direitos humanos e a prostituição

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Page 1: Direitos Humanos e a prostituição
Page 2: Direitos Humanos e a prostituição

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS

SANDRA REGINA BERGMANN SCHNEIDER

PROSTITUIÇÃO E DIREITOS HUMANOS

PELOTAS2010

Page 3: Direitos Humanos e a prostituição

SANDRA REGINA BERGMANN SCHNEIDER

PROSTITUIÇÃO E DIREITOS HUMANOS

Trabalho apresentado à disciplina de

Direitos Humanos, no Curso de

Direito da Universidade Católica de

Pelotas, requisito para aprovação na

disciplina.

Orientadora: Profª Dra. Anelize

Maximila Corrêa.

PELOTAS2010

Page 4: Direitos Humanos e a prostituição

Dedicatória

A meu esposo, pelo incentivo.

Á minhas filhas, Jordana e Júlia

pela compreensão nas ausências.

Page 5: Direitos Humanos e a prostituição

Agradecimentos

Á Gislaine e Antoniel Danda pela força constante.

À Flávia Danda pelas alegrias.

Page 6: Direitos Humanos e a prostituição
Page 7: Direitos Humanos e a prostituição

RESUMO

A violação excessiva dos Direitos Humanos no decorrer da Segunda Guerra Mundial, incitou os Estados a criarem um órgão internacional que primasse pelo estabelecimento e manutenção da paz no mundo. Criou-se a ONU e a partir deste órgão os Estados conveniaram, trataram e formalizaram diversos Protocolos, Tratados e Convenções no intuito de proteger os direitos e liberdades básicos do homem.Apesar de já termos evoluído muito em relação a universalização e positivação destes direitos expressos em diversos documentos, a vida real ainda traz muita violação de direitos básicos ao homem, principalmente no que tange as mulheres e crianças, o que se agrava quando estas vivem no mundo da prostituição.Uma análise do submundo em que vivem e trabalham estas pessoas, mostra um retrato de miséria, drogas, estigmas e desigualdade social. Um ciclo vicioso em que fazem parte a exploração sexual de mulheres e crianças jogando-as num sistema de violação de direitos que repercutirão em todo o seu ciclo de vida.

Palavras-chave : Direitos Humanos, exploração sexual, prostituição, direitos da mulher, direito

da criança.

Page 8: Direitos Humanos e a prostituição

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................8

2. HISTÓRIA DA PROSTITUIÇÃO............................................................................9

3. A REALIDADE BRASILEIRA..............................................................................10

4. MOBILIZAÇÃO DAS PROSTITUTAS POR DIREITOS....................................12

5. DIREITOS HUMANOS E PROSTITUIÇÃO FEMININA....................................12

6. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS.........................17

a) Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher.........................................................................................................................18b) Convenção sobre os Direitos das Crianças..........................................................19

7. CONCLUSÃO.........................................................................................................21

8. REFERÊNCIAS......................................................................................................22

Page 9: Direitos Humanos e a prostituição

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Prostituição e Direitos Violados......................................................................14Tabela 2 – Violação de Direitos da Mulher nas Cidades Brasileiras.............................16

Page 10: Direitos Humanos e a prostituição

1. INTRODUÇÃO

Este artigo pretende discutir o tema da prostituição em sua relação com os

direitos humanos. O mundo e o submundo da prostituição feminina, as conseqüências

destas práticas no seu dia-a-dia, seus filhos, sua família. A relação entre a prostituição

infantil e a feminina no atual contexto brasileiro e onde estas pessoas têm seus direitos

humanos respeitados.

Para tanto, busquei dados históricos e atuais sobre a realidade da prostituição no

Brasil, locais de maior incidência e menor respeito pelos direitos das pessoas, relatos

pessoais, pesquisas científicas, fatos verídicos deste submundo que tem conseqüências

imensuráveis para estas famílias.

Numa sociedade capitalista, onde o consumo é fator de desigualdade social, e a

ordem de inserção social é a capacidade de consumo, o acesso ao mercado de trabalho é

vital. Abordarei a capacidade de qualificação para o trabalho, o mercado de trabalho e o

estigma dos sobreviventes da prostituição. Por fim, analisarei os dispositivos legais na

Constituição Federal do Brasil de 1988, a adesão a Convenção sobre a Eliminação de

todas as formas de Discriminação contra a Mulher e a Convenção sobre os Direitos da

Criança.

