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PÓS-GRADUAÇÃO “EDUCAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO
PROJECTO “Cultura, Educação e Saberes”(A ligação entre a cultura e a aprendizagem ao longo da vida)
Escola Superior de Educação do PortoAna Alves(Associação Empresarial de Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto)
Carminda Teixeira(DREN – Direcção Regional de Educação do Norte
Cristina Campelos(Sol do Ave – Associação para o Desenvolvimento do Vale do Ave)
Marta Coutada(Sol do Ave – Associação para o Desenvolvimento do Vale do Ave)
Miguel Mendes(Centro Social Paroquial de Barrosas (Stª Eulália)
ÍNDICEI - Sumário Executivo........................................................................................................3II - Fundamentação............................................................................................................4
II.1. Fundamentação teórico-metodológica...................................................................4II.2. Análise da realidade.............................................................................................12
III – Parceiros..................................................................................................................18IV - Público-alvo.............................................................................................................19V - Finalidade..................................................................................................................20VI - Objectivos gerais......................................................................................................20VII - Estratégias...............................................................................................................20VIII - Expoentes-chave....................................................................................................20XIX - Estrutura Organizativa..........................................................................................23X - Infra-estrutura de apoio.............................................................................................25XI - Mecanismos de avaliação........................................................................................28XII - Cronograma............................................................................................................31BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................32
I - Sumário ExecutivoEste projecto visa, acima de tudo, efectuar a necessária ligação entre a
aprendizagem ao longo da vida, no seu sentido mais lato, e as actividades culturais,
fundamentalmente, aquelas ligadas à cultura popular. É por acreditarmos na multi-
aprendizagem e na sua crescente importância numa época de crescente incerteza e
em evolução constante, característica da pós-modernidade, que nos propomos a
revalorizar as aprendizagens efectuadas em contextos não formais, não como
alternativa irreconciliável à aprendizagem formal, mas sim como um seu complemento,
enriquecimento e elo de ligação aos interesses e motivações dos indivíduos.
Tendo como primeira motivação esta ideia de cruzamento entre aprendizagem
formal e não formal, esta última na forma de actividades culturais, encontramos uma
nova significação para o projecto enquadrando-o, por um lado, na Iniciativa Novas
Oportunidades e, por outro, nas dinâmicas que estão a surgir em torno de Guimarães
– Capital Europeia da Cultura 2012 e que ultrapassam os limites fronteiriços deste
concelho.
Neste sentido, e tendo em consideração os recursos já existentes nos três
concelhos envolvidos (Fafe, Guimarães e Vizela), acreditamos que a melhor forma de
levar a cabo estes “cruzamentos” e atingirmos os objectivos do projecto, é estabelecer
uma articulação entre as diversas instituições ligadas à educação/formação e as
ligadas à cultura, constituindo uma Rede de Parcerias dinâmica e aberta, sendo a
realização deste projecto o primeiro resultado deste trabalho em rede.
Saliente-se a forma participada como se construiu este projecto, através da
dinamização de dois grupos de discussão em cada um dos três concelhos com a
participação dos representantes de várias instituições ligadas à educação e à cultura.
Estes grupos de discussão abrangiam dois objectivos: por um lado, criar e envolver a
rede de parcerias e, por outro lado, em conjunto conceber o projecto que de seguida
apresentamos. Para uma melhor compreensão junto anexamos um resumo descritivo
deste processo.
Por fim, acreditamos que a cultura é de todos e para todos, como tal, é nosso
dever criar as condições que permitam uma aproximação desta aos públicos mais
desmunidos (social, económica e educacionalmente), promovendo a democratização
da cultura, assim como uma cidadania activa e consciencializada.
Este documento é, assim, a estratégia que iremos seguir para concretizar as ideias
que nos mobilizam, especificando a finalidade e objectivos do projecto, bem como, as
suas principais actividades, enquadrando-o no contexto mundial, nacional e local.
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A seguir, apresentamos um fluxograma explicativo do enquadramento do projecto
na Iniciativa Novas Oportunidades:
II - Fundamentação
II.1. Fundamentação teórico-metodológica
PARADIGMA: O HOMEM CONSTRUTOR DO SEU MUNDO
A fundamentação teórica deste projecto “Cultura, Educação e Saberes”, cujo
tema central é a educação de adultos e o direito à cultura, necessita de clarificação
prévia: a primeira, consiste em afirmar a interacção constante entre um conceito global
de educação e o campo mais específico da educação de adultos; a segunda, salienta
que existe uma linha de fundo que é a abordagem do processo educativo como pólo
de transformação social.
Estamos numa sociedade em constante transformação, pelo que os objectivos da
educação e formação deverão estar direccionados para a Aprendizagem ao Longo da
Vida, entendendo-a como um continuo de interesses, necessidades e motivações
pessoais, enquadradas num tempo e num espaço definidos, que requerem resposta.
As finalidades desta educação que parte do indivíduo assenta numa variedade de
formas de existência e actividades humanas: actividade social, técnica, artística,
manual, intelectual, entre outras.
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Desta forma, a educação não se pode circunscrever às actividades e tarefas. O
seu objectivo último visa alcançar as possibilidades de todo o processo cultural
individual ou colectivo, sabendo que o desenvolvimento cultural e educativo do
Homem ocorre fundamentalmente através da sua participação activa no Mundo
concreto da civilização, quer na dimensão social quer na cultural.
Associado ao acto educativo aparecem conceitos como: integração,
interdisciplinaridade e globalização, que no entender de autores como Suchodolski,
indissociam a pedagogia da sociologia numa perspectiva sociológica de cariz
humanista.
Imersa no tecido social, a educação é sobretudo o esforço de uma esperança
racional.
A atitude radicalmente passiva da maioria dos homens da sociedade pós-industrial
de hoje é um dos aspectos patológicos mais característicos. Esta passividade elimina
toda a criatividade e iniciativa ao nível do planeamento qualitativo das situações e
problemas.
O homem sem esperança e passivo é um homem profundamente desumanizado,
que segundo Fromm, vai perdendo integridade e identidade.
A crise do nosso tempo só poderá ser superada mediante a recuperação, por parte
do homem, da vida plena e do ser activo.
Para isso é necessário garantir e consolidar o desenvolvimento coerente e
harmónico das pessoas, o que traz grandes desafios à educação. A filosofia da
educação aponta para a teoria geral do processo criativo e crescente do homem
imerso na sociedade e na cultura.
Ele é por natureza um ser activo e criativo, que configura a sua própria existência
social e material, muito particularmente o mundo da ciência, da técnica e da arte.
É um importante desafio considerar o desenvolvimento permanente do homem
através da criação do seu próprio mundo.
“O homem é o mundo do homem” – (Suchodolski, 2005).
O fenómeno da globalização tem gerado consequências profundas no mundo em
que vivemos. Na era industrial, os sindicatos estabeleceram, após diversas lutas, com
o capitalismo um pacto social, porque a crença no desenvolvimento e no progresso
era partilhada por ambos. O período que se seguiu à segunda guerra mundial foi um
período próspero para o mundo desenvolvido – a designada “época feliz do
capitalismo”, em que existia uma confiança ilimitada no crescimento económico, tendo-
se conjugado a lógica económica com as exigências sociais.
