provas em espÉcie

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Page 1: PROVAS EM ESPÉCIE

PROVAS EM ESPÉCIE

Introdução:

As provas são o meio pelo qual as partes (autor e réu) tornam verdadeiras as suas alegações fáticas, influenciando assim no convencimento do magistrado, uma vez que este é único destinatário das provas produzidas no processo, pois, o papel do juiz no sistema processual brasileiro é o de persegui a verdade real, verdade esta que obrigatoriamente tem que se extraída dos elementos presentes nos autos ficando consignado que o sistema de valoração de provas brasileiro adotou sistema da persuasão racional.

Os fatos são o objeto das provas haja vista somente estes precisem ser provados, as questões jurídicas são divididas em de direito e de fato, a primeira a sua simples existência é elemento probatório, já a segunda deve ser provada por não ter sido criada objetivamente, no entanto, somente precisaram ser provados os fatos que sustentam o direito do autor do réu, ou seja, os fatos relevantes e que haja conflito quando existência ou não desse fato, bem como o modo como este se deu.

Tema que deve ser sempre abordado ao se falar sobre provas é o ônus de provar, uma vez que, ninguém é obrigado a provar o que alega, tem sim àquele que alega o ônus de prova-lo, pois, se não prova sua alegação essa será reputada inexistente, o ônus de provar vem a ser “a necessidade de provar para vencer a causa”.

Quem deve provar? A resposta a presente pergunta parece obvia, aquele que alega, deve provar, todavia, deve-se ter em mente o conteúdo da alegação principalmente quando feitas pelo réu, o réu pode se valer da defesa de mérito, que por sua vez, divide-se em duas, direta e a indireta, se o réu usa a defesa de mérito direta não precisara provar suas alegações, no entanto, se faz uso da defesa de mérito indireta, alegando fato extintivo, modificativo ou impeditivo de direito devera provar suas alegações, ao autor é dado o ônus de provar os fatos que constituem o seu direito.

Todo fato alegado necessita ser provado? O ordenamento processual pátrio elenca alguns fatos que não necessitam de provas, os quais são: os notórios, os afirmados por uma parte e confessados pela parte contraria, os admitidos, no processo, processo como incontroversos, e por fim aquele em cujo favor milita a presunção legal da existência ou veracidade.

O direito brasileiro é signatário do principio do livre convencimento motivado por isso, os meios de prova não se esgotam, no código, podendo ainda qualquer das partes fazer uso de qualquer meio moralmente legítimo, nosso sistema somente veda as provas obtidas por meio ilícito, esta é inclusive uma vedação constitucional.

Para finalizar essa breve exposição sobre a teoria geral das provas fica a seguinte frase “provar é estabelecer a existência da verdade, e as provas são os diversos meios pelos quais o conhecimento leva ao descobrimento da verdade”.

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Do depoimento pessoal:

ASPECTOS GERAIS

Este é o meio de prova destinado a realizar o interrogatório da parte, no curso do processo.

Podem ser depoentes tanto o autor como o réu, todos devem se submeter ao ônus de comparecer em juízo e responder o que lhe for perguntado pelo juiz, tal prova pode ser requerida por qualquer das partes quando requerida por estas o momento da ouvida do depoente será a audiência de instrução e julgamento (art. 343), podendo ser tomado antes nos casos de urgência, quando qualquer das partes estiver com enfermidade grave, fizer viagem a outro país em suma, pelos motivos que elenca o art. 847 do CPC, como também pode ser requerida pelo juiz em qualquer estado do processo, para que compareça para ser interrogada, sobre os fatos da causa (art. 342), tal meio de prova tem a finalidade tanto de esclarecer os fatos discutidos na causa, como obter eventual convicção da parte.

CONSEQUÊNCIAS DE NÃO PRESTAR O DEPOIMENTO PESSOAL

A parte intimada tem a incumbência de comparecer em juízo e prestar o depoimento pessoal, respondendo, sem evasivas, ao que lhe for perguntado pelo juiz.

