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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS Curso de Graduação em Geologia THIENE DOS SANTOS SERRA PROJETO CARVÃO NO ALTO SOLIMÕES: UMA EXPERIÊNCIA DE DADOS ANALÓGICOS DE SONDAGENS EXPLORATÓRIAS PARA CARVÃO EM UMA BASE DE DADOS DIGITAIS Salvador 2010.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

Curso de Graduação em Geologia

THIENE DOS SANTOS SERRA

PROJETO CARVÃO NO ALTO SOLIMÕES: UMA EXPERIÊNCIA

DE DADOS ANALÓGICOS DE SONDAGENS EXPLORATÓRIAS

PARA CARVÃO EM UMA BASE DE DADOS DIGITAIS

Salvador

2010.

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THIENE DOS SANTOS SERRA

PROJETO CARVÃO NO ALTO SOLIMÕES: UMA EXPERIÊNCIA DE

DADOS ANALÓGICOS DE SONDAGENS EXPLORATÓRIAS PARA

CARVÃO EM UMA BASE DE DADOS DIGITAIS

Orientador: Drº Ricardo da Cunha Lopes

Co – orientador: Prof.Drº Cícero da Paixão Pereira

Salvador

2010

Monografia apresentada ao Curso de

Geologia, Instituto de Geociências, Universidade

Federal da Bahia, como requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em Geologia.

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THIENE DOS SANTOS SERRA

“PROJETO CARVÃO NO ALTO SOLIMÕES: UMA EXPERIÊNCIA DE

DADOS ANALÓGICOS DE SONDAGENS EXPLORATÓRIAS PARA

CARVÃO EM UMA BASE DE DADOS DIGITAIS”

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em

Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

________________________________________________________________

1º Examinador – Orientador: Dr. Ricardo da Cunha Lopes

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

_______________________________________________________________

2º Examinador – Prof. Msc. Danilo Heitor Caires Tinoco Bisneto Melo

Instituto de Geociências, UFBA.

________________________________________________________________

3º Examinador – Geólogo Eduardo Moussale Grissolia

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

Salvador

2010

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“A Epifanio, Janete, Tanis, Marcos e Maria Júlia, por todo amor verdadeiro e incondicional.”

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AGRADECIMENTOS

Em toda grande caminhada encontramos pelo caminho pessoas que nos guiarão e

ajudarão de alguma forma. Com grande satisfação agradeço a algumas das pessoas que

me ajudaram neste caminho.

Primeiramente, agradeço a Deus que, com seu infinito amor, deu-me forças nessa

luta e por ter me dado uma família tão maravilhosa.

Agradeço aos meus pais, Epifanio Santana Serra e Janete dos Santos Serra, e ao

meu irmão, Tanis dos Santos Serra, por todo amor, carinho, compreensão, colaboração,

dicas, incentivos e por ter sido sempre um exemplo de inteligência e dedicação aos estudos.

Agradeço ao meu esposo amado Marcos Varjão Gomes pelo amor, companheirismo

e cuidados a mim dedicado nesses três anos que estamos juntos.

A minha filha amada Maria Julia Serra Varjão, minha razão e meu melhor incentivo!

Ao meu orientador, Ricardo da Cunha Lopes, pela força e incentivo, pela

compreensão e paciência. Por ter apostado e acreditado em mim. Pela pessoa maravilhosa

e excelente profissional que é.

Ao meu co-orientador Cícero da Paixão Pereira, pela paciência, pelo ombro amigo e

confiança.

Aos amigos da DIGEOP, Elias Bernard do Espírito Santo, Paulo Lopes (Polete),

Fernanda Nascimento (Azeda), Eduardo Grissolia, Tatiana Araujo, Leonardo Araujo, Fabio

Neves (Mofil), Rosangela Abreu, Jackson Oliveira, Ricardo Hagge, Eliana Marçal, Marcelo

Faria, Antonio Rabelo e João Henrique Gonçalves, pelo companheirismo e pelo

profissionalismo.

Aos amigos do GATE, Maria Angélica Barreto Ramos, sempre uma palavra de

conforto, incentivo, amizade e dicas também mais do que valiosas, Moacyr Carvalho, Violeta

Martins, Rafael Franca Rocha.

As minhas queridas professoras: Tânia Araujo e Altair Machado por todo o incentivo

durante esses anos.

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Agradecimento aos meus amigos e companheiros fiéis, Nívia Pina e Adelino Ribeiro,

que compartilharam comigo desde o inicio da faculdade todos os melhores momentos que

vivi lá dentro.

Agradecimento aos amigos da CPRM: Juliana Costa, Isabel Matos, Gisélia Bispo,

Lindaura Macedo, Roberto Campêlo, Sara Monteiro, Isabel Pitanga, Nalva, Jose Amaral e

Eliana.

Agradecimento muito carinhoso aos amigos da UFBA: Nelize, Carla, Thaíza,

Vanessa, Michele, Ádila Costa, Fabiane, Verônica, Anderson, Substância, Dário, Caroço,

Carol, Gisele, Vanessa, Ana Fábia, Paulinha, Elisa, Fernandinha, Ana (Bolacha), Cleiton,

AJ, Leidiane, Caetano e Falcão.

Todos vocês tornaram muito mais fácil a minha caminhada, e sempre estarão em

minhas melhores lembranças!

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RESUMO

O carvão mineral é de grande importância econômica para o Brasil. Combustível

fóssil sólido, o carvão é formado por matéria orgânica vegetal depositada em bacias

sedimentares, onde sofreu ação da temperatura, pressão (por soterramento) e perda de

oxigênio, ocasionando um enriquecimento em carbono, este recurso energético, constitui um

bem mineral de grande interesse econômico, visto que a relação tempo/custo para a

instalação de uma usina termoelétrica é bem menor, comparando-se os mesmos

parâmetros, para a instalação de uma usina hidrelétrica. O carvão foi usado como principal

fonte energética por décadas, não somente forneceu a energia que abasteceu toda a

Revolução Industrial no século XlX, como também foi a mola propulsora da era da

eletricidade do século XX. Atualmente aproximadamente 28 % da eletricidade gerada

mundialmente é produzida através do carvão mineral. Países da América do Sul,

Dinamarca, China, Grécia, Alemanha e Estados Unidos tem nesse combustível uma

importante fonte de energia. Na década de 70, o mundo passou pela denominada “crise do

petróleo”, países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)

aumentaram o preço dos barris, este aumento chegou a quatro vezes o preço normal, e no

Brasil autoridades políticas determinaram que os órgãos responsáveis pela pesquisa mineral

no país, Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e Departamento Nacional de Produção Mineral

DNPM, realizassem estudos de outras fontes de energia viáveis, e campanhas por quase

todo o país foram feitas no âmbito de explorar os possíveis depósitos de carvão. Dentre os

trabalhos desenvolvidos, está o Projeto Carvão no Alto Solimões que foi executado nos

anos de 1975 a 1977, no Alto Solimões, região incluída em uma bacia paleozóica

intracratônica, Bacia do Solimões, que conta com cerca de 440.000 km2 de área total. Este

trabalho de monografia final de curso (TFG) utilizará dados do referido projeto, convertendo

– os do meio analógico para a plataforma digital, de forma que possam ser utilizados no

meio geocientífico, já que estes constam até então inéditos. Para tanto faremos a

recuperação das imagens Raster e/ou JPEG; Composição do mapa de localização;

tabelamento dos dados litoestratigráficos e litológicos de um acervo mínimo de 20 poços.

Esta pesquisa deverá dar subsídio a posteriores projetos de pesquisa na região, assim

como auxiliar empresas interessadas em pesquisa mineral, ampliando as possibilidades de

utilização deste material.

