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PROGRAMA AGENTES LOCAIS DE
INOVAÇÃO (ALI): EXPERIÊNCIAS E
RESULTADOS DAS REGIÕES DE
SOROCABA E SÃO CARLOS
Alexandre Alvaro (UFSCar)
Nos últimos anos a inovação científica e tecnológica tem se
estabelecido como um dos fatores mais importantes para garantir
crescimento, competitividade e rentabilidade diferenciada às empresas.
De fato, pode-se dizer que nos últimos anos houve uma mudança na
escala e no alcance do apoio governamental à inovação no país.
Paralelamente, o SEBRAE, em parceria com o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), criou o Programa
de Agentes Locais de Inovação (ALI), que disponibiliza para as
Empresa de Pequeno Porte (EPPs) assessoria especializada e gratuita
para o desenvolvimento de inovações em produtos e processos nos
setores da Indústria, Comércio e Serviços. Este artigo relata as
experiências obtidas pelo orientador do Programa ALI do SEBRAE,
nas regiões de Sorocaba (contendo as cidades de Cerquilho,
Itapetininga, Itu, Salto, Sorocaba, Tietê, Tatuí, Votorantim) e São
Carlos (contendo as cidades de Araras, Leme, Porto Ferreira, Rio
Claro e São Carlos), realizado entre 2012 e 2014.
Palavras-chave: Inovação, Agentes Locais de Inovação, Radar da
Inovação, Experiência do Orientador do Programa.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
A inovação é tida como a criação de valor a partir da aplicação de uma ideia. Tal aplicação
não precisa ser necessariamente original mas apenas uma nova maneira de se aplicar estas
ideias, sejam elas originais ou não. Caso a ideia aplicada seja original, a inovação pode ser
caracterizada como invenção. Observa-se que o universo das inovações é bem mais amplo do
que o de invenções, pois ideias originais podem ser aplicadas de inúmeras maneiras. No
amplo universo da inovação é que surgem oportunidades promissoras tanto para a academia
quanto para a indústria (JUNIOR, ALVARO; 2010).
Nos últimos anos a inovação científica e tecnológica tem se estabelecido como um dos fatores
mais importantes para garantir crescimento, competitividade e rentabilidade diferenciada às
empresas. São diversas as evidências da importância do tema e muitos estudos apoiam a visão
de que a inovação é fundamental para a sobrevivência em ambientes competitivos. Novos
processos e produtos, novos modelos de negócios, entrada em novos mercados, atração e
retenção de talentos ou ainda a valorização da imagem perante parceiros, clientes e
investidores, representam alguns dos resultados da inovação (CNI, 2010).
A agenda da política tecnológica brasileira tem experimentado mudanças expressivas nos
últimos anos, segundo a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas
Inovadoras (ANPEI, 2009). Foram instituídos mecanismos de apoio à inovação com o
objetivo de estabelecer uma cooperação mais efetiva entre instituições públicas e privadas.
Com estes mecanismos, as empresas se sentem incentivadas a realizar atividades de inovação
por causa dos riscos relativamente baixos e do custo reduzido de capital.
O fortalecimento dessa agenda refletiu-se, sobretudo, no esforço de integração da política
tecnológica a estratégias amplas do governo federal voltadas ao desenvolvimento industrial, e
na ampliação expressiva do volume de recursos públicos destinados ao financiamento das
atividades empresariais inovadoras. De fato, pode-se dizer que nos últimos anos houve uma
mudança na escala e no alcance do apoio governamental à inovação no país. Diversos
exemplo podem ser citados, como, a Lei do Bem, a Lei da Informática, o Programa Brasil
Maior, Inovar Auto, editais da FINEP, agências de fomento em nível estadual subsidiando a
P&DI nas empresas, como a FAPESP no estado de SP, dentre tantas outras iniciativas.