Se a parte não comparece, ou, comparecendo se recusa a depor, ou ainda depõe de forma evasiva, ou seja, fugindo das perguntas, este arcara com as consequências de sua conduta, assim o juiz aplicara aquele que proceder das maneiras acima listadas, a pena de confissão (art. 343, §2º), tal pena consiste em admitir como verdadeiros todos os fatos que seriam perguntados a parte, ou que foram perguntados e não respondidos ou respondido de modo evasivo pela parte, todavia, tal pena somente poderá ser imposta quando o depoente for intimado pessoalmente com a advertência expressa da referida pena (art. 343 § 1º), assim se tais fatos forem suficientes para o acolhimento do pedido do autor, poderá o juiz dispensar as demais provas e passar ao julgamento da causa, também se procede se depoente for o autor e este não comparecer ou comparecendo não responder ao que lhe for perguntado pelo juiz, o juiz poderá extinguir o processo com resolução de mérito, indeferindo o pedido do autor, toda vez que a parte sem motivo justificado deixar de depor ou depor de modo evasivo o juiz declarará na sentença que houve recusa de depor (art. 345).

Obs: contudo a parte não terá sequer o ônus de depor, quando tiver ela um justo motivo para a recusa, assim qualquer das partes não será obrigada a depor sobre fatos: Criminosos ou torpes, que lhe forem imputados, ou a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.

No entanto, mesmo referente, a estes fatos acima elencados a parte terá o ônus de depor quando a ação versar dobre, filiação, separação judicial e anulação de casamento. (art. 347, I e II, paragrafo único).

LEGITIMIDADE PARA DEPOR

O depoimento pessoal é ato personalíssimo, ou seja, somente poderão presta-lo aquele que for parte no processo, assim, nem mesmo um procurador com poderes expressos, pode prestá-lo em nome da parte, aqueles que se situam no âmbito da intervenção de terceiros e os litisconsortes também poderão prestá-lo.

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OBEJETO DO DEPOIMENTO

Seu objeto como o de qualquer prova são os fatos controvertidos do processo, assim todos os fatos que constituem o direito de um ou de outro desde que controversos podem ser objetos do depoimento pessoal, certo é que o depoimento somente é aproveitado pela parte contraria, pois, aquilo que o depoente disser a seu favor de nada valera como prova.

PROCEDIMENTO

O procedimento para a ouvida do depoimento é o mesmo empregado na ouvida de testemunhas, assim, as autoridades de que trata o art. 411 do CPC, ex: presidente da republica, serão inquiridos na sua residência ou local de trabalho, devendo interessado requerer o depoimento da parte contraria, pelo menos 5 (CINCO) dias antes da audiência de instrução, se o depoente residir fora da comarca onde corre o processo, poderá ser ouvido através das cartas, como já fora dito a intimação do depoente devera ser pessoal, o depoimento será tomado antes da ouvida das testemunhas, sendo primeiro o do autor e depois o do réu, não podendo aquele que ainda não prestou o depoimento assistir o interrogatório da outra parte.

O interrogatório será feito diretamente pelo juiz ao depoente, o advogado da parte contraria após as perguntas do juiz, poderá interrogar o depoente, devendo suas perguntas ser feitas ao juiz, que as julgando pertinentes, as repetira ao depoente.

As respostas devem ser orais sendo permitido, contudo, a consulta a notas breves, desde que, objetivem complementar os esclarecimentos (art. 346).

O advogado do depoente não poderá formula perguntas a este, no entanto, pode intervir para pedir ao juiz que esclareça dubiedades ou pontos obscuros no relato do depoente, o que devera ser requerido no final do interrogatório antes do seu enceramento, o depoimento pessoal deve ser reduzido a termo, assinado pelo juiz, pelo depoente e pelos advogados.

Da confissão

ASPECTOS GERAIS

É a declaração, judicial ou extrajudicial, provocada ou espontânea, em que um dos litigantes, capaz e com animo de se obrigar, faz da verdade, integral ou parcial, dos fatos alegados pela parte contraria sendo estes contrários ao seu interesse, como fundamentais da ação ou da defesa (art. 348).

A confissão, contudo não se confunde com o reconhecimento da procedência do pedido, a confissão é um meio de prova como qualquer outro capaz de influenciar no convencimento do juiz, não sendo, portanto suficiente para que o juiz sentencie já no reconhecimento da procedência do pedido juiz extingue o processo com resolução do mérito, há casos em que mesmo havendo confissão, o confitente ainda sim terá sentença a seu favor. Ex: num acidente de veículos, o réu confessa que abalroou, o veículo do autor, no entanto, alega que o fez em legitima defesa de terceiro que trafegava na via.

