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Modelo de projeto na disciplina de metodologia científica (apenas um modelo)TRANSCRIPT
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLÓGIA FARROUPILHA – CÂMPUS ALEGRETE
CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA METODOLOGIA DA PESQUISA
VARIABILIDADE ESPACIAL DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-
HÍDRICAS EM ÁREA DE CULTIVO DE ARROZ PRÉ-GERMINADO
Integrantes do grupo: Guilherme Costa
João Antônio da Conceição Tiago Gonçalves Lopes
ALEGRETE, 18 DE NOVEMBRO DE 2015.
RESUMO
O arroz é o terceiro cereal mais produzido no mundo, respondendo por um
percentual de 17,3% da produção entre os principais grãos na safra mundial de
2014/2015, totalizando uma produção de aproximadamente 475.467 mil toneladas.
Neste cenário, o sistema de cultivo pré-germinado consome mais água do que o
cultivo comum, pois demanda em torno de 1000 a 2000 m³ ha-1 de água para
realizar o preparo do solo. Normalmente as características próprias do solo em
áreas cultivadas com arroz pré-germinado são modificadas, pois com a
sistematização da área ocorrem mudanças nas características físicas do solo, tais
como: textura, densidade, densidade de partícula, porosidade total, profundidade da
camada impermeável e condutividade hidráulica saturada. O conhecimento dessas
características em uma área de cultivo é imprescindível para a utilização da técnica
de irrigação. Com a necessidade de se racionar a água, deve-se conhecer quais são
as quantidades reais de água utilizadas na agricultura, principalmente na cultura do
arroz irrigado, grande vilão no consumo de água. Neste contexto, o objetivo do
presente trabalho se concentra na determinação da variabilidade espacial das
características físico-hidricas em lavoura de arroz pré-germinado, visando a
aplicação real necessária de irrigação em distintos quadros contidos em área já
sistematizada com sistema de irrigação por inundação no município de Manoel
Viana - RS.
Palavras-chave: Agricultura de Precisão, Irrigação, Orizicultura.
1. INTRODUÇÃO
São cultivados no Brasil em torno de 1,3 milhões de hectares anuais com
arroz irrigado, dentre estes, cerca de 950 mil (73%) estão no RS. A orizicultura no
estado produz cerca de 50% da produção total nacional (EMBRAPA, 2005). O
cultivo é feito geralmente em solos de baixas altitudes (0-200 m). Solos localizados
em patamares mais altos ou em terras adjacentes às várzeas, de relevo suave
ondulado a plano, eventualmente também são usados com cultura do arroz irrigado.
No Rio Grande do Sul esses solos são encontrados na região da Campanha e
Fronteira Oeste.
O sistema pré-germinado é definido por métodos de cultivo de arroz irrigado
adotados em áreas sistematizadas onde as sementes, já germinadas, são lançadas
em quadros nivelados e inundados. Este sistema ocupa 12% da área total de arroz
irrigado no estado (EMBRAPA, 2005). Tendo como vantagens nesta técnica, o
controle mais eficaz do arroz vermelho, pouca dependência do clima para o preparo
do solo e planejamento mais efetivo das atividades da lavoura. A sistematização da
área é um requisito essencial para efetivação do sistema, onde criam-se quadros
fixos, regulares e em geral de dimensões pequenas e bem niveladas, separando-os
e um ultimo momento com taipas permanentes.
Contudo, estudos realizados por MACHADO et al. (2006), avaliando o uso da
água para o sistema pré-germinado, estimam que um volume de aproximadamente
6.000 m³ ha-1 de água é consumido ao longo de todo o ciclo da cultura, sendo que
20% deste total é usado para a formação da lâmina de água. Levando a concluir que
a drenagem inicial causa uma perda de grande volume de água, sendo este, um
recurso limitante em algumas regiões produtoras, e um dos principais parâmetros na
composição do custo de produção, sendo imprescindível o reconhecimento dos
parâmetros físicos hídricos do solo, para uma aplicação eficiente da irrigação.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Determinar a variabilidade espacial das características físico-hídricas em
orizicultura pré-germinada, visando a real aplicação da irrigação em distintos
quadros contidos em área já sistematizada com sistema de irrigação por inundação
no município de Manoel Viana - RS.
