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Arquitetura Sustentável em Timor-Leste Projeto UMA Eloisa Maria Gago Agostinho de Pina Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura Orientador(es): Prof. Dr. Manuel de Arriaga Brito Correia Guedes Júri Presidente: Professor Doutor António Salvador de Matos Ricardo da Costa Orientador: Professor Doutor Manuel de Arriaga Brito Correia Guedes Vogal: Professor Doutor Miguel José das Neves Pires Amado Junho 2016

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Page 1: Arquitetura Sustentável em Timor-Leste - Técnico Lisboa · Arquitetura Sustentável em Timor-Leste Projeto UMA Eloisa Maria Gago Agostinho de Pina Dissertação para obtenção

Arquitetura Sustentável em Timor-LesteProjeto UMA

Eloisa Maria Gago Agostinho de Pina

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Arquitetura

Orientador(es): Prof. Dr. Manuel de Arriaga Brito Correia Guedes

Júri

Presidente: Professor Doutor António Salvador de Matos Ricardo da CostaOrientador: Professor Doutor Manuel de Arriaga Brito Correia Guedes

Vogal: Professor Doutor Miguel José das Neves Pires Amado

Junho 2016

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A Deus, Razao de toda a minha existencia.

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Agradecimentos

A Deus, Autor e Realizador deste sonho.

A Famılia que sempre me incentivou a seguir os meus sonhos e ensinou que atraves do sacrifıcio tudo

e possıvel, em especial a minha mae, Maria Joana Gago, que e e sempre sera para mim um exemplo

de perseveranca e superacao.

Ao Professor Doutor Manuel de Arriaga Brito Correia Guedes pela orientacao, apoio, disponibilidade,

transmissao de conhecimentos, opinioes, crıticas e palavras de incentivo que possibilitaram o desen-

volvimento e aperfeicoamento deste trabalho.

Ao Fernando pela paciencia, companheirismo e apoio incondicional durante todo este processo.

A todos os que fizeram parte desta etapa decisiva da minha vida, o meu sincero agradecimento.

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Resumo

A presente dissertacao debruca-se sobre a Arquitetura Sustentavel em Timor-Leste. Este paıs tropical

possui um legado de centenas de anos de Historia marcada pela passagem de diversos povos, o que

se refletiu na arquitetura local que ainda hoje e possıvel encontrar ao longo do territorio.

Apos o levantamento preliminar da arquitetura timorense foi desenvolvida uma analise sobre os seus

aspetos de sustentabilidade com o intuito de formular um conjunto de medidas e recomendacoes a

aplicar em construcoes futuras.

Seguidamente foi elaborado o Projeto UMA que consiste numa habitacao cuja estrutura modular as-

senta em materiais locais e estabelece uma relacao sustentavel com o meio ambiente.

Concluiu-se que a construcao tradicional, feita com materiais autoctones de reduzida inercia termica e

a que melhor se adequa a realidade timorense visto que pode diminuir a necessidade de consumo de

energia eletrica e a consequente emissao de CO2 para a atmosfera, constituindo assim uma medida

para a sustentabilidade.

Palavras-chave: Arquitetura Timorense, Energia, Habitacao, Sustentabilidade

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Abstract

This thesis focuses on Sustainable Architecture in East Timor. This tropical country has a legacy of

hundreds of years of history marked by the occupation of several people, which is reflected in the local

architecture that subsists until today throughout the territory.

After the preliminary survey of the timorese architecture was developed an analysis of its sustainability

aspects in order to formulate a set of measures and recommendations to be used in future constructions.

This was followed by the presentation of the UMA Project consisting of a house whose modular structure

is based on local materials, establishing a sustainable relationship with the environment.

We came to the conclusion that the traditional construction, made with indigenous materials of low

thermal inertia is the best suited to the reality of East Timor as it can reduce the need for electric energy

consumption and the consequent emission of CO2 into the atmosphere, thus providing a measure for

sustainability.

Keywords: Vernacular Architecture of East Timor, Housing, Sustainability

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Conteudo

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii

Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix

Lista de Tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xv

Lista de Figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvii

Glossario . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxi

Introducao 1

1 Arquitetura Timorense 3

1.1 Estado de Arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.2 Enquadramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.2.1 Espaco Natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

1.2.2 Ocupacao Humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.3 Tipologias Arquitetonicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.3.1 Arquitetura Tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.3.2 Arquitetura Colonial Portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

1.3.3 Arquitetura de Ocupacao Indonesia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

1.3.4 Arquitetura Contemporanea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2 Princıpios da Arquitetura Sustentavel 25

2.1 Localizacao, Forma e Orientacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.2 Isolamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.2.1 Revestimento Refletivo da Envolvente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2.2.2 Areas de Envidracados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.3 Sombreamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

2.4 Sistemas de Arrefecimento Passivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

2.4.1 Ventilacao Natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

2.4.2 Arrefecimento Evaporativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

2.4.3 Arrefecimento Radiativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

xi

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2.5 Inercia Termica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

2.6 Controle de Ganhos Internos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

2.6.1 Iluminacao como Estrategia de Reducao de Ganhos Internos . . . . . . . . . . . . 39

2.6.2 Outras Estrategias para Reduzir Ganhos Internos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.6.3 Uso de Controles Ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.7 Criterios de Conforto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

2.8 Sistemas de Arrefecimento Ativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

2.8.1 Ventilacao Mecanica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

2.9 Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.9.1 Rede Eletrica em Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.9.2 Sistemas Ativos de Energia Renovavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.10 Agua, Saneamento e Drenagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

2.10.1 Agua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

2.10.2 Rede Hidraulica em Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

2.10.3 Saneamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

2.10.4 Drenagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

2.11 Sustentabilidade Urbana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

2.11.1 Necessidades Habitacionais Basicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

2.11.2 Processo Habitacional em Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

2.11.3 Habitacao Evolutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

2.12 Princıpios de Sustentabilidade na Arquitetura Timorense . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

2.12.1 Arquitetura Tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

2.12.2 Arquitetura Colonial Portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

2.12.3 Arquitetura Contemporanea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

3 Casos de Estudo 57

3.1 Minimod House — MAPA Architects . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

3.2 MIMA House — MIMA Lab . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

3.3 Drop House — D3 Architectes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

4 Projeto UMA 61

4.1 Programa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

4.2 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

4.3 Tecnicas de Construcao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

4.3.1 Implantacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

4.3.2 Fundacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

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4.3.3 Pavimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.3.4 Estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

4.3.5 Paineis — Paredes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

4.3.6 Cobertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

4.4 Desempenho Bioclimatico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

4.4.1 Localizacao, Forma e Orientacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

4.4.2 Isolamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

4.4.3 Sombreamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

4.4.4 Sistemas de Arrefecimento Passivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

4.4.5 Inercia Termica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

4.4.6 Controle de Ganhos Internos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

4.4.7 Sistemas de Arrefecimento Ativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

4.4.8 Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

4.4.9 Agua, Saneamento e Drenagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

4.4.10 Sustentabilidade Urbana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

4.5 Analise Comparativa do Desempenho Energetico: Alvenaria e Madeira . . . . . . . . . . 78

4.5.1 Clima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

4.5.2 Emissao Anual de Carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

4.5.3 Utilizacao de Energia Combustıvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

4.5.4 Utilizacao de Energia Eletrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

4.5.5 Cargas Mensais de Aquecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

4.5.6 Cargas Mensais de Arrefecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

5 Recomendacoes de Projeto 87

Conclusao 89

Bibliografia 92

Netografia 93

A Anexos A.1

A.1 Estado de Arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.3

A.1.1 Arquitectura Timorense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.4

A.1.2 Atlas de Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.5

A.1.3 Arquitectura Sustentavel em Timor-Leste: Manual de Boas Praticas . . . . . . . . A.5

A.2 Sistemas Ativos de Energia Renovavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.7

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A.2.1 Energia Solar Termica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.8

A.2.2 Energia Fotovoltaica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.8

A.2.3 Energia Eolica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.9

A.2.4 Biogas ou Gas Metano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.10

A.3 Agua, Saneamento e Drenagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.11

A.3.1 Agua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.12

A.3.2 Saneamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.13

A.4 Desenhos Documentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.15

A.5 Redes e Instalacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.27

A.6 Uso, Manutencao e Conservacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.33

A.6.1 Uso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.34

A.6.2 Manutencao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.34

A.6.3 Conservacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.34

A.7 Tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.37

xiv

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Lista de Tabelas

1.1 Classificacao Climatica de Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.1 Estrategias de Isolamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2.2 Percentagem de Area Envidracada de Acordo com a Orientacao da Fachada . . . . . . . 31

2.3 Estrategias de Sombreamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

2.4 Estrategias de Ventilacao Natural por Pressao do Vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2.5 Estrategias de Ventilacao Natural por Efeito de Chamine . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

2.6 Estrategias de Ventilacao Natural por Diferenca de Temperatura . . . . . . . . . . . . . . 37

2.7 Estrategia de Ventilacao Nao Natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.1 Projeto UMA — Percentagem de Area Envidracada de Acordo com a Orientacao da Fa-

chada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

A.1 Valores de Referencia para Consumos de Agua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.12

A.2 Valores Estimados (15 dias) para Consumos de Agua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.12

A.3 Caracterısticas do Bambu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.38

A.4 Coeficientes de Escoamento para o Metodo Racional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.39

A.5 Desvantagens da Utilizacao da Tecnologia Solar Fotovoltaica . . . . . . . . . . . . . . . . A.39

A.6 Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Arquitetura Colonial do Perıodo An-

terior a Ocupacao Japonesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.40

A.7 Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Arquitetura Colonial do perıodo de

1945-1974 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.41

A.8 Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Arquitetura Timorense Recente Feita

com Fracos Recursos Economicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.42

A.9 Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Arquitetura Timorense Recente, Fi-

nanciada pela Ajuda Internacional Externa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.42

A.10 Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Arquitetura Vernacular . . . . . . . . A.43

A.11 Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Habitacao Social da Arquitetura do

Pos-1974 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.44

A.12 Objetivos da Ventilacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.44

A.13 Projeto UMA — Lote . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.45

xv

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A.14 Quadro Tipologico do Povoamento de Timor-Leste — Atividade Agrıcola . . . . . . . . . . A.45

A.15 Quadro Tipologico do Povoamento de Timor-Leste — Nucleo Habitacional . . . . . . . . A.46

A.16 Tipo de Vidro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.46

A.17 Tipos de Habitacao Tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.47

A.18 Utilizacoes Previstas das Madeiras de Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.48

A.19 Vantagens da Utilizacao da Tecnologia Solar Fotovoltaica . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.48

A.20 Vantagens da Utilizacao da Tecnologia de Iluminacao LED . . . . . . . . . . . . . . . . . A.49

A.21 Vantagens e Desvantagens do Betao Armado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.49

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Lista de Figuras

1.1 Capıtulo 1 | Arquitetura Timorense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.2 Bibliografia Principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.3 Mapa de Timor-Leste e Bandeira Nacional da Republica Democratica de Timor-Leste . . 5

1.4 Distritos de Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

1.5 Subdistritos de Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1.6 Tamanho da Populacao por Municıpio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1.7 Tamanho da Populacao entre 1985 e 2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1.8 Densidade Populacional por Municıpio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1.9 Paisagem de Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

1.10 Tipos de Clima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.11 Povo Timorense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.12 Tipos de Povoamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.13 Tamanho Medio do Agregado Familiar por Municıpio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.14 Casa Tradicional Timorense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.15 Materiais Tradicionais — Palapa, Gamuti e Bambu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

1.16 Bambu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

1.17 Motivos Decorativos de uma Casa Timorense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

1.18 Mapa da Habitacao Tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

1.19 Arquitetura Pre-1974 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

1.20 Arquitetura Pos-1974 e Arquitetura de Ocupacao Indonesia . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

1.21 Construcao Recente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

1.22 Arquitetura Contemporanea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

1.23 Arquitetura Contemporanea — Ecoturismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2.1 Capıtulo 2 | Princıpios da Arquitetura Sustentavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.2 Localizacao de Aglomerados Habitacionais em Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.3 Localizacao de Aglomerados Habitacionais em Zonas Quentes . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.4 Localizacao de Aglomerados Habitacionais em Zonas Chuvosas . . . . . . . . . . . . . . 27

2.5 Localizacao de Aglomerados Habitacionais Face a Acao do Vento . . . . . . . . . . . . . 27

2.6 Projeto UMA — Orientacao para Edifıcios em Ermera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

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2.7 Otimizacao da Orientacao Solar para a Zona de Dıli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

2.8 Isolamento na Construcao Vernacular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.9 Barreira Radiante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.10 Revestimento Refletivo da Envolvente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2.11 Dimensionamento de Janelas — Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.12 Sombreamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

2.13 Sombreamento — Dispositivos Ajustaveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

2.14 Sistemas de Arrefecimento Passivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

2.15 Ventilacao Natural — Posicionamento de Janelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.16 Ventilacao Natural — Varandas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.17 Ventilacao Natural — Telhados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.18 Ventilacao Natural — Eficacia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.19 Ventilacao Natural — Vegetacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.20 Ventilacao Natural — Vegetacao Baixa — Intensidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.21 Ventilacao Natural — Vegetacao Alta — Intensidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.22 Ventilacao Natural — Vegetacao Baixa — Cerca Viva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.23 Ventilacao nas Casas Vernaculares, Lautem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2.24 Problemas Decorrentes do Excesso de Inercia Termica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

2.25 Controle de Ganhos Internos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

2.26 Exemplo da Aplicacao de Estrategias Bioclimaticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.27 Iluminacao Natural — Eficacia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.28 Conforto Termico e Ventilacao Mecanica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

2.29 Ventilacao Mecanica — Ventoinhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

2.30 Energia — Aproveitamento da Energia Solar numa Habitacao em Dıli . . . . . . . . . . . 43

2.31 Lenha e Carvao Vegetal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

2.32 Valas de Escoamento a Ceu Aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

2.33 Condicoes de Salubridade em Timor-Leste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

2.34 Latrina Publica em Lospalos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

2.35 Sustentabilidade Urbana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

2.36 Arquitetura Tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

2.37 Arquitetura Contemporanea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

2.38 Construcao Recente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

3.1 Capıtulo 3 | Casos de Estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

3.2 Minimod House — MAPA Architects . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

3.3 MIMA House — MIMA Lab . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

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3.4 Drop House — D3 Architectes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

4.1 Capıtulo 4 | Projeto UMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

4.2 Projeto UMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

4.3 Tipologias do Projeto UMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

4.4 Paredes Tradicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

4.5 Construcao em Lospalos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

4.6 Projeto UMA — Laje . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.7 Projeto UMA — Pavimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

4.8 Projeto UMA — Pilares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

4.9 Projeto UMA — Paineis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

4.10 Projeto UMA — Pormenor da Cobertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

4.11 Projeto UMA — Caminho do Sol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

4.12 Projeto UMA — Software - Revit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

4.13 Paisagem de Ermera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

4.14 Projeto UMA — Localizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

4.15 Projeto UMA — Area Passiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

4.16 Distribuicao dos Ventos Anuais e Orientacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

4.17 Projeto UMA — Incidencia dos Raios Solares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

4.18 Projeto UMA — Sombreamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

4.19 Projeto UMA — Ventilacao Natural - Vegetacao Alta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

4.20 Projeto UMA — Ventilacao Natural - Vegetacao Baixa - Brisa de Verao . . . . . . . . . . . 73

4.21 Projeto UMA — Ventilacao Natural - Paineis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

4.22 Projeto UMA — Analise de Iluminacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

4.23 Projeto UMA — Habitacao Evolutiva - Casa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

4.24 Projeto UMA — Habitacao Evolutiva - Lote . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

4.25 Projeto UMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

4.26 Grafico de Temperaturas Anuais (Bulbo Seco e Bulbo Molhado) . . . . . . . . . . . . . . 79

4.27 Medias Climaticas Diurnas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

4.28 Humidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

4.29 Emissao Anual de Carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

4.30 Utilizacao de Energia Combustıvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

4.31 Consumos Mensais de Combustıvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

4.32 Utilizacao de Energia Eletrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

4.33 Consumos Mensais de Eletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

4.34 Picos Mensais de Exigencia de Consumo de Eletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

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4.35 Cargas Mensais de Aquecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

4.36 Cargas Mensais de Arrefecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

4.37 Cargas Mensais de Arrefecimento — Temperatura de Conforto de 18oC . . . . . . . . . . 85

A.1 Sistema com Deposito para Aquecimento de Agua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.8

A.2 Varios Depositos de Agua e Deposito de Agua Isolado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.9

A.3 Localizacao do Coletor Solar na cobertura do edifıcio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.9

A.4 Elementos para a Auto-Construcao de um Painel Fotovoltaico . . . . . . . . . . . . . . . . A.9

A.5 Elementos para a Auto-Construcao de um Aerogerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.10

A.6 Elementos para a Auto-Construcao de Pequenas Unidades de Producao de Biogas . . . A.10

A.7 Auto-construcao de uma Latrina Seca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.13

A.8 Esquema de Instalacao de uma Fossa Septica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.14

A.9 Projeto UMA — Corte A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.16

A.10 Projeto UMA — Corte B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.17

A.11 Projeto UMA — Corte C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.18

A.12 Projeto UMA — Corte D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.19

A.13 Projeto UMA — Corte E . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.20

A.14 Projeto UMA — Corte F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.21

A.15 Projeto UMA — Corte G . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.22

A.16 Projeto UMA — Corte H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.23

A.17 Projeto UMA — Corte I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.24

A.18 Projeto UMA — Corte J . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.25

A.19 Projeto UMA — Energia Solar Termica - Coletor Solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.28

A.20 Projeto UMA — Energia Solar Fotovoltaica - Paineis Solares . . . . . . . . . . . . . . . . A.29

A.21 Projeto UMA — Agua - Cisterna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.30

A.22 Projeto UMA — Saneamento - Fossa Septica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.31

A.23 Projeto UMA — Saneamento - Caixa de Separacao de Gorduras e Sabao . . . . . . . . . A.32

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Glossario

CNRM Concelho Nacional da Resistencia Maubere

CPLP Comunidade dos Paıses de Lıngua Portuguesa

FAUTL Faculdade de Arquitetura da Universidade

Tecnica de Lisboa

GERTiL Grupo de Estudos para a Reconstrucao de Ti-

mor Leste

GTL Governo de Timor Leste

JIU Junta de Investigacoes do Ultramar

LED Diodo Emissor de Luz (LED - acronimo de Light

Emitting Diode)

PED Plano Estrategico de Desenvolvimento

PETiL Plano Estrategico de Reconstrucao e Desen-

volvimento de Timor Leste

RCCTE Regulamento das Caracterısticas de Compor-

tamento Termico dos Edifıcios

RGEU Regulamento Geral das Edificacoes Urbanas

SURE-Africa Renovacao Urbana Sustentavel: Edifıcios de

Eficiencia Energetica para Africa (SURE-Africa

- acronimo de Sustainable Urban Renewal:

Energy Efficient Buildings for Africa)

xxi

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Introducao

Grande parte da populacao timorense vive em zonas rurais e depende de atividades agrıcolas. Infra-

estruturas basicas como a agua e saneamento, eletricidade, cuidados de saude, vias de transporte e

comunicacao como estradas nao estao ainda acessıveis a maioria da populacao. Em Dıli, capital de

Timor-Leste, cerca de 23% da populacao encontra-se desempregada. Este numero e ainda superior

nas zonas rurais onde atinge o valor de 40% (Censos 2010, GTL).

O desenvolvimento do paıs esta ainda muito dependente dos fundos provenientes do petroleo, o que

torna importante a estimulacao de outras areas de investimento tais como o mercado imobiliario e a

construcao civil, tendo em vista o crescimento e a sustentabilidade da economia natural e monetaria.

Face ao mapa habitacional atual do povo timorense e a necessidade do desenvolvimento de infraestru-

turas que acompanhem o crescimento da populacao, decidiu-se ter como enfoque principal a habitacao.

Nesta dissertacao e feita uma compilacao da bibliografia existente sobre a Arquitetura de Timor-Leste

seguida de uma analise dos aspetos de sustentabilidade com incidencia maior nas estrategias bio-

climaticas.

A informacao recolhida e analisada resultou na concecao de uma casa modular - o Projeto UMA - de

acordo com as boas praticas de construcao que garantem nao so a sustentabilidade, como tambem a

resposta as necessidades atuais de habitabilidade e a reducao da necessidade do consumo de energia

pela aplicacao de materiais de baixa inercia termica, como veremos mais adiante no Capıtulo 4.

Ao longo desta dissertacao serao abordados os seguintes conteudos:

1 | Arquitetura Timorense

Apresentacao do Estado de Arte.

Enquadramento geografico, administrativo, demografico e historico da area de estudo.

Descricao do espaco natural tendo em conta caracterısticas como o relevo, o clima e a ocupa-

cao humana. Apresentacao de fatores que influenciaram as diferentes formas de povoamento

do territorio de Timor-Leste.

Descricao da Arquitetura Timorense de acordo com os materiais e tecnologias da construcao.

Apresentacao do quadro tipologico do povoamento e caracterizacao das diferentes tipologias

arquitetonicas, desde a casa timorense tradicional a construcao contemporanea.

2 | Princıpios da Arquitetura Sustentavel

Apresentacao de estrategias de design passivo referentes a: localizacao, forma e orientacao;

isolamento; sistemas de arrefecimento passivo; inercia termica; estrategias passivas e criterios

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de conforto; sistemas de arrefecimento ativo e sustentabilidade urbana.

Descricao dos aspetos sustentaveis identificados na arquitetura vernacular.

3 | Casos de Estudo

Apresentacao de casos de estudo cujas matrizes tiveram como base uma resposta sustentavel

as necessidades ambientais e sociais de cada contexto.

4 | Projeto UMA

Apresentacao do Projeto UMA que consiste numa habitacao modular cuja construcao sus-

tentavel tem como base a alianca entre o saber tradicional e as novas tecnologias e na qual

sao aplicados os princıpios para uma arquitetura sustentavel.

Analise do desempenho energetico de dois modelos do Projeto UMA - um em alvenaria e ou-

tro em madeira - introduzidos no software Revit, que comprovam que as construcoes de baixa

inercia termica sao mais adequadas ao clima de Timor-Leste.

5 | Recomendacoes de Projeto

Formulacao de recomendacoes para a construcao sustentavel em Timor-Leste tendo como

base os princıpios da arquitetura sustentavel em paıses de clima tropical humido.

Conclusao

Consideracoes finais acerca do trabalho desenvolvido ao longo da dissertacao.

Anexos

Em anexo estao informacoes complementares relativas a: estado de arte; sistemas ativos de

energia renovavel; agua, saneamento e drenagem; desenhos documentais; redes e instalacoes;

uso, manutencao e conservacao e tabelas.

2

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1 | Arquitetura Timorense

A configuracao e materializacao da arquitetura timorense foi influenciada por diversos fatores. Este

capıtulo esta dividido em tres seccoes com informacoes acerca do estado de arte, enquadramento e

tipologias arquitetonicas de Timor-Leste.

O estado de arte contem a apresentacao das principais obras estudadas sobre a arquitetura timorense:

Arquitectura Timorense de Ruy Cinnati; Atlas de Timor-Leste do GERTiL da Faculdade de Arquitetura

de Lisboa e Arquitectura Sustentavel em Timor-Leste: Manual de Boas Praticas, feito no ambito do

projeto SURE-Africa.

O enquadramento localiza geograficamente a ilha de Timor e contem a apresentacao das diferentes

divisoes administrativas - distritos, subdistritos e vilas (sucos); a descricao da demografia do paıs de

acordo com os Resultados Preliminares do Censo Nacional da Populacao e Habitacao de Timor-Leste

2015 (Censos 2015, GTL); o breve resumo da Historia do paıs; a apresentacao do relevo e clima da

area de estudo; a apresentacao dos fatores condicionantes da ocupacao humana; a descricao das

diferentes formas de povoamento em meio urbano e rural e a descricao da famılia timorense.

Na terceira e ultima seccao deste capıtulo sao apresentadas as Tipologias Arquitetonicas presentes no

territorio timorense: Arquitetura Tradicional - materiais, tecnologias de construcao, quadro tipologico do

povoamento e mapa da habitacao tradicional de acordo com Ruy Cinnati; Arquitetura Colonial Portu-

guesa; Arquitetura de Ocupacao Indonesia e Arquitetura Contemporanea - materiais, Autoconstrucao e

Ecoturismo.

Figura 1.1: Capıtulo 1 | Arquitetura Timorense (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

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Figura 1.2: Bibliografia Principal — Capa do livro Arquitectura Timorense [1987] (Fonte: Biblioteca do Exercito) (aesquerda), Capa do livro Atlas de Timor-Leste [2002] (Fonte: Amazon) (ao centro) e Capa do livro ArquitecturaSustentavel em Timor-Leste: Manual de Boas Praticas [2015] (Fonte: IST Press) (a direita)

1.1 | Estado de Arte

A informacao disponıvel sobre a arquitetura timorense e pouco extensa. Esta seccao contem uma breve

descricao das principais obras estudadas aquando da elaboracao da presente dissertacao.

A Arquitetura Timorense reune as informacoes recolhidas por Ruy Cinatti, Leopoldo de Almeida e Sousa

Mendes sobre a arquitetura tradicional timorense e a morfologia do paıs, abordando as diferencas

encontradas de regiao para regiao. Este livro compila as formas de construcao nativa timorense atraves

de fotografias e desenhos produzidos aquando dos estudos feitos sobre o territorio, sendo ainda hoje

um dos livros mais completos sobre o tema da habitacao em Timor-Leste.

O GERTiL1 da Faculdade de Arquitetura de Lisboa publicou tambem o Atlas de Timor-Leste que reune

informacoes sobre Timor-Leste tendo como base a documentacao cartografica, estatıstica e de su-

porte visual produzido de acordo com as necessidades de projetos levados a cabo no territorio. Este

livro aborda temas como: historia e cultura, espaco natural, demografia, ocupacao humana, atividades

economicas, relacoes comerciais internacionais e indicadores de desenvolvimento.

Desenvolvido no ambito do projeto SURE-Africa o Arquitectura Sustentavel em Timor-Leste: Manual

de Boas Praticas apresenta as estrategias para arquitetura sustentavel em Timor-Leste, tendo como

base os princıpios gerais de um projeto bioclimatico. Este manual descreve a arquitetura timorense

enfatizando as estrategias sustentaveis nela encontradas. Contem ainda o levantamento do panorama

atual da arquitetura de Timor-Leste, identificando os principais problemas e possıveis solucoes para

construcoes futuras.

Mais informacoes sobre o Estado de Arte podem ser encontradas no Anexo A.1.

1Grupo de Estudos para a Reconstrucao de Timor Leste, criado com o intuito de dispor o saber e capacidade de docentes,alunos e funcionarios das diferentes licenciaturas da Faculdade de Arquitetura de Lisboa e de outras escolas da UniversidadeTecnica de Lisboa. (FAUTL e ICIST, 2002, p. 1)

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Figura 1.3: Mapa de Timor-Leste (Fonte: Guia Geografico) e Bandeira Nacional da Republica Democratica deTimor-Leste (Fonte: Bandeiras Nacionais)

1.2 | Enquadramento

Nesta seccao sera feito o enquadramento geografico, administrativo, demografico e historico da area

de estudo.

Geografia

Timor e uma ilha do Sudeste Asiatico situada no extremo oriental das ilhas da Sonda que sao o prolon-

gamento que abeira da Australia ao arquipelago Malaio e se ramifica depois pelas Molucas adjacentes

a Nova Guine. Localiza-se entre os paralelos de 8o e 9o de latitude Sul e os meridianos de 124o e 127o

de longitude Oeste. A sua costa e banhada por dois oceanos: a Norte o Pacıfico - Mar da Banda - e a

Sul o Indico - Mar de Timor.

Possui uma extensao territorial de 15 007km2 que esta povoada por cerca de 1,17 milhoes de pessoas

pertencentes a racas e grupos etnicos diversos. O seu territorio e composto por quatro zonas distintas:

a metade oriental da ilha de Timor, a ilha de Atauro, o enclave de Oecusse e na extremidade leste a

ilha de Jaco com uma extensao territorial de 14 000km2, 141km2, 815km2 e 11km2 respetivamente.

