promoção de competências pessoais e sociais (apco)
TRANSCRIPT
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Associao de Paralisia Cerebral de Odemira
Promoo de Competncias Pessoais e Sociais
Desenvolvimento de um Modelo Adaptado a Crianas e Jovens com Defi cincia
Manual Prtico
Lcia Neto CanhaSnia Mota Neves
ParceirosFaculdade de Motricidade Humana
Instituto Cientfi co de Formao e Investigao (ICFI-FPAPP)
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Promoo de Competncias Pessoais e SociaisDesenvolvimento de um Modelo Adaptado a Crianas
e Jovens com Defi cincia
Equipa pela APCOLcia Neto Canha
Snia Mota Neves
ConsultoresProf. Dra. Margarida Gaspar de Matos (FMH)
Prof. Dra. Celeste Simes (FMH)
Prof. Dra. Maria da Graa Andrada (ICFI - FPAPP)
ColaboradoresCPCBeja
Maria de Lurdes Freitas
Ana Maria Batista
Francisca Guerreiro
APCvora
Isabel Appleton
Marisa Pacheco
Susana Gutierrez
Maria Helena Netto
APCFaro
Patrcia Neto
Cercimor
Alexandra Marques
Carla Rocha
APPC Leiria
Susana Caseiro
Andreia Prado
Cercisiago
Mnica Duarte
APCOdemira
Fernanda Alexandre
Natacha Marques
Ana Maria Marques
Marina Jesus
EditorInstituto Nacional para a Reabilitao - INR, I.P.
IlustraoPaula Canha
ISBN978-989-8051-07-3
Depsito Legal274472/08
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a todos os jovens com defi cincia que nos deram inspirao e motivao para este trabalho,
a todos os tcnicos que prontamente aderiram a um trabalho de equipa,
aos dirigentes das instituies participantes, que generosamente cederam os seus tcnicos e jovens,
Dra. Graa Andrada pela sua preciosa e sempre pronta colaborao,
Prof. Margarida Matos e Prof. Celeste Simes pela sua sbia e reconfortante superviso,
O nosso obrigado.
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ndiceIntroduo ............................................................................................ 13I Enquadramento Terico ................................................................ 15
A competncia Social e a Defi cincia.......................................................15Competncia Social: conceitos e modelos ..................................................... 15O modelo adoptado ........................................................................................... 17Competncia Social e Relaes Sociais ......................................................... 19
Os pares e as percepes de bem-estar ...................................................................19O dfi ce em aptides sociais ......................................................................................20
Os Programas de Treino de Aptides Sociais ................................................ 22
II Modelo e Estrutura do Programa de Treino em Competncias Sociais . 24O modelo do TCPS .....................................................................................24
Componente I - Conscincia pessoal e social: quem sou eu e quem so os outros?................................................................................................................ 25Componente II Comportamento social: como me comporto? ................... 26Componente III Planeamento e estratgia: para onde vou? ...................... 27Contexto A capacitao social ................................................................... 28
Ligar a Avaliao Interveno ................................................................33
III Actividades ................................................................................... 35A - Conscincia Pessoal e Social..............................................................35
Quem sou e quem so os outros? ............................................................31A1 Auto - Conscincia .................................................................................... 35
A1.1 - Identidade Pessoal e Social .............................................................................35QUEM SOU EU .........................................................................................................................35
Actividade 1 - O nome ...............................................................................................................................35Actividade 2 - Referir dados pessoais relevantes .....................................................................................36Actividade 3 Falar de mim ......................................................................................................................36Actividade 4 - Como cumprimento diferentes pessoas? ...........................................................................37
O QUE EU GOSTO E O QUE EU NO GOSTO .......................................................................39Actividade 1 Roda dentada ....................................................................................................................39
EM QUE ACREDITO, QUAIS OS MEUS VALORES .................................................................41Actividade 1 Introduo aos valores .......................................................................................................41Actividade 2 Qual o valor? ...................................................................................................................42Actividade 3 Quais os valores importantes para mim? ..........................................................................44Actividade 4 Valores em aco...............................................................................................................46
QUAIS AS EMOES DOMINANTES EM MIM .......................................................................48Actividade 1 O que mexe com as minhas emoes? .............................................................................48
O QUE OS OUTROS PENSAM DE MIM: A REPUTAO .......................................................50Actividade 1 Como os outros me vem ..................................................................................................50Actividade 2 O que a reputao? ........................................................................................................53Actividade 3 Perder uma boa reputao ................................................................................................55Actividade 4 Mudar a reputao .............................................................................................................57Actividade 5 Julgar mal os outros ...........................................................................................................59
TER UMA DEFICINCIA ...........................................................................................................61Actividade 1 Pessoas diferentes ............................................................................................................61Actividade 2 Ter uma defi cincia ............................................................................................................63
A1.2 - Como me reconheo - o meu corpo ................................................................65UTILIZAR OS SENTIDOS, SENTIR O CORPO .....................................................................65
Actividade 1 A viagem dos sentidos .......................................................................................................65Actividade 2 O espelho ...........................................................................................................................66Actividade 3 Espelho de sentimentos .....................................................................................................67Actividade 4 Com as emoes espelhadas na testa ..............................................................................67
EMOES, CORPO E CONTEXTOS .......................................................................................68Actividade 1 Leiam-me! ..........................................................................................................................68Actividade 2 O nosso corpo cheio de emoes .....................................................................................71
CORPO DIFERENTE ................................................................................................................74Actividade 1 At os nossos dedos so diferentes! .................................................................................74Actividade 2 Somos todos diferentes! ....................................................................................................75Actividade 3 O que posso e no posso fazer .........................................................................................77Actividade 4 O que eu seria no meu corpo ............................................................................................79
A1.3 - Como me reconheo: atitudes .........................................................................80O QUE PENSO DE MIM MESMO A AUTO-ESTIMA ..............................................................80
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Actividade 1 Pistas para desenvolver a auto-estima ..............................................................................80Actividade 2 Eu orgulho-me de. ..........................................................................................................81Actividade 3 O objecto mais precioso do mundo ...................................................................................82
COMO ME COMPORTO EM RELAO AOS OUTROS ..........................................................83Actividade 1 A tua atitude .......................................................................................................................83
A 2 Conscincia Social ................................................................................... 85A 2.1 Como reconheo os outros a empatia .......................................................85
A PERSPECTIVA DO OUTRO: CALAR OS SAPATOS DOS OUTROS ...............................85Actividade 1 Porque tenho este ponto de vista? ....................................................................................85Actividade 2 Ir para o outro lado .............................................................................................................88
QUE SENTIMENTOS SINTO NOS OUTROS? .......................................................................89Actividade 1 O que sentes? ....................................................................................................................89Actividade 2 Compreender os outros .....................................................................................................91
FAZER COM QUE OS OUTROS SE SINTAM CONFORTVEIS .............................................92Actividade 1 Momentos embaraosos para os outros ............................................................................92Actividade 2 Ajudar os outros em situaes de stress ...........................................................................95Actividade 3 Cabe-me a mim fazer alguma coisa ..................................................................................97Actividade 4 Situaes para cair fora! ....................................................................................................99
A 2.2 Como reconheo os outros os papeis sociais ........................................101AS NECESSIDADES DOS OUTROS E AS MINHAS NECESSIDADES.................................101
Actividade 1 Pensar os outros ..............................................................................................................101
B Comportamento Social ......................................................................103
Como me comporto? ...............................................................................103B1 Comportamento verbal e no verbal ..................................................... 103
B1.1 - Signifi cados do corpo .....................................................................................103O QUE COMUNICA NO CORPO ............................................................................................103
Actividade 1 Descobrir o outro pelo tacto .............................................................................................103Actividade 2 Esttuas de barro .............................................................................................................104Actividade 3 Olhar nos olhos ................................................................................................................104Actividade 4 Dueto emocional ..............................................................................................................104
A MINHA APARNCIA .............................................................................................................106Actividade 1 A minha aparncia ...........................................................................................................106Actividade 2 O que uma boa impresso? ..........................................................................................107
B1.2 - Comunicar com os outros ..............................................................................109FAZER-SE OUVIR E SER OUVIDO ........................................................................................109
Actividade 1 Ouvir ou no ouvir ............................................................................................................109Actividade 2 Ver e escutar ....................................................................................................................110Actividade 3 Identifi car um bom ouvinte ...............................................................................................110
COMUNICAR ATRAVS DO COMPORTAMENTO ................................................................. 112Actividade 1 O que afi nal comunicar? ...............................................................................................112Actividade 2 Comunicar atravs do comportamento ............................................................................114
B1.3 Observao e Interpretao ..........................................................................116AVALIAR AS SITUAES: O QUE SE PASSA AQUI? ........................................................... 116
Actividade 1 Ter expectativas claras.....................................................................................................116B2 Assertividade ........................................................................................... 118
B2.1 Estar em grupo ...............................................................................................118EXPRESSAR OPINIES......................................................................................................... 118
