projeto e desenvolvimento de um manipulador para

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Projeto e desenvolvimento de um manipulador para transporte de dispositivos de fixação para medição Diogo Faria Neves Mendes Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Orientadores: Prof. Luís Filipe Galrão dos Reis Prof. Miguel António Lopes de Matos Neves Júri Presidente: Prof. João Orlando Marques Gameiro Folgado Orientador: Prof. Luís Filipe Galrão dos Reis Vogal: Prof. Rui Fernando dos Santos Pereira Martins Outubro 2020

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Page 1: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

transporte de dispositivos de fixação para medição

Diogo Faria Neves Mendes

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientadores: Prof. Luís Filipe Galrão dos Reis

Prof. Miguel António Lopes de Matos Neves

Júri

Presidente: Prof. João Orlando Marques Gameiro Folgado

Orientador: Prof. Luís Filipe Galrão dos Reis

Vogal: Prof. Rui Fernando dos Santos Pereira Martins

Outubro 2020

Page 2: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para
Page 3: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

i

Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer aos meus orientadores, Professores Luís Filipe Galrão dos

Reis e Miguel António Lopes de Matos Neves, pelo apoio, disponibilidade e dedicação demonstrados

ao longo da dissertação.

Um agradecimento especial ao Eng. Vítor Martins, pela oportunidade de estagiar na

Volkswagen Autoeuropa e por todo o apoio ao longo do estágio.

Ao meu tutor de estágio, Dr. António Colaço, bem como a todos os trabalhadores do Centro de

Medições, Masterbuck e Cubing, da Volkswagen Autoeuropa, pela amabilidade com que fui recebido e

integrado.

Aos meus amigos e colegas Bernardo Garrido, Henrique Pereira e João Arrais pelo

companheirismo e apoio durante o curso.

Quero agradecer à minha família, aos meus amigos e a todas as pessoas que fazem parte da

minha vida, sem as quais nada disto seria possível.

Um agradecimento especial aos meus avós pelos valores e exemplos de vida e às minhas

irmãs por todo o amor e carinho.

Por fim, agradeço e dedico esta dissertação aos meus pais, pela minha educação, pelos valores

transmitidos e por todo o apoio e amor incondicional.

Page 4: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

ii

Resumo

Na sequência de um estágio realizado na Volkswagen Autoeuropa, identificou-se a

necessidade de projetar e desenvolver um manipulador para o transporte de dispositivos de fixação

utilizados no controlo de qualidade dos componentes fabricados. O transporte destes dispositivos foi,

até então, realizado manualmente pelos colaboradores, com o risco de despoletar possíveis lesões nos

mesmos.

Após a identificação e análise da necessidade, foi efetuada uma pesquisa de soluções

existentes no mercado e de medidas implementadas no departamento para a sua resolução. Com a

informação obtida foram gerados cinco conceitos, como propostas de solução, os quais foram

submetidos a uma análise que levou à seleção do conceito vencedor a desenvolver.

Após a seleção do conceito a desenvolver e dimensionar, foi realizado o projeto mecânico do

manipulador, que consiste numa ponte rolante suspensa, constituída pelo sistema modular Demag

KBK®, com quatro estruturas de suporte e um diferencial elétrico de corrente com capacidade de 80 kg.

Todos os elementos da ponte rolante são devidamente selecionados e as estruturas de suporte

são verificadas, por via analítica, para a condição de carregamento máximo. Todos os componentes

da ponte rolante são disponibilizados pela empresa Demag® e todos os elementos das estruturas de

suporte são normalizados e de fácil aquisição.

Em suma, a solução proposta do manipulador cumpre os requisitos e constrangimentos de

projeto, permitindo transportar os dispositivos de fixação com uma resistência de translação de 1,5 %

da carga transportada e simultaneamente eliminar a ocorrência das mencionadas lesões.

Palavras-chave: Manipulador; Dispositivos de fixação; Paredes de fixação; Ponte rolante;

Diferencial elétrico de corrente.

Page 5: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

iii

Abstract

Through an internship carried out at Volkswagen Autoeuropa, there was identified the need to

design and develop a manipulator device for the transportation of fixtures used in the quality assurance

of the produced components. The transportation of these fixtures was, so far, conducted manually by

workers and presents a potential cause of injuries.

After identifying and analysing the need, a research for already existent solutions on the market

and for implemented measures inside the department, was carried out. With the obtained information,

five concepts were generated, as solution proposals, and submitted to an analysis that led to the

selection of the concept to be developed.

After selecting the concept to be developed and dimensioned, a mechanical design was

performed for the manipulator device, which consists of a suspension crane, composed by the Demag

KBK® modular system, with four supporting structures and an electric chain hoist with a capacity of 80

kg.

All the elements of the crane are properly selected and the supporting structures are verified,

analytically, for the maximum load condition. All crane components are made available by Demag®

company and all the elements of the supporting structures are standard and easy to access in the

market.

In conclusion, the proposed solution satisfies project requirements and constraints, allowing the

transportation of the fixtures with a resistance of 1,5 % of the transported load and simultaneously

reduce the occurrence of future injuries.

Keywords: Manipulator device; Fixtures; Sandwich plates; Crane; Electric chain hoist.

Page 6: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

iv

Índice

Agradecimentos .........................................................................................................................................i

Resumo .................................................................................................................................................... ii

Abstract.................................................................................................................................................... iii

Lista de Figuras ....................................................................................................................................... vi

Lista de Tabelas ...................................................................................................................................... ix

Lista de Símbolos .....................................................................................................................................x

Lista de Siglas ......................................................................................................................................... xi

Lista de Programas ................................................................................................................................. xi

1. Introdução ........................................................................................................................................ 1

1.1 Enquadramento e objetivo da dissertação ............................................................................... 1

1.2 Estrutura da dissertação .......................................................................................................... 2

2. Grupo Volkswagen .......................................................................................................................... 3

2.1 Volkswagen Autoeuropa .......................................................................................................... 4

2.1.1 Área da Qualidade .............................................................................................................. 5

2.1.1.1 Centro de Medições, Masterbuck e Cubing .............................................................. 5

3. Identificação do Problema ............................................................................................................. 11

3.1 Descrição Detalhada do Problema ........................................................................................ 12

3.2 Enquadramento normativo ..................................................................................................... 14

3.3 Área de Trabalho .................................................................................................................... 15

4. Breve revisão bibliográfica ............................................................................................................ 17

4.1 Soluções existentes no mercado ........................................................................................... 17

4.1.1 Sistema de calhas para extração de prateleira ................................................................. 17

4.1.2 Carro com calhas para transporte de prateleiras .............................................................. 18

4.1.3 Pontes rolantes ................................................................................................................. 18

4.1.4 Gruas de oficina ................................................................................................................ 19

4.1.5 Exosqueletos ..................................................................................................................... 20

4.2 Medidas implementadas ........................................................................................................ 21

4.2.1 Construção de estruturas Rahmen ................................................................................... 21

4.2.2 Alteração dos dispositivos de fixação ............................................................................... 22

5. Conceitos ....................................................................................................................................... 23

5.1 Primeiro conceito .................................................................................................................... 23

5.2 Segundo conceito ................................................................................................................... 24

5.3 Terceiro Conceito ................................................................................................................... 26

5.4 Quarto Conceito ..................................................................................................................... 27

5.5 Quinto Conceito ...................................................................................................................... 28

5.6 Análise de conceitos .............................................................................................................. 30

Page 7: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

v

5.7 Seleção de conceitos ............................................................................................................. 32

6. Memória descritiva e justificativa ................................................................................................... 35

6.1 Requisitos do projeto .............................................................................................................. 35

6.2 Constrangimentos do projeto ................................................................................................. 36

6.3 Desenvolvimento do conceito ................................................................................................ 36

6.3.1 Diferencial elétrico de corrente ......................................................................................... 37

6.3.1.1 Características gerais ............................................................................................. 37

6.3.1.2 Diferencial elétrico ................................................................................................... 37

6.3.1.3 Corrente .................................................................................................................. 39

6.3.1.4 Mecanismo de translação ....................................................................................... 39

6.3.1.5 Comando de controlo .............................................................................................. 41

6.3.2 Ponte rolante suspensa KBK ............................................................................................ 41

6.3.2.1 Características gerais ............................................................................................. 41

6.3.2.2 Nomenclatura .......................................................................................................... 42

6.3.2.3 Perfis KBK ............................................................................................................... 43

6.3.2.4 Suspensão do caminho de rolamento .................................................................... 45

6.3.2.5 Mecanismos de translação da viga da ponte rolante ............................................. 46

6.3.2.6 Alimentação elétrica ................................................................................................ 47

6.3.3 Estrutura de suporte .......................................................................................................... 48

6.4 Manipulador proposto ............................................................................................................. 49

6.5 Estimativa de custos .............................................................................................................. 50

7. Notas de cálculo ............................................................................................................................ 53

7.1 Coeficiente de segurança do projeto ..................................................................................... 53

7.2 Seleção do diferencial elétrico de corrente ............................................................................ 54

7.2.1 Diferencial elétrico ............................................................................................................. 54

7.2.2 Corrente ............................................................................................................................ 55

7.2.3 Mecanismo de translação ................................................................................................. 56

7.3 Ponte rolante suspensa KBK ................................................................................................. 57

7.3.1 Seleção dos perfis KBK .................................................................................................... 57

7.3.2 Alimentação elétrica .......................................................................................................... 62

7.4 Estrutura de suporte ............................................................................................................... 62

7.4.1 Ligações soldadas............................................................................................................. 63

7.4.2 Ligação aparafusada ......................................................................................................... 67

8. Conclusões e desenvolvimento futuro .......................................................................................... 73

8.1 Conclusões ............................................................................................................................. 73

8.2 Desenvolvimento futuro.......................................................................................................... 74

9. Referências.................................................................................................................................... 75

A. Anexos – Elementos de apoio e desenhos técnicos ....................................................................... 79

Page 8: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

vi

Lista de Figuras

Figura 1: Sede do Grupo Volkswagen, Wolfsburg [4] ............................................................................. 3

Figura 2: Organigrama simplificado da área da Qualidade ..................................................................... 5

Figura 3: Masterbuck [7]: a) sem elementos montados ,b) com elementos montados .......................... 6

Figura 4: Cubing [9] ................................................................................................................................. 7

Figura 5: Aparelho de medição táctil [10]: a) aparelho, b) apalpador ..................................................... 9

Figura 6: Aparelho de medição ótica [11] .............................................................................................. 10

Figura 7: Armário industrial de armazenamento vertical [12] ................................................................ 11

Figura 8: Exemplo de configuração de um elemento a medir na parede de fixação, com os respetivos

dispositivos de fixação [14].................................................................................................................... 12

Figura 9: Dispositivo de fixação (modelado no software CATIA V5) .................................................... 13

Figura 10: Gráfico - Carga máxima admissível em relação ao número de levantamentos [15] ........... 14

Figura 11: Estação de medição táctil [16] ............................................................................................. 15

Figura 12: Configuração dos armários instalados no deck (modelada no software SOLIDWORKS 2018)

............................................................................................................................................................... 16

Figura 13: Sistema de calhas fold-down para extração de prateleiras [17] .......................................... 17

Figura 14: Carro com calhas para transporte de prateleiras [17].......................................................... 18

Figura 15: Ponte rolante monoviga [18] ................................................................................................ 19

Figura 16: Grua de oficina [19] .............................................................................................................. 19

Figura 17: Utilização de um exosqueleto [21] ....................................................................................... 20

Figura 18: Exemplo de estrutura Rahmen [22] ..................................................................................... 21

Figura 19: Primeiro conceito (modelado no software CATIA V5) ......................................................... 23

Figura 20: Segundo conceito (modelado no software CATIA V5) ........................................................ 24

Figura 21: Diferencial elétrico de cabo [23] ........................................................................................... 25

Figura 22: Terceiro conceito (modelado no software CATIA V5).......................................................... 26

Figura 23: Diferencial elétrico de corrente [24] ..................................................................................... 27

Figura 24: Quarto conceito (modelado no software CATIA V5) ............................................................ 28

Figura 25: Quinto conceito (modelado no software CATIA V5) ............................................................ 28

Figura 26: Perfis KBK [25] ..................................................................................................................... 29

Figura 27: Diferencial elétrico selecionado (dimensões em mm) [28] .................................................. 38

Figura 28: Manipulação de um dispositivo de fixação (modelação no software SOLIDWORKS 2018) 38

Figura 29: Mecanismos de translação do diferencial elétrico para cada perfil KBK [28] ...................... 39

Figura 30: Dimensões do mecanismo de translação selecionado (mm) [29] ....................................... 40

Figura 31: Dimensões do suporte selecionado (mm) [28] .................................................................... 40

Figura 32: Dimensões do comando DSC (mm) [28]: 1) botão de emergência, 2) botões de elevação 41

Figura 33: Perfil KBK I da viga da ponte rolante (dimensões em mm) [25] .......................................... 43

Figura 34: Perfil KBK II das vigas do caminho de rolamento (dimensões em mm) [25] ....................... 44

Figura 35: Tampas com para-choques para os perfis selecionados (dimensões em mm) [25] ........... 45

Figura 36: Suspensão a utilizar consoante a orientação das forças geradas [25] ............................... 45

Page 9: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

vii

Figura 37: Vista frontal e lateral da suspensão KBK Ergo para o perfil KBK II (dimensões em mm) [25]

............................................................................................................................................................... 46

Figura 38: Mecanismo de translação simples Classic para o perfil KBK II (dimensões em mm) [25] .. 47

Figura 39: Suspensão da ponte rolante para o perfil KBK I [25] ........................................................... 47

Figura 40: Estrutura de suporte ............................................................................................................. 48

Figura 41: Representação: a) manipulador proposto, b) instalação na área de trabalho ..................... 49

Figura 42: Constituição do manipulador proposto ................................................................................ 50

Figura 43: Dimensões dos suportes (mm) [28] ..................................................................................... 56

Figura 44: Diagrama de capacidade de carga dos perfis KBK [25] ...................................................... 58

Figura 45: Demag Designer® – Primeiro passo .................................................................................... 60

Figura 46: Demag Designer® - Segundo passo .................................................................................... 60

Figura 47: Demag Designer® - Terceiro passo ..................................................................................... 61

Figura 48: Demag Designer® – Perfis recomendados .......................................................................... 61

Figura 49: Representação dos carregamentos estudados na estrutura de suporte e respetivas

dimensões (mm) .................................................................................................................................... 63

Figura 50: Representação das juntas soldadas da estrutura de suporte ............................................. 63

Figura 51: Representação da junta soldada 1 e da respetiva figura de cordões (dimensões em mm) 64

Figura 52: Representação dos esforços e tensões de corte provocados pelo carregamento 1 ........... 64

Figura 53: Representação dos esforços e tensões de corte provocados pelo carregamento 2 na JS1

............................................................................................................................................................... 65

Figura 54: Representação dos esforços provocados pelo carregamento 2 na JS2 e da tensão de corte

indireta 𝜏′′Mp ........................................................................................................................................... 67

Figura 55: Representação da ligação aparafusada e respetivas dimensões (mm) .............................. 68

Figura 56: Representação dos esforços provocados pelo carregamento 1 na ligação aparafusada ... 68

Figura 57: Representação dos esforços provocados pelo carregamento 2 na ligação aparafusada ... 69

Figura 58: Representação do ângulo 𝛼3 ............................................................................................... 70

Figura A- 1: Propriedades do perfil IPE 200 (Grupo Ferpinta) [30] ....................................................... 79

Figura A- 2: Propriedades das soldaduras de canto - momento polar de inércia [27] .......................... 80

Figura A- 3: Propriedades das soldaduras de canto - momento de inércia [27] ................................... 81

Figura A- 4: Valores de resistência dos esforços axiais para ligações aparafusadas com buchas

metálicas - INDEX [35] .......................................................................................................................... 82

Figura A- 5: Coeficiente de influência para o arrancamento - INDEX [35] ........................................... 82

Figura A- 6: Coeficiente de influência para o cone de compressão - INDEX [35] ................................ 82

Figura A- 7: Coeficiente de influência do espaçamento (cone de compressão) - INDEX [35] ............. 83

Figura A- 8: Coeficiente de influência do espaçamento (separação do betão) - INDEX [35] ............... 83

Figura A- 9: Coeficiente de influência da distância à aresta do bloco - INDEX [35] ............................. 84

Figura A- 10: Coeficiente de influência da aresta do bloco (cone de compressão) - INDEX [35] ........ 84

Figura A- 11: Coeficiente de influência dos reforços - INDEX [35] ....................................................... 84

Figura A- 12: Coeficiente de influência da espessura (altura) do bloco - INDEX [35] .......................... 84

Page 10: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

viii

Figura A- 13: Valores de resistência dos esforços de corte para ligações aparafusadas com buchas

metálicas - INDEX [35] .......................................................................................................................... 85

Figura A- 14: Coeficiente de influência do espaçamento -INDEX [35] ................................................. 85

Figura A- 15: Coeficiente de influência da distância à aresta - INDEX [35] .......................................... 86

Figura A- 16: Coeficiente de influência dos reforços - INDEX [35] ....................................................... 86

Figura A- 17: Coeficiente de influência do ângulo de aplicação da carga - INDEX [35] ....................... 86

Figura A- 18: Ângulo de aplicação da carga 𝑃𝑆 .................................................................................... 86

Figura A- 19: Coeficiente de influência da espessura (altura) do bloco - INDEX [35] .......................... 86

Page 11: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

ix

Lista de Tabelas

Tabela 1: Exemplos de combinação de carga e frequência para os limites recomendados [15] ......... 15

Tabela 2: Seleção dos conceitos .......................................................................................................... 34

Tabela 3: Características do diferencial selecionado [28] ..................................................................... 37

Tabela 4: Condições de serviço do diferencial selecionado [28] .......................................................... 38

Tabela 5: Características da corrente selecionada [28] ........................................................................ 39

Tabela 6: Variação da carga admissível em função da temperatura [29] ............................................. 40

Tabela 7: Propriedades dos perfis selecionados [25] ........................................................................... 44

Tabela 8: Estimativa de custos do manipulador proposto .................................................................... 51

Tabela 9: Tabela de seleção dos diferenciais elétricos DC-Pro [28] .................................................... 54

Tabela 10: Comparação da gama dos diferenciais [28] ........................................................................ 55

Tabela 11: Tabela de seleção de correntes para os diferenciais elétricos e suas propriedades [28] .. 55

Tabela 12: Características dos mecanismos de translação [29]........................................................... 56

Tabela 13: Legenda da figura 43 [28] ................................................................................................... 56

Tabela 14: Compatibilidade dos perfis da ponte rolante e do caminho de rolamento [25] ................... 59

Tabela 15: Valores para seleção de perfis com K=80kg (dimensões em m) [25] ................................ 59

Page 12: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

x

Lista de Símbolos

Letras gregas:

𝛼 - Ângulo

𝜏 - Tensão de corte

𝜏′ - Tensão de corte direta

𝜏′′ - Tensão de corte indireta

𝜌 - Massa volúmica

𝛹 - Coeficiente de influência

Outros símbolos:

𝐴 - Área de garganta da junta soldada

𝑐 - Distância mínima entre a bucha e a aresta do bloco de fundação para ancoragem

𝐸 - Módulo de elasticidade

𝐹 - Força

𝐹𝑝𝑒𝑟 - Força de perturbação transversal

𝐹′𝑖 - Força direta a atuar na ligação aparafusada

𝐹′′𝑖 - Força indireta a atuar na ligação aparafusada

𝐺3 - Massa do diferencial elétrico e do mecanismo de translação

𝐺𝐻 - Massa máxima admissível a elevar pelo diferencial elétrico

ℎ - Altura do cordão de soldadura

ℎ𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 - Espessura do bloco de fundação para ancoragem

ℎ𝑒𝑓 - Altura efetiva da bucha metálica

ℎ𝑠𝑎𝑔 - Flecha do cabo

𝐼 - Momento de inércia

𝐽 - Momento polar de inércia

𝐾 - Carga total suportada pela ponte rolante

𝑙𝐶 - Comprimento total do cabo

𝑙𝐺 - Comprimento das vigas do caminho de rolamento

𝑙𝐻𝑇 - Comprimento da viga da ponte rolante

𝑙𝐾𝑟 - Distância entre as vigas do caminho de rolamento

𝑙𝑠𝑢𝑝𝑝𝑙𝑦 - Comprimento da alimentação

𝑙𝑤 - Distância entre suspensões do caminho de rolamento

𝑀 - Momento fletor

𝑛 - Número de critérios

𝑁 - Força de compressão

𝑛𝑖 - Coeficiente de segurança do elemento i

Page 13: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

xi

𝑛𝐽𝑆𝑖 - Coeficiente de segurança da junta soldada i

𝑛𝑝 - Coeficiente de segurança do projeto

𝑁𝑝 - Número de parafusos

𝑛𝑠𝑎𝑝 - Número de sapatas deslizantes

𝑃 - Força resultante normal ao plano da ligação aparafusada

𝑃𝑆 - Força resultante no plano da ligação aparafusada

𝑟𝑖𝑗 - Avaliação do conceito j para o critério i

𝑆𝑗 - Pontuação do conceito j

𝑆𝑢 - Tensão de rotura

𝑆𝑦 - Tensão de cedência

𝑇 - Momento torsor

𝑉 - Esforço transverso

𝑤𝑖 - Peso do critério i

Lista de Siglas

AISC - American Institute of Steel Construction

DDKM - Digital Data Control Model

DGUV - German Social Accident Insurance

FCA - Fiat Chrysler Automobiles

FMC - Ford Motor Company

KBK - Kombiniert Kran

MPV - Multipurpose vehicle

NSC - National Safety Council

RPS - Reference Point System

VW AE - Volkswagen Autoeuropa

VW AG - Grupo Volkswagen

Lista de Programas

CATIA V5 ®

Demag Designer ®

SOLIDWORKS 2018 ®

Page 14: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

xii

Page 15: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

1

1. Introdução

1.1 Enquadramento e objetivo da dissertação

A segurança dos trabalhadores representa uma das metas mais importantes a atingir por parte

das entidades patronais. A dimensão dos problemas associados aos acidentes de trabalho e as suas

consequências, quer para a vida humana quer para a economia, levam as empresas a focar-se cada

vez mais na sua prevenção.