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Figura 1.4: Distritos de Timor-Leste (Adaptado de Administrative Division 2015, GTL)

Administracao

Originalmente a ilha estava organizada em 60 reinos, reunidos em dois grandes grupos: a Leste os Be-

los e a Oeste os Baiquenos. Atualmente esta politicamente dividida em duas partes aproximadamente

iguais: Timor-Leste na zona Leste e Timor Indonesio a Oeste.

Distritos

Em 1908, Portugal dividiu o territorio timorense em 15 comandos militares, responsaveis pela descen-

tralizacao da administracao civil. Uma decada mais tarde a metropole portuguesa criou as primeiras

circunscricoes civis, que dividiram o poder militar, uma vez que deixou de ser necessario apos a assi-

natura da Sentenca Arbitral, em 1914, com a Holanda. Dıli, atual capital de Timor-Leste, foi o primeiro

municıpio a ser criado, em 1940. A ultima circunscricao a receber o status de municıpio foi Oecusse,

em Agosto de 1973.

Nos anos 60 a administracao portuguesa foi organizada em 11 municıpios: Bobonaro, Cova-Lima,

Liquica, Ermera, Dili, Ainaro, Same, Manatuto, Baucau, Viqueque, Lautem e Oecusse, como e possıvel

ver na Figura 1.4. Esta divisao territorial permaneceu ate aos dias de hoje, embora apresente algumas

diferencas: o concelho de Aileu foi separado de Dıli nos ultimos anos da governacao portuguesa; o

subdistrito de Turiscai foi transferido de Ainaro para Manufahi sob a administracao indonesia, resultando

assim na criacao de Hato Udo, a partir de Manufahi, e dada a Ainaro. Dos 13 distritos de Timor-Leste,

Viqueque e o que possui maior area com 884km2 e Dıli a menor com 364km2 de extensao.

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Figura 1.5: Subdistritos de Timor-Leste (Adaptado de Administrative Division 2015, GTL)

Subdistritos

Os 13 distritos estao divididos em 67 subdistritos. Cada distrito possui um subdistrito designado como

capital. Por sua vez os subdistritos possuem divisoes administrativas - os chamados sucos (aldeias)

- que variam entre 2 e 18 por subdistrito. O maior subdistrito e Lospalos, em Lautem, com uma area

de 635km2, enquanto Nain Feto em Dili e considerado o menor, com 6km2. Fatululik, um dos menores

subdistritos, e o que possui menor densidade populacional. Os subdistritos que apresentam taxas

demograficas altas sao os que pertencem ou estao adjacentes ao distrito de Dıli.

Vilas ou Sucos

As vilas, popularmente conhecidas como sucos, sao as menores divisoes administrativas em Timor-

Leste. No total existem 498 sucos, em media 38 por distrito. No entanto os sucos nao estao divididos

uniformemente, sendo que Baucau e o distrito que possui mais povoados - 68 sucos - em contraste

com Ainaro, com apenas 21. Com base no numero medio de sucos por subdistrito, os distritos mais

centrais sao os que tem mais segmentos administrativos. Aileu e Ermera apresentam a maior media -

11 sucos por subdistrito - Ainaro e Oecusse o menor, com 5.

Os subdistritos mais centrais e montanhosos, com maior numero de vilas sao: Aileu, no distrito de

Aileu, e Bobonaro, no distrito de Bobonaro, ambas possuem 18 divisoes. Por outro lado os subdistritos

de Hato Udo, em Ainaro, e Tutuala em Lautem que se situam perto da costa, tem apenas 2 vilas cada.

Em termos de area a maior vila e Laline, situada no subdistrito de Lacluta, em Viqueque, que possui

uma extensao de 212km2. Dıli possui as menores vilas (15 no total), que sao semelhantes a bairros,

com areas entre os 0,06km2 e os 2km2.

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Figura 1.6: Tamanho da Populacao por Municıpio (Adaptado de Censos 2010, GTL)

Demografia

Segundo os Resultados Preliminares do Censo Nacional da Populacao e Habitacao de Timor-Leste

2015 (Censos 2015, GTL) Timor-Leste possui uma populacao de 1 167 242 habitantes. A taxa media

de crescimento anual da populacao timorense em 2015 e de 1,81%, inferior ao do perıodo entre 2004

e 2010, cujo valor era de 2,4%.

Figura 1.7: Tamanho da Populacao entre 1985 e 2015 (Adaptado de Censos 2015, GTL)

O crescimento da populacao timorense tem sido positivo. Entre 1980 e 2015 duplicou a sua dimensao,

embora a taxa de crescimento tenha abrandado nos ultimos anos (Figura 1.7).

Distribuicao da Populacao

A distribuicao da populacao no territorio de Timor-Leste e muito desigual. Os distritos de Aileu, Manufahi

e Manatuto sao os que apresentam os valores mais baixos de habitantes (Figura 1.6). O subdistrito

Fatululik, em Cova-Lima, e constituıdo por 4 vilas, das quais 2 tem menos de 500 habitantes. A aldeia

menos povoada tem apenas 135 habitantes. Por outro lado, as aldeias com maior taxa demografica

estao situadas no distrito de Dıli. Fuiloro, em Lospalos, no distrito de Lautem, e a aldeia mais populosa

com cerca de 10 000 habitantes.

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Figura 1.8: Densidade Populacional por Municıpio (Adaptado de Censos 2015, GTL)

No que diz respeito a densidade populacional (Figura 1.8) os distritos mais povoados sao Ermera, com

165,7 pessoas por km2 e Liquica com 133 pessoas por km2. Manatuto e o distrito com menor densidade

populacional, apresentando apenas 25,6 pessoas por km2.

Historia

A Historia de Timor-Leste e marcada pela interacao entre os povos autoctones e os povos oriundos

de outros lugares no mundo. Este paıs foi frequentado pelos portugueses, holandeses, japoneses,

javaneses e chineses. Permaneceu sob o domınio destes ultimos durante cerca de 450 anos, fazendo

parte dos territorios que compunham o Imperio Colonial Portugues (FAUTL e ICIST, 2002).

A Historia de Timor-Leste pode ser dividida em quatro perıodos:

1. Perıodo Pre-Portugues de 1225 – ano da primeira referencia escrita a Timor na literatura Chi-

nesa, a 1511 – ano em que Malaca foi tomada pelos portugueses;

2. Perıodo Portugues de 1511 a 1975 – ano da invasao indonesia e da guerra civil em Timor-Leste;

3. Perıodo Indonesio de 1975, com a criacao do CNRM2 em 1987, a 1999 – ano da queda de

Suharto, governo de Habibi e referendo de 30 de Agosto de 1999 em Timor, com a chegada da

ONU;

4. Perıodo de transicao para a independencia de 1999 a 2002 que culminou na independencia do

territorio.

O Perıodo Indonesio que antecedeu a independencia de Timor-Leste foi marcado pela perda de muitos

bens materiais e humanos, principalmente no perıodo que precedeu e sucedeu o referendo, a 30 de

Agosto de 1999 (FAUTL e ICIST, 2002).

2Acronimo de Concelho Nacional da Resistencia Maubere que e uma estrutura nao-partidaria e nao-ideologica, criada em1988 pelo lıder da Resistencia, Xanana Gusmao. - Informacao retirada do site http://www.citi.pt/cultura/politica/ramos horta/cnrm.html, visitado a 29 de Outubro de 2015

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Figura 1.9: Paisagem de Timor-Leste (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

1.2.1 | Espaco Natural

Nesta seccao sera feita a descricao do relevo e clima da area de estudo.

Relevo

O territorio de Timor-Leste caracteriza-se pela morfologia pouco uniforme, composta por uma cadeia

montanhosa localizada no centro do paıs cuja altitude vai diminuindo para Leste.

A orografia timorense pode ser dividida pela cordilheira montanhosa em duas partes distintas: a Norte

onde predomina o relevo acidentado e as altitudes diminuem em direcao ao litoral, sendo que apenas

a cidade de Dıli constitui uma excecao a falta de grandes superfıcies planas; a Sul, onde em geral as

altitudes sao inferiores a 500 m, o terreno da linha de costa e rico em cursos de agua, formando assim

uma planıcie aluvial extensa (FAUTL e ICIST, 2002).

Por outro lado o extremo Leste do territorio apresenta caracterısticas intermedias. A sua orografia

caracteriza-se por um relevo com declives pouco acentuados, onde predominam planaltos cobertos por

savanas e pastagens (FAUTL e ICIST, 2002). E neste local que esta situada Ira Lalaro, considerada a

principal lagoa de Timor-Leste. Existem ainda duas areas onde predominam as superfıcies montanho-

sas: o enclave de Oecusse e a ilha de Atauro.

Clima

As temperaturas de Timor-Leste sao sensıveis as variacoes de altitude. Em geral a temperatura media

mensal situa-se entre 19oC e 30oC, embora localmente as amplitudes termicas nao sejam superiores a

4oC.

A ilha pode ser repartida em conjuntos microclimaticos (Figura 1.10) visto que as diferencas climaticas

em Timor-Leste sao pequenas no que diz respeito a temperatura, embora apresente variacoes signifi-

cativas na precipitacao de regiao para regiao (FAUTL e ICIST, 2002).

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Figura 1.10: Tipos de Clima (Adaptado de Cinnati et al., 1987)

Para Ruy Cinnati esta divisao fundamenta-se nas tendencias suficientemente definidas que possibili-

tam a demarcacao de fisionomias com expressao meteorologica, cuja razao de ser se fundamenta na

situacao geografica de Timor, na sua orientacao frente aos ventos dominantes e no relevo insolar muito

vigoroso.

As moncoes definem-se em duas estacoes: a primeira entre Novembro e Marco, que e a moncao

Noroeste caracterizada por chuvas abundantes que abrangem a ilha toda; a segunda entre Junho e

Outubro, que e a moncao de Sueste, altura em que predominam os ventos frescos, apenas interrompida

na costa Sul e no princıpio da estacao por chuvas de origem local.

Em Timor-Leste e possıvel definir quatro zonas que diferem em termos de temperatura devido a locali-

zacao geografica, sao estas:

1. A zona quente e seca da Costa Norte

2. A zona quente e humida da Costa Sul

3. A zona temperada de meia Montanha

4. A zona fria da Montanha

De acordo com a classificacao climatologica de Schmidt e Ferguson e possıvel distinguir oito tipos

de clima a partir do quociente entre os numeros medios dos meses secos e humidos que ocorrem

anualmente, por perıodo determinado e consoante os valores indicados na Tabela 1.1. Os meses secos

apresentam uma precipitacao inferior a 60 mm, em contraste com os humidos cujo valor e superior a

100 mm.

Em geral pode-se afirmar que o clima de Timor-Leste e tropical quente e humido influenciado pelo

mar e pela intensa radiacao solar, sendo assim semelhante, em termos de condicoes atmosfericas, as

regioes do equatoriais (Guedes et al., 2015).

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Figura 1.11: Povo Timorense (Fotografias de Lekibau (a esquerda) e Manuel Correia Guedes (ao centro e adireita)

1.2.2 | Ocupacao Humana

Esta subseccao contem informacoes sobre fatores condicionantes da ocupacao humana, diferentes

formas de povoamento do territorio e famılia timorense.

Fatores Condicionantes

A ocupacao humana do territorio de Timor-Leste foi condicionada por dois fatores: a topografia predomi-

nantemente acidentada e as diferentes formas de organizacao polıtica e administrativa as quais o povo

esteve sujeito desde as aldeias tradicionais, aos sucos e reinos cujos limites eram bem demarcados,

ate a ocupacao indonesia que levou ao nascimento de aldeias diferentes das estruturas tradicionais

(FAUTL e ICIST, 2002).

A agricultura e a pastorıcia estiveram na genese da fixacao do povo timorense, seja para suprir a

necessidade de consumo pessoal, seja para trocas comerciais. Os espacos agrıcolas situavam-se ao

redor do povoado e encontravam-se ligados a este por caminhos de uso comum (Cinnati et al., 1987).

Valores de Q Tipo de Clima Regiao de Timor

0,000 a 0,143 A -

0,143 a 0,333 B -

0,333 a 0,600 C Costa Sul e Montanha

0,600 a 1,000 D Costa Sul

1,000 a 1,670 E Costa Norte

1,670 a 3,000 F -

3,000 a 7,000 G -

7,000 H -

Tabela 1.1: Classificacao Climatica de Timor-Leste (Adaptado de Cinnati et al., 1987)

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Figura 1.12: Tipos de Povoamento (Adaptado de FAUTL e ICIST, 2002)

Formas de Povoamento

Em Timor-Leste e possıvel encontrar quatro formas de povoamento do territorio: dispersa, linear, con-

centrada e urbana. As tres primeiras correspondem a ocupacao do territorio rural (Figura 1.12).

O povoamento disperso integra as habitacoes nos espacos agrıcolas, resultando numa distribuicao

pouco uniforme e grandes espacos entre casas. Esta forma de povoamento e predominante na zona

ocidental e montanhosa do paıs, devido ao seu terreno acidentado e altitudes elevadas.

O povoamento linear caracteriza-se pela localizacao de habitacoes na proximidade de vias de comu-

nicacao e linhas de agua de modo a facilitar o acesso e abastecimento de agua. Esta forma de povoa-

mento e predominante no enclave de Oecusse e na costa Sul, onde o territorio e menos acidentado.

O povoamento concentrado e caracterizado pelo conjunto de habitacoes concentradas num nucleo

central ou em varios nucleos menores afastados entre si. Esta forma de povoamento e mais comum

em areas onde a altitude e menor como por exemplo a zona central e a extremidade leste da ilha.

Somente na cidade de Dıli e mais recentemente em Baucau e possıvel encontrar o povoamento urbano.

Nestas areas encontram-se diferentes usos do solo tais como o habitacional, comercial, servicos e

equipamentos.

Nao e possıvel determinar uma forma de povoamento predominante dada a existencia de um equilıbrio

entre a dispersao e a concentracao, que estao distribuıdos de acordo com diversos fatores, tais como:

a geografia, a morfologia, a historia, a realidade social e economica de cada regiao (FAUTL e ICIST,

2002).

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Figura 1.13: Tamanho Medio do Agregado Familiar por Municıpio (Adaptado de Censos 2015, GTL)

A Famılia Timorense

“Em Timor-Leste, a famılia extravasa o ambito restrito pai, mae, filhos porque o tio e a tia

sao tambem pai e mae, os seus filhos, no Ocidente apenas primos, aqui em Timor-Leste sao

tambem considerados irmaos. E o mesmo acontece com os irmaos dos avos, os filhos dos

primos, numa interminavel sucessao de lacos renovados pelo casamento, pelo nascimento,

pela morte.” (Angela Carrascalao, p. 1)

A sociedade tradicional de Timor-Leste assenta na complexa estrutura familiar. Neste paıs o casamento

nao representa apenas a uniao entre duas pessoas, mas a uniao de famılias, contribuindo assim para

fortalecer os lacos familiares dentro e fora das comunidades. Filhos, afilhados, primos ou pessoas da

mesma ligacao da estrutura tradicional, sao considerados familiares diretos, mas a nocao de famılia

estende-se a vizinhanca.

A famılia e um fator determinante na fixacao da populacao principalmente nas areas rurais onde o

trabalho e feito com a colaboracao entre pessoas e representa uma atividade social coletiva. Desta

forma e estabelecida a interdependencia entre indivıduos e grupos, bem como a tolerancia entre estes

(Januario de Correia, 2013).

Originalmente nos aldeamentos, tambem conhecidos como “sucos”, existiam cerca de 50 famılias, mas

esta realidade mudou com o aparecimento de guerras e conflitos no territorio. Desde que se tornou

uma nacao independente o agregado familiar em Timor-Leste tem vindo a aumentar (Index Mundi,

2015), devido a fatores como o crescimento da taxa de natalidade, o fim das guerras e o crescimento

economico.

Em media o agregado familiar tem uma dimensao de 5,7 pessoas (Figura 1.13). O distrito de Dıli e

onde o agregado familiar e maior - com 6,4 pessoas - em contraste com Oecusse que possui o menor

- com 4,8 pessoas.

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Figura 1.14: Casa Tradicional Timorense — Assente no solo (a esquerda) e erguida sob pilares (a direita)(Fotografias de Manuel Correia Guedes)

1.3 | Tipologias Arquitetonicas

No territorio de Timor-Leste e possıvel encontrar uma multiplicidade de tipologias arquitetonicas fruto

da passagem de diversos povos colonizadores. Esta seccao contem informacoes sobre as diferentes

tipologias identificadas na arquitetura timorense:

Arquitetura Tradicional

Descricao da Arquitetura Tradicional: materiais e tecnologias da construcao empregues nesta

tipologia; Quadro Tipologico do Povoamento de acordo com as caracterısticas do povoamento,

dos aldeamentos e das atividades agrıcolas e divisao do territorio de acordo com o Mapa da

Habitacao Tradicional.

Arquitetura Colonial Portuguesa

Descricao da Arquitetura Portuguesa Pre e Pos-1974.

Arquitetura de Ocupacao Indonesia

Descricao da Arquitetura de Ocupacao Indonesia.

Arquitetura Contemporanea

Descricao da Arquitetura Contemporanea: materiais utilizados nesta tipologia; Autoconstrucao

e Ecoturismo como estrategia para a sustentabilidade.

1.3.1 | Arquitetura Tradicional

Define-se por Arquitetura Tradicional toda a construcao ancestral cujas tecnicas construtivas foram

passadas de geracao em geracao (Guedes et al., 2015). Este tipo de edificacoes e mais frequente em

areas rurais montanhosas mais a leste do paıs. Em Timor existe uma pluralidade de casas tradicionais,

distinguidas pela sua arquitetura, cujas diferencas resultam do material disponıvel, condicionado pelo

clima e altitude de cada regiao (Cinnati et al., 1987).

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Figura 1.15: Materiais Tradicionais — Palapa, Gamuti e Bambu (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

Em geral as habitacoes tradicionais apresentam uma planta quadrada ou retangular, com cerca de 15

m2 de area, pouca mobılia e decoracao. A entrada nas casas assentes em pilares e feita por escadotes

que dao acesso a um espaco amplo. Este pode ser precedido de uma ante-camara.

No que toca as atividades dentro do lar o espaco central serve tanto como zona de refeicoes quanto

para dormir. Em algumas tipologias o espaco de dormir situa-se em divisorias tipo alpendre que ladeiam

a lareira. A cobertura da habitacao e feita por asnas de colmo, palapa ou gamute, com uma inclinacao

de cerca de 60% (FAUTL e ICIST, 2002).

Materiais

Os materiais que predominam na construcao vernacular timorense sao em geral de origem vegetal (Cin-

nati et al., 1987), embora a pedra seja aplicada no embasamento de casas sem pilares para protecao

da acao da agua. Outros materiais como a taipa e o adobe podem ser encontrados em habitacoes

nobres (FAUTL e ICIST, 2002).

Devido a crenca de que a madeira nao e um material nobre esta tem sido cada vez mais rejeitada pela

populacao que prefere usar outros materiais como o betao, o aco e o vidro. Atualmente estao a ser

explorados outros recursos que poderao ser uteis para a construcao civil.

Madeira | A madeira e o material mais utilizado nas construcoes tradicionais timorenses. Cerca de 50%

da area do territorio do paıs e florestal, correspondendo a cerca de 745 174 hectares de extensao (PED,

2011), o que facilita o acesso a materia-prima em grande quantidade.

O uso deste material e uma medida para a sustentabilidade devido as suas caracterısticas mecanicas e

esteticas, desde que a sua extracao seja controlada de modo a nao colocar nenhuma especie endemica

em risco de extincao.

Timor-Leste contem especies florestais de alto valor lenhoso - tais como o sandalo, o cedro-vermelho,

o mogno, o pau-rosa e a teca - que podem ser aplicadas na industria da construcao (PED, 2011).

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Figura 1.16: Bambu — Ai-manus (a esquerda), Centro de Bambu de Timor-Leste (ao centro) e Ai-metan (a direita)(Fotografias de Manuel Correia Guedes)

Atualmente as madeiras utilizadas sao trabalhadas artesanalmente e aplicadas em diversas areas da

construcao (Tabela A.18).

Bambu | O bambu e uma planta que abunda no territorio de Timor-Leste, especialmente em altitu-

des medias. Comumente conhecido por au, e amplamente usado na construcao tradicional, seja em

elementos estruturais, paredes, pavimentos ou coberturas nas regioes de Bobonaro, Suai e Viqueque.

A utilizacao desta planta apresenta varias vantagens tais como a beleza, versatilidade, durabilidade

e rapido crescimento que, a par de outras caracterısticas, tornam o bambu um dos melhores mate-

riais para a aplicacao em construcoes (Tabela A.3). Este material e tambem utilizado nas diferentes

atividades quotidianas.

Em Timor existem os melhores bambus do mundo (Figura 1.16) o Dendrocalamus asper gigante ou

ai-betun ou ai-manus e o Bambusa laco (Timor Black) ou ai-metan, especie endemica em Timor-Leste

e que e muito apreciado como bambu ornamental (Guedes et al., 2015).

Alvenaria | A alvenaria designa um conjunto de elementos de pequena dimensao agrupados e orga-

nizados que podem estar ligados ou nao por argamassa e que podem ser empregues em diversos

elementos de construcao tais como paredes, pontes, fundacoes e muros (Guedes et al., 2015).

Tradicionalmente a pedra tem sido empregue no embasamento das habitacoes vernaculares e nos

muros exteriores que separam os diferentes nucleos familiares, especialmente na regiao de Lautem

(Guedes et al., 2015).

De acordo com o PETiL no territorio de Timor-Leste existe materia-prima em abundancia para a constru-

cao em alvenaria: em Dıli e possıvel encontrar dioritos, xistos, marmores e areias extraıdas dos leitos

secos; em Manatuto argilas aluvionares; em regioes de Bobonaro, Oecusse e Balito-Atabai argilas com

diversas cores que tem sido aplicadas em tintas; em Maubisse argilas coloridas e calcarios (Guedes

et al., 2015).

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Figura 1.17: Motivos Decorativos de uma Casa Timorense (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

Tecnologias da Construcao

As tecnicas de construcao utilizadas na arquitetura tradicional foram herdadas dos antepassados. Em

geral os materiais, tecnicas, estruturacao espacial e decoracao na arquitetura tradicional sao seme-

lhantes de regiao para regiao, embora as diferencas nos alcados e plantas sejam evidentes (FAUTL e

ICIST, 2002).

Nas casas tradicionais utilizam-se representacoes de formas e motivos decorativos ancestrais que re-

conhecem uma linguagem cultural e representam mitos de todo o povo, os seus sımbolos, o prestıgio do

habitante e o seu nıvel social (Guedes et al., 2015) (Figura 1.17). Os sımbolos utilizados na decoracao

estao normalmente associados aos mitos tradicionais: o bufalo e o crocodilo, ao mito da origem da ilha;

o galo, ao mito de passagem dos homens e a arvore, como sımbolo da origem da vida e centro do

mundo (FAUTL e ICIST, 2002).

As habitacoes tradicionais timorenses tanto podem ser erguidas sob pilares, como e comum no Sudeste

Asiatico, ou assentes no solo, como e recorrente na Indochina e em Java. Em Timor-Leste e mais

comum encontrar casas do primeiro tipo pois estas caracterısticas protegem a casa de inundacoes e

de ataques de animais, remetendo ainda para o sımbolo mitologico relacionado com a genese da ilha

(FAUTL e ICIST, 2002).

Os trabalhos de preparacao e construcao da habitacao decorrem durante a estacao seca visto que a

intensidade das chuvas durante a estacao humida impede que a obras decorram ininterruptamente,

chegando mesmo a inutilizar alguns dos materiais de construcao (FAUTL e ICIST, 2002).

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Figura 1.18: Mapa da Habitacao Tradicional (Adaptado de Cinnati et al., 1987)

Quadro Tipologico do Povoamento

No estudo sobre a Arquitetura Timorense, Ruy Cinnati subdividiu o territorio de Timor-Leste em sete

regioes: Bobonaro, Maubisse, Baucau, Lautem, Viqueque, Suai e Oecusse - de acordo com as carac-

terısticas do povoamento, dos aldeamentos e das atividades agrıcolas aı praticadas.

Em geral os aldeamentos apresentam uma configuracao dispersa: ora as casas agrupam-se em nucleos

densos delimitados por muros de pedra, ora encontram-se espalhadas por clareiras e ligadas por cami-

nhos florestais (Tabela A.15).

As principais atividades agrıcolas identificadas no territorio de Timor-Leste estao maioritariamente rela-

cionadas com a plantacao do arroz e do cafe (Tabela A.14).

Mapa da Habitacao Tradicional

A arquitetura tradicional timorense encontra-se disseminada pelo territorio de Timor-Leste. Tal como

acontece noutros paıses esta tipologia e identificavel pelas suas caracterısticas comuns, embora apre-

sente diferencas de regiao para regiao (Figura 1.18).

Em geral as casas tradicionais encontram-se elevadas do solo a uma altura que pode variar entre os

50cm e mais de 3m. Existem tambem casas assentes no solo, mas tal configuracao nao e dominante

em nenhuma das regioes, sendo resultado da influencia externa ou da construcao provisoria (Cinnati

et al., 1987).

O mapa tipologico das habitacoes tradicionais pode ser divido em sete partes de acordo com a geo-

morfologia e o grupo etnico linguıstico (Guedes et al., 2015) (Tabela A.17).

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Figura 1.19: Arquitetura Pre-1974 — Edifıcios anteriores a invasao Japonesa (a esquerda) e Forte de NossaSenhora da Conceicao de Dıli, sec. XVII, reabilitado no sec. XIX (a direita) (Fotografias de Manuel CorreiaGuedes)

1.3.2 | Arquitetura Colonial Portuguesa

A arquitetura colonial portuguesa pode ser distinguida em duas fases: pre e pos-1974, ano da invasao

e ocupacao japonesa do territorio de Timor-Leste.

Arquitetura Pre-1974 | Distingue-se pela tentativa de adaptacao ao clima e a vida local, que resultou

numa arquitetura nascida no local, sensıvel a realidade envolvente (Guedes et al., 2015). Os materiais

utilizados nesta tipologia sao a alvenaria de pedra e tijolo nas paredes cujo acabamento e feito em

reboco caiado. As coberturas sao geralmente revestidas por capim ou fibra de gamuteira. Na sua

configuracao espacial utiliza-se a varanda na fachada principal, cuja cobertura esta assente em colunas

de alvenaria rebocada e, ocasionalmente, com escadas ao centro (Guedes et al., 2015).

Um dos melhores exemplos dessa arquitetura e o Forte de Nossa Senhora da Conceicao (Figura 1.19)

em Dıli, conhecido como Fortaleza de Dıli ou Fortaleza de Tranqueira, assim designado por ter sido

originalmente erguido em madeira (Guedes et al., 2015). Este edifıcio e formado por tres modulos

ligados e dispostos em forma de “U” de modo a promover a ventilacao transversal e a iluminacao. No

seculo XIX foi alvo de uma reabilitacao e mais recentemente, no ambito de um projeto da UNESCO3

e do Banco Mundial, passou a albergar a nova funcao de Centro Cultural Uma Fukun, contendo um

espaco para exposicoes, salas de reunioes e restantes servicos de apoio.

Arquitetura Pos-1974 | Apos a invasao japonesa a qualidade da arquitetura colonial piorou. O cuidado

com a adequacao das construcoes ao clima tropical foi descurado pois o material local que anterior-

mente era utilizado foi substituıdo por materiais e tecnicas provenientes de outros paıses (Guedes et al.,

2015).