Actividade 1 A minha opinio e a dos outros ........................................................................................118Actividade 2 Construindo opinies .......................................................................................................119Actividade 3 Posso dar a minha opinio? ............................................................................................120
B2.2 Lidar com as emoes ...................................................................................121LIDAR COM OS MEDOS .........................................................................................................121
Actividade 1 Chapu dos medos ..........................................................................................................121Actividade 2 Eu tenho medo...eu desejo ..............................................................................................122
DIZER O QUE SINTO VS CONTROLAR O QUE MOSTRO ...................................................123Actividade 1 Sentimentos e sensaes ................................................................................................123Actividade 2 Caixa de sensaes .........................................................................................................124Actividade 3 Agora pra! ......................................................................................................................125
RECONHECER E EXPRESSAR EMOES ATRAVS DOS OUTROS ...............................126Actividade 1 Linha da ansiedade ..........................................................................................................126
B2.3 Evitar a agressividade....................................................................................127NEGOCIAR ..............................................................................................................................127
Actividade 1 Escolher e negociar: afi nal onde vamos? ........................................................................127Actividade 2 Lidar com provocaes ....................................................................................................128
DEFENDER OS MEUS DIREITOS ..........................................................................................130Actividade 1 Eu tenho esse direito .......................................................................................................130
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B2.4 Lidar com situaes difceis .........................................................................132LIDAR COM A PRESSO DO GRUPO ...................................................................................132
Actividade 1 J no me querem no grupo ............................................................................................132SER POSTO DE LADO ...........................................................................................................134
Actividade 1 A teia da aceitao ...........................................................................................................134LIDAR COM UMA ACUSAO ...............................................................................................135
Actividade 1 Porque me acusam? ........................................................................................................135
C Planeamento e estratgia ..................................................................137
Para onde vou? .........................................................................................137C1 Resolver Problemas e Planear o Futuro ............................................... 137
C1.1 Reconhecimento dos problemas ..................................................................137TER UM PROBLEMA ..............................................................................................................137
Actividade 1 Ter um problema ..............................................................................................................137USAR O SENSO COMUM .......................................................................................................139
Actividade 1 Pensar com esperteza .....................................................................................................139C1.2 Colocar objectivos e gerar alternativas .......................................................141
SER REALISTA ........................................................................................................................141Actividade 1 Quadrado cego ................................................................................................................141
SER FLEXVEL ........................................................................................................................142Actividade 1 importante refl ectir ........................................................................................................142
C1.4 Agir ..................................................................................................................144VER AS SITUAES REALISTICAMENTE ............................................................................144
Actividade 1 Fazer mudanas realistas ................................................................................................144Actividade 2 Fazer mudanas para melhor: hbitos e amigos .............................................................147Actividade 3 Fazer mudanas para melh or: atitudes e aces ...........................................................149
C2 Relaes interpessoais .......................................................................... 151C2.1 A amizade ........................................................................................................151
RECONHECER O VALOR DA AMIZADE ................................................................................151Actividade 1 O valor da amizade ..........................................................................................................151
CAMINHOS PARA FAZER AMIGOS .......................................................................................154Actividade 1 Tal como eu! .....................................................................................................................154Actividade 2 Fazendo amigos ..............................................................................................................156Actividade 3 Qualidades de um bom amigo .........................................................................................158
C2.2 Estar bem com os outros ..............................................................................160RESPEITAR OS OUTROS COMO INDIVDUOS ....................................................................160
Actividade 1 O outro to diferente ou to igual? ..................................................................................160C2.3 Situaes Sociais com os Pares...................................................................163
TORNAR-ME UM BOM CONVERSADOR ..............................................................................163Actividade 1 Iniciar uma conversa ........................................................................................................163
COLOCAR AS NECESSIDADES DOS OUTROS PRIMEIRO ................................................166Actividade 1 Primeiro os outros! ...........................................................................................................166
LIDAR COM A DISCRIMINAO ............................................................................................168Actividade 1 Porque est ele a ser discriminado? ................................................................................168
PARTILHAR O QUE IMPORTANTE .....................................................................................171Actividade 1 Vamos partilhar? ..............................................................................................................171
DESENVOLVER RELAES SAUDVEIS ............................................................................173Actividade 1 Relaes especiais ..........................................................................................................173
C 2.4 - Trabalhar em Equipa ......................................................................................176TER E DAR IDEIAS .................................................................................................................176
Actividade 1 Ter e dar ideias.................................................................................................................176PARTILHAR UM TRABALHO OU TAREFA .............................................................................178
Actividade 1 Partilhar um trabalho ou tarefa ........................................................................................178TRABALHAR EM EQUIPA .......................................................................................................180
Actividade 1 Trabalhar em equipa ........................................................................................................180COOPERAR COM A AUTORIDADE ........................................................................................182
Actividade 1 Cooperar com a autoridade .............................................................................................182Dinmicas de quebra-gelo .............................................................................. 184
Actividade 1 - O acordeo .......................................................................................................................184Actividade 2 Apartamentos ...................................................................................................................184Actividade 3 Onde estou eu? ...............................................................................................................184Actividade 4 A arca de No ..................................................................................................................184Actividade 5 As cores ...........................................................................................................................185Actividade 6 Os quatro crculos ............................................................................................................185Actividade 7 O muro .............................................................................................................................185
Referncias ...................................................................................................... 186Bibliografi a de Consulta.................................................................................. 188
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Prefcio
O caminho faz-se, caminhando com qualidade!
Nos anos oitenta a expresso promoo de competncias de relacionamento interpessoal revestia-se de
um carcter misterioso nas escolas Portuguesas. Era sobretudo usada na prtica clnica, por psiclogos
que lidavam com doentes fbicos sociais, pretendendo:
(1) trazer este conceito para intervenes preventivas universais,
(2) atribuir-lhe um carcter de promoo de competncias (ao invs no foco nos problemas),
(3) utilizar esta fi losofi a com crianas e adolescentes apelando para a sua participao activa na
defi nio dos problemas e solues;
(4) abordar o comportamento social a partir de uma perspectiva integrada, incluindo aspectos
socioeconmicos e culturais, perceptivos, cognitivos, emocionais, motivacionais, e
comportamentais;
(5) trabalhar com as famlias e com os tcnicos envolvidos,
(6) utilizar este tipo de metodologias para a promoo da sade/ bem-estar de crianas e adolescentes
com objectivo da preveno do desajustamento e mal-estar pessoal e interpessoal,
(7) utilizar este tipo de metodologias na promoo da participao social e qualidade de vida de
populaes portadoras de defi cincia ou desvantagem social
foi um trabalho pioneiro em Portugal, no qual a Dr Lcia Canha teve, desde logo, um papel de destaque
com o seu empenho, sensibilidade, criatividade e competncia.
A promoo de competncias pessoais e sociais como estratgia preventiva do desajustamento
pessoal e social, e como estratgia promotora da sade/ bem-estar, uma fi losofi a de interveno
grandemente baseada:
(1) num modelo (chamemos socio-cognitivo) de Lev Vygotsky, que nos remete para a necessidade de
potenciar em cada criana, jovem ou adulto, a sua zona de desenvolvimento prximo;
(2) mais tarde num modelo de aprendizagem socio-cognitiva de Albert Bandura, (que mais recentemente
lemos socio-cognitiva-emocional),
(3) no modelo de Bruner que nos fala de modalidades de interaco com o mundo, privilegiando o
modo activo e grfi co na infncia
(4) e ainda nas linhas orientadoras da OMS desde Alma-Ata, que nos preconizam intervenes preventivas
e promocionais, com a participao das populaes visadas e outros agentes comunitrios, e que
se centram na promoo de competncias pessoais e sociais, na autonomia, na resilincia, no
optimismo, na participao social e na responsabilizao pessoal.
Deixo aqui um alerta sublinhando a necessidade de um modelo terico, que justifi que e que guie este tipo
de intervenes. Esquecer este facto um atropelo qualidade da interveno.
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Este tipo de intervenes no se pode reduzir a um conjunto de jogos, a uma animao de corredor, ou
de recreio. Este tipo de intervenes visa uma mudana estrutural a nvel do desenvolvimento e
da aprendizagem.
Este tipo de metodologia pressupe um modelo terico e uma estratgia, promotora de sade e bem-
estar pessoal e social.
As tcnicas utilizadas tm que ser refl ectidas e verbalizadas, a passo e passo, com professores e alunos,
permitindo a sua participao e favorecendo a sua autonomia e o exerccio da sua cidadania na medida
das possibilidades (optimizadas) de cada um.
Os profi ssionais tm que possuir uma slida formao terica e prtica. Seno, da ideia inicial, fi ca
apenas a forma, mas no o contedo. esta uma das foras desta publicao: este livro no um mero
produto, pronto a usar: o produto de vrios anos de trabalho e investigao, e espelha uma refl exo
crtica e madura por parte dos autores. ainda um instrumento essencial no apoio a pais e tcnicos
envolvidos, na sua interaco com crianas e jovens.
para mim, como para a equipa do Projecto Aventura Social, um motivo de orgulho revermo-nos neste
trabalho. motivo de orgulho acrescido reconhecer, entre os seus autores um dos seus eternos e
queridos colaboradores. O contributo da Dr. Lcia Canha uma mais-valia com que contamos sempre.
Esta obra mais um sinal da sua qualidade pessoal e profi ssional que recomendo vivamente.