Page 11: Direitos Humanos e a prostituição

2. HISTÓRIA DA PROSTITUIÇÃO

A sensibilidade sobre o que se considera prostituição está intimamente ligada a

sociedade e a moral aplicável ao tempo e circunstâncias. É reprovada socialmente em

função da moral, das doenças sexualmente transmissíveis, do adultério e pelo impacto

negativo nas estruturas familiares.

A prostituição data pelo menos desde a antiguidade, onde era praticada por meninas

como um ritual de iniciação. Ao longo dos tempos e da história a presença de prostitutas

é constante, por vezes consideradas sacerdotisas e merecedoras de destaque. Em outros

tempos apesar de admiradas eram estigmatizadas, e deveriam vestir-se de forma

diferente da sociedade em geral e exerciam grande poder político, sendo extremamente

respeitadas. O poder ou a estigmatização estão relacionados com a moral e religião de

cada sociedade da época.

O cristianismo tentou eliminar a prostituição, impulsionada pela moral cristã mas

principalmente pelas doenças sexualmente transmissíveis. O advento da Revolução

Industrial trouxe um aumento na prostituição, com a entrada no mercado de trabalho

pelas mulheres, as condições desumanas propiciavam a troca de favores com os

capatazes e patrões, expandindo a escravidão e o tráfico de mulheres.

A ONU, em 1949, denunciou e tentou tomar medidas para o controle da prostituição

no mundo. Os Países Ocidentais tomaram medidas com o intuito de retirar a

prostituição da atividade criminosa onde se tinha inserido no século anterior, quando a

exploração sexual passou a ser executada por grandes grupos de crime organizado,

havia a necessidade de desvincular a prostituição do crime de forma a minimizar os

lucros dos criminosos.

Atualmente as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e sobretudo a AIDS, são

fatores de risco para a prática da prostituição e apesar da tentativa dos órgãos de saúde

pública no mundo na prevenção destas doenças, em regiões mais pobres do mundo a

miséria e a prostituição são praticamente sinônimas.

No Brasil, a prostituição, o tráfico de drogas e as DST são comuns nas regiões

menos favorecidas, principalmente no Norte e Nordeste do país, a prostituição infantil é

comum nas camadas mais pobres dos centros urbanos. A região do Pantanal e fronteiras

com os países sul americanos o turismo sexual é o grande mercado, onde crianças de

ambos os sexos são recrutados para satisfazer os desejos de pedófilos provindos de

todas as partes do mundo, em especial Estados Unidos e Europa.

Page 12: Direitos Humanos e a prostituição

3. A REALIDADE BRASILEIRA

A prostituição encontra espaço nos grandes e pequenos centros, nas casas de luxo e

nos casebres, pode ser requintada e gerar um lucro considerável para algumas das

operadoras do sexo, pode até ser desculpa para pagar uma faculdade, porém na sua

grande maioria é forma de discriminação e desigualdade social. A busca por um espaço

na sociedade, a capacitação para o consumo, a incapacidade para o mercado de trabalho,

os maus-tratos no seio da família ou simplesmente um prato de comida são alguns dos

fatores que levam grande parte das operadoras do sexo a enveredar pelo caminho da

prostituição e descobrir a cruel realidade que o cerca.

Maria de Lourdes de Souza, 32 anos, grávida de oito meses, vende carícias numa calçada escura da capital do Brasil. Cobra R$ 10,00 promete paciência e jura que a barriga não lhe atrapalha o ofício. Faz o serviço de olhos fechados, concentra o pensamento no rebento que carrega no ventre retalhado de estrias. Ela é a puta que pariu, ele é o filho da puta e esta é uma história sobre mães e filhos. (www.direitos.org.br em 31 de agosto de 2005).Maria Fernanda Valdez brinca no quintal do cabaré de sua avó na cidade de Ponta-Porã, na violenta fronteira com o Paraguai, 60 mil habitantes, muamba, mulheres, cocaína e armas à disposição do freguês. A menina tem 1 ano e 8 meses de vida, uma mãe, duas tias, uma avó e nenhum pai. O homem que a fez não assumiu a paternidade. Alega que é neta de cafetina e filha de devassa. Franciele Valdez (mãe de Maria Fernanda), 18 anos, teme que o leite do peito seque e silencia. Aprendeu a chorar para dentro e olhar para frente. - Na escola, os garotos apontavam para mim e berravam: a mãe dela tem uma zona! Ela é que carrega a filha para o bordel. Ensina a saciar covardes, vende a menina para cafajestes. Sem peito, sem curvas, sem maldade, a criança obedece. Aprendeu que mães jamais são malvadas. Essa é uma história sobre crimes. (www.direitos.org.br em 31 de agosto de 2005).Ana Silva se rendeu. Servia a policiais, vereadores e turistas em Cáceres, no Pantanal mato-grossense, Meca do turismo sexual verde-e-amarelo. Tinha 16 anos, trabalhava desde os 11, até que engravidou e viu a clientela minguar a cada centímetro da barriga. Com 4 meses desistiu. Pagou R$ 300 pelo aborto ao homem que até hoje chama de monstro. Ele fez o serviço num quarto de motel e não cobrou apenas a retirada do feto. Antes, exigiu 1hora de prazer. Ana cumpriu o acertado, tempos depois, denunciou o criminoso. Pior para ela. Ganhou fama de delatora, não arranja emprego, vive sendo ameaçada corre o risco de perder a guarda de outro filho. (www.direitos.org.br em 31 de agosto de 2005).

