projeto serra leste
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A Golder Associates Brasil Consultoria e Projetos Ltda foi contratada
pela CVRD – Companhia Vale do Rio Doce para a elaboração dos
Estudos Ambientais para o Projeto Serra Leste, que se constitui em
atividade de explotação de minério de ferro em área localizada na
Província Mineral de Carajás, município de Curionópolis, distrito de
Serra Pelada, a 550 km a sudoeste de Belém no Estado do Pará.
O Projeto Serra Leste apresenta-se como a continui-
dade do Projeto Serra Leste-Lavra Experimental,
ocasionalmente denominado de Projeto Lavra
Experimental. Este, para o qual foi concedida Licença
de Operação pela SECTAM – Secretaria Executiva de
Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente em 06/06/2006
(licença nr. 0523/2006, com validade até 05/06/2007),
encontra-se, no presente momento, em instalação na
mesma área de inserção do Projeto que ora se pretende
licenciar.
Cabe salientar que a etapa inicial correspondente à instalação do
Projeto Serra Leste conta com a utilização de parte da estrutura que
já estará implantada e em operação em conformidade com a citada
licença já concedida. Durante o desenvolvimento do presente
estudo ambiental, tal situação será sempre destacada quando da
sua ocorrência.
O Projeto Serra Leste é representado por um conjunto de quatro
estruturas operacionais que se completam. Estas são representadas
pela área da Mina e Usina, pela Estrada de escoamento do minério
que liga a área de produção ao Pátio de Embarque do Minério, por
este propriamente dito e por duas linhas ferroviárias a serem
construídas paralelamente à Estrada de Ferro Carajás.
No capítulo correspondente à “Caracterização do Empreendimento”
foram identificados, aqueles processos e, em especial, as tarefas que
podem interagir com o meio ambiente nas diferentes fases do
empreendimento. Essas tarefas são geradoras do que se
denominou de “aspectos ambientais”, considerados como elemento
das atividades, produtos ou serviços decorrentes do
empreendimento que pode interagir com o meio ambiente
(NBR ISO 14001:2004). Uma vez detectados esses aspectos,
procurou-se focar a caracterização do meio ambiente, isto é, o
diagnóstico ambiental, naqueles fatores e componentes que com
eles interagirão.
Segundo essa ótica, o diagnóstico ambiental contemplou os temas
pertinentes aos meios físico, biótico e socioeconômico e cultural.
Este foi elaborado com base em dados primários obtidos nos
trabalhos de campo realizados na área de estudo e nas informações
secundárias disponíveis.
1.INTRODUÇÃO
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Após a elaboração do diagnóstico ambiental, procedeu-se, então, uma análise prognóstica,
construída à luz do conhecimento da dinâmica que permeia a área de inserção do Projeto
Serra Leste.
Na seqüência, considerando-se as informações detalhadas referentes ao empreendimento
ora proposto, analisadas frente ao contexto ambiental diagnosticado, avaliou-se, a partir da
utilização de procedimentos metodológicos adequados, os impactos ambientais
resultantes do novo arranjo ambiental a ser então delineado, bem como as possíveis
sinergias deste com os diferentes atributos que caracterizam o meio de inserção do
empreendimento.
A metodologia de avaliação de impactos utilizada neste trabalho foi desenvolvida pelo
Departamento de Gestão Ambiental e Territorial - DIAT/CVRD e discutida junto a equipes
técnicas contratadas para a realização dos estudos ambientais. Trata-se de um
procedimento metodológico que vem sendo empregado em diferentes estudos da CVRD
orientados para projetos de diferentes naturezas.
A metodologia citada foi também adequada frente às considerações apresentadas pela
SECTAM quando da sua aplicação para a avaliação de impactos dos estudos ambientais
referentes ao licenciamento do Níquel do Vermelho. Os pressupostos, bem como os
critérios utilizados para a avaliação dos impactos ambientais, são apresentados no capítulo
específico deste documento que trata da referida questão.
Após identificados os aspectos e impactos ambientais, foram definidas as ações de
controle individualizadas em ações de mitigação, de monitoramento, de compensação e
potencialização consideradas adequadas frente às características dos mesmos. Tais ações
encontram-se apresentadas em item específico, na forma de Planos e Programas.
O presente estudo é apresentado em quatro volumes, sendo dois deles
correspondentes ao texto propriamente dito, enquanto o terceiro comporta as
figuras referenciadas ao longo do mesmo. Observa-se ainda que, em acordo
com o que exige a legislação ambiental, foi também elaborado o RIMA,
procurando explicitar o EIA em linguagem mais acessível ao grande público.
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2. EMPREENDEDOR E EMPRESA DE CONSULTORIA
Dados de Identificação do Titular da Portaria de Lavra
- Nome ou razão social: Companhia Vale do Rio Doce - CVRD
- CNPJ/CGC: 33592510/0370-74
- Endereço: Estrada Serra Leste s/n, Curionópolis – PA.
- Cep: 68523-000
- Telefone: (94) 3327 – 4020
- Representante legal: Kleber de Souza e Silva
- Correio eletrônico: [email protected]
- Processos DNPM: 813.687/69 e 813.697/69.
Dados de Identificação do Empreendedor
Dados CVRD:
- Nome e razão social: Companhia Vale do Rio Doce - CVRD
- CNPJ/CGC: 33.592.510/0370-74
- Endereço: Estrada Raymundo Mascarenha S/N
- Parauapebas - PA
- Cep: 68516-000
- Telefone: (94) 3327 – 4037 / (94) 9903-9010
- Fax: (94) 3327 – 4454
- Contato CVRD: João Carlos Henriques
- Correio eletrônico: joã[email protected]
Dados do Empreendimento:-
CNPJ/CGC: 33.592.510/0370-74
- Endereço: Estrada Raymundo Mascarenha S/N
Parauapebas - PA
- Cep: 68516-000
- Telefone: (94) 3327 – 4020
- Fax: (94) 3327 – 4004
- Representante legal: Kleber de Souza e Silva
- Correio eletrônico: [email protected]
Dados de Identificação da Empresa de Consultoria
Os dados para identificação da Golder são apresentados a seguir.
Nome e Razão Social: Golder Associates Brasil Consultoria e
Projetos Ltda.
- CNPJ: 00.636.794/0001-84
- Inscrição Estadual: 62.110292-0052
- Inscrição Municipal: 116.876/001-9
- Cadastro Técnico Federal: 228.745
- Endereço: Avenida Barão Homem de Melo, 4.484 -3º/4º/8º andares,
Bairro Estoril – Belo Horizonte – MG - CEP 30450-250
- Telefone: (31) 2121-9800
Coordenador do Projeto: Jackson Campos
Correio eletrônico: [email protected]
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3.HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO
A jazida de minério de ferro está em área coberta pelo processo nº
813.687/69 junto ao DNPM – Departamento Nacional da Produção
Mineral, com o Decreto de concessão de lavra Nº -, de 05/09/74.
A reavaliação de reservas de minério de ferro na área de 10.000 ha
consta de relatório específico e sua evolução está apresentada na
Tabela 3.1. A Província Mineral de Carajás constitui uma das mais
bem estudadas regiões do Cráton Amazônico, englobando
importantes depósitos de Fe, Cu, Au e Mn. É limitada a leste pelos rios
Araguaia-Tocantins, a oeste pelo rio Xingu, a norte pela Serra do
Bacajá e a sul pela Serra dos Gradaús.
O conhecimento geológico regional desta província iniciou-se nas
décadas de 20 e 30 por pesquisadores do Serviço Geológico e
Mineralógico Brasileiro.
A partir de meados da década de 50, o conhecimento da região
foi impulsionado principalmente pelo levantamento
aerofotogramétrico do sudeste do Pará, sob contrato do
Departamento Nacional de Produção.
No ano de 1966, com a descoberta do depósito de manganês da
Serra do Sereno, foi desenvolvido um amplo programa de
pesquisa pela United States Steel, com novas descobertas de
manganês em Buritirama e minério de ferro de Carajás.
Já na década de 70 o avanço do conhecimento geológico foi
decorrente do incentivo à pesquisa mineral com participação do
Estado através da CPRM – Companhia de Pesquisa e Recursos
Minerais, Projeto RADAMBRASIL e Projeto Geofísico Brasil-Canadá
(PGBC), principalmente na região de Carajás. O Grupo CVRD,
através de suas empresas, particularmente pela DOCEGEO,
desenvolveu trabalhos sistemáticos de pesquisa mineral,
confirmando o grande potencial metalogenético da região de
Carajás.
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6Tabela 3.1
HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO JUNTO AO DNPM
Data Evento
28.07.69Mineração Xingu e Mineração Tocantins Ltda. protocolizam dois pedidos de pesquisa
para minério de ferro, em áreas de 5.000 ha, sob os nos 813.687/69 e 813.697/69, re-
spectivamente.
07.10.69 São publicados os respectivos alvarás de pesquisa, sob nos 747 e 756.
20.07.72 São publicados alvarás de renovação para as duas áreas.
02.04.73 Apresentado o Relatório Final de Pesquisa do processo 813.697/69.
13.07.73 Apresentado o Relatório Final de Pesquisa do processo 813.687/69.
29.07.73Publicada no DOU - Diário Ofi cial da União a aprovação do Relatório Final de Pesquisa
do processo 813.687/69.
09.07.73 Idem, processo 813.697/69.------
13.06.74 São requeridas as concessões de lavra.
06.09.74DOU publica decreto nº 74.509 outorgando à Mineração Amazônia S.A. concessão para
lavrar minério de ferro, numa área de 10.000 ha, resultado do englobamento das duas
áreas de 5.000 ha.
28.03.75DNPM resolve manter apenas o processo 813.687/69 em andamento, arquivando o denº 813.697/69.
16.06.76Amazônia Mineração S.A., titular daquele e de outros três decretos de lavra para mi-nério de ferro em Carajás, requer a constituição de GM - Grupamento Mineiro.
03.04.79 DOU publica a constituição do GM - Grupamento Mineiro.
16.05.80 CVRD comunica ocorrência de ouro na área.
08.09.81 É averbada a incorporação da Amazônia Mineração S.A. pela CVRD.
10.02.83 CVRD apresenta o Relatório Final de Pesquisa para ouro.--
01.08.83 Publicada no DOU a aprovação do Relatório Final de Pesquisa para ouro.
19.10.83 CVRD requer aditamento da substância ouro ao título de lavra.
30.10.84 DOU publica aditamento requerido.
29.11.91 CVRD comunica ocorrência da substância quartzito na área.
14.12.91 CVRD apresenta Relatório Final de Pesquisa para quartzito.
14.07.93 DOU publica aprovação do relatório para quartzito.
14.07.94 CVRD requer aditamento da substância quartzito ao título de lavra.
10.09.02 CVRD comunica ocorrência da substância calcário na área
24.03.03 24.03.03CVRD apresenta ao DNPM o Relatório Final de Pesquisa para calcário.
02.05.03A CVRD comunica ao DNPM o desenvolvimento de trabalhos de reavaliação de reser-
vas de minério de ferro, pesquisa de calcário e outras substâncias.
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Nas décadas de 80 e 90 inúmeros
trabalhos foram desenvolvidos, não
somente aqueles de interesse
prospectivo, mas também os de cunho
científico, através de convênios técnico-
científicos firmados entre a CVRD e
entidades e autarquias de pesquisa e
ensino.
Existem 03 corpos distintos de hematita
dura em Serra Leste: o Serra Leste 1 (SL-1),
o Serra Leste 2 (SL-2) e o Serra Leste 3 (SL-3).
Os corpos SL-1 e SL-2 são os principais
corpos, em termos de reserva.
Datam de 1972 os trabalhos pioneiros de
pesquisa e de sondagem na área de
Carajás, realizados pela CVRD/CODIM
(Companhia de Desenvolvimento de
Indústrias Minerais). Além de amplo
levantamento topográfico, naquele ano
foram executados quatro furos de
sondagem exploratória, em cima dos
principais morros de SL-1, perfazendo um
total de 504,75 m. Em SL-2 foram
executados, na mesma época, 6 furos
totalizando 588,85 m.
Na análise desses furos, foram observados
teores de fósforo elevados em relação aos
demais corpos pesquisados na província.
Para o Corpo SL-1 foi estimado um
recurso geológico de 200 milhões de
toneladas de hematititos indiferenciados.
Para SL-2 o montante estimado foi de 120
milhões de toneladas (CVRD-CODIM, 1972).
Em 1990 foram executados 2.550,50 m (em
19 furos), procurando ampliar a sondagem
lateralmente em relação aos furos de 1972,
objetivando uma maior precisão na
estimativa da reserva, além de estabelecer
um modelo geológico e estrutural para o
depósito. Uma nova estimativa de recurso
reduziu substancialmente o volume de
minério de SL-1 para 50 milhões de
toneladas.
Em 1995, foi realizado um levantamento da
distribuição de material detrítico (“rolado”)
de SL-1, cujo recurso foi estimado em
280.000 toneladas. Também foram exe-
cutados 13 furos (totalizando 1.580,20 m)
na área principal de ocorrência de ferro
(Área Central).
Do fim de 1999 até o primeiro trimestre de
2000, foi reavaliada a reserva de material
detrítico (“rolado”) de SL-1. A estimativa de
recurso foi elaborada com base na área de
ocorrência, espessura média (0,24 m) e
densidade aparente média do hematitito
detrítico, tendo a reserva geológica sido
estimada em 223.000 toneladas.
Durante o ano de 2000 agregaram-se à
sondagem 57 novos furos, totalizando
5.904,70 m, tendo como principal
objetivo a pesquisa para modelamento
da porção leste, reconhecida como a área
com os menores conteúdos em fósforo.
As amostras dos furos de sondagem
foram descritas e analisadas em labo-
ratório (teste padrão), sendo caracterizadas
quanto à física e a química.
Em 2001 foram abertas 02 galerias de
sondagem e concluído o modelo geológico
atual para Serra Leste, sendo as reservas
geológicas de hematíticos duros estimados
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em laboratório e planta piloto e caracterizadas quanto às características física, química e
metalúrgica. Os dados gerados permitiram o modelamento geológico, a partir do qual foi
gerada uma cava, localizada no corpo SL-1, com reserva de HD de 55 Mt.
Visando realizar pesquisa mineral para ferro com desenvolvimento de lavra experimental de
50.000 toneladas de material rolado, a CVRD obteve em 06/06/2006 a LO nº 0523/2006,
concedida pela SECTAM. Esta lavra experimental tem como objetivo gerar granulado, em
planta piloto Azteka, para testes de processo e de resistência do produto em fornos
guseiros, durante 12 meses.
Em setembro de 2005, durante o levantamento topográfico de cavernas em laterita,
foram encontradas 96 cavidades naturais na região de Serra Leste, sendo que 09
encontravam-se localizadas diretamente na área de lavra e 04 posicionavam-se no
perímetro de proteção mínimo estabelecido pela legislação pertinente.
A espacialização destas cavidades mostrou que cerca de 13,5 % das ocorrências
encontravam-se expostas às possíveis interferências do empreendimento.
O levantamento espeleológico das cavidades existentes visou subsidiar o capítulo
“Diagnóstico Ambiental” do presente Estudo de Impacto Ambiental e foi elaborado pelo
Grupo Espeleológico de Marabá (GEM) da Fundação Casa de Cultura de Marabá – FCCM,
através de convênio desta com a CVRD.
O contexto apresentado com a presença das cavidades na área de desenvolvimento da
mina resultou na adoção de um projeto para o empreendimento Mina de Serra Leste,
com desenvolvimento em duas etapas.
A Etapa I é representada por um projeto que objetiva o desenvolvimento de uma lavra
com capacidade de produção de 29 milhões de toneladas de Hematita Dura-HD.
Em virtude da necessidade de preservação de cada cavidade em um raio mínimo de 250
m no entorno das mesmas, segundo a Resolução CONAMA nº 347/2004 e Decreto
Federal nº 99.556/90, foram feitos os devidos ajustes no dimensionamento das cavas de
minério em Serra Leste.
Estes ajustes geraram duas cavas finais – Cava Leste e Cava Oeste, ambas localizadas no
corpo SL-1. Estas cavas, sem teor de corte e com restrições das cavidades, resultaram na
reserva de HD citada anteriormente, com relação estéril-minério (REM) igual a 0,25.
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corpo SL-1. Estas cavas, sem teor de corte e com restrições das cavidades, resultaram na
reserva de HD citada anteriormente, com relação estéril-minério (REM) igual a 0,25.
A Etapa II é caracterizada pelo desenvolvimento complementar da Mina de Serra Leste
com o propósito de explotação da reserva de mais 26 milhões de toneladas de HD, que
foram inicialmente descartadas em função da presença das cavidades.
A Etapa II é considerada com uma oportunidade potencial, já que seu desenvolvimento
encontra-se condicionado aos resultados de detalhados estudos de relevância dos
aspectos biológicos e espeleológicos associados às cavidades que serão desenvolvidos
pela CVRD na área de influência do Projeto Serra Leste, bem como de sua validação pelo
órgão ambiental.
Assim, o presente estudo ambiental visa o licenciamento do conjunto de estruturas
necessárias à viabilidade operacional da Etapa I do Projeto Serra Leste, enquanto a Etapa
II vincula-se a estudos futuros de detalhamento, voltados para os elementos do patri-
mônio espeleológico existente na área de influência do Projeto.
Para o desenvolvimento do presente relatório adotou-se o termo Projeto Serra Leste
para se fazer referência ao que se constitui objeto do licenciamento ambiental ora
pretendido, que é o Projeto Serra Leste - Etapa I que compreende as quatro estruturas
operacionais citadas anteriormente, representadas pela área da Mina e Usina, pela
Estrada de escoamento do minério, o Pátio de Embarque do Minério e as duas Linhas
Ferroviárias a serem construídas paralelamente à Estrada de Ferro Carajás-EFC.
Doravante, o termo Projeto Serra Leste deve ser compreendido, então como sinônimo
de Projeto Serra Leste - Etapa I.
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A Serra Leste está inserida na Província
Mineral de Carajás, a 550 km a sudoeste de
Belém, no Estado do Pará, e localizada no
município de Curionópolis, distrito de Serra
Pelada. A Figura 4.1, a seguir, apresenta a
localização do empreendimento. A Foto 4.1
apresenta uma vista da Serra Pelada e de
Serra Leste.
4. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO
Foto 4.1 – Vista de Serra Leste e Serra Pelada.
Cava
Serra Pelada
Serra Leste
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Figura 4.1 – Localização Regional do Empreendimento
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O acesso a Serra Leste é feito pela Rodovia PA – 275, no sentido Parauapebas –
Marabá, 14 km depois da sede do município de Curionópolis. A partir desta, segue-se
por acesso municipal, com 30 km de extensão e revestimento primário, até Serra Pelada.
Deste ponto, até a área prevista para instalação da mina, percorre-se aproximadamente
cerca de 2,7 km e, para acesso ao pátio de embarque de minério, mais 29 km aproxi-
madamente, seguindo por vias municipais e caminhos de fazenda existentes. A Figura
4.3 apresenta o acesso a Serra Leste.
O pátio para embarque do minério será construído no Pátio Locação 54 da Estrada de
Ferro Carajás, do km 830 + 150 ao km 834 + 680.
A sede municipal de Curionópolis dista cerca de 36 km de Parauapebas, 129 km de
Marabá e 627 km de Belém.
Figura 4.2 – Acesso a Serra Leste
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Para identificar a melhor rota de processo para beneficiamento do minério de ferro a serexplotado em Serra Leste, foram estudadas duas rotas alternativas: (i) processamento dominério em sua umidade natural (sem adição de água) e (ii) processamento do minério àúmido (com adição de água).
A rota de beneficiamento a úmido apresenta como principal vantagem a geração deprodutos com melhor qualidade química, pois as principais impurezas (sílica e alumina)presentes nas frações mais finas, são incorporadas ao rejeito, que precisa ser disposto deforma adequada. Por outro lado, a água adicionada ao processo apresenta um aspectopositivo, a medida que proporciona um controle efetivo da emissão de material particulado,embora apresente também um aspecto negativo ligado ao consumo de água.
Em contrapartida, a rota de beneficiamento à umidade natural tem como principalvantagem a conversão de 100% do ROM em produtos. A principal desvantagemidentificada foi a geração de produtos com menor qualidade química, uma vez que asimpurezas não são retiradas do produto, ficando retidas principalmente aos produtosfinos (sinter feed).
Considerando-se a questão ambiental relacionada a rota de beneficiamento do minério àumidade natural percebe-se que a não utilização de água neste processo é uma importantevantagem, que poderia ser reduzida quando se considera que o controle das emissõespara a atmosfera poderá ser comprometido face a ausência de água no processo.Entretanto, a significativa umidade do minério de Serra Leste (em torno de 8%), propor-ciona condição favorável a menor geração de material particulado e conseqüentementeum menor impacto. O controle da emissão de material particulado nessas condiçõespode ser facilmente realizado pela aspersão, que demanda uma quantidade de águainfinitamente menor, quando comparado ao consumo de água no processo necessárioao desenvolvimento do processo a úmido. Assim, frente ao que se ponderou para as duasalternativas de beneficiamento avaliadas, o processamento do minério em sua umidadenatural (sem adição de água), mostrou-se mais adequada.
5. ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS E LOCACIONAIS
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É importante ressaltar que tal escolha
levou em consideração a posição da vila
de Serra Pelada em relação ao empreen-
dimento, as condições atmosféricas,
conforme apresentado no diagnóstico
ambiental, as condições de umidade do
minério explotado e o regime de chuva
regional que indica a ocorrência de
apenas três meses de estiagem.
Como opção de transporte do minério de
ferro da usina de beneficiamento até a
ferrovia, foram estudadas inicialmente 5
alternativas possíveis: (i) apenas transporte
rodoviário; (ii) apenas transporte
ferroviário; (iii) apenas transporte em
Transportador de Correia de Longa
Distância (TCLD); (iv) conjugação de
transporte ferroviário e TCLD; e (v)
conjugação de transporte ferroviário e
rodoviário. Concluiu-se que a implantação
de um ramal ferroviário para todo ou parte
do percurso da mina até a Estrada de Ferro
Carajás não seria suportado pelo Projeto
Serra Leste, considerando a produção de 2
Mtpa. Situação semelhante ocorreu
quando se avaliou o transporte do minério
com a utilização de TCLD para todo o
trajeto ou parte dele.
Para a alterenativa de transporte do
minério via transporte rodoviário
poderia se contar com cerca de 36% da
estrada existente, com demandas de
adequação. O restante do acesso
poderia ser implantado em áreas
prioritariamente antropizadas, como
nas pastagens existentes entre a área
da mina e o pátio de embarque do
minério.
Neste caso, além da flexibilidade cons-trutiva para produzir a menor interferênciapossível sobre áreas naturais, quandocomparado com o traçado de umaferrovia ou com o de um Transportador de Correia de Longa Distância, que sãoextremamente mais rígidos, os custosprevistos para sua implantação mos-traram-se adequados para a produçãomineral prevista.
Considerando-se a disponibilidade deminério para explotação, possívelatualmente, – 29 Mt - apenas o transporterodoviário apresentou-se economica-mente viável como alternativa paraescoamento do minério de ferro a serproduzido em Serra Leste, face ao altocusto de implantação de um TCLD ou deum ramal ferroviário, impossível de sersuportado por um empreendimento deporte tão reduzido como este.
A opção por rodovia compreenderá otransporte dos produtos em caminhõesde 28 t, através de uma estrada comaproximadamente 29 km, interligando ausina em Serra Leste ao pátio decarregamento a ser construído junto àEstrada de Ferro Carajás – EFC.
Do ponto de vista ambiental, o projeto daestrada foi elaborado de forma a evitar,sempre que possível, que o traçado cruzeáreas de mata ou passe nas proximidadesde moradias. Assim sendo, será preservadaa vegetação nos trechos onde foi possívelmudar o traçado da estrada, bem comoevitados transtornos à população local, oque será propiciado com o afastamentoda estrada em relação às moradias.
Com relação à lavra, a concepção do
novo arranjo proposto para a área de
lavra apresenta-se como uma
alternativa de desenvolvimento da
mineração perfeitamente adequada à
preservação das feições
geomorfológicas representadas pelas
cavidades naturais. Seu projeto foi
também concebido de forma a se
evitar interferências nas áreas de
preservação permanentes localizadas
no entorno do domínio espacial de sua
inserção.
É importante salientar que as estruturas
associadas à mina/usina, como a
portaria/guarita, depósito controlado de
materiais de desmatamento/destoca-
mento, aterro sanitário, depósito
controlado se solo orgânico tem sua
instalação prevista em áreas de pastagens,
com considerável afastamento em relação
à vila de Serra Pelada. A exemplo da área
de lavra e usina, estas estruturas também
não interferem em áreas de preservação
permanentes.
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A disponibilidade no fornecimento de granulado (lump) no mercado mundial tende a
diminuir devido à exaustão das reservas mundiais e, em contrapartida, a procura deste
produto vem crescendo, tanto no mercado externo, como no inter-no, especialmente
na região norte do país.
O Projeto Serra Leste propiciará o aumento da produção deste produto nas instalações
da CVRD no Sistema Norte e é de fundamental importância para o atendimento desta
demanda de granulado na região norte, mais especificamente no sudeste do Pará, que
atualmente é atendida pelo granulado produzido em Serra Norte.
Além disto, o Projeto Serra Leste consolidará um empreendimento cujo ensaio de sua
instalação encontra referência no Projeto Serra Leste - Lavra Experimental, de caracteri-
zação técno-metalúrgica de um dos tipos de minério de ferro em Serra Leste, onde
estão sendo implantadas as instalações que beneficiarão 50.000 toneladas de minério
rolado (colúvio) em Planta Azteka para testes de processo e testes de resistência do
granulado em fornos guseiros.
Outro fator importante a ser considerado decorrente da implantação do Projeto
Serra Leste é a geração de mais de 600 empregos aproximadamente no pico das
obras, durante a etapa de instalação e 351 novos empregos diretos na etapa de
operação do projeto. Parte dessa demanda será suprida por mão-de-obra local,
principalmente por moradores de Curionópolis.
6. JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO
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7.1 Etapa de Planejamento
As principais tarefas vinculadas à etapa de planejamento do
empreendimento constituem-se na elaboração dos estudos
técnicos, econômicos e ambientais, tais como o EIA/RIMA, Estudo
de Viabilidade e Projeto Conceitual; execução da topografia do
terreno, que visa apoiar os estudos e projetos necessários ao
licenciamento e implantação do empreendimento, bem como, a
mobilização de pessoal e equipamentos para tal.
7.2 Etapa de Instalação
Durante a etapa de instalação do empreendimento serão
desenvolvidas as atividades de construção da infra-estrutura
necessária ao futuro empreendimento, que compreendem as
estruturas listadas a seguir:
7.2.1 Estruturas Principais
- Cavas “leste” e “oeste”;
- Usina de Beneficiamento;
- Pilhas de Estéril;
- Pilha de Minério;
- Estrada pavimentada que ligará a área da mina/usina à Estradade Ferro Carajás – EFC - terá aproximadamente 29,0 km, sendoque parte desta será construída (18,4 km) e o restante, cerca de10,5 km, correspondem à recuperação da estrada existente; serãoconstruídos 44 bueiros, distribuídos em sua extensão e duaspontes, sendo a primeira, sobre o rio Sereno, com 55 metros decomprimento, e a segunda, com 15 metros de extensão, sobre oRio Caracol;
- Pátio de Carregamento de Minério que destinar-se-á a estoca-gem e embarque do minério de ferro explotado em Serra Leste eterá aproximadamente 300 x 50m .
- Linhas Ferroviárias do Pátio de Carregamento - Serão adicionadasduas linhas ferroviárias à duas existentes da EFC que proporcio-narão o embarque e escoamento do minério de ferro do ProjetoSerra Leste.
7.2.2 Estruturas de Apoio:
A) Depósito para Armazenamento de Explosivos
B) Posto de Abastecimento e Reservatório de Diesel Na etapa de instalação do Projeto Serra Leste, enquanto não éimplantado o posto de abastecimento e o reservatório de diesel, osuprimento da demanda de combustível dos veículos será
7. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
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realizado pela utilização de um tanque deóleo diesel com capacidade para 15 m3,instalado em Serra Leste quando daoperação da Lavra Experimental.
C) Sistema de captação de água em 3
poços artesianos e cisterna
- Para suprir a demanda da área da mina e
usina, a captação de água se dará através
de 3 (três) poços artesianos. Essa água
será utilizada como água de serviço, água
de combate a incêndio, umectação de
vias e água potável após tratamento em
estação específica. O consumo diário de
água na mina e usina será distribuído da
seguinte forma:
-oficina de manutenção: 200 m3;
-jardinagem e umectação de vias: 90 m3;
-uso para consumo humano: 80 m3;
- O pátio de carregamento disporá de uma
cisterna com capacidade para 30 m3 que -
será abastecida por caminhão pipa, apro-
ximadamente uma vez por semana, com
água tratada originada no sistema de água
da mina/usina. O consumo diário de água
no e pátio de carregamento será de 5 m3.
- Estima-se que o consumo mensal total
de água na etapa de operação do Projeto
Serra Leste será cerca de 11.250 m3.
- Água para a Etapa de Instalação: antes da
construção do sistema de captação,
reservação, tratamento e distribuição, a
água necessária às obras civis na área da
usina/mina será garantida pela captação
em poço existente, construído quando da
operação da Lavra Experimental. Já a água
para consumo nas obras do pátio de
carregamento e linhas ferroviárias será
bombeada dos cursos d'água cortados
pelo empreendimento. A água para
consumo humano, será fornecida pela
empresa contratada e será transportada em
caminhões-pipa até os canteiros de obra.
d) Estruturas necessárias ao fornecimento
de energia
- A demanda de energia elétrica prevista paraa etapa de operação do empreendimento
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em Serra Leste será da ordem de 5,0 MW e será fornecida pelaconcessionária local, CELPA - Centrais Elétricas do Pará S.A,através de uma linha de distribuição de 34,5 kV.
- O fornecimento de energia no pátio de carregamento seráproveniente de uma ampliação em uma rede rural existente. As únicas cargas previstas serão a iluminação do pátio e doescritório.No início das obras necessárias à instalação do ProjetoSerra Leste: será utilizada a energia gerada pelo grupo geradorque produz a energia utilizada no projeto Serra Leste-LavraExperimental.
e) Portaria com contêiner para o recebimento das pessoas,balança rodoviária, guarita em contêiner, estacionamento paraônibus, caminhões e carros de passeio, cancela e pátio demanobras para ônibus.
f ) Refeitório/Cozinha
g) Escritórios
h )Vestiários e Sanitários
i) Prédio da Segurança do Trabalho e Brigada de Incêndio emcontêiners
j) Laboratório Físico - terá todos os equipamentos necessários a realização de análises físicas específicas para o controle dequalidade do minério, estéril e produtos. As análises serãorealizadas logo após a retirada de amostras dos materiais.
l) Ambulatório Médico em contêineres
m) Oficinas de Manutenção com Almoxarifado e Lavador eEquipamentos.
n) Central de Concreto que constitui-se em uma área para
recebimento e armazenamento de insumos, tais como areia e
britas e sacos de cimento para produção de concreto,
utilizando-se caminhão-betoneira
o) Acessos internos - para a interligação entre as estruturas
(portaria, cavas, usina, pilhas, depósito de explosivo e estruturas
de apoio) serão construídos acessos internos, os quais serão
recobertos com revestimento primário (cascalho) e totalizarão
cerca de 8 km.
p) Canteiro de Obras
- Canteiro de Obras para atender a Área da Mina/Usina e
Estrada de Acesso a EFC
- As estruturas de apoio acima descritas serão utilizadas como
canteiro de obras pelos funcionários das empresas contratadas
para as atividades da etapa de instalação do empreendimento.
Estas auxiliarão também a etapa de operação, não serão
desmobilizadas, com exceção de três estruturas que serão
implantadas para atender apenas as obras civis: centrais de
forma e armação e almoxarifado / ferramentaria.
- Canteiro de Obras para atender o Pátio de Carregamento e
Área de implantação das Linhas Ferroviárias
Serão implantados escritórios, refeitórios, almoxarifado e outras
instalações necessárias à realização dos trabalhos em
contêineres. Serão mantidas, do início ao término da obra,
instalações sanitárias compatíveis com o quantitativo máximo
previsto de pessoal em condições higiênicas adequadas para
uso. A desmobilização consistirá na desmontagem e retirada do
canteiro da obra e de todos os equipamentos, incluindo as
operações de regularização das áreas utilizadas.
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7.2.3 Estruturas de
Controle Ambiental
Visando garantir o atendimento da
legislação ambiental serão implantadas as
estruturas descritas a seguir.
Separador de Água e Óleo – SAO
A concepção básica de um separador de
água/óleo é um tanque simples com várias
câmaras, de forma a permitir que a gravi-
dade separe o óleo da água. Como o óleo
tem uma densidade menor que a da água,
ele flutua naturalmente em determinado
tempo, para então se separar fisicamente.
Foi prevista a construção de três SAO’s para
tratar os efluentes gerados na oficina de
manutenção e no posto de abastecimento
e na oficina de manutenção do canteiro de
obras da Fazenda Ana Célia.
Aterro Sanitário
Processo utilizado para a disposição de
resíduos sólidos no solo, que,fundamentado
em critérios de engenharia e normas
operacionais específicas, permite um
confinamento seguro em termos de
controle de poluição ambiental e proteção à
saúde pública. O Projeto Serra Leste propõe
a construção de um aterro sanitário para
disposição dos resíduos orgânicos e não
recicláveis (restos e cascas de alimentos;
resíduos não recicláveis - papel, papelão,
plásticos - contaminados com alimentos;
embalagem de alimentos; resíduos
sanitários; e outros). O aterro sanitário será
projetado e construído de acordo com a
norma NBR nº 8419, de abril de 1992 –
Apresentação de Projetos de Aterros
Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos.
Fossas Séptica / Filtros Anaeróbios /
Sumidouro
Processo utilizado para tratamento do
esgoto, em que os sólidos em suspensão se
sedimentam no fundo da fossa séptica e
formam o lodo onde ocorre a digestão
anaeróbia (ausência de oxigênio). O líquido
se encaminha para o filtro anaeróbio que
possui bactérias que crescem aderidas a
uma camada suporte formando a
biomassa,que reduz a carga orgânica dos
esgotos. Todo o efluente líquido gerado
nesses sistemas será infiltrado no solo por
meio de dispositivo denominado
sumidouro, não havendo, portanto, o
lançamento desses efluentes em corpos de
água superficiais. Estes efluentes sofrem uma
depuração natural ao permear a região não
saturada do solo. As fossas sépticas serão
construídas com base no atendimento das
especificações constantes na Norma da
ABNT – NBR 7229 e Portaria Minter 053/79.
Serão instaladas duas fossas: uma no
depósito de explosivos e um na portaria.
Estação de Tratamento de
Esgotos – ETE
Unidade operacional do sistema de
esgotamento sanitário que através de
processos físicos, químicos ou biológicos
removem as cargas poluentes do esgoto,
devolvendo ao ambiente o efluente
tratado, em conformidade com os
padrões exigidos pela legislação
ambiental. A ETE a ser implantada será
destinada ao tratamento dos efluentes
gerados nas áreas da mina e usina de
beneficiamento de minério.
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Sistema de Drenagem e Sistema de Contenção de
Sedimentos
Serão implantadas canaletas (sistema de drenagem) no entorno
de todas as estruturas projetadas para o Projeto Serra Leste,
objetivando a condução das águas de chuva até a drenagem
natural mais próxima, evitando assim, a formação de sulcos e
ravinas nas praças e taludes.
As águas pluviais recolhidas pelos sistemas de drenagem da área
da usina, antes de serem direcionados à drenagem natural, serão
encaminhadas para uma bacia de decantação (sistema de
contenção de sedimentos), onde os sólidos presentes na água
serão retidos, por processo de decantação, permitindo que a
água escoe para o curso d’água dentro dos padrões legais.
Central de Materiais Descartados – CMD / Depósito
Intermediário de Resíduos – DIR
Serão implantados depósitos (Depósitos Intermediários de
Resíduos – DIRs) em cada strutura, com o objetivo de
armazenar os resíduos (lixo) gerados. Em seguida, estes
resíduos serão recolhidos e centralizados em outra estrutura
(Central de Materiais Descartados – CMD) visando a separação
destes para disposição final adequada. Para o armazenamento
centralizado e adequado dos resíduos a serem gerados no
futuro empreendimento, serão construídos dois galpões, um
destinado ao armazenamento dos resíduos recicláveis e outro
destinado ao armazenamento dos resíduos tóxicos.
Aspersão D’água
A aspersão de água será realizada utilizando-se caminhões-pipapara controlar as emissões de material particulado. Não se tratade um controle intrínseco e sim de uma ação mitigadora.
Estabilização de Taludes
Durante a operação da mina, sempre que necessário, será
realizada a recomposição dos taludes das pilhas de estéril, e a
colocação de cobertura vegetal adequada.
7.2.4 Aquisição de Propriedades
A) Negociação com Superficiários
Parte da área a ser ocupada pelo empreendimento mina, usina,
estrada de ligação ao pátio de carregamento, o pátio de
carregamento e a área de implantação das linhas ferroviárias são
atualmente ocupadas por diferentes fazendas.
Atualmente a CVRD, através de seus representantes, tem esta-
belecido contatos com os dois proprietários rurais possuidores das
terras onde se pretende implantar as diferentes estruturas do
Projeto Serra Leste.
A área a ser ocupada pelo empreendimento pode ser dividida,
em relação à distribuição superficiária da seguinte forma: a
primeira, que será ocupada basicamente pela mina, usina,
acessos internos, portaria e a parte inicial da estrada que ligará a
mina ao pátio de carregamento, encontra-se dentro da fazenda
Ana Célia de propriedade do Sr Dimas Luis da Silva. A segunda,
que abrange a continuidade da estrada de acesso à Estrada de
Ferro Carajás - EFC, a partir do limite da fazenda Ana Célia até o
topo da Serra do Sereno é de propriedade da CVRD, e o último
trecho, a partir da Serra do Sereno até o Rio Itacaiúnas, incluindo
o pátio de carregamento e as linhas ferroviárias a este associadas
encontra-se na fazenda Miranda e Filhos, de propriedade do Sr
Pedro Miranda de Oliveira.
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7.2.5 Mobilização
e Desmobilização de Pessoal
e Equipamentos
Recrutamento e Contratação de
Mão-de-Obra Temporária
A abertura da mina; a implantação da
usina de beneficiamento de minério de
ferro e das demais instalações de apoio;
a construção da estrada de acesso da
mina ao pátio de carregamento na EFC;
a construção do pátio de carregamento
e das linhas ferroviárias do pátio deman-
dará a contratação de aproximadamente
346 (trezentos e quarenta e seis)
funcionários, em média, entre mão-de-
obra para as obras civis e para montagem
eletroeletromecânica. No pico das obras
estarão empregados mais de 600
(seiscentos) e no primeiro mês serão
necessários 40 (quarenta) empregados.
Desta mão-de-obra a ser contratada para
a implantação do empreendimento
estima-se que 85% fará parte do quadro
de operários da construção civil e da
montagem eletromecânica, tais como
servente, pedreiro, ajudante, armador,
carpinteiro, encarregado, bombeiro
hidráulico, encanador, eletricista,
mecânico montador, maçariqueiro,
marteleiro, motorista de veículos leves e
pesados, operador de equipamentos,
soldador e outros; e que 15% serão
engenheiros e técnicos de nível médio
como engenheiro civil, mecânico,
eletricista e técnicos de segurança do
trabalho, meio ambiente, técnico em
edificações, em estrada, e outros.
O empreendedor tem intenção de
contratar o maior número possível
da mão de obra, direta e indireta,
demandada para a implantação do
empreendimento, no município de
Curionópolis e municípios vizinhos,
visando o aproveitamento e
incorporação da mão de obra
disponível na região.
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O gráfico abaixo apresenta a distribuição temporal da mão-de-obra a ser empregada
na etapa de instalação do empreendimento.
Já a mão-de-obra indireta possui maior especialização (tabela aseguir) e será aquela
que dará suporte às obras, podendo ou não fazer parte do quadro de funcionários
das empresas contratadas.
Dispensa de Mão-de-Obra
Ao final das obras, a mão-de-obra utilizada para a implantação do empreendimento
será desmobilizada e poderá vir a ser aproveitada na implantação de outros
empreendimentos da Companhia Vale do Rio Doce na região.
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Conforme será previsto em contrato, o transporte do pessoal ficará sob
responsabilidade das empreiteiras contratadas. Não está prevista a instalação
de alojamentos nas frentes de obra. Estima-se que serão necessários cerca de
10 ônibus para o transporte diário de funcionários durante o pico das obra
QUALIFICAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA INDIRETA
Mão-de-Obra Indireta
Líder Operacional Técnico de Custos e Lubrifi cador
Líder Operacional Técnico de Custos e Medições Lubrifi cador
Líder Operacional Auxiliar Técnico Ajudante de Lubrifi cação
Técnico de Qualidade Almoxarife Resp. Administrativo e Financeiro
Encarregado de Laboratório Auxiliar de Almoxarifado Encarregado de Pessoal
Laboratorista de Solos Apontador / Ficheiro Auxiliar Pessoal
Laboratorista de Concreto Responsável de Produção Encarregado Financeiro
Auxiliar de Laboratório Encarregado de Terraplenagem Auxiliar Administrativo
Eng.Segurança do Trab alho Enc. Via Férrea (Subempreiteiro) Enc. de Serviços Gerais
Técnico de Segurança Topográfo Auxiliar Serviços Gerais
Sinaleiro Nivelador Secretária / Telefonista
Médico do Trabalho Auxiliar de Topografi a Motorista
Auxiliar de Enfermagem Encarregado de Manutenção Vigia Noturno
Eng. de Obras e
SuprimentosTécnico de Custos e Medições Auxiliar Técnico
Técnico de Planejamento
Recolhimento de Tributos e Encargos Sociais
Durante a implantação do empreendimento os principais tributos e encargos sociais a
serem recolhidos serão por exemplo: o ISS - Imposto Sobre Serviços, repassado para a
prefeitura, que será calculado sobre o montante do valor dos serviços envolvidos na
implantação.
O ICMS, tributo estadual, que varia entre 7 a 18%, será recolhido ao estado, e incide sobre
todos as mercadorias que chegarem a obra, tais como; areia, brita, cimento e outras.
Quanto ao IPI, tributo federal, que varia entre 0,4 a 24%, será calculado e recolhido com
base no valor total dos produtos industrializados a serem utilizados na implantação, tais
como: estruturas metálicas, correias transportadoras, e outros.
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Como encargos sociais serão recolhidos o PIS (1,65%), COFINS (7,60%), INSS, FGTS e
outros, com base na massa salarial. Além destes tem-se ainda o IRPJ, IOF, e outros.
Todas as previsões apresentadas são estimativas de geração de impostos em função
do empreendimento, considerando as legislações e regras tributárias em vigor.
7.3 Etapa de Operação
7.3.1 Lavra a céu aberto
O método de lavra será a céu aberto será realizado em 2 cavas de 19,7 e 9,0 hectares.
Serão lavradas 29 milhões de toneladas de minério e 7 milhões toneladas de estéril.
A vida útil da mina de Serra Leste será de cerca de 14,5 anos, para a produção
de 2 milhões de toneladas por ano de minério;
A lavra poderá ser executada utilizando-se de dois métodos:
- escavação, utilizando-se escavadeiras hidráulicas à diesel ou trator de esteira;
- desmonte com explosivos, quando a frente de lavra for composta por rochas
mais resistentes.
7.3.2 Beneficiamento
O Projeto Serra Leste disporá de uma planta que beneficiará a seco o minério,
produzindo 2.000.000 t por ano de granulados e finos que serão transportados em
caminhões de 28 toneladas, numa distância de 29 km, até a ferrovia onde serão
carregados em composições de 104 vagões.
7.3.3 Carregamento nos Vagões
No pátio de carregamento, o minério será estocado em duas pilhas com capacidade
de 15.880 t cada e posteriormente serão carregados em vagões, utilizando-se 3 (três)
pás carregadeiras, e transportados até os respectivos destinos.
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7.3.4 Mobilização e Desmobilização de Pessoal
e Equipamentos
Recrutamento e Contratação de Mão-de-obra Permanente
para Operação da Mina, Usina e Transporte de Produtos ao
Pátio de Carregamento
- Será necessário a contratação de cerca de 351 (trezentos e
cinqüenta e um) funcionários;
- regime de trabalho: 3 (três) turnos por dia; 8 horas por turno; e
7 (sete) dias por semana.
Toda a mão-de-obra será recrutada na vila de Serra Pelada, Curionó-
polis e municípios vizinhos. Por isso, não está prevista a utilização de
alojamentos para abrigar os empregados do empreendimento.
A estimativa do tipo e quantidade de mão-de-obra a ser recru-
tada para desenvolver as atividades da mina é apresentada na
tabela abaixo.
A estimativa da quantidade e função da mão-de-obra a ser
recrutada para desenvolver as operações da usina de bene-
ficiamento e de transporte de minério até o pátio e de carre-
gamento está apresentado na tabela abaixo.
7.3.5 Recolhimento de Tributos e Encargos Sociais
No primeiro ano de operação da mina de Serra Leste é pre-visto um repasse total de tributos (federal, estadual e muni-cipal) da ordem de oito milhões de reais, visto que a operaçãoserá de aproximadamente três meses. A partir do segundoano em diante, até o término da mina, estima-se que orepasse anual total de tributos será da ordem de 40 milhõesde reais (federal, estadual e municipal), cabendo ao municípiode Curionópolis a receita anual adicional da ordem deaproximadamente R$ 2.423.000,00, sendo R$ 1.650.000,00em royalties e os restantes R$ 773.000,00 em ISSQN.
7.3.6 Transporte de Equipamentos, Insumos e Pessoal
Para o transporte da mão-de-obra deverão ser utilizados ônibusentre a cidade de Curionópolis e a mina de Serra Leste. Estima-seque serão necessários cerca de 8 ônibus para o transporte diáriodos funcionários.
O acesso dos ônibus à área do Projeto Serra Leste Serra se dará pelaRodovia PA – 275, por 16 km, e daí por acesso municipal por 30 kmem estrada com revestimento primário até Serra Pelada. Daí até asinstalações da mina e usina serão mais 2 km por acessos internos.
Para acessar o pátio de carregamento de minério, será precisopercorrer mais 29 km, aproximadamente, pela nova estradapavimentada construída e adequada para este fim.
MÃO-DE-OBRA NECESSÁRIA PARA A ETAPA DE OPERAÇÃO DA MINA
FUNÇÃO QUANTIDADE
Operador de Caminhão 24
Operador de Escavadeira\Operador de Perfura-
triz\ Operador de Trator56
Operador de Motoniveladora 8
Motorista 12
Manutenção 20
Supervisor 5
Engenheiro de Minas 1
Geólogo 1
TOTAL 127
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7.4 Etapa de Fechamento
O fechamento de minas é uma atividade
que deve conduzir a uma nova forma de
uso do solo a ser estabelecida em todas
as áreas afetadas pela atividade de mine-
ração. O fechamento significa que toda e
qualquer atividade relativa à mineração
ou dela decorrente possa cessar, de modo
que a área possa receber nova forma de
uso (como uso industrial, comercial, resi-
dencial, institucional, agrosilvopastoril ou
de conservação ambiental e outros).
