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Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso SUPLEMENTAÇÃO DE CREATINA EM ATLETAS DE CICLISMO EM 20 HORAS DE ENDURANCE Autor: Nilton Junio Ribeiro Bezerra Orientador: Francisco José Andriotti Prada Brasília - DF 2011

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Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física

Trabalho de Conclusão de Curso

SUPLEMENTAÇÃO DE CREATINA EM ATLETAS DE CICLISMO EM 20 HORAS DE ENDURANCE

Autor: Nilton Junio Ribeiro BezerraOrientador: Francisco José Andriotti Prada

Brasília - DF 2011

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NILTON JUNIO RIBEIRO BEZERRA

SUPLEMENTAÇÃO DE CREATINA EM ATLETAS DE CICLISMO EM 20 HORAS DE ENDURANCE

Artigo apresentado ao curso de graduação em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de licenciatura. Orientador: Profº Dr. Francisco José Andriotti Prada

Brasília 2011

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Artigo de autoria de Nilton Junio Ribeiro Bezerra “Suplementação de creatina em atletas de ciclismo em 20 horas de endurance ” apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, em 04 de Junho de 2011, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:

Prof. Dr. Francisco José Andriotti Prada Orientador

Prof. Ms. Luiz Antônio de Oliveira Rocha Avaliador

BRASÍLIA 2011

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NILTON JUNIO RIBEIRO BEZERRA SUPLEMENTAÇÃO DE CREATINA EM ATLETAS DE CICLISMO EM 20 HORAS

DE ENDURANCE Resumo: A utilização de creatina na suplementação de atletas teve sua disseminação no cenário esportivo a partir da possível melhoria no desempenho no exercício. O objetivo do estudo foi avaliar o desempenho de atletas do ciclismo em uma competição de 20 horas de endurance comparando os resultados avaliativos antes e durante a competição do grupo suplementado com creatina. A amostra foi composta por de 5 indivíduos, sendo estes com média de idade igual á 25,8 ± 7,29 anos. Os sujeitos foram divididos aleatoriamente em dois grupos creatina (CRE, n=2) e placebo (P, n=3), sendo suplementados durante 30 dias com 5g/dia antecedendo a competição. As variáveis analisadas por meio da balança de bioimpedância foram peso, massa magra, gordura corporal, absorção de água entre outra analises de perimetria como: circunferência de coxa (direita e esquerda) e a relação cintura quadril (RCQ). Na analise das variáveis peso, circunferência de coxa e relação cintura quadril, não foram apresentado diferenças significativa intra e inter grupos durante a competição, já na verificação da massa magra, gordura corporal e absorção de água foram encontrados diferenças significativas entre os grupos em determinadas fases da competição. Apesar de poucos estudos relacionados a suplementação de creatina em competições de endurance, foram encontrados resultados favoráveis na suplementação de creatina em atletas de ciclismo na competição de 20 horas.

Palavras Chave: Creatina, Ciclismo, Exercício aeróbio. INTRODUÇÃO

A suplementação de creatina passou a popularizar-se pela possível melhoria no desempenho no exercício, esta substância é conhecida desde o século passado, mas sua função no metabolismo muscular e no desempenho físico tornou-se conhecido nos anos recentes. A creatina é um aminoácido, ácido metil guanidina - acético (KREIDER, 1998), o qual se encontra presente tanto nos alimentos quanto no organismo humano, devido à síntese endógena. A partir da produção da creatina no ser humano, esse composto nitrogenado inicia seu ciclo de formação no rim, em uma reação envolvendo dois aminoácidos: arginina e glicina (PERALTA e AMANCIO, 2002) O principal destino final da creatina sintetizada é o tecido muscular esquelético, o qual detém aproximadamente 95% do pool orgânico; os 5% restantes distribuem-se entre órgãos como o coração, cérebro, retina e testículos (BALSOM et al., 1994). Uma pessoa adulta, com uma dieta habitual variada (mista), ingere diariamente aproximadamente 1.g de creatina, e uma quantidade semelhante é produzida pelo fígado para atingir as necessidades diárias. Este total (cerca de 2.g), equivale aproximadamente à creatina reciclada diariamente pelo organismo (GREENHAFF,1995).

