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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CAMPUS PROFESSOR ANTÔNIO GARCIA FILHO CURSO DE FARMÁCIA JULIANA LEITE FERRAZ PRÓS E CONTRAS DAS TERAPIAS DE REPOSIÇÃO HORMONAL NO PERÍODO PÓS-MENOPAUSA E PAPEL DO FARMACÊUTICO NA ORIENTAÇÃO CLÍNICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Lagarto-SE Abril, 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CAMPUS PROFESSOR ANTÔNIO GARCIA FILHO

CURSO DE FARMÁCIA

JULIANA LEITE FERRAZ

PRÓS E CONTRAS DAS TERAPIAS DE REPOSIÇÃO

HORMONAL NO PERÍODO PÓS-MENOPAUSA E PAPEL DO

FARMACÊUTICO NA ORIENTAÇÃO CLÍNICA: UMA

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Lagarto-SE

Abril, 2018

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JULIANA LEITE FERRAZ

PRÓS E CONTRAS DAS TERAPIAS DE REPOSIÇÃO HORMONAL NO PERÍODO

PÓS-MENOPAUSA E PAPEL DO FARMACÊUTICO NA ORIENTAÇÃO CLÍNICA:

UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de conclusão de curso

apresentado ao Departamento de

Farmácia da Universidade Federal de

Sergipe, Campus Professor Antônio

Garcia Filho, como requisito básico para a

obtenção do Diploma de Graduação em

Farmácia.

Orientador: Prof.ª Taís Cristina Unfer

Lagarto-SE

Abril, 2018

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RESUMO

PRÓS E CONTRAS DAS TERAPIAS DE REPOSIÇÃO HORMONAL NO PERÍODO

PÓS-MENOPAUSA E PAPEL DO FARMACÊUTICO NA ORIENTAÇÃO CLÍNICA:

UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Juliana Leite Ferraz, Lagarto 2018

Introdução: No climatério ocorre a diminuição de hormônios e aparecimento de

sinais e sintomas que podem ser variáveis em cada mulher. Na pós-menopausa, em

especial o hormônio estradiol, encontra-se em concentrações muito baixas. O uso

de terapias de reposição hormonal podem exercer efeitos semelhantes aos

hormônios endógenos, porém seus riscos e benefícios são bastante discutidos. Com

isso, a atenção farmacêutica pode atuar na identificação, resolução e prevenção de

agravos durante todo o tratamento. Objetivos: Investigar os prós e contras do uso

de terapias de reposição hormonal e no período pós-menopausa e papel do

farmacêutico na orientação clínica. Metodologia: Foi realizada uma revisão da

literatura uti lizando as bases de dados, PubMed, SciELO, Scopus e Web of Science.

Para isso, foi feito o delineamento para (Pesquisa 1) : “Relação entre terapia

hormonal e pós-menopausa” e (Pesquisa 2): “Atenção farmacêutica no cuidado a

pacientes na pós-menopausa e uso de terapia hormonal”. Resultados: Através dos

critérios de inclusão e exclusão 16 artigos foram selecionados para extração dos

dados. 80% dos artigos relataram somente efeitos benéficos associados sem

eventos adversos significativos com uso de terapias hormonais, apenas 2 estudos

relataram eventos adversos graves. Os efeitos benéficos foram variáveis a nível

endotelial, cognição, tecido ósseo, sinais/sintomas vasomotores e geniturinários. A

atenção farmacêutica tem demonstrado importância na detecção e resolução de

(PRMs), e melhorado o conhecimento e adesão de pacientes. Conclusão: Efeitos

benéficos com o uso de terapias hormonais utilizadas em doses consideradas

padrão foram superiores aos riscos. A atenção farmacêutica foi fortemente

relacionada na otimização da farmacoterapia, na redução de custos com

medicamentos para osteoporose e na promoção do uso racional de medicamentos.

Palavras-chave: Menopausa; Terapia hormonal; Fitoestrógenos; Atenção

farmacêutica.

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ABSTRACT

PROS AND CONTRAS OF HORMONAL REPLACEMENT THERAPIES IN THE

POST-MENOPAUSE PERIOD AND PHARMACEUTICAL ROLE IN CLINICAL

ORIENTATION: A BIBLIOGRAPHIC REVIEW

Juliana Leite Ferraz, Lagarto 2018

Introduction: In climacteric occurs the decrease of hormones and appearance of

signs and symptoms that can be variable in each woman. In the postmenopause,

especially the hormone estradiol, is in very low concentrations. The use of hormone

replacement therapies may exert similar effects to endogenous hormones, but its

risks and benefits are well discussed. With this, pharmaceutical care can act in the

identification, resolution and prevention of diseases throughout the treatment.

Objectives: To investigate the pros and cons of the use of postmenopausal hormone

replacement therapies and the role of the pharmacist in clinical guidance.

Methodology: A literature review was carried out using the databases, PubMed,

SciELO, Scopus and Web of Science. For this purpose, we designed the

"Relationship between hormone and postmenopausal therapy" and (Research 2):

"Pharmaceutical care in the care of postmenopausal patients and the use of

hormonal therapy". Results: Through inclusion and exclusion criteria, 16 articles

were selected for data extraction. 80% of the articles reported only associated

beneficial effects without significant adverse events using hormonal therapies, only 2

studies reported serious adverse events. The beneficial effects were variables at the

endothelial level, cognition, bone tissue, vasomotor and genitourinary signs /

symptoms. Pharmaceutical care has demonstrated importance in the detection and

resolution of (PRMs), and improved knowledge and adherence of patients.

Conclusion: Beneficial effects with the use of hormonal therapies used in doses

considered standard were superior to the risks. Pharmaceutical care was strongly

related to optimization of pharmacotherapy, reduction of costs with medications for

osteoporosis and promotion of rational use of medications.

Keywords: Menopause; Hormone therapy; Phytoestrogens; Pharmaceutical Care.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelo seu grande amor. Ao fim de toda minha caminhada, sei

que poderei dizer: até aqui me ajudou o Senhor! A Ele, toda minha gratidão pela

força, pelo auxílio, pelo socorro e por ter preparado pessoas especiais em minha

vida: minha família, namorado, colegas, e muitos outros que me ajudaram diante das

minhas muitas dificuldades e que juntos também compartilhamos momentos de

muita felicidade.

