projeto serra leste

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1 A Golder Associates Brasil Consultoria e Projetos Ltda foi contratada pela CVRD – Companhia Vale do Rio Doce para a elaboração dos Estudos Ambientais para o Projeto Serra Leste, que se constitui em atividade de explotação de minério de ferro em área localizada na Província Mineral de Carajás, município de Curionópolis, distrito de Serra Pelada, a 550 km a sudoeste de Belém no Estado do Pará. O Projeto Serra Leste apresenta-se como a continui- dade do Projeto Serra Leste-Lavra Experimental, ocasionalmente denominado de Projeto Lavra Experimental. Este, para o qual foi concedida Licença de Operação pela SECTAM – Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente em 06/06/2006 (licença nr. 0523/2006, com validade até 05/06/2007), encontra-se, no presente momento, em instalação na mesma área de inserção do Projeto que ora se pretende licenciar. Cabe salientar que a etapa inicial correspondente à instalação do Projeto Serra Leste conta com a utilização de parte da estrutura que já estará implantada e em operação em conformidade com a citada licença já concedida. Durante o desenvolvimento do presente estudo ambiental, tal situação será sempre destacada quando da sua ocorrência. O Projeto Serra Leste é representado por um conjunto de quatro estruturas operacionais que se completam. Estas são representadas pela área da Mina e Usina, pela Estrada de escoamento do minério que liga a área de produção ao Pátio de Embarque do Minério, por este propriamente dito e por duas linhas ferroviárias a serem construídas paralelamente à Estrada de Ferro Carajás. No capítulo correspondente à “Caracterização do Empreendimento” foram identificados, aqueles processos e, em especial, as tarefas que podem interagir com o meio ambiente nas diferentes fases do empreendimento. Essas tarefas são geradoras do que se denominou de “aspectos ambientais”, considerados como elemento das atividades, produtos ou serviços decorrentes do empreendimento que pode interagir com o meio ambiente (NBR ISO 14001:2004). Uma vez detectados esses aspectos, procurou-se focar a caracterização do meio ambiente, isto é, o diagnóstico ambiental, naqueles fatores e componentes que com eles interagirão. Segundo essa ótica, o diagnóstico ambiental contemplou os temas pertinentes aos meios físico, biótico e socioeconômico e cultural. Este foi elaborado com base em dados primários obtidos nos trabalhos de campo realizados na área de estudo e nas informações secundárias disponíveis. 1.INTRODUÇÃO go_saida1_9ao13_15 8/10/06 11:15 PM Page 1

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Page 1: Projeto Serra Leste

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A Golder Associates Brasil Consultoria e Projetos Ltda foi contratada

pela CVRD – Companhia Vale do Rio Doce para a elaboração dos

Estudos Ambientais para o Projeto Serra Leste, que se constitui em

atividade de explotação de minério de ferro em área localizada na

Província Mineral de Carajás, município de Curionópolis, distrito de

Serra Pelada, a 550 km a sudoeste de Belém no Estado do Pará.

O Projeto Serra Leste apresenta-se como a continui-

dade do Projeto Serra Leste-Lavra Experimental,

ocasionalmente denominado de Projeto Lavra

Experimental. Este, para o qual foi concedida Licença

de Operação pela SECTAM – Secretaria Executiva de

Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente em 06/06/2006

(licença nr. 0523/2006, com validade até 05/06/2007),

encontra-se, no presente momento, em instalação na

mesma área de inserção do Projeto que ora se pretende

licenciar.

Cabe salientar que a etapa inicial correspondente à instalação do

Projeto Serra Leste conta com a utilização de parte da estrutura que

já estará implantada e em operação em conformidade com a citada

licença já concedida. Durante o desenvolvimento do presente

estudo ambiental, tal situação será sempre destacada quando da

sua ocorrência.

O Projeto Serra Leste é representado por um conjunto de quatro

estruturas operacionais que se completam. Estas são representadas

pela área da Mina e Usina, pela Estrada de escoamento do minério

que liga a área de produção ao Pátio de Embarque do Minério, por

este propriamente dito e por duas linhas ferroviárias a serem

construídas paralelamente à Estrada de Ferro Carajás.

No capítulo correspondente à “Caracterização do Empreendimento”

foram identificados, aqueles processos e, em especial, as tarefas que

podem interagir com o meio ambiente nas diferentes fases do

empreendimento. Essas tarefas são geradoras do que se

denominou de “aspectos ambientais”, considerados como elemento

das atividades, produtos ou serviços decorrentes do

empreendimento que pode interagir com o meio ambiente

(NBR ISO 14001:2004). Uma vez detectados esses aspectos,

procurou-se focar a caracterização do meio ambiente, isto é, o

diagnóstico ambiental, naqueles fatores e componentes que com

eles interagirão.

Segundo essa ótica, o diagnóstico ambiental contemplou os temas

pertinentes aos meios físico, biótico e socioeconômico e cultural.

Este foi elaborado com base em dados primários obtidos nos

trabalhos de campo realizados na área de estudo e nas informações

secundárias disponíveis.

1.INTRODUÇÃO

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Page 2: Projeto Serra Leste

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Após a elaboração do diagnóstico ambiental, procedeu-se, então, uma análise prognóstica,

construída à luz do conhecimento da dinâmica que permeia a área de inserção do Projeto

Serra Leste.

Na seqüência, considerando-se as informações detalhadas referentes ao empreendimento

ora proposto, analisadas frente ao contexto ambiental diagnosticado, avaliou-se, a partir da

utilização de procedimentos metodológicos adequados, os impactos ambientais

resultantes do novo arranjo ambiental a ser então delineado, bem como as possíveis

sinergias deste com os diferentes atributos que caracterizam o meio de inserção do

empreendimento.

A metodologia de avaliação de impactos utilizada neste trabalho foi desenvolvida pelo

Departamento de Gestão Ambiental e Territorial - DIAT/CVRD e discutida junto a equipes

técnicas contratadas para a realização dos estudos ambientais. Trata-se de um

procedimento metodológico que vem sendo empregado em diferentes estudos da CVRD

orientados para projetos de diferentes naturezas.

A metodologia citada foi também adequada frente às considerações apresentadas pela

SECTAM quando da sua aplicação para a avaliação de impactos dos estudos ambientais

referentes ao licenciamento do Níquel do Vermelho. Os pressupostos, bem como os

critérios utilizados para a avaliação dos impactos ambientais, são apresentados no capítulo

específico deste documento que trata da referida questão.

Após identificados os aspectos e impactos ambientais, foram definidas as ações de

controle individualizadas em ações de mitigação, de monitoramento, de compensação e

potencialização consideradas adequadas frente às características dos mesmos. Tais ações

encontram-se apresentadas em item específico, na forma de Planos e Programas.

O presente estudo é apresentado em quatro volumes, sendo dois deles

correspondentes ao texto propriamente dito, enquanto o terceiro comporta as

figuras referenciadas ao longo do mesmo. Observa-se ainda que, em acordo

com o que exige a legislação ambiental, foi também elaborado o RIMA,

procurando explicitar o EIA em linguagem mais acessível ao grande público.

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Page 3: Projeto Serra Leste

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2. EMPREENDEDOR E EMPRESA DE CONSULTORIA

Dados de Identificação do Titular da Portaria de Lavra

- Nome ou razão social: Companhia Vale do Rio Doce - CVRD

- CNPJ/CGC: 33592510/0370-74

- Endereço: Estrada Serra Leste s/n, Curionópolis – PA.

- Cep: 68523-000

- Telefone: (94) 3327 – 4020

- Representante legal: Kleber de Souza e Silva

- Correio eletrônico: [email protected]

- Processos DNPM: 813.687/69 e 813.697/69.

Dados de Identificação do Empreendedor

Dados CVRD:

- Nome e razão social: Companhia Vale do Rio Doce - CVRD

- CNPJ/CGC: 33.592.510/0370-74

- Endereço: Estrada Raymundo Mascarenha S/N

- Parauapebas - PA

- Cep: 68516-000

- Telefone: (94) 3327 – 4037 / (94) 9903-9010

- Fax: (94) 3327 – 4454

- Contato CVRD: João Carlos Henriques

- Correio eletrônico: joã[email protected]

Dados do Empreendimento:-

CNPJ/CGC: 33.592.510/0370-74

- Endereço: Estrada Raymundo Mascarenha S/N

Parauapebas - PA

- Cep: 68516-000

- Telefone: (94) 3327 – 4020

- Fax: (94) 3327 – 4004

- Representante legal: Kleber de Souza e Silva

- Correio eletrônico: [email protected]

Dados de Identificação da Empresa de Consultoria

Os dados para identificação da Golder são apresentados a seguir.

Nome e Razão Social: Golder Associates Brasil Consultoria e

Projetos Ltda.

- CNPJ: 00.636.794/0001-84

- Inscrição Estadual: 62.110292-0052

- Inscrição Municipal: 116.876/001-9

- Cadastro Técnico Federal: 228.745

- Endereço: Avenida Barão Homem de Melo, 4.484 -3º/4º/8º andares,

Bairro Estoril – Belo Horizonte – MG - CEP 30450-250

- Telefone: (31) 2121-9800

Coordenador do Projeto: Jackson Campos

Correio eletrônico: [email protected]

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Page 4: Projeto Serra Leste

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Page 5: Projeto Serra Leste

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3.HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO

A jazida de minério de ferro está em área coberta pelo processo nº

813.687/69 junto ao DNPM – Departamento Nacional da Produção

Mineral, com o Decreto de concessão de lavra Nº -, de 05/09/74.

A reavaliação de reservas de minério de ferro na área de 10.000 ha

consta de relatório específico e sua evolução está apresentada na

Tabela 3.1. A Província Mineral de Carajás constitui uma das mais

bem estudadas regiões do Cráton Amazônico, englobando

importantes depósitos de Fe, Cu, Au e Mn. É limitada a leste pelos rios

Araguaia-Tocantins, a oeste pelo rio Xingu, a norte pela Serra do

Bacajá e a sul pela Serra dos Gradaús.

O conhecimento geológico regional desta província iniciou-se nas

décadas de 20 e 30 por pesquisadores do Serviço Geológico e

Mineralógico Brasileiro.

A partir de meados da década de 50, o conhecimento da região

foi impulsionado principalmente pelo levantamento

aerofotogramétrico do sudeste do Pará, sob contrato do

Departamento Nacional de Produção.

No ano de 1966, com a descoberta do depósito de manganês da

Serra do Sereno, foi desenvolvido um amplo programa de

pesquisa pela United States Steel, com novas descobertas de

manganês em Buritirama e minério de ferro de Carajás.

Já na década de 70 o avanço do conhecimento geológico foi

decorrente do incentivo à pesquisa mineral com participação do

Estado através da CPRM – Companhia de Pesquisa e Recursos

Minerais, Projeto RADAMBRASIL e Projeto Geofísico Brasil-Canadá

(PGBC), principalmente na região de Carajás. O Grupo CVRD,

através de suas empresas, particularmente pela DOCEGEO,

desenvolveu trabalhos sistemáticos de pesquisa mineral,

confirmando o grande potencial metalogenético da região de

Carajás.

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Page 6: Projeto Serra Leste

6Tabela 3.1

HISTÓRICO DO EMPREENDIMENTO JUNTO AO DNPM

Data Evento

28.07.69Mineração Xingu e Mineração Tocantins Ltda. protocolizam dois pedidos de pesquisa

para minério de ferro, em áreas de 5.000 ha, sob os nos 813.687/69 e 813.697/69, re-

spectivamente.

07.10.69 São publicados os respectivos alvarás de pesquisa, sob nos 747 e 756.

20.07.72 São publicados alvarás de renovação para as duas áreas.

02.04.73 Apresentado o Relatório Final de Pesquisa do processo 813.697/69.

13.07.73 Apresentado o Relatório Final de Pesquisa do processo 813.687/69.

29.07.73Publicada no DOU - Diário Ofi cial da União a aprovação do Relatório Final de Pesquisa

do processo 813.687/69.

09.07.73 Idem, processo 813.697/69.------

13.06.74 São requeridas as concessões de lavra.

06.09.74DOU publica decreto nº 74.509 outorgando à Mineração Amazônia S.A. concessão para

lavrar minério de ferro, numa área de 10.000 ha, resultado do englobamento das duas

áreas de 5.000 ha.

28.03.75DNPM resolve manter apenas o processo 813.687/69 em andamento, arquivando o denº 813.697/69.

16.06.76Amazônia Mineração S.A., titular daquele e de outros três decretos de lavra para mi-nério de ferro em Carajás, requer a constituição de GM - Grupamento Mineiro.

03.04.79 DOU publica a constituição do GM - Grupamento Mineiro.

16.05.80 CVRD comunica ocorrência de ouro na área.

08.09.81 É averbada a incorporação da Amazônia Mineração S.A. pela CVRD.

10.02.83 CVRD apresenta o Relatório Final de Pesquisa para ouro.--

01.08.83 Publicada no DOU a aprovação do Relatório Final de Pesquisa para ouro.

19.10.83 CVRD requer aditamento da substância ouro ao título de lavra.

30.10.84 DOU publica aditamento requerido.

29.11.91 CVRD comunica ocorrência da substância quartzito na área.

14.12.91 CVRD apresenta Relatório Final de Pesquisa para quartzito.

14.07.93 DOU publica aprovação do relatório para quartzito.

14.07.94 CVRD requer aditamento da substância quartzito ao título de lavra.

10.09.02 CVRD comunica ocorrência da substância calcário na área

24.03.03 24.03.03CVRD apresenta ao DNPM o Relatório Final de Pesquisa para calcário.

02.05.03A CVRD comunica ao DNPM o desenvolvimento de trabalhos de reavaliação de reser-

vas de minério de ferro, pesquisa de calcário e outras substâncias.

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Page 7: Projeto Serra Leste

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Nas décadas de 80 e 90 inúmeros

trabalhos foram desenvolvidos, não

somente aqueles de interesse

prospectivo, mas também os de cunho

científico, através de convênios técnico-

científicos firmados entre a CVRD e

entidades e autarquias de pesquisa e

ensino.

Existem 03 corpos distintos de hematita

dura em Serra Leste: o Serra Leste 1 (SL-1),

o Serra Leste 2 (SL-2) e o Serra Leste 3 (SL-3).

Os corpos SL-1 e SL-2 são os principais

corpos, em termos de reserva.

Datam de 1972 os trabalhos pioneiros de

pesquisa e de sondagem na área de

Carajás, realizados pela CVRD/CODIM

(Companhia de Desenvolvimento de

Indústrias Minerais). Além de amplo

levantamento topográfico, naquele ano

foram executados quatro furos de

sondagem exploratória, em cima dos

principais morros de SL-1, perfazendo um

total de 504,75 m. Em SL-2 foram

executados, na mesma época, 6 furos

totalizando 588,85 m.

Na análise desses furos, foram observados

teores de fósforo elevados em relação aos

demais corpos pesquisados na província.

Para o Corpo SL-1 foi estimado um

recurso geológico de 200 milhões de

toneladas de hematititos indiferenciados.

Para SL-2 o montante estimado foi de 120

milhões de toneladas (CVRD-CODIM, 1972).

Em 1990 foram executados 2.550,50 m (em

19 furos), procurando ampliar a sondagem

lateralmente em relação aos furos de 1972,

objetivando uma maior precisão na

estimativa da reserva, além de estabelecer

um modelo geológico e estrutural para o

depósito. Uma nova estimativa de recurso

reduziu substancialmente o volume de

minério de SL-1 para 50 milhões de

toneladas.

Em 1995, foi realizado um levantamento da

distribuição de material detrítico (“rolado”)

de SL-1, cujo recurso foi estimado em

280.000 toneladas. Também foram exe-

cutados 13 furos (totalizando 1.580,20 m)

na área principal de ocorrência de ferro

(Área Central).

Do fim de 1999 até o primeiro trimestre de

2000, foi reavaliada a reserva de material

detrítico (“rolado”) de SL-1. A estimativa de

recurso foi elaborada com base na área de

ocorrência, espessura média (0,24 m) e

densidade aparente média do hematitito

detrítico, tendo a reserva geológica sido

estimada em 223.000 toneladas.

Durante o ano de 2000 agregaram-se à

sondagem 57 novos furos, totalizando

5.904,70 m, tendo como principal

objetivo a pesquisa para modelamento

da porção leste, reconhecida como a área

com os menores conteúdos em fósforo.

As amostras dos furos de sondagem

foram descritas e analisadas em labo-

ratório (teste padrão), sendo caracterizadas

quanto à física e a química.

Em 2001 foram abertas 02 galerias de

sondagem e concluído o modelo geológico

atual para Serra Leste, sendo as reservas

geológicas de hematíticos duros estimados

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Page 8: Projeto Serra Leste

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em laboratório e planta piloto e caracterizadas quanto às características física, química e

metalúrgica. Os dados gerados permitiram o modelamento geológico, a partir do qual foi

gerada uma cava, localizada no corpo SL-1, com reserva de HD de 55 Mt.

Visando realizar pesquisa mineral para ferro com desenvolvimento de lavra experimental de

50.000 toneladas de material rolado, a CVRD obteve em 06/06/2006 a LO nº 0523/2006,

concedida pela SECTAM. Esta lavra experimental tem como objetivo gerar granulado, em

planta piloto Azteka, para testes de processo e de resistência do produto em fornos

guseiros, durante 12 meses.

Em setembro de 2005, durante o levantamento topográfico de cavernas em laterita,

foram encontradas 96 cavidades naturais na região de Serra Leste, sendo que 09

encontravam-se localizadas diretamente na área de lavra e 04 posicionavam-se no

perímetro de proteção mínimo estabelecido pela legislação pertinente.

A espacialização destas cavidades mostrou que cerca de 13,5 % das ocorrências

encontravam-se expostas às possíveis interferências do empreendimento.

O levantamento espeleológico das cavidades existentes visou subsidiar o capítulo

“Diagnóstico Ambiental” do presente Estudo de Impacto Ambiental e foi elaborado pelo

Grupo Espeleológico de Marabá (GEM) da Fundação Casa de Cultura de Marabá – FCCM,

através de convênio desta com a CVRD.

O contexto apresentado com a presença das cavidades na área de desenvolvimento da

mina resultou na adoção de um projeto para o empreendimento Mina de Serra Leste,

com desenvolvimento em duas etapas.

A Etapa I é representada por um projeto que objetiva o desenvolvimento de uma lavra

com capacidade de produção de 29 milhões de toneladas de Hematita Dura-HD.

Em virtude da necessidade de preservação de cada cavidade em um raio mínimo de 250

m no entorno das mesmas, segundo a Resolução CONAMA nº 347/2004 e Decreto

Federal nº 99.556/90, foram feitos os devidos ajustes no dimensionamento das cavas de

minério em Serra Leste.

Estes ajustes geraram duas cavas finais – Cava Leste e Cava Oeste, ambas localizadas no

corpo SL-1. Estas cavas, sem teor de corte e com restrições das cavidades, resultaram na

reserva de HD citada anteriormente, com relação estéril-minério (REM) igual a 0,25.

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Page 9: Projeto Serra Leste

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corpo SL-1. Estas cavas, sem teor de corte e com restrições das cavidades, resultaram na

reserva de HD citada anteriormente, com relação estéril-minério (REM) igual a 0,25.

A Etapa II é caracterizada pelo desenvolvimento complementar da Mina de Serra Leste

com o propósito de explotação da reserva de mais 26 milhões de toneladas de HD, que

foram inicialmente descartadas em função da presença das cavidades.

A Etapa II é considerada com uma oportunidade potencial, já que seu desenvolvimento

encontra-se condicionado aos resultados de detalhados estudos de relevância dos

aspectos biológicos e espeleológicos associados às cavidades que serão desenvolvidos

pela CVRD na área de influência do Projeto Serra Leste, bem como de sua validação pelo

órgão ambiental.

Assim, o presente estudo ambiental visa o licenciamento do conjunto de estruturas

necessárias à viabilidade operacional da Etapa I do Projeto Serra Leste, enquanto a Etapa

II vincula-se a estudos futuros de detalhamento, voltados para os elementos do patri-

mônio espeleológico existente na área de influência do Projeto.

Para o desenvolvimento do presente relatório adotou-se o termo Projeto Serra Leste

para se fazer referência ao que se constitui objeto do licenciamento ambiental ora

pretendido, que é o Projeto Serra Leste - Etapa I que compreende as quatro estruturas

operacionais citadas anteriormente, representadas pela área da Mina e Usina, pela

Estrada de escoamento do minério, o Pátio de Embarque do Minério e as duas Linhas

Ferroviárias a serem construídas paralelamente à Estrada de Ferro Carajás-EFC.

Doravante, o termo Projeto Serra Leste deve ser compreendido, então como sinônimo

de Projeto Serra Leste - Etapa I.

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Page 11: Projeto Serra Leste

11

A Serra Leste está inserida na Província

Mineral de Carajás, a 550 km a sudoeste de

Belém, no Estado do Pará, e localizada no

município de Curionópolis, distrito de Serra

Pelada. A Figura 4.1, a seguir, apresenta a

localização do empreendimento. A Foto 4.1

apresenta uma vista da Serra Pelada e de

Serra Leste.

4. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO

Foto 4.1 – Vista de Serra Leste e Serra Pelada.

Cava

Serra Pelada

Serra Leste

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Figura 4.1 – Localização Regional do Empreendimento

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Page 13: Projeto Serra Leste

13

O acesso a Serra Leste é feito pela Rodovia PA – 275, no sentido Parauapebas –

Marabá, 14 km depois da sede do município de Curionópolis. A partir desta, segue-se

por acesso municipal, com 30 km de extensão e revestimento primário, até Serra Pelada.

Deste ponto, até a área prevista para instalação da mina, percorre-se aproximadamente

cerca de 2,7 km e, para acesso ao pátio de embarque de minério, mais 29 km aproxi-

madamente, seguindo por vias municipais e caminhos de fazenda existentes. A Figura

4.3 apresenta o acesso a Serra Leste.

O pátio para embarque do minério será construído no Pátio Locação 54 da Estrada de

Ferro Carajás, do km 830 + 150 ao km 834 + 680.

A sede municipal de Curionópolis dista cerca de 36 km de Parauapebas, 129 km de

Marabá e 627 km de Belém.

Figura 4.2 – Acesso a Serra Leste

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Page 14: Projeto Serra Leste

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Page 15: Projeto Serra Leste

Para identificar a melhor rota de processo para beneficiamento do minério de ferro a serexplotado em Serra Leste, foram estudadas duas rotas alternativas: (i) processamento dominério em sua umidade natural (sem adição de água) e (ii) processamento do minério àúmido (com adição de água).

A rota de beneficiamento a úmido apresenta como principal vantagem a geração deprodutos com melhor qualidade química, pois as principais impurezas (sílica e alumina)presentes nas frações mais finas, são incorporadas ao rejeito, que precisa ser disposto deforma adequada. Por outro lado, a água adicionada ao processo apresenta um aspectopositivo, a medida que proporciona um controle efetivo da emissão de material particulado,embora apresente também um aspecto negativo ligado ao consumo de água.

Em contrapartida, a rota de beneficiamento à umidade natural tem como principalvantagem a conversão de 100% do ROM em produtos. A principal desvantagemidentificada foi a geração de produtos com menor qualidade química, uma vez que asimpurezas não são retiradas do produto, ficando retidas principalmente aos produtosfinos (sinter feed).

Considerando-se a questão ambiental relacionada a rota de beneficiamento do minério àumidade natural percebe-se que a não utilização de água neste processo é uma importantevantagem, que poderia ser reduzida quando se considera que o controle das emissõespara a atmosfera poderá ser comprometido face a ausência de água no processo.Entretanto, a significativa umidade do minério de Serra Leste (em torno de 8%), propor-ciona condição favorável a menor geração de material particulado e conseqüentementeum menor impacto. O controle da emissão de material particulado nessas condiçõespode ser facilmente realizado pela aspersão, que demanda uma quantidade de águainfinitamente menor, quando comparado ao consumo de água no processo necessárioao desenvolvimento do processo a úmido. Assim, frente ao que se ponderou para as duasalternativas de beneficiamento avaliadas, o processamento do minério em sua umidadenatural (sem adição de água), mostrou-se mais adequada.

5. ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS E LOCACIONAIS

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Page 16: Projeto Serra Leste

16

É importante ressaltar que tal escolha

levou em consideração a posição da vila

de Serra Pelada em relação ao empreen-

dimento, as condições atmosféricas,

conforme apresentado no diagnóstico

ambiental, as condições de umidade do

minério explotado e o regime de chuva

regional que indica a ocorrência de

apenas três meses de estiagem.

Como opção de transporte do minério de

ferro da usina de beneficiamento até a

ferrovia, foram estudadas inicialmente 5

alternativas possíveis: (i) apenas transporte

rodoviário; (ii) apenas transporte

ferroviário; (iii) apenas transporte em

Transportador de Correia de Longa

Distância (TCLD); (iv) conjugação de

transporte ferroviário e TCLD; e (v)

conjugação de transporte ferroviário e

rodoviário. Concluiu-se que a implantação

de um ramal ferroviário para todo ou parte

do percurso da mina até a Estrada de Ferro

Carajás não seria suportado pelo Projeto

Serra Leste, considerando a produção de 2

Mtpa. Situação semelhante ocorreu

quando se avaliou o transporte do minério

com a utilização de TCLD para todo o

trajeto ou parte dele.

Para a alterenativa de transporte do

minério via transporte rodoviário

poderia se contar com cerca de 36% da

estrada existente, com demandas de

adequação. O restante do acesso

poderia ser implantado em áreas

prioritariamente antropizadas, como

nas pastagens existentes entre a área

da mina e o pátio de embarque do

minério.

Neste caso, além da flexibilidade cons-trutiva para produzir a menor interferênciapossível sobre áreas naturais, quandocomparado com o traçado de umaferrovia ou com o de um Transportador de Correia de Longa Distância, que sãoextremamente mais rígidos, os custosprevistos para sua implantação mos-traram-se adequados para a produçãomineral prevista.

Considerando-se a disponibilidade deminério para explotação, possívelatualmente, – 29 Mt - apenas o transporterodoviário apresentou-se economica-mente viável como alternativa paraescoamento do minério de ferro a serproduzido em Serra Leste, face ao altocusto de implantação de um TCLD ou deum ramal ferroviário, impossível de sersuportado por um empreendimento deporte tão reduzido como este.

A opção por rodovia compreenderá otransporte dos produtos em caminhõesde 28 t, através de uma estrada comaproximadamente 29 km, interligando ausina em Serra Leste ao pátio decarregamento a ser construído junto àEstrada de Ferro Carajás – EFC.

Do ponto de vista ambiental, o projeto daestrada foi elaborado de forma a evitar,sempre que possível, que o traçado cruzeáreas de mata ou passe nas proximidadesde moradias. Assim sendo, será preservadaa vegetação nos trechos onde foi possívelmudar o traçado da estrada, bem comoevitados transtornos à população local, oque será propiciado com o afastamentoda estrada em relação às moradias.

Com relação à lavra, a concepção do

novo arranjo proposto para a área de

lavra apresenta-se como uma

alternativa de desenvolvimento da

mineração perfeitamente adequada à

preservação das feições

geomorfológicas representadas pelas

cavidades naturais. Seu projeto foi

também concebido de forma a se

evitar interferências nas áreas de

preservação permanentes localizadas

no entorno do domínio espacial de sua

inserção.

É importante salientar que as estruturas

associadas à mina/usina, como a

portaria/guarita, depósito controlado de

materiais de desmatamento/destoca-

mento, aterro sanitário, depósito

controlado se solo orgânico tem sua

instalação prevista em áreas de pastagens,

com considerável afastamento em relação

à vila de Serra Pelada. A exemplo da área

de lavra e usina, estas estruturas também

não interferem em áreas de preservação

permanentes.

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Page 17: Projeto Serra Leste

17

A disponibilidade no fornecimento de granulado (lump) no mercado mundial tende a

diminuir devido à exaustão das reservas mundiais e, em contrapartida, a procura deste

produto vem crescendo, tanto no mercado externo, como no inter-no, especialmente

na região norte do país.

O Projeto Serra Leste propiciará o aumento da produção deste produto nas instalações

da CVRD no Sistema Norte e é de fundamental importância para o atendimento desta

demanda de granulado na região norte, mais especificamente no sudeste do Pará, que

atualmente é atendida pelo granulado produzido em Serra Norte.

Além disto, o Projeto Serra Leste consolidará um empreendimento cujo ensaio de sua

instalação encontra referência no Projeto Serra Leste - Lavra Experimental, de caracteri-

zação técno-metalúrgica de um dos tipos de minério de ferro em Serra Leste, onde

estão sendo implantadas as instalações que beneficiarão 50.000 toneladas de minério

rolado (colúvio) em Planta Azteka para testes de processo e testes de resistência do

granulado em fornos guseiros.

Outro fator importante a ser considerado decorrente da implantação do Projeto

Serra Leste é a geração de mais de 600 empregos aproximadamente no pico das

obras, durante a etapa de instalação e 351 novos empregos diretos na etapa de

operação do projeto. Parte dessa demanda será suprida por mão-de-obra local,

principalmente por moradores de Curionópolis.

6. JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO

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Page 18: Projeto Serra Leste

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Page 19: Projeto Serra Leste

19

7.1 Etapa de Planejamento

As principais tarefas vinculadas à etapa de planejamento do

empreendimento constituem-se na elaboração dos estudos

técnicos, econômicos e ambientais, tais como o EIA/RIMA, Estudo

de Viabilidade e Projeto Conceitual; execução da topografia do

terreno, que visa apoiar os estudos e projetos necessários ao

licenciamento e implantação do empreendimento, bem como, a

mobilização de pessoal e equipamentos para tal.

7.2 Etapa de Instalação

Durante a etapa de instalação do empreendimento serão

desenvolvidas as atividades de construção da infra-estrutura

necessária ao futuro empreendimento, que compreendem as

estruturas listadas a seguir:

7.2.1 Estruturas Principais

- Cavas “leste” e “oeste”;

- Usina de Beneficiamento;

- Pilhas de Estéril;

- Pilha de Minério;

- Estrada pavimentada que ligará a área da mina/usina à Estradade Ferro Carajás – EFC - terá aproximadamente 29,0 km, sendoque parte desta será construída (18,4 km) e o restante, cerca de10,5 km, correspondem à recuperação da estrada existente; serãoconstruídos 44 bueiros, distribuídos em sua extensão e duaspontes, sendo a primeira, sobre o rio Sereno, com 55 metros decomprimento, e a segunda, com 15 metros de extensão, sobre oRio Caracol;

- Pátio de Carregamento de Minério que destinar-se-á a estoca-gem e embarque do minério de ferro explotado em Serra Leste eterá aproximadamente 300 x 50m .

- Linhas Ferroviárias do Pátio de Carregamento - Serão adicionadasduas linhas ferroviárias à duas existentes da EFC que proporcio-narão o embarque e escoamento do minério de ferro do ProjetoSerra Leste.

7.2.2 Estruturas de Apoio:

A) Depósito para Armazenamento de Explosivos

B) Posto de Abastecimento e Reservatório de Diesel Na etapa de instalação do Projeto Serra Leste, enquanto não éimplantado o posto de abastecimento e o reservatório de diesel, osuprimento da demanda de combustível dos veículos será

7. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

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Page 20: Projeto Serra Leste

20

realizado pela utilização de um tanque deóleo diesel com capacidade para 15 m3,instalado em Serra Leste quando daoperação da Lavra Experimental.

C) Sistema de captação de água em 3

poços artesianos e cisterna

- Para suprir a demanda da área da mina e

usina, a captação de água se dará através

de 3 (três) poços artesianos. Essa água

será utilizada como água de serviço, água

de combate a incêndio, umectação de

vias e água potável após tratamento em

estação específica. O consumo diário de

água na mina e usina será distribuído da

seguinte forma:

-oficina de manutenção: 200 m3;

-jardinagem e umectação de vias: 90 m3;

-uso para consumo humano: 80 m3;

- O pátio de carregamento disporá de uma

cisterna com capacidade para 30 m3 que -

será abastecida por caminhão pipa, apro-

ximadamente uma vez por semana, com

água tratada originada no sistema de água

da mina/usina. O consumo diário de água

no e pátio de carregamento será de 5 m3.

- Estima-se que o consumo mensal total

de água na etapa de operação do Projeto

Serra Leste será cerca de 11.250 m3.

- Água para a Etapa de Instalação: antes da

construção do sistema de captação,

reservação, tratamento e distribuição, a

água necessária às obras civis na área da

usina/mina será garantida pela captação

em poço existente, construído quando da

operação da Lavra Experimental. Já a água

para consumo nas obras do pátio de

carregamento e linhas ferroviárias será

bombeada dos cursos d'água cortados

pelo empreendimento. A água para

consumo humano, será fornecida pela

empresa contratada e será transportada em

caminhões-pipa até os canteiros de obra.

d) Estruturas necessárias ao fornecimento

de energia

- A demanda de energia elétrica prevista paraa etapa de operação do empreendimento

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Page 21: Projeto Serra Leste

21

em Serra Leste será da ordem de 5,0 MW e será fornecida pelaconcessionária local, CELPA - Centrais Elétricas do Pará S.A,através de uma linha de distribuição de 34,5 kV.

- O fornecimento de energia no pátio de carregamento seráproveniente de uma ampliação em uma rede rural existente. As únicas cargas previstas serão a iluminação do pátio e doescritório.No início das obras necessárias à instalação do ProjetoSerra Leste: será utilizada a energia gerada pelo grupo geradorque produz a energia utilizada no projeto Serra Leste-LavraExperimental.

e) Portaria com contêiner para o recebimento das pessoas,balança rodoviária, guarita em contêiner, estacionamento paraônibus, caminhões e carros de passeio, cancela e pátio demanobras para ônibus.

f ) Refeitório/Cozinha

g) Escritórios

h )Vestiários e Sanitários

i) Prédio da Segurança do Trabalho e Brigada de Incêndio emcontêiners

j) Laboratório Físico - terá todos os equipamentos necessários a realização de análises físicas específicas para o controle dequalidade do minério, estéril e produtos. As análises serãorealizadas logo após a retirada de amostras dos materiais.

l) Ambulatório Médico em contêineres

m) Oficinas de Manutenção com Almoxarifado e Lavador eEquipamentos.

n) Central de Concreto que constitui-se em uma área para

recebimento e armazenamento de insumos, tais como areia e

britas e sacos de cimento para produção de concreto,

utilizando-se caminhão-betoneira

o) Acessos internos - para a interligação entre as estruturas

(portaria, cavas, usina, pilhas, depósito de explosivo e estruturas

de apoio) serão construídos acessos internos, os quais serão

recobertos com revestimento primário (cascalho) e totalizarão

cerca de 8 km.

p) Canteiro de Obras

- Canteiro de Obras para atender a Área da Mina/Usina e

Estrada de Acesso a EFC

- As estruturas de apoio acima descritas serão utilizadas como

canteiro de obras pelos funcionários das empresas contratadas

para as atividades da etapa de instalação do empreendimento.

Estas auxiliarão também a etapa de operação, não serão

desmobilizadas, com exceção de três estruturas que serão

implantadas para atender apenas as obras civis: centrais de

forma e armação e almoxarifado / ferramentaria.

- Canteiro de Obras para atender o Pátio de Carregamento e

Área de implantação das Linhas Ferroviárias

Serão implantados escritórios, refeitórios, almoxarifado e outras

instalações necessárias à realização dos trabalhos em

contêineres. Serão mantidas, do início ao término da obra,

instalações sanitárias compatíveis com o quantitativo máximo

previsto de pessoal em condições higiênicas adequadas para

uso. A desmobilização consistirá na desmontagem e retirada do

canteiro da obra e de todos os equipamentos, incluindo as

operações de regularização das áreas utilizadas.

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Page 22: Projeto Serra Leste

22

7.2.3 Estruturas de

Controle Ambiental

Visando garantir o atendimento da

legislação ambiental serão implantadas as

estruturas descritas a seguir.

Separador de Água e Óleo – SAO

A concepção básica de um separador de

água/óleo é um tanque simples com várias

câmaras, de forma a permitir que a gravi-

dade separe o óleo da água. Como o óleo

tem uma densidade menor que a da água,

ele flutua naturalmente em determinado

tempo, para então se separar fisicamente.

Foi prevista a construção de três SAO’s para

tratar os efluentes gerados na oficina de

manutenção e no posto de abastecimento

e na oficina de manutenção do canteiro de

obras da Fazenda Ana Célia.

Aterro Sanitário

Processo utilizado para a disposição de

resíduos sólidos no solo, que,fundamentado

em critérios de engenharia e normas

operacionais específicas, permite um

confinamento seguro em termos de

controle de poluição ambiental e proteção à

saúde pública. O Projeto Serra Leste propõe

a construção de um aterro sanitário para

disposição dos resíduos orgânicos e não

recicláveis (restos e cascas de alimentos;

resíduos não recicláveis - papel, papelão,

plásticos - contaminados com alimentos;

embalagem de alimentos; resíduos

sanitários; e outros). O aterro sanitário será

projetado e construído de acordo com a

norma NBR nº 8419, de abril de 1992 –

Apresentação de Projetos de Aterros

Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos.

Fossas Séptica / Filtros Anaeróbios /

Sumidouro

Processo utilizado para tratamento do

esgoto, em que os sólidos em suspensão se

sedimentam no fundo da fossa séptica e

formam o lodo onde ocorre a digestão

anaeróbia (ausência de oxigênio). O líquido

se encaminha para o filtro anaeróbio que

possui bactérias que crescem aderidas a

uma camada suporte formando a

biomassa,que reduz a carga orgânica dos

esgotos. Todo o efluente líquido gerado

nesses sistemas será infiltrado no solo por

meio de dispositivo denominado

sumidouro, não havendo, portanto, o

lançamento desses efluentes em corpos de

água superficiais. Estes efluentes sofrem uma

depuração natural ao permear a região não

saturada do solo. As fossas sépticas serão

construídas com base no atendimento das

especificações constantes na Norma da

ABNT – NBR 7229 e Portaria Minter 053/79.

Serão instaladas duas fossas: uma no

depósito de explosivos e um na portaria.

Estação de Tratamento de

Esgotos – ETE

Unidade operacional do sistema de

esgotamento sanitário que através de

processos físicos, químicos ou biológicos

removem as cargas poluentes do esgoto,

devolvendo ao ambiente o efluente

tratado, em conformidade com os

padrões exigidos pela legislação

ambiental. A ETE a ser implantada será

destinada ao tratamento dos efluentes

gerados nas áreas da mina e usina de

beneficiamento de minério.

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Page 23: Projeto Serra Leste

23

Sistema de Drenagem e Sistema de Contenção de

Sedimentos

Serão implantadas canaletas (sistema de drenagem) no entorno

de todas as estruturas projetadas para o Projeto Serra Leste,

objetivando a condução das águas de chuva até a drenagem

natural mais próxima, evitando assim, a formação de sulcos e

ravinas nas praças e taludes.

As águas pluviais recolhidas pelos sistemas de drenagem da área

da usina, antes de serem direcionados à drenagem natural, serão

encaminhadas para uma bacia de decantação (sistema de

contenção de sedimentos), onde os sólidos presentes na água

serão retidos, por processo de decantação, permitindo que a

água escoe para o curso d’água dentro dos padrões legais.

Central de Materiais Descartados – CMD / Depósito

Intermediário de Resíduos – DIR

Serão implantados depósitos (Depósitos Intermediários de

Resíduos – DIRs) em cada strutura, com o objetivo de

armazenar os resíduos (lixo) gerados. Em seguida, estes

resíduos serão recolhidos e centralizados em outra estrutura

(Central de Materiais Descartados – CMD) visando a separação

destes para disposição final adequada. Para o armazenamento

centralizado e adequado dos resíduos a serem gerados no

futuro empreendimento, serão construídos dois galpões, um

destinado ao armazenamento dos resíduos recicláveis e outro

destinado ao armazenamento dos resíduos tóxicos.

Aspersão D’água

A aspersão de água será realizada utilizando-se caminhões-pipapara controlar as emissões de material particulado. Não se tratade um controle intrínseco e sim de uma ação mitigadora.

Estabilização de Taludes

Durante a operação da mina, sempre que necessário, será

realizada a recomposição dos taludes das pilhas de estéril, e a

colocação de cobertura vegetal adequada.

7.2.4 Aquisição de Propriedades

A) Negociação com Superficiários

Parte da área a ser ocupada pelo empreendimento mina, usina,

estrada de ligação ao pátio de carregamento, o pátio de

carregamento e a área de implantação das linhas ferroviárias são

atualmente ocupadas por diferentes fazendas.

Atualmente a CVRD, através de seus representantes, tem esta-

belecido contatos com os dois proprietários rurais possuidores das

terras onde se pretende implantar as diferentes estruturas do

Projeto Serra Leste.

A área a ser ocupada pelo empreendimento pode ser dividida,

em relação à distribuição superficiária da seguinte forma: a

primeira, que será ocupada basicamente pela mina, usina,

acessos internos, portaria e a parte inicial da estrada que ligará a

mina ao pátio de carregamento, encontra-se dentro da fazenda

Ana Célia de propriedade do Sr Dimas Luis da Silva. A segunda,

que abrange a continuidade da estrada de acesso à Estrada de

Ferro Carajás - EFC, a partir do limite da fazenda Ana Célia até o

topo da Serra do Sereno é de propriedade da CVRD, e o último

trecho, a partir da Serra do Sereno até o Rio Itacaiúnas, incluindo

o pátio de carregamento e as linhas ferroviárias a este associadas

encontra-se na fazenda Miranda e Filhos, de propriedade do Sr

Pedro Miranda de Oliveira.

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Page 24: Projeto Serra Leste

24

7.2.5 Mobilização

e Desmobilização de Pessoal

e Equipamentos

Recrutamento e Contratação de

Mão-de-Obra Temporária

A abertura da mina; a implantação da

usina de beneficiamento de minério de

ferro e das demais instalações de apoio;

a construção da estrada de acesso da

mina ao pátio de carregamento na EFC;

a construção do pátio de carregamento

e das linhas ferroviárias do pátio deman-

dará a contratação de aproximadamente

346 (trezentos e quarenta e seis)

funcionários, em média, entre mão-de-

obra para as obras civis e para montagem

eletroeletromecânica. No pico das obras

estarão empregados mais de 600

(seiscentos) e no primeiro mês serão

necessários 40 (quarenta) empregados.

Desta mão-de-obra a ser contratada para

a implantação do empreendimento

estima-se que 85% fará parte do quadro

de operários da construção civil e da

montagem eletromecânica, tais como

servente, pedreiro, ajudante, armador,

carpinteiro, encarregado, bombeiro

hidráulico, encanador, eletricista,

mecânico montador, maçariqueiro,

marteleiro, motorista de veículos leves e

pesados, operador de equipamentos,

soldador e outros; e que 15% serão

engenheiros e técnicos de nível médio

como engenheiro civil, mecânico,

eletricista e técnicos de segurança do

trabalho, meio ambiente, técnico em

edificações, em estrada, e outros.

O empreendedor tem intenção de

contratar o maior número possível

da mão de obra, direta e indireta,

demandada para a implantação do

empreendimento, no município de

Curionópolis e municípios vizinhos,

visando o aproveitamento e

incorporação da mão de obra

disponível na região.

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Page 25: Projeto Serra Leste

25

O gráfico abaixo apresenta a distribuição temporal da mão-de-obra a ser empregada

na etapa de instalação do empreendimento.

Já a mão-de-obra indireta possui maior especialização (tabela aseguir) e será aquela

que dará suporte às obras, podendo ou não fazer parte do quadro de funcionários

das empresas contratadas.

Dispensa de Mão-de-Obra

Ao final das obras, a mão-de-obra utilizada para a implantação do empreendimento

será desmobilizada e poderá vir a ser aproveitada na implantação de outros

empreendimentos da Companhia Vale do Rio Doce na região.

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Page 26: Projeto Serra Leste

26

Conforme será previsto em contrato, o transporte do pessoal ficará sob

responsabilidade das empreiteiras contratadas. Não está prevista a instalação

de alojamentos nas frentes de obra. Estima-se que serão necessários cerca de

10 ônibus para o transporte diário de funcionários durante o pico das obra

QUALIFICAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA INDIRETA

Mão-de-Obra Indireta

Líder Operacional Técnico de Custos e Lubrifi cador

Líder Operacional Técnico de Custos e Medições Lubrifi cador

Líder Operacional Auxiliar Técnico Ajudante de Lubrifi cação

Técnico de Qualidade Almoxarife Resp. Administrativo e Financeiro

Encarregado de Laboratório Auxiliar de Almoxarifado Encarregado de Pessoal

Laboratorista de Solos Apontador / Ficheiro Auxiliar Pessoal

Laboratorista de Concreto Responsável de Produção Encarregado Financeiro

Auxiliar de Laboratório Encarregado de Terraplenagem Auxiliar Administrativo

Eng.Segurança do Trab alho Enc. Via Férrea (Subempreiteiro) Enc. de Serviços Gerais

Técnico de Segurança Topográfo Auxiliar Serviços Gerais

Sinaleiro Nivelador Secretária / Telefonista

Médico do Trabalho Auxiliar de Topografi a Motorista

Auxiliar de Enfermagem Encarregado de Manutenção Vigia Noturno

Eng. de Obras e

SuprimentosTécnico de Custos e Medições Auxiliar Técnico

Técnico de Planejamento

Recolhimento de Tributos e Encargos Sociais

Durante a implantação do empreendimento os principais tributos e encargos sociais a

serem recolhidos serão por exemplo: o ISS - Imposto Sobre Serviços, repassado para a

prefeitura, que será calculado sobre o montante do valor dos serviços envolvidos na

implantação.

O ICMS, tributo estadual, que varia entre 7 a 18%, será recolhido ao estado, e incide sobre

todos as mercadorias que chegarem a obra, tais como; areia, brita, cimento e outras.

Quanto ao IPI, tributo federal, que varia entre 0,4 a 24%, será calculado e recolhido com

base no valor total dos produtos industrializados a serem utilizados na implantação, tais

como: estruturas metálicas, correias transportadoras, e outros.

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Page 27: Projeto Serra Leste

27

Como encargos sociais serão recolhidos o PIS (1,65%), COFINS (7,60%), INSS, FGTS e

outros, com base na massa salarial. Além destes tem-se ainda o IRPJ, IOF, e outros.

Todas as previsões apresentadas são estimativas de geração de impostos em função

do empreendimento, considerando as legislações e regras tributárias em vigor.

7.3 Etapa de Operação

7.3.1 Lavra a céu aberto

O método de lavra será a céu aberto será realizado em 2 cavas de 19,7 e 9,0 hectares.

Serão lavradas 29 milhões de toneladas de minério e 7 milhões toneladas de estéril.

A vida útil da mina de Serra Leste será de cerca de 14,5 anos, para a produção

de 2 milhões de toneladas por ano de minério;

A lavra poderá ser executada utilizando-se de dois métodos:

- escavação, utilizando-se escavadeiras hidráulicas à diesel ou trator de esteira;

- desmonte com explosivos, quando a frente de lavra for composta por rochas

mais resistentes.

7.3.2 Beneficiamento

O Projeto Serra Leste disporá de uma planta que beneficiará a seco o minério,

produzindo 2.000.000 t por ano de granulados e finos que serão transportados em

caminhões de 28 toneladas, numa distância de 29 km, até a ferrovia onde serão

carregados em composições de 104 vagões.

7.3.3 Carregamento nos Vagões

No pátio de carregamento, o minério será estocado em duas pilhas com capacidade

de 15.880 t cada e posteriormente serão carregados em vagões, utilizando-se 3 (três)

pás carregadeiras, e transportados até os respectivos destinos.

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Page 28: Projeto Serra Leste

28

7.3.4 Mobilização e Desmobilização de Pessoal

e Equipamentos

Recrutamento e Contratação de Mão-de-obra Permanente

para Operação da Mina, Usina e Transporte de Produtos ao

Pátio de Carregamento

- Será necessário a contratação de cerca de 351 (trezentos e

cinqüenta e um) funcionários;

- regime de trabalho: 3 (três) turnos por dia; 8 horas por turno; e

7 (sete) dias por semana.

Toda a mão-de-obra será recrutada na vila de Serra Pelada, Curionó-

polis e municípios vizinhos. Por isso, não está prevista a utilização de

alojamentos para abrigar os empregados do empreendimento.

A estimativa do tipo e quantidade de mão-de-obra a ser recru-

tada para desenvolver as atividades da mina é apresentada na

tabela abaixo.

A estimativa da quantidade e função da mão-de-obra a ser

recrutada para desenvolver as operações da usina de bene-

ficiamento e de transporte de minério até o pátio e de carre-

gamento está apresentado na tabela abaixo.