Segundo o National Safety Council (NSC) [1], a cada 7 segundos um trabalhador está envolvido

num acidente no seu local de trabalho, totalizando em média 4,6 milhões de acidentes de trabalho por

ano. A mesma entidade estimou que em 2018 os custos associados aos acidentes de trabalho tenham

ascendido a 170,8 mil milhões de dólares, tendo em conta as despesas médicas, as indeminizações e

as perdas associadas à interrupção da produção.

Em Portugal, no ano de 2017 registaram-se mais de 209 mil acidentes de trabalho dos quais

140 resultaram em vítimas mortais, no entanto a maioria dos casos poderia ter sido evitada, quer pela

implementação de processos mais ergonómicos, quer por medidas de prevenção ou por ações de

formação e consciencialização dos trabalhadores [2].

De modo a prevenir e reduzir o risco de acidentes, cabe a todos os envolvidos, desde o diretor

da empresa aos funcionários, a responsabilidade de tomar medidas para a melhoria e qualidade das

condições de trabalho.

Neste âmbito, foi proposto, pelo Eng. Vítor Martins, diretor de departamento do Centro de

Medições, Masterbuck e Cubing, da área da Qualidade da Volkswagen Autoeuropa (VW AE), a

realização de um estágio curricular, de 6 meses, para o desenvolvimento de uma solução para o

transporte de dispositivos de fixação utilizados na medição de peças produzidas na fábrica, uma vez

que até à data o seu transporte tem sido efetuado manualmente e tem vindo a provocar lesões a vários

funcionários, que por esse motivo tiveram de ser realocados a outras funções.

Esta dissertação tem como objetivo o projeto e desenvolvimento de um manipulador para o

transporte dos dispositivos de fixação referidos, de modo a tornar o processo de transporte mais

ergonómico e prevenir os riscos associados ao mesmo, uma vez que 33,54% dos acidentes de trabalho

registados pelo NSC estão relacionados com a elevação e transporte repetido de cargas [1].

Page 16: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

2

1.2 Estrutura da dissertação

Este documento apresenta a seguinte estrutura:

Capítulo 1: Introdução, enquadramento e objetivo da dissertação.

Capítulo 2: Apresentação do Grupo Volkswagen, da Volkswagen Autoeuropa e da sua área da

Qualidade, bem como das equipas do Centro de Medições, Masterbuck e Cubing, de modo a enquadrar

o tema e dar a conhecer o local de estágio.

Capítulo 3: Identificação do problema através da descrição detalhada dos processos realizados pelos

trabalhadores e do enquadramento normativo da fábrica. No final deste capítulo apresenta-se a área

de trabalho, onde se identificou o problema.

Capítulo 4: Pesquisa das soluções existentes no mercado e das medidas implementadas no

departamento com vista à resolução do problema.

Capítulo 5: Geração de conceitos para a resolução do problema identificado e posterior análise e

seleção do conceito a desenvolver que melhor se ajuste às necessidades.

Capítulo 6: Desenvolvimento do conceito selecionado e apresentação da solução proposta, com base

na definição dos requisitos e constrangimentos de projeto. No final do capítulo apresenta-se a

estimativa de custos da solução proposta.

Capítulo 7: Seleção e verificação dos elementos constituintes da solução proposta. Apresentação dos

diagramas e tabelas de seleção utilizados, bem como das notas de cálculo referentes ao projeto

mecânico das estruturas de suporte.

Capítulo 8: Apresentação das conclusões e de possíveis sugestões para desenvolvimento futuro.

Page 17: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

3

2. Grupo Volkswagen

O Grupo Volkswagen (VW AG) é um dos maiores fabricantes de veículos do mundo, sediado

na cidade alemã de Wolfsburg (ver figura 1). A empresa foi fundada em 1937 e começou a produzir o

modelo “Kafer”, também conhecido por “Carocha”, cujo desenvolvimento e projeto remonta a 1934.

Atualmente, o VW AG é composto por 12 marcas de elevada importância e reconhecimento no

sector: Volkswagen, Škoda, SEAT, Audi, Porsche, Bentley, Lamborghini, Bugatti, Ducati, MAN, Scania

e Volkswagen Comercial Vehicles. Cada uma tem a sua identidade, operando como marcas

independentes no mercado, possuindo uma gama variada de produtos, desde motociclos a carros

citadinos, automóveis de luxo, autocarros e camiões.

O VW AG engloba 122 fábricas, espalhadas por 4 continentes, sendo que 71 se encontram em

20 países europeus e as restantes distribuídas por 11 países dos continentes Americano, Africano e

Asiático, empregando 664.496 trabalhadores e produzindo 365 modelos diferentes, totalizando mais

de 11.018.000 de veículos produzidos, em 2018 [3].

O grupo tem como objetivo a produção de veículos de elevada qualidade, que permitam

satisfazer as necessidades dos clientes, competir no mercado e estabelecer a marca como uma

referência no sector automóvel. Para tal, é adotada uma estratégia de investimento na inovação, na

criação de valor e no desenvolvimento de competências dos recursos humanos, não esquecendo a

importância do desempenho ambiental e da sustentabilidade do processo produtivo.

Figura 1: Sede do Grupo Volkswagen, Wolfsburg [4]

Page 18: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

4

2.1 Volkswagen Autoeuropa

A história da VW AE remonta a 1991, ano em que foi assinado o contrato de investimento entre

o Governo Português e a Joint Venture entre a Ford e a Volkswagen, naquele que viria a ser o maior

investimento estrangeiro em Portugal. Com um investimento inicial de 1,97 mil milhões de euros, foi

contruída, durante 4 anos, uma fábrica no concelho de Palmela, distrito de Setúbal.

A produção arrancou em 1995, com três modelos monovolume, multipurpose vehicle (MPV):

VW Sharan, SEAT Alhambra e Ford Galaxy. Passados 4 anos do início de produção, em 1999, o Grupo

Volkswagen adquiriu a totalidade das ações, ficando com 100% do capital da empresa.

Em 2006 terminou a produção do Ford Galaxy e foi introduzido o modelo descapotável VW

EOS. Já em 2008 foi a vez do VW Scirocco ser apresentado para produção, no ano em que a fábrica

alcançou o feito de 1,5 milhões de veículos produzidos. As produções dos modelos EOS e do Scirocco

terminaram, respetivamente, em 2015 e 2017 [5].

A empresa atravessou o seu maior processo de transformação em 2017, com o lançamento do

Sport Utility Vehicle (SUV) compacto da marca de Wolfsburg, o VW T-ROC, cuja produção implicou a

construção de novas infraestruturas e a contratação de mais de 2500 funcionários. No ano de 2018 a

produção atingiu o valor recorde de 223.200 veículos produzidos [5].

Atualmente a VW AE emprega cerca de 5800 funcionários, cuja média de idades é

aproximadamente 40 anos, sendo que 82% são do sexo masculino e 18% do sexo feminino.

O conselho de administração da empresa é liderado, desde 2016, pelo diretor-geral Eng. Miguel

Sanches, que sucedeu ao Eng. António Melo Pires.

Em termos organizacionais, a VW AE está dividida em 8 áreas:

Administração;

Gestão de Produto e Planeamento;

Engenharia Industrial e Lean Management;

Finanças e Tecnologias da Informação;

Produção;

Recursos Humanos e Organização;

Logística;

Qualidade.

Page 19: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

5

2.1.1 Área da Qualidade

A área da Qualidade é uma das áreas com maior destaque na VW AE e de modo geral em toda

a indústria automóvel, tendo como principal objetivo garantir os níveis de excelência dos veículos

produzidos, no que diz respeito às especificações, às exigências e à satisfação dos clientes.

A área da Qualidade tem a ambição de se tornar a Quality Assurance mais eficiente e eficaz

do setor automóvel. Por este motivo, garante, com elevada competência, a qualidade dos veículos

produzidos, através de processos normalizados, obedecendo à norma ISO 9001 e em conformidade

com as necessidades dos clientes [6].

Apresenta-se, na figura 2, o organigrama resumido da área da Qualidade, estando somente

detalhados os departamentos da divisão de Análise do Veículo Completo, na qual se encontra o Centro

de Medições, Masterbuck e Cubing.

Figura 2: Organigrama simplificado da área da Qualidade

A divisão de Análise do Veículo Completo é responsável pela coordenação de todos os testes,

ensaios e medições dos departamentos que a constituem, reportando diretamente os resultados ao

diretor da área da Qualidade e cooperando com as restantes áreas e divisões, de modo a solucionar

de forma eficaz e célere os problemas e defeitos identificados.

2.1.1.1 Centro de Medições, Masterbuck e Cubing

O departamento do Centro de Medições, Masterbuck e Cubing é o centro de controlo

dimensional da VW AE.

Organizado em 6 equipas e liderado pelo Eng. Vítor Martins, trabalha diariamente com as áreas

de Produção, Qualidade e Gestão de Produto e Planeamento, fornecendo análises dimensionais

fidedignas das peças, subconjuntos e veículos produzidos.

Qualidade

Planeamento da Qualidade

Peças Compradas

Análise do Veículo

Completo

Centro de TestesCentro de Medições, Masterbuck e Cubing

Tecnologia de MateriaisAvaliação da Experiência

com os Veículos

Qualidade da Produção

Auditoria Final e Relatórios

Departamentos

Divisões

Page 20: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

6

Este departamento é parceiro de todas as salas de medição da Volkswagen e por isso está em

constante troca de informação e de experiência, acabando por definir novos procedimentos padrão e

tecnologias de análise e controlo dimensional.

Tal como referido, o departamento está dividido em 6 equipas:

Masterbuck;

Cubing;

Projetos e Programação Offline;

Virtual 3D DDKM;

Análises e Amostras Iniciais;

Medições e Controlo Geométrico.

Masterbuck

O Masterbuck é uma ferramenta utilizada para verificar a conformidade dimensional e visual de

peças, relacionando-as entre si.

Esta ferramenta consiste numa estrutura nominal de alumínio à escala de 1:1 (figura 3a),

designada por Outer Masterbuck, que permite através da montagem de peças, proceder à sua análise

e consequentemente melhorar a qualidade dos veículos produzidos. O objetivo é analisar o ajuste das

peças exteriores de um veículo, tais como as laterais, as portas, o capô e a bagageira, montando-as

em simultâneo, através do seu sistema de posicionamento, i.e. em inglês Reference Point System

(RPS), que reflete o posicionamento real das peças no veículo, no sistema de produção (figura 3b).

Figura 3: Masterbuck [7]: a) sem elementos montados ,b) com elementos montados

Com a análise e medição efetuadas, é realizada uma auditoria, que identifica os defeitos ou

problemas existentes e lhes atribui uma escala de importância e gravidade. Depois de ser concluído o

relatório da auditoria, procede-se à análise dos problemas e reúne-se com os responsáveis das

respetivas peças, de modo a apresentarem uma possível alteração no processo produtivo que permita

a resolução do respetivo problema e elaborarem um plano de ação, no qual se comprometem a

implementar a alteração proposta, definindo um prazo limite. Após esta reunião, é feita uma

Page 21: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

7

apresentação ao diretor do departamento, na qual é comunicado o problema, a respetiva solução e o

plano de ação.

Por fim, quando é implementado o plano de ação, é realizada uma nova medição e análise para

verificar se as alterações corrigiram o problema inicial detetado ou se são necessárias novas propostas

de melhoria.

Cubing

Tal como o Masterbuck, o Cubing é uma ferramenta utilizada para verificar a conformidade

dimensional e visual de peças, mas além de as relacionar entre si, também as relaciona com a estrutura

nominal.

O Cubing (figura 4) é um modelo construído em alumínio e aço inox maquinado, à escala 1:1,

do modelo CAD do veículo, com uma tolerância dimensional máxima de duas décimas de milímetro,

0,2 mm.

Neste equipamento, são avaliadas peças e componentes de fornecedores externos à fábrica,

tais como, faróis, vidros, frisos, para-choques, guarda-lamas e o interior do veículo, como os bancos, o

forro do tejadilho, a consola central, as luzes interiores, o volante, os pedais, etc.

As peças são montadas em “ambiente zero”, não havendo a possibilidade de sofrerem

quaisquer tipos de desvios ou irregularidades resultantes dos processos de construção da carroçaria

ou de montagem, de modo a que se possa investigar de uma maneira célere se estão de acordo com

as especificações [8]. Através da análise dimensional é possível quantificar os desvios e verificar se

estão a ser cumpridas as características estabelecidas no desenho e acordadas pela Engenharia de

Produto.

Ao contrário do que pode acontecer noutras ferramentas ou noutros instrumentos de análise,

no Cubing o problema é sempre da peça em que é detetado o defeito, não existindo qualquer

possibilidade do erro ser originado por outro elemento.

Figura 4: Cubing [9]

Page 22: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

8

Projetos e Programação Offline

A equipa de Projetos e Programação Offline é responsável pela execução de todas as

atividades de preparação e apoio às restantes equipas do Centro de Medições, Masterbuck e Cubing.

A equipa está envolvida na criação de programas de medição que serão utilizados nas máquinas de

medição, tácteis e óticas, e faz análises teóricas através de modelos 3D, recorrendo ao software CATIA

V5.

A equipa é também responsável pelo planeamento de introdução de alterações de engenharia,

tais como alterações de tolerâncias, facelift’s ou novos modelos relevantes para o departamento.

A equipa detém ainda a gestão e análise das necessidades dos equipamentos e dos

funcionários, desde a reparação, manutenção e calibração das máquinas, ao vestuário e calçado dos

trabalhadores, tendo em conta o respetivo impacto económico para o orçamento anual do

departamento.

Virtual 3D DDKM

A equipa de Virtual 3D DDKM (Digital Data Control Model) é a equipa mais pequena do

departamento, sendo responsável pela programação do ambiente de realidade virtual de todo o veículo,

recorrendo ao software Autodesk VRED. Através da utilização deste software é possível analisar

virtualmente qualquer parte do veículo, interior ou exterior, com todo o tipo de configurações

disponíveis, tais como as cores da carroçaria, packs de equipamento, jantes ou bancos.

A equipa é também responsável pela otimização de design dos elementos em CATIA V5, para

serem importados para o ambiente de realidade virtual e impressão de peças numa impressora 3D,

necessárias para satisfazer algumas necessidades do departamento.

Análises e Amostras Iniciais

Na produção de um veículo, vários são os pontos e etapas nas quais se testa a qualidade e a

fiabilidade de construção. Na montagem final, uma equipa de auditoria desenvolve uma série de testes

e procedimentos com o objetivo de verificar se os parâmetros definidos para o veículo foram cumpridos.

Quando os auditores detetam irregularidades dimensionais e não têm a capacidade de concluir a causa

das mesmas, é efetuado um pedido de investigação à equipa de Análises e Amostras Inicias.

Os seus elementos têm a função de realizar análises dimensionais aos conjuntos identificados

e determinar a origem do problema, sendo que este processo pode durar dias até estar resolvido.

Para além da investigação, a equipa tem a responsabilidade de aprovar as amostras iniciais

produzidas na VW AE, que podem ser peças novas ou peças já existentes, mas cujas tolerâncias ou

dimensões necessitem ser alteradas.

Page 23: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

9

Medições e Controlo Geométrico

A equipa de Medições e Controlo Geométrico é a maior equipa do departamento, composta

por 22 elementos, 20 técnicos e 2 especialistas, distribuídos semanalmente pelos turnos da manhã, da

tarde e da noite e ao sábado pelos turnos da manhã e da tarde.

A equipa tem a responsabilidade de efetuar as medições de rotina das peças estampadas, dos

subconjuntos da carroçaria e das carroçarias completas, produzidas na fábrica. Os elementos a medir

são selecionados da linha de produção por amostragem, recorrendo a métodos estatísticos, com o

objetivo de controlar a sua qualidade e prever se os elementos do mesmo lote se encontram nas

mesmas condições.

Para além das medições de rotina, são também efetuadas medições especiais a peças de

estampagem, subconjuntos ou até mesmo a veículos completos, no caso terem suscitado algum tipo

de dúvida durante a sua produção.

As medições e análises são efetuadas recorrendo a aparelhos de medição táctil ou aparelhos

de medição ótica.

O princípio de funcionamento dos aparelhos de medição táctil (figura 5a) tem por base a recolha

de informação dimensional de pontos específicos da peça, pré-definidos pela engenharia de projeto,

através do contacto de um apalpador elétrico de ponta esférica com os mesmos (figura 5b), com base

num software de metrologia, que opera segundo um sistema de referências e coordenadas [10]. Após

efetuada a medição, as informações dos pontos são comparadas com os valores de referência

definidos nos desenhos técnicos e são calculados os respetivos desvios dimensionais.

Apresenta-se na figura 5 um aparelho de medição táctil e o respetivo apalpador.

Figura 5: Aparelho de medição táctil [10]: a) aparelho, b) apalpador

Page 24: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

10

O princípio de funcionamento dos aparelhos de medição ótica consiste num mapeamento da

peça, através de um braço articulado com uma câmara de alto desempenho e resolução, como se pode

observar na figura 6. No fim da medição, o mapeamento origina um ficheiro .stl que é comparado com

o ficheiro CAD da peça, permitindo obter as dimensões em qualquer ponto, ao contrário do que

acontece com o aparelho de medição táctil, sendo esta uma das suas maiores vantagens, para além

da sua rapidez de análise [11].

Figura 6: Aparelho de medição ótica [11]

Page 25: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

11

3. Identificação do Problema

Na equipa de Medições e Controlo Geométrico, todos os elementos a medir necessitam de ser

colocados numa estação de medição, na qual se encontra uma parede de fixação, designada por

sandwich plate. Para prender cada elemento a estas paredes é necessário recorrer a dispositivos de

fixação, designados por fixtures. Todo o processo de fixação dos dispositivos à parede de fixação e

consequentemente dos elementos a medir às fixtures é feito manualmente pelo trabalhador que irá

realizar a análise.

Os dispositivos de fixação encontram-se armazenados em armários industriais de

armazenamento vertical com sistema automático de prateleiras, da marca Megamat®, com capacidade

de 70000 kg. O sistema automático tem por base um mecanismo semelhante a um elevador, que

através de um motor elétrico permite recolher a prateleira selecionada pelo trabalhador, da posição

onde a mesma se encontra e dispô-la diante do mesmo, de modo a que possa ter acesso ao seu

conteúdo [12].

Os armários (figura 7) tornam o processo mais ergonómico, permitindo armazenar em

segurança todas as peças que neles se encontrem e organizar as mesmas de forma mais eficiente.

Estes dispositivos são concebidos para otimizar o espaço utilizado, sendo que permitem reduzi-lo até

85%, quando comparados com armários e estantes tradicionais [13].

Figura 7: Armário industrial de armazenamento vertical [12]

Page 26: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

12

Cada elemento a medir tem o seu conjunto de dispositivos de fixação identificado e organizado

numa prateleira. Para a medição e análise de cada peça ou subconjunto, o técnico deverá deslocar-se

ao armário, selecionar a prateleira correspondente, retirar todos os dispositivos de fixação, transportá-

los até à estação de medição, encaixá-los nas respetivas posições da sandwich plate e por fim montar

o elemento a medir na estrutura montada, ver figura 8.

A posição em que os dispositivos são montados na parede de fixação garante que o elemento

a medir seja analisado na posição real em que irá ser montado no veículo, tornando a medição mais

fidedigna. A figura 8 representa a configuração da lateral de um veículo montada, através de

dispositivos de fixação, numa sandwich plate.

Figura 8: Exemplo de configuração de um elemento a medir na parede de fixação, com os respetivos dispositivos de fixação [14]

Quando o processo de medição termina, o técnico tem de retirar e arrumar o elemento medido,

assim como todos os dispositivos de fixação utilizados.

Em cada estação de medição, por turno, trabalha apenas um técnico, tendo de fazer

repetidamente este tipo de esforço durante o seu dia de trabalho.

