princÍpios e normas fundamentais do processo · 2017-06-29 · valores e as normas fundamentais...
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RENATO BARTH PIRES
Juiz Federal
Mestre em Direito pela PUC/SP
Professor da Faculdade de Direito da PUC/SP
PRINCÍPIOS E NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
Princípios constitucionais do processo (garantias constitucionais processuais)
Regras e princípios?
Direito de ação (inafastabilidade do controle jurisdicional; proteção
judicial efetiva – art. 5º, XXXV)
Devido Processo Legal (processual e substancial) – art. 5º, LIV
Contraditório e Ampla Defesa – art. 5º, LV
Isonomia – art. 5º, “caput” e I
Juiz Natural e Promotor Natural – art. 5º, XXXVII e LIII
Proibição das provas obtidas por meios ilícitos – art. 5º, LVI
Publicidade dos atos do processo – arts. 5º, LX e 93, IX
Motivação (fundamentação) das decisões judiciais e administrativas –
art. 93, IX
Duração razoável do processo – art. 5º, LXXVII
Normas fundamentais do processo civil
Artigos 1º a 12 do CPC: reproduções ou
desdobramentos de várias dos princípios
(garantias) constitucionais do processo.
Proposta de trabalho: CF + CPC
CPC
Art. 1º O processo civil será ordenado,
disciplinado e interpretado conforme os
valores e as normas fundamentais
estabelecidos na Constituição da
República Federativa do Brasil,
observando-se as disposições deste Código.
RESP ou RE?
STF
– O exame da cláusula referente ao “due process of law” permite nela identificar alguns elementos essenciais à sua configuração como expressiva garantia de ordem constitucional, destacando-se, entre eles, por sua inquestionável importância, as seguintes prerrogativas: (a) direito ao processo (garantia de acesso ao Poder Judiciário); (b) direito à citação e ao conhecimento prévio do teor da acusação; (c) direito a um julgamento público e célere, sem dilações indevidas; (d) direito ao contraditório e à plenitude de defesa (direito à autodefesa e à defesa técnica); (e) direito de não ser processado e julgado com base em leis “ex post facto”; (f) direito à igualdade entre as partes; (g) direito de não ser processado com fundamento em provas revestidas de ilicitude; (h) direito ao benefício da gratuidade; (i) direito à observância do princípio do juiz natural; (j) direito ao silêncio (privilégio contra a autoincriminação); (k) direito à prova; e (l) direito de presença e de “participação ativa” nos atos de interrogatório judicial dos demais litisconsortes penais passivos, quando existentes (HC 111567 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, DJe 30.10.2014) .
STF
MAS:
[...] 4. Os princípios da ampla defesa, do contraditório, do devido processo legal e dos limites da coisa julgada, quando debatidos sob a ótica infraconstitucional, revelam uma violação reflexa e oblíqua da Constituição Federal decorrente da necessidade de análise de malferimento de dispositivo infraconstitucional, o que torna inadmissível o recurso extraordinário. Precedentes: ARE 675.340-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, DJe 17/5/2012, e ARE 741.324-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe 4/9/2013 [...].
ARE 814244 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 28/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-223 DIVULG 12-11-2014 PUBLIC 13-11-2014).
Cuidado no prequestionamento...
Solução legislativa...
Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o
recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de
15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão
geral e se manifeste sobre a questão constitucional.
Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá
o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade,
poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça.
Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à
Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da
interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de
Justiça para julgamento como recurso especial.
1) Direito de ação
“Inafastabilidade do acesso à jurisdição”, “proteção judicial efetiva”, “livre
acesso à justiça”.
Artigo 5º, XXXV: A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito.
Dois aspectos: monopólio da jurisdição pelo Poder Judiciário e direito de
demandar + direito de responder.
Inovações: tutela preventiva e tutela reparatória
direitos de qualquer natureza (não só individuais).
Art. 3º CPC: Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1º É permitida a
arbitragem, na forma da lei. § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos
conflitos. § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão
ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no
curso do processo judicial.
