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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA SENSIBILIDADE INTEROCEPTIVA E RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS AO EXERCÍCIO SUBMÁXIMO Luiz Fernando de Farias Junior NATAL - RN 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

SENSIBILIDADE INTEROCEPTIVA E RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS AO EXERCÍCIO SUBMÁXIMO

Luiz Fernando de Farias Junior

NATAL - RN 2014

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SENSIBILIDADE INTEROCEPTIVA E RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS AO EXERCÍCIO SUBMÁXIMO

Luiz Fernando de Farias Junior

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação Física.

ORIENTADOR: PROF. Dr. ALEXANDRE HIDEKI OKANO

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i

AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus por tudo que tem realizado em minha vida. A meus pais Luiz

Fernando e Ana Lúcia, e minhas irmãs, Ana Paula e Mariana, e cunhados, Anderson e Sílvio

Leônidas que me apoiam nas minhas decisões e sonhos.

Agradeço de forma especial a minha esposa Julianna Ionnely, que durante está fase da

vida tem suportado as dificuldades junto comigo, sempre dando apoio.

Agradeço ao Prof. Alexandre Okano, que abriu a possibilidade de atuação profissional

no campo da pesquisa e docência. Aos professores Hassan Elsangedy, Eduardo Caldas e Nery

Chao que sempre estiveram por perto neste processo de formação acadêmica.

Agradeço a todos os amigos que tenho no grupo de pesquisa: Daniel Machado, Pedro

Agrícola, Leônidas Neto, André Fonteles, Gertrudes Nunes, Thiago Brito, Gabriel Brasil,

Luiz Inácio, Samara Anselmo, Cinthia Beatriz, Weslley Quirino, e os recém chegados

Amanda Maria, Renee Caldas que participam do nosso convívio diário.

Agradeço a pessoas que abriram as portas dos seus lares para minha estadia por

alguns dias: Henrique, Claudine e Rafael (São Paulo), Eduardo Barreto e Juliana Excel

(Barão Geraldo), Eduardo Bodnariuc, Fernanda e Gabriel (Barão Geraldo), Kell, Raquel e

Luciana (Barão Geraldo), Nicola e Zeine (Barão Geraldo) e o Sr. Okano e Dona Lúcia, pais do

professor Alexandre (Londrina).

Agradeço aos amigos short time Lucas Muniz, Gabriel, Camila Campanhã, Júlia que

são alunos do prof. Paulo Boggio que abriu seu laboratório (Mackenzie-SP) para uma estádia.

Agradeço ao prof. Rickson Mesquita e Reember Cano (UNICAMP), com quem tive o

prazer de conviver por alguns dias.

Agradeço a todos e minha oração é que Deus vos abençoe e toda as suas famílias!!

Abraço s todos do irmão Luiz

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ IV

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. V

LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ................................................ VI

RESUMO ................................................................................................................. VIII

ABSTRACT ................................................................................................................ X

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2 OBJETIVO ............................................................................................................... 3

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................................................... 3

3 HIPÓTESES ............................................................................................................. 4

4 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 5

4.1 CONSCIÊNCIA INTEROCEPTIVA ............................................................................................................... 5

4.2 QUANTIFICAÇÃO DA SENSIBILIDADE INTEROCEPTIVA CARDÍACA .............................................................. 5

4.3 MECANISMO CEREBRAL INTEROCEPTIVO ................................................................................................ 6

4.4 SENSIBILIDADE INTEROCEPTIVA, HIPERTENSÃO, ESFORÇO FÍSICO E COGNITIVO ..................................... 7

4.5 REGULAÇÃO DA INTENSIDADE DO EXERCÍCIO ......................................................................................... 8

4.6 FOCO DE ATENÇÃO, NÍVEL DE PENSAMENTOS DISSOCIATIVOS-ASSOCIATIVOS .......................................10

5 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 12

5.1 DESENHO EXPERIMENTAL .....................................................................................................................13

5.2 PROCEDIMENTOS ..................................................................................................................................13

5.2.1 Índice de massa corporal ...........................................................................................................13

5.2.2 Medidas hemodinâmicas em repouso.......................................................................................14

5.2.3 Tarefa de contagem de batimentos cardíacos .........................................................................14

5.2.4 Parâmetro Perceptual .................................................................................................................15

5.2.5 Parâmetros Afetivos (Prazer/Desprazer) ..................................................................................15

5.2.6 Pensamentos dissociativos e associativos ...............................................................................15

5.2.7 Teste Incremental .......................................................................................................................16

5.2.8 Limiar de variabilidade da frequência cardíaca ........................................................................16

5.2.9 Teste retangular ..........................................................................................................................16

5.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...........................................................................................................................17

6 RESULTADOS ....................................................................................................... 18

7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 23

8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 26

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9 REFERÊNCIA ........................................................................................................ 27

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização da amostra ...................................................................... 12

Tabela 2 - Comparação das variáveis de esforço no TI e nas sessões experimentais

.................................................................................................................................. 18

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v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fórmula matemática do cálculo de acurácia cardíaca ............................... 6

Figura 2 - Comportamento da FC nas S80 e S120 .................................................. 19

Figura 3 – Comportamento da PSE nas S80 e S120 ............................................... 19

Figura 4 - Comparação da taxa de aumento da PSE na S80 ................................... 20

Figura 5 - Comportamento da resposta afetiva nas S80 e S120 .............................. 20

Figura 6 - Comparação da taxa de declínio da resposta afetiva na S80 .................. 20

Figura 7 - Comportamento do estado de alerta nas S80 e S120 .............................. 21

Figura 8 - Comportamento do nível de pensamento nas S80 e S120 ...................... 21

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LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

% - Percentual;

%FCres – Percentual da frequência cardíaca de reserva;

%FCresS120 – Percentual da frequência cardíaca de reserva S120;

%FCresS80 – Percentual da frequência cardíaca de reserva S80;

°C – Graus Celsius;

ANOVA – Análise de variância;

ASI – Alta sensibilidade interoceptiva;

bpm – Batimentos por minuto;

BSI – Baixa sensibilidade interoceptiva;

CEP – Comitê de ética em pesquisa;

FC – Frequência cardíaca;

FCrep – Frequência cardíaca de repouso;

IMC – Índice de massa corporal;

iRR – Intervalos R-R cardíacos;

kg – Quilogramas;

kg.m-2 – Quilogramas por metros ao quadrado;

LiVFC - Limiar de variabilidade da frequência cardíaca;

m – Metros;

mmHg – Milímetros de mercúrio;

ms – Milisegundos;

P120 - Potência da sessão com intensidade a 120% do LiVFC;

P80 – Potência da sessão com intensidade a 80% do LiVFC;

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PA – Pressão arterial;

PAD – Pressão arterial diastólica;

PAR-Q – Questionário de prontidão para atividade física;

