produc a o textual

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Produção textual do curso de produção textual da UEG

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  • GOVERNO FEDERAL Presidncia da Repblica Federativa do BrasilDilma Vana Roussef Ministrio da EducaoCid Gomes

    COORDENADENAO DE APERFEIOAMENTO DE PESSOAL DE NVEL SUPERIOR CAPES

    Presidente da CAPESJorge Almeida Guimares

    Diretor de Educao a DistnciaJean Marc Georges Mutzig

    GOVERNO ESTADUAL

    Governo do Estado de GoisMarconi Ferreira Perillo Jnior

    Superintendente Estadual de Cincia e TecnologiaMauro Netto Faiad

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS UEGPARCERIA COM UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UAB

    Reitoria UEGHaroldo Reimer

    Vice-reitoriaValcemia Gonalves de Sousa Novaes

    Pr-reitoria de Pesquisa e Ps-GraduaoIvano Alessandro Devilla

    Pr-reitoria de GraduaoMaria Olinda Barreto

    Pr-reitoria de Extenso, Cultura e Assuntos EstudantisMarcos Antnio Cunha Torres

    Pr-reitoria de Planejamento, Gesto e FinanasJos Antnio Moiana

    Ncleo de SeleoEliana Machado Pereira Nogueira

    CMPUS DE EDUCAO A DISTNCIA

    DiretoriaValter Gomes Campos

    Coordenao UABValter Gomes Campos

    Coordenao AdministrativaDbora Vieira Fidelis

    Coordenao Adjunta de Projetos e PesquisaCludio Roberto Stacheira

    Coordenao Adjunta de Estgio e Prticas Profissionais

    Gislene Lisboa de Oliveira

    Coordenao Adjunta de Extenso, Cultura e Assuntos Estudantis

    Pollyana Pereira dos Reis Fanstone

    Coordenao de TutoriaAlda Maria Teodoro Moreira

    Coordenao de Produo Pedaggica e do PEARMelca Moura Brasil

    Coordenao Pedaggica

    Valria Soares de Lima

    Coordenao de Tecnologia e Sistemas EaDLuana Silva de Araujo

    Coordenao do PACCJoyce Siqueira

    Design Didtico para Ambiente Virtual de Aprendizagem

    Hellen Corra da SilvaJoyce Siqueira

    Designer Instrucional para Material DidticoPollyana Pereira dos Reis Fanstone

    SecretariaLaisa Luana do Carmo

    Crditos de Autoria

    Professores ConteudistasSheyla Helena Dias da Paz

    Reviso de texto

    Dllbia Santclair Matias

    Reviso de ContedoHellen Corra da Silva

    Joyce Siqueira Laisa Luana do Carmo

    Pollyana Pereira dos Reis Fanstone

    Diagramao Ana Flvia Batista Coelho Martins

    Copyright UnUEAD 2015 proibida a reproduo, mesmo que parcial, por

    qualquer meio, sem autorizao escrita dosautores e do detentor dos direitos autorais.

  • O Programa Anual de Capacitao Continuada de Profissionais em EaD - PACC foi desenvolvido mediante o Convnio no 33/2011 entre a Universidade Estadual de Gois - UEG e a Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior - CAPES, no mbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB, coordenado pela Diretoria de Educao a Distncia - DED.

    O PACC tem como objetivo promover a capacitao e formao continuada da comunidade acadmica da UEG e demais profissionais interessados em atuar na modalidade de Educao a Distncia, visando suprir as demandas da Universidade e do mercado de trabalho em EaD.

    Tendo em vista o crescimento exponencial de alunos matriculados em cursos de graduao, ps-graduao ou extenso na modalidade EaD e, em consequncia, da grande procura por profissionais capacitados que possam atender a este pblico, este programa justifica-se e contribui com as exigncias atuais da sociedade.

  • ICONOGRAFIA

  • SUMRIOLista de Ilustraes 06Apresentao 07UNIDADE 01. Conceito de Texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 10

    1.1 - O que texto? 101.2 - A Coeso Textual 131.3 - A Coerncia Textual 151.4 - Fatores que contribuem para a falta de coerncia: 17

    1.4.1 - Elementos lingusticos 171.4.2 - Conhecimento de mundo 171.4.3 - Conhecimento partilhado. 181.4.5 - Fatores de Contextualizao 201.4.6 - Situacionalidade 201.4.7 - Informatividade (informao) 211.4.8 - Focalizao 221.4.9 - Intertextualidade 22

    1. 5 - A Unidade e completude no texto 23Referncias Bibliogrficas 27UNIDADE 02. Elementos Estruturais Do Texto 30

    2.1 - Saber partilhado 302.2 - A informao(es) nova(s) 312.3 - A referncia, tema e o ttulo 322.4 - As provas 332.5 - A concluso 332.6 - Nveis de conhecimento do texto: superestrutura, macroestrutura e microestrutura do texto 34

    2.6.1 Macroestrutura 342.6.2 Superestrutura 352.6.3 Microestrutura 35

    Referncias Bibliogrficas 39UNIDADE 03. O Pargrafo no Texto Dissertativo 42

    3.1 - Conceito e diviso do pargrafo 423.2 - Tamanho do pargrafo 433.3 - Dez formas mais comuns para se iniciar um pargrafo 44

    3.3.1 - Uma declarao (tema: liberao da maconha) 443.3.2 - Definio (tema: o mito) 443.3.3 - Diviso (tema: excluso social) 443.3.4 - Aluso histrica (tema: globalizao) 453.3.5 - Uma pergunta (tema: a sade no Brasil) 453.3.6 - Uma frase nominal seguida de explicao (tema: a educao no Brasil) 453.3.7 - Adjetivao (tema: a educao no Brasil) 453.3.8 - Citao (tema: poltica demogrfica) 453.3.9 - Comparao (tema: reforma agrria) 463.3.10 - Uma sequncia de frases nominais (sem verbo) (tema: a impunida de no Brasil) 46

    Referncias Bibliogrficas 48UNIDADE 04. Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 51

    4.1 A dissertao 514.1.1 - A diferena entre tema e ttulo 514.1.2 - Os argumentos 524.1.3 - A introduo 534.1.4 - O desenvolvimento 534.1.5 - A concluso 54

  • 4.2 - A carta argumentativa 554.2.1 - Caractersticas da carta argumentativa 554.2.2 - Superestrutura da carta argumentativa 564.2.3 - Modelo de carta argumentativa 564.2.4 - O uso de pronomes de tratamentos na carta argumentativa: 584.2.5 - Solicitaes de cartas argumentativas 59

    4.3 Editorial 604.4 DICAS PARA A REDAO EM CONCURSOS (SARMENTO, 2006 ,p. 430) 63

    4.4.1. Como se preparar para escrever uma boa redao? 634.4.2 Como construir o texto? 644.4.3 Como apresentar seu texto? 64

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 01 - Como se forma o tecido 11Figura 02 - Como se forma o tecido 11Figura 03 - Entrelaamento dos elementos coeso e coerncia. 13Figura 04 - Falta de coerncia 16Figura 05 - Conhecimento partilhado 18Figura 06 - Inferncias no texto 19Figura 07 - Situcionalidades 20Figura 08 - Situcionalidades 20Figura 09 - Situcionalidades 21Figura 10 - Intertextualidade. 22Figura 11 - Carnaval Carioca 23Figura 12 - Elementos responsveis pela textualidade 25Figura 13 - Diferena entre referncia, tema e ttulo 32Figura 14 - Resumos dos elementos estruturais do texto 34Figura 15 - Conceito de macroestrutura, superestrutura e microestrutura 36Figura 16 - Exemplo de superestrutura do texto dissertativo 36Figura 17 - Exemplos de macroestrutura, superestrutura dentro do texto 38Figura 18 - Organograma do pargrafo 46Figura 19 - Diferena entre tema e ttulo 51Figura 20 - Exemplos entre tema e ttulo 52Figura 21 - Como retirar os argumentos do tema 52Figura 22 - Argumentos da dissertao 53Figura 23 - Esquema da dissertao 54Figura 24 - Caractersticas das cartas argumentativas 55Figura 25 - Superestrutura da carta argumentativa. 56Figura 26 - Uso dos pronomes de tratamento. 58Figura 27 - Concordncia do pronome de tratamento 58Figura 28 - Tipos de cartas argumentativas 59Figura 29 - Superestrutura do editorial 61

  • APRESENTAOOl aluno, seja bem-vindo ao curso Produo Textual! Voc fez a escolha certa.

    Aproveite o seu tempo para estudar e produzir um bom texto.

    Este curso tem como objetivo principal compreender e analisar criticamente os elementos estruturais do texto - coeso, coerncia, unicidade, introduo, desenvolvimento e concluso, observando que a integrao desses facilita a produo da dissertao, da carta argumentativa e do editorial.

    Tambm so objetivos deste curso:

    Entender o conceito de texto e sua relao com a coeso e coerncia, bem como com os elementos estruturais;

    Refletir sobre a importncia da construo de um bom pargrafo na dissertao argumentativa;

    Elaborar um esquema do texto dissertativo para facilitar a sua produo;

    Identificar e escrever uma carta argumentativa com o uso dos pronomes de tratamento adequados;

    Elaborar um editorial.

    Dedique-se e estude bastante, pois escrever bem poder auxili-lo em vrias situaes de sua vida. Pesquisas mostram que em concursos, por exemplo, uma redao bem elaborada representa 40% da prova , e em alguns casos, at 50%.

    Este material didtico foi elaborado visando uma aprendizagem autnoma; os contedos foram cuidadosamente selecionados e a linguagem utilizada facilitar seus estudos a distncia. Tenha disciplina que voc ter xito na aprendizagem!

    necessrio que voc dedique tempo para a leitura do material e realize as atividades propostas para cada unidade.

    A estrutura do material didtico a seguinte:

    Unidade 01 - Conceito de texto, coeso, unicidade e coerncia

    Unidade 02 - Elementos estruturais do texto

    Unidade 03 - O pargrafo no texto dissertativo

    Unidade 04 - Produo escrita: a dissertao

    Com a finalidade de atingir os objetivos propostos nas unidades, voc dever ficar atento aos conceitos oferecidos pelos temas abordados. Eles tm uma sequncia, e isso proposital. Cada item das unidades oferecidas compe uma parte de como escrever corretamente uma redao.

    O sucesso ou insucesso no curso depender de voc. Pense nisso!

    Prof Sheyla Helena Elias da Paz

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 8

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 9

    INTRODUOCaro aluno, sabemos de seu desejo em escrever uma boa redao. Muitas

    pessoas tm dificuldades na escrita, porm agora voc est no lugar certo, vamos trabalhar de forma bem simples como elaborar um texto dissertativo argumentativo que lhe dar possibilidades de produzir sem medo um bom texto. Para isso, temos que ter uma noo sobre os elementos que compem a base do texto.

