processo de exportação e importação

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2016 PROCESSO DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre

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Page 1: Processo de Exportação e Importação

2016

Processo de exPortação e ImPortação

Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre

Page 2: Processo de Exportação e Importação

Copyright © UNIASSELVI 2016

Elaboração:

Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

382L111p La Torre; José Alfredo Pareja Gomez de Processo de exportação e importação/ José Alfredo Pareja Gomez de La Torre : UNIASSELVI, 2016.

196 p. : il. ISBN 978-85-7830-968-8

1.Comércio exterior. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Page 3: Processo de Exportação e Importação

III

aPresentação

Seja bem-vindo ao caderno de estudos de Processo de Exportação e Importação.

Hoje, a dinâmica econômica mundial demanda que os países estejam inter-relacionados tanto comercialmente como financeiramente, fenômeno conhecido como globalização. Devemos observar que nesse mundo globalizado há uma constante troca comercial e financeira, fato que determina a quase inexistência de limites comerciais entre os diversos territórios entre países.

Nesse contexto, o comércio exterior brasileiro possui um papel de destaque para que as empresas possam executar seus interesses comerciais internacionais, tanto na exportação como na importação. E quem executa essas atividades de comércio exterior no âmbito público e no privado?

Essas operações são executas pelo profissional competente em comércio exterior. Profissional que deve gerar as competências necessárias em várias áreas desta atividade, ou seja, você. Assim, neste caderno de estudos visamos auxiliá-lo a desenvolver essas competências necessárias para que você possa atuar nos processos tanto de exportação como de importação, peça-chave nas atividades de execução do comércio exterior.

Na Unidade 1 vamos abordar questões sobre a real importância do comércio exterior para a dinâmica econômica do Brasil, mostrando algumas necessidades e dificuldades que vão se apresentando para o exportador ou importador que deseja executar suas atividades. Assim como estudaremos a estrutura administrativa do comércio exterior brasileiro, analisando quais os órgãos administrativos do Governo fazem parte essencial da dinâmica dos processos de exportação e importação do Brasil.

Na Unidade 2 estudaremos sobre as condições técnicas da exportação e da importação. Nesse sentido, vamos apreender sobre como são classificadas as mercadorias no padrão de comercialização internacional. Também abordaremos os roteiros necessários para fazer acontecer a exportação e a importação. Iremos estudar casos práticos de como iniciar um processo de comércio exterior.

Na última unidade veremos quais são as responsabilidades do exportador e do importador no momento de executar um processo de comercialização internacional, dedicando especial atenção à logística destes processos, também abordaremos questões sobre a precificação de mercadorias.

Page 4: Processo de Exportação e Importação

IV

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

Agora deixo você se concentrar nos seus estudos. Lembrando-lhe que ao longo de sua caminhada você tem acesso ao material de apoio por meio da trilha de aprendizagem, disponível no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).

Bons Estudos!

Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre

NOTA

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V

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VI

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VII

UNIDADE 1 – A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL ............................................................1

TÓPICO 1 – AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS INTERNACIONAIS ...........................................................................31 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................32 O QUE EXPORTAR PARA ONDE E PARA QUEM .....................................................................3

2.1 PARA ONDE EXPORTAR? ..........................................................................................................62.2 PARA QUEM EXPORTAR? ..........................................................................................................7

3 A IMPORTÂNCIA DE EXPORTAR ................................................................................................113.1 IMPORTÂNCIA DE EXPORTAR PARA AS EMPRESAS ........................................................12

4 COMO FAZER ACONTECER A COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL ......................144.1 CASO PRÁTICO DA ANÁLISE DO CUSTO/BENEFÍCIO DE CONTRATAR UMA TRADING COMPANY ........................................................................................................154.2 REQUISITOS PARA UMA TRANSAÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL ...................16

RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................19AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................20

TÓPICO 2 – AS IMPORTAÇÕES .......................................................................................................211 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................212 A NECESSIDADE DE IMPORTAR .................................................................................................213 COMPOSIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES DO BRASIL ..................................................................23

3.1 PRINCIPAIS MERCADORIAS QUE O BRASIL IMPORTA ....................................................243.2 SALDO ENTRE EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES ..............................................................29

4 DIFICULDADES PARA IMPORTAR .............................................................................................314.1 RESTRIÇÕES AO COMÉRCIO EXTERIOR (EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES) .............334.2 MEIOS PARA IMPOR BARREIRAS ÀS IMPORTAÇÕES .......................................................34

RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................36AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................37

TÓPICO 3 – DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR ..........391 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................392 ELEMENTOS HISTÓRICOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL .......................................39

2.1 A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO - OMC .......................................................412.2 CASO PRÁTICO DE DISPUTA ARBITRADA PELA OMC ....................................................43

3 ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL ..........................................................444 PRINCIPAIS ENTIDADES PÚBLICAS ATUANTES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL ....................................................................................................................46

4.1 ÓRGÃOS GESTORES ....................................................................................................................474.1.1 Câmara de comércio exterior (CAMEX) ............................................................................474.1.2 Órgãos gestores além da CAMEX ......................................................................................49

4.2 ÓRGÃOS ANUENTES ..................................................................................................................53LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................58RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................63AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................64

sumárIo

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VIII

UNIDADE 2 – CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO ..................65

TÓPICO 1 – CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS ...................................................................671 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................672 A MERCEOLOGIA E O SISTEMA HARMONIZADO – SH .....................................................67

2.1 APLICAÇÃO DA MERCEOLOGIA ............................................................................................682.2 O SISTEMA HARMONIZADO – SH ..........................................................................................70

3 NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) ............................................................733.1 BUSCA DO CÓDIGO NCM DAS MERCADORIAS ................................................................76

3.1.1 Busca padrão da NCM de um produto .............................................................................764 TARIFA EXTERNA COMUM (TEC) E A MERCADORIA .........................................................79

4.1 ANÁLISE DA TEC .........................................................................................................................80RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................84AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................85

TÓPICO 2 – ROTEIRO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES ............................................871 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................872 ROTEIRO DA EXPORTAÇÃO.........................................................................................................87

2.1 REGISTRO DE EXPORTADOR ...................................................................................................882.2 REGISTRO DE EXPORTAÇÃO SIMPLIFICADO – RES ..........................................................902.3 SISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO EXTERIOR – SISCOMEX ...................................90

3 ROTEIRO DA IMPORTAÇÃO ........................................................................................................923.1 CLASSIFICAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES ..................................................................................923.2 LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO (LI) .............................................................................933.3 EXAME DE SIMILARIDADE .......................................................................................................943.4 VERIFICAÇÃO DE PREÇOS .......................................................................................................94

4 ANÁLISE DE POSSÍVEIS IMPACTOS DE DUMPING NO PREÇO DE IMPORTAÇÃO .............................................................................................................................95

4.1 DINÂMICA DO ANTIDUMPING ...............................................................................................95RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................99AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100

TÓPICO 3 – TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO ...................................................................................................1011 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1012 ANÁLISE DOS VALORES, TRIBUTAÇÃO E TRATAMENTOS ADMINISTRATIVOS ........................................................................................................................101

2.1 APLICAÇÃO DO SIMULADOR DO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO E ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES ............................................................................103

3 DOCUMENTAÇÃO PARA EXPORTAR E IMPORTAR .............................................................1053.1 ORDEM DE PEDIDO ....................................................................................................................1063.2 FATURA PRO FORMA (PRO FORM INVOICE) .......................................................................1073.1 FATURA COMERCIAL (COMMERCIAL INVOICE) ................................................................1083.2 ROMANEIO (PACKING LIST) .....................................................................................................1103.3 CONHECIMENTO DE EMBARQUE .........................................................................................1133.4 SAQUE (DRAFT)............................................................................................................................1163.5 CERTIFICADO DE ORIGEM (CERTIFICATE ORIGIN) ...........................................................1163.6 OUTROS CERTIFICADOS ...........................................................................................................1193.7 CERTIFICADO DE INSPEÇÃO E FITOSSANITÁRIO ............................................................1233.8 CERTIFICADO DE SEGURO E BORDERÔ DE DOCUMENTOS ..........................................125

LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................127RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................130AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................131

Page 9: Processo de Exportação e Importação

IX

UNIDADE 3 – A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO ........................................................................................................133

TÓPICO 1 – AS CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO ................1351 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1352 O DESPACHO ADUANEIRO ..........................................................................................................135

2.1 AS CARACTERÍSTICAS DO DESPACHO ADUANEIRO ......................................................1362.2 O DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO ...................................................................136

2.2.1 Despacho aduaneiro com registro no Siscomex ...............................................................1372.2.2 Destino da mercadora importada ......................................................................................1382.2.3 Despachante aduaneiro .......................................................................................................140

2.3 DESPACHO ADUANEIRO DE EXPORTAÇÃO .......................................................................1422.4 PRAZOS DO DESPACHO ADUANEIRO ..................................................................................143

3 PARAMETRIZAÇÃO: CANAIS DE CONFERÊNCIA ................................................................1444 AS RESPONSABILIDADES DO EXPORTADOR E IMPORTADOR EM FUNÇÃO DOS INCOTERMS ...........................................................................................................145RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................150AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................151

TÓPICO 2 – PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO ...............................1531 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1532 FORMAÇÃO DO PREÇO NA IMPORTAÇÃO ............................................................................153

2.1 VALOR ADUANEIRO E TRIBUTOS A SEREM PAGOS ........................................................1552.2 DESPESAS, ICMS E DEFINIÇÃO DO PREÇO DE IMPORTAÇÃO ......................................1582.3 CUSTO TOTAL DA IMPORTAÇÃO ..........................................................................................159

3 FORMAÇÃO DE PREÇO NA EXPORTAÇÃO .............................................................................1623.1 ELEMENTOS QUE PESAM NO PREÇO DAS EXPORTAÇÕES ............................................1633.2 VALORAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES .........................................................................................1643.3 CASO PRÁTICO DE PREÇO DE EXPORTAÇÃO ....................................................................164

3.3.1 Preço de exportação sem agente no exterior.....................................................................1653.3.2 Determinação do preço de exportação com agente no exterior .....................................167

RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................170AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................171

TÓPICO 3 – REGIMES ESPECIAIS E EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS .....................................1731 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1732 DESTINO DAS MERCADORIAS ANTES DE SEREM NACIONALIZADAS ......................1733 TRÂNSITO ADUANEIRO ................................................................................................................174

3.1 ENTREPOSTO ADUANEIRO E INDUSTRIAL ........................................................................1763.1.1 Processo operativo do RECOF ............................................................................................177

4 DRAWBACK - TRATAMENTO ADUANEIRO .............................................................................1804.1 DRAWBACK SUSPENSÃO ...........................................................................................................1814.2 DRAWBACK ISENÇÃO ................................................................................................................1824.3 REGISTRO DA MODALIDADE DO REGIME DRAWBACK ..................................................183

5 EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS ......................................................................1845.1 EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS ....................................................................................................1855.2 IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS ....................................................................................................187

LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................189RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................191AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................192

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................195

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X

Page 11: Processo de Exportação e Importação

1

UNIDADE 1

A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO

EXTERIOR DO BRASIL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• compreender os objetivos da formalização das transações comerciais in-ternacionais, tanto de exportação como da importação;

• identificar as necessidades e estratégias no momento de exportar;

• identificar o porquê da necessidade de importar da indústria nacional;

• reconhecer o porquê da economia nacional precisar da importação para manter e aprimorar sua dinâmica;

• compreender como funciona a dinâmica de política brasileira de comércio exterior;

• conhecer quais os órgãos do governo fazem acontecer os processos de co-mércio exterior do Brasil.

Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que ao final de cada um deles você encontrará autoatividades que auxiliarão no seu aprendizado.

TÓPICO 1 – AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS INTERNACIONAIS

TÓPICO 2 – AS IMPORTAÇÕES

TÓPICO 3 – DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR

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TÓPICO 1UNIDADE 1

AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES

COMERCIAIS INTERNACIONAIS

1 INTRODUÇÃO

No primeiro tópico desta unidade iremos estudar sobre a relevância das exportações no comércio exterior de um país, mas antes disso gostaria de poder analisar e diferenciar o que é comércio internacional e o que é comércio exterior. Você sabe a diferença? É provável que sim, mas talvez precisamos colocá-la em contexto.

O comércio internacional aborda todas as operações comerciais realizadas entre os diversos países que fazem parte da economia internacional. Desta maneira, existe a possibilidade de fazer intercâmbio contínuo de mercadorias, serviços e capitais financeiros entre a comunidade internacional. Então, qual o significado de comércio exterior?

O comércio exterior aborda as transações comerciais de um país em específico com o resto do mundo, executando operações de exportação e importação de mercadorias e serviços. Esse comércio exterior acontece em função das necessidades específicas da dinâmica econômica do país. Por exemplo, o comércio exterior do Brasil aborda uma série de necessidades de processos econômicos, visando satisfazer às necessidades das empresas e dos consumidores. Nesse contexto, a seguir vamos estudar os porquês de exportar.

2 O QUE EXPORTAR PARA ONDE E PARA QUEM

Para quem e para onde exportar muito dependerá do posicionamento competitivo do país no contexto internacional, ou seja, qual a capacidade de produção relativa à produtividade dos outros países. Quanto maior for a competitividade relativa de um país, maior a capacidade de exportação. Para as nações desenvolvidas, as oportunidades de exportar vêm de sua alta competitividade de produzir mercadorias e serviços de alto valor agregado.

Apesar de o Brasil não ser considerado um país desenvolvido, é tido como uma economia de grau médio de desenvolvimento. Nesse cenário, o país exporta alguns produtos com alto valor agregado, tais como aviões da Embraer e peças industriais da Weg, mas, na sua grande maioria, as exportações do Brasil são de produtos de pouco valor agregado (semimanufaturados), tal como o óleo de soja; e de matérias-primas, tais como o grão de café e a soja.

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

4

Em contrapartida, podemos observar o caso dos Estados Unidos, aliás, a maior economia do mundo e com um dos maiores graus de desenvolvimento. Este país exporta majoritariamente produtos e serviços com altíssimo valor agregado, mas também exporta grandes volumes de produtos básicos e commodities, tais como grãos de soja, trigo e milho.

Assim, podemos observar que tanto os países desenvolvidos como aqueles com menor grau de desenvolvimento exportam diversos tipos de produtos e serviços. Todavia de que dependerá o que um país exporta? Tudo dependerá do grau de competitividade relativa dos produtos a serem exportados, nesse sentido, os países podem exportar:

• Recursos naturais e commodities, tais como petróleo, minério de ferro e grão de soja.

• Produtos semimanufaturados, como óleo de soja, farinha de mandioca, leite em pó etc.

• Produtos manufaturados, tais como veículos, computadores etc.• Equipamento e maquinário, bens de capital, a exemplo de equipamento

industrial.• Serviços, atendimento profissional de sistemas de informação, a exemplo do

SAP.• Inovações, exportação de direitos de propriedade intelectual, ou seja, regalias,

tais como patentes de desenho industrial e de invenção.

Fatores tecnológicos e aplicativos, Office da Microsoft, ou aplicativo SAP (sistema ERP para empresas). Geralmente, a exportação de fatores tecnológicos está ligada às exportações de inovações.

UNI

ERP vem das palavras em inglês: Enterprise Resource Planning, que em português quer dizer planejamento de recurso corporativo, ou seja, ajuda a inter-relacionar e gerenciar todos os processos operacionais, administrativos/financeiros e gerenciais das empresas.

Ficou curioso? Acesse o site: <http://sistemaerp.org/>

No contexto internacional os países exportam para suprir as necessidades do mercado internacional. Nesse contexto, o Brasil estabelece relacionamentos internacionais para suprir as necessidades de seus parceiros comerciais atuais e potenciais, exemplo:

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TÓPICO 1 | AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS INTERNACIONAIS

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• A China precisa alimentar mais de 1 bilhão de pessoas, assim, procura a soja do Brasil.

• A China e outros países precisam do minério de ferro produzido aqui no país.• Vários países do mundo compram os aviões da Embraer por questões de

qualidade e preços. Inclusive, países que possuem as melhores indústrias aeronáuticas, como os Estados Unidos, compram aviões a jato pequenos do Brasil.

• O Japão é um país que não possui recursos naturais para gerar energia, assim, o Brasil tem potencial para exportar petróleo e gás liquefeito (GNL).

IMPORTANTE

O gás natural liquefeito significa basicamente gás natural em estado líquido, para fazer isto é necessário que o gás natural possa se manter a menos 163 graus Celsius! Isso é frio demais. No contexto internacional este processo de liquidificação é conhecido como GNL, que quer dizer em inglês: liquified natural gas. Ter a capacidade competitiva de transportar GNL é um tremendo avanço logístico para o transporte internacional desta commodity, pois no seu estado natural o gás natural seria pouco rentável de exportá-lo por meio de navios, volume demais. Para conhecer mais, convido você a ler o seguinte artigo: <www.anp.gov.br/?dw=36796>

FONTE:<https://newscomex.wordpress.com/2008/07/21/1745/>. Acesso em: 10 fev. 2016.

Acabamos de expor as potencialidades de exportação do país, mas quem realmente faz a exportação acontecer são as empresas. Nesse sentido, as empresas ficam tentadas a exportar por vários motivos. Muitas delas precisam complementar a produção e focar em outros mercados, além do nacional, outras estão focadas só no mercado internacional. Como um todo, as empresas, quando exportam, ficam menos dependentes do mercado interno, abrindo suas portas para diversos mercados ao redor do mundo.

Page 16: Processo de Exportação e Importação

UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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2.1 PARA ONDE EXPORTAR?

A resposta envolve, principalmente, uma análise detalhada dos mercados para onde o país deseja exportar. Este trabalho é executado por meio das empresas exportadoras, elas analisam potencialidade de competitividade para fazer acontecer a exportação. Apesar de as empresas brasileiras possuírem potencial para exportar maiores volumes, no Brasil os incentivos aos exportadores são poucos, e os riscos, muitas vezes, são elevadíssimos, especialmente no momento de ir para novos mercados, fora do país.

Exemplificando o exposto, caso uma mercadoria seja exportada e o exportador não conseguir cobrar de seu cliente no exterior em tempo negociado, as divisas (dinheiro em moeda estrangeira) não vão entrar no prazo pactuado com o importador – aliás, situação que, às vezes, acontece. Quando acontecer isso, as contas atrasadas a receber do exterior serão de total responsabilidade do exportador. Isso quer dizer que o exportador é obrigado a executar o retorno destas dívidas no tempo oficial declarado no Banco Central, por meio de um contrato de câmbio, ou seja, no momento do vencimento da fatura o exportador deverá declarar e executar a entrada de divisas ao país. Caso cobrou, ou não, é problema dele, mas este deve executar o contrato de câmbio da exportação, podendo gerar um problema de caixa ao exportador. Eis uma falta de incentivo para o exportador, pois poderia ser mais fácil e dinâmico diferir a declaração de divisas no prazo pactuado, quando o cliente internacional demorar no cancelamento das faturas de exportação.

A seguir apontamos alguns elementos importantes sobre para onde exportar.

• No momento de definir um mercado internacional, devemos observar quem são os nossos concorrentes, se estes possuem preços competitivos e se possuem qualidade. Ou seja, observar se, em função de sua qualidade, os preços deles chegam a ser mais caros lá no mercado onde se quer vender.

• Conhecer o sistema cambial e as condições de cobrança do país para o qual estamos exportando, assegurando o fluxo de dinheiro no futuro. Lembra o problema dos tempos no momento de declarar as divisas vindas das exportações? É por isso que é muito importante observar as condições de cobrança no país para onde se deseja exportar.

• Conhecer os riscos políticos do país de destino da mercadoria exportada. Será prudente manter exportações para um país que está à beira de um colapso político-econômico, como é a situação da Venezuela no ano de 2016? Caso decidir exportar para países de alto risco, deve-se definir muito bem as condições de cobrança da mercadoria a ser exportada, garantir uma carta de crédito internacional. Em contrapartida, no caso de exportar para um país politicamente estável, como o Canadá, os riscos políticos serão mínimos, embora sempre existam.

• Evitar países com economias fechadas, com barreiras não tarifárias. Este tipo de país poderia, a qualquer momento, interromper uma exportação em andamento,

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TÓPICO 1 | AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS INTERNACIONAIS

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alegando riscos à sua economia, podendo desta maneira não cumprir acordos internacionais de comércio, e assim parar drasticamente uma exportação.

• Caso possível, procurar negociar com carta de crédito, confirmada com banqueiro de primeira linha, ou seja, bancos dos EUA, Japão, Canadá, Alemanha, Inglaterra, França, Suíça, principalmente. Às vezes, as condições comerciais e de preço não são suficientes para exportar com carta de crédito, muitas vezes as transações comerciais internacionais estão baseadas na confiança, eis o risco a se ponderar.

• Caso for exportar para a América Latina, exigir que os pagamentos sejam via CCR (Convênio de Créditos Recíprocos), convênio que garante a venda exportada.

DICAS

Para se aprofundar sobre estes convênios, você pode acessar o seguinte site: <http://www.bcb.gov.br/rex/ccr/resumo_ccr.asp>.

Como podemos observar, existe uma série de questionamentos antes de definir para onde exportar. Em função de distâncias geográficas, condições político-econômicas, podem se apresentar várias situações, tanto de ameaças como de oportunidades. Cabe ao exportador analisar bem os mercados para observar onde existe potencial, para assim definir estratégicas para concretizar a venda ao exterior.

2.2 PARA QUEM EXPORTAR?

Para quem exportar e como exportar é uma das principais dúvidas do exportador, pois não é só definir o país de destino. Ao analisarmos os países, percebemos haver condições de mercado diferentes, mesmo dentro de seus próprios territórios. Para exemplificar: se uma empresa mexicana quiser exportar ao Brasil “tortillas para tacos” (tipo de panqueca), será que esta poderá adotar a mesma estratégia para todas as áreas geográficas do Brasil? Talvez esta empresa leve mais que uma surpresa, pois aqui no Brasil existem quatro grandes mercados (se não são mais) em função das condições socioeconômicas de sua população: o Sul, o Sudeste, o Nordeste e o setor amazônico. Em cada um destes grandes mercados geográficos a empresa mexicana precisaria desenvolver estratégias de mercado diferentes, inclusive, escolher focar somente em um destes quatro mercados.

O mesmo acontece no México, país muito grande, com mais de 100 milhões de pessoas e diversas zonas geográficas e socioeconômicas. Nesse contexto, um exportador brasileiro não pode dizer simplesmente: vou exportar para o México. Poderia ser comercialmente interessante, mas esta empresa deve definir estratégias para se focar em mercados específicos dentro do contexto mexicano.

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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Levando em consideração o exposto acima, quando uma empresa se posiciona na atividade de exportação, é importante a escolha de estratégias adotadas para a conquista desse novo mercado, ou de manter mercados internacionais já posicionados. É um grande desafio para uma organização quando decidir entrar no mercado internacional, porque a competitividade é muito acirrada, e os processos de exportação são complexos.

Nesse sentido, em algumas situações a concorrência internacional é desleal, e caso as estratégias para o processo de exportação não sejam bem planejadas e executadas, muitas vezes levam um excelente produto ao fracasso, com grandes perdas econômicas.

No contexto do que exatamente a empresa deseja exportar, muitos aspectos precisam ser levados em consideração, desde o tipo de cliente, tipo e qualidade do produto, nível de preços, estratégias de distribuição etc. Assim, existem elementos estratégicos a serem avaliados, sendo os principais:

a)Quantoàs táticasdeprecificação, as estratégias de precificação do produto poderão estabelecer as bases de quais processos de exportação desenvolver. A seguir, elementos importantes das táticas de precificação:

• Baixo ou de maior valor agregado. Exemplo: soja versus suco de soja.

• Grandes margens operativas ou de volumes muito grandes com margens estreitas. Exemplo: cacau, grandes volumes de exportações e pouca margem de lucro por unidade exportada versus chocolate em barra, menor volume e com maior margem por unidade exportada.

• Margens mais ampliadas dentro de uma mesma mercadoria, produtos diferenciados. Exemplo: chocolate ao quilo para fábricas de chocolate versus exportação de uma marca diferenciada, tipo Cacau Show.

• Penetração e dissuasão, produtos inovadores com fins diferenciados com foco em novos mercados e/ou segmentos de mercados. Exemplo: o novo iWatch.

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TÓPICO 1 | AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS INTERNACIONAIS

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FIGURA 1 - IWATCH

FONTE: <http://www.cultofmac.com/183446/do-you-really-wantneed-an-apple-iwatch-lets-talk/>. Acesso em: 5 fev. 2016.

• Alinhamento com a concorrência, observar os preços e práticas desta e assim decidir um preço e qualidade semelhante. Exemplo: venda de celular androide que não precisa de uma qualidade diferenciada versus i-phone.

• Caráter premium, produto único, não existe outro melhor. Exemplo: relógio de pulseira Patek Philippe, para alguns experts é considerado o mais fino e exclusivo do mundo. Modelo de linhas simples, mas de altíssima definição, qualidade e design.

FIGURA 2 - RELÓGIO PATEK PHILIPPE

FONTE: <http://www.masterhorologer.com/2013/11/patek-philippe-perpetual-calendar-ref.html>. Acesso em: 5 fev. 2016.

b) Quanto à logística: as táticas de logística são peça-chave no processo de exportação, pois definem tempo de embarque, de deslocamento entre o país de origem e o país de destino, tempos de desembaraço aduaneiro, tempos de entrega etc. Todos estes fatores irão definir os ciclos, em dias, das exportações a serem feitas. A seguir, são apresentados elementos importantes a se considerar no que tange à logística:

Page 20: Processo de Exportação e Importação

UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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• Modus operandi: No contexto relativo aos processos de distribuição internacional. A entrega será próxima do consumidor/cliente final ou longe deste? Ou seja, será uma exportação quase direta aos consumidores, ou envolve intermediários/distribuidores no país de destino?

• Volume a ser comercializado: Logística para produtos massivos e sem diferenciação, ou mais seletivos, exclusivos e diferenciados? Esta pode ser a grande diferença na logística, pois produtos de grande volume (massivos) demandam da logística vários contêineres a cada embarque. Entretanto, produtos seletos até podem ser embarcados em contêiner consolidado, compartilhando o contêiner com outros exportadores.

• Tamanho do produto: Produtos pequenos ou grandes, de maior ou menor porte, com sua respectiva análise de escala de frequência e entrega. A diferença de tamanho define as proporções da comercialização externa. Exemplo: em termos de espaço e unidades a se exportar é diferente exportar carros que garrafas de vinho.

• Graude intermediação: Mais ou menos direto e com pouca intermediação ou então mais ou menos indireto e muita intermediação, ou seja, qual será a cadeia de distribuição?

• Grau de atendimento: Com ou sem a presença de vendedores técnicos especializados, diretamente presentes junto aos clientes finais da empresa no exterior. Exemplo: a Embraer não pode simplesmente exportar seus aviões, esta deve enviar ao exterior técnicos especializados para explicar detalhes específicos da funcionalidade do produto.

c) Quanto às estratégias de marketing: as táticas de marketing variam conforme o produto. A estratégia de marketing para exportar grãos de soja será bem diferente da estratégia para a exportação de óleo de soja. A estratégia de exportação para uma cachaça de qualidade média a se vender em supermercados do exterior será bem diferente da estratégia para exportar cachaça seleta de altíssima qualidade nas lojas gourmet da Europa e dos Estados Unidos. Ou seja, em função do marketing pode-se definir processos de exportação diferentes, mesmo sendo um produto semelhante. A seguir, podemos observar alguns dos elementos de marketing que possuem impacto nos processos de comercialização internacional.

• Padrões e táticas de promoção, disto dependerão bastante os tempos e logística da exportação.

• Comunicação e propaganda no estrangeiro, com foco:o direcionado a nichos específicos de mercado, ou mais focada para segmentos

de massa;o customizada e específica ou genérica;o intensiva, tipo penetração para um novo mercado, ou menos intensiva.

Exemplo: a venda de commodities não precisa de marketing intensivo, mas sim de negociações intensivas do volume e logística em concordância do preço de mercado internacional. No mercado de commodities, o preço não é negociável, o mercado impõe o preço;

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TÓPICO 1 | AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS INTERNACIONAIS

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o racional, mercadoria a ser vendida em função de suas funcionalidades que será entregue para um cliente industrial no exterior, conhecido em inglês como negociação business to business (B2B);

o emocional, em função do consumidor final, pelo geral é mais emotivo que racional;

o rica em pormenores, informações técnicas e elementos de conteúdo exaustivo;

o mais ou menos descritiva ou ilustrativa, com ou sem o envio de amostras, eventos de demonstração direta, venda em consignação etc.

Em resumo, estes três grandes elementos: precificação, logística emarketing possuem uma relação direta “para onde”, “para quem” e “como exportar”, pois em função destes fatores é que se poderá determinar as estratégias para fazer acontecer a exportação. Aliás, estes elementos definem as atividades dos processos de exportação a serem considerados desde o envio da mercadoria ao exterior até seu destino final.

Agora, indo além do contexto de “onde” e para “quem” exportar, qual o grau de importância das exportações tanto para as empresas como para a economia do país? No próximo subtópico, vamos fazer um vínculo entre a parte operativa e econômica das exportações.

3 A IMPORTÂNCIA DE EXPORTAR

As exportações fazem parte essencial da dinâmica econômica e comercial de um país. É por meio destas que a economia nacional pode adquirir grande parte das divisas (moeda estrangeira) necessárias para poder bancar a compra de insumos, bens de capital (equipamentos, máquinas etc.), serviços e bens de consumo que não são produzidos no país. No entanto, como é que a economia nacional, por meio da exportação, pode adquirir essas divisas tão necessárias à dinâmica econômica?

Isso acontece por meio das vendas ao exterior. As empresas exportadoras cobram em moeda estrangeira (principalmente em US$), logo, essa liquidação de venda ao exterior terá que ser declarada e oficializada por meio do mercado de câmbio. Deste modo, a empresa exportadora é obrigada a vender as divisas geradas na exportação ao Banco Central, em troca de moeda nacional. Assim, através desta dinâmica do mercado de câmbio, o Banco Central do Brasil acumula divisas vindas das exportações, e as empresas exportadoras adquirem moeda nacional (fruto da venda de divisas) para continuar suas operações industriais e comerciais e, claro, gerar lucro. Eis o elo entre a atividade exportadora e a acumulação de divisas necessárias para importar mercadorias e serviços necessários à atividade econômica.

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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3.1 IMPORTÂNCIA DE EXPORTAR PARA AS EMPRESAS

Além de sua função geradora de divisas, as exportações são de extrema importância para a atividade econômica das empresas e da economia como um todo. É somente com o comércio internacional que as empresas e o país poderão se desenvolver e gerar competências necessárias para se manter ativos em uma economia globalizada. Podemos observar que as economias que fecham suas portas para o mundo acabam se atrasando, logo, tanto sua população como suas entidades produtivas ficam paradas no tempo. O resultado disso? A população vai se empobrecendo. Se dermos uma olhada para Cuba, Venezuela, Coreia do Norte e a ex-União Soviética, todas acabaram atrasadas.

Deve-se levar em consideração que com o incremento das exportações ocorrerá uma ativação do mercado doméstico, gerando maior emprego e distribuição da renda, possibilitando tanto ao país como às empresas gerar maiores volumes de recursos para aquisição de tecnologias que não são produzidas no mercado doméstico, mas sim no externo.

Assim, a exportação é uma grande ferramenta para que uma organização economicamente produtiva possa aumentar sua produtividade (competitividade), desenvolver novas tecnologias, agregando valor e qualidade às mercadorias e serviços que oferece ao mercado. Vazquez (2004, p. 21) afirma que “a globalização mundial das economias, com o encurtamento das distâncias dos mercados, provocou uma concorrência intensa entre os países”.

Conforme o exposto pelo autor Vazquez, esse encurtamento das distâncias faz com que as economias mundiais sejam cada dia mais globalizadas e competitivas, aproximando comercialmente empresas de países distantes, como o Brasil e a China. Isso fez com que economias vizinhas, grandes como o Brasil e pequenas como o Uruguai, aproximem-se comercialmente em blocos econômicos poderosos para que suas empresas possam competir perante mercados internacionais. A aproximação de países vizinhos com blocos de economias distantes resulta em:

[...] discutir ‘globalização’ que é falar sobre as diversas transformações que ocorreram em âmbito mundial (principalmente a partir da segunda metade do século XX), influenciando sobremaneira a conduta diplomática dos países na gestão da política externa e defesa de seus interesses econômicos, num quadro demarcado pela associação de forças regionais e que, inclusive, passou a envolver ativamente a participação das nações periféricas (FARO, 2010, p. 8).

Esse processo de globalização, em essência, baseia-se em graus cada vez mais elevados de integração dos sistemas produtivos de uma empresa. Observar o fenômeno da globalização nada mais é do que um processo crescente e gradativo de interdependência entre países e empresas com interesses econômicos em comum. Parceria econômica e comercial que outrora era uma limitação de tempo e espaço, que eventualmente deu espaço para uma aldeia global de economias e empresas atuando constantemente no mercado internacional.

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TÓPICO 1 | AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS INTERNACIONAIS

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Um produto de simples fabricação, mas de consumo e produção global pode possuir insumos e valores agregados de diversos países, isto podemos exemplificar com o creme de avelã, cacau, leite, e mais outros ingredientes. Produtos como esses possuem insumos e serviços de cada canto do globo, gerando valor ao longo da cadeia produtiva.

Um exemplo destes produtos pode ser a Nutella, que contém um pouco de insumos, serviços e patentes de diversos países de cada canto do mundo, um pouco da França, da Itália, da Nigéria, da Malásia, da Turquia, do Brasil, entre outros, ou seja, nesse produto estão representados todos os continentes e culturas do mundo! Integrando globalmente fornecedores e fábricas do produto ao redor do mundo, como podemos observar no seguinte mapa da cadeia produtiva deste produto.

FIGURA 3 – MAPA DA CADEIA DE VALOR DO CREME DE AVELÃ E CACAU

FONTE: <http://economia.estadao.com.br/blogs/fernando-nakagawa/economistas-a-nutella-e-o-alimento-perfeito-ate-na-cadeia-de-producao/>. Acesso em: 9 fev. 2016.

Assim como a Nutella, podemos citar outros produtos, de fato muitos. No entanto como é que acontecem estes processos de integração/comercialização internacional? E no contexto operativo do comércio exterior do Brasil, como é que se pode executar um processo de comercialização internacional?

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As empresas brasileiras atuantes no comércio internacional devem cumprir uma série de requisitos administrativos e logísticos para fazer acontecer a troca comercial internacional. Levando isso em consideração, a seguir vamos estudar como é que uma empresa brasileira pode fazer acontecer tanto a exportação como a importação. Observe que ambos os processos comerciais internacionais são causa e efeito de uma longa cadeia internacional de geração de valor das mercadorias comercializadas ao longo do globo.

4 COMO FAZER ACONTECER A COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL

Quando se deseja iniciar um processo de exportação ou importação, as empresas se deparam com a dúvida de “como” começar o processo para comercializar nos mercados internacionais. Esta é uma dúvida normal no momento de se iniciar vendas ou compras no mercado externo. O “como exportar” e o “como importar” dependerá, aliás em muito, do tamanho da empresa exportadora e/ou importadora, veremos em seguida.

A decisão dependerá do custo/benefício do gasto administrativo para fazer acontecer a negociação comercial internacional. Se uma empresa de tamanho pequeno deseja exportar, o gasto de todo um departamento de exportações seria caro demais para manter essa área administrativa ativa. Assim, se a empresa que está ingressando nas exportações perceber que não há vantagem em montar todo um sistema operativo/administrativo para fazer acontecer a exportação, logo, esta empresa possui a opção de terceirizar o serviço operativo/administrativo da exportação.

Isto pode ser feito por meio de uma “trading company” (comercial exportadora). Ou seja, o exportador irá procurar empresas especializadas no comércio exterior, que conhecem todos os trâmites da atividade. Isto traz uma série de vantagens para as empresas de tamanho pequeno e médio. Entre as vantagens principais de terceirizar os serviços de exportação, e/ou importação, por meio de uma trading company estão:

• A empresa está dispensa de se registrar na Receita Federal, "Radar".• No caso de exportações que demandam volumes de exportações menores que

de um contêiner, a trading company oferece diversas alternativas de consolidação de embarque.

• Não haverá grandes necessidades de liquidez operativa (capital de giro) para fazeraconteceraexportação. Assim, a empresa foca-se no que sabe fazer, sem ter que gastar nem tempo nem capital na gestão da exportação, conseguindo economizar em funcionários especializados em comércio exterior, nestes casos a trading company é a responsável pela gestão desses funcionários.

• Sem ter que cuidar da gestão da exportação, a empresa pode se focar na atuação em diversos mercados internacionais.

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TÓPICO 1 | AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS INTERNACIONAIS

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• Geralmente, a trading company, além de oferecer seus serviços na gestão dos processos de exportação, pode oferecer a possibilidade de acesso a linhas de crédito para incentivar as exportações do Brasil.

• Por meio de uma trading company, qualquer empresa, por mais pequena que seja, possui as portas abertas para poder vender seus produtos ao exterior.

No entanto, a trading company cobra pelos serviços prestados, isto é feito por meio da cobrança de taxa sobre o valor FOB a ser exportado ou importado. Assim, em função do custo dessa taxa existe um limite do custo/benefício para contratar os serviços destas empresas especializadas em comércio exterior.

Assim, para as empresas de porte maior não justificariam os serviços de uma trading company, para este tipo de exportador pode ser mais econômico ter seu próprio departamento de exportações. Eis uma análise simples e rápida da relação custo/benefício, neste caso, de um serviço prestado.

4.1 CASO PRÁTICO DA ANÁLISE DO CUSTO/BENEFÍCIO DE CONTRATAR UMA TRADING COMPANY

O divisor de águas monetário do custo/benefício de contratar uma trading company será a análise comparativa entre a taxa cobrada pela trading e os gastos do exportador como se este estivesse exportando por sua própria conta. Para exemplificar isso, vamos supor a seguinte situação:

Uma empresa quer analisar se vale a pena ou não contratar os serviços de uma trading company, supondo que vai exportar dois contêineres a cada dois meses, de fogões de cozinha.

Para tal serviço, a trading company cobra uma taxa de 5% de comissão

do valor FOB da mercadoria. Supondo que cada contêiner possui um valor de exportação FOB de US$ 40.000,00, de quanto seria o valor da taxa dos serviços da trading company?

• Valordaexportação: dois contêineres x US$ 40.000,00 = US$ 80.000,00• Valor da taxa da trading: US$ 80.000,00 x 5,00% = US$ 4.000,00

Agora, vamos supor que se a empresa tenha seu próprio departamento de exportações, entre gastos administrativos e trâmites aduaneiros para fazer acontecer a exportação, a empresa estaria gastando em média US$ 2.500,00/mês. Considerando esses dois elementos de gastos comparativos, o que seria melhor para a empresa? Fazer a exportação por sua própria conta ou contratar os serviços profissionais de uma trading company?

Se a empresa estiver gastando, em média, US$ 4.000,00 a cada dois meses em taxas de serviço da trading company, logo, na média o gasto dela será ao mês de US$ 2.000,00 (US$ 4.000,00/2).

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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Assim, o custo/benefício da empresa será de contratar os serviços da trading, em função de que o gasto destes serviços será de US$ 2.000,00 ao mês versus US$ 2.500,00 ao mês de gastos administrativos recorrentes dos processos de exportação. Eis uma análise de relação custo/benefício de um serviço prestado.

E se a empresa duplicar o número de contêineres, de dois para quatro a cada dois meses? Nessa situação a análise muda de contexto, dado que agora o custo médio da trading será de US$ 4.000,00 versus US$ 2.500,00 de gastos administrativos recorrentes dos processos de exportação. Nesta situação, talvez seja melhor para a empresa ter seu próprio departamento de exportações.

Eis a aplicação do conceito de custo/benefício para se definir quando vale a pena contratar os serviços de uma trading company. Porém, isto foi feito sem levar em consideração que, se amanhã baixar o volume das exportações, o valor pago à trading será proporcionalmente menor, em função da queda das exportações.

Em contrapartida, se a empresa tiver seu próprio departamento de exportações e as vendas caírem, ela deverá continuar bancando os gastos administrativos (ex.: salários) do departamento. Assim, isto também é um dos motivos de só empresas grandes atuarem regularmente no mercado exterior, possuindo seu próprio departamento. Contudo, independentemente do tamanho da empresa, quais os requisitos para executar um processo de exportação ou importação?

4.2 REQUISITOS PARA UMA TRANSAÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL

Quando iniciar um processo de exportação e/ou importação, o primeiro passo a cumprir é providenciar o registro de exportador ou importador. Isto é feito por meio do Serviço de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC). Este registro é feito por meio do SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior), é administrado pela SECEX – Secretaria de Comércio Exterior e Receita Federal e operacionalizado pelo Serpro.

O sistema de informação do SISCOMEX pode ser acessado pelos bancos, corretoras e despachantes, ou seja, pelos atuantes ativos do processo de exportação. Destes, os únicos autorizados para a liquidação efetiva dos contratos de câmbio são os bancos autorizados.

Como estudamos anteriormente, o exportador possui a escolha do “como” quer encaminhar a exportação, de maneira direta ou por meio de uma trading company. Assim, a empresa poderá decidir qual a dinâmica do canal da exportação, visando colocar suas mercadorias no exterior. Esses dois canais que fazem acontecer a exportação são:

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• Venda Direta: O exportador executa a exportação diretamente, vendendo suas mercadorias diretamente ao importador, sem a participação de um terceiro agente no processo. É uma operação de alto risco, geralmente acontece quando já existe uma parceria de longo prazo entre as partes, e quando os volumes a serem exportados são altos.

• Venda Indireta: O exportador executa a exportação indiretamente, utilizando os serviços de uma empresa comercial exportadora, trading company. Neste sentido, a trading company terá o mandato de vender as mercadorias para o exterior em função das instruções do exportador. O risco é baixo, porém, com um custo maior, como foi estudado anteriormente.

Independentemente do canal, o principal requisito para quem quer exportar é registrar-se no SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior). Isso porque o SISCOMEX é o sistema que centraliza todas as necessidades administrativas perante os órgãos do Estado para fazer acontecer tanto a exportação como a importação.

Para lembrar, essencialmente existem três órgãos administrativos nos processos de exportação/importação. Temos que observar que até o ano de 1992 as operações de comércio exterior eram processadas e controladas por diversos organismos que atuavam independentemente. Nesse sentido, até essa data, seja o exportador ou importador, precisavam se registrar na Secretaria de Comércio Exterior.

Após esse registro, a empresa exportadora, ou importadora, deve fazer os trâmites da declaração de divisas no Banco Central do Brasil, e para fins tributários, deve registrar também a exportação ou importação na Secretaria da Receita Federal. Ou seja, a empresa atuante no comércio exterior precisa resolver uma série de trâmites administrativos com diferentes órgãos do Estado, de maneira independente em cada um deles.

A partir do ano de 1992, visando facilitar os trâmites administrativos do comércio exterior, apresentou-se a necessidade da criação de um sistema integrado para facilitar a validação de uma série de documentos, tais como: guias de exportação e/ou importação, declaração de exportação e/ou importação, licença de importação, declaração de importação, contratos de câmbio, entre outros.

Esse sistema de integração é o SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior), que basicamente é o sistema de informação dos órgãos do governo essenciais para o intercâmbio de dados entre os diferentes órgãos do Estado. Assim, o SISCOMEX consolida de forma sistemática e administrativa a interface dos dados, sendo um meio de consolidação entre:

• a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX);• o Banco Central do Brasil;• a Secretaria da Receita Federal.

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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Cabe lembrar que o SISCOMEX é um sistema de informação, embora essencial à administração do comércio exterior, não é um órgão em si. Os órgãos atuantes continuam sendo os mesmos de antes do nascimento do SISCOMEX (1992). Lembre-se de que todos estes (três) órgãos do Estado possuem suas funções preservadas, porém, hoje, com o SISCOMEX é mais eficiente o processo de comércio exterior, tornando-o ágil e competente, nas diversas etapas de um processo de exportação ou importação.

Hoje, cada uma das exportações ou importações a serem executadas devem, sem exceção, passar pelo SISCOMEX. Entre os principais serviços de integração de dados que presta o SISCOMEX temos:

• OREI(RegistrodeExportaçãoeImportação): Cada exportação ou importação deve possuir o REI, sem este não existirá chance nenhuma de exportar.

• O RV (Registro de Venda): Documento que faz o registro do valor da transação comercial internacional.

• OSD (SolicitaçãodeDespachoAduaneiro): Documento fundamental para internacionalizar a mercadoria, quando exportar; e nacionalizar a mercadoria, quando importar.

• O RC (Registro de Operação de Crédito): Documento que oficializa as condições e meios de pagamento da exportação ou importação.