Palavras – chave: Carvão, energia, conversão de dados e perfilagens geofísicas.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS x

LISTA DE TABELAS xiii

Capítulo 1 - Apresentação ................................................................................................ 15

1.1. Introdução ..................................................................................................................... 15

1.2. Depósitos de Carvão .................................................................................................... 18

1.2.1. Depósitos de Carvão no Mundo ............................................................................... 18

1.2.2. Depósitos de Carvão no Brasil ................................................................................. 22

1.3. Objetivos ....................................................................................................................... 24

1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 24

1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 25

1.3.4. Justificativa .............................................................................................................. 25

Capítulo 2 - Referencial Teórico .................................................................................. 28

2.1. Introdução ................................................................................................................ 28

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2.2. Geoprocessamento ................................................................................................. 29

2.3. Banco de Dados ...................................................................................................... 29

2.4. Integração de Dados ............................................................................................... 31

2.5. Conversão de Dados .................................................................................................... 31

Capítulo 3 - Materiais e Métodos ....................................................................................... 33

3.1. Introdução ..................................................................................................................... 33

3.2. Levantamentos Bibliográficos ....................................................................................... 34

3.3. Recuperação das imagens Raster ................................................................................ 34

3.4. Composição do mapa de Localização ........................................................................... 35

3.5. Tabelamento dos dados litológicos e litoestratigráficos ................................................. 35

3.6. Processamento ............................................................................................................. 37

Capítulo 4 - Geologia .......................................................................................................... 42

4.1. Introdução ..................................................................................................................... 42

4.2. Bacia do Solimões ........................................................................................................ 47

4.2.1 Embasamento Ígneo Metamórfico ............................................................................. 49

4.2.2 Formação Ramon ..................................................................................................... 49

4.2.3 Formação Solimões .................................................................................................. 50

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Capítulo 5 - Resultados e Discussões ...............................................................................53

5.1. Introdução ..................................................................................................................... 53

5.2. Resultados dos Trabalhos ............................................................................................ 53

5.2.1. Compilação e Integração de Dados ......................................................................... 53

5.2.2. Composição Gráfica do SIG ..................................................................................... 59

Capítulo 6 - Considerações Finais .....................................................................................61

Referências.......................................................................................................................... 63

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x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo do Projeto Carvão no Alto

Solimões .............................................................................................................. 18

Figura 2 – Estágios de evolução do carvão mineral, a seta indica o aumento na

concentração de carbono. Fonte:EPE, 2006. ....................................................... .... 20

Figura 3 – Reserva Mundial de Carvão. Dados do Atlas de Energia Elétrica da

ANEEL, 2005. ...................................................................................................... .... 21

Figura 4 – Depósitos de carvão no mundo. Universidade de Columbia, 2004 .... .... 22

Figura 5. Tipos e Usos do Carvão. Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (EPE),

2006 ..................................................................................................................... 25

Figura 6. Matriz Energética do Brasil no ano de 2006. Retirado de BEN, 2007. ...... 27

Figura 7 Fluxograma contendo as etapas de confecção desta monografia .............. 33

Figura 8. Seção de um perfil de poço do Projeto Carvão no Alto Solimões. (Maia,

1977). ................................................................................................................... .... 36

Figura 9A. Mapa de dados de espessura da Formação Içá, gerado pelo método de

Interpolação de dados. ........................................................................................ .... 38

Figura 9B. Mapa de dados de espessura da Formação Solimões, gerado pelo

método de Interpolação de dados ............................................................................. 38

Figura 9C. Mapa de dados de profundidade de embasamento, gerado pelo método

de Interpolação de dados ..................................................................................... .... 39

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xi

Figura 10. Mapa de isópacas da Formação Solimões (Maia et al, 1975) ................. 39

Figura 11. Planilha do Excel, contendo os dados referentes aos furos do Projeto

Carvão no Alto Solimões. ..................................................................................... .... 40

Figura 12. Shape da área do projeto, associada à shape da drenagem unifilar. ..... 41

Figura 13. Seção Geológica Esquemática da Bacia do Solimões. Fonte: ANP. ..... 42

Figura 14A: Carta Estratigráfica da Bacia do Solimões ...................................... .... 44

Figura 14B: Detalhe do contato discordante entre a Formação Solimões e a

Formação Alter do Chão. Modificado de Wanderley Filho et al. (2007). .............. .... 45

Figura 15:Terciário na Amazônia: principais depósitos minerais.(SANTOS, 2002). . 46

Figura 16 – Mapa de localização das principais bacias sedimentares brasileiras.

Teixeira, (2001) ................................................................................................... .... 47

Figura 17: Mapa Geológico simplificado da área do Projeto Carvão no Alto

Solimões............................................................................................................... ... 48

Figura 18: A: Granito mesocrático, porfirítico. B: Adamelito pegmatóide com

fenocristais de plagioclásio envolvendo a biotita. Fonte: Maia, 1977. .................. .... 49

Figura 19: Gradação lateral e vertical entre argilito esverdeado da Formação

Solimões, e o argilito avermelhado ferruginoso da Formação Ramon. ................ .... 50

Figura 20: A: Arenito cinza claro da Formação Solimões. B: Conglomerado

conchífero da Formação Solimões. Fonte: Maia, 1977. ....................................... .... 50

Figura 21: Mapa geológico simplificado da área do Projeto Carvão no Alto Solimões,

destacando (vermelho) os 24 poços utilizados neste trabalho. ................................. 55

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xii

Figura 22: Hidrografia do estado do Amazonas, sobreposta à área do projeto. ...... 56

Figura 23: Janela do ArcMap mostrando o ponto de afloramento de Linhito. ..... .... 57

Figura 24: Tabela de atributos do ArcMap, onde o linhito é considerado apenas em

1 ponto. ................................................................................................................ .... 57

Figura 25: Materiais em estudo na região do Projeto Carvão no Alto Solimões.. .... 58

Figura 26: Tabela de atributos do ArcMap, mostrando os materiais explorados

atualmente, assim como a fase em que se encontram em processo no DNPM, e os

seus titulares. ....................................................................................................... .... 59

Figura 27: Composição final do SIG, no ArcExibe. ............................................. .... 60

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xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Dados de produção e consumo de carvão em níveis mundiais 18

Tabela 2. Composição dos tipos de carvão e seus respectivos valores de poder calorífero. 19

Tabela 3: Uso de SIG’s em trabalhos no Brasil. Retirado de Melo, 2003. 28

Tabela 4: Nomenclatura dos 24 poços escolhidos para execução deste trabalho. 48

Tabela 5: Relação de poços utilizados neste trabalho e suas respectivas características. 48

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Capitulo 1

Apresentação

1.1 Introdução

O carbono é um elemento apreciável por inúmeras razões, que variam desde suas

formas alotrópicas, grafita e diamante, à sua capacidade de formar compostos de diferentes

importâncias, como o CO2, indispensável à biota terrestre, e por consequência aos

humanos, ou como os hidrocarbonetos, na forma de petróleo e gás natural, essenciais nos

sistemas de transportes e industriais.

Dentre os compostos de carbono, figura também um importante ícone da produção

de energia, o carvão mineral, visto como vilão por ambientalistas, por ser considerada a

fonte de energia que gera mais carbono nocivo à camada de ozônio, sem contar os

impactos ambientais gerados a partir de sua explotação dos quais, os maiores provém de

sua mineração, que afeta principalmente os recursos hídricos, propiciando o processo de

drenagem ácida de minas, quando o rejeito de lavra não recebe o devido tratamento para

que não haja essa acidificação; a mineração de carvão afeta também a disponibilidade dos

recursos hídricos, visto que a mineração utiliza enorme quantidade de água para retirar as

impurezas do carvão; outros fatores que também são afetados são: o solo e o relevo das

áreas circunvizinhas às minas, pois quando a retirada do material é realizada em encostas,

há a mudança visual, geralmente brusca da paisagem natural.

Em contrapartida a utilização do carvão como fonte de energia não – renovável tem

suas vantagens, dentre elas a mais importante condiz à rápida e mais barata instalação de

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usinas termoelétricas, provendo em curto prazo, quando comparado com hidrelétricas,

energia para o desenvolvimento de cidades e zonas rurais.

O carvão mineral tem sua origem determinada sob duas formas:

(i) a matéria vegetal é originada da decomposição de grandes florestas

do próprio local onde foi sedimentado

(ii) a matéria vegetal decomposta foi carreada pelos rios e depositada nas

bacias sedimentares.

O tema sobre o carvão mineral, mais especificamente, o Projeto Carvão no Alto

Solimões, foi escolhido devido ao fato da crescente demanda energética requerer mais

fontes de energia, e pelo fato de que as informações deste projeto ainda encontrem-se em

inéditas em meio digital. Este trabalho utilizará o processo de conversão de dados aliados

às técnicas de geoprocessamento para criar produtos de interesse à comunidade

geocientífica de um modo geral, visando uma ampliação dos estudos no Alto Solimões.

A área de estudo do Projeto Carvão no Alto Solimões está localizada na fronteira

noroeste do Brasil, no Estado do Amazonas, geologicamente inserida no Cráton Amazônico,

e por conseguinte na Bacia do Solimões.