7.3.5 Recolhimento de Tributos e Encargos Sociais

No primeiro ano de operação da mina de Serra Leste é pre-visto um repasse total de tributos (federal, estadual e muni-cipal) da ordem de oito milhões de reais, visto que a operaçãoserá de aproximadamente três meses. A partir do segundoano em diante, até o término da mina, estima-se que orepasse anual total de tributos será da ordem de 40 milhõesde reais (federal, estadual e municipal), cabendo ao municípiode Curionópolis a receita anual adicional da ordem deaproximadamente R$ 2.423.000,00, sendo R$ 1.650.000,00em royalties e os restantes R$ 773.000,00 em ISSQN.

7.3.6 Transporte de Equipamentos, Insumos e Pessoal

Para o transporte da mão-de-obra deverão ser utilizados ônibusentre a cidade de Curionópolis e a mina de Serra Leste. Estima-seque serão necessários cerca de 8 ônibus para o transporte diáriodos funcionários.

O acesso dos ônibus à área do Projeto Serra Leste Serra se dará pelaRodovia PA – 275, por 16 km, e daí por acesso municipal por 30 kmem estrada com revestimento primário até Serra Pelada. Daí até asinstalações da mina e usina serão mais 2 km por acessos internos.

Para acessar o pátio de carregamento de minério, será precisopercorrer mais 29 km, aproximadamente, pela nova estradapavimentada construída e adequada para este fim.

MÃO-DE-OBRA NECESSÁRIA PARA A ETAPA DE OPERAÇÃO DA MINA

FUNÇÃO QUANTIDADE

Operador de Caminhão 24

Operador de Escavadeira\Operador de Perfura-

triz\ Operador de Trator56

Operador de Motoniveladora 8

Motorista 12

Manutenção 20

Supervisor 5

Engenheiro de Minas 1

Geólogo 1

TOTAL 127

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Page 29: Projeto Serra Leste

29

7.4 Etapa de Fechamento

O fechamento de minas é uma atividade

que deve conduzir a uma nova forma de

uso do solo a ser estabelecida em todas

as áreas afetadas pela atividade de mine-

ração. O fechamento significa que toda e

qualquer atividade relativa à mineração

ou dela decorrente possa cessar, de modo

que a área possa receber nova forma de

uso (como uso industrial, comercial, resi-

dencial, institucional, agrosilvopastoril ou

de conservação ambiental e outros).

O fechamento deve garantir que os novos

usos sejam seguros, respeitadas eventuais

restrições e para tanto deve ser elabo-

rado um plano de fechamento de mina.

MÃO-DE-OBRA NECESSÁRIA PARA A ETAPA DE OPERAÇÃO DA USINA,

TRANSPORTE E CARREGAMENTO DE MINÉRIO NOS VAGÕES

FUNÇÃO QUANTIDADE

Administrativo 4

Auxiliar Administrativo 1

Auxiliar de Meio Ambiente, Qualidade e SSO 1

Técnico de Segurança do Trabalho 1

Engenheiro de Produção 1

Limpeza Industrial – Serviço Manual 6

Auxiliar de Serviços Gerais 5

Encarregado 1

Limpeza Industrial – Serviço Mecanizado 5

Operador de Retro pneu 1

Motorista de Caminhão basculante -15ton 1

Motorista de Caminhão Pipa 1

Motorista de Caminhão Comboio e Lubrifi cação 1

Usina (Britagem, Peneiramento e Pátio) 33

Supervisor 1

Operador Mantenedor 32

Manutenção 30

Programador/Planejador 1

Eletricista/Instrumentista 5

Soldador 5

Caldereiro 1

Mecânico 10

Vulcanizador 2

Lubrifi cador 1

Supervisor 1

Técnico mecânico 4

Pátio - Controle 8

Técnico de Controle de Pátio 8

Pátio - Transporte 138

Operador de Pá Mecânica 13

Motoristas Caminhão 124

Encarregado 1

TOTAL 224

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35

8.1 Introdução

A lavra e o beneficiamento mineral constituem atividades modifi-

cadoras do meio ambiente e, por esta razão, devem se subordinar

às exigências e obrigações decorrentes do ordenamento jurídico

vigente no país que dispõe sobre a proteção do meio ambiente e

sobre a utilização racional dos recursos naturais.

No âmbito da legislação concorrente, a competência da União

limita-se a estabelecer normas gerais, podendo os Estados legislar

complementarmente. Caso não existam normas federais sobre

alguma matéria, os Estados exercem a competência legislativa

plena. O Município possui o dever de proteger o meio ambiente e,

como somente ele pode impor aos munícipes normas de conduta

através de lei, decorre sua competência para legislar sobre essa

matéria. A estrutura da legislação do Meio Ambiente pode ser

comparada a um triângulo, cujo topo é a Constituição Federal,

abaixo a Legislação Federal e abaixo desta a Legislação Estadual e,

por último, a Legislação Municipal.

Os temas da legislação ambiental são, entre outros, as jazidas,

minas, outros recursos minerais e metalurgia, florestas, caça, pesca,

fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos

naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; pro-

teção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor,

a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e

paisagístico.

Algumas obrigações partilhadas pela União, Estados, Distrito

Federal e Municípios são: proteger os documentos, as obras e outros

bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as

paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; proteger o

meio ambiente e combater a poluição em qualquer das suas formas;

preservar as florestas, a fauna e a flora; registrar, acompanhar e fis-

calizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de

recursos hídricos e minerais em seus territórios.

As normas legais consideradas para adequar e compatibilizar o

Projeto Serra Leste à legislação ambiental aplicável ultrapassam o

número de cem documentos. Na tabela a seguir são apresentados

os principais requisitos legais que foram considerados para a

análise da viabilidade ambiental do Projeto Serra Leste.

8. REQUISITOS LEGAIS APLICÁVEIS

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Page 36: Projeto Serra Leste

36

Federais

Documento Tema Assunto/Obrigação

Constituição da República Fed-erativa do Brasil de 1988

Meio Ambiente Contém Capítulo sobre o Meio Ambiente.

Lei 4.771/65 Código FlorestalProíbe a execução de desmates nas áreas de preservação permanente sem autorização do IBAMA. Institui a Reserva Legal.

Lei 6.938/81Política Nacional de Meio Ambiente

Proíbe a poluição e obriga o licenciamento. Determina a utilização adequada dos recursos ambientais.

Lei 9.795/99 Decreto 4.281/02

Educação Ambiental

Atribui às empresas, o dever de promover programas destinados à capacita-ção dos trabalhadores. Atribui aos Ministérios do Meio Ambiente e da Edu-

Lei 5.197/67 Fauna Dispõe sobre a proteção à fauna. Proíbe a destruição, caça e apanha.

Lei 7.347/85Lei 9.605/98

Decreto 3.179/99, alterado pelo

Decreto 4.592/03

Danos e crimes

ambientais

Disciplina a Ação Civil Pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao Meio Ambiente.

Lei 9.433/97 Lei 9.984/00 Decreto 2.612/98, alterado pelo Decreto 3.978/01 e 4.174/02

Política Nacio-nal de Recursos Hídricos

Exige a anuência do órgão competente para a captação de águas públicas. Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA.

Lei 9.985/00Decreto 4.340/02

Unidades de Conservação

Dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC. Dispõe sobre a criação, planos de manejo, formas de fi xação das medi-das compensatórias e autorização para a exploração de produtos, sub-produ-tos ou serviços delas inerentes.

Decreto - Lei 227/67 Decreto 62.934/68

Código de Mineração

Exige a anuência da União para o exercício das atividades minerarias. Proíbe a poluição do ar e da água.

Decreto 97.632/89 NBR 13.030/99

PRADDispõe sobre o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD. Elaboração e apresentação de projeto de reabilitação de áreas degradadas pela mineração.

Decreto 4.297/02

ZEE Zoneamento Econômico Ecológico

Estabelece os critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, instrumento de organização do território previsto na Política Nacional do Meio Ambiente, a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades.

Portaria IPHAN 230 de 17/12/02

Licenciamento Ambiental de Monumentos Arqueológicos e Pré-Históricos Nacionais

Estabelece procedimento para obtenção das licenças prévia, de instalação e de operação para empreendimentos capazes de afetar o patrimônio arque-ológico.

Legislação aplicável ao Projeto Serra Leste - Principais Documentos

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Page 37: Projeto Serra Leste

37

Federais

Documento Tema Assunto/Obrigação

Resolução CONAMA 01/86 EIA/RIMA Estabelece defi nições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

Resolução CONAMA 357/05Decreto 4.136/02Instrução Normativa IBAMA 06/01

Qualidade de Água - Efl uentes Líquidos

Estabelece Normas e Padrões de Classifi cação de Águas e de Lançamento de Efl uentes Líquidos. Dispõe sobre a especifi cação das sanções aplicáveis para poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional. Divulga a lista de substâncias no-civas ou perigosas às águas sob jurisdição nacional.

Resolução CONAMA 05/89Resolução CONAMA 03/90 Resolução CONAMA 08/90

Qualidade do Ar

Dispõe sobre o Programa Nacional da Qualidade do Ar - PRONAR.Estabelece padrões de qualidade do ar, previstas no Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar - PRONAR. Estabelece os limites máximos de emissão de po-luentes para processos de combustão externa em fontes novas fi xas.

Resolução CONAMA 09/90 Resolução CONAMA 237/97

Licenciamento Ambiental

Procedimentos para Habilitação ao Licenciamento Ambiental (LOP, LP, LI e LO). Dispõe sobre licenciamento ambiental e competências, estabelece prazo para concessão e validade das licenças ambientais. Defi ne quais são as atividades passíveis de licenciamento ambiental.

Resolução CONAMA nº 303, de 20/03/2006 Resolução CONAMA nº 369, de 28/03/2006 Resolução CONAMA 303/02 Resolução CONAMA 369/06

Área de Preser-vação Perman-ente

Dispõe sobre parâmetros, defi nições e limites de Áreas de Preservação Per-manente. A Resolução Conama nº 369, dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que pos-sibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP. Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP.

Resolução CNRH 16/01Resolução CNRH 17/01Resolução CNRH 029/02Resolução CNRH 037/04

Gestão de Re-cursos Hídricos

Estabelece condições e procedimentos para concessão de outorga de direito de usos de recursos hídricos federais. Dispõe sobre a elaboração dos Planos de Re-cursos Hídricos das Bacias Hidrográfi cas. Defi ne diretrizes para a outorga de uso dos recursos hídricos para o aproveitamento dos recursos minerais. Estabelece diretrizes para a outorga de recursos hídricos para a implantação de barragens em corpos de água de domínio dos Estados, do Distrito Federal ou da União.

NBR 13.028/93 RejeitosElaboração e apresentação de projeto e disposição de rejeitos de benefi cia-mento em barramento, em mineração.

NBR 14.063/98 Óleos e Graxas Processo de tratamento em efl uentes de mineração

Legislação aplicável ao Projeto Serra Leste - Principais Documentos

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Page 38: Projeto Serra Leste

ESTADUAIS

Documento Tema Assunto/Obrigação

Constituição do Estado do Pará Meio Ambiente Contém Capítulo sobre o Meio Ambiente.

Lei 5.887/95

Lei 5.630/90

Lei 6.381/01

Política Estadual

do Meio Ambi-

ente

Proíbe a poluição e obriga o licenciamento.

Decreto 5.565/02Política Estadual

dos Recursos

Hídricos

Institui o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Estabelece

normas para a preservação de áreas dos corpos aquáticos. Defi ne a Secretaria

Executiva de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTAM como

órgão Gestor da Política Estadual de Recursos Hídricos e daPolítica Estadual de

Florestas e demais Formas de Vegetação.

Lei 5.977/96 Fauna Dispõe sobre a proteção à fauna silvestre

Lei 6.462/02 Flora Dispõe sobre a Política Estadual de Florestas e demais Formas de Vegetação do Pará.

Lei 6.251/99Poluição

Recursos

Naturais

Institui o “Selo Ecológico” com o objetivo de identifi car produtos fabricados, pro-

duzidos e comercializados, no Estado do Pará, que não causem danos ao meio

ambiente.

Decreto 5.267/02 Unidade de

ConservaçãoDispõe sobre a implantação e gestão de unidades de Conservação da Natureza.

Resolução COEMA 23/02 LicenciamentoEstabelece para a SECTAM competência para exercício de Poder de Polícia para

as atividades que especifi ca.

Legislação aplicável ao Projeto Serra Leste - Principais Documentos

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Page 39: Projeto Serra Leste

39

9. DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO

Para facilitar o desenvolvimento dos estu-

dos ambientais do Projeto Serra Leste

foram delimitadas algumas áreas, segundo

os seguintes critérios:

Área Diretamente Afetada (ADA)

Corresponde às áreas a serem ocupadas

pelo empreendimento, incluindo-se aquelas

destinadas à instalação da infra-estrutura

necessária à sua implantação e operação.

Trata-se, portanto, das áreas onde serão

instaladas as estruturas que compõemo

Projeto Serra Leste e que já foram citadas

anteriormente, no começo deste documento.

Área de Influência Direta (AID)

Área de entorno imediato da ADA, cujo

limite foi estabelecido em conformidade

com as especificidades do Projeto. Trata-se

da área que pode receber os impactos

diretos decorrentes dos aspectos ambien-

tais gerados na ADA e/ou também indire-

tos, incluindo-se os decorrentes daqueles

que ocorrem na ADA. Considera-se tam-

bém como AID os terrenos, territórios,

estruturas diversas que podem ter modifi-

cados seus fluxos ou uso, contextualizando

um processo de intensificação ou redução

decorrente da inserção do empreendimen-

to num determinado arranjo geográfico.

Área de Influência Indireta (AII)

Área que envolve a AID, cujo limite deverá

ser estabelecido em conformidade com as

especificidades de cada empreendimento,

e onde se refletirão os impactos indiretos

decorrentes da AID.

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Page 40: Projeto Serra Leste

40

9.1 Definição das áreas de influência

para o meio físico e meio biótico do

Projeto Serra Leste

Área Diretamente Afetada - ADA

Para o Projeto Serra Leste, considera-secomo ADA os terrenos receptores da plantade beneficiamento, da lavra, da pilha deprodutos, da pilha de finos, da pilha deestéril, das estruturas de apoio, a estradaa ser construída para permitir o escoa-mento do minério de ferro até o pátio deestocagem e de embarque localizado aolado da Estrada de Ferro Carajás-EFC, naaltura da Locação 54, nas proximidadesda portaria norte da Fazenda Miranda eFilhos, as áreas de extração de terra ecascalho a serem utilizadas durante aconstrução/adequação de toda a estradavinculada ao Projeto, o pátio de embarquedo minério, juntamente com as linhasferroviárias serão implantadas para ocarregamento do minério de ferro.

A estrada a ser implantada/adequada terá uma extensão de cerca de 29,0 km,sendo que deste total cerca de 11,0 kmcorresponde a estrada já existente que será apenas adequado para a passagem doscaminhões de transporte de minério.Cerca de 18,0 km serão construídos eimplicam na intervenção de uma área de20 metros de largura ao longo de todo oseu comprimento. Em termos de área aestrada representa a intervenção direta emcerca de 57,8 hectares.

As linhas ferroviárias que serão implantadaspossuem uma extensão de 4,3 km deextensão e encontra-se projetada paralelaà Estrada de Ferro Carajás.

Área de Influência Direta - AID

Para a delimitação da AID considerou-secomo critério importante o arranjo hidrográfico no entorno do empreendi-mento, bem como uma faixa de terrenoao longo do eixo da estrada a ser utilizadadurante a fase de implantação e fase deoperação do empreendimento.

Na porção norte, a AID é representadapor um conjunto de terras drenadas apartir da ADA até a conexão dos canaiscom o rio Sereno, em sua margem direita.Na porção sul, a AID é representadatambém pelo conjunto das terras que sãodrenadas por afluentes que formampequenas bacias que deságuam namargem direita do rio Surpresa.

Como AID considerou-se também a estradaque liga a futura mina de Serra Leste atésua conexão com a rodovia PA-275, poronde acessa-se, por via afastada, a

cidade de Curionópolis e Parauapebas.

Considerando-se que, apenas em partedo tempo da etapa de instalação, estaestrada poderá ter seu trânsito intensificadoe que todas as adequações necessárias aotransporte de veículos de carga já terãosido executadas para o desenvolvimentodo Projeto Lavra Experimental, optou-sepor não considerar cartograficamente, aapresentação deste segmento de forma a

preservar as grandes diferenças emrelação às intervenções que se farãonecessárias, quando comparado com osegmento que liga a mina ao pátio deembarque.

Para o segmento da AID que se estende da mina até o pátio de embarque, a AID

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Page 41: Projeto Serra Leste

41

FIGURA 9.1 Malha de Receptores da Modelagem de Dispersão Atmosférica - Serra Leste.

Legenda

Estação de monitoramento daqualidade do ar e meteorologia

Estação de monitoramento dameteorologia

Malha de Receptores

Pátio de Embarque - EFC

Serra Pelada

Curionópolis

Canaã dos Carajás

MARABÁ

foi definida como uma faixa de 250 metros de largura ao longo de

ambas as margens da estrada, a partir dos limites externos da faixa

de rolamento. Esta faixa foi também considerada para ambas as

margens das linhas ferroviárias projetadas, mesmo considerando

que esta será operada num domínio onde já se encontra insta-

lada a Estrada de Ferro Carajás.

Em função da natureza da área onde grande parte da estrada e a

da ferrovia serão instaladas, pode-se considerar que tal dimensão

foi adotada de forma conservadora, visto que, em quase a totali-

dade dos terrenos posicionados ao longo das mesmas, o uso do

solo é marcadamente caracterizado pela presença de amplas

pastagens. Trata-se de um domínio essencialmente antrópico,

demandando, assim, pequenas intervenções do ponto de vista da

cobertura vegetal para que os acessos sejam devidamente prepara-

dos para atender o fluxo de veículos previsto.

A área de estudo, considerada como Área de Influência Direta

(AID) do empreendimento quanto ao tema qualidade do ar, foi

subdividida em uma malha de receptores contendo 2.704 células

de 1 x 1 km (52 x 52 km), conforme apresentado na Figura 9.1.

Na mesma figura pode ser observado ainda a localização das

estações meteorológicas Canaã dos Carajás e Marabá, utilizadas

no estudo.

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Page 42: Projeto Serra Leste

42

Figura 9.2 apresenta áreas de estudo definidas para os meios físico e biótico

Área de Influência Indireta - AII

Para a delimitação da AII, os limites topo-

gráficos foram considerados como rele-

vantes já que compõem o arranjo físico

apropriado para a delimitação de uma

bacia hidrográfica, principal unidade espa-

cial de controle ambiental. Ao longo das

estradas, considerou-se uma área adicional

à AID de mais 350 metros, mantendo-se,

assim uma postura conservadora, consi-

derando o intenso nível de antropização

verificado ao longo da área onde a mesma

será implantada ou adequada às necessi-

dades do Projeto Serra Leste.

Além da adoção de uma faixa de 250 metros,

reconhecida como AID, em cada margem

da estrada a ser utilizada para o escoamento

da produção de minério de ferro da Mina

de Serra Leste, do pátio de embarque e das

linhas ferroviárias a este associadas, incor-

porou-se uma área de mais 350 metros adi-

cional a esta para a delimitação da AII.

As possibilidades de interferências decor-rentes da intensificação do uso das vias deacesso e do trecho a ser construído /ade-quado, no contexto físico e biótico, sãopouco prováveis além dos limites estabele-cidos para a AID, visto o grau de alteraçãoobservado em grande parte do trajeto emque ações para a implantação das mesmasserão desenvolvidas.

A figura 9.2 apresenta os limites das áreasde estudo correspondentes aos meios físi-co e biótico.

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Page 43: Projeto Serra Leste

43

9.2 Definição das Áreas de Influência para o MeioSocioeconômico do Projeto Serra Leste

Área Diretamente Afetada - ADA

A Área Diretamente Afetada - ADA é representada pela pro-priedade rural que será adquirida para a implantação do em-preendimento - Fazenda Ana Célia. É importante salientar que a propriedade rural possui cerca de 5.492 hectares e o empre-endimento ocupará no máximo cerca de 299 hectares. De toda forma, frente as condições de negociações postas peloproprietário rural, a CVRD deverá adquirir toda a propriedade, ocasionando, então, na modificação da função de uso atualmenteexistente que é representada pela prática da pecuária.

A ADA inclui também a estrada de ligação entre a Mina de SerraLeste, o Pátio de Embarque e a área a ser ocupada pelas linhas fer-roviárias a serem instaladas ao lado da Estrada de Ferro Carajás,nas proximidades da locação 54.

A estrada, a ser construída, possuirá extensão aproximada de 29,0 km,

para permitir o transporte da produção da mina até à Estrada de

Ferro Carajás - EFC, percorrendo basicamente duas propriedades

particulares, cujo uso e ocupação das propriedades está direta-

mente vinculado, quase que na totalidade à pastagem. É impor-

tante salientar que, parte do traçado desta estrada, além daquele

que se dará na propriedade já referida anteriormente, a ser

adquirida pela CVRD, ocorrerá em terras de propriedade da

mesma. No entanto, cerca de metade do traçado ocorrerá na

Fazenda Miranda e Filhos, seguindo-se, em boa parte do seu trajeto,

por uma estrada já existente que deverá ser adequada à

condições de transporte exigidas pela mineração.

Além dos acessos, inseridos na referida propriedade também inte-

gram a ADA, assim como uma área de 1,5 hectares atualmente

ocupada por pastagem, onde se pretende a instalação do Pátio de

Embarque do minério, bem como toda a extensão das linhas fer-

roviárias a este associadas. Neste caso, não haverá nenhum com-

prometimento da atividade econômica existente na propriedade

Miranda e Filhos. Por tal razão, a ADA correspondente apenas ao

eixo viário que será utilizado para o escoamento do minério. No

presente caso, a implantação e operação dos acessos só será pos-

sível após o devido acordo com o proprietário rural.

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Page 44: Projeto Serra Leste

44

Área de Influência Direta - AID

Considerando-se a localização da mina do Projeto Serra Leste,cerca de 30,0 km da cidade de Curionópolis e sua posição emrelação a vila de Serra Pelada, essas duas aglomerações serãolocais possíveis de manifestação de interferências associadas aoempreendimento. Para o transporte e escoamento da produçãoda mina do Projeto Serra Leste até a Estrada de Ferro Carajás estáprevista a melhoria/construção de estrada e instalação do pátio de estocagem ambos em propriedades particulares localizadas,em quase sua totalidade, no município de Curionópolis.

Uma vez que os dois núcleos urbanos de interesse estão situadosno município de Curionópolis e que não existem subdivisões

menores do que o município que congreguem estatísticas con-fiáveis, e que a maior parte da população está concentrada nessasduas áreas urbanas, optou-se, para este Estudo de ImpactoAmbiental, por considerar a totalidade do município onde selocaliza o empreendimento como Área de Influência Direta doProjeto Serra Leste. Sempre que possível serão feitas referênciasespecíficas sobre o núcleo que está mais próximo do empreendi-mento, Serra Pelada, sobre o qual dispõe-se de dados de naturezacensitária. É nessa região onde poderão ser observadas alteraçõesreais nas estruturas sociais, econômicas, culturais e políticas, resul-tantes de focos de pressões, especialmente sobre as estruturas einfra-estruturas urbanas.

Figura 9.3 Áreas de Influência Direta e Indireta definidas para o Meio Socioeconômico

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Page 45: Projeto Serra Leste

45

Área de Influência Indireta - AII

Os territórios sujeitos à influência indireta do empreendimento

podem ser caracterizados pelo alcance do empreendimento com

relação às variáveis socioeconômicas de grande abrangência.

Assim, para delimitá-la são consideradas variáveis relativas a fluxo

migratório, circulação de bens, mercadorias e comunicação, e a

relação do empreendimento na arrecadação tributária da região,

consideradas todas as fases do empreendimento.

O empreendimento deve gerar repercussões sobre o município

vizinho de Parauapebas e sobre Marabá, no que se refere ao possível

aumento de atividades comerciais e de serviços direta e indiretamente

ligadas ao empreendimento, por se constituírem nos dois núcleos

hierarquicamente superiores aos núcleos urbanos mais próximos do

empreendimento - Curionópolis e a vila de Serra Pelada.

Apesar da relevância dos mesmos no contexto regional, é razoável

admitir que as dimensões do Projeto Serra Leste não implicam em

possibilidades de modificações expressivas na dinâmica econômi-

ca destes municípios, especialmente nas sedes urbanas onde tais

efeitos são comumente manifestados.

Ademais é objetivo do empreendedor priorizar o recrutamento

de mão-de-obra e a contratação de fornecedores, sempre que

possível, no município onde se prevê a instalação do empreendi-

mento, no caso, Curionópolis. Apesar do empreendimento contar

com mão-de-obra oriunda de outros municípios da região, os

mesmos deverão ter papel secundário na composição do quadro

funcional previsto para o projeto, bem como na comercialização

de serviços e insumos para os quais o referido município esteja

apto a fornecer.

Cabe acrescentar que, com a intenção de tornar sempre mais

objetivos os estudos ambientais e focados nas questões de maior

relevância, optou-se por não incluir na AII municípios que, mesmo

vizinhos, não tenham relação com o empreendimento. Assim,

considerou-se que somente Parauapebas, a oeste, e Marabá, ao

norte, poderão sofrer impacto, mesmo que de forma indireta, uma

vez que são os maiores núcleos nas proximidades do empreendi-

mento. Eldorado dos Carajás, Canaã dos Carajás, nos demais qua-

drantes, apesar de potencialmente fornecedores de mão-de-obra,

praticamente não serão afetados em nenhum aspecto que se

possa prever hoje.

Figura 9.4 Áreas de Influência Direta e Indireta definidas para o Meio Socioeconômico

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47

Legenda

Domínio Climático - quente

Subdomínio Climático - úmido

Variedade Climática - 3 meses secos

10.1 Meio Físico

10.1.1 Clima e Meteorologia

10.1.1.1 Aspectos Climáticos Gerais

Observando mais detalhadamente a região de estudo, tomando como base o Mapa

de Clima do Brasil desenvolvido pelo IBGE (2002), verifica-se a ocorrência da seguinte

classificação climática: quente, úmido com 3 meses secos.

A Figura 10.1 apresenta o mapa com as características climáticas observadas na área

de estudo.

10.1.1.2 Caracterização das Variáveis Climáticas

As variáveis climáticas temperatura, precipitação pluviométrica, evaporação, umidade

relativa do ar, insolação e nebulosidade, foram caracterizadas com base na análise de

mapas climáticos derivados das normais climatológicas obtidas pelo INMET no período

de 1931 a 1990. A seguir serão apresentadas análises referentes a alguns dos temas citados.

10. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

FIGURA 10.1 Domínio Climático na Área de Estudo(IBGE, 2002).

Área

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Page 48: Projeto Serra Leste

Precipitação Pluviométrica - Chuva

Na região de estudo, a estação mais chuvosa estende-se de novembro a abril, com

precipitações médias mensais máximas alcançando 400 mm. Os meses de agosto a

outubro são os mais secos, com precipitações médias mensais mínimas de até 80 mm.

A precipitação acumulada média anual na região de estudo situa-se entre 1.800 e

2.100 mm, conforme pode ser visto na Figura 10.3. A região apresenta no mínimo

270 dias com ocorrência de chuva no ano.

Temperatura

A temperatura média anual (figura 9.2) na área de estudo situa-se entre 24 e 27 ºC, com

médias mensais também variando nessa faixa. As médias das mínimas variam entre

18 ºC e 21 ºC, enquanto que as médias das máximas mensais variam entre 33 ºC e 36 ºC.

Região do Empreendimento.

FIGURA 10.2 Mapa Climático de Temperaturas MédiasAnuais1931-1990 (INMET).

Região do Empreendimento.

FIGURA 10.3 Mapa Climático de PrecipitaçãoPluviométrica Acumulada Anual - 1931-1990 (INMET).

Umidade Relativa

A umidade relativa do ar média anual da região de estudo varia entre 80 a 90%.

No período mais úmido a umidade média mensal situa-se próximo a 90%, enquanto

nas épocas mais secas a umidade média mensal aproxima-se de 60%. A Figura 10.4

apresenta o mapa climático das médias anuais de umidade relativa do ar.

Região do Empreendimento.

FIGURA 10.4 Mapa Climático de Umidade Relativa do ArMédia Anual - 1931-1990 (INMET).

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Page 49: Projeto Serra Leste

49

Nebulosidade

A nebulosidade média mensal, analisada a partir dos mapas climáticos do INMET, é

maior nos meses de outubro a abril, alcançando valores entre 6 e 8 décimos. Nos

meses de junho a agosto, o céu é mais limpo (menos nuvens), com nebulosidade

média mínima entre 3 e 4 décimos. A média anual de nebulosidade para a região de

estudo situa-se entre 6 e 7 décimos, conforme apresentado na Figura 10.5

10.1.2 Estudo da Qualidade do Ar

A qualidade do ar de uma região é determinada por complexos fenômenos e relacionamentos

envolvendo a quantidade, regime e condições de lançamento de poluentes por fontes

emissoras influentes, além de mecanismos de remoção, transformação e dispersão desses

poluentes na massa de ar. Desta forma, as condições meteorológicas exercem um papel

determinante na freqüência, duração e concentração dos poluentes a que estão expostos os

possíveis receptores situados na área de influência direta dessas fontes.

O local previsto para a implantação do empreendimento está situado em uma região

onde informações históricas relativas a condições meteorológicas são um tanto quanto

precárias e recentes, principalmente se consideradas algumas variáveis necessárias ao

estudo de dispersão atmosférica.

As estações Canaã dos Carajás e Marabá, ambas operadas pelo INPE, foram utilizadas para

a caracterização da micrometeorologia do presente empreendimento, objetivando a utilização

de modelagem de dispersão atmosférica para a determinação do prognóstico de qualidade

do ar do empreendimento. A estação Canaã dos Carajás possui uma série de dados

registrados de hora em hora, enquanto que a estação Marabá registra as medições de 3

em 3 horas. As demais estações analisadas não foram consideradas adequadas para o

estudo em questão.

As análises dos dados meteorológicos obtidos pela estação Canaã dos Carajás (Mina do

Sossego) e disponibilizados à CVRD pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para o

período de 16/02/2004 a 13/06/2005, são apresentadas a seguir.

Região do Empreendimento.

FIGURA 10.5 Mapa Climático de Nebulosidade MédiaAnual - 1931-1990 (INMET).

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:03 AM Page 49

Page 50: Projeto Serra Leste

50

Ventos - Estação Canaã dos Carajás

As informações históricas obtidas de direção e velocidade do vento pela estação Canaã

dos Carajás (Mina do Sossego) foram consistidas e resumidas graficamente, utilizando rosa

dos ventos e análise descritiva para 16 direções do vento padronizadas pela Organização

Mundial de Meteorologia. Observa-se a grande dominância de vento fracos, com ampla

variabilidade de direção. A ligeira predominância observada no período é de ventos oriundos

do norte-noroeste (NNW), norte (N) e noroeste (NW), com intensidade média de 2,0 m/s.

As máximas médias horárias são da ordem de 11 m/s. Nessa estação verifica-se calmaria

em 6% do tempo monitorado.

As Figuras 10.6 apresentaa rosa dos ventos para a estação Mina do Sossego.

Temperatura- Estação Canaã dos Carajás

A Figura 10.7 apresenta a curva típica de médias horárias de temperatura do ar, com

base nos dados medidos pela estação Canaã dos Carajás. A temperatura média observada é

de cerca de 26°C, com as máximas ocorrendo entre as 13:00 e 16:00 horas. As análises dos

dados meteorológicos obidos pela estação Marabá para o período de 01/01/2004 a

18/12/2005, são apresentas a seguir. Cabe ressaltar que os dados monitorados nessa

estação são registrados de 3 em 3 horas.

FIGURA 10.7 Curva Típica de Médias Horárias de Temperatura do Ar - Estação Mina do Sossego

(Canaã dos Carajás).

FIGURA 10.6 Rosa dos Ventos - Estação Mina do Sossego (Canaã dos Carajás).

Intensidades do Vento

0,5m/s >= vel < 1,0m/s1,0m/s >= vel < 3,0m/s

3,0m/s >= vel < 5,0m/s

5,0m/s >= vel < 7,0m/s

vel >= 7,0m/s

GO_LayoutRelat_10-1 11/08/2006 5:22 PM Page 50

Page 51: Projeto Serra Leste

51

Temperatura - Estação Marabá

A Figura 10.9 apresenta a curva típica de médias horárias de temperatura do ar, com base

nos dados medidos pela estação Marabá. A temperatura média observada é de cerca de

26,8°C, com as máximas ocorrendo entre as 13:00 e 16:00 horas.

Ventos - Estação Marabá

Os dados obtidos de direção e velocidade do vento pela estação Marabá foram consis-

tidos e resumidos graficamente, utilizando rosa dos ventos e análise descritiva para 16

direções do vento padronizadas pela Organização Mundial de Meteorologia. A figura

10.8 apresenta, a rosa dos ventos para essa estação.

Da análise da figura 10.8 observa-se a grande dominância de ventos fracos, com

considerável predominância de ventos oriundos das direções norte (N), norte-noroeste

(NNW) e noroeste (NW). A intensidade média é de 1,2 m/s, sendo as máximas médias

horárias da ordem de 3 m/s, com picos de até 12 m/s. Nessa estação verifica-se calmaria

em 14,6% do tempo monitorado.

FIGURA 10.8 Rosa dos Ventos - Estação Marabá.

FIGURA 10.9 Curva Típica de Médias Horárias de Temperatura do Ar - Estação Marabá.

Intensidades do Vento

0,5m/s >= vel < 1,0m/s1,0m/s >= vel < 3,0m/s

3,0m/s >= vel < 5,0m/s

5,0m/s >= vel < 7,0m/s

vel >= 7,0m/s

GO_LayoutRelat_10-1 11/08/2006 5:23 PM Page 51

Page 52: Projeto Serra Leste

52

10.1.2.1 Qualidade do Ar

A área onde será implantado o projeto de explotação mineral

de Serra Leste, mostra-se como uma região desprovida de

séries históricas abrangentes e consistentes de qualidade do

ar. Inexistem na região estações de monitoramento sistemáti-

co das concentrações de poluentes atmosféricos operadas

por entidades públicas, cujos dados estivessem acessíveis e

disponíveis para utilização.

O monitoramento da qualidade do ar foi realizado por umaestação automatizada de propriedade da EcoSoft, cujasmedições contínuas (24 horas por dia) foram integradas em médias horárias para todos os parâmetros monitorados.

A estação foi instalada em duas localidades diferentes, nomunicípio de Curionópolis.

A Tabela 10.1 apresenta a relação de parâmetros medidos nacampanha de monitoramento e suas respectivas metodologiasde medição.

Parâmetro Monitorado Metodologia de Medição Metodologia de Medição

Partículas totais em suspensão (PTS) Absorção de raios beta Met One BAM 1020

Partículas inaláveis (PI como PM10) Absorção de raios beta Met One BAM 1020

Dióxido de enxofre (SO2) Fluorescência aos raios ultravioleta) Horiba APNA-360CE

Dióxido de nitrogênio (NO2) Quimiluminescência Horiba APNA-360CE

Monóxido de nitrogênio (NO) Quimiluminescência Horiba APNA-360CE

Óxidos de nitrogênio (NOX) Quimiluminescência Horiba APNA-360CE

Monóxido de carbono (CO) Absorção de infravermelho não dispersivo Horiba APMA-360CE

Hidrocarbonetos totais (HCT) Ionização de chama Horiba APHA-360CE

Hidrocarbonetos não metano (HCnM) Ionização de chama Horiba APHA-360CE

Metano (CH4) Ionização de chama Horiba APHA-360CE

Ozônio (O3) Absorção de ultravioleta Horiba APOA-360CE

Velocidade escalar do vento (VV) Anemômetro de conchas Met One 014A

Direção escalar do vento (DV) Biruta com pá balanceada Met One 024A

Temperatura do ar (TA) Termistor Met One 083D-1-35

Umidade relativa do ar (UR) Termistor Met One 083D-1-35

Pressão atmosférica (PA) Barômetro estado sólido Met One 090D

Precipitação pluviométrica (PP) Pluviômetro de gangorra Met One 370

Radiação solar global (RS) Piranômetro Met One 096-1

Desvio padrão da direção do vento (SIGT) Calculado (Yamartino) -

Tabela 10.1 Parâmetros monitorados na Estação Automática - Projeto Serra Leste

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:03 AM Page 52

Page 53: Projeto Serra Leste

53

A escolha dos locais de medição baseou-se na ocorrência de

áreas de maior ocupação urbana no entorno da área de inserção

do Projeto Serra Leste, com potencial de sofrer impactos na

qualidade do ar em decorrência das emissões atmosféricas do

empreendimento. Desta forma, a cidade de Curionópolis e a

comunidade de Serra Pelada foram selecionadas para a realização

das medições para determinação da atual qualidade do ar da

região (background). Na cidade de Curionópolis a estação foi

instalada no estacionamento da Prefeitura Municipal. Já na vila

de Serra Pelada, a sede da fazenda Ana Célia, situada na entrada

de Serra Pelada e a cerca de 700m do local onde se prevê a

instalação do Projeto Serra Leste, foi escolhida para a instalação

da estação de medição.

A Figura 10.10 apresenta a indicação dos locais onde a estação

de monitoramento ficou instalada nos períodos determinados.

Figura 10.10 Localização das estações de monitoramento da qualidade do ar e meteorologia

Prefeitura Municipal -

Curionópolis

Fazenda Ana Célia - Serra

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 53

Page 54: Projeto Serra Leste

54

10.2.2.2 Condições Meteorológicas Registradas Durante as Campanhas de

Monitoramento da Qualidade do Ar

As condições meteorológicas ocorridas na região durante a campanha de monitoramento da

qualidade do ar foram registradas para os dois locais de monitoramento selecionados

(Curionópolis e Serra Pelada), com a medição dos seguintes parâmetros:

• direção e velocidade do vento

• precipitação pluviométrica

• pressão atmosférica

• radiação solar

• temperatura do ar

• umidade relativa do ar

• desvio padrão da direção do vento

A Figura 10.11 apresenta a rosa dos ventos ocorrida na Estação Curionópolis para o período

de 25/03/2006 a 11/04/2006.

Observa-se a predominância de ventos provenientes das direções oeste-sudoeste (WSW)

e sudoeste (SW), com 17% e 16% de freqüência respectivamente, com velocidade média

de 1,2 m/s e ocorrência de calmaria em 6,3% do período.

A Figura 10.12 apresenta a rosa dos ventos ocorrida na Estação Serra Pelada para o período

de 13/04/2006 a 02/05/2006. Os ventos oriundos do sul-sudoeste (SSW) e sudoeste (SW)

apresentaram ligeira predominância com 14% e 11% de freqüência, respectivamente.

A velocidade média foi de 1,0 m/s, com ocorrência de calmaria em 36,0% do período.

FIGURA 10.11 Rosa dos Ventos Característica da Campanha deMonitoramento - Curionópolis.

FIGURA 10.12 Rosa dos Ventos Característica da Campanha deMonitoramento - Serra Pelada.

Intensidades do Vento

0,5m/s >= vel < 1,0m/s

1,0m/s >= vel < 1,5m/s

1,5m/s >= vel < 2,5m/s2,5m/s >= vel < 4,5m/s

4,5m/s >= vel < 6,0m/s

vel >= 6,0m/s

Intensidades do Vento

0,5m/s >= vel < 1,0m/s1,0m/s >= vel < 1,5m/s1,5m/s >= vel < 2,5m/s2,5m/s >= vel < 4,5m/s4,5m/s >= vel < 6,0m/s

vel >= 6,0m/s

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 54

Page 55: Projeto Serra Leste

Os dados indicam as ocorrências de um

total de 276,4 mm de chuva acumulada no

local da Estação Curionópolis, para o período

compreendido entre os dias 25/03/2006 e

11/04/2006, e de 176,6 mm para a Estação

Serra Pelada, no período compreendido

entre os dias 13/04/2006 e 02/05/2006.

A pressão atmosférica média registrada na

Estação Curionópolis foi de 977 mbar,

enquanto para a Estação Serra Pelada, o

valor médio obtido foi de 973 mbar.

A variável radiação solar se apresentou de

forma típica, com os máximos valores

ocorrendo das 11:00 às 13:00 h. Foi verificado

que os maiores valores médios de tem-

peratura (entre 30° e 31,5°) foram obtidos

entre 12:00 e 14:00 h. Os horários de máxi-

mas temperaturas correspondem aos

horários das mínimas médias de umidade

relativa do ar, assim como os horários de

mínimas temperaturas correspondem aos

horários de máximas médias de umidade

relativa. Os valores da mínima média e máxi-

ma média para umidade relativa do ar,

foram de aproximadamente 67% e 92%,

respectivamente.

Analisando-se de uma forma globalizada os

resultados das variáveis meteorológicas

obtidos na campanha de monitoramento

realizada, observou-se que as condições

climáticas comportaram-se de forma

característica, dentro dos padrões e limites

esperados para a região à época da medição,

indicando assim que os dados de qualidade

do ar foram tomados na situação típica

para o período. Deve ser ressaltado que as

medições foram realizadas no período mais

chuvoso do ano, que normalmente

estende-se de novembro a abril, tendo sido

registrado um total de 453 mm de precipi-

tação pluviométrica durante as medições

executadas entre 25/03/2006 e 02/05/2006.

Desta forma, as concentrações de polu-

entes atmosféricos monitoradas nesta

campanha, que serão apresentadas a

seguir, são mais representativos da época

chuvosa do ano.

GO_LayoutRelat_10-1 11/08/2006 5:31 PM Page 55

Page 56: Projeto Serra Leste

56

10.2.2.3 Diagnóstico da Qualidade do Ar da Área de Influência Direta - AID eÁrea de Influência Indireta - AII

Sobre os dados obtidos do monitoramento contínuo na estação Curionópolis no período demedição de 25/03/06 a 11/04/06, e da estação Serra Pelada no período de 13/04/2006 a02/05/2006, pode-se inferir que:

• Nenhum parâmetro monitorado apresentou concentrações superiores aos limites estabele-cidos pelos padrões legais vigentes no Brasil (Resolução CONAMA 03/1990);

• Por ordem de significância relativa aos níveis de segurança estabelecidos pela legislaçãovigente, os poluentes que se destacaram no monitoramento da estação Curionópolisforam as partículas (PTS e PI) e o ozônio (O3). No monitoramento da estação Serra Pelada,o ozônio aparece com uma maior significância, seguido das partículas (PTS e PI);

• Para ambas as estações, os níveis de NOx e CO detectados demonstram que os impactosde fontes de combustão (industriais, veiculares e queimadas) ainda são muito pouco signi-ficativos na região. A virtual ausência de SO2 no ar do ambiente monitorado demonstraainda que as poucas fontes de combustão existentes não utilizam combustíveis fósseis con-tendo enxofre.

Pode-se concluir que:

• A região de estudo possui atualmente níveis satisfatórios de qua-lidade do ar para todosos poluentes, com concentrações situadas em patamares inferiores aos padrões de quali-dade do ar vigentes no Brasil;

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 56

Page 57: Projeto Serra Leste

57

• Para as duas campanhas de monitoramento os poluentes da classe das partículas (PTS

e PI) e o poluente ozônio (O3), foram os que apresentaram concentrações com maior

significância em relação aos padrões de qualidade do ar. Para esses poluentes foram

identificadas ocorrências de concentrações com contribuição relativa aos padrões de

qualidade do ar superiores a 12,9%, atingindo um máximo de 32,7% de contribuição, no

caso do PTS (média anual durante a campanha de monitoramento em Curionópolis).

Dentre os poluentes com menor contribuição relativa, destaca-se o dióxido de enxofre

atingindo um valor máximo de 0,1% em Curionópolis. Os demais poluentes (CO e NO2)

apresentaram níveis de contribuição relativa em patamares inferiores a 6,3%.

Ressalta-se novamente que o monitoramento da qualidade do ar ocorreu em um período

com altos índices pluviométricos na região, o que naturalmente conduz a concentrações

mais brandas de partículas e outros poluentes originários prioritariamente de fontes de

combustão como as queimadas.

Para os meses secos do ano, que normalmente ocorrem entre agosto e outubro, é esperado

que as concentrações médias de poluentes atmosféricos na região sejam superiores às

ora apresentadas, tendo em vista o maior potencial de emissão de poluentes, como as

partículas totais em suspensão e partículas inaláveis, fomentada pela reduzida umidade

do solo e outras superfícies. Nas épocas secas é freqüente ainda na região a ocorrência

de queimadas, que além de acrescentar quantidades significativas de partículas na

atmosfera, adicionam ainda gases como o monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio,

alterando significativamente a qualidade do ar da região.

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 57

Page 58: Projeto Serra Leste

10.1.3 Ruídos e Vibrações

10.1.3.1 Objetivos

A identificação dos níveis de pressão sonora

(ruído ambiental) e vibração ambiental na

zona rural no entorno da vila de Serra Pelada,

tem como objetivo conhecer o cenário da

região de inserção do Projeto Serra Leste.

As medições foram efetuadas em ambientes

tipicamente rurais, posicionados entre o

aglomerado de Serra Pelada e o local onde

se pretende implantar o referido projeto.

10.1.3.2 Distribuição de Pontos de

Medições

Os pontos avaliados priorizaram a porção

norte da Área de Influência Direta, onde

localiza-se a vila de Serra Pelada.

Para avaliação dos resultados obtidos

foram considerados as referências estabele-

cidas pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas -ABNT e a Internacional

Eletrothecnical Commission - IEC, Conselho

Nacional de Meio Ambiente - CONAMA e

International Organization for

Standardization - ISO.

10.1.3.3 Resultados

Níveis de Pressão Sonora

A apresentação gráfica dos resultados obtidos,

conforme o Método 01 ou Método 02, utiliza-

dos para a caracterização dos níveis de ruídos

e vibrações na área de inserção do Projeto

Serra Leste podem ser observados através

das Figuras 10.13 e 10.14.

É importante destacar que para o Método 01,

tempo de medição em cada ponto foi de

aproximadamente 10 minutos, tomando

como referência 30 (trinta) valores, eliminando

as interferências. Já para o Método 02, o moni-

toramento foi efetuado diretamente pelo

medidor de pressão sonora sem eliminação

de interferências.

GO_LayoutRelat_10-1 11/08/2006 5:32 PM Page 58

Page 59: Projeto Serra Leste

59

Figura 10.14 Método 02

Figura 10.13 Método 01

10.1.3.4 Conclusão

Conforme resultados obtidos na cam-

panha de monitoramento, verificou-se

que os níveis de pressão sonora nos

pontos onde foram feitas as medições,

estão de acordo com os padrões esta-

belecidos na ABNT NBR 10.151 de

junho 2000 que determina os limites

máximos permitidos. É importante

destacar que os ruídos existentes nos

locais monitorados são única e exclusi-

vamente derivados da natureza. Os

níveis de vibração nos pontos onde

foram feitas as medições, estão abaixo

do limite mínimo para conforto que é

de 0,315 m/s2 de acordo com os

padrões estabelecidos na ISO 2631.

Resultados obtidos - Medição de Ruídos - Projeto Serra Leste

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 59

Page 60: Projeto Serra Leste

60

10.1.4 Recursos Hídricos

10.1.4.1 O Arranjo Hidrográfico

Regional

A região na qual o empreendimento

encontra-se inserido é drenada pela bacia

hidrográfica do Itacaiúnas. A Serra Leste

encontra-se no divisor de águas, representado

por diversos segmentos de relevo que

dividem a rede de drenagem em duas

direções opostas: a oeste para o rio

Parauapebas a leste para o rio Vermelho,

ambos afluentes do rio Itacaiúnas.

Em termos locais, os principais cursos de

água que drenam a região do empreendi-

mento são os rios Sereno e Surpresa, cujas

nascentes se encontram no entorno da

Serra Leste. O rio Sereno, com área de

drenagem de 560 km2, escoa no sentido

nordeste e drena também a porção sudeste

da Serra do Sereno. Após percorrer uma

extensão de 66 km e receber diversos aflu-

entes, deságua na margem esquerda do

rio Vermelho, afluente do rio Itacaiúnas, em

sua margem direita. Por sua vez, o rio

Surpresa, com área de drenagem de

499km, nasce na porção sudoeste da Serra

Leste e, após percorrer uma distância de

57 km, é tributário do rio Parauapebas, em

sua margem direita.

Com relação ao arranjo hidrográfico ao

longo do traçado do acesso entre o local

onde será instalado o beneficiamento do

Projeto Serra Leste e o Pátio de Embarque -

Locação 54, nota-se que um grande conjunto

de afluentes do rio Parauapebas são corta-

dos pela mesma.