No período em que nos encontramos, da informação e comunicação, a lógica
dominante das redes torna difícil não apenas a negociação e o acordo como também a
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própria luta. A única alternativa, que os grupos e movimentos sociais têm, é retirar-se
e procurar reconstruir tudo a partir de um sistema de valores e de crenças
completamente diferente. As diversas comunidades de resistência identitária
pretendem romper com a sociedade no seu conjunto e tudo rebater, não de “baixo”
para cima, como era característico do movimento sindical de outrora, mas antes na
perspectiva dos de “dentro” contra os de “fora”, opondo um “nós” aos “outros”. Esta
ruptura radical com os valores da sociedade e com as instituições coloca um grave
problema: o risco de desmontar a sociedade sem capacidade de a refazer. Para que
seja possível a reconstrução das instituições sociais torna-se necessário que as
chamadas “instituições-resistência” se transformem em “identidades-projecto”, de
modo a tornarem possível a reconstrução de uma sociedade civil renovada e de um
novo Estado.
“Exige-se o aprofundamento da democracia porque os velhos mecanismos da
governação não funcionam numa sociedade em que os cidadãos partilham com os
governantes os mesmos meios de informação plena. (…) A melhoria da democracia a
todos níveis é um combate que vale a pena travar, pois pode ser bem sucedido. Este
nosso mundo que parece desatinado, não precisa de menos governo, mas de mais
governo - isto é algo que só as instituições democráticas podem proporcionar”
(Giddens, 2005).
Defendemos a “pós-modernidade progressista e crítica”, tal como Freire a
apresenta: uma sociedade mais justa e plenamente democrática em que a
solidariedade, o colectivismo, o diálogo como pedagogia, o respeito às diferenças, a
valorização do saber popular, a ética, o repúdio pelas ditaduras, a criatividade e o
conhecimento problematizado sejam uma referência, investindo no respeito pelas
diferenças, diversidade, questões de género e de etnia, direitos responsáveis por uma
cidadania plena (onde se inclui naturalmente a cultura, a educação e a aprendizagem
ao longo da vida) multicultural para os que não tiveram voz e vez e que continuam
desprotegidos e sem esperança.
A ideologia fatalista, imobilizante, que anima o discurso neoliberal anda à solta no
mundo, no dizer de Paulo Freire, e com ares de pós-modernidade, insiste em
convencer-nos de que nada podemos contra a ordem global imposta.
Contrariamente, será necessário desenvolver uma consciência crítica que conduza
ao sentido de responsabilidade partilhada e à cidadania activa das populações,
rompendo com o estado de passividade, mesmo apatia, e desesperança em que a
sociedade actual se encontra mergulhada - herança cultural da sociedade pós-
industrial.
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Este processo social e cultural que se impõe traz uma dimensão utópica que não é
em absoluto alheia à realidade. Exige criatividade que deve ser entendida como
comunicação, invenção e produção. Toda a planificação educativa está ligada ao
conceito de desenvolvimento pessoal e colectivo, e reconhece uma multiplicidade de
factores que interagem: as estruturas sociais, os valores culturais e os
comportamentos éticos.
Em movimentos sociais organizados, trabalhando em rede sem hierarquias,
lutando pela inclusão social através de campanhas, fóruns, marchas, etc.,
radicalizando a democracia, (re)conquistando direitos, acreditamos que a participação
seja efectivamente concretizada.
PROJECTO: EDUCAÇÃO COMO (RE)CONSTRUÇÃO DA EXPERIÊNCIA
O local, descrito como o espaço da comunidade, ora postulando a sua autonomia,
como espaço periférico do Estado, ora postulando a sua dependência, configura-se
como um universo compósito, pois para além do princípio único de justiça configurado
pelo Estado como garante da igualdade de oportunidades, confrontam-se hoje, no
plano local, uma multiplicidade de princípios, como o Estado, a comunidade e o
mercado.
Stephen Ball realça a crescente colonização da política educacional pelos
imperativos da economia e Peter McLaren observa “vagarosa, mas seguramente, a
educação tem sido reduzida a um subsector da economia”.
Em Portugal, o discurso político, nos últimos dois anos, com a criação do
Programa Novas Oportunidades, vê a Educação subordinada à economia e à
competitividade, fala-se nesse sentido da Educação e da Formação como uma
necessidade urgente com vista ao desenvolvimento económico do país.
É um facto, a sociedade portuguesa está completamente desajustada do contexto
europeu ao nível das qualificações e da escolaridade o que tem fortes impactos no
crescimento económico, na competitividade. Mas há outras dimensões do problema
não menos graves, como a coesão social, a qualidade de vida e o bem-estar dos
cidadãos que não podem ser menosprezados.
Não nos parece que os valores do mercado competitivo devam dominar sobre a
política educativa.
A construção da “Europa dos cidadãos” é apresentada como uma aquisição muito
dependente da Educação e, especialmente da Formação e da Aprendizagem ao longo
da Vida. A responsabilidade individual sai reforçada tal como as motivações
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económicas ou as pressões para a competição, bem expressos, por exemplo nos
objectivos do Processo de Bolonha.
“Uma cidadania deslocalizada, pretensamente global, a ponto de prescindir de
contextos concretos de acção, transformar-se-ia numa abstração, em algo
extremamente genérico e fluído, mas sem correspondência de facto com os direitos
sociais concretos e em actualização” (Memorando sobre a Aprendizagem ao Longo da
Vida, Comissão das Comunidades Europeias, 2000:4). Já uma cidadania insularizada,
encravada em balizas restritas, de tipo paroquial, se arriscaria à guetização e à
imposição da monoculturalidade.
Boaventura Sousa Santos (2001:69) afirma que “aquilo a que chamamos
globalização é sempre a globalização bem sucedida de determinado localismo”. Um
local de tipo cosmopolita e não insular, um local sem muros, que por essa via se abre
criticamente ao global será o locus indispensável ao exercício de uma cidadania
democrática, impedindo-a da insularidade.
A possibilidade de a Educação se tornar definitivamente uma reconstrução da
experiência permite a “dúvida global” a que alude Homi K. Bhabha, como uma ética
essencial das políticas de inclusão. A mesma dimensão ética e a estética deverá ser
tratada a partir da ideia de cosmopolitismo vernáculo, um instrumento novo que
decorre da experiência global das minorias nacionais e da diáspora, que é o
instrumento eficaz de integração, por ser aberto a todos na base de “direito à diferença
em igualdade” e assim responder de forma eficaz à hegemonia da globalização (Cf.
Ribeiro Apud Bhabha; 2007:12).
METODOLOGIA: A APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA
“A aprendizagem é uma actividade que modifica as possibilidades de um ser vivo
de maneira duradoira” (FRAISSE, 1957).
A característica mais importante da espécie humana é a capacidade de aprender,
de aprender sempre, com todos e em qualquer lugar, torna-se claro, que será através
da aprendizagem, e consequente flexibilidade do comportamento, que o ser humano
se conseguirá adaptar às condições do ambiente sempre em mudança.
Perspectivando a aprendizagem numa linha interaccionista e construtivista, tal
como Piaget a entendeu, dir-se-á que o que se aprende tem de se conservar e, como
tal não podemos aprender sem recordar, nem recordar sem aprender. Assim a
aprendizagem está intimamente ligada à memória, sendo os conhecimentos, as
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experiências anteriores que nos permitem seleccionar, organizar e reconhecer as
informações actuais.
