producao de instrumentos de recolhas de dados

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Autor: Sergio Alfredo Macore / Helldriver Rapper

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INTRODUO41. OBJECTIVOS51.1. Objectivos Gerais51.2. Objectivos Especficos52. Procedimento Metodolgico53. PRODUO DE INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS63.1. Tcnicas de recolhas de dados63.1.1. Observao63.1.2. Aspectos a observar73.2. Anlise documental83.2.1. Contextualizao83.3. Inqurito93.4. Focus no grupo113.5. Porteflios134. INSTRUMENTOS APLICAVEIS AS VARIAS TECNICAS144.1. Questionrio144.2. Entrevista164.3. Dirio do investigador184.4. Anlise estatstica184.5. Anlise de contedo194.6. Ficha de leitura204.7. Checklists225. PESQUISA EDUCACIONAL235.1. Pesquisa235.2. A pesquisa em educao245.3. Diferentes perspectivas metodolgicas para a pesquisa educacional245.4. A escola como espao de luta hegemnica245.5. Desafios actuais para a pesquisa educacional255.6. Mudanas no Cenrio Educacional e a Busca da Qualidade266. QUESTES E QUESTIONAMENTOS276.1. Falta de domnio dos pressupostos dos mtodos e tcnicas276.2. Os tipos de pesquisa pedaggico286.3. Classificao segundo os objectivos306.4. Classificao segundo o tipo de mtodo de investigao.306.5. Princpios da pesquisa em educao30Concluso31Bibliografia32

INTRODUOO presente trabalho de pesquisa prope a concepo de uma metodologia reflexiva de investigao vista como postura crtica, que organiza a dialctica do processo investigativo, orientando os recortes e as escolhas feitas pelo pesquisador, direccionando o foco e iluminando o cenrio da realidade a ser estudada. Pretende trazer contribuies no sentido de rediscusso das bases epistemolgicas da tarefa investigativa, com a finalidade de melhor compreender os sentidos expressos, latentes e pressentidos no ato educativo, lanando perspectivas para a recomposio do corpo conceitual desta rea de conhecimento. Analisa as diferentes configuraes metodolgicas decorrentes dos modelos objectivista, subjectivista e dialctico, para em seguida indicar a pesquisa-ao como uma das alternativas investigao da prxis educativa. Na verdade, todo e qualquer instrumento que seja utilizado com o intuito de colher informao para o estudo cabe dentro da definio de instrumento para a recolha de dados, sendo assim includos dentro desta designao, por exemplo, os registos de observaes, os questionrios, a calendarizao das entrevistas ou os guias do entrevistador. A criao de instrumentos para a colheita de dados a primeira tarefa prtica a ser executada num estudo.Contudo, quando se pensa fazer a colheita de dados especificamente para o estudo, isto , utilizardados primrios, necessrio construir instrumentos ou seleccionar instrumentos j construdos por outros investigadores que permitam a colheita dos mesmos. importante, neste contexto, ter os conhecimentos necessrios ao desenvolvimento de instrumentos, assim como, conhecer os conceitos de validade e preciso aplicados aos mesmos.

1. OBJECTIVOS 1.1. Objectivos GeraisOs objectivos gerais deste trabalho so: Identificar, localizar e ter uma viso crtica dos relatrios de pesquisa e dos projectos feitos no domnio da educao e noutros domnios afins; Conhecer e compreender os pressupostos bsicos na produo de instrumentos de recolhas de dados.1.2. Objectivos Especficos Discutir aspectos relativos construo cientfica do conhecimento; Desenvolver competncias e habilidades de leituras tericas metodolgicas com nfase na construo cientfica do conhecimento; Compreender e vivenciar as etapas do processo investigativo, de modo que se torne possvel apropriao de conhecimento terico e prtico a serem utilizados no percurso do planeamento; Explicar os fundamentos e os objectivos da pesquisa em educao (explicao, predio, controlo, criao de conhecimentos).

