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1 PROJETO LER + JOVEM RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA BEM SUCEDIDA BIBLIOTECA ESCOLAR FERNÃO MENDES PINTO ANO LETIVO 2012 / 2013 Coordenadora do projeto Maria Carla Crespo Professora Bibliotecária

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Projeto proposto pela Rede de Bibliotecas Escolares / Plano Nacional de Leitura de incentivo à leitura dos jovens do ensino secundário e dinamizado pela Biblioteca Escolar Fernão Mendes Pinto ao longo do ano letivo de 2012-2013.

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PROJETO LER + JOVEM

RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA BEM SUCEDIDA

BIBLIOTECA ESCOLAR FERNÃO MENDES PINTO

ANO LETIVO 2012 / 2013

Coordenadora do projeto

Maria Carla Crespo – Professora Bibliotecária

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PARTE I

Contextualização e 1ª fase do projeto

O Projeto Ler+ Jovem, proposto pela Rede de Bibliotecas Escolares / Plano

Nacional de Leitura e que consiste no incentivo da leitura junto dos jovens do

ensino secundário, foi abraçado pela Escola Secundária Fernão Mendes Pinto

e dinamizado pela sua Biblioteca Escolar (BE) ao longo do ano letivo de 2012-

2013.

Submetemos a nossa candidatura (anexo 01) - após parceria com a

Universidade Sénior de Almada (USALMA) e com a Biblioteca Municipal - com

vista à monitorização das diferentes fases do projeto pela Universidade do

Minho e ao apoio financeiro que resultasse na consolidação do fundo

documental da BE e na formação, em Organização de Grupos de Leitores, de

professores envolvidos na iniciativa.

A nossa candidatura não terá sido suficientemente consistente para merecer a

aprovação do júri e por isso não fomos selecionados. Porém, o projeto desde o

início nos motivou e nem por isso deixámos de o implementar, embora com

algumas variações em relação ao planeado, como, aliás, concebemos que

sejam os projetos, num processo de reflexão-ação e de adaptação às

circunstâncias, ao público, aos objetivos da comunidade de leitores, núcleo

fulcral do plano.

O nosso propósito maior consistia na partilha de leituras entre gerações –

jovens do ensino secundário da nossa escola e adultos da universidade sénior

local. Não se tratava tanto de relatar “o conteúdo da obra lida mas antes de

partilhar os ecos e impactos dessa prática”, lia-se no plano submetido, e

tentámos atingi-lo, num percurso movido pela boa vontade dos mais velhos que

tentaram adaptar-se ao solicitado, gorando por vezes a expectativa de fazer

uma conferência ou uma análise muito detalhada sobre um autor ou uma obra

lida. Por seu lado, os mais jovens venceram a timidez de falar em público e

prepararam os seus ecos de leitura, umas vezes naturalmente, outras de forma

mais académica, aspeto ainda a melhorar.

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Certo é que, ao longo do ano letivo de 2012-2013, a leitura congregou

diferentes gerações (jovens e seniores) – umas vezes de modo completamente

livre, em que cada um lia o que lhe aprouvesse a partir do corpus de textos

inicialmente apresentado, outras a partir de um tema aglutinador. Foi o que

sucedeu na Semana da Leitura, convocada pelo Plano Nacional de Leitura,

cujo tema era o mar.

A Biblioteca Escolar selecionou textos, literários e informativos, e com eles

organizou uma antologia e uma lista bibliográfica (anexo 02) que propôs à

comunidade alargada, que a aceitaria como mera proposta em aberto. Cada

membro – aluno ou adulto – poderia participar com o seu texto desde que a

temática do mar estivesse contemplada. Quais as regras deste jogo? Ler

apenas, sem comentar, o texto escolhido. Em cadência, sem aplausos, sem

interrupções, como se os textos fossem ondas e gerassem ondas de leitura,

pelo próprio ritmo e cadência das palavras. O cenário – no anfiteatro da

Biblioteca Escolar - evocava o espaço marinho e todos congregava a viajarem

no alto mar das letras.

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Registaram-se algumas surpresas, que comprovam a adesão da Comunidade

de Leitores e do encontro intergeracional: os jovens prepararam alguns

poemas para sussurrar ao ouvido dos seniores, à medida que iam chegando à

biblioteca, como forma de acolhimento inicial. Tubos de cartão decorados pelos

alunos com elementos marinhos – areia, conchinhas, estrelas do mar… –

serviram de “sussurradores” de poesia e aproximaram uns dos outros.