Estas são apenas algumas histórias do submundo da prostituição nas regiões menos

favorecidas. É muito mais do que vender o próprio corpo, segundo Bibiana Aído,

Ministra da Igualdade da Espanha, “a prostituição é a escravidão do século XXI”.

Este é o retrato de famílias destruídas pela profissão das mães. Elas vendem o corpo

para suprir o seu sustento, muitas trocam os favores sexuais por um prato de comida ou

para o filho, não há quem as provenha. Elas começam cedo, incentivadas pelas próprias

mães ou pela falta delas, os maus-tratos ou abusos sexuais na família são outro fator.

Page 13: Direitos Humanos e a prostituição

Em muitos casos as mães vendem as filhas para sustentar o próprio vício. O tempo

passa e o ciclo continua. É um ciclo vicioso e de poucas perspectivas.

Um cenário fértil para a ação do crime organizado que visa a exploração sexual de

mulheres e crianças. Segundo Nilmário Miranda, ex-secretário de Direitos Humanos da

Presidência da República , a prostituição como crime organizado só perde em

lucratividade para o tráfico de drogas e do contrabando de armas no Brasil.

Todas as pesquisas mostram que a venda de crianças, a exploração sexual e a pornografia possuem causas no subdesenvolvimento, na pobreza, na desigualdade econômica, na falta de estrutura familiar, na má qualidade da educação, nas migrações, na discriminação contra as mulheres e no abuso sexual familiar. (Miranda,Nilmário. Disponível em: HTTP://proex.reitoria.unesp.br/informtivo)

No Brasil, a região Norte tem um contexto favorável para a exploração sexual, as

amplas fronteiras, a natureza, as desigualdades sociais, o tráfico de drogas corroboram

para a prática. A pesquisa feita por Ana Beatriz Magno e José Varella1, apontam Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul como as regiões onde ocorre o mercado do corpo no

turismo sexual náutico (barcos, hotéis, agências de viagem, taxistas, boates), turistas de

todo país e estrangeiros viajam para a região para a temporada de pesca mas o que

buscam mesmo é a biscatearia(prazeres sexuais em motéis flutuantes) e nas suas

fronteiras com a Bolívia e o Paraguai, na conexão com o tráfico de drogas, nas boates de

luxo, no baixo meretrício nas áreas urbanas e nas estradas. As mulheres vendem o corpo

por R$1,99 e pagam R$1,00 pela base (pior parte da cocaína, o lixo, a sobra após o

refino, tem efeito rápido e estimulante – em menos de 5minutos) para suportarem o

meretrício. Ainda segunda a mesma pesquisa em Goiás o mercado do corpo funciona no

tráfico internacional e nacional de mulheres, crianças e adolescentes, além das boates de

luxo, que supervalorizam os produtos que vendem aos seus clientes, uma forma indireta

de negociar programas sexuais, pois cobram das prostitutas o estímulo ao consumo de

seus clientes repassando à elas míseros trocados e quando engravidam não serão mais

aceitas no plantel da boate, saindo sem nenhum direito e muitas obrigações.

A situação de miséria (fome, analfabetismo, desestrutura familiar, etc.) por que

passam as famílias pobres brasileiras, especialmente as do Norte e Nordeste, aliada à

cultura do machismo, contribui para a expansão da exploração sexual infanto-juvenil

que passa a se tornar muitas vezes imprescindível para a sobrevivência familiar, “um

mercado de trabalho” sexual, que ocasiona uma renda através da venda do corpo de

1 Pesquisa sobre A Prostituição no Brasil, feita através do Correio Braziliense, no ano de 2005, com dados sobre a CPMI da exploração sexual no Brasil, relata depoimentos de mulheres, crianças e famílias que convivem com esta realidade. Disponível em: <HTTP://www.direitos.org.br>

Page 14: Direitos Humanos e a prostituição

meninas e jovens, conduzindo-as à depreciação moral, ética, física e psicológica,

dificultando sua integração à sociedade e ao seu núcleo familiar.

