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Projeto Experimental em JORNALISMO Universidade Federal Fluminense IACS- Instituto de Arte e Comunicação Social Curso de Comunicação Social - Jornalismo IACS: 50 ANOS DE COMUNICAÇÃO Áudio documentário sobre a história do Instituto de Arte e Comunicação Social e o do curso de Comunicação Social na UFF

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Projeto Experimental em JORNALISMO

Universidade Federal Fluminense

IACS- Instituto de Arte e Comunicação Social

Curso de Comunicação Social - Jornalismo

IACS: 50 ANOS DE COMUNICAÇÃO

Áudio documentário sobre a história do Instituto de Arte e Comunicação Social e o do curso de Comunicação Social na UFF

IACS/UFF

Niterói

2017

JÉSSICA AZEVEDO ROCHA DOS SANTOS

IACS: 50 ANOS DE COMUNICAÇÃO

Áudio documentário sobre a história do Instituto de Arte e Comunicação Social e o do curso de Comunicação Social na UFF

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Fluminense como requisito obrigatório para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social-Jornalismo.

ORIENTADOR: PROF. DR. JOÃO BATISTA DE ABREU

Niterói

2017

JÉSSICA AZEVEDO ROCHA DOS SANTOS

IACS: 50 ANOS DE COMUNICAÇÃO

Memorial e trabalho prático apresentados ao curso de graduação em Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal Fluminense como requisito obrigatório para obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Prof. João Baptista de Abreu

UFF

___________________________________________________________________

Prof. Ana Baumworcel

UFF

___________________________________________________________________

Prof. Flávia Clemente

UFF

Niterói, 2017

.

Dedico este trabalho de conclusão de curso a minha

mãe Lucimar, a meu irmão Felipe, a meus padrinhos

Paulo Américo e Lucilene e a meu bisavô Luiz Rocha

(em memória).

Foram eles que me ensinaram a perseguir meus

sonhos e conquistá-los, lembrando-me sempre de que

nunca estarei sozinha, pois os tenho a meu lado. Cada

um mostrou o amor que sentem por mim e me deu a

força de que precisava para chegar até aqui. Se hoje

me formo jornalista, é para enchê-los de orgulho.

AGRADECIMENTOS

Não sou boa para fazer agradecimentos. Prefiro deixar isso claro nas atitudes, no

modo como me lembro e me refiro às pessoas que fazem parte da minha vida. Mas dessa

vez é preciso colocar para fora, é preciso deixar registrado. Não foi fácil chegar aqui.

Muitos tiveram uma importância enorme nessa caminhada.

A mais importante, sem dúvida, é minha mãe Lucimar Azevedo, que da sua forma,

do seu jeito, esteve presente e me apoiou em todas as ocasiões. Nunca duvidou de mim e

sempre me motivou a seguir em frente. Foi quem me segurou nos momentos em que quis

desistir, quem me deu mão e colo quando achei que não conseguiria. Obrigada, mãe.

Meus padrinhos Lucilene e Paulo Américo merecem menção honrosa. Tanto quanto

minha mãe, foram tão essenciais na minha criação e na pessoa que sou hoje como ela.

Nunca me deixaram desamparada e se algo acontece sempre são meu porto seguro. Sem

dúvida, o amor que temos é de pais e filha e a maior gratificação que recebo é deixá-los

orgulhosos de mim.

Os professores que tive durante toda a vida são um caso à parte, desde a “tia” Mary,

que me ensinou a ler e escrever, até Geovania, que num trabalho escolar me fez decidir por

essa carreira linda e desafiadora que é o Jornalismo. Todos, sem exceção, auxiliaram na

minha formação como pessoa e cidadã até chegar à universidade. Foram responsáveis por

me dar toda a base e paixão pela leitura e pelos estudos. Só tenho a agradecer.

Quando falo da UFF e do curso de Jornalismo, tudo para. Sinto satisfação por estar

aqui, por fazer parte disso; poder colocar o nome dessa universidade na minha história e

por realizar o meu sonho aqui. Aos professores ficam o meu muito obrigado e o meu

carinho, pelos ensinamentos dentro e fora da sala de aula. Em especial, agradeço ao

professor João Batista por me orientar nesse Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),

também à professora Helen Britto. Aos dois deixo minha admiração e amizade por todo o

aprendizado adquirido durante as aulas de rádio, pelas trocas, ideias, por sempre

acreditarem na minha capacidade de aluna. Agradeço também a meu amigo Marcelo

Santos, responsável pela edição maravilhosa deste material, e por todo carinho de sempre

durante toda minha trajetória dentro e fora do nosso querido estúdio.

Vida longa ao Instituto de Arte e Comunicação Social e à UFF, minha segunda

casa. Muito obrigado!

O fato ainda não acabou de acontecer e já a mão

nervosa do repórter o transforma em notícia.

Carlos Drummond de Andrade

RESUMO

Este TCC é composto desse memorial e do áudio documentário IACS: 50 anos de Comunicação. O trabalho apresenta a história do Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF, assim como a criação do próprio curso e suas habilitações. Apresenta de forma dinâmica e introspectiva o desenrolar dessa história, desde a ditadura aos dias atuais, contando fatos relatados por alunos, professores e ex-reitores com forte ligação com o Instituto. O processo de criação e produção do áudio documentário está neste memorial, incluindo o roteiro e a edição do áudio. Acompanha também um CD com todo o programa gravado.

Palavras-chave: UFF; IACS; Comunicação Social; 50 anos, mídia sonora

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9

1. DESENVOLVIMENTO .............................................................................................. 11

1.1 Por que um documentário? ............................................................................... 11

1.2 Opção pela versão dramatizada......................................................................... 12

1.3 A construção da personagem............................................................................ 13

1.4 O processo de produção do documentário sonoro .......................................... 13

1.4.1 Entrevistados e entrevistas ............................................................................ 13

1.4.2 Os blocos .......................................................................................................16

1.4.3 Músicas e efeitos sonoros ..............................................................................16

CONCLUSÃO .................................................................................................................. 18

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 19

ANEXO .............................................................................................................................. 20

10

INTRODUÇÃO

Este trabalho prático experimental aborda a história da criação do Instituto de Arte

e Comunicação Social (IACS) e do próprio curso de Comunicação Social da Universidade

Federal Fluminense (UFF). O objetivo é contribuir para a construção de memória do

Instituto, resgatando a história e recordações de quem fez parte de seus primeiros anos. O

áudio documentário busca recuperar momentos e situações vividas por ex-alunos e ex-

professores, mostrando a essência do curso desde seu primeiro momento e até mesmo um

pouco antes dele. Tomo a liberdade de chamá-lo de memorial em áudio ou memorial de

mídia sonora, pois ele não é feito de outra coisa senão memórias, de quem já passou pelo

IACS ou pelo curso de Comunicação Social da UFF.

Mas, antes de qualquer coisa, assim como digo no primeiro bloco do roteiro, é

preciso saber por que e por quem cheguei aqui. Nasci em Teresópolis e sempre morei em

Guapimirim, numa família em que quase ninguém teve acesso ao ensino superior. A vida

das minhas bonecas já era um prenúncio do que eu queria para minha própria vida. Antes

de casar e constituir família, todas as bonecas se formavam na faculdade; algumas faziam

até pós-graduação. Desde pequena com essa visão, foi o que decidi fazer também.

“A vida das minhas bonecas já era um prenúncio do que eu

queria para minha própria vida. Antes de casar e constituir

família, todas as bonecas se formavam na faculdade”.

Escolhi o Jornalismo aos 13 anos, por intermédio de uma professora de Português e

Literatura chamada Geovania. Um trabalho em que precisei pesquisar sobre a Operação

Navalha mostrou-me o caminho: queria passar informação para as pessoas. Montei então

minha primeira reportagem, usando os infográficos das matérias lidas, mas a informação

em si era minha, fruto da minha pesquisa. O texto era meu. E a satisfação que senti ao ver a

matéria pronta, com um toque todo meu, deu-me uma alegria imensa, que até hoje sinto ao

me recordar desse momento. Ali decidi o meu maior sonho; desenhei minha vida. Com a

condição financeira de meus pais, também tinha a consciência de que seria uma faculdade

pública.

Depois de todos os vestibulares possíveis, cá estava eu fazendo minha matrícula na

UFF. Um orgulho que não cabia no peito e que eu ainda sinto todos os dias quando vou à

faculdade e olho para o nosso querido casarão rosa. É a concretização de um sonho, o

11

desejo de toda uma vida. Costumo dizer que a UFF é uma mãe e é mesmo. E o Instituto de

Arte e Comunicação Social é minha casa, pois me sinto bem, realmente num lar, o coração

se acalma e respiro mais fácil. E parte disso todo o amor com que foi feito esse trabalho de

conclusão de curso.

Foi a UFF e o curso de Comunicação Social que me formaram a pessoa que sou

hoje. Acrescento aqui, mais uma vez, o meu muito obrigado a todos os meus professores.

Eu tinha um pensamento bem diferente do jornalismo e do mundo. Confesso que por vezes

me frustrei, mas o amor pela profissão nunca diminuiu. Dentro da UFF cresci, tornei-me

uma mulher e cidadã mais responsável e consciente. Procuro sempre salientar a

importância do pensamento crítico, intrínseco ao curso de Comunicação Social, e pude ter

certeza disso ao realizar este trabalho. Graças a Deus, a UFF me escolheu e o curso de

Jornalismo me acolheu.

Trabalho, saúde e outros problemas pessoas me fizeram permanecer por mais

tempo que o esperado de graduação. Enfrentei outros inúmeros problemas, inclusive uma

cirurgia por fazer, enquanto produzia este memorial descritivo e o áudio que o acompanha.

