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PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL Resultado do Monitoramento Socioambiental das Beneficiárias

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Page 1: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

Resultado do Monitoramento Socioambiental das Beneficiárias

Page 2: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

Equipe envolvidaJúlia Benfica Senra Marcos Bastos Planello Roberto Scorsatto Sartori

Empresas visitadas

Arcellor Mittal S.A.Participações, Consultoria e Engenharia Ltda. e Cia. Setelagoana de Siderurgia)

Plantar Empreendimentos e Produtos Florestais Ltda.Rima Industrial S.A.Vallourec Soluções Tubulares S.A.

O Imaflora® é uma organização

brasileira, sem fins lucrativos,

criada em 1995 para promover

a conservação e o uso sustentá-

vel dos recursos naturais e para

gerar benefícios sociais nos se-

tores florestal e agropecuário.

Page 3: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

O MONITORAMENTO SOCIOAMBIENTAL DAS BENEFICIÁRIAS DO PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

DEFINIÇÃO DE ESCOPO DA VERIFICAÇÃO

ATIVIDADES DO MONITORAMENTO

BASES DA VERIFICAÇÃO – O PROMOVE

CONCLUSÕES DO MONITORAMENTO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

4

7

13

15

1727

ÍNDICE

Page 4: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

4

Com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento de uma cadeia

de produção siderúrgica de baixa emissão de gases de efeito

estufa, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimen-

to (PNUD) no Brasil, implementou o Programa Siderurgia

Sustentável. O projeto teve coordenação técnica do Ministério

do Meio Ambiente (MMA) e recursos do Fundo Global para o

Meio Ambiente (GEF), contando com o apoio do Ministério

da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC),

Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC),

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),

Governo de Minas Gerais e do Instituto de manejo e certifica-

ção florestal e agrícola (Imaflora).

O Estado selecionado como ponto de partida do Programa Si-

derurgia Sustentável foi Minas Gerais, visto que abriga o maior

polo siderúrgico a carvão vegetal do mundo. Além do objetivo

citado anteriormente, o Programa buscou criar e implementar

O MONITORAMENTO SOCIOAMBIENTAL DAS

BENEFICIÁRIAS DO PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

VOLTA

Page 5: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

um arcabouço político favorável à produção de carvão vegetal

limpo e eficiente utilizado pelo setor siderúrgico. Como tam-

bém disseminar tecnologias mais eficientes para a produção

e uso do carvão vegetal na indústria e criar um mecanismo

de apoio a novos investimentos baseado no monitoramento

de desempenho (MMA, 2019). Assim, 5 empresas foram sele-

cionadas para participar do Programa Siderurgia Sustentável,

as quais receberam recursos para testar tecnologias na carbo-

nização, tais como o uso de sistemas supervisórios de calor

nos fornos, queimadores de gases resultantes da carbonização

e métodos que melhoram o rendimento gravimétrico.

O processo de verificação não tem caráter classificatório den-

tro do programa e seu resultado não determina consequências

na concessão dos recursos. Mesmo que se baseando em um

padrão para a verificação, não se trata de um processo que

exigirá a performance das empresas. O resultado da análise

pode auxiliar na definição de melhorias nos sistema de con-

trole instalados. Nesse sentido, este documento traz o resumo

crítico das verificações e dá atenção especial às oportunida-

des de avanço apresentadas como resultado das verificações

às empresas. Os apontamentos que geraram as oportunidades

de melhoria foram discutidos em reuniões de encerramento,

como também nos workshops e refletem demandas com dife-

rentes complexidades.

Foram realizadas duas visitas às organizações, a primei-

ra com o objetivo de conhecer as práticas, identificar e

propor oportunidades de melhoria ao sistema de gestão

5

Page 6: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

socioambiental e a segunda para consolidação do monito-

ramento. Como framework foram utilizados os princípios e

critérios do PROMOVE1 — Programa Modular de Verificação

da Cadeia Produtiva do Carvão Vegetal para a Siderurgia,

uma ferramenta de implementação gradual para promoção

de mudanças socioambientais e rastreabilidade na produção

de ferro gusa a carvão vegetal.

O processo de verificação objetivou identificar ações de res-

ponsabilidade socioambiental (políticas da organização e

sistema de controles), por meio das quais se avaliou o desem-

penho socioambiental. As políticas e controles são medidas

que envolvem adoção de tecnologias, de organização docu-

mental, procedimentos internos e capacitações, muitas vezes

relacionados à transparência nas ações com os colaboradores

e partes interessadas.

O propósito desse relatório é a análise crítica dos resultados

das visitas de monitoramento nas empresas beneficiárias do

Programa Siderurgia Sustentável, bem como a análise geral

do desempenho socioambiental verificado. O documento é

dividido em 3 partes, em que inicialmente se apresenta o es-

copo de cada empresa, o qual determina a complexidade dos

sistemas de controle que são implantados. Seguido por um

breve histórico das atividades e descrição metodológica da ve-

rificação. Por fim, é apresentado o resultado das verificações,

contendo o desempenho geral das instituições em relação aos

requisitos do Promove. Os tópicos finais trazem o resultado

das avaliações realizadas nas visitas.