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REQUISITOS DA CONFISSÃO

I – capacidade plena: somente o titular do direto poderá confessar e só o fara se for plenamente capaz, assim representantes dos incapazes jamais poderão confessar em nome dos representados.

II – que não seja exigida forma especial para o fato confessado: assim ninguém pode confessar um casamento que foi celebrado sem as solenidades legais.

III – que o direito seja disponível: assim somente podem ser objetos da confissão os fatos que recaiam sobre direitos disponíveis (art. 351)

CLASSIFICAÇAO DA CONFISSÃO

A confissão pode ser:

Judicial: é a confissão feita nos autos, onde é tomada por termo, é importante ressaltar que no caso de litisconsórcio, a confissão somente fara prova contra o litisconsorte que houver feito, não sendo os demais prejudicados, nas ações que exijam a outorga uxória, ou seja, permissão de um cônjuge a outro para que maneje a ação, ou ciência de ambos os cônjuges se houver processo em face de imóveis destes, a confissão devera ser feita por ambos os cônjuges (art. 350)

Extrajudicial: é a que ocorre fora dos autos, ou seja, fora do processo, de forma escrita ou oral, perante a parte contraria ou terceiros, ou ainda através de testamento, sendo feita de modo verbal somente terá validade se a lei não exigir que seja escrita, este tipo de confissão somente terá valor probante igual a da confissão judicial se feita por escrito a parte ou a quem a represente, no entanto, se feita a terceiro ou em testamento, será livremente apreciada pelo juiz (art. 353).

A confissão judicial divide-se em (art. 349):

Espontânea: é a que resulta da iniciativa do próprio confitente, sendo feita através de petição escrita dirigida ao juiz, manifestando seu proposito de confessar, podendo inclusive ser prestada por mandatário com poderes expressos para tal (paragrafo único do art. 349), deve em seguida ser reduzida a termo nos autos.

Provocada: é a que resulta de depoimento pessoal, requerido pela parte contraria, ou determinada, ex officio, pelo juiz, esta não pode ser prestada por mandatário.

Qualquer das confissões pode ser total ou parcial, conforme seja referente admita a veracidade de todo o fato alegado pela parte contraria ou somente parte dele.

EFEITOS DA CONFISSÃO

São efeitos da confissão:

Fazer prova plena contra si mesmo, por vontade própria;

Suprir, em regra eventuais defeitos formais do processo, assim se há uma das circunstancias que poderiam levar a suspenção ou extinção do processo sem resolução do mérito, a confissão simplesmente o sana.

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Irretratabilidade, uma vez feita não se pode mais viltar atrás, todavia, a confissão que foi feita em virtude de um dos erros de consentimento, a saber, erro, dolo e coação, poderá o confitente revogar a confissão, ou por meio da ação anulatória de confissão, quando o processo em fez a confissão ainda estiver pendente, ou seja, ainda não houver transitado em julgado, contudo, se o processo já houver transitado em julgado o meio adequado será ação rescisória.

Será legitimo para propor estas ações apenas o próprio confitente, no entanto, uma vez iniciada, se este vier a falecer a ação pode ser prosseguida por seus herdeiros (art. 352).

INDIVISIBILIDADE DA CONFISSÃO

A regra é que o conteúdo da confissão é indivisível, não podendo a parte a quem esta aproveita acolher a parte que lhe beneficiar e rejeitar a que lhe for desfavorável, no entanto, se o réu fizer uso da defesa de mérito indireta, confessando os fatos alegados pelo autor mais a estes contrapondo, fatos novos que seja extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do autor, o conteúdo da confissão passa a ser divisível.

Em relação ao juiz, fazer uso da confissão como meio de prova que fundamente a sua decisão essa será indivisível se não houver outra prova, no entanto, havendo outra provas, poderá o juiz fragmentar o conteúdo da confissão para usar partes, como fundamento de sua sentença (art. 354).

Exibição de documento ou coisa

ASPECTOS GERAIS

É o meio de prova em que por ordem do juiz ou a requerimentos de uma das partes, a outra parte ou terceiro estrão obrigados a exibir documento ou coisa que se encontre em seu poder, a fim de se chegar à verdade sobre os fatos.

MOMENTO PARA REQUERIMENTO DA MEDIDA

O momento adequado é no curso do processo antes da audiência de instrução, pode contudo ser feita de como medida cautelar antes mesmo de iniciado o processo, se submetendo aos requisitos da ação cautelar.

