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225 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ ISSN 0101-9759 Vol. 29-2 / 2006 p. 225-246 Programa de Pós-Graduação em Geografia Teses Defendidas - Doutorado Autora: Rita de Cássia Alcantara Domingues da Silva Orientadora: Gisela Aquino Pires Título: Aspectos Institucionais da Gestão dos Recursos Hídricos: o Caso do Submédio São Francisco Nº de Páginas: 193 Resumo: Em regiões de relativa escassez hídrica como o Semi-Árido nordestino e o Submédio São Francisco, a existência de um manancial do porte e extensão do rio São Francisco extrapola os limites de um acidente geográfico e de um bem público isolado para se converter numa matriz de possibilidades estratégicas da qual depende toda a região. A pesquisa buscou analisar os efeitos da ação de duas organizações: CHESF e CODEVASF. Partiu-se das mudanças institucionais que caracterizaram o quadro geral da gestão dos recursos hídricos no Brasil para analisar as disputas e conflitos de uso desses recursos no quadro regional. Para tanto, foi definida como área de estudo o Submédio São Francisco, onde pode ser claramente observado que parte desses conflitos e disputas está associada à localização dos perímetros irrigados e às barragens para geração de energia elétrica. Adotou-se como premissa que a dinâmica econômica que tais organizações imprimem à região está associada ao papel desempenhado e à evolução das organizações do porte da CHESF e da CODEVASF, que têm coordenação e responsabilidade sobre esses usos. Assim, no médio vale do São Francisco, e particularmente no trecho do Submédio, a comparação das ações dessas organizações revelou certa inércia institucional no que diz respeito à adaptação às mudanças requeridas pelo atual quadro institucional. O trabalho revelou que o jogo de interesses encontrou uma forma de expressão nos conflitos de uso. Assim, CHESF e CODEVASF nem sempre atuam em torno de uma convergência que possa otimizar o uso dos recursos. Em várias situações, como no caso da transposição, a expressão desses conflitos tem implicações em esferas mais amplas e pode traduzir-se por uma disputa em torno de parâmetros técnicos de qualidade e quantidade. Assim,

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Anuár io do Inst i tu to de Geociências - UFRJISSN 0101-9759 Vol. 29-2 / 2006 p. 225-246

Programa de Pós-Graduação em GeografiaTeses Defendidas - Doutorado

Autora: Rita de Cássia Alcantara Domingues da SilvaOrientadora: Gisela Aquino PiresTítulo: Aspectos Institucionais da Gestão dos Recursos Hídricos:o Caso do Submédio São FranciscoNº de Páginas: 193

Resumo:

Em regiões de relativa escassez hídrica como o Semi-Árido nordestinoe o Submédio São Francisco, a existência de um manancial do porte e extensãodo rio São Francisco extrapola os limites de um acidente geográfico e de umbem público isolado para se converter numa matriz de possibilidadesestratégicas da qual depende toda a região. A pesquisa buscou analisar osefeitos da ação de duas organizações: CHESF e CODEVASF. Partiu-se dasmudanças institucionais que caracterizaram o quadro geral da gestão dosrecursos hídricos no Brasil para analisar as disputas e conflitos de uso dessesrecursos no quadro regional.

Para tanto, foi definida como área de estudo o Submédio São Francisco,onde pode ser claramente observado que parte desses conflitos e disputas estáassociada à localização dos perímetros irrigados e às barragens para geraçãode energia elétrica. Adotou-se como premissa que a dinâmica econômica quetais organizações imprimem à região está associada ao papel desempenhado eà evolução das organizações do porte da CHESF e da CODEVASF, que têmcoordenação e responsabilidade sobre esses usos. Assim, no médio vale doSão Francisco, e particularmente no trecho do Submédio, a comparação dasações dessas organizações revelou certa inércia institucional no que diz respeitoà adaptação às mudanças requeridas pelo atual quadro institucional.

O trabalho revelou que o jogo de interesses encontrou uma forma deexpressão nos conflitos de uso. Assim, CHESF e CODEVASF nem sempreatuam em torno de uma convergência que possa otimizar o uso dos recursos.Em várias situações, como no caso da transposição, a expressão dessesconflitos tem implicações em esferas mais amplas e pode traduzir-se por umadisputa em torno de parâmetros técnicos de qualidade e quantidade. Assim,

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através da discussão da disponibilidade de recursos, constatou-se a permanênciade uma fragilidade institucional no que diz respeito ao estabelecimento de umacoordenação horizontal que sustente a região.

Autora: Vivian Castilho da CostaOrientadora: Josilda Rodrigues da Silva de MouraTítulo: Proposta de Manejo e Planejamento Ambiental de TrilhasEcoturísticas: um Estudo no Maciço da Pedra Branca - Município doRio de Janeiro (RJ)Nº de Páginas: 325

Resumo:

O estabelecimento de atividades recreativas e de ecoturismo,principalmente em trilhas existentes em unidades de conservação brasileiras,ainda não ocorreu com base em planejamento detalhado e eficaz, tanto no quese refere ao controle e mitigação dos impactos negativos dessas atividades,quanto no fomento às praticas efetivamente conservacionistas. Ao analisarmosos remanescentes de Mata Atlântica localizados nos maciços litorâneos dacidade do Rio de Janeiro, encontramos o mesmo quadro, ou ainda pior, já quemuitas dessas áreas não possuem nem mesmo plano de manejo. Nesse sentido,o estudo do manejo de trilhas sob a ótica geográfica e ambiental permite mostrara importância para conservação das áreas naturais e para muitas oportunidadesrecreacionais a serem desenvolvidas com mínimo impacto. A presente tesetem por objetivo realizar avaliação física e ambiental das trilhas do maciço daPedra Branca, localizado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro,principalmente naquelas que possam comprometer a prática do ecoturismo,lazer e recreação. No contexto das áreas de maior potencial àquelas atividades,foram selecionadas três trilhas para a realização de um diagnóstico detalhado:trilha do Rio Grande, trilha do Camorim e trilha da Praia do Perigoso. As duasprimeiras estão sob controle administrativo do Parque Estadual da Pedra Branca(PEPB), enquanto que a terceira não possui controle por parte da referidaadministração, estando toda ela, fora dos limites das unidades de conservaçãodo maciço. Metodologias foram aplicadas na análise quantitativa/ qualitativada Capacidade de Carga – CC (Capacidade de Suporte), do Índice deAtratividade em Pontos Interpretativos (IAPI), do Manejo de Impacto deVisitação (MIV) e do Limite Aceitável de Câmbio (LAC). A aplicação dessesmétodos permitiu avaliar o melhor padrão de manejo e gerenciamento davisitação, com o propósito de enriquecer o conhecimento detalhado e a