3Organizacao das Nacoes Unidas para a Educacao, a Ciencia e a Cultura (UNESCO - acronimo de United Nations Educati-onal, Scientific and Cultural Organization)

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Figura 1.20: Arquitetura Pos-1974 e Arquitetura de Ocupacao Indonesia — Edifıcio Acait (anos 60) (a esquerda),Edifıcio de servicos (ao centro em baixo) e Templo Indonesio (a direita), Dıli (Fotografias de Manuel CorreiaGuedes)

As tecnicas de construcao importadas de Portugal foram executadas segundo o RGEU. Este regula-

mento tinha certas imposicoes, como construcoes com paredes espessas, fundacoes profundas, en-

tre outras, que nao foram adaptadas a realidade de Timor, contribuindo assim para uma arquitetura

descontextualizada. O uso da elevada inercia termica e vaos de reduzidas dimensoes, resultou na

implementacao de uma arquitetura com elevados custos de construcao.

Desta epoca restaram alguns bons exemplos de construcao hıbrida, na qual houve integracao harmo-

niosa com o clima, tais como o edifıcio Acait (Figura 1.20) e algumas casas da administracao central do

Bairro do Farol onde e visıvel o cuidado com a ventilacao e sombreamento (Guedes et al., 2015).

1.3.3 | Arquitetura de Ocupacao Indonesia

Com a ocupacao indonesia em 1975 a construcao timorense mudou drasticamente. Materiais como

o betao armado e a chapa de zinco foram introduzidos na industria da construcao, especialmente no

territorio da capital de Timor-Leste.

A construcao civil serviu de instrumento para imposicao do regime indonesio. Projetos para a constru-

cao de parques habitacionais sociais levados a cabo pelo governo indonesio resultaram na descarac-

terizacao da arquitetura tradicional. O tipo de edifıcio urbano implementado, era mais pequeno do que

as habitacoes rurais e mais complexo em termos de organizacao em planta. A sua fraca capacidade

de dissipar o calor levou a necessidade de maiores consumos de energia devido a proliferacao do uso

de aparelhos de ar-condicionado. Tal sobrecarga do sistema energetico tem tido ate aos dias de hoje

efeitos negativos pois leva a uma maior frequencia de cortes de energia eletrica (Guedes et al., 2015).

Devido as semelhancas entre o clima de Timor Indonesio e de Timor-Leste e possıvel encontrar alguns

edifıcios que, em termos bioclimaticos, obtiveram um resultado satisfatorio. A arquitetura indonesia

(Figura 1.20) possui coberturas com duas inclinacoes diferentes, caracterıstica que a distingue da ar-

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Figura 1.21: Construcao Recente — Construcao em Betao e Alvenaria (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

quitetura de Timor-Leste e que constitui uma boa estrategia face as chuvas fortes frequentes em toda

a ilha (Guedes et al., 2015).

1.3.4 | Arquitetura Contemporanea

Cerca de mais de metade das habitacoes timorenses ainda tem uma tipologia proxima da tradicional

rural. Nestes casos e possıvel encontrar construcoes mistas nas quais estao empregues materiais de

origem estrangeira. As coberturas tem uma chapa de zinco coberta por palapa e a restante estrutura e

feita em betao e madeira. Para as paredes ainda se utilizam os materiais tradicionais bambu e canico.

Para estratos sociais mais altos foram construıdas casas mais nobres, nas quais as coberturas sao

feitas em colmo.

A habitacao tradicional e encarada como depreciativa em termos de estatuto social o que resulta na

descaracterizacao da tipologia tradicional rural onde a palapa e o gamuti sao substituıdos pelo betao e

o zinco (Guedes et al., 2015).

Materiais

Grande parte da populacao timorense anseia por uma habitacao mais moderna, modernidade essa

que esta muitas vezes associada a construcoes com materiais que nao sao tıpicos do local. Nas zonas

periurbanas e possıvel encontrar moradias onde a aplicacao de materiais como o betao, os tijolos

ceramicos e a cobertura em telha e comum.

Alvenaria | Em Timor-Leste a construcao em alvenaria estrutural pode ser encontrada nas paredes

exteriores dos edifıcios ou ainda nas interiores, como e o caso de edifıcios com maiores dimensoes em

planta (Guedes et al., 2015). Atualmente a construcao em tijolo de cimento tem sido generalizada em

panos de parede edificados sobre estruturas de betao.

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Figura 1.22: Arquitetura Contemporanea — Autoconstrucao nao consolidada em espaco urbano e reproducao demoradia ocidental (ao centro em baixo) (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

Betao | O betao e um material que resulta da mistura devidamente proporcionada de cimento, agrega-

dos grossos, agregados finos, agua e, eventualmente, adjuvantes e adicoes.

O betao simples resiste bem aos esforcos de compressao e muito pouco aos esforcos de flexao. Visto

que os elementos estruturais de uma construcao sao solicitados por outros esforcos - traccao, flexao,

compressao e puncoamento - existe a necessidade de adicionar ao betao simples o aco. Da uniao des-

tes dois materiais resulta o betao armado. Este material e utilizado nas construcoes contemporaneas

de Timor-Leste (Figura 1.21). Na Tabela A.21 estao expressas as vantagens e desvantagens do uso do

betao armado.

Autoconstrucao

Se por um lado existem casas que sao como uma copia exata de modelos ocidentais, com um ele-

vado custo para construcao e manutencao, por outro lado foram construıdas casas com recursos mais

reduzidos (Figura 1.22).

Com o exodo rural surgiram ao redor das zonas urbanas povoacoes cujas construcoes nao estao co-

nectadas com infraestruturas como aguas, esgotos e eletricidade. O numero de construcoes deste tipo

tem vindo a aumentar pois nao existe nenhum regulamento nem entidades que controlem e planeiem a

sua edificacao.

Um programa de reabilitacao de edifıcios e conjuntos de edifıcios financiado pela ajuda internacional

tem sido aplicado, um pouco por todo o territorio, com o intuito de atribuir um novo uso destinado as

elites polıtico-administrativas timorenses, ao corpo diplomatico, ou ainda as agencias internacionais

(Guedes et al., 2015). Sao exemplos deste tipo de intervencao o edifıcio Acait e outros edifıcios do

Bairro do Farol em Dıli.

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Figura 1.23: Arquitetura Contemporanea — Ecoturismo - Complexo Ecoturıstico de Tibar (a direita) (Fotografiasde Manuel Correia Guedes)

Ecoturismo

O ecoturismo e um segmento turıstico cujos princıpios assentam na preservacao da Natureza, visto

que a sua pratica dispoe-se dos recursos naturais de forma sustentavel (Guedes et al., 2015).

Timor-Leste e conhecido por ter uma vasta extensao de praias paradisıacas e pela existencia de aguas

termais, tornando-o assim um destino apetecıvel, especialmente na epoca de verao. Por essas razoes

o turismo constitui uma das principais fontes de lucro para o paıs embora existam poucos equipamentos

de apoio a esta atividade.

O sector da mobilidade e transportes apresenta uma grande necessidade de intervencao. Em Timor-

Leste existem apenas dois aeroportos internacionais - em Dıli e Baucau - os quais sao servidos por

uma rede rodoviaria que, segundo o PETiL, se encontra em muito mau estado de conservacao exigindo

reconstrucao ou reparacao. A ligacao entre a ilha de Atauro e o enclave do Oecusse e feita por ferry

boat cujo porto esta situado em Dıli (Guedes et al., 2015).

O desenvolvimento do ecoturismo esta dependente de diversos aspetos tais como: a evitacao de gran-

des concentracoes turısticas e da urbanizacao em excesso, a integracao do turismo no meio ambiente

envolvente pela adaptacao da arquitetura, a preservacao e valorizacao do patrimonio natural, historico

e cultural, a garantia da participacao das comunidades locais e a sua consciencializacao para a neces-

sidade de manter e proteger as suas riquezas naturais e patrimoniais (Guedes et al., 2015).

Sendo Timor-Leste um paıs em vias de desenvolvimento, o ecoturismo constitui um meio para a criacao

de riqueza, promocao do desenvolvimento economico local, que resultara na diminuicao do nıvel de

pobreza e a melhoria do acesso a bens de primeira necessidade por parte da populacao. A falta de

condicoes economicas de grande parte da populacao aliada ao fraco domınio no fabrico de materiais

construtivos e limitacao das infraestruturas do mercado de habitacao, leva a que a construcao para a

habitacao e ecoturismo deva ser encarada como uma area prioritaria para o desenvolvimento do paıs.

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2 | Princıpios da Arquitetura Sustentavel

O termo Sustentabilidade esta normalmente associado ao Desenvolvimento Sustentavel que se define,

segundo a Comissao Mundial de Ambiente e Desenvolvimento, por:

“Desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer o desenvol-

vimento de geracoes futuras.”

No ambito da arquitetura sustentavel surge o conceito de arquitetura bioclimatica, que consiste no

desenho dos edifıcios tendo em conta as caracterısticas do meio onde estao inseridos, com o intuito de

minimizar o impacte ambiental e o consumo energetico.

A sustentabilidade encontra desafios de caracter legal, economico, social e polıtico, aspetos que nem

sempre sao compatıveis. O crescimento sustentavel so sera possıvel quando as organizacoes gover-

namentais assumirem o desenvolvimento ambiental como uma vantagem competitiva pela reducao dos

impactes e custos de construcao.

A implementacao de estrategias de design passivo permite um ambiente confortavel no interior dos

edifıcios, mesmo com consumo energetico reduzido, facilitando a adaptacao dos edifıcios ao meio en-

volvente atraves do uso de materiais e tecnicas que diminuam a necessidade de utilizacao de sistemas

mecanicos consumidores de energias nao renovaveis (Guedes et al., 2015).

Este capıtulo contem estrategias baseadas nos Princıpios da Arquitetura Sustentavel adequadas ao

territorio de Timor-Leste.

Figura 2.1: Capıtulo 2 | Princıpios da Arquitetura Sustentavel (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

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Figura 2.2: Localizacao de Aglomerados Habitacionais em Timor-Leste: na montanha (a esquerda) e na planıcie(a direita) (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

2.1 | Localizacao, Forma e Orientacao

A correta localizacao, forma e orientacao do edifıcio e uma das medidas mais importantes para garantir

uma climatizacao natural bem sucedida. O Sol, a Chuva e o Vento sao agentes que intervem direta-

mente no comportamento termico de uma construcao, visto que influenciam a temperatura, humidade

e ventilacao do espaco habitado. Por essa razao e necessario te-los em atencao na concecao de um

projeto de arquitetura.

Localizacao

Sol | Nas zonas quentes a incidencia direta dos raios solares pode causar o sobreaquecimento das

habitacoes. Os aglomerados habitacionais localizados em colinas devem ser implantados na zona

com maior numero de horas em sombra. Localizacoes onde o aglomerado fica muito tempo exposto a

radiacao devem ser evitadas.

Figura 2.3: Localizacao de Aglomerados Habitacionais em Zonas Quentes - correta (a esquerda) e incorreta (adireita) (Adaptado de Lengen, 2004)

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Chuva | Nos lugares onde ha chuva abundante as casas devem estar localizadas nas partes mais

altas para evitar inundacoes, dirigindo as aguas para as partes mais baixas onde estao plantadas as

arvores. As habitacoes devem ser implantadas longe de linhas de agua ou ribeiras secas, zonas onde

a possibilidade da ocorrencia de inundacoes e enxurradas seja mınima.

Figura 2.4: Localizacao de Aglomerados Habitacionais em Zonas Chuvosas - correta (a esquerda) e incorreta (adireita) (Adaptado de Lengen, 2004)

Vento | A implantacao das casas deve ter em conta o regime de ventos, para que haja uma ventilacao

natural mais eficiente e que possa melhorar o conforto termico na habitacao (Guedes et al., 2015). O

aglomerado habitacional deve ser localizado em zonas que beneficiem da brisa (Figura 2.5).

Figura 2.5: Localizacao de Aglomerados Habitacionais Face a Acao do Vento - correta (a esquerda) e incorreta(a direita) (Adaptado de Lengen, 2004)

Forma

A organizacao dos espacos internos de um edifıcio, de acordo com a funcao, influencia a exposicao a

radiacao incidente, tendo impacto direto na iluminacao e ventilacao natural. Num clima quente como

o de Timor-Leste a forma mais apropriada para um edifıcio e a de um paralelepıpedo com pouca

compartimentacao interior.

Area Passiva | A area passiva e a profundidade de duas vezes a altura do pe-direito, nos casos onde

nao haja muita obstrucao exterior (atraves de edifıcios ou outras barreiras situadas na vizinhanca da

construcao) ou compartimentacao do espaco que impeca a iluminacao e ventilacao natural. Nos casos

em que isso se verifica a area passiva e mais reduzida.

Quanto maior proporcao da area passiva de um edifıcio em relacao a sua area total, maior o seu

potencial para o emprego de estrategias bioclimaticas (Guedes et al., 2015) tais como a aplicacao

de dispositivos de sombreamento, a alteracao de areas envidracadas, aplicacao de isolamento nas

paredes e coberturas, entre outras que serao abordadas nas proximas seccoes deste capıtulo.

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Figura 2.6: Projeto UMA — Orientacao para Edifıcios em Ermera (Fonte: Ecotect)

Orientacao

Nas horas de maior intensidade solar, os raios solares encontram-se numa posicao perpendicular a

Terra no territorio de Timor. A melhor orientacao sera no sentido Nascente-Poente, visto que diminui a

area de exposicao das fachadas que recebem os raios solares mais baixos e privilegia o sombreamento

da fachada a Norte, que recebe os raios solares com maior angulo de incidencia. Esta orientacao e

benefica tambem para a iluminacao natural do edifıcio (Guedes et al., 2015).

EO

S

N

Figura 2.7: Otimizacao da Orientacao Solar para a Zona de Dıli. A melhor orientacao para a fachada principal ede 25o N. (Adaptado de Guedes et al., 2015)

Atraves de uma analise feita no Ecotect chegou-se ao grafico apresentado na Figura 2.6 que mostra

que a melhor orientacao para um edifıcio situado em Ermera e de 70o Norte.

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Figura 2.8: Isolamento na Construcao Vernacular (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

2.2 | Isolamento

O isolamento constitui uma das medidas para evitar os ganhos de calor nas estacoes quentes, ou a

perda do calor durante as estacoes frias, contribuindo significativamente para a melhoria do conforto

termico das construcoes.

Devido ao elevado pe direito das coberturas tıpicas das casas timorenses, considera-se importante a

aplicacao de material isolante nessas estruturas e algumas fachadas, de modo a evitar o sobreaqueci-

mento do espaco utilizado, visto que a massa quente de ar tende a acumular-se na cobertura.

Na Figura 2.9 esta representada uma cobertura onde e aplicada a estrategia da barreira radiante: a

caixa de ar permite a ventilacao do cavidade onde esta instalada a folha de alumınio que reflete a

radiacao nela incidente. Por sua vez a camada de isolamento - normalmente constituıda por la-de-

rocha ou poliestireno extrudido1 - impede a propagacao do calor pela restante estrutura - a laje de

cobertura.

Figura 2.9: Barreira Radiante — Representacao esquematica de uma barreira radiante num telhado com caixa dear ventilada (Adaptado de Guedes et al., 2015)

O uso de material vegetal (como o gamuti ou a palapa) na cobertura dos edifıcios e uma estrategia de

sustentabilidade que contribui para o isolamento da construcao (Guedes et al., 2015).1Este material e tambem conhecido como Roofmate.

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Figura 2.10: Revestimento Refletivo da Envolvente - O uso de pintura de cor clara na envolvente do edifıcio refleteo calor e evita o sobreaquecimento (a esquerda), por outro lado uma grande area de envidracado podecomprometer o conforto termico dentro do edifıcio (a direita) (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

Na Tabela 2.1 estao descritas duas estrategias: o uso de material isolante e de barreiras radiantes.

Estrategia Descricao

Isolamento

O material isolante pode ser acrescentado na superfıcie exterior das facha-das, ou na cavidade entre panos de parede (paredes duplas). Os materiaisde isolamento evitam a conducao de calor para o interior devido a existenciade gas aprisionado em muitas camadas (e.g. fibra de vidro ou la de rocha)ou em celulas (poliestireno), aumentando a resistencia termica do material aconducao, proporcionalmente a sua espessura, mas nao restringem necessa-riamente o calor radiante. O isolamento externo pode ser adicionado utilizandopaineis isolantes pre-fabricados. Deve ser pintado com cor clara.

BarreirasRadiantes

As barreiras radiantes feitas de produtos reflexivos, como chapa de alumınio,podem ser instaladas em cavidades ventiladas do telhado. A chapa metalicareflete a radiacao e a ventilacao na cavidade impede a conducao do calor parao interior do edifıcio.

Tabela 2.1: Estrategias de Isolamento (Adaptado de Guedes et al., 2015)

2.2.1 | Revestimento Refletivo da Envolvente

O revestimento refletivo e um meio de protecao contra o sobreaquecimento por evitar a conducao do

calor atraves da envolvente do edifıcio. Esta medida consiste no uso de tinta ou azulejos de cor clara

(por exemplo, branco) nas fachadas e no telhado que irao refletir a radiacao solar.

O uso de cores claras na face interior das paredes do edifıcio contribui tambem para uma melhoria na

iluminacao natural. Esta estrategia reduz a necessidade do uso de luz artificial por permitir a reflexao

da radiacao solar nas paredes da divisao. Ha que evitar o uso de material escuro no revestimento da

zona envolvente para diminuir o risco de absorcao da radiacao solar.

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2.2.2 | Areas de Envidracados

Os ganhos de calor de um edifıcio sao muito dependentes das areas envidracadas, visto que estas

apresentam menos resistencia ao calor radiante. As janelas desempenham um importante papel na ar-

quitetura, acumulando funcoes como a ventilacao natural, a iluminacao natural, a acustica e o contacto

visual com a envolvente exterior.

Dimensionamento de Janelas | O dimensionamento de janelas deve ser feito tendo em conta a orienta-

cao das fachadas, de modo a impedir o sobreaquecimento. De acordo com Guedes et al., 2015 a

percentagem de area de envidracados nao deve ultrapassar os valores expressos na Tabela 2.2.

Orientacao % de Area Envidracada

Norte 40%

Sul 40%

Nascente 20%

Poente 20%

Tabela 2.2: Percentagem de Area Envidracada de Acordo com a Orientacao da Fachada (Adaptado de Guedeset al., 2015)

O controlo da iluminacao natural pode ser feito atraves do desenho da janela, variando a sua altura

e a distancia ao chao de acordo com a atividade afeta a divisao (Figura 2.11). As janelas horizontais

devem ser evitadas, podendo ser aplicadas de forma pontual em zonas de elevado pe-direito e onde

o sombreamento seja adequado, pois podem facilmente provocar o sobreaquecimento (Guedes et al.,

2015).

Figura 2.11: Dimensionamento de Janelas — Atividades: sala, sala de refeicoes e escritorio (em cima); cozinha,oficina e instalacoes sanitarias (em baixo) (Adaptado de Lengen, 2004)

Tipo de Vidro | O tipo de vidro influencia diretamente no isolamento termico de uma construcao, visto

que torna a area envidracada mais resistente a radiacao solar atraves do aumento da reflexao e/ou

absorcao da mesma.

O uso de vidro duplo aumenta o isolamento da area envidracada; o uso de vidro de baixa emissividade

reduz os ganhos de calor por serem quase opacos a radiacao infravermelha; o uso de vidro simples

fumado e reflexivo deve ser evitado, sendo preferencial a aplicacao de vidro translucido com sombrea-

mento adequado (Tabela A.16).

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Figura 2.12: Sombreamento - O uso de portadas exteriores e venezianas permite o direcionamento do fluxo deventilacao natural (a direita), para alem do sombreamento; o uso de palas permite o sombreamento (a esquerda)(Fotografias de Manuel Correia Guedes)

2.3 | Sombreamento

O sombreamento e um dos principais meios de protecao da entrada direta de radiacao solar nos

edifıcios, evitando assim o sobreaquecimento. Em Timor esta estrategia ganha maior relevancia visto

que o paıs recebe intensa radiacao termica. Na Tabela 2.3 estao enunciadas as estrategias de som-

breamento e respetivas caracterısticas.

Estrategia Descricao

Dispositivos Fixos Geralmente elementos externos, como palas horizontais, aletas verticais, ousistemas de grelhas.

EspacosIntermedios Varandas, patios, atrios ou arcadas.

Predios Vizinhos Os edifıcios vizinhos, e.g. do outro lado da rua podem proporcionar sombrea-mento de fachada, particularmente em pisos inferiores.

Vegetacao A vegetacao pode ser usada para sombrear os pisos inferiores do edifıcio.

DispositivosAjustaveis

Estes dispositivos podem ser externos - tais como estores ou persianasretracteis, palas ou venezianas ajustaveis, aletas giratorias, placas horizon-tais, toldos, tendas, cortinas ou pergulas - feitos em madeira, metais, plasticos,tecidos, etc. Tambem podem ser internos - como cortinas, persianas ou vene-zianas (Figura 2.13).

Tabela 2.3: Estrategias de Sombreamento (Adaptado de Guedes et al., 2015)

Figura 2.13: Sombreamento — Dispositivos Ajustaveis - persianas, trelicas, plantas e cortinas (Adaptado deLengen, 2004)

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Figura 2.14: Sistemas de Arrefecimento Passivo (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

2.4 | Sistemas de Arrefecimento Passivo

Os sistemas passivos sao dispositivos construtivos integrados nos edifıcios que contribuem para o seu

aquecimento ou arrefecimento natural. Visto que Timor-Leste e um paıs tropical, nesta seccao estao

apenas os sistemas de arrefecimento.

Para que haja arrefecimento o edifıcio deve ser concebido de modo a tirar partido de fontes frias como

o solo, o ar, a temperatura radiativa entre o edifıcio e o ar exterior e a evaporacao da agua. Os sistemas

de arrefecimento passivo podem ser classificados em quatro categorias (Goncalves e Graca, 2004),

mas nesta dissertacao so serao abordadas as tres mais adequadas ao territorio em estudo:

Ventilacao Natural

Arrefecimento Evaporativo

Arrefecimento Radiativo

2.4.1 | Ventilacao Natural

A ventilacao natural e o conjunto de processos que promove a troca de fluxos de ar entre o interior e

exterior sem que haja a necessidade da intervencao de aparelhos mecanicos. Este efeito ocorre pela

diferenca de pressao entre o interior e o exterior do edifıcio, diferenca esta causada por pressao do

vento ou por acao termica.

Considera-se que a ventilacao e eficiente quando cumpre objetivos como: o fornecimento de ar fresco,

a remocao do calor do edifıcio e o arrefecimento do corpo humano por convencao (Tabela A.12). As

Figuras 2.15 a 2.17 ilustram algumas medidas que potencializam a ventilacao natural fazendo com que

o calor circule dentro dos espacos atraves da localizacao correta de aberturas. O posicionamento de

aberturas em alturas diferentes tem efeitos distintos: em locais altos retiram o ar quente junto ao teto,

refrescando a divisao atraves da conveccao do ar; em locais baixos permitem a sensacao de frescura

da brisa (Figura 2.15).

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Figura 2.15: Ventilacao Natural — Posicionamento de Janelas: em locais altos (a esquerda) e em locais baixos(a direita) (Adaptado de Lengen, 2004)

A existencia de varandas tem uma grande influencia sobre a ventilacao dos espacos (Figura 2.16).

Figura 2.16: Ventilacao Natural — Varandas: vento entra pela varanda (a esquerda) e laje afastada da parede (adireita) (Adaptado de Lengen, 2004)

A existencia de aberturas no telhado facilita a saıda do calor (Figura 2.17).

Figura 2.17: Ventilacao Natural — Telhados: calor entra pelo telhado (a esquerda) e calor sai pelo telhado (adireita) (Adaptado de Lengen, 2004)

A eficacia da ventilacao natural depende do seu percurso dentro do compartimento (Figura 2.18).

Quando a ventilacao e feita de baixo para cima e mais refrescante do que quando e feita de cima

para baixo. A sua eficacia e maior quando a circulacao cruzada e feita com aberturas na parte baixa da

porta. A brisa e mais quente quando a ventilacao e feita perto do teto.

Figura 2.18: Ventilacao Natural — Eficacia: muito eficaz (em cima a esquerda); pouco eficaz (em cima a direita);mais quente (em baixo a esquerda) e muito eficaz (em baixo a direita) (Adaptado de Lengen, 2004)

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A presenca de vegetacao tem uma grande influencia sobre a eficacia da ventilacao (Figura 2.19).

Figura 2.19: Ventilacao Natural — Vegetacao: na presenca de arvores altas a brisa desce e refresca (aesquerda) e na presenca de arvores baixas a brisa sobe e nao refresca e (a direita) (Adaptado de Lengen, 2004)

A vegetacao baixa influencia a intensidade da brisa que entra no edifıcio (Figura 2.20).

Figura 2.20: Ventilacao Natural — Vegetacao Baixa — Intensidade: com a cerca viva a 6 metros a brisa entracom mais intensidade (em cima) e com a cerca viva a 3 metros a brisa entra com menos intensidade (embaixo) (Adaptado de Lengen, 2004)

A vegetacao alta influencia a intensidade da brisa que entra no edifıcio (Figura 2.21). Quando a

vegetacao alta encontra-se a cerca de 3m a brisa entra com muita intensidade e mais fresca. Na

presenca de arvores a 6m a brisa e menos intensa.

Figura 2.21: Ventilacao Natural — Vegetacao Alta — Intensidade: brisa entra com muita intensidade (aesquerda) e brisa entra com pouca intensidade (a direita) (Adaptado de Lengen, 2004)

Figura 2.22: Ventilacao Natural — Vegetacao Baixa — Cerca Viva: sem a cerca viva a brisa passa por fora dacasa (1a imagem); com cerca viva na frente e atras a brisa entra com mais forca (2a imagem); com a cercaviva atras a brisa entra e refresca (3a imagem) e com a cerca viva na frente a brisa passa ainda mais longe(4a imagem) (Adaptado de Lengen, 2004)

Ventilacao Natural por Pressao do Vento | Ocorre pela movimentacao de massas de ar que fluem das

altas para baixas pressoes. A eficacia deste efeito depende da velocidade do vento, da sua direcao,

da forma e dimensao do edifıcios e dos obstaculos existentes na sua vizinhanca, da geometria e

localizacao das aberturas para entrada e saıda do ar.

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Estrategia Descricao

VentilacaoUnilateral

Ventilacao fornecida por uma abertura em apenas um lado da divisao ou fa-chada.

VentilacaoCruzada

Aberturas de ambos os lados do edifıcio e um percurso de fluxo de ar dentrodo edifıcio.

Torres de VentoSe o edifıcio nao esta numa posicao favoravel ao sentido do vento e brisaspredominantes podem ser utilizados dispositivos para canalizacao do ventotais como torres de vento.

Tabela 2.4: Estrategias de Ventilacao Natural por Pressao do Vento (Adaptado de Guedes et al., 2015)

Ventilacao Natural por Efeito de Chamine | A ventilacao natural por efeito de chamine e possibilitada

pelas diferencas de pressao entre os ambientes externo e interno, que por sua vez sao consequencia

das diferencas de temperatura. O aumento da temperatura da massa de ar torna-a menos densa,

fazendo com que suba para zonas elevadas do pe direito da divisao. Esta movimentacao leva a que as

massas de ar frio (mais denso) ocupem zonas mais baixas do pe direito, refrescando a area ocupada

pelos utilizadores (Figura 2.23).

Figura 2.23: Ventilacao nas Casas Vernaculares, Lautem. As setas indicam a ventilacao por ”efeito de chamine”;as setas cinzentas indicam a ventilacao cruzada (Fonte: Guedes et al., 2015)

Na Tabela 2.5 estao descritas algumas estrategias que possibilitam o efeito de chamine.

Ventilacao Natural por Diferenca de Temperatura | Este efeito resulta das diferencas entre as tempera-

turas do ar interior e exterior, que provocam o deslocamento da massa de ar da zona de maior para a

de menor pressao. Na Tabela 2.6 estao descritas estrategias para ventilacao natural por diferenca de

temperatura exterior.

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Estrategia Descricao

Aberturas duplasde um unico lado Aberturas com posicoes baixa e alta, numa janela ou parede.

Atrios A introducao de um atrio oferece um bom potencial para ventilacao por efeitode chamine.