Nas sondagens utilizadas no na área de estudo do projeto Carvão no Alto Solimões

(Figura 1), foram feitas perfilagens geofísicas, perfis Raio Gama e Potencial Espontâneo

(SP) e Resistividade (R): O primeiro representa a medição da radioatividade natural das

rochas, já que em rochas sedimentares, a curva de raios gama reflete o conteúdo argiloso

da rocha, pois os elementos radioativos tendem a se concentrar em minerais argilosos e,

por conseguinte em folhelhos, as formações ditas “limpas”, arenitos quartzosos, por

exemplo, tem um nível radioativo baixo, enquanto arenitos feldspáticos, ricos em potássio,

apresentam índice radioativo mais alto do que os quartzoarenitos, porém normalmente mais

baixos do que o dos folhelhos. A utilização destes perfis é indispensável em qualquer

trabalho de perfilagens de poços, pois possibilita a identificação de litologias, a medida de

espessuras de camadas, identificação de minerais radioativos, avaliação do volume de

argila, tornando possível a correlação litológica entre poços e avaliação da qualidade de

reservatórios.

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Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo do Projeto Carvão no Alto Solimões.

O trabalho envolveu: (i) recuperação das imagens Raster do Projeto Carvão no Alto

Solimões; (ii) Tabelamento dos dados litológicos e litoestratigráficos de um acervo de 24

poços (iii) elaboração de um Sistema de Informações Geográficas, utilizando os Softwares

ArcMap e ArcExibe com o fim de estabelecer condições para uma melhor utilização e

compreensão do objetivo deste trabalho.

Este estudo permitiu a composição de uma base digital atualizada do Projeto Carvão

no Alto Solimões, utilizando conjuntamente os dados do GEOBANK – Banco de dados do

Serviço Geológico do Brasil – CPRM, por este se tratar de um banco de dados da

plataforma Oracle e de modelagem relacional, o que facilita sua constante atualização e

utilização.

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1.2 Depósitos de Carvão

1.2.1 Depósitos de Carvão no Mundo

Compreender os diferentes estágios do carvão envolve primeiramente desenvolver

uma compreensão básica das formas como o carvão se apresenta dentro da terra. Os tipos

de carvão são diferenciados por características específicas que resultam de terem sido

submetidos a diferentes temperaturas e pressões e também sobre diferentes períodos de

tempo durante a sua formação. O carvão leva milhões de anos para se desenvolver, e é

derivado de matéria orgânica quando esta é submetida a intensas quantidades de calor e

pressão associados às alterações físicas e químicas.

Em geral, as formas de carvão atuais foram geradas a partir dos restos de plantas

que morreram nos pântanos pré-históricos e das zonas úmidas. A matéria orgânica vegetal

após decomposição anaeróbia transforma-se em turfa, que, por conseguinte compactação

pelos depósitos e por um leve aquecimento, essa se transforma em linhito e sucessivamente

em carvão sub-betuminoso. Quando submetidos a um aquecimento e pressão mais intensos

e demorados, produz o carvão betuminoso, como continuidade dos processos diagenéticos

chega-se ao carvão antracito (Figura 2), lembrando que este não é o ultimo estágio deste

processo, pois ainda existem o meta-antracito e a grafita.

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Figura 2 – Estágios de evolução do carvão mineral, a seta indica o aumento na concentração

de carbono. Fonte: EPE, 2006.

As maiores as reservas de carvão mineral estão concentradas na América do Norte,

na Ásia e na Europa (incluindo a antiga URSS), totalizando 81,5% das reservas mundiais.

Na América do Norte, destacam-se os EUA, com quase de 25% das reservas mundiais. Nas

demais regiões, destacam-se a Rússia (16%), a China (12%) e a Austrália (9%) (ANEEL,

2005). Na figura 3 temos um gráfico explanando as condições de distribuição das reservas

entre os continentes.

TURFA

LINHITO

HULHA

ANTRACITO

LINHITO

HULHA

ANTRACITO

HULHA

ANTRACITO

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20

Figura 3 – Reserva Mundial de Carvão. Dados do Atlas de Energia Elétrica da ANEEL, 2005.

Com relação à produção, destaca-se a China e os Estados Unidos, com 28% e

26,4%, respectivamente, de todo o carvão produzido no mundo em 1998. Em relação ao

consumo, valem as mesmas observações: em 1998, os índices foram de 27,7% e 25%,

respectivamente, do consumo mundial. Dados do Word Coal Institute apontam que mais de

50% da produção mundial de carvão é voltada para a geração de energia.

Tabela 1. Dados de produção e consumo de carvão em níveis mundiais

PRODUÇÃO E CONSUMO DE CARVÃO EM NIVEIS MUNDIAIS

PRODUÇAO CONSUMO

EUROPA 19,8% 23,3%

AMERICA

AFRICA

ASIA

29,8%

5,5%

44,8%

26,3%

45,8%

47,6%

.A figura 4 apresenta a distribuição espacial dos principais depósitos de carvão no

mundo.

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A atual classificação dos carvões é baseada no teor de carbono, teor de cinzas e

enxofre e no seu poder calorífero (Tabela 2). Quanto maior a temperatura e a pressão às

quais forem submetidas as matérias decompostas e quanto maior for o tempo desse

processo, maior será o rank, ou seja, maior a quantidade de carbono presente, e melhor

será a qualidade do carvão

Tabela 2. Composição dos tipos de carvão e seus respectivos valores de poder

calorífero.

COMPOSIÇÃO DOS CARVÕES

TIPO %O2 %H2 %C Poder calorífero

TURFA 40.0 6.0 54 A 60 2.800 Kcal/kg –

3.800Kcal/kg

LINHITO 25.0 4.5 65 A 75 3.500 Kcal/kg

HULHA 15.0 5.0 75 A 85 6.500 Kcal/kg

ANTRACITO 3.0 2.0 95.0 7.100Kcal/Kg

Figura 4 – Depósitos de carvão no mundo. Universidade de Columbia, 2004.

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Outro fator indicativo de qualidade dos carvões é o grade, que os classifica de

acordo com o teor de cinzas presente, sendo que quanto maior for o grade, menor será a

qualidade deste carvão, pois isto significa que o carvão possui elevado teor de cinzas.

Borba (2001) nos leva a compreender que no uso como energético o carvão admite,

a partir do linhito, toda gama possível de qualidade, sendo uma questão de adaptação dos

equipamentos ao carvão utilizado, assim como uso de técnicas apropriadas para o melhor

aproveitamento do bem mineral.

1.2.2 Depósitos de Carvão no Brasil

O Brasil possui reservas provadas de 10,11 bilhões de toneladas de carvão, ou 1,1%

das reservas mundiais. (BP Statistical Review of World Energy, Junho 2007). No Brasil, as

principais reservas de carvão mineral estão localizadas no Sul do País, notadamente no

Estado do Rio Grande do Sul, que detém mais de 90% das reservas nacionais. Existem

ocorrências de linhito e carvão sub-betuminoso em vários estados brasileiros: Minas Gerais,

Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas e Acre. Significativas, porém, são

apenas as camadas de carvão sub-betuminoso e betuminoso do flanco leste da Bacia do

Paraná (Formação Rio Bonito, do Permiano Inferior), no sul-sudeste brasileiro (BORBA,

2001).

No final de 2002, as reservas nacionais de carvão giravam em torno de 12 bilhões de

toneladas, o que corresponde a mais de 50% das reservas sul-americanas e a 1,2% das

reservas mundiais. Segundo Aboarrage & Lopes (1986), os recursos totais conhecidos de

carvão da Bacia do Paraná atingem 32 x 106 t.

Como as grandes reservas de carvão mineral estão localizadas no hemisfério norte,

a produção brasileira de carvão é muito baixa comparada a países como China, Estados

Unidos, Índia e Polônia. Com apenas algumas reservas em exploração na região sul do

país, o carvão mineral é o combustível de maior dependência internacional, sendo que

praticamente todo carvão metalúrgico consumido no Brasil é importado.

A produção carbonífera brasileira tinha, desde o final do século passado, dois

destinos principais: as fornalhas dos navios e as fornalhas das locomotivas a vapor. Ambos

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23

os mercados foram perdidos para os derivados do petróleo: o do transporte marítimo no

período entre as guerras mundiais e o do transporte ferroviário na década de 50. (CORREA

& FERREIRA, 1985.)