Consequências práticas
1) Proibição de instâncias administrativas de curso forçado:
Mas: a) habeas data (artigo 5º, LXXI, CF/88; Lei nº 9.507/97; Súmula 2 do
STJ)
b) reclamação por descumprimento de súmula vinculante (artigo 7º, § 1º,
da Lei nº 11.417/2006 – “Contra omissão ou ato da administração pública, o
uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias
administrativas”.
c) prévio requerimento administrativo em benefícios previdenciários e
assistenciais:
Consequências práticas
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. PRÉVIO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO E INTERESSE EM AGIR. 1. A instituição de condições para o regular exercício do
direito de ação é compatível com o art. 5º, XXXV, da Constituição. Para se caracterizar a presença de
interesse em agir, é preciso haver necessidade de ir a juízo. 2. A concessão de benefícios previdenciários
depende de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua
apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no
entanto, que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias
administrativas. 3. A exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o
entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado. 4. Na
hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente
concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível,
o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo se depender da análise de matéria de fato
ainda não levada ao conhecimento da Administração –, uma vez que, nesses casos, a conduta do INSS
já configura o não acolhimento ao menos tácito da pretensão [...] (RE 631240, Relator(a): Min.
ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/09/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-220 DIVULG 07-11-2014 PUBLIC 10-11-2014)
Consequências práticas
Interesse “de agir” (terminologia do CPC de 1939).
CPC para interpretar a Constituição Federal?
Em resumo:
– Para concessão, precisa requerimento prévio (não exaurimento).
– Ameaça surgirá se exceder prazo legal para análise.
– Não se exige:
Quanto o entendimento do INSS por notória e reiteradamente contrário ao
pedido do segurado (ex. LOAS com renda > ¼ sm/capita).
Nos casos de revisão, restabelecimento e manutenção do benefício antes
concedido (INSS tem o dever de conceder o mais vantajoso)
– Exceto se depender da análise de matéria de fato ainda não submetida ao
exame do INSS (por exemplo, novo vínculo de emprego, tempo especial
etc.) – pode ter implicações na decadência, por exemplo.
Consequências práticas
2) Direito à assistência jurídica e integral
Art. 5º [...]
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos....
não só judiciária;
3) Vedação ao non liquet:
Código de Processo Civil:
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou
obscuridade do ordenamento jurídico.
2) Princípio do devido processo legal
Artigo 5º, LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;
Doutrina: bastaria consagrar o devido processo legal que, implicitamente,
estariam asseguradas todas as garantias para obtenção de um processo e
uma sentença justos (ampla defesa, contraditório, juiz natural etc.)
Evolução histórica: Magna Carta do rei João Sem Terra (1215), na Inglaterra
(law of the land); Lei inglesa em 1354, no reinado de Eduardo III;
Constituições estaduais norte-americanas (Maryland, Pensilvânia,
Massachusetts, Virgínia), até ser inscrito na Constituição americana de 1787.
Duas acepções de devido processo legal
a) devido processo legal em sentido processual (procedural due process)
garantias do processo, muitas delas explicitadas na Constituição brasileira
a possibilidade efetiva de a parte ter acesso à justiça, deduzindo a pretensão e
defendendo-se do modo mais amplo possível...
ampla defesa, contraditório, imparcialidade do juiz, proibição de provas ilícitas, etc.
b) devido processo legal em sentido material (substantive due process)
JUR norte-americana;
não é simplesmente no âmbito processual, mas como uma limitação ao
legislador em nome da proteção dos direitos fundamentais
“justiça” nas relações sociais, contra o arbítrio do Estado; ideia de “justo”, exato,
não excessivo.
ex. proibição de considerar culpado sem julgamento, vedação de leis penais de efeito retroativo;
princípio da legalidade no direito administrativo; legislativo somente produza leis atendendo ao princípio
da razoabilidade; garantia do direito adquirido; princípios tributários da anualidade, legalidade, incidência
única, proibição de preconceito racial, princípio da proporcionalidade (exemplos do direito
penal – penas mais brandas para crimes mais graves; do direito administrativo – atuação não arbitrária
das agências, etc.).
3) Princípio da isonomia
Inúmeros dispositivos da Constituição Federal (art. 5º, “caput”, I, 3º, III, 4º, V, 5º, caput (por duas
vezes) e I, 7º, XXXIV, 14, 37, XXI, 43, caput e § 2º, I, 150, II, 165, § 7º, 170, III, 196, 206, 226, §
5º, 227, § 3º, IV etc.).