Podemos definir aprendizagem como uma mudança relativamente estável e
duradoura do comportamento e do conhecimento. Esta mudança do comportamento
está relacionada com o exercício, a experiência e com a descoberta, podendo ocorrer
de forma consciente ou inconsciente, num processo individual ou interpessoal. E tudo
o que o Ser Humano aprende ocorre no contexto da sua cultura.
Portanto, a aprendizagem tem associada uma forte dimensão social; as pessoas
aprendem observando e imitando os outros.
Bandura fala sobre importância da aprendizagem por observação, ou seja, a
aprendizagem resultante da interacção e da imitação social. Segundo ele muitos dos
nossos comportamentos são aprendidos através da observação e imitação de um
modelo. É pela observação que aprendemos saberes mais operativos, e é através da
prática que desenvolvemos essas aptidões.
No mundo dominado pelos meios de comunicação social, muito se aprende
através da observação de programas transmitidos na televisão e no cinema. Também
se aprende nos contextos sociais e profissionais, como tal quanto mais ricos e
diversificados forem esses contextos maior é o nível de desenvolvimento do indivíduo.
A aprendizagem por observação é influenciada por factores como: a proximidade e
o peso afectivo do modelo. Por isso a família, os amigos, os professores, as pessoas
com quem interagimos no dia a dia servem-nos de modelos e com eles aprendemos,
em primeiro lugar a ser, e depois a agir e a fazer, domínios onde a imitação acontece
mais frequentemente.
Para resolver problemas é necessário mobilizar saberes e recorrer a experiências
anteriores de resolução de problemas semelhantes:
Em primeiro lugar, percepcionamos os dados do problema, os elementos que o
constituem; compreendemos a sua dificuldade e definimos os objectivos; nesta etapa
identificamos o problema; em seguida, definimos e escolhemos as estratégias para a
sua resolução; depois de termos optado pelas estratégias que consideramos mais
adequadas, ensinamo-las, ensaiamo-las aplicando-as e em seguida, avaliamos os
resultados.
Muitas vezes este processo é mais complexo, demora mais tempo, desiste-se
temporariamente, o que pode conduzir a uma outra via de resolução, designada
incubação. Enquanto a pessoa está ocupada com outras actividades e a resolver
outros problemas, surge-lhe, de repente, a solução por insight.
É de referir vários factores que influenciam a aprendizagem: motivação, idade,
contextos de aprendizagem, momento da vida, personalidade, inteligência, estilos
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próprios de pensar e de sentir, autoconfiança, aspectos relacionais, familiaridade com
os conteúdos, com a linguagem usada e projectos de futuro…
Outros factores relacionados com a escola influenciam a aprendizagem:
representação da função social da escola, experiência anterior, expectativas
depositadas no aprendente, estratégias pedagógicas, relação professor-aluno, clima e
organização do espaço de aprendizagem…
A maioria dos assuntos que se aprendem não são inteiramente novos, têm mais
ou menos uma certa relação com aprendizagens anteriores. A experiência passada
influencia profundamente as aprendizagens, frequentemente mediatizada pela
motivação do sujeito.
Na experiência escolar pretende-se que as aprendizagens anteriores sejam a
base, sejam facilitadoras das novas aprendizagens. O entrosamento dos saberes
adquiridos e das experiências anteriores está na base do sucesso escolar.
É assim, que as pessoas aprendem num processo individual e colectivo, quer seja
por via formal, não formal ou informal, o que deverá sempre ser considerado,
reconhecido e, se possível certificado, com vista ao encaminhamento para percursos
formativos mais estruturados e consistentes, na lógica de aprendizagem ao longo da
vida; uma vez que o conhecimento é condição essencial à vida digna, que se pretende
para todos sem excepção. Para tal terão de ser criados mecanismos, espaços e
momentos de aprofundamento da pesquisa-acção, em que se promova o diálogo entre
o saber científico ou humanístico (que a universidade produz) e os saberes leigos,
populares, tradicionais, urbanos, camponeses, provindos das mais diversas culturas
(indígenas, de origem africana, oriental, etc.) que circulam na sociedade.
A designada “Ecologia de Saberes”, tal como Boaventura Sousa Santos a define,
consiste num conjunto de práticas que promovem uma nova convivência activa de
saberes no pressuposto que todos eles, incluindo o saber científico, se podem
enriquecer no diálogo (entre conhecimento científico, conhecimentos práticos e úteis),
deverá ser entendida como pólo dinamizador da relação entre a Universidade e a
Sociedade, concretizando-se em “oficinas de ciência” (science shops).
ESTRATÉGIA: REDE DE CULTURA – DIÁLOGO LOCAL/GLOBAL
“Estimular (…) os gostos culturais dos cidadãos. O gosto pela Cultura, a urgência
da Cultura nas suas diferentes expressões, deve ser vista como um músculo - que se
pretende exercitar e desenvolver não o deixando atrofiar. Este esforço não se deve
limitar ao ensino. Pelo contrário, a pedagogia da Cultura e a promoção do seu
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consumo deverão ser politicas que acompanhem os cidadãos ao longo das suas
vidas” (BARROS, M. & ESPANHA, R.; 2005).
É hoje consensual e ideia de que a cultura tem um papel muito mais importante do
que se julgava na organização das comunidades humanas. Este reconhecimento
político e social conduziu a uma aposta estratégica na cultura como factor de
desenvolvimento, por isso não há, hoje autarquia que não tenha a sua agenda cultural
diversificada, resta saber se essa cultura é imposta do exterior para o interior ou é um
diálogo da cultura local com a global.
Apesar da cultura ser um fenómeno dinâmico, que parte de uma leitura sobre a
realidade e que é concebida para destinatários concretos, não consegue fazer chegar
aos públicos os diferentes bens culturais, quer seja por preconceito por parte do
público, quer seja por incapacidade logística dos agentes culturais, quer seja pelo
custo dos bens culturais, quer seja pela inexistência de equipamentos aptos a receber
os espectáculos e as acções, o que é facto é que a maioria das pessoas se vêem
privadas da cultura. Tornar a cultura acessível a todos, independentemente do local
em que residem e das condições económicas, deverá ser uma preocupação num
estado de direito.
A escola, através do currículo oculto, é o principal veículo, ou pelo menos o ideal,
para transmitir os valores da humanidade, sensibilidade e criatividade podendo, e
devendo, ter em conta que os factores culturais e sócio-culturais afectam,
necessariamente, o desenvolvimento do país. Mas, num país com tão baixa
escolaridade como o nosso, é natural que boa parte da população se tenha visto
excluída do acesso a recursos culturais e intelectuais, até porque não se revê, e por
vezes não entende essa cultura elitista que domina a maioria das propostas culturais
apresentadas.
O desenvolvimento cultural de uma região desenvolvem o bem-estar individual e
colectivo e como tal é uma área chave para o desenvolvimento global.
A cultura é estruturante para uma região, como tal deverão ser pensadas
estratégias de promoção da educação pela arte, cultivando o gosto e o respeito pela
actividade artística, estimulando os valores culturais locais nas suas mais diversas
formas de expressão, fazendo a pedagogia da Cultura e a promoção do seu consumo
que deverão acompanhar os cidadãos ao longo das suas vidas, evitando a
padronização da cultura por parte das instituições e do estado ao imporem um gosto
oficial, colocando as pessoas, quer como produtores quer como consumidores, no
centro da actividade cultural, entre outras medidas.