Após analisar o procedimento referido foi identificada a necessidade de apresentar um projeto

de solução para a remoção dos dispositivos de fixação do interior dos armários e transporte dos

mesmos até às sandwich plates.

3.1 Descrição Detalhada do Problema

A presente dissertação centra-se no projeto de uma solução para o problema identificado na

equipa de Medições e Controlo Geométrico, do Centro de Medições, Masterbuck e Cubing. O problema

identificado consiste na remoção e transporte de dispositivos de fixação, do interior dos armários

industriais, onde se encontram armazenados, até ao local onde se encontram as estações de medição

e onde serão montados nas paredes de fixação, sendo que as mesmas podem ser horizontais ou

verticais, dependendo da peça ou subconjunto que vai ser analisada.

Page 27: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

13

Os dispositivos de fixação são módulos construídos em alumínio, compostos por uma base,

por uma torre de perfil quadrado e por um grampo, clamp. A base tem a função de se fixar à sandwich

plate e o grampo é responsável por prender o elemento a medir. Todos os dispositivos de fixação

apresentam furos idênticos para redução de massa, com 20 mm de diâmetro. Na figura 9 apresenta-se

um dispositivo de fixação modelado no software CATIA V5.

Figura 9: Dispositivo de fixação (modelado no software CATIA V5)

A massa dos dispositivos de fixação utilizados varia entre 8,5 e 26 kg. Cada peça ou

subconjunto a analisar tem um conjunto de dispositivos associado, sendo que o maior encontrado tem

onze dispositivos de fixação, num total de 132,5 kg, que devem de ser transportados e montados pelo

técnico responsável pela medição.

O seu transporte e remoção do armário requer e implica ao trabalhador um grande esforço a

nível lombar, da coluna e dos membros superiores.

Diariamente, contabilizando todos os turnos de trabalho, realizam esta função 16 técnicos. A

idade média destes trabalhadores é superior a 45 anos, sendo que alguns apresentam mazelas físicas,

a nível da coluna ou dos membros superiores, como hérnias discais ou tendinites, devido aos vários

anos a trabalhar nesta função, estando assim limitados a transportar cargas reduzidas.

Após observação, investigação e contacto com os técnicos, concluiu-se e identificou-se a

remoção dos dispositivos de fixação de dentro do armário como a operação mais crítica e de maior

esforço e exigência para os trabalhadores, devido à profundidade das prateleiras e à massa dos

dispositivos de fixação a transportar.

Page 28: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

14

3.2 Enquadramento normativo

A VW AE rege-se pela norma ISO 11228-1, no que diz respeito à ergonomia, nomeadamente

ao levantamento e transporte de cargas. Esta norma estabelece as seguintes recomendações [15]:

Não deve ser excedido o limite máximo de 25 kg no levantamento manual de uma carga.

No caso de o levantamento manual ser repetido, a frequência máxima é de 15 levantamentos

por minuto, sendo que a carga máxima admissível correspondente ao número de

levantamentos se pode analisar no gráfico da figura 10, para uma duração máxima de uma

hora e para uma duração média de uma a duas horas. No caso de a frequência ser máxima, a

duração total não pode exceder uma hora e a carga está limitada a 7kg.

Figura 10: Gráfico - Carga máxima admissível em relação ao número de levantamentos [15]

A carga acumulada durante as 8 horas de trabalho diário não deve exceder os 10000 kg, em

condições ideais, sendo que se o trabalhador tiver de percorrer uma distância superior a 20 m

para o seu transporte, o limite passará para 6000 kg.

Não é possível combinar a carga máxima com a frequência máxima de levantamentos por

minuto, uma vez que se ultrapassaria os limites máximos diários para a carga acumulada.

Na tabela 1 apresentam-se exemplos de combinação de carga e frequência para os limites

recomendados da carga acumulada em função da distância percorrida.

Page 29: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

15

Tabela 1: Exemplos de combinação de carga e frequência para os limites recomendados [15]

Apesar do limite máximo estabelecido ser 25 kg, é de notar que a norma recomenda 15 kg

como o valor de referência para o levantamento manual de uma carga.

3.3 Área de Trabalho

A área de trabalho onde a equipa de Medições e Controlo Geométrico opera é composta por

duas estações de medição ótica e por cinco estações de medição táctil. Cada uma delas é composta

por um par de aparelhos de medição táctil, conforme ilustrado na figura 11.

Figura 11: Estação de medição táctil [16]

Page 30: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

16

Na mesma área encontram-se instalados cinco armários industriais, dois pares e um isolado.

Um dos pares (figura 12) está instalado numa plataforma de madeira, deck, a 70 cm do nível do chão,

sendo por isso necessário o recurso a degraus para lhes aceder. Nessa plataforma existem ainda

quatro docas, onde é possível colocar, com auxílio de um porta-paletes elétrico com plataforma, as

sandwich plates, de modo a facilitar a montagem e deslocação dos dispositivos de fixação, se o

elemento a medir tiver o seu conjunto de dispositivos num desses armários. Porém, devido a limitações

físicas da área de trabalho, nem sempre é possível utilizar as docas para satisfazer todas as estações

de medição, uma vez que existem diversos equipamentos em constante funcionamento na área.

Figura 12: Configuração dos armários instalados no deck (modelada no software SOLIDWORKS 2018)

No pior cenário identificado, os trabalhadores percorrem 65 metros, desde o armário até à

estação de medição. Para os auxiliar, no transporte dos dispositivos de fixação, têm apenas um carro

de transporte manual com duas plataformas metálicas. Após analisar os procedimentos realizados

pelos técnicos, concluiu-se que a operação mais crítica, identificada anteriormente, é mais complexa e

a que provoca maior desgaste, quando os dispositivos de fixação se encontram nos armários instalados

no deck.

Page 31: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

17

4. Breve revisão bibliográfica

4.1 Soluções existentes no mercado

Esta secção é dedicada à investigação de práticas existentes e soluções encontradas noutras

áreas industriais, que possam ser úteis à resolução do problema referido no capítulo anterior. O objetivo

desta secção não passa por encontrar uma solução, mas sim por examinar ideias e ferramentas

implementadas na resolução de problemas semelhantes, nomeadamente de manipulação e transporte

de ferramentas ou peças, de modo a poder estruturar, de forma clara e objetiva, possíveis soluções a

aplicar.

4.1.1 Sistema de calhas para extração de prateleira

O primeiro mecanismo encontrado consiste num sistema de calhas que permite ao trabalhador

extrair a prateleira selecionada de dentro do armário, podendo ter maior acesso a todas as ferramentas

e peças que nele se encontrem armazenadas. É uma solução prática e de relativa simplicidade de

implementação, que permite melhorar de forma ergonómica o esforço e o conforto dos trabalhadores,

uma vez que os mesmos não necessitam de se debruçar dentro do armário para retirar quaisquer

objetos.

Existem diversos tipos de sistemas de calhas, sendo que os que suscitaram maior interesse

foram os sistemas com guias telescópicas e os sistemas de calhas fold-down (figura 13), uma vez que

permitem ser recolhidos, quando não estiverem a ser utilizados.

Figura 13: Sistema de calhas fold-down para extração de prateleiras [17]

Normalmente estes sistemas são produzidos pelos fabricantes dos armários, sendo

apresentados como opção durante a sua aquisição. Porém é de notar que nem todos os armários são

compatíveis com este tipo de solução.

Page 32: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

18

4.1.2 Carro com calhas para transporte de prateleiras

Este dispositivo consiste num carro robusto acoplado com calhas que permitem extrair as

prateleiras de dentro do armário (figura 14). O trabalhador deve apenas encostar o carro ao armário e

remover a prateleira para a plataforma do carro, através das calhas. Este equipamento permite o

transporte de todas as ferramentas e peças que se encontrem na prateleira, em simultâneo, até ao

destino onde as mesmas são necessárias.

Figura 14: Carro com calhas para transporte de prateleiras [17]

Estes dispositivos são contruídos à medida das prateleiras, sendo que cada carro corresponde

a um modelo específico de armário. Porém não é possível encontrar este tipo de carros para todos os

armários, uma vez que a partir de uma certa dimensão, seriam excessivamente grandes, o que

dificultaria o seu transporte. Segundo a empresa Slidelog, representante de diversas marcas de

equipamentos e sistemas logísticos, e fornecedora dos armários do departamento, não existe nenhum

equipamento disponível para os armários, uma vez que as prateleiras têm um comprimento superior a

3 m.

4.1.3 Pontes rolantes

As pontes rolantes são estruturas de construção robusta, caracterizadas pela elevada

capacidade de carga. Da vasta gama de pontes rolantes existentes no mercado, a ponte rolante

monoviga (figura 15) é aquela que mais se ajusta ao problema identificado.

Page 33: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

19

Figura 15: Ponte rolante monoviga [18]

Contudo é necessário ter em atenção que este tipo de estruturas são tradicionalmente

projetadas e utilizadas para o transporte de cargas de grande dimensão, cuja massa ascende às

toneladas, pelo que a sua implementação para o transporte dos dispositivos de fixação só se justificaria

se fosse possível encontrar uma estrutura cuja capacidade de carga se enquadrasse com a massa dos

mesmos.

4.1.4 Gruas de oficina

As gruas são um dos equipamentos mais utilizados para o levantamento de cargas,

apresentando um vasto leque de soluções, com diferentes geometrias, mecanismos e capacidades de

carga, consoante a aplicação para que são projetadas. Ao analisar a vasta gama de gruas existentes

no mercado, as que suscitaram maior interesse para o problema identificado foram as gruas de oficina

(figura 16), pelas suas dimensões, pelas capacidades de carga e pela simplicidade do mecanismo que

utilizam.

O princípio de funcionamento de uma grua de oficina consiste num sistema hidráulico composto

por um cilindro hidráulico de duplo efeito e uma alavanca para a sua atuação, que permite elevar e

descer um gancho [19]. As gruas de oficina têm a particularidade de ser móveis, apresentando diversas

configurações e modelos de rodas na sua base, que permitem deslocar a carga de forma suave e

segura.

Figura 16: Grua de oficina [19]

Page 34: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

20

Este tipo de gruas são utilizadas para efetuar diversas operações, como por exemplo, retirar e

colocar motores em veículos ou elevar e transportar cargas de dimensões reduzidas, pelo que a sua

análise suscitou interesse, uma vez que existe a possibilidade de utilizar, adaptar ou modificar este

equipamento à manipulação e transporte dos dispositivos de fixação.

4.1.5 Exosqueletos

Os exosqueletos são dispositivos utilizados para reduzir o esforço, a fadiga e permitir o

cumprimento de tarefas com maior ergonomia, conferindo conforto e agilidade aos trabalhadores. Estes

equipamentos são dispositivos articulados, construídos à medida dos trabalhadores, que podem ser

aplicados aos membros inferiores, superiores e ao tronco. Caracterizados por serem leves e de fácil

implementação, os exosqueletos estão a ser desenvolvidos e aplicados em vários setores e empresas,

como por exemplo no VW AG, na Ford Motor Company (FMC) e na Fiat Chrysler Automobiles (FCA)

[20].

Os exosqueletos acompanham todos movimentos dos trabalhadores, corrigindo a postura e

agilizando as tarefas que exigem maior esforço e risco para saúde, prevenindo acidentes de trabalho e

lesões a longo prazo.

É expectável que nos próximos anos, a implementação deste tipo de dispositivos, nas unidades

fabris, se torne cada vez mais frequente e que a sua utilização permita melhorar a qualidade e as

condições de trabalho, bem como reduzir o risco de problemas associados ao mesmo. Na figura 17

apresenta-se a utilização de exosqueleto.

Figura 17: Utilização de um exosqueleto [21]

Page 35: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

21

4.2 Medidas implementadas

No âmbito do problema referido anteriormente, o departamento, com o objetivo de promover e

assegurar melhores condições de trabalho e reduzir os problemas associados ao mesmo, tem vindo a

desenvolver e implementar medidas para agilizar e atenuar os efeitos sentidos pelos trabalhadores da

equipa de Medições e Controlo Geométrico, no transporte dos dispositivos de fixação.

As medidas implementadas focaram-se na resolução de situações pontuais, onde se verificou

a necessidade de atuar rapidamente, de modo a não prolongar a sua execução. De seguida

apresentam--se as medidas implementadas.

4.2.1 Construção de estruturas Rahmen

Uma das soluções encontradas para diminuir o desgaste e o esforço sentido pelos

trabalhadores, centrou-se na criação e construção de algumas estruturas rígidas compostas pelos

dispositivos de fixação das peças que apresentam os maiores conjuntos a transportar (figura 18). Estas

estruturas são designadas por Rahmen, expressão alemã que define estrutura ou quadro, sendo

equivalente à expressão inglesa frame.

As Rahmen são construídas de modo a que a estrutura se mantenha exatamente igual à

sandwich plate, quando montada com os dispositivos de fixação correspondentes à peça a medir, ou

seja, as posições dos pontos de fixação devem permanecer impreterivelmente na “mesma posição”,

requerendo uma elevada rigidez estrutural, de modo a não alterar os resultados das medições e da

análise.

Figura 18: Exemplo de estrutura Rahmen [22]

Page 36: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

22

O projeto destas estruturas é minucioso e requer um elevado tempo de análise e investigação,

passando por diversas etapas, desde a investigação e identificação da peça e do seu conjunto de

dispositivos a selecionar, ao projeto e design da estrutura, sendo que no fim da construção, a mesma

deve ser ensaiada e testada para poder ser aprovada.

Com estas estruturas, os trabalhadores não necessitam de retirar os dispositivos de fixação

dos armários e transportá-los manualmente até às paredes de fixação, apenas necessitam de

transportar a Rahmen até à estação de medição, com o auxílio de um empilhador.

4.2.2 Alteração dos dispositivos de fixação

Devido à sua dimensão, complexidade e massa, alguns dispositivos de fixação apresentam um

elevado nível de dificuldade no seu manuseamento, transporte e fixação à sandwich plate. Os

trabalhadores que operam com os dispositivos de fixação têm vindo a identificar os mais problemáticos

e a propor a sua alteração. As alterações dos dispositivos de fixação consistem na sua divisão e

restruturação, transformando um em dois ou mais dispositivos, de modo a que o trabalhador não

necessite de exercer tanto esforço num só dispositivo e que o mesmo seja repartido, reduzindo a fadiga

e o desgaste provocado. As operações de alteração são efetuadas recorrendo a maquinação

convencional, por técnicos experientes e qualificados, num laboratório existente no departamento.

A implementação deste tipo de medidas é relativamente rápida e simples, não exigindo a

alocação de um elevado número de recursos e meios, porém o seu desenvolvimento ainda se encontra

numa fase embrionária de estudo e análise.

Page 37: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

23

5. Conceitos

Este capítulo será dedicado à apresentação de propostas de solução e dos respetivos

conceitos. Serão apresentadas abordagens diferentes, esboços e ideias para solucionar o problema

identificado, passando pela elaboração de modelos e conceitos, com o intuito de se poder selecionar o

que mais se ajusta às necessidades dos técnicos, bem como às limitações físicas impostas pela área

de trabalho. Embora diferentes, todos os conceitos serão baseados no princípio de um manipulador

que permita pegar nos dispositivos de fixação e manuseá-los.

Não se procura encontrar e apresentar a solução final, mas sim poder ter a perceção do rumo

a seguir e da tipologia de conceito que se irá adotar. Após selecionar o conceito que mais se ajuste ao

problema identificado, será dada continuidade ao seu desenvolvimento e projeto.

5.1 Primeiro conceito

O primeiro conceito consiste num manipulador móvel composto por um braço articulado

giratório acoplado a um carro de transporte com uma plataforma elevatória, ver figura 19.

Figura 19: Primeiro conceito (modelado no software CATIA V5)

O carro apresenta uma plataforma elevatória do tipo tesoura de cruzeta simples, cuja regulação

de altura é efetuada através de um cilindro hidráulico acionado por um pedal. Este mecanismo é

semelhante ao encontrado nas plataformas elevatórias elétricas utilizadas nas áreas da construção e

manutenção, pelo que também poderá ser elétrico, sendo apenas necessário recorrer a um comando

Page 38: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

24

para ser acionado. Todavia, neste conceito, não se encontrou a necessidade de selecionar o

mecanismo elétrico pelo que se optou pelo mecanismo de pedal.

De modo a operar e deslocar o manipulador com conforto e segurança, é sugerido que o carro

de transporte apresente duas rodas fixas, duas rodas giratórias e que seja equipado com um travão

numa das rodas giratórias, para que se possa imobilizar o carro com facilidade, quando não estiver a

ser deslocado, de forma a prevenir qualquer tipo de movimento repentino.

O braço consiste numa grua articulada com um gancho na sua extremidade, composta por um

cilindro hidráulico de duplo efeito, cuja atuação é efetuada a partir de uma alavanca. Este mecanismo

é semelhante ao utilizado nas gruas de oficina, referidas anteriormente, pelo que o projeto e

desenvolvimento do mesmo se pode basear na adaptação dos sistemas já existentes.

O acoplamento do braço à plataforma do carro é efetuado através de um sistema aparafusado

que garanta e confira ao braço uma rotação de 360º, em torno do eixo vertical, permitindo ao gancho

alcançar e abranger toda a profundidade da prateleira que se encontra no interior do armário.

Assim, o manipulador criado pela junção destes dois elementos tem a capacidade de alcançar

e retirar quaisquer dispositivos de fixação das prateleiras, posicionar os mesmos em simultâneo na

plataforma do carro e transportá-los até às estações de medição, reduzindo a fadiga e o desgaste

sentidos pelos trabalhadores e melhorando a ergonomia de todo o processo.

5.2 Segundo conceito

O segundo conceito apresentado consiste num manipulador fixo, composto por um braço

acoplado a um pórtico, que apresenta um diferencial elétrico na sua extremidade, ver figura 20.

Figura 20: Segundo conceito (modelado no software CATIA V5)

Page 39: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

25

O braço é acoplado à viga do pórtico através de um sistema que permite a sua translação e a

sua rotação em torno do eixo vertical. Este sistema é semelhante ao encontrado nos carros porta-

-diferencial, com a diferença de ter um mecanismo que permita tanto suportar o braço, como assegurar

a rotação livre do mesmo, uma vez que estes sistemas apenas se destinam a ter montado um

diferencial elétrico e permitir a sua translação. As operações de translação e rotação do braço serão

efetuadas manualmente pelos trabalhadores.

Na extremidade do braço encontra-se montado, com auxílio a braçadeiras, um diferencial

elétrico de cabo (figura 21), que através de um motor elétrico e recorrendo a um comando, permite

descer e subir um gancho, que irá prender os dispositivos de fixação e elevá-los.

Figura 21: Diferencial elétrico de cabo [23]

A estrutura deverá ser projetada de modo a que a altura do braço se encontre ao nível da parte

superior da abertura do armário, de forma a otimizar o espaço ocupado e permitir a maior altura possível

no interior armário, para que o gancho possa elevar e manipular os dispositivos de fixação da prateleira,

sem existir o risco de os mesmos colidirem com os restantes que nela se encontrem arrumados.

Tanto a rotação do braço como a sua translação ao longo da viga, possibilitam ao gancho

alcançar qualquer região da prateleira, permitindo manipular todos os dispositivos de fixação que nela

se encontrem e consequentemente retirá-los e colocá-los num carro para serem transportados até às

paredes de fixação, que se encontrem nas estações de medição.

Com este manipulador é possível solucionar a necessidade de o trabalhador retirar

manualmente os dispositivos de fixação do interior do armário, que anteriormente tinha sido identificada

como a atividade de maior desgaste e esforço físico de todo o processo.

Assim, este conceito melhora a ergonomia do processo e reduz substancialmente quer a

dificuldade do mesmo, como o risco de lesões associadas à sua execução.

Page 40: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

26

5.3 Terceiro Conceito

O terceiro conceito consiste num manipulador composto por uma coluna fixa com dois braços

giratórios e um diferencial elétrico de cabo, cuja modelação é apresentada na figura 22. A coluna será

instalada no chão ou na base do deck e apresenta na sua parte superior um braço, que por sua vez

está ligado a outro que apresenta acoplado na sua extremidade um diferencial elétrico de cabo com

gancho.

Ambos os braços são dotados de rotação livre, devido a rolamentos presentes nas suas

ligações, o que confere ao diferencial elétrico a possibilidade de, tal como no conceito anterior, alcançar

qualquer região do interior do armário, proporcionando aos trabalhadores a possibilidade de

deslocarem os dispositivos de fixação com destreza e perícia desde a prateleira até um carro para

serem transportados para as estações de medição, aumentando o conforto do processo e reduzindo

os riscos associados à realização do mesmo. Através das ligações referidas, é possível recolher o

braço que contém o diferencial elétrico, de forma a ficar totalmente “arrumado” por baixo do braço que

está montado na coluna. Desta forma irá conferir a este conceito a capacidade de reduzir a área

ocupada, quando o mesmo não estiver a ser utilizado, o que facilita a movimentação dos trabalhadores

e previne possíveis acidentes, como a colisão dos mesmos com o braço ou com o diferencial elétrico.