LEGITIMIDADE

É legitimo para requerer a exibição de documento ou coisa, o juiz (art. 355), ou qualquer das partes, quando requerido pelas partes, o pedido devera conter: a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou coisa; a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou a coisa; as circunstancias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contraria (art. 356).

PROCEDIMENTO E EFEITOS DA EXIBIÇÃO REQUERIDA CONTRA PARTE

Uma vez deferido o pedido exibitório, a parte requerida será intimada pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, terá cinco dias para responder.

Se a exibição for feita, encera-se o incidente, no entanto, se o requerido permanecer inerte, ou contestar o pedido, afirmando que o documento ou coisa não existe ou negando o dever de

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exibi-los, deverá o requerente provar que o documento ou coisa existe, pois, se existirem o requerido será obrigado a exibi-los (art. 357).

Se o requerido não fizer a exibição ou ficar inerte em cinco dias depois de intimado, sem uma justificativa, o juiz por meio de decisão interlocutória, que declara como verdadeiros os fatos que a parte requerente pretendia provar com a exibição do documento ou coisa (art. 359, I).

Se o requerido afirma que não é obrigado a exibir o documento ou coisa, o juiz examinara se seus argumentos são ou não procedentes, se os julgar procedentes dispensara a exibição, no entanto, se os julgar improcedentes admitirá como verdadeiros os fatos que o requerente queria provar com a exibição (art. 359).

Há casos em que o juiz nunca poderá admitir a recusa do requerido em exibir o documento ou coisa os quais são: se o requerido tiver obrigação legal de exibir: quando houver lei que institua o dever de exibir, ex: código comercial, com relação aos livros mercantis.

Se o requerido aludiu ao documento ou coisa, no processo, com intuito de constituir prova: se no próprio processo o requerido fez menção ao documento ou coisa com a intenção de usá-lo como prova.

Se o documento, por seu conteúdo for comum às partes: o recibo de pagamento de uma divida é comum ao credor e devedor.

Devera ser considerado pelo juiz como justo o motivo da escusa de exibir documento ou coisa, dispensando o requerido da obrigação de exibir, quando a sua escusa se fundar em:

I - Coisa ou documento, concernentes a negócios da própria vida ou da família;

II – que a apresentação poderá violar dever de honra;

III – a publicidade do documento redundará em desonra a parte ou ao terceiro, bem como seus parentes consanguíneos ou afins ate o terceiro grau, ou lhes representara perigo de ação penal;

IV – a exibição acarretará a divulgação de fato, a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo;

V – subsistem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a escusa da exibição.

A exibição de documento ou coisa é um incidente processual que será decidido por decisão interlocutória, o recurso contra tal decisão é o agravo de instrumento.

PROCEDIMENTO E EFEITOS DA EXIBIÇÃO REQUERIDA CONTRA TERCEIRO

Nesta haverá a criação de um processo paralelo, devendo ser processado em apenso a ação principal, e será julgado por sentença , do qual o recurso cabível é apelação, a peça inicial que requer a exibição devera os mesmos requisitos do art. 356, se o juiz deferir o pedido exibitório mandara citar o terceiro para responder em dez dias (art. 360).

Se o terceiro exibe o documento o processo em apenso será extinto por meio de sentença definitiva, se, contudo, o terceiro é citado e permanece inerte por mais de dez dias, o terceiro será declarado revel, e o juiz ira considerar confesso o terceiro alegando como verdadeiro os

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fatos alegados pelo requerente, condenando o terceiro a depositar em juízo em cinco dias, a coisa ou documento requerida (art. 362).

Se o terceiro contestar negando a obrigação de exibir, ou ainda negando que não a possui, o juiz designará audiência para apurar se o que o terceiro alega tem ou não procedência, se necessário ouvira testemunhas, proferindo em seguida a sentença.

Se o terceiro nega que possui a coisa ou documento, caberá ao requerente provar que ele as possui, tal assertiva é aferida por analogia do disposto no art. 357, os mesmo argumento usados pela outra parte quando requerida para a exibir coisa ou documento, para escusar-se de exibir elencados no art. 363 podem ser utilizados pelo terceiro.

Se o juiz condena o terceiro a exibir a coisa ou documento e este descumpre a ordem, o juiz espedira o mandado de busca e apreensão da coisa ou documento requisitando se necessário a força policial, ainda responsabilizando o terceiro por crime de desobediência (art. 362).