    Na unidade 01, vamos conhecer o conceito de texto, como elemento relacionador de uma base textual chamada de coeso, coerncia e unidade. muito fcil, basta voc ficar atento!

    Alm do mais, o texto precisa ter outros elementos que chamamos de saber partilhado, informaes novas, provas, referncias, tema e concluso, cada qual em seu lugar adequado. Uma boa redao equivale quela que respeita a posio dos elementos estruturais do texto.

    Um outro passo muito importante a considerar a unio dos elementos estruturais dentro de uma dissertao. No existe coeso sem coerncia, introduo sem desenvolvimento e concluso. Se em seu texto faltar um desses elementos estruturais, ele j estar comprometido, portanto preste ateno em cada item, siga as instrues da plataforma que voc conseguir ter um bom resultado.

    Bons estudos!

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 10

    1. Conceito de Texto, Coeso , Unicidade e Coerncia

    1.1 - O que texto?

    Voc j ouviu falar o que texto, pois ao longo de sua trajetria escolar estudou sobre o assunto. Agora, vamos aprofundar nossa concepo de texto do ponto de vista cientfico. Ela ser importante para sua produo escrita.

    A tipologia clssica nos d a informao de que os tipos de textos existentes so: a narrao, que enfatiza no texto a ao, a descrio, que enfatiza no texto as caractersticas de um ser (objeto, pessoa, cena) e a dissertao que valoriza, no texto, um ponto de vista a respeito de um assunto na sociedade.

    Neste curso, vamos estudar somente a tipologia textual dissertao, pois a mais exigida em provas e concursos.

    A tipologia textual dissertativa pode ser chamada tambm de gnero textual.

    E o que gnero textual ?

    Imagine que na sociedade interagimos com as pessoas por meio da linguagem, seja ela oral, ou escrita. Quando precisamos defender um ponto de vista a respeito de um assunto, escolhemos uma forma textual que ir prevalecer minha opinio, e esta ter que ser escrita com um contedo que convencer algum, ento deve obedecer ao gnero dissertativo, pois tem o objetivo de convencer o outro sobre o que eu penso a respeito do assunto. Isso ns chamamos de gnero. Eles foram historicamente criados pelo ser humano a fim de atender a determinadas necessidades de interao verbal. De acordo com o momento histrico, na sociedade pode nascer um gnero novo, podem desaparecer gneros de pouco uso ou, ainda, um gnero pode sofrer mudanas at transformar-se num novo gnero. Exemplos claros so: o e-mail, as mensagens de celular e as interaes verbais por meio de redes sociais.

    Ento o tipo de texto que vai ser trabalhado neste curso dissertativo.

    Para isso, agora vejamos o conceito de texto proposto por Medeiros (2008).

    Texto um tecido verbal estruturado de tal modo que as ideias formam um todo coeso, uno, coerente1.Todas as partes devem estar interligadas e manifestar um direcionamento nico. Essas partes no tecido ns chamamos de fios, e no texto de palavras, frases, oraes e perodos.

    1 MEDEIROS, Joo Bosco. Portugus Instrumental: para cursos superiores. 4 ed. So Paulo: Atlas, 2008.

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 11

    Vejamos as ilustraes:

    Como se forma o tecido

    Figura 01 Figura 02

    Fonte: Enjoei.com2 Fonte: Optnic3

    Aqui, a estrutura do tecido so os fios que se cruzam na ordem horizontal e vertical. A ligao de um fio no outro, temos a cobertura do tecido, a tessitura, possibilitando o cobrimento do tecido.

    Vamos analisar as figuras 01 e 02: os tecidos tm fios horizontais e verticais que ao encontrar se cruzam formando uma tessitura. Essa tessitura percebida quando os fios juntando uns aos outros formam um cobrimento. As pessoas vestem roupas de tecidos para cobrir corpo e ou se proteger do frio.

    No texto, a ligao se configura pela coeso (ligao) e o cobrimento a coerncia (sentido), formando a tessitura.

    Ento podemos dizer que o texto um tecido verbal. A palavra verbal vem do latim a verbum que significa palavra. No texto, o que podemos ligar? Podemos ligar palavras com palavras, frases com frases, oraes com oraes , perodos com perodos e pargrafos com pargrafos. Vamos falar a voc o que significa:

    A palavra uma emisso de voz, formada por slabas ( quantas forem necessrias);

    A frase qualquer coisa que enunciamos ( oral ou escrita) que tenha sentido completo.

    Ex.: _ Oi, tudo bem?

    _ Tudo timo, e voc?

    2 Disponvel em: . Acesso 18 mar 20153 Disponvel em: Acesso 18 mar 2015

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 12

    Observe que no exemplo no aparece verbo nas frase, mas houve interao entre locutor e interlocutor.

    Chamamos de frase nominal aquela que no tem verbo.

    Chamamos de frase verbal aquela que tem obrigatoriamente pelo menos um verbo. Veja os exemplos:

    _ Ol, voc chegou atrasado para a reunio!

    _ Eu sei, mas no tive escolha, o trnsito est muito tumultuado.

    Aqui, as duas frases acima possuem verbos so, portanto, frases verbais.

    Chamamos de orao a frase que contm verbo. Nos exemplos acima, percebemos duas oraes. As oraes so identificadas pelo nmero de verbos. Toda frase verbal considerada uma orao.

    Caro aluno, agora que voc percebeu quais so os termos que podemos ligar no texto, observe que essa ligao no acontece de qualquer forma, cada palavra se liga outra com um propsito, com harmonia.

    Observe, nos exemplos abaixo, quando no texto no h harmonia.

    EXEMPLOS:

    a) Doente no foi estava aula ele.

    Frase errada, ningum fala ou escreve desta forma, no h tessitura (sentido)

    b)Ele estava doente. No foi aula.

    Frase aceita, mas falta um elemento de ligao (coeso)

    c)Ele estava doente, por isso no foi aula.

    Frase correta, elemento de ligao por isso. Relao de consequncia: Coeso. E o sentido, o significado da frase chama-se coerncia.

    Veja o resumo do conceito de texto proposto por outro autor :

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 13

    Figura 03 - Entrelaamento dos elementos coeso e coerncia.

    Fonte: do autor

    O conceito de texto, se recorrermos Etimologia, ou seja, a origem e evoluo histrica das palavras, veremos que texto quer dizer tecer, fazer tecido, entranar, entrelaar ( TERCIOTTI, 2011, p. 3). O tecido, por sua vez, constitudo de uma trama composta de fios paralelos e transversais ao tear.

    1.2 - A Coeso Textual

    a unio dos elementos relacionadores ( artigos, pronomes, advrbios de tempo e substantivos) que se articulam dentro do texto dando-lhe sentido .

    Veja os exemplos:

    a) Ela sabia que isso iria acontecer com ele.

    A frase a est incorreta, pois o pronome demonstrativo retoma algo que no foi escrito no discurso. Isso, o qu?

    Agora veja a frase b:

    b) O filho desobedeceu me e se deu mal. Ela sabia que isso iria acontecer com ele.

    Na frase b percebemos que a interpretao do discurso depende do que foi enunciado anteriormente, e h uma relao semntica do pronome pessoal ela com o substantivo me, do pronome demonstrativo isso e a expresso se deu mal e do pronome pessoal ele por filho.

    Assim, cada elemento escrito de vermelho, nos exemplos acima, tem uma relao semntica (significado) com o qual dependente. Isso realizado por meio da

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 14

    lngua. O pronome ela est se referindo me, o pronome ele ao filho e o pronome demonstrativo isso se refere ao fato de se dar mal. Eles representam os recursos semnticos ou elos coesivos.

    Exemplo:

    Os jovens no tm noo do perigo. Eles acham que so imunes a tudo.

    Vejam agora o conceito de coeso.

    A coeso textual ocorre quando a interpretao de um elemento no discurso dependente da interpretao de outro. Um pressupe o outro. Trata-se de uma relao semntica, realizada por meio do sistema lxico-gramatical, que d maior legibilidade ao texto.

    O termo lxico diz respeito possibilidade de escolhas das palavras, dependendo da situao de seu uso, ou seja, h vrias instncias para que a palavra seja usada adequadamente, dentro de um contexto. J o termo gramatical diz respeito prpria gramtica da lngua.

    Coeso o nome que designamos a articulao das partes de um texto para torna-lo um todo, ou seja , o uso de elementos capazes de estabelecer elos entre as diversas partes de um texto (TERCIOTTI,2011.p.3).

    Durante a produo de um texto, devemos usar os vrios tipos de mecanismos de coeso de modo equilibrado. Devemos lembrar que eles mantm uma relao de retomada a um elemento no texto citado antes e depois.

    Veja os exemplos:

    a) Fiz todos os exerccios indicados pela professora, mas minha amiga Carla no os fez.

    O os foi empregado para no haver repetio da palavra exerccios.

    b) Helena olhou-se no espelho e viu quanto envelhecera.

    Isto , olhou a si mesma.

    Nos exemplos a e b, os elos que amarram elementos mencionados anteriormente no texto so os pronomes os e se porque retomam os termos os exerccios e Helena, respectivamente, ocorrendo o que os estudiosos chamam de anfora.

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 15

    Anfora, ento, a utilizao de um elemento lingustico que se liga a um termo antecedente usado na mesma frase. Voc s poder se referir a algo que foi citado anteriormente.

    c) Fui ao mercado e comprei todos os itens de que precisava menos estes: arroz, batata e azeite.

    d) Este foi o mal: com brincadeira, acabamos perdendo o emprego

    Agora, veja:

    Nos exemplos c e d, os pronomes estes e este so catafricos porque antecipam o que ser dito posteriormente.

    Catfora, ento, utilizao de um elemento lingustico que se liga a um termo que ser enunciado mais adiante.

    Os pronomes os, se, estes e este funcionam como mecanismos que alm de nos ajudarem na produo textual, garantem a coeso das sentenas em que aparecem. Por essa razo, segundo Terciotti (2011), recebem o nome de mecanismos de coeso.

    Passemos agora para outro elemento muito importante no texto, a coerncia.

    1.3 - A Coerncia Textual

    o resultado da articulao das ideias de um texto; a estrutura lgico-semntica que faz com que numa situao discursiva palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores. Diz respeito ao sentido do texto. Ela est ligada coeso textual, ainda que seja necessria, mas no suficiente para que um texto seja coerente.

    Veja os exemplos abaixo:

    Exemplos de frase com coerncia e sem coeso:

    Olhar fito no horizonte. Apenas o mar imenso. Nenhum sinal de vida humana. Tentativa desesperada de recordar alguma coisa. Nada.