Lisboa, 19 Dezembro 2007
Margarida Gaspar de Matos
www.aventurasocial.com
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Prefcio
Este manual prtico de Promoo de Competncias Pessoais e Sociais tem grande importncia, pois
preenche uma lacuna existente no nosso pas em relao aos programas de interveno e acompanhamento
do jovem e adulto com defi cincia, para favorecer a sua incluso social.
baseado nos princpios da Classifi cao Internacional da Defi cincia, Funcionalidade e Sade CIF,
privilegiando programas de desenvolvimento das competncias sociais da pessoa com defi cincia, na
sua interaco com o meio ambiente.
A sua elaborao foi precedida de um inqurito a pessoas com defi cincias - o questionrio Comportamento
e Sade em Jovens em Idade Escolar, utilizado no mbito do estudo portugus de 2000, questionrio
este adaptado do Estudo Europeu Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) - para avaliao
da sua situao relativamente sade, bem-estar fsico e psicossocial, e portanto da sua qualidade de
vida. No inqurito s pessoas com defi cincia, foi tambm considerado o grau de severidade do dfi ce
motor, aspecto que pode infl uenciar a incluso social atravs das barreiras fsicas, que essencial ter em
ateno nos programas de incremento da autonomia pessoal e incluso social.
As autoras salientam tambm a importncia da ligao avaliao interveno, aspectos que devem estar
sempre interligados.
O desenvolvimento da auto-estima e autoconfi ana so aspectos importantes do manual e tambm
a aprendizagem do trabalho em equipa. Os valores morais e a cidadania so ainda outros aspectos
importantes aqui salientados.
O trabalho desenvolvido pelas autoras tem grande qualidade e baseia-se numa bibliografi a extensa mas
tambm numa experincia prtica de apoio pessoa com defi cincia atravs da Associao de Paralisia
Cerebral de Odemira e da colaborao de vrias Associaes de Paralisia Cerebral e CERCIs das regies
do Alentejo e do Algarve.
Dezembro 2007
Maria da Graa de Campos Andrada
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13
O programa de Treino de Competncias Pessoais e Sociais (TCPS) foi concebido no mbito de um
projecto de investigao levado a cabo pela Associao de Paralisia Cerebral de Odemira (APCO)
nos anos de 2005 e 2006: Incremento de Competncias Pessoais e Sociais Desenvolvimento de
um Modelo Adaptado Pessoa com Defi cincia. Surge como resposta necessidade de desenvolver
programas que promovam as competncias e o bem-estar a crianas e jovens com defi cincia, tendo
em considerao questes especfi cas que surgem ao longo do percurso de desenvolvimento pessoal e
social desta populao.
De facto, tem existido uma preocupao crescente por parte dos profi ssionais da sade mental acerca
do impacto que as questes do ajustamento e do funcionamento social, assim como, dos aspectos
psicossomticos e atitudes face defi cincia, tm na melhoria das condies de vida da pessoa com
defi cincia. Resultados de vrios estudos provam a existncia de relaes funcionais entre a solido e as
difi culdades de ajustamento com os problemas de sade mental auto-relatados, incluindo a depresso e a
ansiedade (Heiman e Margalit, 1998), e as difi culdades em manter e fazer amizades (Olney, Brockelman,
Kennedy e Newson, 2004). Por outro lado, a idade e o estado de sade surgem como variveis que
interferem com a qualidade de vida (Lee e McCormick, 2004). Estes dados alertam-nos para a necessidade
de uma interveno o mais cedo possvel, no sentido de prevenir os problemas emocionais das crianas
e jovens com defi cincia, assim como, desenvolver habilidades que lhes permitam estabelecer relaes
com os pares e aprender a lidar com os dilemas emocionais. Neste sentido, o programa TCPS pretende
abranger vrios aspectos do desenvolvimento pessoal e social, trabalhando essencialmente sobre duas
metas de fundo: a promoo da sade e da qualidade de vida e a incluso social, escolar / profi ssional
das pessoas com defi cincia.
As actividades apresentadas no presente manual so fruto da prtica e da investigao dos profi ssionais
que fazem parte da APCO, assim como, dos parceiros no projecto de investigao: Faculdade de
Motricidade Humana, Instituto Cientfi co de Investigao e Formao, Centro de Paralisia Cerebral
de Beja, a Associao de Paralisia Cerebral de vora, a Associao de Paralisia Cerebral de Faro, a
Associao de Paralisia Cerebral de Leiria, a CERCIMOR e a CERCISIAGO. Desta investigao fi zeram
parte dois estudos que, embora separados no tempo de execuo e nas metodologias utilizadas para
a sua concretizao, foram complementares e seguindo uma lgica sequencial. Deste modo, partiu-
se de um primeiro estudo quantitativo e, da anlise e discusso dos seus resultados, construiu-se um
programa de interveno especfi co e adequado ao tipo de populao defi nida como populao alvo
crianas e jovens com defi cincia. As instituies envolvidas foram parte activa na construo do
modelo de interveno apresentado: participaram na formao que antecedeu e acompanhou a primeira
implementao do TCPS no terreno, e colocaram em prtica o desenvolvimento dos contedos previstos
pelo programa com grupos de jovens nas suas instituies. Da refl exo sobre esta prtica resultaram os
ajustamentos considerados pertinentes.
O TCPS organiza-se num primeiro plano em componentes de interveno que, enquadradas num
modelo terico da aptido social, tentam respeitar a lgica da progresso do desenvolvimento da criana
para o jovem, do individual para o social, do sentido para o vivido e refl ectido. Assim, o TCPS um
Programa de Interveno que contm as trs seguintes componentes: Conscincia Pessoal e Social
Introduo
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14
quem sou eu e quem so os outros; Comportamento Social Observvel como me comporto?; e
Planeamento e Estratgia para onde vou?.
Cada componente contm vrias reas e subreas, que podem ser trabalhadas atravs de actividades
sugeridas, contendo cada actividade, habilidades e objectivos especfi cos a desenvolver. A seleco e
organizao das componentes e competncias a trabalhar baseou-se num modelo construdo a partir da
reviso da literatura nacional e internacional sobre o desenvolvimento de competncias sociais na pessoa
com defi cincia, nos resultados da investigao que antecedeu a realizao deste manual, assim como,
na experincia acumulada pelo trabalho levado a cabo pelo Ncleo de Estudos do Comportamento Social
Aventura Social da Faculdade de Motricidade Humana.
As actividades propostas so uma colectnea de vrias dinmicas j desenvolvidas pelos participantes
no projecto, nas dinmicas e metodologias desenvolvidas h vrios anos pela ARISCO - Associao para
a Promoo Social e da Sade, e tambm o resultado da adaptao de actividades sugeridas por outros
manuais destinados ao desenvolvimento de competncias pessoais e sociais com grupos de jovens e
crianas com defi cincia ou difi culdades de aprendizagem (Mannix, 1998; Mannix, 1995; Mannix, 1993;
Rajan, 2003; Verdugo, 2003). Pretende ser um programa abrangente abordando aptides que a literatura
tem identifi cado como sendo crticas no desenvolvimento pessoal e social da pessoa com defi cincia.
dada especial ateno aos indicadores de ajustamento e de sade mental que se tm mostrado
relacionados com o nvel de satisfao com a vida dos jovens com defi cincia.
Apesar do desenho do modelo e das actividades propostas pelo TCPS ter tido como referncia os jovens
com defi cincia, as vrias componentes do programa podem ser exploradas por grupos de vrias idades
e caractersticas e o TCPS pode ser aplicado em contextos diversos. Para tal, as actividades propostas
devem ser adaptadas dependendo das necessidades, interesses e capacidades dos jovens com quem se
est a trabalhar.
A formao deve anteceder a aplicao do TCPS, pois os temas abordados devem ser implementados
depois de os tcnicos interventores passarem pela vivncia dos mesmos, na perspectiva de que a promoo
de competncias pessoais e sociais se faz no conhecimento profundo daquilo que queremos promover. O
manual no deve ser seguido como uma estrutura rgida, isto , a estruturao das reas e das actividades
so apenas uma sugesto. No planeamento da interveno, a seleco das reas a serem trabalhadas, e
as estratgias a utilizar para a sua implementao, deve ter em conta a adaptao e a adequao de cada
situao a cada grupo particular, segundo as necessidades avaliadas e o seu nvel de desenvolvimento.
Assim, o TCPS apenas sugere uma lgica de interveno, temas e formas de trabalho.
O presente manual inicia com uma exposio terica que fundamenta e justifi ca a aplicao de programas
de competncias pessoais e sociais a pessoas com defi cincia. Segue com a apresentao do modelo
e estrutura do TCPS e, fi nalmente, a terceira parte sugere actividades para trabalhar as reas e
subreas propostas pelo modelo. Neste ltimo captulo, cada subrea introduzida por uma pequena
abordagem competncia a trabalhar, qual se segue a sugesto de uma ou mais actividades para o seu
desenvolvimento e estratgias para a sua dinamizao. So ainda sugeridas pistas para a refl exo sobre
as actividades realizadas. A refl exo uma parte muito importante do trabalho proposto. Neste sentido,
as actividades constituem apenas um veculo para anlise, aprendizagem ou treino de determinada
aptido, e para que cada um possa partilhar as suas ideias com os outros. O resultado mais importante de
todo este trabalho ser os jovens aprenderem e interiorizarem formas apropriadas e gratifi cantes de se
relacionarem com eles prprios e com os outros!