Chamines SolaresEm chamines solares, a radiacao solar e usada para aumentar o efeito dechamine. Quando as superfıcies da chamine sao aquecidas pelo sol, a taxade ventilacao aumenta.

Paredes comCavidadeVentilada

Uma parede com cavidade ventilada e constituıda por dois panos de paredeinterior e exterior, separados entre si por um espaco intermediario que contemar em circulacao, denominado por caixa-de-ar, dentro do qual podem ser intro-duzidos materiais isolantes termicos, o que permite um melhor desempenhodo conjunto (Guimaraes, 2013).

Tabela 2.5: Estrategias de Ventilacao Natural por Efeito de Chamine (Adaptado de Guedes et al., 2015)

Estrategia Descricao

Ventilacao DiurnaE a estrategia mais simples para melhorar o conforto quando a temperatura in-terna e superior a temperatura externa. Pode ser usada ventilacao por pressaodo vento, ou por efeito chamine.

Ventilacao Noturna

Usada para arrefecer a massa do edifıcio durante a noite. No final do dia,a temperatura de armazenamento (nas paredes, lajes e outros elementosmacicos) sera aumentada sem degradar o conforto, aumentado tambem a ca-pacidade de dissipacao do calor do sistema. O calor e entao libertado atravesde ventilacao durante a noite, e o edifıcio esta fresco na manha seguinte.

Tabela 2.6: Estrategias de Ventilacao Natural por Diferenca de Temperatura (Adaptado de Guedes et al., 2015)

2.4.2 | Arrefecimento Evaporativo

O arrefecimento evaporativo e uma estrategia pela qual a temperatura e diminuıda atraves da mudanca

de fase da agua do estado lıquido para o estado gasoso. Este processo pode ocorrer com ou sem o

aumento do conteudo do vapor de agua. No primeiro caso trata-se de um arrefecimento evaporativo

direto onde o ar exterior que e arrefecido por evaporacao da agua entra no edifıcio. Quando acontece

a evaporacao nas superfıcies exteriores que estao expostas a radiacao nao existe o aumento do vapor

de agua, logo trata-se de um arrefecimento evaporativo indireto (Goncalves e Graca, 2004).

Uma das estrategias para o arrefecimento evaporativo e o uso de vegetacao em espacos exteriores

que, alem de oferecer sombreamento e contribuir para a beleza do espaco, reduz a temperatura local

atraves do processo de evapotranspiracao resultante da fotossıntese.

2.4.3 | Arrefecimento Radiativo

No arrefecimento radiativo a envolvente exterior do edifıcio emite a radiacao que nela incide. Este

processo e contınuo, mas e no perıodo noturno que os seus efeitos sao mais evidentes. A cobertura

do edifıcio constitui uma parte importante para o sucesso deste processo por ter maior exposicao a

radiacao solar. Nesta podem ser instalados sistemas de isolamento moveis que sejam ativos no perıodo

diurno para evitar o ganho excessivo de calor nos pisos superiores (Goncalves e Graca, 2004).

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Figura 2.24: Problemas Decorrentes do Excesso de Inercia Termica (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

2.5 | Inercia Termica

A inercia termica refere-se a capacidade de um elemento armazenar calor e so liberta-lo ao fim de

um certo tempo. Esta caracterıstica pode ser usada para absorver os ganhos de calor durante o dia,

reduzindo a carga de arrefecimento e liberta-los a noite, reduzindo assim a carga de aquecimento do

edifıcio (Silva e da Gloria Gomes, 2013).

Timor-Leste possui um clima quente e humido, onde a amplitude termica diaria e pequena por isso a

construcao com elevada inercia termica deve ser evitada.

Nos edifıcios onde sao utilizados materiais como o betao, a taipa, o adobe ou a pedra, o excesso de

inercia termica potencializa o aparecimento de condensacoes nas superfıcies de elementos macicos

devido a elevada humidade do ar (Guedes et al., 2015) (Figura 2.24).

A elevada inercia termica tem impacto nao somente na aceleracao da deterioracao das construcoes,

como na qualidade do ar interior, por impedir a ventilacao natural; na qualidade da iluminacao interior,

por dificultar a iluminacao natural e no conforto, que se reflete no aumento do consumo energetico para

conseguir uma temperatura confortavel no espaco habitado.

A construcao com materiais mais leves como a madeira, palapa e o gamuti contribui para a ventilacao

do espaco habitado por permitir a circulacao de ar entre divisoes. A ventilacao do edifıcio permite a

diminuicao da temperatura do ambiente interior e previne o aparecimento de humidades resultantes das

condensacoes superficiais.

No Capıtulo 4 e apresentada a analise comparativa do desempenho energetico e de conforto entre dois

modelos do Projeto UMA - um em madeira e outro em alvenaria, (i.e. com maior inercia termica) - cujos

resultados comprovam que a madeira tem vantagens em relacao a alvenaria no que diz respeito ao

consumo de energia para manter uma temperatura interior de conforto.

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Figura 2.25: Controle de Ganhos Internos — Grande parte das atividades quotidianas e feita ao ar-livre seja noespaco publico ou nas galerias existentes nos edifıcios, o que diminui as cargas termicas internas do edifıcio econtribui para o controle de ganhos internos. (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

2.6 | Controle de Ganhos Internos

Os ganhos internos de um edifıcio tem como fonte as cargas termicas internas: os ocupantes, o equipa-

mento e a iluminacao. Dependendo da natureza das atividades afetas ao espaco as cargas tem maior

ou menor impacto no conforto termico.

Dado que em Timor-Leste as atividades quotidianas decorrem maioritariamente no exterior, sendo

pouco frequente a existencia de um numero significativo de aparelhos que libertem calor dentro dos

compartimentos (exceto em edifıcios de servicos), nao serao considerados os ganhos termicos decor-

rentes da ocupacao ou do equipamento. O controle de ganhos termicos constitui uma medida para a

sustentabilidade dado que contribui para a minimizacao da necessidade de arrefecimento, evitando que

estes sejam muito significativos e nao possam ser totalmente dissipados por processos naturais como

por exemplo a ventilacao.

2.6.1 | Iluminacao como Estrategia de Reducao de Ganhos Internos

A utilizacao exagerada de iluminacao artificial causa ganhos internos de calor muito elevados. Por essa

razao o desenho dos espacos deve permitir a entrada e distribuicao de luz natural suficiente para o

conforto visual dos ocupantes (Guedes et al., 2015). Visto que a iluminacao artificial nao pode ser

totalmente removida torna-se relevante a escolha inteligente dos sistemas de iluminacao e a gestao

racional por parte dos utilizadores.

A Figura 2.27 expressa a influencia da configuracao das aberturas e divisoes na eficacia da iluminacao

natural. Com uma janela pequena a divisao fica mais protegida da radiacao solar e do ruıdo exterior,

mas esta estrategia reduz a iluminacao natural do espaco. A profundidade da divisao influencia direta-

mente na iluminacao natural do espaco pois quanto maior, menor e a iluminacao natural, o que leva a

necessidade da utilizacao de luzes artificiais que poderao aumentar a temperatura do espaco habitado.

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Figura 2.26: Exemplo da Aplicacao de Estrategias Bioclimaticas — Casa do Ramos-Horta (Fotografias de ManuelCorreia Guedes)

Figura 2.27: Iluminacao Natural — Dimensao da Janela - menos eficaz (1a imagem) e mais eficaz (2a imagem) eDimensao da Divisao - menos eficaz (3a imagem) e mais eficaz (4a imagem) (Adaptado de Lengen, 2004)

A vegetacao na superfıcie exterior adjacente a divisao contribui para a absorcao dos raios solares, ao

contrario do betao que reflete a radiacao solar aumentando assim a iluminacao natural.

2.6.2 | Outras Estrategias para Reduzir Ganhos Internos

Nos edifıcios de servicos - comercios, escritorios, escolas, entre outros - a elevada quantidade de

equipamentos e a concentracao de pessoas interfere com o conforto termico no interior do edifıcio.

Para atenuar os efeitos desta realidade pode-se recorrer a outras estrategias para reduzir ganhos in-

ternos tais como a introducao de patios e atrios - que favorecem a ventilacao e iluminacao natural - e a

colocacao de equipamentos em zonas onde a concentracao de pessoas seja menor (Figura 2.26).

2.6.3 | Uso de Controles Ambientais

Os dispositivos de controle ambiental devem ser intuitivos e de simples utilizacao para que os ocupan-

tes possam usufruir dos benefıcios destes e fazer os ajustes necessarios para adequar os nıveis de

temperatura, iluminacao e ventilacao. A eficacia desta estrategia esta intimamente ligada a eficiencia

dos controles ambientais e a forma como os ocupantes a utilizam (Guedes et al., 2015).

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Figura 2.28: Conforto Termico e Ventilacao Mecanica (Imagem de Justin McGar (a esquerda) e Fotografia deManuel Correia Guedes (a direita))

2.7 | Criterios de Conforto

O conforto termico esta relacionado com o equilıbrio termico do corpo humano. Ao longo da atividade

quotidiana do ser humano, o seu metabolismo produz energia interna por meio da transformacao de

alimentos. Tal energia e essencial para a manutencao das funcoes vitais, bem como para a realizacao

de trabalhos que envolvem a atividade muscular. O excedente dessa energia e liberto por forma de

calor. Este aumenta de acordo com os nıveis de atividade fısica de cada ser humano.

Para que a temperatura do corpo seja mantida dentro dos nıveis de conforto e necessario que haja a

eliminacao do calor em excesso. O equilıbrio termico e mantido pelo sistema organico de termorregula-

cao que efetua trocas de calor com o meio envolvente. Quanto maior for o trabalho do termorregulador,

maior a sensacao de desconforto (Alvaro Cesar Ruas, 2001).

O conforto termico pode ser medido e por isso existem valores regulamentados que devem ser res-

peitados aquando da elaboracao de um projeto de arquitetura. Atualmente o RCCTE e o regulamento

que estabelece os requisitos mınimos para o conforto termico das edificacoes em Portugal. No entanto,

este regulamento nao pode ser diretamente aplicado no territorio de Timor-Leste, visto que “...existe

hoje um vasto corpo de informacao, que demonstra que as pessoas que vivem em paıses com climas

mais quentes estao satisfeitas em temperaturas mais altas do que as pessoas que vivem em paıses com

climas mais frios, e estas temperaturas sao significativamente diferentes (superiores e inferiores, res-

pectivamente) das temperaturas consideradas “ideais” pelos padroes convencionais.” (Guedes et al.,

2015, p. 103)

As estrategias passivas enumeradas ao longo deste capıtulo, nem sempre sao suficientes para garantir

o conforto dos utilizadores. Porem sabe-se que os edifıcios bioclimaticos sao mais eficientes na garantia

do conforto fisiologico e psicologico dos ocupantes por representarem uma alternativa cujo consumo

energetico e mais baixo e amigo do ambiente (Guedes et al., 2015).

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Figura 2.29: Ventilacao Mecanica — Ventoinhas - O uso de ventoinhas para climatizacao melhora o conforto dosutilizadores consumindo pouca energia eletrica, sendo por isso uma boa opcao para o ambiente. (Fotografias deManuel Correia Guedes)

2.8 | Sistemas de Arrefecimento Ativo

Os sistemas de arrefecimento ativo sao todos aqueles cujo funcionamento depende do consumo de

energia.

2.8.1 | Ventilacao Mecanica

A ventilacao mecanica e aquela que e forcada por equipamentos. O recurso a este tipo de ventilacao

e devido quando a ventilacao natural nao e suficiente para garantir condicoes de higiene e conforto

necessarias. Todavia pode constituir uma medida de sustentabilidade quando usada de forma racional,

isto e, quando o seu uso e aplicado apenas em caso de necessidade e quando este nao implica um

elevado consumo de energia. No caso de Timor-Leste, a ventoinha constitui uma estrategia eficiente

para a ventilacao nao natural, como e possıvel averiguar na Tabela 2.7.

Estrategia Descricao

Ventoinhas

O uso de ventoinhas pode melhorar o desempenho das tecnicas de ventilacaonatural.As ventoinhas de tecto, caixa ou oscilantes, aumentam as velocidades do arinterior e trocas por conveccao, aumentando os processos convectivos e me-lhorando o conforto.Estes mecanismos podem tambem ser uteis quando a abertura de janelascausa penetracao de calor, excesso de velocidade do ar, ou problemas deruıdo.Os sistemas de ventilacao assistida, envolvendo ductos e aberturas especiaispara o efeito, podem tambem ser utilizados para melhorar a circulacao do aratraves do edifıcio.

Tabela 2.7: Estrategia de Ventilacao Nao Natural (Adaptado de Guedes et al., 2015)

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Figura 2.30: Energia — Aproveitamento da Energia Solar numa Habitacao em Dıli (Fotografias de Manuel CorreiaGuedes)

2.9 | Energia

O conceito de energias renovaveis esta intimamente ligado a utilizacao de fontes energeticas - sol,

vento, agua e biomassa - com uma baixa producao de poluentes e impactes ambientais pouco signifi-

cativos, sendo por isso considerada uma medida de sustentabilidade.

Esta seccao contem informacoes sobre energia no que diz respeito a:

Rede Eletrica em Timor-Leste

Sistemas Ativos de Energia Renovavel

2.9.1 | Rede Eletrica em Timor-Leste

Em 1996 apenas 25% das habitacoes timorenses tinha acesso a rede eletrica. Esta era abastecida por

centrais eletricas a diesel compostas por 4 geradores principais - Dıli, Baucau, Gleno e Maliana; 64 ge-

radores secundarios espalhados pelo territorio e cerca de 290 instalacoes de energia solar domestica.

Com o Referendo de 1999 a rede eletrica sofreu uma grande quebra com a destruicao de varias in-

fraestruturas. Nos locais onde nao foi totalmente removida a energia eletrica funcionava num perıodo

reduzido de tempo - 6 dias por semana, 13 horas por dia. Desde entao a rede eletrica tem sido moder-

nizada. Atualmente o sistema de producao de energia eletrica e composto por 58 geradores a diesel

individuais que distribuem localmente (Guedes et al., 2015).

2.9.2 | Sistemas Ativos de Energia Renovavel

Timor-Leste e um paıs onde a abundante radiacao solar leva a que o Sol seja uma das fontes com

maior potencial para producao de energia eletrica, todavia o uso de outras fontes renovaveis tambem e

possıvel como veremos nesta subseccao.

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Energia Solar Termica

Esta energia consiste no aproveitamento da energia solar para aquecimento da agua. Os baixos cus-

tos comparativos com a utilizacao de outras fontes de energia este fim tornam este sistema bastante

apetecıvel. A sua instalacao deve ser feita na cobertura dos edifıcios com 30o de inclinacao na face

orientada a Norte. A sua localizacao depende da localizacao do deposito de agua fria (Guedes et al.,

2015).

O aproveitamento desta energia pode ser feito de duas formas:

– Sistema com deposito para aquecimento de agua

– Coletor solar

Mais informacoes sobre o sistema com deposito para aquecimento de agua e o coletor solar podem ser

encontradas no Anexo A.2.1.

Energia Fotovoltaica

Esta energia consiste na conversao de energia solar em eletrica atraves de paineis fotovoltaicos. Os

equipamentos solares fotovoltaicos domesticos serao aplicados em zonas remotas, onde o sistema

nacional de distribuicao de energia eletrica nao seja acessıvel.

Apesar das vantagens da utilizacao da tecnologia solar fotovoltaica (Tabela A.19) esta tambem apre-

senta desvantagens, principalmente no que diz respeito a viabilidade economica (Tabela A.5). Atual-

mente este sistema esta implementado em algumas localidades de Timor-Leste, no entanto o Estado

preve o apoio a um programa de iluminacao solar que oferecera o acesso a luz eletrica no medio prazo

(Guedes et al., 2015).

Mais informacoes sobre paineis fotovoltaicos podem ser encontradas no Anexo A.2.2.

Energia Eolica

A producao de energia eolica implica a utilizacao de tecnologias avancadas, o que conduz a um inves-

timento inicial muito oneroso. Uma das desvantagens desta tecnologia e o facto de nao responder a

picos de consumo dada a imprevisibilidade do fluxo de vento (Guedes et al., 2015).

O territorio de Timor-Leste tem sido estudado com o intuito de identificar as areas adequadas para turbi-

nas eolicas. As areas montanhosas do Leste de Maliana, Sudoeste e Leste de Venilale e Quelicai foram

identificadas como as mais potenciais para a producao de eletricidade eolica. O aproveitamento desta

energia pode ser feito atraves de aerogeradores construıdos a partir da reciclagem de alternadores de

automoveis, pedacos de madeira ou fibra de vidro e tudos (Guedes et al., 2015).

Mais informacoes sobre aerogeradores podem ser encontradas no Anexo A.2.3.

Energia da Agua

A energia hidroeletrica consiste na conversao da energia potencial do escoamento de um lıquido em

energia mecanica e eletrica, em que, em cada ponto existe uma diferenca de cota geometrica desse

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Figura 2.31: Lenha e Carvao Vegetal (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

ponto relativamente a um plano horizontal de referencia. A energia de escoamento deve-se a energia

gravıtica proporcionada pelas quedas de agua em rios naturais ou artificiais, sistemas de transporte

hidraulico compostos por tubagem ou ainda sistemas mistos compostos por tubagens e canais.

Em Timor-Leste este sistema pode ser aplicado, sem que haja a necessidade de barragens, nas ribeiras

existentes onde existe o potencial para a aplicacao de projetos de mini e micro hıdricas. Esta energia

e considerada sustentavel por nao implicar o consumo de agua, no entanto a sua implementacao pode

ter impactes ao nıvel da fauna local.

As vantagens da utilizacao desta fonte energetica sao principalmente a possibilidade de descentralizar

a obtencao de energia eletrica, baixos custos de construcao e manutencao, possibilidade de autos-

suficiencia energetica, o que representa uma mais valia para as zonas mais isoladas (Guedes et al.,

2015).

Biogas ou Gas Metano

O biogas ou gas metano e provem da transformacao em energia do gas libertado pelo lixo resultante

da atividade humana. Por nao ser toxico pode ser utilizado em seguranca e representa uma alternativa

ao consumo de lenha, que tem contribuıdo para a desflorestacao do territorio (Guedes et al., 2015). O

aproveitamento desta energia pode ser feito a partir de unidades de producao de biogas.

Em Timor esta fonte energetica pode ser produzida a partir da madeira, resıduos agrıcolas e lixo

domestico ou industrial. As principais vantagens deste sistema sao o baixo custo da materia-prima,

a baixa emissao de gases toxicos para o meio-ambiente e a contribuicao para a limpeza de flores-

tas, sendo que as cinzas resultantes da combustao de resıduos podem ser aproveitadas para outras

atividades.

Mais informacoes sobre biogas ou gas metano podem ser encontradas no Anexo A.2.4.

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Figura 2.32: Valas de Escoamento a Ceu Aberto (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

2.10 | Agua, Saneamento e Drenagem

O acesso a agua potavel e um dos principais fatores para o desenvolvimento economico e social por

melhorar a saude publica, criar novos empregos ao incentivar o desenvolvimento rural, tornar mais facil

a manutencao e protecao dos recursos hıdricos existentes, bem como uniformizar a sua distribuicao.

Nesta seccao iremos abordar assuntos relacionados com:

Agua

Rede Hidraulica em Timor-Leste

Saneamento

Drenagem

2.10.1 | Agua

Muitas regioes de Timor-Leste sofrem com a escassez de agua, principalmente na epoca seca. Esta e

uma das principais razoes pelas quais o cuidado com este recurso deve ser contemplado nos projetos

de arquitetura sustentavel.

Esta subseccao contem informacoes sobre a rede hidraulica em Timor-Leste e o uso da agua que

podem ser aplicadas no seu territorio.

Metodos de Captacao

Cisterna | O sistema de armazenamento de agua consiste numa cisterna equipada com um filtro que

recolhe e conserva a agua da chuva, canalizando-a a partir da cobertura da habitacao (Guedes et al.,

2015). Durante a epoca das chuvas este sistema e vantajoso por permitir a acumulacao de agua que

pode ser utilizada nas regioes onde nao haja o fornecimento de agua potavel.

Mais informacoes sobre a Cisterna podem ser encontradas no Anexo A.3.1.

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Metodos de Potabilizacao

Os metodos de potabilizacao podem ser fısicos ou quımicos.

Metodos Fısicos | A filtracao e um dos metodos fısicos que que ajuda a eliminar as bacterias, o que

nao torna a agua propria para consumo. Em Timor o sistema de filtracao da agua e feito com recurso a

areia, embora esse tipo de sistemas seja em numero muito reduzido. No meio rural pode ser aplicado

um sistema de filtro de areia constituıdo por cascalho de construcao simples e um bidao de 200 L.

A ebulicao e o metodo fısico de potabilizacao da agua e mais eficaz na destruicao de micro-organismos

presentes na agua. A sua utilizacao consiste em ferver da agua a uma temperatura de cerca de 100oC

(Guedes et al., 2015).

Metodos Quımicos | Embora existam diversos metodos quımicos para tratamento de agua o cloro con-

tinua a ser o mais importante para a purificacao da agua. Este metodo consiste na aplicacao de lixıvia

em agua previamente filtrada que deve permanecer em repouso durante cerca de 20 minutos antes de

ser consumida. A proporcao a utilizar e de 2 gotas de lixıvia/L de agua filtrada (Guedes et al., 2015).

Abastecimento

Atualmente o sistema de abastecimento nao cobre todos os domicılios timorenses, o que tem con-

tribuıdo para o aumento da mortalidade e propagacao de doencas pelo consumo de agua contaminada.

A reabilitacao dos sistemas existentes deve ser uma prioridade de modo a melhorar as condicoes de

vida da populacao. Todavia a implementacao de novos sistemas, especialmente nas areas rurais e

de difıcil acesso, contribui significativamente na melhoria da condicao economica e para protecao do

meio-ambiente.

O abastecimento deve ser eficiente e evitar desperdıcios por meio de fugas de agua, sendo por isso ne-

cessaria a existencia de uma entidade para controlar e intervir aquando do aparecimento de problemas

na rede (Guedes et al., 2015).

Instalacao

As instalacoes consistem em tubos de distribuicao e escoamentos de agua ligados as instalacoes sa-

nitarias. A existencia de um sistema de abastecimento pressupoe a existencia de um sistema de esco-

amento de aguas negras (Guedes et al., 2015).

2.10.2 | Rede Hidraulica em Timor-Leste

A agua potavel e desfrutada por 57% da populacao timorense e apenas 20% tem condicoes de sanea-

mento basico (Censos 2010, GTL).

A saude publica esta intimamente ligada a eficiencia dos sistemas de saneamento de agua pois a sua

poluicao provoca a contaminacao da populacao por infecoes resultantes da mistura de agua potavel

com resıduos quımicos toxicos e bacterias. A agua contaminada e uma das principais causas de

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Figura 2.33: Condicoes de Salubridade em Timor-Leste — A falta de salubridade e a convivencia entre pessoas eanimais no mesmo espaco tem causado a proliferacao de doencas. (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

morte infantil pela falta de saneamento, abastecimento e higiene deste recurso tao precioso para a vida

quotidiana.

Com o Referendo de 1999 grande parte das instalacoes e infraestruturas de agua e saneamento urbano

ficaram danificadas, o que resultou na diminuicao de horas de acesso a agua potavel a cerca de 96%

dos domicılios urbanos fora de Dıli. Devido a inadequada capacidade dos sistemas de abastecimento

de agua potavel esta so esta disponıvel durante 1 hora em dois dias da semana. Embora nos ultimos

tempos tenham sido implementados outros sistemas para colmatar esta falta, estes tem apresentado

problemas de manutencao e funcionamento.

Nalgumas zonas o unico meio de abastecimento de agua potavel sao os recursos hıdricos naturais

que se situam, geralmente, longe das zonas habitacionais e em locais de difıcil acesso, o que leva

a que muitas famılias utilizem parte do seu rendimento para adquirir agua potavel engarrafada. O

abastecimento de agua potavel nas escolas e um dos objetivos para o estado timorense, cujo objetivo e

fomentar o desenvolvimento da educacao e implementar nas criancas habitos de higiene seguros para

o uso domestico e assim ter um impacto positivo no futuro da nacao.

O tratamento de aguas residuais nao e feito em todo o territorio. Apenas em Dıli existem dois sistemas

de aguas residuais, sendo que nas outras areas do paıs as descargas residuais sao feitas ao ar-livre

e acabam por contaminar os nıveis freaticos ou os canais de recolhas de aguas pluviais. Durante as

estacoes de chuva os resıduos que antes estavam acumulados nas ruas acabam por ser levados para

os cursos de agua que, chegando ao mar, poluem o oceano e afetam a fauna e a flora (Guedes et al.,

2015).

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Figura 2.34: Latrina Publica em Lospalos (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

2.10.3 | Saneamento

O saneamento desempenha um importante papel na prevencao de focos de infecao e proliferacao de

doencas na populacao. Grande parte da populacao timorense nao tem acesso a instalacoes sanitarias

e infraestruturas de saneamento. De acordo com os Censos 2010 apenas 39% da populacao tem

acesso a instalacoes como latrinas.

Nas areas urbanas a recolha e tratamento de esgotos e pouco frequente, deixando as aguas poluıdas

acessıveis. A convivencia entre seres humanos e animais domesticos nos aglomerados familiares

conduz a uma situacao de insalubridade propıcia a propagacao de doencas, o que tem uma influencia

direta nas condicoes economicas de cada famılia (Figura 2.33).

Os resıduos resultantes dos dejetos humanos e animais devem ser tratados e eliminados em seguranca.

Em Timor-Leste podem ser aplicados dois sistemas para esse fim:

– Latrina seca

– Fossa septica

Mais informacoes sobre sistemas de saneamento podem ser encontradas no Anexo A.3.2.

2.10.4 | Drenagem

A drenagem e importante para a prevencao de enxurradas e cheias que sao tao frequentes no territorio

de Timor-Leste. A construcao de canais adequados ao escoamento da aguas previne a propagacao de

doencas, reduz as inundacoes e a contaminacao das aguas subterraneas.

Atualmente esta a ser elaborado um Plano Mestre de Agua, Saneamento e Drenagem cujo objetivo

principal e o estabelecimento de sistema de recolha de esgotos que cubra grande parte da cidade de

Dıli e a reabilitacao de esgotos ja existentes, separando o esgoto dos canais de drenagem de aguas

pluviais (Guedes et al., 2015).

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Figura 2.35: Sustentabilidade Urbana (Fonte: Institute for Advanced Architecture of Catalonia (a esquerda) e Autor(a direita)

2.11 | Sustentabilidade Urbana

A sustentabilidade urbana e alcancada quando as cidades tem um desenvolvimento sustentavel que

contempla nao somente a esfera ambiental, como material e humana (Figura 2.35).

Esta seccao aborda os seguintes temas relacionados com a sustentabilidade urbana:

Necessidades Habitacionais Basicas

Processo Habitacional em Timor-Leste

Habitacao Evolutiva

A Revolucao Industrial foi a principal catalisadora do exodo rural, o que levou ao aumento da densidade

populacional na cidade. Este fenomeno levou a uma crise habitacional que foi objeto de estudo para

arquitetos, medicos, entre outros. Atraves do trabalho, reflexao e da colaboracao de diversas entidades

no planeamento das cidades, foram delineados planos de acao com o intuito de melhorar a qualidade

de vida dos citadinos (Baron, 2011). A implementacao de programas habitacionais surge assim da

crenca de que a construcao em massa ira resolver os numeros do defice habitacional e contribuir para

a regeneracao da sociedade.

Na Europa pos-guerra a necessidade de novas habitacoes para a reconstrucao do parque habitacional,

levou a que os arquitetos projetassem casas mais economicas. Em certos paıses, como por exemplo o

Brasil, foram construıdas grandes areas habitacionais para dar resposta a necessidade de alojamento

do grande contingente de mao de obra nao qualificada necessaria para o desenvolvimento do sector

de construcao civil (Baron, 2011).

