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0 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESIGN NICELE DE DAVID BRANDA APLICAÇÃO DE RECURSOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM UM CURSO SUPERIOR DE DESIGN: um estudo de caso aplicado ao desenvolvimento de coleção de moda Porto Alegre 2013

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESIGN

NICELE DE DAVID BRANDA

APLICAÇÃO DE RECURSOS DE EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA EM UM CURSO SUPERIOR DE DESIGN:

um estudo de caso aplicado ao desenvolvimento de

coleção de moda

Porto Alegre

2013

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NICELE DE DAVID BRANDA

APLICAÇÃO DE RECURSOS DE EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA EM UM CURSO SUPERIOR DE DESIGNDE MODA:

um estudo de caso aplicado ao desenvolvimento de

coleção de moda

Dissertaçãoapresentadaao Centro Universitário Ritter dos Reis, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Design.

Orientador: Prof. Dr. Sidnei Renato Silveira

Porto Alegre

2013

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NICELE DE DAVID BRANDA

APLICAÇÃO DE RECURSOS DE EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA EM UM CURSO SUPERIOR DE DESIGNDE MODA:

um estudo de caso aplicado ao desenvolvimento de coleção de moda

Dissertação de Conclusão de Curso defendida e aprovada como requisito parcial à obtenção

do título de Mestre em Design, pela seguinte banca examinadora:

_________________________________

Prof.ª Dra. Marlise Geller - ULBRA

_________________________________

Prof. Dr. Guilherme Correa Meyer - UniRitter

________________________________________________

Orientador: Prof. Dr. Sidnei Renato Silveira - UniRitter

Porto Alegre

2013

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É chato chegar

A um objetivo num instante

Eu quero viver

Nessa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião

Formada sobre tudo

(SEIXAS, Raul, 1973)

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Dedico aos meus pais Nilson e Rosa por me

ensinarem a fazer escolhas e, mesmo sem entender

algumas, apoiam incondicionalmente.

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Agradeço ao professor Sidnei, um exemplo de

capacidade, humildade e disposição, sempre solícito

e pertinente em suas colocações. Sem sua

inestimável ajuda, teria sido impossível;

Aos colegas dessa turma maravilhosa, a lembrança

da companhia permanecerá para sempre em minha

memória;

Aos professores do mestrado em design, por fazerem

parte desse momento tão intenso da minha vida e

importante para a minha formação;

A minha irmã Gisele que, perto ou longe me faz

acreditar que tudo que eu quero, posso conseguir.

“[...] sopram ventos desgarrados, carregados de

saudade”;

A tata Olívia e a dinda Diva que são as mães que a

vida me compartilhou, seja por parentesco ou

afinidade, são pilares importantes na minha

formação;

A Solaine que foi um anjo que Deus colocou no meu

caminho, graças a oportunidade que me foi dada,

minha vida se direcionou para o melhor;

Ao meu namorado Marcelo que aguentou a saudade

e a distância, entendendo que as privações são

promessas de um futuro melhor;

As Gicanhas que, estejam onde estiverem, estão a

um “enviar”de distância, especialmente a Julia e a

Camilinha que posso contar em todos os momentos,

sejam eles de alegria ou nas desesperadoras

madrugadas de trabalho;

Aos que, direta ou indiretamente fizeram parte dessa

caminhada.

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RESUMO

Esta dissertação de mestrado envolve o estudo da aplicação de recursos de Educação a Distância (EaD) no curso de Design de Moda, por meio da reorganização do programa da disciplina de Projeto II, do Curso de Bacharelado em Design do UniRitter, realizando-a na modalidade semipresencial. O conteúdo dessa disciplina envolve o desenvolvimento de coleção. Propondo atividades na modalidade de EaD a esta disciplina, criou-se um plano de aula que proporciona o desenvolvimento de conhecimento e habilidades, contemplando assim as competências necessárias para a formação do estudante na área de projeto de moda. A proposta da mudança da modalidade presencial para a modalidade semipresencial visa adequar as demandas de mercado e proporcionar novas ferramentas ao aluno para a construção do conhecimento. Atualmente a disciplina é ofertada apenas na modalidade presencial e faz parte do currículo do curso de Bacharelado em Design de Moda do Centro Universitário UniRitter. A aplicação da pesquisa se deu através de um estudo de caso, utilizando-se o Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle, com acompanhamento da mestranda. Os resultados do estudo de caso permitiram perceber que é viável a aplicação da modalidade semipresencial e de um AVA em um curso da área de moda, porém deve se buscar adequações da interface do AVA e o desenvolvimento de plugins específicos para a área do design.

Palavras-chave: Projeto de Moda. Educação a Distância. Desenvolvimento de Coleção de Moda.

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ABSTRACT

This master’s dissertation refers to the viability of applying Distance Learning (DL) resources for courses in Fashion Design, through a proposal for the discipline Project II, belonging to the Course of Bachelor of Design from UniRitter. The content of the discipline involves fashion collection development. In proposing DL activities for this discipline, we aim at creating a course planning that favors the development of specific knowledge and skills, thus covering the requirements for the student academic formation in Fashion Project field. Currently the referred discipline is offered only in presential modality, and the proposal of changing it to a DL modality aims at preparing students for the market demands and providing them with new tools for their knowledge construction process. This is a case study research supported by Moodle - Virtual Learning Environment (VLE) and conduct by the author. The results allow saying that distance learning and VLE are viable for courses in the fashion field, although adjustments in the interface VLE and the development of specific plugins for the Design field are required.

Keywords: Fashion Design. Distance Learning. Development of Fashion Collection.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama da organização das atividades ................................................................. 48

Figura 2 - Fórum de discussão – Artista Contemporâneo Gaúcho ........................................... 59

Figura 3 – Fórum de discussão – Marca gaúcha ...................................................................... 60

Figura 4 – Fórum de discussão – Questionário ........................................................................ 60

Figura 5 – Fórum de discussão – Link para portfólio on line................................................... 61

Figura 6 - Fórum de discussão – Andamento das atividades ................................................... 61

Figura 7 - Compartilhamento de Portfólios .............................................................................. 62

Figura 8 – Portfólio do aluno 4 ................................................................................................. 63

Figura 9 – Portfólio do aluno 15 ............................................................................................... 63

Figura 10 – Portfólio do aluno 9 ............................................................................................... 64

Figura 11 – Portfólio do aluno 2 ............................................................................................... 64

Figura 12 – Portfólio do aluno 7 ............................................................................................... 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Questão 1 ................................................................................................................ 66

Tabela 2 – Questão 2 ................................................................................................................ 67

Tabela 3 – Questão 3 ................................................................................................................ 67

Tabela 4 – Questão 1 ................................................................................................................ 69

Tabela 5 – Categorias ............................................................................................................... 73

Tabela 6 – Observações que mais se repetiram no questionário .............................................. 74

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................................ 13

1.2 HIPÓTESE ......................................................................................................................... 13

1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 14

1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 14

1.3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 14

1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 14

1.4.1 Organização do Trabalho ............................................................................................. 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 17

2.1 ORIGENS DA MODA ....................................................................................................... 17

2.2 O DESIGN .......................................................................................................................... 19

2.3 CURSOS DE DESIGN DE MODA ................................................................................... 20

2.4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ........................................................................................... 21

2.4.1 A modalidade de EaD .................................................................................................... 23

2.4.2 Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVAs: Moodle ............................................ 25

2.4.2.1 Usuários e Principais Ferramentas do Moodle ............................................................. 28

2.5 DESIGN INSTRUCIONAL ............................................................................................... 30

3 ESTADO DA ARTE ............................................................................................................ 32

3.1 PROJETO DE COLEÇÃO DE MODA ............................................................................. 34

3.1.1 Público-Alvo ................................................................................................................... 37

3.1.2 Pesquisa do Tema .......................................................................................................... 37

3.1.3 Matéria-Prima ............................................................................................................... 38

3.1.4 Cartela de Cores ............................................................................................................ 39

3.1.5 Processo criativo ............................................................................................................ 40

3.1.6 Materiais e Tecnologias ................................................................................................. 41

3.2 A DISCIPLINA DE PROJETO DE MODA II NO UNIRITTER...................................... 41

4 METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................... 47

5 APLICAÇÃO DO ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................ 58

5.1 APLICAÇÃO DA PROPOSTA ......................................................................................... 58

5.2.1 Primeiro questionário.................................................................................................... 66

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5.2.2 Segundo questionário .................................................................................................... 69

5.3 ANÁLISE DE CONTEÚDO .............................................................................................. 71

5.3.1 Pré Análise ..................................................................................................................... 71

5.3.2 Exploração do Material ................................................................................................ 72

5.3.3 Tratamento dos resultados, a Inferência e a interpretação ....................................... 73

5.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................ 58

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 77

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81

ANEXO 1 – Atividades disponibilizadas no Moodle ........................................................... 84

ANEXO 2 – Inspiração: artista contemporâneo gaúcho .................................................... 86

ANEXO 3 – Processo criativo ................................................................................................ 90

ANEXO 4 – Cartelas: cores e materiais ............................................................................... 92

ANEXO 5 – Organização e montagem do portfólio ............................................................ 98

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1 INTRODUÇÃO

A partir das situações vivenciadas no dia a dia da disciplina de Educação Projetual a

Distância cursada no Mestrado em Design, aliadas à experiência docente, surgiram

questionamentos e ideias sobre a mediação e a avaliação da aprendizagem dos alunos com a

utilização do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle, reforçando a importância

do planejamento pedagógico adequado para o uso de tecnologias nos processos de ensino e de

aprendizagem. A aplicação de um AVA tem, por objetivo, promover a constante troca de

informações entre alunos e professores, além de possibilitar o acesso aos recursos

tecnológicos desenvolvidos para enriquecer os processos de ensino e de aprendizagem e

ampliar os espaços da sala de aula.

Os alunos da área de Design, atualmente, na sua maioria, pertencem à geração de

nativos digitais, ou seja, aqueles que já nasceram em meio a tecnologias como o computador e

a Internet. Atualmente, a tecnologia os acompanha dentro e fora de sala de aula e a

multiplicação de informações foi potencializada, onde novos meios de comunicação não

param de surgir no ciberespaço. A proposta do trabalho aqui apresentada surge a partir do

desejo de incorporar as novas tecnologias da informação e da comunicação nas atividades

desenvolvidas em sala de aula. Parte-se do pressuposto de que seja necessário criar

oportunidades de aprendizagem que rompam os limites da sala de aula presencial. A atividade

do professor não será substituída pela tecnologia, ao contrário, aumentará o campo de atuação

do educador para além da sala de aula tradicional.

Neste contexto, o presente trabalho apresenta atividades que foram desenvolvidas por

meio do AVA Moodle, utilizado pelo Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), tendo

sido inserindo na disciplina de Projeto II do curso de Design de Moda. Esta disciplina aborda

as questões ligadas ao desenvolvimento de coleções. Atualmente a disciplina é ofertada na

modalidade presencial. Com a inserção de atividades no AVA, a disciplina passou a ser, nesse

momento semipresencial, isto é, mesclando atividades que foram executadas a distância pelos

alunos e atividades presenciais realizadas no Atelier. Por meio do AVA os alunos

desenvolveram a construção do conhecimento, através da apresentação de atividades e as

professoras acompanharam o processo fazendo intervenções.

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A decisão de utilizar o método do Estudo de Caso na dissertação de mestrado se deve

a dois pontos fundamentais para a execução do trabalho. Segundo Yin (2010, p.39), “o Estudo

de Caso é uma investigação empírica que: investiga um fenômeno contemporâneo em

profundidade e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o

fenômeno e o contexto não são claramente evidentes”. O enfoque de eventos contemporâneos,

envolve a oferta da disciplina na modalidade semipresencial, utilizando em torno de 40% por

cento da carga horária da mesma para a realização de atividades. A não exigência de controle

dos eventos comportamentais se configura, visto que a aplicação da proposta se deu em uma

turma onde a pesquisadora não atua como docente. As atividades foram disponibilizadas no

AVA, sendo acompanhadas pelo(a) professor(a) da disciplina e o ambiente se manteve aberto

para a observação da mestranda como tutora.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Nesta dissertação, descreve-se a implementação das atividades ligadas ao

desenvolvimento de coleção no AVA Moodle, sua utilização pelos alunos e a condução de

uma avaliação do mesmo a partir da pergunta central de pesquisa:

Como criar oportunidades de aprendizagem no desenvolvimento de coleção de moda,

através de atividades mediadas por um ambiente virtual de aprendizagem, ampliando os

espaços da sala de aula tradicional?

1.2 HIPÓTESE

Acredita-se que, com a aplicação de recursos de EaD via Internet, seja possível

proporcionar novas ferramentas no processo de aprendizagem para os estudantes de Design de

Moda, ampliando os espaços da sala de aula tradicional.

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do presente trabalho envolve o planejamento para a aplicação de

recursos de EaD via Internet na disciplina de Projeto II do curso de Design de Moda, bem

como a investigação dos efeitos provocados pelo uso do Moodle pelos alunos durante o

desenvolvimento da proposta para a disciplina na modalidade semipresencial. A escolha da

referida disciplina deve-se ao fato de que os alunos já cursaram duas disciplinas de projeto e a

inserção de novas ferramentas visa propor outras formas de interação, incluindo o

desenvolvimento de materiais didáticos digitais e a definição de estratégias de ensino que

possam ser aplicadas por meio do AVA Moodle.

1.3.2 Objetivos Específicos

Como objetivos específicos para o presente trabalho, propõem-se:

- investigar formas de aplicação de recursos de EaD via Internet;

- investigar planos de ensino de disciplinas voltadas ao desenvolvimento de

coleção em cursos superiores de Design de Moda em Porto Alegre;

1.4 JUSTIFICATIVA

Com o advento da tecnologia de informação, novas perspectivas surgiram. O rápido

desenvolvimento da tecnologia e de transmissão de informação tem modificado a forma das

pessoas se relacionarem.

A educação é um dos campos que sofreu impactos com essas mudanças.A relação

tradicional entre professor/aluno onde, o primeiro é visto como detentor do conhecimento

enquanto o segundo, receptor tem sofrido transformações. Um reflexo disso, é o numero de

cursos em EaD que surgiu nos últimos anos.

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Devido a esses fatores, o momento é propicio para ofertar cursos que utilizam o EaD,

sejam eles completamente a distância ou empregando parte da carga horária para que os

alunos aprendam e desenvolvam atividades, utilizando a tecnologia.

Em função desses fatores, a proposta da pesquisa fundamenta-se na utilização dos

recursos de EaD para a disciplina de Projeto de Moda II, ou seja, no auxílio do

desenvolvimento de coleção de moda. A utilização dos recursos de EaD na disciplina visa

ampliar os espaços da sala de aula tradicional, criando oportunidades de desenvolver e

expandir os conhecimentos dos alunos. Essa aplicação tem o intuito de complementar a

disciplina, visto que, na sua maioria, os alunos são nativos digitais e a pesquisa possui a

finalidade de, por meio do estudo de caso, verificar a usabilidade da modalidade

semipresencial na disciplina de Projeto de Moda II para averiguar se é viável a utilização de

tal modalidade em disciplinas que possuem abrangência teórica e prática no desenvolvimento

de produtos de moda.

1.4.1 Organização do Trabalho

Este trabalho está organizado da seguinte forma: o referencial teórico (Capítulo 2)

apresenta a Moda, sua origem e seu significado. Também apresenta o Design, campo em que

se insere a moda dentro da proposta do trabalho e os cursos de Design de Moda no Brasil.

Ainda no capítulo supracitado, apresenta-se a EaD, sua origem e suas aplicações no Brasil,

cenário atual e legislações específicas. A modalidade de EaD e suas atribuições, a utilização

de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), especificamente o Moodle que foi utilizado

para a realização do trabalho. Também conta com uma seção sobre Design Instrucional, isto é,

o planejamento inicial e a implementação das atividades propostas utilizando o AVA.

O capítulo 3 apresenta o Estado da Arte, abordando como é desenvolvido atualmente

um projeto de coleção nos cursos de Design de Moda do Rio Grande do Sul. Esse projeto é

denominado “Projeto de Coleção”, “Desenvolvimento de Coleção” ou “Projeto Experimental”

e costuma utilizar metodologia muito próximas, autores como Treptow (2006), Sorger e

Udale (2009)serviram de base para este capítulo.

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O capítulo 4 apresenta a Metodologia de Pesquisa utilizada para a realização do

trabalho e envolve duas etapas principais. A primeira etapa corresponde ao estudo, definição e

implementação dos materiais didáticos que serão empregados para a realização de atividades

a distância na disciplina de Projeto de Moda II. A segunda etapa envolve a realização de um

Estudo de Caso, com aplicação de dois questionários e observação participante da

pesquisadora durante a disciplina.