Este conceito pode ser utilizado em todos os armários, sendo que no caso dos que se

encontram aos pares, a instalação deverá ser efetuada no meio dos mesmos, de forma a que o braço

possa abranger toda a área de ambas as prateleiras.

Tal como no conceito anterior, este manipulador deverá ser projetado de forma a que o braço

que contém o diferencial elétrico esteja à altura da parte superior da abertura do armário. Isto de modo

a otimizar o espaço ocupado e permitir ao gancho ter a maior altura possível, dentro do armário, para

que possa elevar e manipular os dispositivos de fixação, sem ocorrer o risco de colisão dos mesmos

com os restantes que se encontrem na mesma prateleira.

Figura 22: Terceiro conceito (modelado no software CATIA V5)

Page 41: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

27

5.4 Quarto Conceito

O quarto conceito difere dos restantes pelo facto de utilizar infraestruturas existentes do local

onde será instalado. Este conceito consiste num manipulador composto por uma viga e um diferencial

elétrico de corrente.

A viga será soldada a um pilar e a outra viga que se encontra instalada na parede adjacente

aos armários que se encontram no deck, ambos de perfil IPE. Acoplado à viga está um diferencial

elétrico de corrente (figura 23), que se pode deslocar livremente ao longo de todo o comprimento da

mesma, através de um carro porta-diferencial. Tal como no segundo conceito, a deslocação do

diferencial será efetuada manualmente pelos trabalhadores.

Figura 23: Diferencial elétrico de corrente [24]

Para que seja possível utilizar este manipulador e solucionar o problema identificado, é

necessário fazer com que as prateleiras sejam extraídas do armário, uma vez que neste conceito não

é possível operar o diferencial elétrico dentro do mesmo.

Assim para a elaboração deste conceito é necessário o desenvolvimento de um sistema de

calhas que permita ao trabalhador, com relativa facilidade, proceder à extração e posterior introdução

das prateleiras no interior dos armários, de modo a permitir a utilização do manipulador para retirar e

transportar os dispositivos de fixação até um carro que posteriormente irá transportá-los para as

paredes de fixação, que se encontrem nas estações de medição.

Na figura 24 apresenta-se o esboço deste manipulador, modelado no software CATIA V5.

Page 42: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

28

Figura 24: Quarto conceito (modelado no software CATIA V5)

5.5 Quinto Conceito

O quinto conceito parte de um conjunto de ideias e soluções existentes, tanto utilizadas na

fábrica, como apresentadas por empresas da área logística. Este manipulador consiste numa estrutura

de ponte rolante com quatro pilares e um diferencial elétrico de corrente com gancho, ver figura 25.

Figura 25: Quinto conceito (modelado no software CATIA V5)

Page 43: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

29

Os pilares devem ser instalados entre os degraus e a primeira doca, de modo a permitir ao

diferencial elétrico operar em toda a região desde os armários até ao fim da doca, o que representa,

face aos três anteriores conceitos, uma melhoria em termos de área de atuação, visto que os mesmos

apenas permitiriam abranger a região dos armários e retirar os dispositivos de fixação do seu interior.

Neste conceito o diferencial elétrico desloca-se ao longo de dois eixos, transversalmente em

relação à viga onde está acoplado e longitudinalmente devido à translação da viga em relação à

estrutura, sendo que ambas as deslocações são efetuadas manualmente pelo trabalhador, não

existindo qualquer auxílio de motores elétricos para a sua movimentação.

Para reduzir o esforço dos trabalhadores na deslocação referida, facilitar as manobras com o

diferencial elétrico e melhorar a ergonomia do processo, é sugerido, que se adote e implemente um

sistema modular KBK.

O sistema KBK é um sistema modelar, desenvolvido pela empresa alemã Demag®, utilizado na

indústria há mais de 50 anos, caracterizado por ser flexível, de fácil implementação em diversas

infraestruturas e por permitir ser modificado a qualquer altura, sendo um sistema utilizado para o

transporte, elevação e manipulação de cargas pequenas e médias, otimizando as operações logísticas.

Existem diversas aplicações do sistema KBK, sendo possível combinar, com este sistema

modular, pontes rolantes suspensas, monocarris, pórticos e gruas de coluna e de parede [25].

Os perfis utilizados neste sistema (figura 26) são perfis de aço laminados a frio, que conferem

uma elevada resistência mecânica e um peso reduzido, quando comparados com outro tipo de

estruturas. Existe ainda uma gama de perfis em alumínio, indicados para instalações especiais.

Figura 26: Perfis KBK [25]

A translação da ponte rolante é efetuada através de mecanismos normalizados para cada perfil,

denominados carros porta-diferencial ou trolleys, sendo caracterizados por serem silenciosos e por

permitirem ao trabalhador deslocar a carga com maior conforto, tornando o processo mais ergonómico.

Neste conceito, para além da ponte rolante, poderá ser necessário avaliar a necessidade de

desenvolver um sistema que permita a extração das prateleiras do interior do armário, de modo a que,

Page 44: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

30

tal como no conceito anterior, o gancho do diferencial elétrico possa alcançar os dispositivos de fixação

e transportá-los até ao destino pretendido.

A ser desenvolvido, o mecanismo do sistema de extração das prateleiras deve ser projetado

de forma a que possa ser arrumado ou rebatido, quando não utlizado, não ocupando espaço nem

dificultando a movimentação dos trabalhadores que operam na área. Algumas soluções podem ser

tidas em conta como o sistema de calhas com guias telescópicas ou o sistema de calhas fold-down,

apresentadas anteriormente.

Porém poderá não ser necessário o desenvolvimento deste sistema de extração de prateleiras,

uma vez que se for possível construir a estrutura o mais próximo possível do armário, a corrente do

diferencial elétrico permitirá ao gancho entrar no interior do mesmo, o que reduzirá os custos de

implementação desta solução e não irá condicionar a normal circulação dos trabalhadores no local.

Possivelmente poderá ser necessário prolongar a estrutura da primeira doca até ao pilar da

ponte rolante que se encontra instalado mais próximo, de modo a evitar problemas de colisão dos

trabalhadores com o mesmo. Outra solução para evitar este problema pode passar por instalar o pilar

no deck, não condicionando o normal funcionamento da área de trabalho.

5.6 Análise de conceitos

Após terem sido apresentados os conceitos para solucionar o problema identificado, é

necessário proceder à análise dos mesmos e à sua comparação, de modo a poder selecionar o que

mais se ajusta às necessidades referidas.

Conceito 1

O primeiro conceito tem como vantagens o facto de ser prático e móvel, permitindo aos

trabalhadores transportar os dispositivos de fixação, desde o interior dos armários até às paredes de

fixação, elevando-os à altura das mesmas, devido à regulação em altura da plataforma do carro e do

braço articulado, não necessitando de recorrer a outro sistema para o transporte, o que torna esta

solução apelativa do ponto de vista do utilizador.

Porém este conceito não pode ser utilizado nos armários que se encontram instalados no deck,

quer pelo pavimento ser irregular e estreito, não permitindo a mobilidade dos trabalhadores com o

manipulador, quer pelo facto do acesso ser efetuado através de degraus, sendo esta uma das suas

maiores desvantagens, assim como o possível risco de instabilidade associado ao processo de

extração dos dispositivos de fixação do interior dos armários, uma vez que a posição em que o braço

alcança, prende e eleva os dispositivos de fixação em relação ao centro de massa do manipulador pode

gerar momentos que comprometam a estabilidade do carro e a segurança de todo o processo.

Page 45: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

31

Conceito 2

Ao contrário do primeiro conceito, o segundo consiste numa solução fixa, pelo que as

vantagens que apresenta diferem das vantagens do conceito anterior. Ao apresentar uma estrutura

fixa, este manipulador permite aos trabalhadores executar com relativa facilidade e comodidade as

operações de remoção e manipulação dos dispositivos de fixação do interior do armário, sendo apenas

necessário deslocar o braço manualmente.

Uma das principais vantagens deste conceito está relacionada com o facto de ser possível

instalá-lo em qualquer armário, mesmo nos que se encontram aos pares, sendo que nesse caso o

pórtico será único e o seu comprimento igual à largura do conjunto. Face ao conceito anterior, este

destaca-se por permitir a sua instalação no conjunto de armários que se encontram no deck, que

anteriormente foi identificado como o conjunto e o local onde a operação mais crítica tem maior impacto

sobre os trabalhadores, sendo que nesse caso, será necessário adaptar o deck à medida de uma das

bases do pórtico, uma vez que instalação do mesmo deverá ser efetuada ao nível do chão.

Todavia este manipulador, por ser uma estrutura fixa, não permite transporte dos dispositivos

de fixação até às paredes de fixação, apenas possibilita a colocação dos mesmos num carro de

transporte, o que configura a sua maior desvantagem.

Conceito 3

O terceiro conceito tem como vantagens a facilidade com que o trabalhador pode operar o

manipulador e o facto deste permitir solucionar a necessidade mais crítica identificada, podendo ser

instalado no conjunto de armários do deck, à semelhança do conceito anterior. Para além destas

vantagens, esta solução permite recolher o braço que tem acoplado o diferencial elétrico de cabo,

posicionando-o de baixo do braço que está ligado à coluna, o que promove um melhor aproveitamento

do espaço de trabalho quando o mesmo não estiver a ser utilizado e prevenindo possíveis acidentes

entre os trabalhadores e os braços.

Porém, uma vez que será instalado no meio dos armários, que se encontram aos pares, este

conceito irá condicionar o normal funcionamento da área de trabalho, especialmente no caso do

conjunto de armários que se encontram no deck, em que a área disponível para a circulação dos

trabalhadores é estreita, o que face aos restantes conceitos, configura a sua maior desvantagem.

Conceito 4

O quarto conceito tem como principal vantagem o facto de minimizar o espaço utilizado pela

estrutura, ao aproveitar as instalações existentes no local para a fixação da viga, eliminando assim a

necessidade de projetar e implementar estruturas como pilares para a base da mesma, como se pode

verificar no segundo conceito, o que facilita a sua implementação e não altera a configuração da área

de trabalho.

Page 46: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

32

Porém esta solução apenas pode ser aplicada ao conjunto de armários que se encontram

instalados na zona do deck, não existindo a possibilidade de ser adaptada aos restantes, uma vez que

as estruturas existentes utilizadas no seu projeto somente se encontram na região referida. Para além

desta desvantagem, será necessário efetuar uma avaliação minuciosa do impacto que a viga terá nas

estruturas existentes, o que poderá limitar o projeto e dificultar o cumprimento do objetivo estabelecido.

Conceito 5

Por fim, o quinto manipulador apresentado confere aos trabalhadores uma operação segura,

confortável e ergonómica, devido à facilidade e suavidade de deslocação e manipulação dos

dispositivos de fixação, apenas possível graças aos mecanismos de translação e ao reduzido peso da

estrutura, resultante dos materiais e perfis utilizados na sua construção.

No caso de se optar pela utilização do sistema modular KBK, a montagem e instalação da

estrutura da ponte rolante será simples e terá associado um reduzido nível manutenção. Estas

vantagens justificam a adoção deste sistema, no caso de se selecionar este conceito para a resolução

da necessidade identificada.

Este manipulador combinado, ou não, com a implementação de um sistema de extração de

prateleiras para os armários, permite operar e transportar os dispositivos de fixação desde os armários

até a um carro de transporte ou até ao fim da primeira doca, permitindo aos trabalhadores prender dos

dispositivos de fixação na sandwich plate que nela estiver inserida.

Contudo este conceito apresenta, à semelhança de outros, a desvantagem de não poder ser

adaptado a todos os armários, apenas pode ser instalado no conjunto de armários que se encontram

no deck, não sendo possível implementá-lo nos restantes, devido a limitações físicas do local de

trabalho, uma vez que entraria em conflito com aparelhos existentes e com áreas de trabalho de outras

equipas. No entanto, é de notar que permite ser instalado no conjunto de armários onde a operação

mais crítica tem maior impacto e desgaste nos trabalhadores.

5.7 Seleção de conceitos

Com o intuito de selecionar o conceito a adotar para se proceder à sua investigação,

desenvolvimento e implementação, recorreu-se ao método de pontuação de conceitos [26]. Este

método baseia-se na elaboração de matrizes de decisão, nas quais os conceitos são avaliados com

base em critérios de seleção, devidamente escolhidos e aos quais foi atribuída uma ponderação, e

posteriormente ordenados consoante a sua classificação final.

Após definidos os critérios de seleção, os conceitos são avaliados recorrendo a um sistema de

pontuação relativa, cujos valores variam entre 1, valor mais baixo, e 5, valor mais elevado. Por fim,

após a avaliação referida, a classificação dos conceitos é dada pela soma das avaliações ponderadas

[26]:

Page 47: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

33

𝑆𝑗 = ∑ 𝑟𝑖𝑗𝑤𝑖𝑛𝑖=1 (1)

Onde:

𝑆𝑗 = Pontuação do conceito j

𝑛 = Número de critérios

𝑟𝑖𝑗 = Avaliação do conceito j para o critério i

𝑤𝑖 = Peso do critério i

Em todas as etapas do processo de seleção, nomeadamente na definição dos critérios de

seleção, na atribuição das respetivas ponderações e na avaliação dos conceitos através do sistema de

pontuação relativa, foi tida em conta a opinião dos trabalhadores que operam os dispositivos de fixação

e dos responsáveis do departamento, de modo a integrar a equipa no processo de seleção e poder, de

forma lúcida e consciente, selecionar o conceito que melhor satisfaça as necessidades referidas.

Assim, de acordo com a informação apresentada anteriormente, existem 𝑗 = 5 conceitos de

manipuladores, sendo que a sua avaliação foi baseada em 𝑛 = 5 critérios:

Instalação: Este critério apresenta uma baixa ponderação pelo facto de não ser um critério

crucial para a seleção, uma vez que não será pela sua complexidade que o melhor conceito

será, ou não, implementado. Porém é introduzido nesta seleção, visto que a sua complexidade

poderá estar relacionada com o custo final do manipulador e com o seu tempo de

implementação. O peso atribuído a este critério é igual a 10%.

Fiabilidade: Este critério está relacionado com a estabilidade do manipulador. Como nenhum

dos conceitos foi desenvolvido em detalhe, a avaliação da fiabilidade é meramente subjetiva.

Este critério é de relativa importância, pelo que se atribuiu um peso igual a 20%.

Ergonomia: Este critério está relacionado com o nível de execução das tarefas inerentes à

satisfação do problema identificado, sendo que a sua avaliação será maior no caso do

manipulador permitir retirar os dispositivos de fixação do armário, transportá-los e fixá-los às

paredes de fixação, de forma cómoda e segura para os trabalhadores, reduzindo o esforço e o

desgaste sentidos pelos mesmos. Este critério é o mais importante de todo o processo de

seleção, tendo sido atribuído o peso de 40%.

Localização: É importante ter em consideração o espaço necessário a utilização do

manipulador, uma vez que pode condicionar o normal funcionamento do local de trabalho.

Atribuiu-se a este critério o peso de 15%.

Versatilidade: Este critério está relacionado com um dos aspetos relevantes na implementação

do manipulador, a capacidade de o mesmo poder ser implementado em todos os armários, de

modo a solucionar definitivamente o problema referido, embora tenha sido identificado o

conjunto de armários, que se encontram instalados no deck, como a prioridade na resolução

do problema. À semelhança do anterior, foi atribuído a este critério o peso de 15%.

Page 48: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

34

Através dos resultados apresentados na tabela 2, decidiu-se que o conceito que melhor

desempenho tem para o problema identificado é o quinto conceito, ou seja, a ponte rolante com

diferencial elétrico, implementada com o sistema KBK. Foi também decidido, juntamente com os

trabalhadores e com os responsáveis do departamento, que a presente dissertação se irá focar no

projeto deste manipulador para o conjunto de armários que se encontram instalados no deck, sendo

que para os restantes armários, o desenvolvimento de um manipulador será um projeto secundário a

desenvolver no futuro, fora do âmbito desta dissertação.

Tabela 2: Seleção dos conceitos

Conceitos

1 2 3 4 5

Critério Peso Nota Peso Nota Peso Nota Peso Nota Peso Nota Peso

Instalação 10% 4,5 0,45 3,0 0,30 3,0 0,30 1,5 0,15 3,5 0,35

Fiabilidade 20% 2,0 0,40 3,5 0,70 2,0 0,40 3,5 0,70 4,5 0,90

Ergonomia 40% 3,5 1,40 3,0 1,20 2,0 0,80 3,0 1,20 4,5 1,80

Localização 15% 5,0 0,75 3,5 0,53 2,0 0,30 5,0 0,75 3,0 0,45

Versatilidade 15% 2,0 0,30 5,0 0,75 5,0 0,75 3,0 0,45 3,0 0,45

Total 3,30 3,48 2,55 3,25 3,95

Classificação 3 2 5 4 1

Page 49: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

35

6. Memória descritiva e justificativa

Tendo selecionado o quinto conceito, apresenta-se, neste capítulo, a documentação do projeto

desenvolvido para o mesmo.

6.1 Requisitos do projeto

I. O manipulador deve ser dimensionado de modo a que o diferencial elétrico abranja a

área entre os armários e a primeira doca.

Tal como referido anteriormente, uma das principais vantagens desta solução prende-se com

o facto de a mesma, face às restantes, poder ter a capacidade de alcançar as paredes de fixação que

se encontrem inseridas na primeira doca, pelo que este é um dos principais requisitos que deve ser

respeitado durante o projeto. Sendo assim, o diferencial elétrico deve operar numa área de 8000 mm

de comprimento por 3200 mm de largura.

II. O diferencial elétrico deve ter a capacidade de elevar todos os dispositivos de fixação

utilizados no departamento.

O diferencial elétrico deve satisfazer a necessidade de transportar todos os dispositivos de

fixação existentes, pelo que a sua capacidade de carga deve ser suficiente para o dispositivo mais

pesado, 26 kg.

III. O gancho do diferencial elétrico deve permitir a manipulação de todos os dispositivos

de fixação.

Uma vez que todos os dispositivos de fixação são caracterizados por apresentarem furos

idênticos, 20 mm de diâmetro, as dimensões do gancho do diferencial elétrico devem ser compatíveis

com as dimensões dos furos, de modo a poder manipular e transportar os dispositivos.

IV. A instalação deve ter a capacidade de ser desmontada e alterada, consoante as

necessidades.

As constantes alterações efetuadas na área de trabalho, quer de instalação de novos

equipamentos, quer de remoção e substituição de outros, implicam ao projeto a necessidade de garantir

a possibilidade de se adaptar a instalação, tanto desmantelá-la e deslocá-la para outro local, como

modificar a sua estrutura, acrescentando ou removendo elementos, sem comprometer a sua fiabilidade

e a capacidade de executar as tarefas para que foi projetado.

V. O projeto da ponte rolante suspensa KBK deve respeitar a metodologia de projeto da

empresa Demag®.

O projeto da ponte rolante suspensa KBK deve obrigatoriamente seguir as metodologias e as

indicações de projeto especificadas pela marca e disponibilizadas numa vasta gama de documentação

Page 50: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

36

técnica de projeto. Para além de consultar a documentação, a marca disponibiliza e recomenda a

utilização do software Demag Designer®, que permite elaborar, com precisão, o projeto com as

dimensões e especificações desejadas [25].

VI. Utilização de perfis e componentes normalizados para as estruturas de suporte.

Uma vez que o sistema de ponte rolante KBK é um sistema suspenso, todos os perfis,

parafusos e anilhas das estruturas de suporte que serão projetadas para a sua suspensão deverão ser

normalizados e deverão estar disponíveis no mercado.

6.2 Constrangimentos do projeto

I. A altura da instalação não deve ser superior a 4,5 m.

Este constrangimento é imposto pela configuração da área de trabalho, uma vez que se for

ultrapassado este valor haverá risco de colisão da instalação com o equipamento utilizado para o

transporte de carroçarias e subconjuntos.

II. A altura mínima do gancho na posição mais recolhida deve ser superior a 2,5 m.

De modo a satisfazer as necessidades identificadas e cumprir os objetivos mencionados

anteriormente, a altura da instalação deve garantir que a altura do gancho do diferencial elétrico, na

posição mais recolhida, seja superior à parede de fixação assente na primeira doca.

III. A instalação não pode ter mais de quatro estruturas de suporte.

Devido à configuração da área de trabalho, não é possível instalar estruturas de suporte no

meio do deck, uma vez que iriam condicionar a circulação dos trabalhadores e prejudicar o normal

funcionamento do local de trabalho. Por esta razão, o projeto fica limitado a quatro estruturas de

suporte, o que irá condicionar a seleção dos perfis KBK, uma vez que as vigas que possibilitam a

translação da ponte rolante apenas terão duas suspensões.