O Público deve ser respeitado pelo lugar que ocupa. A capacidade de transmiti
algo de comunicar, é a essência da arte, se o receptor não for tido em consideração
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não estamos perante uma verdadeira manifestação artística, o que curiosamente é
frequentemente ignorado; não quer isto dizer que a arte deva ir atrás daquilo que o
público quer. Ela deverá estar à frente do seu tempo e dar lugar à experimentação e à
investigação.
É fundamental cultivar o gosto geral pela arte para promover o bom gosto, o
espírito crítico, a auto-estima, a criatividade, a cultura e o bem-estar.
Compete aos agentes e responsáveis localmente pela cultura do território
salvaguardar, divulgar e promover o seu património cultural, seja ele móvel, imóvel ou
imaterial. Esse património é a herança histórica à qual todos têm direito; faz parte da
memória colectiva que caracteriza a identidade cultural.
Será portanto que se preservem os imóveis dando-lhes vida e animando-os, em
permanente articulação com artistas e criadores, que têm a capacidade de revitalizar
usos e modos de estar e fazer, renovando os públicos.
Esta dinâmica de qualificação do património integrada numa lógica global de
interacção entre os diferentes agentes culturais e a participação/adesão do público são
uma aposta de requalificação vivencial do património e de renovação cultural.
O Estado tem que ser uma parte activa do processo, mas a sua principal função é
potencializar a circulação de informação e criar condições para a descentralização da
Cultura, num processo que se quer integrado e transversal. A sociedade civil deverá
ser também chamada a essa responsabilidade, para o que se torna imprescindível
criar bases de entendimento, de forma a que as iniciativas culturais tenham o efeito
desejado - desenvolver pessoas, instituições e territórios, projectando, as primeiras,
para processos e/ou percurso formativos mais consistentes de aprendizagem, ao
longo de toda a vida.
A cultura é de todos e para todos!
II.2. Análise da realidade
A EDUCAÇÃO DE ADULTOS NO CONTEXTO PORTUGUÊS1
Até 2010, pretende-se certificar 650.000 adultos em Centros Novas Oportunidades
e 350.000 em cursos de Educação e Formação de Adultos, para se atingir 1.000.000
portugueses com qualificações equivalentes ao 9º e 12º anos. Como mobilizar um tão
grande número de pessoas? Como convencê-los da importância aprendizagem e
qualificação?
1 Elaborado com a colaboração de Dr. Eduardo Meira, parceiro do projecto pela Área Educativa de Braga
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A existência até 2010 de 500 Centros em Portugal a cobrir todo o território
nacional, está longe de corresponder às exigências quantitativas e qualitativas, que
esta meta coloca. Estes Centros serão, nesta lógica, para 2/3 dos portugueses em
processo de qualificação. É necessário, neste caso, repensar o modo organizacional e
as dinâmicas a criar paralelamente, para que a população portuguesa se mobilize em
massa, de forma voluntária e consciente.
Releva-se daqui a importância da articulação em rede ou da sua participação em
plataformas de partenariados, com outras organizações especializadas no campo da
formação bem implantadas no território num trabalho duradoiro de proximidade com as
populações, de forma a que este dispositivo encontre as complementaridades necessárias para a realização de um processo de certificação que qualifique as
pessoas e não que as diplome de modo meramente administrativo para cumprimento
de metas.
A experiência mostra que só um número reduzido de adultos destes Centros é que
está em condições de certificação completa ao nível do 9ºano, a maioria, cerca de
80%, tem que fazer formação complementar, ou formação centrada em uma ou várias
áreas de competência, ou ainda tem que frequentar formações mais longas e
estruturadas, caso dos cursos EFA, ou então, deveria, conforme referencia o PO
Potencial Humano, participar em acções modulares de qualificação por áreas de
competência a partir de um mapa de formação desenhado em termos de projecto.
Se atendermos aos indicadores de participação de adultos em acções de
educação e formação, referenciados no PO Potencial Humano, e referentes ao ano de
2005, para a população 25-64 anos, verificamos uma incipiente e débil frequência
destes em acções de formação. A percentagem (4,6%) de pessoas em acções de
educação e formação de adultos está longe de ser um valor de referência no espaço
europeu.
Desta participação importa salientar que a população jovem tem um nível de
participação mais elevado, 11%, e que as pessoas com habilitações médias, 14,2%, e
superiores, 11,4%, se desviam no sentido ascendente do valor médio.
Isto demonstra que quanto maior é o nível habilitacional maior é a procura de
formação. Coloca-se a questão de como vamos atenuar esta perspectiva dual, que
põe em causa a coesão da sociedade ao aumentar o fosso já existente entre os
qualificados, que serão cada vez mais qualificados, e os outros, a grande maioria da
população portuguesa, que estará cada vez mais afastada dos patamares
habilitacionais de referência.
Não será socialmente aceitável e sortirá efeito desejável, o recurso a medidas de
“natureza coerciva” que obriguem as pessoas a entrar em processos formativos.
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Por outro lado, o recurso a estratégias de sensibilização ou de marketing social
revelam-se insuficientes. É, portanto necessário apelar às consciências individuais,
mas mais do que isto é preciso criar dispositivos paradoxais de participação voluntária.
Para tal é necessário pensar soluções particularmente ajustadas à realidade
económica, política e social do país, em geral, e dos territórios em particular.
ÂMBITO GEOGRÁFICO DO PROJECTO
O Projecto em questão terá como âmbito geográfico três concelhos do Vale do
Ave: Fafe, Guimarães e Vizela -, municípios estes que integram a NUT III/Ave. Para
uma melhor clarificação da área total abrangida pelo projecto mostramos, no quadro a
seguir apresentado, a área total de cada concelho, bem como o número de freguesias
que constituem cada um deles.
Quadro I – Área Km2 e Freguesias/Concelho, 2001
Concelho Área Km2 TotalFreguesias
Fafe 218,9 36Guimarães 241,9 68
Vizela 23,7 7Fonte: Censos 2001, INE. Elaboração própria.
Dado que estes concelhos integram o Vale do Ave e que esta região, por sua vez,
se distingue em três sub-regiões morfologicamente distintas, designadas por Baixo
Ave, Médio Ave e Alto Ave, tentaremos, a seguir, fazer uma pequena descrição desta
zona, dando especial ênfase às características territoriais do Médio Ave, por ser nesta
sub-região que se inscrevem os concelhos que irão desenvolver este projecto.
Assim, será pertinente salientar que o Médio Ave se caracteriza por uma elevada
densidade populacional, já que é aqui que se encontram, juntamente com o Baixo Ave,
os concelhos mais industrializados e consequentemente aos maiores centros urbanos.
Por sua vez o Alto Ave insere os concelhos de índole rural, com uma população
substancialmente inferior. Tal facto poderá ser analisado no quadro que a seguir
expomos.
Quadro II – População Residente do Vale do Ave, 2001
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População Residente1991 2001
AVE 466074 509969
Fafe 47862 52757
Guimarães 143984 159577
Trofa 32820 37581
Santo Tirso 69773 72396Póvoa de Lanhoso 21516 22772
Vieira do Minho 15775 14724
V.N. Famalicão 114338 127567
Vizela 20006 22595Fonte: Censos 91 e Censos 2001, INE. Elaboração própria.