    Aqui nessas frases, percebemos que no h nenhum elemento ligando-as, mas voc como usurio da lngua portuguesa capaz de entend-las. Por qu? Porque existe uma coerncia global, ou seja, um sentido, o significado do texto como um todo.

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 16

    Existe um elo conceitual entre os diversos segmentos, tais como: os substantivos e os verbos.

    H um alicerce semntico, uma organizao em torno das palavras chaves.

    Exemplo de coeso sem coerncia:

    Fui praia me bronzear porque estava nevando e, quando isso ocorre, o calor aumenta, o que faz com que sintamos frio.

    Aqui, o processo acontece de forma diferente. Apesar de ter os elementos que ligam (a coeso) uma frase na outra, no h o principal que o sentido.

    H falhas na continuidade das partes do enunciado, o elo foi cortado, falta motivao.

    Coeso no condio necessria nem suficiente para que um texto seja um texto. Mas, o uso de elementos coesivos assegura a legibilidade, explicitando os tipos de relaes entre os segmentos do texto.

    Uma boa coerncia diz respeito apresentao de uma organizao perfeita entre as partes do texto. Isso se faz desde o princpio, meio e fim.

    Veja na tira do Hagar :

    Figura 04 - Falta de coerncia

    Fonte: Ba do Luizinho4

    No segundo quadrinho, o personagem que respondeu ao garom foi coerente em sua fala? Percebemos que no. O personagem de camisa vermelha (receptor) no entendeu a expresso bife cavalo. Ento no houve sentido, lgica no texto.

    O universo textual determinado por uma continuidade de sentido, isto , uma expresso lingustica pode ter vrios significados, mas um texto tem apenas um sentido. esta continuidade de sentido que constitui a base para a coerncia.

    4 Disponvel em: . Acesso 18 mar 2015

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 17

    1.4 - Fatores que contribuem para a falta de coerncia:

    1.4.1 - Elementos lingusticos

    Acontece quando um elemento lingustico colocado fora de seu contexto.

    Veja o exemplo:

    a) O rapaz onde estou pensando no est interessado em mim.

    O pronome relativo onde foi empregado no lugar indevido. Ele s poder ser usado no sentido de lugar. Ex. Esta a rua onde moro.

    O correto seria dizer:

    b) O rapaz em que estou pensando no est interessado em mim

    1.4.2 - Conhecimento de mundo.

    o resultado do armazenamento em nossa memria das experincias de vida que resultam em nossa maneira particular de ver e entender o mundo, as relaes pessoais e o nosso prprio papel na sociedade.

    Veja o exemplo abaixo:

    guaArnaldo Antunes.

    Da nuvem at o cho

    Do cho at o bueiro

    Do bueiro at o cano

    Do cano at o rio

    Do rio at a cachoeira

    Da cachoeira at a represa

    Da represa at a caixa dgua

    Da caixa dgua at a torneira

    Da torneira at o filtro

    Do filtro at o copo

    Do copo at a boca

    Da boca at a bexiga

    Da bexiga at a privada

    Da privada at o cano

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 18

    Do cano at o rio

    Do rio at outro rio

    Do outro rio at o mar

    Do mar at outra nuvem

    Fonte: letras.mus.br5

    Com o nosso conhecimento de mundo somos capazes de entender que a msica est falando sobre a gua, porque temos uma interao com todas as coisas e pessoas que nos cercam.

    Duas pessoas no podem ter conhecimento de mundo idnticos, isso impossvel, pois o conhecimento nico em ns.

    Se, por exemplo, um texto tratar de um assunto do qual nunca ouvimos falar, este no far sentido pra ns. Nesse caso, a incoerncia textual ser causada pela falta de conhecimento sobre o tema abordado no texto, ou seja, pelo fato de nosso conhecimento de mundo no abranger esse temtica.

    1.4.3 - Conhecimento partilhado.

    o grau de igualdade entre o conhecimento de mundo do emissor e o conhecimento do escritor .

    Veja o exemplo:Figura 05 - Conhecimento partilhado

    Fonte: Loucuras da Mente de um Biscoito6.

    No bilhete acima, faz parte do conhecimento partilhado entre emissor (quem escreve ou fala) e receptor (quem ouve, ou l) as informaes do tipo: teatro e placa torta no esto claras no texto.

    5 Disponvel em: . Acesso em 20 mar 20146 Disponvel em:. Acesso 18 mar 2015.

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 19

    Isso quer dizer que quanto mais conhecimento partilhado entre emissor e receptor um texto apresentar, tanto menos informaes explcitas precisar conter para que o receptor consiga compreend-lo.

    Quanto mais voc ler sobre diversos assuntos propostos na sociedade, mais facilidade ter na hora de escrever.

    1.4.4 -Inferncias

    Fazer inferncias significa concluir, deduzir alguma coisa a partir das informaes que se encontram escritas no texto.

    Figura 06 Inferncias no texto

    Fonte: O Popular7

    Aqui h ausncia de texto escrito, porm podemos inferir que se trata da violncia. Como percebemos? O fato de o personagem (Papai Noel) estar deitado no cho, e sangue por baixo, inferimos que a violncia est alta a coisa t feia, se at o Papai Noel foi atacado.

    Outra inferncia que podemos ter sobre essa charge com relao economia, ou seja, o natal no vai ser bom, economicamente, pois, at o Papai Noel est morto.

    A ausncia de algumas explicaes exige, no entanto, que o leitor faa inferncias para entender a totalidade de um texto, complementando com seu conhecimento de mundo os espaos deixados pelo autor.

    7 Disponvel em: . Ima-gem adaptada. Acesso 18 mar 2015.

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 20

    1.4.5 - Fatores de Contextualizao

    So aqueles que contribuem com exatido do texto escrito. Como por exemplo, local, data, assinatura, timbre e horrio.

    Exemplos:

    Os governos assinaram um pacto de no agresso recproca

    Aqui, note como a falta de elementos contextualizadores, como data, nome dos pases cujos governos so mencionados, compromete a coerncia do texto.

    Agora veja:

    Em 20 de agosto de 1939, o governo alemo e o governo sovitico assinaram um pacto de no agresso recproca

    Agora sim, ficou completa a informao, tanto o leitor como escritor precisam fazer uso do contexto histrico para facilitar o entendimento do texto.

    1.4.6 - Situacionalidade .

    constituda de fatores - como o tipo de emissor e receptor, o nvel de linguagem adotado, o local, o momento e o objetivo da comunicao que servem para tornar o texto um ato de fala adequado determinada situao comunicativa, intervindo tanto na produo como na compreenso do texto.

    SitucionalidadesFigura 07 Figura 08

    Fonte: Olhar Jurdico8 Fonte: Famlia Dutra de Melo9

    8 Disponvel em: . Acesso 18 mar 2015.9 Disponvel em: . Acesso 18 mar 2015.

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 21

    Figura 09 - Situcionalidades

    Fonte: Fotos de Casamento10

    Para entender este tpico, basta voc se perguntar: como devo me vestir para ir praia? claro que voc vai usar um calo de banho (homem) ou um biquni (mulher).

    Assim tambm no adequado escrever um e-mail pessoal na norma culta.

    Ou usar grias, bem como palavras ou expresses grosseiras ou obscenas, em um texto formal.

    Ento, temos que adequar o texto a determinada situao. A linguagem adequada num texto dissertativo deve ser a linguagem formal, ou seja, aquela que segue padres da gramtica normativa, a linguagem formal.

    1.4.7 - Informatividade (informao)

    Diz respeito a maior ou menor previsibilidade das informaes contidas em um texto.

    Exemplos:

    a) A lua cheia uma fase da Lua.

    b) A lua cheia uma fase da Lua, que ocorre quando o reflexo da luz solar incide sobre toda a superfcie visvel desse satlite.

    Nesses exemplos, temos um aumento de graus de informao.

    No exemplo a, temos um grau menor de informao que previsvel, afinal, entendemos muito bem que a lua cheia uma das fases da lua.

    10 Disponvel em: . Acesso 18 mar 2015.

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 22

    No caso do exemplo b, a informatividade maior e facilita a clareza e objetividade no texto.

    Em seus textos lembre-se de combinar informaes antigas e novas a fim de assegurar um nvel de informatividade bom, sem cair na redundncia (repetio).

    1.4.8 - Focalizao

    Ponto de vista sob o qual o autor abordar determinado assunto.

    Isso tem a ver com as profisses. a linguagem usada em cada profisso, tcnica. Como por exemplo, o direito usa a linguagem jurdica, a medicina a linguagem da anatomia, a economia usa palavras relacionadas com o mercado econmico, a informtica, termos referentes aos computadores, etc.

    Exemplo:

    A Lei Seca, 20 de Junho de 2008

    Ao lermos o exemplo acima, teremos uma viso jurdica sobre a lei referida, pois aqui s temos a informao da lei e data da sua criao.

    Porm se quisermos dar outra abordagem ao assunto, como por exemplo, a da medicina, com certeza, o autor falaria de outros fatores da lei, tais como: droga influencia os reflexos motores, efeitos neurolgicos provocados pelo lcool, etc.

    1.4.9 - Intertextualidade

    Dilogo entre os textos, ou seja, a utilizao-implcita ou explcita, de forma ou contedo de textos ou partes de textos preexistentes, na elaborao de um novo texto.

    Exemplos:Figura 10 - Intertextualidade.

    Fonte: Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingusticos11

    11 Disponvel em: . Acesso 18 mar 2015.

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 23

    Aqui h um dilogo entre emissor e receptor atravs do conhecimento de mundo e saber partilhado de ambos, pois a falta de um desses por um dos dois pode prejudicar a interpretao, a significao da mensagem. Observe a palavra horta foi colocada no lugar de tropa, a expresso pede pra sair e o bon no tomate tm uma intertextualidade com o filme Tropa de Elite, muito conhecido por ns brasileiros.

    Em provas e concursos, pode aparecer o tema dessa mesma forma, voc convidado a fazer uma interpretao do tema mediante uma intertextualidade. Fique atento!

    1. 5 - A Unidade e completude no texto

    Agora vamos falar do terceiro elemento que contribui para a completude do texto, a unidade. O texto uno aquele que discute somente um tema, um assunto. Assim, um fragmento que fala de diversos assuntos no pode ser considerado um texto.

    Veja o trecho, retirado de Medeiros (2008, p.39):

    O carnaval carioca uma beleza, mas mascara com seu luxo, a misria social, o caos poltico, o desequilbrio que se estabelece entre o morro e a Sapuca. Embora todos possam reconhecer os mritos de artistas plsticos que ali trabalham, o povo samba na avenida como heri de uma grande jornada. E acrescente-se: h manifestao em prol de processo judiciais contra costumes que agridem a moral e ofendem a religiosidade popular. O carnaval carioca, porque se afasta de sua tradio, est tornando disforme, desgracioso e feio.12

    Caro aluno, o fragmento acima trata de diversos assuntos:

    Poltica;

    12 Disponvel em: . Acesso 18 mar 2015.

    Fonte: Conversas Beat by Cristhiane Schyschow12

    Figura 11 - Carnaval Carioca

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 24

    Misria social;

    Moral;

    Artistas plsticos;

    Religiosidade.