1 https://www.wwf.org.br/?55702/Cartilha-PROMOVE

6

Page 7: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

7

A definição do escopo da verificação envolveu a decisão sobre quais unidades e seto-

res das empresas seriam visitados. Em cada uma das instituições beneficiárias, identi-

ficaram-se unidades produtivas e administrativas relacionadas a produção e consumo

de carvão vegetal, mas que ao mesmo tempo tivessem relação direta com o objeto da

proposta aprovada para o Projeto Siderurgia Sustentável. No processo de verificação,

a partir da disponibilidade das áreas de controle, foram identificadas quais contribuíam

com os critérios que seriam avaliados. Assim, possibilitou-se a análise e avaliação da

eficiência e validação dos sistemas de controles socioambientais da organização.

Duas das cinco organizações beneficiárias, Plantar e Cossissa, produzem e comerciali-

zam carvão. As outras três empresas produzem o carvão para consumo em altos-fornos

próprios. As outras empresas, que também produzem o aço, optam pelo máximo de

verticalização de sua produção possuindo plantios florestais e Unidade de Produção

de Energia (UPE). Diferentes estruturas de produção determinam o nível de controle

necessário para se garantir o desempenho socioambiental, haja visto que existem um

ou mais elos envolvidos na produção.

A Figura 1 mostra os arranjos do suprimento da carvoaria das beneficiárias, a partir da

qual se caracteriza quais os fluxos de suprimento adotados por cada organização. Em

DEFINIÇÃO DE ESCOPO DA VERIFICAÇÃO

VOLTA

Page 8: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

8

referencia às letras, tem-se a forma de obtenção de madeira; algarismos, definem qual

a estrutura ou negociação em relação ao carvoejamento; e símbolos relaciona-se a(os)

comprador(es). Esses fluxos são determinantes do escopo e aplicabilidade dos requi-

sitos do PROMOVE e ajudam a categorizar as organização beneficiárias.

FIGURA 1: FLUXOS DE SUPRIMENTO DAS ORGANIZAÇÕES BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

A utilização de carvão é feita pela beneficiária.

Produtora Beneficiária

Com propriedade sob posse e gestão

da benefiária.

Floresta Própria

Nem a posse nem a gestão do manejo

está vinculada a beneficiária

Floresta de terceiro

Compra de madeira ofertada no mercado por

terceiro.

Madeira de Mercado

A venda de carvão da

beneficiária é feita no mercado.

Outros Produtores

Compra da floresta com participação e

acompanhamento das práticas de manejo

Floresta Arrendada / Fomento

C

B

A

D3

2

1

A

Estrutura da UPE e gestão são feitas pelo

terceiro.

Carvão Terceiro

A beneficiária possui a

estrutura e gere sobre a UPE.

Carvoaria Própria

A estrutura da UPE pode ou não ser da

beneficiária mas o serviço de

carvoejamento é terceirizado.

Serviço de Carvoejamento

321

C

B

D

OrigemCarvoariaProdução

Page 9: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

9

Ainda em relação a definição dos requisitos aplicáveis, consideram-se os sistemas de

gestão e controles das organizações. Por exemplo, se a organização utiliza madeira para

outros fins, compartilhando a mesma origem florestal, é importante que se observe o cum-

primento dos requisitos também para esta atividade. Ou seja, um requisito será aplicável e

mais profundamente analisado, quanto mais complexo for o sistema que o suporta.

Por outro lado, como dito anteriormente, dependendo do risco, as empresas podem

assumir sistemas mais ou menos complexos, sem que seja afetado o cumprimento dos

requisitos. Por isso, alguns requisitos são considerados aplicáveis e definidos como de

baixo risco, por conseguinte, mesmo com controles bastante simples realizados pela

empresa, já é garantido o desempenho socioambiental satisfatório. O escopo definido

para a verificação em cada uma das beneficiárias é apresentado a seguir:

ArcelorMittal S/AA ArcelorMittal BioFlorestas faz parte de um grupo que envolve atividades no ramo da

siderurgia para a produção de aço, e também é a responsável pela produção do carvão

vegetal que supre quase a totalidade da demanda da indústria.

Atualmente, produtores de carvão de médio e grande porte são fornecedores da orga-

nização, sendo mais comum o fornecimento entre 1.000 e 4.000 toneladas por mês. Foi

relatado que o fomento (apoio a produção de pequenos produtores florestais para ob-

tenção de carvão), com fornecimento de até 1000 toneladas por mês, deve ser descon-

tinuado nos próximos anos. Do ponto de vista social, dada a importância dessa prática

para o fortalecimento da cadeia de valor, a manutenção e mesmo ampliação do programa

seria relevante. Esse consumo poderia representar maior impacto sobre o segmento se

envolvesse produtores de menor porte.

Origem Carvoaria Produção

ARRENDADA BENEFICIÁRIO

PRÓPRIA

B1

FIGURA 1.1: FLUXOS UTILIZADOS

ARRENDADA BENEFICIÁRIO

SERVIÇO2

B

BENEFICIÁRIO

OUTROSTERCEIRO

TERCEIRO

3C

BENEFICIÁRIO

PRÓPRIA

PRÓPRIA1

A

Page 10: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

10

PCE/Cossisa (Participações, Consultoria e Engenharia Ltda. e Cia. Setelagoana de Siderurgia)

O consórcio foi formado para a produção de carvão a partir de madeira própria das flo-

restas da Cossisa, utilizando-se da tecnologia dos fornos reatores da PCE. Trata-se de

fornos do tipo container, que permitem carregamento da madeira e retirada do carvão

com mínimas perdas pelo manuseio. A visita foi realizada na área florestal e também

onde ocorre a produção de carvão em fornos convencionais (rabo quente) na unidade

de produção florestal e carbonização em Curvelo, MG. Neste mesmo local, na ocasião

da primeira visita, foi possível conhecer as futuras instalações dos reatores previstos

na proposta submetida ao Projeto Siderurgia Sustentável. Os técnicos da PCE, bem

como o responsável pela gestão florestal participaram da primeira visita.