A longo prazo, a expectativa é que este apoio governamental se traduza em mudanças efetivas
no modo como a iniciativa privada investe em inovação, e que estas mudanças criem raízes
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profundas, de forma que não sejam apenas o efeito temporário da injeção de recursos
promovida pelo governo e seus incentivos.
Adicionalmente, o SEBRAE, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), criou o Programa de Agentes Locais de Inovação (ALI),
que disponibiliza para as Empresas de Pequeno Porte (EPPs) dos diversos Estados onde o
programa ocorre assessoria especializada e gratuita para o desenvolvimento de inovações em
produtos e processos nos setores da Indústria, Comércio e Serviços. Esta é uma iniciativa
inovadora no Brasil e que proporciona acesso as facetas da inovação e visa proporcionar
melhoraria de competitividade das EPPs, foco deste programa.
Neste sentido, este artigo apresentam as experiências obtidas pelo orientador do Programa
ALI do SEBRAE, nas regiões de Sorocaba (contendo as cidades de Cerquilho, Itapetininga,
Itu, Salto, Sorocaba, Tietê, Tatuí, Votorantim) e São Carlos (contendo as cidades de Araras,
Leme, Porto Ferreira, Rio Claro e São Carlos), realizado entre 2012 e 2014. A seção 2
apresenta bases conceituais sobre inovação e o programa ALI; a seção 3 apresenta a material e
método de condução desta pesquisa; a seção 4 realiza uma análise nos principais resultados
obtidos em campo pelos ALIs; e a seção 5 apresenta as conclusões deste artigo.
2. Referencial Teórico e o Programa ALI
Segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2007), inovação é definida como: "... a implementação
de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou
um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios,
na organização do local de trabalho ou nas relações externas". Assim, espera-se que o
produto / processo deva ser novo ou substancialmente melhorado para gerar um diferencial
competitivo para o produto / processo da empresa.
Já Schumpeter (SCHUMPETER, 1985) propôs uma relação de vários tipos de inovações:
Introdução de um novo produto ou mudança qualitativa em produto existente;
Inovação de processo que seja novidade para uma indústria;
Abertura de um novo mercado;
Desenvolvimento de novas fontes de suprimento de matéria-prima ou outros insumos;
Mudanças na organização industrial.
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Com isso, a inovação está no cerne da mudança econômica. Nas palavras de Schumpeter
(SCHUMPETER, 1985), “... inovações radicais provocam grandes mudanças no mundo,
enquanto inovações ‘incrementais’ preenchem continuamente o processo de mudança”.
Quando estamos analisando apenas os aspectos tecnológicos, fica fácil diferenciar uma
inovação incremental de uma inovação radical. Porém, quando analisamos simultaneamente
os aspectos tecnológicos e as características do modelo de negócio, surgem correlações que
possibilitam a identificação de 3 grupos diferentes de inovações: as radicais, as semi-radicais
e as incrementais. Segundo Davila et al. (Davila et al.; 2007), uma inovação radical só ocorre
quando há a introdução de uma nova tecnologia, simultaneamente com a implantação de um
novo modelo de negócio. Em contrapartida, caso tenhamos tecnologia e modelo de negócios
maduros, pode-se considerar a geração de uma inovação incremental.
Adicionalmente, segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2007), a inovação pode ser dividida em
4 tipos:
1. Inovação de Produto: envolvem mudanças significativas nas potencialidades de
produtos e serviços;
2. Inovação de Processo: representam mudanças significativas nos métodos de
produção e de distribuição;
3. Inovação Organizacional: referem-se à implementação de novos métodos
organizacionais;
4. Inovação de Marketing: envolvem a implementação de novos métodos de
marketing, incluindo mudanças no “design” do produto e na embalagem, na promoção
do produto e sua colocação.
Considerando estas bases teóricas da inovação, há de se considerar algum método para a
medição da inovação em ambientes empresarias. Assim, para esta pesquisa foi adotada a
abordagem desenvolvida pela Bachmann & Associados – Determinação do Radar da
Inovação (BACHMANN, DESTEFANI; 2008), especificadamente para o Programa ALI. O
método, Radar da Inovação, foi elaborado a partir dos estudos de SAWHNEY et al. (2006) e
assim, adaptado para o contexto das micro e pequenas empresas no Brasil.