Esses mercados foram substituídos pela geração de energia termoelétrica, sempre

em instalações próximas ou junto às minas. Além de pequenas unidades locais, ainda na

primeira metade do século XX as usinas de porte industrial foram a do Gasômetro, em Porto

Alegre-RS e a antiga usina de Capivari - SC. Ambas, por tecnologia obsoleta e reduzido

porte, já foram desativadas. As usinas atualmente em operação possuem capacidade

nominal de geração de 1390 MW, cerca de 2% do parque gerador elétrico brasileiro. Os

maiores conjuntos de unidades estão em Capivari-SC com 832 MW e em Candiota - RS

com 446 MW. Nos últimos anos, o setor termoelétrico tem consumido cerca de dois terços

da produção nacional (3499 mil t ou 67,8% em 2002.)

O segundo consumidor em importância é a indústria de cimento. Nos fornos, o

carvão é misturado ao calcário e demais insumos. Sua queima, além de fornecer calor ao

processo, apresenta a vantagem especial de suas cinzas pulverizadas serem incorporadas

ao produto industrializado, o que propicia ganhos adicionais aos fabricantes. Entre outros

consumidores importantes estão a indústria petroquímica (339 mil t ou 6,5% em 2002) e a

de papel e celulose (272 mil t ou 5,2% em 2002). O Pólo Petroquímico de Triunfo - RS, as

indústrias da Riocel no Rio Grande do Sul e da Klabin no Paraná usam carvão para gerar

energia elétrica e vapor industrial.

A indústria de alimentos consumiu, nas operações de secagem de grãos, 193 mil t de

carvão ou 3,7% do total de 2002. As fábricas de ladrilhos e pisos cerâmicos utilizaram em

seus fornos 144 mil t ou 2,8% do total do mesmo ano. Os demais usos industriais

consumiram, individualmente, menos de 2% e, em conjunto, 3,5% da produção daquele

período.

Dentre as variações dos tipos de carvão, existem determinados destinos para

cada um deles, conforme exposto na Figura 5.

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24

Figura 5. Tipos e Usos do Carvão. Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 2006

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo maior deste trabalho é a realização da conversão dos dados analíticos das

sondagens do Projeto Carvão no Alto Solimões, provando que é de suma importância este

tipo de ação que permita uma constante atualização dos dados em uma plataforma

relacional, de forma que os dados se integrem ao conjunto de informações geológicas do

Brasil.

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25

1.3.2 Objetivos específicos

O trabalho tem como objetivo específico:

(i) Disponibilizar os dados para a comunidade geocientífica, e

para empresas interessadas em pesquisa mineral de carvão

na área objeto;

(ii) Confecção de produtos de interesse do público citado no item

(i) ex. Mapas e SIG.

1.4 Justificativa

Apesar do Brasil não ter sua matriz energética baseada no consumo do carvão

mineral, a população brasileira, hoje com aproximadamente 200 milhões de habitantes

(IBGE, 2007), continua crescendo rapidamente, e a estimativa é de que até 2040 a

população chegue à marca de 220 milhões de pessoas. Com o contínuo crescimento da

população é necessário uma política interna de desenvolvimento muito forte, visando o

crescimento econômico do país.

Atualmente, o conceito de desenvolvimento econômico de uma nação está atrelado

ao nível de avanço das tecnologias de produção energética, pois quanto maior for a

produção de energia de um país, este por conseqüência será mais desenvolvido e

economicamente mais próspero. Borba (2001) afirma que na composição da matriz

energética global, o carvão fica abaixo apenas do petróleo, sendo que especificamente na

geração de energia elétrica, o carvão assume a condição de principal recurso energético. A

matriz energética brasileira denota que somente 6% do consumo de energia provêm do

carvão mineral, assim como a geração de energia elétrica no país, é predominante de

natureza hídrica, 93,1%%, embora dados do Balanço Energético Nacional (2009), apontem

que em 2008 o uso de combustíveis fósseis para a geração de energia elétrica no Brasil

cresceu 37,9% em relação ao ano anterior. Já a participação das fontes renováveis caiu

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26

3,4%. A Figura 6 aponta a participação dos diversos tipos de fontes de energia renováveis e

não-renováveis na matriz energética brasileira.

Figura 6 – Matriz Energética do Brasil no ano de 2006. Retirado de Balanço Energético

Nacional, 2009.

Com isso, se faz necessário o direcionamento de políticas públicas incentivando o

uso do carvão como fonte de energia sustentável, visando o desenvolvimento de estudos

tecno-científicos que vislumbrem a utilização de tecnologias limpas nos processos de

beneficiamento e queima do carvão, sendo este último processo configurado pelos

ambientalistas, como a tecnologia mais suja na produção de energia. A reserva de linhito do

Alto Solimões apesar de classificado como economicamente inviável no âmbito nacional,

pode ser utilizado em escala regional, não só para a produção energética, bem como para

outros fins, como seu uso na elaboração de fertilizantes para emprego na agricultura.

A utilização de dados de perfis geofísicos vem somar não só ao conhecimento

geológico, mas também econômico, sua vasta utilização em bacias de hidrocarbonetos,

comprova e atesta sua validade, como indicador de campos explotáveis, auxiliando de forma

direta a prospecção mineral.

Utilizaremos neste trabalho um sistema de informações usando Banco de Dados

Oracle, o qual permite uma interface com os Sistemas de Informações Geográficas,

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27

promovendo e facilitando à comunidade o acesso dos dados sobre o Projeto Carvão no Alto

Solimões. Este trabalho final de curso propõe esta experiência, pois alguns projetos de

extrema importância para o meio acadêmico e empresarial, encontram-se ainda não

publicadas em meio digital, ou quando publicadas, não contemplam uma interatividade com

outros sistemas e softwares, tornando assim sua disponibilidade desconhecida.

Realizou-se uma pesquisa com 50 alunos do IGEO – Instituto de Geociências da

UFBA, com a finalidade de saber destes alunos, qual o nível de conhecimento que eles

detêm a cerca de banco de dados, seus referenciais de pesquisa, entre outros

questionamentos. A partir da compilação das respostas ficou claro que a busca por uma

base de dados consistente, com uma atualização constante e dinâmica, facilita e é preferida

por mais da metade dos entrevistados, o que justifica a experiência aqui proposta.

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28

Capitulo 2

Referencial Teórico

2.1 Introdução

Ainda é grande a carência de informações adequadas para a tomada de decisões

em diversos setores da nossa economia, a oferta de dados com uma acessibilidade fácil e

dinâmica não supre ainda as reais necessidades do mercado. Desta forma o

geoprocessamento apresenta um enorme potencial, principalmente se baseado em

tecnologias de custo relativamente baixo.

De acordo com Congalton (1991) a coleta de dados sobre distribuição geográfica dos

recursos minerais, animais e plantas, sempre foi um diferencial nas atividades das

sociedades organizadas.

Até recentemente, a aquisição de dados era documentada em papel, o que impedia

uma analise que combinasse diversos mapas e dados. Com o desenvolvimento da

tecnologia da informática, tornou-se possível o armazenamento e representação destas

informações em ambiente computacionais, abrindo assim um espaço para o aparecimento

do Geoprocessamento e suas técnicas.

Desta forma, o termo Geoprocessamento denota a disciplina do conhecimento que

utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica,

(CONGALTON, 1991) e que influencia de maneira crescente as áreas de Cartografia,

Analise de Recursos Naturais, Transportes, Comunicação, Energia e Planejamento Urbano.

Segundo Crosta & Souza Filho (1997), as ferramentas computacionais do

Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), permitem

realizar analises complexas ao integrar dados de diversas fontes e ao criar um Banco de

Dados Georreferenciado (BDG), tornando possível a automatização da produção de

materiais cartográficos.

De acordo com Kleiner & Meneguette (1988) a base de dados espaciais é muito

importante porque sua criação consumirá três quartos do tempo total de um projeto e

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envolverá muitos esforços para desenvolver um Sistema de Informações Geográficas.

Entretanto, uma vez que esta informação tenha sido compilada por uma instituição, a base

de dados pode ser mantida de 10 a 50 anos; por esta razão, atalhos não são

recomendados, pois problemas causados pela má qualidade da entrada de dados podem

tornar o projeto oneroso, além de demandar muitos esforços.

2.2 Geoprocessamento

Segundo Rosa (2001) geoprocessamento é um conjunto de tecnologias de coleta,

tratamento, manipulação e apresentação de informações espaciais voltado para um objetivo

especifico.