Na primeira parte do acesso, a estrada

segue por terras que integram a bacia do

rio Sereno. O canal fluvial do referido curso,

já possui uma ponte na porção norte da

vila de Serra Pelada. Neste percurso a

estrada a ser utilizada já encontra-se

parcialmente implantada.

Um trecho de aproximadamente 24,91 km, a

ser implantado a partir do local onde se

prevê a instalação do portaria do presente

projeto, contornará o açude localizado

frontal à pista de pouso desativada, fará a

conexão com o trecho já existente da estrada

de acesso à Fazenda Miranda e Filhos.Ao transpor a Serra do Sereno, a estradasegue pela bacia do rio Caracol. Por uma

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 60

Page 61: Projeto Serra Leste

61

extensão de aproximadamente 14,70 km, a estrada segue pelo dividorde águas de duas drenagens formadoras do referido rio. Todo estepercurso corresponde a um trecho onde já existe uma boa estradapara uso da propriedade Fazenda Miranda e Filhos que, inclusive,se estende até o pátio de embarque do minério posicionado àsmargens da Estrada de Ferro Carajás.

Ao transpor o rio Caracol, a estrada segue pelo divisor que o separa

das terras que drenam, à direita, para o rio Três Voltas, também

afluente do rio Parauapebas. Através deste divisor que, gradativa-

mente, apresenta um relevo de colinas com altitudes bastante

modestas, a estrada a ser aberta por um segmento de 9,1 km,

alcança-se o local onde o Pátio de Embarque será instalado.

A área por onde se pretende instalar as linhas ferroviárias para as

operações de carregamento no pátio de embarque é marcada

pela presença de canais fluviais dos rios Três Voltas e Caracol.

Ambas encontram-se cortadas pela Estrada de Ferro Carajás-EFC

e por isso são portadoras de estruturas de drenagens do tipo

bueiros onde tal interceptação ocorre.

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 61

Page 62: Projeto Serra Leste

62

O objetivo da avaliação hidrogeológica foi analisar a ocorrência de

água subterrânea na área do projeto, especificamente nos domínios

de instalação das grandes estruturas associadas ao empreendi-

mento, através da identificação das unidades hidrogeológicas e

condições de fluxo subterrâneo na região da lavra e seu entorno

imediato. Para esta etapa foi realizada uma visita ao campo com o

cadastramento de nascentes que ocorrem na área do projeto.

Foi feito um reconhecimento das nascentes no entorno da lavra e

demais estruturas relacionadas ao projeto. Não há no local

medidores de nível d'água ou piezômetros, que pudessem serutilizados para a medição do nível d'água subterrâneo.

Inventário dos Pontos D'água

Na área de inserção da Mina/usina foi realizado o cadastramentono período seco, no mês de outubro de 2005. Foram cadastradas12 nascentes e algumas lagoas e açudes, cujas principais carac-terísticas estão apresentadas na Tabela 10.2. Todos os pontoscadastrados estão identificados na imagem de satélite da área eestão representados na Figura 10.15.

10.1.4.2 Hidrogeologia - Área Diretamente Afetada - ADA e Área de Influência Direta - AID

Figura 10.15

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 62

Page 63: Projeto Serra Leste

63

Tabela 10.2 Cadastramento de pontos d’’água

Pontos

Cadastrados

Coordenadas UTMElev. (m) Vazão (l/s) Descrição

E N

P - 01 651.325 9.340.020 600 - Lagoa perene em meio a canga. Localiza-se na base da colina a ser lavrada.

P - 02 652.803 9.340.422 650 - Açude destinado à dessedentação de animais.

P - 03 653.486 9.340.382 650 - Açude destinado à dessedentação de animais.

P - 04 652.617 9.341.930 430 0.5 Nascente 1 ocorrendo em meio a blocos rolados de canga.

P - 05 650.789 9.341.350 300 0.5Nascente 2. Vereda com ocorrência de nascentes difusas. Observam-se vários blocos rolados e matacões de canga.

P - 06 651.604 9.341.408 350Nascente 3. Ocorre em meio a blocos de quarzito e canga. Na rocha observam-se incrustações ferríferas com hábitus botrioidal.

P - 07 651.764 9.341.429 340 0.6

Pequena cascata com vazão estimada em 6,0 l/s. Devido à difi culdade de acesso não foi possível chegar até a nascente (nº4). Observa-se ao longo do talvegue, afl oramento de quartzito e blocos rolados de conglomerado. Os conglomerados apresentam predominantemente seixos de quartzito, mas também se observa seixos de formação ferrífera e jaspilito.

P - 08 651.615 9.341.526 300 Nascente 5. Ocorre de forma difusa próxima ao contato brusco entre quartzitos e cangas.

P - 09 651.607 9.338.806 550 -Cavidade ocorrendo em afl oramento de canga. O local é profundo e água apresenta coloração azulada. A montante da cavidade não se observa nenhuma drenagem; a água surge de forma brusca. À jusante, a vazão estimada é de 0,2 l/s.

P - 10 651.603 9.338.816 550Nascente 6. Várias surgências ocorrendo de forma difusa, próximas à cavidade. As águas destas nascentes se juntam a jusante das águas que escoam da cavidade.

P - 11 652.158 9.337.774 600Nascente 7. Várias surgências ocorrendo de forma difusa, na base de solo laterítico. O solo é argiloso, cor vermelha e constituído por seixos de formação ferrífera.

P - 12 651.563 9.338.432 550 0.5 Nascente 8 em área de ocorrência de canga.

P - 13 651.805 9.338.992 518Nascente 9. Surgência ocorrendo em furo de sondagem (F90 – nº. 86898, profundidade fi nal 207,10m, cota 518,3).

P - 14 650.363 9.337.606 540 3.0Nascente 10 ocorrendo em meio a vereda, localmente com solo laterítico e ocorrência de blocos rolados de canga.

P - 15 652.326 9.342.776 ~250 0.5 Nascente 11 em meio a blocos rolados de quartzito predominantemente e poucos blocos de canga.

P - 16 652.399 9.342.516 350 0.5 Nascente 12 em meio a solo laterítico, vermelho.

P - 17 653.947 9.341.346 570 -Lagoa/açude. Não foi observada infi ltração desta lagoa no talvegue situado a jusante. No local predomina solo silto-argiloso de cor avermelhada.

P -18 649.854 9.340.374 ~300 20 a 30Trecho de drenagem constituída por solo vermelho de composição laterítica. Não foi possível verifi car a nascente devido à difi culdade de acesso.

GO_LayoutRelat_10-1 8/11/06 12:04 AM Page 63

Page 64: Projeto Serra Leste

64

A distribuição espacial da profundidade

do lençol freático é de grande importân-

cia, para que se façam estimativas, ainda

que primárias dos principais direciona-

mentos do escoamento subsuperficial.

O depósito mineral de Serra Leste está

localizado no divisor hidrográfico de vários

igarapés e, portanto, a região de seu

entorno incorpora parte das cabeceiras

destas drenagens. Os níveis topográficos na

área do projeto variam de cotas mais

baixas, em torno de 300 m até cotas de

aproximadamente 650 m, noalto da Serra.

As características topográficas da área

indicam que o fluxo subterrâneo ocorre

em sentido radial a partir do terço supe-

rior da Serra, como mostrado na Figura

10.15. Nesta figura, o sentido do fluxo,

baseado na conformação do relevo, é

representado pelas setas.

A partir das visitas de campo pôde-se

observar a predominância de solo ver-

melhos e cangas na porção mais plana

da Serra. A capa de canga funciona

como uma cobertura porosa que

recebe a água infiltrada e a redistribui

lentamente. Quando sobreposta a um

maciço mais impermeável essa água

ressurge como nascente.

Condições de Escoamento das Águas Subterrâneas

FIGURA 10.15 Provável Sentido do Fluxo Subterrâneo no Depósito Mineral de Serra Leste.

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Page 65: Projeto Serra Leste

65

10.1.5 Caracterização Geológica

10.1.5.1 Aspectos Geológicos

O conhecimento geológico regional da

Província Mineral de Carajás iniciou-se nas

décadas de 20 e 30 por pesquisadores do

Serviço Geológico e Mineralógico

Brasileiro. Os primeiros reconhecimentos

prospectivos foram feitos a partir de 1933,

por Moraes Rego e Inácio Oliveira que

identificaram, respectivamente, formações

ferríferas ao longo do Rio Itacaiúnas e ocor-

rências de galena/material carbonoso em

São Félix do Xingu e em Rio Fresco (Santos,

1980). Em meados da década de 50 o

conhecimento da região foi impulsionado

principalmente pelo levantamento aerofo-

togramétrico do sudeste do Pará sob

contrato do Departamento Nacional de

Produção. A partir dos anos 60 as litologias

foram agrupadas em unidades estratigráficas,

a partir dos trabalhos de Barbosa et al.

(1966), Ramos (1967) e Almeida et al.

(1968) (in Araújo e Maia, 1991).

No ano de 1966, com a descoberta do

depósito de manganês da Serra do Sereno,

foi desenvolvido um amplo programa de

pesquisa pela United States Steel, com

novas descobertas de manganês em

Buritirama e minério de ferro de Carajás.

Já na década de 70, o avanço do conheci-

mento geológico foi decorrente do incentivo

à pesquisa mineral com participação do

Estado através da CPRM, Projeto

RADAMBRASIL e Projeto Geofísico Brasil-

Canadá (PGBC), principalmente na região

de Carajás. O Grupo CVRD, através de suas

empresas, particularmente pela DOCEGEO,

desenvolveu trabalhos sistemáticos de

pesquisa mineral, confirmando o grande

potencial metalogenético da região de

Carajás. Nas décadas de 80 e 90 inúmeros

trabalhos foram desenvolvidos, não

somente aqueles de interesse prospectivo,

mas também os de cunho científico

através de convênios técnico-científicos

firmados entre a CVRD e entidades e

autarquias de pesquisa e ensino.

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Page 66: Projeto Serra Leste

66

FIGURA 10.16 Provincia Mineral de Carajás

10.1.5.2 Geologia Regional

A Região da Serra de Carajás constitui

uma das mais bem estudadas porções

da região Amazônica, englobando impor-

tantes depósitos de ferro, cobre, ouro e

manganês.

A representação da região está apresenta-

da na Figura 10.16.

10.1.5.3 Geologia Local - Área

Diretamente Afetada

Predominam na área de Serra Leste ocorrem

as rochas da Formação Carajás, caracterizadas

por apresentar rochas ferríferas bandadas.

O forte intemperismo que atua na região pro-

move o capeamento das formações ferríferas

gerando cangas, que sustentam o relevo.

Outros tipos de rochas ocorrem na área

como as lentes de conglomerados em

meio aos quartzitos.

Ocorrem, ainda, rochas vulcânicas com ele-

vadas concentrações de ferro e magnésio

que englobam o corpo de minério, como

mostra a Figura 10.17, que representa a

geologia da futura área de lavra. Ao longo do

traçado da estrada que será utilizada para o

escoamento do minério de ferro, a geologia

mostra-se inicialmente representada por

rochas diversas como gnaisses, além de ter-

renos sedimentares. Ao longo do traçado da

estrada, em seu trecho já existente, é comum

a presença de blocos de gnaisses e rochas

máficas nas imediações da travessia da serra

do Sereno.

Em alguns locais, relacionados a travessia

das drenagens mais importantes, depósi-

tos de sedimentos produzidos por erosão

recente mostram-se presentes.

Apresentam larguras de poucos metros e

por isso não foram mapeadas.

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Page 67: Projeto Serra Leste

67

A Área Diretamente Afetada, à exceção do

trecho da estrada de ligação Mina-Pátio de

Embarque é representada por duas formas

de relevo bem definidas.

A primeira, correspondente ao sítio onde

se desenvolverá a lavra, é representada

pela porção cimeira da serra onde se alo-

jam as jazidas de minério de ferro. Nesta

porção da serra as altitudes variam de 600

a pouco mais de 700 metros de altitude

em relação ao nível do mar

O pavimento desta porção da ADA é repre-

sentado por uma ampla cobertura de frag-

mentos de blocos de dimensõesdiversas,

que representam a camada superior do

minério de interesse para o desenvolvi-

mento do Projeto Serra Leste.

A segunda forma de relevo que caracteriza

a porção da ADA onde se planeja a insta-

lação da planta de beneficiamento e das

demais estruturas de apoio ao empreendi-

mento é representada por uma extensa

área plana sustentada por uma camada de

canga posicionada numa altitude média da

ordem de 600 metros em relação ao nível

médio do mar. Esta forma de relevo inicia-

se na base da primeira, onde se desen-

volveu uma lagoa natural resultante de

processos físicos e químicos.

A Figura 10.18, permite a identificação das

principais formas de relevo ocorrentes na

ADA e AID e analisadas no presente trabal-

ho.

Conforme discutido anteriormente, os

ambientes associados às formações fer-

ríferas tem se constituído em especial foco

de discussão nos últimos anos, ao se tratar

da temática sobre as cavidades naturais.

Importantes levantamentos sistemáticos já

foram realizados e outros encontram-se

em andamento no domínio das formações

ferríferas ocorrentes na porção sul do Pará.

10.1.6.1 Geomorfologia - Aspectos Regionais e Área de Influência Indireta

A região da Serra dos Carajás encontra-se inserida no Domínio das Terras Baixas

Florestadas da Amazônia, já nas proximidades da faixa de transição para o Domínio

dos Cerrados, posicionado mais ao sul, conforme Ab'Sáber (1973).

Segundo Ab'Sáber (1986), a “geomorfologia da área oriental da Amazônia, onde se

desenvolve o Projeto Carajás e o Projeto Serra Leste, é toda ela constituída por grandes

extensões de terras baixas colinosas - tabuleiros, baixos platôs, colinas ligeiramente

mamelonares...”

10.1.6.2 Geomorfologia - Área Diretamente Afetada - ADA e Área de Influência

Direta - AID

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Page 68: Projeto Serra Leste

68

FIGURA 10.18

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Page 69: Projeto Serra Leste

69

Significativo número de cavidades já foram mapeadas associadas ao conjunto das minas da

serra Norte, como também muito representativa tem sido a quantidade de cavernas associ-

adas ao domínio espacial da serra Sul. Em muitos casos, os estudos relacionadas à bioespele-

ologia contratados pela CVRD, já produziram informações bastante completa sobre estes

ambientes. Levantamentos topográficos, análises geoquímicas e estudos taxonômicos já

geraram uma base inicial de dados que encontra-se em contínua ampliação para toda a

região sulparaense onde a CVRD vem desenvolvendo suas atividades.

Na Área Diretamente Afetada e Área de Influência Direta do Projeto Serra Leste, os levan-

tamentos preliminares produzidos pelo Instituto Ambiental Vale do Rio Doce - IAVRD

resultaram na identificação de noventa e seis cavidades confirmando, novamente, o franco

desenvolvimento dos processos morfogenéticos associados às litológias ferríferas, pro-

duzindo feições específicas ocasionando a formação de modelados não somente superfi-

ciais, mas, feições subterrâneas que a pouco começaram a ser mais detidamente investi-

gadas cientificamente no Brasil.

Os levantamentos realizados pelo IAVRD na área de inserção do Projeto Serra Leste, além

de fornecer o posicionamento das cavidades, também informam a dimensão das mesmas.

A localização das cavidades em mapa, seu posicionamento em relação às principais estru-

turas do Projeto Serra Leste, como também as dimensões das mesmas pode ser visualiza-

da na Figura 10.19.

As cavidades identificadas durante os levantamentos do Projeto Serra Leste estão sendo

detalhadas em estudos bioespeleológicos, a exemplo dos procedimentos de investigação

que estão sendo apresentados ao IBAMA relativos a levantamentos em outras áreas

inseridas na região da Serra de Carajás.

É importante observar, conforme mostra o Figura 10.20, que todo o arranjo de desen-

volvimento do empreendimento foi concebido de forma a priorizar a preservação das

cavidades, tentando-se afastar o máximo possível do raio mínimo de proteção estabelecido

que é de 250 metros.

Tal obejtivo não foi possível apenas para a abertura da estrada de acesso para a cava

oeste, onde o afastamento em relação à abertura das cavidades está compreendida entre

110 e 130 metros. As cavidades desenvolvidas em canga não são dotadas de espeleo-

temas de grande desenvolvimento. Os resultados obtidos até o momento evidenciam a

ocorrência de feições da ordem de centimentros, menos sujeitas, portanto aos efeitos de

vibrações com a facilidade que os são aqueles formados em ambientes de rochas car-

bonáticas de dimensões muito significativas. Além disso, as cavidades posicionam-se há

algumas dezenas de metros abaixo da superfície do solo, onde se pretende a instalação

do pequeno acesso que fará a conexão entre as cavas.

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Page 70: Projeto Serra Leste

70

É importante ressaltar que os caminhões que serão utilizados no transporte do minério

da cava oeste até o beneficiamento não serão os do tipo fora-de-estrada. São caminhões

rodoviários com capacidade de transporte de até 28 toneladas, fato que reduz substan-

cialmente a intensidade de vibração.

No trecho referente ao caminhamento da estrada que liga a Planta de Beneficiamento do

minério até a Pátio de Embarque junto à EFC, as feições geomorfológicas mostram-se as

mais distintas.

Aquela portadora de maior singularidade é a Serra do Sereno. Está unidade de relevo já

encontra-se cortada por uma estrada que deverá ter seu piso adequado para o fluxo de

transporte previsto com o presente empreendimento.

O restante da área é dominado por colinas baixas e vales muito abertos portadores de

ambientes do tipo várzeas.

As drenagens fluviais que serão cortadas pela estrada possuem calhas estreitas e não

demandam estruturas ou intervenções importantes para sua travessia. De toda forma

estão previstos cerca 66 pequenos bueiros ao longo da estrada e duas pontes, uma sobre

o rio Caracol com cerca de 15 metros de extensão e outra sobre o rio Sereno com cerca

de 55 metros de comprimento.

Os procedimentos adotados para a intervenção nestas áreas, reconhecidas também

como áreas de preservação permanente, independentemente do seu status ambiental,

serão detalhados no Plano de Controle Ambiental pertinente a este licenciamento.

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Page 71: Projeto Serra Leste

71

FIGURA 10.19

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Page 72: Projeto Serra Leste

72

FIGURA 10.20

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Page 73: Projeto Serra Leste

73

Segundo Brasil (1974)1 , com atualizações

baseadas em EMBRAPA (1999)2 , na área

de influência indireta do Projeto Serra

Leste, ocorrem as unidades de solo PB3,

PB5, R2, R6 e LV9. Nestas unidades ocorrem

as seguintes classes de solos:

PB3 - Argissolo Vermelho-Amarelo

argiloso concrecionário plíntico, Neossolo

Litólico, e Cambissolo distrófico com textura

indiscriminada todos distróficos em relevo

suave ondulado a ondulado.

• PB5 - Argissolo Vermelho-Amarelo

argiloso e Neossolo Litólico, ambos distróficos

em relevo forte ondulado.

• R2 - Neossolo Litólico distrófico e

Afloramento de Rochas em relevo monta-

nhoso e escarpado com áreas aplainadas.

• R6 - Neossolo Litólico distrófico em relevo

forte ondulado e Latossolo Vermelho

Amarelo distrófico argiloso em áreas

aplainadas.

• LV9 - Latossolo Vermelho-Amarelo

distrófico textura média, com Solos

Concrecionários Lateríticos3 e Neossolo

distrófico em relevo suave ondulado a

forte ondulado.

10.1.7 Solos e Aptidão Agrícola

10.1.7.1 Abordagem Regional e a Área de Influência Indireta

1- BRASIL. República Federativa do Brasil. Ministério das Minas e Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL, Folha SB 22Araguaia e parte da Folha SC 22 Tocatins, Rio de Janeiro, 1974. (Levantamento de Recursos Naturais, 4).2 - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA-CNPS. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, Brasília. 1999. 412p.3 - A classificação refere-se ao antigo Sistema de Classificação, atualmente alguns destes solos podem ser classificados comoPlintossolo Pétricos distróficos.

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Page 74: Projeto Serra Leste

74

As principais características de cada classe de

solo, juntamente com algumas observações

quanto aos locais de ocorrência e dados de

potencial agrícola são descritos a seguir:

• Argissolo Vermelho Amarelo

São solos em sua maioria, de fertilidade

baixa e de textura argilosa, que apresentam

seqüência de horizontes do tipo A, B, e C,

cuja espessura excede 200cm, e com

pronunciada diferenciação entre o A e o B.

Os solos que constituem esta unidade

apresentam-se bem drenados, ácidos e

com erosão laminar e em sulcos de ligeira

a moderada.

Quanto à vegetação, a comumente encontrada

nestes solos é a de floresta mista de babaçu

e de floresta perenifólia pluvial tropical.

Os relevos dominantes são o suave ondulado

e ondulado, com morros em meia laranja

com rampas curtas.

A exposição desse solo, pela retirada da

cobertura vegetal deve ser criteriosa a fim

de evitar uma intensificação descontrolada

da erosão.

No que se refere ao potencial agrícola estesolo pode ser utilizado para lavoura, masde forma restrita, sendo que a maior limi-tação é a baixa fertilidade e à maiorsuscetibilidade à erosão, relacionada àmudança textural, e conseqüentediminuição da taxa de infiltração do hori-zonte A para o B. Quando sob relevo maisíngreme o problema se agrava e há maiorlimitação para utilização agrícola.

• Neossolo Litólico

São solos pouco desenvolvidos, bastanterasos, de textura variável e no caso da áreaem estudo, de baixa fertilidade em funçãoda rocha que os origina e da lavagem pelainfiltração da água, processo típico da região.

São encontrados em áreas de relevo forteondulado (20-45% de declive), montanhoso(45-75% de declive) e escarpado (mais de75% de declive), geralmente sob vegetaçãoarbórea. Na área em estudo, foram encon-trados também em áreas de relevo plano.

Para estes solos não há nenhum tipo depossibilidade de uso agrícola, pois a baixa fertilidade, a pouca espessura do solo, e o

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Page 75: Projeto Serra Leste

75

relevo movimentado nas áreas de ocorrênciaimpede qualquer tipo de uso..

• Cambissolo

Os processos de formação destes solos já

modificaram ou alteraram bastante o material

originário, desenvolvendo estrutura, se a

textura assim o permitir.

Ocorrem normalmente em áreas de relevo

ondulado (8-20% de declive) ou suave

ondulado (3-8% de declive) sob vegetação

de floresta.

Na área em questão, estes solos possuem

fertilidade associada às rochas que os

formaram, que não possui grandes reservas

de nutrientes. Além disso, o regime de

chuvaslocal, bastante intenso, aumenta

a taxa de infiltração e lavagemdos solos,

empobrecendo-os.

São solos que possuem seqüência de hori-

zonte A, B e C, tendo o A geralmente

pequena espessura, podendo estar

ausente em áreas de declive acentuado,

devido à ação erosiva.

Os Cambissolos podem ser utilizados para

pastagem, mas deve-se respeitar a capacidade

suporte destes solos, pois como se carac-

terizam como rasos e ocorrem em áreas

mais declivosas, o sobrepastoreio pode

aumentar significativamente o processo

erosivo, levando a perda quase completa

do horizonte A. Além disso, esse solo também

é pobre em nutrientes.

• Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico

São solos profundos comfertilidade natural

baixa. Possuem perfil do tipo A, B e C, friável,

bastante poroso, permeável com estrutura

granular, sendo esta uma das características

para a classificação desta unidade.

São encontrados em relevo plano (0-3% de

declive) e suave ondulado (3-8% de declive),

sob vegetação de floresta e de cerrado.

Estes solos podem ser utilizados para agri-

cultura, sendo que a maior limitação é a

baixa fertilidade dos solos

• Solos Concrecionários Lateríticos

São solos que por não possuírem interesse

agrícola. Ocupam áreas de relevo suave

ondulado a forte ondulado, sob vegetação

de floresta ou cerrado.

São solos medianamente profundos, forma-

dos por uma mistura de partículas mineralógi-

cas finas (argila, silte e areia) e concreções

de diversos diâmetros, que na maioria dos

casos representam o maior volume da

massa do solo.

O horizonte A possui espessura média em

torno de 20 cm e apresenta-se escurecido

pela matéria orgânica.

Não há nenhum tipo de possibilidade de

uso agrícola, pois a baixa fertilidade e a

ocorrência acentuada de concreções lateríticas

impede qualquer tipo de uso.

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Page 76: Projeto Serra Leste

76

10.2 MEIO BIÓTICO

Á área do Projeto Serra Leste pode ser dividida em áreas florestais e não florestais, estandonessa última as áreas de vegetação sobre canga (savana metalófila), a qual se apresentana Área de Influência Direta – AID e Área Diretamente Afetada – ADA, do Projeto SerraLeste, caracterizando-se por ocorrer em partes mais altas de algumas serras. Em toda aárea do Projeto Serra leste predominam pastagens formadas por capim “brachiarão”.Encontra-se algumas áreas onde inicia-se o processo de regeneração da vegetação nativa,chamados de juquiras. A vegetação nativa remanescente resta apenas em fragmentosisolados em meio às pastagens. Observa-se algumas grandes árvores remanescentes dafloresta original.

Pastagem formada por braquiarão, existente em toda a área do Projeto Serra

Leste

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FIGURA 10.21: Juquira em estágio avançado de regeneração.

FIGURA 10.23: Vegetação característica de Savana Metalófila

FIGURA 10.22: Árvore de grande porte de

angelim , remanescente da floresta original

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Page 78: Projeto Serra Leste

78

FIGURA 10.24: Riacho de pequenasdimensões no interior da mata

FIGURA 10.25.: Lagoa sobre canga,com gado pastando em suas margens

Na AID existem pequenos cursos d’água de cabeceira de pequenas dimensões

(largura e profundidade), muitos deles, no todo ou em parte, não fluem o ano todo.

Observa-se pastoreio de gado em quase toda a ADA e grande parte da AID.

Pequenos lagos e brejos naturais e pequenas barragens construídas por fazendeiros

encontram-se presentes na área do projeto.

Com relação ao empreendimento, duas áreas de florestas merecem destaque. A

primeira delas corresponde a um pequeno remanescente localizado nas

proximidades da cava oeste e a segunda localiza-se nas imediações do pátio de

embarque, mais especificamente em seu quadrante leste.

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Page 79: Projeto Serra Leste

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10.2.1 Flora e Vegetação Terrestre

Os levantamentos de Flora da ada do

Projeto Serra Leste indicam a presença

de 37 espécies de plantas, nas áreas de

capões arbóreos, conforme apontado

na Tabela 10.1. Nas áreas de canga

foram encontradas 40 espécies.

TABELA 10.1COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DOS CAPÕES ARBÓREOS

Nome Vulgar

Orelha-de-negro Louro-amarelo Burra-leiteita Tatapiririca

Ingá-vermelho Itaúba Paricarana Envira-preta

Mimosa-da-canga Matá-matá-vermelho CumarúAraracanga

Cumatê Matamatá-branco PassarinheiraSucuba

Murta Muruci Uxirana Bacaba

João-mole Miraúba Lacre Pará-pará

Tachi Ajará SupiaranaFreijó-branco

Tamanqueira Marupá UvaranaAmarelão

Abiu da canga Acácia BacuriranaEmbaúba-bran-

ca

Abiu-rosadinho

Nome Vulgar

Capim elefi de Canela de jacamim Mucuna da Canga Caju-da-canga

Paspalum Murici da Canga Lírio Tatapiririca

Maria-preta Malva Canela de Ema Antúrio

Laranjinha Rabo de Arara Sobralia Aspila

Abiu da Canga Quaresmeira Maniva de viado Vernonia

Ajará Mimosa acutistipula Murta Cipó

Burra leiteira Apuí Erva da canga Ipê da Canga

Clitória Pitanga João-moleAbacaxi-de-ra-

posa

Crotalária Cumatê Pau-de-cobraPata de Vaca da

Canga

Ipomea Supiarana Camuça Embaúba-branca

ESPÉCIES AMOSTRADAS NA VEGETAÇÃO DE CANGA DE SERRA LESTE,

CARAJÁS/PA -10.2.2

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Page 80: Projeto Serra Leste

80

Fauna

10.2.2.1 Herpetofauna (Cobras,

Lagarto, Rãs,Sapos)

Os levantamentos da fauna de anfíbios e

répteis da área do Projeto Serra Leste foi

feita em ambientes às margens de riachos,

em trilhas abertas em meio à mata e ao

redor da lagoa de canga existente na AII do

projeto. Entrevistou-se também moradores

da região buscando-se informações da

herpetofauna ocorrente na área.

Foram relacionadas 12 espécies de

anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas),

sete espécies de serpentes, quatro de

lagartos, uma de teiú e uma de jacaré

para a ADA do empreendimento.

Encontrou-se na ADA/AID do Projeto Serra

Leste exemplares da ranzinha da espécie

Pseudopaludicola canga, espécie que só

ocorre em ambientes de canga.

Chironius scurrulus Bufo marinus

Leptodactylus ocellatus

Hypsiboas multifasciatus Scinax ruber

Dendropsophus marmoratus

ESPÉCIES DE HERPETOFAUNA AMOSTRADA EM SERRA LESTE

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Page 81: Projeto Serra Leste

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Ninho de espuma contendo desova

de Physalaemus cuvieri

Macho de Physalaemus cuvierivocalizando

Phyllomedusa hypocondrialis

Polychrus marmoratus

Amplexo de Scinax fuscovarius

Tropidurus oreadicus Mastigodryas boldaert

FIGURA 10.26 Mosaico deImagens da Herpetofauna

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Page 82: Projeto Serra Leste

82

10.2.2.2 Avifauna ( AVES )

A avifauna da região do Projeto Serra Leste foi amostrada em

diferentes ambientes, no início das manhãs e fins de tarde. O

método utilizado foi a observação, o que possibilitou a

identificação das aves sem que se capturasse nenhum indivíduo.

Em geral, a composição da paisagem da ADA e AID é um mosaico

de ambientes florestais, campestres, úmidos e

rochosos e favorece a manutenção de uma alta riqueza de aves,

sendo registradas 200 espécies.

Quinze espécies de aves foram encontradas em período

reprodutivo, conforme dados apresentados na Tabela 10.3.

TABELA 10.3 ESPÉCIES DE AVES DO PROJETO SERRA LESTE ENCONTRADAS EM PERÍODO REPRODUTIVO

Espécie Observações

Rabo-branco-rubro Com ninho ativo no teto de palhoça

Arapaçu-de-garganta-amarela Com ninho ativo em oco de árvore seca

Choca-bate-cabo Fêmea com 2 ovinhos em ninho ativo

Papa-taoca Ninho ativo com 2 ovinhos

Ferreirinho-pintado 3 ninhos ativos ao lado de vespeiro

Ferreirinho-estriado Com ninho ativo ao lado de vespeiro

Bem- te-vizinho-de-asa-ferrugínea Com ninho ativo

Japu-preto Com 3 ninhos ativos em árvore alta

Andorinhão-de-coleira Com ninho ativo no teto de palhoça

Bacurau-negro Casal com fi lhotinho começando a voar

Bem-te-vi-rajado Com ninho ativo

Sabiá-barranqueiro Com ninho ativo com 2 ovinhos

Xexéu Com raminho no bico para confeccionar ninho

Quiri-quiri Com raminho no bico para confeccionar ninho

Andorinha-doméstica-grandeCom ninho ativo em grutinha sob a estrada, com poço d’água, junto a outros ninhos ativos de an-dorinhões (Apodidae)

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Page 83: Projeto Serra Leste

83

Três espécies que só ocorrem na região de ameaçadas de extinção foram encontradas na

área do Projeto Serra Leste: Jacamim-de-costas-verdes, udu-de-coroa-azul, arapaçu-pardo.

Sete espécies localmente raras também foram encontradas: anambé-branco-de-rabo-preto,

jacu-de-cocuruto-branco, jandaia-de-testa-vermelha, pato-do-mato, falcão-peregrino,

sabiá-ferrugem, maçarico-solitário.

Jacu-de-cocuruto-branco (Penelopepileata), (Autoria: Leonardo Vianna da

Costa e Silva).

Gemedeira (Leptotila rufaxilla), (Autoria:

Luzimara Fernandes Silva Brandt).

Fêmea de pipira-preta (Tachyphonus

rufus), (Autoria: Luzimara Fernandes Silva

Brandt).

Curiango (Nyctidromus albicollis),(Autoria: Luzimara Fernandes Silva

Brandt).

Quiri-quiri (Falco sparverius (Autoria:Luzimara Fernandes Silva Brandt).

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Page 84: Projeto Serra Leste

84

Pula-pula (Basileuterus culicivorus),

(Autoria: Luzimara Fernandes Silva

Brandt).).

Bico-de-agulha-de-rabo-vermelho

(Galbula ruficauda (Autoria: Luzimara

Fernandes Silva Brandt).

Maracanã-nobre (Diopsittaca nobilis),

(Autoria: Luzimara Fernandes Silva

Brandt).

Indivíduos imaturos do gavião-bom-

bachinha (Falco femoralis) (Autoria:

Carlos Eduardo Alencar Carvalho).

Japacamim (Donacobius atricapillus),

(Autoria: Luzimara Fernandes Silva

Brandt).

Macho imaturo de tesourão

(Eupetomena macroura (Autoria:

Luzimara Fernandes Silva Brandt).

Macho imaturo de tesourão

(Eupetomena macroura (Autoria:Luzimara Fernandes Silva Brandt).

Sebinho-de-olho-de-ouro (Hemitriccus

margaritaceiventer),(Autoria: LuzimaraFernandes Silva Brandt).

Macho imaturo de tiziu (Volatinia jacari-

na), (Autoria: Luzimara Fernandes SilvaBrandt).

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Page 85: Projeto Serra Leste

85

A ocorrência de constantes desmatamentos e queimadas e a

intensa caça clandestina podem ser os principais eventos a

afetarem as populações de todas estas espécies, levando à sua

escassez regional. Deve-se ressaltar que ações predatórias foram

diariamente flagradas em campo, estando os caçadores portando

armas de fogo e embornais repletos de animais silvestres abatidos.

Foi ainda comum encontrar armadilhas (arapucas e gaiolas) e

cevas, visando a captura das aves. É, inclusive, intenso o

fornecimento de exemplares de aves, em grande número, para

vendas clandestinas em outros municípios, tanto paraenses,

quanto de outras regiões do Brasil. Entre elas, o curió,

especialmente, vem desaparecendo na região de estudo, por ser o

principal alvo local de coletas clandestinas de exemplares. .

10.2.2.3 Mastofauna ( Mamíferos)

A presença de mamíferos na área foi identificada através de entre-

vistas com moradores, capturas e coletas de exemplares e pela

observação de sinais, como pêlos, fezes, pegadas ou sons emitidos

(vocalizações). Trinta e quatro espécies de mamíferos foram levan-

tadas na área do Projeto Serra Leste, conforme a Tabela 10.4.

TABELA 10.4.RELAÇÃO DE MAMÍFEROS DA ÁREA

Nome Vulgar Forma de Registro Nome Vulgar Forma de Registro

Gambá, mucuraEntrevistas, armadilha fotográfi ca

Jaguatirica Entrevistas

Catita Entrevistas Gato maracajá Captura

Preguiça Entrevistas Onça parda, onça preta Entrevistas

Tamanduá mirim Entrevistas Onça parda, suçuarana Entrevistas

Tatu do rabo moleEntrevistas Irara, papa mel Entrevistas

Tatu galinha pequeno Entrevistas Furão Entrevistas

Tatu canastra Entrevistas Coati Entrevistas

Sauim Entrevistas Guaxinim, mão pelada Entrevistas

Bugio, guariba, capelão Entrevistas Anta Vocalização

Zogue-zogue, sauá Pegadas Queixada, porco do mato Entrevistas

Macaco prego Entrevistas Caititú Entrevistas

Cuxiú Entrevistas Veado mateiro Entrevistas

Macaco de cheiro, mão dourada Visualização Rato do mato Entrevistas

Macaco da noite CapturaOuriço caixeiro, porco, espinho

Entrevistas

Raposa Entrevistas

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Page 86: Projeto Serra Leste

86

Nome Vulgar

Tatu canastra

Caxiú

Gato maracajá

Onça, onça pintada

Das espécies que ocorrem na área do

Projeto Serra Leste, quatro aparecem na

lista de animais ameaçados de extinção no

Estado do Pará, lançada pelo IBAMA/MMA

(2003), conforme consta na tabela 10.5.

Nenhuma dessas espécies foram

encontradas diretamente ou seus vestígios

durante os levantamentos, tendo sido

citadas durante as entrevistas com a

população.

Por apresentarem problemas deidentificação, foram coletados e enviados

para identificação precisa, um espécimede rato da espécieProechimys sp (ratos). eum da espécie Bolomys lasiurus (ratos).Este último foi o único mamífero

registrado na savana metalófila.

TABELA 10.5RELAÇÃO DE MAMÍFEROSAMEAÇADOS DE EXTINÇÃO DAÁREA

FIGURA 10.28 Mosaico de Imagens de

Mamíferos

Cuíca Marmosops parvidens

Rato Bolomys lasiurus,

Rato Proechimys sp.,

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Page 87: Projeto Serra Leste

87

10.2.2.4 Ictiofauna ( Peixes)

A ictiofauna foi amostrada em

pequenos riachos e igarapés, com

pequena largura e profundidade, que

na sua maioria são intermitentes (secam

ao longo do ano) e também na lagoa

sobre canga presente na AID do Projeto

Serra Leste

Na ADA/AID do Projeto Serra Leste

foram encontradas dez espécies de

peixes. Observa-se que apenas a cará

(Laetacara curvicep)s foi encontrada na

lagoa sobre canga.

Para as amostragens de peixes, utilizou-

se rede de arrasto tipo picaré com

malha 2,5 cm, rede de arrasto de tela

mosquiteira com malha 2 mm, peneiras,

tarrafa com malha de 3 cm e um

pequeno covo (jequi), além de redes de

emalhar, na lagoa sobre canga.

Excetuando-se o trairão ou tariputanga,

todas as espécies encontradas são de

pequeno porte, em razão dos

ambientes apresentarem pequenas

dimensões.

FIGURA 10.29 Aspecto típico dos ambientes de coleta emriachos ou igarapés

FIGURA 10.30: Lagoa em Ambiente sobre Canga (AID)

amostrada para ictiofauna

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Page 88: Projeto Serra Leste

88

FIGURA 10.31 Mosaico de Imagens de Peixes

Aequidens aff. tetramerus Ancistrus sp

Creagrutus aff. britskii Cteniloricaria sp.

Hemigrammus aff. lunatus Hoplias gr. lacerdae

Laetacara curviceps Micropoecilia sp.

A presença de pequenos crustáceos,

como camarões e caranguejos, em

alguns cursos d’água de interior de

mata (figura 10.32) demonstra que os

ambientes possuem boa qualidade

ambiental.

FIGURA 10.32 Caranguejo

coletado em córregos da AID

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Page 89: Projeto Serra Leste

89

10.2.2.5 Qualidade de Águas e Aspectos Limnológicos

Qualidade de Águas

A qualidade de águas na área do Projeto Serra leste foi avaliada

mediante coletas realizadas na bacia do Rio Sereno, durante a

estação chuvosa. Avaliou-se a qualidade de águas tendo como

referência a Resolução CONAMA 357/05. Os resultados aparecem

nos gráficos que se seguem, acompanhados de um breve

comentário.

GRÁFICO 10.1: pH

A presença de um curral próximo ao ponto AS01, do qual foram carreadas fezes pela água de chuva, podem ter alterado o pH.

GRÁFICO 10.2: Turbidez

As chuvas ocorridas no momento da coleta podem ter ocasionado um aumento na turbidez nos pontos AS04, AS05 e AS06.

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Page 90: Projeto Serra Leste

90

GRÁFICO 10.3 Cor

GRÁFICO 10.4 Manganês Total

Ferro e manganês apresentam as mesmas causas para não-conformidades. Para os pontos AS02, AS04 e AS06, as condições geológicas

determinaram as não-conformidades, já para o ponto AS05, a drenagem das águas da cava de Serra Pelada parecer ser a razão dos resultados.

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Page 91: Projeto Serra Leste

91

GRÁFICO 10.6 Oxigênio Dissolvido – OD

GRÁFICO 10.7 Coliformes Fecais

A relação entre baixo Oxigênio Dissolvido e alto índice de

Coliformes Fecais indica a contaminação das águas por

esgotos domésticos. Vale ressaltar que não existem sistemas

de coleta e tratamento de esgotos na região, sendo estes

lançados em fossas negras ou diretamente nos cursos d’água.

GRÁFICO 10.8 Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO

Os baixos valores de DBO, embora dentro dos limites legais

em quase todos os pontos a despeito dos valores de OD eColiformes Fecais indicarem a contaminação das águas poresgoto doméstico, não sugerem essa comunicação.

Acredita-se ter havido erro em uma das fases de coleta /armazenamento / análise das amostras. Espera-se obtençãode dados confiáveis durante o monitoramento a ser execu-tado ao longo da vida útil do empreendimento.

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Page 92: Projeto Serra Leste

92

10.3 Meio Socioeconômico

10.3.1 -Formação Socioeconômica

A forma como formaram os municípios da Área de Influência

Direta do Projeto Serra Leste, Curionópolis, e da Área de Influência

Indireta, Marabá e Parauapebas, tem refle-xos na dinâmica socioe-

conômica dos dias atuais. A mineração foi a responsável pela

emancipação dos municípios de Curionópolis e Parauapebas.

A implantação dessa atividade fez parte de um conjunto de inicia-

tivas do governo federal que tinha como objetivo a ocupação do

território amazônico. Também fizeram parte desse conjunto de

iniciativas a abertura de estradas (tanto rodovias, como a ferrovia

Ferro Carajás) e a instalação da usina de geração de energia de

Tucuruí. Além disso, houve incentivos para a implantação de

indústrias e de atividades como a extração de madeira e a

agropecuária.

Curionópolis é um caso a parte, pois a atividade que se instalou

nesse município foi a garimpagem, que teve como características

específicas o uso intensivo de mão de obra e a forma desigual de

relação entre garimpeiros, “donos de cava” e compradores do pro-

duto extraído.

Durante a década de 80 foi muito marcante a imagem do

“formigueiro humano” em que se constituiu o garimpo de

ouro de Serra Pelada. O sonho de enriquecimento fácil e

rápido atraiu um grande contingente populacional para essa

área. Entretanto, as condições cotidianas do garimpo

contrastavam fortemente com a sonhada melhoria das

condições de vida.

O resultado das ações federais foi a rápida ocupação do território

de Marabá, Parauapebas e Curionópolis. A população estabeleceu-

se, sobretudo, em área urbana, que, no geral, não recebeu investi-

mentos suficientes para garantir o adequado assentamento dessa

população. Em 2005, a taxa de urbanização da população de

Marabá e Parauapebas ultrapassa os 80%; em Curionópolis, essa

taxa é menor, 70%. A figura 10.3.1 mostra a distribuição da popu-

lação nos municípios citados.

A cidade de Marabá foi fundada no início do século XX. Mas, devi-

do à baixa ocupação da região, essa cidade era apenas pequeno

aglomerado urbano. No ano de 1970 a população de Marabá era

de, aproximadamente, 24 mil habitantes; em 2005, essa população

saltou para cerca de 196 mil habitantes. Ou seja, em 35 anos, a

população cresceu 8 vezes o seu tamanho original. Isso resultou

em uma de uma das maiores taxas de crescimento do Brasil, o que

é perfeitamente compatível com a consolidação da abertura dessa

região para a ocupação humana.

Parauapebas foi, juntamente com Curionópolis, emancipada de

Marabá em 1988. O Censo Demográfico de 1991 registrou uma

população de 53 mil habitantes. A mesma fonte registrou, em

2005, uma população de 92 mil habitantes, o que significa quase a

duplicação da população num intervalo de tempo de 14 anos.

Ressalte-se que antes mesmo da emancipação, já havia um

número considerável de pessoas que haviam se instalado nas

proximidades do portão de acesso ao projeto minerário de Ferro

Carajás. Foi essa aglomeração que deu origem ao núcleo urbano

de Parauapebas, que, mais tarde, tornou-se a sede do município

de mesmo nome.

Conforme dito anteriormente, Curionópolis foi fundada a partir do

garimpo de Serra Pelada. O núcleo urbano, mais tarde transforma-

do em sede municipal, foi fundado à margem da rodovia PA-275 e,

inicialmente, era apenas um apoio à vila de Serra Pelada, que havia

sido constituída junto ao garimpo. O estabelecimento de dois

núcleos distintos (figura 10.3.2) em torno da atividade de garim-

pagem em Serra Pelada tem como motivos: a localização da cava

em área de acesso difícil, quase que isolada dos principais núcleos

urbanos da região, e a proibição da entrada de pessoas não auto-

rizadas no garimpo. Dessa maneira, foi no núcleo de Curionópolis,

que à época era chamando de km30, onde se estabeleceram os

familiares dos garimpeiros, os migrantes recém-chegados, que

esperavam autorização para trabalhar no garimpo, e as atividades

de apoio, tais como bares, agências bancárias e pensões.

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Page 93: Projeto Serra Leste

93

Figura 10.3.1 - Núcleos Urbanos da Área de Influência Direta do Projeto Serra Leste

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Figura 10.3.2 - Municípios da empresa de Inserção do Projeto Serra Leste - PopulaçãoTotal e Índice de Desenvolvimento Humano.

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Page 95: Projeto Serra Leste

95

10.3.2 Dinâmica Populacional

Dados não oficiais estimam que a popu-

lação dessas localidades chegou a atingir

80 mil habitantes no auge da exploração

de Serra Pelada, entre os anos de 1983 e

1986. Em 1991, dados do Censo registram

uma população menor, de cerca de 39 mil

habitantes; em 2005, a população é ainda

menor, cerca de 15 mil habitantes.

Portanto, ao contrário dos municípios da

Área de Influência Indireta, a população de

Curionópolis diminuiu entre 1991 e 2005,

chegando a menos da metade no final do

período analisado. Os gráficos 10.3.1 e

10.3.2 mostram a dinâmica populacional

em Marabá, Parauapebas e Curionópolis

entre 1970 e 2005.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico (1970, 1980, 1991 e 2000), Contagem Demográfica (1996) e Estimativa (2005).

Fonte: IBGE, Censo Demográfico (1970, 1980, 1991 e 2000),Contagem Demográfica (1996) e Estimativa (2005).

GRÁFICO 2 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA E RURAL DE 1970 A 2005

GRÁFICO 10.3.1 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO TOTAL DE 1970 A 2005

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Page 96: Projeto Serra Leste

96

10.3.3 Emprego

Parauapebas empregava 17.178 trabalhadores com carteira em dezembro de 2004. O cruzamento dos dados entre a população com emprego formal e população economi-camente ativa (PEA) mostra que aproximadamente 56% da PEA de Parauapebas encontra-va-se empregada com registro em carteira. Esse percentual pode ser considerado elevadoquando comparado com os outros municípios: 50% em Belém, 33% em Marabá e 18%em Curionópolis. Ver tabelas 10.3.1 e 10.3.2.Esse elevado percentual de emprego formal em Parauapebas é em parte reflexo da par-ticipação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) no mercado de trabalho local, istoporque além de manter apenas mão-de-obra formal, os fornecedores e prestadores deserviços da CVRD acabam sendo induzidos a também manter.

A participação da indústria extrativa no emprego de Parauapebas é de 11%, a indústria daconstrução civil chega a 21% do emprego, no entanto o maior empregador é o setorpúblico, com 28,6%. Merece destaque o elevado número de pessoas empregadas no segmento de prestação de serviços imobiliários (incorporação, vendas, locação etc.):12.139 trabalhadores, na Tabela 10.3.2. esse dado está agrupado com o segmento deintermediação financeira. Esse elevado índice de emprego se deve à significativa partici-pação da indústria da construção civil em Parauapebas, o que também pode estar rela-cionado às atividades da CVRD na região.

Em Marabá, 36% dos 22.000 trabalhadores com registro em carteira está no grupo “comér-cio, alojamento, alimentação, transporte e comunicações”. A quantidade de trabalhadores

no comércio é inferior apenas ao observado na capital e em Ananindeua. A indústria detransformação absorve 21% da mão-de-obra formal, ou 4.569 trabalhadores (o quarto

município do Pará que mais emprega nesse setor).

