tecnologias de informacao voltadas para pessoas com deficiencia visual

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FATEC FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO VOLTADAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL DANIELA RAGAZZI DOS SANTOS SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP 2006

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Page 1: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

FATEC

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO VOLTADAS PARA PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA VISUAL

DANIELA RAGAZZI DOS SANTOS

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP 2006

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Santos, Daniela Ragazzi dos Tecnologias de Informação voltadas para pessoas com

deficiência visual/ Daniela Ragazzi dos Santos. – São José do Rio

Preto : [s.n.], 2006.

Trabalho de Conclusão de Curso (Informática – Ênfase Gestão

de Negócios) – Faculdade de Tecnologia de São José do Rio Preto –

FATEC.

Bibliografia: f.85.

1. Acessibilidade. 2. TI. 3. Inclusão Digital. I. Qualidade de

Software. II. Faculdade de Tecnologia de São José do Rio Preto. III. Título

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FATEC

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO VOLTADAS PARA PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA VISUAL

DANIELA RAGAZZI DOS SANTOS

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP 2006

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia de São José do Rio Preto - FATEC, para obtenção do grau de tecnólogo do Curso de Informática – Ênfase em Gestão de Negócios, sob orientação do (a) Professor: M. Sc. Sérgio Ricardo Borges.

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FATEC

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

BANCA EXAMINADORA:

Nota Final: _______ ( ) em ___/___/2006

_________________________________ Prof. M.Sc.Sérgio Ricardo Borges

_________________________________ Profª. M.Sc. Maria Sueli Ribeiro da Silva

_________________________________ Profª. Maria de Fátima dos Santos

São José do Rio Preto 2006

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À minha família, Joaninha, Ricardo e Fabiano, e a todos que enxergam o mundo com os olhos do coração.

Page 6: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelo dom da vida e do conhecimento;

À minha família, por todo apoio, carinho e afeto que me deram no decorrer de minha vida;

Ao professor Sérgio Borges, pelo apoio e orientação no presente projeto;

À professora Maria Sueli, por ter auxiliado na elaboração desta monografia ;

Ao Kleber, pela ajuda e o apoio dados na pesquisa;

A todos os colaboradores e responsáveis do Instituto Riopretense dos Cegos Trabalhadores,

especialmente para o Sr. Ferreira, Fabiana (assistente social),

Thiago (professor de informática), Sra. Neiva (diretora do instituto),

que me receberam com todo carinho e atenção;

Às pessoas que participaram dos testes e das entrevistas: Doraídes, Guilherme e Nei, pelo

seu interesse e dedicação apresentados durante a realização de cada tarefa;

A Rosy, Maíra e todos os colegas de minha classe, meus companheiros nesta jornada;

Aos pais do Guilherme, que permitiram com que ele viesse;

A todos os professores, funcionários e alunos da FATEC.

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“A vitória sobre si mesmo é a maior das vitórias.”

PLATÃO

Page 8: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

RESUMO

A exclusão digital é um dos maiores problemas que assolam o país. O fato se agrava mais quando se trata do acesso de tecnologias voltadas para deficientes visuais. O presente trabalho consiste em fazer uma análise das ferramentas tecnológicas existentes no mercado para auxiliar o deficiente visual a interagir com um sistema computacional, assim como apresentar estas ferramentas de acessibilidade em meio à sociedade para garantir a inclusão destas pessoas dentro do mundo digital. Estes softwares foram selecionados por meio de pesquisa bibliográfica e foram submetidos a testes de laboratório com usuários, onde foram analisados diversos aspectos durante o seu funcionamento, como qualidade, facilidade, operabilidade, com base no Teste de usabilidade, dentro da Engenharia de Software. A principal motivação deste projeto se deu pelo fato da grande exclusão digital do deficiente visual existente no país, dificultando o acesso à informação e aos meios digitais de aprendizado. Palavras-chave: acessibilidade, deficiência visual, teste de usabilidade.

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ABSTRACT

The digital exclusion is one of the largest problems that devastate the country. The fact becomes worse more when it is the access of technologies returned for deficient visual. The present work consists of doing an analysis of the existent technological tools in the market to aid the deficient visual to interact with a computational system, as well as presenting these accessibility tools amid society to guarantee these people's inclusion inside of the digital world. These programs were selected through bibliographical research and they were submitted to laboratory tests with users, where several aspects were analyzed during her operation, as quality, easiness, operability, with base in the usability test, inside of the Engineering of Software. The main motivation of this project felt for the fact of the great digital exclusion of the deficient visual existent in the country, hindering the access the information and to the digital means of learning.

Keywords: accessibility, visual deficiency, usability test.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Avaliação Geral dos Softwares........................................................................ 66 Tabela 3.2 – Número de usuários que conhecem os softwares ............................................ 67 Tabela 3.3 – Quadro comparativo entre os softwares .......................................................... 72

Page 11: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Tabela de Snellen ............................................................................................. 22 Figura 1.2 - O Alfabeto em LIBRAS ................................................................................... 30 Figura 1.3 - O Alfabeto em Braille....................................................................................... 31 Figura 1.4 – Numeração em Braille...................................................................................... 31 Figura 1.5 – Pontuação em Braille ....................................................................................... 32 Figura 1. 6 – Louis Braille.................................................................................................... 34 Figura 1.7 – Linha ou Terminal Braille................................................................................ 47 Figura 1.8 - Scanner de mesa............................................................................................... 47 Figura 1.9 – NoteTaker Braille............................................................................................ 48 Figura 1.10 - Impressora Braille........................................................................................... 48 Figura 1.11 - Circuito fechado de televisão ou Lupa TV .................................................... 49 Figura 2.1 – Lente de aumento do Windows........................................................................ 58 Figura 3.1 – Média Geral dos Softwares .............................................................................. 66

Page 12: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13 CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................... 15

1.1 A Deficiência.............................................................................................................. 15 1.2 Histórias e Conquistas ................................................................................................ 28 1.3 Definições importantes sobre Tecnologia da Informação .......................................... 39

CAPÍTULO II – METODOLOGIA ................................................................................. 50 2.1 Problema e Hipóteses ................................................................................................. 50 2.2 Objetivos..................................................................................................................... 50 2.3 Tipo de Pesquisa......................................................................................................... 51 2.4 Material e Métodos..................................................................................................... 51

CAPÍTULO III – APLICAÇÃO ....................................................................................... 63 3.1 Sobre a pesquisa ......................................................................................................... 63 3.2 Sobre o perfil dos usuários ......................................................................................... 64 3.3 Sobre os Testes ........................................................................................................... 64 3.4 Apresentação dos Dados............................................................................................. 65 3.5 Discussão dos Resultados........................................................................................... 67

CONCLUSÃO..................................................................................................................... 73 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 75 ANEXO 1............................................................................................................................. 79 ANEXO 2............................................................................................................................. 82

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INTRODUÇÃO

Uma pessoa é considerada portadora de deficiência visual quando possui perda de

visão parcial ou total, que pode ser ocasionada por diversos motivos, como acidentes,

problemas congênitos ou conseqüência do envelhecimento do indivíduo. No entanto, o fato

de uma pessoa ter deficiências visuais não significa que ela seja isolada do mundo em sua

volta.

Com a disponibilidade de recursos que permitam uma melhor interação entre o

indivíduo e o meio, as pessoas com deficiência visual podem ter uma vida mais

independente. Isto é um direito garantido no Decreto n.º 3.298, de 20 de dezembro de 1999

(Anexo 1).

Atualmente, é crescente a necessidade de softwares voltados para auxiliar os

deficientes visuais na utilização de um sistema computacional.

Existem ferramentas computacionais no mercado que permitem uma melhor

interação entre homem e máquina, mas são, em sua grande maioria, desconhecidas pela

sociedade e, em muitos casos, necessitam ser mais acessíveis aos deficientes visuais. Além

disso, é necessário que os deficientes visuais possam conhecer as potencialidades e

fragilidades de cada uma, e também em quais casos são recomendadas, ou seja, uma

ferramenta pode ser melhor para uma determinar tarefa do que outra.

O presente trabalho visa analisar as principais ferramentas computacionais

disponíveis no mercado, com base em uma avaliação criteriosa sobre as principais

características de cada uma, tais como: portabilidade, facilidade de uso, praticidade,

acessibilidade, funcionalidade e configuração mínima para sua instalação e utilização,

dentre outras, de forma a apontar quais são as potencialidades e fragilidades de uso e

também em quais casos são recomendadas cada uma delas. Além disso, um estudo

envolvendo testes com usuário portadores de deficiência visual será realizado e também

analisado.

O presente trabalho está organizado da seguinte maneira: no Capítulo I, serão

descritos os principais tipos de deficiência, como deficiência motora, deficiência auditiva,

deficiência mental e deficiência visual (público alvo do projeto). Também será apresentado

um breve histórico sobre as conquistas dos deficientes físicos, a invenção da língua de

sinais e do sistema Braille. Para uma melhor compreensão do trabalho, o último item do

Page 14: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

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capítulo apresenta algumas definições importantes em Tecnologia de Informação, como as

principais tecnologias existentes para auxiliar os deficientes a utilizar o computador. No

Capítulo II, serão apresentados os objetivos do presente trabalho, bem como suas hipóteses

e problemas e o tipo de pesquisa aplicada. Também serão descritas as principais

ferramentas informatizadas existentes no mercado, voltadas para o deficiente visual. No

Capítulo III, serão apresentados e discutidos os dados obtidos pela pesquisa realizada com

um usuário, em que foram avaliados os softwares escolhidos para os testes desta

investigação.

E, por fim, a conclusão do presente trabalho, onde será apresentado o resultado final

do projeto, bem como a sugestão de novas soluções e rumos para o problema em questão.

Page 15: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

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CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A deficiência, desde os primórdios da humanidade até os dias atuais, vem sendo um

julgo pesado nas costas de quem a carrega, não só pelas limitações que ela impõe ao

indivíduo, mas também pelo preconceito que o portador de deficiência é obrigado a

suportar em seu dia-a-dia.

O presente capítulo tem como objetivo mostrar não só as limitações dos portadores

de necessidades especiais, dando ênfase aos deficientes visuais, mas também as trajetórias

das realizações durante a história, sejam no ambiente educacional ou na conquista de leis e

direitos a uma vida mais digna.

A seguir serão apresentados o universo dos portadores de deficiência e os tipos de

deficiência: motora, mental, auditiva, visual. Também serão abordadas as conquistas dos

deficientes visuais no decorrer dos séculos e as definições de alguns termos importantes

como tecnologia da informação, sistemas de informação, software, hardware, sistemas de

reconhecimento e síntese de fala e as ferramentas tecnológicas existentes para auxiliar os

deficientes visuais a interagir com o computador.

1.1 A Deficiência

O termo deficiência, segundo o Dicionário Aurélio (1) significa “falta, carência,

insuficiência”. Já a deficiência dentro do universo da saúde significa alguma restrição ou

perda, resultante do impedimento físico ou mental, para desenvolver habilidades

consideradas normais para o ser humano. (CONCEITO, 2006)

De acordo com a OMS - Organização Mundial da Saúde - estima–se que existam

cerca de 610 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no mundo, sendo que

aproximadamente 386 milhões destas pessoas participam da população ativa mundial e

80% vivem em países em desenvolvimento. (GIL, 2002)

O último censo do IBGE (apud Gil, 2002), realizado no ano de 2000, revelou que

existem no Brasil cerca de 24,6 milhões de portadores de deficiência, correspondendo a

14,5% da população brasileira. Um número bastante significativo e preocupante pelo fato

de que nem todas estas pessoas possuem acesso à escola e encontram dificuldades na hora (1) Cf. FERREIRA, 2004, p.289.

Page 16: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

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de arrumar um emprego. Mesmo com leis que garantam educação e trabalho para os

portadores de deficiência, isto se torna difícil por causa da falta de informação da

população e de condições para que estas pessoas tenham uma vida digna e independente.

Também foi divulgado, neste censo, o percentual de pessoas que possuem algum tipo de

deficiência, apresentando a seguinte distribuição:

• 8,3% possuem deficiência mental;

• 4,1% deficiência física;

• 22,9% deficiência motora;

• 48,1% visual, sendo que, entre 16,5 milhões de deficientes visuais, 159.824 são

incapazes de enxergar;

• 16,7% auditiva, sendo que, entre 5,7 milhões portadores deficiência auditiva,

176.067 não ouvem.

Existem diversos fatores que aumentam os riscos de uma pessoa adquirir uma

deficiência física ou mental. Segundo Gil (2002) e Souza (apud Deficiência Física, 2006),

os principais agentes causadores dessas deficiências são:

• Problemas congênitos e predisposição genética;

• Uso exagerado e drogas lícitas (cigarros, álcool e medicamentos

psiquiátricos) e ilícitas;

• Acidentes no trânsito e no trabalho;

• Violência urbana;

• Falta de saneamento básico e desnutrição;

• Agentes tóxicos, poluição;

• Sedentarismo;

• Doenças como câncer, sífilis, meningite, etc.

Quando uma pessoa que adquire algum tipo de deficiência, começa a enfrentar uma

nova vida, cheia de limitações e preconceitos, um fator agravante que o portador de

deficiência encontra no decorrer de sua vida são os obstáculos que dificultam sua inclusão

em meio à sociedade, como a falta de acesso à informação e adaptações nas vias públicas

para facilitar a sua locomoção.

É importante que mais ações governamentais e privadas sejam feitas para que, não

só as pessoas deficientes sejam amparadas, mas para que as causas sejam combatidas,

Page 17: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

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reduzindo os números alarmantes de pessoas que adquiriam algum tipo de deficiência por

razões externas, como agressões, acidentes de trânsito e violência urbana.

A seguir serão apresentados os diversos tipos de deficiências e suas principais

características.

1.1.1 Deficiência física ou motora

Deficiência motora é a disfunção ou interrupção – paralisia ou paresia – dos

movimentos de um ou mais membros: superiores, inferiores ou ambos, conforme o grau do

comprometimento.

Segundo o artigo Deficiência Física (2006), define-se como paralisia “toda a perda

da capacidade de contração muscular voluntária, por interrupção funcional ou orgânica em

um ponto qualquer da via motora, que pode ir do córtex cerebral até o próprio músculo.”

Enfim, a paralisia ocorre quando todo tipo de movimento nestas proporções são

impossíveis.

A paresia ocorre quando o movimento está apenas limitado ou fraco. O termo

paresia vem do grego paresis e significa “relaxação”, “debilidade”. Nos casos de paresias,

a mobilidade se apresenta apenas num padrão abaixo do normal, no que se refere à força

muscular, precisão do movimento, amplitude do movimento e a resistência muscular

localizada, ou seja, refere-se a um comprometimento parcial, a uma semiparalisia.