2.2 Objetivos específicos
Determinar os parâmetros físico-hídricos do solo (textura, densidade, densidade de partícula, porosidade total, profundidade da camada impermeável e condutividade hidráulica saturada);
Realizar a caracterização físico-hídrica de cada quadro de cultivo;
Gerar mapas com os volumes de água que deverão ser irrigados em
cada quadro da área em estudo;
Gerar e disponibilizar informação literária na área de ciências agrárias
e correlatas.
3. JUSTIFICATIVA
Considerando-se a história recente da irrigação, ao longo dos últimos tempos
as áreas de terra irrigadas vêm tendo um constante aumento, consequente da
demanda em produtividade na agricultura, impulsionada pelo grande crescimento da
população. Nesse contexto, a produção de culturas predominantemente irrigadas,
como o arroz, necessita de sistemas de gestão de água mais eficientes, levando em
conta que os recursos hídricos futuramente serão ainda mais reduzidos.
Em se tratando de nivelamento de áreas de plantio de arroz, especialmente
em sistema de plantio pré-germinado, já estão implantados no mercado sistemas de
nivelamento com alta tecnologia e melhor eficiência aplicadas na gestão dos
recursos hídricos, implicando em diversas outras vantagens propiciadas por estes
sistemas. Contudo, tanto na prática, quanto na literatura, ainda há carência de
estudos que explorem a aplicação da irrigação com precisão, levando em
consideração a variabilidade das características físico-hídricas do solo.
Neste contexto, torna-se necessário ampliar a divulgação de novas práticas e
ferramentas de agricultura de precisão, bem como, testá-las e avaliá-las quanto ao
seu desempenho, pois novidades comumente geram controvérsia, e a falta de
informação e pesquisas à cerca destas o tornam improdutíveis, ao passo que não é
explorado a fundo seu possível potencial de oferecer soluções convenientes,
relevantes e eficazes para a irrigação.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Sistema de cultivo pré-germinado
O sistema pré-germinado de cultivo de arroz irrigado se posiciona como uma
alternativa aos demais sistemas utilizados por apresentar peculiaridades de manejo
e ainda proporcionar a obtenção de altas produtividades em áreas infestadas por
arroz vermelho e preto (MARCHEZAN et al, 2006). Das características do sistema
pré-germinado a inundação da área ocorre aproximadamente 20 dias antes da
semeadura e também a adoção da drenagem inicial da lavoura, cerca de três dias
após a realização da semeadura, para proporcionar o melhor estabelecimento inicial
às plântulas de arroz.
Avaliando a utilização de água, Machado et al. (2002), demonstraram que,
para os sistemas pré-germinado, mix de pré-germinado e transplante de mudas há,
por ocasião da formação da lâmina de água, um consumo ao redor de 1.300 m3 ha-
1, o que representa de 15 a 20% do volume consumido durante o ciclo da cultura. Já
Machado et al. (2006), para o sistema pré-germinados obtiveram volume de 6.216
m³ ha-1 para todo o ciclo da cultura, onde cerca de 20% deste total foi utilizado para
a formação da lâmina de água. Com isso, a drenagem inicial implica a perda de
considerável volume de água, sendo este recurso limitante em algumas regiões
produtoras e um dos principais itens na composição do custo de produção. Sendo
assim as possíveis diferenças que ocorrem no consumo de água fundamentam-se
pelas alterações nas características físicas e hidráulicas do solo nos sistemas pré -
germinado e transplante, nos quais, pela prática do preparo do solo na água, ocorre
a desestruturação da camada superficial, selamento dos poros e redução da taxa de
infiltração de água (KUKAL & AGGARWAL, 2002).
4.2 Sistematização do terreno
A sistematização consiste em nivelar um determinado terreno a um nível tal
que permita uma lamina de agua e, ou, apenas umidade uniforme de acordo com a
exigência da cultura. Para orizicultores gaúchos, consiste no nivelamento da
superfície do solo, em um plano pré-definido, utilizando o solo das cotas mais
elevadas assim originando áreas de corte para aterrar os de cotas inferiores sendo
áreas de aterro. Segundo Filho et al. (2001), em razão dos atributos do solo a
variabilidade causa problemas em experimentação de campo, especialmente no
manejo da irrigação. Por essa razão, a caracterização da variabilidade espacial é
essencial para um entendimento melhor das inter-ralações entre atributos do solo e
manejo de irrigação.