Como podemos observar, o SISCOMEX é parte essencial da parte administrativa para formalizar a transação internacional. Ao comparar o antes e o depois de ter implantado o SISCOMEX, os principais objetivos, segundo Vasquez (2004, p. 48), são:

• simplificar e padronizar as operações de comércio exterior, com acentuada redução da carga burocrática;

• agilizar ao máximo as operações de embarque de mercadorias destinadas à exportação;

• reduzir ao mínimo o tempo de liberação das mercadorias importadas;• dispor de controles automáticos e unificados, por meio de recursos

eletrônicos;• gerar estatísticas confiáveis e tempestivas;• inibir a tentativa de fraudes;• motivar a participação de novas empresas no comércio exterior.

Acabamos de estudar várias questões interessantes sobre definições de para “onde” e para “quem” exportar, quesitos iniciais e de base para começar um processo de exportação ou importação. Contudo, para que esse processo de exportação possa ser executado, existe a necessidade de observar os requisitos administrativos perante a formalização e internacionalização da mercadoria, processo administrativo feito por meio do SISCOMEX.

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Neste tópico, você aprendeu que:

• O comércio exterior aborda todas as transações comerciais de um país em específico com o resto do mundo, executando processos, operações, exportações e importações de mercadorias e serviços.

• Quais são os elementos importantes quando decidir como exportar, para quem exportar, o que exportar. Todos estes elementos dependerão do posicionamento competitivo do país no contexto internacional. Quanto maior for a competitividade relativa do Brasil, maior a capacidade de exportação.

• A precificação,logísticaemarketing possuem uma relação direta “para onde”, “para quem” e “como exportar”, pois, em função destes fatores é que se poderá determinar os processos de exportação.

• A importância e o impacto positivo de vender para o exterior, tanto para o Brasil como para as empresas. Para o país como um todo, as exportações geram divisas necessárias para poder adquirir bens e serviços vindos de fora que não são produzidos no país.

• Quais são os passos iniciais para fazer acontecer a comercialização internacional. O “como exportar” e o “como importar” dependerão, em muito, do tamanho da empresa exportadora e/ou importadora. Desta forma, cada empresa deve fazer sua própria análise de custo/benefício para decidir se o processo de comércio exterior será feito diretamente ou terceirizado por meio de uma trading company.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 Ao definir “para quem exportar”, devemos tomar algumas precauções. Cite, pelo menos, três condicionamentos que possam ajudar ao exportador nesses questionamentos básicos.

2 Há três elementos estratégicos a serem considerados na hora de exportar, sendo eles: táticas de precificação; estruturação e logística; estratégias de marketing. Agora, escolha um desses elementos e exponha um exemplo prático de como poderia ser interpretado numa situação real.

3 Quais os benefícios das exportações para o Brasil? E para as empresas?

4 No momento de fazer acontecer uma exportação, de que dependerá a decisão de iniciar o processo de exportação diretamente, ou contratar uma trading company?

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

AS IMPORTAÇÕES

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Como vimos no tópico anterior, muitas empresas, assim como exportam, também importam insumos, seja de maneira direta ou indireta, através dos distribuidores. Vimos também como um produto de marca internacional pode possuir fornecedores ao redor de mundo e fábricas em diversos países. Isto acontece porque na economia globalizada tudo fica em função da competitividade relativa e dos mercados.

Hoje, o comércio entre as nações atinge índices nunca antes vistos, refletindo nos altos volumes tanto das exportações como das importações dos países, e no Brasil acontece igual. Esse aumento drástico do comércio internacional deve-se ao fato de as nações, para conseguirem manter padrões de vida modernos, devem estar inseridas no mercado mundial de mercadorias e serviços. Isto ocorre por meio dos recursos próprios, não há nação moderna e dinâmica que possa atingir níveis de consumo de uma sociedade do século XXI.

Nesse cenário é que o Brasil deve interagir com as demais nações do mundo. Ou será que o país pode dar conta das necessidades de sua população só com a produção nacional? Para responder a isso, devemos reparar que o comércio nacional de bens de consumo não seria viável sem a participação do comércio internacional. Ou seja, sem as importações, as empresas brasileiras não poderiam dar conta da fabricação de grande parte das mercadorias de produção nacional, visto que muitos insumos têm sua origem em outros países, parceiros do comércio exterior brasileiro. Eis a grande necessidade das importações: não são só bens importados prontos para serem consumidos; de fato, grande parte das importações brasileiras é para fornecer à indústria nacional.

2 A NECESSIDADE DE IMPORTAR

Do exposto acima, podemos observar que os países têm diversas necessidades de importação, desde produtos básicos, bens de consumo, insumos, até bens de capital com tecnologia de ponta. As importações exercem um papel-chave na dinâmica de uma economia, de acordo com Schulz (2000, p. 104):

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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As importações desempenham um papel vital na vida econômica de qualquer país desenvolvido, subdesenvolvido ou em desenvolvimento, pois nenhum país é totalmente autossuficiente. Todos os países dependem, de alguma forma, do resto do mundo para suprir suas necessidades. Quanto mais desenvolvido e industrializado, maior será sua necessidade de relacionamento com outros países.

Desse universo de importações, temos que diferenciar entre importações destinadas ao consumo final e importações destinadas ao processo produtivo e/ou aprimoramento de processos das empresas industriais e/ou comerciais que fazem parte da economia.

Em termos empresariais, qual o motivo que incentiva as empresas a importar? Embora existam muitos fatores, a maioria das empresas é motivada pelo interesse de buscar maiores margens operativas, portanto, gerar maior potencial de lucro. Para exemplificar, vamos colocar em contexto uma empresa local que produz e comercializa sapatos e botas nacionais: ela tem a opção de comprar saltos para a fabricação de suas botas por meio de dois fornecedores, o primeiro é nacional e o segundo é da Colômbia. O fornecedor nacional oferece o par de saltos para botas a R$ 6,00 e o fornecedor da Colômbia oferece o par de saltos, já nacionalizado, a R$ 5,00. Qual fornecedor você pensa que a empresa irá escolher? Provavelmente será o fornecedor da Colômbia, que poderá oferecer à empresa a oportunidade de melhorar a sua margem operativa e obter lucros maiores. Eis o grande motivador para importar insumos de fora: melhorar a margem de lucro na cadeia produtiva.

Por meio deste exemplo simples podemos observar como as empresas decidem sobre a escolha de importar ou se abastecer de insumos no mercado nacional. “[...] existe uma dinâmica que tende a minimizar as diferenças nas negociações. Essa dinâmica inclui um objetivo comum (como o lucro) e, geralmente, um referencial comum (na medida em que as partes envolvidas aprendem a trabalhar em conjunto)” (ACUFF, 2004, p. 43).

Além da constante busca de melhorar a margem operativa das empresas, existe mais uma dinâmica que incentiva as empresas a importar, o aumento da demanda interna. Em muitas ocasiões, a produção nacional não dá conta da demanda interna, assim, abre-se uma janela para abastecer o mercado por meio das importações, segundo Souza (2003, p. 144): “[...] hoje muitas empresas recorrem a produtos importados para atender à demanda interna, ou seja, quanto mais alta for a sua demanda, mais alta será a demanda por esses bens, tanto os produzidos internamente quanto os estrangeiros”.

Como exposto acima, podemos dizer que existem diversos motivos para importar, existindo quatro grandes motivadores, sendo estes:

• Abastecer-se de insumos e bens de capital que simplesmente não existem no país, logo, a importação se faz imprescindível.

• Atingir melhores níveis de lucro diante da diminuição de custos, e economia de escala da atividade empresarial moderna. Exemplo: reduzir a dependência dos fornecedores nacionais e aumentar os estrangeiros que poderiam ter preços mais baixos.

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TÓPICO 2 | AS IMPORTAÇÕES

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• Aumentar as opções de fornecedores e a qualidade dos seus produtos, consequentemente, da produtividade empresarial. Exemplo: se um insumo importado de maior qualidade gera menor desperdício, talvez seja interessante abrir essa possibilidade.

• Diversificar mercados de atuação oferecendo uma gama de produtos diferenciados, dependendo da funcionalidade e da qualidade. Exemplo: uma empresa que produz fogões e geladeiras poderia complementar suas vendas com uma linha de modelos importados.

A importação, por sua vez, visa permitir ao país a obtenção daqueles produtos que ele não tem condições ou não tem interesse em produzir, possibilitando suprir eventuais falhas em sua estrutura econômica, ou, quiçá, o desinteresse mencionado. Através da importação, o país propicia à sua população o alcance destes produtos aparentemente distantes (KEEDI, 2007, p. 22).

Apesar de estar comprovado que o próprio mercado determina o volume de importações necessárias para uma economia inserida no comércio internacional, existem fatores de análise importantes que definem quão aberta é uma economia ao mercado internacional. Nesse sentido, faz-se necessário analisar:

• Quais as dificuldades encontradas pelas empresas no momento de realizar um processo de importação.

• Quais os fatores nacionais que motivam a realização de importações, além do interesse da empresa privada de gerar maiores lucros.

• Quais são as reais vantagens e desvantagens verificadas a partir da importação, para o consumidor, a empresa e o país.

3 COMPOSIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES DO BRASIL

Para entender a composição das importações no Brasil, temos que analisar qual é o motivo gerador das importações. Em grande parte, as importações dependem da demanda interna existente. Isso significa que o aumento, ou diminuição, das importações ficará majoritariamente em função da capacidade de consumo da população e da capacidade das empresas em reagir às variações dessa demanda interna.

Nesse contexto, quanto maior a renda disponível da população, maior será a demanda de produtos importados, ou de produtos que contenham insumos originários das importações. Como já frisamos anteriormente, a maior parte das importações do Brasil não são bens de capital e, sim, insumos para a indústria nacional, que têm como destino o processo produtivo das indústrias e montadoras operando aqui no Brasil. Isto nos leva a seguinte pergunta: quais produtos o Brasil importa?

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3.1 PRINCIPAIS MERCADORIAS QUE O BRASIL IMPORTA

O Brasil, em função de ser uma das maiores economias do mundo, e em função de seu nível médio de desenvolvimento, importa diversas mercadorias e serviços, desde matérias-primas básicas, bens de capital de tecnologia de ponta até veículos de luxo. Porém, dentre as milhares de diferentes mercadorias importadas, somente 25 itens destas mercadorias fazem parte de mais de 40% das importações!

Segundo dados fornecidos pela Receita Federal do Brasil do ano 2011, as 25 principais mercadorias importadas representam 42,26% do total importado, concentrando-se nos seguintes itens:

Principais produtos importados pelo Brasil de janeiro até agosto do ano 2011

• Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos lideraram a importação com US$ 9.937 milhões, representaram 6,77%.

• O petróleo e os automóveis de passageiros - US$ 9.340 milhões, representaram 6,36%.

• Os automóveis de passageiros - US$ 7.353 milhões, representaram 5,01%.• As partes e acessórios dos veículos automotores - US$ 4.234 milhões,

representaram 2,88%.• As compras externas de aparelhos elétricos para telefonia ou telegrafia por

fio - US$ 3.163 milhões, representaram 2,15%.• Os circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos - US$ 2.946 milhões.• O gás de petróleo e outros hidrocarbonetos - US$ 2.856 milhões.• As hulhas - US$ 2.811 milhões.• Os adubos e fertilizantes químicos - US$ 2.281 milhões.• Os medicamentos representaram US$ 2.278 milhões.

FONTE: Adaptado de: <http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Aduana/RelatorioImportacao/2011/ImportacoesAgosto2011.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2016.

E será que esse cenário da composição das importações mudou para o ano de 2015? Talvez aconteceram pequenas mudanças nas porcentagens, mas no contexto global pouca coisa tem mudado. A seguir trazemos um quadro comparativo das principais importações do Brasil por produto para os meses tanto de janeiro 2015 como de janeiro 2014.

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QUADRO 1 - PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS PELO BRASIL, JANEIRO 2015 E JANEIRO 2014, EM MILHÕES DE US$

ImportaçãoTotaljan/15 jan/14 VARIAÇÃO

US$ % US$ % %16,878 100 20.094 100 -16,01

Gás natural liquefeito 648 3,84 105 0,52 517,2Óleos combustíveis 509 3,02 1.051 5,23 -51,52Partes e peças para veículos 501 2,97 707 3,52 -29,15Medicamentos humanos e veterinários 463 2,74 493 2,45 -5,98Plataformas de perfuração e exploração 429 2,54 379 1,89 13,16Circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos 367 2,17 441 2,19 -16,72Automóveis de passageiro 355 2,11 549 2,73 -35,32Nafta 295 1,75 252 1,25 16,93Gás natural 282 1,67 331 1,65 -14,77Circuitos impressos para telefonias 278 1,65 278 1,39 -0,12Partes de aparelhos transmissores ou receptores 248 1,47 422 2,1 -41,36Polímeros de etileno, propileno e estireno 243 1,44 215 1,07 13,02Hulhas não aglomeradas 239 1,42 246 1,22 -2,80Motores, geradores e transformadores eletrônicos 223 1,32 250 1,24 -10,78Instrumentos e aparelhos de medida e verificação 219 1,3 251 1,25 -12,45Parte e acessórios para processamento de dados 196 1,16 216 1,07 -9,16Gasolina 192 1,14 33 0,17 476,6Óleos brutos de petróleo 190 1,13 1.087 5,41 -82,54Rolamentos e engrenagens 187 1,11 237 1,18 -21,21Bombas, compressores, ventiladores e suas partes 181 1,07 227 1,13 -20,15Lanimados planos de ferro ou aços 174 1,03 139 0,69 24,87Compostos hetericíclicos, seus sais e sulfonamidas 173 1,02 235 1,17 -26,57Cloreto de potássio 168 1 129 0,64 30,26Inseticidas, formicidas, herbicidas e semelhantes 162 0,96 246 1,23 -34,16Partes de motores e turbinas para aviação 153 0,9 155 0,77 -1,37Outros 9.803 58.08 11.420 56.83 -14,17

FONTE: <http://br.advfn.com/indicadores/balanca-comercial/brasil/2015/01/importacao>. Acesso em: 10 fev. 2016.

Ao observarmos o quadro comparativo de janeiro 2014 e janeiro 2015, os 25 produtos com maior volume de importação representam mais de 40% do total das importações, ou seja, o peso desses produtos vem se mantendo ano após ano. Isso quer dizer que tanto quanto os demais países, o Brasil é dependente desses produtos para que sua economia possa continuar operando e crescendo.

Nesse sentido, sem as importações das matérias-primas e alguns produtos essenciais com maior valor agregado, a economia brasileira estaria prestes a um

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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colapso. Será que isso é normal? Para uma economia globalizada, sim. Observe que o Japão quase não possui recursos naturais, mas todas as matérias-primas e insumos necessários para suas indústrias são importados. Indústrias japonesas que dão valor agregado aos insumos importados para logo serem exportados. Ou seja, o Japão é uma das maiores economias do mundo, e possui uma economia totalmente dependente de seu comércio exterior.

Já no ano de 1963, o economista Glycon de Paiva (apud PIFFER, 2013, p. 12) dizia: “Dos 300 minerais normalmente necessários ao progresso e à sobrevivência de um país, até agora nos faltam 250”. Na média, um país, para poder manter suas atividades econômicas, precisa importar 250 minerais fundamentais para gerar produtos, e no Brasil não é diferente. Mas o que o país deve fazer, de fato, é reduzir as importações de produtos com pequeno valor agregado. Nesse contexto, exportamos petróleo para ter de importar óleo diesel e gasolina; ou exportamos grão de soja para logo importar óleo de soja, para citar só alguns exemplos. Ou seja, se o Brasil melhorar a capacidade de gerar valor agregado, o que é gasto em importações poderia ser aproveitado de maneira mais eficiente, isto quer dizer que a economia brasileira deveria aprimorar a qualidade do gasto do que está importando. Em termos da economia como um todo, o país precisa importar por vários motivos, entre os mais importantes:

• Matéria-prima e produtos básicos: Necessidade de matéria-prima ou produtos básicos que não temos a capacidade nem os recursos naturais suficientes para serem produzidos 100% nacionalmente, dentre tantos outros fatores. Exemplo: gás, gasolina, hulhas, borracha etc.

• Produtos diferenciados com alta tecnologia: Necessidade de acesso aos produtos e bens diferenciados, ou que possuam grau de inovação tecnológica de ponta, para assim melhorar a competitividade da indústria nacional.

• Produtos de consumo: Necessidade de oferecer bens importados diretamente aos consumidores, devendo estes produtos concorrerem com a produção nacional. Isto gera diferenciação de preços e melhor capacidade de escolha aos consumidores. Além disso, isto faz com que a indústria nacional tenha que inovar constantemente para poder se manter ao nível da qualidade dos produtos importados, aliás, isto é um fator para qualquer economia globalizada. Ao observarmos a década de 1980, percebemos que a indústria americana de automóveis teve que inovar urgentemente, com vistas a dar conta da forte concorrência vinda da alta qualidade dos veículos japoneses que estavam tomando conta do mercado americano.

• Produtos de consumo diferenciados: Necessidade de oferecer ao consumidor produtos que, por motivos de falta de produção nacional, devem ser importados. Isto gera qualidade e diferenciação ao consumidor, com vistas a manter a economia mais dinâmica e ligada aos avanços da economia global.

Apesar de todas as vantagens expostas, nem sempre as importações são vistas como favoráveis a um país, e o Brasil não é a exceção, pois, de maneira direta, as importações vazam a poupança interna, consomem divisas e geram perda de mercado às indústrias nacionais. Este prejuízo de mercado das indústrias

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TÓPICO 2 | AS IMPORTAÇÕES

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nacionais produz perda de empregos, um dos principais motivadores para os países levantarem barreiras comerciais às importações. Eis a necessidade de um país realmente avaliar bem a qualidade do que é gasto em importações, ou seja, a importação deve ser um gasto que possa oferecer valor agregado às cadeias produtivas e ao consumidor.

Aprimorar a qualidade das importações como um todo, a longo prazo, fazendo uma boa gestão de comércio exterior. As importações são necessárias e benéficas. Nesse sentido, todos os países que pretenderam “economizar” e fecharam suas portas às importações ficaram atrasados, suas economias ficaram menores e sua população ficou empobrecida. Basta dar uma olhada nos casos de Cuba, Coreia de Norte, da ex-União Soviética, e o caso da Venezuela e da Argentina no final do ano 2015.

Na economia globalizada, de fato, os países são interdependentes. A Europa necessita da borracha da Ásia, do petróleo e gás do Oriente Médio e da Rússia; e para satisfazer às necessidades de sua população importa café, chá, cacau etc. É assim em função da decorrência das diferenças geográficas, tais como clima, solo e recursos naturais. Assim, os países têm suas produções nacionais diretamente ligadas ao custo menor relativo, o que é conhecido como a vantagem competitiva das nações.

Podemos exemplificar sobre a vantagem competitiva de nações com o exemplo Chile. Este país, que em função de sua cultura, posição geográfica e solo é extremadamente competitivo na produção de vinho, consequentemente, exporta grandes volumes deste produto, entre outros produtos. Contudo, também importa quase de tudo, como veículos, por exemplo. O Chile considera que não é competitivo produzir carros, mas é competitivo, sim, em outros produtos. Será que o Chile importa vinhos vindos de Argentina, Espanha, França e Itália? Com certeza sim, pois é uma economia aberta, e quanto maior variedade de opções o consumidor tiver, melhor.

Outra vantagem competitiva entre as nações é que, se um o país “B” produzir melhor café e o país “A” produzir melhor trigo, seguramente o país “A” acabará importando o café do país “B” e exportando trigo para esse país “B”, e o país “B” acabará importando o trigo do país “A” e exportando café para esse país “A”. Este exemplo pode ser aplicado perfeitamente ao caso de Brasil e Argentina, onde Brasil (por condições climáticas e culturais) é bem competitivo na produção de café, e a Argentina é um dos maiores produtores de trigo do mundo.

Agora, imagine isso com os milhares e milhares de produtos que são comercializados ao redor do mundo todos os dias. O conceito vira uma matriz praticamente difícil de analisar, mas como conceito competitivo está comprovado que funciona, e pode ser interpretado como um derivado da “mão invisível do mercado”.

Veremos um caso prático aplicado à história comercial recente do Brasil. Na década de 1970, a produção de soja do Brasil era dez vezes menor que a dos

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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Estados Unidos, inclusive importava-se este produto. E hoje? Graças à longa pesquisa desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil hoje pode produzir grandes extensões de hectares de soja onde antigamente era considerado impossível produzi-la. A produção de soja dessa época concentrava-se no Estado do Rio Grande do Sul, com clima mais frio que a média brasileira.

Era considerado impossível produzi-la, dado que a soja é considerada uma leguminosa de clima mais frio, e as grandes extensões de soja dos estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia, até finais do século XX, eram consideradas inviáveis para a produção deste grão. Graças às pesquisas da Embrapa, esse grão hoje pode ser produzido em climas mais quentes. Resultado? O Brasil, junto aos Estados Unidos e Argentina, são os maiores produtores e exportadores deste grão. Isto, no geral, quer dizer que se um país ainda não possuir a tecnologia necessária para produzir, a importação torna-se conveniente e necessária, isto permite aos países importadores adquirirem mercadorias de tecnologia de ponta. E se um país importador observar que tem potencial produtivo por meio de pesquisa e compra de tecnologia e assim produzir esses produtos que demandam alta inovação, talvez no futuro possa obter alta produtividade. Este é o caso da soja, em que, por meio do aprimoramento genético, o Brasil conseguiu se tornar um dos maiores produtores do mundo.

Referente à questão da tecnologia, também podemos observar o caso dos produtos farmacêuticos. O país comprador poderá, com o decorrer dos anos, produzir os remédios demandados pelo cidadão. Porém, nesse espaço de tempo importará dos países que já dispõem da mercadoria pronta, caso exemplificado dos genéricos no Brasil.

Nem sempre se pode suprir uma importação. O que podemos observar, muitas vezes, é que é mais barato comprar do que produzir. De acordo com as palavras do autor Maia (2007, p. 28):

No começo do século XX, as indústrias americanas de seda se instalaram na China, porque devido à mão de obra mais barata, era conveniente produzir naquele país e vender nos Estados Unidos. Atualmente, estamos vendo a repetição desse fato. Indústrias dos principais países, com necessidade alta em mão de obra, foram instaladas na China para produzir a preços mais competitivos.

Neste contexto, podemos compreender que o Brasil é um exportador de commodities ou produtos primários (minério de ferro, soja, petróleo bruto, óleo de soja e açúcar etc.) para a China. Logo, esse país, possuindo um parque fabril com capacidade de industrialização de matéria-prima, acabamos comprando de lá uma grande parte de nossas necessidades de produtos manufaturados de tecnologia média que, aliás, demandam alto grau de mão de obra.

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TÓPICO 2 | AS IMPORTAÇÕES

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Acabamos de ver alguns exemplos da vantagem competitiva das nações, colocando em contexto algumas situações específicas do Brasil. No geral, qual o posicionamento da balança comercial do Brasil? Ou seja, qual é o saldo líquido entre o total de exportações e importações do Brasil? No próximo subtópico vamos estudar a dinâmica da balança comercial do país.

DICAS

Você sabe quais são as pesquisas em andamento por parte da Embrapa? Convido você a acessar o seguinte site onde podemos observar como este centro de pesquisa ajuda a gerar competências à agroindústria brasileira: <https://www.embrapa.br/>.

3.2 SALDO ENTRE EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

Além dos fatores que interferem positiva ou negativamente na decisão de importar, devemos analisar as vantagens de uma boa gestão do comércio exterior. A chave não está em proibir as importações, mas sim manter na média um saldo positivo entre o que se exporta e importa. Isto pode ser difícil de atingir, mas não é impossível. Neste sentido, por questões econômicas externas e internas, haverá anos em que o país ficará obrigado a importar mais do que realmente está exportando, mantendo sempre uma perspectiva de longo prazo para sustentar uma média de saldo positivo da balança comercial do país.

A seguir, vamos observar um histórico da balança comercial dos últimos anos para termos uma ideia aproximada da quantidade de exportações e importações realizadas no Brasil.

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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QUADRO 2 - HISTÓRICO DA BALANÇA COMERCIAL

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL- ANO DE 2014 -

SALDO -4.059 -2.125 111 505 712 2.365 1.575 - - - - - -916EXP. 16.026 15.934 17.628 19.724 20.752 20.467 23.025 - - - - - 133.526IMP. 20.085 18.059 17.517 19.219 20.40 18.102 21.450 - - - - - 134.472

- ANO DE 2013 -SALDO -4.040 -1.279 162 -889 763 2.308 -1.838 1.223 2.143 -225 1-739 2.654 2.561

EXP. 15.967 15.549 19.320 20.631 21.822 21.134 20.807 21.424 20.996 22.821 20.861 20.846 242.178IMP. 20.007 16.828 19.158 21.620 21.059 18.826 22.705 20.201 18.853 23.046 19.122 18.192 239.617

- ANO DE 2012 - SALDO -1.306 1.706 2.022 879 2.960 805 2.872 3.225 2.553 1.659 -185 2.250 19.438

EXP. 16.141 18.028 20.911 19.586 23.215 19.353 21.003 22.381 19.998 21.783 20.472 19.749 242.580IMP. 17.448 16.322 18.889 18.687 20.255 18.548 18.131 19.156 17.445 20.104 20.658 17.499 223.142

- ANO DE 2011 - SALDO 398 1.195 1.549 1.861 3.520 4.458 3.135 3.874 3.074 2.355 582 3.819 29.790

EXP. 15.214 16.732 19.286 20.173 23.209 23.689 22.252 26.159 23.286 22.140 21.773 22.128 256.041IMP. 14.816 15.537 17.737 18.312 19.689 19.261 19.117 22.285 20.212 19.785 21.191 18.309 226.251

FONTE: <http://www.portalbrasil.net/economia_balancacomercial.htm>. Acesso em: 10 fev. 2016.

Ao analisar o quadro acima, pode-se verificar que o saldo da balança comercial brasileira é positivo na maioria dos meses, conseguindo assim manter uma média positiva. Porém, se observarmos bem, a partir do ano 2014 a balança comercial vem decrescendo, refletindo isto em parte na queda da taxa de câmbio do real versus o dólar. Até o começo do ano 2014, o dólar estava se mantendo no patamar de R$ 2,00 a R$ 2,50 por dólar, no entanto, com as perspectivas de queda nos preços das commodities e da crise política, o real acabou o ano de 2015 em quase R$ 4,00 por dólar.

Esse superávit na balança comercial, até o ano de 2014, significou que o valor das exportações foi maior que o valor das importações, embora a diferença não seja tão expressiva assim. E isso é normal, visto que:

• Quando há um aumento nas exportações, haverá também um aumento nas importações, pois ao exportar maiores quantidades, as empresas demandam de maiores quantidades de bens de capital, tecnologia e insumos importados.

• A CHAVE, como já foi exposto anteriormente, é manter um “bom” saldo positivo dessa balança comercial, pois assim acumulam-se reservas para garantir o pagamento das obrigações em moeda estrangeria do país.

Ao analisarmos o final do ano de 2015 e começo de 2016, percebemos que a balança comercial voltou para valores positivos, ajudando assim a frear um pouco a alta do dólar. Alta taxa do dólar, que para o ano de 2016 possui uma pressão e peso mais recorrente em virtude das incertezas político-econômicas do que da balança comercial em si.

Para terminar o tópico, é importante lembrar que:

A importação pode suprir falhas na estrutura econômica, colaborando na complementação dos produtos disponíveis à população de um país, ou de bens de capital necessários às empresas, cumprindo também o

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TÓPICO 2 | AS IMPORTAÇÕES

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papel de modernização da economia, por estimular a competição e permitir a comparação de processos e produtos. Visto que nenhuma nação consegue sobreviver apenas com seus recursos próprios, a importação é necessária e tão importante quanto a exportação para um país (REBONO, 2004, p. 237).

O argumento exposto pelo autor Rebono é válido para qualquer país do mundo, e se repararmos, existem poucos países que possuem realmente quase todos (mas não todos) os recursos. São poucos países que têm as extensões continentais e recursos como o Brasil, os Estados Unidos, Austrália, Rússia e o Canadá, e ainda assim estes países dependem do comércio internacional para manter e aprimorar a dinâmica de suas economias.

Pensem aí: se o Brasil e Estados Unidos dependem do comércio exterior, imaginem países como o Reino Unido, Japão e Alemanha. Estes países, embora potências econômicas, sem o comércio internacional teriam sérios problemas. Aliás, eles estão entre os mais afetados pela crise de 2008. Crise que fechou muitas portas comerciais e financeiras dos mercados internacionais. Todavia, graças a sua competitividade, conseguiram sair mais rápido que outros.

4 DIFICULDADES PARA IMPORTAR

O Brasil é uma economia considerada relativamente fechada ao comércio internacional. Isso quer dizer que para manter e proteger a indústria nacional existem muitos empecilhos no momento de importar, se comparar com uma economia aberta como a chilena. O nosso país tem melhorado muito no que tange ao comércio internacional, se compararmos ao Brasil de finais da década de 1980.

Isto quer dizer que, após decorridas duas décadas do início da intensificação das relações de comércio exterior por parte das empresas brasileiras, ativas no comércio exterior, muitas dúvidas e incertezas ainda existem no momento de importar. Ainda assim, existem importadores para todo tipo de mercadorias e serviços, é uma área muito dinâmica que faz parte integral da economia brasileira. No entanto quem é considerado importador no Brasil? De acordo com o art. 104, inciso I do Regulamento Aduaneiro Brasileiro: “o importador é assim considerado qualquer pessoa (física ou jurídica) que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro”.

Deste modo, podemos afirmar que a importação pode ser executada tanto por uma pessoa física como jurídica, mas sempre quando as normas brasileiras assim o permitirem. Em termos gerais, as empresas, na maioria das vezes, inserem-se no mercado internacional para obter mercadorias e bens de capital (equipamento industrial, tratores etc.) que não são produzidos internamente, e assim poder oferecê-las tanto ao setor produtivo como aos consumidores nacionais.

As empresas recorrem aos mercados internacionais para obter matérias-primas e insumos que logo serão utilizados na fabricação de outras mercadorias.

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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No caso do Brasil, como já temos observado anteriormente, em função de seu grande setor produtivo, a maioria das importações se destina ao abastecimento do setor industrial, através da importação de insumos e bens de capital, tais como máquinas e equipamentos.

Apesar da importação ser um setor muito dinâmico, as empresas brasileiras possuem diversas dificuldades, ou gargalos, no momento de importar. Grande parte dessas dificuldades decorre da excessiva burocracia e da falta de conhecimento das normas ou programas governamentais de apoio ao importador. Assim, antes de iniciar um processo de importação, devemos prestar atenção aos seguintes pontos:

• Identificar quais são as melhores condições comerciais para fazer acontecer a importação, em função da cadeia de logística de distribuição.

• Verificar se a importação que se deseja realizar é permitida ou se possui alguma exigência e/ou restrição, em função de existir no país uma série de impedimentos administrativos/técnicos para determinadas mercadorias a serem importadas.

• Verificar se o produto a ser importado possui semelhante de produção nacional, pois devemos levar em consideração que se não houver semelhança, existe a possibilidade de importar com taxas bem menores de impostos de importação.

• Fazer o levantamento do custo da importação em questão e verificar se é viável realizá-la. Muitas vezes, é aparentemente atrativo importar, mas quando se considerar todos os gastos e impostos do processo de importação, isto faz com que importações em potencial virem economicamente inviáveis.

Como acabamos de ver, existem vários pontos a serem considerados antes de decidir importar. Estes elementos de análise sempre devem ser considerados, e deve-se acrescentar na avaliação dois grandes desestimuladores às importações: as barreiras tarifárias e as barreiras não tarifárias. Segundo Hartung (2002, p. 331):

• Barreiras tarifárias compreendem mecanismos de controle e reguladores utilizados pelos governos mediante a alteração de tarifas aduaneiras.

• Barreiras não tarifárias são mecanismos utilizados pelos governos no intuito de controlar a compra ou venda de produtos.

Nesse sentido, podemos dizer que as barreiras tarifárias são aquelas criadas por meio da incidência de tarifas ou taxas de impostos para a importação de produtos. E as barreiras não tarifárias são aquelas que não possuem incidência de taxas de impostos, mas podem acontecer em função da necessidade de requisitos administrativos e técnicos, tais como limitação no volume de importações, ou requisitos sanitários quando se importar mercadorias que poderiam ameaçar a saúde dos brasileiros.

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TÓPICO 2 | AS IMPORTAÇÕES

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4.1 RESTRIÇÕES AO COMÉRCIO EXTERIOR (EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES)

É conhecido que a globalização maximiza as potencialidades econômicas dos países e, portanto, traz benefícios aos consumidores, mas nem sempre os países a praticam 100%. Isso acontece porque sempre há interesses econômicos a serem protegidos nas diversas áreas em que atuam as empresas. Interesses como: agroindústria e risco de desindustrialização nacional. Estes interesses, muitas vezes, atrapalham as importações.

No que tange à agroindústria, qual é o motivo que leva o país a proteger uma agroindústria que produz produtos mais caros do que os que PODERIAM ser importados? Um dos motivadores é a segurança nacional. Situações de catástrofes naturais, possíveis guerras, segurança alimentar “justificam” barreiras de produtos que possam ameaçar a agroindústria nacional.

Em muitas ocasiões, essas agroindústrias, se não fosse pelos subsídios ou

barreiras tarifárias, não poderiam subsistir. Sobre isto podemos observar alguns exemplos:

• Os Estados Unidos têm o interesse de proteger sua agroindústria de soja. Deste modo, este setor é protegido por meio de subsídios, perante a ameaça da concorrência vinda de outros países, tais como do Brasil e da Argentina.

• O subsídio para a produção de soja e milho nos Estados Unidos é muito alto. Resultado? Os preços internacionais deste grão podem se manter abaixo do valor de mercado real, prejudicando assim os produtores de soja e de milho daqui do Brasil.

Outra justificativa de proteção às importações é o interesse na proteçãoà desindustrialização. Por que um país poderia ter interesse em proteger as indústrias locais que produzem produtos mais caros dos que se poderiam importar? No Brasil, diante da valorização do real (2010-2012), o país tinha a preocupação de que pudesse começar uma desindustrialização. Isto em decorrência de uma invasão de produtos industrializados bem mais baratos do que os produzidos no país, especialmente da China. Diante desta preocupação, os países podem decidir várias medidas que nem sempre protegem as indústrias de maior potencial, mas que acabam protegendo também aquelas menos competitivas. É importante fazer uma análise profunda para avaliar as políticas que ajudam somente as empresas mais competitivas.

Acabamos de ver algumas situações dos motivos pelos quais os países, às vezes, ficam motivados em colocar dificuldades às importações. No entanto, quais as ferramentas que um país possui para fazer isso? As barreiras tarifárias e não tarifárias, como veremos na continuação.

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

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4.2 MEIOS PARA IMPOR BARREIRAS ÀS IMPORTAÇÕES

Quando houver ameaça das importações aos interesses produtivos, os países possuem ferramentas para proteger sua agricultura, agroindústria e suas diversas indústrias. Nesse sentido, alguns países são mais protecionistas que outros. Embora o Brasil não seja extremamente protecionista, o país considera-se uma economia altamente protecionista, se comparada com países como Chile e o México, situação que atrapalha os processos de importação do país.

Como temos estudado, os países podem se proteger por meio de barreiras, sendo estas agrupadas em: barreirastarifáriasebarreirasnãotarifárias. Como estas podem ser executadas? A seguir, vamos dar uma olhada na dinâmica destas barreiras por meio de casos práticos.

Antidumping. No início deste século, o Departamento de Comércio dos EUA determinou que o camarão importado da China e do Vietnã estava com um preço menor no mercado americano do que os custos de produção desses países, prática conhecida como dumping. O dumping acontece quando a importação é o resultado de produtos com preço inferior ao do mercado do país de origem ou “abaixo” do custo de produção, como é o caso do camarão exposto anteriormente.

Através desta justificativa de dumping, os EUA impuseram uma taxa adicional ao imposto de importação cobrado deste produto, sobretaxa conhecida como antidumping. Assim, o caso exposto é uma barreira antidumping, ou seja, uma barreira tarifária. É um antidumping, porque esta medida está justificada com a suposta existência de dumping no país de origem (exportador).

Aumentoda taxa de importação. Outro caso de barreira à importação é o exemplo da indústria automobilística do Brasil durante os anos 2009 até 2014, quando estava experimentando uma queda nas suas vendas decorrente do aumento da venda de carros importados. Neste caso o governo escolheu o aumento direto das taxas do imposto de importação para veículos importados, em alguns casos até 35%, aliás, o limite máximo da OMC.

Este é um caso direto de barreira tarifária, através deste mecanismo os governos buscam: proteger as indústrias locais dos produtos estrangeiros e aumentar as receitas de impostos. Dependendo do nível da ameaça à produção local e à balança de pagamentos, a taxa da tarifa pode subir até 35%. O limite máximo de tarifa permitido pela OMC. Isto pode atrapalhar bastante a competitividade de longo prazo da indústria nacional, pois ela vai se amparar sobre preços de seus produtos relativamente altos, e o consumidor será diretamente afetado.

Barreiranãotarifária. O Brasil poderia considerar que os brinquedos com excesso de pintura vindos da China poderiam ser prejudiciais à saúde pública, especificamente de suas crianças. Sob esta justificativa, o país poderia bloquear as importações destes brinquedos até que possa ser demonstrado que estes não são prejudiciais à saúde pública. Esta seria uma barreira não tarifária “técnica”,

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TÓPICO 2 | AS IMPORTAÇÕES

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“ecológica” ou “sanitária”? Este é um exemplo de barreira não tarifária sanitária. Por meio deste tipo de barreiras os países buscam manter o controle sanitário de possíveis ameaças à “saúde pública” em relação aos produtos importados. Assim como temos as barreiras sanitárias, também existem as seguintes:

• Barreiras Técnicas. Nestas situações os governos buscam manter o controle técnico sobre produtos importados. Visando, muitas vezes, proteger a indústria nacional de produtos importados mais competitivos. Assim, os países exigem “certificações”, tais como: certificações à importação de carne bovina, e outros produtos, especialmente alimentos de consumo humano. Estas certificações visam avaliar o processo produtivo, devendo-se acrescentar mais um processo no momento de importar.

• Quotas de Importação. Para controlar o volume de importação de certos produtos, os países podem impor quotas ou volumes de importação. Exemplo: o Brasil permite um volume limite de carros importados do México com taxa zero de importação, após esse limite, as importações desses carros deverão ter taxa de importação. Isto permite graus de protecionismo às montadoras de veículos instaladas no Brasil.

Nestes exemplos analisamos algumas das ferramentas disponíveis que os países possuem com vistas a se proteger de ameaças de produtos importados. Ameaças que nem sempre são prejudiciais às economias, mas sim aos interesses particulares que bloqueiam o livre-comércio internacional. Observe que, dependendo do grau de proteção da barreira, elas aumentam a necessidade de atividades administrativas dos processos de exportação e importação, e, em algumas situações, até podem bloquear uma importação realmente necessária.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Toda importação é uma nacionalização de mercadorias vinda de outros países, e que os países precisam importar para: abastecer-se de recursos que não podem ser produzidos nacionalmente, para se abastecer de inovações e tecnologia, e para ter produtos diferenciados e diversos para melhorar a qualidade de consumo da população.

• Qualquer pessoa física ou jurídica pode fazer acontecer a importação, e para poder fazer acontecer a importação é necessário se registrar no SISCOMEX.

• Os processos brasileiros de importação possuem alguns empecilhos se comparados aos outros países mais abertos ao comércio internacional. Dificuldades que se apresentam diante do excesso de burocracia nos processos, assim como do desconhecimento técnico sobre a existência das barreiras tarifárias e não tarifárias.

• Num mercado globalizado, as empresas estão obrigadas a ver opções de fornecedores e de aprimoramento de seus processos tanto no mercado interno como no externo. E você viu que grande parta da decisão, de importar ou não, fica em função da capacidade de melhorar o lucro destas mercadorias.

• Ao abrir seu mercado nacional às importações, o país pode trazer mais vantagens do que desvantagens. Por meio das importações permite-se o acesso a novas tecnologias, produtos de qualidade (aumento da concorrência às empresas nacionais, o que é muito bom), produtos escassos no mercado nacional, produtos e insumos inexistentes, e maior poder de escolha aos consumidores.

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1 Em um mundo globalizado, onde constantes trocas de mercadorias são realizadas a cada momento, será possível que um país possa decidir por não adquirir matéria-prima ou produtos originários de outros países? Fundamente sua resposta.

2 Indique e explique o porquê das principais dificuldades que inibem (atrapalham, reduzem) a realização das importações, tanto na parte administrativa como econômica.

3 Defina quais são as barreiras comerciais ao comércio internacional entre nações.

4 Qual é a importância da empresa se interessar em realizar importações? Argumente sua resposta.

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 3

DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO

EXTERIOR

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Um eixo administrativo fundamental dos processos de exportação e importação concentra-se nos órgãos do governo que formalizam a internacionalização das mercadorias e serviços, quando a necessidade é exportar; e quando a necessidade é a importação, estes órgãos viabilizam a nacionalização das mercadorias e serviços vindos do exterior. Assim, para operar na área de comércio exterior é primordial entender a dinâmica destas entidades públicas que fazem parte das atividades do setor.

O primeiro passo para colocar em contexto a parte governamental dos processos de comércio exterior é que devemos enxergar seu vínculo histórico com os organismos internacionais responsáveis pelo controle das práticas de comércio internacional entre os países. Uma correta prática e controle administrativo entre países ajuda a impor limites às barreiras tarifárias e não tarifárias ao comércio internacional. Através do entendimento do contexto destas organizações e seu vínculo com os órgãos do Estado responsável pelo comércio exterior, podemos definir prioridades administrativas no momento de executar processos tanto de exportação como de importação.

2 ELEMENTOS HISTÓRICOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Há um momento histórico que é o divisor de águas de um antes e um depois na dinâmica internacional. Desde finais da Segunda Guerra Mundial, o mundo iniciou um processo de reorganização internacional, e, no que tange ao comércio internacional, algumas mudanças importantes aconteceram. Nessa época, perante a reconstrução das relações internacionais, os países precisavam reorganizar o comércio internacional, objetivando ter órgãos que ajudassem a dinâmica e transparência de comércio entre as nações.

Nesse ambiente de conciliação internacional, em julho de 1944 foi concluído o grande acordo que cria um ambiente de cooperação entre os países. Este acordo foi definido dentro das conferências que aconteceram em Breton Woods - EUA. Logo após estas conferências, ,foi implementado o nascimento de três grandes

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instituições internacionais que visam, até os dias de hoje, o aprimoramento tanto do comércio como das finanças internacionais. Estas instituições internacionais são:

• O Fundo Monetário Internacional (FMI): Sua função inicial era a de manter a estabilidade das taxas de câmbio e poder assistir aos países com problemas de balanço de pagamentos, visando desestimular a prática de se utilizar barreiras ao comércio cada vez que acontecer algum desequilíbrio na balança comercial e no balanço de pagamentos dos países. Esta ajuda deveria ser executada através de acesso a fundos especiais por parte dos países com urgências financeiras.

• Banco Mundial: Sua função inicial foi a reconstrução e o desenvolvimento das nações fortemente prejudicadas na Segunda Guerra Mundial. Assim, foram fornecidos os capitais necessários em função de projetos específicos para a reconstrução das economias arrasadas durante a guerra. Após o processo de reconstrução da guerra, o Banco Mundial vem atuando para ajudar os países em planos de desenvolvimento socioeconômico e ambiental.

• Organização Internacional do Comércio (OIC): Sua função principal era a de coordenar e supervisar o desenvolvimento de um novo regime de comércio internacional, com base nos princípios de multilateralismo. Porém, esta organização nunca saiu do papel, pois a maior economia do mundo, os EUA, queria ainda defender seus próprios interesses. Diante disso, foi estabelecido um acordo provisório, objetivando a redução gradativa das tarifas de importação entre os países, conhecido como Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT).

IMPORTANTE

Sabe qual é a diferença entre multilateralismo e bilateralismo? Multilateralismo é um termo aplicado nas negociações e acordos internacionais, e refere-se a vários países buscando acordos sobre um tema determinado. Enquanto bilateralismo é o mesmo processo de negociação e de acordos, mas entre dois países, somente.

Nessa nova ordem mundial do comércio internacional, o GATT acabou virando um importante foro de negociações de acordos comerciais multilaterais entre os países. Nesse contexto internacional, o GATT foi a principal organização de comércio internacional. E por algumas décadas foi negociando, gradativamente, reduções tarifárias e impondo limites às barreiras comerciais entre os países. Estas negociações foram conhecidas como as “Rodadas de Negociação do GATT”.

“[...] Assim, para que o sistema consiga o seu equilíbrio, é necessário um contínuo processo de liberalização, que impeça fases protecionistas, com uma série de rodadas até a liberalização completa de todo o comércio internacional” (THORSTENSEN, 2012, p. 36).

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TÓPICO 3 | DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR

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Em resumo, ao longo das décadas da existência do GATT, aconteceram oito grandes rodadas de negociação importantes, sendo estas:

• 1ª rodada: Genebra, ano 1947, 23 países negociadores, foco de discussão: tarifas.