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Page 97: Projeto Serra Leste

97

Estado do Pará

e Municípios

Agricultura, Pecuária, Silvicul-

tura e Pesca

Indústrias Extrativas

Indústrias de

Transformação

Eletricidade,

gás e água

Construção

Civil

Curionópolis 780 0 53 2 9

Parauapebas 191 1.903 44728

3.618

Ourilândia do Norte171

63 1260 0

Canaã dos Carajás 191 0 922

353

Eldorado dos Carajás 53 0 178 1 0

Marabá 1.280 107 4.569 290 812

Belém 2.517 58 15.051 2.467 11.498

Pará 31.510 4.432 86.047 4.517 29.774

Estado do Pará

e Municípios

Comércio, aloja-mento, alimentação,

transporte, comunicações

Intermediação fi nanceira, segu-

ros, atividades imobiliárias

Administração

Pública, defesa e

seguridade

social

Educação,

Saúde e outros

serviços

TOTAL

Curionópolis 61 4 308 19 1.236

Parauapebas 2.900 2.191 4.899 981 17.158

Ourilândia do Norte 65 0 555 74 1.054

Canaã dos Carajás 266 91 533 84 1.612

Eldorado dos Carajás 156 0 293 0 681

Marabá 7.931 1.422 4.445 1.144 22.000

Belém 70.607 34.244 113.720 36.368 286.530

Pará148.417 51.748 222.851 56.197 635.493

Fonte: RAIS/2004 (Ministério do Trabalho e Emprego).

Fonte: RAIS/2004 (Ministério do Trabalho e Emprego).

TABELA 10.3.2. - NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS POR SETOR DE ATIVIDADE EM 31/12/04

TABELA 10.3.1 - NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS POR SETOR DE ATIVIDADE EM 31/12/04

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Page 98: Projeto Serra Leste

98

Embora a RAIS propicie um panorama detalhado do trabalho formal nos municípios,sabe-se que a formalidade engloba apenas um segmento do mercado de trabalho. Demodo a obter o perfil da população economicamente ativa e, principalmente, da popu-lação ocupada (POC) na Área de Influência Indireta (AII) será apresentado um levanta-mento que tem por base o Censo Demográfico 2000 do IBGE

Os dados apresentados na tabela 10.3.3 mostram a distribuição da população ocupadapor posição na ocupação e a categoria no trabalho principal em 2000. Os dados mostramque entre os três municípios analisados, Curionópolis apresenta-se com o de menoríndice da variável analisada.

Posição na OcupaçãoCurionópolis Parauapebas Marabá

POC % POC % POC %

Empregados 3.363 57,12 17.898 68,63 36.993 63,17

• Com carteira de trabalho assinada(1) 456 13,56 7.448 41,61 10.762 29,09

• Militares e func. públicos estatutários 472 14,04 2.235 12,49 6.353 17,17

• Outros sem cart. de trabalho assinada(2) 2.435 72,41 8.214 45,89 19.878 53,73

Empregadores 95 1,61 776 2,98 1.814 3,10

Conta própria 1.736 29,48 49.94 19,15 14.931 25,50

Não remunerados em ajuda a membro do domicílio

328 5,57 1014 3,89 2.052 3,50

Trabalhadores na produção para o próprio consumo

367 6,23 1.396 5,35 2.771 4,73

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000, elaboração SEPOF/DIEPI/GEDE.

(1) Inclusive os trabalhadores domésticos; (2) Inclusive os aprendizes ou estagiários sem remuneração.

TABELA 10.3.3 - DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO OCUPADA POR POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO E A CATEGORIA NO TRABALHO

PRINCIPAL EM 2000

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Page 99: Projeto Serra Leste

99

10.3.4 Economia

Segundo dados do IBGE para 2002, a dinâmica econômica de cada um dos municípios daárea de influência de Serra Leste é diferente. Marabá possui uma economia diversificada,sendo um centro regional de prestação de serviços que conta, também, com um setorindustrial bastante significativo. Parauapebas, por sua vez, possui um PIB maior que o deMarabá e é a quinta maior economia do Pará (atrás de Belém, Barcarena, Ananindeua eTucuruí). A economia de Parauapebas é dinamizada pela indústria extrativa mineral, quealém de gerar grande parte dos 78% do PIB municipal relativos à indústria, dinamiza osetor de serviços tanto em função da demanda direta dessa atividade, quanto em funçãoda demanda dos trabalhadores que estão empregados nessa atividade. O PIB per capitaem Parauapebas é de R$ 10,9 mil, valor bastante superior à média do estado do Pará (R$3,7 mil) e ao dos outros dois municípios da área de influência (cerca de R$ 3,8 mil, tantoem Curionópolis como em Marabá).

Já em Curionópolis, o setor de maior participação na economia local é o setoragropecuário, com contribuição de cerca de 62% do PIB municipal. Embora seja aatividade mais importante do município, a produção agropecuária de Curionópolisnão é muito expressiva no contexto regional, já que, em valores absolutos, elagerou, em 2002, R$ 34 mil. Em Parauapebas e Marabá, municípios em que aagropecuária é a atividade menos relevante, no mesmo ano, ela gerou, respectiva-mente, R$ 39 mil e R$83 mil.

Em Parauapebas e Marabá, dados do IBGE e Ministério da Fazenda informam que a receitaorçamentária de 2003 foi de, respectivamente, R$ 127 milhões e R$ 95 milhões.

Contrastando com esse panorama, a receita de Curionópolis foi muito menor (cerca de R$ 9 milhões). Grande parte dessa receita vem de transferências federais e estaduais, que

correspondem a 84% do total de receita de que o município dispõe. Em relação a com-posição da despesa orçamentária de Curionópolis, verifica-se que apenas 10% é revertido

em investimentos. Isso significa que, a cada R$ 3,54 despendido com folha de pagamen-to, o município investe R$ 1,00. Em Marabá essa relação é de R$ 2,67 / R$ 1,00 e, em

Parauapebas, R$ 1,92 / R$ 1,00.As tabelas 10.3.4 e10.3.5 mostram a composição da receita e despesa orçamentária de

Curionópolis em 2003.

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Page 100: Projeto Serra Leste

100

Curionópolis

em R$ em %

IPTU 1.160 0,01%

ISS 184.405 2,04%

Transferências da União 6.327.095 69,92%

• FPM 4.806.438 53,11%

Transferências do Estado 1.307.915 14,45%

Outros 1.228.778 13,58%

Total 9.049.353 100,00%

Curionópolis

em R$ em %

Capital 968.814 11,31%

Investimentos 863.056 10,08%

Pessoal e Encargos Sociais 3.056.401 35,69%

Outras Despesas 3.675.537 42,92%

Total 8.563.808 100,00%

Quanto à distribuição dos estabelecimentos empresariais entre ossetores, alguns dados merecem destaque: a pequena quantidade

de estabelecimentos das indústrias extrativas (3) e da construção(45) em Parauapebas, a despeito do elevado número de emprega-dos nesses setores. No caso da construção civil, por exemplo, cada

estabelecimento da Parauapebas emprega uma média de 80 tra-balhadores, enquanto que em Canaã dos Carajás, Marabá e Belémessa média é de 35, 18 e 20 trabalhadores, nessa ordem. As tabelas10.3.6 e 10.3.7 mostram o contexto da região de inserção doProjeto Serra Leste.

Fonte: IBGE / Ministério da Fazenda - STN (Registros Administrativos 2003).o Fundo de Participação do Município.

Fonte: IBGE / Ministério da Fazenda - STN (Registros Administrativos 2003).

TABELA 10.3.5 -COMPOSIÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA EM 2003

TABELA 10.3.4 - COMPOSIÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA EM 2003

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Page 101: Projeto Serra Leste

101

Estado do Pará

e Municípios

Agricultura, Pecuária, Silvicul-

tura e Pesca

Indústrias Extra-tivas

Indústrias de

Transformação

Eletricidade,

gás e águaConstrução Civil

Curionópolis 66 0 3 1 2

Parauapebas 56 3 41 1 45

Ourilândia do Norte 36 1 7 0 0

Canaã dos Carajás 17 0 1 1 10

Eldorado dos Carajás 21 0 7 0 0

Marabá 238 6 142 5 45

Belém 217 5 674 14 580

Pará 4.609 63 3.179 211 1.188

Estado do Pará

e Municípios

Comércio, aloja-mento, alimenta-ção, transporte, comunicações

Intermediação fi nanceira, segu-

ros, atividades imobiliárias

Administração

Pública, defesa

e seguridade

social

Educação,

Saúde e out-

ros serviços

TOTAL

Curionópolis 15 1 1 3 92

Parauapebas 371 52 2 84 655

Ourilândia do Norte 28 0 2 5 79

Canaã dos Carajás 56 5 2 9101

Eldorado dos Carajás 17 1 0 2 48

Marabá 858 114 4170

1.582

Belém 6.328 2.203 1382.298

12.457

Pará 17.158 3.343 387 4.185 34.323

Fonte: RAIS/2004 (Ministério do Trabalho e Emprego).

Fonte: RAIS/2004 (Ministério do Trabalho e Emprego).

TABELA 10.3.7 - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR SETOR DE ATIVIDADE EM 31/12/04

TABELA 10.3.6 - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR SETOR DE ATIVIDADE EM 31/12/04

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Page 102: Projeto Serra Leste

102

10.3.5 Índice de Desenvolvimento Humano - IDH-M

Esses dados se refletem nos indicadores de saúde e educação,

assim como no número e perfil dos programas sociais. De uma

forma geral, houve um avanço estrutural nessas áreas o que já se

traduziu em melhoria dos índices desagregados de desenvolvi-

mento humano municipal. Vale a pena lembrar que a compo-

nente longevidade desse índice considera a esperança de vida ao

nascer e a componente educação considera a taxa de analfa-

betismo e o número de pessoas que freqüentam algum curso

escolar, seja em nível fundamental, médio ou superior. A escala do

IDH-M é de zero a um, sendo que os valores entre 0 e 0,49

indicam desenvolvimento humano baixo, entre 0,50 e 0,79, desen-

volvimento humano médio e entre 0,80 e 1,00, desenvolvimento

humano alto.

Em Parauapebas, entre 1991 e 2000, o IDH-M Longevidade apre-

sentou um aumento de 0.10 pontos; já o IDH-M Educação apre-

sentou um aumento de 0.13 pontos. Em Marabá, esses aumentos

foram de, respectivamente, 0.06 e 0.11 pontos. Em 1991, Marabá

possuía índices ligeiramente maiores do que Parauapebas; em

2000, a situação se inverte.

Em Curionópolis, esses índices aumentaram ainda mais que

em Parauapebas, sendo que o IDH-M Longevidade, 0.72, é o

maior dentre os municípios aqui analisados e está no mesmo

patamar que a média dos municípios do estado do Pará. O

IDH-M Educação de Curionópolis (0.77) é, entretanto, menor

do que o dos municípios de Parauapebas (0.84) e Marabá

(0.83) e é menor também que o da média dos municípios do

estado (0.81). Os dados do IDH-M podem ser observados na

figura 10.3.2.

Apesar da melhoria desses índices, a rede de serviços e equipamen-

tos de saúde e educação ainda tem deficiências. Pode ser destacada

a inexistência de leitos em CTI (centro de terapia intensiva) destina-

dos ao monitoramento dos pacientes em estado grave. Além disso,

a taxa de analfabetismo funcional, embora tenha diminuído em

relação à última década, ainda é alta - segundo dados de 2001,

cerca de 63% da população não estudou além da 4° série (3,71 anos

de estudo, em média). A tabela 10.3.9 mostra a freqüência à escola

no município de Curionópolis em 2000. Conforme salientado anterior-

mente, os dados mostram uma positiva evolução quando se com-

para os dados das duas décadas analisadas.

1991 2000

Taxa bruta de freqüência à escola 49,89 84,81

Taxa bruta de freqüência ao superior 0 1,24

Percentual de pessoas de 25 anos ou mais freqüentan-do curso superior

0,00 0,26

Taxa bruta de freqüência ao ensino médio 5,41 33,97

Percentual de adolescentes de 15 a 17 anos que estão freqüentando o ensino médio

0,84 9,59

Taxa bruta de freqüência ao fundamental 86,57 139,02

Percentual de crianças de 7 a 14 anos que estão freqüentando o curso fundamental

59,99 87,36

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,2003, elaborado por Diagonal Urbana, 2006.

TABELA 10.3.9 - MUNICÍPIO DE CURIONÓPOLIS - Freqüência à escola - 2000

go_layoutRelatGolder2 8/14/06 12:14 PM Page 102

Page 103: Projeto Serra Leste

103

10.3.6 Saúde

A esperança de vida ao nascer em Curionópolis aumentou em 7,3

anos desde 1991, chegando a 68,2 anos em 2000. Dentre os

municípios da região, esse valor é o que mais se aproxima da

média estadual (69,9 anos), sendo, no entanto, mais baixo do que

o de Belém (70,50 anos), mas maior do que Marabá e Parauapebas.

A mortalidade no município Curionópolis, segundo dados do

Sistema de Informações sobre Mortalidade (MS/SIM: 2006) para o

ano de 2003, é da ordem de 5,20 óbitos por mil habitantes, seme-

lhante à de Marabá (5,15 óbitos/mil habitantes), mas superior à de

Parauapebas (4,65 óbitos/mil habitantes). Paralelo ao processo de

perda de população, o município vive um processo de aumento

da mortalidade em números absolutos, cujo ápice foi em 2001;

esse duplo movimento tem elevado a taxa de mortes por mil

habitantes. A tabela 10.3.10 mostra esses dados para os anos de

1991 a 2003.

ANO POPULAÇÃO ABSOLUTA (1) ÓBITOS (2) ÓBITOS/MIL HABITANTESl

2003 17.110 89 5,20

2002 17.863 82 4,59

2001 18.559 101 5,44

2000 19.486 74 3,80

1999 21.743 72 3,31

1998 22.416 69 3,08

1997 23.085 73 3,16

1996 23.87 53 2,22

1995 31.611 15 0,47

1994 30.939 39 1,26

1993 30.246 41 1,36

1992 26.597 47 1,77

1991 38.672 62 1,60

Fonte: (1) IBGE, elaborado por SEPOF/DIEPI/GEDE, 2005. Para os anos intercensitários, utilizou-se estimativa elaborada pelo DATASUS, Ministério da Saúde, 2006.(2) Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Ministérios da Saúde, 2006.

TABELA 10.3.10 - CURIONÓPOLIS - Indicador de mortalidade: Óbitos por mil habitantes 1991 A 2003

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Page 104: Projeto Serra Leste

104

Os principais diagnósticos de óbitos ( Tabela10.3.11) ao longo doperíodo 1991-2003 são por causas externas, por doença nos apare-lhos circulatório ou respiratório, por distúrbios endócrinos, nutri-cionais ou metabólicas, por afecções originadas no período perinatale por doenças infecciosas ou parasitárias. Digno de nota é o fato deo número absoluto de mortes por causas externas ter se mantidoconstante no período analisado (cerca de 10 registros por ano).

Para o último ano da série, nota-se que causas externas são osegundo maior fator de mortalidade no município dentre ascausas conhecidas (17% dos óbitos registrados). Seu grau deincidência é similar à média nacional, assim como o padrão deincidência com particular intensidade sobre a população jovem(entre 15 e 49 anos). A causa de morte mais comum, entretanto,

é a relacionada com doenças no aparelho circulatório, sendoresponsável por 40% da mortalidade do total da população deCurionópolis. Com especial incidência sobre a população maisidosa (acima de 65 anos), as doenças cardíacas, hipertensivas, vas-culares ou arteriais são também causa relevante dos óbitos entre apopulação adulta (entre 20 e 64 anos).

Ressalte-se que esses dados são oriundos dos Sistemas deInformações de Saúde e referem-se a casos notificados (tabela 10).No entanto, é notória a existência, em estados como o Pará, decasos não-registrados, sobre os quais não há mensuração capazde balizar os dados oficiais..

Grupo de CausasMenor 1 ano

1 a 4 anos

5 a 9

anos

10 a

14

anos

15 a

19

anos

20 a 49

anos

0 a 64

anos

65 ou

mais

anos

Con-

strução

Civil

I.Algumas doenças infecciosase parasitárias

11,1 100 9,1 9,1 3,8 7,7

II. Neoplasias (tumores) 9,1 9,1 7,7 6,2

IX. Doenças do aparelho circulatório 20.0 27,3 27,3 73,1 40,0

X. Doenças do aparelho respiratório 22,2 9,1 9,1 11,5 10,8

XVI. Algumas afecções originadas no período perinatal

33,3 4,6

XX. Causas externas de morbidade e mortalidade

40.0 100 45,0 27,3 16,9

Demais causas defi nidas 33,3 40.0 18,2 3,8 12,3

Total por faixa etária A 100 100 100 100 100 100 100 100

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Ministério da Saúde, 2006, elaborado por Diagonal Urbana, 2006.

(A) O total exclui os óbitos por causa não definida

TABELA 10.3.11 - CURIONÓPOLIS - Mortalidade proporcional (%) por faixa etária segundo grupo de causas (CID10) - 2003

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Page 105: Projeto Serra Leste

105

Pode-se observar que no ano de 2003, a incidência de

doenças do aparelho circulatório como causa de mortalidade

(37,68%) é significativamente maior em Curionópolis do que

no estado do Pará (21,76%) e do que no Brasil como um todo

(30,26%). A mortalidade por doenças do aparelho respi-

ratório e as doenças infecciosas e parasitárias não difere em

Curionópolis do restante do país. Por outro lado, a mortali-

dade por causas mal definidas (25,81%) é mais do que o

dobro do país como um todo (12,88%), o que pode significar

uma fragilidade no sistema de registros ou da atividade de

caracterização da causa mortis. Os problemas ao nascer que

tenham levado à morte, também no ano de 2003, parecem ser

significativamente menores em Curionópolis do que no estado

do Pará e no Brasil, respectivamente 5,80%, 11,11% e 14,88%.

Segundo dados do Sistema de Nascidos Vivos e do Sistema de

Informações sobre Mortalidade (MS/SINASC: 2006 e MS/SIM: 2006)

a taxa de mortalidade infantil registrada em Curionópolis, no ano

de 2003, foi de 20,45 óbitos infantis por mil nascidos vivos. A situação

do município é mais favorável que a da média do estado (23,09

por mil nascidos vivos); observa-se, entretanto, que o município

ainda possui taxa de mortalidade infantil superior à média

nacional (18,91 por mil nascidos vivos). As principais causas de

morte de menores de 1 ano estão relacionadas à pneumonia,

complicações cardiovasculares, insuficiência respiratória ou asfixia

ao nascer. Assim como no restante do estado do Pará, em

Curionópolis, o percentual de partos naturais é bastante alto, cor-

respondendo a praticamente 3/4 dos partos realizados.

A situação precária do município no que diz respeito ao nível de

desenvolvimento socioeconômico e às condições de diagnóstico e

tratamento dos sintomas respiratórios tem contribuído para a alta

incidência da tuberculose. A cobertura imunológica, outro fator deter-

minante dessa morbidade, tem sido ampliada constantemente desde

1994, quando a vacina BCG passou a ser aplicada rotineiramente.

A infecção concomitante pelo HIV (AIDS) também pode resultar

em aumento da morbidade por tuberculose. Em Curionópolis, não

há dados precisos sobre soro-positivos, pois esse ainda é um

assunto de difícil abordagem.

O Governo Federal, através do Ministério da Saúde, mantém no

município um programa destinado a jovens, adultos e grupos de

risco, para identificação e tratamento de doenças sexualmente

transmissíveis, incluindo, em especial, a AIDS, com atendimento

médio de 100 pessoas/mês. O atendimento aos soro-positivos é

feito em Parauapebas ou em Belém (que possui as melhores

condições de atendimento do estado).

A taxa de prevalência de hanseníase no Pará é considerada muito

alta: em 2003, foram registrados 18,92 casos por 10 mil habitantes

(MS/SINAN: 2006). No município de Curionópolis, segundo dados

de 2005 (MS/SINAN: 2006), a taxa de prevalência dessa doença é

da ordem de 19,79 casos por 10 mil habitantes, ou seja, muito alta,

quase configurando uma situação de hiperendemia (quando há

mais de 20 casos por 10 mil habitantes). A Secretaria de Vigilância

em Saúde do Ministério da Saúde considera esse município como

prioritário para ações de controle e erradicação da doença com

capacitação de profissionais; a Prefeitura Municipal executa um

programa de diagnóstico, atendendo a cerca de 100 pessoas por

mês. Dos 2.602 casos acompanhados no ano de 2005, aproxi-

madamente 68% foram curados e 12% permanecem em trata-

mento poliquimioterápico.

As doenças infecciosas ou parasitárias (entre elas, tubercu-

lose, contaminação por HIV, hanseníase, malária e leishmaniose)

correspondem a aproximadamente 1/3 das causas de inter-

nação dos habitantes de Curionópolis, segundo dados do

Sistema de Informações Hospitalares (MS/SIH: 2006) para o

ano de 2005.

Note-se que são internações tanto no próprio município, quanto

em municípios adjacentes. Os jovens entre 20 e 29 anos e as cri-

anças entre 1 e 4 anos são os grupos mais atendidos para trata-

mento dessas doenças. A causa mais comum de internação é diar-

réia ou gastroenterite de origem infecciosa (49% do total de inter-

nações por doenças infecciosas ou parasitárias), e dengue (23% do

total). A malária foi registrada como causa para 16 internações,

sendo que a malária por Plasmodium vivax foi o tipo mais comum

(11 internações).

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Page 106: Projeto Serra Leste

106

Para o atendimento da população, segundo dados do Cadastro

Nacional de Estabelecimentos de Saúde (MS/CNES: 2006),

Curionópolis dispõe, em 2006, de 6 esta-belecimentos registrados,

sendo todos de responsabilidade administrativa direta da

Prefeitura Municipal. São 2 postos de saúde (do Jardim Panorama

e do Garimpo da Cotia), 2 centros de saúde (o Centro de Saúde

de Curionópolis e a Santa Casa de Misericórdia de Serra Pelada),

1 unidade de vigilância sanitária e 1 hospital geral (o Hospital e

Maternidade Elcione Barbalho). Este último realiza procedimentos

hospitalares de média complexidade, presta atendimento ambula-

torial de alta complexidade e possui atendimento contínuo (24

horas); já os demais realizam procedimentos de atenção básica e

atendem somente nos turnos manhã e tarde.

Casos que requerem atendimento mais especializado da rede

pública podem ser encaminhados para a Santa Casa de

Misericórdia do Pará, em Belém, para o Hospital Municipal de

Parauapebas, ou ainda, para o Hospital de Araguaína.

10.3.7 Curionópolis e a Vila de Serra Pelada

Embora não exista uma desagregação de dados que permita carac-

terizar isoladamente a vila de Serra Pelada, as visitas de campo

mostraram um panorama mais grave nesse núcleo, que tem uma

a situação bastante delicada. A indefinição em relação ao passivo

do garimpo faz com que famílias de garimpeiros que buscam

assegurar seus direitos ainda permaneçam no local apesar das

condições precárias - ausência total de serviços de infra-estrutura

de saneamento, vias de traçado irregular e largura variável e

residências em madeira - e do isolamento em que vivem - a estra-

da vicinal que faz a ligação dessa região com a PA-275 e, conse-

quentemente, com os núcleos urbanos mais consolidados, é fre-

quentemente interrompida por quedas de barreiras e pela má

condição de conservação dessa via. Levantamento censitário feito

em 2002 para o Plano de Desenvolvimento Econômico e Social de

Serra Pelada apontou para uma população de, aproximadamente,

5 mil pessoas.

Já no núcleo urbano de Curionópolis, verifica-se a lenta con-

solidação das condições da infra-estrutura de saneamento e

das habitações. A Prefeitura estima em cerca de 12 mil o

número de pessoas vivendo em, aproximadamente, 5 mil edi-

ficações no núcleo urbano de Curionópolis. A maioria dessas

edificações, assim como na vila de Serra Pelada, ainda é de

madeira, possui tamanho reduzido e foi auto-construída.

Destaca-se que existem muitas residências fechadas e lotes

vagos, o que comprova a partida dos moradores desse

núcleo. A rede de maior abrangência é a de distribuição de água

captada em poços artesianos, que atinge 80% da área urbanizada;

entretanto esse serviço não é contínuo devido a pouca vazão

desses poços. A coleta de esgoto e de resíduos sólidos não ultra-

passa 15% da área urbanizada, sendo que a disposição final dos

resíduos sólidos é em área inadequada - um lixão situado próximo

à área urbana. Em relação à pavimentação das vias e a drenagem

de águas pluviais, a situação é também precária, o que contribui

para as erosões e enchentes nos períodos de chuva.

A situação atual de Curionópolis é, portanto, definida pela

pequena atividade econômica e pelas baixas condições exis-

tentes na sede municipal e na vila de Serra Pelada. O municí-

pio, desde o fim do garimpo de Serra Pelada, ainda não

encontrou uma atividade econômica que possa substituir o

garimpo e, consequentemente, tem uma grande dependên-

cia de recursos federais e estaduais para atender as necessi-

dades de sua população. Enquanto a situação de Serra Pelada

não for definida, a população continuará a criar expectativas

em relação aos seus direitos sobre a área, o que acaba por

contribuir para o “congelamento” do desenvolvimento do

município.

O papel do setor público através do desenvolvimento de progra-

mas e projetos sociais apresenta-se como de fundamental

importância num contexto onde as oportunidades econômicas

mostram-se restritas (ver tabela 10.3.8). Vários são os programas e

projetos de iniciativa pública e privada desenvolvidos em

Curionópolis dotados de uma finalidade social muito evidente.

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Page 107: Projeto Serra Leste

107

Respon-

sáveisProgramas/Projetos

Área de Atuação

Proposta Parceiros

Federação

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)

Grupos vulneráveis

Atender crianças e adolescentes na faixa etária de 07 a 14 anos que estejam submetidos a trabalhos caracterizados como: penosos, perigosos, insalubres e degradantes.

Estado;Município;Família do atendido.

Benefício de Prestação Continuada (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS)

Grupos vulneráveis

Transferência de 01 salário mínimo por mês, a pessoa portadora de defi ciência e ao idoso a partir de 65 anos de idade que possuam renda per capta inferior a um quarto de salário mínimo e que não possa ser mantido por sua família.

Posto da pre-vidência social local;Município.

Bolsa FamíliaTransferência de renda

Transferência de renda às famílias em situação de pobreza, com renda per capta de até R$ 100,00 mensais, que as-socia a transferência do benefício fi nanceiro ao acesso aos direitos sociais básicos - saúde, alimentação, educação e assistência social.

Caixa Econômica Federal local;Município.

Auxílio GásTransferência de renda

É uma ação do Programa Nacional de Renda Mínima, des-tinado as famílias com renda familiar inferior a meio salário mínimo ou benefi ciárias do Programa Bolsa-Escola, desti-nando R$ 7,50 por mês, pagos bimensalmente.

Caixa Econômica Federal local;Município.

Programa Dinheiro Direto na Escola

Educação Repasse de verbas as escolas cadastradas no censo escolar.Governo Mu-nicipal.

Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA)

EducaçãoAlfatização de jovens e adultos proporcionando material didático adequado e merenda escolar.

Governo Mu-nicipal.

Programa Nacional de Ali-mentação Escolar (PNAE)

EducaçãoPara cada aluno matriculado na Educação Infantil e Ensino Fundamental é desetinado R$ 0,18/mês

Governo Mu-nicipal.

Estadual

Centro de Convivência do Idoso

O centro realiza antendimento a pessoa idosa com ativi-

dades psico-sociais e esportivas, além de encaminhamen-tos a benefícios sociais e previdenciários.

Fundação Educativa do Município de Curionopolis (FSAEM)

Auxílio Hanseniano SaúdeRepassar o benefi cio de 1 salario mínimo mensal ao han-seiano que não possui condições socioeconômicas de custear seu tratamento e demais necessidades.

Fundação Educativa do Município de Curionopolis

(FSAEM)

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Page 108: Projeto Serra Leste

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Respon-

sáveisProgramas/Projetos

Área de Atuação

Proposta Parceiros

Muni-cipio

Plantão SocialAssistência social eventual

Oferece auxílios emergenciais em caso de con-cessão de cesta-básica, auxilio funeral, passagens, ajuda de custo, encaminhamentos a rede de ser-viços, aquisição de documentos pessoais dentro e fora do município, auxilio à gestante, dentre outros

Assistência Jurídica Gratuita

Assistência social eventual

Oportunizar atendimento de orientação jurídica as pessoas sem condições socioeconômicas para custear atendimento profi ssional particular.

Funda-ção Vale do Rio Doce

Escola que ValeAssistência social eventual

Contribuir com a qualifi cação e a formação con-tinuada de professores, melhorando a qualidade da aprendizagem dos alunos da Rede Pública de Educação.

Centro de Educação e Documentação para

Ação Comunitária (Cedac);

Secretaria Municipal de Educação.

Tecendo o Saber Educação

Oferecer a jovens e adultos a chance de aprender as matérias do primeiro ciclo do ensino fundamen-tal (da 1ª a 4ª série), além de consciência de direitos sociais e exercício da cidadania

Fundação Roberto Marinho;

Secretaria Municipal de Educação.

Vale Alfabetizar Educação Alfabetizar jovens e adultos.

Alfabetização Solidária

(Alfasol);- Secretarias de ensino

estadual e municipal;- Centros de ensino

superior.

Vale Informática EducaçãoPromover a inclusão digital a adolescentes, jovens e adultos.

Comitê para a Democ-ratização da Informática

(CDI);Organizações não gov-

ernamentais;Comunidade;

Secretaria de Educação.

Orga-

nizações sociais

Pastoral da CriançaGrupos

vulneráveis

A base de todo o trabalho da Pastoral da Criança é a família e a comunidade e consiste em capacitar líderes comunitários, que residem na própria co-munidade, para mobilização das famílias nos cui-dados com os fi lhos.

Fonte: Fundação Educativa do Município de Curionópolis, 2006 / Fundação Vale do Rio Doce, 2006.

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Page 109: Projeto Serra Leste

109

10.3.7 Vila de Serra Pelada

Estrutura Urbana

Implantado de forma espontânea, para abrigar moradias dosgarimpeiros atraídos para trabalhar na lavra de ouro de grandesdimensões, o núcleo urbano de Serra Pelada se apresenta comuma ocupação de traçado bastante aleatório. Existe uma única ruaprincipal, de traçado sinuoso e a partir dela saem vielas, muitasdas quais estreitas impossibilitando a passagem de veículos. Oscondicionantes do sítio, que apresenta um relevo movimentado,reforçam as formas orgânicas do conjunto urbano. Assim, as ruas elotes, de traçados e formas irregulares, ocupam um território próxi-mo à cava em cota alta, constituindo-se num assentamento quedesce a colina e é cortado por algumas drenagens, sendo possívelidentificar algumas áreas de risco.

A ocupação é predominantemente residencial, e a vila, assim

como o núcleo urbano de Curionópolis, possui muitas unidadesfechadas, de baixo padrão construtivo, predominando também aautoconstrução em madeira. A vila apresenta uma pequena

área central, na verdade um pequeno largo (alargamento dosistema viário), localizado junto ao “pau da mentira”, localonde tradicionalmente os garimpeiros se reuniam nos seusmomentos de lazer para contar histórias e que permanece

como local de encontro da população. No seu entorno, existemalguns equipamentos comunitários, como a creche municipal, aassociação dos garimpeiros e a associação de moradores, bemcomo barraquinhas para os pequenos comércios ambulantes e ospontos de chegada dos veículos de transporte coletivo - paus-de-arara(caminhonetes), ônibus - e moto-táxis. Nas proximidades, ladeandoa via principal, avenida Nova República, estão concentrados osestabelecimentos comerciais - bar, mercadinho, açougue etc. -local de maior movimentação diurna. Mais adiante, localiza-se aSanta Casa. Existem pequenos bares e vendinhas espalhados portodo o núcleo. É próximo ao núcleo de Serra Pelada que a CVRDmantém um alojamento de pequenas dimensões.

A inexistência de serviços públicos básicos de saneamento e

as características das edificações existentes dão à vila umaspecto muito precário. Certamente devido à origem histórica

do núcleo, um acampamento surgido espontaneamente paramoradia da população masculina trabalhadora no garimpo, e

à ausência de investimentos públicos, a vila não vem melho-rando significativamente com o passar do tempo.

Os moradores não detêm a propriedade regular dos terrenos e dasedificações que ocupam. Parte da vila está instalada sobre o rejeitoproveniente da extração artesanal do ouro na década de 80.

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Page 110: Projeto Serra Leste

110

Oferta de Infra-Estrutura

Abastecimento de água potável, afastamento e tratamento de esgotos e resíduos sólidos

Da mesma forma que na sede do município, a vila de Serra Pelada também apresentacondições de saneamento básico muito precárias, sendo grande parte do esgoto e dolixo lançado a céu aberto, deixando assim toda a malha fluvial que corta o núcleo urbanoseveramente poluída.

Segundo declaração dos moradores, cerca de 65% dos imóveis recebe água canaliza-da, 26% tem poço no quintal e 5% diz que utiliza água clandestina, de terceiros,sem a devida autorização. A Prefeitura explica que apenas 10% dos imóveis se uti-liza da rede pública de abastecimento de água oriunda de 2 poços artesianosmunicipais e que os demais imóveis que recebem água canalizada têm comoorigem uma “rede informal”, através de mangueiras que trazem água de córregosexistentes nas proximidades, explorada irregularmente por particular.

Apenas 27,9% dos imóveis possui caixa d'água com tampa e mais 8,7% possui caixad'água sem tampa. Grande parte acondiciona a água em balde/garrafas/vasilhas (40,7%)ou tambores (13%), sendo que apenas 8,6% utiliza a água diretamente da rede, semarmazenamento.

Um terço dos moradores consome a água diretamente da torneira e um quinto direta-mente do poço, e 45,9% da população filtra ou ferve a água.Apenas 11,4% dos imóveis possuem fossa séptica, enquanto que 68,1% possui fossanegra e 4,1% joga a céu aberto. Banheiros são, na maioria, externos à edificação (52,1%)sendo apenas 19,4% internos; 14,4 % informam que não tem instalação sanitária. Noentanto, esses banheiros são certamente instalações muito precárias, pois 74% não pos-suem vaso sanitário, 85% não têm pia e 83% não possuem chuveiro.

O levantamento feito pela empresa consultora em 2002 indica que na maioria dosimóveis de Serra Pelada o lixo é queimado no quintal e que uma parcela considerável,

13,5%, lança o lixo em terrenos baldios, e somente 9,4% acondiciona para coleta.

Em Serra Pelada, nenhuma via é pavimentada e não existem dispositivos de drenagem de águas pluviais.

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Page 111: Projeto Serra Leste

111

Energia elétrica e comunicações

Não existe rede pública de iluminação e nem de energia elétricadomiciliar. No entanto, a energia que chega até as casas e que iluminaas ruas é puxada irregularmente de uma subestação existente nasproximidades. Os moradores não pagam energia elétrica. Existeserviço de telefone fixo. A telefonia móvel não alcança Serra Pelada.

Educação

Em Serra Pelada, existem 7 escolas, 6 municipais e 2 estaduais, queatendem ao ensino pré-escolar (210 alunos), fundamental de 1ª a4ª série (860 alunos), fundamental de 5ª a 8ª série (546 alunos) emédio (94 alunos) (tabela 10.10.12. Além disso, existem 2 escolasmunicipais, com uma turma em cada uma, para a educação dejovens e adultos (69 alunos no total). A escola estadual Prof.

Joaquim D. F. Lemos é, assim como na área urbana, a maior emnúmero de alunos (521 alunos) e de salas de aula (9 salas); alémdisso, possui 2 aparelhos de televisão, 1 videocassete e 1 computador.Quadras esportivas são encontradas nas escolas municipaisProfa. Ângela M. Correa Bezerra e Profa. Maria Belarmina A. da Silva.

As condições de ensino em Serra Pelada são, de maneira geral,piores que as da zona urbana: o número de professores é menor,as turmas são maiores, não há biblioteca nas escolas. Por outrolado, há que se ressaltar, que tem havido um aumento na coberturaeducacional à população de Serra Pelada, em especial no que serefere ao ensino médio, ainda que algumas escolas tenham sidofechadas para a reestruturação do sistema e o ajuste à nova realidade populacional.

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Page 112: Projeto Serra Leste

112

NOME LOCALIZAÇÃO

Média de Alunos por Turma nos Níveis / Modalidades

em que a escola atua

Pré -

EscolaFundamental

Ensino

Médio

Educação

Jovem e

Adultos

1ª a 4ª Série

5ª a 8ª Série

Mu-nicipal

E M E I Antonia Pimen-ta de Moura

Av. Nova RepublicaCentro 210 /

35,0

E M E F Profa. Ângela M. Correa Bezerra

Av. Nova Repúbli-ca, 821

Telepará239 / 29,9

25 / 25,0 35 /35,0

E M E F Profa. Maria Belarmina A. da Silva

R. do Sereno Centro257 / 32,1

76 / 38,0 34 /34,0

E M E F Rita Lima de Sousa

Av. Nova Republica Açaizal207 / 29,6 35 / 35,0

E M E F Castelo BrancoVila Rica Sereno

42 / 21,064 / 21,3

Esta-

dual

E E E F Prof. Joaquim D. F. Lemos

R. São João Telepará 81 / 27,0346 / 28,8

94 / 31,3

E E E F Gleba SerenoVila Rica

Sereno34 / 34,0

Além da educação básica, em Curionópolis existe um programade terceiro grau organizado pela Universidade Vale do Acaraú

(Ceará), que proporciona cursos de Administração de Empresas,Matemática, Letras e Pedagogia, num convênio com a Prefeituraque disponibiliza o espaço físico, na escola Juscelino

Kubitscheck. A educação de Jovens e Adultos é feita por supleti-vo presencial para o nível fundamental pelo governo municipal,

que ofereceu, segundo dados do Censo Escolar (INEP/MEC:2005) 266 vagas em 2005, e pelo governo estadual, que, segundoa mesma fonte, ofereceu 267 vagas no mesmo ano.

Fonte: DataEscolaBrasil, INEP/MEC, 2006, elaborado por Diagonal Urbana, 2006.

TABELA 10.10.12 - MUNICÍPIO DE CURIONÓPOLIS - Rede escolar rural -Serra Pelada - 2002

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Page 113: Projeto Serra Leste

113

Para a compreensão do contexto ambiental que caracteriza a área

de inserção do Projeto Serra Leste, foram considerados alguns pres-

supostos sobre a dinâmica ambiental e socioeconômica da região

estudada.

Há que se ressaltar que, apesar do limitado conhecimento sobre

os recursos representados pela biodiversidade local, não se

questiona aqui a relevância ambiental dessa área, que está

inserida em um dos mais importantes biomas do continente, a

floresta amazônica. Além disso, os responsáveis pelo presente

estudo reconhecem o significado da antropização da porção

sulparaense e seus efeitos sobre os atributos ambientais.

É igualmente reconhecida a importância das áreas protegidas,

bem como a dos remanescentes de formações nativas florestais

ou não existentes fora destas, para a sobrevivência dos “esto-

ques” de biodiversidade que representam o bioma amazônico

num meio onde a degradação ambiental é a maior marca exis-

tente na paisagem.

Essa degradação é resultado do modelo de ocupação da região, que

incidiu também sobre amplas extensões do território amazônico e

começou a ser implantado por iniciativa do poder público a partir da

segunda metade do século XX. Esse modelo não é único; trata-se de

um conjunto de ações (por vezes até conflitantes) objetivando a

fixação de habitantes na região amazônica por meio da exploração

de suas riquezas naturais e da instalação de atividades agropecuárias.

Os resultados de tais ações têm sido amplamente discutidos, conhecen-

do-se hoje a extensão de seus impactos, positivos e negativos.

Neste contexto, inicia-se no Sudeste Paraense, a partir de meados da

década de 70, um novo ciclo econômico com investimentos signi-

ficativos na agropecuária e extração mineral. A implantação dessas

atividades econômicas gerou novas paisagens sócio-ambientais para

toda essa mesorregião, tornando-se necessária a implantação de

infra-estrutura urbana, física e social.

Se a iniciativa de exploração econômica promoveu mudanças signi-

ficativas na região e a formação de muitos municípios foi determinada

por tais mudanças, vale ressaltar que, no âmbito de cada território,

ocorreram modelos de desenvolvimento econômico e, conseqüen-

temente, de ocupação territorial particulares.

Marabá, no Pará, e Imperatriz, localizadas no estado do Maranhão,

estabeleceram-se como centros regionais que polarizam as cidades

do Sudeste Paraense. Hoje, nessas cidades, é possível perceber a pre-

sença de serviços e comércio especializados e um setor secundário

em consolidação. Outras cidades como Parauapebas, e em menor

escala, Canaã dos Carajás, estruturaram-se em torno da atividade

minerária, que gerou recursos financeiros para as municipalidades e

dinamização das economias locais ao mesmo tempo em que trans-

formou essas cidades em centros de atração de mão-de-obra.

11. ANÁLISE AMBIENTAL INTEGRADA

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Page 114: Projeto Serra Leste

114

No caso de Curionópolis, foi a extração mineral manual - a garim-pagem de ouro em Serra Pelada -, a responsável pelo processo deocupação territorial, que se deu de forma desordenada e precária.

As condições atuais da ocupação em Serra Pelada continuamprecárias, com edificações com baixo padrão de habitabili-dade e praticamente nenhuma infra-estrutura de saneamentobásico. Do ponto de vista urbanístico, Serra Pelada, hoje, nãodifere muito do acampamento em que se constituía há vinteanos atrás. A população vive aí na dependência de núcleosmaiores para o atendimento de suas necessidades mais ele-mentares. O isolamento da vila de Serra Pelada é fator deter-minante nas relações sociais constituídas, nas dificuldadespara o acesso aos bens e serviços disponíveis na área urbaniza-da de Curionópolis e nas dificuldades de comunicação.

Já o núcleo urbano de Curionópolis era, a princípio, um núcleode apoio à vila de Serra Pelada, tendo se originado às margensda PA-275 por influência da acessibilidade dessa localização.Atualmente, é essa acessibilidade que determina, em parte, queCurionópolis não esteja estagnado como a vila de Serra Pelada,isolada do restante dos núcleos urbanos devido às péssimascondições de tráfego pela estrada vicinal. O fato de Curionópolisestar localizada à margem da PA-275, entre duas localidades deimportância regional - Marabá e Parauapebas -, contribui para suaconsolidação gradativa. Embora apresente carências severas nasua infra-estrutura básica, o núcleo urbano de Curionópolisavança no sentido de uma maior estruturação, tanto do pontode vista espacial quanto social.

Além das atividades econômicas desenvolvidas em cada umdos municípios da região, a malha rodoviária e ferroviária, um

dos elementos centrais da política de ocupação do SudesteParaense, exerceu (e continua a exercer) um importante papel

na estruturação dos núcleos urbanos. A Estrada de Ferro Carajás,ao ligar regiões do sertão nordestino a uma região de absorçãode mão-de-obra, como é o Sudeste Paraense, constitui-se em

uma via permanente de chegada de migrantes. Outras rodoviasde ligação intra-estadual, como a PA-150 e a PA-275, con-tribuíram para determinar a localização específica dos núcleosurbanos da mesorregião em apreço. Hoje, essas rodoviasdefinem os eixos de expansão das cidades.

As características do meio rural são semelhantes às carac-terísticas de grandes áreas do espaço amazônico e foramconsolidadas por processos relativamente equivalentes,onde os ambientes florestais foram, num primeiro momento,convertidos em domínios produtores de madeira e, posteri-ormente, integrados à prática da pecuária extensiva. A área de inserção do Projeto Serra Leste é um exemplo clarodessa ocupação.

Ambientes cobertos por matas podem ser observados na porção

corresponde à Serra do Sereno, além de outros fragmentos maiores

distribuídos em meio a grandes pastagens, localizados nas imedi-

ações da estrada de ligação entre a futura Mina de Serra Leste e o

Pátio de Embarque do minério de ferro. O modelo de ocupação

descrito teve como conseqüência ambiental um território que,

atualmente, deve ser reconhecido por dois fortes significados.

O primeiro corresponde ao contexto de degradação representada

pela substituição das áreas de floresta por pastagens extensivas e

pela exploração madeireira de forma predatória, cuja abrangência

espacial tem conduzido a discussão para a esfera nacional, com o

reconhecimento e a delimitação do chamado “arco do desmata-

mento”, bem como dos principais perímetros regionais de desen-

volvimento do corte e comercialização florestal.

O segundo corresponde ao reconhecimento da importância do

bioma amazônico, bem como da necessidade de se manter esto-

ques do mesmo para que, dentro dos processos atuais de conser-

vação, seja facilitado, por exemplo, o estabelecimento de corre-

dores de vegetação e da fauna a esta associada, de forma a

garantir efetivas possibilidades de ampliação dos “estoques” de

áreas naturais que atualmente existem na região em análise.

Para os municípios de Marabá, Parauapebas e Curionópolis,

as singularidades levantadas durante a realização do diag-

nóstico ambiental indicam dois conjuntos de relações sócio-

ambientais distintas. O primeiro é um conjunto funcional de

relações tipicamente rurais, enquanto o outro conjunto é

marcado pela existência de uma realidade “urbana” regida

pelo passado da vila de Serra Pelada e Curionópolis, alvos

diretos de rebatimento de possíveis interferências ambientais

decorrentes do Projeto Serra Leste, e pela dinâmica

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Page 115: Projeto Serra Leste

115

econômica existente na cidade de Parauapebas e Marabá.

Parauapebas, e em menor escala Marabá, são cidades onde

reflexos dos empreendimentos poderão se fazer sentir.

Nas serras, como é o caso da Serra Pelada e da Serra do Sereno, a

presença de rochas distintas possibilita a ocorrência de formações

vegetais diferenciadas, como a floresta e os ambientes arbustivo e

campestre representados por uma formação vegetal da canga.

As rochas que contém o minério de ferro apresentam-se de

duas formas nesta porção da área de estudo.

A primeira é representada por uma forma colinosa destacada na

porção cimeira da paisagem, cujo substrato é marcado por blo-

cos de minério de ferro de dimensões diversas, compondo uma

rampa de material exclusivamente grosseiro onde encontra-se,

superficialmente, o minério rolado. Neste terreno desenvolve-se

a vegetação de canga.

Na área de inserção do empreendimento, no domínio da AID,

áreas similares encontram-se distribuídas imediatamente a

norte, a oeste e a sudeste do sítio a ser ocupado pelo

empreendimento.

A segunda forma mostra-se muito diferente da primeira. É repre-

sentada por amplos platôs, onde carapaças de canga, desen-

volvidas sobre a rocha, alternam-se com manchas de solos

pouco espessos. Neste ambiente, os solos possibilitaram o

crescimento de formações florestais que, atualmente, encon-

tram-se restritas a poucos locais. Foram substituídas por pasta-

gens. No entorno destes platôs, já nas suas bordas de ruptura

de declive, ocorrem as cavidades.

Nas áreas baixas, a presença de solos espessos possibilita o desen-

volvimento de ambientes florestais ou a implantação de pastagens.

A topografia da área do platô favorece, nos domínios da canga,

a formação de pequenas lagoas que potencializam a prática da

pecuária neste ambiente já que, em boa parte do ano, prestam-

se como reservatórios naturais de água. A condição dos solos da

área mostra-se também apta ao desenvolvimento de pastagens.

Considerando que a área poderá encontrar-se ocupada pelas

estruturas do Projeto Serra Leste-Lavra Experimental, pratica-

mente não será necessária a realização de grandes interferên-

cias ambientais como o corte de vegetação nesta porção da

ADA para a implementação do Projeto Serra Leste.

Na porção leste e oeste, representativos da extensão do sistema ser-

rano onde aloja-se a lavra proposta, áreas mais expressivas de for-

mações florestais são ainda encontradas, mas mostram-se, de forma

geral, fortemente pressionadas pelo avanço das áreas de pastagens.

As pressões antrópicas ocorrem também nas drenagens, onde

se nota rotineira a prática de formação de açudes a partir da

interceptação dos cursos d'água. Processos de entulhamento

das drenagens por sedimentos foram também observados com

freqüência nos cursos d'água da região estudada.

A realidade ambiental rural é, assim, preocupante sob a

ótica da sustentabilidade ambiental, visto que sua

abrangência extrapola o domínio regional e, quase sem-

pre, é reproduzida num padrão relativamente homogêneo,

balizado pela intensiva utilização do ambiente para a prática

de uma pecuária de base predominantemente extensiva.

Ademais, trata-se de uma prática econômica que foi mode-

lada para ser implementada em grandes propriedades e

que encontra uma base cultural solidamente

marcada em seu desenvolvimento.

Ao longo do traçado da estrada que ligará a futura mina de Serra

Leste ao Pátio de Embarque, a paisagem é igualmente caracteri-

zada por amplas pastagens, sendo que exceções pontuais são

observadas, principalmente ao longo das travessias de drena-

gens. Nestes locais, as formações mostram-se muito descaracteri-

zadas e são ladeadas por grandes áreas de pastagens, a exemplo

de grande parte do arranjo hidrográfico regional.