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15
I Enquadramento Terico
I Enquadramento Terico
Competncia Social: conceitos e modelosConceitos como assertividade, efi ccia pessoal, competncia social e aptido social so muitas vezes
usados como sinnimos. Segundo Epps (1996), a competncia social refere-se a dois conjuntos abrangentes
de competncias e processos: os que dizem respeito ao comportamento interpessoal, tal como a empatia,
a assertividade, a gesto da ansiedade e da raiva, e as competncias de conversao; e os que dizem
respeito ao desenvolvimento e manuteno de relaes ntimas, envolvendo a comunicao, resoluo de
confl itos e competncias de intimidade. Spence (1982, citado por Matos, 1998), utiliza o termo habilidades
sociais para se referir ao repertrio de respostas bsicas e estratgias de resposta, que permitirem ao
indivduo obter resultados positivos numa interaco social, para que seja aceite socialmente.
Embora existam muitas defi nies de competncia social, a distino dos termos competncia, aptido e
habilidades feita por McFall (1982), representa um caminho til para conceptualizar este conceito. Segundo
este autor a competncia defi nida como a adequabilidade e qualidade da execuo global de uma tarefa
particular. um termo avaliativo que refl ecte o julgamento de algum acerca da adequao da execuo
de determinada tarefa. Por sua vez, as aptides so habilidades especfi cas requeridas para executar
competentemente uma tarefa. O termo social, o adjectivo que caracteriza o interesse pela componente
social do comportamento da pessoa, ou seja, pelas implicaes sociais que o comportamento humano
tem, seja este pblico, privado, verbal, motor ou autnomo. Esta defi nio implica que possvel para
uma pessoa ter algumas, mas no todas, as aptides requeridas para executar uma dada tarefa. Neste
caso, um comportamento desadequado socialmente pode ser explicado pela inexistncia de habilidades
sociais necessrias. No entanto, pode acontecer que o indivduo tenha essas habilidades e no as utilize
por determinados motivos. Para McFall (1982), estes casos podem estar relacionados com interposies
emocionais, como so exemplos a inibio, a ansiedade ou falta de controlo. Este autor defende que as
aptides podem ser inatas ou podem ser adquiridas atravs do treino.
Numa tentativa de identifi cao dos factores envolvidos na competncia social, DuBois e Felner (1996)
propuseram o Modelo Quadripartido da Competncia Social no qual identifi caram quatro componentes
que lhe so inerentes: aptides cognitivas (processamento de informao, tomada de deciso, crenas
e estilo de atribuio); aptides comportamentais (assertividade, negociao, aptides de conversao,
comportamento pro-social e aptides de aprendizagem); competncias emocionais (capacidade de
regulao afectiva e de relao, aptido para estabelecer relaes positivas); motivao e expectativas
(estrutura de valores, nvel individual do desenvolvimento moral e noo auto-efi ccia e autocontrole). Para
estes autores, cada uma destas componentes necessria mas no sufi ciente para se ser competente
socialmente. Assim, nveis adequados de competncia em um destes domnios no so sufi cientes para se
conseguirem os resultados desejados quando se trabalha o desenvolvimento de competncias sociais dos
jovens. Salientam ainda a importncia das circunstncias contextuais onde os comportamentos ocorrem.
A competncia Social e a Defi cincia
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16
Deste modo, a adaptao e um funcionamento socialmente competente, depende no s das habilidades
e aptides adquiridas pelo jovem, mas tambm do grau de compatibilidade destas habilidades e aptides
com as caractersticas do envolvimento social no qual so empregues. Isto implica que, quando se faz
uma avaliao da competncia do jovem, no nos podemos limitar a avaliar o nvel de aptides em cada
uma das quatro reas; tambm necessrio avaliar a capacidade de o jovem se adaptar apropriadamente
s tarefas num contexto especfi co.
O Modelo Quadripartido da Competncia Social foi desenvolvido no sentido de englobar certos conceitos,
tais como a resilincia, factores de proteco, aptides sociais, domnio, coragem, auto-estima e
competncia social, e organizar as mltiplas dimenses e componentes de aptides e habilidades que
refl ectem este termo. Tem como princpio focar-se nas competncias e no nas fraquezas dos indivduos.
A defi nio de validade social de Kolb e Cheryl (2003) outro termo importante na conceptualizao da
competncia social. Neste enquadramento, as aptides sociais representam comportamentos socialmente
signifi cativos exibidos em situaes especfi cas que predizem resultados sociais importantes para as
crianas e jovens. Assim, os comportamentos socialmente competentes so aqueles comportamentos
que os outros (pais, professores, pares e estudantes) consideram desejveis e que predizem resultados
socialmente importantes para a pessoa (Kolb e Cheryl, 2003). So considerados resultados socialmente
importantes aqueles que o indivduo considera teis, adaptativos, e funcionais, fazendo a diferena em
termos do funcionamento ou adaptao do indivduo s exigncias do envolvimento e expectativas sociais
apropriadas para a idade. Podem incluir aceitao dos pares e amizades (Newcomb, Bukowski, e Pattee,
1993, citados por Kolb e Cheryl, 2003), a aceitao dos pais e professores (Gresham e Elliot, 1990) e o
ajustamento escolar (Gresham, 1983).
Numa reviso de 21 investigaes, Caldarella e Merrell (1997) construram uma taxonomia das aptides
sociais. Os estudos desta anlise incluram 22.000 estudantes dos 3 aos 18 anos de idade, com uma
representao equilibrada segundo o gnero. Desta reviso derivou uma taxonomia que inclui cinco
dimenses abrangentes das aptides sociais:
(a) Aptides de relacionamento com os pares (por exemplo, elogia os outros, oferece ajuda ou
assistncia, convida os pares para brincar) ocorreram em mais de metade dos estudos;
(b) As aptides de auto-regulao (por exemplo, controla o temperamento, segue regras, cede em
situaes de confl ito) encontraram-se em 52% destes estudos;
(c) As aptides acadmicas (por exemplo, faz os trabalhos independentemente, ouve as orientaes
do professor, produz trabalho de aceitvel qualidade) verifi caram-se em cerca de 48% dos
estudos;
(d) As aptides de obedincia (por exemplo, segue instrues e regras, usa o tempo livre de forma
apropriada) ocorreram em 38% dos estudos.
(e) As aptides de assertividade (por exemplo, inicia conversas, convida os pares para brincar) foram
encontradas em um tero dos estudos.
Esta classifi cao fornece direces teis para seleccionar aptides sociais alvo para avaliar e intervir. De
facto, estes domnios de aptido social foram usados por vrios autores em currculos e programas de
interveno (Gresham e Elliot , 1990; Goldstein, 1998).
O modelo adoptado
Promoo de Competncias Pessoais e Sociais
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No presente trabalho adoptmos o modelo de competncia social proposto por Burton, Cagan e Clements
(1995) (ver grfi co 1). Este modelo considera que o comportamento social apenas uma das componentes
para se conseguir uma competncia social que permita a integrao e capacitao social. Outros factores,
tais como, os chamados aspectos cognitivos da competncia social conscincia pessoal e social,
observao, interpretao e planeamento as oportunidades concedidas e uma comunidade competente,
so tudo factores importantes para a capacitao social.
Grfi co 1 - Modelo da Competncia Social - Adaptado de Burton, Kagan e Clements (1995)
O comportamento social joga um papel central neste modelo. Ele muitas vezes visto como a essncia
da competncia social. Por exemplo, se uma pessoa na companhia de outros no diz nem faz nada,
muitos de ns no a pensamos como uma pessoa competente socialmente. O que acontece que
muitas vezes as pessoas com defi cincia tm algumas lacunas na aquisio de formas adequadas de se
comportarem.
O comportamento social inclui o que uma pessoa diz ou comunica e o que ela faz, isto , o comportamento
PLANEAMENTO/ESTRATGIA
sabe o que fazer,como planear a aco,
conhece outrasformas de fazer?
CONSCINCIATem conscincia de si? Tm conscincia
dos outros e dos seus sentimentos, crenas,
atitudes e comportamentos?
CONTEXTOA pessoa compreende a situao fsica e as
regras/papeis do contexto?
OBSERVAOA pessoa Presta
ateno e repara no que os outros dizem e
fazem?
COMPORTAMENTO SOCIAL
A pessoa sabe o que fazer? o que dizer,
como dizer?
INTERPRETAOCompreende o que as
outras pessoas fazem e dizem? Como que a
pessoa interpreta o que os outros dizem
e fazem?
I Enquadramento Terico
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18
verbal e no verbal. Usualmente, estes dois tipos de comportamentos tm uma relao muito prxima
e, dependendo das situaes, um aspecto mais importante que outro. Por exemplo, em situaes de
muito barulho, ou se a pessoa perdeu a sua audio ou no pode falar ou compreender o discurso, o
comportamento no verbal ser da maior importncia. Se contudo no podemos ver, o discurso ser o
mais importante, embora o toque, um sinal no-verbal, tambm possa ser um sinal muito importante.