No capítulo 5 serão apresentados os dados coletados, bem como a análise do resultado

das atividades propostas, a partir da aplicação do estudo de caso. A análise foi realizada de

forma quantitativa e quantitativa, por meio da análise das respostas dos questionários, tendo

como técnica, a análise de conteúdo. Encerrando o trabalho são apresentadas as considerações

finais e as referências empregadas.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta um referencial teórico sobre as áreas envolvidas no presente

trabalho. Nesse contexto, apresentam-se a origem da Moda e do Design e, a fusão de ambos

para formar o Design de Moda. Também é apresentado um panorama da Educação a

Distância, suas referências legais e o ambiente virtual de aprendizagem que será utilizado ao

longo do trabalho, o AVA Moodle.

2.1 ORIGENS DA MODA

A moda é uma importante área de produção de expressão da cultura contemporânea. Tanto apresenta reflexos e referências da sociedade quanto dos usos e costumes do cotidiano. A dinâmica da moda permite refletir, criar, participar, interagir e disseminar esses costumes. Portanto, o desenvolvimento e a expressão da moda ocorrem a partir das inter-relações entre a criação, a cultura e a tecnologia, bem como dos aspectos históricos, sociopolíticos e econômicos. (MOURA, 2008, p.37).

Para muitos autores, a palavra moda é originária do francês mode, que,

segundoAmaral, Ferreira e Fiedler (2006, p.103), “significa o uso, hábito ou estilo geralmente

aceito, variável no tempo e resultante de determinado gosto, ideia, capricho e das

interinfluências do meio em que o indivíduo está associado”. A moda faz referência ao

coletivo, tornando-se, quando aceita, assimilada por um número considerável de pessoas.

O significado da moda é ambíguo, a começar pela etimologia da palavra. Alguns pesquisadores discordam da sua origem e do seu sentido inicial, mas muitos concordam com o período em que o termo ‘moda’ surgiu: no final da Idade Média, início do Renascimento. (LIPOVETSKY, 1989, p.23).

No final da Idade Média, os nobres se incomodavam com as cópias de suas roupas,

feitas pelas classes menos abastadas e os mercantilistas burgueses que, com as Cruzadas,

enriqueceram e, assim, tiveram acesso aos produtos mais caros e difíceis de serem obtidos.

Para Braga (2006), importante pesquisador de história da moda no Brasil, a origem da

palavra vem do latim modus, que remete ao modo de fazer ou de agir. São muitas as origens,

e, segundo Palomino (2002), o termo afrancesado, tornou-se sinônimo de façon, cuja

apropriação pela língua inglesa, deu origem à expressão fashion.

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O ciclo da moda data do Renascimento, de lá pra cá, passaram-se mais de quinhentos

anos de criação e cópia. Nos últimos 100 anos, espartilhos foram soltos, seios foram

achatados, costas ficaram à mostra, homens usaram plataformas, mulheres vestiram biquínis e

minissaias de um palmo.

Conhecimentos em modelagem, construídos durante séculos, atravessando gerações,

foram desconstruídos. No entanto, ainda nos anos setenta, alguns jovens japoneses, tais como

Rei Kawakubo, Yohji Yamamoto e Issey Miyake, surgem propondo novas formas do vestir,

desconstruindo a forma do corpo e a concepção da roupa, através de volumes “estranhos”,

incorporando o inacabado, o imperfeito e o inacreditável, como peças com três mangas.

“Desconstruir significa, atualmente, romper padrões principalmente do corpo biológico e

propor novas versões de um corpo aberto, híbrido, sampleado e líquido.” (AVELAR, 2009,

p.37).

A partir dos anos 90, mais especificamente da metade da década, períodos anteriores

foram revisitados e serviram de referências a propostas de moda. As formas antes construídas

já haviam sido desconstruídas, o corpo coberto e descoberto no seu limite máximo. A criação

de algo completamente novo em termos de moda escasseou-se.

São muitos vetores... E, além de tudo isso, a Moda ainda apronta mais uma: desde os anos 1980, mais principalmente na década de 1990 zomba de si mesma. Nega suas próprias lógicas ou as características que a definem. Questiona seus próprios fundamentos. Explora, mais do que nunca, o paradoxo que carrega em si mesma. (MESQUITA, 2004, p.38).

Buscando definir criação: O termo hebraico que foi introduzido por "criar" em Gênesis

1:1 significa formar, moldar, criar; sempre referindo-se à atividade divina. Referindo-se à

construção física da peça, tudo já foi criado, barreiras foram rompidas, padrões estabelecidos

posteriormente negados.

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2.2 O DESIGN

Aqui apresentamos algumas reflexões sobre o design. Tal operação é importante para

que possamos fazer as pontes devidas com a moda, e entender a natureza das disciplinas com

as quais vamos trabalhar.

O ICSID - International Council Societies of Industrial Design, organização que reúne

as associações profissionais de designers do mundo todo, apresenta a seguinte definição sobre

design:"O design é uma atividade criativa cujo objetivo é estabelecer as qualidades

multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus sistemas em ciclos de vida completos.

Portanto, design é o fator central da humanização inovadora de tecnologias e o fator crucial

do intercâmbio cultural e econômico". (MOZOTA; KLÖPSCH; COSTA, 2011, p.16).

Ainda, segundo Moura (2008), a palavra design deriva do latim designo e significa

idear, designar, marcar, eleger, destinar, empreender, determinar e está associada à concepção

de produto, ao projeto e planejamento. No Brasil, a palavra também está associada a desenho,

porém a palavra desenho refere-se à representação de algo, enquanto design refere-se à

concepção e desenvolvimento de um projeto que tem como finalidade a realização de um

artefato. Segundo Krippendorff o termo produto estaria marcado por conotações

industrialistas, colocando-se o termo artefato como mais adequado às características

contemporâneas do projeto (KRIPPENDORF, 2006).Portanto, desenhar é parte do processo

de criação no caminho projetual, mas não define todo o conceito do processo de design.

A finalidade em Design é projetar produtos diversos a partir do estudo das formas.

Para Bürdek (2006), a atividade de Design é relacionada aos conceitos de criatividade,

fantasia cerebral, senso de invenção e de inovação técnica. Igualmente, gera expectativas no

sentido de ser um ato cerebral. O processo de Design não envolve somente configuração

visual, na qual se brincam livremente com cores, formas e materiais, porque é determinado

por condições e decisões de caráter tecnológico, econômico, político e pragmático. Isso

considera o contexto de desenvolvimento econômico, tecnológico e cultural, os fundamentos

históricos, as condições de produção técnica, os fatores ergonômicos ou ecológicos e as

exigências artístico-experimentais. Ao lidar com design, é necessário refletir acerca das

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condições que contextualizam o projeto, considerando-as nos projetos e produtos (BÜRDEK,

2006).

Ainda, para BONSIEPE (1997), o design consiste na melhoria da qualidade de uso do

produto, da forma de um novo produto, do seu processo de fabricação, da sustentabilidade

ambiental e social, da forma de acesso a um produto socialmente inclusivo, da aplicação de

novos materiais e da qualidade estética. Portanto, para o autor, o design abrange diversos

campos além do projeto.

2.3 CURSOS DE DESIGNDE MODA

No final da década de 80, os primeiros cursos de graduação em Moda foram criados

no Brasil. Com denominações próximas a “Moda” e “Estilismo”, a ênfase no desenho e na

criação era preponderante. Segundo Pires (2008), como agente de transformação, a partir da

década de 90, a moda passou a representar objeto de interesse social, acadêmico e cientifico.

O design tem despertado interesse, sobretudo nos setores ligados à indústria, não mais apenas

com foco técnico ou estético, mas como cultura de projeto. Assim, grande parte dos cursos de

moda criados no Século XXI posicionam a moda como uma das áreas do Design. Conforme

De Angelis:

[...] moda e design se relacionam de maneira estreita e estão ligados pelo mundo do projeto, pelo impulso do desejo, pelo mecanismo de sedução e estilo de vida dos usuários. Diferem-se quanto à complexidade de seus sistemas e, no entanto, assemelham-se em alguns domínios. (DE ANGELIS apud PIRES,2008, p.12).

O entrelaçamento dos dados econômicos e culturais, com outras informações de

natureza tecnológica e artística, faz-se essencial para dar sentido à diversidade da função do

design em diversos contextos. Portanto, o designer não é apenas um desenhista, é um

projetista do que será reproduzido industrialmente em um plano de processo produtivo.

Historicamente, os primeiros cursos de Moda no Brasil eram com foco no estilismo.

Segundo Pires (2008), desde a homologação das Diretrizes Curriculares para os cursos de

graduação em design, foi necessária a adequação gradativa aos conceitos do Design. Aí houve

a assimilação do design no universo da moda, bem como a incorporação da moda no campo

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do design e, atualmente apresenta-se dessa maneira.

Segundo o site do MEC, os cursos superiores de Design de Moda no Brasil são

ofertados de maneira presencial. Algumas disciplinas semipresenciais, geralmente disciplinas

das áreas humanísticas,porém, observa-se que sem grande representatividade em termos de

quantidade.

2.4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Nesta seção, apresentam-se algumas referências históricas sobre a Educação a

Distância no mundo e posteriormente no Brasil, primeiramente utilizada através de material

impresso e, após, apresentou-se através dos meios de comunicação, como o rádio e a

televisão.

O primeiro marco da Educação a Distância (EaD)foi o anúncio publicado na Gazeta de

Boston, no dia 20 de março de 1728, pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips: "Toda

pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições

semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston"

(SARAIVA, 1996, p.18).

No Brasil, considera-se como marco inicial a criação, por Roquete-Pinto, entre 1922 e

1925, da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e de um plano sistemático de utilização

educacional da radiodifusão como forma de ampliar o acesso à educação. Algumas ações

foram desenvolvidas ministrando aulas via rádio (SARAIVA, 1996).

O Instituto Universal Brasileiro, sediado em São Paulo com filiais no Rio de Janeiro e

Brasília, como entidade de ensino livre, oferece cursos por correspondência. Foi fundado em

outubro de 1941 e pode ser considerado como um dos primeiros em nosso país. Segundo o

site desta instituição, o Instituto Universal Brasileiro é um dos pioneiros da EaD no Brasil. Há

mais de 60 anos, vem trabalhando na aplicação desse método de ensino, colaborando

decisivamente para o preparo de seus alunos através dos cursos profissionalizantes, supletivo

e, atualmente, ensino técnico(IUB, 2012).

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A partir da década de 60 é que se encontram registros, de programas de EaD. Segundo

Mattar,

[...] na primeira metade dos anos 1960, assistimos ao aparecimento de uma série de movimentos de educação popular. Em 1961, surge o Movimento de Educação de Base (MEB), fundado a partir de um acordo entre o governo federal e a Confederação Nacional do Bispos do Brasil (CNBB), visando extinguir o analfabetismo por meio de emissões radiofônicas. (MATTAR NETO, 2005, p.86).

Foi criado, em 1972, na estrutura do Ministério da Educação e Cultura, o Programa

Nacional de Teleducação (Prontel), ao qual competia coordenar e apoiar a teleducação no

Brasil. Faz parte do Decreto nº 70.185, de 23 de fevereiro de 1972:

Art. 1º Fica restituído o "Programa Nacional de Teleducação - PRONTEL", organismo de natureza transitória, visando à integração em âmbito nacional, das atividades didáticas e educativas através do Rádio, da Televisão e outros meios, de forma articulada com a Política Nacional de Educação (BRASIL, 1972, p.1).

Este órgão foi substituído, em 1979, pela Secretaria de Aplicação Tecnológica (Seat),

que reuniu todas as emissoras criando o Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa –

SINTED (SARAIVA, 1996). Em 1983, com a inclusão das emissoras de rádio educativas, o

sistema passou a denominar-se Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa – SINRED e foi

regulamentado.

Em 1992 foi criada a Coordenadoria Nacional de Educação a Distância na estrutura do

MEC e, a partir de 1996, a Secretaria de Educação a Distância (SARAIVA, 1996). Segundo o

Portal do MEC, a Secretaria de Educação a Distância –SEED- foi oficialmente criada pelo

Decreto nº 1.917, de 27 de maio de 1996. Entre as suas primeiras ações, nesse mesmo ano,

estão a estreia da TV Escola e a apresentação do documento-base do “programa Informática

na Educação”, na III Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de Educação (CONSED).

Dessa forma, o Ministério da Educação, por meio da SEED, atua como agente de inovação

tecnológica nos processos de ensino e de aprendizagem, fomentando a incorporação das

tecnologias de informação e comunicação (TICs) e das técnicas de educação a distância aos

métodos didático-pedagógicos.

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Em janeiro de 2011, foi anunciada pela Presidência da República a extinção dessa

secretaria. Devido à extinção dessa secretaria, seus programas e ações estão vinculados à

SECADI – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

(BRASIL, 2012).

2.4.1 A modalidade de EaD

Segundo o Ministério da Educação, a Educação a Distância é a modalidade

educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e de

aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação,

com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos

diversos (BRASIL, 2012). A modalidade de EaD no país, cresceu significativamente após a

aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, que instituiu

oficialmente as práticas de EaD, criando assim um novo espaço que se constitui fortemente

fora de sala de aula.

O artigo 80, da LDB 9.394/96, define que o Poder Público incentivará o

desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e

modalidades de ensino, e de educação continuada. Complementando, a lei traz quatro

parágrafos explicando detalhadamente a regulamentação do uso da EaD por parte das

Instituições de Ensino. Segundo a Lei 9.394/96:

1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. (BRASIL, 1996, p.1).

No quarto parágrafo, os incisos especificam ainda mais a diferenciação de tal

modalidade:

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4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais.(BRASIL, 1996, p.1).

Visando regulamentar o artigo 80 da LDB, o decreto 5.622 de 19.12.2005, em seu

capítulo IV, especifica as regras para oferta de cursos superiores na modalidade a distância,

deixando claro que as instituições universitárias devem realizar um processo de

credenciamento para ofertar cursos de graduação e/ou de Pós-graduação Lato Sensu na

modalidade a distância.

A regulamentação das atividades de EaD, a partir da aprovação da LDB de 1996,

propiciou um aumento na oferta de cursos nesta modalidade. Atualmente verifica-se que

existe um aumento de demanda social por educação que, juntamente com avanço das

tecnologias de informação, potencializa a Educação a Distância, tornando-se um modelo

estratégico, disponibilizando novas possibilidades em educação.

Segundo Alves e Brito,

O Ensino on-line se caracteriza pela mediação das mídias digitais e telemáticas, vem ganhando destaque no cenário pedagógico, não apenas nos cursos reconhecidos nesta modalidade, mas também nos cursos presenciais que passam a realizar disciplinas a distância, conforme a portaria 4.059/2004, que, no seu Art. 1º, dispõe que as instituições de ensino superior poderão introduzir, na organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semipresencial, não podendo exceder vinte por cento do tempo previsto para integralização do currículo do curso. ( 2005, p.1)

Segundo Castilho e Martins (2005, p.9), “a tecnologia vem contribuindo de modo

significativo para o estabelecimento de novos recursos pedagógicos, criando a necessidade de

constante busca, pesquisa e adequação às exigências que a sociedade moderna impõe na

conquista do saber”. Neste sentido, a EaD permite que o aluno aprenda em seu próprio ritmo,

construindo conhecimentos colaborativamente, enriquecendo-se pelo acesso aos recursos de

pesquisa na Internet. O uso da tecnologia pode ser eficaz para processos complexos de

construção de conhecimento, visto que o aluno utilizará a tecnologia juntamente com os

outros conhecimentos adquiridos ao longo do curso.

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O avanço das tecnologias de informação e de comunicação, em especial o da Internet,

potencializou a oferta de atividades na modalidade de EaD. Nesse sentido, foram criadas

diversas ferramentas que possibilitaram a ampliação da oferta e formas de contato entre os

participantes de cursos ministrados a distância. Entre essas ferramentas, destacam-se os

Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVAs, que serão discutidos na próxima seção.

2.4.2 Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVAs: Moodle

Segundo Santos (2003, p.2), “por ambientes podemos entender tudo aquilo que

envolve pessoas, natureza ou coisas, objetos técnicos. Já o virtual vem do latim medieval

virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência”.

Ambientes Virtuais de Aprendizagem são plataformas que funcionam em servidores

web, auxiliando a montagem de cursos acessíveis via Internet e acessados por usuários

geograficamente distribuídos, com o objetivo de apoiar os processos de ensino e de

aprendizagem. Podem ser utilizados como ferramenta para cursos a distância ou para

complementar aulas presenciais.