Dependendo do número e da forma como os membros são afetados pela paralisia,

foi sugerida por Wyllie (apud Deficiência Física, 2006), a seguinte classificação:

a) Monoplegia: ocorre apenas quando um membro é afetado;

b) Diplegia: quando são afetados os membros superiores;

c) Hemiplegia: quando são afetados os membros do mesmo lado;

d) Triplegia: condição rara em que três membros são afetados;

e) Tetraplegia/ Quadriplegia: quando a paralisia atinge todos os membros; sendo que a

maioria dos pacientes com este quadro apresenta lesões na sexta ou sétima vértebra;

f) Paraplegia: quando a paralisia afeta apenas os membros inferiores; podendo ter

como causa resultante uma lesão medular torácica ou lombar. Este trauma ou

doença altera a função medular produz como conseqüências, além de déficits

sensitivos e motores, alterações viscerais (órgãos internos, como intestino, bexiga,

entre outros) e sexuais.

Page 18: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

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A deficiência motora pode ocorrer por diversas causas, como lesões cerebrais ou

espinhais, paralisia cerebral, lesões ósseas e/ou musculares graves causadas por doenças

degenerativas ou acidentes, etc.

A dificuldade de se locomover muda completamente a vida doe quem adquire

deficiência motora. O fato de encontrar obstáculos, sejam eles físicos ou sociais, perante a

sua vida, pode causar depressão nas pessoas com dificuldades de locomoção. Por isso, é

necessário não só um apoio clínico, mas também psicológico, moral e ações

governamentais e privadas para uma melhoria da vida do deficiente físico.

A seguir, será apresentada a definição de deficiência mental e quais são os seus

principais tipos.

1.1.2 Deficiência Mental

Segundo o a definição retirada do artigo Conceito (2006), a deficiência

mental ocorre quando o funcionamento intelectual é significativamente inferior à média,

com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de

habilidades adaptativas, tais como:

• Comunicação;

• Cuidado pessoal;

• Habilidades sociais;

• Utilização da comunidade;

• Saúde e segurança;

• Habilidades acadêmicas;

• Lazer;

• Trabalho.

Dos diversos tipos de deficiência mental existentes, os mais conhecidos são:

a) Síndrome de Down:

É uma anormalidade congênita resultante de uma falha cromossômica do óvulo

fecundado, gerando um embrião com 24 cromossomos ao invés de

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23. Os indivíduos que nascem com Síndrome de Down, além de apresentarem diversos

graus de deficiência mental, possuem características físicas, como cabeça pequena,

mandíbula proeminente, mãos pequenas e largas e nariz curto e achatado. Este tipo de

deficiência ocorre, na maioria dos casos, em filhos de mulheres acima de 40 anos, porém,

podem ocorrer casos em gestações de mulheres mais novas devido a predisposição

genética. (ENCICLOPÉDIA ILUSTRADA..., 1996).

b) Autismo:

É um transtorno do desenvolvimento mental que surge durante a infância, a partir

do 1º ano de vida. Este transtorno compromete o desenvolvimento psiconeurológico,

afetando a capacidade de comunicação do indivíduo e seu convívio social, apresentando, na

maioria dos casos, retardo mental. (O QUE É AUTISMO..., 2006)

c) Paralisia Cerebral:

Doença que surge a partir de danos no cérebro, que pode ter diversas causas, como:

• Falta de oxigênio antes ou depois do nascimento;

• Traumas durante o parto;

• Hemorragia cerebral;

• Deformações congênitas;

• Doenças como a meningite;

• Convulsões ou coma.

A pessoa com paralisia cerebral possui dificuldade no aprendizado e no

desenvolvimento mental, debilidade motora, movimentos involuntários, problemas visuais,

auditivos e dificuldade de falar e engolir. É preciso um bom acompanhamento médico, para

que, além de auxiliar a pessoa com paralisia cerebral, buscar meios de tratar este tipo de

doença. (ENCICLOPÉDIA ILUSTRADA..., 1996)

Na seqüência, será definido o que é deficiência auditiva e quais são seus principais

tipos e causas.

Page 20: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

20

1.1.3 Deficiência Auditiva

Segundo o artigo Conceito (2006), conhece–se por deficiência auditiva toda perda

parcial ou total das possibilidades auditivas e sonoras, variando em grau e nível na forma

seguinte:

• De 25 a 40 db (decibéis) – surdez leve;

• De 41 a 55 db – surdez moderada;

• De 56 a 70 db – surdez acentuada;

• De 71 a 90 db – surdez severa;

• Acima de 91 db – surdez profunda;

• Anacusia – perda total da audição.

De acordo com o artigo Informações Básicas sobre Deficiência Auditiva (2006),

existem quatro tipos de deficiência auditiva:

a) Deficiência Auditiva Condutiva:

Qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até

a orelha interna (cóclea). A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal, mas

não é estimulada pela vibração sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da

intensidade do estímulo sonoro. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas

pode ser tratada através de tratamento clínico ou cirúrgico.

b) Deficiência Auditiva Sensório-Neural:

Ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células

ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Os limiares por condução óssea e por condução

aérea, alterados, são aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células

ciliadas da cóclea e do nervo auditivo só pode ser feita por meio de métodos especiais de

avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva não tem cura.

Page 21: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

21

c) Deficiência Auditiva Mista:

Ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial

associado à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma (exame de

avaliação de audição) mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis

normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução

aérea.

d) Deficiência Auditiva Central, Disfunção Auditiva Central ou Surdez Central:

Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de

diminuição da sensibilidade auditiva, mas pode ocorrer por diferentes graus de dificuldade

na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de

processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central).

A deficiência auditiva pode ter como principais causas: acidentes domésticos e

naturais (perfuração ocasionada por objetos colocados no ouvido, traumas que afetem o

funcionamento do órgão auditivo, mudanças na pressão atmosférica, etc.), doenças infecto

– contagiosas (otite interna, otite externa, meringite – infecção na membrana do tímpano,

etc.) e a própria degeneração do órgão auditivo ocasionada pela idade avançada. Para evitar

estas causas, é preciso um controle preventivo, buscando sempre informações sobre o

assunto com um médico especializado. Muitos fatores de risco podem ser evitados com

educação, saneamento básico e tratamento adequado com atenção especial.

1.1.4 Deficiência Visual

Segundo Masini e Isaac (apud Deficiência Visual, 2006), a deficiência visual refere

– se “a uma situação irreversível de diminuição da resposta visual, em virtude de causas

congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ ou cirúrgico e uso de óculos

convencionais.”

A diminuição da resposta visual pode ser leve, moderada, severa, profunda (que

compõem o grupo de visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual

(cegueira).

Page 22: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

22

Para que seja avaliado o grau de deficiência visual, os médicos oftalmologistas

utilizam um instrumento conhecido como tabela de Snellen – que consiste em um cartaz

com símbolos de diversos tamanhos, onde o paciente visualiza cada símbolo, sempre

utilizando um olho de cada vez, informando se estão enxergando nitidamente ou não. De

acordo com o nível de linhas visualizadas pelo paciente, o médico avalia o grau do

problema visual e chega a um diagnóstico. O indivíduo é diagnosticado com deficiência

visual quando sua percepção visual é igual ou inferior a 20/200 na tabela de Snellen, ou

seja, campo visual de 20º. A figura abaixo mostra como é constituída a tabela de Snellen:

Figura 1.1 – Tabela de Snellen Fonte: Instituto de Psicologia da USP, 2006.

Estudos desenvolvidos por Barraga (apud Deficiência Visual, 2006), distinguem

três tipos de graus de deficiência visual:

a) Cegos: têm somente a percepção da luz ou que não têm nenhuma visão, precisam

aprender através do método Braille e de meios de comunicação que não estejam

relacionados com o uso da visão.

b) Portadores de visão parcial: têm limitações da visão à distância, mas são capazes

de ver objetos e materiais quando estão a poucos centímetros ou, no máximo, a meio metro

de distância.

Page 23: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

23

c) Portadores de visão reduzida: são considerados com visão reduzida indivíduos

que podem ter seu problema corrigido por cirurgias ou pela utilização de lentes.

Segundo Chapman e Stone (apud Alegre, 2006), os problemas visuais mais

conhecidos na literatura médica atualmente são:

a) Catarata congênita:

É uma doença que, na maioria dos casos, é adquirida por herança genética, porém,

há casos onde o uso de medicamentos, desnutrição ou infecção causada pelo vírus da

Rubéola durante a gestação pode ocasionar este tipo de doença. A catarata congênita ocorre

quando as lentes do cristalino existentes no globo ocular se tornam opacas,

impossibilitando o indivíduo de enxergar normalmente. Em alguns casos, este problema

pode ser resolvido com uma cirurgia, mas em casos especiais, ele pode se tornar

irreversível.

b) Nistagmus:

É o movimento involuntário do globo ocular, o que acaba comprometendo a visão

da pessoa portadora deste tipo de doença. Pode ou não estar associado com outros tipos de

doenças e causa, além do cansaço e da irritabilidade, dificuldade de visualizar objetos a

longa distância.

c) Retinopatia:

É uma doença hereditária, normalmente progressiva, que afeta a retina. Os sintomas

principais são: a perda gradativa da capacidade visual periférica e a cegueira noturna O

indivíduo portador deste tipo de doença começa a sentir os sintomas principalmente na

adolescência, havendo a necessidade de se iniciar o ensino do Braille. Além destes

sintomas, surgem também problemas emocionais e comportamentais agravados pela idade.

Page 24: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

24

d) Glaucoma Congênito:

É o aumento da pressão interna do globo ocular causado pelo distúrbio na drenagem

do humor aquoso. Apesar de ser um problema congênito, o glaucoma pode resultar de uma

situação crônica ou mesmo súbita. Pode ser tratado por meio de medicamentos de uso

tópico e oral. Também pode ser corrigido por cirurgias com laser ou corretivas, onde os

canais de drenagem são limpos ou alargados para reverter a alta da pressão intra-ocular.

Como toda doença, o glaucoma deve ser diagnosticado e tratado desde cedo, pois a demora

no tratamento pode comprometer o funcionamento do nervo óptico, causando danos

irreversíveis a visão do indivíduo. O controle da luminosidade e um bom tratamento

ajudam a conter a fotofobia (irritabilidade, temor a luz) ocasionada pela doença.

e) Atrofia óptica:

Consiste na degeneração das fibras do nervo óptico. O nervo óptico transmite

informações elétricas da retina ao cérebro e o cérebro traduz estas informações em visão.

Sempre que o nervo óptico é afetado há atrofia óptica. A perda de visão conseqüente pode

ir de um leve enevoamento da imagem até grave perda de visão afetando um olho ou os

dois. Se as fibras ópticas da mácula são atingidas, a capacidade de definir imagens

localizadas no centro do campo visual será afetada, uma vez que a mácula é a parte da

retina responsável pela visão central. A visão periférica não será afetada, podendo ser

desenvolvidas técnicas de treino visual conducentes a um melhor uso desta visão e,

portanto, a melhorar a visão funcional. É aconselhável uma boa iluminação e bom

contraste.

f) Miopia:

Ocorre quando a pessoa começa a ter dificuldade em visualizar objetos a longa

distância. É causada por um defeito na refração combinada entre a córnea e o cristalino,

apresentados de forma irregular e exagerada em relação ao comprimento do globo ocular, e

pode aparecer associada a outras doenças, como o glaucoma e a catarata. Pode ser

corrigida, se detectada ainda na infância, com o uso de óculos e desaparecer no decorrer do

crescimento. Porém, quando a miopia é de alto grau, há o risco de perda gradativa da visão

Page 25: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

25

causada com alterações no fundo do olho, quando esta deformidade causa estrago ou

deslocamento da retina.

g) Estrabismo:

Normalmente, quando olhamos para alguma coisa, a imagem desse objeto cai

simultaneamente nas fóveas (a fóvea é o centro da mácula). Quando os dois olhos não estão

alinhados, só um está realmente a olhar para o objeto e o outro está a olhar para outra

direção. Dá-se o nome de estrabismo a qualquer desvio de um perfeito alinhamento ocular.

Este desvio pode ser para dentro, para fora, para cima , para baixo ou uma combinação

destes. O estrabismo leva a que cada fóvea receba uma imagem diferente. Assim, diferentes

coisas serão vistas no mesmo lugar, o que provoca "confusão visual" ou vistas a dobrar em

diferentes localizações, o que é chamado "diplopia". As crianças pequenas que usam

sempre o mesmo olho quando olham, enquanto o outro está constantemente numa posição

de desvio, sofrem diminuição de capacidade visual ou ambliopia (diminuição da percepção

visual de um ou dos dois olhos, que geralmente não é diagnosticada por exame

oftalmológico, e tem como seqüela a má formação visual) no olho não usado, que fica

"preguiçoso". Para prevenir o desenvolvimento de desta anomalia visual nas crianças, é-

lhes vendado o olho melhor. O objetivo deste tratamento é permitir o desenvolvimento da

visão normal no olho afetado através do estabelecimento das ligações funcionais entre o

olho e o cérebro.

h) Aniridia:

É um defeito congênito provocado por uma formação incompleta da íris. Causa

perda de visão, geralmente nos dois olhos, embora os efeitos variem de indivíduo para

indivíduo. Pode encontrar-se associada à nistagmus, glaucoma, cataratas, etc. Alguns bebês

com aniridia podem ser sensíveis à luz enquanto outros sofrem de opacidade.

Essas doenças podem levar um indivíduo a se tornar um deficiente visual. Dessa

forma, o presente trabalho visa concentrar os estudos nas dificuldades e limitações das

pessoas portadoras de deficiência visual, principalmente na busca de softwares especiais,

que facilitem o uso do computador e reduzir o número destas pessoas excluídas do meio

digital e do ambiente social, permitindo sua inclusão, atualização nos estudos e participação

Page 26: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

26

no mercado de trabalho. Além disso, possibilitam devolver a auto-estima, a motivação e a

dignidade às pessoas portadores de deficiência visual.

1.1.5 Surdocegueira

A surdocegueira ocorre quando o indivíduo:

(...) apresenta a perda da audição e visão de tal forma que a combinação das duas deficiências impossibilita o uso dos sentidos de distância, cria necessidades especiais de comunicação, causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, recreativas, sociais, para acessar informações e compreender o mundo que o cerca. (2)

A surdocegueira pode se manifestar das seguintes formas:

• Cegueira congênita e surdez adquirida;

• Surdez congênita e cegueira adquirida;

• Cegueira e surdez congênita;

• Cegueira e surdez adquirida;

• Baixa visão com surdez congênita ou adquirida.