O fechamento deve garantir que os novos
usos sejam seguros, respeitadas eventuais
restrições e para tanto deve ser elabo-
rado um plano de fechamento de mina.
MÃO-DE-OBRA NECESSÁRIA PARA A ETAPA DE OPERAÇÃO DA USINA,
TRANSPORTE E CARREGAMENTO DE MINÉRIO NOS VAGÕES
FUNÇÃO QUANTIDADE
Administrativo 4
Auxiliar Administrativo 1
Auxiliar de Meio Ambiente, Qualidade e SSO 1
Técnico de Segurança do Trabalho 1
Engenheiro de Produção 1
Limpeza Industrial – Serviço Manual 6
Auxiliar de Serviços Gerais 5
Encarregado 1
Limpeza Industrial – Serviço Mecanizado 5
Operador de Retro pneu 1
Motorista de Caminhão basculante -15ton 1
Motorista de Caminhão Pipa 1
Motorista de Caminhão Comboio e Lubrifi cação 1
Usina (Britagem, Peneiramento e Pátio) 33
Supervisor 1
Operador Mantenedor 32
Manutenção 30
Programador/Planejador 1
Eletricista/Instrumentista 5
Soldador 5
Caldereiro 1
Mecânico 10
Vulcanizador 2
Lubrifi cador 1
Supervisor 1
Técnico mecânico 4
Pátio - Controle 8
Técnico de Controle de Pátio 8
Pátio - Transporte 138
Operador de Pá Mecânica 13
Motoristas Caminhão 124
Encarregado 1
TOTAL 224
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8.1 Introdução
A lavra e o beneficiamento mineral constituem atividades modifi-
cadoras do meio ambiente e, por esta razão, devem se subordinar
às exigências e obrigações decorrentes do ordenamento jurídico
vigente no país que dispõe sobre a proteção do meio ambiente e
sobre a utilização racional dos recursos naturais.
No âmbito da legislação concorrente, a competência da União
limita-se a estabelecer normas gerais, podendo os Estados legislar
complementarmente. Caso não existam normas federais sobre
alguma matéria, os Estados exercem a competência legislativa
plena. O Município possui o dever de proteger o meio ambiente e,
como somente ele pode impor aos munícipes normas de conduta
através de lei, decorre sua competência para legislar sobre essa
matéria. A estrutura da legislação do Meio Ambiente pode ser
comparada a um triângulo, cujo topo é a Constituição Federal,
abaixo a Legislação Federal e abaixo desta a Legislação Estadual e,
por último, a Legislação Municipal.
Os temas da legislação ambiental são, entre outros, as jazidas,
minas, outros recursos minerais e metalurgia, florestas, caça, pesca,
fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; pro-
teção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor,
a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.
Algumas obrigações partilhadas pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios são: proteger os documentos, as obras e outros
bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; proteger o
meio ambiente e combater a poluição em qualquer das suas formas;
preservar as florestas, a fauna e a flora; registrar, acompanhar e fis-
calizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de
recursos hídricos e minerais em seus territórios.
As normas legais consideradas para adequar e compatibilizar o
Projeto Serra Leste à legislação ambiental aplicável ultrapassam o
número de cem documentos. Na tabela a seguir são apresentados
os principais requisitos legais que foram considerados para a
análise da viabilidade ambiental do Projeto Serra Leste.
8. REQUISITOS LEGAIS APLICÁVEIS
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Federais
Documento Tema Assunto/Obrigação
Constituição da República Fed-erativa do Brasil de 1988
Meio Ambiente Contém Capítulo sobre o Meio Ambiente.
Lei 4.771/65 Código FlorestalProíbe a execução de desmates nas áreas de preservação permanente sem autorização do IBAMA. Institui a Reserva Legal.
Lei 6.938/81Política Nacional de Meio Ambiente
Proíbe a poluição e obriga o licenciamento. Determina a utilização adequada dos recursos ambientais.
Lei 9.795/99 Decreto 4.281/02
Educação Ambiental
Atribui às empresas, o dever de promover programas destinados à capacita-ção dos trabalhadores. Atribui aos Ministérios do Meio Ambiente e da Edu-
Lei 5.197/67 Fauna Dispõe sobre a proteção à fauna. Proíbe a destruição, caça e apanha.
Lei 7.347/85Lei 9.605/98
Decreto 3.179/99, alterado pelo
Decreto 4.592/03
Danos e crimes
ambientais
Disciplina a Ação Civil Pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao Meio Ambiente.
Lei 9.433/97 Lei 9.984/00 Decreto 2.612/98, alterado pelo Decreto 3.978/01 e 4.174/02
Política Nacio-nal de Recursos Hídricos
Exige a anuência do órgão competente para a captação de águas públicas. Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA.
Lei 9.985/00Decreto 4.340/02
Unidades de Conservação
Dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC. Dispõe sobre a criação, planos de manejo, formas de fi xação das medi-das compensatórias e autorização para a exploração de produtos, sub-produ-tos ou serviços delas inerentes.
Decreto - Lei 227/67 Decreto 62.934/68
Código de Mineração
Exige a anuência da União para o exercício das atividades minerarias. Proíbe a poluição do ar e da água.
Decreto 97.632/89 NBR 13.030/99
PRADDispõe sobre o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD. Elaboração e apresentação de projeto de reabilitação de áreas degradadas pela mineração.
Decreto 4.297/02
ZEE Zoneamento Econômico Ecológico
Estabelece os critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, instrumento de organização do território previsto na Política Nacional do Meio Ambiente, a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades.
Portaria IPHAN 230 de 17/12/02
Licenciamento Ambiental de Monumentos Arqueológicos e Pré-Históricos Nacionais
Estabelece procedimento para obtenção das licenças prévia, de instalação e de operação para empreendimentos capazes de afetar o patrimônio arque-ológico.
Legislação aplicável ao Projeto Serra Leste - Principais Documentos
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Federais
Documento Tema Assunto/Obrigação
Resolução CONAMA 01/86 EIA/RIMA Estabelece defi nições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.
Resolução CONAMA 357/05Decreto 4.136/02Instrução Normativa IBAMA 06/01
Qualidade de Água - Efl uentes Líquidos
Estabelece Normas e Padrões de Classifi cação de Águas e de Lançamento de Efl uentes Líquidos. Dispõe sobre a especifi cação das sanções aplicáveis para poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional. Divulga a lista de substâncias no-civas ou perigosas às águas sob jurisdição nacional.
Resolução CONAMA 05/89Resolução CONAMA 03/90 Resolução CONAMA 08/90
Qualidade do Ar
Dispõe sobre o Programa Nacional da Qualidade do Ar - PRONAR.Estabelece padrões de qualidade do ar, previstas no Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar - PRONAR. Estabelece os limites máximos de emissão de po-luentes para processos de combustão externa em fontes novas fi xas.
Resolução CONAMA 09/90 Resolução CONAMA 237/97
Licenciamento Ambiental
Procedimentos para Habilitação ao Licenciamento Ambiental (LOP, LP, LI e LO). Dispõe sobre licenciamento ambiental e competências, estabelece prazo para concessão e validade das licenças ambientais. Defi ne quais são as atividades passíveis de licenciamento ambiental.
Resolução CONAMA nº 303, de 20/03/2006 Resolução CONAMA nº 369, de 28/03/2006 Resolução CONAMA 303/02 Resolução CONAMA 369/06
Área de Preser-vação Perman-ente
Dispõe sobre parâmetros, defi nições e limites de Áreas de Preservação Per-manente. A Resolução Conama nº 369, dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que pos-sibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP. Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP.
Resolução CNRH 16/01Resolução CNRH 17/01Resolução CNRH 029/02Resolução CNRH 037/04
Gestão de Re-cursos Hídricos
Estabelece condições e procedimentos para concessão de outorga de direito de usos de recursos hídricos federais. Dispõe sobre a elaboração dos Planos de Re-cursos Hídricos das Bacias Hidrográfi cas. Defi ne diretrizes para a outorga de uso dos recursos hídricos para o aproveitamento dos recursos minerais. Estabelece diretrizes para a outorga de recursos hídricos para a implantação de barragens em corpos de água de domínio dos Estados, do Distrito Federal ou da União.
NBR 13.028/93 RejeitosElaboração e apresentação de projeto e disposição de rejeitos de benefi cia-mento em barramento, em mineração.
NBR 14.063/98 Óleos e Graxas Processo de tratamento em efl uentes de mineração
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ESTADUAIS
Documento Tema Assunto/Obrigação
Constituição do Estado do Pará Meio Ambiente Contém Capítulo sobre o Meio Ambiente.
Lei 5.887/95
Lei 5.630/90
Lei 6.381/01
Política Estadual
do Meio Ambi-
ente
Proíbe a poluição e obriga o licenciamento.
Decreto 5.565/02Política Estadual
dos Recursos
Hídricos
Institui o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Estabelece
normas para a preservação de áreas dos corpos aquáticos. Defi ne a Secretaria
Executiva de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTAM como
órgão Gestor da Política Estadual de Recursos Hídricos e daPolítica Estadual de
Florestas e demais Formas de Vegetação.
Lei 5.977/96 Fauna Dispõe sobre a proteção à fauna silvestre
Lei 6.462/02 Flora Dispõe sobre a Política Estadual de Florestas e demais Formas de Vegetação do Pará.
Lei 6.251/99Poluição
Recursos
Naturais
Institui o “Selo Ecológico” com o objetivo de identifi car produtos fabricados, pro-
duzidos e comercializados, no Estado do Pará, que não causem danos ao meio
ambiente.
Decreto 5.267/02 Unidade de
ConservaçãoDispõe sobre a implantação e gestão de unidades de Conservação da Natureza.
Resolução COEMA 23/02 LicenciamentoEstabelece para a SECTAM competência para exercício de Poder de Polícia para
as atividades que especifi ca.
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9. DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO
Para facilitar o desenvolvimento dos estu-
dos ambientais do Projeto Serra Leste
foram delimitadas algumas áreas, segundo
os seguintes critérios:
Área Diretamente Afetada (ADA)
Corresponde às áreas a serem ocupadas
pelo empreendimento, incluindo-se aquelas
destinadas à instalação da infra-estrutura
necessária à sua implantação e operação.
Trata-se, portanto, das áreas onde serão
instaladas as estruturas que compõemo
Projeto Serra Leste e que já foram citadas
anteriormente, no começo deste documento.
Área de Influência Direta (AID)
Área de entorno imediato da ADA, cujo
limite foi estabelecido em conformidade
com as especificidades do Projeto. Trata-se
da área que pode receber os impactos
diretos decorrentes dos aspectos ambien-
tais gerados na ADA e/ou também indire-
tos, incluindo-se os decorrentes daqueles
que ocorrem na ADA. Considera-se tam-
bém como AID os terrenos, territórios,
estruturas diversas que podem ter modifi-
cados seus fluxos ou uso, contextualizando
um processo de intensificação ou redução
decorrente da inserção do empreendimen-
to num determinado arranjo geográfico.
Área de Influência Indireta (AII)
Área que envolve a AID, cujo limite deverá
ser estabelecido em conformidade com as
especificidades de cada empreendimento,
e onde se refletirão os impactos indiretos
decorrentes da AID.
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9.1 Definição das áreas de influência
para o meio físico e meio biótico do
Projeto Serra Leste
Área Diretamente Afetada - ADA
Para o Projeto Serra Leste, considera-secomo ADA os terrenos receptores da plantade beneficiamento, da lavra, da pilha deprodutos, da pilha de finos, da pilha deestéril, das estruturas de apoio, a estradaa ser construída para permitir o escoa-mento do minério de ferro até o pátio deestocagem e de embarque localizado aolado da Estrada de Ferro Carajás-EFC, naaltura da Locação 54, nas proximidadesda portaria norte da Fazenda Miranda eFilhos, as áreas de extração de terra ecascalho a serem utilizadas durante aconstrução/adequação de toda a estradavinculada ao Projeto, o pátio de embarquedo minério, juntamente com as linhasferroviárias serão implantadas para ocarregamento do minério de ferro.
A estrada a ser implantada/adequada terá uma extensão de cerca de 29,0 km,sendo que deste total cerca de 11,0 kmcorresponde a estrada já existente que será apenas adequado para a passagem doscaminhões de transporte de minério.Cerca de 18,0 km serão construídos eimplicam na intervenção de uma área de20 metros de largura ao longo de todo oseu comprimento. Em termos de área aestrada representa a intervenção direta emcerca de 57,8 hectares.
As linhas ferroviárias que serão implantadaspossuem uma extensão de 4,3 km deextensão e encontra-se projetada paralelaà Estrada de Ferro Carajás.
Área de Influência Direta - AID
Para a delimitação da AID considerou-secomo critério importante o arranjo hidrográfico no entorno do empreendi-mento, bem como uma faixa de terrenoao longo do eixo da estrada a ser utilizadadurante a fase de implantação e fase deoperação do empreendimento.
Na porção norte, a AID é representadapor um conjunto de terras drenadas apartir da ADA até a conexão dos canaiscom o rio Sereno, em sua margem direita.Na porção sul, a AID é representadatambém pelo conjunto das terras que sãodrenadas por afluentes que formampequenas bacias que deságuam namargem direita do rio Surpresa.
Como AID considerou-se também a estradaque liga a futura mina de Serra Leste atésua conexão com a rodovia PA-275, poronde acessa-se, por via afastada, a
cidade de Curionópolis e Parauapebas.
Considerando-se que, apenas em partedo tempo da etapa de instalação, estaestrada poderá ter seu trânsito intensificadoe que todas as adequações necessárias aotransporte de veículos de carga já terãosido executadas para o desenvolvimentodo Projeto Lavra Experimental, optou-sepor não considerar cartograficamente, aapresentação deste segmento de forma a
preservar as grandes diferenças emrelação às intervenções que se farãonecessárias, quando comparado com osegmento que liga a mina ao pátio deembarque.
Para o segmento da AID que se estende da mina até o pátio de embarque, a AID
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FIGURA 9.1 Malha de Receptores da Modelagem de Dispersão Atmosférica - Serra Leste.
Legenda
Estação de monitoramento daqualidade do ar e meteorologia
Estação de monitoramento dameteorologia
Malha de Receptores
Pátio de Embarque - EFC
Serra Pelada
Curionópolis
Canaã dos Carajás
MARABÁ
foi definida como uma faixa de 250 metros de largura ao longo de
ambas as margens da estrada, a partir dos limites externos da faixa
de rolamento. Esta faixa foi também considerada para ambas as
margens das linhas ferroviárias projetadas, mesmo considerando
que esta será operada num domínio onde já se encontra insta-
lada a Estrada de Ferro Carajás.
Em função da natureza da área onde grande parte da estrada e a
da ferrovia serão instaladas, pode-se considerar que tal dimensão
foi adotada de forma conservadora, visto que, em quase a totali-
dade dos terrenos posicionados ao longo das mesmas, o uso do
solo é marcadamente caracterizado pela presença de amplas
pastagens. Trata-se de um domínio essencialmente antrópico,
demandando, assim, pequenas intervenções do ponto de vista da
cobertura vegetal para que os acessos sejam devidamente prepara-
dos para atender o fluxo de veículos previsto.
A área de estudo, considerada como Área de Influência Direta
(AID) do empreendimento quanto ao tema qualidade do ar, foi
subdividida em uma malha de receptores contendo 2.704 células
de 1 x 1 km (52 x 52 km), conforme apresentado na Figura 9.1.
Na mesma figura pode ser observado ainda a localização das
estações meteorológicas Canaã dos Carajás e Marabá, utilizadas
no estudo.
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Figura 9.2 apresenta áreas de estudo definidas para os meios físico e biótico
Área de Influência Indireta - AII
Para a delimitação da AII, os limites topo-
gráficos foram considerados como rele-
vantes já que compõem o arranjo físico
apropriado para a delimitação de uma
bacia hidrográfica, principal unidade espa-
cial de controle ambiental. Ao longo das
estradas, considerou-se uma área adicional
à AID de mais 350 metros, mantendo-se,
assim uma postura conservadora, consi-
derando o intenso nível de antropização
verificado ao longo da área onde a mesma
será implantada ou adequada às necessi-
dades do Projeto Serra Leste.
Além da adoção de uma faixa de 250 metros,
reconhecida como AID, em cada margem
da estrada a ser utilizada para o escoamento
da produção de minério de ferro da Mina
de Serra Leste, do pátio de embarque e das
linhas ferroviárias a este associadas, incor-
porou-se uma área de mais 350 metros adi-
cional a esta para a delimitação da AII.
As possibilidades de interferências decor-rentes da intensificação do uso das vias deacesso e do trecho a ser construído /ade-quado, no contexto físico e biótico, sãopouco prováveis além dos limites estabele-cidos para a AID, visto o grau de alteraçãoobservado em grande parte do trajeto emque ações para a implantação das mesmasserão desenvolvidas.
A figura 9.2 apresenta os limites das áreasde estudo correspondentes aos meios físi-co e biótico.
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9.2 Definição das Áreas de Influência para o MeioSocioeconômico do Projeto Serra Leste
Área Diretamente Afetada - ADA
A Área Diretamente Afetada - ADA é representada pela pro-priedade rural que será adquirida para a implantação do em-preendimento - Fazenda Ana Célia. É importante salientar que a propriedade rural possui cerca de 5.492 hectares e o empre-endimento ocupará no máximo cerca de 299 hectares. De toda forma, frente as condições de negociações postas peloproprietário rural, a CVRD deverá adquirir toda a propriedade, ocasionando, então, na modificação da função de uso atualmenteexistente que é representada pela prática da pecuária.
A ADA inclui também a estrada de ligação entre a Mina de SerraLeste, o Pátio de Embarque e a área a ser ocupada pelas linhas fer-roviárias a serem instaladas ao lado da Estrada de Ferro Carajás,nas proximidades da locação 54.
A estrada, a ser construída, possuirá extensão aproximada de 29,0 km,
para permitir o transporte da produção da mina até à Estrada de
Ferro Carajás - EFC, percorrendo basicamente duas propriedades
particulares, cujo uso e ocupação das propriedades está direta-
mente vinculado, quase que na totalidade à pastagem. É impor-
tante salientar que, parte do traçado desta estrada, além daquele
que se dará na propriedade já referida anteriormente, a ser
adquirida pela CVRD, ocorrerá em terras de propriedade da
mesma. No entanto, cerca de metade do traçado ocorrerá na
Fazenda Miranda e Filhos, seguindo-se, em boa parte do seu trajeto,
por uma estrada já existente que deverá ser adequada à
condições de transporte exigidas pela mineração.
Além dos acessos, inseridos na referida propriedade também inte-
gram a ADA, assim como uma área de 1,5 hectares atualmente
ocupada por pastagem, onde se pretende a instalação do Pátio de
Embarque do minério, bem como toda a extensão das linhas fer-
roviárias a este associadas. Neste caso, não haverá nenhum com-
prometimento da atividade econômica existente na propriedade
Miranda e Filhos. Por tal razão, a ADA correspondente apenas ao
eixo viário que será utilizado para o escoamento do minério. No
presente caso, a implantação e operação dos acessos só será pos-
sível após o devido acordo com o proprietário rural.
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Área de Influência Direta - AID
Considerando-se a localização da mina do Projeto Serra Leste,cerca de 30,0 km da cidade de Curionópolis e sua posição emrelação a vila de Serra Pelada, essas duas aglomerações serãolocais possíveis de manifestação de interferências associadas aoempreendimento. Para o transporte e escoamento da produçãoda mina do Projeto Serra Leste até a Estrada de Ferro Carajás estáprevista a melhoria/construção de estrada e instalação do pátio de estocagem ambos em propriedades particulares localizadas,em quase sua totalidade, no município de Curionópolis.
Uma vez que os dois núcleos urbanos de interesse estão situadosno município de Curionópolis e que não existem subdivisões
menores do que o município que congreguem estatísticas con-fiáveis, e que a maior parte da população está concentrada nessasduas áreas urbanas, optou-se, para este Estudo de ImpactoAmbiental, por considerar a totalidade do município onde selocaliza o empreendimento como Área de Influência Direta doProjeto Serra Leste. Sempre que possível serão feitas referênciasespecíficas sobre o núcleo que está mais próximo do empreendi-mento, Serra Pelada, sobre o qual dispõe-se de dados de naturezacensitária. É nessa região onde poderão ser observadas alteraçõesreais nas estruturas sociais, econômicas, culturais e políticas, resul-tantes de focos de pressões, especialmente sobre as estruturas einfra-estruturas urbanas.
Figura 9.3 Áreas de Influência Direta e Indireta definidas para o Meio Socioeconômico
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Área de Influência Indireta - AII
Os territórios sujeitos à influência indireta do empreendimento
podem ser caracterizados pelo alcance do empreendimento com
relação às variáveis socioeconômicas de grande abrangência.
Assim, para delimitá-la são consideradas variáveis relativas a fluxo
migratório, circulação de bens, mercadorias e comunicação, e a
relação do empreendimento na arrecadação tributária da região,
consideradas todas as fases do empreendimento.
O empreendimento deve gerar repercussões sobre o município
vizinho de Parauapebas e sobre Marabá, no que se refere ao possível
aumento de atividades comerciais e de serviços direta e indiretamente
ligadas ao empreendimento, por se constituírem nos dois núcleos
hierarquicamente superiores aos núcleos urbanos mais próximos do
empreendimento - Curionópolis e a vila de Serra Pelada.
Apesar da relevância dos mesmos no contexto regional, é razoável
admitir que as dimensões do Projeto Serra Leste não implicam em
possibilidades de modificações expressivas na dinâmica econômi-
ca destes municípios, especialmente nas sedes urbanas onde tais
efeitos são comumente manifestados.
Ademais é objetivo do empreendedor priorizar o recrutamento
de mão-de-obra e a contratação de fornecedores, sempre que
possível, no município onde se prevê a instalação do empreendi-
mento, no caso, Curionópolis. Apesar do empreendimento contar
com mão-de-obra oriunda de outros municípios da região, os
mesmos deverão ter papel secundário na composição do quadro
funcional previsto para o projeto, bem como na comercialização
de serviços e insumos para os quais o referido município esteja
apto a fornecer.
Cabe acrescentar que, com a intenção de tornar sempre mais
objetivos os estudos ambientais e focados nas questões de maior
relevância, optou-se por não incluir na AII municípios que, mesmo
vizinhos, não tenham relação com o empreendimento. Assim,
considerou-se que somente Parauapebas, a oeste, e Marabá, ao
norte, poderão sofrer impacto, mesmo que de forma indireta, uma
vez que são os maiores núcleos nas proximidades do empreendi-
mento. Eldorado dos Carajás, Canaã dos Carajás, nos demais qua-
drantes, apesar de potencialmente fornecedores de mão-de-obra,
praticamente não serão afetados em nenhum aspecto que se
possa prever hoje.
Figura 9.4 Áreas de Influência Direta e Indireta definidas para o Meio Socioeconômico
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47
Legenda
Domínio Climático - quente
Subdomínio Climático - úmido
Variedade Climática - 3 meses secos
10.1 Meio Físico
10.1.1 Clima e Meteorologia
10.1.1.1 Aspectos Climáticos Gerais
Observando mais detalhadamente a região de estudo, tomando como base o Mapa
de Clima do Brasil desenvolvido pelo IBGE (2002), verifica-se a ocorrência da seguinte
classificação climática: quente, úmido com 3 meses secos.
A Figura 10.1 apresenta o mapa com as características climáticas observadas na área
de estudo.
10.1.1.2 Caracterização das Variáveis Climáticas
As variáveis climáticas temperatura, precipitação pluviométrica, evaporação, umidade
relativa do ar, insolação e nebulosidade, foram caracterizadas com base na análise de
mapas climáticos derivados das normais climatológicas obtidas pelo INMET no período
de 1931 a 1990. A seguir serão apresentadas análises referentes a alguns dos temas citados.
10. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
FIGURA 10.1 Domínio Climático na Área de Estudo(IBGE, 2002).
Área
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Precipitação Pluviométrica - Chuva
Na região de estudo, a estação mais chuvosa estende-se de novembro a abril, com
precipitações médias mensais máximas alcançando 400 mm. Os meses de agosto a
outubro são os mais secos, com precipitações médias mensais mínimas de até 80 mm.
A precipitação acumulada média anual na região de estudo situa-se entre 1.800 e
2.100 mm, conforme pode ser visto na Figura 10.3. A região apresenta no mínimo
270 dias com ocorrência de chuva no ano.
Temperatura
A temperatura média anual (figura 9.2) na área de estudo situa-se entre 24 e 27 ºC, com
médias mensais também variando nessa faixa. As médias das mínimas variam entre
18 ºC e 21 ºC, enquanto que as médias das máximas mensais variam entre 33 ºC e 36 ºC.
Região do Empreendimento.
FIGURA 10.2 Mapa Climático de Temperaturas MédiasAnuais1931-1990 (INMET).
Região do Empreendimento.
FIGURA 10.3 Mapa Climático de PrecipitaçãoPluviométrica Acumulada Anual - 1931-1990 (INMET).
Umidade Relativa
A umidade relativa do ar média anual da região de estudo varia entre 80 a 90%.
No período mais úmido a umidade média mensal situa-se próximo a 90%, enquanto
nas épocas mais secas a umidade média mensal aproxima-se de 60%. A Figura 10.4
apresenta o mapa climático das médias anuais de umidade relativa do ar.
Região do Empreendimento.
FIGURA 10.4 Mapa Climático de Umidade Relativa do ArMédia Anual - 1931-1990 (INMET).
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Nebulosidade
A nebulosidade média mensal, analisada a partir dos mapas climáticos do INMET, é
maior nos meses de outubro a abril, alcançando valores entre 6 e 8 décimos. Nos
meses de junho a agosto, o céu é mais limpo (menos nuvens), com nebulosidade
média mínima entre 3 e 4 décimos. A média anual de nebulosidade para a região de
estudo situa-se entre 6 e 7 décimos, conforme apresentado na Figura 10.5
10.1.2 Estudo da Qualidade do Ar
A qualidade do ar de uma região é determinada por complexos fenômenos e relacionamentos
envolvendo a quantidade, regime e condições de lançamento de poluentes por fontes
emissoras influentes, além de mecanismos de remoção, transformação e dispersão desses
poluentes na massa de ar. Desta forma, as condições meteorológicas exercem um papel
determinante na freqüência, duração e concentração dos poluentes a que estão expostos os
possíveis receptores situados na área de influência direta dessas fontes.
O local previsto para a implantação do empreendimento está situado em uma região
onde informações históricas relativas a condições meteorológicas são um tanto quanto
precárias e recentes, principalmente se consideradas algumas variáveis necessárias ao
estudo de dispersão atmosférica.
As estações Canaã dos Carajás e Marabá, ambas operadas pelo INPE, foram utilizadas para
a caracterização da micrometeorologia do presente empreendimento, objetivando a utilização
de modelagem de dispersão atmosférica para a determinação do prognóstico de qualidade
do ar do empreendimento. A estação Canaã dos Carajás possui uma série de dados
registrados de hora em hora, enquanto que a estação Marabá registra as medições de 3
em 3 horas. As demais estações analisadas não foram consideradas adequadas para o
estudo em questão.
As análises dos dados meteorológicos obtidos pela estação Canaã dos Carajás (Mina do
Sossego) e disponibilizados à CVRD pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para o
período de 16/02/2004 a 13/06/2005, são apresentadas a seguir.
Região do Empreendimento.
FIGURA 10.5 Mapa Climático de Nebulosidade MédiaAnual - 1931-1990 (INMET).
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Ventos - Estação Canaã dos Carajás
As informações históricas obtidas de direção e velocidade do vento pela estação Canaã
dos Carajás (Mina do Sossego) foram consistidas e resumidas graficamente, utilizando rosa
dos ventos e análise descritiva para 16 direções do vento padronizadas pela Organização
Mundial de Meteorologia. Observa-se a grande dominância de vento fracos, com ampla
variabilidade de direção. A ligeira predominância observada no período é de ventos oriundos
do norte-noroeste (NNW), norte (N) e noroeste (NW), com intensidade média de 2,0 m/s.
As máximas médias horárias são da ordem de 11 m/s. Nessa estação verifica-se calmaria
em 6% do tempo monitorado.
As Figuras 10.6 apresentaa rosa dos ventos para a estação Mina do Sossego.
Temperatura- Estação Canaã dos Carajás
A Figura 10.7 apresenta a curva típica de médias horárias de temperatura do ar, com
base nos dados medidos pela estação Canaã dos Carajás. A temperatura média observada é
de cerca de 26°C, com as máximas ocorrendo entre as 13:00 e 16:00 horas. As análises dos
dados meteorológicos obidos pela estação Marabá para o período de 01/01/2004 a
18/12/2005, são apresentas a seguir. Cabe ressaltar que os dados monitorados nessa
estação são registrados de 3 em 3 horas.
FIGURA 10.7 Curva Típica de Médias Horárias de Temperatura do Ar - Estação Mina do Sossego
(Canaã dos Carajás).
FIGURA 10.6 Rosa dos Ventos - Estação Mina do Sossego (Canaã dos Carajás).
Intensidades do Vento
0,5m/s >= vel < 1,0m/s1,0m/s >= vel < 3,0m/s
3,0m/s >= vel < 5,0m/s
5,0m/s >= vel < 7,0m/s
vel >= 7,0m/s
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Temperatura - Estação Marabá
A Figura 10.9 apresenta a curva típica de médias horárias de temperatura do ar, com base
nos dados medidos pela estação Marabá. A temperatura média observada é de cerca de
26,8°C, com as máximas ocorrendo entre as 13:00 e 16:00 horas.
Ventos - Estação Marabá
Os dados obtidos de direção e velocidade do vento pela estação Marabá foram consis-
tidos e resumidos graficamente, utilizando rosa dos ventos e análise descritiva para 16
direções do vento padronizadas pela Organização Mundial de Meteorologia. A figura
10.8 apresenta, a rosa dos ventos para essa estação.
Da análise da figura 10.8 observa-se a grande dominância de ventos fracos, com
considerável predominância de ventos oriundos das direções norte (N), norte-noroeste
(NNW) e noroeste (NW). A intensidade média é de 1,2 m/s, sendo as máximas médias
horárias da ordem de 3 m/s, com picos de até 12 m/s. Nessa estação verifica-se calmaria
em 14,6% do tempo monitorado.
FIGURA 10.8 Rosa dos Ventos - Estação Marabá.
FIGURA 10.9 Curva Típica de Médias Horárias de Temperatura do Ar - Estação Marabá.
Intensidades do Vento
0,5m/s >= vel < 1,0m/s1,0m/s >= vel < 3,0m/s
3,0m/s >= vel < 5,0m/s
5,0m/s >= vel < 7,0m/s
vel >= 7,0m/s
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52
10.1.2.1 Qualidade do Ar
A área onde será implantado o projeto de explotação mineral
de Serra Leste, mostra-se como uma região desprovida de
séries históricas abrangentes e consistentes de qualidade do
ar. Inexistem na região estações de monitoramento sistemáti-
co das concentrações de poluentes atmosféricos operadas
por entidades públicas, cujos dados estivessem acessíveis e
disponíveis para utilização.
O monitoramento da qualidade do ar foi realizado por umaestação automatizada de propriedade da EcoSoft, cujasmedições contínuas (24 horas por dia) foram integradas em médias horárias para todos os parâmetros monitorados.
A estação foi instalada em duas localidades diferentes, nomunicípio de Curionópolis.
A Tabela 10.1 apresenta a relação de parâmetros medidos nacampanha de monitoramento e suas respectivas metodologiasde medição.
Parâmetro Monitorado Metodologia de Medição Metodologia de Medição
Partículas totais em suspensão (PTS) Absorção de raios beta Met One BAM 1020
Partículas inaláveis (PI como PM10) Absorção de raios beta Met One BAM 1020
Dióxido de enxofre (SO2) Fluorescência aos raios ultravioleta) Horiba APNA-360CE
Dióxido de nitrogênio (NO2) Quimiluminescência Horiba APNA-360CE
Monóxido de nitrogênio (NO) Quimiluminescência Horiba APNA-360CE
Óxidos de nitrogênio (NOX) Quimiluminescência Horiba APNA-360CE
Monóxido de carbono (CO) Absorção de infravermelho não dispersivo Horiba APMA-360CE
Hidrocarbonetos totais (HCT) Ionização de chama Horiba APHA-360CE
Hidrocarbonetos não metano (HCnM) Ionização de chama Horiba APHA-360CE
Metano (CH4) Ionização de chama Horiba APHA-360CE
Ozônio (O3) Absorção de ultravioleta Horiba APOA-360CE
Velocidade escalar do vento (VV) Anemômetro de conchas Met One 014A
Direção escalar do vento (DV) Biruta com pá balanceada Met One 024A
Temperatura do ar (TA) Termistor Met One 083D-1-35
Umidade relativa do ar (UR) Termistor Met One 083D-1-35
Pressão atmosférica (PA) Barômetro estado sólido Met One 090D
Precipitação pluviométrica (PP) Pluviômetro de gangorra Met One 370
Radiação solar global (RS) Piranômetro Met One 096-1
Desvio padrão da direção do vento (SIGT) Calculado (Yamartino) -
Tabela 10.1 Parâmetros monitorados na Estação Automática - Projeto Serra Leste
GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:03 AM Page 52
53
A escolha dos locais de medição baseou-se na ocorrência de
áreas de maior ocupação urbana no entorno da área de inserção
do Projeto Serra Leste, com potencial de sofrer impactos na
qualidade do ar em decorrência das emissões atmosféricas do
empreendimento. Desta forma, a cidade de Curionópolis e a
comunidade de Serra Pelada foram selecionadas para a realização
das medições para determinação da atual qualidade do ar da
região (background). Na cidade de Curionópolis a estação foi
instalada no estacionamento da Prefeitura Municipal. Já na vila
de Serra Pelada, a sede da fazenda Ana Célia, situada na entrada
de Serra Pelada e a cerca de 700m do local onde se prevê a
instalação do Projeto Serra Leste, foi escolhida para a instalação
da estação de medição.
A Figura 10.10 apresenta a indicação dos locais onde a estação
de monitoramento ficou instalada nos períodos determinados.
Figura 10.10 Localização das estações de monitoramento da qualidade do ar e meteorologia
Prefeitura Municipal -
Curionópolis
Fazenda Ana Célia - Serra
GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 53
54
10.2.2.2 Condições Meteorológicas Registradas Durante as Campanhas de
Monitoramento da Qualidade do Ar
As condições meteorológicas ocorridas na região durante a campanha de monitoramento da
qualidade do ar foram registradas para os dois locais de monitoramento selecionados
(Curionópolis e Serra Pelada), com a medição dos seguintes parâmetros:
• direção e velocidade do vento
• precipitação pluviométrica
• pressão atmosférica
• radiação solar
• temperatura do ar
• umidade relativa do ar
• desvio padrão da direção do vento
A Figura 10.11 apresenta a rosa dos ventos ocorrida na Estação Curionópolis para o período
de 25/03/2006 a 11/04/2006.
Observa-se a predominância de ventos provenientes das direções oeste-sudoeste (WSW)
e sudoeste (SW), com 17% e 16% de freqüência respectivamente, com velocidade média
de 1,2 m/s e ocorrência de calmaria em 6,3% do período.
A Figura 10.12 apresenta a rosa dos ventos ocorrida na Estação Serra Pelada para o período
de 13/04/2006 a 02/05/2006. Os ventos oriundos do sul-sudoeste (SSW) e sudoeste (SW)
apresentaram ligeira predominância com 14% e 11% de freqüência, respectivamente.
A velocidade média foi de 1,0 m/s, com ocorrência de calmaria em 36,0% do período.
FIGURA 10.11 Rosa dos Ventos Característica da Campanha deMonitoramento - Curionópolis.
FIGURA 10.12 Rosa dos Ventos Característica da Campanha deMonitoramento - Serra Pelada.
Intensidades do Vento
0,5m/s >= vel < 1,0m/s
1,0m/s >= vel < 1,5m/s
1,5m/s >= vel < 2,5m/s2,5m/s >= vel < 4,5m/s
4,5m/s >= vel < 6,0m/s
vel >= 6,0m/s
Intensidades do Vento
0,5m/s >= vel < 1,0m/s1,0m/s >= vel < 1,5m/s1,5m/s >= vel < 2,5m/s2,5m/s >= vel < 4,5m/s4,5m/s >= vel < 6,0m/s
vel >= 6,0m/s
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Os dados indicam as ocorrências de um
total de 276,4 mm de chuva acumulada no
local da Estação Curionópolis, para o período
compreendido entre os dias 25/03/2006 e
11/04/2006, e de 176,6 mm para a Estação
Serra Pelada, no período compreendido
entre os dias 13/04/2006 e 02/05/2006.
A pressão atmosférica média registrada na
Estação Curionópolis foi de 977 mbar,
enquanto para a Estação Serra Pelada, o
valor médio obtido foi de 973 mbar.
A variável radiação solar se apresentou de
forma típica, com os máximos valores
ocorrendo das 11:00 às 13:00 h. Foi verificado
que os maiores valores médios de tem-
peratura (entre 30° e 31,5°) foram obtidos
entre 12:00 e 14:00 h. Os horários de máxi-
mas temperaturas correspondem aos
horários das mínimas médias de umidade
relativa do ar, assim como os horários de
mínimas temperaturas correspondem aos
horários de máximas médias de umidade
relativa. Os valores da mínima média e máxi-
ma média para umidade relativa do ar,
foram de aproximadamente 67% e 92%,
respectivamente.
Analisando-se de uma forma globalizada os
resultados das variáveis meteorológicas
obtidos na campanha de monitoramento
realizada, observou-se que as condições
climáticas comportaram-se de forma
característica, dentro dos padrões e limites
esperados para a região à época da medição,
indicando assim que os dados de qualidade
do ar foram tomados na situação típica
para o período. Deve ser ressaltado que as
medições foram realizadas no período mais
chuvoso do ano, que normalmente
estende-se de novembro a abril, tendo sido
registrado um total de 453 mm de precipi-
tação pluviométrica durante as medições
executadas entre 25/03/2006 e 02/05/2006.
Desta forma, as concentrações de polu-
entes atmosféricos monitoradas nesta
campanha, que serão apresentadas a
seguir, são mais representativos da época
chuvosa do ano.
GO_LayoutRelat_10-1 11/08/2006 5:31 PM Page 55
56
10.2.2.3 Diagnóstico da Qualidade do Ar da Área de Influência Direta - AID eÁrea de Influência Indireta - AII
Sobre os dados obtidos do monitoramento contínuo na estação Curionópolis no período demedição de 25/03/06 a 11/04/06, e da estação Serra Pelada no período de 13/04/2006 a02/05/2006, pode-se inferir que:
• Nenhum parâmetro monitorado apresentou concentrações superiores aos limites estabele-cidos pelos padrões legais vigentes no Brasil (Resolução CONAMA 03/1990);
• Por ordem de significância relativa aos níveis de segurança estabelecidos pela legislaçãovigente, os poluentes que se destacaram no monitoramento da estação Curionópolisforam as partículas (PTS e PI) e o ozônio (O3). No monitoramento da estação Serra Pelada,o ozônio aparece com uma maior significância, seguido das partículas (PTS e PI);
• Para ambas as estações, os níveis de NOx e CO detectados demonstram que os impactosde fontes de combustão (industriais, veiculares e queimadas) ainda são muito pouco signi-ficativos na região. A virtual ausência de SO2 no ar do ambiente monitorado demonstraainda que as poucas fontes de combustão existentes não utilizam combustíveis fósseis con-tendo enxofre.
Pode-se concluir que:
• A região de estudo possui atualmente níveis satisfatórios de qua-lidade do ar para todosos poluentes, com concentrações situadas em patamares inferiores aos padrões de quali-dade do ar vigentes no Brasil;
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57
• Para as duas campanhas de monitoramento os poluentes da classe das partículas (PTS
e PI) e o poluente ozônio (O3), foram os que apresentaram concentrações com maior
significância em relação aos padrões de qualidade do ar. Para esses poluentes foram
identificadas ocorrências de concentrações com contribuição relativa aos padrões de
qualidade do ar superiores a 12,9%, atingindo um máximo de 32,7% de contribuição, no
caso do PTS (média anual durante a campanha de monitoramento em Curionópolis).
Dentre os poluentes com menor contribuição relativa, destaca-se o dióxido de enxofre
atingindo um valor máximo de 0,1% em Curionópolis. Os demais poluentes (CO e NO2)
apresentaram níveis de contribuição relativa em patamares inferiores a 6,3%.
Ressalta-se novamente que o monitoramento da qualidade do ar ocorreu em um período
com altos índices pluviométricos na região, o que naturalmente conduz a concentrações
mais brandas de partículas e outros poluentes originários prioritariamente de fontes de
combustão como as queimadas.
Para os meses secos do ano, que normalmente ocorrem entre agosto e outubro, é esperado
que as concentrações médias de poluentes atmosféricos na região sejam superiores às
ora apresentadas, tendo em vista o maior potencial de emissão de poluentes, como as
partículas totais em suspensão e partículas inaláveis, fomentada pela reduzida umidade
do solo e outras superfícies. Nas épocas secas é freqüente ainda na região a ocorrência
de queimadas, que além de acrescentar quantidades significativas de partículas na
atmosfera, adicionam ainda gases como o monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio,
alterando significativamente a qualidade do ar da região.
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10.1.3 Ruídos e Vibrações
10.1.3.1 Objetivos
A identificação dos níveis de pressão sonora
(ruído ambiental) e vibração ambiental na
zona rural no entorno da vila de Serra Pelada,
tem como objetivo conhecer o cenário da
região de inserção do Projeto Serra Leste.
As medições foram efetuadas em ambientes
tipicamente rurais, posicionados entre o
aglomerado de Serra Pelada e o local onde
se pretende implantar o referido projeto.
10.1.3.2 Distribuição de Pontos de
Medições
Os pontos avaliados priorizaram a porção
norte da Área de Influência Direta, onde
localiza-se a vila de Serra Pelada.
Para avaliação dos resultados obtidos
foram considerados as referências estabele-
cidas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas -ABNT e a Internacional
Eletrothecnical Commission - IEC, Conselho
Nacional de Meio Ambiente - CONAMA e
International Organization for
Standardization - ISO.
10.1.3.3 Resultados
Níveis de Pressão Sonora
A apresentação gráfica dos resultados obtidos,
conforme o Método 01 ou Método 02, utiliza-
dos para a caracterização dos níveis de ruídos
e vibrações na área de inserção do Projeto
Serra Leste podem ser observados através
das Figuras 10.13 e 10.14.
É importante destacar que para o Método 01,
tempo de medição em cada ponto foi de
aproximadamente 10 minutos, tomando
como referência 30 (trinta) valores, eliminando
as interferências. Já para o Método 02, o moni-
toramento foi efetuado diretamente pelo
medidor de pressão sonora sem eliminação
de interferências.
GO_LayoutRelat_10-1 11/08/2006 5:32 PM Page 58
59
Figura 10.14 Método 02
Figura 10.13 Método 01
10.1.3.4 Conclusão
Conforme resultados obtidos na cam-
panha de monitoramento, verificou-se
que os níveis de pressão sonora nos
pontos onde foram feitas as medições,
estão de acordo com os padrões esta-
belecidos na ABNT NBR 10.151 de
junho 2000 que determina os limites
máximos permitidos. É importante
destacar que os ruídos existentes nos
locais monitorados são única e exclusi-
vamente derivados da natureza. Os
níveis de vibração nos pontos onde
foram feitas as medições, estão abaixo
do limite mínimo para conforto que é
de 0,315 m/s2 de acordo com os
padrões estabelecidos na ISO 2631.
Resultados obtidos - Medição de Ruídos - Projeto Serra Leste
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60
10.1.4 Recursos Hídricos
10.1.4.1 O Arranjo Hidrográfico
Regional
A região na qual o empreendimento
encontra-se inserido é drenada pela bacia
hidrográfica do Itacaiúnas. A Serra Leste
encontra-se no divisor de águas, representado
por diversos segmentos de relevo que
dividem a rede de drenagem em duas
direções opostas: a oeste para o rio
Parauapebas a leste para o rio Vermelho,
ambos afluentes do rio Itacaiúnas.
Em termos locais, os principais cursos de
água que drenam a região do empreendi-
mento são os rios Sereno e Surpresa, cujas
nascentes se encontram no entorno da
Serra Leste. O rio Sereno, com área de
drenagem de 560 km2, escoa no sentido
nordeste e drena também a porção sudeste
da Serra do Sereno. Após percorrer uma
extensão de 66 km e receber diversos aflu-
entes, deságua na margem esquerda do
rio Vermelho, afluente do rio Itacaiúnas, em
sua margem direita. Por sua vez, o rio
Surpresa, com área de drenagem de
499km, nasce na porção sudoeste da Serra
Leste e, após percorrer uma distância de
57 km, é tributário do rio Parauapebas, em
sua margem direita.
Com relação ao arranjo hidrográfico ao
longo do traçado do acesso entre o local
onde será instalado o beneficiamento do
Projeto Serra Leste e o Pátio de Embarque -
Locação 54, nota-se que um grande conjunto
de afluentes do rio Parauapebas são corta-
dos pela mesma.
Na primeira parte do acesso, a estrada
segue por terras que integram a bacia do
rio Sereno. O canal fluvial do referido curso,
já possui uma ponte na porção norte da
vila de Serra Pelada. Neste percurso a
estrada a ser utilizada já encontra-se
parcialmente implantada.
Um trecho de aproximadamente 24,91 km, a
ser implantado a partir do local onde se
prevê a instalação do portaria do presente
projeto, contornará o açude localizado
frontal à pista de pouso desativada, fará a
conexão com o trecho já existente da estrada
de acesso à Fazenda Miranda e Filhos.Ao transpor a Serra do Sereno, a estradasegue pela bacia do rio Caracol. Por uma
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61
extensão de aproximadamente 14,70 km, a estrada segue pelo dividorde águas de duas drenagens formadoras do referido rio. Todo estepercurso corresponde a um trecho onde já existe uma boa estradapara uso da propriedade Fazenda Miranda e Filhos que, inclusive,se estende até o pátio de embarque do minério posicionado àsmargens da Estrada de Ferro Carajás.
Ao transpor o rio Caracol, a estrada segue pelo divisor que o separa
das terras que drenam, à direita, para o rio Três Voltas, também
afluente do rio Parauapebas. Através deste divisor que, gradativa-
mente, apresenta um relevo de colinas com altitudes bastante
modestas, a estrada a ser aberta por um segmento de 9,1 km,
alcança-se o local onde o Pátio de Embarque será instalado.
A área por onde se pretende instalar as linhas ferroviárias para as
operações de carregamento no pátio de embarque é marcada
pela presença de canais fluviais dos rios Três Voltas e Caracol.
Ambas encontram-se cortadas pela Estrada de Ferro Carajás-EFC
e por isso são portadoras de estruturas de drenagens do tipo
bueiros onde tal interceptação ocorre.
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62
O objetivo da avaliação hidrogeológica foi analisar a ocorrência de
água subterrânea na área do projeto, especificamente nos domínios
de instalação das grandes estruturas associadas ao empreendi-
mento, através da identificação das unidades hidrogeológicas e
condições de fluxo subterrâneo na região da lavra e seu entorno
imediato. Para esta etapa foi realizada uma visita ao campo com o
cadastramento de nascentes que ocorrem na área do projeto.