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Após um exercício de alta intensidade, cerca de 50% da concentração inicial de CP é ressintetizada no primeiro minuto de recuperação, a ressíntese total da CP é completada em média 5 minutos (SODERLUND e HULTMAN, 1991). Apesar da CP não ser considerada como uma fonte energética primária durante os exercícios submáximos tem sido relatada uma relação inversa entre a intensidade do exercício e o nível de CP nos músculos exercitados. Em indivíduos submetidos a exercícios de bicicleta em uma intensidade entre 60 e 70% do VO2 máx. durante 80 minutos, tem se demonstrado uma diminuição dos níveis de CP para aproximadamente 40% dos valores iniciais (BROBERG e SAHLIN, 1989). Assim, parece que estas quantidades diminuem até mesmo durante o exercício submáximo, mas os estoques musculares não são consumidos no mesmo grau como em um exercício de alta intensidade. Segundo Willmore e Costill (1994), os níveis de CP podem ser reduzidos em 10 - 15% do conteúdo inicial, após 10 - 12 segundos de exercício intenso.

Para atletas de endurance uma das maiores preocupações é conseguir manter o ritmo ideal durante toda a prova, quando o exercício torna-se mais intenso e mais longo,ocorre um aumento dos níveis de lactato e o acumulo desta substancia nos músculos pode gerar uma hiperacidez (SOUZA et al., 2005), diante desta idéia a creatina na forma fosforilada, como reserva de fosfatos de alta energia, não permite somente na manutenção dos níveis de ATP intracelular em condições de trabalho muscular, mas também, na condição de repouso (recuperação), atua no músculo como transportador de grupos fosfato de alta energia da mitocôndria para o citoplasma (MAYES, 1996). Relacionando ainda ao exercício com característica aeróbia, parece que existe um efeito ergogênico sobre o desempenho de atletas engajados em exercícios físicos intervalados, dependentes primariamente do metabolismo aeróbio para a produção de energia. Segundo Stroud et al., (1994), a suplementação com creatina pode modificar a utilização de substratos, e conseqüentemente melhorar o desempenho durante o exercício prolongado submáximo, e em exercícios com múltiplos sprints periódicos, como ocorre durante o ciclismo de uma competição de triathlon de curta e média distância

A CP também é utilizada durante o trabalho anaeróbio (láctico) intermediário – 15 segundos até alguns minutos, quando sua quebra vai ajudar a tamponar o meio ácido intracelular, causado pelo acúmulo de lactato. Maior quantidade de CP na célula muscular significa uma maior capacidade de tamponamento, e assim, um maior tempo de resistência à fadiga (SODERLUND et al., 1994). Em alguns estudos relacionados a suplementação de creatina mostram a possibilidade de aumentar o pool orgânico deste composto em 10 a 20%, embora alguns estudos tenham demonstrado acréscimo de até 50% em seus níveis totais, após a suplementação em indivíduos não vegetarianos (BURKE e BERNING, 1996). A ampliação da reserva de energia no músculo através da creatina tem permitido aprimorar o desempenho físico de atletas (VOLEK et al., 1997). Contudo, nem todas as pesquisas têm mostrado efeitos significativos após a suplementação com este composto (TERRILION et al., 1997).

Segundo Balsom et al., (1994) a creatina tem apresentado uma taxa de degradação maior nas fibras musculares do tipo II (contração rápida) quando comparadas às do tipo I (contração lenta), e a disponibilidade de CP como um substrato energético nas fibras de contração rápida é considerada o possível fator limitante para a manutenção da força muscular durante um exercício de

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alta intensidade em contra partida, Gariod et al., (1994) mostraram que a taxa de ressíntese da CP nas fibras musculares do tipo I é mais rápida do que nas do tipo II, devido, provavelmente, ao maior potencial aeróbio das fibras de contração lenta, devido a esses achados pode-se afirmar que este processo é dependente de oxigênio.