Destaca-se, ao longo do traçado da estrada que liga a mina ao

pátio de embarque, a ocorrência de dois grande remanescentes

florestais que são separados por ambientes de pastagens, mas

que, seguramente, são utilizados por diferentes grupos da fauna.

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Page 116: Projeto Serra Leste

116

Cabe citar, no entanto, que no interior de um desses fragmentos

há uma grande área de desmate, enquanto o outro aloja a atual

estrada de acesso à portaria norte da Fazenda Miranda e Filhos.

Ambos encontram contornados por áreas de pastagem. O frag-

mento mais setentrional posiciona-se bastante próximo da Estrada

de Ferro Carajás.

De toda forma, é igualmente seguro reconhecer a importância

destes fragmentos florestais e da fauna a este associada, em meio

a uma realidade espacial, onde tal situação vem se mostrando

cada vez mais rara.

O contexto social e econômico observado na vila de Serra Pelada

contribui para a grande pressão exercida através da caça das popu-

lações faunísticas da região, especialmente aquelas que se

prestam como fonte de alimento e comércio.

De toda forma, os resultados obtidos durantes os levantamentos

de campo comprovam a existência de uma fauna típica daquela

registrada em áreas protegidas, como também aquelas que

habitam ambientes mais alterados. Os resultados obtidos para a

avifauna se destacam dos demais pela grande diversidade de

espécies identificadas. Conforme citado anteriormente, além da

proximidade com áreas protegidas, ainda existem, principalmente

nas áreas serranas, bem como em áreas baixas de grandes pro-

priedades, fragmentos importantes de florestas que podem com-

portar ambientes com capacidade de abrigo para a avifauna. É

importante destacar, ainda, a grande abundância de pomares no

entorno da vila de Serra Pelada.

São áreas significativas que encontram-se, muitas vezes, próximas

ou mesmo contíguas a florestas nativas. Estes ambientes

mostram-se muito atrativos para a avifauna, fato que contribui

para o entendimento da importante presença deste grupo da

fauna em meio a um domínio fortemente descaracterizado.

Os dados obtidos a respeito da dinâmica econômica da área

de influência do Projeto Serra Leste mostram quão desprezível

é a contribuição do setor agrícola na composição da econo-

mia regional; situação inversa é observada quando se analisa

o papel da pecuária. Este contexto é comprovado pela forma

de utilização do solo presente em todo o município de

Curionópolis, onde a pecuária apresenta-se como atividade

econômica quase que exclusiva, praticada em grandes pro-

priedades e que tem como grande característica a tímida alo-

cação de mão de obra para seu desenvolvimento.

A pecuária de grandes fazendas reflete-se nos dados popula-

cionais de Curionópolis. Embora as contagens oficiais de popu-

lação apontem para aproximadamente 30% do total dos habi-

tantes do município vivendo na zona rural, esse dado não mostra

a população efetivamente vinculada às atividades desenvolvidas

no meio rural, já que inclui a população de Serra Pelada. Se excluí-

da Serra Pelada desse percentual de população rural, será possível

perceber que apenas uma minúscula parte da população de

Curionópolis tem relação com a pecuária, forma de apropriação

prioritária do meio rural descrita anteriormente.

Essa constatação ressalta a contradição que existe entre o meio

rural, pouco habitado mas que abriga as atividades que geram

mais da metade da renda municipal, e o meio urbano, onde vive

quase a totalidade da população mas que não possui atividades

econômicas estruturadas.

Contrapondo-se ao conjunto dos aspectos ora sumarizados para o

meio rural, o meio urbano também se apresenta dotado de uma

singularidade ímpar, herdada do processo de formação dos

núcleos de Curionópolis e, especialmente, da vila de Serra Pelada.

Os núcleos que hoje pertencem ao município de Curionópolis

foram formados entre o final da década de 70 e o começo da

década de 80, a partir da abertura do garimpo de Serra Pelada.

Assim como a implantação do Projeto Ferro Carajás, a construção

da malha rodoviária, da Estrada de Ferro Carajás e da hidrelétrica

de Tucuruí, além dos próprios projetos de colonização oficiais

geraram um fluxo considerável de migrantes para o Sudeste

Paraense. O garimpo de Serra Pelada foi também um atrativo para

a chegada de migrantes, fato esse que originou dois núcleos

distintos - a atual sede municipal e a vila de Serra Pelada.

Entretanto, à medida que o ouro extraído de Serra Pelada foi-se

esgotando, a população começou a declinar. A urbanização, que

havia sido explosiva na primeira metade da década de 80,

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Page 117: Projeto Serra Leste

117

começou a diminuir seu ritmo. Os dados de dinâmica popu-

lacional de Curionópolis relativos ao início da década de 90

até 2005 mostram claramente os efeitos do fechamento do

garimpo de Serra Pelada, como também a ausência de outras

alternativas de trabalho no município. A população total,

que em 1991 era de 38.672 habitantes, chega, em 2005, a

14.654 habitantes. Trata-se de um fenômeno típico de

regiões onde os elementos que determinam as oportu-

nidades econômicas são abruptamente eliminados, poten-

cializando uma inversão de fluxo em importantes variáveis

como o crescimento populacional, e a geração de emprego

e renda.

O quadro observado atualmente revela que, apesar de ser

originada no mesmo processo que a vila de Serra Pelada, a

cidade de Curionópolis apresenta-se como um núcleo

onde boa parte dos seus indicadores mostra-se comparável

à realidade regional, conforme demonstrado no diagnóstico.

Há que se ressaltar que muitas são as limitações estrutu-

rais existentes em Curionópolis, como o abastecimento

público de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. De

toda forma, conforme já dito anteriormente, seu posi-

cionamento ao longo da rodovia estadual PA-275, respon-

sável pela ligação entre dois centros urbanos importantes -

Parauapebas e Marabá -, e sua relativa proximidade com o

primeiro, parecem amenizar os efeitos da retração

econômica decorrente do fim do garimpo, que são forte-

mente sentidos na vila de Serra Pelada.

Para alguns informantes locais, Curionópolis apresenta-se, hoje,

como uma oportunidade de moradia menos onerosa se compara-

da a Parauapebas, para aqueles que aportam à região na busca de

inserção no mercado de trabalho da porção sulparaense, decor-

rente da importante concentração e dinamismo dos diferentes

empreendimentos vinculados à atividade de mineração.

O núcleo urbano de Serra Pelada mostra características

semelhantes às descritas para Curionópolis, porém fortemente

agravadas visto à exclusividade do papel que originou sua for-

mação, o seu posicionamento geográfico e as condições de

acesso frente aos centros polarizadores regionais.

Conforme consta no diagnóstico, a vila de Serra Pelada apre-

senta sérias limitações em relação ao saneamento básico,

apresentando-se, conforme citado no decorrer deste relatório,

como um núcleo urbano severamente poluído.

A situação em relação ao abastecimento e armazenamento de

água, de destinação do lixo e do esgoto revela um contexto de

plena ausência de ordenamento territorial.

A população residente na vila de Serra Pelada possui um

comportamento muito específico. Trata-se de uma comu-

nidade que, apesar das restrições urbanas e das sérias limi-

tações cotidianas, tais como fortes restrições de trans-

porte, assistência à saúde, de comunicação, entre outros,

ainda permanece no local, onde acredita deter direitos que

possam garantir seu futuro.

Apesar do grande esvaziamento populacional após o término

das atividades de garimpagem, o vínculo com o núcleo foi

preservado de diferentes formas. Este vínculo é estabelecido

pela população residente ou não em Serra Pelada, com o obje-

tivo de garantia de manutenção dos direitos reivindicados pelo

grande número de pessoas que estiveram vinculadas ao garim-

po local. Trata-se de trabalhadores que se encontram organiza-

dos em cooperativas e sindicatos de forte atuação local.

Por último, deve ser ressaltado que o município de

Curionópolis tem sua sobrevivência dependente das trans-

ferências constitucionais. Dados referentes a 2001

mostram que apenas cerca de 9% da disponibilidade finan-

ceira municipal provinham de receitas próprias.

O arranjo decorrente do processo atual de intensificação das

atividades minerárias na região, somado à retomada da explo-

ração do ouro em Serra Pelada (que está sempre presente no

imaginário e discurso local), é de difícil previsão. De toda

forma, afirma-se, mais uma vez, que somente o planejamento

prévio dos rumos desejados para estas áreas poderá evitar a

repetição de uma realidade vivida no passado, reconhecida-

mente inadequada e com ônus evidentes até os dias atuais.

Portanto, o quadro geral identificado ao longo do diagnóstico

ambiental, e analisado de forma integrada neste capítulo, revela

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Page 118: Projeto Serra Leste

118

um contexto ambiental marcado por forte degradação,

deflagrada por processo tradicional do uso e ocupação do solo

no domínio rural e por processo intenso de urbanização.

As limitadas oportunidades econômicas existentes no território

de inserção do presente projeto, especialmente no município

de Curionópolis, acabam por elevar a importância da inserção

ou implantação de qualquer equipamento ou atividade que

possa se traduzir em novas expectativas para a população local

e, portanto, há que ser adequadamente considerada quando

da análise do Projeto Serra Leste, ainda que o mesmo seja um

empreendimento de pequenas dimensões quando comparado

aos projetos implantados nos municípios vizinhos.

A possibilidade de implantação do empreendimento da

CVRD próximo à vila de Serra Pelada poderá gerar alterações

no meio físico e biótico de forma muito localizada. O meio

socioeconômico, entretanto, será influenciado sobretudo

pelo aumento significativo do fluxo de recursos finan-

ceiros para os cofres municipais e pelo desencadeamento

de novas atividades econômicas. As relações sociais certa-

mente sofrerão alterações, assim como a estrutura urbana,

que será impactada pelo aumento populacional decor-

rente do fluxo migratório e da chegada de trabalhadores

para o empreendimento, conforme impactos tradicional-

mente configurados em projetos de naturezas e mesmo

de portes diferenciados. Este último fator, em especial, é

função do cenário e do histórico econômico da região

onde o projeto irá se inserir, caracterizados pela estagnação

econômica e social e pela ocupação desordenada motiva-

da pela exploração de um recurso natural cuja escassez foi

logo verificada.

GO_LayoutRelat_11 8/11/06 10:14 AM Page 118

Page 119: Projeto Serra Leste

Pode-se afirmar que a análise que se segue, sempre balizada pela

clareza possível da análise ambiental integrada em âmbitos local e

regional, encontra-se muito orientada para uma tentativa de de-

monstrar quais são os aspectos associados ao empreendimento

ou mesmo à dinâmica da área de inserção do mesmo sujeita ou

não a novos arranjos.

De maneira geral, há também entendimento de que os cenários

analisados possuem pouca ou nula capacidade de modificar a

forma de apropriação do espaço rural. Significa que o modelo de

produção observado, e já caracterizado no diagnóstico ambiental,

deverá se manter pautado na produção pecuarista e estruturado

no manejo atualmente presente no sudeste paraense.

Tal realidade é admitida em função da constatação de ausência de

políticas públicas, de curto e médio prazo, que efetivamente possam

agregar possibilidades de alteração no modelo de reprodução da

economia rural dessa porção do Brasil, já que este constituiu a

marca de sua ocupação.

No caso do meio urbano, o cenário com a implantação do empre-

endimento poderá ser significativamente alterado devido à chega-

da de migrantes atraídos pelo projeto, bem como ao afluxo de

recursos financeiros para a municipalidade oriundos tanto da

própria explotação mineral de Serra Leste como de outras ativi-

dades impulsionadas a partir da mineração.

Para o desenvolvimento da presente análise, considerou-se dois

arranjos possíveis que foram reconhecidos como cenários que

podem prevalecer no contexto regional. Esses prognósticos são

apresentados a seguir.

12.1 Prognóstico sem o Empreendimento

Para a análise prognóstica da área de estudo, é importante considerar

o término da operação do Projeto Lavra Experimental. Neste caso,

o cenário sem o empreendimento ora proposto seria mais com-

plexo do que habitualmente se avalia para situações similares.

Logicamente, considerando que o Projeto Lavra Experimental gerará

uma interferência ambiental muito pontual, sem a possibilidade de

reflexos importantes inclusive no seu entorno, poucas mudanças são

esperadas no contexto da área de inserção do mesmo.

A área ocupada pelo referido projeto deverá ser devidamente

recuperada, conforme especificações previstas no âmbito dos

estudos ambientais já apresentados para o mesmo.

O término das operações do Projeto Lavra Experimental e a

constatação de que o esperado Projeto Serra Leste não será mais

12. PROGNÓSTICO AMBIENTAL

119

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Page 120: Projeto Serra Leste

120

concretizado poderão gerar um ambiente de forte frustração

das expectativas por parte da população de Serra Pelada e,

secundariamente, da de Curionópolis.

Tal fato é altamente provável de ocorrer dado que o histórico

local é marcado por rupturas e poucas oportunidades de

sobrevivência nos últimos anos. Neste ambiente, o Projeto Serra

Leste seguramente estará sendo aguardado como uma oportu-

nidade de renda e emprego importante por parte da popu-

lação local.

A análise de um cenário onde não se considera a viabilização

do Projeto Serra Leste, a exemplo do prognóstico apresentado

para o Projeto Lavra Experimental, se traduz, em grande escala,

pela manutenção do quadro ambiental identificado em toda a

AID e AII previamente identificado.

Neste cenário, conforme, praticamente a porção da serra onde

se prevê a instalação do conjunto das estruturas que compõem

o empreendimento teria seu status ambiental atual, a princípio,

mantido. Assim sendo, a paisagem da área diretamente afetada

representada, prioritariamente, por vegetação de canga e

pastagens, teria sua integridade e o nível de qualidade ambien-

tal restabelecido através da facilidade de reabilitação das áreas

utilizadas e/ou degradadas no âmbito do referido projeto.

É ainda possível supor que a tradição da atividade pecuarista na

região, juntamente com o comércio de madeira, representam forças

de pressão sobre os remanescentes florestais, que ainda ocorrem

em manchas localizadas na área de estudo. Por tal razão, acredita-se

que a expansão das áreas de pastagens sobre as naturais continuará

a ocorrer, visto que a pecuária apresenta-se, até o momento, como a

mais oportuna atividade econômica do uso da terra.

Esta premissa implica, necessariamente, em admitir que os

recursos naturais continuarão sujeitos às alterações crescentes

na dinâmica de seus atributos. É provável que a taxa de erosão

laminar regional se amplie à medida que novas áreas sejam

incorporadas à pecuária, como também seja elevada a pro-

dução de sedimentos por hectare, já que a forma de apropri-

ação do solo por esta atividade já criou um passivo ambiental

de difícil reversão.Tal situação se refletirá, especialmente, nos

cursos de água, através do incremento do já elevado número

de drenagens temporárias num domínio climático, onde tal

comportamento deveria ser uma excepcionalidade.

O abandono do Projeto Serra Leste seguramente deverá agre-

gar considerável descrédito às oportunidades de melhorias da

realidade local. É provável que o desaparecimento das atuais

pretensões de utilização dos recursos minerais da área, que

pode ser simbolizado mais fortemente com o término das

operações do Projeto Lavra Experimental, possibilite a configu-

ração de um cenário de acirramento da falta de esperança em

relação à possibilidade de qualquer ganho social e econômico

tão esperado.

Pode-se supor, também, que o município de Curionópolis man-

terá sua característica de uso e ocupação agropecuária das terras

e, conseqüentemente, sua estrutura de arrecadação tributária per-

manecerá alicerçada neste tipo de atividade econômica. Ainda

que estas atividades cresçam, tal expansão interferirá diretamente

no meio natural, com as conseqüências já citadas, sem gerar, no

entanto, grandes repercussões no meio socioeconômico.

Curionópolis continuará com as atividades econômicas muito

pouco dinâmicas e com poucas possibilidades de grandes

melhorias de sua infra-estrutura de saneamento básico e na

implantação de equipamentos sociais. Da mesma forma, a vila

de Serra Pelada continuaria ainda isolada e estagnada.

Há que se considerar que este cenário se torna ainda mais

desolador quando se observa o desenvolvimento econômico

de vários municípios vizinhos que abrigam empreendimentos

de mineração. A população do município de Curionópolis pos-

sui expectativas da implantação de empreendimentos de

exploração mineral em seu território e espera atingir níveis de

desenvolvimento semelhantes a esses outros municípios,

aguardando, aí, a efetiva implantação de negócios.

12.2 Prognóstico com o Empreendimento

A implantação do empreendimento de extração de ferro

Projeto Serra Leste, embora tenha proporções muito menores

GO_LayoutRelat_12 8/11/06 4:36 PM Page 120

Page 121: Projeto Serra Leste

121

do que Carajás - apenas 2 milhões de toneladas/ano -, a priori,

poderá trazer alterações relevantes para a região.

Serão gerados 623 postos de trabalho na Etapa de Instalação e

351 na Etapa de Operação, acarretando incremento na geração de

renda e nos negócios locais e, principalmente, aumento na receita

anual municipal. O aumento na arrecadação da ordem de

R$ 2.423.000,00 representa importante majoração do poder de

investimento municipal, com possíveis reflexos na ampliação da

infra-estrutura urbana e serviços para a comunidade.

A dimensão de tal transformação demanda a avaliação de variáveis

de difícil previsão, fato que faz com que esta análise se restrinja,

exclusivamente, à efetiva ampliação da capacidade de investimento

por parte da prefeitura municipal.

É provável que, como nos demais empreendimentos da região, a

implantação do Projeto Serra Leste potencialize o ritmo de cresci-

mento da população urbana de Curionópolis e da vila de Serra

Pelada em decorrência de fluxo migratório.

É importante assinalar que a taxa de crescimento urbano decor-

rente de afluxos populacionais acelerados, resultantes da inevitável

atração proporcionada por projetos desta natureza em regiões

onde o potencial de polarização é evidente, pode resultar na com-

posição de um arranjo urbano bem diferente daquele observado

precedente ao novo contexto criado.

No caso de Curionópolis e da vila de Serra Pelada, alguns indicadores

já apontam deficiências estruturais consideráveis, conforme

mostraram os dados produzidos durante a elaboração dos estu-

dos ambientais.

As dimensões do fluxo migratório são de difíceis previsões. No

entanto, independentemente do que se pode prever em termos

estatísticos, medidas específicas podem ser adotadas no sentido

de esclarecer, no âmbito regional, as verdadeiras dimensões do

presente empreendimento. Trata-se de um procedimento impor-

tante que contribuirá para que o cenário atual dos referidos

núcleos urbanos não seja agravado.

É possível, frente à imagem de grande empreendedor da CVRD na

região, que interpretações inadequadas a respeito do porte e fase

do empreendimento ocorram. No entanto, tal situação deverá ser

evitada, já que situações indesejáveis e falsas expectativas poderão

ser criadas caso tal percepção se consolide.

É muito importante salientar que outros corpos de minério de

ferro encontram-se em estudo na área de inserção do presente

projeto, bem como a pesquisa de outros recursos minerais ocor-

rentes em vários domínios da Província Mineral de Carajás.

Espera-se, oportunamente, que estudos mais aprofundados sobre

as cavidades posicionadas no entorno do Projeto Serra Leste pos-

sam resultar na possibilidade de melhor aproveitamento das jazi-

das de minério de ferro nas proximidades do local de desenvolvi-

mento do presente empreendimento, favorecendo o desenvolvi-

mento da Etapa II prevista para o mesmo.

As informações anteriores objetivam, tão somente, apontar que a

vocação mineral desta porção do sul do Pará é evidente. Significa

que cuidados específicos devem ser tomados para que as deman-

das criadas por tal vocação sejam devidamente consideradas dentro

de um planejamento sistêmico, de forma a evitar contextos estrutu-

rais inadequados numa área de relativa fragilidade ambiental.

Considerando que o empreendedor adotará todos os procedi-

mentos cabíveis para que, regionalmente, sejam conhecidas as

reduzidas dimensões do presente empreendimento em relação ao

Complexo Ferro Carajás, espera-se que o cenário de Curionópolis,

bem como o de Serra Pelada, não sejam alvo de profundas trans-

formações negativas.

Serra Leste é um projeto importante, mas, seguramente, tem seu

papel relevante muito mais no pioneirismo que este agrega em

termos de possibilidade de ampliação e estruturação da atividade

minerária no município, do que propriamente na capacidade de, por

si, influenciar de maneira preponderante o arranjo produtivo atual.

É seguro afirmar que o cenário de uso e ocupação do solo atual de

verá se manter plenamente estável nas áreas rurais, devendo as atuais

formas de produção existentes continuarem a ocorrer dentro do

mesmo modelo que hoje se observa em toda a porção sulparaense.

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Page 122: Projeto Serra Leste

122

Nas áreas urbanas, são previsíveis pequenas mudanças em ter-

mos do arranjo territorial atual. Neste sentido, é necessário con-

siderar a possibilidade da expansão da cidade, ampliando os

limites da periferia dos núcleos urbanos. Segundo informações

da Prefeitura, já existe um loteamento aprovado no limite

nordeste da área urbana. Esse loteamento deverá ser aberto no

momento em que se concretizar o empreendimento Serra

Leste e sua ocupação deverá pressionar o igarapé dos Velhos, já

que este ficará entre a área urbana atual e o novo loteamento.

Caso o novo loteamento seja implantado nos padrões atuais

observados na cidade, o igarapé dos Velhos deverá receber

parte dos esgotos da nova ocupação e terá agravado as situ-

ações de enchentes.

Na vila de Serra Pelada, o aumento populacional de pequena

monta não deverá, necessariamente, ampliar o perímetro das

áreas ocupadas. O grande número de residências desocupadas

ou com baixa ocupação deverá possibilitar uma acomodação

do fluxo migratório que poderá buscar, na vila, maior proximi-

dade com o empreendimento.

Entretanto, em decorrência das restritas condições de acesso à

vila de Serra Pelada, é possível que essa população a médio

prazo opte por fixar-se em centros urbanos onde existam

melhores oportunidades de emprego, de serviços urbanos e de

assistência social. Caso o poder público ou outros atores atuantes

em Serra Pelada decidam investir na consolidação desse

núcleo, é possível que as alterações na vila sejam maiores.

Deve ser ressaltado que essas ações são, atualmente, de difícil

previsão e não encontram precedentes no histórico de ocu-

pação de Serra Pelada.

Com relação às possibilidades de modificações dos padrões

atuais dos níveis de ruídos bem como da qualidade do ar, os

resultados apontam para um prognóstico onde tais efeitos

serão restritos basicamente à ADA e à porção da AID próxima a

esta, conforme será discutido no capítulo a seguir referente a

Análise e Avaliação dos Impactos Ambientais.

Conclui-se, portanto, que, no caso de confirmação deste

cenário, a vila de Serra Pelada sofrerá pequenas alterações

ambientais enquanto que, na cidade de Curionópolis, serão

verificadas maiores alterações que incidirão, particularmente,

no meio socioeconômico.

GO_LayoutRelat_12 8/11/06 4:36 PM Page 122

Page 123: Projeto Serra Leste

123

13.1 Introdução

No caso específico do Projeto Serra Leste,

cabe salientar que, em relação aos meios

físico e biótico, as interferências ambientais

são evidentes, já que a extração mineral

demanda ações diretas sobre o substrato e,

conseqüentemente, sobre a cobertura vege-

tal e a fauna a ele associadas. Tais impactos

decorrem, especialmente, da instalação das

estruturas necessárias à atividade mineral,

como também do desenvolvimento da

lavra onde, a formação da cava, a necessi-

dade de disposição de estéril e o próprio

beneficiamento do minério agregam ações

que geram intervenções sobre os fatores

ambientais. No caso de Serra Leste, o con-

texto ambiental apresentado contribui

para que as interferências ambientais

esperadas em relação ao projeto sejam, de

antemão, reconhecidas, em sua grande

maioria, como de baixa magnitude.

O Projeto Serra Leste incorpora, ainda, estru-

turas importantes para o processo de avali-

ação dos impactos ambientais. Essas

estruturas são representadas pela estrada,

que será instalada entre a mina e o pátio de

embarque a ser construído junto à Estrada de

Ferro Carajás e, em menor escala, pela linha

de transmissão de energia, que terá, como

traçado novo, apenas o segmento com-

preendido entre a estrada de acesso à vila de

Serra Pelada e a Usina. As linhas ferroviárias

necessárias para o desenvolvimento das

manobras de embarque do minério, apesar

de suas dimensões, serão instaladas paralelas

à Estrada de Ferro Carajás, ocupando terrenos

de sua faixa de domínio e ambientes de

pastagens localizados em suas laterais.

Diante dos efeitos decorrentes da imple-

mentação de um empreendimento, a

opção metodológica utilizada tem seu foco

principal na adoção de sistemas e medidas

de controle ambiental dotadas da desejada

eficiência operacional.

No tocante ao meio socioeconômico e cul-

tural, essa postura preventiva alinha-se à

adoção, na região de inserção de um novo

13. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

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Page 124: Projeto Serra Leste

124

empreendimento, dos procedimentos corporativos da CVRD,

voltados para a integração de suas ações de responsabilidade

social, envolvendo seus processos, produtos e públicos relaciona-

dos. A gestão integrada dessas relações, principalmente no

tocante às comunidades, parte do reconhecimento de uma empresa

ancorada no território e com significativa influência no arranjo

regional, prestando-se ao papel de indutora (âncora) do

desenvolvimento econômico e social de uma importante

porção do território paraense, como, no caso, do Projeto Serra

Leste em pauta.

13.2 Procedimentos Metodológicos da Avaliação de

Impactos

13.2.1 Definições Básicas Adotadas

A etapa de avaliação de impactos ambientais identifica os

efeitos positivos e negativos, associados ao empreendimento,

considerando as fases distintas de planejamento, instalação,

operação e desativação, tendo como base as características do

empreendimento, o diagnóstico ambiental, além da análise

ambiental integrada.

Uma vez que a etapa de avaliação de impactos ambientais é

determinante do conjunto de ações a serem implementadas de

forma a propiciar que seja reconhecida e validada, pelo órgão

licenciador competente, a viabilidade ambiental do empreendi-

mento pretendido, a ferramenta metodológica a ser adotada para

esta avaliação deve ser tecnicamente consistente de forma a

representar um efetivo instrumento de apoio à tomada de

decisão pela implementação das ações adequadas.

Para a implementação desse instrumento, a CVRD, a exemplo do

que já faz nos estudos ambientais de seus empreendimentos,

baseou-se em conceitos e definições estabelecidos na legislação

aplicável e, em especial, na NBR ISO 14.001/2004, a saber:

• O projeto deve ser caracterizado por seus processos e respecti-

vas tarefas, e em cada uma destas devem ser identificados os ele-

mentos das atividades passíveis de interagir com o meio

ambiente, os quais são denominados aspectos ambientais;

• Aspectos reais são aqueles inerentes à atividade, processo ou

tarefa, enquanto que os aspectos potenciais são aqueles associa-

dos a condições excepcionais de ocorrência. Os aspectos ambi-

entais reais deverão fundamentar a identificação e a avaliação de

impactos, enquanto que os aspectos ambientais potenciais deverão

fundamental a APP - Análise Preliminar de Perigos, bem como a

conseqüente Avaliação de Riscos.

• Impacto ambiental é considerado como qualquer modificação

do meio ambiente, adversa (negativa) ou benéfica (positiva),

decorrente, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais do

empreendimento.

A metodologia ora adotada para avaliação de impactos pres-

supõe a existência de sistemas e medidas de controle ambiental

eficazes, conforme citado anteriormente, previstas para as

possíveis interferências ambientais resultantes da realização das

tarefas do empreendimento. Quando a ação de controle é aplica-

da diretamente no processo operacional como forma de exercer

o controle preventivo e na fonte do aspecto ambiental signi-

ficativo, esta ação caracteriza-se como parte integrante do proje-

to de engenharia, está descrita na caracterização do empreendi-

mento e passa a ser denominada “controle intrínseco”.

A consideração das ações de controle previamente à manifes-

tação de um impacto ambiental revela, por parte do empreende-

dor, a necessidade e obrigatoriedade de atender à legislação

ambiental pertinente, que define critérios diversos para controlar

interferências ambientais resultantes de diferentes tarefas.

Vale ressaltar que, ao se avaliarem os impactos considerando as

ações de controle em pleno funcionamento, esses terão, neces-

sariamente, menores magnitudes. No entanto, tal situação só

ocorrerá quando a incidência de uma ação de controle puder

anular ou amenizar substancialmente a possível ocorrência de

um determinado impacto. Nesse contexto, o foco das ações de

acompanhamento e monitoramento deverá estar voltado para

o funcionamento dos sistemas de controle adotados, fato

que se constitui na forma adequada de verificação da eficácia

desses sistemas.

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Page 125: Projeto Serra Leste

125

13.2.2 Critérios de Valoração dos Impactos Ambientais

A metodologia considerada utiliza critérios específicos de

avaliação de impacto ambiental. São atribuídos “pesos” para a

valoração dos impactos ambientais, realizada a partir da con-

solidação das características de indicadores de valoração de

reversibilidade, da abrangência e da relevância. Esses pesos, ao

serem multiplicados, representam a quantificação da magni-

tude de cada impacto avaliado.

Os impactos cuja magnitude seja moderada ou alta são con-

siderados como significativos.

Os indicadores considerados na MAIA adotada pela CVRD, com

vistas a efetivamente traduzir a magnitude de um impacto

ambiental adverso ou benéfico, foram identificados a partir de

uma análise crítica daqueles usualmente adotados na avaliação

de impactos ambientais, considerando-se, inclusive, os men-

cionados na Resolução CONAMA 01/86. A seguir, apresenta-se

tais indicadores constantes da MAIA aplicada pela CVRD, bem

como os critérios adotados para valoração dos impactos:

a) Indicador de Valoração: Reversibilidade do Impacto

Critérios: Reversível ou Irreversível

• Reversível (1) - é aquela situação na qual cessada a causa

responsável pelo impacto, o meio alterado retorna, imediata-

mente ou no curto prazo, a uma dada situação de equilíbrio,

semelhante àquela que estaria estabelecida caso o impacto

não tivesse ocorrido.

• Reversível a Médio/Longo Prazos (2) - é aquela situação na

qual cessada a causa responsável pelo impacto, o meio alterado

retorna, no médio ou no longo prazos, a uma dada situação de

equilíbrio, semelhante àquela que estaria estabelecida caso o

impacto não tivesse ocorrido.

• Irreversível (3) - o meio se mantém alterado mesmo após

cessada a causa responsável pelo impacto.

b) Indicador de Valoração: Abrangência do Impacto

Critérios: Pontual, Local e Regional

• Pontual (1) - a alteração se manifesta exclusivamente na área

em que se dará a intervenção ou no seu entorno imediato.

• Local (2) - a alteração tem potencial para ocorrer ou para se

manifestar por irradiação numa área que extrapole o entorno

imediato do sítio onde se deu a intervenção, considerados os

critérios de recorte territorial identificados na seqüêcia do texto

• Regional (3) - a alteração tem potencial para ocorrer ou para

se manifestar por irradiação em escala de dimensão regional.

c) Indicador de Valoração: Relevância do Impacto

Critérios: Irrelevante, Baixa relevância, Relevante, Alta

relevância

• Irrelevante (0) - a alteração não é percebida ou verificável.

• Baixa relevância (1) - a alteração é passível de ser percebida

e/ou verificada (medida) sem, entretanto, caracterizar ganhos

e/ou perdas na qualidade ambiental da área de abrangência

considerada, se comparados ao cenário ambiental diagnosticado.

• Relevante (4) - a alteração é passível de ser percebida ou

verificada (medida) caracterizando ganhos e/ou perdas na

qualidade ambiental da área de abrangência considerada, se

comparados ao cenário ambiental diagnosticado.

• Alta relevância (9) - a alteração é passível de ser percebida

e/ou verificada (medida) caracterizando ganhos e/ou

perdas expressivos na qualidade ambiental da área de

abrangência considerada, se comparados ao cenário ambiental

diagnosticado.

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Page 126: Projeto Serra Leste

126

d) Magnitude - reflete o grau de alteração

da qualidade ambiental do meio que está

sendo objeto da avaliação; é caracterizada

a partir da consolidação dos valores associa-

dos aos critérios de valoração de impactos

ambientais. A magnitude deverá ser ex-

pressa por meio dos seguintes parâmetros

e padrões:

• Desprezível - decorrente obrigatoria-

mente de impactos classificados como

irrelevantes, cujo valor é igual a zero (0);

• Baixa - o resultado do produto dos valores

atribuídos aos critérios de valoração pode

ser igual ao conjunto de valores inseridos

entre 1 e 6, inclusive;

• Moderada - o resultado do produto dos

valores atribuídos aos critérios de valoração

pode ser igual ao conjunto de valores

inseridos entre 8 e 18, inclusive;

• Alta - o resultado do produto dos valores

atribuídos aos critérios de valoração pode

ser igual ao conjunto de valores inseridos

entre 24 e 81, inclusive.

A conjugação de quaisquer resultados com

alterações caracterizadas como irrelevantes

resultará magnitude obrigatoriamente

desprezível.

A metodologia adotada contempla ainda

os indicadores complementares, os quais

fornecem informações necessárias ao

detalhamento das ações propostaspara o

tratamento de cada impacto identificado.

13.2.3 Tipos de Ações Ambientais

As ações ambientais são definidas com

base nos critérios de valoração e nos

critérios complementares. Elas contem-

plam a identificação da natureza da ação

principal a ser implementada em cada

tipologia de impacto, de acordo com a

seguinte classificação:

(1) Ações de acompanhamento e /ou

verificação sistemática e periódica -

enquadram-se neste item:

• os procedimentos de monitoramento e

de medição, incluindo-se as verificações

visuais, aplicáveis à avaliação do desem-

penho dos sistemas de controle da quali-

dade ambiental mencionados no corpo do

estudo;

• os procedimentos de monitoramento do

desempenho ambiental dos controles

intrínsecos previstos;

• os procedimentos de monitoramento e

de medição dos impactos significativos

com ocorrência potencial;

• os procedimentos de monitoramento e de

medição dos impactos avaliados como de

baixa magnitude, de forma a, num determi-

nado intervalo de tempo, ratificar a avali-

ação feita;

• os procedimentos de monitoramento do

processo de geração de resíduos.

(2) Ações de controle dos aspectos

ambientais - aplicáveis aos aspectos

ambientais responsáveis por impactos de

moderada ou de alta magnitude, con-

siderando-se que a minimização dos

impactos por meio de controle dos seus

respectivos aspectos deve, sempre que

possível, ser priorizada.

(3) Ações de mitigação dos impactos

ambientais - aplicáveis a impactos mi-

tigáveis de alta e moderada magnitude,

simultaneamente ou não ao controle dos

respectivos aspectos ambientais.

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Page 127: Projeto Serra Leste

127

(4) Ações de compensação ambiental - aplicáveis ao conjunto

de impactos não mitigáveis.

Além destas, deve ser considerada a compensação compulsória na

qual se traduz a aplicação do art. 36 da Lei 9985/00 - Lei do SNUC.

(5) Ações de potencialização - aplicáveis ao conjunto de

impactos ambientais significativos benéficos, visando a sua

otimização.

No âmbito do estudo ambiental as ações propostas devem ser

consolidadas em Planos, Programas e/ou Projetos, os quais serão

detalhados no respectivo PCA - Plano de Controle Ambiental.

3.3 Avaliação dos Impactos Ambientais

A avaliação de impactos ambientais efetuada resultou, para as

fases de instalação e operação do empreendimento, um total de

294 impactos, dos quais, 258 são negativos e 36 positivos. Como

vários dos impactos identificados foram repetidamente registrados

em diferentes tarefas, observa-se um total de 44 casos indicativos

de interferências ambientais negativas e 19 positivas.

Cumpre destacar que, praticamente todos os casos de impactos

positivos estão relacionados ao meio socioeconômico. Além disso,

cabe observar que a análise dos dados reflete as premissas ado-

tadas na metodologia proposta, cujo foco está voltado para a

adoção de sistemas e medidas de controle ambiental com alto

grau de eficiência operacional, para as análises efetuadas para os

meios físico e biótico.

Ainda quanto aos aspectos socioeconômicos, a par da importância

do Projeto Serra Leste para a economia local, regional e nacional, é

inegável que a sua instalação constitui-se em forte atividade modifi-

cadora do meio ambiente, com reflexos, inclusive, na promoção do

desenvolvimento regional, principalmente ao se integrarem as suas

ações a outros projetos sob a responsabilidade da CVRD, em desen-

volvimento na área de interesse.

A seguir serão discutidos os principais impactos ambientais identi-

ficados para o Projeto Serra Leste.

Ao final da seguinte discussão, são apresentadas as Matrizes de

Análise e Avaliação de Impactos Consolidadas para as diferentes

etapas do empreendimento.

13.3.1 Avaliação dos Impactos Ambientais na Etapa de

Planejamento

Para a fase de planejamento não se espera a manifestação de

interferências ambientais importantes. Praticamente estas são

nulas em relação aos meio físico e biótico, especialmente por se

considerar a existência do Projeto Lavra Experimental no mesmo

basicamente na mesma área de inserção do Projeto Serra Leste.

13.3.2 Avaliação dos Impactos Ambientais na Etapa de

Instalação

13.3.2.1 Etapa de Instalação - Impactos Negativos - Meio Físico

a) Alteração da Qualidade do Ar

Para a instalação do Projeto Serra Leste, várias serão as tarefas que

poderão alterar a qualidade do ar. Seu desenvolvimento resultará

na produção de material particulado e de gases de combustão.

A geração de gases de combustão como também de material par-

ticulado estará, então, associada à abertura e melhoria de acessos,

adequação dos terrenos para instalação das estruturas vinculadas

ao empreendimento onde se faz necessária a remoção de solos e

substratos diversos - inclusive com uso de explosivos - ao des-

matamento e à estocagem de solos, ao transporte de pessoal e

insumos diversos, bem como à circulação de veículos para o

desenvolvimento e apoio de tarefas diversas.

Durante a fase inicial de operação do empreendimento será uti-

lizado um gerador de energia a diesel que também contribuirá

para a alteração da qualidade do ar através da emissão de gases

de combustão. Este equipamento, após a instalação da rede de

distribuição de energia na área da mina, será utilizado apenas para

operações de emergência.

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Page 128: Projeto Serra Leste

128

Considerando a regularidade da sazonalidade climática regional,

este impacto, analisado em relação à geração de material par-

ticulado e gases de combustão, deve ser considerado como

reversível a curto prazo (1), de abrangência local (2), relevante

(4) e de magnitude moderada (8).

A presente avaliação levou em consideração o fato de que a

frota não será utilizada de forma simultânea e que o local de

desenvolvimento das atividades posiciona-se quase sempre a

mais de 3 km da vila de Serra Pelada.

b) Alteração dos Níveis de Ruídos

A exemplo da alteração da qualidade do ar, a possibilidade de

alteração dos níveis de ruídos está associada, na etapa de implan-

tação do empreendimento, à operação de máquinas, equipa-

mentos, pequenas detonações para adequação topográfica para

locação de infra-estrutura, circulação de veículos e pessoas na

área de inserção do projeto.

É importante considerar que os resultados obtidos durante a

campanha de campo, realizada durante a elaboração do diag-

nóstico ambiental, mostram um contexto que não contempla

a operação do Projeto Lavra Experimental, já devidamente

autorizado a operar na mesma área onde se prevê a instalação

do Projeto Serra Leste.

O Projeto representará a ampliação das fontes de ruído na etapa

de instalação, em decorrência das obras de adequação/instalação

da estrada que ligará a mina ao pátio de embarque e das linhas

ferroviárias a serem construídas. Nestes dois últimos casos, haverá

apenas a manifestação, durante a etapa de instalação, da emissão

de ruídos de forma mais contínua, já que as áreas onde serão

desenvolvidos os trabalhos localizam-se às margens da Estrada

de Ferro Carajás. Nesta, a circulação de grandes composições

ferroviárias já produz níveis de ruídos seguramente superiores

aos que serão gerados durante a etapa de instalação do

empreendimento em análise.

Durante a etapa de instalação, as tarefas que serão desenvolvi-

das mais próximas ao núcleo urbano de Serra Pelada associam-

se às obras de construção de um trecho da estrada de ligação

da Mina com o Pátio de Embarque do minério. Neste trecho, as

tarefas geradoras de ruídos demandam a utilização de

máquinas, tratores e caminhões, constituindo-se, frente ao

background obtido para a área, em possível alteração dos

níveis de ruídos obtidos no presente diagnóstico.

Outro núcleo importante de geração de ruídos associa-se à

área da mina propriamente dita. Nela, muitas tarefas geradoras

de ruídos serão desenvolvidas simultaneamente, constituindo

no principal domínio onde, de fato, acréscimos importantes,

frente aos padrões atuais, poderão se fazer presentes.

De toda forma, as alterações dos níveis de ruído típicos de

ambientes rurais deverão ser sentidas, pelo menos na porção

da vila de Serra Pelada localizada mais próxima às áreas de tra-

balho do empreendimento. Espera-se que esta alteração não

tenha dimensões de alcance significativas. A vila de Serra

Pelada, posiciona-se, a mais de 3 km da mina, num patamar

topográfico de cerca de 400 metros abaixo da mesma.

Considerando-se o posicionamento da área fonte e a localização

da vila de Serra Pelada, conclui-se por se tratar de um impacto

de abrangência local (2), reversível a curto prazo (1), relevante

(4) e de magnitude moderada (8). Este impacto será direto,

continuo, temporário, real e se manifestará a curto prazo.

c) Alteração da Qualidade das Águas

As tarefas relacionadas aos processos de supressão de vege-

tação, de implantação da infra-estrutura da mina, dos sistemas

de controle da qualidade ambiental, do canteiro de obras, dos

acessos, das estruturas de apoio, das atividades de manutenção,

operações de rotina, captação e adução de água nova podem,

através da geração de sedimentos, de efluentes - incluindo

óleos e graxas -, e de resíduos, produzir interferências sobre os

recursos hídricos no que tange à sua qualidade.

Apesar do adequado controle dos aspectos gerados por esses

processos, previsto EIA em programas ambientais específicos,

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Page 129: Projeto Serra Leste

129

bem como do compromisso de lançamento dos efluentes no meio aquático em con-

formidade com as normas e padrões estabelecidos pela legislação ambiental, ainda assim

alterações poderão ocorrer sobre as características físicas, químicas e bacteriológicas das

águas superficiais da AID.

A geração de sedimentos deve ser um impacto a ser destacado ao longo da estrada a ser

adequada/construída para ligar a mina ao pátio de embarque do minério. As intervenções

necessárias para viabilizar a estrada devem ser priorizadas nos meses de estiagem, já que

durante a estação chuvosa os índices pluviométricos elevados podem contribuir para o

transporte de grande quantidade de sedimentos para as drenagens próximas.

Considerando a eficiência dos sistemas de controle adotados, juntamente com o fato de

que em grande parte da ADA apenas a produção de sedimentos aparece como um

aspecto relevante do empreendimento para a análise do impacto em questão, tem-se

que a maioria das alterações será reversível (1), de abrangência local (2), pouco relevante

(1) e, portanto, de magnitude baixa (2).

d) Assoreamento dos Cursos D'água

O assoreamento dos cursos d'água está associado ao desenvolvimento do conjunto das

tarefas que podem resultar na desagregação e mobilização de materiais, predispondo-os à

ação do escoamento pluvial em direção aos corpos hídricos próximos.

No caso em questão, tarefas como a remoção e estocagem do solo orgânico, instalação

de sistemas de drenagens, adequação e abertura de vias de acesso, construção de sumps

(bacias escavadas), como também as necessárias adequações topográficas (terraplanagem)

para a preparação dos terrenos para o recebimento de estruturas como o pátio de

embarque de minério, as linhas ferroviárias, usina, pilha de estéril e outros, compõem o

elenco das possíveis fontes geradoras de sedimentos.

As demais estruturas relacionadas à mina e usina encontram-se posicionadas em áreas

relativamente planas de solos profundos com excelente condição de drenagem, favore-

cendo a infiltração frente ao escoamento superficial. Desta forma, a construção de pequenas

bacias escavadas e sistemas de drenagens associados parecem ser a solução adequada para

minimizar o fluxo de sedimentos em direção às drenagens, evitando-se o seu assoreamento.

A situação observada para a área do pátio de embarque mostra-se semelhante.

Neste caso, cabe analisar a estrada de forma segmentada, já que dois compartimentos

bem nítidos caracterizam seu traçado. O primeiro deles é representado pelo trecho que

se estende da mina até a transposição da serra do Sereno, já nos domínios da Fazenda

Miranda e Filhos.

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Page 130: Projeto Serra Leste

130

Neste trajeto, a topografia mostra-se bas-

tante variada, alternando-se drenagens

encaixadas e pendentes declivosos, que se

estendem em direção aos topos convexos.

O segundo segmento, a topografia é marca-

da por colinas baixas, por vezes isoladas,

marcando o limite de vales tipicamente

planos ou quase planos. Este segmento será

receptor de aproximadamente 4,5 km de

estrada a ser totalmente instalada, represen-

tando, portanto, o trecho onde intervenções

efetivamente novas serão introduzidas.

Apesar da evidente diferença em termos

de potencialidades para a produção de

sedimentos e do conseqüente assorea-

mento de drenagens, procedimentos

específicos devem ser adotados para a

condução adequada das águas pluviais

como também para a destinação do mon-

tante de material resultante da confor-

mação ou abertura do leito viário.

As ações recomendadas frente à geração

de sedimentos, ora assumem a importân-

cia de um controle intrínseco, como são os

sistemas de drenagem e a bacia de con-

tenção de sedimentos associadas, previstas

para a área da mina/usina e o pátio de

embarque, ora apresentam a função de

ação de controle, como é o caso de sumps

e drenagens basicamente artesanais, que

são adotados para controle de sedimentos

em frentes temporárias de trabalho, como

é o caso da construção da estrada de ligação

mina-pátio e da linha ferroviária.

e) Alteração da Dinâmica Hidrológica

Durante a etapa de instalação do empre-

endimento, as mudanças no comporta-

mento das águas superficiais devem ser de

pequena monta.

Primeiramente, as estruturas associadas ao

projeto serão instaladas em domínios onde

intervenções já foram sentidas em decor-

rência do desenvolvimento da lavra experi-

mental. Neste sentido, as alterações pos-

síveis, em termos da dinâmica das águas

superficiais, podem se manifestar num

ambiente onde a mesma já estará condi-

cionada às estruturas de drenagens do

Projeto Lavra Experimental.

É também importante considerar que as

principais estruturas do empreendimento

serão instaladas numa área plana, onde as

condições de infiltração são muito mais

importantes do que as de escoamento.

É importante destacar que a área a ser deca-

peada para o desenvolvimento da lavra, cor-

respondente à Etapa I do Projeto Serra Leste,

terá garantida a infiltração das águas de

chuva até o momento em que começará o

desenvolvimento da explo-tação em cava,

quando então será necessária a realização de

bombeamento para os trabalhos.

Cabe salientar, ainda, que as demais estru-

turas são pontuais em relação ao platô,

exceção apenas da área de pilha que apre-

senta-se com 89,7 hectares, mas que será

dotada de um sistema de drenagem super-

ficial, a título de controle intrínseco, que

permitirá a drenagem controlada das

águas incidentes sobre esse depósito.

No segmento onde a estrada será apenas

ampliada, correspondente ao trecho onde

as condições de escoamento superficial

são favorecidas pelas declividades mais ele-

vadas, que se estende aproximadamente

da mina até a transposição da serra do

Sereno, algumas características devem ser

ressaltadas.

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Page 131: Projeto Serra Leste

131

Neste trecho, grande parte das drenagens já encontram-se

interceptadas pela estrada existente e seu escoamento é, por

vezes, conduzido por canaletas laterais aos talvegues principais.

Com relação à estrada a ser construída e os trechos a serem

melhorados, a necessidade de garantir condições perenes de

escoamento do minério produzido em Serra Leste já pressupõe

a necessidade de cuidados construtivos adequados, dentre os

quais inclui-se a implementação de sistemas de drenagem

superficial, que podem ser considerados como o sistema de

controle ambiental intrínseco dessa estrutura. Assim, pode-se

considerar que os reflexos na alteração da dinâmica superficial,

apesar de evidentes, visto a necessidade de construção de 44

bueiros e 02 pontes, além do próprio traçado da estrada, serão

necessariamente de pequena monta, garantindo a

manutenção da função da estrada durante todo o tempo.

Isto significa que a dinâmica hidrológica atual deverá ser devi-

damente observada, sendo inclusive garantida a partir do

dimensionamento adequado das estruturas a serem implan-

tadas para que as condições de tráfego adequado da estrada

sejam mantidas.