Foi feito um reconhecimento das nascentes no entorno da lavra e
demais estruturas relacionadas ao projeto. Não há no local
medidores de nível d'água ou piezômetros, que pudessem serutilizados para a medição do nível d'água subterrâneo.
Inventário dos Pontos D'água
Na área de inserção da Mina/usina foi realizado o cadastramentono período seco, no mês de outubro de 2005. Foram cadastradas12 nascentes e algumas lagoas e açudes, cujas principais carac-terísticas estão apresentadas na Tabela 10.2. Todos os pontoscadastrados estão identificados na imagem de satélite da área eestão representados na Figura 10.15.
10.1.4.2 Hidrogeologia - Área Diretamente Afetada - ADA e Área de Influência Direta - AID
Figura 10.15
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63
Tabela 10.2 Cadastramento de pontos d’’água
Pontos
Cadastrados
Coordenadas UTMElev. (m) Vazão (l/s) Descrição
E N
P - 01 651.325 9.340.020 600 - Lagoa perene em meio a canga. Localiza-se na base da colina a ser lavrada.
P - 02 652.803 9.340.422 650 - Açude destinado à dessedentação de animais.
P - 03 653.486 9.340.382 650 - Açude destinado à dessedentação de animais.
P - 04 652.617 9.341.930 430 0.5 Nascente 1 ocorrendo em meio a blocos rolados de canga.
P - 05 650.789 9.341.350 300 0.5Nascente 2. Vereda com ocorrência de nascentes difusas. Observam-se vários blocos rolados e matacões de canga.
P - 06 651.604 9.341.408 350Nascente 3. Ocorre em meio a blocos de quarzito e canga. Na rocha observam-se incrustações ferríferas com hábitus botrioidal.
P - 07 651.764 9.341.429 340 0.6
Pequena cascata com vazão estimada em 6,0 l/s. Devido à difi culdade de acesso não foi possível chegar até a nascente (nº4). Observa-se ao longo do talvegue, afl oramento de quartzito e blocos rolados de conglomerado. Os conglomerados apresentam predominantemente seixos de quartzito, mas também se observa seixos de formação ferrífera e jaspilito.
P - 08 651.615 9.341.526 300 Nascente 5. Ocorre de forma difusa próxima ao contato brusco entre quartzitos e cangas.
P - 09 651.607 9.338.806 550 -Cavidade ocorrendo em afl oramento de canga. O local é profundo e água apresenta coloração azulada. A montante da cavidade não se observa nenhuma drenagem; a água surge de forma brusca. À jusante, a vazão estimada é de 0,2 l/s.
P - 10 651.603 9.338.816 550Nascente 6. Várias surgências ocorrendo de forma difusa, próximas à cavidade. As águas destas nascentes se juntam a jusante das águas que escoam da cavidade.
P - 11 652.158 9.337.774 600Nascente 7. Várias surgências ocorrendo de forma difusa, na base de solo laterítico. O solo é argiloso, cor vermelha e constituído por seixos de formação ferrífera.
P - 12 651.563 9.338.432 550 0.5 Nascente 8 em área de ocorrência de canga.
P - 13 651.805 9.338.992 518Nascente 9. Surgência ocorrendo em furo de sondagem (F90 – nº. 86898, profundidade fi nal 207,10m, cota 518,3).
P - 14 650.363 9.337.606 540 3.0Nascente 10 ocorrendo em meio a vereda, localmente com solo laterítico e ocorrência de blocos rolados de canga.
P - 15 652.326 9.342.776 ~250 0.5 Nascente 11 em meio a blocos rolados de quartzito predominantemente e poucos blocos de canga.
P - 16 652.399 9.342.516 350 0.5 Nascente 12 em meio a solo laterítico, vermelho.
P - 17 653.947 9.341.346 570 -Lagoa/açude. Não foi observada infi ltração desta lagoa no talvegue situado a jusante. No local predomina solo silto-argiloso de cor avermelhada.
P -18 649.854 9.340.374 ~300 20 a 30Trecho de drenagem constituída por solo vermelho de composição laterítica. Não foi possível verifi car a nascente devido à difi culdade de acesso.
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64
A distribuição espacial da profundidade
do lençol freático é de grande importân-
cia, para que se façam estimativas, ainda
que primárias dos principais direciona-
mentos do escoamento subsuperficial.
O depósito mineral de Serra Leste está
localizado no divisor hidrográfico de vários
igarapés e, portanto, a região de seu
entorno incorpora parte das cabeceiras
destas drenagens. Os níveis topográficos na
área do projeto variam de cotas mais
baixas, em torno de 300 m até cotas de
aproximadamente 650 m, noalto da Serra.
As características topográficas da área
indicam que o fluxo subterrâneo ocorre
em sentido radial a partir do terço supe-
rior da Serra, como mostrado na Figura
10.15. Nesta figura, o sentido do fluxo,
baseado na conformação do relevo, é
representado pelas setas.
A partir das visitas de campo pôde-se
observar a predominância de solo ver-
melhos e cangas na porção mais plana
da Serra. A capa de canga funciona
como uma cobertura porosa que
recebe a água infiltrada e a redistribui
lentamente. Quando sobreposta a um
maciço mais impermeável essa água
ressurge como nascente.
Condições de Escoamento das Águas Subterrâneas
FIGURA 10.15 Provável Sentido do Fluxo Subterrâneo no Depósito Mineral de Serra Leste.
GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 64
65
10.1.5 Caracterização Geológica
10.1.5.1 Aspectos Geológicos
O conhecimento geológico regional da
Província Mineral de Carajás iniciou-se nas
décadas de 20 e 30 por pesquisadores do
Serviço Geológico e Mineralógico
Brasileiro. Os primeiros reconhecimentos
prospectivos foram feitos a partir de 1933,
por Moraes Rego e Inácio Oliveira que
identificaram, respectivamente, formações
ferríferas ao longo do Rio Itacaiúnas e ocor-
rências de galena/material carbonoso em
São Félix do Xingu e em Rio Fresco (Santos,
1980). Em meados da década de 50 o
conhecimento da região foi impulsionado
principalmente pelo levantamento aerofo-
togramétrico do sudeste do Pará sob
contrato do Departamento Nacional de
Produção. A partir dos anos 60 as litologias
foram agrupadas em unidades estratigráficas,
a partir dos trabalhos de Barbosa et al.
(1966), Ramos (1967) e Almeida et al.
(1968) (in Araújo e Maia, 1991).
No ano de 1966, com a descoberta do
depósito de manganês da Serra do Sereno,
foi desenvolvido um amplo programa de
pesquisa pela United States Steel, com
novas descobertas de manganês em
Buritirama e minério de ferro de Carajás.
Já na década de 70, o avanço do conheci-
mento geológico foi decorrente do incentivo
à pesquisa mineral com participação do
Estado através da CPRM, Projeto
RADAMBRASIL e Projeto Geofísico Brasil-
Canadá (PGBC), principalmente na região
de Carajás. O Grupo CVRD, através de suas
empresas, particularmente pela DOCEGEO,
desenvolveu trabalhos sistemáticos de
pesquisa mineral, confirmando o grande
potencial metalogenético da região de
Carajás. Nas décadas de 80 e 90 inúmeros
trabalhos foram desenvolvidos, não
somente aqueles de interesse prospectivo,
mas também os de cunho científico
através de convênios técnico-científicos
firmados entre a CVRD e entidades e
autarquias de pesquisa e ensino.
GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 65
66
FIGURA 10.16 Provincia Mineral de Carajás
10.1.5.2 Geologia Regional
A Região da Serra de Carajás constitui
uma das mais bem estudadas porções
da região Amazônica, englobando impor-
tantes depósitos de ferro, cobre, ouro e
manganês.
A representação da região está apresenta-
da na Figura 10.16.
10.1.5.3 Geologia Local - Área
Diretamente Afetada
Predominam na área de Serra Leste ocorrem
as rochas da Formação Carajás, caracterizadas
por apresentar rochas ferríferas bandadas.
O forte intemperismo que atua na região pro-
move o capeamento das formações ferríferas
gerando cangas, que sustentam o relevo.
Outros tipos de rochas ocorrem na área
como as lentes de conglomerados em
meio aos quartzitos.
Ocorrem, ainda, rochas vulcânicas com ele-
vadas concentrações de ferro e magnésio
que englobam o corpo de minério, como
mostra a Figura 10.17, que representa a
geologia da futura área de lavra. Ao longo do
traçado da estrada que será utilizada para o
escoamento do minério de ferro, a geologia
mostra-se inicialmente representada por
rochas diversas como gnaisses, além de ter-
renos sedimentares. Ao longo do traçado da
estrada, em seu trecho já existente, é comum
a presença de blocos de gnaisses e rochas
máficas nas imediações da travessia da serra
do Sereno.
Em alguns locais, relacionados a travessia
das drenagens mais importantes, depósi-
tos de sedimentos produzidos por erosão
recente mostram-se presentes.
Apresentam larguras de poucos metros e
por isso não foram mapeadas.
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67
A Área Diretamente Afetada, à exceção do
trecho da estrada de ligação Mina-Pátio de
Embarque é representada por duas formas
de relevo bem definidas.
A primeira, correspondente ao sítio onde
se desenvolverá a lavra, é representada
pela porção cimeira da serra onde se alo-
jam as jazidas de minério de ferro. Nesta
porção da serra as altitudes variam de 600
a pouco mais de 700 metros de altitude
em relação ao nível do mar
O pavimento desta porção da ADA é repre-
sentado por uma ampla cobertura de frag-
mentos de blocos de dimensõesdiversas,
que representam a camada superior do
minério de interesse para o desenvolvi-
mento do Projeto Serra Leste.
A segunda forma de relevo que caracteriza
a porção da ADA onde se planeja a insta-
lação da planta de beneficiamento e das
demais estruturas de apoio ao empreendi-
mento é representada por uma extensa
área plana sustentada por uma camada de
canga posicionada numa altitude média da
ordem de 600 metros em relação ao nível
médio do mar. Esta forma de relevo inicia-
se na base da primeira, onde se desen-
volveu uma lagoa natural resultante de
processos físicos e químicos.
A Figura 10.18, permite a identificação das
principais formas de relevo ocorrentes na
ADA e AID e analisadas no presente trabal-
ho.
Conforme discutido anteriormente, os
ambientes associados às formações fer-
ríferas tem se constituído em especial foco
de discussão nos últimos anos, ao se tratar
da temática sobre as cavidades naturais.
Importantes levantamentos sistemáticos já
foram realizados e outros encontram-se
em andamento no domínio das formações
ferríferas ocorrentes na porção sul do Pará.
10.1.6.1 Geomorfologia - Aspectos Regionais e Área de Influência Indireta
A região da Serra dos Carajás encontra-se inserida no Domínio das Terras Baixas
Florestadas da Amazônia, já nas proximidades da faixa de transição para o Domínio
dos Cerrados, posicionado mais ao sul, conforme Ab'Sáber (1973).
Segundo Ab'Sáber (1986), a “geomorfologia da área oriental da Amazônia, onde se
desenvolve o Projeto Carajás e o Projeto Serra Leste, é toda ela constituída por grandes
extensões de terras baixas colinosas - tabuleiros, baixos platôs, colinas ligeiramente
mamelonares...”
10.1.6.2 Geomorfologia - Área Diretamente Afetada - ADA e Área de Influência
Direta - AID
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FIGURA 10.18
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69
Significativo número de cavidades já foram mapeadas associadas ao conjunto das minas da
serra Norte, como também muito representativa tem sido a quantidade de cavernas associ-
adas ao domínio espacial da serra Sul. Em muitos casos, os estudos relacionadas à bioespele-
ologia contratados pela CVRD, já produziram informações bastante completa sobre estes
ambientes. Levantamentos topográficos, análises geoquímicas e estudos taxonômicos já
geraram uma base inicial de dados que encontra-se em contínua ampliação para toda a
região sulparaense onde a CVRD vem desenvolvendo suas atividades.
Na Área Diretamente Afetada e Área de Influência Direta do Projeto Serra Leste, os levan-
tamentos preliminares produzidos pelo Instituto Ambiental Vale do Rio Doce - IAVRD
resultaram na identificação de noventa e seis cavidades confirmando, novamente, o franco
desenvolvimento dos processos morfogenéticos associados às litológias ferríferas, pro-
duzindo feições específicas ocasionando a formação de modelados não somente superfi-
ciais, mas, feições subterrâneas que a pouco começaram a ser mais detidamente investi-
gadas cientificamente no Brasil.
Os levantamentos realizados pelo IAVRD na área de inserção do Projeto Serra Leste, além
de fornecer o posicionamento das cavidades, também informam a dimensão das mesmas.
A localização das cavidades em mapa, seu posicionamento em relação às principais estru-
turas do Projeto Serra Leste, como também as dimensões das mesmas pode ser visualiza-
da na Figura 10.19.
As cavidades identificadas durante os levantamentos do Projeto Serra Leste estão sendo
detalhadas em estudos bioespeleológicos, a exemplo dos procedimentos de investigação
que estão sendo apresentados ao IBAMA relativos a levantamentos em outras áreas
inseridas na região da Serra de Carajás.
É importante observar, conforme mostra o Figura 10.20, que todo o arranjo de desen-
volvimento do empreendimento foi concebido de forma a priorizar a preservação das
cavidades, tentando-se afastar o máximo possível do raio mínimo de proteção estabelecido
que é de 250 metros.
Tal obejtivo não foi possível apenas para a abertura da estrada de acesso para a cava
oeste, onde o afastamento em relação à abertura das cavidades está compreendida entre
110 e 130 metros. As cavidades desenvolvidas em canga não são dotadas de espeleo-
temas de grande desenvolvimento. Os resultados obtidos até o momento evidenciam a
ocorrência de feições da ordem de centimentros, menos sujeitas, portanto aos efeitos de
vibrações com a facilidade que os são aqueles formados em ambientes de rochas car-
bonáticas de dimensões muito significativas. Além disso, as cavidades posicionam-se há
algumas dezenas de metros abaixo da superfície do solo, onde se pretende a instalação
do pequeno acesso que fará a conexão entre as cavas.
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É importante ressaltar que os caminhões que serão utilizados no transporte do minério
da cava oeste até o beneficiamento não serão os do tipo fora-de-estrada. São caminhões
rodoviários com capacidade de transporte de até 28 toneladas, fato que reduz substan-
cialmente a intensidade de vibração.
No trecho referente ao caminhamento da estrada que liga a Planta de Beneficiamento do
minério até a Pátio de Embarque junto à EFC, as feições geomorfológicas mostram-se as
mais distintas.
Aquela portadora de maior singularidade é a Serra do Sereno. Está unidade de relevo já
encontra-se cortada por uma estrada que deverá ter seu piso adequado para o fluxo de
transporte previsto com o presente empreendimento.
O restante da área é dominado por colinas baixas e vales muito abertos portadores de
ambientes do tipo várzeas.
As drenagens fluviais que serão cortadas pela estrada possuem calhas estreitas e não
demandam estruturas ou intervenções importantes para sua travessia. De toda forma
estão previstos cerca 66 pequenos bueiros ao longo da estrada e duas pontes, uma sobre
o rio Caracol com cerca de 15 metros de extensão e outra sobre o rio Sereno com cerca
de 55 metros de comprimento.
Os procedimentos adotados para a intervenção nestas áreas, reconhecidas também
como áreas de preservação permanente, independentemente do seu status ambiental,
serão detalhados no Plano de Controle Ambiental pertinente a este licenciamento.
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FIGURA 10.19
GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 71
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FIGURA 10.20
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73
Segundo Brasil (1974)1 , com atualizações
baseadas em EMBRAPA (1999)2 , na área
de influência indireta do Projeto Serra
Leste, ocorrem as unidades de solo PB3,
PB5, R2, R6 e LV9. Nestas unidades ocorrem
as seguintes classes de solos:
PB3 - Argissolo Vermelho-Amarelo
argiloso concrecionário plíntico, Neossolo
Litólico, e Cambissolo distrófico com textura
indiscriminada todos distróficos em relevo
suave ondulado a ondulado.
• PB5 - Argissolo Vermelho-Amarelo
argiloso e Neossolo Litólico, ambos distróficos
em relevo forte ondulado.
• R2 - Neossolo Litólico distrófico e
Afloramento de Rochas em relevo monta-
nhoso e escarpado com áreas aplainadas.
• R6 - Neossolo Litólico distrófico em relevo
forte ondulado e Latossolo Vermelho
Amarelo distrófico argiloso em áreas
aplainadas.
• LV9 - Latossolo Vermelho-Amarelo
distrófico textura média, com Solos
Concrecionários Lateríticos3 e Neossolo
distrófico em relevo suave ondulado a
forte ondulado.
10.1.7 Solos e Aptidão Agrícola
10.1.7.1 Abordagem Regional e a Área de Influência Indireta
1- BRASIL. República Federativa do Brasil. Ministério das Minas e Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL, Folha SB 22Araguaia e parte da Folha SC 22 Tocatins, Rio de Janeiro, 1974. (Levantamento de Recursos Naturais, 4).2 - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA-CNPS. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, Brasília. 1999. 412p.3 - A classificação refere-se ao antigo Sistema de Classificação, atualmente alguns destes solos podem ser classificados comoPlintossolo Pétricos distróficos.
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As principais características de cada classe de
solo, juntamente com algumas observações
quanto aos locais de ocorrência e dados de
potencial agrícola são descritos a seguir:
• Argissolo Vermelho Amarelo
São solos em sua maioria, de fertilidade
baixa e de textura argilosa, que apresentam
seqüência de horizontes do tipo A, B, e C,
cuja espessura excede 200cm, e com
pronunciada diferenciação entre o A e o B.
Os solos que constituem esta unidade
apresentam-se bem drenados, ácidos e
com erosão laminar e em sulcos de ligeira
a moderada.
Quanto à vegetação, a comumente encontrada
nestes solos é a de floresta mista de babaçu
e de floresta perenifólia pluvial tropical.
Os relevos dominantes são o suave ondulado
e ondulado, com morros em meia laranja
com rampas curtas.
A exposição desse solo, pela retirada da
cobertura vegetal deve ser criteriosa a fim
de evitar uma intensificação descontrolada
da erosão.
No que se refere ao potencial agrícola estesolo pode ser utilizado para lavoura, masde forma restrita, sendo que a maior limi-tação é a baixa fertilidade e à maiorsuscetibilidade à erosão, relacionada àmudança textural, e conseqüentediminuição da taxa de infiltração do hori-zonte A para o B. Quando sob relevo maisíngreme o problema se agrava e há maiorlimitação para utilização agrícola.
• Neossolo Litólico
São solos pouco desenvolvidos, bastanterasos, de textura variável e no caso da áreaem estudo, de baixa fertilidade em funçãoda rocha que os origina e da lavagem pelainfiltração da água, processo típico da região.
São encontrados em áreas de relevo forteondulado (20-45% de declive), montanhoso(45-75% de declive) e escarpado (mais de75% de declive), geralmente sob vegetaçãoarbórea. Na área em estudo, foram encon-trados também em áreas de relevo plano.
Para estes solos não há nenhum tipo depossibilidade de uso agrícola, pois a baixa fertilidade, a pouca espessura do solo, e o
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relevo movimentado nas áreas de ocorrênciaimpede qualquer tipo de uso..
• Cambissolo
Os processos de formação destes solos já
modificaram ou alteraram bastante o material
originário, desenvolvendo estrutura, se a
textura assim o permitir.
Ocorrem normalmente em áreas de relevo
ondulado (8-20% de declive) ou suave
ondulado (3-8% de declive) sob vegetação
de floresta.
Na área em questão, estes solos possuem
fertilidade associada às rochas que os
formaram, que não possui grandes reservas
de nutrientes. Além disso, o regime de
chuvaslocal, bastante intenso, aumenta
a taxa de infiltração e lavagemdos solos,
empobrecendo-os.
São solos que possuem seqüência de hori-
zonte A, B e C, tendo o A geralmente
pequena espessura, podendo estar
ausente em áreas de declive acentuado,
devido à ação erosiva.
Os Cambissolos podem ser utilizados para
pastagem, mas deve-se respeitar a capacidade
suporte destes solos, pois como se carac-
terizam como rasos e ocorrem em áreas
mais declivosas, o sobrepastoreio pode
aumentar significativamente o processo
erosivo, levando a perda quase completa
do horizonte A. Além disso, esse solo também
é pobre em nutrientes.
• Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico
São solos profundos comfertilidade natural
baixa. Possuem perfil do tipo A, B e C, friável,
bastante poroso, permeável com estrutura
granular, sendo esta uma das características
para a classificação desta unidade.
São encontrados em relevo plano (0-3% de
declive) e suave ondulado (3-8% de declive),
sob vegetação de floresta e de cerrado.
Estes solos podem ser utilizados para agri-
cultura, sendo que a maior limitação é a
baixa fertilidade dos solos
• Solos Concrecionários Lateríticos
São solos que por não possuírem interesse
agrícola. Ocupam áreas de relevo suave
ondulado a forte ondulado, sob vegetação
de floresta ou cerrado.
São solos medianamente profundos, forma-
dos por uma mistura de partículas mineralógi-
cas finas (argila, silte e areia) e concreções
de diversos diâmetros, que na maioria dos
casos representam o maior volume da
massa do solo.
O horizonte A possui espessura média em
torno de 20 cm e apresenta-se escurecido
pela matéria orgânica.
Não há nenhum tipo de possibilidade de
uso agrícola, pois a baixa fertilidade e a
ocorrência acentuada de concreções lateríticas
impede qualquer tipo de uso.
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10.2 MEIO BIÓTICO
Á área do Projeto Serra Leste pode ser dividida em áreas florestais e não florestais, estandonessa última as áreas de vegetação sobre canga (savana metalófila), a qual se apresentana Área de Influência Direta – AID e Área Diretamente Afetada – ADA, do Projeto SerraLeste, caracterizando-se por ocorrer em partes mais altas de algumas serras. Em toda aárea do Projeto Serra leste predominam pastagens formadas por capim “brachiarão”.Encontra-se algumas áreas onde inicia-se o processo de regeneração da vegetação nativa,chamados de juquiras. A vegetação nativa remanescente resta apenas em fragmentosisolados em meio às pastagens. Observa-se algumas grandes árvores remanescentes dafloresta original.
Pastagem formada por braquiarão, existente em toda a área do Projeto Serra
Leste
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FIGURA 10.21: Juquira em estágio avançado de regeneração.
FIGURA 10.23: Vegetação característica de Savana Metalófila
FIGURA 10.22: Árvore de grande porte de
angelim , remanescente da floresta original
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FIGURA 10.24: Riacho de pequenasdimensões no interior da mata
FIGURA 10.25.: Lagoa sobre canga,com gado pastando em suas margens
Na AID existem pequenos cursos d’água de cabeceira de pequenas dimensões
(largura e profundidade), muitos deles, no todo ou em parte, não fluem o ano todo.
Observa-se pastoreio de gado em quase toda a ADA e grande parte da AID.
Pequenos lagos e brejos naturais e pequenas barragens construídas por fazendeiros
encontram-se presentes na área do projeto.
Com relação ao empreendimento, duas áreas de florestas merecem destaque. A
primeira delas corresponde a um pequeno remanescente localizado nas
proximidades da cava oeste e a segunda localiza-se nas imediações do pátio de
embarque, mais especificamente em seu quadrante leste.
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10.2.1 Flora e Vegetação Terrestre
Os levantamentos de Flora da ada do
Projeto Serra Leste indicam a presença
de 37 espécies de plantas, nas áreas de
capões arbóreos, conforme apontado
na Tabela 10.1. Nas áreas de canga
foram encontradas 40 espécies.
TABELA 10.1COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DOS CAPÕES ARBÓREOS
Nome Vulgar
Orelha-de-negro Louro-amarelo Burra-leiteita Tatapiririca
Ingá-vermelho Itaúba Paricarana Envira-preta
Mimosa-da-canga Matá-matá-vermelho CumarúAraracanga
Cumatê Matamatá-branco PassarinheiraSucuba
Murta Muruci Uxirana Bacaba
João-mole Miraúba Lacre Pará-pará
Tachi Ajará SupiaranaFreijó-branco
Tamanqueira Marupá UvaranaAmarelão
Abiu da canga Acácia BacuriranaEmbaúba-bran-
ca
Abiu-rosadinho
Nome Vulgar
Capim elefi de Canela de jacamim Mucuna da Canga Caju-da-canga
Paspalum Murici da Canga Lírio Tatapiririca
Maria-preta Malva Canela de Ema Antúrio
Laranjinha Rabo de Arara Sobralia Aspila
Abiu da Canga Quaresmeira Maniva de viado Vernonia
Ajará Mimosa acutistipula Murta Cipó
Burra leiteira Apuí Erva da canga Ipê da Canga
Clitória Pitanga João-moleAbacaxi-de-ra-
posa
Crotalária Cumatê Pau-de-cobraPata de Vaca da
Canga
Ipomea Supiarana Camuça Embaúba-branca
ESPÉCIES AMOSTRADAS NA VEGETAÇÃO DE CANGA DE SERRA LESTE,
CARAJÁS/PA -10.2.2
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Fauna
10.2.2.1 Herpetofauna (Cobras,
Lagarto, Rãs,Sapos)
Os levantamentos da fauna de anfíbios e
répteis da área do Projeto Serra Leste foi
feita em ambientes às margens de riachos,
em trilhas abertas em meio à mata e ao
redor da lagoa de canga existente na AII do
projeto. Entrevistou-se também moradores
da região buscando-se informações da
herpetofauna ocorrente na área.
Foram relacionadas 12 espécies de
anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas),
sete espécies de serpentes, quatro de
lagartos, uma de teiú e uma de jacaré
para a ADA do empreendimento.
Encontrou-se na ADA/AID do Projeto Serra
Leste exemplares da ranzinha da espécie
Pseudopaludicola canga, espécie que só
ocorre em ambientes de canga.
Chironius scurrulus Bufo marinus
Leptodactylus ocellatus
Hypsiboas multifasciatus Scinax ruber
Dendropsophus marmoratus
ESPÉCIES DE HERPETOFAUNA AMOSTRADA EM SERRA LESTE
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Ninho de espuma contendo desova
de Physalaemus cuvieri
Macho de Physalaemus cuvierivocalizando
Phyllomedusa hypocondrialis
Polychrus marmoratus
Amplexo de Scinax fuscovarius
Tropidurus oreadicus Mastigodryas boldaert
FIGURA 10.26 Mosaico deImagens da Herpetofauna
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10.2.2.2 Avifauna ( AVES )
A avifauna da região do Projeto Serra Leste foi amostrada em
diferentes ambientes, no início das manhãs e fins de tarde. O
método utilizado foi a observação, o que possibilitou a
identificação das aves sem que se capturasse nenhum indivíduo.
Em geral, a composição da paisagem da ADA e AID é um mosaico
de ambientes florestais, campestres, úmidos e
rochosos e favorece a manutenção de uma alta riqueza de aves,
sendo registradas 200 espécies.
Quinze espécies de aves foram encontradas em período
reprodutivo, conforme dados apresentados na Tabela 10.3.
TABELA 10.3 ESPÉCIES DE AVES DO PROJETO SERRA LESTE ENCONTRADAS EM PERÍODO REPRODUTIVO
Espécie Observações
Rabo-branco-rubro Com ninho ativo no teto de palhoça
Arapaçu-de-garganta-amarela Com ninho ativo em oco de árvore seca
Choca-bate-cabo Fêmea com 2 ovinhos em ninho ativo
Papa-taoca Ninho ativo com 2 ovinhos
Ferreirinho-pintado 3 ninhos ativos ao lado de vespeiro
Ferreirinho-estriado Com ninho ativo ao lado de vespeiro
Bem- te-vizinho-de-asa-ferrugínea Com ninho ativo
Japu-preto Com 3 ninhos ativos em árvore alta
Andorinhão-de-coleira Com ninho ativo no teto de palhoça
Bacurau-negro Casal com fi lhotinho começando a voar
Bem-te-vi-rajado Com ninho ativo
Sabiá-barranqueiro Com ninho ativo com 2 ovinhos
Xexéu Com raminho no bico para confeccionar ninho
Quiri-quiri Com raminho no bico para confeccionar ninho
Andorinha-doméstica-grandeCom ninho ativo em grutinha sob a estrada, com poço d’água, junto a outros ninhos ativos de an-dorinhões (Apodidae)
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Três espécies que só ocorrem na região de ameaçadas de extinção foram encontradas na
área do Projeto Serra Leste: Jacamim-de-costas-verdes, udu-de-coroa-azul, arapaçu-pardo.
Sete espécies localmente raras também foram encontradas: anambé-branco-de-rabo-preto,
jacu-de-cocuruto-branco, jandaia-de-testa-vermelha, pato-do-mato, falcão-peregrino,
sabiá-ferrugem, maçarico-solitário.
Jacu-de-cocuruto-branco (Penelopepileata), (Autoria: Leonardo Vianna da
Costa e Silva).
Gemedeira (Leptotila rufaxilla), (Autoria:
Luzimara Fernandes Silva Brandt).
Fêmea de pipira-preta (Tachyphonus
rufus), (Autoria: Luzimara Fernandes Silva
Brandt).
Curiango (Nyctidromus albicollis),(Autoria: Luzimara Fernandes Silva
Brandt).
Quiri-quiri (Falco sparverius (Autoria:Luzimara Fernandes Silva Brandt).
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Pula-pula (Basileuterus culicivorus),
(Autoria: Luzimara Fernandes Silva
Brandt).).
Bico-de-agulha-de-rabo-vermelho
(Galbula ruficauda (Autoria: Luzimara
Fernandes Silva Brandt).
Maracanã-nobre (Diopsittaca nobilis),
(Autoria: Luzimara Fernandes Silva
Brandt).
Indivíduos imaturos do gavião-bom-
bachinha (Falco femoralis) (Autoria:
Carlos Eduardo Alencar Carvalho).
Japacamim (Donacobius atricapillus),
(Autoria: Luzimara Fernandes Silva
Brandt).
Macho imaturo de tesourão
(Eupetomena macroura (Autoria:
Luzimara Fernandes Silva Brandt).
Macho imaturo de tesourão
(Eupetomena macroura (Autoria:Luzimara Fernandes Silva Brandt).
Sebinho-de-olho-de-ouro (Hemitriccus
margaritaceiventer),(Autoria: LuzimaraFernandes Silva Brandt).
Macho imaturo de tiziu (Volatinia jacari-
na), (Autoria: Luzimara Fernandes SilvaBrandt).
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A ocorrência de constantes desmatamentos e queimadas e a
intensa caça clandestina podem ser os principais eventos a
afetarem as populações de todas estas espécies, levando à sua
escassez regional. Deve-se ressaltar que ações predatórias foram
diariamente flagradas em campo, estando os caçadores portando
armas de fogo e embornais repletos de animais silvestres abatidos.
Foi ainda comum encontrar armadilhas (arapucas e gaiolas) e
cevas, visando a captura das aves. É, inclusive, intenso o
fornecimento de exemplares de aves, em grande número, para
vendas clandestinas em outros municípios, tanto paraenses,
quanto de outras regiões do Brasil. Entre elas, o curió,
especialmente, vem desaparecendo na região de estudo, por ser o
principal alvo local de coletas clandestinas de exemplares. .
10.2.2.3 Mastofauna ( Mamíferos)
A presença de mamíferos na área foi identificada através de entre-
vistas com moradores, capturas e coletas de exemplares e pela
observação de sinais, como pêlos, fezes, pegadas ou sons emitidos
(vocalizações). Trinta e quatro espécies de mamíferos foram levan-
tadas na área do Projeto Serra Leste, conforme a Tabela 10.4.
TABELA 10.4.RELAÇÃO DE MAMÍFEROS DA ÁREA
Nome Vulgar Forma de Registro Nome Vulgar Forma de Registro
Gambá, mucuraEntrevistas, armadilha fotográfi ca
Jaguatirica Entrevistas
Catita Entrevistas Gato maracajá Captura
Preguiça Entrevistas Onça parda, onça preta Entrevistas
Tamanduá mirim Entrevistas Onça parda, suçuarana Entrevistas
Tatu do rabo moleEntrevistas Irara, papa mel Entrevistas
Tatu galinha pequeno Entrevistas Furão Entrevistas
Tatu canastra Entrevistas Coati Entrevistas
Sauim Entrevistas Guaxinim, mão pelada Entrevistas
Bugio, guariba, capelão Entrevistas Anta Vocalização
Zogue-zogue, sauá Pegadas Queixada, porco do mato Entrevistas
Macaco prego Entrevistas Caititú Entrevistas
Cuxiú Entrevistas Veado mateiro Entrevistas
Macaco de cheiro, mão dourada Visualização Rato do mato Entrevistas
Macaco da noite CapturaOuriço caixeiro, porco, espinho
Entrevistas
Raposa Entrevistas
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Nome Vulgar
Tatu canastra
Caxiú
Gato maracajá
Onça, onça pintada
Das espécies que ocorrem na área do
Projeto Serra Leste, quatro aparecem na
lista de animais ameaçados de extinção no
Estado do Pará, lançada pelo IBAMA/MMA
(2003), conforme consta na tabela 10.5.
Nenhuma dessas espécies foram
encontradas diretamente ou seus vestígios
durante os levantamentos, tendo sido
citadas durante as entrevistas com a
população.
Por apresentarem problemas deidentificação, foram coletados e enviados
para identificação precisa, um espécimede rato da espécieProechimys sp (ratos). eum da espécie Bolomys lasiurus (ratos).Este último foi o único mamífero
registrado na savana metalófila.
TABELA 10.5RELAÇÃO DE MAMÍFEROSAMEAÇADOS DE EXTINÇÃO DAÁREA
FIGURA 10.28 Mosaico de Imagens de
Mamíferos
Cuíca Marmosops parvidens
Rato Bolomys lasiurus,
Rato Proechimys sp.,
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10.2.2.4 Ictiofauna ( Peixes)
A ictiofauna foi amostrada em
pequenos riachos e igarapés, com
pequena largura e profundidade, que
na sua maioria são intermitentes (secam
ao longo do ano) e também na lagoa
sobre canga presente na AID do Projeto
Serra Leste
Na ADA/AID do Projeto Serra Leste
foram encontradas dez espécies de
peixes. Observa-se que apenas a cará
(Laetacara curvicep)s foi encontrada na
lagoa sobre canga.
Para as amostragens de peixes, utilizou-
se rede de arrasto tipo picaré com
malha 2,5 cm, rede de arrasto de tela
mosquiteira com malha 2 mm, peneiras,
tarrafa com malha de 3 cm e um
pequeno covo (jequi), além de redes de
emalhar, na lagoa sobre canga.
Excetuando-se o trairão ou tariputanga,
todas as espécies encontradas são de
pequeno porte, em razão dos
ambientes apresentarem pequenas
dimensões.
FIGURA 10.29 Aspecto típico dos ambientes de coleta emriachos ou igarapés
FIGURA 10.30: Lagoa em Ambiente sobre Canga (AID)
amostrada para ictiofauna
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FIGURA 10.31 Mosaico de Imagens de Peixes
Aequidens aff. tetramerus Ancistrus sp
Creagrutus aff. britskii Cteniloricaria sp.
Hemigrammus aff. lunatus Hoplias gr. lacerdae
Laetacara curviceps Micropoecilia sp.
A presença de pequenos crustáceos,
como camarões e caranguejos, em
alguns cursos d’água de interior de
mata (figura 10.32) demonstra que os
ambientes possuem boa qualidade
ambiental.
FIGURA 10.32 Caranguejo
coletado em córregos da AID
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10.2.2.5 Qualidade de Águas e Aspectos Limnológicos
Qualidade de Águas
A qualidade de águas na área do Projeto Serra leste foi avaliada
mediante coletas realizadas na bacia do Rio Sereno, durante a
estação chuvosa. Avaliou-se a qualidade de águas tendo como
referência a Resolução CONAMA 357/05. Os resultados aparecem
nos gráficos que se seguem, acompanhados de um breve
comentário.
GRÁFICO 10.1: pH
A presença de um curral próximo ao ponto AS01, do qual foram carreadas fezes pela água de chuva, podem ter alterado o pH.
GRÁFICO 10.2: Turbidez
As chuvas ocorridas no momento da coleta podem ter ocasionado um aumento na turbidez nos pontos AS04, AS05 e AS06.
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GRÁFICO 10.3 Cor
GRÁFICO 10.4 Manganês Total
Ferro e manganês apresentam as mesmas causas para não-conformidades. Para os pontos AS02, AS04 e AS06, as condições geológicas
determinaram as não-conformidades, já para o ponto AS05, a drenagem das águas da cava de Serra Pelada parecer ser a razão dos resultados.
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GRÁFICO 10.6 Oxigênio Dissolvido – OD
GRÁFICO 10.7 Coliformes Fecais
A relação entre baixo Oxigênio Dissolvido e alto índice de
Coliformes Fecais indica a contaminação das águas por
esgotos domésticos. Vale ressaltar que não existem sistemas
de coleta e tratamento de esgotos na região, sendo estes
lançados em fossas negras ou diretamente nos cursos d’água.
GRÁFICO 10.8 Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO
Os baixos valores de DBO, embora dentro dos limites legais
em quase todos os pontos a despeito dos valores de OD eColiformes Fecais indicarem a contaminação das águas poresgoto doméstico, não sugerem essa comunicação.
Acredita-se ter havido erro em uma das fases de coleta /armazenamento / análise das amostras. Espera-se obtençãode dados confiáveis durante o monitoramento a ser execu-tado ao longo da vida útil do empreendimento.
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10.3 Meio Socioeconômico
10.3.1 -Formação Socioeconômica
A forma como formaram os municípios da Área de Influência
Direta do Projeto Serra Leste, Curionópolis, e da Área de Influência
Indireta, Marabá e Parauapebas, tem refle-xos na dinâmica socioe-
conômica dos dias atuais. A mineração foi a responsável pela
emancipação dos municípios de Curionópolis e Parauapebas.
A implantação dessa atividade fez parte de um conjunto de inicia-
tivas do governo federal que tinha como objetivo a ocupação do
território amazônico. Também fizeram parte desse conjunto de
iniciativas a abertura de estradas (tanto rodovias, como a ferrovia
Ferro Carajás) e a instalação da usina de geração de energia de
Tucuruí. Além disso, houve incentivos para a implantação de
indústrias e de atividades como a extração de madeira e a
agropecuária.
Curionópolis é um caso a parte, pois a atividade que se instalou
nesse município foi a garimpagem, que teve como características
específicas o uso intensivo de mão de obra e a forma desigual de
relação entre garimpeiros, “donos de cava” e compradores do pro-
duto extraído.
Durante a década de 80 foi muito marcante a imagem do
“formigueiro humano” em que se constituiu o garimpo de
ouro de Serra Pelada. O sonho de enriquecimento fácil e
rápido atraiu um grande contingente populacional para essa
área. Entretanto, as condições cotidianas do garimpo
contrastavam fortemente com a sonhada melhoria das
condições de vida.
O resultado das ações federais foi a rápida ocupação do território
de Marabá, Parauapebas e Curionópolis. A população estabeleceu-
se, sobretudo, em área urbana, que, no geral, não recebeu investi-
mentos suficientes para garantir o adequado assentamento dessa
população. Em 2005, a taxa de urbanização da população de
Marabá e Parauapebas ultrapassa os 80%; em Curionópolis, essa
taxa é menor, 70%. A figura 10.3.1 mostra a distribuição da popu-
lação nos municípios citados.
A cidade de Marabá foi fundada no início do século XX. Mas, devi-
do à baixa ocupação da região, essa cidade era apenas pequeno
aglomerado urbano. No ano de 1970 a população de Marabá era
de, aproximadamente, 24 mil habitantes; em 2005, essa população
saltou para cerca de 196 mil habitantes. Ou seja, em 35 anos, a
população cresceu 8 vezes o seu tamanho original. Isso resultou
em uma de uma das maiores taxas de crescimento do Brasil, o que
é perfeitamente compatível com a consolidação da abertura dessa
região para a ocupação humana.
Parauapebas foi, juntamente com Curionópolis, emancipada de
Marabá em 1988. O Censo Demográfico de 1991 registrou uma
população de 53 mil habitantes. A mesma fonte registrou, em
2005, uma população de 92 mil habitantes, o que significa quase a
duplicação da população num intervalo de tempo de 14 anos.
Ressalte-se que antes mesmo da emancipação, já havia um
número considerável de pessoas que haviam se instalado nas
proximidades do portão de acesso ao projeto minerário de Ferro
Carajás. Foi essa aglomeração que deu origem ao núcleo urbano
de Parauapebas, que, mais tarde, tornou-se a sede do município
de mesmo nome.
Conforme dito anteriormente, Curionópolis foi fundada a partir do
garimpo de Serra Pelada. O núcleo urbano, mais tarde transforma-
do em sede municipal, foi fundado à margem da rodovia PA-275 e,
inicialmente, era apenas um apoio à vila de Serra Pelada, que havia
sido constituída junto ao garimpo. O estabelecimento de dois
núcleos distintos (figura 10.3.2) em torno da atividade de garim-
pagem em Serra Pelada tem como motivos: a localização da cava
em área de acesso difícil, quase que isolada dos principais núcleos
urbanos da região, e a proibição da entrada de pessoas não auto-
rizadas no garimpo. Dessa maneira, foi no núcleo de Curionópolis,
que à época era chamando de km30, onde se estabeleceram os
familiares dos garimpeiros, os migrantes recém-chegados, que
esperavam autorização para trabalhar no garimpo, e as atividades
de apoio, tais como bares, agências bancárias e pensões.
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Figura 10.3.1 - Núcleos Urbanos da Área de Influência Direta do Projeto Serra Leste
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Figura 10.3.2 - Municípios da empresa de Inserção do Projeto Serra Leste - PopulaçãoTotal e Índice de Desenvolvimento Humano.
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10.3.2 Dinâmica Populacional
Dados não oficiais estimam que a popu-
lação dessas localidades chegou a atingir
80 mil habitantes no auge da exploração
de Serra Pelada, entre os anos de 1983 e
1986. Em 1991, dados do Censo registram
uma população menor, de cerca de 39 mil
habitantes; em 2005, a população é ainda
menor, cerca de 15 mil habitantes.
Portanto, ao contrário dos municípios da
Área de Influência Indireta, a população de
Curionópolis diminuiu entre 1991 e 2005,
chegando a menos da metade no final do
período analisado. Os gráficos 10.3.1 e
10.3.2 mostram a dinâmica populacional
em Marabá, Parauapebas e Curionópolis
entre 1970 e 2005.
Fonte: IBGE, Censo Demográfico (1970, 1980, 1991 e 2000), Contagem Demográfica (1996) e Estimativa (2005).
Fonte: IBGE, Censo Demográfico (1970, 1980, 1991 e 2000),Contagem Demográfica (1996) e Estimativa (2005).
GRÁFICO 2 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA E RURAL DE 1970 A 2005
GRÁFICO 10.3.1 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO TOTAL DE 1970 A 2005
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10.3.3 Emprego
Parauapebas empregava 17.178 trabalhadores com carteira em dezembro de 2004. O cruzamento dos dados entre a população com emprego formal e população economi-camente ativa (PEA) mostra que aproximadamente 56% da PEA de Parauapebas encontra-va-se empregada com registro em carteira. Esse percentual pode ser considerado elevadoquando comparado com os outros municípios: 50% em Belém, 33% em Marabá e 18%em Curionópolis. Ver tabelas 10.3.1 e 10.3.2.Esse elevado percentual de emprego formal em Parauapebas é em parte reflexo da par-ticipação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) no mercado de trabalho local, istoporque além de manter apenas mão-de-obra formal, os fornecedores e prestadores deserviços da CVRD acabam sendo induzidos a também manter.
A participação da indústria extrativa no emprego de Parauapebas é de 11%, a indústria daconstrução civil chega a 21% do emprego, no entanto o maior empregador é o setorpúblico, com 28,6%. Merece destaque o elevado número de pessoas empregadas no segmento de prestação de serviços imobiliários (incorporação, vendas, locação etc.):12.139 trabalhadores, na Tabela 10.3.2. esse dado está agrupado com o segmento deintermediação financeira. Esse elevado índice de emprego se deve à significativa partici-pação da indústria da construção civil em Parauapebas, o que também pode estar rela-cionado às atividades da CVRD na região.
Em Marabá, 36% dos 22.000 trabalhadores com registro em carteira está no grupo “comér-cio, alojamento, alimentação, transporte e comunicações”. A quantidade de trabalhadores
no comércio é inferior apenas ao observado na capital e em Ananindeua. A indústria detransformação absorve 21% da mão-de-obra formal, ou 4.569 trabalhadores (o quarto
município do Pará que mais emprega nesse setor).
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Estado do Pará
e Municípios
Agricultura, Pecuária, Silvicul-
tura e Pesca
Indústrias Extrativas
Indústrias de
Transformação
Eletricidade,
gás e água
Construção
Civil
Curionópolis 780 0 53 2 9
Parauapebas 191 1.903 44728
3.618
Ourilândia do Norte171
63 1260 0
Canaã dos Carajás 191 0 922
353
Eldorado dos Carajás 53 0 178 1 0
Marabá 1.280 107 4.569 290 812
Belém 2.517 58 15.051 2.467 11.498
Pará 31.510 4.432 86.047 4.517 29.774
Estado do Pará
e Municípios
Comércio, aloja-mento, alimentação,
transporte, comunicações
Intermediação fi nanceira, segu-
ros, atividades imobiliárias
Administração
Pública, defesa e
seguridade
social
Educação,
Saúde e outros
serviços
TOTAL
Curionópolis 61 4 308 19 1.236
Parauapebas 2.900 2.191 4.899 981 17.158
Ourilândia do Norte 65 0 555 74 1.054
Canaã dos Carajás 266 91 533 84 1.612
Eldorado dos Carajás 156 0 293 0 681
Marabá 7.931 1.422 4.445 1.144 22.000
Belém 70.607 34.244 113.720 36.368 286.530
Pará148.417 51.748 222.851 56.197 635.493
Fonte: RAIS/2004 (Ministério do Trabalho e Emprego).
Fonte: RAIS/2004 (Ministério do Trabalho e Emprego).
TABELA 10.3.2. - NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS POR SETOR DE ATIVIDADE EM 31/12/04
TABELA 10.3.1 - NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS POR SETOR DE ATIVIDADE EM 31/12/04
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Embora a RAIS propicie um panorama detalhado do trabalho formal nos municípios,sabe-se que a formalidade engloba apenas um segmento do mercado de trabalho. Demodo a obter o perfil da população economicamente ativa e, principalmente, da popu-lação ocupada (POC) na Área de Influência Indireta (AII) será apresentado um levanta-mento que tem por base o Censo Demográfico 2000 do IBGE
Os dados apresentados na tabela 10.3.3 mostram a distribuição da população ocupadapor posição na ocupação e a categoria no trabalho principal em 2000. Os dados mostramque entre os três municípios analisados, Curionópolis apresenta-se com o de menoríndice da variável analisada.