Ferramenta fundamental, o SIG tem finalidades a serem cumpridas, de modo que

para que isso seja possível, há a necessidade de dados. “A aquisição destes dados deve

partir de uma premissa clara dos parâmetros, assim como os principais indicadores e

variáveis, que serão necessários na implementação do projeto.” (CROSTA & SOUZA FILHO

1997).

Ao se pensar em um projeto deve-se verificar a existência de dados nos órgãos

apropriados, a exemplo do IBGE, CPRM, CERB, INPE e etc. A ausência destes dados

implicara em um esforço para a geração dos mesmos, incluindo custos, prazos e processos

e aparelhagens disponíveis para a aquisição.

A digitalização e/ou vetorização é um dos processos mais utilizados para a aquisição

de dados já existentes. Como os custos para a geração de uma nova base costumam ser

significativos, deve-se aproveitar ao máximo possível os dados analógicos, convertendo-os

para a forma digital através de digitalização manual ou automática.

2.3 Banco de Dados

A base de dados de um SIG deve ser logicamente consistente e completa. Os

bancos de dados são formados pelo banco de dados espaciais, descrevendo a forma e a

posição das características da superfície do terreno, e o banco de dados de atributos,

descrevendo os atributos ou qualidades destas características. Em alguns sistemas, o

banco de dados espaciais e o de atributos são rigidamente distintos.

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Os Bancos de Dados Geográficos, para os quais os mapas são convertidos para o

uso nos SIG, são cada vez mais comuns nos órgãos e nas instituições de Pesquisa.

Entretanto, o armazenamento e a atualização de mapas digitais não significam que as

Mapotecas tradicionais deverão ser extintas, pelo contrário, elas serão centros de consulta.

O que inova é tornar desnecessário que os usuários do SIG tenham sua própria mapoteca.

Isso significa economia de espaço e, se a base digital for confiável, significará economia de

tempo também. Dados de 2003 (Tabela 3) apontam a quantidade de trabalhos em que

foram citados o uso de SIG.

Tabela 3: Uso de SIG’s em trabalhos no Brasil. Retirado de Melo, 2003.

Carvalho Filho & Abdo (2000) apresentam o que chamam de Pré-processamento de

Dados, cuja importância se reverterá na qualidade do produto final do SIG. Na aquisição de

Dados, de modo geral, o usuário não gera os próprios dados, buscando estes indiretamente

em publicações. Assim, o primeiro passo é elencar os dados necessários para o estudo que

se deseja desenvolver e então projetar a base de dados a ser criada. O segundo passo é

verificar, dentre os dados necessários, quais deles existem e podem ser utilizados ou outros

que podem ser utilizados no lugar dos não existentes de forma mais adequada para atender

o objetivo previsto. O terceiro passo é verificar se o que foi obtido é suficiente ou se será

necessário gerar outros dados. Deste modo, estes autores sugerem, em uma primeira

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etapa, a vistoria da Base de Dados para averiguar possíveis inconsistências. O ideal seria

que toda a Base e o Banco de Dados fossem oriundos de uma mesma instituição.

Entretanto, esta não é uma realidade comum a todos os projetos que utilizam o SIG.

2.4 Integração de dados

A integração de dados de diferentes fontes, gerados pelos mais diversos

procedimentos, com o objetivo de compor a base de dados de certo projeto, traz consigo

algumas preocupações constantes dos usuários de SIG. A integração de dados num SIG

também revela procedimentos que dependem da existência de uma série de funcionalidades

que devem estar presentes num SIG. Na relação interdisciplinar entre Cartografia e o

processamento, um aspecto deve ser considerado, a incerteza. Tudo o que se mede ou se

modela está sujeito a erros e esses erros respondem pela qualidade de um mapa ou da

base de dados num SIG.

A exatidão de posicionamento é dada pelo erro na posição ou na localização,

com relação ao sistema de referência da base de dados, de pontos bem definidos. O

usuário de SIG deve se preocupar, por exemplo, com o erro na medição das coordenadas

dos pontos de controle com GPS ou então com o erro planimétrico associado à escala dos

mapas. Outro componente de erro muito importante é a incerteza na atribuição de valores

ou classes aos objetos que compõem a base de dados. A exatidão de atributos questiona a

correção com que os atributos são associados aos objetos.

2.5 Conversão de Dados

A conversão de dados representa um conjunto de técnicas de fundamental

importância para o sucesso de um SIG. Neste contexto, a conversão de dados e uma

expressão que identifica o trabalho de informações que estão disponíveis em um

determinado meio para outro. O resultado do trabalho de conversão é um banco de dados

seja ele gráfico, alfanumérico, ou ambos. O material original poderá ser composto de

registros manuais (fichas, mapas, plantas e etc.)

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O ArcMap é hoje um dos softwares de Sistema de Informação Geográfica mais

usados no mundo, posto que possibilita ligar informações a uma posição geográfica. É um

software de fácil manipulação, desenvolvido no ambiente Windows. Possui ferramentas que

permitem resolver a maior parte dos problemas ligados ao geoprocessamento. O Programa

ArcMap diferencia-se do ArcInfo por este ter sido projetado para produzir dados para SIG,

enquanto que o ArcView foi projetado para interagir com dados de SIG que já tenham sido

produzidos. Com mais de 100.000 licenças em uso em todo o mundo, ele é o software de

SIG mais popular do mundo, conforme mencionado, colocando centenas de capacidades de

produção de mapas e de análise espacial em fácil alcance. O ArcMap torna possível criar

mapas de excelente qualidade ligando gráficos, tabelas, desenhos, fotografias e outros

arquivos (ROSA, 2001).

Moretti, (2000) nos diz que entre as principais extensões fornecidas pela ESRI, pode-

se destacar a análise espacial para o processamento de dados no formato Raster; análise

3D para a geração, visualização e análise de modelos tridimensionais; Análise de imagens

para o processamento e análise de imagens de satélite; análise de redes para o

processamento de redes geográficas; entre outros.

A importância de alguns projetos executados anteriormente ao desenvolvimento das

técnicas de geoprocessamento por vezes deixa-os intocados no meio analógico

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Capitulo 3

Materiais e Métodos

3.1Introdução

Visando alcançar os objetivos propostos no trabalho foram seguidas várias etapas: (i)

Levantamento bibliográfico sobre o tema do trabalho; (ii) Recuperação das imagens Raster

e/ou JPG, georreferenciamento e posterior vetorização dos dados. (iii) Composição de mapa

de localização; (iv) Tabelamento dos dados litológicos e litoestratigráficos de um acervo de

23 poços. Esta sequêcia é apresentada na figura 7, onde temos um fluxograma

apresentando todas as etapas da confecção desta monografia

MESES /2010

ATIVIDADES 1

1

8

2

3

3

4

4

5

5

6

6

7

7

8

8

9

9

1

10

1

11

1

12

Levantamento

Bibliográfico.

Recuperação das

imagens Raster e/ou

JPEG.

Georreferenciamento

e vetorização dos

dados.

Composição de mapa

de localização.

Tabelamento dos

dados litológicos e

litoestratigráficos.

Tratamento dos dados

Redação do TFG

Apresentação da

monografia.

Figura 7: Fluxograma contendo as etapas de confecção desta monografia

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34

Para a execução dos processos de geoprocessamento, utilizou-se um computador

com a seguinte configuração: Sistema Operacional: Windows® XP, Processador: Pentium 4

2,8 GHz, Memória: 1 GB de RAM, HD : 160GB

3.2 Levantamentos Bibliográficos

Depois da definição do tema do TFG esta foi a primeira etapa. Foram realizados

levantamentos bibliográficos em publicações de livros, teses e artigos relacionados aos

depósitos de carvão/ linhito e ao estudo das aplicações do Geoprocessamento e SIG’s.

3.3 Recuperação das imagens Raster

Dentro do Projeto Carvão no Alto Solimões existem imagens de mapas que

caracterizam a região quanto à divisão das etapas do projeto, mapa de isópacas da

Formação Solimões, este tipo de mapa consiste em linhas de contorno que ligam pontos de

uma mesma espessura, de determinada unidade estratigráfica, mapa de isoteores, que

considera a porcentagem de carbono fixo sobre a porcentagem de matéria volátil, estas

imagens foram georreferenciadas e foi feita uma vetorização dos dados dos mapas.

Como relata Graça (1990), a imagem matricial apresenta restrições na manipulação,

principalmente quando se quer associar feições ao banco de dados alfanuméricos. Outras

restrições são o volume dos arquivos, dificuldade de edição e construção da topologia.

Desta forma, estes autores recomendam proceder a vetorização da imagem Raster.

