tais diretrizes neoliberais, distanciando ainda mais a educação das práticas de

mediação para a libertação, desprestigiando conteúdos de formação moral e de construção da

cidadania, em prol de uma orientação economicista e funcionalista, com ênfase em projetos de

inclusão tecnológica. Estas formas de expressão político-educacional do modelo neoliberal

atualmente em vigor redundaram em um cenário existencial no qual as referências ético-

políticas perderam sua força na orientação comportamental dos indivíduos, gerando descrédito

e desqualificação, tanto na atividade política quanto no campo da educação.

Esta é a crise de paradigmas que a maçonaria contemporânea enfrenta. Seu despreparo

e desatenção para tal cenário é flagrante. Necessário é que se volte a discutir amplamente,

como faziam os primeiros maçons do Brasil, os rumos desejados para a efetivação dos

pressupostos filosóficos e políticos maçônicos. Enquanto se voltar solenemente as costas à

análise dos atuais discursos vigentes que renegam a orientação do sujeito ao entendimento de

seu lugar e função na vida e na sociedade, manipulando-o ainda, com vista a incutir-lhe a ilusão

de uma felicidade artificial, baseada em uma prosperidade prometida, mas nunca realizada,

levando a um individualismo egoísta e narcisista, simulacro do sujeito autônomo e livre, imerso

nesta sociedade pós-industrial, que, atualmente resignifica-se até certo ponto ironicamente

como uma “sociedade de conhecimento”, onde o fetiche da ciência e das novas tecnologias

7 COUTINHO, Carlos Nélson. O Estado Brasileiro: gênese, crise, alternativas. In: LIMA, J., NEVES, L. Fundamentos da educação escolar no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro, EPSJV, Fiocruz, 2006.

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conduzem à ilusão da superação dos conflitos, a maçonaria estará deixando de cumprir os

objetivos que nortearam sua existência. Não é mais aos maçons possível crer que submetem

suas vontades individuais a um projeto maior de felicidade coletiva. Tal não ocorre na atual

conjuntura. As paixões humanas, expressas na busca pela felicidade oca e artificial de bens, em

detrimento da aquisição de conhecimentos, é mais exacerbada do que nunca, provocada pela

omissão de longas décadas de alienação política. A ideia de progresso, seja no aspecto

pessoal, pior ainda no coletivo, deixou de ser tema discutido e estudado há muito na maçonaria.

Por fim, e em decorrência de tudo o que aqui foi apresentado, lamentavelmente deve a

maçonaria admitir: enquanto instituição que tem como um de seus princípios básicos produzir

homens melhores, pelo menos em relação ao fundamental aspecto da construção e do

aperfeiçoamento do edifício social, há muito ela deixou de ser justa e perfeita, ao abandonar as

bandeiras sociais que a caracterizaram nos idos dos séculos XVIII e XIX.

No momento em que os maçons aqui se reúnem para celebrar seus feitos do passado,

que geraram a independência deste imenso país do jugo de antigo opressor, urge que se faça

profunda reflexão no sentido de, com base nos exemplos de nossos irmãos e Pais Fundadores

da Pátria Brasileira, retornemos às nossas gloriosas origens, fazendo novamente de nossos

encontros, celeiros de ideias úteis, novas e saneadoras, concernentes ao abandonado campo

da política nacional.

Só através da reativação dos pressupostos também expressos em nossa Constituição, de

cultuar o permanente exercício da razão e a salutar prática da análise e debate amplo e

democrático das ideias, que levem o ser humano à prevalência do espírito sobre a matéria, este

retorno ao lugar que nos cabe na sociedade brasileira, do qual jamais deveríamos ter saído,

poderá se efetuar.

Perseveremos! Ainda há tempo!

Rio de Janeiro, 03 de setembro de 2012.

Fernando Magalhães

MMCIM 245.890

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EMBLEMAS DA ARLS UNIÃO E TRANQUILIDADE

Por Adriano Papa Mangia 1. Introdução O Emblema é uma figura simbólica que representa uma coletividade ou uma corporação8. Normalmente representados por símbolos que têm por objetivo expressar uma idéia ou emoção, bem como uma filosofia ou ainda induzir a uma meditação e concentração. Os emblemas de uma loja maçônica são compostos pelo timbre, o brasão e o estandarte. Todos devem manter um mesmo padrão, objetivando a coerência com a ideia que a loja deseja expressar.