No segmento da estrada que deverá ser integralmente instalado,

serão asseguradas as condições de escoamento superficial

vigentes, através da instalação de tubulações e bueiros adequada-

mente dimensionados, de forma a não alterar o padrão hidrológi-

co das drenagens naturais que serão atravessadas pela mesma.

Com relação às linhas ferroviárias, praticamente as condições

de escoamento superficial não serão modificadas. Por se tratar

de uma obra associada à Estrada de Ferro Carajás, os bueiros

desta serão apenas estendidos para contemplar as novas linhas.

A ampliação máxima será de apenas 12 metros.

Na área de instalação do pátio de embarque de minério, as

condições topográficas, conforme consta no diagnóstico ambi-

ental, são planas e isentas de processos de dissecação mode-

ladores de canais definidos para o escoamento superficial.

Significa que a possibilidade de interferência na dinâmica do

escoamento de superfície é praticamente nula.

Assim, considerando-se que essa estrada será provida de todos

os controles intrínsecos adequados para o disciplinamento das

águas superficiais - até porque trata-se de um acesso cuja

manutenção da trafegabilidade é vital para a operação do

Projeto Serra Leste -, considerou-se que o impacto analisado

poderá ter abrangência local (2), será irreversível (3), de baixa

relevância (1) e de magnitude baixa (6).

f) Alteração das Propriedades do Solo

Para o Projeto Serra Leste, considerou-se que as alterações nas

propriedades do solo estão associadas à possibilidade deste

interagir com um grande conjunto de tarefas que têm, como

aspecto, a geração de resíduos.

Os resíduos, por sua vez, são representados por metálicos, plás-

ticos, polímeros sintéticos, papéis, papelões, resíduos mistos,

sucatas de PVC, madeiras, pneus, borrachas, vidros e lâmpadas.

Resíduos como filtros de ar e óleo, borra oleosa, estopa e ser-

ragem contaminada com óleo, graxas, reparos de motores e

procedimentos de lubrificação podem também implicar em

interferências ambientais mais sérias ao solo.

Para o Projeto Serra Leste foi definido todo um conjunto de

procedimentos, orientado para a gestão de resíduos. O objetivo

da implementação do Programa de Gestão de Resíduos é

exatamente coletar, estocar e dar destino adequado aos resíduos

de diferentes classes que são produzidos pela atividade de

mineração. Neste sentido, é importante assinalar que os resíduos

gerados nas tarefas diárias da mineração serão devidamente

coletados e destinados ao depósito intermediário de resíduos

(DIR), considerado, assim, um importante controle intrínseco

do empreendimento.

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Page 132: Projeto Serra Leste

132

Conforme especificado no capítulo referente à caracterização do empreendimento, os resí-

duos armazenados no DIR têm diferentes destinos. Cabe ressaltar que os procedimentos rela-

cionados à gestão de resíduos adotados pela CVRD no Complexo Minerador de Carajás e nos

demais empreendimentos que opera no Brasil serão plenamente considerados e emprega-

dos no Projeto Serra Leste.

Dessa forma, o impacto relativo à alteração das propriedades dos solos foi considerado como

de abrangência pontual, reversível e irrelevante, portanto de magnitude desprezível.

g) Alteração da Paisagem

No presente caso, é esperado que a inserção das estruturas associadas ao empreendi-

mento na porção cimeira da serra possa representar uma alteração na paisagem atual-

mente observada da vila de Serra Pelada.

No caso do Projeto Serra Leste, é importante considerar que a paisagem que marcará o

local de sua implantação será representada pelas estruturas associadas ao Projeto Lavra

Experimental.

O empreendimento (Serra Leste - Etapa I), por ter maior porte do que o da lavra experi-

mental e por prever a explotação em cava, seguramente incrementará as mudanças na

paisagem, não só em relação ao modelado atual, mas também sobre aquela que deverá

estar presente na serra quando o projeto for iniciado.

De toda forma, trata-se de uma alteração de ordem física, já que a mesma rebate sobre a

geometria da encosta, bem como na textura da paisagem.

É importante salientar que a disposição das estruturas relacionadas ao empreendimento,

principalmente a usina e a pilha de estéril, serão percebidas de forma muito discreta

pelos moradores de Serra Pelada ou por aqueles que transitam na rodovia de acesso a

esta, visto que ocupam o “platô” da serra, cuja ruptura de declive para a encosta propria-

mente dita, é muito acentuada.

É relevante destacar que no período de instalação do Projeto Serra Leste, a porção da

serra a ser ocupada por este já deverá, em função da lavra experimental, ser percebida

como um domínio da mineração, amenizando, de forma importante, a intensidade de

manifestação do impacto traduzido pela alteração da paisagem.

Considerando-se que, de toda forma, o empreendimento poderá ser percebido pela

população de Serra Pelada, considerou-se que o impacto representado pela alteração da

paisagem poderá ter uma abrangência local (2), será irreversível (3) e será pouco relevante

(1). Desta forma, o impacto será de magnitude baixa (6)

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Page 133: Projeto Serra Leste

133

13.3.2.2 Etapa de Instalação - Impactos Negativos - Meio Biótico

a) Redução da Área de Vegetação de Canga (Savana Metalófila)

A maior parte da cava se desenvolverá sobre área atualmente coberta por vegetação de

canga, que ocorre sobre uma carapaça rochosa.

Por ser específica dessas áreas, esta vegetação encontra-se presente em poucos locais,

todos eles associados quase exclusivamente aos locais onde ocorre o minério de ferro.

Na área de inserção do Projeto Serra Leste, existem, ainda, quatro platôs ferríferos onde a

vegetação de canga aparece como característica.

De toda forma, é importante salientar que esta formação vegetal é exclusiva desta porção

sul paraense, merecendo, por tal razão, ter sua importância sempre reconhecida.

A área de savana metalófila a ser suprimida distribui-se pelo domínio das cavas leste e

oeste, bem como pela área a ser utilizada pela estrada de circulação entre estas e sua ligação

com a usina. Neste sentido, estima-se que a intervenção sobre esta formação será da

ordem de 2,3 hectares.

É bom ressaltar que a área de savana já encontra-se cortada por estradas de acesso à pro-

priedade do Sr. Dimas e presta-se como áreas de pastagem para o gado que está sempre

presente no local. A descaracterização da área também se dará em função do desenvolvi-

mento do Projeto Lavra Experimental, quando serão suprimidos cerca de 20 hectares.

Grande parte das espécies que ocorrem neste ambiente é exclusiva dele. A eliminação

desta área de canga não representará a extinção de nenhuma espécie, pois todas elas são

observadas em outros locais, principalmente na Flona Carajás. De toda forma, a supressão

de uma área com esta cobertura vegetal representa eliminar uma amostra de uma for-

mação vegetal endêmica. Releva este impacto o fato das áreas remanescentes ainda cor-

rerem o risco de sofrerem intervenções, inclusive por estarem em domínios de particu-

lares, em propriedades onde as pastagens sempre acabam por pressionar, direta ou indi-

retamente, qualquer formação nativa da região.

Assim, considera-se o impacto da supressão da vegetação de canga para instalação da

estrutura da mina como sendo irreversível (3), de abrangência regional (3), pois cada área

de ocorrência deste ambiente possui importância em manter uma maior diversidade

genética entre as áreas de ocorrência desta tipologia vegetal. Trata-se de um impacto

muito relevante (9) e, portanto, com magnitude alta (81).

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Page 134: Projeto Serra Leste

134

b) Afugentamento da Fauna Silvestre

A retirada de vegetação para abertura de locais relacionados à

implantação e melhoria das vias de acesso, bem como o possível

aumento do tráfego de veículos, equipamentos e pessoas na

região, poderão ocasionar a dispersão de elementos da fauna do

entorno.

Nos setores florestais atingidos por obras poderá ocorrer a perda

local de áreas para abrigo de populações faunísticas. No entanto,

para o Projeto Serra Leste, no caso da mina e da estrada de ligação

desta com o pátio de embarque, somente setores com pequenos

tamanhos serão desmatados, provocando uma baixa redução de

abrigo e de oferta de recursos alimentares para a avifauna nos

locais atingidos, causando a fuga dos exemplares de aves para o

interior das áreas remanescentes do hábitat.

É importante ressaltar que a intervenção em ambientes florestais

será muito restrita, conforme se observa no mapa de uso do solo

e cobertura vegetal produzido para a ADA do empreendimento,

inclusive ao longo da estrada de ligação mina-pátio de embarque.

Já em boa parte da área de savana metalófila que caracteriza parte

da ADA relacionada à mina/usina, os impactos resultantes da

manifestação de ruídos já se farão presentes, pelo menos durante

o turno diurno, decorrentes da operação do Projeto Lavra

Experimental, compondo um cenário pouco atrativo para a pre-

sença de fauna mais exigente na área e seu entorno imediato.

Com relação ao trecho da estrada de acesso entre a mina e o

pátio de embarque de minério, apesar da ampla dominância de

ambientes de pastagens, alguns fragmentos florestais apresentam-se

como importantes para o suporte de diferentes grupos de fauna

da região. Neste caso, destacam-se os fragmentos que se localizam

a sul da área onde se propõe a implantação do pátio de embar-

que do minério.

Apesar de não se prever nenhuma forma de intervenção direta

nestas áreas, os ruídos decorrentes das tarefas necessárias à

implantação da estrada podem promover o afugentamento da

fauna que utiliza as bordas destes fragmentos, impondo um fluxo

para o interior dos mesmos. Em alguns trechos, a estrada será

implantada a menos de duzentos metros destes fragmentos, fato

que permite concluir que, pelo menos em suas bordas, a alteração

dos níveis de pressão sonora será real.

O arranjo espacial da área de inserção do Projeto Serra Leste per-

mite afirmar que nas áreas onde se pretende a implantação da

mina/usina, pátio de embarque e linhas ferroviárias, o impacto

representado pelo afugentamento da fauna pode ser considerado

como reversível de curto prazo (1), de abrangência local (2), pouco

relevante (1) e, portanto, de baixa magnitude (2).

No entanto, no segmento específico da estrada mina/pátio de

embarque em que este impacto reflete nos fragmentos florestais

citados anteriormente, considera-se que este apresenta-se reversível

de curto prazo (1), de abrangência local (2) e relevante (4), impli-

cando numa magnitude moderada (8).

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Page 135: Projeto Serra Leste

13.3.2.3 Etapa de Instalação -Impactos Negativos - MeioSocioeconômico

a) Geração de Expectativas quanto àNegociação das Terras

A possibilidade de instalação doempreendimento Serra Leste, bem comoda estrada que possibilitará o transportedo minério de ferro da mina até a Estradade Ferro Carajás - EFC, e sua interferênciaem propriedades particulares poderãogerar expectativas nos proprietáriosdessas terras em relação ao processo denegociação. Essas expectativas poderãorelacionar-se, em especial, aos resultadosdo processo de avaliação das propriedadessuper ou desvalorização das áreas .

Além disso, o processo também de nego-ciação entre os proprietários e oempreendedor poderá gerar expectativas

também em proprietários vizinhos àsáreas a serem efetivamente adquiridas,

com conseqüências sobre a dinâmicafundiária na região e mesmo sobre a con-

cretização, ou não, de investimentosfuturos nessas propriedades.

Com base no exposto, este impacto éavaliado como reversível em curto prazo(1), com abrangência local (2) e relevante(4), com magnitude moderada (8).

b) Geração de Expectativas Quanto àEmpregabilidade e Negócios

A população residente na Vila de SerraPelada possui um comportamento muito

especifico. Trata-se de uma comunidadeque apesar das restrições urbanas e dassérias limitações cotidianas, tais comofortes restrições de transportes, assistência àsaúde, de comunicação, entre outros, aindapermanece no local onde acredita deterdireitos que possam garantir seu futuro.

Apesar do grande esvaziamento popula-cional após o término das atividades degarimpagem, o vínculo com o núcleo foipreservado de diferentes formas. Este vín-culo é estabelecido pela população resi-dente ou não em Serra Pelada, com objeti-vo de garantia de manutenção dos direitosreivindicados pelo grande número de pes-soas que estiveram envolvidas com ogarimpo local. Trata-se de trabalhadoresque se encontram organizados em coopera-tivas e sindicatos de forte atuação local.

As limitadas oportunidades econômicasexistentes no território de inserção do pre-sente projeto, especialmente no municípiode Curionópolis, acabam por elevar a

importância da inserção ou implantaçãode qualquer equipamento ou atividade

que possa se traduzir em novas expectati-vas para a população local e que, portanto,

se constitui em um impacto real, aindaque o projeto Serra Leste seja um

empreendimento de pequenas dimensãoquando comparado a projetos já implan-

tados nos municípios vizinhos.

Nesse contexto, o impacto é avaliadocomo reversível a médio/longo prazo (2),com abrangência regional (3) e relevante

(4) conduzindo a uma magnitude alta (24).

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Page 136: Projeto Serra Leste

136

c) Intensificação do fluxo migratório

O perfil da população migrante é o de uma população predomi-nantemente masculina, com baixo nível de qualificação, e que virápara a Área de Influência sem muitos recursos - trata-se de pes-soas que já não estão empregadas em seu local de origem e quemigram em busca de melhores condições de vida. Encontrandoou não emprego direto ou indireto no local do empreendimento,parte dessa população migrante tenderá a permanecer emCurionópolis, gerando impactos indiretos sobre a ordenação terri-torial urbana, sobre o déficit habitacional, sobre a infra-estruturade saneamento e sobre os equipamentos e serviços de saúde eeducação. Em Serra Pelada, as condições muito precárias do assen-tamento inibem a fixação permanente de população migrante.

Marabá, por ser um centro regional, e Parauapebas, por ser umacidade próxima e mais estruturada que Curionópolis poderão vir aabsorver parte da população atraída que verá vantagens em esta-belecer-se em cidades com maior oferta de serviços e maior possi-bilidade de receber assistência social, bem como maiores possibili-dades de procura de emprego. Entretanto, devido ao tamanho da população desses municípios - segundo o Censo do IBGE em2000, Marabá e Parauapebas possuem cerca, respectivamente, 170 mil e de 72 mil habitantes, contra 20 mil em Curionópolis - oaumento populacional decorrente da chegada de migrantes de-verá ser muito menos expressivo em Marabá e Parauapebas, fato

que valida a consideração feita de inserção desses municípioscomo AII e não como AID do Projeto Serra Leste.

Assim, considerando este indicador pode-se afirmar que oempreendimento Serra Leste terá uma previsão de populaçãomigrante correspondente a aproximadamente 8% do total dapopulação residente.

Considerando, portanto, o impacto de intensificação no fluxomigratório, pode-se afirmar que ele é reversível a médio/longoprazo (2), de abrangência local (2), de baixa relevância (1) e debaixa magnitude (4).

d) Alteração de atividades produtivas existentes

A instalação da lavra de extração de minério assim como a insta-

lação das benfeitorias necessárias à exploração e transporte do

minério relativo ao empreendimento modificará o uso do solo

atual, suprimindo a atividade de pecuária bovina em trechos

dessas áreas.

A área que será ocupada pela mina, usina e demais dependências

de apoio à extração mineral está localizada em propriedade que

será inteiramente adquirida pelo empreendedor. Nessa propriedade,

haverá, portanto, a total alteração do uso atual, de pecuária para

atividades de apoio à extração mineral.

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Page 137: Projeto Serra Leste

137

Quanto à estrada, que transportará o minério da mina à EFC (29 km de extensão), parte

desta será retificada no trecho existente a leste da vila de Serra Pelada. A definição do

traçado da estrada referente a este trecho busca minimizar o incômodo à população

moradora, passando em local afastado das moradias.

O trecho que será construído totaliza 9km e passa por apenas uma propriedade. Este fato

interferirá minimamente nas atividades econômicas desenvolvidas na fazenda. Apenas a

faixa diretamente ocupada pela estrada terá seu uso modificado.

Dessa forma, considerou-se esse impacto de magnitude desprezível, já que se trata de

alteração irrelevante.

e) Ocupação desordenada do espaço urbano

Os núcleos do município de Curionópolis, tanto a sede municipal como a vila de Serra

Pelada são, atualmente, precários no que diz respeito ao nível de atendimento da rede de

infra-estrutura e às condições das moradias. Esses núcleos já passaram por processos

intensos de crescimento populacional sem que tenha havido um processo correspondente

de planejamento para ordenar a ocupação do solo e o assentamento dessa população

em condições adequadas.

O rápido aumento populacional e a manutenção da prática vigente de uso e apropriação

do solo tanto na sede municipal de Curionópolis quanto na vila de Serra Pelada permitem

supor uma tendência a uma ocupação desordenada do espaço.

Os principais problemas que podem decorrer do crescimento desordenado são: ausência

de articulação entre o sistema viário e rodoviário, ocupação de áreas inadequadas (como

margens de córregos, rios e áreas de declividade acentuada), implantação de loteamen-

tos clandestinos ou ilegais e dificuldade de universalização dos sistemas de infra-estrutura

de saneamento.

O Plano Diretor é o instrumento de planejamento adequado para iniciar o ordenamento

do território. O município de Curionópolis já iniciou o processo de elaboração do Plano

Diretor, previsto para ser enviado para apreciação e aprovação na Câmara dos Vereadores

em outubro deste ano.

Dessa maneira, este impacto é considerado como de abrangência local (2) e irreversível

(3). Trata-se de impacto relevante (4) de alta magnitude (24).

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Page 138: Projeto Serra Leste

138

f) Aumento do valor de venda e aluguel dos imóveis

A dinamização da economia local decorrente da abertura depostos de trabalho (diretos e indiretos) desencadeará umapressão sobre o mercado imobiliário, fazendo com que opreço dos aluguéis e venda dos imóveis apresente umaumento considerável.

Apesar de não existir pesquisas oficiais sobre o valor da terraem localidades do município, pode-se verificar aumento dospreços dos imóveis em cidades vizinhas, que tem tido suaseconomias dinamizadas a partir da implantação deempreendimentos minerários.

Por outro lado, a priorização da contratação de mão-de-obralocal e políticas do empreendedor orientadas para a qualifi-cação de profissionais na região podem produzir efeitos miti-gadores importantes sobre este impacto.

Considerando que o mercado imobiliário da Área de Influ-ência Direta é bastante retraído, a pressão sobre os valores dealuguel e venda de imóveis representa um impacto de magni-tude moderada (16). Trata-se de um impacto relevante (4), deabrangência local (2) e reversível a médio/longo prazo (2).

g) Pressão sobre equipamentos e serviços públicos desaúde e educação

Nos últimos anos, tem-se observado a melhoria dos indi-cadores de saúde e educação da população do município deCurionópolis. Isso é o resultado da estruturação dos sistemasde atendimento e financiamento da saúde e educação. Comoos recursos públicos para essas áreas são vinculados aonúmero de atendimentos, espera-se que, à medida que a popu-lação cresça, esses serviços acompanhem esse crescimento,ainda que de forma defasada.

Pode-se dizer, portanto, que este impacto é de baixa magni-tude (2), já que ele tem baixa relevância (1), reversibilidade emcurto prazo (1) e com abrangência local (2).

h) Alteração do cotidiano da população

O potencial acréscimo populacional no município influenciará

o cotidiano da população residente, visto que os hábitos e

costumes destes moradores já estão sedimentados e configura-

se na maneira de relacionamento entre indivíduo e meio.

Assim, a possibilidade de alteração na realidade social e cultural

poderá gerar determinados incômodos aos antigos moradores.

Este impacto é irrelevante, sendo, portanto, desprezível.

i) Alteração do quadro nosológico

O aumento populacional causado pelo fluxo de pessoas para

Curionópolis poderá implicar no incremento de patologias

vinculadas às incipientes condições de saneamento somando-

se às de natureza endêmica.

Informações obtidas pelo Sistema de Informações Hospitalares

(MS/SIH:2006) referentes ao ano de 2005 apresentam como

causa mais comum de internações em Curianópolis, a diarréia

(49% das internações) seguida pela dengue (23% das inter-

nações). Frequentemente essas doenças estão relacionadas a

problemas ambientais como: falta de saneamento, de abastec-

imento de água, de higiene, má disposição do lixo e foco de

vetores de doenças nas redondezas.

O aparecimento de novas patologias parece um fato de

menor probabilidade, considerando a origem e a expressivi-

dade do fluxo migratório.

De toda forma, dentro de uma perspectiva conservadora, é

prudente considerar a possibilidade do acréscimo dos proble-

mas do quadro de saúde existente e, portanto, a manifestação

de tal impacto.

O incremento de patologias é considerado como de abran-

gência local (2), de reversibilidade a médio / longo prazo (2) e

relevante (4), configurando em moderada magnitude (16).

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Page 139: Projeto Serra Leste

j)Sobrecarga do sistema viário

O Projeto Serra Leste gerará um aumento

do tráfego nas estradas que ligam o

empreendimento aos centros fornecedores

de mão-de-obra, de serviços e de matérias-

primas. Serão caminhões com equipamen-

tos, insumos e componentes, além de car-

ros e ônibus transportando mão-de-obra.

Na rodovia PA-275, o impacto será

desprezível, pois por essa estrada já circula

um número considerável de veículos com

destino a Parauapebas, que é uma cidade

de porte médio para os padrões da região.

Já, a estrada local, que parte da PA-275 e

segue até Serra Pelada, sofrerá impacto sig-

nificativo durante a etapa de instalação,

quando esta será a principal via de acesso à

área do Projeto Serra Leste. Atualmente

trafegam por essa via apenas poucos veícu-

los. Pode-se prever um aumento no tráfego

de veículos de moradores da Vila de Serra

Pelada e das fazendas do entorno, decor-

rentes das melhorias previstas, por parte do

empreendedor, para esta estrada. Este impacto é reversível em curto prazo (1),

tem abrangência local (2) e baixa relevância(1), sendo sua magnitude baixa (2).

k) Retração dos serviços locais

Os serviços locais criados exclusivamentepara atender à demanda de implemen-tação do empreendimento sofrerãoredução de vendas ou até mesmo encerra-mento de atividades.

Algumas atividades podem estar contem-pladas na demanda da fase de operação,sendo então ajustadas apenas em quanti-dades a ofertar de seus produtos. É possívelainda que o intervalo de tempo entre aoferta inicial e a oferta reajustada seja umperíodo atípico com deflação justamentepela diferença entre oferta e demanda. Emseguida, após adequação, os preços ten-dem a voltar ao patamar normal, mas numcenário contraído economicamente.

Este impacto é considerado como de baixamagnitude (2), já que se trata de impactode baixa relevância (1), de abrangêncialocal (2) e de reversibilidade em curtoprazo (1).

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Page 140: Projeto Serra Leste

140

l) Redução da arrecadação de tributos prioritariamente municipais

O término dos contratos de fornecedores de serviços implicará na redução de recolhimento

de ISSQN - Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza. O valor de perda estimado será de

R$310 mil, conforme previsto para o segundo ano da implantação para o pagamento de

ISSQN. No entanto, o efeito desta retração não será totalmente efetivo em função da fase

seguinte de operação, que manterá em outros parâmetros a geração deste tributo.

Portanto, a redução da arrecadação de tributos é um impacto de magnitude baixa (2),

com reversibilidade em curto prazo (1), abrangência local (2) e baixa relevância (1).

m) Redução temporária da oferta de trabalho direto

O impacto de redução dos postos de trabalho se estende à renda das famílias, ao con-

sumo local e, indiretamente, a outros empregos gerados na economia local em função da

alteração do perfil de consumo. Quantitativamente, corresponde à redução local na POC

da ordem de 3,9% em relação aos postos extintos na implantação e de 5,4% referentes ao

momento de pico de obras.

Com base na informação do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores da

Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), estima-se que cada 1 emprego direto

criado gera 3,6 empregos indiretos. Para Curionópolis, assumindo que cada 1 posto direto

gere 3 novos postos, estima-se a criação de 921 empregos indiretos tomando como base

a média de contratações (307), que não se encerram pela extinção deste postos diretos,

visto que a causalidade inversa não ocorre e, mesmo que ocorresse, a fase seguinte de

operação gerará 351 novos postos, substitutos aos extintos.

Trata-se de impacto de magnitude moderada (8), relevante (4), de reversibilidade a curto

prazo (1) e abrangência local (2).

n) Desvinculação dos trabalhadores da rede de seguridade social

O número de postos extintos previstos no período de instalação (307) e no período de

pico de obras (473) representa o número de seguros-desemprego utilizáveis pelo período

máximo de seis meses. A seguridade deste benefício é garantida logo após a formalização

da contratação. Em função da empregabilidade qualitativa absorvida durante o período

de emprego, parte dos indivíduos demitidos potencialmente voltarão a atividade formal,

mantendo-se na rede de seguridade.

Logo, o impacto de desvinculação da rede de seguridade não será necessariamente

equivalente ao número de postos de trabalho extintos, mas, sim, menor. Trata-se de

impacto de magnitude moderada (8), relevante (4), com reversibilidade em curto prazo

(1) e abrangência local (2).

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Page 141: Projeto Serra Leste

141

o) Redução temporária do poder aquisitivo e do padrão

de consumo

A fase de instalação do empreendimento CVRD causará um

impacto médio de R$ 55mil mensais e, pelo efeito multiplicador

(circulação da renda na economia local), tem o potencial de

incremento de R$ 220 mil mensais. A extinção de postos de tra-

balho causa a perda da renda de R$55mil mensais na economia

local, que poderia ter o efeito contracionista de deslocar a

demanda para o ponto inicial, anterior ao empreendimento, se

considerada pura e simplesmente a inexistência de outra renda

substituta para essas famílias.

Além disso, ocorre pelo período máximo de seis meses o rece-

bimento do seguro desemprego, que mantém parte do poder

aquisitivo da família pelo período em que o indivíduo ainda

esteja em condição de desemprego.

Portanto, o poder aquisitivo e o padrão de consumo não serão

integralmente afetados pela redução de renda causada pela

extinção dos postos de trabalho. Dessa maneira, este impacto é

relevante (4), reversível em curto prazo (1) e de abrangência local

(2), o que determina que sua magnitude seja moderada (8).

13.3.2.4 Etapa de Instalação - Impactos Positivos - MeioBiótico

a) Redução do desmatamento e retirada ilegal demadeira

A prática da retirada ilegal de madeira em remanescentes flo-

restais na Amazônia é prática comum e corriqueira, ocorrendo

na maioria das vezes sem a concessão dos proprietários ruraisdetentores de posse da área. Com a operação do empreendi-mento e sua necessária vigilância patrimonial, espera-se queocorra uma redução ou mesmo cesse essa prática em áreasvigiadas pelo empreendedor. A presença de guaritas de vigilânciae a restrição do acesso de estranhos favorecerá essa redução.

Neste sentido, cabe destacar as portarias que serão instaladas nosdomínios da Fazenda Miranda e Filhos, tanto na entrada sul comona norte. A instalação destas portarias é uma exigência do propri-etário rural, de forma a controlar o acesso de pessoas no trecho daestrada de ligação mina-pátio que se estende do serra do Serenoaté a Estrada de Ferro Carajás é de sua propriedade.

Este mesmo proprietário relatou para funcionários da CVRD oroubo de madeiras em suas terras e acredita que a presença deportarias vigiadas poderá contribuir de forma definitiva para ofim de tal prática em suas terras.

A portaria que será instalada na área da mina/usina tambémpossibilitará maior vigilância nas áreas de savana metalófila correspondente a um platô localizado a norte da mina de Serra Leste, bem como do remanescente de floresta ombrófilalindeiro à cava oeste.

Considerando a abrangência da área a ser coberta pela vigilânciada CVRD, pode-se considerar que este impacto será de abran-gência local (2), reversível a curto prazo (1), muito relevante (9) e de magnitude moderada (18). Trata-se de um impacto tem-porário, contínuo, real, indireto e de natureza positiva.

Tal impacto positivo poderá ser ainda ser potencializado,através de campanhas que envolvam os funcionários que corriqueiramente estarão transitando pelos domínios citados.

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Page 142: Projeto Serra Leste

142

b) Diminuição da pressão de caça

sobre a fauna

Da mesma forma como ocorre com a

retirada ilegal de madeira, é comum

na região a prática da caça, seja para

subsistência ou com fins econômicos,

conforme relatado no diagnóstico do

presente estudo. A grande dimensão

territorial aliada à falta de agentes fis-

calizadores são alguns dos fatores que

colaboram para a grande dimensão do

problema.

Com a presença de vigilantes patrimo-

niais durante a instalação e operação

do empreendimento, o controle de

acesso nos domínios, já citado anteri-

ormente, reduzirá a pressão sobre os

recursos de caça na região.

Esse impacto sobre a flora é reversível

(1), de abrangência local (2) e muito

relevante (9), apresentando, portanto,

uma magnitude moderada (18).

Sua incidência temporária, contínua,

real, indireta, se manifestará a curto

prazo e será de natureza positiva.

Conforme citado anteriormente, tal

impacto poderá ainda ser potencia-

lizado, através de campanhas que

envolvam os funcionários que estarão

transitando pelos domínios citados,

ampliando sua consciência em termos

da preservação dos recursos da fauna

e flora da região.

13.3.2.5 Etapa de Instalação -

Impactos Positivos - Meio

Socioeconômico

a) Geração de oportunidades de

comunicação e posicionamento

Acompanhando os processos de con-

tratação de mão-de-obra o empre-

endedor desenvolverá canais estrutu-

rados e eficientes de comunicação na

AID. Tais canais permitirão que a popu-

lação interaja com os responsáveis

pelo empreendimento, expondo suas

dúvidas e sugestões em relação à

instalação do projeto no local.

O processo de consolidação do diálo-

go social, por meio de canais de

comunicação, possibilitará que o

empreendedor construa novas formas

de relacionamento e planeje de forma

coerente os investimentos para o local.

Dessa maneira, o empreendedor

poderá re-planejar determinadas ativi-

dades, após compreender os benefí-

cios gerais intrínsecos destas.

Este impacto é irreversível (3) de

abrangência local (2), sendo relevante

(4) e de alta magnitude (24) com

duração permanente tendo uma con-

tínua forma de manifestação.

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Page 143: Projeto Serra Leste

143

b) Inserção dos trabalhadores na rede de seguridade social

O número de contratações no período de instalação (307) e no período de pico de

obras (473) representa um acréscimo de 4% e 5,5% respectivamente na POC local.

Tomando-se a referência de renda direta gerada pelo empreendimento (R$55mil)

como salários brutos pagos aos trabalhadores, ter-se-á um valor aproximado de

R$ 44mil de encargos (80% sobre os valores de registro em carteira), incluindo previdên-

cia (INSS), fundo de garantia (FGTS) e contribuições pertinentes às contratações

formais. Neste caso, também considera-se que as empresas terceirizadas adotem a

prática de contratação formal como uma exigência da CVRD, o que torna indiferente

a proporção de empregados diretos e indiretos para esta análise.

Este impacto é considerado como reversível a médio / longo prazo (2), de abrangência

pontual (1) e relevante (4), sendo, portanto, de magnitude moderada (8).

c) Redução das taxas de desocupação / desemprego

A taxa de desocupação em Curionópolis será reduzida de 16,4% para 13% durante a

instalação e 11,5% no pico de obras. Estas reduções no desemprego local de 3,4% e de

5% são economicamente significantes e tem efeito em outros indicadores referentes à

população como aumento da renda per capita e propensão a consumir, bem como

em indicadores de atividade produtiva como a taxa de crescimento econômico local.

Estende-se essa análise para os demais empregos gerados indiretamente (1direto = 3

indiretos - FIEPA), o impacto pode exceder à população economicamente ativa em re-

lação à população ocupada (fase de pico), atraindo mão-de-obra de outras localidades.

O impacto sobre as taxas de desocupação é de reversibilidade a médio / longo prazo (2), de

abrangência regional (3) e relevante (4), o que o configura como de magnitude alta (24).

d) Melhoria das condições de empregabilidade local

O impacto local do empreendimento da CVRD na oferta de empregos em relação à popu-

lação economicamente ativa será positivo em 4% na etapa de instalação (307 empregos) e

de 5,5% no momento de pico das obras (473 empregos). Na hipótese de haver um aumen-

to na oferta de empregos indiretos esse fator poderá ser superior a 5,5%.

Porém, os empregos gerados não impactam apenas quantitativamente a população

pelo aumento de postos de trabalho, mas também qualitativamente visto que a experiên-

cia adquirida na atividade profissional agrega conhecimentos e torna-se diferencial em

processos de seleção e recrutamento futuros. Os indivíduos empregados nas diversas

funções previstas do empreendimento, fase de instalação, terão o acúmulo de 18

meses de emprego formal, com referência salarial e profissional.

Este impacto é reversível a médio/ longo prazo (2), é de abrangência regional (3) e é

relevante (4). Sua magnitude é alta (24).

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Page 144: Projeto Serra Leste

144

e) Aumento da renda das famílias e do poder aquisitivoda população

A contratação de trabalhadores para as obras de implantaçãocausará um impacto médio de R$ 55mil mensal pelo períodode 18 meses (R$989.100 total). O efeito multiplicador (circu-lação da renda na economia local) tem o potencial de incre-mento de R$ 219.800,00 mensal (R$ 3.956.400 total).

Com base na informação do Programa de Desenvolvimentode Fornecedores da Federação das Indústrias do Estado doPará (Fiepa), estima-se que cada 1 emprego direto gerado na min-eração determina 3,6 empregos indiretos. Estimando-se paraCurionópolis, que cada 1 posto direto gere 3 novos postos detrabalho, estima-se 921 empregos indiretos.Tomando-se comoreferência básica de remuneração um salário mínimo, estespostos indiretos corresponderão a um acréscimo na renda dasfamílias de R$322 mil mensais. Logo, o valor total do impactoda CVRD na renda das famílias locais e no poder aquisitivo seráno valor aproximado de R$377mil.

O impacto sobre a renda das famílias e o poder aquisitivo dapopulação é reversível a médio / longo prazo (2), deabrangência local (2) e é relevante (4). Dessa forma, sua magni-tude é moderada (16).

e) Aumento da renda das famílias e do poder aquisitivoda população

A contratação de trabalhadores para as obras de implantaçãocausará um impacto médio de R$ 55mil mensal pelo períodode 18 meses (R$989.100 total). O efeito multiplicador (circu-lação da renda na economia local) tem o potencial de incre-mento de R$ 219.800,00 mensal (R$ 3.956.400 total).

Com base na informação do Programa de Desenvolvimentode Fornecedores da Federação das Indústrias do Estado doPará (Fiepa), estima-se que cada 1 emprego direto gerado na min-eração determina 3,6 empregos indiretos. Estimando-se paraCurionópolis, que cada 1 posto direto gere 3 novos postos detrabalho, estima-se 921 empregos indiretos.Tomando-se comoreferência básica de remuneração um salário mínimo, estespostos indiretos corresponderão a um acréscimo na renda das

famílias de R$322 mil mensais. Logo, o valor total do impactoda CVRD na renda das famílias locais e no poder aquisitivo seráno valor aproximado de R$377mil.O impacto sobre a renda das famílias e o poder aquisitivo dapopulação é reversível a médio / longo prazo (2), deabrangência local (2) e é relevante (4). Dessa forma, sua magni-tude é moderada (16).

f) Dinamização do setor terciário

O setor terciário compõe-se da oferta de bens industrializados eserviços. Em Curionópolis este setor possui baixa participaçãona economia local. A alteração no padrão de consumo dasfamílias tem efeito sobre todos os setores produtivos, especial-mente sobre o setor terciário. Dessa maneira, a demandadoméstica emergente incentivará novos investimentos emnegócios de comércio varejista e de prestação de serviços.

O consumo das famílias é resultado da propensão a consumirem relação ao total da renda das famílias (C = c*Y). A propen-são a consumir é o percentual médio da renda das famílias uti-lizado para os gastos correntes, que exclui a parcela depoupança, ou seja, o que é poupado para o consumo futuro. A relação entre a renda e o consumo é direta, ou seja, quanto

maior a renda, maior o consumo.

Neste sentido, estimou-se que o empreendimento da CVRDterá impacto de aumentar em aproximadamente R$377 mil arenda das famílias locais e, supondo uma propensão a con-sumir de 80% (valor médio usualmente atribuído a este indi-cador), teremos um incremento no padrão de consumo deR$301mil. É reconhecido economicamente que a cesta de con-sumo das famílias, quando ocorre um aumento da renda, sofraalterações no padrão de consumo, o que significa dizer queitens novos podem ser incluídos na cesta e, por vezes, ainda,

outros itens (de menor qualidade) possam ser relegados.Portanto, depreende-se que haverá alteração quantitativa equalitativa no padrão de consumo das famílias de Curionópolis.

A dinamização do setor terciário é considerada como um

impacto reversível a médio / longo prazo (2), de abrangência local(2) e relevante (4). A magnitude deste impacto é moderada (16).

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Page 145: Projeto Serra Leste

145

g) Geração de oportunidades e novos

negócios

O empreendimento terá impacto direto

sobre os setores envolvidos no consumo

local e regional de insumos tais como: areia

brita, cimento, oxigênio, acetileno e argônio,

além de serviços de transporte de pessoal e

cargas, conforme previsto em sua caracteri-

zação. Assim, os fornecedores que já partici-

pam de outros empreendimentos da CVRD

serão incentivados a expandir seus negó-

cios. Portanto, os fornecedores contratados

pelo empreendimento podem favorecer a

geração de novos negócios especialmente

na AID.

Este impacto é relevante (4) e reversível em

curto prazo (1) sendo sua abrangência

regional (3) e sua magnitude moderada (12).

h) Fortalecimento das empresas a

partir da ampliação da demanda por

bens e serviços

As compras geradas pelo empreendimento

da CVRD causarão um fortalecimento das

empresas locais por choque de demanda.

Ao iniciar o período de instalação, as

empresas locais demandadas responderão

a este impacto, buscando o ajuste e objeti-

vando fornecer em maior escala seus pro-

dutos. É possível ainda que o intervalo de

tempo entre a oferta inicial e a oferta rea-

justada seja um período atípico com

inflação maior do que a média, justamente

pela diferença entre oferta e demanda. Em

seguida, após adequação, os preços ten-

dem a voltar ao patamar normal.

O impacto sobre as empresas é relevante (4),

tem reversibilidade a curto prazo (1) e abran-

gência local (2). Sua magnitude é moderada (8).

i) Aumento do faturamento das empresas

Os gastos do empreendimento Serra Leste

apontados em sua caracterização como

compras locais correspondem ao aumento

potencial do faturamento das empresas.

Os valores distribuídos nos dois anos,

sequencialmente, são de R$1,5 milhões e

R$8,2 milhões. Estes valores correspondem,

respectivamente, a um incremento na renda

local das empresas de 3% no primeiro ano e

15% no segundo, causando um impacto de

atratividade para novos serviços e outras

produções que caracterizam a demanda do

empreendimento em cada momento, con-

forme o macrofluxo estabelecido para as

etapas de instalação, que determinará os

setores atingidos pelas compras.

O aumento do faturamento das empresas

é um impacto relevante (4), de reversibili-

dade em curto prazo (1) e abrangência

regional (3), sendo, portanto, de magni-

tude moderada (12).

j) Aumento da arrecadação tributária

municipal e estadual

A contratação de fornecedores de serviços

implicará no recolhimento de ISSQN, assim

como PIS-COFINS e IR. Tomando como

referência as estimativas de gastos para a

fase de operação, conforme apresentado

na caracterização do empreendimento, nos

valores de R$4,5 milhões e de R$10,9 milhões,

ter-se-á uma estimativa de R$150 mil no

primeiro ano e R$310 mil no segundo, refe-

rentes ao ISSQN, de recolhimento direto

para município. Os demais tributos pagos

são recolhidos pelo Estado e pela União e

o valor a retornar para o município será

dado pelas normas específicas de cada um

deles.

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Page 146: Projeto Serra Leste

146

Desta forma, mesmo não havendo uma valoração direta, é seguro que o valor de con-

tribuição nas receitas do município será maior ainda do que a estimativa calculada.

O impacto sobre a arrecadação tributária é de alta relevância (9), de reversibilidade a

médio / longo prazo (2) e de abrangência regional (3). Dessa maneira, sua magnitude é

alta (54).

k) Melhoria das condições de suporte para a reprodução e ampliação das ativi-

dades econômicas

O setor público municipal utiliza-se normalmente das previsões de receitas a partir de

grandes pagadores de tributos especialmente de empresas instaladas. O empreendimen-

to Serra Leste tornar-se-á uma das principais, se não a principal fonte pagadora de

receitas nos anos de implantação e operação para o município. Assim, o governo munici-

pal contará com as estimativas de arrecadação tributária gerada por Serra Leste para

planejar estrategicamente seus futuros investimentos.

Este impacto é considerado como relevante (4), de reversibilidade a médio / longo prazo

(2) e abrangência regional (3). Sua magnitude é alta (24).

l) Melhoria da acessibilidade local

Melhorias na estrada municipal que liga a PA-275 à vila de Serra Pelada, trecho de 33 km,

que serão feitas na fase de instalação do empreendimento Projeto Serra Leste-Lavra

Experimental e mantidas durante o projeto ora proposto, poderão alterar as condições de

circulação entre os dois núcleos urbanos, tornando o tráfego mais permanente e menos

sujeito aos efeitos das intempéries.

Não só os moradores da vila de Serra Pelada poderão alcançar com mais facilidade o

núcleo de Curionópolis, como também o acesso facilitado e permanente à PA-275 possi-

bilita um incremento nas relações entre a vila e os demais núcleos urbanos da região, em

especial Parauapebas. Além disso, as condições de acessibilidade das propriedades rurais

do entorno também serão beneficiadas.

Adicionalmente, a melhoria nas suas condições físicas poderá incentivar empresários do

setor de transportes públicos a proporcionar a oferta de serviços mais adequados para a

população local. Caso isso ocorra, a vila de Serra Pelada terá um ganho significativo de

acessibilidade, o que poderá alterar as condições da economia local e seu poder de

atração de investimentos e de moradores.

Ressalte-se que esse impacto ocorrerá durante a instalação do Projeto da Lavra

Experimental e se intensificará na fase de instalação e operação da mina.

Por ser um impacto de abrangência local (2), reversível em curto prazo (1) e de baixa

relevância (1), este impacto foi classificado como de baixa magnitude (2).

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Page 147: Projeto Serra Leste

147

13.3.3 Avaliação dos Impactos

Ambientais na Etapa de Operação

13.3.3.1 Etapa de Operação - Impactos

Negativos - Meio Físico

a) Alteração da Qualidade do Ar

Os impactos provenientes das atividades

produtivas da mina de Serra Leste na quali-

dade do ar da Área de Influência Direta

(AID) do empreendimento foram avaliados

à luz dos cenários de qualidade do ar prog-

nosticados, com auxílio da modelagem

matemática da dispersão de poluentes,

juntamente com as informações atualizadas

da qualidade do ar da região geradas por

monitoramento contínuo durante o período

de 25/03/2006 a 02/05/2006.

Desses resultados, cabe ressaltar que as

máximas concentrações de curto período

obtidas ocorrem em apenas 1 km2 dos

2.704 km2 da área total estudada para

cada poluente (0,04% da área estudada).

Outra importante constatação está rela-

cionada com a probabilidade de ocorrência

das máximas concentrações obtidas para

os cenários de curto período, que é inferior a

0,01%, para todos os poluentes estudados.

Com base na classificação das médias de

longo período, verificou-se que os poluentes

da classe das partículas (PTS e PI) são os

que apresentam o maior potencial de

alteração da qualidade do ar da região sob

influência das emissões em Serra Leste.

Para os demais poluentes estudados, esse

potencial não é significativo.

Para garantir maior significância e coerência

da análise de viabilidade da explotação de

minério de ferro em Serra Leste quanto à

qualidade do ar, foi realizada uma campanha

de monitoramento dos níveis de poluentes

atualmente existentes na atmosfera da

região, conforme citado anteriormente, de

forma a caracterizar o background para a

etapa pré-implantação do empreendimento.

Da análise dos atuais níveis de poluentes

atmosféricos existentes na região, em con-

junto com o prognóstico modelado dos

acréscimos a serem produzidos pelo

empreendimento, conclui-se que o projeto

é viável quanto à temática qualidade do ar,

considerando os controles intrínsecos

propostos para as fontes emissoras mais

significativas do empreendimento.

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Page 148: Projeto Serra Leste

148

Ou seja, com a implantação do empreendimento, a qualidade do

ar de sua área de influência direta continuará enquadrada nos

padrões primários vigentes (Resolução CONAMA 03/90).

Ressalta-se ainda que a influência das emissões atmosféricas do

empreendimento na qualidade do ar da área urbana de

Curionópolis será desprezível. Assim também o será nas áreas posi-

cionadas ao longo da estrada a ser construída/melhorada que lig-

ará a Mina de Serra Leste ao Pátio de Embarque próximo à Estrada

de Ferro Carajás.

Cabe salientar, no presente caso, que, apesar da reconhecida

ausência de fontes permanentes capazes de alterar a qualidade

do ar, durante os meses de estiagem a queima de pastagens e

de florestas apresenta-se como importante fonte lançamento

de gases como também de material particulado, ocasionando

efeitos indesejáveis sobre o ar numa escala regional.

De toda forma, na avaliação dos impactos ambientais reconheceu-

se que o impacto ambiental representado pela alteração da quali-

dade do ar tem sua importância realçada pela inexistência de

fontes com potencial de emissão como as que comportam o

empreendimento proposto. Por tal razão considera-se este

impacto como de abrangência local (2), reversível de curto

prazo (1), visto que encontra-se especificamente associado ao

processo de produção do minério, e relevante (4), dado o con-

texto ambiental em relação ao atributo ar onde a alteração irá

manifestar. Dessa forma, este impacto é reconhecido como de

magnitude moderada (8).

Como medida mitigadora, devem ser destacados os procedimen-

tos de aspersão dos acessos internos à mina/usina de forma a

amenizar a produção de material particulado.

b) Alteração dos Níveis de Pressão Sonora

Apesar da similaridade dos equipamentos que serão utilizados nas

etapas de instalação e operação do Projeto Serra Leste, haverá a

intensificação de procedimentos de desmonte com o uso de

explosivos. Neste caso, os efeitos sobre as condições ambientais

existentes na fase de instalação do empreendimento podem ser

modificados.

Neste sentido, é também importante destacar a intensificação

na circulação da frota de caminhões responsáveis pelo escoa-

mento do minério. Apesar de a estrada encontrar-se posicionada

a aproximadamente 1,2 km da vila de Serra Pelada, em condições

excepcionais a movimentação dos veículos poderá ser percebi-

da, constituindo-se em um impacto importante a ser avaliado.

A exemplo do que está descrito para a etapa de instalação, admite-

se que frente a qualquer interferência considerada como inadequa-

da ao conforto auditivo da população da vila de Serra Pelada e

habitações rurais vizinhas, caberá ao empreendedor a adoção de

medidas mitigadoras ágeis no sentido de equacionar o problema.

É importante destacar, conforme citado para a etapa de instalação,

que o traçado da estrada que liga a mina ao pátio de embarque

do minério privilegiou o afastamento de residências, como é o

caso da Fazenda Miranda e Filhos, bem como da vila de Serra Pelada.

De toda forma, dentro de uma postura conservadora que deverá

ser mantida até a obtenção de dados mais conclusivos que

serão obtidos com a operação do Projeto Serra Leste-Lavra

Experimental, o impacto representado pela alteração dos níveis de

pressão sonora foi considerado como de abrangência local (2),

reversível de curto prazo (1), pois encontra-se diretamente asso-

ciado às operações do empreendimento, relevante (4), já que se

manifesta num ambiente onde os padrões identificados são

muito baixos e, portanto de magnitude moderada (8).

De toda forma, definiu-se para o presente impacto a aplicação de

ações de controle representadas por manutenção periódica e veri-

ficação de rotina, de forma a se evitar o funcionamento em

condições inadequadas os equipamentos e veículos que possam

produzir interferências indesejáveis nos níveis de pressão sonora.

c) Alteração da Qualidade das Águas

Na etapa de operação, seguramente a possibilidade de ocorrência

do impacto ora analisado será mais remota, já que as tarefas a

serem desenvolvidas encontram-se restrita a domínios mais especí-

ficos e devidamente servidos dos controles necessários para que os

mesmos não tenham reflexos indesejáveis no meio ambiente.

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Page 149: Projeto Serra Leste

149

Merecem destaque os efeitos que podem

se manifestar na lagoa de canga situada na

AID, em sua porção lindeira à ADA. A

mesma poderá sofrer interferências rela-

cionadas ao processo de lavra, devido ao

carreamento de sedimentos gerados pela

exposição e movimentação de solos,

bem como pelo transito de veículos no

seu entorno. Avaliação mais segura em

relação aos impactos a que a lagoa da

canga poderá ser exposta, encontra-se

também condicionada a resultados de

investigações de base hidrogeológica,

conforme citado anteriormente.