No CPC:
Paridade de tratamento entre as partes (art. 7º e 139, I – dever do juiz).
Prioridade na tramitação para idosos ou com doença grave (artigo 1.048).
Sustentação oral por videoconferência (desigualidades geográficas... – art. 937, § 4º).
Intérprete para LIBRAS (162, III).
Prazos em dobro para Defensoria Pública (artigo 186 e 44, I, da LC 80/94)
Fazenda Pública:
– Prazos em dobro (183), intimação pessoal por carga, remessa ou meio eletrônico (183, §
1º), restrição à concessão de tutelas provisórias (1.059), duplo grau obrigatório (496),
dispensa de custas e preparo (1.007, § 1º) etc.
Julgamento e prática de atos dos serventuários em ordem cronológica (artigos 12 e 153 -
“preferencialmente”).
“Precedentes” vinculativos – art. 927 (pessoas em mesma situação com a mesma decisão).
4) Princípios do contraditório e da ampla defesa
Art. 5º, LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes
Contraditório
processo judicial ou administrativo;
abrange: direito ao conhecimento da acusação, de todos os atos do processo e de responder
aos atos que lhe sejam desfavoráveis;
citação, intimações
paridade de armas (artigo 7º do CPC - É assegurada às partes paridade de tratamento em
relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e
à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório).
CPC, art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: [Contraditório diferido ou ulterior].
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701. (mandado monitório)
4) Princípios do contraditório e da ampla defesa
Outras manifestações do contraditório no CPC:
Artigo 10 – proibição da decisão surpresa: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com
base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar,
ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.
Art. 317 – correção do vício antes de extinguir o processo, sem resolução de mérito.
Art. 962, § 2º - execução de decisão interlocutória estrangeira em casos de urgência.
Artigo 854 – contraditório diferido na penhora on line (“sem dar ciência prévia do ato ao executado”).
Artigo 1.023, § 2º - contraditório nos embargos de declaração.
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor
que considerar adequado, observado o contraditório.
Ampla defesa
com os meios a ela inerentes;
defesa técnica e defesa pessoal;
Súmula vinculante nº 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição”.
Com os “recursos” a ela inerentes: há direito constitucional ao duplo grau de jurisdição
obrigatório?
5) Princípios do juiz natural e do promotor natural
Art. 5º XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção [...]
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
a) juiz natural (juiz legal ou juiz certo):
necessidade de predeterminação do juízo competente para processar e julgar;
distribuição;
não pode haver critérios subjetivos para determinar-se o Juiz competente (o Juízo
não pode ser escolhido pela parte);
justiça especializada e juízo ou tribunal de exceção;
especialização: divisão de tarefas;
tribunal de exceção é criado para julgar um determinado caso (já
ocorrido ou não);
5) Princípios do juiz natural e do promotor natural
a) juiz natural (juiz legal ou juiz certo):
Foro por prerrogativa de função?
Litisconsórcio ativo facultativo superveniente ou ulterior: artigo 10, § 2º da Lei nº
12.016/2009 (mandado de segurança): “O ingresso de litisconsorte ativo não será
admitido após o despacho da petição inicial” .
b) promotor natural:
ninguém será processado...
proíbe designações subjetivas dos promotores para os casos concretos;
6) Princípio da publicidade dos atos do processo
Art. 5º (...) LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem; (...)
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares
tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes,
de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
7) Princípio da motivação das decisões judiciais
CPC
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que
a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento.
Cadê o “livremente”?
7) Princípio da motivação das decisões judiciais
Art. 489. [...] § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a
causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no
caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação
efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas
que fundamentam a conclusão.
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em
conformidade com o princípio da boa-fé.
7) Princípio da motivação das decisões judiciais
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: [...]
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento; [...]
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: [...]
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.