4. MOBILIZAÇÃO DAS PROSTITUTAS POR DIREITOS

O menosprezo, desrespeito, a estigmatização sempre fizeram parte do dia-a-dia das

prostitutas, optar (?) por esta profissão raramente traz só benefícios e a história

comprova.

Em 1979, uma forte repressão policial à prostituição no centro de São Paulo que

resultou nas mortes de um travesti e duas mulheres, uma delas grávida, incitou a

primeira grande mobilização das prostitutas em busca de seus direitos.

Começam aí as passeatas reivindicando direitos e denunciando os abusos e

arbitrariedades da polícia. O I Encontro Nacional das Prostitutas2, aconteceu em julho

de 1987 e constitui-se daí a Rede Brasileira de Prostitutas. Associações regionais foram

organizadas objetivando a formalização das relações de trabalho, o combate às múltiplas

formas de violência que vivenciam e a crítica ao estigma que sobre elas recai.

Desde 2004 uma representante é eleita para representar a categoria na Conferência

Nacional dos Direitos Humanos, evidenciando o interesse da Rede em descentralizar o

poder.

5. DIREITOS HUMANOS E PROSTITUIÇÃO FEMININA

Com o apoio do Fundo de População das Nações Unidas, em 2008 foi realizado um

projeto de pesquisa "Direitos Humanos e Prostituição Feminina”3 na cidade do Rio de

Janeiro com o objetivo de conhecer no âmbito nacional a prostituição e a questão dos

direitos.

Esta pesquisa foi realizada na sede da Davida e contou com a colaboração de uma

mediadora política, a prostituta Jane Eloy4. As entrevistas resultaram em um denso

material de pesquisa, integrado por uma diversidade de temas a serem posteriormente

2 O I Encontro Nacional de Prostitutas, aconteceu no Rio de Janeiro em julho de 1987 e teve como sua principal articuladora, Gabriela Silva Leite, líder do movimento pelos direitos das prostitutas. O lema do encontro era “Mulher da vida, é preciso falar”.3 O projeto Direitos Humanos e Prostituição foi elaborado pelo núcleo de pesquisa da Instituição Davida (fundada em 1992 por Gabriela Silva Leite) que tem por objeto articular políticas públicas nas áreas de prostituição, cultura, cidadania, direitos humanos e saúde, incluindo ações de prevenção de DST e AIDS.4 Jane Eloy, prostituta e ativista do movimento participou como mediadora e facilitou o fornecimento de depoimentos de forma menos constrangedora e mais real para o projeto.

Page 15: Direitos Humanos e a prostituição

explorados, as prostitutas revelaram experiências diversas de violações no contexto de

suas histórias de vida e no exercício de sua profissão. Abordar o tema dos direitos e

instigar a fala sobre a percepção de direitos das entrevistadas nas diversas situações por

elas descritas, proporcionou a avaliação do cenário em que vivem as prostitutas.

O quadro demonstrativo abaixo foi elaborado a partir da pesquisa feita e demonstra

os contextos mais abordados nas entrevistas: rua, termas e zona confinada. Através dele

é possível analisar os tipos de violação diferentes em cada cenário de atuação.

Tabela 1- Prostituição e Direitos Violados

Modalidades de

Exercício da

Prostituição

Violação de Direitos no

Exercício da Profissão

Percepções de Direitos por

parte das Prostitutas

Prostituição na Rua

Calote de clientes

Negação por parte das autoridades policiais e médicas em reconhecer a prostituição como ocupação, cfe CBO

Agressão física vivenciada pelas mulheres em locais de trabalho considerados pouco seguros

Violação das regras do programa combinadas entre a prostituta e o cliente

Violação dos direitos da mulher face a sua integridade física e moral

Recusa masculina ao uso do preservativo

Cobrança de parte dos rendimentos obtidos pelas prostitutas por diferentes agentes intermediários

Múltiplas formas de discriminação

Direito de ser remunerado pelo trabalho

Direito de ter sua ocupação devidamente reconhecida

Direito de exercício seguro da profissão

Direito de estabelecer as regras do programa e assegurar seu cumprimento

Direito de ser respeitada como mulher, cfe determinado pela Conferencia Mundial de Direitos Humanos, Viena, 1993