Para identificar se uma pessoa possui surdocegueira, são necessários exames

médicos e laboratoriais, assim como avaliações genéticas e diagnósticas diferenciais, para

que se busquem meios de melhorar a vida dos portadores deste tipo de deficiência.

Também é necessário evitar e controlar os fatores de risco, como epidemias, doenças

sexualmente transmissíveis e questões de saneamento básico.

1.1.6 Múltipla deficiência sensorial

Segundo o artigo Informações Básicas sobre Surdocegueira e Múltipla Deficiência

(2006), a múltipla deficiência sensorial ocorre quando o indivíduo:

(...) apresenta deficiência auditiva ou deficiência visual associadas a outras deficiências (mental e/ou física), como também outros distúrbios (neurológico,

(2) Cf. Informações Básicas sobre Surdocegueira e Múltipla Deficiência,2006.

Page 27: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

27

emocional, linguagem e desenvolvimento global) que causam atraso no desenvolvimento educacional, vocacional, social e emocional, dificultando a sua auto-suficiência. (3)

A deficiência múltipla pode ter diversas causas, como uso indevido de medicação,

doenças infecciosas, prematuridade ou mesmo síndromes congênitas. Fatores de risco que

devem ser observados com muita atenção e controlados são:

• Gravidez de risco;

• Falta de saneamento básico;

• Epidemias de doenças como sarampo, meningite e rubéola;

• Infecções hospitalares;

• Doenças sexualmente transmissíveis.

Como todo tipo de deficiência, é necessário que sejam feitos exames clínicos e

laboratoriais para que sejam diagnosticados quais membros do corpo e sentidos foram

afetados, podendo, assim, diagnosticar o tipo de deficiência múltipla que a indivíduo

possui.

Os tipos de deficiência múltipla são:

• Surdez com deficiência mental leve ou severa;

• Surdez com distúrbios neurológicos, de conduta e emocionais.

• Surdez com distúrbios neurológicos, de conduta e emocionais;

• Baixa visão com deficiência mental leve ou severa;

• Baixa visão com distúrbios neurológicos, emocionais e de linguagem e conduta;

• Baixa visão com deficiência física (leve ou severa);

• Cegueira com deficiência física (leve ou severa);

• Cegueira com deficiência mental (leve ou severa);

• Cegueira com distúrbios emocionais, neurológicos, conduta e linguagem.

Neste tópico, foi abordado o conceito de deficiência e seus tipos, assim como suas

principais causas e impactos sobre o individuo que a adquire.

A seguir serão apresentadas as histórias e conquistas dos deficientes físicos.

(3) Cf. idem, 2006.

Page 28: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

28

1.2 Histórias e Conquistas

A história das conquistas dos deficientes físicos foi construída em cima de árduas

lutas contra o preconceito e discriminação das sociedades dos séculos passados. Até nos

dias atuais, a discriminação e o preconceito assombram essas pessoas e, muitas vezes,

fazem com que elas sintam-se inferiores perante as pessoas que se consideram normais.

A discriminação e a falta de apoio por parte do governo e da sociedade nos séculos

passados, faziam com que as pessoas com deficiência fossem totalmente excluídas da

sociedade, sendo obrigadas a mendigar nas ruas para não morrerem de fome, por não serem

consideradas como seres humanos capazes.

Após muito sofrimento e exclusão social, a questão da deficiência acabou ganhando

adeptos pelo mundo com a intenção de acabar com a discriminação existente em meio à

sociedade. Escolas começaram a ser criadas para dar educação às crianças e as pessoas com

deficiência auditiva ou visual.

Muitas conquistas foram possíveis graças à persistência e ao espírito empreendedor

de pessoas que lutaram não só pelos seus direitos, mas também geraram benefícios a várias

pessoas com necessidades especiais e, por isso, são lembrados até hoje. Um destes

exemplos é Louis Braille (1809-1852), criador do Sistema BRAILLE de escrita e leitura

para cegos, o qual será relatada uma breve biografia sua no tópico seguinte.

1.2.1 Sistemas de comunicação utilizados pelos deficientes físicos

Durante várias épocas, os deficientes foram se adaptando ao mundo em que viviam.

Para que isto se tornasse possível, foram criadas diversas formas de comunicação,

utilizando símbolos especiais e linguagens gestuais, com o objetivo de auxiliar no

relacionamento das pessoas portadoras de deficiência com o mundo que as cerca.

Para um melhor embasamento teórico sobre a evolução do acesso ao conhecimento

pelos deficientes físicos no decorrer da história, serão tratadas, neste item, a linguagem de

sinais para surdos e mudos e o sistema Braille, método muito utilizado pelos cegos, público

alvo do presente trabalho.

Page 29: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

29

a) A Linguagem de Sinais e a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS):

A linguagem de sinais consiste em diversos gestos manuais que facilitam a

comunicação entre pessoas que nunca ouviram o som da pronúncia das palavras ditas em

uma conversa convencional.

Durante a Idade Média, acreditava – se que os surdos eram incapacitados

mentalmente pelo fato de se comunicarem com muita dificuldade ou até perderem a fala

por não terem uma educação adequada na época. (MOORES apud LACERDA,1998)

Só a partir do século XVI que professores e mestres começaram a elaborar formas

e métodos de ensino voltados para as pessoas portadoras de deficiência auditiva, porém,

não há relatos consistentes da época por causa do não compartilhamento dos resultados de

estudos realizados entre os pesquisadores da época, pois havia uma grande rivalidade entre

eles .

Ao passar dos séculos, a educação para surdos tornou- se privilégio de poucos, pois

só os filhos de nobres e comerciantes ricos tinham o direito de ser educados por mestres

que desenvolveram seus próprios métodos de ensino. Mas , a partir do ano de 1775, o abade

francês Charles M. De L'Epée, após um estudo minucioso de como os surdos se

comunicavam, inovou a linguagem de sinais francesa, criando o primeiro instituto voltado

para a educação de jovens surdos, com classes coletivas e professores treinados na

linguagem gestual, a qual ele chamava de sinais metódicos. Os resultados foram tão

satisfatórios que até alguns de seus ex-alunos viraram professores na escola onde

estudaram.

Um século depois, em 1878, foi realizado o I Congresso Internacional sobre a

Instrução de Surdos, onde foram debatidas novas diretrizes de ensino para os surdos e uma

reflexão sobre as experiências e impressões de cada trabalho realizado até então. Foi

defendido que o ensino oral era essencial para que a criança pudesse se comunicar, mas a

linguagem de sinais deveria prevalecer para uma melhor comunicação dentro e fora das

salas de aula. Foi por meio deste Congresso que o os surdos tiveram algumas conquistas

importantes, “como o direito a assinar documentos, tirando-os da marginalidade social, mas

ainda estava distante a possibilidade de uma verdadeira integração social”. (LACERDA,

1998)

Quase dez anos depois, no II Congresso Internacional, realizado em Milão em 1880,

foram definidos novos rumos para a educação. Porém, houve um grande retrocesso em

Page 30: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

30

relação à associação da língua falada, o sistema de sinais e a contratação de professores

surdos.

Muitos anos depois, na década de 60, começaram a surgir novos estudos sobre as

línguas de sinais utilizadas pelas comunidades de indivíduos com deficiência auditiva.

Mesmo com a proibição e as críticas dos oralistas, o ensino da linguagem de sinais

continuou se difundindo nas instituições voltadas para o ensino de crianças e jovens com

deficiência auditiva. Dezoito anos depois, William Stroke estudou as principais formas de

comunicação das comunidades de deficientes auditivos nos Estados Unidos e , com base

nos resultados, concluiu que se poderia diversificar ainda mais o sistema de gestos, apenas

mudando a posição, a forma de movimento e a maneira de como as mãos se

movimentavam e posicionavam durante os gestos.

Muitos estudos foram realizados em cima da linguagem de sinais, sempre com o

objetivo de incluir o surdo no meio social e dar a ele a oportunidade de desfrutar, mesmo

com algumas limitações, do direito ao acesso da informação.

No Brasil, a LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais,2006) foi criada a partir da

adaptação da linguagem de sinais francesa. Porém, sua difusão ainda sofre muitas

barreiras pelo fato de que só em 2002 ter sido reconhecida como meio legal de

comunicação e ser matéria obrigatória nas escolas com alunos surdos.

A figura abaixo mostra o alfabeto em LIBRAS:

Figura 1.2 - O Alfabeto em LIBRAS Fonte: Ao Mestre, 2006.

Page 31: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

31

b) O Sistema Braille:

O Sistema Braille, criado por Louis Braille em 1825, é o método universal e natural

de leitura e escrita para as pessoas cegas. A célula Braille é composta por 6 pontos

agrupados em duas colunas verticais de três pontos cada. Os pontos da 1ª coluna são os

pontos 1, 2 e 3 e os da 2ª coluna são os pontos 4, 5 e 6. Com esta célula básica, cujo

tamanho é perfeitamente abrangível pela área da polpa de um dedo, e reconhecível pelos

milhares de receptores ali localizados, podem-se construir 63 diferentes combinações. Com

estas combinações, facilmente identificáveis pelo tato, podem ser representadas (os) letras,

números, sinais de pontuação, sinais matemáticos, etc.

Uma página Braille típica contém de 26 a 28 linhas e 30 a 32 caracteres por linha.

Hoje em dia, existem livros impressos em Braille para facilitar o acesso dos portadores de

deficiência visual. Também existem livros gravados em fitas ou CDs, onde a pessoa pode

escutar o conteúdo de cada capítulo, mas ainda predominam as obras impressas transcritas

para o Braille. (ALEGRE, 2006)

As figuras abaixo mostram como é a grafia de letras, números e a pontuação em

Braille:

Figura 1.3 - O Alfabeto em Braille

Fonte: Alegre, 2006.

Figura 1.4 – Numeração em Braille

Fonte: NAI, 2006.

Page 32: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

32

Figura 1.5 – Pontuação em Braille

Fonte: A Nova Grafia Braille: Observações e Normas de Aplicação, 2006.

Para auxiliar na escrita em Braille à mão, é utilizado um instrumento chamado

reglete, que consiste em uma placa de metal com 27 pequenos retângulos vazados

posicionados em quatro linhas, fixada em uma tábua de madeira, onde a pessoa coloca a

folha de papel e, por meio de um objeto semelhante a uma caneta, o punção, a pessoa vai

marcando os caracteres em braille no papel dentro de cada retângulo. Para datilografar

textos, existe a máquina de escrever em Braille, mais conhecida como máquina perkins.

Para auxiliar no cálculo aritmético, é utilizado o sorobã, um objeto com contas presas em

pequenas hastes de metal, fixadas em uma moldura de madeira, em que o deficiente vai

realizando cálculos, movendo o número de contas correspondentes a um valor numérico de

um lado para outro, de acordo com a operação matemática que foi solicitada. (NAI, 2006)

A história da educação especial para os portadores de deficiência visual teve seu

início no século XVIII, com os métodos inovadores de Valentin Haüy (1745-1822), um

homem não só conhecido por sua inteligência, mas também por sua solidariedade. Em

Page 33: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

33

1784, Haüy fundou, na cidade de Paris, a primeira escola destinada à educação dos cegos e

à sua preparação profissional.

Ao ver uma cena chocante na Feira de Santo Ovídio, realizada em Paris, onde um

empresário montara um estrado e apresentava, de forma ridícula e desumana, dez cegos

sendo exibidos como fantoches para uma platéia, Haüy compadeceu – se daquela situação e

teve a idéia de criar um instituto para a instrução de pessoas portadoras de deficiência

visual.

Haüy adaptou o alfabeto tradicional para letras bordadas em alto relevo, para uma

melhor compreensão de seus alunos para a leitura, e fazia uso de letras móveis, (iguais às

usadas em jogos educativos de tabuleiro), para a montagem de palavras ou frases. Também

eram feitas leituras em voz alta para os alunos e estes repetiam as informações passadas

pelos professores. Apesar de seus esforços, seu método possuía algumas falhas que

dificultavam o aprendizado. Estas dificuldades só foram dribladas no ano de 1825, graças a

Louis Braille (1809-1852), responsável pela criação do Sistema Braille, um homem que,

desde a infância, sentiu na pele a vida difícil de quem carrega o fardo do preconceito e da

dificuldade por causa de sua deficiência.

Louis Braille nasceu no dia 4 de janeiro de 1809, na pequena cidade francesa de

Coupvray, pertencente ao distrito de Seine-Marne, situado a 45 km de Paris. Quando tinha

três anos de idade, sofreu um acidente enquanto brincava na oficina de selas e laços de seu

pai, ferindo o olho esquerdo. Devido à infecção, que se alastrou para o olho direito, Louis

Braille perdeu a visão dos dois olhos aos cinco anos de idade. Mesmo vivendo nesta

condição, o jovem Braille demonstrou ser um estudante brilhante e dedicado, conseguindo

uma bolsa de estudos na Instituição Real para Jovens Cegos, a primeira escola para cegos

de Paris, aos 10 anos de idade.

O sistema de ensino da escola onde Louis Braille estudava consistia na leitura de

livros com letras em alto relevo (sistema desenvolvido por Valentin Haüy) – método oficial

de leitura para cegos na época – e na repetição de tudo aquilo de que os professores

falavam. No instituto, Braille demonstrou grande desenvoltura e inteligência, e se tornou

um ótimo pianista.

Com a visita de Capitão da Artilharia de Louis XIII - Charles Barbier de la Serre,

Braille teve a inspiração de criar um sistema de leitura baseado nos códigos escritos em alto

relevo utilizados pelo exército francês, que consistia em um sistema de pontos que

simbolizavam sons e avisos de alerta em noites escuras e dias chuvosos. Braille teve a ajuda

Page 34: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

34

de um amigo para aprender o sistema e o adaptou para a leitura para cegos, incluindo letras,

números, símbolos matemáticos e outros tipos de sinais ortográficos e de acentuação, em

uma combinação de 63 símbolos, sendo que o sistema original continha apenas fonemas e

sons.

Figura 1. 6 – Louis Braille Fonte: Leonardo, 2006.

Mesmo com a relutância dos professores da época, que preferiam o método de Haüy

para alfabetizar os portadores de deficiência visual, o primeiro livro em Braille foi

publicado e, aos poucos, o sistema foi se difundindo em segredo.

Em 1840, o Ministro Francês do Interior tomou a decisão final de que os estudos em

Braille deveriam ser encorajados, mas que eles não estavam prontos para a mudança do

sistema. Só em 1843, quando o Instituto Real para Jovens Cegos foi transferido para um

novo prédio, que o diretor passou a aceitar o sistema de Braille.