2. Procedimento MetodolgicoPara elaborao deste trabalho foi feito uma reviso bibliogrfica. Tambm, foi usado o mtodo indutivo, que um mtodo responsvel pela generalizao, isto , partimos de algo particular para uma questo mais ampla, mais geral. Para Lakatos e Marconi (2007:86), Induo um processo mental por intermdio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, no contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos levar a concluses cujo contedo muito mais amplo do que o das premissas nas quais me baseio.3. PRODUO DE INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOSA investigao j um processo assustador para o investigador mais inexperiente e as informaes por vezes contraditrias presentes na literatura aumentam a confuso. Ao recorrer literatura sobre investigao, verificmos uma crescente confuso dado que os autores usam termos diferentes para discutir as mesmas ideias. Por exemplo, constatmos existir um grande nmero de textos que simplesmente no definem os conceitos que referem, outros utilizam os termos de forma intercambiveis, enquanto alguns acabam mesmo por us-los como tendo significados diferentes. Outro aspecto influente, ou at mesmo o mais relevante, sobre a escolha das tcnicas e instrumentos de recolha de dados trata-se das questes conjunturais que dirigem qualquer investigao. A disponibilidade temporal e financeira decisiva sobre o desenho metodolgico de uma investigao, assim como o prprio interesse pessoal do investigador. Estas so questes que precisam de ser ponderadas para que a investigao seja levada a bom porto.3.1. Tcnicas de recolhas de dados Observao; Anlise documental Inqurito; Focus grupo; Porteflios.3.1.1. ObservaoPode ser considerado um estudo naturalista ou etnogrfico em que o investigador frequenta os locais onde os fenmenos ocorrem naturalmente. (Fiorentini e Lorenzato). Segundo Lakatos & Marconi (1992), a observao directa intensiva um tipo de observao que "utiliza os sentidos na obteno de determinados aspectos da realidade. No consiste apenas em ver e ouvir, mas tambm em examinar os factos ou fenmenos que se desejam estudar".Ver no s olhar e escutar no s ouvir. A capacidade de observar encontra-se normalmente inibida nas actividades do dia-a-dia. Com o treino da ateno possvel obter uma atitude de observao consciente e conseguir aprofundar a capacidade de seleccionar a informao realmente pertinente. (Instituto Antnio Feliciano Castilho, 1977). Outra caracterstica do conceito de observao a de que saber observar, implica confrontar indcios com a experincia anterior para os poder interpretar. (Baden-Powell,1977).Para o investigador este procedimento implica trs operaes: Saber identificar indcios, o que requer um treino continuado da ateno. Possuir uma experincia anterior adequada, o implica possuir uma boa preparao terica e emprica Ter capacidade para comparar o que observa com o que constitui a sua experincia anterior e a partir da poder tirar concluses pertinentes, o que obriga a uma formao metodolgica slida. 3.1.2. Aspectos a observarO investigador necessita de encontrar meios para seleccionar a informao til essencial resoluo do seu problema de investigao. Os indicadores so instrumentos que revelam condies ou aspectos da realidade, que de outra forma no seriam perceptveis vista desarmada. Os indicadores podem ser usados para filtrar informao e para orientar o investigador nos aspectos a observar. Os indicadores podem ser classificados como quantitativos ou qualitativos e podem de vrios tipos de Demogrficos, econmicos, sociais.3.1.3. Tipos de observaoAs tcnicas de observao podem ser tipificadas de vrias formas. Uma forma de as agrupar relativamente participao do investigador no estudo. A observao pode ser no participante, participante ou participante mas despercebida pelos observados. Pode ser classificada quanto aos meios utilizados: Observao no estruturada: o investigador recolhe e regista os factos da realidade sem utilizar meios tcnicos especiais; Observao estruturada: O observador sabe o que procura e o que considera importante e para isso utiliza instrumentos tcnicos especficos para a recolha de dados ou dos fenmenos a observar.Segundo o nmero de observadores: Individual: a tcnica de observao realizada por um nico investigador. Neste caso, a sua personalidade projecta-se sobre o observado, podendo fazer inferncias ou distores, pela limitada possibilidade de controlo. Em equipa: a mais aconselhvel, pois o grupo pode observar a ocorrncia a partir de vrios ngulos.3.2. Anlise documental3.2.1. ContextualizaoA importncia de Anlise Documental consolida-se cada vez mais perante a actual sociedade da informao. As tecnologias da informao e comunicao (TIC) tm impulsionado a divulgao e o intercmbio de informao atravs do estabelecimento de redes e, de certa forma, influenciado as possibilidades de processamento das informaes, por exemplo, ao facilitarem o manuseamento de grandes volumes de documentos (Pea Vera & Morillo, 2007).Contudo, os processos centrais que envolvem a Anlise Documental a que se submetem diversas fontes e recursos de informao continuam a depender da capacidade e metodologia aplicada pelos investigadores. Por trs de cada discurso presente numa fonte documental sujasse uma informao que pode ser descoberta pela capacidade intelectual e pela perspiccia do investigador que analisa a informao (Pea Vera & Morillo, 2007).3.2.2. ConceitoA definio de Anlise Documental tem sido exposta por diferentes investigadores e estudiosos do tema. Contudo, diferentes matizes e aspectos centrais tem prevalecido ao longo de algumas dcadas. Vickery (1970) refere que esta tcnica responde a trs necessidades informativas dos utilizadores, sendo estas (i) conhecer o que os outros investigadores tm feito sobre uma determinada rea/assunto; (ii) conhecer segmentos especficos de informao de algum documento em particular; e (iii) conhecer a totalidade de informao relevante que exista sobre um tema especfico.Para alm dos documentos escritos, esta tcnica tambm aplicada sobre imagens (fotografias, pinturas, mapas, artefactos), sobre udio (msicas) e sobre documentos audiovisuais (vdeos). Com as tecnologias da informao e comunicao cada vez mais difundida na sociedade actual, os contedos digitais tambm so documentos utilizados pelos investigadores. Informaes contidas emweb sites, blogs, wikis, comunidadesonline, entre outras, esto a ser fonte de recolha de dados para a investigao (Gray, 2004; Denscombe, 1998).O processo de validao dos dados provenientes desta variada fonte documental engloba, sobretudo, o controle da credibilidade dos documentos e das informaes que eles contm. Denscombe (1998) chama a ateno especialmente para as informaes contidas naInternet, onde a questo da autoria, credibilidade e autenticidade por muitas vezes difcil de ser estabelecida. Tambm considerado no processo de validao dos dados a sua adequao aos objectivos e s exigncias do trabalho de investigao (Denscombe, 1998; Quivy & Campenhoudt, 1992).3.2.3. Momentos de utilizaoComo possvel visualizar no esquema da pgina inicial, a tcnica da Anlise Documental enquadra-se nos diversos paradigmas de investigao qualitativo, quantitativo e misto. Segundo Quivy & Campenhoudt (1992) a anlise de documentos especialmente importante na anlise de (i) fenmenos macro sociais, demogrficos e socioeconmicos; (ii) mudanas sociais e do desenvolvimento histrico; (iii) mudanas a nvel organizacional; e (iv) ideologias, sistemas de valores e da cultura.Conforme Denscombe (1998), a reviso de literatura enquadra-se na Anlise Documental, devendo esta ser uma esta etapa que todo o investigador deve envolver na sua investigao. A reviso de literatura apresenta as seguintes funes para a investigao: (i) ter conhecimento sobre os trabalhos existentes e disponveis na sua rea; (iii) conhecer os contedos, as questes cruciais, e as lacunas existentes no actuas estado do conhecimento na rea; e (iii) promover uma viso sobre as bases e os rumos das investigaes.3.3. InquritoO inqurito uma tcnica de investigao que permite a recolha de informao directamente de um interveniente na investigao atravs de um conjunto de questes organizadas segundo uma determinada ordem. Estas, podem ser apresentadas ao respondente de forma escrita ou oral. uma das tcnicas mais utilizadas, pois permite obter informao, sobre determinado fenmeno, atravs da formulao de questes que reflectem atitudes, opinies, percepes, interesses e comportamentos de um conjunto de indivduos (cf. Tuckman, 2000, p.517). A tcnica de inqurito consubstancia a tcnica de inqurito por questionrio e a tcnica de inqurito por entrevista, caracterizadas essencialmente pelo tipo de instrumento que lhes adjacente, questionrio e guio de entrevista, respectivamente.3.3.1. Aspectos relevantes de inquritoDe acordo com Tuckman (2000) um dos processos mais directos para encontrar informao sobre determinado fenmeno, consiste em formular questes s pessoas que, de alguma forma, esto envolvidas ou relacionadas com fenmeno. Contudo, o processo de elaborao das referidas questes no bvio e deve ser claramente sistematizado pelo investigador. Definir o objecto de estudo, produzir e aplicar os instrumentos, analisar, organizar e apresentar os resultados so as principais fases do planeamento do inqurito. Quem vamos inquirir? O que pretendemos saber? O que vamos questionar? Como vamos questionar? Como vamos fazer a recolha dos dados? Como vamos tratar os dados? So exemplo de algumas questes que o investigador dever colocar e analisar cuidadosamente. O planeamento do inqurito extremamente importante para a validade e fiabilidade dos resultados. Para tal, o conjunto de questes que se quer formular, deve ser elaborado, segundo Tuckman (2000), tendo em conta que: (i) deve ser interpretado pelos inquiridos da mesma forma, (ii) deve evitar questes cuja resposta desconhecida, (iii) deve libertar o inquirido da necessidade de passar uma boa imagem de si prprio, (iii) deve dissociar as expectativas do investigador das do inquirido, constituindo assim a matriz, fundamental, desta tcnica de investigao. Por outro lado, o investigador dever definir qual o grau de envolvimento com os inquiridos, uma vez que, tanto o questionrio como a entrevista pode ser de administrao indirecta ou de administrao directa. Carmo & Ferreira (1998:124) apresenta uma outra classificao relacionando o grau de directividade das questes com o grau de envolvimento do investigador com a populao inquirida:Grau de interactividade das perguntasSituao do investigador no acto de inquirio