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compreensão da importância de monitoramento das trilhas, principalmente paraos gestores de unidades de conservação. Foram aplicados e aprimoradosmétodos e ferramentas de geoprocessamento, que geraram mapas temáticosbásicos e analíticos, compondo um Banco de Dados Geográfico (BDG) dastrilhas do maciço da Pedra Branca. Os principais resultados dos mapeamentose análises realizados mostraram que a grande maioria das trilhas do maciço daPedra Branca está em áreas de baixa vulnerabilidade natural à ocorrência deimpactos (erosão), proporcionada pelas características de erodibilidade eerosividade, associadas ao uso do solo e cobertura vegetal atual. Apesar disso,apresentam várias restrições de uso impostas pela legislação ambiental vigente,principalmente pela do PEPB, e as relativas às Áreas de Preservação Ambientale Permanentes (APAs e APPs). Por sua vez, as três trilhas trabalhadas emmaior detalhe apresentam impactos variados e significativos sobre os seusprincipais componentes, bem como perfis diferenciados dos seus visitantes,sendo a trilha do Camorim a mais crítica e a que exige maior controle daspráticas ecoturísticas e de lazer desenvolvidas. As principais propostas deplanejamento e manejo das trilhas do maciço da Pedra Branca apontaram paraa necessidade de criação de parcerias entre as diferentes esferas do poderpúblico e privado, para a realização periódica de monitoramento do uso dastrilhas (fiscalização), com o objetivo de coibir e/ou mitigar os impactos, nocumprimento do limite máximo de visitantes (capacidade de suporte) e nassugestões resultantes do IAPI, MIV e LAC. A maior expectativa é de queesta tese possa ser uma contribuição acadêmica para a real concretização daspráticas ecoturísticas, se constituindo em mais um instrumento de apoio àconservação ambiental, melhoria da qualidade de vida e sensibilização ecológicados visitantes ou residentes no interior e na periferia próxima do maciço daPedra Branca.

Autor: Antonio Carlos Freire SampaioOrientador: Paulo Márcio Leal de MenezesTítulo: A Cartografia no Ensino de Licenciatura em Geografia. Análiseda Estrutura Curricular Vigente no País. Proposta na Formação,Perspectivas e Desafios Para o Futuro ProfessorNº de Páginas: 220

Resumo:O estudo e a pesquisa do ensino de Cartografia para a Geografia

apresentam grande diversidade de dificuldades em se trabalhar com estamatéria, nos cursos superiores de Geografia. Entre os problemas levantados

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pelos diversos pesquisadores do assunto, podem ser citados: qualidade formativados geógrafos-professores, que necessitam dominar conceitos; resistência dosalunos para o trabalho com mapas; geração de distorções no uso de mapas,acarretadas pela dificuldade em entender e lidar com eles; necessidade deuma reflexão do papel dos mapas na construção do raciocínio espacial;dificuldade de se lidar com conceitos matemáticos, muitos deles básicos.

Esta pesquisa tem como objetivo principal, um estudo amplo e detalhadosobre o ensino da matéria Cartografia nos cursos superiores de Licenciaturaem Geografia, em Instituições nacionais, analisando: a estrutura da(s)disciplina(s) de Cartografia nos cursos e os problemas e dificuldade destesassuntos na formação do licenciado em Geografia.

Para isto, é analisado como o aluno chega e sai da faculdade, em termosde conhecimento de Cartografia, a formação do(s) professor(es) que ministra(m)a(s) disciplina(s) de Cartografia, a carga horária e a grade curricular desta(s)disciplinas(s), bem como as mudanças trazidas, pela Lei de Diretrizes e Bases(LDB), para o ensino de Geografia e as orientações que os ParâmetrosCurriculares Nacionais (PCN) estabelecem para o ensino da matéria Geografiapara o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Esta análise finaliza compropostas, visando capacitar o licenciado em Geografia a melhor aprender eentender Cartografia, para que o mesmo possa melhor ensiná-la em todos osníveis do ensino.

Autor: Ricardo Tavares ZaidanOrientador: Nelson Ferreira FernandesTítulo: Risco de Escorregamento Numa Bacia de Drenagem Urbanano Município de Juiz de Fora - MGNº de Páginas: 99

Resumo:

O desenvolvimento de metodologias para a previsão de ocorrência deescorregamentos e a análise de riscos associados, vem assumindo importânciacrescente na literatura geomorfológica e geotécnica. Dentre as metodologiasde previsão destes eventos, tem se destacado a utilização de modelosmatemáticos, principalmente os modelos determinísticos que são baseados emprocessos físicos naturais e que levam em consideração os fatores topográficosno processo de modelagem e previsão da susceptibilidade dessas áreas. Destaforma, este trabalho buscou contribuir através do desenvolvimento de umametodologia para a determinação de áreas de risco atual e potencial aescorregamentos aplicado na bacia de drenagem urbana do Córrego

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Independência na escala 1:2.000, localizada no Município de Juiz de Fora -MG, através da utilização de um modelo determinístico – o Modelo HALSTAB.O zoneamento de risco atual apontou cinco áreas bem distintas de risco: OMorro do Granbery se estendendo até o Bairro Bom Pastor, que não secaracterizou como uma área de alto risco, pois não é totalmente habitado,apresentando num geral classificação de baixo e médio risco. O Morro doTeixeira e a vertente para o bairro Santa Cecília, apresentando alto risco somentea última área. O Bairro Cascatinha, que apresentou alto risco apenas na vertentedo lado oeste. A quarta área, a UFJF, que apresentou classificação de baixo amédio risco, devido à presença da cobertura de vegetação arbórea, que diminuia presença do risco. Por último, a região da encosta da porção norte, quepassa pela noroeste (???) e chega na porção oeste, a jusante da EstaçãoMeteorológica e do campus da UFJF. Foi a que apresentou o maior número deáreas de alto risco, distinguindo bem a porção do extremo norte do mapa, commaior freqüência de áreas de alto risco e a porção do extremo sudoeste, comum menor número de áreas de alto risco, porém com o registro de ocorrênciade escorregamentos nos últimos anos.

Acredita-se aqui que tal abordagem venha a contribuir para odesenvolvimento de metodologias que possam servir como subsídio para adefinição de políticas de ocupação das encostas, de forma a apoiar o processode modernização do Código de Obras Municipal em busca de eliminar e/oureduzir os riscos já instalados e evitar a instalação de novas áreas de risco.Temos em vista que o desenvolvimento desse tipo de metodologia possa tambémvir a auxiliar os órgãos públicos competentes para futuras ações que venham apreparar a população para que haja uma convivência com os riscos já instaladose até mesmo contribuir com o setor de Defesa Civil Municipal, através dematerial técnico científico para seus Planos de Ações Preventivas.