• 2ª rodada: Annecy – 1949, 13 países participantes, foco de discussão: tarifas.• 3ª rodada: Torquay - 1950-51, 38 países participantes, foco de discussão:

tarifas.• 4ª rodada: Genebra - 1955-56, 26 países participantes, foco de discussão:

tarifas.• 5ª rodada: Dillon - 1960-61, 26 países participantes, foco de discussão: tarifas.• 6ª rodada: Kennedy - 1964-67, 62 países participantes, foco de discussão:

tarifas e medidas antidumping.• 7ª rodada: Tóquio - 1973-79, 102 países participantes, foco de discussão:

tarifas, medidas não tarifárias, cláusula de habilitação.• 8ª rodada: Uruguai - 1986-93, 123 países participantes, foco de discussão:

tarifas, agricultura, serviços, propriedade intelectual, medidas de investimento, novo marco jurídico da OMC.

FONTE: Adaptado de Faro e Faro (2010, p. 281)

Ao observar as rodadas, podemos ver que o foco principal são tarifas e barreiras comerciais. Ao longo destas rondas, os países começaram a impor limites de taxa de importação nos produtos a serem comercializados internacionalmente.

Só ao final das rodadas é que o tema de negociação começou a ser ampliado para outros campos do comércio internacional. Nestas últimas rodadas foram abordadas, além das tarifas, medidas antidumping, barreiras não tarifárias, propriedade intelectual, entre outras. Todos estes temas tiveram um impacto positivo a favor do livre-comércio, dando apoio à transparência dos processos de exportação e importação entre países.

2.1 A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO - OMC

Na última rodada de GATT, no Uruguai, entre 1986 até 1993, foi abordado o processo de implantação da OrganizaçãoMundialdeComércio(OMC). A OMC foi oficializada no dia 15 de abril de 1994 pelo acordo constitutivo de Marrakesh, com a participação inicial de 125 países. Esta nova e, aliás, principal organização do comércio internacional assumiu todos os temas que foram abordados durante a rodadas de negociação do GATT.

Uma questão bem importante da OMC é que, com sua criação, o comércio internacional teve, pela primeira vez na sua história, um órgão regulamentador. Assim, por meio da OMC, os princípios de livre-comércio entre países membros devem ser cumpridos. E isto deve ser assim, porque assim determinam os compromissos adquiridos nos acordos multilaterais assinados. Lembre-se de que:

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As organizações internacionais são “associações voluntárias de Estados que podem ser definidas da seguinte forma: sociedade entre Estados, constituída através de um tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns, através de uma permanente cooperação entre seus membros” (STEINFUS, 2002, p. 27).

Ao final do ano de 2015, a OMC contava com a participação de 162 países membros. Uma das vantagens, principalmente para países de menor peso internacional, é que, dentro da OMC, todos os países são tratados por igual. Levando isso em consideração, em qualquer processo entre países, prevalecem os mesmos direitos; esse fato ajuda muito, especialmente, quando apresenta-se uma briga internacional entre um país de menor peso com um de maior força econômica.

DICAS

Sugerimos o acesso ao site da OMC. Lá você encontrará a lista completa, com todos os países participantes do acordo. <http://www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/tif_s/org6_s.htm>.

Neste ponto talvez você esteja se perguntando: quais são as funções da OMC? Sua principal função é a de supervisionar corretas práticas de comércio internacional entre países, respeitando os acordos com os quais os mesmos países membros têm se comprometido. E para fazer cumprir isso existem uma série de atividades importantes que a OMC deve cumprir perante seus países membros.

Desde a sua criação a OMC possui como principais atividades:

• A negociação da redução ou eliminação dos obstáculos ao comércio e acordos sobre as normas pelas quais se rege o comércio internacional.

• A administração e a vigilância da aplicação das normas acordadas na OMC que regulam:o o comércio de mercadorias e serviços;o os aspectos de direito de propriedade intelectual relacionados ao comércio.

• A vigilância e o exame das políticas comerciais dos seus membros, bem como a consecução da transparência nos acordos regionais e bilaterais.

• A solução de controvérsias entre os membros sobre a interpretação e aplicação dos acordos.

• O fortalecimento da capacidade dos funcionários públicos dos países em desenvolvimento em assuntos relacionados com o comércio internacional.

• A prestação de assistência no processo de adesão dos países que ainda não são membros da organização.

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• A realização de estudos econômicos e a coleta e difusão de dados comerciais em apoio às demais atividades principais da OMC.

A explicação e difusão ao público de informação sobre a OMC, sua missão e suas atividades.

FONTE: Adaptado de: <https://www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/what_we_do_s.htm>. Acesso em: 14 fev. 2016.

No que tange aos processos comerciais entre países, objetivo de estudos deste caderno, podemos dar uma olhada às controvérsias que surgirem entre os países membros, que logo são encaminhadas à OMC. Estas disputas são analisadas por meio do Mecanismo de Solução de Controvérsias da OMC, que busca reforçar a observância das normas comerciais multilaterais e a adoção de práticas compatíveis com os acordos negociados.

Assim, o sistema administrativo da OMC permite soluções aos conflitos comerciais entre países, isto é finalizado por meio de um acordo entre as partes em contenda. Acordo que deverá estar alinhado aos princípios de livre-comércio e medidas compensatórias assinado entre os países membros da OMC. Segundo Thorstensen (2012, p. 371):

O que se afirma é que, agora, a OMC ‘tem dentes’. Tal afirmação significa que, agora, a OMC tem poder para impor as decisões dos painéis e permitir que os membros que ganhem a controvérsia possam aplicar retaliações aos membros que mantenham medidas incompatíveis com as regras da OMC. Tal retaliação, por exemplo, pode ser efetuada através do aumento de tarifas para os bens exportados pelo membro infrator, em um valor equivalente ao das perdas incorridas.

2.2 CASO PRÁTICO DE DISPUTA ARBITRADA PELA OMC

Um caso prático de solução de conflito arbitrado pela OMC foi a disputa entre o Brasil e os Estados Unidos. O Brasil estava sendo prejudicado comercialmente, os EUA estavam aplicando medidas antidumping às importações de suco de laranja vindas do Brasil, ou seja, os EUA estavam sobretaxando esse produto.

Nesse contexto, os EUA reclamavam que seus produtores locais, especialmente da Florida e da Califórnia, estavam sendo prejudicados porque os exportadores brasileiros estavam exportando o suco de laranja com preços menores aos praticados no país de origem. Ou seja, o Brasil supostamente estava exportando o suco de laranja com preços menores aos que estavam sendo praticados no mercado nacional brasileiro, um suposto dumping ou prática comercial desleal por parte dos exportadores brasileiros.

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Após vários anos de negociações perante a OMC, o Brasil demonstrou que não estava praticando dumping, e os Estados Unidos tiveram que levantar a medida antidumping que tinha sido imposta às importações de suco de laranja. Eis um caso de arbitragem da OMC entre países membros. Além do caso entre Brasil e os EUA, existem outros, os quais você pode estudá-los acessando o site da OMC: <https://www.wto.org/spanish/tratop_s/dispu_s/dispu_status_s.htm>.

DICAS

Para saber mais sobre o caso de arbitragem do suco de laranja entre os EUA e o Brasil, acesse o seguinte artigo de opinião: <http://oglobo.globo.com/economia/brasil-eua-encerram-disputa-na-omc-por-suco-de-laranja-7618140>.

3 ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

Depois de ter revisado algumas questões do contexto histórico atual das organizações internacionais responsáveis pela supervisão do comércio entre as nações, vamos abordar a questão da estrutura do comércio exterior do Brasil. O país, para poder se relacionar melhor comercialmente em função de seus interesses, precisa de políticas e ferramentas públicas que permitam e incentivem a capacidade comercial internacional da economia brasileira. Conforme estudamos, perante uma economia globalizada os países são interdependentes tanto em questões comerciais como em questões financeiras.

Nesse contexto, é inviável que o Brasil incentive somente as “exportações”. As políticas e ações governamentais de comércio exterior devem abranger tanto as exportações quanto as importações, visando ter sempre um posicionamento positivo na balança comercial (exportações menos importações). Nesse contexto, cabe ao governo oferecer condições favoráveis para que as empresas que atuam no comércio exterior possam planejar e executar operações comerciais que ajudem a dinâmica empresarial e a economia como um todo.

Por meio dessas condições favoráveis o governo pode oferecer mecanismos e instrumentos de apoio ao comércio exterior. Ferramentas governamentais que servem para formalizar e incentivar práticas favoráveis nos processos comerciais internacionais, na área administrativa, fiscal/tributária, cambial, financeira, logística, entre outras, conforme podemos observar a seguir.

Mecanismos e instrumentos de apoio ao comércio exterior por parte do Estado

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• Administrativa: determina normas e regulamentos que permitem o controle necessário das operações e propiciem racionalização e condições ideais de competição.

• Fiscal/Tributária: utilizar medidas que:o desonerem exportações;o diferenciem as importações.

Isso, por meio de adequação de alíquotas de tributos ou adoção de regimes aduaneiros especiais, tais como: entreposto industrial e zona franca.

Regime especial é um tratamento operacional e tributário diferenciado, de modo a facilitar, racionalizar ou desonerar determinadas operações sob interesse particular, a exemplo da não incidência de tributos na importação de insumos utilizados ou a serem utilizados em produtos exportados ou a exportar.

• Financiamento: oferece ou facilita a oferta de linhas de crédito que estimulem as exportações (custos competitivos), complementadas por instrumentos de garantia de crédito (aspecto muito importante em virtude das dificuldades de capital das empresas brasileiras, que se acentuam no comércio internacional, que contempla quantidade maior de tarefas e giros financeiros geralmente mais longos).

• Cambial/Monetária: procura manter equilibrado o valor da moeda, gerando segurança aos segmentos envolvidos com comércio exterior.

• Promoção: colabora no auxílio da localização de parceiros comerciais com o menor custo possível.

• Infraestrutura: oferece meios físicos eficientes.• Logística: propicia integração e facilitação dos processos de comércio

exterior.

FONTE: Adaptado de Lopez e Gama (2007, p. 194)

Acabamos de observar as diversas ferramentas que o Estado possui para normatizar, formalizar e incentivar o comércio exterior do país. Sem este apoio seria ainda mais difícil para as empresas brasileiras se inserirem no comércio internacional. Comparado aos demais países, percebemos que as empresas possuem uma abertura comercial e incentivos bem mais amplos que aqui no Brasil, contudo, muita coisa favorável vem se fazendo e poderia se fazer ainda mais.

Como o Estado pode oferecer esses mecanismos e ferramentas de apoio às empresas atuantes internacionalmente? Por meio das entidades do governo criadas especificamente para isso, como vamos estudar na continuação.

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

4 PRINCIPAIS ENTIDADES PÚBLICAS ATUANTES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

Em qualquer Estado moderno, não há um único órgão com função específica na área de comércio exterior, e no Brasil não é diferente. No caso do Estado brasileiro, o governo não possui um só ministério atuante no comércio exterior, é toda uma equipe de entidades públicas federais que fazem parte das necessidades do comércio exterior brasileiro. Essa equipe de entidades públicas é liderada pela Câmara de Comércio Exterior (CAMEX). A seguir podemos observar o organograma dos órgãos do governo responsáveis pelo comércio exterior do país.

FIGURA 4 - ORGANOGRAMA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Presidênciada República

Ministérioda Fazenda

ANVISA

MAPA

ÓrgãosAnuentes

CAMEX

MRE

DECEX

DECOM

DECOC

DEINT

DEPLA

BACENReceitaFederal

Ministérioda Defesa

SECOMS

MDIC

SECEX

FONTE: <http://sonarconsultoria.com.br/blog/orgaos-intervenientes-no-comercio-exterior/>. Acesso em: 18 fev. 2016.

Observamos que é uma equipe de instituições públicas que faz parte do comércio exterior brasileiro. Equipe que abrange uma série de órgãos e ministérios de diversas áreas de atuação. Estas entidades podem ser classificadas em dois grandes grupos: órgãos gestores e órgãos anuentes. Todas estas entidades são subordinadas à Presidência da República por meio da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX).

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4.1 ÓRGÃOS GESTORES

São entidades responsáveis por efetuar o controle e a gestão operativa do comércio exterior brasileiro, com base nas regras e normativas existentes. O principal órgão gestor é a Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), seguida pelos ministérios de Indústria e Comércio Exterior, Ministério do Desenvolvimento (MDIC),MinistériodasRelaçõesExteriores(MRE)eMinistériodaFazenda. A seguir, vamos estudar suas atribuições em função das necessidades operativas da execução do comércio exterior brasileiro.

4.1.1 Câmara de comércio exterior (CAMEX)

Esta entidade pública é o principal órgão do Estado que comanda as políticas e estratégias de gestão do comércio exterior brasileiro. A CAMEX é a câmara de conselho do governo que possui atribuições de desenhar e fazer políticas públicas que têm influência direta nas atividades de comércio exterior como um todo. Suas decisões não são restritas às operações exclusivas de um só ministério, mas de um conjunto de entidades públicas, ou seja, a CAMEX é um órgão de conselho com atividades interministeriais, e quem faz parte deste conselho são todos os ministérios, representados pelos seguintes ministros:

Ministros atuantes na CAMEX

• Chefe da Casa Civil da Presidência da República.• Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que o

presidirá.• Ministro das Relações Exteriores.• Ministro da Fazenda.• Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão.• Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.• Ministro do Desenvolvimento Agrário.

Sendo que o órgão de deliberação superior e final da Camex é o Conselho de Ministros.

FONTE: Adaptado de CAMEX (2016)

Como podemos observar, a CAMEX é a entidade pública mais importante do comércio exterior brasileiro, com vínculo direto à Presidência da República. Este órgão foi criado no ano de 1995 e, como já foi exposto acima, é composto por um Conselho de Ministros, possuindo uma Secretaria Executiva com uma série de atividades e medidas importantes. Hoje, nenhuma medida relevante que tenha impacto direto ou indireto ao comércio exterior brasileiro pode ser editada sem antes ter sido discutida e decidida pela CAMEX.

AtribuiçõesecompetênciasdaCAMEX

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

1. Definir diretrizes e procedimentos relativos à implementação da política de comércio exterior visando à inserção competitiva do Brasil na economia internacional.

2. Estabelecer as diretrizes para as negociações de acordos e convênios relativos ao comércio exterior, de natureza bilateral, regional ou multilateral.

3. Orientar a política aduaneira, observada a competência específica do Ministério da Fazenda.

4. Formular diretrizes básicas da política tarifária na importação e exportação em concordância com a TEC do Mercosul.

a) Fixar as alíquotas do Imposto de Exportação.b) Fixar as alíquotas do Imposto de Importação.

Fixar direitos antidumping e compensatórios, provisórios ou definitivos, e salvaguardas.

FONTE: <www.comexblog.com.br/importacao/a-estrutura-do-comercio-exteriorbrasileiro>. Acesso em: 19 fev. 2016.

Como podemos perceber, a CAMEX possui uma série de atividades que impactam tanto nas estratégias das empresas no momento em que estas desejam exportar ou importar, como nos processos de exportação e/ou importação. No entanto, de quem dependem as decisões das atividades da CAMEX?

Quem possui o poder da tomada de decisão na CAMEX é o órgão de discussão superior, o Conselho de Ministros. Essas decisões são executadas por meio da Secretaria Executiva (SE), do Comitê Executivo de Gestão (GECEX), do Comitê de Financiamento e Garantia às Exportações (COFIG) e do Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX). Por meio da CAMEX pode-se atingir as seguintes grandes diretrizes do comércio exterior brasileiro:

• Política de comércio exterior, a qual define como o país deseja atingir seus objetivos comerciais internacionais.

• Medidas protecionistas ou abertura comercial, por meio destas medidas, o Brasil pode se tornar mais protecionista (visando proteger suas indústrias), ou pode se tornar uma economia mais aberta e deixar a sua indústria afrontar a competitividade internacional. Essas medidas podem ser alcançadas por meio de:

o alteração de alíquotas dos impostos de importação e medidas antidumping;o implementação de barreiras não tarifárias, tais como barreiras técnicas

(certificados de qualidade), sanitárias, ecológicas, e subsídios;o desregulamentação do comércio exterior;o estímulo ao seguro de crédito e às exportações.

• Criação de áreas específicas de comércio exterior, tais como as áreas com regimes especiais.

• Promoção de bens e serviços brasileiros no exterior, fazendo uma análise dos bens e serviços em que o país é competitivo.

• Orientações de parâmetros a serem negociados em acordos internacionais, perante interesses internacionais sobre algum produto. Exemplo: tanto Brasil

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TÓPICO 3 | DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR

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como Argentina devem negociar acordos favoráveis para a exportação de soja.• Avaliação das ações diretas e indiretas de comércio exterior praticadas pelos

órgãos, aqui é feita uma análise das competências, eficiência e eficácia dos órgãos atuantes nesta área.

Podemos ver que a CAMEX tem uma série de atividades de grande impacto e importância nas atividades de comércio exterior. Assim, é importante para as empresas que estão ativas no comércio internacional estarem atualizadas sobre as decisões da CAMEX. Muitas destas decisões podem alterar as estratégias empresariais e os processos de exportação e/ou importação em andamento.

No que se refere à tomada de decisões sobre questões de comércio exterior, estas serão sempre feitas por consenso nas reuniões colegiadas e formalizadas por resoluções da CAMEX.

Todas as decisões da CAMEX são publicadas no Diário Oficial da União, a fim de dar conhecimento público aos atos e decisões praticados pela Câmara.

No site da CAMEX, você poderá se informar sobre questões da atualidade. Você poderá observar as últimas decisões tomadas pela CAMEX com impacto direto aos processos de comércio exterior: novos antidumpings, novas taxas ou novas reduções de taxas de importação etc. Acesse: <http://www.camex.gov.br/noticias>.

ATENCAO

4.1.2 Órgãos gestores além da CAMEX

Conforme vimos, a CAMEX é o principal órgão do Estado para todas as questões sobre comércio exterior, sendo assim, ela é a entidade pública com o maior poder de decisão dentro desse contexto. As demais entidades públicas gestoras são: Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e Ministério da Fazenda.

Cada um destes ministérios possui atividades-chave e com impacto direto aos processos de exportação e importação, como veremos na continuação.

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (MRE)

O MRE possui vínculo institucional direto com a Presidência da República. Seu principal objetivo é a formulação da política exterior do Brasil, realizando atividades de execução dessas políticas. Assim, o MRE atua ativamente nas relações diplomáticas com os países, organismos e organizações internacionais; e procurando executar os interesses do Estado brasileiro no exterior.

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Por meio da gestão do MRE é que algumas das decisões da CAMEX são encaminhadas aos gestores diplomáticos para poderem ser negociadas no âmbito internacional. Negociações tais como: iniciar as bases de “bom entendimento” entre países para reduções de tarifas de importação, barreiras comerciais, acordos comerciais etc.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (MDIC)

Igualmente aos demais ministérios, o MDIC possui vínculo institucional direto com a Presidência da República. Este é o ministério que executa as diretrizes de políticas de comércio exterior definidas na CAMEX. Isto é feito por meio da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), que está sob a gestão do MDIC.

SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR (SECEX)

Como estudamos acima, a SECEX está subordinada ao MDIC, é a área deste ministério responsável pela execução das atividades de comércio exterior. Dentro de suas principais funções, pode-se destacar:

PRINCIPAIS OBJETIVOS DA SECEX

• Propor medidas de políticas fiscais, cambiais, de financiamento, de transportes e fretes e de seguro, visando à execução comercial internacional segundo os interesses do Estado brasileiro.

• Participar das diversas negociações, junto ao MRE, em acordos ou convênios internacionais relacionados, especificamente, ao comércio exterior.

• Desenvolver propostas de políticas de comércio exterior à CAMEX que estejam em concordância com os interesses do Estado brasileiro, assim como estabelecer as normas que sejam necessárias para sua implementação.

FONTE: Adaptado de SECEX (2016)

MINISTÉRIO DA FAZENDA

O Ministério da Fazenda possui vínculo direto com a Presidência de República e faz parte da diretoria da CAMEX. Entre suas principais atribuições, este ministério tem sob sua responsabilidade as políticas monetárias favoráveis ao comércio exterior, tal como a execução de uma política cambial estável e que ajude a ter uma taxa de câmbio favorável à exportação.

Outra das atribuições deste ministério é sua atuação ativa no âmbito fiscal, tributário e aduaneiro. Exemplo, a combinação da arrecadação dos impostos de importação determinados em função das tarifas externas definidas para cada produto sujeito a importação.

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TÓPICO 3 | DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR

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Além disso, por meio das entidades vinculantes ao Ministério de Fazenda, tal como o Banco Central do Brasil, executam-se os contratos de câmbio vindos das atividades de comércio exterior. Todas estas atividades monetárias que possuem vínculo direto com o comércio exterior são executadas por meio das seguintes secretarias sob a gestão do Ministério de Fazenda:

Entidades do Ministério de Fazenda vinculantes ao comércio exterior

SECRETARIA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS – SAIN

• Trata de questões que envolvem a economia brasileira no seu relacionamento com os demais países, blocos econômicos e organismos internacionais, tais como o Fundo Monetário Internacional – FMI, a Organização Mundial do Comércio – OMC, o Mercosul, a ALCA etc.

• Participa do Grupo de Trabalho de Defesa Comercial – GTDC. Organiza e coordena, em conjunto com o MDIC/SECEX, as reuniões do Comitê de Crédito às Exportações – CCEX.

• Coordena o Comitê Gestor do Seguro de Crédito às Exportações – CFGE.• Coordena e acompanha o processo de negociação de programas e projetos

junto a fontes multilaterais e bilaterais de financiamento.• Analisa as políticas de organismos internacionais, a conjuntura econômica

internacional e promove a avaliação de projetos financiados com recursos externos.

SECRETARIA DE POLÍTICA ECONÔMICA – SPE

• A SPE é responsável pela formulação, acompanhamento e coordenação da política econômica.

• Monitora, analisa e sugere alternativas de políticas ao setor externo, incluindo política cambial, comercial, balanço de pagamentos e mercado internacional de crédito.

• Elabora relatórios periódicos sobre a evolução da conjuntura econômica; e pronuncia-se sobre a conveniência da participação do Brasil em acordos ou convênios internacionais relacionados com o comércio exterior.

SECRETARIA DE ACOMPANHAMENTO ECONÔMICO – SEAE

• Encarregada de acompanhar os preços da economia, subsidiar decisões em matéria de reajustes, revisões de tarifas públicas, bem como apreciar atos de concentração entre empresas e reprimir condutas anticoncorrenciais. Secretaria GTAR-69, Comitê Interministerial responsável pelo exame de pleitos de redução tarifária por razões de abastecimento e de risco à saúde.

• A atuação de SEAE reflete-se em suas três principais esferas de atuação: promoção e defesa comercial; regulação econômica e acompanhamento de mercados.

Page 62: Processo de Exportação e Importação

52

UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL – SRF

• Dentro da SRF, a Coordenação-Geral do Sistema Aduaneiro – COANA assume grande importância no comércio exterior em função de sua competência de planejar, orientar, supervisionar, controlar e avaliar as atividades aduaneiras, bem como aplicar a legislação aduaneira e correlata, baixando os atos normativos necessários.

• Sua estrutura administrativa tem, além da COANA, a seguinte composição:o Coordenação de Assuntos Tarifários e Comerciais.o Coordenação de Fiscalização e de Controles Aduaneiros Informatizados.o Coordenação de Regimes.o Logística e Auditorias Aduaneiras.

A SRF é órgão gestor, junto com a SECEX e o BACEN, do Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX, responsável pelo controle de procedimentos aduaneiros e fiscais.

FONTE: Adaptado de <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira>. Acesso em: 24 fev. 2016.

Como acabamos de observar, são diversos órgãos gestores que fazem parte do serviço do governo para agilizar e apoiar os processos de comércio exterior. Para facilitar, apresentamos uma síntese sequencial deles:

CAMEX: Câmera de Comércio ExteriorMRE: Ministério de Relações ExterioresSECOM: Setores de Promoção ComercialMDIC: Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio ExteriorSECEX: Secretaria de Comércio ExteriorDENOC: Departamento de Normas e Competitividade no Comércio ExteriorDEINT: Departamento de Negociações InternacionaisDEPLA: Metodologia aplicada para a elaboração de publicação da exportação brasileira por parte da empresaDECEX: Departamento de operações de Comércio ExteriorDECOM: Departamento de Defesa ComercialMINISTÉRIO DA FAZENDAReceita FederalBACEN: Banco Central do Brasil

Page 63: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 3 | DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR

53

4.2 ÓRGÃOS ANUENTES

Talvez você esteja se perguntando: mas qual é a função dos órgãos anuentes nos processos de exportação e importação? Na maioria dos casos, eles são peça fundamental para poder executar um processo em andamento de exportação e importação. Muitas mercadorias, ao serem exportadas ou importadas, precisam de uma análise complementar técnica para continuarem seu processo comercial internacional. E isto deve ser feito por meio de órgãos que possuam as competências necessárias de acordo com a mercadoria a ser comercializada.

Assim, estes órgãos anuentes devem levantar processos de análise feitos por meio de normas para fins de desembaraço da mercadoria e licenciamento da operação. Para agilizar os processos, estes órgãos estão interligados ao SISCOMEX, deste modo, para que uma operação de comércio exterior se torne “efetiva”, na maioria dos casos, é fundamental a intervenção destes órgãos com a emissão do respectivo certificado de liberação do licenciamento.

• Para poder importar lasanhas congeladas da Argentina, será necessário o certificado de anuência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Justificativa: A lasanha é um produto alimentar e poderia trazer ameaças à saúde pública, logo, é necessário o respectivo certificado de anuência. Com este certificado em mãos, o importador poderá obter o licenciamento de importação.

• Para poder importar pneus será necessário o certificado de anuência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Justificativa: Ameaça de impactos ambientais, logo, é necessário o respectivo certificado de anuência. Com este certificado em mãos, o importador poderá obter o licenciamento de importação.

Como podemos observar, dependendo do tipo de mercadoria a se comercializar, será necessário o respectivo certificado de anuência para a emissão do licenciamento de exportação ou importação. Lembre-se de que:

• A emissão da licença de exportação possibilita a saída internacional de uma mercadoria.

• A emissão da licença de importação possibilita a nacionalização de mercadorias vindas de outros países.

A seguir, podemos observar todos os órgãos anuentes necessários vinculantes à mercadoria ou serviço que se deseja exportar ou importar.

Page 64: Processo de Exportação e Importação

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

QUADRO 3 - RELAÇÃO DOS ÓRGÃOS ANUENTES NO LICENCIAMENTO DAS IMPORTAÇÕES

ÓrgãoAnuente Produtos Controlados Justificativa

ANCINE -Agência Nacional do

Cinema

Filmes cinematográficos Medida Provisória nº 2.228-1, de 2001, estabelece que a importação de obra cinematográfica deverá ser informada à ANCINE, previamente à comercialização.

ANEEL -Agência Nacional de

Energia Elétrica

Energia elétrica Decreto nº 5.668, de 2006, determina que a ANEEL seja o órgão anuente no SISCOMEX nas operações de importação e exportação de energia elétrica no Sistema Isolado e no Sistema Interligado Nacional.

ANP -Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural

e Biocombustíveis

Petróleo e derivados, gás natural e biocombustíveis.

Lei nº 9.478, de 1997. A ANP tem como finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis.

ANVISA -Agência Nacional de Vigilância Sanitária

• M e d i c a m e n t o s d e u s o humano, suas substâncias ativas e demais insumos.

• Alimentos, seus insumos, embalagens e aditivos alimentares.

• Cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes.

• Saneantes des t inados à higienização, desinfecção ou desinfestação. Conjuntos, r e a g e n t e s e i n s u m o s destinados a diagnóstico.

• Equipamentos e materiais m é d i c o - h o s p i t a l a r e s , odontológicos e seroterápicos e de diagnóstico laboratorial e por imagem.

• Imunobiológicos e suas substâncias ativas, sangue e hemoderivados.

• Órgãos, tecidos humanos e veterinários para uso em transplantes ou reconstituições.

• Radioisótopos para uso diagnóstico in vivo e radiofármacos e produtos radioativos utilizados em diagnóstico e terapia.

• Cigarros e qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco. Quaisquer produtos que envolvam a possibilidade de risco à saúde, obtidos por engenharia genética, por outro procedimento ou ainda submetidos a fontes de radiação.

Lei nº 9.782, de 1999, estabelece o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e cria a ANVISA, dotando-lhe das competências de exercer a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras e de anuir com a importação dos produtos relacionados na coluna à esquerda.

Page 65: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 3 | DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR

55

CNEN -ComissãoNacionalde

Energia Nuclear

M a t e r i a i s r a d i o a t i v o s e equipamentos geradores de radiação ionizante .

Lei nº 6.189, de 1974, determina que o comércio de materiais nucleares, compreendendo as operações de compra, venda, importação, exportação, empréstimo, cessão e arrendamento, será exercido sob a licença e fiscalização da CNEN.

CNPq -Conselho Nacional de

Desenvolvimento CientíficoeTecnológico

Bens destinados à pesquisa científica e tecnológica.

Lei nº 8.010, de 1990, isenta de tributos a importação de bens para pesquisa científica e tecnológica, com limites quantitativos controlados pelo CNPq.

DECEX -Departamento de Operaçõesde

Comércio Exterior

Produtos sujeitos à defesa comercial.

Produtos sujeitos a cotas tarifárias.

Operações de drawback.

Bens sujeitos a certificação compulsória em virtude de regulamentação do INMETRO.

Produtos sujeitos à fiscalização de preços, pesos, medidas, classificação, qualidades e tipos.

Decreto nº 7.096, de 2010, Anexo I, define como competências do DECEX: - Analisar e deliberar sobre Licenças de Importação e Atos Concessórios de Drawback, nas operações que envolvam regimes aduaneiros especiais e atípicos; drawback, nas modalidades de isenção e suspensão; bens usados; similaridade e acordos de importação com a participação de empresas nacionais. - Fiscalizar preços, pesos, medidas, classificação, qualidades e tipos declarados nas operações de importação, diretamente ou em articulação com outros órgãos governamentais, respeitadas as competências das repartições aduaneiras.

DNPM -Departamento

NacionaldeProduçãoMineral

Amianto.Diamantes.

Decreto nº 2.350, de 1997, estabelece que a importação de asbesto/amianto, da variedade crisólita, em qualquer de suas formas, somente poderá ser realizada após autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM. Lei nº 10.743, de 2003, institui o Sistema de Certificação do Processo de Kimberley, relativo à exportação e à importação de diamantes brutos.

DPF -Departamento de

Polícia Federal

Produtos químicos que possam ser destinados à elaboração i l í c i t a d e s u b s t â n c i a s entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem dependência física ou psíquica.

Lei nº 10.357, de 2001, confere ao DPF a atribuição de fiscalizar a importação e exportação de todos os produtos químicos que possam ser utilizados como insumo na elaboração de s u b s t â n c i a s e n t o r p e c e n t e s , psicotrópicas ou que determinem dependência física ou psíquica.

EBCT -Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

M á q u i n a s d e f r a n q u e a r correspondências e máquinas para a venda de selos postais.

Lei 6.538, de 1978, estabelece monopól io da União para a exploração de atividades postais.

Page 66: Processo de Exportação e Importação

56

UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

Exército Brasileiro Armas, munições, explosivos e outros materiais bélicos.

Decreto nº 24.602, de 1934, determina que o Exército (contido no então Ministério da Guerra) é responsável pela fiscalização da fabricação e comércio de armamentos.

IBAMA -Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis

Animais vivos, exceto os domésticos.

Produtos derivados de animais silvestres. Madeiras determinadas.

Resíduos e desperdícios.

Químicos determinados.

Materiais danosos à camada de ozônio.

Pneus determinados.

Lei nº 5 .197, de 1967, proíbe a introdução de espécie animal estrangeira no Brasil sem autorização do governo. Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção. Protocolo de Montreal sobre substâncias que empobrecem a camada de ozônio. Convenção de Basileia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito.

INMETRO -Instituto Nacional de

Metrologia, Normalizaçãoe

Qualidade Industrial

Produtos sujeitos à etiquetagem de eficiência energética. Bens sujeitos à certificação compulsória em virtude de regulamentação do INMETRO.

Lei nº 10.295, de 2001, obriga os importadores a comprovar o atendimento aos níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência energética, durante o processo de importação. Lei nº 9.993, de 1999, atribui ao INMETRO o poder de polícia administrativa na área de Avaliação da Conformidade, em relação aos produtos por ele regulamentados.

MAPA -Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Animais , seus produtos , derivados, partes e subprodutos.

Vegeta i s , seus produtos , derivados, partes e subprodutos.

Agrotóxicos e fertilizantes.

Outros insumos agropecuários.

Vinhos e bebidas.

Decreto nº 30.691, de 1952, institui o R e g u l a m e n t o d a I n s p e ç ã o Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal e obriga o MAPA a inspecionar animais e produtos derivados nos portos marítimos e fluviais e nos postos de fronteira. Decreto nº 24.114, de 1934, institui o Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal e obriga o MAPA a inspecionar vegetais e produtos derivados nos portos e nos postos de fronteira. Lei nº 6.198, de 1964, obriga o MAPA a fiscalizar produtos destinados à alimentação animal nos portos e nos postos de fronteira. Lei n° 7.802, de 1989, obriga a União a fiscalizar a importação de agrotóxicos. Lei n° 7.678, de 1988, estabelece contro le do MAPA sobre as importações de vinho. Lei nº 8.918, de 1994, obriga o MAPA a fiscalizar o comércio de bebidas nos portos e nos postos de fronteira.

Page 67: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 3 | DINÂMICA DA POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR

57

MCT -Ministério da Ciência

e Tecnologia

Bens sensíveis (materiais que podem ser utilizados na fabricação de mísseis e armas nucleares, químicas e biológicas).

Acordos internacionais de não proliferação de armas de destruição em massa (Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas, Tratado de Não Proliferação Nuclear, Convenção Sobre a Proibição de Desenvolvimento, Produção e Estocagem de Armas Biológicas), obrigam o exercício de controles, pelos signatários, sobre o comércio de bens sensíveis.

SUFRAMA -Superintendência da

Zona Franca de Manaus

Importações amparadas pelos benefícios tributários da Zona Franca de Manaus.

Decreto nº 6.759, de 2009, art. 507, sujeita a LI, pela SUFRAMA, a entrada, com isenção de II e de IPI, de mercadorias estrangeiras na Zona Franca de Manaus.

FONTE: <http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1308919721.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2016.

Como acabamos de ver, são vários órgãos anuentes a se considerar, assim, em cada exportação ou importação será necessário o registro em um ou mais destes órgãos. Você não precisa decorar todos estes órgãos, mas sim saber vincular as mercadorias ao órgão, ou órgãos, anuentes vinculantes. À medida que você vai se familiarizando com a prática de comércio exterior, poderá discernir mais rápido os possíveis órgãos anuentes em um eventual processo de comércio exterior.

Page 68: Processo de Exportação e Importação

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UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

LEITURA COMPLEMENTAR

MUNDO ENCOLHE PARA AS PRINCIPAIS EXPORTAÇÕES INDUSTRIAIS DO BRASIL

Renata Agostini

Os principais produtos industriais exportados pelo Brasil perderam mercado lá fora de forma acelerada nos últimos anos. Tal redução de espaço impôs uma fatura alta para o país: as vendas ao exterior do “pelotão de elite” da indústria brasileira estão em queda desde 2011.

A conclusão está em estudo inédito feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) para a Folha. Segundo a pesquisa, dos 25 produtos manufaturados com mais peso na pauta exportadora do país, apenas dois não perderam mercados no exterior. Dezesseis deles perderam também volume de vendas.

A análise considerou o número de países para os quais cada um dos setores embarcava suas mercadorias desde 2004 e calculou a diferença entre o pico de destinos alcançado e a posição registrada no final do ano passado.

Somente calçados e aparelhos transmissores não tiveram redução, pois atingiram o auge em 2013. Para os demais 23 produtos analisados, como aviões, automóveis, aço houve queda no total de países compradores.

A pior situação é do setor de caminhões e ônibus, que, em sete anos, deixaram de ser vendidos a 20 países.

O estudo considerou o destino de 98% das exportações de cada produto, excluindo valores com pouca relevância para evitar superestimar mercados (no caso dos calçados, por exemplo, 80 países que importam em pequena escala saíram da conta).

“A indústria está perdendo em volume e em valor e agora descobriu-se o mais grave: também em destinos. Éramos competitivos nesses produtos. Como manufatura, como valor agregado, é o que tínhamos de cuidar”, diz Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI.

Page 69: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 1 | AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS INTERNACIONAIS

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P O R TA S F E C H A D A S14 dos 16 setores-chave da indústria que exportaram em menor volumeperderam mercado

Total de mercados perdidosNúmero de mercados de destino em 2013Queda no volume exportado **

Calçados ecomponentes

00 00 02 02

07070403

08 11 14 15

20201817

7063,7

4543,6

28165,2

1847,7

4159,2

1025,4

1432,4

3143,5

302.041,4

301.461,8

6140,8

261,5

416,9

1188,8

49215,8

1453,7

Pneumáticos

Aparelhos transmis-sores ou receptores

Motores deautomóveis

Hidrocarbone-tos e derivados

Partes de automó-veis e tratores

Chassis com motore carrocerias***

Laminados planosde ferro ou aços

Fio-máquina de barrasde ferro ou aços

Veículos de carga

Automóveis depassageiros

Açúcar refinadoTratores

Aviões

Óxidos e hidróxi-dos de alumínio

Suco de laranjanão congelado

***para automóveis **(em milhares de toneladas)

27,5

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

35,341,2 44,6

48,2

34,042,2

48,2 46,1 44,2

Evolução das vendas dos 25 produtos mais relevantes na pauta exportadora demanufaturados (em bilhões de dólares)

COMPENSAÇÃO

A perda de mercado pode ser compensada, em alguns casos, com o aumento de venda nos países que continuam na lista de clientes. Mas isso não

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60

UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

ocorreu. A concentração das exportações fez com que a maior parte dos setores analisados faturasse menos.

Enquanto a exportação total de manufaturados recobrou no ano passado o nível de 2008, quando eclodiu a crise financeira global, o grupo analisado terminou 2013 com US$ 4 bilhões a menos.

Segundo a indústria, a situação reflete a perda de competitividade dos produtos brasileiros e a demora do empresariado em despertar para as vendas externas.

A crise financeira abalou a economia de quase todos os países do mundo. Com menos pedidos na praça, a competição aumentou e os preços, por tabela, baixaram.

A indústria brasileira fixou-se no mercado doméstico, que, impulsionado pelo aumento do crédito promovido pelo governo, voltou a absorver a produção brasileira.

Quando as vendas internas deixaram de bastar para suportar um crescimento robusto, as empresas notaram que lá fora a competição estava mais renhida do que nunca.

No caso dos veículos de carga, a perda começou pouco antes da crise, em 2006, mas piorou nos anos seguintes. O Brasil deixou de vender a países como Austrália, Suécia, Alemanha, França, Portugal, Coreia do Sul e Grécia.

O resultado é que, em 2013, foram embarcados 12,5 mil caminhões menos que em 2006, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Uma vez perdido o mercado, é difícil recuperá-lo.

EFEITO ARGENTINA

Quanto maior a dependência de um mercado, maior o risco de um problema no país de destino resultar em prejuízos para os exportadores.

Além de crises, pode haver aumento de tarifas de importação ou a introdução de exigências sanitárias que bloqueiem parte dos embarques.

A crise econômica na Argentina ilustra esse risco.

Enquanto o mundo fechava as portas para o produto brasileiro, o setor de veículos de carga foi aumentando sua dependência do mercado vizinho. A participação do país nas compras de caminhões passou de 36% em 2006 a 58% no final do ano passado.

Aproveitando as facilidades tarifárias do Mercosul e a proximidade, outras indústrias seguiram o roteiro, sobretudo no setor automotivo. No caso dos carros, a participação argentina nas exportações brasileiras foi de 28% em 2005 para 88% em 2013.

Page 71: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 1 | AS EXPORTAÇÕES E FORMALIZAÇÃO DAS TRANSAÇÕES COMERCIAIS INTERNACIONAIS

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Mais sete setores, como autopeças, pneus e produtos siderúrgicos, seguiram esse rumo. Quando o vizinho recaiu em sua mais recente crise, o efeito para a balança comercial brasileira foi imediato. Até julho, na comparação com o mesmo período de 2013, as vendas para lá caíram 22%.

MUDANÇA DE ROTA

Vendas doBrasil para o1

2

3

Uma dasgrandes

mundanças nesseperíodo foi o apetitechinês

Com o avanço dogigante asiático, o

perfil das vendas mudou,com as exportações dematérias-primasganhando força

AviõesMinériosde ferro

Minériosde ferroSoja Soja

Deriv.de óleode soja

Deriv.de óleode soja

Deriv. depetroleo

Carnede frangoCarros

20012014

55

66

16

8

16

13

7

3

4

8

2

2

exterior neste séculomais que triplicaremExportações brasileirasno primeiro semestre,em US$ bilhões

Principais destinos dasexportações brasileiras,em % das vendas

Principais produtos exportados,em % das vendas

Divisão das vendaspor categoria de uso, em %

Matérias-primas eprodutos intermediários Bens de capital

Bens de consumonão duráveis

Bens deconsumoduráveis

Combustíveise lubrificantes

Outros

20012014

Após quinzeanos denegociação,Chinaingressana OMC

292001 25

2002

332003

432004

542005

612006

732007

912008 89

2010

1182011

1172012 114

2013 1112014

702009

Preço dascommoditiesdispara ecotação dopetróleobate recorde

No 2º sem. 08,banco LehmanBrothers quebrae detona crise

Os EUAperdemo posto deprincipaldestino

As vendas para opaís vizinho sãocada vez maisdependentes dosetor automotivo

A China foi onono maiorcomprador em2001, com 3%

JapãoO minério deferro representamais de1/3 dasexportaçõespara o país

China

EUA

Holanda

Argentina

Alemanha

Itália24,111,5

Brasil

2001 20145,4

14,612,7

6,2

3,2 2,9

5,2 4,93,4 3,4

9,96,7

4,86,3

21,6

3

4,6

3,5

Page 72: Processo de Exportação e Importação

62

UNIDADE 1 | A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

Essamudança

Esse cenário também teve impactonas empresas, com indústriascomo Embraer e Volkscedendo espaçoPrincipias empresasexportadoras

Participação, em %

Apesar do crescimentoe da mudança de perfil,o Brasil tem fatia pequenanas exportações globais

0,94Brasil 2001

1,29Brasil 2013

Mercado global

também se refletiunos principaisEstados exportadores,com a região Sulperdendo forçae o Centro-Oesteavançando

Divisão dasexportações porregião, em %**

Principais Estadosexportadores, em% das vendas.

SudesteNordeste

Centro-Oeste

Norte

Sul

*Todos os dados se referemao 1º semestre dos anos**A conta não fecha 100%porque nem todas as origensforam declaradas.

Fontes: OMC (OrganizaçãoMundial do Comércio) eMinistério da Indústria,Desenvolvimento eComércio Exterior

4 5 620012014

54

34,8

SP RS RSMTRJMG MGPR SC SP

10,710,7

22,5

13,6

8,2 7,8

1º2001Embraer

Petrobras Petrobras

Vale

Vale

Volks

Bunge

Bunge

Cargill

JBS

2014

88,9

5,2

50

2025

144

6

8

8

7

FONTE: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/09/1508799-mundo-encolhe-para-as-principais-exportacoes-industriais-do-brasil.shtml>. Acesso em: 27 fev. 2016.

Page 73: Processo de Exportação e Importação

63

RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Após a Segunda Guerra Mundial o comércio internacional começou a ter organismos internacionais e normas regulamentadoras, visando melhorar o livre-comércio internacional.

• Com a criação do GATT, iniciaram-se processos de reduções de taxas de importações e regulamentações sobre as barreiras ao comércio entre os países, por meio de rodadas de negociações.

• Na última rodada de negociações do GATT, a rodada de Uruguai, foi criada a OMC, objetivando ter o primeiro organismo internacional para regulamentar e arbitrar o comércio mundial.

• Antes da década de 1990, o Brasil ainda tinha seu comércio exterior relativamente fechado e a partir de 1990 começou a abertura comercial do Brasil, apresentando crescimento de empresas brasileiras atuando no comércio exterior.

• A gestão governamental e a política brasileira de comércio exterior envolvem atividades administrativas, fiscal-tributária, de financiamento, de câmbio, de infraestrutura e de logística, visando auxiliar as empresas para fazer acontecer os processos de exportação e importação.

• As principais entidades públicas (órgãos) atuantes fazem gestão direta e indireta nos processos de comércio exterior. Essa gestão é feita por meio de dois grandes grupos de entidades públicas: órgãos gestores e órgãos anuentes.

Page 74: Processo de Exportação e Importação

64

1 Um dos objetivos do FMI é manter a estabilidade das taxas de câmbio e assistir aos países com problemas de balanço de pagamentos, isso em vistas de?

