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PROSTITUIÇÃO Iceberg visível de um sistema de exploração Patriarcal no brasil

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PROSTITUIÇÃOIceberg visível de um sistema de exploração Patriarcal no brasil

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“Mulher da zona,Mulher da rua,

Mulher perdida,Mulher à toa,

Mulher da vida, minha irmã”

Cora Coralina

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3 | Trabalho de Campo em lugares de incidência do Município de São Paulo

Trabalho em zonas de tolerância doMunicípio de São Paulo

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Realização

Apoio

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5 | Trabalho de Campo em lugares de incidência do Município de São Paulo

Publicação

Frente Brasileira Pela Abolição da Prostituição

Rede composta por:

GaRRa Feminista

Movimento de Mulheres Olga Benario

Presença da América Latina - PAL

QG Feminista

Rede Um Grito Pela Vida

Mta. Teresa C. Ulloa Ziáurriz

Diretora Regional

Coalizão Regional contra o Tráfico de Mulheres e Meninas

na América Latina e no Caribe, A.C. (CATWLAC pelo acrônimo em inglês).

Oriana Jara Maculet

Presidenta

Presença da América Latina - PAL

Equipe de pesquisa

Mónica Rodríguez Ulo

Mario Marcos de Oliveira

Coordenação de pesquisa

Oriana Jara Maculet

Diagramação

Wilbert Rivas Peña

São Paulo - Fevereiro de 2018

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Índice

Apresentação ............................................................ 7

Introdução ................................................................. 8

Metodologia ............................................................... 10

EIXO I ......................................................................... 11

Dados demográficos ................................................. 11

Perfil de nossa entrevistada ...................................... 11

EIXO II ........................................................................ 17

Atividade .................................................................... 17

Prostituição ................................................................ 17

EIXO III ........................................................................ 21

Violência estrutural: social e doméstica .................... 21

EIXO IV ....................................................................... 25

Futuro: Elas por Elas ................................................. 25

Lei e regulamentação da prostituição ...................... 27

Consideração ............................................................ 28

Conclusões e propostas ........................................... 31

Apreciação ................................................................. 32

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7 | Trabalho de Campo em lugares de incidência do Município de São Paulo

O propósito inicial desta pesquisa foi levantar informações sobre o perfil das mulheres em situação de prostituição nas zonas de maior incidências do Município de São Paulo.

Considera-se estudo preliminar exploratório e descritivo que permite testar a ferramenta de consulta, resgatar as condições socioeconômicas e culturais, assim como sonhos ou anseios que levaram essas pessoas a exercer a prostituição.

Também focamos em conhecer o grau de informação que estas mulheres têm sobre os projetos de lei em debate, assim como, os benefícios que esta normativa representa para as interessadas.

No início do trabalho de pesquisa, utilizou-se o método exploratório que visou proporcionar mais visibilidade e familiaridade ao tema a ser pesquisado.Em continuação se fez uma pesquisa bibliográfica procurando temas de estudos ou trabalhos catalogados abordando assim um “state of the art” ou seja conhecer material sobre este assunto desde a perspectiva que a pesquisa estava enfocada.

Também se fez abordagem a pesquisadores na área, especificamente dentro da área da saúde, assim como pessoas de relevância dentro do âmbito da prostituição que deram sugestões sobre formas de abordagem, locais e horários de mais fácil acesso, assim como advertências de riscos e dificuldades que os pesquisadores iam a enfrentar.

Foi feita a tradução do questionário usado por CATWLAC1, em outros projetos, em seguida se fez o teste para ver sua aplicabilidade e foram feitas pequenas modificações. Também se escolheram aquelas zonas vermelhas, consideradas como de alta afluência de mulheres em situação de prostituição e consumidores de sexo pago, passando a fazer estudo de casos, por meio de questionário aplicado em duas etapas.