O AVA, ambiente virtual de aprendizagem a ser utilizado no desenvolvimento desta

Dissertação de Mestrado, é o Moodle (LMS - Learning Management Systems). Acrônimo1

deModular Object Oriented Distance LEarning – MOODLE. É um sistema de gerenciamento

de aprendizagem de código aberto, gratuito e livre, que se mantém em desenvolvimento por

uma comunidade de participantes de diversas partes do mundo. Por ser um software de código

aberto é possível de ser modificado para atender demandas específicas e sincronizar

informações de outras bases de dados de interesse do usuário. Tornou-se muito popular entre

os educadores de todo o mundo, como uma ferramenta para criar web sites dinâmicos para

seus alunos. Foi concebido para ser compatível, flexível e fácil de modificar. Atualmente está

presente em 208 países e traduzido para 75 idiomas (MOODLE, 2012).

1Acrônimo: palavra formada pelas letras ou sílabas iniciais de palavras sucessivas de uma locução, ou pela maioria destas partes.

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Segundo o site da organização,o foco do Moodle é tornar acessíveis aos educadores as

melhores ferramentas para gerenciar e promover a aprendizagem. “É disponibilizado na forma

de software livre, podendo ser instalado em diversos ambientes que executam a linguagem de

programação PHP. É distribuído gratuitamente, sob licença GNU-GPL2 com usuários que

adaptam essa plataforma para diferentes necessidades.” (NAKAMURA, 2009, p.24).

A primeira versão do programa data de 2001 e, desde então, é desenvolvido

colaborativamente. Seus usuários podem customizar a interface de acordo com as

necessidades.

Segundo o site do AVA Moodle (MOODLE, 2012), os principais benefícios

oferecidos pelo ambiente são:

- Comunicação em tempo real, bem como comunicação assíncrona;

- Propor questionários e materiais avaliativos integrados;

- Fazer upload em materiais de áudio, vídeo e documentos em diversas

extensões;

- Anexar artigos para download;

- Vincular recursos que estão à disposição na Internet;

- Criar ambientes virtuais de sala de aula, sem ter a necessidade de aprender a

programar em HTML3;

- Fácil manutenção dos materiais do curso de uma edição para outra;

- Conversar online com os estudantes, através de chat;

- Engajar os estudantes em fórum de discussão;

- Auxiliar os membros na criação de materiais colaborativos a serem

disponibilizados na internet;

- Fornecer vários métodos de aprendizagem com o mesmo material;

2GNU-GPL é um termo utilizado inicialmente por Richard Stallman, em 1984, para designar software livre. GNU é o nome do sistema operacional livre idealizado por Stallman, enquanto GPL (General License Public) é traduzido como Licença Pública Geral. Atualmente, a GPL é a licença com maior utilização em de projetos de software livre. 3HTML (acrônimo para a expressão inglesa HyperText Markup Language, que significa Linguagem de Marcação de Hipertexto) é uma linguagem de marcação utilizada para produzir páginas na Web.

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- Diminuir a quantidade de papel gasta (em comparação com uma aula

presencial, onde normalmente os alunos fazem anotações do conteúdo visto);

A filosofia do AVA Moodle baseia-se na pedagogia construtivista, utilizada na

proposta do componente curricular e socioconstrucionista, onde os estudantes colaboram na

construção de conhecimentos. De acordo com a perspectiva construtivista, baseada nos

trabalhos de Jean Piaget, o aluno aprende quando participa ativamente em sua própria

aprendizagem, constrói, modifica, diversifica e coordena progressivamente seus esquemas de

conhecimento. Neste contexto, um AVA deve propiciar ferramentas que permitam e

estimulem a construção do conhecimento. Além disso, por meio de um AVA pode-se

estimular a realização de atividades colaborativas, por meio da formação de grupos virtuais.

Estas atividades colaborativas compreendem a perspectiva socioconstrucionista. A

participação em trabalhos de grupo possibilita o crescimento intelectual dos alunos, baseando-

se na proposta de Vygotsky, quando coloca a existência da zona de desenvolvimento proximal

(BAQUERO, 1998).

Frequentemente, as pessoas são capazes de resolver problemas ou de efetuar aprendizagens novas quando contam com a ajuda de nossos semelhantes, porém não conseguem abordar com êxito estas mesmas tarefas, quando dispõem unicamente de seus próprios meios. A zona de desenvolvimento próximo é a diferença existente entre o que uma pessoa pode fazer ou aprender por si só, sem ajuda de ninguém – nível de desenvolvimento atual – e o que pode fazer ou conhecer com a ajuda de outras pessoas – nível de desenvolvimento potencial. O que, em princípio, é somente uma potencialidade, gerada pela inter-relação com outras pessoas, passa posteriormente a fazer parte do nível de desenvolvimento atual, mediante um processo de interiorização. (VYGOSTKY apud COLL; PALACIOS; MARCHESI, 1996, p.312-313).

Coll (2004) afirma que as relações entre os alunos incidem de forma decisiva sobre

aspectos que envolvem o processo de socialização em geral, aquisição de aptidões e

habilidades, controle da agressividade, adaptação às normas estabelecidas, superação do

egocentrismo, relativização progressiva do ponto de vistas próprio e o desempenho nas

atividades acadêmicas. Todos estes aspectos confirmam a validade da realização de trabalhos

de grupo.

A modalidade de EaD e a aplicação de AVAs apoiam o desenvolvimento de atividades

educativas envolvendo as perspectivas construtivistas e socioconstrucionistas:

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[...] um dos princípios básicos da teoria educacional moderna: os seres humanos progridem em ritmos próprios e muitas vezes bastante diferentes uns dos outros, no aprendizado e na educação. São inúmeros os caminhos que se abrem na educação a partir do desenvolvimento dessa modalidade de estudos a distância, principalmente no sentido de democratizar e simplificar o acesso ao conhecimento, funcionando como um mecanismo de justiça social. (MATTAR NETO, 2005, p.123).

A utilização de AVAs possibilita que o conhecimento seja compartilhado, lembrando

sempre que o conhecimento surge da ação.

Aprender em um processo colaborativo é planejar; desenvolver ações; receber; selecionar e enviar informações; estabelecer conexões; refletir sobre o processo em desenvolvimento em conjunto com pares; desenvolver a interaprendizagem, a competência de desenvolver problemas em grupo e a autonomia em relação à busca e ao fazer por si mesmo. (ALMEIDA, 2000, p.2).

No caso da utilização de um AVA por adultos, a contextualização das atividades deve

ser considerada, já que é muito mais interessante para o aprendiz saber onde o conhecimento

adquirido poderá ser usado. Assim, estimulam-se os aprendizes a deixar um foco dualista na

direção de um foco relativista, no qual o que é aprendido faz sentido e deve ser trabalhado,

avaliando e modificando em função das necessidades cotidianas de crescimento.

Segundo Deaquino (2007, p.10), “as pessoas, com o aumento de sua maturidade e

consequente acúmulo de experiências e desenvolvimento de uma postura crítica, têm

necessidade de participar de modo mais ativo do processo de aprendizagem”. Ainda segundo

o autor, com relação a uma metodologia de aprendizagem que seja adequada à educação de

adultos – que normalmente são possuidores de uma postura mais crítica e têm a necessidade

de um aprendizado mais contextualizado - é fundamental que o professor entenda quem são

os alunos que estão do outro lado recebendo os conhecimentos para desenvolver as

habilidades, pois cada indivíduo, tem uma forma também singular de aprender.

2.4.2.1 Usuários e Principais Ferramentas do Moodle

Todos os usuários do Moodle devem possuir um nome de usuário e uma senha. Para

isso, deve ser feito um cadastro, que pode ser editado posteriormente. Cada usuário é

identificado como “participante”, e pode ser classificado como (MOODLE, 2012):

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- Administrador: tem acesso total a todas as configurações do servidor, em todas

as áreas, de todos os cursos. Normalmente a Instituição de Ensino possui um Núcleo de EaD

que possui funcionários que desempenham a função de administradores;

- Criador: tem autoridade e acesso a todas as suas funcionalidades. Em alguns

casos, o criador do curso também pode ser o professor ou fazê-lo junto com o Núcleo de EaD;

- Professor: a ele compete ministrar o curso, inserir materiais, assessorar em

dúvidas, desenvolver as atividades e avaliar o desempenho dos estudantes;

- Tutor: em alguns casos, além do professor, existe o tutor e, compete a ele

acompanhar os processos de ensino e de aprendizagem e avaliar os alunos. O professor

também poderá ser classificado como “tutor”, porém sua atuação é mais restrita, não podendo

alterar atividades;

- Aluno: interage com o professor e com os colegas, tem acesso ao conteúdo,

mas não pode alterar as informações e atividades do curso;

Os recursos disponíveis no Moodle estão relacionados à inserçãode conteúdo dentro

do próprio ambiente. Eles são identificados por um Nome (Título) e por um sumário, que é

uma curta descrição do recurso a ser utilizado. Além dos recursos, o professor também pode

inserir uma série de atividades como tarefas e participações em fóruns, que podem ser

utilizadas para a avaliação do rendimento acadêmico dos alunos.

Quase todas as informações do Moodle são obtidas mediante navegação por

hiperlinks4, o que faz a operação ser bastante simplificada.

Uma das ferramentas mais importantes do ambiente Moodle, como em todo AVA, é o

Fórum, pois permite a discussão e a troca de informações entre os usuários, possibilitando que

o conhecimento seja criado em conjunto pelo grupo. No Moodle podem ser criados diferentes

tipos de fóruns (MOODLE, 2012):

- Fórum geral: aberto, onde todos os participantes podem iniciar um novo tópico 4Hiperlinks são ligações dinâmicas entre diferentes páginas ou informações em páginas Internet. Ao serem ativadas, essas ligações levam o usuário a outras páginas , acessando novas informações que estão inter-relacionadas.

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de discussão;

- Discussão simples: quando há um único tópico em uma página. Normalmente é

usado para organizar discussões breves em um tema específico;

- Fórum perguntas e respostas;

- Fórum em que cada aluno deve apresentar um tópico.

Além do fórum existem outras ferramentas que auxiliam os estudantes na realização

das tarefas, tais como:

- Chat: atividade síncrona onde os alunos conversam em tempo real;

- E-mail: que já é utilizado atualmente para correspondência entre o professor e os

alunos;

- Portfólio: instrumento que traz a trajetória do que foi construído, possibilitando aos

alunos e professores a compreensão do que foi ensinado.

2.5 DESIGN INSTRUCIONAL

O design instrucional pode ser definido como um plano de curso, incluindo sequência

e organização de unidades curriculares, os principais métodos a serem utilizados em aula, a

forma como se estrutura, o controle do tutor em relação as atividades propostas e avaliação do

sistema.

O planejamento inicial de um curso a distância define-se como a fase de concepção do

sistema de ensino-aprendizagem e de todos seus aspectos operacionais. Projeto de materiais

instrucionais a serem adquiridos ou elaborados, seleção de métodos e meios instrucionais e

avaliações (ROMISZOWSKI, A.; ROMISZOWSKI, H., 1998).

Este planejamento é dividido em estágios que estruturam os modelos convencionais

de design instrucional e o planejamento das atividades relacionadas aos processos de ensino e

aprendizagem (FILATRO, 2004):

- Design e desenvolvimento: Planejar as atividades para os estudantes bem como

a elaboração dos materiais instrucionais de acordo com as necessidades específicas da

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disciplina;

- Implementação: capacitar e ambientar os docentes e alunos à proposta

de design instrucional e a realização das atividades relacionadas aos processos de ensino e

aprendizagem;

- Avaliação: envolve o acompanhamento, a revisão e a manutenção da proposta.

Para Smith e Ragan (1999 apud TRACTENBERG, L.; TRACTENBERG, R., 2009,

p.9), “Design instrucional (DI) pode ser definido como o processo reflexivo e sistêmico, ele

traduz princípios de cognição e aprendizagem para o planejamento de materiais didáticos,

atividade, fontes de informação e processos de avaliação”. É uma metodologia que apoia o

planejamento, desenvolvimento, implementação e avaliação de projetos que busquem

alcançar de maneira eficiente, eficaz e agradável objetivos de aprendizagem que atendam as

necessidades em contextos específicos. Segundo Filatro(2004), cada fase

do design instrucional contextualizado, cada recurso tecnológico disponibilizado, cada

situação didática relatada comporta numerosos desafios a serem desvendados e oportunidades

renovadas de articulação teoria-prática-teoria.

A proposta do design instrucional contextualizado prevê descrições e exemplos das

metas a serem cumpridas pelos estudantes, o conhecimento necessário a ser apresentado e os

resultados esperados. Inclui a prática reflexiva juntamente com o feedback informativo onde

serão apresentados conselhos aos aprendizes sobre seu desempenho, ajudando-os a

procederem de forma eficiente.

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3 ESTADO DA ARTE

Este capítulo apresenta como é desenvolvido atualmente um projeto de coleção nos

cursos superiores de modadesenvolvidos nas Instituições de Ensino Superior de Porto Alegre.

Denominado “Projeto de Coleção”, “Desenvolvimento de Coleção” ou “Projeto Experimental

II”, essas disciplinas costumam utilizar metodologia muito próxima onde autores como

Munari (1998), Treptow (2006), Sorger e Udale (2009) e Renfrew (2011) servem de base.

Existem cinco Instituições de Ensino em Porto Alegre que oferecem o curso de Design

de Moda, que são: IPA, UniRitter , Faculdade SENAC, UNISINOS e ESPM. A ordem

utilizada para citar as referidas instituições é cronológica, visto que, curso mais antigo é o do

IPA e o mais recente, da ESPM. Todas as disciplinas da graduação em Design de Moda são

presenciais, com o uso do AVA como apoio para o depósito de materiais, entrega de tarefas e

recados via e mail.

Abaixo apresentam-se as ementas das disciplinas projetuais do curso em Bacharelado

em Design de Moda do IPA e do Curso de Tecnologia em Design de Moda do Senac,

disponíveis no Projeto Pedagógico (PPC) do curso.

No IPA a disciplina é ofertada na modalidade presencial e dividida em dois momentos,

o primeiro chama-se Planejamento de Coleção e o segundo denomina-se Projeto Experimental

II, cada um com carga horária de 72h/a, totalizando 144h/a:

Planejamento de Coleção – 7º semestre

Ementa: A disciplina estuda o processo de criação em moda, buscando conciliar a

expressão individual com as necessidades do mercado, através das atividades técnicas,

teóricas e práticas para o desenvolvimento de coleção de roupa.

Projeto Experimental II – 8º semestre

Ementa: A disciplina propõe o desenvolvimento de coleção com acompanhamento

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técnico e mercadológico para a aplicação prática de coleção, conciliando a expressão

individual e as necessidades do mercado.

Segundo o contato realizado com as professoras da disciplina, a principal diferença de

ambas é, que na disciplina introdutória, intitulada Planejamento de Coleção de Moda, os

alunos assistem aulas expositivas acerca dos conteúdos necessários para o desenvolvimento

da coleção e, juntamente com as explicações ministradas pela professora, criam a coleção. No

final da disciplina é executado o protótipo de uma das peças da coleção e a avaliação final é

feita pelo professor da disciplina. Já na disciplina intitulada Projeto Experimental II, os alunos

já possuem o conhecimento necessário para a criação da coleção e, com mais autonomia

conduzem as atividades; nesse momento o papel do professor é de apoio na disciplina. Cabe

salientar que, ao contrário da disciplina anterior onde uma peça é confeccionada, nesse

momento cada aluno apresenta fisicamente três looks completos. No final da disciplina de

Projeto Experimental II os alunos são submetidos a uma banca avaliadora, composta por dois

membros (outros professores do curso) para a avaliação do portfólio e das peças

confeccionadas. A nota final é composta de 70% das atividades do aluno em aula, portfólio e

peças, atribuída pelo professor e 30% pelos avaliadores externos, cada um com peso de 1,5,

onde é feita a soma posteriormente.

Já no PPC do Curso de Tecnologia em Design de Moda do Senac, a palavra ementa é

substituída por: Caracterização da Unidade Curricular, dividindo a disciplina em Competência

Essencial, Competências Relacionadas e Bases Tecnológicas. Totaliza a carga horária de 144

horas e está alocada no 4º semestre. A organização da disciplina pode ser visualizada no

quadro 1:

Quadro 1 – Plano de Ensino

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CURRICULAR

Oportuniza o planejamento de uma coleção de artigos do vestuário por meio de croquis e de fichas técnicas para confecção.

COMPETÊNCIA ESSENCIAL

Desenvolver uma coleção de moda com detalhamento para confecção.