6.3 Desenvolvimento do conceito

Esta secção é dedicada ao desenvolvimento do conceito selecionado para o manipulador. Uma

vez que o sistema de ponte rolante KBK é um sistema suspenso, o seu desenvolvimento dividiu-se em

três etapas: na seleção do diferencial elétrico de corrente, no projeto e seleção da ponte rolante

suspensa KBK e por fim no projeto das estruturas de suporte. Nas duas primeiras etapas utilizou-se a

documentação técnica da marca e o software Demag Designer®, ambos disponibilizados gratuitamente,

pelo que se utilizou a nomenclatura definida nos mesmos. No projeto das estruturas de suporte

recorreu-se a catálogos técnicos e à metodologia de projeto mecânico apresentada por Budynas e

Nisbett [27]. As etapas de desenvolvimento encontram-se devidamente justificadas no capítulo 7.

Page 51: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

37

6.3.1 Diferencial elétrico de corrente

6.3.1.1 Características gerais

Os diferenciais elétricos de corrente apresentados pela empresa Demag® são caraterizados

pela sua elevada qualidade e robustez. Apresentando uma gama de equipamentos com capacidades

de carga entre 80 e 5000 kg, é possível selecionar o diferencial elétrico que melhor se ajuste a cada

necessidade [28].

Os diferenciais elétricos apresentam as seguintes características:

Classificação FEM (European Federation of Materials Handling) entre 1Am e 4m, que corresponde,

respetivamente, entre 800 e 6300 horas de vida útil sujeito à carga máxima admissível.

Controlo por comando de 24 V, com altura regulável.

Duas velocidades de elevação: 4/1, 8/2, 12/3, 16/4 e 24/6 m/min, entre outras.

Paragem de emergência caso o sistema de falhe.

O sistema de travagem e as engrenagens não necessitam de manutenção nos primeiros 10 anos

de funcionamento.

Temperatura de serviço entre -20ºC e 45ºC.

6.3.1.2 Diferencial elétrico

A seleção do diferencial elétrico de corrente teve por base a análise de uma tabela de seleção,

na qual os dois principais parâmetros de seleção são a capacidade de carga e a velocidade de

elevação, como será apresentado na secção 7.2.1.

Partindo do dispositivo de fixação identificado com maior massa, 26 kg, selecionou-se a

capacidade de carga de 80 kg. Para os restantes parâmetros, optou-se sempre por selecionar o

diferencial com menor velocidade de elevação, uma vez que a manipulação e o transporte dos

dispositivos de fixação devem ser processos minuciosos.

Tendo em conta estes pressupostos, acabou por se selecionar o equipamento com as

velocidades de elevação 2 e 8 m/min, a uma frequência de 50 Hz.

Por fim, com os parâmetros acima definidos, selecionou-se, através da tabela 10 e

posteriormente recorrendo software Demag Designer®, a gama DC-Pro.

O diferencial elétrico selecionado apresenta a designação DC-Pro 1-80 1/1 H5 V8/2 380-

415/50, cujas principais características se apresentam na tabela 3 e as suas condições de serviço na

tabela 4.

Tabela 3: Características do diferencial selecionado [28]

Equipamento Capacidade

de carga (kg) Classificação

FEM Velocidades de elevação (m/s)

Altura de elevação (m)

Massa (kg)

DC-Pro 1 80 4m 2 e 8 5 22

Page 52: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

38

Tabela 4: Condições de serviço do diferencial selecionado [28]

Tensão de alimentação (V)

Frequência (Hz)

Temperatura ambiente (ºC)

Humidade relativa

Altura acima do nível do mar

400 50 -20 a 45 Max. 80% Até 1000m

Por fim, apresenta-se, na figura 27, o diferencial elétrico selecionado com as respetivas

dimensões.

Figura 27: Diferencial elétrico selecionado (dimensões em mm) [28]

As dimensões do gancho do diferencial elétrico são compatíveis com os furos dos dispositivos

de fixação, permitindo ao gancho manipular e transportar todos os dispositivos, cumprindo assim o

requisito estabelecido.

Na figura 28 apresenta-se modelado, em CAD, um exemplo de manipulação de um dispositivo

de fixação.

Figura 28: Manipulação de um dispositivo de fixação (modelação no software SOLIDWORKS 2018)

Page 53: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

39

6.3.1.3 Corrente

As correntes utilizadas nos equipamentos são correntes de secção circular em aço que

obedecem à norma EN 818-7 e cuja inspeção é regulada pela DGUV (German Social Accident

Insurance) através da norma DIN 685-5 [28].

Para o diferencial escolhido, selecionou-se a corrente Demag RDC/TDK standard chain, uma

vez que é a corrente padrão da marca e que as suas características correspondem às características

do equipamento.

Na tabela 5 apresentam-se as principais características da corrente selecionada.

Tabela 5: Características da corrente selecionada [28]

Corrente Gama do

diferencial Comprimento

(m) Capacidade

de carga (kg) Massa (kg/m)

RDC/TDK standard chain

DC 1 - 2 5 250 0,38

6.3.1.4 Mecanismo de translação

A ligação e translação do diferencial elétrico à viga da ponte rolante é efetuada através de um

mecanismo de translação, designado por carro porta-diferencial ou trolley. Cada perfil KBK tem

tabelado os mecanismos correspondentes a utilizar. A figura 29 ilustra a sua configuração consoante o

tipo de perfil.

Figura 29: Mecanismos de translação do diferencial elétrico para cada perfil KBK [28]

Page 54: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

40

Após analisar a capacidade de carga dos mecanismos de translação, selecionou-se o

mecanismo de translação KBK I, cujas dimensões se encontram representadas na figura 30.

Figura 30: Dimensões do mecanismo de translação selecionado (mm) [29]

A marca estabelece que em termos de esforço para o trabalhador, a resistência de translação

do carro é de 1,5 % da carga transportada [29].

Em termos de temperatura de serviço, este equipamento apresenta uma gama que varia entre

-20ºC e 70ºC, sendo que entre -10ºC e 40ºC permite transportar 100 % da carga admissível.

Na tabela 6 apresenta-se a percentagem de carga admissível em função da temperatura de

serviço.

Tabela 6: Variação da carga admissível em função da temperatura [29]

Temperatura (ºC) -20 -15 -10 a 40 50 60 70

Percentagem de carga admissível (%) 50 80 100 90 75 50

O diferencial elétrico é conectado ao mecanismo de translação através de um suporte

aparafusado à parte superior do diferencial, que fica apoiado no perno do mecanismo de translação,

permitindo ao diferencial ficar suspenso e ter liberdade de movimento, não ficando fixo, de modo a

suavizar o processo de manipulação e transporte das cargas.

Para o diferencial elétrico escolhido, selecionou-se o suporte 2 cujas dimensões se encontram

representadas na figura 31.

Figura 31: Dimensões do suporte selecionado (mm) [28]

O suporte selecionado apresenta uma capacidade de carga de 450 kg [28].

Page 55: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

41

6.3.1.5 Comando de controlo

O acionamento elétrico do diferencial é controlado por um comando de 24 V, constituído por

um termoplástico de elevada qualidade, com alta resistência a impactos, gordura, óleos e água salgada,

apresentando um grau de proteção IP65 [28]. De toda a gama disponível, selecionou-se o comando

DSC, uma vez que é o comando mais simples, sendo constituído apenas por um botão de emergência

e dois botões de acionamento do diferencial, cujas funções são elevar e descer o gancho, apresentando

uma massa de 0,38 kg. O cabo do comando elétrico tem comprimento ajustável entre 0,8 e 3,8 m.

As suas dimensões encontram-se representadas na figura 32.

Figura 32: Dimensões do comando DSC (mm) [28]: 1) botão de emergência, 2) botões de elevação

6.3.2 Ponte rolante suspensa KBK

6.3.2.1 Características gerais

O sistema KBK, Kombiniert Kran em alemão, é um sistema modular utilizado para a construção

de diversos sistemas de elevação de cargas, sendo um deles o sistema de pontes rolantes suspensas,

monoviga ou biviga, tal como referido anteriormente. Este sistema é concebido de modo a facilitar a

sua montagem e manutenção, sendo ainda possível, a qualquer momento, proceder ao seu

desmantelamento ou à sua expansão.

Todos os componentes presentes nas instalações são dimensionados em conformidade com

a norma DIN 15018 H1 B3, sendo que o projeto das mesmas respeita, em matéria de segurança e

prevenção de acidentes de trabalho, a norma DIN VDE [25].

Page 56: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

42

As pontes rolantes KBK requerem um baixo nível de manutenção, no entanto é necessário

verificar a estrutura um mês após o início de funcionamento, para avaliar a necessidade de retificação

de algum componente da instalação.

Tal como referido, são utilizados perfis de aço laminado a frio, com elevada resistência

mecânica e peso reduzido (ver figura 26). Uma das particularidades deste sistema é permitir a

instalação de diferentes perfis na mesma estrutura, de modo a aproveitar ao máximo as características

e propriedades de cada um, consoante as necessidades e requisitos do projeto.

As suspensões utilizadas nas pontes rolantes são universais e adaptam-se a qualquer sistema

KBK, existindo dois tipos de suspensões: KBK Classic e KBK Ergo. Graças às suspensões, as forças

horizontais sofridas pela estrutura devido à oscilação inerente ao transporte das cargas são no máximo

10% dos valores das mesmas [25].

A translação das pontes rolantes pode ser manual ou elétrica, sendo que no caso de ser elétrica

é necessário acoplar um motor elétrico à viga que se pretende deslocar. Para os requisitos deste projeto

e devido à massa dos dispositivos de fixação a transportar, não se considerou necessária a translação

elétrica, pelo que se optou pela translação manual.

Os componentes KBK têm uma deflexão máxima de 𝐿 350⁄ e estão protegidos contra a

corrosão, tendo no mínimo a categoria C2 (baixa corrosão) da norma ISO 12944-2. Os componentes

das suspensões são galvanizados e os restantes componentes apresentam uma pintura de

acabamento [25].

As estruturas foram projetadas para suportar temperaturas entre -20ºC e 70ºC, no interior de

edifícios. Na eventualidade de serem utilizadas no exterior, bem como no caso de estarem sujeitas a

temperaturas extremas, é necessário tomar medidas especiais e consultar o fabricante.

6.3.2.2 Nomenclatura

Antes de prosseguir, considerou-se necessário esclarecer a nomenclatura adotada. Tal como

referido no início da secção 6.3, uma vez que se utilizou a documentação técnica fornecida pelo

fabricante, a nomenclatura corresponde à encontrada na mesma.

Para distinguir os diferentes elementos da estrutura identificou-se a viga que contém o

diferencial elétrico como a viga da ponte rolante, ou simplesmente ponte rolante. Já as duas vigas que

possibilitam a translação da ponte rolante foram denominadas vigas do caminho de rolamento, ou

simplesmente caminho de rolamento.

A designação das variáveis de projeto também corresponde à nomenclatura encontrada na

documentação técnica e será introduzida à medida que as mesmas forem utilizadas.

Page 57: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

43

6.3.2.3 Perfis KBK

Os perfis das vigas utilizadas na ponte rolante suspensa foram selecionados de acordo com os

requisitos de projeto definidos. A sua seleção teve por base a definição dos seguintes parâmetros [25]:

Carga total suportada pela ponte rolante: 𝐾 = 102,75 𝑘𝑔;

Comprimento das vigas do caminho de rolamento: 𝑙𝐺 = 8000 𝑚𝑚;

Comprimento da viga da ponte rolante: 𝑙𝐻𝑇 = 3200 𝑚𝑚;

Distância entre as vigas do caminho de rolamento: 𝑙𝐾𝑟 = 3000 𝑚𝑚.

Após definidos estes parâmetros, consultou-se o diagrama de capacidade de carga e as tabelas

de seleção do documento técnico. Optou-se posteriormente por combinar e comparar os resultados

obtidos com os resultados gerados no software Demag Designer®, de modo a confirmar a veracidade

dos mesmos, uma vez que as tabelas são uma fonte limitada que apenas fornecem algumas das

inúmeras possibilidades existentes para a seleção dos perfis.

Através do recurso às três ferramentas de seleção referidas e da conformidade dos seus

resultados, selecionou-se para a viga da ponte rolante, com 𝑙𝐻𝑇 = 3200 𝑚𝑚 de comprimento, o perfil

KBK I (figura 33).

Figura 33: Perfil KBK I da viga da ponte rolante (dimensões em mm) [25]

Para as vigas do caminho de rolamento, ambas com 𝑙𝐺 = 8000 𝑚𝑚 de comprimento,

selecionou-se o perfil KBK II (Figura 34).

Page 58: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

44

Figura 34: Perfil KBK II das vigas do caminho de rolamento (dimensões em mm) [25]

A utilização do software Demag Designer® permitiu ainda obter a distância entre suspensões

do caminho de rolamento 𝑙𝑤 = 7760 𝑚𝑚, sendo que este valor apenas se aplica à viga do lado dos

armários, uma vez que a outra viga do caminho de rolamento terá uma distância entre suspensões

menor, 𝑙𝑤 = 6100 𝑚𝑚, em virtude das suas estruturas de suporte serem instaladas no deck, de modo

a não condicionar o normal funcionamento da área de trabalho, como já foi referido.

De seguida apresenta-se na tabela 7 as propriedades dos perfis selecionados.

Tabela 7: Propriedades dos perfis selecionados [25]

Perfil KBK KBK I KBK II

Momento de inércia 80 cm4 660 cm4

Eixo neutro Aproximadamente no centro do perfil

Material Aço S235

Todas as vigas apresentam nas suas extremidades tampas com para-choques (em inglês end

caps), de modo a limitar os movimentos de translação da ponte rolante e do diferencial elétrico,

garantindo a segurança, quer dos trabalhadores, como do próprio equipamento. Para cada perfil KBK

existe uma tampa com para-choques. Cada tampa KBK I apresenta uma massa de 0,27 kg e cada

tampa KBK II apresenta uma massa de 0,6 kg.

A figura 35 representa as tampas com para-choques, para os perfis KBK I e KBK II, com as

respetivas dimensões.

Page 59: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

45

Figura 35: Tampas com para-choques para os perfis selecionados (dimensões em mm) [25]

6.3.2.4 Suspensão do caminho de rolamento

Tal como referido nas características gerais, as suspensões utilizadas nas pontes rolantes

suspensas KBK são universais e dividem-se em dois tipos de suspensão: KBK Classic e KBK Ergo. A

principal diferença entre estes dois tipos de suspensão está relacionada com as forças geradas pelo

transporte de carga. O sistema de suspensões KBK Classic foi desenvolvido para as situações em que

todas as forças têm a mesma direção e sentido. Já as suspensões KBK Ergo são suspensões que

foram concebidas para suportar forças e momentos em diferentes direções e sentidos.

Apresenta-se na figura 36 uma esquematização ilustrativa da diferença de aplicação dos dois

tipos de suspensão.

Figura 36: Suspensão a utilizar consoante a orientação das forças geradas [25]

Uma vez que o documento técnico recomenda utilização de suspensões KBK Ergo [25] para

as extremidades do caminho de rolamento e uma vez que cada viga apenas terá duas suspensões,

concluiu-se a utilização das mesmas.

A suspensão KBK Ergo suporta forças em diferentes direções e sentidos devido a um elemento

de borracha que se adapta à deflexão do caminho de rolamento.

Apresenta-se na figura 37 a suspensão KBK Ergo para o perfil KBK II com as respetivas

dimensões.

Page 60: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

46

Figura 37: Vista frontal e lateral da suspensão KBK Ergo para o perfil KBK II (dimensões em mm) [25]

É de notar que para cada perfil KBK só existe uma suspensão do caminho de rolamento KBK

Ergo. Esta suspensão apresenta uma massa de 10,2 kg e uma capacidade de carga máxima de 1700

kg, sendo que através do software Demag Designer®, foi determinado que a reação máxima por

suspensão é de apenas 188 kg.

Por fim é importante referir que as suspensões selecionadas podem ser montadas em vigas de

perfil em I, desde o perfil IPE 140 ao IPE 270, ou em vigas de perfil em H, desde o perfil HEB 100 ao

HEB 120.

6.3.2.5 Mecanismos de translação da viga da ponte rolante

A ligação e translação da viga da ponte rolante em relação ao caminho de rolamento é efetuada

através de mecanismos de translação, à semelhança do diferencial elétrico.

Existe uma vasta gama de equipamentos, desde mecanismos de translação simples a duplos,

porém apenas alguns são compatíveis com pontes rolantes de translação manual, como se pode

observar na tabela da página 96 do documento técnico [25].

De todos os equipamentos disponíveis, selecionou-se o mecanismo de translação simples

Classic, por ser o mecanismo de referência para instalações de translação manual.

Para permitir a translação da ponte rolante, é necessário utilizar dois mecanismos, acoplando

um a cada viga do caminho de rolamento.

Na figura 38 apresenta-se o mecanismo de translação selecionado, com as respetivas

dimensões.

Page 61: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

47

Figura 38: Mecanismo de translação simples Classic para o perfil KBK II (dimensões em mm) [25]

A ligação dos mecanismos de translação à viga da ponte rolante é efetuada através de

dispositivos standard designados por suspensão da ponte rolante, que são montados nos pernos dos

mecanismos de translação e acoplados à parte superior da viga da ponte rolante, como representado

na figura 39.

Figura 39: Suspensão da ponte rolante para o perfil KBK I [25]

6.3.2.6 Alimentação elétrica

A alimentação elétrica do diferencial elétrico é efetuada através de um cabo elétrico de secção

retangular proveniente de uma calha técnica que se encontra montada na viga do caminho de

rolamento mais próxima dos armários. Por recomendação do software Demag Designer® selecionou-

-se o cabo com secção 4×1.5 mm2.

O cabo desloca-se na calha técnica através de 5 sapatas deslizantes e tem 15,5 m de

comprimento.

Page 62: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

48

6.3.3 Estrutura de suporte

A ponte rolante KBK é suspensa através de quatro estruturas de suporte compostas por uma

placa base, uma viga na posição vertical, denominada pilar, e uma viga na posição horizontal designada

de forca, na qual são montadas as suspensões KBK Ergo selecionadas para o caminho de rolamento.

É importante referir que para a instalação da ponte rolante suspensa KBK, o fornecedor teve de aprovar

as estruturas de suporte, uma vez que sem a sua aprovação, o projeto não poderia ser implementado.

Deste modo, após o projeto da estrutura de suporte, estabeleceu-se o contacto com o representante

da marca, que procedeu à sua validação.

Face aos requisitos e constrangimentos de projeto referidos anteriormente e à gama de perfis

compatíveis com as suspensões do caminho de rolamento, projetou-se e verificou-se a seguinte

constituição para as estruturas de suporte (figura 40):

Placa base de 300 x 200 mm com 5 mm de espessura;

Pilar de perfil IPE 200 com 4000 mm de comprimento;

Forca de perfil IPE 200 com 600 mm de comprimento;

Os elementos são ligados através de ligações soldadas de canto com 5 mm de altura;

As estruturas são fixadas ao chão através de ligações aparafusadas, compostas por quatro

parafusos M10 com classe de resistência 8.8 e 65 mm de comprimento, quatro anilhas

regulares M10 e quatro buchas metálicas.

Os perfis e as placas base utilizados nas estruturas de suporte são provenientes do catálogo

da empresa FERPINTA [30], produzidos cumprindo a norma EN 10025-2 e constituídos pelo aço

laminado a quente S235JR, cujas propriedades são [31]:

Tensão de cedência: 𝑆𝑦 = 235 𝑀𝑃𝑎;

Tensão de rutura: 𝑆𝑢 = 360 𝑀𝑃𝑎;

Módulo de elasticidade: 𝐸 = 210 𝐺𝑃𝑎;

Massa volúmica: 𝜌 = 7800 𝑘𝑔 𝑚3⁄ .

Figura 40: Estrutura de suporte

Page 63: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

49

A estrutura apresenta uma altura total de 4205 mm, estando em conformidade com os

constrangimentos mencionados.

Cada suspensão do caminho de rolamento é montada de modo a que o seu centro esteja a

200 mm do pilar correspondente, permitindo à viga da ponte rolante ser deslocada sem colidir com os

mesmos, uma vez que a viga da ponte rolante tem uma saliência de 100 mm em relação a cada viga

do caminho de rolamento, devido ao seu comprimento ser superior à distância entre as mesmas,

(𝑙𝐻𝑇−𝑙𝐾𝑟)

2=

(3200−3000)

2= 100 𝑚𝑚.

Uma vez que as suspensões do caminho de rolamento não necessitam estar alinhadas, devido

à flexibilidade do sistema KBK, concluiu-se (de modo a satisfazer os requisitos e constrangimentos de

projeto, assim como tendo em consideração a configuração da área de trabalho e os valores definidos

para a distância entre suspensões) que as estruturas de suporte da viga do caminho de rolamento

próxima dos armários serão instaladas de modo a que distem entre si 7760 mm e que as estruturas da

outra viga distem entre si 6100 mm.

6.4 Manipulador proposto

Após o desenvolvimento do conceito selecionado, representa-se na figura 41 a solução

proposta para o manipulador de dispositivos de fixação, modelado no software SOLIDWORKS 2018.