Na primeira etapa se realizaram 50 entrevistas, que foram apresentadas para avaliação da Rede Brasileira pela Abolição da Prostituição no 1a Encontro Nacional realizado em São Paulo, na Secretaria Estadual de Justiça e Defesa da Cidadania, 8 e 9 de Novembro de 2017.

1 Coalition against Women Traffic Latin America and Caribe

Na etapa seguinte, passou-se a aplicar outras 50 entrevistas, feita com presença de ambos pesquisadores, um homem e uma mulher que por razões de abordagem, foi considerado ideal para poder entrar nos espaços focados como de interesse para nosso trabalho.

A prostituição é um fenómeno difícil de quantificar, dados de diversas organizações do ano 2010, informam que 87% da prostituição acontece NA RUA; 90% das pessoas que trabalham com prostituição queriam ter outro trabalho; 1.500.000 (um milhão e quinhentos) mulheres em situação de prostituição no BRASIL 78% são mulheres; as travestis correspondem a 15% e só 7% são homens; 59% são chefes de família e devem sustentar os filhos sozinhas.

Todas as pesquisas apontam a um tema comum: desigualdade, pobreza, discriminação e violência de gênero, estão entre os fatores que favorecem o crescimento do comércio sexual e a venda de centenas de mulheres e meninas no Brasil.Elas não se escondem e agem em plena luz do dia nas ruas de São Paulo, travestis e mulheres em situação de prostituição, ficam espalhados por todos os cantos da cidade, frente a indiferença cúmplice da maioria da população.

Embora todos coincidem em considerar a prostituição como: Uma forma de violência contra mulheres e uma violação da dignidade humana e da igualdade dos gêneros.

A exploração na indústria do sexo é, tanto causa como consequência da desigualdade dos gêneros e perpetua a idéia de que o corpo das mulheres e das moças está à venda, e para pesquisar esse assunto dividimos a pesquisa em IV eixos centrai:

Eixo I Dados sócio demográfico: perfil de nossa entrevistada;

Eixo II Atividade: prostituição;

Eixo III Violência estrutural: social e doméstica;

Eixo IV Saída: Formas – futuro.

Apresentação

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Existe uma clara contradição entre a legislação vigente, que penaliza o aliciamento, e o reconhecimento da prostituição como um ofício legítimo.

Desde 2002, o Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil incluiu a prostituição na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) para qualquer pessoa acima de 18 anos.

Assim, as categorias 5198 e 5198-05 da CBO, violam inequivocamente o Artigo 6 da Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW), que também foi ratificada pelo Brasil.

Além disso, a média de escolaridade de pessoas envolvidas com a prostituição no Brasil se situa entre o 4º e o 7º ano do ensino fundamental.

São níveis muito baixos de educação, indicando que a prostituição afeta os setores mais pobres da sociedade, que carecem de oportunidades e sofrem a exclusão social.

Desigualdade, pobreza, discriminação e violência de gênero estão entre os fatores que

favorecem o crescimento do comércio sexual e a venda de centenas de mulheres e meninas no Brasil.

Em plena luz do dia, os turistas se dirigem às praias com o fim de comprar sexo.Todos esses fatores se conjugam para criar as bases de um aumento alarmante do tráfico e da exploração sexual, tanto nacional como internacional.

Existem claros vínculos entre o aumento da demanda, a crescente exploração de mulheres, meninas, meninos e adolescentes no comércio sexual, à regulação da prostituição.Aliciadores e traficantes fazem o contato entre a demanda e a oferta de seres humanos vulneráveis, especialmente mulheres, meninas, meninos e adolescentes.

Reconhecemos os progressos obtidos pelo Brasil no que diz respeito ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nos últimos anos, mas permitir a compra e venda de seres humanos no comércio do sexo, mais especificamente de mulheres, meninas e adolescentes na indústria sexual, não é coerente com os compromissos internacionais ratificados pelo Brasil.

Introdução

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O turismo sexual é um delito: No Brasil, assim como em outros países, o turismo sexual deveria ser um delito punível com prisão, embora eventualmente se pune como estupro ou violação quando se trata de meninas e meninos.

