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www.simesp.org.br Publicação bimestral do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo - janeiro/fevereiro Nº 60 | 2010 SINDICAL Instituto do Câncer e Ribeirão Preto | ESPECIAL DPME | ARTIGO Homenagem à mulher D R ! Lutas, alegria, participação e democracia Simesp 2010

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www.simesp.org.br

Publicação bimestral do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo - janeiro/fevereiro

Nº 60 | 2010

SINDICAL Instituto do Câncer e Ribeirão Preto | ESPECIAL DPME | ARTIGO Homenagem à mulher

DR!

Lutas, alegria, participação e democracia

Simesp 2010

SUMÁRIO

04 | cartas

05 | editorial

24 | artigo

25 | raio x

27 | sindical

Idosoempreendedor

Trabalhar com gestãode serviços e qualidade de vida para idosos – metasda médica Regina Parizi

Presençado médico

O ano de 2010, que parao Simesp começou mesmo no dia 1º de janeiro,convida e conclama àpresença e participação

Nossos índios

Índios kuikuros deixam o Xingu e vêm a São Paulo, trazendo sua cultura.As atividades da tribo podem ser conferidas na Toca da Raposa, em Juquitiba

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EXPEDIENTE

Dr!A Revista do Médico

Simesp Sindicato dos Médicos de São Paulo Fundado em 1929Filiado à CUT (Central Única dos

Trabalhadores) e à Fenam (Federação Nacional dos Médicos)

Assuntos JurídicosMaria das Graças [email protected]

Formação Sindical e SindicalizaçãoAntonio Carlos da Cruz Júnior

Relações do TrabalhoRenato Antunes dos Santos

Relações Sindicais e AssociativasZied Rasslan

Conselho FiscalNelza Akemi Shimudzu, David Serson e Lavínio Nilton Camarim

EQUIPE DA REVISTA DR!Secretário de Comunicação e ImprensaOtelo Chino Junior

Edição e reportagemIvone Silva Guilherme Salgado Rocha

PROJETO GRÁFICODidiana Prata – Prata Designwww.pratadesign.com.br

RS PRESS EDITORANúcleo de Criação e DesenvolvimentoRua Cayowaá, 228 – PerdizesSão Paulo – SP – 05018-000Fones: (11) 3875-5627 / 3875-6296e-mail: [email protected]: www.rspress.com.br

Editor de ArteLeonardo FialDiagramaçãoLeonardo Fial, Luiz Fernando Almeidae Gabriel RabescoFotos:Osmar Bustos

Assistente de comunicaçãoJuliana Carla Ponceano Moreira

AnúnciosIsabel RuschelFones: (11) 3813-1876 e 9893-1516e-mail: [email protected]

Redação e administraçãoRua Maria Paula, 78, 3° andar01319-000 – SP – Fone: (11) 3292-9147Fax: (11) 3107-0819 e-mail: [email protected]

Tiragem: 28 mil exemplares

Circulação: Estado de São Paulo

Todos os artigos publicados terão seus direitos resguardados pela revista DR! e só poderão ser publicados, parcial ou integralmente, com a autorização, por escrito, do Simesp. A responsabilidade por conceitos emitidos em artigos assi-nados é exclusiva de seus autores.DIRETORIA

PresidenteCid Célio Jayme [email protected]@simesp.org.br

SECRETARIASGeralCarlos Alberto Grandini Izzo

Comunicação e ImprensaOtelo Chino [email protected]

AdministraçãoStela Maris [email protected]

FinançasAizenaque Grimaldi de [email protected]

06 | páginas verdes

32 | cultura

12 | capa

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CARTAS

CataventoPrezada jornalista Ivone Silva,Recebemos os exemplares da DR! 59/2009, em que foi publicada a re-portagem realizada no Catavento, na editoria de Cultura. Com gran-de satisfação vimos a reportagem “Fascinante mundo da Ciência” e o Catavento tão bem retratado, tanto pela matéria como pelas fo-tos. Gostaríamos de agradecer a todos os diretores e responsáveis pela revista e em especial a você, que veio nos visitar e realizou esse ótimo texto. Estamos à disposição para o que for necessário e todos os leitores estão convidados a nos visitar. Atenciosamente, abraços,

Direção do Catavento,

São Paulo, SP

DenúnciaSou clínico geral, e nos meses de agosto e setembro de 2009 fiz seis plantões no Hospital Saúde/Casa de Saúde Guarulhos, por intermédio da Cooperstar/Coo-perativa, que ali tem um escri-tório. Após dois meses de muita insistência recebi um cheque pré-datado, para daí a 20 dias, no valor de R$ 3.750, do Brades-co, em nome de Kasual Consulto-ria em Recursos Humanos Ltda, para o dia 3 de novembro. De-positei o cheque no dia indicado. Mas para a minha surpresa es-tava sustado. Liguei várias vezes para Marta Maria Olintho de Souza, que se apresentava como funcionária da Cooperstar. Con-segui falar com ela, que me ga-rantiu que trocaria o cheque. Até hoje, início de 2010, nada conse-gui. Somente me ‘atendem’ caixa postal e secretária eletrônica.

Coloquei o cheque em protesto, lavrei boletim de ocorrência por estelionato. Faço esta denúncia para que os colegas não caiam na mesma armadilha.

Walter Calil Elias Júnior,

São Paulo, SP

Artesãos de ArujáAgradecemos a inserção, constan-te da página 37 do DR! 58/2009, que se refere aos artesãos da cida-de de Arujá. Fui entrevistado na Revelando São Paulo, e qual não foi a minha surpresa ao ver a foto e o texto falando do trabalho dos artesão daqui da cidade?! O gesto, além de divulgar o que fazemos, motiva muito a continuar nos de-dicando a essa arte.

André Melecsecis,

Arujá, SP

Greve dos peritos 1Aos médicos do DPME, registro aqui o meu respeito e o meu total apoio pelo movimento grevista, pois vocês ganham pouco e tra-balham muito. Há funcionário no DPME com ensino fundamental, que não faz nada o dia inteiro, ganhando muito mais do que mé-dico. Parabéns aos peritos em gre-

Imposto de renda

O Sindicato dos Médicos de São Paulo coloca à disposição do médico (sócio e não sócio) o serviço de declaração de Imposto de Renda. Os horários devem ser agendados no Departamento Jurídico do Simesp. Confira os valores:Sócios: R$ 60Não sócios: R$ 100

ve pela atitude e determinação. A greve por melhores salários é um direito assegurado pela Consti-tuição Federal. Qualidade e efici-ência no serviço também exigem melhores condições de trabalho e uma boa remuneração.

Arthur da Silva Menezes

Greve dos peritos 2Parabenizo os médicos peritos do DPME pelo desfecho com parecer favorável aos assun-tos pleiteados na recente greve. Cheguei a manifestar meu apoio em um blog do jornal Os Municí-pios. Gostaria de saber se vocês conseguiram a almejada autono-mia técnica para que possam re-solver a vida funcional de quem precisa de uma readaptação para retornar ao trabalho (estou esperando há dois anos).

Maria do Carmo

Greve dos peritos 3Apoio que seja manifestação e não paralisação, pois há muitas pesso-as, como eu, que precisam ingres-sar e dependem dos peritos. Por favor, negociem sem paralisação!!

Fernando

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EDITORIAL

Iniciamos mais um ano e, como nos demais, costumamos refazer propósitos, todos direcionados

à melhoria de vida, execução de programas não começados ou interrompidos, revisão de crité-

rios, enfim, nos determinamos a mudar de rumos. Na absoluta maioria das vezes não cumpri-

mos essas intenções

O ano de 2010 iniciou-se de igual forma, porém, para o Simesp, as coisas ocorreram de maneira

diferente. Por ironia do destino fomos envolvidos em três frentes de luta.

DPME – Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo – depois de longa e

incansável espera, os médicos do Departamento decretaram movimento de paralisação por

autonomia médica, reconhecimento de chefia médica como privativa de médicos, melhoria de

condições de trabalho e remuneração, além de interrupção de posturas despóticas e agressivas

exercidas por administradores incautos. VITÓRIA.

PMRP – Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto – mobilização dos médicos direcionados à parali-

sação. Diálogo com o Poder Executivo e, depois de grandes debates, proposta da Prefeitura com reco-

nhecimento de direitos inalienáveis dos médicos. Melhoria dos ganhos e das condições de trabalho.

Abertos diálogos para francos entendimentos. Conquistas sólidas, VITÓRIA próxima.

ICAVC – Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – nova administração, burlando a

legislação trabalhista vigente, com postura autoritária e intransigente demite médicos e assu-

me exigências para transferir celetistas como prestadores de serviço. Provoca desassistência à

população ali atendida. Resistência às negociações. Representação do Simesp ao Cremesp para

realizar fiscalização ética, ao Ministério Público Estadual, ao Ministério do Trabalho com mesa-

redonda de negociações resultando em determinação de fiscalização das condições laborais ali

reinantes, à Comissão Nacional de Residência Médica em razão das denúncias de exploração

da mão de obra dos médicos residentes, enfim, todas as medidas pertinentes. VITÓRIA dos mé-

dicos esclarecendo condições de exploração.

2010 é mais um desafio. Eleições gerais, Enem, Congresso da Fenam, tramitação de muitos

projetos de real interesse dos médicos no Congresso Nacional, CBHPM, Copa do Mundo, ato

médico, regulamentação da Emenda Constitucional 29, salário mínimo do médico, Carreira de

Estado, PCCS, enfim, distintos assuntos que nos convergem para o efetivo debate sobre Política

de Estado para a Saúde, iniciando, é claro, com posicionamentos lúcidos e determinados sobre

a formação do médico, destaque especial em relação às faculdades de Medicina inadequadas,

residência médica, mestrado, doutorado, educação médica continuada, assuntos que exigem

nossa constante participação. Assim desejamos.

Diretoria do Simesp

Arregaçar as mangas do jaleco

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PÁGINAS VERDES

“Como enfrentar o desafio de sermos um dos cinco países mais ‘velhos’ do mundo?”

Guilherme Salgado Rocha

Fotos: Osmar Bustos

Revista DR! – A sra. sempre desenvolveu as atividades da área da política médica parale-lamente à carreira profissional?

Regina Parizi – Sempre. Nunca as dissociei. A atividade política do médico é tão importan-te quanto a de qualquer outro cidadão.

DR! – E como começou?No Hospital do Servidor. Quando estava na

residência, logo no início, entrei para a Ame-riamspe, isso em 80, 81. Éramos um colegiado, não havia presidente.

Sua preocupação atual está centrada nos idosos. Atenção à formação do cuidador e, especialmente,

práticas de gestão e empreendedorismo para a terceira idade. Mas desde Bebedouro, onde nasceu,

a São Paulo, onde fez residência médica e cursos de especialização, e cidade que escolheu para viver,

Regina Parizi sempre aliou uma sólida formação acadêmica à militância política na área médica.