Hoje tenho a certeza de que sou muito forte, vivi, lutei e venci. E agradeço a cada pessoa

que de sua forma foi responsável por me fazer chegar aqui. Sinto orgulho do curso que

escolhi, sinto orgulho da pessoa me que tornei, sinto orgulho de todo o amor que carrego

no peito. Sou imensamente grata e ao final de tudo ainda poderei gritar: sou jornalista,

realizei o maior sonho da minha vida.

“Sinto orgulho do curso que escolhi, sinto orgulho da

pessoa me que tornei, sinto orgulho de todo o amor que

carrego no peito.”

Mas por que um memorial em áudio? Eu me interessei pelo radiojornalismo desde

o primeiro semestre de faculdade. Descobri isso no primeiro Controversas do qual

participei, realizado no prédio antigo da Economia, onde havia uma mesa apenas com

jornalistas atuantes no rádio. Me encantei. Uma greve e alguns semestres depois, ao fazer a

aula de Introdução ao Radiojornalismo tive a certeza de que, se o jornalismo é uma

cachaça, o radiojornalismo é a mais gostosa delas. Participei também de outras disciplinas,

como os projetos de extensão Universidade no Ar e Webradio e a aula de Técnicas de

Radiodrama. Entre tantas reportagens produzidas, inúmeras transmissões ao vivo na

Webradio Nas Ondas do IACS e uma monitoria em Radiojornalismo, todas atividades que

12

sempre fiz com muito carinho e dedicação, a crônica da gatinha abandonada com certeza

ganha destaque. Encho-me de orgulho toda vez que fico sabendo que o professor João

Batista a apresentou para um novo professor em visita aos estúdios da rádio. Por esses e

outros motivos, eu não poderia fazer um trabalho de conclusão de curso longe do rádio.

Até tentei, mas o amor e a cachaça me trazem de volta.

Como cheguei ao tema dos 50 anos do IACS é outra história. Havia conversado

com a professora Ana Baumworcel sobre um tema de meu interesse e já havia entrado em

contato com algumas pessoas que seriam entrevistadas. Mas por certas questões eu estava

um pouco desanimada. Foi nesse instante que o professor João Batista entrou em contato

comigo pelo Facebook, dizendo que tinha uma sugestão de projeto experimental em rádio

para mim. No mesmo dia liguei para ele e já saí com algumas coisas para fazer, contatos

para conseguir. Como não topar fazer um trabalho em rádio sobre a minha segunda casa?

O interesse nesse sentido para mim é muito grande, posso externar meu amor e gratidão

pela UFF, pelo IACS e pelo curso de Jornalismo, conhecendo sua história e deixando

registrado para que outros a conheçam e se encantem como eu me encantei. Este memorial

radiofônico é fruto da ideia inicial do João, com as lembranças e recordações de quem

viveu estes 50 anos de história e todo o meu carinho e dedicação ao escrevê-lo. Debruçar-

me sobre este tema revelou-se interessante e motivador. Espero que também seja para

quem o ouvir.

1. DESENVOLVIMENTO

1. 1. Por que um documentário?

Eu me dou a liberdade de chamar este trabalho de conclusão de curso de memorial

em áudio, ou memorial em mídia sonora, pois ele é feito de memórias de quem viveu esses

50 anos de história. Mas também podemos chamá-lo de documentário, pois pretende

apresentar o tema de criação do Instituto e do curso de Comunicação Social em

profundidade, utilizando os recursos disponíveis para remontar essa história que poucos

conhecem atualmente. Em seu livro “Rádio: o veículo, a história e a técnica”, Luiz Artur

Ferrareto cita o documentário radiofônico como o programa que aborda um tema em

profundidade, reconstituindo ou analisando um fato importante.

Realizei uma pesquisa de dados e arquivos intensa. Localizei a resolução 43, de

1968, do Conselho Universitário (CUV), que deu origem ao IACS e ao curso de

Comunicação Social e suas habilitações, no dia 25 de setembro do mesmo ano. Consegui o

arquivo do primeiro filme – Jornalismo e Independência – produzido pelo curso de

13

Cinema, e alguns vídeos publicitários também produzidos por alunos em disciplinas no

Instituto. As músicas e efeitos sonoros também foram pesquisados e pensados para que a

imaginação do ouvinte remontasse à época da criação dos cursos e da ditadura.

Para a realização deste trabalho, partimos da premissa de que é de extrema

importância para a Universidade, e para o IACS, conservar sua história. E ainda colher

depoimentos de pessoas que a construíram, suas recordações, lembranças e dificuldades,

resgatando o início desses 50 anos. Não há ocasião mais propícia para fazer isto, do que

com a comemoração do jubileu se aproximando. Este memorial aborda o tema da criação

do IACS, partindo da história antes mesmo de o curso começar. São apresentados os

motivos e os agentes que a fizeram acontecer. Contamos uma história, como quem conta

seu dia a dia a um amigo, criando empatia com o ouvinte. Foi aí que resolvi mesclar o

documentário com a dramatização.

1. 2. Opção pela versão dramatizada

Por que escolher dramatizar a história do IACS? A pergunta correta seria: por que

não? Quem sabe contar melhor sua história do que a própria pessoa que a viveu na pele?

Diferentemente de uma reportagem especial, não apresentamos as diferentes opiniões de

uma trajetória e sim diferentes recordações, que contribuem para um panorama desses 50

anos.

O texto dramatizado tenta proporcionar maior empatia com o ouvinte. Para ter mais

liberdade durante o roteiro, uma liberdade poética, digamos assim. A dramatização permite

uma intromissão na fala dos entrevistados, por exemplo, para explicar algo que eles

deixaram passar e seria importante para o ouvinte, ou para acrescentar algo que

esqueceram sem que isso pareça estranho ou errado.

A opção também nos permite uma aproximação maior com a oralidade, importante

para aumentar as chances de êxito na comunicação com o ouvinte. E ainda utilizar efeitos

sonoros, música e pausa, com o objetivo de construir e fortalecer essa comunicação. O

professor João Batista de Abreu, em seu texto A tela grande da imaginação – a narrativa

radiofônica dramatizada e a construção de imagens sonoras, considera que para trabalhar

a oralidade é necessário, de certa forma, abrir mão dos padrões rígidos da escrita e

mergulhar na palavra falada e em seus efeitos de sentido despertados em quem os ouve.

Um conselho dado por Walter Alves eu seu texto A cozinha eletrônica é

desenvolver os sentidos e aperfeiçoar a habilidade de sentir e expressar emoções de forma

coerente. Quem melhor para expressar as emoções do que quem as viveu? Dar vida a um

14

dos maiores institutos da UFF foi interessante por me fazer visualizar o IACS além do

casarão rosa.

1. 3. A construção da personagem

Como seria o IACS se fosse uma pessoa? No auge dos seus quase 50 anos, depois

de passar por uma ditadura, com algumas mudanças de prédio e essa vasta vida

universitária e produção acadêmica. O IACS é um misto de gente de todos os tipos, formas

e origens. Como representar isso no roteiro? Nos referimos como “O” IACS, e eu, a aluna

que produziu este trabalho, uma mulher de 24 anos tem, obviamente, uma voz jovem.

Definimos então que essa “confusão” de identidade representa a essência do Instituto, que

não se define por gênero, tem 50 anos, mas se reinventa todos os dias, e é completamente

mutável. Porém com uma história recheada de dificuldades e coisas pra contar.

“Definimos que essa “confusão” de identidade representa a

essência do Instituto, que não se define por gênero, tem 50

anos, mas se reinventa todos os dias.”

Como personagem o próprio IACS conta sua história, apresentando ao ouvinte os

locais, datas e acontecimentos por onde o roteiro se desenrola. O fato de darmos um nome

próprio ao Instituto é mais um recurso para criar empatia e, assim ele pode ser

personificado, imaginado como pessoa real, com características familiares e agradáveis ao

ouvinte. Para Doc Comparato em Da criação ao roteiro personagem é algo como

personalidade, um caráter definido apresentado na narração. É a partir da construção da

personagem que o restante se desenrola.

1. 4. O processo de produção do documentário sonoro

1.4.1 Entrevistados e entrevistas

Todos os entrevistados foram selecionados em função de sua experiência

com o Instituto, seja no momento da criação ou no desenrolar desses 50 anos. São

professores, ex-diretores, ex-reitor e ex-alunos, pessoas que contribuíram para a formação

do que o IACS é hoje e tem recordações e lembranças que auxiliam na hora de narrar os

acontecimentos. Desde o modelo de curso da Universidade de Brasília (UnB) aos atuais

15

trabalhos produzidos atualmente. Desde os cursos de Biblioteconomia e Comunicação

Social até os outros seis cursos criados ao longo de cinco décadas.

As sugestões de entrevistados vieram de diversas formas. O professor João Batista

indicou a maioria deles, pelo seu vasto conhecimento da trajetória do IACS e do curso de

Comunicação Social. Os primeiros foram: Romildo Guerrante, jornalista e aluno da

primeira turma de comunicação; Tunico Amancio, aluno das primeiras turmas e professor

de Cinema; e José Marinho e Antonio Serra, ambos professores aposentados de Cinema e

Comunicação Social. Outros, como a primeira diretora do IACS, Hagar Espanha, o ex-

reitor Jose Raymundo Martins Romeo e o também ex-diretor e professor de Arquivologia

José Pedro Esposel, foram indicações do professor Serra.

A maior parte dos entrevistados tem relação de uma vida inteira com a UFF.