Posição na OcupaçãoCurionópolis Parauapebas Marabá
POC % POC % POC %
Empregados 3.363 57,12 17.898 68,63 36.993 63,17
• Com carteira de trabalho assinada(1) 456 13,56 7.448 41,61 10.762 29,09
• Militares e func. públicos estatutários 472 14,04 2.235 12,49 6.353 17,17
• Outros sem cart. de trabalho assinada(2) 2.435 72,41 8.214 45,89 19.878 53,73
Empregadores 95 1,61 776 2,98 1.814 3,10
Conta própria 1.736 29,48 49.94 19,15 14.931 25,50
Não remunerados em ajuda a membro do domicílio
328 5,57 1014 3,89 2.052 3,50
Trabalhadores na produção para o próprio consumo
367 6,23 1.396 5,35 2.771 4,73
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000, elaboração SEPOF/DIEPI/GEDE.
(1) Inclusive os trabalhadores domésticos; (2) Inclusive os aprendizes ou estagiários sem remuneração.
TABELA 10.3.3 - DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO OCUPADA POR POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO E A CATEGORIA NO TRABALHO
PRINCIPAL EM 2000
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10.3.4 Economia
Segundo dados do IBGE para 2002, a dinâmica econômica de cada um dos municípios daárea de influência de Serra Leste é diferente. Marabá possui uma economia diversificada,sendo um centro regional de prestação de serviços que conta, também, com um setorindustrial bastante significativo. Parauapebas, por sua vez, possui um PIB maior que o deMarabá e é a quinta maior economia do Pará (atrás de Belém, Barcarena, Ananindeua eTucuruí). A economia de Parauapebas é dinamizada pela indústria extrativa mineral, quealém de gerar grande parte dos 78% do PIB municipal relativos à indústria, dinamiza osetor de serviços tanto em função da demanda direta dessa atividade, quanto em funçãoda demanda dos trabalhadores que estão empregados nessa atividade. O PIB per capitaem Parauapebas é de R$ 10,9 mil, valor bastante superior à média do estado do Pará (R$3,7 mil) e ao dos outros dois municípios da área de influência (cerca de R$ 3,8 mil, tantoem Curionópolis como em Marabá).
Já em Curionópolis, o setor de maior participação na economia local é o setoragropecuário, com contribuição de cerca de 62% do PIB municipal. Embora seja aatividade mais importante do município, a produção agropecuária de Curionópolisnão é muito expressiva no contexto regional, já que, em valores absolutos, elagerou, em 2002, R$ 34 mil. Em Parauapebas e Marabá, municípios em que aagropecuária é a atividade menos relevante, no mesmo ano, ela gerou, respectiva-mente, R$ 39 mil e R$83 mil.
Em Parauapebas e Marabá, dados do IBGE e Ministério da Fazenda informam que a receitaorçamentária de 2003 foi de, respectivamente, R$ 127 milhões e R$ 95 milhões.
Contrastando com esse panorama, a receita de Curionópolis foi muito menor (cerca de R$ 9 milhões). Grande parte dessa receita vem de transferências federais e estaduais, que
correspondem a 84% do total de receita de que o município dispõe. Em relação a com-posição da despesa orçamentária de Curionópolis, verifica-se que apenas 10% é revertido
em investimentos. Isso significa que, a cada R$ 3,54 despendido com folha de pagamen-to, o município investe R$ 1,00. Em Marabá essa relação é de R$ 2,67 / R$ 1,00 e, em
Parauapebas, R$ 1,92 / R$ 1,00.As tabelas 10.3.4 e10.3.5 mostram a composição da receita e despesa orçamentária de
Curionópolis em 2003.
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Curionópolis
em R$ em %
IPTU 1.160 0,01%
ISS 184.405 2,04%
Transferências da União 6.327.095 69,92%
• FPM 4.806.438 53,11%
Transferências do Estado 1.307.915 14,45%
Outros 1.228.778 13,58%
Total 9.049.353 100,00%
Curionópolis
em R$ em %
Capital 968.814 11,31%
Investimentos 863.056 10,08%
Pessoal e Encargos Sociais 3.056.401 35,69%
Outras Despesas 3.675.537 42,92%
Total 8.563.808 100,00%
Quanto à distribuição dos estabelecimentos empresariais entre ossetores, alguns dados merecem destaque: a pequena quantidade
de estabelecimentos das indústrias extrativas (3) e da construção(45) em Parauapebas, a despeito do elevado número de emprega-dos nesses setores. No caso da construção civil, por exemplo, cada
estabelecimento da Parauapebas emprega uma média de 80 tra-balhadores, enquanto que em Canaã dos Carajás, Marabá e Belémessa média é de 35, 18 e 20 trabalhadores, nessa ordem. As tabelas10.3.6 e 10.3.7 mostram o contexto da região de inserção doProjeto Serra Leste.
Fonte: IBGE / Ministério da Fazenda - STN (Registros Administrativos 2003).o Fundo de Participação do Município.
Fonte: IBGE / Ministério da Fazenda - STN (Registros Administrativos 2003).
TABELA 10.3.5 -COMPOSIÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA EM 2003
TABELA 10.3.4 - COMPOSIÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA EM 2003
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101
Estado do Pará
e Municípios
Agricultura, Pecuária, Silvicul-
tura e Pesca
Indústrias Extra-tivas
Indústrias de
Transformação
Eletricidade,
gás e águaConstrução Civil
Curionópolis 66 0 3 1 2
Parauapebas 56 3 41 1 45
Ourilândia do Norte 36 1 7 0 0
Canaã dos Carajás 17 0 1 1 10
Eldorado dos Carajás 21 0 7 0 0
Marabá 238 6 142 5 45
Belém 217 5 674 14 580
Pará 4.609 63 3.179 211 1.188
Estado do Pará
e Municípios
Comércio, aloja-mento, alimenta-ção, transporte, comunicações
Intermediação fi nanceira, segu-
ros, atividades imobiliárias
Administração
Pública, defesa
e seguridade
social
Educação,
Saúde e out-
ros serviços
TOTAL
Curionópolis 15 1 1 3 92
Parauapebas 371 52 2 84 655
Ourilândia do Norte 28 0 2 5 79
Canaã dos Carajás 56 5 2 9101
Eldorado dos Carajás 17 1 0 2 48
Marabá 858 114 4170
1.582
Belém 6.328 2.203 1382.298
12.457
Pará 17.158 3.343 387 4.185 34.323
Fonte: RAIS/2004 (Ministério do Trabalho e Emprego).
Fonte: RAIS/2004 (Ministério do Trabalho e Emprego).
TABELA 10.3.7 - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR SETOR DE ATIVIDADE EM 31/12/04
TABELA 10.3.6 - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR SETOR DE ATIVIDADE EM 31/12/04
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102
10.3.5 Índice de Desenvolvimento Humano - IDH-M
Esses dados se refletem nos indicadores de saúde e educação,
assim como no número e perfil dos programas sociais. De uma
forma geral, houve um avanço estrutural nessas áreas o que já se
traduziu em melhoria dos índices desagregados de desenvolvi-
mento humano municipal. Vale a pena lembrar que a compo-
nente longevidade desse índice considera a esperança de vida ao
nascer e a componente educação considera a taxa de analfa-
betismo e o número de pessoas que freqüentam algum curso
escolar, seja em nível fundamental, médio ou superior. A escala do
IDH-M é de zero a um, sendo que os valores entre 0 e 0,49
indicam desenvolvimento humano baixo, entre 0,50 e 0,79, desen-
volvimento humano médio e entre 0,80 e 1,00, desenvolvimento
humano alto.
Em Parauapebas, entre 1991 e 2000, o IDH-M Longevidade apre-
sentou um aumento de 0.10 pontos; já o IDH-M Educação apre-
sentou um aumento de 0.13 pontos. Em Marabá, esses aumentos
foram de, respectivamente, 0.06 e 0.11 pontos. Em 1991, Marabá
possuía índices ligeiramente maiores do que Parauapebas; em
2000, a situação se inverte.
Em Curionópolis, esses índices aumentaram ainda mais que
em Parauapebas, sendo que o IDH-M Longevidade, 0.72, é o
maior dentre os municípios aqui analisados e está no mesmo
patamar que a média dos municípios do estado do Pará. O
IDH-M Educação de Curionópolis (0.77) é, entretanto, menor
do que o dos municípios de Parauapebas (0.84) e Marabá
(0.83) e é menor também que o da média dos municípios do
estado (0.81). Os dados do IDH-M podem ser observados na
figura 10.3.2.
Apesar da melhoria desses índices, a rede de serviços e equipamen-
tos de saúde e educação ainda tem deficiências. Pode ser destacada
a inexistência de leitos em CTI (centro de terapia intensiva) destina-
dos ao monitoramento dos pacientes em estado grave. Além disso,
a taxa de analfabetismo funcional, embora tenha diminuído em
relação à última década, ainda é alta - segundo dados de 2001,
cerca de 63% da população não estudou além da 4° série (3,71 anos
de estudo, em média). A tabela 10.3.9 mostra a freqüência à escola
no município de Curionópolis em 2000. Conforme salientado anterior-
mente, os dados mostram uma positiva evolução quando se com-
para os dados das duas décadas analisadas.
1991 2000
Taxa bruta de freqüência à escola 49,89 84,81
Taxa bruta de freqüência ao superior 0 1,24
Percentual de pessoas de 25 anos ou mais freqüentan-do curso superior
0,00 0,26
Taxa bruta de freqüência ao ensino médio 5,41 33,97
Percentual de adolescentes de 15 a 17 anos que estão freqüentando o ensino médio
0,84 9,59
Taxa bruta de freqüência ao fundamental 86,57 139,02
Percentual de crianças de 7 a 14 anos que estão freqüentando o curso fundamental
59,99 87,36
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,2003, elaborado por Diagonal Urbana, 2006.
TABELA 10.3.9 - MUNICÍPIO DE CURIONÓPOLIS - Freqüência à escola - 2000
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103
10.3.6 Saúde
A esperança de vida ao nascer em Curionópolis aumentou em 7,3
anos desde 1991, chegando a 68,2 anos em 2000. Dentre os
municípios da região, esse valor é o que mais se aproxima da
média estadual (69,9 anos), sendo, no entanto, mais baixo do que
o de Belém (70,50 anos), mas maior do que Marabá e Parauapebas.
A mortalidade no município Curionópolis, segundo dados do
Sistema de Informações sobre Mortalidade (MS/SIM: 2006) para o
ano de 2003, é da ordem de 5,20 óbitos por mil habitantes, seme-
lhante à de Marabá (5,15 óbitos/mil habitantes), mas superior à de
Parauapebas (4,65 óbitos/mil habitantes). Paralelo ao processo de
perda de população, o município vive um processo de aumento
da mortalidade em números absolutos, cujo ápice foi em 2001;
esse duplo movimento tem elevado a taxa de mortes por mil
habitantes. A tabela 10.3.10 mostra esses dados para os anos de
1991 a 2003.
ANO POPULAÇÃO ABSOLUTA (1) ÓBITOS (2) ÓBITOS/MIL HABITANTESl
2003 17.110 89 5,20
2002 17.863 82 4,59
2001 18.559 101 5,44
2000 19.486 74 3,80
1999 21.743 72 3,31
1998 22.416 69 3,08
1997 23.085 73 3,16
1996 23.87 53 2,22
1995 31.611 15 0,47
1994 30.939 39 1,26
1993 30.246 41 1,36
1992 26.597 47 1,77
1991 38.672 62 1,60
Fonte: (1) IBGE, elaborado por SEPOF/DIEPI/GEDE, 2005. Para os anos intercensitários, utilizou-se estimativa elaborada pelo DATASUS, Ministério da Saúde, 2006.(2) Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Ministérios da Saúde, 2006.
TABELA 10.3.10 - CURIONÓPOLIS - Indicador de mortalidade: Óbitos por mil habitantes 1991 A 2003
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104
Os principais diagnósticos de óbitos ( Tabela10.3.11) ao longo doperíodo 1991-2003 são por causas externas, por doença nos apare-lhos circulatório ou respiratório, por distúrbios endócrinos, nutri-cionais ou metabólicas, por afecções originadas no período perinatale por doenças infecciosas ou parasitárias. Digno de nota é o fato deo número absoluto de mortes por causas externas ter se mantidoconstante no período analisado (cerca de 10 registros por ano).
Para o último ano da série, nota-se que causas externas são osegundo maior fator de mortalidade no município dentre ascausas conhecidas (17% dos óbitos registrados). Seu grau deincidência é similar à média nacional, assim como o padrão deincidência com particular intensidade sobre a população jovem(entre 15 e 49 anos). A causa de morte mais comum, entretanto,
é a relacionada com doenças no aparelho circulatório, sendoresponsável por 40% da mortalidade do total da população deCurionópolis. Com especial incidência sobre a população maisidosa (acima de 65 anos), as doenças cardíacas, hipertensivas, vas-culares ou arteriais são também causa relevante dos óbitos entre apopulação adulta (entre 20 e 64 anos).
Ressalte-se que esses dados são oriundos dos Sistemas deInformações de Saúde e referem-se a casos notificados (tabela 10).No entanto, é notória a existência, em estados como o Pará, decasos não-registrados, sobre os quais não há mensuração capazde balizar os dados oficiais..
Grupo de CausasMenor 1 ano
1 a 4 anos
5 a 9
anos
10 a
14
anos
15 a
19
anos
20 a 49
anos
0 a 64
anos
65 ou
mais
anos
Con-
strução
Civil
I.Algumas doenças infecciosase parasitárias
11,1 100 9,1 9,1 3,8 7,7
II. Neoplasias (tumores) 9,1 9,1 7,7 6,2
IX. Doenças do aparelho circulatório 20.0 27,3 27,3 73,1 40,0
X. Doenças do aparelho respiratório 22,2 9,1 9,1 11,5 10,8
XVI. Algumas afecções originadas no período perinatal
33,3 4,6
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade
40.0 100 45,0 27,3 16,9
Demais causas defi nidas 33,3 40.0 18,2 3,8 12,3
Total por faixa etária A 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Ministério da Saúde, 2006, elaborado por Diagonal Urbana, 2006.
(A) O total exclui os óbitos por causa não definida
TABELA 10.3.11 - CURIONÓPOLIS - Mortalidade proporcional (%) por faixa etária segundo grupo de causas (CID10) - 2003
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Pode-se observar que no ano de 2003, a incidência de
doenças do aparelho circulatório como causa de mortalidade
(37,68%) é significativamente maior em Curionópolis do que
no estado do Pará (21,76%) e do que no Brasil como um todo
(30,26%). A mortalidade por doenças do aparelho respi-
ratório e as doenças infecciosas e parasitárias não difere em
Curionópolis do restante do país. Por outro lado, a mortali-
dade por causas mal definidas (25,81%) é mais do que o
dobro do país como um todo (12,88%), o que pode significar
uma fragilidade no sistema de registros ou da atividade de
caracterização da causa mortis. Os problemas ao nascer que
tenham levado à morte, também no ano de 2003, parecem ser
significativamente menores em Curionópolis do que no estado
do Pará e no Brasil, respectivamente 5,80%, 11,11% e 14,88%.
Segundo dados do Sistema de Nascidos Vivos e do Sistema de
Informações sobre Mortalidade (MS/SINASC: 2006 e MS/SIM: 2006)
a taxa de mortalidade infantil registrada em Curionópolis, no ano
de 2003, foi de 20,45 óbitos infantis por mil nascidos vivos. A situação
do município é mais favorável que a da média do estado (23,09
por mil nascidos vivos); observa-se, entretanto, que o município
ainda possui taxa de mortalidade infantil superior à média
nacional (18,91 por mil nascidos vivos). As principais causas de
morte de menores de 1 ano estão relacionadas à pneumonia,
complicações cardiovasculares, insuficiência respiratória ou asfixia
ao nascer. Assim como no restante do estado do Pará, em
Curionópolis, o percentual de partos naturais é bastante alto, cor-
respondendo a praticamente 3/4 dos partos realizados.
A situação precária do município no que diz respeito ao nível de
desenvolvimento socioeconômico e às condições de diagnóstico e
tratamento dos sintomas respiratórios tem contribuído para a alta
incidência da tuberculose. A cobertura imunológica, outro fator deter-
minante dessa morbidade, tem sido ampliada constantemente desde
1994, quando a vacina BCG passou a ser aplicada rotineiramente.
A infecção concomitante pelo HIV (AIDS) também pode resultar
em aumento da morbidade por tuberculose. Em Curionópolis, não
há dados precisos sobre soro-positivos, pois esse ainda é um
assunto de difícil abordagem.
O Governo Federal, através do Ministério da Saúde, mantém no
município um programa destinado a jovens, adultos e grupos de
risco, para identificação e tratamento de doenças sexualmente
transmissíveis, incluindo, em especial, a AIDS, com atendimento
médio de 100 pessoas/mês. O atendimento aos soro-positivos é
feito em Parauapebas ou em Belém (que possui as melhores
condições de atendimento do estado).
A taxa de prevalência de hanseníase no Pará é considerada muito
alta: em 2003, foram registrados 18,92 casos por 10 mil habitantes
(MS/SINAN: 2006). No município de Curionópolis, segundo dados
de 2005 (MS/SINAN: 2006), a taxa de prevalência dessa doença é
da ordem de 19,79 casos por 10 mil habitantes, ou seja, muito alta,
quase configurando uma situação de hiperendemia (quando há
mais de 20 casos por 10 mil habitantes). A Secretaria de Vigilância
em Saúde do Ministério da Saúde considera esse município como
prioritário para ações de controle e erradicação da doença com
capacitação de profissionais; a Prefeitura Municipal executa um
programa de diagnóstico, atendendo a cerca de 100 pessoas por
mês. Dos 2.602 casos acompanhados no ano de 2005, aproxi-
madamente 68% foram curados e 12% permanecem em trata-
mento poliquimioterápico.
As doenças infecciosas ou parasitárias (entre elas, tubercu-
lose, contaminação por HIV, hanseníase, malária e leishmaniose)
correspondem a aproximadamente 1/3 das causas de inter-
nação dos habitantes de Curionópolis, segundo dados do
Sistema de Informações Hospitalares (MS/SIH: 2006) para o
ano de 2005.
Note-se que são internações tanto no próprio município, quanto
em municípios adjacentes. Os jovens entre 20 e 29 anos e as cri-
anças entre 1 e 4 anos são os grupos mais atendidos para trata-
mento dessas doenças. A causa mais comum de internação é diar-
réia ou gastroenterite de origem infecciosa (49% do total de inter-
nações por doenças infecciosas ou parasitárias), e dengue (23% do
total). A malária foi registrada como causa para 16 internações,
sendo que a malária por Plasmodium vivax foi o tipo mais comum
(11 internações).
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106
Para o atendimento da população, segundo dados do Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (MS/CNES: 2006),
Curionópolis dispõe, em 2006, de 6 esta-belecimentos registrados,
sendo todos de responsabilidade administrativa direta da
Prefeitura Municipal. São 2 postos de saúde (do Jardim Panorama
e do Garimpo da Cotia), 2 centros de saúde (o Centro de Saúde
de Curionópolis e a Santa Casa de Misericórdia de Serra Pelada),
1 unidade de vigilância sanitária e 1 hospital geral (o Hospital e
Maternidade Elcione Barbalho). Este último realiza procedimentos
hospitalares de média complexidade, presta atendimento ambula-
torial de alta complexidade e possui atendimento contínuo (24
horas); já os demais realizam procedimentos de atenção básica e
atendem somente nos turnos manhã e tarde.
Casos que requerem atendimento mais especializado da rede
pública podem ser encaminhados para a Santa Casa de
Misericórdia do Pará, em Belém, para o Hospital Municipal de
Parauapebas, ou ainda, para o Hospital de Araguaína.
10.3.7 Curionópolis e a Vila de Serra Pelada
Embora não exista uma desagregação de dados que permita carac-
terizar isoladamente a vila de Serra Pelada, as visitas de campo
mostraram um panorama mais grave nesse núcleo, que tem uma
a situação bastante delicada. A indefinição em relação ao passivo
do garimpo faz com que famílias de garimpeiros que buscam
assegurar seus direitos ainda permaneçam no local apesar das
condições precárias - ausência total de serviços de infra-estrutura
de saneamento, vias de traçado irregular e largura variável e
residências em madeira - e do isolamento em que vivem - a estra-
da vicinal que faz a ligação dessa região com a PA-275 e, conse-
quentemente, com os núcleos urbanos mais consolidados, é fre-
quentemente interrompida por quedas de barreiras e pela má
condição de conservação dessa via. Levantamento censitário feito
em 2002 para o Plano de Desenvolvimento Econômico e Social de
Serra Pelada apontou para uma população de, aproximadamente,
5 mil pessoas.
Já no núcleo urbano de Curionópolis, verifica-se a lenta con-
solidação das condições da infra-estrutura de saneamento e
das habitações. A Prefeitura estima em cerca de 12 mil o
número de pessoas vivendo em, aproximadamente, 5 mil edi-
ficações no núcleo urbano de Curionópolis. A maioria dessas
edificações, assim como na vila de Serra Pelada, ainda é de
madeira, possui tamanho reduzido e foi auto-construída.
Destaca-se que existem muitas residências fechadas e lotes
vagos, o que comprova a partida dos moradores desse
núcleo. A rede de maior abrangência é a de distribuição de água
captada em poços artesianos, que atinge 80% da área urbanizada;
entretanto esse serviço não é contínuo devido a pouca vazão
desses poços. A coleta de esgoto e de resíduos sólidos não ultra-
passa 15% da área urbanizada, sendo que a disposição final dos
resíduos sólidos é em área inadequada - um lixão situado próximo
à área urbana. Em relação à pavimentação das vias e a drenagem
de águas pluviais, a situação é também precária, o que contribui
para as erosões e enchentes nos períodos de chuva.
A situação atual de Curionópolis é, portanto, definida pela
pequena atividade econômica e pelas baixas condições exis-
tentes na sede municipal e na vila de Serra Pelada. O municí-
pio, desde o fim do garimpo de Serra Pelada, ainda não
encontrou uma atividade econômica que possa substituir o
garimpo e, consequentemente, tem uma grande dependên-
cia de recursos federais e estaduais para atender as necessi-
dades de sua população. Enquanto a situação de Serra Pelada
não for definida, a população continuará a criar expectativas
em relação aos seus direitos sobre a área, o que acaba por
contribuir para o “congelamento” do desenvolvimento do
município.
O papel do setor público através do desenvolvimento de progra-
mas e projetos sociais apresenta-se como de fundamental
importância num contexto onde as oportunidades econômicas
mostram-se restritas (ver tabela 10.3.8). Vários são os programas e
projetos de iniciativa pública e privada desenvolvidos em
Curionópolis dotados de uma finalidade social muito evidente.
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Respon-
sáveisProgramas/Projetos
Área de Atuação
Proposta Parceiros
Federação
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)
Grupos vulneráveis
Atender crianças e adolescentes na faixa etária de 07 a 14 anos que estejam submetidos a trabalhos caracterizados como: penosos, perigosos, insalubres e degradantes.
Estado;Município;Família do atendido.
Benefício de Prestação Continuada (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS)
Grupos vulneráveis
Transferência de 01 salário mínimo por mês, a pessoa portadora de defi ciência e ao idoso a partir de 65 anos de idade que possuam renda per capta inferior a um quarto de salário mínimo e que não possa ser mantido por sua família.
Posto da pre-vidência social local;Município.
Bolsa FamíliaTransferência de renda
Transferência de renda às famílias em situação de pobreza, com renda per capta de até R$ 100,00 mensais, que as-socia a transferência do benefício fi nanceiro ao acesso aos direitos sociais básicos - saúde, alimentação, educação e assistência social.
Caixa Econômica Federal local;Município.
Auxílio GásTransferência de renda
É uma ação do Programa Nacional de Renda Mínima, des-tinado as famílias com renda familiar inferior a meio salário mínimo ou benefi ciárias do Programa Bolsa-Escola, desti-nando R$ 7,50 por mês, pagos bimensalmente.
Caixa Econômica Federal local;Município.
Programa Dinheiro Direto na Escola
Educação Repasse de verbas as escolas cadastradas no censo escolar.Governo Mu-nicipal.
Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA)
EducaçãoAlfatização de jovens e adultos proporcionando material didático adequado e merenda escolar.
Governo Mu-nicipal.
Programa Nacional de Ali-mentação Escolar (PNAE)
EducaçãoPara cada aluno matriculado na Educação Infantil e Ensino Fundamental é desetinado R$ 0,18/mês
Governo Mu-nicipal.
Estadual
Centro de Convivência do Idoso
O centro realiza antendimento a pessoa idosa com ativi-
dades psico-sociais e esportivas, além de encaminhamen-tos a benefícios sociais e previdenciários.
Fundação Educativa do Município de Curionopolis (FSAEM)
Auxílio Hanseniano SaúdeRepassar o benefi cio de 1 salario mínimo mensal ao han-seiano que não possui condições socioeconômicas de custear seu tratamento e demais necessidades.
Fundação Educativa do Município de Curionopolis
(FSAEM)
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Respon-
sáveisProgramas/Projetos
Área de Atuação
Proposta Parceiros
Muni-cipio
Plantão SocialAssistência social eventual
Oferece auxílios emergenciais em caso de con-cessão de cesta-básica, auxilio funeral, passagens, ajuda de custo, encaminhamentos a rede de ser-viços, aquisição de documentos pessoais dentro e fora do município, auxilio à gestante, dentre outros
Assistência Jurídica Gratuita
Assistência social eventual
Oportunizar atendimento de orientação jurídica as pessoas sem condições socioeconômicas para custear atendimento profi ssional particular.
Funda-ção Vale do Rio Doce
Escola que ValeAssistência social eventual
Contribuir com a qualifi cação e a formação con-tinuada de professores, melhorando a qualidade da aprendizagem dos alunos da Rede Pública de Educação.
Centro de Educação e Documentação para
Ação Comunitária (Cedac);
Secretaria Municipal de Educação.
Tecendo o Saber Educação
Oferecer a jovens e adultos a chance de aprender as matérias do primeiro ciclo do ensino fundamen-tal (da 1ª a 4ª série), além de consciência de direitos sociais e exercício da cidadania
Fundação Roberto Marinho;
Secretaria Municipal de Educação.
Vale Alfabetizar Educação Alfabetizar jovens e adultos.
Alfabetização Solidária
(Alfasol);- Secretarias de ensino
estadual e municipal;- Centros de ensino
superior.
Vale Informática EducaçãoPromover a inclusão digital a adolescentes, jovens e adultos.
Comitê para a Democ-ratização da Informática
(CDI);Organizações não gov-
ernamentais;Comunidade;
Secretaria de Educação.
Orga-
nizações sociais
Pastoral da CriançaGrupos
vulneráveis
A base de todo o trabalho da Pastoral da Criança é a família e a comunidade e consiste em capacitar líderes comunitários, que residem na própria co-munidade, para mobilização das famílias nos cui-dados com os fi lhos.
Fonte: Fundação Educativa do Município de Curionópolis, 2006 / Fundação Vale do Rio Doce, 2006.
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109
10.3.7 Vila de Serra Pelada
Estrutura Urbana
Implantado de forma espontânea, para abrigar moradias dosgarimpeiros atraídos para trabalhar na lavra de ouro de grandesdimensões, o núcleo urbano de Serra Pelada se apresenta comuma ocupação de traçado bastante aleatório. Existe uma única ruaprincipal, de traçado sinuoso e a partir dela saem vielas, muitasdas quais estreitas impossibilitando a passagem de veículos. Oscondicionantes do sítio, que apresenta um relevo movimentado,reforçam as formas orgânicas do conjunto urbano. Assim, as ruas elotes, de traçados e formas irregulares, ocupam um território próxi-mo à cava em cota alta, constituindo-se num assentamento quedesce a colina e é cortado por algumas drenagens, sendo possívelidentificar algumas áreas de risco.
A ocupação é predominantemente residencial, e a vila, assim
como o núcleo urbano de Curionópolis, possui muitas unidadesfechadas, de baixo padrão construtivo, predominando também aautoconstrução em madeira. A vila apresenta uma pequena
área central, na verdade um pequeno largo (alargamento dosistema viário), localizado junto ao “pau da mentira”, localonde tradicionalmente os garimpeiros se reuniam nos seusmomentos de lazer para contar histórias e que permanece
como local de encontro da população. No seu entorno, existemalguns equipamentos comunitários, como a creche municipal, aassociação dos garimpeiros e a associação de moradores, bemcomo barraquinhas para os pequenos comércios ambulantes e ospontos de chegada dos veículos de transporte coletivo - paus-de-arara(caminhonetes), ônibus - e moto-táxis. Nas proximidades, ladeandoa via principal, avenida Nova República, estão concentrados osestabelecimentos comerciais - bar, mercadinho, açougue etc. -local de maior movimentação diurna. Mais adiante, localiza-se aSanta Casa. Existem pequenos bares e vendinhas espalhados portodo o núcleo. É próximo ao núcleo de Serra Pelada que a CVRDmantém um alojamento de pequenas dimensões.
A inexistência de serviços públicos básicos de saneamento e
as características das edificações existentes dão à vila umaspecto muito precário. Certamente devido à origem histórica
do núcleo, um acampamento surgido espontaneamente paramoradia da população masculina trabalhadora no garimpo, e
à ausência de investimentos públicos, a vila não vem melho-rando significativamente com o passar do tempo.
Os moradores não detêm a propriedade regular dos terrenos e dasedificações que ocupam. Parte da vila está instalada sobre o rejeitoproveniente da extração artesanal do ouro na década de 80.
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Oferta de Infra-Estrutura
Abastecimento de água potável, afastamento e tratamento de esgotos e resíduos sólidos
Da mesma forma que na sede do município, a vila de Serra Pelada também apresentacondições de saneamento básico muito precárias, sendo grande parte do esgoto e dolixo lançado a céu aberto, deixando assim toda a malha fluvial que corta o núcleo urbanoseveramente poluída.
Segundo declaração dos moradores, cerca de 65% dos imóveis recebe água canaliza-da, 26% tem poço no quintal e 5% diz que utiliza água clandestina, de terceiros,sem a devida autorização. A Prefeitura explica que apenas 10% dos imóveis se uti-liza da rede pública de abastecimento de água oriunda de 2 poços artesianosmunicipais e que os demais imóveis que recebem água canalizada têm comoorigem uma “rede informal”, através de mangueiras que trazem água de córregosexistentes nas proximidades, explorada irregularmente por particular.
Apenas 27,9% dos imóveis possui caixa d'água com tampa e mais 8,7% possui caixad'água sem tampa. Grande parte acondiciona a água em balde/garrafas/vasilhas (40,7%)ou tambores (13%), sendo que apenas 8,6% utiliza a água diretamente da rede, semarmazenamento.
Um terço dos moradores consome a água diretamente da torneira e um quinto direta-mente do poço, e 45,9% da população filtra ou ferve a água.Apenas 11,4% dos imóveis possuem fossa séptica, enquanto que 68,1% possui fossanegra e 4,1% joga a céu aberto. Banheiros são, na maioria, externos à edificação (52,1%)sendo apenas 19,4% internos; 14,4 % informam que não tem instalação sanitária. Noentanto, esses banheiros são certamente instalações muito precárias, pois 74% não pos-suem vaso sanitário, 85% não têm pia e 83% não possuem chuveiro.
O levantamento feito pela empresa consultora em 2002 indica que na maioria dosimóveis de Serra Pelada o lixo é queimado no quintal e que uma parcela considerável,
13,5%, lança o lixo em terrenos baldios, e somente 9,4% acondiciona para coleta.
Em Serra Pelada, nenhuma via é pavimentada e não existem dispositivos de drenagem de águas pluviais.
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Energia elétrica e comunicações
Não existe rede pública de iluminação e nem de energia elétricadomiciliar. No entanto, a energia que chega até as casas e que iluminaas ruas é puxada irregularmente de uma subestação existente nasproximidades. Os moradores não pagam energia elétrica. Existeserviço de telefone fixo. A telefonia móvel não alcança Serra Pelada.
Educação
Em Serra Pelada, existem 7 escolas, 6 municipais e 2 estaduais, queatendem ao ensino pré-escolar (210 alunos), fundamental de 1ª a4ª série (860 alunos), fundamental de 5ª a 8ª série (546 alunos) emédio (94 alunos) (tabela 10.10.12. Além disso, existem 2 escolasmunicipais, com uma turma em cada uma, para a educação dejovens e adultos (69 alunos no total). A escola estadual Prof.
Joaquim D. F. Lemos é, assim como na área urbana, a maior emnúmero de alunos (521 alunos) e de salas de aula (9 salas); alémdisso, possui 2 aparelhos de televisão, 1 videocassete e 1 computador.Quadras esportivas são encontradas nas escolas municipaisProfa. Ângela M. Correa Bezerra e Profa. Maria Belarmina A. da Silva.
As condições de ensino em Serra Pelada são, de maneira geral,piores que as da zona urbana: o número de professores é menor,as turmas são maiores, não há biblioteca nas escolas. Por outrolado, há que se ressaltar, que tem havido um aumento na coberturaeducacional à população de Serra Pelada, em especial no que serefere ao ensino médio, ainda que algumas escolas tenham sidofechadas para a reestruturação do sistema e o ajuste à nova realidade populacional.
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NOME LOCALIZAÇÃO
Média de Alunos por Turma nos Níveis / Modalidades
em que a escola atua
Pré -
EscolaFundamental
Ensino
Médio
Educação
Jovem e
Adultos
1ª a 4ª Série
5ª a 8ª Série
Mu-nicipal
E M E I Antonia Pimen-ta de Moura
Av. Nova RepublicaCentro 210 /
35,0
E M E F Profa. Ângela M. Correa Bezerra
Av. Nova Repúbli-ca, 821
Telepará239 / 29,9
25 / 25,0 35 /35,0
E M E F Profa. Maria Belarmina A. da Silva
R. do Sereno Centro257 / 32,1
76 / 38,0 34 /34,0
E M E F Rita Lima de Sousa
Av. Nova Republica Açaizal207 / 29,6 35 / 35,0
E M E F Castelo BrancoVila Rica Sereno
42 / 21,064 / 21,3
Esta-
dual
E E E F Prof. Joaquim D. F. Lemos
R. São João Telepará 81 / 27,0346 / 28,8
94 / 31,3
E E E F Gleba SerenoVila Rica
Sereno34 / 34,0
Além da educação básica, em Curionópolis existe um programade terceiro grau organizado pela Universidade Vale do Acaraú
(Ceará), que proporciona cursos de Administração de Empresas,Matemática, Letras e Pedagogia, num convênio com a Prefeituraque disponibiliza o espaço físico, na escola Juscelino
Kubitscheck. A educação de Jovens e Adultos é feita por supleti-vo presencial para o nível fundamental pelo governo municipal,
que ofereceu, segundo dados do Censo Escolar (INEP/MEC:2005) 266 vagas em 2005, e pelo governo estadual, que, segundoa mesma fonte, ofereceu 267 vagas no mesmo ano.
Fonte: DataEscolaBrasil, INEP/MEC, 2006, elaborado por Diagonal Urbana, 2006.
TABELA 10.10.12 - MUNICÍPIO DE CURIONÓPOLIS - Rede escolar rural -Serra Pelada - 2002
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113
Para a compreensão do contexto ambiental que caracteriza a área
de inserção do Projeto Serra Leste, foram considerados alguns pres-
supostos sobre a dinâmica ambiental e socioeconômica da região
estudada.
Há que se ressaltar que, apesar do limitado conhecimento sobre
os recursos representados pela biodiversidade local, não se
questiona aqui a relevância ambiental dessa área, que está
inserida em um dos mais importantes biomas do continente, a
floresta amazônica. Além disso, os responsáveis pelo presente
estudo reconhecem o significado da antropização da porção
sulparaense e seus efeitos sobre os atributos ambientais.
É igualmente reconhecida a importância das áreas protegidas,
bem como a dos remanescentes de formações nativas florestais
ou não existentes fora destas, para a sobrevivência dos “esto-
ques” de biodiversidade que representam o bioma amazônico
num meio onde a degradação ambiental é a maior marca exis-
tente na paisagem.
Essa degradação é resultado do modelo de ocupação da região, que
incidiu também sobre amplas extensões do território amazônico e
começou a ser implantado por iniciativa do poder público a partir da
segunda metade do século XX. Esse modelo não é único; trata-se de
um conjunto de ações (por vezes até conflitantes) objetivando a
fixação de habitantes na região amazônica por meio da exploração
de suas riquezas naturais e da instalação de atividades agropecuárias.
Os resultados de tais ações têm sido amplamente discutidos, conhecen-
do-se hoje a extensão de seus impactos, positivos e negativos.
Neste contexto, inicia-se no Sudeste Paraense, a partir de meados da
década de 70, um novo ciclo econômico com investimentos signi-
ficativos na agropecuária e extração mineral. A implantação dessas
atividades econômicas gerou novas paisagens sócio-ambientais para
toda essa mesorregião, tornando-se necessária a implantação de
infra-estrutura urbana, física e social.
Se a iniciativa de exploração econômica promoveu mudanças signi-
ficativas na região e a formação de muitos municípios foi determinada
por tais mudanças, vale ressaltar que, no âmbito de cada território,
ocorreram modelos de desenvolvimento econômico e, conseqüen-
temente, de ocupação territorial particulares.
Marabá, no Pará, e Imperatriz, localizadas no estado do Maranhão,
estabeleceram-se como centros regionais que polarizam as cidades
do Sudeste Paraense. Hoje, nessas cidades, é possível perceber a pre-
sença de serviços e comércio especializados e um setor secundário
em consolidação. Outras cidades como Parauapebas, e em menor
escala, Canaã dos Carajás, estruturaram-se em torno da atividade
minerária, que gerou recursos financeiros para as municipalidades e
dinamização das economias locais ao mesmo tempo em que trans-
formou essas cidades em centros de atração de mão-de-obra.
11. ANÁLISE AMBIENTAL INTEGRADA
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114
No caso de Curionópolis, foi a extração mineral manual - a garim-pagem de ouro em Serra Pelada -, a responsável pelo processo deocupação territorial, que se deu de forma desordenada e precária.
As condições atuais da ocupação em Serra Pelada continuamprecárias, com edificações com baixo padrão de habitabili-dade e praticamente nenhuma infra-estrutura de saneamentobásico. Do ponto de vista urbanístico, Serra Pelada, hoje, nãodifere muito do acampamento em que se constituía há vinteanos atrás. A população vive aí na dependência de núcleosmaiores para o atendimento de suas necessidades mais ele-mentares. O isolamento da vila de Serra Pelada é fator deter-minante nas relações sociais constituídas, nas dificuldadespara o acesso aos bens e serviços disponíveis na área urbaniza-da de Curionópolis e nas dificuldades de comunicação.
Já o núcleo urbano de Curionópolis era, a princípio, um núcleode apoio à vila de Serra Pelada, tendo se originado às margensda PA-275 por influência da acessibilidade dessa localização.Atualmente, é essa acessibilidade que determina, em parte, queCurionópolis não esteja estagnado como a vila de Serra Pelada,isolada do restante dos núcleos urbanos devido às péssimascondições de tráfego pela estrada vicinal. O fato de Curionópolisestar localizada à margem da PA-275, entre duas localidades deimportância regional - Marabá e Parauapebas -, contribui para suaconsolidação gradativa. Embora apresente carências severas nasua infra-estrutura básica, o núcleo urbano de Curionópolisavança no sentido de uma maior estruturação, tanto do pontode vista espacial quanto social.
Além das atividades econômicas desenvolvidas em cada umdos municípios da região, a malha rodoviária e ferroviária, um
dos elementos centrais da política de ocupação do SudesteParaense, exerceu (e continua a exercer) um importante papel
na estruturação dos núcleos urbanos. A Estrada de Ferro Carajás,ao ligar regiões do sertão nordestino a uma região de absorçãode mão-de-obra, como é o Sudeste Paraense, constitui-se em
uma via permanente de chegada de migrantes. Outras rodoviasde ligação intra-estadual, como a PA-150 e a PA-275, con-tribuíram para determinar a localização específica dos núcleosurbanos da mesorregião em apreço. Hoje, essas rodoviasdefinem os eixos de expansão das cidades.
As características do meio rural são semelhantes às carac-terísticas de grandes áreas do espaço amazônico e foramconsolidadas por processos relativamente equivalentes,onde os ambientes florestais foram, num primeiro momento,convertidos em domínios produtores de madeira e, posteri-ormente, integrados à prática da pecuária extensiva. A área de inserção do Projeto Serra Leste é um exemplo clarodessa ocupação.
Ambientes cobertos por matas podem ser observados na porção
corresponde à Serra do Sereno, além de outros fragmentos maiores
distribuídos em meio a grandes pastagens, localizados nas imedi-
ações da estrada de ligação entre a futura Mina de Serra Leste e o
Pátio de Embarque do minério de ferro. O modelo de ocupação
descrito teve como conseqüência ambiental um território que,
atualmente, deve ser reconhecido por dois fortes significados.
O primeiro corresponde ao contexto de degradação representada
pela substituição das áreas de floresta por pastagens extensivas e
pela exploração madeireira de forma predatória, cuja abrangência
espacial tem conduzido a discussão para a esfera nacional, com o
reconhecimento e a delimitação do chamado “arco do desmata-
mento”, bem como dos principais perímetros regionais de desen-
volvimento do corte e comercialização florestal.
O segundo corresponde ao reconhecimento da importância do
bioma amazônico, bem como da necessidade de se manter esto-
ques do mesmo para que, dentro dos processos atuais de conser-
vação, seja facilitado, por exemplo, o estabelecimento de corre-
dores de vegetação e da fauna a esta associada, de forma a
garantir efetivas possibilidades de ampliação dos “estoques” de
áreas naturais que atualmente existem na região em análise.
Para os municípios de Marabá, Parauapebas e Curionópolis,
as singularidades levantadas durante a realização do diag-
nóstico ambiental indicam dois conjuntos de relações sócio-
ambientais distintas. O primeiro é um conjunto funcional de
relações tipicamente rurais, enquanto o outro conjunto é
marcado pela existência de uma realidade “urbana” regida
pelo passado da vila de Serra Pelada e Curionópolis, alvos
diretos de rebatimento de possíveis interferências ambientais
decorrentes do Projeto Serra Leste, e pela dinâmica
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econômica existente na cidade de Parauapebas e Marabá.
Parauapebas, e em menor escala Marabá, são cidades onde
reflexos dos empreendimentos poderão se fazer sentir.
Nas serras, como é o caso da Serra Pelada e da Serra do Sereno, a
presença de rochas distintas possibilita a ocorrência de formações
vegetais diferenciadas, como a floresta e os ambientes arbustivo e
campestre representados por uma formação vegetal da canga.
As rochas que contém o minério de ferro apresentam-se de
duas formas nesta porção da área de estudo.
A primeira é representada por uma forma colinosa destacada na
porção cimeira da paisagem, cujo substrato é marcado por blo-
cos de minério de ferro de dimensões diversas, compondo uma
rampa de material exclusivamente grosseiro onde encontra-se,
superficialmente, o minério rolado. Neste terreno desenvolve-se
a vegetação de canga.
Na área de inserção do empreendimento, no domínio da AID,
áreas similares encontram-se distribuídas imediatamente a
norte, a oeste e a sudeste do sítio a ser ocupado pelo
empreendimento.
A segunda forma mostra-se muito diferente da primeira. É repre-
sentada por amplos platôs, onde carapaças de canga, desen-
volvidas sobre a rocha, alternam-se com manchas de solos
pouco espessos. Neste ambiente, os solos possibilitaram o
crescimento de formações florestais que, atualmente, encon-
tram-se restritas a poucos locais. Foram substituídas por pasta-
gens. No entorno destes platôs, já nas suas bordas de ruptura
de declive, ocorrem as cavidades.
Nas áreas baixas, a presença de solos espessos possibilita o desen-
volvimento de ambientes florestais ou a implantação de pastagens.
A topografia da área do platô favorece, nos domínios da canga,
a formação de pequenas lagoas que potencializam a prática da
pecuária neste ambiente já que, em boa parte do ano, prestam-
se como reservatórios naturais de água. A condição dos solos da
área mostra-se também apta ao desenvolvimento de pastagens.
Considerando que a área poderá encontrar-se ocupada pelas
estruturas do Projeto Serra Leste-Lavra Experimental, pratica-
mente não será necessária a realização de grandes interferên-
cias ambientais como o corte de vegetação nesta porção da
ADA para a implementação do Projeto Serra Leste.
Na porção leste e oeste, representativos da extensão do sistema ser-
rano onde aloja-se a lavra proposta, áreas mais expressivas de for-
mações florestais são ainda encontradas, mas mostram-se, de forma
geral, fortemente pressionadas pelo avanço das áreas de pastagens.
As pressões antrópicas ocorrem também nas drenagens, onde
se nota rotineira a prática de formação de açudes a partir da
interceptação dos cursos d'água. Processos de entulhamento
das drenagens por sedimentos foram também observados com
freqüência nos cursos d'água da região estudada.
A realidade ambiental rural é, assim, preocupante sob a
ótica da sustentabilidade ambiental, visto que sua
abrangência extrapola o domínio regional e, quase sem-
pre, é reproduzida num padrão relativamente homogêneo,
balizado pela intensiva utilização do ambiente para a prática
de uma pecuária de base predominantemente extensiva.
Ademais, trata-se de uma prática econômica que foi mode-
lada para ser implementada em grandes propriedades e
que encontra uma base cultural solidamente
marcada em seu desenvolvimento.
Ao longo do traçado da estrada que ligará a futura mina de Serra
Leste ao Pátio de Embarque, a paisagem é igualmente caracteri-
zada por amplas pastagens, sendo que exceções pontuais são
observadas, principalmente ao longo das travessias de drena-
gens. Nestes locais, as formações mostram-se muito descaracteri-
zadas e são ladeadas por grandes áreas de pastagens, a exemplo
de grande parte do arranjo hidrográfico regional.
Destaca-se, ao longo do traçado da estrada que liga a mina ao
pátio de embarque, a ocorrência de dois grande remanescentes
florestais que são separados por ambientes de pastagens, mas
que, seguramente, são utilizados por diferentes grupos da fauna.
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Cabe citar, no entanto, que no interior de um desses fragmentos
há uma grande área de desmate, enquanto o outro aloja a atual
estrada de acesso à portaria norte da Fazenda Miranda e Filhos.
Ambos encontram contornados por áreas de pastagem. O frag-
mento mais setentrional posiciona-se bastante próximo da Estrada
de Ferro Carajás.
De toda forma, é igualmente seguro reconhecer a importância
destes fragmentos florestais e da fauna a este associada, em meio
a uma realidade espacial, onde tal situação vem se mostrando
cada vez mais rara.
O contexto social e econômico observado na vila de Serra Pelada
contribui para a grande pressão exercida através da caça das popu-
lações faunísticas da região, especialmente aquelas que se
prestam como fonte de alimento e comércio.
De toda forma, os resultados obtidos durantes os levantamentos
de campo comprovam a existência de uma fauna típica daquela
registrada em áreas protegidas, como também aquelas que
habitam ambientes mais alterados. Os resultados obtidos para a
avifauna se destacam dos demais pela grande diversidade de
espécies identificadas. Conforme citado anteriormente, além da
proximidade com áreas protegidas, ainda existem, principalmente
nas áreas serranas, bem como em áreas baixas de grandes pro-
priedades, fragmentos importantes de florestas que podem com-
portar ambientes com capacidade de abrigo para a avifauna. É
importante destacar, ainda, a grande abundância de pomares no
entorno da vila de Serra Pelada.