Algumas das solucoes urbanas adotadas mostraram-se inadequadas para uma boa relacao entre o

bem-estar, a saude e a habitacao. Estas areas habitacionais possuem (Guedes et al., 2015):

– Elevada densidade populacional;

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– Poucos espacos e equipamentos coletivos reservados a recreacao;

– Excessiva concentracao de grupos sociais marginalizados da sociedade, onde predomina o de-

semprego e a sobrelotacao das habitacoes;

– Ma qualidade construtiva;

– Conjuntos de edifıcios monotonos, sem a preocupacao com o desenho do espaco publico e da

relacao entre este e o espaco privado;

– Localizacao afastada do centro da cidade, onde nao existem alternativas aos meios de transporte

privados, o que leva ao isolamento.

A existencia destes problemas levou a decadencia da qualidade de vida nas areas perifericas da cidade

destinadas a habitacao.

2.11.1 | Necessidades Habitacionais Basicas

Para garantir o bem-estar dos habitantes da cidade e necessario que nesta haja (Guedes et al., 2015):

– Seguranca;

– Higiene;

– Variacao;

– Promocao do convıvio com a criacao de espacos publicos de qualidade;

– Espacos verdes na envolvente das zonas habitacionais;

– Facil acessibilidade.

2.11.2 | Processo Habitacional em Timor-Leste

A sustentabilidade do espaco urbano em Timor-Leste podera ser alcancada atraves de projetos de

arquitetura que otimizem aspetos como (Guedes et al., 2015):

i Orientacao para iluminacao e ventilacao natural;

ii Estruturacao do espaco e elementos interiores e exteriores tendo em conta o microclima de cada

local;

iii Aproveitamento funcional da forma do terreno, reduzindo ao maximo a intervencao no mesmo;

iv Utilizacao de recursos locais em materiais de construcao e mao-de-obra;

v Valorizacao e preservacao das condicoes da paisagem natural.

As intervencoes neste territorio devem ser socialmente adequadas e duraveis, incluir a participacao dos

proprios utilizadores do espaco a intervir, criar conjuntos urbanos estimulantes e adequar a conjugacao

entre o espaco construıdo e o natural (Guedes et al., 2015).

O territorio timorense carece de uma intervencao a nıvel estrutural. De modo a possibilitar a evolucao

das infraestruturas urbanas importa considerar a rede viaria e o sistema de drenagem de aguas pluviais,

os espacos exteriores publicos comuns, as redes de abastecimento de energia eletrica e iluminacao

publica, e as redes de distribuicao de agua e evacuacao de esgotos domesticos (Guedes et al., 2015).

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Ao longo do processo de urbanizacao deve ser feita a economia e racionamento dos recursos dis-

ponıveis atraves de varias medidas tais como o aproveitamento do espaco exterior privado, o enten-

dimento do espaco da habitacao evolutiva como volumetria util, entre outros dos quais se destaca o

investimento em casas evolutivas (Guedes et al., 2015).

2.11.3 | Habitacao Evolutiva

Quando o processo de apropriacao do espaco nao obedece a princıpios nem regras orientadoras,

surgem cidades informais, tambem conhecidas como slums2.

Nas zonas perifericas as maiores cidades timorenses e possıvel observar locais onde o processo de

urbanizacao informal ja teve inıcio. Aqui a intervencao urbana tera que enfrentar desafios como:

– Desenvolvimento da regularizacao fundiaria;

– Implantacao de infraestruturas de drenagem, saneamento basico, redes de instalacoes e vias

rodoviarias estruturantes;

– Eliminacao de habitacoes em areas de risco;

– Abertura de vias de acesso local, rodoviarias e pedonais;

– Implantacao de redes de agua, esgotos, drenagem e energia eletrica;

– Melhoria das habitacoes existentes;

– Construcao de novos edifıcios para realojamento das famılias;

– Desenvolvimento de espacos urbanos;

– Melhoria da imagem urbana e acabamento das fachadas preexistentes;

– Participacao dos habitantes em todo o processo desde o projeto a construcao.

A habitacao evolutiva e uma opcao a considerar quando se trata da intervencao em locais onde o pro-

cesso de urbanizacao ja tenha iniciado por permitir a adequacao ao estilo de vida proprio da populacao

habitante no espaco a intervir.

Inicialmente sera necessaria a existencia de um lote dotado com tomadas e pontos de servico de aguas,

esgotos e eletricidade. Neste mesmo lote a existencia de uma casa mınima que possa adequar-se ao

modo de vida e ao clima, sera tambem uma mais-valia, no sentido em que podera ser evoluıda de

acordo com as necessidades do cliente. As quatro principais modalidades de evolucao sao a extensao,

a subdivisao, o autoacabamento e a adaptabilidade (Guedes et al., 2015). A habitacao evolutiva e uma

alternativa a considerar desde que nao comprometa a imagem do todo da cidade.

2Termo ingles cuja traducao em portugues significa favela. S.f. 1. Conjunto de edifıcios, maioritariamente para habitacao,de construcao precaria e geralmente ilegal. 2. Lugar de ma fama, suspeito, frequentado por desordeiros. in Dicionario Priberamda Lıngua Portuguesa [em linha], 2008-2013 - Informacao retirada do site http://www.priberam.pt/dlpo/favela, visitado a 23 deSetembro de 2015

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Figura 2.36: Arquitetura Tradicional (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

2.12 | Princıpios de Sustentabilidade na Arquitetura Timorense

Esta seccao contem informacoes acerca de algumas estrategias bioclimaticas identificadas nas dife-

rentes tipologias arquitetonicas existentes no territorio timorense e que poderao ser implementadas em

construcoes futuras.

2.12.1 | Arquitetura Tradicional

A arquitetura tradicional e o resultado do desenvolvimento de estrategias de adaptacao ao meio ambi-

ente que foi transmitido de geracao em geracao.

A escolha do material de construcao esta relacionado com a sua abundancia e comportamento mecanico

no local, o tipo de construcao e a componente onde sera empregue. O uso de materias-primas locais

ajustadas a realidade envolvente tornam a arquitetura vernacular, por si so, uma medida para a susten-

tabilidade.

Para protecao ao calor a arquitetura tradicional possui uma forma alongada com vaos de tamanho

reduzido. Estes encontram-se protegidos pelas coberturas vegetais cuja area e superior a do espaco

habitado, criando assim zonas em sombra.

A maioria das atividades quotidianas e circulacoes entre divisoes sao feitas no exterior da habitacao,

o que reduz os ganhos de calor internos. A ventilacao natural e uma das estrategias utilizadas para

a dissipacao do calor que e concretizada atraves do uso de materiais permeaveis nas paredes e o

elevado pe-direito (Tabela A.10).

No Capıtulo 4 sera apresentada uma analise do Projeto UMA em duas materialidades diferentes, na

qual se comprova que a utilizacao de materiais locais de baixa inercia termica tem um impacto positivo

na reducao do consumo de energia.

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Figura 2.37: Arquitetura Contemporanea — Uso detalhado de zinco (a esquerda) e ”slums” (a direita) (Fotografiasde Manuel Correia Guedes)

2.12.2 | Arquitetura Colonial Portuguesa

Arquitetura Pre-1974 | A arquitetura colonial portuguesa pre-1974 possui um bom desempenho face ao

clima timorense pois adota algumas estrategias bioclimaticas presentes na arquitetura tradicional tais

como: o sombreamento atraves da cobertura e a forma alongada (em alguns edifıcios).

As paredes pintadas de branco resultam de forma positiva na protecao ao calor pois refletem a radiacao

solar incidente. Por outro lado a elevada inercia termica aliada a impermeabilidade das construcoes

constitui um problema, visto que nao permite uma franca ventilacao natural, dando origem a condensa-

coes (Tabelas A.6 e A.7). Esta tipologia arquitetonica sofreu fortes influencias da ocupacao japonesa,

tendo diminuıdo drasticamente o seu desempenho na protecao e dissipacao do calor tıpico do clima de

Timor-Leste.

Alguns edifıcios possuem uma forma compacta cuja cobertura nao protege totalmente a construcao,

originando assim maior facilidade no aumento da temperatura interior do espaco habitado. Os vaos

recebem a radiacao solar direta, o que aumenta os nıveis de iluminacao natural e diminui a protecao

ao calor. Os espacos exteriores possuem dimensoes pouco generosas para a pratica de atividades

quotidianas ao ar-livre, o que contribui para os ganhos de calor interno.

Arquitetura Pos-1974 | A arquitetura colonial portuguesa pos-1974 caracteriza-se por ter construcoes

de formas compactas, o que resulta em espacos concentrados e pouco arejados.

As coberturas protegem o espaco habitado (a semelhanca do que acontece na arquitetura pre-1974

anterior a invasao japonesa), mas por serem constituıdas por chapa de zinco promovem o sobreaque-

cimento do interior da construcao. A ventilacao transversal ineficiente aliada a elevada inercia termica

das paredes potencializa o aparecimento de condensacoes (Tabela A.11).

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Figura 2.38: Construcao Recente — Casa em Aileu (a esquerda) feita com cobertura de zinco e paredes deentrancado de palapa e “Uma Lulik” em Lospalos (a direita) construıda com cimento e revestimento de zinco(Fotografias de Manuel Correia Guedes)

2.12.3 | Arquitetura Contemporanea

A arquitetura contemporanea tem sido materializada de formas diferentes: construcoes para habitacao

nas quais sao adotados materiais nao tradicionais; construcoes que sao como uma copia dos mo-

delos estrangeiros e inadequados a realidade de Timor; reabilitacao de edifıcios para novas funcoes

que serao desempenhadas pelas elites polıticas; os edifıcios utilizados para comercio e servicos e a

construcao para ecoturismo.

O ecoturismo segue princıpios (Subseccao 1.3.4) que aliados a uma construcao com materiais locais

que garante uma interacao sustentavel entre o Homem e o Ambiente constituem uma medida para a

sustentabilidade. A construcao recente pode ser dividida em dois grupos: a que foi feita com fracos

recursos economicos e a que foi feita com ajuda internacional externa.

No primeiro grupo as estrategias bioclimaticas nao sao aplicadas, resultando em espacos construıdos

com pouca qualidade, fraca protecao e dissipacao do calor. Este tipo de construcao esta geralmente

localizado em ”slums” e serve as classes sociais mais desfavorecidas (Figura 2.37). O sombreamento

e aplicado pontualmente (apenas nos vaos) e a cobertura e constituıda por zinco, fracamente ventilada

e diretamente exposta a radiacao solar, o que contribui para o sobreaquecimento do espaco habitado.

Tais caracterısticas levam a que seja necessario o uso de aparelhos de ventilacao mecanica, o que

contribui para o aumento do consumo de energia eletrica (Tabela A.9).

No segundo grupo a aplicacao de estrategias bioclimaticas e mais eficiente no que diz respeito ao

sombreamento quando a cobertura prolonga-se sobre as paredes e a construcao e implantada no

meio arboreo. A ventilacao transversal e possıvel quando o material escolhido para as paredes e mais

permeavel. O mesmo nao se verifica quando estas sao constituıdas por blocos de cimento. A chapa

de zinco e utilizada como revestimento dos edifıcios o que nao isola o espaco habitado, podendo ainda

provocar o sobreaquecimento (Tabela A.8).

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3 | Casos de Estudo

Neste capıtulo sao apresentados tres casos de estudo considerados relevantes para a realizacao do

Projeto UMA:

Minimod House — MAPA Architects

A Minimod House prima pelo contato com a natureza, trazendo uma nova leitura da fronteira

entre o natural e o artificial. A sua configuracao base pode ser aumentada atraves da adicao

de modulos 100% pre-fabricados com madeira reciclada.

MIMA House — MIMA Lab

A MIMA House e uma casa modular simples e flexıvel que possui uma beleza e qualidade ar-

quitetonica singular. O seu conceito foi desenvolvido de modo a possibilitar o rapido fabrico e

montagem da estrutura.

Drop House — D3 Architectes

A Drop House desenvolve-se ao longo de um eixo no qual se situam as principais divisoes

da habitacao. O seu design minimiza os resıduos e o consumo energetico possibilitando a

utilizacao de fontes energeticas renovaveis.

Estes projetos distinguem-se por serem desenhados de acordo com os princıpios de sustentabilidade

com o intuito de suprir as necessidades ambientais, materiais e sociais de cada contexto que e o que

se pretende alcancar com o Projeto UMA.

Figura 3.1: Capıtulo 3 | Casos de Estudo (Adaptado de ArchDaily Brasil e Mima Housing)

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Figura 3.2: Minimod House — MAPA Architects (Adaptado de ArchDaily Brasil)

3.1 | Minimod House — MAPA Architects

Arquitetos: MAPA Architects

Localizacao: Maquine - Rio Grande do Sul, Brasil

Ano: 2013

Area: 27m2

O projeto Minimod House (ArchDaily Brasil, 2015) procura nao somente proporcionar um abrigo como

uma nova leitura da fronteira entre a Natureza e o artifıcio.

Composto por quatro modulos: quarto, instalacoes sanitarias, sala de estar e sala de refeicoes (que

contem a cozinha), num desenho compacto nascido de uma logica sistematica, permite ao cliente definir

os usos de acordo com a sua necessidade. A composicao dos modulos permite que esta estrutura seja

usada tanto para a habitacao sazonal, quanto para pequenos eventos e outros programas mais amplos

como hoteis e pousadas.

O modelo-base possui grandes aberturas em tres faces, fornecendo assim uma conexao com o ambi-

ente exterior ao mesmo tempo que favorece a iluminacao e ventilacao naturais do espaco interior. Os

modulos sao 100% pre-fabricados e transportados ate ao local onde serao implantados atraves de um

camiao ou grua. A sua configuracao permite a ampliacao e incorporacao de novos modulos.

O exterior da unidade e revestido com madeira reciclada e o interior inteiramente em madeira de pinho.

Toda a estrutura esta elevada do chao para evitar a penetracao de humidades. A iluminacao interior

noturna e feita atraves de dispositivos LED eficientes. A instalacao de um equipamento no telhado verde

da unidade permite o aproveitamento das aguas pluviais para uso na habitacao. Embora o modelo

construıdo nao possua paineis solares, esta estrategia tambem pode ser implementada de modo a

suprir as necessidades de consumo energetico.

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Figura 3.3: MIMA House — MIMA Lab (Adaptado de Mima Housing)

3.2 | MIMA House — MIMA Lab

Arquitetos: MIMA Lab

Localizacao: Portugal

Ano: 2011

Area: 36m2

A Mima House (ArchDaily Brasil, 2015) e uma casa fabricada no Norte de Portugal. Distingue-se pela

possibilidade de ser alterada pelo cliente durante todas as fases do projeto desde a concecao ate a

finalizacao da construcao. O conceito foi desenvolvido ao longo de varios anos de modo a conseguir

chegar a um produto final que fosse rapidamente fabricado, facil de montar e com uma boa relacao

qualidade-preco.

A casa possui uma planta quadrada cujas quatro fachadas sao quase identicas. O telhado e suportado

pelos cantos de modo a que as paredes exteriores possam ser inteiramente envidracadas.

A area interior e dividida por uma grelha de 1,5 x 1,5m demarcada em faixas integradas no teto e

no chao. As paredes interiores, constituıdas por paineis leves, sao facilmente amovıveis por duas

pessoas. O seu sistema e constituıdo por uma estrutura que se encaixa nas faixas, o que permite a

manipulacao do espaco de 1,5 em 1,5m. Os paineis de acabamento estao disponıveis em diferentes

cores, facilitando assim a mudanca da decoracao da casa. Paineis semelhantes podem ser utilizados

para cobrir as janelas de modo a conferir maior privacidade ou bloquear a luz solar indesejada.

Apesar da sua construcao ser a uma metodologia padrao a MIMA House possui uma serie de parametros

personalizaveis, o que torna cada projeto unico. Este projeto foi premiado em 2011 pela mundialmente

reconhecida plataforma de arquitetura ArchDaily.

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Figura 3.4: Drop House — D3 Architectes (Adaptado de ArchDaily Brasil)

3.3 | Drop House — D3 Architectes

Arquitetos: D3 Architectes

Localizacao: Ecole des Beaux Arts, Paris, Franca

Ano: 2011

Area: 48m2

A Drop House (ArchDaily Brasil, 2015) possui um design que minimiza os resıduos e o consumo

energetico, possibilitando ainda a mobilidade de toda a estrutura.

O projeto desenvolve-se ao longo de um eixo central com extensoes “pop-out” que formam a cozinha,

as instalacoes sanitarias, os quartos e o acesso. A disposicao das divisoes visa maximizar a area util,

dentro do possıvel com as restricoes impostas por se tratar de um contentor que pode ser fechado e

transportado quando as divisoes extra sao removidas.

A utilizacao de fontes energeticas renovaveis como a luz solar sao maximizadas pelo uso de materiais

que potencializam o rendimento termico. A estrutura de aco esta coberta com placas de madeira

assentes em paineis sanduıche de aco com la mineral de 80mm.

Conclusoes

Apos a analise dos tres casos de estudo, chegou-se a conclusao de que o Projeto UMA devera ser

uma estrutura modular com a possibilidade de aumentar a sua dimensao e possuir uma configuracao

espacial interior versatil.

A rapida construcao e fabrico tambem sao fatores importantes neste projeto. Para tal os materiais prin-

cipais escolhidos para a construcao do Projeto UMA serao preferencialmente locais e de facil manuseio.

A implementacao de estrategias bioclimaticas surge assim como uma mais-valia no projeto tanto em

termos ambientais como principalmente sociais, resultando na melhoria de vida da populacao.

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4 | Projeto UMA

A construcao habitacional e uma das areas com maior impacto na vida quotidiana do povo timorense

e a que mais carece de investimento. Quando se trata da concecao de um projeto para habitacao a

implementar no territorio de Timor-Leste e importante que este seja facilmente adaptavel a realidade

de cada famılia e a especificidade de cada local.

O Projeto UMA consiste numa habitacao modular cuja configuracao sera expansıvel e adaptavel. O Pro-

jeto UMA procura nao somente responder ao programa da habitacao, mas conciliar as raızes culturais

e tradicionais com o intuito de contribuir para o desenvolvimento de Timor-Leste.

As premissas deste projeto sao a concecao de uma casa passiva que integre estrategias para a sus-

tentabilidade e a possibilidade da sua expansao e adaptacao a realidade e evolucao de cada famılia.

O tamanho padrao da casa possui uma estrutura modular de dimensao de 2,5 x 2,5m composta por 18

modulos - 6 unidades de comprimento por 3 de largura - ladeados por duas varandas com 1,25m de

profundidade: uma na fachada principal e outra na tardoz.

Na malha reticulada que se encontra na base de apoio de toda a estrutura existem encaixes pre-

definidos que se destinam aos paineis divisorios do espaco. Tal estrutura permite que o espaco interior

seja manipulado em incrementos de 2,5m de acordo com a necessidade do cliente.

Figura 4.1: Capıtulo 4 | Projeto UMA

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Figura 4.2: Projeto UMA

4.1 | Programa

O programa base do Projeto UMA e o T1 composto por uma instalacao sanitaria, uma cozinha, uma

sala e um quarto. Esta habitacao tem a possibilidade de conversao em diferentes tipologias que vao

desde T1 a T3 que podem ser expandidas atraves da juncao de modulos ou alteracao da colocacao

dos paineis interiores. Sugere-se um nucleo central - composto pelos espacos da cozinha e instalacao

sanitaria - que faz a divisao entre a area social - a sala; e a privada – os quartos. Observa-se na Figura

4.3 as diferentes tipologias possıveis a partir da manipulacao dos paineis interiores.

Figura 4.3: Tipologias do Projeto UMA

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Figura 4.4: Paredes Tradicionais (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

4.2 | Materiais

O Projeto UMA1 integra materiais de construcao tradicionais, de producao local como o colmo, a palapa,

o bambu e a madeira que estabelecem um dialogo com tecnicas atuais de construcao e materiais

industrialmente produzidos.

A palapa pode ser utilizada na construcao de paredes ou na cobertura da habitacao, por ser um material

com grande resistencia mecanica e amplamente usado na construcao em Timor-Leste.

As vantagens da utilizacao do bambu sao diversas desde a estetica, versatilidade, rapido crescimento,

ao facto de ser um sistema eficaz na captura de carbono, sendo por isso uma das materias-primas

principais do projeto. Para alem destas caracterısticas o bambu e industrializado no territorio de Timor-

Leste que possui uma fabrica em Dıli, facilitando assim o acesso e manipulacao deste material.

As madeiras serao aplicadas na estrutura da casa, servindo como material para as asnas e vigas

que sustentam a cobertura. Este material possui uma fraca inercia termica, que e uma mais-valia no

desempenho energetico da habitacao.

Materiais pesados como o betao e a alvenaria de pedra foram escolhidos para a base e fundacoes,

dado que sao mais duraveis e resistentes a acao das intemperies em comparacao com a madeira.

Estes tambem sao empregues na demarcacao do espaco dentro da vizinhanca, isto e, na edificacao de

muros para a separacao de lotes. Este material pode ainda ser aplicado como revestimento nas zonas

macicas da casa.

A Seccao 4.5 contem uma analise do desempenho energetico do Projeto UMA materializado de duas

maneiras diferentes - alvenaria e madeira - cujos resultados mostram que a madeira e o material com

melhor comportamento termico face ao clima de Ermera.

1uma - s.f. casa, habitacao - Significado de “uma” de acordo com o dicionario online Tetum-Portugues-Indonesio - Informacaoretirada do site http://www.babylon.com/definition/uma-laran/Portuguese, visitado a 24 de Setembro de 2015

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Figura 4.5: Construcao em Lospalos (Fotografias de Manuel Correia Guedes)

4.3 | Tecnicas de Construcao

O Projeto UMA foi concebido para ser construıdo com os materiais autoctones ja conhecidos pelos

utilizadores. A estrutura modular permite que a casa seja construıda sem a necessidade de recorrer ao

uso de maquinaria pesada, sendo somente necessaria mao-de-obra local.

As diferentes etapas de construcao da casa pressupoem o trabalho em equipa para que se possa

agilizar todo o processo. Esta pratica ja esta enraizada na cultura timorense dado que a entreajuda,

especialmente dentro das comunidades rurais, representa uma atividade social coletiva (Subseccao

1.2.2).

A estrutura modular do Projeto UMA permite que os paineis divisorios sejam pre-fabricados e que a

montagem dos mesmos seja feita in situ. Cada painel possui uma dimensao de 2,5 x 2,5m, o que facilita

o seu transporte, manuseamento e viabiliza a construcao da habitacao por duas ou mais pessoas.

Para facilitar a edificacao da moradia o projeto devera ser acompanhado por um manual com esquemas

de facil entendimento que ilustrem as diferentes etapas do processo construtivo.

4.3.1 | Implantacao

Nos paıses de clima tropical humido a implantacao de construcoes deve ser feita tendo em conta o tipo

de solo. Nos solos mais argilosos a casa deve ser edificada sobre uma estrutura construıda no chao,

para evitar assentamentos diferenciais que poderao surgir ao longo do tempo.

As fases para a implantacao da casa num terreno plano e argiloso sao as seguintes:

1. Marcar as linhas de construcao de acordo com o tamanho da casa escolhida.

2. Preparar do terreno para receber a laje de betao, retirando o solo existente e substituindo por

areia.

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3. Assegurar a ligacao da casa aos servicos de rede publica de aguas e as redes privadas de aguas

e saneamento.

Nos casos em que o terreno nao e argiloso a implantacao podera ser feita sem a substituicao do solo

existente por areia.

4.3.2 | Fundacao

Apos a demarcacao da implantacao da casa e construıda a laje de betao de dimensoes 10 x 15,1m

(tamanho padrao) onde serao feitas as instalacoes de ligacao as redes de agua, esgotos, gas e eletri-

cidade (caso existam).

A escolha do betao como principal material para as fundacoes prende-se como facto de que este e

mais resistente a acao da agua e mais duravel, conferindo assim uma protecao a estrutura que assenta

sobre a laje. A altura de 20cm acima do solo garante a prevencao de danos causados pela chuva e a

putrefacao dos materiais.

Embora o betao tenha maior inercia termica do que a madeira, a sua aplicacao nas fundacoes nao inter-

fere significativamente com o desempenho energetico da construcao visto que nao impede a ventilacao

natural, nem aumenta a inercia termica dos elementos mais expostos a radiacao solar.

Figura 4.6: Projeto UMA — Laje

A laje (Figura 4.6) e composta por seis camadas: o betao armado - material utilizado para fundacoes

mais profundas (caso existam); isolamento e tela impermeabilizante - para impedir a ascensao de

humidades que coloquem em causa o funcionamento da estrutura; betao leve - que serve para nivelar

o chao e receber a ultima camada - o revestimento de madeira.

4.3.3 | Pavimento

O revestimento da laje de betao e feito em madeira. Esta camada esta marcada de acordo com o

modulo de 2,5 x 2,5m, o que possibilita o acesso aos encaixes dos paineis divisorios (Figura 4.7).

A madeira utilizada no revestimento da laje tanto pode provir de uma arvore endemica, como do bambu

que atualmente apresenta varias solucoes para a pavimentacao tais como placas, esteiras e paineis.

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Figura 4.7: Projeto UMA — Pavimento

4.3.4 | Estrutura

A casa possui uma estrutura em madeira que ira descarregar na laje de betao. A ligacao entre estes dois

materiais sera possıvel atraves dos encaixes em aco existentes na uniao entre as pecas de madeira

e o betao. O encaixe podera ser reforcado atraves da injecao de calda de cimento nao expansıvel

nos colmos do bambu, o que levara a obter um pilar mais consistente e facilmente fixavel. A ligacao

aderente entre o varao, a calda de cimento curada e as paredes do colmo, garantem uma fixacao mais

segura (Correia, 2014) (Figura 4.8).

Figura 4.8: Projeto UMA — Pilares - Fases de Construcao: colmo fechado na base com adesivo (1a imagem);perfuracao do colmo (2a imagem); preenchimento do colmo com calda e encerramento de furos (3a imagem);encaixe do colmo (4a imagem); esquema final (5a imagem) (Adaptado de Correia, 2014)

4.3.5 | Paineis — Paredes

Os paineis de bambu podem ser aplicados na industria construtiva em funcoes estruturais ou nao-

estruturais. A versatilidade dos paineis de bambu permite que sejam utilizados como pavimentos, pa-

redes, divisorias, tetos, portas, entre outros desde que submetidos a um tratamento de preservacao.

Na execucao de paredes divisorias os colmos estao geralmente orientados verticalmente e horizontal-

mente, constituindo assim a estrutura da construcao que suporta o peso proprio do edifıcio e as cargas

de utilizacao, meteorologicas e sısmicas (Correia, 2014).

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No Projeto UMA os paineis divisorios tem uma altura fixa de 2,5m. Em alguns modelos existem abertu-

ras no topo ou base para facilitar a ventilacao natural das divisoes (Figura 4.9).

Figura 4.9: Projeto UMA — Paineis

As paredes tem diferentes configuracoes em termos do trancado das pecas de madeira para que se

possa conferir maior ou menor privacidade. A colocacao de barreiras alinhadas segundo o maior eixo

da casa deve ser evitada para que nao impeca a fluidez da ventilacao natural.

4.3.6 | Cobertura

A cobertura em duas aguas assenta numa malha estrutural em madeira e possui uma inclinacao de

cerca de 60% que permite o escoamento das aguas provenientes da epoca de maior pluviosidade.

O avanco da cobertura cria uma zona ao ar-livre sombreada em ambos os lados da casa, na frente

como espaco de rececao e atras como de lazer familiar. Existe a possibilidade de incluir aberturas na

cobertura para entrada de luz zenital.

Figura 4.10: Projeto UMA — Pormenor da Cobertura

A cobertura e constituıda por quatro camadas: estrutura em madeira - suporte da camada seguinte;

ripas em madeira - suporte de chapa de aco que cria um espaco ventilado; chapa de aco - revestimento

refletor da radiacao que impede a transmissao desta para o interior da casa; palapa - isolamento da

restante estrutura (Figura 4.10).