Alguns foram alunos e depois professores, como é o caso do professor de publicidade

Eduardo Varela. Ou mantiveram contato com responsáveis pelo curso antes mesmo de sua

criação e depois tiveram a oportunidade de lecionar por aqui. Por exemplo, o poeta Afonso

Henriques Guimaraes Neto, professor de Oficina de Texto e Ética Publicitária, e integrante

do programa de pós-graduação em Comunicação do IACS. Outras entrevistas surgiram ao

longo do trabalho, como foi o caso da ex-aluna Analea Rego, mulher do falecido professor

Moacy Cirne, figura importantíssima na história do Instituto. Ele foi um dos maiores

pesquisadores de História em Quadrinhos no país e autor do fanzine Balaio, que produziu

sozinho e distribuiu gratuitamente no IACS durante anos a fio. Cirne era um autoditada.

Começou a lecionar na década de 70, foi chefe de Departamento de Comunicação Social e

diretor da unidade.

A primeira pessoa que vem à nossa mente quando falamos da história do IACS é

Nelson Pereira dos Santos. E ele não podia ficar de fora. Tentei contatos de várias formas:

pela assessoria da UFF, pela assessoria da Academia Brasileira de Letras, por e-mail e não

tive resposta. Minha última esperança foi pela professora de cinema Aída Marques, que

encaminhou o meu e-mail para a esposa do Nelson, que por sua vez respondeu colocando-

se à disposição para uma entrevista apenas no segundo semestre. Não havia como adiar a

produção do trabalho, então decidimos seguir sem essa entrevista.

Outras fontes/entrevistados foram as professoras de Publicidade Lílian Ribeiro e

Laura Bedran, a professora de Jornalismo Larissa Morais e o diretor do IACS Kleber

Mendonça. Essas entrevistas serviram para traçar um breve panorama sobre o instituto

atualmente e verificar se, na opinião destes, as características presentes nos primeiros anos

de curso ainda estavam presentes depois de tanto tempo.

16

Os entrevistados são os personagens responsáveis por contar a história destes 50

anos. Tudo o que foi narrado pelo IACS foi extraído de depoimentos e pesquisas

realizadas. Durante as entrevistas procurei deixar o tema mais solto, com assuntos gerais a

serem abordados e poucas perguntas específicas. Se acertei nessa decisão não sei, mas

procurei deixá-los livres para buscar na memória as lembranças da faculdade. Saíram boas

histórias, como o “contrabando” de videocassetes, pena que o tamanho do memorial não

nos permita falar sobre todas elas. O objetivo não foi levantar apenas as opiniões ou pontos

de vista, mas resgatar fatos por meio da memória afetiva, sua vivencia no campus, o seu

olhar sobre os acontecimentos.

Os locais dos depoimentos variaram de acordo com a disponibilidade dos

entrevistados. A primeira delas foi realizada no estúdio de rádio o IACS, e contou com a

participação de quatro fontes de uma só vez e ainda o orientador deste trabalho, João

Batista. Nessa entrevista estiveram presentes os professores Tunico Amancio, Antonio

Serra, José Marinho e o jornalista Romildo Guerrante. A interação entre eles foi excelente.

Cada um recordava de um detalhe, uma história ou um personagem diferente. Foi como um

grande encontro de amigos, uma roda de conversa. Infelizmente por problemas técnicos os

20 primeiros minutos dos depoimentos de mais de duas horas se perderam, mas as

informações estão presentes por todo o documentário. O depoimento do professor Afonso

Henriques Neto também foi gravado no estúdio, assim como parte da entrevista com o

professor Eduardo Varela.

As demais foram gravadas no próprio IACS, em salas de aula ou nos corredores e

até mesmo na casa ou trabalho dos entrevistados. Para a maioria delas utilizei o

minigravador digital de voz da Sony, modelo ICD PX-312, em outras, o gravador de voz

do celular Samsung Galaxy Gran Prime Duos serviu de apoio. Os equipamentos foram

posicionados próximo à face dos entrevistados, seguindo as orientações técnicas do

radiojornalismo para o máximo de aproveitamento do som emitido. Todas as entrevistas

transcorreram muito bem, em relação ao conteúdo e à captação do áudio, exceto a primeira

como falei anteriormente.

Ressalto que a entrevista com o professor José Pedro Esposel, ex-diretor do IACS

ocorreu em sua casa, onde fui muito bem recebida por ele e sua esposa. Porém, com a

saúde debilitada aos 85 anos de vida, as informações/áudio não ficaram na qualidade

necessária para o documentário. De qualquer forma, deixo registrado no programa, e neste

memorial, a sua importância para a criação do curso de Arquivologia da UFF, o segundo

do país e sua atuação no processo de redemocratização da unidade, no início da década de

80.

17

1.4.2 Os blocos

Para evitar o cansaço do ouvinte e facilitar a compreensão do tema, o documentário

foi dividido em três blocos. A primeira parte fala das dificuldades para a implantação do

Instituto e do curso, suas raízes na UnB e o processo de comunicação entre o reitor da

época e o cineasta Nelson Pereira dos Santos, para que a ideia saísse do papel. Assuntos

como as primeiras instalações, as primeiras turmas, vestibular e o ciclo básico também são

abordados. O propósito é oferecer um pano de fundo ao falar da UnB e situar o ouvinte no

ano de 1968, fazer com que ele imagine o clima das aulas nos jardins da reitoria, trazê-lo

para dentro da história.

O segundo bloco concentra-se no período do regime militar e do processo de

abertura política. Este bloco é separado porque o assunto é bem amplo. Afinal foram 17

anos vivendo debaixo das botas dos generais, como digo no roteiro. Todo esse processo é

questionado e aberto para o ouvinte, desde clima das aulas, contratação de professores aos

movimentos estudantis, sempre pautado pela memória das fontes, histórias vividas e

contadas por eles. O clima do segundo bloco é um pouco mais sério, devido ao ambiente

da ditadura e à repressão que se instaurou na época nas universidades.

Já o terceiro bloco é o momento de enaltecer as produções realizadas no IACS, seus

professores, alunos e a grandiosidade do Instituto dentro da UFF. Durante entrevista com o

atual diretor do IACS, Kleber Mendonça, e a vice-diretora Flavia Clemente – ambos ex-

alunos de Comunicação Social do IACS –, pude perceber que mesmo nós, estudantes e

professores, não nos damos conta do tamanho e importância do Instituto para a

Universidade. Tendemos a uma visão compartimentada de nossos cursos e vemos o IACS

apenas como um local, o casarão rosa. Não percebemos e não damos valor ao espirito

formador de cidadãos críticos e transformadores da sociedade, a essência do IACS. Então o

último bloco é voltado para despertar este interesse, para que a comemoração dos 50 anos

sirva não só como um passado, uma história antiga, mas como inspiração para novas

histórias no futuro.

1.4.3 Músicas e efeitos sonoros

Para sonorizar o documentário, foram escolhidas principalmente músicas da época

do regime militar, com letras que reforçam a luta e o medo de se constituir um curso de

Comunicação Social em meio à ditadura. As músicas não relacionadas a esse período estão

presentes apenas no primeiro e último blocos, e suas letras dialogam com o que é dito no

momento pelo narrador. O sobe som das músicas, principalmente no segundo bloco, serve

18

como momento de reflexão para o tema, além de intercalar as frases da locução e

diferentes pontos de vista.

Os efeitos sonoros como o barulho de ondas quebrando na praia ou de passos e

pessoas conversando buscam ambientar o imaginário do ouvinte, assim como os tiros e

bombas que fazem menção ao regime militar. É o que o pesquisador canadense Murray

Schafer chama de paisagem sonora. O IACS, como narrador de sua própria história,

entrega a sua idade pela propaganda do sutiã Valisere, e ainda faz relação com anúncios de

publicidade, uma das habilitações do curso. As demais músicas instrumentais são

utilizadas para estabelecer uma conexão entre as sonoras e locuções.

19

.

CONCLUSÃO

Das mais de dez horas de entrevistas, escolher o que entraria em cerca de 20

minutos em cada bloco foi tarefa difícil. O áudio documentário apresenta relatos gerais dos

acontecimentos no decorrer de cinco décadas, com o objetivo de traçar um panorama sobre

as principais dificuldades encontradas por alunos, professores e diretores. Por isso ficaram

de fora histórias pessoais e interessantes da relação dos entrevistados com o Instituto de

Arte e Comunicação Social.

Partimos da comemoração do jubileu de criação para entender todo o contexto do

ensino público federal no final da década de 1960 e em toda a década de 1970. O

desenvolvimento do trabalho mostrou o quanto conhecer essa história é enriquecedor e que

a relação dos alunos com o Instituto e o curso vai além apenas da sala de aula e de uma

formação profissional. Como disse o ex-reitor Jose Raymundo Martins Romeo, a relação

dos estudantes do IACS com a Universidade sempre foi diferente das demais faculdades, é

uma relação com o espaço público, com o que isso representa e com a identidade que ali é

formada.

No entanto, é necessário cultivar a identidade. Precisamos nos ver grandes como

realmente somos. O IACS hoje é o terceiro maior instituto da UFF em número de

estudantes presenciais. Somos importantes, temos um tamanho e uma história que muitas

vezes não reconhecemos. Este trabalho buscou contar essa história e demonstrar sua

relevância para quem não a vivenciou. Espero que o objetivo tenha seja alcançado.

BIBLIOGRAFIA

ABREU, João Batista de. A tela grande da imaginação – a narrativa radiofônica

dramatizada e a construção de imagens sonoras. In: ZUCULOTO, Valci; LOPEZ, Debora;

KICHINHEVISKY, Marcelo (org). Estudos radiofônicos no Brasil. São Paulo: Intercom,

2016.