    Portanto, no pode ser considerado texto. A ideia inicial no est de acordo com a final. Ento, se lhe falta coerncia, se as ideias so contraditrias, tambm no se constitui texto. Se os elementos da frase que possibilitam a transio de uma ideia para outra no se estabelecem coeso entre as partes expostas, no se configura como texto. Pense nisso quando for produzir sua dissertao. O que falta no texto acima unidade e completude.

    A unidade e completude no texto significa direcionamento, reunio de elementos que indique coeso e coerncia no texto.

    O que unidade textual?

    O dicionrio apresenta, dentre muitas, as seguintes definies para o verbete unidade:

    unidade. s.f. 4. qualidade do que um ou nico ou uniforme. 6. homogeneidade; () 7. coordenao ou harmonia das partes de uma obra literria, artstica, cientfica, etc.; 8. ao coletiva orientada para o mesmo fim, () unio.13

    Durante a leitura, percebemos facilmente se existe harmonia, uniformidade, homogeneidade entre as partes do texto; e como essas partes se orientam para o mesmo fim, a construo de sentidos daquele texto.

    Somos capazes de perceber tambm quando o texto est desprovido de harmonia, uniformidade, homogeneidade entre suas partes e como a falta de unidade prejudica a construo de sentidos, pois a unidade textual tem a ver com a coerncia.

    Para que a unidade exista, necessrio que na introduo o autor apresente o assunto de que vai tratar, propondo o enfoque que ser dado a ele, isto , tematizando-o. importante tambm que, no desenvolvimento do texto, acrescente novas informaes a respeito do referente, estabelecendo relaes entre as informaes para tornar seu texto uma unidade harmnica e completa.

    Quantas vezes, ao lermos, ficamos com a sensao de que o texto ficou pela

    13 Aulete Digital. Disponvel em: . Acesso em 20 mar 2015

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 25

    metade! Esse um problema frequente principalmente para quem vive apressado. Aflitos por terminar, encerramos nossos textos de forma repentina, interrompendo o fluxo, prejudicando drasticamente a compreenso, para no dizer a qualidade de nossos textos.

    O que acontece com esses textos interrompidos? Falta completude. A completude auxilia na construo de sentidos. A ausncia de qualquer uma das partes de um texto pode prejudicar a sua compreenso, comprometendo seu sentido.

    Entretanto, preciso ficar claro: dizer que um texto dotado de completude no significa dizer que ele est acabado, fechado, encerrado. O texto sempre possibilita intervenes novas, tanto por parte do leitor quanto do autor. Na verdade ele est constantemente se fazendo, pois, a cada leitura, trazemos para o texto e extramos dele novas informaes, novos sentidos.

    Embora sejamos competentes para, diante de um texto, detectar quando ele est incompleto e at para complet-lo, muitas vezes, quando construmos nossos textos no nos damos conta de que omitimos detalhes essenciais para a sua unidade, o que gera no leitor a sensao de estar diante de uma obra inacabada.

    importante ficarmos sempre atentos ao redigir, a fim de garantir a unidade e a completude. Elas so muito importantes para que o leitor estabelea os sentidos do texto.

    Outro fator importante para garantir a unidade do texto a manuteno do tema. Durante o desenvolvimento do texto no podemos nos desviar do tema, ou a leitura pode ficar prejudicada e nosso texto se tornar incompreensvel. Entretanto, preciso ateno para faz-lo progredir e manter o tema.

    RESUMINDO:

    Figura 12 - Elementos responsveis pela textualidade

    Fonte: Do autor

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 26

    Para saber mais, acesse o vdeo de MEDEIROS, Joo. Coerncia e coeso.

    Disponvel em:< http://www.youtube.com/watch?v=XV1kfYB7NLc.>

    Leitura do livro: FRVERO, Leonor. Coeso e Coerncia textuais. Editora tica.

  • Produo TextualUnidade 01 - Conceito de texto, Coeso , Unicidade e Coerncia 27

    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS

    YOUTUBE. MEDEIROS, Joo. Coerncia e coeso. Disponvel em: Acesso em 08 jul 2014

    MEDEIROS, Joo Bosco. Portugus Instrumental: para cursos superiores.4 ed. So Paulo: Atlas, 2008.

    MEDEIROS, Joo Bosco. Comunicao escrita: a moderna prtica da redao. So Paulo: Atlas, 1988.

    TERCIOTTI, Sandra Helena. Portugus na prtica para cursos de graduao e concursos pblicos. So Paulo : Saraiva, 2011.

    EINSTEIN, Albert. Mensagem para o primeiro dia de aula para Professores e Alunos. Disponvel em: . Acesso em 24 set 2014.

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 28

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 29

    INTRODUOEsta unidade muito importante para o desenvolvimento dos textos

    dissertativos. Nela voc aprender como elaborar o esqueleto do texto, ou seja, sua estrutura.

    Nesta Unidade abordaremos sobre como escrever uma boa introduo, que Medeiros (2008) chama de saber partilhado. neste momento que emissor negocia com o leitor, coloca-se em um nvel de entendimento, estabelece um acordo, para depois , expor as informaes novas.

    Evidenciou-se ainda sobre o desenvolvimento do texto, nele voc ver como devemos desenvolver os argumentos citados na introduo, as provas que so elementos que do veracidade sua escrita.

    Falamos tambm sobre o tema, a referncia e o ttulo no texto. Neles vemos a importncia de abordar o assunto correto e de ter o cuidado para no fugir do tema proposto na hora de escrever sua redao.

    Agora, aprofundaremos nossos estudos sobre os elementos estruturais do texto que deve apresentar a seguinte estrutura: saber partilhado, informaes novas, as provas, o tema, a referncia e a concluso.

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 30

    2. Elementos Estruturais Do Texto

    2.1 - Saber partilhado

    Entende-se a informao antiga, do conhecimento da comunidade, o momento em que o escritor negocia a leitura de seu texto com o leitor. De modo geral, o saber partilhado aparece na introduo, um local privilegiado para chamar ateno do leitor. Nesse sentido, voc precisa convencer o leitor que sua introduo muito interessante, que sua tese inicial convincente.

    Veja o exemplo no texto :

    No fcil falar do prprio pai; no mnimo se correr o risco de ser sentimental, especialmente quando o personagem teve a estatura que Jlio Mesquita foi aos poucos adquirindo merc de sua ao e difuso de seu pensamento, uma e outro muito polmico, marcando, como no poderia deixar de ser, todos ns que crescemos sob o influxo de seus ensinamentos, ou vivendo o afastamento imposto pelo exlio, ou a angstia de no saber quando suas incurses pela poltica, que muitas vezes tinham fronteira com a revoluo, o levariam de novo priso

    (O Estado de So Paulo, Suplemento Cultura, 15 de fev. 1992,p.2 apud. Medeiros, 2008,p.40)

    No texto acima, no difcil entender que a informao destacada de amarelo No fcil falar do prprio pai; no mnimo se correr o risco de ser sentimental pertence ao saber partilhado. O emissor negocia com o leitor, coloca-se em um nvel de entendimento, estabelece um acordo, para depois , expor as informaes novas.

    na introduo que o escritor da redao coloca a ideia- tese. O que isso? Ele faz uma retomada ao tema proposto e acrescenta os argumentos que sero desenvolvidos ao longo de sua dissertao.

    Caro aluno, cabe introduo situar o leitor dentro do que vai ser discutido, pois constitui o primeiro pargrafo do texto e funciona como uma apresentao deste.

    Ao ler a introduo, o leitor deve ficar ciente do que ser discutido, tendo a noo da dimenso do problema, ou perceber o ponto de vista que ser defendido, e principalmente, sentir-se atrado pelo texto.

    Detalhamos aqui dois tipos de introduo: a introduo-tese, presente

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 31

    em dissertaes argumentativas e a introduo com exemplos, geralmente, em dissertaes expositivas.

    Introduo-tese:

    Expe-se uma tese (argumento) a ser defendida, a qual ser retomada na concluso para confirmar o que foi exposto na introduo, com base, claro, no desenvolvimento.

    Introduo com exemplos:

    So muito atrativas, nelas so apresentados exemplos de como as situaes expostas ocorrem, dando ao leitor a dimenso do problema.

    Em casos de dissertao argumentativa sugere-se a escrever a introduo-tese.

    2.2 - A informao(es) nova(s)

    Servem para desenvolver o texto, expandi-lo. O autor considera como no sendo do conhecimento de todos e, portanto, capaz de estimular o leitor a continuar a leitura. A existncia de um texto implica ter algo de novo para dizer, ou dizer algo antigo sob forma nova; encontram-se no desenvolvimento do texto.

    A informao nova se caracteriza como uma necessidade para a existncia de um texto. Sem ela, no h razo para o escritor escrever nada. Um texto s se configura texto quando veicula uma informao que no era do conhecimento do leitor, ou que no o era da forma como ser exposta, o que implica, naturalmente, matizes novos, uma nova maneira de ver os fatos. Ser na informao nova que voc colocar as provas a respeito dos argumentos citados na introduo. No caso do exemplo citado acima, as informaes novas vo de o personagem teve a estatura que Jlio mesquita foi aos poucos adquirindo merc de sua ao e difuso de seu pensamento, uma e outro muito polmico, marcando, como no poderia deixar de ser, todos ns que crescemos sob o influxo de seus ensinamentos, ou vivendo o afastamento imposto pelo exlio, ou a angstia de no saber quando suas incurses pela poltica, at aqui.

    No caso do exemplo apresentado, temos como informao nova os pormenores de que o autor do texto expe: o pai era um homem de ao, que buscava difundir seu pensamento, era polmico, foi exilado, era uma pessoa que atuava politicamente.

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 32

    2.3 - A referncia, tema e o ttulo

    A referncia diz respeito ao assunto ( mensagem) geral do texto, e o tema ao assunto especfico; todo tema est inserido dentro de um assunto maior que chamamos de referencial, referncia, e ou referente. Encontram-se desde a introduo at a concluso. E o ttulo o resumo do texto que voc escreveu.