A suplementação com creatina tem mostrado a capacidade de aumento na concentração de creatina muscular próxima de 60%, quando comparado com outro grupo alimentado com dieta mista (10 - 20%) (BURKE e BERNING, 1996). Outro ponto que merece destaque na suplementação é que após a ingestão de 5 g de creatina, o nível plasmático aumenta de uma faixa entre 50 e 100 mmol/L para mais de 500 mmol/L, uma hora após o seu consumo (HARRIS et al., apud, SILVA e BRACHT 2001). Doses diárias de 20 g (divididas em 4 ou 5 vezes), por um período de 5 a 7 dias, geralmente elevam o conteúdo total desta substância no músculo em cerca de 10 a 20% (KREIDER, 1998). Contudo, recentemente tem sido evidenciadas quantidades menores, 3 g/dia por 30 dias, apresentando o mesmo efeito. Assim, altas doses (20 g/dia) seriam desnecessárias para aumentar o conteúdo deste composto no músculo. Aproximadamente um terço da creatina extra que ingressa no músculo é fosforilada e o restante predomina na forma livre (BALSOM et al., 1994).

Outros estudos demonstram que há um limite para a concentração total de creatina no músculo esquelético humano de cerca de 150 a 160 mmol/kg de músculo seco. Há uma regulação dos níveis de creatina intramuscular que fisiologicamente independe da concentração plasmática da creatina (GUIMBAL e KILIMANN, apud SOUZA JUNIOR et. al 2007)

Segundo Mujika e Padilla (1997) a suplementação com creatina durante 7 dias é acompanhada por rápidos aumentos da massa muscular. No entanto, esse aumento “mágico” de peso pode ser explicado pela retenção hídrica intracelular. Estudos comprovam essa hipótese, demonstrando que se observa um declínio do volume urinário após o início da suplementação oral de creatina.

Atualmente tem sido observado aumento no emprego de analisadores de bioimpedância bipolares e tetra polares, por se tratar de equipamentos de fácil manuseio, relativamente baratos e que fornecem informações rapidamente, sem a necessidade de utilização de eletrodos em locais padronizados. Os analisadores tetra polar de corpo inteiro, nos quais a impedância e a água corporal total são estimadas por meio da passagem de uma corrente elétrica (JAMBASSI FILHO et. al, 2010).

Embora os membros superiores e inferiores, conjuntamente, possam representar cerca de 90% da impedância total do corpo, os modelos matemáticos utilizados nos aparelhos bipolares assumem que a distribuição da composição corporal é semelhante nos demais segmentos corporais não avaliados (HEITMAN, 1994). Entretanto, as suposições de que a passagem da corrente elétrica entre membros superiores e tronco ou somente entre os membros inferiores reflete a impedância do corpo, como um todo, são questionáveis. Dessa forma, as medidas produzidas acabam sendo suscetíveis de imprecisão. Considerando que as técnicas de medida dos analisadores bipolares e tetra polares são diferentes, mas que as variáveis a serem medidas (impedância bioelétrica) e estimadas (componentes da composição corporal) são semelhantes, espera-se que as informações produzidas por ambos os equipamentos apresentem boa concordância e que resultem em estimativas relativamente semelhantes dos componentes da composição corporal. Todavia,

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as informações disponíveis a esse respeito, até o momento, são inconclusivas (DITTMAR, 2004)

O objetivo desse estudo é analisar a variações da composição corporal de atletas do ciclismo em uma competição de 20 horas de endurance comparando os resultados avaliativos antes e durante a competição do grupo suplementado com creatina. METODOLOGIA Amostra

Composta inicialmente por 8 sujeitos, mas ao longo da pesquisa alguns

atletas não deram continuidade, acarretando com isso a participação na competição de 5 indivíduos, sendo estes com media de idade igual á 25,8 ± 7,29 anos, praticantes de ciclismo a um período mínimo de três meses, sendo esses quatro sujeitos do sexo masculino e um sujeito do sexo feminino.