Direito ao uso do preservativo no exercício da profissão

Direito de receber integralmente a remuneração obtida com seu salário

Direito a uma vida livre de discriminações

Page 16: Direitos Humanos e a prostituição

Violação do direito de ir e vir praticadas por policiais

Direito de ir e vir

Termas

Endividamento e controle sobre os rendimentos auferidos pela prostituta

Diferentes mecanismos de cobrança (multas) referidos à conduta da prostituta no local de trabalho

Redução do tempo de programa com fins de maximizar a rentabilidade do proprietário do estabelecimento

Direito de ter controle sobre os rendimentos do seu trabalho

Direito a um comportamento livre de injunções de terceiros no local de trabalho

Direito de estabelecer o tempo de duração do programa

Zona Confinada

Detenção por endividamento

Coerção ao uso de drogas no exercício da prostituição

Destituição de um lugar para dormir em condições adequadas de higiene e segurança, física e psíquica

Perda da noção de tempo, do dia e da noite

Ausência de atendimento médico, inclusive de serviços de emergência em caso de acidente no exercício da prostituição

Direito de romper uma relação de trabalho

Direito de não usar drogas no exercício da prostituição

Direito de ter um lugar para dormir em condições adequadas de higiene e segurança, física e psíquica

Direito a controlar o seu próprio tempo

Direito ao acesso ao atendimento de saúde

Tabela de pesquisa extraída do Livreto das Prostitutas, disponível em : <http://www.sxpolitics.org>

A Rede Brasileira de Prostitutas ao longo de sua trajetória organizou diversos

encontros nacionais, em que discutiu-se a violência no exercício da profissão além das

DST e AIDS, preocupações constantes nesta profissão. O debate possibilitou a

avaliação de um novo quadro, no qual verifica-se as diferentes formas de discriminação

e violência contra a mulher em todo o território nacional. Vejamos o quadro:

Tabela 2 – Violação de Direitos da Mulher nas Cidades Brasileiras

Page 17: Direitos Humanos e a prostituição

CIDADES/

ASSOCIAÇÕES

VIOLAÇÃO DE DIREITOS MAIS RECORRENTES

MENCIONADAS PELAS LIDERANÇAS NA

OFICINA

Corumbá- MSDASSC

Macapá- APAMPSAP

Belém-PAGEMPAC

Manaus-AMAS AMAZONAS

Curitiba-PRGRUPO DA LIBERDADE

Salvador-BAAPROSBA

-abusos policiais, sobretudo na região de fronteira coma Bolívia;-prisão indevida: frequentemente as mulheres são liberadas do outro lado da fronteira:-recusa de atendimento médico, dificuldade de marcar consultas médicas por prostitutas.

-“cafetinagem severa”, nas zonas de confinamento;-Policiais corruptos que, tratando indevidamente a atividade da prostituição como ilegal, cobram propina às mulheres;

-violência policial na cidade de Belém: policiais que forjam flagrantes de porte de drogas para incriminar as mulheres e roubam-lhes o dinheiro. Sentindo-se ameaçadas, as mulheres enfrentam dificuldades em realizar as denúncias;- em “região de garimpo” no Estado do Pará, as mulheres muitas vezes são submetidas à prostituição compulsória pelos designados “donos de pista” ou “donos de avião”, sem as mínimas condições de trabalho e sem direito de ir e vir ou de se expressar;

-prisões indevidas às quais se estipula como “pagamento de fiança” prestações de serviço de limpeza e de serviços sexuais sem a devida remuneração;

- ação constante de um policial militar, no centro da cidade, que joga gás de pimenta nos olhos das mulheres, as deixa nuas, lhes bate com toalha molhada e toma-lhes o dinheiro;-fechamento dos hotéis por parte de autoridades públicas, impedindo as mulheres de trabalhar em alguns lugares da cidade;-cárcere privado;

-cobrança de “pedágio” em vários pontos da cidade de Salvador por policiais, travestis, traficantes;-prostitutas que são impedidas de entrar em restaurantes do centro histórico, hoje revitalizado;-políticos locais que tomam medidas hostis ao exercício da prostituição em determinadas áreas da cidade;

Belo Horizonte-MG - violação verbal por parte dos transeuntes;