De Bebedouro a Ribeirão Preto, para os estudos básicos.Dali, mudou-se para Uberlândia, a fim de

estudar Medicina (formou-se em 79). Passou na residência médica lá mesmo, em Ribeirão Preto,

simultaneamente à aprovação para a residência em São Paulo. Optou por São Paulo porque já tinha

como perspectiva de estudo a gestão pública e a formação em Saúde pública. Passou na residência

do Hospital do Servidor Público Estadual, ao mesmo tempo em que foi aprovada em concurso da

Organização Pan-americana de Saúde (Opas), para iniciar curso de Saúde pública na faculdade

de Saúde Pública da USP. Isso em 1980. Conseguiu conjugar os dois cursos. No Hospital

do Servidor a residência era em Medicina Preventiva e Social. “Minha formação foi essa.

Depois resolvi estudar Medicina do Trabalho, na Fundacentro, que é do Ministério do Trabalho,

e em seguida especialização em Medicina Tropical. Posteriormente fiz o mestrado na mesma

Faculdade de Saúde Pública da USP, e atualmente curso um doutorado internacional,

sobre bioética, promovido pela Unesco e UnB, único na América Latina”.

DR! - Depois da residência, continuou no Hos-pital do Servidor?

Antes de terminar a residência, passei no concurso para médica do próprio hospital. Em 82 já pertencia à Amiamspe, também como membro da diretoria. Aí fiquei um período sem participar de entidades, pois tive meus filhos. Sou casada desde 1980 com o também médico Eurípedes Carvalho, que é diretor do Simesp e conselheiro do Cremesp. Temos dois filhos.

DR- Quando voltou às atividades políticas?Em 89, como presidente da Amiamspe.

Também fui diretora de uma área de especia-lidades do Hospital do Servidor, sempre den-

Regina Parizi

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tro da ótica da gestão. Fui reeleita presidente da Amiamspe, e no final do segundo manda-to fui eleita presidente do CRM. Entrei no Conselho em 93, e fiquei até 2003. Nesse pe-ríodo fui presidente três vezes, com interva-los. Em 95, ainda presidente do CRM, fui elei-ta conselheira, por São Paulo, do Conselho Federal de Medicina, sendo escolhida para ser vice-presidente do CFM. E no Conselho Federal também fiquei até 2003.

DR! – A sra. dirigiu a Geap durante seis anos. Qual é a atividade básica dessa fundação?

Recebi o convite para dirigir a Geap em 2003. A Geap é uma fundação de saúde e pre-

vidência do funcionalismo federal, comanda-da por três ministérios: Trabalho, Saúde e Previdência. A sigla nada tem a ver com o tra-balho. Geap, na verdade, quer dizer Grupo Executivo de Assistência Patronal, e vem des-de o governo Getúlio. Na época do Sarney, em 90, foi transformada em fundação pública, mas de direito privado.

DR! – Houve certa hesitação em aceitar o cargo?

Sempre defendi a tese de que há conflito de interesse em tentar conciliar cargo de ges-tão e ser do CFM. Tanto assim que demorei um tempo a aceitar o convite, e quando o fiz

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renunciei ao cargo no Conselho Fede-ral. Nunca conside-rei o CFM órgão corporativo ou as-sociativo, mas sem-pre o vi como ór-gão da sociedade. Ele defende a ban-deira da unidade com as demais en-tidades, mas seu

espaço é mais amplo, exatamente o âmbito da sociedade. E com a ida para a Fundação encerrei minha atividade nas entidades mé-dicas. Fui para ficar quatro anos, fiquei seis. Saí em dezembro do ano passado, 2009.

DR! - E como ela funciona exatamente?A Geap acumula duas coisas: tem um plano

de saúde do funcionalismo e é um fundo de pensão. São 700 mil assistidos, na saúde, no Brasil inteiro. O governo federal dá aporte, e o funcionário acaba pagando, com alguma va-riação, 40%, 50% do plano. E é um plano que cobre tudo, mas tudo mesmo. Cirurgia neuro-lógica, cirurgia cardíaca, transplantes, tudo. E fizemos desse plano o mais barato do merca-do. É um projeto de seguridade social como pouco se vê no Brasil. O filho de um funcioná-rio público, por exemplo, que tem necessida-des especiais, a Fundação paga 50% da escola desse filho a vida inteira.

DR! – Com o fim das atividades nas entidades médicas e a saída da diretoria executiva da Geap, seu trabalho vai voltar-se a que tipo de atividade?

Uma das coisas que quero estudar, traba-lhar mesmo com isso, é o processo de enve-lhecimento. Vi de perto na Geap. Há um grande número de idosos na Geap, funcio-nários públicos aposentados, especialmente no Rio de Janeiro, a antiga capital federal. Uma razoável porcentagem com mais de 100 anos. Ainda estamos em fase de monta-

gem de um instituto que tratará dos temas gestão e envelhecimento.

DR! – Sob alguma ótica específica?Uma das vertentes desse trabalho, com a

qual me preocupo muito, é a gestão para ido-sos na área de serviços. É ainda algo muito precário no Brasil. Pouco, quase nada há sobre isso. Nosso País ainda está naquela fase de me-lhorar as condições de vida enxergando so-mente um Brasil jovem. Mas não podemos nos esquecer que em 2015, daqui a cinco anos somente, estaremos entre os cinco países, no mundo, com a população mais idosa. E temos discutido como trabalhar a gestão de bens e serviços, especialmente de serviços, com essa população, que exige e tem diferenciais.

DR! – No último número desta revista saiu um texto sobre o livro Empreendedorismo, tra-balho e qualidade de vida na terceira idade, publicado no final de 2009.

É um livro que reúne diversos artigos, com temas muito distintos, procurando abranger múltiplos aspectos da terceira idade. Eu disse, brincando com a ‘idade’ do Simesp, que com-pletou 80 anos, que o título e o tema do livro não poderiam ser mais apropriados ao Sindica-to. E o Simesp completou 80 com planos e pro-jetos, ratificando o vigor com o qual enfrenta os problemas. O livro tem 500 páginas, com temas que vão da ‘assistência à saúde e quali-dade de vida na terceira idade’ ao ‘turismo so-cial’. Há um e-mail para mais informações, que é [email protected].

DR! – O empreendedorismo, então, tem que ser prioridade?

Constatei, nestes anos todos, a intranquili-dade que as pessoas idosas têm em relação ao futuro. Veem que o País está melhorando, que a condição individual está ficando boa, e aca-bam se perguntando: ‘e agora?!’. O que essas pessoas farão do seu futuro? Como o Brasil responderá a uma situação real, que bate à porta? Não apenas o Brasil, o mundo inteiro...

Uma das vertentesdesse trabalho, com a qual me preocupo muito, é a gestão para idosos na área de serviços. É ainda algo muito precário no Brasil. Pouco, quasenada há sobre isso

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DR! – E há ainda outra realidade: a natalidade não está crescendo...

Se ela estivesse crescendo não haveria problema. Continuaria a existir a solidarie-dade intergeracional, mas essa solidarieda-de está cada vez menos possível. Menos jo-vens e mais idosos. Mais gente na mesma faixa, precisando dos mesmos serviços, de saúde e aposentadoria, por exemplo, como isso será feito?

DR! – Essa preocupação com idosos nasceu durante a permanência na direção executiva da Geap?

Não, vem de antes. Na época do Conselho Federal de Medicina notava a distinção, por exemplo, no atendimento hospitalar. Algu-mas coisas muito concentradas na área dos idosos. Existem posturas diferentes. Há a tendência natural em cuidar e proteger a criança, isso é facilmente percebido. E com o idoso é algo mais difícil. E também porque o idoso é mais complexo. Ele não é uma crian-ça, que aceita o “comando”, a orientação, sem questionamento nenhum.

DR! – Deseja manter a autonomia?A autonomia e a independência do ponto

de vista intelectual e físico. É vulnerável, evi-dentemente, do ponto de vista físico, mas não do ponto de vista intelectual, então fica mais difícil de lidar. E essa questão é muito complicada para o setor de Saúde, é um desa-fio para todos nós. Um grande debate, de 2010 em diante, será exatamente esse. E se isso não for bem administrado, acaba preju-dicando jovens e crianças.

DR! – Por quê?O idoso consome muito no que se refere à

questão financeira. Portanto, repito, se isso não for bem administrado, o prejuízo acaba-rá chegando a outras camadas etárias da po-pulação. E é um debate ético também. Vamos empurrar os velhos para longe de nós?! Às vezes ouço que a sociedade civilizada não faz

isso. Não faz abertamente, mas quantos não colocam o velho em um canto, sei lá onde...?! Em tese parece que ele está sendo cuidado. Mas é em tese.

DR! – As iniciativas em relação à gestão como serão?

Não há dúvida de que o mundo, hoje, vive em torno do trabalho. Embora as relações de trabalho estejam mudando, muitos sem cartei-ra de trabalho, a verdade é que o mundo gira aí, movido pelas relações de trabalho. Sempre converso isso nos debates com os idosos.

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DR! – Como reagem à aposentadoria?Qual é a grande crise em relação à saúde do

idoso? Ele se aposenta, mas não se aposenta somente do trabalho, e aí reside o problema. Ele se aposenta da vida social, dos vínculos todos que tem. Se olharmos a sociedade do pós-guerra, quantos milhares de pessoas não se casaram no trabalho? Ou seja, conheceram o companheiro ou a companheira no local de trabalho. Os vínculos afetivos são no traba-lho, quando vai a aniversário é de pessoa do trabalho, casamento, enterro, o assunto de-pois do trabalho é o trabalho...

DR! – Aí se aposenta...Ele se aposenta do mundo. E se sente so-

cialmente excluído. Por isso queremos traba-lhar com gestão e qualidade de vida. Isso in-clui saúde, envelhecimento, trabalho, atividade física, cultura. O leque é bem am-plo. Não queremos ficar apenas na questão filosófica. Como implementar tudo isso den-tro da instituição? Operacionalizar de fato.

Não adianta ir a algum lugar, fazer uma pa-lestra e tudo bem... É pouco.

DR! – Como materializar, por exemplo, o empreendedorismo na terceira idade?

Há vários aspectos. Preparação para a apo-sentadoria é uma vertente. Aí entra a educação financeira. Dentro do que a pessoa faz na vida, um outro projeto ou a continuidade daquilo que ela faz. Um médico. Trabalhou como médi-co a vida inteira no serviço público, se aposen-tou, e agora quer montar um consultório. Não quer se aposentar agora, quer trabalhar até os 70, 80 anos, no consultório. Ou então não quer dar continuidade. Foi médico a vida inteira, se aposentou, quer seguir outro caminho. Mas não queremos apenas ficar no discurso.

DR! – Na prática...Na prática, quando há um debate, levamos

o Sebrae, instituições que financiam esses projetos, com linha de crédito direcionada a isso, vão juntos o Sesc, o Sesi... Procuramos

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sempre ampliar as opções. E há ainda o pro-jeto de formação do cuidador de idoso.

DR! – Paralelamente ao trabalho do empre-endedorismo?

Aí entra a minha experiência na área de ges-tão em Saúde. Grande parte dos idosos inter-nados é reinternada com frequência por causa da falta de cuidador dentro de casa. Não tem quem cuide dos medicamentos, quem cuide de uma dieta mais adequada à sua saúde. Isso é uma discussão que os médicos vivem no dia a dia do pronto-socorro. O idoso chega lá e constata-se que não tomou o medicamento de maneira correta.

