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EPEA 2001 - 1 de 19 Revista Educação: Teoria e Prática . Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr41.pdf) PROJETO EDUCADO: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM UMA DIMENSÃO AMBIENTAL. Antonio Fernando S. Guerra Universidade do Vale do Itajaí Marialva Teixeira Dutra da Rocha Universidade do Vale do Itajaí Maria Beatriz Araújo de Lima Universidade do Vale do Itajaí palavras-chave: Ambiente de aprendizagem basea; Educação ambiental; Cooperação Resumo: Este trabalho procura ser uma contribuição para as discussões sobre as possibilidades educacionais oferecidas por um Ambiente de Aprendizagem Cooperativa para a Educação Ambiental (EA), isto é, a possibilidade de inserção da Dimensão Ambiental no Currículo do Ensino Fundamental e Médio. A metodologia empregada para essa ampliação da representação a respeito da Dimensão Ambiental no processo educacional foi uma pesquisa com 15 professores de três escolas do Ensino Fundamental e Médio, dos municípios de Itajaí e Bombinhas (SC). Eles participam de um projeto- piloto, o Projeto EducAdo, - Educação Ambiental em Áreas Costeiras usando a Web como suporte - uma proposta metodológica de trabalho pedagógico, centrada nos princípios da cooperação, autonomia e interação entre os "aprendentes" (professores participantes - docentes - pesquisador). PROJECT ‘EDUCADO’: A METHODOLOGICAL PROPOSAL FOR TEACHER TRAINING IN AN ENVIRONMENTAL DIMENSION keywords: learning environment; web-based education; environmental education Abstract: This project aims to contribute to the discussion of the educational possibilities provided by Computer-Supported Co-operative Learning Environments. In other words, the authors consider the possibility of incorporating the Environmental Dimension into Elementary and Secondary School syllabi. The methodology used to enlarge the representation of the Environmental Dimension in the educational process comprised a survey conducted on fifteen teachers from three schools located in the cities of Itajaí and Bombinhas (SC). These teachers also participated in a World Wide Web-based pilot project called "EducAdo" (Environmental Education in Coastal Areas; translated literally as "Polite"). The project consisted of a methodological proposal related to pedagogical work and centred on the principles of interaction, autonomy, and co- operation among the "learners" (faculty and researchers). 1. Introdução Este trabalho procura ser uma contribuição para as discussões sobre as possibilidades educacionais oferecidas à Educação Ambiental pelo uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no espaço educacional da escola pública, especialmente os Ambientes de Aprendizagem Cooperativa suportados por computador - CSCL (McConnel, 1994). Escolheu-se, como tema específico para o uso dessa tecnologia, a

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Revista Educação: Teoria e Prática. Rio Claro: UNESP – Instituto de Biociências, Volume 9, número 16, 2001. (CD-Rom arquivo: tr41.pdf)

PROJETO EDUCADO: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM UMA DIMENSÃO AMBIENTAL.

Antonio Fernando S. Guerra Universidade do Vale do Itajaí Marialva Teixeira Dutra da Rocha Universidade do Vale do Itajaí

Maria Beatriz Araújo de Lima Universidade do Vale do Itajaí

palavras-chave: Ambiente de aprendizagem basea; Educação ambiental; Cooperação Resumo: Este trabalho procura ser uma contribuição para as discussões sobre as

possibilidades educacionais oferecidas por um Ambiente de Aprendizagem Cooperativa para a Educação Ambiental (EA), isto é, a possibilidade de inserção da Dimensão Ambiental no Currículo do Ensino Fundamental e Médio. A metodologia empregada para essa ampliação da representação a respeito da Dimensão Ambiental no processo educacional foi uma pesquisa com 15 professores de três escolas do Ensino Fundamental e Médio, dos municípios de Itajaí e Bombinhas (SC). Eles participam de um projeto-piloto, o Projeto EducAdo, - Educação Ambiental em Áreas Costeiras usando a Web como suporte - uma proposta metodológica de trabalho pedagógico, centrada nos princípios da cooperação, autonomia e interação entre os "aprendentes" (professores participantes - docentes - pesquisador).

PROJECT ‘EDUCADO’: A METHODOLOGICAL PROPOSAL FOR TEACHER

TRAINING IN AN ENVIRONMENTAL DIMENSION keywords: learning environment; web-based education; environmental education Abstract: This project aims to contribute to the discussion of the educational possibilities

provided by Computer-Supported Co-operative Learning Environments. In other words, the authors consider the possibility of incorporating the Environmental Dimension into Elementary and Secondary School syllabi. The methodology used to enlarge the representation of the Environmental Dimension in the educational process comprised a survey conducted on fifteen teachers from three schools located in the cities of Itajaí and Bombinhas (SC). These teachers also participated in a World Wide Web-based pilot project called "EducAdo" (Environmental Education in Coastal Areas; translated literally as "Polite"). The project consisted of a methodological proposal related to pedagogical work and centred on the principles of interaction, autonomy, and co-operation among the "learners" (faculty and researchers).