Page 18: Direitos Humanos e a prostituição

APROMIG

São Luis-MAAPROSMA

Porto Alegre-RSNEP

Ribeirão Preto-SPVITÓRIA RÉGIA

Recife-PEAPPS

-tentativa de remoção de zona para área distante da cidade;-atitude hostil por políticos locais face ao exercício da prostituição em área da cidade que deverá ser revitalizada;-tentativa de erradicação da prostituição de rua na cidade de BH através de ofício de um deputado dirigido a policiais, delegados e demais autoridades referidas ao aparato de repressão policial;

-denúncia do caso das conhecidas “Irmãs Marlene”, traficantes de Praça João Lisboa, que ocuparam a região e tributam as prostitutas no valor de um programa por noite;-travesti que age com violência e cobra as mulheres no centro da cidade;

-taxação do trabalho das prostitutas na Rua dos Farrapos e na Praça Florida por diversos exploradores: travestis, lésbicas, os chamados “chefes de zona”;-agressões de policiais a prostitutas com “garrafas pet” com intuito de não deixar marcas no corpo que provem as agressões físicas;-assassinatos de prostitutas em áreas de fronteira por parte de traficantes que pretendem aliciar as prostitutas do tráfico.

-fechamento de bares em locais de prostituição localizados na área da baixada, próxima a rodoviária;-agressões recorrentes de clientes na Rua 9 de Julho, onde o programa é realizado nos carros. As agressões nesse caso são combatidas pela Associação através de estratégias de registro das placas de carro, disseminada entre as mulheres;

-agressão de prostitutas de transeuntes em área de prostituição da cidade;-fechamento dos Cabarés do município de Tamarajibe, obrigando as mulheres a exercer a prostituição em municípios próximos.

Tabela extraída do Livreto das Prostitutas. Disponível em:http://www.sxpoltics.org

Estas pesquisas nos trazem um cenário de insegurança e violação de direitos básicos

como ir e vir, além da violência física e psíquica. A vida neste contexto gera

conseqüências diretas no dia-a-dia das prostitutas e suas famílias e na forma como

interagem.

6. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Page 19: Direitos Humanos e a prostituição

Os direitos humanos são os direitos e liberdades básicos de cada ser humano, a idéia

de liberdade de expressão e de pensamento, e a igualdade perante a lei.

Apesar de ter sido debatida pelos filósofos e juristas ao longo dos séculos,

encontrando alicerces no Cristianismo, que defende a igualdade de todos os homens

numa mesma dignidade desde a Idade Média, passando pela Magna Carta,5 a

Declaração Americana de Independência6, a Declaração dos Direitos do Homem e do

Cidadão7, foi somente no século XX depois da 2ª Guerra Mundial que os Estados

tomaram consciência das tragédias e atrocidades vividas durante a guerra e criaram a

Organização das Nações Unidas (ONU) em prol de estabelecer e manter a paz no

mundo. Assim em 10 de dezembro de 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas

proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A Declaração em seu artigo 1º afirma:

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. (DUDH, 1948).

Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a ONU passou a trabalhar no

sentido da internacionalização desses direitos, sendo necessário redefinir o âmbito e o

alcance do tradicional conceito de soberania estatal, a fim de permitir o advento dos

direitos humanos como questão de legítimo interesse internacional. O Direito

Humanitário, a Liga das Nações e a Organização Internacional do Trabalho foram os

primeiros passos nesse processo de internacionalização.

A universalização dos direitos humanos fez com que os Estados consentissem em

submeter ao controle da comunidade internacional o que até então era de seu domínio

reservado.

O processo de universalização traz em si a necessidade de implementação, mediante

sistemática de controle e monitoramento.

Surgem a partir daí diversos Pactos e Convenções, especificando direitos e garantias

aos homens.

5 Magna Carta (Grande Carta das liberdades, ou Concórdia entre o rei João e os Barões para a outorga das liberdades da Igreja e do rei inglês) , documento de 1215 que limitou o poder dos monarcas da Inglaterra, impedindo assim o exercício do poder absoluto.6 Declaração Americana de Independência ocorreu em 4 de julho de 1776 e constavam os direitos naturais do ser humano que o poder político deve respeitar.7 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada na França em 1789, sintetiza em 17 artigos e um preâmbulo dos ideais libertários e liberais da primeira fase da Revolução Francesa. Pela primeira vez são proclamados as liberdades e os direitos fundamentais do homem de forma ecumênica, visando abarcar toda a humanidade.

Page 20: Direitos Humanos e a prostituição

a) Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação

contra a Mulher.

Em 1979, é realizada a primeira Conferência Mundial sobre a Mulher8, as Nações

Unidas aprovaram a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de

Discriminação contra a Mulher.