Esta presenteEsta ausente

Menor directividadeEntrevista pouco estruturadaQuestionrio pouco estruturado

Maior directividadeEntrevista estruturadaQuestionrio estruturado

3.3.2. Instrumentos mais relevantesOs instrumentos mais frequentes na tcnica de inqurito oquestionrioe o guio deentrevista, como anteriormente referido.De uma forma muito breve podemos dizer quequestionrio- permite a recolha de informao atravs do registo escrito, constitudo por um conjunto de perguntas organizadas segundo uma determinada ordem, produzidas em suporte papel ou digital - online, dirigidas a um grupo de pessoas e que aentrevista- permite a recolha de informao atravs da comunicao verbal, geralmente suportado por um guio de entrevista.3.4. Focus no grupoOFocus groupsurgiu h mais de 40 anos na rea de Marketing, com Merton (Merton et al. 1956). Caplan (1990), descreve ofocus groupcomo pequenos grupos de pessoas reunidos para avaliar conceitos ou identificar problemas, utilizados em Marketing para determinar as reaces dos consumidores a novos produtos, servios ou mensagens promocionais.De acordo com Johnson (1994), referenciado em Dias (2000) o esforo combinado do grupo produz mais informaes e com maior riqueza de detalhes do que o somatrio das respostas individuais. I.e. a sinergia entre os participantes leva a resultados que ultrapassam a soma das partes individuais.Esta tcnica de recolha de dados permite (Krueger 1988; Morgan 1998; Robson 2002: 2845): Desenvolver temas, tpicos e at organizar calendrios para entrevistas e questionrios subsequentes. Gerar hipteses que advm de perspectivas e opinies do grupo Gerar e avaliar dados de diferentes subgrupos; Recolher dados qualitativos; Recolher dados de forma rpida e a baixos custos; Recolher dados sobre atitudes, valores e opinies; Valorizar a palavra dos participantes.3.4.1. Criar focus gruposOs elementos do grupo so escolhidos, de forma mais ou menos homognea ou heterognea, para discutir um dado tema ou tpico. Os elementos podem ser escolhidos tendo em conta a sua formao, classe social, profisso, rendimento, entre outros (Brannen and Nilsen, 2002), dependendo dos objectivos da discusso.Focus groupconsiste na reunio de seis a 10 pessoas (Morgan, 1998, Dias, 2000) durante aproximadamente duas horas, com um moderador que recorre s dinmicas de grupo a fim de compreender os sentimentos expressos pelos participantes. O papel do moderador fundamental (Morgan, 1998, Dias, 2000). Dias (2000) salienta que deve ser uma pessoa flexvel e que tenha boa experincia em dinmicas de grupo para que possa conduzir a discusso sem inibir o fluxo livre de ideias, promovendo a participao de todos e evitando que certas pessoas monopolizem a discusso.3.4.2. Vantagens e desvantagens de focus grupoMorgan (1998) aponta as vantagens e as desvantagens desta tcnica: As pessoas no esto no seu ambiente natural, no entanto esto focadas num determinado tpico o que permite ao investigador obter perspectivas e opinies, que muitas vezes no transparecem em entrevistas individuais; Poupa-se tempo e recursos, sendo possvel obter muita informao (perspectivas, opinies, atitudes e at mesmo percepes visuais) num curto espao de tempo, apesar de ser possvel obter mais informao, com o mesmo nmero de pessoas atravs de entrevistas individuais; Os dados podem ser difceis de analisar de forma sucinta; O facto de estarmos a trabalhar com grupos de pessoas, pode alienar os mais introvertidos e os mais inarticulados e podem surgir, inclusivamente, conflitos; Por outro lado, o facto de estarmos a trabalhar em grupo por facilitar a interveno desses mesmos intervenientes devido s dinmicas de grupo criadas; A validade dos dados obtidos tambm pode ser questionada.Devemos realar que esta tcnica tem as suas limitaes e no se adequa a investigaes que pretendam extrair informaes numricas ou generalizaes quantitativas, projeces estatsticas de aces e comportamentos futuros, ou ainda o consenso.3.5. PortefliosOs porteflios so muito utilizados na educao e reconhecidas as suas potencialidades quer como ferramenta quer como estratgia na aprendizagem. So elaborados por professores e alunos e podem ser um instrumento muito rico quando observada a sua realizao, em particular na sua vertente digital que permite a sua construo de forma colaborativa atravs da partilha on-line na comunidade. Tradicionalmente os porteflios eram vistos como um instrumento de registo e demonstrao dos objectivos alcanados e dos atributos profissionais desenvolvidos ao longo do tempo e em colaborao com outros. Hoje em dia existe uma grande diversidade de formatos, objectivos, tipos e usos atribudos aos porteflios.Podem ser definidos como aspectos nucleares dos portfolios (Costa, 2006): Documentar competncias adquiridas Demonstrar esforo, progresso, realizao Ilustrar boas-prticas numa determinada rea profissional Desenvolvimento de competncias concretas (Encorajar a) auto-reflexo sobre a actividade profissional / de aprendizagem Desenvolvimento profissional (crescimento com outros)3.5.1. Porteflios digitaisA definio de Ravet dee portfolio qualquer dispositivo que possibilite uma aprendizagem reflexiva e que permita a uma pessoa ou organizao recolher, organizar e publicar uma seleco de partes das suas aprendizagem de forma a fazer reconhecer, ver valorizado, as suas realizaes e planificar aprendizagens futuras. (Ravet, 2008, p.2).Os Porteflios so considerados por (Loureiro, Moreira e Gomes, 2008) uma ferramenta e uma estratgia de aprendizagem que so fortemente baseadas em trs competncias: competncia escrita, competncia reflexiva e competncia auto avaliativa.4. INSTRUMENTOS APLICAVEIS AS VARIAS TECNICAS Questionrios; Entrevista; Dirio do investigador; Anlise estatstica; Anlise de contedo; Ficha de leitura; Checklists.4.1. QuestionrioSegundo Quivy & Campenhoudt (1992) consiste em colocar a um conjunto de inquiridos, geralmente representante de uma populao, uma srie de perguntas relativas sua situao social, profissional ou familiar, s suas opinies, sua atitude em relao a opes ou a questes humanas e sociais, s suas expectativas, ao seu nvel de conhecimentos ou de conscincia de um acontecimento ou de um problema, ou ainda sobre qualquer outro ponto que interesse os investigadores. 4.1.1. Elaborao de questionrioDe uma forma resumida podemos dizer que o investigador na elaborao do questionrio dever atender aos princpios bsicos seguintes: Princpio da Clareza (questes claras, concisas e unvocas) Princpio da Coerncia (respostas coerentes com inteno da prpria pergunta) Princpio da Neutralidade (libertar o inquirido do referencial de juzos de valor ou do preconceito do prprio autor).4.1.2. Tipos de questes4.1.2.1. Questo fechadaUma questo diz-se fechada quando as hipteses de resposta so impostas. O respondente apenas pode assinalar resposta (s) mediante as vrias opes que lhe so apresentadas. Deste modo, o respondente ter de identificar a resposta que pretende dar, face listagem que lhe apresentada. Dentro da classe das respostas fechadas identificam-se trs categorias: Questes de resposta nica Questes de resposta mltipla Questes de escalaO quadro que se segue apresenta um resumo:Categorias de respostas fechadasTipologiaExemplo