Autor: Dimas Moraes PeixinhoOrientadora: Júlia Adão BernardesTítulo: A Dinâmica Sócio -Espacial do Modelo Técnico-Produtivo daSojicultura no Cerrado e A Formação de Centros Dinâmicos: o Casode Rondonópolis (MT) e Rio Verde (GO)Nº de Páginas: 320

Resumo:

O propósito deste trabalho é analisar o processo de espacialização domodelo técnico-produtivo da sojicultura implantado nas áreas de Cerrado, apartir da década de setenta. Esse processo, decorrente do aumento da demandapor soja no mercado internacional, é implantado a partir da indução de políticas

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do Estado, por meio de subsídios e incentivos fiscais, tendo como objetivo oaumento na pauta das exportações brasileiras. Apesar de esse modelo técnico-produtivo ser estruturado em bases técnicas modernas, que sugerem umamodernização agrícola, entende-se que, na sua essência, ele mantém asestruturas fundadoras que moldaram a sociedade brasileira desde o seu processode colonização, tendo no patrimonialismo seu principal sustentáculo de umaestrutura fundiária concentradora. Ao ser internalizado no território nacionalesse processo produtivo, estruturado em um modelo técnico baseado namecanização, na quimificação e no melhoramento genético de plantas, nãoproduziu impacto na distribuição da propriedade da terra. Ao contrário doocorrido em seu país de origem, onde a produção de soja estava baseada empequenas e médias propriedades, no Brasil Central, as propriedades, segundoos planejadores desse modelo produtivo, as propriedades deveriam ser de, nomínimo 400 hectares. O exemplo de Mato Grosso, estado com a maior produçãonacional de soja, é emblemático nesse processo de concentração fundiária,onde grupos empresariais detêm grandes áreas exploradas com essa leguminosa.Por último, o trabalho analisa a importância de Rondonópolis (MT) e Rio Verde(GO), como centros dinâmicos dentro da dinâmica sócio- espacial desse modelotécnico-produtivo.

Autor: Denizart da Silva FortunaOrientadora: Júlia Adão BernardesTítulo: Circulação e Territorialidade Econômica: a (Re) Ordenação doTerritorial no Eixo Médio Matogrossense da Rodovia Federal 163(Cuiabá-Santarém)Nº de Páginas: 291

Resumo:

O objetivo desse estudo foi investigar o (re)ordenamento geográficopromovido pela existência de territorialidades econômicas vinculadas à produçãode soja no eixo médio da rodovia federal 163 (Cuiabá - Santarém).Territorialidades baseadas em produção agrícola e industrial tecnificadas e numprocesso de ocupação recente restritivo, a logística passa a ter um papelcrescente a fim de reduzir custos de transporte já que a distância aos mercadosconsumidores é muito expressiva.

Desenvolvemos a investigação a partir da discussão referente àterritorialidade em sua dimensão econômica e seu significado no contexto damodernização ocidental. Baseados no processo de (re)organização espacial

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do norte mato-grossense promovido pelo Estado brasileiro a partir da décadade 70, analisamos a competitividade contemporânea sob a ótica das práticasespaciais das firmas e dos grandes produtores ligados ao complexo soja que,por sua vez, relaciona-se às diferentes formas de atuação do poder públicofrente às dificuldades financeiras para consolidação da ocupação. Finalmente,pudemos constatar que a logística das grandes firmas do setor - tradings -estrutura a ordem territorial de toda área produtora mato-grossense próximaao eixo rodoviário BR-163 por duas razões: implantação de infra-estruturaeconômica em custos compartilhados com o poder público e o “controle doacesso” a um escoamento rápido, seguro e a preços reduzidos.

Enfim, consideramos que as práticas econômicas e políticas recentes nonorte do estado do Mato Grosso passam pela construção de territorialidadeseconômicas assentadas no “saber escoar” cujas especificidades no contextoamazônico, como maior exemplo a intermodalidade dos eixos de escoamentojá implantados ou planejados e os desmembramentos municipais, tornam maiscomplexa a compreensão da ocupação dessa área na Amazônia Legal.

Autora: Odete Cardoso de Oliveira SantosOrientador: Antonio José T. GuerraTítulo: Análise do Uso do Solo e dos Recursos Hídricos naMicrobacia do Igarapé Apeú - Nordeste do Estado do ParáNº de Páginas: 269

Resumo:

A finalidade desta tese é analisar o uso do solo e dos recursos hídricossuperficiais da microbacia hidrográfica do igarapé Apeú, visando oferecersubsídios para a implantação do planejamento ambiental dessa micro bacia, aqual abrange superfícies dos municípios de: Castanhal (70%), Inhangapí (10%)e Santa Izabel do Pará (20%), no nordeste do Estado do Pará.

Para fazer esse estudo, delimitou-se a microbacia baseando-se nosdivisores de água. Instalaram-se: um pluviógrafo para conhecer o comportamentodas chuvas, réguas linimétricas em seções transversais criadas no igarapé Apeúe nos seus principais afluentes: Capiranga, Castanhal, Fonte Boa, Itaqui, Janjão,Papuquara e São João, e medidores de erosão para monitorar o avanço daerosão de encosta e marginal. Mediu-se a velocidade dos igarapés nas seçõestransversais com um molinete a vau a fim de calcular a vazão dos mesmos.

Foram coletadas águas dos igarapés Apeú, Capiranga, Castanhal, FonteBoa, Itaqui, Janjão, Papuquara e São João para análises bacteriológicas efísicoquímicas. Nas análises bacteriológicas, determinaram-se as bactérias

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coliformes optando-se pelo Número Mais Provável (NMP), usando-se osmétodos de Tubos múltiplos para os coliformes fecais e Cromogênico para oscoliformes totais e E. Coli. As análises físico-químicas foram determinadaspelos métodos: partição gravimétrica, modificado de Winkley, complexometro,volumetria ácido básico, volumetria de precipitação, colorimétrico ácidoascórbico, espectrometria de absorção atômica (EAA), fotocolorimétrico,Winkley modificado.

A granulometria dos sedimentos das voçorocas e de fundo dos igarapésfoi distinguida pelo processo do densiômetro e a análise química foi realizadapelos métodos: espectrofotometria de absorção molecular, fotometria de chamae complexométrico.

Baseando-se nas medidas obtidas nas seções tansversais, calcularam-se algumas variáveis geomorfológicas e hidrológicas como: Profundidade média(H), área da seção transversal molhada (A), perímetro da seção transversalmolhada (Pm), raio hidráulico (Rm), velocidade média, vazão média, forma damicrobacia, densidade de rios e de drenagem. Usando os softwares ARC VIEW3.2 e Corel Draw 10.0, prepararam-se na escala 1:100.000 os mapas de solose de cobertura vegetal e uso do solo da microbacia hidrográfica, levando-seem conta os mapas de solos e de cobertura vegetal e uso do solo dos municípiosde Castanhal, Inhangapi e Santa Izabel do Pará, confeccionados em 2000, peloSetor de Solos/ CPATU/ EMBRAPA na escala de 1:100.000. Para quantificaçãoda evolução do uso da terra em 2003, recorreu-se a imagem de satéliteLANDSAT 7 – ETM, de 12 de julho de 2003.