A organização vende carvão vegetal para quatro siderúrgicas e analisa a possibilidade

de voltar com as produção de aço em alto forno próprio. Toda madeira utilizada pela

Cossissa tem origem na única e contínua floresta do grupo. Também não é adquirido

carvão de terceiros para revenda. Atualmente conduzem cerca de 2.000 hectares de

rebrota (talhadia) e possuem cerca de 240 fornos tipo “rabo quente” operantes.

Plantar Empreendimentos e Produtos Florestais Ltda.A organização fornece carvão vegetal para altos-fornos da Plantar Siderurgia e outras

Aciarias da região de Curvelo, MG. A totalidade da madeira para produção de carvão ve-

getal utilizado pela Plantar é própria e certificada pelo sistema de certificação florestal

FIGURA 1.2: FLUXO UTILIZADO

PRÓPRIA

PRÓPRIA1

A

OUTROS

OrigemCarvoariaProdução

Page 11: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

11

FSC®. O carvão é produzido nas florestas do grupo e processado em carvoaria própria

(não são terceirizados os processos de carvoejamento).

A Plantar Florestal não produz somente madeira para carvão. Também produz madei-

ra tratada e comercializa madeira em pé. A visita realizada buscou analisar possíveis

influências dessas outras atividades no desempenho socioambiental da produção de

madeira para carvão vegetal, em que foi verificado baixo risco nessas outras atividades.

Rima Industrial S/AA organização faz parte de um grupo que envolve atividades nos ramos da produção e

comercialização de ligas à base de silício e produção de magnésio primário. O grupo

possui reservas próprias de dolomita e quartzo de alta pureza. Devido à especificidade

dos produtos produzidos pela Rima, faz parte da estratégia da organização integralizar

toda a produção, tanto o extrativismo mineral quanto a produção de carvão.

Atualmente 50% do carvão vegetal utilizado pela Rima é próprio, com madeira advinda

das florestas do grupo e processada em carvoaria própria. Os processos de carvoeja-

mento não são terceirizados. A empresa tem capacidade de aumentar a porcentagem

de suprimento próprio, mas opta por comprar os outros 50% do mercado, por questões

econômicas. O suprimento de carvão vegetal de terceiros também é verificado pela

Rima, por meio de um sistema de controle legal das origens e por meio do acompanha-

mento dos volumes recebidos na unidade industrial.

FIGURA 1.3: FLUXO UTILIZADO

PRÓPRIA

PRÓPRIA1

A

OUTROS

OrigemCarvoariaProdução

Page 12: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

12

Vallourec Soluções Tubulares S.A.A organização faz parte de um grupo que envolve atividades nos ramos da siderurgia,

transportes e florestal, sendo este último o principal foco da presente verificação. No

dia 26 de setembro de 2018, as atividades foram realizadas na unidade de pelotização,

em Jeceaba-MG. Nos dias 27 e 28 de setembro de 2018 as atividades ocorreram no

escritório administrativo da Vallourec Florestal, em Curvelo-MG. As verificações foram

realizadas de acordo com o plano de trabalho previamente definido pela Vallourec e

com o acompanhamento do responsável indicado.

A Vallourec utiliza carvão vegetal em dois processos industriais: nos altos-fornos,

para combustão e redução na produção do aço; e em substituição a outros combus-

tíveis, no processo térmico exigido na pelotização, com a utilização de moinha do

carvão vegetal.

Quase a totalidade do carvão vegetal utilizado pela Vallourec é própria, produzido nas

8 florestas do grupo e processado em carvoaria própria (não são terceirizados proces-

sos de carvoejamento). O suprimento de carvão vegetal de terceiros também é verifi-

cado pela Vallourec Florestal, por meio de um sistema de controle legal das origens e

acompanhamento dos volumes recebidos na unidade industrial.

FIGURA 1.4: FLUXOS UTILIZADOS

OrigemCarvoariaProdução

BENEFICIÁRIO

OUTROSTERCEIRO

TERCEIRO

3C

BENEFICIÁRIO

PRÓPRIA

PRÓPRIA1

A

FIGURA 1.5: FLUXOS UTILIZADOS

OrigemCarvoariaProdução OUTROS

ARRENDADABENEFICIÁRIO

TERCEIRO3

C

ARRENDADA

BENEFICIÁRIO

SERVIÇO OUTROS3

D

OUTROS

BENEFICIÁRIO

PRÓPRIA

PRÓPRIA1

A

Page 13: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

13

Para monitorar o desempenho socioambiental o Imaflora foi contratado pelo PNUD,

executor do projeto Siderurgia Sustentável, para realizar as atividades que geraram 7

produtos. As atividades do monitoramento realizado pelo Imaflora foram:

ATIVIDADES DO MONITORAMENTO

FIGURA 2: LINHA DO TEMPO

SET OUT ABR MAINOV2019

AGO

Planejamento das atividades 01 a 25 set 2018

Visitas de entendimento

26 set a 20 outubro 2018

1o Workshop 21 a 23 nov

2018

Visitas de consolidação04 de abril a 10 de maio 2019

2o Workshop08 a 10 de

agosto 2019

VOLTA

Page 14: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

14

Na primeira visita foram indicadas oportunidades de melhoria para casos em que as

organizações tivessem possibilidade de fazer ajustes no sistema de gestão que levas-

sem à controles mais robustos e assertivos. A partir do relatório da primeira visita as

organizações tiveram oportunidade para dar mais esclarecimentos sobre os controles

e expor novas medidas e propostas dentro do sistema de gestão socioambiental na

visita de consolidação do monitoramento.