nicaApresentam apenas uma modalidade de respostas.Frequentas o curso de AGE? Sim No

MltiplaApresenta varias modalidades de respostas.Selecciona trs parmetros que consideres importante na avaliao. Participao Fichas de leitura Apresentao de trabalho.

EscalaApresenta varias modalidades de respostas gradativas.Este ano, as propostas so simples. Concordo Concordo totalmente Sem opinio No concordo

4.1.3. Aplicao do questionrioAntes de se aplicar o questionrio, deve realizar-se um pr-teste, aplicado apenas a um pequeno grupo de elementos da populao alvo. O objectivo do pr-teste consiste em determinar e corrigir ambiguidades, omisses e equvocos do questionrio. A prtica da implementao do pr-teste permite avaliar se o questionrio est ajustado em termos de vocabulrio, ordem das questes e significado destas para o respondente.4.2. EntrevistaSegundo os autores Bruyne et al. (1975), citado porCoutinho, Tuckman (2000) , Quivy & Campenhoudt (1992), Pardal e Correia (1995) e Schensul (2008), a entrevista tida como uma tcnica de investigao que permite recolher informaes, dados, utilizando a comunicao verbal. A forma oral ou escrita, presencial ou no presencial, aberta ou fechada, estruturada ou no estruturada, assumimos como opes livres do investigador na criao e desenvolvimento do guio de entrevista, instrumento para recolher, atravs de questes, as informaes que pretende em relao ao estudo. 4.2.1. Tipos de entrevistaTendo em conta o nmero de sujeitos entrevistados, a entrevista pode ser: Individual, quando a entrevista dirigida a uma pessoa; Grupo, quando o entrevistador recolhe dados de vrios participantes atravs da observao conjunta das interaces e dinmica de grupo; Social, quando uma pessoa ou um grupo avalia e forma uma opinio acerca de um ou mais indivduos; Painel, quando uma pessoa entrevistada por vrias pessoas em conjunto;Tendo em conta a estruturao da entrevista, distinguem-se, geralmente, trs tipos de entrevista:4.2.2. Aspectos relevantesO primeiro aspecto a ter em conta na preparao de uma entrevista a escolha da pessoa (ou pessoas) que vai ser entrevistada. De um modo geral, a escolha recai sobre a pessoa que mais informao poder contribuir para a investigao em causa. Contudo, para que o processo decorra com normalidade o investigador dever assegurar a disponibilidade do entrevistado.A referida autora enumera alguns aspectos que o entrevistador deve prestar ateno ao longo da entrevista, de modo a poder ser explorado o seu processo: Se o entrevistado parece estar confiante, confuso, duvidoso ou racional; Se o entrevistado alguma vez se contradiz; Como os aspectos referidos pelo entrevistado se relacionam com coerncia; Em que altura o entrevistado mostra entusiasmo e emoo; Que tipo de linguagem corporal o entrevistado demonstra; Como o ritmo da entrevista, se lento ou rpido, com linguagem simples ou elaboradas; Relao eventual entre a aparncia do entrevistado ou do ambiente da entrevista (se relacionado com o entrevistado) e o contedo da entrevista;4.3. Dirio do investigadorO dirio do investigador uma tcnica narrativa muito popular, que serve para recolher observaes, reflexes, interpretaes, hipteses e explicaes de ocorrncias e ajuda o investigador a desenvolver o seu pensamento crtico, a mudar os seu valores e a melhorar a sua prtica (Clara Coutinho, UMinho, 2008).O dirio do investigador considerado um formato adequado apresentao de dados recolhidos na observao de aulas. Este instrumento tem sido utilizado na investigao em educao, principalmente na investigao qualitativa, como um guia de reflexo e anlise sobre a formao e as prticas dos professores (Porln e Martn, 1997). 4.4. Anlise estatsticaA Anlise Estatstica enquadra-se em investigaes que circundam os paradigmas quantitativos e misto em investigao, e representa um componente importante na recolha de dados para a investigao. A reduo de um grande volume de dados para uma forma mais acessvel e compreensvel, tanto para o investigador como para o leitor, uma aco importante. A Anlise Estatstica dos dados permite criar uma base para a posterior anlise e interpretao dos dados recolhidos (Given & Samure, 2008). Segundo Fortin (1996), a Anlise Estatstica permite resumir a informao numrica de uma forma estruturada, a fim de obter uma imagem geral das variveis medidas numa amostra. Por outro lado, permite atravs de teste estatsticos determinar se as relaes observadas entre certas variveis numa amostra so generalizveis populao de onde esta foi retirada.4.5. Anlise de contedoA Anlise de Contedo um instrumento que permite o investigador estudar o comportamento humano de forma indirecta, atravs da anlise das suas comunicaes. Geralmente so analisados os contedos escritos de uma comunicao, mas, por exemplo, uma imagem ou um som podem ser foco de uma anlise de contedo (Fraenkel & Wallen, 2008). Peridicos, artigos, filmes, msicas, grafitti, fotos, objectos de artesanato, enfim, uma srie de espcies de comunicaes que reflectem o comportamento humano pode ser alvo de uma anlise de contedo.Para realizar uma Anlise de Contedo o investigador precisa organizar uma amostra considervel de material. Mas como fazer isto? Fraenkel & Wallen (2008) indicam que atravs do desenvolvimento de um sistema de categorias que o investigador pode usar para posterior comparao de forma a iluminar o que se est a investigar.4.5.1. Fases de anlise de contedosFocado sobre os objectivos do estudo e do quadro de referncia terico, a Anlise de Contedo realizada atravs de uma srie de etapas. Com base nos autores Bardin (2004), Carmo & Ferreira (1998) e Pardal & Correia (1995), estabelece-se as seguintes fases: Definio de categorias para separar os dados observveis; Definio de unidades de anlise; Distribuio das unidades de anlise pelas categorias anteriormente estabelecidas; Interpretao dos resultados obtidos nas perspectivas qualitativas e/ou quantitativas.4.5.2. Tipos de anlise de contedoGrawitz (1993) distingue trs grupos de Anlise de Contedo: Anlise de explorao e anlise de verificaoConfrontam-se aqui duas diferentes finalidades da anlise: - a de verificao de uma hiptese, onde o objectivo bem definida e resulta na quantificao dos resultados; - a de explorao, onde no h hipteses previamente definidas, e permite conduzir a diversos resultados. Contudo, a sistematizao exagerada da anlise pode deixar de fora do campo de estudo elementos essenciais que no foram previstos antecipadamente. Anlise quantitativa e anlise qualitativaA quantitativa centra-se sobre a frequncia dos elementos caracterizados, j a qualitativa foca sobre o valor de um tema, a novidade, o interesse. Anlise directa e Anlise indirectaRelacionada com a anlise quantitativa, a forma directa envolve um procedimento mais simples, onde se recorre geralmente comparao de frequncias (nmero de ocorrncias) de certos elementos em anlise. A anlise indirecta relaciona-se mais com a natureza qualitativa, e interessa-se sobre uma interpretao sobre o que est por trs da linguagem expressa.4.6. Ficha de leituraA tcnica de Fichas de leitura pode ser abordada como tcnica por envolver um conjunto de procedimentos para se recolher dados das bibliografias consultadas pelo investigador. Esta tcnica apresenta-se relevante no momento da reviso de literatura que fundamenta toda a investigao. Para uma anlise crtica da literatura a ser consultada, Gray (2004: 53) recomenda que sejam colocadas questes como: Qual o propsito do presente estudo? Qual o foco principal? Quais tipos de dados foram recolhidos? Como os dados foram tratados? Qual abordagem analtica foi utilizada? Como a validade dirigida no estudo? Como as questes ticas so abordadas?Segundo o referido autor, este exerccio do investigador em analisar e avaliar a literatura promove o desenvolvimento de competncias atravs da sua prtica, tais como a capacidade de anlise, de sntese, de compreenso e de construo de conhecimento.4.6.1. Como fazer uma Ficha de Leitura?A ficha de leitura ntegra dados sobre a identificao do documento bibliogrfico e o resultado da anlise realizada. Segundo Carmo & Ferreira (1998), neste instrumento frequente constar o resumo do que se leu, citaes consideradas relevantes e apontamentos sobre a reflexo que o investigador pode fazer sobre a leitura.Fleming salienta alguns tpicos que se devem ter em ateno ao construir uma ficha de leitura que contenha toda a informao necessria.1.Comear por estabelecer um modelo de ficha de leitura. Pode-se seguir modelos pr-existentes ou construir um mais personalizado, mas tendo em ateno os contedos essenciais e as formas de organizao.2.Reunir