À minha linda família, por todo apoio incondicional, por toda a força,

conselhos, afetos, por todas as orações. Não existem palavras que ponham limites

ao imenso amor que sinto por cada um. Em particular, minha amada mãe, por todos

os ensinamentos baseados na perseverança, obediência e fé. Tenho muito que

agradecer-lhes.

Ao meu compromisso com Fernando, que tem sido motivo de alegria, durante

toda minha estadia. Sou grata por poder compartilhar com ele todos os meus

anseios, meus objetivos, enfim, a minha vida.

Às minhas companheiras de casa, com as quais tenho dividido não apenas um

lar, mas todos os acontecimentos diários, e das quais também tenho recebido muita

ajuda e companheirismo.

Por fim, agradeço de maneira muito respeitosa aos professores e colegas que

estiveram presentes durante minha formação. De maneira muito especial aqueles

que tiveram a perspicácia de enxergarem muito além de uma fala ou uma escrita,

aqueles que foram capazes de penetrar-se à mente e coração. Meu muito obrigado!

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LISTA DE SIGLAS

AVC Acidente Vascular Cerebral

DMO Densidade Mineral Óssea

DTC Doppler transcraniano

EEC Estrógenos equinos conjugados

E2 Estradiol

E2-t Estradiol transdérmico

MENQOL Menopause Specific Quality of Life

Mp Progesterona micronizada

MPA Medroxiprogesterona

POMS Profile of Mood States

PRM Problemas Relacionados a Medicamentos

RAM Reações adversas

TH Terapia hormonal

TRH Terapia de reposição hormonal

WHI Women’s Health Iniciative

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................8

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................11

2.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 11

2.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 11

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 12

Tipo de estudo ................................................................................................................. 12

Critérios de inclusão (Pesquisa 1) ............................................................................. 12

Critérios de exclusão (Pesquisa 1) ............................................................................ 12

Fontes de informação e estratégias de busca ........................................................ 13

4 RESULTADOS ................................................................................................................... 16

4.1 Seleção dos estudos ............................................................................................... 16

4.2 Efeitos do uso das terapias de reposição hormonal ...................................... 20

4.2.1 Efeitos vasculares ................................................................................................ 20

4.2.2 Cognição e humor ................................................................................................ 21

4.2.3 Efeitos no sistema geniturinário ....................................................................... 22

4.2.4 Efeitos vasomotores ............................................................................................ 22

4.2.5 Efeitos no tecido ósseo ....................................................................................... 23

4.2.6 Segurança sobre risco de câncer endometrial ............................................. 23

4.2.7 Reações adversas................................................................................................. 24

4.3 Atenção farmacêutica na pós-menopausa e/ou Terapia hormonal............ 26

4.3.1 Terapias e associações mais utilizadas ......................................................... 26

4.3.2 Adesão ao tratamento .......................................................................................... 26

4.3.3 Problemas relacionados a medicamento (PRM) .......................................... 27

4.3.4 Despesas com medicamentos .......................................................................... 27

5 DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 28

6 CONCLUSAO .................................................................................................................... 33

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 34

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1 INTRODUÇÃO

A expectativa de vida da população brasileira está crescendo a cada ano.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de geografia e estatística, em 2016 a

expectativa de vida das mulheres subiu para 79,4 anos e dos homens, para 72, 2

anos (IBGE, 2016). Com esse aumento no tempo de vida, em especial das

mulheres, surge o interesse em melhorar a qualidade de vida da população feminina

de meia idade no período de climatério tanto em relação aos sintomas decorrentes

da queda dos hormônios sexuais quanto aos fatores que afetam o psicológico dessa

população, os quais estão intimamente ligados a condições de saúde e estilo de vida

no decorrer dessa fase (MORAIS, 2017; VALENÇA & GERMANO, 2010).

O climatério é um período marcante na vida da mulher, é o tempo de transição

entre o período reprodutivo e não reprodutivo, podendo ser representado pela pré-

menopausa que é o período marcado por menstruação irregular e início da

diminuição de hormônios e a perimenopausa que ocorre um período antes e outro

depois da última menstruação (KRONEMBERG, et al., 2010; BRASIL, 2008). A

menopausa pode ser definida como o marco do fim da vida reprodutiva da mulher,

sendo comprovada após 12 meses da última menstruação podendo ocorrer de

forma natural ou induzida por quimioterapia, radiação ou processos cirúrgicos e o

período pós-menopausa é todo o tempo após a última menstruação (BRASIL, 2008;

VILAR, et al., 2016)

A menopausa natural é resultante da perda da função ovulatória, em que

ocorre a diminuição da secreção dos hormônios estrogênio e progesterona. Essa

diminuição provoca um feedback negativo levando a um aumento das

concentrações do hormônio folículo estimulante (FSH) e do hormônio luteinizante

(LH), estando o primeiro em maior concentração. Os principais estrógenos

endógenos são estradiol, estrona e estriol, sendo o 17b estradiol o principal

hormônio biologicamente ativo. Na pós-menopausa, praticamente todo estradiol é

resultante da conversão da estrona pelo tecido adiposo, fígado, músculos e rins

basicamente (BRASIL, 2008; KRONEMBERG, et al., 2010; VILAR, et al., 2016)

As terapias de reposição hormonal (TRH) são uma alternativa de compensar a

falta dos hormônios endógenos no período pós -menopausa, porém, várias são as

discussões relativas aos benefícios e riscos desses hormônios exógenos uma vez

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que a utilização dos mesmos tem sido associada ao surgimento de cânceres, em

especial o de mama (KRONEMBERG, et al., 2010; MANSON, et al., 2013).

O tratamento hormonal é feito com estrógenos e progestágenos e em casos

especiais de insuficiência androgênica, utiliza -se a reposição de andrógenos. Os

estrógenos podem ser divididos em sintéticos e naturais. Os sintéticos são

representados principalmente pelo etinilestradiol, mestranol, quinestrol e

dietilestilbestrol e os naturais são representados pelos estrogênios conjugados e

estradiol transdérmico ou percutâneo, valerianato de estradiol e estradiol

micronizado (PARDINI, 2014; VILAR, et al., 2016).