A Convenção se fundamenta na dupla obrigação de eliminar a discriminação e

assegurar a igualdade.

Nos termos do art. 1º da Convenção, discriminação contra a mulher significa:

Toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo, exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social e civil ou em qualquer outro campo.

O artigo 4º prevê a possibilidade de adoção de ações afirmativas, como importante

medida a ser adotada pelos Estados para acelerar o processo de obtenção da igualdade.

Ou seja, o intuito não é apenas de eliminar a discriminação contra a mulher e suas

causas, mas estimular estratégias de promoção de igualdade.

Ao ratificar a Convenção os Estados-parte se comprometem a progressivamente

eliminar a discriminação e assegurar a efetiva igualdade.

Esta Convenção entende a violência contra a mulher uma forma de discriminação e

portanto não há recorrência ao tema de forma explícita na Convenção.

Em 1993 foi adotada a Declaração sobre a Eliminação da Violência contra a Mulher,

que define a violência contra a mulher como sendo:

Qualquer ato de violência baseado no gênero que resulte, ou possa resultar, em dano físico, sexual ou psicológico ou em sofrimento para a mulher, inclusive as ameaças a tais atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade, podendo ocorrer na esfera pública ou na esfera privada. (Conselho Social e Econômico, Nações Unidas, 1992).

A Declaração estabelece ainda o dever dos Estados de condenar e eliminar a

violência contra a mulher, não invocando qualquer costume, tradição ou consideração

religiosa para afastar suas obrigações no que tange a eliminação dessa violência(art.4º).

8 Realizada no México, a primeira Conferência Mundial sobre a Mulher instou a ONU a elaborar um tratado internacional que assegurasse no plano internacional, de forma obrigatória, os Princípios da Discriminação contra a Mulher.

Page 21: Direitos Humanos e a prostituição

No Brasil, a violência contra a mulher é crime e a Lei 11.340/2006, conhecida como

Lei Maria da Penha, coíbe a violência doméstica e familiar contra as mulheres. E há

uma atenção especial quando esta violência tenha sido cometida por pessoas que têm ou

tiveram intimidade com a vítima.

Além disso, a lei federal 10.778/2003 estabelece a notificação compulsória, no

território nacional, dos casos de violência contra a mulher atendida em serviços de

saúde públicos ou privados.

b) Convenção sobre os Direitos das Crianças

Em novembro de 1989, as Nações Unidas adotaram por unanimidade a Convenção

sobre os Direitos da Criança, documento que enuncia um amplo conjunto de direitos

fundamentais, civis, políticos e também direitos econômicos, sociais e culturais de todas

as crianças, bem como as respectivas disposições para que sejam aplicadas. Destaca-se

pelo elevado número de ratificação dos Estados, é maior dentre todas as convenções.

Nos termos desta Convenção, a criança é definida como “todo ser humano com

menos de 18anos de idade, a não ser que, pelas legislação aplicável, a maioridade seja

atingida mais cedo” (art. 1º)

O art. 34 prevê a proteção do Estado contra a exploração e o abuso sexual, o Estado

deve tomar medidas para impedir:

a)Que a criança seja incitada ou coagida a dedicar-se a uma atividade sexual ilícita; b)Que a criança seja explorada para fins de prostituição ou de outras práticas sexuais ilícitas; c) Que a criança seja explorada na produção de espetáculos ou material de natureza pornográfica. (Convenção dos Direitos da Criança, 1990).

No tocante à exploração econômica e sexual de crianças foi adotado em 5 de maio

de 2000, um Protocolo Facultativo à Convenção dos Direitos da Criança. O Protocolo

Facultativo sobre a Venda de Crianças, Prostituição e Pornografia Infantis9 impõe aos

Estados-partes a obrigação de proibir a venda de crianças, a prostituição e a pornografia

infantis, exigindo no seu art. 3º a promoção de medida mínima, a criminalização dessas

condutas.

O Comitê sobre os Direitos da Criança, tem como função a fiscalização e controle

da aplicação destes direitos nos Estados-partes, mediante exame de relatórios Periódicos

encaminhados por estes.

9 Este Protocolo entrou em vigor em 18 de janeiro de 2002, de acordo com o art. 14 deste Protocolo.

Page 22: Direitos Humanos e a prostituição

No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/90, regulamenta os

direitos das crianças e adolescentes com base nas diretrizes da Constituição Federal de

1988 a qual internaliza uma série de normas internacionais como a Declaração dos

Direitos da Criança10, Regras mínimas das Nações Unidas para a administração da

Justiça da Infância e da Juventude11 e Diretrizes das Nações Unidas para a prevenção da

Delinqüência Juvenil12. O ECA considera criança a pessoa até 12 anos incompletos, e

entre 12 e 18 anos é considerado adolescente, até os 14 anos é proibido qualquer tipo de

trabalho adulto para o menor.