O comportamento depende do efeito social de dois aspectos: pessoa e situao. necessrio olhar para o
impacto do comportamento da pessoa se queremos fazer um julgamento acerca da sua importncia. Uma
pessoa pode saber fazer uma pergunta adequadamente, mas no saber o contexto em que a faz, levando
a ms interpretaes por parte dos outros, e a ter um impacto que, no limite, pode levar ao isolamento.
Nestas situaes esto normalmente as pessoas que no entendem a natureza das relaes, os papis
de cada um e as situaes.
A conscincia pessoal e social considerada neste modelo como uma componente essencial. Isto
, o conhecimento de ns mesmos e dos outros uma componente essencial da competncia social.
As pessoas que no tem conscincia das necessidades e interesses dos outros, ou dos seus prprios
interesses, necessidades ou comportamentos, improvvel que funcionem de forma competente. As suas
percepes acerca dos outros iro ser superfi ciais e sero tambm frequentemente erradas: haver pouco
espao para a empatia se no se tiver a perspectiva dos outros. Do mesmo modo, importante estarmos
conscientes do que queremos, sentimos, pensamos e fazemos, de forma a planearmos e ajustarmos as
nossas aces.
Interagir com outras pessoas requer uma srie de ajustamentos constantes ao que elas esto a dizer ou
fazer sendo necessrio para isso observar e interpretar as situaes sociais. Por exemplo, sabermo-nos
apresentar aos outros de forma aceitvel, requer sensibilidade para a forma como os outros se apresentam
e para as suas reaces para connosco. A observao do comportamento social dos outros bsica para
este processo de adaptao. Sem observao e interpretao no existe forma de conhecimento do que
socialmente apropriado, do que os outros esperam, nem de como eles esto a responder ao que estamos
a fazer. Sem uma boa observao, as oportunidades de aprender a tornarmo-nos socialmente mais
competentes podem ser perdidas. Se no conseguirmos apreender os sinais subtis, ou no, das outras
pessoas - que so cruciais para uma comunicao efi caz - podemos no estar aptos para responder ao
feedback que os outros nos do.
Interpretar as aces, intenes e sentimentos dos outros tambm importante para ajustamos
apropriadamente o nosso comportamento s situaes. Interpretamos as aces dos outros atravs de
um abrangente conhecimento social, pois interpretar no s algo que podemos ver ou ouvir. Muitas
vezes inferimos a partir do comportamento dos outros uma certa signifi cao. No entanto, temos que ter
cuidado quando fazemos inferncias acerca do comportamento das outras pessoas, pois estamos em
perigo de introduzir os nossos enviesamentos de observao e interpretao. Por outro lado, temos que
considerar quando trabalhamos com pessoas com limitaes cognitivas que podem no estar aptas para
certos nveis de interpretao.
Antes de qualquer comportamento, o planeamento e a estratgia condicionam o sucesso e a efi ccia da
aco levada a cabo. Na maioria das situaes sociais, ns temos vrias formas alternativas para fazer as
coisas com os mesmos resultados. No s sabemos estratgias alternativas, sejam elas verbais ou no
verbais, mas tambm conseguimos escolher de entre estas alternativas e avaliar se elas foram efi cazes
Promoo de Competncias Pessoais e Sociais
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ou no. Embora nem todas as actividades competentes socialmente sejam planeadas de forma explcita,
planear til para estabelecer novos padres de actividade e comportamento, e para resolver problemas
que nos surgem. Um plano estratgico requer que saibamos o que queremos, para podermos gerar uma
variedade de caminhos alternativos para chegar ao nosso objectivo. Mesmo quando as pessoas tm um
conjunto de coisas diferentes que podem fazer numa situao particular, e tm uma boa compreenso da
situao, falhas na planifi cao podem revelar falta de competncia social.
O nosso comportamento, e o das outras pessoas, so determinados em grande parte pelo contexto
em que agimos, pensamos e sentimos. Se as pessoas no adaptam o seu comportamento de acordo
com a situao em que esto, e os papeis que esto a desempenhar, elas no podem ser vistas como
socialmente competentes. O mesmo acontece se atribuirmos mal o comportamento das outras pessoas a
elas prprias, como pessoas, e no aos papis e situaes em que esto naquele momento. necessrio
compreender os aspectos fsicos e sociais das diferentes situaes. Muitos dos papis desempenhados
pelas pessoas com difi culdades, so papis informais. Os papis formais tm frequentemente regras
explcitas associadas, sendo que as pessoas com defi cincia podem aprender o que fazer, ou o que no
fazer, quando desempenham esses papis.
Competncia Social e Relaes Sociais
Os pares e as percepes de bem-estar
Um dos problemas da integrao social das crianas e jovens com defi cincia encontra-se na aceitao
por parte dos pares. Por exemplo, parece que as relaes sociais podem ser muito problemticas para os
defi cientes motores, especialmente no que diz respeito aceitao por parte dos pares. Friedman (1973, in
Motola et al. 1999) verifi cou que, ao escolherem os amigos, tanto os no defi cientes, como os defi cientes e
os adolescentes com desfi guraes faciais, todos escolhem primeiro os no defi cientes, os com cadeiras
de rodas vm a seguir e os com desfi guraes faciais vm por ltimo. Mais, concluram que a participao
em certas actividades pode ser restringida na sequncia das limitaes, resultando possivelmente num
empobrecimento social e no isolamento (Richardson, Hastorf, e Dornbusch, 1964; Dorner, 1976 in Motola
et al. 1999). No estando em conformidade com as normas dos seus pares e da sociedade no geral,
desviando-se assim do que esperado, a criana e adolescente com defi cincia pode ter problemas
acrescidos para conseguir a sua aceitao social (Molnar, 1992).Tambm Thomas e Bax (1988, in Motola
et al. 1999) verifi caram que os jovens adultos afectados fi sicamente experienciam difi culdades sociais
mais severas que o grupo de controlo sem problemas fsicos. De facto, uma sondagem efectuada por
Penn e Dudley (1980, citado por Bertrand, Morier, Boisvert e Mottard, 2001) revela que o isolamento social
uma difi culdade das mais importantes em estudantes com incapacidades fsicas.
Neste sentido, Heiman e Margalit (1998) estudaram os sentires subjectivos emocionais e sociais de
310 alunos com defi cincia mental ligeira e 265 alunos sem defi cincia, com idades entre os 11 e os
16 anos. Verifi caram que os jovens com defi cincia tinham mais tendncia para sentirem depresso e
solido podendo no estar to aptos para desenvolverem aptides sociais teis, ou para interagirem
apropriadamente com os seus pares. Uma explicao avanada por estes autores para os resultados
encontrados, coloca a baixa aceitao por parte dos pares como um sinal da existncia de lacunas no
I Enquadramento Terico
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desenvolvimento de aptides sociais, resultando numa falta de amigos, que por sua vez afecta e intensifi ca
o sentimento de solido dos estudantes com defi cincia mental ligeira. A este propsito, Ferner e Dubois
(1996), no seu modelo da competncia social, afi rmam existir uma associao positiva e recproca entre
a competncia social e a sade mental. Por exemplo, de esperar que um indivduo ao lidar efi cazmente
com o mundo social alcance uma imagem prpria positiva. No entanto, os nveis de auto-estima tambm
podem afectar reciprocamente vrios aspectos da competncia social, tais como a ideia de efi ccia
ao lidar com diferentes tipos de interaces sociais, e assim a certeza de que o indivduo ir tentar
estratgias adaptativas importantes que, sem esse sentido de efi ccia, poderiam ser inibidas.
Esta segunda hiptese contraria os resultados verifi cados pelo auto-relato dos jovens em relao sua
competncia social no estudo de Heiman e Margalit. De facto, neste estudo os jovens com defi cincia
avaliaram-se a eles prprios como mais profi cientes nas aptides sociais que os jovens sem defi cincia,
apesar de simultaneamente se percepcionarem como mais ss e depressivos. Para estes autores, os
resultados aparentemente paradoxais podem ser explicados pela tendncia das pessoas com defi cincia
mental ligeira sobrestimarem a sua capacidade em termos de aptides sociais, como resultado dos elogios
e encorajamentos que recebem dos adultos, resultado num mau julgamento da sua competncia social.
Na avaliao das aptides sociais, Heiman e Margalit (1998) aplicaram a Social Skills Rating Sistem
(SSRS) (Gresham & Elliot, 1990). Este instrumento contm um conjunto de medidas, trs escalas, que
questionam alunos, pais e professores. A SSRS documenta a percepo que pais, jovens e profi ssionais
tm acerca da importncia e da frequncia de comportamentos que podem afectar o desenvolvimento da
competncia social e o comportamento adaptativo em casa e na escola.