Os fitoestrógenos são compostos obtidos de vegetais e consistem em uma

alternativa para as mulheres que desejam conduzir um tratamento mais natural.

Muito caracterizados por suas propriedades antioxidantes, estes compostos vêm

sendo bastante utilizados por possuírem atividade semelhante ao estrógeno,

apresentando benefícios principalmente sobre o tecido ósseo e cardiovascular

(SUNITA & PATTANAYAK, 2011). As isoflavonas, em maior abundância na soja, são

o grupo de fitoestrógenos mais conhecido, tendo como principais representantes a

genisteína e daidzeína. Outros grupos incluem as lignanas e coumestans.

(HEATHER & WENDY, 2010; POLUZZI, et al., 2014; SUNITA & PATTANAYAK,

2011).

Esses compostos vegetais se ligam aos mesmos receptores e, em teoria,

podem mostrar os mesmos efeitos do hormônio estrógeno, apresentando também

alguns efeitos adversos. A hipótese de os fitoestrógenos serem prejudiciais ainda

não é totalmente comprovada, o que se sabe é que os fitoestrógenos geralmente

têm uma maior afinidade de ligação relativa para os receptores de estrógeno ERβ do

que os ERα (ALBINI, et al., 2014). Estudos em animais apontaram dados

conflitantes com relação sobre a estimulação ou inibição de tumores utilizando

fitoestrogênios. Em sua maioria, são necessárias altas concentrações de

fitoestrogênios para inibir enzimas esteroidogênicas específicas as quais podem ser

importantes em cânceres de mama dependentes de estrogênio (RICE, 2006)

O farmacêutico tem o papel de fazer uma avaliação sistemática da indicação e

real necessidade dos medicamentos, sua relação com o efeito esperado e

segurança para o paciente como um todo. Além disso, é indispensável identificar

problemas relacionados à adesão e possíveis interações que possam ocorrer caso a

paciente esteja fazendo uso de outras substâncias concomitantemente. Toda essa

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avaliação pode ser feita aplicando -se um método clínico bem estruturado e

habilidade profissional (CORRER & OTUKI, 2011). A prática clínica do farmacêutico

não é restrita ao sistema privado de atendimento, deve ser estendida as unidades de

saúde pública criando vínculos entre profissionais e pacientes, contribuindo para

otimização do tratamento e prevenindo agravos (BOVO, et al., 2009; CFF, 2016).

Para um melhor esclarecimento dos riscos e benefícios das terapias de

reposição hormonal (TRH) em mulheres na fase pós-menopausa torna-se

necessário reunir mais estudos que contenham informações baseadas em

pesquisas clínicas sobre os benefícios e complicações em mulheres que estão

nesse período e uti lizam algum tipo de terapia hormonal. A importância de um

estudo sobre o uso de TRH em mulheres no período pós-menopausa e atuação do

farmacêutico na otimização da farmacoterapia é bastante relevante uma vez que

ainda são escassas as informações acerca do reconhecimento desse profissional na

intervenção em busca de uma melhor qualidade de vida na fase pós-menopausa.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Investigar os prós e contras do uso da terapia de reposição hormonal e

fitoestrógenos na fase pós-menopausa e papel do farmacêutico na orientação

clínica.

2.2 Objetivos específicos

Fazer comparação dos benefícios e riscos em mulheres no período pós -

menopausa que utilizam a terapia de reposição hormonal.

Correlacionar os efeitos das terapias hormonais com as doses e vias de

administração.

Fazer análise de possíveis reações adversas com o uso de terapias

hormonais.

Buscar informações sobre a importância da atenção farmacêutica na

otimização da farmacoterapia.

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12

3 METODOLOGIA

Tipo de estudo

O trabalho consiste em uma revisão de literatura. Este estudo divide-se

basicamente em duas pesquisas.

(Pesquisa 1): “Relação entre terapia de reposição hormonal e pós-

menopausa”

A pesquisa foi direcionada a estudos de ensaios clínicos randomizados

comparados com placebo ou outro tratamento hormonal.

(Pesquisa 2): “Atenção farmacêutica no cuidado a pacientes na pós-

menopausa e uso de terapia de reposição hormonal”

Foi realizada uma pesquisa com relação à atenção farmacêutica no período pós-

menopausa e/ou uso de alguma terapia de reposição hormonal, sem nenhum critério

de exclusão, salvo duplicação de estudos.

Critérios de inclusão (Pesquisa 1)

Para a relação entre terapia hormonal e pós-menopausa, foram incluídos

artigos baseados em ensaios clínicos randomizados publicados entre 2013 a 2017,

que apresentavam resultados do uso de terapia hormonal na pós -menopausa e

informavam o tipo de hormônio, dose, frequência e tempo de tratamento.

Critérios de exclusão (Pesquisa 1)

Foram excluídos artigos duplicados, estudos que não sejam randomizados

com placebo ou grupo controle, os que apresentaram outros tipos de terapias ou

suplementação que não seja hormonal, estudos baseados em ensaios in vitro ou

animal, teses, dissertações, revisões de literatura, textos incompletos.

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Fontes de informação e estratégias de busca

Foi feita a busca dos descritores no MeSH e DeCS para uti lização no PubMed e

bases de dados Scopus, Scielo e Web of Science, através do portal CAPES. No

cruzamento das palavras foram utilizados os operadores booleanos (“AND”, “OR”)

para intensificar as várias combinações. Os descritores utilizados foram:

Postmenopause (Pós-menopausa)

Hormone Replacement Therapy (Terapia de reposição hormonal)

Estrogen Replacement Therapy (Terapia de reposição hormonal na pós -

menopausa)

Phytoestrogens (Fitoestrógenos)

Pharmaceutical Care (Atenção farmacêutica)

No geral, para a (Pesquisa 1), em todas as bases de dados foram selecionados

os limites ano (2013 a 2017) e idioma: (inglês e português). No Pubmed foram

acrescentados limites quanto ao tipo de estudo (ensaios clínicos randomizados

controlados) e sexo (feminino). Na Web Of Science e Scopus foram acrescentados o

limite de acesso aberto. Para a estratégia da (Pesquisa 2), foi utilizado apenas o

limite de idioma: inglês/português em todas as bases de dados e o limite subárea:

farmacologia/toxicologia/farmacêutica na base de dados Scopus. A tabela abaixo

mostra como foram utilizadas as estratégias de busca em cada base de dados:

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Quadro 1. Estratégias de busca de acordo cada base de dados.