De acordo com o último Recenseamento Geral da População, em 2001 residiam
no Vale do Ave 509969 habitantes, reflectindo um crescimento de cerca de 9,4%
relativamente ao mesmo indicador em 1991, o equivalente a uma densidade
populacional média aproximada de 410 hab/km2.
Nas sub-regiões do Baixo Ave e Médio Ave, compostas pelos concelhos de Santo
Tirso, Trofa e Famalicão, Guimarães, Vizela e parte ocidental de Fafe,
respectivamente, a problemática do desenvolvimento coloca-se essencialmente ao
nível industrial, enquanto que nos concelhos do Alto Ave – Vieira do Minho e parte
oriental de Fafe – esta questão está intimamente relacionada com o desenvolvimento
rural.
NÍVEL EDUCACIONAL DO TERRITÓRIO DE INTERVENÇÃO
O Vale do Ave, é considerado um território demográfico e economicamente
dinâmico, e é uma das regiões mais jovens do País e da Europa, apresentando,
porém, baixos níveis de escolarização da sua população residente activa.
No âmbito educacional, em 1991, a Taxa de Analfabetismo atingia os 9.5% e em
2001 desceu para os 7.7%, valores ainda assim inferiores aos registados para a
Região Norte, com 9.9% em 1991 e 8.3% em 2001. Esta região apresentava uma
elevada percentagem de população que sabia ler e escrever sem possuir grau de
ensino ou possuindo apenas o ensino básico primário.
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Apresentam-se, a seguir, dados relativos aos níveis de escolaridade da população
dos três concelhos contemplados neste projecto.
Quadro III – Distribuição da População Residente segundo o Nível de Instrução, 2001
Fonte: Censos 2001, INE. Elaboração própria.
Como se pode verificar, a maior parte da população do Vale do Ave, incluindo a
dos três concelhos em análise, possui apenas o 1º Ciclo do Ensino Básico, seguido do
2º Ciclo, havendo ainda uma considerável fatia da população sem qualquer nível de
ensino, embora muitos destes saibam ler e escrever.
O abandono e insucesso escolar da população jovem vem, igualmente, reforçar e
agravar os baixos níveis de escolaridade deste território. De salientar, aqui, a
percentagem significativa de abandono escolar dos concelhos de Fafe, Guimarães e
Vizela.
Distribuição da População Residente Segundo o Nível de Instrução
Ave Fafe Guimarães Vizela
Sem Nível de Ensino 70759 13,9% 7357 14,2% 19350 12,3% 3070 13,8%
1º Ciclo do Ens. Bás. 198426 38,9% 20539 39,6% 61912 39,4% 9690 43,4%
2º Ciclo do Ens. Bás. 89594 17,6% 10447 20,1% 26962 17,2% 3981 17,8%
3º Ciclo do Ens. Bás. 57859 11,3% 5525 10,7% 18789 12,0% 2493 11,2%
Ensino Secundário 60023 11,8% 4916 9,5% 19406 12,4% 2137 9,6%
Ensino Médio 2000 0,4% 150 0,3% 666 0,4% 63 0,3%
Ensino Superior 31307 6,1% 2920 5,6% 9873 6,3% 880 3,9%
16
Quadro IV – Abandono Escolar no Vale do Ave, 2001
Abandono escolar (%)
Fafe 3,9Guimarães 3,7Póvoa de Lanhoso 4,3Santo Tirso 2,7Trofa 2,5
Vieira do Minho 5,6Vila Nova Famalicão 2,0Vizela 4,0AVE 3,2Portugal 2,6
Fonte: INE / Ministério da Educação, Censos 2001.
De facto, segundo dados de 2001, 3.2% das crianças e jovens em idade de
escolaridade obrigatória não concluíram o 3º ciclo, nem se encontravam a frequentar a
escola, taxa esta superior à média registada no País.
Assim, pode-se caracterizar o Ave, em geral, como uma região de escolarização
muito baixa, com elevadas taxas de insucesso escolar e de abandono precoce da
escola, o que se encontra relacionado não só com as precárias condições económicas
em que parte das famílias vive, mas também com a predominância de modelos
empresariais predatórios das reservas locais de mão-de-obra precocemente saídas do
sistema educativo.
Tendo em conta o panorama da baixa escolarização e do abandono escolar no
Vale do Ave, tem havido um grande esforço por parte de várias entidades ligadas à
educação e formação, públicas e privadas, para contrariar esta tendência,
nomeadamente através do desenvolvimento de Cursos de Educação e Formação de
Adultos, da implementação do Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e
Certificação de Competências, do Ensino Recorrente, dos cursos de Ensino
Profissional e de Educação-Formação. No entanto, apesar da evolução sentida neste
campo, reconhece-se que é necessário continuar e, mesmo, reforçar esta “aposta”
pela elevação dos níveis educacionais da população do Ave.
Dinâmicas Culturais: Espaços de Cruzamento de Identidades Locais
17
Numa tentativa de caracterizarmos a dinâmica cultural dos concelhos abrangidos
pelo projecto, iremos de seguida apresentar aquilo que nos parecem ser as principais
semelhanças e diferenças culturais de Fafe, Guimarães e Vizela.
À partida, em termos de dinâmica cultural o concelho de Guimarães é, sem dúvida,
aquele que mais se destaca, não só em termos de equipamentos e infra-estruturas
culturais, mas também em termos de actividades e iniciativas. Desde logo, pelo seu
património histórico edificado, enriquecido e potenciado pelo investimento municipal
que tem vindo a ser feito na recuperação do mesmo e na dinamização de actividades
culturais, esforço este reconhecido internacionalmente pela atribuição, pela UNESCO,
do título de Património Cultural da Humanidade e, mais recentemente, pelo convite
para Capital Europeia da Cultura 2012.
Reportando-nos, agora, ao concelho de Vizela, de salientar que a sua dinâmica
cultural reflecte a juventude deste concelho, criado apenas em 1999, estando, por
isso, ainda numa fase de procura de identidade cultural, assim como de
desenvolvimento de infra-estruturas e equipamentos culturais. No entanto, verifica-se
já alguma dinâmica na realização de actividades diversas de índole cultural, notando-
se, apesar de tudo, uma maior adesão da população às iniciativas de carácter popular.
São estas iniciativas de cultura popular aquelas que mais se destacam e
caracterizam a dinâmica cultural do concelho de Fafe. De facto, sendo este um
concelho mais rural, as suas actividades e iniciativas culturais têm um carácter de
cultura rural popular, ainda genuinamente ligada aos interesses locais: o lazer, o
desporto, as festas religiosas, o artesanato, entre outras. Denota-se aqui, também, um
grande esforço por parte da autarquia para dinamizar actividades mais diversificadas e
dirigidas a um novo público. Saliente-se o grande número de instituições e
associações locais ligadas à cultura e ao desporto populares, o que pode constituir um
grande potencial para este projecto.
Assim sendo, estamos perante um cruzamento de espaços culturais que, apesar
de terem em comum bastantes actividades de cultura popular, de carácter
local/comunitário, também demonstram um esforço em abranger uma cultura mais
cosmopolita e erudita.
