provas de direito administrativo comentadas para o concurso do inss

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Aula 00 Provas Comentadas de Direito Administrativo e Lei 8.112/90 do CESPE p/ INSS - Analista Professor: Gustavo Barchet 00000000000 - DEMO

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Provas Comentadas de Direito Administrativo e Lei 8.112/90 do CESPE p/ INSS -Analista

Professor: Gustavo Barchet

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AULA 00 – DIREITO ADMINISTRATIVO

PROVAS COMENTADAS DO CESPE

ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – INSS – 2015/2016

SUMÁRIO PÁGINA

PROVAS

1ª Prova: Analista Judiciário – Área Administrativa – STJ/2015

7 - 30

LISTA DE QUESTÕES

31-33

GABARITOS

34

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Olá, pessoal.

Meu nome é Gustavo Felkl Barchet.

Há alguns anos trabalho na preparação de candidatos a cargos

e empregos públicos. Atuei como professor de Direito Administrativo

em alguns cursos presenciais, e atualmente, além do Estratégia, sou

vinculado ao Eu Vou Passar. Tenho também algum material escrito,

nas disciplinas de Direito Administrativo, Tributário e Constitucional.

Em termos de carreira no serviço público, iniciei no cargo de

Técnico Judiciário do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em

1993, primeiro em Porto Alegre e depois em Santa Maria, no Rio

Grande do Sul.

Na sequência, fui Técnico de Finanças e Controle junto à

Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, em Florianópolis/SC; Técnico

do Tesouro Nacional (o antigo TTN e atual ATRFB) em Foz do

Iguaçu/PR; Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, em Passo

Fundo/RS e Procurador Judicial em Recife/PE.

Sai do serviço público e então ano passado, retornei, como

Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de

Goiás.

Feito meu comercial, com muita satisfação venho até vocês

apresentar um Curso de Provas Comentadas do Cespe de Direito

Administrativo, voltado especificamente para o Analista do

Seguro Social – Formação Serviço Social - INSS/2016.

Nosso conteúdo programático é o seguinte:

DIREITO ADMINISTRATIVO: 1 Administração pública como

função do Estado. 1.1 Princípios constitucionais explícitos e

implícitos da administração pública. 1.2 A reforma do Estado

brasileiro e de seu aparelho. 1.3 Administração direta (órgãos

públicos: conceito, espécies, regime); administração indireta:

autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista

e empresas públicas. Principais características de cada e

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regimes jurídicos. O regime das subsidiárias. 2 Poder

regulamentar. 2.1 Regulamentos administrativos de execução e

autônomos. 2.2 Poder normativo não legislativo e o princípio da

legalidade. Regulamentação e regulação. 3 Ato administrativo.

3.1 Conceito. Regime jurídico. Espécies. 3.2 Elementos e

requisitos. 3.3 Vícios dos atos administrativos. 3.4 Principais

classificações dos atos administrativos. 3.5 Procedimento

administrativo. Fundamentos constitucionais. 3.6 Contratos,

consórcios e convênios. 4 Licitações. 4.1 Conceito e

modalidades. 5 Código de Ética Profissional do Servidor Público

Civil do Poder Executivo Federal. 5.1 Regras Deontológicas. 5.2

Principais deveres do servidor público. 5.3 Vedações ao servidor

público. 5.4 Comissões de Ética. 6 Regime Jurídico Único. 6.1

Provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição.

6.2 Direitos e vantagens. 6.3 Regime disciplinar. 6.4 Processo

administrativo disciplinar. 6.5 Seguridade social do servidor. 6.6

Contratação temporária de excepcional interesse público. 7

Decreto nº 1.171/1994 e Decreto nº 6.029/2007. 8 Lei nº

8.112/1990 e alterações posteriores.

Interpretando o programa, das unidades teóricas de Direito

Administrativo num primeiro momento serão cobradas de vocês as

seguintes:

- Princípios Administrativos;

- Organização Administrativa;

- Reforma do Estado;

- Atos Administrativos;

- Procedimento Administrativo;

- Licitações;

- Contratos, Convênios e Consórcios;

- Legislação de Ética;

- Lei nº 8.112/90.

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Pois bem, todas as questões sobre estas matérias das provas

selecionadas serão objeto de comentário. Mas pretendo tratar

também de questões sobre as entidades paraestatais, pois

entendo que a matéria está compreendida na parte de Reforma do

Estado, e sobre a Lei nº 9.784/99, pois considero que este diploma

está inserido na parte de Atos Administrativo e Procedimento

Administrativo.

Além disso, no que entender pertinente manterei ao menos

parcialmente questões do material sobre a Lei nº 8.429/92 e o

Regime Constitucional dos Agentes Públicos. Estas matérias não

estão compreendidas no programa de Direito Administrativo, mas

estão no de Constitucional. Assim, não vejo mal algum em comentar

questões sobre elas.

Considerando que a prova está prevista para o dia 15 de maio

– ou seja, temos um ótimo período para preparação – resolvi

espaçar o material em várias aulas, encerrando o curso

aproximadamente um mês antes da prova.

Contando com a Aula Zero, serão 16 encontros, bem tranquilas.

Em média, teremos cerca de 2 provas por aula, umas 30 provas ao

final do Curso. Esta Aula Zero conta com apenas uma prova que tem

um bom número de questões. É para começarmos nosso curso,

“esquentarmos a máquina”, pois a Aula 1 é dia 11 de janeiro, e a

partir daí teremos uma aula por semana.