informao necessria e potencial para a sua investigao. importante elaborar um corpo de informaes que tenham potencial para colaborar com a investigao.3.Registar regularmente. Quando fazer uma leitura que seja relevante para a investigao, retirar apontamentos. Certificar-se de colocar o nmero da pgina e de diferenciar entre uma citao do autor e uma interpretao pessoal para evitar plgios acidentais.4.Incluir toda a informao sobre a referncia bibliogrfica. Nome do autor, ano de publicao, ttulo, referncia da publicao (nome da revista, ano, volume, nmero, editor, local).5.Sintetizar os registos. Com a leitura do corpo de informaes que se possui, provvel encontrar informaes repetidas.6.Evitar utilizar abreviaes e cdigos. Aps um tempo poder-se- perder a compreenso das abreviaes e/ou codificaes.Com base nas consideraes dos autores, a estrutura bsica de uma ficha de leitura pode apresentar a seguinte estruturao:4.7. ChecklistsInvestigadores em educao frequentemente recorrem alistas de verificao, escalas de avaliaoe rubricas de desempenhopara recolherem dados de natureza quantitativos com vista a sistematizar observaes, comportamentos ou aces que, de uma outra forma, seriam difceis de recolher e sistematizar.Apesar de existiremchecklistspr-estabelecidas, padronizadas, os investigadores que optam pelo uso destes instrumentos, muitas vezes preferem elaborar um medida dos seus objectivos, do contexto e dos participantes. Umachecklistbem elaborada contribui para padronizar observaes. Num ambiente de sala de aula, o investigador pode, por exemplo observar os alunos e simplesmente marcar um determinado comportamento sempre que um dos alunos da turma realize uma das aces. Estaschecklistsfuncionam como uma lista de critrios ou itens que o investigador procura encontrar. O objectivo fornecer um nvel de rigor no processo de recolha de dados e garantir que os dados so fiveis e vlidos.4.7.1. Lista de verificaoA lista de verificao fornece a indicao sobre a presena ou ausncia de certos elementos no desempenho avaliado. Esta orienta a ateno do observador para aspectos dos domnios cognitivo, afectivo ou psicomotor que, por serem considerados importantes e/ou por terem sido seleccionados para observao, foram includos na grelha (Gott & Duggan, 1995).A lista de verificao, como o nome indica, geralmente constituda por uma enumerao de aspectos que se pretende verificar se o aluno domina e/ou capaz de executar ou no. Tamir (1990) defende o seu uso para avaliar o domnio deskillse de tcnicas, pois o investigador/professor pode observar os alunos e assinalar os itens que se aplicam (ou no) a cada um.4.7.2. Escala de avaliaoA escala de avaliao, sendo tambm umachecklist, permite sistematizar, de forma clara, a que nvel os objectivos previamente determinados foram atingidos.As escalas so pr-estabelecidas em instrumentos padronizados. Em instrumentos criados pelo professor/investigador para objectivos pretendidos no mbito da investigao, as escalas variam consoante as questes de investigao e o contexto. Este tipo de instrumento pode recorrer a escalas Likert ou escalas de diferencial semntico. Por exemplo, o professor/investigador pode recorrer a uma escala numrica, onde pode, por exemplo, classificar cada critrio numa escala de 1 a 5.Escalas de avaliao so amplamente utilizadas na investigao uma vez que possibilitam uma resposta flexvel com a capacidade de determinar as frequncias, as correlaes e outras formas de anlise quantitativa. Elas oferecem ao investigador a possibilidade de fundir a medio com o parecer, a quantidade e a qualidade. Embora consideradas poderosas e teis para a investigao, necessrio estar ciente das limitaes. Por exemplo, o investigador pode inferir algo que os dados no evidenciam.5. PESQUISA EDUCACIONAL5.1. PesquisaPesquisa o acto pelo qual procuramos obter conhecimento sobre alguma coisa. Contudo, num sentido mais estrito, visando a criao de um corpo de conhecimentos sobre um certo assunto, o ato de pesquisar deve apresentar certas caractersticas especficas. No buscamos, com ele, qualquer conhecimento, mas um conhecimento que ultrapasse nosso entendimento imediato na explicao ou na compreenso da realidade que observamos. (GATTI, 2002,p.p. 9,10)5.2. A pesquisa em educaoO tema A pesquisa educacional suficientemente amplo para tornar, no mnimo, ingnua qualquer tentativa de esgot-lo em umas poucas horas. Sendo assim vou limitar-me a colocar algumas ideias que expressam meu modo de entender certos problemas relativos pesquisa educacional entre ns. Com isto, pretendo estimular nosso debate, e contribuir para um processo de reflexo a respeito da nossa prtica de pesquisadores, o qual, espero, ter se iniciado antes deste nosso encontro e se prolongar para alm dele, complementando com outras informaes e pontos de vista diferente dos que adopto.Situado entre as cincias humanas e sociais, o estudo dos fenmenos educacionais no poderia deixar de sofrer as influncias das evolues ocorridas naquelas cincias. Por muito tempo elas deixaram de seguir os modelos que serviram to bem ao desenvolvimento das cincias fsicas e naturais, na busca da construo do conhecimento cientfico do seu objecto de estudo. 5.3. Diferentes perspectivas metodolgicas para a pesquisa educacionalO enfoque dado pesquisa direcciona-se ao aprimoramento do paladar dos pesquisadores, fazendo com que estes possam utilizar-se da metodologia que melhor subsidie o problema a ser pesquisado. Dessa maneira, na tentativa de elucidar questes no to claras em relao ao mtodo de pesquisa, essa colectnea serviu como base de leitura para a Disciplina de Metodologia da Pesquisa Educacional, do Programa de Estudos Ps Graduados em Superviso e Currculo da PUC/SP, coordenados por Antnio Chizzotti e Ivani Fazenda. Embora a autora destaque as muitas incompreenses direccionadas aos mtodos de pesquisa, salienta que a lgica que deve presidir a pesquisa a lgica da erudio, pois esta exige um nvel maior de abstraco e generalizao.5.4. A escola como espao de luta hegemnica Entre as influncias mais marcantes dessa poca, na pesquisa educacional (histria, filosofia e poltica educacional) vale citar tambm a polmica desencadeada por Dermeval Saviani no livro Escola e Democracia, editado por primeira vez em 1983, no qual argumenta sobre a necessidade de uma nova teoria e uma viso alternativa superadora s vises, que segundo o autor, se acreditavam progressistas, consubstanciadas na Teoria Pedaggica Histrico-Crtica. Saviani vai contrapor ao princpio da reproduo, a afirmao da escola como espao de luta hegemnica entre as classes fundamentais da sociedade capitalista , portanto, um espao cheio de contradies. Foi um momento de um forte incremento de pesquisas qualitativas na rea da educao, como consequncia da intensa crtica s estratgias de medio e quantificao da realidade. As crticas concentraram-se, principalmente, na incapacidade do enfoque quantitativo para compreender e explicar as motivaes e os comportamentos dos indivduos e dos grupos sociais, os processos sociais e educacionais e sua relao com a estrutura social, as dinmicas institucionais, entre outros.5.5. Desafios actuais para a pesquisa educacional Muitos so os desafios que acompanharo a pesquisa educacional nos prximos anos, mas gostaria, para terminar, destacar alguns: revigorar o debate terico e histrico. A pesquisa emprica fundamental para o conhecimento aprofundado da realidade, mas, para poder organizar e analisar os dados colectados necessria uma direco que permita interpretar os aspectos singulares da realidade observada e integrar as pesquisas no todo maior de produo cientfica. A preocupao com as dimenses terica e histrica possibilitar pesquisa interpelar as polticas educacionais e a realidade educacional concretizada como processos que carregam historicidade. Dessa forma, possvel colaborar com a desnaturalizao das categorias de anlise, identificando os espaos de continuidade e ruptura e superando o limite da inevitabilidade, to pernicioso para a produo cientfica. Articular as diferentes reas e abordagens terico-metodolgicas de pesquisa em poltica educacional. O fortalecimento do debate entre os pesquisadores para discutir os resultados de suas pesquisas e um maior dilogo entre as produes com diferentes enfoques metodolgicos ajudaram a criar um ambiente colectivo de produo cientfica e optimizar a rea de poltica educacional. Aprofundar o dilogo com outras reas de conhecimento do campo de estudo em educao e fora dele, em nvel nacional e internacional.5.6. Mudanas no Cenrio Educacional e a Busca da Qualidade