São áreas significativas que encontram-se, muitas vezes, próximas
ou mesmo contíguas a florestas nativas. Estes ambientes
mostram-se muito atrativos para a avifauna, fato que contribui
para o entendimento da importante presença deste grupo da
fauna em meio a um domínio fortemente descaracterizado.
Os dados obtidos a respeito da dinâmica econômica da área
de influência do Projeto Serra Leste mostram quão desprezível
é a contribuição do setor agrícola na composição da econo-
mia regional; situação inversa é observada quando se analisa
o papel da pecuária. Este contexto é comprovado pela forma
de utilização do solo presente em todo o município de
Curionópolis, onde a pecuária apresenta-se como atividade
econômica quase que exclusiva, praticada em grandes pro-
priedades e que tem como grande característica a tímida alo-
cação de mão de obra para seu desenvolvimento.
A pecuária de grandes fazendas reflete-se nos dados popula-
cionais de Curionópolis. Embora as contagens oficiais de popu-
lação apontem para aproximadamente 30% do total dos habi-
tantes do município vivendo na zona rural, esse dado não mostra
a população efetivamente vinculada às atividades desenvolvidas
no meio rural, já que inclui a população de Serra Pelada. Se excluí-
da Serra Pelada desse percentual de população rural, será possível
perceber que apenas uma minúscula parte da população de
Curionópolis tem relação com a pecuária, forma de apropriação
prioritária do meio rural descrita anteriormente.
Essa constatação ressalta a contradição que existe entre o meio
rural, pouco habitado mas que abriga as atividades que geram
mais da metade da renda municipal, e o meio urbano, onde vive
quase a totalidade da população mas que não possui atividades
econômicas estruturadas.
Contrapondo-se ao conjunto dos aspectos ora sumarizados para o
meio rural, o meio urbano também se apresenta dotado de uma
singularidade ímpar, herdada do processo de formação dos
núcleos de Curionópolis e, especialmente, da vila de Serra Pelada.
Os núcleos que hoje pertencem ao município de Curionópolis
foram formados entre o final da década de 70 e o começo da
década de 80, a partir da abertura do garimpo de Serra Pelada.
Assim como a implantação do Projeto Ferro Carajás, a construção
da malha rodoviária, da Estrada de Ferro Carajás e da hidrelétrica
de Tucuruí, além dos próprios projetos de colonização oficiais
geraram um fluxo considerável de migrantes para o Sudeste
Paraense. O garimpo de Serra Pelada foi também um atrativo para
a chegada de migrantes, fato esse que originou dois núcleos
distintos - a atual sede municipal e a vila de Serra Pelada.
Entretanto, à medida que o ouro extraído de Serra Pelada foi-se
esgotando, a população começou a declinar. A urbanização, que
havia sido explosiva na primeira metade da década de 80,
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começou a diminuir seu ritmo. Os dados de dinâmica popu-
lacional de Curionópolis relativos ao início da década de 90
até 2005 mostram claramente os efeitos do fechamento do
garimpo de Serra Pelada, como também a ausência de outras
alternativas de trabalho no município. A população total,
que em 1991 era de 38.672 habitantes, chega, em 2005, a
14.654 habitantes. Trata-se de um fenômeno típico de
regiões onde os elementos que determinam as oportu-
nidades econômicas são abruptamente eliminados, poten-
cializando uma inversão de fluxo em importantes variáveis
como o crescimento populacional, e a geração de emprego
e renda.
O quadro observado atualmente revela que, apesar de ser
originada no mesmo processo que a vila de Serra Pelada, a
cidade de Curionópolis apresenta-se como um núcleo
onde boa parte dos seus indicadores mostra-se comparável
à realidade regional, conforme demonstrado no diagnóstico.
Há que se ressaltar que muitas são as limitações estrutu-
rais existentes em Curionópolis, como o abastecimento
público de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. De
toda forma, conforme já dito anteriormente, seu posi-
cionamento ao longo da rodovia estadual PA-275, respon-
sável pela ligação entre dois centros urbanos importantes -
Parauapebas e Marabá -, e sua relativa proximidade com o
primeiro, parecem amenizar os efeitos da retração
econômica decorrente do fim do garimpo, que são forte-
mente sentidos na vila de Serra Pelada.
Para alguns informantes locais, Curionópolis apresenta-se, hoje,
como uma oportunidade de moradia menos onerosa se compara-
da a Parauapebas, para aqueles que aportam à região na busca de
inserção no mercado de trabalho da porção sulparaense, decor-
rente da importante concentração e dinamismo dos diferentes
empreendimentos vinculados à atividade de mineração.
O núcleo urbano de Serra Pelada mostra características
semelhantes às descritas para Curionópolis, porém fortemente
agravadas visto à exclusividade do papel que originou sua for-
mação, o seu posicionamento geográfico e as condições de
acesso frente aos centros polarizadores regionais.
Conforme consta no diagnóstico, a vila de Serra Pelada apre-
senta sérias limitações em relação ao saneamento básico,
apresentando-se, conforme citado no decorrer deste relatório,
como um núcleo urbano severamente poluído.
A situação em relação ao abastecimento e armazenamento de
água, de destinação do lixo e do esgoto revela um contexto de
plena ausência de ordenamento territorial.
A população residente na vila de Serra Pelada possui um
comportamento muito específico. Trata-se de uma comu-
nidade que, apesar das restrições urbanas e das sérias limi-
tações cotidianas, tais como fortes restrições de trans-
porte, assistência à saúde, de comunicação, entre outros,
ainda permanece no local, onde acredita deter direitos que
possam garantir seu futuro.
Apesar do grande esvaziamento populacional após o término
das atividades de garimpagem, o vínculo com o núcleo foi
preservado de diferentes formas. Este vínculo é estabelecido
pela população residente ou não em Serra Pelada, com o obje-
tivo de garantia de manutenção dos direitos reivindicados pelo
grande número de pessoas que estiveram vinculadas ao garim-
po local. Trata-se de trabalhadores que se encontram organiza-
dos em cooperativas e sindicatos de forte atuação local.
Por último, deve ser ressaltado que o município de
Curionópolis tem sua sobrevivência dependente das trans-
ferências constitucionais. Dados referentes a 2001
mostram que apenas cerca de 9% da disponibilidade finan-
ceira municipal provinham de receitas próprias.
O arranjo decorrente do processo atual de intensificação das
atividades minerárias na região, somado à retomada da explo-
ração do ouro em Serra Pelada (que está sempre presente no
imaginário e discurso local), é de difícil previsão. De toda
forma, afirma-se, mais uma vez, que somente o planejamento
prévio dos rumos desejados para estas áreas poderá evitar a
repetição de uma realidade vivida no passado, reconhecida-
mente inadequada e com ônus evidentes até os dias atuais.
Portanto, o quadro geral identificado ao longo do diagnóstico
ambiental, e analisado de forma integrada neste capítulo, revela
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um contexto ambiental marcado por forte degradação,
deflagrada por processo tradicional do uso e ocupação do solo
no domínio rural e por processo intenso de urbanização.
As limitadas oportunidades econômicas existentes no território
de inserção do presente projeto, especialmente no município
de Curionópolis, acabam por elevar a importância da inserção
ou implantação de qualquer equipamento ou atividade que
possa se traduzir em novas expectativas para a população local
e, portanto, há que ser adequadamente considerada quando
da análise do Projeto Serra Leste, ainda que o mesmo seja um
empreendimento de pequenas dimensões quando comparado
aos projetos implantados nos municípios vizinhos.
A possibilidade de implantação do empreendimento da
CVRD próximo à vila de Serra Pelada poderá gerar alterações
no meio físico e biótico de forma muito localizada. O meio
socioeconômico, entretanto, será influenciado sobretudo
pelo aumento significativo do fluxo de recursos finan-
ceiros para os cofres municipais e pelo desencadeamento
de novas atividades econômicas. As relações sociais certa-
mente sofrerão alterações, assim como a estrutura urbana,
que será impactada pelo aumento populacional decor-
rente do fluxo migratório e da chegada de trabalhadores
para o empreendimento, conforme impactos tradicional-
mente configurados em projetos de naturezas e mesmo
de portes diferenciados. Este último fator, em especial, é
função do cenário e do histórico econômico da região
onde o projeto irá se inserir, caracterizados pela estagnação
econômica e social e pela ocupação desordenada motiva-
da pela exploração de um recurso natural cuja escassez foi
logo verificada.
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Pode-se afirmar que a análise que se segue, sempre balizada pela
clareza possível da análise ambiental integrada em âmbitos local e
regional, encontra-se muito orientada para uma tentativa de de-
monstrar quais são os aspectos associados ao empreendimento
ou mesmo à dinâmica da área de inserção do mesmo sujeita ou
não a novos arranjos.
De maneira geral, há também entendimento de que os cenários
analisados possuem pouca ou nula capacidade de modificar a
forma de apropriação do espaço rural. Significa que o modelo de
produção observado, e já caracterizado no diagnóstico ambiental,
deverá se manter pautado na produção pecuarista e estruturado
no manejo atualmente presente no sudeste paraense.
Tal realidade é admitida em função da constatação de ausência de
políticas públicas, de curto e médio prazo, que efetivamente possam
agregar possibilidades de alteração no modelo de reprodução da
economia rural dessa porção do Brasil, já que este constituiu a
marca de sua ocupação.
No caso do meio urbano, o cenário com a implantação do empre-
endimento poderá ser significativamente alterado devido à chega-
da de migrantes atraídos pelo projeto, bem como ao afluxo de
recursos financeiros para a municipalidade oriundos tanto da
própria explotação mineral de Serra Leste como de outras ativi-
dades impulsionadas a partir da mineração.
Para o desenvolvimento da presente análise, considerou-se dois
arranjos possíveis que foram reconhecidos como cenários que
podem prevalecer no contexto regional. Esses prognósticos são
apresentados a seguir.
12.1 Prognóstico sem o Empreendimento
Para a análise prognóstica da área de estudo, é importante considerar
o término da operação do Projeto Lavra Experimental. Neste caso,
o cenário sem o empreendimento ora proposto seria mais com-
plexo do que habitualmente se avalia para situações similares.
Logicamente, considerando que o Projeto Lavra Experimental gerará
uma interferência ambiental muito pontual, sem a possibilidade de
reflexos importantes inclusive no seu entorno, poucas mudanças são
esperadas no contexto da área de inserção do mesmo.
A área ocupada pelo referido projeto deverá ser devidamente
recuperada, conforme especificações previstas no âmbito dos
estudos ambientais já apresentados para o mesmo.
O término das operações do Projeto Lavra Experimental e a
constatação de que o esperado Projeto Serra Leste não será mais
12. PROGNÓSTICO AMBIENTAL
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concretizado poderão gerar um ambiente de forte frustração
das expectativas por parte da população de Serra Pelada e,
secundariamente, da de Curionópolis.
Tal fato é altamente provável de ocorrer dado que o histórico
local é marcado por rupturas e poucas oportunidades de
sobrevivência nos últimos anos. Neste ambiente, o Projeto Serra
Leste seguramente estará sendo aguardado como uma oportu-
nidade de renda e emprego importante por parte da popu-
lação local.
A análise de um cenário onde não se considera a viabilização
do Projeto Serra Leste, a exemplo do prognóstico apresentado
para o Projeto Lavra Experimental, se traduz, em grande escala,
pela manutenção do quadro ambiental identificado em toda a
AID e AII previamente identificado.
Neste cenário, conforme, praticamente a porção da serra onde
se prevê a instalação do conjunto das estruturas que compõem
o empreendimento teria seu status ambiental atual, a princípio,
mantido. Assim sendo, a paisagem da área diretamente afetada
representada, prioritariamente, por vegetação de canga e
pastagens, teria sua integridade e o nível de qualidade ambien-
tal restabelecido através da facilidade de reabilitação das áreas
utilizadas e/ou degradadas no âmbito do referido projeto.
É ainda possível supor que a tradição da atividade pecuarista na
região, juntamente com o comércio de madeira, representam forças
de pressão sobre os remanescentes florestais, que ainda ocorrem
em manchas localizadas na área de estudo. Por tal razão, acredita-se
que a expansão das áreas de pastagens sobre as naturais continuará
a ocorrer, visto que a pecuária apresenta-se, até o momento, como a
mais oportuna atividade econômica do uso da terra.
Esta premissa implica, necessariamente, em admitir que os
recursos naturais continuarão sujeitos às alterações crescentes
na dinâmica de seus atributos. É provável que a taxa de erosão
laminar regional se amplie à medida que novas áreas sejam
incorporadas à pecuária, como também seja elevada a pro-
dução de sedimentos por hectare, já que a forma de apropri-
ação do solo por esta atividade já criou um passivo ambiental
de difícil reversão.Tal situação se refletirá, especialmente, nos
cursos de água, através do incremento do já elevado número
de drenagens temporárias num domínio climático, onde tal
comportamento deveria ser uma excepcionalidade.
O abandono do Projeto Serra Leste seguramente deverá agre-
gar considerável descrédito às oportunidades de melhorias da
realidade local. É provável que o desaparecimento das atuais
pretensões de utilização dos recursos minerais da área, que
pode ser simbolizado mais fortemente com o término das
operações do Projeto Lavra Experimental, possibilite a configu-
ração de um cenário de acirramento da falta de esperança em
relação à possibilidade de qualquer ganho social e econômico
tão esperado.
Pode-se supor, também, que o município de Curionópolis man-
terá sua característica de uso e ocupação agropecuária das terras
e, conseqüentemente, sua estrutura de arrecadação tributária per-
manecerá alicerçada neste tipo de atividade econômica. Ainda
que estas atividades cresçam, tal expansão interferirá diretamente
no meio natural, com as conseqüências já citadas, sem gerar, no
entanto, grandes repercussões no meio socioeconômico.
Curionópolis continuará com as atividades econômicas muito
pouco dinâmicas e com poucas possibilidades de grandes
melhorias de sua infra-estrutura de saneamento básico e na
implantação de equipamentos sociais. Da mesma forma, a vila
de Serra Pelada continuaria ainda isolada e estagnada.
Há que se considerar que este cenário se torna ainda mais
desolador quando se observa o desenvolvimento econômico
de vários municípios vizinhos que abrigam empreendimentos
de mineração. A população do município de Curionópolis pos-
sui expectativas da implantação de empreendimentos de
exploração mineral em seu território e espera atingir níveis de
desenvolvimento semelhantes a esses outros municípios,
aguardando, aí, a efetiva implantação de negócios.
12.2 Prognóstico com o Empreendimento
A implantação do empreendimento de extração de ferro
Projeto Serra Leste, embora tenha proporções muito menores
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do que Carajás - apenas 2 milhões de toneladas/ano -, a priori,
poderá trazer alterações relevantes para a região.
Serão gerados 623 postos de trabalho na Etapa de Instalação e
351 na Etapa de Operação, acarretando incremento na geração de
renda e nos negócios locais e, principalmente, aumento na receita
anual municipal. O aumento na arrecadação da ordem de
R$ 2.423.000,00 representa importante majoração do poder de
investimento municipal, com possíveis reflexos na ampliação da
infra-estrutura urbana e serviços para a comunidade.
A dimensão de tal transformação demanda a avaliação de variáveis
de difícil previsão, fato que faz com que esta análise se restrinja,
exclusivamente, à efetiva ampliação da capacidade de investimento
por parte da prefeitura municipal.
É provável que, como nos demais empreendimentos da região, a
implantação do Projeto Serra Leste potencialize o ritmo de cresci-
mento da população urbana de Curionópolis e da vila de Serra
Pelada em decorrência de fluxo migratório.
É importante assinalar que a taxa de crescimento urbano decor-
rente de afluxos populacionais acelerados, resultantes da inevitável
atração proporcionada por projetos desta natureza em regiões
onde o potencial de polarização é evidente, pode resultar na com-
posição de um arranjo urbano bem diferente daquele observado
precedente ao novo contexto criado.
No caso de Curionópolis e da vila de Serra Pelada, alguns indicadores
já apontam deficiências estruturais consideráveis, conforme
mostraram os dados produzidos durante a elaboração dos estu-
dos ambientais.
As dimensões do fluxo migratório são de difíceis previsões. No
entanto, independentemente do que se pode prever em termos
estatísticos, medidas específicas podem ser adotadas no sentido
de esclarecer, no âmbito regional, as verdadeiras dimensões do
presente empreendimento. Trata-se de um procedimento impor-
tante que contribuirá para que o cenário atual dos referidos
núcleos urbanos não seja agravado.
É possível, frente à imagem de grande empreendedor da CVRD na
região, que interpretações inadequadas a respeito do porte e fase
do empreendimento ocorram. No entanto, tal situação deverá ser
evitada, já que situações indesejáveis e falsas expectativas poderão
ser criadas caso tal percepção se consolide.
É muito importante salientar que outros corpos de minério de
ferro encontram-se em estudo na área de inserção do presente
projeto, bem como a pesquisa de outros recursos minerais ocor-
rentes em vários domínios da Província Mineral de Carajás.
Espera-se, oportunamente, que estudos mais aprofundados sobre
as cavidades posicionadas no entorno do Projeto Serra Leste pos-
sam resultar na possibilidade de melhor aproveitamento das jazi-
das de minério de ferro nas proximidades do local de desenvolvi-
mento do presente empreendimento, favorecendo o desenvolvi-
mento da Etapa II prevista para o mesmo.
As informações anteriores objetivam, tão somente, apontar que a
vocação mineral desta porção do sul do Pará é evidente. Significa
que cuidados específicos devem ser tomados para que as deman-
das criadas por tal vocação sejam devidamente consideradas dentro
de um planejamento sistêmico, de forma a evitar contextos estrutu-
rais inadequados numa área de relativa fragilidade ambiental.
Considerando que o empreendedor adotará todos os procedi-
mentos cabíveis para que, regionalmente, sejam conhecidas as
reduzidas dimensões do presente empreendimento em relação ao
Complexo Ferro Carajás, espera-se que o cenário de Curionópolis,
bem como o de Serra Pelada, não sejam alvo de profundas trans-
formações negativas.
Serra Leste é um projeto importante, mas, seguramente, tem seu
papel relevante muito mais no pioneirismo que este agrega em
termos de possibilidade de ampliação e estruturação da atividade
minerária no município, do que propriamente na capacidade de, por
si, influenciar de maneira preponderante o arranjo produtivo atual.
É seguro afirmar que o cenário de uso e ocupação do solo atual de
verá se manter plenamente estável nas áreas rurais, devendo as atuais
formas de produção existentes continuarem a ocorrer dentro do
mesmo modelo que hoje se observa em toda a porção sulparaense.
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Nas áreas urbanas, são previsíveis pequenas mudanças em ter-
mos do arranjo territorial atual. Neste sentido, é necessário con-
siderar a possibilidade da expansão da cidade, ampliando os
limites da periferia dos núcleos urbanos. Segundo informações
da Prefeitura, já existe um loteamento aprovado no limite
nordeste da área urbana. Esse loteamento deverá ser aberto no
momento em que se concretizar o empreendimento Serra
Leste e sua ocupação deverá pressionar o igarapé dos Velhos, já
que este ficará entre a área urbana atual e o novo loteamento.
Caso o novo loteamento seja implantado nos padrões atuais
observados na cidade, o igarapé dos Velhos deverá receber
parte dos esgotos da nova ocupação e terá agravado as situ-
ações de enchentes.
Na vila de Serra Pelada, o aumento populacional de pequena
monta não deverá, necessariamente, ampliar o perímetro das
áreas ocupadas. O grande número de residências desocupadas
ou com baixa ocupação deverá possibilitar uma acomodação
do fluxo migratório que poderá buscar, na vila, maior proximi-
dade com o empreendimento.
Entretanto, em decorrência das restritas condições de acesso à
vila de Serra Pelada, é possível que essa população a médio
prazo opte por fixar-se em centros urbanos onde existam
melhores oportunidades de emprego, de serviços urbanos e de
assistência social. Caso o poder público ou outros atores atuantes
em Serra Pelada decidam investir na consolidação desse
núcleo, é possível que as alterações na vila sejam maiores.
Deve ser ressaltado que essas ações são, atualmente, de difícil
previsão e não encontram precedentes no histórico de ocu-
pação de Serra Pelada.
Com relação às possibilidades de modificações dos padrões
atuais dos níveis de ruídos bem como da qualidade do ar, os
resultados apontam para um prognóstico onde tais efeitos
serão restritos basicamente à ADA e à porção da AID próxima a
esta, conforme será discutido no capítulo a seguir referente a
Análise e Avaliação dos Impactos Ambientais.
Conclui-se, portanto, que, no caso de confirmação deste
cenário, a vila de Serra Pelada sofrerá pequenas alterações
ambientais enquanto que, na cidade de Curionópolis, serão
verificadas maiores alterações que incidirão, particularmente,
no meio socioeconômico.
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123
13.1 Introdução
No caso específico do Projeto Serra Leste,
cabe salientar que, em relação aos meios
físico e biótico, as interferências ambientais
são evidentes, já que a extração mineral
demanda ações diretas sobre o substrato e,
conseqüentemente, sobre a cobertura vege-
tal e a fauna a ele associadas. Tais impactos
decorrem, especialmente, da instalação das
estruturas necessárias à atividade mineral,
como também do desenvolvimento da
lavra onde, a formação da cava, a necessi-
dade de disposição de estéril e o próprio
beneficiamento do minério agregam ações
que geram intervenções sobre os fatores
ambientais. No caso de Serra Leste, o con-
texto ambiental apresentado contribui
para que as interferências ambientais
esperadas em relação ao projeto sejam, de
antemão, reconhecidas, em sua grande
maioria, como de baixa magnitude.
O Projeto Serra Leste incorpora, ainda, estru-
turas importantes para o processo de avali-
ação dos impactos ambientais. Essas
estruturas são representadas pela estrada,
que será instalada entre a mina e o pátio de
embarque a ser construído junto à Estrada de
Ferro Carajás e, em menor escala, pela linha
de transmissão de energia, que terá, como
traçado novo, apenas o segmento com-
preendido entre a estrada de acesso à vila de
Serra Pelada e a Usina. As linhas ferroviárias
necessárias para o desenvolvimento das
manobras de embarque do minério, apesar
de suas dimensões, serão instaladas paralelas
à Estrada de Ferro Carajás, ocupando terrenos
de sua faixa de domínio e ambientes de
pastagens localizados em suas laterais.
Diante dos efeitos decorrentes da imple-
mentação de um empreendimento, a
opção metodológica utilizada tem seu foco
principal na adoção de sistemas e medidas
de controle ambiental dotadas da desejada
eficiência operacional.
No tocante ao meio socioeconômico e cul-
tural, essa postura preventiva alinha-se à
adoção, na região de inserção de um novo
13. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS
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124
empreendimento, dos procedimentos corporativos da CVRD,
voltados para a integração de suas ações de responsabilidade
social, envolvendo seus processos, produtos e públicos relaciona-
dos. A gestão integrada dessas relações, principalmente no
tocante às comunidades, parte do reconhecimento de uma empresa
ancorada no território e com significativa influência no arranjo
regional, prestando-se ao papel de indutora (âncora) do
desenvolvimento econômico e social de uma importante
porção do território paraense, como, no caso, do Projeto Serra
Leste em pauta.
13.2 Procedimentos Metodológicos da Avaliação de
Impactos
13.2.1 Definições Básicas Adotadas
A etapa de avaliação de impactos ambientais identifica os
efeitos positivos e negativos, associados ao empreendimento,
considerando as fases distintas de planejamento, instalação,
operação e desativação, tendo como base as características do
empreendimento, o diagnóstico ambiental, além da análise
ambiental integrada.
Uma vez que a etapa de avaliação de impactos ambientais é
determinante do conjunto de ações a serem implementadas de
forma a propiciar que seja reconhecida e validada, pelo órgão
licenciador competente, a viabilidade ambiental do empreendi-
mento pretendido, a ferramenta metodológica a ser adotada para
esta avaliação deve ser tecnicamente consistente de forma a
representar um efetivo instrumento de apoio à tomada de
decisão pela implementação das ações adequadas.
Para a implementação desse instrumento, a CVRD, a exemplo do
que já faz nos estudos ambientais de seus empreendimentos,
baseou-se em conceitos e definições estabelecidos na legislação
aplicável e, em especial, na NBR ISO 14.001/2004, a saber:
• O projeto deve ser caracterizado por seus processos e respecti-
vas tarefas, e em cada uma destas devem ser identificados os ele-
mentos das atividades passíveis de interagir com o meio
ambiente, os quais são denominados aspectos ambientais;
• Aspectos reais são aqueles inerentes à atividade, processo ou
tarefa, enquanto que os aspectos potenciais são aqueles associa-
dos a condições excepcionais de ocorrência. Os aspectos ambi-
entais reais deverão fundamentar a identificação e a avaliação de
impactos, enquanto que os aspectos ambientais potenciais deverão
fundamental a APP - Análise Preliminar de Perigos, bem como a
conseqüente Avaliação de Riscos.
• Impacto ambiental é considerado como qualquer modificação
do meio ambiente, adversa (negativa) ou benéfica (positiva),
decorrente, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais do
empreendimento.
A metodologia ora adotada para avaliação de impactos pres-
supõe a existência de sistemas e medidas de controle ambiental
eficazes, conforme citado anteriormente, previstas para as
possíveis interferências ambientais resultantes da realização das
tarefas do empreendimento. Quando a ação de controle é aplica-
da diretamente no processo operacional como forma de exercer
o controle preventivo e na fonte do aspecto ambiental signi-
ficativo, esta ação caracteriza-se como parte integrante do proje-
to de engenharia, está descrita na caracterização do empreendi-
mento e passa a ser denominada “controle intrínseco”.
A consideração das ações de controle previamente à manifes-
tação de um impacto ambiental revela, por parte do empreende-
dor, a necessidade e obrigatoriedade de atender à legislação
ambiental pertinente, que define critérios diversos para controlar
interferências ambientais resultantes de diferentes tarefas.
Vale ressaltar que, ao se avaliarem os impactos considerando as
ações de controle em pleno funcionamento, esses terão, neces-
sariamente, menores magnitudes. No entanto, tal situação só
ocorrerá quando a incidência de uma ação de controle puder
anular ou amenizar substancialmente a possível ocorrência de
um determinado impacto. Nesse contexto, o foco das ações de
acompanhamento e monitoramento deverá estar voltado para
o funcionamento dos sistemas de controle adotados, fato
que se constitui na forma adequada de verificação da eficácia
desses sistemas.
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125
13.2.2 Critérios de Valoração dos Impactos Ambientais
A metodologia considerada utiliza critérios específicos de
avaliação de impacto ambiental. São atribuídos “pesos” para a
valoração dos impactos ambientais, realizada a partir da con-
solidação das características de indicadores de valoração de
reversibilidade, da abrangência e da relevância. Esses pesos, ao
serem multiplicados, representam a quantificação da magni-
tude de cada impacto avaliado.
Os impactos cuja magnitude seja moderada ou alta são con-
siderados como significativos.
Os indicadores considerados na MAIA adotada pela CVRD, com
vistas a efetivamente traduzir a magnitude de um impacto
ambiental adverso ou benéfico, foram identificados a partir de
uma análise crítica daqueles usualmente adotados na avaliação
de impactos ambientais, considerando-se, inclusive, os men-
cionados na Resolução CONAMA 01/86. A seguir, apresenta-se
tais indicadores constantes da MAIA aplicada pela CVRD, bem
como os critérios adotados para valoração dos impactos:
a) Indicador de Valoração: Reversibilidade do Impacto
Critérios: Reversível ou Irreversível
• Reversível (1) - é aquela situação na qual cessada a causa
responsável pelo impacto, o meio alterado retorna, imediata-
mente ou no curto prazo, a uma dada situação de equilíbrio,
semelhante àquela que estaria estabelecida caso o impacto
não tivesse ocorrido.
• Reversível a Médio/Longo Prazos (2) - é aquela situação na
qual cessada a causa responsável pelo impacto, o meio alterado
retorna, no médio ou no longo prazos, a uma dada situação de
equilíbrio, semelhante àquela que estaria estabelecida caso o
impacto não tivesse ocorrido.
• Irreversível (3) - o meio se mantém alterado mesmo após
cessada a causa responsável pelo impacto.
b) Indicador de Valoração: Abrangência do Impacto
Critérios: Pontual, Local e Regional
• Pontual (1) - a alteração se manifesta exclusivamente na área
em que se dará a intervenção ou no seu entorno imediato.
• Local (2) - a alteração tem potencial para ocorrer ou para se
manifestar por irradiação numa área que extrapole o entorno
imediato do sítio onde se deu a intervenção, considerados os
critérios de recorte territorial identificados na seqüêcia do texto
• Regional (3) - a alteração tem potencial para ocorrer ou para
se manifestar por irradiação em escala de dimensão regional.
c) Indicador de Valoração: Relevância do Impacto
Critérios: Irrelevante, Baixa relevância, Relevante, Alta
relevância
• Irrelevante (0) - a alteração não é percebida ou verificável.
• Baixa relevância (1) - a alteração é passível de ser percebida
e/ou verificada (medida) sem, entretanto, caracterizar ganhos
e/ou perdas na qualidade ambiental da área de abrangência
considerada, se comparados ao cenário ambiental diagnosticado.
• Relevante (4) - a alteração é passível de ser percebida ou
verificada (medida) caracterizando ganhos e/ou perdas na
qualidade ambiental da área de abrangência considerada, se
comparados ao cenário ambiental diagnosticado.
• Alta relevância (9) - a alteração é passível de ser percebida
e/ou verificada (medida) caracterizando ganhos e/ou
perdas expressivos na qualidade ambiental da área de
abrangência considerada, se comparados ao cenário ambiental
diagnosticado.
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126
d) Magnitude - reflete o grau de alteração
da qualidade ambiental do meio que está
sendo objeto da avaliação; é caracterizada
a partir da consolidação dos valores associa-
dos aos critérios de valoração de impactos
ambientais. A magnitude deverá ser ex-
pressa por meio dos seguintes parâmetros
e padrões:
• Desprezível - decorrente obrigatoria-
mente de impactos classificados como
irrelevantes, cujo valor é igual a zero (0);
• Baixa - o resultado do produto dos valores
atribuídos aos critérios de valoração pode
ser igual ao conjunto de valores inseridos
entre 1 e 6, inclusive;
• Moderada - o resultado do produto dos
valores atribuídos aos critérios de valoração
pode ser igual ao conjunto de valores
inseridos entre 8 e 18, inclusive;
• Alta - o resultado do produto dos valores
atribuídos aos critérios de valoração pode
ser igual ao conjunto de valores inseridos
entre 24 e 81, inclusive.
A conjugação de quaisquer resultados com
alterações caracterizadas como irrelevantes
resultará magnitude obrigatoriamente
desprezível.
A metodologia adotada contempla ainda
os indicadores complementares, os quais
fornecem informações necessárias ao
detalhamento das ações propostaspara o
tratamento de cada impacto identificado.
13.2.3 Tipos de Ações Ambientais
As ações ambientais são definidas com
base nos critérios de valoração e nos
critérios complementares. Elas contem-
plam a identificação da natureza da ação
principal a ser implementada em cada
tipologia de impacto, de acordo com a
seguinte classificação:
(1) Ações de acompanhamento e /ou
verificação sistemática e periódica -
enquadram-se neste item:
• os procedimentos de monitoramento e
de medição, incluindo-se as verificações
visuais, aplicáveis à avaliação do desem-
penho dos sistemas de controle da quali-
dade ambiental mencionados no corpo do
estudo;
• os procedimentos de monitoramento do
desempenho ambiental dos controles
intrínsecos previstos;
• os procedimentos de monitoramento e
de medição dos impactos significativos
com ocorrência potencial;
• os procedimentos de monitoramento e de
medição dos impactos avaliados como de
baixa magnitude, de forma a, num determi-
nado intervalo de tempo, ratificar a avali-
ação feita;
• os procedimentos de monitoramento do
processo de geração de resíduos.
(2) Ações de controle dos aspectos
ambientais - aplicáveis aos aspectos
ambientais responsáveis por impactos de
moderada ou de alta magnitude, con-
siderando-se que a minimização dos
impactos por meio de controle dos seus
respectivos aspectos deve, sempre que
possível, ser priorizada.
(3) Ações de mitigação dos impactos
ambientais - aplicáveis a impactos mi-
tigáveis de alta e moderada magnitude,
simultaneamente ou não ao controle dos
respectivos aspectos ambientais.
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127
(4) Ações de compensação ambiental - aplicáveis ao conjunto
de impactos não mitigáveis.
Além destas, deve ser considerada a compensação compulsória na
qual se traduz a aplicação do art. 36 da Lei 9985/00 - Lei do SNUC.
(5) Ações de potencialização - aplicáveis ao conjunto de
impactos ambientais significativos benéficos, visando a sua
otimização.
No âmbito do estudo ambiental as ações propostas devem ser
consolidadas em Planos, Programas e/ou Projetos, os quais serão
detalhados no respectivo PCA - Plano de Controle Ambiental.
3.3 Avaliação dos Impactos Ambientais
A avaliação de impactos ambientais efetuada resultou, para as
fases de instalação e operação do empreendimento, um total de
294 impactos, dos quais, 258 são negativos e 36 positivos. Como
vários dos impactos identificados foram repetidamente registrados
em diferentes tarefas, observa-se um total de 44 casos indicativos
de interferências ambientais negativas e 19 positivas.
Cumpre destacar que, praticamente todos os casos de impactos
positivos estão relacionados ao meio socioeconômico. Além disso,
cabe observar que a análise dos dados reflete as premissas ado-
tadas na metodologia proposta, cujo foco está voltado para a
adoção de sistemas e medidas de controle ambiental com alto
grau de eficiência operacional, para as análises efetuadas para os
meios físico e biótico.
Ainda quanto aos aspectos socioeconômicos, a par da importância
do Projeto Serra Leste para a economia local, regional e nacional, é
inegável que a sua instalação constitui-se em forte atividade modifi-
cadora do meio ambiente, com reflexos, inclusive, na promoção do
desenvolvimento regional, principalmente ao se integrarem as suas
ações a outros projetos sob a responsabilidade da CVRD, em desen-
volvimento na área de interesse.
A seguir serão discutidos os principais impactos ambientais identi-
ficados para o Projeto Serra Leste.
Ao final da seguinte discussão, são apresentadas as Matrizes de
Análise e Avaliação de Impactos Consolidadas para as diferentes
etapas do empreendimento.
13.3.1 Avaliação dos Impactos Ambientais na Etapa de
Planejamento
Para a fase de planejamento não se espera a manifestação de
interferências ambientais importantes. Praticamente estas são
nulas em relação aos meio físico e biótico, especialmente por se
considerar a existência do Projeto Lavra Experimental no mesmo
basicamente na mesma área de inserção do Projeto Serra Leste.
13.3.2 Avaliação dos Impactos Ambientais na Etapa de
Instalação
13.3.2.1 Etapa de Instalação - Impactos Negativos - Meio Físico
a) Alteração da Qualidade do Ar
Para a instalação do Projeto Serra Leste, várias serão as tarefas que
poderão alterar a qualidade do ar. Seu desenvolvimento resultará
na produção de material particulado e de gases de combustão.
A geração de gases de combustão como também de material par-
ticulado estará, então, associada à abertura e melhoria de acessos,
adequação dos terrenos para instalação das estruturas vinculadas
ao empreendimento onde se faz necessária a remoção de solos e
substratos diversos - inclusive com uso de explosivos - ao des-
matamento e à estocagem de solos, ao transporte de pessoal e
insumos diversos, bem como à circulação de veículos para o
desenvolvimento e apoio de tarefas diversas.
Durante a fase inicial de operação do empreendimento será uti-
lizado um gerador de energia a diesel que também contribuirá
para a alteração da qualidade do ar através da emissão de gases
de combustão. Este equipamento, após a instalação da rede de
distribuição de energia na área da mina, será utilizado apenas para
operações de emergência.
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128
Considerando a regularidade da sazonalidade climática regional,
este impacto, analisado em relação à geração de material par-
ticulado e gases de combustão, deve ser considerado como
reversível a curto prazo (1), de abrangência local (2), relevante
(4) e de magnitude moderada (8).
A presente avaliação levou em consideração o fato de que a
frota não será utilizada de forma simultânea e que o local de
desenvolvimento das atividades posiciona-se quase sempre a
mais de 3 km da vila de Serra Pelada.
b) Alteração dos Níveis de Ruídos
A exemplo da alteração da qualidade do ar, a possibilidade de
alteração dos níveis de ruídos está associada, na etapa de implan-
tação do empreendimento, à operação de máquinas, equipa-
mentos, pequenas detonações para adequação topográfica para
locação de infra-estrutura, circulação de veículos e pessoas na
área de inserção do projeto.
É importante considerar que os resultados obtidos durante a
campanha de campo, realizada durante a elaboração do diag-
nóstico ambiental, mostram um contexto que não contempla
a operação do Projeto Lavra Experimental, já devidamente
autorizado a operar na mesma área onde se prevê a instalação
do Projeto Serra Leste.
O Projeto representará a ampliação das fontes de ruído na etapa
de instalação, em decorrência das obras de adequação/instalação
da estrada que ligará a mina ao pátio de embarque e das linhas
ferroviárias a serem construídas. Nestes dois últimos casos, haverá
apenas a manifestação, durante a etapa de instalação, da emissão
de ruídos de forma mais contínua, já que as áreas onde serão
desenvolvidos os trabalhos localizam-se às margens da Estrada
de Ferro Carajás. Nesta, a circulação de grandes composições
ferroviárias já produz níveis de ruídos seguramente superiores
aos que serão gerados durante a etapa de instalação do
empreendimento em análise.
Durante a etapa de instalação, as tarefas que serão desenvolvi-
das mais próximas ao núcleo urbano de Serra Pelada associam-
se às obras de construção de um trecho da estrada de ligação
da Mina com o Pátio de Embarque do minério. Neste trecho, as
tarefas geradoras de ruídos demandam a utilização de
máquinas, tratores e caminhões, constituindo-se, frente ao
background obtido para a área, em possível alteração dos
níveis de ruídos obtidos no presente diagnóstico.
Outro núcleo importante de geração de ruídos associa-se à
área da mina propriamente dita. Nela, muitas tarefas geradoras
de ruídos serão desenvolvidas simultaneamente, constituindo
no principal domínio onde, de fato, acréscimos importantes,
frente aos padrões atuais, poderão se fazer presentes.
De toda forma, as alterações dos níveis de ruído típicos de
ambientes rurais deverão ser sentidas, pelo menos na porção
da vila de Serra Pelada localizada mais próxima às áreas de tra-
balho do empreendimento. Espera-se que esta alteração não
tenha dimensões de alcance significativas. A vila de Serra
Pelada, posiciona-se, a mais de 3 km da mina, num patamar
topográfico de cerca de 400 metros abaixo da mesma.
Considerando-se o posicionamento da área fonte e a localização
da vila de Serra Pelada, conclui-se por se tratar de um impacto
de abrangência local (2), reversível a curto prazo (1), relevante
(4) e de magnitude moderada (8). Este impacto será direto,
continuo, temporário, real e se manifestará a curto prazo.
c) Alteração da Qualidade das Águas
As tarefas relacionadas aos processos de supressão de vege-
tação, de implantação da infra-estrutura da mina, dos sistemas
de controle da qualidade ambiental, do canteiro de obras, dos
acessos, das estruturas de apoio, das atividades de manutenção,
operações de rotina, captação e adução de água nova podem,
através da geração de sedimentos, de efluentes - incluindo
óleos e graxas -, e de resíduos, produzir interferências sobre os
recursos hídricos no que tange à sua qualidade.
Apesar do adequado controle dos aspectos gerados por esses
processos, previsto EIA em programas ambientais específicos,
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129
bem como do compromisso de lançamento dos efluentes no meio aquático em con-
formidade com as normas e padrões estabelecidos pela legislação ambiental, ainda assim
alterações poderão ocorrer sobre as características físicas, químicas e bacteriológicas das
águas superficiais da AID.
A geração de sedimentos deve ser um impacto a ser destacado ao longo da estrada a ser
adequada/construída para ligar a mina ao pátio de embarque do minério. As intervenções
necessárias para viabilizar a estrada devem ser priorizadas nos meses de estiagem, já que
durante a estação chuvosa os índices pluviométricos elevados podem contribuir para o
transporte de grande quantidade de sedimentos para as drenagens próximas.
Considerando a eficiência dos sistemas de controle adotados, juntamente com o fato de
que em grande parte da ADA apenas a produção de sedimentos aparece como um
aspecto relevante do empreendimento para a análise do impacto em questão, tem-se
que a maioria das alterações será reversível (1), de abrangência local (2), pouco relevante
(1) e, portanto, de magnitude baixa (2).
d) Assoreamento dos Cursos D'água
O assoreamento dos cursos d'água está associado ao desenvolvimento do conjunto das
tarefas que podem resultar na desagregação e mobilização de materiais, predispondo-os à
ação do escoamento pluvial em direção aos corpos hídricos próximos.
No caso em questão, tarefas como a remoção e estocagem do solo orgânico, instalação
de sistemas de drenagens, adequação e abertura de vias de acesso, construção de sumps
(bacias escavadas), como também as necessárias adequações topográficas (terraplanagem)
para a preparação dos terrenos para o recebimento de estruturas como o pátio de
embarque de minério, as linhas ferroviárias, usina, pilha de estéril e outros, compõem o
elenco das possíveis fontes geradoras de sedimentos.
As demais estruturas relacionadas à mina e usina encontram-se posicionadas em áreas
relativamente planas de solos profundos com excelente condição de drenagem, favore-
cendo a infiltração frente ao escoamento superficial. Desta forma, a construção de pequenas
bacias escavadas e sistemas de drenagens associados parecem ser a solução adequada para
minimizar o fluxo de sedimentos em direção às drenagens, evitando-se o seu assoreamento.
A situação observada para a área do pátio de embarque mostra-se semelhante.
Neste caso, cabe analisar a estrada de forma segmentada, já que dois compartimentos
bem nítidos caracterizam seu traçado. O primeiro deles é representado pelo trecho que
se estende da mina até a transposição da serra do Sereno, já nos domínios da Fazenda
Miranda e Filhos.
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130
Neste trajeto, a topografia mostra-se bas-
tante variada, alternando-se drenagens
encaixadas e pendentes declivosos, que se
estendem em direção aos topos convexos.
O segundo segmento, a topografia é marca-
da por colinas baixas, por vezes isoladas,
marcando o limite de vales tipicamente
planos ou quase planos. Este segmento será
receptor de aproximadamente 4,5 km de
estrada a ser totalmente instalada, represen-
tando, portanto, o trecho onde intervenções
efetivamente novas serão introduzidas.
Apesar da evidente diferença em termos
de potencialidades para a produção de
sedimentos e do conseqüente assorea-
mento de drenagens, procedimentos
específicos devem ser adotados para a
condução adequada das águas pluviais
como também para a destinação do mon-
tante de material resultante da confor-
mação ou abertura do leito viário.
As ações recomendadas frente à geração
de sedimentos, ora assumem a importân-
cia de um controle intrínseco, como são os
sistemas de drenagem e a bacia de con-
tenção de sedimentos associadas, previstas
para a área da mina/usina e o pátio de
embarque, ora apresentam a função de
ação de controle, como é o caso de sumps
e drenagens basicamente artesanais, que
são adotados para controle de sedimentos
em frentes temporárias de trabalho, como
é o caso da construção da estrada de ligação
mina-pátio e da linha ferroviária.
e) Alteração da Dinâmica Hidrológica
Durante a etapa de instalação do empre-
endimento, as mudanças no comporta-
mento das águas superficiais devem ser de
pequena monta.
Primeiramente, as estruturas associadas ao
projeto serão instaladas em domínios onde
intervenções já foram sentidas em decor-
rência do desenvolvimento da lavra experi-
mental. Neste sentido, as alterações pos-
síveis, em termos da dinâmica das águas
superficiais, podem se manifestar num
ambiente onde a mesma já estará condi-
cionada às estruturas de drenagens do
Projeto Lavra Experimental.
É também importante considerar que as
principais estruturas do empreendimento
serão instaladas numa área plana, onde as
condições de infiltração são muito mais
importantes do que as de escoamento.
É importante destacar que a área a ser deca-
peada para o desenvolvimento da lavra, cor-
respondente à Etapa I do Projeto Serra Leste,
terá garantida a infiltração das águas de
chuva até o momento em que começará o
desenvolvimento da explo-tação em cava,
quando então será necessária a realização de
bombeamento para os trabalhos.
Cabe salientar, ainda, que as demais estru-
turas são pontuais em relação ao platô,
exceção apenas da área de pilha que apre-
senta-se com 89,7 hectares, mas que será
dotada de um sistema de drenagem super-
ficial, a título de controle intrínseco, que
permitirá a drenagem controlada das
águas incidentes sobre esse depósito.
No segmento onde a estrada será apenas
ampliada, correspondente ao trecho onde
as condições de escoamento superficial
são favorecidas pelas declividades mais ele-
vadas, que se estende aproximadamente
da mina até a transposição da serra do
Sereno, algumas características devem ser
ressaltadas.
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131
Neste trecho, grande parte das drenagens já encontram-se
interceptadas pela estrada existente e seu escoamento é, por
vezes, conduzido por canaletas laterais aos talvegues principais.
Com relação à estrada a ser construída e os trechos a serem
melhorados, a necessidade de garantir condições perenes de
escoamento do minério produzido em Serra Leste já pressupõe
a necessidade de cuidados construtivos adequados, dentre os
quais inclui-se a implementação de sistemas de drenagem
superficial, que podem ser considerados como o sistema de
controle ambiental intrínseco dessa estrutura. Assim, pode-se
considerar que os reflexos na alteração da dinâmica superficial,
apesar de evidentes, visto a necessidade de construção de 44
bueiros e 02 pontes, além do próprio traçado da estrada, serão
necessariamente de pequena monta, garantindo a
manutenção da função da estrada durante todo o tempo.
Isto significa que a dinâmica hidrológica atual deverá ser devi-
damente observada, sendo inclusive garantida a partir do
dimensionamento adequado das estruturas a serem implan-
tadas para que as condições de tráfego adequado da estrada
sejam mantidas.
No segmento da estrada que deverá ser integralmente instalado,
serão asseguradas as condições de escoamento superficial
vigentes, através da instalação de tubulações e bueiros adequada-
mente dimensionados, de forma a não alterar o padrão hidrológi-
co das drenagens naturais que serão atravessadas pela mesma.
Com relação às linhas ferroviárias, praticamente as condições
de escoamento superficial não serão modificadas. Por se tratar
de uma obra associada à Estrada de Ferro Carajás, os bueiros
desta serão apenas estendidos para contemplar as novas linhas.
A ampliação máxima será de apenas 12 metros.
Na área de instalação do pátio de embarque de minério, as
condições topográficas, conforme consta no diagnóstico ambi-
ental, são planas e isentas de processos de dissecação mode-
ladores de canais definidos para o escoamento superficial.
Significa que a possibilidade de interferência na dinâmica do
escoamento de superfície é praticamente nula.