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Por seu lado, fomos todos agraciados com a seleção de textos de cada idoso,

mas, mais do que isso, com uma produção textual de uma das senhoras

(Mariazinha, como gosta de ser tratada), escrita após um passeio pela Costa

de Caparica, e com a declamação, por dois octogenários, de um texto de um

autor anónimo do distrito de Setúbal, sempre obedecendo à temática

aglutinadora da Semana da Leitura.

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Os diseurs emocionaram a plateia, que reclamou bis. A densidade do texto dito

aproximou todos os que se encontravam na sala, numa verdadeira onda de

leitura e de laços humanos.

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Este foi o

ponto alto da Comunidade de Leitores na sua vertente de parceria com a

universidade sénior e que se repetiu ainda em maio, na Semana do Patrono da

escola – Fernão Mendes Pinto – na qual os mais velhos quiseram partilhar

excertos de A Peregrinação, enquanto os alunos partilharam leituras de

viagens e aventuras, uma vez mais de textos literários e não literários, com

predominância daqueles, visto que duas das turmas envolvidas são do Curso

de Línguas e Humanidades e frequentam a disciplina de Literatura Portuguesa

no 10º e no 11º anos de escolaridade.

PARTE II

Experiência alargada do projeto e

intervenção específica com o Curso Profissional de Turismo

Uma outra vertente do projeto Ler+ Jovem, que se foi construindo ao longo do

ano letivo, consistiu numa maior promoção da leitura junto de algumas turmas

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do ensino secundário, com ritmos e dinâmicas próprios: duas turmas leram

periodicamente obras clássicas, monitorizadas pela respetiva professora de

português, embora não lhes fosse possível participar na comunidade de

leitores, e outras três prepararam com regularidade leituras e até alguns

documentos complementares para enriquecerem aquele grupo.

Paralelamente, houve uma ação mais continuada com uma turma do Curso

Profissional de Turismo (10º9), uma vez que era constituída por alunos com

hábitos de leitura, a par de outros para quem um livro era até então um objeto

intocável.

Assim, em inícios de dezembro a professora bibliotecária (PB) deslocou-se à

sala de aula com várias dezenas de livros, tendo por base os gostos

manifestados nas fichas dos já leitores da BE e outros volumes de ficção e não

ficção, de modo a cativar o maior número possível de perfis de leitor.

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O resultado foi surpreendente.

O estímulo foi continuado pela professora de português da turma e assim o

10º9 tornou-se “a” turma leitora da BE no que diz respeito à frequência de

requisições tanto para aulas destinadas apenas à leitura como para

empréstimo domiciliário.

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Em janeiro, tomando por base o conto “Arroz do céu”, de José Rodrigues

Miguéis, a PB preparou uma sessão de animação da leitura com elementos

simbólicos e, após o diálogo com os alunos, seguiu-se novo momento de

seleção de livros (e DVD) por todos.

Posteriormente, a propósito de uma exposição sobre os Irmãos Grimm na

escola e na BE em particular, planeou-se outro pequeno projeto de leitura e de

escrita. Os alunos foram confrontados com a leitura, em grupo, de contos

tradicionais (de Grimm e outros).

A PB deu uma aula sobre os elementos constituintes do conto popular e

construiu o dossiê “Ingredientes do conto popular” (anexo 03). Construíram-se

cartões (anexo 04) com excertos dos vários contos em estudo (num total de 5)

que contivessem elementos das várias categorias da narrativa (personagens,

referências espácio-temporais, elementos simbólicos, etc). Cada grupo

dispunha de um conjunto de cartões com os quais teria de recriar um conto,

segundo as orientações ministradas (anexo 05). Ao vencedor seria atribuído

como prémio um diploma e a leitura expressiva, pelos próprios autores do

conto, a alunos do 1º ciclo de uma escola nas proximidades da nossa, não

agrupada (anexo 06).

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A turma empenhou-se bastante, segundo testemunho da professora de

português, que acompanhou as aulas, apesar de evidentes entraves na

expressão escrita, na estruturação dos textos e no cumprimento dos prazos.

Evidenciaram-se, nesta etapa, as dificuldades específicas desta turma do

ensino profissional. Porém, o esforço valeu a pena, como se demonstra a

seguir.