DR! – E por que não tem cuidador?A mulher sempre foi a sua cuidadora, mas

ela está no mercado de trabalho. Saiu um rela-tório, agora, em 2009, publicado pela OIT, a Organização Internacional do Trabalho, escri-to por mulheres. E elas dizem mais ou menos

isso: olha, nós sem-pre cuidamos e cria-mos os fi lhos. Depois da Segunda Guerra os homens precisa-ram que cuidássemos do orçamento, e fo-mos para o trabalho. Agora, não vamos as-sumir sozinhas a res-ponsabilidade de cui-dar dos idosos.

DR! – Um protesto consistente...

De novo está sobrando para nós, mulheres, diz o documento. Criamos os fi lhos, cuida-mos da casa, vamos trabalhar fora e, quando estamos quase nos aposentando, temos agora que cuidar dos idosos. Do sogro, da sogra, do pai, da mãe. Achei um relatório muito lúcido e honesto por parte das mulheres.

E é um debate ético também. Vamos empurrar os velhos para longe de nós?! Às vezes ouço que a sociedade civilizada não faz isso. Não faz abertamente, mas quantos não colocam o velho em um canto,sei lá onde...?!

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caPa

Ano de grandes desafi ose intensa mobilização

presença do médico em 2010

Já está sendo impossível manter distância de um ano repleto de eventos - civis, esportivos e profissionais. Para o simesp, 2010 não começou depois do carnaval, como parece já ter virado lugar-comum. na verdade, iniciou-se mesmo em janeiro, com dois grandes desafios: a união em defesa do instituto do câncer arnaldo vieira de carvalho, iniciativa dos profissionais que ali trabalham, que se viram diante de uma diretoria que se negava a dialogar. o verbo não é “ceder”, mas “dialogar”, o que deveria ser norma, e não exceção, em uma sociedade baseada nas leis do direito e da democracia. o segundo desafio foi a vitoriosa greve dos médicos peritos do estado, em posição consistente por melhores condições de trabalho

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Guilherme Salgado Rocha

Diante das reivindicações dos peritos, como se pode ver em matéria desta edição, os médicos receberam a omis-

são da Secretaria de Gestão Pública. Mas não só. A médica Maristela de Queiroz Ribeiro foi agredida, física e verbalmente, pela funcioná-ria Ivani Maria Bassotti. Dias depois, entretan-to, como resultado de intensa mobilização, a greve foi encerrada com vitória dos peritos.

Fenam e EnemEntre outros momentos de maior destaque des-te ano, cujo primeiro trimestre está terminan-do, haverá Congresso da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), em São Paulo, e Copa do Mundo, na África do Sul, ambos em junho. Em julho, acontecerá o Encontro Nacional das Entidades Médicas (Enem) em Brasília. E em outubro iremos às urnas. Serão seis votos. Di-reito – e dever – de todo cidadão. Elegeremos presidente da República, dois senadores, gover-nador, deputado federal e deputado estadual.

Além dos eventos com data fixa, 2010 es-tará associado à manutenção da luta do ato médico, pela carreira de Estado e Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS), além da revitalização do movimento pela Classifica-ção Brasileira Hierarquizada de Procedimen-tos Médicos (CBHPM).

Sem esmorecerFundamenta todo esse quadro a certeza de que a categoria não deve frear o ânimo. Pelo contrário, pode se inspirar, por exemplo, nos escritos de Lu Xun, da milenar tradição literá-ria chinesa, que disse: “A esperança não é nem realidade nem quimera; ela é como os cami-nhos da terra: sobre a terra não havia cami-nhos; eles foram feitos pelo grande número dos que passam”.

Lei do Ato MédicoSegundo o presidente do Simesp, Cid Carva-lhaes, “a lei do ato médico representa deter-

minação legal de competência exclusiva do médico, e abre espaço para se regulamentar a atividade profissional nas diversas áreas de atuação e especialidades, incluindo as múlti-plas especificações, próprias de cada setor de especialização. A Medicina é de alta complexi-dade, tem se sofisticado, e para melhor. Como exemplo, a agregação cotidiana de descobertas e avanços em relação à tecnologia de ponta - que exige atualização constante -, e um pro-grama, denominado educação médica conti-nuada, ou atualização continuada, que requer do médico preparo e adequação às novas rea-lidades técnicas. Essa complexidade não pode ser lesiva a quem quer que seja, e também não há discussão de que a regulamentação desse tipo de atividade traz benefícios somente a um contingente: os pacientes”.

A luta é antiga, e sedimentou-se mais ain-da com a sua aprovação na Câmara dos De-putados. E há respaldo da população. No se-gundo semestre de 2009, o Senado elaborou e colocou em seu site pesquisa de opinião pú-blica, que mostrou ser também reivindicação da sociedade (ver box). Acrescentou o presi-dente do Simesp: “Esperamos que o Senado agilize e acolha o que foi originalmente seu, e aprove como está o projeto. Com isso, haverá ponto definitivo em assunto que se arrasta há muitos anos. Manifestações de inconfor-mismo são insustentáveis. Nunca passou pe-las entidades médicas restrição a qualquer tipo de atividade profissional. Respeitamos todas as outras profissões, e isso é mais do que óbvio. Praticamos a crença nas equipes multiprofissionais. E temos convicção de que o médico é líder da equipe de saúde. Nossa formação é mais holística, com grade curri-cular mais abrangente, visão mais dinâmica do funcionamento corpo humano. Por isso a responsabilidade é maior, e assim também as demandas e solicitações”. Completou Carlos Izzo, secretário-geral da entidade: “A lei do ato médico dá a cada um a dimensão da sua responsabilidade. Nós, médicos, desejamos viver em harmonia profissional, com respeito

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à área individual de atuação. Em 2010 nossos esforços necessitarão estar mais coesos, para mais rápida aprovação dessa lei”.

São Paulo sedia congresso da FenamPela primeira vez, o Congresso da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) acontecerá em São Paulo (dias 17, 18 e 19 de junho). A coorde-nação do congresso está a cargo da Federação dos Médicos do Estado de São Paulo (Femesp), que reúne sete sindicatos de médicos do Esta-do, e autorizou o Simesp a assumir a responsa-bilidade pela coordenação inicial do congresso. O secretário do Simesp de Formação Sindical e Sindicalização, Antônio Carlos Cruz, enfatizou: “A sede do congresso será o Hotel Caesar Busi-ness, na avenida Paulista, que dispõe de condi-ções adequadas para acolher um evento desse porte. Há auditório com capacidade para 220 pessoas, que pode ser subdividido em salas, a serem utilizadas para debates em grupos, por exemplo. Os apartamentos têm o conforto ne-cessário para abrigar os participantes. Estamos em fase final de negociações para estabelecer a tarifa da hospedagem, mas a diária deve ficar em R$ 180, com café da manhã. No hotel há internet, telefones e espaço para a imprensa. Esperamos cerca de 170 médicos, representan-do os 53 sindicatos filiados à Fenam. O número de representantes varia conforme a base terri-torial de cada Sindicato”.

Os temas devem repetir as discussões do Encontro Nacional das Entidades Médicas (Enem) de 2007, pois o congresso acontecerá cerca de 40 dias antes do Enem deste ano, que será no final de julho, em Brasília. “Isso é mui-to estimulante”, disse o secretário de Imprensa do Simesp, Otelo Chino Júnior, “pois as teses a serem debatidas no congresso de São Paulo permitirão que o movimento sindical aprofun-de os questionamentos e, em Brasília, apresen-te posições e decisões consistentes, a partir do que aconteceu nos trabalhos da Fenam”.

Segundo o secretário-geral do Sindicato, Car-los Izzo, “a comissão organizadora cumprirá as diretrizes, com esforço total, para que tudo

Pesquisa confirma:62% são favoráveis ao ato médico

A Agência Senado, por intermédio da Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública (Sepop), manteve no ar, durante todo o mês de dezembro, pesquisa sobre o ato médico. Os internautas foram convidados a responder à seguinte pergunta: “Você é a favor ou contra a regu-lamentação do exercício da medicina nos termos do projeto SCD 268/02 (ato médico)?”. Dos 545.625 vo-tos, 62% se disseram favoráveis ao ato médico, e 32% foram contrários.

Há uma pesquisa mensal. A do ato médico, que ficou no ar de 1º a 31 de dezembro, foi a mais acessada des-de maio de 2009, quando esse tipo de enquete come-çou a ser feito. Em novembro, por exemplo, a pergunta se referia à criminalização da homofobia (votaram 465 mil internautas); em outubro, sobre a destinação dos royalties do pré-sal (apenas 3499 votantes); em se-tembro, sobre o ensino religioso nas escolas (126 mil internautas votaram).

Já aprovado pelo Senado, o texto do ato médico re-cebeu emendas da Câmara dos Deputados, que agora estão sendo analisadas pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. De acordo com o relator do projeto, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), em feve-reiro poderia estar concluído o parecer na CCJ. O subs-titutivo será votado na Comissão de Assuntos Sociais para em seguida ser apreciado no plenário.

A secretária de Assuntos Jurídicos do Simesp, Graça Souto, ressaltou a importância do resultado da enque-te: “Foi sobejamente reconhecida a relevância do ato médico. Isso atesta que a nossa luta não pode e não deve parar. Devemos ficar honrados com o reconhe-cimento expressivo da população em relação à profis-são, e solicitamos aos médicos que divulguem essa in-formação aos pacientes, ampliando o apoio que temos recebido à aprovação do ato médico”.

Para acessar a pesquisa, digite o site do Senado (www.senado.gov.br), clique “notícias”, em seguida “Agência Senado”, depois abaixo, à esquerda, “Pesquisa e Opi-nião”, chegando à página da Sepop. Ali estão todas as pesquisas já colocadas no ar, com o respectivo gráfico.

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saia a contento. Esperamos a participação dos 53 sindicatos ligados à Fenam, de todo o País. Que seja um encontro dinâmico e eficiente, encarando os grandes desafios que norteiam atualmente a vida profissional, especialmente no que se referem à política sindical”.

Nova diretoriaParalelamente ao congresso, será renovada a diretoria da entidade. O congresso é bienal, e no anterior, em 2008, em Canela, no Rio Grande do Sul, foi eleito o atual presidente, Paulo de Argollo Mendes. Dentro dos crité-rios de rodízio, e com a participação das seis federações nas quais está dividida a Fenam (Sul; São Paulo; Nordeste; Sudeste; Amazô-nia; Centro-Oeste e Tocantins), que apresen-tarão nomes para a composição da diretoria, São Paulo indicará o futuro presidente. Se-gundo Cid Carvalhaes, “a escolha será feita com muito critério, bom senso e diálogo, e os sindicatos que compõem a Femesp - Simesp, Sorocaba, Santos, Campinas, Presidente Pru-dente, Vale do Paraíba e Rio Preto – tudo fa-rão para o congresso ter pleno êxito”.