STJ:
“1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada, não estando
obrigada a Corte de Origem a emitir juízo de valor expresso a respeito de todas as teses e dispositivos legais
invocados pelas partes” (REsp 1441457/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 16/03/2017, DJe 22/03/2017)
“[...] 2. À luz dos incisos III e IV do § 1º do art. 489 do CPC/2015, o órgão julgador não necessita construir textos
individuados para cada um dos casos analisados, quando é possível aferir, sem qualquer esforço, que a
fundamentação não é genérica. 3. Hipótese em que não há omissão quanto à fundamentação utilizada para
afastar as preliminares de não conhecimento do recurso especial. 4. Embargos de declaração rejeitados” (EDcl
no REsp 1322791/DF, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe
20/02/2017)
“[...] 1. Não há que se falar em nulidade da decisão proferida, por ofensa ao art. 489, § 1º, V, do Novo Código
Civil, quando o julgador decidiu de forma fundamentada, identificando de forma clara e objetiva as teses
adotadas, e ainda amparado em precedentes que se ajustam ao caso concreto” (AgInt no REsp 1624685/MG, Rel.
Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/12/2016, DJe 16/12/2016)
8) Princípio da proibição das provas obtidas por meios ilícitos
Art. 5º, LVI: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
Logo, a contrário senso, é possível falar em um direito fundamental à produção de provas no processo civil, desde que sejam lícitas;
Assim, o indeferimento da produção de determinada prova poderá resultar na violação desse direito fundamental;
CPC, art. 369: As partes têm o direito de empregar os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos, em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.
Provas típicas e atípicas
Prova ilícita por derivação ou contaminação: fruits of the poisonous tree (frutos da árvore envenenada).
9) Princípio da razoável duração do processo
Art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
CPC/2015?
Art. 4º: “incluída a atividade satisfativa”.
Improcedência liminar do pedido (332).
Recursos repetitivos (1036-1040).
Dever de uniformizar a jurisprudência e mantê-la íntegra, estável e uniforme (926).
Julgados vinculativos (927)
Desconsideração de vício formal de RE ou RESP tempestivos, desde que não seja “grave”
(art. 1.029, § 3º).
Mas: contagem de prazos em dias úteis (219); suspensão prazos recesso (220) etc.
Outros princípios e normas fundamentais do processo
1. Princípios “ideológicos”:
– Lógico (o Legislador deve usar formas que melhor
permitam a apuração da verdade)
– Jurídico (deve-se propiciar às partes iguais oportunidades)
– Político (o processo deve resultar no menor sacrifício
possível da liberdade individual)
– Econômico (o processo deve ser “barato”).
– (princípios da Ciência, não do Direito Positivo).
Outros princípios e normas fundamentais do processo
2. Iniciativa da parte (“demanda”) – relacionada com a inércia
da jurisdição
3. Impulso oficial – art. 2º do CPC
4. Princípio dispositivo – 141 e 492 do CPC.
Com exceções: por exemplo, fungibilidade dos
benefícios por incapacidade
5. Lealdade processual (boa-fé – art. 5º do CPC).
Outros princípios e normas fundamentais do processo
6. Preclusão (alterado significativamente pelo CPC 2015).
7. Princípio da cooperação (art. 6º do CPC).
8. Princípio da promoção da solução consensual dos conflitos
(artigo 3º)
Outros princípios e normas fundamentais do processo
9. Artigo 8º do CPC: Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz
atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e
observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade,
a publicidade e a eficiência.
Eficiência para o Juiz gestor na condução do processo –
dimensão processual da eficiência: nova “economia
processual”.
[art. 5º, LINDB, arts. 1º, III, 37 da CF/88].
Alguns princípios do procedimento
1. Imediação (contato direto do Juiz com as
partes e provas)
2. Identidade física do Juiz – art. 132 do
CPC/73 (conclusão da audiência) –
suprimido pelo CPC 2015
3.Concentração dos atos processuais
4. (Relativa) irrecorribilidade das decisões
interlocutórias (art. 1.015 do CPC).
Controle de constitucionalidade
1) Conceito
– Controle de constitucionalidade é o procedimento
previsto na Constituição Federal que tem por
finalidade impedir a introdução, no sistema
jurídico, de normas inconstitucionais.
– Caso uma norma inconstitucional já tenha sido
introduzida, a finalidade do controle de
constitucionalidade é retirá-la do sistema ou
minimizar seus efeitos.