O ECA é considerado uma lei controversa. Em teoria, protege a criança e educa

melhor o infrator. Mas na prática os menores ficam sem nenhum tipo de punição ou

educação e acabem sendo usados, pelo menos nos casos de tráfico de drogas, pelos

adultos recaindo a culpa sobre os menores, saindo o bando sem punição. O abandono à

criança também é recorrente, nas ruas ou em casa, quando não vendidas.

7. CONCLUSÃO

Os múltiplos processos de estigmatização que incidem sobre as prostitutas,

resultaram em diversas formas de destituição da fala delas sobre si e de imposição de 10 Resolução 1386 da ONU de 20 de novembro de 1959.11 Regras de Beijing – Resolução 40/33 ONU de 29 de novembro de 1985.12 As Diretrizes estão disponíveis no site: <HTTP://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/c_a/lex45.htm>

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uma identidade que foi construída para elas de fora. Nesse sentido, pode-se afirmar qua

as prostitutas, em função do processo histórico e social, não falam, mas são faladas, ou

seja, não detém o processo de construção de sua própria subjetividade e apesar de

algumas se insurgirem frente aos problemas que enfrentam e os direitos que tem

desrespeitados, a grande maioria acata o que a sociedade lhes imputa, viverem apartadas

da sociedade.

Elas assim vivem, uma vez prostituta o estigma recai e é difícil sair do “ramo”,

mesmo querendo, o mercado de trabalho não suporta todos, quer por falta de capacidade

técnica (as prostitutas mais pobres tem menos opções e menos direitos respeitados) ou

por que a sociedade as discrimina. Precisam sustentar suas famílias, filhos sem pai,

mães e avós ou o vício que as domina para enfrentar o submundo na qual vivem.

Muito já se fez no intuito de proteger as mulheres e crianças desta violência,

principalmente no tocante a positivação de normas para coibir os abusos.

No entanto, apesar desses ganhos e compromissos, as promessas ainda não se

materializaram para muitas mulheres, adolescentes e crianças. Desde as crianças

excluídas da educação em razão de gênero até adolescentes que podem morrer em

decorrência de problemas relacionados à gravidez ou parto, ou que enfrentam violência

ou abuso sexual, a discriminação de gênero leva a violações de direitos que repercutirão

em todo o ciclo de vida.

Serão necessárias ações mais incisivas do Estado para eliminar as causas, sendo a

miséria o fator mais determinante e primário de todo o problema. Diminuir a

desigualdade social e disseminar o conhecimento e a qualificação profissional

possibilitará opções às famílias, à mulher e à criança. Todos são vítimas. Da miséria

nem os homens escapam. Uma vida mais digna pode diminuir a sujeição à este

submundo. Punição aos que deste submundo se apropriam, enriquecem e violam

direitos humanos.

8. REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Federal , 1988.

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BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente e Legislação Pertinente. Porto

Alegre. Ministério Público do Rio Grande do Sul, Procuradoria-Geral da Justiça, 2008.

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<HTTP://oglobo.globo.com/blogs/lafora/posts/2010/09/22/unanimidade-contra-

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em:<HTTP://www.direitos.org.br/index.php?

option=com_content&task=view&id=2468&itemid=2>. Acesso em: 24 out 2010.

MASSARIOLI, Abner. Congresso Internacional de Direitos Humanos. 2003.

Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, campus de Araraquara. Disponível em:

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. Acesso em 28 out 2010.

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Disponível em:< HTTP://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/c_a/lex45.htm> . Acesso

em: 29 out 2010.

PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 11

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SEXUALITY POLICY WATCH, Livreto das Prostitutas. Disponível em:

<HTTP://www.sxpolitics.org/wp-content/uplods/2010/07/livreto-prostitutas-1.pdf> .

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS. Normalização para trabalhos

técnico-científicos da UCPEL. Disponível em:

<HTTP://www.ucpel.tche.br/biblioteca>. Acesso em 23 out 2010.

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WIKIPÉDIA. Direitos Humanos. Disponível em:

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WIKIPÉDIA. Prostituição. Disponível em:

<HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/prostituicao>. Acesso em :26 out 2010.