2 Quais foram as principais metas atingidas nas oito rodadas de negociação do GATT?

3 Em relação ao GATT, determine quais sentenças são verdadeiras (V) e quais falsas (F):

( ) O principal objetivo do GATT era de aumentar as barreiras comerciais quando assim os interesses de uma nação precisar.

( ) O GATT tem como principal objetivo implementar processos de livre-comércio entre os países membros.

( ) O GATT é considerado como a primeira organização internacional a desenvolver processos de livre-comércio.

( ) Todas as negociações do GATT foram estabelecidas por meio de rodadas, durante várias décadas.

4 Em relação à OMC, determine quais sentenças são verdadeiras (V) e quais falsas (F):

( ) As Conferências são executadas por meio de rodadas.( ) As rodadas de negociações são definidas pelo diretor da OMC e os países

devem seguir as instruções comerciais.( ) Todas as decisões da OMC são feitas por meio de acordos multilaterais

entre os países membros.

5 As entidades públicas (órgãos) que fazem parte da estrutura organizacional do governo para o comércio exterior podem ser divididas entre órgãos gestores e anuentes. Em função disso, responda:

a) Quais são os principais elementos que diferenciam um órgão gestor de um anuente?

b) Exponha, pelo menos, dois órgãos gestores e dois anuentes, descrevendo suas principais funções.

AUTOATIVIDADE

Page 75: Processo de Exportação e Importação

65

UNIDADE 2

CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender como é a padronização da classificação das mercadorias no comércio internacional;

• entender a dinâmica dos conceitos tanto da Merceologia como

do Sistema Harmonizado (SH);

• discernir entre a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e a Tarifa Externa Comum (TEC);

• saber quais são os roteiros tanto da exportação como da importação;

• identificar a documentação básica e complementar nos processos de exportação e importação.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS

TÓPICO 2 – ROTEIRO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

TÓPICO 3 – TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

Page 76: Processo de Exportação e Importação

66

Page 77: Processo de Exportação e Importação

67

TÓPICO 1

CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Será que cada país pode definir sua própria lista codificada das mercadorias a se comercializar internacionalmente? Os países estão em seu pleno direito de fazê-lo. No entanto, imagine se cada país fizesse isso em função de seu sistema de comercialização e arrecadação de impostos. Como resultado teríamos diversos códigos a serem traduzidos aos sistemas nacionais de cada país, isso aconteceria mesmo sendo países que possuem uma mesma língua, como o espanhol, falado em quase todos os países latino-americanos, com exceção do Brasil e mais outros poucos. “[...] Mesmo os países que usarem nomenclaturas terão listas totalmente diferentes umas das outras, já que cada uma foi definida nacionalmente. Haveria tantas nomenclaturas quantos fossem os países” (LUZ, 2012, p. 299).

Nesse contexto, para facilitar as nomenclaturas das mercadorias dos países, foram padronizadas, internacionalmente, as listas destas nomenclaturas, facilitando assim a comercialização de produtos entre os países. Isto foi feito em função das necessidades de comércio de todos os países atuantes no comércio internacional. Levando isso em consideração ,é que vamos dar início ao estudo das nomenclaturas internacionais das mercadorias.

2 A MERCEOLOGIA E O SISTEMA HARMONIZADO – SH

Como observamos anteriormente, os produtos devem ser classificados de alguma forma, objetivando facilitar a organização e classificação das operações de comércio internacional. Isso deve ser feito em função de que existem muitos nomes diferentes e códigos em diversas línguas para produtos semelhantes. Assim, os países deixaram essa padronização nas mãos da merceologia, podendo ser definida como:

[...] uma lista de produtos do mercado interno e/ou externo, ordenados segundo convenções internacionais, levando-se em consideração a matéria constitutiva, emprego, aplicação e outros aspectos relacionados ao produto. Possui como objetivo evitar problemas de desentendimento de ordem técnica entre os países, tais como questões de impostos, nomenclaturas e denominação aduaneira dos produtos (MALUF, 2000, p. 101).

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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Assim, podemos dizer que a merceologia é o estudo que analisa e determina a codificação e nomenclatura das características tanto técnicas como comerciais de um determinado produto, desde os mais básicos e simples até os mais elaborados e complexos. Nesse sentido, a merceologia ocupa-se do estudo, determinação e classificação das mercadorias em função de sua composição, características físicas e químicas, componentes, usos etc., objetivando assim a identificação e classificação internacional das diversas mercadorias produzidas e comercializadas ao redor do mundo.

2.1 APLICAÇÃO DA MERCEOLOGIA

Para o comércio internacional, a merceologia é uma importante ferramenta de controle de fiscalização aduaneira. No caso do Brasil, este estudo merceológico ajuda, apoiando a Coordenação Geral de Administração Aduaneira da Receita Federal (COANA/RFB) com as informações de identificação automática das mercadorias que entram (importações) e saem (exportações) do país, com isso a Receita Federal atinge dois objetivos:

• É um instrumento para atribuir parâmetros de análise de preço justo no contexto do mercado internacional. Assim, por exemplo, pode-se identificar possíveis produtos importados subfaturados. Por meio disto, os importadores, alguns deles, declaram (prévio acordo com o exportador de fora) um valor de fatura menor do que realmente é, e assim pagam menores taxas de imposto de importação. Eis um dos porquês de a merceologia ajudar nos parâmetros de análise de preço justo internacional.

• Para aperfeiçoar a fiscalização aduaneira, os processos de fiscalização tornam-se muito mais eficientes, aprimorando custos às empresas atuantes no comércio exterior.

Como foi observado anteriormente, a merceologia identifica características tanto técnicas como comerciais das mercadorias. Ela se divide em dois módulos de análise para identificação e codificação das mercadorias.

MódulodeInformaçõesTécnicas

O Módulo de Informações Técnicas leva em consideração as características operacionais e usos, ou seja, as matérias-primas e insumos que fazem parte do produto. Exemplo, a mercadoria “macarrão”, operacionalmente, é uma massa para alimentação humana e possui como insumos ovos, farinha, sal etc.

Outro exemplo, com foco mais na logística, é a codificação de insumo para fazer embalagens à prova de água (impermeáveis) e chapas de plástico corrugado, insumo conhecido como “Cartonplast”.

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TÓPICO 1 | CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS

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FIGURA 1 - ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA, MALHA DE CARTONPLAST (PLÁSTICO ONDULADO)

FONTE: <http://i01.i.aliimg.com/img/pb/890/680/478/478680890_746.jpg>. Acesso em: 10 abr. 2016.

MódulodeInformaçõesComerciais

Este módulo leva em consideração o uso comercial, nomes usuais e canais de distribuição, entre outros. Exemplo disto é a codificação da mercadoria embalagem impermeável para transportar flores frescas.

FIGURA 2 - ESPECIFICAÇÃO DE USO (EMBALAGEM PARA EXPORTAÇÃO DE FLOR FRESCA)

FONTE: O autor

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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Uma vez feito o estudo merceológico respectivo, ele será entregue à Coordenação Geral de Administração Aduaneira/Receita Federal (COANA/RF). Logo este estudo será distribuído às zonas primárias e secundárias brasileiras, ou seja, zonas alfandegadas:

• Portos e aeroportos internacionais, fronteiras, consideradas zonas primárias.• Estações Aduaneiras do Interior (EADI), consideradas zonas secundárias.

Com a aplicação do estudo merceológico, gera-se um vínculo direto à nomenclatura padronizada internacional. Deste modo, a merceologia é um instrumento de identificação, nacional e internacional, por meio do qual é possível:

• Reconhecer se a importação/exportação pode ser autorizada e em quais condições, no caso das importações, através das autoridades fiscalizadoras.

• Facilitar a cobrança de impostos, especialmente quando importar, especificamente pela autoridade alfandegária.

• Reconhecer os impostos a serem pagos no momento de importar, especialmente. E saber identificar quais serão os impostos pagos no país de destino, ou seja, enxergar o nível das barreiras tarifárias do país de destino.

• Permitir o agrupamento conforme a natureza dos produtos, e o grau de essencialidade.

Do ponto de vista do governo, a merceologia possibilita a elaboração de estatísticas, bem como o controle aprimorado dos movimentos de importação e exportação. E desde um foco comercial, o Estudo Merceológico visa a “formalização” do objeto de venda, caracterizando-o de um modo bastante específico, vinculando o produto aos processos administrativos e de controle. E, por último, a merceologia gera fundamentalmente um vínculo direto entre esse produto a se comercializar internacionalmente e sua respectiva classificação fiscal-tarifária.

Em virtude de seus objetivos, de caracterizar e codificar as mercadorias, a merceologia feita em cada país deve ser vinculada e homologada em função do padrão internacional. A finalidade é harmonizar a designação e a respectiva codificação das mercadorias entre países, conhecido internacionalmente como: “Sistema Harmonizado”, ou simplesmente SH, conforme estudaremos a seguir.

2.2 O SISTEMA HARMONIZADO – SH

Seguindo a lógica da merceologia, as mercadorias devem ser caracterizadas e codificadas, mas sempre no contexto internacional, assim, a padronização e homologação é feita pela DesignaçãoeCodificaçãodeMercadorias, processo de análise conhecido como o Sistema Harmonizado (SH). Nesse contexto, todos os estudos de merceologia feitos em cada país do mundo devem convergir com os padrões de classificação do SH.

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TÓPICO 1 | CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS

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Em termos históricos, o SH teve seu início no ano de 1983 e foi aprovado pelo Conselho de Cooperação Aduaneira Internacional. Para conhecimento geral, este conselho é formado pelos países signatários da Convenção de Bruxelas. Em termos de análise de processos, o SH possui os seguintes elementos relevantes:

• Estrutura a normatização, padronização e organização das nomenclaturas.• Define os termos, as descrições e os códigos dos produtos comercializados no

mundo inteiro.• Permite que as práticas realizadas entre os vários acordos aduaneiros vigentes

entre os países possam ser aplicadas com o auxílio das nomenclaturas.

Com esses objetivos em mão, as funções do SH vão além de só aplicar nomenclaturas codificadas internacionalmente, ele permite também vincular as mercadorias aos diversos acordos tarifários e de linearização aduaneira vigente entre os países ativos no comércio internacional. E fundamentalmente, o SH facilita o encaminhamento dos processos comerciais entre as nações, processos que podem ser tanto de natureza nacional-regional, tais como Mercosul, União Europeia (EU); como de natureza multilateral e global, tal como Mercosul com os Estados Unidos, EU, China etc.

No contexto nacional, como é o vínculo do SH com o comércio exterior brasileiro? No site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apresenta-se objetivamente a composição do SH.

AdesignaçãodemercadoriaseoSistemaHarmonizado(SH)

O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH), é um método internacional de classificação de mercadorias, baseado em uma estrutura de códigos e respectivas descrições.

Este sistema foi criado para promover o desenvolvimento do comércio internacional, assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas, particularmente as do comércio exterior. Além disso, o SH facilita as negociações comerciais internacionais, a elaboração das tarifas de fretes e das estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte de mercadorias e de outras informações utilizadas pelos diversos intervenientes no comércio internacional.

A composição dos códigos do SH, formados por seis dígitos, permite que sejam atendidas as especificidades dos produtos, tais como origem, matéria constitutiva e aplicação, em um ordenamento numérico lógico, crescente e de acordo com o nível de sofisticação das mercadorias.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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O Sistema Harmonizado (SH) abrange:

Nomenclatura: compreende 21 seções, compostas por 96 capítulos, além das Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição. Os capítulos, por sua vez, são divididos em posições e subposições, atribuindo-se códigos numéricos a cada um dos desdobramentos citados. Enquanto o Capítulo 77 foi reservado para uma eventual utilização futura no SH, os Capítulos 98 e 99 foram reservados para usos especiais pelas partes contratantes. O Brasil, por exemplo, utiliza o Capítulo 99 para registrar operações especiais na exportação.

Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado: estabelecem as regras gerais de classificação das mercadorias na Nomenclatura.

Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH): fornecem esclarecimentos e interpretam o Sistema Harmonizado, estabelecendo, detalhadamente, o alcance e conteúdo da Nomenclatura.

FONTE: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1090>. Acesso em: 4 mar. 2016.

Como podemos observar, o SH traz uma série de “facilidades” à comercialização e à logística internacional. Todavia, além disso, por meio do SH é possível a coleta de dados e sua respectiva análise comparativa do comércio entre nações, e no caso do bloco regional Mercosul é fácil saber, detalhadamente, quanto entra e sai dos países membros. Segundo Barbosa (2004, p. 499), com a implementação do sistema, todos (exportadores, importadores e outros intervenientes e interessados) puderam, “a partir de uma mesma lente, enxergar o enquadramento legal-aduaneiro ao qual estará sujeito cada um dos produtos objeto de trocas no mercado internacional”.

Você sabe qual foi o valor total de exportações mundiais de soja entre novembro e dezembro de 2015? Foi 129,6 milhões de toneladas exportadas, maioritariamente, pelo Brasil, Estados Unidos e Argentina. Eis um exemplo do nível de detalhe que permite a codificação internacional dos produtos. Quer saber mais sobre isso? Visite o site da OMC: <https://www.wto.org/spanish/res_s/reser_s/wtr_s.htm>.

ATENCAO

Assim como o resto do mundo, o Mercosul aplica o Sistema Harmonizado (SH). Isso quer dizer que o Brasil e os demais países do Mercosul utilizam a codificação de todas suas mercadorias conforme as definições do SH. Esta codificação leva em consideração seis dígitos para identificar uma mercadoria, sendo estes “0000.00”, os quais representam:

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TÓPICO 1 | CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS

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• O Capítulo, os dois primeiros 00. Isto quer dizer a descrição geral do produto, exemplo: Capítulo 20 “Preparações de produtos hortícolas, de frutas etc.

• APosição,ocapítulomaisdoisnúmeros,0000. Isto quer dizer um produto específico do Capítulo geral. No caso do “Capítulo 20”, um produto menos geral deste grupo, tal como a Posição 2007 “Doces, geleias, “marmeladas”, purês e pastas de frutas, obtidos por cozimento, com ou sem adição de açúcar ou outros edulcorantes”.

• A Subposição, o terceiro grupo de zeros, 0000.00. Isto quer dizer um derivado da posição, no caso da posição 2007.99 “Geleias e marmeladas”, especificamente.

Acabamos de ver a sequência lógica da codificação dos produtos sob o Sistema Harmonizado (SH), que cada país, ou bloco comercial, irá aplicar nos seus sistemas nacionais. No caso do Brasil e dos demais países que fazem parte do Mercosul, aplica-se a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).

3 NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM)

A NCM está diretamente relacionada ao SH. Em termos práticos, isto quer dizer que os códigos que determinam um produto sob a NCM são os mesmos da SH, porém, acrescentando mais dois dígitos. Assim, dos oito dígitos que compõem a NCM, os seis primeiros vêm do Sistema Harmonizado, enquanto o sétimo e o oitavo dígito correspondem aos desdobramentos específicos atribuídos no âmbito do Mercosul, isto podemos visualizar da seguinte maneira:

FIGURA 3 – CODIFICAÇÃO DAS MERCADORIAS SOB A NCM

Capítulo 2 primeiros dígitos do SH

00 00 00 0 0

Subitem 8º dígito do NCM

Item 7º dígito do NCM

Subposição 6 primeiros dígitos do SH

Posição 4 primeiros dígitos do SH

FONTE: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/maquinas/como_exp/ident_produto/ncm.asp>. Acesso em: 4 mar. 2016.

A figura acima mostra a base da estruturação de qualquer produto a ser codificado nos países membros do Mercosul por meio da NCM. Hoje, todas as mercadorias a serem exportadas ou importadas estão agrupadas sob a codificação NCM, conforme podemos observar nos Capítulos e Posições atuais da NCM.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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QUADRO 1 – CAPÍTULOS DA NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL - NCM

Capítulos da Nomenclatura Comum do MERCOSUL – NCM

CAPÍTULO DESCRIÇÃO DO CAPÍTULO

01 ANIMAIS VIVOS.02 CARNES E MIUDEZAS, COMESTÍVEIS03 PEIXES E CRUSTÁCEOS, MLUSCOS E OUTS. INVERTEBR. AQUÁTICOS.04 LEITE E LATICÍNIOS, OVOS DE AVES, MEL NATURAL, ETC.05 OUTROS PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL.06 PLANTAS VIVAS E PRODUTOS DE FLORICULTURA.07 PRODUTOS HORTÍCOLAS, PLANTAS, RAÍZES ETC.08 FRUTAS, CASCAS DE CÍTRICOS E DE MELÕES.09 CAFÉ, CHÁ, MATE E ESPECIARIAS.10 CEREAIS.11 PRODUTOS DA INDÚSTRIA DE MOAGEM, MALTE, AMIDOS ETC.12 SEMENTES E FRUTOS OLEAGINOSOS, GRÃOS, SEMENTES ETC.13 GOMAS, RESINAS E OUTROS SUCOS E EXTRATOS VEGETAIS.14 MATÉRIAS P/ENTRANÇAR E OUTS. PRODS. DE ORIGEM VEGETAL.15 GORDURAS, ÓLEOS E CERAS ANIMAIS OU VEGETAIS ETC.16 PREPARAÇÕES DE CARNE, DE PEIXES OU DE CRUSTÁCEOS ETC.17 AÇÚCARES E PRODUTOS DE CONFEITARIA.18 CACAU E SUAS PREPARAÇÕES.19 PREPARAÇÕES À BASE DE CEREAIS, FARINHAS, AMIDOS ETC.20 PREPARAÇÕES DE PRODUTOS HORTÍCOLAS, DE FRUTAS ETC.21 PREPARAÇÕES ALIMENTÍCIAS DIVERSAS22 BEBIDAS, LÍQUIDOS ALCÓOLICOS E VINAGRES.23 RESÍDUOS E DESPERDÍCIOS DAS INDÚSTRIAS ALIMENTARES ETC.24 FUMO (TABACO) E SESU SUCEDÂNEOS MANUFATURADOS.25 SAL, ENXOFRE, TERRAS E OEDRAS, GESSO, CAL E CIMENTO.

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57 TAPETES, OUTS. REVESTIM. P/PAVIMENTOS, DE MATERIAIS TÊXTEIS.58 TECIDOS ESPECIAIS, TUFADOS, RENDAS, TAPEÇARIAS ETC.59 TECIDOS IMPREGNADOS, REVESTIDOS, RECOBERTOS ETC.60 TECIDOS DE MALHA.61 VESTUÁRIO E SEUS ACESSÓRIOS, DE MALHA62 VESTUÁRIO E SEUS ACESSÓRIOS, EXCETO DE MALHA63 OUTROS ARTEFATOS TÊXTEIS CONFECCIONADOS, SORTIDOS ETC.

64 CALÇADOS, POLAINAS E ARTEFATOS SEMELHANTES E SUAS PARTES.

65 CHAPÉUS E ARTEFATOS DE USO SEMELHANTES, E SUAS PARTES.66 GUARDA-CHUVAS, SOMBRINHAS, GUARDA-SÓIS, BENGALAS ETC.67 PENAS E PENUGEM PREPARADAS, E SUAS OBRAS ETC.68 OBRAS DE PEDRA, GESSO, CIMENTO, AMIANTO, MICA ETC.

Até o capítulo 99

FONTE: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=411>. Acesso em: 4 mar. 2016.

Como podemos observar, existem 99 capítulos, começando pelas mercadorias com menor valor agregado, primeiros capítulos; até as que possuem maior agregação de valor, capítulos maiores. A seguir poderemos observar a estrutura da NCM de uma mercadoria simples em seu estado natural, a cebola, este produto possui a NCM nº 0712.20.00.

• Capítulo: dois primeiros dígitos do SH 07, produtos do reino vegetal, hortícolas, plantas, raízes e tubérculos.

• Posição: quatro primeiros dígitos 0712, produtos hortícolas, plantas, raízes e tubérculos secos, mesmo cortados em pedaços ou fatias, ou ainda triturados ou em pó, mas sem qualquer outro preparo.

• Subposição: seis primeiros dígitos 0712.20, cebolas.• Item e Subitem (NCM): 7 e 8 dígitos 0712.20.00, cebolas dentro da codificação

NCM do Mercosul.

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3.1 BUSCA DO CÓDIGO NCM DAS MERCADORIAS

Assim como se pode identificar o código NCM da cebola, podemos fazer isso para qualquer produto, para isso deve-se vincular o produto com seu código NCM respectivo, em função de sua natureza técnica ou natureza de uso comercial. Hoje podemos fazer isso de várias maneiras, e entre as ferramentas possíveis temos à disposição o site de busca da Receita Federal: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/PesquisarNCM.jsp>. Por meio deste site há a facilidade de analisar diversos tipos de mercadorias e condições administrativas da comercialização internacional.

Quando, por qualquer motivo, ainda não há definição da NCM da mercadoria a ser comercializada, ou quando se deseja analisar taxas e tratamentos de importação especiais, é interessante fazer a pesquisa do código NCM com o intuito de procurar uma Taxa Externa Comum (TEC) mais favorável aos custos da exportação ou da importação. A seguir, vamos analisar a busca da NCM sob duas perspectivas de procura, vamos procurar tanto pela característica técnica do produto, como pela característica comercial de uso.

3.1.1 Busca padrão da NCM de um produto

Com a aplicação desta ferramenta, podemos analisar diversos tipos de mercadorias, assim, vincula-se o código ao produto a ser comercializado internacionalmente. Para poder exemplificar isto, vamos iniciar uma busca específica do seguinte produto: embalagem de Plástico Corrugado (Cartonplast) impermeável. A busca pode ser feita de duas maneiras:

• Conhecendo o código NCM. Isto com o intuito de conferir taxas de importação e detalhes administrativos do processo de importação.

• Caso precisarmos procurar o código NCM. Isto com o intuito de identificar o produto com um código NCM, para isso iniciamos pela simples descrição do produto, busca que pode ser feita pela característica técnica ou pelo uso comercial do produto.

A seguir, vamos procurar a NCM da embalagem de plástico corrugado (Cartonplast), para transportar produtos perecíveis hidratados, tal como flores.

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QUADRO 2 - PESQUISA DA NCM PELA CARACTERÍSTICA TÉCNICA

FONTE: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/PesquisarNCM.jsp> Acesso em: 10 mar. 2016.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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QUADRO 6 - PESQUISA PELA CARACTERÍSTICA DE USO COMERCIAL, MODELO DE UTILIDADE

FONTE: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/PesquisarNCM.jsp> Acesso em: 10 mar. 2016.

Observe que nas duas situações vamos ter dois códigos NCM, isso acontece porque os dois códigos possuem vínculo com o produto. A busca foi feita em concordância ao estudo merceológico do produto, ou seja, em função aos módulos da análise das informaçõestécnicase/oudeusocomercial.

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TÓPICO 1 | CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS

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• No primeiro código NCM 3921.13.90, a mercadoria terá vínculo em função de sua característica técnica, neste caso, malha de Cartonplast (plástico ondulado).

• No segundo código NCM 3923.2190, a mercadoria terá vínculo em função de sua característica de uso comercial, neste caso, embalagem plástica e recipientes.

Agora, qual será a melhor escolha de NCM? Isso dependerá de muitos fatores sobre o produto, sobre as taxas de importação a serem pagas, e sobre as aplicações administrativas (condicionais à importação) da NCM a se aplicar. Assim, antes de decidir a NCM é necessário levar em consideração algumas dicas que podem se traduzir em ferramentas práticas no momento de determinar e conferir a NCM.

1. Buscar informações sobre a mercadoria no que tange a marca, tipo, cor, acessório, material constitutivo, composição, utilização e outras disponíveis.

2. Selecionar as seções ou capítulos mais adequados.3. Categorizar as mercadorias dentro dos capítulos.4. Ler as notas explicativas, pois elas são um referencial.5. Diferenciar entre classificações específicas e genéricas, pois, havendo uma

classificação específica, esta prevalecerá sobre a mais genérica.

A escolha entre essas opções (específica ou genérica) ficará em função:• da taxa de importação; • de possíveis medidas antidumping;• dos possíveis acordos comerciais entre países que possam permitir descontos

sobre a taxa de importação;• das barreiras específicas à NCM escolhida que possam atrapalhar o processo de

comercialização internacional.

4 TARIFA EXTERNA COMUM (TEC) E A MERCADORIA

Uma vez feita a análise das opções das NCMs, deve-se conferir a taxa de importação a ser cobrada para essas NCMs escolhidas. Devemos nos lembrar que as NCMs constituem a base da Tarifa Externa Comum (TEC), deste modo, vai atrelar os dois códigos entre si. Nesse sentido, qualquer alteração do Sistema Harmonizado (SH) levará para uma modificação na NCM e, consequentemente, as classificações para a formação da TEC e do preço internacional. Assim, podemos dizer que a TEC atrela (vincula) os códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM com as taxas de importação incidentes sobre cada um dos códigos NCM dos países do Mercosul.

Talvez você esteja se perguntando: a TEC é igual para todos os países do Mercosul? Sim, a Tarifa Externa Comum aplica-se em todos os países membros, observe que a TEC é utilizada nas importações provenientes dos países membros e não membros do Mercosul. A grande diferença é que os países membros do Mercosul possuem direito de desconto de 100% sobre a TEC de um produto sendo importado de outro país do Mercosul.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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Para exemplificar, vamos supor que uma empresa brasileira esteja importando desde a Argentina, ela terá que usar a TEC para o produto a ser importado, mas esse terá desconto de 100% da TEC, sempre e quando o importador possa justificar, por meio de certificado de origem, que a mercadoria é original de um dos países membros.

Nesse contexto, todos os países membros do Mercosul possuem uma “tarifa externa comum” para os produtos a serem importados. Ou seja, a tarifa de importação, aqui no Brasil, será exatamente a mesma para um produto vindo da Argentina, dos Estados Unidos ou da França. Exemplificando:

• Se uma empresa da Argentina deseja importar queijo vindo da França, a sua TEC será de 16%.

• Se uma empresa do Brasil deseja importar o mesmo produto vindo da França, a sua TEC será de 16%.

• No entanto, se a empresa da Argentina deseja importar queijo vindo do Brasil, a TEC será igual a 16%? A resposta é SIM! Todavia, ela terá direito de desconto de 100% sobre essa TEC. Assim, a taxa efetiva de importação será de 0%, sempre e quando apresentar Certificado de Origem.

UNI

Eis o porquê de a TEC ser a “Tarifa Externa Comum”, pois é uma tarifa em comum para todos os países membros do Mercosul. Levando em consideração todos as NCMs, a TEC possui tarifas de importação referenciais para todas as mercadorias em função de sua NCM, o que podemos conferir por meio da tabela TEC providenciada e atualizada pelo MDIC. Acesse para conferir: <www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1339698278.xlsx>.

4.1 ANÁLISE DA TEC

Por meio da TEC podemos analisar o potencial valor da taxa de importação a ser paga, e assim relacionar diferentes NCM com a taxa da tarifa definida na TEC. Para poder visualizar esse elo entre NCM e TEC precisamos observar o detalhe dos “Capítulos” que agrupam os códigos NCM. Levando em consideração a quantidade de informação expressiva da Tabela dos Capítulos NCM, a seguir, vamos observar somente o Capítulo nº 4, correspondente aos seguintes produtos: Leite e lacticínios; ovos de aves; mel natural; produtos comestíveis de origem animal, não especificados nem compreendidos noutros capítulos. Na tabela deste capítulo, podemos analisar tanto a NCM como a TEC respectiva, vamos lá?

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TÓPICO 1 | CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS

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Tabela TEC do Capítulo nº 4

NCM DESCRIÇÃO TEC (%)

04.01 Leiteecremedeleite,nãoconcentradosnemadicionadosdeaçúcarou de outros edulcorantes.

0401.10 - Com um teor, em peso, de matérias gordas, não superior a 1%0401.10.10 Leite UHT (Ultra High Temperature) 140401.10.90 Outros 12

0401.20 - Com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 1%, mas não superior a 6%

0401.20.10 Leite UHT (Ultra High Temperature) 140401.20.90 Outros 12

0401.40 - Com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 6%, mas não superior a 10%

0401.40.10 Leite 120401.40.2 Creme de leite0401.40.21 UHT (Ultra Hight Temperature) 140401.40.29 Outros 120401.50 - Com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 10%0401.50.10 Leite 120401.50.2 Creme de leite0401.50.21 UHT (Ultra High Temperature) 140401.50.29 Outros 12

FONTE: <www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1339698278.xlsx>. Acesso em: 11 mar. 2016.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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Foi exposta a subposição 04.01 das NCMs do Capítulo 4, mas existem mais outras nove subposições! O intuito aqui é só de observar o vínculo e as características de cada NCM em função das notas explicativas do Capítulo nº 4. Agora, imagine quanta informação há para todas as NCMs registradas, é por isso que sempre é necessário focar a busca em função das características e uso comercial do produto, para assim focar e tornar a pesquisa mais eficiente.

DICAS

Se quiser aprofundar mais sobre a TEC e suas implicações nos processos de comércio exterior, fique à vontade e dê uma olhada na tabela completa no site: <http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3361>.

Voltando para nossa busca de NCM da embalagem plástica, a seguir vamos analisar as TECs correspondentes a duas possíveis NCM previamente descritas para atrelar ao produto.

QUADRO 3 - PESQUISA PELA CARACTERÍSTICA TÉCNICA. NCM 39211390

NCM DESCRIÇÃO TEC (%)I - FORMAS PRIMÁRIAS

39.21 OUtras chapas, folhas, películas, tiras e lâminas, de plásticos.

3921.1 - Produtos alveolares:

3921.11.00 - De polímeros de estireno 16

3921.12.00 - De polímeros de cloreto de vinila 163921.13 - De poliuretanos3921.13 - De poliuretanos

3921.13.10

Com base poliéster, de células abertas, com um número de poros por decímetro linear superior ou igual a 24 e inferior ou igual a 157 (6 a 40 poros por polegada linear), com resistência à compressão 50% (RC50) superior ou igual a 3,0 kPa e inferior ou igual a 6,0 kPa

2

3921.13.90 Outras 16

FONTE: <http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1339698278.xlsx>. Acesso em: 21 abr. 2016.

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TÓPICO 1 | CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS

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NCM DESCRIÇÃO TEC (%)I - FORMAS PRIMÁRIAS

39.23 Artigos de transporte ou de embalagem, de plásticos; rolhas, tampas, cápsulas e outros dispositivos para fechar recipientes, de plásticos.

3923.10 - Caixas, caixotes, engradados e artigos semelhantes

3923.10.10 Estojos de plástico, dos tipos utilizados para acondicionar discos para sistemas de leitura por raio laser 18

3923.10.90 Outros 183923.2 - Sacos de quaisquer dimensões, bolsas e cartuchos:3923.21 - De polímeros de etileno3923.21.10 De capacidade inferior ou igual a 1.000 cm3 183923.21.90 Outros 183923.29 - De outros plásticos3923.29.10 De capacidade inferior ou igual a 1.000 cm3 18

QUADRO 4 - PESQUISA PELA CARACTERÍSTICA DE USO (MODELO DE UTILIDADE). NCM 39232190

FONTE: <http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1339698278.xlsx>. Acesso em: 21 abr. 2016.

Destas duas opções, podemos observar que a opção que possa trazer uma tarifa menor de importação será a NCM 39211390 (material constitutivo, composição) que possui uma TEC de 16% versus 18% da NCM 39232190, porém:

• Antes de decidir por essa NCM, deve-se conferir possíveis acordos comerciais entre o Brasil e/ou Mercosul e entre países fornecedores para determinar se há, ou não, descontos sobre a TEC dessa NCM.

• Se há algum tipo de acordo comercial que possa beneficiar a TEC que possui uma tarifa de 18% (NCM 39232190 – Modelo de utilização), logo, pode ser que essa TEC seja a que traga um menor custo/benefício de importação relativo. Vamos supor que existe um acordo comercial entre o Mercosul e o México para essa NCM, implicando um desconto de 40% sobre a TEC. Logo, a tarifa de importação sob essa NCM será de 10,80% (18% - 40% de desconto 18% - 7,20%).

Conforme o exposto acima, observamos que é bem relativo fazer a escolha entre uma determinada TEC ou outra. Tudo fica em função do custo de oportunidade, dos acordos gerais e específicos entre países e, claro, em função das condições administrativas de uma determinada NCM, como veremos mais adiante.

Em síntese, podemos afirmar que a TEC:

• Baseia-se no Sistema Harmonizado e é organizada de acordo com a NCM.• Aplica-se ao comércio de produtos fora do Mercosul que serão importados ao

bloco econômico.• Estabelece tributos aduaneiros uniformes para o comércio com terceiros países.• Padronizou o tratamento administrativo dado a cada mercadoria.

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RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• A merceologia analisa as características dos produtos, dividindo-se em dois grandes módulos, o de informações técnicas e o de informações comerciais.

• O Sistema Harmonizado (SH) é o método de classificação internacional das mercadorias, baseando-se na codificação padronizada das mercadorias.

• A Nomenclatura Comum do Mercosul - NCM está diretamente relacionada ao SH, ou seja, a codificação das mercadorias sob a NCM está baseada na SH, mas para uso interno dos países que fazem parte do Mercosul.

• Existe um vínculo entre a NCM e a Tarifa Externa Comum (TEC). E que para cada mercadoria codificada na NCM existe uma TEC.

• A análise da TEC e seu elo com a NCM e potenciais tarifas de importação a serem pagas.

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AUTOATIVIDADE

1 Para poder exportar um produto, deve-se conferir a codificação internacional referencial ao produto. Assim, para padronizar existe uma análise sistemática conhecida como merceologia. Determine quais são os dois módulos da merceologia e cite um exemplo de cada um destes dois módulos.

2 No módulo das Informações Técnicas, o que leva em consideração a análise da Merceologia? Utilize outro exemplo que não seja o do caderno.

3 No módulo das Informações Comerciais, o que leva em consideração a análise da Merceologia? Utilize outro exemplo que não seja o do caderno.

4 Por meio da merceologia, pode-se vincular as características próprias da mercadoria para sua respectiva codificação no sistema de padronização internacional, o Sistema Harmonizado - SH. Levando isso em consideração, o que facilita o SH na comercialização internacional das mercadorias?

5 Para poder identificar a taxa de importação, deve-se vincular a mercadoria a ser comercializada com a NCM respectiva. Dos oito dígitos que fazem parte da NCM, quantos destes fazem parte do SH e quantos da NCM?

6 O que é possível identificar por meio do SH e da NCM?

7 Em função da necessidade comercial, o que ajuda a pesquisa funcional da NCM?

8 Levando em consideração o site de pesquisa, determine a NCM do creme de leite.

9 Qual é o elo entre a NCM e a TEC?

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TÓPICO 2

ROTEIRO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico iremos abordar a questão dos passos iniciais para o processo tanto da exportação como da importação. Vamos analisar uma vantagem competitiva no mercado externo para exportar botas de inverno femininas. Quais os primeiros passos para iniciar este empreendimento comercial de exportação?

No contexto da importação, analisaremos a atuação do mercado nacional de produtos gourmet diferenciados, e estamos observando a possibilidade de importar queijos. Quais os passos que precisamos seguir para começar a importação?

As perguntas expostas são questionamentos fundamentais que muitas pessoas se fazem quando adentram no comércio internacional de bens e serviços. No entanto, logo depois, com a prática, estes processos de exportação ou importação viram rotina. Ainda assim, sempre é recomendável revisá-los para aprimorar processos e ser eficientes. Vamos iniciar este tópico com o roteiro da exportação.

2 ROTEIRO DA EXPORTAÇÃO

Esta fase, da análise das exportações, objetiva demonstrar as rotinas práticas e operacionais do processo de exportação necessárias para a atividade comercial, baseando-se nas normativas das autoridades competentes tanto dos órgãos gestores como anuentes responsáveis pelo comércio exterior brasileiro. Isto quer dizer que o exportador precisa cumprir com todos os requisitos administrativos para formalizar a exportação.

Vale colocar em contexto que, em se tratando de comércio internacional, é sempre necessário “cumprir” com as normativas. Caso contrário, apresenta-se o risco de grandes prejuízos monetários, operacionais, inclusive perda total da mercadoria a ser exportada. Qual é o primeiro passo administrativo que um exportador precisa dar?

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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2.1 REGISTRO DE EXPORTADOR

É quase óbvio, mas é necessário lembrar: o primeiro passo administrativo, ao começar uma exportação, é o registro como “exportador”. Aliás, passo que acontece no momento em que se vai realizar a primeira venda internacional. No entanto, como é feito esse registro?

O registro do exportador deve ser feito por meio do SISCOMEX. O exportador deve preencher uma série de dados referentes à empresa exportadora, destino da exportação, entre outras coisas. Segundo a Portaria Secex nº 25/08, Capítulo III, Seção I, art.158: “[...] A inscrição no REI (Registro de Exportadores e Importadores) da Secex é automática, sendo realizada no ato da primeira operação de exportação em qualquer ponto conectado ao Sistema Integrado de Comércio Exterior – Siscomex”.

HabilitaçãoparaoperarnoSISCOMEX.Para poder realizar o respectivo registro no SISCOMEX, seja para exportar ou importar, deve ser providenciado por meio do SISCOMEX, junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), a respectiva habilitação para operar ativamente no sistema do SISCOMEX.

DICAS

Obtenha informações para se habilitar como exportador ou importador por meio do site oficial do SISCOMEX: <http://portal.siscomex.gov.br/sistemas/lista_sistemas_view?p_cat=ecf73d4f-ad18-4e3f-96f2-be6b8d2aa626>.

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TÓPICO 2 | ROTEIRO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

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QUADRO 5 - REGISTRO DE EXPORTAÇÃO – RE

SISBACEN 85004-7993/097 4363413 SISCOMEX 22/05/2001 10:54TRANSAÇÃO PCEX 300 REGISTRO DE OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO MCEX501A------------------------------ PCEX501A-UNCLUSÃO DE REGISTRO DE EXPORTAÇÃO ------------------------------NUMERO DO REGISTRO: DATA DE REGISTRO: 22.05.2001

01- EXPORTADOR:a-CGC/CPF:_____________________b-NOME DO EXPORTADOR:

02- ENQUADRAMENTO DA OPERAÇÃO:a-Codigo: ________ ________ ________ ________ ________ ________b -NUM DO RV: ____________________ f- DATA LIMITE: ____________c- NUM DO RC: ____________________ g- MARGEM NÃO SACADA%: __________d- GE/DE/RE VINCULADO: ________________ h- NUM DO PROCESSO: _____________e- Di/RI VINCULADO: _______________________

03- UNIDADE RF DESPACHO: ____________________04- UNIDADE RF EMBARQUE: ____________________05- IMPORTADOR: ___________________

a- NOME: _______________________________________________________________________b- ENDEREÇO: __________________________________________________________________c- PAÍS: ________________________________________________________________________

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ENTRA = SEGUE PF8/20 = LIMPA PF2/14 = CORRIGE PF3/15 = RETORNAPF9/21 = TRANSAÇÃO PF1/13 = SOS PF12/24 = ENCERRA

SISBACEN 85004-7993/097 4363413 SISCOMEX 22/05/2001 10:54TRANSAÇÃO PCEX 300 REGISTRO DE OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO MCEX501B------------------------------ PCEX501B-UNCLUSÃO DE REGISTRO DE EXPORTAÇÃO ------------------------------NUMERO DO RE: DATA DE REGISTRO: 22.05.2001

06- PAIS DE DESTINO FINAL: ____________07- INSTRUMENTO DE NEGOCIAÇÃO: ____________08- CODIGO CONDIÇÃO DA VENDA: ____________09- ESQUEMA DE PAGAMENTO TOTAL: (calculado)

a- MODALIDADE DE TRANSAÇÃO: ____________b- MOEDA: ____________c- VALOR PAGTO ANTECIPADO: ____________d- VALOR PAGTO À VISTA: ____________e- NUMERO DE PARCELAS: ____________f- PERIODICIDADE: ____________ g- INDICADOR: ___(D ou M)h- VALOR DA PARCELA: ____________i- VALOR MARGEM NÃO SACADA: (calculado)j- VALOR EM CONSIGNAÇÃO: ____________l- VALOR S/COBERTURA DE CÂMBIO: ____________m- VALOR FINANCIADO RC: ___________

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ENTRA = SEGUE PF8/20 = LIMPA PF2/14 = CORRIGE PF3/15 = RETORNAPF9/21 = TRANSAÇÃO PF1/13 = SOS PF12/24 = ENCERRA

FONTE: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/sitio/paginas/comexportar/pp_regexpmodelo.html#>. Acesso em: 28 mar. 2016.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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No Registro de Exportação (RE), devemos prestar atenção que no SISCOMEX o RE é o conjunto de informações comerciais, fiscais, de condições financeiras e cambiais que caracterizam a exportação e seu respectivo enquadramento administrativo. O RE deve ser sempre executado antes da declaração para o despacho aduaneiro, sendo que o prazo de validade para o embarque é de 60 dias desde a data de efetivação do RE, porém, se ultrapassar essa data limite, o RE pode ser prorrogado.

2.2 REGISTRO DE EXPORTAÇÃO SIMPLIFICADO – RES

Se o exportador for uma empresa pequena? Para este tipo de empresas existe o Registro de Exportação Simplificado (RES). O objetivo do RES é simplificar e ajudar nos processos de exportação das empresas de pequeno porte. Segundo Mendonça (2009, p. 97):

O Registro de Exportação Simplificado destina-se a facilitar a atuação de empresas de pequeno porte ou daquelas que pretendem realizar operações com valores até determinados limites, assim considerado o valor na condição de venda e desde que atendidas as demais condições regulamentares.

Sendo assim, é da responsabilidade do exportador o registro da declaração do RES, sob numeração automática única, sequencial e nacional. Este registro pode ser renovado a cada ano e deve ser efetivado através do SISCOMEX, sendo que o limite máximo da exportação será de USD 50.000,00, ou equivalente em outras moedas. Além disso, deve-se observar que se o RES não for submetido ao registro em um prazo de até 15 dias a partir da data de sua numeração efetivada pelo SISCOMEX, haverá cancelamento automático.

2.3 SISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO EXTERIOR – SISCOMEX

Até agora temos observado que tanto o RE ou RES devem ser registrados por meio do SISCOMEX. No contexto da exportação é por meio de SISCOMEX que se deve encaminhar o registro dos seguintes processos administrativos: Registro de Exportação (RE), Registro Simplificado de Exportação (RES), Registro de Venda (RV), Solicitação de Despacho Aduaneiro (SD) e Registro de Operação de Crédito (RC). Como podemos observar, o SISCOMEX serve como sistema de integração da informação, facilitando as informações administrativas dos diferentes órgãos do Estado responsáveis pelo comércio exterior brasileiro, neste caso específico, da exportação.

Um quesito fundamental no momento de registrar o RE é determinar o código NCM da mercadoria, sem este código não haverá elo internacional nem vínculo administrativo da mercadoria que se deseja exportar perante os órgãos

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TÓPICO 2 | ROTEIRO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

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de controle administrativo. Assim, caso o exportador porventura cometer um erro de codificação da NCM, a respectiva discrepância será analisada pela Receita Federal. Podemos simplificar a situação por meio da seguinte situação hipotética:

A soja exportada à China em grão tem um código NCM específico, mas se, ao invés desta exportação e código, seja realizada uma exportação de farinha de soja (pelo mesmo exportador), mantendo a NCM de “grão”, logo, apresentará problemas administrativos aqui e lá na China.

Como tínhamos visto, além do RE e RES, o SISCOMEX faz o registro de mais outros processos administrativos da exportação, sendo estes:

• RV – Registro de Venda. Aplica-se especialmente para produtos negociados em bolsa, especialmente commodities, segundo Vazquez (2004, p. 154):

O RV é o conjunto de informações que caracteriza instrumento de venda de commodities ou de produtos negociados em bolsa relacionados em ato público da Secretaria de Comércio Exterior (SCE), que deve ser objeto de registro no SISCOMEX, previamente à solicitação de registro da exportação parcial ou íntegra da mercadoria.

O RV deve ser executado pelo exportador por meio da interligação eletrônica ao SISCOMEX. O SISCOMEX vincula, através da numeração, cada um dos RVs efetivados.

• SD – Solicitação de Despacho Aduaneiro. Este registro é utilizado pela autoridade fiscal competente, fornecendo um código numérico às mercadorias destinadas ao exterior. Assim, ele vem a ser a internacionalização da mercadoria, que poderá ser exportada definitivamente, como também poderá ser de caráter temporário.

Se uma mercadoria sair do país com caráter temporário, por exemplo, para uma feira internacional, ela também irá receber um SD, apesar de depois da feira retornar ao país.

A solicitação de despacho aduaneiro é a ação pela qual a autoridade fiscal fornece um código numérico para as mercadorias destinadas ao exterior, sendo esta exportada em caráter definitivo ou temporário, ou seja, caso uma mercadoria seja exportada para uma feira no exterior, ela também receberá um SD, embora no futuro seja novamente integrada ao país.

• RC–RegistrodeOperaçãodeCrédito. Este registro possui detalhes de cunho comercial, financeiro e cambial para exportações com prazo de financiamento, sendo obrigatório na seguinte situação.