Bases de dados Estratégia (Pesquisa1) Estratégia (Pesquisa 2)

PUBMED

“Postmenopause" AND ("Estrogen

Replacement Therapy/adverse effects"[Mesh] OR "Estrogen Replacement

Therapy/classification"[Mesh] OR "Estrogen Replacement Therapy/pharmacology"[Mesh] OR

"Estrogen Replacement Therapy/therapeutic use"[Mesh] OR "Phytoestrogens/adverse

effects"[Mesh] OR "Phytoestrogens/classification"[Mesh] OR

"Phytoestrogens/pharmacology"[Mesh] OR "Phytoestrogens/therapeutic use"[Mesh] )

("Pharmaceutical care") AND

("Postmenopause" OR "Hormone replacement therapy" OR "Estrogen

replacement therapy" OR "Phytoestrogens")

SCIELO

“Postmenopause" AND ("Estrogen replacement therapy" OR "Hormone

replacement therapy" OR “Phytoestrogens”)

("Pharmaceutical care") AND ("Postmenopause" OR

"Hormone replacement therapy" OR "Estrogen replacement therapy" OR

"Phytoestrogens")

WEB OF SCIENCE

TS=(("postmenopause" AND ("Estrogen replacement therapy" OR "Hormone replacement therapy" OR

"Phytoestrogens")))

TS=(("Pharmaceutical Care" AND ("Postmenopause" OR "Estrogen replacement

therapy" OR "Hormone replacement therapy" OR "Phytoestrogens")))

SCOPUS

("Postmenopause" AND ("Estrogen replacement therapy" OR "Hormone

replacement therapy" OR “Phytoestrogens”))

("Pharmaceutical care") AND ("Postmenopause" OR

"Hormone replacement therapy" OR "Estrogen replacement therapy" OR

"Phytoestrogens")

Após a busca, os artigos foram selecionados e exportados para o software

Mendeley, ferramenta utilizada na exclusão dos artigos duplicados e extração de

dados. Feito isto, os artigos foram analisados seguindo a ordem: Título, resumo e

metodologia. Dos artigos selecionados para leitura completa, aqueles considerados

elegíveis segundo os critérios de inclusão foram avaliados para extração dos dados

correspondentes a autor, ano de publicação, quantidade, característica e idade dos

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participantes, intervenção, objetivo, dosagem/frequência e tempo de tratamento. A

discussão foi realizada por análise crítica dos resultados encontrados.

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4 RESULTADOS

4.1 Seleção dos estudos

Foram recuperados 13.776 registros no total, os quais foram separados por

limites de cada pesquisa de acordo as respectivas bases de dados. Ao final, 16

contemplaram os critérios de inclusão e exclusão previamente determinados: 10

para a (Pesquisa 1) e 6 para (Pesquisa 2). Dos artigos elegíveis o idioma

predominante foi a língua inglesa. A figura 1 e tabelas abaixo mostram o resultado

da quantidade total de registros encontrados em cada banco de dados, a quantidade

restante após aplicação dos limites e as etapas de seleção de todos os artigos.

Pesquisa 1

A B

C D

Figura 1. Processo de seleção nos bancos de dados, em que A- representa a

seleção no Pubmed, B- seleção no Scopus, C- seleção no Scielo, D- seleção no

Web of Science.

1.296 artigos encontrados

171 entre 2013-2017

166 em inglês português

31 ensaios clínicos randomizados

11. 869 artigos encontrados

1.162 entre 2013-2017

783 em inglês e português 55 de acesso

livre

33 nas subáreas Medicina e

Farmacologia/toxicologia

30 artigos encontrados

4 entre 2013-2017

3 inglês e português

565 artigos encontrados

90 entre 2013 -2017

84 em ingês e português

25 de acesso livre

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Pesquisa 2

Figura 2. Reprodução da quantidade de registros encontrados para (Pesquisa 2).

Total=42

Pubmed=8 Scielo=2 Web of science=5 Scopus=27

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Figura 3. Fluxograma sobre a seleção, critérios de exclusão e elegibilidade dos

artigos (Pesquisa 1).

Total de registros exportados para o

Mendeley = 134

Registros duplicados = 5

Artigos a serem rastreados = 129

Artigos excluídos pela leitura do título, resumo ou

metodologia = 102

Não relacionados com o tema: 43

Não randomizados ou sem intervenção com TH:

24

Associação de TRH com exercícios ou

suplementações: 9

In vitro ou ratos: 10

Não especifica período: 3

Não abre ou incompleto: 6

Duplamente publicados: 7

Artigos selecionados para

leitura completa = 27

Estudos incluídos = 16

Artigos excluídos após leitura completa = 11

Confuso: 5

Sem desfecho de interesse: 6

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Tabela 1. Informações sobre autor, número de participantes, características, desfecho, idade, tipo de (TRH), via de

administração, dosagem, frequência e tempo de tratamento (Pesquisa 1).

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4.2 Efeitos do uso das terapias de reposição hormonal

Dos estudos incluídos nesta revisão, 80% apresentaram apenas resultados

benéficos ou ausência de riscos relacionado ao uso da TH durante o tratamento, ao

passo que em 20% houve o surgimento de algumas complicações graves.

Gráfico 1. Estudos com resultados somente benéficos x Estudos que apresentaram

eventos adversos.

4.2.1 Efeitos vasculares

Considerando os resultados obtidos nesta revisão, dois artigos: Akman, et al.