Os corpos e as vidas das mulheres e meninas não são mercadoria: A compra de uma mulher ou menina para a prostituição viola seus direitos humanos.

Sem demanda, não há oferta: A exploração sexual de mulheres, meninas e adolescentes existe porque há homens dispostos a pagar por sexo. Assim como em qualquer mercado, sem demanda não há oferta.

Viver livre de exploração sexual é um direito humano: A prostituição não é uma opção para a vasta maioria das mulheres envolvidas. Muito pelo contrário; como consequência da pobreza e da falta de oportunidades, é a única forma de sobrevivência.

A prostituição perpetua o estereótipo de que os corpos das mulheres e meninas existem para o prazer sexual dos homens.

Em vista do acima exposto, é necessário implementar medidas definitivas, uma vez que:

§ O público em geral se comprometa a recusar a cumplicidade com a exploração sexual de mulheres e meninas, tanto legal como culturalmente, não aceitando a idéia da prostituição como um “trabalho”.

§ O governo brasileiro respeite os tratados internacionais para abolir todas as formas contemporâneas de escravidão, incluindo o tráfico e a exploração sexual, especialmente de mulheres, meninas e adolescentes, que o Brasil ratificou, projetando e implementando uma política contra o turismo sexual.

Teresa Ulloa. ZDiretora de CATWLAC.

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Adotamos a metodologia de pesquisa quantitativa e qualitativa, que permitam a discussão e o aprofundamento do tema em questão.

De acordo com Serapioni (2000), essa metodologia é bem empregada em objetos de estudo que não são muito conhecidos, como é o presente caso.

Como justifica o autor, esse posicionamento faz emergirem novos significados, além das relações, motivações e comportamentos diversos que não seriam observados de outra forma, com a simples aplicação de um questionário, por exemplo.

Com base nessas considerações, buscamos um conhecimento provisório, capaz de gerar espaços de inteligibilidade para a discussão sobre o tema pesquisado.

A maneira escolhida para ter acesso às informações da pesquisa foi uma entrevista estruturada, que, de acordo com Minayo (2007), é um instrumento privilegiado para as Ciências Sociais, pois considera a fala como reveladora de condições estruturais, sistemas de valores para detectar representações grupais importantes.

A autora destaca que há representatividade na fala de uma pessoa em

particular, tanto o comportamento individual quanto o social, obedecem a alguns modelos culturais que são interiorizados por todos.

Dessa forma, fica justificada a razão de esse modelo de pesquisa não requerer um número significativamente alto de participantes.No intuito de realizar as entrevistas, no decorrer do ano de 2017 foram realizadas visitas aos locais de trabalho das mulheres em situação de prostituição, tanto nos bares quanto nos “pontos” que elas estabelecem nas ruas.

Apesar da facilidade em encontrá-las, houve dificuldade em conseguir envolvê-las na pesquisa, principalmente no tocante à gravação da entrevista.

Todas atuavam na prostituição havia pelo menos quatro anos e cobravam entre 30 e 50 reais por programa.

Essas mulheres relataram trabalhar quase todos os dias da semana, sendo que os locais de atuação variam entre a rua, boates e bares.

Análise das informações:

Ao final desta etapa inicial de coleta das informações, passou-se a aplicar um questionário .

Metodologia

“Eu não gosto, eu só vou porque eu preciso mesmo, né?”

“Geralmente aqui são todas mães e pais de família, né?

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EIXO I

Dados demográficos

Perfil de nossa entrevistada

“Sofremos muito preconceito da sociedade”

“Somos mulheres e mães e queremos respeito”

“Só Deus pode nos julgar”

“Queremos o respeito das outras mulheres”

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Gráfico 1Local de procedência

Metade das entrevistadas são de outros estados:

BA(8%) PE(7%) CE(6%) principalmente são migrantes internas do nordeste do país.

49% são mulheres de São Paulo e região metropolitana: Osasco, Guarulhos e Santo André.