PAS – Pressão arterial sistólica;

PLiVFC – Potência do limiar de variabilidade da frequência cardíaca

PP - Potência pico;

PSE – Percepção subjetiva de esforço;

RH – Humidade relativa do ar;

rpm – Rotação por minuto;

S120 – Sessão com intensidade a 120% do LiVFC;

S80 – Sessão com intensidade a 80% do LiVFC;

SD1 – Desvio padrão 1 da Plotagem de Poincaré;

SNC – Sistema nervoso central;

TAC – Taxa de acurácia cardíaca;

TCBC – Tarefa de contagem dos batimentos cardíacos;

TCLE – Termo de consentimento livre e esclarecido;

TI – Teste incremental;

UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte;

VFC – Variabilidade da frequência cardíaca;

W – Watts;

W.min-1 – Watts por minuto;

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RESUMO

SENSIBILIDADE INTEROCEPTIVA E RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS AO EXERCÍCIO SUBMÁXIMO

Autor: LUIZ FERNANDO DE FARIAS JUNIOR Orientador: Prof. Dr. ALEXANDRE HIDEKI OKANO

O complexo comportamento humano de realizar exercício físico envolve

processamento cognitivo, físico e emocional. As recentes teorias sobre regulação da

intensidade do exercício tem destacado o papel dos aspectos psicofisiológicos no

controle da intensidade do exercício físico. Nesse sentido, evidências recentes

relatam haver variabilidade na capacidade humana em perceber estímulos

interoceptivos. Assim, pessoas mais sensíveis apresentam maior excitação

fisiológica ao estresse físico e/ou emocional, e maior intensificação das sensações.

Adicionalmente, estudos tem relatado que feedback interoceptivo altera o

comportamento no exercício físico com ritmo livre. No entanto, os modelos de

prescrição de exercício físico apresentam padrão de esforço constante. Portando, o

presente estudo verificou a influência da sensibilidade interoceptiva sobre as

repostas psicofisiológicas em exercício dinâmico constante. A amostra foi composta

por 24 homens jovens adultos que foram alocados de acordo com o nível de

sensibilidade interoceptiva: Alta sensibilidade (n=11) e Baixa sensibilidade (n=13).

Todos foram submetidos a teste incremental (TI). Posteriormente, foram submetidos

(em ordem aleatória e cruzada) a dois protocolos de exercício físico em

cicloergômetro durante 20 minutos com intensidade moderada e severa. Durante os

protocolos as respostas de frequência cardíaca (FC), percepção subjetiva de esforço

(PSE), sensação afetiva, estado de alerta e nível de pensamentos dissociativos-

associativos foram registradas. A ANOVA two away para medidas repetidas verificou

as possíveis diferenças entre as repostas psicofisiológicas. Houve diferença

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estatisticamente significante entre os grupos na PSE, resposta afetiva e no estado

de alerta na intensidade moderada. Concluímos que sujeitos com alta sensibilidade

interoceptiva sentem o exercício dinâmico em intensidade moderada de forma mais

intensa.

Palavras chaves: Interocepção Cardíaca; Percepção Subjetiva de Esforço;

Resposta Afetiva; Estado de Alerta; Pensamento Dissociativo-Associativo; Exercício

Dinâmico.

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ABSTRACT

INTEROCEPTIVE SENSIBILITY AND PSYCHOPHYSICS RESPONSES TO SUB MAXIMUM EXERCISE

Author: LUIZ FERNANDO DE FARIAS JUNIOR Mastermind: Prof. Dr. ALEXANDRE HIDEKI OKANO

The complex human behavior related to exercise involves cognitive, physical and

emotional processing. The recent theories about exercise’s intensity regulation have

highlighted the role played by psychophysics aspects in controlling exercise’s

intensity. In this regard, recent evidences have shown that there is variability in

human capacity in perceiving interoceptives clues. Thus, subjects more sensitive

show higher physiological arousal to physical and/or emotional stress, and

sensations with higher intensity. In fact, studies have evidenced that interoceptive

feedback modifies behavior in exercise with free load. However, exercise

recommendations are based in a constant load standard. Therefore, we aimed to

analyze the influence of interoceptive sensibility on psychophysics responses during

dynamic exercise performed with constant load. Twenty-four adult males were

allocated into two groups accordingly with their interoceptive sensibility: high

sensibility (n=11) and low sensibility (13). They underwent to an incremental test (IT)

and then randomly to two sections of moderate and severe exercise intensity for 20

minutes. Heart rate (HR), rating of perceived exertion (RPE), affective feelings (AF),

alert state (AS), and percentage of associative thoughts were collect during exercise.

A two-way ANOVA with repeated measures was used to assess differences between

psychophysics responses. There were differences between group in RPE, AF, and

AS in moderate intensity. There was no difference in any measure in severe

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intensity. We conclude that subjects with high interoceptive sensibility feel dynamic

moderate exercise more intense than the subjecs with low interoceptive sensibility.

KEY-WORDS: cardiac interoception; rating of perceived exertion; affective feelings; alert state; associative-dissociative thoughts; dynamic exercise.

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1 INTRODUÇÃO

O modelo clássico na ciência do exercício de entender a regulação da

intensidade de realização do exercício físico historicamente não considera aspectos

psicofisiológicos que influenciam o comportamento durante o exercício físico1,2. No

entanto, modelos teóricos recentes como o do Governador Central1, o Modelo

Psicobiológico-Motivacional3 e o Modelo da regulação cerebral consciente4 suportam

o importante papel de fatores cognitivos e interoceptivos que influenciam o controle

da intensidade de realização do exercício físico.

A interocepção é definida como a informação aferente que surge dos órgãos

periféricos corporais que afeta a cognição ou o comportamento de um organismo de

forma consciente ou inconsciente. Já a sensibilidade interoceptiva está relacionada à

capacidade de um indivíduo perceber tais sinalizações aferentes5. Pennebaker e

Lightner 6 realizaram um estudo com dois experimentos para verificar a influencia

dos sinais interoceptivos sobre o esforço físico. No primeiro experimento, quando os

sujeitos realizam exercício com carga constante em ambiente fechado recebendo

informação sonora de sua respiração, a percepção de fadiga ao exercício físico foi

maior6. No segundo experimento, o exercício físico foi realizado em dois ambientes

abertos com diferentes quantidades de estímulos exteroceptivos (externos ao

organismo, por exemplo, visuais e/ou auditivos) os quais competem com vias de

atenção às informações interoceptivas, no ambiente onde os estímulos

exteroceptivos eram menores os sujeitos percorreram o percurso determinado em

maior tempo6. Recentemente, Herbert et al 7 evidenciaram que quando permitido

que indivíduos com diferentes níveis de sensibilidade interoceptiva regulem a

intensidade de realização do exercício físico, os indivíduos que possuem alta

sensibilidade interoceptiva (ASI) selecionam uma intensidade menor, embora a

percepção de fadiga seja igual a dos indivíduos com baixa sensibilidade

interoceptiva (BSI).