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Figura 4.11: Projeto UMA — Caminho do Sol (Fonte: Revit)

4.4 | Desempenho Bioclimatico

Esta seccao contem as estrategias bioclimaticas adotadas relativamente a:

Localizacao, Forma e Orientacao

Isolamento

Sombreamento

Sistemas de Arrefecimento Passivo

Inercia Termica

Controle de Ganhos Internos

Sistemas de Arrefecimento Ativo

Energia

Agua, Saneamento e Drenagem

Sustentabilidade Urbana

Todas as analises ao desempenho bioclimatico foram realizadas atraves da introducao do modelo digital

tridimensional do Projeto UMA no software Revit Architecture 2016. O software Revit foi concebido

especificamente para o Modelo de Informacao da Construcao2, que permite explorar o design e a

construcao atraves de uma abordagem coordenada e coerente baseada no modelo tridimensional do

projeto. O Revit possui ferramentas do Modelo de Informacao para projetos de arquitetura, engenharia

de estruturas, entre outras, o que permite a coordenacao das diferentes disciplinas.

Figura 4.12: Projeto UMA — Software - Revit (Fonte: Google)

2Tambem conhecido como Building Information Modeling (BIM).

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Figura 4.13: Paisagem de Ermera (Fotografias de Lekibau)

4.4.1 | Localizacao, Forma e Orientacao

Localizacao

O distrito escolhido para localizar o Projeto UMA foi Ermera, por conseguinte todas as simulacoes do de-

sempenho bioclimatico foram feitas tendo em conta as caracterısticas deste local. Ermera caracteriza-

se por ter uma orografia acidentada e com altitudes elevadas no encontro com os distritos de Aileu e

Ainaro (Figura 4.14).

Figura 4.14: Projeto UMA — Localizacao (Fonte: GTL, 2013)

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Na Seccao 4.5 podera encontrar mais informacoes sobre o clima deste distrito.

Forma

O Projeto UMA possui uma forma paralelepipedica com dimensoes de aproximadamente 15 x 7,5 x

2,7m (padrao) podendo crescer em largura atraves da justaposicao de modulos que serao adicionados

de acordo com o crescimento da famılia.

Area Passiva | A area passiva da casa (Figura 4.15) representa cerca de 63% da area total da construcao,

o que indica que esta tem um grande potencial para a implementacao de estrategias bioclimaticas

(Seccao 2.1). A elevada percentagem de area passiva favorece o comportamento bioclimatico da

construcao no que diz respeito a ventilacao e iluminacao naturais.

Figura 4.15: Projeto UMA — Area Passiva - Definicao de areas passivas (cor clara) e nao passivas (ou ativas, cormais escura)

Orientacao

O Projeto UMA devera ser implantado com uma orientacao de acordo com o esquema da Figura 4.16

para otimizar a ventilacao natural, visto que estara sujeito as moncoes Asiatica - que sopra de Noroeste

para Sudeste no perıodo de Dezembro a Fevereiro - e Australiana - que sopra no sentido oposto de

Abril a Outubro.

Figura 4.16: Distribuicao dos Ventos Anuais - Frequencia (1a imagem); Velocidade (2a imagem) e Orientacao(3a imagem) (Fonte: Revit (1a e 2a imagens) e adaptado de Ecotect (3a imagem))

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Figura 4.17: Projeto UMA — Incidencia dos Raios Solares (Fonte: Revit)

4.4.2 | Isolamento

Grande parte da radiacao solar incide sobre a cobertura da casa (Figura 4.17). Por essa razao esta

parte da construcao tera diversas camadas para que o isolamento dificulte a conducao do calor para o

ambiente interior da casa.

Revestimento Refletivo da Envolvente | A palapa ira assentar sobre a chapa de aco/zinco que protege

da radiacao solar intensa que se faz sentir no territorio (Subseccao 4.3.6). A introducao da chapa de

aco/zinco permite que a espessura da camada de palapa seja reduzida, visto que tambem funciona

como isolamento. Desta forma a estrutura da cobertura torna-se mais leve.

Areas de Envidracados | A percentagem das areas de envidracados esta muito dependente da escolha

dos paineis por parte do cliente. O Projeto UMA possui os valores de area envidracada expressos

na Tabela 4.1. Nenhum dos valores do projeto ultrapassa os de referencia o que, aliado a outras

estrategias, contribui para evitar o sobreaquecimento do espaco habitado.

Orientacao % Projeto % Maxima

Norte 26% 40%

Sul 28% 40%

Nascente 0% 20%

Poente 0% 20%

Tabela 4.1: Projeto UMA — Percentagem de Area Envidracada de Acordo com a Orientacao da Fachada

4.4.3 | Sombreamento

Embora o perımetro da casa esteja em sombra devido ao avanco da cobertura, o ambiente interior

tem iluminacao natural satisfatoria (Figura 4.22). Existe a possibilidade de plantar arvores proximas a

habitacao cujo porte seja grande o suficiente para criar zonas em sombra e impedir a incidencia da luz

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Figura 4.18: Projeto UMA — Sombreamento

solar direta (Figura 4.18). A iluminacao natural podera ser aumentada atraves da colocacao de janelas

na cobertura. Estas potencializarao tambem a ventilacao natural por efeito de chamine.

4.4.4 | Sistemas de Arrefecimento Passivo

Ventilacao Natural

A pouca compartimentacao interior da casa facilita a fluidez da ventilacao natural, no entanto esta

medida podera ser complementada de formas distintas: com a plantacao de arvores altas ou sebes

que servem para demarcar os limites do lote e permitem controlar a intensidade da brisa que entra na

habitacao.

Vegetacao Alta | Na Figura 4.19 as palmeiras estao situadas a mais de 6 m da habitacao, o que aumenta

a intensidade da brisa que entra na habitacao. Nesta situacao considera-se que a brisa de Verao e

aumentada permitindo assim potencializar a ventilacao natural da habitacao.

Figura 4.19: Projeto UMA — Ventilacao Natural - Vegetacao Alta

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Vegetacao Baixa | Na Figura 4.20 a sebe esta plantada no perımetro do lote. A presenca deste tipo

de vegetacao permite que a brisa de Verao - que sopra de Noroeste para o Sudeste - tenha mais

intensidade. Esta medida e vantajosa por permitir que a temperatura interior da habitacao seja menor

devido a franca ventilacao natural.

E a brisa de Inverno - que sopra no sentido oposto - seja menos intensa (por estar mais perto da

casa), mantendo assim a temperatura do espaco habitado mais quente. Esta medida permite que a

temperatura interior nao diminua pelo efeito da ventilacao natural.

Figura 4.20: Projeto UMA — Ventilacao Natural - Vegetacao Baixa - Brisa de Verao (a esquerda) e de Inverno (adireita)

Paineis | A existencia de aberturas nos paineis torna a ventilacao natural dentro das divisoes mais eficaz

(Figura 4.21). A localizacao das aberturas influencia no percurso do ar dentro dos compartimentos

conforme observado na Subseccao 2.4.1.

Figura 4.21: Projeto UMA — Ventilacao Natural - Paineis

Arrefecimento Evaporativo

O arrefecimento evaporativo e proporcionado pela presenca de vegetacao no lote de implantacao da

casa e nos arranjos exteriores do espaco publico.

Arrefecimento Radiativo

O arrefecimento radiativo e proporcionado pela ventilacao natural do edifıcio que permite a libertacao

do calor acumulado durante o dia pela radiacao solar que incide na habitacao.

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Figura 4.22: Projeto UMA — Analise de Iluminacao (Fonte: Revit)

4.4.5 | Inercia Termica

Neste projeto priorizou-se o uso de materiais leves e de baixa inercia termica em grande parte da

estrutura visto que Timor-Leste e um paıs onde a amplitude termica diaria e baixa. Apenas na cobertura

houve o aumento da inercia termica atraves da aplicacao de palapa que serve de barreira ao calor.

A inercia termica dos paineis pode ser aumentada atraves da introducao de uma caixa de ar entre

panos de madeira. Esta estrategia pode ser utilizada caso se justifique, como por exemplo em zonas

onde o clima e mais frio, desde que haja uma franca ventilacao do espaco habitado para diminuir o

risco de aparecimento condensacoes superficiais.

Mais adiante nesta dissertacao, na Seccao 4.5, encontra-se uma comparacao do desempenho energetico

entre dois modelos do Projeto UMA com materialidades diferentes - um em madeira e outro em alve-

naria - cujos resultados comprovam que para a realidade de Timor-Leste e preferıvel a construcao com

baixa inercia termica.

4.4.6 | Controle de Ganhos Internos

Iluminacao como Estrategia de Reducao de Ganhos Internos

A iluminacao natural da habitacao deve ser suficiente para a maioria das atividades no seu interior. No

entanto existe a possibilidade de colocacao de dispositivos de iluminacao artificial de tecnologia LED3

na habitacao para que possam ser acionados em caso de necessidade. A tecnologia LED constitui uma

medida sustentavel dado possuir um rendimento luminoso bastante satisfatorio para baixos consumos

de energia (Tabela A.20).

3Consiste numa tecnologia de conducao de luz, a partir da energia eletrica.

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Uso de Controles Ambientais

Uma das questoes principais do Projeto UMA e a implementacao de controles ambientais simples. No

interior das casas e possıvel colocar dispositivos como venezianas ou cortinas, que permitem o controlo

da entrada de luz natural.

As janelas da cobertura permitirao aumentar a iluminacao do espaco, mas e atraves da colocacao de

venezianas que sera possıvel controlar a intensidade da luz que irradiara sobre as divisoes.

Embora a entrada de luz natural seja maioritariamente feita pelas areas envidracadas, a escolha dos

paineis exteriores tera um peso consideravel neste requisito, dado que quanto maior for a trama do

bambu, maior a entrada de luz.

4.4.7 | Sistemas de Arrefecimento Ativo

O uso de dispositivos de arrefecimento ativo nao esta previsto neste projeto. Caso haja a necessi-

dade de recorrer a este tipo de arrefecimento deverao ser instaladas ventoinhas visto que melhoram o

conforto termico com baixo consumo energetico (Seccao 2.8).

4.4.8 | Energia

Existem diversos sistemas de geracao de energia renovavel aplicaveis no territorio timorense (Seccao

2.9). Para o Projeto UMA foram escolhidos dois sistemas ativos de energia renovavel: o coletor solar e

os paineis fotovoltaicos.

Coletor Solar | O aproveitamento da energia solar termica e feito atraves de um coletor solar instalado

na cobertura da habitacao que esta ligado a rede de agua publica. A agua aquecida pelo coletor sera

dirigida para dois depositos instalados no interior da casa, a partir dos quais sera feita a distribuicao

para a cozinha e instalacoes sanitarias.

No Anexo A.19 encontram-se os desenhos documentais do Projeto UMA com os esquemas da instala-

cao do coletor solar.

Paineis Fotovoltaicos | Outra das formas de aproveitamento da energia solar e feita atraves da instala-

cao de paineis solares na face da cobertura orientada a Norte. A instalacao a Norte permite que a

captacao de radiacao solar seja mais eficiente.

No Anexo A.20 encontram-se os desenhos documentais do Projeto UMA com os esquemas da instala-

cao dos paineis fotovoltaicos.

4.4.9 | Agua, Saneamento e Drenagem

Na Seccao 2.10 observou-se que a agua e um elemento essencial para a qualidade de vida das popula-

coes. Como tal este elemento foi contemplado no Projeto UMA por intermedio da aplicacao de sistemas

de captacao de aguas pluviais e de saneamento de aguas residuais: a Cisterna e a Fossa Septica.

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Cisterna | O aproveitamento das aguas pluviais e feito atraves da recolha de aguas para uma cisterna.

O sistema de recolha consiste num conjunto de meias canas de bambu instaladas no perımetro da

cobertura da habitacao que conduzem as aguas pluviais para a cisterna.

O tanque de armazenamento de aguas foi dimensionado a partir dos valores de referencia (Tabela A.1)

para um agregado familiar constituıdo por 6 pessoas, com um jardim de 200 m2 e 2 lavagens mensais do

carro. Em Ermera o agregado familiar tem uma dimensao media de 6 pessoas, logo a cisterna devera

ter uma capacidade de armazenamento de 8,6 m3 de agua para que possa suprir as necessidades de

consumo de uma famılia com essas caracterısticas (Tabela A.2).

Para averiguar a viabilidade deste metodo de captacao de aguas pluviais procedeu-se ao calculo do

volume de captacao mensal que pode ser consultado no Anexo A.3.1. O resultado de 11,17 m3 indica

que a quantidade de agua recolhida durante a epoca de maior pluviosidade e suficiente para suprir as

necessidades de consumo da famılia.

No Anexo A.21 encontram-se os desenhos documentais do Projeto UMA com os esquemas da instala-

cao da cisterna.

Fossa Septica | A eliminacao de resıduos organicos e feita a partir da instalacao de uma fossa septica.

Esta encontra-se ligada a casa por meio de tubos subterraneos que conduzem os resıduos a fossa

septica ou a caixa de separacao de gorduras e sabao. Depois de passarem por estes dois sistemas as

aguas sao encaminhadas para campos de oxigenacao situados fora do limite do lote, prosseguindo o

seu caminho ate ao poco de absorcao.

Nos Anexos A.22 e A.23 encontram-se os desenhos documentais do Projeto UMA com os esquemas

da instalacao da fossa septica e da caixa de separacao de gorduras e sabao.

4.4.10 | Sustentabilidade Urbana

Timor-Leste carece de uma intervencao profunda na rede estruturante dos espacos urbanos e rurais.

Nesta seccao serao abordadas as medidas de promocao da sustentabilidade urbana implıcitas no Pro-

jeto UMA. Para tal assumiu-se um tamanho padrao do lote para que se pudesse fazer uma analise

sobre a area de implantacao da casa e a restante envolvente.

A integracao do Projeto UMA pressupoe a existencia das estruturas de agua, luz e gas nos locais a

ser implementado, todavia a inexistencia destas nao exclui a aplicacao deste modelo habitacional, visto

que este integra sistemas que permitem a captacao de agua e a producao de energia renovavel.

Casa

O tamanho (padrao) da casa tem 18 modulos e duas varandas. A escolha desta dimensao deve-se ao

tamanho medio do agregado familiar em Ermera. Os 18 modulos permitem ter tres quartos e uma sala,

servidos por uma instalacao sanitaria e uma cozinha.

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A habitacao possui uma area total (padrao) de 150m2 que pode ser expandida de acordo com o au-

mento do agregado familiar como e possıvel observar na Figura 4.23.

A evolucao da habitacao devera seguir regras previamente definidas - como por exemplo o tamanho

maximo de modulos que pode receber, a percentagem maxima de construcao num lote, entre outras -

de modo evitar o crescimento desordeiro caracterıstico do tecido urbano timorense atual.

Figura 4.23: Projeto UMA — Habitacao Evolutiva - Casa

Lote

O tamanho do lote previsto em projeto e de 20 x 22,5m (padrao), com uma area total de 450m2 onde

cada famılia tera um espaco privado para cultivo. A existencia desta porcao de terreno para cultivo

privado deve-se ao facto de que esta atividade e muito presente no quotidiano do povo timorense

(Subseccao 1.2.2).

A implantacao da casa deve permitir o crescimento desta sem prejuızo da utilizacao do espaco do lote.

Para tal sugere-se o esquema de implantacao da Figura 4.24.

Figura 4.24: Projeto UMA — Habitacao Evolutiva - Lote

Em todas as fases da evolucao da casa o terreno tem uma area permeavel superior a 50% da area total

do lote (Tabela A.13). Este fator e importante visto que quanto maior a permeabilidade do solo, mais

facil e o escoamento das aguas pluviais e quanto maior a area exterior privada, maior a facilidade de

desenvolvimento de atividades ao ar-livre.

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Figura 4.25: Projeto UMA

4.5 | Analise Comparativa do Desempenho Energetico: Alvenaria e

Madeira

Para averiguar o desempenho da construcao do Projeto UMA face ao consumo energetico foram reti-

rados do software Revit os resultados de analises de energia feitos a um modelo em alvenaria e outro

em madeira.

Esta seccao contem as analises feitas a:

Clima

Emissao Anual de Carbono

Utilizacao de Energia Combustıvel

Utilizacao de Energia Eletrica

Cargas Mensais de Aquecimento

Cargas Mensais de Arrefecimento

O resultados de cada subseccao representam o consumo energetico de um Projeto UMA de 18 modulos

sem as estrategias de aproveitamento da energia solar ou de qualquer outra fonte de energia re-

novavel. Estas analises foram feitas tendo como base o clima do distrito de Ermera captado pela

estacao climatica No1503372.

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4.5.1 | Clima

Para efetuar uma analise mais precisa dos modelos 3D do Projeto UMA foi feito um pequeno estudo do

clima da zona no qual a habitacao sera localizada. Este estudo teve como base os graficos relativos a

temperatura e humidade de Ermera retirados do Revit.

O objetivo do estudo climatico e descobrir quais as condicoes de conforto para os utilizadores do Projeto

UMA dado que, conforme abordado na Subseccao 1.2.1, Timor-Leste possui microclimas que diferen-

ciam entre si.

Temperatura

A temperatura e um dos criterios mais importantes para o conforto dos utilizadores (Seccao 2.7). A

sensacao de conforto esta relacionada com as temperaturas as quais o organismo esta habituado. Os

graficos das Figuras 4.26 e 4.27 permitem perceber quais os intervalos de temperatura mais comuns

em Ermera.

Grafico de Temperaturas Anuais (Bulbo Seco e Bulbo Molhado) | Na Figura 4.26 esta o histograma

das temperaturas anuais mais frequentes em Ermera para o bulbo seco e para o molhado. Atraves da

analise do grafico e possıvel observar que na maior parte do ano as temperaturas situam-se entre 18oC

e 20oC.

Quanto maior a diferenca entre as temperaturas de bulbo seco e molhado, mais seco e o ar e menor

a humidade relativa. Ermera apresenta grandes diferencas entre as temperaturas do bulbo seco e

molhado, logo pode-se concluir que a humidade relativa e pequena.

Figura 4.26: Grafico de Temperaturas Anuais (Bulbo Seco e Bulbo Molhado) (Fonte: Revit)

Medias Climaticas Diurnas | O grafico da Figura 4.27 contem informacoes acerca dos ciclos diarios

de temperatura e radiacao solar em Ermera. Atraves da analise do grafico e possıvel concluir que as

temperaturas oscilam entre os 12oC (temperatura mınima registada) e os 28oC (temperatura maxima

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registada).

Figura 4.27: Medias Climaticas Diurnas (Fonte: Revit)

Humidade

A humidade e tao importante quanto a temperatura para o conforto humano. O excesso de humidade

aumenta a sensacao de calor fazendo com que o utilizador se sinta ”abafado”. Por outro lado a falta de

humidade torna o ar seco e o ambiente desconfortavel.

Em geral as pessoas consideram a humidade relativa entre os 40% e 55% confortavel. Para valores

acima dos 55% o conforto nao sera afetado para temperaturas mais baixas.

O grafico das Figura 4.28 mostra os nıveis de humidade em Ermera.

Humidade | O grafico da Figura 4.28 permite perceber a variacao da humidade em Ermera durante o

ano. Atraves da analise do grafico e possıvel concluir que a humidade em Ermera oscila entre os 45%

e 95% ao longo do ano. Porem este fator nao representa um problema visto que a humidade relativa

nao e elevada.

Ao analisar os diferentes graficos chegou-se a conclusao que a temperatura interior de conforto para o

clima de Ermera e de 20oC, visto que e o valor de temperatura mais presente ao longo do ano. Todas

as analises aos modelos do projeto foram feitas tendo em conta esse criterio.

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Figura 4.28: Humidade (Fonte: Revit)

4.5.2 | Emissao Anual de Carbono

O carbono e um gas que contribui significativamente para o efeito estufa, tendo por isso um grande

impacto na vida de toda a fauna e flora terrestre. Os resultados da simulacao permitem averiguar qual

a emissao de dioxido de carbono, decorrente da construcao e utilizacao da casa – Figura 4.29.

Os valores apresentados no grafico permitem ver que a construcao em alvenaria emite mais 44% de

dioxido de carbono do que a de madeira. Isto deve-se ao facto de que e necessario consumir mais

energia para manter os nıveis termicos de conforto do espaco habitado.

A construcao em madeira para alem de nao necessitar de tanto consumo energetico tambem capta o

dioxido de carbono existente na atmosfera (devido a presenca do bambu) (Subseccao 1.3.1). Comprova-

se assim que a construcao em madeira e a melhor opcao para salvaguardar o meio-ambiente, protegendo-

o da emissao de gases nocivos a atmosfera.

Figura 4.29: Emissao Anual de Carbono - Alvenaria (a esquerda) e Madeira (a direita) (Fonte: Revit)

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4.5.3 | Utilizacao de Energia Combustıvel

A utilizacao de energia combustıvel para AVAC e aquecimento de aguas domesticas tambem e contem-

plada nesta analise. O valor da utilizacao de combustıvel para o aquecimento de aguas domesticas e

identico em ambas as construcoes. Todavia a construcao em alvenaria consome 153% do valor consu-

mido numa construcao em madeira somente para a climatizacao do espaco. Este valor justifica-se pela

necessidade de arrefecimento em grande parte do ano, excetuando-se apenas os meses mais frios –

Junho, Julho e Agosto – em que a alvenaria possui melhores condicoes para o conforto termico no

espaco habitado.

Os graficos da Figura 4.30 permitem perceber que grande parte da energia utilizada na habitacao

destina-se ao uso de aparelhos de climatizacao.

Figura 4.30: Utilizacao de Energia Combustıvel - Alvenaria (a esquerda) e Madeira (a direita) (Fonte: Revit)

Consumos Mensais de Combustıvel

Os consumos mensais de combustıvel na construcao em alvenaria sao superiores aos da construcao

em madeira ao longo de todo o ano. Essa diferenca e mais visıvel nos meses de Maio a Outubro que

correspondem tambem aos meses onde a carga de aquecimento e maior e onde, provavelmente, e

gasta mais energia para o aquecimento de aguas domesticas. Atraves desta analise e possıvel concluir

que a escolha de uma casa em madeira representa uma poupanca de 47% no consumo de combustıvel,

o que leva a protecao do meio ambiente e a diminuicao dos gastos do agregado familiar.

Figura 4.31: Consumos Mensais de Combustıvel - Alvenaria (a esquerda) e Madeira (a direita) (Fonte: Revit)

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4.5.4 | Utilizacao de Energia Eletrica

A utilizacao de energia eletrica aumenta em 0,4% da construcao em madeira para a de alvenaria. Esta

diferenca deve-se ao uso de mais energia em AVAC na construcao em alvenaria do que na de madeira.

Figura 4.32: Utilizacao de Energia Eletrica - Alvenaria (a esquerda) e Madeira (a direita) (Fonte: Revit)

Consumos Mensais de Eletricidade

Os consumos mensais de eletricidade sao semelhantes em ambas as construcoes.

Figura 4.33: Consumos Mensais de Eletricidade - Alvenaria (a esquerda) e Madeira (a direita) (Fonte: Revit)

Picos Mensais de Exigencia de Consumo de Eletricidade

Os picos mensais de exigencia de consumo de eletricidade sao superiores na construcao em madeira

de Outubro a Junho. De Julho a Setembro os valores da exigencia de consumo de eletricidade na

construcao de alvenaria e maior do que na de madeira.

Figura 4.34: Picos Mensais de Exigencia de Consumo de Eletricidade - Alvenaria (a esquerda) e Madeira (adireita) (Fonte: Revit)

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4.5.5 | Cargas Mensais de Aquecimento

As cargas mensais de aquecimento dizem respeito a potencia maxima que a instalacao de aquecimento

deve ter para que seja mantida a temperatura interior de conforto.

Os meses de Julho e Agosto sao os que apresentam maiores necessidades de aquecimento em am-

bas as construcoes, devido a moncao de Sueste que se caracteriza por ter brisas mais frescas. Na

construcao em alvenaria o valor anual das cargas de aquecimento e superior ao valor da construcao

em madeira. Tal fenomeno explica-se pela fraca inercia termica das paredes de madeira, o que leva a

rapida dissipacao do calor do interior da habitacao, aumentando assim a necessidade de aquecimento.

No entanto verifica-se que o numero de meses em que e necessario o aquecimento e superior na

construcao em alvenaria e as cargas de aquecimento tambem sao superiores, o que comprova mais

uma vez que a madeira apresenta melhor comportamento face ao clima de Ermera.

Figura 4.35: Cargas Mensais de Aquecimento - Alvenaria (a esquerda) e Madeira (a direita) (Fonte: Revit)

4.5.6 | Cargas Mensais de Arrefecimento

As cargas mensais de arrefecimento dizem respeito a potencia maxima que a instalacao de arrefeci-

mento deve ter para que seja mantida a temperatura interior de conforto.

Em ambas as construcoes os meses de Novembro a Maio sao os que apresentam maiores valores para

este tipo de carga. Tal fenomeno resulta da moncao de Noroeste (Subseccao 1.2.1) que se caracteriza

por ser mais quente do que a de Sueste. Por outro lado nos meses de Junho e Agosto as cargas de

arrefecimento diminuem significativamente. Nos meses de maior calor verifica-se uma grande diferenca

na potencia necessaria para a temperatura interior de conforto, sendo que no mes de Dezembro que

e quando acontecem os picos da carga de arrefecimento, a construcao em alvenaria apresenta um

valor superior em 35% ao da madeira. Na alvenaria as cargas de arrefecimento tem um valor anual de

115% do valor para a construcao em madeira, o que implica um gasto 15% superior em energia para

arrefecimento para obter a mesma temperatura que na de madeira.

Nos graficos da Figura 4.36 e possıvel observar que grande parte da energia gasta e devido ao material

aplicado na construcao, principalmente nas paredes. A construcao em alvenaria tem maior inercia

termica, o que dificulta a conducao do calor para o exterior da casa – Seccao 2.5. Os resultados

obtidos comprovam que quanto maior a inercia termica, maior o gasto de energia para arrefecimento.

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Figura 4.36: Cargas Mensais de Arrefecimento - Alvenaria (a esquerda) e Madeira (a direita) (Fonte: Revit)

Cargas Mensais de Arrefecimento para uma Temperatura de Conforto de 18oC

Como visto na Subseccao 4.5.1 os valores mais comuns de temperatura em Ermera situam-se entre

18oC e 20oC.

Para averiguar se o desempenho energetico da construcao em madeira continua a ser preferıvel ao de

alvenaria foram realizadas analises para a temperatura de conforto de 18oC.

Na Figura 4.37 observa-se que os valores para as cargas mensais de arrefecimento na construcao em

alvenaria sao sempre superiores aos da madeira. Tais resultados comprovam que para uma tempera-

tura de 18oC a construcao em madeira apresenta melhor desempenho termico.

Figura 4.37: Cargas Mensais de Arrefecimento — Temperatura de Conforto de 18oC - Alvenaria (a esquerda) eMadeira (a direita) (Fonte: Revit)

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5 | Recomendacoes de Projeto

Neste estudo identificam-se dois aspetos de grande significado discutidos no Capıtulo 4, referentes

ao desempenho energetico do Projeto UMA que esta dependente da sua materialidade - madeira ou

alvenaria - bem como dos criterios de conforto do local no qual sera implantado.

Foi verificado, como resultado mais expressivo da analise realizada, que a madeira tem vantagens

potenciais relativamente a alvenaria. Note-se que a escolha da temperatura interior de conforto para

Ermera tambem teve um grande impacto nos resultados do desempenho energetico.

No seguimento dos capıtulos anteriores, com base no levantamento bibliografico e nos resultados posi-

tivos apresentados, segue a lista de algumas recomendacoes gerais para a construcao sustentavel em

Timor-Leste:

– Os aglomerados habitacionais localizados em colinas devem estar implantados na encosta com

maior numero de horas a sombra e que beneficie da brisa.

– Os aglomerados habitacionais localizados em areas chuvosas devem estar implantados nas zo-

nas mais altas, onde o risco de inundacao e mınimo.

– A forma mais apropriada para uma construcao em Timor-Leste e a de um paralelepıpedo com

pouca compartimentacao interior.