(2013) e Hodis, et al. (2016) relataram melhora na função endotelial em mulheres na

pós-menopausa. Segundo Akman, et al. (2013), através do exame de

ultrassonografia da artéria braquial direita e ao utilizar dinitrato de isossorbida, como

medida de avaliação da vasomotricidade dependente do endotélio, observou-se que

mulheres que foram randomizadas para receberem CEE e raloxifeno, apresentaram

uma maior dilatação da arterial braquial comparado aos demais grupo de tratamento

e grupo controle.

Os grupos: CEE + MPA e tibolona, não apresentaram aumento significativo na

febre ao final do tratamento. Comparando o aumento febril entre as que usaram E2

e raloxifeno, os valores foram maiores no grupo de estrogênio em comparação com

grupo de raloxifeno (25,8% versus 11%) após os 6 meses de tratamento (AKMAN, et

al., 2013).

Benefícios

Reações adversas

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No estudo de Hodis, et al. (2016), foram observadas diferenças significativas

(p=0,007) entre o grupo na pós-menopausa precoce (137 participantes) e grupo na

pós-menopausa tardia que receberam a terapia hormonal (186 participantes).

Aqueles que estavam na pós-menopausa precoce (3,5 anos desde a menopausa),

tiveram uma menor taxa de variação de progressão da aterosclerose quando

comparados ao grupo placebo e pós -menopausa tardia (14,4 anos desde a

menopausa).

Nas mulheres em pós-menopausa tardia, no entanto, a taxa de progressão de

aterosclerose do grupo estradiol + gel progesterona foi semelhante ao grupo placebo

(diferença, 0,0012 milímetros por ano). As medidas de tomografia computadorizada

cardíaca (TC), não diferiram significativamente entre os grupos placebo e grupos

que receberam estradiol (HODIS, et al., 2016).

4.2.2 Cognição e humor

De acordo estudo de Gleason, et al. (2015), não teve melhora no desempenho

cognitivo das pacientes para as quais foi utilizada a terapia hormonal EEC-o + mPA

ou E2-t + mPA. Já no resultado do Perfil dos Estados do Humor (POMS), os

resultados foram significantivos e as mulheres que utlizaram o EEC-o tiveram

melhorias quanto a ansiedade, tensão e depressão quando comparadas as que

utilizaram placebo. Com relação ao grupo que recebeu E2-t, não houve diferença em

relação ao grupo placebo.

O estudo de Evans, et al. (2017), utilizando a ultrassonografia com Doppler

transcraniano (DTC) ao avaliar a função hemodinâmica cerebral com o uso do

fitoestrógeno resveratrol, encontrou valores significativos quanto a melhoria no

desempenho cognitivo e memória verbal. Para a função cerebrovascular, foi relatada

uma melhoria na resposta cerebrovascular do grupo de tratamento comparado ao

placebo. Já para a velocidade média do fluxo sanguíneo cerebral e índice de

pulsatilidade não houve diferença quando comparado ao resultado do grupo

placebo. A ansiedade foi reduzida com a suplementação de resveratrol.

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22

4.2.3 Efeitos no sistema geniturinário

No estudo de Suwanvesh, et al. (2016), através do método Papanicolau para

avaliação do índice de maturação vaginal, observou-se um aumento na maturação

do epitélio vaginal após as 12 semanas com EEC. Esse aumento foi maior no grupo

EEC que para Pueraria mirifica. Já na avaliação da saúde vaginal, detectada pela

quantidade de bactérias lactobacillus presente em corrimentos vaginais, houve um

maior efeito benéfico no grupo que recebeu Pueraria, em comparação ao grupo

(EEC). Ao final das 12 semanas, foram relatados benefícios na secura vaginal, dor,

irritação e descarga anormal em ambos os grupos, não tendo diferença significativa

após o tratamento com CEE e Pueraria.

No estudo de Lima, et al. (2014), a formulação em gel de Glycine max (L) 4%

aumentou a maturação do epitélio vaginal além de diminuir a secura vaginal após

quatro semanas de uso. O estudo não revelou diferenças na espessura do

endométrio. Após 12 semanas o valor de maturação epitelial foi de 58,5% para

82,6% no grupo isoflavona e de 73,4% a 83,7% no placebo. O valor de pH médio

para grupo que utilizou Glycine max (L) foi de 7,1 no início do tratamento e 5,4 após

tratamento.

4.2.4 Efeitos vasomotores

De acordo estudo de Chen, et al. (2016), existe uma forte correlação entre a

duração do uso do fitoestrógeno Femarelle e a diminuição da frequência dos

sintomas vasomotores. A partir de questionários baseados no manual de saúde das

mulheres, projetado pela administração de Promoção da Saúde e Bem Estar – MS,

Executive Yuan em 2013, os pontos atribuídos pelos participantes em estudo, na

escala para fogachos, sintomas psicológicos, somáticos e sintomas na área sexual,

foram diminuídos de forma significativa.

No estudo de Lee, et al. (2017), o tratamento com isoflavonas 70mg (38,0 mg

de glicitina, 20 mg daidzeína, e 12,4 mg de genisteina), diminuiu as ondas de calor /

afrontamentos, porém essas diferenças não foram significativas quando comparados

os resultados com o grupo placebo. Levando em consideração os sintomas

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vasomotores, psicossociais, físicos, e sexuais pelo questionário (MENQOL) a

pontuação foi menor para o grupo isoflavona que placebo.

Os achados do estudo de Bitto, et al. (2016) sobre a relação nos níveis de

visfatina medido através do ensaio ELISA, em mulheres com síndrome metabólica,

revelou que a genisteína melhora nos sintomas de onda de calor através da

diminuição dos níveis de adipocina inflamatória e os valores foram inversamente

dependentes da idade. A redução significativa dos sintomas de onda de calor

também foi vista no estudo de Gleason, et al. (2015), em que as mulheres

selecionadas para tomarem EEC-o e E2-t demonstraram uma diminuição comparada

ao controle.

4.2.5 Efeitos no tecido ósseo

No estudo de Lee, et al. (2017), os níveis séricos de osteocalcina e fosfatase

alcalina utilizados como marcadores de formação óssea no soro das pacientes,

foram aumentados no grupo isoflavonas 70 mg (38,0 mg de glicitina, 20 mg

daidzeína, e 12,4 mg de genisteína) em compraração com o grupo placebo. Já para

os marcadores de reabsorção óssea, o uso de isoflavona não provocou alteração

durante tratamento.

