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Produção Didático-Pedagógica

Professor PDE/2010

Título Hip-Hop: Cultura e Identidade Afrobrasileira na Escola

Autor Suely Pereira de Andrade

Escola de Atuação Colégio Estadual Senador Teotônio Vilela - EFMP

Município da escola Assis Chateaubriand - Pr

Núcleo Regional de Educação Assis Chateaubriand - Pr

Orientador Ms Carla Cristina Nake Conrado

Instituição de Ensino Superior Unioeste – Marechal Cândido Rondon

Área do Conhecimento História

Produção Didático-Pedagógica Unidade Didática

Público Alvo Alunos do 2º ano do período noturno do Colégio Estadual Senador Teotônio Vilela-EFMP

Localização Rua Maceió, 201 Jardim América – Assis Chateaubriand - Pr

Apresentação A composição desta Produção Didática visa tornar acessível algumas linhas e formas de problematização sócio-educacional que nos ajudem a traçar os possíveis caminhos para a formulação de um contexto sócio-cultural que, conhecendo e respeitando as diferenças, se preocupe em promover a igualdade e a solidariedade. A presente produção, vêm somar-se à contribuição de cada um de nós, pois nossos esforços serão dirigidos à luta contra o preconceito e a discriminação que atingem a população brasileira composta de negros. As ideias contidas neste trabalho foram escritas em diferentes oportunidades, com finalidade didática, para servirem de instrumentos de trabalho em sala de aula e ficando assim, a disposição dos professores e alunos para sua utilização.

Palavras-chave cultura afrobrasileira;. Hip - hop; identidade

1 Apresentação

Esta produção didática visa tornar acessíveis algumas linhas e formas de

problematização socioeducacional que nos ajudem a traçar os possíveis caminhos

para a formulação de um contexto sociocultural que, conhecendo e respeitando as

diferenças, se preocupem em promover a igualdade e a solidariedade.

Diante desse contexto, escolhemos como foco de discussão o movimento hip-

hop como sendo elemento marcante entre os jovens da “periferia”, consumidores e

eventualmente produtores das expressões artísticas dessa cultura, levando em

consideração a dança como um dos elementos que deve ser explorado por fazer

parte do cotidiano dos alunos.

O trabalho com o hip-hop torna-se oportuno para instrumentalizar os

professores de educação básica, no sentido de trabalhar as relações étnico-raciais

como previsto na Lei Federal nº 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do

ensino de "História e Cultura Afro-Brasileira e Africana" na educação básica (ensino

fundamental e médio).

Consideramos também que a educação, através da escola, constitui-se num

espaço ideal e, ao mesmo tempo, privilegiado, onde, de forma democrática, é

possível a discussão de temas polêmicos, descaracterizando assim ideias e

conceitos pejorativos que nos levam, por exemplo, ao racismo, ao preconceito e à

discriminação.

Acreditamos, no entanto, que por meio da educação se pode possibilitar,

tanto aos jovens como aos adultos, que questionem e desconstruam os mitos de

superioridade e inferioridade entre grupos humanos, mitos que foram introjetados

pela cultura racista na qual foram socializados.

Diante disso, o trabalho que propomos é uma perspectiva sobre o ensino de

história inovador, entendido como algo que adquire forma e significado educativo à

medida que sofre uma série de processos de transformação dentro das atividades

práticas. Assim também a qualidade da educação tem muito a ver com o tipo de

cultura que nela se desenvolve, que obviamente ganha significado educativo através

das práticas e dos códigos que se traduzem em processos de aprendizagem para os

alunos. Não tem sentido promover renovações de conteúdos, por exemplo, sem

mudanças de procedimentos e tampouco mantendo uma fixação em processos

educativos sem conteúdos de cultura.

Assim, esperamos contribuir para o ensino da música e da dança na

contemporaneidade, estimulando alunos e professores a desvendar o mundo

musical que os cerca e, sobretudo, estabelecer contatos entre dois mundos, quais

sejam o da rua e o da escola.

2 Objetivos

2.1 Objetivo geral

Trata-se de investigar o hip-hop enquanto um movimento sociocultural de

contestação, atentando para a análise de como o estudante identifica essas práticas

e as representa por meio da dança.