Os Workshops tiveram o objetivo de nivelar os conhecimentos das empresas sobre o

PROMOVE e proporcionar a troca de conhecimentos entre os seus funcionários. As

atividades contemplaram os temas identificados como mais relevantes às atuações

das empresas e que mais foram apontados como oportunidades de melhoria. De forma

geral, o objetivo das atividades foi a exposição de conceitos, discussão e debate de

temáticas relacionadas as políticas públicas, ferramentas de gestão e atividades que

permitissem maior aproximação entre os especialistas. Ambos eventos ocorreram no

Centro de Estudos Ambientais e Paisagísticos (CEAP), localizado na Rodovia 238, km

40 em Inhaúma – MG.

Reflorestamento de eucalipto. Foto: Roosevelt Almado.

Page 15: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

15

O “PROMOVE Carvão Sustentável” é um Programa Modular de Verificação da Ca-

deia Produtiva do Carvão Vegetal para a Siderurgia. Trata-se de uma ferramenta de

rastreabilidade de implementação gradual, que garante a origem do carvão vegetal

utilizado na produção de ferro gusa em conformidade com critérios sociais e am-

bientais ao longo de toda a cadeia produtiva, a começar pela base florestal. Seu

principal objetivo é engajar as empresas do setor de carvão vegetal na promoção de

mudanças sociais e ambientais.

A base para estabelecimento do programa consiste em um padrão definido por seis

princípios e um conjunto de critérios e requisitos de adequação a estes princípios.

No processo de monitoramento do Projeto Siderurgia Sustentável esta norma foi

adotada com alguns ajustes. Os requisitos foram adaptados, haja visto que não se

previu identificar conformidade com cada requisitou deles, mas sim o nível global

de desempenho que as empresas atingem. Os princípios do PROMOVE se mos-

traram bastante adequados para avaliação e propósitos do monitoramento, sendo

compreendido e aceito como referencial em desempenho socioambiental pelas ins-

tituições participantes.

BASES DA VERIFICAÇÃO – O PROMOVE

VOLTA

Page 16: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

16

FIGURA 3: QUADRO DOS PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS (P&C)

É demonstrado conhecimento e cumprimento em relação à legislação aplicável às operações florestais e industriais.

Operações florestais e industriais demonstram possuir as licenças aplicáveis para a condução de suas atividades.

Direitos legais de uso das terras são claramente definidos e demonstráveis em áreas próprias e de terceiros, para operações florestais.

Operações florestais e industriais possuem licenciamentos aplicáveis ao transporte de madeira e carvão vegetal.

São adotadas apenas relações comerciais formalizadas entre fornecedores e compradores de matéria prima associada à produção do carvão, permitindo correta identificação da origem do material utilizado.

As operações florestais ou industriais respeitam as convenções fundamentais da OIT.

As operações florestais e industriais garantem relações trabalhistas formais com seus funcionários.

Um ambiente de trabalho seguro e saudável é garantido a todos os trabalhadores florestais e industriais.

Todos os trabalhadores, florestais e industriais, contratados diretamente ou indiretamente para o trabalho, recebem remuneração pelo menos igual ao mínimo definido em legislação nacional e aos acordos para o setor.

Canais de comunicação e diálogo com comunidades locais estão disponíveis e são acessíveis para assuntos relacionados às operações florestais e industriais, e seus impactos.

São feitos esforços para redução de emissões e sequestro de gases de Efeito Estufa (GEE) nas operações florestais e industriais.

A madeira/carvão utilizados em operações industriais não é proveniente de áreas de desmatamento.

Sistemas que visam garantir a rastreabilidade são utilizados pelas operações florestais.

Adotam-se medidas em relação ao planejamento e sustentabilidade da produção em operações florestais.

Busca-se tecnologias para melhorar eficiência e reduzir impactos ambientais nas etapas industriais.

Existência de sistema que visa garantir coerência entre o volume de produção e volume de matéria prima utilizada em determinado período de tempo, por operações industriais.

Existência de um sistema que visa garantir a rastreabilidade da madeira desde sua origem além do cumprimento dos critérios aplicáveis às operações industriais.

É fornecido treinamento aos funcionários visando garantir que o sistema de rastreabilidade possa ser adequadamente implementado em operações industriais.

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

2.1

2.2

2.3

2.4

3.1

4.1

4.2

5.1

5.2

6.1

6.2

6.3

6.4

CONDIÇÕES DE TRABALHO

DECENTES

BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO FLORESTAL

RELAÇÃO RESPONSÁVEL

COM AS COMUNI-DADES

BOAS PRÁTICAS NA PRODUÇÃO DO

CARVÃO

CUMPRIMENTO

LEGAL

RESPONSABILI-DADE AMBIENTAL

2

1 4

6

5

3

Page 17: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

17

Aspectos gerais da verificaçãoEste relatório apresenta as conclusões da verificação, realizada em duas etapas, bem

como os principais avanços que decorreram das contribuições do monitoramento e

workshops realizados. A primeira rodada de visitas envolveu análise de oportunidades

de melhoria aos sistemas da organização e a segunda uma verificação para quaisquer

atualizações desses sistemas até o fim do período de monitoramento.