Assim, considerando-se que essa estrada será provida de todos
os controles intrínsecos adequados para o disciplinamento das
águas superficiais - até porque trata-se de um acesso cuja
manutenção da trafegabilidade é vital para a operação do
Projeto Serra Leste -, considerou-se que o impacto analisado
poderá ter abrangência local (2), será irreversível (3), de baixa
relevância (1) e de magnitude baixa (6).
f) Alteração das Propriedades do Solo
Para o Projeto Serra Leste, considerou-se que as alterações nas
propriedades do solo estão associadas à possibilidade deste
interagir com um grande conjunto de tarefas que têm, como
aspecto, a geração de resíduos.
Os resíduos, por sua vez, são representados por metálicos, plás-
ticos, polímeros sintéticos, papéis, papelões, resíduos mistos,
sucatas de PVC, madeiras, pneus, borrachas, vidros e lâmpadas.
Resíduos como filtros de ar e óleo, borra oleosa, estopa e ser-
ragem contaminada com óleo, graxas, reparos de motores e
procedimentos de lubrificação podem também implicar em
interferências ambientais mais sérias ao solo.
Para o Projeto Serra Leste foi definido todo um conjunto de
procedimentos, orientado para a gestão de resíduos. O objetivo
da implementação do Programa de Gestão de Resíduos é
exatamente coletar, estocar e dar destino adequado aos resíduos
de diferentes classes que são produzidos pela atividade de
mineração. Neste sentido, é importante assinalar que os resíduos
gerados nas tarefas diárias da mineração serão devidamente
coletados e destinados ao depósito intermediário de resíduos
(DIR), considerado, assim, um importante controle intrínseco
do empreendimento.
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Conforme especificado no capítulo referente à caracterização do empreendimento, os resí-
duos armazenados no DIR têm diferentes destinos. Cabe ressaltar que os procedimentos rela-
cionados à gestão de resíduos adotados pela CVRD no Complexo Minerador de Carajás e nos
demais empreendimentos que opera no Brasil serão plenamente considerados e emprega-
dos no Projeto Serra Leste.
Dessa forma, o impacto relativo à alteração das propriedades dos solos foi considerado como
de abrangência pontual, reversível e irrelevante, portanto de magnitude desprezível.
g) Alteração da Paisagem
No presente caso, é esperado que a inserção das estruturas associadas ao empreendi-
mento na porção cimeira da serra possa representar uma alteração na paisagem atual-
mente observada da vila de Serra Pelada.
No caso do Projeto Serra Leste, é importante considerar que a paisagem que marcará o
local de sua implantação será representada pelas estruturas associadas ao Projeto Lavra
Experimental.
O empreendimento (Serra Leste - Etapa I), por ter maior porte do que o da lavra experi-
mental e por prever a explotação em cava, seguramente incrementará as mudanças na
paisagem, não só em relação ao modelado atual, mas também sobre aquela que deverá
estar presente na serra quando o projeto for iniciado.
De toda forma, trata-se de uma alteração de ordem física, já que a mesma rebate sobre a
geometria da encosta, bem como na textura da paisagem.
É importante salientar que a disposição das estruturas relacionadas ao empreendimento,
principalmente a usina e a pilha de estéril, serão percebidas de forma muito discreta
pelos moradores de Serra Pelada ou por aqueles que transitam na rodovia de acesso a
esta, visto que ocupam o “platô” da serra, cuja ruptura de declive para a encosta propria-
mente dita, é muito acentuada.
É relevante destacar que no período de instalação do Projeto Serra Leste, a porção da
serra a ser ocupada por este já deverá, em função da lavra experimental, ser percebida
como um domínio da mineração, amenizando, de forma importante, a intensidade de
manifestação do impacto traduzido pela alteração da paisagem.
Considerando-se que, de toda forma, o empreendimento poderá ser percebido pela
população de Serra Pelada, considerou-se que o impacto representado pela alteração da
paisagem poderá ter uma abrangência local (2), será irreversível (3) e será pouco relevante
(1). Desta forma, o impacto será de magnitude baixa (6)
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13.3.2.2 Etapa de Instalação - Impactos Negativos - Meio Biótico
a) Redução da Área de Vegetação de Canga (Savana Metalófila)
A maior parte da cava se desenvolverá sobre área atualmente coberta por vegetação de
canga, que ocorre sobre uma carapaça rochosa.
Por ser específica dessas áreas, esta vegetação encontra-se presente em poucos locais,
todos eles associados quase exclusivamente aos locais onde ocorre o minério de ferro.
Na área de inserção do Projeto Serra Leste, existem, ainda, quatro platôs ferríferos onde a
vegetação de canga aparece como característica.
De toda forma, é importante salientar que esta formação vegetal é exclusiva desta porção
sul paraense, merecendo, por tal razão, ter sua importância sempre reconhecida.
A área de savana metalófila a ser suprimida distribui-se pelo domínio das cavas leste e
oeste, bem como pela área a ser utilizada pela estrada de circulação entre estas e sua ligação
com a usina. Neste sentido, estima-se que a intervenção sobre esta formação será da
ordem de 2,3 hectares.
É bom ressaltar que a área de savana já encontra-se cortada por estradas de acesso à pro-
priedade do Sr. Dimas e presta-se como áreas de pastagem para o gado que está sempre
presente no local. A descaracterização da área também se dará em função do desenvolvi-
mento do Projeto Lavra Experimental, quando serão suprimidos cerca de 20 hectares.
Grande parte das espécies que ocorrem neste ambiente é exclusiva dele. A eliminação
desta área de canga não representará a extinção de nenhuma espécie, pois todas elas são
observadas em outros locais, principalmente na Flona Carajás. De toda forma, a supressão
de uma área com esta cobertura vegetal representa eliminar uma amostra de uma for-
mação vegetal endêmica. Releva este impacto o fato das áreas remanescentes ainda cor-
rerem o risco de sofrerem intervenções, inclusive por estarem em domínios de particu-
lares, em propriedades onde as pastagens sempre acabam por pressionar, direta ou indi-
retamente, qualquer formação nativa da região.
Assim, considera-se o impacto da supressão da vegetação de canga para instalação da
estrutura da mina como sendo irreversível (3), de abrangência regional (3), pois cada área
de ocorrência deste ambiente possui importância em manter uma maior diversidade
genética entre as áreas de ocorrência desta tipologia vegetal. Trata-se de um impacto
muito relevante (9) e, portanto, com magnitude alta (81).
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b) Afugentamento da Fauna Silvestre
A retirada de vegetação para abertura de locais relacionados à
implantação e melhoria das vias de acesso, bem como o possível
aumento do tráfego de veículos, equipamentos e pessoas na
região, poderão ocasionar a dispersão de elementos da fauna do
entorno.
Nos setores florestais atingidos por obras poderá ocorrer a perda
local de áreas para abrigo de populações faunísticas. No entanto,
para o Projeto Serra Leste, no caso da mina e da estrada de ligação
desta com o pátio de embarque, somente setores com pequenos
tamanhos serão desmatados, provocando uma baixa redução de
abrigo e de oferta de recursos alimentares para a avifauna nos
locais atingidos, causando a fuga dos exemplares de aves para o
interior das áreas remanescentes do hábitat.
É importante ressaltar que a intervenção em ambientes florestais
será muito restrita, conforme se observa no mapa de uso do solo
e cobertura vegetal produzido para a ADA do empreendimento,
inclusive ao longo da estrada de ligação mina-pátio de embarque.
Já em boa parte da área de savana metalófila que caracteriza parte
da ADA relacionada à mina/usina, os impactos resultantes da
manifestação de ruídos já se farão presentes, pelo menos durante
o turno diurno, decorrentes da operação do Projeto Lavra
Experimental, compondo um cenário pouco atrativo para a pre-
sença de fauna mais exigente na área e seu entorno imediato.
Com relação ao trecho da estrada de acesso entre a mina e o
pátio de embarque de minério, apesar da ampla dominância de
ambientes de pastagens, alguns fragmentos florestais apresentam-se
como importantes para o suporte de diferentes grupos de fauna
da região. Neste caso, destacam-se os fragmentos que se localizam
a sul da área onde se propõe a implantação do pátio de embar-
que do minério.
Apesar de não se prever nenhuma forma de intervenção direta
nestas áreas, os ruídos decorrentes das tarefas necessárias à
implantação da estrada podem promover o afugentamento da
fauna que utiliza as bordas destes fragmentos, impondo um fluxo
para o interior dos mesmos. Em alguns trechos, a estrada será
implantada a menos de duzentos metros destes fragmentos, fato
que permite concluir que, pelo menos em suas bordas, a alteração
dos níveis de pressão sonora será real.
O arranjo espacial da área de inserção do Projeto Serra Leste per-
mite afirmar que nas áreas onde se pretende a implantação da
mina/usina, pátio de embarque e linhas ferroviárias, o impacto
representado pelo afugentamento da fauna pode ser considerado
como reversível de curto prazo (1), de abrangência local (2), pouco
relevante (1) e, portanto, de baixa magnitude (2).
No entanto, no segmento específico da estrada mina/pátio de
embarque em que este impacto reflete nos fragmentos florestais
citados anteriormente, considera-se que este apresenta-se reversível
de curto prazo (1), de abrangência local (2) e relevante (4), impli-
cando numa magnitude moderada (8).
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13.3.2.3 Etapa de Instalação -Impactos Negativos - MeioSocioeconômico
a) Geração de Expectativas quanto àNegociação das Terras
A possibilidade de instalação doempreendimento Serra Leste, bem comoda estrada que possibilitará o transportedo minério de ferro da mina até a Estradade Ferro Carajás - EFC, e sua interferênciaem propriedades particulares poderãogerar expectativas nos proprietáriosdessas terras em relação ao processo denegociação. Essas expectativas poderãorelacionar-se, em especial, aos resultadosdo processo de avaliação das propriedadessuper ou desvalorização das áreas .
Além disso, o processo também de nego-ciação entre os proprietários e oempreendedor poderá gerar expectativas
também em proprietários vizinhos àsáreas a serem efetivamente adquiridas,
com conseqüências sobre a dinâmicafundiária na região e mesmo sobre a con-
cretização, ou não, de investimentosfuturos nessas propriedades.
Com base no exposto, este impacto éavaliado como reversível em curto prazo(1), com abrangência local (2) e relevante(4), com magnitude moderada (8).
b) Geração de Expectativas Quanto àEmpregabilidade e Negócios
A população residente na Vila de SerraPelada possui um comportamento muito
especifico. Trata-se de uma comunidadeque apesar das restrições urbanas e dassérias limitações cotidianas, tais comofortes restrições de transportes, assistência àsaúde, de comunicação, entre outros, aindapermanece no local onde acredita deterdireitos que possam garantir seu futuro.
Apesar do grande esvaziamento popula-cional após o término das atividades degarimpagem, o vínculo com o núcleo foipreservado de diferentes formas. Este vín-culo é estabelecido pela população resi-dente ou não em Serra Pelada, com objeti-vo de garantia de manutenção dos direitosreivindicados pelo grande número de pes-soas que estiveram envolvidas com ogarimpo local. Trata-se de trabalhadoresque se encontram organizados em coopera-tivas e sindicatos de forte atuação local.
As limitadas oportunidades econômicasexistentes no território de inserção do pre-sente projeto, especialmente no municípiode Curionópolis, acabam por elevar a
importância da inserção ou implantaçãode qualquer equipamento ou atividade
que possa se traduzir em novas expectati-vas para a população local e que, portanto,
se constitui em um impacto real, aindaque o projeto Serra Leste seja um
empreendimento de pequenas dimensãoquando comparado a projetos já implan-
tados nos municípios vizinhos.
Nesse contexto, o impacto é avaliadocomo reversível a médio/longo prazo (2),com abrangência regional (3) e relevante
(4) conduzindo a uma magnitude alta (24).
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c) Intensificação do fluxo migratório
O perfil da população migrante é o de uma população predomi-nantemente masculina, com baixo nível de qualificação, e que virápara a Área de Influência sem muitos recursos - trata-se de pes-soas que já não estão empregadas em seu local de origem e quemigram em busca de melhores condições de vida. Encontrandoou não emprego direto ou indireto no local do empreendimento,parte dessa população migrante tenderá a permanecer emCurionópolis, gerando impactos indiretos sobre a ordenação terri-torial urbana, sobre o déficit habitacional, sobre a infra-estruturade saneamento e sobre os equipamentos e serviços de saúde eeducação. Em Serra Pelada, as condições muito precárias do assen-tamento inibem a fixação permanente de população migrante.
Marabá, por ser um centro regional, e Parauapebas, por ser umacidade próxima e mais estruturada que Curionópolis poderão vir aabsorver parte da população atraída que verá vantagens em esta-belecer-se em cidades com maior oferta de serviços e maior possi-bilidade de receber assistência social, bem como maiores possibili-dades de procura de emprego. Entretanto, devido ao tamanho da população desses municípios - segundo o Censo do IBGE em2000, Marabá e Parauapebas possuem cerca, respectivamente, 170 mil e de 72 mil habitantes, contra 20 mil em Curionópolis - oaumento populacional decorrente da chegada de migrantes de-verá ser muito menos expressivo em Marabá e Parauapebas, fato
que valida a consideração feita de inserção desses municípioscomo AII e não como AID do Projeto Serra Leste.
Assim, considerando este indicador pode-se afirmar que oempreendimento Serra Leste terá uma previsão de populaçãomigrante correspondente a aproximadamente 8% do total dapopulação residente.
Considerando, portanto, o impacto de intensificação no fluxomigratório, pode-se afirmar que ele é reversível a médio/longoprazo (2), de abrangência local (2), de baixa relevância (1) e debaixa magnitude (4).
d) Alteração de atividades produtivas existentes
A instalação da lavra de extração de minério assim como a insta-
lação das benfeitorias necessárias à exploração e transporte do
minério relativo ao empreendimento modificará o uso do solo
atual, suprimindo a atividade de pecuária bovina em trechos
dessas áreas.
A área que será ocupada pela mina, usina e demais dependências
de apoio à extração mineral está localizada em propriedade que
será inteiramente adquirida pelo empreendedor. Nessa propriedade,
haverá, portanto, a total alteração do uso atual, de pecuária para
atividades de apoio à extração mineral.
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Quanto à estrada, que transportará o minério da mina à EFC (29 km de extensão), parte
desta será retificada no trecho existente a leste da vila de Serra Pelada. A definição do
traçado da estrada referente a este trecho busca minimizar o incômodo à população
moradora, passando em local afastado das moradias.
O trecho que será construído totaliza 9km e passa por apenas uma propriedade. Este fato
interferirá minimamente nas atividades econômicas desenvolvidas na fazenda. Apenas a
faixa diretamente ocupada pela estrada terá seu uso modificado.
Dessa forma, considerou-se esse impacto de magnitude desprezível, já que se trata de
alteração irrelevante.
e) Ocupação desordenada do espaço urbano
Os núcleos do município de Curionópolis, tanto a sede municipal como a vila de Serra
Pelada são, atualmente, precários no que diz respeito ao nível de atendimento da rede de
infra-estrutura e às condições das moradias. Esses núcleos já passaram por processos
intensos de crescimento populacional sem que tenha havido um processo correspondente
de planejamento para ordenar a ocupação do solo e o assentamento dessa população
em condições adequadas.
O rápido aumento populacional e a manutenção da prática vigente de uso e apropriação
do solo tanto na sede municipal de Curionópolis quanto na vila de Serra Pelada permitem
supor uma tendência a uma ocupação desordenada do espaço.
Os principais problemas que podem decorrer do crescimento desordenado são: ausência
de articulação entre o sistema viário e rodoviário, ocupação de áreas inadequadas (como
margens de córregos, rios e áreas de declividade acentuada), implantação de loteamen-
tos clandestinos ou ilegais e dificuldade de universalização dos sistemas de infra-estrutura
de saneamento.
O Plano Diretor é o instrumento de planejamento adequado para iniciar o ordenamento
do território. O município de Curionópolis já iniciou o processo de elaboração do Plano
Diretor, previsto para ser enviado para apreciação e aprovação na Câmara dos Vereadores
em outubro deste ano.
Dessa maneira, este impacto é considerado como de abrangência local (2) e irreversível
(3). Trata-se de impacto relevante (4) de alta magnitude (24).
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f) Aumento do valor de venda e aluguel dos imóveis
A dinamização da economia local decorrente da abertura depostos de trabalho (diretos e indiretos) desencadeará umapressão sobre o mercado imobiliário, fazendo com que opreço dos aluguéis e venda dos imóveis apresente umaumento considerável.
Apesar de não existir pesquisas oficiais sobre o valor da terraem localidades do município, pode-se verificar aumento dospreços dos imóveis em cidades vizinhas, que tem tido suaseconomias dinamizadas a partir da implantação deempreendimentos minerários.
Por outro lado, a priorização da contratação de mão-de-obralocal e políticas do empreendedor orientadas para a qualifi-cação de profissionais na região podem produzir efeitos miti-gadores importantes sobre este impacto.
Considerando que o mercado imobiliário da Área de Influ-ência Direta é bastante retraído, a pressão sobre os valores dealuguel e venda de imóveis representa um impacto de magni-tude moderada (16). Trata-se de um impacto relevante (4), deabrangência local (2) e reversível a médio/longo prazo (2).
g) Pressão sobre equipamentos e serviços públicos desaúde e educação
Nos últimos anos, tem-se observado a melhoria dos indi-cadores de saúde e educação da população do município deCurionópolis. Isso é o resultado da estruturação dos sistemasde atendimento e financiamento da saúde e educação. Comoos recursos públicos para essas áreas são vinculados aonúmero de atendimentos, espera-se que, à medida que a popu-lação cresça, esses serviços acompanhem esse crescimento,ainda que de forma defasada.
Pode-se dizer, portanto, que este impacto é de baixa magni-tude (2), já que ele tem baixa relevância (1), reversibilidade emcurto prazo (1) e com abrangência local (2).
h) Alteração do cotidiano da população
O potencial acréscimo populacional no município influenciará
o cotidiano da população residente, visto que os hábitos e
costumes destes moradores já estão sedimentados e configura-
se na maneira de relacionamento entre indivíduo e meio.
Assim, a possibilidade de alteração na realidade social e cultural
poderá gerar determinados incômodos aos antigos moradores.
Este impacto é irrelevante, sendo, portanto, desprezível.
i) Alteração do quadro nosológico
O aumento populacional causado pelo fluxo de pessoas para
Curionópolis poderá implicar no incremento de patologias
vinculadas às incipientes condições de saneamento somando-
se às de natureza endêmica.
Informações obtidas pelo Sistema de Informações Hospitalares
(MS/SIH:2006) referentes ao ano de 2005 apresentam como
causa mais comum de internações em Curianópolis, a diarréia
(49% das internações) seguida pela dengue (23% das inter-
nações). Frequentemente essas doenças estão relacionadas a
problemas ambientais como: falta de saneamento, de abastec-
imento de água, de higiene, má disposição do lixo e foco de
vetores de doenças nas redondezas.
O aparecimento de novas patologias parece um fato de
menor probabilidade, considerando a origem e a expressivi-
dade do fluxo migratório.
De toda forma, dentro de uma perspectiva conservadora, é
prudente considerar a possibilidade do acréscimo dos proble-
mas do quadro de saúde existente e, portanto, a manifestação
de tal impacto.
O incremento de patologias é considerado como de abran-
gência local (2), de reversibilidade a médio / longo prazo (2) e
relevante (4), configurando em moderada magnitude (16).
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j)Sobrecarga do sistema viário
O Projeto Serra Leste gerará um aumento
do tráfego nas estradas que ligam o
empreendimento aos centros fornecedores
de mão-de-obra, de serviços e de matérias-
primas. Serão caminhões com equipamen-
tos, insumos e componentes, além de car-
ros e ônibus transportando mão-de-obra.
Na rodovia PA-275, o impacto será
desprezível, pois por essa estrada já circula
um número considerável de veículos com
destino a Parauapebas, que é uma cidade
de porte médio para os padrões da região.
Já, a estrada local, que parte da PA-275 e
segue até Serra Pelada, sofrerá impacto sig-
nificativo durante a etapa de instalação,
quando esta será a principal via de acesso à
área do Projeto Serra Leste. Atualmente
trafegam por essa via apenas poucos veícu-
los. Pode-se prever um aumento no tráfego
de veículos de moradores da Vila de Serra
Pelada e das fazendas do entorno, decor-
rentes das melhorias previstas, por parte do
empreendedor, para esta estrada. Este impacto é reversível em curto prazo (1),
tem abrangência local (2) e baixa relevância(1), sendo sua magnitude baixa (2).
k) Retração dos serviços locais
Os serviços locais criados exclusivamentepara atender à demanda de implemen-tação do empreendimento sofrerãoredução de vendas ou até mesmo encerra-mento de atividades.
Algumas atividades podem estar contem-pladas na demanda da fase de operação,sendo então ajustadas apenas em quanti-dades a ofertar de seus produtos. É possívelainda que o intervalo de tempo entre aoferta inicial e a oferta reajustada seja umperíodo atípico com deflação justamentepela diferença entre oferta e demanda. Emseguida, após adequação, os preços ten-dem a voltar ao patamar normal, mas numcenário contraído economicamente.
Este impacto é considerado como de baixamagnitude (2), já que se trata de impactode baixa relevância (1), de abrangêncialocal (2) e de reversibilidade em curtoprazo (1).
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l) Redução da arrecadação de tributos prioritariamente municipais
O término dos contratos de fornecedores de serviços implicará na redução de recolhimento
de ISSQN - Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza. O valor de perda estimado será de
R$310 mil, conforme previsto para o segundo ano da implantação para o pagamento de
ISSQN. No entanto, o efeito desta retração não será totalmente efetivo em função da fase
seguinte de operação, que manterá em outros parâmetros a geração deste tributo.
Portanto, a redução da arrecadação de tributos é um impacto de magnitude baixa (2),
com reversibilidade em curto prazo (1), abrangência local (2) e baixa relevância (1).
m) Redução temporária da oferta de trabalho direto
O impacto de redução dos postos de trabalho se estende à renda das famílias, ao con-
sumo local e, indiretamente, a outros empregos gerados na economia local em função da
alteração do perfil de consumo. Quantitativamente, corresponde à redução local na POC
da ordem de 3,9% em relação aos postos extintos na implantação e de 5,4% referentes ao
momento de pico de obras.
Com base na informação do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores da
Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), estima-se que cada 1 emprego direto
criado gera 3,6 empregos indiretos. Para Curionópolis, assumindo que cada 1 posto direto
gere 3 novos postos, estima-se a criação de 921 empregos indiretos tomando como base
a média de contratações (307), que não se encerram pela extinção deste postos diretos,
visto que a causalidade inversa não ocorre e, mesmo que ocorresse, a fase seguinte de
operação gerará 351 novos postos, substitutos aos extintos.
Trata-se de impacto de magnitude moderada (8), relevante (4), de reversibilidade a curto
prazo (1) e abrangência local (2).
n) Desvinculação dos trabalhadores da rede de seguridade social
O número de postos extintos previstos no período de instalação (307) e no período de
pico de obras (473) representa o número de seguros-desemprego utilizáveis pelo período
máximo de seis meses. A seguridade deste benefício é garantida logo após a formalização
da contratação. Em função da empregabilidade qualitativa absorvida durante o período
de emprego, parte dos indivíduos demitidos potencialmente voltarão a atividade formal,
mantendo-se na rede de seguridade.
Logo, o impacto de desvinculação da rede de seguridade não será necessariamente
equivalente ao número de postos de trabalho extintos, mas, sim, menor. Trata-se de
impacto de magnitude moderada (8), relevante (4), com reversibilidade em curto prazo
(1) e abrangência local (2).
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o) Redução temporária do poder aquisitivo e do padrão
de consumo
A fase de instalação do empreendimento CVRD causará um
impacto médio de R$ 55mil mensais e, pelo efeito multiplicador
(circulação da renda na economia local), tem o potencial de
incremento de R$ 220 mil mensais. A extinção de postos de tra-
balho causa a perda da renda de R$55mil mensais na economia
local, que poderia ter o efeito contracionista de deslocar a
demanda para o ponto inicial, anterior ao empreendimento, se
considerada pura e simplesmente a inexistência de outra renda
substituta para essas famílias.
Além disso, ocorre pelo período máximo de seis meses o rece-
bimento do seguro desemprego, que mantém parte do poder
aquisitivo da família pelo período em que o indivíduo ainda
esteja em condição de desemprego.
Portanto, o poder aquisitivo e o padrão de consumo não serão
integralmente afetados pela redução de renda causada pela
extinção dos postos de trabalho. Dessa maneira, este impacto é
relevante (4), reversível em curto prazo (1) e de abrangência local
(2), o que determina que sua magnitude seja moderada (8).
13.3.2.4 Etapa de Instalação - Impactos Positivos - MeioBiótico
a) Redução do desmatamento e retirada ilegal demadeira
A prática da retirada ilegal de madeira em remanescentes flo-
restais na Amazônia é prática comum e corriqueira, ocorrendo
na maioria das vezes sem a concessão dos proprietários ruraisdetentores de posse da área. Com a operação do empreendi-mento e sua necessária vigilância patrimonial, espera-se queocorra uma redução ou mesmo cesse essa prática em áreasvigiadas pelo empreendedor. A presença de guaritas de vigilânciae a restrição do acesso de estranhos favorecerá essa redução.
Neste sentido, cabe destacar as portarias que serão instaladas nosdomínios da Fazenda Miranda e Filhos, tanto na entrada sul comona norte. A instalação destas portarias é uma exigência do propri-etário rural, de forma a controlar o acesso de pessoas no trecho daestrada de ligação mina-pátio que se estende do serra do Serenoaté a Estrada de Ferro Carajás é de sua propriedade.
Este mesmo proprietário relatou para funcionários da CVRD oroubo de madeiras em suas terras e acredita que a presença deportarias vigiadas poderá contribuir de forma definitiva para ofim de tal prática em suas terras.
A portaria que será instalada na área da mina/usina tambémpossibilitará maior vigilância nas áreas de savana metalófila correspondente a um platô localizado a norte da mina de Serra Leste, bem como do remanescente de floresta ombrófilalindeiro à cava oeste.
Considerando a abrangência da área a ser coberta pela vigilânciada CVRD, pode-se considerar que este impacto será de abran-gência local (2), reversível a curto prazo (1), muito relevante (9) e de magnitude moderada (18). Trata-se de um impacto tem-porário, contínuo, real, indireto e de natureza positiva.
Tal impacto positivo poderá ser ainda ser potencializado,através de campanhas que envolvam os funcionários que corriqueiramente estarão transitando pelos domínios citados.
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b) Diminuição da pressão de caça
sobre a fauna
Da mesma forma como ocorre com a
retirada ilegal de madeira, é comum
na região a prática da caça, seja para
subsistência ou com fins econômicos,
conforme relatado no diagnóstico do
presente estudo. A grande dimensão
territorial aliada à falta de agentes fis-
calizadores são alguns dos fatores que
colaboram para a grande dimensão do
problema.
Com a presença de vigilantes patrimo-
niais durante a instalação e operação
do empreendimento, o controle de
acesso nos domínios, já citado anteri-
ormente, reduzirá a pressão sobre os
recursos de caça na região.
Esse impacto sobre a flora é reversível
(1), de abrangência local (2) e muito
relevante (9), apresentando, portanto,
uma magnitude moderada (18).
Sua incidência temporária, contínua,
real, indireta, se manifestará a curto
prazo e será de natureza positiva.
Conforme citado anteriormente, tal
impacto poderá ainda ser potencia-
lizado, através de campanhas que
envolvam os funcionários que estarão
transitando pelos domínios citados,
ampliando sua consciência em termos
da preservação dos recursos da fauna
e flora da região.
13.3.2.5 Etapa de Instalação -
Impactos Positivos - Meio
Socioeconômico
a) Geração de oportunidades de
comunicação e posicionamento
Acompanhando os processos de con-
tratação de mão-de-obra o empre-
endedor desenvolverá canais estrutu-
rados e eficientes de comunicação na
AID. Tais canais permitirão que a popu-
lação interaja com os responsáveis
pelo empreendimento, expondo suas
dúvidas e sugestões em relação à
instalação do projeto no local.
O processo de consolidação do diálo-
go social, por meio de canais de
comunicação, possibilitará que o
empreendedor construa novas formas
de relacionamento e planeje de forma
coerente os investimentos para o local.
Dessa maneira, o empreendedor
poderá re-planejar determinadas ativi-
dades, após compreender os benefí-
cios gerais intrínsecos destas.
Este impacto é irreversível (3) de
abrangência local (2), sendo relevante
(4) e de alta magnitude (24) com
duração permanente tendo uma con-
tínua forma de manifestação.
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b) Inserção dos trabalhadores na rede de seguridade social
O número de contratações no período de instalação (307) e no período de pico de
obras (473) representa um acréscimo de 4% e 5,5% respectivamente na POC local.
Tomando-se a referência de renda direta gerada pelo empreendimento (R$55mil)
como salários brutos pagos aos trabalhadores, ter-se-á um valor aproximado de
R$ 44mil de encargos (80% sobre os valores de registro em carteira), incluindo previdên-
cia (INSS), fundo de garantia (FGTS) e contribuições pertinentes às contratações
formais. Neste caso, também considera-se que as empresas terceirizadas adotem a
prática de contratação formal como uma exigência da CVRD, o que torna indiferente
a proporção de empregados diretos e indiretos para esta análise.
Este impacto é considerado como reversível a médio / longo prazo (2), de abrangência
pontual (1) e relevante (4), sendo, portanto, de magnitude moderada (8).
c) Redução das taxas de desocupação / desemprego
A taxa de desocupação em Curionópolis será reduzida de 16,4% para 13% durante a
instalação e 11,5% no pico de obras. Estas reduções no desemprego local de 3,4% e de
5% são economicamente significantes e tem efeito em outros indicadores referentes à
população como aumento da renda per capita e propensão a consumir, bem como
em indicadores de atividade produtiva como a taxa de crescimento econômico local.
Estende-se essa análise para os demais empregos gerados indiretamente (1direto = 3
indiretos - FIEPA), o impacto pode exceder à população economicamente ativa em re-
lação à população ocupada (fase de pico), atraindo mão-de-obra de outras localidades.
O impacto sobre as taxas de desocupação é de reversibilidade a médio / longo prazo (2), de
abrangência regional (3) e relevante (4), o que o configura como de magnitude alta (24).
d) Melhoria das condições de empregabilidade local
O impacto local do empreendimento da CVRD na oferta de empregos em relação à popu-
lação economicamente ativa será positivo em 4% na etapa de instalação (307 empregos) e
de 5,5% no momento de pico das obras (473 empregos). Na hipótese de haver um aumen-
to na oferta de empregos indiretos esse fator poderá ser superior a 5,5%.
Porém, os empregos gerados não impactam apenas quantitativamente a população
pelo aumento de postos de trabalho, mas também qualitativamente visto que a experiên-
cia adquirida na atividade profissional agrega conhecimentos e torna-se diferencial em
processos de seleção e recrutamento futuros. Os indivíduos empregados nas diversas
funções previstas do empreendimento, fase de instalação, terão o acúmulo de 18
meses de emprego formal, com referência salarial e profissional.
Este impacto é reversível a médio/ longo prazo (2), é de abrangência regional (3) e é
relevante (4). Sua magnitude é alta (24).
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e) Aumento da renda das famílias e do poder aquisitivoda população
A contratação de trabalhadores para as obras de implantaçãocausará um impacto médio de R$ 55mil mensal pelo períodode 18 meses (R$989.100 total). O efeito multiplicador (circu-lação da renda na economia local) tem o potencial de incre-mento de R$ 219.800,00 mensal (R$ 3.956.400 total).
Com base na informação do Programa de Desenvolvimentode Fornecedores da Federação das Indústrias do Estado doPará (Fiepa), estima-se que cada 1 emprego direto gerado na min-eração determina 3,6 empregos indiretos. Estimando-se paraCurionópolis, que cada 1 posto direto gere 3 novos postos detrabalho, estima-se 921 empregos indiretos.Tomando-se comoreferência básica de remuneração um salário mínimo, estespostos indiretos corresponderão a um acréscimo na renda dasfamílias de R$322 mil mensais. Logo, o valor total do impactoda CVRD na renda das famílias locais e no poder aquisitivo seráno valor aproximado de R$377mil.
O impacto sobre a renda das famílias e o poder aquisitivo dapopulação é reversível a médio / longo prazo (2), deabrangência local (2) e é relevante (4). Dessa forma, sua magni-tude é moderada (16).
e) Aumento da renda das famílias e do poder aquisitivoda população
A contratação de trabalhadores para as obras de implantaçãocausará um impacto médio de R$ 55mil mensal pelo períodode 18 meses (R$989.100 total). O efeito multiplicador (circu-lação da renda na economia local) tem o potencial de incre-mento de R$ 219.800,00 mensal (R$ 3.956.400 total).
Com base na informação do Programa de Desenvolvimentode Fornecedores da Federação das Indústrias do Estado doPará (Fiepa), estima-se que cada 1 emprego direto gerado na min-eração determina 3,6 empregos indiretos. Estimando-se paraCurionópolis, que cada 1 posto direto gere 3 novos postos detrabalho, estima-se 921 empregos indiretos.Tomando-se comoreferência básica de remuneração um salário mínimo, estespostos indiretos corresponderão a um acréscimo na renda das
famílias de R$322 mil mensais. Logo, o valor total do impactoda CVRD na renda das famílias locais e no poder aquisitivo seráno valor aproximado de R$377mil.O impacto sobre a renda das famílias e o poder aquisitivo dapopulação é reversível a médio / longo prazo (2), deabrangência local (2) e é relevante (4). Dessa forma, sua magni-tude é moderada (16).
f) Dinamização do setor terciário
O setor terciário compõe-se da oferta de bens industrializados eserviços. Em Curionópolis este setor possui baixa participaçãona economia local. A alteração no padrão de consumo dasfamílias tem efeito sobre todos os setores produtivos, especial-mente sobre o setor terciário. Dessa maneira, a demandadoméstica emergente incentivará novos investimentos emnegócios de comércio varejista e de prestação de serviços.
O consumo das famílias é resultado da propensão a consumirem relação ao total da renda das famílias (C = c*Y). A propen-são a consumir é o percentual médio da renda das famílias uti-lizado para os gastos correntes, que exclui a parcela depoupança, ou seja, o que é poupado para o consumo futuro. A relação entre a renda e o consumo é direta, ou seja, quanto
maior a renda, maior o consumo.
Neste sentido, estimou-se que o empreendimento da CVRDterá impacto de aumentar em aproximadamente R$377 mil arenda das famílias locais e, supondo uma propensão a con-sumir de 80% (valor médio usualmente atribuído a este indi-cador), teremos um incremento no padrão de consumo deR$301mil. É reconhecido economicamente que a cesta de con-sumo das famílias, quando ocorre um aumento da renda, sofraalterações no padrão de consumo, o que significa dizer queitens novos podem ser incluídos na cesta e, por vezes, ainda,
outros itens (de menor qualidade) possam ser relegados.Portanto, depreende-se que haverá alteração quantitativa equalitativa no padrão de consumo das famílias de Curionópolis.
A dinamização do setor terciário é considerada como um
impacto reversível a médio / longo prazo (2), de abrangência local(2) e relevante (4). A magnitude deste impacto é moderada (16).
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145
g) Geração de oportunidades e novos
negócios
O empreendimento terá impacto direto
sobre os setores envolvidos no consumo
local e regional de insumos tais como: areia
brita, cimento, oxigênio, acetileno e argônio,
além de serviços de transporte de pessoal e
cargas, conforme previsto em sua caracteri-
zação. Assim, os fornecedores que já partici-
pam de outros empreendimentos da CVRD
serão incentivados a expandir seus negó-
cios. Portanto, os fornecedores contratados
pelo empreendimento podem favorecer a
geração de novos negócios especialmente
na AID.
Este impacto é relevante (4) e reversível em
curto prazo (1) sendo sua abrangência
regional (3) e sua magnitude moderada (12).
h) Fortalecimento das empresas a
partir da ampliação da demanda por
bens e serviços
As compras geradas pelo empreendimento
da CVRD causarão um fortalecimento das
empresas locais por choque de demanda.
Ao iniciar o período de instalação, as
empresas locais demandadas responderão
a este impacto, buscando o ajuste e objeti-
vando fornecer em maior escala seus pro-
dutos. É possível ainda que o intervalo de
tempo entre a oferta inicial e a oferta rea-
justada seja um período atípico com
inflação maior do que a média, justamente
pela diferença entre oferta e demanda. Em
seguida, após adequação, os preços ten-
dem a voltar ao patamar normal.
O impacto sobre as empresas é relevante (4),
tem reversibilidade a curto prazo (1) e abran-
gência local (2). Sua magnitude é moderada (8).
i) Aumento do faturamento das empresas
Os gastos do empreendimento Serra Leste
apontados em sua caracterização como
compras locais correspondem ao aumento
potencial do faturamento das empresas.
Os valores distribuídos nos dois anos,
sequencialmente, são de R$1,5 milhões e
R$8,2 milhões. Estes valores correspondem,
respectivamente, a um incremento na renda
local das empresas de 3% no primeiro ano e
15% no segundo, causando um impacto de
atratividade para novos serviços e outras
produções que caracterizam a demanda do
empreendimento em cada momento, con-
forme o macrofluxo estabelecido para as
etapas de instalação, que determinará os
setores atingidos pelas compras.
O aumento do faturamento das empresas
é um impacto relevante (4), de reversibili-
dade em curto prazo (1) e abrangência
regional (3), sendo, portanto, de magni-
tude moderada (12).
j) Aumento da arrecadação tributária
municipal e estadual
A contratação de fornecedores de serviços
implicará no recolhimento de ISSQN, assim
como PIS-COFINS e IR. Tomando como
referência as estimativas de gastos para a
fase de operação, conforme apresentado
na caracterização do empreendimento, nos
valores de R$4,5 milhões e de R$10,9 milhões,
ter-se-á uma estimativa de R$150 mil no
primeiro ano e R$310 mil no segundo, refe-
rentes ao ISSQN, de recolhimento direto
para município. Os demais tributos pagos
são recolhidos pelo Estado e pela União e
o valor a retornar para o município será
dado pelas normas específicas de cada um
deles.
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146
Desta forma, mesmo não havendo uma valoração direta, é seguro que o valor de con-
tribuição nas receitas do município será maior ainda do que a estimativa calculada.
O impacto sobre a arrecadação tributária é de alta relevância (9), de reversibilidade a
médio / longo prazo (2) e de abrangência regional (3). Dessa maneira, sua magnitude é
alta (54).
k) Melhoria das condições de suporte para a reprodução e ampliação das ativi-
dades econômicas
O setor público municipal utiliza-se normalmente das previsões de receitas a partir de
grandes pagadores de tributos especialmente de empresas instaladas. O empreendimen-
to Serra Leste tornar-se-á uma das principais, se não a principal fonte pagadora de
receitas nos anos de implantação e operação para o município. Assim, o governo munici-
pal contará com as estimativas de arrecadação tributária gerada por Serra Leste para
planejar estrategicamente seus futuros investimentos.
Este impacto é considerado como relevante (4), de reversibilidade a médio / longo prazo
(2) e abrangência regional (3). Sua magnitude é alta (24).
l) Melhoria da acessibilidade local
Melhorias na estrada municipal que liga a PA-275 à vila de Serra Pelada, trecho de 33 km,
que serão feitas na fase de instalação do empreendimento Projeto Serra Leste-Lavra
Experimental e mantidas durante o projeto ora proposto, poderão alterar as condições de
circulação entre os dois núcleos urbanos, tornando o tráfego mais permanente e menos
sujeito aos efeitos das intempéries.
Não só os moradores da vila de Serra Pelada poderão alcançar com mais facilidade o
núcleo de Curionópolis, como também o acesso facilitado e permanente à PA-275 possi-
bilita um incremento nas relações entre a vila e os demais núcleos urbanos da região, em
especial Parauapebas. Além disso, as condições de acessibilidade das propriedades rurais
do entorno também serão beneficiadas.
Adicionalmente, a melhoria nas suas condições físicas poderá incentivar empresários do
setor de transportes públicos a proporcionar a oferta de serviços mais adequados para a
população local. Caso isso ocorra, a vila de Serra Pelada terá um ganho significativo de
acessibilidade, o que poderá alterar as condições da economia local e seu poder de
atração de investimentos e de moradores.
Ressalte-se que esse impacto ocorrerá durante a instalação do Projeto da Lavra
Experimental e se intensificará na fase de instalação e operação da mina.
Por ser um impacto de abrangência local (2), reversível em curto prazo (1) e de baixa
relevância (1), este impacto foi classificado como de baixa magnitude (2).
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13.3.3 Avaliação dos Impactos
Ambientais na Etapa de Operação
13.3.3.1 Etapa de Operação - Impactos
Negativos - Meio Físico
a) Alteração da Qualidade do Ar
Os impactos provenientes das atividades
produtivas da mina de Serra Leste na quali-
dade do ar da Área de Influência Direta
(AID) do empreendimento foram avaliados
à luz dos cenários de qualidade do ar prog-
nosticados, com auxílio da modelagem
matemática da dispersão de poluentes,
juntamente com as informações atualizadas
da qualidade do ar da região geradas por
monitoramento contínuo durante o período
de 25/03/2006 a 02/05/2006.
Desses resultados, cabe ressaltar que as
máximas concentrações de curto período
obtidas ocorrem em apenas 1 km2 dos
2.704 km2 da área total estudada para
cada poluente (0,04% da área estudada).
Outra importante constatação está rela-
cionada com a probabilidade de ocorrência
das máximas concentrações obtidas para
os cenários de curto período, que é inferior a
0,01%, para todos os poluentes estudados.
Com base na classificação das médias de
longo período, verificou-se que os poluentes
da classe das partículas (PTS e PI) são os
que apresentam o maior potencial de
alteração da qualidade do ar da região sob
influência das emissões em Serra Leste.
Para os demais poluentes estudados, esse
potencial não é significativo.
Para garantir maior significância e coerência
da análise de viabilidade da explotação de
minério de ferro em Serra Leste quanto à
qualidade do ar, foi realizada uma campanha
de monitoramento dos níveis de poluentes
atualmente existentes na atmosfera da
região, conforme citado anteriormente, de
forma a caracterizar o background para a
etapa pré-implantação do empreendimento.
Da análise dos atuais níveis de poluentes
atmosféricos existentes na região, em con-
junto com o prognóstico modelado dos
acréscimos a serem produzidos pelo
empreendimento, conclui-se que o projeto
é viável quanto à temática qualidade do ar,
considerando os controles intrínsecos
propostos para as fontes emissoras mais
significativas do empreendimento.
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148
Ou seja, com a implantação do empreendimento, a qualidade do
ar de sua área de influência direta continuará enquadrada nos
padrões primários vigentes (Resolução CONAMA 03/90).
Ressalta-se ainda que a influência das emissões atmosféricas do
empreendimento na qualidade do ar da área urbana de
Curionópolis será desprezível. Assim também o será nas áreas posi-
cionadas ao longo da estrada a ser construída/melhorada que lig-
ará a Mina de Serra Leste ao Pátio de Embarque próximo à Estrada
de Ferro Carajás.
Cabe salientar, no presente caso, que, apesar da reconhecida
ausência de fontes permanentes capazes de alterar a qualidade
do ar, durante os meses de estiagem a queima de pastagens e
de florestas apresenta-se como importante fonte lançamento
de gases como também de material particulado, ocasionando
efeitos indesejáveis sobre o ar numa escala regional.
De toda forma, na avaliação dos impactos ambientais reconheceu-
se que o impacto ambiental representado pela alteração da quali-
dade do ar tem sua importância realçada pela inexistência de
fontes com potencial de emissão como as que comportam o
empreendimento proposto. Por tal razão considera-se este
impacto como de abrangência local (2), reversível de curto
prazo (1), visto que encontra-se especificamente associado ao
processo de produção do minério, e relevante (4), dado o con-
texto ambiental em relação ao atributo ar onde a alteração irá
manifestar. Dessa forma, este impacto é reconhecido como de
magnitude moderada (8).
Como medida mitigadora, devem ser destacados os procedimen-
tos de aspersão dos acessos internos à mina/usina de forma a
amenizar a produção de material particulado.
b) Alteração dos Níveis de Pressão Sonora
Apesar da similaridade dos equipamentos que serão utilizados nas
etapas de instalação e operação do Projeto Serra Leste, haverá a
intensificação de procedimentos de desmonte com o uso de
explosivos. Neste caso, os efeitos sobre as condições ambientais
existentes na fase de instalação do empreendimento podem ser
modificados.
Neste sentido, é também importante destacar a intensificação
na circulação da frota de caminhões responsáveis pelo escoa-
mento do minério. Apesar de a estrada encontrar-se posicionada
a aproximadamente 1,2 km da vila de Serra Pelada, em condições
excepcionais a movimentação dos veículos poderá ser percebi-
da, constituindo-se em um impacto importante a ser avaliado.
A exemplo do que está descrito para a etapa de instalação, admite-
se que frente a qualquer interferência considerada como inadequa-
da ao conforto auditivo da população da vila de Serra Pelada e
habitações rurais vizinhas, caberá ao empreendedor a adoção de
medidas mitigadoras ágeis no sentido de equacionar o problema.
É importante destacar, conforme citado para a etapa de instalação,
que o traçado da estrada que liga a mina ao pátio de embarque
do minério privilegiou o afastamento de residências, como é o
caso da Fazenda Miranda e Filhos, bem como da vila de Serra Pelada.
De toda forma, dentro de uma postura conservadora que deverá
ser mantida até a obtenção de dados mais conclusivos que
serão obtidos com a operação do Projeto Serra Leste-Lavra
Experimental, o impacto representado pela alteração dos níveis de
pressão sonora foi considerado como de abrangência local (2),
reversível de curto prazo (1), pois encontra-se diretamente asso-
ciado às operações do empreendimento, relevante (4), já que se
manifesta num ambiente onde os padrões identificados são
muito baixos e, portanto de magnitude moderada (8).
De toda forma, definiu-se para o presente impacto a aplicação de
ações de controle representadas por manutenção periódica e veri-
ficação de rotina, de forma a se evitar o funcionamento em
condições inadequadas os equipamentos e veículos que possam
produzir interferências indesejáveis nos níveis de pressão sonora.
c) Alteração da Qualidade das Águas
Na etapa de operação, seguramente a possibilidade de ocorrência
do impacto ora analisado será mais remota, já que as tarefas a
serem desenvolvidas encontram-se restrita a domínios mais especí-
ficos e devidamente servidos dos controles necessários para que os
mesmos não tenham reflexos indesejáveis no meio ambiente.
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149
Merecem destaque os efeitos que podem
se manifestar na lagoa de canga situada na
AID, em sua porção lindeira à ADA. A
mesma poderá sofrer interferências rela-
cionadas ao processo de lavra, devido ao
carreamento de sedimentos gerados pela
exposição e movimentação de solos,
bem como pelo transito de veículos no
seu entorno. Avaliação mais segura em
relação aos impactos a que a lagoa da
canga poderá ser exposta, encontra-se
também condicionada a resultados de
investigações de base hidrogeológica,
conforme citado anteriormente.
Atualmente, este ambiente encontra-se bas-
tante alterado por intervenções antrópicas.
Ao longo da estrada, possivelmente as
tarefas realizadas durante a etapa de
construção/adequação da mesma apre-
sentam maiores possibilidades de
produzir alguma alteração nos atributos
ambientais posicionadas em sua área de
influência se comparadas com a sua
operação. Conforme citado para a etapa
de instalação, a necessidade manter a
estrada em condições adequadas de
transporte todo o ano, por si só, já con-
duz o empreendedor para a adoção de
um padrão construtivo adequado, onde
as condições de estabilidade da mesma
necessariamente deverá ser priorizada.