De acordo com os resultados, a microbacia hidrográfica do igarapéApeú, apesar de não apresentar tendências para enchentes, poderá sofrê-laspor causa da baixa declividade de 0 a 1% que predomina, principalmente, naparte norte da microbacia. No período chuvoso, devido as chuvas mais intensase de longa duração, as águas dos igarapés alcançam altos níveis, ultrapassandoo leito maior atingindo a planície de inundação, ocorrendo as maiores velocidadese as maiores vazões, como o igarapé Apeú que apresentou uma vazão de14,2m3, na Agrovila de Macapazinho. As menores vazões ocorrem no períodomenos chuvoso, principalmente nos meses de outubro, novembro e dezembro,quando ocupam o leito de vazante, e alguns igarapés, como o Capiranga,alcançam a velocidade crítica. Cerca de 56,97% dos solos da microbacia sãosusceptíveis à erosão, 4,1% adequado a pecuária plantada e 22,58% indicadosà proteção ambiental. Como a exploração agropecuária, a mineração, aurbanização e a implantação de estradas não levaram em consideração essaslimitações dos solos, os processos erosivos desencadearam-se nas encostasonde o desenvolvimento foi maior do que a erosão marginal, surgindo formaserosivas como voçorocas e ravinas. A produção de sedimentos provenientesdessas formas erosivas é carreada para os canais dos igarapés, diminuindo aprofundidade e alargando as margens, como se verificou nos igarapés dentre

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eles, São João e Apeú, este último sofrendo um desvio do seu percurso em50m do interior da Fazenda Morro Verde para Fazenda Buriti. Comoconseqüência a textura predominante dos sedimentos de fundo da maioria dosigarapés é areia grossa. Os vários tipos de represamentos nos percursos dosigarapés têm prejudicado a velocidade dos mesmos, favorecendo a formaçãode bancos de areias em seus leitos.

Por falta de recursos financeiros para pagamento de taxa de água, quase100% da população rural usa as águas dos igarapés em todas as suas atividades,isto é, desde a assepsia corporal até a lavagem de alimentos e irrigação dasculturas. Esse comportamento somado à erosão, aos represamentos e à faltade saneamento básico tem contribuído para a péssima qualidade dessas águas,visto que nas amostras foi detectada presença de E. Coli e Coliformes Fecaise Totais, óleos e graxas, assim como a quantidade de oxigênio dissolvido abaixode 6,0mg.

Apesar da população rural em sua maioria ser semi-analfabeta, ela temconsciência da deterioração que esta microbacia está sofrendo, e clama pormudanças. A deterioração desta microbacia implica na microbacia hidrográficado rio Inhangapí e de modo indireto na bacia hidrográfica do rio Guamá,necessitando com urgência de uma reestruturação no modo de sua exploração,caso contrário além dos impactos negativos que ocorrem na microbaciaestudada, os danos ambientais atingirão outras bacias situadas à jusante.

Autora: Ivone Lopes BatistaOrientador: Cláudio Antonio Gonçalves EglerTítulo: Redes Produtivas e Novas Territorialidades no SulFluminenseNº de Páginas: 282

Resumo:

Uma série de trabalhos foi desenvolvida a partir da década de 1980, eno Brasil especialmente nos anos 90, acerca das mudanças na dimensão técnico-organizacional da produção, partindo da discussão sobre a reestruturaçãoprodutiva e as mudanças do padrão organizacional das empresas. Avançamosnesse debate, analisando outras duas dimensões da dinâmica produtiva: adimensão espacial e a dimensão institucional.

Com o esgotamento do modelo de produção baseado da grande firmaisolada e verticalmente integrada e o concomitante desenvolvimento de umnovo paradigma tecnológico, emergiu um padrão de produção organizado emrede. A produção passou a incorporar uma série de agentes e organizações,

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além de um grande número de intercâmbios e interações. Esses novos fatosnos levam a recorrer à teoria econômica do novo-institucionalismo para analisara ação dos agentes frente aos custos transacionais e a formação de novosarranjos institucionais que tornam-se vitais assim para garantir a interaçãopositiva entre os diferentes agentes da rede, reduzir os custos de transação eampliar, por conseguinte, a capacidade competitiva da rede produtiva.

Investigamos esse processo focando o Sul Fluminense como escala deanálise geográfica. Historicamente a região destacou-se pela atividadesiderúrgica e metal-mecânica e pela forte intervenção estatal nas relaçõesprodutivas ali firmadas. Na última década fortaleceram-se na região as redesprodutivas e despontaram novas institucionalidades com a participação dainiciativa privada e de associação de agentes locais. Foi possível então identificaros primeiros indícios da composição de uma territorialidade produtiva, a partirdos vínculos entres agentes – empresas e demais organizações locais – e destescom o território.

Autor: Roberto Arnaldo TrancosoOrientador: Nelson Ferreira FernandesTítulo: Modelagem de Previsão de Movimentos de Massa aPartir da Combinação de Modelos de Escorregamentos eCorridas de MassaNº de Páginas: 101

Resumo:

Os movimentos de massa são fenômenos naturais que ocorremnormalmente ao longo das encostas, principalmente após intensas chuvas ecausam diversos prejuízos financeiros (atingindo rodovias, oleodutos, pontes,entre outros) e também, perdas de vida. Dentre os movimentos de massa maiscomuns destacam-se os escorregamentos e as corridas de massa produzidas,principalmente, após a ocorrência dos escorregamentos. Desta forma, o objetivodeste trabalho é desenvolver uma metodologia que combine modelosmatemáticos de predição de escorregamentos e de corridas de massa paradeterminar na paisagem as áreas mais susceptíveis à ocorrência destesfenômenos. Esta metodologia foi aplicada nas bacias dos rios Quitite e Papagaio,localizadas na vertente oeste do Maciço da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ametodologia deste trabalho consiste nas seguintes etapas: (a) elaboração edefinição do melhor modelo digital de terreno (MDT), (b) localização das áreasmais susceptíveis a escorregamentos usando o modelo SHALSTAB, (c)identificação das trajetórias e deposição das corridas de massa usando uma

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modelagem empírica, (d) simulação das corridas de massa usando o modeloFLO-2D a partir das cicatrizes e, (e) combinação do modelo SHALSTAB eFLO-2D para determinação das áreas afetadas. Dentre os métodos deinterpolação testados para a construção do MDT, o módulo TOPOGRIDapresentou o melhor resultado. Os resultados da modelagem empíricademonstraram que as trajetórias das corridas e deposição do material estão deacordo com as áreas afetadas. As simulações usando o modelo FLO-2D, apartir das cicatrizes dos escorregamentos, com diferentes combinações deparâmetros produziram 150 cenários que foram comparados com os eventosde corridas de massa de Fevereiro de 1996. As melhores combinações, destassimulações, apresentaram os seguintes parâmetros: viscosidade (0.092 kPa.s),tensão (0.002 e 0.02 kPa), resistência do fluxo laminar (0) e tempo de simulaçãodos eventos da corrida (duas horas). Foram feitas também simulações usandoo modelo FLO-2D, no qual foi utilizada as áreas susceptíveis a escorregamentosdeterminadas pelo SHALSTAB como o início da corrida. A melhor combinaçãoapresentou viscosidade igual a 0.092 kPa.s, tensão de 0.02 kPa, resistência dofluxo laminar de 0 e tempo de simulação de 2 horas. A combinação dos modelosmatemáticos, SHALSTAB e FLO-2D, possibilitou a predição dos eventos deescorregamentos e corridas de massa. Esta metodologia permite obter cenáriosque auxiliem o poder público no planejamento de ações preventivas emitigadoras.