Os sujeitos foram divididos aleatoriamente em dois grupos creatina (CRE) e placebo (P), sendo suplementados durante 30 dias com 5g/dia antecedendo a competição. Todos os indivíduos foram informados detalhadamente sobre os procedimentos utilizados podendo concordar em participar de maneira voluntária do estudo, assinando um termo de consentimento informando os eventuais riscos e benefícios da utilização de creatina, além da proteção da privacidade do estudo. Com o intuito de verificar as variações de peso, massa magra, absorção de água, circunferência de coxa (direita e esquerda) e a relação cintura quadril, os indivíduos foram avaliados antes (repouso) e durante a competição, com trajes leves apropriados para a prova de ciclismo e sem calçado. Durante as voltas 1ª, 2ª, 3ª e 9ª o grupos creatina foi composto somente por um atleta, com isso alguns resultados não apresentaram desvio padrão durante estas voltas. Materiais

Os atletas serão submetidos a avaliação com uma balança de

bioimpedância (modelo SF751B – AVA, com precisão de 0,1 kg) e constituída por um sistema de quatro sensores capazes de verificar, o peso, % de gordura corporal, massa magra, densidade óssea, quantidade de água corporal e calorias, para mensuração da altura, foi utilizado um estadiômetro da marca Filizola (modelo 67031 - Country Tecnology Inc, Gays Mills, WI, com precisão de 1mm).

A creatina suplementada foi monohidratada produzida pelo laboratório pharma nostra e fornecida pela farmácia Pharmacon (SCN, 405 NORTE). Análise Estatística

Para a caracterização da amostra foi utilizada a estatística descritiva

com base nos cálculos de media aritmética e desvio padrão. ANOVA two way foi utilizada para verificar as variações intragrupos. O teste t de Student para amostras não pareadas (independentes) nos informou sobre as diferenças observadas nas condições intergrupos (CRE, n=2) e (P, n=3). O nível mínimo

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de significância adotado no presente estudo foi de p < 0,05. utilizando para tanto o programa software MICROCAL ORIGIN, versão 6.0 RESULTADOS

A prova de 20 horas de ciclismo foi realizada no anel externo do parque

Dona Sarah Kubitschek, mais conhecido como parque da cidade de Brasília, com um percurso de 10 km cada volta. A prova teve inicio durante o período vespertino com largada às 16 horas, horário de Brasília e teve seu termino no período matutino, exatamente às 12 horas do dia seguinte, completando exatamente 20 horas de prova.

Os gráficos apresentados abaixo demonstram os principais pontos da pesquisa e seus resultados.

O gráfico 1 mostra o peso dos grupos Creatina e Placebo durante as 20 hs de pedal no parque da cidade.

50

55

60

65

70

75

80

85

90 Creatina Placebo

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Repou

so

Pes

o (k

g)

Gráfico 01 – Representação da analise do peso corporal em (kg) das 20 horas de ciclismo dos atletas dos grupos creatina e placebo como média ± desvio padrão por grupo.

Na analise da variável peso (gráfico 01) não apresentou diferença

significativa em nenhuma das voltas, tanto na comparação intra e intergrupos.

(Voltas)

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O gráfico 02 mostra a massa magra dos grupos Creatina e Placebo durante as

20 horas de ciclismo

30

35

40

45

50

55

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

*

Repou

so

Creatina Placebo

% M

assa

Mag

ra

Gráfico 02 – Representação da analise de massa magra em (%) das 20 horas de ciclismo dos atletas dos grupos creatina e placebo como média ± desvio padrão por grupo. Na analise realizada da variável, massa magra (gráfico 02) apresentou

diferença significativa durante a comparação intergrupos na fase de repouso dos atletas. O gráfico 03 mostra dados da gordura corporal dos grupos Creatina e Placebo

durante as 20 horas de ciclismo

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Repou

so

*

*

Creatina Placebo

% G

ordu

ra

Gráfico 03 – Representação da analise da gordura corporal em (%) das 20 horas de ciclismo dos atletas dos grupos creatina e placebo como média ± desvio padrão por grupo.