A preocupao com a qualidade da pesquisa est estreitamente relacionada com as mudanas que vm ocorrendo nesse campo, nos ltimos anos.Ao mesmo tempo em que se observa um crescimento muito grande no nmero de pesquisas da rea de educao nos ltimos 20 anos, decorrente principalmente da expanso da ps-graduao, observa-se tambm muitas mudanas nos temas e problemas, nos referenciais tericos, nas abordagens metodolgicas e nos contextos de produo dos trabalhos cientficos.Os temas se ampliam e diversificam. Os estudos que nas dcadas de 60-70 se centravam na anlise das variveis de contexto e no seu impacto sobre o produto, nos anos 80 vo sendo substitudos pelos que investigam sobretudo o processo. Das preocupaes com o peso dos fatores extra-escolares no desempenho de alunos, passa-se a uma maior ateno ao peso dos fatores intra- escolares: o momento em que aparecem os estudos que se debruam sobre o cotidiano escolar, focalizam o currculo, as interaes sociais na escola, as formas de organizao do trabalho pedaggico, a aprendizagem da leitura e da escrita, a disciplina e as relaes de sala de aula, a avaliao. O exame de questes gerais, quase universais, vai dando lugar a anlises de problemticas locais, investigadas em seu contexto especfico. Os enfoques tambm se ampliam e diversificam. Como afirma Gatti (2000), a propagao da metodologia de pesquisa-ao e da teoria do conflito no incio dos anos 80, ao lado de um certo descrdito de que as solues tcnicas iriam resolver os problemas da educao brasileira fazem mudar o perfil da pesquisa educacional, abrindo espao a abordagens crticas. Recorre-se no mais exclusivamente psicologia ou sociologia, mas antropologia, histria, lingstica, filosofia. Pode-se afirmar que h um consenso sobre os limites que uma nica perspectiva ou rea de conhecimento apresentam para a devida explorao e para um conhecimento satisfatrio dos problemas educacionais.