O preenchimento do RC previamente ao Registro de Exportação (RE) é obrigatório para as exportações financiadas com recursos do Programa de Financiamento às Exportações (PROEX), conforme estabelecido pelos art. 1º e 2º da Lei nº 10.184, de 12 de fevereiro de 2001, ou com outros créditos públicos.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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3 ROTEIRO DA IMPORTAÇÃO

Acabamos de observar como é executada administrativamente a exportação. E a importação? Por meio do processo administrativo da importação podemos verificar os requisitos necessários para nacionalizar mercadorias vindas do exterior. A diferença da exportação é que na importação existe uma série de requisitos prévios que devem ser analisados antes de executar um processo de importação. O primeiro que devemos saber para iniciar esse processo de revisão dos requisitos prévios antes de executar uma importação é saber como estão classificadas as importações.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES

Toda importação deve ser classificada como permitida ou proibida. As importaçõespermitidas, como o próprio nome diz, podem ser executadas, sendo que importação permitida envolve procedimentos de licenciamento, tanto automático como não automático. O que quer dizer licenciamento das importações? Quer dizer que a importação precisa de uma habilitação administrativa por parte dos órgãos governamentais, conforme vamos estudar mais adiante.

Além de importações permitidas, com seu respectivo licenciamento, as importações podem ser classificadas como: Proibidas, Suspensas e em Consignação.

• Importaçõesproibidas acontecem quando, por disposição governamental ou por tratados internacionais, há proibição de que esse tipo de mercadoria possa entrar no território brasileiro. Além disso, a proibição não se refere somente ao produto, mas também se refere à procedência da mercadoria.

No sentido da formalização, toda importação proibida possui aviso administrativo quando se solicita o registro da importação no SISCOMEX. Assim, bem no momento antes de se iniciar o processo administrativo perante os órgãos governamentais, poderá se confirmar a inviabilidade de efetivar a respectiva importação. Podemos ter algumas situações de importações proibidas de mercadorias comercializadas internacionalmente, tais como:

• A importação proibida de brinquedos que simulam armas de fogo, pólvoras e explosivos, que põem em risco a saúde mental das crianças brasileiras.

• A importação de pneus usados com fins de serem reusados ou reciclados nas diversas indústrias nacionais.

• Importações Suspensas possuem o caráter de impedimento temporário ao território nacional. Exemplo disso é a suspensão da entrada de camarões argentinos no Brasil desde o ano de 1999, esta suspensão foi normatizada por meio da Instrução Normativa nº 39 do Ministério da Agricultura, Secretaria da Defesa Agropecuária. A justificativa foi o risco de algumas doenças do camarão em si, conhecidas como Mancha Branca (White Shrimp Spot Virus WSSV) e Cabeça Amarela (Yellow Head Virus YHV).

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TÓPICO 2 | ROTEIRO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

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Podemos dizer que a suspensão na importação de camarão é uma barreira sanitária.

• ImportaçõesemConsignação - é a não permanência definitiva da mercadoria importada. Ou seja, a mercadoria deverá, obrigatoriamente, sair do território brasileiro, logo após ter cumprido as condições e prazos preestabelecidos. Segundo Maluf (2000, p. 200), “[...] elas deverão vir sem cobertura cambial, haverá um acompanhamento da sua destinação, seguirão para local alfandegado e será exigido um Termo de Responsabilidade”.

3.2 LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO (LI)

Como observamos anteriormente, as importações permitidas precisam de Licenciamento de Importação (LI), o qual é obtido por meio do SISCOMEX. O LI é usado para habilitar (licenciar) formalmente as importações que devem estar sujeitas aos controles dos órgãos governamentais. Como regra geral, o LI deve ser gerado pelo SISCOMEX antes das mercadorias serem embarcadas no país de origem, o qual pode ser gerado automaticamente ou não.

Quando o LI é gerado automaticamente, por parte do SISCOMEX, quer dizer que o produto a se importar não precisa dos órgãos anuentes governamentais, ou seja, existe habilitação (licenciamento) automático da importação; mas quando o LI não é gerado automaticamente, a importação precisa de um processo de licenciamento dos órgãos anuentes para poder habilitar, ou permitir, a importação.

• OLicenciamentonãoAutomático serve para ter a autorização e conformidade do(s) órgão(s) anuente(s) responsáveis pela autorização da habilitação da importação. Deste modo, o órgão anuente e licenciador analisa e emite o parecer, por meio de um certificado, sobre a importação em questão. Exemplos de mercadorias que precisam de órgãos anuentes:o Alimentos, seus insumos, embalagens para alimentos, e aditivos alimentares

- neste caso, este tipo de mercadoria irá precisar do certificado para a emissão de LI do órgão anuente Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

o Medicamentos, seus insumos e embalagens - de igual maneira, precisarão do certificado para a emissão de LI do órgão anuente ANVISA.

o Pneus e seus insumos - precisarão do certificado para a emissão de LI do órgão anuente Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Como Funciona o LI? Para a emissão do LI, o importador, por meio de seu representante legal, faz o registro respectivo no SISCOMEX. Assim, a solicitação é encaminhada para a Base Central, onde irá gerar uma numeração específica vinculando a importação ao respectivo órgão anuente responsável pelo licenciamento do tipo de mercadoria a se importar.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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• O prazo máximo para efetivação do resultado será de 60 (sessenta) dias corridos contados da data do registro da LI e a partir da efetivação do resultado o LI possui validade de 90 dias para que as mercadorias possam ser embarcadas no país de origem.

• Como padrão normal, o embarque no exterior deve acontecer somente após a efetivação do LI, caso contrário, haverá penalidades previstas na legislação aduaneira.

3.3 EXAME DE SIMILARIDADE

Muitas vezes pode existir uma justificativa para ter uma redução nas taxas de impostos de importação. Assim, o objetivo desse exame é procurar benefícios de impostos no momento de importar, em vistas de suprir necessidades reais de produção ou de consumo da economia brasileira. Neste sentido, se houver um produto nacional que seja similar ao que se pretende importar, logo, não haverá exceção de impostos.

A apuração da similaridade é feita com base no catálogo técnico do produto a importar, que o importador deverá encaminhar para o DECEX por intermédio de correio eletrônico. Para a realização da análise de similaridade, o DECEX publica os pedidos de importação na página eletrônica do MDIC na Internet, devendo a indústria nacional manifestar-se no prazo de trinta dias corridos para comprovar a fabricação no mercado interno. Na hipótese de existência de produção nacional, deverão ser fornecidos catálogos descritivos dos bens, contendo as respectivas características técnicas, bem como informações referentes a percentuais relativos aos requisitos de origem do Mercosul e unidades já reproduzidas no país. Disponível em: <http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/68_exame_de_similaridade/menu/79>. Acesso em: 28 abr. 2016.

Deste modo, e logo após ter observado as condições do exame de similaridade, a possível isenção de impostos possui o objetivo de beneficiar as mercadorias sem similar de produção nacional, com o intuito de não prejudicar a indústria nacional.

3.4 VERIFICAÇÃO DE PREÇOS

Com o intuito de evitar, principalmente, importações subfaturadas para pagar menor valor de impostos de importação, a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) faz gestão do controle referencial dos preços dos produtos a serem importados. Para realizar esta verificação a SECEX: “[...] utiliza vários instrumentos ou fontes de informações, como cotações em bolsas internacionais de mercadorias, publicações especializadas, listas de preços de fabricantes estrangeiros, preços declarados por importadores com base em documentos comprobatórios [...]”. (MALUF, 2000, p. 203).

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TÓPICO 2 | ROTEIRO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

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4 ANÁLISE DE POSSÍVEIS IMPACTOS DE DUMPING NO PREÇO DE IMPORTAÇÃO

Continuando com a análise de preços, os países, muitas vezes, aplicam sobretaxas de importação para certos produtos. Nesse sentido, lembra o que é a prática de dumping? É a prática de colocar no mercado internacional produtos abaixo do preço praticado no mercado nacional do país de origem onde origina-se a exportação de uma determinada mercadoria.

Exemplificando, suponha que a China exporta aparelho celular FOB US$ 100,00, mas no seu mercado interno da cidade de Shangai vende-se o mesmo aparelho por US$ 120,00. Isso seria prática de dumping, vende a um preço menor no mercado nacional. Algumas empresas exportadoras fazem isso com o intuito de eliminar a concorrência e aumentar as quotas de mercado internacional.

Em função desses possíveis dumpings, e sempre e quando se possa argumentar e justificar a existência deste, os países estão permitidos pela OMC a executar medidas antidumping. Na prática, isso significa que um país pode compensar as importações “baratas” que estão vindo de um país que está praticando dumping, por meio da fixação de sobretaxas às importações, ou seja, a medida antidumping aplica, na maioria das vezes, uma sobretaxa à Tarifa Externa Comum (TEC) do produto a se importar.

4.1 DINÂMICA DO ANTIDUMPING

Para que possamos visualizar como é feita uma medida antidumping, vamos supor que uma loja de produtos para construção importa cadeados da China. A NCM deste produto é a 8301.10.00, possuindo uma TEC de 16%, como podemos observar a seguir:

QUADRO 6 - TEC PARA CADEADOS, FECHADURAS, ENTRE OUTROS

NCM DESCRIÇÃO TEC (%)

83.01Cadeados, fechaduras e forrolhos (de chave, de segredo, ou elétricos), demetaiscomuns;fechosearmaçõescomfecho,comfechadura,demetais comuns; chaves para estes artigos, de metais comuns.

8301.10.00 - Cadeados 16

8301.20.00 - Fechaduras dos tipos utilizados em veículos automóveis 16

8301.30.00 - Fechaduras ds tipos utilizados em móveis 168301.40.00 - Outras fechaduras; ferrolhos 168301.50.00 - Fechos e armações com fecho, com fechadura 168301.60.00 _ Partes 168301.70.00 - Chaves apresentadas isolamente 16

FONTE: <www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1339698278.xlsx>. Acesso em: 11 mar. 2016.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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A loja de produtos para construção aqui no Brasil estaria importando da China esse cadeado com um preço de US$ 4,00 FOB. Com esse preço de importação a loja observa que é mais barato importar o cadeado que comprar dos produtores nacionais. Deste modo, começa diminuindo seus pedidos nacionais e aumentando suas ordens de compra de seu fornecedor lá da China. Igualmente a esta loja, outras ao longo do Brasil começam a fazer o mesmo. Resultado? Uma diminuição drástica das vendas dos produtores nacionais e um aumento das importações de cadeados vindos da China.

Nesse contexto, as fábricas nacionais produtoras de cadeados observam que estão sofrendo um prejuízo nas suas vendas, decorrente da importação de cadeado “barato” da China. Assim, elas justificam e levantam um processo de antidumping na Câmera de Comércio das comarcas onde estão operando.

O reclamo é encaminhado aos órgãos gestores de comércio exterior do governo, e estes analisam e conferem se efetivamente as empresas da China estão exportando esse produto com um preço abaixo dos preços praticados lá no país de origem. Se houver comprovação de dumping dos produtores chineses, logo, o governo brasileiro estabelece uma medida de antidumping, justificando essa medida perante a Organização Mundial de Comércio (OMC).

Agora vamos analisar como funciona a dinâmica deste antidumping de cadeados. Os produtores de cadeados possuem um preço no mercado nacional da China, que é de US$ 4,50. Entretanto, esses mesmos produtores estão exportando o mesmo cadeado com um preço de US$ 4,00 FOB. Ou seja, os importadores e distribuidores de cadeados aqui no Brasil estariam importando da China esse cadeado com um preço de US$ 4,00 FOB. Agora, com esses dados, poderemos determinar de quanto seria a medida antidumping, assim, vamos observar os seguintes dados:

• A qual preço os importadores do Brasil estão comprando o cadeado da China? US$ 4,00 FOB.

• Qual é o preço, conferido, que os produtores chineses estão vendendo no seu mercado nacional? US$ 4,50.

• Qual será o dumping praticado pelos produtores chineses? US$ 0,50 = US$ 4,50 – US$ 4,00.

• Qual poderá ser a medida antidumping? 11,11% = US $ 0,50 / US $ 4,50.

Com esses valores referenciais, podemos observar que na média os produtores chineses estão exportando um cadeado 11,11% mais barato do que o preço nacional. Logo, a sobretaxa sobre a TEC poderá ser justificada em 11,11%, para compensar a prática desleal do dumping. Levando isso em consideração, o impacto total na tarifa será 16% + 11,11%, ou seja, a tarifa efetiva do Imposto de Importação ficará de 27,11% 16,00% (TEC) + 11,11% (sobretaxa).

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TÓPICO 2 | ROTEIRO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

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QUADRO 7 - DETALHE DE PREÇOS COMPARATIVOS ENTRE CADEADO NACIONAL E IMPORTADO

Detalhe TEC ValoresPreço Cadeado FOB Xangai $4,00Frete Internacional $0,40Preço Cadeado CIF Santos $4.40TEC 16% $0,70Taxas, despachante e outros gastos $0,56CustoImportação $5,66

Fornecedor Nacional $5,90

Depois da Medida AntidumpingDetalhe TEC Valores

Preço Cadeado FOB Xangai $4,00Frete Internacional $0,40Preço Cadeado CIF Santos $4.40TEC 27% $1,19Taxas, despachante e outros gastos $0,56CustoImportação $6,15

Fornecedor Nacional $5,90

*Com a TEC sem levar em consideração a sobretaxa do antidumping.FONTE: O autor

Neste quadro pudemos observar que o cadeado importado e já nacionalizado fica mais barato que o nacional, ficando mais interessante para as lojas comprar o cadeado da China. E se aplicarmos a taxa de antidumping?

QUADRO 8 - DETALHE DE PREÇOS COMPARATIVOS ENTRE CADEADO NACIONAL E IMPORTADO

* Com a medida antidumpingFONTE: O autor

Observe que antes da medida antidumping, o cadeado importado é US$ 0,24 mais barato que o nacional. Após a medida antidumping, o cadeado importado fica US$ 0,25 mais caro, ou seja, as lojas ficarão predispostas a aumentar as compras de cadeados de produção nacional.

Eis o objetivo de os governos utilizarem medidas antidumping, para incentivar a produção nacional de um determinado produto em detrimento de um semelhante importado.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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Esta análise pode ser bem importante no contexto de um processo de importação. Muitas vezes, no momento de iniciar uma importação, devemos observar se há em andamento uma sobretaxa de antidumping no Brasil.

De igual maneira, quando exportar, devemos observar se o país de destino possui uma medida antidumping contra o Brasil do produto que desejamos exportar, isso dependerá em grande parte como irão se definir as negociações da exportação.

QUADRO 9 – ALGUNS DOS PRODUTOS QUE POSSUEM MEDIDAS ANTIDUMPING NO BRASIL

FONTE: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=4027>. Acesso em: 24 mar. 2016.

Todas estas medidas de proteção ao comércio exterior brasileiro são feitas por meio dos órgãos do governo em concordância com as diretrizes da OMC. Como já estudamos, aqui no Brasil o órgão máximo do Comércio Exterior é a CAMEX (Câmara de Comércio Exterior).

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico você estudou sobre:

• Como levantar um roteiro de exportação, objetivando analisar os processos administrativos decorrentes da exportação.

• O passo a passo administrativo para fazer acontecer a exportação, começando pelo Registro do Exportador e logo acompanhando os processos a se utilizar dentro do SISCOMEX.

• A gestão administrativa para fazer acontecer a exportação dentro de SISCOMEX, começando pelo RE, RV, SD e RC.

• Como levantar um roteiro de importação, objetivando analisar os processos administrativos decorrentes da importação.

• A necessidade de classificar a importação, observando primeiramente se é permitida, suspensa, consignação ou proibida.

• A necessidade de conferir a condição do Licenciamento de Importação (LI), se é automático ou não. Se o LI NÃO é gerado automaticamente, logo, a importação precisará da análise e certificação do órgão anuente respectivo às características da mercadoria.

• A importância da análise da tarifa de Imposto de Importação, observando os meios administrativos para identificar possíveis descontos na taxa de imposto vinculante à NCM do produto a se importar.

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AUTOATIVIDADE

1 Ao iniciar uma atividade de venda ao exterior, o que se deve fazer para começar esse processo de exportação e onde é feito isso?

2 Qual é o valor máximo de exportações por meio do RES (Registro de Exportação Simplificado), com numeração sequencial ou não? De quanto em quanto tempo precisa-se renovar o RES e onde?

3 Determine quais registros necessitam de processo no SISCOMEX. E exponha uma breve definição de cada um deles.

4 Explique quando é necessário aplicar o exame de similaridade.

5 Entre os requisitos para iniciar o processo de importação, é necessário que as mercadorias possuam o Licenciamento de Importação (LI). Diferencie Licenciamento Automático e Licenciamento Não Automático.

6 Vamos supor que uma fábrica de sapatos importa solas exteriores e saltos da Colômbia como parte dos insumos de fabricação. A NCM para esse tipo de produto é a 6406.10.00 e possui uma TEC de 18%. Nesse cenário comercial, algumas empresas produtoras de solas de sapatos do Brasil percebem que as importações desse produto vindo da Colômbia estão prejudicando suas vendas. Logo, as empresas nacionais fazem um processo de justificativa de antidumping na Câmara de Comércio de suas comarcas (ex.: Blumenau e Joinville). Suponha os seguintes dados de dumping:

• Preço de venda de uma sola de sapato na Colômbia: US$ 3,90• Preço de importação de uma sola vinda da Colômbia: US$ 3,65• Dumping desta suposta prática comercial desleal US$ 0,25.

Agora, neste cenário:

a) O Brasil poderia impor uma medida antidumping de quanto?b) Qual seria a taxa total a ser paga pelo importador, caso o Brasil impor uma

medida antidumping?

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101

TÓPICO 3

TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E

DOCUMENTAÇÃO

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

No tópico anterior estudamos sobre como inicia o processo tanto da exportação como da importação. Assim, vimos como as importações são classificadas e controladas para poder executar a entrada destas mercadorias ao território nacional. Inclusive, vimos um caso prático de como podem ser aplicadas barreiras à entrada de mercadorias que podem prejudicar a indústria nacional.

Com este embasamento teórico, agora temos capacidade de observar e aprender os detalhes desse processo inicial da exportação e da importação, e como vai se estruturando a comercialização internacional. Vamos começar estudando sobre a estruturação da importação, levando em consideração que ela envolve todos os processos de uma comercialização internacional, desde o país de origem até a nacionalização da mercadoria.

Nesse contexto, observando a estrutura do processo da importação, vamos conhecer todos os detalhes da estrutura da exportação. Se observarmos, para toda exportação em um país de origem existirá também uma importação no país de destino; é uma situação evidente, mas é bom sempre colocar no contexto de análise. Logo, a exportação e a importação são caras de uma mesma moeda, e ambos processos estão interligados entre si.

2 ANÁLISE DOS VALORES, TRIBUTAÇÃO E TRATAMENTOS ADMINISTRATIVOS

Como iniciamos uma importação? Temos que revisar quais as normas regulamentares e de tramitação administrativa que o produto a se importar deverá ter. Isto significa conferir, primeiramente, se a importação é permitida ou é proibida, e se ela possui tratamento administrativo para licenciamento não automático, entre outras coisas. Ou seja, antes mesmo de iniciar qualquer gestão, é necessário que o importador faça a respectiva consulta no SISCOMEX.

Nesse contexto, e para fins de aprendizado, vamos usar o Simulador do TratamentoTributárioeAdministrativodas Importações,esta ferramenta de análise é disponibilizada pela Receita Federal do Brasil. Assim, podemos simular

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

as condições da nacionalização da mercadoria com a finalidade de verificar valores de impostos de importação e os tratamentos administrativos para poder efetivar o processo de importação, ou seja, podemos conferir:

• O valor dos tributos incidentes sobre o valor aduaneiro declarado.• Controles administrativos sobre eventuais órgãos anuentes necessários para a

emissão da licença de importação, controles federais, possíveis medidas como antidumping etc.

Vale lembrar que o Simulador é apenas uma ferramenta de análise referencial, e não é o tratamento definitivo do processo de importação. Este simulador encontra-se disponível em: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/>.

ATENCAO

FIGURA 4 - SIMULADOR DO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO E ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES

FONTE: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/>. Acesso em: 24 mar. 2016.

Para simular o tratamento tributário e administrativo de uma importação é necessário informar:

• A classificação fiscal da mercadoria, digitando o seu código NCM no local indicado. Para auxiliar no preenchimento deste campo, pode-se efetuar pesquisa por código NCM ou por descrição da mercadoria, pressionando o botão "Pesquisar código NCM".

• O valor aduaneiro estimado da mercadoria.• A moeda correspondente ao valor aduaneiro informado.

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TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

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Por meio deste simulador pode-se obter a informação relativa ao tratamento tributário e administrativo a que está sujeita a importação de uma determinada mercadoria, no momento em que a consulta é formulada.

Dessa forma, é possível visualizar as alíquotas ad valorem vigentes dos tributos que podem incidir sobre uma determinada importação, assim como o montante desses tributos, calculados com base nos dados fornecidos.

Também podem ser consultados os controles administrativos aos quais a importação poderá estar sujeita, tais como requisitos, restrições ou proibições, assim como os órgãos ou agências da administração pública federal responsáveis por estes controles, conforme a classificação fiscal da mercadoria na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).

FONTE: Adaptado de: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/>. Acesso em: 24 mar. 2016.

2.1 APLICAÇÃO DO SIMULADOR DO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO E ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES

Veremos dois casos práticos para analisar valores de tributos e tratamentos administrativos dos seguintes produtos: NCM 20079910, geleia de maçã; e NCM 0901.2100, cadeados. Para facilitar a análise, vamos supor que o valor aduaneiro será de US$ 150.000,00.

FIGURA 5 - SIMULADOR PARA CONDIÇÕES TRIBUTÁRIAS E ADMINISTRATIVAS DE CADEADOS

FONTE: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/Simulacao-tag.jsp>. Acesso em: 24 mar. 2016.

Observe que por meio do simulador pode-se ter informações importantes sobre a mercadoria a ser importada. Em termos de tributos, esta simulação apresenta R$ 139.331,97 de potenciais impostos a serem pagos no momento de executar a importação. Esse valor representa 25,75% do valor aduaneiro em moeda nacional (reais). Desdobrando os dados, vamos obter os seguintes valores:

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

• A taxa de câmbio aplicável no momento da simulação, no caso de acima de R$ 3.6073 por dólar, apurando um valor aduaneiro referencial de R$ 541.095,00 US$ 150.000x R$ 3,6073.

• As alíquotas do Imposto de Importação a partir do Código NCM e em função da TEC. 14% do valor aduaneiro de R$ 541.095,00, ou seja: R$ 75.753,30.

• Ao se tratar de produto sem alto índice de industrialização, ele não possui IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

• Em função da alíquota de PIS de 2,10% e COFINS de 9,65%, vamos ter um valor de tributo destes impostos de R$ 11.363,00 e R$ 52.215,67, respectivamente.

E no âmbito administrativo, quais as condições desta potencial importação? Ao voltarmos ao simulador, vamos observar que não existem medidas antidumping, ou qualquer outra possível medida compensatória em vigor, mas existem restrições e/ou advertências, logo:

• É necessário licenciamento de importação (LI) em função do certificado de anuência do Fundo Nacional de Saúde, vinculante ao órgão ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em função de que é um produto alimentar.

• Produto proibido de importação, caso seja usado.

Acabamos de analisar todos os condicionais e valores de impostos de uma possível importação de geleias vindas, vamos supor, da França. E se quisermos observar as condições de uma possível importação de cadeados da China? Para fazer a pesquisa, vamos precisar saber da NCM e do valor da importação em moeda estrangeria. A NCM de cadeados é a 8301.10.00 e o valor a se importar, vamos supor, que é de US$ 150.000,00. Em função desses dados vamos obter a seguinte informação:

FIGURA 6 - SIMULADOR PARA CONDIÇÕES TRIBUTÁRIAS E ADMINISTRATIVAS DE CADEADOS

FONTE: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/Simulacao-tag.jsp>. Acesso em: 24 mar. 2016. a

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TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

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Neste caso, semelhante ao caso das geleias, temos vários tributos a serem pagos, com a diferença de que a alíquota do imposto COFINS é de 10,65% para os cadeados, enquanto que para as geleias era de 9,65%. Em que existe mudanças significativas é nas condições administrativas. No caso da NCM 8301.10.00, cadeados, existe:

• Medidas antidumping, ou seja, haverá de considerar a sobretaxa respectiva.• O produto precisa de anuência do MDIC, e se for usado precisará de mais uma

anuência do mesmo MDIC.

Acima observamos dois exemplos de análise de tributos e tratamentos administrativos de dois produtos a serem importados. Nas autoatividades deste livro de estudos, vamos trazer mais um exemplo. E no contexto da exportação, é necessário fazer uma simulação? Será necessário fazer, sim, mas no país de destino, e será de competência do cliente, o importador.

Como exportador é importante enxergar quais os procedimentos tributários e administrativos no país de destino, principalmente para conferir a viabilidade tanto administrativa como de preço competitivo do produto a se exportar. Eis a importância de saber também como acontece o procedimento da importação no Brasil, apesar de que poderíamos trabalhar só com exportações. Agora, vamos estudar a documentação necessária para executar uma importação.

3 DOCUMENTAÇÃO PARA EXPORTAR E IMPORTAR

Existe um padrão de documentação necessária para executar uma importação, mas em função das particularidades e dos tratamentos administrativos, anuências, por exemplo, é necessário sempre fazer uma revisão de toda a documentação para cada importação, ou exportação, a ser iniciada. Em função disso, vamos estudar quais os principais documentos necessários nos processos de exportação e de importação.

Documentos que deverão acompanhar todo o processo da comercialização internacional, acompanhando assim todo o percurso logístico internacional desde o país de origem até o país de destino. Com esta análise da documentação necessária para fazer acontecer a exportação ou importação, podemos oferecer segurança e credibilidade nas transações internacionais. Para isso, vamos iniciar o processo desde a ordem de pedido.

Page 116: Processo de Exportação e Importação

106

UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

3.1 ORDEM DE PEDIDO

Para encaminhar a ordem de pedido, deve-se definir as quantidades de cada produto a ser consideradas na importação. Essa quantidade pode ser levantada em função das quantidades projetadas de vendas, apurando o peso de cada produto das vendas analisadas. No caso da importação da geleia de maçã, poderíamos ter um pedido, previamente negociado com o fornecedor, com as seguintes quantidades:

QUADRO 10 – VOLUME E VALORES MONETÁRIOS DE PEDIDO

Ordem de Compra (valores em US$)

Produto Pote Vidro(Quantidade)

Valores US $Custo Pote Total

MaçãeCanela 40.992 USD 1,15 USD 47.140,80MaçãeCanelaLIght 37.438 USD 1,25 USD 46.797,17MaçãClássica 57.661 USD 1,00 USD 57.661,27

MaçãClássicaLight 53.009 USD 1,10 USD 58.309,90Total 189.100 USD 209.909,13

FONTE: O autor

Uma vez apurado o peso dos produtos, o próximo passo é aplicar essa proporcionalidade à ordem de compra com os preços respectivos negociados com o fornecedor. No caso dos vidros de maçã, teremos os seguintes modelos de ordem de compra.

ORDEM DE COMPRAPurchase OrderJuly 11th 2015Mr. Jacques GodardExport ManagerLe petit gelée d'OrLyon, FranceRE: P.O. No. 0075/2015. Pomme 0091, Pomme 0092, Pomme 0093, Pomme 0094Thank you for your offer dated July 3rd 2015. We are glad to place our first order as follows:Port of discharge (delivery): Itajaí, Brazil.Shipment: No later than August 30, 2015Packing: Cardboard boxes in containersConditions: L/C 30 days from B/L date.Product:Pomme0091(MaçãeCanela)Quantity: 40.992 (jars)Price: US$ 1,15/jar FOB MarseilleTotal value: US$ 47.140,80 FOB Marseille

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TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

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Product:Pomme0092(MaçãeCanelaLight)Quantity: 37.438 (jars)Price: US$ 1,25/jar FOB MarseilleTotal value: US$ 46.797,17 FOB MarseilleProduct:Pomme0093(MaçãClássica)Quantity: 57.661 (jars)Price: US$ 1,00/jar FOB MarseilleTotal value: US$ 57.661,27 FOB MarseilleProduct:Pomme0094(MaçãClássica)Quantity: 58.309,90 (jars)Price: US$ 1,10/jar FOB MarseilleTotal value: US$ 58.309,90 FOB MarseilleTotal Order: US $ 209.090,13 FOB MarseilleWe hope this is the first of many orders that we are going to place with you;Sincerely yours,Mara da SouzaForeign Trade Manager

FONTE: Adaptado de Espínola (2005, p. 37)

3.2 FATURA PRO FORMA (PRO FORM INVOICE)

Uma vez enviada a ordem de compra, o importador terá que aguardar o envio da fatura pro forma, que, aliás, servirá como base inicial ao processo de importação. Por meio da fatura pro forma, o importador poderá fazer a abertura da DI (Declaração de Importação) no SISCOMEX e fazer as respectivas gestões financeiras com vistas de fechar o acordo de pagamento, seja à vista ou a prazo.

Segundo Vieira (2010, p. 93), “é um documento emitido pelo exportador, sendo considerado um dos mais importantes instrumentos de apoio à negociação comercial, que servirá como base para a confecção dos demais documentos”. Já Vazquez (2004, p. 192) diz que: “a fatura pro forma é o primeiro documento, o start efetivo do negócio”.

Assim, irão constar todas as prerrogativas necessárias para a fatura comercial. Devemos observar que não existe um modelo “padrão” para a emissão de uma fatura pro forma, mas existem dados essenciais que devem estar sempre presentes, sendo estes:

Nome da empresa exportadora, endereço (do exportador), nome do importador, endereço do importador, condições de negociação, termos de pagamento, local de embarque, local de destino, forma de embalagem, prazo de validade da fatura pro forma, item: Quantidade - Unidade - Descrição da Mercadoria - Preço, valor total por extenso, termos negociados (Incoterms), dados adicionais, data da fatura pro forma e assinatura do exportador.

Vamos supor que foi enviada uma ordem de compra para um fornecedor de queijo gourmet lá na França. Em função dessa ordem de pedido, o fornecedor irá emitir uma fatura pro forma, semelhante à que podemos observar a seguir.

Page 118: Processo de Exportação e Importação

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

FATURA PRO FORMA ENVIADA PELO EXPORTADOR AO IMPORTADORProFormaInvoiceorConfirmation(fromtheexporter)

Mar. 13th 2013Ms. Mara da SouzaForeign Trade ManagerGlobe Foods and BeveragesSão Paulo, BrazilOur Reference: Order No. 789/2001RE: Your P.O. No.0075/2013 – Camembert 0098

Dear Ms. Souza

In follow-up to your above mentioned P.O., we would like to confirm as follows:

Product: Camembert 0098Quantity: 1000 kg.Destination: Santos, Brazil.Shipment: August 2015Packing: Cardboard boxes packed in reefer containers (25kg/box)Price: US$ 22,00/kg CFR SantosTotal value: US$ 44,000 CFRConditions: L/C 30 days from B/L

We will send you notice on the shipment details.Sincerely yours,

Jacques GodardExport Manager

FONTE: Adaptado de Espínola (2005, p. 43)

3.3 FATURA COMERCIAL (COMMERCIAL INVOICE)

No momento em que o exportador tiver pronta a mercadoria, ele deverá iniciar o envio desta com a respectiva fatura comercial. Esta fatura comercial é essencial para fins de processo de documentação oficial da exportação e internacionalização respectiva da mercadora. E, claro, para fins de processos de nacionalização no país de destino.

A fatura comercial é o documento oficial que servirá de base para o desembaraço da mercadoria no país de destino. O seu preenchimento é efetuado com base na fatura pro forma e deve ser executado sem erros, emendas ou rasuras, pelo próprio exportador, não existindo regras que estabeleçam um modelo oficial, ficando a critério do exportador sua elaboração (VIEIRA, 2010, p. 95).

Quais as informações essenciais a serem preenchidas em uma fatura comercial (commercial invoice)? A seguir podemos observar esses dados essenciais, e como o padrão das informações, na maioria das vezes, deve estar em inglês, inclusive se a mercadoria for exportada para um país que possui o mesmo idioma, tal como do Chile para o México.

Page 119: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

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• Localedatadaemissãodafaturacomercial, essencial para ter referência dos tempos a partir do início da exportação.

• Nomeeendereçodoexportador, apesar de ser bastante óbvia, esta informação é essencial.

• Nomeeendereçodoimportador, apesar de ser bastante óbvia, esta informação é essencial.

• Número da fatura, a sequência numérica das faturas de exportação é fundamental para manter controle das vendas, assim como para fins de auditoria.

• Número da pro forma, toda fatura comercial deve ter um vínculo com a fatura pro forma, logo, uma sequência numérica de procedência e fins de controle. Todo processo de exportação começa “formalmente” com a emissão e envio da fatura pro forma ao importador.

• Númerodalicençadeimportação, isto é fundamental para fins de controle no momento de nacionalizar no país de destino.

• Modalidade de pagamento, devendo detalhar o meio de pagamento, seja cobrança bancária ou carta de crédito.

• Tipo de transporte e local de embarque, isto gera um vínculo direto com os Incoterms e o tipo de logística internacional.

• Conhecimento de embarque, com a data de embarque, este documento anexo à fatura comercial é fundamental para definir tempos, formalização de internacionalização e futura nacionalização no país de destino. É um dos principais documentos do processo de exportação/importação. Caso seja embarque marítimo, constar o nome do navio.

• Nome da empresa de transporte, determina quem fica responsável pela logística da mercadoria e permite dar seguimento ao andamento do deslocamento.

• Detalhes minuciosos da mercadoria, devendo anexar o packing list para fins de conferir unidades e pesos ao longo do deslocamento internacional.

• Outros dados importantes e fundamentais para nacionalizar e determinar taxassão: pesagem líquida e bruta, Incoterm negociado; valor do frete; valor do seguro; valor total da fatura; exigências do país do importador; e assinatura do exportador.

Page 120: Processo de Exportação e Importação

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

FIGURA 7 - EXEMPLO DE COMMERCIAL INVOICE (FATURA COMERCIAL)

Vendos/Exporter: Invoice Number:

Letter of Credit Number:

Currency:

Conditions of Sale/Terms of Sale:

Importer:Consignee:

Transportation:--Via:--From:

Total Number of Packages:--Total Net Weight:--Total Gross Weight:

Name Signature Date

These commodities, technologies, or softwares were exported from the United States in accordance with export administration regulations.Diversion contraru to United States law prohibited. We certify that this commercial invoice is true and correct.

Total Invoice:

Date of Shipment:

AWB/BL Number:

Country of Origin:

COMMERCIAL INVOICE

Product Description Qty Weight Unit Price Total Value

FONTE: <http://freewordtemplates.net/wp-content/uploads/2011/09/Commercial-Invoice1.jpg>. Acesso em: 24 mar. 2016.

A fatura comercial (commercial invoice), exposta acima, é um exemplo clássico de como ela é e os dados fundamentais a serem preenchidos para fazer acontecer o processo de exportação/importação.

3.4 ROMANEIO (PACKING LIST)

Como foi observado, um dos anexos fundamentais à fatura comercial é o packing list, que em português vem a ser o “romaneio”. O packing list possui uma numeração que gera um vínculo direto com a fatura comercial e expõe as quantidades e tipo de unitização da mercadoria, fundamental para conferir volumes e pesos ao longo da logística internacional. Segundo Vazquez (2004, p. 200):

Page 121: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

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Romaneio é um documento emitido pelo exportador/vendedor nos casos em que o embarque compreende mais de um volume. Na verdade, o romaneio tem a finalidade de auxiliar o importador quando da chegada da mercadoria, em se tratando de vários volumes num mesmo embarque.

O packing list deverá conter dados inerentes à mercadoria a se exportar, assim como dados do exportador, devendo conter:

• Detalhes de formalização e logística: Nome do exportador e importador; número do romaneio (packing list) e data de emissão; número da fatura comercial e data de emissão; local de embarque e de destino, e se for embarque marítimo, nome do navio; data do embarque; assinatura do exportador.

• Detalhe da mercadoria em si: detalhe de embarque, que tipo de mercadoria está sendo exportada; quantidade de volumes; pesagem bruta e líquida; descrição dos volumes em ordem numérica, tipo de embalagem, peso líquido e bruto.

A seguir, podemos observar um modelo (template) padrão de packing list, nele apresentam-se todos os espaços a serem preenchidos, como as informações expostas acima.

Page 122: Processo de Exportação e Importação

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

FIGURA 8 - MODELO PADRÃO DE PACKING LIST

FONTE: <http://clit-club.tk/free-packing-list-template/>.Acesso em: 29 out. 2018.

Company Name

Packing List

Company AddressPhone: 555-555-5555555

Website: www.website.comEmail: [email protected]

Sent To:

Sent From:

Shipping Date:

Account No:

ShippingCo:

Departament Name:

Authorized Signatures Packing List Template

Product Description

Special Info:

TotalQuantity:

ShippingNo/;

TotalWeight:

ProductNo:

Date:

Fax: 123-112-123456

Page 123: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

113

IMPORTANTE

Lembra o significado de “unitização”?

“[...] é a agregação de diversos pacotes ou embalagens menores numa carga unitária maior. É o desenvolvimento de modernos sistemas para sua movimentação, que consiste em acondicionar volumes uniformes em unidades de carga”(KNUTH; KOHLM, 2013, p. 58).

Vamos supor que você exporta vinho, você não vai exportar em um embarque, vamos supor, 3.000 garrafas de vinho. Seguramente você irá exportar 250 caixas de vinho, contendo uma dúzia de garrafas 250 x 12 = 3.000 garrafas de vinho. Eis um exemplo simples de “unitização”.

3.5 CONHECIMENTO DE EMBARQUE

O documento anexo à fatura comercial é peça fundamental tanto na internacionalização como na nacionalização no país de destino da mercadoria. Por meio deste, define-se o tipo de embarque (marítimo, aéreo, rodoviário etc.) das mercadorias a serem comercializadas internacionalmente. Lembre-se de que, sem esse documento, as mercadorias não poderão continuar seu processo de exportação. “Existe um conhecimento de embarque para cada tipo de transporte, com suas próprias características, porém, em termos de modelo, os conhecimentos de transporte são muito parecidos” (KEEDI, 2011, p. 134).

Como expõe o autor Keedi (2011), o conhecimento de embarque muda na “forma” em função do tipo de transporte: marítimo, rodoviário, fluvial, aéreo etc. Todavia, na sua essência, as informações exigidas são semelhantes; nesse sentido, deve constar na elaboração deste documento que o exportador, ou trading company, fornece à companhia de transporte os seguintes dados:

• Nome, tanto do exportador como do importador; porto de embarque e destino; detalhe das mercadorias com base na fatura comercial, quantidade, marca e espécie de volumes, peso bruto e líquido e dimensões/cubagens de volumes, e tipo de embalagem; é fundamental valor em moeda estrangeira.

Devemos sempre nos lembrar de que, no conhecimento de embarque, deve estar impressos a palavra original e o número de despacho anduaneiro. Dados que comprovam que o documento de embarque foi realmente emitido por meio de um agente de carga “oficialmente reconhecido” e, consequentemente, a mercadoria foi realmente exportada através de meios administrativos formalmente reconhecidos entre os países. Eis uns dos “porquês” do conhecimento de embarque ser um documento essencial no processo de exportação/importação!

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

Em função do tipo de transporte existem quatro grandes modalidades de conhecimento de embarque: marítimo (B/L), aéreo (AWB), rodoviário (CTR) e ferroviário (CTF), conforme vamos estudar a seguir.

Conhecimento de Embarque Marítimo (Bill of Lading – B/L). Este tipo de conhecimento de embarque é emitido através de uma agência de navegação, sendo ela a representante legal do armador. O conhecimento de embarque marítimo é mais conhecido como simplesmente “B/L”:

[...] é um documento emitido pela companhia transportadora ou seu agente, sendo elaborado em três vias originais negociáveis e tantas outras cópias não negociáveis, conforme a necessidade do exportador, impresso em idioma inglês, revestindo-se de grande importância no processo da exportação, pois é o comprovante de embarque da mercadoria que completa o jogo de documentos a ser negociado junto ao banco (VIEIRA, 2010, p. 97).

Em função de ser a modalidade de embarque mais utilizada, a seguir trazemos um modelo.

FIGURA 9 - CONHECIMENTO DE EMBARQUE MARÍTIMO “B/L”a

Page 125: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

115

FONTE: <http://www.theodmgroup.com/wp-content/uploads/2010/11/pg11.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2016.

Conhecimento de Embarque Aéreo (Airway-Bill – AWB). Este conhecimento de embarque é emitido através de uma empresa de aviação, conhecido como AWB. No Brasil, os três agentes de transporte aéreo que fazem parte da gestão administrativa do AWB são: a Infraero, os agentes de carga e as empresas de aviação.

Destes agentes, quem representa as empresas do setor é a Associação Internacional de Transportes Aéreos (International Air Transport Association - IATA). A IATA é a responsável por estabelecer as normas técnicas e tarifas internacionais conforme as rotas e tipos de serviços a serem prestados pelas empresas de aviação. O AWB deverá ser emitido em três vias originais, sendo que uma destas acompanhará a carga.

Conhecimento de Embarque Rodoviário (CTR). Este tipo de conhecimento de embarque serve para o transporte de carga terrestre e é emitido em três vias originais, sendo que uma destas acompanhará a carga. Segundo Vieira (2010, p. 98):

[...] o Conhecimento de Transporte Internacional por Rodovia exerce a função de contrato de transporte terrestre, recibo de entrega da carga e título de crédito. Este documento é emitido em três vias originais, sendo uma do transportador, uma de embarque e uma que acompanha a mercadoria.

Ferroviário (CTF). Este tipo de conhecimento de embarque serve para o transporte ferroviário e é emitido pelas empresas de transporte ferroviário. O tipo de mercadoria mais comum neste transporte é a granel, tal como: grão de soja, trigo, arroz e milho. Segundo Vieira (2010, p. 98), “o documento emitido através deste meio de transporte é o Conhecimento Internacional de Transporte Ferroviário e Declaração de Trânsito Aduaneiro”.

Page 126: Processo de Exportação e Importação

116

UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

3.6 SAQUE (DRAFT)

O Saque possui fins de cumprir cobrança documentária, quando houver, devendo possuir padrões internacionais. Neste sentido, em função das condicionais do saque, e por meio de banco comercial autorizado, entrega-se a documentação ao importador e prévio pagamento, ou prévia entrega de garantia de pagamento.

Este condicional de entrega é garantia de pagamento para o exportador, pois, sem a entrega da documentação, o importador não poderá iniciar a nacionalização da mercadoria, ficando o produto nos depósitos da alfândega até que o importador possa ter em mãos a documentação respectiva. Vale lembrar que essa documentação é a fatura comercial, conhecimento de embarque, packing list, certificado de origem (quando houver), entre outros. Ou seja, é a documentação que confere que a mercadoria é do importador, portanto, possui o direito de iniciar a nacionalização da importação.

Deste modo, o saque é similar a uma duplicata, e é emitido pelo exportador, devendo constar o valor em moeda estrangeira (de acordo com a fatura comercial). E como já foi mencionado acima, sem o detalhe do Saque, o importador não poderá nacionalizar a mercadoria, deste modo, é peça-chave no processo de importação. No saque devem constar:

• O nome, endereço e assinatura do exportador; o número da fatura vinculante ao saque; a data e o local de emissão; o valor do documento em moeda estrangeira; a fatura comercial; e a carta de crédito com seus condicionais, se houver.

3.7 CERTIFICADO DE ORIGEM (CERTIFICATE ORIGIN)

Como já temos estudado, o certificado de origem certifica que a mercadoria é realmente originária do país exportador. Assim, este certificado é emitido para dar comprovação à origem das mercadorias exportadas. Este documento é de grande valor quando houver acordos comerciais bilaterais e multilaterais entre os países. Segundo Vazquez (2004, p. 203), “[...] certificado de origem é uma declaração formal de que a mercadoria objeto daquela exportação, com detalhes do embarque, é originária de determinado país”.

O certificado de origem é de grande valor, pois, se houver acordo comercial, pode-se apresentar graus de exceção da tarifa de exportação, descontos que vão de 10% até 100% do valor da taxa de importação. Descontos que vão em função direta do acordo comercial em questão.

Exemplo disso, uma mercadoria sendo importada de qualquer um dos países que fazem parte do Mercosul, automaticamente possui exceção de 100% da tarifa de importação. Mas se não houver certificado de origem anexado à documentação da importação, a mercadoria terá que pagar a tarifa de importação definida na Tarifa Externa Comum (TEC) desse produto.

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TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

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Será que existe um só modelo de certificado de origem? Conforme os acordos comerciais, podem existir diversos modelos de certificado de origem. A seguir podemos observar alguns deles.

Certificado de Origem Países do Mercosul: Este certificado pode ser usado nas importações de mercadorias e serviços vindos de qualquer dos países membros do Mercosul.