São abordadas durante o diagnóstico 13 dimensões de análise (SEBRAE, 2011), chamado de
Radar da Inovação, sendo elas: (1) Oferta (produtos e/ou serviços oferecidos pela empresa);
(2) Plataforma (conjunto de estrutura e capacidade para a produção ou execução dos
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serviços); (3) Marca (divulgação e propaganda do negócio); (4) Clientes (necessidades,
mercados e manifestação dos clientes); (5) Soluções (combinação de elementos para
solucionar problemas dos clientes); (6) Relacionamento (modo como o cliente interage com a
empresa); (7) Agregação de Valor (criação de mecanismos para captar valor); (8) Processos
(condução dos operações internas à empresa); (9) Organização (estrutura da empresa,
parcerias e responsabilidades dos colaboradores); (10) Cadeia de Fornecimento (logística do
negócio); (11) Presença (canais de distribuição e aquisição de produtos e/ou serviços); (12)
Rede (recursos utilizados para comunicação ágil entre a empresa e clientes); (13) Ambiência
Inovadora (interação da empresa com o mercado, investimentos em inovação e incentivo a
inovação entre os colaboradores). Neste caso, a utilização de uma ferramenta de diagnóstico é
essencial e o Radar da Inovação visa mensurar o nível de inovação das EPPs segundo as 13
dimensões supracitadas.
3. Material e Método
Este estudo possui a caracterização de um Action Research (ou pesquisa ação), na qual o
pesquisador, “utilizando a observação participante, interfere no objeto de estudo de forma
cooperativa com os participantes da ação para resolver um problema” (COUGHLAN,
COUGHLAN; 2002). O orientador dos ALIs das regiões de Sorocaba e São Carlos tinha
interação direta com os ALIs visando maximizar as ações adotadas nas EPPs.
Neste sentido, este trabalho irá seguir o processo do Action Research, que compõem as
seguintes atividades: (i) planejar; (ii) implementar; (iii) descrever; e (iv) avaliar.
Assim, as atividades de planejamento, implementação e descrição serão descritas abaixo
conforme metodologia desenvolvida pelo SEBRAE para o programa ALI (Figura 1), a saber:
Planejamento: (i) sensibilização e adesão dos empresários para aderirem ao
programa; (ii) diagnóstico com o objetivo de aferir a realidade da empresa face ao
desafio de se tornar inovadora aplicando os questionários definidos pelo SEBRAE,
visando (1) avaliar a empresa dentro dos critérios da excelência em gestão baseado no
MEG (Modelo de Excelência da Gestão) da FNQ (Fundação Nacional da Qualidade) e
(2) questionário de 42 perguntas baseado nas 13 dimensões da ferramenta Radar da
Inovação; (iii) mensuração do grau de inovação em que a empresa se encontra
plotando as informações e metrificando-as utilizando a ferramenta do Radar da
Inovação como pilar desse processo;
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Implementação / descrição: (i) identificação das oportunidades de inovação através
do primeiro plano de ação; (ii) aproximação da empresa com uma instituição
provedora de soluções, visando as adaptações necessárias baseada no primeiro plano
de ação; (iii) acompanhamento do empresário de forma personalizada, durante todo o
processo de qualificação da empresa, obtendo os resultados do primeiro plano de ação
e realizando o segundo plano de ação; e (iv) encaminhamento de demandas
tecnológicas para instituições de ciência e tecnologia, como universidades e institutos
parceiros, bem como empresas de consultoria do mercado, visando a melhoria
contínua das EPPs.
Figura 1. Fluxo do Acompanhamento do Programa ALI.
Fonte. SEBRAE (2011).
A próxima seção irá apresentar a atividade avaliar do Action Research com o objetivo de
identificar os impactos gerados nas EPPs com base na metodologia aplicada durante os dois
anos do programa ALI.