A fim de identificar potenciais melhorias nos sistemas instalados nas unidades, foram

entrevistados responsáveis das diversas áreas, como controle ambiental, de recursos

humanos, comunicação e jurídico. Foram realizadas verificações de registros de análi-

se dos procedimentos escritos relacionados aos sistemas de gestão da organização. A

análise da governança e dos sistemas de gestão permitiram concluir o nível de confor-

midade e compromisso das organizações com o padrão do PROMOVE.

Como visto anteriormente, as beneficiárias possuem diferentes estruturas e portes de

produção, o que pode determinar a agilidade com que estas instituições podem promo-

ver melhorias em seus processos. Principalmente, quando se trata de uma empresa de

grande porte e com várias unidades, a abrangência dos procedimentos pode ser mais

ampla, bem como o compliance adotado deve ser avaliado em cada uma das ações.

CONCLUSÕES DO MONITORAMENTO

VOLTA

Page 18: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

18

Por isso, principalmente nas estruturas maiores, mesmo com a intenção da organiza-

ção trabalhar sobre as oportunidades de melhoria apontadas na primeira visita, pouco

pode ser concretizado até a segunda visita de monitoramento.

De qualquer forma, as beneficiárias foram estimuladas a apresentar um plano de ação

com suas intenções e compromissos em relação às oportunidades de melhoria iden-

tificadas. Como resultado foram observadas várias propostas e alguns avanços signi-

ficativos nos sistemas de controles, que comprovam o desempenho socioambiental

dessas empresas, pelo menos em relação as exigências do PROMOVE.

De forma geral, as organizações demonstraram compromisso e alinhamento com os

objetivos dos critérios do PROMOVE. Das 5 empresas visitadas, apenas a Cossissa,

manifestou desistência da sua participação antes da segunda rodada de visitas, com-

prometendo as conclusões sobre o resultado do monitoramento desta empresa. As-

sim, todos os resultados expostos sobre esta instituição são relativos aos resultados

da primeira visita e as oportunidades de melhoria colocadas naquele momento.

Vale ressaltar que as 4 organizações que ainda fazem parte do projeto, já haviam de-

monstrado seu compromisso e competência nos controles de desempenho socioam-

biental na primeira visita, sendo observadas poucas oportunidades de melhoria. De

qualquer forma, propuseram-se a ir além, e se comprometeram com mais melhorias,

reduzindo riscos de ocorrências indesejáveis nas suas atividades.

O monitoramento mostrou-se bastante eficaz não só na identificação do compromisso

e nível de adequação ao PROMOVE, mas principalmente no incentivo às melhorias nos

sistemas.

Implicações da origem do suprimento do carvão no desempenho socioambientalA rastreabilidade torna-se mais desafiadora quando condutas de comercialização

são mais dinâmicas e há um número maior de elos envolvidos na cadeia de supri-

mento. Mais que identificar o caminho que um produto percorre na cadeia de valor

até chegar ao consumidor, a rastreabilidade possibilita que os atributos, ou seja, os

valores e características do produto que o diferencia dos demais, sejam carregados

ao longo desta cadeia. Para isso, um sistema implementado deve cumprir com uma

Page 19: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

19

série de medidas que permitem controlar e monitorar todas as movimentações, de

entrada e saída, resultando em maior credibilidade das origens e dos atributos que

se quer comprovar.

Considera-se cada um dos compromissos como atributos a serem garantidos. Um sis-

tema de gestão e rastreabilidade deve trazer a credibilidade de que esses atributos

estão sendo cumpridos. Em outras palavras, o sistema implantado vai demonstrar a

forma em que esta instituição identifica o cumprimento de atributos ao longo da cadeia

e como o sistema que implantou garante que somente materiais com origem cadas-

trada e controlada serão utilizados. Quando se trata de carvão vegetal, os controles

podem existir sobre a produção própria e a produção de terceiros, sendo este último o

maior desafio para as beneficiárias.

Como observado na Figura 1, somente a Plantar e a Cossissa não fazem compra de

carvão no mercado. Condição que reduz riscos em relação aos requisitos do PRO-

MOVE, pois com a produção própria em áreas sob sua posse torna-se mais simples a

rastreabilidade de origens da madeira e carvão. Por outro lado, no caso das empresas,

Arcelor, Rima e Vallourec, que compram carvão via contratos de compra e venda ou

ofertas no mercado “spot”, o compromisso com os requisitos do PROMOVE vão além

das porteiras de suas propriedades.

Atualmente as beneficiárias adquirem carvão de pequenos, médios e grandes fornece-

dores, sendo bastante comuns fornecedores que produzem até 1000 toneladas mês.

No caso da Arcelor e Rima, maiores compradoras, observam-se também compras de

fornecedores entre 1.000 e 4.000 toneladas mês. Em todos os casos, as compras são

realizadas após homologação documental (legalidade das atividades) dos fornecedo-

res e pelo menos uma visita de verificação, que objetiva atestar conformidades com a

legalidade e também com a qualidade do carvão.

Se por um lado a abertura maior para o mercado de carvão acaba definindo outras pos-

sibilidades de suprimento para as beneficiárias, por outro, o carvão de mercado pode

ser mais caro em períodos de grande demanda, atingindo valores acima dos custos

que a organização desejaria. Por isso também foi identificado como uma estratégia de

médio e longo prazo pelas beneficiárias o suprimento próprio. Dessa forma, obteriam

Page 20: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

20

maior controle sobre os custos e qualidade do carvão, ao mesmo tempo que reduziriam

riscos em relação aos controles de origem.