Como a maioria de vocês deve saber, as questões de todas as

bancas são repetitivas. Assim, no curso vocês revisarão a teoria que

o Cespe está cobrando com mais frequência nas provas

similares a que vocês enfrentarão (além, é claro, de aprenderem

o “modo Cespe de ser”).

Feitos esses esclarecimentos, na sequência segue o

cronograma das aulas do Curso, e depois iniciamos as questões.

Qualquer dúvida, crítica ou sugestão estou à disposição de

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vocês no [email protected].

CRONOGRAMA

ANALISTA DO SEGURO SOCIAL INSS – 2015/2016

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PROVAS CESPE

28/12

Aula 01

PROVAS CESPE

11/01

Aula 02

PROVAS CESPE

18/01

Aula 03

PROVAS CESPE

25/01

Aula 04

PROVAS CESPE

1/02

Aula 05

PROVAS CESPE

8/02

Aula 06

PROVAS CESPE

15/02

Aula 07

PROVAS CESPE

22/02

Aula 08

PROVAS CESPE

29/02

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Aula 09

PROVAS CESPE

7/03

Aula 10

PROVAS CESPE

14/03

Aula 11

PROVAS CESPE

21/03

Aula 12

PROVAS CESPE

28/03

Aula 13

PROVAS CESPE

04/04

Aula 14

PROVAS CESPE

11/04

Aula 15

PROVAS CESPE

18/04

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1ª Prova

Analista Judiciário – Área Administrativa –

STJ/2015

Questão

A respeito da organização administrativa do Estado e do ato

administrativo, julgue os itens a seguir.

1. (51) Os agentes putativos são aqueles que praticam e executam

atos e atividades em situações de emergência e em colaboração com

o poder público como se fossem agentes estatais.

2. (52) O princípio da especialidade na administração indireta impõe

a necessidade de que conste, na lei de criação da entidade, a

atividade a ser exercida de modo descentralizado.

3. (53) O simples fato de o poder público passar a deter a maioria do

capital social de uma empresa privada a transforma sociedade de

economia mista, independentemente de autorização legal.

4. (54) O atributo da tipicidade do ato administrativo impede que a

administração pratique atos sem previsão legal.

5. (55) Os efeitos prodrômicos do ato administrativo são efeitos

atípicos que existem enquanto perdura a situação de pendência na

conclusão desse ato.

6. (56) O prazo para anulação dos atos administrativos é de cinco

anos, independentemente da boa-fé do administrado que se tenha

beneficiado com tais atos.

Comentário

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Item 1: Os agentes putativos são aqueles que praticam e

executam atos e atividades em situações de emergência e em

colaboração com o poder público como se fossem agentes

estatais.

Uma boa questão para começarmos nosso curso.

Adotando a terminologia de Celso Antônio Bandeira de Mello, a

figura descrita no enunciado corresponde não aos agentes putativos,

mas ao que o autor denomina “gestores de negócios públicos”.

São particulares que, sem possuir vínculo formal com o Poder

Público, assumem voluntariamente encargos públicos em

situações de emergência assumindo, nesse contexto, a condição

de agentes públicos.

Seria o caso, por exemplo, do líder religioso de uma

comunidade, em face de uma enchente de grandes proporções na

localidade e em vista da falta de um órgão de defesa civil

estruturado, assumir espontaneamente o comando da situação,

passando a adotar as medidas necessárias para auxiliar os

desabrigados, como a requisição de imóveis para alojar as

pessoas necessitadas.

Este líder, por todos os atos que pratica no combate à situação

calamitosa, é um agente público, por seus atos vinculando o

Poder Público.

Assim, se o uso pelos desabrigados de certo imóvel privado vier

a causar dano ao proprietário, é do Poder Público a obrigação de

indenizar o lesado, ressalvado eventual direito de regresso contra o

líder religioso que, enquanto agente público, tenha no evento lesivo

exorbitado de suas atribuições de modo doloso ou culposo.

Resposta: Errado.

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Item 2: O princípio da especialidade na administração indireta

impõe a necessidade de que conste, na lei de criação da

entidade, a atividade a ser exercida de modo descentralizado.

O princípio da especialidade é aplicável às entidades da

Administração Indireta, criadas pelas entidades políticas por meio

do fenômeno conhecido como outorga.

Em síntese, porque tais entidades são criadas por lei

específica ou mediante autorização em lei específica, somente

podem atuar na área nela definida (visando ao fim nela

determinado).

Inicialmente elaborado para as autarquias, atualmente

entende-se que o princípio é aplicável na mesma amplitude a todas

as pessoas jurídicas que integram a Administração Indireta

(empresas públicas, sociedades de economia e fundações públicas).

Podemos considerar que este princípio decorre dos princípios da

legalidade e da indisponibilidade: os administradores das entidades

administrativas não podem afastar-se das finalidades estabelecidas

porque quem assim as definiu foi a lei, e eles não tem disponibilidade

sobre os interesses públicos nela consagrados.

Chegando agora ao item, podemos concluir que ele está

correto. Como nele consta, a incidência do princípio da especialidade

exige que na lei que cria ou autoriza a criação da entidade

administrativa conste a atividade que será por ela exercida, a sua

área de atuação.

Resposta: Certo.

Item 3: O simples fato de o poder público passar a deter a

maioria do capital social de uma empresa privada a

transforma sociedade de economia mista, independentemente

de autorização legal.

De modo algum.

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As sociedades de economia mista são entidades integrantes da

Administração Pública Indireta e, por força do inc. XIX do art. 37 da

Constituição, são assim consideradas somente as entidades para

cuja criação faz-se indispensável lei específica no processo de

criação (seja para criar diretamente a entidade, seja para autorizar

sua instituição).