O dfi ce em aptides sociaisHistoricamente, a competncia social tem sido um critrio fundamental usado para defi nir e classifi car
estudantes com alta incidncia de defi cincia (Kolb e Cheryl, 2003). muito claro, nos critrios actuais
de classifi cao da defi cincia mental, a salincia do dfi ce em competncia social e cognitiva (Gresham
e MacMillan, 1997). O grau em que os estudantes esto aptos para estabelecer e manter relaes
interpessoais satisfatrias, obter aceitao por parte dos pares, estabelecer e manter amizades, assim
como pr termo a relaes perniciosas e negativas, defi ne a competncia social e prediz, a longo termo,
um ajustamento psicolgico e social adequados (Kupersmidt, Coie, & Dodge, 1990; Parker & Asher, 1987
citados por Kolb e Cheryl, 2003).
Na literatura, a aquisio de competncia social surge frequentemente referenciada como sendo
um aspecto importante na maturao e no ajustamento social da criana e do adolescente. Segundo
Dishion, Stouthamer-Loeber e Patterson (1984) existe um amplo conjunto de competncias que se tornam
importantes para alcanar os objectivos convencionais na nossa sociedade: competncias interpessoais,
competncias acadmicas bsicas e competncias de trabalho. Segundo estes autores, falhas na
aquisio destas competncias bsicas podem afectar o ajustamento social do adolescente, existindo
vrios estudos que comprovam a existncia de dfi ces em aptides sociais nas crianas e jovens com
defi cincias.
Por exemplo, DeGeorge (1998) refere que crianas com defi cincia, especialmente com difi culdades de
aprendizagem, nem sempre fazem amizades com os seus pares com tanta facilidade como as que no tem
defi cincias. De acordo com National Joint Commitee on Learning Disabilities, pessoas com problemas de
Promoo de Competncias Pessoais e Sociais
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aprendizagem tm mais probabilidade de ter problemas de comportamento de autocontrolo, percepes
sociais e interaco social. Hemphill e Siperstein (1990), referem num estudo feito com crianas com
defi cincia mental ligeira, que as competncias de conversao tm um papel importante na aceitao da
criana defi ciente, por parte dos seus pares.
No mbito das limitaes mobilidade, Morier, Boisvert, Loranger e Arcand (1996) referem que a
presena de uma incapacidade fsica afecta as relaes interpessoais de um indivduo de diversas
formas, fazendo com que este necessite de habilidades sociais particulares. As atitudes negativas, e
os comportamentos discriminatrios, constituem uma limitao participao social dos indivduos com
maiores problemticas.
Um passo importante no que respeita s difi culdades de comportamento social das pessoas com
defi cincias o tipo especfi co de dfi ces em aptides sociais que eles podem apresentar. Gresham
(1981a, 1981b) faz primeiro a distino entre o dfi ce na aquisio de aptides sociais e o dfi ce na
execuo.
Assim, estes autores fazem uma classifi cao do dfi ce em aptides sociais em trs grandes grupos:
de aquisio de aptido social - refere-se falta de conhecimento para executar determinada aptido
mesmo sob condies ptimas, ou falha na discriminao de quais os comportamentos sociais que so
apropriados numa dada situao especfi ca; de execuo de aptido social refere-se presena de
aptides sociais no reportrio comportamental, mas existem falhas para executar estas aptides a um
nvel aceitvel em determinadas situaes; de fl uncia que resulta de uma falta de exposio a modelos
sociais sufi cientes ou aptos, insufi ciente prtica ou ensaio de uma aptido, ou baixos valores ou distribuio
de reforo inconsistente de execues aptas.
Gresham e Elliot (1990) acrescentaram ainda os problemas de comportamento para classifi car o dfi ce
em aptides sociais: comportamentos internalizantes que podem incluir comportamentos internos,
por exemplo, a ansiedade, a depresso e o isolamento social; e comportamentos externalizantes que
podem incluir, por exemplo, a agresso, a disrupo e a impulsividade.
Gresham e Elliot (1990) estenderam o modelo de classifi cao de aptides sociais e incluram os problemas
de comportamento. Neste esquema so combinadas duas dimenses do comportamento social aptides
sociais e problemas de comportamento para classifi car o dfi ce em aptides sociais. Comportamentos
competentes podem incluir comportamentos internalizantes (por exemplo, ansiedade, depresso,
isolamento social) e comportamentos externalizantes que podem incluir, por exemplo, a agresso, a
disrupo e a impulsividade.
Os Programas de Treino de Aptides Sociais
I Enquadramento Terico
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As intervenes psicolgicas com pessoas com restries fsicas e desenvolvimentais incluem numerosas
modalidades e tcnicas. Umas das mais notveis na ltima dcada so os mtodos da anlise aplicada
do comportamento, normalmente usados para remediar desordens comportamentais de defi cientes
severos. Contudo, as abordagens comportamentais tm sido aplicadas com sucesso em diversos tipos
de populaes com defi cincia. Estratgias de modifi cao comportamental tambm se tm mostrado
efi cazes no ensino de aptides de vida autnoma (vestir, cozinhar, uso de transportes) necessrias para
um funcionamento adaptativo na comunidade. Para Gresham, Sugai e Horner (2001) a habilidade para
interagir de forma adequada com os pares e adultos signifi cativos um dos aspectos mais importantes do
desenvolvimento dos jovens defi cientes.
Esta conscincia da necessidade de promover a socializao nas pessoas com defi cincia, levou
proliferao das intervenes em aptides sociais, dirigidas a uma grande variedade de grupos de
defi cientes. Algumas destas intervenes incluem as pessoas com espinha bfi da (Dunn, Van Horn e
Herman, 1981) e a multidefi cincia (Sisson, Van Hasselt, Hersen e Straint, 1985). Uma das abordagens
inclui o uso de pares no defi cientes como treinadores de aptides sociais. Verifi cou-se que esta
abordagem obteve sucesso nas vertentes sociais e de aceitabilidade de crianas defi cientes (Sisson et
al., 1985; Strain, 1983).
Por outro lado, tem sido cada vez mais empregues estratgias de avaliao psicolgicas para identifi car
as desordens psicolgicas ou problemas de comportamento que podem coexistir com a defi cincia.
Estes mtodos de avaliao derivam dos campos das terapias comportamentais e da anlise aplicada
do comportamento. De facto, uma forma til de determinar o impacto da defi cincia medir a perda da
capacidade do indivduo para realizar determinados comportamentos. Assim, segundo alguns autores,
de muita utilidade uma abordagem comportamental para a reabilitao, ao focalizar-se no que o indivduo
deve aprender a fazer, de modo a viver efi cazmente com a defi cincia (Athelstan, 1981).
Os procedimentos da avaliao comportamental tm fornecido dados importantes em relao aos
excessos e aos dfi ces comportamentais (Bellack e Hersen, 1977; Kanfer e Saslow, 1979). Os excessos
comportamentais referem-se a comportamentos que ocorrem com grande frequncia e intensidade ou
durao, ou comportamentos que so sancionados socialmente (auto-agresso ou agressividade). Os
dfi ces comportamentais so respostas que so emitidas com frequncia ou intensidade insufi cientes,
ou de forma inadequada, ou falham por serem manifestados no tempo inadequado (por exemplo, baixo
nvel de actividade ou evitamento social). A avaliao comportamental tem sido mais til na avaliao de
padres de resposta mal adaptativos nos problemas de desenvolvimento (auto-estimulao, esteretipos,
isolamento social). Ademais, eles tm sido instrumentos de avaliao de programas de tratamento
destinados a intervir sobre estes problemas (Hasselt e Hersen, 1987). No mbito das intervenes
cognitivo-comportamentais, o treino em aptides sociais uma interveno normalmente utilizada com
estudantes com defi cincia (Gresham, 1992).
Uma questo importante a ser respondida relaciona-se com o saber at que ponto o treino em aptides
sociais efi caz para promover a aquisio, execuo e generalizao de comportamentos pro-sociais,
a reduzir problemas de comportamento e melhorar as relaes interpessoais com pares e adultos. Esta
questo particularmente crucial, dados os documentados dfi ces em competncia social em estudantes
com uma alta incidncia em incapacidades (Kolb e Cheryl, 2003).
Promoo de Competncias Pessoais e Sociais
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Seis revises narrativas da literatura do treino em aptides sociais, envolvendo estudantes com defi cincias
graves, foram conduzidas nos ltimos 16 anos. Baseados nestas seis narrativas, Kolb e Cheryl (2003),
chegaram s seguintes concluses:
As estratgias mais efi cazes surgem como uma combinao dos procedimentos de modelagem,
treino e reforo;
Provas da efi ccia dos procedimentos cognitivo-comportamentais (por exemplo, resoluo de
problemas sociais, auto-instruo) so muito fracas;
Um problema persistente na literatura sobre o treino em aptides sociais a inabilidade dos
investigadores para demonstrarem ganhos consistentes e durveis nas aptides sociais atravs
da sua fi xao e manuteno ao longo do tempo;
Os estudos em intervenes cognitivo-comportamentais tendem a utilizar medidas sem validade
social (por exemplo, tarefas de resoluo de problemas sociais, medidas de comportamento em
situao de role-play, medidas de cognio social) e falham na obteno de informao que nos
diga de que forma as melhorias nestas medidas representam comportamentos socialmente aptos
em situaes reais;
Parece que existe uma relao entre a quantidade de treino em aptides sociais e os efeitos da
interveno;
Os estudos em treino de aptides sociais que emparelham o dfi ce em aptides sociais com as
estratgias de interveno tm mais probabilidade de produzir resultados positivos.