Geralmente se prostituem em regiões onde o poder aquisitivo lhes parece maior, e a circulação de prováveis consumidores de sexo de paga é mais concentrada.

Moram em lugares muito pobres e não querem ser reconhecidas nem pela família nem pelos vizinho, amigos dos filhos ou parentes.

Gráfico 2Local que trabalha

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Gráfico 4Outra Atividade

Barueri

Caieiras

Carapicuiba

Centro

Guarulhos

OsascoSanto André

Zona Leste

Zona Norte

Zona Oeste

Zona Sul

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Grá

fico

5Se

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87% 13%

Feminino Trans

Amasiada 5Casada 9Divorciada 13Solteira 73

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18 A 25

25 A 32

32 A 39

39 A 46

46+

3330

248

5

Gráfico 7Nível de escolaridade

Gráfico 8Faixa etária

O levantamento apurou que 47 % das entrevistadas têm o ensino fundamental incompleto ou completo, sendo 41% com ensino médio completo.

Sendo correlativo aos dados conhecidos referente a este segmento social.

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Candomblé; 4

Católica; 33

Cristã; 3Espírita; 6Evangélica; 3

Não; 29

Sim; 21

Umbanda; 1

Grá

fico

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Branca Indígena Negra Parda

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17 | Trabalho de Campo em lugares de incidência do Município de São Paulo

EIXO II

Atividade:

Prostituição

“Trabalho na boate de tarde até à noite e depois procuro as ruas mais movimentadasno centro de São Paulo”

“Estou na prostituição até conseguir terminar meus estudos e ter meu próprionegócio”

“Preciso levantar o montante para poder pôr silicone”

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Grande parte das entrevistadas iniciou-se na prostituição antes dos 18 anos, e muitas das que declaram a partir de 18 anos, poderia ser pelo fato de que a prostituição ser ilegal antes dessa idade.

Registramos 26% que declara ter se iniciado antes dos 18 anos

Pelo que declaram as entrevistadas, as mais jovens têm maior possibilidade de ganhar mais dinheiro

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 2 6I dade que com eçou 9 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 2 6 2 7 2 9 3 0 3 2 3 3 3 9 4 4 4 5 5 4 0Q uant idade 1 1 2 1 2 1 1 9 1 4 1 2 9 4 3 5 3 6 3 1 1 1 2 1 2 1 1 1 3

Gráfico 11Idade que inicio a trabalhar na prostituição

Sarcasticamente, algumas informaram que o valor que recebem com a prostituição é acima de R$4.000,00 e precisam de um trabalho que no mínimo pagasse esse valor, enquanto outras dizem o quão difícil está o mercado de trabalho, associado a falta de formação, se vêem obrigadas a ficar nessa atividade.

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19 | Trabalho de Campo em lugares de incidência do Município de São Paulo

Por motivo de privacidade, preferem prostituir-se em boates, que lhes asseguram locais com relativo conforto e segurança.

Entregam a metade do valor do programa, o que implica em fazer mais programas para compensar.

No caso de boates no centro da cidade de São Paulo, o percentual para o estabelecimento é de 30%.

A cafetinagem é mais usual no centro da cidade de São Paulo, nas praças e ruas, e o percentual que as mulheres em situação de prostituição pagam é o mesmo das boates.

A observação mais contundente é das mulheres em situação de prostituição, que se prostituem sem esse recurso, pois preferem não dividir seus ganhos, optam ir para hotéis e o valor está incluso no valor do programa.

Gráfico 12Locais de trabalho

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Os períodos vespertino (22%) e noturno (38%) são os que escolhem mais frequentemente, entendemos se tratar da maior disponibilidade dos consumidores de sexo de paga.