6. QUESTES E QUESTIONAMENTOS A diversidade de temticas, enfoques, mtodos e contextos trouxe, naturalmente, questionamentos de diferentes ordens para a pesquisa em educao, entre os quais podemos destacar: O que caracteriza um trabalho cientfico? Qual a relao entre conhecimentos cientficos e outros tipos de conhecimento? So questes referentes aos fins da investigao e natureza dos conhecimentos produzidos. Como julgar o que uma boa pesquisa? Quem define esses critrios? So questes relativas aos critrios de avaliao da qualidade dos trabalhos cientficos. Que procedimentos devem ser seguidos para manter o rigor na coleta e anlise dos dados? So questes voltadas aos pressupostos dos mtodos e tcnicas de investigao, tanto em situaes que focalizam problemticas locais quanto nas que abordam um grande nmero de observaes.

6.1. Falta de domnio dos pressupostos dos mtodos e tcnicas Vrias revises de pesquisas (Andr, 2000; Carvalho, 1999; Gatti, 2000; Warde, 1993) tm apontado a fragilidade metodolgica dos estudos e pesquisas da rea de educao por tomarem pores muito reduzidas da realidade, um nmero muito limitado de observaes e de sujeitos, por utilizarem instrumentos precrios nos levantamentos de opinio, por realizarem anlises pouco fundamentadas e interpretaes sem respaldo terico.