COMPETÊNCIAS RELACIONADAS

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Relacionar as informaçõesnecessárias para o planejamento de uma coleção.

Justificar as escolhas feitas no desenvolvimento da coleção conforme o perfil do consumidor final e do tema.

Desenhar as peças com detalhamento e ficha técnica para a confecção.

BASES TECNOLÓGICAS

Comportamento do consumidor.

Expressões do contemporâneo em diferentes áreas: publicidade, artes e arquitetura.

Planejamento de coleção.

Ficha técnica de produção: detalhes e especificações comerciais para produtos.

Produto: desenvolvimento, interpretação, processos produtivos industriais.

Fonte: PPC do curso, 2012

Os cursos superiores em Design de Moda da Unisinos e da ESPM são recentes e nunca

ofertaram a disciplina.

Com base nos estudos realizados, bem com na experiência docente nesta área,

verifica-se que, primeiramente, os alunos escolhem o tema que irão trabalhar. Posteriormente

elegem ou criam marcas para as quais criarão a coleção e pesquisam o público. Com esses

dados em mãos, partem para o processo criativo e busca de matéria-prima disponível para a

execução das peças a serem confeccionadas.

A ementa da disciplina de desenvolvimento de coleção do UniRitter será apresentada

na seção 3.2, já que é o foco do estudo de caso proposto nesta dissertação.

3.1 PROJETO DE COLEÇÃO DE MODA

Os produtos de vestuário geralmente são criados como coleções. Segundo Fiorini

(apud PIRES, 2008, p.108) “a coleção é um sistema particular (diferente dos de outros

campos), tanto pela lógica da montagem, que apresenta princípios de complementariedade

entre diferentes produtos que serão utilizados sobre o corpo, quanto por sua projeção temporal

e seu caráter efêmero”. Sobre o seu desenvolvimento, complementa Treptow (2006, p.43)

“uma coleção deve ser coerente e deve contemplar os seguintes aspectos: perfil do

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consumidor, identidade ou imagem da marca, tema da coleção e proposta de materiais”. Esses

itens devem ser as principais diretrizes de um designer na hora da criação de uma coleção.

Esta seção apresenta a proposta de desenvolvimento de uma coleção guiada pela

metodologia de projeto de Munari. Inicialmente se define o problema: “O designer precisa,

primeiramente, definir o problema como um todo, para então, definir os limites para o

projetista trabalhar.” (MUNARI, 1998, p.32). Neste caso, o problema torna-se: desenvolver

uma coleção para uma estação pré-definida. Segundo Pompas (1994) o termo coleção deriva

do latim colligere, palavra que tem dois significados: agrupamento de objetos de uma mesma

espécie ou agrupamento de obras diversas organizadas segundo um mesmo olhar. “Esta dupla

definição permite evidenciar imediatamente o componente que transforma uma simples soma

de elementos em uma coleção: a coerência formal.” (POMPAS, 1994, p.145).

Para Munari (1998) é importante dividir o problema em componentes. Essa operação

facilita o projeto, pois tende a pôr em evidência pequenos problemas isolados. No

desenvolvimento de uma coleção, os componentes do problema são: público-alvo, tema,

tendências e materiais. Porém cada trabalho poderá ter componentes específicos. Conforme o

andamento do trabalho, verifica-se a necessidade de agregar novos itens.

Na montagem da primeira etapa, o aluno identifica a estação a ser trabalhada e busca

informações em books de tendência. O termo tendência é inerente à sociedade

contemporânea. Etimologicamente, o termo vem da palavra latina tendentia, cujos

significados são “tender para”, “inclinar-se para” ou ser “atraído por”. (CALDAS, 2004). Ao

longo da história, essa concepção passou por transformações assumindo inúmeros padrões:

O fenômeno define-se sempre em função de um objetivo ou de uma finalidade, que exerce força de atração sobre aquele que sofre a tendência; ela expressa movimento e abrangência; é algo finito (no sentido de que se dirige para um fim) e, ao mesmo tempo, não é 100% certo que atinja o seu objetivo; é uma pulsão que procura satisfazer necessidades (originadas por desejos) e, finalmente, trata-se de algo que pode assumir ares parciais e pejorativos. (CALDAS, 2004, p.26).

Atualmente, os modelos e ciclos de valores, tanto da moda como da sociedade,

alternam-se e modificam-se de forma cada vez mais rápida. Segundo Picoli (2011, p.10) “O

que alimenta a moda é o aparecimento incessante de novas tendências - atração, inclinação,

direção, intenção – seja qual for o ângulo que se observe, ou o contexto que se considere –

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toda tendência se refere a um movimento em direção a um objeto-valor”.Justamente para se

adequar a esse movimento rápido e incessante da moda que, no início do trabalho, os alunos

já devem pesquisar tendências.

O designer de moda não deve encarar a pesquisa como um processo temporário. O acompanhamento do comportamento do mercado, das novas tecnologias e das tendências de moda deve ser constante. Apenas a pesquisa de tema de coleção pode ser considerada temporária, pois se limita à inspiração usada para uma estação. (TREPTOW, 2006, p.78).

Esse material os acompanhará durante todo o período. Por ser algo cíclico, rápido e

mutável, podem ser agregados novos itens durante o andamento do trabalho. Muitas vezes a

pesquisa de tendências é realizada de acordo com o público alvo a ser atingido.

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3.1.1 Público-Alvo

A escolha do público-alvo se dá através de pesquisa de marca atuante no mercado de

moda. Os alunos escolherão uma marca já existente, pesquisarão o perfil da marca, o público

que se destina os produtos e criam a coleção para a marca. Segundo Kotler (1998, p.161): “A

área de comportamento do consumidor estuda como indivíduos, grupos e organizações

selecionam, compram, usam e dispõem de bens, serviços, ideias ou experiências para

satisfazer as suas necessidades e desejos”. Portanto, os alunos pesquisarão a marca,

observando atentamente o comportamento do consumidor da mesma.

3.1.2 Pesquisa do Tema

A definição do tema a ser trabalhado é uma etapa muito importante para a criação de

uma coleção. “A moda expressa o espírito do tempo” (JONES, 2005, p.170). É nesse

momento que os alunos normalmente têm mais dificuldade, visto a amplitude de referências

interessantes. Sugere-se que pesquisem, leiam e deixem as ideias “aflorarem”. A busca se dá

por meio de textos e imagens coletadas. A pesquisa de tema é muito importante, pois é ele que

servirá de guia para o designer desenvolver uma coleção e assim ter um diferencial da

concorrência. A partir da inspiração escolhida, reúnem-se informações que possam ser usadas

criativamente no desenvolvimento de coleção (TREPTOW, 2006). O aluno deverá pesquisar

em diversas fontes e ter o máximo de material possível. Ainda nesta etapa o aluno pesquisa

sobre os princípios do design e monta um “banco de dados” com imagens desses princípios.

Após a coleta de dados, é solicitada a montagem do conceito do tema, isto é, depois de

pesquisar e escolher um tema o aluno deverá montar um ou mais painéis, com imagens,

objetivando criar um conceito. Esta parte é muito importante, pois todo o projeto será baseado

neste conceito.

Após a realização dos painéis, selecionam alguns elementos deste tema a serem

utilizados em suas criações e escolhem alguns princípios do design. Jones (2005, p.108-109)

cita nove princípios de design: repetição, ritmo, gradação, radiação, contraste, harmonia,

equilíbrio, proporção e sensação corporal. Alguns desses princípios merecem ser aqui

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destacados. A repetição, refere-se ao uso de elementos de estilo, detalhes ou acabamentos, na

mesma roupa, repetidos de modo regular ou irregular. “A repetição pode ser parte da estrutura

da roupa, como as pregas... de uma saia... Quebrar o padrão tem o efeito de chocar e atrair

olhares” (JONES, 2005, p.108-109). O ritmo, tal como a música, pode criar efeitos marcantes

por repetição regular de características da roupa ou desenhos das estampas. A radiação

compreende o uso de linhas que se abrem em forma de leque a partir de um eixo central.

“Uma saia plissada rodada é um bom exemplo.” (JONES, 2005, p.108-109). O contraste

constitui um dos mais úteis princípios de criação; faz com que o olhar reavalie a importância

de uma área focal em relação à outra. O efeito contrastante pode ser dado pelo tipo de

superfície – fosca, brilhante, rústica e outras - ou pelas cores e ainda, os “contrastes de

texturas aumentam o efeito de cada tecido.” (JONES, 2005, p.108-109). A sensação corporal

proporciona a experiência tátil. “Contrastes de texturas enfatizam as diferenças entre roupa e

as formas corporais e a própria pele, e acrescentam estilo, clima e charme à roupa.”

(JONES,2005, p.108-109).

Sugere-se que nesse momento, o estudante esteja fazendo uso do sketchbook5 para

reunir e organizar as informações. A utilização do mesmo é muito importante, pois o

acompanhará em todas as etapas da criação da coleção.

3.1.3 Matéria-Prima

Após os estudos do público-alvo e do tema, o aluno deverá fazer a primeira busca de

matéria- prima. Os tecidos são a matéria-prima de moda.

É por meio dos tecidos que as ideias do designer são transformadas em produtos de vestuário. Christian Dior6 afirmou que ‘os tecidos não apenas expressam o sonho de um designer, mas também estimulam suas ideias. Eles podem ser uma fonte de inspiração. Muitos de meus vestidos nasceram a partir (da inspiração) do tecido’. Logo, é importante que o designer conheça suas características, suas classificações e suas propriedades de caimento e de adequação. (TREPTOW, 2006, p.115).

5 Caderno de esboços 6Estilista francês, criador do New Look em 1947, importante marco para a história da Moda

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Ainda segundo Treptow, a identificação de temas de inspiração, informações sobre

cores, tecidos, aviamentos, elementos de estilo, preferências atuais dos consumidores são as

principais pesquisas no começo de uma coleção (TREPTOW, 2006).

A atividade inclui uma saída de campo até os fornecedores, no caso dos alunos que

comprarão em pequena quantidade, as lojas de tecidos e aviamentos. Essa atividade pode ser

feita em grupo ou individualmente.

A busca por matéria-prima inclui: ida a lojas de tecidos, lojas de aviamentos, materiais

para bordados, tingimentos e outros beneficiamentos, caso necessário. Jones (2005, p.103)

afirma que “o tecido ou os materiais com que a roupa é feita podem fazer o sucesso ou o

fracasso de um estilo que parecia bom no papel”.

3.1.4 Cartela de Cores

Com essas fases prontas, o aluno deverá montar sua cartela de cores, retirando-as dos

painéis de inspiração e tendências. A cartela deve ter o número do Pantone Têxtil7 e pode vir

acompanhado de um nome fantasia para a cor. Esse termo, sugerido pelo aluno, pode ter

ligação direta com o tema escolhido. A seleção de cores é responsável por grande parte da

expressividade da coleção, no sentido de significação das relações entre elas pelo receptor.

Pode-se afirmar que a seleção cromática pode contribuir decisivamente para o fechamento da

ideia e da construção de sentido.

Em alguns casos, também é necessário montar uma cartela de bordados e estampas,

entre outros. Tanto na cartela de bordados, quanto de estampas, cada item deverá ter uma

referência para posterior especificação técnica.

Quanto mais material os alunos agregam ao seu trabalho, mais elementos eles terão

para criação da sua coleção e, portanto, seu trabalho torna-se mais autoral.

7PANTONE® é o padrão mundial de comunicação exata de cores.

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3.1.5 Processo criativo

É nesta etapa que o aluno tem como suporte todo o material coletado anteriormente.

Isso inclui a pesquisa de tendências, do tema, cartela de materiais, aviamentos e cores, para

então iniciar a criação, ou seja, possui todas as etapas anteriores para se guiar. Criar para

Gomes (2001, p.47) “é resultado de dois fatores bem distintos nos seres humanos: os sentidos

perceptivos, e a qualidade de conexões que o cérebro produz”. Sendo assim, com a utilização

do mapa mental, o aluno terá subsídios para iniciar a criação, pois poderá fazer um link entre

todos os elementos tendo mais subsídios para criar. O produto transporta expressões das

instâncias de elaboração e de produção, cultura e tecnologia. Quando entra em circulação,

também passa a ser elemento de comunicação, caracterizando-se como suporte de mensagens

dos usuários para si próprio e para os outros. A partir desse sentido, o produto do design é

tratado como portador de representações e significados de um processo de comunicação

(NIEMEYER, 2003).

Para esta etapa o aluno faz alguns estudos de corpo, forma, função e modelagem do

vestuário, e registra tudo. A referida etapa é muito importante, pois aqui a coleção vai

ganhando forma e é quando se estudam as melhores soluções em termos de modelagem, uso

de matéria-prima entre outros. Na fase da criação são realizados muitos esboços8 e então feito

um estudo para a seleção dos vinte melhores looks que vão compor a coleção. É nesse

momento, após a organização dos esboços, que os croquis serão feitos.

Os croquis podem ser feitos a mão, digitalizados e tratados, bem como traçados no

Corel Draw e renderizados9 no Photoshop.

8Do Grego Antigo: schedios que significa temporário. É um rascunho do que será realizado. 9 # Acabamento, com aplicação de texturas e sombreamento. Deixa o desenho mais próximo da imagem real.

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3.1.6 Materiais e Tecnologias

Com a coleção pronta, deverá ser feito outro painel, agora apenas com os materiais

que foram utilizados, sempre com as identificações de nome e composição e também

especificados estampas, lavagens, bordados, intervenções que a coleção terá. Pode-se inserir

ao lado de cada croqui uma imagem da amostra dos tecidos utilizados em cada peça.

A coleção, dentro dos requisitos da disciplina, é composta de vintelooks e os alunos

confeccionam dois looks completos.

3.2 A DISCIPLINA DE PROJETO DE MODA II NO UNIRITTER

A disciplina de Projeto de Moda II, do Curso de Bacharelado em Design de Moda do

UniRitter, estuda o Planejamento de Produto Industrial relacionado à moda em todas as suas

etapas, aplicando metodologias específicas em Desenho Industrial/Design que ofereçam

reforço à avaliação e seleção de alternativas, enfatizando a expressão gráfica baseada em

desenhos de convenção para modelação ou produção.

O curso de Design de Moda possui quatro disciplinas denominadas “Projeto de

Moda”, além da disciplina inicial de Introdução ao Projeto de Moda. Com carga horária

ampla, 114 horas por semestre, cada disciplina de projeto traz a concepção e criação de uma

Coleção de Moda. Pelo fato de aliar diversos conhecimentos adquiridos durante o curso para a

criação da Coleção de Moda e trazer ênfases que se completam (entre si), os alunos utilizam a

teoria de sala de aula com as práticas de laboratório na hora de projetar os produtos.

As etapas de desenvolvimento do projeto utilizadas na disciplina são:

- Escolha da estaçãoe do ano a ser trabalhada;

- Definição da marca a ser estudada e trabalhada;

- Estudo das tendências;

- Escolha de um tema de inspiração;

- Montagem do cronograma;

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- Mix de produto da coleção;

- Busca de tecidos e aviamentos;

- Criação;

- Aprovação dos modelos;

- Modelagem;

- Ficha técnica de pilotagem (esboço);

- Pilotagem/teste;

- Aprovação da peça piloto;

- Fichas técnicas finais;

- Produção das peças.

“O objetivo do projeto é desenvolver sua criatividade para responder a determinadas

exigências. Quase sempre é uma simulação do que diferentes setores do mercado exigem do

criador de moda.” (JONES, 2005 p.166).

O Quadro 2 apresenta o plano de ensino da disciplina de Projeto de Moda II do Curso

de Design de Moda do UniRitter.

Quadro 2 - Plano de Ensino da Disciplina de Projeto de Moda II

CURSO DE DESIGN CRÉDITOS: 6

ÁREA DE ESTUDO, EIXO TEMÁTICO OU CICLO: 3º CICLO

CÓDIGO: DES0254

DISCIPLINA: PROJETO DE MODA II H/AULA: 114

PROFESSOR(ES): ANO/SEM: 2012

PLANO DE ENSINO

EMENTA:

Estuda o Planejamento de Produto Industrial relacionado à moda em todas as suas etapas, aplicando metodologias específicas em Desenho Industrial/Design que ofereçam reforço à avaliação e seleção de alternativas. Ênfase é dada à expressão gráfica baseada em desenhos de convenção para modelação ou produção.

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OBJETIVOS:

Oferecer situações em que os estudantes articulem e sintetizem os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos até o momento no curso de graduação e integrem os novos, para o pleno desempenho em atividades de desenho industrial, com ênfase na Moda. Fundamentar aresponsabilidade projetual. Exercitar tanto o trabalho em equipe quanto o trabalho individual.