(Voltas)

(Voltas)

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Na comparação da gordura corporal (gráfico 03) foi verificada a diferença significativa em relação ao grupo creatina intergrupos durante as fases de repouso e primeira volta, não apresentando diferença na comparação intragrupos.

O gráfico 04 mostra a água corporal dos grupos Creatina e Placebo durante as 20 horas de ciclismo

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

*** *

1110987654321

Repou

so

Creatina Placebo

% H

2O

Gráfico 04 – Representação da analise da água corporal em (%) das 20 horas de ciclismo dos atletas dos grupos creatina e placebo como média ± desvio padrão por grupo.

Demonstrou diferença significativa de p≥0,05 em relação ao grupo

cretina nas fases de repouso, 7ª 8ª 9ª voltas, mas não apresentou diferença significativa na comparação intra grupos. DISCUSSÃO

Embora grande parte dos estudos relacionados à suplementação de

creatina tratar principalmente de exercícios resistidos ou de curta duração e apesar da idéia de que a suplementação com creatina não tem sido comprovada como eficaz para o aumento do desempenho físico em esportes de endurance (AMERICAN COLLEGE, 1999) a suplementação desse aminoácido apresentou variações favoráveis a sua utilização nessa prova de endurance. Quando analisamos a variável massa magra durante a prova de 20 horas de ciclismo encontramos uma diferença significativa na fase de repouso favorável ao grupo (P) quando comparada ao grupo (CRE), mas no decorrer da competição a uma perda na porcentagem de massa magra desse mesmo grupo e contrariamente ao que afirma Odoom, Kemp e Kadda, (1996) que o uso de creatina como suplemento alimentar aumenta a massa muscular em poucos dias pode ser falsa, pois o processo de hipertrofia depende da produção de muitos outros componentes celulares que só irão ser produzidos se os fatores genéticos e hormonais estiverem relacionados e que uma possível retenção hídrica causada pela suplementação dietética de creatina

(Voltas)

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pode levar à falsa idéia de rápida hipertrofia muscular, tal afirmação vai contra os resultados apresentados no estudo que mesmo não demonstrando uma diferença significativa ao longo da prova, ocorreu um aumento da massa magra do grupo (CRE), desaparecendo a diferença entre os dois grupos e aproximando seus valores.

Segundo Gariod et al., (1994) o resultado favorável a suplementação de creatina em atletas de endurance explicam-se pelos achados em alguns estudos, mostrando que a taxa de ressíntese da CP nas fibras musculares do tipo I (lenta) é mais rápida do que nas do tipo II (contração rápida), devido, ao maior potencial aeróbio das fibras de contração lenta, portanto, este é um processo dependente de oxigênio, uma outra vantagem na suplementação da creatina é que esta também é utilizada durante o trabalho anaeróbio (láctico) intermediário - 15 segundos até alguns minutos, quando sua quebra vai ajudar a tamponar o meio ácido intracelular, causado pelo acúmulo de lactato. Maior quantidade de CP na célula muscular significa uma maior capacidade de tamponamento, e assim, um maior tempo de resistência à fadiga (SODERLUND et al., 1994).