“Estamos certos que a participação será a mais intensa possível. O congresso da Fenam

será ponto de convergência de debates sobre a política médica, inclusive atraindo para al-guns debates integrantes dos demais segmen-tos representativos dos médicos brasileiros”, disse Renato Antunes dos Santos, secretário do Simesp de Relações do Trabalho.

Carreira de EstadoHá a concepção constitucional, por todos in-vocada nas argumentações, que a Saúde é di-reito de cidadania e obrigação de Estado. Por-tanto, outro passo, outro desafio. A secretária de Administração do Simesp, Stela Grespan, considera fundamental “concentrarmos nos-sos esforços contra a precarização do traba-lho médico, que descaracteriza a essência que fundamenta o trabalho”. Assinalou, ain-da, como problemas a serem enfrentados em 2010, a jornada de trabalho “exaustiva” e ren-dimentos que não correspondem ao esforço despendido. “Carreira de Estado estabelece parâmetros. A Fenam, a Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina elaboraram projeto de carreira, cargos e sa-lários, que sustenta a base da formação da carreira de Estado, previsibilidade e entrada, progresso, sequência, consequência e, princi-

Diretoria da Fenam, eleita em Canela, no Rio Grande do Sul, no último congresso. Em junho, médicos se reúnem em São Paulo

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palmente, a condição do egresso. Isso garante perspectiva ao trabalho médico, especialmen-te depois de 30 anos, trabalho inclusive con-siderado insalubre em vários segmentos. Não é exigir muito”, garante Stela Grespan.

“Portanto”, acrescenta o presidente do Si-mesp, “o cidadão brasileiro alcançou esse direi-to, presente na Constituição, e com isso o Esta-do assumiu a responsabilidade de prover essa cidadania nos mínimos direitos. Desta forma, os agentes de saúde, que em primeira instância são os médicos, são agentes do Estado. E a exe-cução de atos de Estado, por agentes do Estado, exige necessariamente o estabelecimento de carreira de Estado. Isto significa que o médico terá uma porta de entrada no sistema de Saúde, preferencialmente única, que poderá ser diver-sificada, por Estados e eventualmente por mu-nicípios. Há diversos exemplos de carreira de Estado que se fazem dessa forma: magistratura estadual, Ministério Público estadual, Polícia Ci-vil e Polícia Militar, professores, universidades estaduais, enfim, um contingente de carreiras estaduais muito grande”.

PCCSIncluídas na carreira de Estado estão formu-lação, elaboração e luta pela implantação de um Plano de Cargos, Carreira e Salários, que tem toda a previsibilidade de ingresso e pro-gresso, com ascensão, durante o período que se estabeleceu para a finalização da carreira. Com garantia de todos os direitos adquiridos ao longo desse tempo. “Carreira de Estado não é utopia”, frisou Aizenaque Grimaldi de Carvalho, secretário de Finanças do Simesp. “É inconcebível que uma política de Estado, em qualquer setor, não traga o provimento de recursos humanos. Para o médico, defen-demos que tenha tratamento diferenciado, mas não privilégios, sendo reconhecidas as diferenças do exercício profissional”.

Os médicos têm lutado pelo estabeleci-mento de piso salarial de R$ 8 mil 575 por 20h semanais. Ressalta o secretário de Finan-ças: “O que se faz, o que se pretende, é definir uma carreira de Estado. Não podemos nos es-quecer que a medicina é, constitucionalmen-te, dever de Estado. Se é obrigação de Estado,

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essa luta já avançou, e não pode parecer uma heresia. É um desafio. Mas a carreira de Esta-do é um dos pilares fundamentais, não resta dúvida. Temos carreira de Estado nos três ní-veis de governo”.

As entidades médicas defendem que a ascen-são, em relação ao PCCS, pode ser anual, trienal ou quinquenal, pois é diferente a experiência acumulada em períodos distintos. “O importan-te é que ele chegue ao final da carreira tendo atingido o patamar desejado e merecido, com o reconhecimento de seu esforço, a partir de um percentual de remuneração conquistado com o passar dos anos”, disse Stela Grespan.

Encontro Nacional das Entidades MédicasO Enem está marcado para Brasília, dias 28, 29 e 30 de julho. O médico Otelo Chino Jú-nior comenta: “É extremamente interessante e necessário que ocorra. Não tem periodici-dade cumprida, mas desejada. Deveria ser a cada três anos. O último, em 2003, debateu e deliberou sobre diversos pontos relevantes para a categoria”.

Cada segmento representativo do movi-mento médico nacional tem direito a enviar 150 representantes: áreas associativa, sindi-cal e conselhal. Os 450 profissionais podem e devem representar os diversos interesses. O secretário de Imprensa comenta: “Espera-mos outras participações, como a do movi-mento estudantil e dos médicos residentes, por exemplo. Desejamos, sinceramente, que o Enem traduza os anseios de todos os deba-tes que vêm sendo feitos Brasil afora, respei-tadas as peculiaridades de cada área que lá estará presente”.

Segundo Cid Carvalhaes, “a realização do Enem em Brasília ainda tem a seu favor o ambiente de proximidade com os poderes da República, o que facilita os contatos, teorica-mente inclusive com o presidente da Repúbli-ca, ministros do Executivo e do Judiciário, que podem contribuir para a consistência do de-bate. A Carta de Brasília, documento final do Enem, certamente apresentará um conjunto de recomendações e determinações, ou seja, a vontade dos médicos de todo o País. O Enem é realmente o evento mais importante da políti-ca médica brasileira, pois nele se efetivam e se conjugam ideias, debates democráticos, dentro dos pontos de interesses, que felizmente hoje estão direcionados a objetivos comuns”.

CBHPMÉ conquista dos médicos. Não há o que dis-cordar. Conquista dos médicos, das entida-des, lideradas pela Associação Médica Bra-sileira. É essencial a revitalização da luta pela CBHPM. No Brasil, hoje, a dinâmica dos procedimentos médicos e o acolhimento de novas tecnologias exigem que a CBHPM seja foco constante de estudos e adaptações. Tan-to que foram criadas comissões específicas para a sua implantação na Fenam nacional e nas diversas regionais, o que representa o acompanhamento evolutivo da assistência médica, das peculiaridades da assistência médica individualizada, da definição de pro-cedimentos diagnósticos e terapêuticos, inte-

Constantes e permanentes mobilizações têm

fundamentado as lutas dos médicos. Assembleias,

reuniões e manifestações, como a da avenida Paulista,

mostram as dificuldades pelas quais passa a profissão

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ressando a todas as 53 especialidades, com as suas respectivas áreas de atuação.

“Para a medicina suplementar, os planos e seguros de saúde, e evidentemente se procura estender isso para a remuneração SUS, está se pugnando por uma classificação dinâmica de procedimentos médicos, e naturalmente a previsão de suas remunerações mínimas, condizentes e adequadas à demanda dos mé-dicos. Nada mais justo do que essa luta, a fim de conquistarmos a implantação definitiva da CBHPM em todos os níveis de fontes de cus-teio, com destaque especial para a medicina suplementar, planos e seguros de saúde, que cronicamente vêm praticando política de pa-gamentos de honorários a mais discutível pos-sível”, disse Zied Rasslan, secretário do Simesp de Relações Sindicais e Associativas.

A medicina suplementar abrange 40 mi-lhões de pessoas, ou seja, 20% da população. O presidente do Simesp complementa: “A for-ma de pagamento dos serviços é esdrúxula. Atualmente os planos não são responsáveis pela urgência, o que cabe ao SUS. Como tam-bém a medicação de alto custo e procedimen-tos que não estão no rol. A Agência Nacional de Saúde às vezes se omite, e a remuneração obedece a conveniências econômicas e finan-

ceiras. A CBHPM dá concepção diferente na forma de encarar procedimentos médicos, e o faz de maneira muito dinâmica, o que permi-te inclusão e exclusão de procedimentos de acordo com a evolução tecnológica”.

Rumo ao hexaFaltam três meses para o maior evento espor-tivo do mundo, que supera a audiência das Olimpíadas. São cerca de 40 dias, com 32 se-leções, com previsão de acompanhamento de quase 4 bilhões de pessoas, em todos os paí-ses. Deve-se lembrar que várias políticas de Es-tado foram consolidadas por meio do esporte. O futebol, especialmente no Brasil, despertará, em 2014, todas as atenções que as sucessivas edições da Copa do Mundo provocam.

“O Brasil é privilegiado”, afirma Renato Antunes dos Santos. “Não é exagero dizer que o País se veste de duas cores, o verde e o amarelo, e a Pátria calça chuteiras. A reali-zação de uma Copa desperta o interesse de diversos segmentos produtivos da socieda-de, bastando lembrar que a Copa de 2014 já tem investimento calculado na casa dos 20 bilhões de dólares, o que permitirá a ga-rantia de milhares de empregos, com a con-sequente distribuição de renda. Cita, como

Neste ano, a defesa intransigente da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos será revitalizada

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exemplos, a “qualificação” das cidades nas áreas de transporte, comunicação, moradia, saneamento básico e saúde, que são apenas alguns aspectos.

Compromisso com a democraciaRenovação de dois terços do Senado, além de eleição de presidente da República, governa-dor, deputado federal e deputado estadual. Serão seis votos, que renovarão diversas ins-tâncias dos poderes Executivo e Legislativo. As eleições de 2010 representam dar o rumo, que os eleitores quiserem, ao País e ao Esta-do. “É indispensável que o eleitor debata as propostas, se interesse pelo que acontecerá ao seu País, e se comprometa com um pro-grama, se manifestando com coerência”, lem-bra Carlos Izzo, acrescentando o presidente do Sindicato: “Caberá somente aos eleitores, a cada um de nós, decidir o futuro político e social do Brasil. O povo é o verdadeiro juiz de tudo isso. Na eleição, e reside aí a impor-

tância do voto, todo candidato é eleito voto a voto, um em seguida do outro, ou seja, o voto do mais simples eleitor tem o mesmo peso do voto do presidente da República, e é essa a essência da representatividade”.

101 marteladas

Diante de distintos eventos, formas múltiplas que pe-dem a presença do médico, a sua essencial participa-ção, vale a pena lembrar Jacob Riis, fotógrafo dinamar-quês, que disse: “Quando nada parece ajudar, eu vou e olho o cortador de pedras martelando sua rocha, talvez 100 vezes, sem que uma só rachadura apareça. No en-tanto, na 101ª martelada a pedra se abre em duas, e sei que não foi aquela a que conseguiu, mas todas as que vieram antes”.

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ESPECIAL

Médico chefia médico:um dos resultados da greve vitoriosa

peritos do estado

Após 17 dias da greve dos médicos do De-partamento de Perícias Médicas do Estado (DPME), o governo José Serra reconheceu (finalmente) que chefia de médico é ativi-dade privativa de médico. A medida permi-te aos médicos gerir os próprios destinos dos pontos de vista técnico e científico.