2.2 Objetivos específicos

Para realizar a investigação assim fixada, pretende-se implementar os

seguintes procedimentos mais específicos:

• trabalhar a especificidade histórica da cultura popular negra dentro das

discussões da Lei Federal nº 10.639/2003;

• problematizar a cultura hip-hop enquanto um movimento urbano de

denúncia das questões sociais;

• investigar as identificações entre os questionamentos da experiência de

vida dos alunos e o hip-hop;

• discutir os preconceitos e os estereótipos em relação aos jovens da

periferia que aderem à dança hip-hop;

• desenvolver, com os estudantes, projetos que envolvam a dança dentro

do movimento hip-hop como uma forma de contestação social.

3 Atividades técnicas/práticas

Através de:

- pesquisa na internet;

- leitura e interpretação de diferentes textos abordando o tema hip-hop;

- apresentação artística: dança (break);

- uso de recursos multimídia para a produção de vídeo valorizando a cultura

hip-hop (contribuição na dança).

Todas as atividades serão desenvolvidas a partir de um projeto de pesquisa

dentro da sala de aula e em conformidade com o seguinte:

- algumas dessas atividades devem trabalhar o conteúdo da cultura afro-

brasileira, discutindo a temática com os alunos e pesquisando através de revistas,

livros e internet, para um aprofundamento do conhecimento sobre o movimento hip-

hop, que é o tema em questão;

- em seguida os alunos irão para o laboratório de informática pesquisar vídeos

sobre a dança do hip-hop, para a elaboração e preparação de uma apresentação

artística;

- organizados em grupos, produzirão vídeos relacionados à cultura afro-

brasileira sobre a dança hip-hop e break;

-adquirido o conhecimento científico, os alunos, após preparação e ensaios

da dança hip-hop, apresentarão à comunidade escolar suas habilidades artísticas.

ATIVIDADE 1

Conversando sobre o Hip-Hop

1- A partir de uma plenária, iniciar a conversa mencionando o que os estudantes sabem sobre a cultura hip-hop ( senso comum).

2- Em seguida, os estudantes responderão em grupo, por escrito, os seguintes questionamentos: a) Qual é origem do hip-hop?

b) O que é hip-hop? c) O que podemos aprender com o hip-hop? d) Quem são as pessoas que apreciam o hip-hop? e) Como as pessoas veem o movimento hip-hop? 3- Após a conversa, os estudantes expressarão, por meio de colagem, o universo hip-hop.

4- Montar um painel com os trabalhos desenvolvidos e analisar, juntamente com os estudantes (vestimentas, penteado, postura, grupo de amizade, companheirismo, sentimentos).

ATIVIDADE 2

O Que é Hip-Hop?

Podemos observar os elementos da cultura hip-hop por toda parte, pois está

presente na música (rap), nas artes coloridas dos muros e das fachadas (grafite),

nas danças de ruas (break), na linguagem, no físico, no gesto, na postura. O hip-hop

é, antes de tudo, um estilo de vida. Esse estilo de vida tem como principal objetivo a

melhor convivência entre as pessoas, podendo expressar sua arte e trazer mais

autoconfiança de forma geral para a pessoa que pratica e que segue os

fundamentos do hip-hop. Com certeza é uma opção que veio para somar bons

valores, como respeito ao próximo, amizade, arte e cultura, que está cada dia mais

esquecida na nossa sociedade.

Trabalhar isso no ambiente escolar é uma realidade, pois se apresenta

constantemente entre os jovens que participam desses movimentos artísticos e

colocam em evidência, através de suas músicas, danças e artes, questões

fundamentais que dizem respeito à desigualdade social, política e econômica do

país, realidades que se fazem presentes em seus modos de vida, fortalecendo o

reconhecimento e os referenciais dessas tribos urbanas.

1- Entregar uma cópia do texto para todos os estudantes.

2- Ler com os estudantes o texto, procurando discutir e analisar a cultura hip-

hop como uma manifestação cultural, política e social.

3- Apresentar o vídeo sobre hip-hop: - Entrevista com Rafael Guarato,

Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=B7HeGjrIgps-4min>.