1. Introdução

Este trabalho procura ser uma contribuição para as discussões sobre as

possibilidades educacionais oferecidas à Educação Ambiental pelo uso das Tecnologias da

Informação e Comunicação (TIC) no espaço educacional da escola pública, especialmente

os Ambientes de Aprendizagem Cooperativa suportados por computador - CSCL

(McConnel, 1994). Escolheu-se, como tema específico para o uso dessa tecnologia, a

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Educação Ambiental (EA), ou melhor dizendo, a possibilidade de inserção da Dimensão

Ambiental(1) (Guimarães, 1995, 2000; Carneiro, 1999; Guerra & Taglieber, 2000, Guerra,

2001) no Currículo do Ensino Fundamental e Médio. Para isso, a problemática ambiental

da região do litoral norte de Santa Catarina foi tratada dentro de uma abordagem

interdisciplinar, na qual se utilizaram técnicas quanti-qualitativas buscando a reflexão-ação

sobre esses problemas.

O caminho metodológico para a ampliação das representações das(os)

professoras(es) sobre meio ambiente, EA e uso das novas tecnologias (computador e

Internet) no processo educacional, foi a organização de uma pesquisa em nível de

doutorado (Guerra, 2001) realizada com 15 professoras(es) de três escolas do Ensino

Fundamental e Médio, dos municípios de Itajaí e Bombinhas (SC).

Esses participaram de um projeto-piloto, o Projeto EducAdo, - Educação Ambiental

em Áreas Costeiras usando a Web como suporte (Guerra, 2000), – uma proposta

metodológica de trabalho pedagógico, centrada numa abordagem interdisciplinar e nos

princípios construtivistas da cooperação, autonomia e interação entre os/as

“aprendentes”(2) (Assmann, 1998) – professoras(es) participantes ⇔ docentes ⇔

pesquisador-. Tomaram-se também como base, alguns aspectos da proposta de EA baseada

nas idéias de Paulo Freire (Dietz & Tamaio, 2000).

O Projeto é uma experiência de parceria entre a Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI, através do Programa de Pós-Graduação – Mestrado em Educação, a Secretaria

do Estado da Educação de Santa Catarina (SED), Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE)

da 13ª Coordenadoria Regional de Educação e a Secretaria Municipal de Educação de

Itajaí (SMED), e teve início em setembro de 2000.

Os participantes foram professoras(es) de diferentes áreas do currículo de Ensino

Fundamental e Médio - Ciências Naturais e Biologia, História, Geografia, Artes, Língua

Portuguesa, e ainda, de Informática Educativa.

Para garantir a diversificação de áreas de conhecimento e o caráter interdisciplinar,

os docentes do Projeto são pesquisadores e educadores que estão engajados em projetos e

atividades de ensino ligadas a questões ambientais das áreas costeiras, das áreas de Ciências

Biológicas, Oceanografia, Ciências da Educação, Ciências Humanas e Ciências Jurídicas e

Sociais da Universidade.

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2. Rumo a Dimensão Ambiental na Educação

Desde a Conferência Intergovernamental sobre EA realizada em Tibilisi (1977),

passando pelos documentos produzidos na Rio 92 (Agenda 21) e o Fórum Global das

ONGs (Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

Global -1992), definiu-se a utilização da EA como um dos caminhos na busca de soluções

para minimizar os problemas ambientais em nível local e planetário.

As discussões realizadas em encontros nas áreas de Educação e Meio Ambiente,

apontam para a educação como elemento indispensável à transformação da consciência

ambiental das pessoas em relação à superação da crise ambiental de nossa civilização, “o

que exigirá mudanças profundas na concepção de mundo, de natureza, de poder, de bem-

estar, tendo por base novos valores individuais e sociais” (Brasil, PCN, 1997, p. 22), o que

pode levar a transformações sociais e culturais. A construção dessa nova visão de mundo

passa pela percepção de que o ser humano “não é o centro do universo” (op. cit., 1997).

Além disso, a própria legislação brasileira obriga a promoção da EA “em todos os

níveis de ensino” (Cap. VI, art. 225, parágrafo 1, inciso VI, da Constituição Federal e Lei nº

9.795, de 27 de abril de 1999). No âmbito educacional, vemos a inclusão do tema meio

ambiente nos Parâmetros Curriculares Nacionais pelo MEC (Brasil, PCN - Convívio

Social, Ética e Meio Ambiente, 1998) como um dos “temas transversais”, e a partir deles, a

implementação do Programa Parâmetros em Ação (Brasil, SEF, 2000).