PROGRAMA:

Metodologias projetuais gerais, e específicas da Moda.

Funções práticas, estéticas e simbólicas do produto de moda.

Fatores antropológicos (comportamento e ideias do público-alvo).

Parâmetros técnicos, ergonômicos e estéticos do produto.

Técnicas de análise e síntese projetual.

Desenvolvimento de coleção e confecção de modelos.

CRONOGRAMA:

SEMANA 1

Apresentação da disciplina.

Pesquisa das empresas gaúchas.

SEMANA 2

Pesquisa das empresas gaúchas. Segmentação de mercado e público-alvo.

Segmentação de mercado e público-alvo.

SEMANA 3

Apresentação do público-alvo e perfil da marca.

SEMANA 4

Pesquisa de tema

SEMANA 5

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Pesquisa de temae fonte de inspiração

SEMANA 6

Data limite para término da pesquisa sobre a empresa e definição da fonte de inspiração.

SEMANA 7

Apresentação da fonte de inspiração e cartela de cores.

Definição do mix de produtos e primeiros esboços.

SEMANA 8

Esboços.

SEMANA 9

Definição da coleção (mínimo 7 looks).

Definição da coleção completa (croquis). (Avaliação do que já foi realizado até esta data:Grau A)

SEMANA 10

Elaboração de moldes e fichas técnicas

SEMANA 11

Elaboração de moldes e fichas técnicas

SEMANA 12

Risco e corte de tecido para teste de modelagem;

SEMANA 13

Confecção de modelos e adequação das fichas técnicas;

SEMANA 14

Confecção de modelos e adequação das fichas técnicas;

SEMANA 15

Confecção de modelos;

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SEMANA 16

Fichas técnicas, desenhos técnicos, correções de modelagem e acabamentos;

Data provável para o desfile;

SEMANA 17

Fichas técnicas, desenhos técnicos, correções de modelagem e acabamentos. Fichas técnicas, desenhos técnicos, correções de modelagem e acabamentos;

SEMANA 18

Fichas técnicas, desenhos técnicos, correções de modelagem e acabamentos;

Execução das fotos do portfólio: editorial;

SEMANA 19

Montagem do portfólio;

SEMANA 20

Avaliação;

Retorno das notas.

METODOLOGIA:

Aulas expositivas; atividades em sala-de-aula; trabalhos curtos - individuais e em grupo - concomitantes com um projeto individual maior que deverá transcorrer ao longo do semestre. O desenvolvimento das aulas seguirá: Apresentação de conceitos: exposição oral; Análise de exemplos: discussão em aula; Identificação de tema de estudo; Desenvolvimento conceitual do projeto em aula, com apresentação periódica para a turma dos resultados parciais; Desenvolvimento prático do projeto com apresentação para a turma dos resultados finais. O acompanhamento do professor aos estudantes se dará pelo Método Tutorial

ATIVIDADES DISCENTES:

Estuda o Planejamento de Produto Industrial relacionado à moda em todas as suas etapas, aplicando metodologias específicas em Desenho Industrial/Design que ofereçam reforço à avaliação e seleção de alternativas. Ênfase é dada à expressão gráfica baseada em desenhos de convenção para modelação ou produção.

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AVALIAÇÃO:

O trabalho em projeto de desenho industrial vale pela quantidade de esforço aplicada e pela qualidade da tarefa realizada. Os estudantes serão avaliados segundo sua participação e assiduidade, cumprimento de compromissos e prazos, além da qualidade das tarefas realizadas. A avaliação será feita a partir de documentação – esboços, modelos e leiautes – sobre o encaminhamento do projeto, e apresentação oral conclusiva.

Fonte: PPC do curso, 2012

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4 METODOLOGIA DE PESQUISA

O método de pesquisa utilizado nesta dissertação envolveu duas etapas principais. A

primeira etapa correspondeu ao estudo, definição e implementação dos materiais didáticos

que foram empregados para a realização de atividades a distância na disciplina de Projeto de

Moda II.

Inicialmente realizou-se uma análise, visando identificar as necessidades de

aprendizagem, definição dos objetivos e levantamento das restrições envolvidas. No caso da

disciplina de Projeto de Moda II, foram seguidas as informações que constam no Projeto

Pedagógico de Curso (PPC) do curso de Design de Moda. Foi realizado, também, um

levantamento bibliográfico acerca dos conteúdos a serem desenvolvidos na disciplina e a sua

implementação através do AVA Moodle bem como foi realizado o acompanhamento das

atividades realizadas pelos alunos por meio do AVA.

A segunda etapa envolveu a realização de um Estudo de Caso. A decisão de utilizar o

método de estudo de caso na dissertação de mestrado se deve a dois pontos fundamentais para

a execução do trabalho. Segundo Yin (2010, p.39), “o Estudo de Caso é uma investigação

empírica que: investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de

vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente

evidentes”. O enfoque de eventos contemporâneos envolve a oferta da disciplina na

modalidade semipresencial, utilizando em torno de 40% por cento da carga horária da mesma

para a realização de atividades. A não exigência de controle dos eventos comportamentais se

configura, visto que a aplicação da proposta se deu em uma turma onde a pesquisadora não

atua como docente. As atividades foram disponibilizadas no AVA, sendo acompanhadas

pelo(a) professor(a) da disciplina e o ambiente se manteve aberto para a observação da

mestranda como tutora. A coleta de evidências, nesse caso, se deu sob a forma de observação

participante, visto que, além da inserção de conteúdos via Moodle, a observadora participou

de diversos encontros presenciais com a turma, bem como atividades desenvolvidas dentro do

atelier.

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Segundo Yin,

[...] a observação participante é uma modalidade especial de observação na qual você não é apenas um observador passivo. Em vez disso, você pode assumir uma variedade de funções dentro de um estudo de caso e pode, de fato, participar dos eventos que estão sendo estudados. (YIN, 2001 p.116).

A Figura 1 apresenta o diagrama da organização das atividades propostas no estudo de

caso.

Figura 1 - Diagrama da organização das atividades

Fonte: YIN, 2010, p.46

Projetou-se uma disciplina na modalidade semipresencial, voltada ao Curso de

Bacharelado em Design de Moda. A proposta das atividades a distância, na modalidade

semipresencial, vem agregar novas formas de desenvolver as competências ao longo da

disciplina de Projeto de Moda II do curso de Design de Moda do Centro Universitário

UniRitter.

A escolha da referida disciplina para aplicação da metodologia semipresencial

proposta neste trabalho, situada no 5º semestre, deu-se a partir da constatação de que os

alunos, neste semestre, já cursaram as disciplinas de Introdução ao Projeto de Moda e Projeto

de Moda I, estando assim habituados a desenvolver o projeto e contemplar os requisitos da

disciplina. A operação produtiva para o desenvolvimento da coleção implica em agrupar

informações de diferentes especialidades: técnicas, estatísticas, estilísticas, mercadológicas e

operativas. A proposta de introduzir a modalidade semipresencial se dá no momento em que

os alunos já conhecem o andamento das disciplinas de projeto e têm a possibilidade de ir

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além, visto que muitos, ainda nas disciplinas anteriores, sugerem o uso de ferramentas on line

para otimizar os processos de ensino e de aprendizagem.

O Quadro 3 apresenta o plano de Curso da disciplina com as atividades

semipresenciais propostas e a forma de avaliação das mesmas.

Quadro 3 – Plano de ensino semipresencial

CURSO: CURSO DE DESIGN

DISCIPLINA: PROJETO DE MODA II

PROFESSOR (ES):

CRÉDITOS: 06

H/AULA: 114

ANO/SEM: 2012/2

PLANO DE ENSINO SEMIPRESENCIAL

EMENTA: Estuda o Planejamento de Produto Industrial relacionado à moda em todas as suas etapas, aplicando metodologias específicas em Desenho Industrial/Design que ofereçam reforço à avaliação e seleção de alternativas. Ênfase é dada à expressão gráfica baseada em desenhos de convenção para modelação ou produção.

OBJETIVOS:

Oferecer situações em que os estudantes articulem e sintetizem os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos até o momento no curso de graduação e integrem os novos, para o pleno desempenho em atividades de desenho industrial, com ênfase na Moda;

Fundamentar a responsabilidade projetual;

Exercitar tanto o trabalho em equipe quanto o trabalho individual.

PROGRAMA:

Metodologias projetuais gerais, e específicas da Moda.

Funções práticas, estéticas e simbólicas do produto de moda.

Fatores antropológicos (comportamento e ideias do público-alvo).

Parâmetros técnicos, ergonômicos e estéticos do produto.

Técnicas de análise e síntese projetual.

Desenvolvimento de coleção e confecção de modelos.

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METODOLOGIA:

Aulas presenciais;

Atividades em sala-de-aula; trabalhos curtos, concomitantes com o projeto individual maior que deverá transcorrer ao longo do semestre.

O desenvolvimento das aulas seguirá: Apresentação de conceitos: exposição oral; Análise de exemplos: discussão em aula; Identificação de tema de estudo; Desenvolvimento prático do projeto com apresentação para a turma dos resultados finais.

Atividades a distância:

As atividades não-presenciais (EaD) serão realizadas através do sistema de EaD do UniRitter, envolvendo materiais disponibilizados pelo professor no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle. O estímulo à interação dos alunos se dará através da criação de fóruns e envio de mensagens por correio eletrônico pelo tutor. Estas atividades englobam parte do desenvolvimento conceitual do projeto, com envio de atividades pré-estabelecidas pelo tutor.

Ao final da disciplina, os alunos terão construído seu portfólio on line contendo todas as etapas, desde a pesquisa do tema, processo criativo, inserção de imagens da matéria-prima (tecidos, aviamentos e acessórios), croquis, desenhos técnicos e fichas técnicas.

Estratégias de Aprendizagem Estratégias de Avaliação e Data de Entrega

Aula 1 (Presencial) 02/08

Apresentação da disciplina, cronograma, critérios de avaliação.

Bibliografia Indicada: BAXTER, Mike. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. 2. ed. São Paulo: E. Blucher, 1998-2000.

Aula 2 (EaD) 07/08

Pesquisa das empresas gaúchas.

Identificar algumas empresas gaúchas que trabalham com produtos do vestuário. Definir a empresa a ser trabalhada. Pesquisar mix de produto, analisar as 3 últimas coleções, identificar o perfil da marca e o público-alvo.

Aula 3 (EaD) 09/08

Construir questionário com pontos importantes sobre a

Montar questionário utilizando o fórum, os alunos deverão apresentar questões e a turma, juntamente com o

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empresa.

Enviar questionário para a empresa pesquisada

Compilar dados relevantes do questionário

professor vão definir quais serão utilizadas,

Envio da proposta de pesquisa via Moodle. Contempla: Nome da empresa, breve explicação sobre a mesma, bem como a análise das quatro últimas coleções utilizando os princípios do design.

Até uma semana após a proposta da atividade

Aula 4 (EaD)14/08

Pesquisar mix de produto da empresa escolhida.

Analisar as 3 últimas coleções, identificar o perfil da marca e o público-alvo. Visitar pontos de venda.

Montar uma apresentação em Power Point sobre a empresa escolhida, contemplando os itens pesquisados anteriormente e postar no portfólio;

Até uma semana após a proposta da atividade

Aula 5 (Presencial)16/08

Apresentação individual para a turma do público-alvo e perfil da marca.

Aula 6 (EaD e atividade externa) 21/08

Pesquisa sobre artistas gaúchos contemporâneos.

Visita ao Margs e Santander.

Aula 7 (EaD) 23/08

Pesquisa do tema de inspiração

Envio do texto da inspiração via Moodle para o professor.

Aula 8 (EaD) 28/08

Trabalho com o tema de inspiração escolhido

Os resultados parciais devem ser colocados no portfólio do Moodle.

Aula 9 (EaD) 30/08

Fórum de discussão sobre os temas escolhidos individualmente. Troca de informações entre a turma sobre itens pesquisados.

Busca de imagens para montagem do sketchbook.

Montar uma apresentação em Power Point, pdf. ou prezzi sobre o tema de inspiração contemplando os itens pesquisados anteriormente e postar no Moodle.

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Aula 10 (Presencial) 04/09

Definição do mix de produtos e primeiros esboços.

Aula 11 (Presencial) 06/09

Esboços da coleção

Bibliografia Indicada: CHATAIGNIER, Gilda. Todos os caminhos da moda: guia prático de estilismo e tecnologia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996

Organização das atividades em forma de portfólio no AVA.

Aula 12 (Presencial) 11/09

Esboços da coleção

Aula 13 (Presencial) 13/09

Esboços da coleção

Aula 14 (Presencial) 18/09

Atividade de Campo:

Definição das peças que irão compor a coleção

Aula 15 (Presencial) 25/09

Definição das peças que irão compor a coleção

Aula 16 (Presencial) 27/09

Definição da coleção completa

Aula 17 (EaD)02/10

Elaboração de moldes.

Bibliografia Indicada: DUARTE, Sonia; SAGGESE, Sylvia. Modelagem industrial brasileira. 5. ed. Rio de Janeiro: Guarda-Roupa, 2010.

Aula 18 (EaD) 04/10

Elaboração de moldes, desenhos técnicos e fichas técnicas

Aula 19 (Ead) 09/10

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Elaboração de moldes, desenhos técnicos e fichas técnicas

Aula 20 (Ead) 11/10

Elaboração de moldes, desenhos técnicos e fichas técnicas

Aula 21 (Presencial) 16/10

Confecção dos modelos.

Aula 22 (Presencial) 18/10

Confecção dos modelos.

Aula 23 (Presencial) 23/10

Confecção dos modelos.

Envio das fichas preenchidas para o Moodle em arquivo de Corel Draw para ser corrigido pelo professor. Conferência parcial – podem ser ajustadas conforme necessidade durante a modelagem e pilotagem das peças.

Aula 24 (Presencial) 25/10

Confecção dos modelos.

Aula 25 (Presencial) 30/10

Confecção dos modelos.

Envio final das fichas técnicas preenchidas.

Aula 26 (Presencial) 01/11

Confecção dos modelos.

Aula 27 (Presencial) 06/11

Organização do desfile.

Aula 28 (EaD) 08/11

Montagem do Portfólio contemplando tópicos disponibilizados no ambiente virtual.

Aula 29 (EaD) 13/11

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54

Montagem do Portfólio

Aula 30 (EaD) 15/11

Montagem do Portfólio

Aula 31 ((EaD)) 20/11

Montagem do Portfólio

Aula 32 (EaD) 22/11

Montagem do Portfólio

Aula 33 (Presencial) 27/11

Fotografar editorial

Aula 34 (EaD) 29/11

Montagem do portfólio

Aula 35 (Presencial) 04/12

Montagem do portfólio.

Edição e alterações finais no Portfólio virtual.

O Portfólio deve ser postado no Moodle até um dia antes da apresentação final.

Aula 36 (Presencial) 06/12

Apresentação final

Aula 37 (Presencial) 11/12

Avaliação

Aula 38 (Presencial) 13/12

Divulgação dos resultados

AVALIAÇÃO

A avaliação de desempenho do aluno será contínua, considerando um processo gradativo e cumulativo de construção do conhecimento e será realizada através dos seguintes instrumentos:

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55

Participação e assiduidade, cumprimento de compromissos e prazos, além da qualidade das tarefas realizadas. A avaliação será feita a partir de documentação – esboços, modelos e leiautes – sobre o encaminhamento do projeto, e apresentação oral conclusiva, bem como na participação das atividades realizadas no ambiente de EaD.

BIBLIOGRAFIA: Bibliografia Básica CHATAIGNIER, Gilda. Todos os caminhos da moda: guia prático de estilismo e tecnologia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. FRINGS, Gini Stephens. Fashion: from concept to consumer. 9th. ed. Upper Saddle River: Pearson Prentice Hall, 2008. KIRKE, Betty. Madeleine Vionnet. San Francisco: Chronicle Books, 1998. Bibliografia Complementar BAXTER, Mike. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. 2. ed. São Paulo: E. Blucher, 1998-2000. DRUDI, Elisabetta. Wrap & drape fashion: history, design & drawing. Amsterdam: The Pepin Press, 2007. DUARTE, Sonia; SAGGESE, Sylvia. Modelagem industrial brasileira. 5. ed. Rio de Janeiro: Guarda-Roupa, 2010. JOHNSON-HILL, Ben. Fashion your future. South Croydon: Andress Printing, 1978. JONES, Terry; RUSHTON, Susie (Ed.). Moda actual. Köln: Taschen, ©2006.