2) Pressupostos necessários Supremacia da Constituição
Constituição rígida (rigidez constitucional)
3) Parâmetros utilizados no controle de constitucionalidade:
a) verificar se a norma obedeceu aos padrões de criação previstos no Texto Constitucional (“controle de qualidade”);
– é o controle de constitucionalidade formal (quanto à forma);
– é a inconstitucionalidade formal;
b) verificar se o conteúdo da norma é compatível com o Texto Constitucional.
– é o controle de constitucionalidade material (quanto à matéria).
– é a inconstitucionalidade material
4. Espécies de controle de
constitucionalidade
– Controle preventivo:
Destina-se a evitar que a norma constitucional ingresse
no sistema.
Como começa um projeto de lei?
Momentos importantes: CCJ e veto.
– Controle repressivo (sucessivo):
Destina-se a retirar a norma inconstitucional do sistema
ou minimizar os seus efeitos.
É exercido pelo Poder Judiciário
Controle repressivo de constitucionalidade:
2 formas:
– 1. via de exceção ou via de defesa ou via
indireta ou controle difuso ou controle
concreto, ou controle incidental;
– 2. via de ação ou via direta ou controle
concentrado.
ADI, ADC e ADPF
Via de exceção ou via de defesa ou controle difuso ou via indireta ou controle concreto
“Exceção”: o interessado pede ao Judiciário que o excepcione do cumprimento da norma;
Efeitos da decisão: só entre as partes.– ex.: locação por R$ 300,00. Presidente da República baixa uma MP e
permite ao locador, se quiser, multiplicar por 5 o valor do aluguel. Propõe uma ação de consignação em pagamento; diz ao juiz: a) reconheça a inconstitucionalidade da MP; b) por consequência, julgue procedente o meu pedido (reconheça que eu cumpri a obrigação de pagar o aluguel no valor correto).
é preciso de um caso concreto.
um problema concreto deve levar à inconstitucionalidade;
não pede a inconstitucionalidade; pede a inconstitucionalidade e mais alguma coisa;
reconhece a inconstitucionalidade e depois decide o pedido.
excepciona, no caso concreto, de cumprir a lei inconstitucional.
“Controle difuso”: qualquer juiz do Brasil pode decidir;
“Controle incidental”: o reconhecimento da inconstitucionalidade é incidental;
a inconstitucionalidade é um incidente processual, como qualquer outro (incidenter tantum).
Quem pode declarar a inconstitucionalidade: qualquer juiz.
Efeitos da decisão: sempre entre as partes.
“Via de defesa”: alguém está se defendendo de uma lei inconstitucional (não necessariamente como réu)
Pode se defender usando o meio processual que existe à disposição.– ex.: MP diz que ser torcedor deste ou daquele time é crime; impetro um habeas corpus:
declare a MP inconstitucional e, por consequência, expeça um alvará de soltura.
– ex.: Universidade diz: Professor de óculos será demitido; proponho uma reclamação trabalhista: declare a decisão inconstitucional e, por consequência, me reintegre no emprego.
Características da via de exceção:– 1. Efeitos entre as partes;
– 2. Necessidade de um caso concreto (controle não-abstrato);
– 3. Pode utilizar qualquer meio processual (exceto a ação civil pública com pedido genérico)
– 4. Foro regular do processo (o processo não precisa ser ajuizado em nenhum lugar especial); pode começar no STF?
sim, basta que seja de sua competência originária (ex.: MS contra ato do Presidente da República).
– 5. Qualquer juiz do Brasil pode reconhecer a inconstitucionalidade.
Esta ação pode chegar ao STF
Recurso extraordinário:
– Art. 102, III, “a”, CF: compete ao STF julgar o RE
“quando a decisão recorrida contrariar dispositivo
desta Constituição”.
Recurso extraordinário
Finalidade: tutela da integridade do
ordenamento jurídico, no plano da
Constituição Federal (RE).
É um “recurso excepcional”, que só cabe
nas hipóteses estritamente previstas na CF
Requisitos comuns ao RESP e RE:
– Prazo: 15 dias (úteis)
– Interposição simultânea, sob pena de preclusão
(Súmula 126 do STJ – acórdão com fundamentos
constitucionais e infraconstitucionais)
– Forma comum ou adesiva.