Entretanto, apesar da grande contribuição desses estudos6,7 para

entendermos a contribuição dos aspectos psicofisiológicos no controle individual da

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intensidade de esforço físico, outros aspectos relacionados à prescrição da

intensidade do exercício físico necessitam ser esclarecidos. Os modelos de

recomendação de prescrição do exercício físico8 sugerem uma intensidade de

esforço físico constante, o que torna obscuro a maneira que a sensibilidade

interoceptiva influencia as percepções psicofisiológicas em relação ao exercício

nessa circunstância. Ademais, os estudos supracitados avaliaram as respostas ao

exercício físico apenas após seu término, permanecendo uma lacuna sobre o

comportamento perceptual durante a realização do exercício físico e, além disso,

investigaram apenas um constructo de percepção psicofisiológicas relacionada à

fadiga, esquecendo aspectos importantes das percepções psicofisiológicas ao

exercício físico como a resposta afetiva9, que é definido pelo prazer/desprazer

sentido durante o exercício físico, o estado de alerta9 e o nível de pensamento

dissociativo-associativo, todos os quais influenciam o comportamento relacionado ao

exercício.

Outro fator ainda a ser esclarecido na literatura, é o comportamento de

indivíduos com diferentes níveis de sensibilidade interoceptiva na realização do

exercício físico em diferentes intensidades. Nesse sentido, Ekkekakkis10 propôs a

teoria do modelo duplo, que afirma que os indivíduos em intensidade moderada de

exercício físico, tendem a demonstrar um padrão homogêneo de respostas afetivas

positivas. Por outro lado, no domínio severo do exercício as respostas, embora

homogêneas, passam a ser negativas. De fato, vários estudos tem confirmado essa

teoria11–17. Contudo, ao propor essa teoria, Ekkekakkis18 não considerou a

variabilidade individual da sensibilidade interoceptiva às informações aferentes dos

órgãos periféricos. Dessa forma, outra lacuna a ser preenchida é de qual modo às

respostas afetivas são influenciadas pela sensibilidade interoceptiva em diferentes

intensidades de exercício físico.

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2 OBJETIVO

O objetivo desse estudo é verificar a influência da sensibilidade interoceptiva

sobre as respostas psicofisiológicas durante a realização de exercício físico com

intensidades diferentes e constantes.

2.1 Objetivos específicos

Comparar as resposta de PSE, afeto, estado de alerta e pensamentos

dissociativos-associativos entres os grupos de sensibilidade interoceptiva.

Verificar o efeito da intensidade do exercício sobre as respostas

psicofisiológicas entre os grupos.

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3 HIPÓTESES

A alta sensibilidade interoceptiva aumentará as respostas psicofisiológicas na

intensidade moderada.

O aumento das informações interoceptivas na intensidade severa anulará o

efeito da sensibilidade interoceptiva devido a minimização dos fatores cognitivos.

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4 REVISÃO DA LITERATURA

4.1 Consciência Interoceptiva

Atualmente, o que é denominado interocepção (consciência das sensações

corporais) teve sua base na ideia de Claude Bernard da existência de parâmetros

fisiológicos que definem o estado interno normal do organismo “milieu interieur”5.

Décadas depois da ideia de Bernard, Cannon denominou o estado de equilíbrio

interno de homeostase e adicionou a ideia de mecanismos corporais os quais

permitem o organismo ajustar-se a cada momento às flutuações destes parâmetros

fisiológicos que não são fixos5. Porém, foi a partir da Teoria da Emoção de James-

Lange que a consciência interoceptiva tornou-se importante na tentativa de explicar

a forma como conseguimos sentir as emoções. Assim, eles descreveram a

importância das informações aferentes de alterações viscerais ao cérebro para

produção dos sentimentos emocionais5,19. Evidências apontam a existência de

variabilidade individual da capacidade interoceptiva20,21. Desta forma, maior

sensibilidade de percepção da alteração do estado corporal interno tem relação

positiva com a magnitude da emoção sentida e com a ativação das estruturas

cerebrais envolvidas no processamento emocional21. Também, o comportamento da

FC à visualização de imagens afetivas é afetada pelo nível de sensibilidade

interoceptiva20.

4.2 Quantificação da sensibilidade interoceptiva cardíaca

Há dois métodos de quantificar a sensibilidade interoceptiva cardíaca, que

consiste em estimar a quantidade de batimentos cardíacos sem manipulação tátil.

Um dos métodos de avaliar a sensibilidade é através da estimativa dos próprios

batimentos cardíacos de forma intrínseca, que direciona à atenção do sujeito,

apenas, aos próprios batimentos cardíacos. O outro método, determina a

sensibilidade através da discriminação de sincronização dos próprios batimentos

cardíacos com eventos sonoros ou luminosos externos 22,23.

Schandry22 estabeleceu a tarefa de contagem dos batimentos cardíacos

(TCBC) como modelo para medir a sensibilidade interoceptiva cardíaca que é

representativa da capacidade interoceptiva geral do organismo24. Este método

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submete o indivíduo a estimar a quantidade de batimentos cardíacos

intrinsicamente, sem manipulação tátil, durante três períodos de tempo de 30, 45 e

60 segundos, em ordem aleatória, permitindo seis combinações possíveis. A

quantidade de batimentos cardíacos estimado pelo sujeito, dentro destes períodos

de tempo, são comparadas com a medida real de batimentos cardíacos registrados

por cadiofrequencímetro. Os valores estimados e reais de batimentos cardíacos são

plotados em fórmula matemática (figura 1), resultando o nível percentual de acurácia

cardíaca do sujeito avaliado22.

��������� � � �� ������ � � �����������

� ������

Figura 1 - Fórmula matemática do cálculo de acurácia cardíaca

Onde:

ACSchandry = Medida de acurácia cardíaca pelo método de Schandry de

contagem dos batimentos.

Σ BCreal = Soma dos batimentos cardíacos reais.

Σ BCestimado = Soma dos batimentos cardíacos estimados.

O método por determinação de sincronização externa consiste da exposição

dos sujeitos a sequências de sinais sonoros ou luminosos corresponde ou não

corresponde ao seu ritmo cardíaco25. O sujeitos são orientados a julgar, e os acertos

de índices de julgamento de sincronização e não sincronização com os batimentos

cardíacos determina a acurácia cardíaca25.