Braille tornou-se professor no instituto onde estudara, mas em 1850, terminou por

demitir-se de seu cargo e passou a dar apenas algumas aulas de piano. Um ano depois,

devido a uma forte crise de tuberculose, Braille falece em 1852, sem ver sua invenção

largamente adotada. Em 1952, seu corpo foi transferido a Paris, onde repousa no Panthéon.

(PIMENTEL, 2006)

No Brasil, a educação para cegos teve seu início em 1854, sendo também um ponto

de partida para a difusão do Sistema Braille fora da França. Nesse ano, na Instituição Real

dos Jovens Cegos, foi realizada a primeira impressão de um método de leitura em língua

portuguesa, registrado no Museu Valentin Haüy com o nG 1439.

A necessidade de se ter uma metodologia de ensino voltada para jovens e adultos

cegos no Brasil surgiu quando José Álvares de Azevedo, um jovem cego que retornou ao

Page 35: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

35

Brasil depois de ter estudado durante seis anos em Paris, entrou em contato com o senhor

Xavier Sigaud, médico francês que esteve ao serviço da corte imperial brasileira e pai de

uma filha cega, Adélia Sigaud.

Dr.Sigaud apresentou Azevedo ao Imperador D. Pedro II, que ficou admirado ao ver

a força de vontade dos dois, despertando seu interesse para a educação dos cegos no Brasil.

O Dr. Sigaud não só incentivou o ensino para cegos no Brasil, como também foi o primeiro

diretor do Instituto Imperial dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant,

inaugurado no Rio de Janeiro em 17 de Setembro de 1854.

Em Portugal, a adoção brasileira do Sistema Braille e a perseverança de Adélia

Sigaud (conhecida em Portugal como Madame Sigaud Couto) e Léon Janet, organista da

Igreja São Luis dos Franceses, também formado no Instituto Real para Jovens Cegos, em

Paris motivaram um grupo de pessoas da sociedade portuguesa a fundar, em 1887, a APEC

(Associação Promotora do Ensino dos Cegos).

Foram fundados mais dois institutos voltados para a educação de cegos em

Portugal: o Instituto de Cegos Branco Rodrigues, em S. João do Estoril, no ano de 1897, e o

Instituto São Manuel, na cidade do Porto, também fundado no mesmo ano.

Além disso, com a colaboração de um habilidoso funcionário da Imprensa Nacional

Portuguesa, foi confeccionada a primeira impressão em Braille, no ano de 1898, de um

número especial do Jornal dos Cegos, comemorando o 4º Centenário do descobrimento do

caminho marítimo para a Índia.

Nos países germânicos (Alemanha, Inglaterra, Bélgica, etc.), apesar de já existirem

impressos em Braille circulando desde 1837, houve muita relutância quanto à adoção do

método Braille para o ensino de cegos, pois muitas correntes pedagógicas se posicionavam

contra o método por acreditarem que isto distanciava os cegos das pessoas com visão

normal.

Este impasse só teve fim com a realização do Congresso Internacional de Paris, em

1878, que acabou com estas diferenças por aprovação da grande maioria, inclinando a

balança para o sistema francês. Entre os participantes, havia representantes da Inglaterra,

França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Suécia, Suíça, Estados Unidos, entre outros

países interessados no assunto.

Os Estados Unidos, por causa de sua desconfiança quanto à eficácia do Sistema

Braille, levou muitos anos para a adoção completa do Braille em suas escolas. Na maior

parte das instituições norte- americanas utilizavam – se dos algarismos romanos juntamente

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36

com o New York Point ou Wait System. Neste sistema, o retângulo Braille tinha três pontos

de largura por dois de altura. O acordo apenas surgiu no Congresso de Little Rock, em

1910. (A INVENÇÃO BRAILLE, 2005)

Nos dias atuais, apesar da dificuldade de acesso a informação em países

subdesenvolvidos, o sistema Braille continua sendo o principal meio de ensino de leitura e

escrita para alunos cegos em diversas partes do mundo. Os avanços tecnológicos também

asseguraram a sua disseminação pelo mundo, com a edição de obras literárias em Braille

por meio de gráficas com equipamentos específicos para este tipo de impressão, e

dispositivos eletrônicos construídos especialmente para a escrita e leitura em Braille no

computador, que serão descritos mais para frente deste capítulo.

1.2.2 As conquistas legais dos deficientes no meio internacional

Segundo Gil (2002), em nove de dezembro de 1975, a ONU - Organização das

Nações Unidas - aprovou a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência,

defendendo o direito inerente das pessoas com deficiência ao respeito por sua dignidade e o

de ter suas necessidades levadas em consideração em todos os estágios do planejamento

socioeconômico.

A partir da década de 80, começaram a surgir leis e diretrizes com o objetivo de

melhorar a vida do deficiente físico, tendo como marco inicial a instituição da Década

Internacional das Pessoas com Deficiência. Em 1981, foi declarado pela ONU como o Ano

Internacional das Pessoas Deficientes. Dois anos depois, em 1983, a OIT (Organização

Internacional do Trabalho) organizou a Convenção 159, visando à inclusão da pessoa

portadora de necessidades especais ao mercado de trabalho.

Nos Estados Unidos, em 1990, foi adotada a ADA – Lei dos Deficientes dos

Estados Unidos – onde toda empresa, com mais de 15 empregados, deveria contratar

pessoas com deficiência física.

No ano de 1992, a ONU estabeleceu a data de 3 de dezembro como Dia

Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiência. Dois anos depois (1994) foi elaborada

a Declaração de Salamanca, que traçaria as novas diretrizes para a educação das pessoas

com necessidades especiais.

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37

Em 1995, a Inglaterra aprova uma legislação semelhante a dos Estados Unidos,

onde cada empresa com mais de vinte empregados deveria contratar pessoas com

deficiência.

Em 1997, foi criado o Tratado de Amsterdã, onde a União Européia se compromete

a facilitar inserção e a permanência de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

europeu. Com o intuito de acabar com todas as formas de descriminação nas Américas, foi

promulgada, na Guatemala, a Convenção Interamericana para a eliminação de todas as

formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência.

Em março de 2002, na cidade de Madri, foi realizado o Congresso Europeu sobre

Deficiência, estabelecendo o ano de 2003 como o ano Europeu das Pessoas com

Deficiência. Dessa forma, em muitos países já havia legislação pertinentes para os

portadores de deficiência. A seguir serão apresentadas as conquistas conseguidas no Brasil.

1.2.3 As conquistas legais dos deficientes no Brasil

As conquistas dos deficientes físicos dentro do cenário nacional brasileiro tiveram

seu início a partir da década de 80. Segundo Gil (2002), o Brasil ratificou quase todos os

tratados e convenções internacionais realizados durante as décadas de 70 e 80.

Serão apresentadas, em ordem cronológica, as principais leis federais brasileiras

criadas para dar melhores condições aos deficientes físicos: (LEIS E NORMAS, 2006)

• 1982 - a Lei n.º 7.070, de 20 de Dezembro, dispõe sobre a pensão especial para

os deficientes físicos que especifica e dá outras providências;

• 1985 – a Lei nº 7.405, de 12 de novembro, torna obrigatória a colocação do

‘‘Símbolo Internacional de Acesso” em todos os locais e serviços que permitam

sua utilização por pessoas portadoras de deficiência e dá outras providências;

• 1988, a Constituição Federal incorporou garantias e direitos às pessoas portadoras

de necessidades especiais, proibindo a discriminação do deficiente físico existente

na sociedade brasileira;

• 1989 - foi elaborada a Lei nº. 7.853, que referendou a Convenção 159 da OIT,

definindo os direitos das pessoas portadoras de deficiência, disciplinando o

Ministério Público e criando a CORDE (Coordenadoria Nacional para Integração

das Pessoas Portadoras de Deficiência);

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38

• 1990 - a Lei nº. 8.112, de 11 de dezembro do mesmo ano dispõe sobre o Regime

Jurídico dos Servidores Públicos, estabeleceu no artigo 5º, § 2º, que seriam

destinadas até 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos aos portadores de

deficiência, abrindo mais oportunidades no mercado de trabalho público para

essas pessoas;

• 1991 - é criada a Lei nº. 8.213, que estabeleceu cotas de contratação para

empresas do setor privado com mais de cem funcionários, dispondo também

sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social;

• 1995 - a Lei nº. 9.045, datada de 19 de Maio do mesmo ano, autorizou o

Ministério da Educação e do Desporto e o Ministério da Cultura a incentivarem a

obrigatoriedade de reprodução, pelas editoras de todo o País, de obras em

caracteres Braille, e a permitir a reprodução, sem fins lucrativos, de obras já

divulgadas, para uso exclusivo de cegos;

• 1999 - é feita a Edição do Decreto 3.298, regulamentando a Lei nº 7.853, fixando

uma Política Nacional para a Integração de Pessoas Portadoras de Deficiência no

mercado de trabalho e na sociedade. Além disso, conceitua o termo deficiência e

define os parâmetros de avaliação da deficiência física, visual, auditiva, mental e

múltipla; • 2000 - é sancionada a Lei nº. 10.098, que estabelece normas e critérios básicos

para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida;

• 2001 - no dia 12 de fevereiro, é criada a Lei nº.10.182, que isenta os portadores de

deficiência física da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados na

aquisição de veículos nacionais e reduz o valor do imposto cobrado sobre os

automóveis importados adquiridos por essas pessoas.no mesmo ano, no dia 15 de

maio, surgiu a Lei nº10.226, que obriga aos Tribunais Eleitorais a expedir

instruções aos juízes eleitorais para a escolha de locais de fácil acesso para os

portadores de deficiência;

• 2002 - no dia 24 de abril, é criada a Lei nº 10.436, que reconhece a linguagem

brasileira de sinais (LIBRAS) como meio legal de comunicação, assim como

integra este tipo de linguagem ao currículo de educação especial e no treinamento

de profissionais das áreas da saúde e da educação;

Page 39: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

39

• Em 5 de março de 2004, a Lei nº10.845 institui o Programa de Complementação

ao Atendimento Educacional Especializado às pessoas portadoras de deficiência,

como objetivo de inseri – los no ambiente escolar. No mesmo ano, entra em vigor

a Lei nº 10.877, que aumenta a pensão dada ao deficiente físico em 35% sobre o

valor pago;

• Em 2005 é dado o direito ao deficiente visual de permanecer em locais de uso

coletivo junto aos seus cães guias, que anteriormente era proibido pelos

estabelecimentos, por meio da Lei nº 11.126. Também no mesmo ano, em julho, é

instituído o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência Física, celebrado em 21

de setembro.

Após várias conquistas e desafios, ainda há muito que se fazer pelos deficientes

físicos. Muitos órgãos governamentais e do poder judiciário estão acordando agora para a

questão do deficiente, tomando decisões e aprovando leis que deveriam ter sido colocadas

em prática há muito tempo. Em questão ao acesso aos meios informatizados, muito pouco

foi feito para que todos sejam incluídos no universo digital.

Para uma melhor compreensão do objeto pesquisado, serão tratadas, a seguir, as

principais terminologias que irão aparecer no presente trabalho.

1.3 Definições importantes sobre Tecnologia da Informação

Para compreender o universo a evolução tecnológica da atualidade, é de extrema

importância ter um bom entendimento sobre os conceitos e definições existentes no mundo

da informação, principalmente ao que se refere sobre a Tecnologia da Informação.

Compreende-se como Tecnologia da Informação todo o conjunto de recursos de

hardware, software, telecomunicações, administração de bancos de dados e demais recursos

voltados para o processamento das informações utilizadas em um sistema de informação

computadorizado. (O’BRIEN, 2006, p.G - 26)

Neste tópico do capítulo, serão apresentadas algumas terminologias necessárias para

uma melhor compreensão dos recursos que serão estudadas no presente projeto, como

ferramentas tecnológicas, computador, software, hardware, reconhecimento e síntese de

fala e os principais recursos tecnológicos existentes para auxiliar o deficiente visual na

operação de um computador. A seguir esses recursos serão apresentados.

Page 40: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

40

1.3.1 Ferramentas tecnológicas

Segundo a definição da Enciclopédia Livre Wikipédia (4), “ferramenta” é um

utensílio, que pode ser também um dispositivo, um mecanismo físico ou um instrumento

intelectual utilizado por trabalhadores das mais diversas áreas. Uma ferramenta pode ser

resultado ou instrumento de trabalho de um ou diversas áreas do conhecimento

pertencentes a tecnologia.

Quanto à tecnologia, em um sentido mais amplo, segundo (Goldemberg apud

Aguiar, 2006), consiste em um “conjunto de conhecimentos de que uma sociedade dispõe

sobre ciências e artes industriais, incluindo os fenômenos sociais e físicos, e a aplicação

destes princípios à produção de bens e serviços”.

Em outras palavras, “tecnologia” é um termo que envolve diversas áreas de

conhecimento técnico e científico e, as ferramentas, processos e materiais criados e/ou

utilizados a partir de tal conhecimento.

Partindo destas duas definições, constata-se que, desde os primórdios da história, a

tecnologia e as ferramentas utilizadas ou criadas a partir dela são objetos essenciais para a

vida do ser humano, tendo as mais diversas finalidades e usos, facilitando a execução de

tarefas que antes demandavam tempo e esforço árduo.

Graças aos avanços tecnológicos da humanidade, as ferramentas foram evoluindo e

tornando-se mais elaboradas, práticas e eficazes para a relização de tarefas dificeis, até a

criação das ferramentes tecnológicas.

Podem ser considerados como ferramentas tecnológicas todos os recursos

mecânicos, elétricos, eletrônicos e lógicos criados pelo homem para otimizar tarefas de

grande complexidade. Por exemplo, como cortar comprecisão uma chapa metálica ou

receber e processar grande quantidade de informações para realização de uma determinada

instrução.

Um outro exemplo de ferramenta tecnológica muito utilizada na atualidade é o

computador. Ele executa tarefas complexas, que exigiriam grande esforço mental e tempo

para sua relização, em questão de minutos ou segundos. Um computador é qualquer

equipamento ou dispositivo capaz de armazenar e manipular de forma lógica e

(4) Cf. FERRAMENTA, 2006.

Page 41: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

41

matematicamente, quantidades numéricas representadas fisicamente. (COMPUTADOR,

2006)

Já o computador, no mundo da informática, pode ser definido como uma máquina

que aceita a entrada de dados e os processa, transformando-os em informação útil,

apresentando-os em uma saída para o usuário. (CAPRON e JOHNSON, 2004)

Um computador pode também ser chamado de sistema computacional, pois exige

quatro aspectos principais para a manipulação de dados: entrada, processamento, saída e

armazenamento, que caracterizam esse tipo de sistema.