4.2.6 Segurança sobre risco de câncer endometrial

Segundo resultados obtidos de estudos pelo Women's Health Initiative (WHI),

relatados por Chlewboski et al. (2016), o risco associado ao câncer endometrial foi

reduzido nas mulheres que utilizaram a terapia hormonal combinada (estrogênio +

progestina) em relação aos observados no grupo placebo (65 versus 95 pacientes).

Foi relatada também uma maior incidência de câncer endometrial quando o

consumo ao término de tratamento foi menor que 80% dos comprimidos, indicando

que o maior consumo das TH não teve relação com o surgimento de neoplasia

endometrial.

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24

4.2.7 Reações adversas

Dois estudos relataram a presença de eventos adversos graves durante a

intervenção. No estudo de Gleason et al. (2015), ocorreram 63 eventos adversos

graves em 56 mulheres, 21 pertencentes ao grupo que utilizou EEC, 17 para o grupo

E2-t, e 18 para o grupo do placebo. Também ocorreram seis casos de câncer de

mama (três no grupo EEC, duas no grupo E2-t, e um no grupo placebo). No grupo

EEC, uma mulher sofreu um ataque isquêmico. Dois casos de trombose ocorreram

(um no grupo E2-t e um no grupo placebo).

Já em relação aos resultados do estudo de Hodis, et al. (2016) eventos

adversos graves ocorreram em 45 mulheres que foram selecionadas para receber

placebo e em 43 mulheres que foram selecionadas para receber estradiol. Os

eventos adversos foram câncer de mama (8 mulheres que receberam placebo e 10

mulheres que receberam estradiol), Não diferindo em nenhum desses estudos a

frequência de eventos para o grupo p lacebo e estradiol. Também foram encontrados

eventos de náusea, distensão abdominal, dor de cabeça no uso de fitoestrógenos, o

principal evento tem sido relatado como desconforto gastrintestinal (Chen, et al.,

2015).

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Quadro 1. Informações das características dos participantes, instrumento de avaliação e/ou

intervenção e objetivo do estudo (Pesquisa 2).

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4.3 Atenção farmacêutica na pós-menopausa e/ou Terapia hormonal

4.3.1 Terapias e associações mais utilizadas

De acordo um estudo por Heilman, et al. (2012), os bisfosfonatos foram as

mais comuns entre as prescrições no tratamento de fraturas em mulheres com

osteoporose (93% no grupo que participou do serviço baseado em farmácia clínica e

89% no grupo de comparação). No grupo participante do serviço, a terapia com

calcitonina foi iniciada em 4% das mulheres, o raloxifeno foi iniciado em 2% e o

estrogênio foi iniciado em 1% das pacientes em ambos os grupos.

No estudo de Alucema et al. (2015), durante a monitorização da

farmacoterapia determinou-se que 55% dos pacientes usavam a TRH combinada.

Do restante, 34% usavam somente estrogênio e 11% somente progesterona. Das

55% que utilizavam TRH, apenas 11% utilizam estrogênio combinado +

progesterona, 37% utilizava a associação de estradiol + drospirenona e 33% usavam

estradiol + dianogest. Com relação ao tempo de tratamento, 63% das 98 mulheres

entrevistadas faziam uso da TRH a um ano, 16% faziam uso de 1 -4 anos e 15% ia

usar pela primeira vez e 5% das pacientes tinham uso indicado por mais de 5 anos.

4.3.2 Adesão ao tratamento

De acordo a pesquisa de Soda, et al., (2014), ao avaliar o conhecimento das

participantes no estudo através da aplicação de questionário, 70% das 37 mulheres

participantes do estudo (idade média de 51,7 ± 3,6 anos), não utilizaram o gel

estradiol (Divigel® 1 mg) como prescrito e tinham dúvidas sobre os locais em quais o

gel deveria ser aplicado.

Segundo Heilman, et al., (2012), o uso de um serviço de gestão de

osteoporose baseado em farmácia clínica resultou em maior adesão ao tratamento

inicial de mulheres com fraturas recentes, 65% comparado a 46% que não

participaram do serviço. Para os pacientes que fizeram uso contínuo durante 12

meses, a adesão medicamentosa também foi significativamente mais elevada.

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4.3.3 Problemas relacionados a medicamento (PRM)

Dos 98 participantes do estudo de Alucema et al. (2015), 63% das mulheres

apresentaram algum problema relacionado a medicamento (PRM), dos quais o mais

comum era PRM 5 "efeito indesejável" com 32 casos detectados (52%), seguido do

PRM o 7 "produto não disponível" 10 casos (16%) e PRM 2 "ausência de indicação

médica" oito casos (13%). Outros PRMs estavam em 10%. A maioria dos PRMs foi

de possível resolução “Farmacêutico-Paciente” (73%), seguido por "Farmacêutico-

Médico" (23%) e “Paciente-Médico” (4%).

Segundo Lai, et al. (2011) um número x de participantes apresentaram

eventos adversos com uso de bifosfonatos e 1 participante recusou a iniciar o

tratamento por medo dos efeitos adversos. Após a garantia pelo farmacêutico que

estes efeitos seriam transitórios, o tratamento foi retomado e os pacientes tiveram

satisfação com os resultados. Alguns dos eventos adversos foram: falta de efeito,

tratamento desnecessário, não indicação do uso.

4.3.4 Despesas com medicamentos

O uso de medicamentos no tratamento da osteoporose foi fortemente

relacionado no estudo de Brandão, et al. (2013), com a elevação dos custos

mensais. Foram coletados dados do Programa de Medicamentos excepcionais do

Ministério da Saúde (PME / MS), através do qual foram fornecidos inicialmente os

medicamentos entre 2000 e 2016.

Essa elevação de custos teve maior impacto nas mulheres após 50 anos, em

que a população estudada (72,265 mulheres) estava na idade entre 60 a 69 anos e

o medicamento mais utilizado foi o alendronato de sódio (57,0%), seguido de

calcitonina sintética de salmão (24,6%) e raloxifeno (15,6%). O valor per capita de

despesas em reais mensalmente variaram entre R$0,04 a R$4.567,55.