    Para entender melhor a diferena entre referncia, tema e ttulo veja a pirmide abaixo:

    Figura 13 Diferena entre referncia, tema e ttulo

    Fonte: Do autor

    Vejamos a explicao sobre a pirmide acima:

    Se lhe for proposto o seguinte tema:

    A violncia aumenta, o sistema de segurana pblica falha e a sensao de impotncia e insegurana cresce. Diante disso, grupos de pessoas resolvem se reunir para, elas mesmas, julgar e penalizar suspeitos de cometer crimes. Se autointitulam como justiceiros, que buscam fazer a justia, que aparentemente no feita pelo poder pblico, com as prprias mos. As penas vo de amarrar suspeitos a postes, humilhao, espancamento e, em alguns casos, at execuo. O Brasil, no entanto, um Estado Democrtico de Direito, ou seja, um pas regido por leis que defendem o direito julgamento pelo sistema judicirio e a aplicao de penas no degradantes e que tambm no incluem a pena de morte. Portanto, justiceiros tambm estariam cometendo crimes, de acordo com a lei. O tema proposto pelo Banco de Redaes14 em maro de 2014 e que dever ser retratado em sua redao : Justiceiros: o que voc acha deste tipo de atitude?

    Vamos interpretar:

    a) Qual o assunto do texto acima? O tema justiceiros que buscam fazer a justia que no feita pelo poder pblico.14 Disponvel em: Acesso em: 20 mar 2015.

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 33

    Agora vamos perguntar novamente:

    b) O tema justiceiros est dentro de qual assunto? O tema justiceiros est dentro do assunto Segurana Pblica.

    c) Ento , na letra a, temos o tema da redao. Em b temos a referncia do tema, ou seja, o assunto de qual foi retirado o tema.

    Por que importante saber dessa relao entre referncia, tema e ttulo? Para voc, ao escrever sua redao no fugir do tema.

    O ttulo um resumo do texto que voc escreveu, portanto, deixe para coloc-lo depois que terminar a dissertao.

    2.4 - As provas

    So elementos que do veracidade aos argumentos do texto, tais como: datas, dados, depoimentos, aluso histrica, nomes de pessoas ilustres, nomes de pases, e outras expresses que o autor junta aos seus objetivos para dar veracidade aos argumentos citados no texto. Elas aparecem, especialmente, no desenvolvimento do texto, ou seja, nas informaes novas, pois o momento de comprovar se o escritor do texto est com a razo.

    2.5 - A concluso

    A concluso o fechamento do texto. formada por uma expresso inicial com a finalidade de encerrar o assunto, referncia ao tema e uma observao final, ou seja, a opinio do escritor a respeito do assunto.

    Aps a exposio e comprovao das ideias, necessrio construir um pargrafo que sintetize e reafirme o tema, dando-lhe um fecho, ou um pargrafo que mostre possveis solues para o problema apresentado, vindo a justificar a tese, tornando-a verdadeira.

    A concluso pode ser escrita de trs formas:

    Concluso-resumo

    a forma mais comum de concluir o texto. Resume-se os aspectos abordados no desenvolvimento e apresenta-se ou refora a tese.

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 34

    Concluso-proposta

    Este tipo de concluso aponta solues pra o problema tratado, ou seja, apresenta-se sadas ou medidas que possam ser tomadas.

    Concluso-surpresa

    So concluses inesperadas que surpreendem o leitor. Possibilitam ao autor do texto maior liberdade de construo, podendo fazer uso de citaes, pequenas histrias , um fato curioso, ou ainda, ironias. Porm preciso cautela, pois apesar de permitir liberdade, pode ser tambm, mais complexa.

    Vejamos agora um resumo de tudo que foi falado sobre os elementos estruturais do texto:

    RESUMINDO: OS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO TEXTO

    Figura14 - Resumos dos elementos estruturais do texto

    Fonte: Dados do autor

    Caro aluno, j discutimos sobre o conceito de texto, os elementos estruturais do texto, agora podemos observar os nveis de conhecimento do texto, tais como: superestrutura, macroestrutura e microestrutura.

    2.6 - Nveis de conhecimento do texto: superestrutura, macroestrutura e microestrutura do texto

    2.6.1 Macroestrutura

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 35

    Quando decidimos escrever algo, precisamos interrogar: o qu escrever ?

    Nesse sentido, o que escrever diz respeito da tipologia textual escolhida. Se eu quero produzir um texto opinativo (opinio) a superestrutura escolhida ser uma dissertao; caso escolha produzir um texto que v contar um fato real ou fictcio, a superestrutura ser narrao; caso o texto envolva caractersticas (fsicas e ou psicolgicas), a superestrutura ser uma descrio. E assim procede com cada tipologia textual (alguns autores chamam-nas de gneros).

    2.6.2 Superestrutura

    Quando vamos elaborar o esqueleto do texto, vem a pergunta: como escrever?

    Este fato est relacionado a saber colocar dentro do texto os elementos estruturais, tais como: o saber partilhado, que na introduo vamos chamar de tese inicial, na narrao de situao inicial e conflito, e na descrio, apresentao das caractersticas do ser ou do objeto escolhido. Ns chamamos de macroestrutura a disposio dos elementos estruturais dentro do texto, seja qual for a tipologia escolhida.

    2.6.3 Microestrutura

    Ao colocar os elementos estruturais dentro do texto precisamos usar

    pargrafos que envolvem palavras, frases, oraes e perodos que daro sequncia as ideias que queremos passar para o leitor. Assim, utilizamos a gramtica da Lngua Portuguesa, tais como: substantivos, adjetivos, verbos, pronomes, ortografia, pontuao, acentuao, regncia verbal e nominal, e concordncia verbal e nominal. Com isso, estamos elaborando no texto, o que chamamos de microestrutura, ou seja, tudo que escrevemos dentro do pargrafo.

    E finalmente, para quem escrever?

    Diz respeito ao pblico-alvo que vou escrever. Pode ser uma escrita para um amigo, professor, diretor de uma empresa, artigo de opinio para uma revista peridica, um jornal. Ento, cada pblico-alvo vai exigir uma caracterstica especfica de escrita. E o escritor deve adequar seu texto de acordo com o pblico que quer convencer. Pense nisso!

    Visualize no quadro abaixo, nele fixamos os conceitos anteriores de macroestrutura, superestrutura, microestrutura do texto dissertativo.

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 36

    Figura 15 - Conceito de macroestrutura, superestrutura e microestrutura

    Fonte : Do autor

    Todo texto dissertativo apresenta uma superestrutura (o tipo de texto escolhido, vai apresentar introduo, desenvolvimento e concluso), a macroestrutura (preenchimento dos elementos de acordo com cada tipologia escolhida) e a microestrutura (elementos gramaticais ).

    Vejamos os exemplos:

    O texto dissertativo possui a seguinte superestrutura, veja na figura 16 abaixo:

    Figura 16 - Exemplo de superestrutura do texto dissertativo

    Fonte: Do autor

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 37

    Leia o texto abaixo e verifique a superestrutura:

    Alienao social favorece corrupo

    O ativista poltico estadunidense Martin Luther King Jr. cunhou uma famosa frase que, por seu contedo, e os crnicos episdios de corrupo endmica no Brasil, ecoa atual e muito apropriada para esta sociedade miservel de conscincia cvica e deploravelmente alienada.[...], o que preocupa no o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem carter, dos sem tica [...], o que preocupa o silncio dos bons. E acrescentaramos, o que preocupa no a corrupo em si, esta que assola o Pas e a sociedade, mas a corrupo da conscincia e da capacidade de indignao de cada cidado.

    Os maus sempre existiro. Entretanto, se um pas no for composto por cidados livres e lcidos, as esperanas de uma sociedade mais digna sero meras utopias. A corrupo no Brasil atingiu nveis to abjetos, que os canalhas so cultuados como celebridades e vistos at com certa referncia de status social. Existe uma aceitao tcita por grande parte da sociedade com a corrupo. H uma conivncia com a macrocriminalidade, numa relao de comensalismo e simbiose, enquanto, por outro lado, hipocritamente, exigem a produo de leis penais mais severas para os sujeitos da microcriminalidade. O cidado mdio, o que no integra a pandilha, enfrenta um terrvel drama tico e existencial: como viver honestamente se os homens pblicos, os que criam as normas de convivncia, so bandidos?

    A sociedade, por seu exacerbado egosmo, despreza a ideia de Estado apregoada por Rousseau, segundo a qual a vontade de todos a soma das vontades particulares e o fim do Estado o bem comum, e adota a concepo de Engel, em que o Estado o resultado de um processo onde a classe mais poderosa, economicamente dominante, que atravs dele se torna dominante tambm politicamente, adquire um novo instrumento para manter subjugada a classe oprimida e explor-la.

    No Brasil, a explorao e a subjugao no ocorrem apenas pelo domnio e monoplio da economia e do poder poltico, mas, principalmente, pela apropriao dos recursos pblicos que deveriam ser destinados promoo do bem-estar coletivo. [...], no Brasil as pessoas comumente criticam a corrupo na Administrao Pblica, se indignam quando veem notcias na imprensa dando conta de mais um desvio de recursos pblicos. No dia a dia, somos pessoas tolerantes com os desvios aos quais atribumos o nome de jeitinho brasileiro, com a informalidade e com o descumprimento de certas normas legais.

    ROCHA Bezerra Manoel L.15

    15 Disponvel em: . Adaptado. Acesso em 20 mar 2015.

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 38

    Analisando o texto acima, temos:

    A Macroestrutura: a prpria dissertao.

    Figura 17 - Exemplos de macroestrutura, superestrutura dentro do texto.

    Fonte: Do autor

    Voc observou que na introduo, o autor colocou a tese inicial, pautada pelos seguintes argumentos: episdios de corrupo endmica no Brasil e sociedade miservel de conscincia cvica, alienada.

    No desenvolvimento, ele aborda dois argumentos: a corrupo xconivncia com a macrocriminalidade, e a sociedade egosta x explorao da classe dominante.

    Na concluso, o autor fecha o texto com uma crtica de que no Brasil, as pessoas criticam a corrupo, mas apoiam o jeitinho brasileiro.

    Se voc escrever uma boa estrutura, maiores so as chances que desenvolver uma boa dissertao.

  • Produo TextualUnidade 02 - Elementos estruturais do texto 39

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    MEDEIROS, Joo Bosco. Portugus Instrumental: para cursos superiores.4 ed. So Paulo: Atlas, 2008.

    MEDEIROS, Joo Bosco. Comunicao escrita: a moderna prtica da redao. So Paulo: Atlas, 1988.

  • Produo TextualUnidade 03 - O pargrafo no texto dissertativo 40

  • Produo TextualUnidade 03 - O pargrafo no texto dissertativo 41

    INTRODUOCaro aluno, voc precisa reservar um tempo para a leitura, pois o ato de ler

    muito importante para a construo do texto dissertativo. Quando optamos por um curso a distncia no podemos fugir do compromisso de ser leitores assduos dos textos sugeridos aqui e os temas veiculados pela mdia. Enriquecer nossa competncia lingustica significa ter mais ideias para a produo de textos.