A institucionalização da EA nas políticas públicas inclui, assim, novos elementos

para discussão e nos leva a refletir sobre os desafios da formação continuada e permanente

de professores para o processo de incorporação da Dimensão Ambiental nos currículos do

Ensino Fundamental e Médio, bem como sobre o papel das Universidades nesta formação.

No entanto, cabe uma reflexão crítica sobre essa institucionalização e também sobre

o significado real do conceito de transversalidade, particularmente do tema meio ambiente,

para que não se torne apenas mais um “modismo pedagógico” ou discurso vazio de sentido,

e para que, em seu nome, não se cometam “equívocos pedagógicos” (Custódio, 1998, p.

244-5).

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Em nossa visão nos PCN estão ausentes alguns exemplos que se referem ao tema

meio ambiente e às causas da crise ambiental. Entre estes exemplos, podem-se apontar a

violência social (assassinatos, seqüestros, a guerra do trânsito nas cidades e estradas),

outras formas de violência mais sutis, como o “deixar morrer” pela miséria e aumento das

desigualdade sociais crescentes no país, com o desemprego, que pressionam os

ecossistemas naturais; levando à degradação ambiental da Amazônia, da Mata Atlântica e

outros ecossistemas da zona costeira; a contaminação das águas oceânicas e dos rios por

esgotos domésticos e industriais sem tratamento sanitário, que agravam as doenças que se

disseminam com a falta de acesso à saúde e educação, atirando assim populações à pobreza,

a miséria e marginalidade nos guetos das favelas e becos das periferias das cidades.

Esse círculo vicioso e viciado provoca também outro tipo de degradação, a social e

a da ética, atingindo a dignidade e excluindo pessoas do direito ao exercício da sua

cidadania social e planetária, fechando o ciclo da crise ambiental. Tudo isso, infelizmente,

não é mencionado diretamente nos documentos oficiais.

Não se discute, também, que a reflexão e a ação sobre essas questões demandam,

transformações sociais e políticas profundas, em nossa sociedade, responsabilidade civil e

pública, como também mudanças de atitudes e compromissos de ação pessoais e coletivos,

exigindo, portanto, um processo educativo.

Pergunta-se então: Como tratar o tema “meio ambiente” (que é uma representação

social) de forma transversal, num currículo essencialmente disciplinar? Como trabalhar esta

transversalidade, no currículo, de modo efetivo? Quem prepara os docentes em serviço e os

futuros professores? E como prepará-los? Como conciliar a proposta de trabalho em

módulos dos PCN em Ação com a obrigatoriedade legal de cumprimento dos 200 dias

letivos ou 800 horas, e, ainda, como compatibilizar os PCN com as Propostas Curriculares

Estaduais e Municipais e os próprios Projetos Pedagógicos das escolas?

As respostas a essas questões constituem-se em desafios à Educação, uma vez que

já há um consenso entre os pesquisadores em EA, de que a Dimensão Ambiental deve estar

presente nas diversas áreas do conhecimento, ou seja, a compreensão da complexidade

ambiental só pode ser trabalhada e compreendida interdisciplinarmente (Sato, 2000), e

envolvendo as dimensões ecológica, social, cultural, econômica, ética e estética, e também

do exercício consciente da cidadania.

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Entendemos assim, que no processo de formação docente, a inserção da Dimensão

Ambiental no Currículo pode se efetivar, em nível epistemológico, na reflexão sobre os

fundamentos e práticas da EA, e em nível metodológico, no desenvolvimento de

conhecimentos, habilidades, competências e valores necessários para a sua real

implementação como uma das dimensões do processo educacional.

3. Por que EA em áreas costeiras?

A zona costeira de Santa Catarina possui uma das áreas mais belas e privilegiadas

da região Sul do Brasil. Ela é formada por praias, estuários, ilhas, lagunas e lagoas,

manguezais, costões e dunas. Além disto, conserva remanescentes da Mata Atlântica em

bom estado de conservação, e representa cerca de 39% da área total do Estado

concentrando 68% da população (COMITÊ DO LITORAL CENTRO-NORTE DE SC,

1996).

Nas praias de Balneário Camboriú e em outras do litoral Norte, como Itapema e

Bombinhas, o processo de ocupação humana(3) pelas migrações internas, a urbanização

crescente, aliadas à especulação imobiliária (Polette, 1997) vêm gerando problemas

ambientais, sociais e econômicos, muitas vezes irreversíveis. Esta (re)ocupação do litoral,

como há 501 anos, vem causando um impacto sobre a vegetação (resumida a “corredores

ecológicos” de vegetação, em Bombinhas) e na paisagem costeira. Da mesma forma,

aumentam a poluição do mar e das praias por esgotos trazidos pelos grandes rios da região:

Itajaí, Camboriú e Tijucas, dentre outros.