2. Desenvolvimento

O objetivo do presente trabalho é tentar identificar e interpretar o timbre da ARLS UNIÃO E TRANQUILIDADE e mostrar as etapas do trabalho de modernização de sua simbologia, realizado pelo Ir.’. Joel Guimarães de Oliveira, da ARLS Prof. Clementino Brito no. 2115, Oriente de Santa Catarina, a pedido da ARLS UNIÃO E TRANQUILIDADE. Um símbolo completo compõe-se de forma e significado, que são seus elementos objetivo e subconsciente ou material e psíquico9. Quando vemos um símbolo, a forma é o estímulo e provém do mundo objetivo ou material. A imagem que temos na mente do símbolo corresponde à forma, porém é a base do significado. Como exemplo, o livro é um símbolo de conhecimento, pois quando vemos ou imaginamos um livro nos é passada uma ideia de conhecimento, de informação ou notícia. Os emblemas de uma loja são a sua identidade, e podem ser comparados ao RG de um indivíduo, ou seja, é preciso que a imagem ou símbolos apresentados identifiquem a loja representada, assim como a foto 3x4 do RG identifica o indivíduo. Abaixo a ilustração do que nossas pesquisas consideram até o presente momento como sendo o primeiro timbre da ARLS UNIÃO E TRANQUILIDADE, extraído de uma Prancha datada de 15 de janeiro de 1898, endereçada ao “Ill.’. e Resp.’. I.’. 33 Dr. Henrique Valadares, Gr.’. Sec.’. Ger.’. da Ordem”, onde se comunica que na Sessão de n° 2504, de 13 de janeiro de 1898, foi eleita a administração para o ano maçônico de 5898 a 589910:

8 Dicionário online de Português. In: http://www.dicio.com.br/emblema/. Acessado em 21/08/2012. 9 AMORC. Introdução à Simbologia. Curitiba, Paraná, Ed. Grande Loja do Brasil, 2000. p.18. 10 PRANCHA S/N.º 15.01.1898. Comunicado ao poder central da eleição da administração para o biênio 1898-1899. RJ, Palácio Maçônico do Lavradio, 1898.

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Figura 1 – 1º Timbre (1898)

O timbre da ARLS União e Tranqüilidade apresenta um personagem deitado às margens de uma

baía com um morro ao fundo e a cabeça apoiada na mão direita, tendo um machado entre o braço e na mão esquerda um ramo de acácia, tudo isso sob a supervisão de um Delta luminoso e radiante entre nuvens, de onde emergem duas mãos que se cumprimentam.

Acima descrevemos a forma do símbolo ou timbre da loja, mas como interpretá-lo e qual será o seu significado? Inicialmente devemos identificar o personagem. Em uma primeira análise, foi levantada a hipótese de tratar-se de uma das divindades da mitologia grega, no caso, Apolo, pois além de ser o deus da Beleza e da Perfeição, é também o deus da Harmonia e Equilíbrio, passando uma imagem de tranqüilidade. Outra hipótese levantada foi o personagem em questão ser Atena ou Minerva, na mitologia romana, pois Minerva, além da deusa da Sabedoria era também a Deusa da Paz e possuía o machado11 como símbolo, além do escudo e da lança. Porém após uma análise mais detalhada de outra versão de nosso timbre, datada de 191412, constatou-se que o personagem em questão, além de claramente não pertencer ao sexo feminino, nesta versão também não se assemelhava a uma divindade mitológica, surgindo a hipótese

11 BOTTICELLI, Sandro (1444-1510). Minerva e o Centauro (1483). in: http://www.diariodarussia.com.br/cultura/noticias/2011/05/15/botticelli-de-florenca-para-moscou/ . Acessado em 21/08/2012. 12 A nova versão, possivelmente a segunda desde sua criação, possui em sua borda a nova condição de “Gr.’.Ben.’.”, alcançada pela Oficina em 30 de julho de 1906. O novo timbre deve ter sido elaborado a partir desta ocasião, não se encontrando, no entanto até a presente data, outros documentos com data anterior a 1914.