4. Análise e Discussão de Resultados
As EPPs sensibilizadas e que aderiram ao programa atuam em segmentos diversos. Neste
estudo, compõe a amostra 570 empresas dos mais variados segmentos; sendo 390 EPPs
atendidas por 15 ALIs na região de Sorocaba e 180 EPPs atendidas por 8 ALIs da região de
São Carlos. As Figuras 2 e 3 apresentam o percentual dos segmentos de empresas que fizeram
parte do estudo por região de trabalho. Os segmentos que tiveram menos de 1,0% de empresas
atendidas não foram consideradas no estudo.
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Como pode ser visto, os segmentos de atuação das EPPs tem forte influencia de sua região.
Sorocaba é conhecida como uma região de forte atuação no segmento metal mecânico e têxtil
(1ª e 3ª das EPPs mais atendidas) e São Carlos nos segmentos metal mecânico e TIC (1ª e 2ª
das EPPs mais atendidas).
Todas as 570 empresas tiveram o diagnóstico do radar da inovação (R0), devolutiva 1 com
plano de ação 1, implementação da ação, novamente um diagnóstico do radar da inovação
(R1) e posterior devolutiva 2 com plano de ação 2. A seguir serão apresentados os resultados
obtidos após a devolutiva 2 com plano de ação 2 visando identificar o nível da inovação das
EPPS por segmento analisado.
Figura 2. Segmento das EPPs atendidas na região de Sorocaba.
Fonte: próprio autor.
Figura 3. Segmento das EPPs atendidas na região de São Carlos.
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Fonte: próprio autor.
O Radar da Inovação possuí 42 questões divididas em 13 dimensões. Cada questão tem a
possibilidade de score de 1, 3 ou 5. É uma escala com somente três possibilidades de
pontuação, justificadas por meio da coleta de evidências. O score 3 é o índice mínimo para
considerarmos uma postura inovadora das empresas.
Tabela 1. Segmentos pesquisados em Sorocaba.
Dimensões/ Segmentos S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 Média por Dimensão
Oferta 2,6 3,0 2,6 2,6 3,0 2,6 3,0 2,5 2,2 2,2 3,0 2,0 1,4 2,5
Plataforma 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0
Marca 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 2,5 2,5 3,0 3,0 2,0 4,0 2,9
Clientes 3,0 3,0 1,7 2,3 3,0 1,7 3,0 2,0 2,6 2,3 2,3 2,0 3,0 2,4
Soluções 2,0 3,0 2,0 1,0 2,5 2,0 1,0 1,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 1,9
Relacionamento 5,0 1,0 4,0 2,0 5,0 3,0 1,0 1,8 3,6 2,0 4,0 1,0 3,0 2,8
Agregação de valor 2,0 1,0 1,0 1,0 2,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,1
Processos 2,3 2,3 2,0 2,0 2,5 2,0 2,3 1,8 1,2 1,7 2,3 2,0 1,7 2,0
Organização 1,5 2,0 2,5 1,0 2,0 2,5 1,5 1,0 2,0 1,5 1,5 2,0 2,5 1,8
Cadeia de fornecimento 3,0 3,0 1,0 1,0 3,0 1,0 1,0 1,0 2,2 1,0 3,0 2,6 3,0 1,9
Presença 3,0 2,0 2,0 1,0 3,0 2,0 1,0 1,0 1,5 1,0 1,0 2,0 2,0 1,7
Rede 1,0 3,0 1,0 1,0 2,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 3,0 1,0 1,3
Ambiência inovadora 2,0 2,0 1,8 1,8 3,0 1,8 2,0 1,8 1,8 1,5 2,5 2,0 2,5 2,0
Média do Segmento 2,7 2,6 2,3 1,9 3,0 2,2 2,0 1,8 2,2 1,9 2,4 2,2 2,5
Fonte: próprio autor.