Em razão do que foi exposto, numa perspectiva educativa, torna-se fundamental

conhecer esses problemas, aprofundar estudos e pesquisas sobre a zona costeira para fins de

sua conservação e de seu manejo adequado, além de se traçarem políticas públicas que

regulamentem seu uso e ocupação, de forma que se possam atingir os parâmetros de

qualidade necessários para alcançar os níveis de uma sociedade sustentável.

Em nossa visão de educadores-pesquisadores, no entanto, às ações de planejamento

e gerenciamento ambiental acima devem somar-se, obrigatoriamente, uma reflexão e estudo

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aprofundado sobre os fundamentos epistemológicos e filosóficos da EA e de suas práticas,

como forma de alcançar esse fim.

É preciso lembrar também, que o conhecimento dos ecossistemas costeiros é pouco

explorado, ou mesmo ignorado nas atividades de ensino nas escolas da área litorânea, até

por falta de preparação ou atualização dos professores sobre a forma adequada de utilização

destes problemas como conteúdos de ensino e ferramenta para a EA (Guerra, 2000).

Dessa forma, o professor(a) do Ensino Fundamental e Médio que vive e atua nessas

regiões, e também os futuros(as) professores(as) em formação nas Universidades, precisam

reaprender a construir o conhecimento desses ambientes para poder explorá-los de forma

didática com seus alunos, utilizando-se, para isso, de conhecimentos biológicos específicos

sobre os ecossistemas e a diversidade de seres vivos que neles habitam e interagem.

Mas, também, é preciso espaço no processo de formação para a reflexão acerca da

ação humana sobre o meio natural, e sobre as questões ambientais que extrapolam a

dimensão ecológica, exigindo um olhar sistêmico ou holístico, o que envolve as 3 ecologias

(da subjetividade humana, ambiental e social) de Guattari (1993), que propõe em sua “ética

ecosófica”,.a necessidade de agir-se, no mundo dentro de uma outra dimensão.

4. As vivências do processo educativo com o EducAdo

A proposta metodológica adotada no EducAdo busca, fundamentalmente, a partir

do trabalho cooperativo e do exercício da dialogicidade, como também de princípios da

ética e cidadania, criar a possibilidade de mudança e reconstrução de conceitos, atitudes e

valores envolvidos com a melhoria da qualidade das relações das pessoas envolvidas:

consigo mesmas, com os outros e destas com o meio natural e social, percebendo assim as

inter-relações existentes entre o ser humano ⇔ sociedade⇔ natureza. Isso é na verdade um

processo de (re)educação, ou seja, significa que é preciso (re)aprender a viver e a

(re)integrar-se na e com a natureza, sentindo, pensando e agindo, não só como parte

dela, mas como seu todo.

Para o desenvolvimento do Projeto, foi criado um espaço educacional, na forma de

encontros presenciais, realizados na Universidade do Vale do Itajaí e nas salas

informatizadas das três escolas participantes.

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O projeto foi dividido em três etapas. Na primeira e na segunda etapas, com 12

encontros presenciais, foram propiciadas, ao grupo de aprendentes, experiências de

aprendizagem, as Atividades de Inserção Pedagógica (AIP) – oficinas, atividades de

percepção e sensibilização e saídas de campo para Estudo do Meio e de problemas

ambientais e conflitos nas áreas visitadas. Paralelamente às AIP, foi desenvolvida uma

Fundamentação Teórica (FT) básica sobre EA e sobre o uso das TIC como suporte ao

ensino. Estas atividades e a FT podem ser visualizadas no site do Projeto, nos links

Atividades e Etapas.

Na terceira etapa, os professores estão desempenhando o papel de multiplicadores

junto a alunos e professores de cada escola, a partir do desenvolvimento dee Projetos

Cooperativos em EA sobre problemas ambientais da própria escola e da comunidade.

Para a discussão do andamento desses Projetos estão sendo realizados Encontros

Virtuais de forma assíncrona, utilizando-se o correio eletrônico e a lista de discussão do

EducAdo, acessados nas respectivas salas informatizadas das escolas, ou nas próprias casas

daquelas(es) que possuem o acesso doméstico disponibilizado pela UNIVALI. Desta forma,

os Projetos Cooperativos em EA estão sendo assessorados presencialmente e virtualmente

pelos pesquisadores.