Entre os processos de vetorização existentes pode-se citar: vetorização manual

(direta na tela); vetorização semi-automática; vetorização automática. Neste trabalho

utilizou-se do processo de vetorização manual. Este tipo de vetorização consiste

basicamente em seguir cada feição da imagem matricial com o cursor e escolher os pontos

que a modelem melhor na estrutura vetorial, sendo necessário o tipo de entidade gráfica que

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irá ser usada para modelar a feição (ponto, linha e polígono) e os atributos de cada feição

cartográfica (nível, cor e estilo). Os erros associados a este tipo de processo estão ligados

ao operador, a dificuldade de vetorizar as entidades pelo centro do pixel e ao software

utilizado.

3.4 Composição do mapa de localização

A composição do mapa de localização foi feita partir de dados pontuais, referentes à

localização dos poços perfurados durante o projeto, daí foi delimitado um novo polígono que

corresponde à área real do projeto levando em consideração a localização destes poços.

Para auxiliar a composição do mapa, arquivos referentes às folhas SA.19 Içá e NA.19 Pico

da Neblina, componentes da base Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo: Sistema de

Informações Geográficas – SIG, foram baixados da página do GEOBANK, Banco de Dados

online do Serviço Geológico do Brasil, disponível no site da empresa. Esta base de dados é

composta por dados vetoriais organizados por temas e imagens Raster, estes dados

encontram-se georreferenciados e projetados em WGS 1984.

3.5 Tabelamento dos dados litológicos e litoestratigráficos

Os perfis de sondagens geofísicas utilizados para a confecção das tabelas e

shapefiles deste trabalho, foram obtidas através do processo de download do Projeto

Carvão no Alto Solimões, na biblioteca virtual da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, na

base PHL, onde existem inúmeros projetos no formato analógico, ou seja, apenas

scanneados, ainda sem publicação digital vetorizada.

Os perfis foram confeccionados pela CPRM - Serviço Geológico do Brasil (Figura 8).

Os perfis de poço são medidas das características da formação (elétricas, acústicas e

radioativas) obtidas pelo deslocamento ascensional, constante e uniforme de uma sonda. A

interpretação dos perfis de poço permite uma avaliação da formação em intervalos maiores

e em condições reais do poço.

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Figura 8. Seção de um perfil de poço do Projeto Carvão no Alto Solimões.( Maia, 1977).

Para a proposta sugerida para este trabalho, utilizaram-se os dados de perfilagens

de 23 poços, procurando uma ampla abordagem da estratigrafia da bacia do Solimões,

representadas pelas principais formações encontradas durante as perfurações.

Foi feito o tabelamento dos dados dos perfis abordando espessuras das formações,

cotas, profundidade do embasamento e profundidade final alcançada em cada poço.

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3.6 Processamento

Carvalho Filho & Abdo (2000) apresentam o que chamam de Pré-processamento de

Dados, cuja importância se reverterá na qualidade do produto final do SIG. Na aquisição de

Dados, de modo geral, o usuário não gera os próprios dados, buscando estes indiretamente

em publicações.

A partir dos dados compilados em planilhas simples no Excel, é possível fazer a

exportação destas para o ArcGis 9.2 e assim criar arquivos tipo shapefile, onde as

informações gráficas são correlacionadas com a tabela de atributos. Uma outra forma de

utilização destes dados se refere à interpolação, que segundo Jakob, (2002) consiste no

método de análise de dados de forma que os valores intermediários são preservados, e o

resultado final é uma superfície contínua mais suavizada, minimizando os contrastes entre

os pontos. Ao interpolar os dados dos poços utlizando o método da Krigagem, selecionamos

como parâmetros as espessuras das Formações Içá e Solimões e profundidade do

embasamento. Foram geradas imagens que possuem pontos que correspondem à mesma

espessura destas formações, sendo o ponto em si o parâmetro para a classificação dos

pontos adjacentes, já que o método de Krigagem obedece ao princípio que pontos próximos

no espaço tendem a ter valores mais parecidos do que pontos mais afastados.

Como podemos ver na Figura 9A, 9B e 9C, onde temos o mapa com os dados de

espessura da Formação Solimões, Formação Içá e espessura do embasamento, e na figura

10 temos a figura do mapa feito em 1975, no Projeto Carvão no Alto Solimões.

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Figura 9A. Mapa de dados de espessura da Formação Içá, gerado pelo método de

Interpolação de dados.

Figura 9B. Mapa de dados de espessura da Formação Solimões, gerado pelo método de

Interpolação de dados.

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Figura 9C. Mapa de dados de profundidade de embasamento, gerado pelo método de

Interpolação de dados.

Figura 10. Mapa de isópacas da Formação Solimões (Maia et al, 1975)

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Na Figura 11, temos a ilustração da planilha feita no Excel, onde temos os dados

correspondentes aos furos executados, suas coordenadas, etapas do projeto, e datas de

termino e inicio de cada furo.

Figura 11. Planilha do Excel, contendo os dados referentes aos furos do Projeto Carvão no

Alto Solimões.

Ao adicionar estas shapes no ArcGis, temos a possibilidade de correlacioná-

las com outras shapes e montar mapas geológicos, recursos minerais, áreas de relevante

interesse mineral, dentre outros, Figura 12.

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Figura 12. Shape da área do projeto, associada à shape da drenagem unifilar.

Da mesma forma para montar o SIG podemos adicionar shapes com os

temas mais variados, vegetação, áreas indígenas, áreas de proteção ambiental e etc.

Para ilustrar a composição do SIG deste projeto, foi utilizado o software livre

ArcExibe 6.1 da CPRM, este software torna possível a exportação do SIG como um projeto

com extensão própria de fácil manipulação e atualização.

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Capitulo 4

Geologia

4.1 – Introdução

A Bacia Paleozóica do Solimões subdivide-se em duas áreas bem definidas,

separadas pelo Arco de Carauari: a Sub-bacia do Jandiatuba, a oeste, e a Sub-bacia do

Juruá, a leste, totalizando uma área de aproximadamente 440.000 km2, totalmente

compreendida no Estado do Amazonas (Figura 13). Geologicamente, os limites da bacia são:

ao norte, o escudo das Guianas; ao sul, o escudo Brasileiro; a oeste, o Arco de Iquitos; e, a

leste, o Arco de Purus (WANDERLEY FILHO et al. 2007).

Figura 13 – Seção Geológica Esquemática da Bacia do Solimões. Fonte: ANP

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Na Sub-bacia do Jandiatuba, o substrato proterozóico sobre o qual se implantou a

Bacia do Solimões é constituído de rochas ígneas e metamórficas, enquanto na Sub-bacia

do Juruá se destacam, além dessas, rochas metassedimentares depositadas numa

sucessão de bacias que constituíam um sistema de riftes proterozóicos, preenchidos por

sedimentos da Formação Prosperança (WANDERLEY FILHO et al. 2007).

O embasamento ígneo e metamórfico faz parte de faixas moveis que podem ser

subdividas em grandes províncias geocronológicas (TASSINARI et al. 2000). Na Sub-bacia

do Juruá o substrato corresponde a Província do Rio Negro, enquanto que na Sub-bacia de

Jandiatuba o substrato corresponde Cinturão Móvel Rondoniense – San Inácio. Sobre esses

terrenos instalou-se um rifte proterozóico que resultou na deposição de sedimentos em

ambiente fluvial com influência marinha, representados pelas formações Prosperança, Acari

e Prainha, que compõem o Grupo Purus (WANDERLEY FILHO et al. 2007).

Por esta razão Wanderley Filho & Costa (1991) consideram inviável a possibilidade

de o Grupo Purus pertencer ao mesmo conjunto deposicional do rifte da Bacia do Solimões,

visto que esta passou por um grande hiato temporal para essa Bacia Paleozóica, o que

interfere no modelo de rifte - subsidência térmica proposto para o caso além de medidas

estruturais desses riftes proterozóicos denotarem uma direção preferencial NW-SE, que se

mostra quase perpendicular à orientação da Bacia do Solimões.

A denominação Bacia do Solimões (figura 14A e 14B) surgiu com Caputo (1984), em

substituição ao termo anteriormente usado de Bacia do Alto Amazonas. Este autor justificou

sua proposição ao considerar que esta bacia teve evolução geológica diferente das bacias

do Médio e do Baixo Amazonas e, hoje, no conjunto denominado simplesmente de Bacia do

Amazonas.