4.3 Irrigação por superfície - Inundação
A irrigação por inundação, como o próprio nome informa, seria a aplicação de
água em uma cultura de forma a alagar a área de cultivo, exigindo a sua adequação
em bacias ou tabuleiros, principalmente na cultura do arroz. O tabuleiro ou bacia é
construído a partir de uma área nivelada em todas as direções, onde são levantados
nos seus limites diques ou taipas (paralelos ou em nível), de forma a armazenar a
água no seu interior, criando uma área inundada, e impedindo que ocorram perdas
por escoamento superficial. A partir da fonte de água disponível na propriedade, é
preciso bombeá-la até a parte mais alta do terreno, possibilitando que toda a
distribuição da água na área irrigada seja realizada por meio da gravidade.
Geralmente a água é liberada a partir de um canal situado na parte mais elevada do
campo utilizando estruturas hidráulicas como comportas de alvenaria ou madeira ou
ainda utilizando sifões ou tubulações. A lâmina de água move por gravidade para a
parte mais baixa conduzida pelos diques. Normalmente, os tabuleiros se
intercomunicam permitindo que o que estiver na parte mais alta alimente os demais
na parte mais baixa. Os tabuleiros recebem uma lamina de água, que fica retida no
seu interior e disponível para ser infiltrada. No manejo com lâmina intermitente,
essas lâminas de irrigação ficam acumuladas até serem infiltradas ou drenadas. A
quantidade de água exigida para o cultivo de arroz é o somatório da água
necessária para saturar o solo, formar uma lâmina, compensar a evapotranspiração
e repor as perdas por percolação vertical, as perdas laterais e dos canais de
irrigação. Esta quantidade depende, principalmente, das condições climáticas, do
manejo da cultura, das características físicas do solo, das dimensões e revestimento
dos canais, da duração do ciclo da cultivar, da localização da fonte e da
profundidade do lençol freático.
4.4 Características Físico-Hídricas
O conhecimento de características físico-hídricas do solo como a capacidade
de retenção de água, densidade do solo e granulometria, dentre outras, é muito
importante na escolha do sistema de irrigação a ser utilizado, no cálculo da
quantidade de água a ser aplicada na irrigação, bem como sua frequência de
aplicação, tornando-se óbvio que o conhecimento da variabilidade destas
propriedades dentro da área a ser irrigada é de extrema importância. Nesse
contexto, o conhecimento da variabilidade espacial das características
correlacionadas com a disponibilidade de água do solo, é de fundamental
importância no manejo da irrigação, permitindo o zoneamento da área em glebas
que receberão manejo diferenciado (Souza et al., 1999).
4.5 Densidade do Solo
Entre os vários atributos do solo que interferem no manejo de irrigação e
crescimento vegetal, a densidade do solo pode ser considerada a principal, sendo
muito importante sua medição em projetos de irrigação e drenagem. A densidade do
solo é um atributo que é afetado pela estrutura do solo, grau de compactação,
manejo e tipos de culturas (AMÉRICO, 1979). A maioria das culturas é seriamente
afetada quando a densidade do solo ultrapassa 1,5 g cm-
3, essencialmente por duas razões: primeiro, pela falta de O2 para a respiração das
raízes, devido à baixa porosidade e má drenagem e, segundo, por impedimento
mecânico para o crescimento das raízes, limitando-se a zona de absorção de água e
nutrientes (SOUZA et al., 1997).
4.6 Densidade de Partícula
Define-se a densidade da partícula de um solo como sendo a relação
existente entre a massa de uma amostra de solo e o volume ocupado pelas suas
partículas sólidas. Assim sendo, a densidade real de uma amostra de solo é
calculada a partir da medida de duas quantidades: a massa de uma amostra e seu
volume. Reichardt (1985), afirmou que a densidade de partículas é pouco
influenciada pelo manejo do solo e de acordo com (LIBARDI et al., 1996) sua
distribuição é assimétrica para uma mesma classe de solo.