A Tabela 1 apresenta a pontuação em cada uma das dimensões do Radar, que é a média da
pontuação entre as questões da dimensão por segmento das empresa da região de Sorocaba.
Os segmentos são: S1: Metal-Mecânico; S2: Alimentício; S3: Têxtil; S4: Marcenaria; S5:
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Engenharia Civil; S6: Gráfico; S7: Automação Industrial; S8: Serralheria; S9:
Eletroeletrônica; S10: Usinagem; S11: Moveleiro; S12: Plástico; e S13: Manutenção
Industrial.
Ainda, a Tabela 1 apresenta a média da pontuação por segmento bem como a média de
pontuação por dimensão do Radar da Inovação.
Como pode ser visto, apenas 4 segmentos obtiveram médias acima de 2,5, são os segmentos:
metal mecânico; alimentício, engenharia civil; e manutenção industrial. A maior média do
segmento foi do segmento engenharia civil (3,0). Um dos fatores que contribuiu para que este
segmento se destacasse frente aos outros foi a melhoria de processos como aquisição de novas
máquinas, substituição de insumos nocivos ao meio-ambiente por insumos não nocivos e
implantação de uma política de reciclagem de resíduos.
A seguir a Tabela 2 apresenta as pontuações por segmento das empresas da região de São
Carlos. Os segmentos são: S1: Metal-Mecânico; S2: TIC (Tecnologia da Informação e
Comunicação); S3: Alimentício; S4: Padaria e Confeitaria; S5: Farmácia de Manipulação; S6:
Têxtil; S7: Química; S8: Gráfico; S9: Engenharia Civil; S10: Eletroeletrônico; S11: Plástico;
e S12: Moveleiro.
Tabela 2. Segmentos pesquisados em São Carlos.
Dimensões/ Segmentos S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 Média
por Dimensão
Oferta 2,6 3,0 2,6 2,2 2,6 2,6 2,6 2,6 2,2 2,2 3,0 3,0 2,6
Plataforma 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0
Marca 3,0 3,0 3,0 4,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0
Clientes 3,0 3,0 1,7 1,7 2,3 1,7 3,0 2,3 3,7 2,3 2,3 3,0 2,5
Soluções 2,0 2,5 2,0 3,0 1,0 2,0 2,0 1,0 2,0 2,0 2,0 3,0 2,0
Relacionamento 5,0 5,0 4,0 4,0 2,0 4,0 5,0 2,0 4,0 2,0 4,0 1,0 3,5
Agregação de valor 2,0 2,0 1,0 1,0 1,0 1,0 2,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,3
Processos 2,5 3,0 2,0 1,7 2,0 2,7 2,3 1,7 1,3 1,7 2,3 2,3 2,1
Organização 2,0 2,0 2,5 1,0 1,0 2,5 1,5 2,0 2,0 1,5 1,5 2,0 1,8
Cadeia de fornecimento 3,0 2,5 1,0 1,0 1,0 3,0 3,0 3,0 3,0 1,0 3,0 3,0 2,3
Presença 3,0 3,0 2,0 2,0 1,0 1,0 3,0 2,0 2,0 1,0 1,0 2,0 1,9
Rede 1,5 2,0 1,0 3,0 1,0 3,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 3,0 1,6
Ambiência inovadora 2,0 3,0 1,8 1,5 1,8 1,8 2,0 2,8 1,8 1,5 2,5 2,0 2,0
Média do segmento 2,8 3,0 2,3 2,4 1,9 2,6 2,7 2,3 2,5 1,9 2,4 2,6
Fonte: próprio autor.
Como pode ser visto, apenas 3 segmentos obtiveram médias acima de 2,5, são os segmentos:
metal mecânico; TIC; e química. A maior média do segmento foi do segmento TIC (3,0). Um
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dos fatores que contribuiu é a padronização dos processos relacionado ao desenvolvimento do
produto bem como o relacionamento e bom atendimento aos seus clientes buscando captar as
necessidades de seus clientes e identificar novos mercados para seus produtos.