COMPARATO, Doc. Da criação ao roteiro. Ed.2. Rio de Janeiro: Artemídia Rocco,

1996.

FERRARETO, Luiz. O veículo, a história e a técnica. Porto Alegre: Editora Sagra

Luzzatto. 2000.

WALTER, Alves. A cozinha eletrônica. In: MEDITSCH, Eduardo. Teorias do rádio: textos e contextos. Vol.I. Florianópolis: Insular, 2008.

50 Anos do Golpe e da Ditadura Militar:; 16 músicas marcantes do período. Esquina Musical. Disponível em: <http://www.esquinamusical.com.br/50-anos-do-golpe-e-da-ditadura-militar-16-musicas-marcantes-do-periodo/>. Acesso em; 12 de julho de 2017.

Fatos e Imagens:; Artigos Ilustrados de Fatos e Conjunturas do Brasil. O AI-5. Fundação Getúlio Vargas. CPDOC. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/AI5>. Acesso em: 12 de julho de 2017.

Os reitores. UFF. Disponível em: <http://www.uff.br/?q=os-reitores>. Acessado em: 12 de julho de 2017.

Sistema de Transparência da UFF. Disponível em: <https://app.uff.br/transparencia/painel_por_unidade>. Acesso em; 12 de julho de 2017.

ANEXO I

Roteiro para montagem do documentário. PRIMEIRO BLOCOTEC EFEITO SONORO – ONDAS QUEBRANDO NA PRAIA

RODA 5SEG, VAI A BGLOC Eu nasci de frente pra praia de Icaraí. //Ah Niterói

daqueles tempos. //As águas da Baía de Guanabara, a Pedra do Índio, de Itapuca, Charitas, Jurujuba. // Quer lugar melhor pra curtir de longe a vista do Cristo Redentor, do Pão de Açúcar? // E ainda tem gente que diz que Niterói não tem coisa boa. ///

LOC Minha maternidade foi o prédio do antigoCassino Icaraí. // Foi ali que eu nasci.// Na reitoria da UFF. ///

TEC EFEITO SONORO – SOM DE PASSARINHOS E UM SAMBA INSTRUMENTAL

LOC A história começou numa reunião do Conselho Universitário da Universidade Federal Fluminense.// O dia: vinte e cinco de setembro de 1968. ///

TEC EFEITO SONORO – SOM DE HOMENS CONVERSANDO EM REUNIÃO

LOC A resolução Quarenta e três do Conselho deu início a minha história e a do curso de Comunicação Social.// Eram três habilitações: Cinema, Jornalismo e Publicidade e Propaganda. ///

LOC Ah, esqueci.// Ainda não falei meu nome.// Mas acho que a essa altura você já deve saber quem sou.// Me chamo Instituto de Arte e Comunicação Social, IACS para os íntimos. //

LOC Se bem que pode ficar à vontade, não são apenas os amigos que me chamam assim. // Na verdade é até difícil alguém se referir a mim pelo nome completo. ///

LOC Se preferir me ver como uma pessoa, pra quem sabe ficar fácil de acompanhar a minha história, meu nome pode ser Iolanda Alves de Costa e Silva. //Talvez você me pergunte “Mas a gente chama de O IACS e é uma voz feminina?”// Ou “ Como o IACS tem cinquenta anos e tem essa voz tão jovem?”// E aí eu te respondo: essa é a minha identidade, um local onde pessoas de todos os jeitos, formas e origens se encontram. //Todos se sentem em casa.// Por mais que o tempo passe, estou em renovação constante. ///

LOC Como diz Raul Seixas, “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante/ do que ter aquela opinião formada sobre tudo”. /// (CANTAROLAR O TRECHO DA MÚSICA)

TEC METAMORFOSE AMBULANTE – ENTRA TRECHO ACOMPANHANDO LOC, RODA 5SEG E VAI A BG ATÉ DESAPARECER

LOC Então relaxe e se prepare.// Comunicadores têm a fama de falar bastante. ///

TEC EFEITO SONORO – VOZES ENTRELAÇADAS.LOC O Era Uma Vez começa antes mesmo do dia 25 de

setembro de 1968. // Antes de mais nada, pra entender essa minha caminhada, é preciso saber primeiro por que e por quem fui criada. ///

TEC EFEITO SONORO: SOM DE PÁGINAS DE LIVRO SENDO FOLHEADAS

LOC De certa forma, sou herdeira da Universidade de Brasília, a U.N.B, fundada em 1962. //Do cruzamento de ideias de gente inteligente, como o antropólogo Darcy Ribeiro, saiu o projeto de reunir os melhores cérebros de todas as áreas do conhecimento, juntando as diversas formas do saber. ///

LOC O primeiro curso de cinema do país foi criado na U.N.B. // Era dirigido pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos, um cara do Cinema Novo, sabe?///

TEC EFEITO SONORO: CENA FINAL FILME VIDAS SECAS

LOC Atores, roteiristas e diretores do Cinema Novo participavam do curso. // Alguns foram contratados como professores; outros eram palestrantes. // A ideia era formar gente criativa pra ajudar na transformação do Brasil. Uma chacoalhada na cultura, depois do golpe militar de 1964. ///

TEC EFEITO SONORO: SOLDADOS MARCHANDO E SOM DE BOMBA, COM VOZERIO DE PASSEATA AO FUNDO

LOC O poeta Afonso Henriques Guimarães Neto estudava na UNB, em Brasília, quando os militares tomaram o poder.///

SN1A – AFONSO (1’04” – 1’22”)

“Mas aconteceu o golpe militar de 64 e aí a universidade começa a levar as primeiras pancadas, já

a partir de 1965 e finalmente em 1966 leva uma pancada muito forte com a demissão de um monte de professores.”

LOC O novo reitor da Universidade de Brasília era apoiado pelos militares.// Docentes e estudantes que tinham seu pensamento voltado pro social, chamados de subversivos, começaram a ser perseguidos.///

SN1B – AFONSO (1’53” – 2’20”):

“Chegou um ponto em que eles resolveram pisar fundo. Então houve uma intervenção na universidade. O reitor. Houve uma lista dada pelos militares de professores que não podiam continuar, então o reitor demite esses professores e com a demissão desses professores, uma grande parte dos bons professores resolveu, em solidariedade, pedir demissão também”.

LOC Nelson Pereira dos Santos deixa Brasília e vem para Niterói. // Junto com Nelson o professor Fernando Barreto, um dos primeiros diretores do IACS.// Os dois saíram da UNB por solidariedade aos professores demitidos. Juntos, foram peças importantes pra montar o curso de Comunicação Social da UFF. // Trouxeram gente de Artes, de fotografia, pintura, jornalismo e de propaganda. ///

LOC Aaah e depois dessa contextualização toda, estamos chegando pertiiinho do meu nascimento.// Você já consegue ouvir o burburinhos dos alunos e professores, criando, imaginando, aprendendo juntos nas salas e corredores? // No jardim da reitoria e mais tarde nos estúdios, ou espalhados pela cidade?// (suspiro) que tempo bom, me lembro como se fosse hoje, mas quem diria, já fazem cinquenta anos.///

TEC EFEITO SONORO – SAMBA INSTRUMENTAL RODA 5SEG E VAI A BG

LOC A UFF passava por transformações e uma modernização intensa liderada pelo reitor.//O nome dele? Manoel Barreto Neto, outro responsável pela minha criação.// Ele queria ocupar o prédio do Cassino Icaraí, que estava fechado há muito tempo.///

LOC A UFF passava por um momento de mudanças.// Tudo era muito novo.// Nelson Pereira dos Santos trabalhava na redação do Jornal do Brasil.// Ele ajudou na campanha para entregar à UFF aquele edifício de prédio de sete andares bem em frente à praia.// Foi aí

que Nelson soube do interesse do reitor em criar o curso de Comunicação Social.///

LOC A professora Hagar Espanha foi a primeira diretora, de 1968 a 1970.// Ela participou de todo o processo de criação. ///

SN 2 – HAGAR (1’10” – 1’39”)

“E ai tínhamos que estruturar o instituto, houve varias pessoas que nos ajudaram. O reitor Barreto Neto foi o mais importante. Com a ideia de criar o curso de cinema fomos procurar o Nelson Pereira dos Santos, quer dizer a mulher dele através da Martha Reis, fizemos toda a documentação para ele fazer o concurso, que ele não estava nem aí, e assim fomos, cada um foi chamando outros”.

LOC Antes de tudo isso, em 1967, surgiu o curso de Bi-bli-o-te-co-no-mia.// Eta palavrinha comprida, né? // Agora rapidinho: Biblioteconomia. // Acertei? Pois é, esse curso não tava ligado a nenhum instituto. // Aí veio a Comunicação e os dois começaram a montar casa nova. ///

TEC EFEITO SONORO: SOM DE MUDANÇA. BARULHO DE MOVEIS E VOZERIO.

LOC Lembra que eu falei que sou herdeiro do curso da U.N.B? // Então, o ator e professor de cinema José Marinho lembra como foi. ///

SN 3 – MARINHO (18’46” – 19’14”)

“O Nelson veio de Brasília pra cá, morava aqui em Niterói já, alugou um apartamento em Icaraí ,e pegou o modelo que tinha estruturado pra Universidade de Brasília, da UNB e trouxe pra Niterói, e aqui apresentou esse modelo para o reitor da UFF na época, Manoel Barreto Neto”.

LOC Essa conversa aconteceu graças ao engenheiro Roberto Duarte, o Babau.// Ele tinha trabalhado em diversos filmes e foi um dos professores mais importantes nos primeiros anos de curso. ///

SN 4 – MARINHO (20’11” – 20’30”)

“O Nelson tinha a estrutura montada para o curso de Comunicação Social todo, jornalismo, publicidade e propaganda e o cinema. E também o cinema da reitoria, para projetar os filmes lá, pra ter lá um cineclube, para os alunos frequentarem, o povo de Niterói frequentar.”