Segundo Laudon e Laudon (1999), o funcionamento do sistema do computador

depende dos seguintes componentes:

a) A Unidade Central de Processamento (UCP ou CPU), responsável pela execução

de cálculos e demais tarefas do sistema do computador. A CPU está dividida em

duas unidades: a Unidade Lógica Aritmética (ULA ou ALU) e a Unidade de

Controle. A ULA é responsável pela execução de operações lógicas e aritméticas

envolvendo dados alfanuméricos (letras, símbolos e números), como, por

exemplo, a comparação entre números de uma seqüência para descobrir qual

deles é o maior, ou a soma dos mesmos para se obter a média geral entre eles.

A Unidade de Controle é responsável pelo controle e coordenação os demais

componentes do computador. Ela é responsável pela leitura das instruções dos

programas, armazenadas uma de cada vez e, de acordo com as exigências dos

programas, ela orienta os demais componentes do computador para a realização

de uma tarefa e direciona estes para uma saída em um dispositivo de

entrada/saída, como imprimir um arquivo na impressora ou exibir uma

informação na tela do monitor, por exemplo.

b) A memória principal armazena as informações dos programas. A memória

principal que é responsável por armazenar o sistema operacional do computador.

Existem dois tipos de memórias: a RAM (Random Access Memory – Memória de

Acesso Aleatório) e a ROM (Read Only Memory – Memória Somente para

Leitura). A memória RAM armazena temporariamente os dados enquanto houver

energia alimentando o computador, enquanto que a memória ROM possui

informações gravadas somente para leitura, sem a possibilidade de alteração ou

perda deste conteúdo.

Page 42: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

42

O computador foi evoluindo de acordo com as necessidades que surgiam no

mercado, tornando-se um item indispensável às organizações e às diversas áreas do

conhecimento.

Desde o surgimento das primeiras máquinas gigantescas com pouco poder de

processamento, muitos estudos, pesquisas e testes foram feitos, até chegar a grande

quantidade de máquinas existentes hoje, mais velozes e potentes.

A seguir, serão definidos os conceitos de hardware e software e seus principais

tipos.

a) Hardware

Compreende-se por hardware todas as partes físicas do computador, ou seja,

circuitos integrados, equipamentos eletrônicos e placas que comunicam-se se entre si por

meio de um circuito de circuitos e linhas de comunicação que estão ligadas aos demais

componentes do computador com o objetivo de possibilitar a expansão de periféricos e a

instalação de novas placas da máquina. (HARDWARE, 2006)

Além do próprio computador (máquina) e seus componentes internos serem

considerados como hardware, existem os periféricos de entrada e saída. Estes dispositivos

são responsáveis pela entrada e sáida de informações do computador. Como exemplos de

periféricos de saída, tem-se: impressoras, caixas de som, monitores de vídeo, e de

periféricos de entrada: teclado, mouse, scanners (dispositivos que digitalizam documentos e

imagens impressas), leitores ópticos (leitoras de códigos de barras, por exemplo),

microfones, camêras digitais e webcams (camêras de vídeo que podem transmitir

informações visuais em tempo real).

b) Software

Quanto à definição de software, segundo Pressman (1995,p.12), consiste em “um

conjunto de instruções que, quando executadas, resultam em uma função e desempenho

desejados”, ou seja, desempenham o processamento da informação para um determinado

fim.

Page 43: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

43

Os softwares são indispensáveis para o funcionamento do computador, assim como

o computador e seus dispositivos são necessários para que os programas possam executar

suas tarefas e exibir seus resultados.

De acordo com Laudon e Laudon (1999), são exemplos de software:

a. Software de sistema: conjunto de programas que controla e apóia as operações

de um sistema computacional. São exemplos de Software de Sistema: o Sistema

Operacional (SO, gerenciador de todos os recursos de hardware e software do

computador), os programas utilitários (compactadores de arquivos,

gerenciadores de pastas), os tradutores de linguagens (compiladores) e as

interfaces gráficas com o usuário.

b. Software Aplicativo: são programas para aplicações específicas do dia-a-dia do

usuário. São exemplos de aplicativos: planilhas de cálculos, processadores de

texto, editores de gráficos, gerenciadores de bancos de dados, etc.

c. Ferramentas de Programação: são softwares voltados para a construção de

outros programas, ou seja, é através da utilização deles que um programador ou

demais programadores podem construir um outro software, por meio de linhas

de código e instruções, compilando ou interpretando o mesmo, até ser finalizada

a sua construção. Para que isso seja possível, é preciso que seja utilizada uma

linguagem de programação. Entende-se por linguagem de programação como:

(...) um conjunto de regras sintáticas e semânticas usadas para definir um programa de computador. A linguagem permite que um programador especifique precisamente sobre quais dados um computador vai atuar, como estes dados serão armazenados ou transmitidos e quais ações devem ser tomadas sob várias circunstâncias. (LINGUAGENS...,2006)

Para que o software execute suas funções, é necessário que haja uma entrada de

dados. Compreende-se por dados toda a matéria-prima que forma a informação. Pode-se

encontrá-los em diversas formas: dados alfanuméricos (números e caracteres alfabéticos),

dados em forma de texto (orações e parágrafos utilizados em comunicação escrita), dados

de imagem (formas e cifras gráficas) e dados auditivos, como a voz humana e demais tipos

de sons. Estes dados podem ser armazenados, de forma organizada, em bancos de dados e

bases de conhecimento.

O presente trabalho é voltado aos softwares destinados aos deficientes visuais.

Dessa forma, a seguir serão apresentados os conceitos e aplicações dos sistemas baseados

Page 44: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

44

em reconhecimento de voz e síntese de fala, devido ao fato de que boas partes destes

softwares utilizam – se deste tipo de sistema.

1.3.2 Sistemas de Reconhecimento e Síntese de voz

A voz humana é um tipo de dado sonoro ou auditivo que pode entrar em um

sistema, ser processado e ser transformado em uma saída para o usuário. Para realizar estas

tarefas, existem os sistemas de reconhecimento de voz.

Segundo O’brien (2006), um sistema de reconhecimento de voz consiste na

conversão direta da voz humana para um formato eletrônico adequado para a entrada em

um computador.

Um sistema de reconhecimento de voz captura o som da voz por meio de um

microfone ou telefone, digitaliza, analisa, classifica um discurso e seus padrões sonoros e

compara seus padrões de discurso a um banco de dados de padrões sonoros em seu

vocabulário, passando as palavras para o software aplicativo.

Existem dois tipos de sistemas de reconhecimento de voz: os sistemas de palavras

descontínuas e os sistemas de palavras contínuas.

Os sistemas de palavras descontínuas trabalham com palavras isoladas e os usuários

devem sempre fazer uma pausa entre as palavras ditas. Apesar da precisão destes sistemas,

a demora na entrada e na resposta pode ser uma grande desvantagem quando o usuário

deseja executar uma tarefa que exija um discurso longo, como digitar um texto ou uma

carta. Para resolver este problema, foram criados os sistemas de palavras contínuas, que

podem interpretar palavras ininterruptamente, ou seja, permitindo ao usuário operar o

computador com mais facilidade utilizando o padrão normal de fala, sem pausas entre as

palavras, e executar tarefas mais extensas e complexas, como ditar um documento para ser

escrito automaticamente por um processador de textos ou falar valores numéricos para uma

planilha eletrônica de cálculos. (CAPRON e JOHNSON, 2004)

Os sistemas de reconhecimento de voz evoluíram muito nos últimos anos para

atender diversas necessidades existentes no mercado. Eles contam com um banco de

palavras e padrões de discurso para análise e comparação de toda entrada de voz que o

sistema recebe.

Para que estes sistemas possam reconhecer diversos tipos de palavras, eles passam

por treinamentos, que podem levar horas, para assimilar palavras diferentes não

Page 45: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

45

relacionadas em seu banco de dados. Isso é necessário para que haja uma melhor interação

entre usuário, software e máquina. Mesmo assim, há uma pequena margem de erro, que

varia de 1% a 5%, até nos softwares mais conceituados do mercado. A interpretação

perfeita da voz humana, sem nenhuma margem de erro, ainda é um grande desafio para os

desenvolvedores de sistemas de reconhecimento de voz.(O’BRIEN, 2006)

A interpretação perfeita da voz humana, sem nenhuma margem de erro, ainda é um

grande desafio para os desenvolvedores de sistemas de reconhecimento de voz.

Do mesmo modo que existem sistemas de reconhecimento de voz, também são

encontrados no mercado os sintetizadores de voz, ou seja, softwares que convertem os

dados armazenados no computador em sons de fácil compreensão para os seres humanos.

Estes sistemas são muito utilizados em terminais de aeroportos ou rodoviários, em bancos,

corretoras de valores e até mesmo em alguns automóveis.

Exemplos do uso comercial da síntese de voz são os menus reproduzidos nos

sistemas de atendimento a clientes, que são ouvidos logo que uma pessoa liga solicitando

uma informação sobre um saldo bancário ou apenas desejando saber qual é o próximo

horário de vôo. Nestes casos, pode haver também a captura de informações faladas pelo

cliente ou digitadas pelo teclado do telefone.

Segundo Capron e Johnson (2004), existem duas abordagens básicas para que um

computador possa sintetizar a fala humana:

a) Síntese pela análise, em que o dispositivo analisa a fala de uma pessoa real, grava

o som falado e o reproduz quando necessário;

b) Síntese pela regra, em que o dispositivo aplica um conjunto complexo de regras

lingüísticas para criar uma fala artificial, que pode ser usada para ler um texto

contido em uma página na Internet, por exemplo.

Assim como um sistema de reconhecimento de voz não consegue interpretar 100%

a voz humana, os sistemas de síntese de fala não conseguem reproduzir perfeitamente a fala

de uma pessoa real. Mesmo nos sistemas baseados em síntese pela análise, o som da voz

reproduzida parece estranho e deselegante para o ouvido humano. Apesar de algum

pequeno desconforto ser ocasionado pela falta de familiaridade com a fala sintetizada, isso

não prejudica a compreensão dos sons emitidos pelo computador para o usuário.

Page 46: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

46

Alguns softwares utilizam-se da síntese de fala para facilitar a vida de pessoas com

deficiência visual, com o objetivo tornar mais simples o uso do computador por elas.

A seguir serão descritas as principais tecnologias utilizadas, na atualidade, para

auxiliar na interação entre o usuário portador de deficiência visual e o computador.

1.3.3 Tecnologias voltadas para os deficientes visuais

Na atualidade, existem diversos tipos de ferramentas, sejam softwares ou

hardwares, que permitem ao deficiente visual operar um computador e realizar tarefas

comuns, como ler um e-mail.

Essas ferramentas apresentam-se como conquistas alcançadas graças ao empenho de

pessoas que utilizaram seu conhecimento tecnológico para confeccionar equipamentos e

programas, com o objetivo de melhorar a vida daqueles que enxergam o mundo de maneira

diferente.

Segundo Alegre (2006), os recursos existentes na atualidade para auxiliar os

deficientes visuais mais conhecidos são:

a) Voz sintetizada - transmite oralmente a informação que está na tela. Obtém-se

através de software para leitura de tela (screen reader) instalado em computador

equipado com placa de som e colunas ou na sua falta com sintetizador de voz;

b) Programas de Ampliação - software que amplia a informação que aparece no

monitor do computador;

c) Linha ou terminal Braille - equipamento eletrônico ligado ao computador por cabo,

que possui uma régua de células Braille, cujos pinos se movem para cima e para

baixo, representando uma linha de texto da tela computador. O número de células

da régua pode variar entre 20 e 80. A figura abaixo mostra como é um terminal

Braille e o modo como ele está acoplado no Note book:

Page 47: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

47

Figura 1.7 – Linha ou Terminal Braille Fonte: Acessibilidade para a Deficiência Visual, 2006.

d) OCR (Optical Character Recognition) - software de reconhecimento de caracteres

que transforma a imagem digitalizada pelo scanner em um texto que possa ser

editado e lido por um sintetizador de fala;

e) Scanners: dispositivos que permitem a digitalização de textos e imagens,

transformando - os em informação que pode ser lida e alterada no computador. A

figura abaixo mostra como é um scanner:

Figura 1.8 - Scanner de mesa Fonte: Scanners, 2006.

f) NoteTaker Braille - dispositivo portátil que permite escrever com teclas Braille,

ouvir e/ou ler o que se escreveu, armazenar informação, descarregar a informação

para o computador e ser ligado a uma impressora a tinta ou Braille para imprimir

o que se deseja. Ligado ao computador, pode ser usado como sistema de saída de

voz ou de Braille, caso seja um NoteTaker equipado com voz ou com um terminal

Braille ou com ambas as possibilidades. Pode ter calculadora, relógio, etc. O

Page 48: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

48

NoteTaker pode ser considerado como uma evolução da máquina de escrever em

Braille.A figura abaixo mostra como é a aparência de um Notetaker Braille:

Figura 1.9 –NoteTaker Braille Fonte: Notetaker Braille, 2006.

g) Impressoras Braille: impressoras especiais que imprimem, em Braille, um texto digitado no computador em caracteres normais. A figura 1.11 mostra como é uma impressora Braille:

Figura 1.10 - Impressora Braille. Fonte: Impressora Braille, 2006.

h) Circuito fechado de televisão (CCTV) ou Lupa TV – é um dispositivo que permite

a leitura e a observação de objetos com um grande leque de escolha de grau de

ampliação, cor e tipo de fundo. Ele facilita a visualização de pequenos objetos,

textos manuscritos ou impressos, imagens, pequenos animais; assim como auxilia

na escrita e na realização de tarefas minuciosas, como fazer renda ou prender

botões. Pode estar equipado com uma câmara apenas para visão de perto ou ter

uma 2ª câmara apontada para longe. A figura 1.12 mostra como é um CCTV em

funcionamento:

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49

Figura 1.11 - Circuito fechado de televisão ou Lupa TV Fonte: Manual Digital, 2006.

O presente capítulo apresentou o universo dos deficientes abordando os tipos e as

classificações das deficiências, bem como as conquistas dos direitos dos deficientes físicos,

como o acesso à informação e aos meios profissionais e sociais. Também foram abordados

neste capítulo os conceitos de sistemas e tecnologia de informação, software, hardware e as

principais ferramentas tecnológicas existentes, para auxiliar pessoas portadoras de

deficiência visual na operação de um sistema computacional.

A seguir será apresentada a metodologia do trabalho, abordando os principais

softwares voltados para os portadores de deficiência visual.

Page 50: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

50

CAPÍTULO II – METODOLOGIA

Atualmente, existem diversos aplicativos com a finalidade de auxiliar o deficiente

físico a interagir melhor com o computador.