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14A

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45

Figura 14A: Carta Estratigráfica da Bacia do Solimões. Figura 14B: Detalhe do contato discordante

entre a Formação Solimões e a Formação Alter do Chão. Modificado de Wanderley Filho et al. 2007).

Na região Amazônica, de acordo com Santos (2002) vários episódios marcam os

processos mineralizantes nas bacias do Amazonas e do Parnaíba, havendo registros de

terrenos pré-cambrianos, seqüências vulcano-sedimentares (do tipo Greenstone belt ou

não), intrusões graníticas, derrames vulcânicos ácidos e intermediários, complexos alcalino-

ultrabásicos e básico-ultrabásicos, e coberturas sedimentares apresentam potencialidade

para uma grande variedade de depósitos minerais, tais como ferro, manganês, alumínio,

cobre, zinco, níquel, cromo, titânio, fosfato, ouro, prata, platina, paládio, ródio, estanho,

tungstênio, nióbio, tântalo, zircônio, terras-raras, urânio e diamante.

A figura 15 mostra os principais depósitos minerais relacionados ao Paleógeno -

Neógeno da Região Amazônica.

14B

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Figura 15: Paleógeno - Neógeno na Amazônia: principais depósitos minerais. (SANTOS,

2002).

Chama-se atenção para o fato de que boa parte dos depósitos minerais, embora

relacionados a rochas pré-cambrianas, foram formados através de processos de

enriquecimento – laterização, erosão e concentração – em tempos mais recentes, do

Paleógeno - Neógeno ao Quaternário.

Uma deposição sedimentar com características continentais, predominantemente

flúvio-lacustre, cobriu extensas áreas das bacias do Amazonas e Parnaíba, bem como das

bacias costeiras. Como essa sedimentação teve início no Cretáceo, a perfeita

caracterização dessa cobertura ainda não é uma questão resolvida, persistindo dúvidas

quanto à estratigrafia e à nomenclatura, particularmente nas sub-bacias do médio e do baixo

Amazonas, e na plataforma Bragantina – no leste do estado do Pará. Na Bacia do Solimões

(Figura 16), essa sedimentação apresenta horizontes extensos de linhito, mas geralmente

de pequena espessura e baixa qualidade, o que impede o seu aproveitamento econômico.

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Figura 16 – Mapa de localização das principais bacias sedimentares brasileiras. Teixeira,

(2001)

4.2 Bacia do Solimões

A Bacia do Solimões está localizada no Cráton Amazônico e pertence à Província

Fanerozóica, a bacia é composta pelos Grupos: Marimari, Tefé e Javari.

O arcabouço geológico da área do projeto Carvão no Alto Solimões engloba

unidades pré-cambrianas, intrusões básicas de idade Juro-Cretácica, sedimentos

mesozóicos (Cretáceo Superior) e cenozóicos. (MAIA et al.1977) Os depósitos de linhito

encontram-se na Formação Solimões, que faz parte do Grupo Javari, que engloba também

a Formação Alter do Chão, e tem como limite superior um contato discordante com a

Formação Solimões.

Considerando a classificação estratigráfica atual temos a presença de quatro

unidades, que foram encontradas durante as perfilagens do projeto Carvão no Alto

Solimões: a mais inferior, Embasamento Ígneo Metamórfico, e as demais, seriam as

unidades Cenozóicas: Formação Ramon, Formação Solimões e Depósitos Quaternários.

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À época da realização do projeto houve mais uma unidade diferenciada nos perfis: a

Formação Içá, caracterizada por uma sequência predominantemente arenosa de idade

possivelmente pleistocênica e que repousa discordantemente sobre um pacote de argilitos

atribuídos a Formação Solimões. Atualmente a Formação Içá esta enquadrada como uma

unidade Quaternária.

A figura 17 mostra o mapa geológico simplificado da área do Projeto Carvão no Alto

Solimões a partir das informações obtidas no GEOBANK e no próprio projeto.

Figura 17 – Mapa Geológico simplificado da área do Projeto Carvão no Alto Solimões.

De acordo com Maia (1977) os depósitos de linhito em estudo apresentam-se em

forma de leitos esparsos e sem continuidade lateral, formando depósitos isolados, datados

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no Mioceno – Plioceno. Esta descontinuidade é resultado de uma lenta subsidência da

bacia, o que deu tempo suficiente para que os sedimentos flúvio – lacustres fossem

retrabalhados pelos rios meandrantes. As características observadas no material sugerem

uma deposição em ambiente continental, de acordo com análises organopalinológicas

efetuadas nas amostras coletadas em testemunhos. Os níveis de linhito encontram-se na

Formação Solimões, que é composta predominantemente por argilito, siltito, arenitos e

linhito.

4.2.1 Embasamento Ígneo Metamórfico

Segundo Maia et al. (1977) este embasamento reúne rochas cristalinas que ocorrem

no assoalho da Bacia do Solimões e regiões vizinhas, na área do projeto esta área e

recoberta por sedimentos paleozóicos, mesozóicos e cenozóicos, sendo constituído por

granitos, adamelitos e sericita-xistos (Figura 18 A e B), conforme dados das sondagens

realizadas durante a execução do Projeto Carvão no Alto Solimões.

Figura 18: A: Granito mesocrático, porfirítico. B: Adamelito pegmatóide com fenocristais de

plagioclásio envolvendo a biotita. Fonte: Maia, 1977.

4.2.2 Formação Ramon

De acordo com Maia (1977) sugeriu-se que a sedimentação desta formação

tenha se processado em ambiente oxidante caracterizada essencialmente por argilas e silte,

A B

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de cores avermelhadas e calcário. A Formação Ramon (figura 19) além de ter sido

testemunhada pelos furos de sondagem do Projeto Carvão no Alto Solimões, também foi

atingida pelos furos que a Petrobras executou na área. De acordo com os perfis a Formação

Ramon mantém um contato do tipo interdigitado com a Formação Solimões.

Figura 19: Gradação vertical entre argilito esverdeado da Formação Solimões, e o argilito

avermelhado ferruginoso da Formação Ramon.

4.2.3 Formação Solimões

A Formação Solimões e composta por argilitos vermelho e cinza, com camadas de

conchas e de linhito. Muito rica em fosseis vegetais e animais, como troncos, folhas,

carófitas, ostracodes, etc... (figura 20 A e B).

Figura 20: A: Arenito cinza claro da Formação Solimões. B: Conglomerado com bioclastos

(conchas) da Formação Solimões. Fonte: Maia, 1977.

A B

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Os linhitos (Fotografias 01 e 02) possuem poder calorífero inferior ao do carvão, pois

possuem alto teor de umidade, são compostos por produtos muito oxigenados. O linhito

para ser utilizado na indústria, passa pelo processo de secagem e briquetagem, e quando

seco é usado na redução do minero de ferro, produção de ferro poroso, utilização em filtros,

como purificador de água e gás doméstico. No material estudado na região, foi comum a

presença de restos vegetais em toda a sequência sedimentar atravessada pelos furos. Nos

trabalhos do projeto também foi relatado a presença de outros tipos de linhitos e argilas

linhíticas, estas sempre associadas a um alto teor de cinzas, todas as amostra

apresentaram Índice de Inchamento Livre (FSI) ig ual a zero, o que impossibilita a utilização

do material para a fabricação de coque.

Observou-se também que as características petrográficas do linhito são a fina

estratificação e alta concentração de inorgânicos, como argilas e piritas (MAIA et al.,1977)

De acordo com este mesmo autor, as características do linhito encontrado no Alto Solimões

impedem seu uso na industria energética, pois o material encontrado possui alto teor de

cinzas, enxofre e umidade, além de apresentar um índice de inchamento livre igual a zero..

Fotografia 01: Camada de linhito aflorante às margens do Rio Solimões, próximo à

Tabatinga. Foto cedida por Carlos Schobbenhaus e João Henrique Gonçalves.

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Fotografia 02: Afloramento de linhito às margens do Rio Solimões, próximo a Tabatinga. Foto

cedida por Carlos Schobbenhaus e João Henrique Gonçalves.

Para ser usado industrialmente como combustível deve ser submetido à secagem e

briquetagem; para ser empregado como fertilizante deve ser finamente moído. As

substancias húmicas são os principais constituintes do linhito, derivadas que são de partes

das estruturas lenhosa das plantas e arvores que foram transformadas pela decomposição

sofrida por esses resíduos, e levou-os a condição de colóides, aliás, como acontece a turfa

e demais matérias orgânicas completamente degradadas.