4- Sugestões de vídeos: <http://www.youtube.com/watch?v=vXngT1qaEQ0> <http://www.youtube.com/watch?v=A27okQFaMo0&NR=1> <http://www.youtube.com/watch?v=N2BcDn8StDQ&feature=related> <http://www.youtube.com/watch?v=vL_kMN--eIM&feature=related> <http://www.youtube.com/watch?v=BBmzVPkrMFM&feature=related>

5- Criar momento de debate a partir do vídeo e do texto.

ATIVIDADE 3

Os estudantes assistirão ao filme "Breakdance" e deverão fazer anotações

sobre o que mais lhes chamou atenção, tanto no que diz respeito ao próprio

movimento em si e o que é transmitido através da dança com relação aos problemas

vividos e enfrentados em nossa sociedade.

ATIVIDADE 4

Break

O break dance é um estilo de dança de rua, parte da cultura do hip-hop,

criada por afro-americanos e latinos no final dos anos 1960. Ele usa uma linguagem

semelhante à da mímica, com movimentos de acrobacia e ginástica olímpica,

aproveitando bem o corpo e o chão. Seu nome tem origem nas palavras hip (quadril,

em inglês) e hop (saltar, em inglês). Logo, a expressão hip-hop (saltar balançando o

quadril) se referia ao break, a dança mais popular da época, praticada por vários

jovens que se identificam com essa nova forma de dançar. Essa dança de rua é

mais que uma simples arte, pois ela permite o desenvolvimento da comunicação

social, da linguagem corporal e da interação, mantendo os jovens longe da

marginalidade. Fazer parte dessa dança é pertencer a um grupo com interesses

comuns, cultuando valores como a solidariedade, a cumplicidade, a

responsabilidade e a verdade em favor de uma união que os fortalece enquanto

cidadãos.

1- Distribuir cópias do texto "Break" e fazer uma leitura coletiva.

2- Dividir a classe em duplas e pedir que cada uma escolha um passo da

dança (break), imagens e vídeo, para pesquisar na internet.

3- Em grupo, os estudantes montarão, a partir da pesquisa, feita um

conjunto de imagens, em PowerPoint. sobre os principais passos do

break.

ATIVIDADE 5

Em dupla, os estudantes farão uma entrevista na sua comunidade com

pessoas que dançam hip-hop, entrevistando a partir da elaboração de um

questionário que deverá levar em conta:

a) Quando, onde, com quem iniciou essa prática de dançar hip-hop? Qual é

a experiência de dançar hip-hop?

b) Há, na comunidade, grupo ou grupos que dançam hip-hop?.

c) Após a entrevista, elaborar um texto a partir das respostas dos

entrevistados.

ATIVIDADE 6

É GÍRIA DA HORA, SE LIGA NA PARADA, MOROU!

Fui convidado pra ranga no barraco do boy o rango demorou sair.

O boy trouxe um pandeiro, pó isso é manero.

Só que não sou pagodeiro.

Se liga na parada, sou b.boy.

O break é style.

O boy entendeu a parada.

Não foi vacilão.

Hip hop é atitude se liga nessa mano,

Se a mina te tira pra lóqui,

Deixa de treta é trairagem,

Sangue bom, se liga na parada,

Essa mina não tá com nada.

Nas baladas ninguém pode chapa o coco,

Mano , chegado e b.girl é firmeza e chega na humildade.

No pico b. boy e b.girl de bombeta e calça fundilhão no racha.

Mano que é mano tem atitude;

Não se mete em treta;

E não é vacilão.

Para compreender o que os "manos" falam é necessário mais do que

atenção. Eles utilizam um vocabulário próprio, proveniente de uma linguagem

coloquial. São gírias criadas pelos jovens e adolescentes em função da necessidade

de buscar palavras e conceitos novos.

Não é difícil escutar, da boca de jovens e adolescentes, frases como: ¨tipo

assim,” “tô ligado”,” irado” , “da hora”. São gírias empregadas por jovens e adultos de

diferentes grupo sociais, que usam uma palavra não convencional para designar

outras palavras formais da língua, isso com ideia de fazer segredo, humor ou

distinguir um grupo do outro, criando uma linguagem própria. A gíria caracteriza-se

por ser uma forma de identificação e de defesa, que busca a comunicação e manter

o significado de determinados termos dentro do grupo que a domina.

1 - Dividir a turma em grupo, entregar uma cópia do texto acima.

2 - Em grupo. os alunos produzirão um texto usando gírias.