– A orientacao solar deve ser escolhida de acordo com o local para otimizar as demais medidas de

design passivo: para o territorio timorense, a orientacao aceitavel nao deve exceder uma variacao

ate 45o a partir do Norte.

– A aplicacao de material isolante na cobertura e algumas fachadas da construcao de modo a evitar

o sobreaquecimento do espaco utilizado e de suma importancia visto que a massa quente de ar

tende a acumular-se nessa estrutura.

– O uso de material vegetal - como o gamuti ou a palapa - na cobertura dos edifıcios contribui para

o isolamento das construcoes.

– As barreiras radiantes podem ser instaladas nas cavidades do telhado para que reflitam a radiacao

e permitam a ventilacao na cavidade, o que impede a conducao do calor para o interior do edifıcio.

– A reflexao da radiacao pode ser conseguida atraves do revestimento refletivo da envolvente, que

consiste no uso de cores claras nas fachadas e na cobertura.

– As areas de envidracados nao devem ultrapassar os valores de 40% nas fachadas a Norte e a

Sul; e 20% a Nascente e Poente, para evitar o excesso de iluminacao do espaco habitado.

– As janelas horizontais devem ser evitadas, podendo ser aplicadas de forma pontual em zonas

de elevado pe-direito e onde o sombreamento seja adequado, pois podem facilmente provocar o

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sobreaquecimento.

– O tipo de vidro deve ser escolhido de acordo com o isolamento a conferir a construcao: o vidro

duplo e o que oferece maior isolamento, embora o vidro simples translucido com sombreamento

adequado tambem seja uma boa opcao.

– O sombreamento pode ser aplicado atraves do uso de portadas exteriores, venezianas e palas.

– A ventilacao natural constitui um importante sistema de arrefecimento passivo, mas para que tal

seja eficiente e necessario que adequar a posicao das aberturas nas fachadas e no telhado a

necessidade dos utilizadores.

– A ventilacao feita de baixo para cima e mais refrescante e quando a circulacao de ar e cruzada

e mais eficaz. Estes fenomenos podem ser conseguidos atraves da localizacao de aberturas em

cotas diferentes e quando existem barreiras internas no edifıcio que nao sejam intransponıveis

(paredes que nao fecham o espaco por completo).

– A ventilacao natural e potencializada pela presenca de vegetacao proxima das construcoes.

– A ventilacao natural por efeito de chamine pode ser incrementada pela introducao de atrios e

chamines solares ou ainda o uso de paredes com cavidade ventilada.

– A inercia termica dos elementos construtivos deve ser baixa visto que Timor-Leste possui uma

amplitude termica diaria pequena, logo deve ser priorizado o uso de materiais vegetais com baixa

inercia termica e, preferivelmente de origem endemica.

– A iluminacao natural constitui uma das mais importantes estrategias de reducao de ganhos inter-

nos e por isso deve ser controlada atraves: da dimensao de aberturas, da dimensao da divisao

e da presenca de vegetacao na superfıcie exterior adjacente ao edifıcio. A vegetacao absorve

a luz solar, o que diminui a iluminacao natural; por outro lado a existencia de superfıcies claras

aumenta a iluminacao natural.

– Os dispositivos de controle ambiental devem ser intuitivos e de simples utilizacao para que os

ocupantes possam usufruir dos benefıcios destes e fazer os ajustes necessarios para adequar os

nıveis de temperatura, iluminacao e ventilacao.

– O recurso a ventilacao mecanica e devido quando a ventilacao natural nao e suficiente para ga-

rantir condicoes de higiene e conforto razoaveis. No caso de Timor-Leste, a ventoinha constitui

uma estrategia eficiente para a ventilacao nao natural.

– A utilizacao de fontes energeticas renovaveis deve ser implementada como uma estrategia para

resolver as necessidades de consumo da populacao, especialmente em zonas mais isoladas que

nao estao cobertas pelas redes publicas.

No que diz respeito a sustentabilidade urbana seguem as seguintes recomendacoes:

– Intervir neste territorio de forma socialmente adequada e duravel.

– Incluir a participacao dos proprios utilizadores do espaco a intervir.

– Criar conjuntos urbanos estimulantes.

– Adequar a conjugacao entre o espaco construıdo e o natural.

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Conclusao

A sustentabilidade em arquitetura e um tema que esta em destaque nao somente pelo profundo impacto

que tem na qualidade de vida da sociedade, mas pelo facto de que os recursos naturais do planeta Terra

sao esgotaveis. Tal realidade leva a que haja a necessidade de preserva-los atraves de estrategias de

sustentabilidade e assim impedir que a pressao de consumo humano os conduza a extincao.

Timor-Leste possui petroleo em abundancia, mas o investimento na construcao do futuro do paıs passa

tambem pela arquitetura. Nesta tese foram apresentadas medidas para a sustentabilidade na arquite-

tura timorense, que permitirao a utilizacao racional e eficaz dos recursos naturais do paıs aplicados na

industria da construcao.

A localizacao e configuracao dos aglomerados habitacionais deve ser feita de modo a proteger as

habitacoes de situacoes de perigo como enxurradas e inundacoes nas zonas chuvosas; e o sobrea-

quecimento em zonas com muitas horas de exposicao solar direta.

Aspetos como o isolamento termico das areas opacas mais expostas a radiacao solar (como por exem-

plo as coberturas) tem um importante papel no bom funcionamento das edificacoes e no conforto sen-

tido pelos utilizadores. Este isolamento pode ser conseguido atraves do uso de materiais vegetais

autoctones. As areas envidracadas devem ter especial atencao no que toca a escolha do tipo de vidro

e da orientacao para impedir o sobreaquecimento do espaco.

Estrategias como o sombreamento e a ventilacao natural sao pecas chave na reducao das cargas

de arrefecimento, frequentemente conseguida atraves de aparelhos consumidores de energias nao

renovaveis.

O isolamento a incidencia da radiacao solar sobre as construcoes pode ser conseguida atraves do uso

de vegetacao perto das construcoes. A posicao e dimensao dos elementos vegetais deve ser feito

de acordo com a necessidade ventilacao e iluminacao naturais pois tanto pode potencializa-las como

atenua-las.

A implementacao de sistemas de aproveitamento de energia renovavel constitui uma boa medida para

salvaguardar o meio ambiente, nao so pelo facto de permitir a producao de energia sem causar poluicao,

como por estes poderem ser construıdos com materiais reciclados.

O material utilizado na construcao tem um grande impacto no consumo energetico visto que pode

aumentar ou diminuir a inercia termica. Foi verificado na analise realizada no Capıtulo 4 que em Timor-

Leste as construcoes em madeira apresentam melhores resultados no desempenho termico do que as

de alvenaria por apresentarem menores cargas de arrefecimento.

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A presente dissertacao poderia ser complementada com o estudo sobre a eficacia da implementacao

de medidas ativas e complementares no Projeto UMA e o tempo de retorno da sua aplicacao.

Note-se que o comportamento energetico do edifıcio depende nao apenas das suas caracterısticas

fısicas e espaciais, mas tambem de outros fatores como por exemplo: o tipo de infraestruturas existen-

tes, os equipamentos utilizados e o comportamento dos seus utilizadores.

O sucesso da construcao depende dos varios agentes - arquitetos, engenheiros, proprietarios e utili-

zadores – para se implementarem estrategias sustentaveis em toda a cidade, melhorando tambem a

qualidade de vida da populacao.

No futuro seria pertinente realizar uma analise mais aprofundada do tema em questao, por exemplo

atraves de medicoes no local e da realizacao de questionarios para conhecer as expectativas dos

utilizadores nas questoes relacionadas com o uso da madeira e da alvenaria.

Seria tambem relevante a especializacao sobre o uso da madeira na construcao com analises mais

detalhadas em termos de desempenho termico, energetico e de custos, aprofundando o conhecimento

sobre vantagens e desvantagens do uso de cada material, tendo em vista informar tambem o Projeto

UMA.

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A | Anexos

A.1

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A.1 | Estado de Arte

A.3

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A.1.1 | Arquitectura Timorense

No ano de 1987 foi editado, pela primeira vez, um dos unicos manuais existentes sobre a Arquitectura

Timorense, uma obra da autoria de Ruy Cinnati. Este livro foi escrito durante a Missao de Estudos do

Habitat Nativo, criada no ambito da JIU1 no ano de 1958. Esta missao integrava tambem os arquitetos

e co-autores do livro: Leopoldo de Almeida e Sousa Mendes.

Esta obra esta dividida em tres capıtulos:

I Sumula Geografica

II O Habitat Rural

III Breve notıcia da Arquitectura Europeia

No Capıtulo I e feito o enquadramento do geografico de Timor-Leste, seguido pela apresentacao de

aspetos climaticos, vegetacao e recursos naturais de natureza agrıcola, pecuaria e mineral. Neste

capıtulo e apresentado o povo timorense e os seus meios de subsistencia que vao desde a pesca e a

caca ao artesanato, com a producao de pecas de ceramica, ourivesaria e texteis.

No Capıtulo II e feita uma descricao da ocupacao do territorio e a forma como se relacionavam os

diferentes aglomerados habitacionais:

“E o carater montanhoso de Timor, determinante da fragmentacao dos recursos naturais,

e o tipo predominante de economia de subsistencia: as culturas itinerantes e a horticultura

mista –, que conduzem a uma disseminacao do habitat. De facto, as pequenas e dissemi-

nadas superfıcies de terras cultivaveis nas montanhas apenas podem fornecer alimentacao

a poucas famılias praticantes da cultura itinerante, a qual exige uma area multipla das terras

cultivadas num dado ano.” (Cinnati et al., 1987, p. 54)

O territorio timorense e dividido em sete regioes. Cada regiao e descrita tendo em conta aspetos como:

o enquadramento geografico, recursos naturais, atividades economicas, agricultura, artesanato e o tipo

fundamental de casa tradicional.

Neste capıtulo e feita a descricao completa da arquitetura vernacular de cada regiao, acompanhada

por fotografias, levantamentos topograficos e desenhos documentais (cortes, alcados e plantas); a

apresentacao das tecnicas de construcao, da organizacao espacial e das atividades afetas a cada di-

visao.

Ainda no Capıtulo II sao apresentados os rituais de consagracao das habitacoes, os materiais, a epoca,

o tempo e a duracao da construcao.

No Capıtulo III sao descritas as construcoes europeias em territorio timorense que possuem carac-

terısticas hıbridas, resultado do casamento entre as tecnicas construtivas mais evoluıdas e a aplicacao

de materiais autoctones.

1Junta de Investigacoes do Ultramar, conhecida atualmente como Instituto de Investigacao Cientıfica Tropical, assim denomi-nado desde 1983. - Informacao retirada do site http://www2.iict.pt/?idc=102&idi=13712, visitado a 1 de Novembro de 2015.

A.4

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A.1.2 | Atlas de Timor-Leste

A elaboracao do Atlas de Timor-Leste partiu da iniciativa da Faculdade de Arquitetura da Universidade

Tecnica de Lisboa com o intuito de criar um documento que reunisse toda a informacao recolhida sobre

o paıs. Este manual e o resultado da cooperacao pluridisciplinar que tinha como objetivo primordial a

contribuicao no desenvolvimento da nova nacao que surgia - Timor-Leste.

Esta obra esta dividida em duas partes: Parte I que enquadra geograficamente a ilha de Timor e a Parte

II cujos principais assuntos sao:

1 Historia e Cultura

Desde os primeiros colonizadores ate ao ano em que se tornou uma nacao independente.

2 Espaco Natural

Caracterısticas do territorio como o relevo, a rede hidrografica, a geologia, o clima e recursos

naturais.

3 Organizacao Administrativa

Organizacao polıtica e administrativa do territorio, explicacao da divisao do paıs em distritos,

subdistritos e sucos.

4 Demografia

Variacao e distribuicao da populacao, fluxos migratorios e estrutura etaria.

5 Ocupacao Humana

Povoamento, habitacao tradicional, espaco urbano e condicoes de habitabilidade.

6 Atividades Economicas

Atividades relacionadas com o uso do solo tais como agricultura, pecuaria, silvicultura, pesca,

industria e turismo; apresentacao de equipamentos de ensino basico e secundario, equipamen-

tos de saude, transportes e vias de comunicacao.

7 Relacoes Comerciais Internacionais

Trocas efetuadas no comercio internacional e presenca em grupos economicos internacionais.

8 Indicadores de Desenvolvimento

Indicadores de desenvolvimento, ındices de desenvolvimento humano e territorial.

Sobre a ocupacao do territorio os autores afirmam que:

“Tradicionalmente, o povoamento timorense assumiu uma forma dispersa ou aglomerada em

pequenos aldeamentos, dependendo de fatores geograficos, mas tambem socioculturais.

No entanto, mesmo os pequenos nucleos isolados dependiam de outros aglomerados para

efeitos de trocas comerciais.” (FAUTL e ICIST, 2002, p. 88)

A.1.3 | Arquitectura Sustentavel em Timor-Leste: Manual de Boas Praticas

O livro Arquitectura Sustentavel em Timor-Leste: Manual de Boas Praticas foi elaborado com o apoio

da CPLP, no ambito do projeto europeu SURE-Africa com o intuito de aprofundar e disseminar o conhe-

cimento sobre arquitetura sustentavel nos paıses de lıngua oficial portuguesa.

A.5

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Esta obra esta dividida em oito capıtulos que abordam diversos temas acerca da arquitetura em Timor-

Leste:

1 Arquitectura Sustentavel

Breve explicacao sobre o conceito de Arquitetura Sustentavel.

2 Enquadramento

Enquadramento da ilha de Timor no mundo atraves da informacao geral recolhida sobre a sua

localizacao, clima, historia, populacao, economia, recursos naturais, recursos para utilizacao

na construcao, relevo, catastrofes naturais e ainda o levantamento sobre as necessidades do

espaco construıdo.

3 Tipologias Arquitetonicas

Descricao das diferentes tipologias arquitetonicas encontradas no territorio.

4 Projeto Bioclimatico: princıpios gerais

Estrategias bioclimaticas que podem ser aplicadas no territorio de Timor-Leste.

5 Materiais e Tecnologias Construtivas

Materiais e tecnologias construtivas empregues na arquitetura timorense.

6 Energia

Estrategias para a utilizacao racional das fontes energeticas presentes do paıs, bem como o

aproveitamento das energias renovaveis.

7 Agua e Saneamento

Metodos de captacao, potabilizacao, abastecimento e instalacao de agua. Princıpios sobre o

saneamento e a drenagem de resıduos.

8 Casos de Estudo

Apresentacao de dois edifıcios - construcao para EcoTurismo em Atauro e Pousada de Baucau

- onde foram aplicados os princıpios para projetos bioclimaticos.

A partir do levantamento do panorama atual arquitetonico timorense foram feitas recomendacoes para

intervencao no patrimonio construıdo e para construcoes futuras. Atraves da leitura desta obra e

possıvel conhecer os recursos naturais de Timor-Leste, bem como a sua aplicacao na industria da

construcao.

Um dos temas abordados neste manual e a autoconstrucao. Este tipo de construcao tem constituıdo

um problema para a qualidade dos espacos edificados. Assim sendo, os autores encaram a adocao de

estrategias que tenham como base o patrimonio construıdo de Timor-Leste como uma mais-valia para

o desenvolvimento de projetos de habitacao social:

“Em todo o territorio predomina a autoconstrucao, em que a descaracterizacao dos dife-

rentes tipos de habitacoes rurais e habitacoes urbanas e uma realidade. Sao necessarios

bons exemplos que dignifiquem o patrimonio arquitectonico de Timor-Leste.” (Guedes et al.,

2015, p. 30)

A.6

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A.2 | Sistemas Ativos de Energia Renovavel

A.7

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A.2.1 | Energia Solar Termica

Sistema com deposito para aquecimento de agua | O sistema com deposito para aquecimento de agua

numa habitacao pode ser construıdo com os seguintes materiais (Guedes et al., 2015):

1. Um deposito de 40 a 60 L pintado de preto - o uso desta cor permite a maxima absorcao do calor;

2. Uma caixa isoladora pintada de branco e com uma tampa de vidro para impedir a saıda do ar

quente;

3. Uma tampa isoladora e refletora pintada de branco para melhorar a incidencia do sol. Esta tampa

serve para cobrir a caixa a noite para conservar o calor ganho durante o dia;

4. Um deposito de agua fria.

Figura A.1: Sistema com Deposito para Aquecimento de Agua (Adaptado de Leao Lopes em Guedes et al., 2015)

Uma das formas de rentabilizar o sistema e aumentar a quantidade de agua quente e a utilizacao de

varios tanques ligados entre si.

Coletor Solar | Este sistema pode ser construıdo a partir de um deposito de gasolina de um carro velho.

O coletor deve estar orientado a Norte com 30o de inclinacao para captar as radiacoes solares e com

uma localizacao proxima a do tanque de agua fria (caso exista).

A tampa refletora deve ter um dispositivo que permita a sua abertura/fecho sem que haja a necessidade

de subir ao telhado. A semelhanca do que acontece no sistema anteriormente apresentado, a tampa

deve ser bastante isoladora para que o calor ganho durante o dia seja conservado durante a noite. A

sua rentabilizacao e semelhante a do primeiro sistema (Guedes et al., 2015).

A.2.2 | Energia Fotovoltaica

Painel Fotovoltaico | Cada celula fotovoltaica e formada por diversas camadas de materiais semicon-

dutores que absorvem a energia solar e produzem corrente eletrica. Existem tres tipos principais de

celulas fotovoltaicas: monocristalinas, policristalinas e de silıcio amorfo (Guedes et al., 2015).

A.8

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Figura A.2: Varios Depositos de Agua (em cima) e Deposito de Agua Isolado (em baixo) (Adaptado de LeaoLopes em Guedes et al., 2015)

Figura A.3: Localizacao do Coletor Solar na cobertura do edifıcio (Adaptado de Leao Lopes em Guedes et al.,2015)

Figura A.4: Elementos para a Auto-Construcao de um Painel Fotovoltaico (Adaptado de Leao Lopes em Guedeset al., 2015)

A.2.3 | Energia Eolica

Aerogeradores | A construcao de um aerogerador com capacidade de producao ate 750W e possıvel

com a reciclagem dos seguintes materiais:

A.9

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1. Um alternador de automovel;

2. Pedacos de madeira ou fibra de vidro para pas;

3. Tubos.

Figura A.5: Elementos para a Auto-Construcao de um Aerogerador (Adaptado de Leao Lopes em Guedes et al.,2015)

A energia eolica produzida pelo aerodınamo e acumulada em baterias para possibilitar a distribuicao.

Entre o alternador e as baterias e necessaria a instalacao de um regulador de tensao e um disjuntor para

evitar os dias excecionais a nıvel de consumo. As baterias de reserva destinam-se ao armazenamento

de energia para esses dias (Guedes et al., 2015).

A.2.4 | Biogas ou Gas Metano

Unidade de Producao de Biogas | Esta unidade pode ser construıda a partir de um tanque onde sera

feita a fermentacao e a recolha de gas. Para um sistema mais complexo podem ser utilizados dois

tanques - um para cada funcao.

Os sistemas devem estar bem isolados para conservar uma temperatura interior de 35oC. Os resıduos

devem ser misturados com agua antes de serem introduzidos no tanque, numa proporcao de 1/1 (Gue-

des et al., 2015).

Figura A.6: Elementos para a Auto-Construcao de Pequenas Unidades de Producao de Biogas (Adaptado deLeao Lopes em Guedes et al., 2015)

A.10

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A.3 | Agua, Saneamento e Drenagem

A.11

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A.3.1 | Agua

Cisterna

Na Tabela A.1 estao os valores de referencia para consumos de agua.

Uso Valor de Referencia

Sanitarios 1200 L/mes/pessoa

Maquina de Lavar Roupa 600 L/mes/pessoa

Jardim (Irrigacao) 30 L/m2/mes

Lavagem de Carro 200 L/lavagem

Tabela A.1: Valores de Referencia para Consumos de Agua (Adaptado de Guedes et al., 2015)

Para dimensionar uma cisterna (considerando o perıodo de estiagem de 15 dias) e necessario seguir

os seguintes passos (Guedes et al., 2015):

1o Somar os volumes do consumo de agua mensal;

2o Dividir por 2 (o equivalente a 15 dias);

3o Verificar se o volume de captacao e suficiente para esta utilizacao.

Estimativa do Consumo de Agua

A Tabela A.2 contem a estimativa do consumo de agua para um agregado familiar composto por 6

pessoas para um perıodo de estiagem de 15 dias.

Uso Valor de Referencia Valor Estimado (15 dias)

Sanitarios 1200 L/mes/pessoa 3600 L

Maquina de Lavar Roupa 600 L/mes/pessoa 1800 L

Jardim (Irrigacao) 30 L/m2/mes 3000 L

Lavagem de Carro 200 L/lavagem 200 L

Total - 8600 L

Tabela A.2: Valores Estimados (15 dias) para Consumos de Agua

Calculo do Volume de Captacao Anual (V a)

Assumindo que o Indice Pluviometrico (P ) tem um valor de 1410 mm/ano e a casa tem uma Area de

Cobertura (A) de 105,6 m2, com um Indice de Escoamento Superficial (c) de 0,9 - Tabela A.4. Eis o

valor do Calculo do Volume de Captacao Anual (V a):

c = 0, 9

P = 1410 mm/ano

A = 105, 6 m2

V a = c ∗ P ∗A

V a = 0, 9 ∗ 1410 ∗ 105, 6 = 134 L

A.12

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Calculo do Volume de Captacao Mensal (V m)

Fazendo a divisao do Volume de Captacao Anual (V a) pelo numero de meses de um ano e conhecido

o Volume de Captacao Mensal (V m):

V m = V a/12

V m = 134/12 = 11, 17 m3

A.3.2 | Saneamento

Latrina Seca

A latrina seca consiste num sistema de facil manutencao que permite o confinamento e eliminacao de

fezes humanas. Quando construıdo com materiais autoctones constitui uma medida para a sustentabi-

lidade.

Este sistema e composto por uma sub-estrutura - construıda abaixo do terreno, local onde ficam arma-

zenados os resıduos organicos - e a sobre-estrutura - construıda acima do solo como um abrigo que

serve para protecao dos agentes atmosfericos e deve ser composto por uma sanita e um sistema de

ventilacao. A sua utilizacao varia entre 5 e 6 anos (para uma famılia de 6 pessoas).

A latrina seca pode ser implementada em habitacoes e escolas, principalmente nas areas rurais nao

cobertas pelo sistema de saneamento (Guedes et al., 2015).

Figura A.7: Auto-construcao de uma Latrina Seca (Adaptado de Leao Lopes em Guedes et al., 2015)

A.13

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Fossa Septica

A fossa septica representa um alternativa a ligacao direta ao esgoto. Este sistema consiste na eliminacao

de resıduos organicos e pequenas quantidades de aguas negras habitacionais, que sao filtradas e de-

pois reencaminhadas para os mananciais de agua subterranea com um bom grau de pureza.

Este sistema e composto por tres compartimentos (Guedes et al., 2015):

1. Tanque septico - um tanque impermeavel subterraneo onde as aguas ficam em repouso, o que

provoca a sedimentacao e formacao de natas. Neste ambiente desenvolvem-se seres microsco-

picos que transformam os resıduos em agua e biogas.

2. Campo de Oxidacao e Poco de Absorcao - Instalacao que serve para oxidar as aguas negras

que saem do tanque septico. O campo de oxidacao consiste numa instalacao com varios drenos

instalados num terreno poroso, o que provoca a oxidacao do efluente quando em contacto com

o ar contido nos poros. O poco de absorcao substitui o campo de oxidacao quando a area de

terreno nao permite a sua construcao.

3. Caixa de Separacao de gorduras e sabao - caixa situada entre a habitacao e a fossa septica

que retem as gorduras de lavagens da cozinha e recebe as aguas provenientes do banho e das

lavagens de roupa. Estas aguas podem ser reaproveitadas para a irrigacao dos jardins. Para tal

e necessaria a existencia de um sistema sem ligacao a fossa septica que conduza as aguas para

o sistema de rega.

Figura A.8: Esquema de Instalacao de uma Fossa Septica (Adaptado de Leao Lopes em Guedes et al., 2015)

A.14

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A.4 | Desenhos Documentais

A.15

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Figur aA

.9:P

rojetoU

MA

—C

orteA

A.16

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Figu

raA

.10:

Pro

jeto

UM

A—

Cor

teB

A.17

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Figur aA

.11:P

rojetoU

MA

—C

orteC

A.18

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Figu

raA

.12:

Pro

jeto

UM

A—

Cor

teD

A.19

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Figur aA

.13:P

rojetoU

MA

—C

orteE

A.20

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Figu

raA

.14:

Pro

jeto

UM

A—

Cor

teF

A.21

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Figur aA

.15:P

rojetoU

MA

—C

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A.22

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Figu

raA

.16:

Pro

jeto

UM

A—

Cor

teH

A.23

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FiguraA

.17:P

rojetoU

MA

—C

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A.24

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Figu

raA

.18:

Pro

jeto

UM

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Cor

teJ

A.25

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A.5 | Redes e Instalacoes

A.27

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Figura A.19: Projeto UMA — Energia Solar Termica - Coletor Solar

A.28

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Figura A.20: Projeto UMA — Energia Solar Fotovoltaica - Paineis Solares

A.29

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Figura A.21: Projeto UMA — Agua - Cisterna

A.30

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Figura A.22: Projeto UMA — Saneamento - Fossa Septica

A.31

Page 148: Arquitetura Sustentável em Timor-Leste - Técnico Lisboa · Arquitetura Sustentável em Timor-Leste Projeto UMA Eloisa Maria Gago Agostinho de Pina Dissertação para obtenção

Figura A.23: Projeto UMA — Saneamento - Caixa de Separacao de Gorduras e Sabao

A.32

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A.6 | Uso, Manutencao e Conservacao

A.33

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A.6.1 | Uso

O uso correto das energias renovaveis e da construcao bioclimatica tem um grande impacto na poupanca

de energia, no conforto e na durabilidade da construcao.

Simples gestos quotidianos podem refletir-se de forma positiva no meio-ambiente tais como:

– Desligar as luzes nas divisoes que nao estejam a ser utilizadas;

– Ligar as luzes somente quando a luz natural nao permite o desenvolvimento da atividade dentro

da habitacao;

– Escolher eletrodomesticos cujos modelos tem uma grande eficiencia energetica;

– Utilizar a maquina de roupa/loica somente quando estiver cheia (ou quase cheia);

– Manter a porta do frigorıfico fechada;

– Desligar os aparelhos eletricos no interruptor, em vez de os deixar em stand-by ;

– Evitar climatizar zonas da casa nao utilizadas;

– Entre outros.

A.6.2 | Manutencao

A manutencao e um dos principais fatores na garantia do bom desempenho, da seguranca e durabili-

dade das construcoes (Guedes et al., 2015).

Neste projeto existem elementos que por nao serem facilmente protegidos das acoes atmosfericas e

mecanicas podem ter um tempo de vida util mais reduzido do que a restante estrutura. Assim sendo

importa fazer a reparacao e/ou substituicao destes para que nao comprometam todo o sistema.

Caso nao seja possıvel aceitar elementos que apresentem tais caracterısticas, estes podem ser subs-

tituıdos por outros com durabilidade superior. Neste caso nao sera possıvel garantir que tais elementos

construtivos sejam feitos com materiais endemicos. Todavia pode ser explorada a utilizacao de especies

nao tradicionais para elementos de construcao. Tal medida contribuira para a protecao de especies

autoctones mais conhecidas, atraves do alıvio da pressao comercial sobre estas (Guedes et al., 2015).

A.6.3 | Conservacao

“As accoes de conservacao destinam-se a impedir a degradacao dos materiais ou a suster

a degradacao em curso, sendo eventualmente seguidas de medidas tendentes a repor as

condicoes de seguranca e funcionalidade originais ou a reforcar as estruturas, adequando-

as ao uso. ” (Guedes et al., 2015, p. 124)

Grande parte do material utilizado no Projeto UMA e de origem vegetal, sendo por isso facilmente

degradado pela acao de agentes biologicos que se alimentam da madeira, pela acao do fogo ou ainda

por agentes atmosfericos, quando exposta a ambientes externos. A madeira pode apresentar danos

resultantes de utilizacao intensa, desgaste ou esforco excessivo (Guedes et al., 2015).