Logo, para que uma empresa privada seja transformada em

uma sociedade de economia mista não é suficiente que o Poder

Público adquira a maioria de seu capital social. É necessário que (a)

uma lei autorize tal aquisição pelo Poder Público e (b) determine

que a empresa originária passará a ter natureza jurídica de

sociedade de economia mista.

Este é o erro mais evidente no enunciado, mas existe um

segundo: mesmo havendo tal autorização legal, apenas a aquisição

da maioria do capital votante permitirá que a entidade adquirida

passe a ser considerada uma sociedade de economia mista.

Resposta: Errado.

Item 4: O atributo da tipicidade do ato administrativo impede

que a administração pratique atos sem previsão legal.

Certa doutrina afirma que tipicidade é o atributo pelo qual se

exige que os atos administrativos correspondam a figuras definidas

previamente na lei como aptas a produzir determinados

resultados. Para efeitos de prova, devemos simplesmente

considerar que a tipicidade é atributo dos atos administrativos, e

ponto final.

Mas não podemos deixar de esclarecer que, na verdade, de

atributo a tipicidade não tem nada. Se lembramos que os

atributos são qualidades especiais que asseguram aos atos

administrativos uma eficácia jurídica superior a dos atos de direito

privado, fica evidente que a tipicidade não é atributo.

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Ela exige que os atos administrativos amoldem-se a certa

figuras previstas em lei (por exemplo, licença, autorização,

admissão, decreto etc) como aptas a produzir efeitos jurídicos. Ora,

isto não é qualidade especial, muito pelo contrário, é restrição,

sendo a tipicidade, por conseguinte, muito mais adequadamente

inserida no contexto dos elementos de validade dos atos

administrativos, especificamente, no elemento forma.

De qualquer modo, para fins de concurso tipicidade é

atributo, como comprova o enunciado deste item (“o atributo da

tipicidade”). Seu conceito é aquele apresentado no primeiro parágrafo

do comentário.

Resposta: Certo.

Para fins de prova, a expressão “tipicidade” indica um atributo dos atos administrativos, pelo qual devem eles corresponder a certas figuras previamente definidas em lei como aptas a gerar certos resultados.

Item 5: Os efeitos prodrômicos do ato administrativo são

efeitos atípicos que existem enquanto perdura a situação de

pendência na conclusão desse ato.

Esta questão foi formulada com base nas lições de Celso

Antônio Bandeira de Mello, para o qual os efeitos dos atos

administrativos podem ser:

1º) típicos: são os inerentes à tipologia do ato, à sua função jurídica,

enfim, ao ato em si mesmo. Por exemplo, uma licença tem por efeito

típico permitir o exercício de certo direito;

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2º) atípicos: são aqueles que resultam da produção do ato mas não

de seu conteúdo específico, subdividindo-se em:

- reflexos: são aqueles que incidem sobre outra relação jurí-

dica (por exemplo, a exoneração de certo cargo público, com

relação a um empréstimo consignado sujeito à manutenção do

vínculo funcional); e

- preliminares ou prodrômicos (o objeto do item): são

aqueles que ocorrem enquanto permanece a condição de

pendência do ato, ou seja, entre sua produção e a

deflagração de seus efeitos típicos (por exemplo, um ato

sujeito à homologação cria o dever de expedição do ato pelo

órgão controlador). Vejam que o enunciado corresponde

exatamente à lição do Autor.

Resposta: Certo.

Item 6: O prazo para anulação dos atos administrativos é de

cinco anos, independentemente da boa-fé do administrado

que se tenha beneficiado com tais atos.

Este item foi formulado com base nas disposições da Lei nº

9.784/99, que dispõe sobre as normas básicas dos processos

administrativos federais.

Especificamente, em seu art. 54 a Lei trata da matéria cobrada

acima. A seguir, transcrevo o dispositivo:

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos

administrativos de que decorram efeitos favoráveis para

os destinatários decai em cinco anos, contados da data

em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de

decadência contar-se-á da percepção do primeiro

pagamento.

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§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer

medida de autoridade administrativa que importe

impugnação à validade do ato.

O dispositivo contempla o que ficou conhecido com o nome de

convalidação tácita -, e que em verdade nada mais é do que um

prazo decadencial de cinco anos para que a Administração proceda

à anulação dos atos defeituosos favoráveis aos administrados,

salvo má-fé do beneficiário. Ultrapassado o prazo não é mais

possível a anulação, daí a denominação, convalidação tácita (em

termos práticos, o impedimento à anulação equivale a uma

convalidação).

O mais relevante de notarmos com relação a esta figura é que

ela não exige que o defeito seja sanável. Bem entendido, o

caráter sanável do defeito é requisito para convalidar o ato (art. 55),

e não é disto que trata o art. 54 (aqui temos um prazo decadencial

para uma anulação).

O STF, no MS 28.279/DF, 16.12.2010, já manifestou este

entendimento, ao declarar que o art. 54 da Lei 9.784/99, por força do

princípio da segurança jurídica incide seja o defeito sanável ou

insanável, não se aplicando apenas em situações

excepcionais, quando o ato viola flagrantemente determinação

expressa da Constituição (neste caso, entende a Corte que não há

prazo para sua anulação pela Administração).