Do ponto de vista do desempenho socioambiental, a preocupação que cerca a compra

de carvão no mercado em Minas Gerais é o não cumprimento de requisitos relacio-

nados às condições de trabalho e possíveis impactos ambientais. O estado oferece

controles legais quando impõem o licenciamento das atividades da silvicultura e car-

voejamento, mas não tem instrumentos e fiscalização que garantam outros aspectos

da produção. Por exemplo, um produtor de madeira e carvão pode estar fazendo uso

indevido de defensivos agrícolas, práticas de colheita que não respeitam remanescen-

tes florestais, dentre outros. O risco de não cumprimento de condições ambientais e

sociais de produção se agravam pelo carvão vegetal estar inserido em um contexto

competitivo no qual nem todos os compradores têm exigências sobre tais condições.

Nesse contexto, as empresas reconhecem a necessidade de, além de mapear a origem

da madeira e do carvão, realizar processos de verificação para esses fornecedores.

Todas as beneficiarias demonstraram que os controles que realizam reduzem os ris-

cos da compra de carvão vegetal que possam estar relacionado às práticas que não

condizem com as da própria empresa. Foram apresentados checklist para visitas aos

fornecedores, processos de verificação documental, cláusulas contratuais e praticas

de bom relacionamento e colaborativas com os fornecedores.

Ainda sim, na primeira rodada de visitas, foi possível identificar oportunidades de me-

lhoria nesses controles em todas as empresas. ArcelorMittal e Vallourec, que já de-

monstravam logo na primeira visita possuir medidas de controles bastante eficazes,

também foram incentivadas a aperfeiçoar seus sistemas. Ainda que questões como

discriminação e políticas de remuneração sejam de difícil controle pelas beneficiárias,

pode-se afirmar que o nível de conformidade com os requisitos relacionados ao forne-

cimento de carvão por terceiros é satisfatório. Fez-se claro nas reuniões de encerra-

mento da segunda visita e também durante as atividades do segundo Workshop que

tais questões podem ser trazidas à discussão e com isso se obteria ainda mais garan-

tias de desempenho socioambiental.

Ao fim do monitoramento as três empresas que compram carvão no mercado tinham

Page 21: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

21

revisto seus sistemas de controle, promovendo novos métodos de análise e verificação

em campo. Ainda há um caminho a percorrer para estas empresas para que os forne-

cedores possam atingir o ideal de cumprimento socioambiental semelhante ao das

beneficiárias, mas a maior parte do caminho já pode ser confirmado.

Sistemas de gestão e CertificaçõesAs verificações envolveram a avaliação da eficácia de procedimentos, existência de re-

gistros e garantias do conhecimento dos responsáveis por estes procedimentos. Dessa

forma, pode-se dizer que a verificação avalia o sistema de gestão das beneficiárias, restrin-

gindo a análise aos controles relacionados aos requisitos do PROMOVE. Por conseguinte,

considera-se na avaliação o grau de maturidade dos sistemas de gestão, seu processo

interno de melhoria contínua e outras certificações que nele se integrem como atenuantes

de riscos de não cumprimento dos procedimentos e compromissos das beneficiárias.

Exceto pela Cossissa, todas as organizações possuíam um sistema de gestão atuante.

Por meio de entrevistas com os funcionários administrativos, supervisores de campo,

operadores de máquinas, controladores de fornos de carvão, gerentes e motoristas, foi

possível evidenciar se os procedimentos são cumpridos.

As organizações possuem certificações florestais FSC ou Cerflor. Por meio da certi-

ficação florestal, as organizações demonstram a conformidade com boas práticas de

produção florestal, estruturadas de acordo com normas de performance que tem exi-

gências que vão além do cumprimento legal. De forma geral, o pacote tecnológico ado-

tado pelas organizações são bastante modernos, inclusive com constante reposição de

maquinários, mais novos e com tecnologias eficientes. Pode-se citar como exemplo a

experiência da Plantar na área de silvicultura, com certificação FSC para 100% de suas

áreas, que demonstrou investimento em sua equipe para aprimoramento de técnicas

de silvicultura de menor impacto ambiental e melhor eficiência na produção florestal e

uso dos recursos.

O primeiro princípio da norma do PROMOVE é o cumprimento legal. Trata-se da exi-

gência de que as empresas possuam licenciamentos para as atividades da organiza-

Page 22: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

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ção, mantenham a regularização de posse de áreas, acompanhamento e resolução de

quaisquer processos jurídicos, além da verificação do cumprimento das mesmas leis

por seus fornecedores e prestadores de serviço. Durante as verificações foi identi-

ficado que as beneficiárias possuem controles suficientes e que garantam que toda

atividade está legal.

Todas as organizações possuem controles documentais. Os controles envolvem o

acompanhamento de licenças ambientais e das atividades, formalização da posse de

terras e outorgas de captação de água. Também são acompanhados processos ju-

diciais fundiários e trabalhistas, bem como foram estabelecidos procedimentos para

gestão de possíveis conflitos. Para dar mais robustez a estes controles, as empresas

contratam serviços de atualização da legislação, que possibilitam que a cada atualiza-

ção da lei sejam observadas as demandas de controles internos.

De modo alternativo ou complementar aos sistemas de atualização da legislação, pelo

menos uma das empresas mantém especialistas que as acompanham. As áreas de

meio ambiente e jurídico trabalham em conjunto na execução dos procedimentos de

controles. Durante a verificação foi possível identificar que os controles são bastante

consolidados e os responsáveis têm conhecimento para sua execução.