Na Internet, podem ser encontrados aplicativos para determinadas funções, como ler

telas do computador, ampliar as letras e as telas de programas para uma melhor

visualização ou mesmo converter arquivos digitalizados por scanners em textos editáveis

para leitura em voz alta por meio de voz sintética.

Neste capítulo serão abordados os problemas e hipóteses do presente projeto, bem

como seus objetivos, tipo de pesquisa e os principais softwares voltados para os deficientes

visuais utilizados como material para pesquisa.

2.1 Problema e Hipóteses

O principal problema encontrado para o presente trabalho é de onde encontrar estes

softwares especiais para portadores de deficiência visual que sejam práticos e acessíveis

para esse tipo de público, permitindo sua inclusão digital.

A falta de uma maior divulgação dos softwares voltados para pessoas com

problemas visuais em meio à sociedade e à grande dificuldade de acesso a estas ferramentas

informatizadas, bem como o conhecimento e potencialidades disponíveis por elas para um

melhor uso e exploração dos recursos dos sistemas computacionais, que constituem nas

principais causas da exclusão digital dos portadores de deficiência visual.

2.2 Objetivos

O objetivo geral deste projeto é analisar, selecionar e comparar os softwares

(ferramentas computacionais) disponíveis no mercado para auxiliar a interação entre os

portadores de deficiência visual com um sistema computacional.

Já os objetivos específicos do presente projeto são de definir os principais softwares

(ferramentas computacionais) adequados com base na finalidade de aplicação, bem como

elencar os critérios a serem utilizados na avaliação destas ferramentas computacionais,

fazendo um estudo comparativo entre elas para identificar as principais potencialidades e

Page 51: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

51

fragilidades de cada uma, estabelecendo requisitos mínimos para instalação e utilização

destes softwares.

Também são objetivos deste projeto avaliar os benefícios proporcionados aos

deficientes visuais na utilização destes softwares e divulgar, em meio à sociedade, estas

ferramentas para conhecimentos de todos.

2.3 Tipo de Pesquisa

No presente trabalho, foi realizada, primeiramente, uma pesquisa bibliográfica, em

que foram consultadas e analisadas fontes secundárias de informação, como documentos e

artigos eletrônicos, extraídos de sites que tratam sobre a questão da acessibilidade do

deficiente visual ao computador, bem como livros da área de Informática e trabalhos

realizados sobre o tema.

Também neste trabalho foi realizada a pesquisa de campo, que consiste: na

observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente na coleta de dados a

eles referentes e no registro de variáveis que se presume relevantes para analisá-los. A

pesquisa de campo é utilizada quando há a necessidade de se obter informações sobre um

determinado problema, o qual se procura uma resposta, hipótese, novos fenômenos ou as

relações existentes entre eles. (MARCONI e LAKATOS, 2005)

A pesquisa terá caráter exploratório, pois serão simuladas determinadas situações

cotidianas, como a digitação de um simples texto, por exemplo, para que possam ser

avaliados os critérios exigidos pela mesma.

O tipo de observação foi sistemático, pois cada passo do teste, cada evento que

ocorria e a opnião do usuário foram relatados por meio de anotações em um questionário

de avaliação.

2.4 Material e Métodos

Para a relização da pesquisa deste projeto serão utilizadas dois tipos de abordagens:

testes de campo realizado em laboratório com usuários portadores de diferentes graus de

deficiência visual; e entrevista, onde todas as informações foram anotadas em um

questionário de avaliação,cujo modelo está, em anexo, no presente trabalho. (Anexo 2)

Page 52: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

52

Para a realização dos testes, foi utilizado o laboratório da Fatec de São José do Rio

Preto, onde, em três computadores, foram instalados os softwares utlizados para os testes.

Foram convidados usuários, que executaram tarefas simples no computador como digitar

um texto, acessar a Internet, abrir ou fechar um arquivo, calcular, dentre outras rotinas

comuns.

Todos estes procedimentos foram elaborados com base no teste de usabilidade, que

avalia a qualidade da interface homem-máquina existente dentro de um software por meio

da “verfificação e homologação individual do uso por um conjunto de usuários”. (INDG,

2006)

Durante os testes, serão avaliados:

• O grau de sonoridade das vozes sintetizadas oferecidas pelos softwares;

• Facilidade de compreensão das palavral lidas pelo software;

• Suporte para outros idiomas;

• Facilidade e operabilidade;

• Familiaridade como software;

• Qualidade dos recursos oferecidos pelos softwares;

• Interface com o usuário (se o ambiente oferecido pelo software é amigável ou não

para o usuário);

• Resolução de ampliação (se ela ajuda ou atrapalha a visualização dos componentes

dos demais aplicativos presentes no sistema);

• Quais softwares oferecem mais recursos e funcionalidades;

• Quais já são conhecidos pelo usuário;

• Quais obteram melhor desempenho;

• Quais obteram pior desempenho;

• Quais são os mais acessíveis para o usuário (avaliando principalmente as questões

financeiras e de disponibilidade do software pelo fabricante).

Os resultados dos testes serão apresentados no Capítulo III do presente trabalho.

Neste tópico do capítulo, serão apresentados alguns dos principais softwares

existentes na atualidade para facilitar o uso do computador pelos deficientes visuais. Eles

foram selecionados, por meio de uma pesquisa bibliográfica nos principais sites voltados

para deficientes visuais e das empresas que produzem e os distribuem.

Page 53: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

53

Os softwares avaliados no presente trabalho serão:

• Leitores de telas:

– DOSVOX;

– Jaws;

• Navegadores (browsers):

– AudioBrowser;

– IBM Home Page Reader(também com a função de leitura de

telas para os demais aplicativos).

• Ampliadores de Telas

– Lente de Aumento do Windows (somente ampliação);

– Lunar Plus( conjuga as funções de leitura e ampliação);

– Supernova. (conjuga as funções de leitura e ampliação);

– MAGIC (conjuga as funções de leitura e ampliação).

A seguir, serão apresentados os softwares e as características e funcionalidades de

cada um.

a) O DOSVOX

O DOSVOX é um sistema para microcomputadores da linha PC que se comunica

com o usuário por meio de síntese de voz, tornando possível o uso de computadores por

deficientes visuais, que ganham um alto grau de independência no estudo e no trabalho com

o uso desta ferramenta. (DOSVOX, 2006)

O DOSVOX surgiu de um projeto do Núcleo de Computação Eletrônica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para incluir os deficientes visuais no meio

digital acadêmico, e ganhou vários adeptos nos demais estados brasileiros e países de

mesmo idioma, por ser um leitor de telas disponível na língua portuguesa, gratuito e de

fácil aprendizado de uso e operabilidade.

Dados estatísticos mostram que, em dezembro de 2002, existiam cerca de 6000

usuários utilizando o sistema DOSVOX no Brasil e em alguns países da América Latina,

sendo que o número de usuários que acessavam a Internet era, aproximadamente, de 1000

usuários.

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54

Sua história iniciou-se no ano de 1993, a partir da necessidade de um aluno portador

de deficiência visual em acompanhar as aulas de Computação Gráfica de seu curso na

universidade. Seu nome era Marcelo Pimentel e não só ele, mas outros sete alunos cegos

que freqüentavam a universidade tinham dificuldades de acompanhar certas disciplinas

dentro dos cursos oferecidos pela instituição.

O professor José Antônio Borges, que lecionava as aulas de Computação Gráfica na

época, pensou inicialmente em dispensar Marcelo da disciplina. Porém, a força de vontade

e a motivação do aluno em aprender fizeram com que o professor mudasse de idéia e

ajudasse no que fosse possível para incluir o jovem na disciplina.

O professor deu ao aluno a tarefa de criar um software que permitisse as pessoas

cegas a operarem o computador com independência e facilidade, orientando-o no projeto.

Este foi o ponto de partida para um trabalho que, logo em seguida, originaria o DOSVOX:

um ambiente que permite ao usuário portador de deficiência visual imprimir páginas em

Braille, escutar um texto por meio de voz sintetizada, acessar a Internet e demais tarefas

que antes eram difíceis para indivíduos com esta limitação. (HISTÓRICO..., 2006)

No início, o DOSVOX operava apenas no MS DOS, mas, aos poucos, foram feitas

versões para o Windows 95 e demais versões posteriores.

A cada versão disponibilizada, o ambiente DOSVOX ganhava mais aplicativos com

funções específicas. Atualmente, existem mais de 70 (setenta) programas compondo o

sistema, que se organizam nas seguintes funções (ibidem, 2006):

• Sistema operacional que contém os elementos de interface com o usuário;

• Sistema de síntese de fala para língua portuguesa;

• Editor, leitor e impressor/formatador de textos;

• Impressão/ formatação para Braille;

• Aplicações para uso geral : caderno de telefones, agenda, calculadora,

preenchimento de cheques, etc.;

• Jogos diversos;

• Utilitários de internet: FTP, acesso a WWW, um ambiente de "chat", um editor

html, etc.;

• Programas multimídia, como o processador multimídia, gravador de som,

controlador de volumes, etc.;

• Programas dirigidos à educação de crianças com deficiência visual;

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55

• Um sistema genérico de telemarketing, dirigido à profissionais desta área;

• Ampliador de tela para pessoas com visão reduzida;

• Leitores de janelas para Windows.

Os requisitos mínimos para a instalação do DOSVOX são:

• Sistema Operacional Microsoft Windows 95 ou superior;

• Processador Pentium 133 ou equivalente, sendo possível executá-lo com menor

velocidade em máquinas a partir de 486;

• Placa de som ou a disponibilidade de som "on-board".

Estudos realizados por Sonza e Santarosa (2003) revelaram que o DOSVOX é o

software mais utilizado entre os portadores de deficiência visual no Brasil, por ser de fácil

uso, gratuito e de processamento mais rápido do que os demais existentes no mercado.

Também foram ressaltados, no mesmo estudo, a importância de ferramentas como o

DOSVOX no meio educacional para a inclusão do deficiente visual no meio digital, bem

como seus principais benefícios oriundos de sua utilização.

Borges (1997) ressalta sobre a importância do DOSVOX no Brasil e sua adoção em

diversas instituições de ensino voltadas para os portadores de deficiência visual.

Organizações como a Rede SACI (instituição que apóia a auxilia na inclusão do deficiente

no meio social e digital) e o Instituto Benjamin Constant, que o utiliza para a realização de

seus projetos de inclusão voltados para os deficientes visuais.

Atualmente, o DOSVOX está disponível na sua versão mais recente (3.3). Também

já estão disponíveis as versões do DOSVOX para o sistema operacional Linux: o LINVOX,

que possui as mesmas funcionalidades e pode ser adquirido gratuitamente no site (Dosvox,

2006) do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ nas versões 1.0 e 2.0.

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56

b) O JAWS

O JAWS ® for Windows ® é software leitor de telas fornecido pela empresa

americana Freedom Scientific (5), sendo um dos mais conhecidos no mercado mundial e,

utilizado por mais de 50.000 pessoas em diversos países.

Esse software é compatível com quase todas as versões do Windows, desde o

Windows 95 até o Windows XP. Sua instalação, que também é falada, permite o uso de

grande maioria das aplicações desenvolvidas para o ambiente Windows, havendo

possibilidade de adequação do software para aplicações não desenvolvidas no mesmo

ambiente para seu uso.

De acordo com a Associação dos Deficientes visuais do Paraná - a ADEVIPAR (6) –

as principais características do JAWS são:

a) Suporte de voz durante a instalação;

b) Apesar de possuir sintetizador de software próprio, outros sintetizadores podem

ser utilizados;

c) Síntese de voz em várias línguas, incluindo o português do Brasil;

d) Indicação das janelas ativadas, do tipo de controle e suas características;

e) Leitura, integral, dos menus, com indicação da existência de submenus;

f) Fala as letras e palavras digitadas, estando adaptado ao teclado português;

g) A leitura pode ser feita por letra, palavra, linha, parágrafo ou a totalidade do

texto;

h) A leitura dos textos é possível em qualquer área de texto editável;

i) Fornece indicação da fonte, tipo, Estilo e tamanho da letra que está a ser utilizada;

j) Permite trabalhar com Correio Eletrônico e navegar na Internet, como se estivesse

num processador de texto;

k) Permite o controle do mouse no caso de funções que o exijam;

l) Permite o rastreamento do mouse, isto é, lê o que está por debaixo do ponteiro.

m) Possui uma ajuda de teclado, que fala as funções de cada tecla.

(5) Cf. JAWS FOR WINDOWS, 2006. (6) Cf. ADEVIPAR, 2006.

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57

n) Em qualquer ponto de uma aplicação, pode ter ajuda sobre as seqüências de

teclas, da aplicação e do JAWS, que pode usar;

o) Possui ajuda sensível ao contexto, que pode dar informações sobre o controle em

foco ou sobre a aplicação em execução;

p) Possibilidade de etiquetagem de gráficos;

q) Dicionários, gerais ou específicos, que permitem controlar a maneira como os

sons das palavras e das expressões são pronunciados;

r) As definições de configuração podem ser ajustadas para a generalidade das

aplicações, ou apenas para aplicações específicas.

Segundo Sonza e Santarosa (2003), o JAWS ainda precisa amadurecer muito no que

se refere à tradução na língua portuguesa. No entanto, ele vem demonstrando ser um leitor

de telas com mais recursos do que os existentes no mercado, como compatibilidade com

versões de aplicativos como o Acrobat Reader® eo Winap®, por exemplo.

Uma outra desvantagem que o JAWS apresenta é em relação ao preço. O software

comercial custa em média cerca de R$ 4.770,00, o que dificulta sua aquisição para pessoas

cegas com baixo poder aquisitivo. Porém, no site da Freedom Scientifc, o usuário pode

fazer um download das versões demo, optando por usar a versão grátis de 40 minutos para

teste ou, por um baixo custo, adquirir a versão demo para uso durante 60 dias.

c) O MAGIC

O MAGIC ®, assim como o JAWS®, é um software da empresa norte Freedom

Scientific (Magic, 2006) e tem como principal característica a função de ampliação de telas

e ícones do Windows para pessoas com problemas de visão. Sua versão mais atual, o

MAGIC 10, também fornece o recurso de leitura de telas para deficientes visuais em vários

idiomas, inclusive o português do Brasil.

Diferente da lente de aumento do Windows, que fornece apenas uma área para

ampliação do ambiente, o MAGIC fornece uma melhor visualização da área ampliada, além

de oferecer suporte com voz durante sua instalação.Sua resolução chega a 32 bits e sua

ampliação é de 2x16. Pode ser usado simultaneamente com o JAWS, sem problemas de

conflitos entre os dois programas. É compatível com as versões do Windows 9X, ME e XP.