Autora: Adriany de Ávila MeloOrientador: Paulo Márcio Leal de MenezesTítulo: Atlas Geográfico Escolar: Aplicação Analógica e Digital noEnsino FundamentalNº de Páginas: 179

Resumo:

“Trajetórias do Ensino da Geografia no Brasil: 1978-1996” é umatentativa de compreender a discussão teórico-metodológica feita pelos autoresnacionais sobre Ensino da Geografia. Essa discussão analisa os artigospublicados em periódicos, apresentados sob a forma de um LevantamentoBibliográfico.

Os artigos foram classificados em três grandes temas: Conteúdos deGeografia Humana, Conteúdos de Geografia Física e Discussão Teórica sobreo Ensino. Nos trabalhos que contemplam a Discussão Teórica, os autores sepropõem a debater questões que envolvem a Geografia Escolar, como FormaçãoDocente, Recurso Didático, Livro Didático, Questão política, Conteúdo eObjetivo, entre outros temas que se referem ao Ensino da Geografia.

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Para fazer a discussão dos artigos publicados pós-década de 1970,consideramos pertinente a introdução de alguns “aspectos históricos” daGeografia Escolar brasileira. Por sua vez, a discussão teórico-metodológicaanalisa os trabalhos dos autores que debatem as raízes teóricas de nossadisciplina, assim como suas implicações quanto ao método de abordagem daGeografia ensinada na Escola.

A periodização de nosso trabalho considerou dois marcos: 1978, ano do3o Encontro Nacional de Geógrafos, realizado em Fortaleza, no qual se projetouo movimento da(s) Geografia(s) Crítica(s); e 1996, ano da promulgação daNova LDB, Lei número 9394/96, que definiu “novos parâmetros” para aEducação Nacional.

Autora: Lílian Alves de AraújoOrientadora: Sandra Baptista da CunhaTítulo: Degradação Ambiental nos Rios do Estado do Rio de JaneiroNº de Páginas: 399

Resumo:

O presente trabalho apresenta os resultados da investigação sobre adegradação ambiental nos rios do Estado do Rio de Janeiro, trazendo a luz oconteúdo sistematizado dos casos concretos objetos de 305 inquéritos civisambientais, referentes à apuração de ocorrência de danos ambientais em rios,instaurados e presididos pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

A abrangência geográfica da pesquisa incluiu 70 dos 92 Municípios doEstado, considerando-se os rios em áreas urbanas e rurais. A análise abrangeu15 grupamentos de municípios, conforme a distribuição dos órgãos de execuçãodo MP, denominados de Núcleos de Tutela Coletiva e sediados nas principaiscidades de influência regional do Estado.

A coleta dos dados que fundamentaram a pesquisa foi realizada nosmeses de outubro, novembro e dezembro de 2003. A sistematização dos dadosresultou na definição de cinco categorias de degradação ambiental segundo oselementos naturais do rio: (1) Degradação da Água, (2) Degradação da Margem,(3) Degradação do Leito, (4) Degradação da Margem e do Leito e (5)Degradação da Água/Margem/Leito.

A categoria que se destacou foi a da degradação da água, com um totalde 198 ocorrências, seguida da degradação da margem (192 ocorrências);degradação da FMP e do leito (135 ocorrências); degradação do leito (28ocorrências) e degradação da água/margem/leito (4 ocorrências). O critérioadotado para a categorização foi o de verificar em qual elemento ou elementosdo rio a atividade degradadora identificada incidiu de forma predominante.

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Foram identificadas 25 atividades degradadoras, distribuídas pelas cincocategorias de degradação citadas, as quais abarcaram um total de 557ocorrências, sendo 365 (65,53%) referentes a rios em área urbana e 192(34,47%) em área rural. O desmatamento de FMP de rio, da categoria dedegradação da margem, se destacou com 62 ocorrências, seguida do lançamentode esgoto doméstico, com 58 ocorrências e do lançamento de esgoto industrial,com 48 ocorrências, ambas da categoria de degradação da água. Tambémcom 48 ocorrências, se destacou a atividade de construções diversas sobre aFMP, da categoria de degradação da margem. As demais atividadesapresentaram um número de ocorrências variando entre 3 e 27.

A partir do conjunto dos resultados obtidos, abrem-se amplas possibilidadesde análise crítica da gestão ambiental dos rios, da atuação do Ministério Públicona defesa do meio ambiente e da participação dos atores sociais envolvidos(denunciantes, denunciados, órgãos e instituições). Entende-se que aproblemática ambiental dos rios deve ser avaliada sob diferentes abordagens epontos de vista, no sentido de se ampliar a percepção desses problemas e seusdiversos aspectos, suscitando e fundamentando as mudanças necessárias parao efetivo controle do avanço da degradação do ambiente fluvial.

Autor: Antonio Rosestolato FilhoOrientador: Antonio José T. GuerraTítulo: Análise Geomorfológica Aplicada ao Saneamento Básico,no Perímetro Urbano de Cáceres - Mato GrossoNº de Páginas: 122

Resumo:

As pesquisas físicas em áreas urbanizadas apresentam particularidadesque vêm merecendo uma abordagem maior de diferentes áreas da ciência quebuscam na Geomorfologia um respaldo para gerenciar os estudos que procuramevitar ou minimizar os impactos ambientais urbanos. Esta tese busca atenderessa necessidade, analisando as feições que caracterizam o ambiente,especialmente das drenagens, da declividade do perímetro urbano da cidadede Cáceres,no Estado de Mato Grosso, além das taxas de infiltração, da dinâmicapluvial, do solo e do embasamento rochoso. Através das informações geológicasde trabalhos regionais e locais, de mapas topográficos do perímetro urbano, desondagens de solo, análise da mineralogia de argilas, de estudos dos canaisurbanos, de dados climatológicos de 1972 a 2002, dados coletados depluviômetros artesanais no período de outubro de 2001 a abril de 2002, deensaios de infiltração em 270 pontos do perímetro urbano buscou-se atender

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as informações requeridas para avaliação do conjunto geomorfológico decidades tropicais, recomendadas por Gupta e Ahmad (1999). As informaçõesforam processadas utilizando-se os softwares AutoCad e Surfer. A situaçãogeológica da cidade com solos arenosos da Formação Pantanal, assentadossobre camada argilosa da Formação Diamantino, condiciona a grande variaçãodo nível do lençol freático no perímetro urbano, formando plintossolos,’ mineraisde argila e várias áreas de embaciamento. A preservação das áreas alagáveisque estão sendo ocupadas clandestinamente é recomendada para a reduçãodos efeitos negativos da urbanização, especialmente das enchentes, além deobras para contenção do escoamento superficial de eventos chuvosos maisintensos a montante da área mais urbanizada em direção à província Serrana.Para os canais urbanos devem-se buscar opções que estimulem a infiltraçãona área urbana, tais como gramados e margens inclinadas em ângulo suave, ecom vegetação estabilizante ao contrário da canalização. As construções devemter, sempre que possível, nas laterais das fundações, seixos rolados de rio eparte não impermeabilizada para infiltração e saída da umidade. A tese contribuipara elaboração de um plano diretor adequado para a cidade de Cáceres, comprioridade recomendada para o saneamento básico, bem como, difusão dametodologia de estudo para Geomorfologia Urbana.