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de ser a representação de um indígena brasileiro. Abaixo timbre de 1914 e timbre atual da ARLS UNIÃO E TRANQUILIDADE:

Figura 2 – Timbre de 191413 Figura 3 – Timbre Atual

A figura humana no timbre de 1914 representada seria um índio, deitado tranqüilo às margens da Baía de Guanabara, possivelmente da perspectiva da visão de uma praia de Niterói, berço das primeiras reuniões de maçons antes ainda da fundação do Grande Oriente do Brasil, admirando a paisagem do Pão de Açúcar ao fundo, sob a supervisão do Delta Radiante, o qual esparge sua Luz, dissipando as nuvens da tempestade que representam a discórdia. Devemos aqui lembrar que o período no qual o timbre foi criado estava um tanto conturbado em função da mobilização pela independência do Brasil, e que, somente com “UNIÃO e TRANQUILIDADE”, conforme expressão utilizada por D. Pedro no famoso discurso do Dia do Fico, em 09 de janeiro de 1822, e, principalmente no seio da Maçonaria, o objetivo da independência seria conquistado. A transformação do antigo timbre de 1918 para a atual versão ocorreu ao longo do século XX, não sendo ainda identificada a data precisa quando tal se deu. Apenas podemos destacar novamente como pista as modificações em suas bordas, advindas da separação entre os Graus simbólicos e os filosóficos. Esta modificação ocorre quando deixa a Loja de ser “Capitular”, passando a operar apenas na condição de “Simbólica”, fato que nos faz supor que a nova versão surge após 23 de maio de 1951, data em que o Grão-Mestre Joaquim Rodrigues Neves, sanciona pelo Decreto n° 1641, a nova Constituição do GOB, onde se oficializava a separação entre a potência simbólica e as oficinas litúrgicas14. Caminhando no tempo, seguindo até a contemporaneidade, observamos abaixo a proposta de modernização do timbre executada pelo Ir.’. Joel Guimarães de Oliveira com vista às comemorações dos 190 anos de fundação da Loja, em 21 de junho de 2012, bem como os decorrentes novos modelos de brasão e estandarte. Na reinterpretação de seus símbolos, que mantiveram à risca os mesmos elementos desde sua criação original, nos idos da fundação da Loja, destacamos o aperto de mãos, enriquecido pelo assinalamento da diversidade racial e a busca pela integração social, questão importante na atual sociedade brasileira; o “amorenamento” da figura humana, seguindo a opção inicial e a hipótese posterior de um

13 PRANCHA S/N.º 16.02.1914. Comunicado ao poder central da iniciação do profano Carlos L. da Fonseca. RJ, Palácio Maçônico do Lavradio. 1914. 14 CASTELLANI, José e CARVALHO, William Almeida de. História do Grande Oriente do Brasil. São Paulo, Madras, 2009. pp. 224-225.

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elemento representativo do nacionalismo e da brasilidade, e, por fim, a opção definitiva pelo Pão de Açúcar15 como elemento geográfico definidor das origens da maçonaria brasileira no Rio de Janeiro.

15 Sobre tal questão, muito mais profunda do que aparenta a princípio, e que levou a outra discussão sobre a simbologia do timbre do Grande Oriente do Brasil, recomendamos a leitura da obra de CH’AN, Isa. Loj.’.União e Tranquilidade n° 2, Rio – O seu 1° Timbre. in: Coletânea A Bigorna. Vol. 4, n° 133. Paquetá-RJ, Ed. do Autor, 1992. p. 120. Nela, além de fazer menção ao uso do 1° timbre a uma data mais antiga (1839), Prober corrobora a opinião do grupo de estudos formado pelos IIr.’. Joel Guimarães de Oliveira, Fernando Magalhães, Marcos Coimbra e José Maria Bonachi Batalla que concluiu pela utilização do relevo do Pão de Açúcar por parte dos Irmãos do passado, não só no timbre da União e Tranquilidade, mas também no próprio timbre do GOB, quando de sua primeira versão, em 1852. Sobre esta última afirmação, ver também CH’AN, Isa. Achegas para a História da maçonaria no Brasil. Vol. 2. Maçonaria política (1823-1898). São Paulo, Ed. do Autor, 1969. pp. 185-189.