I Enquadramento Terico
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II Modelo e Estrutura do Programa de Treino em Competncias Sociais
O modelo do TCPS
O programa organiza-se num primeiro plano em componentes de interveno enquadradas no modelo
terico da aptido social de Burton et. al. (1995) e a partir do qual foi construdo o presente modelo
(ver grfi co 2) que deu origem ao programa de interveno Treino em Competncias Pessoais e Sociais
(TCPS). Na sequncia do modelo apresentado, foram defi nidas trs componentes que estruturam o TCPS:
1 componente trabalha as questes relacionadas com a formao da conscincia pessoal e social; na 2
componente trabalham-se as questes relacionadas com o comportamento social observvel; e na ltima
e 3 componente, abordam-se as competncias relacionadas com o planeamento e estratgia aplicadas
resoluo de problemas, vida futura e estabelecimento de relaes interpessoais. Transversalmente
a estas trs componentes, existe a preocupao em considerar a competncia e as caractersticas dos
contextos em que estas componentes operam.
Em cada componente abordam-se diferentes reas, estruturadas em subreas, que permitem a sua
especifi cao. Determinadas reas promovem o desenvolvimento mais bvio de determinados aspectos
da competncia social, sendo que na interveno directa no se verifi ca essa distino, pois pretende-se
que esta seja uma abordagem promotora de um desenvolvimento global. Por outro lado, uma diviso de
objectivos em reas de comportamento, vai facilitar a observao do indivduo e do seu desenvolvimento,
sem que se perca de vista a sua globalidade.
Grfi co 2 Modelo do programa de Treino de Competncias Pessoais e Sociais
Apresentamos de seguida os grfi cos que pretendem resumir, para cada componente de interveno, as
reas e subreas a abordar, isto , a estrutura do Programa de Treino em Competncias Pessoais e
Sociais.
Conscincia Pessoale Social
Quem sou eu e quemso os outros?
Planeamentoe estratgia
Para onde vou?
ComportamentoSocial
Como me comporto?
Contexto
(Capacitao Social)
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Componente I - Conscincia pessoal e social: quem sou eu e quem so
os outros?
A primeira componente trabalha as questes relacionadas com a formao da conscincia pessoal e
social. Segundo Burton et al. (1995), o nosso sistema individual est feito para termos conhecimento de
vrios aspectos desta conscincia: da nossa identidade social e pessoal (os papeis que representamos,
os grupos a que pertencemos, as caractersticas que gostamos ou desgostamos nos outros, etc.); dos
nossos acontecimentos internos (sensaes corporais, humores, pensamentos, valores, atitudes, crenas
e emoes); do conhecimento acerca de acontecimentos externos (o que dizemos, como nos comportamos,
onde vamos, etc.); e a dimenso do alcance at ao qual temos alguma interveno ou controlo sobre as
coisas que nos acontecem.
No mbito desta conceptualizao, foram criadas duas reas principais e sobre as quais incidem
os contedos a trabalhar pelo programa: a auto-conscincia e a conscincia social. Na primeira rea
abordam-se as questes da identidade e do reconhecimento dos aspectos internos ligados ao corpo, mas
tambm os aspectos relativos a formas de pensar o prprio e emoes prevalecentes. A segunda rea
centra-se nos aspectos da cognio social relacionados com a forma como o outro percepcionado e a
tomada de perspectiva social.
Grfi co 3 Componente um do TCPS: conscincia pessoal e social.
I - Conscincia Pessoal e Social
Quem sou eu e quem
so os outros?
Auto-conscincia
Conscincia Social
Identidade pessoal e social
Como mereconheo - o meu
corpo
Como mereconheo -
atitudes
Como reconheo os outros - a
empatia
Como reconheo os outros - os papeis sociais
II Modelo e Estrutura do Programa de Treino em Competncias Sociais
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Componente II Comportamento social: como me comporto?
A segunda componente trabalha as questes relacionadas com o comportamento social observvel. Nesta
componente o jovem convidado a analisar o seu comportamento e os contextos em que manifestado.
Podemos olhar para o comportamento social em termos do comportamento verbal - acerca do que
dito - e comportamento no verbal - acerca da linguagem corporal e de como as coisas so ditas. Nem
sempre estas duas linguagens so coerentes. Muitas vezes damos mensagens ambguas: dizemos com o
nosso discurso coisas que contradizemos com a nossa linguagem corporal. o trabalho sobre estas duas
componentes do comportamento que incide a primeira rea a ser trabalhada nesta segunda componente
do programa.
Outro aspecto importante trabalhado nesta rea, e referido por Burton e al. (1995), relaciona-se com
a observao e interpretao de situaes sociais. Uma observao pobre pode levar a lacunas na
competncia social. Interpretar as aces, intenes e sentimentos dos outros importante para ajustarmos
o nosso comportamento apropriadamente, tendo em conta o que as outras pessoas fazem. Contudo, a
interpretao das pessoas est frequentemente ligada ao nosso entendimento das situaes, e podemos
errar nestas interpretaes.
A assertividade est dentro das aptides comportamentais requeridas para um comportamento social
adequado. O ser assertivo permite lidar competentemente com os outros em situaes possveis de
gerar problemas para o prprio ou para os outros. Aumentar o leque de comportamentos, nomeadamente
comportamentos assertivos, ir permitir um padro comportamental mais fl exvel e ajustado. neste
sentido que surgem as sub-reas de trabalho desta componente: estar em grupo, lidar com as emoes e
situaes difceis e evitar a agressividade.
4 Componente dois do TCPS: comportamento social.
II - ComportamentoSocial
Como me comporto?
Comportamentoverbal e no verbal
Assertividade
Signifi cado docorpo
Comunicarcom os outros
Observaoe interpretao
Estar em grupo
Lidar comas emoes
Evitar aagressividade
Lidar comsituaes difceis
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Componente III Planeamento e estratgia: para onde vou?
Na terceira componente abordam-se as competncias relacionadas com o planeamento e estratgia
aplicadas resoluo de problemas, vida futura e estabelecimento de relaes interpessoais. Assim,
pretende-se que o jovem adquira um pensamento alternativo e consequencial, isto , saiba pensar a sua
relao com os outros e a sua vida de uma forma fl exvel e avaliando as vantagens e desvantagens das
vrias opes que encontra para agir. Esta forma de se pensar a si, aos outros e sua vida, ir permitir-
lhe encontrar formas mais ajustadas de se relacionar com os outros e planear o seu futuro de uma forma
realista e efi caz.
dado especial enfoque capacidade de tomar decises e agir, seja na resoluo de problemas
relacionais e pessoais e no planeamento do seu futuro, seja na tomada de um papel activo nas relaes
que estabelece com os outros.
Grfi co 5 Componente trs do TCPS: planeamento e estratgia.
III - Planeamentoe Estratgia
para onde vou?
Resolverproblemas e
planear o futuro
RelaesInterpessoais
Reconhecimentodos problemas
A amizade
Agir
Estar bemcom os outros
Trabalhar em equipa
Colocar objectivosgerar alternativas
Decises sociaise decises individuais
Situaes sociaiscom os pares
II Modelo e Estrutura do Programa de Treino em Competncias Sociais
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Contexto A capacitao social
O modelo proposto por Burton et al. (1995) contempla uma viso abrangente de pensar as aptides sociais:
apesar de se focar nos comportamentos, esta uma abordagem que incorpora os aspectos cognitivos
e situacionais da aptido social. Contudo, o comportamento social continua a jogar um papel central; o
comportamento o eixo central entre o envolvimento - com as suas oportunidades e constrangimentos
- e a experincia da pessoa, o seu conhecimento e esforo para negociar este envolvimento. Assim,
a capacitao social liga a aptido e a competncia social com a competncia das comunidades e as
oportunidades disponveis s pessoas com defi cincia.
De facto, se o jovem com defi cincia for competente mais provvel que seja tambm mais capaz em
termos sociais, em virtude da sua efi cincia em recrutar a ajuda dos outros, assim como, em utilizar
os servios na comunidade. Esta competncia ser tanto mais provvel quanto maior tenha sido, ou
seja neste momento, o leque de oportunidades. Se faltar competncia nas nossas comunidades, podem
estar a ser negadas oportunidades pessoa com defi cincia, sendo esta uma das principais razes
de um desenvolvimento pobre em aptides e competncia sociais. Assim, se o jovem viver dentro de
uma comunidade competente, isso pode aumentar as suas oportunidades, assim como, os nveis de
competncia social. De facto, o enfoque exagerado na competncia ou aptido social das pessoas
com defi cincia pode signifi car que estamos a impor-lhe objectivos e exigncias que no aplicamos
comunidade onde ele se insere. Em alternativa, este modelo pressupe que se coloquem perguntas como:
as pessoas volta dos jovens com difi culdades so competentes para os ensinar, para serem tolerantes
ou para lhes dar a assistncia, para que possam fazer as coisas que desejam fazer, apesar da sua falta
de aptido ou competncia social?