FIGURA 10 - MODELO DE CERTIFICADO DE ORIGEM DO MERCOSUL

CERTIFICADO DE ORIGEM DO MERCOSUL

1. Produtor Final ou Exportador (nome, endereço, país)     

Identificação do Certificado (número)      

2. Importador (nome, endereço, país)      

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO PARANÁ Member of the International Chamber of CommerceAv. Cândido de Abreu, 200 – Centro Cívico80530-902 - Curitiba – Paraná - BrasilTelefone: +55 41 3271-9000 Fax: + 55 41 3271-9121

3. Consignatário (nome, país)     

4. Porto ou Lugar de Embarque Previsto     

5. País de Destino das Mercadorias     

6. Meio de Transporte Previsto     

7. Fatura Comercial

Número       Data     

8. N.º deOrdem (A)

9. CódigosNCM

10. Denominação das Mercadorias (B)

11. Peso Líquidoou Quantidade

12. Valor FOBem Dólares (US$)

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

                         

                         

          

N.º de Ordem 13. Normas de Origem (C)

14. Observações:               

CERTIFICAÇÃO DE ORIGEM15.Declaração do Produtor Final ou do Exportador:Declaramos que as mercadorias mencionadas no presente formulário foram produzidas no BRASIL e estão de acordo com as condições de origem estabelecidas no Acordo ACE Nº 18.

Data:            

16. Certificação da Entidade Habilitada:Certificamos a veracidade da declaração que antecede, de acordo com a legislação vigente.

Data:

Carimbo e Assinatura Carimbo e Assinatura V 7.0

VER NO DORSO

FONTE:<http://www.fiepr.org.br/cinpr/servicoscin/orientacao-para-exportar/certificado-de-origem-1-24560-224636.shtml>. Acesso em: 1º abr. 2016.

CertificadodeOrigemPaísesdaALADI(AssociaçãoLatino-AmericanadeIntegração). Este certificado pode ser usado nas importações de mercadorias e serviços vindos de qualquer dos países membros da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI). No contexto da exportação, quando um exportador deseja vender para um dos países da ALADI, pode usar na sua exportação o Certificado de Origem ALADI. A seguir apresentamos o tipo de formulário a ser utilizado.

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TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

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A seguir, observaremos os diferentes tipos de Certificados de Origem conforme os acordos bilaterais e multilaterais vigentes entre o Brasil e os demais países. Em função da quantidade de acordos, vamos mostrar só alguns deles. No entanto, ao final do quadro você terá o link para poder observar os demais acordos, inclusive, por meio deste, você terá acesso ao detalhe de cada um destes formulários de certificado de origem.

QUADRO 11 - ACORDOS BILATERAIS E MULTILATERAIS DE MODELOS DECERTIFICADOS DE ORIGEM

ACORDO INDICADO PAÍS DE DESTINO DOS PRODUTOS EXPORTADOS DOWNLOAD

APP 38 - Brasil/Guiana Guiana FormulárioACE 2 - Brasil/Uruguai Uruguai - Setor automotivo Formulário

ACE 14 - Brasil/Argetnina Argentina - Setor automotivo FormulárioACE 18 - Mercosul Paraguai/Urugaui/Argentina Formulário

ACE 35 - Mercosul/Chile Chiel FormulárioACE 36 - Mercosul/Bolívia Bolívia FormulárioACE 62 - Mercosul/Cuba Cuba FormulárioACE 53 - Brasil/México México Formulário

ACE 55 - Mercosul/México México - Setor automotivo FormulárioACE 58 - Brasil/Peru Peru Formulário

ACE 59 - Mercosul/Comunidade Andina Colômbia/Equador/Venezuela Formulário

FONTE: <http://www.fiepr.org.br/cinpr/servicoscin/orientacao-para-exportar/certificado-de-origem-1-24560-224636.shtml>. Acesso em: 1º abr. 2016.

3.8 OUTROS CERTIFICADOS

Dependendo do país de destino da exportação e do tipo de mercadoria, podem existir diversos certificados necessários para fazer acontecer a exportação. Alguns países e consumidores, em função de sua religião, exigem um certo grau de qualidade e normas de processo na produção dos produtos a serem exportados. Entre os certificados mais conhecidos deste tipo, podemos citar o certificadoHalal, para os países de religião muçulmana; e o certificadoKosher, para a exportação de produtos alimentares conforme as leis alimentares judaicas.

Além dos certificados de cunho religioso, existem mais outros, por exemplo, os certificados para exportação de produtos orgânicos. A seguir, vamos observar alguns exemplos.

Certificado Halal: Este certificado é exigido para as exportações de diversos produtos aos países de religião muçulmana, entre eles os alimentares, principalmente os de carne bovina e de frango. Este certificado é emitido pelo Centro Islâmico no Brasil. A seguir, um exemplo deste certificado. Segundo o

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

Centro Islâmico no Brasil, o certificado Halal é emitido conforme as seguintes condições:

O Centro Islâmico no Brasil deve receber os devidos relatórios de produção assinados e autenticados pelos seus supervisores estabelecidos nas indústrias.

1. O Centro Islâmico no Brasil deve receber os devidos relatórios de produção assinados e autenticados pelos seus supervisores estabelecidos nas indústrias.

2. A indústria deve ser aprovada nas auditorias contínuas realizadas pelo Centro Islâmico no Brasil.

3. O Certificado Halal emitido deve ser assinado pelo líder religioso do Centro Islâmico no Brasil ou seu representante legal, sem exceções.

4. Para garantir a autenticidade do mesmo, o Certificado Halal emitido deve possuir a marca e o selo especial do Centro Islâmico no Brasil.

FONTE: <http://www.alimentoshalal.com.br/pt-br/certificacao-halal>. Acesso em: 1º abr. 2016.

Page 131: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

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FIGURA 11 - MODELO DE CERTIFICADO HALAL

FONTE: <http://www.slalimentos.com.br/images/reconh7_g.jpg>. Acesso em: 1º abr. 2016.

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

Certificado Kosher. Este certificado serve para verificar normas de qualidade e de processos na produção de alimentos segundo as leis alimentares judaicas. O certificado não só serve para as exportações para Israel, mas para todo país que possui comunidades judaicas, aliás, espalhadas em países ao redor do mundo, entre estes o Brasil. A comunidade judaica é grande e de poder aquisitivo alto, assim, muitas empresas brasileiras estão interessadas em executar processos de exportação ou de importação, precisando deste certificado. Todavia, consumidores que não pertencem ao judaísmo gostam de consumir produtos alimentares com este certificado, em função da altíssima qualidade dos produtos.’

FIGURA 12 - MODELO DE CERTIFICADO KOSHER

FONTE: <http://www.thebestofchia.com/img/certificado-kmd-kosher.jpg>. Acesso em: 1º abr. 2016.

DICAS

Se quiser aprofundar como funciona o certificado Kosher, sugiro o site de produtos Kosher do Brasil: <http://certificadokosher.com.br/>.

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TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

123

Certificado orgânico. Em função do crescente mercado de produtos orgânicos, há uma necessidade de garantir ao consumidor a origem destes produtos. Assim, para as exportações de produtos orgânicos, é exigido o certificado orgânico. Existe uma série de certificados orgânicos, tanto de países como de organizações internacionais. Em função das exigências do país de destino e do importador, podem ser usados diversos tipos de certificados, a seguir alguns destes:

FIGURA 13 - CERTIFICADOS ORGÂNICOS

FONTE: <http://www.agronacc.com/2013/08/certificado-de-organico.html>. Acesso em: 1º abr. 2016.

3.9 CERTIFICADO DE INSPEÇÃO E FITOSSANITÁRIO

Estes certificados são emitidos por organismos especializados no controle respectivo. O Certificado de Inspeção será contratado pelo importador para certificar a qualidade da mercadoria. Entre seus objetivos, além de conferir a qualidade do produto, serve principalmente para fins da apólice de seguro e condicionamentos de financiamento da importação. Segundo Vieira (2010, p. 101): “O certificado de inspeção é emitido por solicitação do importador e deverá ser efetuado por uma entidade independente nomeada para emitir tais certificados, a qual atesta ter examinado as mercadorias e que estas se encontram conforme estabelecido na fatura pro forma”.

No que tange ao certificadofitossanitário, este será emitido por entidade governamental especializada, e serve especificamente para as mercadorias de origem animal ou vegetal. Sem este certificado a mercadoria não poderá ser exportada, nem poderá ser nacionalizada no país de destino. Nesse sentido, o certificado fitossanitário “[...] é documento emitido por entidade especializada,

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UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

governamental ou não, para certos produtos que, para serem exportados, necessitam atestado de salubridade, ou seja, ausência de moléstias, pragas etc.” (VAZQUEZ, 2004, p. 203).

FIGURA 18 - CERTIFICADO FITOSSANITÁRIO

FORMULÁRIO

FORM

VIII

CERTIFICADO FITOSSANITÁRIO Nº______________

PHYTOSANITARY CERTIFICATE

De: Organização Nacional de Proteção Fitossanitária do BRASIL

From: National Plant Protection Organization of BRAZIL

Para: Organização (ões) Nacional (is) de Proteção Fitossanitária de___________________________

To: National Plant Protection Organization(s) of

Descrição do Envio / Description of Consignment

1. Nome e endereço do

exportador

Name and address of

exporter

2. Nome e endereço declarado do importador

Declared name and address of importer

3. Meio de transporte declarado

Declared means of transportation

4. Lugar de

origem

Place of origin

5. Ponto de entrada

Place of entry

6. Nome do produto, número e descrição

da mercadoria e marcas distintivas.

Name of product, number and

description of packages and

distinguishing marks

7. Nome botânico

Botanical name

8. Quantidade declarada

Declared quantity

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TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

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FONTE: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/importacao-e-exportacao/importacao-e-exportacao-vigiagro/formularios/certificado-fitossanitario-viii.doc/view>.

Acesso em: 28 out. 2018.

9. Pelo presente, certifica-se que as plantas, produtos vegetais e outros artigos regulamentados descritos aqui

foram inspecionados e/ou analisados de acordo com os procedimentos oficiais adequados e são considerados

livres de pragas quarentenárias especificadas pela parte contratante importadora e que cumprem os requisitos

fitossanitários exigidos por esta, incluindo os relativos às pragas não-quarentenárias regulamentadas.

This is to certify that the plants, plant products and other regulated goods described herein have

been inspected and/or tested according to appropriate official procedures and are considered to be

free from quarantine pests specified by the importing contracting party and to conform with current

phytossanitary requirements of the importing contracting party, including those for regulated non-

quarantine pests.Declaração Adicional / Additional Declaration

Tratamento de Desinfestação ou Desinfecção / Disinfestation or Disinfection Treatment10. Tratamento / Treatment 11. Produto químico (ingrediente ativo)

Chemical (active ingredient)

12. Concentração

Concentration

13. Duração e Temperatura

Duration and Temperature

14. Data

DateDados dos Responsáveis / Responsible Information

15. Selo da organização

Organization stamp

16. Lugar de expedição

Place of issue

17. Data

Date

18. Nome do oficial autorizado

Name of authorized official

19. Assinatura do oficial

autorizado

Signature of authorized

official

20. Nº de registro

Number of registration

3.10 CERTIFICADO DE SEGURO E BORDERÔ DE DOCUMENTOS

Ocertificadodeseguro, ou apólice de seguro, possui fins de prevenção contra possíveis sinistros durante o percurso de deslocamento internacional até chegar ao destino final. Este certificado é exigido pelo importador e pela empresa exportadora, principalmente. Segue exemplo de apólice de seguro para exportar.

Page 136: Processo de Exportação e Importação

126

UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

FIGURA 17 - APÓLICE DE SEGURO PARA EXPORTAR

O borderô de documentos pode ser definido como o relatório de todos os documentos em anexo à DocumentaçãoGeral, isto em função do grande volume de dados importantes e chaves a serem utilizados ao longo do processo da exportação/importação. Nesse contexto, o borderô é uma folha de capeamento, constando a relação de documentos a serem entregues e enviados ao banco do importador no país de destino. O borderô deve ser revisado e assinado pelo exportador, devendo conter as instruções respectivas ao agente, quando houver.

FONTE: <https://www.kargo.co.id/artikel/wp-content/uploads/2017/06/certificateofinsurance.jpg>. Acesso em: 12 nov. 2018

Page 137: Processo de Exportação e Importação

TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

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FIGURA 14 - MODELO DE BORDERÔ DE EXPORTAÇÃO

FONTE: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/imagens/documentos/doc_bordero2.gif>. Acesso em: 1º abr. 2016.

Borderô (Exportação)Borderô (Exportação)

Para uso do Banco: Documentos recebidos para análiseLocal e Data

Data da Letra

Mercadoria

Embarcação

Comissão do agente em conta gráfi caNome / Endereço do agente

Pagamento a ser efetuado:na liquidação do(s)Contrato(s) de Câmbio na liquidação da 1ª

cambial no exteriorNº Datada de

Emitida por

Composta de aviso de abertura e de

Comprometemo-nos em caráter irrevogável e Irretratável a:A. idenizar esse Barco pelos gastos e prejuízos resultantes do retardamento ou da nãoefetivação total ou parcial do crédito das divisas na conta desse Banco em consequênciado não cumprimento da emenda por nós aceita e não apresentada nessa oportunidade.B. devolver o valor pago por esse Banco quando da utilização do crédito, correspondenteàs divisas que não venham a ser creditadas à conta desse Banco, em consequência donão cumprimento da emenda por nós aceita e não apresentada nesta oportunidade.

utilizado cancelado Declaramo-nos clientes da existência dediscrepâncias entre o Cartão de crédito e os documentos

Local e data Local e data Assinatura

do bancode correspondente de livre escolha desse banco

serão / foram entregues pela transportadoraserão / foram remetidos diretamente aos compradores

Por falta de aceite Por falta depagamento

Nãoprotestar

Aceite Pagamento

Contra aceite Contrapagamento

Contrapagamento

Nossa conta Nº

Para esclarecimentos falar com

Atenção1. Caso não tenhamos assinalado qualquer instrução necessária à perfeita liquidação da operação no exterior, fi ca esse banco desde já, autorizado ainstruir o banqueiro de acordo com sua melhor conveniência.2. Autorizamos o débito em nossa conta cima, referente às despesas porventura decorrentes de documentos ao exterior.

OBS: Contratos a serem explicadosCCP nº Moeda estrangeira Taxa R$

Telefone

Importância R$

RE no SISCOMEX

Documentos de embarque

Protestar:

Entregar documentos:

Instruir o banqueiro no sentido de obter:

Enviar em cobrança através:Carta de Crédito

Na agência

O saldo da carta de crédito será

Carta de Crédito

Documentos(quantidades)

Valor

Faturacomercial

Certifi cadode origem

Seguro/Apólice/Certifi cado

Romaneio Certifi cadode análise

Certifi cadode peso

Certifi cadode embarque

Documentosembarque

Declaração OutrosFatura-due-

Saque

Data do Embarque

ParaDe

Fatura / Saque nº Valor Prazo / Vencimento

Referência do Banco

Exportador / Endereço / CGC

Agência Data de regularização

Entregamos os documentos vinculados à exportação aqui caracterizada e pedimos remetê-los ao exterior de acordo com as instituições indicadas a seguir:

Sacado

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128

UNIDADE 2 | CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

INDÚSTRIA TEME FIM DE SOBRETAXA PARA CHINESES

Por Marta Watanabe | De São Paulo

Sandra Papaiz: os cadeados, que têm sobretaxa contra os chineses, representam 60% do faturamento da empresa.

Sandra Papaiz lembra-se bem da primeira iniciativa da Papaiz, ao lado de outros produtores de cadeados, para buscar o direito antidumping. Era a década de 90, quando o segmento começava a enfrentar a disputa com os concorrentes chineses que invadiram o país na abertura comercial promovida pelo então presidente Fernando Collor de Melo.

O primeiro direito antidumping definitivo contra cadeados chineses foi concedido em 1995. Nos 20 anos que se passaram desde então, a sobretaxa passou por revisões, mas foi mantida e estendida às importações originadas da Malásia. Atualmente, a sobretaxa é de US$ 3,56, cobrados sobre cada cadeado chinês ou malaio importado, e vale até novembro de 2018.

Da última vez que o direito foi renovado, em novembro de 2013, o preço do cadeado fixado pela China e pela Malásia equivalia a apenas 48% do preço praticado nas importações procedentes de outros países. Os cadeados são apenas um dos cerca de 50 tipos de produtos fabricados pelos chineses e sobretaxados no Brasil por causa de dumping - prática de comércio em que a mercadoria é vendida abaixo do preço de mercado, causando dano aos concorrentes.

O direito antidumping é aplicado também em produtos como tubos de aço, vidros, calçados e insumos têxteis. São essas sobretaxas que correm risco de ser questionadas, se a China for considerada economia de mercado a partir do ano que vem.

Caso isso aconteça, os critérios para estabelecer o preço de mercado numa investigação antidumping passam a levar em consideração os preços do mercado doméstico chinês. Hoje, como a China não é economia de mercado, usa-se como referência o preço praticado na exportação por terceiros países. Mesmo com o atual câmbio desfavorável à importação, Sandra, que é presidente do conselho do Grupo Papaiz, diz que a China não pode ser reconhecida como economia de mercado e que lutará para que a sobretaxa seja mantida. A “luta” promete se estender.

Com mais de um ano de prazo à frente, Pequim já mostrou sua ofensiva. Recentemente, o vice-ministro de Comércio da China, Wang Shouwen, deixou claro que, se não reconhecer seu país como economia de mercado até dezembro de 2016, o Brasil será acionado no Órgão de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Em 2004, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao receber o dirigente máximo chinês Hu Jintao, declarou que reconheceria a China como economia de mercado. O compromisso não foi cumprido. “O Lula disse isso, mas a China não é

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TÓPICO 3 | TRIBUTOS, TRATAMENTO ADMINISTRATIVO E DOCUMENTAÇÃO

129

uma economia de mercado. Lá o custo da matéria-prima é subsidiado, enquanto eu pago o preço cheio da LME”, diz Sandra, referindo-se à London Metal Exchange, bolsa de metais que dita a evolução de preço dos insumos no mercado internacional.

“Não há a menor condição de se mudar o critério adotado para a concessão do direito antidumping”, diz Thomaz Zanotto, diretor de relações internacionais e de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Ele usa os preços do aço comum como exemplo. O aço, diz, é comercializado no mercado doméstico chinês a US$ 270 a tonelada. “O preço mínimo para cobrir custos de produção é US$ 350. Ou seja, eles estão com o preço US$ 80 abaixo do mínimo”.

A discussão atual tem origem em 2001, quando a China entrou na OMC. Naquela época, países como EUA e Japão, além da União Europeia, se recusaram a reconhecer a China como economia de mercado. Pequim então se submeteu a uma cláusula de adesão, com duração de 15 anos, pela qual os parceiros podiam usar metodologias mais flexíveis para calcular dumping contra produtos chineses. O prazo acaba em 11 de dezembro de 2016.

O reconhecimento da China não é automático ao fim do prazo e precisa passar por análise dos governos dos diversos países, explica Rabih Nasser, professor da Direito GV, especializado na área internacional. Um eventual reconhecimento, diz o professor, afetaria não só os novos processos antidumping, a partir de dezembro de 2016, como os já em curso. “Nesses processos, o fornecedor chinês, ou os importadores, poderia entrar com pedido de revisão dos direitos concedidos. É algo controverso, mas que pode ser enfrentado”.

Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores, conta que, historicamente, o direito antidumping afeta entre 1% e 2% das importações totais e cerca de 4% a 5% das importações de manufaturados. No Brasil, a China é o principal alvo. Pequim responde por 46 dos 130 direitos antidumping em vigor, seguida pelos EUA, com sete casos, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento.

Embora pareçam poucos, os casos de investigação antidumping são extremamente representativos para os segmentos afetados, diz Barral. Na Papaiz, diz Sandra, os cadeados, que contam com sobretaxa contra os produtos chineses, representam 60% do faturamento da empresa.

Nos setores de calçados, que têm direito antidumping definitivo contra a China desde 2010, o reconhecimento de Pequim como economia de mercado também é visto com preocupação. Os produtos chineses sobretaxados correspondem a cerca de 75% dos tipos de calçados produzidos pela indústria doméstica, estima Heitor Klein, presidente da Abicalçados, que reúne as empresas do setor.

Atualmente, diz Klein, o direito concedido está em revisão para renovação - o prazo de vigência da sobretaxa terminou em março. Enquanto isso, a cobrança de US$ 13,85 sobre o par de calçados chineses se mantém. Ele conta que, segundo a Secex, há fortes indícios de continuidade da prática de dumping pelos chineses.

FONTE: <http://www.abece.org.br/Noticias/ComercioExteriorRead.aspx?cod=6540>.Acesso em: 1º abr. 2016.

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130

RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você aprendeu sobre:

• Como a análise de valores é vinculante ao conhecimento das normas regulamentares e de tratamento administrativo da NCM da mercadoria a se comercializar internacionalmente, seja para a exportação como para a importação.

• Como usar ferramentas de análise tributária e administrativa da importação, utilizando o simulador de tributos e necessidades administrativas inerentes ao processo de importação.

• A documentação necessária nos momentos de exportar e/ou importar. Levando em consideração que existe um padrão de documentação básica inerente a qualquer tipo de processo de exportação ou importação, mais documentação específica própria ao processo particular.

• A importância do processo de exportação ou importação de cada um dos documentos, começando pela ordem de compra, fatura pro forma, fatura comercial, conhecimento de embarque, entre outros documentos essenciais para fazer acontecer o processo de comercialização internacional.

Page 141: Processo de Exportação e Importação

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1 Qual é o objetivo do Simulador do tratamento tributário e administrativo das importações disponibilizado pela Receita Federal?

2 Vamos supor que você está analisando a possibilidade de importar queijo camembert da França. Este tipo de queijo possui um teor de umidade entre 46% e 55%, dica que poderá lhe ajudar a identificar a NCM correta. O valor da importação será de US$ 44.000. Considerando esses dados, procurar a NCM do produto e sua taxa TEC. Dica: use o simulador exposto no tópico.

3 Levando em consideração os dados expostos na questão 2, identifique os valores em reais da importação e dos impostos a serem pagos, considerando uma taxa de câmbio de R$ 3,0347.

4 Considerando tanto a questão 2 quanto a 3, determine quais serão os tratamentos administrativos da análise de importação do queijo camembert. Observe a seguinte informação.

AUTOATIVIDADE

FONTE: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/>. Acesso em: 29 . 2018.

5 O Conhecimento de Embarque é um documento que faz parte integral de qualquer processo de exportação. Considerando esse documento, determinar:

a) O que é o conhecimento de embarque.b) Quais são as modalidades de embarque.c) Que informações devem conter no Conhecimento de Embarque.

6 A respeito dos certificados de origem, qual é a finalidade deles?

Page 142: Processo de Exportação e Importação

132

Page 143: Processo de Exportação e Importação

133

UNIDADE 3

A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender as condições técnicas dos processos de importação e exportação;

• saber identificar as responsabilidades conforme o Incoterm;

• conhecer a importância do despacho aduaneiro nos processos de exportação e importação;

• saber apurar os custos e estabelecer preços da importação;

• saber apurar os custos e estabelecer preços da exportação;

• identificar as finalidades dos regimes especiais e suas vantagens;

• discernir o que é uma exportação de serviços e sua vantagem para a geração de divisas.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – AS CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

TÓPICO 2 – PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO

TÓPICO 3 – REGIMES ESPECIAIS E EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

Page 144: Processo de Exportação e Importação

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Page 145: Processo de Exportação e Importação

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TÓPICO 1

AS CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E

IMPORTAÇÃO

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Existe todo um processo administrativo perante os órgãos governamentais responsáveis pelo comércio exterior para formalizar e efetivamente encaminhar as mercadorias ao exterior. No caso da importação, deve-se cumprir uma série de requisitos administrativos perante esses órgãos para poder nacionalizar e efetivamente comercializar ou usar essas mercadorias vindas do exterior.

Quem é o responsável por fazer esse elo administrativo entre o exportador ou importador e os órgãos governamentais? Quem faz essa ponte é o despachante aduaneiro, ele é uma peça administrativa muito importante nos processos de comercialização internacional, o despachante aduaneiro é o responsável pela execução administrativa do despacho aduaneiro. Ficou curioso? Neste tópico, vamos estudar sobre todas as condições técnicas administrativas para efetivamente fazer acontecer a exportação ou importação.

2 O DESPACHO ADUANEIRO

Como é feito o vínculo entre o processo de exportação ou importação com a formalização da internacionalização da mercadoria no caso das exportações? E com a nacionalização, no caso das importações? Esse vínculo é executado por meio do despacho aduaneiro, o qual formaliza todo o processo perante as exigências administrativas governamentais responsáveis pelo comércio exterior brasileiro.

Nesse sentido, o despacho aduaneiro é uma peça-chave tanto na exportação como na importação. Deste modo, é importante compreender o processo das atividades executadas no despacho aduaneiro, analisando as exigências administrativas/governamentais e os requisitos de execução destes despachos.

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2.1 AS CARACTERÍSTICAS DO DESPACHO ADUANEIRO

O despacho aduaneiro tem como grande objetivo analisar e verificar a exatidão dos dados declarados no processo da exportação ou da importação. Lembra de todos os documentos necessários para fazer acontecer a exportação? O despacho aduaneiro revisa e avalia a exatidão de todos esses documentos conforme as particularidades do processo de comercialização internacional, devendo o despacho aduaneiro ter os seguintes elementos de análise:

• Mercadoria a ser exportada ou importada - por meio do despacho aduaneiro verifica-se NCM da mercadoria e suas necessidades administrativas perante os órgãos responsáveis pelo comércio exterior, para assim continuar com o processo administrativo.

• Documentos apresentados - verifica-se se estes estão em concordância com a legislação vigente, e se estão em concordância com o produto a exportar ou importar, visando:o Ainternacionalização em virtude da exportação e saída da mercadoria do

país. Devendo ser entregue a mercadoria no porto à empresa que faz o transporte internacional.

o A nacionalização em virtude da importação da mercadoria. Devendo entregar, já em território nacional, a mercadoria ao importador.

Em resumo, o processo do despacho aduaneiro é a fase da oficialização da internacionalização da mercadoria, no caso da exportação; e da nacionalização, no caso da importação. Assim, em termos técnicos, o despacho aduaneiro é o processo administrativo com base na declaração formulada pelo exportador ou importador.

2.2 O DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO

No contexto do despacho aduaneiro de importação existem duas grandes modalidades aplicáveis às mercadorias: o despacho para consumo e o despacho paraadmissãoemregimeaduaneiroespecial. Segundo as normas do IN SRF nº 680/2006, o despacho aduaneiro considera:

NORMATIVA SRF Nº 680, DE 2 DE OUTUBRO DE 2006

Art. 2º O despacho aduaneiro de importação compreende:

I. despacho para consumo, inclusive da mercadoria:a) ingressada no país com o benefício de drawback;b) destinada à ZFM, à Amazônia Ocidental ou à ALC;a) contida em remessa postal internacional ou expressa ou, ainda, conduzida

por viajante, se aplicado o regime de importação comum; e

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b) admitida em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, na forma do disposto no inciso II, que venha a ser submetida ao regime comum de importação; e

e) despachopara admissão em regimeaduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, de mercadoria que ingresse no país nessa condição.

FONTE: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=15618>. Acesso em: 6 abr. 2016.

Levando em consideração a normativa exposta acima, as mercadorias importadas são classificadas e despachadas como mercadoria para consumo e mercadoria em regime especial. No caso da mercadoria despachada para consumo, esta poderá ser comercializada e usada livremente ao longo do território nacional, ou seja, a mercadoria possui título definitivo de nacionalização.

No caso da mercadoria em regime especial, as mercadorias são despachadas com destino às áreas aduaneiras “especiais”, tais como: zonas francas, portos secos ou entrepostos aduaneiros. Segundo Luz (2012, p. 64):

Os regimes especiais, como admissão temporária e a loja franca (free shop), se caracterizam pela suspensão da exigibilidade dos tributos em virtude de condições próprias. Os regimes aplicados em áreas especiais dizem respeito a regimes criados para atender a regiões geográficas específicas, como, por exemplo, a Zona Franca de Manaus.

Vale a pena lembrar que, por meio do despacho aduaneiro de importação, executa-se o processo com base na declaração formulada pelo importador. Logo, com base nas informações apresentadas são calculados os controles administrativos, o controle cambial da importação, e os valores de tributos a serem pagos.

2.2.1 Despacho aduaneiro com registro no Siscomex

Como padrão de gestão o despacho aduaneiro é processado no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), podendo ser feito após o importador fornecer a sua habilitação de utilização do SISCOMEX. Deste modo, podemos dizer que o SISCOMEX é a ferramenta de controle dos processos administrativos entre a empresa exportadora, ou importadora, e as entidades governamentais responsáveis pelo comércio exterior, permitindo assim acompanhar, controlar e também interferir no processo de nacionalização de produtos importados, ou na saída de produtos a serem exportados. No contexto da importação, o registro da operação no SISCOMEX deve acompanhar as seguintes etapas fundamentais:

• Registro da Declaração de Importação (DI) ou da Declaração Simplificada de Importação (DSI).

• Definição da parametrização da DI, em função desta parametrização será definido o nível de verificação da documentação e da mercadoria.

• Instrução do processo da Declaração e recepção respectiva dos documentos.

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• Distribuição para Conferência Aduaneira e execução desta.• Nacionalização da mercadoria, ou seja, desembaraçoaduaneiro.

O que exatamente quer dizer desembaraço aduaneiro? Em resumo, quer dizer a nacionalização da mercadoria, portanto, de comercialização e uso ao longo do território nacional. E no caso da exportação, o desembaraço significa a internacionalização da mercadoria. Consta no art. 571 do Regulamento Aduaneiro uma definição mais ampla, como podemos observar adiante.

NOTA

O que quer dizer internacionalização da mercadoria? No desembaraço para exportação, a mercadoria é internacionalizada, isso quer dizer que “oficialmente” encontra-se em uma localização, ou espaço, internacional, tais como: porto e/ou aeroporto internacional, navios e aviões internacionais. Nesses “espaços” a mercadoria não pertence nem ao Brasil nem a país nenhum, ela está em “trânsito internacional” com destino marcado para o país de destino.

Definiçãodedespachoaduaneirodeimportação

Desembaraçoaduaneirooudesembaraçodemercadoria: segundo o art. 571 do Regulamento Aduaneiro, desembaraço aduaneiro na importação é o ato pelo qual é registrada a conclusão da conferência aduaneira.

• Não será desembaraçada a mercadoria cuja exigência de crédito tributário no curso da conferência aduaneira esteja pendente de atendimento, salvo nas hipóteses autorizadas pelo Ministro de Estado da Fazenda, mediante a prestação de garantia (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 51, § 1º, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 2º; e Decreto-Lei nº 1.455, de 1976, art. 39). § 2º

Somente após executado o desembaraço aduaneiro de mercadoria e conferida a declaração de importação registrada no SISCOMEX é que poderá ser emitido, eletronicamente, documento comprobatório da importação.

FONTE: Adaptado de :<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-importacao/topicos-1/despacho-de-importacao/etapas-do-despacho-aduaneiro-

de-importacao/desembaraco-aduaneiro>. Acesso em: 7 abr. 2016.

2.2.2 Destino da mercadora importada

Como estudamos anteriormente, a mercadoria pode ser importada via despacho para consumo ou via despachoparaadmissãoemregimeaduaneiro

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Significado dos Termos: Controle aduaneiro, zona primária e zonasecundária

Controle aduaneiro: o controle aduaneiro possui três vertentes principais, que são: o controle das mercadorias, dos veículos que transportam estas mercadorias e dos locais por onde elas transitam ou ficam armazenadas. Com relação aos locais, uma das formas utilizadas para exercer este controle é a restrição de locais por onde as mercadorias importadas ou a serem exportadas podem transitar ou ficar armazenadas.

Zona primária e zona secundária: para fins de controle aduaneiro, o território nacional é dividido em zona primária e zona secundária.

• A zona primária é constituída pelos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados.

• A zona secundária é o restante do território nacional.

Alfandegamento de portos, aeroportos e pontos de fronteira: é formalizado por meio de ato declaratório de competência da RFB, que autoriza que nesses lugares possam:

I- estacionar ou transitar veículos procedentes do exterior ou a ele destinados;II- ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou passagem de

mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas;III- embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior ou a

ele destinados. (Regulamento Aduaneiro, art. 3º e 5º).

FONTE: Adaptado de: <www.receita.fazenda.gov.br/manuaisweb/importacao/topicos/conceitos_e_definicoes/local-de-realizacao-do-despacho.htm>. Acesso em: 7 abr. 2016.

especial. Isto quer dizer que no momento do desembarque da mercadoria ela vai para “controle aduaneiro” para seguir se deslocando em função do destino do despacho aduaneiro, podendo ser esse destino:

• Zona primária: Maioritariamente a mercadoria vai para zona primária quando é para ser nacionalizada em seguida da importação, ficando em zona primária até serem cumpridos todos os procedimentos administrativos do despacho aduaneiro.

• Zona secundária: Quando a mercadoria não é para ser nacionalizada, pode ir para zonas francas ou entrepostos aduaneiros. Nesta zona as mercadorias podem ser nacionalizadas gradativamente em função das necessidades do importador. As vantagens disso? Pagar gradativamente impostos e gastos de nacionalização, gestão de fluxo de caixa das empresas. Inclusive, as mercadorias que ficam em zona secundária podem ser reenviadas ao exterior, como estudaremos mais adiante.

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Observando o exposto acima, podemos verificar que toda mercadoria que entra no país será objeto do despachoaduaneirodeimportação. Isto acontece independentemente do objetivo da importação, se vai para nacionalizaçãoouregime especial. Devemos observar que para cada importação deve corresponder um único despacho, independentemente da quantidade, não podem ser juntadas duas ou mais importações em um só despacho aduaneiro. Ou seja, se importarmos uma peça específica, que utiliza meio container (embarque consolidado), ou se importarmos grandes volumes em vários containers, todos eles pertencem para um despacho aduaneiro específico. Exemplos:

• Petróleo e seus derivados, mercadoria importada em grandes volumes.• Grão de trigo importado do Canadá, importação feita em grandes navios e à

granel.• Uma mesma mercadoria transportada em diversos caminhões, tal como o trigo

da Argentina.• Uma peça específica para consertar equipamento industrial, importada por

meio de consolidação de embarque. Neste caso, em um container poderão existir diferentes mercadorias a serem nacionalizadas por importadores diferentes, ou seja, cada mercadoria consolidada terá seu próprio despacho aduaneiro, conhecido como container consolidado.

2.2.3 Despachante aduaneiro

Todo o processo de desembaraço e gestão administrativa perante as entidades públicas é executado por quem? Em função da complexidade e conhecimento técnico das particularidades do processo, todo despacho aduaneiro, seja de importação ou importação, é executado pelo “despachante aduaneiro”. Sem a gestão deste será inviável dar continuidade à formalização do processo de importação ou exportação.

O despachante aduaneiro é um profissional fundamental nos processos de exportação e importação aqui no Brasil e em qualquer país do mundo. No Brasil vem atuando desde o ano de 1850, sendo peça-chave em todos os processos de exportação e importação executados desde a época.

No processo, a principal função do despachante aduaneiro é a formulação da DeclaraçãoAduaneira, documento que formaliza a importação, ou exportação, perante os órgãos do governo responsáveis pelo comércio exterior brasileiro. Segundo o Regulamento Aduaneiro, art. 810, as regras de gestão do despachante aduaneiro são a seguintes:

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Art.810Regrasdegestãododespachanteaduaneiro

O exercício da profissão de despachante aduaneiro somente será permitido à pessoa física inscrita no registro de despachantes aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Artigo 1º A inscrição no registro a que se refere o capítulo será feita, a pedido do interessado, atendendo aos seguintes requisitos:

I- comprovação de inscrição há pelo menos dois anos no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil;

II- ausência de condenação, por decisão transitada em julgamento, a pena privativa de liberdade;

III- inexistência de pendências em relação a obrigações eleitorais e, se for o caso, militares;

IV- maioridade civil; V- formação de nível médio;VI- aprovação em exame de qualificação técnica.

FONTE: <http://www.jusbrasil.com.br/busca?q=Art.+810+do+Decreto+6759%2F09>.Acesso em: 7 abr. 2016.

Os despachantes aduaneiros somente podem atuar mediante procuração outorgada pelos interessados (importadores, exportadores e viajantes procedentes do exterior) e após credenciamento específico no SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior, sendo ele uma das poucas pessoas elencadas pela lei como capaz de receber senha própria para acessar dito Sistema e praticar os atos relacionados aos despachos aduaneiros de mercadorias importadas ou a exportar.

Essa é a razão pela qual os despachantes aduaneiros vêm sendo citados expressamente em vários diplomas legais como responsáveis ou corresponsáveis nos processamentos de despachos de mercadorias importadas e a exportar e estão inseridos naquele Sistema como parceiros da administração pública na prestação desses serviços que são de interesse público.

FONTE: <http://www.feaduaneiros.org.br/site.FNDA/o-despachante-aduaneiro.asp>.Acesso em: 7 abr. 2016.

Como acabamos de observar, o despachante aduaneiro é um profissional de comércio exterior fundamental para fazer acontecer o processo de importação ou exportação. Ele é a ponte de gestão entre o exportador, ou importador, e os processos administrativos perante os órgãos do Estado.

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DICAS

Você tem interesse em se qualificar tecnicamente como despachante aduaneiro? É uma escolha profissional bem interessante após terminar seus estudos deste curso! Acesse o site com alguns detalhes para poder se tornar despachante aduaneiro: <http://www.esaf.fazenda.gov.br/assuntos/concursos_publicos/em-andamento-1/exame-de-qualificacao-para-ajudantes-de-despachantes-aduaneiros-ada>

2.3 DESPACHO ADUANEIRO DE EXPORTAÇÃOIgualmente à importação, para fazer acontecer a exportação é necessário

o despacho aduaneiro no momento de formalizar a exportação perante os órgãos do Estado. Sendo assim, é um processo administrativo que verifica a exatidão das informações nos documentos declarados pelo exportador. Uma vez feita a verificação da documentação, é executada a internalização da mercadoria para logo ser embarcada ao país de destino.

Tal como o despacho aduaneiro de importação, o de exportação possui etapas bem delineadas, com todas as suas particularidades a serem cumpridas, caso contrário o produto dificilmente poderá ser enviado ao exterior. Conforme Luz (2012, p. 78), essas etapas são:

1) Registro da Declaração de Exportação (DE).2) Confirmação da presença de carga.3) Recepção dos documentos.4) Parametrização.5) Distribuição para conferência aduaneira.6) Conferência aduaneira.7) Desembaraço.8) Trânsito aduaneiro, se for o caso.9) Registro dos dados de embarque ou da transposição de fronteira.10) Averbação dos dados de embarque ou da transposição de fronteira.

O registro de declaração é sua numeração no Siscomex. A parametrização, analogamente ao que ocorre nas importações, indica o canal de conferência da carga. Cada declaração de exportação é direcionada para um dos três canais: verde, laranja ou vermelho. O canal verde implica o desembaraço automático. O canal laranja impõe somente o exame documental, enquanto o vermelho obriga o exame documental e a verificação física da carga.

Como acabamos de observar, o processo da formalização administrativa da exportação envolve uma gestão técnica e documentária. Tal qual a importação, essa gestão deve ser feita sempre pelo despachante aduaneiro, ele é o conhecedor desses procedimentos e de suas particularidades. Deste modo, podemos ver que o despachante aduaneiro deve ter a plena confiança do exportador, pois de suas mãos depende a concretização da exportação.

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2.4 PRAZOS DO DESPACHO ADUANEIRO

Após ter executado todos os procedimentos necessários, o despacho aduaneiro possui prazos máximos de execução, especificamente na importação. Assim, após o cumprimento das normas administrativas e execução dos atos que viabilizam o despacho aduaneiro de importação, o importador deve ficar atento aos prazos limites para cumprir o processo administrativo.

Prazosparaexecuçãoadministrativadaimportação

Art. 546. O despacho de importação deverá ser iniciado em (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 44, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 2º):I- até noventa dias da descarga, se a mercadoria estiver em recinto alfandegado

de zona primária;II- até quarenta e cinco dias após esgotar-se o prazo de permanência da

mercadoria em recinto alfandegado de zona secundária [...]

FONTE: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-importacao/topicos-1/conceitos-e-definicoes/despacho-de-importacao>. Acesso em: 6 abr.

2016.

Cumprir com esses prazos é fundamental, pois se o despacho de importação, em qualquer das suas modalidades, não for iniciado nos espaços de tempo estabelecidos acima, a mercadoria será considerada abandonada. E ao ser considerada abandonada, o importador perde os direitos de propriedade dos bens a serem nacionalizados, nessa situação a mercadoria ficará segundo os fins previstos na legislação.

Em outras palavras, quando a mercadoria é considerada “abandonada” significa aplicar uma severa sanção administrativa, que leva à pena de perda total da mercadoria. Para evitar essa pena máxima, o importador deve ficar atento, tanto financeira como administrativamente, às condições do processo de importação, planejando os tempos, as necessidades de caixa e as necessidades administrativas.

Uma vez executada a importação e nacionalizada a mercadoria, os documentos devem ficar à disposição de possíveis fiscalizações da Receita Federal (RF), sempre que solicitados. Nesse sentido, o importador deve mantê-los em concordância ao prazo previsto na legislação, sendo que nunca poderá ser inferior a cinco anos.

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3 PARAMETRIZAÇÃO: CANAIS DE CONFERÊNCIA

No momento de executar a nacionalização da mercadoria é que vai acontecer a parametrização da Declaração de Importação (DI). Mas o que quer dizer parametrização da DI? Isso quer dizer que a DI “[...] é submetida a alguns testes criados pela Receita Federal com o intuito de se definir quão profunda será a conferência aduaneira” (LUZ, 2012, p. 70).

A parametrização também é conhecida como “canais de conferência”, tanto da documentação como da mercadoria. Assim, é nesta fase da nacionalização que acontece a conferência da importação. Esta fase do processo acontece após ser encaminhada a DI para o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO). Uma vez feita a recepção da DI pelo SERPRO é que a documentação será submetida para alguns “testes” criados pela Receita Federal com o único objetivo de definir “como” será a respectiva conferência aduaneira da importação. A respectiva escolha do canal de conferência dependerá de muitos fatores.

A conferência aduaneira é definida como a seleção de um dos canais de conferência, feita automaticamente pelo SISCOMEX, segundo parâmetros estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, relativamente ao importador (regularidade, habitualidade, capacidade operacional e econômico-financeira e ocorrências verificadas em outras operações realizadas), à mercadoria (características, origem, procedência e destinação), ao tratamento tributário, a volumes e valores (da importação ou dos impostos incidentes ou que incidiriam) (LOPEZ; GAMA, 2011, p. 325).

Assim, podemos dizer que os canais de parametrização da DI são realizados pelo próprio sistema de informação da Receita Federal. Estes são classificados como canal verde, amarelo/laranja, vermelho e cinza, ordenados em função do grau de aprofundamento da conferência da DI, sendo os canais classificados da seguinte maneira:

• Canal verde: É executado o desembaraço da mercadoria de maneira automática, sendo dispensada tanto a conferência documental como física da mercadoria. É o canal preferido do importador.

• Canal amarelo/laranja: É executado o desembaraço da mercadoria logo após ter sido feita análise documental, sempre e quando não houver algum tipo de irregularidade na documentação analisada. A conferência física está dispensada neste canal.

• Canal vermelho: É executado o desembaraço da mercadoria somente após ter sido feita tanto a análise documental como física, sempre e quando não houver algum tipo de irregularidade na documentação analisada nem na física.

• Canal cinza: É considerado o pesadelo dos importadores. Este canal implica a realização da análise documental e física, utilizando procedimento especial de controle aduaneiro com o intuito de verificar algum tipo de indício de fraude, tal como preços declarados da mercadoria.

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Somente depois de ter sido realizada a parametrização da DI, e terem sido pagos todos os impostos e gastos administrativos da nacionalização, é que será executado o desembaraço aduaneiro. Mais adiante, no próximo tópico, vamos estudar o detalhe dos impostos e gastos administrativos recorrentes da nacionalização da mercadoria, agora vamos focar nas responsabilidades tanto do exportador como do importador ao longo do processo de comercialização internacional.

4 AS RESPONSABILIDADES DO EXPORTADOR E IMPORTADOR EM FUNÇÃO DOS INCOTERMS

Acabamos de estudar questões fundamentais sobre a fase administrativa e de formalização do processo de exportação e de importação, observando a necessidade de execução do despacho aduaneiro e a parametrização da Declaração de Exportação (DE), no caso da exportação; e da Declaração de Importação (DI), no caso de importação. Em todo esse contexto administrativo perante os órgãos de controle, quem é responsável por estes processos ao longo da comercialização internacional, o exportador ou o importador?