4.3 Mecanismo cerebral interoceptivo

Na formulação da Teoria da emoção de James-Lange, o mecanismo do

processamento cerebral da interocepção não foi esclarecido. Contudo, os avanços

tecnológicos de neuroimagem funcional tem possibilitado a identificação das áreas

cerebrais responsáveis pelo processamento emocional19,21,26. Critchley et al.27

apontam a existência de uma estrutura hierárquica para a representação das

emoções. O córtex insular, o córtex somatosensório e o tronco cerebral são

estruturas de primeira ordem responsáveis pela representação subconsciente do

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nível de excitação autonômica corporal27. O córtex cingulado e o córtex pré-frontal

são estruturas de segunda ordem importantes para a formação da representação

cognitiva e da consciência do estado emocional19,21,28. Confirmando a importância

desta rede neural, evidência aponta associação positiva entre a percepção do

estado corporal e a intensidade da emoção sentida com aumento da atividade das

estruturas de primeira e segunda ordem de processamento emocional21. Entre as

estruturas de primeira ordem, Critchley et al19 apontam o córtex insular como uma

área importante para representação subconsciente das alterações corporais, devido

à associação positiva da sua ativação e do aumento da massa cinzenta desta região

cerebral com o melhor desempenho na TCBC. Adicionalmente, sujeitos com doença

idiopática que afeta o sistema nervoso autonômico periférico apresentam baixa

interocepção cardíaca, baixo aumento na FC e na PA decorrente de estresse físico e

cognitivo e, baixa ativação nos córtices somatossensório e insular27. A via

interoceptiva ao córtex somatossensório é evidenciada no caso de Roger, um

paciente que apresenta dano completo bilateral nos córtices cingulado e insular,

porém percebe mudanças qualitativas nas sensações cardíacas29.

4.4 Sensibilidade interoceptiva, hipertensão, esforço físico e cognitivo

Duas linhas teóricas sugerem relações opostas entre o nível de pressão

arterial e sensibilidade interoceptiva30. A primeira linha, a hipótese do barorreceptor

fundamenta-se nas evidências de manipulação de aumento da FC e da atividade

barorreceptora não produzir aumento da sensibilidade31. Outra evidência é que

sujeitos com maior nível de pressão arterial comparado aos sujeitos de menor nível

de pressão arterial possuem maior limiar sensorial quando expostos à estímulos

táteis não dolorosos e estímulos táteis aversivos32. A segunda linha, o modelo de

percepção balística postula que a percepção é parcialmente baseada nas sensações

de pulso sanguíneo da circulação periférica18. O’Brien et al33 e Koroboki et al30

evidenciaram que sujeitos com maior nível de pressão arterial são mais acurados na

TCBC.

Critchley et al27 submeteram sujeitos saudáveis e sujeitos com doença

autonômica periférica a estresse físico de preensão manual e estresse cognitivo de

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cálculo matemático, em uma condição de esforço e uma condição controle.

Verificaram que os sujeitos com doença autonômica periférica, os quais possuem

baixa sensibilidade interoceptiva, apresentam respostas menores nas alterações de

FC e pressão arterial (PA) nas duas tarefas de estresse independente da condição27.

Igualmente, a comparação entre grupos de sujeitos saudáveis com alta e baixa

reatividade cardiovascular ao exercício isométrico de preensão manual, evidenciou

que os sujeitos com alta reatividade hemodinâmica (FC, PA sistólica e diastólica,

resistência periférica, volume de ejeção, débito cardíaco) apresentam alta

sensibilidade interoceptiva comparados aos sujeitos com baixa reatividade

hemodinâmica (88 ± 10 vs. 76 ± 06 acurácia cardíaca)34.

Herbert et al7 objetivando verificar a influência da sensibilidade interoceptiva

sobre o controle do esforço físico, encontraram que sujeitos com menor

sensibilidade apresentam maior aumento na resposta hemodinâmica durante tarefa

de ciclismo livre durante 15 minutos. Assim, estes percorreram uma distância maior

estatisticamente significativa (7.41 ± 0.96 km vs. 6.66 ± 0.58 km), no entanto os dois

grupos não diferiram no nível percepção de fadiga ao final do exercício medido por

uma escala numérica de 0-10 (7,51 ± 1,32 vs. 7,30 ± 1,49)7.

4.5 Regulação da intensidade do exercício

O modelo clássico da fisiologia do exercício e da ciência do exercício postula

que o controle da intensidade de realização do exercício físico e da fadiga física

apresenta uma relação linear com as mudanças no metabolismo, na demanda

energética, e nas respostas hormonal, termorregulatória, respiratória e

cardiovascular1,2,35. Nesse sentido, o que limitaria a realização do exercício físico

seria quando a demanda excede a capacidade em um ou mais sistemas orgânicos,

causando a falha catastrófica1,35. Como resultado, a homeostase não é mantida no

músculo ativo ou no sistema nervoso central (SNC) causando fadiga e o término do

exercício físico35. Esse modelo não inclui o papel dos feedbacks aferentes nem os

aspectos psicofisiológicos que influenciam o comportamento no exercício. No

entanto, modelos mais recentes apresentam a importância dos feedbacks aferentes

e os aspectos psicofisiológicos entre os mecanismo de controle da intensidade do

exercício físico e fadiga. O modelo teleoantecipatório incluído no modelo teórico do

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Governador Central admite que os feedbacks periféricos influenciam a magnitude

dos drives neurais que determinam a extensão do recrutamento do músculo

esquelético35. Assim, informações psicológicas e fisiológicas antes do exercício

estabelece o ritmo de esforço inicial do sujeito. Estes fatores incluem estado

fisiológico no início do exercício, expectativa da distância e duração da sessão de

exercício, o grau de experiência prévia do sujeito e o nível de motivação entre outro

fatores35. Durante o exercício, contínuos feedbacks informam o comando central

sobre o estado de reserva de combustível, a taxa de acúmulo de calor, estado de

hidratação. Como resultado, essas informações são integradas para regular o

comportamento do exercício pela modificação contínua do número de unidade

motoras recrutadas nos músculos exercitados. Esse modelo avança em relação a

outros modelos de fadiga central, no sentido que permite o cérebro antecipar a falha

sistêmica futura e modificar o comportamento para assegurar a homeostase e

prevenir a falha catastrófica35. A forma consciente de modificação comportamental

durante a realização do exercício físico ocorre através da PSE, em que seu aumento

indica o quanto o indivíduo está próximo de finalizar o esforço físico35.

O modelo Psicobiológico-Motivacional baseado na teoria de intensidade

motivacional postula que o desengajamento da tarefa ocorre quando o esforço

requerido de realização do exercício é igual ao esforço máximo que o sujeito

desprenderá para finalizar o exercício ou quando o sujeito acredita que excedeu o

esforço máximo, e continuar o exercício é percebido como impossível3. Nesse

modelo, o aumento da PSE é decorrente do aumento da ativação do músculos

respiratórios e do membros em exercício devido a demanda fisiológica, não

resultado de um cálculo antecipatório baseado na integração de informações

aferentes periféricas36.