Atualmente, este ambiente encontra-se bas-

tante alterado por intervenções antrópicas.

Ao longo da estrada, possivelmente as

tarefas realizadas durante a etapa de

construção/adequação da mesma apre-

sentam maiores possibilidades de

produzir alguma alteração nos atributos

ambientais posicionadas em sua área de

influência se comparadas com a sua

operação. Conforme citado para a etapa

de instalação, a necessidade manter a

estrada em condições adequadas de

transporte todo o ano, por si só, já con-

duz o empreendedor para a adoção de

um padrão construtivo adequado, onde

as condições de estabilidade da mesma

necessariamente deverá ser priorizada.

Os reflexos desta necessidade rebatem na

adoção de procedimentos construtivos

adequados, compatíveis com a manutenção

da dinâmica hídrica natural, a recuperação

de áreas degradadas, bem como a

manutenção adequada de taludes de

corte e aterros. Considerando a natureza

dos ambiente de intervenção das tarefas

que podem resultar na manifestação do

impacto ambiental ora analisado, o

impacto resultante da alteração da quali-

dade apresenta-se como reversível de

curto prazo (1), de abrangência local (2),

pouco relevante (1) e, portanto, de mag-

nitude baixa (2).

d) Assoreamento dos Cursos D'água

Durante a etapa de operação, as fontes

geradoras de sedimentos, apesar de

ampliadas, passam a ter um controle

mais efetivo. Nesta etapa os sistemas de

drenagens já foram plenamente implan-

tados e as águas pluviais de pátios de

produtos e pilha de estéril, já encontram-

se orientadas para bacias de contenção

de sedimentos, sumps e demais estru-

turas de controle.

O desenvolvimento da lavra em cava

constituiu-se num outro fator que con-

tribui para a remota possibilidade de

escape de sedimentos para as drenagens.

Cabe ressaltar que a pilha de estéril,

estrutura com maior potencial de pro-

dução de sedimentos junto à Mina, tem

sua operação prevista para um domínio

topográfico muito plano, onde as

condições de controle sobre a dinâmica das

águas superficiais são mais efetivas.

Durante a operação, atenção especial

deve ser dada a estrada de ligação entre

a portaria e a usina. Trata-se de um seg-

mento de encosta de declividades acentu-

adas, com solos espessos que, se desesta-

bilizados, podem contribuir com grandes

volumes de sedimentos para a drenagem

que alimenta o açude posicionado nas

imediações da sede da Fazenda Ana

Célia, propriedade está que deverá ser

adquirida pelo empreendedor.

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Page 150: Projeto Serra Leste

150

De toda forma, considerando-se a importância da manutenção de tal estrutura para

garantir o escoamento da produção da mina de Serra Leste, a verificação de rotina terá

o objetivo de se evitar que áreas ao longo da estrada sejam produtoras de sedimentos

para as drenagens da região.

Por tal razão, o assoreamento dos cursos d'água foi considerado durante a etapa de

operação do Projeto Serra Leste como um impacto de abrangência local (2), reversível

a médio/longo prazos (2), pouco relevante (1) e de magnitude baixa (4).

13.3.3.2 Etapa de Operação - Impactos Negativos - Meio Biótico

a) Afugentamento da fauna silvestre

Tal impacto deverá continuar a ocorrer na área de inserção do empreendimento, já

que as tarefas ligadas à operação continuarão a produzir ruídos.

De toda forma, o cenário de manifestação deste impacto mostra-se diferenciado ao

longo da diferentes estruturas que compõem o Projeto Serra Leste.

Na área imediata à mina/usina, os efeitos ambientais que podem provocar o afugenta-

mento da fauna vão se manifestar num domínio já submetido a interferências desta

natureza em decorrência da etapa de instalação e do Projeto Lavra Experimental.

Não se espera a manifestação deste impacto nas áreas de operação do pátio de embarque

e das linhas ferroviárias, já que estas encontram-se lindeiras à Estrada de Ferro Carajás, onde

os níveis de ruídos decorrentes da movimentação das composições que por ali circulam já

produzem os efeitos ambientais esperados pelas estruturas citadas.

A questão se agrava, no entanto, quando se analisa o caminhamento da estrada de

ligação mina-pátio. Nesta, especificamente na sua porção mais setentrional, após a trans-

posição da serra do Sereno, a fauna associada aos mais representativos fragmentos flo-

restais da AID será alvo da influência dos ruídos produzidos pelos caminhões de trans-

porte de minério. Conforme citado para a etapa de instalação, a presença de ruídos nas

proximidades destes fragmentos deverá acentuar o efeito de borda, induzindo o fluxo

faunístico para o interior da floresta. É importante assinalar que, na etapa de instalação,

espera-se a circulação de 01 caminhão a cada seis minutos, constituindo-se, pratica-

mente, numa fonte permanente de ruído.

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Page 151: Projeto Serra Leste

151

Este impacto deverá, juntamente com a construção da estrada, favorecer a consolidação da

fragmentação ambiental, impacto a ser analisado a seguir.

Conforme explicado no diagnóstico ambiental, esses fragmentos, no entanto, já encontram-se

submetidos às mais diferentes formas de pressão, tais como a presença de pastagens em todo

o entorno, de estradas - inclusive no interior dos mesmos, de clareiras e a provável cata de

madeiras nobres de forma clandestina.

De toda forma, trata-se de um impacto de reversível a curto prazo (1), de abrangência local (2),

relevante (4) e de magnitude moderada (8).

Para a redução do presente impacto, deve-se proceder à aplicação de ações de controle

representadas por manutenção periódica e verificação de rotina, de forma a se evitar sua

operação em condições inadequadas os equipamentos e veículos que possam potencializar

a já indesejável interferência ambiental decorrente da geração de ruídos.

b) Pressão na fauna e flora decorrentes da fragmentação de habitats

Conforme salientado anteriormente, a circulação de caminhões de forma praticamente

permanente entre os principais fragmentos existentes na AID do Projeto Serra Leste

poderá interromper o fluxo de grande parte dos grupos de fauna da região. Atualmente,

mesmo praticamente separados, já que sua conexão direta é estabelecida apenas por

uma estreita faixa de vegetação em estágio de juquira, cuja largura é de aproximadamente

100 metros, a fragmentação é produzida por áreas de pastagens, possibilitando a circu-

lação de alguns grupos entre eles.

Com o aumento do ruído gerado pela passagem de caminhões associado à estrada com

largura de 20 metros de pavimentação asfáltica, principalmente a fauna terá seu trânsito

entre fragmentos dificultados e em certos casos impedido, comprometendo também o

fluxo genético entre as espécies da flora que dependem desses como dispersores de

sementes ou como agentes polinizadores. Poderá ainda ocorrer a diminuição de fluxo

gênico entre as populações existentes em fragmentos florestais interligados, bem como

o aumento da competição por habitat e alimento entre as espécies nos fragmentos menores.

Por se tratar da separação dos maiores e mais importantes fragmentos existentes na área

do Projeto Serra Leste, a pressão na fauna e flora decorrentes da fragmentação de habitats

apresenta-se como o mais importante impacto negativo sobre o meio biótico, sendo

reversível a médio/longo prazos (2), possuir uma abrangência local (2), uma alta relevância (9) e,

portanto, uma magnitude alta (36) Sua duração será temporária, contínua e de ocorrência real.

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Page 152: Projeto Serra Leste

152

13.3.3.3 Etapa de Operação - Impactos

Negativos - Meio Socioeconômico

a) Aumento do valor de venda e

aluguel dos imóveis

As razões que indicam a ocorrência do

impacto representado pela pressão dos

valores de moradia já foram discutidas na

etapa de instalação.

Considerando a forma como o mercado de

imóveis reaja ao aumento da demanda,

pode-se esperar duas formas distintas de

manifestação deste impacto. No caso da

oferta de imóveis para a venda ou aluguel

ser ampliada na fase de instalação, a

tendência dos valores será de estabilização.

Ocorrendo o contrário, os preços tenderão

a subir.

Portanto, trata-se de um impacto de baixa

magnitude (4), pois é reversível a médio /

longo prazo (2), possui abrangência local

(2) e baixa relevância (1).

b) Pressão sobre a infra-estrutura de

saneamento

A pressão exercida sobre a infra-estrutura

de saneamento na AID continuará ocorren-

do na fase de operação, porém em menor

proporção. A primeira razão deve-se à

provável redução do fluxo migratório para

o município o que implicará em menor

pressão sobre a infra-estrutura básica de

saneamento.

A segunda razão, a mais importante,

decorre do fato de que o município terá

sua arrecadação tributária dinamizada por

recursos derivados da produção e comer-

cialização mineral, ampliando sua capaci-

dade de investimentos públicos.

Este impacto foi considerado como rele-

vante (4), tendo abrangência local (2) e

reversibilidade a médio / longo prazo (2).

Portanto, trata-se de impacto de magni-

tude moderada (16).

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Page 153: Projeto Serra Leste

153

c) Pressão sobre os equipamentos eserviços públicos de saúde e educação

A pressão sobre os equipamentos eserviços de educação e saúde tende a sermenor durante a etapa de operação emrazão do processo de desmobilização demão-de-obra por conta do término dafase de instalação.

Portanto, este impacto foi classificadocomo de magnitude moderada (16), já quese trata de impacto baixa relevância (2), deabrangência local (2) e de reversibilidadepossível a médio / longo prazo (2).

d) Geração de expectativa

O início das atividades operacionais doempreendimento Serra Leste poderá desencadear expectativas desmedidasquanto à possibilidade de melhoria nascondições de vida da população.

A população poderá solicitar e/ouaguardar do empreendedor investimentossocioeconômicos no local que são deresponsabilidade e competência de outras instâncias.

Embora o empreendedor realize ações de

comunicação e relacionamento esclare-cendo seu papel socioeconômico e

cultural, é fato que empreendimentos degrande porte frequentemente repercutemcomo possíveis agentes fomentadores decrescimento e melhoria nas condições devida da população por gerarem postos detrabalho, arrecadação tributária, investi-mentos vinculados à responsabilidadesocial empresarial dentre outros benefícios.

Este impacto é reversível a médio / longoprazo (2), tem abrangência regional (3) ebaixa relevância (1). Sua magnitude ébaixa (6), podendo ocorrer de formadescontinua.

e) Sobrecarga no sistema viário

Durante a etapa de operação o fluxo nasestradas, PA-275 e vicinal, que ligam oempreendimento aos centros de mão-de-obra (cidades de Curionópolis eParauapebas, principalmente) e aos cen-tros fornecedores de insumos e serviçosdeverá continuar a ser impactado. Espera-se,entretanto, que o acréscimo de fluxo sejamenor, pois ele será composto por menorcirculação de veículos.

Dessa maneira, o impacto é de baixa magni-

tude (2), resultado da combinação de suaabrangência local (2), reversibilidade a

curto prazo (1) e baixa relevância (1).

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Page 154: Projeto Serra Leste

154

13.3.3.4 Etapa de Operação - Impactos

Positivos - Meio Socioeconômico

a) Geração de canais de comunicação e

posicionamento

O desenvolvimento de canais estruturados

e eficientes de comunicação em

Curionópolis permitirá que a população

interaja com os responsáveis pelo

empreendimento.

Espera-se que na fase de operação o diálogo

social esteja consolidado possibilitando ao

empreendedor o fortalecimento de parce-

rias objetivando a construção de propostas

para o desenvolvimento socioeconômico e

cultural local. Dessa maneira, é possível prev-

er que o empreendedor terá condições de

avaliar e re-planejar suas ações frente à par-

ticipação e consenso das partes.

Este impacto é irreversível (3), tem

abrangência local (2) e é relevante (4).

Sua magnitude é, portanto, alta (24).

A duração deste impacto é permanente

e sua forma de manifestação é contínua.

b) Inserção dos trabalhadores na rede

de seguridade social

O número de contratações no período de

operação é de 351 postos e representa um

acréscimo de 6% na população ocupada

(POC) local. Tomando-se a referência de

renda direta gerada pelo empreendimento

(R$55mil) como salários brutos pagos aos

trabalhadores (R$912mil), ter-se-á um valor

aproximado de R$730mil de encargos (80%

sobre os valores de registro em carteira),

incluindo previdência (INSS), fundo de

garantia (FGTS) e contribuições pertinentes

às contratações formais. Neste caso, também

considera-se que as empresas terceirizadas

adotem a prática de contratação formal

como uma exigência da CVRD, o que torna

indiferente a proporção de empregados

diretos e indiretos para esta análise.

Trata-se de impacto relevante (4), de

reversibilidade a médio / longo prazo (2),

de abrangência pontual (1). Sua magnitude

é moderada (8).

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Page 155: Projeto Serra Leste

155

c) Redução das taxas de desocupação / desemprego

A redução da taxa de desocupação em Curionópolis será de 16,4% (estimativa IBGE 2000)

para 11,4% durante o período de operação. Esta redução no desemprego local de 5% é

economicamente significante e tem efeito em outros indicadores referentes à população

como aumento da renda per capita e propensão a consumir, bem como em indicadores

de atividade produtiva como a taxa de crescimento econômico local. Esta redução é uma

estimativa exclusiva do impacto direto do empreendimento, que se amplia quando esti-

mada para os demais empregos gerados indiretamente (1direto = 3 indiretos - FIEPA),

chegando a exceder a população economicamente ativa em relação à população ocupada,

atraindo mão-de-obra de outras localidades.

Este impacto é relevante (4), tem abrangência regional (3) e reversibilidade a médio /

longo prazo (2). A magnitude é alta (24).

d) Melhoria das condições de empregabilidade local

O impacto local do empreendimento da CVRD na oferta de empregos em relação à popu-

lação economicamente ativa será positivo em 351 novos postos, que representa um

impacto de 6% a mais de pessoas ocupadas em relação à POC estimada para o ano de

2000 pelo IBGE.

Este fator será maior se assumida a hipótese de aumento de postos de trabalho indireta-

mente gerados, que corresponderão a três vezes mais na oferta de empregos, passando a

taxa de aumento para 24%. Vale ressaltar que esse efeito se dá em diferentes instantes do

tempo e tem comportamento dinâmico.

Trata-se de impacto de alta magnitude (24), já que é relevante (4), de reversibildade a

médio / longo prazo (2) e abrangência regional (3).

e) Aumento da renda das famílias e do poder aquisitivo da população

A contratação de trabalhadores (empregos diretos) para a operação do empreendimento

causará um impacto médio de R$ 95mil mensais (R$912mil/ano) durante cinco anos.

Segundo a FIEPA, estima-se que cada 1 emprego direto criado gere 3,6 empregos indiretos.

Para Curionópolis, assumindo que cada 1 posto direto gere 3 novos postos, estima-se 1.050

empregos indiretos e, tomando como referência básica de remuneração um salário mínimo,

estes postos indiretos corresponderão ao acréscimo de R$367,5 mil mensais. Logo, o valor

total do impacto da CVRD na renda das famílias locais e no poder aquisitivo será no valor

aproximado de R$463mil.Este impacto é considerado como relevante (4), de reversibilidade

a médio / longo prazo (2), de abrangência local (2) e de magnitude moderada (16).

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Page 156: Projeto Serra Leste

156

f) Dinamização do setor terciário

A dinamização do setor terciário, sentido na fase de implantação é

potencializada com a continuidade de incremento no padrão

de consumo da população local. Esse fato desencadeia um

efeito multiplicador na economia da AID.

Portanto este impacto é relevante (4), tem reversibilidade a

médio / longo prazo (2) e abrangência local (2). A magnitude

deste impacto é moderada (16).

g) Alteração do padrão de consumo

O consumo das famílias é resultado da propensão a consumir

em relação ao total da renda das famílias. A propensão a consumir é

o percentual médio da renda das famílias utilizado para os gas-

tos correntes, que exclui a parcela de poupança, ou seja, o que

é poupado para o consumo futuro. A relação entre a renda e o

consumo é direta, ou seja, quanto maior a renda, maior o consumo.

Neste sentido, estimou-se que o empreendimento da CVRD

terá impacto de aumentar em aproximadamente R$463 mil a

renda das famílias locais e, supondo uma propensão a con-

sumir de 80% (valor médio usualmente atribuído a este indi-

cador), teremos um incremento no padrão de consumo de

R$370mil. É assumido economicamente que a cesta de con-

sumo das famílias, quando ocorre um aumento da renda, sofra

alterações no padrão de consumo, o que significa dizer que

itens novos possam ser incluídos na cesta e, por vezes, ainda,

outros itens (de menor qualidade) possam ser relegados.

Portanto, depreende-se que haverá alteração quantitativa e quali-

tativa no padrão de consumo das famílias de Curionópolis.

A alteração do padrão de consumo é relevante (4), tem

reversibilidade a médio / longo prazo (2) e abrangência local

(2). A magnitude deste impacto é moderada (16).

h) Melhoria da condição de empregabilidade da população

Os empregos gerados têm impacto não apenas quantitativo

pelo aumento de postos de trabalho mas também qualitativo.

Os indivíduos empregados nas diversas funções previstas na

caracterização do empreendimento, fase de operação, terão o

acúmulo previsto de cinco anos de emprego formal, com referên-

cia salarial e profissional.

Serão beneficiados no sentido de absorver a capacitação e a

experiência profissional, que serão incorporadas e não mais per-

didas, mesmo após a finalização do período de contratação.

Neste sentido, os trabalhadores terão melhor situação de con-

seguir outras oportunidades de emprego, tanto locais como

fora da cidade, após a experiência adquirida em Serra Leste.

Trata-se de impacto relevante (4), de reversibilidade a médio /

longo prazo (2) e abrangência regional (3). Sua magnitude é, por-

tanto, alta (24).

i) Geração de oportunidades e novos negócios

A fase de operação representa o momento em que os investimen-

tos estão consolidados em sua maior parte. O impacto direto

sobre os setores envolvidos no consumo local e regional de

insumos já terá ocorrido na fase de instalação. Ainda assim, como

a fase de operação demanda ítens de consumo diferentes da

implantação, novamente o empreendimento atrairá outras

unidades produtivas. Além do efeito direto, há que se considerar

os negócios indiretos que serão favorecidos pelo longo prazo

da fase de operação.

Portanto, os novos negócios serão favorecidos pelo

empreendimento nesta região, de forma relevante (4), com

reversibilidade em curto prazo (1) e abrangência regional (3).

A magnitude deste impacto é moderada (12).

j) Fortalecimento das empresas a partir da ampliação da

demanda por bens e serviços

Os gastos da CVRD apontados na caracterização do empreendi-

mento referentes às compras locais causarão também o fortaleci-

mento das empresas na fase de operação, considerando que

para esta etapa serão consumidos outros tipos de bens e

serviços.Este impacto é relevante (4), tem abrangência local (2)

e é reversível em curto prazo (1). Sua magnitude é, portanto,

moderada (8).

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Page 157: Projeto Serra Leste

157

k) Aumento do faturamento das

empresas

Os gastos do empreendimento da CVRD

apontados na caracterização como compras

locais correspondem ao aumento potencial

do faturamento das empresas.

O valor de consumo local do empreendimen-

to, fase de operação, é de R$17milhões /ano,

que representam um incremento na renda

local das empresas de aproximadamente

30% em relação ao PIB 2002 (IBGE). Isto

causará um impacto de atratividade para

novos serviços e outras produções que carac-

terizam a demanda do empreendimento

em cada momento, conforme o macrofluxo

estabelecido para suas respectivas etapas.

Trata-se de impacto relevante (4), reversível

em curto prazo (1) e de abrangência regional

(3). A magnitude é moderada (12).

l) Aumento da arrecadação tributária

municipal e estadual

A arrecadação do município de Curionópolis

totalizou em 2003 aproximadamente R$ 9

milhões, marcadamente determinados

pelas transferências da União (em torno de

dois terços da receita). A operação do

empreendimento Serra Leste causará um

impacto direto na arrecadação de tributos

municipais (ISSQN e CFEM) na ordem de

R$ 724mil no primeiro ano de operação e,

em média, R$ 2,47 milhões anuais nos três

outros anos. Este impacto significa 8% de

aumento no primeiro ano e em média

27,5% nos anos subseqüentes sobre a

arrecadação municipal.

O impacto nas finanças estaduais ocorrerá

no valor de R$805mil no primeiro ano e

R$3,2 milhões a partir do segundo ano.

No âmbito federal se pagará de tributos

R$9,3milhões no primeiro ano, R$30milhões

no segundo ano e R$34milhões do terceiro

ano em diante. Em média, o município

receberá diretamente 6,6% dos tributos, o

Estado 8,1% e a União 85,4%. Como já foi

referido, parte dos impostos estaduais e

federais retornam ao município por repasses

específicos de cada tipo de tributo.

Portanto, o município sofrerá o impacto na

arrecadação tributária de 27,5% a partir do

segundo ano, além de outros recursos

repassados pela comercialização do

minério. Este impacto é considerado como

de alta relevância (9), de abrangência

regional (3) e de reversibilidade a médio /

longo prazo (2). Dessa forma, trata-se de

impacto de alta magnitude (54).

m) Melhoria das condições de suporte

para a reprodução e ampliação das

atividades econômicas

O empreendimento da CVRD será uma das

principais, se não a principal fonte pagadora

de receitas nos anos de instalação e operação

para o município. Na fase de operação o

setor público poderá contar com um

expressivo acréscimo de participação nos

tributos para realizar previsões de receitas,

a partir da fonte pagadora Serra Leste, e

planejar suas ações de investimento e

desenvolvimento socioeconômico.

Trata-se de impacto relevante (4), de

abrangência regional (3) e reversibilidade a

médio / longo prazo (2). Dessa maneira,

sua magnitude é alta (24).

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Page 158: Projeto Serra Leste

158

13.3.4 Avaliação dos ImpactosAmbientais na Etapa de Fechamento

Algumas considerações relacionadas aotérmino das atividades do projeto oraproposto, são merecedoras de uma análisemais específica devido à singularidade daregião onde se insere.

O Projeto Serra Leste foi inicialmente con-cebido considerando uma produção de 2

milhões de toneladas ao ano, a partir deuma reserva origina de 55 milhões de

toneladas de minério de ferro.

Durante a elaboração do diagnósticoambiental, os primeiros levantamentos decampo indicaram a presença de cavidadesdentro e nas imediações do perímetroonde se previa o desenvolvimento da lavra.

Em função das restrições legais relacionadasà proteção das cavidades naturais, pro-cedeu-se, então uma revisão em todo oarranjo do Projeto Serra Leste, objetivandoa preservação de tais feições geomorfológicas.

O novo Projeto resultou numa reduçãodas reservas de minério de ferro da

ordem de 29 milhões de toneladas milhõesde toneladas. Assim, considerando a

manutenção da produção já citada, a vidaútil do empreendimento passou a serestimada em 14,5 anos.

Este cenário passou a ser então, pelomenos em um primeiro momento, ocenário de referência para a avaliação daviabilidade do empreendimento, em seusdiferentes aspectos, sendo a viabilidadeambiental alvo do presente estudo, que

tem como propósito subsidiar o processode licenciamento ambiental junto à SECTAM.

De toda forma, o que se pode assegurar éque no mesmo corpo mineral onde se pre-tende desenvolver o Projeto Serra Lestecontinuará a existir uma reserva de 26milhões de toneladas de minério de ferro,em função dos fatores antes aqui abordados.

Há que se ressaltar que muitos estudos

encontram-se em andamento, não só naregião de Carajás, mas em diversas regiõesdo Brasil, voltados para a avaliação mais

detalhada de tais feições geomorfológicas,para que se possa, reconhecer o efetivostatus de significância das mesmas no con-texto geográfico de sua ocorrência.

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Page 159: Projeto Serra Leste

159

Estudos objetivando a valoração de cavidades estão se prestandocomo importante subsídio para tomada de decisões de algunsórgãos públicos responsáveis pelo licenciamento ambiental emalguns estados brasileiros. Nestes estados, a supressão de cavi-dades cuja importância ambiental não apresenta a relevânciadesejada, avaliada à luz de um conjunto de ambientes similaresnuma determinada região, tem sido autorizada dentro de pro-cedimentos compensatórios que sempre interessam aoempreendedor, aos órgãos responsáveis pela gestão ambientale entidades que lidam com as questões ambientais.

O registro de tais procedimentos é importante visto que naprópria Serra Leste, ocorrem mais dois corpos de minério deferro, localizados praticamente contíguos ao presente projeto,que podem tornar-se alvo de interesse do empreendedor.

Tais corpos já foram estudados e os resultados preliminaressugerem a viabilidade econômica de seu aproveitamento.

Dentro desta perspectiva, significa que o Projeto Serra Lestepode ser potencializado a partir de duas vias. Uma seria oaproveitamento das reservas que não foram explotáveis emdecorrência da preservação das cavidades e a outra, a partir dodesenvolvimento da mina nos corpos lindeiros ao que atual-mente se pretende lavrar.

De toda forma, é importante considerar, conforme já foi citadoanteriormente, que a operação deste empreendimento, ora emlicenciamento, poderá influenciar positivamente na viabilidadeda expansão da explotação mineral nos corpos contíguos járeferenciados. As melhorias do sistema viário, a construção de

um pátio de embarque de minério, o ramal ferroviário e aprópria formação de uma mão-de-obra local orientada para opresente projeto, são fatores que de fato potencializam aexpansão da mineração no município de Curionópolis.

Além das pesquisas relacionadas ao minério de ferro nos cor-pos citados, outros recursos minerais já estão sendo pesquisa-dos na região desde a década de 80. Em função deste cenário,é mais provável que o Projeto Serra Leste seja o marco embrionáriode uma atividade econômica que já é considerada uma dasgrandes vocações desta porção do estado do Pará. Por talrazão, as perspectivas de término das atividades relacionadasao Projeto Serra Leste parecem pouco prováveis.

De toda forma, algumas ponderações considerando a desati-vação do empreendimento serão ressaltadas a seguir e devemser compreendidas como um cenário de pequena probabili-dade de ocorrência, frente às pers-pectivas já delineadas para aregião e adjacências do Projeto Serra Leste.

Com a efetiva desativação do Projeto Serra Leste, encerra-se ageração de resíduos, a geração de material particulado, a geraçãode efluentes líquidos de diferentes naturezas. Desaparecem asfontes geradoras de ruídos como também as que alteram a

qualidade do ar.

O término das tarefas que resultam nos impactos ambientais,associados aos aspectos citados conduz para a efetiva melhoriada qualidade ambiental dos atributos físicos e bióticos, comreflexos em algumas variáveis socioeconômicas.

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Page 160: Projeto Serra Leste

160

Neste caso, é de se esperar que ocorra a

melhoria da qualidade do ar, o retorno dos

níveis de pressão sonora semelhantes aos

padrões diagnosticados atualmente e a

eliminação das fontes produtoras de sedi-

mentos causadoras de assoreamento.

Espera-se, a reabilitação ambiental da área,

com resgate da qualidade paisagística dese-

jada no âmbito do projeto de recuperação

de áreas degradadas, bem como o pleno

término das tarefas que podem resultar na

alteração da qualidade das águas e dos solos.

Assim, as diferentes tarefas desenvolvidas

nesta etapa do empreendimento orien-

tam-se, necessariamente, para o resgate da

qualidade ambiental do meio.

Os impactos negativos que certamente

ocorrem, mesmo na execução de tarefas

que visam a melhoria ambiental relaciona-

dos especificamente aos meios físico e bióti-

co, não foram aqui considerados visto que

representam, de certa forma, a continuidade

do desenvolvimento de tarefas comumente

levadas a termo durante a etapa de operação

do empreendimento. Neste sentido, é pos-

sível admitir que os impactos ambientais

destas resultantes são similares aqueles

observados na operação, com apenas a

diferença de que, neste caso, orientam-se

para a recuperação ambiental da área.

Com o término das obras, vários locais

anteriormente degradados serão recupera-

dos, a exemplo do depósito de estéril,

mediante a adoção de medidas de plantio

de espécies vegetais herbáceas e arbusti-

vas, visando a contenção de taludes, princi-

palmente, entre outras pertinentes. Caso as

espécies vegetais adotadas nos plantios

sejam nativas e atraentes na produção de

recursos alimentares para a fauna silvestre,

as áreas recuperadas irão gerar, a longo

prazo, ambientes atrativos à colonização

de comunidades de animais generalistas e

campestres, contribuindo em sua

manutenção local.

Assim como nas fases de implantação e

operação, na fase de desativação a movi-

mentação de terra representada pelas ativi-

dades de recuperação ambiental das áreas

degradadas, através da reconformação

topográfica do terreno com auxílio de

máquinas e mesmo manual, a implantação

de obras de arte (sistemas de drenagem,

bacias de contenção, etc.) e outras,

poderão provocar um aporte de sedimentos

para o interior das drenagens da AID e,

conseqüentemente, alterar a qualidade da

água e/ou assoreamento destes ambientes.

Contudo, a longo prazo, deverá ocorrer uma

melhoria na qualidade das águas superficiais,

uma vez que com a instalação da cobertura

vegetal há uma maior reten-ção de sedi-

mentos no solo, evitando seu carreamento

pelas águas pluviais para ambientes ter-

restres e aquáticos existentes a jusante.

No contexto socioeconômico, a desati-

vação do empreendimento significa não

haver mais o fato gerador de tributos, pois

não haverá extração e, portanto, venda de

minério e contratação de fornecedores.

Isso causará uma redução da arrecadação

municipal. Pelo menos R$ 3,1 milhões de

reais deixarão de entrar nos cofres públicos

locais, referentes à perda do CFEM e à

redução da cota-parte do ICMS e do ISSQN.

Um fator que amenizará essa perda finan-

ceira será o aumento das transferências do

FPM, que, porém, não chegará a contrabalan-

cear a redução de receita. Ou seja, a

arrecadação mensal que teria subido

aproximadamente 33% em termos anuais

em relação ao ano de comparação de

2003, atingindo aproximadamente

R$ 12 milhões nos anos de operação plena

de Serra Leste, cairá para o patamar médio

de R$ 9 milhões no ano de 2011.

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Page 161: Projeto Serra Leste

161

O problema é que, se as receitas tributáriasarrecadadas nos anos de operação doempreendimento CVRD causarem aumen-to permanente dos gastos correntes, aperda de arrecadação poderá criar umasituação complexa nas finanças municipais,que terão obrigações fixas e receitas emqueda.

A desativação do empreendimento elimi-nará os empregos diretos relacionadas aoempreendimento, bem como das ativi-dades locais a esta relacionada. A reduçãototal será de 351 empregos para todas asfunções formais nos quadros da CVRD.

Estruturalmente, segundo os dados daRAIS 2005, que contabiliza apenas as infor-mações de emprego formal, Curionópolistem 1.236 postos de trabalho nestacondição e a indústria extrativista não par-ticipa deste montante, isto é, não háemprego formal no município oferecidopor este setor. Logo, após a finalização deoperação da CVRD, o setor volta a não par-ticipar dos setores que constam do cadas-tro da RAIS.

As opções de contrato de trabalho serão

determinantes para efetivamente alterar os

impactos da finalização do empreendimento

para alguns cargos tais como motoristas de

caminhão, que podem ser terceirizados e,

assim, estarem alocados em empresas que

não os dispense, necessariamente, em

função do fim das atividades da CVRD.

Pode-se estimar que 25% dos postos têm a

forma de contrato de trabalho com ligação

externa à empresa e, ainda, ao empreendi-

mento. Estes postos estarão em condição

de reaproveitamento pelas empresas tercei-

rizadas após a finalização da exploração

mineral. Pelos números anteriores, dos 351

postos de trabalho, aplicada esta pro-

porção de 25%, 83 postos estarão em con-

tratos terceirizados. Pode-se concluir que o

impacto será mitigado pela terceirização,

ou seja, esses cargos, em função do ganho

de experiência no empreendimento e pela

possibilidade de reaproveitamento para

outros negócios conseguidos pela empre-

sa contratante, poderão ser mantidos.

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Page 171: Projeto Serra Leste

171

Conforme apresentado no capítulo referente

à análise e avaliação de impactos, foram

estabelecidos critérios para a definição dos

diferentes tipos de ações a serem adotadas

mediante a manifestação de um impacto

ou mesmo para o controle de um aspecto

que possa converter em interferências

ambientais indesejáveis.

As ações a serem implementadas apresen-

tam-se, em sua maioria, inseridas em

planos de diferentes complexidades. Estes,

por sua vez, incorporam programas diversos,

que foram desenvolvidos e incorporados às

práticas da CVRD nos diferentes empreendi-

mentos de sua responsabilidade. Muitos

delem são programas que se convertem

em programas corporativos, enquanto outros

encontram-se voltados especificamente

para a realidade do Projeto Serra Leste.

É importante ressaltar que a singularidadeda área de inserção do Projeto Serra Leste,identificada e discutida ao longo do pre-sente trabalho, permitiu já nesta etapa, aindicação de ações específicas que serãoainda mais detalhadas no Plano deControle Ambiental, a ser apresentado para o complemento dos procedimentoslegais necessários para a obtenção dalicença de instalação.

O quadro 14.1 mostra o elenco dos planose programas que serão desenvolvidos emdecorrência dos impactos que podem serproduzidos pelo Projeto Serra Leste.

A seguir, encontram-se apresentadossegundo os meios ambientais de rebati-mento, as ações, traduzidas em planos, programas, projetos indicados frente à reali-dade ambiental diagnosticada e desejadafrente à concretização do Projeto Serra Leste.

14. AÇÕES A SEREM IMPLEMENTADAS

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 171

Page 172: Projeto Serra Leste

Meio Físico

Plano Programa Impactos Associados

Plano de Gestão de Recursos Hídricos PGRH

Programa de Gestão da Qualidade dos Efl uentes Líquidos Industriais e Domésti-cos

- Alteração na qualidade das águas- Alteração nas comunidades aquáticas- Assoreamento de cursos d’água- Alteração na dinâmica hídrica superfi cial- Alteração na dinâmica hídrica subterrânea- Alteração no regime hídrico superfi cial

Programa de Monitoramento da Quali-dade das Águas

Programa de Gestão do Abastecimento da Água

Programa de Gestão do Uso da Água, considerando-se as etapas de captação, adução, reservação, consumo, recirculação e reuso

Plano de Gestão da Qualidade do Ar

Programa de Controle das Emissões para a Atmosfera

- Alteração na qualidade do ar- Incômodo à população decorrente da alter-ação na qualidade do ar.Programa de Monitoramento da Quali-

dade do Ar

Plano de Gestão de Resíduos - Alteração nas propriedades do solo

Plano de Gestão de Ruído Programa de Gestão de Ruído

- Incômodo a população decorrente da emissão

- Afugentamento da fauna silvestre- Alteração do nível de pressão sonora

- Incômodo às pessoas decorrente da alter-ação do nível de pressão sonora

Plano de Gestão de Sedimentos

- Assoreamento de cursos d’água

- Alteração na qualidade das águas- Alteração nas comunidades aquáticas

Plano de Recuperação de Áreas Degra-dadas

- Alteração na dinâmica hídrica superfi cial- Assoreamento de cursos d’água

- Alteração morfológica- Alteração paisagística- Alteração na qualidade das águas- Perda de indivíduos da fauna- Fragmentação de habitats

- Alteração da função ambiental da Área de Preservação Permanente- Redução da área de Savana Metalófi la

Quadro 14.1 - Planos e Programas Aplicáveis aos Impactos Decorrentes do Projeto Serra Leste

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 172

Page 173: Projeto Serra Leste

173

Meio Biótico

Plano Programa Impactos Associados

Plano de Desmatamento

- Redução de áreas fl orestais- Redução de indivíduos vegetais- Perda de indivíduos da fauna- Isolamento dos remanescentes fl orestais- Alteração da função ambiental da Área de Preservação Permanente- Pressão sobre a fauna e fl ora decorrente da fragmentação de habitats- Redução da área de savana metalófi la- Fragmentação de habitats-Redução da área de fl oresta ombrófi la

Plano de Aproveitamento da Biomassa Lenhosa

-Redução de áreas fl orestais- Redução de indivíduos vegetais

Plano de Aproveitamento de resíduos vegetais e da serrapilheira

- Alteração da função ambiental da Área de Preservação Permanente

Plano de Criação de Atrativos para a Fauna

- Afugentamento da fauna silvestre

- Perda de indivíduos da fauna- Pressão sobre a fauna e fl ora decorrente da

fragmentação de habitats

Programa Integrado de monitoramento e

Estudos da Fauna (PIMEF)

- Perda de indivíduos da fauna- Afugentamento da fauna- Pressão sobre a fauna e fl ora decorrente da fragmentação de habitats

Quadro 14.1 - Planos e Programas Aplicáveis aos Impactos Decorrentes do Projeto Serra Leste

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 173

Page 174: Projeto Serra Leste

Meio Socioeconômico

Plano Programa Impactos Associados

Programa de Comunicação Social

-Geração de expectativas quanto à negocia-ção de terras;- Geração de expectativas de empregabili-dade e negócios;- Intensifi cação do fl uxo migratório.

Recomendações Ambientais para a Empreiteira

- Sobrecarga do sistema viário

Programa de Negociação-Geração de expectativas quanto à negocia-ção de terras;

Programa de Educação Ambiental- Aplicável ao conjunto dos impactos onde a boa prática ambiental pode incidir sobre os mesmos.

Plano de Gestão em Socioeconomia

Programa de Desenvolvimento de For-necedores – PDF

- Geração de expectativas de empregabili-dade e negócios

Programa de Recrutamento e Capacitação

de Mão-de-Obra

- Redução temporária da oferta de trabalho

- Desvinculação dos trabalhadores da rede de seguridade social

- Redução temporária do poder aquisitivo e do padrão de consumo

- Melhoria da condição de empregabilidade local

Programa de Fomento ao Desenvolvi-

mento Socioeconômico Sustentável do Território;

- Ocupação desordenada do espaço urbano- Pressão sobre a infra-estrutura de sanea-mento- Retração dos serviços locais

Programa de Monitoramento de Indicado-res Socioeconômicos

- Ocupação desordenada do espaço urbano;- Aumento do valor de venda e aluguel dos imóveis;- Pressão sobre a infra-estrutura de sanea-mento

- Pressão sobre serviços e equipamentos públicos de saúde e educação- Alteração do quadro nosológico

Quadro 14.1 - Planos e Programas Aplicáveis aos Impactos Decorrentes do Projeto Serra Leste

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 174

Page 175: Projeto Serra Leste

175

14.1 Meio Físico

14.1.1 Plano de Gestão de Recursos Hídricos - PGRH

- Justificativa

As interferências mais importantes rebatem sobre a dinâmica

superficial com a abertura da estrada de ligação mina-pátio de

embarque do minério, nas pro-ximidades da Estrada de Ferro

Carajás. Tais interferências são representadas pela cons-trução de

bueiros e de duas pontes.

Na área da mina, a ação sobre os recursos subterrâneos, inde-

pendentemente da ausência de dados primários para a com-

preensão de sua dinâmica, devem ser considerados, frente ao

tamanho do empreendimento, o uso da água a jusante e ao

comportamento das nas-centes do entorno da área a ser

lavrada, como de pequena monta.

É importante salientar que no caso do Projeto Serra Leste, as

ações de maior importância serão aquelas vinculadas à

observância de aspectos legais, já que será necessária a cap-

tação de água subterrânea para atender a mina, bem como a

captação de águas superficiais para dar suporte às atividades

construtivas da estrada mina-pátio, do pátio de embarque de

minério e das linhas ferroviárias.

O PGRH em questão abrange os seguintes programas:

Programa de Gestão da Qualidade dos Efluentes Líquidos

Industriais e Domésticos

- Objetivos

• Controlar os aspectos ambientais: geração de efluentes líquidos

industriais e domésticos, através de procedimentos opera-

cionais específicos.

• Monitorar as fontes responsáveis pela geração de efluentes

líquidos, como forma de verificar a eficácia dos sistemas de

controle intrínsecos e os procedimentos operacionais.

- Fase de Execução

Esse programa deverá ser executado durante as fases de

implantação e operação do Projeto Serra Leste.

Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas

- Objetivos

• Acompanhar as transformações decorrentes das ações de implan-

tação das obras complementares sobre a qualidade das águas;

• Acompanhar as variações sazonais naturais dos principais consti-

tuintes físico-químicos e bacteriológicos das águas;

• Caracterizar e acompanhar a evolução da condição de qualidade

das águas da área a ser diretamente afetada pela presença do

projeto;

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 175

Page 176: Projeto Serra Leste

176

• Acompanhar os efeitos da operação do empreendimento

sobre essas águas;

• Fornecer subsídios para a identificação de problemas ambientais

que exijam o desenvolvimento de estudos específicos detalhados;

• Fornecer subsídios para a avaliação da eficácia de programas

de controle ambiental implantados;

• Fornecer subsídios para a identificação da necessidade da

adoção de medidas para a minimização de eventuais proble-

mas ambientais.

Apesar da dimensão que permeia o programa ora apresentado,

é importante ressaltar que no caso do Projeto Serra Leste, os

dados obtidos a partir do diagnóstico ambiental permitem afir-

mar a ausência de problemas relacionados à disponibilidade

hídrica, já que os sítios de intervenção não apresentam-se

como provedores de abastecimento para nenhuma forma de

uso que possa sofrer alguma restrição, bem como não compõe

ambiente de suporte de fauna específica dependente de águas

em condições especiais para sua sobrevivência. De toda forma,

o Programa de Monitoramento tem, no caso do presente proje-

to, a função de confirmar a eficiência operacional das estruturas

consideradas de controle intrínseco, como SAO's, ETE e bacias

de contenção de sedimentos.

- Fase de execução

O Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas deverá

ser executado em todas as fases do empreendimento.

Programa de Gestão do Abastecimento da Água

- Objetivos

• Garantir a qualidade da água captada e distribuída, tanto para

os usos industriais quanto para consumo humano.

Para o caso do Projeto Serra Leste, a água a ser utilizada na

mina será obtida a partir da perfuração de poços sobre o platô.

- Fase de Execução

Este programa deverá ser executado nas fases de implantação e

durante a fase de operação.

Programa de Gestão do Uso da Água, considerando-se as

etapas de captação, adução, reservação, consumo, recir-

culação e reuso

- Objetivos

O programa proposto tem por objetivo indicar uma série de

procedimentos necessários à adequada gestão dos recursos

hídricos. Mesmo considerando que, as interferências ambientais

decorrentes da instalação e operação do Projeto Serra Leste são

de pequena monta, tais procedimentos são adotados como

forma de se estabelecer o controle e mitigar ações relacionadas

à captação, adução, reservação, consumo, recirculação e reuso.

Assim, destacam-se duas necessidades para controle ambiental,

no que diz respeito aos recursos hídricos:

• monitoramento das variáveis hidrológicas, possibilitando

assim a operação do empreendimento de forma que seja

garantida a disponibilidade necessária, conforme os preceitos

legais.

• monitoramento da gestão dos recursos hídricos captados nos

aqüíferos assim que a operação possa usar de todas as possibili-

dades de reuso e recirculação dos volumes captados, reduzindo

ao máximo os usos consuntivos. No caso do Projeto Serra Leste,

esta será a situação efetivamente aplicável já que a captação de

água subterrânea apresenta-se como a fonte de suprimento a

ser adotada.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 176

Page 177: Projeto Serra Leste

14.1.2 Plano de Gestão da Qualidade do Ar

- Justificativa

O monitoramento das emissões atmosféricas é instrumento fundamental da gestão da

qualidade do ar, permitindo a verificação sistemática e periódica do desempenho dos sistemas

de controle adotados, bem como de ações a estes associados, propiciando a pronta

atuação sobre eventuais desvios que venham a ser identificados.

O monitoramento da qualidade do ar e das condições meteorológicas locais permite a

avaliação dos efeitos das emissões atmosféricas do empreendimento em sua área de

influência, através do monitoramento de parâmetros de qualidade do ar específicos na região.

O Plano de Gestão da Qualidade do Ar visa, a partir de ações de controle das fontes

geradoras de emissões atmosféricas e do monitoramento, garantir a efetividade das

medidas adotadas em relação à qualidade do ar da área de influência do empreendimento,

durante as fases de implantação e operação. No caso do Projeto Serra Leste, a posição da

vila de Serra Pelada em relação ao empreendimento, foi considerada uma fragilidade

ambiental, fato que já durante a elaboração do diagnóstico ambiental indicava a preocupação

do empreendedor em relação à geração de material particulado e gases de combustão.

O Plano de Gestão da Qualidade do Ar é composto pelos seguintes programas:

Programa de Controle das Emissões para a Atmosfera

- Objetivos

• Controlar os aspectos ambientais: emissão de material particulado e gases de combustão,

durante a etapa de implantação e operação do empreendimento, através de procedimentos

operacionais específicos.

• Monitorar as fontes responsáveis pela emissão de poluentes atmosféricos, como forma

de verificar a eficácia dos sistemas de controle e dos procedimentos operacionais adotados.

- Fase de Execução

O controle dos aspectos será desenvolvido ao longo das fases de implantação e operação

do Projeto Serra Leste

O monitoramento das emissões será desenvolvido ao longo da fase de operação do

Projeto Serra Leste.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 177

Page 178: Projeto Serra Leste

178

Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar

- Objetivo

Acompanhar a qualidade do ar na AID do empreendimento através do monitoramento da

qualidade do ar e meteorologia da região.

- Fase de Execução

O monitoramento da qualidade do ar e meteorologia já foi iniciado na área de inserção do

empreendimento, através de uma campanha com duração de 30 dias, realizada com estação

automática e contínua. Os dados relativos ao início deste trabalho foram utilizados para compor

o diagnóstico ambiental relativo à qualidade do ar apresentado no presente estudo ambiental.

O monitoramento definitivo deverá ser realizado por meio de metodologia contínua e automa-

tizada, tendo início na fase de implantação do empreendimento e devendo prosseguir por

toda a vida útil do empreendimento. Os dados gerados pelo monitoramento da qualidade do

ar e meteorologia deverão auxiliar na verificação da eficácia das ações de controle das emissões

difusas de material particulado realizadas no empreendimento.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 178

Page 179: Projeto Serra Leste

179

14.1.3 Plano de Gestão de Resíduos - PGRe

Os impactos causados pela geração de resíduos do Projeto Serra

Leste serão controlados e mitigados pelas ações desenvolvidas

no âmbito do Programa de Gestão de Resíduos.

Programa de Gestão de Resíduos

- Justificativa

A instalação e operação do Projeto Serra Leste irá proporcionar a

geração de resíduos sólidos “inertes”, ”não inertes” e ”perigosos”,

conforme Norma específica da ABNT.

Portanto, o adequado gerenciamento dos resíduos gerados, envol-

vendo coleta, armazenamento, reutilização, destinação e disposição

final encontra-se definido em um Plano de Gestão de Resíduos.

É importante destacar que os procedimentos estabelecidos no Plano

de Gestão de Resíduos encontram-se devidamente implantados nas

unidades operacionais da CVRD na região.

Trata-se de um procedimento estabelecido com base nos requisitos

legais aplicáveis e discutidos com órgãos ambientais pertinentes,

como a SECTAM e o IBAMA.

- Objetivos

• Minimizar a geração de resíduos;

• Inventariar os resíduos;

• Promover a segregação dos resíduos em função das características

e destinação a ser adotada (coleta seletiva);

• Classificar e separar os resíduos para disposição adequada à sua

classificação;

• Adotar a estocagem temporária como procedimento de controle

a ser seguido até que sejam identificadas alternativas viáveis de

reuso e/ou reprocessamento e/ou disposição final;

• Buscar o reuso e/ou o reprocessamento dos resíduos gerados;

• Garantir a disposição final adequada.

- Fase de Execução

O Plano de Gestão de Resíduos deverá ser executado durante as

fases de implantação e operação do Projeto Serra Leste.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 179

Page 180: Projeto Serra Leste

180

141.4 Plano de Gestão de Ruídos e

Vibrações

Programa de Controle de Ruídos e

Vibrações

- Justificativa

A execução de um Plano de Gestão e

respectivo Programa de Controle de Ruído

para o Projeto Serra Leste se justifica pelas

seguintes razões:

• Os resultados do monitoramento realizado

indicam que os níveis de pressão sonora nos

pontos considerados (áreas externas à pro-

priedade) estão dentro dos padrões espera-

dos para áreas de sítios e fazendas definido

pela NBR 10.151.

• As tarefas das fases de implantação e

operação do Projeto Serra Leste irão gerar

ruídos e vibrações devem ser controlados

para que os valores limites estabelecidos

na legislação ambiental sejam atendidos.

- Objetivos

• Controlar a emissão de ruído na fonte,

através de procedimentos operacionais

específicos.