1 Somente são aceitas obras a partir do ano de 2008 Fonte: Elaborado pela autora, 2012

Com o intuito de identificar aspectos referentes à utilização do Ambiente Virtual de

Aprendizagem durante a disciplina de Projeto de Moda II aplicou-se dois questionários aos

alunos da turma, um antes do estudo de caso e um ao final da disciplina. O método utilizado

para esta coleta dos dados utilizou como fonte as informações fornecidas por escrito, baseadas

na utilização de questionários com questões abertas e fechadas, aplicados aos alunos da

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disciplina de Projeto de Moda II do UniRitter. A aplicação foi presencial e acompanhada pela

tutora. A seguir, são apresentados os questionários. O primeiro foi aplicado na segunda

semana de aula e o segundo na última aula.

O primeiro questionário foi composto pelas seguintes perguntas:

1-Você já tinha realizado algum curso ou disciplina utilizando metodologia

semipresencial?

2- Você acredita que é possível aplicar ferramentas virtuais de aprendizagem em

disciplinas do curso de Design?

3- Você já tinha conhecimento sobre o Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle

antes de iniciar essa disciplina?

4- Na sua opinião, quais são as principais potencialidades da aplicação de atividades

semipresenciais (EaD) no curso de Design?

5- Na sua opinião, quais são as principais limitações da aplicação de atividades semi

presenciais (EaD) no curso de Design?

O segundo questionário foi composto por 4 questões, apresentadas a seguir:

1- Em uma escala de 1 a 5 (sendo 5 a melhor nota), de que forma você avalia a

aplicação de recursos EAD na disciplina de Projeto II.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA

2- Sugira alternativa de atividades e/ou ferramentas que possam ser aplicadas para

apoiar os processos de ensino e de aprendizagem de Design na modalidade semipresencial.

3- Na sua opinião, quais são as principais potencialidades de aplicação de atividades

semipresenciais (EaD) no curso de Design?

4- Na sua opinião, quais são as principais limitações da aplicação das atividades

semipresenciais (EaD) no curso de Design?

Os resultados dos questionários foram analisados de forma quantitativa e, também, por

meio da análise de conteúdo. Os estudos de caso, segundo Yin (2010, p. 33) “...podem incluir

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as, e mesmo ser limitados às, evidências quantitativas”. Nesta dissertação optou-se por um

método de análise misto, quali-quanti, aplicando a análise quantitativa e, também, a análise

qualitativa, por meio da análise de conteúdo.

A análise de conteúdo pode ser entendida, segundo Bardin como “um conjunto de

instrumentos metodológicos cada vez mais sutis em constante aperfeiçoamento, que se

aplicam a discursos extremamente diversificados” (BARDIN, 1977 p.9). Ainda, segundo a

autora, ela se divide em torno de três pólos cronológicos: 1) a pré análise; 2) a exploração do

material; 3) tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. (BARDIN, 1977).

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5 APLICAÇÃO DO ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo detalha a aplicação do estudo de caso proposto, bem como apresenta a

análise dos resultados, por meio da análise qualitativa e da análise de conteúdo.

5.1 APLICAÇÃO DA PROPOSTA

A disciplina semipresencial proposta foi implantada no segundo semestre de 2012. Na

primeira semana de aula, os alunos foram conduzidos ao laboratório de informática, onde uma

representante do NEAD (Núcleo de Educação a Distância) juntamente com tutora,

acompanhadas pelas professoras da disciplina, ministraram um treinamento para a utilização

do Ambiente Virtual de Aprendizagem, o Moodle.

Após a organização das atividades e sua inserção no AVA, os alunos tiveram acesso às

mesmas. O acompanhamento ocorreu semanalmente para a coleta dos dados. A análise dos

resultados se deu durante o desenvolvimento da disciplina e os dados para as considerações

finais, após o término da mesma.

Os materiais didáticos foram construídos a partir da bibliografia básica e

complementar da disciplina, bem como outros títulos disponíveis na biblioteca do UniRitter.

A cada aula utilizando o AVA, os alunos foram instruídos da atividade a ser realizada e

receberam um texto complementar sobre o conteúdo. Inseriu-se exemplos, previamente

montados, apresentando algumas etapas, com macetes10 para o aluno utilizar na organização

das suas atividades. A proposta foi acompanhada a título de tutoria pela mestranda e as

professoras da disciplina deram o aval sobre o que foi proposto.

O processo de acompanhamento para posterior análise de dados deu-se semanalmente

no AVA, bem como presencialmente, onde os alunos foram acompanhados e assessorados

pela pesquisadora. Primeiramente, utilizaram o fórum para a apresentação e

compartilhamento das ideias iniciais. A primeira atividade sugerida no fórum foi a de

pesquisa e posterior compartilhamento acerca da vida e obra do artista escolhido, como pode 10Termo informal, utilizado para definir; recurso inteligente, ou resumo de parte importante do conteúdo.

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ser visualizado na figura 2.

Figura 2 - Fórum de discussão – Artista Contemporâneo Gaúcho

Fonte: Arquivos da autora, 2012

No momento inicial da atividade, nem todos tinham definido qual seria o artista

escolhido. Alguns estavam em dúvida entre dois ou mais artistas e utilizaram em torno de

uma semana para a definição. Ao definir, postavam no fórum. Alguns colegas,

colaborativamente faziam sugestões de pesquisa e indicavam bibliografia uns aos outros.

Contemplando assim, como já citado anteriormente que, a aplicação de um AVA tem, por

objetivo, promover a constante troca de informações entre alunos e professores, além de

possibilitar o acesso aos recursos tecnológicos desenvolvidos para enriquecer os processos de

ensino e de aprendizagem e ampliar os espaços de sala de aula.

Após compartilharem dados acerca do artista contemporâneo gaúcho escolhido como

referência para a criação da coleção, foi a vez de elegerem a marca para a qual criariam a

proposta. A figura 3apresenta a utilização do fórum para a apresentação da marca escolhida.

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Figura 3 – Fórum de discussão – Marca gaúcha

Fonte: Arquivos da autora, 2012

Neste momento algumas marcas se repetiram e alguns resolveram trocar. Outros, ao

longo da semana entraram em contato com mais de uma marca para pesquisar e definir.

Após a definição das marcas a serem utilizadas, os alunos montaram individualmente

um questionário. Nesse momento o AVA também foi utilizado, pois postaram os

questionários que foram aplicados nas marcas escolhidas, conforme figura 4:

Figura 4 – Fórum de discussão – Questionário

Fonte: Arquivos da autora, 2012

Durante o desenvolvimento do projeto e, paralelo ao uso do sistema, os alunos

desenvolveram sketchbooks manuais para anotações informais, montagem de painéis de cores,

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inserção de tecidos, aviamentos, testes de modelagem e outras atividades desenvolvidas

dentro do atelier com o objetivo de complementar os estudos.

Um ponto bastante questionado pela turma, foi o fato do ambiente virtual ser acessado

somente pelos estudantes, pelas professoras e tutora. Então, ficou acordado que, a

apresentação final seria através de Portfólio on line, como sugerido na figura 5.

Figura 5 – Fórum de discussão – Link para portfólio on line

Fonte: Arquivos da autora, 2012

A organização e postagem das atividades se deu no início da disciplina e, conforme o

andamento, outros tópicos eram inseridos visando complementar o aprendizado. Também

eram inseridos recados no fórum, como pode ser observado na figura 6.

Figura 6 - Fórum de discussão – Andamento das atividades

Fonte: Arquivos da autora, 2012

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Ao longo da disciplina, o campo mais utilizado pelos alunos, foi espaço denominado

Portfólio onde, cada um a seu tempo fazia postagens do andamento do trabalho, para

apreciação das professoras, tutora e colegas. Utilizando programas diversos, adequando

sempre as necessidades do momento, essas postagens foram feitas no formato DOC

(documento do Word) quando a necessidade era texto e no formato PPT (apresentação do

PowerPoint) ou no formato PDF para imagens. Alguns utilizaram outros programas

específicos, mas a maioria dos casos utilizou esses que tinham sido sugeridos previamente

pela monitora. A figura 7 apresenta a utilização do Portfólio pelos alunos.

Figura 7 - Compartilhamento de Portfólios

Fonte: Arquivos da autora, 2012

As figuras 8, 9, 10, 11 e 12 apresentam como alguns alunos utilizaram a ferramenta

Portfólio. Nota-se que, cada um organizou a seu tempo, conforme as necessidades do trabalho

e, utilizando as ferramentas mais adequadas ao ser perfil.

O aluno 4, organizou em pastas, cada pasta trazia os arquivos referentes as etapas do

projeto, como pode ser visto na figura 8.

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Figura 8 – Portfólio do aluno 4

Fonte: Arquivos da autora, 2012

Já o aluno 15 postou, ao longo da disciplina arquivos PDF das atualizações referentes

às etapas do projeto que estavam sendo concluídas. A figura 9 traz uma das primeiras

postagens do aluno.

Figura 9 – Portfólio do aluno 15

Fonte: Arquivos da autora, 2012

O aluno 9 organizou o Portfólio em pastas. Em cada pasta trazia tópicos acerca dos

conteúdos abordados no projeto. Durante toda a disciplina, o aluno organizou dessa forma,

que pode ser observado na figura 10:

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Figura 10 – Portfólio do aluno 9

Fonte: Arquivos da autora, 2012

O aluno 2, se mostrou bastante participativo ao longo da disciplina, participando de

todos os fóruns, postando materiais complementares para os colegas e, esse empenho se

reflete no resultado final. Assim como no Portfólio, um dos mais completos da turma, como

pode ser observado na figura 11:

Figura 11 – Portfólio do aluno 2

Fonte: Arquivos da autora, 2012

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Já o aluno 7 teve dificuldades iniciais com o uso do sistema. Ao longo da disciplina se

mostrou interessado, sempre procurando a tutora para sanar as dúvidas acerca do AVA e pedir

sugestões para otimizar os processos. Tal interesse se refletiu no resultado final que pode ser

observado na figura 12:

Figura 12 – Portfólio do aluno 7

Fonte: Arquivos da autora, 2012

Para alcançar os objetivos definidos neste trabalho, foram aplicados dois questionários

sendo que, na próxima seção, será apresentada a análise dos dados coletados acerca das

necessidades da utilização do AVA para aulas de design de moda.

5.2 ANÁLISE DOS DADOS DOS QUESTIONÁRIOS

Nesta seção serão apresentados os resultados comentados dos questionários

preenchidos pelos alunos da disciplina de Projeto de Moda II.

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5.2.1 Primeiro questionário

O primeiro questionário foi aplicado na segunda semana de aula, pois os alunos já

tinham conhecimento tanto do ambiente virtual, quanto da proposta de metodologia

semipresencial para a disciplina de Projeto II, cientes que se tratava de um trabalho de

mestrado, desenvolvido pela tutora. O primeiro questionário foi respondido por 10 alunos

integrantes da turma, pois alguns estavam ausentes no dia da aplicação e outros não quiseram

preencher.

A primeira questão tinha o objetivo de saber se o aluno já havia realizado algum curso

ou disciplina utilizando a metodologia semipresencial. Sete alunos responderam que sim e três

responderam que não, como pode ser observado na tabela 1:

Tabela 1 – Questão 1

Pergunta 1 SIM NÃO

Você já tinha realizado algum curso ou

disciplina utilizando metodologia semipresencial?

7

7

0%

3

0%

Fonte: Elaborado pela autora, 2012

Os alunos de número 1, 6 e 10 nunca tinham realizado um curso ou disciplina que

utilizasse a metodologia semipresencial. De acordo com as respostas, nota-se que os alunos

confundem o uso do AVA em disciplinas semipresenciais e como apoio em disciplinas

presenciais. Destaca-se que no momento da aplicação do questionário, os alunos haviam

cursado somente disciplinas presenciais; estas utilizam o Moodle como ferramenta para

postagem de materiais e entrega de tarefas.As disciplinas mais citadas foram: Tecnologia de

Materiais de Moda, Ecologia, Ergonomia, Desenho Têxtil e Computação Gráfica. Todas as

disciplinas citadas pelos alunos são presenciais e os docentes utilizam o AVA como

ferramenta auxiliar à disciplina.Os alunos 8 e 9 responderam que cursaram disciplinas nesta

modalidade em outras instituições.

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A segunda questão abordava a possibilidade de aplicação de ferramentas virtuais de

aprendizagem em disciplinas do curso de Design. Oito alunos disseram que sim, é possível e

sete justificaram a resposta. Dois alunos disseram que não e apenas um justificou.

Tabela 2 – Questão 2

Pergunta 2 SIM NÃO

Você acredita que é possível aplicar ferramentas

virtuais de aprendizagem em disciplinas do curso de

Design?

8

8

0%

2

2

0%

Fonte: Elaborado pela autora, 2012

Percebe-se com as respostas, que os alunos costumam utilizar o Moodle para entrega

de tarefas e, os professores o utilizam como suporte para a postagem de materiais

complementares à disciplina. Em uma disciplina presencial, os alunos interagem mais em sala

de aula e utilizam o sistema como apoio, já na disciplina semipresencial a interação entre os

estudantes se dá através da troca de informações e compartilhamento de conteúdos. Os alunos

1 e 2, que apontaram positivamente, justificam que a utilização é mais eficaz em trabalhos

teóricos, enquanto o aluno 5, além de apontar negativamente, justificou que é um curso que

deveria ser mais prático. Os alunos 3 e 4, citaram apenas a questão da entrega de trabalhos. Os

alunos 7 e 8, não justificaram e os alunos 9 e 10 apontaram, como interessante, o portfólio.

A terceira questão tinha o intuito de saber se os estudantes tinham o conhecimento

sobre o Moodle, sendo que sete alunos responderam que sim e três alunos responderam que

não.

Tabela 3 – Questão 3

Pergunta 3 SIM NÃO

Você já tinha conhecimento sobre o Ambiente

Virtual de Aprendizagem Moodle antes de iniciar essa

disciplina?

7

7

0%

3

3

0%

Fonte: Elaborado pela autora, 2012

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Assim verificou-se que a maioria dos alunos tinha conhecimento sobre o Moodle, o

que facilitou o desenvolvimento do estudo de caso.

A questão quatro tinha o intuito de saber o se os alunos identificavam potencialidades

na aplicação de atividades semipresenciais: Na sua opinião, quais são as principais

potencialidades da aplicação de atividades semipresenciais (EaD) no curso de Design?

Como já observado nas questões anteriores, até a segunda semana de aula os alunos

utilizavam o Moodle em disciplinas presenciais, como apoio na divulgação de tarefas e

entrega de trabalhos. Os alunos 1, 2, 3, 4, 5 e 8 citaram como potencialidade a entrega de

trabalhos. Também o cronograma e organização de atividades foi citado pelos alunos 4 e 5.

Além da entrega de tarefas, a aluna 2 falou da economia de papel e tinta, visto que não

existiriam entregas físicas. Os alunos 6, 7 e 10 citaram como potencialidades a comunicação,

rapidez, facilidade e acessibilidade. O aluno 10 ainda complementa, falando em compartilhar

experiências com os colegas.

A pergunta cinco questionou os alunos sobre as limitações da aplicação de atividades

semipresenciais no curso de Design: Na sua opinião, quais são as principais limitações da

aplicação de atividades semipresenciais (EaD) no curso de Design?

Nessa questão, três pontos foram abordados repetidamente. Dúvidas em relação à

aprendizagem, bem como o aproveitamento da disciplina por parte dos alunos, foram citadas

pelos alunos 1, 2, 4, 6 e 10. Um ponto também discutido foi o fato de ser uma disciplina

ministrada dentro do atelier e, se essas atividades semipresenciais poderiam afetar o

desenvolvimento das atividades práticas, como citaram os alunos 3 e 5. Uma resposta que

apareceu duas vezes e causou surpresa foi a dos alunos 8 e 9 que sugeriram como limitação

não conhecer os colegas pessoalmente.

Cabe salientar que, até esse momento o sistema não era utilizado da forma

semipresencial, com o uso das ferramentas para estimular os processos de ensino e

aprendizagem. Ressalta-se que, ao aplicar o questionário, as folhas foram entregues impressas

para os alunos presentes em sala de aula e, em momento algum a tutora entrou em detalhes ou

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explicou as questões para não induzir respostas. O baixo número de respostas, 55%, se deu

porque, alguns alunos não estavam presentes e, outros, não tiveram interesse em participar.

Durante os três meses seguintes à aplicação do questionário, os alunos desenvolveram

atividades, ora presenciais em atelier com a presença das professoras da disciplina e outras a

distância utilizando o Moodle. Essas atividades seguiram a proposta do cronograma e do

plano de ensino conforme apresentado anteriormente. As atividades a distância foram

realizadas em período de aula nos laboratórios de informática da faculdade e em período

extraclasse pelos alunos.