III – Parceiros
Um projecto deste tipo nunca poderia ser implementado sem a constituição de uma
Rede de Parceiros vasta e activa. Assim, procurou-se envolver na parceria inicial uma
18
série de entidades, públicas e privadas, de índole cultural e educativo, que pudessem
prestar um importante contributo à definição do projecto.
Neste sentido, estas são aquelas entidades que responderam, desde logo, ao desafio
que lhes foi colocado, constituindo, por isso, o “núcleo gerador” do projecto. No
entanto, esta pretende ser uma Rede de Parceiros em constante dinâmica e, por isso,
aberta a novas entidades e pessoas.
Saliente-se, igualmente, que apesar de algumas entidades abaixo mencionadas não
terem estado presentes nos Grupos de Discussão, por motivos de agenda,
manifestaram o seu interesse em participar activamente no projecto.
Guimarães
Sol do Ave – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Vale do Ave
Câmara Municipal de Guimarães – Rede Social e Cultura
ADCL – Associação para o Desenvolvimento das Comunidades Locais
A Oficina – Centro de Artes e Mesteres Tradicionais, CRL
CNO Escola Secundária das Taipas
CNO AMAVE
Centro de Formação Francisco de Holanda
Área Educativa de Braga
Fafe
Associação Empresarial de Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto
Núcleo da Cruz Vermelha de Fafe
Coordenação Educativa de Braga
ARA – Associação Recreativa e Artística do Bugio
Câmara Municipal de Fafe
Restauradores da Granja
Associação Cultural e Recreativa Leões de Ferro
Grupo Nun’Alvares
Área Educativa de Braga
Vizela
Centro Social Paroquial de Barrosas (Sta. Eulália)
Duodifusão
Escola Secundária de Vizela e CNO
ACIV – Associação Comercial e Industrial de Vizela
Fundação Jorge Antunes
Câmara Municipal de Vizela
Área Educativa de Braga
19
IV - ParticipantesEste projecto tem como participantes preferenciais a população desfavorecida e,
de algum modo, excluída de processos de aprendizagem ou socialização. Pretende-
se, por um lado, mobilizar as pessoas a participar nas mais diversas actividades
culturais, despertando-lhes a motivação pela aprendizagem ao longo da vida e, por
outro lado, facultar novas oportunidades de aprendizagens não formais e informais aos
adultos inseridos em processos formativos, nomeadamente em processos de
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) nos Centros
Novas Oportunidades. Nesta lógica de validação de competências adquiridas em
contextos informais e formais de aprendizagem, os adultos que participam em
actividades de foro cultural poderão integrar estes processos de certificação,
valorizando-se, dessa forma, o envolvimento e participação nessas actividades.
V - FinalidadePromover o direito à educação, à participação, à criação e à fruição cultural,
tornando-o acessível a todos num quadro de uma rede territorial de trabalho sócio-
educativo e cultural.
VI - Objectivos gerais Potenciar o campo das oportunidades de aprendizagem ao longo da vida,
numa lógica de proximidade;
Proporcionar a mobilidade, o conhecimento e as práticas intra, inter e trans-
culturais;
Atribuir sentido educativo e/ou formativo às actividades culturais;
Valorizar a participação e os resultados das aprendizagens não formais e
informais, traduzindo-os em competências certificáveis;
VII – Estratégias/Expoentes-chave
Rede de Cultura Popular
Um dos objectivos do projecto será aproveitar as infra-estruturas das entidades
parceiras e as actividades já dinamizadas ou outras a criar, promovendo
espaços/momentos comuns de intercepção e partilha culturais. Desta forma, as
20
actividades terão lugar em pontos diversos dos concelhos, estando próximas de várias
comunidades.
Algumas associações existentes em Fafe, Guimarães e Vizela tornaram-se
especializadas em algumas áreas culturais específicas e esse capital cultural será
respeitado e mobilizado para este projecto.
As actividades a desenvolver são:
“Itinerário Cultural”, actividade que marcará o início do projecto e consistirá na
abertura das várias entidades culturais à população, no sentido de darem a
conhecer as actividades por ela promovidas e a cultura inerente àquele local
específico, demonstrando às populações dos territórios abrangidos as
potencialidades educativas das várias artes;
Ateliers de desenvolvimento de competências integradas (artísticas, culturais,
educativas…), tendo por base os referenciais de competências-chave, ou seja,
dinamizar em conjunto com os parceiros actividades nas áreas do teatro,
canto, música, pintura, escrita, leitura, literatura oral, escultura e outras áreas;
Oficinas de Artes Populares/Cultura Popular serão espaços onde se recuperará
as artes tradicionais, nomeadamente a dança folclórica, os cantares e poesias
populares, o artesanato e outras, respeitando a sua singularidade, percebendo
as suas origens;
Ateliers de Inovação da Tradição, os quais funcionarão com objectivo de
trabalhar as artes tradicionais, atribuindo-lhes estéticas e componentes
modernos, renovando/recriando e/ou mantendo as suas funcionalidades,
finalidades e objectivos;
Convívios, Percursos Pedestres, visitas culturais, Exposições,
Roteiros/Itinerários Culturais, procurando outras formas de saber, através da
fruição da cultura, da natureza e das relações interpessoais;
Feira da Cultura será uma actividade conjunta organizada pelas entidades
culturais, pelos colaboradores activistas e pela comunidade participante em
todo o projecto, criando uma mostra das dinâmicas, actividades, competências
e saberes desenvolvidas durante a execução do projecto, bem como das suas
potencialidades.
Às actividades que se venham a desenvolver, para além do cunho cultural que já
possuem, ser-lhes-á conferido um significado educativo, de forma a estabelecer um
paralelismo entre as competências adquiridas na participação, organização, ou fruição
cultural com as competências-chave expressas nos referenciais de competências,
21
quer de nível básico, quer do secundário. Assim sendo, conseguir-se-á valorizar as
aprendizagens informais e não formais, de base comunitária, relacionando-as e
reconhecendo-as em processos formais de educação e formação, no âmbito da
“Iniciativa Novas Oportunidades”.
Rede de “Colaboradores Activistas”
Será constituída por elementos chave da comunidade, que se foram assumindo
como líderes naturais, próximos das populações e das instituições/actividades
culturais, de modo a incentivarem a participação da comunidade, isto é a mobilizarem
a população para a aprendizagem ao longo da vida, no seu sentido mais amplo. Terão
um papel fundamental na execução do projecto, daí serem denominados por grupo de
colaboradores-activistas. Além destes elementos, outros parceiros terão um papel
fundamental na divulgação do projecto e das diversas actividades e na mobilização de
públicos, nomeadamente as Câmaras Municipais, os Centros Novas Oportunidades,
as entidades formadoras e as próprias entidades culturais e recreativas.
Rede Virtual
Trata-se de uma plataforma virtual que permitirá a comunicação e colaboração
entre os diversos parceiros, entre estes e a comunidade, entre educadores, entre
estes e os agentes culturais e entre outros; a divulgação do projecto e das iniciativas
locais e a calendarização dos eventos, para além de permitir ao exterior participar no
projecto, procedendo a sugestões ou críticas, funcionando também como um meio de
monitorização e avaliação do projecto. O endereço provisório desta plataforma de
comunicação é http://altoave.wordpress.com.