Uma vez que, como afirma Belloni (1999), a interação entre tecnologias como a

Internet e a Educação só tem sentido se forem ambas utilizadas, ao mesmo tempo, como

ferramentas pedagógicas para a disseminação do saber e como objetos de estudo, criou-se

também um Ambiente Virtual experimental, igualmente chamado de EducAdo, o qual

utiliza a Web como suporte para o trabalho pedagógico. O conteúdo desse ambiente foi

utilizado como subsídio para a organização dos Projetos Cooperativos no fornecimento de

informações e conhecimentos sobre a problemática ambiental na região. Foi e é utilizado,

ainda, como recurso para que o grupo de aprendentes construísse e editasse,

cooperativamente, suas próprias páginas Web (homepage).

O conteúdo dessas páginas consiste de relatórios editados em hipertexto com as

informações e conhecimentos adquiridos durante as atividades de EA realizadas na parte

presencial, as quais foram inseridas no site do Projeto. É também uma forma de registro das

memórias das AIP realizadas e da Fundamentação Teórica em EA e de uso das TIC,

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desenvolvidas durante o processo educativo. O site está disponível em

http://www.cehcom.univali.br/educado, conforme mostra a figura 1.

5. Breve descrição e análise de alguns resultados do Projeto

Procurou-se planejar e organizar o trabalho pedagógico do EducAdo dentro das

dimensões do conteúdo (cognitiva, afetiva, metodológica e das relações inter e

intrapessoais) e em torno das quatro aprendizagens – aprender a conhecer, a fazer, a viver

juntos e a Ser (Delors, 2000) -, ou seja, do Saber Ser, Saber sentir, Saber conviver. Ainda,

da “pesquisa e respeito aos saberes” (Freire, 2000) dos aprendentes, o que passa pelo pensar

e pela reflexão e ação para a “tomada consciente de decisões” sobre o -“pensar

globalmente e agir localmente”.

Para que isso se concretizasse, Guerra (2001) propõe incorporar às dimensões

anteriores, a dimensão ecosófica de Guattari (1993), relacionada diretamente à ética e

cidadania e às novas formas do saber Ser e do saber conviver.

Dessa forma, buscou-se confrontar as(os) aprendentes com situações-problema e

conflitos cognitivos, abrindo espaços para discussão sobre a necessidade de superar a

fragmentação disciplinar do conhecimento, de forma que percebessem como a mesma pode

ser um obstáculo à construção do conhecimento de uma forma sistêmica, no caso sobre o

meio ambiente e os problemas ambientais (Guerra, 2001). Isto significa dar ênfase à

abordagem interdisciplinar e transversal da Dimensão Ambiental da qual falamos.

As vivências dessa abordagem da Dimensão Ambiental se efetivaram, mais

especificamente, através das intervenções dos docentes nas AIP, e nas interações com e

entre o grupo de aprendentes, quando da realização de atividades presenciais antes e

durante as aulas teóricas, e também nas saídas de campo realizadas nas praias de Penha,

Porto Belo e Bombinhas, onde estão situadas as escolas de atuação das(os) participantes.

Os conteúdos de Fundamentos e Práticas em EA e das TIC foram ministrados

através de aulas no Laboratório de Informática (LabInfo) do CEHCOM/UNIVALI, em

Itajaí. Nelas, iniciou-se a instrumentalização das(os) aprendentes na criação e uso de

páginas Web (homepages) para o ensino, utilizando-se para isso, os programas Netscape

Composer e Dreamweaver 3. A FT para o aprendizado cooperativo baseado na Web

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tomou como referência os trabalhos de Ramos (1996), Lucena (1998), Lucena et al. (1999)

e Heide & Stilborne (2000).

Usando essas ferramentas, o grupo aprendeu a criar suas próprias páginas Web

pessoais para registro do conteúdo dos encontros e saídas de campo, bem como das

reflexões sobre as experiências de aprendizagem vivenciadas.

Em cada encontro presencial utilizaram-se técnicas diversas de percepção ambiental

e sensibilização, além de instrumentos como questionários para levantamento das

representações dos participantes sobre conceitos básicos e práticas relacionadas ao meio

ambiente, à educação ambiental e à informática educativa. Foram também disponibilizados

momentos para avaliação e auto-avaliação ao final dos encontros.

Na análise das respostas aos questionários aplicados na primeira e na segunda

etapas sobre as representações de meio ambiente das(o)s professoras(e)s foram

estabelecidas três categorias de análise: naturalista, antropocêntica e globalizante

(Reigota,1995). Predominou, inicialmente, no grupo, a visão “antropocêntrica” de meio

ambiente, marcadamente utilitarista (52,94% do total), retratando mais direta e

intensamente uma visão fragmentada da realidade ambiental, possivelmente ligada à

formação profissional de cada participante, embora não se possa inferir se essa foi a

principal razão de tal representação, ou se ocorreu “uma distorção de natureza

epistemológica na leitura da realidade, da visão de mundo e da sociedade”, influência

talvez do paradigma cartesiano-newtoniano e da visão reducionista de conhecimento e

aprendizagem na educação escolar – “desde o nível de concepção e estrutura curriculares

até as metodologias do processo educativo.” (Carneiro, 1999, p.121).