Os reflexos desta necessidade rebatem na
adoção de procedimentos construtivos
adequados, compatíveis com a manutenção
da dinâmica hídrica natural, a recuperação
de áreas degradadas, bem como a
manutenção adequada de taludes de
corte e aterros. Considerando a natureza
dos ambiente de intervenção das tarefas
que podem resultar na manifestação do
impacto ambiental ora analisado, o
impacto resultante da alteração da quali-
dade apresenta-se como reversível de
curto prazo (1), de abrangência local (2),
pouco relevante (1) e, portanto, de mag-
nitude baixa (2).
d) Assoreamento dos Cursos D'água
Durante a etapa de operação, as fontes
geradoras de sedimentos, apesar de
ampliadas, passam a ter um controle
mais efetivo. Nesta etapa os sistemas de
drenagens já foram plenamente implan-
tados e as águas pluviais de pátios de
produtos e pilha de estéril, já encontram-
se orientadas para bacias de contenção
de sedimentos, sumps e demais estru-
turas de controle.
O desenvolvimento da lavra em cava
constituiu-se num outro fator que con-
tribui para a remota possibilidade de
escape de sedimentos para as drenagens.
Cabe ressaltar que a pilha de estéril,
estrutura com maior potencial de pro-
dução de sedimentos junto à Mina, tem
sua operação prevista para um domínio
topográfico muito plano, onde as
condições de controle sobre a dinâmica das
águas superficiais são mais efetivas.
Durante a operação, atenção especial
deve ser dada a estrada de ligação entre
a portaria e a usina. Trata-se de um seg-
mento de encosta de declividades acentu-
adas, com solos espessos que, se desesta-
bilizados, podem contribuir com grandes
volumes de sedimentos para a drenagem
que alimenta o açude posicionado nas
imediações da sede da Fazenda Ana
Célia, propriedade está que deverá ser
adquirida pelo empreendedor.
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150
De toda forma, considerando-se a importância da manutenção de tal estrutura para
garantir o escoamento da produção da mina de Serra Leste, a verificação de rotina terá
o objetivo de se evitar que áreas ao longo da estrada sejam produtoras de sedimentos
para as drenagens da região.
Por tal razão, o assoreamento dos cursos d'água foi considerado durante a etapa de
operação do Projeto Serra Leste como um impacto de abrangência local (2), reversível
a médio/longo prazos (2), pouco relevante (1) e de magnitude baixa (4).
13.3.3.2 Etapa de Operação - Impactos Negativos - Meio Biótico
a) Afugentamento da fauna silvestre
Tal impacto deverá continuar a ocorrer na área de inserção do empreendimento, já
que as tarefas ligadas à operação continuarão a produzir ruídos.
De toda forma, o cenário de manifestação deste impacto mostra-se diferenciado ao
longo da diferentes estruturas que compõem o Projeto Serra Leste.
Na área imediata à mina/usina, os efeitos ambientais que podem provocar o afugenta-
mento da fauna vão se manifestar num domínio já submetido a interferências desta
natureza em decorrência da etapa de instalação e do Projeto Lavra Experimental.
Não se espera a manifestação deste impacto nas áreas de operação do pátio de embarque
e das linhas ferroviárias, já que estas encontram-se lindeiras à Estrada de Ferro Carajás, onde
os níveis de ruídos decorrentes da movimentação das composições que por ali circulam já
produzem os efeitos ambientais esperados pelas estruturas citadas.
A questão se agrava, no entanto, quando se analisa o caminhamento da estrada de
ligação mina-pátio. Nesta, especificamente na sua porção mais setentrional, após a trans-
posição da serra do Sereno, a fauna associada aos mais representativos fragmentos flo-
restais da AID será alvo da influência dos ruídos produzidos pelos caminhões de trans-
porte de minério. Conforme citado para a etapa de instalação, a presença de ruídos nas
proximidades destes fragmentos deverá acentuar o efeito de borda, induzindo o fluxo
faunístico para o interior da floresta. É importante assinalar que, na etapa de instalação,
espera-se a circulação de 01 caminhão a cada seis minutos, constituindo-se, pratica-
mente, numa fonte permanente de ruído.
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151
Este impacto deverá, juntamente com a construção da estrada, favorecer a consolidação da
fragmentação ambiental, impacto a ser analisado a seguir.
Conforme explicado no diagnóstico ambiental, esses fragmentos, no entanto, já encontram-se
submetidos às mais diferentes formas de pressão, tais como a presença de pastagens em todo
o entorno, de estradas - inclusive no interior dos mesmos, de clareiras e a provável cata de
madeiras nobres de forma clandestina.
De toda forma, trata-se de um impacto de reversível a curto prazo (1), de abrangência local (2),
relevante (4) e de magnitude moderada (8).
Para a redução do presente impacto, deve-se proceder à aplicação de ações de controle
representadas por manutenção periódica e verificação de rotina, de forma a se evitar sua
operação em condições inadequadas os equipamentos e veículos que possam potencializar
a já indesejável interferência ambiental decorrente da geração de ruídos.
b) Pressão na fauna e flora decorrentes da fragmentação de habitats
Conforme salientado anteriormente, a circulação de caminhões de forma praticamente
permanente entre os principais fragmentos existentes na AID do Projeto Serra Leste
poderá interromper o fluxo de grande parte dos grupos de fauna da região. Atualmente,
mesmo praticamente separados, já que sua conexão direta é estabelecida apenas por
uma estreita faixa de vegetação em estágio de juquira, cuja largura é de aproximadamente
100 metros, a fragmentação é produzida por áreas de pastagens, possibilitando a circu-
lação de alguns grupos entre eles.
Com o aumento do ruído gerado pela passagem de caminhões associado à estrada com
largura de 20 metros de pavimentação asfáltica, principalmente a fauna terá seu trânsito
entre fragmentos dificultados e em certos casos impedido, comprometendo também o
fluxo genético entre as espécies da flora que dependem desses como dispersores de
sementes ou como agentes polinizadores. Poderá ainda ocorrer a diminuição de fluxo
gênico entre as populações existentes em fragmentos florestais interligados, bem como
o aumento da competição por habitat e alimento entre as espécies nos fragmentos menores.
Por se tratar da separação dos maiores e mais importantes fragmentos existentes na área
do Projeto Serra Leste, a pressão na fauna e flora decorrentes da fragmentação de habitats
apresenta-se como o mais importante impacto negativo sobre o meio biótico, sendo
reversível a médio/longo prazos (2), possuir uma abrangência local (2), uma alta relevância (9) e,
portanto, uma magnitude alta (36) Sua duração será temporária, contínua e de ocorrência real.
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152
13.3.3.3 Etapa de Operação - Impactos
Negativos - Meio Socioeconômico
a) Aumento do valor de venda e
aluguel dos imóveis
As razões que indicam a ocorrência do
impacto representado pela pressão dos
valores de moradia já foram discutidas na
etapa de instalação.
Considerando a forma como o mercado de
imóveis reaja ao aumento da demanda,
pode-se esperar duas formas distintas de
manifestação deste impacto. No caso da
oferta de imóveis para a venda ou aluguel
ser ampliada na fase de instalação, a
tendência dos valores será de estabilização.
Ocorrendo o contrário, os preços tenderão
a subir.
Portanto, trata-se de um impacto de baixa
magnitude (4), pois é reversível a médio /
longo prazo (2), possui abrangência local
(2) e baixa relevância (1).
b) Pressão sobre a infra-estrutura de
saneamento
A pressão exercida sobre a infra-estrutura
de saneamento na AID continuará ocorren-
do na fase de operação, porém em menor
proporção. A primeira razão deve-se à
provável redução do fluxo migratório para
o município o que implicará em menor
pressão sobre a infra-estrutura básica de
saneamento.
A segunda razão, a mais importante,
decorre do fato de que o município terá
sua arrecadação tributária dinamizada por
recursos derivados da produção e comer-
cialização mineral, ampliando sua capaci-
dade de investimentos públicos.
Este impacto foi considerado como rele-
vante (4), tendo abrangência local (2) e
reversibilidade a médio / longo prazo (2).
Portanto, trata-se de impacto de magni-
tude moderada (16).
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153
c) Pressão sobre os equipamentos eserviços públicos de saúde e educação
A pressão sobre os equipamentos eserviços de educação e saúde tende a sermenor durante a etapa de operação emrazão do processo de desmobilização demão-de-obra por conta do término dafase de instalação.
Portanto, este impacto foi classificadocomo de magnitude moderada (16), já quese trata de impacto baixa relevância (2), deabrangência local (2) e de reversibilidadepossível a médio / longo prazo (2).
d) Geração de expectativa
O início das atividades operacionais doempreendimento Serra Leste poderá desencadear expectativas desmedidasquanto à possibilidade de melhoria nascondições de vida da população.
A população poderá solicitar e/ouaguardar do empreendedor investimentossocioeconômicos no local que são deresponsabilidade e competência de outras instâncias.
Embora o empreendedor realize ações de
comunicação e relacionamento esclare-cendo seu papel socioeconômico e
cultural, é fato que empreendimentos degrande porte frequentemente repercutemcomo possíveis agentes fomentadores decrescimento e melhoria nas condições devida da população por gerarem postos detrabalho, arrecadação tributária, investi-mentos vinculados à responsabilidadesocial empresarial dentre outros benefícios.
Este impacto é reversível a médio / longoprazo (2), tem abrangência regional (3) ebaixa relevância (1). Sua magnitude ébaixa (6), podendo ocorrer de formadescontinua.
e) Sobrecarga no sistema viário
Durante a etapa de operação o fluxo nasestradas, PA-275 e vicinal, que ligam oempreendimento aos centros de mão-de-obra (cidades de Curionópolis eParauapebas, principalmente) e aos cen-tros fornecedores de insumos e serviçosdeverá continuar a ser impactado. Espera-se,entretanto, que o acréscimo de fluxo sejamenor, pois ele será composto por menorcirculação de veículos.
Dessa maneira, o impacto é de baixa magni-
tude (2), resultado da combinação de suaabrangência local (2), reversibilidade a
curto prazo (1) e baixa relevância (1).
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154
13.3.3.4 Etapa de Operação - Impactos
Positivos - Meio Socioeconômico
a) Geração de canais de comunicação e
posicionamento
O desenvolvimento de canais estruturados
e eficientes de comunicação em
Curionópolis permitirá que a população
interaja com os responsáveis pelo
empreendimento.
Espera-se que na fase de operação o diálogo
social esteja consolidado possibilitando ao
empreendedor o fortalecimento de parce-
rias objetivando a construção de propostas
para o desenvolvimento socioeconômico e
cultural local. Dessa maneira, é possível prev-
er que o empreendedor terá condições de
avaliar e re-planejar suas ações frente à par-
ticipação e consenso das partes.
Este impacto é irreversível (3), tem
abrangência local (2) e é relevante (4).
Sua magnitude é, portanto, alta (24).
A duração deste impacto é permanente
e sua forma de manifestação é contínua.
b) Inserção dos trabalhadores na rede
de seguridade social
O número de contratações no período de
operação é de 351 postos e representa um
acréscimo de 6% na população ocupada
(POC) local. Tomando-se a referência de
renda direta gerada pelo empreendimento
(R$55mil) como salários brutos pagos aos
trabalhadores (R$912mil), ter-se-á um valor
aproximado de R$730mil de encargos (80%
sobre os valores de registro em carteira),
incluindo previdência (INSS), fundo de
garantia (FGTS) e contribuições pertinentes
às contratações formais. Neste caso, também
considera-se que as empresas terceirizadas
adotem a prática de contratação formal
como uma exigência da CVRD, o que torna
indiferente a proporção de empregados
diretos e indiretos para esta análise.
Trata-se de impacto relevante (4), de
reversibilidade a médio / longo prazo (2),
de abrangência pontual (1). Sua magnitude
é moderada (8).
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c) Redução das taxas de desocupação / desemprego
A redução da taxa de desocupação em Curionópolis será de 16,4% (estimativa IBGE 2000)
para 11,4% durante o período de operação. Esta redução no desemprego local de 5% é
economicamente significante e tem efeito em outros indicadores referentes à população
como aumento da renda per capita e propensão a consumir, bem como em indicadores
de atividade produtiva como a taxa de crescimento econômico local. Esta redução é uma
estimativa exclusiva do impacto direto do empreendimento, que se amplia quando esti-
mada para os demais empregos gerados indiretamente (1direto = 3 indiretos - FIEPA),
chegando a exceder a população economicamente ativa em relação à população ocupada,
atraindo mão-de-obra de outras localidades.
Este impacto é relevante (4), tem abrangência regional (3) e reversibilidade a médio /
longo prazo (2). A magnitude é alta (24).
d) Melhoria das condições de empregabilidade local
O impacto local do empreendimento da CVRD na oferta de empregos em relação à popu-
lação economicamente ativa será positivo em 351 novos postos, que representa um
impacto de 6% a mais de pessoas ocupadas em relação à POC estimada para o ano de
2000 pelo IBGE.
Este fator será maior se assumida a hipótese de aumento de postos de trabalho indireta-
mente gerados, que corresponderão a três vezes mais na oferta de empregos, passando a
taxa de aumento para 24%. Vale ressaltar que esse efeito se dá em diferentes instantes do
tempo e tem comportamento dinâmico.
Trata-se de impacto de alta magnitude (24), já que é relevante (4), de reversibildade a
médio / longo prazo (2) e abrangência regional (3).
e) Aumento da renda das famílias e do poder aquisitivo da população
A contratação de trabalhadores (empregos diretos) para a operação do empreendimento
causará um impacto médio de R$ 95mil mensais (R$912mil/ano) durante cinco anos.
Segundo a FIEPA, estima-se que cada 1 emprego direto criado gere 3,6 empregos indiretos.
Para Curionópolis, assumindo que cada 1 posto direto gere 3 novos postos, estima-se 1.050
empregos indiretos e, tomando como referência básica de remuneração um salário mínimo,
estes postos indiretos corresponderão ao acréscimo de R$367,5 mil mensais. Logo, o valor
total do impacto da CVRD na renda das famílias locais e no poder aquisitivo será no valor
aproximado de R$463mil.Este impacto é considerado como relevante (4), de reversibilidade
a médio / longo prazo (2), de abrangência local (2) e de magnitude moderada (16).
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f) Dinamização do setor terciário
A dinamização do setor terciário, sentido na fase de implantação é
potencializada com a continuidade de incremento no padrão
de consumo da população local. Esse fato desencadeia um
efeito multiplicador na economia da AID.
Portanto este impacto é relevante (4), tem reversibilidade a
médio / longo prazo (2) e abrangência local (2). A magnitude
deste impacto é moderada (16).
g) Alteração do padrão de consumo
O consumo das famílias é resultado da propensão a consumir
em relação ao total da renda das famílias. A propensão a consumir é
o percentual médio da renda das famílias utilizado para os gas-
tos correntes, que exclui a parcela de poupança, ou seja, o que
é poupado para o consumo futuro. A relação entre a renda e o
consumo é direta, ou seja, quanto maior a renda, maior o consumo.
Neste sentido, estimou-se que o empreendimento da CVRD
terá impacto de aumentar em aproximadamente R$463 mil a
renda das famílias locais e, supondo uma propensão a con-
sumir de 80% (valor médio usualmente atribuído a este indi-
cador), teremos um incremento no padrão de consumo de
R$370mil. É assumido economicamente que a cesta de con-
sumo das famílias, quando ocorre um aumento da renda, sofra
alterações no padrão de consumo, o que significa dizer que
itens novos possam ser incluídos na cesta e, por vezes, ainda,
outros itens (de menor qualidade) possam ser relegados.
Portanto, depreende-se que haverá alteração quantitativa e quali-
tativa no padrão de consumo das famílias de Curionópolis.
A alteração do padrão de consumo é relevante (4), tem
reversibilidade a médio / longo prazo (2) e abrangência local
(2). A magnitude deste impacto é moderada (16).
h) Melhoria da condição de empregabilidade da população
Os empregos gerados têm impacto não apenas quantitativo
pelo aumento de postos de trabalho mas também qualitativo.
Os indivíduos empregados nas diversas funções previstas na
caracterização do empreendimento, fase de operação, terão o
acúmulo previsto de cinco anos de emprego formal, com referên-
cia salarial e profissional.
Serão beneficiados no sentido de absorver a capacitação e a
experiência profissional, que serão incorporadas e não mais per-
didas, mesmo após a finalização do período de contratação.
Neste sentido, os trabalhadores terão melhor situação de con-
seguir outras oportunidades de emprego, tanto locais como
fora da cidade, após a experiência adquirida em Serra Leste.
Trata-se de impacto relevante (4), de reversibilidade a médio /
longo prazo (2) e abrangência regional (3). Sua magnitude é, por-
tanto, alta (24).
i) Geração de oportunidades e novos negócios
A fase de operação representa o momento em que os investimen-
tos estão consolidados em sua maior parte. O impacto direto
sobre os setores envolvidos no consumo local e regional de
insumos já terá ocorrido na fase de instalação. Ainda assim, como
a fase de operação demanda ítens de consumo diferentes da
implantação, novamente o empreendimento atrairá outras
unidades produtivas. Além do efeito direto, há que se considerar
os negócios indiretos que serão favorecidos pelo longo prazo
da fase de operação.
Portanto, os novos negócios serão favorecidos pelo
empreendimento nesta região, de forma relevante (4), com
reversibilidade em curto prazo (1) e abrangência regional (3).
A magnitude deste impacto é moderada (12).
j) Fortalecimento das empresas a partir da ampliação da
demanda por bens e serviços
Os gastos da CVRD apontados na caracterização do empreendi-
mento referentes às compras locais causarão também o fortaleci-
mento das empresas na fase de operação, considerando que
para esta etapa serão consumidos outros tipos de bens e
serviços.Este impacto é relevante (4), tem abrangência local (2)
e é reversível em curto prazo (1). Sua magnitude é, portanto,
moderada (8).
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157
k) Aumento do faturamento das
empresas
Os gastos do empreendimento da CVRD
apontados na caracterização como compras
locais correspondem ao aumento potencial
do faturamento das empresas.
O valor de consumo local do empreendimen-
to, fase de operação, é de R$17milhões /ano,
que representam um incremento na renda
local das empresas de aproximadamente
30% em relação ao PIB 2002 (IBGE). Isto
causará um impacto de atratividade para
novos serviços e outras produções que carac-
terizam a demanda do empreendimento
em cada momento, conforme o macrofluxo
estabelecido para suas respectivas etapas.
Trata-se de impacto relevante (4), reversível
em curto prazo (1) e de abrangência regional
(3). A magnitude é moderada (12).
l) Aumento da arrecadação tributária
municipal e estadual
A arrecadação do município de Curionópolis
totalizou em 2003 aproximadamente R$ 9
milhões, marcadamente determinados
pelas transferências da União (em torno de
dois terços da receita). A operação do
empreendimento Serra Leste causará um
impacto direto na arrecadação de tributos
municipais (ISSQN e CFEM) na ordem de
R$ 724mil no primeiro ano de operação e,
em média, R$ 2,47 milhões anuais nos três
outros anos. Este impacto significa 8% de
aumento no primeiro ano e em média
27,5% nos anos subseqüentes sobre a
arrecadação municipal.
O impacto nas finanças estaduais ocorrerá
no valor de R$805mil no primeiro ano e
R$3,2 milhões a partir do segundo ano.
No âmbito federal se pagará de tributos
R$9,3milhões no primeiro ano, R$30milhões
no segundo ano e R$34milhões do terceiro
ano em diante. Em média, o município
receberá diretamente 6,6% dos tributos, o
Estado 8,1% e a União 85,4%. Como já foi
referido, parte dos impostos estaduais e
federais retornam ao município por repasses
específicos de cada tipo de tributo.
Portanto, o município sofrerá o impacto na
arrecadação tributária de 27,5% a partir do
segundo ano, além de outros recursos
repassados pela comercialização do
minério. Este impacto é considerado como
de alta relevância (9), de abrangência
regional (3) e de reversibilidade a médio /
longo prazo (2). Dessa forma, trata-se de
impacto de alta magnitude (54).
m) Melhoria das condições de suporte
para a reprodução e ampliação das
atividades econômicas
O empreendimento da CVRD será uma das
principais, se não a principal fonte pagadora
de receitas nos anos de instalação e operação
para o município. Na fase de operação o
setor público poderá contar com um
expressivo acréscimo de participação nos
tributos para realizar previsões de receitas,
a partir da fonte pagadora Serra Leste, e
planejar suas ações de investimento e
desenvolvimento socioeconômico.
Trata-se de impacto relevante (4), de
abrangência regional (3) e reversibilidade a
médio / longo prazo (2). Dessa maneira,
sua magnitude é alta (24).
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13.3.4 Avaliação dos ImpactosAmbientais na Etapa de Fechamento
Algumas considerações relacionadas aotérmino das atividades do projeto oraproposto, são merecedoras de uma análisemais específica devido à singularidade daregião onde se insere.
O Projeto Serra Leste foi inicialmente con-cebido considerando uma produção de 2
milhões de toneladas ao ano, a partir deuma reserva origina de 55 milhões de
toneladas de minério de ferro.
Durante a elaboração do diagnósticoambiental, os primeiros levantamentos decampo indicaram a presença de cavidadesdentro e nas imediações do perímetroonde se previa o desenvolvimento da lavra.
Em função das restrições legais relacionadasà proteção das cavidades naturais, pro-cedeu-se, então uma revisão em todo oarranjo do Projeto Serra Leste, objetivandoa preservação de tais feições geomorfológicas.
O novo Projeto resultou numa reduçãodas reservas de minério de ferro da
ordem de 29 milhões de toneladas milhõesde toneladas. Assim, considerando a
manutenção da produção já citada, a vidaútil do empreendimento passou a serestimada em 14,5 anos.
Este cenário passou a ser então, pelomenos em um primeiro momento, ocenário de referência para a avaliação daviabilidade do empreendimento, em seusdiferentes aspectos, sendo a viabilidadeambiental alvo do presente estudo, que
tem como propósito subsidiar o processode licenciamento ambiental junto à SECTAM.
De toda forma, o que se pode assegurar éque no mesmo corpo mineral onde se pre-tende desenvolver o Projeto Serra Lestecontinuará a existir uma reserva de 26milhões de toneladas de minério de ferro,em função dos fatores antes aqui abordados.
Há que se ressaltar que muitos estudos
encontram-se em andamento, não só naregião de Carajás, mas em diversas regiõesdo Brasil, voltados para a avaliação mais
detalhada de tais feições geomorfológicas,para que se possa, reconhecer o efetivostatus de significância das mesmas no con-texto geográfico de sua ocorrência.
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Estudos objetivando a valoração de cavidades estão se prestandocomo importante subsídio para tomada de decisões de algunsórgãos públicos responsáveis pelo licenciamento ambiental emalguns estados brasileiros. Nestes estados, a supressão de cavi-dades cuja importância ambiental não apresenta a relevânciadesejada, avaliada à luz de um conjunto de ambientes similaresnuma determinada região, tem sido autorizada dentro de pro-cedimentos compensatórios que sempre interessam aoempreendedor, aos órgãos responsáveis pela gestão ambientale entidades que lidam com as questões ambientais.
O registro de tais procedimentos é importante visto que naprópria Serra Leste, ocorrem mais dois corpos de minério deferro, localizados praticamente contíguos ao presente projeto,que podem tornar-se alvo de interesse do empreendedor.
Tais corpos já foram estudados e os resultados preliminaressugerem a viabilidade econômica de seu aproveitamento.
Dentro desta perspectiva, significa que o Projeto Serra Lestepode ser potencializado a partir de duas vias. Uma seria oaproveitamento das reservas que não foram explotáveis emdecorrência da preservação das cavidades e a outra, a partir dodesenvolvimento da mina nos corpos lindeiros ao que atual-mente se pretende lavrar.
De toda forma, é importante considerar, conforme já foi citadoanteriormente, que a operação deste empreendimento, ora emlicenciamento, poderá influenciar positivamente na viabilidadeda expansão da explotação mineral nos corpos contíguos járeferenciados. As melhorias do sistema viário, a construção de
um pátio de embarque de minério, o ramal ferroviário e aprópria formação de uma mão-de-obra local orientada para opresente projeto, são fatores que de fato potencializam aexpansão da mineração no município de Curionópolis.
Além das pesquisas relacionadas ao minério de ferro nos cor-pos citados, outros recursos minerais já estão sendo pesquisa-dos na região desde a década de 80. Em função deste cenário,é mais provável que o Projeto Serra Leste seja o marco embrionáriode uma atividade econômica que já é considerada uma dasgrandes vocações desta porção do estado do Pará. Por talrazão, as perspectivas de término das atividades relacionadasao Projeto Serra Leste parecem pouco prováveis.
De toda forma, algumas ponderações considerando a desati-vação do empreendimento serão ressaltadas a seguir e devemser compreendidas como um cenário de pequena probabili-dade de ocorrência, frente às pers-pectivas já delineadas para aregião e adjacências do Projeto Serra Leste.
Com a efetiva desativação do Projeto Serra Leste, encerra-se ageração de resíduos, a geração de material particulado, a geraçãode efluentes líquidos de diferentes naturezas. Desaparecem asfontes geradoras de ruídos como também as que alteram a
qualidade do ar.
O término das tarefas que resultam nos impactos ambientais,associados aos aspectos citados conduz para a efetiva melhoriada qualidade ambiental dos atributos físicos e bióticos, comreflexos em algumas variáveis socioeconômicas.
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160
Neste caso, é de se esperar que ocorra a
melhoria da qualidade do ar, o retorno dos
níveis de pressão sonora semelhantes aos
padrões diagnosticados atualmente e a
eliminação das fontes produtoras de sedi-
mentos causadoras de assoreamento.
Espera-se, a reabilitação ambiental da área,
com resgate da qualidade paisagística dese-
jada no âmbito do projeto de recuperação
de áreas degradadas, bem como o pleno
término das tarefas que podem resultar na
alteração da qualidade das águas e dos solos.
Assim, as diferentes tarefas desenvolvidas
nesta etapa do empreendimento orien-
tam-se, necessariamente, para o resgate da
qualidade ambiental do meio.
Os impactos negativos que certamente
ocorrem, mesmo na execução de tarefas
que visam a melhoria ambiental relaciona-
dos especificamente aos meios físico e bióti-
co, não foram aqui considerados visto que
representam, de certa forma, a continuidade
do desenvolvimento de tarefas comumente
levadas a termo durante a etapa de operação
do empreendimento. Neste sentido, é pos-
sível admitir que os impactos ambientais
destas resultantes são similares aqueles
observados na operação, com apenas a
diferença de que, neste caso, orientam-se
para a recuperação ambiental da área.
Com o término das obras, vários locais
anteriormente degradados serão recupera-
dos, a exemplo do depósito de estéril,
mediante a adoção de medidas de plantio
de espécies vegetais herbáceas e arbusti-
vas, visando a contenção de taludes, princi-
palmente, entre outras pertinentes. Caso as
espécies vegetais adotadas nos plantios
sejam nativas e atraentes na produção de
recursos alimentares para a fauna silvestre,
as áreas recuperadas irão gerar, a longo
prazo, ambientes atrativos à colonização
de comunidades de animais generalistas e
campestres, contribuindo em sua
manutenção local.
Assim como nas fases de implantação e
operação, na fase de desativação a movi-
mentação de terra representada pelas ativi-
dades de recuperação ambiental das áreas
degradadas, através da reconformação
topográfica do terreno com auxílio de
máquinas e mesmo manual, a implantação
de obras de arte (sistemas de drenagem,
bacias de contenção, etc.) e outras,
poderão provocar um aporte de sedimentos
para o interior das drenagens da AID e,
conseqüentemente, alterar a qualidade da
água e/ou assoreamento destes ambientes.
Contudo, a longo prazo, deverá ocorrer uma
melhoria na qualidade das águas superficiais,
uma vez que com a instalação da cobertura
vegetal há uma maior reten-ção de sedi-
mentos no solo, evitando seu carreamento
pelas águas pluviais para ambientes ter-
restres e aquáticos existentes a jusante.
No contexto socioeconômico, a desati-
vação do empreendimento significa não
haver mais o fato gerador de tributos, pois
não haverá extração e, portanto, venda de
minério e contratação de fornecedores.
Isso causará uma redução da arrecadação
municipal. Pelo menos R$ 3,1 milhões de
reais deixarão de entrar nos cofres públicos
locais, referentes à perda do CFEM e à
redução da cota-parte do ICMS e do ISSQN.
Um fator que amenizará essa perda finan-
ceira será o aumento das transferências do
FPM, que, porém, não chegará a contrabalan-
cear a redução de receita. Ou seja, a
arrecadação mensal que teria subido
aproximadamente 33% em termos anuais
em relação ao ano de comparação de
2003, atingindo aproximadamente
R$ 12 milhões nos anos de operação plena
de Serra Leste, cairá para o patamar médio
de R$ 9 milhões no ano de 2011.
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161
O problema é que, se as receitas tributáriasarrecadadas nos anos de operação doempreendimento CVRD causarem aumen-to permanente dos gastos correntes, aperda de arrecadação poderá criar umasituação complexa nas finanças municipais,que terão obrigações fixas e receitas emqueda.
A desativação do empreendimento elimi-nará os empregos diretos relacionadas aoempreendimento, bem como das ativi-dades locais a esta relacionada. A reduçãototal será de 351 empregos para todas asfunções formais nos quadros da CVRD.
Estruturalmente, segundo os dados daRAIS 2005, que contabiliza apenas as infor-mações de emprego formal, Curionópolistem 1.236 postos de trabalho nestacondição e a indústria extrativista não par-ticipa deste montante, isto é, não háemprego formal no município oferecidopor este setor. Logo, após a finalização deoperação da CVRD, o setor volta a não par-ticipar dos setores que constam do cadas-tro da RAIS.
As opções de contrato de trabalho serão
determinantes para efetivamente alterar os
impactos da finalização do empreendimento
para alguns cargos tais como motoristas de
caminhão, que podem ser terceirizados e,
assim, estarem alocados em empresas que
não os dispense, necessariamente, em
função do fim das atividades da CVRD.
Pode-se estimar que 25% dos postos têm a
forma de contrato de trabalho com ligação
externa à empresa e, ainda, ao empreendi-
mento. Estes postos estarão em condição
de reaproveitamento pelas empresas tercei-
rizadas após a finalização da exploração
mineral. Pelos números anteriores, dos 351
postos de trabalho, aplicada esta pro-
porção de 25%, 83 postos estarão em con-
tratos terceirizados. Pode-se concluir que o
impacto será mitigado pela terceirização,
ou seja, esses cargos, em função do ganho
de experiência no empreendimento e pela
possibilidade de reaproveitamento para
outros negócios conseguidos pela empre-
sa contratante, poderão ser mantidos.
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Conforme apresentado no capítulo referente
à análise e avaliação de impactos, foram
estabelecidos critérios para a definição dos
diferentes tipos de ações a serem adotadas
mediante a manifestação de um impacto
ou mesmo para o controle de um aspecto
que possa converter em interferências
ambientais indesejáveis.
As ações a serem implementadas apresen-
tam-se, em sua maioria, inseridas em
planos de diferentes complexidades. Estes,
por sua vez, incorporam programas diversos,
que foram desenvolvidos e incorporados às
práticas da CVRD nos diferentes empreendi-
mentos de sua responsabilidade. Muitos
delem são programas que se convertem
em programas corporativos, enquanto outros
encontram-se voltados especificamente
para a realidade do Projeto Serra Leste.
É importante ressaltar que a singularidadeda área de inserção do Projeto Serra Leste,identificada e discutida ao longo do pre-sente trabalho, permitiu já nesta etapa, aindicação de ações específicas que serãoainda mais detalhadas no Plano deControle Ambiental, a ser apresentado para o complemento dos procedimentoslegais necessários para a obtenção dalicença de instalação.
O quadro 14.1 mostra o elenco dos planose programas que serão desenvolvidos emdecorrência dos impactos que podem serproduzidos pelo Projeto Serra Leste.
A seguir, encontram-se apresentadossegundo os meios ambientais de rebati-mento, as ações, traduzidas em planos, programas, projetos indicados frente à reali-dade ambiental diagnosticada e desejadafrente à concretização do Projeto Serra Leste.
14. AÇÕES A SEREM IMPLEMENTADAS
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Meio Físico
Plano Programa Impactos Associados
Plano de Gestão de Recursos Hídricos PGRH
Programa de Gestão da Qualidade dos Efl uentes Líquidos Industriais e Domésti-cos
- Alteração na qualidade das águas- Alteração nas comunidades aquáticas- Assoreamento de cursos d’água- Alteração na dinâmica hídrica superfi cial- Alteração na dinâmica hídrica subterrânea- Alteração no regime hídrico superfi cial
Programa de Monitoramento da Quali-dade das Águas
Programa de Gestão do Abastecimento da Água
Programa de Gestão do Uso da Água, considerando-se as etapas de captação, adução, reservação, consumo, recirculação e reuso
Plano de Gestão da Qualidade do Ar
Programa de Controle das Emissões para a Atmosfera
- Alteração na qualidade do ar- Incômodo à população decorrente da alter-ação na qualidade do ar.Programa de Monitoramento da Quali-
dade do Ar
Plano de Gestão de Resíduos - Alteração nas propriedades do solo
Plano de Gestão de Ruído Programa de Gestão de Ruído
- Incômodo a população decorrente da emissão
- Afugentamento da fauna silvestre- Alteração do nível de pressão sonora
- Incômodo às pessoas decorrente da alter-ação do nível de pressão sonora
Plano de Gestão de Sedimentos
- Assoreamento de cursos d’água
- Alteração na qualidade das águas- Alteração nas comunidades aquáticas
Plano de Recuperação de Áreas Degra-dadas
- Alteração na dinâmica hídrica superfi cial- Assoreamento de cursos d’água
- Alteração morfológica- Alteração paisagística- Alteração na qualidade das águas- Perda de indivíduos da fauna- Fragmentação de habitats
- Alteração da função ambiental da Área de Preservação Permanente- Redução da área de Savana Metalófi la
Quadro 14.1 - Planos e Programas Aplicáveis aos Impactos Decorrentes do Projeto Serra Leste
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173
Meio Biótico
Plano Programa Impactos Associados
Plano de Desmatamento
- Redução de áreas fl orestais- Redução de indivíduos vegetais- Perda de indivíduos da fauna- Isolamento dos remanescentes fl orestais- Alteração da função ambiental da Área de Preservação Permanente- Pressão sobre a fauna e fl ora decorrente da fragmentação de habitats- Redução da área de savana metalófi la- Fragmentação de habitats-Redução da área de fl oresta ombrófi la
Plano de Aproveitamento da Biomassa Lenhosa
-Redução de áreas fl orestais- Redução de indivíduos vegetais
Plano de Aproveitamento de resíduos vegetais e da serrapilheira
- Alteração da função ambiental da Área de Preservação Permanente
Plano de Criação de Atrativos para a Fauna
- Afugentamento da fauna silvestre
- Perda de indivíduos da fauna- Pressão sobre a fauna e fl ora decorrente da
fragmentação de habitats
Programa Integrado de monitoramento e
Estudos da Fauna (PIMEF)
- Perda de indivíduos da fauna- Afugentamento da fauna- Pressão sobre a fauna e fl ora decorrente da fragmentação de habitats
Quadro 14.1 - Planos e Programas Aplicáveis aos Impactos Decorrentes do Projeto Serra Leste
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Meio Socioeconômico
Plano Programa Impactos Associados
Programa de Comunicação Social
-Geração de expectativas quanto à negocia-ção de terras;- Geração de expectativas de empregabili-dade e negócios;- Intensifi cação do fl uxo migratório.
Recomendações Ambientais para a Empreiteira
- Sobrecarga do sistema viário
Programa de Negociação-Geração de expectativas quanto à negocia-ção de terras;
Programa de Educação Ambiental- Aplicável ao conjunto dos impactos onde a boa prática ambiental pode incidir sobre os mesmos.
Plano de Gestão em Socioeconomia
Programa de Desenvolvimento de For-necedores – PDF
- Geração de expectativas de empregabili-dade e negócios
Programa de Recrutamento e Capacitação
de Mão-de-Obra
- Redução temporária da oferta de trabalho
- Desvinculação dos trabalhadores da rede de seguridade social
- Redução temporária do poder aquisitivo e do padrão de consumo
- Melhoria da condição de empregabilidade local
Programa de Fomento ao Desenvolvi-
mento Socioeconômico Sustentável do Território;
- Ocupação desordenada do espaço urbano- Pressão sobre a infra-estrutura de sanea-mento- Retração dos serviços locais
Programa de Monitoramento de Indicado-res Socioeconômicos
- Ocupação desordenada do espaço urbano;- Aumento do valor de venda e aluguel dos imóveis;- Pressão sobre a infra-estrutura de sanea-mento
- Pressão sobre serviços e equipamentos públicos de saúde e educação- Alteração do quadro nosológico
Quadro 14.1 - Planos e Programas Aplicáveis aos Impactos Decorrentes do Projeto Serra Leste
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175
14.1 Meio Físico
14.1.1 Plano de Gestão de Recursos Hídricos - PGRH
- Justificativa
As interferências mais importantes rebatem sobre a dinâmica
superficial com a abertura da estrada de ligação mina-pátio de
embarque do minério, nas pro-ximidades da Estrada de Ferro
Carajás. Tais interferências são representadas pela cons-trução de
bueiros e de duas pontes.
Na área da mina, a ação sobre os recursos subterrâneos, inde-
pendentemente da ausência de dados primários para a com-
preensão de sua dinâmica, devem ser considerados, frente ao
tamanho do empreendimento, o uso da água a jusante e ao
comportamento das nas-centes do entorno da área a ser
lavrada, como de pequena monta.
É importante salientar que no caso do Projeto Serra Leste, as
ações de maior importância serão aquelas vinculadas à
observância de aspectos legais, já que será necessária a cap-
tação de água subterrânea para atender a mina, bem como a
captação de águas superficiais para dar suporte às atividades
construtivas da estrada mina-pátio, do pátio de embarque de
minério e das linhas ferroviárias.
O PGRH em questão abrange os seguintes programas:
Programa de Gestão da Qualidade dos Efluentes Líquidos
Industriais e Domésticos
- Objetivos
• Controlar os aspectos ambientais: geração de efluentes líquidos
industriais e domésticos, através de procedimentos opera-
cionais específicos.
• Monitorar as fontes responsáveis pela geração de efluentes
líquidos, como forma de verificar a eficácia dos sistemas de
controle intrínsecos e os procedimentos operacionais.
- Fase de Execução
Esse programa deverá ser executado durante as fases de
implantação e operação do Projeto Serra Leste.
Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas
- Objetivos
• Acompanhar as transformações decorrentes das ações de implan-
tação das obras complementares sobre a qualidade das águas;
• Acompanhar as variações sazonais naturais dos principais consti-
tuintes físico-químicos e bacteriológicos das águas;
• Caracterizar e acompanhar a evolução da condição de qualidade
das águas da área a ser diretamente afetada pela presença do
projeto;
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176
• Acompanhar os efeitos da operação do empreendimento
sobre essas águas;
• Fornecer subsídios para a identificação de problemas ambientais
que exijam o desenvolvimento de estudos específicos detalhados;
• Fornecer subsídios para a avaliação da eficácia de programas
de controle ambiental implantados;
• Fornecer subsídios para a identificação da necessidade da
adoção de medidas para a minimização de eventuais proble-
mas ambientais.
Apesar da dimensão que permeia o programa ora apresentado,
é importante ressaltar que no caso do Projeto Serra Leste, os
dados obtidos a partir do diagnóstico ambiental permitem afir-
mar a ausência de problemas relacionados à disponibilidade
hídrica, já que os sítios de intervenção não apresentam-se
como provedores de abastecimento para nenhuma forma de
uso que possa sofrer alguma restrição, bem como não compõe
ambiente de suporte de fauna específica dependente de águas
em condições especiais para sua sobrevivência. De toda forma,
o Programa de Monitoramento tem, no caso do presente proje-
to, a função de confirmar a eficiência operacional das estruturas
consideradas de controle intrínseco, como SAO's, ETE e bacias
de contenção de sedimentos.
- Fase de execução
O Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas deverá
ser executado em todas as fases do empreendimento.
Programa de Gestão do Abastecimento da Água
- Objetivos
• Garantir a qualidade da água captada e distribuída, tanto para
os usos industriais quanto para consumo humano.
Para o caso do Projeto Serra Leste, a água a ser utilizada na
mina será obtida a partir da perfuração de poços sobre o platô.
- Fase de Execução
Este programa deverá ser executado nas fases de implantação e
durante a fase de operação.
Programa de Gestão do Uso da Água, considerando-se as
etapas de captação, adução, reservação, consumo, recir-
culação e reuso
- Objetivos
O programa proposto tem por objetivo indicar uma série de
procedimentos necessários à adequada gestão dos recursos
hídricos. Mesmo considerando que, as interferências ambientais
decorrentes da instalação e operação do Projeto Serra Leste são
de pequena monta, tais procedimentos são adotados como
forma de se estabelecer o controle e mitigar ações relacionadas
à captação, adução, reservação, consumo, recirculação e reuso.
Assim, destacam-se duas necessidades para controle ambiental,
no que diz respeito aos recursos hídricos:
• monitoramento das variáveis hidrológicas, possibilitando
assim a operação do empreendimento de forma que seja
garantida a disponibilidade necessária, conforme os preceitos
legais.
• monitoramento da gestão dos recursos hídricos captados nos
aqüíferos assim que a operação possa usar de todas as possibili-
dades de reuso e recirculação dos volumes captados, reduzindo
ao máximo os usos consuntivos. No caso do Projeto Serra Leste,
esta será a situação efetivamente aplicável já que a captação de
água subterrânea apresenta-se como a fonte de suprimento a
ser adotada.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 176
14.1.2 Plano de Gestão da Qualidade do Ar
- Justificativa
O monitoramento das emissões atmosféricas é instrumento fundamental da gestão da
qualidade do ar, permitindo a verificação sistemática e periódica do desempenho dos sistemas
de controle adotados, bem como de ações a estes associados, propiciando a pronta
atuação sobre eventuais desvios que venham a ser identificados.
O monitoramento da qualidade do ar e das condições meteorológicas locais permite a
avaliação dos efeitos das emissões atmosféricas do empreendimento em sua área de
influência, através do monitoramento de parâmetros de qualidade do ar específicos na região.
O Plano de Gestão da Qualidade do Ar visa, a partir de ações de controle das fontes
geradoras de emissões atmosféricas e do monitoramento, garantir a efetividade das
medidas adotadas em relação à qualidade do ar da área de influência do empreendimento,
durante as fases de implantação e operação. No caso do Projeto Serra Leste, a posição da
vila de Serra Pelada em relação ao empreendimento, foi considerada uma fragilidade
ambiental, fato que já durante a elaboração do diagnóstico ambiental indicava a preocupação
do empreendedor em relação à geração de material particulado e gases de combustão.
O Plano de Gestão da Qualidade do Ar é composto pelos seguintes programas:
Programa de Controle das Emissões para a Atmosfera
- Objetivos
• Controlar os aspectos ambientais: emissão de material particulado e gases de combustão,
durante a etapa de implantação e operação do empreendimento, através de procedimentos
operacionais específicos.
• Monitorar as fontes responsáveis pela emissão de poluentes atmosféricos, como forma
de verificar a eficácia dos sistemas de controle e dos procedimentos operacionais adotados.
- Fase de Execução
O controle dos aspectos será desenvolvido ao longo das fases de implantação e operação
do Projeto Serra Leste
O monitoramento das emissões será desenvolvido ao longo da fase de operação do
Projeto Serra Leste.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 177
178
Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar
- Objetivo
Acompanhar a qualidade do ar na AID do empreendimento através do monitoramento da
qualidade do ar e meteorologia da região.
- Fase de Execução
O monitoramento da qualidade do ar e meteorologia já foi iniciado na área de inserção do
empreendimento, através de uma campanha com duração de 30 dias, realizada com estação
automática e contínua. Os dados relativos ao início deste trabalho foram utilizados para compor
o diagnóstico ambiental relativo à qualidade do ar apresentado no presente estudo ambiental.
O monitoramento definitivo deverá ser realizado por meio de metodologia contínua e automa-
tizada, tendo início na fase de implantação do empreendimento e devendo prosseguir por
toda a vida útil do empreendimento. Os dados gerados pelo monitoramento da qualidade do
ar e meteorologia deverão auxiliar na verificação da eficácia das ações de controle das emissões
difusas de material particulado realizadas no empreendimento.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 178
179
14.1.3 Plano de Gestão de Resíduos - PGRe
Os impactos causados pela geração de resíduos do Projeto Serra
Leste serão controlados e mitigados pelas ações desenvolvidas
no âmbito do Programa de Gestão de Resíduos.
Programa de Gestão de Resíduos
- Justificativa
A instalação e operação do Projeto Serra Leste irá proporcionar a
geração de resíduos sólidos “inertes”, ”não inertes” e ”perigosos”,
conforme Norma específica da ABNT.
Portanto, o adequado gerenciamento dos resíduos gerados, envol-
vendo coleta, armazenamento, reutilização, destinação e disposição
final encontra-se definido em um Plano de Gestão de Resíduos.
É importante destacar que os procedimentos estabelecidos no Plano
de Gestão de Resíduos encontram-se devidamente implantados nas
unidades operacionais da CVRD na região.
Trata-se de um procedimento estabelecido com base nos requisitos
legais aplicáveis e discutidos com órgãos ambientais pertinentes,
como a SECTAM e o IBAMA.
- Objetivos
• Minimizar a geração de resíduos;
• Inventariar os resíduos;
• Promover a segregação dos resíduos em função das características
e destinação a ser adotada (coleta seletiva);
• Classificar e separar os resíduos para disposição adequada à sua
classificação;
• Adotar a estocagem temporária como procedimento de controle
a ser seguido até que sejam identificadas alternativas viáveis de
reuso e/ou reprocessamento e/ou disposição final;
• Buscar o reuso e/ou o reprocessamento dos resíduos gerados;
• Garantir a disposição final adequada.
- Fase de Execução
O Plano de Gestão de Resíduos deverá ser executado durante as
fases de implantação e operação do Projeto Serra Leste.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 179
180
141.4 Plano de Gestão de Ruídos e
Vibrações
Programa de Controle de Ruídos e
Vibrações
- Justificativa
A execução de um Plano de Gestão e
respectivo Programa de Controle de Ruído
para o Projeto Serra Leste se justifica pelas
seguintes razões:
• Os resultados do monitoramento realizado
indicam que os níveis de pressão sonora nos
pontos considerados (áreas externas à pro-
priedade) estão dentro dos padrões espera-
dos para áreas de sítios e fazendas definido
pela NBR 10.151.
• As tarefas das fases de implantação e
operação do Projeto Serra Leste irão gerar
ruídos e vibrações devem ser controlados
para que os valores limites estabelecidos
na legislação ambiental sejam atendidos.
- Objetivos
• Controlar a emissão de ruído na fonte,
através de procedimentos operacionais
específicos.
• Monitorar as fontes responsáveis pela
emissão de ruídos e o entorno do
empreendimento, como forma de verificar
a eficácia dos sistemas de controle intrínsecos
e os procedimentos operacionais.