Autora: Ana Paula Correia de AraújoOrientadora: Ana Maria de Souza Mello BicalhoTítulo: Pantanal, um Espaço em TransformaçãoNº de Páginas: 315

Resumo:

Este trabalho busca provar que o Pantanal é um espaço emtransformação. O isolamento que sempre caracterizou a região ao longo dos300 anos de ocupação, está se rompendo nos últimos quinze anos por novasvias de acesso, pela construção de aeroportos, pela ampliação do sistemaportuário, pela chegada da luz elétrica, do telefone, do fax e da internet. Osistema tradicional de produção pecuária, baseado na experiência de sucessivasgerações, está cedendo lugar a um novo sistema de produção que empregatécnicas modernas voltadas para o aumento da produção e, conseqüentemente,da competitividade local. Em paralelo, o turismo – rural e ecológico - surge naregião como uma atividade nova, desenvolvido de forma integrada à atividadepecuária, agregando valor à propriedade rural e dotando a região de uma novafunção: a função turística. Como conseqüência há alterações na organizaçãoespacial, que passa a se adequar às transformações sociais. Novos atoreshegemônicos imprimem uma nova racionalidade ao lugar, vinculada à máxima

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eficiência produtiva através do aumento da produtividade e da competitividadeno conjunto do sistema espacial. Essas transformações, suas causas econseqüências precisam ser compreendidas pela ciência. Neste sentido, estetrabalho representa um dos olhares possíveis para as mudanças em curso noPantanal, um olhar sobre as duas atividades econômicas e a organização doespaço regional.

Autor: Rafael Silva de BarrosOrientadora: Carla Bernadete Madureira CruzTítulo: Avaliação da Altimetria de Modelos Digitais de ElevaçãoObtidos a Partir de Sensores OrbitaisNº de Páginas: 172

Resumo:

A cartografia, tradicionalmente, utiliza-se de produtos de sensoriamentoremoto para a confecção das cartas topográficas. Durante a segunda metadedo século XX as fotos aéreas foram o principal tipo de insumo utilizado comofonte de dados, havendo quase uma exclusividade deste produto no caso dedados altimétricos.

Com a crescente oferta de produtos oriundos de sensores orbitais, autilização dos mesmos para extração de dados planimétricos, principalmente,teve uma ampliação muito significativa, especialmente a partir da última décadado século XX.

A utilização das imagens orbitais para obtenção de dados altimétricos,contudo, ainda é muito incipiente, restringindo-se a estudos de caso e avaliações.Deve-se considerar que as missões espaciais e/ou os satélites lançados após1999, passaram a oferecer melhores resoluções espaciais, melhor qualidadena geometria e melhores condições de aquisição do par de imagens necessáriaspara a geração de dados tridimensionais. Assim, uma melhor perspectiva seabre, permitindo um novo olhar sobre a possibilidade de se utilizar osensoriamento remoto orbital como fonte de dados plani-altimétricos, algo quepode ser de interesse para um país com a extensão territorial do Brasil e cujomapeamento sistemático carece de atualização e ampliação da cobertura emdiversas escalas.

Este trabalho se propôs a fazer uma avaliação acerca da altimetria deModelos Digitais de Elevação (MDEs) gerados a partir de dados orbitais: foramconsiderados o MDE presente do Reference 3D® (produto do SPOT 5); oMDE do SRTM e o MDE gerado a partir de pares de imagens ASTER. Foramfeitas comparações das altitudes presentes nos modelos com as presentes nasReferências de Nível (RNs) e em Pontos de Checagem, que tiveram suas

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coordenadas determinadas com GPS, através de posicionamento relativoestático. Os resultados foram analisados à luz do Padrão de ExatidãoCartográfica (PEC).

Os resultados permitiram indicar os produtos para uso nas escalas1:50.000, Classe B (Reference 3D®) e 1:100.000, Classe A (SRTM e ASTER).Deve-se comentar que os resultados relativos ao Reference 3D® - que ficaramabaixo da especificação do produto -, levaram os fornecedores deste insumo areavaliar a produção do mesmo, encontrando falhas que levaram aoreprocessamento do bloco de dados relativo ao centro-sul do Brasil.

Foram extraídas, ainda, curvas de nível e drenagem dos MDEs Reference3D® e SRTM que foram comparados com os existentes na carta topográfica1:50.000 de Volta Redonda, obtendo-se resultados que incentivam seu uso paradeterminadas aplicações.

Autor: Andrelino de Oliveira CamposOrientador: Marcelo LopesTítulo: O Planejamento Urbano e a “Invisibilidade“ dosAfrodescendentes: Discriminação Étnico-Racial, IntervençãoEstatal, Segregação Sócio-Espacial na Cidade do Rio de JaneiroNº de Páginas: 392

Resumo:

O Estado, por meio das intervenções urbanas, promove, nas últimas trêsdécadas do século XIX, intensa demolição das áreas ocupadas pelos grupos depobres, sobretudo de escravos de ganhos, ex-escravos e migrantes, buscandoa modernização do espaço urbano em várias cidades brasileiras. Porém, é naprimeira década do século XX que essa modalidade de atuação deixa marcassócio-espaciais em toda a sociedade: nas classes de maior poder aquisitivo, osentido de recuperação de uma área intensamente degradada pelo uso dosmais pobres; para estes últimos, a intervenção urbana do início do séculorepresentou a periferização, ou seja, o deslocamento compulsório para asfavelas localizadas nas proximidades da área central ou a ocupação de espaçosabertos ao longo dos trilhos ferroviários, inaugurados desde a década de 1870.

Nas décadas seguintes do século XX, o Estado, por meio de políticaspúblicas de planejamento, reforça e mantém os valores segregacionistas pormeio dos investimentos que valorizavam ainda mais as amenidades espaciaistão a gosto dos grupos de maior poder aquisitivo. Os planos Agache, Doxiadis,PUB-Rio, Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro (todos bancadospela administração municipal) e mais o PIT-Metrô (governo federal) contribuíramem larga medida para o deslocamento compulsório dos grupos de

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afrodescendentes da área central da cidade, reforçando ainda mais o sistemasimbólico do racismo criado principalmente na vigência de valores higienistas.

A participação do Estado é fundamental no processo de promoção dasegregação sócio-espacial no sistema urbano do país, que, por sua vez, contribuiupara a que os mais pobres urbanos, sobretudo os afrodescendentes, vissemagravar todos os tipos de preconceitos: das questões étnico-raciais àacessibilidade ao sistema educacional e ao mundo do trabalho, da ineficiênciadas políticas de saúde e educação à pouca atenção voltada para infra-estruturabásica que promovesse mais justiça social e maior qualidade de vida.