A industrialização do linhito para a produção de fertilizante orgânico simples se faz a

partir de material finamente moído, corrigindo-se o pH com calcário ou com solução cáustica

de potássio ou pela combinação de ambos neutralizantes que torna o processo mais

econômico.

De acordo com a Legislação Federal o linhito para ser registrado, produzido e

comercializado com fertilizante orgânico simples deve ter os mesmos parâmetros exigidos

para a turfa, ou seja: umidade máxima de 25%, matéria orgânica mínima de 30%, índice pH

mínimo de 6,0, relação C/N máxima de 18/1 e nitrogênio total mínimo de 1% (Kiehl, 1985).

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Capitulo 5

Resultados e discussões

5.1 – Introdução

A aplicação do SIG na análise espacial teve um grande impulso devido à grande

quantidade de informações espaciais (censos cada vez mais detalhados). O SIG pode

propiciar a identificação de áreas e seus potenciais para usos e aplicações diversos, de

interesse para o planejamento ou para a ordenação territorial.

Neste capítulo será apresentada a discussão dos resultados obtidos na conversão

dos dados analógicos das perfilagens geofísicas para uma base digital. Para chegar ao

resultado final deste trabalho, foi efetuado o tabelamento dos dados litoestratigráficos e

litológicos de 24 poços perfilados no Projeto Carvão no Alto Solimões. Esta etapa serviu

como base para criar shapes e mapas obtidos na etapa seguinte, que foi a confecção de um

modelo ilustrado de um SIG. A próxima etapa foi avaliar a relevância de uma conversão

deste tipo, levando-se em conta aspectos acadêmicos e empresariais do setor mineral.

5.2 Resultados dos Trabalhos

5.2.1 Compilação e Integração dos dados

A geração de tabelas contendo as informações contidas nos perfis dos poços

permitiu estabelecer medidas das características das formações, quanto a sua espessura,

cotas, litologias presentes e posições estratigráficas.

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Os 24 poços que foram escolhidos (Tabela 4) abrangem a estratigrafia local do

projeto, Depósitos Quaternários, Formação Içá, Formação Solimões, Formação Ramon e

Embasamento.

Tabela 4: Nomenclatura dos 24 poços escolhidos para execução deste trabalho.

Estes poços possuem profundidades variadas sendo o mais profundo o 1AS - 022 –

AM, com profundidade de 360,20 m e o menos profundo o poço 1AS - 051 – AM, com

apenas 50.60m.

Todas estas informações que constam nas tabelas podem ser facilmente carregadas

e transformadas em shapes, ou até mesmo para posteriores pesquisas acadêmicas, Tabela

5.

Na Figura 21 temos a distribuição espacial dos poços do projeto, dando destaque

aos poços utilizados neste trabalho para a consistência dos dados.

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Tabela 5: Relação de poços utilizados neste trabalho e suas respectivas

características.

Figura 21: Mapa geológico simplificado da área do Projeto Carvão no Alto Solimões,

destacando (vermelho) os 24 poços utilizados neste trabalho.

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O processamento das shapes no ArcGis, conjuntamente com a base GIS das

folhas Içá e Pico da Neblina disponível no site da CPRM, através do GEOBANK, permitiu a

compilação de outros dados referentes a área do projeto, a exemplo da Hidrografia, (figura

22). Nesta figura temos a base Gis do estado do Amazonas, referente à hidrografia unifilar

ainda sem o corte pelo limite da área do projeto.

Figura 22: Hidrografia do estado do Amazonas, sobreposta à área do projeto.

O mais interessante foi constatar que na base atual disponível obtida no GEOBANK ,

só há apenas um registro de linhito, classificado como indício (figuras 23 e 24), no município

de Benjamin Constant, próximo ao Rio Branco.

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Figura 23: Janela do ArcMap mostrando o ponto de afloramento de Linhito.

Figura 24: Tabela de atributos do ArcMap, onde o linhito e considerado apenas em 1 ponto.

Ao acessar esta mesma base de dados, os recursos minerais em estudo nas mais

diversas fases de pesquisa, atualmente também não contempla o linhito, (figura 25).

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Figura 25: Materiais em estudo na região do Projeto Carvão no Alto Solimões.

A maioria se encontra em fase de requerimento de pesquisa dos seguintes minerais

de minério: Ouro, Tantalita, Cassiterita, Nióbio e Titânio, os outros materiais: argila, areia

seixos e areia e seixos, encontram-se em diversas fases que variam da autorização de

pesquisa, licenciamento e disponibilidade. Outro dado desta base refere-se aos titulares dos

processos, quase 50% são Pessoas Físicas (figura 26).

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Figura 26: Tabela de atributos do ArcMap, mostrando os materiais explorados atualmente, assim

como a fase em que se encontram em processo no DNPM, e os seus titulares.

5.2.2 Composiçao gráfica do SIG

Após a compilação e integração dos dados, conseguimos gerar um SIG no ArcExibe,

como mostra a figura 27 com as principais shapes temáticas, salvando um projeto final no

formato .jjj ( extensão do ArcExibe). Este software apresenta interações com o banco de

imagens da NASA e o próprio GEOBANK, e é capaz de se conectar com bases de dados do

tipo WMS – Windows Map Server e exportar arquivos do mesmo tipo, ou seja, no ArcExibe

há um suporte às principais tecnologias disponíveis no mercado, trata-se de um software de

manipulação extremamente simples e dinâmica o que facilitou toda a composição final deste

trabalho, valendo ressaltar que o computador, além de ser uma ferramenta para acelerar a

criação de mapas, passa a representar um meio diferente de visualizar e interagir com eles.

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Por sua vez, este novo meio de visualização permite também novas formas de

aprendizagem e requer constante aprimoramento por parte do usuário.

Figura 27: Composição final do SIG, no ArcExibe.

Existe uma gama de opções de arquivos georreferenciados que podem ser feitas e

exploradas a partir de agora com esta base de dados, um exemplo seria exportação do

arquivo KML, que integra o arquivo shapefile do ArcGis ao Google Earth.

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Capitulo 6

Considerações Finais

Os SIG’s continuam sendo cada vez mais importantes e assim é imprescindível a

discussão sobre seu uso final, pois as consequências da informação produzida por eles

podem ser questionáveis, assim como também são os dados estatísticos. É preciso

seriedade e compromisso no tratamento com a verdade e não maquiá-la.

A adoção de procedimentos de análise de áreas de estudo baseadas em métodos

digitais permite rapidez na obtenção de resultados. A vantagem é que o pesquisador

pode formular suas avaliações, podendo fazê-lo para vários casos de avaliações diversas e,

assim, obter mapas de avaliação territorial, potencial mineral e outros temas em uma

mesma sessão de trabalho.

Os usuários SIG têm também uma grande variedade de perfis, como cientistas e

especialistas em um determinado domínio do conhecimento (biólogos, geólogos,

sociólogos), técnicos (engenheiros, arquitetos) ou especialistas em administração e

planejamento urbano. Em função da amplitude de perfis de usuários, tipos de dados e

necessidades das aplicações, os SIG’s precisam prover aos usuários e projetistas de

aplicações com um conjunto adequado de funções de análise e manipulação dos dados

geográficos. Esta dinamicidade que os usuários lhes impõem também colabora para que

seu desenvolvimento seja dinâmico.

A conversão de dados analógicos para uma base digital se mostrou muito eficiente e

válida, a inexistência destes dados em meio digital provoca uma lacuna, que pode passar

despercebida. Diversos projetos continuam sem um processamento digital, e por vezes são

desconhecidos do publico.

Do ponto de vista acadêmico se torna mais uma fonte de pesquisa, e incentivo a

geração de novas conversões de outros projetos que ainda figuram na mesma situação. De

similar importância a conversão de dados se mostra no setor mineral, visto que a

manutenção de uma base de dados completa e de ampla abordagem facilita o acesso à

informação, dinamiza as etapas do processo de exploração mineral e diminui o orçamento

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de um projeto, ao se pensar principalmente nas viagens de campo para checagem de

pontos de afloramentos dentre outros.

No exemplo do linhito do Alto Solimões, após sua pesquisa em 1978 pela CPRM, o

estudo mais recente realizado na área, no ano de 1984, contemplou apenas os motivos da

inviabilidade energética do linhito a nível nacional e regional. Não houve desde então a

busca de uma aplicabilidade do material em outros setores, como a agricultura, por

exemplo, que tem investido em sedimentos orgânicos na produção de fertilizantes simples.

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