O período diurno é o preferido pelas mulheres mais jovens, pois sentem-se mais seguras, e geralmente se prostituem todos os dias, enquanto as mais experientes de quinta à sábado, de tarde e noite

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Diurno Diurno/Noite Diurno/Tarde Noturno Qualquerturno

Tarde Tarde/Noite

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Entre 1 a 574%

Entre 5 e 1023%

Mais de 102% Sem resposta

1%

Gráfico 15Quantos serviços por dia?

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EIXO III

Violência estrutural: Social e doméstica

“Fui violentada dos 6 aos 15 anos pelo meu pai, e difícil falar sobre isso”

“Eu tinha 12 anos quando meu padrasto abusou de mim”

“Eu tinha 14 anos quando meu namorado e seu amigo me violentaram”

“Fui agredida física e verbalmente pelos meus vizinhos por preconceito ao meutrabalho”

“Nos insultam e atiram objetos para nos agredir”

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Prostituição: Iceberg visível de um sistema de exploração patriarcal no Brasil | 22

Nas entrevistas 74% das entrevistadas relatam não ter sofrido violência na infância, 28% delas dizem ter sofrido violência física por parte de parentes, companheiros, amigos ou conhecidos, enquanto 1% não informou.

O relato sobre essa questão, deixou as entrevistadas muito consternadas devido o efeito do ocorrido em suas vidas.

Os olhares vagos e profundos, as remetiam ao momento do ato, o que nos deixou bastante perplexos quando eram narrados em detalhes.

Amigo1%

Amigo da Família1%

Desconhecido da rua2%

Padrinho1%

Familiar1%

Marido da amiga1%

Namorado1%

Padrasto2%

Pai2%

Pai / Primo1%

Parente3%

Primo2%

Professor (Escola)1%

Tio1%

Vizinho3%

Sem resposta77%

Amigo

Amigo da Família

Desconhecido da rua

Padrinho

Familiar

Marido da amiga

Namorado

Padrasto

Pai

Pai / Primo

Parente

Primo

Professor (Escola)

Tio

Vizinho

Sem resposta

74

25

1

Não Sim Sem Resposta

Gráfico 16Violentada sexualmente quando criança

Gráfico 17Violentada sexualmente quando criança: Quem?

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Não 51

Sem resposta 1

Sim 48

Normalmente ocorre agressão quando o cliente não quer pagar pelo programa e clientes bêbados, que querem maneiras bizarras de fazer sexo, e elas não querem.

Uma delas relata que foi perseguida por um cliente depois que saiu da boate e estuprada por ele e um amigo.

São agredidas pelos transeuntes, moradores da região.

Gráfico18Clientes já agrediram?

“elas são novinhas e animadas, atendem de 8 a 10 clientes por dia, mais logo percebem a realidade dura dessa profissão”

Locais de trabalho preferidos:Hotéis, boates, ruas e praças.

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Não71%

Sem resposta1%

Sim28%

Grá

fico

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3 1 1 1 1 1 2

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“Minha mãe sabia que meu pai abusava de mim e não fazia nada, por isso sai de casa e virei prostituta”

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EIXO IV

Futuro: Elas por Elas

“Sim, todos pensam que a prostituição é suja, e não é”

“Não é só sexo e drogas, tem um lado interessante”

“A maioria dos homens são solitários e procuram

amizade e companhia”

“Não acho ruim a prostituição”

“Terminamos nas bebidas e nas drogas”

“Por que ninguém dá valor à mulheres em situação de prostituição?”

“Não. Achava que ia ter clientes que seriam como príncipe encantado, e não é isso, é duro aturar

gente fedida e sem dente, ter que fazer sexo pelo dinheiro”

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10 a 20 anos

20 a 30 anos

Menos de 10 anos

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fico

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Mais ou menos 2

Não 62

Sem resposta 3

Sim 33

Gráfíco 22Gosta de trabalhar na prostituição?

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27 | Trabalho de Campo em lugares de incidência do Município de São Paulo

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A lei é só para travesti

Em Minas Gerais. Em São Paulo, não.