Nas duas regiões (Tabela 3 e Tabela 4), a dimensão Plataforma obteve nota máxima em todos
os segmentos. Esta dimensão retrata a capacidade de produzir vários produtos ou versões
dentro do mesmo ambiente da empresa. Por outro lado, de forma geral, apresenta uma
fraqueza na dimensão Processos, que reflete que as empresas ainda precisam melhorar
aspectos como layout de produção, eliminar desperdícios para ganhar eficiência e
produtividade.
Já a dimensão Cadeia de Fornecimento obteve pontuação diferente entre as regiões de
Sorocaba e São Carlos, onde grande parte do grupo abordado apresentou soluções para
reduzir custo de estoque e de transporte de produtos e matérias primas. São Carlos obteve
notas maiores nesta dimensão pois está mais longe de seus fornecedores e, com isso, as
empresas precisam automatizar ainda mais a logística de sua matéria prima, controle de
estoque e entrega do produto final.
As dimensões Rede, Agregação de Valor e Presença foram as dimensões piores avaliadas em
ambas as regiões. Estas dimensões consideram: a geração de relacionamento entre parceiros e
clientes; abertura de novos canais de venda bem como nova relação com distribuidores /
representantes para levar os produtos a novos mercados; e falar / ouvir mais seus clientes
como forma de ganhar eficiência em seu negócio. Neste sentido, visualiza-se que as empresas
estão acomodadas com os clientes e canais de venda existentes e não estão buscando novas
alternativas para maximizar suas vendas bem como melhorar a forma de atendimento a seus
clientes. Como foi observado pelos ALIs, as empresas acabam por se acomodar com os canais
/ pontos de vendas existentes uma vez que a complexidade em inovar em modelo de negócios,
o que envolve mudança cultural de seus clientes, acaba por ser deixado de lado.
Paralelamente, as empresas buscam fazer todas as atividades de seus negócios ao invés de
abrir frentes diversas de distribuidores e representantes de vendas visando complementar as
ações e estratégias de vendas.
Na dimensão Clientes, na qual examina a capacidade da empresa em buscar manifestações
dos consumidores, pode-se verifica que apenas 23,5% das empresas de Sorocaba e 31,2% das
empresas de São Carlos tem uma sistemática para colher informações sobre as necessidades
dos clientes. Essa sistemática é uma pesquisa de satisfação de clientes formalizada, capaz de
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gerar um índice de satisfação. Estas empresas identificaram, ao menos, uma necessidade não
atendida dos seus clientes nos últimos três anos, captadas de forma esporádica ou intuitiva. O
restante das empresas não identificou nenhuma necessidade não atendida dos seus
consumidores. Levanta-se a questão se não existe a possibilidade de criar algo novo para
fidelizar o cliente ou diferenciar a empresa da concorrência.
Na dimensão Relacionamento, as EPPs devem buscar facilidades e amenidades oferecidas
pela empresa para melhorar seu relacionamento com clientes. Conforme relatado pelos ALIs,
nos últimos três anos a maioria das empresas não desenvolveu nenhuma nova facilidade ou
recurso para melhorar o relacionamento com clientes, sejam eles cartões de aniversários,
brindes, sala de espera, cafezinho, catálogos, mostruários ou qualquer outro tipo de recurso.
Na dimensão Ambiência Inovadora verifica se a empresa absorveu algum conhecimento ou
tecnologia de fornecedores ou clientes nos últimos três anos. Dessa forma pontua 5 quem tem
por prática buscar conhecimentos ou tecnologias de fornecedores ou clientes e pontua 3 quem
absorveu algum tipo de conhecimento ou tecnologia de fornecedores ou clientes nos últimos
três anos. Dentre as empresas analisadas, 13,8% de Sorocaba e 16,4% de São Carlos
obtiveram score 5 e 26,2% de Sorocaba e 35,6% de São Carlos obtiveram score 3, mas
observa-se que a maioria dessas evidenciou participar de treinamentos oferecidos por
fornecedores, e não por parte dos clientes, o que mostra a busca por aperfeiçoamento em
ferramentas e tecnologias disponibilizadas pelos fornecedores.