Nas aulas teóricas presenciais, tanto na Fundamentação em EA quanto no uso das

TIC, utilizaram-se, como recursos, as apresentações em Word e Power Point,

facilitando assim o acesso e a familiarização das(os) aprendentes com estes recursos. Da

mesma forma, foi disponibilizado o acesso a informações sobre pesquisas em EA, como o

programa Banco de Publicações em Educação Ambiental (1996).

O nível de aprofundamento dos conteúdos trabalhados nos encontros levou em

consideração o diagnóstico inicial do grupo com relação às representações e conhecimentos

básicos sobre meio ambiente e os problemas ambientais e conflitos das áreas costeiras,

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levantados nos questionários iniciais. Outros instrumentos foram aplicados, antes e após

algumas AIP.

A apresentação e o aprofundamento desses conteúdos realizaram-se dentro das

possibilidades cognitivas e das necessidades do grupo, respeitando-se as diferenças

individuais, os níveis de aprendizagem específicos e os conflitos cognitivos surgidos diante

das representações iniciais sobre os temas meio ambiente, EA e informática educativa, de

forma a permitir a mudança conceitual e a (re)elaboração do conhecimento sobre estes

temas.

Ainda nos encontros no LabInfo, através da Internet, o grupo iniciou o aprendizado

com o ambiente virtual do EducAdo, através do site construído para o Projeto. Navegando

no ambiente acessaram os recursos das Bibliotecas Virtuais ligadas ao ambiente; Banco de

Dados da Base de Dados Tropical – BDT (http://www.bdt.org.br) que reúne os trabalhos e

publicações de pesquisadores brasileiros na área - e a sites como: Secretaria de Ensino

Fundamental do MEC, (http://www.mec.gov.br/sef/ambiental/); Ministério do Meio

Ambiente (http://www.mma.gov.br); IBAMA (http://www.ibama.gov.br), entre outros.

Assim, nas aulas teórico-práticas os docentes e o grupo utilizaram o próprio

Ambiente de Aprendizagem virtual do EducAdo, uma vez que o conteúdo foi sendo nele

inserido, à medida que os encontros transcorriam. Assim, em cada encontro no LabInfo

as(os) aprendentes acessavam pela Internet um arquivo específico na própria página Web

do EducAdo, podendo acompanhar a aula ou a apresentação dos docentes no próprio

monitor de seus computadores.

A estratégia de utilização de diferentes docentes nas atividades também foi repetida

nas saídas de campo. Nelas, confrontaram o grupo diretamente com alguns dos problemas

ambientais das áreas costeiras relacionados, por exemplo, com a ocupação urbana

desordenada, a poluição das praias e a destruição de ecossistemas como as reservas de Mata

Atlântica, as dunas e manguezais. Também, dos conflitos existentes entre o turismo, a

pesca, a maricultura, a perda da identidade cultural das populações de um lado, e a luta pela

preservação do meio ambiente de outro.

A memória destas saídas foi sendo registrada em fotos e filmagens, transportadas

para as páginas Web pessoais e transformadas em relatos, na forma de hipertexto, que

foram sendo socializados com o grande grupo. A partir dos hipertextos de cada página,

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pequenos grupos começaram a construir, cooperativamente, as páginas Web de cada uma

das atividades e saídas de campo, inserindo fotos e imagens das saídas e links e hiperlinks

para outras páginas Web. Estas páginas eram apresentadas e discutidas na lista de discussão

do Projeto e revisadas pelos docentes do curso e pelo pesquisador, antes de serem

disponibilizadas para acesso no ambiente do EducAdo.

Para aprofundamento dos aspectos teórico-metodológicos trabalhados nas diferentes

etapas, foi disponibilizada também, para cada escola, uma bibliografia específica indicada

pelos docentes e distribuída ao longo do Projeto, na forma de textos, artigos científicas ou

de revistas de divulgação, capítulos de livros e cópias das atividades realizadas. Ainda,

publicações sobre EA do WWF Brasil (Tamaio & Dietz, 2000) e os Cadernos do IV Fórum

de Educação Ambiental ( Roda Viva,1997).

Ao final da segunda etapa organizou-se uma sessão de avaliação com a participação

conjunta dos professores e dos assessores do GEINE e NTE, da SED e de uma técnica da

SMED, na qual foi aplicado um questionário e depois filmada a discussão, para posterior

transcrição e avaliação.