Escutei mais nada

Não

Nós travestis estamos mais organizadas

Sim

Sim, passou na TV, mas falta muito para que a lei chegue a nós

Somos respeitadas, mas precisamos que a lei seja conhecida e possamosnos organizar melhor

Lei e regulamentação da prostituição

Em diálogo com as participantes percebemos que só 5% das entrevistadas sabia da existência do projeto de Lei, mas desconheciam suas vantagens e desvantagens . Desconhecem o assunto, embora algumas opinam que seria bom ter uma legislação que apoiasse suas atividades e conseguir ter aposentadoria, carteira de trabalho e melhor atenção na saúde.

Mas existem pessoas que duvidam que possa trazer benefícios, revelam interesse em conhecer a lei, solicitando aos entrevistadores informação sobre e se possível enviar o projeto. As resistências estavam relacionadas á remuneração, pensando que se fixariam salários inferiores aos que elas recebem.

As pessoas travestis conhecem mais sobre a lei, estão mais organizadas em defesa de seus direitos e são favoráveis a legislação e

segurança que permite maior acesso à justiça e direitos.

Lei e percepção da Lei: 86 % das entrevistadas não conhecem a lei, mostram surpresa de que exista uma possível normativa referente a prostituição.

Revelam necessidade de informação, para poder ver como organizar-se e atuar de acordo com a legislação. Algumas pessoas achavam que a lei era só para travestis, e que por isso eles são mais organizados.

Escutaram na TV mas sem prestar maior atenção, falam que é necessário maior informação.

Algumas não desejam carregar o estigma de “putas” em sua carteira de trabalho, ser classificadas como tal, por considerar isso degradante.

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Consideração

Gráfíco 24Que tipo de proteção usa?

Anticoncepcional /Camisinha

Camisinha Camisinha e Remédios Não Sem resposta

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Consideramos de relevância destacar quesito dedicado a saúde, na pergunta sobre uso de camisinha ou formas de proteção, de forma unânime declaram usar, porém é de conhecimento que, especialmente quando bêbadas ou drogadas essa prevenção não existe.

Especialmente segmentos de grupos travestis em regiões determinadas, registra-se maior número deles, como é o caso de Itaquera.Referente a controle, 60% declaram que habitualmente fazem controle, sendo que 24 pessoas não responderam, não se sabe o porque, embora se possa deduzir que seja porque não fazem controle habitual ou não desejam responder.Citado a periodicidade de controle uma porcentagem muito alto declara controladores de 2 a 8 meses, ( 30%) pessoas que não responderam foi 24% e por volta de 25 % fazem controle anualmente ou cada 2 anos.Outros entre 4 a 7 anos 11 % .

Em saúde recomendamos ampliar o espectro do considerado saúde sexual, reprodutiva e incluir dentro das perguntas, algumas referida a temas de enorme incidência como são transtornos psicológicos e saúde mental que envolva distúrbios de ansiedade, medo e depressão que é sabido esta população tem uma porcentagem maior que outros segmentos.

Não temos informação sobre centros de atendimentos, conhecimentos e uso das redes de saúde, atenção das mesmas, discriminação ou atenção adequada dos centros onde elas são atendidas.

Seria importante também detectar atenção e cuidados de parto, pré e pós, para ver as necessidades específicas destas mulheres.Das entrevistadas a maioria tem 1 ou 2, mas entre 3 a 4 filhos é30 % ,e uma que tem 10 filhos. (não se fazem considerações referente a estes itens, cuidado dos filhos, quem cuida deles, saúde física, mental dos mesmos, etc)

Da legislação considera- se importante propiciar um debate , informação através de diversos meios de comunicação, para futuramente contribuir com orientação e entendimento da realidade.

Também devem se ampliar e consolidar formas de orientação e capacitação para migrarem a outros empregos, para as pessoas que assim o desejarem , pois na estrutura atual tem escassa possibilidade de poder deixar a prostituição.

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Urinária2%

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A cada 3 meses

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A cada 6 meses

A cada 7 meses

Anual

Mensal

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Gráfico 26Control de saúde

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1

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A lei é só para travesti

Em Minas Gerais. Em São Paulo, não.