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5 DISCUSSÃO

De modo geral, os estudos reunidos para (Pesquisa 1), mostraram pouca

relação do uso de TH com riscos, no entanto os resultados podem ter sido

subestimados pela pequena população e curto prazo de tratamento para a maioria

dos estudos que mostraram benefícios associados sem notáveis reações adversas

(80%). Deve-se considerar a ocorrência de eventos adversos graves nos estudo

com maior tempo de duração como o de Gleason, et al. (2015), e Hodis, et al.

(2016), embora a quantidade desses eventos não obtiveram tamanha discrepância

quando comparados nos demais grupos controle. No entanto, como nenhum outro

estudo avaliou positivamente a segurança em longo prazo de uso, prevalece a

recomendação para uma menor dose, em curto prazo de tratamento (SPG, 2016).

Dependendo dos cuidados com relação a tratamentos de reposição hormonal,

estilo de vida adotado e fatores genéticos, os sintomas e aparecimento de

complicações na pós-menopausa são muito variáveis em cada mulher. Na meia

idade a mulher está sujeita à presença de sinais e sintomas indesejáveis como:

fogachos, atrofia no sistema urogenital, incontinência urinária, perda da densidade

óssea, entre outros. Além disso, fica muito vulnerável ao acometimento de doenças

cardiovasculares, obesidade, osteoporose e diabetes mellitus pela perda da

proteção exercida por hormônios endógenos, principalmente o estrogênio que tem

importantes funções em vários tecidos (BRASIL, 2008; KRONEMBERG, et al., 2010;

VILAR, et al., 2016).

Vários benefícios têm sido associados ao uso de estradiol no sistema

cardiovascular e prevenção da aterosclerose, isso pode ser explicado pelos vários

efeitos no perfil lipídico, atividade antioxidante, fibrinólise aumentada e uma série de

ações no endotélio (TOSTES, et al., 2003). Da mesma forma o resveratrol

modulador do receptor de estrógeno e fitoestrógenos em geral, também tem suas

atividades antioxidantes. Alguns estudos indicam que os efeitos do resveratrol são

mediados através do óxido nítrico, isso explica o modo como o resveratrol em um

dos estudos influenciou na melhora da cognição, ao exercer função vasodilatadora

melhorou a perfusão cerebral, influenciando também o estado de humor (TSAI, et

al., 2007).

Com relação à semelhança de efeito da formulação transdérmica e placebo

em um dos estudos sobre a cognição, não se sabe exatamente o motivo pelo qual

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(E2-t) não diferenciou do grupo placebo, uma vez que alguns estudos utilizando a

mesma dosagem demonstraram que o estradiol transdérmico teve efeitos favoráveis

no aumento das habilidades cognitivas mesmo quando administrado em mulheres

mais velhas (WHARTON, et al., 2011). Um estudo afirma não haver benefícios na

função cognitiva com o uso de (E2-t), porém a dosagem no mesmo foi bem menor

que a relatada no estudo de Gleason, et al., (2015). A formulação transdérmica é

muitas vezes preferível pelo baixo risco para eventos trombóticos quando

comparada a formulação de estrogênio oral (WHARTON, et al., 2011; YAFFE, et al.,

2006).

Um resultado interessante do estudo de Akman, et al., (2013), foi que o efeito

vasodilatador do estrogênio sozinho foi maior do que quando associado à

medroxiprogesterona (MPA). Este efeito pode ser explicado pelas características da

MPA sintética como discutido no próprio estudo, que a MPA sintética quando

comparada a progesterona natural, possui atividade andrógena e glicocorticoide que

pode neutralizar efeitos do estradiol, Contudo, não foi encontrada no período da

revisão de literatura uma relação mais esclarecedora sobre essa interação. A

associação de estrógenos com progestágenos sintéticos também chamados

progestinas é recomendada para mulheres com o útero intacto (PARDINI, 2014;

VILAR, et al., 2016)

Sobre os esquemas de dosagens, na maioria dos estudos foi utilizada a

associação de progestinas em mulheres com útero intacto para proteção do

endométrio. Foram utilizadas doses padrão das terapias convencionais, com

exceção do estudo de Gleason, et al. (2015), e Hodis, et al. (2016) que utilizaram

uma dosagem considerada “baixa” de EEC e 17β-estradiol, respectivamente Quanto

aos fitoestrógenos não foram encontradas doses mínimas, padrão ou máximas, o

que dificultou na comparação da avaliação da dose usual com a relatada nos

estudos (SPG, 2016). . Apesar de o uso desses fitormônios demonstrar poucos

riscos à saúde, seus impactos ainda não são bem estabelecidos (HEATHER &

WENDY, 2010; POLUZZI, et al., 2014; SUNITA & PATTANAYAK, 2011).

A não ocorrência de câncer endometrial no estudo de uso combinado de CEE

+ Mpa, se correlaciona com vários resultados, apontando efeito protetor da

progesterona sobre o endométrio. A hipótese da proteção exercida pela

progesterona é dada pela sua ação via receptor do estroma para se opor ao efeito

carcinogênico do E2 ( KIM, et al., 2013). Com relação aos ataques isquêmicos e

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outras ocorrências cardiovasculares, é necessário cautela, pois existe uma

associação clara entre os níveis de estradiol e os resultados do AVC, embora isso

não implique causalidade, pois efeitos mais desfavoráveis vistos em mulheres que

apresentam níveis mais altos de estradiol podem não ser um efeito biológico direto,

mas simplesmente reflexo de tamanhos maiores de lesão (MAWANI, et al., 2012).

Resultados satisfatórios têm sido obtidos com o uso de fitoestrógenos. A

maioria dos sinais e sintomas vasomotores e geniturinários tem respondido bem ao

tratamento com fitoestrógenos. Porém uma das limitações, foi o curto prazo de

tratamento, tendo como estudo com tempo de intervenção relativamente maior o de

Bitto et al., 2017, de (1 ano). Em todos os estudos que avaliam sintomas

vasomotores um dos maiores riscos de vieses pode ser retratada como avaliação

subjetiva dos sinais e sintomas. Contudo, fica evidente que alternativa de tratamento

com fitoestrógenos para as mulheres que sofrem com esses desconfortos é benéfica

uma vez que o risco-benefício pode ser compensatório.