4.7 Porosidade Total e Velocidade de Infiltração Básica
Segundo Reichardt & Timm (2004), a porosidade do solo está diretamente
dependente da densidade do solo. Essa também é afetada pelo nível de
compactação do solo, pois quanto maior a densidade, menor será o volume do
espaço poroso. A infiltração de água no solo é o processo de entrada de água
através da superfície do solo. A taxa de entrada de água no solo decresce com o
tempo em função do umedecimento do perfil assumindo um valor mínimo constante
denominado de velocidade de infiltração básica (VIB). A capacidade de infiltração é
uma propriedade do solo que representa a intensidade máxima que o solo, em dada
condição e tempo, podem absorver a água da chuva ou da irrigação aplicada a
determinada taxa. Durante uma chuva, parte da água pode infiltrar e parte pode
escorrer sobre a superfície do solo (LIBARDI, 1995). Bertoni & Neto (1990), afirmam
que quanto maior a velocidade de infiltração, menor a intensidade de enxurrada na
superfície, e consequentemente, menor a erosão do solo. Roth et al. (1985), relatam
que a determinação da infiltração é de fundamental importância, pois existe uma
relação direta entre erosão e infiltração de água no solo.
Existem vários fatores que condicionam o movimento da água no solo,
relatados como a porosidade, a densidade do solo, a cobertura do solo, a textura, a
umidade inicial, a matéria orgânica segundo (POTT, 2001). De acordo com Araújo
Filho & Ribeiro (1996), na elaboração de projetos de irrigação, a magnitude da
velocidade de infiltração básica serve de referência para a escolha dos métodos e
sistemas de irrigação a adotar, sendo, portanto, uma variável relevante para a
definição do manejo agrícola em sistemas irrigados.
4.8 Condutividade Hidráulica
A condutividade hidráulica de um solo (em superfície e em profundidade) é
um parâmetro fundamental para se determinar ou se prever o funcionamento hídrico
dos diferentes tipos de coberturas. Estes resultados são importantes para as
avaliações de condições de recarga dos aquíferos, regularização de vazões de
cursos d'água superficiais, comportamento de plumas de contaminação e
determinação de lâminas de água em sistemas de irrigação. Apesar de a
condutividade hidráulica do solo saturado (Ks) ser uma propriedade de grande
variabilidade e amostral, dificultando a diferenciação entre manejos, ela tem sido
usada para caracterizar a qualidade estrutural do solo, sendo analisada juntamente
com outras propriedades físico-hídricas. Essa propriedade representa o volume de
um fluido que passa por um corpo sólido em um determinado tempo (LIBARDI,
2000). No caso do sistema solo, o fluido é a solução – tratada aqui simplesmente
como água do solo – e o corpo sólido são as partículas minerais e orgânicas.
Portanto, uma vez alterada a distribuição e o arranjo dos poros do solo, as
propriedades de condutividade hidráulica também variam (BAGARELLO, 1997).
4.9 Textura
A variação das características texturais do solo ocorrem em função do
ambiente de deposição de sedimentos, da vegetação, do relevo que regula o tempo
de exposição dos materiais à ação do intemperismo (YOUNG & HAMMER, 2000) e
principalmente do material de origem (CUNHA et al., 2005). A textura do solo
também pode variar em função da estratigrafia da área de estudo, por exemplo, a
variação textural do arenito do grupo Bauru (mais fino na base e grosseiro no topo),
é indicação da mudança do ambiente deposicional (MARQUES JUNIOR & LEPSCH,
2000). Gobin et al. (2001), afirmam que a distribuição espacial da textura no terreno
apresenta dependência espacial da direção e da intensidade dos fluxos de água,
que são dependentes das formas de relevo. Assim, em áreas de forma côncava
condicionam movimento das partículas na direção perpendicular ao sentido da
vertente, em segmento de forma convexa e de forma linear visualiza-se a inversão
dos movimentos na direção paralela ao sentido da vertente, conforme destaca Leão
(2004). O entendimento do comportamento da granulometria do solo é importante
para se compreender a distribuição dos sedimentos, a dinâmica da água por entre
os espaços, bem como fatores essenciais na irrigação como capacidade de retenção
de água, entre outros. A textura é um atributo do solo que se modifica lentamente
com o passar dos anos, porém normalmente, em áreas onde ocorre a
sistematização do terreno, é possível observar essas diferenças, uma vez que o
material de aterro é provindo de outros locais distintos á área, modificando assim
sua classe textural.