Escutei mais nada

Não

Nós travestis estamos mais organizadas

Sim

Sim, passou na TV, mas falta muito para que a lei chegue anós

Somos respeitadas, mas precisamos que a lei seja conhecidae possamos nos organizar melhor

Gráfico 29Notou alguma mudança com a lei?

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Segurança e respeito pelos clientes

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Conclusões e propostas

Potencializar a captação de informações para pesquisa mais abrangente.

Questionário mais abrangente para informações relevantes á motivação á prostituição, saúde, ambiente familiar,filhos, educação e cuidado dos mesmos.

Observação mais ampla no que se refere a etnia, detectando as razões de negação de sua etnicidade.

Averiguação de incidência de violência sexual induzindo a prostituição e, reação familiar mediante a atividade exercida,

Uma possibilidade de olhar aos clientes.

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Apreciação Queremos agradecer ás 100 pessoas que abriram suas portas e aceitaram nos mostrar suas vidas e a falta de alternativas e oportunidades que viviam e ainda vivem e que as levaram e as mantêm em situação de prostituição.

Queremos agradecer à Kvinnefronten, FOKUS-NORAD e à Coalizão Internacional contra o Tráfico de Mulheres (CATW), pelo financiamento de nosso projeto, com os seguintes objetivos:

1. Fazer o turismo sexual visível, como consequência de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

2. Conseguir organizar uma Rede Nacional de Organizações e Coletivas Abolicionistas que propiciou o 1º. Encontro Nacional que permitiu a constituição da Frente Brasileira pela Abolição da Prostituição (FBAP), em Frente é composto por: GARRa Feminista, Movimento de Mulheres Olga Benário, Presença da América Latina, (PAL), QG Feminista e Rede Um Grito Pela Vida; cujo objetivo é divulgar e promover a Abolição da Prostituição como uma posição teórica e política, criada por feministas radicais que começaram no século XIX, e que explicaram a possibilidade do pensamento moderno-esclarecido questionar as estruturas convencionais da vida social. De feministas que lutavam pela queda do patriarcado e á Abolição da Prostituição como uma forma séria de violência contra as mulheres.

3. Este trabalho resultou em uma publicação intitulada: Abolição da Prostituição: Uma Luta Feminista e Prostituição: Iceberg visível de um sistema de exploração patriarcal no Brasil, resultado de um trabalho de campo de pesquisa nas áreas de Tolerância em São Paulo.

4. Não podemos deixar de mencionar a dificuldade de realizar esta pesquisa pelas seguintes razões:

§ Grupos contrários ao abolicionismo que, de alguma forma, não entendem que o objetivo da abolição da prostituição de mulheres e travestis é ser a favor da dignidade, igualdade de gênero e, de modo algum, contra as pessoas que estão nessa situação. § A dificuldade construída e mantida pela falta de informação, tanto do governo quanto da mídia, que servem apenas para perpetuar os estereótipos de gênero e essa forma de violência contra mulheres, meninas e adolescentes, produto de uma cultura patriarcal, de colonização de corpos e sexualidade de mulheres e sexista que transforma pelo menos a metade da população mundial em objetos de consumo, que geram altos lucros para os exploradores do sistema de prostituição, sendo mulheres e travestis em situação de prostituição o ponto invisível desse sistema perverso de escravidão moderna.

5. Diante do exposto, gostaríamos de agradecer á equipe de agrimensores que realizou a pesquisa, tarefa que não foi fácil, pois tiveram que trabalhar e viajar em áreas de risco e nas condições atualmente vivenciadas pelo Brasil.

6. Consolidar uma Rede Nacional Abolicionista

no Brasil é um grande desafio que exige todo nosso empenho, esforço e união. Que seja para o bem das mulheres, meninas e adolescentes brasileiras, especialmente daqueles que vivem em condições de exclusão social.

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