Como ressaltado anteriormente, é fundamental que exista sistemas de gestão que su-

portem todo o compromisso das empresas e durante a vista foi possível verificar que

a manutenção destes são bastante eficientes e garantem os controles dos aspectos

socioambientais.

Saúde e segurança nas empresas beneficiáriasO principio mais detalhado do PROMOVE refere-se às condições de trabalho decente.

De fato, manter bons indicadores em saúde e segurança ocupacional dos funcionários

próprios e de parceiros e fornecedores é um grande desafio. Durante a primeira e a

segunda visitas às quatro empresas que permanecem no projeto, foi comprovado atra-

vés de registros e verificação de procedimentos que são mantidos os compromissos

com os requisitos desse princípio. Com a desistência do consórcio da PCE/Cossissa

Page 23: PROJETO SIDERURGIA SUSTENTÁVEL

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não foi possível dar continuidade na verificação das oportunidades de melhoria iden-

tificadas na primeira visita e por não ter sido apresentado um sistema de controles na

primeira visita não é possível afirmar garantias dos compromissos como previstos no

PROMOVE.

Sem dúvida este princípio é um dos principais desafios de gestão para as empresas da

silvicultura e do carvoejamento. Não se trata somente do cumprimento das leis, mas

sim da manutenção dos compromissos previstos na convenção da OIT (Organização

Internacional do Trabalho - agência multilateral da Organização das Nações Unidas, es-

pecializada nas questões do trabalho, especialmente no que se refere ao cumprimento

das normas internacionais). Assim, também são consideradas políticas de contratação

e estrutura de cargos e funções, bem como controles contra discriminação. A exigência

da norma neste principio é muito ampla e por isso, apesar de satisfatório, o grau de

compromisso difere de uma beneficiária para a outra.

As práticas adotadas não diferem muito entre as 4 beneficiárias que se mantém no pro-

jeto no que se relaciona as atividades próprias. Para o caso da compra de carvão pelas

empresas Vallourec, Arcelor e Rima, foram implantados programa de acompanhamen-

to das exigências em saúde e segurança ocupacional dos fornecedores. Trata-se de

controles documentais e visitas de campo (auditorias) às áreas florestais e às UPEs.

A Vallourec e a Rima mantém controles mensais de registros de novas contratações,

pagamento de contribuições trabalhistas e exigências contratuais de que os fornece-

dores garantam também boas praticas.

Na Vallourec a gestão de pessoas segue práticas modernas em recursos humanos,

demonstrando que mesmo em atividades da silvicultura e carvoejamento, bastante tra-

dicionais, pode-se utilizar do diálogo, transparência e ações participativas.

Na ArcelorMittal, destaca-se o sistema de prevenção de fatalidades (PPF/FPS), por

meio do qual se realiza apontamento de incidentes e acidentes, formando banco de

dados que auxilia na tomada de decisão para revisão de procedimentos e dimensiona-

mento de estruturas e tecnologias que reduzam ocorrências.

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Ações em responsabilidade ambientalA responsabilidade ambiental pode estar presente em todas as atividades das em-

presas. Na produção da silvicultura, no carvoejamento ou até mesmo nas atividades

administrativas e de comercialização é possível considerar os impactos das atividades.

As empresas estruturaram Matrizes de Impacto, cuja validade é reafirmada pelos pro-

cessos de certificação. A verificação desse instrumento durante as visitas do monito-

ramento do projeto Siderurgia Sustentável permitiu a análise de que as medidas de

controles e mitigação, bem como das ações de monitoramento de todos os impactos

das atividades. Como resultado da análise pode-se afirmar que as medidas de controle

estão alinhadas ao cumprimento das leis e também das melhores práticas dentro das

possibilidade econômicas do negócio.

Um dos aspectos mais reconhecidos na cadeia de valor do carvão é a fumaça gerada

na carbonização. Os impactos ambientais e sociais são vários. Há mais de 10 anos

iniciaram-se iniciativas no estado de Minas Gerais para queima dos gases, que apesar

de não inibir emissões de CO2, queima os gases mais poluentes, além de eliminar o

cheiro que seria dispersado no ar. Frente aos impactos, as empresas vem implantando

queimadores nas suas unidades de carvoejamento.

As empresas participantes do projeto siderurgia sustentável receberam recursos que

podiam ser direcionados às estruturas para queima de gases. Ainda assim, os inves-

timentos pelas empresas nessas estruturas estão sendo grande. Durante as visitas

foram identificadas diferentes estruturas e eficiências. Cerca de 80% do volume de

emissões são queimados em fornos que possuem a estrutura. Os investimentos que

vem sendo realizados pela Arcelor projetam a implantação de estruturas em toda pro-

dução própria no curto prazo, já Rima, Vallourec e Plantar demonstraram compromisso

no médio e longo prazos do mesmo objetivo.