    Nesta unidade, aborda-se o desenvolvimento do pargrafo no texto dissertativo. A construo de pargrafos que faz parte da microestrutura do texto. Para isso, aqui, estudaremos a diviso do pargrafo em: tpico frasal, desenvolvimento e concluso. Evidenciou-se ainda sobre o seu tamanho, e dez formas mais comuns para se iniciar um pargrafo.

    Voc vai perceber que saber redigir pargrafos treinar, tambm, a produzir bons textos referentemente organizao das ideias e ao encadeamento lgico das mesmas. Vai entender ainda que a estrutura do pargrafo a mesma do texto dissertativo estudada na unidade 02 deste curso. D para perceber uma correlao entre os elementos estruturais do texto

    Aprofundaremos agora nossos estudos sobre a construo do pargrafo.

  • Produo TextualUnidade 03 - O pargrafo no texto dissertativo 42

    3. O Pargrafo no Texto Dissertativo

    3.1 Conceito e diviso do pargrafo

    O pargrafo uma unidade de qualquer redao. Serve para dividir o texto (que um todo) em partes menores, tendo em vista os diversos enfoques.

    Quando se muda o pargrafo, no se muda o assunto. O assunto, a rigor, deve ser o mesmo, do princpio ao fim da redao. A abordagem, porm pode mudar. E aqui que o pargrafo entra em ao. A cada novo enfoque, cada nova abordagem, haver novo pargrafo.

    Redigir pargrafos um treino que tambm ajuda na produo de bons textos, principalmente no que diz respeito organizao das ideias e ao encadeamento lgico das mesmas.

    Formalmente, o pargrafo indicado atravs da mudana de linha e um afastamento da margem esquerda. Funcionalmente, a compreenso da estrutura do pargrafo o melhor caminho para a segura compreenso do texto. Mas, voc vai encontrar na internet textos que no apresentam o afastamento da margem esquerda. Ento como identifica-lo? simples, basta voc compreender a diviso do pargrafo.

    O pargrafo apresenta algumas partes bem distintas. Dentre elas, a mais importante o tpico frasal.

    Que tpico frasal? a ideia-ncleo extrada, de maneira clara e concisa, do interior do pargrafo.

    As outras partes do pargrafo so:

    desenvolvimento, atravs do qual o tpico frasal recebe uma car ga informativa em que, muitas vezes, se agregam ideias secundri as;

    concluso, nem sempre presente; serve para resumir o contedo do pargrafo, sublinhando o seu ponto de interesse e localizan do-se no final do mesmo;

    elemento relacionador, no obrigatrio, mas geralmente pre sente a partir do segundo pargrafo; estabelece um encadeamento lgico entre as ideias, servindo de ponte entre o pargrafo em si e o tpico que o antecede ( um fator de coeso e coerncia ).

    Veja um exemplo de um pargrafo e suas divises:

  • Produo TextualUnidade 03 - O pargrafo no texto dissertativo 43

    Com efeito, considerar-se- o emissor como uma conscincia que transmite uma mensagem para outra conscincia que o receptor. Portanto, a mensagem ser elaborada por uma conscincia e ser igualmente assimila da por outra conscincia. Dever, ento, ser, antes de mais nada, pensada e depois transmitida. Mas, para ser transmitida, deve ser antes mediatizada, j que a comunicao entre as conscincias no pode ser feita diretamente; ela pressupe sempre a mediatizao de sinais simblicos. Tal , com efeito, a funo da linguagem. (Antnio Joaquim Severino)

    elemento relacionador = Com efeito;

    tpico frasal = A comunicao se faz entre uma conscincia (transmissor) e outra conscincia (receptor), pressupondo mediati zao;

    desenvolvimento = Toda explicao constante no resto do par grafo com exceo da concluso;

    concluso = Tal , com efeito, a funo da linguagem.

    O pargrafo que encerrar a ideia-ncleo do texto chamar de pargrafo-padro ou seja, tpico frasal. Normalmente, encontra-se na introduo do texto.

    3.2 Tamanho do pargrafo

    Os pargrafos so moldveis como a argila, podem ser aumentados ou diminudos, conforme o tipo de redao, o leitor e o veculo de comunicao onde o texto vai ser divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos pargrafos, dar colorido especial ao texto, captando a ateno do leitor, do comeo ao fim. Em princpio, o pargrafo mais longo que o perodo e menor que uma pgina impressa no livro, e a regra geral para determinar o tamanho o bom senso.

    Os pargrafos curtos, prprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca formao cultural. A notcia possui pargrafos curtos em colunas estreitas, j artigos e editoriais costumam ter pargrafos mais longos. Revistas populares, livros didticos destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam pargrafos curtos.

    Quando o pargrafo muito longo, o escritor deve dividi-lo em pargrafos menores, seguindo critrio claro e definido. O pargrafo curto tambm empregado para movimentar o texto, no meio de longos pargrafos, ou para enfatizar uma ideia.

  • Produo TextualUnidade 03 - O pargrafo no texto dissertativo 44

    3.3 Dez formas mais comuns para se iniciar um pargrafo

    Ao escrever seu primeiro pargrafo, voc pode faz-lo de forma criativa. Ele deve atrair a ateno do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: atualmente, hoje em dia, desde pocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos.

    3.3.1 - Uma declarao (tema: liberao da maconha)

    um grave erro a liberao da maconha. Provocar de imediato violenta elevao do consumo. O Estado perder o precrio controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrpi cas e nossas instituies de recuperao de viciados no tero estrutura suficiente para aten der demanda. (Alberto Corazza, Isto , 20 dez. 1995).

    A declarao a forma mais comum de comear um texto. Procure fazer uma declarao forte, capaz de surpreender o leitor.

    3.3.2 - Definio (tema: o mito)

    O mito, entre os povos primitivos, uma forma de se situar no mundo, isto , de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. E um modo ingnuo, fantasioso, anterior a toda reflexo e no-crtico de estabelecer algumas verdades que no s explicam parte dos fenme nos naturais ou mesmo a construo cultural, mas que do, tambm, as formas da ao humana. (ARANHA. M. Lcia de Arruda & MARTINS, M. Helena Pires. ( Moderna, 1992. p. 62.)

    A definio uma forma simples e muito usada em pargrafos-chave, sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar s a primeira frase ou todo o primeiro pargrafo.

    3.3.3 - Diviso (tema: excluso social)

    Predominam ainda no Brasil duas convices errneas sobre o problema da excluso soci al: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder pblico e a de que sua superao envolve muitos recursos e esforos extraordinrios. Experincias relatadas nesta Folha mos tram que o combate marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esfor os do poder pblico e ampla participao da iniciativa privada. (Folha de S. Paulo, 17 dez. 1996).

    Ao dizer que h duas convices errneas, fica logo clara a direo que o pargra fo vai tomar. O autor ter de explicit-las na frase seguinte.

  • Produo TextualUnidade 03 - O pargrafo no texto dissertativo 45

    3.3.4 - Aluso histrica (tema: globalizao)

    Aps a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalizao. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competio. (Folha de S. Paulo, 17 dez. 2000).

    O conhecimento dos principais fatos histricos ajuda a iniciar um texto. O leitor situado no tempo e pode ter uma melhor dimenso do problema.

    3.3.5 - Uma pergunta (tema: a sade no Brasil)

    Ser que com novos impostos que a sade melhorar no Brasil? Os contribuintes j esto cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece no ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que s parece piorar. ( Fonte do autor)

    A pergunta no respondida de imediato. Ela serve para despertar a ateno do leitor para o tema e ser respondida ao longo da argumentao.

    3.3.6 - Uma frase nominal seguida de explicao (tema: a educao no Brasil)

    Uma tragdia. Essa a concluso da prpria Secretaria de Avaliao e Informao Educa cional do Ministrio da Educao e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3 ano do 2 grau submetidos ao SAEB (Sistema de Avaliao da Educao Bsica), que ainda avaliou estu dantes da 4 srie e da 8 srie do 1 grau em todas as regies do territrio nacional. (Folha de S Paulo, 27 nov. 1996).

    A palavra tragdia explicada logo depois, retomada por essa a concluso.

    3.3.7 - Adjetivao (tema: a educao no Brasil)

    Equivocada e pouco racional. Esta a verdadeira adjetivao para a poltica educacional do governo. (Anderson Sanches, Infocus, n. 5, ano 1, out. 1966. p. 2.)

    A adjetivao inicial ser a base para desenvolver o tema. O autor dir, nos par grafos seguintes, por que acha a poltica educacional do governo equivocada e pou co racional.

    3.3.8 - Citao (tema: poltica demogrfica)

    As pessoas chegam ao ponto de uma criana morrer e os pais no chorarem mais, traze rem a criana, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem

  • Produo TextualUnidade 03 - O pargrafo no texto dissertativo 46

    embora. O comentrio, do fotgrafo Sebastio Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, um acicate no estado de letargia tica que domina algumas naes do Primeiro Mundo.( Dl FRANCO, Carlos Alberto. Rio, Vozes, 1995. p. 73).

    A citao inicial facilita a continuidade do texto, pois ela retomada pela palavra comentrio na segunda frase.

    3.3.9 - Comparao (tema: reforma agrria)

    O tema da reforma agrria est presente h bastante tempo nas discusses sobre os pro blemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparao entre o movimento pela abolio da escravido no Brasil, no final do sculo passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrria, podemos perceber algumas semelhanas. (OLIVEIRA, Prsio Santos de. Introduo sociologia So Paulo, tica, 1991 ).

    Para introduzir o tema da reforma agrria, o autor comparou a sociedade de hoje com a do final do sculo XIX, (mostrando a semelhana de comportamento entre elas).

    3.3.10 - Uma sequncia de frases nominais (sem verbo) (tema: a impunida de no Brasil)

    Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clnica do Rio. Meia centena de mortes numa clnica de hemodilise em Caruaru. Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajs. Muitos meses j se passaram e esses fatos continuam impunes. . (Folha de S. Paulo, 18 dez. 2001).

    O que se deve observar nesse tipo de introduo so os paralelismos que do equilbrio s diversas frases nominais. A estrutura de cada frase deve ser semelhante

    RESUMINDO - O PARGRAFO APRESENTA A SEGUINTE DIVISO:

    FIGURA 18 - Organograma do pargrafo

    Fonte: Do autor

  • Produo TextualUnidade 03 - O pargrafo no texto dissertativo 47

    Acesse o vdeo: JNIOR, Jorge. Pargrafo argumentativo. Disponvel em: Acesso em: 08/07/2014 s

  • Produo TextualUnidade 03 - O pargrafo no texto dissertativo 48

    Referncias Bibliogrficas

    MEDEIROS, Joo Bosco. Portugus Instrumental: para cursos superiores.4 ed. So Paulo: Atlas, 2008.

    MEDEIROS, Joo Bosco. Comunicao escrita: a moderna prtica da redao. So Paulo: Atlas, 1988.

    GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna. 27 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.p.219.

    Antnio Joaquim Severino apud VACARI, Darli. Portugus Instrumental 2010. Disponvel em: Acesso: 27/12/2013.

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 49

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 50

    INTRODUOPrezado aluno, chegamos ltima unidade do nosso curso. Agora chegou a

    sua vez de produzir um texto dentro dos requisitos apontados nas unidades 1, 2 e 3.

    Nessa unidade vamos estudar o que uma dissertao, que ser a base de seu texto. uma modalidade de composio que visa analisar, ou comentar expositivamente conceitos ou ideias sobre um determinado assunto. A carta argumentativa que um tipo de texto que visa intervir nas atitudes ou comportamentos das pessoas. Desse modo, podemos afirmar que no texto argumentativo o efeito buscado a persuaso ou o convencimento. O editorial que tambm um texto dissertativo argumentativo que tem como finalidade persuadir (convencer) o leitor, portanto, precisa apresentar argumentos consistentes , construdos a partir de comparaes, depoimentos de autoridades.

    Portanto, esta unidade ser a mais extensa de todas as apresentadas aqui. Voc ter que ao final dela elaborar um texto, dos gneros apresentados aqui, dever escolher uma das trs propostas apresentadas e redigir.

    Boa Sorte!

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 51

    4. Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial

    4.1 A dissertao

    A dissertao uma modalidade de composio que visa analisar ou comentar expositivamente conceitos ou ideias sobre um determinado assunto. Pode apresentar-se de duas formas:

    Expositiva - s expe informaes a respeito de um assunto.

    Argumentativa - Possui uma natureza reflexiva que consiste na ordenao dessas ideias a respeito de um determinado assunto contido em uma frase-tema, um conjunto de textos verbais, no-verbais, com intuito de convencer ao leitor sobre os argumentos apresentados no texto.

    Agora vamos s diferenas entre tema e ttulo.

    4.1.2 A diferena entre tema e ttulo

    Para escrever uma boa dissertao necessrio distinguir o que tema e ttulo.

    TEMA- o assunto sobre o qual voc ir escrever, ou seja, a ideia que ser defendida ao longo de sua composio.

    TTULO- a expresso geralmente curta, colocada no incio do trabalho; , na verdade, apenas uma vaga referncia ao assunto abordado.

    O exemplo abaixo retrata muito bem as diferenas entre tema e ttulo:

    FIGURA 19 - Diferena entre tema e ttulo

    FONTE : Granatic (1992)

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 52

    evidente que para cada ttulo poderia caber inmeros outros temas diferentes dos que foram apresentados, da mesma forma, para cada tema tambm poderia ser criados outros ttulos.

    Veja a comparao dos dois:

    FIGURA 20 - Exemplos entre tema e ttulo

    FONTE : Granatic (1992)

    4.1.3 Os argumentos

    Chamamos de argumentos, as ideias que justificam os pontos de vistas que vamos elaborar antes de redigir o texto dissertativo. Segundo Granatic (1992), voc precisa retirar do tema o que ns chamamos de argumentos.

    Veja:FIGURA 21- Como retirar os argumentos do tema

    FONTE : Granatic (1992)

    Ao iniciar sua reflexo sobre o tema proposto e sobre uma possvel resposta para a questo, procure recordar sobre o que voc j leu ou ouviu a respeito dele. O ideal, para que sua dissertao explore suficientemente o assunto, que voc

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 53

    obtenha duas ou trs repostas para a questo formulada; estas respostas chamam-se argumentos.

    FIGURA 22 - Argumentos da dissertao

    FONTE: Granatic (1992)

    O prximo passo redigir sua dissertao, e vamos comear pela introduo. Ento como escrev-la? Veja abaixo:

    4.1.4 A introduo.

    Para redigir a introduo, basta que voc faa uma referncia ao tema e acrescente os trs argumentos, assim como aparecem no quadro.

    Veja como deve ser o primeiro pargrafo:

    O mundo moderno caminha atualmente t para sua prpria destruio,pois tem 1havido inmeros conflitos internacionais,2o meio ambiente encontra-se ameaado por srio desequilbrio ecolgico e, alm do mais, 3permanece o perigo de uma catstrofe nuclear.

    Legenda: t: tema, 1 arg., 2 arg.,3 arg.

    O segundo passo redigir o desenvolvimento. Lembre-se dos contedos abordados nas unidades 1, 2 e 3 deste curso. Vamos construir aqui trs pargrafos para o desenvolvimento da redao.

    4.1.5 O desenvolvimento

    Agora s desenvolver os argumentos (1, 2 e 3) citados na introduo. Desenvolvimento - explicao dos argumentos citados na introduo, provas. Ser iniciado no segundo pargrafo.

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 54

    (1) Nestas ltimas dcadas, temos assistido, com certa preocupao, aos inmeros conflitos internacionais que sucedem. Muitos trazem na memria a triste lembrana das guerras do Vietn e da Coria, as quais na Amrica Central que envolvendo as grandes potncias internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de propores incalculveis.

    Terceiro pargrafo da redao e segundo do desenvolvimento e segundo argumento citado na introduo.

    (2) Outra ameaa constante o desequilbrio ecolgico, provocado pela ambio desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as guas dos rios. Tais atitudes contribuem para o meio ambiente, em virtude de tantas agresses, acaba por se transformar em um local inabitvel.

    Quarto pargrafo da redao e terceiro do desenvolvimento, terceiro argumento citado na introduo.

    (3) Alm disso, enfrentamos srio perigo relativo utilizao da energia atmica. Quer pelos acidentes que j ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por um eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderamos sobreviver diante do poder avassalador desses sofisticados armamentos.

    4.1.5 A concluso

    Quinto pargrafo concluso uma frase inicial, retomada ao tema e observao final (sua opinio a respeito do tema)

    Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos a caminho do nosso prprio extermnio. desejo de todos ns que algo possa ser feito no sentido de conter essas diversas foras destrutivas, para podermos sobreviver s adversidades e construir um mundo que, por ser pacfico, ser mais facilmente habitado pelas geraes vindouras.

    Veja como vai ficar o esquema de uma dissertao:

    FIGURA 23 - Esquema da dissertao

    FONTE: Granatic (1992)

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 55

    Viu como fcil construir a estrutura de uma redao. Basta que voc respeite os critrios de introduo, desenvolvimento e concluso.

    Para saber mais acesse os seguintes vdeos:

    Video: Aula de Redao para ENEM Vestibular e Concursos Texto Dissertativo - Fatores de Textualidade Acesso em: 08/07/2014 s 14:15.

    Vdeo: REIS, Rosane. A ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO. Disponvel em: Acesso em 08/07/2014 s 17:03.

    4.2 A carta argumentativa

    Os textos argumentativos esto presentes em vrios gneros como: artigo de opinio, debate, editorial, carta argumentativa, resenha, etc.

    A carta argumentativa tambm pertence ao gnero dissertativo, ou seja, tem a funo de persuadir, defender um ponto de vista do escritor. O que vai diferenci-la dos demais exatamente o tipo de pblico que endereamos.

    Por chamar carta, tem a superestrutura de uma carta normal, porm com funo de dissertar.

    A carta argumentativa apresenta as seguintes caractersticas:

    4.2.1Caractersticas da carta argumentativa

    FIGURA 24- Caractersticas das cartas argumentativas

    FONTE: Cereja e Magalhes, 2003, p. 418

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    4.2.2 Superestrutura da carta argumentativa

    Entendemos por superestrutura da carta argumentativa o esqueleto de como montar os argumentos dentro dela. O que foi descrito na unidade 2 deste curso. Veja, a carta vai diferenciar da dissertao s nos itens cabealho e vocativo, mas no desenvolvimento se assemelha, e na concluso temos o final com uma expresso cordial.

    No assine seu nome na carta esctrita , e nem faa pseudnimo, embora toda carta deva ser assinada, aqui sua assinatura significa zero na redao.

    FIGURA 25 - Superestrutura da carta argumentativa.

    FONTE: Cereja e Magalhes, 2003, p. 419

    4.2.3 Modelo de carta argumentativa

    Transcrevemos um modelo de carta argumentativa mais adequada ao momento atual. Vale a pena conferir. Trata-se de um pedido de afastamento do Presidente do Senado, Jos Sarney.

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 57

    Braslia, 30 de julho de 2009.

    Excelentssimo Senhor Presidente Jos Sarney,

    Com as minhas consideraes, venho tratar de um assunto bastante recorrente na mdia nos ltimos meses, o qual envolve diretamente V. Exa., como Presidente do Senado Federal, Casa pela qual tenho o maior respeito. Trata-se de denncias de favorecimento a vrios senadores, por via de Atos Secretos, inclusive o Senhor, fato que envergonha a todos ns, brasileiros.

    A minha viso de que o Senhor Presidente deveria pedir afastamento do cargo. Sem querer fazer um julgamento precipitado, mesmo porque todos so inocentes at que se prove o contrrio, o fato que as denncias existem e no so simples. So muitos os indcios de beneficiamento ilcito, como casos de nepotismo e aumento de verba indenizatria, sem publicao nos devidos rgos de imprensa oficiais. Vossa Excelncia aparece ligado a diversos desses Atos e, por isso, acho que sair, pelo menos temporariamente, seria uma prova de que pretende colaborar com as investigaes.

    Tais investigaes constituem um elemento decisivo para a transparncia pblica, uma vez que a sociedade precisa ter conhecimento de como o dinheiro de seus impostos e tributos esto sendo aplicados. Num pas em que a educao e sade, s para citarmos duas reas, costumeiramente vo de mal a pior, inadmissvel aceitarmos que ocorrncias dessa natureza sejam consideradas normais. Por esse motivo, entendo que o Excelentssimo Senador deve pedir licena, visando sempre o interesse pblico.

    Como cidado brasileiro, consciente de minhas obrigaes e direitos, este o meu posicionamento. Se quem no deve no teme, d-se a chance de esclarecer o que o Senhor mesmo chama de denncias infundadas, e isso s pode ser feito a partir do momento em que no mais ocupar a Presidncia dessa Egrgia Casa, pois a sua imagem estar desvinculada de toda e qualquer manobra que porventura exista para no prolongar o caso.

    Com os meus respeitos,

    Povo Consciente.16

    LEGENDA:cabealho vocativo inicial corpo do textoexpresso cordial de despedida assinatura

    16 Disponvel em: . Aces-so em 24 mar 2014.

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 58

    Como perceberam, os pronomes de tratamento se fazem necessrios na escrita de toda e qualquer carta. Saber us-los adequadamente uma questo de princpio para a produo de cartas.Como por exemplo, o vocativo (termo usado para falar com algum, separado por vrgula) nas cartas comea logo por um pronome de tratamento.

    4.2.4 O uso de pronomes de tratamentos na carta argumentativa:

    FIGURA 26 - Uso dos pronomes de tratamento.

    Fonte: Brasil Escola. 17

    O pronome de tratamento concorda:FIGURA 27 - Concordncia do pronome de tratamento

    Fonte: Brasil Escola. 18

    17 Disponvel em . Adaptado. Acesso em 24 mar 2015.18 Disponvel em: . Adaptado. Acesso em 24 mar 2015.

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 59

    Toda carta argumentativa tem um propsito comunicativo que pode ser: elogiar, criticar, parabenizar, solicitar, reclamar.

    4.2.5 - Solicitaes de cartas argumentativas

    FIGURA 28 - Tipos de cartas argumentativas

    FONTE: Cereja e Magalhes, 2003, p. 420

    EXEMPLOS

    EXEMPLO 1

    Ex.: Sou leitora fiel dessa respeitada revista, que sempre traz matrias pertinentes e de tima qualidade, fazendo dela, sem dvida, uma das melhores publicaes de nosso pas. No perco um nmero sequer!

    EXEMPLO 2

    Ex: Ao Senh Presidente da Repblica

    Aqui quem fala um hurmide trabaiad da roa. Me

    descurpe o meu jeito de escrev mai qui eu no pude

    estud no sinh. Eu int quiria mai tinha qui trabai.

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    EXEMPLO 3

    Ex.: Venho por meio desta carta pedir-lhe um aumento de salrio, pois tenho 05 filhos, pago aluguel e o que ganho no suficiente para outros gastos como alimentao e remdios.

    (carta de um operrio de um fbrica para seu patro)

    EXEMPLO 4

    Ex.: Estou a reclamar, atravs dessa carta, o barulho que sua

    fbrica de mveis faz diariamente. Tenho crianas em casa

    e elas no conseguem dormir com tamanho barulho, alm

    de ensurdecedor, contnuo.

    (Carta de um vizinho de uma fbrica de mveis para seu proprietrio)

    Fonte: VILA, Antnio. REDAO: teoria e prtica.Edio do autor. Morrinhos,2010.

    Vdeo: CORREA, Rafael. Aula em vdeo - Gnero carta - Prticas pedaggicas. Disponvel em: http://www.youtube.com/watch?v=JmdLtT3ONP0 .Acesso em: 08/07/2014

    4.3 Editorial

    O editorial tambm um tipo de redao solicitada pelas bancas de concursos. Fique atento s caractersticas do editorial para que voc no erre na hora de elaborar a sua redao.

    O editorial um texto dissertativo argumentativo que tem como finalidade persuadir (convencer) o leitor, portanto, precisa apresentar argumentos consistentes , construdos a partir de comparaes, depoimentos de autoridades.

    Os editoriais abordam um tema do momento, que est em discusso na sociedade. Por meio dos editoriais, os jornais e revistas expressam seu ponto de vista sobre o tema abordado, seja para fazer crtica ou um elogio a algo ou algum, seja para fazer sugestes ou estimular a reflexo. No editorial lido, o jornal deixa claro sua posio. claro que nesta modalidade, voc tambm deixar claro sua opinio, sem prevalecer a presena da primeira pessoa do singular (eu, ns ).

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 61

    O editorial tem uma superestrutura simples, idntica dissertao: apresenta uma ideia principal (tese), que expressa o ponto de vista do jornal sobre o tema; um desenvolvimento, constitudo por pargrafos que fundamentam sua ideia principal; e uma concluso, geralmente formulada no ltimo pargrafo do texto.

    A concluso, no editorial, geralmente ocorre no ltimo pargrafo e costuma apresentar uma sntese das ideias expostas ou uma sugesto ou proposta para a soluo do problema abordado.

    Como os editoriais expressam a opinio do jornal ou revista e no um jornalista em particular, comum eles virem sem a identificao de quem os escreveu. Alm disso, esse gnero privilegia a impessoalidade, isto , o autor fala do tema de modo distanciado, sem se colocar diretamente no texto.

    Veja na figura abaixo a superestrutura do editorial:

    FIGURA 29- Superestrutura do editorial

    Fonte: Do autor

    Agora, veja o texto como exemplo:

    Meio ambiente e tecnologia: no h contraste, h soluoUma das maiores preocupaes do sculo XXI a preservao ambiental,

    fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobrevivncia humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quando analisados, so equivocadamente colocados em oposio tecnologia.

    O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avano tem um preo a se pagar. As indstrias, por exemplo, que so costumeiramente ligadas ao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), responsveis pelo prejuzo causado Camada de Oznio e, por conseguinte, problemas ambientais que afetam

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 62

    a populao.

    Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, no vemos contrastes com o meio ambiente. Estamos numa poca em que preservar os ecossistemas do planeta mais do que avano, uma questo de continuidade das espcies animais e vegetais, incluindo-se principalmente ns, humanos. As pesquisas acontecem a todo momento e, dessa forma, podemos consider-las parceiras na busca por solues a essa problemtica.

    O desenvolvimento de projetos cientficos que visem amenizar os transtornos causados Terra plenamente possvel e real. A era tecnolgica precisa atuar a servio do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais do que em favor de um conforto momentneo. Nessas circunstncias no existe contraste algum, pelo contrrio, h uma relao direta que poder se transformar na salvao do mundo.

    Portanto, as universidades e instituies de pesquisas em geral precisam agir rapidamente na elaborao de pacotes cientficos com vistas a combater os resultados caticos da falta de conscientizao humana. Nada melhor do que a cincia para direcionar formas prticas de amenizarmos a ferida que tomou conta do nosso Planeta Azul.

    Fonte: REVISTA CULT, ano 12, out. 2012.19

    ANALISANDO O TEXTO

    Tema abordado na introduo, tese inicial: Preservao ambiental colocada como paradoxo tecnologia, que na opinio do autor deve ser uma aliada.

    Desenvolvimento: O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avano tem um preo a se pagar.

    As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, podemos consider-las parceiras na busca por solues a essa problemtica.

    A era tecnolgica precisa atuar a servio do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais do que em favor de um conforto momentneo.

    Concluso

    Nada melhor do que a cincia para direcionar formas prticas de amenizarmos a ferida que tomou conta do nosso Planeta Azul.

    19 Disponvel em: . Acesso em 24 mar 2015

  • Produo TextualUnidade 04 - Gneros textuais na produo textual: a dissertao, a carta argumentativa e o editorial 63

    RESUMINDO

    No editorial, privilegia-se por apresentar notcias contextualizadas, para que sua interpretao seja feita apenas por quem j se presta a estudar seu contexto; preciso sempre apresentar a maior quantidade de informao importante, sempre que o assunto o permita. Por apresentar a opinio da direo do jornal, no apresenta assinatura.

    E por isso: a linguagem impessoal, verbos e pronomes em terceira pessoa do singular e ou do plural.

    O editorial um tipo de texto utilizado na imprensa, especialmente em jornais e revistas, que tem por objetivo informar, mas sem obrigao de ser neutro, indiferente. comum se ter uma seo chamada Editorial na mdia impressa.

    A objetividade e imparcialidade no so caractersticas dessa tipologia textual, uma vez que o redator dispe da opinio do jornal sobre o assunto narrado. Logo, os acontecimentos so relatados sob a subjetividade do reprter, de modo que evidencie a posio da mdia, ou seja, do grupo que est por trs do canal de comunicao, uma vez que os editoriais no so assinados por ningum. Assim, podemos dizer que o editorial um texto mais opinativo do que informativo.O editorial possui um fato e uma opinio. O fato informa o que aconteceu e a opinio transmite a interpretao do que aconteceu.

    Segundo Minaho (2013), o editorial um texto: dissertativo, pois desenvolve argumentos baseados em uma ideia central; desenvolvendo as seguintes caractersticas: a crtica, a informao e impessoalidade.

    4.4 DICAS PARA A REDAO EM CONCURSOS (SARMENTO, 2006 ,p. 430)

    4.4.1. Como se preparar para escrever uma boa redao?

    Leia textos em jornais e revista, tanto porque tm predominado temas atuais nos concursos como porque esse hbito aprimora sua competncia lingustica, ampliando o vocabulrio. Editoriais, por exemplo, so bons modelos de dissertao; charges, histrias em quadrinhos, trabalham linguagem verbal e no-verbal, facilitando a sua interpretao nos temas; quadros informativos e grficos trazem dados estatsticos que enriquecem e comprovam seus argumentos;

    V ao cinema, ao teatro e a exposies, ou leia sobre essas produes. Isso pode dar viso abrangente da realidade;

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    Leia o edital, pois nele h informaes importantes sobre como a banca examinadora vai avaliar sua redao, tais como: o tempo que voc ter para escrever, o peso da redao e o nmero de linhas exigido.

    4.4.2 Como construir o texto?

    Evite perodos logos, principalmente no incio do texto. Eles podem gerar ambiguidade e falta de clareza. Construa pargrafos com trs perodos, o primeiro para o tpico frasal; o segundo para o desenvolvimento do pargrafo e o terceiro para a concluso do pargrafo;

    No use grias ou linguagem muito informal. Exige-se do candidato que ele saiba adequar sua redao modalidade escrita formal;

    Evite palavras difceis, que possam transmitir a ideia de falsa erudio e prejudicar a compreenso da redao. recomendvel ter bom domnio das regras gramaticais ( ortografia, acentuao, regncia, concordncia).

    Fuja de frmulas prontas ou clichs. Frases desgastadas como O Brasil um pas de contrastes acabam dizendo pouco. Seja simples, porm com zelo para que a banca perceba sua criao escrita;

    No use expresses eu acho, eu penso. importante voc expressar sua opinio sincera, mas expresses como essas podem sugerir insegurana ou achismo e enfraquecer sua argumentao;

    No faa citaes descontextualizadas, que no possam ser de fato integradas ao texto. Seno voc corre o risco de criar uma colcha de retalhos e prejudicar a estrutura interna da redao.

    4.4.3 Como apresentar seu texto?

    Evite letra de forma , que dificulta a distino entre maisculas e minsculas. Se us-la, no se esquea de que importante que sua redao fique legvel;

    No rasure. Limpeza bom, por isso importante que em sua redao no tenha de ser encontrada no meio de rasuras;

    Faa a redao com caneta azul ou preta, conforme a exigncia do concurso. No use corretor lquido nem escreva a lpis;

    Fique atento ao nmero de linhas. No fique aqum nem v alm do nmero

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