– Legitimidade, interesse, regularidade formal e
inexistência de fato impeditivo ou extintivo.
Requisitos comuns ao RESP e RE:– Esgotamento dos recursos nas vias ordinárias
Ex.: decisão monocrática do Relator (932) – cabe agravo interno.
Súmulas 281 do STF e 207 do STJ
– Interpostos contra decisão de última ou única instância (no RESP, de
“tribunal” estadual ou federal – não cabe contra Turma Recursal de JEF –
Súmula 203 do STJ – mas cabe RE – Súmula 640 do STF).
– Não podem discutir matéria de fato ou má apreciação de fatos ou provas,
ou interpretação de cláusulas contratuais (Súmulas 279 e 454 do STF, 5 e
7 do STJ).
Repercussão geral
Repercussão geral:
CF, artigo 102, § 3º: No recurso extraordinário o
recorrente deverá demonstrar a repercussão geral
das questões constitucionais discutidas no caso, nos
termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a
admissão do recurso, somente podendo recusá-lo
pela manifestação de dois terços de seus membros
Repercussão geral
Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando
a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo. § 1o Para efeito de
repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico,
político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo. § 2o O recorrente deverá
demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal. § 3o
Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que: I - contrarie súmula ou jurisprudência
dominante do Supremo Tribunal Federal; II – (Revogado); III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado
ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal. § 4o O relator poderá admitir, na análise da
repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal. § 5o Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal
Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos,
que versem sobre a questão e tramitem no território nacional. § 6o O interessado pode requerer, ao presidente ou
ao vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso
extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para
manifestar-se sobre esse requerimento. § 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que
aplicar entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá
agravo interno. § 8o Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará
seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica. § 9o O recurso
que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os
demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. § 10. (Revogado). § 11. A
súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no diário oficial e valerá como
acórdão.
RE repetitivos
Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento
em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições desta
Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior
Tribunal de Justiça. § 1o O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional
federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão encaminhados
ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins de afetação, determinando a
suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado
ou na região, conforme o caso. § 2o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente,
que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o recurso extraordinário que
tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se
sobre esse requerimento. § 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º caberá apenas
agravo interno. § 4o A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do tribunal de justiça ou do tribunal
regional federal não vinculará o relator no tribunal superior, que poderá selecionar outros recursos
representativos da controvérsia. § 5o O relator em tribunal superior também poderá selecionar 2 (dois) ou
mais recursos representativos da controvérsia para julgamento da questão de direito independentemente
da iniciativa do presidente ou do vice-presidente do tribunal de origem. § 6o Somente podem ser
selecionados recursos admissíveis que contenham abrangente argumentação e discussão a respeito da
questão a ser decidida.
RE repetitivos
Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá
decisão de afetação, na qual: I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento; II - determinará a suspensão do
processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional; III -
poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos tribunais regionais federais a remessa de um
recurso representativo da controvérsia. § 1o Se, após receber os recursos selecionados pelo presidente ou pelo vice-presidente de tribunal
de justiça ou de tribunal regional federal, não se proceder à afetação, o relator, no tribunal superior, comunicará o fato ao presidente ou ao
vice-presidente que os houver enviado, para que seja revogada a decisão de suspensão referida no art. 1.036, § 1o. § 2o (Revogado pela
Lei nº 13.256, de 2016) § 3o Havendo mais de uma afetação, será prevento o relator que primeiro tiver proferido a decisão a que se refere o
inciso I do caput. § 4o Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 (um) ano e terão preferência sobre os demais feitos,
ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. § 5o (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016) § 6o Ocorrendo a
hipótese do § 5o, é permitido a outro relator do respectivo tribunal superior afetar 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia
na forma do art. 1.036. § 7o Quando os recursos requisitados na forma do inciso III do caput contiverem outras questões além daquela que é
objeto da afetação, caberá ao tribunal decidir esta em primeiro lugar e depois as demais, em acórdão específico para cada processo. § 8o As
partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de seu processo, a ser proferida pelo respectivo juiz ou relator quando informado da
decisão a que se refere o inciso II do caput. § 9o Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a ser julgada
no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo. § 10. O requerimento a que se
refere o § 9o será dirigido: I - ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau; II - ao relator, se o processo sobrestado estiver no
tribunal de origem; III - ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso especial ou recurso extraordinário no tribunal de origem; IV
- ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de recurso extraordinário cujo processamento houver sido sobrestado. § 11. A outra
parte deverá ser ouvida sobre o requerimento a que se refere o § 9o, no prazo de 5 (cinco) dias. § 12. Reconhecida a distinção no caso: I -
dos incisos I, II e IV do § 10, o próprio juiz ou relator dará prosseguimento ao processo; II - do inciso III do § 10, o relator comunicará a
decisão ao presidente ou ao vice-presidente que houver determinado o sobrestamento, para que o recurso especial ou o recurso
extraordinário seja encaminhado ao respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.030, parágrafo único. § 13. Da decisão que resolver o
requerimento a que se refere o § 9o caberá: I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau; II - agravo interno, se a
decisão for de relator.