O “direito à cidade” para os afrodescendentes permitiria também aconquista de direitos básicos para todos os segmentos populacionais. Esse,portanto, seria um caminho seguro para o desenvolvimento sócio-espacial comfortes vínculos autonomistas.

Autora: Patricia Helena Mirandola AvelinoOrientador: Mauro Sérgio Fernandes ArgentoTítulo: Análise Geo-Ambiental Multitemporal Para Fins dePlanejamento Ambiental: um Exemplo Aplicado à Bacia Hidrográficado Rio Cabaçal, Mato Grosso - BrasilNº de Páginas: 317

Resumo:

O presente trabalho busca gerar informações geoambientais através dametodologia sistêmica com vistas a subsidiar tomada de decisões noplanejamento ambiental da Bacia Hidrográfica do rio Cabaçal – MT. A questãocentral deste trabalho pode ser levantada através das seguintes hipóteses: amudança do uso e ocupação da terra de forma não planejada gerou alteraçõesambientais na Bacia Hidrográfica do rio Cabaçal e nas diferentes partescomponentes do sistema ambiental estudado e as alterações ambientais seapresentam de forma, importância e magnitude iferenciadas nas diferentescomponentes espaciais do sistema estudado. Neste contexto, a área de estudovem sendo incorporada de forma não planejada ao processo de desenvolvimentoda região e do país, contemplando grandes projetos estatais e particulares deocupação territorial, programas de desenvolvimento, berturas de estradas,expansão agrícola e o crescimento urbano, o que proporciona umdesenvolvimento regional notável para algumas regiões do Centro- Oeste, sem,contudo, atentar-se ao planejamento do uso e ocupação da terra. Para nortear

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este estudo apoiou-se no enfoque sistêmico, como referencial para a integraçãodos componentes geoambientais e socioeconômicos, que formam o conjuntoda Bacia Hidrográfica do rio Cabaçal, considerado como um sistema ambiental.Neste particular, os elementos interdependentes funcionam harmonicamenteconduzidos por fluxos de massa e/ou energia de modo que cada um dos seuscomponentes reflete um sobre os outros as mudanças nele impostas por estímulosexternos. A metodologia sistêmica consiste em analisar o ambiente de formaholística considerando os níveis de análises como sendo o morfológico,encadeante, processo-resposta e controle. Desta forma pode-se obter acompreensão sócio ambiental da BAC abrindo espaço para que, a análisegeoambiental possa fornecer um diagnóstico com vista à geração demonitoramento da Bacia Hidrográfica do rio Cabaçal, complementando, destaforma, o último nível de análise da Teoria Geral de Sistema, ou seja, o nível decontrole no qual se direcionam as prospecções voltadas tanto para a Sociedadequanto para a Natureza.

Autora: Sandra Mara Alves da Silva NevesOrientadora: Carla Bernadete Madureira CruzTítulo: Modelagem de um Banco de Dados Geográficos do Pantanalde Cáceres - MT - Estudo Aplicado ao TurismoNº de Páginas: 281

Resumo:

Esta pesquisa objetivou modelar um Banco de Dados Geográficos (BDG)que viabilize o armazenamento estruturado de dados, gráficos e não gráficos,relativos ao Pantanal de Cáceres/MT, e implementar uma aplicação na formade estudo de caso para o turismo. Nesse sentido, partiu-se do princípio de queum BDG que integre e disponibilize dados e informações, contribui nodesenvolvimento de novas pesquisas, uma vez que estas poderão ter seus custosfinanceiros e de tempo minimizados a partir do uso do conteúdo armazenadono BDG em seus estudos. A área de estudo foi o Pantanal de Cáceres, situadona zona rural do município de Cáceres-MT, totalizando 12.412,56 km2. Osprocedimentos metodológicos adotados foram: modelagem lógica e física deBDG, operacionalizada no através dos SIG’s SPRING e Arcgis; produção dedados primários e atualização/compatibilização de dados secundários, atravésdo emprego de várias geotecnologias; integração das informações da base dedados, em ambiente SIG, possibilitando a definição das unidades ambientais,com respectivas potencialidades e limitações; implementação de estudo decaso voltado ao turismo, através da execução de três propostas de zoneamentoturístico. A base de dados geográfica gerada possibilitou a produção de diversos

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mapas, informações e estimativas de percentuais; relativo à aplicação voltadaao turismo, o BDG mostrou-se eficiente ao viabilizar a geração doszoneamentos turísticos do Pantanal de Cáceres baseadas em critériosdiferenciados, que representam formas diferenciadas de perceber o espaço.Ao término desta pesquisa, concluiu-se que o BDG constitui uma ferramentapoderosa no ordenamento territorial, e no tocante ao turismo sua utilizaçãomostrou-se viável e útil, decorrente de sua flexibilidade, ao possibilitar aincorporação de dados de diferentes fontes e escalas. A espacialização dasinformações ambientais do Pantanal de Cáceres pode ser utilizada na realizaçãode inventário dos recursos potencialmente exploráveis para outros fins, diferentesdeste, e na avaliação de possíveis conflitos entre uso atual e legislação, facilitandoa tomada de decisão.

Autora: Adriana Filgueira LeiteOrientadora: Ana Luiza Coelho NettoTítulo: Variações Hidrogeoquímicas nos CompartimentosMontanhoso e Colinoso da Bacia do Rio Bananal (SP): Subsídiosà Compreensão dos Processos de IntemperismoNº de Páginas: 226

Resumo:

O presente estudo foi desenvolvido na bacia do rio Bananal, localizadano município de mesmo nome, em São Paulo. Seu principal objetivo foi o decomparar os processos de intemperismo ocorridos nos compartimentosmontanhoso (bacia do rio Fortaleza) e colinoso (Anfiteatro Bela Vista) dareferida bacia, levando em conta a influência de lito-estruturas do substrato,processos de artesianismo no eixo de fraturamentos (os quais proporcionamintemperismo diferencial) e, no caso da área montanhosa, posição na vertente(dip ou anti-dip). A literatura se utiliza dos conceitos de limites de intemperismoe de limites de transporte para afirmar que os processos de intemperismoquímico são mais efetivos nas áreas montanhosas devido à constante remoçãodos materiais do regolito pelos processos gravitacionais (os quais permitemque a água esteja sempre interagindo com a rocha). Na área de estudo emquestão, o substrato é constituído por gnaisses paraderivados e ortoderivados.Verifica-se ali um forte controle estrutural e as rochas são bastante fraturadas.Identifica-se também a ocorrência de artesianismo no eixo destas fraturas, asquais dão origem a canais de primeira ordem, ou concavidades estruturais.Considerando que estas feições têm uma distribuição espacial mais ampla nocompartimento colinoso, pensou-se na possibilidade de que os processos de

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artesianismo ali seriam mais intensos e, conseqüentemente, o intemperismoquímico. Assim sendo, buscou-se verificar tal hipótese por meio da realizaçãode um estudo hidrogeoquímico. Para tanto, foram analisados parâmetros físico-químicos (pH, Eh, C.E., alcalinidade e acidez), íons (HCO3