5.2.2 Segundo questionário

Na última semana de aula, outro questionário foi aplicado para a verificação das

impressões acerca das atividades desenvolvidas. Este com quatro questões, onde duas eram

inéditas e duas se repetiam para a comparação de dados. O segundo questionário teve maior

aderência e foi respondido por 17 alunos.

A primeira questão era para os alunos avaliarem a aplicação dos recursos EaD na

disciplina de Projeto II e os resultados podem ser visualizados na tabela 4:

Tabela 4 – Questão 1

1 - Em uma escala de 1 a 5 (sendo 5 a melhor nota), de que forma você avalia a

aplicação de recursos EaD na disciplina de Projeto II?

Nota 1 2 3 4 5

Quant

idade de

alunos

1

2

5

7

2

Fonte: Elaborado pela autora, 2012

Apesar da avaliação quantitativa não ter sido ruim, com o maior número de alunos

avaliando a aplicação dos recursos de EaD com o conceito 4, as justificativas foram várias e,

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algumas vezes, conflitantes com a nota atribuída. A média das avaliações ficou em 3,4. O

aluno 1 disse que é complicado postar frequentemente os processos do trabalho, enquanto o

aluno 2, apesar de ter avaliado com a nota 4, comentou que acha bom quando as pessoas

conseguem utilizar as ferramentas, mas quando não são instruídos, fica difícil. Já os alunos 3,

4 e 8, ficaram indiferentes, dizendo que não atrapalhou o andamento das atividades. Os alunos

5 e 13 avaliaram como 4, mas não justificaram. Os alunos 7, 15, 16 e 17 avaliaram

positivamente, justificando que foi de fácil utilização, salientaram a interatividade, economia

de tempo e dinheiro. Alguns alunos, como o 10 e 18, reclamaram que existem tem muitas

atividades para serem desenvolvidas e veem o uso do sistema como um retrabalho, assim

como o aluno 12 que foi o único a avaliar com nota 1.

A questão dois do segundo questionário solicitou que os alunos sugerissem

alternativas de atividades ou ferramentas que pudessem ser aplicadas nos processos de ensino

e aprendizagem na modalidade semipresencial: Sugira alternativa de atividades e/ou

ferramentas que possam ser aplicadas para apoiar os processos de ensino e de aprendizagem

de Design na modalidade semipresencial.

O que chama atenção nessa questão, foi o alto índice de abstenção em relação à

respostas. Ao mesmo tempo que apontam limitações, não indicam alternativas e nem

sugestões de melhora. Os alunos 6,7,8,10,11,13, 16 e 17 não responderam. O aluno 1 sugeriu

o uso de jogos interativos. Já a aluna 2, respondeu que gostaria de ter mais ferramentas na

área de design, bem como o aluno 14 salientou que o design é uma área criativa. O portfólio

foi citado pelos alunos 4, 5 e 15, que mencionaram a utilização de recursos mais interativos e

disponíveis ao público, como portfólios on line, como Behance, Issue e também vídeos on

line, bem como ferramentas adaptadas à área de design. As atividades não foram citadas por

nenhum aluno, o ponto mais ressaltado foi justamente a adaptação dos recursos para serem

utilizados por alunos do design.

As duas questões seguintes já haviam disso aplicadas no início da disciplina e foram

repetidas no segundo questionário, para que pudesse ser realizada uma análise comparativa:

Na sua opinião, quis são as principais potencialidades da aplicação de atividades

semipresenciais (EaD) no curso de Design?

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Os dados coletados permitiram verificar que foi apontado como potencialidade, o fato

de poder trabalhar em casa, citado pelos alunos 5, 8, 11, 13 e 15. Pode-se entender, que os

alunos não precisam estar fisicamente na faculdade, o que facilita o acesso. Facilidade de uso,

informação, conhecimento e praticidade são palavras que não tinham aparecido na aplicação

anterior da mesma questão e foram citadas pelos alunos 7, 14, 16 e 17. Assim como na

primeira aplicação da questão acerca das possibilidades, a entrega de trabalhos foi citada

pelos alunos 3, 4, 10 e 18. Comunicação e interação entre professores e alunos e interação

entre colegas foram citadas pelos alunos 3 e 6.

A última pergunta do questionário 2, referia-se às limitações. Na sua opinião, quais

são as principais limitações da aplicação de atividades semipresenciais (EaD) no curso de

Design?

Acerca das limitações, algo bastante pontuado é a falta de contato com o professor nas

atividades de EaD. Entende-se como falta, nesse momento, a presença física para sanar

dúvidas imediatas. Pode-se fazer uma relação com a educação tradicional, onde

professor/aluno tem papeis bem definidos, o primeiro de trazer o conhecimento e o segundo

de recebê-lo. No total 5 alunos pontuaram esse aspecto, os alunos de número 5, 8, 13, 15 e

18.O aluno 1 pontuou sobre ter que acessar frequentemente, assim como o aluno 4 que

gostaria de receber avisos a cada postagem. Mais uma vez foi citado, agora pelo aluno 3, a

dificuldade de avaliação de atividades específicas da área do design. Os alunos 6, 7, 12 e 17

não opinaram nessa questão. Já os alunos 2, 11 e 16 não veem limitações, não apontaram

dificuldades e, o aluno 2 salientou positivamente o uso de tecnologia.

5.3 ANÁLISE DE CONTEÚDO

5.3.1 Pré Análise

A pré análise é a fase que tem por objetivo sistematizar e operacionalizar as ideias

iniciais. No caso específico deste trabalho, com base no objetivo geral e objetivos específicos,

definiu-se como caso a ser investigado, a turma de Projeto de Moda II do Curso de Design de

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Moda do UniRitter. Essa escolha se baseou no fato de, que neste nível de formação, os alunos

já possuírem o conhecimento prévio da prática projetual, visto que já cursaram as disciplinas

de Introdução ao Projeto de Moda e também Projeto de Moda I.

Ainda nessa primeira fase, foi necessário se pensar na forma de coleta de dados, ou

seja, a escolha dos documentos a serem analisados. Nesse sentido, optou-se pelo questionário

em função da necessidade de se referir a questões específicas como a investigação de formas

de aplicação de recursos de EaD via Internet e os resultados da utilização do AVA pelos

alunos. Precisamos levar em consideração que os questionários, da forma como foram

aplicados, ficaram condicionados à presença e também à disponibilidade dos alunos

matriculados na disciplina. Considerando que o primeiro questionário foi respondido por 50%

da turma e o segundo questionário foi respondido por 94% dos alunos, constando das mesmas

questões para todos os alunos, estes, portanto, atendem as regras da representatividade,

homogeneidade e pertinência, sinalizadas por Bardin (1977).

5.3.2 Exploração do Material

A exploração do material pressupõe a codificação dos recortes temáticos do

documento analisado com base em algumas categorias formuladas através das hipóteses.

(BARDIN, 1977). De acordo com a hipótese formulada inicialmente, destaca-se o uso de

novas ferramentas, com o intuito de ampliar o espaço da sala de aula tradicional, fazendo a

aplicação de recursos em EaD via Internet.

A primeira categoria estabelecida é acerca do conhecimento do aluno sobre o

Ambiente Virtual de Aprendizagem utilizado na disciplina, o Moodle. A segunda categoria

trata das potencialidades do AVA. E a terceira categoria aponta para as limitações do AVA.

A divisão das categorias se dá em dois momentos, na primeira aplicação do

questionário, relacionado às três primeiras linhas e, na segunda aplicação do questionário,

relacionado às duas últimas linhas. Cabe retomar que, no primeiro momento, o questionário

foi respondido por 10 alunos, enquanto na segunda aplicação 17 alunos responderam.

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Como resposta positiva no primeiro critério, entende-se o conhecimento do Moodle e

como resposta negativa, o não conhecimento. Já na segunda linha, onde só houve

apontamentos positivos, pode se dizer que todos viam algum tipo de favorecimento com o uso

do mesmo. Em relação às limitações, os alunos que apontaram negativamente, citaram alguma

falha ou algo a ser adequado para o uso, de acordo com as necessidades. Em relação aos

apontamentos neutros, realizados no ultimo questionário, acerca das potencialidades e

limitações, contabilizou-se os alunos que se mostraram indiferentes à utilização.

A tabela 5 mostra a porcentagem de alunos, que se mostram favoráveis, negativos e

neutros de acordo com a categorização sugerida no questionário.

Tabela 5 – Categorias

POSITIVO NEGATIVO NEUTRO

CONHECIME

NTO DO MOODLE

70% 30% -

POTENCIALI

DADES

Antes da

utilização do sistema

100% - -

LIMITAÇÕES

Antes da

utilização do sistema

10% 90% -

POTENCIALI

DADES

Depois da

utilização do sistema

94,1% - 5,9%

LIMITAÇÕES

Depois da

utilização do sistema

17,6% 70,6% 11,8%

Fonte: Elaborado pela autora, 2012

5.3.3 Tratamento dos resultados, a Inferência e a interpretação

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74

O tratamento dos resultados aponta para as observações que mais se repetiram nos

questionários respondidos pelos alunos. Dessa forma, pode-se averiguar com maior precisão

as potencialidades e limitações do uso do sistema.

Segundo Bardin, “Permitem estabelecer quadros de resultados, diagramas, figuras e

modelos, os quais condensam e põem em relevo as informações fornecidas pela

análise”(BARDIN, 1977 p.101).

Na tabela6, pode-se verificar as observações dos alunos que mais se repetiram no

questionário.

Tabela 6 – Observações que mais se repetiram no questionário

FAVORÁVEL NEGATIVO

POTENCIALI

DADES

Antes da

utilização do sistema

50%Entregas

30%Cronograma

20% Materiais

-

LIMITAÇÕES

Antes da

utilização do sistema

-

20% Trabalhos práticos

20% Não conhecer os

colegas 20%

Dúvidas

POTENCIALI

DADES

Depois da

utilização do sistema

30% Trabalhar em casa

18%Entregas

11% Poupar impressão

-

LIMITAÇÕES

Depois da

utilização do sistema

18% Não tem limitações 35% Não ter contato com

o professor

Fonte: Elaborado pela autora, 2012

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75

5.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Verificou-se que a turma tem um perfil bem delicado, com muitas lideranças, o que

dificultou o contato inicial. Por se tratar de uma disciplina ofertada de maneira presencial,

muitos alunos ficaram receosos com a proposta. No primeiro contato da pesquisadora com a

turma, alguns alunos demonstraram desagrado em relação ao uso do sistema Moodle no

desenvolvimento das atividades. Justificaram que, por se tratar de uma disciplina de projeto as

atividades fariam sentido somente se, desenvolvidas dentro do atelier. Outros, ao término das

explicações de como seria o procedimento da pesquisa, reportaram-se diretamente à

Coordenação do curso para manifestar o desagrado em relação à proposta.

As duas disciplinas projetuais anteriores utilizavam o Moodle como repositório de

material complementar, para a entrega de tarefas e utilização do e-mail. Pode-se verificar,

com o acompanhamento no sistema que, nas primeiras duas semanas poucos alunos fizeram

uso do mesmo, o que causou receio na pesquisadora.

Com o andamento da disciplina e os encontros presenciais, pouco a pouco esse mal

estar inicial deixou de existir e os alunos começaram a explorar as ferramentas. As

ferramentas assíncronas, isso é, que não dependem de comunicação em tempo real foram as

mais utilizadas. Muitos alunos compartilharam, por meio de fórum, recursos que estão à

disposição na Internet para que os colegas pudessem acessar e fazer download, bem como

materiais de sua autoria.

Outro ponto verificado presencialmente e comentado por alguns alunos foi a

diminuição de impressões e utilização de papel. Conforme citado pelo aluno 2, como

“diminuição das impressões”, bem como citado pelos alunos 3 e 7 como “não precisa entregar

trabalho impresso” e “não precisa imprimir os trabalhos, assim economizamos”. Mesmo com

a utilização do sketchbook manual como material de apoio, a utilização do sistema para

apresentação do andamento do trabalho e entregas parciais de tarefas diminuiu a necessidade

de apresentações e entregas físicas das atividades.

O portfólio foi a ferramenta do Moodle mais utilizada, por 94% dos estudantes, isso é,

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apenas uma aluna não o utilizou. De forma bastante acessível, os alunos foram fazendo as

postagens conforme o andamento das atividades e, percebeu-se que cada um adaptou seu uso

conforme as necessidades e também habilidades em utilizar determinados programas. Como

exemplo dessa forma de utilização, podemos citar a organização por pastas, que foi utilizada

pelos alunos 4, 7, 9, 11 e 17 que dividiram cada conteúdo em uma pasta e foram inserindo os

arquivos conforme o andamento das atividades. Os alunos 2, 6, 8, 10, 13, 14, 15 e 16 de forma

bastante parecida com o grupo anterior, iam inserindo-os conforme o desenvolvimento do

projeto e, utilizando arquivos de extensões diversas. Porém organizaram o portfólio em

tópicos e não em pastas.

Já os alunos 1, 3 e 15 faziam uploads de arquivos no formato PDF estes,

contemplando as atividades realizadas até então. Dessa forma, a cada novo conteúdo inserido,

o arquivo antigo era substituído pelo atualizado que continha as novas atividades.

Um dos questionamentos, percebidos nos encontros presenciais, foi o fato do portfólio

do Moodle ficar restrito ao grupo e, foi acordado com as professoras que, a apresentação final

seria através de Portfólio on line. Dessa forma os materiais que os alunos produziram, foram

disponibilizados na Internet.

Outro ponto bastante relevante, observado durante os encontros presenciais e também

apontado no questionário, é o papel do professor e do aluno. Tradicionalmente, isto é,

arraigado em nossa cultura, o professor como o detentor do conhecimento e o aluno o

receptor. Na utilização do EaD, esses papéis nem sempre são claros, visto que, o professor

deve instigar os alunos a produzir e estes, muitas vezes acostumados em receber informações

e sanar dúvidas de maneira imediata, vêem com desagrado essa modalidade. Curiosamente,

no questionário respondido no final da disciplina, foi apontado por dois alunos, como

limitação do uso do sistema o fato de não conhecer o professor pessoalmente. Tanto o aluno

9, quanto o aluno 10 utilizaram a seguinte frase: “Não conhecer o professor pessoalmente”

Essa resposta causou estranhamento na pesquisadora, visto que as atividades presenciais

foram acompanhadas pela pesquisadora em diversos momentos, sempre com as professoras

da disciplina presentes em aula.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de criar oportunidades de aprendizagem que permitam a construção do

conhecimento no desenvolvimento de coleção de moda, ampliando os espaços da sala de aula

tradicional, realizou-se um estudo de caso com os alunos da disciplina de Projeto de Moda II

do Centro Universitário UniRitter afim de proporcionar novas ferramentas aos processos de

ensino e de aprendizagem. A hipótese desse estudo foi confirmada, visto que os alunos

realizaram as atividades propostas pela pesquisadora, ampliando o espaço da sala de aula

tradicional. Atividades essas que foram construídas, seguindo os princípios de design

instrucional, que inclui o planejamento através de um plano de curso, incluindo a organização

das unidades curriculares, métodos a serem utilizados em sala de aula e, no caso dessa

pesquisa extraclasse, assim como o controle e avaliação do trabalho desenvolvido pelos

alunos. O acompanhamento se deu em forma de tutoria onde, a pesquisadora acompanhou as

atividades realizadas através do AVA, bem como aulas presenciais dos alunos e os trabalhos

práticos realizados no atelier.

O contato inicial com a turma se deu no segundo dia da disciplina, conforme citado na

aplicação da proposta. Foram convidados a comparecer, juntamente com as professoras ao

laboratório de informática onde, a pesquisadora, acompanhada por uma representante do

Núcleo de Educação à Distância (NEaD), explicou como funcionaria a proposta, bem como

foi oferecida a capacitação do uso do Moodle, o AVA utilizado pelo UniRitter. Durante a

capacitação os alunos se mostraram interessados e colaborativos.

Na semana seguinte, houve resistência dos alunos em terem que cursar a disciplina na

modalidade semipresencial. Tal problema refletiu-se no número de alunos que responderam o

primeiro questionário aplicado. Com o início da inserção dos materiais no Moodle, os alunos

começaram a realizar as atividades. Ainda no primeiro mês, o desconforto inicial com a

proposta acabou ficando de lado, a pesquisadora acompanhou diversas aulas presenciais no

atelier, onde pode verificar a percepção dos alunos acerca das atividades propostas no AVA.