O modelo da Regulação cerebral consciente postula que o cérebro sempre

recebe informações aferentes periféricas para continuamente regular o recrutamento

muscular, porém, isso ocorre em diferentes níveis de consciência cerebral4. Em

baixa intensidade de esforço, na qual o desconforto físico é mínimo, o cérebro é

capaz de regular a atividade muscular por vias automáticas e reque nível mínimo de

consciência4. No entanto, quando sensações aferentes alcançam o nível crítico,

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atingem um nível de consciência superior requerendo um comportamento consciente

que atenda os feedbacks periféricos negativos4. Assim, o comportamento de diminuir

a intensidade de esforço físico ou o aumento da PSE é decorrente da intensificação

da sinalizações periféricas que alcançam nível altos de consciência modificando a

resposta comportamental.

4.6 Foco de atenção, nível de pensamentos dissociativos-associativos

O foco de atenção é um aspecto cognitivo que altera ou mantem a atenção

dos pensamentos do executante em determinado alvo. Inicialmente essa estratégia

foi utilizada como possível recurso ergogênico para os maratonistas37 e mais

recentemente é aplicada na tentativa de aumentar a sensação de prazer e

consequentemente aumentar a aderência a programas regulares de atividade

física38–40. Dividida em dois extremos, o nível de pensamento dissociativo-

associativo, diferem quanto as vias de competição dos estímulos internos e externos

do organismo37.

Nesta revisão o nível de pensamento associativo é atribuído aos

pensamentos sobre as percepções corporais em geral como respiração, fadiga

muscular e temperatura, no outro extremo, o nível de atenção dissociativo

caracteriza-se como um processo onde as sensações físicas corporais são menos

percebidas41. O Attentional Focus Questionnaire (AFQ), desenvolvido por Brewer,

Van Raalte e Linder42, é um instrumento psicométricos bastante usado na literatura

atual para avaliar a nível dos pensamentos dissociativos-associativos.

Morgan e Pollock37 analisando dois grupos de maratonistas – elite e não elite,

perceberam que os atletas da elite utilizam durante o treinamento mais o foco

associativo que o dissociativo, enquanto o grupo de atletas não elitizados utilizaram

mais o foco dissociativo. Kirby43 explica que essa “escolha” provavelmente ocorre

não por preferência, mas sim por que atletas de alto nível normalmente treinam em

intensidades muito próximas das capacidades máxima, o que explicaria a maior

prevalência de pensamentos associativos neste grupo. Lind, Welch e Ekkekkakis41

realizaram um estudo de revisão avaliando o desempenho de diferentes estratégias

cognitivas, de associação e dissociação, em alguns esportes e notaram que a

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seleção de estratégias associativas produzem melhores resultados no desempenho,

como redução do tempo de prova, quando comparados com o momento

dissociativo. Contudo, quando se observa os resultados sobre algumas variáveis

psicofisiológicas como PSE, FC, consumo de oxigênio e resposta afetivas, os

resultado são bastante contraditórios.

Embora seja um assunto já bastante debatido na literatura, especialmente na

área do desempenho esportivo, pouco se sabe sobre os possíveis mecanismos que

influenciam a estratégia de atenção e que possivelmente explica o porquê dos

resultados contrastantes encontrado por Lind, Welch e Ekkekkakis41. Atualmente,

dois modelos teóricos são muito usados para explicar esses mecanismos, o modelo

Sócio-Cognitivo de Percepção e Tolerância a Dor44 e a Teoria do modelo-duplo10.

Tenenbaum44 propõe que durante o exercício físico realizado em baixa

intensidade, o executante alterna facilmente entre os dois estilos de estratégia

cognitiva. Entretanto, com o aumento da intensidade, o esforço claramente aumenta

e havendo aumento associativo, consequente ao aumento do esforço, desta forma a

estratégia cognitiva consciente vai perdendo eficácia em minimizar a percepção de

esforço produzindo respostas afetivas mais negativas.

Ekkekkakis10 postula que o limiar ventilatório representa um nível de

intensidade de esforço que demarca a transição de dominância do fatores cognitivos

para dominância dos fatores interoceptivos sobre as resposta afetivas e de esforço.

Adicionalmente, Tenenbaum44 relata que a capacidade de atenção do homem

é limitada e reduzida e, que o corpo prioriza as informações interpretadas como

prejudiciais ao funcionamento do organismo. Sugerindo que o aumento da

intensidade do exercício provoca maior percepção de esforço, reduzindo a

capacidade de manter pensamentos dissociativos e aumentando a atenção para

alterações internas, assim verificada pelo aumento dos pensamentos associativos.

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5 MATERIAL E MÉTODOS

A amostra do estudo foi composta por 24 jovens adultos do sexo masculino,.

A caracterização da amostra está descrita na tabela 1.

Tabela 1 - Caracterização da amostra

Baixa sensibilidade

(n=11)

Alta sensibilidade

(n=13) p

TAC (%) 66,0 ± 17,8 95,0 ± 4,0 0,001

Idade (anos) 25,5 ± 4,0 23,2 ± 3,6 0,15

Massa corporal (kg) 72,8 ± 8,8 73,1 ± 8,1 0,92

Estatura (m) 1,72 ± 0,06 1,74 ± 0,05 0,36

IMC (kg.m-2

) 24,5 ± 2,6 23,9 ± 1,8 0,49

FCrep (bpm) 74,8 ± 7,0 65,4 ± 6,6 0,003

PAS (mmHg) 121,4 ± 10,3 119,2 ± 6,4 0,52

PAD (mmHg) 73,0 ± 12,2 68,0 ± 4,6 0,69

TAC – taxa de acurácia cardíaca; IMC – índice de massa corporal; FCrep –

frequência cardíaca de repouso; PAS – pressão arterial sistólica; PAD – pressão

arterial diastólica. Dados expressos em média e desvio padrão.

Os critérios de inclusão foram ser insuficientemente ativo fisicamente, sem

doenças pré-diagnosticadas. Os critérios de exclusão compreenderam o não

comparecimento em alguma das visitas ao laboratório ou não participação em algum

dos procedimentos do estudo.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (CEP/UFRN), parecer número 488.110. Todos os

participantes foram instruídos a não realizarem exercícios físicos e a não ingerirem

bebidas alcoólicas ou cafeinadas durante as 24 horas que antecederam os

procedimentos experimentais. Os participantes após terem sido informados sobre os

riscos, benefícios e procedimentos do estudo, assinaram o Termo de Consentimento

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Livre e Esclarecido (TCLE), conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de

Saúde do Brasil45, e foram submetidos aos procedimentos experimentais.