Outras praticas reduzem impactos do carvoejamento, tais como as praticas definidas na

DN 227. Todas as beneficiárias demonstraram seu cumprimento com tais práticas. Trata-se

de instrução normativa estadual vigente desde 2018 e que estabelece práticas na UPEs

para melhor desempenho e menor impacto das atividades no meio ambiente. O compro-

misso com as exigências da DN 227 não é considerado de forma direta dentre os requisitos

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do PROMOVE, mas podem ser considerados como indicadores chave no cumprimento dos

critérios do princípio relacionado às boas práticas na produção de carvão. No manejo flo-

restal, algumas medidas em relação a responsabilidade ambiental podem ser destacadas:

• NaPlantarasmedidasrelacionadasaoplanodemanejopreveemamáximautilizaçãodosrecursosflorestais,comoadefiniçãodeusomaisnobredosortimentoedatotalidadedosresíduosflorestaisparaprodução;

• NaRimaexistemcontrolesdecaptaçãodeágua,usodedefensivoseconservaçãodesolosnasilvicultura.ARimatambéminvesterecursosemnovastecnologiaseeficiêncianaproduçãodocarvão.Alémdosfornoscontainer,cujoprojetocompletotrarámaiseficiênciacomimpactobaixoaomeioambiente,aorganizaçãotemfortescontrolessobretodososimpactosqueomanejoflorestalpodegerar;

• NaArcelorMittalousodesupervisóriosequeimadoresdegasesjásãoumarealizadaemquasetodasasUPEspróprias.Desde2005aempresatrabalhanodesenvolvimentodoqueimadordegasesdoprocessodecarbonização.Segundoestudos,oqueimadorreduzcercade80%dometanoemitidonormalmentepeloprocesso;

• NaValoureccsãoprevistasaçõesdemitigaçãodeemissõesprincipalmentenasilvicultura.Pormeiodamanutençãoesubstituiçãodemáquinasetambémcomprocedimentosdecolheitaquenãodesperdiçamadeira(nãoemitemetano).

Comunicação e relacionamento com o entorno das áreas de atividade A demanda por relacionamento com as comunidades do entorno são mais presentes

quanto maior a interferência das atividades no cotidiano dessas populações. As ativi-

dades de manejo e carvoejamento geram impacto nas populações pela existência de

tráfego de caminhões, fumaça do carvoejamento, captação de água, uso de defensivos

agrícolas, dentre outros. A presença da empresa em áreas com comunidades rurais e

urbanas acabam estreitando relacionamento com as lideranças locais que, por vezes

solicitam doações e a colaborações em projetos comunitários.

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Nesse contexto faz parte das políticas das empresas avaliar quaisquer reclamações e

pedidos das comunidades. Para tanto, as beneficiárias mantém sistema de controle

do recebimento, tratativa e resposta às solicitações. Foi observado que as políticas

diferem entre uma beneficiária e outra, mas todas assumem compromissos com os

impactos gerados pelas suas atividades. Durante a primeira e segunda visitas foram

apresentadas ações relacionadas às demandas e reclamações de agentes locais, evi-

denciando o compromisso e qualidade do trabalho realizado.

Também é comum que as empresas utilizem mão de obra local. Com maior envolvi-

mento com esses funcionários surgem internamente demandas da população como

um todo e, essas descobertas acabam gerando projetos sociais maiores. Todas as

empresas possuem projetos de apoio nas área de produção (mel e agricultura), cultu-

ral (educação e artes) e esportes (para adultos e crianças). Dentre os vários projetos

desenvolvidos pelas empresas beneficiadas destaca-se as ações da Vallourec e Rima,

não poder serem únicas, mas por ter sido demonstrado desempenho diferenciado na

forma que conduz as ações.

A Vallourec possui projetos de relevância produtiva e de educação, mas tem destaque

pela forma que faz a gestão do relacionamento. O atendimento as comunidades procu-

ra ser proativo, com visitas as fazendas e comunidades. Um sistema dedicado foi im-

plantado em 1999 e se mostra bastante consolidado, tendo surgido dele vários projetos

sociais nas regiões de atuação;

Com o proposito de contribuir para melhor qualidade de vida nos municípios que atua

a Rima realiza uma série de projetos sociais. Apesar de não ser tão impactada pelos

fatores mencionados anteriormente, incorporou tais projetos a rotina da empresa. As

ações são coordenadas através da Fundação Vicintin. São 13 projetos realizados no en-

torno das unidades da empresa, independentemente de áreas afetadas pela atividade.

O foco dos projetos são crianças e adolescentes, e os temas são assistência social,

cultura, esporte, educação, meio ambiente e saúde. Dentre as atividades realizadas/

ações estão capoeira, cerâmica, biblioteca, centro educacional, creche, alfabetização,

inglês, leitura, profissões, futebol, educação ambiental, gestante e bebê, além de aten-

dimento psicossocial e sócio-assistencial.

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Reflorestamento de eucalipto. Foto: Roosevelt Almado.

Como apresentado, os workshops foram atividades que reuniram especialistas e repre-

sentantes das beneficiárias. As trocas e os temas abordados permitiram que as empre-

sas pudessem pensar sobre os próprios sistemas de gestão. Em ambos os encontros,

as contribuições realizadas pelos participantes e a forma de execução das atividades

propostas, possibilitou a análise que os workshops cumpriram o papel de proporcionar

o diálogo entre as empresas e demais instituições presentes, além de criar um ambien-

te agradável de troca de experiências e novos aprendizados.

O resultado do monitoramento também contribuirá em uma nova análise dentro do

Projeto Siderurgia Sustentável. Por meio do processo de verificação, bem como da

realização dos Workshops, foi possível agregar conhecimento na análise, denominada

“Proposta de incentivo à sustentabilidade social e ambiental da produção de ferro-gu-

sa, aço e ferroligas com carvão vegetal no Brasil, com especial foco no estado de MG”.

Durante o monitoramento foram identificados demandas das beneficiárias em relação

ao suprimento do carvão e também como já contribuem para a manutenção e possível

reestruturação da cadeia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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