Isto no signifi ca que iremos negligenciar a importncia de promover a competncia social; a competncia
a maior componente para a capacitao. De facto, deve ser feito um esforo sistemtico e dirigido no
sentido do desenvolvimento da competncia social, ma isso no pode ser feito isoladamente sem uma
considerao e um claro entendimento do que a pessoa precisa de aprender e por que razo. Temos que
nos assegurar se o jovem no est a desperdiar o tempo dele com as intervenes que planemos:
devemos estar confi antes de que o que vamos fazer relevante para eles e que um uso produtivo do
seu tempo.
Deste modo, segundo este modelo, ao delinearmos um plano de interveno, temos que ter a preocupao
de colocar a responsabilidade onde ela realmente reside e no s na pessoa que tem a incapacidade.
Deve-se partir da anlise da natureza da aptido social e dos padres da comunidade, com o objectivo
de identifi car caminhos para levar a cabo mudanas positivas em ambos simultaneamente. Contudo, por
causa da ligao estreita entre a aptido social e as oportunidades sociais, no podemos saber como
que a comunidade se pode tornar mais competente antes de sabermos das necessidades da pessoa
em termos de oportunidades sociais. Deste modo, este modelo pressupe que se defi nam prioridades e
mtodos para trabalhar, assim como, metas a serem alcanadas, atravs das necessidades individuais.
A fi gura seguinte sumaria a natureza da capacitao social e de como ela deve ser promovida. Desenvolver a
capacitao social, assim, signifi ca desenvolver paralelamente e de forma interligada as trs razes das coisas:
o padro de oportunidades sociais; o padro de competncia social; e a competncia da comunidade.
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Grfi co 6: Modelo de desenvolvimento da capacitao social - Adaptado de Burton et al. (1995)
Apresentamos de seguida alguns quadros que pretendem resumir, para cada fase de interveno, as
reas e subreas a abordar, ao mesmo tempo que sugere temas para trabalhar as diversas reas. frente
de cada tema encontra-se assinalada as aptides da competncia social em que colocada a tnica do
trabalho, tendo em considerao a rea e a componente da interveno em causa. Estas cinco aptides
podem ser avaliadas atravs dos instrumentos de avaliao da aptido social que sugerimos: a verso
professores e alunos da Social Skills Rating Sistem (SSRS) (Gresham e Elliot, 1990).
As aptides sugeridas por Gresham e Elliot (1990) so a cooperao, a assertividade, a responsabilidade,
a empatia e o auto-controlo. A cooperao diz respeito a comportamentos tais como ajudar os outros,
partilhar algo, e o cumprimento de regras e ordens. A assertividade refere-se iniciativa do indivduo em
manifestar comportamentos, tais como, pedir informao aos outros, apresentar-se, e responder a aces
dos outros, como a presso dos pares e os insultos. A responsabilidade refere-se a comportamentos que
demonstram habilidade para comunicar com os adultos e cumprir tarefas. A empatia manifesta-se atravs
de comportamentos que demonstram respeito e preocupao pelos outros e pelos seus pontos de vista.
O auto-controlo so comportamentos que emergem em situaes de confl ito, por exemplo responder
apropriadamente a uma provocao e, em situaes no confl ituosas, que requerem uma tomada de
posio e compromisso.
ViaDar a assistncia requerida:
Comear com:
Relacionamentos
Aptido e Competncia
Social
Comunidade
Resultando em:
Relacionamentos
Aptido e Competncia
Social
Comunidade
Como a vida neste momento?
Aumento de oportunidades
O que aptido social e competncia agora?
Aumentar a competncia social
Mudanas comunitrias
Avaliao
II Modelo e Estrutura do Programa de Treino em Competncias Sociais
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Componente I
Conscincia Pessoal e SocialQuem sou e quem so os outros?
rea Sub-rea Temas (sugestes) C A R E AC
Auto-Conscincia
Identidade pessoal e
Social
Quem sou eu X
O que gosto e o que no gosto X
Em que acredito: quais os meus valores X
Quais as emoes dominantes em mim X X
O que os outros pensam de mim: a reputao
X
Ter uma defi cincia X
Como me reconheo o
meu corpo
Utilizar os sentidos, sentir o corpo X X
Corpo diferente X
Emoes, corpo e contextos X X
Como me reconheo atitudes
O que penso de mim mesmo: a auto-estima
X
Como me comporto em relao aos outros
X
Sentido de efi ccia e controlo individual: estou preparado para actuar?
X
Respeito-me a mim mesmo e aceito-me como sou?
X
Conscincia Social
Como reconheo
os outros a empatia
Que sentimentos sinto nos outros X
A perspectiva do outro: calar os sapatos dos outros
X
Fazer os outros sentirem-se confortveis
X
Como reconheo os outros os
papis sociais
O que gostamos e no gostamos nos outros
X X
As necessidades dos outros e as minhas necessidades
X X
Respeito-me a mim e aceito a minha diferena?
Sei quais so os papis que os outros representam?
X X
Depender e ser dependente: ser dependente do outro ou precisar do outro, o valor da amizade.
X X
(C) Cooperao; (A) Assertividade; (R). Responsabilidade; (E) Empatia; (AC). Auto-controlo.
Quadro 1 Componente I: conscincia pessoal e social
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Componente II
Comportamento SocialComo me comporto?
rea Sub-rea Temas (sugestes) C A R E AC
Comportamento verbal e no
verbal
Signifi cados do corpo
O que comunica no corpo X X
Regulao de conversas X
As primeiras impresses X
A minha aparncia X
Comunicar com os outros
Fazer-se ouvido e ouvir X X X
Comunicar atravs do comportamento
X
Obstculos comunicao com os outros: os rtulos e os rudos.
X
Revelar-me ao outro X
Observao e Interpretao
Regras sociais: comportamentos diferentes em stios diferentes
X X
importante ouvir as situaes e olhar para os sinais!
X
Avaliar situaes: o que se passa aqui?
X
Assertividade
Estar em grupo
Expressar opinies X
Dizer no ao que no negocivel X
Usar o humor para dissipar tenses e incluir os outros
X X
Manter as minhas crenas X
Lidar com os medos X
Dizer o que sinto vs controlar o que mostro
X X
Reconhecer e expressar emoes atravs dos outros
X X
Evitar a agressividade
Ajudar os outros e Partilhar X
Pedir ajuda X
Negociar / combinar o que negocivel
X X
Defender os meus direitos X X
Seguir instrues X X
Manter-se fora dos confl itos X
Lidar com situaes
difceis
Reagir provocao X
Ser posto de lado X X
Lidar com a presso do grupo X X
Lidar com a competio X
Lidar com o fracasso X
Lidar com uma acusao X X
(C) Cooperao; (A) Assertividade; (R). Responsabilidade; (E) Empatia; (AC). Auto-controlo.
Quadro 2 Componente II: comportamento social
II Modelo e Estrutura do Programa de Treino em Competncias Sociais
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Componente III
Planeamento e estratgiaPara onde vou?
rea Sub-rea Temas (sugestes) C A R E AC
Resolver Problemas e Planear o
Futuro
Reconhecimento dos problemas
Ter um problema X
Avaliar a mesma situao de formas diferentes
X
Usar o senso comum X
Recolher informao X
Colocar objectivos
e gerar alternativas
Ser realista X X
Improvvel e impossvel X
O sonho: isto pode acontecer! X
Ser fl exvel X X
Decises sociais e decises individuais
Que perguntas precisas de fazer a ti mesmo
X
Que decises precisam de ser tomadas? X X
Decises triviais vs importantes X
Decises que afectam as outras pessoas X
Agir
Ver as situaes realisticamente X X
Fazer mudanas para melhor: hbitos e amigos
X X
Fazer mudanas para melhor: atitudes e aces
X X
Relaes interpessoais
A amizadeReconhecer o valor da amizade X
Caminhos para fazer amigos X X
Quando um amigo est metido em problemas
X
Estar bem com os outros
Respeitar os outros como indivduos X X
Tirar vantagens das oportunidades sociais
X
Compreender que as pessoas e as situaes mudam
X
Situaes sociais com os
pares
Tornar-me um bom conversador X
Colocar as necessidades dos outros primeiro
X X
Lidar com a discriminao X X
Desenvolver relaes saudveis X
Trabalhar em equipa
Ter e dar ideias X
Partilhar um trabalho ou tarefa X
Trabalhar em equipa X
Cooperar com a autoridade X X
(C) Cooperao; (A) Assertividade; (R). Responsabilidade; (E) Empatia; (AC). Auto-controlo.
Quadro 3 Componente III: Planeamento e estratgia
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Ligar a Avaliao Interveno
Este programa de interveno tem como preocupao especial a ligao da avaliao interveno.
Efectivamente, uma das questes que se levanta no trabalho com a pessoa com defi cincia saber at
que ponto o treino em aptides sociais efi caz para promover a aquisio, execuo e generalizao
de comportamentos pr-sociais, a reduzir problemas de comportamento e a melhorar as relaes
interpessoais com pares e adultos.
Numa reviso qualitativa e narrativa de seis estudos, onde foram levadas a cabo meta-anlises, Kolb e
Sheyl (2003) verifi caram que o treino em aptides sociais tanto pode produzir pequenos como grandes
efeitos no funcionamento da competncia social. Como explicao para esta variao nos resultados eles
apontaram vrias razes, nomeadamente,