5.1 Desenho experimental

O estudo caracteriza-se como sendo do tipo experimental com delineamento

cruzado, e ordem aleatorizada. As coletas de dados ocorreram em três visitas ao

laboratório em dias distintos com intervalo mínimo de 48h e máximo de 72h. Na

primeira visita, foram apresentados os riscos, os benefícios e os procedimentos do

estudo e, aplicado o Questionário de prontidão para Atividade Física (PAR-Q),

aferidas as medidas antropométricas e obtido o TCLE. Em seguida, foram realizadas

medidas hemodinâmicas em repouso e, a TCBC para verificação da sensibilidade

interoceptiva cardíaca. Assim, de acordo com o seu nível de sensibilidade

interoceptiva os sujeitos foram designados à um dos grupos: Alta sensibilidade

interoceptiva (ASI, n=13) e Baixa Sensibilidade interoceptiva (BSI, n=11). Na

sequência, foi realizado um teste incremental (TI) para identificação do limiar de

variabilidade da frequência cardíaca (LiVFC) e a potência pico (PP), parâmetros que

determinaram as intensidades dos protocolos experimentais, sessão intensidade

moderada (S80), 20% abaixo do LiVFC, e sessão intensidade severa (S120), 20%

acima do LiVFC .

Nas outras duas visitas foram realizados os protocolos experimentais

submáximos com carga constante, S80 e S120.

5.2 Procedimentos

5.2.1 Índice de massa corporal

O índice de massa corporal (IMC) foi calculado considerando-se o quociente

entre a massa corporal em quilogramas e a estatura em metros ao quadrado. Uma

balança digital (Welmy – modelo H110) com estadiômetro acoplado foi utilizada para

mensuração da massa e da estatura corporal.

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5.2.2 Medidas hemodinâmicas em repouso

Em todas as visitas, ao chegarem ao laboratório os sujeitos permaneceram

em repouso na posição sentada em sala silenciosa e temperatura controlada (25º C

e 70%RH) durante dez minutos para verificação dos parâmetros hemodinâmicos de

repouso. A frequência cardíaca de repouso (FCrep) foi considerada o valor médio do

trecho de cinco minutos mais estável dos intervalos R-R (iRR). Os sinais dos iRR

foram registrados através do cadiofrequencímetro (RS800CX training computer,

Polar®, Finland) com frequência de registro a cada 5 segundos. A PA, em cada dia,

foi verificada em três medidas com intervalo de um minuto, sendo considerado o

valor mediano das três medidas. Para fins de comparação entre os grupos, os

valores medianos de FCrep e PA nos três dias foram utilizados para análise.

5.2.3 Tarefa de contagem de batimentos cardíacos

A TCBC desenvolvidos por Schandry22 consiste da contagem silenciosa dos

batimentos cardíacos em 6 tentativas, com combinação aleatória de três períodos de

tempo (30, 45 e 60 segundos) intercalado por 30 segundos. Os indivíduos

permaneceram deitados em decúbito dorsal e foram questionados sobre a existência

de algum estímulo tátil que facilitasse a identificação dos batimentos cardíacos.

Antes do início da tarefa, os sujeitos foram orientados a focar sua atenção em seus

próprios batimentos cardíacos, a abstrair-se de outros pensamentos e relaxar. Em

seguida, os sujeitos foram orientados sobre o início do teste. Um sinal sonoro

indicou o início e o final do período de tempo no qual os batimentos cardíacos

deveriam ser contados. Os participantes foram orientados a reportar o número de

batimentos cardíacos estimado por cada período, que, posteriormente, foram

comparados ao número de batimentos cardíacos reais registrados através do

cardiofrequencímetro (RS800CX training computer, Polar®, Finland).

O nível sensibilidade interocepção cardíaca foi calculado através da fórmula

de acurácia de Schandry22, (ver figura 1). Todos os sujeitos realizaram a TCBC no

mesmo período do dia, pela manhã entre 08h e 11h, em ambiente silencioso e com

temperatura controlada (25°C e 70%RH), para evitar influências circadiana e

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ambiental sobre a medida de acurácia cardíaca. Os critérios de definição para BSI

foram acurácia menor que 85%46 e, para ASI, acima de 85%47.

5.2.4 Parâmetro Perceptual

A PSE pode ser definida como a intensidade subjetiva de esforço, tensão,

desconforto e ou fadiga experimentada durante a realização de exercício físico48. No

presente estudo, as respostas perceptuais durante a realização do exercício físico

foi verificada através da escala de PSE de Borg 6-2049. Esse instrumento de

classificação subjetiva do esforço é uma escala categórica composta por 15 pontos,

que varia do extremo mínimo 6 (“nenhum esforço”) até extremo máximo 20 (“esforço

máximo”). Os procedimentos descritos por Robertson e Noble (1997) foram

adotados para utilização da escala de PSE.

5.2.5 Parâmetros Afetivos (Prazer/Desprazer)

A resposta afetiva é um componente básico das respostas contrastantes

emocionais intensas e de curto prazo. Neste estudo, foi definida operacionalmente

como descritor de respostas positivas (prazer) e negativas (desprazer) em relação à

intensidade de realização do exercício físico. A resposta afetiva foi avaliada através

da escala de sensação de Hardy e Rejeski (1989)50. Esse instrumento é uma escala

de Likert bipolar composta de 11 pontos, variando entre +5 (“muito bom”) a -5

(“muito ruim”).

5.2.6 Pensamentos dissociativos e associativos

A Escala de Foco de Atenção (EFA) de Brewer et al.42 foi empregada para

mensurar o percentual do foco de atenção as alterações fisiológicas provocadas

pelo exercício (Pensamento Associativo) durante toda a atividade. Essa escala

apresenta uma medida de 10 pontos que analisam o percentual de presença de

pensamentos dissociativos e associativos ao exercício, variando de 10% à 100%,

onde os extremos estão a máxima utilização de cada tipo de foco de atenção, 100%

para máxima utilização de pensamento associativo e 10% a máxima utilização de

pensamento dissociativo e consequentemente a mínima utilização de pensamento

associativo.

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5.2.7 Teste Incremental

A realização do TI teve o objetivo de identificar o LiVFC e a PP. O teste

consistiu de incremento escalonado em cicloergômetro eletromagnético (modelo -

CG-04; marca - Imbramed®) com protocolo de carga inicial de 25W, incremento de

15W.min-1 e rotação entre 60 e 70 rpm. O teste foi interrompido por exaustão

voluntária ou quando a rotação mínima (60 rpm) não foi mantida por mais de cinco

segundos. A FC foi registrada através do cadiofrequencímetro (RS800CX training

computer, Polar®, Finland). A PSE, a resposta afetiva, o estado de alerta e o nível de

pensamento dissociativo-associativo ao exercício foram registrados a cada dois

estágios de incremento de carga. Este processo foi adotado como protocolo de

familiarização com as escalas psicofisiológicas.