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3. Conclusões Quando vemos um objeto, temos uma imagem perceptiva do mesmo em nossa mente. Esta percepção é associada a ideias, emoções e conceitos que já fazem parte da consciência. A percepção está relacionada com a forma; os conceitos, ideias e emoções com o significado. A união destes elementos torna o símbolo expresso ou objetivado. No caso do nosso timbre, o significado da mensagem através dos vários elementos que o compõem é clara: UNIÃO, representada pelo aperto de mãos e TRANQUILIDADE, representada pela personalidade indígena deitada às margens da Baía de Guanabara com o Delta Radiante sempre dissipando a discórdia com sua Luz. Uma bela mensagem, plena de significações maçônicas, em um belo e histórico timbre.

4. Referências bibliográficas

FONTES PRIMÁRIAS ARQUIVOS DA SECRETARIA DA LOJA UNIÃO E TRANQUILIDADE. PRANCHA S/N.º 15.01.1898. Comunicado ao poder central da eleição da administração para o biênio 1898-1899. RJ, Palácio Maçônico do Lavradio. 1898. PRANCHA S/N.º 16.02.1914. Comunicado ao poder central da iniciação do profano Carlos L. da Fonseca. RJ, Palácio Maçônico do Lavradio. 1914.

FONTES SECUNDÁRIAS

AMORC. Introdução à Simbologia. Curitiba, Paraná, Ed. Grande Loja do Brasil, 2000.

BOTTICELLI, Sandro (1444-1510). Minerva e o Centauro (1483). in: http://www.diariodarussia.com.br/cultura/noticias/2011/05/15/botticelli-de-florenca-para-moscou/ . Acessado em 21/08/2012. CASTELLANI, José e CARVALHO, William Almeida de. História do Grande Oriente do Brasil. São

Paulo, Madras, 2009.

CH’AN, Isa. Achegas para a História da Maçonaria no Brasil. Maçonaria política (1823-1898). Vol. 2. São

Paulo, Ed. do Autor, 1969.

__________. Loj.’.União e Tranquilidade n° 2, Rio – O seu 1° Timbre. in: Coletânea A Bigorna. Boletim

noticioso e novidadeiro. Vol. 4, n° 133. Paquetá-RJ, Ed. do Autor, 1992.

DICIONÁRIO online de Português. In: http://www.dicio.com.br/emblema/. Acessado em 21/08/2012.

Rio de Janeiro, 21 de Agosto de 2012.

ADRIANO PAPA MANGIA

ApM CIM 270361 Loja União e Tranqüilidade nº 2 - GOB

.

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Seminário sobre “Soluções para a Amazônia Brasileira”

Objetivo: Apresentar aos participantes sugestões de políticas e estratégias a serem adotadas pelo Poder Nacional, com o propósito de implementar ações destinadas à solução da grave problemática existente, considerando-se os Objetivos Nacionais Permanentes; Duração: Painel com duração de cerca de quatro horas; Horário: 09:00h; Data: 30.10.12; Patrocinadoras: Academia Brasileira de Defesa, Academia Brasileira de Filosofia, Academia Nacional de Economia, Grande Conselho Kadosh Filosófico do Rito Moderno-RJ; Local: Auditório da Academia Brasileira de Filosofia (ABF) - Rua Riachuelo, 303-Centro-Rio de Janeiro. Dinâmica dos Trabalhos: 09:00h – Abertura 09:15h - Visão Internacional – Embaixador Marcos Henrique Camillo Côrtes; 09:55h – Expressão Política- Senador Mozarildo Cavalcante; 10:35h – Intervalo para o café;

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10:55h – Expressão Militar – General-de-Exército Luiz Gonzaga Schroeder Lessa; 11:35h – Debates; 12:35h – Encerramento. OBS: 1 – Traje: esporte; 2 – Serão fornecidos certificados de participação a quem solicitar; 3 – Não haverá cobrança de qualquer taxa; 4 – Existe um estacionamento particular ao lado da ABF; 5 – No intervalo haverá disponibilidade de água mineral, café e biscoitos; 6 – As inscrições poderão ser feitas através da página do Kadosh (www.kadosh-rm-rj.net.br ), pelo telefone 21-2252-8593 ou no dia do Seminário (pedimos que quem escolher esta opção, chegue uma hora antes do início das atividades).