A.34

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A duracao da construcao depende da escolha da materia-prima. Quanto maior a durabilidade da ma-

deira no estado natural, mais adequada sera para a construcao.

Para garantir a preservacao da estrutura da casa ha-que proceder a tratamentos dos materiais ainda no

processo de fabrico atraves da aplicacao de pinturas hidrofugas entre outros produtos que conservem

a madeira dos agentes atmosfericos.

Para aumentar a durabilidade das estruturas em madeira do Projeto UMA evitou-se o contacto destas

com o solo, atraves da construcao de uma laje de betao sobre a qual assenta toda a casa.

A.35

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A.7 | Tabelas

A.37

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Caracterıstica Descricao

Bonito e Versatil

O bambu tem uma beleza natural unica. A sua estetica e interessante eautentica. O seu uso pode ser alargado a atividades do dia a dia, atravesda sua aplicacao em: materiais de construcao, moveis, roupas, papel, altatecnologia, alimentos, biomassa, forragem, entre outros.

ForteO bambu e um material de construcao forte e duradouro. Tem a mesma forcade tracao que o aco carbono. Assim sendo resiste a furacoes e outras in-temperies.

DuravelQuando o bambu e submetido a tratamentos com boratos nao toxicos, torna-semais resistente. Esta protecao e um metodo seguro, facil e muito eficaz paraproteger todas as especies de madeira de qualquer tipo de ataque de insetos.

CrescimentoRapido

O bambu e uma planta tropical renovavel de crescimento rapido. O bambupode atingir o seu tamanho pleno (em altura e diametro) em poucos meses,ficando assim pronto para a colheita e uso estrutural dentro de 3 ou 4 anos.Esta planta cresce em media 23 cm por dia.

Alternativa aDesflorestacao

O bambu produz madeira de forma mais eficiente e disponıvel para utilizacaodo que as arvores . Isto porque o sistema de raiz de uma arvore morre aposa colheita e cada nova muda de arvore deve crescer um novo sistema radi-cular. Apos a colheita dos colmos de bambu, o sistema radicular nao morre,mas alimenta os novos rebentos atraves do envio de carboidratos de colmosmaduros.

Sistema deCaptura deCarbono

Quando o bambu e transformado em bens duraveis (como casas e materiaisde construcao tratados corretamente), o carbono fica retido na sua constituicaopor 150 anos. Uma floresta de bambu captura cerca de 100 toneladas decarbono por hectare (O poder do bambu, 2015).

Tabela A.3: Caracterısticas do Bambu (Adaptado de “Bamboo Living 2015”)

A.38

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Planıcie Planalto Montanha

Pavimentos e Telhados 0.90 0.90 0.90

Berma em Terra Batida 0.50 0.50 0.50

Estradas e Passeios 0.75 0.80 0.85

Pavimento em Gravilha 0.85 0.85 0.85

Areas de Negocio Citadinas 0.80 0.85 0.85

Areas Habitacionais 0.50 0.60 0.70

Habitacao Escassa: 1 a 3 unidades/acre 0.35 0.40 0.45

Habitacao Moderada: 3 a 6 unidades/acre 0.50 0.55 0.60

Habitacao Densa: 6 a 15 unidades/acre 0.70 0.75 0.80

Relvados 0.17 0.22 0.35

Berma Relvada 0.25 0.25 0.25

Desnıvel Lateral, Terra 0.60 0.60 0.60

Desnıvel Lateral, Relva 0.30 0.30 0.30

Areas Medias, Relva 0.25 0.30 0.30

Terra Cultivada, Argila & Barro 0.50 0.55 0.60

Terra Cultivada, Areia & Gravilha 0.25 0.30 0.35

Areas Industriais, Leves 0.50 0.70 0.80

Areas Industriais, Pesadas 0.60 0.80 0.90

Parques e Cemiterios 0.10 0.15 0.25

Recreios 0.20 0.25 0.30

Bosques e Florestas 0.10 0.15 0.20

Prado e Pastagem 0.25 0.30 0.35

Areas Nao Melhoradas 0.10 0.20 0.30

Tabela A.4: Coeficientes de Escoamento para o Metodo Racional (Adaptado de Governo de Oregon)

Desvantagens Descricao

Fabrico Oneroso O fabrico dos modulos fotovoltaicos exige uma tecnologia muito sofisticada,obrigando a um investimento inicial elevado.

RendimentoReduzido

O rendimemto real de conversao de um modulo e reduzido, o limite teoricomaximo numa celula de silıcio cristalino e de 28%, face ao custo do investi-mento.

BaixaCompetitividade

Economica

Os geradores fotovoltaicos raramente sao competitivos do ponto de vistaeconomico, face a outros tipos de geradores (por exemplo, geradores agasoleo). A excecao restringe-se a casos onde existam reduzidas necessi-dades de energia em locais isolado e/ou situacoes de grande preocupacaoambiental.

Elevado Custo deArmazenamento

Quando e necessario proceder ao armazenamento de energia sob a formaquımica (baterias), o custo do sistema fotovoltaico torna-se ainda mais ele-vado.

Tabela A.5: Desvantagens da Utilizacao da Tecnologia Solar Fotovoltaica (Adaptado de Guedes et al., 2015)

A.39

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- Estrategia Descricao Desempenho

Forma eOrientacao

Encontramos exemplos deedifıcios com plantas alonga-das. Nao ha uma orientacaopredominante.

Boa protecao solar e potenciacao dasventilacoes transversais.

Pro

teca

oao

calo

r

SombreamentoE feito pelo prolongamento dascoberturas que muitas vezesformam galerias.

Perfaz a necessidade de sombreamento.

Controlo daArea dos Vaos

Os vaos recebem radiacao solardireta ou refletida.

O desempenho termico e, em geral, bome os nıveis de iluminacao sao aceitaveispara diversas atividades.

Isolamento

Na maioria dos casos as co-berturas protegem a totalidadeda construcao. Os materiais deque sao feitas as paredes cons-tituem uma barreira isoladora.

O isolamento das coberturas e eficaz naprotecao ao calor. O caiamento em co-res claras reflete a forte radiacao solar.

Reducao dosGanhos de

Calor Internos

Existem espacos em galeria,contudo nao sao muito genero-sos o que impede certas ativida-des humanas.

Os ocupantes tem poucos espacos exte-riores cobertos e arejados pelo que temque exercer as atividades no interior dahabitacao.

Dis

sipa

cao

doca

lor Ventilacao

Natural

A dimensao dos vaos e por ve-zes reduzida. Existe uma de-ficiencia de ventilacao uma vezque o material que constitui asparedes nao e permeavel aovento.

O resultado e uma fraca ventilacaoquando os vaos sao reduzidos.

Inercia TermicaA elevada espessura das pare-des proporciona uma razoavelinercia termica.

Sendo a amplitude termica diaria relati-vamente baixa, na ordem dos 8 oC, ainercia termica e pouco eficaz e originacondensacoes. Qualquer fonte adicionalde calor e prejudicial ao conforto do ocu-pante.

Tabela A.6: Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Arquitetura Colonial do Perıodo Anterior aOcupacao Japonesa (Adaptado de Guedes et al., 2015)

A.40

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- Estrategia Descricao Desempenho

Forma eOrientacao

Apesar de encontrarmos exem-plos de edifıcios alongadostambem existem outros deforma compacta. Nao ha umaorientacao predominante.

O resultado dos edifıcios com formascompactas dificulta a ventilacao, o quepode originar concentracoes de calor econdensacoes.

Pro

teca

oao

calo

r Sombreamento

Alguns edifıcios que marcam ofinal da ocupacao portuguesapossuem grelhas de protecaodos vaos. A vegetacao epouco utilizada. Nao era co-mum a implantacao de edifıciosno meio da vegetacao nem aposterior plantacao a sua volta.

Este tipo de protecao revela-se efi-ciente no balanco entre a necessi-dade de sombreamento e o controlo dailuminacao natural. A falta de protecaoda vegetacao pode constituir um fator desobreaquecimento.

Controlo daArea dos Vaos

Os vaos recebem radiacao solardireta ou controlada.

Os nıveis de iluminacao sao aceitaveispara diversas atividades. Bom desempe-nho termico quando bem sombreados.

IsolamentoNa maioria dos casos as cober-turas nao protegem a totalidadeda construcao.

O desempenho, quando ha falta deprotecao das paredes exteriores podeser muito indesejavel.

Reducao dosGanhos de

Calor Internos

Existem espacos em galeria,contudo nao sao muito genero-sos o que impede certas ativida-des humanas.

Os ocupantes tem espacos exteriorescobertos de reduzida dimensao pelo quetem que exercer as atividades no interiorda habitacao.

Dis

sipa

cao

doca

lor Ventilacao

Natural

A dimensao dos vaos e redu-zida: parece o resultado do RE-GEU portugues (Cinnati, 1987).

O resultado e um fraco desempenho, di-ficultando a necessidade de uma francaventilacao.

Inercia TermicaA elevada espessura das pare-des proporciona uma razoavelinercia termica.

Sendo a amplitude termica diaria rela-tivamente baixa, na ordem dos 8oC, ainercia termica e pouco eficaz e originacondensacoes. Qualquer fonte adicionalde calor e prejudicial ao conforto do ocu-pante.

Tabela A.7: Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Arquitetura Colonial do perıodo de 1945-1974(Adaptado de Guedes et al., 2015)

A.41

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- Estrategia Descricao Desempenho

Sombreamento Alguma arquitetura internacional pro-cura apenas proteger os vaos.

O sombreamento apenas dosvaos revela-se ser insuficiente.

EspacosExteriores/Vegetacao

Nao e comum a utilizacao devegetacao.

A falta de vegetacao contribuipara o sobreaquecimento dosedifıcios.

Pro

teca

oao

calo

r

Isolamento

Em certas situacoes encontramosexemplos onde as chapas de zincoestao inseridas em coberturas comespacos em sotao.

O isolamento em sotao venti-lado e eficiente.

Controlo daIluminacao

Os vaos recebem radiacao solar di-recta ou controlada.

Os nıveis de iluminacao saobons para diversas atividades.

Dis

sipa

cao

doca

lor

Ventilacao Natural

Na maioria dos casos nao existeem benefıcio da ventilacao mecanicaconseguida por aparelhos de ar con-dicionado. Existe uma elevadapreocupacao com a protecao aosmosquitos que impede a franca aber-tura as ventilacoes.

Os edifıcios nao estao, na mai-oria dos casos, preparados parapossuırem ventilacao natural.

Inercia Termica A inercia termica e caracterıstica devarios elementos da construcao.

Pode constituir mais um fatorde sobreaquecimento para oedifıcio.

Tabela A.8: Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Arquitetura Timorense Recente Feita com FracosRecursos Economicos (Adaptado de Guedes et al., 2015)

- Estrategia Descricao Desempenho

Sombreamento Na maioria das vezes as coberturasprolongam-se sobre as paredes.

Quando assim acontece o de-sempenho e razoavel.

EspacosExteriores/Vegetacao

Os locais continuam a implantar assuas casas no meio arboreo.

A protecao atraves davegetacao contribui paraprevenir o sobreaquecimento.

Pro

teca

oao

calo

r

Isolamento A chapa de zinco e utilizada como re-vestimento na maioria dos edifıcios

Ineficaz, porque nao isola, po-dendo provocar sobreaqueci-mento.

Controlo dos VaosEnvidracados

Os vaos nao recebem radiacao solardireta.

Em geral sao maus exemplostermicamente. Os nıveis deiluminacao sao aceitaveis paradiversas atividades.

Dis

sipa

cao

doca

lor

Ventilacao Natural

A ventilacao transversal e conse-guida quando o material que constituias paredes e a palapa. E quase ine-xistente quando as paredes sao blo-cos de cimento.

Quando as paredes sao em pa-lapa o resultado e francamentemelhor do que quando sao blo-cos de cimento uma vez quenao sao previstas ventilacoessuficientes.

Inercia Termica A inercia termica e fraca. Bom, porque nao e necessaria.

Tabela A.9: Estrategias de Design Bioclimatico identificadas na Arquitetura Timorense Recente, Financiada pelaAjuda Internacional Externa (Adaptado de Guedes et al., 2015)

A.42

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- Estrategia Descricao Desempenho

Forma eOrientacao

Nao ha uma orientacao pre-dominante, mas apenas umaforma predominante: a alon-gada.

As formas alongadas potenciama ventilacao cruzada e evitam aconcentracao de compartimentos.Proporcionam tambem protecao solar.

Sombreamento

Os vaos sao protegidos pelascoberturas que se apresentamsempre salientes cobrindo todaa casa, inclusive as paredes.Os edifıcios sao implantados nomeio da vegetacao.

O desempenho e bom na medida emque todas as paredes e vaos saosombreados ou parcialmente sombrea-dos. O uso de vegetacao como som-breamento constitui uma das principaisprotecoes as construcoes atraves dosombreamento.

Pro

teca

oao

calo

r

Controlo daArea dos Vaos

O tamanho dos vaos e muito re-duzido representa apenas cercade 10% a 20% da area total dasfachadas.

Em termos termicos o tamanho redu-zido dos vaos proporciona um bom de-sempenho. A entrada da luz natural e,deste modo, escassa para certas ati-vidades como ler (atividade que podeser desenvolvida ao ar-livre), mas su-ficiente para a maioria das atividadesdomesticas. Registam-se nıveis de lu-minosidade interior, nas horas de maiorintensidade lumınica, na ordem dos 6lum/m2.

Isolamento

As coberturas (em colmo,gamuti ou folha de palmeira) degrandes dimensoes isolam todaa casa.

A cobertura e o principal elemento daconstrucao tradicional como protecaoaos fatores climaticos: protege os res-tantes elementos da construcao tanto daradiacao solar como das chuvas forte.Alguns aspetos negativos estao relacio-nados com a protecao a animais dani-nhos e insetos.

Reducao dosGanhos de

Calor Internos

Varias atividades exercidas noexterior. O clima tropicalproporciona a necessidade deespacos exteriores cobertos,que os timorenses tanto utilizame a que chamam had-oan, va-randa. Este e um dos espacosfundamentais na casa como seda nossa sala de estar se tra-tasse, e um espaco de reuniaoe lazer.

As varandas assim como as circulacoesexteriores sao eficazes pois reduzem aconcentracao de pessoas.

Dis

sipa

cao

doca

lor

VentilacaoNatural

Conseguida principalmente pelapermeabilidade dos materiaisque constituem as paredes,como sao a palapa ou oentrancado de bambu, e pelaelevada altura dos pes-direitosque potenciam o efeito de cha-mine.

Eficaz porque, para alem da permeabi-lidade das paredes, a ventilacao conse-gue sempre ser transversal. Tambem osespacos exteriores sao muito arejados eexpostos a ventilacao.

Inercia TermicaFraca inercia termica (com pa-redes em palapa ou entrancadode bambu).

A inercia termica nao tem um desempe-nho significativo.

Tabela A.10: Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Arquitetura Vernacular (Adaptado de Guedeset al., 2015)

A.43

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- Estrategia Descricao Desempenho

Forma eOrientacao

Formas compactas, aproxi-madas do quadrado, predomi-nantemente com duas aguas.Nao existem formas nemorientacoes predominantes.

Resultam espacos concentrados compouco arejamento.

SombreamentoNa maioria das vezes as cober-turas prolongam-se sobre as pa-redes.

E um aspeto positivo uma vez que paraalem do prolongamento das aguas, e co-mum observarmos palas para protecaoaos vaos.

Pro

teca

oao

calo

r EspacosExteriores/Vegetacao

O espaco coberto constitui-seum elemento recorrente.

O prolongamento das aguas proporcionagenerosos espacos cobertos para ativi-dades ao ar-livre.

Controlo daArea dos Vaos

Os vaos nao recebem radiacaodireta.

Os nıveis termicos resultam razoaveis.Os nıveis de iluminacao sao aceitaveispara diversas atividades.

IsolamentoA chapa de zinco e utilizadacomo revestimento na maioriadas coberturas.

Provoca um sobreaquecimento do inte-rior da casa e contribui para um defici-ente isolamento.

Reducao dosGanhos de

Calor Internos

Cozinhar e tomar banho saoatividades exercidas dentro dashabitacoes que, juntamentecom equipamentos de cozinha,constituem fontes de calorindesejadas.

As atividades contribuem para o au-mento de calor dentro do edifıcio. As ati-vidades apontadas poderiam funcionarigualmente em espacos semi-cobertos.

Dis

sipa

cao

doca

lor

VentilacaoNatural

A ventilacao transversal e defici-ente devido as formas compac-tas, profundas e sem a possibili-dade de ventilacao transversal.

Fraca ventilacao origina concentracoesde calor e condensacoes.

Inercia TermicaAs paredes sao constituıdas,geralmente, por blocos de 10 cmde espessura.

Como as amplitudes termicas sao baixasa inercia termica nao e desejavel.

Tabela A.11: Estrategias de Design Bioclimatico Identificadas na Habitacao Social da Arquitetura do Pos-1974(Adaptado de Guedes et al., 2015)

Objectivo Descricao

Fornecimento dear fresco

A ventilacao e necessaria para fornecer ar fresco aos ocupantes, melhorandoa qualidade do ar: substituindo o ar viciado e controlando odores e humidade.

Remocao de calordo edifıcio

Este tipo de ventilacao e usado para remover o calor excessivo do interior doedifıcio, proporcionando temperaturas mais confortaveis.

Arrefecimento docorpo humano por

conveccao eevaporacao

Uma maior velocidade do ar aumenta a evaporacao do suor da pele, ampli-ando o limite superior da temperatura de conforto. A sensacao termica cor-respondente a uma temperatura efectiva de 27 oC pode ser alcancada se umacirculacao do ar de 1 m/s for aplicada a um quarto com uma temperatura do arde 30 oC.

Tabela A.12: Objetivos da Ventilacao (Adaptado de Guedes et al., 2015)

A.44

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Uso do Solo Fase 1 % de Area Total Fase 4 % de Area Total

Area Edificada 100 m2 22% 175 m2 39%

Area de Cultivo 215 m2 48% 140 m2 31%

Area deCirculacao 135 m2 30% 135,5 m2 30%

Area Permeavel 350 m2 78% 275 m2 61%

Tabela A.13: Projeto UMA — Lote

Regiao Tipo dePovoamento Atividade Agrıcola

Bobonaro Disperso As culturas de subsistencia e exploracao (cafe) desenvolvem-se emredor sobre socalcos de terra batida ou ligeiramente reforcada.

Maubisse Disperso Os campos de cultura sao armados em terracos amuralhados.Pratica-se a agricultura mista e a cultura do cafe.

Baucau Disperso econcentrado

As atividades agrıcolas repartem-se pela cultura do arroz de varzea,do milho e pela exploracao do coqueiro.

Lautem Concentrado Pratica-se a agricultura mista e a cultura do coqueiro.

Viqueque DispersoExploracao comunal das varzeas de arroz; agricultura mista. Asculturas de exploracao compreendem o coqueiro, a arequeira e otabaco.

Suai Concentrado As atividades agrıcolas sao semelhantes as de Viqueque.

Oecusse

Concentradonas planıcies edisperso nasmontanhas

As atividades agrıcolas compreendem a cultura hortıcola e culturado arroz de varzea. Pratica-se a pesca nas ribeiras. A copra e oprincipal produto de exploracao.

Tabela A.14: Quadro Tipologico do Povoamento de Timor-Leste — Atividade Agrıcola (Adaptado de Cinnati et al.,1987)

A.45

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Regiao Tipo dePovoamento Nucleo Habitacional

Bobonaro Disperso

As casas agrupam-se em aldeamentos densos. O nucleo dehabitacoes esta assente num embasamento de pedra e e delimi-tado por muros de pedra, onde a entrada para estranhos e feita porum unico local. Situa-se em caminhos que convergem para o centrosocial, onde esta situada a arvore sagrada.

Maubisse DispersoAs casas agrupam-se em nucleos de 2 a 3 famılias. O nucleo dehabitacoes e delimitado por muros, alguns fortificados. Distribuicaoirregular desde o topo das montanhas aos vales.

Baucau Disperso econcentrado

O nucleo de habitacoes e delimitado por muros de pedra solta. Ascasas agrupam-se em aldeamentos e lugarejos sem que haja aseparacao demarcada dos dois tipos de povoamento.

Lautem ConcentradoAldeamentos compostos por 40 a 50 casas, algumas de usufrutocoletivo. Disposicao ao longo de estradas ou junto de orlas flores-tais.

Viqueque DispersoOs aglomerados desenvolvem-se em extensao, resultado do so-matorio de varios grupos de casas. As habitacoes encontram-sedisseminadas pelas clareiras e ligadas por caminhos florestais.

Suai ConcentradoAs casas agrupam-se em aldeamentos distribuindo-se por largosterreiros vedados por sebes vivas e “pagares” - entrelacados debambu ou de pecıolos de palmeira.

Oecusse

Concentradonas planıcies edisperso nasmontanhas

Aldeamentos formados pela justaposicao de quintais com 2 a 3 ca-sas (Nuno-Heto). Os aldeamentos da planıcie sao do tipo linear eformam-se pela justaposicao de quintais.

Tabela A.15: Quadro Tipologico do Povoamento de Timor-Leste — Nucleo Habitacional (Adaptado de Cinnati et al.,1987)

Tipo de Vidro Desempenho

Vidro Duplo

O vidro duplo aumenta o valor do isolamento da area de envidracado, e temtambem a vantagem de reduzir condensacoes e as taxas de infiltracao. Com-parando com vidros simples, o seu uso pode reduzir significativamente os ga-nhos de calor. A amortizacao de janelas de vidro duplo pode ser alcancadaentre 5 e 15 anos, de acordo com a qualidade dos materiais e o tamanho dasjanelas.

Vidro de BaixaEmissividades

Uma maior reducao no ganho de calor e alcancada com o uso de vidros debaixa emissividade. Estes vidros podem ser quase opacos a radiacao infra-vermelha, reduzindo a transmissao de energia solar em mais de 50% . Estetipo de vidro nao reduz os nıveis de luz natural, apesar de serem eficientes nareducao da radiacao solar. No entanto, podem ser bastante caros.

Vidro Simples

O uso de vidros fumados e reflexivos para sombreamento e prevencao de bri-lho deve ser evitado, pois estes materiais reduzem substancialmente o nıvelda luz natural, aumentado o uso de luz artificial (gerando maior consumoenergetico, e calor). E preferıvel usar vidro translucido e sombreamento ade-quado.

Tabela A.16: Tipo de Vidro (Adaptado de Guedes et al., 2015)

A.46

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Geomorfologia Grupo EtnicoLinguıstico Alcado Planta

Montanha

Bunak e Kemak(Bobonaro)

Rabi, Kakaduk

Mambai(Maubisse)

Mambai

Colinas e Planaltos

Makasai, Tetum,Uaimoa e Mıdiki

(Baucau)

Makasai

Fataluku (Lautem)

Dagada

Planıcie

Tetum (Viqueque)

“Grande” de Viqueque

Tetum (Suai)

“Grande” de Suai

Atoni (Oecusse)

Baiqueno

Tabela A.17: Tipos de Habitacao Tradicional (Adaptado de Guedes et al., 2015)

A.47

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Especie Aspeto Visual Construcao

Cedrela Toona var.australis Roxb.

DC.

Cerne castanho claro, acetinado com refle-xos dourados. Textura pouco uniforme. Almofadas de portas e forros.

Ganophyllumfalcatum Blume Cerne cor de palha. Textura homogenea. Estacaria, vigamento e soa-

lho.

Intsia bıjuga O.K.

Borne distinto do cerne apresentando umacor esbranquicada e castanho claro. Cernede cor castanho escuro com vestıgios de go-mas amareladas brilhantes.

Estacaria e vigamentos.

Melaleucaleucadendron L.

Borne distinto do cerne. Cerne de cor casta-nho escuro com tons avermelhados. Texturahomogenea. Fio ondulado.

Revestimento de piso e esta-caria.

Pometia pinnataForst. Cerne castanho claro. Textura uniforme. Estacaria e vigamentos.

Pterocarpusindicus Willd.

Borne diferenciado do cerne apresentandouma cor esbranquicada ou cor palha. Cernecastanho avermelhado com laivos douradosou vermelho escuros. O cerne pode aindaapresentar tons rosados ou alaranjados. Tex-tura pouco uniforme.

Construcao civil ligeira e tra-vessas de caminho de ferro.

Tectona grandis L.

Borne diferenciado do cerne de coresbranquicada e amarelo claro. Cerneapresentando uma cor castanho douradacom laivos mais escuros.

Construcao naval; construcaocivil (portas, janelas, soalhos),vigamentos e estacaria e tra-vessas de caminhos de ferro.Textura heterogenea. Fio on-dulado.

Terminalia cattapaL.

Cerne castanho escuro levemente rosado.Textura uniforme.

Construcao de casas e bar-cos.

Tabela A.18: Utilizacoes Previstas das Madeiras de Timor-Leste (Adaptado de Guedes et al., 2015)

Vantagens Descricao

Alta Fiabilidade Por nao possuir pecas moveis e muito util nas aplicacoes em locais isolados.

Portabilidade eAdaptabilidade

Estas caracterısticas permitem montagens simples e adaptaveis a varias ne-cessidades energeticas.

Custo eManutencao

Tem um custo reduzido e manutencao quase inexistente por nao necessitar decombustıvel, transporte, nem mao-de-obra qualificada.

Ecologia A qualidade ecologica deve-se ao produto final nao ser poluente, mas silenci-oso e amigo do ambiente.

Melhoria daEstetica

A aplicacao deste sistema permite a melhoria estatica dos edifıcios, podendosubstituir revestimentos como fachadas, telhados, entre outros.

Melhoria da RedeEletrica Local A utilizacao deste sistema permite a descentralizacao da producao eletrica.

Tabela A.19: Vantagens da Utilizacao da Tecnologia Solar Fotovoltaica (Adaptado de Guedes et al., 2015)

A.48

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Vantagens Descricao

Alto RendimentoLuminoso

O fluxo direcional das lampadas LED permite dirigir a luz a area desejada, au-mentando consideravelmente a uniformidade lumınica e reduzindo manchasou pontos escuros e a perda de iluminacao entre as fontes de luz. A otimizacaodo uso da luz emitida reduz o consumo de energia e a contaminacao lumınica.As lampadas LED possuem maior Rendimento Luminoso Util que outras uti-lizadas nos sistemas de iluminacao publica. As lampadas LED oferecem oitovezes mais iluminacao que as incandescentes.

Economia deEnergia

As luzes LED sao extremamente eficientes e permitem economizar entre 60 e90% se comparadas as lampadas incandescentes convencionais, de sodio oude mercurio.

Longa Vida Util As lampadas LED tem uma vida util de mais de 50.000 horas (cerca de 17anos numa utilizacao diaria de 8 horas).

Protecao doMeio-Ambiente

As lampadas LED sao reciclaveis e nao contaminam ao meio-ambiente aocontrario do que acontece com as lampadas fluorescentes de poupanca deenergia, ou as de sodio que contem mercurio.

Tabela A.20: Vantagens da Utilizacao da Tecnologia de Iluminacao LED (Fonte: Vantagens da Tecnologia deIluminacao LED - Informacao retirada do site InterLED Light, http://www.interledlight.com/pt, visitado a 6 de Abrilde 2016)

Vantagens Desvantagens

1cm– Boa resistencia mecanica;– Boa resistencia a vibracoes e ao fogo;– Adaptacao a qualquer forma;– Aumento da resistencia aos esforcos ao

longo do tempo;– Monolitismo das pecas de betao.

– Dificuldade de moldagem de pecas comseccoes reduzidas;

– Necessidade de muita armadura;– Necessidade de mao-de-obra.

Tabela A.21: Vantagens e Desvantagens do Betao Armado (Adaptado de “BETAO ARMADO” informacao retiradado site http://www.ecocasa.pt, visitado a 10 de Fevereiro de 2016)

A.49

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