Tudo dependerá do “que” foi acordado nas negociações entre o exportador, no país de origem, e o importador, no país de destino. E emfunçãodesseacordoé que irá ser escolhido o Incoterm da exportação. Assim, uma vez que foi definido o Incoterm haverá como identificar e reconhecer as responsabilidades respectivas e quem vai arcar com os gastos específicos ao longo da cadeia logística internacional, responsabilidades tais como:

• Quem executa o desembaraço no país de origem; frete internacional, o exportador ou importador; quem paga os valores do frete internacional e seu respectivo seguro; quem executa o desembaraço no país de destino etc.

Todas essas responsabilidades ficam explícitas no Incoterm negociado entre as partes, assim, tanto o exportador como o importador saberão quais serão suas obrigações e seus direitos, bem como quais os custos a serem calculados para a formação do preço das mercadorias. A seguir vamos analisar cada um dos Incoterms, com o intuito de identificar as responsabilidades respectivas ao longo do processo de comercialização.

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QUADRO 1 - INCOTERMS E RESPONSABILIDADES AO LONGO DA CADEIA LOGÍSTICA

INCOTERM EXW – EX WORKS (ESTABELECIDA A LOCALIZAÇÃO)• O produto e a fatura devem estar à disposição do importador no estabelecimento do exportador. • Todas as despesas e quaisquer perdas e danos a partir da entrega da mercadoria, inclusive o despacho da mercadoria para o exterior, são de responsabilidade do importador.• Quando solicitado, o exportador deverá prestar ao importador assistência na obtenção de documentos para o despacho do produto.• Esta modalidade pode ser utilizada com relação a qualquer via de transporte, ou seja, é um transporte multimodal.

EXW - Responsabilidade e Gastos na Logística InternacionalExportador • Não há, a mercadoria é entregue no estabelecimento do exportador.

Importador

• Frete nacional no país de origem.• Desembaraço e gastos de embarque.• Gastos de internacionalização.• Frete e Seguro Internacional.• Desembaraço, gastos e impostos de nacionalização.• Frete nacional no país de importador.

INCOTERM FCA – Free Carrier (Livre o Transporte)• O exportador entrega as mercadorias, desembaraçadaspara exportação, à custódia do transportador, no local indicado pelo importador, cessando ali todas as responsabilidades do exportador.• Essa condição pode ser utilizada em qualquer tipo de transporte, inclusive o multimodal.

FCA - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional

Exportador • Frete até o local acordado no país de origem.• Gastos e desembaraço para exportação.

Importador

• Gastos de logística de embarque.• Frete e Seguro Internacional.• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.• Frete nacional no país de importador.

INCOTERM FAS – Free Along Ship (Livre ao longo do navio)• As obrigações do exportador encerram-se ao colocar a mercadoria, já desembaraçada, para exportação, no cais, livre, junto ao costado do navio.• A partir desse momento, o importador assume todos os riscos, devendo pagar inclusive as despesas de colocação da mercadoria dentro do navio.• O termo é utilizado para transporte marítimo ou hidroviário interior.

FAS - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional

Exportador• Frete até o local acordado no país de origem.• Desembaraço e gastos para exportação.• Gastos de logística até o cais.

Importador

• Gastos de logística de embarque do cais ao navio.• Frete e Seguro Internacional.• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.• Frete nacional no país de importador.

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INCOTERM FOB – Free on Board (livre no navio)• O exportador deve entregar a mercadoria, desembaraçada, a bordo do navio indicado pelo importador, no porto de embarque.• Todas as despesas, até o momento em que o produto é colocado a bordo do veículo transportador, são da responsabilidade do exportador.• Ao importador cabem as despesas e os riscos de perda ou dano do produto, a partir do momento em que este transpuser a amurada do navio.• Esta modalidade é válida só para o transporte marítimo ou hidroviário interior.• “É a condição de venda mais utilizada nas práticas de comércio internacional. FOB significa tão somente o preço da mercadoria, sem o frete e seguro, com a indicação do porto de embarque” (VAZQUEZ, 2009, p. 59).• O FOB é utilizado como um referente de preços das mercadorias a serem comercializadas internacionalmente, ou seja, éumtermoreferencialdenegociaçãointernacional.• Ao observar os preços de mercadorias sem determinação de Incoterm entende-se que é um preço referencial FOB a ser mudado se houver mudança no Incoterm no momento da negociação.

FOB - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional

Exportador• Frete até o local acordado no país de origem.• Desembaraço e gastos para exportação.• Gastos de embarque no país de origem.

Importador• Frete e Seguro Internacional (por conta e risco do importador)• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.• Frete nacional no país do importador.

INCOTERM CFR – Cost and Freight (Custo e Frete)• O exportador deve entregar a mercadoria no porto de destino escolhido pelo importador.• As despesas de transporte ficam, portanto, a cargo do exportador.• O risco de perda ou de dano dos bens, assim como quaisquer aumentos de custos, é transferido do exportador para o importador: quando as mercadorias forem entregues à custódia do transportador no porto de origem.• O importador deve arcar com as despesas de seguro e de desembarque da mercadoria.• A utilização desse termo obriga o exportador a desembaraçar a mercadoria para exportação.• Aplica-se apenas no transporte marítimo ou hidroviário interior.

FR - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional

Exportador

• Frete até o local acordado no país de origem.• Desembaraço e gastos para exportação.• Gastos de embarque no país de origem.• Frete Internacional.

Importador• Seguro Internacional.• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.• Frete nacional no país do importador.

INCOTERM CIF - Cost, Insurance and Freight

• Modalidade equivalente ao CFR, com a diferença de que as despesas de seguro ficam a cargo do exportador.• O exportador deve entregar a mercadoria a bordo do navio, no porto de embarque, com frete e seguro pagos.• A responsabilidade do exportador cessa no momento em que o produto cruza a amurada do navio no porto de destino.• Esta modalidade só pode ser utilizada para transporte marítimo ou hidroviário interior.

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CIF - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional

Exportador

• Frete até o local acordado no país de origem.• Desembaraço e gastos para exportação.• Gastos de embarque no país de origem.• Frete Internacional e Seguro Internacional, por conta e risco do exportador.

Importador • Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.• Frete nacional no país do importador.

INCOTERM CPT – Carriage Paid to (Transporte pago para…)• Assim como o CFR, esta condição estipula que o exportador deverá pagar as despesas de embarque da mercadoria e seu frete internacional até o local de destino designado. • Dessa forma, o risco de perda ou de dano dos bens, assim como quaisquer aumentos de custos, são transferidos do exportador para o importador, quando as mercadorias forem entregues à custódia do transportador.• Diferença do CFR: este Incoterm pode ser utilizado com relação a qualquer meio de transporte Multimodal.

CPT - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional

Exportador

• Frete até o local acordado no país de origem.• Desembaraço e gastos para exportação.• Gastos de embarque no país de origem.• Frete Internacional.

Importador• Seguro Internacional.• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.• Frete nacional no país de importador.

INCOTERM CIP – Carriage and Insurance Paid (Frete e Seguro Pago)• Adota princípio semelhante ao CPT. O exportador, além de pagar as despesas de embarque da mercadoria e do frete até o local de destino, também arca com as despesas do seguro de transporte da mercadoria até o local de destino indicado.• Diferença do CIF: o CIP pode ser utilizado com qualquer modalidade de transporte, inclusive multimodal.

CIP - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional

Exportador

• Frete até o local acordado no país de origem.• Desembaraço e gastos para exportação.• Gastos de embarque no país de origem.• Frete Internacional e Seguro Internacional.

Importador • Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.• Frete nacional no país do importador.

INCOTERM DDP – Delivered Duty Paid(Entregaegastosdenacionalizaçãopagos)• O exportador assume o compromisso de entregar a mercadoria, desembaraçada para importação, no local designado pelo importador, pagando todas as despesas, inclusive impostos e outros encargos de importação. • O exportador é responsável também pelo frete interno do local de desembarque até o local designado pelo importador.• Este termo pode ser utilizado com qualquer modalidade de transporte.• Trata-se do Incoterm que estabelece o maior grau de compromissos para o exportador. Aplica-se muito nas compras internacionais pela internet, exemplo:o Um tablet foi comprado através da internet. Logo, o exportador (intermediário) deve fazer a entrega da mercadoria até o endereço do consumidor (importador), e todos os custos e despesas (frete, seguro, impostos) estão inclusos no preço pago pelo produto.

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TÓPICO 1 | AS CONDIÇÕES TÉCNICAS DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

149

Gastos na Logística Internacional - DDP

Exportador

• Frete até o local acordado no país de origem.• Desembaraço e gastos para exportação.• Gastos de embarque no país de origem.• Frete Internacional e Seguro Internacional.• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.• Frete nacional no país do importador.

Importador • Não há, a mercadoria é entregue no endereço do importador.

FONTE: Adaptado de :<http://www.brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/Glossario/GLOIncotermsP.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2016.

Como acabamos de ver, cada Incoterm define claramente as responsabilidades, e quem deve arcar com os gastos ao longo da cadeia logística internacional. Com a definição do Incoterm pode-se planejar todos os condicionamentos desde o endereço do exportador, no país de origem, até o endereço do importador, no país de destino.

Como um todo, os Incoterms são facilitadores para definir responsabilidades administrativas e financeiras. Isso é muito útil no momento de executar cada um dos passos do processo da comercialização, e, aliás, muito útil também no momento em que, por qualquer eventualidade, acontecer algum tipo de acidente durante o deslocamento internacional.

Uma vez que compreendemos a necessidade administrativa e definições de responsabilidade em função dos Incoterms, podemos dar continuidade ao nosso processo de aprendizado. Estamos no momento ideal para iniciar uma análise mais efetiva de precificação tanto da exportação como da importação, conforme iremos estudar no próximo tópico.

Page 160: Processo de Exportação e Importação

150

Neste tópico, você aprendeu que:

• O despacho aduaneiro é vínculo que formaliza todo o processo perante as exigências administrativas governamentais responsáveis pelo comércio exterior brasileiro. Nesse sentido, o despacho aduaneiro tem como grande objetivo analisar e verificar a exatidão dos dados declarados no processo de exportação ou de importação.

• No despacho aduaneiro de importação existem duas grandes modalidades aplicáveis às mercadorias: o despacho para consumo e o despacho para admissão em regime aduaneiro especial.

• O despacho aduaneiro é processado no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) e deve ser realizado em cada importação que corresponde a um despacho aduaneiro.

• Do conhecimento técnico ao das particularidades do processo, todo despacho aduaneiro, seja de exportação ou importação, deve ser executado pelo despachante aduaneiro.

• A parametrização é a conferência da importação, conhecida como os “canais de conferência” tanto da documentação como da mercadoria. A parametrização é executada por meio de um dos seguintes canais: verde, amarelo/laranja, vermelho e cinza.

• Em função do acordo comercial negociado entre o exportador e o importador é que será definido o Incoterm. Por meio de Incoterm definem-se responsabilidades específicas tanto do exportador como do importador ao longo do processo da exportação/importação.

RESUMO DO TÓPICO 1

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151

1 Quanto às finalidades de uso do despacho aduaneiro, determine seu objetivo.

2 Quando chega o momento de aplicar o despacho aduaneiro nos processos de exportação ou importação, existem dois grandes elementos de análise:

• Análise da mercadoria a ser exportada ou importada.• Documentos a serem apresentados.

Agora, explique as funções do despacho aduaneiro nestes dois elementos de análise.

3 Quando se faz necessário o despacho aduaneiro para a importação, as mercadorias podem ser classificadas para consumo ou mercadorias em regime especial. Com base no exposto, determine as sentenças corretas.

a) No caso da mercadoria despachada para consumo, a mercadoria poderá ser somente para consumo direto, como insumo das empresas, sem poder ser comercializada.

b) No caso da mercadoria despachada para consumo, a mercadoria poderá ser comercializada e usada livremente ao longo do território nacional.

c) No caso da mercadoria em regime especial, as mercadorias são despachadas com destino para uso específico e especial, seja para fins comerciais ou para fins de processos de industrialização.

d) No caso da mercadoria em regime especial, as mercadorias são despachadas com destino às áreas aduaneiras “especiais”, tais como: zonas francas, portos secos ou entrepostos aduaneiros.

4 O despacho aduaneiro possui prazo de validade, especialmente quando se trata de uma importação. Determine os prazos limites para a execução do despacho aduaneiro.

5 Ao iniciar uma comercialização internacional existem responsabilidades bem definidas, tanto para o exportador como para o importador. Essas reponsabilidades são negociadas entre as partes e ficam bem estabelecidas por meio do Incoterm escolhido. Determine as responsabilidades tanto do exportador como do importador, levando em consideração os seguintes Incoterms:Incoterm FAS, Incoterm FOB, Incoterm CFR, Incoterm CIF, Incoterm CPT.

6 Quando chegar o momento da conferência da importação, haverá a respectiva revisão documentária de acordo com o canal de parametrização selecionado pela Receita Federal. Exponha o que significa cada um destes canais.

AUTOATIVIDADE

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Parametrização O que deve ser feitoCanal VerdeCanal Amarelo/laranjaCanal VermelhoCanal Cinza

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TÓPICO 2

PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Além de identificar o passo a passo administrativo da exportação ou importação, existe mais outro grande objetivo da gestão dos processos de exportação e importação: deve-se identificar o preço ideal que gere rentabilidade ao processo. Neste tópico vamos aprender como levantar esse preço até atingir o ideal.

Levando em consideração que a identificação do preço ideal de importação demanda uma análise detalhada dos gastos recorrentes do processo, vamos iniciar com a precificação da importação.

2 FORMAÇÃO DO PREÇO NA IMPORTAÇÃO

Uma boa análise do preço de importação é um reflexo da estrutura analítica dos processos logísticos e administrativos recorrentes da importação em si. Essa análise deve levar em consideração os seguintes elementos importantes:

1. Análise da NCM: fundamental para identificar a Taxa Externa Comum (TEC), condições administrativas e possíveis acordos que facilitem descontos nos impostos de importação.

2. Análise da Ordem de Compra: Fundamental para identificar o preço de compra e questões de logística, tipo de embalagem e definição da Incoterm.

3. Fatura Proforma: É a partir deste documento que se inicia, formalmente, o processo de importação, o importador começa a negociar com o banco e formaliza a importação perante o SISCOMEX.

4. Análise dos impostos e despesas de importação: Para evitar contratempos e falta de caixa, é necessário fazer um levantamento de datas e valores a serem pagos ao longo da importação.

5. DeterminaçãodoValorde Importação: É necessário poder projetar o valor total da importação, com todos os impostos e gastos a serem pagos, para determinar o valor da mercadoria já disponibilizada como estoque. Com esses elementos podemos determinar o valor unitário da importação. É em função desse custo unitário projetado que temos a base para identificar o preço ideal que possa trazer rentabilidade ao importador.

Depois de ter feito o levantamento da análise dos elementos expostos acima, podemos apurar a estrutura do valor da importação tanto em valores

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154

UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

absolutos como unitários. Esse valor da importação considera os seguintes componentes no seu cálculo:

• Preçodamercadorianopaísdeorigem: Valor que será a base de apuração do valor final de importação.

• Incoterm: Em função do Incoterm o importador saberá a quais processos logísticos e administrativos está obrigado, assim como quais são os gastos a serem pagos.

• Transporte: A logística do transporte é importante para determinar:a) Frete, considerando: pré-embarque, transporte internacional, pós-desembarque.b) Modalidade de transporte, se há um único modal de transporte, por exemplo,

somente marítimo; ou se é multimodal, por exemplo, terrestre e marítimo.c) Condições do seguro do frete como um todo.• Valor aduaneiro e taxas a serem pagas na alfândega: Em função do

conhecimento de embarque e valor da mercadoria no porto de destino se pode determinar:

a) DeclaraçãodeImportação(DI): Por meio da DI, pode-se apurar os valores dos seguintes impostos: Imposto de Importação (II), em função da TEC; o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), se houver; o imposto para o Programa de Integração Social (PIS); e o Imposto de Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS).

b) Valor do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante(AFRMM): A AFRMM é uma taxa a ser paga à Marinha Mercante, quando a importação for marítima.

c) Valor do Adicional de Tarifas Aeroportuárias (ATA): A ATA é uma taxa a ser paga quando a importação for aérea.

d) Taxa de Capatazia: Taxa a ser paga pela movimentação de cargas nas instalações portuárias.

e) Taxa de Armazenagem: Valor a ser pago pela armazenagem da mercadoria no porto. É uma taxa que considera armazenagem de até cinco dias corridos. Se a mercadoria sair do porto antes desse tempo, o valor será o mesmo, e se a mercadoria sair depois disso haverá valores adicionais de armazenagem a serem pagos.

f) Despesas bancárias: Despesas a serem consideradas em função da taxa de câmbio no momento de nacionalizar a mercadoria.

• Honorário Despachante Aduaneiro: Pela gestão feita pelo despachante aduaneiro, devem ser programados seus honorários.

• ICMS: Imposto sobre a circulação de mercadorias entre Estados; sendo o imposto estadual, ele pode mudar, em um estado pode ser de 14% e em outro será de 17%. Em Santa Catarina é de 17%.

• Transporte no território nacional: Deve ser orçamentado o valor do transporte desde o porto até o endereço do importador.

Conforme observado, existem vários elementos a serem considerados no custo da importação. Assim, é necessário desenvolver um sistema de programação de gestão de pagamentos, de controle de processos e de análise final. Levando em consideração os diversos elementos de análise para precificar a importação, a

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TÓPICO 2 | PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO

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seguir vamos estudar um caso prático que servirá para visualizar como podemos apurar os gastos de importação.

2.1 VALOR ADUANEIRO E TRIBUTOS A SEREM PAGOS

Uma vez identificado o Incoterm a ser aplicado na importação, o importador está apto para analisar quais são suas obrigações e quais serão seus pagamentos, e assim projetar os tributos incidentes na importação. Como foi exposto acima, a base de cálculo dos impostos de importação é o valor aduaneiro a ser declarado no DI.

O valor aduaneiro considera o valor da mercadoria (FOB), o frete internacional, o seguro internacional e a taxa de capatazia. Todos esses valores fazem parte do valor aduaneiro. Vamos supor:

• A mercadoria foi negociada com o Incoterm CIF, logo, considera-se que nesse valor já está considerado frete internacional e seguro, devendo só acrescentar o valor da taxa de capatazia, visando apurar o valor aduaneiro.

• A mercadoria foi negociada com o Incoterm FOB, logo, ao valor FOB deve-se acrescentar: frete internacional + seguro + taxa de capatazia, visando apurar o valor aduaneiro.

De acordo com o exposto anteriormente, os valores a serem pagos para poder desembaraçar a mercadoria são: Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre o Programa de Integração Social (PIS) e Imposto sobre a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Lembre-se de que todos esses impostos variam conforme o valor aduaneiro. A seguir, uma base de cálculo destes valores:

• Valor Aduaneiro Valor FOB + frete internacional + seguro.• Imposto de Importação Valor aduaneiro vezes a taxa de Imposto de

Importação.• IPI Valor aduaneiro vezes a porcentagem do IPI.• PIS Valor aduaneiro vezes a porcentagem do PIS.• COFINS Valor aduaneiro vezes a porcentagem da COFINS.

Todas as alíquotas destes impostos são cobradas no momento do registro de Declaração de Importação (DI). Parece ser muita coisa, não é? No entanto, na prática vira uma atividade bem dinâmica. A seguir vamos ilustrar uma projeção de valores a serem pagos, simulando a importação de queijo camembert.

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

FIGURA 1 – QUEIJO CAMEMBERT

FONTE: <http://www.papodevinho.com/2016/01/queijos-camembert-aoc-normandia-franca.html>. Acesso em: 8 abr. 2016.

Para poder iniciar nossa simulação de valores de impostos a serem pagos, quais elementos necessitamos analisar? Precisamos saber a NCM do produto e o valor aduaneiro. No caso do queijo Camembert, a NCM é 0406.90.30, e seu valor aduaneiro será de US$ 44.000.00, apurados da seguinte maneira:

• Valor FOB = US$ 41.000,00• Frete Internacional e seguro = US$ 3.000,00• Valor aduaneiro = US$ 44.000,00 (Valor FOB + Frete e seguro)

UNI

– Valor aduaneiro: O valor aduaneiro leva em consideração o valor FOB mais frete e seguro. E será a base de cálculo para os impostos de importação. Se quiser se aprofundar mais sobre o tema, acesse o site da Receita Federal: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/glossario.html>.

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TÓPICO 2 | PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO

157

QUADRO 2 – SIMULADOR TRIBUTÁRIO

FONTE: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/>. Acesso em: 7 abr. 2016.

Observe que o valor aduaneiro está convertido em reais a uma taxa de câmbio de R$ 3,0347 por US$, ou seja, US$ 44.000,00 x 3,0347 = R$ 133.526,80. No entanto, a taxa de câmbio pode mudar, portanto, o valor aduaneiro também, assim como o valor dos tributos a serem pagos. É importante levar isso em consideração, porque os valores a serem pagos são executados em função da taxa de câmbio do dia em que será executada a Declaração de Importação (DI), e taxa de câmbio muda dia a dia.

No simulador exposto acima podemos observar que o total de impostos a serem pagos será de:

QUADRO 3 – PROJEÇÃO DE IMPOSTOS A SEREM PAGOS

Porcentagem de Impostos 16,00% + 2,10% + 9,65% 27,75%Valor dos Impostos R$ 133.526,80 x 27,75% R$ 37.053,69

FONTE: O autor

Esse valor de R$ 37.053,69 será o total de impostos a serem pagos no momento da declaração do DI, mas será que existem ainda outros valores e impostos a serem pagos para poder nacionalizar a mercadoria? Se observar, ainda temos pendentes algumas taxas e, finalmente, o ICMS.

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

2.2 DESPESAS, ICMS E DEFINIÇÃO DO PREÇO DE IMPORTAÇÃO

Além de calcular os impostos de importação, deve-se considerar armazenagem e mais outras taxas as serem pagas junto com os impostos no momento da importação. Somando todos esses valores, mais os impostos de importação e mais o valor aduaneiro, podemos ter o Valor da Mercadoria Nacionalizada.

Porém, o pagamento de impostos ainda não acabou, pois para que a mercadoria possa se mobilizar dentro dos estados brasileiros é necessário pagar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Este imposto é de competência dos Estados e do Distrito Federal, isto quer dizer que a definição de sua alíquota poderá mudar de estado para estado. No contexto das mercadorias importadas:

• Sua incidência se dá sobre a mercadoria importada, com os impostos e taxas de importação inclusos, sendo que seu fator gerador acontece no momento da nacionalização em si.

• A base de cálculo do ICMS é feita por meio do cálculo “imposto por dentro”. Isto quer dizer que a taxa base é sobre o valor total já embutido o ICMS.o Este conceito de cálculo “por dentro” pode ser simplificado no caso da

importação do queijo camembert. Vamos considerar a taxa do ICMS pago no Estado de Santa Catarina, de 17%.

QUADRO 4 - BASE DE CÁLCULO DO ICMS

Valor Aduaneiro R$ 133.526,80Impostos de Importação R$ 37.053,69Despesas Aduaneiras e Taxas R$ 2,200,00Valor Mercadoria Nacionalizada R$ 172.780,49Valor ICMS “por dentro”

Valor ICMS R$ 35.388,78 = R$ 208.169,27 x 17%Valor Total com ICMS R$ 208.169,27 = R$ 172.780,49 + R$ 35.388,78

( )

1 -

Valor MercadoriaTaxa ICMS ( ) =

−172.780,49 $ 208.169,27

1 0,17R

FONTE: O autor

O valor do ICMS representa 17% do Valor Total de R$ 208.169,27, ou seja: o ICMS de R$ 35.388,78 = R$ 208.169,27 x 17%. Levando isso em consideração, o ICMS deste exemplo não representa 17% do valor da mercadoria nacionalizada, mas sim sobre o Valor Total com ICMS incluso. Eis a terminologia “imposto por dentro”.

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TÓPICO 2 | PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO

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DICAS

Caso queira se aprofundar mais um pouco sobre o “Imposto por Dentro”, visite o site: <http://www.tributarioeconcursos.com/2011/11/entendendo-o-calculo-do-icms-por-dentro.html>

2.3 CUSTO TOTAL DA IMPORTAÇÃO

Ao considerarmos todos os impostos, taxas e ICMS, esses gastos representam um valor bem alto da mercadoria que se deseja nacionalizar. No quadro a seguir podemos observar os valores de impostos e taxas e seu impacto no valor total da importação.

QUADRO 5 - VALOR TOTAL DE IMPOSTOS E GASTOS PARA NACIONALIZAR E COMERCIALIZAR

Valor Aduaneiro R$ 133.526,80

ImpostosdeImportação

II = R$ 21.364,29IPI = R$ 0,00PIS = R$ 2.804,06COFINS = R$ 12.885,34

R$ 37.053,69

Despesas Aduaneiras e Taxas R$ 2,200,00ICMS R$ 35.388,78ImpostoseGastosaserempagosnanacionalização R$ 74.642,47

Impacto dos impostos e despesas no valor aduaneiro $ 74.642,47$ 133.526,80

RR

= 55,90%!

Valor Mercadoria R$ 208.169,27

FONTE: O autor

O valor do produto já nacionalizado efetivamente será de R$ 208.169,27. Além destes impostos e gastos de nacionalização, deve-se considerar mais dois itens:

• Os honorários do despachante aduaneiro. Os honorários são feitos por cada DI (Declaração de Importação). Ou seja, independentemente do valor da importação será cobrado um valor de honorário semelhante, exemplo:o ValorImportaçãoR$1.000.000 - os honorários por conceito de despachante

aduaneiro serão apurados com base no salário-mínimo, sendo que para o ano 2016 o salário-mínimo é de R$ 880,00.

o Valor ImportaçãoR$ 10.000 - os honorários serão, por exemplo, de R$ 880,00.

o Ou seja, os honorários são relativamente fixos, seja para uma importação de R$ 10.000, ou para uma de R$ 10.000.000.

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

Este valor por conceito de honorários fica atrelado ao serviço administrativo que deve executar o despachante aduaneiro perante os órgãos do governo. Assim, este serviço fica em função da documentação de Declaração de Importação (DI) independentemente do volume e valor da importação. Eis por que possui um valor relativamente fixo por cada DI executado, porém:

• Se o importador fizer continuamente importações, provavelmente o despachante cobrará um honorário diferenciado, ou se os volumes tanto de documentação e de certificados a serem apresentados demandarem maior tempo, logo esses honorários poderiam variar da base do salário-mínimo.

Para finalizar nossa apuração dos gastos da importação, devemos considerar mais um gasto, o transporte desde o porto até o centro logístico do importador. Custos de transporte de acordo com o modal escolhido, vamos supor que para o queijo Camembert o custo do transporte nacional será de R$ 500,00, de Itajaí a Blumenau. Com todos os elementos gastos e impostos apresentados, finalmente podemos visualizar todos os valores da importação.

QUADRO 6 - EGRESSO (VALORES) DA MERCADORIA IMPORTADA

Valor Aduaneiro R$ 133.526,80Valor Nacionalizado R$ 208.169,27Despachante Aduaneiro R$ 880,00Transporte nacional R$ 500,00Valor Mercadoria R$ 209.549,27Quilos Camembert 4.000 kg.Valor Kg. CIF Itajaí US$ 11,00/kg CIF Itajaí

Valor Kg. CIF Itajaí (R$) R$ 33,38/kg CIF Itajaí 3,03 x US$

Valor por quilo de queijo importado em estoque em Blumenau-SC

$ 209.549,27 $ 52,394.000

R R=

Valor de impostos, taxas, ICMS e despesas várias da importação R$ 76.022,47

Impacto de saída de caixa na nacionalização 56,93% $ 76.022,47$ 133.526,80

RR

X 100

FONTE: O autor

Do quadro exposto acima podemos observar que no valor aduaneiro de R$ 133.526,80 haverá um incremento de 56,93% de impostos e gastos a serem pagos para poder desembaraçar do porto a mercadoria importada. Isso representa um egresso total de R$ 76.022,47 além do valor aduaneiro da mercadoria de R$ 133.526,80, ou seja, o valor total da mercadoria no endereço do importador será de R$ 209.549,27. Desses R$ 209.549,27 o importador poderá recuperar o valor do ICMS pago, no momento em que executar a venda.

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TÓPICO 2 | PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO

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RegistroContábildaImportação. Para fins contábeis, a mercadoria será registrada no ativo circulante do importador da seguinte maneira:

• Estoque de mercadoria importada: Valor total menos o ICMS e IPI pago na importação.

• Impostos a cobrar já pagos: ICMS pago na importação, e IPI quando houver. No momento da venda o valor desse imposto ficará em caixa e não será repassado à Receita Federal, em função de que já foi pago no momento de nacionalizar. Assim, os valores a serem cobrados no momento da venda são direitos monetários de cobrança do importador.

No caso de nosso exemplo, o valor em estoques seria: R$ 174.160,49 e R$ 35.388,78 de impostos a serem recuperados nas futuras vendas, ou seja:

QUADRO 7 – ESTOQUE DE MERCADORIA IMPORTADA

Valor de Investimento na importação R$ 209.549,27( - ) ICMS pago, impostos a cobrar R$ 35.388,78Custo da mercadoria (valor estoque) R$ 174.160,49

FONTE: O autor

Levando em consideração os valores expostos acima, todo o processo da análise de importação do queijo camembert ficaria da seguinte maneira:

• Estoque de mercadoria importada: R$ 174.160,49• Impostos a cobrar já pagos: ICMS a cobrar R$ 35.388,78• Valor total a se recuperar, quando acontecer as vendas: R$ 209.549,27

Em resumo, devemos nos lembrar de que no contexto da importação os valores pagos de ICMS e IPI serão recuperáveis à medida que vão acontecendo as vendas. Podemos observar toda a projeção dos grandes valores da importação no seguinte quadro.

QUADRO 8 - DETALHE DOS GRANDES VALORES DA MERCADORIA IMPORTADA

Valor Mercadoria R$ 209.549,27ICMS R$ 35.388,78IPI R$ 0,00Valor Estoque Mercadoria R$ 174.160,49Quilos Importados Camembert 4.000 kg.

Custo x Quilo no momento da venda Custo da Mercadoria Vendida (CMV) R$ 43,54

174.160,494.000

R$ KG

Valor Kg. CIF Itajaí (R$) R$ 33,33/kg CIF Itajaí 3,03 x US$Impostos e gastos acima do valor CIF 30,42%

FONTE: O autor

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

Acabamos de fazer toda uma análise de valores do processo de importação, observando todos os elementos que fazem parte da precificação da importação. Nesta análise é importante lembrar que o objetivo é observar duas coisas:

• Os valores totais a serem pagos no momento da nacionalização, valores que devem ser pagos nos prazos exigidos pela alfândega, caso contrário a mercadoria simplesmente não será nacionalizada.

• A determinação do custo unitário da importação é fundamental para poder determinar a margem de rentabilidade da importação.

ESTUDOS FUTUROS

E no caso da exportação, como ficaria todo esse processo de precificação? No subtópico a seguir estaremos estudando todas as particularidades da estrutura do preço da exportação.

3 FORMAÇÃO DE PREÇO NA EXPORTAÇÃO

Quando uma empresa deseja exportar, ela deve considerar uma série de fatores, inclusive os incentivos fiscais que o governo proporciona às empresas exportadoras. O exportador deve aproveitar os incentivos fiscais, pois os custos de produção possuem um excesso de tributos e gastos logísticos que muitas vezes inviabiliza as chances de poder exportar. Assim, esses incentivos do governo possuem a finalidade de melhorar a competitividade do exportador brasileiro, tentando reduzir os impactos negativos do excesso de tributos da economia brasileira, segundo Sousa (2010, p. 74): “Embora o sistema fiscal na exportação permita a isenção e a possibilidade de crédito da maioria dos impostos, as mercadorias exportadas ainda têm embutida carga tributária. Mesmo a obtenção de créditos para alguns impostos é morosa”.

Esse excesso de tributação nos custos de produção fica ainda mais pesado quando considerar a micro e pequena empresa que deseja exportar.

[...] observa-se no dia a dia do mercado que a determinação do preço de exportação da mercadoria tem sido um dos problemas mais comuns enfrentados pelas empresas exportadoras, principalmente as micro, pequenas e médias, pois nem sempre conseguem atingir os resultados desejados (VIEIRA, 2010, p. 187).

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TÓPICO 2 | PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO

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3.1 ELEMENTOS QUE PESAM NO PREÇO DAS EXPORTAÇÕES

Existem vários elementos que pesam quando analisamos o custo da exportação, mas a seguir vamos observar os mais importantes:

• Competidores potenciais: Ao exportar deve-se analisar quais os competidores potenciais no mercado de destino e, principalmente, deve-se pesquisar quais os preços praticados pelos concorrentes internacionais.

• Comportamento dos consumidores: Qual é o perfil do consumidor da mercadoria a ser exportada? Realizar análise de hábitos e capacidade econômica do consumidor no país de destino.

• Comissãodeagente: Quais são as comissões dos agentes ao longo da cadeia internacional de comercialização da mercadoria que se deseja exportar.

• Despesas de propaganda: Quais são as necessidades de marketing para viabilizar a venda no exterior.

• Custos de produção: Quais são os custos do processo de produção para executar a exportação.

• Esquemasdefinanciamentoàexportação: Quais são as fontes de financiamento que podem tornar viável a exportação.

• Tratamento tributárioaplicável à exportação: Quais são os incentivos mais viáveis para conseguir diminuir o peso dos tributos na exportação.

• Despesasdeexportação: Quais são as despesas necessárias para fazer acontecer a exportação; aqui podemos citar a embalagem específica para o mercado de destino, despesas portuárias e despachante, frete e seguro ao longo da cadeia logística até a mercadoria ser entregue ao importador.

• Investimento: Qual é a necessidade de investimento para fazer acontecer a exportação, incluindo a necessidade de realizar investimentos em novas tecnologias.

• Margem de lucro estimada: Qual é o potencial de rentabilidade em função do preço aceito no mercado internacional.

Concluímos que quando um exportador está interessado em exportar é porque já possui uma experiência prévia tanto de produção como de comercialização no mercado nacional. Nesse contexto, para determinar o preço de exportação é conveniente levantar uma análise da estrutura dos itens que compõem o preço das mercadorias comercializadas no mercado interno.

Elementos do preço comercializado no mercado nacional:

• Custo de produção, insumos, mão de obra, processos e custos indiretos.

• Embalagem.• Despesas administrativas.• Despesas de comercialização e publicidade.• Comissão de vendedor.• Despesas financeiras.• Margem de lucro.• Impostos: ICMS, IPI, Cofins, PIS.Total = Preço de venda no mercado interno. (VIEIRA, 2010, p. 143)

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

3.2 VALORAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES

O exportador, levando em consideração os elementos expostos acima, pode levantar o custo e preço base da exportação. Ou seja, a formação de preço dos produtos destinados à exportação que possui como base os preços dos produtos com destino à comercialização ao longo do território nacional, devendo-se fazer o seguinte grande grupo de exclusões e considerações:

• Deve-se excluir todos os itens que fazem parte do preço do mercado interno, e que não acontecem na exportação.

• Deve-se adicionar todos os itens que são apurados no preço da comercialização internacional.

Conforme Vieira (2010), os fatores que fazem parte do preço comercializado internacionalmente são:

a) Preço de comercialização nacional.b) Excluir do preço nacional fatores da comercialização nacional, mas que não

acontecem na exportação.• (-) Despesas de comercialização no mercado interno.• Impostos nacionais: (-) ICMS. (-) IPI. (-) Cofins. (-) PIS.• (-) Embalagem no mercado interno.• (-) Publicidade no mercado interno.• (-) Despesas financeiras no mercado interno.c) Adicionar fatores de precificação que acontecem só na exportação.• (+) Embalagem no mercado externo.• (+) Comissão de agente (se houver).• (+) Corretagem de câmbio (se houver).• (+) Transporte de seguro internacional.• (+) Despesas de comercialização no mercado externo.• (+) Despesas com despachantes.• (+) Despesas financeiras. d) Total = preço do mercado externo. Preço de exportação = (a) – (b) + (c)

Como acabamos de observar, são vários elementos a se levar em consideração no momento de precificar a exportação. Inclusive cada exportação, dependendo do produto e especificações, possui suas particularidades únicas do momento. A seguir, vamos analisar um caso prático de precificação.

3.3 CASO PRÁTICO DE PREÇO DE EXPORTAÇÃO

Levando em consideração os elementos da análise apresentados acima, como podemos apurar o preço de exportação? Para poder responder vamos exemplificar um caso prático, supondo que iremos exportar equipamento industrial que já vem se comercializando no mercado nacional, ou seja, existe todo um histórico de custos e de precificação, mas nacional. O preço do equipamento

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TÓPICO 2 | PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO

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de produção nacional e comercializado nos estados brasileiros é de R$ 2.910,00. Nesse contexto, iremos analisar duas situações: preçodeexportaçãosemagentenoexterior,epreçodeexportaçãocomagente.

3.3.1 Preço de exportação sem agente no exterior

EstruturadoPreçoNacionalCusto Unitário sem embalagem R$ 2.910,00

Embalagem Nacional R$ 30,00Custo Unitário Final R$ 2.940,00

Lucro sobre as vendas nacionais 10% R$ 294,00Preço de Venda Nacional R$ 3.234,00

IPI 15% R$ 485,10Cofins - Contribuição para Financiamento de Seguridade Social 7,60% R$ 245,78PIS - Programa de Integração Social 1,65% R$ 53,36Peço Mercadoria sem ICMS R$ 4.018,25ICMS 17% R$ 823,01

PreçoNacional(impostosembutidos) R$ 4.841,26

Na análise do preço de exportação sem agente o exportador é responsável por 100% do processo de exportação, geralmente isso é feito quando a empresa exportadora é de grande porte, que pode arcar com todos os gastos de um departamento de comércio exterior. No caso da exportação do equipamento, vamos considerar os seguintes elementos específicos ao produto.

• Custo unitário de produção de R$ 2.910,00.• Embalagem nacional de R$ 30,00 por unidade.• Lucro desejado sobre as vendas nacionais 10%.• Preço de venda nacional.• Impostos: ICMS, 17%; IPI, 15%; COFINS, 7,60%; PIS,1,65%.

Levando em consideração esses elementos, vamos apurar primeiramente o preço de venda nacional, que logo servirá como base para determinar o preço de exportação.

QUADRO 9 – PREÇO MERCADO NACIONAL

FONTE: O autor

Com o valor de preço de comercialização nacional de R$ 4.841,26, teremos a base para estruturar o preço de exportação. Para fazer isso devemos levar em consideração as particularidades, bem como a premissa de que a análise deverá considerar o objetivo de pelo menos manter, ou melhorar, o lucro determinado para o mercado nacional.

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

No caso específico deste equipamento industrial iremos descontar do preço nacional os seguintes elementos: (-) Embalagem Nacional; (-) Lucro sobre as vendas nacionais; (-) IPI; (-) Cofins; (-) PIS; (-) ICMS; (-) Embalagem Nacional; (-) Logística Nacional.

Uma vez descontados esses valores, podemos determinar a base do cálculodopreçodeexportaçãoemUS$, levando em consideração os seguintes fatores: (+) Despesas movimentação mercadoria até o embarque ao exterior de R$ 80,00; (+) Embalagem Exportação de R$ 45,00; (+) Lucro desejado na exportação de 11%; e Taxa de câmbio projetada de R$ 3,70 por cada dólar americano (US$). A seguir, quadro de apuração destes valores.

QUADRO 10 – ESTRUTURA DO PREÇO DE EXPORTAÇÃO SEM AGENTE

PreçoNacional(impostosegastosembutidos) R$ 4.841,26

(-) Embalagem Nacional R$ 30,00(-) Lucro sobre as vendas nacionais R$ 294,00(-) IPI R$ 485,00(-) Cofins R$ 245,78(-) PIS - Programa de Integração Social R$ 53,36(-) ICMS R$ 823,01(-) Logística Nacional R$ 50,00

BasedopreçodeExportação R$ 2.860,00(+) Despesas movimentação mercadoria até o embarque ao exterior R$ 80,00(+) Embalagem Exportação R$ 45,00

CustoUnitárioFinalExportação R$ 2.985,00

(+) Lucro desejado na exportação 11% R$ 45,00

Preço FOB em R$ R$ 3.313,35

Taxa de câmbio projetada por US $ R$ 3,70Preço FOB em US $ USD 895,50

FONTE: O autor

Com o cálculo exposto acima, o produto terá um preço de exportação por unidade exportada de US$ 895,50 FOB. Nesse valor o exportador sustentará, e até poderá superar, a receita nacional do preço nacional livre de impostos de R$ 3.234,00. E se a exportação é por meio de agente trading company? Haverá pequenas mudanças no preço FOB, como veremos adiante.

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TÓPICO 2 | PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO

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PreçoNacional(impostosegastosembutidos) R$ 4.841,26

(-) Embalagem Nacional R$ 30,00(-) Lucro sobre as vendas nacionais R$ 294,00(-) IPI R$ 485,10(-) Cofins R$ 245,78(-) PIS - Programa de Integração Social R$ 53,36(-) ICMS R$ 823,01(-) Logística Nacional R$ 50,00

BasedopreçodeExportação R$ 2.860,00(+) Embalagem Exportação R$ 45,00

CustoUnitárioFinalExportação R$ 2.905,00

(+) Lucro desejado na exportação 11% R$ 45,00

3.3.2 Determinação do preço de exportação com agente no exterior

A exportação por meio de uma trading company, ou exportação indireta, é utilizada para empresas de porte médio e pequeno, pois deste modo evitam-se gastos de departamentos de comércio exterior que não se justificam para empresas que não geram grandes volumes de exportação ou estão iniciando nas exportações.

O método da exportação indireta, considerado o mais amplamente utilizado, principalmente pela grande maioria das empresas que apenas estão dando início às suas atividades de exportação, se caracteriza, primordialmente, pelo fato de o fabricante/exportador poder transferir todos os encargos, responsabilidades e funções inerentes ao processo de venda internacional para os chamados intervenientes ou intermediários com base doméstica, ou seja, sediados legalmente no país de origem da empresa exportadora/fabricante (BARBOSA, 2004, p. 216).

A determinação do preço de exportação é bem semelhante ao analisado com o agente, mas devemos considerar mais dois elementos na estrutura do preço.

• Porcentagem de serviçodeslocamento, ou seja, as despesas de movimentação da mercadoria até seu efetivo embarque. Como padrão é considerado um acréscimo de gasto de transporte em 2,50% sobre o valor FOB.

• A comissão de agente ou representante, ou seja, será acrescentada às despesas relativas a comissão com base de 5% sobre o valor FOB.

Levando em consideração esses dois elementos, vamos precificar o valor de exportação do equipamento industrial com agente, ou trading company.

QUADRO 11 – ESTRUTURA DO PREÇO DE EXPORTAÇÃO COM AGENTE

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

PreçoNacional(impostosegastosembutidos) R$ 4.841,26

(-) Embalagem Nacional R$ 30,00(-) Lucro sobre as vendas nacionais R$ 294,00(-) IPI R$ 485,10(-) Cofins R$ 245,78(-) PIS - Programa de Integração Social R$ 53,36(-) ICMS R$ 823,01(-) Logística Nacional R$ 50,00

Base do preço de Exportação R$ 2,860,00

(+) Embalagem Exportação R$ 45,00Custo Unitário Final Exportação R$ 2.905,00

(+) Lucro desejado na exportação 11% R$ 319,55

FONTE: O autor

Na apuração exposta acima a grande diferença está no fato de que tanto as despesas de movimentação como a comissão de agente são apuradas em função do valor FOB final de US$ 942,16, ou seja:

• Despesas de movimentação US$ 942,16 x 2,50% = US$ 23,55.• Comissão agente US$ 942,16 x 5,00% = US$ 47,11.

Talvez você esteja se perguntando: como se pode apurar esses valores antes mesmo de obter o valor definitivo FOB? Para obter esse valor, $ 942,16, é necessário acrescentar:

• As despesas de movimentação até o porto de embarque, com base no preço base de R$ 871,50.

• Comissão de agente, com base no preço base de R$ 871,50.

O cálculo pode ser feito por meio de uma regra de três tendo como base dois elementos: o preço base de R$ 871,50; e a porcentagem de acréscimo de 7,50% = 2,50% (despesa movimentação) + 5,00% (despesa agente). Nesse sentido, os 871,50 representam o 92,50% do preço FOB final, pois o 7,50% restante representa a porcentagem de despesas de deslocamento e agente.

Agora, o raciocínio de cálculo é exatamente igual ao ICMS, ou seja, deve-se procurar o preço FOB da seguinte maneira:

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TÓPICO 2 | PRECIFICAÇÃO DA IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO

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US$ 871,50 Este valor de R$ 871,00 representa o 92,50% do preço FOB, ou seja: 100% - 7,50% (Despesa + comissão) = 92,50%

92,50%

Qual será o valor FOB? Este valor FOB representa o 100% 100,00%

FONTE: O autor

O raciocínio exposto acima será apurado por meio de regra de três, aplicando-se uma das duas seguintes fórmulas:

• Preço FOB = $ 871,50 100%92,50%

US x = US$ 942,16

• Preço FOB = ( ) $ 871,50

1 0,075US

− = US$ 942,16

Agora, com esse valor de preço de exportação FOB de R$ 946,16 – que, aliás, já leva em consideração a precificação tanto da despesa de movimentação como de agente, mas que ainda não foi apurada – podemos determinar os valores desses gastos em si, ou seja:

• Despesa por movimentação de carga R$ 23,55 = R$ 942,16 x 2,50%.• Despesa de agente internacional (trading company) R$ 47,11 = R$ 942,16 x

5,00%.