-, Na+, Mg2+, Ca2+,K+, ferro total, Al3+, Cl- SO4

2- e NO3-) e SiO2 nas águas superficiais (rios) e

subsuperficiais (poços). A amostragem do compartimento montanhoso ocorreuentre abril de 2003 de julho de 2006, e a do compartimento colinoso entre abrilde 2003 e dezembro de 2004. Ao final do estudo (durante as últimas trêsamostragens) foram também incluídos alguns pontos posicionados ao longo dorio Bananal. Verificou-se que as águas de ambos os compartimentos sãoextremamente diluídas, embora no compartimento colinoso esta tendência sejaum pouco mais significativa. Os rios de maior ordem hierárquica (Piracema eBananal) tendem a apresentar maiores concentrações de elementos devido aosomatório das contribuições das drenagens tributárias. Diferenças espaciaisentre os pontos de amostragem foram observadas apenas no que se refere àscondições de drenagem. Neste sentido, as águas dos ambientes mal drenadostendem a apresentar concentrações iônicas mais elevadas e maior acidez. Noentanto, tais características são indicativas apenas do seu maior tempo deresidência e não de possíveis diferenças entre aqüíferos. Não se observounenhuma diferença quanto à presença de lito-estruturas ou com relação àposição na vertente. No que se refere ao comportamento temporal doselementos, verifica-se que há um padrão que se mantém ao longo da sérieamostral de ambos os compartimentos, o qual é modificado somente com aocorrência de chuvas de grande magnitude, e ainda assim após longos períodosde estiagem. Considerando a grande quantidade de superfícies saturadas nasquais as águas permanecem em constante interação com os materiais do regolito,é possível que estas águas com mais elevadas concentrações de elementossejam deslocadas em proporções bastante significativas durante as chuvas degrande magnitude. Esta situação foi bastante evidente no evento ocorrido em29/11/2004. No entanto, apesar das situações extremas no que se refere àconcentração dos elementos, observa-se que sempre há um retorno para ocomportamento padrão. Todos estes resultados sugerem que além da grandelixiviação dos regolitos, as águas da bacia do rio Bananal encontram-se emequilíbrio dinâmico com estes materiais. A grande diluição das águas aliada adistribuição dos argilominerais no regolito (encontrou-se caulinita a 18 metrosde profundidade no topo da encosta retilínea da área montanhosa) tambémsugere que a lixiviação ali é bastante antiga, e ocorreu sob índices pluviométricosmais elevados e mais bem distribuídos que os atuais. Propõe-se que tais chuvastenham sido as mesmas a preencher o aqüífero regional e a potencializar algumasdas fraturas por meio do artesianismo, levando a formação das concavidadesestruturais. É possível que neste período a atuação dos processos químicostenha sido bastante significativa, suplantando até mesmo os processos físicos,

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ao contrário do presente em que os processos físicos prevalecem. Por isso éque atualmente já não se identifica mais nenhuma relação entre as lito-estruturase o comportamento geoquímico das águas. As baixas concentrações deelementos verificadas na cabeceira do rio Bananal (Serra da Bocaina), por suavez, não apresentam nenhuma relação com a intensa lixiviação observada nasdemais áreas. Apesar da pequena amostragem, sugere-se que devido a maiordeclividade e a grande resistência das rochas à alteração neste segmento dabacia, as possibilidades de desenvolvimento dos regolitos são muito restritas.Conseqüentemente, o tempo de residência das águas é muito baixo, assimcomo as concentrações dos elementos. Neste sentido, são evidenciados nestelocal os limites de intemperismo e nas demais áreas monitoradas os limites detransporte. Porém, devido à intensa e profunda lixiviação dos regolitos, nemmesmo a grande mobilização dos materiais da encosta proporcionada pela erosãofísica é capaz de alterar o equilíbrio hidrogeoquímico entre as águas e os materiaiscom os quais interage.

Autora: Vânia Maria SalomonOrientadora: Carla Bernadete Madureira CruzTítulo: Sensoriamento Remoto no Ensino Básico da Geografia:Definindo Novas EstratégiasNº de Páginas: 266

Resumo:

Os significativos avanços da tecnologia nos últimos anos têm provocadograndes transformações que vêm se impondo sobre a sociedade de maneiracada vez mais rápida e definitiva. Estas por sua vez, apresentam nítidos reflexosna educação, o que tem tornado as atuais práticas de ensino bastanteultrapassadas em relação ao nível de informação a que está submetido o alunoneste início de século.

Na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais pelo MEC, em1998 e 1999, a preocupação com a melhoria da qualidade do ensino é evidentee o uso de novas tecnologias é bastante enfatizado. Assim, incorporar novastecnologias, que tanto agradam aos alunos, inseridos num mundo de informaçõesrápidas e acessíveis, tem significado um desafio.

Por iniciativa de vários órgãos, tem se tentado, não só no Brasil, mas emtodo o mundo, baratear os custos dos produtos de Sensoriamento Remoto,visto como tecnologia que vem adquirindo uma fundamental importância, calcadaem um potencial que tende a se ampliar cada vez mais. Os esforços para sua

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disseminação na pesquisa em geral, e na geográfica em especial, tambémcontribuem para tornar esses produtos acessíveis a todos os níveis da educação.No entanto, não basta apenas se disponibilizar produtos, é necessário que sefaça uma preparação do profissional sobre as formas de utilização possíveis,evitando que ocorram resistências ao seu uso ou mesmo a sua subutilização.Neste sentido é que foi desenvolvido este trabalho, como uma contribuiçãopara viabilizar a incorporação da tecnologia do Sensoriamento Remoto aoprocesso de ensino-aprendizagem da Geografia, no ensino básico, com ênfasena exploração de seu potencial para o desenvolvimento cognitivo dos alunos.

Autora: Nina Maria de Carvalho Elias RabhaOrientador: Mauricio AbreuTítulo: O Centro do Rio: Perdas e Ganhos na História CariocaNº de Páginas: 456

Resumo:

Este trabalho tem como tema a área central do Rio de Janeiro, avaliandosuas transformações ao longo do século XX. Neste sentido são verificados osprocessos de crescimento urbano da cidade na direção sul, partindo depremissas que relacionam a descentralização espacial e a perda de hierarquiada centralidade urbana original. Por pesquisa comparativa entre situações daárea central em 1967 e 2006, buscamos estabelecer parâmetros explicativossobre a permanência de importância do centro, para o caso do Rio de Janeiro,apesar da reestruturação urbana da cidade. Os contextos locais, nacionais einternacionais são considerados em suas determinações econômicas, sociais epolíticas como elementos esclarecedores do processo de reorganização espacial.Entretanto a vida, a tradição e a memória urbana são utilizadas como referênciasexplicativas da preservação da centralidade original, ainda que inúmeras forçasatuem em sentido contrário. Trata-se de um trabalho investigativo das condiçõesde uso e apropriação do mais importante lugar da cidade e das relaçõesestabelecidas entre a população e seu espaço.