A esses problemas eu acrescentaria outros que venho detectando numa reviso de estudos que abordam o tema da formao docente e usam a pesquisa-ao: uma certa confuso entre o que seja ao formadora e pesquisa-ao, entre o papel do pesquisador e o papel dos participantes, entre ensino e pesquisa ou entre investigao e ao. O respeito aos pressupostos dos mtodos merece sria considerao, principalmente por parte dos orientadores dos diversos programas de ps-graduao, j que os problemas apontados so mais evidentes nos trabalhos dos ps-graduandos. 6.2. Os tipos de pesquisa pedaggico Os tipos de pesquisa so o resultado do tipo de informao que o pesquisador deseja obter, as questes para as quais ele procura respostas e os paradigmas que ele utiliza. Os pesquisadores desejam geralmente responder a trs questes de base: Como um problema pode ser resolvido? O que que acontece realmente quando uma certa condio ou problema existe? Porqu certos problemas ou condies existem? A pesquisa para compreender o que se passa realmente em casa responde ento questo o qu. Enfim, imaginemos que voc decide fazer uma pesquisa para saber o que esconde atrs do facto que muitos dos vossos estudantes dormem durante as aulas de manh, voc estar respondendo questo porqu. Agora que sabemos o que pode motivar certos tipos de pesquisa, examinemos um pouco mais em detalhes os tipos utilizados pelos pedagogos e outros pesquisadores.1. A pesquisa quantitativa: Ela assenta na hiptese que as caractersticas do contexto social constituem uma realidade independente e que elas so relativamente estveis no tempo e no espao. O quadro seguinte resume as principais diferenas entre as pesquisas qualitativas e quantitativas:Pesquisa quantitativaPesquisa qualitativa

Dados obtidos Numricos (quantitativos) Verbais, textuais e (qualitativas)

Natureza da realidadeRealidade social observvel (que se pode medir)

Realidade social construda

Natureza da relao causal Relaes causais nos fenmenos sociais vistas de uma perspectiva mecnica As intenes humanas tm um papel muito grande na explicao das relaes causais dos fenmenos sociais.

Tipo de raciocnio Indutivo. Utiliza os conceitos e as teorias preconcebidas para determinar os dados que sero corelacionados. Dedutivo. Descobre os conceitos e as teorias depois de ter reunido os dados.

Objectivo DescobrirConfirmar

Natureza da pesquisaOrientada, aprofunda as variveis conhecidas, directivas rgidas, plano estatstico, livre do contexto.

Holstico, superficial, variveis desconhecidas, directivas flexveis, plano emergente, ligada ao contexto.

Tema estudadoAmostra representativa Casos informativos

Mtodos de anlise dos dados

Estatstico (descritivo ou dedutivo)Deduo analtica, histrias pessoais, entrevistas

Generalizao dos resultados Da amostra a uma populao definidaDe um caso a um outro similar

Posio da pesquisa Objectiva e impessoal Pessoalmente implicada

Relatrio de pesquisa Impessoal e objectivo Interpretativo e subjectivo

As pesquisas podem ser igualmente classificadas segundo os seus objectivos e mtodos que utilizam. A pesquisa em educao poder ser classificada em certas categorias.6.3. Classificao segundo os objectivos As pesquisas tm objectivos diferentes e podem ser classificadas em duas categorias segundo:3. A pesquisa de base: a recolha de dados empricos para formular novas teorias ou desenvolver as teorias existentes. O objectivo desta pesquisa de adquirir novos conhecimentos. A utilidade dos resultados habitualmente fora do alcance da pesquisa de base. 4. A pesquisa aplicada: ela pode resolver os problemas pedaggicos imediatos aos quais os estudantes e professores esto confrontados. Os resultados da pesquisa aplicada ajudam-nos a tomar decises prticas sobre problemas especficos. 6.4. Classificao segundo o tipo de mtodo de investigao. As pesquisas podem ser igualmente ser classificadas segundo as metodologias utilizadas para examinar um problema:5. a pesquisa experimental: na pesquisa experimental, o pesquisador estuda as relaes de causa e efeito entre as variveis, controlando-as ou manipulando-as. 6. A pesquisa ex post facto: utilizada quando o pesquisador incapaz de manipular ou de controlar as variveis implicadas numa relao causal. Na vida real, impossvel controlar a quantidade de variveis independentes aos quais estamos confrontados e dar aos sujeitos diferentes tipos de tratamento. 7. A pesquisa descritiva: este tipo de pesquisa utilizado para compreender as condies existentes ou o statu quo, de um fenmeno pedaggico. Ela determina o que . Quando no se pode fornecer uma descrio exacta do fenmeno estudado, os pesquisadores no possuem uma base slida para explic-lo ou modific-lo.6.5. Princpios da pesquisa em educao Supe-se que a pesquisa moderna obedea a certas normas para que os seus resultados possam ser generalizados e aceites. Entre essas normas, podemos distinguir: A preciso das medidas: todo deve ser feito para se medir os fenmenos com grande preciso; A reprodutividade: os pesquisadores independentes devem ser capazes de obter os mesmos resultados similares; A validade: medir o que deve ser medido; A fiabilidade: os instrumentos de medida e os procedimentos devem produzir resultados coerentes. ConclusoChegando o fim, pude constatar que os objectos de estudo em educao, geralmente, apresentam-se de forma complexa e, neste mbito, a perspectiva positivista tem sido identificada como ineficaz para a anlise intricada dessas situaes. que, a linearidade dessa perspectiva tem como finalidade trazer luz dados objectivos, medveis, regularidades e tendncias observveis, por isso coloca-se em questo se esta ser a aproximao mais adequada para estudar algo, como os processos humanos e sociais, que so abrangentes, dinmicos e enleados. Para melhorar a compreenso dessas realidades complexas, contrape-se a perspectiva qualitativa de pesquisa que tem como objectivo a compreenso dos significados atribudos pelos sujeitos s suas aces num dado contexto.

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