Na analise da variável gordura corporal obtivemos uma diferença significativa entre os grupos nos períodos de repouso e ao final da primeira volta, mesmo havendo uma diminuição da porcentagem da gordura dos dois grupos, vários estudo relacionados a suplementação de creatina não encontraram uma relação entre os resultados de forma significativa (DONATO et al., 2007; AOKI, 2004) em contra partida o estudo realizado por Ferreira (2008), onde verificava as variações corporais durante um treinamento resistido entre grupos suplementados com creatina em comparação ao placebo. Os grupos suplementado apresentaram uma diferença altamente significativa relacionada a diminuição da porcentagem de gordura corporal, chegando a dados expressivos de aproximadamente 17%. A partir desses resultados não podemos afirmar que a diminuição da gordura durante a realização do estudo se deva ao efeito da creatina ou principalmente pelo pratica da atividade física. Outro motivo que pode ter desencadeado essa diminuição nos índices de gordura corporal deva-se à hidratação que os atletas apresentaram ao longo da prova, sendo que esse efeito possa ter causado uma possível variação o que segundo Heyward, (2001) recomenda que antes da realização das medidas de bioimpedância deva-se urinar cerca de 30 min antes e abster-se da ingestão de alimentos ou bebidas ao longo das últimas quatro horas, esses pré-requisitos pode ocasionar com a ingestão de água efeitos favoráveis a diminuição dos dados verificados durante a coleta de informações, causando uma variação maior que o esperado.

Durante a verificação da hidratação foi demonstrado uma diferença significativa entre eles nas fases de repouso, 7ª, 8ª e 9ª volta da competição, sendo que o grupo (CRE) obteve um aumento em seus valores bastante expressivos ao longo de toda a competição chegando a um aumento de 7 à 15% comparado aos valores de repouso, já o grupo (P) obteve uma variação máxima próxima de 2% no aumento da porcentagem de água no organismo. Os resultados encontrados no grupo (CRE) estabelecem uma relação direta aos efeitos da creatina que apresenta grande capacidade osmo-reguladora, consequentemente, o aumento do estoque intramuscular acarreta no influxo de água para dentro da célula (PERALTA e AMANCIO, 2002). Outro estudo que trouxe resultados relacionados à retenção hídrica a partir da suplementação de

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homens fisicamente ativos durante quatro semanas. Neste estudo foi analisado o conteúdo total de água corporal e ao final do estudo alguns indivíduos chegaram a apresentar um aumento de aproximadamente 4 litros de água no grupo suplementado com creatina (DONATO apud GUTZ e GUNTER, 2003). Na analise dos demais dados com circunferência de coxa (direita e esquerda) e na relação cintura quadril durante a competição nenhuma das variáveis apresentaram diferenças significativas inter e intra-gupos, e que os dois grupos obtiveram resultados bem semelhantes no aumento de circunferência de coxa, portando, não podemos afirmar que a suplementação de creatina seja responsável pelo aumento do perímetro analisado. CONCLUSÃO

Apesar de poucos estudos realizados com a suplementação de creatina em competições de endurace, verificamos que na pesquisa realizada, esse aminoácido apresentou alguns efeitos favoráveis de forma significativa na competição de longa duração, e que mesmo em algumas fases da prova não apresentarem essas diferenças, foi notado algumas características como um aumento na massa magra e hidratação corporal quando comparados ao grupo placebo, outro ponto que merece destaque foi o resultado encontrado na diminuição da porcentagem de gordura, que mesmo tendo literatura relacionando a diminuição de gordura de forma expressiva ao efeito da suplementação, não podemos afirmar que os resultados encontrados devem-se exclusivamente ao seu efeito da creatina e que tais resultados podem ter sido apresentados de forma imprecisa devido ao aumento da retenção hídrica. Nas demais analises como a perimetria não encontramos resultados significativos em nenhum dos grupos, não podendo remeter tais efeitos somente a creatina. Apesar dos achados no estudo, ainda não se pode dizer que a suplementação de creatina tem somente efeitos positivos, sendo pra isso necessário mais estudos que envolva essa suplementação e a mensuração pelo protocolo de bioimpedância que também se torna necessário devido a escassez de estudos relacionando esses dois assuntos.