• Propiciar a manutenção dos padrões de
ruídos e vibrações vigentes na vila de Serra
Pelada, bem como prover sua população
de informações para que estes possam
compreender a dinâmica operacional do
empreendimento.
- Fase de Execução
O Plano de Gestão de Ruídos / Programa
de Controle de Ruídos deverá ser iniciado
antes da fase de implantação do empre-
endimento e continuar durante as fases de
implantação e operação..
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181
14.1.5 Plano de Gestão de Sedimentos - PGS
- Justificativa
As fases de implantação e operação do Projeto Serra Leste pos-
suirão tarefas com o potencial de geração de sedimentos, as
quais serão dotadas de sistemas de controle (sistema de
drenagem, sumps e bacias de contenção de sedimentos) e deverão
ser realizadas conforme procedimentos específicos.
No presente caso, as bacias de contenção de sedimentos que
estarão associadas à usina e ao pátio de embarque de minério,
bem como o sistema de drenagem a estas orientado, apresen-
tam-se como estruturas de controle intrínseco. Para garantir a
eficácia de procedimentos e dos sistemas de controle intrínsecos
a serem instalados, bem como as ações de mitigação ou controle,
conceito cabíveis aos demais, propõe-se a adoção de um Plano
de Gestão de Sedimentos - PGS.
- Objetivos
• Providenciar que as movimentações de solo e rocha decor-
rentes das atividades de instalação, e que as movimentações de
materiais durante a operação do empreendimento não acar-
retem não conformidades ambientais - assoreamento de cursos
de água.
- Diretrizes
• Estabelecimento de procedimentos de dessassoreamento das
bacias de contenção a jusante das estruturas, bem como do sis-
tema de drenagem, contendo cronograma e ações preventivas
e/ou corretivas caso ocorram anomalias.
• Definição de locais adequados para disposição dos sedimentos.
• Acompanhamento da eficiência operacional das leiras e sumps.
- Fase de Execução
O Plano de Gestão de Sedimentos deverá ser executado nas
fases de implantação e operação do Projeto Serra Leste.
14.1.6 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD
- Justificativa
Este plano deverá ser iniciado juntamente com a etapa de instalação
do empreendimento e seu prosseguimento deve se dar du-
rante a operação e desativação do mesmo, de forma a garantir
a estabilidade ambiental da área a ser submetida ao uso pelas
estruturas associadas ao empreendimento.
O desenvolvimento de um PRAD justifica-se pela responsabilidade
que o empreendedor sempre deve buscar em relação ao ambi-
ente de inserção de suas atividades. Neste sentido, garantir que os
atributos ambientais tenham suas qualidades resguardadas ou
resgatadas deve ser entendida como uma prioridade nos procedi-
mentos operacionais de um empreendimento. Há que se lembrar
que o desenvolvimento de tal plano é também uma exigência
estabelecida pela legislação vigente, conforme assinalado no capí-
tulo que trata dos requisitos legais contido no presente estudo.
- Objetivo
• O objetivo deste projeto é o de recompor a vegetação das
áreas impactadas pela implantação do projeto Serra Leste
através do plantio de espécies nativas, minimizando a perda de
área de vegetação nativa e a redução nas populações de espécies
vegetais nativas arbóreas e arbustivas.
• Garantir a existência de uma dinâmica superficial correlata aos
padrões observados na atualidade e que estejam em consonância
com a manutenção de uma dinâmica erosiva que não constitua
em comprometimento da qualidade ambiental desejável para a
área de inserção do empreendimento.
- Fase de Execução
O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas deverá ser iniciado
juntamente com as obras de instalação do Projeto Serra Leste e
continuado durante toda a fase de operação. Definições específicas
devem estar previstas quando da etapa de desativação do
empreendimento.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 181
182
14.1.7 Plano de Gerenciamento de Risco
- Justificativa
O Plano de Gerenciamento de Risco se justifica como instrumento para assegurar as condições
de segurança necessárias ao desenvolvimento das atividades do Projeto Serra Leste.
- Objetivos
• Identificar os cenários ambientais com provável efeito para o público externo ou para o
meio ambiente.
• Identificar os riscos associados à ocorrência de eventos indesejáveis, que tenham como
conseqüência danos à integridade física de pessoas, propriedades ou meio ambiente.
• Apresentar as medidas preventivas e mitigadoras recomendadas para os cenários aci-
dentais identificados.
- Fase de Execução
Esse programa deverá ser executado durante as fases de implantação e operação do
Projeto Serra Leste.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 182
183
14.2 Meio Biótico
14.2.1 Plano de Desmatamento
- Justificativa
O Plano de Desmatamento foi concebido
para se evitar a ocorrência de desmate em
área superior àquela a ser efetivamente
utilizada, que quase sempre acaba por
suprimira vegetação nativa desnecessaria-
mente. Muitas vezes, este fato ocorre por
falta de orientação do pessoal responsável
pela execução da supressão vegetal.
Na área do Projeto Serra Leste, a ocorrência
da savana metalófila e dos parcos remanes-
centes ombrófilos não devem ser impactados
além do perímetro necessário ao desen-
volvimento da Mina.
É importante salientar que a o Plano de
Desmatamento Adequado deverá considerar
todas ás áreas onde tal intervenção se fizer
necessária ao longo do eixo da estrada de
ligação pátio-mina, pátio de embarque, e
área de implantação das linhas ferroviárias
- Objetivos
• Evitar suprimir áreas cobertas por vege-
tação nativa além daquelas a serem efeti-
vamente utilizadas pelo empreendimento.
• Desenvolver as ações de desmate com
base no atendimento dos requisitos legais
estabelecidos;
• Incorporar ao procedimento de desmate
as práticas ambientais adequadas para a
minimização das interferências ambientais
pertinentes a tal processo.
14.2.2 Plano de Aproveitamento da
Biomassa Lenhosa
No caso da supressão de ambientes florestais,
deve-se procurar aproveitar ao máximo a
madeira existente. Não apenas as madeiras
mais nobres, que apresentam melhor
preço, deverão ser aproveitadas. Espécies
próprias para laminados e compensados
deverão também ser retiradas e destinadas
ao comércio.
No caso do Projeto Serra Leste, grande parte
das áreas sujeitas à alguma intervenção
encontram-se ocupadas por pastagens.
Em menor escala, são evidentes nos fundos
de vales, ambientes de juquiras em diferentes
estágios de regeneração. As grandes estru-
turas associadas ao empreendimento
como a área de lavra, usina, pilha de estéril,
pátio de embarque de minério, linhas fer-
roviárias e quase totalidade das estradas
localizam-se em ambientes herbáceo ou
arbustivo. Dentre elas, apenas área de lavra
encontra-se ocupada por uma forma vegetal
arbustiva nativa, a savana metalófila.
- Justificativa
Evitar o descarte de madeiras consideradas
menos nobres, devido a seu baixo valor
econômico.
- Objetivos
• Dar melhor aproveitamento ao material
lenhoso a ser suprimido.
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14.2.3 Plano de Aproveitamento de resíduos vegetais e da serrapilheira
- Justificativa
Além de evitar o desperdício dos nutrientes presentes nesse material, os resíduos vegetais e a ser-
rapilheira criam abrigos para a fauna e são importantes fontes de matéria orgânica para o solo, con-
tribuindo para a melhoria de sua qualidade e otimizando a recuperação das áreas degradadas.
Nesta camada superficial do solo, mesmo na vegetação sobre canga, encontra-se um
grande volume de propágulos e nutrientes.
- Objetivos
• Aproveitar a biomassa vegetal e contribuir para a reabilitação das áreas degradadas.
14.2.4 Plano de Criação de Atrativos para a Fauna
- Justificativa
A formação de abrigos funcionará como atrativos para a fauna, a qual apresenta impor-
tante função na disseminação de sementes de diversas espécies vegetais nativas,
enriquecendo, desta forma, os ambientes reabilitados.
- Objetivos
• Otimizar a recuperação dos ecossistemas naturais nas áreas degradadas através da intro-
dução de atrativos da fauna.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 184
185
14.2.5 Programa Integrado de monitoramento e Estudos da
Fauna (PIMEF)
- Justificativa
Este Plano proposto pelo IAVRD, tem como premissas básicas: (i) a
identificação das demandas de pesquisa em fauna relacionadas
aos diferentes empreendimentos; (ii) a classificação destas demandas
segundo a similaridade e/ou complementaridade apresentadas
(grupo taxonômico, grau de detalhamento exigido, área de
abrangência, etc); (iii) a definição das prioridades em função dos
prazos disponíveis; (iv) o dimensionamento qualitativo e quantitativo
da(s) equipe(s) necessária(s); (v) a contratação de profissionais
especializados e/ou o estabelecimento de convênios com instituições
de pesquisa, priorizando aquelas existentes na região.
O PIMEF contempla os seguintes estudos:
• Inventários de fauna nas diferentes subtipologias encontradas na
Floresta Nacional de Carajás;
• Monitoramento em áreas com empreendimento pela CVRD para
identificação dos possíveis impactos gerados pela atividade na
fauna local e identificação de rotas de fuga da fauna;
• Estudos limnológicos nas lagoas da Floresta Nacional de Carajás;
• Estudos em ambientes de cavernas (bioespeleologia);
• Avaliação do tamanho mínimo viável de áreas de canga para
suporte do ecossistema.
- Proposta de Ampliação da Área de Abrangência do PIMEF
A crescente expansão da CVRD através da implantação de
empreendimentos minerários fora das áreas protegidas conduz à
necessidade de conhecimento da relação fauna e ambientes
também nos domínios de natureza já fortemente modificados.
É importante ressaltar que apesar da forte descaracterização das
áreas externas ao domínio das unidades de conservação nesta
porção sul do Pará, muitos grupos faunísticos ainda existem em
abundância fora dos domínios protegidos. A depender do arranjo
territorial analisado sobre uma ótica dos fragmentos florestais e
corredores ecológicos, muitas áreas predominantemente antrópicas ,
podem estar inseridas na matriz de suporte de grupos de fauna
que, muitas vezes, estão sendo analisados exclusivamente dentro
de unidades de conservação.
A proximidade dos rios Itacaiúnas e Parauapebas, limites de áreas
protegidas, como a Floresta Nacional de Carajás e do Tapirapé-
Aquirí, em relação ao Projeto Serra Leste, juntamente com a pre-
sença de importantes domínios florestados nas margens das
citadas drenagens, sugere a possibilidade de composição de um
cenário onde as relações citadas podem ocorrer. Desta forma, a
CVRD, através do IAVRD, propõe a expansão do PIMEF para áreas
do entorno das Flonas citadas, incluindo-se domínios territoriais
próximos, onde esta atua, como é o caso da região de Serra Pelada.
Cabe ainda ressaltar que o PIMEF integra um conjunto de ações
de compensação ambiental desenvolvidas pela CVRD no sul do
Pará, na região de inserção dos seus empreendimentos.
O detalhamento do PIMEF será apresentado no Plano de Controle
Ambiental para apreciação da SECTAM.
CAP14 11/08/2006 5:45 PM Page 185
14.3 Meio Socioeconômico
14.3.1 Programa de Comunicação
Social
- Justificativa
O Programa de Comunicação Social (PCS)
do Projeto Serra Leste reforça o compro-
misso, da CVRD, em manter um diálogo
transparente com os diferentes públicos
sob influência direta e indireta deste projeto.
Vale destacar que é de fundamental
importância a integração das atividades
deste Programa às demais ações de comu-
nicação dos outros projetos da CVRD na
Região do Sudeste do Pará, com o objetivo
de contribuir com uma gestão integrada
do processo de socioeconomia, com base
no Plano de Gestão Integrada em fase de
finalização pela consultoria contratada.
A CVRD busca a parceria com a sociedade
civil, instituições governamentais, não-
governamentais, instituições de pesquisa,
associações civis, lideranças e outros,
tendo como premissa o respeito,
transparência e preservação dos limites
de atuação de cada instância envolvida
no contexto em questão.
O PCS simboliza também o respeito do
empreendedor à legislação pertinente, às
práticas de responsabilidade socioambiental,
considerando sempre a ética e a transparência
em torno das informações relativas ao projeto.
- Objetivos
Desenvolver uma comunicação contínua e
transparente entre a CVRD e a comu-
nidade, especialmente na área de influên-
cia direta do empreendimento, município
de Curionopólis, possibilitando, a partir
disso, o fortalecimento das iniciativas de
diálogo entre a Companhia e seus públicos.
Desta forma, é possível viabilizar o conheci-
mento sobre o empreendimento, suas
fases de implantação, bem como seus
impactos ambientais, sociais e econômicos
visando, inclusive, a minimização de expectati-
vas geradas em relação ao empreendimento.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 186
187
- Objetivos Específicos
• Informar aos públicos de interesse, de
maneira transparente, a abrangência das
atividades da CVRD relativas ao Projeto
Serra Leste e seus possíveis impactos e
ações de mitigação e/ou potencialização
contempladas nos programas ambientais a
serem desenvolvidos e programas sociais a
serem criados (ou continuados, no caso
daqueles já apoiados pela CVRD);
• Conciliar interesses e obter opiniões
favoráveis que possibilitem a formação de
uma rede de parcerias com os agentes de
intervenção local;
• Esclarecer, em conjunto com a assessoria de
comunicação da prefeitura local, as questões
ligadas a mão-de-obra, incluindo a divulgação
clara do número real do contingente previsto
e as qualificações necessárias, a fim de evitar
fluxo migratório desnecessário para a região
do empreendimento;
• Posicionar-se considerando a percepção e
o posicionamento de cada segmento da
sociedade com relação ao empreendimento
e a atuação geral da CVRD na região;
• Contribuir com uma gestão de comuni-
cação que leve em conta o diagnóstico
socioambiental realizado por consultoria a
fim de promover uma gestão territorial entre
Serra Leste e os demais projetos na região.
- Fase de Execução
O PCS será desenvolvido ao longo das
fases de implantação e operação do
Projeto Serra Leste Responsabilidade pela
Execução do Programa.
A responsabilidade pela execução do pro-
grama será do empreendedor, que poderá
contratar empresas especializadas em
comunicação social.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 187
188
14.3.2 Programa de Educação
Ambiental
- Justificativa
Preconizando a Política de Gestão
Ambiental adotada pela CVRD, bem
como a Lei Federal 9.795 de abril de 1999
- Política Nacional de Educação
Ambiental -, que conflui com a Lei
Estadual 26.752 de junho de 1990 do
Pará, que dispõe da promoção da edu-
cação ambiental, o empreendimento
Serra Leste pretende fomentar atividades
pedagógicas relacionadas à conservação
e preservação do meio ambiente.
A CVRD pretende utilizar a estrutura do
Programa Escola que Vale - EQV, existente
em Curionópolis desde 2002, e que vem
proporcionando formação continuada
aos professores e gestores em educação
pública para fortalecer e incentivar a
inserção de atividades pedagógicas vin-
culadas à conservação e preservação do
meio ambiente na rede pública de ensino.
O EQV já possui parceria com a Secretaria
Municipal de Educação e com o Centro
de Educação e Documentação para Ação
Comunitária - CEDAC para desenvolver
suas atividades em Curionópolis e em
Serra Pelada, além de sistematicamente
alcançar resultados conjuntos e positivos
na melhoria e dinamismo de práticas
pedagógicas para ensino público local.
- Objetivos
- Objetivo Geral
• Inserir os tópicos relacionados à conser-
vação e preservação do meio ambiente na
rede de ensino pública de Curionópolis,
fomentando a consciência de educadores
e consequentemente dos alunos em
relação ao meio ambiente.
- Objetivos Específicos
• Utilizar métodos pedagógicos que trans-
mitam os conhecimentos relacionados à
educação ambiental por meio dinâmico e
vinculados ao cotidiano dos estudantes;
• Desenvolver sinergia entre as ações edu-
cacionais da CVRD com aquelas do ensino
público de Curionópolis;
• Incentivar e/ou potencializar ações
ambientais por meio de concurso anual
desenvolvida entre empresa e rede pública
de ensino.
- Fase de Execução
O Programa de Educação Ambiental será
desenvolvido ao longo das fases de implan-
tação e operação do Projeto Serra Leste
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 188
189
14.3.2 Plano de Gestão em
Socioeconomia
Os programas que compõem o Plano de
Gestão em Socioeconomia são os
seguintes:
• Programa de Desenvolvimento de
Fornecedores - PDF;
• Programa de Recrutamento e Capacitação
de Mão-de-Obra;
• Programa de Fomento ao
Desenvolvimento Socioeconômico
Sustentável do Território;
• Programa de Monitoramento de
Indicadores Socioeconômicos;
• Recomendações Ambientais para
Empreiteiras
- Justificativa
Em 2000, o Governo do Estado do Pará, em
parceria com a Companhia Vale do Rio
Doce, FIEPA, FECOMERCIO, FACIAPA e FCDL,
lançou o Programa de Desenvolvimento de
Fornecedores - PDF. Na primeira fase, o
Governo do Estado do Pará constituiu
estrutura necessária para iniciar o relaciona-
mento com os fornecedores paraenses. Na
segunda fase do programa, o Governo do
Pará, a FIEPA e o setor privado promoveram
consultoria especializada aos fornecedores
identificados. Essa consultoria consiste em
capacitação, promoção e assessoria aos
negócios. Atualmente o PDF está implantado
em três grandes regiões paraenses.
A proposta de expandir o PDF para
Curionópolis objetivará a capacitação e
certificação, em gestão empresarial, dos
empresários locais para que estes estejam
aptos a comercializar seus bens e serviços
garantindo qualidade e eficiência comercial,
tanto para as necessidades de insumo e
serviços do empreendimento Serra Leste
como para uma rede regional diversificada
de clientes já estruturada pelo programa.
- Objetivos
- Objetivos Gerais:
• Garantir o apoio para o incremento e
diversificação das atividades produtivas e
de identificação das oportunidades de
investimento para a cidade de
Curionópolis.
• Possibilitar a capacitação de fornecedores
locais para atender as demandas geradas
pelo Projeto Serra Leste.
- Objetivos Específicos:
• Capacitar empresários/gestores, traba-
lhadores e empresas, através um processo
de treinamento e certificação em quali-
dade/produtividade, segurança e
tributos/impostos.
• Promover e divulgar as empresas locais e
entidades de classe.
• Assessorar as empresas na realização de
negócios, incluindo monitorias, visitas téc-
nicas, seminários e workshops.
- Fase de Execução
O PDF será desenvolvido ao longo das
fases de implantação e operação do
Projeto Serra Leste.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 189
190
14.3.3 Programa de Recrutamento e
Capacitação de Mão-de-Obra
- Justificativa
O Projeto Serra Leste gerará cerca de 650
novos empregos no pico da fase de insta-
lação do empreendimento e 351 na fase
de operação. Os novos postos de trabalho,
caso sejam totalmente ocupados por resi-
dentes em Curionópolis, causarão impacto
positivo no município, reduzindo a taxa de
desocupação de 16% para 11% (con-
siderando a etapa de operação).
Entretanto, devido à baixa escolaridade da
população (demonstrada em dados apre-
sentados no diagnóstico) o nível de
empregabilidade da população residente
de Curionópolis é, portanto, baixo.
A capacitação profissional proposta no
Programa de Recrutamento e Capacitação
de Mão-de-Obra trará benefícios tanto
para a população local como para a CVRD
ao viabilizar a contratação dessa população
para os novos postos de trabalho. As ativi-
dades de formação profissional, também
incluídas nesse programa, deverão ampliar
as possibilidades de emprego da população
de Curionópolis.
Além disso, por meio das atividades de
recolocação profissional, o programa pro-
posto trará benefícios para os empregados
de Serra Leste quando forem desmobilizados
e para a cidade em geral, que terá na renda
obtida por esses trabalhadores o sustento
de parte de sua economia.
- Objetivos
- Objetivo Geral
Possibilitar que o município de
Curionópolis seja beneficiado pelas opor-
tunidades de trabalho geradas no
empreendimento Serra Leste e garantir
que esse benefício se prolongue mesmo
após a desativação do empreendimento.
- Objetivos Específicos:
• Oferecer cursos de formação profissional
para a população de Curionópolis;
• Oferecer cursos de capacitação profissional
voltados para o preenchimento das vagas
criadas no empreendimento Serra Leste;
• Oferecer cursos de qualificação profissional
voltados para o aprimoramento dos futuros
funcionários do empreendimento.
14.3.4 Programa de Fomento ao
Desenvolvimento Socioeconômico
Sustentável do Território
- Justificativa
Por se tratar da exploração de recurso natu-
ral não renovável, como o minério de ferro,
é importante cuidar do meio natural e
identificar, desde a fase de implantação do
empreendimento, novas oportunidades
produtivas que possam ser estimuladas e
organizadas em arranjos produtivos locais.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 190
191
A sustentabilidade do desenvolvimento, quer se trate da dimensão
econômica, ambiental, tecnológica, sócio-cultural ou político-
institucional, é relativa. De todo modo, a dimensão econômica
assume um peso considerável levando-se em conta a indiscutível
importância representada pela variável demográfica nos processo
de implantação de novos empreendimentos.
Daí a importância da implementação de um Programa de
Fomento ao Desenvolvimento Socioeconômico Sustentável do
Território, o qual deve enfocar e integrar as dimensões ambiental,
tecnológica, econômica, sócio-cultural e político-institucional em
todas as suas etapas.
- Objetivos
- Objetivo Geral
Garantir a melhoria das condições de vida da população, por meio
de ações que visem prioritariamente:
• A mitigação dos impactos relativos à infra-estrutura;
• A pressão em relação aos equipamentos públicos;
• A diversificação econômica.
- Objetivos Específicos
• Desenvolver ações relativas aos componentes básicos do desen-
volvimento humano, ou seja: a educação, a saúde e a geração de
renda: as ações de educação devem possibilitar a redução da
desigualdade social por meio da melhoria da aprendizagem dos
alunos da rede pública de ensino;
as ações de saúde objetivam a melhoria da condição geral de
saúde e a promoção da qualidade de vida da população local,
especialmente no que tange às condições de saneamento básico,
por meio de ampliação e integração dos agentes do sistema público
de assistência à saúde, priorizando as ações de prevenção, promoção
e recuperação, de forma integral e contínua; por fim, a geração de
renda deve induzir a promoção de trabalho e a inclusão social das
famílias.
• Mobilizar a sociedade de Curionópolis para a criação de um Fórum
de Desenvolvimento Econômico e Social, com a finalidade de se
constituir em um canal que aprofunde com todos os segmentos os
principais problemas a serem enfrentados e as potencialidades do
município relacionados aos temas indicados acima;
• Retomar as ações do “Programa de Desenvolvimento Econômico
e Social de Serra Pelada”, executado, no período de 2001 a 2004,
pela CVRD.
- Fase de Execução
O Programa de Fomento ao Desenvolvimento Socioeconômico
Sustentável do Território será desenvolvido ao longo das fases de
implantação e operação do Projeto Serra Leste
14.3.5 Programa de Negociação
- Justificativa
Conforme o documento de Caracterização do Empreendimento,
Serra Leste será constituído de mina com método de lavra a céu
aberto, usina de beneficiamento, estrada com extensão aproximada
de 29 km, que conduzirá o minério da mina até o pátio de
estocagem que será construído as margens da Estrada de Ferro
Carajás (Locação 54 no Km832), além da infra-estrutura necessária
para sua operação. A área prevista para instalação do empreendi-
mento somada a estrada que transportará o minério constituem-
se em sua área diretamente afetada (ADA). Porém, atualmente
estas áreas possuem outros usos e ocupações pelos seus efetivos
proprietários.
Assim, a ADA correspondente às instalações da mina, usina e infra-estru-
tura necessária constitui-se da Fazenda Boa Viagem, destinada à ativi-
dade pecuária. Em relação à ADA correspondente à estrada que ligará a
mina até o pátio de estocagem, com 29km de extensão, esta percorrerá
parte da Fazenda Ana Célia, e a sequencialmente alcançará a Fazenda
Miranda e Filhos, também destinada à atividade pecuária.
Assim, o presente programa faz-se necessário para estabelecer um
processo de relacionamento, para aquisição das propriedades, que
assegure os direitos e deveres de cada parte envolvida.
- Objetivos
- Objetivo Geral:
• Adquirir as áreas necessárias ao empreendimento situadas nas
fazendas Boa Viagem, Ana Célia e Miranda e Filhos.
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 191
192
- Objetivos Específicos:
• Estabelecer relacionamento ético com
proprietários para iniciar fase de negociação;
• Realizar todas as etapas de negociação
seguindo os padrões legais e formais.
- Fase de execução
Este programa será executado simultanea-
mente às atividades vinculadas ao processo
de licenciamento ambiental, considerando
que o empreendedor deverá ter garantias
para adquirir as áreas que serão utilizadas
pelo Projeto Serra Leste.
14.3.2.4 Programa de Monitoramento
de Indicadores Socioeconômicos
- Justificativa
A produção de informações estatísticas no
contexto nacional é marcada pela dificuldade
de acesso aos dados que, normalmente,
são considerados de uso restrito e particular,
seja do ponto de vista institucional (setores
de uma mesma organização que não
repassam informações entre si ou para outros
interessados/parceiros) ou mesmo individual
(técnicos ou pesquisadores que resistem a
divulgar resultados de seus respectivos
trabalhos de pesquisa).
Esse processo de patrimonialização das
informações tem contribuído para um distan-
ciamento entre os produtores das infor-
mações sobre a realidade e os seus
usuários e interessados, privatizando
muitas vezes o que é de interesse público.
O cidadão comum tem dificuldades em
acessar informações sobre o lugar onde
vive, de como e quanto são investidos os
impostos que paga, por exemplo.
No âmbito de um processo de licencia-
mento ambiental, a própria legislação
ambiental e fiscal prevê a participação da
população local no (re) conhecimento
sobre os impactos a serem produzidos
pelo empreendimento, bem como
obrigam a empresa exploradora a dire-
cionar um fluxo de recursos e empreender
ações para evitar situações de agravamento
ou prejuízo das condições de vida exis-
tentes. Nesse sentido, a garantia ao acesso
das informações sobre o empreendimento
e sua relação com o território, incluindo
os impactos positivos e negativos decor-
rentes se constitui em um direito de
cidadania, além de propiciar um exercício
dessa cidadania.
O Programa de Monitoramento de
Indicadores Socioeconômicos está sendo
proposto para auxiliar nesse processo, possi-
bilitando a coleta de dados e o cálculo de
indicadores que aferirão a eficiência e
eficácia dos programas destinados a
potencializar ou mitigar os impactos do
empreendimento Serra Leste no meio
socioeconômico. Ou seja, a população e o
poder público poderão aferir se os programas
são, de fato, eficientes e eficazes em mini-
mizar os impactos negativos e poten-
cializar os impactos positivos. Os indi-
cadores a serem monitorados serão apon-
tados no detalhamento de cada programa
e estão relacionados com o público-alvo
desses programas.
O Programa de Monitoramento de
Indicadores Socioeconômicos propõe
ações de avaliação e acompanhamento
dos impactos do Projeto Serra Leste em
sua Área de Influência. Os impactos serão
avaliados de maneira específica, por meio
de indicadores previstos em cada programa
CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 192
193
destinado ao controle ambiental do meio
socioeconômico. Os indicadores permitirão
verificar se esses programas estão sendo
cumpridos conforme foram planejados
(aferição de eficiência) e se eles estão con-
tribuindo para a mitigação dos impactos a
que correspondem (aferição da eficácia).
Os impactos também serão avaliados de
maneira integrada, de tal forma a permitir
o monitoramento do desenvolvimento
socioeconômico como um todo.
A ação proposta neste programa relaciona-se
com outras ações da CVRD em curso na
região. O plano de monitoramento constante
do “Plano de Gestão Integrada em
Socioeconomia para os empreendimentos
da CVRD do Estado do Pará” será integrado
ao programa aqui proposto.
Dessa forma o Programa de Monitoramento
de Indicadores Socioeconômicos abrange
o acompanhamento dos impactos especí-
ficos do Projeto Serra Leste em sua Área de
Influência, bem como processo de avaliação
contínua que garanta uma perspectiva
integrada do território e dos empreendimentos.
- Objetivos
- Objetivo Gerais:
• Processar a divulgação de indicadores
socioeconômicos;
• Garantir o acesso e participação da comu-
nidade acerca dos dados de sua própria
realidade;
• Fomentar um processo pedagógico de
leitura e análise de indicadores da reali-
dade tendo como espaço participativo um
fórum de discussão sobre o desenvolvi-
mento socioeconômico nos municípios da
Área de Influência de Serra Leste - Marabá,
Parauapebas e Curionópolis.
- Objetivos Específicos:
• Acompanhar o desenvolvimento socioe-
conômico dos municípios da Área de
Influência de Serra Leste - Marabá,
Parauapebas e Curionópolis;
• Acompanhar a eficiência e eficácia dos
programas de potencialização e mitigação
dos impactos causados pelo empreendi-
mento Serra Leste;
• Coletar de dados específicos intraurbanos
para Marabá, Parauapebas e Curionópolis,
sempre que necessário.
- Fase de Execução
O Programa será desenvolvido ao longo
das fases de implantação e operação do
Projeto Serra Leste, estendendo-se até a
desativação do empreendimento.
- Monitoramento
Ações para estruturar de forma indepen-
dente as atividades constantes desse pro-
grama devem ser buscadas para que o
monitoramento possa continuar mesmo
depois de expirada a responsabilidade da
CVRD. Para atestar o cumprimento das
ações propostas neste programa deverá
ser utilizada a própria publicação dos indi-
cadores e relatórios de acompanhamento
das ações de disseminação dos indicadores.
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195
A elaboração dos estudos ambientais do
Projeto Serra Leste, permite destacar um
conjunto importante de variáveis que com-
põem o cenário de inserção do referido
empreendimento.
São variáveis que revelam os fatores que
favorecem a sua instalação e operação,
bem como aqueles que se configuram
como os principais obstáculos a serem
superados para que o empreendimento
seja efetivado dentro de um contexto,
onde os conflitos sejam definitivamente
resolvidos ainda na sua fase mais preliminar.
Foi também revelado durante os estudos
ambientais que os meios físico, biótico e
socioeconômico possuem importância
muito distinta frente aos efeitos que o
empreendimento pode causar sobre os
mesmos. Ficou evidente que as característi-
cas ambientais da área de estudo, especial-
mente a área diretamente afetada e seu
entorno imediato, são indicadoras de um
domínio espacial marcado por forte
antropização.
A relação entre as áreas ocupadas por
pastagens com aquelas onde ainda exis-
tem formações nativas comprova a afirma-
tiva anterior.
Ficou também evidente que os fragmentos
muito pequenos de ambientes florestais
mostram-se muito descaracterizados e, de
certa forma, incorporados ao sistema da
produção pecuária, já que encontram cir-
cundados por tal atividade. No caso da
savana metalófila, a presença de gado no
interior dos mesmos é contínua, conforme
se observou em campo.
Ao longo da área onde se pretende ade-
quar/construir trechos de ligação entre a
futura mina e o pátio de embarque do
minério, alguns fragmentos de floresta
ombrófila revelam dimensões importantes
e, ao mesmo tempo, parecem, por sua
extensão, bem menos expostos aos efeitos
da pecuária.
15. CONCLUSÃO
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196
É importante destacar que, a grande
totalidade destes fragmentos, posiciona-
se fora da área diretamente afetada da
estrada, a exceção de um deles, já no
domínio mais planos que caracteriza os
terrenos localizados entre a serra do
Sereno e o pátio de embarque do minério.
Este será interceptado por uma extensão
de cerca de 0,5 km, constituindo-se, por-
tanto, na necessidade de remoção de 1,0
hectare de floresta ombrófila, fase juquira.
De toda forma, em relação ao meio biótico,
a presença da estrada, considerando o
fluxo de veículos previsto para transportar
o minério da mina até o pátio de embar-
que, parece representar a principal inter-
ferência ambiental identificada. Há que
se considerar que os remanescentes
ombrófilos analisados já encontram-se
separados por áreas de pastagens, fato
que, para alguns grupos não configura o
seu pleno isolamento.
Neste caso, a presença da estrada com a
circulação de um caminhão a cada seis
minutos, comporá um cenário de consoli-
dação do isolamento destes fragmentos e
de parte da fauna a este associado.
É importante afirmar que, a existência de
outros fragmentos separados, tanto a
leste como a oeste destes que serão isola-
dos pela presença da estrada, poderá,
possibilitar a reorientação de alguns fluxos,
inclusive impulsionados pela presença de
ruído decorrente da circulação dos
caminhões. Estes fragmentos mais dis-
tantes da estrada, apesar de isolado dos
grandes fragmentos citados por pasta-
gens, poderão, inclusive através de ações
de mitigação terem sua conexão favoreci-
da. Tal situação deverá ser discutida com
o proprietário da Fazenda Miranda e
Filhos, domínio territorial da grande
matriz de fragmentos florestais observa-
dos na área de inserção do Projeto Serra
Leste.
Apesar das possibilidades de mitigação
ou de compensação do impacto identifi-
cado, a consolidação da fragmentação
florestal apresenta-se como um fato de
relevância a ser equacionado no âmbito
do Projeto Serra Leste. As demais estru-
turas que compõem o empreendimento
ocupam terrenos praticamente ocupados
por pastagens, com exceção de parte da
área onde se pretende desenvolver a
lavra. Neste domínio, conforme citado
anteriormente, ocorre predominante-
mente a savana metalófila em diferentes
fisionomias.
Neste caso, cabe reafirmar que, apesar da
indiscutível relevância do ecossistema da
savana metalófila no contexto regional,
decorrência do seu endemismo, funda-
mentalmente, o remanescente contido na
ADA e AID do Projeto Serra Leste mostra-
se muito alterado. A área comporta
estradas, pecuária, o Projeto Lavra
Experimental, além de estar plenamente
circundado por pastagens e encontrar
submetida às pressões decorrentes da sua
proximidade com a vila de Serra Pelada.
De toda forma, considerando-se o signifi-
cado desta formação vegetal, busca-se,
atualmente, através do projeto denomi-
nado Estudos da Canga, desenvolvido
pela CVRD na Flona de Carajás e que deverá
ser estendido para fragmentos de serras
externos a esta, onde a vegetação em
questão ainda encontra-se em condições
de preservação adequada, determinar as
áreas com pleno potencial para sua
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197
preservação. Outro fato muito relevante a ser considerado na con-
clusão ora apresentada, refere-se à natureza do sítio a ser ocupado
pelo Projeto Serra Leste.
Conforme foi citado no decorrer deste trabalho, as condições
ambientais que caracterizam no presente momento, parte da área
diretamente afetada do Projeto Serra Leste, estará efetivamente
descaracterizado quando da implantação do mesmo.
Tal situação decorrerá da operação do Projeto Serra leste-Lavra
Experimental que encontra-se em implantação no mesmo local
onde se pretende a inserção do empreendimento ora em análise.
O referido projeto já possui licença para iniciar a operação da lavra
experimental, conforme concessão da SECTAM sob o número
0523/2006, válida até 05/06/2007.
Este contexto é muito importante já que, apesar da diferença das
dimensões do Projeto Lavra Experimental em relação ao Projeto
Serra Leste, pelo menos no segmento da ADA e AID corresponde
à área prevista para a instalação da mina, usina e pilhas, haverá, em
certa medida, uma subs-tituição de estruturas, ambas ligadas à
atividade de mineração. Os levantamentos relacionados de forma
mais específica ao meio físico, dão conta de que as condições
topográficas e a natureza do substrato em grande parte da área,
são adequadas à instalação das estruturas associadas ao
empreendimento sem o delineamento de situações futuras de
riscos geotécnicos ou da configuração de geometrias favoráveis à
produção de grandes quantidades de sedimentos.
Ficou ressaltado na avaliação de impactos ambientais que dois
domínios específicos devem ser merecedores de especial atenção.
Trata-se do trecho da estrada que será adequada entre a portaria e
a mina, bem como o trecho correspondente à travessia da serra
do Sereno. Em ambas as situações os relevos portadores de
declividades elevadas sugerem a adoção de procedimentos con-
strutivos mais específicos.
Os demais aspectos relacionados à dinâmica erosiva, a ampla
prevalência de pastagens sobre áreas naturais, revela a importante
ação da erosão laminar na região, fato confirmado pela natureza
colmatada de muitos vales, bem como da coloração das águas
pluviais e fluviais durante os eventos de chuva. Os levantamentos
realizados para a composição deste estudo, mostram a discreta
relevância espacial do empreendimento, frente ao franco cenário
de descaracterização dos atributos do meio físico e biótico pro-
movido, especialmente pelo desenvolvimento da pecuária na
região na atualidade. É importante ressaltar que a pecuária apre-
senta-se no momento como um uso oportuno que sempre se
estabelece em áreas desflorestadas para o comércio da madeira.
A produção cartográfica que acompanha o presente trabalho mostra
também que o empreendimento não cria interferências ambientais
direta nos fragmentos que podem se apresentar como uma oportu-
nidade de estabelecimento de corredores de florestas nativas.
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198
Ao contrário, partiu-se da análise de alter-
nativas locacionais para que os remanes-
centes florestais fossem preservados quase
em sua totalidade. Tal análise norteou o
traçado da estrada de ligação mina-pátio
de embarque, dentro de uma lógica de
contabilidade de suporte da capacidade
de manutenção da viabilidade econômica
do empreendimento. Apesar das interferên-
cias indiretas já discutidas anteriormente, a
cons-trução da estrada de ligação mina-
pátio, praticamente não ocasiona a
supressão de formações florestais de forma
relevante. Ao contrário, esta ocorre até de
forma bastante discreta, considerando
tratar-se de uma estrada de quase 30 km
de extensão.
Com relação ao meio físico, foi assinalado
durante a avaliação de impactos ambien-
tais, a dificuldade de se posicionar frente à
dinâmica hidrogeológica da área onde se
desenvolverá a lavra a Mina de Serra Leste,
bem como a possibilidade de comprometi-
mento das drenagens temporárias ou não
localizadas em seu entorno. Neste caso,
posições mais conclusivas serão possíveis
com o desenvolvimento das ações a serem
recomendadas no Plano de Controle
Ambiental.
Tal indefinição não se mostrou como um
fato, a priori, impeditivo ao Projeto Serra
Leste em função das condições ambientais
de tais drenagens, conforme assinalado no
estudo ambiental. Neste caso cabe
destacar a inexistência de usos da água a
jusante, a pobre diversidade da ictiofauna
destes cursos d'água, bem como o caráter
temporário de algumas delas.
As informações levantadas em relação aos
meios físico e biótico não parecem consti-
tuir obstáculos para o desenvolvimento do
empreendimento. As ações ambientais
propostas ao projeto Serra Leste, mostram-
se inteiramente suficientes para controlar,
minimizar ou evitar impactos ambientais
deste decorrente. Tal afirmativa não funda-
menta-se exclusivamente na natureza do
empreendimento e suas dimensões.
Considerou-se, neste caso, fundamental-
mente, a qualidade ambiental do sítio
receptor do mesmo.
Cabe ressaltar, por fim, em relação aos
atributos do meio físico, que o conjunto
das cavidades identificado na área de
inserção imediata da Mina de Serra Leste
foi orientador de uma revisão na forma de
desenvolvimento do presente Projeto. Por
tal razão, optou-se pelo desenvolvimento
atual daquilo que é o objeto do presente
licenciamento ambiental, que é o Projeto
Serra Leste - Etapa I. Este foi concebido de
forma a respeitar o raio mínimo de pro-
teção das cavidades identificadas nos levan-
tamentos de Instituto Ambiental Vale do
Rio Doce, conforme previsto na legislação
incidente.
O restante da reserva de minério de ferro
contido no corpo a ser explotado, cerca de
quase 50%, deverá ter sua viabilidade para
ser lavrado condicionada aos estudos que
já foram iniciados para avaliação da relevân-
cia das cavidades presentes na área de
inserção do projeto. Caso se confirme viável
sua explotação, será então concluída a pro-
posta que inicialmente norteou todo o
Projeto Serra Leste. Neste caso, será, então
submetido a um novo processo de licencia-
mento o Projeto Serra Leste-Etapa II.
A pouca complexidade atrelada aos atribu-
tos dos meios físico e biótico não se repro-
duz para o meio socioeconômico. Ao con-
trário, este revela-se bastante complexo,
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requerendo, por isso, atenção especial visto
o arranjo diagnosticado e devidamente
considerado na análise e avaliação dos
impactos ambientais relacionada ao
mesmo.
O histórico de formação da vila de Serra
Pelada e, secundariamente, Curionópolis,
bem como a forma de entendimento por
parte destas populações, de seus direitos
juntamente com a forma como a CVRD é,
simbolicamente percebida, compõe um
cenário que precisa ser trabalhado para que
o Projeto Serra Leste não seja percebido de
forma equivocada.
Frente a tais aspectos, o empreendedor
encontra-se ciente de sua responsabilidade
e alertado sobre os procedimentos que
devem ser adotados para equacionamento
de tais questões.
É muito importante que o presente projeto
não seja percebido como algo indicativo de
retomada de atividades relacionadas à
extração de ouro e nem como uma mina
de ferro capaz de reproduzir as transfor-
mações que correram em Parauapebas ou
Canaã dos Carajás, municípios de referência
regional frente, principalmente, aos resulta-
dos positivos decorrentes dos empreendi-
mentos minerários que sediam. O histórico
que acompanha a formação da região, por
vezes e, equivocadamente, relacionada
exclusivamente à dinamização da mineração
na região, leva a uma posição conservadora
que se traduz pela identificação de um
conjunto importante de impactos positivos
e negativos esperados principalmente para
a vila de Serra Pelada e Curionópolis.
É pouco provável que empreendimentos
minerários, especialmente os da CVRD, não
sejam potencializadores de fluxos
migratórios e dos conseqüentes impactos a
estes associados. De igual forma, é seguro
afirmar a possibilidade de melhoria da reali-
dade estrutural dos municípios onde estes
se instalam, visto o montante de recursos
que estes acabam de gerar para os mesmos.
No caso de Curionópolis, os dados apresen-
tados no decorrer deste relatório confir-
mam tal afirmação.
Para muitos, em alguns casos, também de
maneira equivocada, a análise dos
impactos positivos é sempre associada a
uma situação transitória que culminará com
o retorno de cenários agravados quando do
fechamento de um empreendimento.
No caso de Curionópolis, é importante
ressaltar que o Projeto Serra Leste poderá
representar o primeiro passo para a consoli-
dação de uma atividade que já é de grande
importância não só para o sudeste
paraense, mas também para o próprio esta-
do e o país.
Apenas no entorno de Serra Leste, outros
corpos de minério de ferro encontram-se
em análise e sua viabilidade pode mostrar-
se ainda mais atrativa, considerando que
parte dos investimentos em estrutura e for-
mação de mão-de-obra poderão ser herda-
dos do presente projeto.
Outros recursos minerais encontram-se
também em fase de pesquisa em toda a
região sulparaense, incluindo Curionópolis,
fato que permite concluir que a possibili-
dade de inserção deste município na
tradição desta atividade econômica, como
é o caso de Parauapebas, parece muito
provável.
É importante destacar que muitos dos
impactos esperados para o presente proje-
to, podem ter sua magnitude significativa-
CAP 15 8/11/06 5:12 PM Page 199
200
mente reduzida, em especial aqueles que
dizem respeito à relação CVRD e população
local, em decorrência da instalação e ope-
ração do Projeto Serra Leste-Lavra
Experimental.
Durante o prazo de 12 meses de desen-
volvimento do mesmo, muitas ações
importantes, objetivando o equacionamen-
to do quadro já assinalado, podem con-
tribuir para a vigência de um cenário onde
o desenvolvimento do Projeto Serra Leste
possa ser conduzido sem maiores contro-
vérsias.
Por fim, é muito importante assinalar, que
especialmente a população de Serra Pelada
parece aguardar algum acontecimento que
possa traduzir em alguma possibilidade de
mudança da realidade social e econômica
em que vivem.
Considerando as possibilidades de empre-
gabilidade, o significativo incremento das
receitas municipais com a operação do
empreendimento, bem como a segura
dinamização da economia local, é certo
afirmar que as condições para a transfor-
mação esperada serão potencialmente cri-
adas.
É também seguro afirmar que algumas
ações voltadas para os impactos decor-
rentes do empreendimento devem ser ala-
vancadas pelo empreendedor, prioritaria-
mente aquelas onde a informação ou
comunicação apresenta-se como fator de
relevância. Enquanto aquelas de potencial-
ização dos reflexos positivos associadas ao
empreendimento, devem ser compreendi-
das como uma importante responsabili-
dade da administração pública.
CAP 15 8/11/06 5:12 PM Page 200
201
Jackson C. F. Campos
Geógrafo - Coordenador Geral
Adriana Jeber L.B.Marra
Géologa - Gerente do Projeto e Revisora
Patrícia Jeber Hamdan
Engenheira de Minas - Assistente de Coordenação
Caracterização do Empreendimento
Patrícia Jeber Hamdan
Engenheira de Minas - Assistente de Coordenação
Elizabeth de Castro Santos
Engenheira Sanitarista e Ambiental
Mara Patrícia Nepomuceno
Engenheira de Minas
Meio Físico
Jackson C. F. Campos
Geógrafo
Elizabeth de Castro Santos
Engenheira Sanitarista e Ambiental
Cristiane Valéria Oliveira
Engenheira Agrônoma
Edivane Alves de Oliveira
Técnica em Química
Márcio Figueiredo de Resende
Engenheiro Civil
Suely Geralda Duarte Oliveira
Géologa
16. FICHA TÉCNICA
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202
Meio Biótico
Cláudia Bizzotto
Bióloga
Aloísio Otávio Ferreira
Biólogo
Filipe Nunes
Biólogo
Leonardo Viana
Biólogo
Luiz Fernando Bandeira
Biólogo
Luzimara Fenandes S. Brandt
Bióloga
Análise de risco
Ricardo Márcio Martins Alves
Engenheiro Mecânico
Luciana Fernandez Nascimento
Engenheira Química
Meio Socioeconômico
Ricardo Márcio Martins Alves
Economista
Wilma da Silva Oliveira
Geógrafa
Maria Sílvia de Carvalho Cambraia
Administradora de Empresas
João Jaime de Carvalho Almeida Filho*
Arquiteto
Alexandre Guazzelli Afonso*
Economista
Mayumi Cursino de Moura Hirye*
Arquiteta
Vladimir F. Maciel*
Economista
Eliane Guedes*
Arquiteta
Fernanda Amorim Militelli*
Arquiteta
Fernanda Negrão*
Economista
Izabel Cristina Gonçalves de Arruda*
Assistente Social
Geoprocessamento e CAD
Marcus Vinícius Silva
Projetista Sênior
João Alves Filho
Geógrafo
Flávia Teixeira Chaves
Arquiteta
Lígia Nassif Ziviani
Geógrafa e Analista Ambiental
Domingos Sávio
Projetista
Humberto Machado Soares
Cadista
Editoração
Elza Maria Silva Oliveira do Carmo
Editoração
Lílian Rosa Magalhães
Editoração
Supervisão CVRD
Maria Carmem Aleixo
Rosângela Ribas
Delfim Rocha
Cecília Bhering
João Carlos Henriques
Apoio Técnico
Instituto Ambiental Vale do Rio Doce
Fundação Vale do Rio Doce
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