5.2.8 Limiar de variabilidade da frequência cardíaca

O LiVFC foi determinado pela redução do valor do índice SD1 da Plotagem de

Poincaré, que reflete a retirada da modulação parassimpática cardíaca. O trecho dos

últimos cinco segundo de cada estágio do teste incremental foi utilizado para

representar o SD1 correspondente ao estágio. O primeiro estágio no qual o valor de

SD1 apresentou-se inferior a três milissegundos foi considerado a carga equivalente

ao LiVFC (PLiVFC). Adicionalmente, o percentual em torno de 50% da PP foi

utilizado como critério de confirmação do LiVFC51,52.

5.2.9 Teste retangular

Os dois protocolos experimentais foram realizados de forma aleatória e

cruzada, em dias diferentes com intervalo mínimo de 48h e máximo de 72h. Os

testes consistiram da realização de exercício físico em cicloergômetro durante 20

minutos com intensidade moderada S80 e intensidade severa S120. Antes do início

do teste, foi adotado um período de aquecimento de 3 minutos (sem carga). Após,

foi adicionada a carga correspondente ao protocolo experimental. A FC foi registrada

através do cadiofrequencímetro (RS800CX training computer, Polar®, Finland) e a

FC média dos últimos cinco segundo anteriores aos minutos 5, 10, 15 e 20 foram

utilizados para análise estatística. O percentual da FC de reserva (%FCres) foi

calculado a partir desses valores médio para descrever a intensidade na qual a

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sessões de exercício físico foram realizadas. A PSE, a resposta afetiva, o estado de

alerta e o nível de pensamento dissociativo-associativo ao exercício foram

registrados a cada cinco minutos.

5.3 Análise Estatística

Os dados estão apresentada em média e desvio padrão. O Teste de Shapiro-

Wilk e a análise da média, assimetria e curtose atestaram a normalidade de

distribuição dos dados. O Teste de Mauchly verificou a esfericidade dos dados de

medidas repetidas. O Teste t para amostra independente verificou as diferenças nas

variáveis descritivas entre os grupos. A análise de variância (ANOVA) two away (2 x

4) para medidas repetidas , grupo (ASI vs. BSI), momentos (5, 10, 15, 20 minutos)

foi empregada com post hoc de Tukey para verificar as possíveis diferenças entre as

variáveis FC, PSE, afeto, estado de alerta e nível de pensamento dissociativo-

associativo. Adicionalmente, foi realizado o slope do comportamento da reta das

respostas psicofisiológicas, refletindo a taxa de aumento ou declínio. Para

comparação entre os grupos foi utilizado o Teste t para amostra independente.

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6 RESULTADOS

A tabela 2 apresenta a estatística descritiva das medidas de esforço durante a

realização do exercício físico no TI e nas sessões experimentais.

Tabela 2 - Comparação das variáveis de esforço no TI e nas sessões experimentais

Baixa sensibilidade

(n=11)

Alta sensibilidade

(n=13) p

PP (W) 192,7 ± 34,7 205,0 ± 21,2 0,29 PLiVFC (W) 95,9 ± 23,3 102,3 ± 17,2 0,44 P80 (W) 76,7 ± 18,7 81,8 ± 13,7 0,44 P120 (W) 115,1 ± 28,0 122,0 ± 21,6 0,50 %FCrS80 40,8 ± 11,1 43,8 ± 7,0 0,43 %FCrS120 67,0 ± 12,3 69,0 ± 8,8 0,66 PP – potência pico; PLiVFC – potência no limiar da variabilidade da frequência

cardíaca; P80 – potência à 80% do limiar da variabilidade da frequência cardíaca;

P120 – potência à 120% do limiar da variabilidade da frequência cardíaca; %FCrS80

– percentual da FC de reserva na S80; %FCrS120 – percentual da FC reserva na

S120. Dados expressos em média e desvio padrão.

As figuras 2,3,5,7 apresentam o comportamento das respostas

psicofisiológicas durante a realização do exercício físico nas duas intensidades (A)

S80 e (B) S120. As figuras 4 e 6 apresentam a comparação dos slopes da PSE e

resposta afetiva entre os grupos.

Frequência cardíaca

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Figura 2 - Comportamento da FC nas S80 e S120 * Diferença do 5º minuto para os outros momentos

A FC não alterou na S80 nos dois grupos (p=0,371). E na S120 houve efeito

do momento (F(3,36)=40,39, p=0,000), a FC no início difere dos outros momentos

nos dois grupos.

Percepção subjetiva de esforço

Figura 3 – Comportamento da PSE nas S80 e S120 * Diferente do 5º minuto do grupo ASI

# Diferente de todos os momentos do grupo BSI

Na PSE, na S80 houve efeito do momento (F(3,36)=18,62, p=0,000) e da

interação grupo x momento (F(3,36)=18,50, p=0,000). No efeito entre os grupos a

PSE é menor no início e maior no final para o grupo ASI. Na S120 houve efeito o

momento (F(3,36)=34,95, p=0,000). A figura 4 apresenta a comparação entre os

grupos da taxa de aumento da PSE na S80.

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Figura 4 - Comparação da taxa de aumento da PSE na S80

* Diferença estatisticamente significante p<0,05.

Resposta afetiva

Figura 5 - Comportamento da resposta afetiva nas S80 e S120 * Diferente do 5º minuto do grupo ASI

# Diferente do 20º minuto do grupo ASI

A resposta afetiva para o grupo ASI, na S80 houve efeito do momento

(F(3,36)=22,75, p=0,000). E entre os grupos (F(3,36)=4,14, p=0,01). Na S120 houve

efeito do momento (F(3,36)=59,81, p=0,000), apresentando um declínio linear. A

figura 6 apresenta a comparação entres os grupos do declínio da resposta afetiva.

Figura 6 - Comparação da taxa de declínio da resposta afetiva na S80.

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Estado de Alerta

Figura 7 - Comportamento do estado de alerta nas S80 e S120 * Diferente do 5º minuto do grupo ASI; # Diferente do 5º minuto do grupo ASI

¥ Diferente do 5º minuto nos dois grupos

O estado de alerta, na S80 houve efeito do momento (F(3,36)=7,21, p=0,000)

apresentando um aumento linear até o 15º minuto no grupo ASI. E houve efeito

entre os grupos (F(3,36)=4,03, p=0,01), menor estado de alerta no início e maior no

final, no grupo ASI. Na S120 houve efeito do momento (F(3,36)=26,56, p=0,000),

aumento linear nos dois grupos.

Nível de pensamento dissociativo-associativo

Figura 8 - Comportamento do nível de pensamento nas S80 e S120 * Diferente do 5º minuto do grupo ASI # Diferente do 5º minuto do grupo BSI

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O nível de pensamento dissociativo-associativo houve efeito do momento na

S80 no grupo ASI, o primeiro momento é menor que os dois momentos finais

(F(3,36)=11,85, p=0,000). Na S120, houve aumento é linear nos dois grupos

(F(3,36)=22,52, p=0,000).