Figura 41: Representação: a) manipulador proposto, b) instalação na área de trabalho

O manipulador é constituído por um diferencial elétrico de corrente com gancho (1), pelo seu

mecanismo de translação (2), por uma viga da ponte rolante (3), por dois mecanismos de translação

da viga da ponte rolante (4), por duas vigas do caminho de rolamento (5), por quatro suspensões do

caminho de rolamento (6) e por quatro estruturas de suporte (7), como representado na figura 42.

Page 64: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

50

Figura 42: Constituição do manipulador proposto

A instalação tem 4205 mm de altura, o diferencial elétrico opera numa área de 8000 mm de

comprimento por 3200 mm de largura e o gancho na posição mais recolhida encontra-se a 3185 mm

de altura, cumprindo os requisitos e constrangimentos de projeto establecidos.

O peso total da instalação é de aproximadamente 770 kg, sendo que a ponte rolante suspensa

e o diferencial elétrico combinados apenas pesam 348 kg.

Por fim, é importante mencionar que não se verificou a necessidade de implementar ou

desenvolver qualquer tipo de mecanismo de extração de prateleiras, o que face ao conceito inicial

permitiu reduzir custos.

6.5 Estimativa de custos

Os custos associados ao manipulador proposto estão relacionados com a aquisição, produção

e instalação dos componentes envolvidos, nomeadamente do diferencial elétrico, da ponte rolante

suspensa KBK e das estruturas de suporte.

Page 65: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

51

Os valores do diferencial elétrico e da ponte rolante suspensa KBK foram obtidos através do

representante da empresa Demag® em Portugal, sendo que os mesmos incluem todos os componentes

necessários ao seu funcionamento, bem como toda a montagem e transporte.

Para as estruturas de suporte seguiu-se a metodologia adotada por Arrais [32] e Gameiro [33],

na qual se consideram as estimativas de custos e tempos de fabrico da empresa EMEF:

Tempo de fabrico: 70 h/ton;

Matéria-prima (Aço estrutural): 0,6 €/kg;

Transformação da matéria-prima: 1 €/kg;

Custo de montagem: 31,5 €/h.

As estruturas de suporte são constituídas pelos elementos designados por placa base, pilar e

forca, com 2,34 kg, 89,60 kg e 13,44 kg, respetivamente, cujo preço unitário corresponde a 8,90 €,

340,93 € e 51,14 €. Assim, cada estrutura de suporte tem um custo aproximado de 400,97 €.

Na tabela 8 apresenta-se a estimativa de custos do manipulador proposto.

Tabela 8: Estimativa de custos do manipulador proposto

Equipamento Preço unitário Quantidade Total Parcial

Diferencial elétrico 1 314,00 € 1 1 314,00 €

Ponte rolante suspensa KBK 6 373,00 € 1 6 373,00 €

Estrutura de suporte 400,97 € 4 1 603,88 €

Total 9 290,88 €

Page 66: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

52

Page 67: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

53

7. Notas de cálculo

Neste capítulo apresentam-se os elementos utilizados para a seleção dos componentes e os

cálculos referentes ao projeto da solução proposta, desde a seleção do diferencial elétrico ao

dimensionamento e verificação das estruturas de suporte.

7.1 Coeficiente de segurança do projeto

Em engenharia, os projetos estão normalmente associados a incertezas relacionadas com a

obtenção de resultados, devido a diversos fatores, tais como a qualidade dos materiais envolvidos, a

capacidade de definir e controlar os carregamentos aplicados e os riscos, relacionados com a

segurança dos trabalhadores e o com impacto económico em caso de falha. Se não forem tidas em

conta, estas incertezas podem comprometer a fiabilidade dos projetos. De modo a prevenir eventuais

problemas, é geralmente definido um coeficiente de segurança que contenha a informação sobre as

incertezas referidas. Dos vários métodos existentes para a sua obtenção, utilizou-se o método de

Pugsley, que define o coeficiente de segurança através do produto de dois fatores, obtidos a partir de

duas tabelas [34]:

𝑛𝑝 = 𝑛𝑝1 × 𝑛𝑝2 (2)

Onde:

𝑛𝑝 = Coeficiente de segurança do projeto;

𝑛𝑝1 = 𝑓(𝐴, 𝐵, 𝐶);

𝑛𝑝2 = 𝑓(𝐷, 𝐸);

A: Característica relacionada com a qualidade dos materiais envolvidos, a manutenção, a inspeção e a

mão de obra, à qual se atribuiu a classificação “muito boa”;

B: Característica relacionada com a capacidade de controlar a carga aplicada, à qual se atribuiu a

classificação “muito boa”;

C: Característica relacionada com a precisão dos dados experimentais ou com a experiência em

estruturas semelhantes, à qual se atribuiu a classificação “muito boa”;

D: Característica relacionada com o perigo para os utilizadores em caso de falha, à qual se atribuiu a

classificação “muito séria”;

E: Característica relacionada com o impacto económico em caso de falha, à qual se atribuiu a

classificação “pouco séria”.

Assim, pelo método de Pugsley, o coeficiente de segurança do projeto é:

𝑛𝑝 = 1,1 × 1,4 = 1,54 (3)

Page 68: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

54

7.2 Seleção do diferencial elétrico de corrente

7.2.1 Diferencial elétrico

Tal como referido anteriormente, a seleção do diferencial elétrico de corrente baseou-se na

análise de uma tabela de seleção (tabela 9), cuja capacidade de carga e velocidade de elevação são

os principais parâmetros de seleção.

Tabela 9: Tabela de seleção dos diferenciais elétricos DC-Pro [28]

Através da análise da tabela 9, selecionou-se a capacidade de carga de 80 kg, por ser a mais

próxima do dispositivo de fixação com maior massa (26kg). Quanto aos restantes parâmetros, optou-

se sempre por escolher o equipamento com menor velocidade de elevação. Assim selecionou-se o

equipamento com as velocidades de elevação 2 e 8 m/min, a uma frequência de 50 Hz.

Por fim com os dois parâmetros definidos, selecionou-se a gama do diferencial, a partir da

tabela 10.

Page 69: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

55

Tabela 10: Comparação da gama dos diferenciais [28]

A partir da tabela 10, as gamas que suscitaram maior interesse foram a DC-Pro, a DCM-Pro e

a DC-Com, por apresentarem os mecanismos mais simples, tendo-se selecionado a gama DC-Pro,

cuja seleção mais tarde foi confirmada através software Demag Designer®. Assim, o diferencial elétrico

selecionado apresenta a seguinte designação: DC-Pro 1-80 1/1 H5 V8/2 380-415/50.

7.2.2 Corrente

Tal como referido na secção 6.3.1.3, as correntes utilizadas nos diferenciais elétricos são

correntes de secção circular em aço, cujas propriedades e características se encontram representadas

na tabela 11. Após analisar a tabela selecionou-se, para o diferencial escolhido, a corrente Demag

RDC/TDK standard chain DC 1 – 2, uma vez que é a corrente padrão da marca e que as suas

características correspondem às características do diferencial elétrico selecionado.

Tabela 11: Tabela de seleção de correntes para os diferenciais elétricos e suas propriedades [28]

Page 70: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

56

7.2.3 Mecanismo de translação

O mecanismo de translação é responsável pela ligação e deslocação do diferencial elétrico em

relação à viga da ponte rolante, tal como referido anteriormente.

A seleção do mesmo foi efetuada através da análise da tabela 12.

Tabela 12: Características dos mecanismos de translação [29]

Mecanismo de

translação

Capacidade de

carga (kg) Massa (kg)

KBK 100 100 0,70

KBK I 300 0,75

KBK II-L, II 600 1,90

Considerou-se que o mecanismo de translação deverá suportar a capacidade de carga máxima

do diferencial (80 kg) e a massa do mesmo (22 kg) [28], pelo que se selecionou o mecanismo de

translação KBK I.

A conexão entre os diferenciais elétricos e os mecanismos de translação é efetuada através

dos suportes apresentados na figura 43.

Figura 43: Dimensões dos suportes (mm) [28]

A partir da análise da tabela 13, foi possível observar dois suportes compatíveis com o

diferencial elétrico selecionado, sendo que se selecionou o suporte mais pequeno, suporte 2, uma vez

que permite manipular os dispositivos de fixação de forma mais precisa e com menos oscilações.

Tabela 13: Legenda da figura 43 [28]

Item Designação Gama do

diferencial

1 Suporte longo DC 1 – 5

2 Suporte curto (opcional)

3 Suporte longo DC 10

4 Suporte curto (opcional)

5 Suporte DC 15 – 25

Page 71: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

57

7.3 Ponte rolante suspensa KBK

7.3.1 Seleção dos perfis KBK

A seleção dos perfis KBK para as vigas da ponte rolante suspensa começou pela definição dos

seguintes parâmetros, tal como referido anteriormente.

Carga total suportada pela ponte rolante: Este valor foi calculado a partir da soma da massa

máxima admissível a elevar pelo diferencial elétrico e da massa do mesmo incluindo o mecanismo de

translação, através da expressão [25]:

𝐾 = 𝐺𝐻 + 𝐺3 (4)

Onde:

𝐾 = Carga total suportada pela ponte rolante;

𝐺𝐻 = Massa máxima admissível a elevar pelo diferencial elétrico;

𝐺3 = Massa do diferencial elétrico e do mecanismo de translação.

A massa máxima admissível a elevar pelo diferencial é 𝐺𝐻 = 80 𝑘𝑔. Já a massa do diferencial

é 22 kg e a massa do mecanismo de translação é 0,75 kg (ver tabela 12).

Face ao exposto, a carga total suportada pela ponte rolante é: 𝐾 = 80 + (22 + 0,75) =

102,75 𝑘𝑔.

Comprimento das vigas do caminho de rolamento (𝒍𝑮) e da viga da ponte rolante (𝒍𝑯𝑻):

Definiu-se as dimensões das vigas do caminho de rolamento e da ponte rolante de modo a cumprir os

requisitos de projeto estabelecidos. Uma vez que se pretende que o diferencial elétrico abranja a área

de atuação de 8000 mm de comprimento por 3200 mm de largura, definiu-se 𝑙𝐺 = 8000 𝑚𝑚 para o

comprimento das vigas do caminho de rolamento e 𝑙𝐻𝑇 = 3200 𝑚𝑚 para o comprimento da viga da

ponte rolante.

Distância entre suspensões do caminho de rolamento (𝒍𝒘): Um dos parâmetros mais

relevantes no projeto de toda a estrutura é a distância entre suspensões do caminho de rolamento,

uma vez que ditará a posição das estruturas de suporte. Tal como referido nos constrangimentos do

projeto, só é possível instalar quatro estruturas de suporte, pelo que cada viga do caminho de rolamento

terá apenas duas suspensões. O valor exato deste parâmetro apenas será obtido posteriormente

através da utilização do software Demag Designer®, uma vez que permite a conceção precisa das

instalações KBK. Contudo, durante a análise do diagrama e das tabelas de seleção é importante

garantir que o perfil selecionado permita uma distância entre suspensões igual ou superior ao

comprimento das próprias vigas, de modo a assegurar a estabilidade da estrutura, uma vez que ainda

não se definiu o valor exato.

Page 72: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

58

Distância entre as vigas do caminho de rolamento (𝒍𝑲𝒓): O valor desta distância dita a

distância entre os pontos onde a viga da ponte rolante será conectada às vigas do caminho de

rolamento. À semelhança da 𝑙𝑤, este parâmetro é importante, sendo necessário defini-lo para

selecionar o perfil da viga da ponte rolante. Porém ao contrário do valor da distância entre suspensões

do caminho de rolamento, este valor não necessita obrigatoriamente de ser obtido a partir do software

referido, pelo que pode ser determinado tal como os comprimentos das vigas, de modo a satisfazer as

necessidades pretendidas. Sendo assim, definiu-se a distância entre as vigas do caminho de rolamento

𝑙𝐾𝑟 = 3000 𝑚𝑚.

Uma vez definidos os parâmetros, procedeu-se à seleção dos perfis. A seleção dos mesmos

efetuou-se comparando os resultados obtidos na análise do diagrama de capacidade de carga dos

perfis, das tabelas de seleção e do software da marca.

Diagrama de capacidade de carga dos perfis: O primeiro elemento utilizado para selecionar

os perfis a utilizar encontra-se representado na figura 44. É de salientar que as curvas do diagrama

apenas podem ser analisadas se o diferencial elétrico apresentar velocidades de elevação inferiores a

16 m/s, estando assim em conformidade com o selecionado.

Figura 44: Diagrama de capacidade de carga dos perfis KBK [25]

Através dos valores de 𝑙𝑤 e 𝐾, foi possível selecionar para as vigas do caminho de rolamento

os perfis KBK II-L ou KBK II. Porém selecionou-se o perfil KBK II por ser a versão standard, visto que

o KBK II-L (low) é um perfil especial com uma secção mais baixa.

Da mesma forma, através dos valores de 𝑙𝐾𝑟 e 𝐾 foi possível selecionar os perfis KBK 100 e

KBK I para a viga da ponte rolante. No entanto selecionou-se o perfil KBK I, uma vez que não é

Page 73: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

59

recomendado combinar o perfil KBK 100 com o KBK II, como se pode verificar na tabela 14, onde X é

recomendado, (X) é não recomendado e (–) é impossível.

Tabela 14: Compatibilidade dos perfis da ponte rolante e do caminho de rolamento [25]

Ponte rolante

Caminho de rolamento

KBK 100 KBK I KBK II-L KBK II KBK II-H KBK III

KBK 100 X

X

(X) (X)

(X) -

KBK I

X KBK II-L

(X) X

(X)

KBK II X

X KBK II-H

KBK III - - (X) -

Tabelas de seleção: Recorreu-se à análise das tabelas de seleção como o segundo elemento

de seleção dos perfis. É de notar que as tabelas apenas ilustram algumas combinações possíveis de

instalações [25]. A tabela 15 apresenta a tabela de seleção que mais se aproxima dos parâmetros

definidos.

Tabela 15: Valores para seleção de perfis com K=80kg (dimensões em m) [25]

Embora a tabela 15 não apresente os valores exatos, que foram definidos e calculados, foi

possível ter a perceção de que os perfis escolhidos correspondem ao pretendido. Ora analisou-se a

viga da ponte rolante com perfil KBK I e comprimento 𝑙𝐻𝑇 = 3 𝑚, visto ser o valor que mais se aproxima

dos 3200 mm definidos, tendo-se verificado que para as vigas do caminho de rolamento com perfil KBK

II o valor máximo da distância entre suspensões é 𝑙𝑤 = 9 𝑚, valor superior ao valor definido para o

comprimento das vigas (8000 mm), cumprindo assim o que foi estabelecido e confirmando a seleção

dos perfis.

Page 74: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

60

Software Demag Designer®: Após selecionar os perfis com base no diagrama e nas tabelas

de seleção, recorreu-se ao software disponibilizado pela marca, que se apresenta como a ferramenta

mais precisa de seleção e conceção de instalações e infraestruturas, apresentando uma vasta gama

de funções, desde a seleção de motores elétricos para mecanismos de translação ao projeto de gruas

e de pontes rolantes suspensas KBK.

Após selecionar a opção Suspension cranes KBK e Expert project engineering, o primeiro

passo incidiu sobre a introdução do número de pontes rolantes e das condições de serviço,

nomeadamente da tensão de alimentação, da frequência e do tipo de distribuição de energia elétrica.

A figura 45 apresenta os valores inseridos.

Figura 45: Demag Designer® – Primeiro passo

O segundo passo incidiu sobre a introdução do comprimento, da deflexão máxima admissível

e do tipo de material pretendido para as vigas do caminho de rolamento. Os restantes parâmetros não

foram introduzidos para não condicionar os resultados gerados. Ainda se optou por escolher

comprimento do cabo de alimentação que estava predefinido. A figura 46 apresenta os valores

inseridos.

Figura 46: Demag Designer® - Segundo passo

Page 75: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

61

O terceiro passo incidiu sobre a introdução da massa máxima admissível a elevar (𝐺𝐻), da

distância entre o centro das vigas do caminho de rolamento (𝑙𝐾𝑟), da deflexão máxima da viga da ponte

rolante e do seu material.

Assim que se inseriu este valor e a deflexão máxima, o programa atualizou automaticamente o

campo do diferencial elétrico com a respetiva informação e confirmou-se a sua seleção, uma vez que

é exatamente igual ao diferencial selecionado anteriormente. Optou-se ainda por não selecionar o perfil

de modo a não condicionar os resultados do programa. A figura 47 apresenta os valores inseridos e a

informação atualizada do diferencial.

Figura 47: Demag Designer® - Terceiro passo

Após estes três passos, o software gerou os resultados apresentados na figura 48, na qual se

pode observar que o perfil recomendado para a viga da ponte rolante é o KBK I. No que diz respeito às

vigas do caminho de rolamento, o programa recomenda cinco perfis. Pelos valores da distância entre

suspensões (𝑙𝑤), excluiu-se as duas primeiras recomendações, uma vez que no caso de se selecionar

o perfil KBK 100 seriam necessárias mais de duas suspensões por viga e no caso de se optar pelo

perfil KBK I as bases da estrutura teriam de ser instaladas à frente dos armários, restando apenas os

perfis KBK II-L, KBK II e KBK II-H. Como todos apresentam valores de 𝑙𝑤 semelhantes, confirmou-se a

decisão tomada e selecionou-se o perfil standard KBK II, obtendo-se o valor para a distância entre

suspensões do caminho de rolamento 𝑙𝑤 = 7760 𝑚𝑚.

Figura 48: Demag Designer® – Perfis recomendados

Page 76: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

62

7.3.2 Alimentação elétrica

O número de sapatas deslizantes, responsáveis pela deslocação do cabo de alimentação na

calha técnica, está relacionado com as dimensões do caminho de rolamento, da ponte rolante e da

flecha do cabo, através da expressão [25]:

𝑛𝑠𝑎𝑝 =𝑙𝐺 + 𝑙𝐻𝑇ℎ𝑠𝑎𝑔 × 2

− 1 (5)

Onde:

𝑛𝑠𝑎𝑝 = Número de sapatas deslizantes;

ℎ𝑠𝑎𝑔 = Flecha do cabo.

O valor da flecha do cabo de ℎ𝑠𝑎𝑔 = 1000𝑚𝑚 foi obtido através da utilização do software.

Assim, o número de sapatas deslizantes é:

𝑛𝑠𝑎𝑝 =8000 + 3200

1000 × 2− 1 ≅ 5 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎𝑠 (6)

O comprimento total do cabo é calculado a partir do comprimento do caminho de rolamento, da

ponte rolante e do comprimento da alimentação, através da expressão [25]:

𝑙𝐶 = [(𝑙𝐺 + 𝑙𝐻𝑇) × 1.2] + 𝑙𝑠𝑢𝑝𝑝𝑙𝑦 (7)

Onde:

𝑙𝐶 = Comprimento total do cabo;

𝑙𝑠𝑢𝑝𝑝𝑙𝑦 = Comprimento da alimentação.

O comprimento da alimentação é a menor distância desde a instalação KBK até à fonte de

alimentação. Este valor é meramente especulativo, pelo que se estimou e definiu, 𝑙𝑠𝑢𝑝𝑝𝑙𝑦 = 2000 𝑚𝑚.

Por fim, o comprimento total do cabo é:

𝑙𝐶 = [(8000 + 3200) × 1.2] + 2000 ≅ 15500 𝑚𝑚 (8)

7.4 Estrutura de suporte

A ponte rolante KBK é suspensa através de quatro suspensões acopladas a quatro estruturas

de suporte, tal como referido anteriormente. Assume-se que cada suspensão, embora tenha quatro

pontos de apoio, provoque uma carga vertical no seu centro de massa.

Os cálculos de verificação das ligações das estruturas de suporte serão efetuados

considerando a carga máxima que pode ocorrer numa das suspensões, tendo em conta o peso da

ponte rolante, o peso do diferencial elétrico e a carga máxima que o mesmo pode suportar, uma vez

Page 77: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

63

que é expectável garantir o cumprimento de todas as especificações do material na eventualidade de

se desmontar toda a instalação e instalá-la noutro local.

O valor da carga máxima foi determinado recorrendo ao software Demag Designer®, tendo-se

obtido o valor de 188 kgf.

Para a verificação das ligações estudaram-se dois tipos de carregamento (figura 49):

1. Considerando apenas a força vertical 𝐹 = 188 𝑘𝑔𝑓 = 1844,3 𝑁;

2. Considerando a força 𝐹 e uma perturbação transversal de aproximadamente 10%,

𝐹𝑝𝑒𝑟 = 10% × 𝐹 ≅ 185 𝑁.

Figura 49: Representação dos carregamentos estudados na estrutura de suporte e respetivas dimensões (mm)

7.4.1 Ligações soldadas

Esta secção dedica-se à verificação das ligações soldadas da estrutura de suporte pelo código

AISC (American Institute of Steel Construction), que estabelece o valor de 40 % da tensão de cedência

do material como o valor máximo para a tensão admissível da junta [27]:

𝜏𝑎𝑑𝑚 = 0,4 × 𝑆𝑦 = 0,4 × 235 = 94 𝑀𝑃𝑎 (9)

Na figura 50 encontram-se representadas as juntas soldadas, designadas por JS, da estrutura

de suporte.