Com a apresentação de proposta da Se-cretaria de Gestão contemplando diversas

Movimento vitorioso resultou na retomadada comissão paritária constituída por médicos, administração pública e Sindicato. Mobilização dos peritos precipitou elaboração e publicação no Diário Oficial de projeto de lei que estabelece valorespara os salários e gratificações dos médicos.DPME fica subordinado à Secretaria de Gestão

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Médico chefia médico:um dos resultados da greve vitoriosa

reivindicações, os médicos do DPME decidi-ram, durante assembleia na data de 18 de fevereiro, suspender a greve. O movimento, considerado vitorioso, resultou na retomada da comissão paritária constituída recente-mente entre médicos, administração públi-ca e Sindicato, cuja primeira reunião acon-teceu dia 22 de fevereiro.

A greve do DPME precipitou a elaboração

Conduzem a assembleia dos peritos, de 18 de fevereiro, os

diretores do Simesp, Carlos Izzo, Cid Carvalhaes e José Erivalder,

e Yoshio Anraku, da Associação dos Médicos Peritos do DPME.

Governo do Estado cede, peritos suspendem greve

de um projeto de lei estabelecendo valores para os salários e gratificações dos médicos. Os reajuste variam entre 28% e 63%. O PL foi publicado no Diário Oficial dia 25 de fe-vereiro (ver pág. 22) e está tramitando na As-sembleia Legislativa em regime de urgência.

Atendendo a uma das reivindicações do movimento grevista, o Departamento de Pe-rícias Médicas do Estado será desvinculado do Departamento de Recursos Humanos, ficando subordinado diretamente à Secre-taria de Gestão. Os profissionais voltaram imediatamente ao trabalho e não tiveram os dias parados descontados.

Para Cid Carvalhaes, presidente do Simesp, o movimento servirá de exemplo para a categoria médica. “Restaurou-se a dignidade no Departa-mento que estava massacrado. Esse movimen-to é uma referência e será marcado na história de conquistas do Simesp, do Estado e do Brasil.

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Agora, devemos continuar acompanhando as negociações e lutando pela implantação de um Plano de Cargos, Carreira e Salários. Estamos em constante e contínua campanha salarial”.

O diretor do Simesp, José Erivalder Gui-maraes de Oliveira, que também integra o DPME, enfatiza a importância da coesão e maturidade dos peritos no movimento e na busca de soluções. “É um grande avanço. Os médicos do DPME estão todos de parabéns. O movimento não está encerrado. Se houver ne-cessidade, convocaremos novas assembleias”. Já Yoshio Anraku, presidente da Associação dos Médicos Peritos do DPME, destaca a “pre-ponderante” atuação do Simesp na condução da greve e das negociações. “Nós, médicos, agradecemos a sólida parceria fi rmada com o Sindicato e todo o apoio à nossa luta”.

MÉDICA AGREDIDA PEDE PROTEÇÃO

O primeiro dia da greve (2 de fevereiro) dos peritos foi marcado por cenas lamentáveis de agressões físicas e verbais contra a médica perita Maristela de Queiroz Ribeiro, pratica-das pela funcionária Ivani Maria Bassotti. As agressões verbais (diversas frases grosseiras, com palavrões) e as agressões físicas (uma

série de fortes tapas nas costas) foram testemu-nhadas por 33 médicos, que subscrevem o dossiê encaminhado pela vítima a diversas instâncias.

O Simesp repudiou tal atitude e manteve-se soli-dário à médica. Em entre-vista concedida dia 8 de fevereiro ao Departamen-to de Imprensa do Simesp, a perita disse ter “ficado

muito abalada”. As agressões lhe provoca-ram, além do constrangimento moral e físi-co, uma “gastrite muito forte”, indignação e imediata iniciativa de se cercar de cuidados, a fim de evitar novas investidas.

Uma dessas iniciativas foi procurar o secre-tário-adjunto da Secretaria de Gestão Públi-ca, Marcos Antônio Monteiro, a fim de soli-citar proteção policial. Mas não foi atendida. Segundo ela, “o secretário simplesmente me disse que não era da sua competência, trans-ferindo a responsabilidade para a Secretaria de Segurança Pública. Como funcionária da Secretaria de Gestão Pública, acreditei que eles se interessariam em preservar a minha integridade física, mas, mais uma vez, me frustro com essa transferência de responsa-bilidade, o que considero inadmissível”. A médica registrou boletim de ocorrência e fez exame de corpo delito.

A médica Maristela

de Queiroz Ribeiro

“... a Gratificação

pelo Desempenho e

Apoio à Atividade

Médico-Pericial -

GDAMP”

anuncio.indd 1 3/3/2010 18:34:39

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Quero com esta frase homenagear as mulheres. É necessário recortar o passado das lutas operárias, Ligas

Feministas, Partidos Socialistas e Anarco-sindicalistas, das Sufragistas, todas as que ensejaram o 8 de

Março. Vou direto aos anos 60, década em que o mundo assistiu a transformações profundas em todos os

âmbitos da vida relacional. Não foi diferente por aqui, mesmo sob o jugo da ditadura militar.

Em meio aos agitos internacionais, o ruído das reivindicações femininas por igualdade e justiça se fa-

zia ouvir cada vez mais forte. Alforriadas pela ciência com a invenção da pílula anticoncepcional, as mu-

lheres podiam decidir novos destinos, para além do milenar mercado do matrimônio ou da prostituição.

A posse plena do corpo, numa análise rasteira, parece simples e descabida de reflexão, mas tem ensejado

anos de divã, para ambos os sexos.

As evidências disponíveis mostram uma condição feminina heterogênea, segundo o momento histórico

e a cultura, porém sempre subalterna nas antinomias homem/mulher e das correlatas, notadamente for-

ça/fraqueza, razão/desrazão, público/privado. Após tanta luta, ainda subsiste expressa na desigualdade

salarial, no desemprego de mulheres em idade reprodutiva, na violência física e moral, privada ou não,

pela escassez de mulheres em cargos de chefia ou políticos.

As diferenças entre os gêneros são irredutíveis, porém somos feitos da mesma humanidade. Represen-

tá-la como enigma, longe de lisonjeiro, entristece. É não aceitar a diversidade e a inviolabilidade de todos

os seres, negando-lhes existência.

Nosso mistério se desfaz pelo conhecimento de manuais de sobrevivência impostos pela cultura da ca-

rência crônica. Caladas, desenvolvemos as percepções e o raciocínio; descobrimos os planos de clivagem

para uma atuação, usando as armas disponíveis. Não há moral no estado de natureza!

Nesta rodada, dizem que embaralhamos as cartas e deslocamos o homem de seu papel tradicional.

Continuaremos lutando por uma nova dialética com parceiros abertos para redefinir os papéis e outro

cenário para a sociedade humana.

Stela Maris Grespan

é cardiologista e secretária de Administração do Simesp

ARTIGO

Para não dizer quenão falei de flores...

Stela Grespan

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RAIO X amiamspe

Lutar contra terceirizações

Em dezembro passado, tomou posse a nova diretoria da Amiamspe. O diretor de Impren-sa do Simesp, Otelo Chino Júnior, foi reeleito presidente da instituição. Diversos represen-tantes de entidades participaram da cerimô-nia de posse, entre elas o deputado Federal Ar-lindo Chinaglia; o presidente do Simesp Cid Carvalhaes; Eurípedes Balsanulfo (Cremesp) e Carlos Izzo (Simesp).

Ao falar sobre o papel da Amiamspe, Ote-lo Chino ressaltou a questão fundamental da diretoria da Associação: a unidade com as de-mais entidades. “É uma atuação permanente, que tem trazido grande avanço nas ações ins-titucionais”, afirmou.

Outro ponto destacado pelo presidente da Associação foram as terceirizações. “Uma das importantes lutas desde a década de 90 é con-tra as terceirizações. Temos posição marcante. A legislação tem clara definição, e o que acon-teceu aqui foi terceirização – apesar de alguns negarem. Terceirização é ilegal pela instituição, pelo nosso regimento. Somos funcionários pú-blicos, e este hospital é do funcionalismo”.

O mercado econômico e o papel do Estado foram abordados por Arlindo Chinaglia. “O papel do Estado é um debate tão antigo quan-to atual. O endeusamento de que o mercado dá conta de conduzir nações não se mostrou verdadeiro. Se deixassem por conta dele, a brutal crise econômica teria sido infinitamen-te maior. Mais uma vez se privatiza o lucro e se socializa o prejuízo. Faço esse registro para chegar à terceirização. Ideologicamente se atribui ao serviço público a deficiência. Temos

de combater essa ideia nos questionando: as universidades públicas são melhores ou pio-res do que as particulares? E a atuação da Re-ceita Federal? É um trabalho feito com com-petência. Ao longo de décadas, temos feito um serviço público de qualidade em benefício do paciente, precisamos refletir sobre isso”.

O presidente do Sindicato destacou que a saúde vem sendo agredida progressivamen-te. “A agressão acontece apesar do esforço de muita gente. Essa mesa talvez seja espelho da representação do esforço, uma representação da resistência constante. O Hospital do Ser-vidor e o Iamspe são ponto de referência no qual todos esses esforços estão concentrados”.

A nova diretoria tem a seguinte composi-ção: Otelo Chino Júnior, presidente; Alfredo Vidente Prado, vice-presidente; Sérgio Luiz Ferreira Agria, secretário-geral; José Wil-son Amaro Lozon, primeiro secretário; José Eduardo Gobbi Lima, tesoureiro; José Maria Correia da Silva, diretor de Comunicação; Gerson Mazzucato, diretor de Assuntos Jurí-dicos; Nelson Borgonovi, conselheiro fiscal; Ana Maria de Albuquerque e Helena Niskier, ambas do Conselho Fiscal.

A Importância da união com asdemais entidades médicas eas constantes agressões à Saúdeforam ressaltadas na posse

Otelo Chino Júnior (ao microfone), reeleito presidente da Amiamspe

RAIO X notas

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Quando da tragédia no Haiti, o Si-mesp sensibilizou-se intensamente com o drama que se abateu sobre o povo daquele país. Foi divulgado um Boletim Eletrônico no qual o Sindicato mostrava-se solidário aos haitianos e lamentava, intensamen-te, a morte da médica Zilda Arns. O texto lembrava que “houve tenta-tivas de recuperação do povo hai-tiano das barbáries a que fora sub-metido por ditaduras predadoras, e agora vê-se subjugado às forças da natureza, sofrendo consequências ainda imprevisíveis pela extensão do fenômeno. Prestamos nossas homenagens ao povo do Haiti, soli-

Zilda Arns

Médica a serviço da criança

darizando-nos com todas as vítimas de tão grande catástrofe.

Lamentamos profundamente a morte da médica Zilda Arns, exem-plo de dedicação ao trabalho de pro-mover a paz por meio da saúde e da educação. Atividades que desenvol-veu na Pastoral da Criança e que ser-viram de modelo para a implantação de seu modelo em diversos países, como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor Leste. Como médica, Zilda Arns bem soube fazer valer a relevância do trabalho médico além dos limites individuais, demonstran-do, com maestria, grande significação no trabalho coletivo e na recuperação

Pernambucano e sindicalista histó-rico, Luiz Tenório de Lima, o Tenori-nho, faleceu aos 84 anos, em 23 de janeiro de 2010. Idealista, dedicou grande parte da sua vida à causa dos trabalhadores, conquistando respeito nos âmbitos dos movimentos sociais, sindicais e dos aposentados.