Assim, por exemplo, uma nomeação para cargo efetivo sem

aprovação em concurso público (defeito insanável, de motivo) é ato

que pode ser anulado a qualquer tempo pela Administração Federal,

pois tal situação afronta flagrantemente a própria Constituição

(art. 37, II). Já um ato praticado por autoridade absolutamente

incompetente (defeito insanável), quando satisfeitos os requisitos do

art. 54, somente pode ser anulado dentro do prazo fatal de 5 anos.

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Dos requisitos da convalidação tácita deve-se destacar também

o fato de o ato ser benéfico para o administrado. Em se

tratando de atos de outra natureza (por exemplo, uma sanção),

simplesmente não incide o art. 54, não lhes sendo aplicável,

portanto, o prazo quinquenal para a anulação.

Agora fechando o item, outro requisito para a incidência do art.

54 é que o administrado beneficiário do ato esteja de boa-fé. Se ele

estiver de má-fé, por ter sido o responsável pela ilegalidade ou dela

ter tido ciência e não ter comunicado do fato a Administração,

também não incide o prazo quinquenal para a anulação.

Enfim, sua boa-fé é requisito indispensável para a incidência do

art. 54, com o que podemos concluir que o enunciado está errado.

Resposta: Errado.

Questão

Em relação aos agentes públicos, julgue os próximos itens.

7. (57) Os servidores públicos gozam de todos os direitos sociais

previstos no texto constitucional para os trabalhadores da iniciativa

privada.

8. (58) O diploma ou habilitação legal exigido para o exercício do

cargo deve ser apresentado pelo candidato no ato de inscrição do

concurso público pleiteado.

9. (59) No que se refere ao exame psicotécnico, além de previsão

legal, são exigidos mais três requisitos para que seja válida a sua

exigência em certames públicos: ser pautado em critérios objetivos e

científicos, ser compatível com as atribuições normais do cargo e ser

ofertado direito de recurso na via administrativa.

Comentário

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Item 7: Os servidores públicos gozam de todos os direitos

sociais previstos no texto constitucional para os trabalhadores

da iniciativa privada.

Errado o enunciado.

Aos servidores públicos titulares de cargos efetivos aplicam-se

alguns, mas não todos os direitos sociais previstos para os

trabalhadores da iniciativa privada no art. 7º da Constituição.

A regra consta no art. 39, § 3º da CF, um dos dispositivos

constitucionais que sofreu alteração por força da Emenda nº 19/98.

Na sequência, arrolo os direitos sociais que gozam os titulares

de cargos efetivos por força de aplicação do referido dispositivo:

1) salário mínimo nacionalmente unificado: segundo o STF, a referida

garantia incide sobre o total da remuneração percebido pelo

servidor, ou seja, sobre o vencimento básico do cargo acrescido das

demais vantagens pecuniárias pagas a título permanente (Súmula

Vinculante nº 16);

2) garantia do salário, nunca inferior ao mínimo, para os que

percebem remuneração variável;

3) décimo terceiro salário;

4) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

5) salário-família para o servidor de baixa renda;

6) duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e

quarenta e quatro semanais;

7) repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

8) remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em

cinquenta por cento à do serviço ordinário;

9) férias anuais com a remuneração acrescida em pelo menos um

terço da remuneração normal;

10) licença à gestante com a duração de cento e vinte dias;

11) licença-paternidade;

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12) proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos

específicos, nos termos da lei;

13) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de

saúde, higiene e segurança;

14) proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de

critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

Dentre os principais direitos sociais não aplicáveis aos titulares

de cargo efetivo está o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (o

nosso FGTS).

Resposta: Errado.

Item 8: O diploma ou habilitação legal exigido para o exercício

do cargo deve ser apresentado pelo candidato no ato de

inscrição do concurso público pleiteado.

De modo algum.

Os requisitos de acesso ao serviço público, como regra

generalíssima, devem ser comprovados somente quando da

investidura na função pública.

Especificamente quanto ao objeto do item – diploma ou

habilitação legal -, o Superior Tribunal de Justiça pacificou a matéria

na sua Súmula de nº 266, segundo a qual:

O diploma ou habilitação legal para o exercício do

cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição

para o concurso público.

Resposta: Errado.

Item 9: No que se refere ao exame psicotécnico, além de

previsão legal, são exigidos mais três requisitos para que seja

válida a sua exigência em certames públicos: ser pautado em

critérios objetivos e científicos, ser compatível com as

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atribuições normais do cargo e ser ofertado direito de recurso

na via administrativa.

Simplesmente perfeito o enunciado. Não há qualquer reparo ou

complemento a ser feito.

Muito já se discutiu acerca da idoneidade dos testes

psicotécnicos como etapas dos certames públicos, mas atualmente

a questão está pacificada no âmbito do STF, que admite a exigência

desde que satisfeitos 3 requisitos: (a) previsão legal do exame; (b)

fixação de critérios objetivos, de caráter reconhecidamente

científico, para a avaliação do candidato; (c) previsão editalícia da

possibilidade de recurso administrativo contra a decisão

administrativa que exclui o candidato por reprovação neste exame.

Inclusive, o primeiro requisito – a previsão em lei - foi

inicialmente fixado pelo STF na Súmula nº 686. Atualmente a Corte

foi, além, tendo editado na matéria a Súmula Vinculante nº 44

(DOU de 17-04-2015), segundo a qual:

Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação

de candidato a cargo público.

Resposta: Certo.

Questão

No tocante aos poderes administrativos, julgue os seguintes

itens.

10. (60) O fenômeno da deslegalização, também chamada de

delegificação, significa a retirada, pelo próprio legislador, de certas

matérias do domínio da lei, passando-as para o domínio de

regulamentos de hierarquia inferior.