Figura 50: Representação das juntas soldadas da estrutura de suporte

Page 78: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

64

Carregamento 1: Neste carregamento, a estrutura é sujeita a uma força vertical, que irá provocar nas

duas juntas soldadas os mesmos esforços. Uma vez que são ambas iguais, quer em geometria, quer

na altura do cordão de soldadura de ℎ = 5 𝑚𝑚, a verificação será efetuada para apenas uma das juntas.

Na figura 51 apresenta-se a junta soldada 1 (JS1) e a respetiva figura de cordões com as suas

dimensões. Os pontos 1, 2, 3 e 4 são os pontos notáveis considerados.

Figura 51: Representação da junta soldada 1 e da respetiva figura de cordões (dimensões em mm)

A força 𝐹 provoca na junta soldada uma força de compressão e um momento fletor, 𝑁 e 𝑀,

respetivamente, que por sua vez dão origem a uma tensão de corte direta e uma tensão de corte

indireta, 𝜏𝑁′ e 𝜏𝑀

′′ , tal como representado na figura 52.

Figura 52: Representação dos esforços e tensões de corte provocados pelo carregamento 1

𝑁 = 𝐹 = 1844,3 𝑁 (10)

𝑀 = 𝐹 × 𝑎 = 1844,3 × (0,2 +0,2

2) = 553,3 𝑁𝑚 (11)

A tensão de corte direta, 𝜏𝑁′ , é calculada através do quociente entre 𝑁 e a área de garganta da

junta soldada, 𝐴, cujo cálculo é efetuado através da expressão da tabela 9-1 do livro de Budynas e

Nisbett [27]:

𝐴 = 𝐴′′ + 𝐴= = 1,414 × ℎ × 𝑑 + 1,414 × ℎ × 𝑏 = 1,414 × 0,005 × (0,159 + 0,100) = 1,83 × 10−3 𝑚2 (12)

𝜏𝑁′ =

𝑁

𝐴=

1844,3

1,83 × 10−3= 1,01 𝑀𝑃𝑎 (13)

Page 79: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

65

Para o cálculo da tensão de corte indireta, 𝜏𝑀′′ , é necessário calcular o momento de inércia da

junta, 𝐼, recorrendo à tabela 9.2 do livro referido anteriormente:

𝐼𝑢 = 𝐼𝑢′′ + 𝐼𝑢= =𝑑3

6+𝑏𝑑2

2=0,1593

6+0,1 × 0,22

2= 2,67 × 10−3 𝑚3 (14)

𝐼 = 0,707 × ℎ × 𝐼𝑢 = 0,707 × 0,005 × 2,67 × 10−3 = 9,44 × 10−6 𝑚4 (15)

𝜏𝑀′′ =

𝑀 × 𝑐

𝐼=553,3 × (0,2 2⁄ )

9,44 × 10−6= 5,86 𝑀𝑃𝑎 (16)

Após determinadas as tensões de corte direta e indireta, a tensão resultante é calculada para

os pontos críticos, assim como o coeficiente de segurança correspondente. Neste caso, os pontos

críticos são os pontos 3 e 4, apresentando a mesma tensão resultante.

𝜏𝑟𝑒𝑠 = 𝜏𝑁′ + 𝜏𝑀

′′ = 1,01 + 5,86 = 6,87 𝑀𝑃𝑎 < 𝜏𝑎𝑑𝑚 (17)

𝑛𝐽𝑆 =0,577 × 𝑆𝑦

𝜏𝑟𝑒𝑠=0,577 × 235

6,87= 19,74 > 𝑛𝑝 (18)

Carregamento 2: Neste carregamento, além da força vertical 𝐹, considera-se que a estrutura é sujeita

a uma perturbação de aproximadamente 10% de 𝐹, designada por 𝐹𝑝𝑒𝑟. Neste caso as duas juntas

soldadas terão esforços diferentes, uma vez que a perturbação irá causar um momento fletor na JS2

que não ocorrerá na JS1. Por este motivo, a verificação será efetuada separadamente para as duas

juntas.

Junta soldada 1 (JS1): Devido a 𝐹, a JS1 está sujeita aos esforços 𝑁 e 𝑀, calculados anteriormente.

A perturbação considerada provoca na junta esforço transverso e momento torsor, 𝑉 e 𝑇,

respetivamente, que por sua vez originam as tensões de corte direta 𝜏𝑉′ e indireta 𝜏𝑇

′′, tal como

representado na figura 53.

Figura 53: Representação dos esforços e tensões de corte provocados pelo carregamento 2 na JS1

Por observação direta, é possível concluir que os pontos 3 e 4 são os pontos críticos, estando

sujeitos aos mesmos esforços e resultantes.

Page 80: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

66

𝑉 = 𝐹𝑝𝑒𝑟 = 185 𝑁 (19)

𝜏𝑉′ =

𝑉

𝐴=

185

1,83 × 10−3= 0,101 𝑀𝑃𝑎 (20)

𝑇 = 𝐹𝑝𝑒𝑟 × 𝑎 = 185 × (0,2 +0,2

2) = 55,5 𝑁𝑚 (21)

Para calcular a tensão de corte indireta é necessário calcular a distância, 𝑟, dos pontos ao

centroide e o momento polar de inércia do cordão, 𝐽, cuja expressão se encontra na tabela 9-1 do livro

de Budynas e Nisbett [27]:

𝐽𝑢 = 𝐽𝑢′′ + 𝐽𝑢= =𝑑1(3𝑏1

2 + 𝑑12)

6+𝑑2(3𝑏2

2 + 𝑑22)

6(22)

𝐽𝑢 =0,159 × (3 × 0,00562 + 0,1592)

6+0,1 × (3 × 0,22 + 0,12)

6= 2,84 × 10−3 𝑚3 (23)

𝐽 = 0,707 × 0,005 × 2,84 × 10−3 = 1,004 × 10−5 𝑚4 (24)

𝑟 = √1002 + 502 = 111,8 𝑚𝑚 = 0,1118𝑚 (25)

Assim:

𝜏𝑇′′ =

𝑇 × 𝑟

𝐽=55,5 × 0,1118

1,004 × 10−5= 0,618 𝑀𝑃𝑎 (26)

O cálculo da resultante das tensões divide-se no cálculo da resultante do plano vertical, onde

se encontram as tensões 𝜏𝑁′ e 𝜏𝑀

′′ , já calculadas anteriormente [ver (17)] e no cálculo da resultante do

plano horizontal, onde se encontram-se as tensões 𝜏𝑉′ e 𝜏𝑇

′′, através da expressão:

𝜏𝑟𝑒𝑠ℎ = √𝜏𝑉′ 2 + 𝜏𝑇

′′2 + 2 × 𝜏𝑉′ × 𝜏𝑇

′′ × cos(𝜏𝑉′ ; 𝜏𝑇

′′) (27)

cos(𝜏𝑉′ ; 𝜏𝑇

′′) =100

𝑟=

100

111,8= 0,8944 (28)

𝜏𝑟𝑒𝑠ℎ = √0,1012 + 0,6182 + 2 × 0,101 × 0,618 × 0,8944 = 0,71 𝑀𝑃𝑎 (29)

Assim a tensão resultante no ponto crítico do cordão de soldadura e o respetivo coeficiente de

segurança são, respetivamente:

𝜏𝑟𝑒𝑠 = √𝜏𝑟𝑒𝑠𝑣2 + 𝜏𝑟𝑒𝑠ℎ

2 = √6,872 + 0,712 = 6,9 𝑀𝑃𝑎 < 𝜏𝑎𝑑𝑚 (30)

𝑛𝐽𝑆1 =0,577 × 235

6,9= 19,6 > 𝑛𝑝 (31)

Page 81: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

67

Junta soldada 2 (JS2): Para além dos esforços calculados para a JS1, a JS2 está sujeita a um

momento fletor causado pela força de perturbação, designado por 𝑀𝑝, que provoca a tensão de corte

indireta 𝜏𝑀𝑝′′ , cuja representação se encontra na figura 54.

Figura 54: Representação dos esforços provocados pelo carregamento 2 na JS2 e da tensão de corte indireta 𝜏′′Mp

Por observação direta, é possível concluir que o ponto 3 é o crítico. De acordo com a figura 49,

ℎ𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 = 4 𝑚, pelo que à semelhança dos cálculos efetuados anteriormente, apresentam-se os cálculos

da tensão 𝜏𝑀𝑝′′ :

𝑀𝑝 = 𝐹𝑝𝑒𝑟 × ℎ𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 = 185 × 4 = 740 𝑁𝑚 (32)

𝐼𝑢 = 𝐼𝑢′′ + 𝐼𝑢= =𝑑3

6+𝑏𝑑2

2=0,13

6+0,159 × 0,00562

2= 1,69 × 10−4 𝑚3 (33)

𝐼 = 0,707 × ℎ × 𝐼𝑢 = 0,707 × 0,005 × 1,69 × 10−4 = 5,98 × 10−7 𝑚4 (34)

𝜏𝑀𝑝′′ =

𝑀𝑝 × 𝑐

𝐼=740 × (0,1 2⁄ )

5,98 × 10−7= 61,87 𝑀𝑃𝑎 (35)

𝜏𝑟𝑒𝑠𝑣 = 𝜏𝑁′ + 𝜏𝑀

′′ + 𝜏𝑀𝑝′′ = 1,01 + 5,86 + 61,87 = 68,74 𝑀𝑃𝑎 (36)

Assim a tensão resultante no cordão de soldadura e o respetivo coeficiente de segurança são,

respetivamente:

𝜏𝑟𝑒𝑠 = √𝜏𝑟𝑒𝑠𝑣2 + 𝜏𝑟𝑒𝑠ℎ

2 = √68,742 + 0,712 = 68,75 𝑀𝑃𝑎 < 𝜏𝑎𝑑𝑚 (37)

𝑛𝐽𝑆2 =0,577 × 235

68,75= 1,97 > 𝑛𝑝 (38)

7.4.2 Ligação aparafusada

Esta secção dedica-se à verificação da ligação aparafusada entre a placa base da estrutura de

suporte e o chão. Tal como referido anteriormente, a ligação é efetuada através de 4 parafusos (𝑁𝑝)

M10 com classe de resistência 8.8, de cabeça sextavada, 4 anilhas regulares M10 e 4 buchas

metálicas.

A figura 55 representa a configuração da ligação e as suas dimensões, sem as buchas

metálicas, sendo que os números 1, 2, 3 e 4 representam os parafusos.

Page 82: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

68

Figura 55: Representação da ligação aparafusada e respetivas dimensões (mm)

À semelhança das ligações soldadas, a ligação aparafusada é verificada para os dois tipos de

carregamento referidos.

Carregamento 1: A força 𝐹 dá origem a uma força de compressão e um momento fletor, 𝑁 e 𝑀, com

os mesmos valores calculados na secção anterior. Transferindo estas cargas para o plano de ligação

é possível determinar os esforços em cada elemento (figura 56). A força 𝑁 provoca a força direta 𝐹𝑁′ ,

igual em todos os parafusos, enquanto o momento fletor origina a força indireta 𝐹𝑀′′.

Figura 56: Representação dos esforços provocados pelo carregamento 1 na ligação aparafusada

Considerando 𝑁 = 1844,3 𝑁 [ver (10)]:

𝐹𝑁′ =

𝑁

𝑁𝑝=1844,3

4= 461,1 𝑁 (39)

Assumindo a pior situação, com placa base rígida, considera-se que 𝑀 tende a produzir uma

rotação em torno da linha de charneira (representada a traço interrompido na figura 56), sendo as forças

axiais nos parafusos [27]:

𝐹𝑖𝑀′′ =

𝑀 × 𝑠𝑖∑𝑠𝑖

2(40)

Onde 𝑀 = 553,3 𝑁𝑚 [ver (11)].

Page 83: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

69

{𝑠1 = 𝑠2 = 275 𝑚𝑚𝑠3 = 𝑠4 = 25 𝑚𝑚

(41)

{

𝐹1,2𝑀′′ =

553,3 × 0,275

2 × 0,2752 + 2 × 0,0252= 997,75 𝑁

𝐹3,4𝑀′′ =

553,3 × 0,025

2 × 0,2752 + 2 × 0,0252= 90,7 𝑁

(42)

Após calculadas as forças diretas e indiretas, determina-se a resultante normal à ligação (𝑃),

para os elementos 1 e 2, identificados como críticos e sujeitos às mesmas cargas:

𝑃1,2 = 𝐹1,2𝑀′′ − 𝐹1,2𝑁

′ = 997,75 − 461,1 = 536,65 𝑁 (43)

Carregamento 2: Neste caso, além dos esforços resultantes da aplicação da força 𝐹, a perturbação

𝐹𝑝𝑒𝑟 provoca esforço transverso, 𝑉, momento fletor, 𝑀𝑝, e momento torsor, 𝑇, que por sua vez provocam

a força direta 𝐹𝑉′ e as forças indiretas 𝐹𝑀𝑝

′′ e 𝐹𝑇′′, como representado na figura 57.

Figura 57: Representação dos esforços provocados pelo carregamento 2 na ligação aparafusada

𝑉 = 𝐹𝑝𝑒𝑟 = 185 𝑁 (44)

𝐹𝑉′ =

𝑉

𝑁𝑝=185

4= 46,25 𝑁 (45)

𝑀𝑝 = 𝐹𝑝𝑒𝑟 × 4,0 = 185 × 4,0 = 740 𝑁𝑚 (46)

𝐹𝑖𝑀𝑝′′ =

𝑀𝑝 × 𝑠′𝑖

∑𝑠′𝑖2

(47)

{𝑠′1 = 𝑠′4 = 175 𝑚𝑚

𝑠′2 = 𝑠′3 = 25 𝑚𝑚(48)

Page 84: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

70

{

𝐹1,4𝑀𝑝′′ =

740 × 0,175

2 × 0,1752 + 2 × 0,0252= 2072 𝑁

𝐹2,3𝑀𝑝′′ =

740 × 0,025

2 × 0,1752 + 2 × 0,0252= 296 𝑁

(49)

𝑇 = 𝐹𝑝𝑒𝑟 × 𝑎 = 185 × (0,2 +0,2

2) = 55,5 𝑁𝑚 (50)

𝑟 = √1252 + 252 = 145,77 𝑚𝑚 (51)

𝐹𝑇′′ =

𝑇 × 𝑟

∑𝑟2=55,5 × 0,14577

4 × 0,145772= 95,2 𝑁 (52)

Após calcular todas as forças diretas e indiretas, procede-se à determinação da resultante

normal à ligação (𝑃) e da resultante no plano de ligação (𝑃𝑆), para todos os elementos, de modo a

identificar o elemento crítico.

{

𝑃1 = 𝐹1,4𝑀𝑝

′′ + 𝐹1,2𝑀′′ − 𝐹𝑁

′ = 2072 + 997,75 − 461,1 = 2608,65 𝑁

𝑃2 = 𝐹2,3𝑀𝑝′′ + 𝐹1,2𝑀

′′ − 𝐹𝑁′ = 296 + 997,75 − 461,1 = 832,65 𝑁

𝑃3 = 𝐹2,3𝑀𝑝′′ + 𝐹3,4𝑀

′′ − 𝐹𝑁′ = 296 + 90,7 − 461,1 = −74,4 𝑁

𝑃4 = 𝐹1,4𝑀𝑝′′ + 𝐹3,4𝑀

′′ − 𝐹𝑁′ = 2072 + 90,7 − 461,1 = 1701,6 𝑁

(53)

𝑃𝑆𝑖 = √𝐹𝑉′ 2 + 𝐹𝑇

′′2 + 2 × 𝐹𝑉′ × 𝐹𝑇

′′ × cos(𝛼𝑖) (54)

Para calcular a resultante no plano de ligação (𝑃𝑆) é necessário determinar o cosseno do ângulo

entre 𝐹𝑉′ e 𝐹𝑇

′′ para cada elemento, cos(𝛼𝑖). É de notar que cos(𝛼1) = cos(𝛼2) e que cos(𝛼3) = cos(𝛼4),

uma vez que 𝛼1 = 𝛼2 e 𝛼3 = 𝛼4. De seguida, apresenta-se, na figura 58, a representação do ângulo 𝛼3.

Figura 58: Representação do ângulo 𝛼3

cos(𝛼3) =125

𝑟=

125

145,77= 0,858 ⇔ 𝛼3 = 31° (55)

cos(𝛼1) = cos(𝛼3 + 90°) = cos(31° + 90°) = −0,515 (56)

{𝑃𝑆1 = 𝑃𝑆2 = √46,25

2 + 95,22 + 2 × 46,25 × 95,2 × (−0,515) = 81,65 𝑁

𝑃𝑆3 = 𝑃𝑆4 = √46,252 + 95,22 + 2 × 46,25 × 95,2 × 0,858 = 136,96 𝑁(57)

Após determinar os esforços resultantes dos carregamentos considerados, verifica-se a

segurança da ligação aparafusada segundo o catálogo de chumbadores da empresa INDEX [35],

adotando a sua nomenclatura.

Page 85: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

71

Considera-se que na instalação dos chumbadores é criado um bloco de fundação para

ancoragem em betão C25, com espessura ℎ𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 = 300 𝑚𝑚 e uma distância mínima entre a bucha e a

aresta do bloco 𝑐 = 60 𝑚𝑚. As buchas M10 utilizadas têm uma altura efetiva de ℎ𝑒𝑓 = 60 𝑚𝑚 [35].

Para a verificar a ligação aos esforços axiais determinam-se os seguintes parâmetros

(pp. 22-27 de [35], ver figuras em anexo A-4 a A-12):

Resistência nominal do aço: 𝑁°𝑅𝑑 = 20900 𝑁;

Resistência nominal ao arrancamento (para betão não fissurado): 𝑁°𝑅𝑑,𝑝 = 10600 𝑁;

Resistência nominal do cone de compressão (para betão não fissurado): 𝑁°𝑅𝑑,𝑐 = 15600 𝑁;

Coeficiente de influência para o arrancamento: 𝛹𝑐 = 1,0;

Coeficiente de influência para o cone de compressão: 𝛹𝑏 = 1,0;

Coeficiente de influência do espaçamento (cone de compressão): 𝛹𝑠,𝑁 = 0,92;

Coeficiente de influência do espaçamento (separação do betão): 𝛹𝑠,𝑠𝑝 = 0,75;

Coeficiente de influência da distância à aresta do bloco: 𝛹𝑐,𝑠𝑝 = 0,57;

Coeficiente de influência da aresta do bloco (cone de compressão): 𝛹𝑐,𝑁 = 0,75;

Coeficiente de influência dos reforços: 𝛹𝑟𝑒,𝑁 = 1,0;

Coeficiente de influência da espessura (altura) do bloco: 𝛹ℎ,𝑠𝑝 = 1,5.

Os valores admissíveis da resistência do aço (𝑁𝑅𝑑,𝑠), da resistência ao arrancamento (𝑁𝑅𝑑,𝑝),

da resistência do cone de compressão (𝑁𝑅𝑑,𝑐) e da resistência à separação de betão (𝑁𝑅𝑑,𝑠𝑝), para os

esforços axiais, são calculados a partir das seguintes expressões (p. 22 de [35]):

𝑁𝑅𝑑,𝑠 = 𝑁°𝑅𝑑 = 20900 𝑁 (58)

𝑁𝑅𝑑,𝑝 = 𝑁°𝑅𝑑,𝑝 × 𝛹𝑐 = 10600 𝑁 (59)

𝑁𝑅𝑑,𝑐 = 𝑁°𝑅𝑑,𝑐 × 𝛹𝑏 × 𝛹𝑠,𝑁 × 𝛹𝑐,𝑁 × 𝛹𝑟𝑒,𝑁 = 10764 𝑁 (60)

𝑁𝑅𝑑,𝑠𝑝 = 𝑁°𝑅𝑑,𝑐 × 𝛹𝑏 × 𝛹𝑠,𝑠𝑝 × 𝛹𝑐,𝑠𝑝 × 𝛹𝑟𝑒,𝑁 × 𝛹ℎ,𝑠𝑝 = 10003,5 𝑁 (61)

Considerando, para o carregamento 1, a resultante normal à ligação 𝑃 = 536,65 𝑁 [ver 𝑃1,2 na

(43)]:

𝑛𝑅𝑑,𝑠1 =𝑁𝑅𝑑,𝑠𝑃

=20900

536,65= 39 > 𝑛𝑝 (62)

𝑛𝑅𝑑,𝑝1 =𝑁𝑅𝑑,𝑝

𝑃=10600

536,65= 19,75 > 𝑛𝑝 (63)

𝑛𝑅𝑑,𝑐1 =𝑁𝑅𝑑,𝑐𝑃

=10764

536,65= 20 > 𝑛𝑝 (64)

𝑛𝑅𝑑,𝑠𝑝1 =𝑁𝑅𝑑,𝑠𝑝

𝑃=10003,5

536,65= 18,64 > 𝑛𝑝 (65)

Page 86: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

72

Considerando, para o carregamento 2, a resultante normal à ligação 𝑃 = 2608,65 𝑁 [ver 𝑃1 na

(53)]:

𝑛𝑅𝑑,𝑠2 =𝑁𝑅𝑑,𝑠𝑃

=20900

2608,65= 8 > 𝑛𝑝 (66)

𝑛𝑅𝑑,𝑝2 =𝑁𝑅𝑑,𝑝

𝑃=

10600

2608,65= 4 > 𝑛𝑝 (67)

𝑛𝑅𝑑,𝑐2 =𝑁𝑅𝑑,𝑐𝑃

=10764

2608,65= 4,13 > 𝑛𝑝 (68)

𝑛𝑅𝑑,𝑠𝑝2 =𝑁𝑅𝑑,𝑠𝑝

𝑃=10003,5

2608,65= 3,84 > 𝑛𝑝 (69)

Para a verificar a ligação aos esforços de corte determinam-se os seguintes parâmetros

(pp. 28-31 de [35], ver figuras em anexo A-13 a A-19):

Resistência do aço: 𝑉𝑅𝑑,𝑠 = 13900 𝑁;

Resistência nominal da aresta do betão (para betão não fissurado): 𝑉°𝑅𝑑,𝑐 = 8900 𝑁;

Coeficiente de influência do espaçamento: 𝛹𝑠𝑒,𝑉 = 1,0;

Coeficiente de influência da distância à aresta (𝑐 = 60 𝑚𝑚): 𝛹𝑐,𝑉 = 0,70;

Coeficiente de influência dos reforços, sem reforços perimétricos: 𝛹𝑟𝑒,𝑉 = 1,0;

Coeficiente de influência do ângulo de aplicação da carga (α ≈ 20°): 𝛹𝛼,𝑉 ≈ 1,05;

Coeficiente de influência da espessura (altura) do bloco: 𝛹ℎ,𝑉 = 1,0.