4.10 Geoestatística
Vários estudos relatam que a variabilidade das propriedades físicas do solo
apresenta correlação ou dependência espacial (CARVALHO et al., 2002;
CARVALHO et al., 2003; SALVIANO, 2003; SOUZA et al., 2004a,b). A geoestatística
é a ferramenta utilizada para estudar a variabilidade espacial, pois possibilita a
interpretação dos resultados com base na estrutura da variabilidade natural das
características avaliadas, considerando a dependência espacial dentro do intervalo
de amostragem.
Os semivariogramas, gráficos que relacionam a semivariância de uma
variável qualquer com uma distância, apresentam três parâmetros importantes: o
efeito pepita (Co), o valor da semivariância para a distância zero, representa o
componente da variação ao acaso; o patamar (C+Co) é o valor da semivariância
onde a curva se estabiliza sobre um valor constante; e o alcance (a), a distância
máxima até onde ocorre dependência espacial (VIEIRA, 2000).
Após a seleção do semivariograma da variável em estudo, e havendo
dependência espacial, podem-se interpolar valores em qualquer posição da área
estudada, sem tendência e com variância mínima, por meio da técnica de krigagem
(VIEIRA, 2000). Com um modelo de dependência espacial de variáveis do solo, a
geoestatística possibilita a estimativa em pontos não amostrados, viabilizando o
mapeamento e o zoneamento da variável. Esse procedimento pode auxiliar na
melhor distribuição das parcelas e experimentos em campo, assim como o manejo
mais racional da água, de fertilizantes e de defensivos agrícolas. A utilização das
técnicas geoestatística permite detectar a existência da variabilidade e distribuição
espacial das medidas estudadas constitui importante ferramenta na análise e
descrição detalhada da variabilidade das propriedades do solo (VIEIRA, 2000;
CARVALHO et al., 2002; VIEIRA et al., 2002). O conhecimento da variabilidade das
propriedades do solo e das culturas, no espaço e no tempo, é considerado,
atualmente, o princípio básico para o manejo preciso das áreas agrícolas, qualquer
que seja sua escala (GREGO & VIEIRA, 2005). Pois conhecendo as coordenadas
geográficas do ponto amostrado, podem-se analisar os dados, possibilitando,
segundo Vendrusculo (2001), representar a área com maior detalhamento.
5. HIPÓTESES
É possível aumentar a eficiência no uso da água para a cultura do arroz
irrigado em sistema de plantio pré-germinado, a produtividade da cultura, bem como
obter um maior e melhor aproveitamento dos recursos naturais, através da aplicação
de irrigação baseada em variabilidade das características físico-hídricas do solo.
6. METODOLOGIA
O trabalho será realizado em área já sistematizada e consolidada no
município de Manoel Viana - RS. Para a determinação da quantidade de água, será
utilizado um micromolinete no canal que conduz a água até a entrada da lavoura. A
cultura será semeada no mês de outubro de 2016. Para o georreferenciamento da
área será utilizado um GPS (Global Positioning System) e softwares específicos
para descarregamento dos dados.
Figura 01 – Vista da área via satélite.
Fonte: Google Earth Pro (2015).
Primeiramente serão identificadas em cada quadro da área a profundidade da
camada impermeável e sua espessura, bem como as características do perfil do
solo. Será realizada a caracterização físico-hídrica de cada quadro através das
seguintes determinações: textura, densidade do solo, densidade de partícula,
porosidade total, profundidade da camada impermeável e condutividade hidráulica
saturada. Estas determinações serão realizadas em cada um dos quadros
analisados e os pontos de coleta das amostras serão georreferenciados em uma
planta da área. As amostras de solo deformadas e indeformadas serão submetidas á
analise em Laboratório de solos. Serão determinados os dados de evaporação diária
do local, coletando diariamente no site do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia
- http://www.inmet.gov.br). Além destes valores serão também coletadas
informações que permitam estimar a demanda evaporativa da atmosfera do local
tais como temperaturas máxima e mínima e umidade relativa do ar, velocidade do
vento. O tempo necessário para saturação do solo e formação da lâmina, bem como
o número de dias efetivamente irrigados no período de safra serão registrados. Para
tomada de medidas de lâmina de irrigação será formada na lavoura uma malha de
10 x 10m. No centro de cada quadro será realizada uma medida de lâmina. o
período de cultivo serão registrados o início e o final dos estádios de
desenvolvimento da cultura bem como os tratos culturais executados ao longo do
ciclo.