(61) Item não compreendido no conteúdo programático.

11. (62) O desvio de finalidade é uma espécie de abuso de poder em

que o agente público, apesar de agir dentro dos limites de sua

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competência, pratica determinado ato com objetivo diverso daquele

pautado pelo interesse público.

12. E 63 A relação entre a administração direta e as entidades que

integram a administração indireta pressupõe a existência do poder

hierárquico entre ambas.

Comentário

Item 10: O fenômeno da deslegalização, também chamada de

delegificação, significa a retirada, pelo próprio legislador, de certas

matérias do domínio da lei, passando-as para o domínio de

regulamentos de hierarquia inferior.

Sobre a matéria, transcrevo lição do Professor José dos Santos

carvalho Filho:

(...) Modernamente, contudo, em virtude da crescente

complexidade das atividades da Administração, passou a

aceitar-se nos sistemas normativos, originariamente na

França, o fenômeno da deslegalização, pelo qual a

competência para regular certas matérias se transfere da

lei (ou ato análogo) para outras fontes normativas por

autorização do próprio legislador: a normatização sai do

domínio da lei (domaine de la loi) para o domínio do ato

regulamentar (domaine de l’ordonnance). O fundamento

não é difícil de conceber: incapaz de criar a

regulamentação sobre algumas matérias de alta

complexidade técnica, o próprio Legislativo delega ao

órgão ou à pessoa administrativa a função específica de

instituí-la, valendo-se dos especialistas e técnicos que

melhor podem dispor sobre tais assuntos.

Não obstante, é importante ressaltar que referida

delegação não é completa e integral. Ao contrário,

sujeita-se a limites. Ao exercê-la, o legislador reserva

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para si a competência para o regramento básico, calcado

nos critérios políticos e administrativos, transferindo tão

somente a competência para a regulamentação técnica

mediante parâmetros previamente enunciados na lei. É o

que no Direito americano se denomina delegação com

parâmetros (delegation with standards). Daí poder

afirmar-se que a delegação só pode conter a

discricionariedade técnica.

Os atos mencionados pelo Autor são denominados

regulamentos autorizados ou delegados, atos gerais e abstratos

que não se limitam a complementar alguma lei, mas vão além,

estabelecendo Direito novo.

Pode-se defini-lo como o ato normativo expedido por

autoridades administrativas, a partir de expressa delegação legal,

que, em complemento à lei, inova na ordem jurídica em matérias

técnicas de competência do órgão ou entidade.

O melhor exemplo de aplicação dos decretos autorizados

indiscutivelmente são as agências reguladoras, as quais, segundo

alguns doutrinadores, efetivamente editam atos normativos que

inovam na ordem jurídica, no seu setor de atuação.

Entretanto, em termos gerais, entendemos que ainda prevalece

o entendimento pela inconstitucionalidade dos regulamentados

autorizados, por violação ao princípio da legalidade e da separação

dos poderes.

Pelo exposto, podemos concluir que o enunciado está correto:

“o fenômeno da deslegalização, também chamada de delegificação,

significa a retirada, pelo próprio legislador, de certas matérias do

domínio da lei, passando-as para o domínio de regulamentos de

hierarquia inferior”.

Mas muito cuidado aqui, pessoal: o Cespe de modo algum

está afirmando qual sua posição sobre este fenômeno. Apenas

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está trazendo o conceito apresentado pela doutrina que o

analisa.

Resposta: Certo.

“o fenômeno da deslegalização, também chamada de delegificação,

significa a retirada, pelo próprio legislador, de certas matérias do

domínio da lei, passando-as para o domínio de regulamentos de

hierarquia inferior”.

A definição está correta, mas não significa que é a “posição

Cespe” na matéria. A banca simplesmente apresentou o modo

como a doutrina trabalha a matéria.

Item 11: O desvio de finalidade é uma espécie de abuso de

poder em que o agente público, apesar de agir dentro dos

limites de sua competência, pratica determinado ato com

objetivo diverso daquele pautado pelo interesse público.

Desde logo indico que o item está correto.

Porque o Cespe cobra muito este ponto – abuso de poder, vou

aproveitar o item para uma revisão geral da matéria.

O abuso de poder é gênero que comporta duas espécies: o

excesso de poder e o desvio de poder. O primeiro se verifica

quando o agente atua fora da sua competência; o segundo, quando,

apesar de não ultrapassar sua competência, o agente pratica o ato

com finalidade diversa da determinada na lei.

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Assim, ocorre o excesso de poder quando o agente age fora

dos limites de suas atribuições, seja produzindo ato para o qual é

incompetente, seja realizando um ato dentro de sua competência,

mas conferindo-lhe efeitos que não é apto a produzir.

Como exemplo da primeira hipótese, podemos citar a expedição

de um decreto por um Ministro de Estado. Como, na esfera federal,

tal atribuição é exclusiva do Presidente da República, é nulo o ato por

excesso de poder, já que o ministro exerceu uma competência que

não possui.

Exemplo da segunda hipótese é a edição de um decreto pelo

Presidente da República, por meio do qual se estabeleça diretamente

determinada obrigação. O ato aqui também é nulo, pois, apesar de

haver competência para sua produção, foram-lhe conferidos efeitos

para os quais não tem aptidão: a criação de obrigações, matéria

reservada à lei ou a ato normativo a ela equiparado. O presidente é

competente para editar o decreto, mas não pode por meio dele criar

obrigações, o que leva à sua nulidade por excesso de poder.