(LAMARRA, 2006)

Page 58: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

58

d) A Lente de Aumento do Windows

A lente de aumento do Windows permite ao usuário ampliar as informações

existentes nas telas dos aplicativos, facilitando sua visualização. Ele apresenta uma barra

onde todos os recursos aparecem ampliados, conforme pode ser visto no item (1) da Figura

2.1 abaixo. Para diminuir ou aumentar a resolução da Lupa, basta apenas mudar o tamanho

na configuração da Lente de Aumento, que pode chegar até 9. Na figura abaixo está sendo

usado o nível 2 (item 2).

Figura 2.1 – Lente de aumento do Windows Fonte: Crawford (adaptação da autora deste trabalho), 2006.

Para ativar este recurso do Windows, basta selecionar a opção de acessibilidade,

dentro da opção Acessórios do menu Todos os programas, no botão Iniciar.

e) O Supernova

O Supernova é um leitor de telas fornecido pela empresa Dolphin Computer Access,

localizada no Reino Unido. Este software além de realizar a leitura de telas de navegadores

web, planilhas de cálculos e demais programas, também oferece o recurso de ampliação de

tela, podendo ser utilizado por pessoas com problemas de visão baixa. É compatível com

dispositivos Braille, como terminais Braille, NoteTaker Braille e impressoras.

De acordo com o artigo Supernova (2006), suas principais características são:

a) Falar enquanto o usuário digita;

(1)

(2)

Page 59: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

59

b) Leitura de documento apenas com uma tecla de atalho;

c) Além de ler, soletra a palavra e indica o tipo de letra;

d) Muda a velocidade, volume e tipo de voz;

e) Oferece suporte para 13 idiomas: português, inglês (britânico e americano),

holandês, francês, finlandês, alemão, italiano, norueguês, polaco, espanhol

(latino ou castelhano) e sueco;

f) É compatível com muitos sintetizadores de voz de software e hardware.

Para a instalação do Supernova, são necessários os seguintes requisitos:

a) Processador Pentium Intel II,400 MHZ (superior ou equivalente);

b) Memória de 128 MB ou superior;

c) Placa gráfica PCI ou AGP;

d) Placa de som compatível Sound Blaster;

e) Internet versão 5.0 ou superior.

O Supernova é um software comercial, que custa em média cerca de U$995, 00,

porém, pode-se adquirir a versão teste durante 30 dias no próprio site da empresa:

www.yourdolphin.com.

f) IBM Home Page Header

O IBM Home Page Reader ® é um software oferecido pela empresa IBM ® para

auxiliar pessoas com deficiência visual no acesso ao conteúdo das páginas de Internet. Sua

principal função é ler, por meio de um sintetizador de voz, as informações presentes na

página acessada pelo usuário.

O IBM Home Page Reader oferece suporte a sete idiomas, incluindo o português do

Brasil. Também oferece distinção entre o idioma inglês de origem britânica e o de origem

norte-americana. O usuário pode alterar a velocidade de leitura e o tipo da voz (masculina,

feminina e infantil) quando desejado. Para diferenciar o texto normal do que aparece na

página dos links de hipertexto, que direcionam o usuário para outras páginas quando

clicados, o programa emprega duas vozes diferentes: uma feminina e outra masculina.

Page 60: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

60

A IBM fornece, em seu site, maiores esclarecimentos sobre o software e fornece

uma versão teste para download. Para que o IBM Home Page Reader possa ser instalado,

são necessários os seguintes requisitos: (IBM HOME PAGE READER, 2006)

• Processador Intel Pentium 233 MHZ, 300MHZ(recomendado), superior ou

equivalente;

• Memória Ram de 64 MB ou superior;

• Vídeo SVGA, resolução 800X600, 256 cores;

• CD-ROM compatível com Microsoft ® Windows®;

• Modem com capacidade de 28,8Kbps, Microsoft® Windows® compatível;

• Placa de som compatível com o Microsoft Windows;

• Sistema Operacional Windows® 2000 ou XP;

• Serviço de Provedor de conexão de Internet;

• Suporte para PDF (Acrobat Reader 6.0 ou superior) e Flash (Macromedia® Flash®

Player 7).

De acordo com o depoimento da especialista de Sistemas da IBM, Antônia de Maria

Vieira (apud Cruz, 2004), que é portadora de deficiência visual, o IBM Home Page Reader

oferece muita independência ao usuário portador de deficiência visual, porém, sua precisão

não é 100%. Um exemplo disto é o fato de que o software não sabe distinguir imagens

contidas na página web: ele somente lê o título delas.

Antônia usa o software desde 2001 e dá sua opinião sobre o s benefícios do IBM

Home Page Reader em sua vida: “antes não tinha acesso à Internet, dependia de um

voluntário para ler. Hoje é muito mais fácil. Eu precisei de muita ajuda e agora posso

ajudar. É como uma troca, um retorno.” Antônia também trabalha como voluntária no

Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, ensinando informática para crianças cegas.

São alunos de 6.ª a 8.ª série, divididos em pequenas turmas constituídas de 10 a 12

estudantes, que usam computadores equipados com o software. (op. cit., p.53)

g) Audiobrowser

O Audiobrowser é um navegador de Internet que, além de ler as páginas acessadas

pelo usuário, amplia as informações digitadas. Foi desenvolvido pelo Departamento de

Page 61: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

61

Informática da Universidade de Minhos, em Portugal, com financiamento da Secretaria

Nacional para Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência.

(AUDIOBROWSER, 2003)

Estudos desenvolvidos pelo Grupo de Estudos Sociais, Tifológicos e Associativos

de Portugal, o Gesta (2003), observaram, por meio de testes para avaliação, as

funcionalidades do Audiobrowser, obtendo os seguintes resultados:

Potencialidades do software:

a) Facilidade e rapidez na instalação e remoção do programa;

b) Indicação de links internos e externos.

c) Leitura de cabeçalhos com voz diferente da utilizada nos parágrafos do

texto;

d) Leitura dos títulos das imagens;

e) Som indexado às imagens.

Fragilidades encontradas no software:

a) Síntese de voz em Português do Brasil: difícil compreensão de algumas

palavras;

b) Ampliação de caracteres feita só em uma linha;

c) Não possui um manual para o usuário.

O AudioBrowser é gratuito e pode ser adquirido no site do projeto (Audiobrowser,

2003) ou no site do grupo Gesta (Gesta, 2003). Na hora de efetuar o download, o usuário

pode optar pela versões com ou sem bibliotecas de voz (idiomas, outros tipos de voz, etc.).

i) O Lunar Plus

O Lunar Plus®, da Dolphin Access Computer (7), é um programa de ampliação de

telas, compatível com as versões do Windows 9x, ME, NT, 2000 e XP. Possui fácil

instalação e configuração, com suporte de voz para o usuário seguir as tarefas de instalação.

A capacidade de ampliação de imagem do Lunar Plus é 16 vezes em qualquer

aplicação do Windows. O Lunar pode utilizar todas as funcionalidades do Windows,

(7) Cf. LUNAR PLUS, 2006.

Page 62: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

62

incluindo o Windows Explorer, a Calculadora, o Bloco de Notas, o Wordpad, o Painel de

Controle e o navegador Internet Explorer.

O Lunar pode ser configurado de diversas formas. Pode ampliar a tela inteira ou

apenas uma parte selecionada. Além disso, permite escolher diferentes combinações de

cores para uma melhor visualização dos conteúdos gráficos.

A documentação incluída na ajuda do software explica como configurar o Windows

para uma melhor utilização sem o mouse. Para configurar o Lunar, basta abrir ao Painel de

Controle onde são realizados todos os ajustes. Para o idioma português, o Lunar Plus conta

com o recurso de voz sintética Madalena, em português natural.

Foram abordados no presente capítulo os principais softwares, existentes no

mercado, para auxiliar o deficiente visual a ter uma melhor interação com o computador.

Também foi apresentada a metodologia utilizada na pesquisa para obter os dados contidos

na aplicação do projeto.

No capítulo a seguir, serão apresentados os resultados obtidos nos testes de

laboratório realizados com os nove softwares pesquisado e as opiniões dos usuários sobre

as ferramentas estudadas.

Page 63: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

63

CAPÍTULO III – APLICAÇÃO

O presente capítulo apresenta os resultados obtidos em laboratório e as opiniões dos

usuários sobre as ferramentas tecnologicas que facilitam o uso do computador pelos

deficientes visuais. Primeiramente será apresentado uma pequena apresentação de como foi

relizada a pesquisa e perfil do usuário convidado para a realização dos testes, assim como

os resultados obitidos nos testes, a opinião do usuário e discussão sobre os resultados

apresentados. Em seguida, será apresentada a pesquisa, seus resultados e a discussão sobre

os dados encontrados.

3.1 Sobre a pesquisa

Primeiramente, foi realizada uma visita no Instituto Riopretense dos Cegos

Trabalhadores, localizado na Rua Antônio de Godoy, nº 5.674, em São José do Rio Preto.

Dentro do instituto, o instrutor de informática (que já conhecia os programas DOSVOX e

JAWS) foi convidado para uma entrevista e se prontificou, junto à Diretora Neiva, a

convidar voluntários para os testes.

Os testes foram realizados no próprio laboratório da Faculdade de Tecnologia -

FATEC, localizada na Rua Fernandópolis, nº2510, no bairro Eldorado, município de São

José do Rio Preto.

Durante a realização dos testes, foram avaliados os seguintes softwares:

a. DOSVOX;

b. JAWS;

c. Supernova;

d. Lunar Plus;

e. MAGIC;

f. IBM Home Page Reader;

g. Audiobrowser.

Foi solicitado a cada usuário que digitasse trechos de um texto, salvar o mesmo em

uma pasta e ler as informações contidas nas telas do editor. Também foi pedido que cada

Page 64: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

64

usuário visitasse uma página qualquer da Internet e ler o conteúdo por meio dos leitores de

telas.Também foi pedido que os voluntários abrissem outros aplicativos para leitura, como

o Adobe Reader.

3.2 Sobre o perfil dos usuários

Cinco pessoas foram convidadas para os testes, porém, apenas três voluntários

participaram dos testes, sendo que um deles foi indicado por uma pessoa da faculdade.

Quanto ao perfil de cada usuário, todos são freqüentadores do Instituto Riopretense

dos Cegos Trabalhadores, sendo:

a) Uma mulher com perda total de visão, com ensino superior, casada e aposentada;

b) Um estudante de 17 anos, esportista, com perda total de visão;

c) Um músico, com perda parcial de visão.

O professor de informática do instituto também foi convidado para participar dos

testes, mas não pode comparecer aos testes por motivos profissionais. Porém, ele se

prontificou a responder o questionário com base na sua experiência em relação a alguns

softwares que, no caso, eram o DOSVOX e o JAWS, e suas opiniões foram consideradas

para a pesquisa, pois eram de grande valor para o presente trabalho, sendo considerado no

grupo de amostragem.

3.3 Sobre os Testes

Durante os testes, os programas foram analisados por meio de uma lista de critérios,

com base nas funcionalidades de cada um, para diversos fins. Estes critérios foram

escolhidos tendo como referência as atividades de rotina realizadas pelos usuários, durante

o dia a dia, como ler e digitar textos, por exemplo.

Os critérios analisados durante a pesquisa foram:

a. Nível de compreensão das palavras lidas pelo software;

b. Qualidade da sonoridade da voz;

c. Qualidade da leitura de outros aplicativos (Word, Internet Explorer, etc);

d. Auxilio na navegação do usuário nas telas dos programas;

Page 65: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

65

e. Nível de atendimento as necessidades do usuário;

f. Facilidade na operação do computador;

g. Melhoria no aprendizado e conhecimento em informática;

h. Independência no uso do computador.

Foram escolhidas, para esta avaliação, perguntas de opinião pessoal, para fins de

comparação entre os softwares. Estas perguntas foram escolhidas com base no nível de

familiarização dos voluntários com os programas estudados, bem como suas opiniões sobre

cada um deles.

a. Quais softwares o usuário já teve contato?

b. Quais não são conhecidos para ele?

c. Quais os aspectos bons (potencialidades) que o usuário observou durante os testes?

d. Quais os aspectos ruins (fragilidades) que o usuário observou durante os testes que

dificultaram na utilização dos recursos do computador?

e. Quais sugestões e melhorias o usuário sugeriria para os softwares apresentados?

Com base nos itens acima mencionados, o usuário teria que dar notas para cada uma

das questões, seguindo um critério de pontuação definido com os valores: 0 – não possui, 1

– ruim, 2 - regular, 3 – bom e 4 – ótimo. As questões com opções sim/não foram

consideradas com valor 1, quando afirmativo, e valor 0, quando negativo ou falta de

manifestação do usuário em relação ao software.

Quanto às opiniões do usuário que, em sua grande maioria, eram abertas e

dissertativas, tinham como principal objetivo coletar sugestões, críticas e elogios para fins

de comparação entre os softwares estudados.

A seguir, serão apresentados os resultados obtidos nos testes realizados no

laboratório e a discussão do que foi analisado.

3.4 Apresentação dos Dados

Após os testes realizados no laboratório, foi realizada uma entrevista com cada um

dos usuários, em que foram anotados o grau de satisfação do usuário e as opiniões

referentes a cada software. Os valores das questões 1 e 3 (a questão dois não foi

Page 66: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

66

considerada na avaliação por causa da falta de usuários que pudessem utilizar os recursos

de ampliação de alguns dos softwares) foram calculados e, a partir da soma dos resultados,

foi obtida uma média geral para cada software, para fins de comparação do desempenho de

cada um.

Avaliação Geral dos Softwares

Softwares

Questão 1

Questão 3

Total

Média Geral de

cada software

DOSVOX 52 13 65 32,5

JAWS 55 16 75 35,5

IBM Home Page

Reader

38 8 46 23

MAGIC 36 8 44 22

Audiobrowser 20 0 20 10

Lunar Plus 20 0 20 10

Supernova 17 0 17 8,5

Tabela 3.1 – Avaliação Geral dos Softwares Fonte: Elaboração da autora deste trabalho, 2006.

O gráfico abaixo ilustra as médias finais alcançadas pelas ferramentas, com base nas

respostas fornecidas pelos usuários, para fins de comparação.

Média Geral dos Softwares

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1

Softwares

Méd

ia

DOSVOX

JAWS

Supernova

IBM Home Page Reader

AudioBrowser

MAGIC

Lunar Plus

Figura 3.1 – Média Geral dos Softwares Fonte: Elaboração da autora deste trabalho, 2006.