Além disso, foi prevista a realização de, pelo menos, três encontros presenciais na

UNIVALI, durante este ano, para discussão e avaliação do material produzido e para sanar

as dúvidas ou dificuldades encontradas na execução dos Projetos, bem como para que os

participantes possam avaliar o conteúdo dos materiais produzidos nas escolas e

disponibilizá-los site do EducAdo, nas páginas Web de cada uma das escolas.

6. Repartindo os saberes sobre a aprendizagem cooperativa em EA e para a formação

docente

Em nossa avaliação, como conseqüência das intervenções realizadas ao longo do

Projeto, ou seja, da ação conjunta do conteúdo da FT e da ação e reflexão dos professores

sobre os problemas ambientais da região pelas AIP, mediadas pelo ambiente de

aprendizagem do EducAdo, pôde-se constatar determinadas “mudanças conceituais” nas

concepções ou representações iniciais dos professores.

Os grupos de professores de Itajaí e Bombinhas, por exemplo, elaboraram um

conhecimento próprio sobre os problemas ambientais das suas cidades, produzido de forma

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individual e cooperativa, capaz de fazê-los refletir sobre os conflitos de poder que ficam

escamoteados no discurso oficial utilizado para atrair o turismo para a região.Passaram a

utilizar esse conteúdo do senso comum e do discurso oficial como ferramenta pedagógica.

Os relatos das(dos) aprendentes registram, também, mudanças de atitudes e valores

pessoais em relação ao ambiente natural e construído, um indicativo da mudança do nível

de conscientização e da responsabilidade alcançados por elas(es) como educadores e

cidadãos, na construção de uma sociedade sustentável e eticamente justa.

Nas discussões realizadas durante e após as saídas de campo chegou-se a conclusões

como de que as inúmeras atividades realizadas “vêm contribuir para o desenvolvimento de

habilidades, competências e atitudes, além de conhecimentos específicos em relação às

questões ambientais” (relato M.B & M.D).

Outros relatos indicam que o processo educativo de aprendizagem cooperativa

vivenciado no Projeto EducAdo possibilitou às/aos aprendentes, uma experiência

interdisciplinar de aprendizagem, representada pelos seguintes aspectos: vivência de um

processo de formação continuada numa Dimensão Ambiental; apropriação e

desenvolvimento de competências técnicas para o uso das TIC como suporte nas práticas

pedagógicas para a EA; possibilidade de vivenciar no ambiente universitário, a ampliação e

a fluidez dos processos de comunicação, interação e participação entre docentes e/ou

aprendentes de diferentes áreas (Guerra, 2001).

O fortalecimento da interação e da cooperação do grupo de aprendentes, foi

ocorrendo na convivência e no exercício da dialogicidade, por meio de discussões abertas,

às vezes polêmicas, mas respeitando-se as características e as diferenças individuais, as

afinidades de pensamento e diversidade de idéias.

Além disso, aprenderam a conviver também com desafios cognitivos e novas

situações de aprendizagem relacionadas à EA e as TIC; ao diagnóstico, planejamento e

trabalho cooperativo em grupos interdisciplinares, visando a resolução ou a minimização de

problemas locais de suas escolas e comunidades.

Outra experiência de aprendizagem cooperativa vivenciada pelo grupo diz respeito

às relações de poder, no sentido de não se sentirem excluídos ou incapazes diante da

apropriação das ferramentas que as TIC disponibilizam como recurso ao trabalho

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pedagógico em EA, superando assim as concepções iniciais reveladas no primeiro

questionário.

O trabalho final culminou na construção cooperativa de várias páginas Web do

EducAdo pelas(os) aprendentes (figuras 2 e 3). Nos links das páginas Web (Atividades, e

Etapas - fundamentação teórica) foram disponibilizados conteúdos, informações e

experiências de aprendizagem para serem realizadas, de forma que as/os aprendentes

pudessem vivenciar, registrar e trocar informações presenciais com o próprio grupo ou,

virtualmente. Além disto, esse conteúdo está disponibilizado para outros grupos ou pessoas

que realizam trabalhos e pesquisas em EA ou que envolvam a aprendizagem cooperativa ou

colaborativa, suportada pela Web.

A produção dos hipertextos das páginas Web com os relatos de saída de campo e

outras atividades de EA conseguiu quebrar a linearidade da organização tradicional de um

texto e de sua comunicação, uma vez que possibilitou aos aprendentes, individualmente ou

em grupos, a autonomia e a liberdade da criação de um novo espaço para o texto, não mais

no papel convencional. A forma de comunicação também alterou a linguagem escrita e

falada, tornando-a virtual. Trata-se de uma experiência nova, uma vez que cada hipertexto

abre vínculos (links) com outras “janelas” virtuais (sites) que podem estar fisicamente a

milhares de quilômetros.