RE repetitivos
Art. 1.038. O relator poderá: I - solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com
interesse na controvérsia, considerando a relevância da matéria e consoante dispuser o regimento
interno; II - fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e
conhecimento na matéria, com a finalidade de instruir o procedimento; III - requisitar informações aos
tribunais inferiores a respeito da controvérsia e, cumprida a diligência, intimará o Ministério Público para
manifestar-se. § 1o No caso do inciso III, os prazos respectivos são de 15 (quinze) dias, e os atos serão
praticados, sempre que possível, por meio eletrônico. § 2o Transcorrido o prazo para o Ministério Público
e remetida cópia do relatório aos demais ministros, haverá inclusão em pauta, devendo ocorrer o
julgamento com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos
de habeas corpus. § 3º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise dos fundamentos relevantes da tese
jurídica discutida. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
Art. 1.039. Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados declararão prejudicados os demais
recursos versando sobre idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada. Parágrafo
único. Negada a existência de repercussão geral no recurso extraordinário afetado, serão considerados
automaticamente inadmitidos os recursos extraordinários cujo processamento tenha sido sobrestado.
RE repetitivos
Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma: I - o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos
recursos especiais ou extraordinários sobrestados na origem, se o acórdão recorrido coincidir com a orientação do tribunal
superior; II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o processo de competência originária, a
remessa necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal superior; III -
os processos suspensos em primeiro e segundo graus de jurisdição retomarão o curso para julgamento e aplicação da tese
firmada pelo tribunal superior; IV - se os recursos versarem sobre questão relativa a prestação de serviço público objeto de
concessão, permissão ou autorização, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora
competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada. § 1o A parte
poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se a questão nela discutida for
idêntica à resolvida pelo recurso representativo da controvérsia. § 2o Se a desistência ocorrer antes de oferecida contestação, a
parte ficará isenta do pagamento de custas e de honorários de sucumbência. § 3o A desistência apresentada nos termos do §
1o independe de consentimento do réu, ainda que apresentada contestação. Art. 1.041. Mantido o acórdão divergente pelo
tribunal de origem, o recurso especial ou extraordinário será remetido ao respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.036, §
1o. § 1o Realizado o juízo de retratação, com alteração do acórdão divergente, o tribunal de origem, se for o caso, decidirá as
demais questões ainda não decididas cujo enfrentamento se tornou necessário em decorrência da alteração. § 2o Quando
ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso versar sobre outras questões, caberá ao presidente do tribunal,
depois do reexame pelo órgão de origem e independentemente de ratificação do recurso ou de juízo de admissibilidade,
determinar a remessa do recurso ao tribunal superior para julgamento das demais questões. § 2º Quando ocorrer a hipótese
do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso versar sobre outras questões, caberá ao presidente ou ao vice-presidente do
tribunal recorrido, depois do reexame pelo órgão de origem e independentemente de ratificação do recurso, sendo positivo o
juízo de admissibilidade, determinar a remessa do recurso ao tribunal superior para julgamento das demais
questões. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
Prequestionamento (requisito para RE e RESP): CF fala em “causas decididas” (arts. 102, III e 105, III).