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Como resultado do estudo de caso, pôde-se perceber que um dos principais pontos

questionados pelos alunos foram os recursos existentes no sistema. Muitos acharam

inadequados para disciplinas de design, pois se distanciavam das ferramentas que estão

acostumados a utilizar. Verificou-se, por meio da observação participante e também da

aplicação dos questionários, que a interatividade dos recursos não está de acordo com as

necessidades das disciplinas que envolvem o processo criativo. Alguns alunos, no decorrer do

semestre comentavam como a interface do AVA era inadequada para as atividades que

deviam realizar. Outros relataram que o AVA não dispunha ds ferramentas específicas para a

realização de esboços, e, um ponto mencionado foi a forma “engessada” do portfólio. Como

comentário, em diversos momentos, a adequação para a área do design de, uma ferramenta

próxima ao sketchbook manual, onde pudessem trabalhar, via sistema em atividades

experimentais que fazem parte do processo criativo. Ainda, por utilizarem o sketchbook

manual como material de aula, muitos entendiam as postagens no AVA como sendo

atividades repetitivas. Apesar desses pontos falhos mencionados, como ponto bastante

positivo citado pelos alunos e observado pela pesquisadora, foi que, em inúmeros momentos

houve diversas trocas de materiais entre os alunos, que complementavam as atividades que os

colegas estavam desenvolvendo.

A ferramenta mais utilizada pelos alunos foi o portfólio, onde cada um postava seus

resultados de acordo com o andamento das atividades e, utilizando programas adequados a

sua proposta e habilidades em relação aos softwares. O fórum também foi bastante utilizado

pelos professores e alunos, confirmando a ideia que através do AVA há troca de informações

e compartilhamento de conteúdo entre os alunos.

Através dos questionários, pode-se perceber que, os alunos, mesmo tendo sido

orientados na aula de capacitação do uso do Moodle, ainda confundem disciplinas na

modalidade semipresencial com disciplinas que utilizam o AVA como apoio. Isso foi

observado nas respostas do questionário. Outra questão relevante a ser citada foi que, na

resposta de vários alunos, a falta de contato com o professor é uma das limitações da

modalidade semipresencial. Porém, acredita-se ser uma visão equivocada visto que, além das

postagens, das participações nos fóruns, da troca de e-mails, mais da metade da disciplina foi

presencial.

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Através da observação participante da pesquisadora e da resposta dos alunos nos

questionários foi possível identificar como contribuição de pesquisa, que é possível aplicar

recursos de EaD em disciplinas do design. Porém,faz-se necessária uma adaptação de

ferramentas e recursos já existentes e/ou criação dos mesmos para cursos de design, visto que

muitos trabalhos que envolvem criatividade ficam “engessados” com o que o Moodle

disponibiliza.Sendo assim, a partir dessas percepções, atenta-se para o desenvolvimento de

sistemas que contemplem áreas mais subjetivas e criativas, características dos alunos de

design de moda.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO 1 – Atividades disponibilizadas no Moodle

MARCA

Essa atividade refere-se à busca, identificação da marca a ser trabalhada. Deve ser

definida uma marca ou designer de moda gaúcho, para a qual vocês criarão a coleção.

Postem no fórum, para que a turma, professoras e tutora tomem conhecimento. O

colegas podem dar sugestões e fazer comentários. No caso de mais de um aluno optar pela

mesma marca, não haverá problema, pois cada um vai realizar o trabalho de acordo com as

suas referências.

É importante que vocês consigam o maior número de informações acerca dos

produtos, para isso devem visitar os pontos de venda, sejam elas loja própria ou multimarca

para observar o mix de produto que a marca/designer oferece, os tecidos e aviamentos que

utilizam, os tipos de acabamentos, a grade de tamanho.

Tarefa: Montar um painel com imagens e palavras que identifiquem o DNA da marca.

A imagem abaixo mostra um exemplo de painel.

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Tarefa:

Analisar as 3 últimas coleções da marca. Podem ser utilizadas imagens de desfile,

catálogos ou lookbook. Essa análise deve levar em consideração os pilares da moda e os

princípios do design. A análises devem ser organizadas em slides contendo imagens e textos,

como pode ser observado nas figuras abaixo.

Para auxiliar, sugere-se a leitura de: JONES, Sue Jenkyn. Fashion design – manual do

estilista. São Paulo: Cosac Naify, 2005.

Tarefa:

Após fazerem as observações e definirem a marca/designer, devem organizar um

questionário a ser aplicado. Sugiro fazermos um chat para organizar as questões.

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Quem tiver a oportunidade de conhecer o espaço onde se desenvolvem as coleções,

bem como abertura na empresa deve ir presencialmente aplicá-lo. Quem tiver dificuldades de

acesso, pode encaminhar o questionário on line, que pode ser desenvolvido aqui:

http://pt.surveymonkey.com

Ao receberem a devolutiva, postem no fórum ele preenchido e um breve texto das

impressões, pontos positivos a serem trabalhos e, caso apareça, pontos negativos, que devem

ser evitados, eles também devem aparecer no texto.

P.S Todas as figuras são de Gisele Duncan.

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ANEXO 2 – Inspiração: Artista contemporâneo gaúcho

A atividade consiste na escolha de um artista contemporâneo gaúcho que servirá de

referência na criação da coleção. Para conhecerem as obras, sugere-se a visita a museus,

fundações e espaços de arte da cidade de Porto Alegre.

Nos links abaixo, algumas sugestões dos espaços para visitação:

Museus:

http://www.margs.rs.gov.br/

http://www.ufrgs.br/galeria/

http://www.santandercultural.com.br/

Fundações:

http://www.iberecamargo.org.br/

http://www.fundacaoecarta.org.br/

Galerias:

http://www.subterranea.art.br/

http://www.bolsadearte.com.br/site/pt/

http://www.saladearte.com.br/

http://www.ufrgs.br/galeria/

Devem tirar fotos (se permitido), fazer anotações para, ao definirem o artista

escolhido, fazer pesquisa bibliográfica acerca da vida e obra.

Sugere se que, durante o desenvolvimento dessa etapa, o espaço do fórum no Moodle

seja utilizado para compartilharem as impressões com a turma. Ao concluírem as etapas, as

atividades devem ser postadas na ferramenta Portfólio.

Tarefa: Montar um texto, a partir da pesquisa bibliográfica feita acerca da vida e obra

do artista. Deve ser postado na ferramenta portfólio. Pode ser feito em Word ou PDF, de

acordo com a preferência de cada aluno.

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Tarefa: Montar dois painéis de tema, o primeiro utilizando imagens da obra do artista

e o segundo que apresente objetos de moda que devem ser identificados nas cores, formas,

texturas, detalhes da obra do artista.

As figuras XX e XX servirão de exemplo.

Neste caso, a inspiração era a série BoardWalk Empire e, a forma como as imagens

foram dispostas, emolduradas com rolos de filme e em sequência, apresentam um layout

criativo e de acordo com o tema.

Painel de inspiração: Fonte: Gisele Duncan

Seja criativo você também para apresentar seu artista!

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Painel de inspiração: Fonte: Gisele Duncan

Após a realização dessas tarefas, compilar os dados textuais da primeira entrega, mais

as imagens de referência e, montar uma apresentação com os tópicos identificados como

importantes. Pode ser utilizado o .ppt .pdf ou montar no Prezi e postar o link no Fórum.

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ANEXO 3 – Processo criativo

Link de vídeos interessantes que podem auxiliar no processo criativo

Desfiles

JUM NAKAO - http://www.youtube.com/watch?v=5cLrpVuNtPI

O DVD completo, com todo o processo criativo do estilista, pode ser retirado na

biblioteca da faculdade, é anexo do livro: NAKAO, Jum. A costura do invisível. São Paulo:

Editora SENAC SAO PAULO, 2005.

DIOR - http://www.youtube.com/watch?v=90skp05tT3g

COMPILADO DE VIDEOS DO SPFW 2012 -

http://www.youtube.com/watch?v=zVfaaXNLrvI&playnext=1&list=PL6FE779A042F7F1AF

&feature=results_main

CHANEL - http://www.youtube.com/watch?v=spyfBZrw_-k

http://www.youtube.com/watch?v=--vB3yMS-jw

http://www.youtube.com/watch?v=4LC5VbEJm6I

http://www.youtube.com/watch?v=lyowoW0OwtA

BURBERRY -

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Ru5kqkGRuUk

Entrevistas e documentários com estilistas e designers

JUM NAKAO - http://www.youtube.com/watch?v=p3c5YS5z8gQ

MICHEL GONDRY - http://www.youtube.com/watch?v=BN4Ni_kOyCI

CHANEL - http://www.youtube.com/watch?v=Vfyx6zbzKA8

RONALDO FRAGA - http://www.youtube.com/watch?v=nhCFCwmjKaY

http://www.youtube.com/watch?v=HyNkfVNgCPM

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http://www.youtube.com/watch?v=2RHz-FvGhMI

http://www.youtube.com/watch?v=DCRhsYPGSqg

http://www.youtube.com/watch?v=QsLedk5FfJU

GARETH POUGH - http://www.youtube.com/watch?v=E_Bt3iMH09k

JONATHAN SAUNDERS - http://www.youtube.com/watch?v=jIED7YxOjaQ

ZAC POSEN - http://www.youtube.com/watch?v=rHVC-1Ek7jk

MARC JACOBS - http://www.youtube.com/watch?v=cVlRXFvWzGc

GAULTIER - http://www.youtube.com/watch?v=wFu0hv_emGU

DONATELLA VERSACE - http://www.youtube.com/watch?v=6Y52njOFNlI

Geral

Royal College of Arts - http://www.youtube.com/watch?v=Q5x0Xa_ZQQw

http://www.youtube.com/watch?v=7AG9JC-V7UE

http://www.youtube.com/watch?v=YYMnjI-B9Q0

Show Studio - http://www.youtube.com/watch?v=_-

fYhzFsdww&playnext=1&list=PLD9DFFEFDC3E4B250&feature=results_main

http://www.youtube.com/watch?v=wG02hgc9J30&list=PLD9DFFEFDC3E4B250

Visionaires documentary -

http://www.youtube.com/watch?v=NsmJ_l4jZFQ&list=PLD9DFFEFDC3E4B250

Dolce e Gabanna -

http://www.youtube.com/watch?v=fzfzGChDdWo&list=PLD9DFFEFDC3E4B250

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ANEXO 4 – Cartelas: Cores e materiais

CARTELA DE CORES

A cartela de cores deve conter as cores de todos os tecidos que compõe a coleção.

Lembrando que a turma confeccionará dois looks, porém na cartela devem aparecer de todos,

mesmo os não confeccionados.

Para se chegar a cartela de cores, deve-se levar em consideração dois fatores: a

inspiração (no caso desse trabalho, a obra do artista escolhido) e a disponibilidade de tecidos

no mercado (salvo em casos onde a marca manda desenvolver a cor exclusiva).

Como exemplo, a imagem abaixo, traz as cores referenciadas em doces e guloseimas,

as chamadas “candy colors”

Fonte: http://elements-lmnts.blogspot.com.br/2012/08/a-docura-das-cores-do-

verao.html

Em anexo uma imagem ilustrativa de cartela de cores, inspirada em alimentos.

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Fonte: Foto da internet.

Vocês podem utilizar formas relacionadas a inspiração, tomando cuidado para que o

propósito não fique comprometido, isso que, que a forma não interfira na percepção da cor.

Na imagem a seguir, um exemplo de cartela de cores que utiliza uma das formas da

inspiração:

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Além da imagem com a cor, a cartela deve apresentar um nome para cada cor, seja ele

relacionado com o tema ou utilizado conforme a ESCALA PANTONE, que pode ser

encontrada em: http://www.pantone.com/pages/pantone/index.aspx

A referência PANTONE, no caso de um trabalho de moda, utilizar a cartela específica

para têxteis com a extensão . tp ou .tpx.

A figura abaixo, apresenta uma cartela de cores com dois painéis de referência, o

primeiro temático, o segundo com peças de desfiles e abaixo as cores e seus respectivos

códigos.

Fonte: UseFashion

No caso de estampas, deve se utilizar uma cartela separada, como ilustra a figura

abaixo:

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Imagem: Cartela de estampas.

Fonte:http://www.sintonias.com.br/2011/07/trabalho-final-para-desenho-de-moda-

ii.html

CARTELA DE MATERIAIS

A organização de cartelas de materiais pode se dar de duas maneiras. Dividindo-as em

tecidos e aviamentos ou organizando tudo em uma, conforme a necessidade.

Lembrando que, todos os tecidos e aviamentos utilizados na coleção devem aparecer,

mesmo os das peças que não confeccionadas.

A imagem abaixo, apresenta uma cartela enxuta, que traz os tecidos e aviamento em

apenas um painel. Acredita-se que para uma coleção com número reduzido de peças.

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Imagem: Cartela de materiais. Fonte: http://www.sintonias.com.br/2011/07/trabalho-

final-para-desenho-de-moda-ii.html

Como mencionado anteriormente, também podemos dividir a cartela de matérias, uma

especificamente para tecidos e outra para aviamentos. A imagem abaixo, apresenta os tecidos

da coleção, com a respectiva composição.

Imagem: Cartela de tecidos. Fonte: Gisele Duncan

Além dos tecidos externos, não podemos esquecer dos forros, eles também devem

aparecer na cartela de tecidos, sempre mencionando a composição, como pode ser visto na

Imagem abaixo:

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Imagem: Cartela de tecidos. Fonte: Gisele Duncan

Como, neste caso as cartelas foram divididas, deve-se montar um painel

especificamente para os aviamentos. Incluindo, desde elementos funcionais tais como zíper,

botão, velcro, colchete, barbatana, bojo, linha e fio até elementos estéticos como pedrarias,

aplicações, cursores, metais. Sugere-se, sempre que possível, detalhar o tipo de zíper,

tamanho do botão, largura do velcro e outros. As imagens XX e XX apresentam as cartelas de

aviamentos.

Imagem: Cartela de aviamentos. Fonte: Gisele Duncan

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Imagem: Cartela de aviamentos. Fonte: Gisele Duncan

Com esses exemplos, cada um vai organizar as suas cartelas de acordo com a proposta

do trabalho. Não é uma atividade engessada, sejam criativos!

Obs: Será postada no Portfólio.

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ANEXO 5 – Organização e montagem do portfólio

A atividade de organização e montagem do portfólio divide-se em dois momentos.

O primeiro momento, contempla o uso da ferramenta Portfólio no Moodle. Como visto

na capacitação presencial, fornecida pela representante do NEaD, pode ser feita de diversas

maneiras.

O portfólio deve conter todas as informações necessárias para o projeto de coleção,

tais como:

1. Artista contemporâneo gaucho:

1.1 Vida e obra em tópicos;

1.2 Painel de Inspiração com imagens das obras e também o painel de referência de

formas, cores, texturas e detalhes.

2. Marca Escolhida:

2.1 Breve texto explicando o histórico e público alvo;

2.2 Painel de imagens que representam o DNA da marca;

2.3 Análise das três coleções mais recentes, com texto, imagens, e tabela apresentando

os pilares da moda e princípios do design;

2.4 Anexar questionário e apresentar o texto com as informações coletadas;

3. Processo Criativo – testes:

Nesse momento que as atividades registradas no sketchbook manual devem aparecer;

3.1 Devem ser apresentadas, através de imagens, os esboços criados a partir da

pesquisa de inspiração, bem como, testes feitos em moulage e outras atividades realizadas a

nível de experimentação, como tingimentos, estampas e intervenções têxteis.

4. Cartelas:

4.1 As cartelas que devem constar no portfólio são: Cartela de cores, cartela de tecidos

e cartela de aviamentos;

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4.2 Ainda, quem realizou intervenções nos tecidos, teceu artesanalmente, criou

estampas, definiu bordados, deve apresentar nesse momento.

5. Quadro de coleção:

5.1 O quadro de coleção, contendo todos os desenhos técnicos frente e costas, sugere

se a divisão por tops, bottoms e dresses ( como visto em disciplinas de projeto anteriores).

5.2 Caso queiram complementar, após o quadro de coleção utilizando os desenhos

técnicos, também podem apresentar o quadro de coleção com os croquis;

6. Croquis:

6.1 Nesse momento, devem ser apresentados todos os croquis que fazem parte da

coleção.

7. Fichas técnicas:

7.1 Devem ser apresentadas as fichas técnicas referentes aos looks confeccionados,

lembrando que, é uma ficha por peça.

O segundo momento, como combinando em aula para que o trabalho de vocês não

fique restrito ao AVA, o portfólio para a apresentação final, presencial, na última aula da

disciplina deverá ser feito utilizando um dos portfólios virtuais online, tais como: Behance,

Issu, Prezi. Quem tiver alguma outra sugestão, favor postar.