Observe que o preço FOB está em função de uma taxa de câmbio referencial de R$ 3,70, cabe ao exportador assegurar essa taxa em função do risco de uma desvalorização do dólar. Isso em função de que se essa moeda apontar uma desvalorização (tipo dólar cotado a R$ 3,80, mas que logo no momento de cobrar a exportação fica em R$ 3,40), o exportador poderá receber um valor de exportação menor que o desejado. Nesse contexto, vamos supor:

• Na hora de cobrar a exportação o dólar esteja em R$ 3,50, qual será o valor líquido a receber? Será de R$ 3,050,25 ($ 871,50 x $3,50), ou seja, o exportador poderá estar recebendo R$ 174,30 a menos! Isso representa 55% do lucro esperado! Alternativas para isso?o Contratar um swap cambial, ou seja, contratos futuros de câmbio com taxa

de câmbio fechada previamente.

Page 180: Processo de Exportação e Importação

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Neste tópico, você aprendeu que:

• O preço de importação é um reflexo da estrutura de custos dos processos da importação. No preço de importação deve-se considerar: análise da NCM, ordem de compra, fatura Proforma, análise dos impostos e despesas de importação, e determinação do valor de importação.

• No valor da importação devem ser considerados os seguintes elementos: preço da mercadoria no país de origem, Incoterm, transporte, valor aduaneiro, NCM, impostos de importação, taxas a serem pagas na alfândega, honorário despachante aduaneiro, ICMS e transporte nacional.

• Para fins de registro de custos a mercadoria deve ser ativada no ativo circulante do importador da seguinte maneira: Estoque de mercadoria importada, sem considerar o ICMS nem IPI da importação; e Impostos a cobrar, ICMS e IPI a serem recuperados.

• Existem vários elementos na formação do preço de exportação, sendo estes: Competidores potenciais, comissão de agente, despesas de propaganda, custos de produção, financiamento, tratamento tributário, despesas de exportação, investimento, margem de lucro.

• Para valorizar a exportação devem ser excluídos todos os itens que fazem parte do preço do mercado interno, e que não acontecem na exportação. Devem ser adicionados todos os itens que são apurados no preço da comercialização internacional.

RESUMO DO TÓPICO 2

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AUTOATIVIDADE

1 Para poder apurar o valor final de uma importação é necessário identificar alguns elementos de base de cálculo. Determine quais são estes.

2 Vamos supor que estamos analisando os impostos de importação a serem pagos. Em função dos seguintes valores, determine o valor aduaneiro e impostos de importação em reais.

Valor FOB: US$ 77.550,00Frete e seguro internacional: US$ 4.630,00Capatazia: US$ 450,00Taxa de câmbio: R$ 3,57 por dólarTEC: 18,00%PIS: 2,10%COFINS: 9,65%

3 Um importador está analisando os valores a serem pagos em uma importação. Os valores projetados da mercadoria já com os impostos de importação apurados são os seguintes:

BASE DE CÁLCULO DO ICMSValor aduaneiro R$ 860.053,76

Impostos de Importação R$ 149.219,33Despesas Aduaneiras e Taxas R$ 14.890,89

Valor Mercadoria Nacionalizada R$ 1.024.163,98

Em função do valor “Mercadoria Nacionalizada”, determine qual é o valor do imposto ICMS e do valor total da mercadoria, considere um ICMS hipotético de 14%.

I- O ICMS a ser pago será de R$ 143.382,83.II- O Valor total, já com ICMS embutido, será de R$ 1.190.887,31.III- O ICMS a ser pago será de R$ 166.724,22.IV- O valor total, já com ICMS embutido, será de R$ 1.167.545,92

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.b) ( ) As sentenças I e II estão corretas.c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.

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5 Uma vez realizado o processo de importação, a mercadoria deve ser colocada no armazém, assim como deve ser feito o registro contábil da importação. Levando isso em consideração, uma empresa possui os seguintes valores de uma importação: R$ 1.973.613 de valor total da importação, desse valor foram pagos R$ 175.613 de IPI e R$ 304.164 de ICMS.

Quais as sentenças corretas:

I- O valor a ser ativado como estoque de produto importado será de R$ 1.669.449.

II- O valor a ser ativado como impostos a recuperar será de R$ 479.747.III- O valor a ser ativado como estoque de produto importado será de R$

1.669.449.IV- O valor a ser ativado como estoque de produto importado será de R$

1.493.836.

6 Na precificação da exportação devem ser consideradas algumas informações, especialmente quando já existem dados históricos de custos do mercado nacional. Determine quais fatores fazem parte do preço do mercado nacional e devem ser extraídos e quais devem ser acrescentados para calcular o preço de exportação.

7 As empresas de porte médio e pequeno que desejam exportar geralmente contratam os serviços de um agente (trading company) para lhes ajudar nos processos de exportação. Considerando isso, no preço unitário FOB da fatura Proforma devem estar embutidas tanto a comissão de agente como as despesas da movimentação da mercadoria. Com essa premissa, determine a sentença correta em função dos seguintes dados:

Preço antes de despesas e comissão de agente: R$ 350,00.Taxa de câmbio de R$ 3,60.Despesas de movimentação 2,40% e Comissão de 5,00% sobre o valor FOB.

a) ( ) O preço FOB será de US$ 104,42, as despesas de movimentação serão de US$ 2,33, e a comissão será de US$ 4,86.

b) ( ) O preço FOB será de US$ 1.360,69, as despesas de movimentação serão de US$ 32,66 e a comissão será de US$ 68,03.

c) ( ) O preço FOB será de US$ 104,99, as despesas de movimentação serão de US$ 2,52 e a comissão será de US$ 5,25.

d) ( ) O preço FOB será de US$ 97,22, as despesas de movimentação serão de US$ 2,52 e a comissão será de US$ 5,25.

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TÓPICO 3

REGIMES ESPECIAIS E EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Tanto nos processos de exportação como nos de importação existem situações em que, em termos de custo de oportunidade, torna-se mais prático utilizar regimes que ajudem as necessidades financeiras (fluxo de caixa) e de logística das empresas que atuam ativamente no comércio exterior do Brasil. Esses regimes, no vocabulário de comércio exterior, são conhecidos como “regimes especiais”. No entanto, o que quer dizer esse termo, exatamente? No percurso deste tópico vamos conseguir visualizar o que é exatamente um regime especial.

2 DESTINO DAS MERCADORIAS ANTES DE SEREM NACIONALIZADAS

Para entender o contexto do que é um regime especial, primeiramente devemos saber alguns conceitos básicos, tais como: o que é um controle aduaneiro, uma zona primária e uma zona secundária. Toda mercadoria vinda do exterior ou saindo do país precisa ficar em algum lugar até poder ser nacionalizada, no caso da importação, ou até poder ser embarcada, no caso da exportação.

Para que essa mercadoria possa efetivamente ser nacionalizada ou exportada, como já estudamos na unidade anterior, precisa do despacho de importação ou exportação. Por meio do despacho aduaneiro a mercadoria poderá ser mobilizada, inclusive estoqueada, dentro da zona primária ou em zona secundária, em que haverá o respectivo “Controle Aduaneiro”.

Controle aduaneiro: o controle aduaneiro possui três vertentes principais:

• o controle das mercadorias;• dos veículos que transportam estas mercadorias;• dos locais por onde elas transitam ou ficam armazenadas.

Com relação aos locais, uma das formas utilizadas para exercer este controle é por meio da restrição de lugares por onde as mercadorias importadas, ou as que serão exportadas, podem transitar ou ficar armazenadas.

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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A zona primária é constituída pelos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados.

A zona secundária é o restante do território nacional, considerado como “zonas internacionais”.

FONTE: Adaptado de <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-importacao/topicos-1/conceitos-e-definicoes/local-de-realizacao-do-despacho>.

Acesso em: 15 abr. 2016.

I – Zona Primária compreende:a. a área, terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, ocupada pelos portos alfandegados;b. a área terrestre ocupada pelos aeroportos alfandegados;c. a área adjacente ocupada pelos aeroportos alfandegados.II – Zona Secundária compreende a parte restante do território aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo (VAZQUEZ, 2009, p. 121).

Acabamos de observar a conjuntura de como é executado o controle aduaneiro, sendo que esse controle precisa de zonas, ou áreas físicas e geográficas, e precisamente o deslocamento e permanência das mercadorias entre as zonas primárias e secundárias em que os regimes especiais atuam. Os regimes especiais ativos hoje no Brasil são: trânsito aduaneiro, admissão temporária de bens, admissão sem pagamento de impostos, admissão com pagamento parcial de impostos.

3 TRÂNSITO ADUANEIRO

Por meio deste regime permite-se o deslocamento de mercadorias, dentro do território nacional, de uma zona primária ou secundária para outra zona que esteja sob controle aduaneiro. A concessão deste regime especial possui requisitos e exigências extras. Segundo o art. 318 do Regulamento Aduaneiro, este regime possui as seguintes modalidades:

Art. 318. São modalidades do regime de trânsito aduaneiro:

I- o transporte de mercadoria procedente do exterior, do ponto de descarga no território aduaneiro até o ponto onde deva ocorrer outro despacho;

II- o transporte de mercadoria nacional ou nacionalizada, verificada ou despachada para exportação, do local de origem ao local de destino, para embarque ou para armazenamento em área alfandegada para posterior embarque;

III- o transporte de mercadoria estrangeira despachada para reexportação, do local de origem ao local de destino, para embarque ou armazenamento em área alfandegada para posterior embarque;

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TÓPICO 3 | REGIMES ESPECIAIS E EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

175

IV- o transporte de mercadoria estrangeira de um recinto alfandegado situado na zona secundária a outro;

V- a passagem, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente do exterior e a ele destinada;

VI- o transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente do exterior, conduzida em veículo, em viagem internacional, até o ponto em que se verificar a descarga; e

VII- o transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria estrangeira, nacional ou nacionalizada, verificada ou despachada para reexportação ou para exportação e conduzida em veículo com destino ao exterior.

FONTE: Brasil (2012)

Existem quatro tipos de trânsito aduaneiro: de importação, de exportação, interno e internacional. Para fins de nosso estudo de processos de internacionalização é importante focar no trânsito interno, tanto de exportação como de importação.

Trânsitodeimportaçãoeinterno

• Trânsitodeimportação:Neste regime a mercadoria entra pela zona primária, mas o beneficiário solicita que ela seja levada para outro ponto no território nacional para que lá sofra o despacho aduaneiro.

Exemplo: É o caso de mercadorias que entram pelo porto do Rio de Janeiro, mas o importador solicita que elas sejam transferidas para um porto seco no Estado de Minas Gerais. Durante esse transporte, os tributos ficam com a exigibilidade suspensa.

• Trânsito interno: Neste regime a mercadoria está no país em um recinto alfandegado e está sendo transferida para outro. Isso é comum em relação a mercadorias importadas em consignação e submetidas ao regime de entreposto aduaneiro. Elas ficam depositadas no recinto alfandegado até que alguém se interesse em despachá-las para consumo.

Exemplo: O agente de vendas do exportador estrangeiro está situado na região Sul, as mercadorias que ele trouxer para tentar vender para as empresas brasileiras ficam armazenadas em um porto seco próximo à sua sede. Caso este agente de vendas se transfira para São Paulo, as mercadorias serão também transferidas para um porto seco neste novo local. Neste caso, as mercadorias saem lacradas de um para outro porto seco.

FONTE: Luz (2012, p. 227)

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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Como acabamos de observar, um dos grandes objetivos destes regimes de trânsito é a suspensão de tributos até a importação definitiva, ou a reexportação das mercadorias. Assim, nessa situação, as mercadorias ficam “suspensas” de se nacionalizar em portos secos (zonas secundárias), e um dos portos secos mais utilizados nos processos de comercialização internacional é o Entreposto Aduaneiro e Industrial.

3.1 ENTREPOSTO ADUANEIRO E INDUSTRIAL

O entreposto aduaneiro e industrial permite importar com a suspensão de todos os tributos até um prazo de um ano. O deslocamento das mercadorias de uma zona primária para um entreposto aduaneiro justifica-se sempre e quando elas irão fazer parte de um processo produtivo e/ou comercial. Nesse sentido:

• As mercadorias admitidas sob este regime deverão passar por um processo de industrialização.

• O importador poderá importar gradativamente as mercadorias, contrariamente ao processo de importação, em que é feita a nacionalização de uma só vez. Isto permite aprimorar seu capital de giro e fluxo de caixa, ao não ter que pagar todos os impostos de importação em uma vez só.

Em função do exposto acima, o grande objetivo de aplicar este regime especial é a importação, em trânsito, para um recinto aduaneiro secundário, com ou sem cobertura cambial e com suspensão de pagamento de tributos. O entreposto industrial é conhecido como Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (RECOF), e foi normatizado por meio do Decreto nº 2.412, de 3 de dezembro de 1997 e publicado no DOU (Diário Oficial da União) de 4 de dezembro de 1997.

O RECOF é de grande ajuda na dinâmica dos processos operacionais das empresas que atuam ativamente no comércio exterior. Por meio deste regime pode-se:

• Executar montagem de produtos relacionados em norma. • Realizar transformação, beneficiamento e montagem de partes e peças. • Realizar acondicionamento e recondicionamento de partes e peças

comercializadas no mesmo estado. • Executar testes de performance, resistência ou funcionamento, de mercadorias,

previamente à importação definitiva. Vamos supor que uma grande empresa esteja fazendo testes de performance de equipamento industrial de grande valor (acima dos US$ 10 milhões), talvez ela condicione a compra previamente a um teste. Assim, o fornecedor leva a mercadoria até um entreposto aduaneiro e junto ao importador realizam os testes respectivos; se a mercadoria não cumprir com as exigências do importador, será reenviada ao país de origem do fornecedor.

• Analisar desenvolvimento de produtos, para um projeto comercial novo.

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TÓPICO 3 | REGIMES ESPECIAIS E EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

177

• Realizar renovação, recondicionamento, manutenção e reparo de produtos da indústria aeronáutica, motores e transmissões.

• Realizar desmontagem de produtos da indústria aeronáutica.

Como vimos anteriormente, o prazo de aplicação deste regime será de um ano. Prazo que deverá ser contado a partir da data do desembaraço no porto primário de entrada ao país para admissão no RECOF, conforme dispõe o Regulamento Aduaneiro:

SuspensãodetributosparaaRECOF

Art. 423. O prazo de suspensão do pagamento dos tributos incidentes na importação será de até um ano, prorrogável por período não superior para mais um ano.

1. Em casos justificados, o prazo de que trata o caput poderá ser prorrogado por período não superior, no total, a cinco anos, observada a regulamentação editada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

2. A partir do desembaraço aduaneiro para admissão no regime, a empresa beneficiária responderá pela custódia e guarda das mercadorias na condição de fiel depositária.

FONTE: <http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/busca?q=Art.+423%2C+%C2%A7+1+do+Decreto+6759%2F09>. Acesso em: 27 abr. 2016.

Até o vencimento do RECOF as mercadorias poderão ser encaminhadas para os seguintes destinos: despacho nacional para processo industrial; despacho nacional para consumo no mesmo estado em que foram importadas; e envio ao exterior, exportação, no mesmo estado em que foram importadas. Entende-se que ao acontecer qualquer dos três destinos anteriores, o regime RECOF será extinto ou finalizado.

3.1.1 Processo operativo do RECOF

Em termos de processos, quando a mercadoria chegar do país de origem ao porto, zona primária, por meio do despacho aduaneiro, o importador realiza o registro de declaração de admissão de regime de entreposto aduaneiro, com a suspensão dos impostos de importação. E uma vez executada a declaração, dá-se início a dois procedimentos:

1. A Receita Federal, após análise sistêmica e, em alguns casos, conferência documental e física, libera a mercadoria destinada ao entreposto industrial. A mercadoria é enviada para porto seco, entreposto industrial, dentro do território nacional.

2. A mercadoria é admitida no porto seco de destino, entreposto industrial, onde será executada a admissão do regime especial, permanecendo tecnicamente no recinto alfandegado secundário.

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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Assim, o recinto alfandegado secundário será, aliás, o entreposto industrial, e que em termos de logística empresarial são conhecidos também como “centros logísticos e industriais aduaneiros”. Nestes centros logísticos, zonas secundárias, as empresas lá instaladas trabalham em “zona de neutralidade fiscal”, sob regime de “entreposto aduaneiro”. Isto quer dizer que elas possuem os tributos suspensos das mercadorias lá estocadas até os prazos respectivos das mercadorias vencerem.

Agora, se até o prazo limite de um ano a mercadoria ainda não foi nacionalizada, serão exigidos os tributos suspensos e a mercadoria obrigatoriamente será nacionalizada, do contrário ela deverá ser imediatamente reexportada, ou seja, enviada ao exterior. No entanto, em que ficam estes entrepostos industriais?

O entreposto industrial fica no centro logístico e industrial aduaneiro. Tecnicamente estes são armazéns alfandegados onde executam-se processos de desembaraço aduaneiro, tanto na importação como na exportação de mercadorias, processo que é gerado gradativamente à medida que as empresas lá autorizadas vão precisando. Ao contrário das zonas primárias, onde as mercadorias devem ser nacionalizadas ou exportadas na sua totalidade.

Por questões de investimento, estes centros logísticos são transferidos à iniciativa privada, por meio de processos licitatórios. Em termos físicos tratam-se de áreas geográficas com densidades técnicas e normativas. Os entrepostos são uma opção dinâmica e mais econômica para as empresas atuantes no comércio exterior, pois em termos de custo de oportunidade são uma alternativa real e mais econômica aos portos e aeroportos, zonas primárias, para executar procedimentos de desembaraço aduaneiro gradativo, principalmente quando a mercadoria irá demorar alguns meses para ser consumida em sua totalidade.

FIGURA 2 - FLUXO DAS MERCADORIAS NO REGIME DE ENTREPOSTO ADUANEIRO

FONTE: <http://www.pg.utfpr.edu.br/ppgep/Ebook/e-book2006/Artigos/11.pdf>.Acesso em: 15 abr. 2016.

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TÓPICO 3 | REGIMES ESPECIAIS E EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

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Os Centros Logísticos e Industriais Aduaneiros ajudam a dinâmica das empresas industriais e comerciais do país, principalmente economizam fluxo de caixa das empresas atuantes no comércio exterior. Existem três grandes tipos de usuários dos entrepostos industriais:

• Grandes indústrias: Estas indústrias importam muitos insumos e peças que fazem parte do processo produtivo em si, e no geral importam vários containers que servirão como estoque, mas para evitar um só grande pagamento de impostos, por meio do entreposto industrial, a nacionalização da mercadoria será executada gradativamente. Exemplo: uma grande montadora de carros.

• Grandes empresas comerciais: Estas empresas importam tanto insumos para a indústria como produtos para consumo final. Por meio do entreposto industrial, a empresa comercial vai executando gradativamente a nacionalização da mercadoria. Exemplo: uma empresa que vende insumos essenciais para uma série de pequenas indústrias ao longo do território nacional.

• Bancos comerciais: Muitas vezes, quando o importador faz financiamento para importar a mercadoria, os bancos emprestam com o condicionamento de que as mercadorias estejam estocadas em entreposto industrial. Assim, o importador poderá ir nacionalizando a mercadoria à medida que vai precisando e pagando saldo devedor ao banco comercial.

FIGURA 3 – CENTRO LOGÍSTICO E INDUSTRIAL ADUANEIRO DE BETIM-MG

FONTE: <http://2.bp.blogspot.com/-AFdwHWhhTgs/To0RWT2LnAI/AAAAAAAAAAM/_9exPt7EorQ/s1600/PORTO+SECO.jpg>. Acesso em: 15 abr. 2016.

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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4 DRAWBACK - TRATAMENTO ADUANEIRO

Grande parte das mercadorias exportadas possui insumos e peças importadas. Assim, com o intuito de melhorar a competitividade das exportações brasileiras, foi implementado o Drawback, com o objetivo de que o exportador esteja isento (livre) do pagamento de impostos desses insumos que fazem parte das mercadorias importadas. Como funciona e para quem é concedido o Drawback?

O regime especial de Drawback é concedido para empresas exportadoras, ou para empresas industriais e/ou comerciais que irão vender aos exportadores. Para normatizar o processo de Drawback a SECEX tem desenvolvido, por meio do SERPRO (Serviço Federal de Processamento de Dados), o sistema de controle para tais operações. Nesse sentido, as operações de Drawback são processadas administrativamente por meio do denominado Sistema Drawback Eletrônico, sistema que vem operando ativamente desde novembro de 2001 como módulo específico do SISCOMEX. O Sistema Drawback Eletrônico possui as seguintes funções:

• O registro de todas as etapas do processo de concessão do Drawback, sempre em documento eletrônico, realizando processos administrativos tais como a solicitação, a autorização, consultas sobre o processo, alterações e baixa de execução do Drawback.

• Quando acontecer a fase de nacionalização e exportação, o Sistema Drawback Eletrônico executa o tratamento administrativo automático nas operações parametrizadas. Ou seja, executa acompanhamento real tanto das importações como das exportações vinculadas ao sistema. Cabe lembrar que em todo Drawback existem tanto processos de importação como de exportação.

Temos estudado como funciona a dinâmica do Drawback no que tange ao registro administrativo no SISCOMEX, mas como funciona e quais as modalidades de Drawback que vêm se aplicando ao comércio exterior brasileiro?

O regime de Drawback consiste basicamente na importação temporária de insumos livres de qualquer tributação. Estes insumos irão fazer parte de processos produtivos de transformação de produtos que serão 100% exportados. Em termos de tributos, o regime de Drawback possui duas grandes modalidades de aplicação, aisençãoeasuspensãodeimpostos para os seguintes produtos: insumos, matéria-prima e embalagens. Os impostos a serem considerados em um processo de Drawback são: Imposto de Importação – II; Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; PIS e COFINS; AFRMM; e Imposto ICMS.

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TÓPICO 3 | REGIMES ESPECIAIS E EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

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4.1 DRAWBACK SUSPENSÃO

Esta modalidade de Drawback está baseada na suspensão de tributos incidentes na importação, para mercadoria que irá fazer parte de um processo de exportação. Ao tratar de suspensão, como o nome diz, os tributos ficam suspensos de pagamentos até ter a justificativa respectiva da exportação desses insumos e, portanto, a exoneração definitiva destes; caso contrário, assim que a suspensão finaliza, há pagamento de impostos. Segue exemplo de fluxo do Drawback Suspensão.

FIGURA 4 – FLUXO DO DRAWBACK SUSPENSÃO EM FUNÇÃO DA REPOSIÇÃO DE ESTOQUE

FONTE: <http://www.efficientaduana.com.br/drawback.php>. Acesso em: 16 abr. 2016.

Observando o fluxo do Drawback Suspensão, temos os seguintes passos:

1. O exportador/importador solicita o Drawback. A SECEX analisa e caso aceitar aprova a modalidade.

2. O exportador/importador executa a importação dos insumos com suspensão de impostos.

3. O exportador/importador executa a exportação.4. O exportador/importador realiza o trâmite administrativo de comprovação

da exportação para que a “suspensão” seja definitiva e vire exoneração de impostos.

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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A modalidade suspensão é a mais utilizada hoje, podendo ser aplicada através das seguintes modalidades:

• Drawback Genérico – Neste, aplica-se o discernimento genérico da mercadoria a importar e seu respectivo valor.

• Drawback Solidário – Neste, aplica-se a participação de duas ou mais empresas industriais na importação.

• Drawback para Fornecimento no Mercado Interno – Neste, aplica-se a importação de matéria-prima ou insumos, como produto intermediário, que será distribuído a empresas exportadoras.

4.2 DRAWBACK ISENÇÃO

Esta modalidade de Drawback está baseada na isenção dos tributos da importação de mercadoria que irá fazer parte de uma exportação. Para que possa existir a “isenção”, tanto em quantidade como em qualidade equivalentes, necessariamente a importação isenta de imposto deverá ser fruto da reposição de outra importada anteriormente que teve pagamento de tributos, ou seja, há um efeito cadeia, em que houve uma importação inicial que teve pagamento de tributos. Para exemplificar:

• Vamos supor que um exportador de sapato social contrata um fornecedor da Colômbia para se abastecer tanto de saltos como da palmilha do sapato que logo será exportado. Na primeira importação a empresa exportadora terá que pagar os tributos da importação, do salto e da palmilha, mas como esses insumos serão exportados, já na segunda importação (terceira, quarta, e assim por diante) o exportador terá direito à isenção dos tributos, pois há uma justificativa histórica de que esses insumos terão como destino a exportação.

• Vamos supor que na primeira importação houve os seguintes valores de impostos:o Valor aduaneiro: R$ 100.000.o Impostos com um equivalente 45% do valor aduaneiro, exemplificando,

impostos pagos de R$ 45.000, na primeira importação.o Na segunda importação, no momento de pagar esses impostos, o

importador/exportador terá um crédito tributário pelo valor equivalente de R$ 45.000, por meio do qual poderá arcar com os impostos da segunda importação.

o Claro que na prática real há suas particularidades, mas na essência o conceito é esse, de aplicar crédito tributário de importações anteriores da mesma mercadoria que vem se usando para um processo de exportação.

Nesse sentido, no momento de repor estoque, haverá isenção (exoneração) dos tributos. Segue exemplo de fluxo do Drawback Isenção.

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TÓPICO 3 | REGIMES ESPECIAIS E EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

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FIGURA 5 – FLUXO DO DRAWBACK ISENÇÃO EM FUNÇÃO DA REPOSIÇÃO DE ESTOQUE

FONTE: <http://www.efficientaduana.com.br/drawback.php>. Acesso em: 16 abr. 2016.

Observando o fluxo do Drawback Isenção, temos os seguintes passos:

1. O exportador/importador importa normalmente, pagando todos os tributos.2. O exportador executa a exportação com insumos vindos da importação.3. O exportador solicita o drawback, logo, a SECEX analisa e aprova.4. O exportador/importador executa a importação com isenção de impostos,

justificando a isenção com a aprovação da SECEX.5. O exportador/importador executa uma nova exportação, e assim sucessivamente.

4.3 REGISTRO DA MODALIDADE DO REGIME DRAWBACK

Como já estudamos anteriormente, hoje é utilizado o Sistema Drawback Eletrônico. A empresa exportadora:

[...] deve tanto na modalidade de isenção como na de suspensão de tributos, utilizar o Relatório Unificado de Drawback visando informar os documentos registrados no SISCOMEX, tais como: o RE - Registro de Exportação; o DI - Declaração de Importação; o RE - Registro de Exportação; e o RES - Registro de Exportação Simplificado, bem como manter em seu poder as notas fiscais de venda no mercado externo e interno (RECEITA FEDERAL, 2016).

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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Logo, o SISCOMEX encaminha essas informações aos órgãos governamentais envolvidos, tais como a SECEX, a Receita Federal, entre outros. O objetivo de encaminhar a documentação é para conferir processos e o Relatório Unificado de Drawback, comprovando efetivamente as operações de importação e exportação que estejam vinculadas ao regime especial de tributação. Conferindo assim o vínculo ao Ato Concessório do Drawback, para seu respectivo processamento de sua baixa no sistema. A dinâmica do Drawback é muito interessante e suas normas estão constantemente se inovando, visando facilidades aos exportadores.

DICAS

Caso queira se aprofundar no sistema Drawback e observar qualquer mudança nesse regime, acesse o Drawback Web, que é o sistema oficial de acompanhamento da Importação/Exportação do governo em conjunto com o SISCOMEX: <http://www.regimedrawback.com.br/>

5 EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

Será que a comercialização internacional de serviços é semelhante a qualquer processo de exportação ou importação de mercadorias? Como processos administrativos eles são bem diferentes, mas na sua essência, os dois, tanto a exportação de mercadorias como de serviços, são geradores de divisas para o país exportador.

Muitas vezes há maior potencial de negócio e geração de lucro na exportação de serviços. Na Espanha, grande parte das exportações resulta precisamente de serviços. Geralmente a exportação de serviços demanda da geração de valor agregado, gerando um alto volume de atividades e de divisas, tais como empresas de turismo e de consultoria especializada. A seguir podemos observar a importância das exportações de serviços para a geração de divisas na Espanha.

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FIGURA 6 – VOLUME DE EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS NA ESPANHA

Disponível em: <http://cincodias.com/cincodias/2014/05/15/economia/1400166153_094450.html>. Acesso em: 21 abr. 2016.

Observe que no ano 2013, na Espanha, a exportação de serviços faz parte de 33% das exportações. É um dos países com maior participação dos serviços na composição de suas exportações, e grande parte desses serviços exportados vem do setor de turismo, hoje a Espanha é país líder nesse setor. Ao comparar com o Brasil, no ano de 2013 nosso país teve um volume total de exportações de US$ 242 bilhões, e um pouco menos de US$ 40 bilhões foram serviços. Isso quer dizer que 15% das exportações brasileiras são consideradas serviços, pense no potencial de crescimento deste setor nos próximos anos.

Em 2014, as exportações brasileiras de serviços somaram US$ 40,7 bilhões. Um ano antes, o volume havia sido de US$ 37,5 bilhões. Para o MDIC, o segmento de serviços é muito promissor. Nos últimos anos, a atuação de empresas brasileiras em mercados externos vem apresentando crescimento, com perspectiva de aumentar ainda mais. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=4&noticia=13721>. Acesso em: 22 abr. 2016.

5.1 EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

Como acabamos de ver, há muito potencial na exportação de serviços. Nesse sentido, o Brasil vem conseguindo desenvolver softwares e aplicativos eletrônicos que vêm sendo exportados nos últimos anos. Existe outra área de exportação de serviços em que o Brasil é ativo e, aliás, pode crescer mais ainda nos próximos anos, o turismo estrangeiro. Este setor é considerado exportação pelos seguintes motivos:

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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• Gera divisas: O turista estrangeiro para poder consumir durante a viagem precisa trocar seus dólares (ou qualquer moeda estrangeira que ele tiver) por nossa moeda nacional, reais, e assim poder consumir no país.

• Gera venda de diversos produtos: Um turista, durante a viagem, vai comprar mercadorias que logo irá levar para sua casa, assim como também vai se alimentar, gastando bastante em restaurantes. Tudo isso será pago com moeda estrangeira, ou seja, por meio do câmbio de dólares para reais. Nesse sentido, toda venda nacional, desde um almoço, uma passagem de avião, até um produto artesanal comprado pelo turista, será como se esses produtos estivessem se “exportando”.

Eis o porquê de o turismo ser considerado exportação de serviços, pois abrange uma série de produtos e serviços que são consumidos por meio da renda dos estrangeiros gasta no território nacional. Assim, o turismo estrangeiro traz dinheiro estrangeiro e gera investimento de recursos produtivos internos.

Oqueéexportaçãodeserviços?Como se pode observar, a exportação de um serviço não é tão óbvia assim, mas existem diversas atividades econômicas que são consideradas como exportação de serviços. Exemplos:

• Se um profissional brasileiro oferece uma consultoria para uma empresa localizada na cidade de Bogotá - Colômbia, e como fruto desse serviço gera-se uma renumeração que retorna ao Brasil, logo, esse serviço profissional é considerado uma exportação de serviço.

• Um estudante estrangeiro vem fazer um curso de graduação aqui no Brasil, os gastos da faculdade e, aliás, todos os seus gastos gerados aqui no Brasil viram exportação de serviços. É exatamente a mesma situação do caso do turismo estrangeiro.

Quaissãoosserviçosmaispropíciosparaexportação?Como acabamos de observar, existe uma série de serviços sujeitos a serem considerados como exportações. A seguir, alguns dos serviços mais exportados pelos países.

• Turismo e viagens: Este tipo de serviço abrange todos os negócios e serviços envolvidos nas transações realizadas pelo viajante estrangeiro. Tanto faz que o estrangeiro seja turista ou viajante de negócios, os dois geram exportações de serviços. Na Espanha, o turismo é a segunda fonte de divisas frescas.

• Transporte: Todo transporte internacional é considerado exportação de serviços do país ofertante do serviço. Aqui, podemos citar transporte internacional aéreo, marítimo, fluvial, ferroviário e transporte intermodal internacional. Na exportação de serviços também se consideram serviços diversos ofertados nos centros de apoio dos portos e aeroportos internacionais do país. Todos estes tipos de serviços, aliás, são considerados essenciais ao comércio exterior do Brasil.

• Serviços profissionais diversos: Existem empresas e profissionais que oferecem seus serviços não só aqui no Brasil, mas também no exterior, tais como: escritórios de arquitetura, construção e engenharia. Aqui também podemos citar serviços de educação e treinamento.

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TÓPICO 3 | REGIMES ESPECIAIS E EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

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• Serviçosdeknow how (conhecimento empresarial): Empresas de sucesso no seu país de origem exportam seus conhecimentos empresariais por meio de franquias, como exemplos temos o Burger King, McDonald’s, Zara (loja de roupa espanhola). Estas corporações vendem direitos (regalias) de uso de seu nome e conhecimento do negócio para empresas e indivíduos nos diversos países onde estas marcas estão ativas. No caso do Burger King e McDonald’s, o exportador do serviço será os EUA, onde estas corporações mantêm suas matrizes; no caso das lojas Zara, o país exportador do serviço será a Espanha, onde fica a matriz.

• Serviçosdegeraçãodeaplicativos(software): Muitas empresas de TI ofertam serviços diversos ao longo dos países, exportando serviços profissionais de TI e softwares. O Brasil é um polo de crescimento nesta área de comércio exterior de serviços, gerando muita importação deste serviço, como exportações.

Esses são alguns dos tipos de serviços mais comuns a serem exportados, mas existem outros. A chave para que um serviço possa se tornar exportação é que o fruto desse serviço possa gerar divisas frescas ao país de origem.

5.2 IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

Onde há uma exportação de serviços existe uma contrapartida de importação deste. Como conceito, a importação de serviço acontece quando o país apresenta uma saída de divisas recorrente da importação de um serviço, exemplo:

• O turista brasileiro que faz uma viagem de turismo para Buenos Aires, por exemplo, todo o gasto gerado na viagem é considerado uma importação de serviços.

• O estudante brasileiro que faz uma especialização nos Estados Unidos, todo o gasto por ele gerado durante seus estudos será considerado importação de serviços.

• O pagamento de uma consultoria ambiental no estado de São Paulo para um escritório em Londres será considerado importação de serviços.

• O pagamento para uma empresa dos Estados Unidos pelo desenvolvimento de um software para uma empresa brasileira.

• O pagamento pelos direitos de propriedade intelectual, ou seja, o licenciamento de uso para: marca estrangeira no país, uso de tecnologia específica, impressão de livro de autor estrangeiro etc.

Todos os casos citados acima geram uma saída de divisas para o país de destino onde foram ofertados esses serviços. E sendo importação, existe a presença da Receita Federal para controlar e para procurar geração de impostos recorrentes da importação de serviços, como podemos observar a seguir.

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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Geraçãodetributosnaimportaçãodeserviços

[...] as aquisições de serviço do exterior são sujeitas aos seguintes tributos:• PIS – 1,65%, conforme Lei 10.865/2004;• COFINS – 7,60%, conforme Lei 10.865/2004;• ISS – de acordo com o município onde se encontra o importador. Lei

Complementar nº 116/2003.

O fator gerador de tais contribuições se dá na remessa de valores ao exterior.

Propriedade Intelectual: Quando falamos de propriedade intelectual, em que ocorre o licenciamento de uso de uma marca, de tecnologia ou transferência dela, falamos da incidência de Imposto de Renda IR na Fonte (pagamentos a pessoas domiciliadas no exterior), Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE, Imposto sobre Serviços – ISS, PIS, COFINS e Imposto sobre Operações Financeiras – IOF, com alíquotas de:

• IR – 15% (25% nos casos de paraísos fiscais);• CIDE – 10%;• ISS – alíquota de acordo com o município onde se encontra o importador. Lei

Complementar nº 116/2003;• PIS – 1,65%, conforme Lei 10.865/2004;• COFINS – 7,60%, conforme Lei 10.865/2004;• IOF – 0,38%.

FONTE: <http://educomex.net/como-funciona-a-tributacao-na-importacao-de-servicos-e-propriedade-intelectual/>. Acesso em: 21 abr. 2016.

Como podemos ver, existe uma série de impostos a serem considerados quando contratamos um serviço de maneira formal no exterior, mas, ao não se apresentar registro algum de desembaraço aduaneiro que esteja vinculado ao débito dos impostos para o serviço contratado, a importação de serviços (e intangíveis, tal como propriedade intelectual) deve estar sujeita a atenção redobrada quando se apurar e pagar os impostos respectivos por parte da empresa que estiver importando.

Nesse sentido, deve-se fazer a declaração de impostos e registros da importação no SISCOSERV (Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio) dentro dos prazos formalmente estabelecidos.

Para finalizar, convido você a ler sobre como as inovações no Drawback estão ajudando na comercialização de insumos importados destinados à exportação. Boa leitura!

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TÓPICO 3 | REGIMES ESPECIAIS E EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS

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LEITURA COMPLEMENTAR

Drawback Verde-Amarelo – Impulso para o mercado interno e mais benefícios aos exportadores

Dr. Tarso Hofmeister

O Drawback é um pacote de benefícios aos contribuintes que praticam operações de comércio exterior.

De forma genérica, consiste na suspensão, isenção ou restituição dos tributos devidos na importação, especificamente o Imposto de Importação (II), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

A concessão do benefício é feita por um ato administrativo denominado Ato Concessório, no qual vêm estabelecidas as condições a serem cumpridas pelo contribuinte que o pretende. O contribuinte se exime das obrigações tributárias na importação, desde que seus produtos exportados sejam compostos pelos importados.

O Drawback Verde-Amarelo é a suspensão do IPI, PIS e COFINS para compra de produtos nacionais destinados a bens exportáveis.

Esse benefício implica em expressivo incentivo aos exportadores. Pois, pelo Drawback Verde-Amarelo é permitido ao industrial adquirir matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, no mercado interno, com suspensão dos tributos citados.

Antes havia a incidência regular dos tributos que, por gravar insumos destinados à industrialização de produto a ser exportado, geravam ao adquirente saldo credor.

Para os exportadores a balança era assaz desfavorável. Pois, por exportarem, não contam com tributação em suas vendas. Esse “saldo credor” virava um peso morto em suas operações.

Porém, há de se atentar para o seguinte:

O Drawback Verde-Amarelo será concedido exclusivamente na modalidade suspensão. Ou seja, se o contribuinte, embora detentor de Ato Concessório, fizer operações com a incidência desses tributos (ou seja, adquira insumos com a incidência do IPI e PIS/Cofins na etapa anterior), não poderá pleitear a isenção dos tributos em outras operações (drawback isenção), tampouco a restituição deles (drawback restituição).

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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Não fazem jus ao Drawback Verde-Amarelo as operações com:

I- matéria-prima e outros produtos que, embora não integrando o produto a exportar ou exportado, sejam utilizados em sua industrialização, em condições que justifiquem a concessão (como é permitido em relação ao drawback “genérico”);

II- matérias-primas e outros produtos utilizados no cultivo de produtos agrícolas ou na criação de animais a serem exportados, definidos pela Câmara de Comércio Exterior - Camex (como é permitido em relação ao drawback “genérico”);

III- mercadoria utilizada em processo de industrialização de embarcação, destinada ao mercado interno, nos termos da Lei 8.402, de 8 de janeiro de 1992, nas condições previstas no Anexo C da Portaria Secex 36/07 (como é permitido em relação ao drawback “genérico”);

IV- matérias-primas, produtos intermediários e componentes destinados à fabricação, no país, de máquinas e equipamentos a serem fornecidos, no mercado interno, em decorrência de licitação internacional, contra pagamento em moeda conversível proveniente de financiamento concedido por instituição financeira internacional, da qual o Brasil participe.

De acordo com a Câmara de Comércio Exterior, nos três meses em que esteve em vigor no ano passado, o beneplácito tributário abrangeu 2,98% das exportações do país.

Ainda de acordo com esse órgão, as exportações beneficiadas pelo Drawback Verde-Amarelo já representam 15% do total de operações realizadas dentro do Drawback regular, que dá isenção tributária apenas para os insumos importados adquiridos para a produção de mercadorias a serem exportadas, que está em vigor há anos.

Trata-se, portanto, de um grande e positivo sopro ao mercado interno brasileiro. A tendência dos exportadores com certeza é migrar para o benefício do Drawback Verde-Amarelo.

Para usufruir do benefício, os exportadores deverão fazer o pedido diretamente à Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC, conforme especificações que estarão contidas em portaria da Secex.

FONTE: <http://www.edisonsiqueira.com.br/site/doutrinasdetalhes.php?id=121>. Acesso em: 23 abr. 2016.

Page 201: Processo de Exportação e Importação

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Neste tópico, você aprendeu que:

• As mercadorias, antes de serem nacionalizadas, passam pelo controle aduaneiro, ficando nas zonas primárias ou secundárias segundo as particularidades da importação.

• O deslocamento e permanência das mercadorias entre as zonas primárias e secundárias é o que determina o regime especial, sendo estes: trânsito aduaneiro, admissão temporária de bens, admissão sem pagamento de impostos, admissão com pagamento parcial de impostos.

• O entreposto aduaneiro e industrial permite importar com a suspensão de todos os tributos até um prazo de um ano. Sempre e quando as mercadorias irão fazer parte de um processo produtivo e/ou comercial, nesse sentido.

• No entreposto industrial o importador poderá importar gradativamente as mercadorias, contrariamente ao processo de importação, em que é feita a nacionalização de uma só vez.

• O entreposto industrial fica no centro logístico e industrial aduaneiro. Tecnicamente são armazéns alfandegados onde executam-se processos de desembaraço aduaneiro tanto de importação como de exportação.

• O regime especial de Drawback é usado para importação livre de impostos e é concedido para empresas exportadoras que importam insumos, ou para empresas industriais e/ou comerciais que irão vender aos exportadores.

• Os processos de exportação e importação de serviços são diferentes dos de mercadorias, mas tanto a exportação de mercadorias como a de serviços gera divisas para o país exportador.

RESUMO DO TÓPICO 3

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AUTOATIVIDADE

1 A zona primária é aquela através da qual as mercadorias são exportadas e importadas pelo país. Sobre a zona primária, quais sentenças são verdadeiras?

a) Fazem parte da zona primária a área terrestre e adjacente de fronteiras alfandegadas.

b) Faz parte da zona primária a área terrestre onde estão localizados os aeroportos alfandegados.

c) Faz parte de zona primária a área destinada a depósitos industriais em regime especial aduaneiro.

d) Faz parte da zona primária a área aquática onde estão localizados os portos alfandegados.

2 A modalidade Drawback se resume basicamente nas modalidades de isenção e suspensão. Sobre a modalidade suspensão, analise e indique as sentenças corretas:

I- Aplica-se a modalidade suspensão no Drawback genérico quando fica caracterizada a discriminação genérica da mercadoria a importar e o seu respectivo valor.

II- Não é possível aplicar a modalidade suspensão no Drawback Verde-Amarelo, pois nesse caso aplica-se a modalidade de isenção.

III- Aplica-se a modalidade suspensão no Drawback solidário quando existe participação solidária de duas ou mais empresas industriais na importação.

3 O trânsito aduaneiro ajuda na logística e controle de mercadorias que ainda não têm sido nacionalizadas ou que estão prestes a serem enviadas ao exterior. Determine o que é trânsito aduaneiro.

4 No RECOF, quando a mercadoria chegar do país de origem ao porto, zona primária, imediatamente, por intermédio do despacho aduaneiro, o importador realiza o registro de declaração de admissão de regime de entreposto aduaneiro, com a suspensão dos impostos de importação. Considerando isso, e uma vez executada a declaração aduaneira, determine quais são os passos do RECOF:

5 O entreposto industrial, conhecido como RECOF (Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado), é um regime de importação muito útil para aprimorar custos de importação, pois as mercadorias não serão nacionalizadas no momento em que estas chegam ao país, mas sim, gradativamente, à medida que o importador possa precisar. Nesse contexto, determine quais sentenças são corretas.

Page 203: Processo de Exportação e Importação

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I- As mercadorias admitidas sob este regime deverão passar por um processo de industrialização.

II- Quando utilizar o RECOF, permite-se importar para um recinto aduaneiro secundário.

III- O prazo de aplicação do regime será de seis meses, contado a partir da data do desembaraço para admissão no RECOF.

IV- Este regime permite importar e suspender todos os tributos de importação, assim, o importador poderá importar gradativamente e não em uma vez só.

6 O turismo estrangeiro é considerado um setor da economia que gera grandes volumes de divisas para o Brasil. Por que este setor é considerado exportador de serviços?

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UNIDADE 3 | A LOGÍSTICA E PRECIFICAÇÃO DA EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO

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