LOC Bem, como eu disse antes, o mesmo documento que

criou o IACS também deu origem ao curso de Comunicação Social.// Além de Cinema, vieram as habilitações Jornalismo e Publicidade e Propaganda.// Se quiserem, podem dizer que são trigêmeos, mas cada um com a cara diferente. ///De acordo com a resolução Quarenta e Três, de 1968, os dois primeiros anos foram dedicados ao ciclo básico, comum as três habilitações.// O ensino tinha quatro pilares; politica, liberdade, verdade e ética. ///

LOC Lembra quando eu disse que nasci na beira da praia de Icaraí?// É que no começo as aulas aconteciam na reitoria. //Os jardins em frente do prédio também serviam de sala de aula improvisada.// Os alunos eram um pouco mais velhos se comparados com os de hoje.// Alguns já tinham começado a cursar outra faculdade e ou estavam no mercado, trabalhando em bancos, repartições públicas.// Enfim, tavam se virando. ///

LOC As aulas reuniam pessoas criativas que buscavam nova qualificação para o mercado ou o diploma da profissão que já exerciam.// Dentro da universidade, o ambiente era acolhedor. ///Romildo Guerrante, na época bancário, foi aluno da primeira turma de Comunicação. Ele entrou em 1969. ///

SN5 – ROMILDO (7’48” – 8’02”) (0’17” – 0’32”)

“Eu me senti num útero, num grande útero, onde as interfaces eram as melhores possíveis, as pessoas com quem dialogávamos eram as melhores possíveis.Nós tínhamos Muniz Sodré por exemplo que era um gênio, Israel Pedrosa que dava aula de história da arte, então as aulas eram muito criativas e não tinha muito essa coisa de didática pedagógica.”

LOC Os alunos estudavam cultura brasileira, história, geografia do Brasil, história da arte, língua portuguesa e linguística, além de comunicação gráfica e audiovisual. ///O professor João Batista de Abreu foi aluno de uma das primeiras turmas de comunicação e ainda hoje é

professor de jornalismo na UFF. //Ele entrou na universidade pelo vestibular, que era igual para os três cursos. ///

SN6 – JOÃO(43’20” – 43’47”) ( 44’14” – 44’23”)

“Quando eu fiz vestibular em 1972, janeiro de 1972, havia 130 vagas no curso de comunicação, 130 vagas para as três habilitações: jornalismo, publicidade e cinema. O vestibular era único e não havia uma distinção, como depois passou a ter, entre as habilitações já no vestibular.Normalmente o curso que tinha mais procura era jornalismo, seguido bem de perto por publicidade, a diferença não era tão grande assim.”

LOC O professor Tunico Amâncio também foi aluno de uma das primeiras turmas do curso de Cinema.// Para Tunico, o sentido de turma só veio mesmo quando começaram as aulas específicas. ///

SN7 – TUNICO (14’51” – 15’16”)

“Eu tinha umas aulas aqui e ali de umas coisas que não montavam muito, quando agrupou aí começou a ter sentido de turma, começou a ter sentido de uma conversa comum, por que até aí passou-se a ter objetivos comuns e metas comuns. Demorou porque acho que era natural, o primeiro e o segundo ano até formar isso pra depois partir para o profissional que era no segundo ano, mas acho que isso acontece em 1970 para 1971.”

LOC Mesmo com as aulas especificas de cada curso, o espaço para encontros e discussões de assuntos de modo geral continuava, como conta Romildo. ///

SN 8 – ROMILDO (1’50” – 2’16”)

“No curso discutíamos, vamos dizer assim, ideias gerais, vamos dizer assim, e depois houve coisas especificas de técnica de redação, de técnica de reportagem, mas continuamos com muito espaço de liberdade para as generalidades, vamos dizer assim pra coisa da arte, da discussão politica, tudo isso nós tínhamos dentro da faculdade”.

LOC Durante esses meus cinquenta – aliás muito bem vividos – anos, alguns professores ilustres passaram por aqui.// Como Romildo citou, o artista plástico

Israel Pedrosa, que ensinava História da Arte. //Foi Israel Pedrosa que criou a logo da UFF. ///Ou o Muniz Sodré, bem novinho e que ainda trabalhava na Editora Bloch.// Além das redações específicas de cada habilitação, a inclusão do ensino de língua portuguesa era essencial para a formação profissional.// Eu sou meio suspeita pra dizer, mas dizem que a qualidade do aprendizado era pri-mo-ro-sa. ///

LOC Desde o início o objetivo era fazer um instituto com as melhores cabeças, em todas as áreas da comunicação e das artes.// Vou confessar uma coisa.// A arte está no meu D.N.A, feito de diálogo e coragem pra experimentar.// Querem me chamar de marrenta? //Tem problema não. // Esse é apenas o começo da minha história. Mas é claro que o caminho não existe só de flores sem espinhos. ///

TEC EFEITO SONORO: MÚSICA PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES - GERALDO VANDRÉ. RODA 5SEG E VAI A BG

LOC Nunca é demais lembrar que nasci em plena ditadura.// No começo do curso, as coisas seguiam tranquilas, mas depois a barra começou a pesar.// Mas estes espinhos eu vou contar daqui a pouco. Por enquanto o tempo é só de alegria.///

TEC MÚSICA ALEGRIA, ALEGRIA, DE CAETANO VELOSO – TRECHO “O sol nas bancas de revista, me enche de alegria e preguiça. Quem lê tanta notícia eu vou...”

TEC VINHETA

Créditos (em ordem de aparição)

Metamorfose ambulante. Intérprete e compositor Raul SeixasPra não dizer que não falei das flores. Intérprete e compositor: Geraldo Vandré Alegria, alegria. Intérprete e compositor: Caetano Veloso

Roteiro para montagem do documentário. SEGUNDO BLOCOTEC EFEITO SONORO – SOM DE PASSOS E CONVERSA EM

SEGUNDO PLANO. BARULHO DE GENTE NO PÁTIO DE UMA FACULDADE

LOC Oi, tudo bem? A gente estava falando sobre minha história. Poxa, cinquenta anos é um tempão. né. Em que parte eu parei mesmo? Bem... lembro que falamos da U.N.B, depois da UFF, do meu nascimento, do curso de comunicação, do ciclo básico... E eu até cantei. Não foi isso? Muito bom compartilhar minha história com você. /// Mas eu não cheguei a comentar sobre a ditadura. Ah? Que ditadura? Então você não sabe que a gente viveu 21 anos debaixo da bota dos generais. É?///

LOC De mil novecentos e sessenta e quatro até mil novecentos e oitenta e cinco./// Isso mesmo. Vinte e um anos. Mas muita gente não aguentou calado não.///

TEC EFEITO SONORO – PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES. PARTE INSTRUMENTAL DO INÍCIO, RODA 5SEG E VAI A BG ACOMPANHANDO A FALA

LOC Eta período complicado aquele. // Repressão, tortura, perseguição, morte e medo, muito medo dentro da universidade.// Você pode não acreditar, mas o clima era de desconfiança entre os próprios alunos e professores. /// A minha criação aconteceu no dia 25 de setembro de 1968 como eu te falei.// Pouco mais de dois meses depois, o marechal Costa e Silva tirou do bolso o Ato Institucional Número Cinco. // Esse decreto ficou conhecido como A.I. Cinco. // Fechou o Congresso, proibiu reuniões políticas e autorizou prisões políticas por tempo indeterminado. //E tem mais: ainda impôs a censura à imprensa. A barra pesou pra todo mundo. Tá ouvindo? ///

TEC EFEITO SONORO – PRONUNCIAMENTO SOBRE AI-5LOC O Ato Institucional Cinco foi assinado no dia 13 de

dezembro de 1968.// Foi o início do período mais duro do regime militar.// A polícia e as Forças Armadas tinham cada vez mais poder e podiam prender qualquer pessoa, mesmo sem mandado judicial. //Até o habeas corpus foi suspenso.// Ah, se você fosse preso também não podia ligar pra nenhum advogado. ///

TEC PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES – GERALDO VANDRÉ – TRECHO “CAMINHANDO E CANTANDO E SEGUINDO A CANÇÃO, SOMOS TODOS IGUAIS, BRAÇOS DADOS OU NÃO.” VAI A BG

LOC Essas são algumas coisas que deixavam os que eram contra o regime militar, vivendo com medo.// Foi com esse tipo de situação que alunos e professores precisaram lidar durante os 17 primeiros anos de curso.// Afinal, o IACS foi fundado em 1968 e a ditadura continuou até 1985. ///O jornalista Romildo Guerrante foi aluno da primeira turma de comunicação.// Ele me contou como era difícil naquela época estudar na universidade.///

SN0 – ROMILDO (1’23”- 1’54”)

“Em 1968, que houve a criação do curso, foi o AI-5 no final do ano, foi em dezembro. Nós já estávamos vivendo uma fase bem esquisita em termos políticos, de pouquíssima liberdade, espaços não havia pra discutir. Mas havia as passeatas, havia muita coisa assim que de alguma forma nos reconfortava, por que eram espaços de explosão da nossa indignação, com tudo o que estava acontecendo.”

LOC Mas olha aqui. //Se a repressão já tava ruim, ficou ainda pior depois que o general Garrastazu Médici assumiu o poder.// Foi em outubro de 1969.///

SN1 – ROMILDO (2’16 – 2’36”)

“No governo Médici é que a coisa começou a ficar esquisita e em pouco tempo, a gente não conseguia nem conversar sobre assuntos políticos num butiquim por que havia espiões por todo lado. Se não havia, havia uma paranoia nossa imensa.”