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1° ENCONTRO REGIONAL DE APRENDIZES E COMPANHEIROS

DO RITO MODERNO (ERACOM)

1. INTRODUÇÃO

A Loja União e Tranquilidade, Primaz do Rito Moderno, praticando-o desde a sua fundação, sente-se no dever de alimentar esta chama da nossa fraternidade fazendo-a iluminar os ttrab.´. das lojas co-irmãs. Nosso rito foi bem mais pujante e o mais praticado no oriente brasileiro, é o rito dos grandes e livres pensadores, dos iluministas.

No presente, nosso principal enfoque é difundir o RM, tornando-o popular em nossa ordem para que possamos aumentar o numero de seus seguidores, principalmente iniciando aprendizes. Não esqueçamos porem que devemos pensar nossa querida pátria, e, concomitantemente com nossas atividades internas, nossas mentes estão também ligadas nos assuntos que requerem nossa atenção dentro da sociedade nacional e internacional.

É dever de todo maçom ocupar-se com, no mínimo, um acompanhamento, dos rumos que nosso país está seguindo.

Neste encontro trataremos de produzir conhecimento maçônico e filosófico concernente ao RM.

2. FINALIDADE:

- Promover a integração dos IIrr.´. que congregam o Rito Moderno criando uma metodologia de conhecimentos desenvolvidos pelos aprendizes e companheiros, supervisionados pelos mestres, visando a produção e desenvolvimento de uma fonte (Guia Maçônico do Rito Moderno) a fim de se fazer luz às instruções e consulta do rito.

3. COMISSÃO DE ORGANIZAÇÃO:

- Ir.´. MMSérgio Luiz do Couto / Ir.´. MMFernando Magalhães, / Ir.´. MMRonaldo Chaves Gaudio.

4. LOCAL: INSTITUTO CONSELHEIRO MACEDO SOARES

5. TRAJE: MAÇÔNICO

6. DATA e HORÁRIO : 10 DE NOVEMBRO (SÁBADO), DE 08h ÁS 16h.

7. PARTICIPANTES:

- Todas as lojas do RM, situadas na cidade do Rio de Janeiro e as situadas em Rio Bonito e Juiz de Fora, mediante convite extensivo a todos os obreiros. Caso a loja não possua AAp.´. e/ou CComp.´. poderá indicar MM.´. para realização dos TTrab.´.

- As lojas deverão indicar também cinco MM.´. para comporem as diversas mesas diretoras e formarem público para apreciação dos TTrab.´. e incentivo aos AApp.´. e CComp.´.

- Lojas Maç.´. de outros ritos sediadas no Rio de Janeiro –RJ

- Especialmente, o SCRM deverá ter sua participação, se possível, proferindo as palavras de encerramento do encontro e o texto de apresentação do Guia Maçônico.

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- Especialmente, o GCKRM RJ deverá ter sua participação, se possível, proferindo as palavras de abertura do encontro e o texto introdutório do Guia Maçônico, com o tema: “A Maçonaria do Século XXI e o Rito Moderno”.

8. DESENVOLVIMENTO:

Durante os trab.´. os VM e os Presidentes dos Cap.´.Filosóficos se reunirão para tratar da difusão e ampliação do RM.

As lojas participantes deverão escolher dois temas gerais distintos e desenvolver dois ou mais subitens dentro de cada assunto.

Tais Peças de Arquiteturas deverão ser, antes de apresentadas no ERACOM, submetidas a aprovação nas respectivas oficinas, visando a apreciação, correção, aperfeiçoamento, e conclusão das mesmas, que deverão conter, no final, bibliografia, nome do(s) Ir.´.(IIr) autor(es) e loja a que pertence(m). Após esta fase, os TTrab.´. serão enviados à comissão organizadora através do e-mail [email protected], para análise, seleção e publicação.