Intercâmbios
Serão realizados mediante a organização de Workshops, seminários, Fóruns de
Discussão/Reflexão, Publicações, que permitirão a troca de experiências e a partilha
de saberes, cultura, tradições, etc. Além disso, consideramos que a integração neste
projecto de imigrantes que actualmente estão em Portugal é uma mais valia pois
possibilitará a divulgação e conhecimento de outras culturas, havendo, assim, um
enriquecimento mútuo entre as culturas de outros povos que actualmente residem em
Portugal e as comunidades locais.
22
XIX - Estrutura Organizativa2
2 A estrutura organizativa do projecto poderá estar sujeita a alterações dependendo da fonte de financiamento a que se recorrer e da respectiva regulamentação. No entanto, esta estrutura reflecte as nossas preocupações de base em termos organizativos.
23
X - Infra-estrutura de apoio
Organigrama – Funções
Descrição dos diversos elementos do Organograma
1. Conselho de Parceiros - Delibera e avalia;
2. Equipa Coordenadora - Monitoriza o projecto;
3. Equipa Operacional – Operacionaliza;
4. Equipa Técnica – de Certificação - Colabora na definição de actividades formativas direccionadas
para as necessidades diagnosticadas pelos CNO; define planos formativos direccionados para a
certificação; interpreta, descodifica e desoculta competências, à luz do Referencial de Competências-
chave;
5. Equipa Técnica – de Comunicação e Marketing – Câmaras Municipais - Divulga as actividades nas
agendas culturais; articula iniciativas intra e interterritoriais; transmite informação relativa a ofertas
culturais/ concursos existentes;
6. Equipa Técnica – de Comunicação e Marketing - Parceiros - Publicita as iniciativas junto da sua
população-alvo; recolhe pareceres, opiniões e propostas; procede à recepção de elementos de avaliação;
7. Equipa Técnica – Formação – Elementos da DREN – Organiza a articulação em Rede dos diversos
actores; colabora em formação de carácter pedagógico-didáctico; participa e anima fóruns de discussão
com vista à interpretação de contextos, situações de vida e actividades conducentes à qualificação em
diferentes domínios do saber: Cultura, Língua, Comunicação, Sociedade, Tecnologia, Ciência, Cidadania
e Profissionalidade;
8. Equipa Técnica – Formação – Elementos das Entidades Formadoras - Colabora na dinamização e
implementação de formação no âmbito da Iniciativa Novas Oportunidades; analisa e divulga boas práticas
formativas na Educação e Formação de Adultos e na Educação Extra-escolar;
9. Equipa Técnica – Formação – Elementos das Escolas - Colabora na dinamização e implementação
de formação no âmbito da Iniciativa Novas Oportunidades; analisa e divulga boas práticas formativas na
Educação e Formação de Adultos e na Educação Extra-escolar;
10. Equipa Técnica – Formação – Formadores, Tutores e Animadores - Dinamiza os ateliers e a
formação; acompanha os adultos nas mais diversas iniciativas estabelecendo pontes com ofertas
formativas mais estruturadas; orienta os adultos nos seus projectos pessoais de aprendizagem; motiva
para a ALV;
11. Equipa Técnica – Artes - Define percursos formativos nas diferentes áreas artísticas;
12. Equipa de Colaboradores/Activistas - Mobiliza as pessoas para os diferentes projectos, apresenta
propostas e colabora nas iniciativas; e
13. Equipa de Projecto - Elabora Planos de Acção, candidaturas pedagógicas e financeiras; participa em
iniciativas de divulgação de projectos; acompanha as iniciativas e avalia-as com vista a melhorias.
24
Um projecto desta dimensão, caso não fosse dinamizado através de uma rede de
parcerias, necessitaria, sem qualquer dúvida, de uma enorme infra-estrutura de apoio
quer material, quer humana.
No entanto, sendo executado em rede, será possível criar sinergias entre os
diversos parceiros, rentabilizando os recursos já existentes e, sempre que necessário,
criando outros em conjunto.
Em termos materiais, este projecto terá que contar, fundamentalmente com os
seguintes recursos:
Uma Plataforma Informática de interacção entre os parceiros e destes com o
exterior;
Espaços Físicos para as actividades a desenvolver, sendo que estes são os
dos parceiros;
Espaço que funcione como “sede” do projecto, enquanto espaço/momento de
reunião, partilha e decisão;
Material pedagógico, nomeadamente um “quadro de referência de
competências” das diversas expressões artísticas e culturais que estabeleça
um paralelo com os referenciais de competências-chave do nível básico e
secundário; uma “caderneta de competências” desenvolvidas no âmbito do
projecto, que funcione como registo de créditos no âmbito do sistema ECVET.
Para além do material acima mencionado, o sucesso deste projecto dependerá em
grande medida dos recursos humanos que dinamizarão o mesmo. Este é, sem
dúvida, um aspecto muito importante e que deverá ser analisado com todo o cuidado,
quer no que respeita à definição do perfil dos técnicos, quer das suas tarefas e
responsabilidades no projecto. Resumidamente, quanto aos recursos humanos,
poderemos distinguir a existência dos seguintes níveis:
1. Representantes Institucionais das entidades parceiras, que participarão das
reuniões do Conselho de Parceiros;
2. Representantes Técnicos das entidades parcerias, que participarão
activamente na equipa operacional, mais concretamente, nas suas diversas
equipas técnicas;
3. A Equipa do Projecto, especialmente contratada para dinamização do mesmo,
e que poderá incluir pessoas com as seguintes formações de base: Educação,
Animação Sócio-educativa/Sócio-cultural, Artes, Sociologia, de entre outras;
4. A Equipa de Colaboradores-Activistas, uma por concelho.
25
Todas estas pessoas deverão estar devidamente sensibilizadas para a finalidade
do projecto, assim como devidamente empenhadas no sucesso do mesmo.
Por outro lado, o projecto terá vários técnicos que assumirão papeis de mediação,
sendo de destacar os elementos da equipa Operacional e, dentro destes, sobretudo,
os grupos dos Colaboradores-Activistas, os quais procurarão (re)estabelecer laços
sociais através da participação nas actividades culturais ou na vida associativa,
estabelecendo uma ponte entre os diversos parceiros e a comunidade em geral.
MEDIAÇÃO SOCIALTendo em consideração que o público-alvo privilegiado deste projecto é a população mais
desfavorecida, afastada de processos de aprendizagem e de participação cultural e associativa,
podemos considerar que está implícita a mediação social como forma de aproximação de
comunidades, territórios e culturas. Trata-se de uma estratégia de intervenção junto daqueles que
por circunstâncias várias (sociais, culturais, económicas, políticas, entre outras) apresentam baixos
índices de escolaridade e se encontram alheios a processos de aprendizagem, nomeadamente de
índole cultural, podendo, desta forma, colaborar na sua qualificação escolar, no restabelecimento
de redes de relações sociais e, consequentemente, na sua integração sócio-cultural.
Por outro lado, está incluído no plano de actividades deste projecto o intercâmbio entre diferentes
culturas, recorrendo a emigrantes em Portugal que possam dar a conhecer a sua História e
Cultura, permitindo não só o enriquecimento cultural, mas também a integração social dos
imigrantes, valorizando a multiculturalidade, permitindo a mediação cultural. Desta forma, o
projecto engloba processos de interacção que permitem uma transição cultural e intelectual
indispensável à compreensão entre os sujeitos. Além disso, não podemos esquecer que vivemos
na era da globalização, dai a importância de se conhecer as diversas culturas.