PARTE III

Da leitura à escrita: Concurso “Conta-me um conto”

Os alunos do Curso Profissional de Turismo (10º9) deslocaram-se à escola

EB1 do Pragal, integrada no Agrupamento de Escolas Anselmo de Andrade, e

narraram o conto “A menina e o porquinho”, criado pelo grupo vencedor do

concurso de escrita de um conto tradicional, que lhes havia sido proposto após

o estudo dos “Ingredientes do conto popular”.

A história foi lida aos mais novos, pelos seus autores, de forma expressiva e

após alguns ensaios. Seguiu-se a projeção em vídeo de excertos do conto de

modo a sistematizar a informação e que pode ser visionado em

http://www.esfmp.pt/node/1860.

Estabele

ceu-se

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um diálogo com os pequeninos para verificar se tinham prestado atenção e as

respostas certas foram premiadas com marcadores de livro baseados em

ilustrações de figuras de contos tradicionais: Branca de Neve e os sete

anões, Pinóquio, Os 3 porquinhos, Capuchinho Vermelho e Alice no País das

Maravilhas (anexo 07).

Seguiu-se um momento de verdadeiro delírio para os mais pequenos – a

representação com fantoches de dedo da história “Os três porquinhos”.

O cenário foi improvisado no momento com casinhas de fantoches que a

escola básica possuía na biblioteca, local das atuações, a cargo de outro grupo

de alunos da turma do Curso Profissional de Turismo (10º9).

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Os miúdos riram a bandeiras despregadas e gargalharam com as

personagens, verdadeira satisfação para todos os que abraçaram o projeto.

Estava dado o nó para a leitura – daquele conto e de outros que se lhe

sucedam.

O nome da Escola Secundária Fernão Mendes Pinto ficou no ouvido das

crianças, que ao chegarem a casa mostraram aos pais o marcador de livros

recebido no final e evocaram a escola vizinha, que se veio a descobrir ser o

local de trabalho de professores e funcionários que são pais de alguns

daqueles meninos e que puderam testemunhar de viva voz, no dia seguinte, a

satisfação dos mais novos.

PARTE IV

Formação, parcerias e continuação do projeto em 2013/2014

No nosso projeto antevíamos a participação na formação proposta pela

Associação BAD intitulada “Leituras partilhadas: organização de Grupos de

Leitores”, prevista para novembro de 2012. Devido a escasso número de

inscrições, a mesma foi adiada para junho de 2013

(http://www.apbad.pt/Formacao/Continua/formacao_calend.htm#3._Leitura_e_L

iteracias), ou seja, já após o ano letivo, o desenvolvimento do nosso projeto e a

experiência de comunidade ou grupo de leitores (como lhe chamámos

indistintamente e sem qualquer pretensão).

Todavia, a participação da PB (financiada pela escola) na ação de junho abriu

portas sobre a organização das sessões que prevemos dinamizar em

2013/2014. O corpus de leituras será certamente diferente da lista bibliográfica

apresentada inicialmente com o projeto, quando o submetemos. Optaremos

pela abertura a textos menos convencionais e será proposta, para cada sessão

de leitura, uma obra comum a todos os participantes, ao contrário do que

sucedeu este ano, em que houve mais liberdade, mas também mais dispersão

temática.

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A primeira sessão do ano será determinante para a escolha conjunta de obras,

com base numa seleção prévia pela PB, dinamizadora do grupo.

Prevê-se ainda que se efetive a parceria com a Biblioteca Municipal Maria

Lamas, a qual não foi possível este ano porque a sua inauguração, prevista

para novembro passado, devido a um incidente aconteceu apenas há umas

semanas atrás.

Esperemos que a leitura comum a todos os membros do grupo de leitores –

seniores e jovens – possa ser coincidente com o número de exemplares

disponíveis entre a nossa BE e os pólos da Biblioteca Municipal, de modo a

estimular um percurso que, como tentámos demonstrar, abriu caminhos à

leitura, à escrita, a parcerias várias e ao contacto intergeracional. A menos que

a RBE e o Plano Nacional de Leitura lancem nova versão do projeto e

possamos tentar de novo a nossa sorte na monitorização e no desejável

financiamento do mesmo. Não serão, porém, as contingências – assim

esperamos – a desmobilizarem-nos de um percurso que já deu os seus frutos,

como tivemos gosto em partilhar nestas páginas e através dos documentos em

anexo, num total de sete.