ATIVIDADE 7

Vídeo "Pé na Rua - Gíria qual é a sua?"

Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=cTyzpLtCGYM11>

- 8 min -

1- Após assistir ao vídeo, os estudantes, em duplas, pesquisarão, em livros,

revistas, internet, e em conversa com amigos, novas gírias.

2- Após a pesquisa, formarão grupos e os estudantes produzirão um

vocabulário de A a Z com as gírias pesquisadas.

VOCABULÁRIO

Os Manos Têm a Palavra

Para compreender o que os "manos" falam é necessário mais do que

atenção. Eles utilizam um vocabulário próprio, proveniente de uma linguagem

coloquial. Veja-se:

b.boy -“b” é abreviação de break e boy significa garoto. O termo refere-se ao

garoto que dança break, um dos elementos artísticos da cultura hip-hop.

b.girl – feminino de b. boy.

breakers – dançarinos do break.

style – a atitude dos boys, que se reflete no jeito de vestir, falar e dançar.

trairagem – traição.

treta – confusão, briga.

truta – o termo inicialmente tinha apenas o sentido pejorativo e significava

protegido, submisso. Atualmente, ‘’truta de verdade’’ tem também sentido

positivo. Refere-se à lealdade, companheirismo e amizade.

vacilão – bobo, a quem os outros enganam facilmente.

ATIVIDADE 8

A partir do vocabulário apresentado, pedir aos estudantes que, em pequenos

grupos, pesquisarão, no laboratório de informática, gírias que caíram em desuso.

Propor aos grupos que façam cartazes comparando as gírias atuais com as gírias

antigas. Os cartazes poderão ser fixados em sala de aula ou em espaço da escola.

ATIVIDADE 9

Em pequenos grupos (máximo 5), os estudantes produzirão um videoclipe

sobre a realidade da sua comunidade, entendendo como prioridade essencial

quanto na infraestrutura (água encanada, tratamento de esgoto, asfalto, área de

lazer, etc.), assinalando o que a sua comunidade já possui e as melhorias que

reivindicam.

Criar momentos para discussões sobre o vídeo produzido.

ATIVIDADE 10

Dividir a turma em dois grupos, para que os mesmos grupos, após adquirido o

conhecimento sobre o assunto, representem a cultura hip-hop trazendo os

principais elementos desse movimento, como o rap (música), o break (dança) e o

desenho (grafite), fazendo apresentações à comunidade escolar, criando assim um

universo hip-hop no Colégio "Senador Teotônio Vilela", de Assis Chateaubriand.

RECURSOS/MATERIAIS

- TV multimídia

- Vídeos

- Eletrônicos

- Internet

- CD

- Livros didáticos variados

- Revistas

- Jornal.

4 Proposta de avaliação

A avaliação como um processo contínuo é fundamental para o ensino-

aprendizagem, considerando que a construção do conhecimento histórico escolar,

torna-se um mecanismo essencial para o que o aluno possa apropriar-se de um

olhar consciente para sua própria sociedade e para si mesmo. Pois, o sujeito

histórico, que se configura na inter-relação complexa, dura entre as identidades

sociais e as pessoas, é o verdadeiro construtor da história.

Referências

ALMEIDA, Maria Isabel Mendes de; EUGÊNIO, Fernanda (Orgs.). Culturas jovens: novos mapas do afeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. AQUINO, Julio Groppa. Diferenças e preconceitos na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1998. BARRETO, Débora. Dança: ensino, sentidos e possibilidades na escola. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura). GARCIA, Regina Leite (Org.). O corpo que fala dentro e fora da escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. GUARATO, Rafael. Dança de rua: corpos para além do movimento (Uberlândia – 1970-2007). Uberlândia: EDUFU, 2008. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10. ed. Rio de Janeiro: DP & A, 2005. MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003. MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da (Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2005. MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o racismo na escola. 2. ed. rev. [Brasília]: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2008. ROCHA, Janaina; DOMENICH, Mirella; CASSEANO, Patrícia. Hip Hop – a periferia grita. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001. SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre, RS: ArtMed, 2000. SOUZA, Jusamara; FIALHO, Vânia Malagutti; ARALDI, Juciane. Hip Hop: da rua para a escola. Porto Alegre, RS: Sulina, 2008. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. 15. ed. São Paulo: Liberal 2005.