Portanto, estaremos perante uma mediação sócio-cultural, que permitirá a ligação de percursos de
aprendizagens formais, não formais e informais à comunidade, apelará à participação em
actividades culturais e associativas, possibilitará a transmissão e conhecimento de valores éticos,
contribuindo para a socialização, integração sócio-cultural, participação cidadã, autonomia dos
sujeitos e desenvolvimento pessoal e territorial. (Cont…)
26
Mediação – Acessibilidade
O projecto:
favorecerá e facilitará o acesso a serviços culturais e
educativos
Mediação – Sociabilidade
O projecto:
trabalhará as relações do indivíduo com as organizações
culturais-recreativas e, consequentemente com a
comunidade;
criará relações interpessoais entre o público-alvo, os
indivíduos já integrados em actividades culturais e em
entidades de cariz cultural, estabelecendo novos laços
sociais;
estabelecerá momentos de aprendizagem e de partilha
de experiências e conhecimentos, valorizando o capital
cultural de cada indivíduo, nomeadamente de
emigrantes.
Mediação – Consciencializaçã
o
O projecto:
desenvolverá competências nos participantes;
tornará o sujeito mais interventivo social e civicamente.
Mediação – Dinamização
O projecto:
permitirá o desenvolvimento de competências relacionais,
criando novas de redes de relacionamento e de formas
de participação social.
Mediação – Formação
O projecto:
dinamizará a participação em momentos de
aprendizagem informais e não formais (estratégia de
empowerment), estabelecendo um paralelismo com a
certificação escolar (educação formal) e vice-versa, ou
seja, incentivará os indivíduos integrados em percursos
de aprendizagem formais a participar em actividades
culturais.
Uma outra dimensão fundamental é a forma de financiamento deste projecto,
surgindo, aqui, as seguintes possibilidades:
1. Elaborar um só projecto, promovido por uma só entidade e com a parceria das
restantes, sendo este submetido ao Programa Operacional Temático do
Potencial Humano, no âmbito do QREN 2007-2013, ou, ao Sub-programa
Gruntvig, no âmbito do Programa Europeu Aprendizagem Ao Longo da Vida;
(Cont.)
NOTA: O papel da mediação social/cultural neste projecto insere-se no Módulo de Mediação Social da Pós-Graduação e, apesar de se ter dado início à reflexão pretendida neste documento, ela irá ser desenvolvida no trabalho final do curso.
27
2. Elaborar 3 projectos, sendo um por município, com a fundamentação,
finalidade, objectivos gerais e específicos, expoentes-chave, mecanismos de
monitorização e avaliação em comum, mas com actividades diferentes,
consoante as especificidades de cada município, candidatando-os em
simultâneo ao Programa Operacional Temático do Potencial Humano;
3. Constituir este projecto como um “chapéu” enquadrador de vários sub-
projectos, de dimensão variada, promovidos pelas várias entidades parceiras e
submetidos a diversas fontes de financiamento, consoante a sua natureza a
sua adequabilidade aos mesmos, nomeadamente, aos programas acima
mencionados, assim como ao Programa Operacional da Região Norte, à
Iniciativa Comunitária Leader, ao Programa Comunitário da Cultura, de entre
outros.
Todas estas formas de financiamento são possíveis, sendo que a mais complexa,
apesar de mais interessante e mais potenciadora do desenvolvimento local, poderá
ser a última, uma vez que obrigará a que todos os sub-projectos tenham uma linha
condutora comum e a um esforço de coordenação entre os mesmos muito maior.
XI - Mecanismos de avaliação
No que respeita a esta dimensão, faremos uma distinção entre mecanismos de
monitorização e mecanismos de avaliação. Embora se possam confundir, a
monitorização e a avaliação de um projecto são dimensões distintas, apesar de
complementares.
Assim, por monitorização entende-se “registo quotidiano do que acontece num
projecto que permite acompanhar, controlar e gerir o projecto (…). A monitorização
incide sobre o cumprimento das actividades planeadas em termos (a) da própria
realização dessas actividades; (b) do calendário traçado; (c) dos recursos materiais e
financeiros programados”; (d) dos efeitos desejados” (Schiefer et al., 2006, p. 258).
A avaliação centra-se na informação recolhida pelo sistema de monitorização mas
ultrapassa-o, ou seja, tem por objectivo comparar os resultados e processos
monitorizados do projecto com os resultados e processos projectados/planeados.
Assim, a avaliação é conduzida em intervalos específicos de modo a que se possam
comparar dados e pretende analisar detalhadamente os resultados, efeitos e impactes
do projecto, tendo em vista a introdução de eventuais correcções, reformulações ou a
extracção de conclusões.
28
Neste sentido, este projecto terá um sistema de monitorização e um sistema de
avaliação.
O sistema de monitorização será efectuado pela própria equipa do projecto,
sendo uma responsabilidade do coordenador da mesma, podendo para o efeito utilizar
diversos instrumentos, nomeadamente, relatórios, tabelas, cronogramas, planos de
acção das equipas, contributos registados na Rede Virtual, etc… A título de exemplo,
poderá ser utilizada a seguinte tabela que permite, a todo o momento, ter uma visão
alargada e objectiva do estado das actividades do projecto:
Tabela de Monitorização de ActividadesActividades Calendário
(Meses)Recursos Humanos
Recursos Materiais
Custos Organização Responsável
Pessoa Responsável
Observa-ções
Actividade 1
A1 Efectiva
Actividade 2
A2 Efectiva
(…)
Extraído de : Schiefer, Ulrich, Lucinia Bal Dobel, António Batista, Reinald Dobel, João Nogueira e Paulo Teixeira
(2006), MAPA - Manual de Planeamento e Avaliação de Projectos, Cascais, Principia
O sistema de avaliação, tratando-se este de um projecto de animação sócio-
cultural, privilegiará modelo de avaliação qualitativo (ainda que não se descure o
modelo quantitativo) e realizar-se-á em dois momentos:
Avaliação “on-going”: a aplicar no fim de cada ano de execução do projecto,
de carácter fundamentalmente formativo, orientado para a melhoria contínua
do projecto, incidindo sobre o processo e o desenvolvimento do programa, e
que apresenta um forte elemento prático ao permitir que os resultados sejam
integrados na acção com vista a uma maior qualidade do trabalho;
Avaliação “ex-post”: a aplicar no final do projecto, de carácter sumativo, com
o objectivo de analisar a eficiência e eficácia do projecto, e se este gerou os
resultados esperados.
Este processo de avaliação será levado a cabo pela equipa operacional do
projecto, com o apoio e orientação de um avaliador externo, podendo assim haver
lugar a um cruzamento olhares complementares.
Para além disso, este processo deverá ser o mais dinâmico e participado possível,
envolvendo para isso todos os stakeholders – parceiros (decisores e técnicos),
destinatários, representantes da comunidade local, etc, – do projecto.
29
Os instrumentos de avaliação a utilizar centrar-se-ão em torno da realização de
grupos de discussão ou workshops com os stakeholders, podendo a informação
resultante destes momento ser complementada com a administração de questionários,
realização de entrevistas e observação.
30
XII - Cronograma
31
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