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Page 15: Pró -Reitoria de Graduação Curso de Educação Física · Prof. Dr. Francisco José Andriotti Prada ... 3ª e 9ª o grupos creatina foi composto somente por um atleta, ... por

Analise das Variáveis

Peso (Kg) Massa Magra (%) Gordura Corporal (%) H2O (%) Relação C/Q Coxa Direita (cm) Coxa Esquerda (cm)

Creatina Placebo Creatina Placebo Creatina Placebo Creatina Placebo Creatina Placebo Creatina Placebo Creatina Placebo

Repouso 70.25 ±9.26 73.23 ±1.31 37.9 ±2.97 44.33 ±0.74 21.8 ±5.37 11.27 ±2.04 54.7 ±3.11 62.9 ±1.05 0.87 ±0.11 0.85 ±0.05 58 ±1.4 57 ±1.0 57.5 ±0.71 56.8 ±1.04

1ª Volta 77.00 72.8 ±1.13 43.40 43.35 ±2.19 13.30 9.95 ±0.21 61.60 63.65 ±0.92 0.92 0.81 ±0.02 59.0 57 ±2.8 60.0 57.3 ±1.77

2ª Volta 76.80 71.85 ±2.19 44.40 44.85 ±0.07 11.50 10.05 ±0.21 63.40 64.3 ±0.14 0.95 0.85 ±0.01 58.0 57 ±1.4 58.5 56.5 ±2.12

3ª Volta 74.40 70.75 ±5.16 44.80 44.8 ±0.42 10.50 9.85 ±1.49 64.10 64.3 ±0.71 0.91 0.84 ±0.05 57.5 58 ±1.4 58.5 57.3 ±1.77

4ª Volta 69.35 ±9.69 73.93 ±1.61 40.45 ±6.29 43.9 ±0.61 17.8 ±10.32 12.23 ±1.70 58.6 ±8.06 62.53 ±1.07 0.856 ±0.10 0.84 ±0.03 59 ±1.4 57.7 ±1.5 58.7 ±0.21 57.8 ±1.61

5ª Volta 69.75 ±10.25 73.03 ±2.24 40.1 ±5.66 44.17 ±1.02 18.45 ±9.12 11.63 ±2.58 58 ±6.93 63 ±1.84 0.89 ±0.10 0.85 58.75 ±1.8 57.8 ±1.6 59 ±0.71 57.5 ±1.8

6ª Volta 69.8 ±8.2 69.7 ±8.94 39.8 ±6.22 44.2 ±0.95 19.15 ±10.39 11.53 ±2.62 57.4 ±8.06 63.1 ±1.81 0.87 ±0.12 0.866 ±0.01 59 ±1.4 57.8 ±1.6 59 ±0.71 57.5 ±1.8

7ª Volta 71.9 ±11.17 74.93 ±1.33 39.55 ±6.15 45.57±2.29 19.7 ±9.9 12.33 ±1.67 51.95 ±0.78 62.57 ±1.14 0.86 ±0.07 0.87 ±0.03 58.5 ±0.7 57 ±1.3 58.8 ±0.35 57.3 ±1.53

8ª Volta 71.2 ±8.49 74.67 ±0.76 39.7 ±6.51 43.73 ±0.81 19.4 ±10.89 12.63 2.07 52.2 ±1.41 62.27 ±1.46 0.88 ±0.07 0.87 ±0.02 59 ±1.4 57.17 ±1.4 58.3 ±0.35 57 ±1.32

9ª Volta 76.50 73.4 ±2.77 44.20 44.4 ±0.17 11.80 11.83 1.99 53.10 62.87 ±1.23 0.95 0.85 57.0 57.3 ±1.6 57.9 56.8 ±1.61

10ª Volta 68.8 ±7.64 74.6 ±1.75 39.85 ±6.01 44.07 ±0.87 18.2 ±10.89 12.2 ±2.27 58.1 ±8.34 62.73 ±1.44 0.71 ±0.11 0.846 ±0.01 59 ±1.4 57.67 ±1.5 58.75 ±1.06 57.3 ±1.26

11ª Volta 71.3 ±10.75 73.5 ±0.42 39.4 ±6.22 44.45 ±0.21 18.45 ±8.13 10.8 ±0.42 57.65 ±6.72 63.6 ±0.42 0.86 ±0.12 0.841 ±0.01 59 ±1.4 57 ±1.4 59 ±0.71 57.3 ±1.77