Page 67: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

67

Também foi calculado o número de softwares conhecidos pelos usuários

participantes da pesquisa, obtido nas questões quatro e cinco do questionário, como mostra

a tabela a seguir:

Softwares conhecidos pelo usuário

Software Número de usuários que

conhecem o software

Número de usuários que

desconhecem o software

DOSVOX 4 -

JAWS 4 -

IBM Home Page Reader 1 3

MAGIC - 4

Audiobrowser - 4

Lunar Plus - 4

Supernova - 4

Tabela 3.2 – Número de usuários que conhecem os softwares Fonte: Elaboração da autora deste trabalho, 2006.

A seguir, será apresentada a discussão de cada resultado obtido no teste.

3.5 Discussão dos Resultados

Dos resultados obtidos nos testes, observando cada item avaliado e as opiniões dos

envolvidos nos testes, pode – se notar que foram apresentadas diversas opiniões dos

usuários, que serão apresentadas na seqüência:

a) JAWS

O software JAWS obteve 35,5 pontos da média, alcançando o primeiro lugar na

avaliação. Ele mostrou – se ser um ótimo software para ser utilizado na plataforma

Windows por causa de sua flexibilidade na hora do uso e na facilidade na operação.

As principais potencialidades do JAWS apontadas pelos usuários durante os testes

foram:

- Compatibilidade com diversos aplicativos, tais como processadores de textos,

navegadores Web, planilhas, dentre outros;

Page 68: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

68

- Facilidade de uso;

- Ótima ferramenta para ser usada dia-a-dia.

Como principais fragilidades encontradas durante os testes, para software JAWS,

foram:

- O preço inacessível para muitas pessoas;

- Algumas palavras não traduzidas para o português (por exemplo, ao invés de o

software dizer diretório durante a leitura, utiliza o nome em inglês, ou seja, folder)

- Sonoridade da voz, que é um pouco desagradável à audição.

Como melhorias no sistema, foram sugeridas:

- Preços mais acessíveis para instituições voltadas para o ensino de pessoas com

deficiência visual;

- Maior naturalidade da voz;

- Maior facilidade para navegação no que se refere à localização de ícones e botões

nas janelas dos programas e na área de trabalho, por exemplo.

b) DOSVOX

O DOSVOX ocupou o segundo lugar na avaliação, com uma média de 32,5

pontos.Ele apresentou um ótimo desempenho durante sua operação, oferecendo vários

recursos dentro do sistema.

Como principais potencialidades foram apontadas:

- Diversidade de recursos (como calculadora, editor de textos, agenda e demais

aplicativos existentes dentro do Sistema DOSVOX);

- Facilidade de digitação, principalmente na utilização do editor de textos EDIVOX.

As principais fragilidades apresentadas pelos usuários foram:

- Falta de abertura para leitura de softwares existentes fora do sistema DOSVOX

(como o Microsoft Word, por exemplo);

- Teclas de atalhos diferentes das utilizadas pelo sistema Windows;

- Dificuldade na leitura de páginas de Internet.

Page 69: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

69

Como principais melhorias sugeridas pelos usuários:

- Abertura para a inclusão de outros sintetizadores de voz;

- Maior integração entre o leitor de telas do DOSVOX e demais programas existentes

dentro do ambiente Windows;

- Mais clareza na pronúncia e na voz;

- Maior facilidade para ler páginas web.

c) IBM Home Page Reader

O navegador web IBM Home Page Reader ocupou o terceiro lugar na pesquisa, com

23 pontos de média.

As principais potencialidades apontadas pelos usuários durante os testes foram:

- Nível de compreensão das palavras lidas;

- Auxílio na localização de componentes dentro de uma página Web.

Como fragilidades, a principal crítica feita pelos usuários foi em relação à qualidade

da voz, que dificulta a leitura dos textos contidos nas páginas de Internet. Quanto às

sugestões de melhorias, nenhum dos convidados se manifestou sobre a questão.

d) MAGIC

O software para leitura e ampliação MAGIC ficou em quarto lugar, com 22 pontos

na média.

Como potencialidades, segundo as opiniões dos usuários, foram apontadas:

- Bom nível de compreensão das palavras por parte dos usuários;

- Qualidade da sonoridade da voz emitida pelo sintetizador;

- Fácil compreensão do que é lido pelo programa;

Como fragilidades apontadas pelos usuários, foram apresentadas:

- Dificuldades na leitura dos demais aplicativos;

- Localização dos componentes existentes nas janelas dos programas.

Quanto a melhorias no software, não foram apresentadas sugestões.

Page 70: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

70

e) Audiobrowser

O navegador web Audiobrowser ocupou o quinto na avaliação, apresentando uma

média 10. Nos testes realizados com o Audiobrowser, foram apontadas como

potencialidades à localização de ícones e links existentes em uma página de Internet e,

como principal fragilidade, a sonoridade da voz, que era incomoda para a audição dos

usuários. Não foram apresentadas sugestões de melhorias.

f) Lunar Plus

O software leitor e ampliador de telas Lunar Plus empatou com o Navegador

Audiobrowser , ficando na sexta posição na avaliação, com 10 pontos na média.

Como principal potencialidade apresentada pelo software durante a realização dos

testes, destacou –se o auxílio na localização de recursos, como botões e menus, por

exemplo.

Quanto às fragilidades, foram apontadas pelo usuário durante os testes:

- Dificuldade na compreensão das palavras lidas;

- Sonoridade da voz degradável para o usuário;

- Dificuldade na leitura dos demais aplicativos do Windows.

Por causa do alto grau de deficiência visual apresentada pelos usuários, não foi

possível testar as funções de ampliação do software, ficando para futuras avaliações. Os

usuários não apresentaram sugestões de melhorias para o Lunar Plus.

g) Supernova

Na última posição, em sétimo lugar, ficou o Supernova, que obteve uma média de

8,5 pontos. O software se apresentou regular em todos os quesitos, sendo de difícil

operação para o usuário. Vale lembrar que não foram testadas suas funções de ampliação

devido a restrições dos usuários, pois estes possuíam níveis altos de deficiência visual.

Porém, em uma outra avaliação futura, seria aconselhável explorar mais essa

funcionalidade do software.

Page 71: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

71

Apesar das limitações dos usuários, estes se saíram bem na avaliação, opinando

sobre diversos aspectos sobre cada item dos softwares. Infelizmente, por causa da falta de

dois voluntários que não puderam comparecer por motivos maiores aos testes, o Lente de

aumento do Windows e algumas funcionalidades dos demais softwares não puderam ser

avaliadas, ficando para projetos futuros uma maior investigação das mesmas. Por isso,

cada resultado apresentado neste trabalho deve ser observado com atenção, para fins de

futuras comparações.

Com base em todas as informações apresentadas e discutidas neste tópico, bem

como a observação dos softwares desde sua instalação até os testes, obtém – se o quadro

comparativo, como mostra a tabela a seguir:

Softwares JAWS DOSVOX IBM H.

P. Reader

MAGIC Audiobrowser Lunar Plus Supernova

Qualidade do

Sintetizador S B B B R R R

Facilidade de

Navegação S S B R B B R

Facilidade de

Localização de Ícones S R B R R B R

Facilidade de Uso da

Internet B S S B B I I

Facilidade na

digitação e leitura B S B B R R I

Quantidade recursos B S R R R R R

Compatibilidade com

outros aplicativos S R R R R R R

Interface amigável B B B B R R R

Familiarida

de com o software S S B I I I I

Material de apoio

(manual, arquivo de

ajuda, etc.)

S S B B I R R

Site da

empresa/instituição

que distribui o

software

S B S B R B B

Page 72: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

72

Leitura de arquivos

gráficos (como

figuras, por exemplo)

R R R R R R R

Instalação com apoio

de voz S R S B R B B

Independência

proporcionada pelo

seu uso

B B R R R R R

Suporte para outros

idiomas B B B B B R R

Tabela 3.3 – Quadro comparativo entre os softwares Fonte: Elaboração da autora deste trabalho, 2006.

Legenda: S – Satisfatória

B – Boa R – Regular I – Insatisfatória

Assim, neste capítulo, foram apresentados os resultados obtidos na pesquisa em

laboratório e o perfil do usuário, bem como a comparação entre os softwares que foram

utilizados nos testes. A seguir, será apresentada a conclusão do trabalho.

Page 73: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

73

CONCLUSÃO

O presente projeto teve como principal objetivo analisar e comparar as principais

ferramentas tecnológicas existentes na atualidade para auxiliar os deficientes visuais a

terem uma maior independência na utilização dos recursos informatizados .

Após os estudos realizados neste projeto, foi constatada a grande dificuldade do

deficiente visual em encontrar ferramentas que o ajudem a incluir-se no mundo digital.

Além disso, também existe uma grande carência de divulgação e acesso às tecnologias

existentes para essas pessoas, aumentando ainda mais os obstáculos a serem vencidos no

decorrer de suas vidas.

Conclui-se que, para a inclusão do portador de deficiência visual, não só no meio

digital, mas também nos meios sociais e profissionais, estas ferramentas seriam de grande

ajuda para a obtenção de independência, informação e liberdade para essas pessoas. No

entanto, para que para isso seja possível, é necessária uma maior intervenção por parte dos

órgãos públicos e privados, com ações que tenham como principal foco a responsabilidade

social e a melhoria de vida do deficiente em meio à sociedade.

Como sugestões para a inclusão do deficiente visual no universo digital, o que pode

ser feito são ações entre instituições de ensino técnico, superior, empresas e as organizações

não governamentais responsáveis pelo amparo dos deficientes, onde seria realizada a

divulgação destas ferramentas por meio de cursos e palestras. Também é aconselhável um

maior incentivo para a adequação de estabelecimentos, como cybercafés, lan-house (casas

de jogos e acesso a Internet) e salas de acesso à Internet gratuitas, a instalar e configurar

alguns computadores, para que sejam destinados as pessoas com problemas visuais.

A realização de trabalhos para a divulgação destas soluções, seja por meio de

palestras, eventos, imprensa e a conscientização das empresas sobre a importância de se

empregar pessoas com necessidades especiais e oferecer treinamento adequado a elas, com

o objetivo de amenizar a exclusão do deficiente visual em meio ao mercado de trabalho e

valorizá-lo como profissional, seriam ações de grande importância para a inclusão de

pessoas com deficiência visual.

As questões financeiras devem ser também analisadas, para que sejam feitas

parceiras entre empresas e escolas para adquirir softwares comerciais, a fim de ser utilizado

para o ensino de informática para os deficientes visuais matriculados nestas instituições.

Page 74: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

74

Para que sejam explorados mais recursos dos softwares, aconselha-se que sejam

realizados maiores estudos e avaliações de todas as funcionalidades existentes em cada um,

bem como sua utilização em ocasiões mais específicas , como em meios profissionais.

Page 75: Tecnologias de Informacao Voltadas Para Pessoas Com Deficiencia Visual

75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1

Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999.

Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e

VI, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989,

D E C R E T A:

CAPÍTULO I

Das Disposições Gerais

Art. 1 - A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência compreendeo

conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e

sociais das pessoas portadoras de deficiência.

Art. 2 - Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora de

deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao

trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à

edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que,

decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.

Art. 3 - Para os efeitos deste Decreto, considera-se:

I - deficiência - toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica

ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado

normal para o ser humano;

II - deficiência permanente - aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de

tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de

novos tratamentos; e

III - incapacidade - uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com

necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora

de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao

desempenho de função ou atividade a ser exercida.

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Art. 4 - É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias:

I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo

humano,acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de

paraplegia,paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia,

hemiplegia,hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com

deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam

dificuldades para o desempenho de funções;

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II - deficiência auditiva - perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando

de graus e níveis na forma seguinte:

a) de 25 a 40 decibéis (db) - surdez leve;

b) de 41 a 55 db - surdez moderada;

c) de 56 a 70 db - surdez acentuada;

d) de 71 a 90 db - surdez severa;

e) acima de 91 db - surdez profunda; e

f) anacusia;

III - deficiência visual - acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a

melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de

ambas as situações;

IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com

manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades

adaptativas, tais como:

a) comunicação;

b) cuidado pessoal;

c) habilidades sociais;

d) utilização da comunidade;

e) saúde e segurança;

f) habilidades acadêmicas;

g) lazer; e

h) trabalho;

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V - deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.

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ANEXO 2

Questionário de avaliação dos Softwares

Software:__________________________

Questão Ruim Regular Bom Ótimo Não tem 1.Quanto à qualidade da voz sintetizada, responda:

Nível de compreensão das palavras lidas pelo software:

Sonoridade da voz: Leitura dos aplicativos: Auxílio na localização de ícones e janelas:

2.Quanto à ampliação das telas:

Visualização dos recursos ampliados:

Demais recursos disponibilizados pelos programas:

Localização dos ícones e janelas dos programas:

Facilidade de ampliação das janelas

3.Quanto aos recursos oferecidos pelo software:

Sim Não

Atende a suas necessidades:

Facilita a operação do computador:

Ajudou no aprimoramento de seus conhecimentos em informática

Permite uma maior independência na operação do computador:

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4. Dos softwares apresentados no teste, qual ou quais você teve contato pela primeira vez:

a) DOSVOX

b) LUNAR PLUS

c) SUPERNOVA

d) JAWS

e) MAGIC

f) LENTE DE AUMENTO DO WINDOWS

g) IBM HOME PAGE READER

h) AUDIOBROWSER

5. Dos softwares apresentados no teste, qual (is) você já teve contato ou ouviu falar:

a) DOSVOX.

b) LUNAR PLUS

c) SUPERNOVA

d) JAWS

e) MAGIC

f) LENTE DE AUMENTO DO WINDOWS

g) IBM HOME PAGE READER

h) AUDIOBROWSER

6. Quanto aos programas estudados, diga o que você achou de bom:

a) DOSVOX.:

b) LUNAR PLUS:

c) SUPERNOVA:

d) JAWS:

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e) MAGIC:

f) LENTE DE AUMENTO DO WINDOWS:

g) IBM HOME PAGE READER:

h) AUDIOBROWSER:

7. Quanto aos programas estudados, diga o que você achou de ruim:

a) DOSVOX.:

b) LUNAR PLUS:

c) SUPERNOVA:

d) JAWS:

e) MAGIC:

f) LENTE DE AUMENTO DO WINDOWS:

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g) IBM HOME PAGE READER:

h) AUDIOBROWSER:

5.Quais melhorias você sugeriria para serem feitas no programas analisados nesta pesquisa:

a) DOSVOX.:

b) LUNAR PLUS:

c) SUPERNOVA:

d) JAWS:

e) MAGIC:

f) LENTE DE AUMENTO DO WINDOWS:

g) IBM HOME PAGE READER:

h) AUDIOBROWSER: