processos erosivos associados a formas pseudo-cársticas

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GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, pp. 107 - 120, 2005 PROCESSOS EROSIVOS ASSOCIADOS A FORMAS PSEUDO– CÁRSTICAS NA DEPRESSÃO PERIFÉRICA DO RIO GRANDE DO SUL* Ivaniza de Lourdes Lazzarotto Cabral** Jurandyr Luciano Sanches Ross*** Luis Eduardo Robaina**** Edgardo Medeiros**** Silvana Fernandes Neto**** * Artigo elaborado a partir de pesquisa realizada no Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo e Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Maria, financiado Pelo Programa de Pós-Graduação da CAPES/USP por intermédio da bolsa de doutoramento do Programa de Pós-Graduação em Geografia Física da Universidade de São Paulo ** Doutoranda em Geografia Física da Universidade de São Paulo – SP, FFLCH/Departamento de Geografia. *** Professor Orientador - Universidade de São Paulo – SP, FFLCH/Departamento de Geografia. E-mail: [email protected] **** Professores do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Maria RESUMO: As manifestações que marcam os eventos responsáveis pela dinâmica superficial da Depressão Periférica Gaúcha respondem por uma “paisagem” regional composta por amplas colinas. Estudos desenvolvidos sobre determinados fatos, como, por exemplo, processos de arenização, voçorocamentos, formas pseudo-cársticas em topo de colinas, evolução pedológica associada à morfologia, caracterização e levantamento geológico e outros, demostraram a complexidade na instalação e evolução do relevo associada a formas topográficas aparentemente simples (colinas com amplas áreas de captação e rampas longas). Considerando as informações prévias sobre o comportamento e as características de alguns fatores importantes na dinâmica das superfícies em determinadas áreas do setor Sudoeste da Depressão Periférica, a proposta é a discussão e a enumeração dos agentes que predispõem e dos que efetivam os processos responsáveis pelo desenvolvimento de voçorocas e depressões interfluviais – formas pseudo-cársticas em cabeceiras de drenagem e topos de colinas. Ambas situadas nas superfícies divisoras d’água entre a bacia do rio Ibicuí e Jacuí, na Depressão Periférica Gaúcha. PALAVRAS-CHAVE: Formas pseudo-cársticas, voçorocamentos, erosão superficial, erosão superficial e subsuperficial ABSTRACT: The manifestations which mark the events responsible for the superficial dynamics of the Peripheral Depression in Rio Grande do Sul - Brazil are responsible for a regional “ landscape”composed by ample hills. Studies developed about certain facts, such as, sand processes, ditches processes, pseudo-karstic forms on top of hills, pedologic evolution associated with morphology, characterization and geologic assessment and so on, demonstrated the complexity on the installation and evolution of the relief associated with topographic forms apparently simple (hills with ample areas of captivation and long ramps). Considering previous information about the behavior and traits of some important factor in the dynamics of the surfaces in some areas of the Southeast section of the Peripheral Depression, the proposal is the discussion and the numbering of agents which predispose and those which affect the processes responsible for the development of ditch band interfluent depressions – pseudo-karstic forms at drain head and top of hills. Both are situated on the surface which divides the water between the basin of the Ibicui River and Jacui River, at Peripheral Depression in Rio Grande do Sul. KEY WORDS: pseudo-karstic forms, drifts, superficial and subsuperficial erosion

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Page 1: Processos Erosivos Associados a formas Pseudo-Cársticas

GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, pp. 107 - 120, 2005

PROCESSOS EROSIVOS ASSOCIADOS A FORMAS PSEUDO–CÁRSTICAS NA DEPRESSÃO PERIFÉRICA DO RIO GRANDE DO SUL*

Ivaniza de Lourdes Lazzarotto Cabral**Jurandyr Luciano Sanches Ross***

Luis Eduardo Robaina****Edgardo Medeiros****

Silvana Fernandes Neto****

* Artigo elaborado a partir de pesquisa realizada no Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo e Departamento deGeociências da Universidade Federal de Santa Maria, financiado Pelo Programa de Pós-Graduação da CAPES/USP por intermédio da bolsa de

doutoramento do Programa de Pós-Graduação em Geografia Física da Universidade de São Paulo** Doutoranda em Geografia Física da Universidade de São Paulo – SP, FFLCH/Departamento de Geografia.

*** Professor Orientador - Universidade de São Paulo – SP, FFLCH/Departamento de Geografia. E-mail: [email protected]**** Professores do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Maria

RESUMO:As manifestações que marcam os eventos responsáveis pela dinâmica superficial da DepressãoPeriférica Gaúcha respondem por uma “paisagem” regional composta por amplas colinas. Estudosdesenvolvidos sobre determinados fatos, como, por exemplo, processos de arenização,voçorocamentos, formas pseudo-cársticas em topo de colinas, evolução pedológica associada àmorfologia, caracterização e levantamento geológico e outros, demostraram a complexidade nainstalação e evolução do relevo associada a formas topográficas aparentemente simples (colinascom amplas áreas de captação e rampas longas). Considerando as informações prévias sobre ocomportamento e as características de alguns fatores importantes na dinâmica das superfícies emdeterminadas áreas do setor Sudoeste da Depressão Periférica, a proposta é a discussão e aenumeração dos agentes que predispõem e dos que efetivam os processos responsáveis pelodesenvolvimento de voçorocas e depressões interfluviais – formas pseudo-cársticas em cabeceirasde drenagem e topos de colinas. Ambas situadas nas superfícies divisoras d’ água entre a bacia dorio Ibicuí e Jacuí, na Depressão Periférica Gaúcha.PALAVRAS-CHAVE:Formas pseudo-cársticas, voçorocamentos, erosão superficial, erosão superficial e subsuperficialABSTRACT:The manifestations which mark the events responsible for the superficial dynamics of the Peripheral Depressionin Rio Grande do Sul - Brazil are responsible for a regional “landscape” composed by ample hills.Studies developed about certain facts, such as, sand processes, ditches processes, pseudo-karstic forms ontop of hills, pedologic evolution associated with morphology, characterization and geologic assessment andso on, demonstrated the complexity on the installation and evolution of the relief associated with topographicforms apparently simple (hills with ample areas of captivation and long ramps). Considering previous informationabout the behavior and traits of some important factor in the dynamics of the surfaces in some areas of theSoutheast section of the Peripheral Depression, the proposal is the discussion and the numbering of agentswhich predispose and those which affect the processes responsible for the development of ditch bandinterfluent depressions – pseudo-karstic forms at drain head and top of hills. Both are situated on thesurface which divides the water between the basin of the Ibicui River and Jacui River, at Peripheral Depressionin Rio Grande do Sul.KEY WORDS:pseudo-karstic forms, drifts, superficial and subsuperficial erosion

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108 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005 CABRAL, I. L. L.; ROSS, J. L. S. ; ROBAINA, L. E. ; MEDEIROS; E. & NETO, S. F.

I – Introdução  No Rio Grande do Sul, a DepressãoPeriférica é palco de uma série de eventos queatuando em conjunto respondem por uma“paisagem” regional composta por amplascolinas, (coxilhas) secionada pela drenagem,onde as condições topográficas e os demaisfatores relevantes à formação do relevo,permitem as mais variadas formas de ação daágua nos processos de modelação eremodelação do relevo.

As principais manifestações queatualmente expressam a evolução do relevoconstituído pelos materiais terrígenos da BaciaSedimentar do Paraná são os processos dearenização e voçorocamento, que refletem osprocessos de erosão acelerada atuantes. Essesprocessos erosivos se diferenciamespacialmente, sendo que, do centro para ooeste do Estado, até o município de Cacequi,junto ao rio Santa Maria, os processos erosivosmais significativos estão representados por

sulcos e voçorocas, enquanto que a arenizaçãoé caracterizada mais para oeste-sudoeste.

Vários são os autores que têmtrabalhado na região oeste do Estado, entreeles citam-se os trabalhos de Cordeiro & Soares(1977), Souto (1985),  IBGE/SEPLAN (1986),Veiga et al. (1987), Maciel Filho, Cabral & Spinelli(1993), Cabral (1993), Klamt & Schneider(1995), Ab’ Saber (1995), Marchiori (1995)Suertegaray (1998), Cabral (1998), Paula et al.(2002), Robaina et al. (2002) e outros, dandosignificativa importância à formação dos areaisna base das vertentes e aos processos devoçorocamento em superfícies de interflúvios,correspondendo às cabeceiras de drenagem.

Outra importante feição presente nodesenvolvimento do relevo na DepressãoPeriférica Gaúcha são as formas rebaixadas emtopo de colina, em geral, associadas a sulcos evoçorocas. Maciel Filho, Cabral & Spinelli (1993),Cabral (1993) e Robaina et al. (2002). O poucoesclarecimento em relação à gênese destas

FOTO 1 – Forma pseudo-cárstica com água em topo de coxilha de 160 metros de altitude.LOCAL: Localidade do Paredão        DATA: 11/04/01.

 

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feições é a conseqüência dos escassos estudostendo esse assunto como objetivo central.

Este artigo, com base nosconhecimentos até então disponíveis, apresentaalgumas discussões referentes à natureza e aosprocessos envolvidos na geração das formasrebaixadas, aproximadamente circulares, nostopos das colinas. Estas formas, conforme aliteratura, assemelham-se às elaboradas norelevo carste. Porém, por terem sua origem edesenvolvimento associados a processosdiferentes dos que envolvem o carstepropriamente dito, adotou-se o termo pseudocarste. Jennings (1987), Coltrinari (1997),Filizola & Boulet (1993).

A ocorrência destas formas é significativanas cabeceiras de drenagem, sobremaneira aolongo da divisão das águas da bacia do rio Ibicuíe rio Jacuí na Depressão Periférica, eixo SãoGabriel / Santa Maria, que localmente recebe adenominação de Coxilhas de Santo Antônio e

Pau Fincado. A princípio, os dois fatos abrangemsuperfícies dos municípios de São Vicente do Sul,São Gabriel, Rosário do Sul, Dilermando deAguiar e principalmente grande parte do setorleste do município de Cacequi, correspondendoàs superfícies de nascentes da margemesquerda do rio Ibicuí na unidadegeomorfológica da Depressão Periférica Gaúcha.Figura 1.

A importância destas formas nos toposdo relevo colinoso da Depressão PeriféricaGaúcha é a sua relação com os processos devoçorocamentos nas cabeceiras de drenagemna área já mencionada.

Neste contexto, o presente artigo vemexpor algumas questões referentes à dinâmicageomorfológica em relação ao desenvolvimentodas voçorocas e das formas pseudo-cársticas eas conseqüências destes fatos no que se refereàs formas de uso e ocupação antrópica na áreajá referida.

FIGURA 1 – Localização da área de ocorrência de formas pseudo-cársticas evoçorocamentos na Depressão Periférica do Rio Grande do Sul

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II– Procedimento MetodológicoOs levantamentos preliminares das

informações, em um contexto mais amplo, levouem consideração a concepção metodológicaproposta por Ross (1992), a partir depressupostos desenvolvidos por Penck (1953).Deste modo, o princípio teórico dos processosendógenos e exógenos responsáveis pelosarranjos que constituem o relevo, sob formamicro e/ou macroescalar e vice versa,possibilitou estabelecer determinadas questõesque sustentam a idéia do tipo escultural e oprocesso ou processos morfológicos

desencadeados sob as condições “ambientais”atuais.1

Assim, a individualização visual do relevosobre as cartas topográficas DSG, Escala 1:50000 e imagem de satélite Landsat 7, TM 3, 4e 5: 28/05/2000, permitiu visualizar e localizaruma série de informações sobre os eventos deanálise em questão. Essa análise e a própriaescala de informação, tanto direta comoindireta, conforme a proposta metodológica deRoss (op cit) recaiu no quarto, quinto e sextotáxon, como está sintetizado na figura 2.

FIGURA 2 – Roteiro Metodológico a partir da proposta de Ross (op cit).

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Em síntese, o trabalho envolveuatividades de gabinete, campo e laboratório. Aprimeira envolveu atividades de leiturabibliográfica e análise do material cartográficoe imagem de satélite. Os trabalhos de campopermitiram a visualização “expontânea” dosfatos e dos fatores associados a este, além dacoleta de amostras de solos e rochas em pontosrelevantes. A terceira deteve-se à análise detextura do material coletado, onde utilizou-seo sistema de peneiramento e pipetagem. Nestaetapa, também foram feitas análisesmineralógicas utilizando, para a fração areia, alupa binocular e para os compostos tamanhosilte e argila, o difratômetro de raios X.

Todo esse procedimento possibilitouacesso às informações que permitiraminterpretar e até mesmo explicar alguns dosfatores decisivos na elaboração detalhada dasformas do relevo na Depressão Periférica do RioGrande do Sul.

III– Considerações GeraisConforme Rodrigues (1984) apud

Santoro & Fulfaro (1996), as voçorocas não sãofeições típicas exclusivamente dos depósitossedimentares modernos, mas também, ocorremem sedimentos recentes ou neocenozóicos.

Estes autores, com base em Bjonberg &Landim (1996), consideram sedimentos recentesno estado de São Paulo, toda uma coberturasedimentar cenozóica. Esta, com espessuravariável, situa-se sobre as superfícies de relevoaplainado.

No Rio Grande do Sul, particularmentena área mencionada, a série sedimentar e/oude alteração que recobre unidadessedimentares da Bacia do Paraná, secaracteriza pela composição de arenitos poucoconsolidados, permeáveis e ricos em óxido deferro. Medeiros, Robaina & Maciel Filho (1993).

A referida série sedimentar apresenta-se recobrindo relevo colinoso com altitudes emtorno de 100 metros, próxima aos terraços evárzeas do rio Ibicuí, e 200 metros nos

interflúvios das sub-drenagens que deságuamdireta e indiretamente no referido rio.

A área em questão está inserida,conforme a classificação climática de Köppen, nocontexto de clima temperado chuvoso e quentedo tipo Cfa, onde as temperaturas do mês maisfrio oscilam de 3° a 18°C e a média está emtorno de 15°C. A média anual das precipitaçõesvaria entre 1300 e 1500 mm anuais.

Estes atributos, embora percebidosempiricamente no campo, constituem elementosde informação no que diz respeito aocomportamento do referido material frente aoprincipal agente modificador das superfícies, ouseja, as águas provenientes dos índicespluviométricos local e regional.

IV – Dinâmica das Superfícies  A presença de voçorocamentos e dedepressões interfluviais – formas pseudo-cársticas – no setor de cabeceiras de drenagemna linha divisora das duas maiores baciashidrográficas da Depressão Periférica Gaúcha,as bacias dos rios Ibicuí e Jacuí, são dois dosvários eventos atuais da evolução do relevo queconstitui o eixo divisor destas duas drenagens,localmente denominado de Coxilha de SantoAntônio e Coxilha Pau Fincado.

A ocorrência destes fatos, em especialas depressões interfluviais, foram levantadospor Maciel Filho & Cabral (1993), os quais sereferiram a estas como formas pseudo-cársticaspor se assemelharem a formas do relevocárstico, além de estarem relacionadas àocorrência de dissolução de carbonato de cálcio,óxido de ferro e da própria sílica, componentessignificativos das estruturas sedimentares naárea em questão.

As depressões interfluviais se interligamà drenagem de primeira ordem por meio de, pelomenos, três situações diferentes, ou seja: i) pordeslocamento hídrico subterrâneo; ii) pordeslocamento hídrico superficial – quando asdepressões interfluviais se rompem em direçãoàs maiores declividades do terreno – e iii) por

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voçorocamentos, como representado noesquema da figura 3.O esquema da figura 3 simplifica as trêssituações colocadas anteriormente. Estas trêssituações fundamentais do comportamento daágua pluvial são responsáveis pela dinâmica quemodela e remodela determinadas superfícies daDepressão Periférica no Rio Grande do Sul.

Estas situações, atreladas aocomportamento pluvial local e regional, emconjunto com as diferentes estruturassedimentares presentes na área, se expressamnitidamente no contexto morfológico, permitindouma certa particularização do fenômeno em

FIGURA 3 – Morfologia das cabeceiras de drenagem e sua dinâmica

relação a outras superfícies da DepressãoPeriférica Gaúcha.

As feições pseudo-cársticas sedesenvolvem junto ao topo das colinascaracterizando-se como abatimentos no terreno.Apresentam forma arredondada, com diâmetromédio ao redor de 20 m e profundidade em tornode 0,60 m. Ocorrem em diferentes níveistopográficos, porém são mais freqüentes junto àsuperfícies da classe hipsométrica de 100 a 160metros. Nestas áreas ocorrem surgências quemantém o ambiente úmido. Esta umidade seacentua e permanece por determinado períodode tempo, a medida que os eventos pluviométricossão mais intensos e/ou prolongados.

IV.1 – Agentes predisponentes Considerando os fatores que favorecem

ou não a ação do elemento hidrológico noestabelecimento das formas do relevo, osagentes predisponentes compõem o conjuntode características associadas às suas condiçõesnaturais. Os agentes predisponentes maisimportantes são os geológicos/geomorfológicose os climáticos/hidrológicos. Iwasa et al. (1980).

Na área considerada, as indicaçõesreferentes às características da natureza dacobertura de solos e do substrato rochoso quelevam a maior susceptibilidade do material àerosão, de antemão fornecem indicadores da“fragilidade” local.

Em termos geológicos, o setor do relevocom voçorocas e formas pseudo-cárticas estásituado sobre unidades sedimentares que dãoorigem a espessas camadas de solos recentescenozóicos.

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Em relação aos sedimentos maisrecentes Veiga et al. (1987), ao desenvolveremestudos sobre a origem dos areais naDepressão Periférica Gaúcha, identificam ummaterial sedimentar mais recente recobrindo aFormação Botucatu. Por apresentarcaracterísticas diferentes, os autoressubdividiram esse material em duas unidades,A e B.A primeira unidade (A), de origem fluvialpleistocênica, apresenta contato erosivo com oarenito Botucatu, enquanto a segunda (B),constitui depósitos de arenitos holocênicospouco consolidados de ambiente eólico.

Conforme estudos mais atuais,desenvolvidos por Scherer et al. (2002), osubstrato geológico dos sedimentos referidosanteriormente é constituído,

predominantemente, por arenitos finos deorigem fluvial e, em segundo plano, por fácieseólicas associadas de idade Mesozóica.

Em relação a composição mineralógica,o quartzo é o elemento mais abundante,seguido de óxido de ferro, micas e argilo-minerais do grupo da caolinita e esmectita,conforme podemos observar no difratograma dafigura 4.

O óxido de ferro ocorre na forma deconcreções minerais carbonáticas ou seapresenta como material cimentante, recobrindoos grãos de quartzo e estabelecendotonalidades avermelhadas aos sedimentos. Aocorrência de esmectitas e carbonatos indicamcondições de ambiente árido durante a ocasiãode formação destas seqüências.

FIGURA 4 - Difratograma de uma amostra da rocha sedimentar que compõe o substrato.Os picos mais representativos, em torno de 7 e 15 graus, correspondem às difraçõesdos planos (001) da caolinita e da esmectita, respectivamente.

As condições físicas das rochas, a baixacoesão e a textura de areia fina predominante,favorecem a infiltração e, consequentemente, aerosão subterrânea. Relacionada com a baixacimentação do material sedimentar, sendo estacimentação responsável por uma maioragregação entre as partículas sólidas das rochassedimentares, a baixa coesão dos materiais

presentes na área em questão estabelececondições para que a ação da água se efetiveno seu mais alto grau de agente modificadordas rochas e, por sua vez, num contexto maisamplo, na morfologia. Além dos fatores jámencionados, a alteração e até mesmo aextinção do cimento carbonático e dasconcreções de óxido de ferro sob condições de

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ambiente úmido atual são também importantes,pois acentuam a perda da coesão entre aspartículas sólidas componentes de determinadassuperfícies presentes na Depressão Periférica.

O contato entre os materiaissedimentares de superfície e subsuperfícieocorre sob diferentes situações: com linhas deconcreções de óxido de ferro associadas ou nãoa depósitos de cascalheiras de origem fluvial eabrupto. Essa variação nos contatos entre acamada sedimentar superficial com assubjacentes tem uma certa ligação à hipsometriado relevo, permitindo, de certo modo, identificaros ciclos de mudanças ambientais responsáveispela evolução do relevo local/regional.

Assim, da cota de 100 a 120 metros, ocontato entre os sedimentos superficiais esubsuperficiais dá-se com a presença de linhasde concreções de óxido de ferro mais seixosrolados de origem fluvial; de 140 aaproximadamente 160 metros, o contato ocorrecom a presença de concreções de óxido de ferroou abrupto.

Esse dado é importante pois asconcreções de óxido de ferro, nas condiçõesambientais atuais, ao mesmo tempo que“mantém” a topografia criam também situaçõesde maior ou menor presença de água nosinterstícios sedimentares, possibilitando aocorrência de setores de fraqueza no terreno,

caminho para a ação mecânica da água eminfiltração entre os arenitos, comoesquematizado na figura 5.

Em relação ao comportamento daschuvas e a morfogênese regional, estas ocorremdurante todo o ano, porém com alguma variaçãoem termos de durabilidade e intensidadepluviométrica.

A análise da variação pluviométricadesenvolvida por Barros Sartori (1993) de 1913a 1991 para a Depressão Periférica Gaúcha,demostra a não ocorrência de estação seca naregião, entretanto expressa alguns detalhesrelevantes à questão relacionada a uma maiorou menor quantidade e permanência da águanos interstícios dos materiais superficiais.Exemplo disso são as variações pluviométricasanuais e mensais que conferem uma tendênciaa anos padrões normais ou chuvosos. Fatointeressante quando se trata da análise dosprocessos erosivos atuantes nas superfíciesregional.

Outro fato relevante detectado notrabalho referido anteriormente é a freqüênciados meses menos (60 a 100 mm) e maischuvosos (mais de 150 mm). A análise feita noperíodo demostra que os menores índicespluviométricos ocorreram principalmentedurante os meses de novembro, abril, fevereiroe dezembro, enquanto que os meses com

FIGURA 5 – Ação da água nos sedimentos e os obstáculos dasconcreções de óxido de ferro

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maiores índices, primeiramente foi o mês dejunho, seguido de março, maio, julho, setembroe janeiro.

Apesar do comportamento dos índicespluviométricos, um dos fatores quecondicionariam a uma maior ou menor presençada água no meio sedimentar regional, asvariações extremas e periódicas dos outroselementos climáticos entre diferentes épocasdo ano apresentam particularidades que podemlevar a uma maior ou menor umidade dassuperfícies.

A distribuição das chuvas e a própriatendência dos maiores e menores índicespluviométricos estão associados aos meses queantecedem e até mesmo fazem parte dasestações do ano inverno e verão. Essecomportamento, especialmente em relação àsestações do ano extremas, permite umainteração mútua no que se refere à ação dosprocessos responsáveis pelo desenvolvimentodos solos e do próprio relevo regional.

Isso significa que a interação docomportamento pluviométrico e dos demaiselementos climáticos2 com o tipo de materialcomponente das superfícies do interflúvio rioIbicuí, Cacequi e jusante do rio Santa Maria eregião, essencialmente sedimentares3

, junto com possíveis linhas estruturais, vai serefletir na maior ou menor quantidade de águae na durabilidade de permanência da mesmana superfície e subsuperfície das cabeceiras deabastecimento local e regional.

As depressões interfluviais, asvoçorocas em cabeceiras de drenagem, orebaixamento do nível freático entre o invernoe verão, “a baixa fertilidade dos solos”, áreasrelativamente elevadas bem e/ou mal drenadasno decorrer de períodos pluviométricos maislongos, e outras, são resultados de uma sériede manifestações na paisagem local e regional,demonstradoras das particularidades que fazemparte da própria transformação do relevopertencente às cabeceiras de drenagem dos riosIbicuí e Jacuí na Depressão Periférica Gaúcha.

Em relação as formas geomorfológicas,a ocorrência dos fenômenos mencionadospodem ser estabelecidos, principalmente, emrelação às amplitudes interfluviaisrepresentadas pelas colinas de topo plano combaixos índices clinográficos, ou seja, < 1%; 1 a4% e > 4% e entalhamento médio dos vales naordem de 40 a 60 metros, distribuídos emdistâncias relativamente altas, isto é, em amplosvales. Cabral (1998).

IV.2 – Agentes efetivos  Os agentes efetivos podem serestabelecidos a partir dos fatores, imediatos oupreparatórios, que desencadeiam os processoserosivos. Iwasa et al. (1980).

Neste contexto, os fatores associadosaos agentes efetivos preparatórios aofenômeno do desencadeamento erosivo podeser relacionado às questões de uso e ocupaçãoe da própria ação biológica de alguns seres dafauna regional.

A ocupação das superfícies colinosascom a pecuária extensiva de corte permite umadupla ação do boi no fenômeno de erosão. Essadupla ação refere-se ao pastoreio, que retiraparcialmente a cobertura vegetal natural dassuperfícies de estruturas sedimentares, e aopisoteio contínuo em locais como a borda devoçorocas e no nível de base ou sopé dasvertentes, favorecendo a desestabilização dasmesmas.

A ação biológica está associada àpresença significativa de formigas cortadeirase suas redes de túneis que, segundoinformações verbais do Prof. Dionisio Link4,podem atingir até oito metros de profundidadee estão localizadas em bordas de voçorocas,junto a depressões interfluviais e no relevocolinoso em geral.

Junto a ação das formigas cortadeirastambém se destaca a ação das termitas e dealguns mamíferos como o tatu peludo, tatumolita, o tuco-tuco e outros que não chegam acavar buracos mas utilizam os existentes, comoé o caso do Zorrilho.

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Estes animais, junto com as circunstânciaspreexistentes, estabelecem condições quepermitem uma maior eficiência da ação da água,tanto a de escoamento superficial, quanto a deinfiltração.

Outro fator efetivo relacionado aosprocessos erosivos nas cabeceiras de drenagemna área é a prática da cultura do arroz irrigadonos terraços e planícies fluviais dos maiores riosda região. Essa prática exige grandesquantidades de água durante praticamentetodo o seu ciclo de vida e para obter a águaexigida pela cultura, os orizicultores a bombeiamdos rios. Esse procedimento, sem obedecer acapacidade hídrica do sistema de drenagem,muitas vezes confere regime de intermitênciaem rios expressivos da região, como por

exemplo o rio Ibicuí. Isso se acentua,principalmente, em anos com ocorrência deestiagens na primavera e verão.

Tal prática pode estar intervindo nosprocessos de erosão remontante por meio deuma interferência momentânea no nível de basede todo o sistema hídrico, pois a localização daslavouras em áreas com níveis um pouco maiselevados que o do rio principal impede oescoamento da água, que permanece represadanas vastas superfícies do sopé de todo o sistemade drenagem. A foto 2 apresenta um trecho dorio Ibicuí com seus terraços e planície fluvialtomados pela cultura do arroz irrigado em fasede meia vida, ou seja, florescência.

FOTO 2 – Um setor do rio Ibicuí com seu amplo terraço e planície fluvialocupados por lavoura de arroz irrigado. Vê-se, também, um levanteutilizado para bombear água de um dos tributários do rio Ibicuí.LOCAL: Faz. Vista Alegre        DATA: janeiro de 2001.

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Após o período de irrigação a lavoura dearroz é drenada e, em pouco tempo, toda aágua represada nos terraços e planície fluvial étransferida para os rios e escoada, “retornandoo ciclo normal” do sistema de drenagem. Essefato, junto com a intermitência provocada nosrios, contribuem para que o deslocamento daágua de subsuperfície e superfície soframomentos de permanência e saídas bruscas dosistema hidrográfico e, dependendo dascondições gerais desse sistema, asrepercussões serão mais ou menos acentuadas.

Assim, cabe destacar que nas cabeceirasdos rios Ibicuí e Jacuí na Depressão Periféricagaúcha, as manifestações de processosacelerados de erosão merecem cuidado, umavez que as causas são desproporcionais aosfatos em termos de número, tornando relevanteas pesquisas com propósito de esclarecer osfatores que predispõem e os que efetivam osprocessos de erosão nas cabeceiras de váriosrios na referida unidade fisiográfica.

V– Considerações Finais  O desenvolvimento de fluxos que dãoorigem ao escoamento superficial, nassuperfícies de captação da drenagem geral, naárea é complexo, pois são vários os elementosintrínsecos à formação das depressõesinterfluviais – formas pseudo-cársticas e osvoçorocamentos de cabeceira de drenagem nointerflúvio divisor d’ água das bacias Ibicuí eJacuí na Depressão Periférica.

A inter-relação dos detalhesmorfológicos, presentes nas superfíciesinterfluviais, demonstram situações que estãodiretamente relacionadas à uma série de fatoresque vão desde a distribuição das diferentesestruturas sedimentares a detalhes como, porexemplo, a presença de estratos comconcentração de ferro, rebaixamento do nívelde base, comportamento variável dos índicespluviométrico, além da ação antrópica ebiológica.

Assim, dentro deste contexto básico, aocorrência de formas de solapamento e de

pequenos túneis, fatores relacionados àscaracterísticas dos agentes predisponentes, seestabelecem em superfícies onde o manto deintemperismo é espesso, indicando que o seuprocesso de formação está diretamenterelacionado aos eventos do intemperismoquímico e, no segundo momento, à erosãosubterrânea, transportadora dos materiaissedimentares desagregados.

Vinculados aos agentes predisponentes,também pode ser acrescentado a presença desoleiras de baixa permeabilidade, relacionadasaos níveis de pavimentos com concentração deferro. Estes níveis, que também podem seapresentar como pontos isolados dentro dopacote sedimentar, desenvolvem zonas comelevado gradiente hidráulico nas saídas daslinhas de fluxo d’ água subterrânea, propiciando,desta forma, uma remobilização do materialarenoso, via liquefação dos sedimentosarenosos e/ou dissolução por processosquímicos dos elementos agregadores dasareias, caracterizando eventos associados aosprocessos de “piping” que promovemdescalçamento e abatimento não só do solo,mas de todo o setor desestabilizado.

Outro fator relevante, porém maisrelacionado à dinâmica de desenvolvimento dasvoçorocas, é o da estabilidade natural dossedimentos5. Em termos gerais, a estabilidadenatural dos sedimentos é mantida por meio desucção e cimentação ou calçamento de partículasmenores e, ao serem submetidos a umconsiderável ganho de umidade, perdem a suaestabilidade natural.

Em relação aos agentes contribuintes nadinâmica que leva às formas de depressõesinterfluviais – formas pseudo-cársticas – e aosvoçorocamentos em cabeceiras de drenagem,no que se refere à ação antrópica, esta, estádiretamente associada às duas principaispráticas econômicas na fronteira oeste do RioGrande do Sul, ou seja, a pecuária extensivade corte e a agricultura empresarial do arrozirrigado.

Estas duas práticas, por apresentaremcaracterísticas de produção completamente

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diferenciadas, nos permitem afirmar que ainterferência da pecuária extensiva de corte nosfatos em questão é mais direta do que a daprática da cultura do arroz irrigado.

Também relacionados aos fatoresefetivos, as formigas cortadeiras e os tatus sãooutros agentes que contribuem nodesenvolvimento de voçorocas em cabeceirasde drenagem e das próprias depressõesinterfluviais – formas pseudo-cársticas naregião.

As formigas cortadeiras são um agentede destaque, pois além da sua alta freqüência6

na região, elas apresentam comportamentos desobrevivência que facilitam a ação da água atédeterminados níveis de profundidade nascamadas superficiais da terra, favorecendo aação química e física do fator pluviométrico nossedimentos componentes das superfícies local/regional.

A contribuição das formigas cortadeirasnos referidos processos está diretamentevinculada às suas preferências de instalação emtermos de superfície topográfica, tipo de solose orientação das vertentes. De acordo com asinformações obtidas com o Professor DionísioLinck, em abril de 2003, as espécies de formigascortadeiras presentes no Estado preferem solosarenosos e com pouco matéria orgânica, pois aprimeira característica facilita a escavação detúneis e panelas e a segunda diminui osconcorrentes que ameaçam a sua única fonte

de alimentação7. Em relação a orientação dasvertentes, colocações verbais do o Prof. DionísioLinck informam que as formigas cortadeirasprocuram estabelecer seu sauveiro em fáciesde vertentes mais resguardadas, contrárias asvoltadas para a direção dos ventos de inverno,sul.

Enfim, as depressões interfluviais –formas pseudo-cársticas –, são as principaisfeições erosivas relacionadas ao intemperismoquímico na região, sob efeito da água deinfiltração, e as voçorocas são as feições dosprocessos erosivos mecânicos, desencadeadospelo anterior ao estabelecer caminhos para oescoamento superficial e/ou subsuperficialconcentrado.

Em termos gerais, a ação conjunta doescoamento superficial concentrado com asfrentes de infiltração estabelece o principalmecanismo erosivo responsável pela evoluçãogeral das incisões, promovedoras da integraçãode canais à rede de drenagem como um todo.

Neste sentido, estudos detalhadosdevem ser efetuados com o objetivo deesclarecer a ação conjunta entre erosão porescoamento superficial e pelo subsuperficial, nodesenvolvimento das depressões interfluviais –formas pseudo-cársticas – e das voçorocasconectadas ao sistema de drenagem de primeiraordem do sistema hidrográfico regional, bemcomo estabelecer as causas de possíveisocorrências de reativação erosiva na área.

Notas

1 No contexto, «ambiental» envolve tanto elementosdo meio físico quanto biológico e antrópico.

2 Temperatura, insolação e outros.3 Arenitos e siltitos do Grupo Rosário do Sul e a série

sedimentar e/ou de alteração superior.

4 Professor do Departamento de Fitossanitária eSaneamento do Centro de Ciências Rurais daUniversidade Federal de Santa Maria. Entrevistadodurante o mês de maio de 2003.

5 Estabilidade natural dos sedimentos, no caso,refere-se à capacidade de aglutinação entre osgrãos componentes de cada unidade sedimentarpresente nas superfícies onde ocorrem os

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Processos Erosivos Associados a formas Pseudo-Cársticasna Depressão Periférica do Rio Grande do Sul, pp. 107 - 120 119

referidos fatos. A estabilidade natural dossedimentos também considera a manutenção daaglutinação entre os grãos.

6 De acordo com as colocações do Prof. DionísioLinck, em área de campo na fronteira sudoeste

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do Rio Grande do Sul, ocorre um formigueiro porha. Esse dado pode variar para mais ou paramenos, conforme as características preferenciaisdas formigas, em relação ao terreno.

7 Fungo cultivado em câmeras no interior da terra.

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Trabalho enviado em fevereiro de 2005.

Trabalho aceito em fevereiro de 2005.

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