Para o cálculo da determinação da necessidade hídrica de uma lavoura de
arroz serão determinados os seguintes volumes:
1) Volume necessário para saturação do solo (V1)
dsxha
mxxPCI
UUV
atualsaturação2
1 10000100
Onde:
saturaçãoU : umidade de saturação do solo (%);
atualU : umidade atual do solo (%);
PCI : profundidade da camada impermeável (m);
ds: densidade do solo.
A determinação da umidade de saturação será calculada pela fórmula:
dU
s
saturação
n
Onde n é a porosidade do solo, dada pela expressão:
dp
dsn 1
Onde dp é a densidade de partícula.
A umidade atual no início do período de safra será determinada através do
método gravimétrico com amostras coletadas no local um dia antes do início do
período irrigado.
2) Volume de água necessário para formar a lâmina na lavoura (V2)
ha
mxhV
2
2
10000
Onde:
h: altura da lâmina que será utilizada na lavoura (m).
3) Volume de água necessário para compensar as perdas por evaporação (V3)
ha
mxPIxheV
2
3
10000
Onde:
he: altura de lâmina evaporada (m/dia);
PI: período de irrigação da cultura (dias).
4) Volume de água necessário para compensar as perdas por infiltração (V4)
O volume V4 (m3/ha) será determinado com base na Equação de Darcy, conforme a
equação:
ha
mx
ECI
hPCIxKV
2
4 10000
Onde:
K: coeficiente de permeabilidade do solo (m/s);
ECI = espessura da camada impermeável (m).
5) Volume de água necessário para atender a transpiração ou formação de MS (V5)
O volume de água necessário para atender a transpiração da cultura será
calculado com base na necessidade hídrica que a cultura do arroz demanda para
produção de 1kg de matéria seca (400l). Para tanto, será necessária a determinação
da produção de grãos da área e da produção total de matéria seca na parte aérea.
6) Cálculo do Volume Total (Dotação Líquida)
VT = V1 + V2 + V3 + V4 + V5
Os dados serão processados em uma planilha do Excel e assim determinado
o volume de água necessário para suprir as necessidades da cultura em cada um
dos quadros analisados. Logo após, os dados de cada quadro serão submetidos a
analise geoestatística, que será realizada através do software ArcGIS. Após este
processo serão gerados os mapas com os volumes de água determinado para cada
quadro em estudo da área.
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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Descrição da Atividade M A I
J U N
J U L
A G O
S E T
O U T
N O V
D E Z
JAN
FEV
MAR
A B R
Estudo do problema, revisão bibliográfica e melhorias no projeto
X X
Planejamento das avaliações X
Preparo da área experimental X
Coletas de solo X
Análise de solo X
Preparo do solo X X
Semeadura X
Avaliações hídricas X X X X X
Avaliações culturais X X X X X
Análise estatística e interpretação dos resultados
X X
Redação de artigos científicos e periódicos
X X X
Registro de lições aprendidas e definição de metas
X
9. ORÇAMENTO
ITEM CUSTO (R$) Unidade - ha
CUSTO TOTAL (R$) 30 amostras - 0,3 ha
2 bolsistas (12 meses) - 9.600,00
Amostra georreferenciada 20,00 600,00
Elaboração de mapas (9 un.) 8,00 72,00
Condutividade hidráulica 60,00 1800,00
Densidade de partícula 15,00 450,00
Densidade do solo 8,00 240,00
Granulométrica 30,00 900,00
Porosidade total e efetiva 30,00 900,00
Retenção de água 40,00 1200,00
Umidade atual 15,00 450,00
Semente 192,60 58,00
Fertilizante 628,00 189,00
Agroquímico 547,92 165,00
Preparo do solo 126,64 38,00
TOTAL 1.711,16 16.662,00
O custeio com deslocamentos, bem como o empréstimo dos equipamentos,
ficarão a cargo das instituições de ensino Unipampa e IF Farroupilha.