Com relação aos sinais e sintomas geniturinários: secura vaginal, dor, irritação

e descarga anormal pode se considerar a diferença na formulação farmacêutica -

tratamento com CEE creme apresentou um maior benefício que Pueraria murifica gel

isso pode ser devido a própria ação ou sua formulação composta por mais ativos

hidratantes, como visto também no estudo de Lima, et al., (2014) que o gel

isoflavona teve efeito comparado ao gel placebo, isto indica que este último, pode ter

tido também efeitos positivos devido a adição de compostos mais hidratantes.

Como esperado, o numero de artigos encontrados para (Pesquisa 2) do

presente estudo foi muito reduzido, essa redução de publicações foi evidenciada em

todos os países. A importância da atenção farmacêutica ainda é pouco discutida

quando relacionada ao uso de TRH na pós-menopausa. Nos estudos da

encontrados, o problema relacionado a medicamentos mais relatado é o PRM 5

“efeito indesejável”. Problemas relacionado a administração também foram

detectados. Esses eventos podem ocorrer diariamente em pacientes que utilizam

terapia de reposição hormonal resultando a não adesão do paciente ao tratamento

bem como a ocorrência de reações adversas (RAM).

O serviço de farmácia clínica voltados a cuidados à osteoporose em mulheres

com fraturas recentes em um dos estudos tem sido de grande valia para detecção

de problemas enfrentados por mulheres na pós -menopausa, já que a osteoporose é

uma das doenças que mais acometem mulheres nesse período. Daí uma

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perspectiva ampla de atuação do farmacêutico na prevenção de fraturas em

mulheres na fase pós-menopausa. É necessário rastrear a da idade, frequência,

administração, dosagem e tempo de uso e tipo de fármaco em pacientes na pós -

menopausa que utilizam algum tipo de terapia para osteoporose (LAI, et al., 2011).

Cuidados no manejo da terapia uti lizada por mulheres osteoporóticas na pós -

menopausa é de grande valia porque apesar da (TRH) poder ser considerada como

uma terapia de primeira linha na prevenção e tratamento de fraturas relacionadas à

osteoporose e aumentar a densidade mineral óssea em todos locais do esqueleto,

não tem recomendação para mulheres de 60 anos ou mais que a utilizam no intuito

apenas de prevenir fraturas, uma vez que estudos comprovam riscos em longo

prazo (GAMBACCIANI, et al., 2014; CRANNEY, et al., 2002).

Embora já relatados vários estudos sobre a necessidade de acompanhamento

farmacêutico para minimizar falhas na adesão ao tratamento com medicamento em

geral, sabe-se que há muitas dificuldades na prática da atenção farmacêutica, a

saber: a falta aprimoramento de conhecimentos por alguns profissionais, Pouco ou

nenhum incentivo por parte de instituições de ensino ou próprio ambiente de

trabalho, sobrecarga de serviços, falta de divulgação para a sociedade do papel

profissional do farmacêutico, entre outros inúmeros obstáculos que espera -se serem

superados com resultados positivos dos serviços prestados por profissionais

qualificados (BERNARDI, et al., 2014; SILVA & PRANDO, 2004; NASCIMENTO &

TOLEDO, 2013).

Uma melhora no conhecimento e adesão das participantes tem sido relatada

em 5 dos 6 estudos da (Pesquisa 2) após uma orientação dada pelo farmacêutico.

Nota-se então que a importância desse profissional no cuidado da paciente na fase

pós-menopausa é de fundamental importância em otimizar a farmacoterapia e

promover melhorias na qualidade de vida das mulheres que estão nessa fase de

vida. Outro fator a ser beneficiado com a assistência prestada pelo farmacêutico é a

diminuição de gastos desnecessários também através da promoção do uso racional

de medicamentos.

As dúvidas em boa parte das mulheres sobre quais medicamentos utilizar para

tratar os sintomas decorrentes da diminuição dos hormônios podem levar a erros de

medicação. Da mesma forma, as dúvidas sobre os efeitos colaterais e eficácia dos

medicamentos podem levá-las a falha na adesão ao tratamento e insucesso

terapêutico. De fato, o uso de hormônios sintéticos em dosagens e frequências

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elevadas contribui para o surgimento de complicações graves de curto a longo

prazo. A atenção farmacêutica surge nesse contexto como uma ferramenta de

auxílio na identificação e resolução de problemas relacionados a medicamentos

prevenindo os agravos que possam surgir durante todo o tratamento (CHUA, et al.,

2012; OPAS/OMS, 2013). É indispensável, porém, que haja um acompanhamento

médico para monitorização clínica do tratamento e prevenção de agravos (BRASIL,

2008; MANSON, et al., 2013;).

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6 CONCLUSAO

Comparando os efeitos benéficos com os riscos no uso de terapias hormonais

na pós-menopausa, estes primeiros têm sido superiores. Os efeitos benéficos mais

pronunciados tem sido com relação a cognição, sistema vascular, sinais/sintomas

vasomotores e geniturinários e tecido ósseo e as vias de administração foram

variáveis entre via oral, vaginal e transdérmica em dosagens não acima da dose

padrão recomendada. Reações adversas graves não demonstraram tem sido

associadas ao uso de estrógenos.

Os estudos demonstraram a importância da atenção farmacêutica na

otimização da farmacoterapia e consequentemente promoção do uso racional da

terapia de reposição hormonal. Intervenções relacionadas à atenção farmacêutica

tem sido relatadas nos estudos apresentando resultados positivos na detecção de

(PRMs), maior adesão ao tratamento e promoção do conhecimento para as

mulheres que utilizam terapias hormonais além de ajudar na redução dos gastos

com uso de medicamentos para osteoporose o que poderia ser solucionado com

uma implementação de assistência farmacêutica adequada.

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7 REFERÊNCIAS

ALBINI, A. et al. Exogenous hormonal regulation in breast cancer cells by

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