A outra espécie de abuso de poder é o objeto do item, o desvio

de poder, também chamado de desvio de finalidade, que se

verifica quando o agente, embora atuando nos limites de sua

competência, pratica ato buscando finalidade diversa daquela,

explícita ou implicitamente, determinada na lei.

Esse vício se manifesta de duas formas: o agente realiza um

ato com fim diverso do interesse público, ou seja, com fim

particular, seu ou de terceiro; ou o agente pratica o ato visando a um

fim de interesse público, mas não aquele especificamente

determinado para o ato.

Exemplo do primeiro caso é a remoção ex officio de um servidor

para uma cidade na qual ele deseje residir. A remoção ex officio tem

por finalidade o interesse do serviço, não podendo ser utilizada para a

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satisfação exclusiva de interesses individuais. Logo, há desvio de

finalidade na prática do ato.

Como exemplo do segundo caso podemos citar a remoção ex

officio de um servidor como forma de punição. A remoção atendeu a

uma finalidade de interesse público, que é a punição do servidor

faltoso. Sua finalidade específica, entretanto, não é essa, mas

aumentar o número de agentes públicos em uma unidade

administrativa. Como tal finalidade não foi respeitada, a remoção é

nula por desvio de poder.

Resposta: Certo.

Item 12: A relação entre a administração direta e as entidades

que integram a administração indireta pressupõe a existência

do poder hierárquico entre ambas.

De modo algum.

O poder hierárquico somente se manifesta no interior de

uma mesma pessoa jurídica. É o vínculo que une os órgãos e

agentes superiores da pessoa jurídica aos seus órgãos e agentes

subordinados, e podemos considerá-lo como o mais amplo dos

poderes administrativos, uma vez que admite intervenções,

interferências, controles mesmo sem expressa previsão legal.

A administração direta nada mais é do que o conjunto de

órgãos de uma dada entidade política. Logo, a relação entre ela e as

entidades da administração indireta jamais será do tipo

hierárquico (temos, no caso, duas pessoas jurídicas). A relação

básica, no caso, é denominada tutela ou controle finalístico.

Resposta: Errado.

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Jamais há vínculo de subordinação

envolvendo pessoas jurídicas

diferentes. Assim, ampliando a

conclusão com relação ao item, não há

subordinação entre as diferentes

entidades políticas, entre estas e as

entidades administrativas que

instituíram, entre as entidades

administrativas dos diversos níveis da

Federação.

Questão

No que se refere aos contratos e licitações e à

responsabilidade civil, julgue os itens subsequentes.

(64) Item anulado

13. (65) As hipóteses de dispensa de licitação estão previstas em rol

exemplificativo, cabendo ao agente público justificar a necessidade de

contratação direta.

14. (66) A aquisição de bens imóveis pela administração pública, em

regra, somente pode ser realizada pela modalidade de licitação

tomada de preços, independentemente do valor do imóvel.

15. (67) Os contratos administrativos celebrados pelo poder público

podem ter tanto prazo determinado quanto indeterminado.

Comentário

Item 13: As hipóteses de dispensa de licitação estão previstas

em rol exemplificativo, cabendo ao agente público justificar a

necessidade de contratação direta.

Devemos considerar a expressão “dispensa de licitação” como

gênero, abarcando duas modalidades: a licitação dispensável e a

licitação dispensada.

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Na licitação dispensável, cujas hipóteses exigem expressa

previsão legal (na Lei nº 8.666/93 estão previstas no art. 24), a

Administração está autorizada a não se utilizar da licitação. Em

outros termos, configurada uma das hipóteses do art. 24, a

Administração tem discricionariedade para decidir se promove a

licitação ou se celebra diretamente o contrato.

Já na licitação dispensada, cujas hipóteses também exigem

expressa previsão em lei (na Lei 8.666 estão previstas no art. 17),

a Administração atua vinculadamente, estando impedida de

instaurar o procedimento licitatório. Necessariamente, deverá

celebrar diretamente o contrato.

Este caráter vinculante da licitação dispensada não é unânime,

mas ainda é o que prevalece para efeitos de concursos. Entre outros,

é sustentado por Hely Lopes Meirelles e Maria Sylvia Zanella di Pietro,

esta, quando afirma que “existem, contudo, casos de dispensa que

escapam à discricionariedade administrativa, por estarem já

determinados por lei; é o que decorre do artigo 17, incisos I e

II, da Lei n. 8.666/93”.

Na dispensa, portanto, ao contrário do que consta no enunciado

do item, em qualquer das suas modalidades é indispensável, em

qualquer caso, expressa previsão em lei da hipótese autorizativa

(licitação dispensável) ou determinante (licitação dispensada) da

celebração direta do contrato. O rol de hipóteses não é de modo

algum exemplificativo, mas taxativo.

Este é um primeiro erro do item.

Um segundo é o uso da expressão “necessidade de contratação

direta”. Ela é inadequada para se referir à figura da licitação

dispensável, pois, no caso, há discricionariedade na decisão

administrativa.

Resposta: Errado.

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Item 14: A aquisição de bens imóveis pela administração

pública, em regra, somente pode ser realizada pela

modalidade de licitação tomada de preços,

independentemente do valor do imóvel.

Não a tomada de preços, mas a concorrência é a modalidade

de licitação obrigatória para a aquisição e alienação de bens

imóveis pela Administração, independentemente do seu valor,

ressalvados os imóveis adquiridos mediante procedimento judicial ou

dação em pagamento, que podem ser alienados também na

modalidade leilão (Lei nº 8.666/93, art. 23, § 3º).

Resposta: Errado

Item 15: Os contratos administrativos celebrados pelo poder

público podem ter tanto prazo determinado quanto

indeterminado.