Neste sentido, pode-se concluir com esta análise que os segmentos estudados nas regiões de
Sorocaba e São Carlos se diferenciam em alguns pontos críticos. Dentre as empresas e
segmentos analisados, a região de Sorocaba possui 7 dimensões com média abaixo de 2,0 na
pontuação por segmentos (Rede, Agregação de Valor, Presença, Organização, Clientes,
Relacionamento e Cadeia de Fornecimento). Apenas 2 dimensões foram maiores que 3,0 na
média da pontuação (considerada marco para uma postura inovadora nas empresas), que são:
Plataforma e Marca. Sendo assim, os empresários de Sorocaba precisam se atentar mais às
inovações ao redor de seus respectivos negócios uma vez que concorrentes diretos / indiretos
estão a cada dia surgindo e competindo no mercado de forma mais eficiente, oferecendo
produtos / serviços mais barata, com maior qualidade e entregando mais rapidamente. Como a
inovação está relacionada a mudança, os empresários de Sorocaba precisam iniciar a
implantação de mudanças de forma incremental visando absorver as inovações geradas nas 13
dimensões do radar da inovação.
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Já São Carlos possuí 4 dimensões abaixo de 2,0 na média de pontuação (Rede, Agregação de
Valor, Presença e Organização). Ainda possuem 4 dimensões acima de 3,0 (Plataforma,
Marca, Oferta e Relacionamento). Embora as empresas tenham muito a melhorar, os índices
mostram que as empresas da região de São Carlos estão mais antenadas para os impactos das
inovações em seus negócios. Um ponto ressaltados por diversos ALIs é a presença de
universidades consolidadas na região como a UFSCar e a USP. Estas universidades causam
um impacto direto na mão de obra qualificada e na busca por inovações das empresas daquela
região.
Um ponto relevante a ser observado é que mesmo realizando o diagnóstico dos problemas das
empresas e entregando a devolutiva aos empresários, os ALIs notaram pouca receptividade
dos empresários e isto se deve a:
Falta de amadurecimento dos empresários em diversos aspectos, principalmente a
receptividade às inovações, mudança de cultura e de posicionamento;
Falta de comprometimento para executar as ações propostas pelo ALI por acreditarem
que pode não ter resultados imediatos em seus negócios;
Falta de estrutura física e de gestão adequadas.
5. Conclusões e Trabalhos Futuros
Este artigo apresentou a experiência do Programa ALI das regiões de Sorocaba e São Carlos,
o qual ocorreu de 2012 a 2014. Foram analisadas 570 empresas e os resultados mostraram que
as EPPs ainda estão engatinhando quando se fala em inovação. Ainda é necessário um maior
engajamento e visão dos empresários como forma de garantir a sustentabilidade de seu
negócio no mercado frente a constante competitividade.
O Radar da Inovação é uma ferramenta de diagnóstico que permite a análise de ambientes
empresariais, especificadamente EPPs, sob a ótica da Gestão da Inovação a partir de 13
dimensões. Além disso, direciona os gestores à identificar em quais pontos precisam
aprimorar o ambiente empresarial e direcionar ações para o desenvolvimento da empresa.
Com este trabalho, espera-se que os gestores das EPPs analisadas possam ter maior acesso as
facetas da inovação e o impacto que isso pode trazer em seus respectivos negócios, através da
ferramenta de diagnóstico utilizada no programa, o Radar da Inovação. Com isso, espera-se
que as empresas tenham condições aumentar sua competitividade, produtividade e qualidade
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
13
dos serviços prestados / produtos comercializados frente a grande concorrência dos mais
diversos segmentos abordados neste programa.
Agradecimentos
Agradeço ao CNPq e SEBRAE pelo apoio durante o projeto.
REFERÊNCIAS
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