Iniciou suas atividades profissionais aos 17 anos numa usina de açúcar e álcool. Em São Paulo, foi eleito tesou-reiro do Sindicato dos Trabalhadores de Alimentos e Destilados. Em 1953, foi um dos responsáveis pela deflagração da greve dos 700 mil trabalhadores.

Tenorinho

Adeus aolíder sindical

No início dos anos 60, foi eleito presidente do Sindicato de Laticínios e em seguida da Federação dos Traba-lhadores da Indústria da Alimentação do estado de São Paulo, e também eleito diretor da CNTI (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indús-tria). Destaca-se ainda o fato de ter sido um dos fundadores e diretores do Dieese (Departamento Intersin-dical de Estatística e Estudos Socioe-conômicos), criado pelo movimento sindical brasileiro em 1955.

Dirigente do Partido Comunista, durante o golpe militar foi destituído de todos os seus cargos sindicais. Exi-lou-se em Praga, onde atuou na Fe-deração Sindical Mundial (FSM). Com a anistia retornou ao Brasil, sendo re-cepcionado por uma multidão. Pas-

de segmentos extensos da popula-ção. Pela dedicação, pelo empenho, pelo esmero, pelo exemplo, Zilda Arns deixa referências especiais.

Manifestamos também nossa so-lidariedade às famílias dos militares mortos na tragédia do país caribe-nho, esperando que todos encon-trem o necessário conforto em mo-mentos de tamanho sofrimento.

sou a editar o jornal Correio Sindical de Unidade. Foi eleito vereador na cidade de São Paulo em 1984. Anos depois, tornou-se radialista.

A diretoria do Sindicato dos Médi-cos de São Paulo lamenta a morte de Tenorinho. “Foi um grande homem, um lutador incansável, personagem ímpar do movimento sindical brasilei-ro”, avalia o secretário de Imprensa do Simesp, Otelo Chino Júnior.

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Médicos dão prazo ao INSSEm assembleia no Simesp (9 de março), da qual participaram 60 médicos, os peritos do INSS decidi-ram (unanimidade) que para serem iniciadas negociações, o INSS de-verá abrir discussão sobre assédio moral. Da pauta consta salário pro-posto pela Fenam de R$ 8.575 (20h semanais). Estipulou-se prazo máxi-mo de 30 dias, a contar da data de reunião com o presidente do INSS, para ser “apresentado documento formal acerca do atendimento aos pleitos”. A resposta será analisada em nova assembleia.

PERITOS MOBILIZADOS

SINDICAL notas

Preocupações ainda cercamo Arnaldo Vieira de CarvalhoDesde o início do ano, o Simesp tem se empenhado na luta dos médicos do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho. Em mensagem eletrô-nica enviada em janeiro, o Sindicato enfatizava que havia se transforma-do (para pior) o cotidiano dos mé-dicos que trabalham no Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho (ICAVC). Já há algum tempo chega-vam ao Simesp denúncias que en-volviam demissões de profissionais e alteração na dinâmica de atendi-mento (com severas consequências no que se refere à agilidade).

O Simesp, depois de ouvir os mé-dicos, que se reuniram em assem-bleias na sede do Sindicato, com a presença de diretores da entidade sindical, procurou a direção do ICAVC, na tentativa de estabelecer diálogos. Para surpresa do Simesp, foi grande a resistência encontrada, mesmo de-pois de ampla exposição feita pela diretoria do Sindicato. A direção do ICAVC se recusou, peremptoriamen-te, a abrir canais de negociação, re-cuando posteriormente.

Também chegaram ao Sindica-to informações de que problemas semelhantes atingiam a residência médica, com consequente compro-metimento na eficiência da pre-ceptoria e excesso de carga horária dos médicos residentes, incluindo atribuições a esses de tarefas dos médicos contratados, o que vai de encontro aos preceitos determina-dos pela Comissão Nacional de Re-sidência Médica.

INSTITUTO DO CâNCER

O Simesp, em nome dos médicos do ICAVC, ratificou sua posição de continuar buscando o diálogo, pois, a partir de qualquer manifestação de intransigência, todos perdiam: o próprio Instituto, os médicos, e prin-cipalmente a população, que sempre via, até aquele momento, a tradicio-nal instituição como sinônimo de competência e bom atendimento, o que, parece, não está sendo valoriza-do pela atual direção do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho.

Atitudes divorciadas dos funda-mentos democráticos, com decla-radas intransigências, demonstram atropelos administrativos incompre-ensíveis em uma sociedade livre e plural, assentada em pleno Estado de Direito.

RepresentaçãoEm entendimento com o promotor de Justiça, Reinaldo Mapelli, o Simesp assumiu compromisso de representa-ção contra a direção do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho pelas gritantes irregularidades admi-nistrativas verificadas e pela desas-sistência aos portadores de tumores malignos ali atendidos. A finalidade era a apuração das responsabilidades e punição dos culpados.

Por representação da Ameresp, junto com a Comissão Nacional de Residência Médica, os programas de residência do Instituto serão alvo de vistoria para verificação de possíveis irregularidades aponta-das pela Ameresp.

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SINDICAL ribeirão preto

Médicos se mobilizampor melhores salários

O médico da rede municipal de Ribeirão Preto ganha, atualmente, pouco mais de R$ 2 mil por 20 horas semanais (são exatamente R$ 2 mil 150). Marcada com uma semana de antecedên-cia, a paralisação abrangeria também os dentis-tas, cuja categoria luta pela elevação dos salários.

A paralisação, entretanto, marcada para o dia 25 de fevereiro, foi suspensa, após as-sembleia que aconteceu, no dia 23, no Centro Médico da cidade. A assembleia foi convoca-da pela regional Ribeirão Preto do Simesp, e dela participou a médica Carla Palhares, se-cretária municipal de Saúde e ex-diretora do Sindicato dos Médicos. Estiveram no Centro Médico 270 profissionais (médicos e dentis-tas, cuja categoria também havia decidido iniciar a paralisação).

A secretária de Saúde pediu aos médicos um voto de confiança, não paralisando as ati-vidades, permitindo que interviesse e lutasse, na administração municipal, por um salário que satisfizesse a categoria.

O presidente da regional do Simesp de Ri-beirão Preto, Marco Aurélio Almeida, frisou, segundo relatou o jornal Tribuna, de Ribeirão Preto, do dia 25 de fevereiro: “A secretária nos pediu um voto de confiança, e resolvemos não paralisar o atendimento. Pedimos aos colegas que tivessem bom senso, e não prejudicásse-mos o atendimento. A grande maioria acatou o apelo”. Marco Aurélio Almeida, confiante no sucesso das negociações, advertiu: “Vamos

continuar a negociar, claro. Acreditamos na boa vontade da Prefeitura e da secretária, mas tudo tem um limite. Se nas próximas reuniões não houver uma proposta satisfatória, entrare-mos em greve sem previsão de retorno”.

Na rede municipal de Saúde da cidade tra-balham 600 médicos e 200 dentistas. A cate-goria quer a elevação do piso salarial para o que defende a Federação Nacional dos Médi-cos: R$ 8 mil 575. O presidente da Regional do Simesp acrescentou, ainda na entrevista à Tribuna: “O médico de Ribeirão trabalha de-mais. Existem casos em que um único posto de saúde realizou 4 mil atendimentos, de pessoas de fora da cidade, em apenas um dia. Some-se isso ao número de pacientes do município, o que resulta em um trabalho exaustivo”.

Audiência“O Simesp solicitou audiência com a prefei-

ta e representantes do seu governo para am-pliar as negociações e alcançar, em definitivo, uma política de Saúde que transcenda gover-nos e atenda às verdadeiras necessidades de Ribeirão Preto, que merece do Simesp atenção especial, pela sua grandiosidade e relevância dos profissionais, munícipes e sensibilidade do governo. Cidade-polo, o que sempre foi am-plamente reconhecido. Nada mais adequado do que acertos na política de Saúde, garantin-do acesso igualitário, de forma eficiente e reso-lutiva, com respeito aos sacrifícios dos profis-sionais, especialmente médicos, com merecida liderança nas questões de Saúde. Não se pode perder de vista a grandeza do trabalho médi-co, a partir de condições técnicas suficientes e salários compatíveis, a fim de a população ser atendida com qualidade e segurança”, disse o presidente do Simesp, Cid Carvalhaes.

Os médicos da rede municipal de RibeirãoPreto, após intensos debates, decidiramparalisar as atividades, como forma deprotesto contra os baixos salários

29

SINDICAL notas

Trabalho com qualidade e pre-ços abaixo do mercado. Para contratar nossos serviços, entre em contato com o impressor responsável, Luís Brandão, pelo telefone 3292-9147. Compare nossos preços:

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Envelope ofício (11,4 x 22,9)Unidades Valor500.............................. 120,001000............................ 180,002000............................ 270,00

GRáFICA DO SIMESP

O Simesp é a sua defesaA luta intransigente dos direitos dos médicos é papel do Sindicato. Infeliz-mente, sabemos que muitos locais de trabalho exploram a mão-de-obra médica. Isso não deve acontecer! Fortaleça nossa categoria: faça parte dessa equipe. Associando-se ao Simesp você amplia suas conquistas. Con-fira alguns benefícios oferecidos pelo Sindicato:

• Fortalecimento das lutas políticas dos médicos• Maior organização nos locais de trabalho• Centro de Informação ao Médico. • Equipe sempre pronta para atender ao médico, esclarecer dúvidas, sindicalizar.• Jurídico. Departamento estruturado e informatizado para oferecer um ótimo atendimento.• Imprensa. Fique por dentro das notícias por meio da revista Dr! e do nosso informativo eletrônico, a Carta Semanal.• Gráfica. Qualidade e preço baixo causando boa impressão.• Convênios. O Simesp firmou convênios com empresas, hotéis etc, e há descontos para sócios.

POR QUE SINDICALIZAR-SE ?

Simesp se organizainternamenteA exemplo do que acontece anu-almente, o Simesp programou, para o terceiro final de semana de março, o seminário estratégico de 2010, no qual serão discutidas as diretrizes de trabalho, projetos e planos para o ano. Participarão os membros da diretoria, funcioná-rios das regionais e da sede, além de assessores. O ano de 2010 será marcado por grandes desafios, como a realização do Congresso da Federação Nacional dos Mé-dicos, em São Paulo, o Encontro Nacional de Entidades Médicas

PLANEJAMENTO ESTRATéGICO

(Enem), revitalização da luta pela CBHPM, entre outros momentos importantes da vida sindical, políti-ca (eleições em outubro) e mesmo esportivas, como a Copa do Mundo, em junho. “O seminário é momen-to especial de balanço de como o Sindicato está trabalhando, olhar o que podemos fazer, apurar a orga-nização interna. São atividades que visam ao bom atendimento do mé-dico e à presença nas diversas lu-tas que temos enfrentado juntos”, avaliou o presidente da entidade, Cid Carvalhaes.