Com base no caput, §§ 2º e 3º da Lei nº 8.666/93, são três as

regras atinentes ao prazo de duração dos contratos

administrativos:

(a) de pronto, o ponto abordado no item: é vedado o contrato

administrativo que tenha prazo de vigência indeterminado (logo,

errado o item);

(b) prosseguindo, em qualquer hipótese a prorrogação do prazo

inicial de vigência de um contrato administrativo pressupõe

justificação por escrito e prévia autorização da autoridade

competente; e

(c) por fim, a duração dos contratos administrativos, como regra

geral, não pode ultrapassar a vigência dos respectivos créditos

orçamentários.

Resposta: Errado

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Questão

Acerca do processo administrativo e da improbidade

administrativa, julgue os itens que se seguem.

16. (68) Os sucessores da pessoa que causar lesão ao patrimônio

público ou enriquecer-se ilicitamente poderão sofrer as consequências

das sanções patrimoniais previstas na Lei de Improbidade

Administrativa até o limite do valor da herança.

17. (69) A ação de improbidade administrativa só pode ser proposta

pelo Ministério Público.

18. (70) O órgão público não pode delegar sua competência para a

edição de atos normativos.

19. (71) Admite-se, em caráter excepcional, a avocação definitiva de

competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

20. (72) No processo administrativo, após o encerramento da fase

de instrução probatória, o poder público tem prazo de trinta dias para

tomar a decisão, sendo possível a prorrogação por igual período,

desde que devidamente motivada.

21. (73) Em regra, os recursos administrativos, quando interpostos

pelos interessados, têm efeito suspensivo.

Comentário

Item 16: Os sucessores da pessoa que causar lesão ao

patrimônio público ou enriquecer-se ilicitamente poderão

sofrer as consequências das sanções patrimoniais previstas na

Lei de Improbidade Administrativa até o limite do valor da

herança.

A Lei nº 8.429/92 regula as sanções passíveis de aplicação

contra os responsáveis pelo cometimento de atos de improbidade

administrativa.

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Genericamente falando, a Lei vota-se contra os agentes

públicos e particulares que com eles tenham concorrido na prática de

ato de improbidade ou os induzido à sua produção.

Entretanto, como consta acima, a Lei pode alcançar também os

sucessores da pessoa que causar lesão ao patrimônio público ou se

enriquecer ilicitamente, limitada a sanção patrimonial ao valor

da herança.

Enfim, os sucessores poderão responder civilmente pelo dano

ao erário ou pela vantagem indevidamente percebida, no limite do

patrimônio que lhes foi transferido em decorrência do falecimento do

responsável pelo ato de improbidade.

Esta regra consta no art. 8º da Lei.

Resposta: Certo.

Item 17: A ação de improbidade administrativa só pode ser

proposta pelo Ministério Público.

A ação de improbidade administrativa, cuja natureza é de ação

civil pública, é regulada na parte final da Lei nº 8.429/92.

Em matéria de legitimidade ativa, a ação pode ser interposta

pelo Ministério Público (MP) e pelas pessoas jurídicas

interessadas (as entidades que foram prejudicadas pelo ato de

improbidade).

Quando proposta pela pessoa jurídica interessada, é obrigatória

a participação do MP, na condição de fiscal da lei, sob pena de

nulidade do processo. Quando proposta pelo MP, pode a pessoa

jurídica interessada abster-se de contestar a petição inicial ou

atuar ao lado do MP, na condição de litisconsorte “desde que

isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do representante ou

dirigente da pessoa jurídica” (Lei nº 4.717/1965, art. 6º, § 3º).

Resposta: Errado.

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Item 18: O órgão público não pode delegar sua competência

para a edição de atos normativos.

Delegação nada mais é do que o ato pelo qual certo órgão ou

autoridade transfere temporariamente a outro o exercício de parcela

das competências cuja titularidade a lei lhe conferiu.

Na Lei nº 9.784/99 a matéria é regulada em seus art. 12 a 14.

No art. 13 encontramos o ponto cobrado no item.

No dispositivo são estabelecidas importantes restrições ao

exercício da delegação. Em conformidade com o posicionamento da

melhor doutrina o legislador federal vedou a delegação nas seguintes

matérias:

1º) decisões de recursos administrativos;

2º) matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade;

3º) por fim, tal como afirmado acima, para a edição de atos de

caráter normativo;

Resposta: Certo.

Item 19: Admite-se, em caráter excepcional, a avocação

definitiva de competência atribuída a órgão hierarquicamente

inferior.

Não existe avocação ou delegação definitiva. Ambas as medidas

têm, sempre, caráter temporário.

Definido que a afirmativa está errada, a avocação de

competência do órgão hierarquicamente inferior é matéria

regulada no art. 15 da Lei nº 9.784/99.

É ela permitida apenas em caráter excepcional e temporário,

em função de circunstâncias relevantes devidamente justificadas pelo

órgão hierarquicamente superior.

O caráter excepcional é uma primeira diferença entre a

avocação e a delegação, uma vez que esta é uma medida ordinária

na esfera administrativa.

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Outra diferença que cabe citar é que a avocação exige

sempre o vínculo hierárquico (é uma medida de superior a

inferior), ao passo que a Lei nº 9.784/99 admite a delegação

mesmo não havendo subordinação (vínculo hierárquico) entre

delegante e delegado.

Resposta: Errado.

Item 20: No processo administrativo, após o encerramento da

fase de instrução probatória, o poder público tem prazo de

trinta dias para tomar a decisão, sendo possível a prorrogação

por igual período, desde que devidamente motivada.