A apresentação dos TTrab.´. será simultânea, em principio, 15 lojas participantes, abrangendo os três temas propostos divididos por subitens, os quais serão apresentados sob forma de “debates”, ocorrendo simultaneamente em locais previamente identificados, de acordo com o quadro horário do evento. Em cada local haverá, para disciplinar a apresentação, uma mesa diretora com um presidente, um vice-presidente e um secretário para confecção da ata, os quais serão previamente relacionados, bem como os apresentadores dos TTrab.´.

9. Valores para Inscrição/Participação no evento:

Aprendizes/Companheiros que apresentarão Artigos: 40,00 / Ouvintes: 25,00. Os depósitos deverão ser feitos até as datas aprazadas na conta Bradesco. Ag. 2773-1. c.c. 0176970-7 (Loja Simbólica União e Tranquilidade).

OBS.: RENDA REVERTIDA PARA O Inst. Macedo Soares, VISANDO A CONFECÇÃO DOS LANCHES E ALMOÇO, emissão dos Certificados e impressão/publicação dos artigos/palestras no Guia Maçônico do Rito Moderno Edição 2012. (Gráfica Stamppa Editorial / Cultura e Lazer Ed. LTDA. / ou Reis de Souza Ed. LTDA. Em fase de licitação de preços).

10. CALENDÁRIO DO EVENTO

EVENTO DATA Realização do ERACOM 10 NOV 12 Divulgação – expedição de pranchas A PARTIR DE 26/08/2012 Emissão de folders IDEM Recebimento da inscrição dos apresentadores de TTrab. .́, no sitio do GCKRM RJ, por email ([email protected]) ou através de prancha endereçada a Loja UT - Rua do Lavradio, 97. Centro. CEP 20230-070 Rio de Janeiro - RJ

ATÉ 15/10/2012 (40,00)

Inscrição dos demais participantes com a respectiva taxa de adesão: 25,00 ATÉ 15/10/2012 Inscrição dos demais participantes com a respectiva taxa de adesão: 40,00 APÓS 15/10/2012 Recebimento dos trabalhos ATÉ 15/10/12 Análise e confirmação com horário da apresentação do artigo ATÉ 05/11/2012 Confecção/envio do encadernado aos participantes DEZ/2012 Divulgação dos componentes das mesas ATÉ 05/11/2012 Divulgação das salas dos participantes ATÉ 05/11/2012

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11. QUADRO DE HORARIOS

HORA EVENTO LOCAL PARTICIPANTES 08:00 / 08:20 ABERTURA: UT / ICMS / GCKRM - RJ TEMPLO 08:30 / 10:20 APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS SALAS 1,2 E 3 10:20 / 10:30 COFFEE BREAK REFEITORIO T 10:30 / 11:50 APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS SALAS 1,2 E 3 O 12:00 / 13:00 ALMOÇO REFEITORIO D 13:10 / 15:00 APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS SALAS 1,2 E 3 O 15:00 / 15: 10 CAFEZINHO REFEITÓRIO S 15:10 / 16:00 PALESTRA: Graus Simbólicos e Filosóficos do RM TEMPLO 16:00 ENCERRAMENTO: SCRM / ENTREGA DE

CERTIFICADOS TEMPLO

12. ASSUNTOS E TEMAS PARA CONFECÇÃO DOS TRABALHOS

HISTÓRIA

FILOSOFIA

RITUALÍSTICA /

SIMBOLOGIA Grandes Vultos do RM O uso dos Livros da Lei O Templo no RM

T E

A Independência do Brasil e o RM A Questão Religiosa e o conceito de Laicidade

A Natureza de Deus

M A

A Abolição e o RM O Iluminismo e o RM Sinais, Toques e Palavras do RM

S A Proclamação da República e o RM Outras correntes filosóficas e o RM As Ferramentas Desafios contemporâneos para o RM:

sociedade e política Desafios contemporâneos para o RM: Ideologia e Pensamento

Alfabeto Maçônico

NEC PLUS ULTRA !