As questões federais (de lei federal) ou constitucionais (de norma constitucional) precisam ter sido apresentadas e decididas nas vias ordinárias.
Há necessidade de referência explícita ao dispositivo da lei federal ou da Constituição Federal? – não; basta que trate da questão contida nessas normas.
Não basta questão “ventilada” no voto vencido (Súmula 320 do STJ).
Se não tiver sido decidida: embargos de declaração.
Súmula 98 do STJ: “Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório”.
CPC/73
Prequestionamento para o STF:– Se o acórdão não se pronunciou sobre a questão
constitucional, cabem embargos de declaração (hipótese de omissão; não tem fins protelatórios).
– Súmula 356 do STF: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento).
– Basta “opor” os embargos de declaração; assim, mesmo que o Tribunal de origem não conheça dos embargos, ou diga que não há omissão, ou que o ponto não era relevante para o julgamento, o prequestionamento está feito.
CPC/73
Prequestionamento para o STJ:– Se o acórdão não se pronunciou sobre a questão federal, cabem
embargos de declaração (hipótese de omissão; não tem fins protelatórios);
– Súmula 211: “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal ‘a quo’”.
– Não basta “opor” embargos de declaração; é preciso que o tribunal de origem enfrente a questão federal.
– O que fazer? Se o Tribunal de origem não examina a questão federal omissa, interpor o RESP
alegando violação do artigo 535 do CPC (é o artigo que fala das hipóteses de cabimento dos embargos de declaração).
O STJ, se reconhecer que houve omissão, vai anular o julgamento dos embargos de declaração e mandar o Tribunal julgá-los novamente.
Prequestionamento no CPC/2015
Art. 1.025. Consideram-se incluídos no
acórdão os elementos que o embargante
suscitou, para fins de pré-questionamento,
ainda que os embargos de declaração sejam
inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal
superior considere existentes erro, omissão,
contradição ou obscuridade.
Adota a posição do STF, portanto.
– STF: se, ao julgar o recurso extraordinário, reconhecer
a inconstitucionalidade, a decisão ainda produz efeitos
entre as partes;
– MAS STF comunica ao Senado (art. 52, X, CF):
“Compete ao Senado suspender a execução, no todo
ou em parte, de lei declarada inconstitucional por
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”.
Senado: não precisa fazer nada;
– pode fazer: suspender a execução da lei (por
meio de uma resolução).
– escolhe o momento (interfere na formação
legislativa e na retirada definitiva da lei do
sistema).
– princípio da inércia: o STF resolve a questão
entre as partes, mas não pode ir além.
O caso da Reclamação 4335
Atenção: o STF, no julgamento da Reclamação n. 4.335, por maioria de votos, discutiu a possibilidade
de, também no controle difuso, dar eficácia ”erga omnes” à decisão do STF e tornar o Senado mero órgão
encarregado de dar publicidade ao decidido pelo STF.
No caso específico, tratava-se de reclamação proposta contra decisão de juízo de Vara de Execuções
Penais, que havia negado a dez condenados por crimes hediondos o direito à progressão de regime
prisional.
O STF havia anteriormente declarado a inconstitucionalidade da regra do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90
(Lei dos Crimes Hediondos), em fevereiro de 2006, no HC 82.959 (em controle difuso, portanto).
O STF julgou procedente a referida reclamação em 21.3.2014: dois ministros (Gilmar Mendes e Eros
Grau) votaram explicitamente por dar à decisão efeitos “erga omnes”. A maioria, no entanto, entendeu
que a decisão do Juiz da Vara de Execuções Penais violou a Súmula vinculante 26 (“Para efeito de
progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução
observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de
avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico”).
Portanto, ao menos por ora, a decisão do STF no controle difuso aplica-se somente às partes do
processo.
Reserva de plenário (ou de órgão especial) – art. 97:
– Para que os Tribunais (quaisquer) possam declarar uma
norma inconstitucional, mesmo para a via de exceção, é
necessário o voto da maioria absoluta de seus membros ou
do respectivo órgão especial.
Súmula Vinculante nº 10: “Viola a cláusula de reserva
de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário
de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder
público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”.