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LITERATURA

O Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, lançado no final de 2009, trata dos mais variados aspectos do efetivo crescimento dos direitos humanos em todo o País. Dois tex-tos dizem respeito mais diretamente às lutas do Simesp: “Direito ao Trabalho – o desafio de se trabalhar no Brasil”, e “Direitos Reprodutivos – direitos humanos em disputa”, que trata, entre outros temas, dos índices da mortalidade mater-na, que “continuam elevados e preocupantes”, segundo a autora, Beatriz Galli. O artigo sobre o Direito ao Trabalho foi escrito por Clement Ganz Lúcio e Patrícia Lino Costa, assessores do Dieese. O relatório é dividido em quatro capítulos: Direi-tos Humanos no Meio Rural, Direitos Humanos no Meio Urbano, Direitos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais, e Políticas Internacionais e Direitos Humanos.

Segundo Ela Wieck de Castilho, subprocura-dora-geral da República, que assina o prefácio, “em que pesem as graves violações dos direi-tos humanos, ainda frequentes, há também o que se comemorar com os primeiros passos para a construção de uma política pública de direitos humanos no Brasil, principalmente pelo reconhecimento do papel fundamental da sociedade civil em sua elaboração, gestão e monitoramento”. E acrescenta: “Vê-se outro importante desafio para as organizações so-ciais e movimentos populares: serem capazes de exercer o controle social sobre o Estado, ga-rantindo que os direitos humanos sejam efe-tivamente considerados nas políticas públicas,

Direitos Humanosno Brasil 2009

lançamentos

especialmente naquelas relativas ao modelo de desenvolvimento, em geral tratado prepon-derantemente ainda sob o viés econômico e perspectiva imediatista”.

O texto sobre o direito ao trabalho assinala que em tempos de crise há tendência de am-pliação das formas de contratação alternativas, muitas ilegais e outras que mascaram uma re-lação assalariada e de subordinação, aumen-to da terceirização de parte da produção e de serviços, da contratação direta do trabalhador como autônomo e do assalariamento sem car-teira assinada do setor privado.

Informações:Rede Social de Justiça e Direitos HumanosTelefone: 11-32711237E-mail: [email protected]

As diversas faces da luta pela real efetivação deuma política de direitos humanos estão no relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos,que avalia avanços e recuos ocorridos em 2009

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CLIPPING

Deu na imprensaMédicos de Ribeirão Preto se mobilizam por melhores salários, mas dão voto de confiança a secretária de Saúde. Correios lembram, na revista Correio Filatélico, os 80 anos do Simesp

O Simesp lançou hoje uma campanha intitulada “Solidariedade Médica ao Haiti”, em parceria com o

Grupo Pão de Açucar.O Simesp está conclamando

todos os médicos e leigos solidários para que

doem galões de águade 5 litros e alimentos

não perecíveis.

O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) completou 80 anos e,

em comemoração à data, a Diretoria Regional de

São Paulo Metropolitana lançou carimbo postal e

selo personalizado.

Os médicos da rede municipal de saúde de

Ribeirão Preto prometem cruzar os braços nodia 25, em ato por melhores salários

Homenagem ao médico Carlos Alberto Grandini Izzo, secretário-geral do Sindicato dos Médicos

de São Paulo.

“O cartão SUS teria que ter um prontuário com todos os dados do paciente, diagnóstico, exames, tratamento.

Algo mais ágil,eficiente e seguro”.

Cid Carvalhaes

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culturA toca da raposa

Índios do Xinguem São Paulo

centro cultural toca da raposa,no município de Juquitiba,recebe cerca de 50 representantesda tribo Kuikuros. Aos finais desemana e feriados, com o corpopintado e devidamente ornamentados, os índios apresentam danças, lutas e costumes, além de comercializar o artesanato produzido no Xingu. uma grande festa de integração de culturas

Ivone Silva

Fotos: Dino Santos

Todos os anos, nos meses de março a maio, um grupo de índios kuikuros deixa o Xingu e segue para São Paulo,

trazendo na bagagem um pouco da cultura, dos costumes e do artesanato, promovendo intenso intercâmbio cultural. As atividades da tribo podem ser conferidas na Aldeia Ceno-gráfi ca da Toca da Raposa – refúgio ecológico a apenas 58 quilômetros da Capital, localizado no município de Juquitiba.

Os kuikuros vivem basicamente da venda do artesanato produzido na aldeia, como cola-res de caramujo, redes de buriti, esteiras, ban-cos, cerâmicas e brinquedos. Eles precisavam de um espaço para vender sua arte, e no ano de 1997 uma parceria os aproximou dos pau-listas. No ano anterior, a educadora Regina Fonseca, proprietária do Parque Toca da Ra-posa, em visita ao Xingu, pensou juntamente com o chefe da tribo, o cacique Afukaka Kui-kuro, em uma proposta de comercialização para ajudar a preservação daquela cultura. O projeto virou realidade, tornando-se um su-cesso e atraindo público de todos os lugares, inclusive estrangeiros.

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Índios do Xinguem São Paulo

A educadora explica que o artesanato tem a função de melhorar a vida da aldeia. “Eles têm vida simples, não acumulam riqueza. A renda obtida é revertida em prol da própria comunidade”. Com o dinheiro arrecadado, in-vestem em novos equipamentos agrícolas, fer-ramentas e material para artesanato, gerado-res, motores de popa, peças para manutenção do trator e do caminhão, máquinas de costura, linhas e anzóis, redes de pesca, entre outros.

Uma série de atividades acontece durante os fi nais de semana e feriados, no período de 28 de março a 16 de maio deste ano. Sempre às 14h30, inicia-se a cerimônia ofi cial. O caci-que Afukaka Kuikuro dá as boas vindas aos turistas, faz um breve histórico sobre o modo de vida deles, as difi culdades e alegrias de ser índio no Brasil, alertando a todos sobre a im-portância da preservação dos costumes e dos povos indígenas.

Em seguida, começa efetivamente a apre-sentação. Com o corpo pintado e lindamente ornamentados com plumas, colares e pulsei-ras, homens, mulheres, adolescentes e crian-ças apresentam danças, cantos e mistérios. Os visitantes se empolgam com a graça e riqueza daquela cultura e, em determinado momento, são convidados a participar dos rituais, ha-vendo total interação entre as raças. Os índios também fazem demonstrações de arco e fl e-cha e da luta Uka-Uka.

Encerradas as apresentações, a aldeia ceno-gráfi ca é aberta para visitação, o público pode entrar na oca, bater papo com os índios e apro-veitar para registrar o momento único clicando muitas fotos (fi lmagens são proibidas). Não é

curioSidAdES

O custo da vinda e estadia dos kuikuros durante os 50 dias na Toca da Raposa é de cerca de R$ 200 mil. Nesse período consomem aproximadamente:

5 mil litros de sucos750 quilos de arroz450 quilos de peixe

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todo dia que se tem a chance de estar ao lado de uma tribo. Os mais empolgados podem se ren-der, momentaneamente, aos costumes dos kui-kuros, fazendo uma “tatuagem”. Preparada com produtos naturais como urucum e jenipapo, a pintura corporal é feita pelas mãos de experien-tes índios, que a transformam em belas imagens. O produto sai em cerca de 15 dias, podendo ser feito inclusive nas crianças.

Não deixe de experimentar o delicioso peixe assado na brasa acompanhado de beiju, base da culinária indígena, preparados com todo carinho e servidos de forma improvisada, “à moda do índio” - cada pessoa pega o tira-gosto com as mãos, nada de pratos ou talheres.

Centro culturalA Toca da Raposa tem dois objetivos fundamen-tais, trabalhados especialmente com crianças: educação ambiental e resgate da cultura popu-lar. No primeiro, é desenvolvido um trabalho de preservação da fl ora e fauna silvestres. Há criadouro conservacionista que cuida de apro-ximadamente 270 mamíferos, répteis e aves. “São animais vítimas de tráfi co e maus-tratos que chegam até nós; recebem tratamento vete-

PAiXÃo PEloS ÍndioS

Iniciativa dos irmãos Claudio, Leonardo e Orlando Villas Boas, o Parque Indígena do Xingu foi inaugu-rado em 1961 a fim de garantir ao índio habitação e manutenção dos costumes. É a mais importante reserva indígena das Américas, e está localizado ao Norte do Estado do Mato Grosso, entre o Planalto Central e a Amazônia, com área aproximada de 30 mil quilômetros quadrados.

Os kuikuros pertencem a uma das 14 etnias que integram o Parque, totalizando cerca de 5 mil habitantes. Na parte sul, alto do Xingu, além dos Kuikuros estão as tribos Kalapalo, Matipu Nafukuá, Mehinaku, Waurá, Kamaiurá, Aweti e Yawalapiti. Já na parte norte, baixo Xingu, encontram-se as etnias Trumai, Ikpeng (Txicão), Suya, Yudja (Juru-na) e Kaiabi.

Apaixonada pela cultura indígena, a educadora Regina Fonseca foi ao Xingu diversas vezes, mas lembra com especial carinho a primeira visita. “Eles sabiam que eu ia e se prepararam: todos saíram das ocas para me receber. Foi uma experiência nada semelhante ao que tinha vivido até ali. Pura emo-ção. Dormia nas malocas, construídas de palhas, que geralmente abrigavam cerca de 40 pessoas, não havia banheiro, chuveiro. Uma cultura muito diferente da nossa, mas tão interessante quanto”.

Nos 15 anos de convivência com os kuikuros, a educadora avalia que muita coisa mudou. Há pista de pouso, motos e bicicletas – andam nus sobre os veículos – e cobertores (antes, as índias acendiam fogueiras para aquecer a oca). Mas para Regina, isso não compromete a cultura. “Se o avião não chegar até lá, por exemplo, uma pessoa doente morre à espera de atendimento médico. O Xingu fica muito longe da civilização. Para saír de lá é preciso paci-ência. São 12 horas de balsa, mais 200 quilômetros de estrada de terra sobre um caminhão até chegar à cidade de Canarana, onde pegam ônibus para São Paulo, enfrentando duras 36 horas de viagem”.

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rinário e, quando possível, são devolvidos ao habitat natural”, explica Gisele Rodrigues Ma-zza, coordenadora de projetos da Toca da Rapo-sa. Entre os animais, Gisele destaca seu xodó: Carlinhos, um monocarvoeiro – maior espécie de primatas do Brasil. “Ele é uma graça, e tem uma namorada chamada Mel. Estamos na tor-cida para continuarem se entendendo, e quem sabe, ampliar a família.”

No segundo ponto, o resgate das raízes é fei-to por meio de antigas brincadeiras. Da turma que já passou dos 30 anos, quem não se lembra dos jogos de amarelinha, batata quente, duro ou mole, corre cotia, chuta lata, barra manteiga?

Em seus 80 mil metros quadrados de área verde, uma trilha ajuda o visitante a desven-dar os mistérios do local. Um dos pontos de parada obrigatória é a Casa do Tio Barnabé, feita de pau-a-pique, onde a imaginação corre solta com os causos folclóricos narrados pelos monitores, como as travessuras do Saci-Pere-rê, as maldades da Cuca, a lenda do Curupira e muitas outras. “É um espaço único, temos um olhar focado na educação, e não podemos deixar morrer aquilo no qual acreditamos”, avalia Gisele.