LOC O professor de Cinema Tunico Amancio também estava nas primeiras turmas e conviveu com esse medo. ///

SN2 TUNICO (0’23”- 0’28”) (0’59”- 1’04”)

De vez em quando alguém sumia, você nem sempre sabia quem tava do seu lado na sala de aula.A gente não pode esquecer esse pano de fundo, porque ele é fundamental para uma porção de coisas.”

LOC Em 1970 a UFF passou a ter um novo reitor.// Um coronel do exército.// O coronel Jorge Emmanuel Ferreira Barbosa, que era professor do Instituto de Matemática.// Dizem que ele era amigo do Ministro da Educação, o também coronel Jarbas Passarinho.// Como ele era paraense, criou um campus avançado no

município de Óbidos.// Adivinha onde fica Óbidos? ///No estado do Pará.///

LOC Com a radicalização da ditadura, todos os órgãos do governo, empresas e universidades passaram a ter uma Divisão de Segurança e Informação. // Era uma espécie de dedo duro dentro da nossa casa.

TEC  .EFEITO SONORO – DIGITACÃO EM MÁQUINA DE ESCREVER

LOC Nesse setor, gente ligada às Forças Armadas monitoravam as instituições.// Qualquer comportamento estranho tinha que ser denunciado à polícia.// Queriam encontrar pessoas que pensavam diferente da ditadura. O professor de Filosofia Antônio Serra chegou ao IACS em 1972 e teve muita dor de cabeça. ///

SN3 – SERRA (6’44” – 7’20”) N

“Aqui no caso específico, isso foi entregue a um professor de odontologia, que era militar, chamado Coronel Almeno, que era o chefe da divisão de segurança e informação. Por exemplo, todas as contratações de professores passavam por ele,(áudio ruim) ele tinha que autorizar a contratação de professores ou tinha que determinar, por exemplo, a demissão, ou então todas as atividades desenvolvidas pelos alunos: reuniões, jornais, festas, tudo tinha que passar por ele.”

LOC Parecia até que o setor de segurança tinha mais poder que o reitor. // Para ser contratado, o professor precisava de um atestado do DOPS, dizendo que não respondia a nenhum processo político.// Era o atestado de ideologia. Isso mesmo? Atestado de ideologia pra dar aula na universidade.// Quem não tivesse o documento não era contratado ou mandado embora.///

LOC Nos primeiros anos, o atestado era feito em Niterói e com isso alguns professores que tinham sido líderes estudantis conseguiram entrar para a UFF. // Depois de um tempo o atestado passou a ser emitido apenas no Rio. Aí muitos tiveram dificuldade. ///Um dos professores que tiveram que lidar com isso foi exatamente o Antônio Serra. //Ele entrou na UFF com o atestado ideológico e renovou em 1973. //Mas no ano seguinte, quando o documento passou a vir do Rio, Serra teve problemas.// Ele tinha sido presidente

do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito da UFRJ, o Caco Livre. //Aí ele foi falar com um delegado do Departamento de Ordem Política e Social, o DOPS, e soube de uma coisa importante durante a conversa.///

SN4 – SERRA (10’50”- 11’24”)

“O cara me recebeu, o Alírio e o filho dele , reunimos assim, conversamos, tomamos café e tal . mas aí ele falou assim: mas o que que é? E eu expliquei e tal, o negocio da UFF , ele virou pra mim e falou Olha meu filho se você tivesse querendo entrar pro banco do Brasil ou para a Petrobrás eu assinava agora o seu atestado ideológico, pra UFF não, nós estamos com ordem de limpar a UFF e é o que nós vamos fazer, então você não vai ter esse atestado.”

LOC Nesse tempo muitos professores de diferentes institutos da UFF foram demitidos. //Outros não suportaram e pediram demissão. ///

SN 5 – SERRA (13’01” – 13’21”)

“Muitos não aguentaram e foram embora e os que ficaram, já ficaram num ambiente de controle temeroso, de medo porque foi mesmo. Era um ambiente perigoso, você dava uma aula, não sabiam o que que iam dizer que você falou.”

LOC Essa era a realidade do IACS e da UFF em todo nesse período.// Mesmo que não houvesse uma censura às claras no ensino, a tensão criava uma espécie de autocensura dos professores e alunos. ///O professor de publicidade Eduardo Varela também foi aluno do IACS nos primeiros anos do curso de comunicação. // Ele é publicitário e faz lembrar aquela propaganda da menina que usava o primeiro sutiã.///

TEC EFEITO SONORO – ÁUDIO DO COMERCIAL “O PRIMEIRO SUTIÃ A GENTE NUNCA ESQUECE”

LOCPois é. //A primeira ditadura a gente também não esquece. ///

SN 6 – VARELA (4’40” – 5’09”)

”): “A gente entrou como aluno, imagina, ficamos tendo aula, tendo toda aquela paranoia, todo aquele medo, toda aquela coisa, por que a ditadura era realmente terrível. Pra quem não viveu, as pessoas entravam nas escolas, podiam invadir, você tava na rua, se fosse confundido com uma pessoa, digamos

assim com uma atitude vista de alguma gremiacao, de algum partido enfim, de alguma forca, de algum grupo você podia ser preso.”

LOC Romildo Guerrante contou que havia espiões entre os próprios alunos. // Aquele dedo-duro que eu falei há pouco.///

SN 7 – ROMILDO (4’39” – 5’19”)

“Não podíamos falar ao telefone, marcávamos encontros. Havia espiões entre nós, nós sabíamos, alguns conhecíamos. Um desses caras eu fui descobrir que foi matricula extra-ofício, era da Aeronautica, começa a namorar uma amiga nossas festas, eles falaram “nós estamos dando mole”. Tanto que quando houve o congresso de Ibiúna, aqui em Niterói todo mundo sabia, eu discuto isso com os amigos, não ninguém sabia, sabia! Aqui em Niterói, na rua Miguel de Frias sabia-se que o congresso ia ser em Ibiúna, as pessoas estavam embarcando nos ônibus pra ir pra Ibiúna. Se todos nós sabíamos, a policia sabia evidentemente.

TEC EFEITO SONORO – É PROIBIDO PROIBIR – CAETANO VELOSO – RODA 5SEG E VAI A BG

LOC O dia da formatura da primeira turma de comunicação não teve discurso.// Romildo seria o orador e havia preparado um texto para comemorar com os colegas, mas foi impedido por um funcionário da reitoria. ///

SN 8 – ROMILDO (6’09” – 6’40”)

“Eu fiz um discurso que era uma lauda, não me lembro mais o que tinha nesse discurso, não havia computador e eu não fiz cópia, e eu não podia imaginar que o esbirro lá do reitor ia arrancar da minha mão. Nos chamou para um encontro na reitoria e fomos inocentes, por que a graduação iria ser lá, ele proibiu graduação em lugares abertos, era só a turma. Então iríamos nos diplomar e quando eu puxo o discurso pra.. ele falou assim ‘Não, não vai ter discurso’. Eu insisti, o cara arrancou da minha mão o papel.”

LOC O professor e poeta Afonso Henriques Guimaraes Neto começou a dar aula na UFF em 1976.// Ele também viveu os últimos anos da falta de liberdade. ///

SN9 – AFONSO (01’14’32” – 01’15’05”)

“A ausência de liberdade era dureza, é muito difícil e ainda mais se reflete de uma maneira muito forte dentro da universidade, muito forte, a gente sabe. Quando me pegava medindo palavras me dava uma

agonia danada, mas eu ficava com medo mesmo. Não é medo não, é aquela coisa assim ‘Afonso preserve o seu espaço, fale tudo mas procure falar de uma forma que você consiga preservar o seu espaço e não corra risco de ser colocado na rua, ou ser preso claro. Era assim.”

TEC EFEITO SONORO – THE WHOO – M GENERATION. RODA 5SEG E VAI A BG ATÉ DESAPARECER

LOC O mundo estava passando por diversas mudanças, inclusive nos costumes.// O festival de Woodstock aconteceu em 1969 e essa onda chegou também à universidade. //Tunico e Romildo falam que, apesar da barra pesada, o clima conseguia ser descontraído. ///

SN 10 – TUNICO (4’28” – 4’49”)(5’15” – 5’31”)

“Tem esse ambiente, por outro lado de certa liberalização dos costumes, agônica, a gente tá por um lado na ditadura, por outro lado o fim da Woodstock. Essa ânsia de renovação, de mudança, tudo refletia dentro da universidade, em um caldo muito dinâmico, muito vivo. A sala de aula extravasava da sala de aula, a maioria das vezes, a gente estava na sala de aula saía pra beber com professor, chegou o atrasado, entendeu. Era assim muito descontraído desse ponto de vista, embora tivesse esse lado negro.”

SN 11 – ROMILDO (5’20” – 5’51”)

“O clima era muito mais gostoso nas aulas, por que tínhamos de alguma forma uma vasta cumplicidade do corpo docente, eram figuras maravilhosas que estavam aí. O Escobar, o Rosental. Só gente iluminada, aberta, então ir pra aula pra nós, com todo desconforto que havia era muito prazeroso, por isso o aprendizado foi muito prazeroso.”