• Monitorar as fontes responsáveis pela

emissão de ruídos e o entorno do

empreendimento, como forma de verificar

a eficácia dos sistemas de controle intrínsecos

e os procedimentos operacionais.

• Propiciar a manutenção dos padrões de

ruídos e vibrações vigentes na vila de Serra

Pelada, bem como prover sua população

de informações para que estes possam

compreender a dinâmica operacional do

empreendimento.

- Fase de Execução

O Plano de Gestão de Ruídos / Programa

de Controle de Ruídos deverá ser iniciado

antes da fase de implantação do empre-

endimento e continuar durante as fases de

implantação e operação..

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 180

Page 181: Projeto Serra Leste

181

14.1.5 Plano de Gestão de Sedimentos - PGS

- Justificativa

As fases de implantação e operação do Projeto Serra Leste pos-

suirão tarefas com o potencial de geração de sedimentos, as

quais serão dotadas de sistemas de controle (sistema de

drenagem, sumps e bacias de contenção de sedimentos) e deverão

ser realizadas conforme procedimentos específicos.

No presente caso, as bacias de contenção de sedimentos que

estarão associadas à usina e ao pátio de embarque de minério,

bem como o sistema de drenagem a estas orientado, apresen-

tam-se como estruturas de controle intrínseco. Para garantir a

eficácia de procedimentos e dos sistemas de controle intrínsecos

a serem instalados, bem como as ações de mitigação ou controle,

conceito cabíveis aos demais, propõe-se a adoção de um Plano

de Gestão de Sedimentos - PGS.

- Objetivos

• Providenciar que as movimentações de solo e rocha decor-

rentes das atividades de instalação, e que as movimentações de

materiais durante a operação do empreendimento não acar-

retem não conformidades ambientais - assoreamento de cursos

de água.

- Diretrizes

• Estabelecimento de procedimentos de dessassoreamento das

bacias de contenção a jusante das estruturas, bem como do sis-

tema de drenagem, contendo cronograma e ações preventivas

e/ou corretivas caso ocorram anomalias.

• Definição de locais adequados para disposição dos sedimentos.

• Acompanhamento da eficiência operacional das leiras e sumps.

- Fase de Execução

O Plano de Gestão de Sedimentos deverá ser executado nas

fases de implantação e operação do Projeto Serra Leste.

14.1.6 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD

- Justificativa

Este plano deverá ser iniciado juntamente com a etapa de instalação

do empreendimento e seu prosseguimento deve se dar du-

rante a operação e desativação do mesmo, de forma a garantir

a estabilidade ambiental da área a ser submetida ao uso pelas

estruturas associadas ao empreendimento.

O desenvolvimento de um PRAD justifica-se pela responsabilidade

que o empreendedor sempre deve buscar em relação ao ambi-

ente de inserção de suas atividades. Neste sentido, garantir que os

atributos ambientais tenham suas qualidades resguardadas ou

resgatadas deve ser entendida como uma prioridade nos procedi-

mentos operacionais de um empreendimento. Há que se lembrar

que o desenvolvimento de tal plano é também uma exigência

estabelecida pela legislação vigente, conforme assinalado no capí-

tulo que trata dos requisitos legais contido no presente estudo.

- Objetivo

• O objetivo deste projeto é o de recompor a vegetação das

áreas impactadas pela implantação do projeto Serra Leste

através do plantio de espécies nativas, minimizando a perda de

área de vegetação nativa e a redução nas populações de espécies

vegetais nativas arbóreas e arbustivas.

• Garantir a existência de uma dinâmica superficial correlata aos

padrões observados na atualidade e que estejam em consonância

com a manutenção de uma dinâmica erosiva que não constitua

em comprometimento da qualidade ambiental desejável para a

área de inserção do empreendimento.

- Fase de Execução

O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas deverá ser iniciado

juntamente com as obras de instalação do Projeto Serra Leste e

continuado durante toda a fase de operação. Definições específicas

devem estar previstas quando da etapa de desativação do

empreendimento.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 181

Page 182: Projeto Serra Leste

182

14.1.7 Plano de Gerenciamento de Risco

- Justificativa

O Plano de Gerenciamento de Risco se justifica como instrumento para assegurar as condições

de segurança necessárias ao desenvolvimento das atividades do Projeto Serra Leste.

- Objetivos

• Identificar os cenários ambientais com provável efeito para o público externo ou para o

meio ambiente.

• Identificar os riscos associados à ocorrência de eventos indesejáveis, que tenham como

conseqüência danos à integridade física de pessoas, propriedades ou meio ambiente.

• Apresentar as medidas preventivas e mitigadoras recomendadas para os cenários aci-

dentais identificados.

- Fase de Execução

Esse programa deverá ser executado durante as fases de implantação e operação do

Projeto Serra Leste.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 182

Page 183: Projeto Serra Leste

183

14.2 Meio Biótico

14.2.1 Plano de Desmatamento

- Justificativa

O Plano de Desmatamento foi concebido

para se evitar a ocorrência de desmate em

área superior àquela a ser efetivamente

utilizada, que quase sempre acaba por

suprimira vegetação nativa desnecessaria-

mente. Muitas vezes, este fato ocorre por

falta de orientação do pessoal responsável

pela execução da supressão vegetal.

Na área do Projeto Serra Leste, a ocorrência

da savana metalófila e dos parcos remanes-

centes ombrófilos não devem ser impactados

além do perímetro necessário ao desen-

volvimento da Mina.

É importante salientar que a o Plano de

Desmatamento Adequado deverá considerar

todas ás áreas onde tal intervenção se fizer

necessária ao longo do eixo da estrada de

ligação pátio-mina, pátio de embarque, e

área de implantação das linhas ferroviárias

- Objetivos

• Evitar suprimir áreas cobertas por vege-

tação nativa além daquelas a serem efeti-

vamente utilizadas pelo empreendimento.

• Desenvolver as ações de desmate com

base no atendimento dos requisitos legais

estabelecidos;

• Incorporar ao procedimento de desmate

as práticas ambientais adequadas para a

minimização das interferências ambientais

pertinentes a tal processo.

14.2.2 Plano de Aproveitamento da

Biomassa Lenhosa

No caso da supressão de ambientes florestais,

deve-se procurar aproveitar ao máximo a

madeira existente. Não apenas as madeiras

mais nobres, que apresentam melhor

preço, deverão ser aproveitadas. Espécies

próprias para laminados e compensados

deverão também ser retiradas e destinadas

ao comércio.

No caso do Projeto Serra Leste, grande parte

das áreas sujeitas à alguma intervenção

encontram-se ocupadas por pastagens.

Em menor escala, são evidentes nos fundos

de vales, ambientes de juquiras em diferentes

estágios de regeneração. As grandes estru-

turas associadas ao empreendimento

como a área de lavra, usina, pilha de estéril,

pátio de embarque de minério, linhas fer-

roviárias e quase totalidade das estradas

localizam-se em ambientes herbáceo ou

arbustivo. Dentre elas, apenas área de lavra

encontra-se ocupada por uma forma vegetal

arbustiva nativa, a savana metalófila.

- Justificativa

Evitar o descarte de madeiras consideradas

menos nobres, devido a seu baixo valor

econômico.

- Objetivos

• Dar melhor aproveitamento ao material

lenhoso a ser suprimido.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 183

Page 184: Projeto Serra Leste

14.2.3 Plano de Aproveitamento de resíduos vegetais e da serrapilheira

- Justificativa

Além de evitar o desperdício dos nutrientes presentes nesse material, os resíduos vegetais e a ser-

rapilheira criam abrigos para a fauna e são importantes fontes de matéria orgânica para o solo, con-

tribuindo para a melhoria de sua qualidade e otimizando a recuperação das áreas degradadas.

Nesta camada superficial do solo, mesmo na vegetação sobre canga, encontra-se um

grande volume de propágulos e nutrientes.

- Objetivos

• Aproveitar a biomassa vegetal e contribuir para a reabilitação das áreas degradadas.

14.2.4 Plano de Criação de Atrativos para a Fauna

- Justificativa

A formação de abrigos funcionará como atrativos para a fauna, a qual apresenta impor-

tante função na disseminação de sementes de diversas espécies vegetais nativas,

enriquecendo, desta forma, os ambientes reabilitados.

- Objetivos

• Otimizar a recuperação dos ecossistemas naturais nas áreas degradadas através da intro-

dução de atrativos da fauna.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 184

Page 185: Projeto Serra Leste

185

14.2.5 Programa Integrado de monitoramento e Estudos da

Fauna (PIMEF)

- Justificativa

Este Plano proposto pelo IAVRD, tem como premissas básicas: (i) a

identificação das demandas de pesquisa em fauna relacionadas

aos diferentes empreendimentos; (ii) a classificação destas demandas

segundo a similaridade e/ou complementaridade apresentadas

(grupo taxonômico, grau de detalhamento exigido, área de

abrangência, etc); (iii) a definição das prioridades em função dos

prazos disponíveis; (iv) o dimensionamento qualitativo e quantitativo

da(s) equipe(s) necessária(s); (v) a contratação de profissionais

especializados e/ou o estabelecimento de convênios com instituições

de pesquisa, priorizando aquelas existentes na região.

O PIMEF contempla os seguintes estudos:

• Inventários de fauna nas diferentes subtipologias encontradas na

Floresta Nacional de Carajás;

• Monitoramento em áreas com empreendimento pela CVRD para

identificação dos possíveis impactos gerados pela atividade na

fauna local e identificação de rotas de fuga da fauna;

• Estudos limnológicos nas lagoas da Floresta Nacional de Carajás;

• Estudos em ambientes de cavernas (bioespeleologia);

• Avaliação do tamanho mínimo viável de áreas de canga para

suporte do ecossistema.

- Proposta de Ampliação da Área de Abrangência do PIMEF

A crescente expansão da CVRD através da implantação de

empreendimentos minerários fora das áreas protegidas conduz à

necessidade de conhecimento da relação fauna e ambientes

também nos domínios de natureza já fortemente modificados.

É importante ressaltar que apesar da forte descaracterização das

áreas externas ao domínio das unidades de conservação nesta

porção sul do Pará, muitos grupos faunísticos ainda existem em

abundância fora dos domínios protegidos. A depender do arranjo

territorial analisado sobre uma ótica dos fragmentos florestais e

corredores ecológicos, muitas áreas predominantemente antrópicas ,

podem estar inseridas na matriz de suporte de grupos de fauna

que, muitas vezes, estão sendo analisados exclusivamente dentro

de unidades de conservação.

A proximidade dos rios Itacaiúnas e Parauapebas, limites de áreas

protegidas, como a Floresta Nacional de Carajás e do Tapirapé-

Aquirí, em relação ao Projeto Serra Leste, juntamente com a pre-

sença de importantes domínios florestados nas margens das

citadas drenagens, sugere a possibilidade de composição de um

cenário onde as relações citadas podem ocorrer. Desta forma, a

CVRD, através do IAVRD, propõe a expansão do PIMEF para áreas

do entorno das Flonas citadas, incluindo-se domínios territoriais

próximos, onde esta atua, como é o caso da região de Serra Pelada.

Cabe ainda ressaltar que o PIMEF integra um conjunto de ações

de compensação ambiental desenvolvidas pela CVRD no sul do

Pará, na região de inserção dos seus empreendimentos.

O detalhamento do PIMEF será apresentado no Plano de Controle

Ambiental para apreciação da SECTAM.

CAP14 11/08/2006 5:45 PM Page 185

Page 186: Projeto Serra Leste

14.3 Meio Socioeconômico

14.3.1 Programa de Comunicação

Social

- Justificativa

O Programa de Comunicação Social (PCS)

do Projeto Serra Leste reforça o compro-

misso, da CVRD, em manter um diálogo

transparente com os diferentes públicos

sob influência direta e indireta deste projeto.

Vale destacar que é de fundamental

importância a integração das atividades

deste Programa às demais ações de comu-

nicação dos outros projetos da CVRD na

Região do Sudeste do Pará, com o objetivo

de contribuir com uma gestão integrada

do processo de socioeconomia, com base

no Plano de Gestão Integrada em fase de

finalização pela consultoria contratada.

A CVRD busca a parceria com a sociedade

civil, instituições governamentais, não-

governamentais, instituições de pesquisa,

associações civis, lideranças e outros,

tendo como premissa o respeito,

transparência e preservação dos limites

de atuação de cada instância envolvida

no contexto em questão.

O PCS simboliza também o respeito do

empreendedor à legislação pertinente, às

práticas de responsabilidade socioambiental,

considerando sempre a ética e a transparência

em torno das informações relativas ao projeto.

- Objetivos

Desenvolver uma comunicação contínua e

transparente entre a CVRD e a comu-

nidade, especialmente na área de influên-

cia direta do empreendimento, município

de Curionopólis, possibilitando, a partir

disso, o fortalecimento das iniciativas de

diálogo entre a Companhia e seus públicos.

Desta forma, é possível viabilizar o conheci-

mento sobre o empreendimento, suas

fases de implantação, bem como seus

impactos ambientais, sociais e econômicos

visando, inclusive, a minimização de expectati-

vas geradas em relação ao empreendimento.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 186

Page 187: Projeto Serra Leste

187

- Objetivos Específicos

• Informar aos públicos de interesse, de

maneira transparente, a abrangência das

atividades da CVRD relativas ao Projeto

Serra Leste e seus possíveis impactos e

ações de mitigação e/ou potencialização

contempladas nos programas ambientais a

serem desenvolvidos e programas sociais a

serem criados (ou continuados, no caso

daqueles já apoiados pela CVRD);

• Conciliar interesses e obter opiniões

favoráveis que possibilitem a formação de

uma rede de parcerias com os agentes de

intervenção local;

• Esclarecer, em conjunto com a assessoria de

comunicação da prefeitura local, as questões

ligadas a mão-de-obra, incluindo a divulgação

clara do número real do contingente previsto

e as qualificações necessárias, a fim de evitar

fluxo migratório desnecessário para a região

do empreendimento;

• Posicionar-se considerando a percepção e

o posicionamento de cada segmento da

sociedade com relação ao empreendimento

e a atuação geral da CVRD na região;

• Contribuir com uma gestão de comuni-

cação que leve em conta o diagnóstico

socioambiental realizado por consultoria a

fim de promover uma gestão territorial entre

Serra Leste e os demais projetos na região.

- Fase de Execução

O PCS será desenvolvido ao longo das

fases de implantação e operação do

Projeto Serra Leste Responsabilidade pela

Execução do Programa.

A responsabilidade pela execução do pro-

grama será do empreendedor, que poderá

contratar empresas especializadas em

comunicação social.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 187

Page 188: Projeto Serra Leste

188

14.3.2 Programa de Educação

Ambiental

- Justificativa

Preconizando a Política de Gestão

Ambiental adotada pela CVRD, bem

como a Lei Federal 9.795 de abril de 1999

- Política Nacional de Educação

Ambiental -, que conflui com a Lei

Estadual 26.752 de junho de 1990 do

Pará, que dispõe da promoção da edu-

cação ambiental, o empreendimento

Serra Leste pretende fomentar atividades

pedagógicas relacionadas à conservação

e preservação do meio ambiente.

A CVRD pretende utilizar a estrutura do

Programa Escola que Vale - EQV, existente

em Curionópolis desde 2002, e que vem

proporcionando formação continuada

aos professores e gestores em educação

pública para fortalecer e incentivar a

inserção de atividades pedagógicas vin-

culadas à conservação e preservação do

meio ambiente na rede pública de ensino.

O EQV já possui parceria com a Secretaria

Municipal de Educação e com o Centro

de Educação e Documentação para Ação

Comunitária - CEDAC para desenvolver

suas atividades em Curionópolis e em

Serra Pelada, além de sistematicamente

alcançar resultados conjuntos e positivos

na melhoria e dinamismo de práticas

pedagógicas para ensino público local.

- Objetivos

- Objetivo Geral

• Inserir os tópicos relacionados à conser-

vação e preservação do meio ambiente na

rede de ensino pública de Curionópolis,

fomentando a consciência de educadores

e consequentemente dos alunos em

relação ao meio ambiente.

- Objetivos Específicos

• Utilizar métodos pedagógicos que trans-

mitam os conhecimentos relacionados à

educação ambiental por meio dinâmico e

vinculados ao cotidiano dos estudantes;

• Desenvolver sinergia entre as ações edu-

cacionais da CVRD com aquelas do ensino

público de Curionópolis;

• Incentivar e/ou potencializar ações

ambientais por meio de concurso anual

desenvolvida entre empresa e rede pública

de ensino.

- Fase de Execução

O Programa de Educação Ambiental será

desenvolvido ao longo das fases de implan-

tação e operação do Projeto Serra Leste

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 188

Page 189: Projeto Serra Leste

189

14.3.2 Plano de Gestão em

Socioeconomia

Os programas que compõem o Plano de

Gestão em Socioeconomia são os

seguintes:

• Programa de Desenvolvimento de

Fornecedores - PDF;

• Programa de Recrutamento e Capacitação

de Mão-de-Obra;

• Programa de Fomento ao

Desenvolvimento Socioeconômico

Sustentável do Território;

• Programa de Monitoramento de

Indicadores Socioeconômicos;

• Recomendações Ambientais para

Empreiteiras

- Justificativa

Em 2000, o Governo do Estado do Pará, em

parceria com a Companhia Vale do Rio

Doce, FIEPA, FECOMERCIO, FACIAPA e FCDL,

lançou o Programa de Desenvolvimento de

Fornecedores - PDF. Na primeira fase, o

Governo do Estado do Pará constituiu

estrutura necessária para iniciar o relaciona-

mento com os fornecedores paraenses. Na

segunda fase do programa, o Governo do

Pará, a FIEPA e o setor privado promoveram

consultoria especializada aos fornecedores

identificados. Essa consultoria consiste em

capacitação, promoção e assessoria aos

negócios. Atualmente o PDF está implantado

em três grandes regiões paraenses.

A proposta de expandir o PDF para

Curionópolis objetivará a capacitação e

certificação, em gestão empresarial, dos

empresários locais para que estes estejam

aptos a comercializar seus bens e serviços

garantindo qualidade e eficiência comercial,

tanto para as necessidades de insumo e

serviços do empreendimento Serra Leste

como para uma rede regional diversificada

de clientes já estruturada pelo programa.

- Objetivos

- Objetivos Gerais:

• Garantir o apoio para o incremento e

diversificação das atividades produtivas e

de identificação das oportunidades de

investimento para a cidade de

Curionópolis.

• Possibilitar a capacitação de fornecedores

locais para atender as demandas geradas

pelo Projeto Serra Leste.

- Objetivos Específicos:

• Capacitar empresários/gestores, traba-

lhadores e empresas, através um processo

de treinamento e certificação em quali-

dade/produtividade, segurança e

tributos/impostos.

• Promover e divulgar as empresas locais e

entidades de classe.

• Assessorar as empresas na realização de

negócios, incluindo monitorias, visitas téc-

nicas, seminários e workshops.

- Fase de Execução

O PDF será desenvolvido ao longo das

fases de implantação e operação do

Projeto Serra Leste.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 189

Page 190: Projeto Serra Leste

190

14.3.3 Programa de Recrutamento e

Capacitação de Mão-de-Obra

- Justificativa

O Projeto Serra Leste gerará cerca de 650

novos empregos no pico da fase de insta-

lação do empreendimento e 351 na fase

de operação. Os novos postos de trabalho,

caso sejam totalmente ocupados por resi-

dentes em Curionópolis, causarão impacto

positivo no município, reduzindo a taxa de

desocupação de 16% para 11% (con-

siderando a etapa de operação).

Entretanto, devido à baixa escolaridade da

população (demonstrada em dados apre-

sentados no diagnóstico) o nível de

empregabilidade da população residente

de Curionópolis é, portanto, baixo.

A capacitação profissional proposta no

Programa de Recrutamento e Capacitação

de Mão-de-Obra trará benefícios tanto

para a população local como para a CVRD

ao viabilizar a contratação dessa população

para os novos postos de trabalho. As ativi-

dades de formação profissional, também

incluídas nesse programa, deverão ampliar

as possibilidades de emprego da população

de Curionópolis.

Além disso, por meio das atividades de

recolocação profissional, o programa pro-

posto trará benefícios para os empregados

de Serra Leste quando forem desmobilizados

e para a cidade em geral, que terá na renda

obtida por esses trabalhadores o sustento

de parte de sua economia.

- Objetivos

- Objetivo Geral

Possibilitar que o município de

Curionópolis seja beneficiado pelas opor-

tunidades de trabalho geradas no

empreendimento Serra Leste e garantir

que esse benefício se prolongue mesmo

após a desativação do empreendimento.

- Objetivos Específicos:

• Oferecer cursos de formação profissional

para a população de Curionópolis;

• Oferecer cursos de capacitação profissional

voltados para o preenchimento das vagas

criadas no empreendimento Serra Leste;

• Oferecer cursos de qualificação profissional

voltados para o aprimoramento dos futuros

funcionários do empreendimento.

14.3.4 Programa de Fomento ao

Desenvolvimento Socioeconômico

Sustentável do Território

- Justificativa

Por se tratar da exploração de recurso natu-

ral não renovável, como o minério de ferro,

é importante cuidar do meio natural e

identificar, desde a fase de implantação do

empreendimento, novas oportunidades

produtivas que possam ser estimuladas e

organizadas em arranjos produtivos locais.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 190

Page 191: Projeto Serra Leste

191

A sustentabilidade do desenvolvimento, quer se trate da dimensão

econômica, ambiental, tecnológica, sócio-cultural ou político-

institucional, é relativa. De todo modo, a dimensão econômica

assume um peso considerável levando-se em conta a indiscutível

importância representada pela variável demográfica nos processo

de implantação de novos empreendimentos.

Daí a importância da implementação de um Programa de

Fomento ao Desenvolvimento Socioeconômico Sustentável do

Território, o qual deve enfocar e integrar as dimensões ambiental,

tecnológica, econômica, sócio-cultural e político-institucional em

todas as suas etapas.

- Objetivos

- Objetivo Geral

Garantir a melhoria das condições de vida da população, por meio

de ações que visem prioritariamente:

• A mitigação dos impactos relativos à infra-estrutura;

• A pressão em relação aos equipamentos públicos;

• A diversificação econômica.

- Objetivos Específicos

• Desenvolver ações relativas aos componentes básicos do desen-

volvimento humano, ou seja: a educação, a saúde e a geração de

renda: as ações de educação devem possibilitar a redução da

desigualdade social por meio da melhoria da aprendizagem dos

alunos da rede pública de ensino;

as ações de saúde objetivam a melhoria da condição geral de

saúde e a promoção da qualidade de vida da população local,

especialmente no que tange às condições de saneamento básico,

por meio de ampliação e integração dos agentes do sistema público

de assistência à saúde, priorizando as ações de prevenção, promoção

e recuperação, de forma integral e contínua; por fim, a geração de

renda deve induzir a promoção de trabalho e a inclusão social das

famílias.

• Mobilizar a sociedade de Curionópolis para a criação de um Fórum

de Desenvolvimento Econômico e Social, com a finalidade de se

constituir em um canal que aprofunde com todos os segmentos os

principais problemas a serem enfrentados e as potencialidades do

município relacionados aos temas indicados acima;

• Retomar as ações do “Programa de Desenvolvimento Econômico

e Social de Serra Pelada”, executado, no período de 2001 a 2004,

pela CVRD.

- Fase de Execução

O Programa de Fomento ao Desenvolvimento Socioeconômico

Sustentável do Território será desenvolvido ao longo das fases de

implantação e operação do Projeto Serra Leste

14.3.5 Programa de Negociação

- Justificativa

Conforme o documento de Caracterização do Empreendimento,

Serra Leste será constituído de mina com método de lavra a céu

aberto, usina de beneficiamento, estrada com extensão aproximada

de 29 km, que conduzirá o minério da mina até o pátio de

estocagem que será construído as margens da Estrada de Ferro

Carajás (Locação 54 no Km832), além da infra-estrutura necessária

para sua operação. A área prevista para instalação do empreendi-

mento somada a estrada que transportará o minério constituem-

se em sua área diretamente afetada (ADA). Porém, atualmente

estas áreas possuem outros usos e ocupações pelos seus efetivos

proprietários.

Assim, a ADA correspondente às instalações da mina, usina e infra-estru-

tura necessária constitui-se da Fazenda Boa Viagem, destinada à ativi-

dade pecuária. Em relação à ADA correspondente à estrada que ligará a

mina até o pátio de estocagem, com 29km de extensão, esta percorrerá

parte da Fazenda Ana Célia, e a sequencialmente alcançará a Fazenda

Miranda e Filhos, também destinada à atividade pecuária.

Assim, o presente programa faz-se necessário para estabelecer um

processo de relacionamento, para aquisição das propriedades, que

assegure os direitos e deveres de cada parte envolvida.

- Objetivos

- Objetivo Geral:

• Adquirir as áreas necessárias ao empreendimento situadas nas

fazendas Boa Viagem, Ana Célia e Miranda e Filhos.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 191

Page 192: Projeto Serra Leste

192

- Objetivos Específicos:

• Estabelecer relacionamento ético com

proprietários para iniciar fase de negociação;

• Realizar todas as etapas de negociação

seguindo os padrões legais e formais.

- Fase de execução

Este programa será executado simultanea-

mente às atividades vinculadas ao processo

de licenciamento ambiental, considerando

que o empreendedor deverá ter garantias

para adquirir as áreas que serão utilizadas

pelo Projeto Serra Leste.

14.3.2.4 Programa de Monitoramento

de Indicadores Socioeconômicos

- Justificativa

A produção de informações estatísticas no

contexto nacional é marcada pela dificuldade

de acesso aos dados que, normalmente,

são considerados de uso restrito e particular,

seja do ponto de vista institucional (setores

de uma mesma organização que não

repassam informações entre si ou para outros

interessados/parceiros) ou mesmo individual

(técnicos ou pesquisadores que resistem a

divulgar resultados de seus respectivos

trabalhos de pesquisa).

Esse processo de patrimonialização das

informações tem contribuído para um distan-

ciamento entre os produtores das infor-

mações sobre a realidade e os seus

usuários e interessados, privatizando

muitas vezes o que é de interesse público.

O cidadão comum tem dificuldades em

acessar informações sobre o lugar onde

vive, de como e quanto são investidos os

impostos que paga, por exemplo.

No âmbito de um processo de licencia-

mento ambiental, a própria legislação

ambiental e fiscal prevê a participação da

população local no (re) conhecimento

sobre os impactos a serem produzidos

pelo empreendimento, bem como

obrigam a empresa exploradora a dire-

cionar um fluxo de recursos e empreender

ações para evitar situações de agravamento

ou prejuízo das condições de vida exis-

tentes. Nesse sentido, a garantia ao acesso

das informações sobre o empreendimento

e sua relação com o território, incluindo

os impactos positivos e negativos decor-

rentes se constitui em um direito de

cidadania, além de propiciar um exercício

dessa cidadania.

O Programa de Monitoramento de

Indicadores Socioeconômicos está sendo

proposto para auxiliar nesse processo, possi-

bilitando a coleta de dados e o cálculo de

indicadores que aferirão a eficiência e

eficácia dos programas destinados a

potencializar ou mitigar os impactos do

empreendimento Serra Leste no meio

socioeconômico. Ou seja, a população e o

poder público poderão aferir se os programas

são, de fato, eficientes e eficazes em mini-

mizar os impactos negativos e poten-

cializar os impactos positivos. Os indi-

cadores a serem monitorados serão apon-

tados no detalhamento de cada programa

e estão relacionados com o público-alvo

desses programas.

O Programa de Monitoramento de

Indicadores Socioeconômicos propõe

ações de avaliação e acompanhamento

dos impactos do Projeto Serra Leste em

sua Área de Influência. Os impactos serão

avaliados de maneira específica, por meio

de indicadores previstos em cada programa

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 192

Page 193: Projeto Serra Leste

193

destinado ao controle ambiental do meio

socioeconômico. Os indicadores permitirão

verificar se esses programas estão sendo

cumpridos conforme foram planejados

(aferição de eficiência) e se eles estão con-

tribuindo para a mitigação dos impactos a

que correspondem (aferição da eficácia).

Os impactos também serão avaliados de

maneira integrada, de tal forma a permitir

o monitoramento do desenvolvimento

socioeconômico como um todo.

A ação proposta neste programa relaciona-se

com outras ações da CVRD em curso na

região. O plano de monitoramento constante

do “Plano de Gestão Integrada em

Socioeconomia para os empreendimentos

da CVRD do Estado do Pará” será integrado

ao programa aqui proposto.

Dessa forma o Programa de Monitoramento

de Indicadores Socioeconômicos abrange

o acompanhamento dos impactos especí-

ficos do Projeto Serra Leste em sua Área de

Influência, bem como processo de avaliação

contínua que garanta uma perspectiva

integrada do território e dos empreendimentos.

- Objetivos

- Objetivo Gerais:

• Processar a divulgação de indicadores

socioeconômicos;

• Garantir o acesso e participação da comu-

nidade acerca dos dados de sua própria

realidade;

• Fomentar um processo pedagógico de

leitura e análise de indicadores da reali-

dade tendo como espaço participativo um

fórum de discussão sobre o desenvolvi-

mento socioeconômico nos municípios da

Área de Influência de Serra Leste - Marabá,

Parauapebas e Curionópolis.

- Objetivos Específicos:

• Acompanhar o desenvolvimento socioe-

conômico dos municípios da Área de

Influência de Serra Leste - Marabá,

Parauapebas e Curionópolis;

• Acompanhar a eficiência e eficácia dos

programas de potencialização e mitigação

dos impactos causados pelo empreendi-

mento Serra Leste;

• Coletar de dados específicos intraurbanos

para Marabá, Parauapebas e Curionópolis,

sempre que necessário.

- Fase de Execução

O Programa será desenvolvido ao longo

das fases de implantação e operação do

Projeto Serra Leste, estendendo-se até a

desativação do empreendimento.

- Monitoramento

Ações para estruturar de forma indepen-

dente as atividades constantes desse pro-

grama devem ser buscadas para que o

monitoramento possa continuar mesmo

depois de expirada a responsabilidade da

CVRD. Para atestar o cumprimento das

ações propostas neste programa deverá

ser utilizada a própria publicação dos indi-

cadores e relatórios de acompanhamento

das ações de disseminação dos indicadores.

CAP14 8/11/06 3:32 PM Page 193

Page 194: Projeto Serra Leste

GO_LayoutRelat_11 10/08/2006 1:55 PM Page 1

Page 195: Projeto Serra Leste

195

A elaboração dos estudos ambientais do

Projeto Serra Leste, permite destacar um

conjunto importante de variáveis que com-

põem o cenário de inserção do referido

empreendimento.

São variáveis que revelam os fatores que

favorecem a sua instalação e operação,

bem como aqueles que se configuram

como os principais obstáculos a serem

superados para que o empreendimento

seja efetivado dentro de um contexto,

onde os conflitos sejam definitivamente

resolvidos ainda na sua fase mais preliminar.

Foi também revelado durante os estudos

ambientais que os meios físico, biótico e

socioeconômico possuem importância

muito distinta frente aos efeitos que o

empreendimento pode causar sobre os

mesmos. Ficou evidente que as característi-

cas ambientais da área de estudo, especial-

mente a área diretamente afetada e seu

entorno imediato, são indicadoras de um

domínio espacial marcado por forte

antropização.

A relação entre as áreas ocupadas por

pastagens com aquelas onde ainda exis-

tem formações nativas comprova a afirma-

tiva anterior.

Ficou também evidente que os fragmentos

muito pequenos de ambientes florestais

mostram-se muito descaracterizados e, de

certa forma, incorporados ao sistema da

produção pecuária, já que encontram cir-

cundados por tal atividade. No caso da

savana metalófila, a presença de gado no

interior dos mesmos é contínua, conforme

se observou em campo.

Ao longo da área onde se pretende ade-

quar/construir trechos de ligação entre a

futura mina e o pátio de embarque do

minério, alguns fragmentos de floresta

ombrófila revelam dimensões importantes

e, ao mesmo tempo, parecem, por sua

extensão, bem menos expostos aos efeitos

da pecuária.

15. CONCLUSÃO

CAP 15 8/11/06 5:12 PM Page 195

Page 196: Projeto Serra Leste

196

É importante destacar que, a grande

totalidade destes fragmentos, posiciona-

se fora da área diretamente afetada da

estrada, a exceção de um deles, já no

domínio mais planos que caracteriza os

terrenos localizados entre a serra do

Sereno e o pátio de embarque do minério.

Este será interceptado por uma extensão

de cerca de 0,5 km, constituindo-se, por-

tanto, na necessidade de remoção de 1,0

hectare de floresta ombrófila, fase juquira.

De toda forma, em relação ao meio biótico,

a presença da estrada, considerando o

fluxo de veículos previsto para transportar

o minério da mina até o pátio de embar-

que, parece representar a principal inter-

ferência ambiental identificada. Há que

se considerar que os remanescentes

ombrófilos analisados já encontram-se

separados por áreas de pastagens, fato

que, para alguns grupos não configura o

seu pleno isolamento.

Neste caso, a presença da estrada com a

circulação de um caminhão a cada seis

minutos, comporá um cenário de consoli-

dação do isolamento destes fragmentos e

de parte da fauna a este associado.

É importante afirmar que, a existência de

outros fragmentos separados, tanto a

leste como a oeste destes que serão isola-

dos pela presença da estrada, poderá,

possibilitar a reorientação de alguns fluxos,

inclusive impulsionados pela presença de

ruído decorrente da circulação dos

caminhões. Estes fragmentos mais dis-

tantes da estrada, apesar de isolado dos

grandes fragmentos citados por pasta-

gens, poderão, inclusive através de ações

de mitigação terem sua conexão favoreci-

da. Tal situação deverá ser discutida com

o proprietário da Fazenda Miranda e

Filhos, domínio territorial da grande

matriz de fragmentos florestais observa-

dos na área de inserção do Projeto Serra

Leste.

Apesar das possibilidades de mitigação

ou de compensação do impacto identifi-

cado, a consolidação da fragmentação

florestal apresenta-se como um fato de

relevância a ser equacionado no âmbito

do Projeto Serra Leste. As demais estru-

turas que compõem o empreendimento

ocupam terrenos praticamente ocupados

por pastagens, com exceção de parte da

área onde se pretende desenvolver a

lavra. Neste domínio, conforme citado

anteriormente, ocorre predominante-

mente a savana metalófila em diferentes

fisionomias.

Neste caso, cabe reafirmar que, apesar da

indiscutível relevância do ecossistema da

savana metalófila no contexto regional,

decorrência do seu endemismo, funda-

mentalmente, o remanescente contido na

ADA e AID do Projeto Serra Leste mostra-

se muito alterado. A área comporta

estradas, pecuária, o Projeto Lavra

Experimental, além de estar plenamente

circundado por pastagens e encontrar

submetida às pressões decorrentes da sua

proximidade com a vila de Serra Pelada.

De toda forma, considerando-se o signifi-

cado desta formação vegetal, busca-se,

atualmente, através do projeto denomi-

nado Estudos da Canga, desenvolvido

pela CVRD na Flona de Carajás e que deverá

ser estendido para fragmentos de serras

externos a esta, onde a vegetação em

questão ainda encontra-se em condições

de preservação adequada, determinar as

áreas com pleno potencial para sua

CAP 15 8/11/06 5:12 PM Page 196

Page 197: Projeto Serra Leste

197

preservação. Outro fato muito relevante a ser considerado na con-

clusão ora apresentada, refere-se à natureza do sítio a ser ocupado

pelo Projeto Serra Leste.

Conforme foi citado no decorrer deste trabalho, as condições

ambientais que caracterizam no presente momento, parte da área

diretamente afetada do Projeto Serra Leste, estará efetivamente

descaracterizado quando da implantação do mesmo.

Tal situação decorrerá da operação do Projeto Serra leste-Lavra

Experimental que encontra-se em implantação no mesmo local

onde se pretende a inserção do empreendimento ora em análise.

O referido projeto já possui licença para iniciar a operação da lavra

experimental, conforme concessão da SECTAM sob o número

0523/2006, válida até 05/06/2007.

Este contexto é muito importante já que, apesar da diferença das

dimensões do Projeto Lavra Experimental em relação ao Projeto

Serra Leste, pelo menos no segmento da ADA e AID corresponde

à área prevista para a instalação da mina, usina e pilhas, haverá, em

certa medida, uma subs-tituição de estruturas, ambas ligadas à

atividade de mineração. Os levantamentos relacionados de forma

mais específica ao meio físico, dão conta de que as condições

topográficas e a natureza do substrato em grande parte da área,

são adequadas à instalação das estruturas associadas ao

empreendimento sem o delineamento de situações futuras de

riscos geotécnicos ou da configuração de geometrias favoráveis à

produção de grandes quantidades de sedimentos.

Ficou ressaltado na avaliação de impactos ambientais que dois

domínios específicos devem ser merecedores de especial atenção.

Trata-se do trecho da estrada que será adequada entre a portaria e

a mina, bem como o trecho correspondente à travessia da serra

do Sereno. Em ambas as situações os relevos portadores de

declividades elevadas sugerem a adoção de procedimentos con-

strutivos mais específicos.

Os demais aspectos relacionados à dinâmica erosiva, a ampla

prevalência de pastagens sobre áreas naturais, revela a importante

ação da erosão laminar na região, fato confirmado pela natureza

colmatada de muitos vales, bem como da coloração das águas

pluviais e fluviais durante os eventos de chuva. Os levantamentos

realizados para a composição deste estudo, mostram a discreta

relevância espacial do empreendimento, frente ao franco cenário

de descaracterização dos atributos do meio físico e biótico pro-

movido, especialmente pelo desenvolvimento da pecuária na

região na atualidade. É importante ressaltar que a pecuária apre-

senta-se no momento como um uso oportuno que sempre se

estabelece em áreas desflorestadas para o comércio da madeira.

A produção cartográfica que acompanha o presente trabalho mostra

também que o empreendimento não cria interferências ambientais

direta nos fragmentos que podem se apresentar como uma oportu-

nidade de estabelecimento de corredores de florestas nativas.

CAP 15 8/11/06 5:12 PM Page 197

Page 198: Projeto Serra Leste

198

Ao contrário, partiu-se da análise de alter-

nativas locacionais para que os remanes-

centes florestais fossem preservados quase

em sua totalidade. Tal análise norteou o

traçado da estrada de ligação mina-pátio

de embarque, dentro de uma lógica de

contabilidade de suporte da capacidade

de manutenção da viabilidade econômica

do empreendimento. Apesar das interferên-

cias indiretas já discutidas anteriormente, a

cons-trução da estrada de ligação mina-

pátio, praticamente não ocasiona a

supressão de formações florestais de forma

relevante. Ao contrário, esta ocorre até de

forma bastante discreta, considerando

tratar-se de uma estrada de quase 30 km

de extensão.

Com relação ao meio físico, foi assinalado

durante a avaliação de impactos ambien-

tais, a dificuldade de se posicionar frente à

dinâmica hidrogeológica da área onde se

desenvolverá a lavra a Mina de Serra Leste,

bem como a possibilidade de comprometi-

mento das drenagens temporárias ou não

localizadas em seu entorno. Neste caso,

posições mais conclusivas serão possíveis

com o desenvolvimento das ações a serem

recomendadas no Plano de Controle

Ambiental.

Tal indefinição não se mostrou como um

fato, a priori, impeditivo ao Projeto Serra

Leste em função das condições ambientais

de tais drenagens, conforme assinalado no

estudo ambiental. Neste caso cabe

destacar a inexistência de usos da água a

jusante, a pobre diversidade da ictiofauna

destes cursos d'água, bem como o caráter

temporário de algumas delas.

As informações levantadas em relação aos

meios físico e biótico não parecem consti-

tuir obstáculos para o desenvolvimento do

empreendimento. As ações ambientais

propostas ao projeto Serra Leste, mostram-

se inteiramente suficientes para controlar,

minimizar ou evitar impactos ambientais

deste decorrente. Tal afirmativa não funda-

menta-se exclusivamente na natureza do

empreendimento e suas dimensões.

Considerou-se, neste caso, fundamental-

mente, a qualidade ambiental do sítio

receptor do mesmo.

Cabe ressaltar, por fim, em relação aos

atributos do meio físico, que o conjunto

das cavidades identificado na área de

inserção imediata da Mina de Serra Leste

foi orientador de uma revisão na forma de

desenvolvimento do presente Projeto. Por

tal razão, optou-se pelo desenvolvimento

atual daquilo que é o objeto do presente

licenciamento ambiental, que é o Projeto

Serra Leste - Etapa I. Este foi concebido de

forma a respeitar o raio mínimo de pro-

teção das cavidades identificadas nos levan-

tamentos de Instituto Ambiental Vale do

Rio Doce, conforme previsto na legislação

incidente.

O restante da reserva de minério de ferro

contido no corpo a ser explotado, cerca de

quase 50%, deverá ter sua viabilidade para

ser lavrado condicionada aos estudos que

já foram iniciados para avaliação da relevân-

cia das cavidades presentes na área de

inserção do projeto. Caso se confirme viável

sua explotação, será então concluída a pro-

posta que inicialmente norteou todo o

Projeto Serra Leste. Neste caso, será, então

submetido a um novo processo de licencia-

mento o Projeto Serra Leste-Etapa II.

A pouca complexidade atrelada aos atribu-

tos dos meios físico e biótico não se repro-

duz para o meio socioeconômico. Ao con-

trário, este revela-se bastante complexo,

CAP 15 8/11/06 5:12 PM Page 198

Page 199: Projeto Serra Leste

requerendo, por isso, atenção especial visto

o arranjo diagnosticado e devidamente

considerado na análise e avaliação dos

impactos ambientais relacionada ao

mesmo.

O histórico de formação da vila de Serra

Pelada e, secundariamente, Curionópolis,

bem como a forma de entendimento por

parte destas populações, de seus direitos

juntamente com a forma como a CVRD é,

simbolicamente percebida, compõe um

cenário que precisa ser trabalhado para que

o Projeto Serra Leste não seja percebido de

forma equivocada.

Frente a tais aspectos, o empreendedor

encontra-se ciente de sua responsabilidade

e alertado sobre os procedimentos que

devem ser adotados para equacionamento

de tais questões.

É muito importante que o presente projeto

não seja percebido como algo indicativo de

retomada de atividades relacionadas à

extração de ouro e nem como uma mina

de ferro capaz de reproduzir as transfor-

mações que correram em Parauapebas ou

Canaã dos Carajás, municípios de referência

regional frente, principalmente, aos resulta-

dos positivos decorrentes dos empreendi-

mentos minerários que sediam. O histórico

que acompanha a formação da região, por

vezes e, equivocadamente, relacionada

exclusivamente à dinamização da mineração

na região, leva a uma posição conservadora

que se traduz pela identificação de um

conjunto importante de impactos positivos

e negativos esperados principalmente para

a vila de Serra Pelada e Curionópolis.

É pouco provável que empreendimentos

minerários, especialmente os da CVRD, não

sejam potencializadores de fluxos

migratórios e dos conseqüentes impactos a

estes associados. De igual forma, é seguro

afirmar a possibilidade de melhoria da reali-

dade estrutural dos municípios onde estes

se instalam, visto o montante de recursos

que estes acabam de gerar para os mesmos.

No caso de Curionópolis, os dados apresen-

tados no decorrer deste relatório confir-

mam tal afirmação.

Para muitos, em alguns casos, também de

maneira equivocada, a análise dos

impactos positivos é sempre associada a

uma situação transitória que culminará com

o retorno de cenários agravados quando do

fechamento de um empreendimento.

No caso de Curionópolis, é importante

ressaltar que o Projeto Serra Leste poderá

representar o primeiro passo para a consoli-

dação de uma atividade que já é de grande

importância não só para o sudeste

paraense, mas também para o próprio esta-

do e o país.

Apenas no entorno de Serra Leste, outros

corpos de minério de ferro encontram-se

em análise e sua viabilidade pode mostrar-

se ainda mais atrativa, considerando que

parte dos investimentos em estrutura e for-

mação de mão-de-obra poderão ser herda-

dos do presente projeto.

Outros recursos minerais encontram-se

também em fase de pesquisa em toda a

região sulparaense, incluindo Curionópolis,

fato que permite concluir que a possibili-

dade de inserção deste município na

tradição desta atividade econômica, como

é o caso de Parauapebas, parece muito

provável.

É importante destacar que muitos dos

impactos esperados para o presente proje-

to, podem ter sua magnitude significativa-

CAP 15 8/11/06 5:12 PM Page 199

Page 200: Projeto Serra Leste

200

mente reduzida, em especial aqueles que

dizem respeito à relação CVRD e população

local, em decorrência da instalação e ope-

ração do Projeto Serra Leste-Lavra

Experimental.

Durante o prazo de 12 meses de desen-

volvimento do mesmo, muitas ações

importantes, objetivando o equacionamen-

to do quadro já assinalado, podem con-

tribuir para a vigência de um cenário onde

o desenvolvimento do Projeto Serra Leste

possa ser conduzido sem maiores contro-

vérsias.

Por fim, é muito importante assinalar, que

especialmente a população de Serra Pelada

parece aguardar algum acontecimento que

possa traduzir em alguma possibilidade de

mudança da realidade social e econômica

em que vivem.

Considerando as possibilidades de empre-

gabilidade, o significativo incremento das

receitas municipais com a operação do

empreendimento, bem como a segura

dinamização da economia local, é certo

afirmar que as condições para a transfor-

mação esperada serão potencialmente cri-

adas.

É também seguro afirmar que algumas

ações voltadas para os impactos decor-

rentes do empreendimento devem ser ala-

vancadas pelo empreendedor, prioritaria-

mente aquelas onde a informação ou

comunicação apresenta-se como fator de

relevância. Enquanto aquelas de potencial-

ização dos reflexos positivos associadas ao

empreendimento, devem ser compreendi-

das como uma importante responsabili-

dade da administração pública.

CAP 15 8/11/06 5:12 PM Page 200

Page 201: Projeto Serra Leste

201

Jackson C. F. Campos

Geógrafo - Coordenador Geral

Adriana Jeber L.B.Marra

Géologa - Gerente do Projeto e Revisora

Patrícia Jeber Hamdan

Engenheira de Minas - Assistente de Coordenação

Caracterização do Empreendimento

Patrícia Jeber Hamdan

Engenheira de Minas - Assistente de Coordenação

Elizabeth de Castro Santos

Engenheira Sanitarista e Ambiental

Mara Patrícia Nepomuceno

Engenheira de Minas

Meio Físico

Jackson C. F. Campos

Geógrafo

Elizabeth de Castro Santos

Engenheira Sanitarista e Ambiental

Cristiane Valéria Oliveira

Engenheira Agrônoma

Edivane Alves de Oliveira

Técnica em Química

Márcio Figueiredo de Resende

Engenheiro Civil

Suely Geralda Duarte Oliveira

Géologa

16. FICHA TÉCNICA

CAP 16 8/11/06 5:24 PM Page 201

Page 202: Projeto Serra Leste

202

Meio Biótico

Cláudia Bizzotto

Bióloga

Aloísio Otávio Ferreira

Biólogo

Filipe Nunes

Biólogo

Leonardo Viana

Biólogo

Luiz Fernando Bandeira

Biólogo

Luzimara Fenandes S. Brandt

Bióloga

Análise de risco

Ricardo Márcio Martins Alves

Engenheiro Mecânico

Luciana Fernandez Nascimento

Engenheira Química

Meio Socioeconômico

Ricardo Márcio Martins Alves

Economista

Wilma da Silva Oliveira

Geógrafa

Maria Sílvia de Carvalho Cambraia

Administradora de Empresas

João Jaime de Carvalho Almeida Filho*

Arquiteto

Alexandre Guazzelli Afonso*

Economista

Mayumi Cursino de Moura Hirye*

Arquiteta

Vladimir F. Maciel*

Economista

Eliane Guedes*

Arquiteta

Fernanda Amorim Militelli*

Arquiteta

Fernanda Negrão*

Economista

Izabel Cristina Gonçalves de Arruda*

Assistente Social

Geoprocessamento e CAD

Marcus Vinícius Silva

Projetista Sênior

João Alves Filho

Geógrafo

Flávia Teixeira Chaves

Arquiteta

Lígia Nassif Ziviani

Geógrafa e Analista Ambiental

Domingos Sávio

Projetista

Humberto Machado Soares

Cadista

Editoração

Elza Maria Silva Oliveira do Carmo

Editoração

Lílian Rosa Magalhães

Editoração

Supervisão CVRD

Maria Carmem Aleixo

Rosângela Ribas

Delfim Rocha

Cecília Bhering

João Carlos Henriques

Apoio Técnico

Instituto Ambiental Vale do Rio Doce

Fundação Vale do Rio Doce

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