Regra bem simples da Lei nº 9.784/99.

Conjugando os art. 47 e 49, encerrada a instrução, o órgão

competente tem o prazo de 30 dias, prorrogáveis por mais 30,

para proferir a decisão.

Se o órgão no qual for realizada a instrução não tiver

competência para tanto, deverá elaborar uma síntese de todos os

atos até então praticados e uma proposta objetivamente justificada

de decisão, encaminhando-as ao órgão competente.

Resposta: Certo.

Item 21: Em regra, os recursos administrativos, quando

interpostos pelos interessados, têm efeito suspensivo.

A regra é justamente oposta à apresentada acima.

Segundo o art. 61 da Lei nº 9.784/99, o recurso administrativo

não têm efeito suspensivo.

Em outras palavras, a interposição do recurso não impede que

a Administração dê execução à decisão impugnada, uma vez

que o recurso não tem o efeito de sustar seus efeitos.

Todavia, a norma autoriza que a autoridade recorrida ou seu

superior hierárquico imediato, ao receberem o recurso, de ofício

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ou a pedido confiram ao mesmo efeito suspensivo, quando se

convencerem de que há efetivo risco de ocorrer um dano de difícil ou

incerta reparação caso a decisão recorrida seja executada.

Resposta: Errado.

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LISTA DE QUESTÕES

Questão

A respeito da organização administrativa do Estado e do ato

administrativo, julgue os itens a seguir.

1. (51) Os agentes putativos são aqueles que praticam e executam

atos e atividades em situações de emergência e em colaboração com

o poder público como se fossem agentes estatais.

2. (52) O princípio da especialidade na administração indireta impõe

a necessidade de que conste, na lei de criação da entidade, a

atividade a ser exercida de modo descentralizado.

3. (53) O simples fato de o poder público passar a deter a maioria do

capital social de uma empresa privada a transforma sociedade de

economia mista, independentemente de autorização legal.

4. (54) O atributo da tipicidade do ato administrativo impede que a

administração pratique atos sem previsão legal.

5. (55) Os efeitos prodrômicos do ato administrativo são efeitos

atípicos que existem enquanto perdura a situação de pendência na

conclusão desse ato.

6. (56) O prazo para anulação dos atos administrativos é de cinco

anos, independentemente da boa-fé do administrado que se tenha

beneficiado com tais atos.

Questão

Em relação aos agentes públicos, julgue os próximos itens.

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7. (57) Os servidores públicos gozam de todos os direitos sociais

previstos no texto constitucional para os trabalhadores da iniciativa

privada.

8. (58) O diploma ou habilitação legal exigido para o exercício do

cargo deve ser apresentado pelo candidato no ato de inscrição do

concurso público pleiteado.

9. (59) No que se refere ao exame psicotécnico, além de previsão

legal, são exigidos mais três requisitos para que seja válida a sua

exigência em certames públicos: ser pautado em critérios objetivos e

científicos, ser compatível com as atribuições normais do cargo e ser

ofertado direito de recurso na via administrativa.

Questão

No tocante aos poderes administrativos, julgue os seguintes

itens.

10. (60) O fenômeno da deslegalização, também chamada de

delegificação, significa a retirada, pelo próprio legislador, de certas

matérias do domínio da lei, passando-as para o domínio de

regulamentos de hierarquia inferior.

(61) Item não compreendido no conteúdo programático.

11. (62) O desvio de finalidade é uma espécie de abuso de poder em

que o agente público, apesar de agir dentro dos limites de sua

competência, pratica determinado ato com objetivo diverso daquele

pautado pelo interesse público.

12. E 63 A relação entre a administração direta e as entidades que

integram a administração indireta pressupõe a existência do poder

hierárquico entre ambas.

Questão

No que se refere aos contratos e licitações e à

responsabilidade civil, julgue os itens subsequentes.

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(64) Item anulado

13. (65) As hipóteses de dispensa de licitação estão previstas em rol

exemplificativo, cabendo ao agente público justificar a necessidade de

contratação direta.

14. (66) A aquisição de bens imóveis pela administração pública, em

regra, somente pode ser realizada pela modalidade de licitação

tomada de preços, independentemente do valor do imóvel.

15. (67) Os contratos administrativos celebrados pelo poder público

podem ter tanto prazo determinado quanto indeterminado.

Questão

Acerca do processo administrativo e da improbidade

administrativa, julgue os itens que se seguem.

16. (68) Os sucessores da pessoa que causar lesão ao patrimônio

público ou enriquecer-se ilicitamente poderão sofrer as consequências

das sanções patrimoniais previstas na Lei de Improbidade

Administrativa até o limite do valor da herança.

17. (69) A ação de improbidade administrativa só pode ser proposta

pelo Ministério Público.

18. (70) O órgão público não pode delegar sua competência para a

edição de atos normativos.

19. (71) Admite-se, em caráter excepcional, a avocação definitiva de

competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

20. (72) No processo administrativo, após o encerramento da fase

de instrução probatória, o poder público tem prazo de trinta dias para

tomar a decisão, sendo possível a prorrogação por igual período,

desde que devidamente motivada.

21. (73) Em regra, os recursos administrativos, quando interpostos

pelos interessados, têm efeito suspensivo.

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GABARITO

1. E 11. C 21. E

2. C 12. E

3. E 13. E

4. C 14. E

5. C 15. E

6. E 16. C

7. E 17. E

8. E 18. C

9. C 19. E

10. C 20. C

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