LOC Esse misto de sensação boa das aulas e as tensões vividas por causa da ditadura se estendeu até que começou o processo de abertura política.// No meio disso a UFF se destacava como uma universidade questionadora e até mesmo rebelde nos pensamentos. O IACS e o ICHF - o Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, esses dois estavam na frente. ///O professor de Física Jose Raymundo Martins Romeo foi reitor da UFF em dois períodos, de 1982 a 1986 e de 1990 a 1994. //Romeo sempre gostou de mim. ///SOM DE PIGARRO

Quer dizer, sempre gostou do IACS. ///

SN 122 – RAYMUNDO ROMEO (11’00” – 11’57”)

“Havia ali uma formação para pessoas como cidadãos que eu não encontrava na engenharia, não encontrava na faculdade de direito. Hoje já mudou muito quer dizer, eu to falando de 1982, 30 e tantos anos. Mas no ICHIF e no IACS é onde se viam essas, esse tipo de atitude de participar da vida nacional como universitário. Mas nunca houve assim nenhum problema maior nenhum cerceamento e hoje eu acho que a UFF que sempre teve essa característica de participação política, de rebeldia e de qualidade, eu acho que ela se consolidou e o IACS ajudou muito nessa consolidação.”

LOC A rebeldia e participação politica de alunos e professores da universidade foi importante durante o processo de redemocratização do país.// E o ambiente em si, não era todo de liberdade não.// Analéa Rego foi aluna de jornalismo durante os anos que antecederam a abertura política e também fez parte do diretório acadêmico.// Ela me falou que não se podia pendurar cartazes nas paredes da universidade.// Era necessário que eles fossem aprovados pelas direções e secretarias. //Ah! As lideranças das entidades estudantis, como o Diretório Central dos Estudantes, o D.C.E. da UFF, eram definidas por eleições indiretas.// Esses foram alguns dos espaços que os alunos reconquistaram. ///

SN13 – ANALEA (2’35” – 3’09”)

“Nesse período a gente quebrou todas essas questões, a gente passou a pendurar cartaz do jeito que queria, nós fizemos as eleições diretas que também não tinha eleições diretas pras entidades estudantis. Tinha um sistema lá picareta de que a eleição pro DCE, o diretório central dos estudantes era feita de forma indireta e nós botamos as cadeiras nas calcadas e fizemos as eleições diretas.”

LOC Quando aconteceu a abertura política, as coisas ficaram mais claras.// Mais calmas. //Eu pude enfim respirar. //Desde o nascimento vivendo no meio de toda essa tensão, agora sim foi possível ter liberdade pra pensar, pra criar. //Não que de certa forma isso não existisse, mas agora gritávamos isso aos quatro ventos. //E isso estava presente na produção dos alunos, nos jornais, fanzines, peças de teatro e nos curta-

metragem.// Afonso Guimaraes define aquele tempo como um grande alívio. ///

SN 14 – AFONSO (01’12’28” – 01’13’26”)

“Foi um novo momento em todos os sentidos, tanto é que esses curta metragens feitos na década de 80, que eu comentei com você, que foram apoio não só da Embrafilmes mas também da Baixada Alemã eu lembro, e de outras entidades, eu me recordo bem. Todos esses filmes foram feitos, vamos dizer assim, dentro desse pós ditadura militar, início da abertura geral. Então havia um grande alívio, um grande tranquilidade para se fazer tudo, para se colocar o que se pensava sem maiores problemas, sem achar que não era possível, que ia dar problema ali na frente, que seria censurado. Toda aquela problemática da década de 1970 que a gente sofria o tempo todo.”

TEC APESAR DE VOCE - CHICO BUARQUE TRECHO REFRAO. “APESAR DE VOCE AMANHÃ HÁ DE SER UM NOVO DIA... INDA PAGO PRA VER O JARDIM FLORESCER QUAL VOCE NÃO QUERIA” RODA E VAI A BG

LOC Ufa! //Vamos respirar fundo agora pra poder seguir em frente.// Inspira e expira. //Soltando toda a tensão.// Afinal, ainda tenho histórias pra te contar.// Apesar disso tudo, nesses cinquenta anos produzimos tanto, mas tanto. //Hoje tenho orgulho de ser uma das maiores faculdades da UFF.// Temos três mil e dezesseis alunos e mais de cento e trinta professores. //Temos oito cursos de graduação e cinco programas de pós-graduação. //É, cinquenta anos, mas com um corpinho de vinte. //Valeu a pena tanto sacrifício.///

TEC SOBE SOM APESAR DE VOCE – CHICO BUARQUETEC VINHETA

Créditos (em ordem de aparição)

Pra não dizer que não falei das flores. Intérprete e compositor: Geraldo Vandré É proibido proibir. Intérprete e compositor: Caetano VelosoMy Generation. Intérprete: The Whoo. Composição: Pete TownshedApesar de você: Intérprete e compositor: Chico Buarque

Roteiro para montagem do documentário. TERCEIRO BLOCOLOC Olha eu aqui de novo.// Como eu ia dizendo, é tão bom

recordar o que aconteceu nesses 50 anos. //Bate uma saudade gostosa, sabe? Uma nostalgia boa. // Mas vamos lá que ainda falta muita coisa e eu não sei se temos tanto tempo assim. //Ou se a memória vai ajudar.// Me conta uma coisa. Quantas vezes você já se mudou na vida? //Eu me mudei algumas e olha, mudança dá um trabalho danado.///

TEC EFEITO SONORO – SOM DE MÓVEIS ARRASTADOS E HOMENS FALANDO COISAS COMO “MAIS PRO LADO”, PRA ESQUERDA, AÍ, TÁ BOM”

LOC Foram três bairros diferentes.// Isso sem falar na nova casa no Gragoatá que ainda não pronta.// Na realidade, minha casa vai aumentar.// É aquela coisa, né? O filho cresce e já não cabe mais no berço. //Vou ter um cantinho ali perto da orla da Baía de Guanabara. //Imagina criar, ensinar, aprender, experimentar, com aquela vista da Baía de Guanabara e da ponte Rio Niterói?// Que chique, né? //Depois de 50 anos ralando, vou voltar a morar de frente pro mar. //Uma brisa leve no fim da tarde, sossegada. Nada mais merecido depois de tantos anos de luta. ///

TEC SOMBRA E ÁGUA FRESCA – RITA LEE (TRECHO “LEVAVA UMA VIDA SOSSEGADA, GOSTAVA DE SOMBRA E ÁGUA FRESCA”RODA TRECHO VAI A BG ATÉ DESAPARECER

LOC E por falar em sombra e água fresca, lembra que eu nasci na beira da praia de Icaraí e fiquei ali por um tempo?// As turmas eram distribuídas entre o segundo andar do prédio e até mesmo o jardim. //Romildo Guerrante lembra bem como era.// Embora as instalações não fossem das melhores, os alunos não reclamavam muito não. ///

SN1 ROMILDO (0’23” - 0’43”)

“Talvez a gente não reclamasse tanto das instalações físicas, havia muita precariedade, porque ali não era

lugar para ter aula. Aquilo ali era um cassino, onde funcionava a reitoria adaptada também a um cassino, em salões mais amplos, divididos em dois, três e botaram umas cadeiras e tal.”

LOC A dificuldade nessa época era montar os laboratórios e comprar os equipamentos do curso. //Quando nos mudamos para o prédio da Matemática, no Valonguinho, as coisas melhoraram um pouco.// Os cursos ocupavam o subsolo e o quarto andar. ///

LOC O que faltava em equipamento, sobrava em empenho e dedicação. //Os alunos de Jornalismo, por exemplo, não tinham nem sala de redação, com máquinas de escrever. //Muitas vezes, a gente corria atrás de patrocínio e doação pra conseguir equipamento. //Era um pessoal guerreiro mesmo. //A gente tinha que fugir daquelas aulas só na base do cuspe e giz.// O ex-reitor Raymundo Romeo admirava essa atitude. ///

SN2 – RAYMUNDO (26’37” – 27’02”)

“Era assim uma atitude muito positiva, não de reclamar, tá faltando isso, tá faltando aquilo, mas de prover aquilo como se fossem donos daquilo. Eu acho que essa atitude de pertencimento era a grande alma do IACS.”

LOC Essa cultura de correr atrás, conseguir equipamento, convênios e patrocínio, fez com que os alunos produzissem.// O primeiro filme realizado pelo pessoal da Comunicação foi Jornalismo e Independência. //O ano? 1972.// E foi produzido pra comemorar os cento e cinquenta anos da independência do Brasil. ///O governo Médici organizou comemorações de alto nível na época.// No meio disso, Nelson Pereira dos Santos conseguiu um convenio com a Embrafilme e o Instituto Nacional de Cinema pra produzir o filme. //Ele foi filmado no prédio do Valonguinho, com participação de alunos das três habilitações, Jornalismo, Publicidade e Cinema. ///O filme falava sobre a prática jornalística durante a época da independência, como o próprio nome deixa claro né?// E como falar sobre isso com uma crítica subentendida?// Foi aí que Nelson teve a ideia de filmar no subsolo. ///

SN3 – SERRA (4’40 - 5’00”)

“A ideia foi essa, fazer um subterrâneo, isso é fantástico, porque só isso já contava a história toda, entendeu? Não era necessário, havia conversas sobre livros, autores mas o básico era isso, era uma coisa que se passava no subterrâneo, aí a mensagem já estava dada. Isso é coisa do Nelson.”