Exceto no período de visitação dos kuiku-ros, durante o restante do ano a Toca da Ra-

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Médico voluntário

Pela dificuldade de acesso à saúde, muitos índios fi-cam debilitados, sendo acometidos principalmente por problemas nos joelhos, dermatológicos e dentá-rios. Quando estão em São Paulo, a Toca da Raposa procura ajudá-los, encaminhado-os a atendimento médico. “Eles são descuidados com a saúde, às ve-zes a índia está quase parindo sem saber da gravi-dez”, afirma Gisele.

Por causa dos custos dos atendimentos e tratamen-tos, a Toca da Raposa enfrenta dificuldade para aten-der às necessidades de todos os índios que visitam o Parque. Ela faz um apelo: “O médico ou dentista que tiverem interesse em desenvolver um trabalho voluntário com a cultura indígena serão muito bem-vindos, basta entrar em contato conosco”.

A apresentação dos kuikuros é o

momento mais esperado. Na foto

maior, visitante é convidado a

participar da dança. O artesanato

é fonte de renda dos índios.

Na Toca da Raposa há muita

natureza e animais encantadores,

como o Carlinhos (abaixo, à

direita), pertencente à maior

espécie de primatas do Brasil

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posa só atende escolas ou grupos agendados (acima de 35 pessoas).

Vale conferirFinais de semana e feriados de 28 de março a 16 de maio. Datas especiais para escolas e grupos. Funcionamento do Parque: das 9h30 às 16h30. Apresentação dos kuikuros na Al-deia Cenográfica: 14h30. Valores: adultos e crianças acima de cinco anos: R$ 35. Crian-ças até cinco anos: R$ 25. Crianças de colo não pagam. Não aceitam cartão de crédito/dé-bito. Telefones 4681-2854 e 3813-8773. www.tocadaraposa.com.br.

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SIMESP

Questão coletiva

Antonio Aurélio Lordello de Moraes Formado em ortopedia pela PUC, é presidente da regional de Bauru

Diferentemente de antes, o médico está se envolvendo com relações de em-

prego, tornando-se um funcionário como qualquer outro. No interior ainda existe

dificuldade para congregar esses profissionais no Sindicato, talvez haja precon-

ceito, pensamento de que não deve fazer parte da entidade. Porém, quando

aparece a dificuldade, nos procura. Precisamos reverter essa situação. A diretoria

de Bauru está empenhada em reativar nossa regional, trazer o médico para o

diálogo e lutar por melhores condições de trabalho. O médico precisa da força do

Sindicato, é questão coletiva, não individual, deixar de ser desunido. E no que se

refere a relações trabalhistas, somente a entidade sindical pode atuar.

Apesar das dificuldades, percebo certa mudança: a categoria começa a

constatar que as dificuldades aparecerão cada vez mais. Recentemente, fo-

mos procurados pelos médicos de um pronto-socorro da região, cansados de

tanta exploração. Nossa regional apoia e está ao lado dos colegas, em defesa

da dignidade profissional.

Ambiente acolhedor

Rivani Martins de OliveiraEncarregada da limpeza

Rivani Martins de Oliveira não mede esforços para manter a sede do Simesp

limpa e bem arrumada. Carinhosamente chamada de Riva, faz ronda diária

pelos departamentos cuidando para que tudo fique organizado. Quando o

médico chega ao Sindicato, encontra ambiente acolhedor.

Paraibana, aos vinte anos veio, com os pais, morar em São Paulo, onde

logo arrumou trabalho. Devagarinho foi se aproximando, chegou a trabalhar

em alguns eventos no Simesp. Há dois anos foi contratada. O emprego não

poderia ter vindo em melhor hora: com mais de 40 anos, estava sem trabalho

fixo havia cerca de dois anos. “As empresas ainda têm preconceito com idade.

No Simesp não encontrei resistência, ao contrário, fui muito bem recebida.

Agarrei a oportunidade com toda força. Sempre contei (e conto) com o apoio

irrestrito dos meus pais, mas queria muito voltar a trabalhar para poder sus-

tentar minha filha com dignidade”.

por dentro

SOU SINDICALIZADO!

Sou formado em 1976, e fi car sócio da APM e do Sindicato era

essencial. Mas o Sindicato dos Médicos já causava mais impacto

pela discussão política e participação indireta nas primeiras elei-

ções após a Anistia, em 1982 (primeiras eleições para governa-

dor); e em 1983, na participação no Movimento pelas Diretas,

que infelizmente foi derrotado. Em março de 1983 tomou posse o

primeiro governador eleito após a ditadura militar. Montoro e seu

Secretário de Saúde, João Yunes, respeitavam muito o Simesp.

Iniciaram movimento de valorização e recuperação do salário

do médico, que havia sido vilipendiado nos governos anteriores.

Acredito que o Simesp ainda não perdeu a chama pelas questões

mais importantes do nosso exercício profi ssional, e temos nele

um espaço de discussão e formação política únicos no nosso coti-

diano. O Sindicato é uma cachaça, e da boa!

Francisco Manoel GalottiFormou-se na Faculdade de Medicinada USP de São Paulo. É psiquiatra

Espaço de discussãoe formação política

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40

CONVÊNIOS

PARATIPróxima ao Centro Histórico de Parati, a Pousada Villa Harmonia oferece mui-to sossego ao visitante: são 1700m2 nos quais estão distribuídos piscina, bar, churrasqueira, salas de leitura, espaço de convivência e estaciona-mento. São 27 apartamentos amplos e aconchegantes, equipados com TV colorida, frigobar e cama king size.

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Telefone (24) 3371-1330.

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Telefone (35) 3438-2097.

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LIndóIAParaíso natural em meio às monta-nhas da Serra da Mantiqueira, Águas de Lindóia é conhecida como a “Ca-pital Termal do Brasil” pelas diversas fontes de água mineral. Situada a 180 quilômetros da capital paulista, é uma das principais cidades do chamado cir-cuito das águas paulista e encontra-se na região do maior lençol freático de água mineral do país - 60% da bebida distribuída no Brasil saem da região. Excelente opção de hospedagem é o Grande Hotel Panorama, com va-randas para apreciar a exuberan-te paisagem, possui ótima infra-estrutura com piscinas, banhos, massagens e terapias relaxantes. Oferece 10% de desconto na baixa temporada e 15% de desconto na alta temporada.

CARAGuATATuBA Colônia de Férias da Associação dos Oficiais de Justiça do Estado de São Paulo, projeto de Oscar Niemeyer. No solarium, a vista de 360º é muito inspiradora. Informações:

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Site www.aojesp.org.br.

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Para obter os descontos, informe sobre sua associação ao Simesp: Centro de Informação ao Médico (CIM) - 11- 3292-9147, ramais 232 e 233.

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APLuB

Com os Títulos de Capitalização Res-

gatáveis oferecidos pela parceria

Aplub-Simesp, unem-se sorte e in-

vestimento. Concorre com até cinco

números a sorteios mensais pela Lo-

teria Federal, de R$ 10 mil, e pode

resgatar parte do dinheiro das con-

tribuições a partir do segundo ano

de subscrição. A Aplub oferece ao

Simesp o RIT, renda mensal tempo-

rária por até um ano, se se afastar

do trabalho por motivo de doença,

incluindo LER e DORT, ou acidente. E

você determina o valor que receberá.

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JACuTInGACachoeiras, lagos e grande produ-ção de malhas. Condições especiais na hospedagem no Hotel Filhos de Gandhi (restaurante, estaciona-mento, lavanderia, piscina e sau-na). Clima de montanha, sol du-rante quase todo o ano, a 190km de São Paulo. Informações:

Site www.jacutinga.org.br.

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fica a 132 quilômetros da capital. Na cidade há o Grinberg’s Village Hotel, com piscina coberta, quadra de tênis, campo de futebol e diversos brinque-dos para a meninada.

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Telefone (19) 3895-2909.

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ção Petrobras) faz o convite: inscre-

va-se no Plano de Previdência Simesp

e fique totalmente tranquilo e segu-

ro para aproveitar a vida quando se

aposentar. A maneira mais rápida de

obter informações e/ou se inscrever

no Plano Petros-Sindicato dos Médi-

cos é por meio do portal www.pe-

tros.com.br ou fone 0800253545. No

portal é feita a simulação de quan-

to será o seu benefício no futuro. É

rápido, fácil e fundamental para ser

tomada a melhor decisão.

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fisa.com.br. Central de vendas: 11

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Encontra-se na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei

6715/2009, que descriminaliza a prática da ortotanásia. De acordo com o texto aprovado pelo Senado e sub-

metido à revisão da Câmara, no âmbito dos cuidados paliativos aplicados a paciente terminal, não constitui

crime deixar de se fazer uso de meios desproporcionais e extraordinários quando atestada previamente por

dois médicos a morte iminente e inevitável do paciente. Há, todavia, necessidade de consentimento expresso

do paciente ou, na sua impossibilidade, do cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão.

O texto, se convolado em lei, irá ao encontro do entendimento já amadurecido no âmbito do Conselho Fe-

deral de Medicina, que chegou a dispor sobre o assunto na resolução 1805/2006. Não obstante o escopo da

ortotanásia seja o de aliviar o paciente do sofrimento, a resolução causou polêmica e acabou suspensa por

decisão judicial, a pedido do Ministério Público.

Embora muitos ainda insistam, no campo conceitual, que a ortotanásia seja uma espécie de eutanásia por

omissão, o certo é que, na prática, são condutas diversas. A eutanásia é uma indução à morte; já a ortotaná-

sia é assistência consentida para o exercício de um direito, que é o direito de morrer com dignidade.

No novo Código de Ética Médica, que entrará em vigor neste mês de março, a matéria foi tratada. No caput

do artigo 41 manteve-se a vedação de abreviar a vida do paciente, ainda que a seu pedido, repetindo o que já

dispunha o artigo 66 do Código revogado. Mas se acresceu um parágrafo único ao dispositivo, prescrevendo

que, nos casos de doença incurável e terminal, o médico deve oferecer todos os cuidados paliativos dispo-

níveis, mas sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em

consideração a vontade expressa do paciente ou, na impossibilidade, a do seu representante legal.

Em países como Inglaterra, Japão e Canadá, a ortotanásia é legalizada. Nos Estados Unidos, desde 1991,

o Ato de Autodeterminação do Paciente garante ao doente o direito de aceitar ou recusar tratamentos no

momento de sua admissão no hospital.

Apesar de o tema ainda causar polêmica, certo é que vivemos um momento evolutivo na sociedade, poden-

do distinguir o direito à morte digna como consequência imanente do direito à dignidade em vida e, portanto,

um direito fundamental do ser humano.

Edson Gramuglia

Advogado, presidente da Comissão de Direito Sindical da OAB/SP,

diretor da Associação dos Advogados Trabalhistas de S. Paulo, assessor jurídico do Simesp e de associações médicas

ARTIGO

A ortotanásiaEdson Gramuglia

www.simesp.org.br 0

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