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7 DISCUSSÃO

O objetivo desse estudo foi verificar a influência da sensibilidade interoceptiva

sobre as respostas psicofisiológicas durante a realização de exercício físico com

intensidades diferentes e constantes. Os principais achados do presente estudo

mostraram que no domínio moderado de intensidade do exercício os sujeitos com

ASI apresentam maior PSE, menor afeto e maior estado de alerta, comparado aos

sujeitos com BSI, embora em intensidade severa ambos se comportem do mesmo

modo.

A forma diferenciada de perceber a intensidade do exercício pode ser

explicada pela teoria da teleoantecipação53,54 que propõe que o ritmo de exercício

físico é estabelecido com o objetivo de evitar a falha catastrófica dos sistemas

fisiológicos, e esse ritmo é reajustado durante o exercício utilizando como base as

informações aferentes provenientes dos órgãos periféricos. Entretanto, no presente

estudo a intensidade do exercício foi fixa, não podendo ser alterada pelos sujeitos.

Dessa forma, uma vez que os sujeitos com ASI percebem as informações aferentes

de forma mais acentuada21,34 e que intensidade do exercício não poderia ser

alterada, a forma de prevenir a falha catastrófica foi aumentar a PSE nesse grupo de

sujeitos. Tal suposição é fortalecida quando é analisada a taxa de aumento da PSE

(figura 4), que demonstrou que os sujeitos com ASI aumentaram de modo mais

acentuado a PSE. Além disso, a resposta diferenciada da PSE evidencia a influência

da sensibilidade interoceptiva nas respostas perceptuais ao exercício, uma vez que

os dois grupos apresentaram a mesma demanda de FC ao exercício físico.

Contrariamente, o grupo de BSI mostrou uma resposta perceptual fixa durante o

exercício, uma vez que os sinais aferentes periféricos destes são percebidos de

forma menos intensa21,34.

Tal explicação é suportada pelos achados de Herbert et al7. Em seu estudo os

sujeitos foram permitidos modificar a intensidade do exercício. Dessa forma, para a

mesma duração de esforço os sujeitos com ASI adotaram uma intensidade menor

de esforço físico quando comparado aos sujeitos com BSI. Entretanto, a percepção

de fadiga para o exercício foi a mesma. Portanto, quando é permitida aos sujeitos

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com diferentes níveis sensibilidade interoceptiva a escolha da intensidade do

exercício os indivíduos com ASI adotam uma menor intensidade/ritmo de exercício.

De fato, nossos achados e o da Herbet et al7 corroboram os de Pennebaker e

Lightner6. Eles evidenciaram com diferentes experimentos que em tarefas de

exercício físico aberta, a qual o sujeito pode modificar a intensidade de esforço, o

aumento da informação interoceptiva influencia na diminuição da intensidade/ritmo,

enquanto que em tarefa de exercício físico fechado, que a intensidade não pode ser

alterada, o aumento da informação interoceptiva influencia no aumento da

percepção de fadiga.

Contudo, uma questão que pode ser lançada sobre os nossos resultados é a

respeito de como a PSE foi diferente tendo em vista que as respostas fisiológicas

foram iguais. Acreditamos que a resposta a essa questão encontra-se no padrão de

respostas afetivas apresentadas pelos sujeitos. Nossos resultados demonstraram

que os sujeitos com ASI sentem o exercício físico de mesma intensidade de maneira

menos prazerosa que os sujeitos com BSI, evidenciado pela taxa de declínio na

resposta afetiva (figura 6). De fato, Baden et al55 evidenciaram que as respostas

afetivas ao exercício físico influenciam na PSE. Em seus achados verificaram que

mesmo sem alteração na FC, consumo de oxigênio e/ou frequência de passadas a

PSE foi modificada em função da queda do prazer55. Portanto, acreditamos que a

maior intensidade das informações internas nos sujeitos com ASI promoveu uma

queda no prazer relacionado ao exercício físico e foi refletido numa maior PSE, o

que pode ser interpretada como uma forma de desencorajar os sujeitos a manter-se

no exercício. Adicionalmente, Polman e Edwards4 destacam que o aumento das

sensações aferentes através dos feedbacks metabólicos negativos (sensações

desagradáveis) desperta a consciência cognitiva e, também, aumenta a PSE.

De fato, o maior estado de alerta apresentado pelos indivíduos com ASI

reflete a maior intensidade dos sinais interoceptivos sentido por esses sujeitos

durante o exercício. Portanto, a influência da sensibilidade interoceptiva nas

respostas perceptuais e afetivas ao exercício pode ser evidenciada, também, pelo

comportamento similar apresentado entre PSE e o estado de alerta, pois ambos

aumentaram concomitantemente no grupo com ASI durante o exercício, enquanto

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nos indivíduos com BSI ambos permaneceram estáveis. De fato, Polman e Edwards4

afirmam que o nível de consciência cerebral através de processamento dos

feedbacks aferentes está relacionado tanto a intensificação destas sinalizações

quanto a intensidade do exercício. Dessa forma, uma vez que a intensidade do

exercício físico permaneceu constante, as diferenças evidenciadas na PSE, afeto e

estado alerta relacionado ao exercício são resultantes do nível de sensibilidade

interoceptiva.

Todavia, todas essas diferenças foram vistas apenas no domínio de

intensidade moderada. Na sessão de exercício no domínio severo, as respostas

psicofisiológicas não diferiram entre os grupos. Este comportamento já era esperado

uma vez que a teoria do Modelo Duplo proposto por Ekkekakis10 postula que no

domínio severo do exercício há uma minimização dos fatores cognitivos o que gera

uma homogeneidade nas respostas afetivas que tornam-se negativas devido a maior

contribuição dos fatores interoceptivos relacionado à tarefa, o que possivelmente

dever ter contribuído para respostas psicofisiológicas semelhantes entre os grupos.

Portanto, acreditamos que a intensificação das informações interoceptivas tornou a

interpretação dos sinais aferentes periféricos semelhante para todos os indivíduos,

independente da sensibilidade interoceptiva. Entretanto, nosso estudo faz uma

importante contribuição a teoria do modelo duplo ao apontar que: no domínio

moderado de intensidade do exercício físico embora as respostas sejam

homogêneas positivas, os sujeitos com ASI sentem o exercício de forma menos

prazerosa que os de BSI.

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8 CONCLUSÃO

Concluímos que sujeitos com alta sensibilidade interoceptiva em exercício

dinâmico em intensidade moderada o sentem de forma mais intensa, menos

prazerosa, tudo isso por serem mais alertas aos sinais fisiológicos durante o

exercício. Nossos achados contribuem no sentido de destacar a importância em se

considerar a sensibilidade interoceptiva dos sujeitos na prescrição da intensidade do

exercício físico.

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