TEC TRECHO DO FILME JORNALISMO E INDEPENDENCIA – 30SEG

LOC E assim foram sendo feitos os filmes, por convênios, patrocínios ou com equipamentos emprestados.// Depois de Jornalismo E Independência veio um filme sobre a Biblioteca Nacional e depois muitos outros. //Os equipamentos só chegaram a partir de 1978, por causa de uma pressão dos alunos e dos professores sobre o MEC. //Quem tava na frente? Nelson Pereira dos Santos. ///Alguns equipamentos foram comprados pela reitoria. //Outros, bem outros, tem até história de contrabando. ///(falar sussurrando)

TEC EFEITO SONORO – SIRENE DE POLÍCIALOC Mas isso a gente deixa pra lá. Vamos mudar de

assunto. ///Por falar em produção, você sabia que um anúncio feito por alunos de publicidade já foi parar no S.B.T.? //Chique né? O professor Eduardo Varela me contou que os alunos produziram um anúncio de 30 segundos sobre o Natal. //E ele ficou tão bom que foi comprado pelo S.B.T. e mostrado como propaganda de final de ano da Bauducco.// Aquela empresa dos panetones mesmo.// O anúncio ficou no ar um mês. ///

SN4 – VARELA (0’02” – 0’38”)(2’00” - 2’07”)

“Esse anúncio, nós tínhamos bolado fazer um anúncio sobre o Natal e ele não tinha assinatura. Era um anúncio sem assinatura, apenas dizendo o seguinte ‘no Natal, o melhor presente é o amor’, era essa a ideia. Um anuncio até meio bobão mas que valia a pena pela produção. Só que quando ele ficou pronto, eu tive com um pessoal conhecido que trabalhava em televisão e mostrei pra eles, o pessoal do SBT, era de São Paulo e tava no Rio. Eu mostrei o filme pra eles, aí eles gostaram tanto do filme e pagaram minha passagem pra ir do Rio a São Paulo. Fui lá no SBT. Foi um negocio que coroou, muita alegria, por fazer algo que

já estava no ar.”

TEC ANÚNCIO BAUDUCCO 30SEGLOC Cheguei a falar que os professores tinham mais ou

menos a mesma idade dos alunos? //Ai desculpa, que cabeça a minha esquecer logo isso. //Então, o perfil dos alunos sempre foi bem dividido mas tinha aqueles que eram um pouco mais velhos, que já vinham do mercado de trabalho.// E também os alunos que se formavam e pouco tempo depois já eram professores. Isso rendeu cada romance... ///

TEC CELLY CAMPELLO – ESTÚPIDO CUPIDO. REFRAO PRIMEIRA PARTE REFRAO E VAI PRA BG

LOC Um desses romances foi entre o professor Moacy Cirne e a aluna Analea Rego, de Jornalismo. //Pois é, rendeu casamento e duas filhas.// E que bom que falei sobre o Moacy, ele foi um professor muito importante pra mim, tanto que a sala C-Cem, aquela ali no primeiro andar, a única sala de frente no casarão, ganhou o nome dele. ///Moacy foi responsável pelo Balaio, um marco nessa história. //A publicação reunia as paixões do Cirne, entre elas a poesia, o cinema e a democracia.// Uma das leitoras preferidas do Balaio era a Ana Lea.///

SN5 ANALEA (20’41” – 21’24”)

“Na verdade era um boletim da chefia de departamento, era Balaio Comum, de comunicação, e depois que ele deixou de ser chefe de departamento passou a ser Balaio Incomum, que passou a ser uma publicação dele né? E ele era simplesmente uma pessoa que criou a mídia dele foi escrevendo as coisas que ele imaginava e todas essas coisas era exatamente isso: a paixão por cinema, pela poesia, pela cultura nordestina e um compromisso com a democratização do país notoriamente e assim ele foi.”

LOC Esse espírito de fazer, produzir, criar, é característica minha, dos alunos e professores. //Nesses 50 anos foram eventos, festas, jornais, programas de rádio, curtas, anúncios, uma infinidade de produções. //Posso citar o Controversas, o Vitamina, o jornal Saci, o Interfaces e tantos outros.// Mas um deles está há mais de 20 anos no ar, em parceria com a rádio C.B.N, que é o Universidade no Ar. //A vinheta dele é inesquecível, já ouvi tantas vezes. ///

TEC VINHETA UNIVERSIDADE NO ARLOC Já avancei mais de 20 anos e acabei esquecendo de te

falar. //No início tinha os cursos de Comunicação Social e de Biblioteconomia, não é?// Depois de um tempo, já no casarão rosa que todo mundo conhece, surgiu o curso de Arquivologia. //Foi o segundo curso do Brasil. Pensa só que orgulho.// O responsável foi o professor José Pedro Esposel, um grande entusiasta do curso no país.// A professora Hagar Espanha diz como foi o contato pra criação desse curso. ///

SN6 – HAGAR (3’29” – 3’51”

Anos depois o professor Esposel, que era do curso de história, arquivista do Banco do Brasil, aonde hoje é a CCBB ali na primeiro de março, e aí nós convidamos o professor pra dar aula. E quando ele veio pra dar umas aulas na Biblioteconomia ele ficou e criou o curso.”

LOC Com o passar do tempo eu fui crescendo. //Aí vieram os cursos de Produção Cultural, Artes, Estudos de Mídia, a licenciatura em Audiovisual e ainda as pós-graduações. //No total, hoje são oito cursos de graduação e cinco programas de pós. //Sou o terceiro maior instituto da UFF, com três mil e dezesseis alunos presenciais. //Professores? Quarto maior. Técnicos administrativos? Segundo maior. //Não vou nem ficar perdendo tempo te falando os números todos.// Não, nem é questão de me achar não. É que nos últimos anos crescemos tanto, que não nos damos conta da nossa importância dentro da universidade. //E é isso que o diretor do IACS, Kleber Mendonça destaca, junto com a vocação do instituto em formar cidadãos. ///

SN7 – KLEBER (46”00” – 46’16” )(46’45” – 46’55”)(48’02”- 48’13”):

“Nós não temos a dimensão do quanto a gente cresceu nos últimos anos porque a nossa memória é essa do IACS pequeno e a universidade se transformou muito nos últimos anos, sobretudo nos anos do governo Lula.Esse crescimento fez com que a gente tivesse uma diferença entre a memória que a gente tinha da universidade do que ela era, para o que ela se tornou depois.Os números mostram que a gente tem essa possibilidade de aceitar essa vocação, que é uma vocação política também de ajudar a transformar, de refletir sobre a sociedade.”

LOC Realmente crescemos muito, nós e a UFF como um todo. //Por este motivo que aquele casarão rosa na Rua Lara Vilela, onde cheguei em 1978 e que acabou se tornando meu símbolo, não tem mais espaço pra atender a tantos cursos e alunos.// E aí eu ganho a casa nova, vários bloquinhos no Gragoatá, bonito, diferente dos outros prédios que existem por lá.// Afinal, eu sou a diversidade em pessoa, né? ///

Mas você pensa que eu vou abandonar o meu (ENFASE NO MEU) casarão rosa? //Mas nem pensar. Isso aqui faz parte da minha identidade. ///Eu procuro ser um espaço plural, cultural. //Minha relação com a Arte vem desde 1968.///

TEC TITÃS - COMIDA FICA SEG E CAI PRA BG

LOC A professora de publicidade Laura Bedran diz que o IACS é um espaço que serve de formação para os estudantes em todas as atividades.

SN8 –LAURA (9’29” – 10’13”)

“ O casarão, o IACS além de ser um espaço acadêmico, ele é um espaço cultural. Eu acredito que seja pelas festas, pelas performances artísticas, por reunir cursos que lidam diretamente com a arte, ele acaba trazendo para esse espaço acadêmico essa vivencia artística espontânea, que é extremamente interessante como formação até para todo e qualquer estudante que passar por aqui.”

LOC Lílian Ribeiro também é professora de publicidade. // Ela diz que essa pluralidade influencia no crescimento das pessoas que passam por aqui. ///

SN9 – LÍLIAN (1’00” – 1’20”)

“Eu acho que isso é muito IACS, essa diversidade, essa pluralidade de aprender a lidar com as diferenças, tudo prepara muito. A própria diversidade dos professores, a autonomia que os professores tem de se posicionar isso é muito importante para o crescimento da pessoa, do indivíduo.”

LOC Acho que tá chegando a hora do evento, vamos andando? // É na Sala InterArtes, aquele auditório no segundo andar no fim do corredor.///

TEC EFEITO SONORO: SOM DE PASSOS E CONVERSA

LOC É essa diversidade e essa alma que precisamos manter.// Temos que aproveitar esses 50 anos. //Conhecer o passado e se preparar para o futuro.// É como a professora de Jornalismo Larissa Morais falou, um pezinho na tradição e outro na modernidade. ///

SN10 – LARISSA (15’26” – 15’45”)

“Que a gente não perca essa história, que tenha um pezinho nas origens, na tradição e um pezinho no futuro, na modernidade, que a gente não perca o bonde das atualizações tecnológicas que a profissão demanda.”

TEC EFEITO SONORO: SOM DE PASSOS E CONVERSA MESCLADO COM A LOCUÇAO

LOC Ué, achei que aqui já estaria cheio essa hora, tá um breu. O que será que aconteceu? Que velas são essas, gente?

TEC EFEITO SONORO: GRITOS DE “SURPRESA” E COMEÇA PARABENS PRA VOCE.

LOC Ficha técnicaProdução, reportagem e locução: Jéssica RochaGravação e edição: Marcelo SantosOrientação: Professor João Batista de Abreu

LOC Este programa foi produzido como trabalho de conclusão de curso de Jornalismo de Jéssica Azevedo Rocha dos Santos da Universidade Federal Fluminense, no primeiro semestre de 2017.

TEC VINHETA

Créditos (em ordem de aparição)

Sombra e água fresca. Intérprete e compositora: Rita LeeEstúpido Cupido Intérprete: Celly Campello. Composicao: Fred JorgeComida. Intérprete: Titãs. Composicao: Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio BrittoParabéns a você. Melodia: Mildred J. Hill. Letra: Bertha Celeste Homem de Mello