Os valores admissíveis da resistência do aço (𝑉𝑅𝑑,𝑠), da resistência ao arrancamento (𝑉𝑅𝑑,𝑐𝑝) e

da resistência do cone de compressão (𝑉𝑅𝑑,𝑐), para os esforços de corte, são calculados a partir das

seguintes expressões (p. 28 de [35]):

𝑉𝑅𝑑,𝑠 = 13900 𝑁 (70)

𝑉𝑅𝑑,𝑐𝑝 = 𝑘 × 𝑁°𝑅𝑑,𝑐 = 2 × 𝑁°𝑅𝑑,𝑐 = 31200 𝑁 (71)

𝑉𝑅𝑑,𝑐 = 𝑉°𝑅𝑑,𝑐 × 𝛹𝑏 × 𝛹𝑠𝑒,𝑉 × 𝛹𝑐,𝑉 × 𝛹𝑟𝑒,𝑉 × 𝛹𝛼,𝑉 × 𝛹ℎ,𝑉 = 6541,5 𝑁 (72)

Considerando a resultante no plano de ligação 𝑃𝑠 = 136,96 𝑁 [ver 𝑃𝑆3 = 𝑃𝑆4 na (57)]:

𝑛𝑅𝑑,𝑠 =𝑉𝑅𝑑,𝑠𝑃𝑠

=13900

136,96= 101,5 > 𝑛𝑝 (73)

𝑛𝑅𝑑,𝑐𝑝 =𝑉𝑅𝑑,𝑐𝑝

𝑃𝑠=31200

136,96= 227,8 > 𝑛𝑝 (74)

𝑛𝑅𝑑,𝑐 =𝑉𝑅𝑑,𝑐𝑃𝑠

=6541,5

136,96= 47,8 > 𝑛𝑝 (75)

Page 87: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

73

8. Conclusões e desenvolvimento futuro

8.1 Conclusões

A presente dissertação focou-se no desenvolvimento e dimensionamento de um manipulador

para auxiliar os trabalhadores da equipa de Medições e Controlo Geométrico, da área da Qualidade,

da VW AE. O objetivo do manipulador centrou-se na manipulação e transporte dos dispositivos de

fixação, do interior dos armários industriais onde se encontram, até às paredes de fixação, onde serão

montados.

No início da dissertação analisou-se e identificou-se o processo mais crítico, que consistia em

retirar e transportar manualmente os dispositivos de fixação dos armários instalados no deck, onde se

concluiu, de acordo com a norma ISO 11228-1 [15], que a carga transportada pelos trabalhadores

ultrapassava o valor permitido.

Após identificar o problema, investigaram-se possíveis soluções existentes no mercado e as

medidas implementadas no departamento, com o objetivo de gerar diferentes conceitos de propostas

de solução, acabando por se selecionar, para ser desenvolvido, o conceito de ponte rolante com o

sistema modular KBK.

O projeto e desenvolvimento do manipulador permitiu gerar uma ponte rolante leve, de elevada

qualidade e resistência, que torna o processo de transporte dos dispositivos de fixação mais

ergonómico, apresentando um peso total de aproximadamente 770 kg, sendo que a ponte rolante

suspensa e o diferencial elétrico combinados apenas pesam 348 kg.

Após verificar a segurança da estrutura, ao projeto estático de resistência e rigidez, concluiu-

-se que através da utilização do manipulador, os trabalhadores estarão em conformidade com a carga

recomendada na norma referida, uma vez que, através dos mecanismos de translação da ponte rolante,

a resistência de translação é de 1,5% da carga transportada, reduzindo-se, assim, o risco de acidentes

de trabalho, cumprindo desta forma o objetivo da dissertação.

Por fim, o custo total estimado do manipulador proposto é de aproximadamente 9300,00 €.

Page 88: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

74

8.2 Desenvolvimento futuro

Numa próxima fase de projeto, as estruturas de suporte do manipulador deverão ser estudadas

à fadiga, estimando assim a sua vida útil.

Para implementar o manipulador foi elaborada uma especificação, que deverá ser aprovada

pelos responsáveis do departamento financeiro, de modo a autorizarem a sua aquisição.

No futuro, poderá ser interessante analisar e desenvolver o segundo conceito apresentado para

os restantes armários do departamento, bem como estudar a possibilidade de implementar pontes

rolantes, semelhantes à desenvolvida, para as estações de medição, de modo a permitir aos

trabalhadores montar os dispositivos de fixação, provenientes desses armários, nas paredes de

fixação.

Page 89: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

75

9. Referências

[1] National Safety Council. “Workplace Injuries.” nsc.org. https://www.nsc.org/work-safety/tools-

resources/infographics/workplace-injuries/ (Acedido em Maio de 2020).

[2] PORDATA. “Acidentes de trabalho: total e mortais.” pordata.pt.

https://www.pordata.pt/Portugal/Acidentes+de+trabalho+total+e+mortais-72/ (Acedido em Maio de

2020).

[3] Volkswagen AG. “Portrait & Production Plants.” volkswagenag.com.

https://www.volkswagenag.com/en/group/portrait-and-production-plants.html (Acedido em Outubro de

2019).

[4] VW Blogspot. “Volkswagen Ag Wolfsburg.” info-vw.blogspot.com. https://info-

vw.blogspot.com/2014/10/volkswagen-ag-wolfsburg.html (Acedido em Janeiro de 2020).

[5] Volkswagen Newsroom. “Volkswagen Autoeuropa Lda.” volkswagen-newsroom.com.

https://www.volkswagen-newsroom.com/en/press-releases/volkswagen-autoeuropa-lda-399/ (Acedido

em Outubro de 2019).

[6] Volkswagen AG. “Group Management Report - Group Quality Management.”

annualreport2018.volkswagenag.com. https://annualreport2018.volkswagenag.com/group-

management-report/sustainable-value-enhancement/group-quality-management.html (Acedido em

Outubro de 2019).

[7] Witte Barskamp. “ALUFIX: Modular Fixturing Systems: Main catalogue 2017/18.” witte-barskamp.de.

https://www.witte-barskamp.de/assets/downloads/Kataloge/Modulare-

Spannsysteme/ALUFIX/ALUFIX-2017-Gesamt-E.pdf (Acedido em Outubro de 2019).

[8] G. Price, “Cube route”, Automotive Manufacturing Solutions, 08 Julho 2017. [Online]. Disponível:

https://www.automotivemanufacturingsolutions.com/bodyshop/cube-route/35924.article/

[9] Shanghai Jiao Tong University. “National Engineering Research Center of Die and Mold CAD.”

en.sjtu.edu.cn. http://en.sjtu.edu.cn/research/centers-labs/national-engineering-research-center-of-die-

and-mold-cad (Acedido em Outubro de 2019).

[10] ZEISS. “Coordinate measuring machines: Horizontal Arm CMMs.” zeiss.com.

https://www.zeiss.com/metrology/products/systems/coordinate-measuring-machines/horizontal-arm-

cmms.html (Acedido em Outubro de 2019).

[11] GOM. “Metrology Systems: ATOS Industrial 3D Scanning Technology.” gom.com.

https://www.gom.com/metrology-systems.html (Acedido em Outubro de 2019).

[12] Weland Solutions. “Vertical storage lifts: Compact Lift.” welandsolutions.com.

http://www.welandsolutions.com/en-gb/compact_lift/ (Acedido em Outubro de 2019).

[13] Kardex Remstar. “Kardex Remstar Megamat RS.” kardex-remstar.pt. https://www.kardex-

remstar.pt/pt/produtos/carrocel-vertical-megamat.html (Acedido em Outubro de 2019).

[14] Zebicon. “Metrology Systems – FixBase.” zebicon.com. https://www.zebicon.com/en/metrology-

systems/accessories/witte-measuring-fixture/fixbase/ (Acedido em Janeiro de 2020).

Page 90: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

76

[15] Ergonomics – Manual handling – Part 1: Lifting and carrying, ISO 11228-1, International

Organization for Standardization, Geneva, Switzerland, 2003.

[16] ZEISS. “Industrial Metrology: ZEISS CALENO.” zeiss.com.

https://www.zeiss.com/metrology/products/systems/coordinate-measuring-machines/horizontal-arm-

cmms/caleno.html (Acedido em Outubro de 2019).

[17] Hänel. “Hänel Lean-Lift® access point – intelligent storage.” hanel.us.

https://www.hanel.us/us/products/lean-lift/the-access-point/ (Acedido em Outubro de 2019).

[18] ABUS Crane Systems. “Single girder overhead travelling crane.” abuscranes.com.

https://www.abuscranes.com/cranes/overhead-travelling-cranes/single-girder-overhead-travelling-

crane/ (Acedido em Outubro de 2019).

[19] Manutan. “Grua de oficina.” manutan.pt. https://www.manutan.pt/pt/map/grua-de-oficina/ (Acedido

em Outubro de 2019).

[20] A. Lavrador, “Trabalhadores “robot” nas fábricas da VW”, Observador, 08 Julho 2018. [Online].

Disponível: https://observador.pt/2018/07/08/trabalhadores-robot-nas-fabricas-da-vw/

[21] “Ford pilots new exoskeleton technology to help lessen chance of worker fatigue, injury”, Ford Media

Center, 09 Novembro 2017. [Online]. Disponível:

https://media.ford.com/content/fordmedia/fna/us/en/news/2017/11/09/ford-exoskeleton-technology-

pilot.html

[22] Witte Barskamp. “Modular Fixturing Systems: Fixture Building – Fixtures & Jigs.” witte-

barskamp.com. https://www.witte-barskamp.com/modular-fixturing-systems/fixture-building/ (Acedido

em Outubro de 2019).

[23] Manutan. “Guincho de elevação e reboque – Capacidade de 100 kg.” manutan.pt.

https://www.manutan.pt/pt/map/guincho-de-elevacao-e-reboque-capacidade-de-100-kg/ (Acedido em

Dezembro de 2019).

[24] ABUS Crane Systems. “Electric Chain Hoists: ABUCompact GMC.” abuscranes.com.

https://www.abuscranes.com/hoists/electric-chain-hoists/abucompact-gmc/ (Acedido em Dezembro de

2019).

[25] Demag. “Technical data – Demag KBK light crane systems: Crane construction kit.”

demagcranes.com. https://www.demagcranes.com/en/products/kbk-light-crane-system/kbk-single-

girder-suspension-cranes (Acedido em Janeiro de 2020).

[26] K. T. Ulrich e S. D. Eppinger, Product Design and Development, New York, USA: MC-H, 2012.

[27] R. G. Budynas e J. K. Nisbett, Shigley’s mechanical engineering design, New York, USA: MG-H,

2015.

[28] Demag. “Technical data – DC Pro Chain hoist: Demag DC chain hoists.” demagcranes.com.

https://www.demagcranes.com/en/products/hoist-units/chain-hoists/dc-pro-chain-hoist (Acedido em

Janeiro de 2020).

[29] Demag. “Technical data/component parts.” demagcranes.com. http://www.demag-

doku.de/DDS/getPDF/20381444_EN_GB.pdf (Acedido em Janeiro de 2020).

Page 91: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

77

[30] Grupo Ferpinta. “Perfis comerciais e chapas laminadas a quente.” ferpinta.pt.

http://www.ferpinta.pt/index.php?cat=34 (Acedido em Maio de 2020).

[31] OVAKO. “Steel Navigator - Material data sheet - Steel grade - S235JR.” ovako.com.

https://steelnavigator.ovako.com/steel-grades/s235/ (Acedido em Maio de 2020).

[32] J. C. F. Arrais, “Projeto de uma unidade móvel de recuperação de vidro”, Dissertação de Mestrado,

IST - UL, Lisboa, PT, 2019.

[33] G. G. Gameiro, “Projecto de um Banco de Ensaios do Conjunto Travessa de Carga/Travessa

Dançante”, Dissertação de Mestrado, IST - UTL, Lisboa, PT, 2011.

[34] S. R. Schmid, B. J. Hamrock e B. O. Jacobson, Fundamentals of Machine Elements, Florida, USA:

CRC Press, 2014.

[35] INDEX. “MT MECHANICAL ANCHORS Technical Guide.” indexfix.com.

https://www.indexfix.com/uploads/FOTECMT18/FOTECMTEN18.pdf (Acedido em Agosto de 2020).

Page 92: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

78

Page 93: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

79

A. Anexos – Elementos de apoio e desenhos técnicos

Grupo Ferpinta: Propriedades do perfil IPE 200

Figura A- 1: Propriedades do perfil IPE 200 (Grupo Ferpinta) [30]

Page 94: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

80

Elementos de apoio às notas de cálculo das ligações soldadas

Figura A- 2: Propriedades das soldaduras de canto - momento polar de inércia [27]

Page 95: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

81

Figura A- 3: Propriedades das soldaduras de canto - momento de inércia [27]

Page 96: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

82

Elementos de apoio às notas de cálculo da ligação aparafusada

Figura A- 4: Valores de resistência dos esforços axiais para ligações aparafusadas com buchas metálicas - INDEX [35]

Figura A- 5: Coeficiente de influência para o arrancamento - INDEX [35]

Figura A- 6: Coeficiente de influência para o cone de compressão - INDEX [35]

Page 97: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

83

Figura A- 7: Coeficiente de influência do espaçamento (cone de compressão) - INDEX [35]

Figura A- 8: Coeficiente de influência do espaçamento (separação do betão) - INDEX [35]

Nas figuras A-7 e A-8, 𝑠 = 150 𝑚𝑚 corresponde à distância mínima entre os parafusos.

Page 98: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

84

Figura A- 9: Coeficiente de influência da distância à aresta do bloco - INDEX [35]

Figura A- 10: Coeficiente de influência da aresta do bloco (cone de compressão) - INDEX [35]

Nas figuras A-9 e A-10, 𝑠 = 𝑐 = 60 𝑚𝑚 corresponde à distância mínima entre a bucha metálica e a

aresta do bloco de ancoragem.

Figura A- 11: Coeficiente de influência dos reforços - INDEX [35]

Assumindo que não existe alta densidade de reforços: 𝛹𝑟𝑒,𝑁 = 1,0.

Figura A- 12: Coeficiente de influência da espessura (altura) do bloco - INDEX [35]

ℎ𝑒𝑓=ℎ𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜ℎ𝑒𝑓

=300

60= 5 > 3,68 (76)

Page 99: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

85

Figura A- 13: Valores de resistência dos esforços de corte para ligações aparafusadas com buchas metálicas - INDEX [35]

Figura A- 14: Coeficiente de influência do espaçamento -INDEX [35]

𝑐

ℎ𝑒𝑓=60

60= 1 (77)

𝑠

𝑐=250

60= 4,17 > 3,0 (78)

Onde o valor de s corresponde à distância máxima entre parafusos, de acordo com o catálogo [35].

Page 100: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

86

Figura A- 15: Coeficiente de influência da distância à aresta - INDEX [35]

Figura A- 16: Coeficiente de influência dos reforços - INDEX [35]

Figura A- 17: Coeficiente de influência do ângulo de aplicação da carga - INDEX [35]

A seleção do ângulo de aproximadamente 20º foi determinada a partir do ângulo de aplicação da carga 𝑃𝑆, representado na figura A-18.

Figura A- 18: Ângulo de aplicação da carga 𝑃𝑆

Figura A- 19: Coeficiente de influência da espessura (altura) do bloco - INDEX [35]

𝑐=ℎ𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜𝑐

=300

60= 5 > 1,5 (79)

Page 101: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

8000

426

3

168

A

1

2

200

100

304

C

B

3

390

0

7960

6300

75

Detalhe AEscala 1 : 2

4

Detalhe CEscala 1 : 5

6

7

Detalhe BEscala 1 : 5

5

770 kg

ISO 2768-mK

ISO 1302:2002Pintura

Nº Designação Qde Norma Des. Nº Material Peso Obs.

1 Estrutura de suporte 4 81604_01 S235JR 105,50 kg

2 Viga do caminho de rolamento 2 S235 132 kg Perfil

KBK II3 Viga da ponte rolante 1 S235 17 kg Perfil

KBK I

4Mecanismo de

translação da viga da ponte rolante

2 1,90 kg

5 Suspensão do caminho de rolamento 4 10,20 kg

6Mecanismo de translação do

diferencial elétrico1 0,75 kg

7 Diferencial elétrico de corrente 1 22 kg

Manipulador (Desenho de conjunto)

Curso: MEMec

14/09/2020

Notas:

Peso:

Fabricou

Projectou

Verificou

Desenhou

DataRúbrica

Acabamentos:

Material:

Revisto:

A1Folha Folha

1

Nome: Diogo Mendes n.º 816041:20

Escala

Desenho n.º

Tolerância Geral:

81604

Page 102: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

426

3

2

3

z5 159

z5 159

A

z5 100

z5 100

200

650

50

50

1

Detalhe AEscala 1 : 2

4

5

105,5kg

ISO 2768-mK

S235JR

ISO 1302:2002Pintura

Nº Designação Qde Norma Des. Nº Material Peso Obs.

1 Placa base 1 81604_01_01 S235JR 2,34 kg

2 Pilar 1 81604_01_02 S235JR 89,60 kg

3 Forca 1 81604_01_03 S235JR 13,44 kg

4Anilha plana regular M10

CR 8.84 ISO 7089

5Parafuso cabeça

sextavada M10 CR 8.8

4 ISO 4014 M10x65x65

Estrutura de suporte (subconjunto)

Curso: MEMec

14/09/2020

Notas:

Peso:

Fabricou

Projectou

Verificou

Desenhou

DataRúbrica

Acabamentos:

Material:

Revisto:

A3Folha Folha

1

Nome: Diogo Mendes n.º 816041:10

Escala

Desenho n.º

Tolerância Geral:

81604_01

Page 103: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

200

300

25

25

4 x10

5

S235JR

2,34kg

ISO 2768-mK

ISO 1302:2002Pintura

Placa base

Curso: MEMec

14/09/2020

Notas:

Peso:

Fabricou

Projectou

Verificou

Desenhou

DataRúbrica

Acabamentos:

Material:

Revisto:

A4Folha Folha

1

Nome: Diogo Mendes n.º 816041:2Escala

Desenho n.º

Tolerância Geral:

81604_01_01

Page 104: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

100

200

5,6

8,5

R12

4000

S235JR

89,6kg

ISO 2768-mK

ISO 1302:2002Pintura

81604_01_02

Tolerância Geral:

Desenho n.º

Escala

1:5Nome: Diogo Mendes n.º 81604

1FolhaFolha

A4Revisto:

Material:

Acabamentos:

Rúbrica Data

Desenhou

Verificou

Projectou

Fabricou

Peso:

Notas:

14/09/2020

Curso: MEMec

Pilar

Page 105: Projeto e desenvolvimento de um manipulador para

100

200

5,6

8,5

R12

600

S235JR

13,44kg

ISO 2768-mKPintura

ISO 1302:2002 81604_01_03

Tolerância Geral:

Desenho n.º

Escala

1:5Nome: Diogo Mendes n.º 81604

1FolhaFolha

A4Revisto:

Material:

Acabamentos:

Rúbrica Data

Desenhou

Verificou

Projectou

Fabricou

Peso:

Notas:

14/09/2020

Curso: MEMec

Forca