No que diz respeito à formação docente, em termos de cooperação e autonomia,

pode-se dizer que as/os aprendentes inventaram novas bússolas para navegar na EA, seus

fundamentos e práticas. Com isso, houve a formação de lideranças, de multiplicadores,

capazes de atuarem por conta própria tanto em suas escolas, visando a possibilidade de

inserção da Dimensão Ambiental no currículo através dos Projetos Cooperativos em

desenvolvimento, como também em suas próprias comunidades, no sentido de tentarem

minimizar os problemas ambientais da escola, do local onde vivem e da região.

Tendo em vista também as estratégias e materiais (módulos) que vêm sendo

utilizados no Programa “Parâmetros em Ação”, esta pesquisa aponta para a necessidade de

que esse Programa e os cursos de formação de professores das Universidades, juntamente

com as Secretarias Municipais e Estaduais de Educação constituam, efetivamente, parcerias

no sentido de utilizarem informação ambiental de qualidade, possibilitando o acesso

dos(das) professores(as) das escolas públicas aos conhecimentos, fundamentos

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epistemológicos e práticas em EA em discussão nas Universidades, incentivando-se para

isso os encontros cooperativos para troca de experiências de aprendizagem, na forma de

grupos de estudo, seminários e encontros para relatos de pesquisas em andamento.

Concluindo, pode-se indicar a pesquisa com o Projeto EducAdo como um dos

caminhos para viabilizar o objetivo de inserção da Dimensão Ambiental no currículo,

usando as TIC como suporte. Através do que foi e está sendo vivenciado, construiu-se um

espaço educativo de convivência, no qual o prazer de aprender e ensinar, a cooperação, a

autonomia e a solidariedade foram construídos na interação que se estabeleceu com o

grupo.

Juntamente com os docentes e os aprendentes pôde-se vivenciar, no ambiente

presencial e virtual do EducAdo, uma forma totalmente diferenciada de aprendizagem,

com o uso integrado de técnicas, normalmente utilizadas em separado. Aprendendo de

forma individualizada e/ou cooperativamente construíram-se e reconstruíram-se

conhecimentos, atitudes e valores sobre EA, de forma interativa, apropriando-se e

utilizando-se, para isso, das TIC como suporte.

Tudo isso só fez sentido porque se estabeleceu um processo dialógico em que

“quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (Freire, 2000). Esse

aprender e ensinar envolveu todos os participantes, sem hierarquias. No entanto, é bom

lembrar o poeta de que não existe “o” caminho, mas que ele se constrói no caminhar.

Notas:

(1) Conjunto integrado de perspectivas ou aspectos de conteúdo e método para o desenvolvimento da EA no contexto de um dado currículo escolar (...), com enfoque em três dimensões: a cognitiva - conhecimento científico escolares e saberes de professores, alunos e outros atores sociais quanto à questão ambiental; a metodológica- tratamento pedagógico-didático da realidade ambiental como conteúdo do conhecimento; e a afetivo-social - desenvolvimento atitudinal de professores e alunos a respeito da questão ambiental (Guimarães, 1995, 2000), (Carneiro 1987, 1999).

(2) Adotamos neste trabalho a expressão de Hugo Assmann (1998, p. 129) que ao invés de utilizar os termos aluno(a), professor(a) utilizado normalmente no contexto do ensino formal, ou aquele(a) que aprende, sugere a sua substituição pelo termo aprendente, que seria todo o agente cognitivo (indivíduo, grupo, organização, instituição, sistema que de alguma forma intervém em processos cognitivos) que se encontra em processo ativo de estar aprendendo, ou seja, todo aquele(s) que realiza(m) experiências de aprendizagem (learning experiences). Já Ana Amélia Amorim Carvalho (1999, p. 49) complementa esta terminologia afirmando: “aprendente é aquele ou aquela que aprende, mas cujo ambiente de aprendizagem não é forçosamente de ensino formal (...)”.

(3) Comparando-se os censos do IBGE de 1980 e 2000, os números revelam que em Itapema a população quadruplicou nos últimos 20 anos (crescimento de 294,1%). Em seguida, aparecem os municípios vizinhos de Balneário Camboriú (235,8%), Camboriú (190,2%) e Navegantes (190,2%).

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Endereço dos autores:

Universidade do Vale do Itajaí – Programa de Pós Graduação – Mestrado em Educação

Rua Uruguai, 458 – Cx. Postal 360 – CEP 88302-202 – Itajaí-SC

e-mail: [email protected]

Órgão financiadores: Universidade do Vale do Itajaí, Secretaria do Estado da Educação e Secretaria

Municipal de Educação.

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Figura 1: Página Web de abertura do Ambiente do EducAdo (Disponível em: http://www.cehcom.univali.br/educado)

Figuras 2 e 3: Páginas Web construída pelo grupo de professoras(es) de Bombinhas

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